tcc o envolvimento do idoso em projetos musicais
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FACULDADE MOZARTEUM DE SÃO PAULO
FAMOSP
RICARDO LUIZ DA PIEDADE
O ENVOLVIMENTO DO IDOSO EM PROJETOS MUSICAIS:
UM ESTUDO DE CASO COM BASE NA TEORIA DO FLUXO
São Paulo
2015
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RICARDO LUIZ DA PIEDADE
O ENVOLVIMENTO DO IDOSO EM PROJETOS MUSICAIS:
UM ESTUDO DE CASO COM BASE NA TEORIA DO FLUXO
Trabalho apresentado como parte dos requisitos para aconclusão do curso de Licenciatura em Artes, sob aorientação da Profª. Drª. Débora Niéri.
São Paulo
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RICARDO LUIZ DA PIEDADE
O ENVOLVIMENTO DO IDOSO EM PROJETOS MUSICAIS:
UM ESTUDO DE CASO COM BASE NA TEORIA DO FLUXO
Trabalho apresentado como parte dos requisitos para a conclusão do curso deLicenciatura em Artes, sob a orientação da Profª. Drª. Débora Niéri.
Data de aprovação
São Paulo, ___ de ____________ de 2015.
BANCA EXAMINADORA
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Dedico este trabalho a força maior da minha vida: meu Deus, Criador de todas as coisas, dono
de toda sabedoria, à minha família e a minha esposa e filha, razão da minha maior dedicação.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida, da música e por todas as minhas realizações.
Aos meus pais, em especial minha mãe senhora Marlene Batista que foi a minha força e base
de meu caráter para ser um cidadão de bem.
À minha esposa Dulcinéia e minha filha Larissa por todo amor, parceria, compreensão e
incentivo para a realização.
À minha orientadora Débora Niéri pela partilha, amizade, competência e confiança.
À toda administração e funcionários do CEU Rosa de França de Guarulhos/SP, onde estagiei
e adquiri a vivencia de um professor de música.
À professora e alunos do projeto “Solfejando com a melhor idade” da Escola de Música
Municipal de Guarulhos/SP, que com tanto carinho me receberam e me acolheram,
possibilitando a minha pesquisa de campo.
A todos os meus professores mais que queridos, que colaboraram deixando suas marcas e
dividindo seus conhecimentos.
A todos os meus colegas do curso de Licenciatura em Música. Estão guardados em minhas
lembranças e meu coração com muito carinho.
A todos os meus alunos e amigos músicos que fazem parte desta Arte maravilhosa que é a
Música.
A todos que fazem parte da minha história, meu muito obrigado!
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“Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer
Porque metade de mim é plateia
E a outra metade é canção”
Oswaldo Montenegro
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RESUMO
Esta pesquisa nersa sobre o envolvimento do idoso no processo de educação musical
e tem como finalidade tentar entender as relações entre as atividades musicais desenvolvidas
num projeto social de música e os níveis de comprometimento dos alunos, com base na Teoriado Fluxo (CSIKSZENTMIHALYI,1999). A pesquisa justifica-se em ampliar o instrumento de
análise, que é a teoria de Fluxo, que ainda não é utilizada no aprendizado musical e contribuir
na área de educação musical como instrumento de aprendizado. A metodologia desta pesquisa
se insere em uma abordagem qualiatativa, de um estudo de cunho etnográfico e foi utilizada
uma entrevista semiestruturada, como técnica de coleta de dados para minha pesquisa de
campo, baseado em entrevistas com alunos que participam de um projeto intitulado Solfejando
com a melhor idade, mantido por uma Escola Municipal de Música de Guarulhos (SP). Asanálises dos dados baseiam-se nas categorias estabelecidas pela Teoria do Fluxo. São elas:
desafios x habilidades; objetivos claros; concentração; controle da situação; prazer e
envolvimento.
Os principais referenciais teóricos utilizados foram: Csiskzentmihalyi (1999);
Custodero(2006) e Stocchero(2012).
Os resultados demosntram claramente, se o nível de envolvimento propicia ou não
benefícios cognitivos e sociais ao idoso.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Musical. Envolvimento. Terceira Idade. Teoria do Fluxo.
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ABSTRACT
This research focuses on the involvement of the elderly in the process of musical
education and has as objective to investigate the relations between the activities developed in a
social project musical of music and the levels of involvement of students, based on the Theory
of Flow (CSIKSZENTMIHALYI, 1999). The search warrants in expanding the instrument of
analysis that is the theory, which is not yet used in musical learning and contribute in the field
of music education as a tool for learning. The methodology of this research falls on a qualitative
approach, from a study of ethnographic, nature and was used a semi – structured interview, as
data collection technique to my field research, based on interviews with the students who
participate in a project entitled Solfejando with the best age, maintained by a municipal school
of music of Guarulhos/SP. The analyzes of the data are based on the categories established by
the theory of flow. They are challenges x abilities; clear objectives; concentration; control of
the situation; Pleasure and involvement.
The main theoretical references used were Csikszentmihalyi (1999); Custodero (2006);
Stocchero (2012).
The results may show if the level of involvement provides or not cognitive and social
benefits to the elderly.
Keywords: Musical Education. Involvement. The third age. Flow Theory.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
CAPÍTULO 1 - TEORIA DO FLUXO DE MIHALYI CSIKSZENTMIHALYI .......................................... 3
1.1 Biografia de Csikszentmihalyi ....................................................................................... 3
1.2 Conceito da Teoria do Fluxo. ........................................................................................ 4
1.3 Teoria do Fluxo e Educação Musical: uma revisão bibliográfica .................................... 8
CAPÍTULO 2 OS BENEFÍCIOS DA MÚSICA PARA A TERCEIRA IDADE ......................................... 9
2.1 Perspectivas e estatísticas do ensino musical para idosos ............................................. 9
2.2 Benefícios que a atividade musical traz para a 3ª idade ...............................................10CAPÍTULO 3. O ENVOLVIMENTO DOS IDOSOS EM PROJETOS MUSICAIS: A PESQUISA DE
CAMPO .............................................................................................................................................13
3.1 Entrevistas: análise de dados ......................................................................................14
3.1.1 Desafios e habilidades ..........................................................................................14
3.1.2 Objetivos claros ....................................................................................................14
3.1.3 Concentração .......................................................................................................15
3.1.4 Controle da situação.............................................................................................16
3.1.5 Envolvimento .......................................................................................................163.1.6 Prazer ...................................................................................................................17
CONCLUSÃO .........................................................................................................................18
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................19
ANEXOS ................................................................................................................................22
ANEXO 1 - Termo de consentimento para a pesquisa de campo ........................................23
ANEXO 2 - Entrevistas .......................................................................................................24
ANEXO 3 - Fotos ...............................................................................................................30
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INTRODUÇÃO
Nesta pesquisa, que se insere na área da Educação Musical, procura-se compreender a
relação entre música e idoso, sob a perspectiva da observação do envolvimento do sujeito em
atividade de educação musical.
Entende-se que através das experiências dos idosos, certo que trabalhar estas
experiencias, contribui para o desenvolvimento das habilidades e capacidades especificas .
Devolvendo o idoso á uma sociedade ativa, colocando o sujeito a um alto nível de bem
estar . dessa forma, além de atender às expectativas de ordem social, mantendo a alegria e a
conexão com a vida dos sujeitos. Dessa forma, a música é aqui entendida como instrumento para a socialização e o desenvolvimento a saúde física e mental do idoso, durante o processo
de educação musical.
Dentro desse contexto, questiona-se: como se dá o envolvimento do idoso em atividades
musicais desenvolvidas por projetos sociais voltados à terceira idade? É possível afirmar que
há envolvimento capaz de produzir benefícios?
