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INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ INSTITUTO LATINO AMERICANO DE AGROECOLOGIA EDUCAÇÃO, CAPACITAÇÃO E PESQUISA DA AGRICULTURA CAMPONESA ESCOLA LATINO AMERICANA DE AGROECOLOGIA CURSO SUPERIOR TECNOLOGIA EM AGROECOLOGIA LUANA CARLA CASAGRANDA A IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES AGROECOLÓGICAS DE HORTALIÇAS E ADUBAÇÃO VERDE NO ASSENTAMENTO CONTESTADO PARANÁ LAPA – PR 2013

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INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ

INSTITUTO LATINO AMERICANO DE AGROECOLOGIA EDUCAÇÃO,

CAPACITAÇÃO E PESQUISA DA AGRICULTURA CAMPONESA

ESCOLA LATINO AMERICANA DE AGROECOLOGIA

CURSO SUPERIOR TECNOLOGIA EM AGROECOLOGIA

LUANA CARLA CASAGRANDA

A IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES AGROECOLÓGICAS DE

HORTALIÇAS E ADUBAÇÃO VERDE NO ASSENTAMENTO CONTESTADO

PARANÁ

LAPA – PR

2013

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LUANA CARLA CASAGRANDA

A IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES AGROECOLÓGICAS DE

HORTALIÇAS E ADUBAÇÃO VERDE NO ASSENTAMENTO CONTESTADO

PARANÁ

Trabalho de Conclusão de Curso

realizado na Escola Latino Americana de

Agroecologia, por meio do Instituto

Federal do Paraná, para o Curso de

Tecnologia em Agroecologia.

Orientador: Prof. Dr. Hansjörg Rinklin

Co-orientadora: Franciane

Gotardo

LAPA – PR

2013

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3

Dedico este trabalho a todas e todos campesinos, sujeitos e transformadores de uma

sociedade onde os sujeitos são emancipadores da humanização.

Em especial a minha família, minha base MST e a todos os movimentos sociais pela

luta incansável e permanente com a causa camponesa; aos seus princípios e valores; À

identidade, à pertença ao trabalho e a militância;

A realidade de nossas bases, comunidades, assentamentos e acampamentos;

A todos os homens e mulheres lutadores do povo que deram sua vida, sua dedicação à

luta, no horizonte a uma emancipação humana, na relação homem-natureza vivendo em

equilíbrio.

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AGRADECIMENTOS

Aos Movimentos Sociais pela conquista de realizar este curso de

formação, sendo uma ferramenta de construção transformação.

A Escola Latina Americana de Agroecologia pelo esforço em desenvolver

o curso de início ao fim, e na parceria ao Instituto Federal do Paraná.

Ao orientador Prof. Dr. Hansjörg Rinklin pelo apoio e incentivo desde o início

na busca de realizar um bom trabalho.

Á co-orientadora Franciane Gotardo pelo esforço e dedicação no auxilio

ao desenvolvimento do trabalho.

E por fim agradeço a toda minha família, que sempre apoiou e incentivou

a realização deste trabalho, em especial ao meu companheiro Leonel e ao nosso

filho João Pedro, que sempre estiveram presentes ao meu lado, incentivando e

apoiando, meu estudo.

Page 5: TCC LUANA FINAL + as qualificações.pdf

“A classe roceira e a classe operária

Ansiosa espera a Reforma Agrária

Sabendo que ela dará a solução

Para a situação que está precária

Saindo o projeto do chão brasileiro

De cada roceiro plantar sua área

Sei que na miséria ninguém viveria

E a produção já aumentaria

Quinhentos por cento até na pecuária.

Esta grande crise que há pouco surgiu

Maltrata o caboclo, ferindo o seu brio

Dentro de um país rico e altaneiro

Morrem brasileiros de fome e de frio

Em nossas manchetes ricas em imóveis

Milhões de automóveis já se produziu

Enquanto o coitado do pobre operário

Vive apertado ganhando um salário

Que sobe depois que tudo subiu.

Nosso lavrador que vive do chão

Só tem a metade de sua produção

Porque a semente que ele semeia

Tem que ser à meia com o seu patrão

Os nossos roceiros vivem num dilema

E o seu problema não tem solução

Porque o ricaço que vive folgado

Acha que o projeto se for assinado

Estará ferindo a Constituição

A grande esperança que o povo conduz

Pedindo a Jesus pela oração

Pra guiar o pobre por onde ele trilha

E a cada família não faltar o pão

Que ele não deixe o Capitalismo

Levar ao abismo a nossa nação

A desigualdade que existe é tamanha

Enquanto o ricaço não sabe o que ganha

O pobre do pobre vive de tostão.” (CULTURA, p.20)

Música: “A Classe Roceira” (Zilo e Zalo).

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RESUMO

Este estudo tem como objeto de pesquisa uma analise sobre a importância das sementes

agroecológicas de hortaliças e adubação verde para as famílias camponesas do

Assentamento Contestado. Pelo fato de existir no assentamento um projeto de sementes

agroecológicas sendo desenvolvido pelas famílias, daí então surge esta pesquisa no âmbito

de qualificar ainda mais esta produção de sementes agroecológicas. Trazendo presente

também as sementes hoje no mercado, sendo cada vez mais privatizadas pelas

transnacionais, deixando assim de pertencer aos que desde o princípio às cultivou

culturalmente, de fato “os camponeses” tendo assim conquistado o direito de ter a

autonomia em relação ao controle das sementes. Neste sentido a pesquisa qualitativa

identificou as vantagens, limites e desafios a serem construídos pelas famílias na

importância das sementes, pois ela é um patrimônio dos povos e está a serviço da

humanidade, portanto as famílias que estão participando do projeto, o interesse inicial

foram pelo fator econômico que envolve a produção, mas em geral também compreende

que a produção de sementes envolve a garantia da autonomia camponesa e da soberania

alimentar. Através da produção de sementes, as famílias demonstraram certa pertença ao

Movimento Sem Terra, pois o mesmo em seus princípios e valores discute esta relação de

resgate as sementes agroecológicas, e no âmbito da agroecologia como uma forma de

viver, são de extrema importância que o camponês garanta sua autonomia às sementes.

Palavras-chaves: Sementes Agroecológicas. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem

Terra. Agroecologia. Soberania Alimentar.

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RESUMEN

Este estudio es un objeto de análisis de la investigación acerca de la importancia de las

semillas agroecológicas de vegetales y abonos verdes de las familias campesinas en la

liquidación impugnada. Debido a que hay un proyecto en el asentamiento de semillas

agroecológicas que se desarrollan las familias, entonces surge en el contexto de esta

investigación calificar aún más esta producción de semillas agroecológicas. Llevar

también las semillas en el mercado de hoy en día, cada vez más privatizada por

corporaciones transnacionales, dejando a los que pertenece desde el principio a las culturas

cultivadas en efecto "campesinos" y el ganó del derecho de gozar de autonomía en relación

con el control de semillas. En este sentido, la investigación cualitativa ha identificado las

ventajas, limitaciones y desafíos a ser construidas por las familias sobre la importancia de

las semillas, ya que es un patrimonio del pueblo y está al servicio de la humanidad, por lo

que las familias que participan en el proyecto, el interés inicial fueron el factor económico

que consiste en la producción, sino también en general entiende que la producción de

semillas consiste en garantizar la autonomía campesina y la soberanía alimentaria. A través

de la producción de semillas, las familias mostraron algunos pertenecientes al Movimiento

Sin Tierra, porque incluso en sus principios y valores discutió esta relación rescatar

semillas agroecológicas, y dentro de la agroecología como una forma de vida, es de suma

importancia que el campesino asegure su semilla e consiga su propia autonomía.

Palabras clave: Semillas Agroecológicas. Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin

Tierra. Agroecología. Soberanía Alimentaria.

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SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................... 9

METODOLOGIA ........................................................................................................ 13

CAPÍTULO I – SEMENTES E AGROECOLOGIA ................................................... 13

1.1 A Origem das Sementes e da Agricultura ...................................................... 14

1.2 A In,fluência da Revolução Verde na Agricultura ............................................. 17

1.3 A Agroecologia .................................................................................................. 19

CAPÍTULO II- O MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA

(MST), A PRODUÇÃO DE SEMENTES E A SOBERANIA ALIMENTAR ............. 20

2.1 O MST, o Debate da Agroecologia ................................................................... 20

2.2 Sementes Patrimônio dos Povos Garantia da Sustentabilidade e da Soberania

Alimentar ................................................................................................................. 22

CAPÍTULO III- DESAFIOS PARA A PRODUÇÃO DE SEMENTES

AGROECOLÓGICA S DE HORTALIÇAS E ADUBAÇÃO VERDE NO

ASSENTAMENTO CONTESTADO ........................................................................... 24

3.1 Localização e Contextualização Geográfica do Assentamento ......................... 24

3.1.1 Histórico do Assentamento Contestado e o Projeto “Sementes Para Todos”25

3.2 Um Olhar para a Produção de Sementes Agroecológicas no Assentamento

Contestado – Vantagens , Limites e Desafios .......................................................... 27

CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 37

ANEXOS ...................................................................................................................... 38

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O presente trabalho originou-se da vivência de estágio realizado no final do ano de

2011 na Cooperativa Agroindústria e Comércio Terra Livre, localizada no Assentamento

Contestado município da Lapa- Pr. O eixo central era as tecnologias desenvolvidas a

Cooperativa junto às famílias em seus respectivos Agroecossistemas1 e sistemas de

produção, especialmente na frente da produção de sementes, identifiquei a necessidade das

famílias em produzir suas próprias sementes.

