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FRANCISCO ELDER CABRAL JUNIOR GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS EM EMPRESA DE PROJETOS DE ENGENHARIA Trabalho apresentado ao curso MBA em Gestão Empresarial com ênfase em Gerenciamento de Projetos Pós- Graduação lato sensu, da Fundação Getúlio Vargas como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Gerenciamento de Projetos. ORIENTADOR: Prof.ª Marta Cardoso de Lima da Costa Rego Rio de Janeiro - RJ Setembro/ 2011

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GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS EM EMPRESA DE PROJETOS DE ENGENHARIA

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Page 1: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

FRANCISCO ELDER CABRAL JUNIOR

GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS EM EMPRESA DE

PROJETOS DE ENGENHARIA

Trabalho apresentado ao curso MBA em

Gestão Empresarial com ênfase em

Gerenciamento de Projetos Pós-

Graduação lato sensu, da Fundação

Getúlio Vargas como requisito parcial para

a obtenção do Grau de Especialista em

Gerenciamento de Projetos.

ORIENTADOR: Prof.ª Marta Cardoso de Lima da Costa R ego

Rio de Janeiro - RJ

Setembro/ 2011

Page 2: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

i

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

PROGRAMA FGV Management

MBA em Gerenciamento de Projetos

O Trabalho de Conclusão de Curso

GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS EM EMPRESA DE PROJETOS DE

ENGENHARIA

elaborado por Francisco Elder Cabral Junior

e aprovado pela Coordenação Acadêmica do curso de MBA em Gestão Empresarial

com ênfase em Gerenciamento de Projetos, foi aceito como requisito parcial para a

obtenção do certificado do curso de pós-graduação, nível de especialização da FGV.

Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2011.

André Baptista Barcaui

Coordenador Acadêmico Executivo

Marta Cardoso de Lima da Costa Rego

Prof. Orientador

Page 3: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

ii

TERMO DE COMPROMISSO

O(a) aluno(a) Francisco Elder Cabral Junior, abaixo assinado, do curso MBA em

Gerenciamento de Projetos, Turma GP-55 BOTA, realizado nas dependências da

FGV, no período de 01/04/10 a 21/06/11, declara que o conteúdo do Trabalho de

Conclusão de Curso intitulado Gerenciamento de Mudanças em Empresa de

Projetos de Engenharia, é autêntico, original e de sua autoria exclusiva.

Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2011.

Francisco Elder Cabral Junior

Page 4: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

iii

Dedicatória:

Dedico este trabalho à minha

companheira Marília, que me deu a força

e o incentivo para volta a sala de aula, e a

minha família que foi responsável por

moldar o meu caráter.

Page 5: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

iv

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, que me acompanhou nas 'intempéries e nas borrascas do

questionamento', eliminando as minhas dúvidas, e que, magistralmente, orientou o

meu pensamento para tirar minhas ideias das pontas dos meus dedos e transportá-

las para as páginas desse trabalho.

Ao Sr. Mário Santos e a Srª. Cintia Pimentel, diretores da Exactum Consultoria

e Projetos, pelo apoio e incentivo para fazer este curso;

Aos meus professores do curso de MBA da FGV, em especial, ao professor

Fábio Bahia, que me forneceu a ideia e me auxiliou na execução, dando-me

subsídios realizar este estudo.

Ao colega de Instituto Militar de Engenharia, Luciano Sales, pelo apoio e pelas

indicações bibliográficas.

Ao restaurante e bar Chic do Rio Sul, na figura de um dos seus donos, Sr.

Beto, que me cedeu um espaço para ler os tantos livros que viraram tantas citações.

Ao meu querido cachorro, Iupe. Ele que foi meu companheiro nas noites mal

dormidas, que ficou com sua cabeça em cima do meu pé enquanto nas madrugadas

escrevia partes desse trabalho.

À minha esposa e companheira, Marília, que entendeu minha ausência em

alguns momentos, entendeu as “reuniões do escritório”, que aconteciam depois das

provas, e que me deu a força e o incentivo para voltar à sala de aula e a continuar

os meus estudos.

A Deus, por tudo que Ele tem me dado, por atender as minhas preces e por ter-

me dado paciência e tempo para compreender algumas questões sobre o existir-no-

mundo.

Page 6: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

v

RESUMO

Neste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica buscando as relações

entre metodologias tradicionais de gerenciamentos de projeto, boas práticas

defendidas pelo Project Management Institute (PMI), e as metodologias ágeis de

gerenciamento de projetos. O autor do trabalho mostra as origens do gerenciamento

de projetos e enfatiza no estudo do gerenciamento de mudanças em projetos,

buscando o enfoque de como essas duas metodologias citadas tratam o

atendimento das solicitações de mudanças que ocorrem durante o projeto.

Palavras Chave: metodologias ágeis, gerenciamento de mudanças.

Page 7: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

vi

ABSTRACT

In this work was realized a bibliography research looking for the relation

between the traditional methodology of project management, good practices

advocated by Project Management Institute (PMI), and the agile methodologies of

the project management. The work shows the origins of the project management

and emphasizes the study in the change management in project, seeking to focus as

these methodologies treat change requests in the project.

Key Words: agile methodologies, change management

Page 8: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

vii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10

2. HISTÓRICO DO GENRECIAMENTO DE PROJETOS .............................................. 11

3. METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS ..................................... 25

METODOLOGIA PMI (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE) .................................................... 29

METODOLOGIA APM (AGILE PROJECT MANAGEMENT) ......................................................... 38

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS METODOLOGIAS .............................................................. 44

4. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 50

Page 9: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Pirâmide de Gizé ................................................................................................ 11

Figura 2 – Muralha da China ................................................................................................ 12

Figura 3 – Coliseu de Roma ................................................................................................ 13

Figura 4 – Parthenon ........................................................................................................... 13

Page 10: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

ix

LISTA QUADROS

Quadro 1 – Os processos do PMBOK ................................................................................. 22

Quadro 2 – Diferenças entre uma abordagem tradicional e uma adaptável ......................... 43

Page 11: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

10

1. INTRODUÇÃO

Neste trabalho tem como objetivo mostrar ao leitor a importância do

gerenciamento de mudanças para o gerenciamento de projeto e como as

metodologias consagradas recomendam que o tema seja tratado. Em todo projeto

pode acontecer mudanças no decorrer do mesmo, será visto o quanto é fundamental

ser adaptar rapidamente a essas mudanças.

No segundo capítulo será feito um breve histórico do gerenciamento do projeto,

de sua evolução durante os anos. Desde quando não era conhecido com esse nome

nas pirâmides do Egito até as boas práticas defendidas pelo Project Management

Institute (PMI), passando por experiência em projetos modernos que criaram

ferramentas importantes com o PERT e os gráficos de Gantt.

No terceiro capítulo será retratado um contexto geral do gerenciamento de

mudanças em projeto, sua importância dentro do projeto e como alguns autores

tratam esse tema. Posteriormente será feito um resumo da metodologia aplicada

pela PMI com relação a mudanças no decorrer do projeto, quais os processos que

são realizados quando há uma solicitação de mudança e como essa é

implementada. Em seguida será exposta uma metodologia diferente para se tratar

das mudanças em projeto conhecida como Agile Project Management traduzindo,

Gerenciamento Ágil de Projetos. Será feito um pequeno histórico do surgimento de

tal metodologia com diversas citações de autores renomados no tema. E finalmente

serão apontadas as principais diferenças entre as duas metodologias

A seguir uma breve conclusão sobre a aplicação de tais metodologias no

gerenciamento de projeto. Quais os aspectos que devem ser levados em conta para

que se possa tomar a decisão de qual metodologia melhor se adequa ao tipo de

projeto que o gerente de projetos está envolvido.

Page 12: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

11

2. HISTÓRICO DO GENRECIAMENTO DE PROJETOS

Sabendo de sua importância para entendimento do tema, esse capítulo será

iniciado por um breve contexto histórico do gerenciamento de projetos. Esse tema é

relativamente recente, seus estudos constam de meados do século passado (2007,

p. 17). Apesar de ser uma novidade, seus conceitos eram usados mesmo antes do

nome Gerenciamento de Projetos.

A história nos remete a grandes obras da humanidade, como por exemplo, as

famosas pirâmides do Egito, mais especificamente a Pirâmide de Gizé. Na sua

construção foram necessários cerca de 100 mil trabalhadores e levou cerca de 30

anos para ser construída1. Mesmo naquela época existia a figura o único

responsável pelas tarefas dos “trabalhadores” que eram na verdade os escravos

hebreus. Além de uma logística gigantesca para se trabalhar com tantas pessoas ao

mesmo tempo, tinha o controle de conflito que sempre estava presente, já que os

trabalhadores em questão não estavam contentes por trabalhar como escravos.

Apesar do sucesso de sua construção podemos citar problemas que ocorreram

durante sua construção como a negociação entre o “Sponsor” do projeto, o Faraó, e

Moisés que estava representando o povo hebreu. O que culminou com a fuga do

povo hebreu pelo Mar Vermelho que nos dias de hoje equivaleria a falta de mão de

obra.

Figura 1 – Pirâmide de Gizé Fonte: http://www.loc.gov

1 Site http://www.portalsaofrancisco.com.br/ acessado em 13/04/2011

Page 13: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

12

A construção da Muralha da China, uma construção feita no ano 221 a.C. por

determinação do Imperador Qin Shihuang. A muralha foi construída com o objetivo

de proteger o reinado das invasões do povo Mongol. Durante a dinastia Qin tinha

três quilômetros de extensão, porém durante a ascensão da dinastia Han os

trabalhos de reconstrução foram retomados por volta de 206 a.C. e finalmente

chegando ao formato atual no século XV durante a dinastia Ming, chegando a uma

extensão total de 8850 mil quilômetros2. Esta é uma das construções feitas pelo

homem que pode ser vista até mesmo do espaço.

Figura 2 – Muralha da China Fonte: http://www.panoramio.com/photo/11611768

Para citar construções ocidentais de renomado vulto pode-se citar a construção

do Coliseu de Roma e o Parthenon na Grécia. O Coliseu é uma exceção aos

anfiteatros da época por conta de sua grandiosidade. Tinha capacidade para 50 mil

pessoas, 48 metros de altura e cerca de 80 entradas e saídas. Foi construído em

cerca de 8 a 10 anos por volta de 70 a 90 a.C, sendo iniciado pelo imperador

Vespasiano e concluído pelo imperador Tito. Nessa construção já foram usadas

tecnologias de engenharia com o concreto e a drenagem de um lago no lugar que ia

ser construído o Coliseu3.

