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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA Luciana Stábile Monteblanco ESTUDO COMPARATIVO ENTRE TESAUROS DE MUSEUS DE ARTE INTERNACIONAIS DISPONÍVEIS ONLINE. Florianópolis, 2012.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA

Luciana Stábile Monteblanco

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE TESAUROS DE MUSEUS DE ARTE INTERNACIONAIS DISPONÍVEIS ONLINE.

Florianópolis, 2012.

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Luciana Stábile Monteblanco

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE TESAUROS DE MUSEUS DE ARTE INTERNACIONAIS DISPONÍVEIS ONLINE.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Biblioteconomia, do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia.

Orientadora: Prof. Lígia Maria Arruda Café.

Florianópolis, 2012.

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Page 4: TCC completo_VersaoFinal7Junho2012.pdf

Ficha Catalográfica elaborada por Luciana Stábile Monteblanco

Esta obra é licenciada por uma licença Creative Commons de atribuição, de uso não comercial e de

compartilhamento pela mesma licença 2.5

Você pode:

- copiar, distribuir, exibir e executar a obra;

- criar obras derivadas.

Sob as seguintes condições:

- Atribuição. Você deve dar crédito ao autor original.

- Uso não-comercial. Você não pode utilizar esta obra com finalidades comerciais. - Compartilhamento pela mesma licença. Se você alterar, transformar ou criar outra obra com base

nesta, somente poderá distribuir a obra resultante com uma licença idêntica a esta.

M773e Monteblanco, Luciana Stábile

Estudo comparativo entre tesauros de Museus de Arte internacionais

disponíveis online / Luciana Stábile Monteblanco. - - 2012.

80 f. : il. ; 30 cm

Orientador: Lígia Maria Arruda Café Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Florianópolis, 2012.

1. Tesauros. 2. Museus de Arte. I. Título. CDU 025.43

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AGRADECIMENTOS

“A educação é a mais importante herança que podemos te deixar, como pais.”

Esta frase me foi dita pelos meus pais há algum tempo atrás e confesso que,

naquele momento, talvez não tivesse entendido o significado dela, na sua

completude. Hoje entendo. Entendo que neste mundo louco no qual ganhei a dádiva

de viver, que estoura de grandes egos, onde as pessoas vivem de aparências e

onde é mais importante aquilo que se tem do que aquilo que se é, cheguei até aqui

com a consciência plena de que não é um diploma universitário que te faz ser uma

pessoa melhor. E percebo que, quando meus pais falaram em educação, estavam

se referindo sem dúvida alguma, não a educação que se adquire em faculdades,

mas a educação que eles me deram e que me transformou neste ser crítico,

idealista e puramente racional que acredito que sou hoje. Deste modo, a única coisa

que me resta por fazer é agradecer-lhes por esse essencial pilar de sustentação,

porque sem ele certamente, hoje eu nem estaria rabiscando estas palavras. Meu

agradecimento maior e sincero a eles, e a minha família em geral, irmãos e

sobrinhos, tios/tias, padrinhos, primos...em fim, à todos pelo apoio incondicional e a

força de sempre. Dedico este trabalho especialmente a minha avô materna Amada

Pereyra e ao meu tio Rodolfo Stábile, pessoas que perdi no caminho, e que com

certeza estariam orgulhosos de ver que cheguei até aqui.

Obrigadas gigantes à família que escolhi, meus irmãos de alma Nati, Nadia,

Rita, Karen, Dani, Carla, Vivi, Lú e Caita...pessoas que aturam minhas loucuras há

anos sem reclamar!! O apoio e a alegria de todos vocês é o que me guia sempre,

porque não tem nada melhor do que reconhecer em vocês a cada encontro um

pouco de mim mesma e tudo aquilo que um dia nos uniu; sinal de que ainda somos

os mesmos moleques de sempre!

Meus agradecimentos também a todos e cada um dos meus colegas de turma

e profissão, pessoas especiais que tive o prazer de conhecer, com quem

compartilhei aflições acadêmicas e pessoais durante estes 4 anos, e com os quais

aprendi muito. Cultivei belas amizades que com certeza levarei adiante.

Agradecimentos especiais a Aline Menin Ferreira e Cláudia Regina Luiz, por tudo

isso e muito mais!

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E como não agradecer claro, aos professores do Departamento de Ciências

da Informação, por suas lições eternas que ficarão na memória e lógico, pretendo

colocar em prática. Em especial, a professora Lígia Mª A. Café, pela orientação,

conselhos, incentivo e paciência, durante este trabalho, como também na

graduação. Aos membros integrantes da banca examinadora, Dra. Rosana

Nascimento e Dra. Marisa Bräscher, e a Me. Camila Monteiro de Barros, pela

participação como suplente. A Sra. Dra. Rosana Nascimento um obrigada especial,

quem admiro e respeito como profissional, e com quem tive o prazer de trabalhar e o

privilégio de ter aulas de Museologia todos os dias.

Agradeço aos colegas da Fundação Catarinense de Cultura e do Museu de

Arte de Santa Catarina, que de alguma forma se transformaram na minha segunda

família durante estes últimos 2 anos de estágio. E um agradecimento especial a Sra.

Lygia Helena Roussenq Neves, pela oportunidade e confiança depositadas.

E por último, mas não menos importante, agradeço a uma pessoa especial

que voltou a fazer parte da minha vida, e que mesmo estando distante soube me

apoiar e incentivar, e me devolveu a leveza de viver, me lembrando que a felicidade

está nas coisas simples da vida, como dançar quando ninguém está nos vendo,

Ale...gracias.

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RESUMO

O estudo analisa tesauros internacionais existentes na área de museus de

arte disponíveis online, adotando as recomendações das Normas ISO 2788-1974 e

ANSI/NISO Z39.19-2005, motivado pelo interesse crescente na área museológica e

pelas relações que são possíveis estabelecer entre esta e a Ciência da Informação.

Com abordagem qualitativa e caráter exploratório, envolvendo procedimentos

técnicos de pesquisa documental, o corpus analisado constitui-se de três tesauros

internacionais disponíveis online, e foi submetido à análise por meio de um roteiro

baseado nas características necessárias à elaboração de tesauros identificadas na

literatura e nas Normas citadas acima. Os resultados indicam que os tesauros

internacionais na área de museus de arte analisados cumprem com a maioria das

normas que determinam a elaboração desta ferramenta. Deste modo, conclui-se que

estes podem servir de exemplo para a construção e implementação de tesauros

nesta área do conhecimento no Brasil.

Palavras chaves: Sistemas de Organização do Conhecimento; Tesauro; Museus de

Arte.

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ABSTRACT

The study analyzes the existence of international thesauri in the area of art museums

available online, adopting the recommendations of ISO 2788-1974 and ANSI/NISO

Z39.19-2005, motivated by the growing interest in the museum area and the possible

relationships that are established between this and the Information Science. Using a

qualitative approach and exploratory character, involving technical procedures for

documentary research, the analyzed corpus consists of three international thesauri

available online, and was analyzed using a script based on the necessary

characteristics for the development of thesauri identified in the literature and in the

standards listed above. The results indicate that the international thesauri analyzed in

the area of museums of art fulfill with the majority of the norms that determine the

elaboration of the tool. Such being, it is concluded that these thesauri can serve as

an example for the construction and implementation of thesaurus in this area of

knowledge in Brazil.

Keywords: Systems of Knowledge Organization; Thesaurus; Art Museums.

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RESUMEN

El estudio analiza tesauros internacionales existentes en el área de museos

de arte disponibles online, adoptando las recomendaciones de las Normas ISO

2788-1974 y ANSI/NISO Z39.19-2005, motivado por el interés creciente en el área

museológica y por las relaciones posibles de establecer entre ésta y la Ciencia de la

Información. Con un abordaje cualitativo y carácter exploratório, implicando

procedimientos técnicos de investigación documental, el corpus analizado se

constituye de tres tesauros internacionales disponibles online, y fue submetido a

análisis por medio de un esquema basado en las características necesárias para la

elaboración de tesauros identificadas en la literatura y en las Normas ya citadas. Los

resultados indican que los tesauros internacionales en el área de museos de arte

analizados cumplen con la mayoria de las normas que determinan la elaboración

desta herramienta. Deste modo, es posible concluir que éstos pueden servir de

ejemplo para la construcción e implementación de tesauros en ésta área del

conocimiento en Brasil.

Palabras claves: Sistemas de Organización del Conocimiento; Tesauros; Museos

de Arte.

Page 10: TCC completo_VersaoFinal7Junho2012.pdf

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Introdução do AAT...................................................................................... 47

Figura 2: Formato de saída no AAT........................................................................... 49

Figura 3: Disposição de um termo específico no AAT............................................... 50

Figura 4: Saída hierárquica das facetas..................................................................... 51

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Facetas e hierarquias no AAT .................................................................. 48

Tabela 2 - Termos na forma substantivada no AAT .................................................. 53

Tabela 3 - Termos que adotam a forma singular no AAT .......................................... 54

Tabela 4 - Termos qualificadores no AAT ................................................................. 54

Tabela 5 - Nota explicativa no AAT ........................................................................... 55

Tabela 6 - Relação de equivalência no AAT ............................................................. 56

Tabela 7 - Relação hierárquica no AAT .................................................................... 57

Tabela 8 - Relações direta e indireta no AAT ............................................................ 57

Tabela 9 - Relação associativa no AAT .................................................................... 58

Tabela 10 - Saída alfabética-estruturada da LTMA ................................................... 60

Tabela 11 - Termos substantivados da LTMA ........................................................... 61

Tabela 12 - Termos que adotam a forma singular na LTMA ..................................... 61

Tabela 13 - Identificadores da LTMA ........................................................................ 62

Tabela 14 - Nota explicativa na LTMA ...................................................................... 62

Tabela 15 - Relação de equivalência na LTMA ......................................................... 63

Tabela 16 - Relação hierárquica na LTMA ................................................................ 63

Tabela 17 - Relações direta e indireta na LTMA ....................................................... 63

Tabela 18 - Relação associativa na LTMA ................................................................ 64

Tabela 19 - Grandes classes e categorias do MT ..................................................... 66

Tabela 20 - Estrutura de campos do formato de saída do MT .................................. 67

Tabela 21 - Termos na forma substantivada no MT .................................................. 68

Tabela 22 - Termos que adotam a forma singular no MT ......................................... 68

Tabela 23 - Nota explicativa no MT (com função de explicar o significado) .............. 69

Tabela 24 - Nota explicativa no MT (com função de orientar a indexação) ............... 69

Tabela 25 - Relação de equivalência no MT ............................................................. 69

Tabela 26 - Relação hierárquica no MT .................................................................... 70

Tabela 27 - Relações direta e indireta no MT............................................................ 70

Tabela 28 - Relação associativa no MT .................................................................... 71

Tabela 29 - Variáveis de análise: aspectos gerais .................................................... 72

Tabela 30 - Variáveis de análise: aspectos terminológicos ....................................... 72

Tabela 31 - Variáveis de análise: aspectos sobre relação entre conceitos ............... 73

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAT - Art & Architecture Thesaurus

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

AMN - Associação Mercosul de Normalização

ANSI - American National Standards Institute

COPANT - Comissão Panamericana de Normas Técnicas

FUNARTE - Fundação Nacional de Arte

IBRAM - Instituto Brasileiro de Museus

ICOM - The International Council of Museums

ICOM – BR - Conselho Internacional de Museus, no Brasil

IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

ISO - International Organization for Standardization

LD - Linguagem Documentária

LN - Linguagem Natural

LTMA – Lista de Términos Museológicos de Arte

MAM - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

MT – Material Thesaurus

NISO - National Information Standards Organization

OC - Organização do Conhecimento

OI - Organização da Informação

RC - Representação do Conhecimento

RI - Representação da Informação

SBM - Sistema Brasileiro de Museus

SIMBA - Sistema de Informação do Acervo do Museu Nacional de Belas Artes

SOC - Sistemas de Organização do Conhecimento

TA - Termo Associado

TE - Termo Específico

TG - Termo Genérico

TR - Termo Relacionado

UP - Usado para

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

1.1 Objetivos .......................................................................................................... 16

1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 16

1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................. 16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 18

2.1 Organização do Conhecimento ........................................................................ 18

2.1.1 Sistemas de Organização do Conhecimento ............................................. 21

2.1.2 Tesauros .................................................................................................... 23

2.2 Museus ............................................................................................................ 27

2.2.1 Os Museus no Brasil e no mundo .............................................................. 32

2.2.2 Os Museus de Arte e os Tesauros............................................................. 35

2.3 Normalização Técnica ...................................................................................... 39

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 43

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 45

4.1 Análise dos Tesauros ....................................................................................... 45

4.1.1 Art & Architecture Thesaurus. The Jean Paul Getty Museum. ................... 45

4.1.2 Lista de Términos Museológicos de Arte. .................................................. 58

4.1.3 Material Thesaurus. British Museum. ......................................................... 64

4.2 Síntese da Análise ........................................................................................... 72

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 75

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76

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“Las palabras son símbolos que postulan una memoria compartida.”

Jorge Luis Borges.

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14

1 INTRODUÇÃO

Linguagem documentária (LD) formada por termos que possuem entre si

relações semânticas. Assim se define um tesauro. O objetivo das linguagens

documentárias é padronizar a representação dos documentos, facilitando a

recuperação das informações contidas nos mesmos. Isto é ratificado por Sales

(2008, p. 34) quando afirma que

Linguagens Documentárias (LDs), também conhecidas como modelos de representação do conhecimento, são linguagens artificialmente construídas e constituídas de sistemas simbólicos que visam descrever sinteticamente conteúdos documentais, e são utilizadas nos sistemas documentários para

indexação, armazenamento e recuperação da informação. Neste sentido, a LD difere da linguagem natural (LN), já que esta última é

aquela utilizada no cotidiano pelas pessoas para suprir suas necessidades

comunicacionais. A principal função das LDs é representar o conteúdo dos

documentos em um determinado assunto, mediando à recuperação da informação, o

que facilita a busca efetuada pelos usuários. As LDs podem ser notacionais ou

verbais. As primeiras são aquelas que utilizam códigos numéricos ou alfa-numéricos

padronizados para representar os conteúdos dos documentos. Já nas verbais, o

vocabulário controlado é o que brinda a padronização na descrição dos documentos,

e é nelas que se inclui o tesauro. Assim, como afirmam Fujita et. al (2009, p. 120)

[...] podemos afirmar que elas possuem um papel fundamental nos processos de indexação e recuperação da informação, possibilitando a representação dos conteúdos documentários e facilitando a busca por assunto por usuários que necessitam realizar pesquisas com rapidez e precisão informacional.

A importância do tesauro na indexação de documentos radica no fato de que,

pela padronização terminológica e conceitual de uma determinada área do

conhecimento, impede-se que os usuários encontrem problemas na hora de

recuperar a informação desejada.