Neste período estava sendo executado o projeto “Semente Para Todos” realizado

pela Associação para o Desenvolvimento da Agroecologia (AOPA) em Cooperação com o

FKM. O Projeto Semente Para Todos, tem como objetivo, implantar processos de resgate,

seleção, melhoramento e produção comunitários de sementes agroecológicas na agricultura

familiar, visando o redesenho dos sistemas produtivos através da agrobiodiversidade,

reforçando as redes sociais e sua sustentabilidade2.

Hoje vivemos com um modelo de agricultura insustentável, devido à mudança na

matriz tecnológica de produção iniciada á décadas atrás. Frente à problemática provocada

pela modernização na agricultura, o campo se encontra com grandes dificuldades, pois

perdeu sua autonomia em especial na área da produção de sementes, no melhoramento

genético das mesmas, agravando cada dia mais a produção das sementes e alimentos

agroecológicos. Cada trabalho voltado nesta área é de grande valia para a agricultura e

quem depende dela para sobreviver, recuperar a autonomia das sementes todo camponês

necessita, na continuidade já praticada por muitas gerações passadas, mas pelo fato desta

mudança causar este impacto tão grande na agricultura é que nos vemos hoje

comprometidos em lutar a favor das sementes agroecológicas e não nas sementes

1 Agroecossistema: “É uma unidade com que a Agroecologia trabalha. Ele é uma unidade de análise.

Um agroecossistema é um ecossistema artificializado pelas práticas humanas ligadas á agricultura,

sendo esta vista como um conjunto de valores, relações sociais, políticas, culturais, econômicas,

tecnológicas e ambientais.” (MST; et al, 2005, p.13).

2 “Do ponto de vista ambiental, a promoção da sustentabilidade de um agroecossistema depende,

basicamente, de que seu manejo leve à otimização de processos como a disponibilidade e o equilíbrio no

fluxo de nutrientes, a proteção e a conservação da superfície do solo, a preservação e a integração da

biodiversidade e a exploração da adaptabilidade e da complementaridade no uso dos recursos genéticos

vegetais e animais”. (MACHADO, et al, p. 103).

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geneticamente modificadas3, onde o homem com sua capacidade consegue modificar um

gene de uma planta e dar a ela atributos específicos, que na sua natureza não existia.

Reavivando o projeto já existente no Assentamento, este trabalho soma-se com o

intuito de melhorar não somente a produção, mas toda a cadeia da alimentação de nossa

população. Por meio desta discussão, onde envolve a produção e a comercialização dos

alimentos e principalmente a qualidade dos mesmos, existe uma normativa em respeito da

produção agroecológica no país. Segundo o Projeto Sementes Para Todos, trás que no dia

18 de Dezembro de 2008, o ministro de estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Reinhold Stephanes, em sua atribuição criou a normativo Nº 64 da lei 10.831 de 23 de

dezembro 2003, as regulamentações e instruções normativas, onde diz o seguinte:

Art. 97. As sementes e mudas deverão ser oriundas de sistemas orgânicos.

§ 3° A partir de cinco anos da publicação desta Instrução Normativa, fica

proibida a utilização de sementes e mudas não obtidas em sistemas orgânicos de

produção.

Art. 98. É proibida a utilização de organismos geneticamente modificados em

sistemas orgânicos de produção vegetal.

Art. 99. É vedado o uso de agrotóxico sintético no tratamento e armazenagem de

sementes e mudas orgânicas. (STEPHANES, R. 2008, p.21).

Já completados os cinco anos desta normativa criada em 2008, hoje no ano de 2013,

portanto já estaria valendo esta lei, mas o Brasil se encontra com uma grande deficiência

em produzir em grande escala sementes e mudas orgânicas, respeitando a normativa, o que

se tem não é suficiente para atender toda demanda. Tornando assim uma procura muito

grande de sementes e mudas orgânicas em todo país, e a agricultura necessita de um aporte

para atender sua produção orgânica, do início ao fim do ciclo da planta. Retomando o que a

normativa acima apresentou, na lei fica proibido utilizar qualquer tipo de agrotóxico

sintético, usar organismos geneticamente modificados na produção de vegetais orgânicos,

percebe-se o quão do trabalho de resgatar a produção própria de sementes agroecológicas

em cada unidade camponesa, necessita ser de extrema urgência, pois se olharmos

sutilmente na agricultura que está sendo desenvolvida atualmente, a situação já se encontra

fragilizada, pela degradação do meio ambiente, contaminação das águas, da terra e dos

alimentos, além do aquecimento global que afeta toda natureza. O objetivo do agronegócio

é totalmente diferente, seu interesse principal é o lucro, o dinheiro sem medir sequer

alguma consequência com os atos praticados contra toda natureza.

3 Sementes Geneticamente modificadas são sementes elaboradas em laboratórios.

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Para enfrentarmos esta ofensiva do agronegócio, após já ter gerado grande perda em

toda nossa biodiversidade, no desequilíbrio da natureza, nós movimentos sociais lutamos a

fim de um Projeto Popular para o Brasil, nos articulamos em também resgatar a cultura

camponesa, roubada por este modelo de agricultura implantado no país pelas

transnacionais. Recuperar e resgatar, cuidar e cultivar da vida, das sementes nativas,

crioulas, que foram passando de geração a geração, mas que hoje muitas delas já não se

têm mais se perdeu a autonomia de um bem que é a germinação da vida, o início da vida

que nos sustenta nos dá força vital para vivermos e habitarmos na terra.

Com a implantação do projeto de Assentamento no ano 2000, foram desencadeando-

se sistemas de produção predominantes na comunidade, o qual predomina o sistema de

produção voltado para a Agroecologia. Em cima desta realidade é que este trabalho tem

como objetivo analisar as dificuldades encontradas pelas famílias em produzir suas

próprias sementes de hortaliças e adubação verde agroecológicas, a importância da

produção de sementes para as famílias, e a forma de organização da produção de sementes.

Sendo o forte da produção, as hortaliças e em menor escala a adubação verde. Junto às

camponesas e camponeses assentados, trazer cada vez mais para dentro do movimento, o

debate da importância da produção de sementes, pois isto promove o resgate da cultura e

da identidade camponesa, e conhecimentos na produção agroecológica das mesmas.

Este trabalho possui também um intuito de não apenas resgatar as sementes, mas de

também analisar a troca de sementes feita pelas famílias, se esta cultura existe no

assentamento, se as famílias habitualmente costumam trocar sementes por sementes.

Por meio de uma pesquisa qualitativa, elaborou-se uma análise sobre a importância

da produção de sementes agroecológica de hortaliças e adubação verde no Assentamento

Contestado.

Parto da hipótese que as famílias ao produzirem suas próprias sementes possuem

autonomia sob sua produção. Há muita dificuldade de garantir o cultivo devido a vários

fatores internos e externos. No entanto, produzem para o auto-sustento familiar.

O primeiro capítulo abordará o tema: Sementes e Agroecologia, trazendo presente à

origem das sementes e da agricultura e a importância das sementes para a germinação da

vida, entendendo o modelo de produção predominante implantado na agricultura,

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relembrando o que foi a revolução verde e sua influência na agricultura, finalizando o

capítulo com a Agroecologia contrapondo este paradigma, ou seja, gerando novamente

uma sustentabilidade ao campo e ao camponês e a camponesa. Em AHRENS (p. 8, 2011),

cita em sua cartilha um conceito de agroecologia definido por CAPORAL e

COSTABEBER (2009): “a agroecologia é entendida como um enfoque científico destinado

a apoiar a transição dos atuais modelos de desenvolvimento rural e de agricultura

convencional para estilos de desenvolvimento rural e de agricultura sustentável”.

No segundo capítulo, falará do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

(MST) e a Soberania Alimentar, descrevendo o MST e o debate da Agroecologia, Sementes

Patrimônio dos Povos Garantia da Sustentabilidade e da Soberania Alimentar e a Produção

de Sementes dentro do Movimento.

O terceiro capítulo discute a produção de sementes agroecológicas no

Assentamento Contestado, trazendo um olhar das famílias assentadas para: as dificuldades;

as vantagens e os desafios na produção de sementes de hortaliças e adubação verde

agroecológicas.

