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Bandas Musicais

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  • a histria de porangaba

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    287

    CAPTULO CAPTULO CAPTULO CAPTULO 5555

    NNNNOSSAS BANDAS OSSAS BANDAS OSSAS BANDAS OSSAS BANDAS

    MUSICAISMUSICAISMUSICAISMUSICAIS

    Jlio Manoel Domingues Setembro/08

    ndice

    I . INTRODUO, 288 1. Canto gregoriano e a origem das bandas, 289

    2. Mestre, diretor e maestro, 290

    3. A banda de msica e suas funes, 291 4. Msicos, 291

    5. Corporaes Militares, 292 6. Fragmentos da Histria da Msica em So Paulo, 293 7. Do Marac Banda de Msica, 293

    II . HISTRICO, 294 1. Primeiros Msicos, 298

    1.1 Contemporneos de Joo Gorga, 298

    1.2 Msicos que tocaram com Mestre Chico e Joo Tonh, 298

    1.3 Msicos de destaque, 298

    2. ASSOCIACO CULTURAL SANTO ANTNIO, 299 2.1 Joo Gorga, 300

    2.2 Pedro Maciel de Almeida Caldeira, 300 2.3 Francisco Aires de Oliveira (Mestre Chico), 301 2.4 Joo Serafim de Abreu ( Joo Tonh ), 301 2.5 Antnio de Oliveira Pinto ( Toninho Cristvo ), 302 2.6 Roque Soares de Almeida, 302

    2.7 Cezarino Antunes Correa, 302

    2.8 Andr de Almeida Machado, 303

    2.9 Presidentes da Corporao M. Santo Antnio, 303 2.10 Diretores e Scios, 303

    2.11 Sede Social, 304 2.12 Primeira subveno, 304 2.13 Fardamento, 304

    2.14 Conjunto Musical, 304 2.15 Destinao do prdio, 304 2.16 Excluso de msicos, 304

    2.17 Excurses, 305

    2.18 Ttulos de benemerncia, 305

    2.19 Carta renncia, 305

    2.20 Joo Paulino da Silva, 305

    2.21 Pedro Nogueira Filho, 305 2.22 Jos Carlos Rosa, 306

    2.23 Rui Nunes Ribeiro, 306

    2.24 Ivo Mendes, 306

    2.25 Locais de ensaio, 306

    2.26 Roque o jogador de futebol, 307 2.27 Roque Machado msico, 307

    2.28 Giocondo Rossi, 307

    3. CORPORACO MUSICAL SANTA CECLIA, 307 3.1 Fundao, 308 3.2 Ata de fundao, 308 3.3 Presidentes, 309

    3.4 Maestros e msicos, 309

    3.5 Diretores e scios, 309

    3.6 Excurses, 310

    3.7 Maestro Praxedes de Campos, 310

    3.8 Maestro Lzaro Nogueira da Silva (Pingo), 310 3.9 Diretoria Tri-campe, 311

    3.10 A grande campe, 311

    4. CORPORACO MUSICAL PORANGABENSE, 311 4.1 A primeira diretoria, 311

    4.2 Bandinha do Pingo, 312 4.3 Msicos da Bandinha, 313

    4.4 Destaques da Bandinha, 314

    4.5 A ltima apresentao, 314 4.6 Desativao definitiva, 314 4.7 A ltima diretoria, 315

    III. SAUDADES, 316

    IV. CONCLUSO, 320

    V. AGRADECIMENTOS, 321

    VI. BIBLIOGRAFIA, 322

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    I. INTRODUO

    A banda, a banda

    que passa em dia de festa... os acordes do Capito Portela

    despertando nas campinas verdejantes os clarins dos galos distantes e nas esquinas de antigamente

    as saudades adormecidas na calma do tempo...

    Raymundo Farias de Oliveira

    (Prece ao Vento)

    banda de msica tradicional vem morrendo h muito tempo; desaparece lentamente pela mudana dos costumes e, principalmente, pela concorrncia da msica eletrnica. As que

    restaram, enfrentam dificuldades. Hoje, para sonorizar festas e eventos j existem outras alternativas, consideradas modernas e menos custosas. Alie-se, a tudo isso, a alta tecnologia empregada na produo de discos, aparelhos e instrumentos musicais eletrnicos, computadorizados, com sonoridade e recursos excepcionais. Entramos na era da automao e o msico instrumentista, que era a figura principal nas apresentaes musicais, j dispensvel. Outro complicador para o sumio das corporaes o crescente desinteresse dos jovens em aprender msica. Tocar andando e com gente atrs, no d mais...! Dizem que so coisas do passado, fora de moda; outros ousam afirmar que as bandas j desempenharam o seu papel no cenrio cultural brasileiro. A verdade que faltam incentivos e apoio financeiro quelas que sobraram. A prpria sociedade, sempre influenciada, vai na onda, j aceita e busca outras opes musicais.

    Antes, mesmo com as inmeras dificuldades existentes, a oportunidade de estudar msica era bem mais fcil, justamente na banda, e alcanava os jovens mais pobres.. Em cada vilarejo existia o mestre de banda e a sua charanga (no bom sentido) com muitos msicos e aprendizes.

    Hoje, inclusive para os mais pessimistas, certo que a msica instrumental jamais morrer, apesar das deficincias de ensino, etc., mas, como arte popular, como significou a banda de msica no passado, est agonizando.

    Outros motivos que influram no crescente desinteresse dos jovens pela msica, refletindo, indiretamente, na formao das bandas e no aprendizado instrumental, foram:

    o a falta de mestres de banda (no houve substituio); b) a msica tornar-se uma opo artstica cara nas escolas particulares, totalmente inacessvel aos menos abastados; c) a surpreendente extino da cadeira de msica no currculo do 1o. e 2o. graus; d) o desaparecimento dos orfees e corais nas escolas ginasiais, quando os alunos eram despertados para o canto musical.

    Em compensao, mesmo sendo um paradoxo, hoje, os musiclogos afirmam que enquanto a msica de banda morre, a msica erudita cresce entre os jovens. As orquestras sinfnicas esto em ascenso.

    1. importante ressaltar que esse fenmeno que assola as grandes orquestras do nosso pas identificado pelo radical rejuvenescimento de seus quadros; atualmente, os circunspectos professores de idade avanada, que iam aos ensaios de terno e gravata, foram substitudos por msicos de bermuda e camiseta, que usam rabo de cavalo, e brincos ( 1)

    Acontece no nvel mais privilegiado da sociedade brasileira que engloba os jovens de classe mdia, enquanto os outros, os menos favorecidos, que teriam na banda a opo de aprendizado, voltam a ateno para outras atividades.

    1 Revista Veja, edio n. 1372 pg. 138.

    A

    Antnio de Oliveira Pinto Maestro

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    Para entender a histria das bandas de msica tradicionais no Brasil, preciso uma retrospeco que englobe o surgimento da msica, a evoluo do canto litrgico (principalmente), o nascimento das corporaes, as suas caractersticas, os msicos, mestres e maestros, a influncia aliengena, etc.

    1. Canto Gregoriano e a origem das bandas musicais

    A maioria dos livros sobre a Histria da Msica apresenta introdues sobre a arte musical dos chineses, dos indianos, dos povos do Oriente Antigo; discusses sobre a teoria e os fragmentos existentes da antiga msica grega, e descreve, ainda, o desenvolvimento da polifonia vocal at seu aperfeioamento no sculo XIV. Ora, a literatura, as artes plsticas, a filosofia seriam incompreensveis sem o conhecimento dos seus fundamentos greco-romanos, mas o mesmo no ocorre com a msica, pois, segundo a tese defendida por Otto Maria Carpeaux, no seu livro Uma Nova Histria da Msica, esse produto autnomo da civilizao ocidental moderna no teve suas origens na Antiguidade, que se costuma chamar clssica. No desconsiderando a hiptese de to importante crtico e historiador, conveniente inserir alguns fundamentos da msica dos gregos e romanos.

    A msica grega, como uma arte bela, tinha a teoria musical baseada em leis fsicas e foi aceita pelo sistema musical moderno que adotou os mesmos princpios. Tinha j o poder educativo. Em 600 a.C., Terpandro comps melodias (nomos), s quais se atriburam grande eficcia sobre os costumes. Ele serviu-se de uma notao musical, da qual no temos sequer traos; adicionou mais trs cordas lira, que s possua quatro. Especialmente, no princpio, os gregos tinham em grande honra a msica vocal: toda poesia grega, a pica, a dramtica, era cantada ou recitada musicalmente para acompanhar o canto. Pitgoras de Samos (469/470 a.C.) fundou o sistema musical que lhe tomou o nome; encontrou as relaes numricas entre os tonos e estabeleceu os intervalos, baseando o seu sistema em leis matemticas, no harmnicas, e adicionou uma oitava corda da lira. A msica grega atingiu o seu apogeu no sculo de Pricles, que pelo florescimento de todas as artes, se chamou o sculo de ouro da cultura grega. Nas tragdias (peas dramticas) j eram notados os coros que cantavam com o acompanhamento de instrumentos, tais como flautas e ctaras. Existiam ainda outros instrumentos, como a siringa (srie de tubos de vrios comprimentos), que foi o primeiro fundamento do rgo; a tromba reta e o corno, espcie de tromba recurvada. Nem no melhor perodo da produo musical grega, nem em seguida, os gregos conheceram o que ns chamamos de harmonia, isto simultaneidade de sons diversos - as vozes e os instrumentos executam a mesma melodia em unssono e, s vezes, em oitavas. Quando a repblica grega perdeu a primitiva grandeza e antigas melodias foram descuidadas, Aristoxeno ( 350 a.C.) escreveu trs livros de elementos de harmonia, no

    quais, afastando-se de Pitgoras, colocou o ouvido como juiz supremo da msica e no as leis da matemtica.

    Os romanos importaram a msica da Grcia e, em Roma, ela foi cultivada muito tarde, j em pleno perodo imperial. Esse povo, essencialmente guerreiro, ocupava-se das conquistas e no dos estudos das coisas abstratas, constando que os velhos romanos procuravam evitar a importao das artes e da filosofia que vinham daquele pas, temendo que disso resultasse danos sua populao. A msica servia apenas para o acompanhamento de bailarinas e funmbulos (equilibristas), sendo executada pelos escravos e sem qualquer finalidade educativa. Nero sempre ambicionou a fama de artista musical, mas, na sua poca, a msica atingiu baixssimo nvel, tanto que o Imperador cultivando-a, obteve mais desdouro que glria. A poesia romana dos melhores autores no era recitada com acompanhamento musical. Quanto aos instrumentos musicais, parece-nos que o primeiro entre os romanos foi a flauta, com o nome de tbia, e que servia tambm, entre outros fins, para assinalar o ritmo de cada golpe do remo, nas naves, para celebrar o triunfo dos vencedores. Tocava-se, ainda, a flauta enquanto os escravos eram aoitados, porm servia para acompanhar a ao no teatro. Como instrumentos guerreiros, os romanos usavam a tuba, trombas retas de sons graves, a buzina em espiral e talvez semelhante ao nosso trombone. natural, pois, que Roma tomasse alguma coisa de toda civilizao sujeita ao seu poder; assim possua a ctara e a lira, que vindas da Itlia meridional, j eram de origem grega.( 2 )

    Feito o registro de forma sinttica da evoluo da msica no perodo clssico, para entender o fenmeno que gerou as bandas musicais preciso considerar, inicialmente, o Coral Gregoriano ou o Cantocho ou o Canto Litrgico da Igreja Romana. Sem dvida, escondem-se nas melodias do cantocho fragmentos dos hinos cantados nos templos gregos e dos salmos que acompanhavam o culto do Templo de Jerusalm, porm impossvel apreciar a proporo em que esses elementos entravam no cantocho. As qualidades caractersticas do Coral Gregoriano so a inesgotvel riqueza meldica, o ritmo puramente prosdico, subordinado ao texto, dispensando a separao dos compassos pelo risco, e a rigorosa homofonia: o cantocho, por mais numeroso que seja o coro que o executa, sempre cantado a unssono, a uma voz. A nossa msica , em todos os seus elementos, diferente do cantocho, que parece pertencer, histrica e teologicamente, a um outro mundo: a msica dos cus e de um passado imensamente remoto. As bandas de msica nasceram do cantocho, ou seja do canto gregoriano, da msica do mestre-de-capela, ou das capelas das catedrais e muitas matrizes, pelo abandono das vozes e o reforo da instrumentao de sopro. O canto gregoriano era uma melodia simples, sem acompanhamento, cantado por um solista vocal ou por um coro em unssono; esta forma simples de arte forneceu a

    2 Artigo do professor Nacif Farah Jornal O Progresso de Tatu

    republicado pelo historiador Roberto Ferreira de Camargo dez.97.