Neste caso, há de se estudar a aplicação de tesauros na área de Museus de

Arte, pois neste campo a organização e classificação dos objetos/documentos, para

Page 16: TCC completo_VersaoFinal7Junho2012.pdf

15

posterior recuperação das informações contidas nestes acervos, se fazem

necessárias e constitui em importante impulso para a continuidade de diversas

pesquisas científicas. De acordo com Ferrez; Bianchini (1987, p. 16) “[...] a

Museologia, no Brasil, pouco tem investido nesse sentido, em decorrência de fatores

internos e externos a seu campo de atuação, que contribuem para que os acervos

museológicos não sejam encarados, de modo geral, como fontes de informação.”

Note-se que as autoras refletiam sobre esta problemática já em 1987.

Ferrez;Bianchini (1987, p. 16) ainda enfatizam

[...] na medida em que os acervos museológicos não são vistos como fontes de informação, os museus brasileiros encontram muitas dificuldades em se organizar como sistemas que devem ser, de informação, isto é, intermediários entre documentos/objetos e usuários. Também não chegam a ser um espaço onde, com frequência, aflorem preocupações com o desenvolvimento de metodologias e instrumentos que visem a permitir, como acima foi dito, uma recuperação de informação mais eficiente.

Deste modo, a realização de um estágio não-obrigatório em um Museu de Arte

durante dois anos, levou a um crescente interesse pela área museológica e pelas

relações que são possíveis estabelecer entre esta e a Ciência da Informação.

Levou-se também em consideração o fato de ser o museu um tipo de Unidade de

Informação pouco explorada pelo profissional bibliotecário, como possível área de

atuação. A nova Lei Federal 11.904/09, que institui o Estatuto dos Museus

estabelece, na sua Seção III, artigos 44 ao 47, que é dever de todos os museus do

país elaborar, implementar e avaliar permanentemente o Plano Museológico, uma

ferramenta de planejamento estratégico indispensável para a definição da missão e

função dos museus perante a sociedade. Além disto, inserido no Plano Museológico

como parte integrante deste, encontra-se todo o processo de organização e

tratamento do acervo, o que o torna um importante instrumento de registro sobre o

mesmo. Futuramente, estes dados podem dar lugar à construção de uma base de

dados, para a qual, a utilização de um tesauro é de fundamental importância, pois

auxilia na organização e recuperação da informação contida na instituição.

Neste sentido, a realização de uma análise de tesauros existentes nesta área

é de importante valia, porque proporciona o embasamento teórico e metodológico

necessário para a construção futura de um tesauro, e a melhor compreensão dos

conceitos e das relações estabelecidas entre eles. Como Dodebei (2002, p. 66)

ressalta “[...] aí estão presentes as duas grandes características do tesauro de

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16

documentação: os conceitos, representados por termos (descritores ou preferidos) e

as relações entre eles.” Entende-se assim, que a principal função do tesauro é

auxiliar na recuperação da informação, por meio da representação dos conteúdos.

Portanto, o fator determinante na escolha do tema de pesquisa diz respeito à

necessidade de aprofundar e aprimorar o conhecimento teórico e metodológico

sobre este tipo de linguagem documentária e a sua importância na organização da

informação, tendo como foco principal o auxílio prático futuro na área museal, como

já foi registrado anteriormente. Além disto, uma vez que os trabalhos envolvendo

tesauros nesta área no Brasil são poucos, um estudo deste instrumento pode

incentivar e auxiliar pesquisas futuras. Este estudo será norteado pelas Normas

Internacionais ISO 2788-1974 e ANSI/NISO Z39.19-2005, que estabelecem as

diretrizes para a construção e desenvolvimento de vocabulários controlados

monolíngues. Neste contexto, a pergunta que este estudo visa responder é: quais os

tesauros internacionais existentes na área de Museus de Arte e de que forma os

mesmos estão estruturados?

1.1 Objetivos

A resposta a esta questão se delineia pelos objetivos propostos para o

estudo, tal como definidos a seguir.

1.1.1 Objetivo Geral

Analisar os tesauros internacionais existentes na área de Museus de Arte

disponíveis online, adotando as recomendações das Normas ISO 2788-1974 e

ANSI/NISO Z39.19-2005.

1.1.2 Objetivos Específicos

a) Levantar e selecionar tesauros internacionais existentes na área de

Museus de Arte disponíveis online;

b) identificar e selecionar as recomendações referentes à estrutura dos

tesauros;

c) converter as recomendações em critérios para análise;

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17

d) aplicar os critérios nos tesauros escolhidos como objetos de estudo;

e) avaliar e sintetizar as características identificadas nos tesauros.

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18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A busca por aportes teóricos que irão nortear e fundamentar o estudo se faz

necessária para alcançar os objetivos propostos e um melhor entendimento da

problemática abordada. Este marco conceitual estará dividido em três módulos, que

apresentarão uma revisão de conceitos e definições relativas à organização do

conhecimento (sistemas de organização do conhecimento e tesauros

respectivamente); um breve histórico do surgimento dos museus e sua importância

na sociedade, e o papel da normalização na produção científica, focando nas

normas internacionais para a elaboração de vocabulários controlados monolíngües

utilizadas no estudo. Para isto, as literaturas da Ciência da Informação assim como a

da área de Museologia serão de importante valia e contribuição.

2.1 Organização do Conhecimento

Para definir organização do conhecimento (OC) é necessário abordar também

o conceito de organização da informação (OI), mas primeiramente sente-se a

necessidade de definir os conceitos que estão imersos nestes: informação e

conhecimento. Muito discutidas na Ciência da Informação são as diferenças entre o

trinômio dados-informação-conhecimento. Segundo Setzer (1999), os dados

correspondem a uma seqüência de símbolos quantificáveis ou quantificados, que

podem ser armazenados em um computador ou processados por ele. Indicam o

estado de um objeto sem agregar valor algum a ele; são fatos que somente se

transformam em informação quando são vistos dentro de um contexto e passam a

fazer sentido. Vistos por si só, são apenas ruídos. Ainda para Setzer (1999)

informação, no entanto, é o valor agregado aos dados e ao mesmo tempo, um

conjunto de elementos que formam o conhecimento. São dados com significados,

que podem ser representados por meio de textos, imagens, sons ou animações. É

uma abstração informal, já que não pode ser formalizada por uma teoria lógica ou

matemática, e é incorpórea (e por isto definida como matéria-prima abstrata). Para

Setzer (1999), o conhecimento então passa a ser a consolidação de fatos contidos

em informações ou de um comportamento observado ao longo do tempo. É uma

abstração interior, que provem de experiências pessoais e que é fundamental na

tomada de decisões. Segundo o autor, a informação associa-se à semântica e o

Page 20: TCC completo_VersaoFinal7Junho2012.pdf

19

conhecimento com a pragmática. Brandt e Bräscher (2010, p. 112) definem

conhecimento e informação de forma muito esclarecedora, explicando que “[...]

entende-se conhecimento como o conjunto de conceitos (unidades do

conhecimento) presentes em determinada área temática, e informação como o

registro físico desse conhecimento.” Outro autor que diferenciou importantes

características entre conceitos de informação e conhecimento foi Fogl apud

Bräscher; Café (2008, p. 4) com as seguintes considerações

1) Conhecimento é o resultado da cognição (processo de reflexão das leis e das propriedades de objetos e fenômenos da realidade objetiva na consciência humana); 2) Conhecimento é o conteúdo ideal da consciência humana; 3) Informação é uma forma material da existência do conhecimento; 4) Informação é um item definitivo do conhecimento expresso por meio da linguagem natural ou outros sistemas de signos percebidos pelos órgãos e sentidos; 5) Informação existe e exerce sua função social por meio de um suporte físico; 6) Informação existe objetivamente fora da consciência individual e independente dela, desde o momento de sua origem.

Portanto, se o conhecimento é o conjunto de conceitos e a informação o

registro físico deste conhecimento, ou seja, dois processos diferenciados, OI e OC

convertem-se também em dois processos distintos.

Organização da informação, como muito bem definem Bräscher e Café (2008,

p. 5), é

[...] um processo que envolve a descrição física e de conteúdo dos objetos informacionais. O produto desse processo descritivo é a representação da informação, entendida como um conjunto de elementos descritivos que representam os atributos de um objeto informacional específico.

A descrição física e de conteúdo de objetos informacionais envolve técnicas

de catalogação, classificação, indexação e elaboração de resumos; processos que

podem ser aplicados a objetos físicos e que visam o fornecimento de informação

devidamente organizada para melhor recuperação e melhor atender as

necessidades dos usuários. Bräscher e Café (2008, p. 6) esclarecem ainda que a OI

também envolve “[...] a organização de um conjunto de objetos informacionais para

arranjá-los sistematicamente em coleções, neste caso, temos a organização da

informação em bibliotecas, museus, arquivos, tanto tradicionais quanto eletrônicos.”

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20

No entanto, a OC, segundo Bräscher e Café (2008, p. 6), “[...] visa à

construção de modelos de mundo que se constituem em abstrações da realidade.”

Para esclarecer um pouco mais o conceito, Campos (1996, p. 74) relata que

[...] o conceito de organização do conhecimento pressupõe um sistema de conceitos, pois conhecimento pode ser definido como um conjunto de conceitos de um dado campo de saber que interagem entre si. Na verdade, para se organizar o conhecimento de qualquer campo, com vistas à representação e recuperação de informações, investigam-se os conceitos que compõem esse campo de saber e as relações entre eles.

Percebe-se assim, que a OC está ligada ao estudo dos conceitos inseridos

em determinada área do saber, e as relações existentes entre os mesmos. Isto é

ratificado por Bräscher e Café (2008) quando conceituam a OC como um processo

que modela o conhecimento, visando à construção de representações do mesmo, e

isto se baseia na análise dos conceitos, suas características, e das relações destes

com os demais conceitos que compõem uma determinada área. No entanto, é

importante ressaltar que os teóricos da Biblioteconomia e da Ciência da Informação

tem tido diversas opiniões sobre o tema. Naves (2006, p. 40) ressalta, por exemplo,

que

[...] diferentemente de outros teóricos, Ranganathan considera como sinônimos termos como ‘organização do conhecimento’ e ‘classificação’. Já ‘conhecimento’ é definido como a totalidade de ideias conservadas pelos homens e, nesse sentido, ‘conhecimento’= ‘universo de ideias’. No contexto de ‘informação’ Ranganathan trata também conhecimento e informação, algumas vezes, como sinônimos.

Nota-se que Ranganathan possuía uma opinião muito particular,

principalmente no que se referia aos conceitos de conhecimento e informação,

chegando a tratá-los como sinônimos. Consequentemente, isto gera confusão no

que diz respeito ao tratamento dado aos conceitos de OC e classificação, também

tratados por ele como sinônimos. Estas não são as conceituações que se pretendem

trabalhar neste estudo; apenas expõem-se aqui a título de exemplo, para que seja

possível perceber que não existe uma verdade absoluta na Ciência da Informação

com respeito a estes temas, os quais acarretam grandes discussões até os dias

atuais. Para fins desta análise, será adotada a proposta conceitual de Bräscher e

Page 22: TCC completo_VersaoFinal7Junho2012.pdf

21

Café para OC, OI, representação do conhecimento (RC) e representação da

informação (RI); sendo estes dois últimos conceitos definidos a seguir.

De acordo com Bräscher e Café (2008) os processos de OI e OC produzem

dois tipos de representação; a RI e a RC respectivamente. Define-se RI segundo

Bräscher e Café (2008, p. 6) “[...] como o conjunto de atributos que representa

determinado objeto informacional e que é obtido pelos processos de descrição física

e de conteúdo [...]”, e RC “[...] se constitui numa estrutura conceitual que representa

modelos de mundo [...]”. De acordo com Bräscher e Café (2008), a RC realiza-se por

diversos tipos de sistemas de organização do conhecimento (SOC). A discussão

aprofundada sobre estes será abordada no tópico a seguir.

2.1.1 Sistemas de Organização do Conhecimento

A função principal dos SOC é colocar em ordem o conhecimento,

promovendo sua gestão. Segundo Bräscher e Café (2008, p. 8), “[...] são sistemas

conceituais que representam determinado domínio por meio da sistematização dos

conceitos e das relações semânticas que se estabelecem entre eles.” Hodje

esclarece que (2000, p. 1, tradução nossa)1

Sistemas de organização do conhecimento incluem esquemas de classificação que organizam materiais em nível mais geral (como livros em uma prateleira), cabeçalhos de assunto que fornecem acesso mais detalhado, e arquivos de autoridade que controlam versões variantes de informações importantes (como nomes geográficos e nomes pessoais). Eles também incluem esquemas menos tradicionais, tais como redes semânticas e ontologias. Como os sistemas de organização do conhecimento são mecanismos de organização da informação, eles estão no coração de qualquer biblioteca, museu, e arquivo.

De acordo com a autora, SOC incluem esquemas de classificação,

cabeçalhos de assunto e arquivos de autoridade, além dos esquemas menos

tradicionais como ontologias e redes semânticas. Eles são mecanismos para

1 Knowledge organization systems include classification schemes that organize materials

at a general level (such as books on a shelf), subject headings that provide more detailed access, and authority files that control variant versions of key information (such as geographic names and personal names). They also include less-traditional schemes, such as semantic networks and ontologies. Because knowledge organization systems are mechanisms for organizing information, they are at the heart of every library, museum, and archive. (HODJE, 2000, p. 1)

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organizar a informação, e por isto podem ser encontrados em unidades de

informação como bibliotecas, museus e arquivos. Ainda de acordo com Hodje

(2000), a principal finalidade dos SOC é organizar os materiais da unidade de

informação, facilitando a sua gestão e possibilitando aos usuários uma rápida

recuperação da informação. Isto também é ratificado por Vital e Café (2011, p. 116)

quando relatam que

Os sistemas de representação e organização do conhecimento são considerados processos fundamentais, em meio a crescente produção de informações. Objetivam proporcionar a representação, recuperação e o intercâmbio de informações, de acordo com necessidades e ambientes específicos.

No que diz respeito aos tipos de SOC, Hodje (2000) os agrupa em três

categorias gerais: listas de termos; classificações e categorias e listas de

relacionamentos. Segundo ela, as listas de termos muitas vezes fazem uso de

definições, como por exemplo, os arquivos de autoridade, glossários, dicionários e

os chamados “gazetteers” (listas geográficas, com nomes de lugares). O grupo das

classificações e categorias refere-se à criação de conjuntos de assunto, e entre elas

encontram-se os cabeçalhos de assunto, esquemas de classificação, esquemas de

categorização e taxonomias. E por último, as listas de relacionamentos são aquelas

que criam conexões entre termos e conceitos, entre as quais se encontram tesauros,

ontologias e redes semânticas. Hodje (2000) define alguns destes sistemas.