Trata-se de um trabalho de cunho etnográfico, cuja coleta de dados utiliza entrevistas
como técnica. A pesquisa serve-se de um estudo de caso que focaliza um grupo de 22 idosos,com idades entre 60 e 79 anos, participantes de um projeto intitulado Solfejando com a melhor
idade, mantido por uma Escola Municipal de Música de Guarulhos (SP), cujas aulas são
ministradas por um professor especialista em musica para terceira idade. Foram realizadas
entrevistas estruturadas com cinco alunos, sendo que o critério de seleção para a amostragem
consistiu na disponibilidade de participar da pesquisa.
As análises dos dados baseiam-se nas categorias de análises estabelecidas pela Teoria
do Fluxo (CSIKSZENTMIHALYI, 1999; 1992). São elas: desafios x habilidades; objetivos
claros; concentração; controle da situação; prazer e envolvimento. O objetivo principal consiste
em observar como e em qual nível o envolvimento se dá no idoso durante as aulas de música,
de acordo com o critério de Csikszentmihalyi (1999). Os resultados poderão evidenciar se o
nível atingido propicia ou não benefícios cognitivos e sociais ao idoso.
Segundo Rocha (2003,p.45-46), o idoso tem, pela legislação, direito à cultura, à
educação, ao esporte e ao lazer. Marcelo Caíres Luz afirma que:
A concretização dessas propostas destinadas ao público idoso defronta-se com
inúmeras dificuldades, entre as quais o fato de não existirem profissionaisdevidamente qualificados para planejá-las e executá-las. “Na realidade não é formarmúsicos profissionais e sim o fazer música com o idoso de propiciar o bem-estar”.(2008, p. 17).
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Verifica-se, dessa forma, por um lado, que estudos vêm sendo realizados a fim de se
constatar se a música exerce ou não alguma influência na vida dos idosos. É possível afirmar
que o ensino musical para a terceira idade pode trazer benefícios não só na melhoria daqualidade de vida do grupo, como também pode promover aspectos de desenvolvimento
criativo e expressivos do ser. Tame (1997,p.26) ensina que há exemplos que fortalecem a crença
de que a música tem uma força capaz de interferir em todo o mundo a nossa volta. E defende
que esta força pode ter um caráter físico, visível e audível, e até mesmo místico. Sobre a ação
da música em benefício da memória, Tourinho (2006,p.76) acrescenta que a música pode
favorecer a memória, evocando lembranças do passado.
Por outro lado, há uma evidente necessidade de se estabelecer políticas públicas para
essa faixa etária, uma vez que vem aumentando a expectativa de vida. Assim, esta pesquisa se
justifica por apresentar dados que podem contribuir para o redirecionamento de políticas
públicas para essa faixa etária.
O estudo está estruturado em três capítulos. No primeiro descreve-se a biografia do autor
da Teoria do Fluxo, o que é a Teoria do Fluxo e qual o seu papel na educação musical. O
segundo apresenta o crescimento populacional do idoso e os beneficios da musica para terceira
idade e o terceiro capítulo refere-se à pesquisa de campo e análise das entrevistas, realizada
com um grupo de idosos, participantes de um projeto de música.
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CAPÍTULO 1 - TEORIA DO FLUXO DE MIHALYI CSIKSZENTMIHALYI
Este capítulo tem como objetivo apresentar a Teoria do Fluxo de Csikszentmihalyi,
utilizada como fundamentação teórica do trabalho. O capítulo está estruturado em três partes:
na primeira, apresenta-se uma breve biografia de Csikszentmihalyi; na segunda, objetiva-se
descrever o que é trabalhado na Teoria do Fluxo, seus conceitos, suas publicações, suas
categorias de análises, destacando-se os pesquisadores, tanto no exterior quanto no Brasil, que
a utilizam como referência teórica; e na terceira parte deste capítulo, apresenta-se uma relação
da Teoria com a educação musical.
1.1 Biografia de Csikszentmihalyi
Mihalyi Csikszentmihalyi, elaborador da Teoria do Fluxo, nasceu em 29 de setembro
de 1934, em Fiume, hoje região de Rijeka, na Croácia. A Segunda Guerra Mundial
desestruturou sua família e sua vida: mesmo sendo criança foi preso em um campo de
concentração italiano; um de seus irmãos morreu em combate na guerra, e o outro foi preso
pelos russos e enviado a um campo de concentração na Sibéria.Foi aos 10 anos que Csikszentmihalyi descobriu seu primeiro flow ( fluxo ), o xadrez, que
permitiu desligar-se da situação caótica em que vivia, e controlar a realidade, por meio das
metas e das regras do jogo. ( CSIKSZENTMIHALYI, 1999,p.36).
Na sua adolescência, Csikszentmihalyi envolve-se com a pintura, sua segunda atividade
de flow, e vai trabalhar como fotógrafo na Suíça, país onde assiste pela primeira vez uma
palestra do psiquiatra Carl Jung (1875-1961). Quando criança, durante a guerra, buscava
compreender os pensamentos conflituosos dos adultos, e ao assistir Jung percebeu que ele
lidava com os aspectos positivos da experiência dos seres humanos. Fascinado pela Psicologia,
começou a estudar Jung e Freud (1856-1939), tendo ido estudar Psicologia na América do
Norte. A felicidade, temática de seu interesse, foi estudada sob o ponto de vista de pessoas com
experiências traumáticas. Lecionou por 30 anos, na Universidade de Chicago (EUA), onde
desenvolveu projetos de pesquisas de longa duração, fundamentais para a Flow Theory ou
Teoria do Fluxo.
No primeiro livro publicado no Brasil (CSIKSZENTMIHALYI, 1992), o termo flow foi
traduzido como fluir, o que não considerou adequado, pois ele emprega a palavra flow como
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substantivo e não como verbo. Nas obras seguintes foi utilizado o termo fluxo ou mantido o
original, flow.
O fluxo é um estado de consciência, um profundo envolvimento em uma atividade, onde
a percepção de metas e de desafios deve ser compatível com os níveis de habilidade do
indivíduo, para que este possa se concentrar e experiênciar situações de aprendizagem que
reforcem seu senso de competência. Dessa forma, tem a chance de perceber seu próprio
progresso e sente grande prazer. (CSIKSZENTMIHALYI, 1999,p.37).
Fluxo é definido como um estado de total envolvimento em uma determinada atividade
que exija um alto grau de concentração, um nível de desafio compatível com a habilidade, e
uma meta possível de ser cumprida, gerando um retorno ( feedback ) imediato. Tal experiência
proporciona ao indivíduo um grande prazer, “lampejos de vida intensa”.(CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 37).
1.2 Conceito da Teoria do Fluxo.
As primeiras publicações sobre a Teoria do Fluxo tiveram grande aceitação por parte
dos pesquisadores e impactaram áreas tais como Educação, Saúde e Psicologia. O início das
pesquisas sobre o fluxo começou em 1963, mas foi somente em 1975 que essa teoria teve
destaque em revistas e jornais científicos. Apareceu em um artigo do Journal of Humanistic
Psychology e, logo em seguida, vários livros foram sendo publicados, tais como:
Csikszentmihalyi (1975 e 1978), Mark. R e Greene (1973), Csikszentmihalyi e Reed (1984),
Csikszentmihalyi e Selega (1988).
Apenas dois livros de Csikszentmihalyi foram traduzidos para a língua portuguesa. São
eles: A psicologia da felicidade (1992) e A descoberta do fluxo: a psicologia do envolvimento
na vida cotidiana (1999).
A teoria do fluxo trabalha a ideia de que a vida vale a pena, mesmo em momentos de
caos. Felicidade e sentimento de satisfação são conceitos que fixam a teoria. Csikszentmihalyi
fotografou vários artistas em atividade, a fim de estudar o grau de satisfação, de dever cumprido,
de felicidade e, como consequência, de elevação do seu ego e autoestima.
