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CENTRO PAULA SOUZA ETEC SANTO AMARO TÉCNICO EM CONTABILIDADE CAPITAL INTELECTUAL CONHECIMENTO TRANSFORMADO EM LUCRO SÃO PAULO 2010

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CENTRO PAULA SOUZA ETEC SANTO AMARO

TÉCNICO EM CONTABILIDADE

CAPITAL INTELECTUAL CONHECIMENTO TRANSFORMADO EM LUCRO

SÃO PAULO

2010

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CENTRO PAULA SOUZA ETEC SANTO AMARO

Ana Paula Rodrigues Passos

Andréa Freire Dias Débora Pereira de Oliveira

Ivaneide Maria Silva Pereira

CAPITAL INTELECTUAL CONHECIMENTO TRANSFORMADO EM LUCRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola Técnica Estadual Santo Amaro para obtenção do grau técnico em Contabilidade.

Orientadora: Profª: Paula Valéria

SÃO PAULO 2010

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CENTRO PAULA SOUZA

ETEC ANTO AMARO

Ana Paula Rodrigues Passos Andréa Freire Dias

Débora Pereira de Oliveira Ivaneide Maria Silva Pereira

CAPITAL INTELECTUAL: CONHECIMENTO TRANSFORMADO EM LUCRO

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Certificado Técnico, no curso de Contabilidade, da ETEC – Santo Amaro.

São Paulo, ___, de _________ de 2010. Professor Orientador: Paula Valéria Chaves Pereira Correia

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________ Ronaldo Leite Paixão Lucas

_______________________________________________________

Fernando Antônio de Campos _______________________________________________________

Mauro Tadeu Almeida de Oliveira

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Dedicamos a todos que confiaram em nossa

competência para realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, que nos deu força e sabedoria para conduzirmos

este trabalho.

Aos orientadores da ETEC Santo Amaro, pela dedicação e

competência.

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Mesmo entre a crescente fileira

de adeptos (...) a magnitude da revolução

financeira representada pelo Capital Intelectual

frequentemente não é compreendida. Na realidade

este novo modelo para medir o valor transformará não

somente a economia, mas a própria sociedade em sua

criação de riquezas e obtenção de valor.

(Edvinsson e Malone, 1998:1)

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Resumo As demonstrações contábeis são instrumentos que dão suporte as tomadas de decisões nas empresas, porém, é notório que com relação ao valor de mercado e o valor contábil, as mesmas deixam lacunas que podem inferir em equívocos capazes de prejudicar a situação da empresa. Mesmo tendo conhecimento destas lacunas e da importância de se evidenciar o Capital Intelectual, tal evidenciação na grande maioria dos casos ainda não é promovida pela contabilidade. Diante disto buscou-se demonstrar a importância dessa avaliação e qual seria a dificuldade que contabilidade enfrenta que a impossibilita de demonstrar estes valores. Para isto foi feito inicialmente um resgate histórico, comentaram-se conceitos e procurou-se esclarecer a importância do Capital intelectual dentro das organizações, como fator capaz de agregar valores, proporcionar lucros futuros e fazer a empresa continuar mantendo-se competitiva no mercado. O presente trabalho apresenta os elementos que formam o Capital Intelectual: o Capital Humano, Capital Estrutural e o Capital de Clientes, onde foi possível constatar que a empresa só consegue obter resultados com o Capital intelectual, por meio da associação destes três capitais. Em seguida aborda o Goodwill, ativo intangível, o qual aparece somente quando a empresa é vendida, é também chamado de Ágio. Sua diferenciação com o Capital Intelectual é que sua visão contábil é temporal e limitada, enquanto a do Capital Intelectual é progressiva e de constante renovação. Na sequência foram demonstrados alguns modelos de mensuração existentes. Por fim, apresentou-se a conclusão, onde pode ser constatado a importância da evidenciação do Capital Intelectual nas demonstrações contábeis.

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Objetivo

Pretende-se com este trabalho, auxiliar e informar profissionais da área

contábil, para que estes possam ter uma visão mais ampla da necessidade de incorporar valores baseados no conhecimento, atualmente apesar de todas as mudanças tecnológicas, a visão da empresa é de retorno, principalmente, retorno financeiro.

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Justificativa

A busca pela diminuição de custos quanto na valorização dos ativos das empresas vem sendo bastante discutidas pela crescente importância dos ativos intangíveis a sua mensuração e contabilização a fim de atender ao objetivo da Entidade da valorização dos recursos ativos.

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Metodologia

O método utilizado para o desenvolvimento deste projeto será a pesquisa de literatura atual, periódicos, artigos e revistas, sem focar em um ramo específico.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AICPA Instituto Americano de Contadores Públicos ASOBAT Statement of Basic Accouting Theory CVM Comissão de Valores Mobiliários FASB Financial Accouting Standands Board IASB International Accouting Standart Boart IASC International Accounting Standards Q.E. Inteligência Emocional Q.I. Quociente de Inteligência TI Tecnologia da Informação

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14

2 - SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ................................................................... 15

2.1 - DEFINIÇÃO DE CONHECIMENTO ......................................................................... 16 2.2 - CONHECIMENTO COMO RECURSO ECONÔMICO ................................................... 16

3 - ORGANIZAÇÕES NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ............................... 17

3.1 - CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA EVOLUÇÃO .................................................. 18 3.2 - A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ................................................................................ 18 3.3 - A REVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE .................................................................... 18 3.4 - A REVOLUÇÃO GERENCIAL ................................................................................ 19 3.5 - IMPACTO DA TECNOLOGIA NAS ORGANIZAÇÕES .................................................. 21

4 - CONTABILIDADE NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO .............................. 23

4.1 - BREVE HISTÓRICO DA CONTABILIDADE ............................................................... 24 4.2 - CONTABILIDADE COMO SISTEMA DE INFORMAÇÃO ............................................... 24 4.2 - VALOR DA EMPRESA NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ..................................... 26

5 - CAPITAL INTELECTUAL ................................................................................... 27

5.1 - ATIVO .............................................................................................................. 28 5.2 - ATIVO INTANGÍVEL ........................................................................................... 30 5.3 - DEFINIÇÕES DO ATIVO INTANGÍVEL .................................................................... 32 5.4 - CONCEITO DE CAPITAL INTELECTUAL ................................................................. 33 5.5 - CAPITAL HUMANO - A MINA NA EMPRESA ........................................................... 35 5.6 - CAPITAL ESTRUTURAL ...................................................................................... 36 5.7 - CAPITAL DO CLIENTE ........................................................................................ 36 5.8 - DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO CONCEITO DE CAPITAL INTELECTUAL .............. 37 5.9 - AVALIAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL ................................................................. 37 5.9.1 - GESTÃO DO CAPITAL INTELECTUAL ................................................................. 38 5.9.2 - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ATIVO/CAPITAL HUMANO ......................... 40

6 - CONCEITO GOODWILL ...................................................................................... 41

6.1 - CLASSIFICAÇÃO DO GOODWILL .......................................................................... 42 6.2 - GOODWILL VERSUS CAPITAL INTELECTUAL ......................................................... 43 6.3 - CONTABILIDADE VERSUS CAPITAL INTELECTUAL ................................................. 45

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7 - MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL ................................................. 46

7.1 - MODELOS DE MENSURAÇÃO ............................................................................ 47 7.2 - DIFERENÇA ENTRE VALOR DE MERCADO E O VALOR DE CONTÁBIL ...................... 47 7.3 - MODELO SKANDIA ............................................................................................ 48 7.4 - RAZÃO ENTRE VALOR DE MERCADO E O VALOR CONTÁBIL ................................... 50 7.5 - MODELO “Q” DE TOBIN .................................................................................... 51 7.6 – NAVEGADOR DO CAPITAL INTELECTUAL ............................................................. 52 7.7 - BASE LEGAL DE RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL ...... 53 7.8 - VANTAGENS NA MENSURAÇÃO ........................................................................... 53 7.9 - CONTABILIZAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL ....................................................... 54

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 55

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 56

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1 – Introdução

Muito se tem comentado, nos últimos tempos, que os relatórios fornecidos pela Contabilidade Financeira não retratam certas realidades das empresas, tendo em vista o fato de o valor contábil das ações estarem muitas vezes abaixo do seu valor de mercado. Esse contraste entre os dois valores vem sendo identificado como Capital Intelectual. O presente trabalho traz um novo conceito de administração de empresas que conduz à necessidade de aplicação de novas estratégicas, de nova filosofia de administração e novas formas de avaliação do valor da empresa. Mostra-nos o conceito deste ativo intangível, e o impacto que causa sobre a Contabilidade.

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2 - Sociedade do Conhecimento

Desde a década de 60 vivenciamos um período de mudanças econômicas, tecnológicas, políticas e sociais que, aos poucos, vem alterando a estrutura e os valores da sociedade.

Peter Drucker (1970), em 1968, escreveu a obra Uma Era de Descontinuidade, quando já percebia tendências que levariam ao que intitulou a Sociedade de Conhecimento.

Drucker (1970:7-9) apontou descontinuidades em quatro áreas, que se pode entender como tendências a época, como se segue:

“1. Estão surgindo tecnologias genuinamente novas. É quase certo que elas criarão novas indústrias

importantes e novos tipos de grandes empresas e que tornarão, ao mesmo tempo, obsoletas as grandes

indústrias e empreendimentos atualmente existentes. (...) As próximas décadas do século passado, quando

nascia uma grande indústria baseada em nova tecnologia poucos anos após o aparecimento de outra, e não

farão lembrar a continuidade tecnológica e industrial dos últimos cinqüenta anos.

2. Estamos diante de grandes mudanças na economia mundial. (...) O mundo tornou-se, em outras palavras, um

mercado, um centro de compras global.

3. A matriz política da vida social e econômica está mudando celeremente. A sociedade e a nação de hoje são

pluralistas.

4. O conhecimento, nestas últimas décadas, tornou-se o capital principal. O centro de custo e o recurso crucial

da economia. Isso muda as forças produtivas e o trabalho; o ensino e o aprendizado; o significado do

conhecimento e suas políticas. “Mas também cria o problema das responsabilidades dos novos detentores do

poder, os homens do conhecimento.”

As tendências percebidas por Drucker, em 1968, hoje são uma realidade, e

a necessidade de se compreender e de se adaptar a elas torna-se urgente, despertando, portanto, os interesses daqueles que, de alguma forma, se sentem motivados por esse assunto desafiador: a sociedade do conhecimento e suas implicações.

Aprovado pelo consenso apresentado por proeminentes autores especialistas no assunto, como Alvin Toffler, Richard Crawford, Lester Thurow, James Brian Quinn, Robert Reich, entre outros. Cada um a seu modo reconhece, denomina e justifica a sociedade atual, assumindo seu grande diferencial: o conhecimento.