Arquivos de autoridade são listas de termos usados para controlar nomes variantes

para uma entidade ou o valor de domínio de um campo específico. Não possuem

uma organização muito complexa, podendo se apresentar em forma alfabética. Os

cabeçalhos de assuntos para a autora se compõem de um conjunto de termos

controlados para representar assuntos de itens em uma coleção, mas com uma

estrutura hierárquica bastante limitada. Ainda de acordo com Hodje (2000),

esquemas de classificação, esquemas de categorização e taxonomias são termos

usados alternadamente e fornecem as formas de entidades separadas em níveis de

tópicos, com arranjo hierárquico de notação numérica ou alfabética que representam

grandes temas. A taxonomia especificamente define-se por Vital e Café (2011, p.

118) como aquele sistema que “[...] organiza a informação da mais genérica a mais

específica, utilizando-se da relação hierárquica ou relação de gênero-espécie entre

os termos.” Ainda segundo as autoras (2011, p. 123) a mesma volta-se para

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[...] a organização das informações em ambientes específicos, visando à recuperação eficaz e, para isso, estabelecendo parâmetros em todo o ciclo de produção da informação, onde profissionais distribuídos por espaços físicos distintos participam do processo de criação do conhecimento de forma organizada.

Já no que se refere às listas de relacionamentos, a ontologia segundo Hodje

(2000) é aquele sistema que representa relações complexas entre objetos. Para

Vital e Café (2011, p. 118), a ontologia, partindo de uma área determinada do saber,

“[...] se propõe a classificar as coisas em categorias, na perspectiva do sujeito e da

linguagem do domínio.”

No que diz respeito às relações entre taxonomias e ontologias, Vital e Café

(2011; p. 116) esclarecem que ambos os sistemas “[...] possuem definições,

objetivos e aplicações que se relacionam em uma linha muito tênue, sendo por

vezes confundidos e abordados de forma equivocada na literatura.” De acordo com

as definições analisadas acima, é possível perceber que os dois sistemas, apesar de

por vezes confundidos, possuem finalidades distintas.

E finalmente, entre os demais SOC que é interessante definir, encontra-se o

tesauro. No entanto, devido ao fato de que o mesmo é objeto de estudo desta

pesquisa, será analisado de forma aprofundada no tópico a seguir.

2.1.2 Tesauros

A ambigüidade lingüística e a dinâmica terminológica das linguagens são

alguns dos fatores que impedem uma boa recuperação da informação. O tesauro,

por meio da padronização de termos e conceitos de uma determinada área do

saber, facilita a solução destes problemas.

A origem etimológica da palavra tesauros de acordo com Vickery apud

Dodebei (2002) vêm de uma confluência entre o latim = thesauru e o grego =

thesaurós, sendo que teve origem na Grécia adotando o significado de tesouro ou

armazenagem/repositório. Segundo Dodebei (2002, p. 64), “[...] em 1936, o Oxford

English Dictionary definiu a expressão inglesa como um dicionário, enciclopédia e

similares.” E Campos (2001) amplia esclarecendo que o termo se popularizou

graças a publicação em 1852 do Thesaurus of English Words and Phrases, de Peter

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Mark Roget, o qual partia-se de uma ideia, de um significado, para chegar às

palavras que melhor o representassem. Segundo Campos (2001), tratava-se de “[...]

um esquema de classificação, com um índice alfabético remissivo.” Mesmo que

tenha servido de inspiração para a construção de tesauros bibliográficos, é

necessário esclarecer que o tesauro de Roget não possuia este fim. Já na área da

Ciência da Informação, segundo Dodebei (2002, p. 66), o termo tesauro passa a ser

utilizado a partir de 1940

[...] em especial, no processo de recuperação da informação, como sendo um instrumento capaz de transportar conceitos e suas relações mútuas, tal como expressos na linguagem dos documentos, em uma língua regular, com controle de sinônimos e estruturas sintáticas simplificadas.

Em 1974, a Norma ISO 2788 define o tesauro abordando dois aspectos

principais: a sua estrutura e a sua função. Segundo sua estrutura o tesauro “[...] é

um vocabulário controlado e dinâmico de termos relacionados semântica e

genericamente que cobrem um domínio específico do conhecimento.” Segundo sua

função, o tesauro “[...] é um dispositivo de controle terminológico usado na tradução

da linguagem natural dos documentos, indexadores, ou usuários em um "idioma do

sistema" mais restrito (linguagem de documentação, linguagem de informação).”

Já a Norma ANSI/NISO Z39.19, em sua edição de 2005, define tesauro como

Um vocabulário controlado organizado em uma ordem conhecida e estruturada de modo que as várias relações entre os termos são claramente exibidas e identificados por indicadores de relacionamento padronizados. As relações entre indicadores devem ser empregadas reciprocamente.

Como é possível perceber, para alcançar o seu principal objetivo, padronizar

a descrição dos documentos, facilitando a recuperação da informação, o tesauro

deve estar dotado de uma estrutura particular. Para Gomes (1990), a estrutura de

um tesauro é composta por termos, as relações entre eles e o conjunto das

remissivas. Segundo Gomes (1990, p. 15), “[...] o termo equivale a um conceito +

uma designação. Esta designação pode ser constituída por uma ou mais unidades

léxicas.” Ou seja, os termos de um tesauro representam conceitos, geralmente de

uma determinada área do conhecimento. Segundo Debiazi (2009), um termo pode

representar mais de um conceito ou um conceito ser representado por mais de um

termo; fenômenos respectivamente conhecidos como homonímia e sinonímia. Mas

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25

estes fenômenos devem ser controlados para não prejudicar a recuperação da

informação. Como ressalta Gomes (1990, p. 15), “o controle dos termos é, portanto,

necessário para que a cada um deles não se atribua mais de um conceito e,

também, para que a cada conceito não se atribua mais de um termo.” Gomes (1990,

p. 18) define conceito como “[...] um constructo mental que representa um objeto

individual material ou imaterial.” Já Dahlberg (1978, p. 102) define conceito “como a

compilação de enunciados verdadeiros sobre determinado objeto, fixada por um

símbolo lingüístico.” Ou seja, representado por meio da palavra ou termo, como

relatado acima.

Assim, em um tesauro um termo pode exercer diversas funções: descritor ou

termo preferido, não-descritor ou termo proibido, modificador, qualificador ou

identificador. Segundo Gomes (1990), os descritores são os termos escolhidos para

nomear um conceito, que pode ser uma entidade, um objeto, um processo, etc. E

para a autora, os demais termos são os não-descritores, que formam o conjunto das

remissivas. Café (2009) define estas funções de forma mais esclarecedora. Segundo

a autora, o descritor ou termo preferido é aquele termo escolhido para a indexação

que melhor vai representar o conceito do documento que se deseja descrever. E o

não-descritor ou termo proibido é aquele termo que, embora também possa

descrever os mesmos conceitos que o descritor, não poderá ser utilizado na

indexação, evitando-se assim a proliferação de sinônimos. Ainda para Café (2009) o

modificador é o termo não utilizado isoladamente e cuja função é esclarecer ou

limitar o significado dos descritores. O qualificador é utilizado para diferenciar

homônimos. E o identificador é o termo que representa conceitos individuais (nomes

de instituições, planos, projetos). Ainda podem ser encontradas fazendo parte da

estrutura de um tesauro as notas explicativas, simbolizadas pelas iniciais NE. Estas

são utilizadas, segundo Café (2009), para esclarecer o conceito de um descritor ou

orientar a indexação.

A organização dos conceitos no tesauro se dá primeiramente em grandes

classes. Por exemplo, um tesauro de Artes poderá apresentar classes como Arte

Contemporânea, Arte Barroca, dentre outras. Ao mesmo tempo estas classes

podem se subdividir em categorias ou facetas. As categorias, por sua vez, contêm

os conceitos, representados pelos termos.

As relações possíveis de serem estabelecidas entre os termos dividem-se,

segundo Cintra et.al (2002), em dois grupos: relações hierárquicas e relações não-

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hierárquicas. As relações hierárquicas são aquelas do tipo gênero-espécie ou todo-

parte. Cintra et.at (2002, p. 51) as define como “[...] aquelas que acontecem entre

termos de um conjunto, onde cada termo é superior ou termo seguinte, por uma

característica de natureza normativa.” Relações gênero-espécie, também

denominadas relações genéricas, são, segundo Cintra et.al (2002, p. 52), “[...]

relações hierárquicas, baseadas na identidade parcial do conjunto de características

das noções superordenadas e subordinadas nelas envolvidas.” Ou seja, é um tipo

de relação que se estabelece entre um conceito genérico e outro específico,

representados pelos símbolos TG, termo genérico e TE, termo específico

respectivamente. No entanto, a relação todo-parte ou relação partitiva é, de acordo

com Cintra et. al (2002, p. 53), “[...] um tipo de relação hierárquica, na qual a noção

superordenada refere-se a um objeto considerado como um todo e as noções

subordinadas a objetos considerados como suas partes.” A Norma ISO 2788

esclarece que este tipo de relação é utilizada para os seguintes assuntos:

disciplinas, localidades geográficas e órgãos do corpo humano2. Ainda de acordo

com Cintra et. al (2002), as relações específicas também encontram-se no grupo

das relações hierárquicas. Definem-se, por Cintra et. al (2002, p.52), “[...] como

relações hierárquicas subordinadas que, além de compartilhar das mesmas

características da noção que lhes é superordenada, apresentam, pelo menos, uma

característica a mais que as diferencia.”

Por outro lado, as relações não-hierárquicas são, segundo Cintra et. al (2002,

p. 54), “[...] aquelas que apresentam entre si contigüidade espacial ou temporal. Por

esta razão, tais relações são também chamadas de seqüenciais.” Ou também são

denominadas de relações associativas, que podem ser identificadas pelos símbolos

TR (termo relacionado) ou TA (termo associado). A norma ISO 2788 define esta

relação como aquela em que os termos são relacionados, mas não de forma

hierárquica nem equivalente.

A relação de equivalência é aquela que se estabelece entre termos

sinônimos, aqueles que possuem o mesmo significado. Um dos termos assume a

função de descritor no tesauro, e os demais atuam como não-descritores.

Identificam-se com os símbolos USE e USADO PARA (UP).

2 Para demais casos de relação todo/parte, a Norma ISSO 2788 recomenda que sejam

representados pela relação associativa.

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Além disto, segundo Gomes (1990), os tesauros também podem ser

classificados como monolíngües ou multilíngües, e pelo nível de especificidade de

seus termos em microtesauros ou macrotesauros.

Nota-se assim, que uma boa estrutura lingüística é fundamental para o bom

funcionamento de um tesauro como ferramenta de recuperação da informação;

obedecendo sempre as diretrizes que estabelecem os padrões de elaboração dos

mesmos, cumprindo sua função e facilitando a vida dos usuários. Na área

museológica não será diferente. Antes de adentrar nas questões relacionadas aos

tesauros na área de museologia, segue um histórico do surgimento dos centros de

informação neste domínio, para melhor compreensão da área.

2.2 Museus

O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT, 1989)

define as unidades de informação como instituições voltadas para a aquisição,

processamento, armazenamento e disseminação de informações. Isto é ratificado

por Tarapanoff; Araújo Júnior; Cormier (2000, p. 92) quando registram que

As unidades de informação (bibliotecas, centros e sistemas de informação e de documentação) foram e são, tradicionalmente, organizações sociais sem fins lucrativos, cuja característica como unidade de negócio é a prestação de serviços, para os indivíduos e a sociedade, de forma tangível (produtos impressos), ou intangível (prestação de serviços personalizados, pessoais, e hoje, cada vez mais, de forma virtual – em linha, pela Internet).

São quatro os tipos de unidades de informação, e o museu está entre elas. O

profissional da informação, que pretende trabalhar com os diversos suportes que a

informação apresenta e cujo objetivo principal é saciar as necessidades

informacionais dos diferentes setores e segmentos da sociedade, deve acompanhar

a evolução da profissão e o desenvolvimento de novos espaços além da biblioteca.

Deste modo, o museu se traduz em um importante espaço de aplicação dos

conhecimentos e técnicas do bibliotecário.

Quem ouve falar nesta instituição pensa imediatamente em um espaço para

depósito de velharias, vinculando o museu ao ultrapassado. Esta ideia preconcebida

que acompanha as instituições museais e a cabeça das maiorias, dificultando nos

dias atuais o desenvolvimento ativo e educativo do espaço cultural, certamente tem

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alguma relação com o fato do seu surgimento e de como ele aconteceu. Como

enfatiza Nascimento (1998, p. 21)

Isto talvez, se dê, devido ao fato do Museu estar distanciado da sociedade, ou então, por ter ficado historicamente simbolizando um templo de raridades e coisas exóticas, que mais serviam à curiosidade e espanto do que ao processo educativo, que desde sua origem o Museu deveria buscar atingir.

Desde tempos remotos a humanidade demonstrava interesse em preservar a

memória, com o intuito de evoluir, organizar e desenvolver o conhecimento. Assim

nasce á idéia de alocar objetos e documentos em um único ambiente, com o objetivo

de conservar a história de uma determinada região ou comunidade. Como destacam

Giraudy e Bouilhet (1990; p. 19), “o museu surge a partir da coleção, seja ela de

origem religiosa ou profana. Desde a Idade da Pedra, o homem pré-histórico reúne

ao redor de si objetos agrupados em determinada ordem [...]”. A primeira civilização

a manifestar o interesse em colecionar foi a grega, dando início ao ciclo evolutivo

pelo qual a instituição passou, adquirindo diversas características ao longo dos

séculos. Nasce então na Grécia o Museion, ou casa das musas que era como

destaca Suano (1986, p. 10)

[...] uma mistura de templo e instituição de pesquisa, voltado sobretudo para o saber filosófico [...] local privilegiado, onde a mente repousava e onde o pensamento profundo e criativo, liberto dos problemas e aflições cotidianos, poderia se dedicar às artes e às ciências. As obras de arte expostas no museion existiam mais em função de agradar as divindades do que serem contempladas pelo homem.

A seguinte grande civilização a possuir um museu foi a egípcia, no século II a.

C, que era, segundo Nascimento (1998, p. 22), “[...] utilizado para definir um local de

estudos, espécie de Universidade com centros de educação e irradiação do

conhecimento.” Nele, de acordo com Suano (1986, p. 11), “[...] buscava-se discutir e

ensinar todo o saber existente no tempo nos campos da religião, mitologia,

astronomia, filosofia, medicina, zoologia, geografia, etc.” Deste modo, o museu que

encontrava-se em Alexandria, e que, de acordo com Nascimento (1998), era

financiado pelo Estado egípcio, conseguiu se transformar em um grande e

organizado centro de pesquisa, cujo objetivo era o fomento e a produção do

conhecimento. Para isto contava com observatórios, laboratórios de pesquisa,

biblioteca, zoológico, jardins botânicos,etc.

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Posteriormente, os museus foram caracterizados como “gabinetes de

curiosidades”. Segundo Nascimento (1998, p. 23), “isto acontece no momento em

que se define um espaço físico determinado para abrigar as coleções.” E foram os

romanos, de acordo com Suano (1986), os maiores colecionadores da época, que

abrigavam no seu enorme império todas as relíquias do Oriente, África, Britânia,

frutos das guerras colonizadoras.