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    base para quase toda msica medieval. O Theatrum Ecclesiasticum um manual sobre o cantocho para as igrejas, escrito em 1743 e organizado por frei Domingos do Rosrio, um dos cantochonistas de Mafra (Portugal), criado por D. Pedro V; a se pode rastrear a origem da msica no sacra da procisso e daquela que se liberou da Igreja e j era usada nas danas permitidas nas procisses portuguesas. A banda veio aos poucos de Portugal; aqui acresceram as influncias do ndio e do negro. Em Pedrogo Grande (Portugal), em 1612, as tais danas foram acompanhadas pelos mais variados instrumentos. Mas, quando se formou, o que estamos entendendo por banda de msica, j a msica se emancipara do canto. No mundo inteiro ocidental essa origem a mesma, com nomes iguais ou pouco diferentes. A msica do mestre-de-capela j saa rua, quando surgiram as primeiras bandas militares em 1802. A instituio dos mestres-de-capela durou mais nas catedrais por ordem do Imprio e sua figura continuou, s vezes, no mesmo mestre de banda e de orquestra. Chegava mesmo a ter as duas individualidades distintas, com quase os mesmos msicos, de modo que abandonando completamente o cantocho, ouviam-se mais nas nossas igrejas, ao mesmo tempo, algumas msicas profanas demais e outras religiosas. Nunca se encontrar um documento que prove a mudana do mestre-de-capela ao dissolver o seu conjunto instrumental e vocal, transformado-o em banda e orquestra. A partir da metade do sculo passado, principalmente no interior de So Paulo, era comum encontrar muitos mestres de orquestra ao mesmo tempo mestres de banda. Muitos msicos tambm figuravam nas duas, j que se admitiam instrumentos de sopro em grande quantidade nas igrejas. Existiam, inclusive, peas sacras para bandas e que eram tocadas nas missas da mesma forma que os instrumentos de corda. Outro indcio: no se encontrar, principalmente no interior, um compositor de msica sacra e mesmo de msica comum que no tivesse sido mestre de banda, o que acrescentava a comprovada influncia do cantocho sobre a msica popular no Brasil.

    Ainda no se falava, textualmente, em banda de msica, no militar. O nome surgiu, por exemplo, num documento de 1842 da Fbrica de Ferro Ipanema, descrevendo os instrumentos e fardamento. Curiosamente essa banda era formada por negros - escravos e descendentes. Farda, at hoje usada, influncia militar. Do cantocho o ritmo e os nomes das peas executadas andando: dobrado e marcha. Um costume que desapareceu completamente, mas que forte sinal da ligao com o cantocho, era o acompanhamento de enterros pela banda, cujas msicas tocadas eram as mesmas do mestre-de-capela, anteriormente cantadas com acompanhamento de instrumentos de corda e um ou outro de sopro.

    A palavra banda de origem germnica, deriva de bando. Por exemplo: bando de casamento a proclamao do casamento. As cornetas e tambores,

    acompanhando um oficial que fazia uma proclamao, formavam um bando. Nos tempos coloniais era assim que anunciavam os decretos, leis, festividades, etc. Portanto, do bando veio a banda militar de cornetas, tambores, pfanos, e desta a banda militar ou de regimento, completa.

    A diferenciao da msica de igreja do mestre-de-capela em todo mundo cristo, no s no Brasil, operou-se na orquestra, em que a princpio predominavam os instrumentos de corda, e em banda de msica militar. Desta veio a banda de msica civil, popularmente chamada de banda. Possivelmente, houve a transformao de bando em banda. As bandas, no territrio brasileiro, eram mantidas pelas prefeituras, sociedades privadas e alguns benfeitores. Houve at Igreja que manteve banda. A verdade, porm, que os msicos pouco ganhavam, quando muito o mestre tinha uma ajuda de custo mensal, e as outras fontes de receitas eram os pagamentos recebidos por apresentaes em eventos, principalmente nas festas religiosas, quando o dinheiro recebido era repartido entre todos os componentes. Para manter a banda, a diretoria procurava angariar recursos atravs de rifas, quermesses, livros de ouro, listas de contribuies, etc. Normalmente, o maestro e alguns msicos destacados eram contemplados com empregos pblicos, pois, assim, a banda conseguia sobreviver.

    2. Mestre, diretor e maestro No Almanaque Seckler para So Paulo, em 1883, no aparece nenhuma vez a palavra maestro; mestre de msica e, mais comumente, diretor. Nos jornais do interior, principalmente, at 1910, acontecia a mesma coisa. O vocbulo maestro bem mais pomposo, mais erudito, de origem italiana e era usado nos grandes teatros e operas. Tornou-se popular a partir da segunda metade do sculo passado. Antes, portanto, falava-se em mestre de banda, mestre de msica, vestgio da ntima ligao com mestre-de-capela. importante considerar, tambm, que o antigo professor primrio de primeiras letras era chamado de mestre e, consequentemente, aquele que ensinava msica era assim conhecido. Coincidentemente, no ltimo sculo, antes do desenvolvimento da instruo pblica, muitos mestres de banda ensinavam tambm as primeiras letras. At hoje existem pessoas que falam mestre de banda. Fato curioso que at os prprios italianos, naquela poca, rejeitavam o chamamento de maestro, como foi o caso do folclrico Jos Italiano, na cidade de Tiet, no ano de 1883.

    Alm dos conhecimentos musicais, o mestre de banda era geralmente um homem dotado de qualidades morais, tambm necessrias boa aplicao de sua arte. Comeava ensinando meninos e moos - os aprendizes, e

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    passava a exercer uma certa ascendncia sobre os mesmos. Lder, possua carisma. ntegro, disciplinador, sabia dar ordens, defendia e representava os seus subordinados. Tratava dos acertos financeiros e do rateio das gratificaes conforme o mrito e o trabalho de cada um. Salvo rarssimas excees, nenhum mestre e nenhum msico no militar, viviam exclusivamente da arte musical. Normalmente, exerciam uma profisso e noite dedicavam-se banda. Era, quase sempre, o homem dos sete instrumentos; conhecia, praticamente, todos na teoria e na prtica. Enquanto a maioria dos msicos tocava mais na base do ouvido do que na teoria musical, os mestres conheciam composio e harmonia, copiavam as mais variadas partituras e eram bastante fortes nos solfejos. Era comum ouvir um dobrado novo e, imediatamente, organizar a partitura. Para medir a capacidade do mestre, nada melhor do que a execuo do hino nacional brasileiro, que no era para todas as bandas; aquele que conseguia de seus msicos uma boa execuo era bom mesmo. As bandas, com raras excees, possuam a figura do imediato, do substituto eventual do mestre - o contramestre.

    3. A banda de msica e suas funes O crescimento das bandas se deve predileo pelos instrumentos de sopro, no pela falta da orquestra, pois a mesma banda de msica que tocava na igreja tambm animava os bailes. Acrescente-se o fato de ser muito mais fcil, nos povoados e nas pequenas comunidades, sustentar uma boa banda e no uma orquestra. Como a banda de msica nasceu, praticamente, dentro da capela catlica, existia o costume de participar de todas as festas crists, tanto na parte religiosa como profana; especialmente na alvorada, nas novenas, nos leiles e nas procisses. Tocavam, tambm, nas manifestaes para homenagear figuras importantes, nos cortejos formados para comemorar vitrias polticas, nas despedidas de pessoas ilustres, em casamentos, nos bailes tradicionais e carnavalescos, nos desfiles cvicos, nos enterros e at nas serenatas. Era muito requisitada e, dentre as atividades marcantes, destacavam-se os concertos e retretas, apresentaes pblicas no coreto da praa principal, quando mostravam um repertrio mais elaborado, com peas de operas clssicas, alm das composies tradicionais.

    Os primeiros concertos foram de orquestra e piano, msica clssica ou pelo menos erudita; porm, foi a banda de msica que popularizou a coisa nos palanques e coretos, ao ar livre. A banda de msica tocando no cinema foi uma outra grande participao. Com o aparecimento do cinema, uma espcie de gnero espetculo como o teatro, houve a necessidade da msica. Como os filmes no eram sonoros, a banda tocava antes, ao iniciar a

    sesso e, depois, nos momentos certos - geralmente uma valsa sentimental na cena dramtica ou msica alegre na cena cmica.

    s vezes acontecia um pequeno engano, a troca da partitura e do ritmo, como contam os mais idosos, gerando surpresa e estupefao aos assistentes, com uma msica alegre numa cena triste e vice-versa.

    A sonorizao dos filmes dispensou a banda.

    Existiam os mais variados tipos de bandas musicais: as militares, que hoje ainda existem, as corporaes formadas por escravos, negros, estrangeiros, corporaes nos seminrios, fbricas, colgios, etc.

    Na vida de uma corporao musical, mais recentemente, o ponto culminante era participar de concursos de bandas a nvel regional ou estadual e obter boa classificao que propiciasse, alm do prmio, a fama, o reconhecimento profissional e a projeo da cidade. At, h pouco tempo, esses eventos patrocinados pelos municpios e o prprio governo estadual eram comuns pela grande quantidade de bandas ativas. As comisses julgadoras eram formadas por pessoas habilitadas, geralmente professores, msicos e maestros.

    4. Msicos Tivemos no Brasil, a partir do sculo 19, msicos de todas as raas e misturas (caboclos, cafuzos, mamelucos, etc), com destaque para os negros e, principalmente, os descendentes de italianos. Foi muito grande a influncia dos msicos europeus na formao dos nossos instrumentistas de banda. Por outro lado, j no comeo do sculo 20, era comum encontrar no interior deste pas famlias inteiras de msicos, bons executantes, afinados e que chegavam a sustentar toda banda.

    Dessas famlias, algumas eram de quatrocentos anos e outras bastante modestas. Assim foram os Tonhs, alcunha dos Abreu, em Guare, no sul paulista. O pai era exmio no oficlide, os filhos em tudo. Mudavam-se muito. Sapateiros quase sempre. Eram valentes, no levavam desaforos para casa; o trombonista (msico excepcional, talvez o melhor de todos!) pagou com a vida o seu gnio forte; foi assassinado em Bofete.

    Alguns msicos franceses e italianos, pioneiros, que chegaram ao Rio de Janeiro, merecem ser citados. A revista do Arquivo Nacional, Rio, 1960, publicou que, no ano de 1812, alm dos cantores que D. Joo VI mandou vir, chegaram alguns msicos que conseguiram viver somente de msica por causa do teatro. So citados:

    Francisco Ansaldi, italiano, chegou de Montevidu em 1810; Christiano Antoni, italiano, chegou da Bahia em 1813; Jean Antoine Gabriel, francs,

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    chegou em 1816; Care Claude Joubert, francs, chegou em 1816; Giuseppe Moraglia, italiano, chegou em 1819 e foi msico do Teatro So Joo; Jos Nardi, italiano, copiador de msica, chegou em 1811; Aleixo Prosper Ribes, francs, chegou em 1817; Lorenzo Salvini, italiano, chegou em 1819, msico do Teatro So Joo.