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METODOLOGIA

A metodologia de trabalho aconteceu primeiramente, por meio de uma pesquisa

teórica, buscando publicações de autores algumas explicações da problemática a ser

trabalhada. Realizando uma pesquisa minuciosa, baseada na observação participante e na

entrevista semiestruturada, utilizando-se um roteiro orientador.

Para compreender os desafios que as famílias do Assentamento Contestado

encontram para garantir em sua unidade de produção agroecológica, sementes de hortaliças

e adubação verde, utilizou-se a metodologia de pesquisa qualitativa. “Ela trabalha com o

universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das

atitudes, entendidos como parte da realidade social.” (MINAYO, 1993, p.21-22). Esta se

define em um conjunto onde ser humano não só age, ele pensa e reflete sobre o que fez e

interpreta a sua realidade.

Com esta metodologia de trabalho pode-se realizar perguntas fechadas e abertas,

em que o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão “sem se

prender a indagação formulada” (MINAYO, 1993, p.64), podendo assim trazer com mais

clareza e tranquilidade sua opinião sobre o tema.

A pesquisa ocorreu com nove famílias das cento e oito existentes no Assentamento.

As famílias foram classificadas em três diferentes grupos, de três famílias cada. O grupo

um, são famílias de base na produção agroecológica, iniciantes no projeto Produção de

Sementes para Todos. O grupo dois são também famílias agroecológicas, mas que não

possuem envolvimento no projeto, e o grupo três são famílias que ainda estão no processo

de transição agroecológica, produzem convencionais.

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CAPÍTULO I – SEMENTES E AGROECOLOGIA

1.1 A Origem das Sementes e da Agricultura

Pincelando o universo sobre a origem das sementes e da agricultura, iniciamos a

proza com alguns fundamentos teóricos como se deu todo este desenlace.

Os estudos acadêmicos da realidade agraria no Brasil lamentavelmente são muito

recentes. Evidentemente, essa ausência e verdadeira carência de estudos sobre a

nossa realidade, nos mais abrangentes aspectos, é consequência do longo período

de “escuridão” cientifica que nos impuseram nos 400 anos colonialismo.

(STEDILE, 2005, p. 16).

Correspondente ao autor, vemos que estes 400 anos de colonialismo foram um

grande retrocesso no desenvolvimento das ideias e teses sobre a questão agraria em nosso

país, e mesmo com o primeiro estudo publicado em 1960, por Roberto Simonsen,

afirmando que no país sempre predominaram relações de produção capitalistas no

desenvolvimento da agricultura brasileira. Para STEDILE (2005, p. 15), a questão agrária

é um conjunto de interpretações e analises da realidade agrária, com o intuito de explicar a

organicidade à posse, a propriedade e ao uso da terra na sociedade brasileira.

A civilização brasileira pode-se dizer que se originaram através da ocupação do

território pelos povos nômades, migrantes vindo da Ásia, cruzando o Alasca e chegando à

América, estudos mostram os primeiros sinais de vida humana no Brasil no estado do

Piauí. Portanto pelo que a história nos mostra estes povos, viviam em agrupados

socialmente, dedicando-se da caça, da pesca, da coleta de frutos silvestres, raízes, folhas e

grãos; predominando em partes a agricultura, pois a natureza já os oferecia alimentação, e

mais tarde domesticaram cultivos de mandioca, amendoim, abacaxi, o tabaco, banana e o

milho. Esta produção existente dizia respeito ao comunismo primitivo por organizarem-se

em agrupamentos sociais. Viviam em grupos migrando pelo mundo inteiro, dependendo

dos recursos naturais para a sobrevivência de todos, aos poucos foram adaptando-se aos

fenômenos da natureza e criando seus conhecimentos e saberes, suas práticas e técnicas

foram evoluindo, gerando um processo de evolução para a humanidade, segundo

MORISSAWA (200, p. 8) cerca de 10 mil anos atrás, quando se deu os primeiros indícios

de agricultura registrados na História, encontrados na Mesopotâmia, entre os rios Tigre e

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Eufrates, região do Oriente Médio, lá onde hoje está o Iraque. A história nos conta que a

produção iniciou com trigo e cevada, e ossos de cabra. Em estudos publicados por HEISER

(1977, p. 7), “no novo mundo, a agricultura começou alguns milhares de anos mais tarde

do que no Oriente Médio, e teve suas origens no México”, sendo as primeiras culturas de:

abóboras, feijões e pimentas-chili.

Com o passar dos anos a humanidade foi construindo sua história, evoluindo

sempre mais no mundo todo. A natureza também foi se constituindo e tendo suas

modificações. Com isso surgiu então à necessidade de adaptação e disponibilização de

recursos naturais para a sobrevivência das comunidades, os povos foram desenvolvendo

suas técnicas e práticas para esta realidade.

Neste processo contínuo de descoberta e evolução, também se encontram as

sementes. Pela observação da capacidade que as sementes tinham (e têm) de

germinar e produzir novas plantas descobriu-se a agricultura. É atribuía às

mulheres a descoberta da agricultura. Segundo nos conta a história, as mulheres

dos povos e tribos antigos jogavam ao redor de suas moradias sementes retiradas

dos frutos colhidos pelos homens nas matas. Com o tempo, observaram que

nasciam plantas que até então não existiam ali. Passaram, então, a coletar

sementes e cultivar, ao redor de suas casas, plantas que serviam de alimentos.

Estava descoberta a agricultura. Isso aconteceu há 12 mil anos. Com a descoberta

da agricultura, os povos, que até então eram nômades, ou seja, mudavam-se

constantemente de lugar em busca de alimentos, passaram a fixar moradia. Com

a possibilidade de morar em um só lugar, foram organizando-se as primeiras

vilas, que evoluíram para o que hoje conhecemos cidades. (CPT, 2006, p. 11).

A descoberta das sementes pelos caçadores e coletores, povos nômades, aos poucos

foi ganhando importância e destaque na natureza, pelo simples fato de um pequeno grão

germinar e desenvolver uma planta um ser vivo. Recordamo-nos daquele tempo em que o

pai ensinava ao filho o que havia aprendido com seu pai, seu avô e os conhecimentos

passavam de geração a geração, a cultura camponesa se enriquecia de ensinamentos,

técnicas, saberes populares, trazidos de uma longa história de luta e de resistência. Dentre

estes saberes se destaca a produção das sementes, dos alimentos próprios das famílias, cada

qual plantava para a quantidade à sua subsistência, semeavam, colhiam e selecionavam as

melhores para o ano seguinte, isso consequentemente, e após alguns anos de utilização da

mesma semente, trocava-se com vizinhos, amigos, com o intuito de melhorar sua genética.

Para HEISER (1977, p. 2), por volta de 10.000 anos atrás o homem deixou de ser

caçador-colhedor para torna-se um produtor de alimentos, e à medida que aumentava a

produção surgiram às aldeias e, com o tempo, formaram-se as cidades, e a civilização se

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pôs em marcha. “Uma diferença importante entre caçadores-colhedores e os agricultores é

que aqueles geralmente são nômades, enquanto estes são sedentários”. (HEISER, 1977 p.

2). O aumento da produção é origem de um processo de domesticação das sementes

(MEIRELLES, 2006) explica melhor este processo.

Houve um tempo em que as plantas que hoje são cultivadas na agricultura

existiam somente como plantas que cresciam de forma selvagem nas matas e

campos. Como plantas silvestres, não precisavam ser plantadas para nascer, nem

de cuidados para crescer e dar frutos. Sua utilização pelos grupos humanos dava-

se através da coleta, e não do cultivo‟. (...) Desta forma, podemos dizer que as

plantas e animais que hoje cultivamos e criamos – flores, temperos, hortaliças,

frutíferas, grãos, fibras, porcos, aves, gados de corte, gados de leite – são fruto de

um processo de domesticação e seleção, realizado por agricultores e agricultoras,

através de gerações e gerações, em diferentes partes do nosso planeta. Ou seja,

agrobiodiversidade é o resultado de um processo milenar de interação entre a

natureza e o ser humano através da prática da agricultura. (MEIRELLES; RUPP,

p. 06, 2006).

Portanto, com a domesticação e seleção de espécies animais e vegetais, realizada

por camponeses e camponesas4 a nossa identidade enquanto classe, e não agricultor

5.

(CARVALHO, 2005) nos explica que é uma transformação ideológica, onde o camponês é

visto de atrasado e o agricultor, familiar é moderno, o processo do capitalismo tenta

esconder a identidade, a história de resistência do camponês.

Relembrando nossa história, em 1930, onde houve a interrupção da migração de

camponeses europeus decorrente da I Guerra Mundial (1912-1918) e com a adoção do

modelo agroexportador 6, fez com que o número da população de trabalhadores brasileiros

se reduzisse por minoria, isso foi um, massacre às populações nativas que aqui habitavam.