2 Site http://fortalezasmultimidia.com.br. Acesso: 16 abr. 2011

3 Site http://www.nea.uerj.br/publica/e-books/mediterraneo1/DOC/Leandro%20Gaviao.pdf. Acesso: 11 jun. 2011

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Figura 3 – Coliseu de Roma Fonte: http://www.panoramio.com/photo/41281226

Com relação ao Pathernon foi, ele construído como um templo para o culto a

Deusa grega Athenas. Foi construído por volta do século V a.C na Acrópole de

Atenas. Parte dessa estrutura esta de pé até hoje e é um dos edifícios mais

conhecidos na Grécia. O Pathenon foi construído para substituir um templo que

havia sido destruído pela invasão persa. Nessa construção já havia a figura de um

responsável centralizado, Fidias que era o responsável pela estabilidade estrutural e

Iktinos que era o arquiteto4.

Figura 4 – Parthenon http://www.panoramio.com/photo/1245481

Uma característica comum entre essas obras citadas é que a variável tempo

não era fundamental, muitos dos “Sponsors” dessas obras não chegaram a vê-las

prontas. Porém mais recentemente com as mudanças que aconteceram depois da

4 Site http://odysseus.culture.gr/ Acesso: 16 abr. 2011

Page 15: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

14

Revolução Industrial e ascensão do capitalismo o tempo passou a ser levado em

conta e não somente isso, o tempo se tornou uma variável tão importante quanto o

custo. Afinal de contas o mundo estava mudando e cada vez mais aconteciam

avanços tecnológicos que faziam as construções ficarem prontas cada vez mais

rápidas.

Era uma época de empreendedorismo, o volume de dinheiro era grande e a

participação do governo era mínima com uma regulamentação simples. As primeiras

teorias do gerenciamento de projeto surgiam principalmente com Taylor (1911) e

Gantt (1919) que eram baseadas em regras simples de administração e

organização.

Henry Gantt desenvolveu para a marinha americana um sistema de controle

que é muito famoso até os dias de hoje, os gráficos de barras de Gantt. Há uma

divergência entre alguns autores de quando essa ferramenta foi usada pela primeira

vez. Valle (2007, p. 25) cita que o método foi utilizado nas construções de navios

durante a Primeira Guerra Mundial, já Peter W. G. Morris em The Management of

Project citado por Fábio Braga de Oliveira (OLIVEIRA, 2009) fala que essa

ferramenta foi utilizada durante a produção do Frankford Arsenal em 1917.

No mesmo trabalho o autor cita que durante os anos 20 e 30 algumas técnicas

de gerenciamento de projetos começaram a ser usadas por algumas empresas

como a Procter and Glambe e a Exxon e pela US Air Corps. Nessa época as

empresas eram organizadas ou de maneiras piramidal ou funcional onde há pouca

interação entra as áreas, pois está organizada em cadeias de comando.

A indústria militar foi a impulsionadora para o desenvolvimento do

gerenciamento de projeto. Com a guerra da Coréia e o medo da Guerra Fria

aumentou a necessidade de melhores coordenações entre a engenharia e a

produção. Durante os anos 50 o departamento de defesa dos Estados Unidos

passou a utilizar técnicas como o PERT (Program evaluation and review technique)

nos projetos de aeronaves e mísseis de longos alcance como o Atlas e o Polaris.

Nesse mesmo período a Du Pont, empresa da indústria de construção, passou a

utilizar o CPM (Critical Path Method) em seus projetos, esse método é conhecido no

Brasil com o Método do Caminho Crítico.

Page 16: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

15

Nos anos 60 com a chegada a presidência de John Kennedy e junto com ele

Robert McNamarra como Secretário de Defesa uma série de processos foram

adotados na USAF (United States Air Force). Uma ferramenta muito importante no

Gerenciamento de Projeto foi usada nessa época, a EAP (Estrutura Analítica de

Projetos) ou WBS (Work Breakdown Structure). Essa técnica foi utilizada durante a

corrida espacial pela NASA no programa Apollo por um defeito conhecido da

ferramenta PERT no controle de custos (OLIVEIRA, 2009). E para acompanhamento

de maneira dinâmica os relatórios de custos foi desenvolvido o sistema de valor

agregado (Earned Value System).

Esses e outros projetos são referências da capacidade humana de conduzir

grandes projetos com sucesso. Mas afinal de contas, o que é um projeto e qual o

verdadeiro significado do sucesso.

Segundo o PMBOK5 projeto “é um esforço temporário empreendido para criar

um produto, serviço ou resultado exclusivo”. Ainda de acordo com a Norma

ISO 10.006 (Diretrizes para Qualidade de Gerenciamento de Projetos), o projeto é

“um processo único, consistindo de um grupo de atividades coordenadas e

controladas com datas de inicio e término, empreendido para o alcance de um

objetivo conforme requisitos específicos, incluindo limitações de tempo, custo e

recursos.” Assim os projetos guardam algumas características únicas: aprendizado

por meios de erros, temporariedade, singularidade, progressividade (VALLE,

PEREIRA, et al., 2007).

Todo projeto pode haver erros. Isso não exime os projetos similares no futuro

de não terem erros, mas também não quer dizer que vamos continuar cometendo os

mesmo erros para sempre. Afinal de contas o fracasso faz com que as pessoas

prestem mais atenção para que elas não cometam os mesmos erros novamente.

Cada projeto é um aprendizado para os projetos futuros, empresas como a Boeing

mantêm um banco de dados com erros de projetos anteriores (VALLE, PEREIRA, et

al., 2007).

5 PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE – PMI. Guia PMBOK é um guia dos conjuntos de

conhecimentos do gerenciamento de projetos que será abordado mais a frente.

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A indústria aeronáutica investe pesado para aprender com os erros cometidos.

Um exemplo disso foi o acidente do voo 4590 da Air France de um avião do tipo

Concorde que ocorreu em 25 de julho de 2000. Um dos motores incendiou e o avião

caiu logo depois da decolagem matando todos os passageiros a bordo. A causa do

acidente era desconhecida, até porque o Concorde era um dos aviões mais seguros

da época. Feita uma investigação em torno do acidente descobriu-se uma peça de

metal solta na pista do aeroporto Charles De Gaulle que houvera se soltado de um

avião DC-10 que havia decolado antes do avião Concorde. Os Investigadores

descobriram que a peça de metal havia cortado um dos pneus do avião, que

desprendeu um pedaço de borracha e danificou o trem de pouco. O pedaço de

borracha também atingiu o tanque de combustível e a fagulhas dos fios do trem de

pouso iniciaram o acidente que terminou com a morte das 109 pessoas a bordo. O

projeto dos tanques e principalmente dos pneus foram repensados, criando um

revestimento ao redor dos tanques e pneus mais resistentes. Infelizmente, isso não

foi suficiente para impedir a aposentaria dos aviões em 2003. Porém as melhorias

nas tecnologias ainda são utilizadas nos aviões comercias de hoje em dia. Com isso

aprendemos que em projetos as falhas têm que ser discutas e não escondidas.

Todo projeto tem inicio, meio e fim, ele só para quando seus objetivos são

alcançados, quando ele não é mais necessário ou quando alcançar seu objetivo não

é mais economicamente viável. Isso consiste a temporariedade dos projetos.

Todo projeto é único, isto é singular, eles geram produtos ou serviços únicos.

Mesmo sendo o mesmo projeto, empresas diferentes irão gerenciá-los de maneira

diferente, pois a implementação da gerência de projeto deve ter como base a cultura

de cada organização.

Todo projeto também é progressivo e contínuo, isto é, são organizados por

etapas cronológicas. Essa é a característica de sua progressividade.

Os projetos vão além da porta das empresas, por isso é uma das ferramentas

para o desenvolvimento dos objetivos estratégicos da empresa. Mas para

implementar a visão estratégica das empresas, os projetos precisam ter sucesso.

Mas quem diz que o projeto foi ou não um sucesso? Segundo Thomas A. Stewart

citado por Kerzner (2006, p. 16).

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17

Quando uma empresa deixa de ser definida por seus departamentos funcionais e se torna um portfólio de projetos e processos é mais fácil obter-se crédito por um sucesso. Os resultados logo aparecem e são óbvios. Da mesma forma, torna-se difícil jogar culpa de algum fracasso sobre “eles”, pois “eles” fazem, cada vez mais, parte de sua equipe multifuncional de projetos. (STEWART, 1997).

Segundo Valle (2007, p. 57) as características para um projeto ser considerado

bem sucedido ele deve produzir todas as entregas que foram nele planejadas, ele

deve completar esses objetivos dentro dos prazos estabelecidos previamente, deve

ser executado dentro do orçamento acordado e ter sido entregue com todas as

especificações funcionais, de performance e de qualidade. Esse projeto alcançou

todas as metas, objetivos, propósitos e finalmente, atingiu todas as expectativas das

partes interessadas, ou seja, os stakeholders.

Porém Kerzner (2006, p. 41) fala que o sucesso definido como a conclusão na

programação, no prazo, no custo e no nível de qualidade pré-estabelecido pelo

cliente é uma visão incompleta do sucesso. Afinal qualquer projeto poderá atingir o

sucesso com a interferência de gerente de projeto que usa sua força e repressão

para atingi-lo. Mas isso de maneira alguma significa que esse atingiu o sucesso

através da gestão de projetos.

A visão moderna, ainda segundo o mesmo autor, é formada por dois tipos de

fatores. Os primários que consistem em cumprir o prazo, o orçamento e a qualidade

e os secundários que consistem na aceitação do cliente, na referência pelo cliente

do trabalho de acompanhamento, do sucesso financeiro, superioridade técnica,

alinhamento do projeto, regulamentação pelas agências de regulamentação, saúde

e segurança, proteção ambiental, reputação da empresa, alinhamento dos

funcionários e conduta ética. Assim a “definição absoluta de sucesso será

visualizada quando o cliente estiver tão satisfeito com os resultados que permitirá a

utilização de seu nome como referência”. (KERZNER, 2006, p. 42)

Os principais motivos para o insucesso de um projeto são a falta de

alinhamento da organização, falta de um escopo realista, falta de infraestrutura para

o projeto, falta de uma metodologia formal de gerenciamento de projeto, falta de

estimativas confiáveis e a falta de habilidade dos recursos humanos (VALLE,

PEREIRA, et al., 2007). Quando todos os envolvidos no projeto não têm a mesma

visão do mesmo, esse projeto está fadado ao fracasso. Só será possível alcançar o

Page 19: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

18

sucesso se esse for o objetivo que todos os envolvidos. Da mesma forma quanto

maior for o projeto, mais difícil será para conduzi-lo, assim haverá um aumento das

chances de insucesso. É uma prática comum dividir projetos grandes em projetos

menores independentes, para melhor gerenciá-los.

A infraestrutura pode ser um fator crucial para o sucesso do projeto, isso inclui,

por exemplo, o investimento em softwares que auxiliam na execução do projeto. Por

exemplo, não há como pensar em conduzir um projeto estrutural de um edifício sem

o auxilio de programas de cálculo estrutural.

Muitos gerentes de projeto conduzem seus projetos sem uma metodologia

consagrada, eles trabalham de forma empírica sem fundamentação em nenhuma

metodologia determinada ou sistematicamente organizada. Acham que sempre deu

certo da maneira que conduziram seus projetos e não procuram conhecer as boas

práticas reconhecidas na atualidade.