Como as crianças, geralmente tão cheias de promessas e vitalidade, tornam-se adultosque são confiantes e produtivos, ou desesperançosos e contrariados? O que explicaessa diferença? (CSIKSZENTMIHALYI, 1984.p.3, tradução nossa)
Por meio de entrevistas e estudando a questão da atenção e do envolvimento,
Csikszentmihalyi passou a aplicar a teoria do fluxo em pessoas sem perspectiva de vida, com
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doenças psicológicas, direcionando a Teoria do Fluxo de envolvimento para a área cognitiva,
aplicando-a como método de motivação em tratamentos psíquicos, utilizando como base as
Artes e, principalmente, a música.
Apesar de uma forte ênfase em atividades de grupo na educação musical atual, poucas pesquisas têm investigado variáveis sociais e psicológicas que são vistas comocruciais para o sucesso das tarefas do grupo que envolve a cooperação interpessoal.(MACDONALD; BYRNE; CARLTON, 2006, p. 295, tradução nossa).
As conclusões do estudo de MacDonald, Byrne e Carlton (2006, p. 296) confirmam a
hipótese de que altos níveis de fluxo favorecem altos níveis de criatividade. As implicações
desse estudo para as áreas da Educação Musical e da Psicologia da Música são significativas,
pois demonstram que as variáveis do fluxo podem exercer influências sobre as variáveis no
contexto musical, tais como a criatividade e a composição.São seis as categorias de análise que envolvem a Teoria do Fluxo, como já foi citado: a)
desafios e habilidades; b) objetivos claros; c) concentração; d) controle da situação; e) prazer e
f) envolvimento. Elas estão relacionadas com diversas variáveis, tais como atenção direcionada;
retorno imediato; motivação intrínseca; excitação; mudança na percepção do tempo;
envolvimento e socialização. (ADESSI; PACHET, 2007).
Percebe-se pela análise das categorias do fluxo que, em alguns momentos das aulas:
a) Os desafios e habilidades: não estão equilibrados e, por isso, os sujeitos ficam
imersos em outros estados de consciência que não são do fluxo, a saber: a ansiedade ou o tédio.
Quando os sujeitos descrevem que sentem ansiedade, quando não entendem o que está sendo
trabalhado, provavelmente os desafios a serem superados são maiores do que as habilidades
que os sujeitos dispõem. Por outro lado, ao apontarem que sentem tédio, quando o exercício ou
o assunto é muito fácil, provavelmente as habilidades dos sujeitos são mais altas do que os
desafios que lhes são propostos. Mas essa dimensão do fluxo é dinâmica, ou seja, os sujeitos
envolvidos em qualquer atividade não permanecerão por muito tempo no mesmo nível.
Precisarão elevar seu nível de habilidades para superar desafios também mais elevados.
(CSIKSZENTMIHALYI, 1992,p.15). Isso pode explicar a afirmação dos sujeitos desta
pesquisa que, para ser bom em Teoria e Percepção, é preciso muito estudo e dedicação,
justamente para elevar as habilidades e ser capaz de superar desafios maiores.
b) Objetivos claros diz respeito à percepção clara, por parte do aluno, dos objetivos
inerentes às atividades; ou seja, “saber o que deve ser feito”, demonstrado por meio de um
comportamento exploratório, associado ao interesse pelo feedback (retorno). A mudança na
percepção do tempo é sentida pelo próprio aluno, que se auto avalia, considerando como era
antes e depois das aulas da experiência, comparando as diferenças entre o tempo em estado de
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fluxo e sem o estado de fluxo. A percepção do tempo, para os alunos, parece, no geral, não
mudar. Algumas vezes em que os sujeitos relatam sentir que o tempo passa mais rápido, a
experiência do fluxo pode estar ocorrendo, porém, são exceções. Fato interessante é que, ao
descrever sobre o tempo da aula, os sujeitos relatam fatores externos a ela, que podem ser a
significação para que a aula seja cansativa, ou seja, eles buscam identificar que o problema de
a aula ser cansativa não está nela em si, mas, sim, na carga de atividades demandada durante
aquele dia. Para Kamei (2010,p.65), quando há uma experiência de fluxo, a percepção e a noção
temporal são distorcidas, não sendo compatíveis com a cronologia usual. Porém, essa distorção
do tempo no discurso dos sujeitos entrevistados parece ocorrer em raras ocasiões.
c) Concentração: diz respeito ao alto nível de atenção e à abstração do entorno,
demonstrados por meio de um olhar direcionado, focado. Quando o corpo todo está voltado para a ação da atividade, o sujeito não apresenta momentos de distração, é relevante somente o
“aqui e agora”. Com esta análise, tentamos desvelar aspectos referentes ao foco no presente, ou
seja, os pensamentos dos sujeitos envolvidos na aula estão focados na aula ou em
acontecimentos e fatos externos? Percebe-se que a maioria dos pensamentos dos sujeitos é
externa à aula, mesmo que eles estejam relacionados com a linguagem musical e com o
conteúdo musical que é trazido pelo professor. O foco no presente é uma das dimensões
percebidas quando o sujeito está no estado do fluxo, ou seja, fatos pertencentes ao passado ouao futuro não encontram lugar na consciência. (KAMEI, 2010,p.66). Porém, percebe-se que, ao
descreverem que pensam em como relacionar os conteúdos com a execução, o foco dos sujeitos
está no futuro, pois já tentam vincular os aspectos da aula na futura prática instrumental. Por
outro lado, o fato de tentarem esquecer os problemas cotidianos favorece o estado de fluxo, pois
durante o f luxo, “[...] a pessoa esquece todos os problemas e preocupações da vida rotineira
[...]”. (KAMEI, 2010, p. 73).
d) Controle da situação: refere-se à compreensão das regras inerentes à atividade,associadas ao reconhecimento de competência nas próprias ações e na certeza do que se está
fazendo. O sujeito participa da atividade porque assim o deseja. Já o retorno imediato tem a ver
com a repetição das atividades trabalhadas, mais conhecido como feedback das atividades
trabalhadas, parâmetro essencial para o sujeito no desenvolvimento da memorização de longa
duração. Pode-se perceber na análise desta categoria, claramente, que os alunos têm um
feedback imediato de suas ações ao executarem os exercícios propostos durante a aula, porque
provavelmente sabem exatamente o objetivo dos exercícios, e quando estão no controle da
situação os sujeitos mencionam inclusive a palavra “fluir”, pois percebem que estão dominando
suas ações e a atividade proposta. Custodero (2006,cap.11,p.454) comenta que as estruturas e
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as formas de organizações musicais nos permitem saber exatamente o que devemos fazer, ou
seja, nossos objetivos são claros em uma aula de música e o retorno ( feedback ), por sua vez, é
essencial para que os professores possam fazer os ajustes necessários (de desafios e de
habilidades), para que se garanta a experiência do fluxo.
e) Prazer: está relacionado com a alegria de estar naquele lugar, com aquelas pessoas e
com aquele trabalho: tendo prazer os resultados serão positivos. Socialização está relacionada
com as amizades, participação em equipe, divisão de trabalho, respeito aos que estão ao seu
redor, envolvimento nas atividades das aulas e espírito de cooperação entre o grupo. A excitação
está ligada ao prazer de participar da atividade, ao sentimento de ansiedade dos sujeitos em
mostrar um bom desempenho.
f) Envolvimento: refere-se à condição de bem-estar devido a uma sensação decompetência, de eficácia das próprias ações e de autonomia. A atenção direcionada evoca um
nível de envolvimento avaliado pela fixação do olhar e pela participação na atividade
trabalhada, melhorando seu nível de entendimento e participação, caracterizado por expressões
de alegria, serenidade e divertimento. Esse quadro indica um alto nível de participação. Kamei
(2010, p. 72) comenta que “quando o envolvimento ultrapassa um determinado nível de
intensidade, a atividade se torna espontânea, quase automática, sem esforço consciente”. Mas,
pela análise da categoria, percebemos que há um esforço dos sujeitos para que permaneçamconcentrados, ou seja, o envolvimento com a aula não passa de um envolvimento voluntário,
pensado para que se alcance o objetivo pessoal de tocar um instrumento ou entender de música.