Importante ressaltar dessas afirmações é que se atribui o nome de Sociedade do Conhecimento porque o conhecimento é considerado fator de produção, com terra, o capital e o trabalho, e sua existência e aplicação passam a ser fundamentais para a continuidade da Sociedade.

Agregando o conhecimento como o novo fator de produção, que se vem aliar aos já existentes - terra, capital e trabalho-, ou mesmo como seu substituto definitivo, instala-se um período de transformações cujos efeitos estão se espalhando, mundialmente, alterando os sistemas político, social e econômico dos países que se encontra em tal estágio de desenvolvimento.

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2.1 - Definição de Conhecimento

Devem-se distinguir, entre os filósofos, a origem do Conhecimento.

Aristóteles (apud Giles, 1993:24), afirmava que o conhecimento orienta-se com base na experiência da percepção e que, auxiliado pela razão, alcança as conexões necessárias entre as formas dos objetos particulares experimentados.

Quanto à função do conhecimento podem-se destacar duas correntes: a de Sócrates, que afirmava ser sua função o crescimento intelectual, moral e espiritual, e a de Protágoras, posterior e em oposição, que afirmava ser a finalidade do conhecimento capacitar saber o que e como dizer.

Aristóteles, quanto à utilidade do conhecimento, afirmava que este se divide em:

1. Teórico, como aquele que se procura para si próprio. Exemplo: física;

2. Prático como aquele que se procura visando à ação. Exemplo: ética e política;

3. Produtivo como aquele que se procura para poder produzir ou criar algo. Exemplo: poesia.

De modo geral, a filosofia define conhecimento como “ato mental,

fundamentado na experiência sensível, pelo qual se formulam juízos verdadeiros e seguros a respeito de algum objeto ou realidades” (Giles, 1993:23).

Na linguagem do cotidiano, quando se diz que alguém tem conhecimento sobre determinado assunto ou se pergunta se já tomou conhecimento de algo, significa afirmar possuir domínio sobre o assunto ou perguntar se sabe sobre algo que já aconteceu como, por exemplo, uma notícia ou informação.

Duas importantes conclusões emergem da definição assumida. Em primeiro lugar, somente o ser humano é capaz de utilizar-se, desse modo, da informação, pois esta, para ter valor, precisa ser transformada em conhecimento, e que tem essa capacidade fundamental são as pessoas. A tecnologia da informação disponibiliza- a no momento em que foi gerada, indistintamente. Logo, a vantagem esta na capacidade de transformá-la. Em segundo lugar, o conhecimento é diferenciado, pois a pessoa humana é considerada por suas características particulares, físicas e psíquicas. O indivíduo permite predicados, mas ele mesmo não pode ser predicado de outros; ele é o único e o emprego de seu conhecimento torna-se uma habilidade.

Por isso que o controle do conhecimento e dos meios de comunicações (das informações) na Sociedade baseada no Conhecimento passa a ser uma vantagem competitiva.

2.2 - Conhecimento como Recurso Econômico

Como a capacidade de adquirir e desenvolver o recurso do Conhecimento

é inerente ao ser humano, isto diferencia o recurso do conhecimento dos demais recursos, em alguns aspectos importantes, considerados a seguir:

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É um recurso ilimitado, pois a pessoa aprimora seus conhecimentos à medida que os desenvolve diferente de alguns recursos naturais que se esgotam ao passar do tempo;

Está contribuindo para minimizar o consumo dos outros recursos, à medida que é empregado para aperfeiçoar técnicas existentes;

Está distribuído pelo mundo, descentralizado a riqueza, pois estará em mãos daqueles que souberem como criar, mobilizar e organizar o conhecimento, diferentemente da época industrial, quando a riqueza pertencia a quem detivesse, regionalmente, os recursos naturais e o capital.

Conclui-se, portanto, que o conhecimento vem aliar-se aos recursos básicos,

até então indispensáveis para o contínuo desenvolvimento da economia. Não como o substituto definitivo, mas como um requisito básico e, também, indispensável. A situação econômica está em processo de mudança e mudanças geram novas necessidades. O conhecimento, considerado na redefinição de seu conceito, é o novo recurso necessário.

3 - Organizações na Sociedade do Conhecimento

Os períodos de transição em que se encontra a sociedade atual,

ocasionado pelas mudanças amplamente comentadas no capítulo anterior, culminam em uma nova sociedade com estrutura econômica, política, social e tecnológica diferentes.

Rogers (1196:7) faz o seguinte comentário:

“O conhecimento está balançando as estruturas na forma como organização

é criada e desenvolvida; como ela “morre” ou é reformulada. Existem

mudanças fundamentais no meio empresarial, em como as economias se

desenvolvem e em como as sociedades prosperam.”

Chiavenato (1993:472) define uma organização como a associação formal

de pessoas com objetivos comuns previamente estabelecidos, podendo ser esse objetivo empresarial ou não. A organização formalmente constituída pressupõe, ainda, segundo o autor, a divisão do trabalho, a especialização das funções, a estrutura hierárquica de atribuição de autoridade e de responsabilidade e a observação de normas de comportamento estabelecidas racionalmente.

Para Drucker (1993:27), uma organização é um grupo humano composto por especialistas que trabalham em conjunto em uma tarefa comum. Ela é sempre especializada e definida por sua tarefa. Quanto à função das organizações, Drucker (1997:44) afirma que sempre foi a de tornar produtivos os conhecimentos por meio da integração de conhecimentos especializados numa tarefa comum.

Utilizaremos a divisão estabelecida por Drucker (1993), para a averiguação das modificações impostas às organizações, onde o autor fixou três grandes marcos: a Revolução Industrial, a Revolução da Produtividade e a Revolução

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Gerencial, em decorrência da aplicação do conhecimento à ferramenta, processos e produtos, ao trabalho e a conhecimentos, respectivamente.

3.1 - Contextualização Histórica da Evolução

Para uma melhor compreensão do contexto atual que vivemos, faremos uma

breve retrospectiva dos grandes momentos de mudanças enfrentados pela humanidade.

A aplicação do conhecimento em novas tecnologias sempre existiu e este foi e continua sendo o modelo de desenvolvimento das civilizações. Entretanto, a aplicação do conhecimento até a Revolução Industrial limitava-se a uma profissão ou a uma aplicação específica, não sendo utilizado em uma segunda aplicação.

A palavra Tecnologia deriva de technê ( grego), que significa o mistério de uma habilidade, e de logia, que vem a ser conhecimento organizado, sistemático, significativo.

Por volta de 1770, na França, ocorreu a formalização da Tecnologia, quando foi editada a Encyclopédie, por Denis Diderot e Jean d’Álembert. Onde reunia de forma organizada o conhecimento de todas as profissões artesanais. Como principal impacto à época, a Encyclopédie dizia que os princípios que produziam resultados em uma produção artesanal, produziriam resultados em qualquer outra profissão (Drucker, 1993:10).

3.2 - A Revolução Industrial

A materialização da aplicação do conhecimento, ou das tecnologias,

expandiu-se rapidamente pelo mundo. Novas tecnologias eram desenvolvidas, gerando uma demanda por capital bem acima da que os artesões poderiam suprir. Surgem, então, as figuras do capitalista e do operário. O primeiro, detentor do capital e possuidor dos meios de produção, assumindo rapidamente papel central na economia e na sociedade e, o segundo, necessitado dos meios de produção para subsistir.

As novas tecnologias geraram, igualmente, a necessidade da concentração da produção em um só espaço físico, pois a energia da água ou do vapor não podia estar descentralizada. Consequentemente, surgiram as primeiras fábricas.

É relevante lembrar que as descobertas tecnológicas oriundas dessa época formaram a base de sustentação para as invenções posteriores, conforme observado por Drucker (1970:20). 3.3 - A Revolução da Produtividade

Pensando no aumento da produtividade que os estudos na área da Teoria

da Administração tiveram início. Frederick Taylor, intitulado “o pai” da Administração Científica, em 1881,

forneceu o arcabouço teórico e metodológico ao que Adam Smith, em A riqueza das nações, reconheceu como sendo o princípio da divisão do trabalho. Segundo este princípio, qualquer processo complexo pode ser decomposto em uma série de pequenas tarefas mais simples.

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A sistematização e mecanização do trabalho passam a ser o foco perseguido por todas as organizações aliadas a aplicação das tecnologias desenvolvidas em busca da diminuição dos custos e do aumento da produção. Assim, a economia deixa e ter uma base artesanal e manufatureira para firmar-se como produção industrial e mecanizada.

Com os benefícios trazidos pela divisão e especialização do trabalho para a organização em termos de eficiência operacional, este conceito foi-se estendendo para os demais níveis hierárquicos. Ressalta-se, nesse campo, a contribuição de Henri Fayol, que se ateve aos estudos da separação das funções dentro da empresa e aos Princípios da Administração.

3.4 - A Revolução Gerencial

Após a Segunda Guerra Mundial, a estrutura organizacional teve que se

adaptar a demanda intensa e crescente por produtos e serviços, decorrentes da escassez da época, exigindo a produção em massa.

O aperfeiçoamento do número e variedade de máquinas já existentes, que facilitavam e abreviavam o trabalho humano, contribuiu para possibilitar essa adaptação. Contudo, por outro lado, impôs o surgimento de uma nova função: a gerência. Os gerentes coordenavam a produção aplicando seu conhecimento para produzir resultados, pois a produtividades por si só não era suficiente para atender a demanda.

Segundo Drucker (1993:23), primeiramente um gerente era definido como alguém que é responsável pelo trabalho de subordinado; mas, no início dos anos 50, esta definição havia mudado para alguém que é responsável pelo desempenho de pessoas.

Importante se faz ressaltar que o conhecimento, a partir dos anos 50, passou a ser valorizado nas empresas; entendia-se por conhecimento aquele formalmente adquirido nas academias, ou seja, os gerentes aplicavam o conhecimento explícito no exercício de sua função, coordenando os operários e pessoal de escritório na busca dos objetivos traçados de produtividade e de desempenho. Até então não era necessário ter diploma de curso superior para conseguir um trabalho. Entrava-se em uma fábrica como operador de máquinas e trabalhava-se muito para conquistar novos postos e melhores salários, em decorrência da produtividade. Apenas as famílias abastadas mandavam seus filhos à universidade, o que lhes conferia certo status.

Nos anos 50, os funcionários dessas grandes organizações dominavam as economias desenvolvidas. Eram operários e gerentes de indústrias, servidores civis e militares, profissionais liberais da área de saúde e ensino e de grandes escritórios prestadores de serviços, em oposição a menos de um quinto da força de trabalho que era empregada em tais condições, à época da Primeira Guerra Mundial, segundo Drucker (1997:31). Tais pessoas trabalhavam em pequenas empresas familiares, no comércio e em residências e, como tão bem observa Drucker, trabalhavam para um patrão.