    Obs.: A importncia do tema exigiu informaes adicionais sobre a origem da banda de msica, a historia e, ento, nada melhor do que o trabalho do historiador e folclorista guareiense Alusio de Almeida sobre o Folclore da Banda de Msica, do qual transcrevemos resumidamente quase a totalidade da parte introdutria. O escritor, natural de Guare, onde nasceu a 8 de novembro de 1904, cujo pseudnimo o imortalizou, era o padre Luiz Castanho de Almeida, uma das culturas proeminentes da regio, mas, infelizmente muito pouco divulgado fora do ambiente acadmico. Foi uma das mais expressivas figuras da Igreja e Historiografia do Brasil com inmeros trabalhos de investigao histrica e de pesquisa folclrica. Nos ltimos anos de sua vida dedicou-se ao estudo de um dos mais importantes temas da histria de So Paulo - o tropeirismo e as famosas feiras de Sorocaba. Faleceu no ano de 1.981. Dele, disse Afonso de Taunay: era um homem que sabia e resabia, para mostrar a excelncia de sua contribuio histria de nossa gente e de nossa terra.

    5. Corporaes Militares Segundo Jos Ramos Tinhoro, na obra Histria Social da Msica Brasileira:

    A continuidade da tradio da musica instrumental, to a gosto da populao, iniciada no Brasil Colnia em meados do sculo 18 pelos ternos de barbeiros com a chamada msica de porta de igreja, ia ser garantida pelas bandas de corporaes militares nos grande centros urbanos e pelas pequenas bandas musicais ou liras formadas pelos mestres interioranos. Formadas, a partir do sculo 19, em alguns regimentos de primeira linha, em substituio confusa formao de msicos tocadores de charamelas, caixas e trombetas vindos dos primeiros sculos de colonizao, as bandas militares tiveram organizao e vida precria at a chegada do prncipe D. Joo com a corte portuguesa em 1808.

    Na verdade, quando o prncipe regente desembarcou no dia 06/03/1808, no Rio de Janeiro, vindo da Bahia, o cronista Luiz Gonalves dos Santos, o padre Perereca - que relatou todos os lances da chegada em sua Memria para Servir Histria do Brasil, no encontrou bandas para citar, declarando apenas ter ouvido alegres repiques de sinos, os sons de tambores e dos instrumentos

    msicos, misturados com o estrondo das salvas, estrpitos de foguetes e aplausos do povo.

    A existncia de uma banda naquele dia festivo no teria escapado ao minucioso padre Perereca, pois, dez anos mais tarde, em 1818, quando o mesmo prncipe D. Joo foi aclamado rei com o ttulo de D. Joo VI, no esqueceria de anotar a presena de uma numerosa banda de msica dos regimentos de guarnio da Corte.

    A formao de bandas militares durante o perodo colonial deve ter esbarrado na dificuldade em incorporar instrumentistas de sopro num tempo em que seriam raros, dificuldade que logo explicaria, alis, a posio especial que gozariam os msicos fardados quando se iniciou a profissionalizao.

    Atrados para os quadros militares por sua rara qualificao, msicos civis vestiam a farda e passavam a fazer parte dos corpos-de-tropa, muitas vezes conservando os seus prprios instrumentos, o que os levava a se comportar no como militares, mas como funcionrios contratados, equiparados aos oficiais para efeito de soldo. Aps a Independncia de 1822, quando esse problema de preenchimento dos quadros de msicos militares se tornou mais grave (a luta contra a resistncia das tropas portuguesas aumentava nos batalhes), a nica forma de contar com msicos foi o recrutamento, o que encheu os quartis de amadores.

    Somente no perodo posterior Independncia, as bandas dos regimentos de primeira linha comearam a merecer maior ateno. As bandas de msica da Guarda Nacional, surgidas depois de 1831, foram as primeiras a incluir em seu repertrio, alm dos hinos, marchas e dobrados, peas de msica clssica e popular. A iniciativa marcou o incio da competio da msica, institucionalmente organizada, com aquela criada e executada espontaneamente - a msica dos barbeiros, que, at ento dominava com exclusividade, pelo menos, o setor das festas de adro. ( 3) As bandas da Guarda Nacional contriburam para a valorizao da profisso de msico, atravs da guerra de

    3 Barbeiros - Realmente, dentre as atividades historicamente

    desempenhadas no Brasil Colnia por negros livres ou a servio de seus senhores, a que por seu carter de atividade liberal mais conferia destaque pessoal era a de barbeiro. O barbeiro, pela brevidade mesma do servio - fazer barba ou aparar cabelos era questo de minutos - sempre acumulara outras atividades compatveis com sua necessidade manual e era representada pela funo de arrancar dentes e aplicar bichas (sanguessugas). Essas especialidades, sempre praticadas em pblico, situavam os barbeiros numa posio toda especial em relao s profisses mecnicas ou demais atividades de carter puramente artesanal. E como seus servios em tal atividade liberal lhe permitiam tempo vago entre um fregus e outro, os barbeiros puderam aproveitar esse lazer para o acrescentamento de outra arte no mecnica ao quadro de suas habilidades - a atividade musical.

    Histria da Vida Pblica e Privada no Brasil vol 2, Cia. de Letras). Adro = terreno em frente e/ou em volta da igreja, plano ou escalonado. Dicionrio Folha/Aurlio pg.17

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    prestgio, concorrendo com as bandas militares dos regimentos de primeira linha, pois o fato de ser msico da primeira, alm da dispensa de todos os servios militares, ainda servia para desculpar at mesmo infraes mais graves.

    O fato que, com essa valorizao das bandas de tropas da primeira linha e da Guarda Nacional, centenas de msicos de origem popular encontravam a oportunidade de viver de suas habilidades e do seu talento, contribuindo para identificar com o povo, atravs da msica de coreto e de festas cvicas, um tipo de formao instrumental muito prxima das orquestras das elites. No que se refere msica popular brasileira, a maior contribuio das bandas militares foi, inegavelmente, as criaes do maxixe no Rio de Janeiro e do frevo em Pernambuco.

    6. Fragmentos da Histria da Msica

    em So Paulo Este tpico fundamenta-se no trabalho de Carlos Penteado Rezende, (So Paulo, Terra e Povo), membro do Instituto Histrico e Geogrfico de So Paulo, cujo contedo enriquece a matria.

    A persistncia, no espao e no tempo, de certos fatos ou situaes, determina a existncia de um ciclo, o qual tende, invariavelmente, a ser substitudo por outro. Os ciclos se sucedem, mas no se separam; portanto, lcito, condensar os fatos da Histria da Msica Paulista nas seguintes fases:

    Primeiro Ciclo - (1500-1800) - msica religiosa e as manifestaes primitivas de aborgenes, lusos, africanos e mestios;

    Segundo Ciclo - (Sculo 19) - modinhas, batuques, operas, pianos, saraus, compositores, teatros, professores particulares, concertos, lojas e depsitos, bandas de msica;

    Terceiro Ciclo - (Sculos 19 e 20) - nacionalismo musical, virtuosismo pianstico, conservatrios, teatros, sociedades musicais, musicologia, compositores.

    7. Do Marac Banda de Msica Os primeiros moradores paulistas tiveram durante decnios precrias condies de vida, tanto no litoral como no planalto, por conta do isolamento, da pobreza de recursos, por temer as represlias dos nativos, sendo ambiente totalmente desfavorvel para o cultivo da

    msica entre aqueles europeus. Pergunta-se: que espcie de instrumentos poderiam, porventura, ter trazidos de sua distante civilizao? No seria absurdo, nem impossvel que tivessem alguns instrumentos de sopro, percusso ou de corda, como flauta, gaita, tambor, ou mesmo guitarra, que era muito conhecida na Pennsula Ibrica desde o sculo 14. Tambm poderiam cantar, rememorando velhas toadas do alm-mar. Por outro lado, a msica dos silvcolas era bastante rudimentar e, invariavelmente, ligada s manifestaes religiosas das tribos, vinculada guerra, morte, s doenas, partida para a caa, s colheitas, etc. Usavam instrumentos rsticos, diversos, como os chocalhos (marac), trombetas, flautas, assobios e tambm os chamados basto de ritmo. Esse era o cenrio musical nos agrupamentos sociais de brancos e ndios, quando chegaram os Jesutas Capitania de So Vicente.

    No final do ano de 1549, ali desembarcou o padre Leonardo Nunes, vindo da Bahia, com a misso de evangelizar e catequizar os ndios, alm de reprimir os abusos dos europeus. A ttica missionria adotada consistia em doutrinar primeiramente os meninos ndios, os quais se encarregariam de instruir os pais. A msica com seus poderes de encantamento favorecia amplamente a tarefa, pois j era sabido que os ndios a amavam depois da experincia desenvolvida pelo padre Aspilcueta Navarro, na Bahia, que aproveitou os cnticos lascivos e os transformou em cnticos de f.

    No ano de 1550, formou o padre Nunes uma espcie de seminrio ou colgio e ensinou aos meninos rfos e filhos de nativos a ler, escrever, a falar portugus, latim, e a cantar. A 2 de fevereiro de 1553 foi inaugurado o Colgio dos Meninos de Jesus de So Vicente, com a presena do padre Manoel da Nbrega, que, em carta ao superiores, escreveu: Nesta Casa tem os meninos os seus exerccios ordenados. Aprendem a ler, escrever e vo muito avante; outros a cantar e tocar flautas... . Acrescenta o historiador Serafim Leite a informao que j estava presente o Irmo Antnio Rodrigues, excelente musicista, capaz de ensinar canto, flauta e de formar coros.

    Pode-se afirmar que a histria da msica em So Paulo teve incio com a presena dos Jesutas em seu territrio A respeito das aptides musicais dos nativos, escreveu mais tarde Simo de Vasconcelos:

    So afeioadssimos msica e, os que so escolhidos para cantores da Igreja, prezam-se muito do ofcio. Saem destros em todos instrumentos musicais, charamelas, flautas, trombetas, baixes, cornetas e fagotes. Portanto, no comeo da vida de Piratininga, uniram-se as vozes singelas do cantocho, trazido pelos jesutas, s rudes melodias dos ndios.

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    O padre Manuel Nunes, que havia sido professor e reitor da Companhia de Jesus, ao ser nomeado vigrio da Vila de So Paulo, no ano de 1631, tratou logo de regularizar a sua igreja, onde j rezavam missas cantadas com harpa e baixon. O que seria baixon? Frei Pedro Sinzig, O.F.M. , registra no seu dicionrio musical: baixo, instrumento de sopro dos sculos 15 a 17; bajon, instrumento antigo semelhante ao fagote, de som spero, pouco agradvel, usado na Espanha, para acompanhar nas igrejas o canto gregoriano e o fabordo. ( 4 )

    O monsenhor Paulo Florncio da Silveira Camargo conclui: se ali havia harpa e baixo, havia tambm um coro organizado com bons cantores.

    Mesmo com a possibilidade de ter existido outros, a primeira meno a um mestre-de-capela em So Paulo de 1649; chamava-se Manoel Pais de Linhares. No ano de 1657, por proviso, recebeu licena para fazer o compasso e exercer o cargo de mestre-de-capela o msico Manoel Vieira de Barros. Documentos do sculo 18 mostram a figura do mestre-de-capela em outras cidades paulistas, como Sorocaba, Itu, Mogi das Cruzes, Santos, So Sebastio, Mogi-Mirim e Mogi-Guau, pelo menos. Mesmo com as limitaes prprias da poca (formao musical deficiente para msicos e cantores, carncia de solfas, partituras e instrumentos), merece ser destacada a atuao desses abnegados msicos nos ambientes urbanos e que no se restringiu aos meios eclesisticos, nem as funes litrgicas. Tinham um importante papel na vida social, lecionando, ensaiando, despertando vocaes.

    Segundo Alusio de Almeida: a msica do mestre-de-capela saa tambm rua e foi a precursora das bandas musicais atuais.

    No ano de 1706 faleceu Antnio Machado do Passo, professor de msica da Vila de Itu. Segundo o historiador Francisco Nardy Filho, foi ele o primeiro mestre-de-capela da Matriz de Itu; possua uma orquestra de gente branca e uma banda de homens de cor, ambas por ele dirigidas Na, mesma poca, ensinava msica em Itu, Francisco de Barros Freire. No ano de 1725, nasceu em Santos - Andr de Moura Sanchez. Aprendeu msica com os jesutas do Colgio So Miguel e se aperfeioou sozinho na difcil arte musical. Foi durante muito tempo professor, diretor de banda e mestre-de-capela da Matriz daquela cidade.