Dessa forma, a concentração nas aulas de Teoria e Percepção Musical não chega ao nível de
uma experiência ótima, mas, sim, de um esforço consciente para se permanecer focado.
Relação entre desafios e habilidades para o processo do fluxo.
Fonte: Csikszentmihalyi (1999, p. 38).
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1.3 Teoria do Fluxo e Educação Musical: uma revisão bibliográfica
Alguns autores vêm tomando como referência a Teoria do Fluxo de Csikszentmihalyi e
relacionando-a com o campo da Educação Musical e com os estudos da Psicologia da Música.
A revisão bibliográfica demonstra que no Brasil ainda é escassa a literatura sobre o assunto.
Araújo, Torres e Ilescas (2007) abordam a temática da motivação e da experiência de
fluxo com foco na aprendizagem e na prática instrumental. O estudo de Araújo e Pickler (2008)
investiga processos motivacionais que conduzem a prática de estudantes de música
universitários, sugerindo diferentes enfoques dentro da Cognição e da Educação Musical; esse
estudo colaborou com resultados obtidos em pesquisas anteriores quanto à relação existente
entre a persistência no estudo e a experiência vivenciada, e quanto à constatação de que fatores
extrínsecos e intrínsecos, tais como apoio familiar e interesse, são também determinantes para
a motivação. No âmbito internacional, a pesquisa de Adessi e Pachet (2007) relata uma
investigação sobre as relações estabelecidas entre crianças de 3 e 5 anos e um Sistema Musical
Interativo-Reflexivo, chamado Continuator . Segundo os autores, “o Continuator é um sistema
específico capaz de produzir música de maneira parecida a um ser humano que toca em um
teclado, como uma espécie de espelho sonoro”. (ADESSI; PACHET, 2007, p.62). Os
indicadores de fluxo foram utilizados na análise dos dados, ficando evidente que a utilização
do Continuator promoveu, no grupo, um estado de bem-estar caracterizado por um nível
elevado de motivação intrínseca, um controle da situação e uma excitação bastante semelhante
à Teoria do Fluxo de Csikszentmihalyi”. (ADESSI; PACHET, 2007, p.70).
Este capítulo destinou-se à apresentação da Teoria de Fluxo e seus parâmetros de
análises de envolvimentos, uma linha de pensamento em que o autor da Teoria de Fluxo,
Csikszentmihalyi, estipula regras para conquistar o estado de fluxo, objetivando o êxito de suas
atividades e buscando conquistar os benefícios relatados no capítulo seguinte.
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CAPÍTULO 2 OS BENEFÍCIOS DA MÚSICA PARA A TERCEIRA IDADE
Este capítulo busca apresentar uma revisão bibliográfica acerca dos benefícios da
música para a terceira idade. Tem como fundamentação teórica autores como Mathias (Coral
um canto apaixonante, 1986).
O capítulo está organizado em duas partes. Na primeira apontamos o crescimento
populacional de idosos no Brasil, as estatísticas dos órgãos do governo e quais instituições
trabalham educação musical com essa faixa etária. Na segunda parte descrevemos os benefícios
do ensino de música para idosos, quem são os pesquisadores profissionais do assunto e quais
métodos são usados para a conquista desses benefícios com êxito.
2.1 Perspectivas e estatísticas do ensino musical para idosos
Aqui buscamos destacar o ensino da música para a terceira idade e discutir os benefícios
decorrentes desta prática. A revisão bibliográfica aponta poucos trabalhos nessa área.
O crescimento populacional da terceira idade é inegável. Na esteira dos países
desenvolvidos, o Brasil caminha para se tornar um país de população majoritariamente idosa.Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1, o grupo de idosos de
60 anos ou mais será maior que o grupo de crianças com até 14 anos, já em 2030; e, em 2055,
a participação de idosos na população total será maior que a de crianças, de jovens e de adultos
com até 29 anos.
Assim é necessário que se pense em políticas públicas para essa faixa etária. As
iniciativas de formação de Universidades Abertas à Terceira Idade, entre elas as da USP, da
Unifesp e da PUC-SP, são demonstrações de que a pessoa não encerra na velhice seus anseios
de uma participação social, como explicita Cachioni e Neri (2004,p.40).
O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhe, por lei ou poroutros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúdefísica e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, emcondições de liberdade e dignidade. (BRASIL, Estatuto do idoso| Lei nº 10.741, de 1ºde outubro de 2003).
1 Disponível em: . Dados de 05 de janeiro de 2014.
http://www.ibge.gov.br/http://www.ibge.gov.br/
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2.2 Benefícios que a atividade musical traz para a 3ª idade
Segundo Mathias (1986,p.21), um grupo coral, por meio da educação musical, pode ser
um agente transformador da sociedade; tem a chance de inserir o som de cada indivíduo num
processo de educação musical libertadora. Pela revisão bibliográfica, sobre os benefícios da
música para a terceira idade, constatou-se que a atividade musical pode reativar a memória e
melhorar a qualidade de vida e a saúde, graças ao aumento da autoestima e à socialização,
promovendo um crescimento interpessoal e afetivo.
A atividade musical para a terceira idade é voltada à prática de musicoterapia, como se
observa em Zanini (2002,p.154); ou surge como auxílio às outras áreas artísticas, como se
observa nos estudos de Azambuja (2005,p.255).
O ensino musical para a terceira idade pode trazer benefícios não só na melhoria da
qualidade de vida do grupo, como também pode promover aspectos de desenvolvimento
criativo e expressivo do ser. Tame (1997,p.26) aponta evidências de que a música tem uma
força que interfere nos sujeitos e que esta força pode ter um caráter físico, visível e audível, e,
até mesmo, místico.
Sobre a questão da música beneficiar a memória, há o trabalho de Tourinho (2006,p.76).
Segundo a autora, quando se ativa a memória por meio da música transmite-se o pensamento
de que a senescência é um período propício à recordação. Assim, o idoso reconstrói
experiências do presente e do passado. Essa memória vem à tona porque o prazer da música
suscita o inconsciente, e traz as recordações ao nível da consciência.
A pesquisa de Araújo, Torres e Ilescas (2007,p.504) aborda a temática da motivação e
da experiência de fluxo, com foco na aprendizagem e na prática instrumental para idosos.
A música é compreendida como auxílio às outras áreas artísticas nos estudos de
Azambuja (2005,p.255). Podemos perceber que há uma ligação entre a interdisciplinaridade e
a criatividade nos estudos que relacionam música e idosos. MacDonald, Byrne e Carlton (2006, p. 296) afirmam que altos níveis de fluxo favorecem altos níveis de criatividade.
No campo da Educação Musical existem autores que relacionam os aspectos da Teoria
do Fluxo com a aprendizagem musical, porém, no Brasil, esses estudos ainda são raros
(STOCCHERO, 2012,p.134). Podemos citar alguns desses trabalhos realizados no Brasil, entre
eles os de Araújo e Pickler, que nos trazem os aspectos da Teoria do Fluxo na prática e na
aprendizagem musical, baseados na motivação.
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O estudo ou prática musical, em diferentes níveis, pode ser uma atividade ótima a partir da qualidade da experiência vivenciada. Nesse sentido, boas experiências podem assegurar um investimento e uma persistência do sujeito na ação. Assim, paraeducadores, performers, enfim indivíduos envolvidos no exercício da prática musical,a teoria do fluxo traz elementos específicos para a condução e compreensão de uma
experiência significativa do fazer musical. (APUD, ARAÚJO e PICKLER 2008, p.49-50).