Neste período surge também o campesinato, com uma identidade de trabalhadores

escravizados (STEDILE, 2005, p. 27). Menciona isso em duas etapas: a primeira é quando

foram trazidos dois milhões de camponeses pobres da Europa, para trabalhar no Brasil, e a

segunda é quando as populações mestiças foram se, formando ao longo dos 400 anos de

colonização e com a miscigenação entre várias etnias nasceram descendentes que não eram

4 “Camponês é aquele que tem acesso aos Recursos Naturais, seja a posse e/ou o uso da terra, água, florestas,

biodiversidade, etc., cujo trabalho está centrado na força da família, embora possa contratar serviços

temporário e/ou prestar serviços para terceiros e a centralidade da reprodução social está na família.”

(CARVALHO, 2005). 5 Agricultor: este termo é utilizado pelo sistema convencional do agronegócio, assim também como a

„agricultura familiar‟, fazendo com o homem do campo perca sua identidade de camponês, 6 Agroexportador: produção agrícola em grandes áreas, praticando monocultura e produzindo apenas para o

exterior, para STEDILE, (2005, p. 29).

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capitalistas, passaram a migrar, ocupando terras de forma individual ou coletiva, dando o

surgimento ao camponês, que plantava somente para sua subsistência.

Durante a II Guerra Mundial, por volta de 1930, houve uma nova fase na questão

agrária, o modelo agroexportador entra em,, crise, por suas próprias contradições, havendo

como ponto principal a “subordinação econômica e política da agricultura à indústria”

(STEDILE, 2005, p.28), a razão deste motivo,, acontece pelo fato de que este modelo

capitalista dependente necessitava da importação de, máquinas e mão de obra, gerando

dividas encerando o ciclo das atividades do mesmo, os escravos fugiram das fazendas , não

sendo mais explorados, passam a incorporam a sociedade, ,aumentando o processo de

urbanização e a necessidade de produzir mais alimentos. É o início do novo setor da

indústria ligado à agricultura, a industrialização dependente, a REVOLUÇÃO VERDE,

ocorre neste período que foi organizado e planejado pelos países indústria lizados no pós-

guerra mundial.

1.2 A Influência da Revolução Verde na Agricultura

Em 1945 após a Segunda Guerra Mundial, o mundo todo presenciou uma

transformação para a agricultura: a chamada “REVOLUÇÃO VERDE”. Iniciou nos

Estados Unidos em 1930, e chegando fortemente no Brasil em 1960, trazida pelos

americanos, apresentada com uma grande promessa de “revolução”, pois iria esverdear

toda a terra, a produção de alimentos seria em abundância, tão enorme que iria acabar com

a fome do planeta. Mas a ligação que a Revolução Verde teve com a Segunda Guerra

Mundial, foi que as invenções produzidas utilizadas na guerra, com o seu término,

perderiam a utilidade, seriam descartadas, mas para não perder estas invenções e sim gerar

lucro com elas, criou-se então uma nova tecnologia para a agricultura, a venda do pacote

tecnológico aos agricultores, onde nele contém maquinários pesados, energia de petróleo,

sementes registradas, produtos químicos (estes se tornaram os remédios para as plantas), e

créditos para financiamento do pacote e com juros altos.

Para GÖRGEN (2004, p. 26), a Revolução Verde foi um Programa de

desenvolvimento do capitalismo na agricultura, com caráter de gerar lucro no mercado. O

autor ainda destaca quatro pontos onde este lucro se baseia na agricultura:

Page 18: TCC LUANA FINAL + as qualificações.pdf

18

- da genética vegetal com produção e multiplicação de sementes hibridas ou

“melhoradas”, resistentes a doenças e pragas e adaptadas para receber altas doses

de adubos químicos;

- da aplicação de novas técnicas agrícolas ou tratos culturais – aplicação

intensiva de adubos químicos e venenos;

- da mudança da infra-estrutura agrícola e aplicação de mecanização pesada e

intensiva em todas as atividades possíveis;

- da genética animal com animais de raças “melhoradas”, uso de antibióticos,

hormônios e produtos químicos.

De fato foi planejado todo este pacote tecnológico para agricultura, onde o poder se

concentrou com os países industrializados dominando toda a cadeia de comercialização e

produção. No Brasil grandes empresas multinacionais instalaram-se para dar suporte a esta

privatização da agricultura. Para (PACKER, p. 9) a Monsanto é a maior empresa de

sementes do mundo, a Syngenta outra campeã de vendas do milho transgênico e

agrotóxico, e as demais empresas que atuam na mesma linha sendo: “Bayer, Basf,

DowCrospscience e Du Pont, empresas de biotecnologia que monopolizam a patente e

comércio de sementes e agrotóxicos, e portanto da própria cadeia agroalimentar”, para

estas empresas alcançarem até hoje lucro, necessitou-se de meios para esta conquista,

como por exemplo, a mídia que trazia em sua propaganda uma modernização para a

agricultura, eficiência, competição, contrapondo os camponeses com sues conhecimentos

populares, tradicionais, herdados de geração a geração, os desmoralizando de atrasados,

sem tecnologias, de supersticiosos que acreditam na influência da lua, trazendo ao

camponês um constrangimento social, os obrigando a adotarem o novo modelo para não

ficarem pra trás na produção.

A influência da Revolução Verde na agricultura foi e está sendo cada vez mais

intensa e devastadora. Em (PINHEIRO, 1999, p. 21) “o maior impacto ocorreu na América

Latina, onde houve uma desestruturação total da agricultura, com a devastação da natureza,

êxodo rural e concentração da terra nas mãos de poucos e uma monocultura7 exclusiva”.

Não apenas a América Latina, mas o mundo inteiro sente na pele todos estes estragos, as

mudanças ocorridas ao longo das décadas, que a revolução verde trouxe á humanidade.

Segundo (PINHEIRO, 1999), os impactos negativos aos países não industriais, do quanto à

revolução verde proporcionou o beneficiamento apenas dos bancos internacionais e das

7 “Monocultura= todo o esquema montado levou o agricultor apensar que ia ficar rico plantando um só

produto, aquele que tinha financiamento, assistência técnica, cooperativa para armazenar sementes

selecionadas, adubos e venenos à mão”.(CORTEZ, et al, p. 39, 2005).

Page 19: TCC LUANA FINAL + as qualificações.pdf

19

empresas transnacionais de insumos para a agricultura, onde estas obrigavam o agricultor a

comprar sementes certificadas e fiscalizadas, para ter acesso ao credito rural. A verdade é

que estas poucas transnacionais dominantes não estão interessadas no futuro da

humanidade e sim no lucro que podem ganhar com toda esta carga de produtos químicos,

maquinários utilizados na agricultura que deteriorizam o solo, a vida do solo, o potencial

das plantas, a perda da biodiversidade, a contaminação das águas, dos alimentos e de todos

os seres vivos que precisam da natureza pura fértil, limpa para garantir a sustentabilidade

de toda esta cadeia produtiva.

As sementes tradicionais cultivadas pelos povos camponeses, aos poucos foram

sendo perdidas pela entrada das sementes registradas das empresas industriais, gerando

uma enorme perda da biodiversidade8 de plantas, animais e toda a cadeia alimentar. As

reversas naturais são uma garantia e segurança de biodiversidade e evolução das espécies.

1.3 A Agroecologia

Frente à situação devastadora e desumana que a dita globalização transformou a

agricultura, por meio da Revolução Verde, o povo organizado com o intuito de contrapor

esta ofensiva da agricultura convencional, abre as portas à agricultura agroecológica, é

AGROECOLOGIA que com seu manejo totalmente ecológico, dá novas esperanças de

recuperarmos parte do que já se foi perdido com a Revolução Verde. De acordo com

(Gusmán, 2.000, p. ), a Agroecologia surge no final dos anos 70, devido às manifestações

feitas pela crise ecológica do campo, mais tarde foi redescoberta, fazendo com que os

estudos da agronomia, aos poucos ganhassem mais força. No passado da humanidade

muitos conhecimentos foram experimentados com sucesso por várias culturas tradicionais,

os conhecimentos demonstraram que estas experiências poderiam ser à saída dos

problemas ambientais existentes. Assim, a Agroecologia surge com a função de analisar e

organizar os fenômenos naturais, e aos poucos, cria uma concepção preocupada na

sustentabilidade do meio ambiente.

A Agroecologia não é uma ciência exata, concreta, pois ainda está sendo construída

e estudada pelos pesquisadores em seus experimentos e observações, e nas práticas

8 “Desde o início, o agricultor sabia que as plantas selvagens, parentes das suas domesticadas, eram também

muito importantes, pois elas possibilitavam que novas espécies fossem criadas. isto é denominado de

BIODIVERSIDADE. (PINHEIRO, 1999, p. 4).

Page 20: TCC LUANA FINAL + as qualificações.pdf

20

camponesas. Sua função está em fornecer o suporte científico e as ferramentas

metodológicas necessárias para que a participação de toda sociedade se torne a força

geradora da sustentabilidade familiar, da segurança alimentar de nossa nação.