Alvin Toffler, autor do Livro A Terceira Onda, usa a metáfora das ondas para explicar as grandes mudanças ocorridas na nossa civilização até os dias atuais.

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• 1ª Grande Onda de Mudança pela qual passou a humanidade foi a AGRíCOLA – (8000 A.C. até 1750 D.C.), ou seja, demorou quase 10.000 anos para ser concluída. Algumas Características: Base da Economia: terra. Economia: descentralizada (cada comunidade produzia a maioria de todas as suas necessidades). Energia que movia a Economia: potência muscular humana e animal e fontes renováveis (sol, vento, etc.). Produção: artesanal (por encomenda). Meios de comunicação e de transporte: difíceis; precários; quase inexistentes. Estoques: limitados. Local de Trabalho: campo. Trabalhador: camponês. Ênfase Contábil: partidas simples.

• 2ª Grande Onda de Mudança foi a INDUSTRIAL (1750 a 1955), ou seja, duraram 205 anos para ser concluída. Grande marco dessa época foi a Revolução Industrial. Algumas Características: Base da Economia: fontes energéticas não renováveis (carvão, gás, petróleo). Economia: separação entre o produtor e o consumidor (mercado). Energia que movia a Economia: máquinas. Produção: em massa (padronização dos produtos). Meios de comunicação e de transporte: estradas de ferro; rodovias; transporte aéreo, correio, telégrafo, telefone. Estoques: ilimitados. Local de Trabalho: fábrica-indústria. Trabalhador: operário; alta especialização. Ênfase Contábil: partidas dobradas; custo histórico; elaboração de relatórios contábeis. • 3ª Grande Onda de Mudança - CONHECIMENTO, que é a atual que estamos vivendo, começou na década de 50 continua até os dias de hoje, e as previsões é que não dure mais do que algumas décadas. Algumas Características: Base da Economia: informação e o conhecimento. Economia: global (proximidade do consumidor com a produção). E de produtor e consumidor – indústria do faça você mesmo. Energia que move a Economia: forças mentais e intelectuais (ondas cerebrais). Produção: personalizada (o cliente é quem manda). Meios de comunicação e de transporte: velozes, poderosos, diversificados; teia global. Estoques: virtuais. Local de Trabalho: escritório – casa. Trabalhador: do conhecimento; generalista. Ênfase Contábil: sistemas de informação e capital intelectual.

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Na era na qual nos encontramos, na 3ª Onda, o conhecimento é o grande agregador de valor às organizações. A mola propulsora da sociedade atual não é mais o capital financeiro, máquinas, ferramentas. E sim o conhecimento e a informação. Esse capital intelectual é que vai gerar riquezas para as organizações do presente e do futuro.

Entretanto, muitos países estão sentindo o impacto simultâneo de duas, e até mesmo de três ondas de mudança, completamente diferentes, todas se movendo com diferentes velocidades e com diferentes graus de força. Ou seja, pode estar ocorrendo uma superposição de ondas. E isso tem provocando grandes turbulências às organizações desses países.

A origem dos estudos do capital intelectual coincide com o surgimento da Sociedade do Conhecimento, que teve início logo após a Segunda Guerra Mundial, quando o conhecimento e a informação passaram a ter um importante papel na sociedade. Praticamente coincide com o início da 3ª Onda.

3.5 - Impacto da Tecnologia nas Organizações

A tecnologia da informação e das telecomunicações possibilitou a

globalização da economia. Entende-se este fenômeno de interdependência entre países e mercados como uma síntese das transformações pelas quais vêm passando a economia mundial no decorrer dos anos e, mais notadamente, a partir dos anos 80. Esse novo cenário vem alterando, sobremaneira, o ambiente externo as organizações em termos geográficos e produtivos.

Brooking (1996:1), ao analisar as mudanças impostas às organizações atuais, que a utilização da tecnologia da informação e das telecomunicações, e a necessidade de uma força de trabalho dependente do intelecto e da tecnologia, estão levando as empresas a aplicar métodos e habilidades muito diferentes dos até então empregados para acessarem seus consumidores e provê-los de bens e serviços.

A autora aponta os seguintes aspectos, frutos do desenvolvimento tecnológico, como subjacentes ao desenvolvimento de novos métodos e habilidade indispensáveis para a continuidade dos negócios, resumidos a seguir:

Criação de novos serviços: a tecnologia da informação além de substituir os métodos manuais de trabalho, possibilitou a criação de novos serviços não possíveis anteriormente. Exemplificando, tem-se a movimentação de bilhões de dólares nas bolsas de valores espalhadas pelo mundo, os serviços de cartão de credito, reservas de vôos, etc.

Mudança no conceito de espaço físico e de mercado: os empregados não necessitam estar concentrados fisicamente para a realização do trabalho, acessando os clientes, gerentes e fornecedores. Da mesma forma, uma multinacional pode controlar toda a cadeia produtiva e reunir os vários fatores de produção em nível internacional, sem se comprometer com a produção em si, como é o caso da Nike, que não possui os meios de produção, pois toda ela é feita sob encomenda em fábricas que pertencem a outras empresas com base em modelos desenhados por especialistas nos Estado Unidos. Em termos de mercado, a Internet tornou-se um mercado virtual, em que se realizam compras e vendas de produtos e

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Page 22: Tcc-Capital Intelectual

serviços, além de possibilitar o acesso a informações de publicidade e propaganda das empresas;

Valorização da marca: as empresas precisam de um símbolo que o cliente possa associar a elas, independentemente do local em que ele estiver, dado a globalização dos mercados;

Merchandising de intangíveis: o valor da comercialização do produto intangível associado ao produto tangível pode ultrapassar, em muito, este último. Exemplificando, tem-se o valor arrecadado com a bilheteria de um filme de grande sucesso sendo superado pela venda dos direitos de comercialização das imagens e dos personagens do filme, como é o caso do Star Wars, cuja receita de bilheteria foi de U$$ 25.000.000.00, contra U$$ 1.000.000.000.00 decorrentes da comercialização de seus personagens;

Patente de tecnologia: as empresas que investem no desenvolvimento de novas tecnologias necessitam tê-las patenteadas, a fim de possibilitar a avaliação real da própria empresa.

Certamente, os aspectos apontados por Brooking não só impactam a

estrutura organizacional da empresa em termos de investimentos no sistema de informações, no planejamento estratégico, para adaptação as condições do mercado global, no desenvolvimento de novos produtos e serviços, mas também as pessoas que farão parte de sua estrutura, aplicando seus conhecimentos, que trarão a vantagem competitiva, a informação esta disponível para todos indistintamente e, ainda, a tendência de barateamento e da popularização da informática, o diferencial encontra-se na aplicação da informação, transformando-a em conhecimento.

Seguem algumas opiniões que sustentam a posição assumida:

Para Wriston (1995:7):

“Conhecimento, que em uma época era utilizado pelos ricos e poderosos como uma vantagem pessoal, agora é combinado com habilidades gerencias para produzir riqueza. A difusão do conhecimento aumentou a nossa habilidade para resolver problemas valorizando o poder da mente na geração de novos produtos impossíveis de serem criados até um tempo atrás.”

Segundo Rogers (1196-5)

“Hoje com o desenvolvimento dos computadores e da tecnologia das comunicações, a vantagem das empresas é promovida por um diferenciador real de competitividade: o talento humano. Serão necessárias novas formas de capitalizar este potencial.”

Esses autores ressaltam a importância da aplicação do conhecimento e da

necessidade de aliá-lo a habilidade e qualidades pertencentes ao ser humano, e que os diferenciam, para a criação de riqueza nas organizações.

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Outra conclusão que advém da aplicação do conhecimento nas organizações é a existência de um líder, aqui entendido como uma pessoa que faça a diferença para a organização, dada sua capacidade de materializar o conhecimento possuído, revertendo-o em riqueza, cuja sua saída possa comprometer os resultados.

Brooking (1196:6) comenta que, em artigo publicado no The Sunday Times, em 1995, foi associada à existência de alguns líderes aos altos lucros alcançados pelas empresas a que pertencem, e ainda o impacto que estas sofreriam caso estes líderes as deixassem, por qualquer motivo.

Entende-se que a organização investe na expertise e se possui um líder, sua ausência pode causar impacto negativo em seus resultados, mesmo que temporário; o importante, porém, é que durante sua permanência, esta representa um diferencial a mais, garantindo (ou contribuindo para) a geração futura de lucros.

Pelo exposto, conclui-se que a capacidade de as empresas se adaptarem as mudanças, daqui por diante, dependerá muito mais da administração dos recursos intelectuais do que da coordenação física dos empregados que trabalham na produção, manuseando os ativos tangíveis, pois a própria automação dispensa tal tarefa e que, principalmente, o intelecto e o conhecimento agregam valor ao produto, assim como toda a estrutura desenvolvida para gerenciá-lo, resultando em ganho de poder.

Assim, esta realidade torna urgente o desenvolvimento de novos conceitos no tocante a mensuração do valor das organizações, fato que vem impactar diretamente o poder informativo dos relatórios contábeis.

4 - Contabilidade na Sociedade do Conhecimento

A importância da Contabilidade como elo entre os meios internos e externos,

peça fundamental e indispensável para que as organizações possam existir e atingir a missão previamente estabelecida é transmitida nas palavras de Littleton (1953:14):

“Contabilidade é um serviço de informação especial. Ela começou

com a necessidade de informações dos proprietários das empresas comerciais. (...) Mas, ao longo do tempo, a Contabilidade expandiu-se em um instrumento complexo. (...) Como um mapa de navegação, ela assiste na realização da missão- uma ajuda na medida em que a informação esteja disponível para os navegadores e para todos os quem interessar”

Assumindo-se que a sociedade atual possui novas estruturas econômicas,

política, social e tecnológica, cumpre verificar quais são os impactos dessas mudanças na Contabilidade e quais proposições ela precisa fazer para adaptar-se as características do momento atual e, assim continuar exercendo com eficiência e eficácia sua principal função, que é a de fornecer a seus usuários informações relevantes para a tomada de decisões, avaliações e julgamento.

Antes, contudo, julga-se relevante comentar alguns aspectos da história do conhecimento contábil, enfocado, principalmente, sua evolução em função das mudanças ocorridas no cenário mundial.

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4.1 - Breve Histórico da Contabilidade

Verifica-se que a História da Contabilidade apresenta diversas divisões

em função dos autores consultados, fruto do enfoque adotado como marco divisor das fases.