As estimativas de projetos são um grande gargalo no gerenciamento de

projetos. Muitas empresas não possuem um banco de informações dos projetos

anteriores. Assim não se tem como fazer uma estimativa precisa dos prazos e

custos, que é exigida para o uso de técnica como o PERT (Program Evaluation and

Review Technique), por exemplo. Esse banco de informações é especialmente

importante principalmente quando se pretende participar de concorrências públicas.

A falta de habilidade dos recursos humanos que não atendem as necessidades

do projeto por uma porção de fatores como a formação técnica da equipe, a

disponibilidade no mercado de profissionais qualificados, treinamento prévio para os

nivelamentos dos recursos humanos entre outros. O gerente de projeto é

responsável pela condução da equipe e para isso ele precisa ter uma série de

habilidades muito particulares, como conduzir as comunicações do projeto, isto é, a

troca de informações. Ele que influenciará a equipe envolvida no projeto, que terá

um papel de liderança, de motivação e, por vezes, terá que realizar negociações e

administrar conflitos dentro e fora da equipe e ainda revolvendo problemas que

podem aparecer durante todas as fases do projeto.

O gerente de projetos é responsável por reunir as informações e as transformar

em resultados segundo Thomas A. Stewart citado por Harold Kerzner (2006, p. 16).

Page 20: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

19

Stewart chega a comparar os velhos gerentes a dinossauros que agem pela força e

compara os gerentes de projeto a mamíferos superiores que cada vez mais

precisam viver pela sua inteligência ao invés de sua força. O gerente de projeto é

cada vez mais um gestor integrado, muitas vezes multidisciplinar, do que um

especialista técnico.

Entre as diversas atribuições do gerente de projeto estão a identificação das

necessidades dos projetos, estabelecimento dos objetivos, claros e mensuráveis,

atender as expectativas de todos os Stakeholders, a fazer o sutil equilíbrio entre a

qualidade, o escopo, o tempo e o custo.

Porém segundo Barcaui (2010) a evolução de uma organização não tão trivial,

sendo necessária uma adaptação e muitas vezes uma mudança no modo de

operacionalizar e de pensar para se poder evoluir. Cada novo passo ao encontro da

mudança, e cada nova mudança um novo projeto. Mas porque há tanta resistência

para a mudança?

Primeiramente, o porquê mudar o modo de conduzir os projetos. Quando a

gestão de projetos é combinada com o gerenciamento de mudanças (item que

falaremos mais a frente) a organização será capaz de reagir às mudanças com a

rapidez exigida pelo cliente, reduzirá o impacto da mudança no orçamento e na

programação do projeto, aumentará a adição de valores em nome dos clientes, terá

boas relações com os clientes o que os deixará mais satisfeitos. E ainda permitirá

uma tomada de decisão mais rápida e maximizará iniciativas nas organizações,

privilegiando o foco e a comunicação aberta.

Segundo Harold Kerzner (2006, p. 15): “O desafio para quem não quer ser

apenas uma empresa no mercado está em gerenciar atividades nunca realizadas no

passado e que podem jamais vir a se repetir no futuro.” Mais uma vez a pergunta

retorna, por que há tanta resistência a mudança das metodologias adotadas?

Um fato que contribuiu para a resistência a mudança foi o fato da preferência

da alta gerência em manter o status quo por interesses próprios ou dos executivos e

não pelo bem da empresa. Existe fatores que influenciam a empresa aceitar a

gestão de projetos. Primeiro internamente quando a alta gerência passa a descobrir

os benefícios do gerenciamento de projeto à medida que monitora os resultados

Page 21: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

20

obtidos. Segundo fatores externos como a concorrência, clientes esperam baixo

custo e a utilização das metodologias de gerenciamento em seu projeto. Padrões de

qualidades, os clientes estão cada vez mais exigentes quanto à qualidade e a

inexistência de falha. Resultados financeiros, o cliente deseja baixar os custos para

maximizar os lucros. Preocupações Legais, hoje em dia principalmente as

ambientais. Fatores tecnológicos, como a tecnologia avançada o cliente espera um

menor preço. As preocupações sociais, hoje as empresas se preocupam com seu

empregado e quer um planejamento bem feito para evitar a realização de horas

extras. Fatores políticos, já que empresas globais precisam estar alinhadas em todo

o mundo. Pressão econômica, hoje há uma necessidade e uma pressão para

realizar os mesmos trabalhos em menos tempo. Preocupações com os acionistas,

se a empresa for de capital aberto os acionistas fazem pressão para diminuição dos

custos.

Vê-se que existe uma pressão competitiva para a adoção de metodologias de

Gerenciamento de Projeto. Nesse trabalho focaremos na metodologia do Project

Management Institute (PMI) e na Metodologia de Gerenciamento Ágil de Projetos

(APM – Agile Project Manegement). Mas vale salientar que existem outras

instituições de gerenciamento de projetos como a International Organization for

Standartdization (ISO), International Electrotechnical Commission (IEC), e a

International Project Management Association (IPMA).

O PMI foi fundado em 1969 e é sediado na Filadélfia nos Estados Unidos, ele é

uma das principais associações de gerenciamento de projeto e atualmente conta

com mais de 500mil associados6. Fez seu primeiro congresso em 1970 e no mesmo

ano abriu sua primeira sede regional. Em 1980 foi criado um código de ética para a

profissão e uma certificação internacional o Project Management Professional (PMP)

e hoje consta cerca 400 mil certificados emitidos até o final de 20107.

6 Site http://www.pmi.org/About-Us.aspx. Acesso: 12 jun. 2011

7 Site: http://www.pmi.org/GLOBALS/~/media/Files/PDF/Certification/PMI235%20Credentials

Brazil222.ashx. Acesso: 12 jun. 2011

Page 22: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

21

Foi desenvolvido pelo PMI e já se encontra em sua 4ª edição o A Guide to the

Project management body of knowledge (PMBOK), que é um guia que tem como

objetivo identificar o subconjunto do conjunto de conhecimentos em gerenciamento

de projetos que é amplamente reconhecido como boa prática. Mas o que vem a ser

uma “boa prática”.

Segundo Kerzner (2006, p. 56) boas práticas, ou melhores práticas são

atividades ou processos reutilizáveis que continuamente agregam valor ao produto

final dos projetos e podem aumentar a probabilidade de sucesso do mesmo. As

melhores práticas podem acontecer em qualquer lugar, nas relações de trabalho, no

desenho dos modelos ou na forma como as metodologias de gestão são utilizadas.

Porém o que funciona bem como boa prática para uma empresa ou projeto não

necessariamente funcionará para outro. Por isso mesmo um gerente de projeto

deverá saber quando os processos listados no PMBOK são aplicáveis em seu

projeto.

O PMBOK descreve 44 processos que estão divididos em cinco grupos, esses

cinco podem ser repetidos muitas vezes ao longo de um projeto, são eles: Iniciação,

Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle e Encerramento.

Na iniciação se formaliza a existência do projeto na organização, definem-se o

seu escopo, objetivos e nomeia o gerente de projeto e finalmente faz-se a

autorização para contratação dos recursos. No planejamento decide-se qual o

melhor grau de precisão que será detalhada a declaração de escopo, como deve ser

feito o planejamento do projeto e define-se a linha base do projeto. Na execução

tem-se a produção de entregas pela integração das pessoas da organização e

recursos materiais. No monitoramento e controle há a conferencia de todos os

resultados da execução da linha de base e praticam-se as ações corretivas.

Finalmente há o encerramento formal do projeto, faz-se o aceite dos resultados pelo

cliente, fazem-se os encerramentos de contratos e desmobiliza a equipe. Não

podemos confundi esses processos como sendo as fases desse projeto.

Os processos também podem ser divididos em nove áreas de conhecimento

que são conjuntos de processos agrupados por requisito de conhecimento que são

tratados como um conjunto técnico comum. São elas:

Page 23: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

22

• Integração do Gerenciamento de Projeto;

• Gerenciamento de escopo do projeto;

• Gerenciamento de tempo do projeto;

• Gerenciamento de custo do projeto;

• Gerenciamento da qualidade do projeto;

• Gerenciamento de recursos humanos do projeto;

• Gerenciamento de riscos do projeto;

• Gerenciamento de comunicação do projeto;

• Gerenciamento de aquisições do projeto;

A figura a seguir foi adaptada do PMBOK, mostra a divisão dos 44 processos

entre os grupos e áreas de conhecimento.

Quadro 1 – Os processos do PMBOK

Processos de Área de conhecimento

Grupo de processos de gerenciamento de projetos

Grupo de processos de

iniciação

Grupo de processos de planejamento

Grupo de processos de

execução

Grupo de processos de

monitoramento e controle

Grupo de processos de encerramento

Integração de gerenciamento de

projeto

4.1 Desenvolver o termo de abertura

4.2 Desenvolver o plano de

gerenciamento de projetos

4.3 Orientar e gerenciar a

execução do projeto

4.4 Monitorar e controlar o trabalho

do projeto

4.5 Realizar o controle integrado

de mudanças

4.6 Encerrar o Projeto

Gerenciamento do escopo do projeto

5.1 Coletar Requisitos

5.2 Definir o escopo

5.3 Criar a EAP

5.4 Verificar o escopo

5.5 Controlar o escopo

Gerenciamento de tempo do projeto

6.1 Definir atividades

6.2 Sequenciar as atividades

6.3 Estimar recursos para as

atividades

6.4 Estimar a duração das atividades

6.5 Desenvolver o cronograma

6.6 Controlar o cronograma

Gerenciamento de custos do projeto

7.1 Estimar os custos

7.2 Determinar o orçamento

7.3 Controlar os

custos

Page 24: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

23

Processos de Área de conhecimento

Grupo de processos de gerenciamento de projetos

Grupo de processos de

iniciação

Grupo de processos de planejamento

Grupo de processos de

execução

Grupo de processos de

monitoramento e controle

Grupo de processos de encerramento

Gerenciamento da qualidade do

projeto 8.1 Planejar a

qualidade

8.2 Realizar a garantia da qualidade

8.3 Realizar o controle da qualidade

Gerenciamento de recursos humanos

do projeto

9.1 Desenvolver o plano de recursos

humanos

9.2 Contratar a equipe do projeto

9.3 Desenvolver a equipe do projeto

9.4 Gerenciar a equipe do projeto

Gerenciamento das comunicações do

projeto

10.1 Identificar os stakeholders

10.2 Planejar as comunicações

10.3 Distribuir informações

10.4 Gerenciar as expectativas dos

stakeholders

10.5 Reportar o desempenho

Gerenciamento dos riscos do projeto

11.1 Planejar o gerenciamento de

riscos

11.2 Identificar os riscos

11.3 Realizar análise qualitativa

dos riscos

11.4 Realizar a análise quantitativa

dos riscos

11.5 Planejar as respostas aos riscos

11.6 Monitorar e controlar os riscos

Gerenciamento de aquisições do

projeto. 12.1 Planejar as

aquisições 12.2 Conduzir as

aquisições 12.3 Administrar as

aquisições 12.4 Encerrar as

Aquisições

Fonte: PMI (2008, p.43)

Nesse trabalho iremos focar uma área específica dentro desses processos que

trata do Gerenciamento de Mudança em projetos de engenharia. As mudanças

durante a execução do trabalho, em relação ao que foi planejado para o projeto são

bastante comuns e esperadas (XAVIER, VIVACQUA, et al., 2009). Esses mesmos

autores citam que essas mudanças não são necessariamente negativas para os

projetos, mas seu gerenciamento é fundamental, pois o excesso, ou mesmo uma

única mudança crítica pode causar um impacto significativo no cronograma, no custo

e na qualidade do projeto se não for devidamente avaliada ou controlada.