Na Idade Média, as coleções tomam um novo rumo. Como esclarece

Nascimento (1998, p. 23),

[...] a obra de arte passa para o poder da Igreja, isto porque a Igreja Católica pregava o despojamento pessoal e o desprendimento dos bens materiais. Dessa forma, a igreja passa a ser a principal receptora de doações e produtora de bens materiais formando verdadeiros tesouros.

Quando se inicia a perda do poderio político da Igreja, no fim da Idade Média,

segundo Suano (1986), os príncipes italianos começam a mostrar força e a formar

suas coleções particulares, já no início da era Renascentista. Destas, a maior de

todas foi a coleção dos Médici de Florença, e é de se destacar que estes espaços

eram privilégio somente de artistas e nobres da sociedade italiana.

Como indica Nascimento (1998), o museu passa a dar acesso ao grande

público impulsionado pelo movimento revolucionário do século XVIII. Mas a autora

ressalta ainda que (1998, p. 24)

[...] a transformação não se restringiu apenas a questão da democratização do acesso do público, refere-se principalmente a mudança da noção de coleção para a noção de patrimônio, dentro do prisma democrático de que essas coleções deveriam ter caráter público e não privado como até então vinha sendo entendido.

A concepção de museu que se tem hoje começa a se consolidar neste

momento, quando passam a ser criados na Europa e depois nos Estados Unidos,

grandes e importantes museus públicos. E, posteriormente, tipologias diversas da

instituição começam a surgir também. Tomando por base o pensamento de Giraudy

e Bouilhet (1990, p. 13), existe uma “[...] falsa ideia comumente admitida a respeito

dos museus: museu = museu de arte”. Os próprios autores esclarecem que (1990, p.

13)

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30

Existem, na verdade, vários tipos de museus: museus de história natural, palácio de descoberta, museus de ciências, jardins zoológicos, instituições que conservam indumentárias, máquinas, fósseis, esqueletos, plantas, instrumentos agrícolas, insetos, aviões, tecidos, faianças e conchas, e até experiências mecânicas ou atividades artesanais. Há também, os museus de artes populares e os museus ao ar livre, que expõem, em seu contexto natural, residências patrícias ou propriedades rurais. Quanto aos parques nacionais, nada mais são que uma coleção viva de paisagens, fauna e flora, habitações, transformadas pelo homem da Idade Média, do século XVIII ou da era industrial.

É possível observar que, o que diferencia as tipologias dos museus é o tipo

de acervo que os mesmos guardam, o que não impede, ao mesmo tempo, que

objetos de proveniências diversas estejam sob a guarda de um mesmo museu. (tirei

a parte das classificação das tipologias).

Do mesmo modo como a instituição museal adquiriu ao longo dos séculos

diversas características, desde o seu surgimento, a conceituação do museu também

evoluiu. Ao mesmo tempo a instituição foi oferecendo outros serviços além da

simples visitação, guarda e preservação de objetos e documentos.

Em 1956, o ICOM, The International Council of Museums (na sessão 2.2.1 um

breve histórico desta instituição será abordado mais especificamente) definia o

museu assim:

Museu é um estabelecimento de caráter permanente, administrado para interesse geral, com a finalidade de conservar, estudar, valorizar de diversas maneiras o conjunto de elementos de valor cultural: coleções de objetos artísticos, históricos, científicos e técnicos, jardins botânicos, zoológicos e aquários.

O primeiro diretor desta organização, Georges-Henri Rivière apud Giraudy e

Bouilhet (1990; p. 11) define o museu como “uma instituição a serviço da sociedade

que adquire, conserva, comunica e expõe com a finalidade de aumentar o saber,

salvaguardar e desenvolver o patrimônio, a educação e a cultura, bens

representativos da natureza e do homem.” É possível perceber como em ambas as

definições está presente de forma muito representativa a função de conservação do

museu, cuidando e salvaguardando objetos históricos e artísticos (coleções

principalmente), e que trabalha a serviço da população. Já Santos (2000, p.51)

acrescenta que

[...] o museu é tido como um centro cultural capaz, que tem como princípio o resgate da memória socioeconômica, política e cultural, identificando fatos,

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31

personagens, e objetos, bem como estimulando a proteção de herança sociocultural da nossa sociedade.

Percebe-se como o foco mudou com relação as definições anteriores. O

principal ponto desta definição é o que caracteriza o museu como centro cultural, e

que preserva agora não só objetos, mas também fatos ou personagens,

resguardando a memória política e econômica da sociedade.

Em 2001, novamente o ICOM, na sua 20ª Assembléia Geral ocorrida em

Barcelona, Espanha (site do IBRAM, 2011) passou a definir o museu como

Instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da sociedade.

É importante ressaltar nesta definição, o caráter de instituição aberta ao

público dado ao museu, que tem como funções, além das já citadas, a de “investigar

os testemunhos materiais do homem” para “deleite da sociedade”. Insere-se desta

forma certo grau de leveza à instituição, como fornecedora do prazer cultural da

sociedade.

A definição oficial mais recente do museu é a fornecida pela Lei nº

11.904/2009 que institui o Estatuto dos Museus. Passaram a se considerar museus

aquelas

[...] instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.

Esta definição aborda claramente todos os conceitos contidos nas atividades

museais tais como conservar, investigar, comunicar, interpretar e expor, com a

finalidade de preservar, estudar, pesquisar, educar, contemplar e finalmente para

fins turísticos (conceito que não estava presente nas definições anteriores),

conjuntos e coleções não somente de valor histórico, como também artístico,

científico e técnico, sendo que os museus são instituições abertas ao público, a

serviço da população e de seu desenvolvimento.

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Constata-se que todas as definições têm alguns pontos em comum, sendo

eles o resgate da memória de um povo, e o fiel serviço sociocultural da instituição.

Mas, como foi possível perceber na definição mais atualizada dos museus, hoje se

sabe que esta instituição evoluiu ao longo dos anos junto com a sociedade da qual

faz parte, e que graças a isto, possui novas características. Pela junção entre

passado e futuro, estas instituições estabelecem ligações entre diferentes mundos,

culturas e tempos, o que pode ser fundamental para o entendimento da sociedade

como um todo, levando ao seu potencial desenvolvimento. Museus são sinônimos

de cultura; além de conservar a história possuem o poder de nos projetar para o

futuro, incentivando a criatividade e a participação do público.

2.2.1 Os Museus no Brasil e no mundo

De acordo com Suano (1986), as primeiras instituições museais que se

conheceram no Brasil foram a Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro,

iniciada em 1815 como a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios e o Museu

Nacional do Rio de Janeiro, criado em 1818 como Museu Real, que teve início como

uma pequena coleção de história natural chamada de “Casa dos Pássaros”, que

atendia aos interesses portugueses. Acredita-se que o nome “Casa dos Pássaros”

tenha sido atribuído por causa do taxidermista Xavier dos Pássaros. Suano (1986, p.

33) ressalta ainda que

[...] tanto a Escola Real quanto o Museu Real foram criados nos moldes europeus, embora muito mais modestamente. Para o acervo inicial da Escola Real, D. João VI doou os quadros que trouxera em sua bagagem quando deixara Portugal às pressas, fugindo de Napoleão, em 1808.

Em 1922 cria-se o Museu Histórico Nacional, que graças ao Decreto nº

21.129 de 7 de março de 1932, abriga o primeiro “Curso de Museus”, que

funcionaria sob a direção e fiscalização do Museu Histórico Nacional, e que

destinava-se ao ensino de disciplinas que interessavam especificamente à

instituição, como História Política e Administrativa do Brasil, Numismática, História

da Arte, Arqueologia aplicada ao Brasil, dentre outras.

Já o Museu Nacional segundo Suano (1986, p.33)

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33

[...] era voltado principalmente à história natural do Brasil e pouquíssimo herdou da família real portuguesa. Único acréscimo por ela feito, digno de nota, é o das coleções de arqueologia clássica trazidas pela Imperatriz Teresa Cristina, princesa da casa de Bourbon, quando de seu casamento com D. Pedro II, em 1853. Com a República, o Museu foi instalado, em 1892, na Quinta da Boa Vista, onde permanece até hoje, ligado a Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1946.

Em fins do século XIX, outros importantes museus foram criados no país,

como registra Suano (1986): em 1864, o Museu do Exército; o Museu da Marinha

em 1868; o Museu Paraense Emílio Goeldi em 1866; o Museu Paranaense em 1876,

inicialmente como instituição privada e oficializado em 1883; o Museu Paulista ou

Museu do Ipiranga em 1892, ligado a Universidade de São Paulo desde 1969, e o

Museu do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia em 1894.

Com a criação, em 13 de janeiro de 1937, do Instituto do Patrimônio Histórico

e Artístico Nacional (IPHAN), pela Lei nº 378, durante o Governo Getúlio Vargas, o

país passou a ter um órgão responsável pela preservação dos bens culturais. De

acordo com informações obtidas no site do IPHAN (2011),

Já em 1936, o então Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, preocupado com a preservação do patrimônio cultural brasileiro, pediu a Mário de Andrade a elaboração de um anteprojeto de Lei para salvaguarda desses bens. Em seguida, confiou a Rodrigo Melo Franco de Andrade a tarefa de implantar o Serviço do Patrimônio. Posteriormente, em 30 de novembro de 1937, foi promulgado o Decreto-Lei nº 25, que organiza a “proteção do patrimônio histórico e artístico nacional”.

Vinculado hoje ao Ministério da Cultura, este órgão tem como missão

preservar o patrimônio cultural brasileiro, fortalecendo identidades, garantindo o

direito á memória e contribuindo para o desenvolvimento econômico do país.

O órgão responsável pela Política Nacional de Museus chamava-se

Departamento de Museus (DEMU) em 2003, e que em 2009 passou a ser chamado

de Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), órgão que hoje trabalha pela melhoria

dos serviços do setor, buscando o aumento da visitação e o financiamento e

requalificação dos museus, fomentando políticas de aquisição e preservação de

acervos, e criando ações integradas entre os museus brasileiros. Criado em janeiro

de 2009, após a sanção dada pelo ex-presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva, com a

assinatura da Lei nº 11.906, esta autarquia, também vinculada ao Ministério da

Cultura, sucedeu o IPHAN nos direitos, deveres e obrigações relacionadas aos

museus federais (site do IBRAM, 2011).

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34

Buscando a integração e o diálogo entre os museus e instituições afins, foi

criado em 2004 pelo Decreto n° 5.264, de 5 de novembro, assinado pelo ex-

presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva e pelo ex-Ministro da Cultura Gilberto Passos

Gil Moreira, o Sistema Brasileiro de Museus, SBM. Este constitui um marco

fundamental na atuação das políticas públicas voltadas para o setor museológico, e

cujo estabelecimento cumpre uma das premissas na Política Nacional de Museus: a

constituição de uma ampla e diversificada rede de parceiros que, somando esforços,

contribuem para a valorização, a preservação e o gerenciamento do patrimônio

cultural brasileiro sob a guarda dos museus, de modo a torná-los cada vez mais

representativo da diversidade étnica e cultural do país. O sistema objetiva

principalmente a gestão integrada em desenvolvimento dos museus/acervos e

processos museológicos brasileiros e a valorização, preservação e gerenciamento

do patrimônio cultural brasileiro que está na guarda de museus, propiciando o

fortalecimento e a criação dos sistemas regionais, a institucionalização de novos

sistemas estaduais e municipais, e a articulação de redes temáticas de museus.

Instituições museológicas, universidades que mantenham cursos relativos ao campo

museológico e entidades organizadas vinculadas ao setor podem aderir ao SBM por

intermédio de Termo de Adesão, firmado entre a instituição e o Ministério da Cultura.

Este termo é de fundamental importância, já que estimula a articulação entre o poder

público e a sociedade civil, aumenta a visibilidade institucional e favorece a melhor

gestão e configuração do campo museal. O Sistema possui um Cadastro Nacional

de Museus, pelo do qual procura-se conhecer e integrar o universo museal

brasileiro, efetuando um levantamento de dados com o apoio de pesquisa local

elaboradas por pessoas treinadas, e contribuindo para a divulgação de ações como:

diagnóstico do setor museológico, planejamento de ações de políticas públicas de

cultura e desenvolvimento de diferentes linhas de pesquisa. Atualmente, possui mais

de 2500 mapeamentos de instituições museológicas brasileiras (site do SBM, 2007).

Internacionalmente, o ICOM (Conselho Internacional de Museus, no Brasil) é

a organização à qual está confiada a conservação, preservação e difusão do

patrimônio mundial, cultural e natural. De acordo com informações obtidas no site da

organização (2011), “[...] criado em 1946, o ICOM é uma Organização não-

governamental que mantém relações formais com a UNESCO, executando parte de

seu programa para museus, tendo status consultivo no Conselho Econômico e

Social da ONU.” Com mais de 30.000 membros em 137 países, é uma associação

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35

profissional sem fins lucrativos, financiada pela contribuição de seus membros, por

atividades que desenvolve e pelo patrocínio de organizações públicas e privadas.

Esta organização patrocinou importantes eventos na área museológica, como

a Mesa Redonda de Santiago, no Chile em 1970, que segundo Nascimento (1990, p.

28) teve como tema principal de discussão

A Importância e o Desenvolvimento dos Museus no Mundo Contemporâneo", enfatizando o papel dos museus na construção do processo histórico, do desenvolvimento científico, tecnológico e de educação permanente, como também, comprometido com a melhoria da qualidade de vida e, sobretudo, com a participação do cidadão.

Outro evento de fundamental importância ocorreu em 1984, como registra

Nascimento (1990), na Conferência Geral do ICOM, em Quebec, no Canadá. Nesta,

foram discutidas questões sobre a chamada Nova Museologia e Ecomuseologia,

tendo como referencial as resoluções da Mesa Redonda de Santiago do Chile.

Em 1948, fundou-se o Comitê Brasileiro do ICOM que (site ICOM-BR, 2011)

tem como objetivo promover a cooperação, a assistência mútua e o intercâmbio de informação entre seus membros, profissionais de museus e instituições culturais admitidos na categoria de membros individuais, residentes e em atividade no país, por membros institucionais, membros associados e beneméritos. O Comitê Brasileiro integra o ICOM-LAC (Comitê regional para a América Latina e Caribe) e o ICOM-SUR (Comitê regional dos países do Mercosul).

O ICOM possui diversos membros ilustres pelo mundo, como Museu do

Palácio na China, o Louvre na França, ou o Museu Metropolitano de Arte de Nova

Iorque. Os museus de arte abordam-se especificamente a seguir, assim como as

possíveis relações entre estes e os tesauros.