Sá e Sá (1993:229) mencionam a divisão estabelecida por Frederigo Melis, que consiste em quatro períodos distintos e que, de forma resumida, destaca-se a seguir:

História antiga ou da Contabilidade empírica: período que vai da Antiguidade até 1202. Compreende os estudos do registro de fatos contábeis na Suméria , Egito, Elão etc.;

História média ou da sistematização da Contabilidade: período que vai de, 1202 a 1494. Compreende o período em que a contabilidade assumiu formas sistemáticas de registros, tendo como ponto Máximo a publicação do método das partidas dobradas por Luca Pacioli na obra Summa de aritmética geometria proportioni ET proprogionalitá;

História moderna ou da literatura da Contabilidade: período que vai de 1494 a 1840. Caracterizada como a fase em que os primeiros livros divulgando o processo de registro na forma puramente técnica foram publicados;

História contemporânea ou científica da Contabilidade: período que vai de 1840 até os dias atuais. Caracteriza-se pelos estudos de natureza científica com plena sistematização do conhecimento.

Na Sociedade do Conhecimento, verifica-se que a Contabilidade se encontra

em busca das melhores formas de se adaptar as mudanças ocorridas, pois o processo de desenvolvimento é contínuo e refere-se ao momento presente.

A globalização dos mercados repercutiu na Contabilidade, principalmente em dois aspectos. Primeiro, tornou urgente a padronização das normas internacionais de Contabilidade, para possibilitar o entendimento nas transações realizadas pelas empresas mundialmente de forma mais simples e ágil. Esse é um problema para o quais diversos órgãos vêm dedicando esforços, atualmente. Entre outros, pode-se citar o Internacional Accounting Standards Committee (IASC). Segundo, e como consequência do primeiro, aumentou a variedade de usuários das informações.

4.2 - Contabilidade como Sistema de Informação

Resolução do Conselho Federal de Contabilidade n° 774, ao versar sobre

os objetivos da Contabilidade, assim se pronuncia:

“O objetivo científico da Contabilidade manifesta-se na correta apresentação do Patrimônio e na apreensão e análise das causas das suas mutações. Já sob a ótica pragmática, a aplicação da Contabilidade a uma entidade particularizada, busca prover os usuários com informações sobre aspectos de

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natureza econômica, financeira e física do Patrimônio da Entidade e suas mutações, o que compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos, expressos sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios”.

A Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade referendada pela Comissão

de Valores Mobiliários (CVM) assim especifica os objetivos da Contabilidade:

“A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação a entidade objeto de contabilização”.

Compreende-se por sistema de informação um conjunto articulado de dados,

técnicas de acumulação, ajustes e editagens de relatórios que permite:

a. tratar as informações de natureza repetitiva com o Máximo possível de relevância e o mínimo de custo;

b. dar condições para, através da utilização de informações primárias constantes do arquivo básico, juntamente com técnicas derivadas da própria Contabilidade e/ou outras disciplinas, fornecer relatórios de exceção para finalidades especificas, em oportunidades definidas ou não.”

A Statement of Basic Accouting Theory (Asobat) destaca que os objetivos

da Contabilidade são prover informações para os seguintes propósitos:

1. Tomar decisões acerca do uso de recursos limitados, incluindo a identificação de áreas cruciais de tomada de decisão e a determinação dos objetivos e metas;

2. Dirigir e controlar os recursos humanos e materiais das organizações;

3. Manter e relatar os custos dos recurso;

4. Facilitar e manter funções sociais.

Segundo Iudícibus (1998:7), “a Contabilidade tem-se destacado ao longo

dos séculos, por ser o principal sistema de informações das entidades”.

Riccio (1989:57) resume em dois pontos principais os objetivos de um Sistema de Informação Contábil:

1. Prover informações monetárias e não monetárias, destinadas as atividades e decisões dos níveis operacionais, tático e estratégico da empresa, e também para os usuários externos a ela;

2. Constituir-se na peça fundamental do Sistema de Informação Gerencial da empresa.

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Drucker (1997:73-89), considerando o Princípio da Continuidade, pondera que as empresas devem ser administradas como negócios permanentes, para a criação de riqueza, e que este fato óbvio não reflete nas medições tradicionais, pois requer informações que possibilitem aos executivos fazer julgamentos informados. Logo, os gerentes precisam de demonstrações que relacionem a condição atual da empresa a sua capacidade futura de produção de riqueza, a curto e a longos prazos, e exemplifica: uma perda de posição no mercado ou o fracasso em uma inovação não aparecem nas cifras contábeis até que o dano já esteja feito.

Segundo o autor, são necessários quatro conjuntos de instrumentos: informações básicas, informações sobre produtividade, informações sobre competência e informações sobre alocação de recursos escassos, que constituem o instrumental para os executivos administrarem os negócios correntes.

informações básicas: consistem do conjunto mais antigo e mais amplamente usado de instrumentos gerenciais de diagnóstico, tais como: projeções de fluxo de caixa, liquidez e medições-padrões;

informações sobre produtividade: refere-se as informações sobre a produtividade de recursos-chave, tais como: produtividade do trabalho manual, do trabalho em serviços e do trabalho baseado no conhecimento;

informações sobre competência: consistem nas informações sobre a capacidade que a empresa possui, que é exclusivamente sua e difícil de ser imitada pelos concorrentes;

informações sobre alocação de recurso: referem-se as informações sobre a alocação de capital e de pessoal de bom desempenho.

Com esses quatro conjuntos de instrumentos, Drucker ressalta a importância de o sistema de informações contábeis reportarem informações sobre o ambiente em que as grandes mudanças ocorrem que é o meio externo as organizações, consideradas como informações estratégicas.

4.2 - Valor da Empresa na Sociedade do Conhecimento

Em 1191, o Instituto Americano de Contadores Públicos (AICPA), formou um Comitê Especial sobre Demonstrações Financeiras visando adaptar os relatórios financeiros para a economia moderna. Em 1994, o Comitê emitiu o seguinte parecer, identificando os aspectos que necessitavam de aperfeiçoamento:

1. Prestação de informações sobre planos, oportunidades, riscos e incertezas das corporações; 2. Uma melhor correspondência entre os sistemas de informações externas e os sistemas internos de controle gerencial e de informações; 3. Uma discussão mais ampla dos fatores de desempenho não financeiros que criam valor a longo prazo (Mavrinac e Boyle, 1996:2).

Vale lembrar que o objeto de estudo da Contabilidade é o patrimônio, e ela

veio aperfeiçoando as formas de avaliação patrimonial com base na ocorrência das mudanças na sociedade, de forma que o resultado apurado retratasse o maispróximo possível a realidade organizacional.

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No decorrer das duas últimas décadas, entretanto, a propagação da tecnologia, das telecomunicações e a aplicação do conhecimento na busca da vantagem competitiva produziram benefícios intangíveis que não vem sendo explorados, ou mesmo percebidos a contento pela Contabilidade tradicional. Este fato, na opinião de Johnson e Kaplan (1996:201-202), consiste em uma falha do modelo da Contabilidade Financeira que compromete o papel da lucratividade de curto prazo como indicador válido e confiável da saúde financeira de uma companhia. Os autores confirmam a necessidade de não se limitar o cálculo do valor econômico a soma dos ativos individuais, medindo sob qualquer critério de custo, devendo-se somar o valor dos ativos intangíveis discutidos até então.

Esses benefícios, por serem vitais para a continuidade das organizações no ambiente atual, são considerados ativos, e a combinação desses vários ativos intangíveis vem-se atribuindo o nome de Capital Intelectual.

Dessa forma, entende-se que, se estão sendo incorporados outros itens ao patrimônio da organização, itens que criarão valor a médio e longo prazo, ou seja, que reverterão em lucro para a empresa, a Contabilidade deve esforçar-se para identificar e mensurar tais itens, pois isto é de suma importância tanto gerencialmente quanto para seus usuários externos.

Em suma, o recurso econômico da Sociedade do Conhecimento é conhecimento do intelecto. Assim sendo, as organizações necessitam investir grandes somas no ser humano, detentor do conhecimento, e em sistemas de informações, pois a informação constitui-se na matéria-prima para a aplicação do conhecimento. Ocorrem como demonstrado, que nenhum desses dois aspectos, de suma importância para a continuidade das empresas na economia atual, bem como os demais decorrentes da aplicação da tecnologia a produtos e processos, vêm sendo considerados, e muito menos divulgados, pela Contabilidade tradicional, sob qualquer forma de relatório. Consequentemente, um número expressivo das empresas encontra-se subutilizadas, proporcionalmente a quantidade do recurso intelectual utilizado, e outras artificialmente sustentadas. Isto é um fato.

5 - Capital Intelectual

A urgência da Contabilidade em considerar determinados ativos intangíveis

na mensuração do real valor da empresa parece ser senso comum, e os fatos apontados por alguns autores, retratados a seguir, confirmam as consequências dessa realidade.

“O custo tangível do Windows 95, produzido pela Microsoft,

representa 10% do valor total, sendo a diferença atribuída a conhecimento”. (Alcântara, 1995:86).

“Bill Gates é o principal ativo de sua empresa. A justificativa dessa

afirmação é o fato de a Microsoft valer hoje, na Bolsa de Valores, algo em torno de US$ 51 bilhões, quase dez vezes mais do que a empresa fatura” (Sá, 1996:9).

“A Oticon Holding S.A, indústria de aparelhos auditivos

dinamarquesa, registrou um crescimento, em termos de valor de mercado, de 150 milhões de coroas dinamarquesas em 1991 para 2,4 bilhões atualmente, embora somente 400 milhões de coroas encontrem-se registrados no balanço patrimonial” (Labarre, 1996:53)

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Analisando-se as citações, pode-se concluir a primeira vista, que o hiato deixado pela Contabilidade tradicional reflete-se na diferença entre o valor patrimonial e o valor de mercado, visível no valor das ações em Bolsa. Todavia, dois outros aspectos que chamam a atenção é que, igualmente, pode-se atribuir a lacuna deixada pela Contabilidade são identificados: o comportamento inesperado das ações de certas companhias, mesmo quando essas enfrentam alguma situação adversa, e a mudança na composição dos custos dos produtos e serviços, pois os custos tangíveis estão perdendo espaço para o recurso do conhecimento.

Na prática, os ativos intangíveis só vêm sendo avaliados precisamente quando a empresa é vendida. Entretanto, os gestores necessitam ter conhecimento (identificação e mensuração) desses ativos que a empresa possui, para administrar sua continuidade e, assim, divulgar informações mais próximas da realidade para os interessados.