De um modo geral, percebe-se que os trabalhos que relacionam a Educação Musical
com a Teoria do Fluxo buscam investigar os aspectos específicos da Teoria na aprendizagem
musical inicial (musicalização), ou então os aspectos da Teoria aliados à performance musical.
Investigou-se também a presença dos aspectos da Teoria do Fluxo em escolas de música
especializadas, como é o caso do Conservatório Maestro Paulino, localizado na cidade de Ponta
Grossa (PR).
Há também a pesquisa de Gainza (1988,p.43), salientando que é possível verificar nos
idosos as limitações de ordem física e psíquica, e que provavelmente as dificuldades rítmicas
são decorrentes de desequilíbrios emocionais, relacionados a alguma patologia. A disfunção
musical estaria mostrando a existência de problemas dessa ordem. Sobre esse assunto, Tourinho
(2006) aconselha que a utilização da música com prazer, como uma linguagem, contribui para
uma maior compreensão do mundo e de nós mesmos. E atesta que estudos comprovam que a
atividade muscular, a respiração, a pressão sanguínea, a pulsação cardíaca, o humor e o
metabolismo são afetados pela música e pelos sons. O corpo é um instrumento, configurando-
se também como uma caixa de ressonância e a voz, caracterizando o som que sai de cada
indivíduo, simboliza o contato com a música. Na terceira idade o aprendizado dessa linguagem
pode acarretar um processo criativo, a partir do que se tem construído.
A pesquisa de Montello observa-se abordagens de educadores da primeira geração, tais
como Dalcroze (1865-1950) e Orff (1895-1982), e enfatiza que a vivência musical, esse
trabalho envolve corpo, movimento, respiração, fala e linguagem sensorial. O resultado da
associação de tais elementos fornece subsídios para atividades criativas, improvisadas, voltadas
para a experimentação. Segundo o autor, o ensino musical com esse escopo pode aliar ação e
reflexão aos aspectos vivenciados (Montello, 2004, p.21).
Segundo Mathias (1986,p.15), um grupo coral de idosos, por meio da educação
musical, pode ser um agente transformador da sociedade, e, assim, pode inserir o som de cada
indivíduo num processo de educação musical libertadora.
O educador musical que desenvolve um trabalho voltado para o idoso deve estar
consciente das necessidades do grupo delimitado, alinhando as práticas musicais àsnecessidades do grupo. Neste sentido, Campos (1988, p. 105). defende: “Um processo de ensino
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aberto, centrado no aluno; por um ensino que parta da experiência e não da informação; por um
ensino que é orientado e não dirigido autoritariamente. ”
O processo de uma revisão musical para os idosos, educativa, deve se pautar pela
valorização da prática sobre a teoria, buscando um aprendizado musical que dê acesso a todos,
graças a uma concepção de ensino de música que privilegie o desenvolvimento humano no seu
todo e a sensibilização, a realização de atividades criativas e auditivas, retirando a ênfase da
escrita e da leitura. A ideia é um trabalho que não vise somente o domínio do instrumento
musical. O educador deve se inserir no contexto dos grupos, sendo o cotidiano e a experiência
dos integrantes instrumentos para a elaboração das aulas. Dissociar a vida do ensino é distanciar
a educação de um propósito coerente com as necessidades do mundo hodierno. Werneck (1991)
explicita que o objeto de estudo do educador é o encadeamento de experiências e vivências doeducando.
O homem toma consciência de si mesmo, refletindo sobre sua história e realizando um
intercâmbio de influências com o meio em que vive. As perspectivas para o professor de música,
em relação à terceira idade, são positivas, diante dos subsídios fornecidos pelas áreas da
Psicologia, da Gerontologia, da Música, e da Educação.
A Educação Musical pode contribuir para melhorar a realidade do idoso, pela
integração e pela socialização, e pelo bem-estar que promove. Alguns autores, tais comoMathias (1986), afirmam que a educação musical pode, inclusive, ter um caráter libertador,
levando o grupo à posição de agente transformador da sociedade.
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CAPÍTULO 3. O ENVOLVIMENTO DOS IDOSOS EM PROJETOS MUSICAIS: A
PESQUISA DE CAMPO
Este capítulo destina-se à análise do envolvimento dos idosos em aulas de música, com
base nas seis categorias estabelecidas pela Teoria do Fluxo de Csikszentmihalyi. São elas:
desafios x habilidades, objetivos claros, concentração, controle da situação, prazer e
envolvimento.
O estudo de caso foi desenvolvido em uma escola municipal de música de Guarulhos
(SP), que mantém um projeto de Teoria e Percepção Musical voltado para a terceira idade,
intitulado Solfejando com a melhor idade, e conta com um professor especialista em música.
A amostra reúne 22 idosos, de 60 a 79 anos, participantes do projeto Solfejando com a
melhor idade. As aulas ocorrem uma vez por semana, tendo duração de duas horas. A escolha
do caso se deu pela disponibilidade da escola, da professora e do grupo de idosos dispostos a
participar da pesquisa.
A pesquisa baseia-se em um estudo etnográfico, do tipo estudo de caso, pois visa a
observação da realidade de um grupo específico, não tendendo às generalizações. E para a
coleta de dados usa a técnica da entrevista. Foram realizadas entrevistas estruturadas com cinco
alunos, cujo critério de seleção para a amostragem consistiu na disponibilidade dos sujeitos em participar da pesquisa.
Tanto a instituição de ensino quanto os educandos foram informados por escrito e
verbalmente sobre o estudo e suas permissões foram concedidas por meio de autorização interna
do programa. A autorização para a realização da pesquisa de campo foi feita por meio do termo
de consentimento e da explicação sobre o estudo, e encontra-se no anexo deste trabalho.
A fim de evitar maiores implicações éticas, ficou acordado nesses documentos que as
imagens coletadas seriam somente utilizadas para esta pesquisa, não sendo consentida adivulgação das imagens para outros fins.
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3.1 Entrevistas: análise de dados
3.1.1 Desafios e habilidades
Na categoria dos desafios e habilidades, a maioria dos idosos afirma que a leitura
musical representa uma dificuldade imensa de aprendizado. Como podemos perceber pela
seguinte fala do aluno 1, L.F.:
Minha dificuldade é principalmente de leitura, ou quando tem que fazer algumexercício em grupo ou de percepção rítmica. E para ser bom em teoria e percepção,eu acho que é preciso muito estudo e dedicação para conquistar mais agilidade naleitura musical. (ANEXO B, 2015, p.26).
Pelas observações relacionadas a essa categoria de análise, a dos desafios, os sujeitos
apontam como dificuldades a leitura musical e a leitura de repertório de canto à primeira vista;
mas buscam superá-las como desafios. Pelas análises podemos destacar que o empenho e a
perseverança são estimulantes para essa faixa etária, valorizando as ideias e as vivências
musicais do passado, pois muitos deles já tiveram alguma bagagem musical na adolescência.
Muitos desses desafios e habilidades têm a ideia de conquista para os idosos, em busca
de um sentimento chamado felicidade, de que trata a Teoria do Fluxo. Alguns deles relatam queantes de estudarem a música no projeto Solfejando na melhor idade a vida era monótona, sem
desafios e suas habilidades estavam ocultas. Eram, em muitos casos, esquecidos pelos
familiares e pela sociedade. Com o estudo da música dizem que voltaram a viver e a serem
reconhecidos e aplaudidos nas apresentações e eventos de coral na cidade de Guarulhos.