No próximo capítulo iremos estudar como duas metodologias de

gerenciamento de projeto lidam com o gerenciamento de mudanças em projetos. A

Page 25: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

24

primeira metodologia é a apresentada pelo PMI através do Guia do conhecimento

em Gerenciamento de Projeto (PMI, 2008) e a segunda é o chamado Gerenciamento

Ágil de Projetos que tem como base os princípios do Manifesto Ágil (Agile

Manifesto8) que é voltado para o gerenciamento de projetos inovadores.

8 Site: http://agilemanifesto.org/ Acesso: 24 jul. 2011

Page 26: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

25

3. METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS

Um fator crítico para o sucesso dos projetos é uma condução estruturada do

processo de solicitação das mudanças, com a utilização de um procedimento formal,

previamente definido e documentado (XAVIER, 2009). Segundo esse mesmo autor

as principais origens das alterações são: Erros ou omissões na avaliação inicial de

como atingir a meta do projeto; novas informações acerca do produto do projeto; um

novo mandato (mudança do patrocinador, cliente, usuário ou gerente de projeto);

mudanças no negócio ou no ambiente em que a empresa está inserida;

implementação de um plano de contingência demandado após analise de riscos;

entusiasmo da equipe; requisitos esperados pelo cliente ou patrocinador que não

foram declarados por serem considerados óbvios.

Mauro Afonso Soutille cita como origens das solicitações de mudanças: faltas

de questionamentos sobre uma solicitação inicial do cliente pode gerar uma má

definição do projeto; uma definição pobre, insuficiente, sobre as necessidades do

cliente e os requisitos, funcionais e técnicos, do projeto; pouca ou nenhuma

comunicação com o cliente e seus usuários ao longo do desenvolvimento do projeto;

mudanças na percepção do cliente sobre a sua real necessidade mudanças na visão

dos especialistas sobre o que pode ou o que deve ser oferecido ao cliente;

mudanças nas condições políticas, econômicas, sociais, técnicas e mercadológicas

que cercam e influenciam o projeto; mudanças sugeridas pelo gerente do projeto

para fazer frente às mudanças nas restrições impostas aos projetos; mudanças

propostas pelo gerente do projeto em função da não confirmação de premissas

assumidas no inicio do projeto; ajustes propostos pelo patrocinador do projeto

oriundos de alguma mudança na forma de relacionamento comercial com o cliente;

troca de representante, técnico ou comercial, do cliente; evolução tecnologia que

exija a aplicação de novos recursos e caprichos pessoais, do cliente ou mesmo dos

especialistas ou do gerente do projeto (SOTILLE, MENEZES, et al., 2010).

Como foi falado no final do capítulo anterior, as mudanças não são

necessariamente negativas, mas precisam ser avaliadas e controladas através de

um processo formal, de modo avaliar os impactos causados pelas mudanças.

Page 27: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

26

Mudanças programadas requerem novas estimativas ou mesmo previsões de custo,

modificações na sequência das atividades, nos prazos, nas necessidades de

recursos, na análise de alternativas de resposta aos riscos, ou em outros ajustes no

Plano de Gerenciamento de Projeto (XAVIER, VIVACQUA, et al., 2009).

Durante a execução do projeto é comum a necessidade de serem efetuadas

mudança em relação ao escopo planejado constante da EAP e seus dicionários

(XAVIER, 2009). O escopo é um dos elementos mais suscetíveis à mudança ao

longo do desenvolvimento de um projeto cabe ao gerente de projeto criar

mecanismos que funcionem ao longo do ciclo de vida do projeto para registro das

solicitações de mudanças, garantir o fluxo de informações e suportar o processo de

tomada de decisão (SOTILLE, MENEZES, et al., 2010).

Segundo Kerzner (2006, p. 26) a gestão de projetos associada ao

gerenciamento de mudanças pode permitir entre outras coisas a capacidade de

reagir com rapidez às mudanças exigidas pelos clientes e a redução do impacto da

mudança no orçamento e na programação. Embora pode ser visto como algo muito

burocrático o gerenciamento de mudanças dá algumas garantias importantes ao

gerenciamento de projetos, tanto para o cliente quanto para o responsável do

projeto. Essas garantias podem ser: a garantia da origem da solicitação de

mudança; à necessidade de condução da mudança; ao registro dos fatos geradores;

à definição dos envolvidos em sua análise; à memória de cálculo empregada para

avaliar o custo benefício, ao retorno das mudanças, aos recursos envolvidos, ao

prazo necessário, às consequências sobre a qualidade e aos riscos agregados ao

projeto; à acumulação e ao registro de informações sobre as mudanças; à

distribuição dessas informações a todos os intervenientes necessários; à tomada de

decisão, favorável ou não, ou se sujeita a observações e finalmente à coleta das

assinaturas dos responsáveis (técnico, financeiro, legal, gerencial) dentro de suas

respectivas alçadas (SOTILLE, MENEZES, et al., 2010).

O gerenciamento de mudanças faz parte do controle de escopo que é

responsável por monitorar o status de escopo e controlar suas mudanças de forma

organizada, deve receber os pedidos de alterações e avaliar o seu impacto no

próprio projeto, obter sua autorização e se autorizadas refletir as mudanças

solicitadas na linha base do projeto. Esse controle deve influenciar os fatores que

Page 28: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

27

geram as alterações do escopo para assegurar que, ao serem solicitadas, haja

concordância a respeito delas, detectar que uma alteração de escopo ocorreu e

administrar as alterações quando ocorrerem (XAVIER, 2009).

As empresas utilizam a gestão de mudança para controlar mudanças no

escopo do projeto tanto as geradas internamente quanto aquelas solicitadas pelos

clientes. Muitas dessas empresas criam comitês específicos para tratarem dessas

solicitações de mudanças (KERZNER, 2006). Esse comitê é responsável pela

aprovação ou rejeição das solicitações de mudanças. Essa reponsabilidade é

claramente definida dentro dos procedimentos de controle de configuração e

mudanças e são aceitos pelas partes interessadas apropriadas. Muitas

organizações de grande porte possuem uma estrutura de comitês em vários níveis,

dividindo as responsabilidades entre os mesmos (PMI, 2008).

Possuindo ou não esse comitê, as empresas têm que ter em mente as

seguintes perguntas: Qual é o custo da mudança? Qual é o impacto da mudança

nas etapas do projeto? Qual o valor agregado que esta mudança representa para o

cliente ou usuário final? (KERZNER, 2006).

Segundo o mesmo autor quando o cliente desencadeia o processo de

exigência de mudança, o gerente de projeto deve ser capaz de prever de imediato o

impacto da mudança na programação, segurança, custo e desempenho técnico.

Esta informação dever ser transmitida imediatamente ao cliente, especialmente

quando, em decorrência de um estágio avançado no projeto, não é mais possível

nenhuma alteração do projeto. Colocar o cliente a par da maneira pela qual a sua

metodologia se concretiza é fundamental para convencer o cliente da utilidade de

suas recomendações durante o processo de mudança de escopo.

Brad Ruzicka, gerente consultor sênior do StoneBridge Group, citado por

Kerzner (2006, p. 343) fala que empresas de consultoria devem ter seus próprios

padrões de controle de mudanças de escopo e também devem conhecer o processo

de controle de mudança utilizado por seus clientes. Ele explica:

Page 29: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

28

Como empresa de consultoria, a habilidade de controlar mudanças de escopo é extremamente importante uma vez que, frequentemente, nos solicitam orçamentos de nossos serviços no inicio de um projeto. Como resultado, nossa abordagem padrão é definir escopo, abordagem geral, objetivos e expectativas de orçamento em nossa Declaração de Trabalho e obter a concordância do Responsável pelo Projeto com base em exemplos de projetos semelhantes em que nossa empresa atuou no passado. Então concordamos que qualquer mudança substancial no decorrer do projeto deverá ocorrer sob concordância do StoneBridge Group e o responsável, quando produziremos uma Declaração de Trabalho revisada.

Pensemos numa situação aonde o Gerente de Projetos esta conduzindo um

projeto de uma edifício que tem uma data de entrega fixa. Onde a partir de dessa

data se o empreendimento não for entregue poderão ocorrer multas e processos

judiciais que poderão acarretar em um prejuízo enorme. O Gerente de Projeto vê

seus chefes nas empresas como seus clientes onde ele se compromete a entregar o

projeto no prazo. Estes já encaram como seus clientes os moradores que se não

receberem seus apartamentos no prazo ficaram insatisfeitos e cobraram na justiça

os seus direitos. Pode-se imaginar que se esse empreendimento não for entregue

haverá uma caça ao responsável em todos os níveis. Analisando esse exemplo

veremos que há uma relação muito forte entre gerenciamento de mudanças e o

gerenciamento de risco.

De fato, o gerenciamento de riscos e a gestão de mudanças funcionam

paralelamente. Os riscos geram mudanças que, por sua vez, criam novos riscos. Em

empresas com excelência em gestão de projetos, o gerenciamento de riscos e a

gestão de mudanças desenvolvem-se continuamente ao longo de todo o ciclo de

vida de um projeto. O impacto sobre a qualidade, o custo e a atualidade do produto

é constantemente atualizado e relatado à administração com a maior presteza

possível. O objetivo é sempre minimizar o número e as proporções das surpresas

(KERZNER, 2006).

Depois dessa visão geral sobre gerenciamento de mudanças em projetos

vamos estudar como duas metodologias de gerenciamento de projetos lidam com o

gerenciamento de mudanças em projetos. A primeira metodologia é a apresenta pelo

PMI através do Guia do conhecimento em Gerenciamento de Projeto (PMI, 2008) e a

segunda é o chamado Gerenciamento Ágil de Projetos.

Page 30: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

29

Metodologia PMI (Project Management Institute)

Na metodologia do PMI quem é responsável pelo Gerenciamento de Mudanças

são os processos da área de conhecimento de Integração. Esses processos são

responsáveis por identificar, definir, combinar, unificar e coordenar os vários

processos e atividades dos grupos de processo de gerenciamento. Eles requerem

que sejam feitas escolhas sobre alocação de recursos, concessões entre objetivos e

alternativas conflitantes e particularmente o gerenciamento de dependências mútuas

entre as áreas de conhecimento (PMI, 2008).