    Em 1770 realizam-se na cidade de So Paulo, entre 16 a 26 de agosto, as grandiosas festas em louvor Senhora SantAna, patrocinadas por Morgado de Mateus, D. Luiz

    4 Fabordo = forma antiga de polifonia vocal; msica desentoada, sem pausas. Dicionrio Folha/Aurlio pg. 287

    Antonio de Souza Botelho, Governador da Capitania, para a introduo da imagem na Capela da Igreja do Colgio. Na programao, no dia 21 - funo no Teatro da pera, com a representao de uma comdia. No prlogo, houve um nmero de msica, entrando em ao coro e banda, (ao que parece marcial), alm de tambores e trombetas.

    A Ordem Terceira da Penitncia de So Francisco de So Paulo, no ano de 1772, fazia sair s ruas a tradicional procisso da Penitncia ou da Quarta-Feira de Cinzas, no faltando a parte musical, como elemento indispensvel - a msica instrumental, porm, os livros da Ordem, infelizmente, no apresentam elementos esclarecedores.

    A mistura do cantocho com as harmonias de operas, principalmente italianas, como acontecia em Portugal, no ltimo quartel do sculo 18, j era constatada por aqui.

    A partir de 1800, ainda, na capital paulista, o povo ocorria em massa s feiras pblicas para compras e passeios, contemplando a iluminao publica noite, ouvindo a Mzica dos Regimentos. Dentro desse contexto histrico, evolutivo, da msica paulista, as bandas de msica comearam a se destacar em pleno Imprio, com grande popularidade. Tudo comeou nos tempos coloniais com as bandas militares, ou msica de regimentos, que animavam os festejos profanos e religiosos. Beyer, Saint-Hilaire e Kidder , viajantes europeus, apreciaram na Paulicia oitocentista as exibies de bandas militares.

    Por ocasio da Guerra do Paraguai, no embalo do entusiasmo e da grande comoo popular, as bandas fizeram grande sucesso. As bandas civis (corporaes, liras, filarmnicas, etc.), por outro lado, apresentando-se garbosamente em festas, procisses e retretas, com seus vistosos fardamentos e impecvel instrumental, contriburam para o desenvolvimento musical da Provncia. Cidades como So Paulo, Sorocaba, Campinas, Itu, Pindamonhangaba e muitas outras, formaram bandas famosas. Para a consagrao dessas corporaes foi de importncia vital a imigrao italiana, aps a proclamao da Repblica, pelo entusiasmo e qualidade dos msicos estrangeiros.

    II. HISTRICO

    xistem indcios de que a banda de msica foi a primeira atividade artstica popular no povoado do Rio Feio, iniciada ou continuada pelos italianos

    que chegaram no final do sculo 19. a hiptese mais aceitvel, embora existam poucas indicaes a respeito.

    A referncia mais antiga sobre a banda est no Livro do Tombo da Parquia de Porangaba e refere-se participao em eventos diversos, a partir de 1899, logo

    E

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    depois da chegada do primeiro padre residente, o italiano Jos Gorga. Os msicos so citados como colaboradores da Igreja Catlica. a prova irrefutvel, considerando, ainda, que tocavam nas festas religiosas e profanas, nas recepes de autoridades e visitantes ilustres, nos leiles, etc.

    Fatos registrados no Livro do Tombo, que comprovam:

    a chegada triunfal do advogado Laurindo Minhoto, no dia 13/10/1899, no encerramento do processo movido pelos protestantes contra os catlicos, quando foi recebido por um nmero considervel de pessoas e a banda de msica;

    b) no lanamento da pedra fundamental do templo catlico que foi construdo na cidade: no dia 01/06/1902, estando reunido o povo desta localidade e a banda de msica, colocou-se a primeira pedra...

    O relatrio da parquia de 1905 mostra que o primeiro maestro foi o italiano Joo Gorga, irmo do padre, e que a associao j se chamava Banda Santo Antnio. Com a sada do maestro Gorga, a banda ficou parada durante um perodo considervel e somente foi reativada com a vinda do maestro Pedro Maciel de Almeida Caldeira, de Pirambia, que comandou por pouco tempo (1911/12). Caldeira, natural de Tiet, viveu em Pereiras e fazia parte de uma grande famlia de msicos; j tinha morado na Bella Vista no final do sculo 19, onde inclusive foi escrivo do cartrio, casou-se e tocou na banda.

    Padre Jos Gorga Depois, provavelmente entre 1915/18, veio para dirigir a banda Francisco Aires de Oliveira, o Mestre Chico, negro, um dos maiores msicos que por aqui passou. Antes, j estivera como msico da banda, organista e cantor da Igreja Catlica. Tocava requinta e desta vez,

    veio de Pereiras, convidado por Pedro Nogueira, com o apoio de Domingos Miranda.

    Com a sada do Mestre Chico, assumiram a regncia por pouco tempo os seguintes maestros: Joo Zeferini (1918/19), e Joo Correa, de Boituva, (1920/22), e, provisoriamente, por algumas vezes, o jovem msico Antnio de Oliveira Pinto (Toninho Cristovo). Pedro Nogueira, mais uma vez, de comum acordo com os msicos foi buscar outro destacado maestro, mais experiente, desta vez, da cidade de Guare - Joo Serafim de Abreu ( Joo Tonh) - trombonista.

    Os maestros, alm de tocar, possuam outras atividades, com destaque especial ao ensinamento das primeiras letras, porm, como se dedicavam quase que por inteiro ao ensino musical, era comum v-los com seus aprendizes, nos mais variados horrios, na rdua misso de ensinar msica, fato esse ratificado pelos discpulos. Um trabalho extraordinrio e louvvel.

    Com a sada do mestre Tonh, que se mudou para Bofete no final dos anos 20 (sculo passado), assumiu em definitivo Toninho Cristovo, msico formado por Mestre Chico. Este, passou para a histria da comunidade pela sua simplicidade, dedicao e amor musica; formou mais de uma centena de msicos . O primeiro mestre de banda nascido em Porangaba. Ecltico, autodidata, arranjador, tocava os mais variados instrumentos de sopro, preferindo o pisto, e, tambm, piano e rgo. Dirigiu, ininterruptamente, a Banda Santo Antnio at o ano de 1945.

    Em determinados perodos, a banda chegou a ficar inativa, temporariamente, e, ento, para animar as festas eram chamadas as corporaes musicais de Guare e (Passa Trs) Cesrio Lange. Entre os anos 20 e 40 do sculo passado, mais ou menos, chegou at a existir na cidade um grupo improvisado (temporrio) para animar festas, a banda infernal, liderada por Joo Miranda, Joo Teles, Ablio Teles, Higino Nordi e outros. Caiu no agrado popular pela balbrdia que faziam e, mesmo, com a reativao da banda tradicional, eram chamados para participar de alguns eventos.

    Nos anos de 1932/1935, foi destacvel o trabalho do maestro Toninho na formao de novos msicos, dentre os quais trs viriam se tornar maestros famosos Cezarino Antunes Correa, Roque Soares de Almeida e

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    Andr de Almeida Machado, marcando uma fase bastante profcua e auspiciosa Banda Santo Antnio. Os conterrneos mais antigos lembram com emoo do papel da banda, quando aqui estiveram em misses os padres redentoristas Vitor e Silva, em 1933, em pregaes e, tambm, para o levantamento do primeiro cruzeiro (todos ainda se recordam da grande cruz de madeira que ficava to longe, imaginem!, onde hoje comea a avenida deputado Amadeu Narciso Pieroni, no caminho do ginsio estadual.

    Pedro Domingues Nogueira

    A partir de 1945 passou a alternar a regncia com Cezarino Antunes Correa, seu discpulo, desligando-se por motivos polticos, definitivamente, no ano de 1948. Durante todo tempo que esteve frente da banda, contou com o apoio de Joo Paulino da Silva (Janguinho), outro msico importante, o seu contramestre. Quando Pedro Nogueira se afastou da corporao, j na dcada de 30 (sculo passado), pediu para que Toninho e Janguinho passassem a comandar a banda.

    Receberam o fardamento de presente e os instrumentos para pagamento posterior, o que foi feito no prazo de um ano. Na oportunidade foi significativo, para a sobrevivncia da banda, o apoio dado por Domingos Manoel de Miranda, cuja atuao o qualificou como um dos mais destacados diretores, o primeiro presidente honorrio da Banda Santo Antnio. Em 1932, a diretoria tinha a seguinte formao:

    presidente: Domingos Manoel de Miranda; vice-presidente: Joaquim da Costa Machado; diretor: Giocondo Rossi; tesoureiro: Jos Martins e secretrio: Luiz Carlos Vieira.

    Domingos Manoel de Miranda

    Nos anos 1933/35, a banda atravessou uma fase auspiciosa sob o comando de Toninho Cristovo, com a formao de novos msicos que viriam se tornar nomes importantes histria musical local. Considerando as dificuldades que o grupo diretivo e os msicos enfrentaram no transcorrer do tempo, a banda viveu, alternadamente, perodos de intenso entusiasmo e outros de total apatia, por problemas variados, financeiros, polticos, etc. Saindo de uma dessas fases de indolncia, em 25/04/1937, houve o acerto entre os msicos e o vigrio da parquia, padre Horcio Lembo, para reerguer da banda e a mesma passou a ser dirigida pela Comisso de Obras da Igreja Matriz, com a seguinte formao: presidente - Francisco Patrocnio So Pedro; tesoureiro - Jos Martins; secretrio - Benedito de Oliveira Vaz.

    Conforme constou na ata de reorganizao da Corporao Musical Santo Antnio:

    de commum accordo, foi resolvido que a Banda de msica Santo Antnio, de hoje em diante passa a ser dirigida para sempre pela Comisso de Obras da Igreja Matriz.

    Foi mantido Antnio de Oliveira Pinto como mestre e indicado como diretor Joo Paulino da Silva. A gesto durou at o final de 1939 e, para o ano seguinte (1940), foi eleita outra diretoria, mas com a superviso da Comisso Religiosa.

    Foram eleitos os seguintes membros: presidente - Giocondo Rossi; vice-presidente - Joo Pedroso de Oliveira; tesoureiro - Jos Martins; 1. secretrio - Benedito de Oliveira Vaz; 2. secretrio - Aldo Angelini; diretor - Agostinho Angelini. Faziam parte da Comisso Religiosa: Francisco Patrocnio So Pedro e Domingos Manoel de Miranda.

    Ainda, sob a influncia da Igreja Catlica, no ano de 1942 foi escolhido Francisco Patrocnio So Pedro para a presidncia, sendo mantidos os demais diretores.

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    A separao da banda da Igreja Catlica de Porangaba somente ocorreu em 01/12/1942, por motivos diversos, mas, precisamente, para se livrar da dependncia e exclusividade da instituio religiosa. Comeou, ento, uma nova fase para a corporao com a eleio da diretoria para o exerccio de 1943:

    presidente - Luiz Manoel Domingues; vice-presidente - Joo Batista Mendes; secretrio - Aldo Angelini; tesoureiro - Jos Martins; diretor - Agostinho Angelini. Comisso Disciplinar e de Contas: Eurico Fogaa, Joo Rosa de Oliveira e dr. Aniz Boneder.

    Aprovou-se nessa reunio histrica a proposta do dr. Boneder para a renovao dos estatutos e o registro legal da corporao, o que no ocorrera desde a sua formao. No ano de 1944 foi reeleita a diretoria, exceto para o cargo de tesoureiro que foi substitudo por Horcio Manoel Domingues. Nesse ano, atravs da Assemblia Geral Extraordinria realizada no dia 23/01/1944, foram aprovados os novos estatutos da Corporao Musical Santo Antnio. J, no ano de 1945, surgem os primeiros sinais de antagonismo poltico envolvendo diretores e msicos, que veio alterar profundamente a vida da corporao. O agravamento da situao repercutiu no resultado da eleio realizada no dia 30/12/1945, quando, atravs de assemblia geral, foi escolhida a diretoria para o exerccio de 1946, com profundas modificaes na direo. Foram eleitos: presidente - Luiz Manoel Domingues; vice-presidente - Francisco de Oliveira Pinto; 1. secretrio - Jos Santos de Campos; 2. secretrio - Erasmo Pedroso de Oliveira; tesoureiro - Hermenegildo Soares Ramos; diretor - Giocondo Rossi. Comisso Disciplinar - Luiz Sola Ares, Amndio Fernandes e Carlos de Almeida Machado. Foi escolhido para maestro o msico Cezarino Antunes Correa. Esta diretoria atuou at 08/03/1946, quando encerrou o perodo que chamaremos de Primeira Fase da Banda.