3.1.2 Objetivos claros
Os objetivos claros enquadram-se dentro de uma linha de trabalho em comum. Todos
os participantes tem o mesmo objetivo em aprender a leitura e executar o canto coral;
empenham-se nesse objetivo comum e há um engajamento de responsabilidade no repertório
apresentado pela professora que se dedica de uma forma exemplar. Cada música é trabalhada
com esmero: os sujeitos não aceitam que seja executada de qualquer maneira e caso não esteja
perfeita (dentro das concepções de cada um) não aceitam mudar de repertório. As músicas são
colocadas em uma pasta, organizadas e numeradas para futuras apresentações na cidade de
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Guarulhos. Constatamos a alegria e o prazer dos sujeitos em mostrarem os repertórios já
conquistados por meio de muita repetição e dedicação.
Segundo relato do aluno 4, C.C.S.:
As aulas de música fizeram uma diferença muito grande a minha vida, pois após osestudos de música só recebi elogios das pessoas ao meu redor, minha autoestimaaumentou, me trazendo a felicidade de que não conhecia realmente. (ANEXO B,2015, p.29).
Essa categoria de análise se define para eles em início, meio e fim dos objetivos. No
início, quando o repertório lhes é apresentado, se aprofundam em assistir vídeos das músicas
pesquisados na internet; no meio, fazem questão de exercitar o grupo do coral com um todo; e,
no final, são as apresentações marcadas pela professora e pela escola de música.
3.1.3 Concentração
O nível de concentração é alto. Percebi que eles ficam muito empenhados para não
decepcionar o grupo e a si mesmos, entrando assim no estado de fluxo para conquista do êxito.
Decepcionam-se caso tenham que ir embora no final do dia e considerem que a música
trabalhada não está boa, segundo suas concepções musicais. O nível de concentração é visível,
pois não se percebem conversas paralelas e os olhares se mantém fixados nas orientações da
professora, preocupando-se quando não conseguem chegar em determinado tom da música. A
maioria se desliga do mundo exterior e, por aquelas duas horas, só existe aquela sala de aula e
a professora. Essa categoria de análise é determinante para conquistar o estado de fluxo da
Teoria do Fluxo de Csikszentmihalyi.
Segundo observação da fala da aluna 3, E.R.C.:
Sempre fico concentrada no que faço para alcançar êxito na atividade trabalhada, émuito difícil eu perder a concentração, quando era jovem não dava valor, mas com amaturidade descobri a importância da concentração. (ANEXO B, 2015, p.27).
A concentração é essencial para conquista do êxito no aprendizado musical. Analisando
a concentração na aula de canto e coral, na escola de música, percebi que uma aluna idosa,
iniciante no grupo, trouxe uma criança hiperativa na aula, que tirava a concentração tanto dela
quanto dos demais alunos. Assim, seus colegas ficaram desconcentrados e a aula não teve um
resultado positivo. Sem constranger a aluna, ao final da aula, a professora lhe perguntou se ela
tinha entendido os exercícios e ela disse que não. Com jeito a professora mostrou-lhe que sem
concentração não há sucesso de aprendizado e que não podia trazer mais a criança em respeito
aos colegas e em benefício dela mesma.
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3.1.4 Controle da situação
Nesta categoria, como os estudos são em grupos, se alguns alunos não acompanham o
andamento, eles se unem para ajudar o desenvolvimento do trabalho. Tendo, assim, um controle
entre eles dos problemas normais do andamento dos trabalhos musicais.
Conforme relato do aluno 1, L.F.:
Sim, em Percepção quando você está indo bem é fácil identificar, porque você temcerteza, parece que flui naturalmente, pela segurança que você tem no exercício. Equando você está indo mal também já sabe de primeira, tem que pedir para repetir oexercício, ou pede auxilio de algum colega, para ver se consegue perceber alguma
coisa. (ANEXO B, 2015, p.26).
Há também o controle da situação, em que o conteúdo dos estudos é assimilado com
clareza, trazendo uma sensação de domínio do assunto, abrindo espaço e criando a ambição de
novos conhecimentos. Percebi que os sujeitos têm uma vontade grande de aprender mais e mais,
mas com consciência colocam essa ambição passo a passo, um estágio de cada vez, para terem
domínio.
É interessante notar que os idosos repassam aos familiares os conhecimentos
vivenciados e aprendidos no projeto.
3.1.5 Envolvimento
Nesta categoria é avaliado o nível de envolvimento e prazer, categorias interligadas,
pois tendo prazer há envolvimento. Com dedicação fizeram questão de cantar, para mostrar os
resultados obtidos nos estudos, avaliando-se, assim, o estágio final do estado de fluxo, que é o
prazer de ter obtido bons resultados ligados ao total envolvimento.
Sobre o envolvimento, o aluno 4, C.C.S., fala o seguinte: Quando estou na aula não
penso em mais nada, só nas orientações da professora e de como faço para ser útil na aula.
(ANEXO B, 2015, p. 25).
Nesta categoria consideramos a fase de avaliação do envolvimento do idoso com a
educação musical, que é pertinente ao problema desta pesquisa. As outras categorias são
consideradas ferramentas para avaliar o nível de envolvimento dos idosos da nossa pesquisa,todas as categorias de análise têm uma subcategoria denominadas suas variáveis. Uma delas é
a motivação intrínseca, considerada um fator significativo no desenvolvimento da criatividade;
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os recursos motivacionais impulsionam performances criativas, a motivação sempre aparece
como um componente necessário para o desenvolvimento da criatividade. Segundo
Csikszentmihalyi (1992,p.16), motivos externos levam o sujeito a desenvolver a atividade em
questão. Isso pode ser percebido no momento em que duas das três motivações dos sujeitos
ajudam na aprendizagem do instrumento e da linguagem musical. Porém, percebe-se a presença
de uma motivação na própria música, em que o gosto pela música torna-se um motivo para a
realização das aulas. Porém, os alunos foram questionados acerca das aulas de teoria e
percepção e não sobre música propriamente dita. Acredita-se que os sujeitos têm como
motivação a própria música, mas não a aula em si, já que ela não é a motivação em si mesma.
3.1.6 Prazer
O prazer de aprender e de fazer música está evidenciado nas fisionomias dos sujeitos.
Alegria, contentamento e engajamento são percebidos durante o contato com o grupo e durante
as entrevistas. Quando o grupo é convidado para um evento não há rejeição, apenas querem se
organizar para dar o máximo de si. Segundo os relatos, os idosos afirmam que o maior
pagamento é o sentimento de serem úteis e servirem de exemplo para outras pessoas, uma vezque se sentem frequentemente rejeitados pelos familiares e pela sociedade.
Questionado se pensa em um dia parar de estudar música, o aluno 1, L.F., aproxima-se
da categoria do prazer em seu relato:
Nunca, pois a música é o remédio de todas as minhas enfermidades, é a minhaforça para continuar caminhando nesta vida, as outras coisas são consequências domeu esforço em busca da felicidade. (ANEXO B, 2015, p.29).
O reconhecimento de seus esforços, quando seus repertórios são aplaudidos por outras
pessoas, desperta o aumento da autoestima, o bem-estar e a sensação de servir de exemplo para pessoas de outras faixas etárias.
Como última categoria de análise na Teoria do Fluxo, o prazer está relacionado à
conquista do objetivo final e principal, uma vez que traz felicidade, o objetivo maior da nossa
vida, segundo Csiskszentmihaly.
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CONCLUSÃO
Esta pesquisa teve como objetivo observar o nível de envolvimento de idosos em um
projeto musical, desenvolvido em uma escola municipal específica de música, localizada no
município de Guarulhos (SP), e que incluiu Teoria, Percepção Musical e Canto Coral. O
comprometimento do grupo em questão foi observado com base na Teoria do Fluxo de Mihaly
Csikszentmihalyi. As seis categorias de análise desta Teoria foram utilizadas para avaliar o
nível de envolvimento.