2.2.2 Os Museus de Arte e os Tesauros

De acordo com o explicitado por Rodrigues e Crippa (2011), informação é

aquilo que consegue transformar o estado atual de conhecimento de um indivíduo

ou de um grupo. Neste sentido, e, dado que a informação pode encontrar-se em

vários suportes, podem-se observar obras de arte como fontes de informação,

objetos como documentos. O bibliotecário deve saber tratar corretamente estas

informações, organizando-as da melhor forma possível, para torná-las recuperáveis

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36

e assim poder disseminá-las à sociedade. Como ressalta Ruiz (1994, p. 122,

tradução nossa), 3

[...] os objetos que estão alojados nos museus são documentos de primeira ordem, como os livros de qualquer biblioteca ou os manuscritos de um arquivo. E como documentos de primeira ordem que são, tem de ser estudados e analisados como qualquer outro documento. Como é lógico, para analisar e caracterizar os objetos-documentos é necessário um tipo especial de linguagem que já está sendo utilizado com êxito em alguns museus do mundo. Esse tipo de linguagem é o tesauro [...].

No entanto, o objeto de museu ainda é pouco explorado como fonte

informacional. De acordo com Pinheiro (1996, p. 2),

[...] daí a ausência de catálogos públicos padronizados, recurso amplamente utilizado em bibliotecas. Enquanto no exterior os principais museus posicionam-se na vanguarda das atividades de documentação e informação, no Brasil estão ainda em estágio inicial de organização e automação de acervos, com poucos exemplos nesse campo.

As iniciativas brasileiras de automação de acervos de arte em museus

surgem no final da década de 80, e as que merecem ser destacadas, segundo

Pinheiro (1996), é o Sistema de Informação do Acervo do Museu Nacional de Belas

Artes, (SIMBA), e o Projeto Lygia Clark, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio

de Janeiro (MAM), sendo que o primeiro teve apoio da Fundação Vitae, e o segundo

do CNPq. A autora destaca que, após o encerramento dos financiamentos, os

projetos não tiveram continuidade devido à insuficiência e a falta de capacitação dos

recursos humanos dos museus. Outras duas iniciativas a ressaltar, de acordo com

Pinheiro (1996), são o Projeto IARA- Informação em Arte e Atividades Culturais da

Fundação Nacional de Arte- FUNARTE, e o Museu de Folclore Edson Carneiro

também da FUNARTE, que já possui bases de dados bibliográficos e de acervo

3 [...] los objetos que se albergan en los museos son documentos de primer orden, como

lo son los libros ubicados en cualquier biblioteca o los manuscritos de un archivo. Como documentos de primer orden que son, tienen que ser estudiados y analizados como cualquier otro documento. Como es lógico, para analizar y caracterizar a los objetos-documentos vamos a necesitar un tipo especial de lenguaje que ya está siendo utilizado con éxito en algunos museos del mundo. Este tipo de lenguaje es el tesauro [...]. (RUIZ, 1994, p. 122).

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museológico de Arte e Cultura Popular. O Thesaurus para Acervos Museológicos de

Helena Dodd Ferrez e Maria Helena S. Bianchini, publicado em dois volumes em

1987, realizado no Museu Histórico Nacional, do Rio de Janeiro, com o apoio do

Ministério da Cultura, foi de fundamental importância pois buscou democratizar o

acervo dos museus e as inúmeras informações contidas neles. As autoras, na época

da publicação refletiam sobre a sacralização dos objetos dos museus brasileiros, o

que impedia que os mesmos fossem encarados como fontes de informação. De

acordo com Ferrez; Bianchini (1987, p. 16)

Os objetos têm sido vistos muito mais pelo seu valor artístico ou financeiro, resultando daí, provavelmente, o elitismo que caracteriza alguns dos museus do país. Esse enfoque parece ter predominação em detrimento do valor documental, que corresponde à análise dos objetos na totalidade de seus atributos, o que transcende visões parciais, quaisquer que sejam. Além disso, o conteúdo informativo dos objetos não é suficientemente explorado, acarretando a subutilização dos acervos museológicos enquanto fontes de pesquisa.

Ferrez; Bianchini (1987) refletiam ainda que, o que poderia modificar esta

situação seria a introdução dos computadores nos museus, já que levando em

consideração a complexidade da catalogação dos objetos criados pelo homem,

exigiria uma racionalização gerencial e técnica muito maior.

No que se refere às iniciativas de realização de tesauros museológicos pelo

mundo, Orna e Petit apud Ruiz (1994) destacam o pioneirismo do tesauro realizado

por Chenhall em 1978, denominado Nomenclature for Museums Cataloging, no

Strong Museum, que se restringia somente aos nomes dos objetos feitos pelo

homem, sem o uso de terminologias para materiais ou técnicas. Ainda de acordo

com Ruiz (1994), outra iniciativa que merece destaque é o Art & Architecture

Thesaurus, do The Jean Paul Getty Museum, nos Estados Unidos, publicado em

1990. Este tesauro será objeto de estudo desta pesquisa, portanto a sua análise

será aprofundada futuramente. Nos países europeus também é possível ressaltar,

segundo Ruiz (1994), o sistema de classificação iconográfica da França, chamado

Thesaurus Iconográphique: systéme descriptif des représentations, criado por

Françoise Garnier e publicado em 1981. Além da França, no Reino Unido,

importantes instituições museais têm realizado projetos de normalização

terminológica, segundo Ruiz (1994), como o British Museum e o National Maritime

Museum, em Londres, e a união de um grupo de museus na Escócia. De acordo

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38

com Allden apud Ruiz (1994), no British Museum o vocabulário necessário para a

realização do tesauro é compilado pelos diferentes departamentos do próprio

museu, como Etnografia, Antiguidades Egípcias, dentre outros. De acordo com

Pelowski apud Ruiz (1994), o National Maritime Museum realiza sua própria

classificação, somente com o nome do objeto, baseada na de Chenhall. A iniciativa

mais recente vem da Espanha e responde pelo nome de Domus. De acordo com

Alquézar Yánez (2004), este é um sistema integrado de documentação e gestão

museológica informatizado, que envolve todos os museus estaduais espanhóis, e

desenvolvido pelo Ministério da Cultura. Este sistema surgiu com base no Projeto de

Normalização Documental de Museus Estaduais em 1993. Em 1996, deu lugar ao

Domus. O Domus permite gerir o processo de ingresso dos objetos e bens culturais

aos acervos dos museus; registrar, inventariar e catalogar objetos e documentos;

associar imagens aos objetos assim como descrever o seu estado de conservação,

dentre outras funções. O sistema já possui até uma versão multilíngüe (catalão e

inglês) em que cada museu pode escolher a língua que preferir, possibilitando a

recuperação da informação por módulos de consultas em campos controlados

terminologicamente por tesauros ou listas de termos fechadas.

Após a descrição de diversas iniciativas nesta área, é possível perceber como

este é um campo de pesquisa que cresce dia a dia, e para o qual é necessário que o

profissional bibliotecário esteja preparado. A implantação de sistemas de informação

integrados e de redes que possibilitem a comunicação entre ou museus facilita a

gestão destas instituições, visando principalmente à disseminação da informação

que estas possuem. Isto colabora fundamentalmente com a ruptura da ideia

histórica, dogmática e elitista de que arte é para os “nobres”. Para isto, todos os

setores do museu devem trabalhar em colaboração; biblioteca, arquivo ou centro de

pesquisa, setor expositivo e reserva técnica devem ser articulados e considerar que

as obras de arte não possuem somente valor histórico, mas também valor estético.

Como esclarece Pinheiro (1996, p. 4),

considerando a ascensão da mídia como um quarto poder e a hegemonia dos computadores, com seus bancos de imagem e de som, a reprodutibilidade da obra de arte exige dos sistemas de informação a integração e inter-relação das informações, de tal forma que possa representar a memória de cada obra artística, reunindo as suas múltiplas formas e faces e refazendo toda a sua história.

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Além disto, é necessário compreender o processo de criação artística como

um todo, o que também facilita a organização, recuperação e disseminação das

informações contidas nos objetos. Isto é retificado por Pinheiro (1996, p. 4) quando

afirma que

Para a organização/estruturação, processamento técnico, recuperação e disseminação de informação em Arte é essencial a compreensão do processo de criação artística, em si mesmo, e a capacidade de representar e interpretar a obra de arte, no tempo e espaço, tarefa árdua pela amplitude, complexidade e níveis de abstração inerentes à Arte, daí a exigência de equipes multidisciplinares, basicamente formadas por profissionais de informação (museólogos, bibliotecários, arquivistas, técnicos e cientistas da informação), historiadores da Arte e analistas de sistemas.

Esta multidisciplinaridade necessária permite notar o grande ponto de

interseção existente entre as áreas da Biblioteconomia/Ciência de Informação e a

Museologia; ponto este que está passível de exploração por parte do profissional

bibliotecário, e que principalmente no Brasil está carente de iniciativas,

procedimentos e pesquisas na área.

2.3 Normalização Técnica

Uma das principais funções do campo científico, além de disseminar e

produzir conhecimento, fomentando a sua circulação e consumo, é assegurar a

preservação de padrões, e atribuir créditos e reconhecimento para aqueles cujos

trabalhos têm contribuído para o desenvolvimento das ideias em diferentes campos,

favorecendo o desenvolvimento de um país. Como ressalta Dantas Filho (1995, p.

13)

A Normalização Técnica e a Qualidade controlada são essenciais para a modernização de uma nação. Contribuem para o crescimento econômico, auxiliando o produtor a obter a melhor utilização dos materiais e dos recursos, elevando a produtividade, dando proteção e segurança ao consumidor e permitindo melhor desempenho no comércio interno e na exportação.

A normalização caracteriza-se por ser uma atividade que estabelece, em

relação a problemas existentes ou potenciais, disposições destinadas ao uso comum

e repetitivo visando à obtenção de um grau ótimo de ordem, em um dado contexto.

Ou seja, a atividade consiste nos processos de elaboração, publicação,

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40

disseminação e implementação de normas. Dantas Filho (1995, p. 26) define a

normalização como um

Processo de formulação e aplicação de regras para um tratamento ordenado de uma atividade repetitiva, para o benefício e com a cooperação de todos os interessados e em particular para a promoção da economia global, ótima, levando na devida conta condições funcionais e requisitos de segurança.

A eficácia desta atividade deve estar baseada nos resultados alcançados pela

ciência, tecnologia e experiência, visto que ela determina não somente as bases

para o presente, mas também para o desenvolvimento futuro e, portanto, deve

acompanhar o progresso.

Os principais objetivos da normalização consistem segundo Dantas Filho

(1995) em: simplificar, reduzindo a crescente variedade de procedimentos e

produtos; comunicar, proporcionando meios eficientes para a troca de informações

entre fabricante e cliente; economizar, visando tanto o lado do produtor como do

consumidor na economia global; dar segurança, protegendo a vida e a saúde

humanas, assim como o meio ambiente; brindar proteção ao consumidor, provendo

à sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos produtos; e finalmente,

eliminar barreiras técnicas e comerciais, evitando a existência de regulamentos

conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países, facilitando o intercâmbio

comercial. Tudo isto, favorece a competição internacional entre diversas empresas,

eliminando as tradicionais vantagens baseadas no uso de fatores abundantes e de

baixo custo. Deste modo, a normalização é cada vez mais utilizada como meio para

alcançar a redução de custo da produção e do produto final, mantendo e

melhorando sua qualidade. Além disto, a normalização também beneficia a

constituição de barreiras não tarifárias.

O documento que estabelece os requisitos técnicos a serem atendidos por um

produto, processo ou serviço, e os requisitos de conformidade dentro de limites

estritamente controlados chama-se norma técnica. Dantas Filho (1995, p. 26) a

define como

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41

Documento disponível para o público (especificação técnica, código de prática, etc.), derivado de um determinado esforço de normalização, estabelecido com a cooperação e o consenso ou aprovação geral de todas as partes com interesses afetados, baseado nos resultados consolidados da ciência, tecnologia e experiência, visando à promoção do benefício ótimo para a comunidade e aprovado por um organismo reconhecido.

O organismo responsável pela normalização técnica no Brasil é a Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), fornecendo a base necessária para o

desenvolvimento tecnológico do país. Trata-se de uma entidade privada, sem fins

lucrativos, fundada em 28 de fevereiro de 1940, e membro fundador da International

Organization for Standardization (ISO); da Comissão Panamericana de Normas

Técnicas (COPANT), e da Associação Mercosul de Normalização (AMN). Entre os

principais objetivos da ABNT, encontram-se elaborar, difundir e fomentar o uso das

normas técnicas, conceder certificados e marcas de conformidade e representar o

Brasil, participando em entidades internacionais afins (site da ABNT, 2011).

A tipologia das Normas Técnicas brasileiras é variada. As normas técnicas

utilizadas na área biblioteconômica são denominadas Normas de Procedimento, já

que se destinam segundo Dantas Filho (1995) a fixar condições para a execução de

cálculos, projetos, obras, serviços e instalações; emprego de materiais e produtos

industriais; transações comerciais; elaboração de documentos em geral (inclusive

desenhos, e segurança na execução ou utilização de uma obra, equipamentos e

instalações.

Como esclarece Dantas Filho (1995), a globalização das informações e dos

mercados induziu a abrangência da normalização em níveis internacionais, para

suprir as demandas do progresso sócio-econômico. Assim surgem as entidades

internacionais para garantir a padronização de produtos e procedimentos. Em nível

internacional, existem diversos organismos responsáveis pela normalização técnica.

Devido ao fato de que, as normas técnicas internacionais que nortearão esta

pesquisa serão a ISO 2788-1974 e a ANSI/NISO Z39.19-2005, elaboradas pela ISO

e pela National Information Standards Organization (NISO), pertencente ao

American National Standards Institute (ANSI) respectivamente, esta pesquisa

somente abordará questões relacionadas à origem destes dois organismos

internacionais.

De acordo com Dantas Filho (1995, p. 16), “[...] a data oficial da fundação da

ISO é de 23 de fevereiro de 1947 [...]”. Esta é ainda uma organização não estatal,

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42

que tem como propósito “[...] colaborar com as organizações internacionais estatais,

especialmente com a ONU e os setores a ela subordinados [...]” (1995, p. 18). Já o

ANSI é uma entidade americana de direito privado. Originalmente estabelecido

como American Engineering Standards Committee - AESC em 1919, adotou o nome

atual em 1969, após passar por muitas reorganizações (site do ANSI, 2011).

No que diz respeito às normas norteadoras do estudo, é possível verificar as

seguintes características. A Norma ISO 2788-1974 foi publicada em 1974 sob o

título Guidelines for the establishment and developmente of monolingual thesauri.4

Encontra-se dividida em seis seções, que focam apenas as diretrizes e

procedimentos para a construção e desenvolvimento de um só tipo de sistema de

organização do conhecimento: o tesauro. Já a Norma ANSI/NISO Z.39.19- 2005

teve sua primeira edição publicada em 1974, e revisada em 1980, sob o título

Thesaurus Structure, Construction and Use. Em 1993, publica-se a segunda edição:

Guidelines for the Construction, Format, and Management of Monolingual Thesauri.