Vale que ressaltar que o próprio guia PMBOK alerta sobre o cuidado de serem

usados somente os processos necessários para o gerenciamento do projeto. O

gerente de projeto e a equipe devem sempre discutir todos os processos para

determinar o nível de execução de cada processo para cada projeto. De uma forma

reduzida o grupo de processos de planejamento fornece ao grupo de processos de

execução um plano de gerenciamento do projeto documentado no início do projeto,

facilitando as atualizações ao plano de gerenciamento, se mudanças ocorrem

durante o progresso do mesmo (PMI, 2008).

Para executar o Gerenciamento de Mudanças ele deve ser primeiramente

planejá-lo, ou seja, planejar o Controle Integrado de Mudanças. Isso acontece no

processo “Desenvolver o Plano de Gerenciamento do Projeto”. Nesse processo

define-se como o projeto será executado, monitorado e controlado e como ele será

encerrado. Esse plano será elaborado progressivamente através de atualizações,

controladas e aprovadas pelo processo “Realizar o Controle Integrado de Mudança”

(PMI, 2008). Como veremos mais a frente este último processo será o responsável

por implementar as mudanças ao plano de gerenciamento do projeto. Segundo

Xavier (2009, p. 202) as organizações devem definir um procedimento em que

conste a politica de gerenciamento que cobrirá o processo de solicitação de

alteração e a informação requerida para processar cada solicitação, o processo

usado para análise dos impactos no projeto e o grupo da organização que autoriza

formalmente as alterações do escopo no projeto.

Page 31: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

30

As entradas para o processo de “Desenvolver o Plano de Projeto” são o Termo

de Abertura do Projeto (TAP), saídas dos processos de planejamentos, fatores

ambientais da empresa e os ativos de processos organizacionais. O TAP que

formalmente autoriza um projeto ou fase e documenta os requisitos iniciais que

satisfaçam as necessidades e expectativas das partes interessadas. Nele o gerente

de projeto é identificado (PMI, 2008). Em algumas organizações o Termo de

abertura do projeto transformou-se em um documento interno pelo qual a empresa

reconhece e comunica o escopo aprovado do projeto aos gerentes funcionais, ou de

linha, e seu pessoal, como uma espécie de “contrato” entre o gerente e a

organização (XAVIER, 2009). Segundo o mesmo autor há outros nomes para esse

documento: termo de referência do projeto; documentos de autorização do projeto;

documento inicial do projeto; documento de abertura do projeto; autorização de

início do projeto; proposta de projeto aprovada; carta do projeto. O TAP deve conter

no mínimo a justificativa do projeto, o escopo ou visão do cliente, a designação do

gerente de projeto e sua autoridade, as restrições e as premissas do projeto.

As saídas dos processos de planejamento são as saídas dos processos de

planejamento das demais áreas de conhecimentos (escopo, tempo, custo,

qualidade, recursos humanos, aquisições, comunicações e riscos), e suas

atualizações quando houver algum replanejamento. Os fatores ambientais da

empresa é qualquer um dos fatores ambientais externos ou organizacionais internos

que cercam ou influenciam o sucesso do projeto, incluem a cultura, a estrutura

organizacional, infraestrutura, recursos existentes, bancos de dados comerciais,

condições de mercado e software ou sistema de informação de Gerenciamento de

Projeto (SIGP). Os ativos de processos organizacionais é qualquer um ou todos os

ativos relacionados aos processos das organizações que podem influenciar o

sucesso do projeto, incluem planos formais e informais, políticas, procedimentos e

diretrizes, também incluem os conhecimentos organizacionais como as lições

aprendidas e informações históricas. Relacionado com o Gerenciamento de

Mudanças podemos citar os procedimentos de controle de mudanças, passo para

modificações dos padrões, políticas, planos e procedimentos oficiais da empresa e

quaisquer documentos do projeto que serão modificados e como essas mudanças

serão aprovadas e avaliadas (PMI, 2008).

Page 32: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

31

Dentro das ferramentas e técnicas desses processos o PMBOK (PMI, 2008)

descreve uma única, a opinião especializada que ajudará o gerente de projeto a:

atender as necessidades do projeto; desenvolver os detalhes técnicos e de

gerenciamento; determinar recursos e níveis de habilidades necessárias para

executar o trabalho; determinar o nível de gerenciamento de configuração e

especialmente importante para o Gerenciamento de Mudanças; determinar quais

documentos do projeto estarão sujeitos ao processo formal de controle de

mudanças.

A principal saída desse processo é o Plano de Gerenciamento de Projeto, ele

integra e consolida todos os planos de gerenciamentos auxiliares e as linhas de

base dos processos de planejamento. Nesse plano deve estar integrado o ciclo de

vida do projeto, descrito como o trabalho será executado, o plano para completar os

objetivos do projeto, deve conter um plano de gerenciamento de configuração, deve

conter como a integralidade da linha de base da medição de desempenho, incluir as

necessidades e técnicas para as comunicações no projeto, e ligado ao

Gerenciamento de Mudanças o plano deve conter o Plano Integrado de

Gerenciamento de Mudanças que documenta como as mudanças serão monitoradas

e controladas.

Para Xavier et al. (2009, p. 109) o planejamento do Controle Integrado de

Mudanças tem como objetivo planejar como as mudanças no projeto poderão ser

solicitadas e como será feita a avaliação dessa solicitação, seu mecanismo de

aprovação e o respectivo reflexo no planejamento do projeto. Se uma mudança for

aprovada implicará em uma revisão nas linhas base do projeto.

As linhas de base incluem a linha de base do cronograma, desempenho de

custo, e do escopo. E finalmente o plano de gerenciamento de projetos incluem os

planos auxiliares: plano de gerenciamento de escopo, plano de gerenciamento dos

requisitos, plano de gerenciamento do cronograma, plano de gerenciamento dos

custos, plano de gerenciamento da qualidade, plano de melhorias no processo,

plano de gerenciamento dos recursos humanos, plano de gerenciamento das

comunicações, plano de gerenciamento dos riscos, plano de gerenciamento das

aquisições (PMI, 2008).

Page 33: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

32

O próximo processo segundo o PMBOK (PMI, 2008) da área de conhecimento

de Integração é o “Orientar e Gerenciar a Execução do Projeto” sua função é

realizar o trabalho definido no plano de gerenciamento do projeto para atingir seus

objetivos. Suas atividades são: executar as atividades planejadas; criar as entregas

do projeto; formar, treinar e gerenciar a equipe; obter, gerenciar e usar recursos;

implementar padrões e métodos; estabelecer e gerenciar canais de comunicação;

gerenciar vendedores e fornecedores. Outras atividades desse processo que são

ligadas ao Gerenciamento de Mudanças podem ser citadas como: Gerar dados e

informações sobre o andamento do projeto, eles serão importantes para que o

processo “Monitorar e Controlar o Trabalho do Projeto” possa fazer um comparativo

com o planejado e analisar as necessidades de mudanças; Havendo necessidade

de mudanças, emitir as solicitações de mudança e adaptar as mudanças aprovadas;

gerenciar os riscos, inclusive os gerados pelas mudanças, e implementar atividades

de respostas; coletar e documentar lições aprendidas e implementar melhorias.

Porém, vale salientar que diversos autores (SOTILLE, MENEZES, et al., 2010;

XAVIER, 2009; XAVIER, VIVACQUA, et al., 2009) citam as lições aprendidas em

seus capítulos de controle de projeto.

Para Soutille (2010, p. 136) todas as mudanças devem ser documentadas e

comunicadas e um processo de análise posterior dessas informações pode gerar um

resultados positivo e estruturado que seria as lições aprendidas. Para o mesmo

autor as lições aprendidas geram um grande histórico de projeto que servirão como

base de orientação em decisões futuras do mesmo projeto ou de projetos futuros

das organização. Como as mudanças no projeto são as maiores causas de atrasos

em projetos, é fundamental um processo de documentação do que ocasionou as

mudanças dentro do projeto, as razões das ações corretivas tomadas e outros tipos

de lições aprendidas (XAVIER, 2009).

Segundo o PMBOK (PMI, 2008) o processo “Orientar e Gerenciar a Execução

do Projeto” também requer na implementação de mudanças aprovadas, ações

corretivas para que o desempenho futuro do projeto fique de acordo com o plano de

gerenciamento, ações preventivas para realização de uma atividade para reduzir a

probabilidade negativa associada aos riscos do projeto e reparo de defeito que

consiste na identificação de um defeito e sua recomendação de reparo do defeito ou

Page 34: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

33

mesmo substituir completamente o componente. Vale lembrar que todas essas

ações devem ser documentadas. As mudanças aprovadas e documentadas também

podem ampliar ou limitar o escopo, podem modificar políticas, planos de

gerenciamento de projeto, procedimentos, custos e cronogramas.

Para Xavier (2009, p. 206), no caso de gerenciamento de escopo, deve-se

identificar as causas das solicitações de mudanças do escopo para influenciar que

elas ocorram o menor número de vezes possível, e para que elas possam ser

identificadas o mais breve possível.

As solicitações de mudanças podem ser saídas do processo “Orientar e

Gerenciar a Execução do Projeto”. Quando questões são encontradas durante a

execução do projeto, solicitações de mudança são emitidas e podem modificar

escopo, custo, cronograma, qualidade, politicas ou procedimentos do projeto. Além

de poder incluir ações corretivas, ações preventivas, reparo de defeitos as

mudanças podem conter atualizações das documentações formalmente controladas,

planos e documentos de modo a refletir as modificações que ocorreram (PMI, 2008).

Também segundo o PMBOK (PMI, 2008) cabe ao gerente de projetos junto

com sua equipe a orientação para o desempenho das atividades do projeto e o

gerenciamento de todas as interfaces técnicas e organizacionais que existem dentro

dos projetos. A situação atual do projeto, as entregas feitas, o desempenho geral do

projetos devem alimentar os relatórios de desempenho (processo “Reportar

Desempenho”) e este vai fornecer as informações que servirão de entrada para o

processo da área de conhecimento de Integração “Monitorar e Controlar o Trabalho

do Projeto”

O processo “Monitorar e Controlar o Trabalho do Projeto” é responsável pelo

acompanhamento, revisão e ajuste do progresso para atender aos objetivos do

projeto, definidos pelo plano de gerenciamento. Ele coleta, mede e distribuir as

informações sobre o andamento do projeto e também avalia as medições e

tendências para efetuar melhorias nos processos através de relatórios de

desempenho. As atividades desse processo incluem: comparação do desempenho

real em relação ao planejado; avaliação do desempenho para decidir e recomendar

ações corretivas e preventivas; identificação e analise de novos riscos e

Page 35: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

34

monitoramento de riscos existentes; manutenção de uma base de informações do

projeto; fornecimento de informações para a elaboração de relatórios de

desempenho do projeto; fornecimento de previsões sobre o projeto e para o

Gerenciamento de Mudanças, o monitoramento da execução das mudanças

aprovadas no processo da área de conhecimento de Integração “Realizar o Controle

Integrado de Mudança” (PMI, 2008).