A Teoria do Fluxo mostrou-se um instrumento eficaz de análise de entrevistas, trazendo
à luz as concepções subjetivas e emocionais dos idosos e revelando aspectos inerentes à
qualidade do ensino-aprendizagem musical, pois viu-se que as estratégias de ensino são capazes
de levar os alunos a vivenciar o Fluxo. Dessa forma, contribuem para o aprendizado musical e
para a vida social dessa faixa etária.
De modo geral, percebeu-se que os sujeitos da pesquisa estavam em estado de Fluxo
durante as aulas em questão, de forma que as aulas em si se tornavam atividades prazerosas que
propiciavam o Fluxo.
Destaca-se, portanto, a necessidade de se refletir acerca de abordagens metodológicas
de ensino que proporcionem a experiência do Fluxo ou experiência ótima em processos deeducação musical para a terceira idade, a fim de tornar a atividade motivadora.
Dessa forma, fazem-se necessárias novas pesquisas para se entender melhor como a
experiência do Fluxo pode gerar aulas significativas para os alunos e para os professores,
objetivando-se sempre a qualidade do ensino musical, em todos os ambientes e espaços.
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ANEXOS
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ANEXO 1 - Termo de consentimento para a pesquisa de campo
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ANEXO 2 - Entrevistas
As entrevistas são de natureza estruturada, em que o entrevistador elabora um roteiro de
perguntas a ser seguido, a fim de organizar as ideias e as respostas dos sujeitos consultados. Ou
seja, os sujeitos da pesquisa responderão as mesmas perguntas e as possíveis diferenças estão
nas respostas (MARCONI; LAKATOS, 2003). Gil (2006) comenta que as entrevistas têm
algumas vantagens em relação ao questionário: são mais flexíveis, no sentido de que o
entrevistador pode formular a mesma pergunta de forma diferente; possibilitam a análise da
conduta e das atitudes do entrevistado; são capazes de coletar informações relevantes que não
estejam em fontes documentais; podem coletar informações mais precisas dos entrevistados,
por se tratar de dados orais; e permitem que os dados sejam quantificados e tratados
estatisticamente. As entrevistas estruturadas utilizadas nesta pesquisa contam com 12 questões
e foram baseadas no roteiro segundo Kamei (2010). Foram aplicadas no dia 27 de agosto de
2015.
A amostra da entrevista conta com a participação de cinco alunos do projeto, que foram
convidados e participaram de livre e espontânea vontade como voluntários. Vale ressaltar que
as informações serão para fins acadêmicos, portanto, nomes e/ou imagens serão mantidos em
sigilo.
Por esta razão identificaremos os alunos com as iniciais de seus nomes e/ou idade:
Aluno 1: L. F., 69 anos
Aluno 2: N.S.C., 72 anos
Aluno 3: E.R.C., 69 anos
Aluno 4: C.C.S., 65 anos
Aluno 5: B.F.S., 78 anos
Entrevista:
1) O que lhe motiva fazer Teoria e Percepção Musical? Por que você participa das aulas?
O que o leva a cursar Teoria e Percepção Musical e Canto Coral?
Aluno 1: L.F - A princípio por gostar de música, em segundo lugar para adquirir conhecimento.
No passado eu participava de outros eventos culturais, sem ser de música, aliás, para mim, é
muito gratificante o estudo de música.
Aluno 2: N.S.C. – É mais uma atividade na arte da música, pois já estudo violão.
Aluno 3: E.R.C. – Já estudo há muito tempo e a música já faz parte da minha vida.
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Aluno 4: C.C.S. – A minha motivação para estudar música, coloco como um desafio pela minha
idade: provar para mim mesmo que eu consigo e aumentar as minhas qualidades.
Aluno 5: B.R.S. – A motivação veio pelo desafio, pessoas disseram que eu não era capaz e a
motivação veio de uma desmotivação.
2). Quando está nas aulas, você pensa em alguma coisa? Em quê? E em que você não pensa
quando está nas aulas?
Aluno 1: L.F. – Penso apenas em coisas boas, pois a música só nos traz pensamentos bons e
imagens agradáveis.
Aluno 2: N.S.C. – Procuro não pensar em outras coisas, sem ser na aula, mas, de vez em quando,
penso na minha vida, relacionando com a música trabalhada. Aluno 3: E.R.C. – Não gosto de ficar pensando em outra coisa, mas, quando acontece, fico
refletindo na minha vida.
Aluno 4: C.C.S. – Quando estou na aula não penso em mais nada, só nas orientações da
professora e de como faço para ser útil na aula.
Aluno 5: B.F.S. – Não consigo pensar em outra coisa senão no desempenho das atividades
propostas pela professora.
3). Há momentos da aula em que você sente ansiedade? Quando isso ocorre?
Aluno 1: L.F. – Não sinto ansiedade, pois não gosto que a aula termine.
Aluno 2: N.S.C. – Não tenho ansiedade, pois tento me desligar do mundo real.
Aluno 3: E.R.C. – Não, quando se trata de aula de música a ansiedade sai correndo.
Aluno 4: C.C.S. – Não sinto ansiedade nas aulas de música, sou muito ansiosa em outras coisas,
mas dentro da aula de música não quero que acabe, pois me faz muito bem e me deixa em paz.
Aluno 5: B.F.S. –
Não consigo me sentir ansioso, pois tenho plena convicção de executar um passo após o outro.
4). Há momentos da aula em que você sente tédio? Quando isso ocorre?
Aluno 1: L.F. – Não sinto tédio nas aulas, em nenhum instante, só muita alegria.
Aluno 2: N.S.C. – Não dá tempo de sentir tédio nas minhas aulas de música.
Aluno 3: E.R.C. – Não, assim como a ansiedade não aparece, pois, a aula é tão agradável que
não temos esses sentimentos.
Aluno 4: C.C.S. – Não existe esse sentimento nas aulas de música, pois se houver o tédio é
porque você não gosta de música.
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Aluno 5: B.F.S. – Tédio é um sentimento desagradável e não se enquadra na arte da música.
5). Você sente alguma dificuldade nas aulas? Que dificuldades são essas? E o que é preciso
para ser bom em Teoria e Percepção Musical?
Aluno 1: L.F. – Minha dificuldade é principalmente de leitura ou quando tem que fazer algum
exercício em grupo ou de percepção rítmica. E para ser bom em Teoria e Percepção, eu acho
que é preciso muito estudo e dedicação, para se conquistar mais agilidade na leitura musical.
Aluno 2: N.S.C. – Sim, tenho um pouco na leitura, e nas alturas das notas de primeira vista no
canto. Para superar essas dificuldades, peço ajuda aos meus amigos.
Aluno 3: E.R.C. – Tenho dificuldades sim, pois somos humanos e sujeitos a erros, mas estamos
sempre buscando a perfeição. Aluno 4: C.C.S. – Sim, tenho dificuldades, mas sempre peço ajuda e não vou embora com
dúvidas. Meus colegas de aulas têm prazer em ajudar.
Aluno 5: B.F.S. – Sim, dificuldades sempre teremos, as minhas estão na afinação, mas é
superável, pois trata-se de mais dedicação. O tempo é o nosso maior inimigo para conquistar o
conhecimento.
6). Durante algum exercício de Teoria ou Percepção, você sabe quando está indo bem?Como?
Aluno 1: L.F. – Sim, em Percepção quando você está indo bem é fácil identificar, porque você
tem certeza, parece que flui naturalmente, pela segurança que você tem no exercício. E quando
você está indo mal, também já sabe de primeira, tem que pedir para repetir o exercício ou pede
auxílio de algum colega, para ver se consegue perceber alguma coisa.
Aluno 2: N.S.C. – Em alguns exercícios consigo perceber que não estou indo bem, em outros
meus colegas me avisam onde estou errando e me ajudam a superar minhas dificuldades. Aluno 3: E.R.C. – Consigo perceber automaticamente se estou errando e já corrijo
automaticamente também, procuro não deixar meus amigos fazerem isso por mim, para não
ficar constrangida.