Altieri (2004) argumenta que: sob a perspectiva da produção, a

sustentabilidade somente poderá ser alcançada no contexto de uma

organização social que proteja a integridade dos recursos naturais e

estimule a interação harmônica entre os seres humanos, o agroecossistema

e o ambiente. (AHRENS, et al, 2011, pg. 8).

As bases epistemológicas da Agroecologia estão na relação e integração entre

homem-natureza-ambiente, onde é possível criar condições de auto sustentação, gerando o

equilíbrio natural para ter a sustentabilidade, em outras palavras, esta relação é um anel,

onde todos necessitam de todos para manter-se no ambiente em equilíbrio, assim como diz

o trecho desta canção, sobre a natureza:

“a gente cultiva ela e ela cultiva a gente”.

CAPÍTULO II- O MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA

(MST) A PRODUÇÃO DE SEMENTES E A SOBERANIA ALIMENTAR

2.1 O MST, o Debate da Agroecologia

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra criado em 1984, atua em 23

estados brasileiros, com mais de 1,5 milhão de pessoas, com 300 mil famílias assentadas e

150 mil que ainda vivem em acampamentos9. O MST como um movimento social, busca

sempre trazer presente em sua pauta politica a necessidade de reforma agrária no

enfrentamento à grande crise gerada pela industrialização dependente, que ao invés de

acabar com a fome, pelo contrario, problematizou mais a pobreza e a miséria da população

brasileira, e na concentração de poder dominado por poucos.

O MST não luta apenas pela terra, mas pela educação, saúde, resgate cultural,

educação ambiental, esporte lazer no âmbito em que homem e mulher trabalhem de forma

igualitária exerçam as mesmas funções de uma sociedade, onde vise a democracia sem

exploração. Sem a luta não é conquistado nada em nossa vida todos temos nossos direitos e

deveres, portanto temos que lutar de forma organizada, um exemplo claro é A Luta Pela

Reforma Agrária, que preserve a natureza juntamente com a conscientização dos

trabalhadores.

9 (CORTEZ, et al, Bionatur, 2005, p. 58).

Page 21: TCC LUANA FINAL + as qualificações.pdf

21

Segundo (CORTEZ, et al, 2005, p. 59) o MST desenvolve experiências

agroecológicas e florestais, em assentamentos se produz diversos alimentos, como: arroz,

soja, amendoim mandioca, milho, café, pêssego, frangos, e suínos totalmente orgânicos,

estabelecendo uma nova forma de produção no campo que vise a sustentabilidade do

agroecossistema, uma ferramenta para a transformação da sociedade, assim como a

agroecologia corresponde aos princípios e objetivos que norteiam o movimento na luta

pela reforma agrária, a partir da visão política do movimento social.

A Agroecologia no Movimento está presente dentro dos debates, reuniões,

encontros, e principalmente nas Jornadas de Agroecologia, realizadas anualmente no

Paraná, resultante de “uma coalizão política constituída em 2001, que resultou de um

amplo processo dialógico entre os Movimentos Sociais do Campo e Organizações Não-

Governamentais atuantes no estado do Paraná” (TARDIN, 2009). Bandeira fortíssima de

luta do MST, que desde os anos 80 promovem a Luta Pela Terra e Pela Reforma Agrária e

a Agroecologia.

O primeiro encontro realizado foi em 2002, em Ponta Grossa com uma média de

quatro mil participantes, e a cada ano aumenta a participação de pessoas vindas de outros

países, fazendo com que a Jornada se torne de sempre mais uma ferramenta do povo

camponês, na luta ofensiva do agronegócio. Seu lema original é: Jornada de Agroecologia

– Terra Livre de Transgênicos e Sem Agrotóxicos, com objetivos estratégicos, atua na rede

de cooperação nos processos político-organizativos, econômicos e culturais locais e

regionais num movimento camponês agroecológico, (TARDIN, 2009) “tem impulsionado a

transição agroecológica associada à luta política que culminou na aprovação de legislações

e políticas governamentais coibitivas aos transgênicos e aos agrotóxicos, e ao

enfrentamento direto as transnacionais Monsanto e Syngenta”.

A Agroecologia vem ao encontro deste objetivo, no horizonte do equilíbrio social e

ambiental, estabelecer novas relações entre seres humanos e a natureza. O fortalecimento

desta proposta à classe trabalhadora busca, nos diferentes espaços resgatar, formar,

capacitar camponesas e camponeses, crianças e jovens do campo, compreendendo a

realidade local, sendo que de certa forma resgatam suas raízes, suas culturas, roubadas pelo

modelo capitalista oriundo da Revolução Verde, sistema este opressor, alienante e

desumanizador do ser humano, e toda natureza.

Page 22: TCC LUANA FINAL + as qualificações.pdf

22

No momento crítico que presenciamos, no desenvolvimento continuo do

capitalismo, e a globalização neoliberal, não há meios de que a reforma agrária sustentável

no horizonte da agroecologia seja consolidada e realizada. Para esta conquista deve haver

mudanças estruturais na sociedade com um todo. (CORTEZ, et al, 2005) discute um novo

projeto popular para a agricultura brasileira, onde a base seria revalorizar reorganizar a

agricultura camponesa de forma justa e igualitária a todos e todas.

O processo é minucioso e importante, portanto devemos que avançar, nesta

construção da valorização das sementes como patrimônio dos povos a serviço de toda a

humanidade seja ela rica ou pobre, pois o homem não se diferencia pela aparência e sim

pela sua essência.

2.2 Sementes Patrimônio dos Povos Garantia da Sustentabilidade e da

Soberania Alimentar

A produção de sementes na agroecologia é importante no resgate das culturas

camponesas tradicionais, na recuperação da biodiversidade dos agroecossistemas, sendo

respeitada por toda sociedade como um bem da humanidade a serviço de todos e todas, e

não algo privado, comercializado para gerar lucro à apenas alguns. As sementes são

patrimônio de quem as cultiva e cuida, devem ter o livre acesso a toda sociedade,

(CORTEZ, et al, 2005) afirma: “semente é vida, é a base de alimento, de multiplicação, de

sobrevivência, autonomia, liberdade, perpetuação, poder popular, independência, auto-

suficiência”. É de saber popular que as sementes fazem parte da vida, não só humana, mas

de todas as espécies vivas, são significantemente pertencentes à quem as cultiva desde os

tempos mais remotos.

Embora essas variedades tradicionais sejam consideradas parte da herança

comum da humanidade, elas têm sido submetidas, por muitas organizações

ocidentais, a processos de pirataria biológica, sem recompensar adequadamente

as comunidades rurais que cumpriram o papel de administradoras desse

patrimônio. (CARVALHO, p.161, 2003)

Na realidade esta “pirataria biológica” como traz o autor, nos dias de hoje acontece

e muito com vários tipos de espécies, e além do mais exercem esta violação contra a

natureza, pois modificam geneticamente uma espécie e a vendem por um valor inviável

que o camponês monetariamente não tem acesso.

O mesmo autor em sua obra revive o que as sementes significam: fazem parte da

herança da humanidade; “qualquer ato que pretenda limitar o uso de qualquer semente, por

Page 23: TCC LUANA FINAL + as qualificações.pdf

23

qualquer ser humano, é muito mais que uma violência é um ato de lesa-humanidade,

portanto além de arbitrário, é inadmissível, inaceitável e irracional” (p. 256).

E para reafirmar este sério

conceito outro autor também questiona a ação do homem sobre as sementes, quais as

consequências geradas quando não é trabalhado humanizamente com nosso bem precioso

herança da humanidade:

Como os ecossistemas são complexos, auto-organizados e autorreprodutíveis,

a insustentabilidade pode ser gerada quando a intervenção humana desestrutura

esse processo de complexificação, auto-organização e autorreprodução. Nos

ambientes tropicais, como sabemos, a biodiversidade joga um papel-chave na

estabilidade e equilíbrio dos ecossistemas. Portanto, já podemos afirmar que a

homogeneização das monoculturas é um fator de simplificação e

desestabilização dos ecossistemas naturais. (SILVA, Apud CALDART, et al, p.

730, 2012).

Com o intuito de contrapor a realidade que vivenciamos do modelo do agronegócio,

desenhada forma neoliberal de comandado pela elite, a Via Campesina10

propõe o conceito

de Soberania Alimentar que define como:

“o direito dos povos de definir suas próprias políticas e estratégias sustentáveis

de produção, distribuição e consumo de alimentos que garantam o direito a

alimentação para toda a população com base na pequena e média produção,

respeitando suas próprias culturas e a diversidade de modos camponeses,

pesqueiros e indígenas de produção agropecuário, de comercialização e de gestão

dos espaços rurais, nos quais a mulher desempenha um papel fundamental. A

soberania alimentar favorece a soberania econômica, política e cultural dos

povos. Defender a soberania alimentar é reconhecer uma agricultura com

camponeses, indígenas e comunidades pesqueiras, vinculadas ao território;

prioritariamente orientada a satisfação das necessidades dos mercados locais e

nacionais.(...)” (Declaração final do Fórum Mundial de Soberania Alimentar,

assinada pela Via Campesina, Havana, Cuba/2001, citada por Campos,

2006:154/155) (CAMPOS, et al, 2007).