O gerente de projeto é, em primeira instância, o grande responsável pela

entrega e pelo monitoramento dos elementos de escopo do projeto (SOTILLE,

MENEZES, et al., 2010). Verificar o impacto das mudanças é muito importante para

o controle de mudanças do escopo. Quando fazemos o Plano de Gerenciamento do

Projeto, as estimativas de custo e tempo são baseadas em informações disponíveis

em arquivos de projetos, estimativas em bases de dados comerciais, conhecimentos

da equipe do projeto e consulta com fornecedores (XAVIER, 2009).

Podem-se usar essas mesmas fontes para estimar os impactos das mudanças.

Com relação aos impactos de prazo de conclusão do projeto, deve-se atentar se a

atividade impactada pertence ao caminho crítico do projeto. Quando isso acontece

quase sempre acontecem atrasos no projeto, já quando a atividade não está no

caminho crítico, as alterações de prazo podem não impactar no prazo final do

projeto, ou mesmo impactar minimamente. Lembrando que quando acontecem

alterações de tempo, o próprio caminho crítico pode alterar (XAVIER, 2009).

O processo responsável pela revisão de todas as solicitações, aprovação e

gerenciamento de mudanças em entregas, ativos de processos organizacionais,

documentos de projeto e plano de gerenciamento é chamado de “Realizar o

Controle Integrado de Mudanças”. As entregas são mantidas através do

gerenciamento cuidadoso e continuo das mudanças, rejeitando-as ou aprovando-as,

garantindo que somente mudanças aprovadas são incorporadas na linha de base do

projeto (PMI, 2008). Para Xavier et al. (2009, p. 134) o Controle Integrado de

Mudanças é um processo responsável por, de forma organizada e controlada,

receber os pedidos de alterações, avaliar seu impacto no próprio projeto e em seus

projetos interdependentes, obter sua autorização por quem de direto, se autorizadas,

refletir as mudanças solicitadas na linha base do projeto.

Page 36: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

35

Segundo o PMBOK (PMI, 2008) o processo “Realizar o Controle Integrado de

Mudanças” tem as seguintes atividades: influenciar os fatores que evitam o controle

integrado de mudanças; revisar, analisar e aprovar as solicitações de mudanças

imediatamente; gerenciar as mudanças aprovadas; manter a integridade das linhas

de base do projeto com a incorporação das mudanças; revisar, aprovar ou rejeitar

todas as ações corretivas e preventivas recomendadas; coordenar as mudanças

através de todo projeto; documentar os impactos das solicitações de mudanças.

As entradas para o processo “Realizar o Controle Integrado de Mudanças” são:

o plano de gerenciamento de projeto; as informações de desempenho da equipe

através de relatórios de desempenho; os fatores ambientais da empresa, onde se

destaca um sistema de informação de gerenciamento de projeto e um sistema de

coleta e distribuição de informação; os ativos de processos organizacionais, como os

procedimentos de controle de mudanças, procedimentos para a aprovação e

emissão de autorizações de mudanças, banco de dados para medição de

processos, arquivos de projetos anteriores e as bases de conhecimento de

gerenciamento de configuração (PMI, 2008).

As solicitações de mudança podem ser feitas por qualquer parte interessada do

projeto, podem ser verbais, porém sempre devem ser registradas. Deve ser

aprovada ou rejeitada por alguma autoridade dentro da equipe de gerenciamento do

projeto ou de organização externa (PMI, 2008). Elas devem conter a data do pedido

de solicitação, local, atividade ou fase do projeto de ocorrência da mudança, estado

de origem, antes da mudança, e estado de destino depois da mudança

implementada, o grau de importância da mudança e solicitante (SOTILLE,

MENEZES, et al., 2010). Esse pedido pode ser feito de forma informatiza com um

sistema específico ou mesmo de maneira mais limitada através de planilhas,

editores de texto e correio eletrônico. Todos, se possível, devem prover: formulários

eletrônicos de solicitação de alteração, que possam ser preenchidos por diferentes

participantes do processo; um banco de dados para armazenar e gerenciar esses

formulários; um modelo de alteração que possa ser preenchido com um fluxo de

trabalho predefinido, em que pessoas responsáveis em cada estágio do processo

saibam quem dirigirá a próxima atividade; transferências eletrônicas de formulários

entre pessoas com responsabilidades diferentes e notificação de correio eletrônico,

Page 37: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

36

quando as atividades forem completadas (XAVIER, 2009). As solicitações de

mudanças são identificadas durante a execução do trabalho, elas devem seguir os

procedimentos determinados no Plano Integrado de Gerenciamento de Mudanças

estabelecidas no plano de gerenciamento de projeto (XAVIER, VIVACQUA, et al.,

2009).

Ao receber as solicitações de mudança deve-se: identificar a situação e o fator

gerado da mudança para definir as ações necessárias para efetivá-las; recursos que

devem ser aportados; aprazamentos para as mudanças, impacto da mudança sobre

o prazo do projeto; outros impactos possíveis e benefícios a serem obtidos com as

mudanças. Essas informações devem ser analisadas e vão servir de auxílio para a

tomada de decisão. Um fluxograma de informações deve ser feito para envolver as

partes interessadas no levantamento e no processo de analises da tomada de

decisão. Essa tomada de decisão deve ser seguida pela distribuição de informações

para todos os stakeholders a ela envolvidos (SOTILLE, MENEZES, et al., 2010).

Segundo o PMBOK (PMI, 2008) as ferramentas e técnicas do processo

“Realizar o Controle Integrado de Mudanças” são basicamente a opinião

especializada através de consultores, das partes interessadas, associações

profissionais, setores econômicos, especialistas no assunto e escritórios de projetos

(PMO). Outra técnica é Reuniões de Controle de Mudanças. Quando numa

organização existe um Comitê de Mudanças que é responsável pela reunião e

revisão das solicitações de mudança e aprovação ou rejeição dessas mudanças.

Quando aprovadas as solicitações de mudança requerem novas e revisadas

estimativas de custos, sequencias de atividades, datas de cronograma, requisitos de

recursos e análises alternativas de respostas aos riscos. Tais mudanças irão

requerer mudanças no plano de gerenciamento do projeto e em suas linhas de base

do projeto. O processo “Realizar o Controle Integrado de Mudança” gera as

seguintes saídas: atualizações do andamento de solicitações de mudança que será

executada pelo processo “Orientar e Gerenciar a Execução do Projeto”; atualizações

do plano de gerenciamento do projeto através das atualizações dos planos auxiliares

e linhas de base do projeto sujeitas a essas mudanças; atualizações dos

documentos do projeto incluindo o registro formal de solicitações de mudança e

quaisquer outros documentos do projeto como, por exemplo, as lições aprendidas.

Page 38: TCC - Francisco Elder Cabral Junior - GP-55

37

Caso ela não seja aprovada ela é devolvida ao solicitante para o fornecimento de

informações adicionais. Ela pode ficar guardada e ser implementada futuramente

quando possível (PMI, 2008).

Segundo Xavier (2009, p. 205), as solicitações de alteração de escopo

normalmente resultam na alteração do plano de gerenciamento do projeto.

Especificamente falando de escopo, para avaliação dos impactos, alterações na

EAP ou alternativas de abordagem para o projeto devem ser simuladas. Raramente

não haverá uma inclusão de uma nova atividade ao escopo. Essas e outras

mudanças deverão ser implementadas nas linhas de base do projeto de modo a

refletir essas mudanças. Essa nova linha base será utilizada é a partir desse ponto,

para medições de desempenho do projeto.

O Controle Integrado de Mudanças fornece uma maneira padronizada, efetiva

e eficiente de gerenciar, de maneira centralizada, as mudanças e linhas de base

aprovadas dentro de um projeto. Seus principais objetivos são: estabelecer um

método evolutivo de identificar e solicitar as mudanças e avaliar o valor e a

efetividade dessas mudanças; proporcionar oportunidades de validar e aprimorar o

projeto continuamente; fornecer uma maneira eficiente para comunicar a equipe e as

partes interessadas de todas as mudanças aprovadas e rejeitadas (PMI, 2008).

Segundo Soutille (2010, p. 130), gerenciar as mudanças do escopo e das

outras áreas do projeto envolve a criação de mecanismos que sirvam como

obstáculos às tentativas de mudanças. É atribuição do gerente do projeto evitar ou

minimizar as mudanças de escopo que tantos impactos desagradáveis trazem ao

projeto, principalmente nas áreas de conhecimento de qualidade, recursos humanos,

prazos, custos e orçamentos.

Porém para projetos chamados inovadores onde as mudanças ocorrem

frequentemente esses processos podem se tornar demasiadamente burocráticos e

impraticáveis. Projetos inovadores são projetos com níveis maiores de riscos em que

correções e mudanças nas estratégias de condução não são apenas comuns, mas

necessárias para o projeto. A resposta para esse problema tem sido o surgimento de

novas teorias voltadas para esse tipo de projeto, como a teoria de Gerenciamento

Ágil de Projetos (do inglês, Agile Project Management – APM) (AMARAL,

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38

CONFORTO, et al., 2011). No próximo item iremos nos aprofundar nos estudos

dessa teoria.

Metodologia APM (Agile Project Management)

Neste item todas as citações são do livro-texto Gerenciamento Ágil de Projetos

de Daniel Capaldo Amaral (AMARAL, CONFORTO, et al., 2011). Uma característica

dos projetos ágeis é seu teor de inovação e possuir em comum como característica

a incerteza, onde a equipe não pode prever com antecedência como ela será

executada. Haverá sempre uma grande margem de incerteza sobre recursos

necessários, prazos, riscos e demais áreas de conhecimentos do gerenciamento de

projetos.

Outra característica citada no livro-texto é a heterogeneidade das equipes,

onde estão envolvidos em um problema comum e há a necessidade de unir

diferentes especialistas dificultando o alinhamento dos objetivos. Os principais

desafios para os profissionais de gerenciamento de projetos inovadores são:

conduzir projetos com alto grau de incerteza; obter cooperação e coordenação

dentro das equipes de diferentes especialistas; realizar o projeto em ambientes

inovadores; envolver clientes e usuários no desenvolvimento do projeto; solucionar o

problema complexo indo além da solução tecnológica.

O termo Gerenciamento Ágil de Projeto (APM – Agile Project Management)

surgiu com um movimento iniciado pela comunidade internacional de

desenvolvimento de softwares. Ele surgiu com um novo enfoque de desenvolvimento

de softwares, calçado na agilidade, na flexibilidade, nas habilidades de comunicação

e na capacidade de oferecer novos produtos e serviços de valor ao mercado em

curtos períodos de tempo.