Aluno 4: C.C.S. – Percebo automaticamente quando não estou indo bem e procuro me acertar,
para não prejudicar meus colegas por se tratar de um grupo.
Aluno 5: B.F.S. – Sei quando estou bem, quando tenho plena segurança para executar os
exercícios musicais; e quando estou indo mal não me preocupo, pois tenho amigos para fazer
essa parte.
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7). Durante a aula, como você sente o tempo passar?
Aluno 1: L.F. – Depende muito do dia, mas, quando eu me interesso pelo assunto, a aula passa
bem rápido, a gente nem vê o tempo passar.
Aluno 2: N.S.C. –
Depende do repertório, quando está agradável nem percebo a hora passar,
que é o que acontece na maioria das vezes.
Aluno 3: E.R.C. – Depende de a aula estar agradável ou não. Como acontece todas as vezes
com a nossa professora, nem percebemos a hora passar.
Aluno 4: C.C.S. – As aulas são sempre agradáveis, nem percebo o tempo passar.
Aluno 5: B.F.S. – Não sinto a hora passar, quando estamos chegando no nosso melhor na
atividade, o relógio avisa que a aula acabou.
8). Durante a aula, como fica a sua concentração? Profundamente concentrado ou se
distrai facilmente?
Aluno 1: L.F. – Eu procuro me concentrar sempre na aula e consigo ficar quase o tempo todo
bastante concentrado, mas às vezes a gente dispersa um pouco, pelo celular, pelas conversas
com os colegas, por alguma coisa lá fora. Porém, em geral, eu fico bem focado na aula.
Aluno 2: N.S.C. – Nas aulas fico sempre concentrada nas atividades, dificilmente me distraio.
Quando acontece, peço a compreensão dos colegas, para diminuírem as conversas paralelas. Aluno 3: E.R.C. – Sempre fico concentrada no que faço para alcançar êxito na atividade
trabalhada, é muito difícil eu perder a concentração. Quando era jovem não dava valor, mas
com a maturidade descobri a importância da concentração.
Aluno 4: C.C.S. – Sou profundamente concentrada no que faço e nas aulas de música muito
mais. Não me distraio facilmente.
Aluno 5: B.F.S. – Minha concentração é totalmente focada na aula e não me distraio facilmente.
9) Como as aulas de música melhoraram ou não a sua qualidade de vida?
Aluno 1: L.F. – Melhoraram sim, percebi na parte motora e de memorização. Tinha dificuldade
para decorar algumas músicas e também dificuldade na movimentação, pois minha vida era um
pouco sedentária.
Aluno 2: N.S.C. – Melhoraram minha saúde psicológica, sumiu a depressão, a ansiedade,
melhorou o humor, minha vida social. A música para mim é uma terapia sem auxílio de médicos
nem remédios.
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Aluno 3: E.R.C. – Teve melhora, pois não consigo me desligar das aulas, e antigamente não
conseguia executar algum curso até o final, sempre desistia antes de acabar, conquistei o
comprometimento.
Aluno 4: C.C.S. –
Sim, com as aulas de música fiquei mais disposta e mais atenta às coisas ao
meu redor.
Aluno 5: B.F.S. – Sim, melhorou a minha sociabilidade, meu contentamento, me deu uma visão
de vida que eu desconhecia.
10) O estudo de música fez alguma diferença na sua vida familiar?
Aluno 1: L.F. – Sim, minha família me apóia. Dizem que melhorou muito meu comportamento,
humor, minha vontade de viver intensamente, e eles me prestigiam nos eventos e naapresentação de Canto Coral.
Aluno 2: N.S.C. – Sim, fez uma diferença muito grande na minha vida e na minha família,
participando dos eventos de Canto, eles me prestigiam. Resumindo, estamos mais unidos do
que nunca.
Aluno 3: E.R.C. – Teve sim, minha família percebeu a diferença que a música fez na minha
vida e meus filhos também começaram a estudar música.
Aluno 4: C.C.S. – Com as aulas de música aprendi a dar mais valor à minha família, dando mais
atenção a eles, sendo mais atenciosa, tendo mais paciência. Acabei me tornando mais humilde
e valorizando os que estão ao meu redor.
Aluno 5: B.F.S. – Fez uma grande diferença. Eu e a minha família praticamente não tínhamos
uma vida cultural ativa, hoje nossos passeios principais são eventos que envolvam música, tais
como concertos e apresentações de escolas de música.
11). Quais as diferenças mais notáveis entre quando você não estudava música e os diasatuais?
Aluno 1: L.F. – As maiores diferenças na minha vida são o humor, a alegria, a sociabilidade, o
comprometimento com o objetivo a alcançar, êxito nas minhas atividades. Resumindo, a maior
diferença é a felicidade.
Aluno 2: N.S.C. – A maior diferença na minha vida, como relatei na pergunta anterior, é deixar
minha família mais unida e eu voltar a ser o espelho, como referência familiar.
Aluno 3: E.R.C. – Minha família me disse a diferença que a música fez na minha vida,
benefícios em relação ao stress, ao mau humor, à ansiedade para acabar logo as coisas, sempre
pensando que não vai dar tempo. Confirmando, na minha vida a música é a arte transformadora.
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Aluno 4: C.C.S. – As aulas de música fizeram uma diferença muito grande na minha vida, pois
após os estudos de música só recebi elogios das pessoas ao meu redor, minha autoestima
aumentou, me trazendo a felicidade que não conhecia realmente.
Aluno 5: B.F.S. – A diferença é que me fez uma pessoa mais sábia, cheia de conhecimentos
artísticos, mostrando que a música transforma as pessoas e aumenta a qualidade de vida.
Análise: sem conhecer a Teoria do Fluxo, o sujeito acaba buscando o foco e o objetivo da
Teoria, que é a busca da felicidade.
12). Pensa em algum dia parar de cantar ou estudar música?
Aluno 1: L.F. – Nunca, pois a música é o remédio de todas as minhas enfermidades, é a minha
força para continuar caminhando nesta vida, as outras coisas são consequências do meu esforço
em busca da felicidade.
Aluno 2: N.S.C. – Nunca vou parar de estudar música, pois ela só me trouxe coisas boas, e me
faz muito bem, não quero nem pensar em não cantar no coral.
Aluno 3: E.R.C. – Como parar com um trabalho que me faz tão bem, a mim e à minha família,
e a deixa orgulhosa de mim.
Aluno 4: C.C.S. – Não consigo pensar em parar com a música, ela já faz parte da minha vida,
como respirar, sensação maravilhosa.
Aluno 5: B.F.S. – Nem passa pela minha mente parar de estudar música, pois ela me trouxe um
contentamento que não iria conseguir em outro lugar, e me fez muito feliz, a mim e à minha
família.
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ANEXO 3 - Fotos
Fotografia 1 – Coro do projeto Solfejando com a melhor idade
Fonte: Arquivo pessoal. Foto durante ensaio de canto coral no Teatro da Escola Municipal de Música de Guarulhos
Fotografia 2 – Coro do projeto Solfejando com a melhor idade
Fonte: Arquivo pessoal. Foto durante ensaio de solfejo, no teatro da Escola Municipal de Música de Guarulhos.
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Fotografia 3 – Coro do projeto Solfejando com a melhor idade – ensaio da música Cirandeiro
Fonte: Arquivo pessoal. Foto no teatro da Escola Municipal de Música de Guarulhos
Fotografia 4 – Coro do projeto Solfejando com a melhor idade
Fonte: Arquivo pessoal. Foto durante exercícios de ditado rítmico no Teatro da Escola Municipal de Música deGuarulhos.
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Fotografia 5 - Coro do projeto Solfejando com a melhor idade
Fonte: Arquivo pessoal. Foto durante a aula teórica de notação musical