Conceituar o valor que se encontra “escondido” dentro da empresa, como se referem alguns autores, ao que se vem atribuindo o nome de Capital Intelectual, é o objetivo desse capítulo, pois, a exemplo da Intel e da Microsoft, que estão valendo, juntas, US$ 239 bilhões, sendo que seus ativos tangíveis chegam apenas a US$ 34 bilhões (Exame Informática, 1997:98), existem muitas outras empresas.E, como tão oportunamente observam Edvinsson e Malone (1998:2), “o valor de uma Intel ou de uma Microsoft não reside nos tijolos e na argamassa ou mesmo nos estoques, mas em outro tipo intangível de ativo: o Capital Intelectual”.

Para atender tal intuito, julga-se importante tecer algumas considerações sobre o Ativo no tocante apenas ao conceito que se firma para o entendimento do Capital Intelectual, não objetivando, portanto, uma revisão bibliográfica.

5.1 - Ativo

Ativo, para a Contabilidade tradicional, compreende os bens e os direitos da

entidade expressos em moeda. Por sua vez são classificados em ativos tangíveis e ativos intangíveis. Numa diferenciação simplista, os primeiros são aqueles que possuem existência física e os segundos são os que não a possuem.

Entretanto, na prática empresarial, a classificação não é tão simples assim,

apresentando transtorno na identificação dos itens que compõem o grupo dos ativos no balanço patrimonial, principalmente os ativos intangíveis, afetando, sobremaneira, o real valor da empresa, como visto até então.

Numa análise mais abrangente da definição de ativo, mas não admitida pelas normas contábeis atuais (Contabilidade Financeira), pode-se considerar as elencadas a seguir:

Paton (1962:46), ao considerar as características físicas do ativo, afirma que “os ativos não são inerentemente tangíveis ou físicos. Um ativo representa uma quantia econômica. Pode, ou não, estar relacionado ou ser representado por um objeto físico”.

Martins (1972:30), em sua tese de doutoramento sobre a mensuração do ativo intangível, adota a seguinte definição para o ativo: “o ativo é o futuro resultado econômico que se espera obter de um agente”.

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De forma mais analítica, Iudícibus (1194:106) confirma a visão de Paton ao

assumir a principal característica de um ativo:

“A característica fundamental é a sua capacidade de prestar serviços futuros a entidade que os tem, individual ou conjuntamente com outros ativos e fatores de produção, capazes de se transformar, direta ou indiretamente, em fluxos de entrada de caixa. Todo ativo representa, mediata ou imediatamente, direta ou indiretamente, uma promessa futura de caixa. Quando falamos indiretamente, queremos referir- nos aos ativos que não são vendidos como tais para realizarmos dinheiro, mas que contribuem para o esforço de geração de produtos que mais se transformam em disponível.”

Martins (1972:29) sintetiza a principal diferença nas duas visões expostas

sobre como conceituar um ativo. Segundo o autor, a diferença reside entre qualificar o agente como sendo o ativo e qualificar o resultado trazido pelo o agente. Assim, exemplifica: o caminhão é o agente; o transporte é o ativo. Mais adiante, complementa que: “o agente tem importância apenas na extensão em que pode trazer resultados econômicos futuros”.

Atribuir valor a um ativo tangível parece ser mais fácil do que a um ativo intangível, pois, com raras exceções, e por definição, os ativos tangíveis possuem corpo e não necessitam de uma avaliação com maior grau de subjetividade, levando-se em conta algumas considerações quanto a valoração a preço de custo, de mercado ou de realização.

Assim, a questão permanece nos ativos intangíveis, principalmente por ser a essência dos elementos que hoje formam o valor real da entidade e, como observa Martins (1972:54), “talvez a característica mais comum a todos os itens do Ativo Intangível seja o grau de incerteza existentes na avaliação dos futuros resultados que por eles poderão ser proporcionados”. Em outras palavras, a falta de objetividade.

O ativo compreende as aplicações de recursos representados por bens e direitos (Resolução CFC 847/99). São bens e direitos de uma entidade. Pode-se dizer que é a raiz da Demonstração de Posição Financeira (antigo Balanço Patrimonial), pois o balanço precisa respeitar a equação fundamental da contabilidade financeira: Ativo=Passivo+Patrimônio Líquido.

Para a técnica de contabilidade financeira, na categoria ativo da (Demonstração de Posição Financeira), as contas devem estar dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nela registrados, dividido em dois grupos principais: Ativo Imobilizado ( ou não circulante) e Ativo Circulante.

Divisão Detalhada de Ativos da Demonstração de Posição Financeira:

Imobilizado (não circulante)

Imobilizado Incorpóreo (Intangível)

Exemplo: Marcas e Patentes

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Imobilizado Corpóreo

Exemplo: Imóveis, Veículos e Equipamentos

Investimentos Financeiros

Exemplos: Partes de capital em empresas de grupo, títulos e outras aplicações financeiras.

Circulante

Existências

Exemplos: Mercadorias e Caixa

Dívidas de terceiros de curto prazo.

Exemplos: Dívidas de clientes e dívidas do Estado e outros entes públicos.

Depósitos bancários e caixa.

Exemplos: Depósitos bancários, dinheiro em caixa.

5.2 - Ativo Intangível

Ao averiguar-se a evolução histórica envolvendo a sistemática de

reconhecimento e mensuração dos ativos intangíveis pela Contabilidade, verifica-se que essa preocupação não é recente, muito pelo contrário, remonta à séculos, embora trabalhos específicos sobre o tema datem do final do século passado.

Todo o interesse que o tema vem despertando nos meios acadêmicos e profissional durante tantos anos, gerando controvérsias e evolução na aceitação e conceito, embora não tendo encontrado, ainda, unanimidade quanto a seu tratamento, adquire maior urgência a medida que os intangíveis ganham espaço na economia atual em sua totalidade e nas organizações, especificamente e, conforme já comentado, vêm sendo identificados por Capital Intelectual.

A matéria publicada no The Economist (Apud Gazeta Mercantil, 1998:20) ilustra esse fato. Segundo o artigo, é crescente a securitização de ativos intangíveis, como, por exemplo, a de direitos autorais. Nota-se que o autor chamou esse tipo de securitização de “recebíveis bem exóticos”. Acredita-se que o adjetivo empregado pode ser atribuído a mudança de paradigma ainda não assimilada pelo próprio autor.

Martins (1972:58) considera que os Princípios do Custo como Base do Valor e o da Confrontação das Despesas com as Receitas mais as Convenções da Objetividade e do Conservadorismo têm restringindo a aceitação de vários itens como elementos componentes do ativo, impedindo a Contabilidade de evidenciar os fatos da maneira mais próxima do real, cujos efeitos mais dramáticos se fazem sentir nos ativos intangíveis, dando origem ao Goodwill.

Deve-se considerar que a objetividade, além de ser uma convenção para a Contabilidade, é também perseguida pelos cientistas em geral, tornando-se, algumas vezes, uma “obsessão”. Talvez, por essa convenção não poder ser aplicada consistentemente e de forma plena pela Contabilidade Financeira aos intangíveis, seja esta senão a única, mas a principal causa de seu não-reconhecimento (outra causa poderia ser o Conservadorismo, conforme apontado por Martins e, também, o Princípio do Custo como Base de Valor).

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Entretanto, deve-se levar em conta a visão de Bierman Jr. (1963), referente a essa questão, quando se afirma que é de fato impossível se ter uma estrita interpretação de evidencia objetiva, a menos que a Contabilidade seja limitada a mensuração do caixa. O mais perto que um contador pode chegar a exatidão informacional é no montante de caixa disponível. Parece óbvio que o autor imaginava um macro ambiente com e economia estável, ou seja, sem inflação ou deflação, quando fez tal afirmação. Do contrário, até a mensuração do caixa estaria sujeita a determinado grau de subjetividade.

O Goodwill é um dos componentes dos Ativos Intangíveis e, como tal, vem sendo alvo de muito estudos e pesquisas, dada sua complexidade, relevância e discordância entre os autores estudiosos do assunto.

Os Ativos Intangíveis são importantes fontes de valorização das empresas. Sendo assim, fatores como marcas, patentes, tecnologia, pesquisas, desenvolvimento e domínio do conhecimento humano tornam essenciais para a sua valorização. Ele é um subgrupo da Demonstração de Posição Financeira (antigo Balanço Patrimonial).

Os bens intangíveis não possuem existência física, porém representam uma aplicação de capital indispensável aos objetivos sociais, que tem como uma das principais características a potencialidade de gerar benefícios futuros para as empresas.

Ganharam reconhecimento com as grandes mudanças na elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, de acordo com a Lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007.

Os principais atributos de um ativo são: o controle dos recursos e a capacidade de proporcionar benefícios futuros para a organização. O termo tangível vem do latim "tangere" ou do grego "tango" que significa tocar. Logo, os bens intangíveis são aqueles que não podem ser tocados, porque não possuem corpo físico. Na composição do ativo de uma entidade, existem ativos materiais ou tangíveis, e ativos imateriais ou intangíveis.

O valor da entidade não se restringe à soma dos valores de seus ativos tangíveis, pois se inclui os valores de ativos intangíveis: o surgimento de produtos inovadores, o conhecimento de processos de produção flexíveis e de alta qualidade, o talento e a moral dos empregados, a fidelidade dos clientes e imagem dos produtos, rede de distribuição eficiente, etc.

De acordo com Lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007, ativo intangível são direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.

Podemos identificar dois grupos de Ativos Intangíveis:

Identificáveis: para os quais se podem dar um nome (Marcas, Patentes, etc).

Não identificáveis: Que contemplam principalmente, os Ativos Humanos e outros fatores como qualidade, confiabilidade, tecnologia, lealdade dos clientes, etc.

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5.3 - Definições do Ativo Intangível

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis define que o ativo intangível é um

ativo não monetário identificável sem substância física ou o ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (Goodwill).

O Financial Accounting Standart Board (FASB), por outro lado, apresenta uma definição bem mais restrita, estabelecendo apenas que os intangíveis são ativos, que carecem de substância física.

Nessa mesma tendência, o International Accounting Standard Board (IASB), organismo internacional de emissão de padrões contábeis, estabelece que Ativos Intangíveis são aqueles que não tem substância física, ou tem um valor que não é convertido para aquelas substâncias físicas que eles possuem, a exemplo de um software, o qual não é razoavelmente mensurado em relação ao custo dos disquetes que o contém (EPSTEIN e MIRZA, 2004) .

Schmidt e Santos (2002) definem ativos intangíveis como recursos incorpóreos controlados pela entidade capazes de produzir fluxos de caixa futuros. A definição apresentada pelos autores é uma extensão da definição de ativo, incorporando a característica de intangibilidade.

Hoss (2003) enfatiza a natureza dos Ativos Intangíveis, seu agrupamento, direcionadores e normas. Aponta metodologia baseada em premissas do valor contábil que reflete o valor econômico da organização. Baseia-se nas dimensões humanistas, processuais, estruturais e ambientais, sob o foco passado-presente e presente-futuro, levando-se em conta as perspectivas interna e externa.