As definições sobre o Gerenciamento Ágil de Projetos se dividem basicamente

em dois grupos de autores. O primeiro grupo é formado por teorias propostas por

autores como Highsmith, Chin, Smith e DeCarlo que criam uma maneira

independente da área de domínio do projeto aplicáveis em projetos inovadores. Eles

citam os princípios e justificam as práticas ágeis, apresentam práticas e as

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descrições de uma estrutura geral. O Segundo grupo de autores é formado por

teorias desenvolvidas especialmente para o desenvolvimento de software, são

teorias objetivas e direcionadas a aplicação com recomendações precisas.

Segundo Jim Highsmith citado no livro-texto, a agilidade seria a habilidade de

criar e responder a mudanças, a fim de obter lucro em um ambiente de negócio

turbulento. Alguns autores se uniram numa rede denominada Agile Alliance para

discutir alternativas aos processos gerenciais tradicionais, aprimorar e divulgar os

chamados Métodos Ágeis de Desenvolvimentos de Software. Publicaram o chamado

Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software, ou simplesmente Manifesto Ágil,

que falam em valorizar: os indivíduos e suas interações acima dos processos e

ferramentas; produtos funcionando acima de documentação excessivamente

detalhada; colaboração de clientes acima da negociação de contratos e respostas as

mudanças acima da execução de um plano.

Para Gary Chin citado no livro-texto o Gerenciamento Ágil de Projetos seria

então uma maneira de proceder em um conjunto de elementos em que essa

atividade é conduzida por meio de equipes autogerenciadas e utilizando técnicas de

gerenciamento simplificadas. Para Jim Highsmith citado no mesmo livro-texto o

Gerenciamento Ágil de Projetos é um conjunto de princípios, valores e práticas que

auxiliam a equipe de projetos a entregar produtos ou serviços de valor em um

ambiente de projetos desafiadores. Esse mesmo autor cita três pilares que

sustentam o APM: os valores e princípios que direcionam a aplicação do APM; O

modelo do processo proposto pelo autor e práticas específicas que caracterizam

seus princípios com foco em resultados. Para esses autores o APM seria uma

abordagem alternativa à tradicional de modo a permitir que as empresas sejam mais

efetivas no gerenciamento de projetos em ambientes de incertezas.

O autor DeCarlo citado no livro-texto trata do que ele chama de Extreme

Project Management que é definido como a:

Arte e ciência de facilitar e gerenciar o fluxo de pensamentos, emoções e interações para produzir resultados de valor em condições turbulentas e complexas que requerem velocidade, grandes mudanças, elevado nível de incertezas e estresse.

Numa abordagem aplicada a produtos, Smith citado no livro-texto usa o termo

“flexibilidade” ao invés de “agilidade” onde diz que “flexibilidade no desenvolvimento

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de produtos significa a habilidade de fazer mudanças no produto, ou no processo de

desenvolvimento, mesmo em fase avançadas, sem afetar a qualidade e resultados”.

Há dois aspectos que podemos destacar nas teorias do APM, primeiramente a

abordagem que o gerenciamento ágil seria uma alternativa à tradicional específica

para a situação de equipes pequenas e autogerenciáveis e em segundo lugar o foco

da descrição está em princípios que diferenciariam a natureza das atividades de

gerenciamento de projeto e a responsabilidade pela execução.

Ao analisar o PMBOK vê-se que os processos foram estabelecidos para serem

aplicados a qualquer tipo de projeto, sendo necessária sua adaptação e adequação

aos diversos contextos de gerenciamento. Aparentemente o que se apresenta como

novidade na teoria de Gerenciamento Ágil de Projetos está nos aspectos como a

visão no lugar do escopo, a iteratividade e o foco no cliente. Esses aspectos serão

abordados mais profundamente à frente neste trabalho. Como citado pelo autor de

nosso livro-texto de referência, o problema está em equilibrar o nível correto de foco

nas pessoas ou foco nas práticas ou procedimentos.

Para o autor Augustine citado no livro-texto, retirando uma ideia de abordagem

alternativa ao tradicional, diz que o Gerenciamento Ágil de Projeto é:

[...]o trabalho de energizar, capacitar e habilitar a equipe de projeto para entregas mais rápidas e confiantes, de valor para o negócio, através de integração dos clientes num processo contínuo de aprendizado e adaptação das mudanças de acordo com suas necessidades e ambientes de negócios.

Analisando todas as definições citadas podemos identificar aspectos comuns

como: características como a flexibilidade e habilidade de absorver mudanças,

enfoque mais humanistas de autogestão no desenvolvimento da equipe de projeto,

no uso do aprendizado e da experiência dos indivíduos em detrimento da

valorização excessiva de técnicas e processos e a importância de uma visão única e

integrada do resultado final do projeto.

Foram definidos no manifesto ágil princípios para o Gerenciamento Ágil de

Projetos que seriam: prioridade pela satisfação do consumidor por meio de entregas

contínuas de valor e o mais breve possível; mudanças de requisitos são bem-vindas

mesmo em estágios avançados de desenvolvimento; entregar o produto funcionando

em curto período; desenvolvedores e gestores devem trabalhar diariamente em

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conjunto; criar projetos com as pessoas motivadas; o método mais eficientes e eficaz

de transmitir informações em um projeto é por conversas diretas; produto

funcionando é a principal medida de progresso; processos ágeis promovem o

desenvolvimento sustentável; atenção contínua a excelência técnica; simplicidade,

deve-se deixar os trabalhos desnecessários de lado; os melhores requisitos surgem

de equipes que praticam a autogestão e em intervalos regulares a equipe deve

refletir sobre como se tornar mais eficaz.

Jim Highsmtih diz que as empresas precisam desenvolver uma cultura que

promova a adaptação para absorver mudanças, algumas poucas regras para

encorajar a auto-organização, combinada com a autogestão e colaboração interna e

interação entre todos os membros da comunidade do projeto. Para esse mesmo

autor os princípios para o Gerenciamento Ágil de Projetos são:

Entregar valor ao cliente: focar na inovação e adaptabilidade em vez de

eficiência e otimização, e concentra-se em entregas em vez de cumprimentos de

atividades.

Empregar entregas iterativas baseadas em características: desenvolvimento

iterativo significada que inicialmente existe a construção de uma versão parcial de

um produto ou projeto, depois a equipe expande essa versão por meio de

sucessivos e curtos períodos de desenvolvimento com a ajuda de revisões e

adaptações.

Buscar excelência técnica: projetos que buscam excelência técnica no

desenvolvimento de produtos possuem maiores chances de sucesso.

Encorajar a exploração: é função do gerente de projeto encorajar a

experimentação e o aprendizado por meio de sucessos e fracassos e ajudar a

equipe a compreender a visão a ser seguida.

Formar equipes adaptáveis: a meta principal da equipe é entregar

consistentemente a visão do produto que está prevista dentro do escopo do projeto.

O gerente de projeto é o responsável por formar equipes que sejam

auto-organizáveis e autodisciplinadas.

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Simplificar: detalhar tarefas de um projeto ou diminuir excesso de

documentação inicial do projeto faz com que as pessoas interajam e,

consequentemente, cria um ambiente mais propício à inovação.

De acordo com o autor Augustine os princípios do Gerenciamento Ágil de

Projetos são: enfoque em entregas parciais; colocalização que consiste em todos os

membros da equipe de projeto trabalhar juntos em um mesmo ambiente, incluindo

representantes do cliente; definir um plano de iteração que consiste em priorizar as

entregas com a participação do cliente, onde são definidos recursos e o tempo

estimado para as entregas de acordo com as prioridades de negócios do cliente;

desenvolver equipes auto-organizadas.

Para Cohn, citado no livro-texto, os princípios do APM incluem: o trabalho

desenvolvido por uma equipe única; o trabalho desenvolvido em iterações curtas;

entregar algum valor em toda iteração; as prioridades do negócio; inspecionar e

adaptar constantemente. Na mesma linha de pensamento Boehm e Turner, citados

no mesmo livro-texto, falam em princípios como: ciclos iterativos curtos;

envolvimentos dos ativos dos clientes para definir e priorizar requisitos do produto;

desenvolvimento incremental; empregar equipes auto-organizadas e possuir umas

abordagem emergentes para os processos, em que os procedimentos e processos

evoluem durante o projeto em vez de serem predeterminados no inicio.

Como foi citada anteriormente neste trabalho a gestão de projetos associada

ao gerenciamento de mudanças pode permitir entre outras coisas a capacidade de

reagir com rapidez às mudanças exigidas pelos clientes e a redução do impacto da

mudança no orçamento e na programação (KERZNER, p. 26). Shenhar e Dvir,

citados no livro-texto Gerenciamento Ágil de Projeto (AMARAL, CONFORTO, et al.,

2011), trabalham com o termo “adaptive” para descrever uma abordagem para o

gerenciamento de projetos voltados para ambiente de negócios em que existe uma

alta complexidade e elevados níveis de incertezas. O quadro a seguir mostra uma

comparação proposta por esses autores das características tradicionais e a

abordagem que eles chamam de adaptativas:

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Quadro 2 – Diferenças entre uma abordagem tradicional e uma adaptável

Abordagem Tradicional Adaptável

Metas do Projeto Enfoque na finalização do projeto no

tempo, custo e requisitos de qualidade.

Enfoque nos resultados do negócio, atingir múltiplos critérios de sucesso.

Plano de Projeto

Uma coleção de atividades executados como planejado para atender à restrição tripla(tempo,

custo e qualidade).

Uma organização e o processo para atingir as metas esperadas e os

resultados para o negócio.

Planejamento Realizado uma vez no início do

projeto. Realizado no início e reavaliado sempre

que necessário.

Abordagem gerencial

Rígida, com foco no plano inicial. Flexível, variável, adaptável.

Trabalho/Execução Previsível, mensurável, linear,

simples. Imprevisível, não mensurável, não

linear, complexo.

Influência da organização

Mínima, imparcial a partir do kick-off do projeto.

Afeta o projeto ao longo de sua execução.

Controle do projeto Identificar desvios do plano inicial e

corrigir o trabalho para seguir o plano.

Identificar mudanças no ambiente e ajustar o plano adequadamente.

Aplicação da metodologia

Aplicação genérica e igualitária em todos os projetos.

Adaptação do processo, dependendo do tipo de projeto.

Estilo de gerenciamento

Um modelo atende a todos os tipos de projetos.

Abordagem adaptativa, um único modelo não atende a todos os tipos de

projetos.