10

Via Campesina: articulação mundial de organizações camponesas, que reúne mais de 100 milhões de

camponeses e camponesas de quatro continentes (Ásia, América, África e Europa), no Brasil fazem parte:

MST, MPA, MMC, MAB, PJR, CPT, e FEAB.

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24

CAPÍTULO III- DESAFIOS PARA A PRODUÇÃO DE SEMENTES

AGROECOLÓGICA DE HORTALIÇAS E ADUBAÇÃO VERDE NO

ASSENTAMENTO CONTESTADO

3.1 Localização e Contextualização Geográfica do Assentamento

O Assentamento Contestado está localizado na antiga Fazenda Bom Jardim,

posteriormente denominada Fazenda Santa Amélia, no município da Lapa, Paraná.

Encontra-se na porção norte do município a 15 km da sede e a 85 km de Curitiba.

O clima no município segundo a classificação climática de Koeppen, a

região possui um clima subtropical úmido, mesotérmico, com verões frescos e geadas

severas frequentes no inverno, não apresentando estação seca, com a temperatura média

entre 15 a 18º C; com umidade relativa do ar de 80 a 85%.

A principal atividade econômica do município é a agricultura. Tem um pólo

industrial próximo ao centro da cidade em pleno desenvolvimento e atividades comerciais.

No último levantamento realizado pelo IBGE em 2010 o município apresentou os

seguintes dados:

População = 44.932 habitantes

Densidade demográfica = 21,46 habitantes por km²

Zona Urbana = 27.222 habitantes

Zona Rural = 17.710 habitantes

Latitude 25‟ 46‟02 latitude sul Longitude 49‟10 longitude W Gr Altitude 908

metros acima do mar, no centro (na Gruta do Monge a altitude chega a 1.015 metros acima

do nível do mar).

Segundo dados pesquisados no documentário (Histórico do Assentamento

Contestado – ELAA), a área apresenta amplos recursos hídricos em seu interior, e é por

extenso trecho, margeada pelo Rio Iguaçu. As famílias estabeleceram avançado acordo de

preservação ambiental, fixando regras no regimento interno do Assentamento, incluindo a

proibição da caça, o que tem favorecido a reprodução da fauna silvestre, que é numerosa,

Page 25: TCC LUANA FINAL + as qualificações.pdf

25

uma vez que encontra amplo espaço seguro de sobrevivência com farta alimentação

natural.

Os 3.190 hectares estão distribuídos da seguinte forma: 1.240 hectares é área de

reserva legal, com floresta nativa e campos nativos; 1.020 hectares distribuídos em lotes

familiares para fins agropecuários; 773 hectares de reflorestamento, com eucalipto e pinus

– esta área é de gestão coletiva das 110 famílias e 167 hectares é área imprópria à

produção.

Fonte: retirado do PDA da Lapa.

3.1.1 Histórico do Assentamento Contestado e o Projeto “Sementes Para

Todos”

O Assentamento Contestado é uma conquista decisiva diretamente para as famílias

assentadas e estrategicamente para o MST, haja vista sua localização nas proximidades da

região metropolitana de Curitiba, a conquista do assentamento é fruto do processo de

negociação política do MST a nível nacional no primeiro período do governo FHC, e com

o INCRA. Em 1995, em audiência com o Presidente da República Fernando Henrique

Cardoso, os dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, apresentam a

solicitação para a desapropriação da fazenda, então o INCRA entregou às famílias sem

Page 26: TCC LUANA FINAL + as qualificações.pdf

26

terra que já ocupavam a área desde fevereiro, em ato de emissão de posse de sete de

dezembro de 1999.

O Assentamento é constituído por 108 famílias, iniciando no ano 2.000, sua área

total é de 3.180 hectares. As famílias estão organizadas em 10 núcleos de vizinhança com

média de 10 famílias cada. Em cada núcleo, ou agrovilas, há dois coordenadores, sendo

que um deve ser mulher, para a participação feminina, enquanto os demais membros

ocupam funções nas equipes de produção, educação, saúde, comunicação e cultura, infra-

estrutura, formação e finanças.

A cooperação ocorre de forma espontânea entre as famílias em distintas formas de

ajuda e solidariedade, e um grupo de famílias constituiu um sistema de cooperação em

condomínio denominado Dom José Gomes. Este grupo é constituído por um núcleo de

militantes que desempenham distintas atividades internas e externas segundo necessidades

do MST. A agroecologia foi assumida por um grupo expressivo de famílias, no entanto por

diversas razões houve desistências, sendo continuado pelo grupo Dom José Gomes e mais

algumas famílias articuladas no sistema da REDE ECOVIDA. Com a conquista da

construção da Cooperativa Terra Livre.

A coordenação geral e todas as equipes têm duas reuniões ordinárias por mês, e

dessa forma gestionam os interesses e as necessidades das famílias assentadas. Dentre as

108 famílias, 89 já estão praticando a agroecologia e destas famílias a grande maioria já

esta com toda a produção agroecológica, enquanto as demais estão em processo de

transição agroecológica, e outras 19 ainda praticam a agricultura convencional11

.

O projeto de produção de sementes para todos, trabalha no enfoque de implantar

processos de resgate, seleção, melhoramento e produção de sementes agroecológicas

comunitários na agricultura familiar, visando o redesenho dos sistemas produtivos através

da agrobiodiversidade, reforçando as redes sociais e sua sustentabilidade. O projeto é

desenvolvido pela AOPA em cooperação a FKM, foi iniciado o projeto com

aproximadamente 10 famílias, onde se estabeleceu uma unidade familiar o campo do

experimento, mas no decorrer das atividades que necessitava a serem feitas, as demais

famílias não conseguiram acompanhar o campo de experimento, finalizando assim o

11

Dados coletados a campo.

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27

grupo, mas não a produção, pois nos dias atuais as famílias estão produzindo em suas

unidades a própria produção, com um acompanhamento técnico.

Essas famílias desenvolvem a produção de hortaliças, e através do programa da

Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB abastecem instituições beneficentes e

filantrópicas com sua produção ecológica, nos municípios da Lapa, Balsa Nova e Campo

Largo, além do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos).

3.2 Um Olhar para a Produção de Sementes Agroecológicas no Assentamento

Contestado – vantagens , limites e desafios

O Movimento em seus objetivos traz claramente que luta a favor da construção de

uma sociedade, onde não haja explorados nem exploradores, a terra assim como todas as

riquezas é um bem comum e deve estar disponível a todos e todas com distribuição

igualitária, e um dos caminhos é a Reforma Agrária. Está afirmado que também é um dos

objetivos garantir que a produção da agropecuária esteja voltada para a soberania

alimentar, a eliminação da fome e ao desenvolvimento econômico e social dos

trabalhadores.

O movimento trás pra nós também isso, de resgatar nossas sementes. (Entrevista

nº3).

Nestas palavras identificamos a causa da luta do movimento pela recuperação e

resgate das sementes crioulas, nativas, da troca de sementes, que nossos antepassados

(pais, avôs, bisavôs) cultivavam, assim como as famílias do Contestado mesmo afirma que

o camponês sempre produziu semente, desde os tempos de crianças aprendendo com os

pais, faziam a escolha das melhores para serem cultivadas no ano seguinte, muitas também

produzem pouco, mas já é um sinal que há produção na unidade.

“Na verdade a produção de semente o camponês sempre faz, mesmo sem

perceber, se voltar aos tempos de criança, de ver o que nossos pais fazia

plantava, tirava um pouco pra semente e era sempre a melhor, isso é uma coisa

antiga que meus pais fazia, mesmo sem orientação”. (Entrevista nº 3).

Identifica se que a produção das sementes tem relação com os aprendizados da

infância dos camponeses sendo um costume ou um habito cultural adquirido durante a

Page 28: TCC LUANA FINAL + as qualificações.pdf

28

existência dos mesmos. Na infância aprendeu se cuidar, cultivar e melhorar a produção de

semente, isso se manifesta nos conhecimentos que as famílias do assentamento possuem.

Nós fazia as troca desde infância acompanhava a experiência da mae desde novo

me preocupei com o cuidado das sementes, porque hoje as sementes compradas

não se sabe o que tá comprando. (entrevista nº 1)

Com a produção de sementes produzidas pelo próprio camponês adquire se no meio

social em que as famílias convivem certa autonomia na produção de sementes mais

saudável, pois as mesmas passam a não depender totalmente do mercado externo e das

sementes das transnacionais.

Meu conhecimento já passa de vinte anos, a importância das sementes é que a

gente não precisa ir comprar das multinacionais. A semente que você ta

plantando a dez, vinte anos não perde a fecundidade e as compradas do mercado

não dá para produzir nem dois anos, já nascem mortas. (entrevista nº 9).