Assim, levando em consideração estas definições, as maiorias dos ativos intangíveis correspondem à definição de ativo, logo estes eram conhecidos como ativo imobilizado, porém, existem argumentos de que os intangíveis devem ser tratados de forma diferente dos tangíveis.

Segundo Kaplan e Norton (1997), o valor é conseguido com o aperfeiçoamento da capacidade de gerar mais conhecimento, ou seja, da capacidade de gerenciar a intangibilidade dos ativos invisíveis. A capacidade de mobilização e exploração dos ativos intangíveis ou invisíveis torna-se muito mais decisiva que gerenciar e investir em ativos tangíveis.

Oliveira (1999) defende a utilização do conceito de valor econômico na avaliação de intangíveis. A seu entender, o valor econômico constitui uma ideia subjetiva, embora sua forma de mensurá-lo não necessariamente deva encerrar tal característica. Oliveira (1999) pressupõe que o valor de um ativo reside no custo de oportunidade, oriundo de sua aquisição e que deva ser mensurado no momento da decisão e trazido a valor presente pela taxas de oportunidades financeiras. Defende que, quer seja o Ativo Intangível adquirido individualmente ou como parte de uma cesta de ativos, quer seja gerado internamente ou recebido em doação, o problema de sua avaliação econômica, descartando o critério contábil do custo histórico como base de valor, deve ser resolvida considerando-se o fluxo de benefícios, custos de oportunidades envolvidos, risco, etc.

A administração científica foi o grande salto qualitativo, não só em termos de produtividade, mas também de dignidade no trabalho (STEWART, 1998). Para Drucker (1970), o passo mais importante em direção à economia do conhecimento foi à administração científica, ou seja, a aplicação sistemática da análise e do estudo do trabalho manual. Pela primeira vez na história, o trabalho foi considerado como

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merecedor da atenção do homem educado. A chave para se produzir mais era trabalhar mais inteligentemente.

Então no ano de 2007 houve um desmembramento do ativo imobilizado, que, a partir da vigência da Lei 11.638/2007, ou seja, a partir de 01.01.2008, passa a contar apenas com bens corpóreos de uso permanente.

Na contabilidade, o Ativo Intangível representa um elemento sem substância física, mas com valor econômico, como, as já ditas: patentes, marcas, direitos autorais, Capital Intelectual, entre outros.

Deve ser ressaltado que, para as companhias abertas, a existência desse subgrupo "Intangível" já se encontra regulada pela Deliberação Comissão de Valores Mobiliários - CVM nº 488/05.

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis Pronunciamentos Técnico n° 04/2008 diz que alguns ativos intangíveis podem estar contidos em elementos que possuem substância física, como um disco (como no caso do software), documentação jurídica (caso de uma licença ou patente) ou em um filme. Para saber se um ativo que contém elementos intangíveis e tangíveis deve ser tratado como um ativo imobilizado ou como ativo intangível, nos termos da presente Pronunciamento, a entidade avalia qual elemento é mais significativo. Por exemplo, um software de uma máquina-ferramenta controlada por computador que não funciona sem esse software específico é parte integrante do referido equipamento, devendo ser tratado como ativo imobilizado. O mesmo se aplica ao sistema operacional de um computador. Quando o software não é parte integrante do respectivo hardware, ele deve ser tratado como ativo intangível.

Pode-se concluir que os Ativos Intangíveis são importantes fontes para a valorização das empresas. Isto se deve ao fato de que os Ativos Intangíveis identificam de uma forma dinâmica o potencial da empresa, no presente e a sua capacidade de gerar benefícios no curto e longo prazo.

5.4 - Conceito de Capital Intelectual

No momento presente, os conceitos de Capital Intelectual diferem em alguns

aspectos, mas na essência, apresenta o mesmo conteúdo. Brooking (1996:12-13) define Capital Intelectual como uma combinação de

ativos intangíveis, fruto das mudanças nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação, que trazem benefícios intangíveis para as empresas e que capacitam seu funcionamento. Para a autora, o Capital Intelectual pode ser dividido em quatro categorias: ativos de mercado, ativos humano, ativos de propriedade intelectual e ativos de infra-estrutura. Onde ela define a composição de cada grupo da seguinte forma:

Ativos de mercado: potencial que a empresa possui em decorrência dos

intangíveis, que estão relacionados ao mercado, tais como marca, clientes, lealdade

dos clientes, negócios recorrentes, negócios em andamento, canais de distribuição,

franquias, etc.;

Ativos humanos: os benefícios que o indivíduo pode proporcionar as

organizações por meio de sua expertise, criatividade, conhecimento, habilidade para

resolver problemas, tudo visto de forma coletiva e dinâmica;

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Page 34: Tcc-Capital Intelectual

Ativos de propriedade intelectual: os ativos necessitam de proteção legal

para proporcionarem as organizações benefícios, tais como know-how ( segredos

industriais), copyright (patentes), etc.

Ativos de infra-estrutura: as tecnologias, as metodologias e os processos

empregados como cultura, sistema de informação, métodos gerenciais, aceitação de

risco, banco de dados de clientes, etc.

Os fatores que geram o capital intelectual de acordo com Brooking apud Antônio & Martins (2002), são:

- conhecimento, pelo funcionário, de sua importância para os objetivos da empresa;

- funcionários tratados como ativo raro;

- alocar a pessoa certa considerando suas habilidades;

- definir uma estratégica próativa para tratar a propriedade intelectual;

- mensurar o valor de marcas;

- avaliar investimentos em canais de distribuição;

- avaliar infra-estrutura e adequado ambiente de trabalho; - valorizar a opinião dos funcionários;

- oportunizar a participação dos funcionários na definição dos objetivos da empresa.

- estimular os funcionários para a inovação.

Para Stewart (1998:XIII), capital intelectual "é a soma do conhecimento de

todos em uma empresa, o que lhe proporciona vantagem competitiva. (...) constitui a matéria intelectual – conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência – que pode ser utilizada para gerar riqueza."

Para Edvinson & Malone (1998), capital intelectual é a soma do capital humano e do capital estrutural (CI=CH+CE). O capital intelectual surge do intercâmbio entre esses dois.

Capital Humano – corresponde a toda capacidade, conhecimento, habilidade e experiência individuais dos empregados de uma organização para realizar as tarefas. Não pode ser propriedade da empresa. Representa a parte mais difícil do modelo de capital intelectual.

Capital Estrutural – é formado pela infra-estrutura que apóia o capital humano: equipamentos de informática, softwares, bancos de dados, redes, etc.

Esses autores usam a metáfora da árvore para melhor explicar o capital intelectual, fazendo a seguinte analogia:

- Frutos = lucros;

34

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- Folhas, galhos e tronco = representam a empresa conforme é conhecida pelo mercado e expressa pelo processo contábil (parte visível);

- Raiz = capital intelectual (valor oculto). Para ter bons frutos a árvore precisa ser alimentada por raízes fortes e

sadias. Com raízes bem cuidadas a empresa florescerá; já, com raízes avariadas a empresa poderá morrer. Raízes fortes podem constituir o único fator que preserva uma árvore durante uma seca ou uma geada inesperada.

Para Nonaka e Takeuchi (1997), capital intelectual / conhecimento – é um ativo intangível que está disperso na cabeça das pessoas que integram uma empresa e em documentos gerados em sua estrutura, como relatórios, memorandos, arquivos eletrônicos e, especialmente, na sua experiência prática. Esses autores conceituam o conhecimento explícito (existência concreta) e o conhecimento tácito (intuitivo).

Na atualidade, o Capital Intelectual pode ser divido em três grandes capitais. O capital humano, o capital estrutural e o cliente. Todos são intangíveis, mas descrevem coisas tangíveis para os executivos. É o intercâmbio entre que cria o Capital Intelectual.

5.5 - Capital Humano - A Mina na Empresa

As pessoas geram capital para a empresa através de sua competência, sua

atitude e sua capacidade para inovar. As competências incluem as habilidades e a

educação. E a atitude se refere às condutas. Porém é finalmente a capacidade de

inovar, a que pode gerar mais valor para uma companhia. Tudo isto constitui o que

chamamos de capital humano.

Constitui o capital humano o conhecimento acumulado, a habilidade e

experiências dos funcionários para realizar as tarefas do dia-a-dia, os valores, a

cultura, a filosofia da empresa, e diversos ativos intangíveis, ou seja, as pessoas que

são os ativos humanos da empresa. A principal estratégia da empresa será de atrair,

reter, desenvolver e aproveitar o máximo o talento humano, que será cada vez mais,

a principal vantagem competitiva.

Para entender melhor o capital humano é preciso entender as habilidades

que determinam qualquer tarefa, processo ou negócio, relacionadas abaixo:

Habilidade do tipo commodity: são as habilidades adquiridas, costumam

não serem específicas de uma empresa e podem ter o mesmo valor para qualquer

organização. É por exemplo, a habilidade de atender ao telefone.

Habilidades alavancadas: o conhecimento pode ser mais valioso para uma

determinada empresa do que para outra. São específicas a um setor e não a uma

empresa. Os programadores, por exemplo, da Andersen Consulting podem

alavancar essa habilidade enquanto os do Bank of America só agregam valores aos

seus funcionários.

Habilidades proprietárias: são os talentos específicos à empresa, em torno

dos quais uma organização constrói seu negócio. Pode ser codificada em forma de

patentes, direitos autorais, expertise. O Ritz-Carlton é o especialista em

administração hoteleira.

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Page 36: Tcc-Capital Intelectual

A gestão do capital humano passa pelo levantamento do potencial humano,

pela identificação das potencialidades estratégicas a desenvolver e pela capacitação

necessária.

O capital humano, portanto, configurando-se como um grande referencial de

sucesso no meio empresarial, é o que vai determinar o futuro da companhia. Sem

um gerenciamento adequado deste requisito, nenhuma empresa terá sucesso com

suas metas e objetivos e, consequentemente, não alcançará os resultados

esperados. Muito menos poderá pretender manter-se competitiva no mercado.

5.6 - Capital Estrutural

Compreende os ativos intangíveis relacionados com a estrutura e os

processos de funcionamento interno e externo da organização que apóiam o capital

humano, ou, tudo o que permanece na empresa quando os empregados vão para

casa.

Edvinsson (1997) propõe a seguinte divisão para o capital estrutural:

Capital organizacional abrange o investimento da empresa em sistemas,

instrumentos e filosofia operacional que agilizam o fluxo de conhecimento pela

organização, bem como em direção às áreas externas, como aquelas voltadas para

os canais de suprimento e distribuição.