Fonte: Retirado do livro Gerenciamento Ágil de Projetos (AMARAL, CONFORTO, et al., 2011)

Daniel Amaral et al. (2011, p. 21) apresenta um resumos desses princípios

para caracterizar o Gerenciamento Ágil de Projetos, são eles:

• Aplicar técnicas simples e visuais de gerenciamento (simplicidade);

• Flexibilidade do processo para absorver mudanças no projeto;

• Buscar a excelência técnica;

• Agregar valor para o cliente e para a equipe de projeto;

• Utilizar o conceito de iterações e entregas parciais;

• Promover a autogestão e a auto-organização;

• Encorajar a tomada de decisão participativa;

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• Encorajar a inovação e a criatividade; e

• Promover a interação e a comunicação entre os membros da equipe de

projetos.

Segundo o mesmo autor o Gerenciamento de Projeto Ágil não é uma teoria

alternativa à teoria de gerenciamento de projetos tradicional específica para

determinado tipo de projeto. É uma maneira de pensar um novo conjunto de

métodos e práticas que somariam ao corpo de conhecimento tradicional de

gerenciamento de projetos. Segundo o autor, a definição que serve como proposta

em seu livro-texto é:

O Gerenciamento Ágil de Projetos é uma abordagem fundamentada em um conjunto de princípios, cujo objetivo é tornar o processo de gerenciamento de projetos mais simples, flexível e iterativo, de forma a obter melhores resultados em desempenho (tempo, custo e qualidades), menor esforço em gerenciamento e maiores níveis de inovação e agregação de valor ao cliente.

Entende-se que a melhor forma de se estudar e implantar o conceito de

gerenciamento ágil de projeto não é recriando todo um corpo teórico alternativo,

deve-se entender a especificidade e trabalhar no sentido de complementação

(AMARAL, CONFORTO, et al., 2011).

Principais diferenças entre as metodologias

Segundo Daniel Amaral et al. (2011, p. 22) analisando os diversos autores

extraem-se quatro diferenciais significativos entre a teoria do Gerenciamento Ágil de

Projeto e a teoria tradicional: autogestão, visão, iteração e envolvimento com o

cliente.

No Gerenciamento Ágil de Projetos há uma necessidade de maior esforço em

criar uma cultura e uma motivação para a autogestão. Os membros das equipes são,

na maioria, especialistas e possuem maiores responsabilidades com o crescimento

das ferramentas computacionais, estão mais expostos as informações de

andamento do projeto devido a seu menor número. Por consequência faz-se

necessário envolver mais os membros da equipe nas atividades gerenciais e utilizar

o potencial desses membros em antecipar os problemas numa atitude mais

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proativa. Porém se a empresa não possui a cultura e um nível de maturidade

adequado, e os membros da equipe não estiverem preparados para assumir a nova

responsabilidade, ou não estiverem capacitados para tal, se tornará um problema de

caos organizacional (AMARAL, CONFORTO, et al., 2011).

O termo visão é outro diferencial na metodologia de Gerenciamento Ágil de

Projetos, ele deve ser extremamente valorizado pelos gestores que pretendem

aplicar o APM. Assim como o escopo, a visão tem o papel de descrever o contorno,

os resultados que o projeto precisa atingir para satisfação dos stakeholders e quais

as exclusões do projeto. Porém, na abordagem APM a visão deve apresentar

qualidades adicionais se comparadas ao escopo. Ela tem a necessidade de ser

desafiadora e motivadora; tem que ser concisa e antecipar a concepção do produto.

A teoria de escopo enfatiza que é preciso uma concepção concisa do produto,

isto é, mais detalhada. Exige uma exploração de possíveis concepções logo no

início do projeto, exigindo uma habilidade mais técnica e um conhecimento profundo

do produto ou projeto final do gerente de projeto. Isso implica diretamente em uma

definição mais burocrática que a definição de visão, com uma necessidade de maior

detalhamento dos requisitos do projeto gerando um volume maior de documentos

com as especificações de projeto.

A concepção tradicional de gerenciamento diz que o escopo tem origem na

ideia que uma solução será gerada no decorrer do projeto, porém em onde a

exigência de velocidade ou que envolvam grande teor de inovação certamente faz

sentido antecipar essa concepção (AMARAL, CONFORTO, et al., 2011). Portanto a

principal diferença da visão seria uma antecipação de uma solução inicial do projeto.

Ela pode mudar e está aberto para isso conforme estabelecido nos princípios do

Gerenciamento Ágil (AMARAL, CONFORTO, et al., 2011).

Segundo o mesmo autor o princípio de iterações é um dos mais discutidos

pelos autores e um dos principais diferenciais à teoria tradicional. Seria o

planejamento em detalhes apenas em curto prazo e conduzir ciclos curtos de

execução e testes. Esse planejamento seria muito difícil de ser realizado em grandes

empreendimentos, com um grande número de pessoas envolvidas. Essas pessoas

gerariam uma grande quantidade de dúvidas o que impediam a pronta realização

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das atividades do projeto. Para esse tipo de empreendimento o planejamento e

controle feito do começo ao fim faz sentido e ainda o fará em projeto com menor teor

de inovação e grandes equipes. É o caso em projetos com recursos de comunicação

rápida e tecnologia da informação o recurso de iteração poderá ser explorado, neles

o planejamento poderá ser realizado, detalhado e controlado continuamente ao

longo do projeto.

Nas iterações a ideia é, da visão identificar o produto final e dele algo que pode

ser entregue e realizar ciclos de construção, teste e validação. O foco está nas

entregas de valor do produto, não há em essência o planejamento completo das

atividades, entregas, recursos. Assim não há um o enfoque em planejamentos de

ondas sucessivas citado no PMBOK, onde o projeto é dividido em marcos que

determinam um conjunto de entregas importantes havendo um planejamento

sistemático da fase inteira (AMARAL, CONFORTO, et al., 2011).

Para Daniel Amaral et al. (2011, p. 26) o envolvimento do cliente e a

simplicidade são umas características fundamentais do Gerenciamento Ágil de

Projetos. Mesmo no Gerenciamento de Projetos tradicional há a incorporação das

necessidades dos clientes através dos levantamentos de requisitos, testes,

aprovação de escopo entre outras. Porém na abordagem tradicional há um

detalhamento cada vez maior do plano de projeto com o objetivo de chegar a um

grau de maturidade no qual os recursos, atividades, entregas e prazos sejam

determinados sobrando somente a execução da programação. Para DeCarlo citado

por Daniel Amaral (2011, p. 27) fala que seria impossível fazer tal detalhamento

devido sua complexidade. Para ele um conjunto de instrumentos de medida mais

simples possível, que permita uma negociação e a melhoria continua nas decisões,

por meio de uma comunicação ativa e das contribuições dos membros da equipe

mais proativa seria uma forma de controle de projeto mais sofisticada. Significaria

uma transformação dos propósitos e métodos por outros mais fáceis de usar e que

possibilitem alertas e diminuam a complexidade do problema dividindo em partes e

distribuindo para os diversos membros de equipe.

Segundo o mesmo autor no Gerenciamento Ágil de Projetos há uma proposta

de envolvimento do cliente mais forte até de maneira presencial, estando ele

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participando das decisões de projeto como um membro ativo da equipe do projeto.

Ele ajudará no desenvolvimento do projeto por meio de técnicas de interação.

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4. CONCLUSÕES

Não há como classificar uma das duas metodologias como a melhor, o que se

deve fazer é adaptar a metodologia que melhor se encaixa para o projeto que se

está trabalhando. Deve-se fazer uma análise do ambiente interno da empresa,

levando em consideração os aspectos organizacionais e culturais, do contexto

externo em qual o projeto se encontra e assim selecionar o modelo de

gerenciamento que melhor se encaixa para cada tipo de projeto e usar os

processos, técnicas, ferramentas ou práticas adequadas.

Quando os projetos que estão sujeitos à muitas mudanças, os requisitos são

passíveis de alterações, as entregas podem ser curtas, permitem uma melhoria

contínua, possuem uma equipe pequena, há condições para uma comunicação

intensa e participação do cliente ele terá características para um gerenciamento ágil.

Porém somente estas características não garantem o sucesso do projeto. Fatores

como uma mudança cultural, abstenção do gerente de projeto nas decisões em time,

os membros assumirem a responsabilidade por essas decisões, um cliente integrado

ao time, um comprometimento geral do time condições para um planejamento

iterativo, são fundamentais para a implementação de um Gerenciamento Ágil de

Projetos.

Dentre esses fatores, dois parecem fundamentais na bibliografia estudada, a

presença do cliente e o comprometimento da equipe de projeto. O compromisso do

usuário final é fundamental para o sucesso do projeto, seja pela presença no time

como um dos princípios do Gerenciamento Ágil de Projeto, ou pelo gerenciamento

das expectativas dos stakeholders no gerenciamento tradicional. Mas nem sempre é

possível esta presença física do cliente, porém o gerente de projeto deve tentar ao

máximo essa integração. O autor desse trabalho acredita, por exemplo, que em

projetos de engenharia civil onde o produto final seria uma memória de cálculo de

uma estrutura, esta tarefa poderia ser dividida em etapas como: modelagem em

programa estrutural; dimensionamento da estrutura; e produção da memória de

cálculo. Ao terminar a modelagem, antes mesmo do dimensionamento, este modelo

poderia ser enviado para o cliente para sua validação, essa etapa poderia ser

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facilitada por um programa de modelagem em três dimensões. Assim, mesmo o

cliente não estando presente fisicamente, ele irá participar da elaboração da visão

inicial do projeto, aumentando o seu comprometimento com o mesmo.

O PMBOK valoriza os processos num gerenciamento centralizado na figura do

gerente de projeto, já o Gerenciamento Ágil de Projetos foca na capacidade dos

integrantes da equipe e na partilha do gerenciamento com todos os membros da

equipe. Assim o comprometimento da equipe no planejamento é um fator crítico para

o sucesso do projeto. Nesse trabalho foi citado muito a característica de autogestão

da equipe, assim a empresa e a equipe devem ter um nível de maturidade em

gerenciamento de projeto para implementar o Gerenciamento Ágil de Projetos. O

excesso de formalidades pode engessar a equipe de projetos e limitá-la, porém não

se pode confundir a informalidade de uma equipe autogerida com um ambiente

caótico, desprovido de processos que levam ao objetivo principal do projeto.

A documentação de todos os elementos do projeto pode torna-se desgastante

e desnecessário em projetos de pequeno porte, simples e com equipes pequenas.

Porém em projetos de maior porte e mais complexos a falta de informações e

documentação pode trazer grandes dificuldades no entendimento dos objetivos do

projeto e nas tomadas de decisão, principalmente quando da necessidade ou da

solicitação de mudanças. Assim se deve procurar o melhor das duas metodologias e

aplicá-las de acordo com cada tipo de projeto. Por exemplo, em projetos de grande

porte onde envolvem várias disciplinas o gerenciamento tradicional poderia ser

aplicado de maneira macro no projeto e o Gerenciamento Ágil ser aplicado

internamente nas disciplinas que possuem características para tal. Não se devem

descartar todos os conhecimentos oferecidos pelos métodos tradicionais e sim

combiná-los com as práticas de Gerenciamento Ágil de Projetos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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