Ainda para as famílias que produzem de forma agroecológica no assentamento,

suas opiniões é que produzindo suas próprias sementes, as sementes tornam se fonte de

renda familiar agregando valor a própria semente e ao produto final.

A produção de sementes da autonomia, porque alguns tipos de sementes se a

gente não produzi não se encontrar no mercado, periga de nós acaba perdendo, a

gente esta vendo cada vez mais uma perda de variedade antiga porque

comercialmente não é importante, que nem o amendoim, a mandioca, porque a

tendência é ir padronizando. E da adubação verde se for pensar só em comprar se

tona muito caro, é só se organizar. (Entrevista nº 4).

Os camponeses tem como proposito produzir diversidade de alimento para o

campo e a cidade, isso é realizado através da comercialização da sua produção e também

de garantir as sementes para o campo, já que é um grande obstáculo que as famílias

encontram no dia a dia. O assentamento em sua trajetória sempre se preocupou com o

cuidado a terra entendendo a importância de preservar a biodiversidade e tem uma melhor

relação com a natureza e seu agroecossistema, avançando da produção convencional para a

produção agroecológica.

Sempre fui apaixonado pela natureza, nós trabalhando para os outros não dava

para plantar o que a gente queria o MST é que nem um pé de fruta ver que a

diferença do que a gente planta e o que temos convencional. A natureza é nossa,

se nós morrermos com 60 anos e os novos com 30 de tantas porcarias que come

quem esta na cidade não tem como escapar. Nós temos o prazer de comer nossos

próprios produtos. (Entrevista nº2).

Outro valor presente para as famílias na importância da produção de sementes de

hortaliças e adubação verde é a efetiva preocupação do cuidado com a vida e a

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29

disponibilidade de poder praticar experiências em diferentes épocas de plantio durante o

ano. Tendo em vista as especificidades produtivas das sementes, ou seja, temos variedades

que se desenvolvem em períodos de frio (inverno) e variedades que desenvolvem no verão.

Precisamos ter aprimoramento em conhecer a terra, o clima, desinfestação da

terra com a adubação verde, ter mais conhecimento técnico, e produzir as

próprias mudas. A falta de técnica, falta de profissionalismo, perdi a qualidade

precisa também ter estrutura montada. (Entrevista 5).

Para garantir a produção das sementes no inicio as famílias trabalhavam em uma

única Unidade de Produção coletiva. Houve varias tentativas em realizar a produção em

grupo principalmente com outro projeto de iniciativa com a BIONATUR e as ASPTA, o

qual não resultou em uma satisfatória implantação pelo fato de haver uma preocupação

exagerada somente com a comercialização, deixando de lado a preocupação em garantir

trocas de sementes de dentro do assentamento. As famílias então decidem envolver se em

um novo projeto da AOPA.

Antes do projeto da AOPA se fazia como se sabia, sem muita informação, sem

técnicas para melhorar a produção, os cuidados que se tem que ter com cada

cultivo, agora melhorou, os detalhes para aumentar a qualidade, a produção para

o assentamento e para os outros grupos da REDE ECOVIDA.(Entrevista nº4).

Nós participamos em 2004 do 2º Encontro Estadual da BIONATUR, foi

discutido que era preciso regionalizar a produção, para não precisar que as

sementes viagem. No 4º encontro discutiu se a mesma coisa, e não foi

conseguido resolve, deve se considerar os fatores climáticos, nos plantios não

tivemos resultados apropriados.O que da pra entender é a BIONATUR se

enrolou ela entrou na lógica do mercado. (entrevista nº 3).

Nos dias atuais as famílias, portanto produzem individualmente em seu

agroecossistema, através da organização do assentamento com o projeto Sementes Para

Todos. Levou se em conta o conhecimento dos camponeses para a implantação e o

fortalecimento da produção de sementes agroecológicas para o sustento familiar, a garantia

da soberania alimentar, a biodiversidade e diversidade além do camponês obter o controle

das sementes.

Para as famílias que estão envolvidas no sistema convencional, mas que produzem

partes das sementes orgânicas, também consideram a importância de estimular a produção

de sementes agroecológicas, pois essa está ligada à busca pela qualidade das sementes, dos

alimentos, visando a rentabilidade econômica. No entanto, as famílias colocam que o

tempo para se adquirirem as sementes é muito demorado, geralmente elas se preocupam

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30

em garantir a produção de alimentos e não da própria semente, por ter a necessidade de

para produzir a semente demanda de um ciclo maior da planta, e para o alimento

geralmente o ciclo é mais curto.

A produção das famílias que produzem convencional sempre foi individual, para

que possam se envolver na produção agroecológica consideram os seguintes elementos:

Para produzir a muda tem que ter recurso, precisa reativar o recurso que já se

teve no assentamento e reativar o viveiro, ter mais famílias envolvidas para

garantir a mão de obra necessária. Nós camponeses não temos recurso para

comprar tudo, temos que produzir para o sustento e o que sobra para o comércio,

nem que seja um pouquinho para cada coisa. Os camponeses são os que menos

tem que depender do mercado, ai tem uns que pega a terra e não planta nem pra

comer muito menos para vender, a terra é bom para nós. (Entrevista nº 6).

No aspecto de manejo as famílias desse sistema interpretam que para produzir

orgânico em pequena quantidade é viável mais em escala os insumos torna o plantio

inviável. Os fatores climáticos também interferem na produtividade, fazendo com que as

famílias migram de sistemas de acordo com a rentabilidade econômica.

Orgânico dá só que tem que preparar o solo eu já plantei e já deu milho tudo é

preparo do solo, solo adequado e ter as camadas certas . Utilizar arradão não é

bom estraga o solo. O produto orgânico é para o consumo, para venda em grande

quantidade não dá. (Entrevista nº 6).

Eu tinha horta orgânica mais mudei para o morango convencional só que se ele

não der resultado eu vou voltar para horta, porque para produzir o morango e o

milho convencional no final a produção não gera lucro e sim gastos. Eu tenho

grande interesse em ter todo lote orgânico. (Entrevista nº 7).

As famílias que estão envolvidas no sistema convencional efetivam a troca de

sementes entre si, tanto da própria semente, quanto aquelas sementes adquiridas dos

alimentos. Compreendendo a semente como parte da organização da autonomia, vista

também pelas famílias que produzem orgânicos como patrimônio do assentamento.

Nesse sentido, as famílias agroecológicas produzem diversas variedades de

sementes, sobretudo de hortaliças, uma pequena quantidade de adubação verde, e

quantidade significativa de sementes de grãos. As sementes não são comercializadas, são

utilizadas para o próprio plantio e replantio das safras, e também são estimuladas e

organizadas trocas e doações de sementes, sendo essa uma prática cultural enraizada nas

famílias.

Nas feiras de sementes foi trocado mucuna, ervilhaca, mandioca, sempre que

tiver oportunidades. (Entrevista nº5).

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31

O olhar que as famílias agroecológicas e convencionais têm em relação às

vantagens da produção de sementes de hortaliças e adubação verde, se expressa na

importância de se resgatar as sementes compreendendo que ela é o futuro da humanidade.

Tendo o controle das sementes os camponeses garantem a soberania alimentar e a

diversidade da semente e do alimento, além de produzir cultura e diversidade. Com a

produção de sementes os camponeses tem possibilidade de unificar sua unidade de

produção. Tendo como objetivo principal suprir sua necessidade imediata e o excedente

comercializar, além de realizar a troca com as famílias envolvidas ou não no projeto.

Com a iniciativa do projeto avançou a relação entre o técnico e o camponês, as

famílias passaram a serem informadas e capacitadas nas técnicas produtivas, em relação ao

manejo e a preservação das sementes. E ainda existe uma possibilidade relatada pelos

camponeses de que o assentamento se torne uma unidade de beneficiamento de semente.

O projeto oferece ainda para os camponeses a busca de novos conhecimentos,

entendendo a necessidade de aprimorar os saberes conjuntamente com a equipe técnica

envolvida.

A produção de sementes chama a atenção das famílias pelo fato de propiciar renda

econômica, para garantia do sustento familiar, já que ela é bastante valorizada no mercado.

Outro fator positivo na produção foi o interesse despertado em vizinhos que não participam

do projeto, mas que no contato hoje produzem também sementes.

O projeto por, tanto trouxe presente o desejo de produzir, os camponeses

passaram a perceber que produzir orgânico dá certo, ele traz nossa fonte de

renda.... temos semente de alho, amendoim e sementes em forma muda,

trocamos sementes temos diversidade na horta, temos sementes até de londrina,

variedade de cará , alçafrão, gengibre, e também tem bastante frutíferas que

estamos reproduzindo, estamos tentando acriola, sempre a categoria F1.

(Entrevista nº3).