    Nesse mesmo ano, com o objetivo de regularizar a situao jurdica da banda, foi eleita nova diretoria com o apoio total do grupo poltico dominante. Foi fundada a Associao Cultural Santo Antnio em 17/03/1946. Iniciou-se aqui o que propomos chamar de Segunda Fase da Banda , com os msicos ainda unidos, embora ligados s duas faces polticas locais. A paz durou pouco, at mais ou menos o ano de 1949, pois os resqucios das divergncias polticas anteriores no tinham sido apagados e o confronto foi trazido para dentro da corporao, quebrando-se a harmonia que aparentemente existia. O maestro Toninho Cristovo j tinha se desligado, definitivamente, em 1948 e, depois, os outros msicos a ele ligados, grupo que viria a fazer parte de outra banda em formao.

    Luiz Manoel Domingues

    Em 1950, o cenrio poltico local tinha sido alterado e os chefes polticos da situao j eram outros. Decidiram fundar a Corporao Musical Santa Ceclia. Ento, passamos a ter duas bandas, mantidas pelos dois grupos polticos locais, que conviveram por bastante tempo; a Santo Antnio comandada pelo maestro Cezarino Antunes Correa, e a Santa Ceclia pelo maestro Toninho Cristovo. A Banda Santo Antnio ao cessar as suas atividades em 1963, mesmo temporariamente, era comandada pelo maestro Andr de Almeida Machado.

    Da em diante, comea a fase extraordinria da Banda Santa Ceclia, sob a regncia do maestro Lzaro Nogueira da Silva - (Pingo), que, habilmente, conseguiu atrair alguns msicos da Banda Santo Antnio, inclusive os lderes, instrumentistas de primeira linha. O sucesso foi retumbante, pois participou de trs concursos estaduais de bandas, nos anos de 1964/1965 e 1966 e os ganhou consecutivamente. Tornou-se tri-campe estadual, um feito extraordinrio que honra todos os msicos porangabenses. No ano de 1966, a qualidade musical era to elevada que, no grupo de msicos, contavam-se trs renomados maestros, alm do regente. Com os entendimentos iniciados em 1975 e consolidados no ano

    Cezarino Antunes Correa Maestro

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    seguinte, as duas bandas foram reunidas numa s, na Corporao Musical Porangabense, com destaque especial para o trabalho desenvolvido pelo maestro Pingo e sua bandinha, que foi aqui, inegavelmente, o maior acontecimento musical em todos os tempos.

    HOJE, INFELIZMENTE, NO TEMOS MAIS A BANDA DE MSICA; TUDO ACABOU,

    EMUDECEU A CIDADE SINFONIA... 1. Primeiros Msicos Os primeiros msicos e maestros que vieram para a Bella Vista, alm dos italianos, provinham de cidades vizinhas, principalmente Tatu, Pereiras e Guare. Errantes, no permaneceram por muito tempo, mas influram decisivamente na formao musical da primeira gerao de msicos, j iniciados na arte musical pela escola italiana de Joo Gorga. A semente germinou e, anos depois, Porangaba tornou-se bero de grandes msicos, exmios instrumentistas, que se destacaram a nvel nacional e at no exterior. O ttulo de Cidade Sinfonia muito nos honra e envaidece, pois os porangabenses so privilegiados msica 1.1 Contemporneos de Joo Gorga Alguns nomes: Francisco Aires de Oliveira (Mestre Chico), requinta e bombardino; Agenor Ribeiro, pisto; Domingos Camerlingo, requinta e bombardino; Durvalino Teles, baixo; Horcio Camerlingo, rufo; Joo Manoel Rodrigues (Joo Lemes), harmonia; Joo Ribeiro (Ribeirinho), prato e bumbo; Jos Antunes Correa, harmonia; Jos Camerlingo, requinta e clarineta (foi depois maestro da Banda de Ipaussu); professor Francisco Carlos Machado, clarinete; Joaquim Batista, harmonia: Bino Mariano, bumbo; Roque Machado, baixo; Santino Biagioni, clarinete e requinta; Pedro Caldeira, bombardino; Carmo Alpaio, baixo; Jos Leme (harmonia)

    1.2 Msicos que tocaram com Mestre Chico e Joo Tonh:

    Alguns nomes: Joo Matheus (manco), harmonia; Alfredo (negro) trombone de canto; Durvalino Teles, baixo; Estevo Antnio de Medeiros (Estevo Colao), trombone de canto; Francisco Bueno de Miranda, clarinete; Joo Manoel Rodrigues (Joo Lemes), harmonia; Jos Manoel Florncio, bumbo; Salvador Bento, bombardino; Salvador Correa Sobrinho, bombardino; Sebastio, sax de harmonia; Valdomiro Paulino da Silva, pisto e rufo; Antnio de Oliveira Pinto (Toninho Cristovo), pisto; Joo Paulino da Silva (Janguinho), bombardino; Nicanor Fonseca, baixo;

    Santino Biagioni, clarinete; ngelo Biagioni, harmonia; Paulino Jos da Rosa (Paulo Teles), sax de harmonia; Antnio Rosa (trombone de canto); Amadeo Cassetari, bumbo, prato; Agostinho Cassetari, bombardino; Pedro Tonh, trombone; Filogone Tonh, requinta, clarinete; Manoel Emlio So Pedro (Nelo), clarinete; Domingos Igncio So Pedro, bumbo; ngelo Bechelli, baixo; Rodolfo Palmeira, clarinete; Vilarino de Souza (Larico), bumbo; Domingos Nunes da Silva, bombardino; Dionsio Jos da Rosa (Nen Teles), baixo; Aparcio de Oliveira Pinto, rufo; Paulino de Oliveira Pinto, baixo; Martinho Olmpio da Silva, baixo e harmonia. Antnio Nunes Diniz (Tot Ozrio), harmonia; Eugnio Manoel de Proena, clarinete.

    1.3 Msicos de destaque. Discpulos de Toninho Cristvo: Roque Soares de Almeida, maestro, tocava clarinete; dirigiu as bandas: Santa Ceclia (Porangaba), Nossa Senhora da Piedade (Bofete) e Roque Soares de Almeida ( Paraguau Paulista ); Cezarino Antunes Correa, maestro, tocava requinta e comandou a banda Santo Antnio; Andr de Almeida Machado, maestro, clarinetista, dirigiu as bandas: Santo Antnio e a Corporao Musical Dr. Damio Pinheiro Machado de Botucatu; foi msico da banda de Alumnio; Pedro Nogueira Filho, msico de renome, saxofonista, clarinetista e pianista; atuou mais no Rio de Janeiro, onde tocou em diversas orquestras e rdios; fez excurses ao exterior; Lzaro Nogueira da Silva (Pingo), saxofonista e clarinetista, tido como o msico excepcional, tanto para banda como orquestra. Fez parte da tradicional Orquestra Continental de Ja, da Sambrasil de Salto de Itu, dentre outras. Regeu a Corporao Musical Santa Ceclia e a Corporao Musical Porangabense. Atualmente, professor no Conservatrio Dramtico e Musical Dr. Carlos de Campos de Tatu.

    Roque Soares de Almeida

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    2. Associao Cultural Santo Antnio

    A Banda Santo Antnio foi pioneira, a mais tradicional e, embora tivesse regularizada a situao jurdica somente em 1946, antes, sempre teve diretoria, regulamentos, cdigo disciplinar, etc. Foi a mais querida, sem alcanar o destaque e o sucesso da Corporao Musical Santa Ceclia, a tri-campe. Mas justo registrar que os msicos campees, na sua maioria, iniciaram o seu aprendizado na primeira banda. Ao tentar recompor a histria da nossa mais antiga corporao, localizamos somente os livros de atas correspondentes aos perodos de 15/04/1937 a 08/03/1946; 27/03/1946 a 11/01/1959; e 1959 a 1975. Nada conseguimos com relao s datas anteriores, a no ser notcias colhidas em jornais de Tatu e nos comentrios dos msicos mais idosos. O esforo se baseou, tambm, em fotografias antigas e alguns depoimentos gravados.

    No incio, o grande incentivador e diretor, quase com certeza um dos fundadores, foi o padre Jos Gorga, com o apoio do irmo Joo, ambos italianos. Em seguida, foi fundamental o trabalho de Pedro Domingues Nogueira, tido como o mais importante diretor da banda, o responsvel pela vida da corporao, incentivador e mantenedor, aps a sada da Famlia Gorga e de outros italianos. Foi buscar os maestros para a formao de novos msicos. Domingos Manoel de Miranda foi tambm importante diretor, batalhador, como continuador da banda. Outros nomes merecem citao: Joo Miranda, Joo Teles, Higino Nordi, Jos Antnio So Pedro, Luiz Carlos Vieira, Joaquim da Costa Machado, Afonso Avallone Jnior, Jos Martins, Adolfo Rosa, Isaias Amaral, Luiz Angelini, Giocondo Rossi, Francisco Patrocnio So Pedro, Aldo Angelini, Agostinho Angelini, Joo Rosa de Oliveira, Joo Pedroso de Oliveira, Benedito de Oliveira Vaz, Luiz Manoel Domingues, Horcio Manoel Domingues, Accio Domingues, Jos Santos de Campos, Amndio Fernandes, Francisco de Oliveira Pinto, Erasmo Pedroso de Oliveira, Joo Batista Mendes, Eurico Fogaa, Dasss Vieira de Camargo, Francisco Pssaro, dr. Aniz Boneder, dr. Anlio Bassoi, Carlos de Almeida Machado, Luiz Sola Ares, Hermenegildo Soares Ramos, Joo Batista Colombara, Mrio Mendes, Ataliba da Costa vila, Guilherme Wagner, Jos Maier, Nestor de Almeida Machado, Domingos Anto Machado, Francisco Alves dos Reis, Horcio Francisco da Silva e Srgio Rossi (o ltimo presidente ).

    Relao parcial dos msicos que participaram da corporao aps a sada do Maestro Joo Tonh.