A publicação da terceira edição em 2003 (com o mesmo título da edição anterior) foi

impulsionada pelo avanço das tecnologias informacionais e das bases de dados,

tendo como objetivo apresentar diretrizes para construção de tesauros eletrônicos

(além dos impressos já contemplados). A quarta edição publica-se em 2005 sob o

título Guidelines for the Construction, Format, and Management of Monolingual

Controlled Vocabularies, novamente acarretada pelas rápidas mudanças

tecnológicas que influenciaram as formas de acesso e de recuperação da

informação. Composta por onze seções e seis apêndices, a principal proposta desta

norma é estabelecer diretrizes para a construção, gerenciamento de vocabulários

controlados tanto impressos, quanto eletrônicos, e formato de apresentação dos

mesmos. E aborda além dos tesauros, outras tipologias de sistemas de organização

do conhecimento, como taxonomias e redes semânticas.

A seguir, apresentam-se os procedimentos metodológicos a serem adotados

neste estudo.

4 A segunda edição da mesma foi publicada em 1986, mas não foi possível ter acesso à

mesma.

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43

3 METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos adotados no estudo caracterizam-se pelo

raciocínio indutivo. De acordo com Cervo; Bervian; Da Silva (2007, p. 44)

O argumento indutivo baseia-se na generalização de propriedades comuns a certo número de casos até agora observados e a todas as ocorrências de fatos similares que poderão ser verificadas no futuro. O grau de confirmação dos enunciados traduzidos depende das evidências ocorrentes.

O estudo é caracterizado com base em dois pontos básicos: quanto ao seu

propósito e quanto à sua abordagem. Quanto ao seu propósito ou seus objetivos, o

estudo possui caráter exploratório já que por meio dele pretende-se obter um

entendimento mais aprofundado do objeto de estudo, com base na descrição das

características estruturais dos tesauros utilizados em museus. Como afirmam Cervo,

Bervian e Silva (2007), a pesquisa exploratória não requer a elaboração de

hipóteses a serem testadas no trabalho e se restringe a definir objetivos, à procura

de mais informações sobre determinado assunto, com o objetivo principal de

familiarizar-se com ele, obtendo novas percepções e descobrindo novas ideias.

Quanto a sua abordagem, ou seja, tratamento e análise dos dados, o estudo

é caracterizado por procedimentos qualitativos, pois será avaliada a qualidade das

informações coletadas. De acordo com Neves (1996, p. 1), “[...] a pesquisa

qualitativa costuma ser direcionada, ao longo do seu desenvolvimento; além disso,

não busca enumerar ou medir eventos e, geralmente, não emprega instrumental

estatístico para análise dos dados [...]”. Ainda sobre este tipo de pesquisa, Silva e

Menezes (2000, p. 20) defendem que

há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave.

Este estudo também envolve procedimentos técnicos de pesquisa

documental, de acordo com o corpus que será analisado. A principal vantagem da

pesquisa documental, segundo Gil (1991), é o baixo custo, já que depende apenas

da capacidade do pesquisador além da disponibilidade de tempo do mesmo.

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44

O corpus analisado se constitui de três tesauros internacionais na área de

Museus de Arte, sendo que dois são em língua inglesa e um em língua espanhola:

1) Art & Architecture Thesaurus, do The Jean Paul Getty Museum,

Estados Unidos;

2) Lista de Términos Museológicos de Arte, do Catálogo Coletivo Acceder, do

Governo da Cidade de Buenos Aires, Argentina;

3) Materials Thesaurus, do British Museum, Inglaterra.

A escolha destes deve-se ao fato de que, pesquisas anteriores constataram

que a presença de tesauros na área de Museus de Arte no Brasil não é muito ampla.

Realizaram-se pesquisas na literatura da área, tanto museológica como da

Biblioteconomia, relacionada principalmente a tesauros; e pesquisas no IBRAM que

evidenciaram a presença de tesauros no país, como o tesauro do Centro Nacional

do Folclore e Cultura Popular, do IPHAN, e o tesauro que é utilizado no Museu do

Indio (RJ). Mas, nestes casos, o escopo dos tesauros não é relacionado à Arte

especificamente, o que resultou na ampliação do campo de pesquisa, chegando

assim a estes objetos de estudo.

Após o estudo das normas internacionais norteadoras deste estudo e de

diversos trabalhos da área, foi possível identificar e selecionar as recomendações

referentes à estrutura dos tesauros. As recomendações selecionadas referem-se

aos aspectos gerais da estrutura dos tesauros, aos aspectos terminológicos e aos

aspectos referentes às relações existentes entre os termos. Deste modo, como

instrumento de análise do corpus construiu-se um roteiro, elaborado com base

nestas características. Este roteiro, composto das variáveis de análise, foi aplicado

ao corpus do estudo, gerando dados que foram posteriormente organizados em uma

tabela, o que facilitou a avaliação, comparação e síntese das características

estruturais dos tesauros e a obtenção de uma visão global do objeto de estudo.

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45

4 RESULTADOS

Neste capítulo, são descritas as características identificadas nos tesauros, de

acordo com as variáveis de análise adotadas. Segue abaixo, a análise dos tesauros.

4.1 Análise dos Tesauros

Como especificado na metodologia, as variáveis de análise adotadas

identificaram-se após o estudo das normas internacionais norteadoras desta

pesquisa, seguindo as recomendações nelas expostas, referentes à estrutura dos

tesauros. Assim, elaboraram-se três quadros para facilitar o entendimento do

procedimento utilizado, tomando como referência o trabalho de Debiazi (2009), que

realizou um estudo comparativo desta semelhança para área de Direito. Os quadros

dividem as variáveis em: aspectos gerais (introdução, formatos de saída, vinculação

a uma base de dados, possibilidade de propor novos termos); aspectos

terminológicos (forma substantivada, adoção do singular, qualificadores,

identificadores, modificadores, notas explicativas) e os aspectos referentes ás

relações existentes entre os termos (equivalência, hierárquica, direta, indireta e

associativa). Estes se encontram na seção 4.2 Síntese da Análise. A seguir, a

análise dos tesauros propriamente dita.

4.1.1 Art & Architecture Thesaurus. The Jean Paul Getty Museum.

De acordo com informações obtidas no site da instituição (site The Jean Paul

Getty Museum, 2012), o Jean Paul Getty Museum encontra-se localizado no

complexo cultural Getty Center , na cidade de Los Angeles nos Estados Unidos.

Este complexo é formado por uma série de órgãos ligados ao bilionário Jean Paul

Getty: o empreendimento cultural J. Paul Getty Trusts, o museu J. Paul Getty

Museum e outras instituições associadas, como o instituto de pesquisas Getty

Research Institute, o instituto de conservação Getty Conservation Institute e o

instituto de lideranças Getty Leadership Institute, o qual está empenhado em educar

museólogos principiantes bem como propiciar o aperfeiçoamento a profissionais já

experientes nesta área. Jean Paul Getty reuniu cerca de cinquenta mil obras de arte

em seu museu, sendo que o seu acesso logo de início foi oferecido gratuitamente ao

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46

grande público. As coleções concentram peças de arte do período clássico

ocidental, como esculturas, pinturas, desenhos, manuscritos e fotografias. Nos dias

atuais, o Jean Paul Getty Museum possui dois locais: o Jean Paul Getty Museum no

Getty Center em Los Angeles, e o Jean Paul Getty Museum na Villa Getty em

Malibu, atendendo assim a um público variado, promovendo o conhecimento das

artes visuais e alimentando o desenvolvimento de uma visão crítica, através da

recolha, preservação, exibição e interpretação de obras de arte da mais alta

qualidade. Além disso, fornece também diversas bolsas de estudos, pesquisas e

programas educacionais públicos.

O Art & Architecture Thesaurus (AAT) surge no final da década de 70,

juntamente com a necessidade expressa por bibliotecas de arte e serviços de

indexação de revistas de arte, que iniciavam o processo de automação da

catalogação de seus arquivos e indexação de procedimentos. Logo catalogadores

de objetos de museus e coleções de recursos visuais também expressaram a

necessidade de um vocabulário controlado similar para encorajar a consistência da

recuperação e a catalogação das informações de uma forma mais eficiente. E o

escopo deste tesauro ficou definido nas áreas de arte, arquitetura, arte decorativa,

cultura material e materiais de arquivo. Assim, o mesmo possui como público alvo

museus, bibliotecas, arquivos, diversas coleções de recursos visuais, dentre outros.

Aspectos Gerais

Analisando os aspectos gerais da estrutura do AAT, constata-se que o

mesmo possui as seguintes variáveis: introdução; formato de saída e vinculação a

uma base de dados.

A introdução não aparece especificamente com este nome. Na coluna à

esquerda, aparece o link About AAT (sobre AAT), de acordo com a Figura 1 . Neste

link, se reúnem informações históricas e estruturais do Thesaurus, o que faz com

que possa ser considerada como uma introdução.

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47

Figura 1 - Introdução do AAT

Fonte: Art & Architecture Thesaurus

Na introdução analisam-se as principais subdivisões da estrutura hierárquica

do AAT. O mesmo divide-se em facetas e hierarquias. As facetas são definidas na

introdução como aquela que “contém uma classe homogênea de conceitos cujos

membros compartilham características que os distinguem dos membros de outras

classes” (site AAT, 2012). Estas facetas estão conceitualmente organizadas em um

esquema que passa dos conceitos abstratos aos concretos. O AAT encontra-se

dividido em sete (7) facetas, sendo elas: conceitos associados, atributos físicos,

estilos e períodos, agentes, atividades, materiais, e objetos. A seguir, apresenta-se a

Tabela 1 com as facetas e as hierarquias correspondentes a cada uma delas,

presente na introdução do AAT.

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Tabela 1 - Facetas e hierarquias no AAT

FACETAS HIERARQUIAS

Conceitos Associados Conceitos Associados

Atributos físicos Atributos e Propriedades; Condições e

Efeitos; Elementos de Design; Cor.

Estilos e períodos Estilos e períodos

Agentes Pessoas; Organizações; Organismos

Vivos

Atividades Disciplinas; Funções; Eventos;

Atividades Físicas e Mentais; Processos

e Técnicas

Materiais Materiais

Objetos Agrupamentos de Objetos e Sistemas;

Gêneros de objetos; Componentes;

Ambiente Construído: assentamentos e

paisagens, complexos construídos e

distritos, obras de singular construção,

espaços abertos e elementos do sitio;

Mobiliário e Equipamentos: mobiliário,

costume, armas e munições,

insturmentos de medição, recipientes,

dispositivo de som, artefatos recreativos,

veículos de transporte; Comunicação

visual e verbal: visual works, formulários

de informação, troca de mídias.

Fonte: Art & Architecture Thesaurus

Uma característica que chama a atenção no AAT é que, de acordo com o

descrito na introdução, o mesmo suporta multilinguismo, ou seja, que os termos e

notas de escopo podem ser escritos e sinalizados em múltiplos idiomas. Isto é muito

importante, já que facilita muito a utilização do tesauro por parte de usuários que não

tem conhecimento do idioma inglês.

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49

No que diz respeito ao formato de saída apresentado, o AAT apresenta um

formato sistemático, organizado hierarquicamente por facetas, não de forma

alfabética. As Figuras 2, 3 e 4 exemplificam isto.

Figura 2 - Formato de saída no AAT

Fonte: Art & Architectur Thesaurus

Nesta figura observa-se a saída hierárquica de facetas, das mais genéricas

para as mais específicas.

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50

Figura 3 - Disposição de um termo específico no AAT

Fonte: Art & Architecture Thesaurus

Quando parte-se de um termo específico (no caso acima, o termo “people”),

aparecem na página às facetas genéricas as quais o termo pertence (“Agents

Facets”), além de outras informações como nota, o nome da faceta em outras

línguas (espanhol, alemão), o código da faceta, a posição do termo na hierarquia

facetada e notas adicionais.

Page 52: TCC completo_VersaoFinal7Junho2012.pdf

51

Figura 4 - Saída hierárquica das facetas

Fonte: Art & Architectura Thesaurus

Na Figura 4, observa-se a saída hierárquica das facetas, partindo das mais

genéricas para as mais específicas, só que diferentemente do observado na Figura

2, que mostra o tesauro no todo, aqui observam-se somente as facetas relacionadas

ao termo “people”.

O AAT está vinculado à base de dados The Getty Research Institute, que

pertence ao Getty Center, assim como alguns vocabulários controlados que também

se encontram disponíveis no site do Instituto.

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52

Aspectos Terminológicos

No que diz respeito aos aspectos terminológicos, o AAT apresenta as

seguintes variáveis: termos na forma substantivada; adoção do singular;

qualificadores; notas explicativas e função das mesmas.

Mas antes de explicar as características destas variáveis especificamente, há

de abordar-se uma característica diferencial que o AAT possui, e que como será

possível notar mais adiante, os demais tesauros analisados não. Todos os termos

contidos no AAT possuem as chamadas bandeiras, representadas por letras

maiúsculas entre parênteses. Existem por exemplo:

Bandeiras históricas, que indicam se o termo é atual ou histórico;

C = atual

H = histórico

B = atual e histórico

U = desconhecido

NA = não aplicável

Bandeira vernacular, que indicam se o termo está em língua vernácula;

V = vernacular

O = outros

U = indeterminado

As bandeiras listadas abaixo tem por função indicar a categoria gramatical

dos termos, o que denota a presença de termos na forma substantivada. As

bandeiras que distinguem um do outro são:

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53

U = indeterminado

N = substantivo

PN = substantivo plural

SN = substantivo singular

B = substantivo singular e plural

PP = particípio passado

VN = substantivo verbal/gerúndio

A = adjetivo possessivo

NA = não aplicável

Seguem exemplos na Tabela 2:

Tabela 2 - Termos na forma substantivada no AAT

Termos Função gramatical

Solution (SN) SN = substantivo singular

Veneer (N) N = substantivo

Fresco Paper (PN) PN = substantivo plural

Fonte: Art & Architecture Thesaurus

No que se refere a variável adoção do singular ou plural, o tesauro analisado

adota, na maioria dos casos, o plural para os descritores. Na existência das formas

plural e singular para o mesmo termo, dá-se preferência ao termo no plural,

indicando como descritor suplente o singular.

D = descritor

AD = descritor suplente

UF = utilizado para o termo, sinônimos de sinalização que não são descritores

ou alternativos.

Page 55: TCC completo_VersaoFinal7Junho2012.pdf

54

A Tabela 3 ilustra.

Tabela 3 - Termos que adotam a forma singular no AAT

Forma no singular Still life- AD

Forma no plural Still lifes

Fonte: Art & Architecture Thesaurus

Neste caso, a forma singular still life é sinalizada com um AD, indicando que é

um descritor suplente.

O qualificador, como já foi descrito no referencial teórico deste estudo, é

utilizado para diferenciar homônimos, que são termos que possuem a mesma grafia,

mas significados diferentes. No AAT, de acordo com o especificado na introdução do

mesmo, o qualificador é armazenado em um campo separado, mas para os usuários

finais, é exibido entre parênteses. O qualificador, no caso do AAT, pode se referir a

um contexto mais amplo do termo ou a uma característica importante e diferencial. A

Tabela 4 ilustra.