Embora o projeto envolva grande parte das famílias, as mesmas possuem muitos

limites em produzir sementes, que precisam serem superados, em relação a influência de

fatores climáticos, da região a exemplo, umidade relativa do ar, fortes ventos, pouca

incidência de luz, que representam uma perca na produtividade, além disso existe também

limites em relação a condição do solo, no assentamento predominas se solo arenoso, com

baixo teor de matéria orgânica, e o solo deteriorizado pelo influente uso intensivo de

maquinários e equipamentos inapropriados a pequena produção.

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A produção ainda é bastante dependente de insumos externos, pelas famílias não

aproveitarem os recursos naturais existentes dentro do agroecossistema, como exemplo, o

esterco de animais, sendo, portanto dependentes da aquisição de insumos. Outro fator

limitante das famílias manejarem a produção é a pouca força de trabalho existente nas

famílias para conduzirem os seus agroecossistemas, entendendo que para plantar e produzir

sementes, a mesma demanda de maior cuidado.

No inicio da implantação do projeto, a produção era organizada em apenas uma

área de unidade produtiva a qual sérvio de experimento, desta iniciativa. Com a

impossibilidade das famílias não conseguirem se deslocar ao local, foi criado a forma atual

de implantação de semente, o qual individualizou o projeto.

Em relação aos desafios que as famílias encontram em produzir suas próprias

sementes, é de reunir o coletivo para planejar o desenvolvimento das atividades. Tem-se

também como desafio construir um viveiro individual ou coletivo, que supra a necessidade

e a demanda das famílias envolvidas ou não no projeto.

De acordo ainda com as famílias, é preciso garantir a comercialização coletiva e

não parcial das sementes produzidas no assentamento, pois tem se iniciativa isolada, que

não é suficiente para atender além, das famílias do assentamento, as comunidades

camponesas.

É um projeto lento de produzir sementes, mas é audacioso. A semente é da gente

e se quiser comer, doar, isso é ter autonomia. Temos como objetivo sermos

produtores de sementes e também militantes e mais, participar da igreja. O

desafio é à força de trabalho, e também precisamos retomar a produção de milho,

porque no mercado não se acha mais semente agroecológica. (Entrevista nº 3).

Para as famílias é importante garantir além da produção de sementes de hortaliças e

adubação verde, a produção de grãos. As sementes de grãos foram sendo habitualmente

perdidas, em virtude das consequências do sistema convencional de produção. Destaca se

também a dificuldade das famílias em implementar a produção de adubação verde nos

seus agroecossistemas, havendo pouco interesse em obter essa semente.

Percebe se, portanto a efetiva contribuição da produção de sementes de hortaliças e

adubação verde para os camponeses, e também para o campesinato. Mesma tendo em

vista, que este projeto é de caráter inicial, as famílias estão compreendendo cada vez mais

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a extrema importância de o camponês consolidar sua autonomia econômica, politica e

social, pois na agroecologia devemos considerar que todos estes fatores são essenciais

para a implantação e fortalecimento da agricultura agroecológica.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realidade que o campesinato vem enfrentando na área da produção de

sementes é cada vez mais delicado esta situação, por isso, enquanto tecnólogos em

Agroecologia o nosso compromisso junto aos movimentos sociais, está na contribuição às

bases, com os assentados, com as comunidades, a fim de proporcionar a todos camponeses

e camponesas que cultivem seus saberes, suas crenças, fazendo com que o resgate e a

cultura camponesa tenham sua chama sempre acessa, forte e que nunca se apague, pois só

assim é que teremos a soberania alimentar à nossa nação.

Durante a realização deste trabalho, identifiquei alguns elementos em torno da produção de

sementes que considero de fundamental relevância para auxiliar nos debates e práticas dos

camponeses em especial do Assentamento Contestado, o qual contribui nesta pesquisa.

Primeiramente percebe se que as famílias entram no projeto pelo fator econômico, e pela

possibilidade de garantir a renda familiar dos assentados. Com o envolvimento e a

participação das mesmas na organização do projeto as famílias despertam se para a

importância da produção de sementes no assentamento e também para a agricultura

camponesa. Elas entendem que a produção de sementes envolve a garantia da autonomia

camponesa e da soberania alimentar.

Passa se então introduzir nas famílias uma nova concepção de vida que não diz respeito

apenas ao aspecto econômico, envolve diversas relações, sejam elas de fator meramente

econômico até os aspectos mais políticos e sociais que movimenta a relação cultural das

famílias do assentamento contestado.

Percebi certa presença de pertença ao movimento o qual os camponeses estão organizados,

tendo como referencia os princípios e valores que norteiam seu movimento social em torno

do debate da produção Agroecologia, ganhando a cada dia mais força, no sentido de criar

caminhos para a sustentabilidade econômica, política, cultural e social.

No dialogo com as famílias identifiquei que elas visualizam de forma confusa as sementes,

elas manifestaram suas opiniões, mas no sentido da produção de sementes como alimento,

do que a semente como garantia do patrimônio cultural dos povos. Isso acontece pelo fator

de as famílias estarem envolvidas na entrega da sua produção de alimentos para programas

governamentais.

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Existe no pensamento das famílias que a produção orgânica e a produção agroecológica

são tratadas da mesma maneira, não sabendo distinguir com clareza a diferença que

existem entre os diferentes sistemas de produção, tratados nesse trabalho.

Enquanto tecnólogo em agroecologia, entendo, que a diferença entre um sistema e outro se

define na seguinte questão: onde o orgânico é a substituição de insumos químicos por

insumos orgânicos, além de não complementar toda a produção sem venenos de todo o

agroecossistema, ou seja, apenas uma parte do agroecossistema não é utilizado produtos

químicos. E na produção agroecológica é mais dinâmica por entender que um

agroecossistema agroecológico é um conjunto de relações onde tudo está interligado na

garantia da sustentabilidade familiar, na diversidade de espécies, e na construção da

soberania alimentar.

Desenvolver pesquisas e tecnologias agroecológicas adequadas aos agroecossistemas, que

promovam a sustentabilidade cultural, social, econômica e ambiental, além da elevação da

produtividade do trabalho e da terra, são tecnologias adequadas às realidades vividas,

preservação sempre a natureza e todo seu conjunto natural em equilíbrio.

Observei que os desafios que as famílias possuem em produzir suas sementes,

estão sendo superados, primeiramente para resgatar suas culturas, terem a liberdade e

autonomia em plantar seus produtos, ou seja, tem vasta importância no aspecto cultural,

social e econômico, pois assim as famílias também garante sua renda quando passam a

produzir suas próprias sementes não dependendo das empresas para obter as sementes e

mudas, tornando assim a sua produção e seu agroecossistema sustentável.

É a partir de iniciativas, dos movimentos sociais que existe a preocupação da

segurança da vida, da soberania alimentar, gerando assim, um meio onde possa causar nos

demais, a pertença a este compromisso da classe trabalhadora social em garantir a geração

e continuidade da vida na terra. As sementes são o início da vida, se inicia com elas o

processo da vida e da germinação. Produzir sementes é produzir soberania alimentar.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Agricultoras, Povos e Comunidades Tradicionais

ANEXOS

ANEXO 1 – Entrevista semiestruturada com o grupo gestor projeto AOPA do

Assentamento Contestado – Grupo 1:

1. O que a família pensa em relação à produção própria de semente de hortaliças e

adubação verde agroecológicas?

2. Como ocorre a organização de produção agroecológica dentro do Assentamento

Contestado? O trabalho é coletivo ou individual?

3. Trabalham com quantos tipos de sementes? Conseguem ser independentes em

alguma delas?

4. Fazem troca de sementes? Por quê? E como acontece?

5. Em relação ao projeto de produção de sementes até hoje o que a família avalia de:

a) Avanços;

b) Dificuldades;

c) Desafios para melhorar adiante.

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ANEXO 2 – Entrevista semiestruturada com famílias de produção agroecológicas

não envolvidas no projeto – Grupo 2:

1. O que a família pensa em relação à produção própria de semente de hortaliças e

adubação verde agroecológicas?

2. Como ocorre a organização de produção agroecológica dentro do Assentamento

Contestado? O trabalho é coletivo ou individual?

3. Trabalham com quantos tipos de sementes? Conseguem ser independentes em

alguma delas?

4. Fazem troca de sementes? Por quê? E como acontece?

5. Quais são os desafios para serem superados? E como podemos melhorar a produção

de sementes agroecológicas?

ANEXO 3 – Entrevista semiestruturada com as famílias do Assentamento Contestado que

produzem convencionalmente – Grupo 3:

1. O que a família pensa em relação à produção própria de semente de hortaliças e

adubação verde agroecológicas?

2. Como ocorre a organização de produção agroecológica dentro do Assentamento

Contestado? O trabalho é coletivo ou individual?

3. Trabalham com quantos tipos de sementes? Conseguem ser independentes em

alguma delas?

4. Fazem troca de sementes? Por quê? E como acontece?

5. Quais as dificuldades que a família encontra para não produzir agroecológico?