    Antnio de Oliveira Pinto (Toninho Cristovo), pisto; Paulino de Oliveira Pinto, harmonia e baixo; Aparcio de

    Oliveira Pinto, prato e rufo; Joo Paulino da Silva (Janguinho), bombardino; Valdomiro Paulino da Silva, pisto e rufo; Martinho Olmpio da Silva, baixo e harmonia; Antnio Rosa, trombone de canto; Nicanor Fonseca, baixo; Vilarino de Souza (Larico), bumbo; Luiz Manoel Domingues, trombone; Aldo Angelini, harmonia; Francisco Pssaro, clarinete; Alcebades Luiz Machado (Bide), clarinete e trombone; Manoel Emlio So Pedro (Nelo), clarinete; Antnio Nunes Diniz (Tot), harmonia; Antnio Alves Antunes (Antnio Portugus), clarinete; Martinho Pires, clarinete; Cezarino Antunes Correa, clarinete e requinta; talo Ado Biagioni, harmonia; Andr de Almeida Machado, clarinete; Pedro (Pereiras), bombardino; Roque Soares de Almeida, clarinete; Horcio Soares de Almeida Primo, baixo e trombone de canto; Alpio de Oliveira Pinto, baixo; Joo Machado, rufo; Oracy Machado, rufo; Horcio Manoel de Proena, pisto; Camargo Soares de Almeida, bumbo; Jarbas Nogueira, trombone de canto; Olvio Juliani, harmonia; Onozor Pinto da Silva, clarinete, Antnio de Paula Leite Sobrinho, clarinete; Paulino Jos da Rosa (Paulo Teles), trombone de canto; Dionsio Jos da Rosa (Nen Teles), baixo; Deoclcio Jos da Fonseca, pisto; Antnio Virglio Lemes, harmonia; Juvenal Nunes de Oliveira (Juvenal Fidelis), clarinete; Joo Saulo dos Reis, bumbo e rufo; Juvenal da Luz Cardoso, harmonia, Ezequiel Crispim Rodrigues, harmonia; Pedro Nogueira Filho, saxofone, clarinete e requinta; Carmo Brasile, harmonia; Braz Vieira de Barros, bumbo; Joaquim Miranda da Silva, trombone; Loureno Ribeiro Bueno, harmonia; Eugnio Soares de Almeida, rufo; Joo Soares de Almeida, rufo e surdo; Lzaro Nogueira da Silva (Pingo), saxofone e clarinete; Joo Vaz da Fonseca, bumbo; Olvio de Oliveira Pinto, trombone de canto; Irineu de Oliveira Pinto, pisto; Jos Carlos Rosa, clarinete; Joo Carlos Rosa (Janjo), trombone de canto; Ataide dos Reis, bumbo; Carlos de Almeida Machado (Carlino), clarinete; Henrique Pinto da Silva, bumbo; Anthengenes Proena, prato e bumbo; Durvalino Cardoso, prato e bumbo; Vitorino Rosa de Arruda, pisto; Simo Nunes Diniz, harmonia; Donato Antonelli, trombone/harmonia; Nestor de Almeida Machado, harmonia; Deraldo Carlos Vieira, baixo; Roque de Oliveira (harmonia); Mauro Bianchini de Camargo, trombone de canto; Ivo Mendes, pisto; Martinho Batista de Oliveira, trombone de canto; Abimael da Luz Cardoso, baixo; Jurandil David Rodrigues (Dir), harmonia e baixo; Benedito Manoel de Proena, trombone de canto; Roque Correa da Rosa, harmonia; Antnio de Oliveira, (Santa Casa), baixo; Jos Antnio Martins (Z Praxedes), clarinete e requinta; Alpio de Paula, rufo; Francisco Alves dos Reis, trombone e bombardino; Jlio do Amaral Paes, clarinete; Olmpio Crispim Rodrigues (Ique), prato e rufo; Adelino Tom, pisto; Antnio de Oliveira Pinto Sobrinho, rufo; Benedito Leite Cassimiro (Dito Dinarte), trombone; Rubens Vaz da Fonseca, bumbo; Osvaldo da Costa vila,

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    rufo; Joo Rosa de Arruda (Joo Bola), trombone; Antnio Celestino de Arruda, clarinete; Leopoldo Guido Bechelli, pisto; Rubens Hermgenes de Camargo (Rubinho Batateiro), harmonia; Jos de Camargo (Jos Batateiro), pisto. Jos Antnio de Oliveira, trombone; Hugo Biagioni, trombone; Joo Albuquerque de Arruda (Joo do Trombone),trombone, Jos Antnio Machado( Barrigudinho)..

    Ata da Assemblia Geral da Fundao, Eleio da Diretoria e Conselho, e Aprovao dos Estatutos da Associao Cultural Santo Antnio de Porangaba

    Aos vinte e sete dias de maro do ano corrente de mil novecentos e quarenta e seis, nesta cidade de Porangaba, reuniram-se em assemblia geral os snrs. Cezarino Antunes Correa, Joo Paulino da Silva, Roque Soares de Almeida, Horcio Soares de Almeida Primo, Andr de Almeida Machado, Antnio de Paula Leite Sobrinho, Alpio de Oliveira Pinto, Paulino Jos da Rosa, Dionsio Jos da Rosa, Deoclsio Jos da Fonseca, Antnio Virglio, Juvenal da Luz Cardoso, Jos de Oliveira Rodrigues, Ezequiel Crispim Rodrigues, Carmo Brasile, Braz de Barros, Eugnio Soares de Almeida, Joo Soares de Almeida, dr. Anlio Bassoi, Horcio Manoel Domingues, Accio Domingues, Luciano Felcio Biondo, Francisco Patrocnio So Pedro, Pedro Dias de Camargo, Joo Pedroso de Oliveira, Horaci Bassoi, Domingos Simo, Antnio de Paula Leite, talo Ado Biagioni, Srgio Rossi, Joo Palmeira, Joo Bassoi, Wilson Falkenback, Simo Diniz, Rivadvia Spnola, Benedito Leite Cassimiro, Manoel Gabriel Silva, Jaurez Soares Ramos, Joo Nuchera, Henrique Pedro Rossi, dr. Renato de Carvalho Ribeiro, Ozrio Tavares Paes, Lcio Amaral Paes, Mrio Mendes, Agostinho Cassetari e Benedito de Oliveira Vaz, com a resoluo de fundarem uma associao de cultura, ficando determinado, pela mesma assemblia, a denominao de Associao de Cultura Santo Antnio, entidade essa que congregaria os elementos capazes para o desenvolvimento da msica nesta localidade, ficando tambm resolvido, pelos presentes, como pioneiros da corporao musical Santo Antnio, ainda em formao e sem os requisitos de registros que a mesma desapareceria, para que seus adeptos, inclusive elementos da banda de msica respectiva, ficassem fazendo parte da associao ora em fundao. Os presentes, que j haviam aclamado o presidente, o snr. Luiz Manoel Domingues, que convidou para secretariar a sesso o snr. Jos Santos de Campos, aplaudiram o incio dos trabalhos. Em seguida, o snr. presidente ps em discusso o projeto de estatutos que, lido e discutido em todos os seus artigos e pargrafos, foi unanimemente aprovado, estatutos que, datilografados e visados pelo snr. presidente ficam fazendo parte integrante desta ata. Aps, o snr. presidente props que se elegesse ou aclamasse a primeira diretoria, bem assim como o conselho da novel associao, sendo a proposta aprovada e aclamada, nome por nome, os seguintes membros: Presidente: Luiz Manoel Domingues; Vice-Presidente: Francisco de Oliveira Pinto; 1. Secretrio: Jos Santos de Campos; 2. Secretrio: Erasmo Pedroso de Oliveira; Tesoureiro: Hermenegildo Soares Ramos; Diretor Social: Giocondo Rossi; Conselheiros: Luiz Sola Ares, Amndio Fernandes, Carlos de Almeida Machado; que, designados, foram imediatamente empossados em seus respectivos cargos, sob salva de palmas do

    presentes. O snr. presidente declarou, ento, fundada a Associao Cultural Santo Antnio, aprovados os estatutos respectivos e aclamada a diretoria e o conselho j relacionado nesta ata e desejou em palavras incisivas e de estmulo e engrandecimento da associao, entregue a sua presidncia pela bondade dos scios presentes. Com a palavra, o snr. dr. Anlio Bassoi, congratulou-se este com a feliz iniciativa que iria dotar a cidade de um centro cultural e de recreao to necessrio coletividade de Porangaba, e, ao mesmo tempo, se congratulava tambm com a eleio do presidente e demais membros da administrao. Nada mais havendo a tratar, deu o snr. presidente por encerrados os trabalhos, determinando ao secretrio que esta fez e assinou que providenciasse a regularizao dos papis necessrios vida legal da associao. Nada mais se continha em dita ata, que se acha lavrada folha n 1, do livro n 1. Porangaba, 5 de abril de 1946. Eu, Jos Santos de Campos, secretrio que escrevi. Assinaturas: Presidente: Luiz Manoel Domingues, Francisco de Oliveira Pinto, Jos Santos de Campos, Erasmo Pedroso de Oliveira, Hermenegildo Soares Ramos, Giocondo Rossi, Carlos de Almeida Machado, Amndio Fernandes, Mrio Mendes.

    2.1 Joo Gorga Foi o primeiro maestro da banda de Porangaba e deve ter chegado em 1898, logo depois de seu irmo, o padre Gorga. Veio da Itlia, de Roccadaspide, Provncia de Salerno, onde nasceu em 20/10/1874. Tocava requinta. Dirigiu a primeira banda, cujos msicos eram, na maioria, italianos. Viveu em Bela Vista at, mais ou menos, 1911/12, mudando-se depois para Conchas onde faleceu em 06/11/1930, com 56 anos de idade e est sepultado no cemitrio local. Marcou seu nome na comunidade como pessoa benevolente, bastante atuante na parte assistencial populao carente. Alm de msico, exerceu cargos importantes: sacristo, comerciante, agente do correio, representante do juiz eleitoral, delegado de polcia, juiz de paz, etc. Foi casado com d. Maria Ricco.

    O conflito religioso de 1899, conhecido como Processo dos 37 Catlicos, envolvendo catlicos e protestantes, viria repercutir, mais tarde na vida particular do msico Joo Gorga. Estando noivo de uma jovem, cujos pais se converteram religio luterana, mesmo com a publicao dos proclamas, o casamento no se realizou pelo fato de ser irmo do padre.. Foi uma grande decepo para o maestro.

    2.2 Pedro Maciel de Almeida Caldeira

    Natural de Tiet, veio de Pereiras e viveu em Porangaba j no final do sculo 19. Alm de msico, foi empregado pblico, escrivo do cartrio de registro civil e participou da banda sob a regncia de Joo Gorga, onde tocou bombardino. Casou-se com portuguesa Margarida da Silva Cardoso, em Porangaba, no dia 29/08/1900. Filho

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    de Jos Maciel Vaz de Almeida (Mestre Jos) e Alexandrina Teixeira da Silva. Seu pai foi contramestre da banda de Pereiras. Seus irmos tambm foram msicos: Joo Vaz, maestro da Banda Santa Cruz de Cesrio Lange, Amantino Dias de Toledo, maestro da Banda So Vicente de Tatu. Mudou-se para Pereiras e, depois, viveu ainda em Anhembi e Pirambia, onde formou bandas musicais e teve escola de alfabetizao, pois era professor leigo das primeiras letras. Para reorganizar a banda, voltou a Porangaba no perodo de 1916/17, permanecendo por pouco tempo. Retornou para Pirambia e, depois, viveu ainda no bairro dos Laras (Capela de So Sebastio) e Pereiras, onde faleceu a 05/03/1932, com 65 anos de idade. Consta que tocou, tambm, nas bandas de Bofete e Conchas. Msico destacado, enrgico, deixou inmeras composies.

    2.3 Francisco Aires de Oliveira (Mestre Chico) Natural de Pereiras, tratava-se de pessoa simples e muito educada, segundo os seus discpulos. Diziam, tambm, que estudara em colgio de padres Msico excepcional, tocava requinta e rgo. Esteve trabalhando, mais de uma vez, em Porangaba; a primeira, trazido pelo padre Gorga, veio de Tatu onde participou da Banda Santa Cruz. Tocou, ento, com o maestro Joo Gorga e, ainda, foi cantor e organista da Igreja Catlica. Na segunda vez, retornou aps a sada do maestro Joo Gorga, convidado por Pedro Nogueira, tendo passado por Laranjal Paulista, e assumiu a regncia da corporao musical. Desenvolveu um trabalho promissor na formao de novos msicos e na manuteno da banda, numa fase brilhante, nascendo, ento, a primeira grande gerao de msicos porangabenses. Dedicado, era comum v-lo com os aprendizes, em recinto aberto, na praa, nos solfejos, a tirar as primeiras notas musicais.

    Errante, mudou-se diversas vezes, mas a sua sada definitiva parece que foi motivada por um problema passional. Existem depoimentos falados, gravados, feitos pelo Janguinho e Toninho Cristovo, seus discpulos, comentando o fato. Sendo negro, extremamente sensvel, um romntico, apaixonou-se por uma moa branca, filha de italianos, um amor impossvel para os padres familiares da poca e, ento, perdemos o Mestre Chico...

    Retornou para sua terra natal, mudando-se, ainda, para Conchas, Bofete e Pardinho, onde regeu as bandas locais. Faleceu em Pardinho. Existem comentrios que foi, alm de msico, professor leigo de primeiras letras e que lecionou na vila de Torre de Pedra. Morreu solteiro e deixou algumas composies.