Capital de inovação refere-se à capacidade de renovação e aos resultados

da inovação sob a forma de direitos comerciais amparados por lei, propriedade

intelectual e outros ativos e talentos intangíveis utilizados para criar e colocar

rapidamente no mercado de novos produtos e serviços.

Capital de processo é constituído por aqueles processos, técnicas (como o

ISO 9000) e programas direcionados aos empregados, que aumentam a ampliam a

eficiência da produção ou a prestação de serviços.

É o tipo de conhecimento prático empregado na criação contínua de valor.

Para gerenciar o capital estrutural, é preciso uma rápida distribuição do

conhecimento, o aumento do conhecimento coletivo em menor tempo de espera e

profissionais mais produtivos. A função da gerência da empresa é utilizar

corretamente o capital estrutural, para que o mesmo aumente o valor para os

acionistas.

5.7 - Capital do Cliente

É definido como o valor de sua franquia, seus relacionamentos contínuos

com pessoas e organizações para as quais vende.

Para Sveby (1998), a escolha da empresa do conhecimento no que diz

respeito a clientes, portanto, tem um significado estratégico vital porque o tipo de

cliente com os quais uma empresa do conhecimento trabalha determinada tanto a

qualidade quanto a quantidade de suas receitas intangíveis do conhecimento.

Existem três tipos de clientes, segundo o mesmo autor.

36

Page 37: Tcc-Capital Intelectual

- os que melhoram a imagem, no qual suas referências e seus depoimentos são

muitos valiosos;

- os clientes que melhoram a organização, esses exigem soluções de ponta,

melhorando a estrutura interna da empresa; e

- os clientes que aumentam a competência, que contribuem com projetos que

desafiam a competência dos funcionários, fazendo que os funcionários aprendam

com eles.

5.8 - Desenvolvimento Histórico do Conceito de Capital Intelectual

Verifica-se que, a despeito de proeminentes autores, principalmente Peter

Drucker, terem versado sobre o impacto do conhecimento como recurso para a sociedade décadas atrás, a primeira matéria empregando o conceito do Capital Intelectual de que se tem informação foi publicada por Thomas Stewart, na Fortune, em 1994, com o título: Your company´s most valuable asset: intellectual capital.

Essa matéria, que serviu de base para alguns artigos acadêmicos nos Estados Unidos e no Brasil, abordava as primeiras experiências realizadas por algumas companhias para mensurar seu Capital Intelectual, cujo principal executivo para esse assunto era Leif Edivinsson, diversas vezes citado anteriormente. Nesse artigo, todas as organizações empregaram a mesma denominação para explicar o mesmo fenômeno, qual seja: Capital Intelectual.

O que se verificou em maior abundancia foram estudos desenvolvidos em torno de um dos elementos que compõem o Capital Intelectual: o Capital Humano. A história mostra que economistas, a partir do século XV, já investiram esforço para encontrar uma forma de atribuir valor monetário ao ser humano. Os objetivos que impulsionaram tais pesquisas foram de caráter econômico, como, por exemplo, estimar perdas com as guerras e com as migrações.

Segundo a visão dos economistas da época, o ser humano é considerado capital por possuir capacidade de gerar bens e serviços, por meio do emprego de sua força de trabalho e do conhecimento, constituindo-se em importante fonte de acumulação e de crescimento.

A importância da aceitação do Capital Humano para economia em geral é muito bem colocada por Schultz (1967:64). Segundo o autor, um conceito de capital restrito a estruturas, equipamentos de produção e patrimônio é extremamente limitado para estudar tanto o crescimento econômico computável (renda nacional) como o que é mais importante, todas as conquistas, no bem-estar, geradas pelo progresso econômico em longos períodos de tempo. A instrução e o progresso no conhecimento constituem importantes fontes de crescimento econômico. Complementa, citando Kuznets, que o conceito de capital e de formação de capital deveria ser ampliado de forma a incluir investimentos em seres humanos, o que se dá, basicamente, pelo investimento na instrução.

5.9 - Avaliação do capital intelectual

Existe uma metodologia desenvolvida por Sveiby (1998) para avaliação dos

ativos intangíveis, que tem como objetivo criar um sistema de gerenciamento de

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Page 38: Tcc-Capital Intelectual

informações para os gestores da empresa, que precisam conhecê-la, acompanhar a

sua evolução e adotar medidas corretivas, quando necessárias.

As avaliações dos ativos intangíveis são feitas para atender as necessidades

de atendimento dos clientes, credores e acionistas ou para uso dos gestores da

empresa.

Para avaliar os ativos intangíveis, o processo é o seguinte: determinação da

finalidade: uso externo e/ou interno; a classificação dos funcionários dentro de uma

das três categorias de ativos intangíveis, que são: competência, estrutura interna e

estrutura externa; a formulação de uma estratégia para gestão do conhecimento;

informações que deverão enfatizar o fluxo, a mudança e os dados de controle;

comparação dos indicadores em relação aos anos anteriores; apresentação dos

indicadores num quadro denominado de Monitor de Ativos Intangíveis.

As informações geradas pela Avaliação do Capital Intelectual são úteis para

os gestores, já que lhes possibilitam: sistematização das informações; identificação

e mensuração de indicadores financeiros e não financeiros; detalhamento da

competência dos profissionais, geradores de receitas da organização; proporcionam

subsídios para tomada de decisões sobre pessoal, investimentos e clientes.

5.9.1 - Gestão do Capital Intelectual

Segundo estudo do Financial and Management Acconting Committee

(Técnica Contable) apud Baum & Gonçalves (2001) os conceitos básicos relativos à

medida e gestão do capital intelectual estão relacionados a três aspectos:

Contexto econômico – o crescimento é maior nas indústrias e nações

voltadas à criação, transformação e capitalização dos conhecimentos do que

aquelas ligadas à exploração e utilização dos recursos naturais em seus processos.

O conhecimento é um diferencial de competitividade.

Contexto Contábil – a contabilidade tradicional não está habilitada a medir

aspectos da empresa quanto à capacidade de dirigentes e pessoal, o valor das

informações, da capacidade tecnológica, potencial de mercado e investimentos em

pesquisa e desenvolvimento.

Contexto Empresarial – a visão na gestão da empresa, a partir da atual era

do conhecimento em relação à era industrial passa a ter o seguinte enfoque:

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Page 39: Tcc-Capital Intelectual

Para Stewart (1998) os ativos intelectuais de uma corporação, são

geralmente três ou quatro vezes mais valiosos que os tangíveis que constam nos

livros e diz que os passos para administrá-lo são:

- definir a importância do investimento intelectual para o desenvolvimento de

novos produtos;

- avaliar a estratégia dos componentes e o ativo do conhecimento;

- classificar o seu portfólio: o que você tem, o que você usa, onde eles estão

alocados;

- analisar e avaliar o valor do portfólio: quanto eles custam, o que pode ser

feito para maximizar o valor deles, se deve mantê-los, vendê-los ou

abandoná-los;

- investir baseado no que se apreendeu nos passos anteriores, identificar

espaços que devem ser preenchidos para explorar conhecimento, defender-

se da concorrência, direcionar a ação da empresa ou avançar na tecnologia; e

- reunir o seu novo portfólio de conhecimento.

Encontra-se em desvantagem em relação às demais, as empresas que

ainda não se deram conta do seu Capital Intelectual, pois não encontraram a

importância do mesmo dentro do seu patrimônio. O primeiro passo para o

gerenciamento deste capital é identificá-lo, para depois mensurá-lo.

Percebe-se então que o gerenciamento do capital intelectual é mais do que

apenas o gerenciamento de conhecimentos. Gerenciamento do capital intelectual

para Edvinsson (1997) é a alavancagem do capital humano e do capital estrutural

em conjunto. Trata-se de um efeito multiplicador entre capital humano e capital

estrutural. Isso posto, capital intelectual é uma função de gênero e de metas.

Padoveze (2000) apresenta as medidas como sugestão para o gerenciamento do

capital intelectual.

Indicadores para o capital humano – reputação dos empregados da

companhia junto a empresa de colocação de empregados; anos de experiência na

profissão; taxa de empregados com menos do que dois anos de experiência;

satisfação dos empregados; proporção dos empregados, dando novas idéias e

sugestões e proporção implementada; valor adicionado por empregado; valor

adicionado por unidade monetária de salário.

Indicadores para o capital estrutural – número de patentes; percentual de

despesas de P&D (pesquisa e desenvolvimento) sobre as vendas líquidas; custo de

manutenção de patentes; custo de projeto do ciclo de vida por vendas; número de

computadores individuais, ligados ao banco de dados; número de vezes que o

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Page 40: Tcc-Capital Intelectual

banco de dados é consultado; atualização do banco de dados; contribuição ao

banco de dados; volume de uso do sistema de informação (SI); custo do SI por

vendas; lucro por custo do SI; satisfação com o serviço do SI; taxa de

implementação de novas ideias pelo total de novas ideias geradas; número de

introdução de novos produtos; introdução de novos produtos por empregado;

número de equipes de projeto multifuncionais; proporção do lucro dos novos

produtos introduzidos; tendência do ciclo de vida dos produtos nos últimos cinco

anos; tempo médio para planejamento e desenvolvimento de produto; valor das

novas ideias (economias e ganhos em dinheiro).

Indicadores para a clientela e relacionamentos – participação no

mercado; crescimento no volume de negócios; proporção das vendas por

repetitividade dos clientes; lealdade à marca; satisfação dos clientes; reclamação

dos clientes; rentabilidade dos produtos como uma proporção das vendas; número

de alianças cliente/fornecedores e seu valor; proporção dos negócios dos clientes

(ou fornecedores) que os produtos e serviços da empresa representam (em valor).

Desta forma, segundo Tinoco (1996), o valor gerado em decorrência do

trabalho humano, constitui-se em um ativo que precisa ser devidamente

contabilizado, mensurado, analisado e divulgado.

5.9.2 - Algumas Considerações sobre o Ativo/Capital Humano

O Capital Intelectual, como definido até o momento, abrange vários

elementos intangíveis, além do próprio Capital Humano. O que se entende de tal procedimento é o fato de o Capital Intelectual ser relativo ao intelecto, que só os seres humanos possuem. Assim sendo, o Capital Intelectual abrange o elemento possuidor do recurso do conhecimento e tudo mais que é resultante da aplicação do conhecimento.

Verifica-se que, por vezes, Capital Intelectual e Capital Humano se confundem, sendo entendido como Capital Intelectual somente aquele que deriva do conhecimento humano. A importância que o ser humano, possuidor do recurso fundamental do conhecimento, representa para as organizações, atualmente pode conduzir a tal equívoco.

Como o Ativo Humano ou Capital Humano compreende os benefícios que o indivíduo pode propiciar para as organizações, é natural que hoje em dia as empresas dediquem maiores esforços para identificar aquelas pessoas que poderão otimizar essa relação de causa e efeito. Quanto melhor o capital humano/ativo humano de uma organização, melhores resultados ela alcançará no Capital Intelectual.