Tabela 4 - Termos qualificadores no AAT

Termo (Qualificador) Significado

Drums (walls) “Walls by location or context”

Drums (column components) “Shafts components”

Drums (membranophones) “Sound devices by acoustical

characteristics”

Fonte: Art & Architecture Thesaurus

As notas explicativas do AAT descrevem o significado do termo. De acordo

com o explicitado na introdução do AAT, muitos dos termos incluem tópicos

explicando o contexto, significado e uso do conceito e seus termos. A maioria das

notas explicativas do AAT está escrita em inglês, mas em alguns casos traduções

dessas notas em outras línguas estão incluídas. A seguir, exemplo de nota

explicativa na Tabela 5.

Page 56: TCC completo_VersaoFinal7Junho2012.pdf

55

Tabela 5 - Nota explicativa no AAT

Termo Nota explicativa

Still lifes Note: Images in which the focus is a

depiction of inanimate objects, as

distinguished from art in which such

objects are subsidiary elements in a

composition. The term is generally

applied to depictions of fruit, flowers,

meat or dead game, vessels, eating

utensils, and other objects, including

skulls, candles, and hourglasses,

typically arranged on a table. Such

images were known since the time of

ancient Greece and Rome; however, the

subject was exploited by some 16th-

century Italian painters, and was highly

developed in 17th-century Dutch

painting, where the qualities of form,

color, texture, and composition were

valued, and the images were intended to

relay allegorical messages. The subject

is generally seen in oil paintings, though

it can also be found in mosaics,

watercolors, prints, collages, and

photographs. The term originally

included paintings in which the focus was

on living animals at rest, although such

depictions would now be called "animal

paintings."

Fonte: Art & Architecture Thesaurus

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56

Aspectos sobre as relações entre os conceitos

No que se refere aos aspectos sobre as relações entre os conceitos, o AAT

apresenta todas as variáveis: relação de equivalência e símbolo; relação hierárquica

e símbolo; relações direta e indireta, e relação associativa, natureza e símbolo.

A relação de equivalência ocorre no AAT, mas os símbolos utilizados nela não

estão totalmente de acordo com as normas e com o que a literatura da área indica.

Dentro deste contexto, as relações de equivalência são relações que indicam

sinonímia, e utiliza os símbolos USE e UP (usado para) ou UF (used for, em inglês).

De acordo com Currás (1995) o símbolo USE indica o descritor ou termo preferido,

que é o escolhido entre vários termos sinônimos ou quase sinônimos. E o símbolo

UP indica o termo equivalente ou não preferido. Como é possível constatar na

Tabela 6, o símbolo USE não aparece, e sim o D, indicando o termo preferido ou

descritor. O símbolo UF está sendo usado de forma correta, por isto considera-se

que a relação existe.

Tabela 6 - Relação de equivalência no AAT

Relação de equivalência Símbolo

Third Style (D)

Style III (UF)

D = descriptor

UF = used for

Fonte: Art & Architecture Thesaurus

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57

A relação hierárquica se faz presente no AAT, como registra a Tabela 7.

Tabela 7 - Relação hierárquica no AAT

Relação Hierárquica Símbolo

Red Figure (G)

Ornate Style

G = genus/species relationship

Fonte: Art & Architecture

Neste caso, o termo Red Figure é termo genérico de Ornate Style. Por sua

vez, Ornate Style é termo específico de Red Figure. Mas como é possível apreciar

no exemplo acima, o único símbolo presente nesta relação é o G, que indica que se

trata de uma relação de gênero/espécie. Normalmente, e segundo as normas

estudadas, a relação deve valer-se dos dois símbolos, TG e TE, que indicam tanto o

termo genérico quanto o termo específico na relação. De qualquer forma, considera-

se a relação existente.

As relações direta e indireta também estão presentes no AAT, sendo

ilustradas na Tabela 8.

Tabela 8 - Relações direta e indireta no AAT

Styles and periods by general era

Ancient Relação Direta

Relação Prehistoric

Indireta

Fonte: Art & Architecture Thesaurus

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58

A relação associativa está presente no AAT, mas a mesma não apresenta

símbolo indicativo, como registra a Tabela 9.

Tabela 9 - Relação associativa no AAT

Termo Relação associativa Natureza

Postage Stamps Related concepts = Philately

(refere-se ao campo de

estudo ou prática)

Objeto/disciplina de

estudo

Fire Protection Systems Related concepts = Fire

Prevention (refere-se à

atividade)

Instrumento/processo

Radio (Telecommunication

Systems) (refere-se ao

Sistema de

telecomunicação no qual os

sinais sonoros e

códigos são

transmitidos através do

espaço sem fios por meio

de

ondas electromagnéticos

de radiofrequência)

Related concepts = Radio

Receivers

(Telecommunication

Systems Components)

Todo/parte

Fonte: Art & Architecture Thesaurus

Neste caso, apresenta-se o termo e abaixo os termos relacionados a ele,

Related Concepts.

4.1.2 Lista de Términos Museológicos de Arte.

A Lista de Términos Museológicos de Arte (LTMA), pertence ao Catálogo

Coletivo Acceder, uma Rede de Conteúdos Digitais do Patrimônio Cultural do

Ministério de Cultura, do Governo da Cidade de Buenos Aires, Argentina. De acordo

Page 60: TCC completo_VersaoFinal7Junho2012.pdf

59

com informações obtidas no site do Catálogo Coletivo (site Catálogo Coletivo

Acceder, 2012), este funciona como um instrumento estratégico, formado pela

convergência de diversas bases de dados de instituições culturais de Buenos Aires,

possibilitando à população o acesso gratuito ao patrimônio cultural, garantindo a sua

preservação para as gerações futuras e incentivando a inclusão social e a formação

de novos públicos. Na atualidade o catálogo possui 690.222 registros e 149.295

objetos digitais, e tem como meta catalogar e digitalizar todo o patrimônio cultural

pertencente ao Ministério da Cultura. A atualização dos conteúdos é contínua, e

permite localizar informação sobre obras de arte, mobiliário, livros, personalidades,

documentos, fotografias, filmes, entre outros formatos. Especialistas explicam que a

maior dificuldade do projeto é normalizar diferentes bases de dados, já que as

diferentes instituições participantes têm desenvolvido bases de dados ou arquivos

próprios, em diferentes épocas e de acordo com suas possibilidades. Portanto, uma

enorme variedade de sistemas deve ser integrada a uma única aplicação de gestão

documental.

Aspectos Gerais

Em relação aos aspectos gerais analisados, a LTMA apresenta as seguintes

variáveis: formatos de saída e vinculação a uma base de dados.

No que diz respeito à introdução, a Lista não possui uma introdução

propriamente dita. Possui um link que leva a uma página em que são listados alguns

dados como endereço eletrônico; o idioma; a data de criação da lista, dia 21 de

fevereiro de 2006; as palavras chaves, sendo elas artes, técnicas artísticas, escolas

artísticas e materiais; o tipo de linguagem, tesauro estruturado; e a cobertura do

mesmo, indicada como sendo a descrição de bens culturais. Além disto, especifica-

se abaixo que a Lista possui 7053 termos; 8052 relações entre os termos e 881

termos não preferidos. Identifica-se ainda, como autor da Lista o Governo da Cidade

de Buenos Aires, Ministério da Cultura, no seu Programa de Tecnologias Aplicadas

à Cultura.

Os formatos de saída apresentados são dois: sistemático e o alfabético-

estruturado. No formato de saída sistemático, a Lista encontra-se dividida em três

grandes classes: Escolas, Técnicas e Materiais, consideradas TG. Na classe Escola,

encontram-se as definições do termo escola, segundo a Real Academia Espanhola

Page 61: TCC completo_VersaoFinal7Junho2012.pdf

60

de Letras e o The Art & Architectura Thesaurus, e destaca-se o significado da

sentença “escolas por localização geográfica.” Além disto, definem-se os critérios de

organização dos termos, critérios relacionados à nomenclatura utilizada, e critérios

de referência geográfica adotados. Listam-se posteriormente, as notas bibliográficas

e todos os TE subordinados à classe Escola. As demais classes, Materiais e

Técnicas seguem a mesma estrutura de apresentação, com as definições de ambos

os termos, as notas bibliográficas e os TE que se subordinam a respectiva classe,

mas sem especificar nenhum tipo de critério de organização ou da nomenclatura dos

termos. Já o formato de saída alfabético-estruturado, apresenta a quantidade de

termos que cada letra possui, e mostra a seguinte estrutura de campos:

Tabela 10 - Saída alfabética-estruturada da LTMA

Descritor

Notas explicativas

Nota Bibliográfica

UP

TG

TE

TR

Fonte: LTMA

No que diz respeito à variável relação a uma base de dados, a Lista está

vinculada ao Catálogo Coletivo Acceder, que como já foi registrado anteriormente,

pertence à Rede de Conteúdos Digitais do Patrimônio Cultural do Ministério de

Cultura do Governo da Cidade de Buenos Aires.

Aspectos Terminológicos

Com relação aos aspectos terminológicos, a Lista apresenta a maioria das

variáveis: termos na forma substantivada; adoção do singular; identificadores, e

notas explicativas, as quais possuem a função de informar sobre o significado do

descritor.

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61

Os termos na forma substantivada são adotados ao longo de toda a Lista, em

duas formas: [substantivo + adjetivo] e [substantivo + preposição + substantivo].

Identificam-se os exemplos na Tabela 11.

Tabela 11 - Termos substantivados da LTMA

[substantivo + adjetivo]

Cal viva

Cine mudo

Hormigón permeable

[substantivo + preposição +

substantivo]

Botones de madera

Chapa de alumínio

Ladrillo de techo

Fonte: LTMA

No que se refere à adoção dos termos no singular, durante o estudo das

normas que norteiam este estudo, identificou-se que as mesmas determinam que,

os termos devem aparecer sempre no singular, exceto quando um termo nomeia um

conceito abstrato representando uma classe com mais de um membro. Neste caso,

o nome da classe deve ser expresso no plural. Conforme exposto na Tabela 12, esta

Lista obedece às normas neste quesito.

Tabela 12 - Termos que adotam a forma singular na LTMA

Formas no singular Adhesivo de base acuosa

Óxido férrico

Formas no plural Adhesivos

Óxidos

Fonte: LTMA

De acordo com o já discutido no referencial teórico deste estudo, o

identificador é aquele termo que representa conceitos individuais, como instituições,

planos, projetos. Levando isto em consideração, foi possível identificar na Lista

vários termos identificadores, mas os mesmos não se apresentam em lista anexa,

como determinam as normas. No Tabela 13, exemplos de identificadores.

Page 63: TCC completo_VersaoFinal7Junho2012.pdf

62

Tabela 13 - Identificadores da LTMA

Identificadores

Taller de Nicolás de Verdún (Associação de Escultura Francesa)

Taller Libre de Arte – (Associação artística da Venezuela)

Wiener Aktionsgruppe (grupo de artistas alemães de 1985)

Proletkult (Movimento de Organização da Cultura Proletária soviética dos anos 20)

Fonte: LTMA

As notas explicativas também foram identificadas na Lista, sendo que neste

caso, são utilizadas somente com a função de informar o significado do descritor. As

notas não aparecem com nenhum nome nem identificação; apenas apresenta-se a

definição explicando o significado do termo. Segue abaixo o exemplo, na Tabela 14.

Tabela 14 - Nota explicativa na LTMA

Nota Explicativa (com a função de

explicar o significado)

SAJELADO – “Procedimiento de

preparación de la arcilla para lograr una

mezcla correcta de material expulsando

las burbujas de aire existente. La masa

se parte en dos y se golpea.”

Fonte: LTMA

Abaixo da definição, apresenta-se uma nota bibliográfica indicando a

procedência da definição do termo.

Aspectos sobre as relações entre conceitos

No que diz respeito às relações entre os conceitos, a Lista apresenta as

seguintes variáveis: relação de equivalência e símbolo; relação hierárquica e

símbolo; relações diretas e indiretas; e relação associativa, símbolo e natureza.

No que se refere a relação de equivalência na LTMA, não são utilizados os

dois símbolos USE/UP como deveria, para indicar o termo preferido e seu

equivalente. Apenas é utilizado o termo UP, como especificado na Tabela 15.

Considera-se a existência da relação, mas com ressalvas.

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63

Tabela 15 - Relação de equivalência na LTMA

Relação de equivalência Símbolo utilizado

Vidrio Opal UP Opalina (no termo

Opalina, a Lista remete novamente para

o termo Vidrio Opal)

UP (usado para)

Encastillado UP Encajetado

UP Enhornado

UP (usado para)

Fonte: LTMA

No que se refere à relação hierárquica, a mesma é utilizada de forma correta

e dentro das normas, com a utilização dos dois (2) símbolos, TG e TE. Na Tabela

16, o exemplo ilustra.

Tabela 16 - Relação hierárquica na LTMA

Relação hierárquica Símbolos

Litografia sobre metal TG Litografia

Litografia TE Litografia sobre metal

TG (Termo genérico) e TE (Termo

específico)

Fonte: LTMA

No que diz respeito às relações direta e indireta, a Lista apresenta as duas,

ilustradas na Tabela 17.

Tabela 17 - Relações direta e indireta na LTMA

Ladrillo

TE Ladrillo horneado relação direta

relação TE Ladrillo hueco

indireta

Fonte: LTMA

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64

Já no que se refere às relações associativas, sabe-se que a natureza das

mesmas pode alcançar uma tipologia muito diversa, levando em consideração que,

as relações associativas são muitas vezes definidas como toda relação que não é

hierárquica. Deste modo, o número e a natureza de relações associativas dentro de

um tesauro podem chegar a ser infinitos. Neste caso em particular, alguns dos tipos

de natureza da relação associativa identificada na Lista foram os de

matéria/processo e matéria/técnica, como ilustrado a seguir na Tabela 18.

Tabela 18 - Relação associativa na LTMA

Relação associativa Natureza da relação Símbolo

Piedra

TR Petroglifo

Matéria/técnica TR (Término relacionado)

Metal

TR Oxidación

Matéria/processo TR (Término relacionado)

Fonte: LTMA

4.1.3 Materials Thesaurus. British Museum.

De acordo com informações históricas obtidas no site da instituição (site

British Museum, 2012) o British Museum teve sua origem graças à vontade do

médico, naturalista e colecionador, Sir Hans Sloane (1660- 1753). Sloane chegou a

coletar mais de 71.000 objetos, entre livros, manuscritos, espécimes naturais,

antiguidades (moedas e medalhas), gravuras, desenhos e material etnográfico. Após

sua morte, Sloane deixou sua coleção ao Rei George II, com o objetivo de que a

mesma fosse preservada, para a nação. O presente foi aceito, e em 7 de junho de

1753 uma Lei do Parlamento Britânico estabeleceu o Museu Britânico. Este abriu

suas portas ao público em 1759, instalado primeiramente em uma mansão do século

XVII, Montagu House, em Bloomsbury, com entrada gratuita. Hoje, o Museu atende

aproximadamente 6 milhões de pessoas por ano.