    Banda Santo Antnio - 1920

    2.4 Joo Serafim de Abreu (Joo Tonh) Msico extraordinrio, veio de Guare e sua passagem por Porangaba jamais foi esquecida. Um verdadeiro dolo, sempre lembrado carinhosamente pelos msicos mais antigos. Ecltico, conhecedor de teoria musical, tocava mais de um instrumento de sopro, mas era mesmo conhecido como trombonista fora de srie. Exigente, ajudou no aprimoramento musical da primeira gerao de msicos porangabenses. Sob sua batuta a Banda Santo Antnio teve uma de suas melhores fases, com apresentaes memorveis aqui e nas cidades vizinhas. Mudou-se, depois, para Bofete. Alm de msico, foi lavrador e aougueiro.

    Sua maior ateno era a que devotava s crianas. Procurava por todos os meios criar uma motivao para estar sempre rodeado de molecada. Nas noites de vero, sua residncia permanecia repleta de crianas como se fosse um clube infantil. ( 5 ) Bancava o joguinho de pio e as apostas eram feitas com palitos de fsforo. Apreciava futebol, briga de galos, e tinha fascnio pelas corridas de cavalos em raia plana, o que lhe custou muitas desavenas. Galanteador, era conhecido como homem valente, o que lhe custou a vida.

    Em Bofete, depois de diversos incidentes, inclusive com desentendimentos com o prprio irmo e, principalmente, revoltado pelo assassinato do amigo porangabense Paulo Nogueira, enfrentou a polcia e foi morto com vrios tiros. Perda lamentvel para a arte musical. Casado, deixou filhos.

    5 Alcebades de Camargo (Bizo), na obra Bofete, pg. 118

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    2.5 Antnio de Oliveira Pinto (Toninho Cristovo)

    Foi o primeiro mestre de banda porangabense; nasceu em 09/12/1900, filho de Manoel de Oliveira Pinto e Claudina Maria da Conceio. Pessoa modesta, aps completar o primrio, logo comeou a trabalhar, todavia encontrava sempre tempo para aprender msica com Mestre Chico. Tinha , ento, 15 anos de idade. Autodidata, pela falta de mestres musicais e, como a banda foi desativada inmeras vezes, continuou a estudar sozinho. Sua evoluo foi surpreendente quando se tornou discpulo de Joo Tonh. Com a sada do maestro, assumiu definitivamente a regncia da banda, onde se destacou como mestre e msico por mais de trinta anos. Formou mais de uma centena de msicos, participou de conjuntos musicais, de orquestras de baile, do coral da Igreja Catlica local como cantor e organista e, ainda, do grupo teatral da cidade. Foi o primeiro maestro da Corporao Musical Santa Ceclia.

    Predestinado, dotado da exclusiva aptido dos gnios musicais - o ouvido absoluto, que o diferenciou de todos os

    demais msicos porangabenses em todos os tempos. Maestro Pingo

    Lder natural, discreto, corretssimo, respeitado e estimado por todos. Convidado para tocar em outras bandas, noutras cidades, deixou Porangaba uma nica vez, mesmo assim por pouco tempo, precisamente no ano de 1924, quando se transferiu para Tatu e levou consigo o companheiro Janguinho. Retornaram um ano depois. Paralelamente, com a atividade de msico, trabalhou na lavoura, no comrcio e no servio pblico at sua aposentadoria. Foram seus alunos os maiores nomes da msica porangabense, como os maestros e compositores: Cezarino Antunes Correa, Roque Soares de Almeida, Andr de Almeida Machado, Jos Carlos Rosa, Lzaro Nogueira da Silva (Pingo), e o instrumentista Pedro Nogueira Filho. Tocava os mais diversos instrumentos de sopro, alm de piano e rgo. Deixou poucas composies, pois preferia o ensino musical. Foi casado com Malvina Proena. Faleceu em So Paulo em 16/10/1987. Deixou filhos.

    Sua paixo pelo futebol o transformava, durante os jogos do time local, num torcedor voluntarioso, com tiradas hilariantes que passaram para a histria do folclore esportivo local. Ao criticar o rbitro, dentre outras expresses de protesto, bradava juiz rafino, to comum na poca, para cham-lo de faccioso e imparcial. (Existia um morador do bairro das Partes que atuava como juiz de futebol; era conhecido por Rafino, bastante folclrico e que sempre ajudava o time da casa, da a expresso! ).

    2.6 Roque Soares de Almeida

    Nasceu em Porangaba em 16/08/1917, filho de Agostinho Fogaa de Almeida e Leopoldina Soares de Almeida. Discpulo de Toninho Cristovo, tocava clarinete, sendo respeitvel arranjador e compositor Comeou na Banda Santo Antnio e depois passou Santa Ceclia, onde chegou regncia. Transferiu-se para a cidade de Bofete para reger a banda local e, depois, para Paraguau Paulista, com a mesma finalidade. Professor de msica, tocava com requinte. Autodidata, dedicou-se tambm leitura e era bastante politizado. Ainda em vida, em 1984, pelo trabalho desenvolvido em Paraguau Paulista, a banda musical passou a se chamar Lyra Maestro Roque Soares de Almeida, atravs de decreto municipal. Sua composio, o dobrado Pracinha de Bofete, para homenagear o pracinha Benedito Arajo, alcanou grande repercusso; obteve o primeiro lugar no concurso musical promovido pela Rdio Bandeirantes (So Paulo), sendo elogiado pelos crticos. Posteriormente, segundo Alcebades de Camargo no livro Bofete, pg. 91, o dobrado tornou-se prefixo musical de destacado programa jornalstico da Rdio Eldorado, uma das principais emissoras da Capital. Outra obra, a polca Viva o Comendador Bigu foi gravada pela Bandinha de Altamiro Carrilho, do Rio de Janeiro. Deixou centenas de composies. Alm de msico, foi padeiro. Destacou-se ainda como jogador de futebol. Faleceu no dia 03/06/1992, em Paraguau Paulista, onde est sepultado. Casado com Eunice de Campos Almeida; deixou filhos.

    2.7 Cezarino Antunes Correa

    Filho de Jos Antunes Correa e Maria das Dores Moreira, nasceu no dia 01/01/1914 em Porangaba. Foi um msico admirvel, extraordinrio. Aluno de Toninho Cristovo, tinha preferncia pela requinta, a to temida clarineta em mi bemol, introduzida pelos italianos e que poucos ousavam tocar. Lder, com esprito perfectivo, tocava, ainda, bandolim e cavaquinho com mestria. Foi destacada a sua atuao frente da Banda Santo Antnio, onde formou um grande nmero de msicos. Tocou, tambm, na Banda Santa Ceclia. Arranjador e compositor, seresteiro, participou de conjuntos musicais. Chegou a fundar um jazz-band independente, o famoso Conjunto Galho Seco, que abrilhantava os bailes do antigo Clube 7 de Setembro. Alm de msico, foi sapateiro. Infelizmente, deixou de tocar muito cedo. Faleceu em Porangaba em 04/02/1982. Foi casado com Maria Jos de Campos Correa; deixou filhos.

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    2.8 Andr de Almeida Machado

    Nasceu em Porangaba no dia 13/10/1918, filho de Benedito de Almeida Machado e Gilia Antulini. Iniciou o aprendizado musical com Martinho Olmpio da Silva e, depois, com Toninho Cristovo, na Banda Santo Antnio. Excelente instrumentista, compositor, destacou-se no clarinete.Tocou, tambm, na Banda Santa Ceclia. Em Botucatu dirigiu a Corporao Musical Dr. Damio Pinheiro Machado, no perodo de 1968/90. Teve dois irmos msicos, o inesquecvel Carlos de Almeida Machado (Carlino) e Nestor Machado. Alm de msico, sempre se dedicou lavoura. Foi o ltimo maestro da Corporao Musical Santo Antnio. Casado com Leontina Martins Machado, faleceu em Botucatu no dia 31/01/2003. Deixou filhos.

    2.9 Presidentes da Corporao Musical Santo Antnio

    Segunda Fase - 1946/1975

    Nomes: Incio da gesto:

    Luiz Manoel Domingues (27.03.1946); Carlos de Almeida Machado (30.04.1948); Luiz Manoel Domingues (01.01.1950);

    Horcio Manoel Domingues (01.01.1952); Erasmo Pedroso de Oliveira (06.01.1953); Horcio Manoel Domingues (07.01.1954); Joo Batista Colombara (20.07.1955); Mrio Mendes (13.01.1957); Cezarino Antunes Correa (13.01.1958); Ataliba da Costa vila (11.01.1959); Guilherme Wagner (08.01.1961); Jos Maier (07.01.1962); Nestor de Almeida Machado (06.01.1963); Domingos Anto Machado (30.01.1964); Ataliba da Costa vila (10.01.1965); Jos Maier (02.01.1966); Francisco Alves dos Reis (05.01.1967); Mrio Mendes (28.01.1968); Horcio Francisco da Silva (09.02.1969); Francisco Alves dos Reis (04.01.1970); Guilherme Wagner (17.01.1971); Jos Maier (16.01.1972); Francisco Alves dos Reis (21.01.1973);

    Jos Maier (20.01.1974); Srgio Rossi - (o ltimo) (12.01.1975).

    2.10 Diretores e Scios da Corporao Musical Santo Antnio - Relao Parcial -

    Perodo de 1946/1975.

    Luiz Manoel Domingues, Joo Paulino da Silva, Francisco de Oliveira Pinto, Jos Santos de Campos, Erasmo Pedroso de Oliveira, Hermenegildo Soares Ramos, Giocondo Rossi, Luiz Sola Ares, Carlos de Almeida Machado, Amndio Fernandes, Lcio do Amaral Paes, Wilson Falkenback, Lauro Prestes de Camargo, Henrique Pedro Rossi, Serafim Correa Alvarenga, Otoniel Rodrigues dos Reis, Dionsio Colombara, Alpio de Oliveira Pinto, Roque Soares de Almeida, Ezequiel Crispim Rodrigues, Paulino Jos da Rosa, Andr de Almeida Machado, Dionsio Jos da Rosa, Horcio Manoel de Proena, Horcio Soares de Almeida Primo, Anthengenes de Proena, Antnio de Paula Leite Sobrinho, Estevo Maier, Francisco Pssaro, Francisco Patrocnio So Pedro, Simo Nunes Diniz, Jos Thom Jnior, Mrio Acylino Correa, Horcio Manoel Domingues, ngelo Bechelli, Ablio So Pedro, Pedro Bernardino da Silva, Domingos Anto Machado, Mrio Mendes, Ledo Antnio Rossi, Joo Batista Colombara, Armando Thomaz, Simo Alves de Camargo, Joo Marinoni Machado, Srgio Rossi, Benedito Custdio Barreto, Luiz Gonzaga Gonalves, Guilherme Wagner, Hermelindo Martins, Joo Nuchera, Joo Pedroso de Oliveira, Joo Batista Mendes, Jos Carlos Rosa, Elias Nunes da Silva, Ataliba da Costa vila, Alberto Antunes Alegre, Cirilo Marcelino Leite, Cezarino

    Horcio M. Domingues

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    Antunes Correa, Anlio Bassoi, Accio Domingues, Anibal da Silveira Pedroso, Antnio de Paula Leite, Deraldo Carlos Vieira, Loureno Antnio de Oliveira, Nestor de Almeida Machado, Atade dos Reis, Carlino de Campos Mello, Crispim David Rodrigues, Benedito Leite Cassimiro, Juvenal da Luz Cardoso, Domingos Diniz Vaz, Verssimo da Costa Machado, Silvrio Nunes da Silva Primo, Lzaro Carlos Vieira, Leandro Custdio de Arruda, Joo Batista Martins (Ludovico), Vitorino Rosa de Arruda, Luciano Felcio Biondo, Manoel Alves Antunes, Manoel Alves de Camargo, Manoel Teotnio de Lima, Juvenal Nunes de Oliveira; Benedito Telles de Siqueira; Martinho Batista de Oliveira, Onozor Pinto da Silva, Pedro Dias de Camargo, Rivadvia Spinola, Jos Manoel Nogueira, Jaures Soares Ramos, Jlio Manoel Domingues, Jos Maier, Francisco Alves dos Reis, Horcio Francisco da Silva, Luiz Gonzaga Gonalves, Jos Maria Machado, Octvio Rodrigues dos Reis, Antnio Carlos Machado, Joo de Oliveira Vaz, Antnio Ribeiro Diniz, Dominsio Rosa de Oliveira, Joaquim Pires Lopes, Alpio de Oliveira, Jos Correia Filho, Sebastio Martins, Cirilo Marcelino Leite, Mrio de Almeida Machado, Benedito Jos de Oliveira, Luiz Wagner, Deocacir Cludio da Cruz, Leopoldo Guido Bechelli, Jlio do Amaral Paes, Carlos de Almeida Barros, Joo Sebastio Vieira, Joo Paulino Mendes, Ernani Guedes de Carvalho, Alcino Guedes de Carvalho, Adlio Antunes da Rosa, Paulo Moraes da Silva, Ildeu Olintho de Freitas, Jurandil David Rodrigues, Jos Adriano Mendes, Luiz Carmo Rodrigues, Vilarino de Souza, Antnio Vieira, Ozias Ribeiro Leite, Joo Bento de Oliveira, Laurindo Martins, Joo Carlos Vieira, Joo Vaz da Fonseca, Benedito Manoel de Proena, Pedro Domingues da Silva, lvaro Rodrigues, Lindolpho Quintiliano, Joo Antnio Martins, Joo Cardoso, Luiz Carlos Correa, Joo Rosa de Arruda, Benedito Godinho de Albuquerque, Francisco Pinto da Silveira, Lzaro Antunes Correa, Benedito Martins da Fonseca, Jos Wagner, Abimael da Luz Cardoso, Domingos da Silva Nunes, Dcio Silveira Campos, Salvador Correa Martins, Amauri dos Reis, Loureno Diniz Vaz, Raul Manoel da Silva, Jos Florentino Leite, Jos Carmo Lobo, Noel de Campos Silva, Hermas Nogueira do Amaral, Luiz Jlio Custdio, Igncio Nunes da Silva, Antnio Wagner, Antnio Fakri, Joo Albuquerque de Arruda, Alcino Crispim, Afonso Leite, Milton Teixeira, Arlindo Alves Antunes, Pedro Nunes da Silva, Ivo Mendes, Hlio Alves Vaz, Giocondo Rossi (Neto), Benedito Machado Neto, Lelis Pinto da Silva, Antnio Carlos Marcelino, Jos Benedito de Almeida, Ulisses da Silva Campos, Noel Nunes de Moraes, Enos Antunes do Amaral, Jos Maria Correa, Joaquim da Costa Machado Neto, Jos Francisco de Camargo, Jorge Alves de Camargo, Jos Antnio Cassimiro, Mauri Nunes de Moraes, Cristino Manoel de Miranda, Joo Batista de Barros, Antnio da Silva Pinto, Jos Maria Geraldini, Francisco Antnio da Mota, Joaquim Francisco Silveira Machado, Ezequias Joo de vila, Jos Clacir de Oliveira

    2.11 Sede Social da Associao Cultural Santo Antnio

    A sede da Banda Santo Antnio foi inaugurada no dia 26/05/1946. O prdio, com projeto do engenheiro dr. Jos Victor Vieira Pedroso, foi construdo no terreno adquirido do comerciante Hermenegildo Soares Ramos e sua esposa

    Leontina da Costa Machado Ramos, em 30 de janeiro de 1946, pelo valor de Cr$ 500,00 (quinhentos cruzeiros), conforme escritura de compra e venda lavrada no Cartrio de Porangaba (livro 55, pgs. 152/154). Localiza-se na atual rua Brs Gica da Paz, n 37, Centro, e foi construdo com recursos prprios, obtidos junto aos diretores, associados e a populao porangabense.

    2.12 Primeira Subveno

    A primeira subveno recebida pela banda, nesta segunda fase, foi de Cr$ 30.000,00 (trinta mil cruzeiros), em 01/12/1948, atravs da Lei Estadual n 200/48, da cota distribuda pelo deputado estadual Procpio Ribeiro dos Santos, que aqui havia recebido votao considervel.

    2.13 Fardamento

    Em 10/12/1952, a diretoria recebeu o tecido doado pelo deputado federal Mrio Aprile, atravs do diretor Mrio Mendes, para o novo fardamento que foi confeccionado pela Alfaiataria Gasparine de Botucatu e entregue em 20/01/1953.

    2. 14 Conjunto Musical

    No ano de 1953, conjunto musical formado por msicos da banda Santo Antnio, sob o comando do maestro Cezarino Antunes Correa, fez grande sucesso na cidade de Tatu, animando os bailes carnavalescos promovidos pelo Clube Recreativo XI de Agosto.

    2.15 Destinao do prdio

    A diretoria fez estipular em ata que o prdio-sede, no caso de dissoluo da sociedade, deveria passar para a posse da Igreja Catlica - Parquia de Santo Antnio de Porangaba; a resoluo aprovada consta da ata n 2, lavrada no dia 26/05/1946.

    2.16 Excluso de msicos

    No ms de dezembro do ano de 1950, por divergncias ligadas poltica local, alguns msicos que j tinham deixado a corporao e faziam parte da Banda Santa Ceclia, foram, simplesmente, excludos do quadro da Santo Antnio. Eis os nomes: Joo Paulino da Silva, Roque Soares de Almeida, Alpio de Oliveira Pinto, Deoclsio Jos da Fonseca, Carmo Brasile, Braz Vieira de Barros. O antagonismo poltico mostrava, mais uma vez, as suas garras..., com medidas depreciativas e arrogantes, bem a gosto dos polticos locais.

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    2.17 Excurses

    A Corporao Musical Santo Antnio fez inmeras apresentaes em cidades vizinhas e quatro excurses interestaduais, ao Estado do Paran, abrilhantando festas religiosas nas cidades de Jundia do Sul (1949/1951) e Monte Alegre (1953/1954), com muito sucesso.

    2.18 Ttulos de Benemerncia

    Por deciso da diretoria, consta na ata n. 53, de 02/01/1955, que receberam o ttulo de scio benemrito as seguintes pessoas: Luciano Felcio Biondo, Lcio do Amaral Paes, Anibal da Silveira Pedroso, Antnio de Paula Leite, Ataliba da Costa vila, Carlino de Campos Mello, Francisco Pssaro, Joo Nuchera, Jos Santos de Campos, Lauro Prestes de Camargo, Luiz Manoel Domingues, Onozor Pinto da Silva, Pedro Dias de Camargo, Rivadvia Spnola e Hermenegildo Soares Ramos.

    2.19 Carta-renncia e deciso nebulosa

    Deciso curiosa, seno pattica da diretoria no ano de 1955, mostra como a poltica interferia na banda e atingia os antigos diretores. Horcio Manoel Domingues ( conhecido como Horcio Cndido), presidente da associao, por divergir politicamente de seus companheiros de diretoria, foi desautorizado pelos mesmos, que se reuniram separadamente e aprovaram uma srie de medidas administrativas. Ciente do fato, encaminhou carta-renncia em 02/07/1955, onde criticou a atitude dos companheiros e enfatizou que, sem a sua presena, as decises eram nulas. Ento, parte da diretoria resolveu expuls-lo da associao, num ato estranho, sem notificao e direito de defesa. A expulso somente foi registrada na ata n 59, lavrada no dia 20/07/1955. No constam as assinaturas (sic) dos diretores envolvidos e no houve a citao. guisa de curiosidade feito o registro.

    2.20 Joo Paulino da Silva

    Filho de Loureno Paulino da Silva e Maria Cristina de Jesus, nasceu em Porangaba em 15/07/1897. Desde cedo mostrou vocao musical e foi aluno do Mestre Chico. Comeou tocando trombone e, depois, passou para o bombardino, instrumento que o consagrou. Foi um dos mais importantes msicos porangabenses. Compositor, deixou poucas obras, j que preferia a execuo. Companheiro inseparvel de Toninho Cristovo, como o contramestre nato, no dizer do poeta Onozor Pinto da Silva. Foi o ltimo dessa histrica gerao de msicos e faleceu com quase 97 anos de idade, precisamente no dia 13/07/1994. Elemento pacificador, muito contribuiu para a unio das bandas no ano de 1975. Trabalhou na lavoura e na Secretaria de Segurana Pblica do Estado de So Paulo, como carcereiro. Patriarca de uma famlia de msicos, com especial destaque para o filho Lzaro Nogueira da Silva, o Maestro Pingo, e o neto Hudson Nogueira da Silva, instrumentista e arranjador, ambos professores do Conservatrio Dramtico e Musical Carlos de Campos de Tatu. Foi casado com Bernadete Nogueira.

    2.21 Pedro Nogueira Filho

    Nasceu em Porangaba no dia 16/09/1924, filho de Pedro Domingues Nogueira e Maria Jos Miranda Nogueira. Cursou o primrio na escola local e aprendeu msica com Toninho Cristvo. Fez parte da Banda Santo Antnio. Mudou-se para Sorocaba, onde comeou tocando em orquestra danante. Da, seguiu para So Paulo, onde continuou atuando em casas noturnas e se tornou conhecido no meio musical pelas excelentes qualidades de instrumentista. Fez parte do conjunto do maestro carioca Francisco Srgio na excurso pela Europa e permaneceu na Itlia por mais de um ano. Ao retornar,

    Msicos da Banda Santo

    Antnio: Vitorino ( esquerda);

    Carlino (centro) e Lino

    Tom ( direita),

    tocando em Torre de Pedra.

  • a histria de porangaba

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    fixou-se no Rio de Janeiro, onde estudou e trabalhou com os grandes msicos e maestros da poca e atuou, tambm, nas principais orquestras cariocas. Procurou sua estabilidade profissional e ingressou na Rdio Mairinque Veiga, passando depois para a Rdio Nacional do Rio de Janeiro, ento a mais importante emissora brasileira. Permaneceu alguns anos e, depois, transferiu-se para a Rdio Ministrio da Educao, onde se aposentou. Continuou trabalhando e a sua ltima apresentao foi em 1992, em Barcelona, na Espanha, durante os Jogos Olmpicos. Amante de msica clssica, tocava tambm piano, mas destacou-se no sax-alto e clarinete. Arranjador e compositor. Faleceu no dia 18/10/1994, na cidade do Rio de Janeiro, sendo sepultado em Porangaba. Foi casado com Marta dos Reis. Deixou filhos.

    2.22 Jos Carlos Rosa

    Nasceu em Porangaba no dia 05/11/1931, filho de Dionsio Jos da Rosa e Palmira Proena. Fez o curso primrio no Grupo Escolar Joaquim Francisco de Miranda e, ainda menino comeou a estudar msica com Toninho Cristvo. Depois, aprimorou-se com o maestro Cezarino Antunes Correa, preferindo o clarinete. Destacou-se mais como instrumentista. Pessoa polida, de fino trato, com sensibilidade incomparvel arte musical. Ingressou na Fora Pblica do Estado de So Paulo, onde pode desenvolver os seus conhecimentos e se aprimorou na regncia musical. Recebeu diversas promoes na carreira, reformando-se no posto de 2o. Tenente P.M. Foi condecorado com a Lurea do Mrito Pessoal em 5o. Grau, constando, ainda, de seu pronturio 22 elogios individuais. Alm de tocar na Corporao Musical Santo Antnio, foi maestro da Banda do 7. Batalho da Polcia Militar de Sorocaba. Faleceu no dia 02/07/1990, em Sorocaba. Foi casado com Maria Mercs Rosa; deixou filhos.

    2.23 Rui Nunes Ribeiro

    Porangabense, filho de Francisco Ribeiro e Raquel Miranda Ribeiro, nasceu em 01/08/1956. Aprendeu msica com o maestro Pingo e comeou a tocar clarinete na banda Santa Ceclia. Fez parte, inicialmente, da Orquestra Sambrasi