Graças ao interesse demonstrado por especialistas em documentação, surge

a necessidade de elaborar e publicar o Materials Thesaurus (MT). Este inclui uma

variedade enorme de termos, devido ao interesse e trabalho direcionado em

documentar todas as coleções de qualquer parte do mundo, de diversas culturas e

Page 66: TCC completo_VersaoFinal7Junho2012.pdf

65

períodos históricos que se encontram no acervo do British Museum, e que englobam

diversos tipos de objetos.

Aspectos Gerais

Com relação aos aspectos gerais, o MT possui todas as variáveis: introdução;

formato de saída; vinculação a uma base de dados e apresenta a possibilidade de

propor novos termos.

Antes da introdução propriamente dita, o Thesaurus apresenta um prefácio do

editor, datado de 1997, que destaca a importância da elaboração desta ferramenta

para o British Museum. Já na introdução, define-se um tesauro e explica-se

brevemente como o MT foi elaborado a partir da compilação de termos de índices

gerados por registros informáticos, criados usando documentação curatorial e os

próprios objetos. Ressalta-se ainda que, a lista final não é concebida como uma

classificação científica, mas como um reflexo da terminologia atual e histórica, em

uso nos departamentos de curadoria do British Museum. No final da introdução,

expõem-se ainda a estrutura e conteúdo do Thesaurus, as fontes consultadas e os

agradecimentos.

Os formatos de saída apresentados são dois: sistemático e alfabético-

estruturado. No formato sistemático, o Thesaurus encontra-se dividido em três (3)

grandes classes mutuamente exclusivas: Orgânico, Inorgânico e Material

Processado. As classes aparecem denominadas no Thesaurus como Top Term (TT)

e definidas como o “termo no mais alto nível possível na hierarquia” (site Materials

Thesaurus, 2012). Define-se a seguir cada classe e uma pequena estrutura mostra

as principais categorias nas quais as mesmas se encontram subdivididas.

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66

Tabela 19 - Grandes classes e categorias do MT

ORGANIC: animal hydrocarbon

oil soil

soot vegetal

INORGANIC: aggregate lime mineral

sand soil stone

water

PROCESSED MATERIAL: aniline ash cement/plaster ceramic daub dough glass

leather lime marzipan niello paper pastry potash

silver chloride silver nitrate slag synthetic textile urucu wax whitepaste

Fonte: Materials Thesaurus

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67

O formato alfabético-estruturado adota a seguinte estrutura dos campos:

Tabela 20 - Estrutura de campos do formato de saída do MT

PT: Preferred Term (Termo preferido)

NP: Non-Preferred Term (Termo não-preferido)

BT: Broad Term (Termo amplo ou genérico)

NT: Narrow Term (Termo específico)

RT: Related Term (Termo relacionado)

TT: Top Term (Termo Inicial ou Faceta)

TT: Temporary Term (Termo Temporário – termo que aguarda possível incorporação no Thesaurus)

Scope Note (Notas explicativas)

Fonte: Materials Thesaurus

Quanto à vinculação do Thesaurus a uma base de dados, o mesmo está

vinculado à base de dados do British Museum.

No que diz respeito a variável possibilidade de propor novos termos, fica claro

ainda na introdução do Thesaurus, que novos termos, identificados como Termos

Temporários, podem ser configurados na entrada de dados, para serem analisados

e discutidos, e se adequados, adicionados ao Thesaurus posteriormente. Mas estes

novos termos somente podem ser incorporados pelos pesquisadores e a equipe de

trabalho encarregada, o que significa que esta possibilidade não é aberta ao público

que utiliza o Thesaurus.

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68

Aspectos Terminológicos

No que se refere aos aspectos terminológicos do Thesaurus, o mesmo possui

as seguintes variáveis: termos na forma substantivada; adoção do singular; notas

explicativas e função destas.

Os termos na forma substantivada no MT, apresentam-se sem preposição, ao

contrário do que acontece na LTMA. Do mesmo modo, a maior parte dos termos

fazem referência a conceitos concretos, como objetos e suas partes, ou materiais.

Não existe a presença de adjetivos substantivados. A seguir,a Tabela 21 ilustra.

Tabela 21 - Termos na forma substantivada no MT

Orchid root Objeto/parte

Acacia Wood Materiais

Fonte: Materials Thesaurus

Quanto à adoção do singular, o que acontece no MT é que aqui todos os

termos aparecem somente no singular, e isto já fica esclarecido na introdução, ao

contrário do que foi constatado na LTMA. A Tabela 22 ilustra.

Tabela 22 - Termos que adotam a forma singular no MT

Formas no singular

Orchid stem

Manioc flour

Elk antler

Fonte: Materials Thesaurus

Existe a presença de notas explicativas, mas as mesmas não são indicadas

como deveriam (Scope Notes). Aparecem diretamente abaixo dos termos, e

possuem a função de informar sobre o significado dos mesmos, ou orientar a

indexação, restringindo o uso de um termo em determinado contexto. Seguem

exemplos nas Tabelas 23 e 24.

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69

Tabela 23 - Nota explicativa no MT (com função de explicar o significado)

MARIGOLD – The terms refers to the flower.

Fonte: Materials Thesaurus

Tabela 24 - Nota explicativa no MT (com função de orientar a indexação)

SKIN – The term should not be used for skin with hair.

Fonte: Materials Thesaurus

Aspectos sobre as relações entre conceito

No que diz respeito aos aspectos das relações entre os conceitos do MT, este

apresenta todas as variáveis: relação de equivalência e símbolo; relação hierárquica

e símbolo; relação direta e indireta e relação associativa, natureza e símbolo.

No que se refere à relação de equivalência e símbolo, acontece algo similar

ao que acontece na LTMA. Como já foi registrado anteriormente, este tipo de

relação que indica sinonímia, utiliza dois símbolos, USE e UP. Devido ao fato de que

este Thesaurus encontra-se em língua inglesa, os símbolos utilizados seriam USE e

UF (used for). Mas isto não acontece aqui; utiliza-se somente o símbolo USE; o

símbolo UF não é utilizado. O símbolo NP (non-preferred term) indica o termo não-

preferido, e o símbolo PT (preferred term) indica o termo preferido. Considera-se por

isto, que a relação existe no tesauro. A seguir, a Tabela 25 ilustra.

Tabela 25 - Relação de equivalência no MT

Relação de equivalência Símbolo

ANIMAL FIBRE NP Use ANIMAL

PT ANIMAL

Use

NP

PT

Fonte: Materials Thesaurus

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70

A relação hierárquica apresenta-se no Thesaurus dentro das normas, e com

seus respectivos símbolos, neste caso BT (Broad Term) e NT (Narrow Term), por ser

um tesauro de língua inglesa. Segue o exemplo que ilustra a relação.

Tabela 26 - Relação hierárquica no MT

Relação hierárquica Símbolos

Mammal Tooth BT Tooth

Tooth NT Mammal Tooth

BT (Broad Term ou Termo genérico) e

NT (Narrow Term ou Termo específico)

Fonte: Materials Thesaurus

As relações direta e indireta apresentam-se também de forma correta dentro

do Thesaurus. Na Tabela 27, o exemplo.

Tabela 27 - Relações direta e indireta no MT

Animal

NT1 Animal Fat Relação direta

Relação NT2 Animal Oil

indireta

Fonte: Materials Thesaurus

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71

A relação associativa também acontece de forma correta, com a presença do

símbolo RT (Related Term), termo relacionado em inglês.

Tabela 28 - Relação associativa no MT

Relação associativa Natureza Símbolo

Mortar RT Calcium Carbonate

Produto/matéria RT (Related Term- Termo

relacionado)

Paper RT Papyrus (se refere a

substância preparada a

partir do caule do papiro)

Produto/matéria RT (Related Term- Termo

Relacionado)

Fonte: Materials Thesaurus

A natureza da maior parte das relações associativas que acontecem no MT é

de natureza produto/matéria, como pode ser visto no quadro acima. Apresenta-se a

seguir, a síntese geral da análise.

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72

4.2 Síntese da Análise

Aqui se relata o diagnóstico geral dos tesauros analisados, objetivando

oferecer um panorama, destacando o nível de comprometimento das instituições

envolvidas com as normas que determinam as diretrizes para a elaboração destas

ferramentas.

Os quadros especificados abaixo relacionam todas as variáveis de análise

adotadas, de cada um dos tesauros analisados. Identifica-se como tesauro 1 o Art &

Architecture Thesaurus; tesauro 2 a Lista de Términos Museológicos de Arte, e

tesauro 3 o Materials Thesaurus.

Tabela 29 - Variáveis de análise: aspectos gerais

Aspectos Gerais Tesauro 1 Tesauro 2 Tesauro 3

Possui introdução? X ________ X

Formatos de saída

apresentados

X X X

Está vinculado a uma base

de dados?

X X X

Há possibilidade de propor

novos termos?

_________ ________ X

Fonte: Autoria própria

Tabela 30 - Variáveis de análise: aspectos terminológicos

Aspectos Terminológicos Tesauro 1 Tesauro 2 Tesauro 3

Termos na forma

substantivada?

X X X

Adoção do singular? X X X

Qualificadores? X ________ ________

Lista de Identificadores? _________ X ________

Lista de

Especificadores/Modificadores?

_________ ________ ________

Notas explicativas? X X X

Função das notas explicativas? X X X

Fonte: Autoria própria

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73

Tabela 31 - Variáveis de análise: aspectos sobre relação entre conceitos

Aspectos sobre a relação

entre conceitos

Tesauro 1 Tesauro 2 Tesauro 3

Relação de equivalência e

símbolo

X X * X

Relação hierárquica e símbolo X X X

Relação direta X X X

Relação indireta X X X

Relação associativa, símbolo

e natureza

X X X

Fonte: Autoria própria

*relação existente, mas com ressalvas.

Após a análise individual dos tesauros pode-se observar que o AAT e o MT

são os tesauros mais completos, que apresentam o maior número de variáveis e

que, portanto, acompanham as diretrizes indicadas como necessárias para a

construção de um tesauro. A LTMA fica logo atrás, com uma variável a menos que

os demais.

Considerando os aspectos gerais, constata-se que a variável introdução está

presente em dois dos tesauros analisados. Em ambos apresenta-se de forma clara,

contando com dados históricos e estruturais dos tesauros, dados sobre a elaboração

dos mesmos e até definições da ferramenta de recuperação da informação. No que

se refere aos formatos de saída, o sistemático e o alfabético-estruturado são os mais

adotados. No caso específico do AAT, o formato é sistemático, mas encontra-se

organizado hierarquicamente por facetas e não de forma alfabética. Com relação a

variável vinculação a uma base de dados, todos os tesauros encontram-se

vinculados a base de dados da instituição as quais pertencem. Entende-se que se

tratando o tesauro de um instrumento construído para auxiliar a indexação de

documentos em bases de dados, não estar os tesauros vinculados a uma base,

inutilizaria as funções dos mesmos. Quanto à possibilidade de propor novos termos,

somente um tesauro ofereceu esta possibilidade. Acredita-se que isto se deva ao

fato de que, trata-se de tesauros especializados em uma área do conhecimento

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específica, e que, portanto, a possibilidade de propor novos termos seja reservada

somente a especialistas da área.

No que diz respeito aos aspectos terminológicos, as variáveis termos na

forma substantivada e adoção do singular estão presentes em todos os tesauros

analisados, o que os coloca dentro das normas estabelecidas para elaboração desta

ferramenta. Constatou-se a presença de termos qualificadores apenas em um dos

tesauros, encontrando-se os mesmos armazenados em um campo separado, e

exibidos para os usuários finais entre parêntesis. Portanto, cumprem as normas. No

que se refere aos termos identificadores, também foram identificados somente em

um dos tesauros, mas neste caso os mesmos não se encontravam em uma lista

anexa, como ditam as normas. Listas de termos especificadores/modificadores não

foram encontradas em nenhum dos tesauros analisados, portanto entende-se que,

nenhum dos tesauros cumpre as normas neste quesito. Já as notas explicativas

estiveram presentes em todos os tesauros. Em dois deles as notas possuem a

função de informar sobre o significado dos termos e orientar a indexação (no AAT e

no MT), e também em dois deles as notas não aparecem nomeadas, nem

apresentam algum tipo de identificação (LTMA e MT).

No que se refere aos aspectos sobre as relações entre os conceitos todas as

relações estão presentes em todos os tesauros analisados, mas com ressalvas em

alguns casos em relação aos símbolos utilizados para representá-las. Na relação de

equivalência, o indicado pelas normas é a utilização dos símbolos USE/UP para

indicar o descritor e o termo não preferido respectivamente. Em nenhum dos

tesauros analisados os dois símbolos foram utilizados juntos, mas de qualquer forma

considera-se a relação como existente em todos eles. Nas relações hierárquicas

acontece algo semelhante; um dos tesauros analisados não apresentou os dois

símbolos indicados pelas normas, TG e TE, para indicar o termo genérico e o

específico respectivamente. Mas a relação existe de qualquer modo. As relações

direta e indireta acontecem em todos os tesauros, sem nenhuma ressalva. As

relações associativas também acontecem em todos os tesauros analisados, o que

difere é a natureza das mesmas, podendo ser encontradas naturezas do tipo

matéria/técnica; matéria/processo; objeto/disciplina de estudo; instrumento/processo;

todo/parte e produto/matéria, indicando a infinidade de tipos de natureza passíveis

de existência dentro de um tesauro.

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5 CONCLUSÃO

Este estudo possibilitou a obtenção de uma visão muito mais aprofundada e

crítica relacionada à área da Biblioteconomia, assim como à Museologia, e um

grande aumento no conhecimento destas.

Entende-se que o conhecimento pleno das Normas ISO 2788-1974 e

ANSI/NISO Z39.19-2005, norteadoras da pesquisa, é fundamental para a

elaboração, desenvolvimento, implementação e análise adequadas de um tesauro.

Após analisar cada um dos objetos de estudo, percebe-se que todos eles

desempenham na medida do possível um papel adequado na organização e

recuperação da informação, dentro do contexto no qual estão inseridos. Alguns

tesauros possuem algumas características diferenciadas, mas isto não faz dos

demais tesauros analisados, inadequados ou incorretos. Muitas vezes na prática, as

normas não se aplicam com tanto afinco, já que é no trabalho diário que é possível

observar a funcionalidade das ferramentas, e o quanto estas auxiliam realmente o

usuário, ou não.

Conclui-se, portanto, que internacionalmente, a Museologia, mais

especificamente o campo dos Museus de Arte, conta com ferramentas que auxiliam

na organização e recuperação adequadas da informação. Portanto, a

implementação de tesauros nesta área no Brasil seria de grande valia para o

desenvolvimento do campo de estudos, tanto da Museologia quanto da Ciência da

Informação. Para isto, seria necessário o apoio de diversas instituições e por que

não, do próprio Governo, já que isto acarretaria no desenvolvimento cultural e no

aumento do valor dos serviços ofertados à população. Tomar como exemplo as

iniciativas estudadas aqui pode ser um primeiro passo para isso.

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