Consequentemente, as organizações necessitam apoiar-se no Recurso Humano do conhecimento, não mais no Recurso Humano da força braçal; a tecnologia, à medida que, por um lado, supre este fator, por outro demanda pelo potencial humano da inteligência. Entretanto, a percepção de inteligência não capta apenas o Quociente de Inteligência (Q.I.), mensurado pela aplicação de testes específicos até então. Leva-se em conta, nas organizações, a Inteligência Emocional (Q.E.), teoria desenvolvida por Goleman (1996). A Inteligência Emocional abrange aspectos como motivação e persistência diante de frustrações, autocontrole,

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Page 41: Tcc-Capital Intelectual

habilidade de não permitir que a aflição impeça a capacidade de pensar e principalmente, o relacionamento em grupo e a empatia.

Goleman (1996:176), referindo-se ao ambiente organizacional, cita o estudo realizado entre os engenheiros e cientistas que apresentavam os melhores resultados do teste de Q.I. Acadêmico dos Laboratórios Bell, quais denominou os de “profissionais-estrelas”. Entretanto, observou que, dentro desse banco de talentos, alguns despontam como estrelas, enquanto outros têm apenas produção mediana, e ressalta: “O que faz a diferença entre as estrelas e os outros não é o Q.I. acadêmico deles, mas o Q.E.

São mais capazes de motivar-se, e de transformar suas redes informais em equipes improvisadas. Em outras palavras, pode-se concluir que a Inteligência Emocional envolve a habilidade de resolver problemas e enfrentar situações adversas, de expor ideias com clareza e rapidez, de ser criativo e saber materializar sua imaginação.

6 - Conceito Goodwill

Considerando a complexidade que envolve o tema Goodwill, pretende-se no

momento, apenas estabelecer alguns aspectos quanto a sua natureza, avaliação e classificação, os quais possibilitarão uma comparação com o conceito do Capital Intelectual.

Monobe (1986:51), em sua tese de doutoramento intitulada Contribuição a Mensuração e Contabilização do Goodwill adquirido, observa que a primeira aparição do Goodwill foi vinculada a terra [em 1571], e gradativamente foi sendo relacionado ao comércio, a atividade industrial, a fidelidade da clientela, a localização privilegiada, a personalidade dos proprietários, a processos industriais, e a conexões financeiras.

Todos esses fatores vieram sendo apontados como os responsáveis (ou fatores contribuintes) pela geração de lucro da empresa em longo prazo e não reconhecidos pela Contabilidade. Esta característica persiste até hoje para certos fatores e para outros tantos que foram sendo acrescidos a medida que os ativos intangíveis não contabilizados ou não identificados vieram aumentando proporcionalmente aos demais ativos em virtude da sofisticação dos negócios (Monobe, 1986:51-52, 63).

É sabido que a Contabilidade Financeira reconhece e contabiliza o Goodwill apenas quando ocorre a compra de uma empresa.

Quanto a seu valor, o autor afirma que, numa conceituação moderna, o Goodwill corresponde a diferença entre o valor atual de toda a empresa, ou seja, sua capacidade de geração de lucros futuros, e o valor econômico de seus ativos, apresentando, portanto, uma característica residual (Monobe, 1986:65).

Segundo o The Chartered Institute of Management Accountants, o mais importante instituto de contadores gerenciais do Reino Unido, em sua Terminologia Oficial de Contabilidade Gerencial (1996:87) Goodwill é definido como a diferença entre o valor de um negócio em sua totalidade e a soma dos ativos individuais avaliados por seu valor justo.

Segundo as duas significativas definições apresentadas, pode-se inferir que não existe um consenso sobre a critério de valor a ser utilizado, cujo aprofundamento, conforme já dito, não é o objetivo no momento. Entretanto, quanto a sua característica residual, não há dúvidas.

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Page 42: Tcc-Capital Intelectual

6.1 - Classificação do Goodwill

Conforme a classificação de Coyngton, valendo ressaltar que é datado de 1923 (Apud Martins, 1972:74), o Goodwill assume a seguinte divisão:

Goodwill comercial: criado em função, exclusivamente, de toda a empresa, independentemente das pessoas proprietárias ou administradoras;

Goodwill pessoal: decorrente de uma ou várias pessoas que integram a empresa, sendo proprietária(s) ou administradora(s);

Goodwill profissional: desenvolvido por uma classe profissional que cria uma imagem que a distingue dentro da sociedade, propiciando condições de alta renumeração, como no caso dos médicos, advogados e contadores em alguns países;

Goodwill evanescente: característico de certos produtos que a moda cria e, portanto, possuem curta duração;

Goodwill de nome ou marca comercial: ocasionado pela imagem do nome da empresa que produz o produto ou da marca sob o qual é comercializado. Distingue-se do anterior pela durabilidade.

Admitindo-se a classificação para o Goodwill de Paton e Paton (Apud Martis, 1972:73), divulgada em 1952, há:

Goodwill comercial: decorrente de serviços colaterais, como equipe cortês de vendedores, entregas convenientes, facilidade de crédito, dependências apropriadas para serviços de manutenção, qualidade do produto em relação ao preço, atitude e hábito do consumidor como fruto de nome comercial e marca tornados proeminentes em função de propaganda persistente, localização da firma;

Goodwill industrial: decorrente de altos salários, baixo rotatividade de empregados, oportunidades internas satisfatórias para acesso a posições hierárquicas superiores, serviço médico, sistema de segurança adequado, desde que tais fatores contribuam para a boa imagem da empresa e também para a redução do custo unitário de produção em virtude da eficiência de uma força de trabalho operando nessas condições;

Goodwill financeiro: derivado da atitude de investidores e de fontes de financiamento e de crédito em virtude de a empresa possuir sólida situação para cumprir suas obrigações e manter sua imagem ou, ainda, obter recursos financeiros que lhe permitam aquisições de matéria-prima ou mercadorias em melhores termos e preços;

Goodwill político: em decorrência de boas relações com o Governo.

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Page 43: Tcc-Capital Intelectual

6.2 - Goodwill Versus Capital Intelectual

Após a conceituação de Capital Intelectual e de Goodwill, julga-se oportuno

tecer-lhes algumas considerações, tendo em vista ambos abordarem os ativos intangíveis, identificando os pontos em comum, a fim de que se possa estabelecer uma relação ente os dois conceitos.

O valor do Goodwill de uma empresa segundo observou Manobe (1986:62), seja em sua forma convencional, seja em sua forma definida como sinergético, estará sempre relacionado com a capacidade de geração de lucros dessa empresa. Da mesma forma, os autores até então citados relacionam o Capital Intelectual a geração de lucros à longo prazo. Isso parece um tanto coerente com a definição de ativo adotada.

Ao se observarem os fatores responsáveis pela formação do Goodwill, segundo Catlett e Olson (Apud Martins, 1972:75), e pela formação do Capital Intelectual, segundo Brooking (1996:17), podem ser identificados vários pontos e comum, conforme visto a seguir:

Fatores que geram o Goodwill:

Administração superior;

Organização ou gerente de vendas proeminentes;

Fraqueza na administração do competidor;

Propaganda eficaz;

Processos secretos de fabricação;

Boas relações com os empregados;

Crédito proeminente como resultado de uma sólida reputação;

Excelente treinamento para os empregados;

Alta posição perante a comunidade, conseguida por meio de ações filantrópicae participação de atividades cívicas por parte dos administradores da empresa;

Desenvolvimento desfavorável nas operações do competidor;

Associações favoráveis com outra empresa;

Localização favorável.

É relevante observar que os autores admitem a impossibilidade de listar

todos os fatores e condições em virtude da própria natureza do Goodwill. Fatores que geram o Capital Intelectual:

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Page 44: Tcc-Capital Intelectual

Conhecimento, por parte do funcionário, do que representa seu trabalho para objetivo global da companhia;

Funcionário tratado como um ativo raro;

Esforço da administração para alocar a pessoa na função certa, considerando suas habilidades;

Existência de oportunidade para desenvolvimento profissional e pessoal;

Avaliação do retorno sobre o investimento realizado em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D);

Identificação do Know-how (segredos industriais) gerado pela P&D;

Identificação dos clientes recorrentes;

Existência de uma estratégia proativa para tratar a propriedade intelectual;

Mensuração do valor da marca;

Avaliação do retorno sobre o investimento realizado em canais de distribuição;

Sinergia entre os programas de treinamento e os objetivos corporativos;

Existência de uma infra-estrutura para ajudar os funcionários a desempenhar um bom trabalho;

Valorização das opiniões dos funcionários sobre os aspectos traçados;

Encorajamento dos funcionários para inovar;

Valorização da cultura organizacional.

Outro ponto importante trata do nascimento do Capital Intelectual. Para

Brooking (1996:12), o Capital Intelectual começou quando o primeiro vendedor estabeleceu um bom relacionamento com o seu cliente, o que denominou Goodwill.

Já Edvinsson e Malone (1997:11) consideram que o Capital Intelectual pode apresentar-se como uma nova teoria, mas que ele esteve sempre presente na forma de bom-senso (considerado um dos elementos do Goodwill), e que o interesse em entender a diferença entre o valor de mercado de uma empresa e seu valor contábil sempre existiu. O que se modificou foi a forma de entender esse diferencial. Antes ele era atribuído a fatores inteiramente subjetivos e que, portanto, jamais poderiam ser medidos [Goodwill].

A afirmação dos autores sugere que o Capital Intelectual iniciou-se com base no Goodwill, quando de seu conceito inicial e limitado,sugerindo, ainda, uma precipitada aglutinação dos dois conceitos. Isso pode ser confirmado comparando-

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se as classificações de ambos e os fatores responsáveis por suas formações. Entretanto, a afirmação de H. Thomas Johnson (apud Edvinsson e Malone, 1998:4), ao considerar que o Capital Intelectual se encontra escondido no interior do “mais misterioso lançamento contábil , aquele referente ao Goodwill”, dá-nos uma idéia de complementaridade. Quanto a questão de identificação de tais elementos, esta se apresenta de forma muito mais complexa do que pode parecer a primeira vista, conforme a literatura consultada.

Monobe (1986:55), ao se referir a problemática da identificação do Goodwill, assume que “um dos problemas subsistentes continua sendo a linha divisória entre o valor atribuível ao Goodwill e aqueles atribuíveis a outros intangíveis, o que acarreta especialmente dificuldade na sua mensuração”.

Assim sendo, conclui-se que o modelo desenvolvido para mensuração do Capital Intelectual pode ser entendido como uma tentativa de identificar e mensurar alguns dos fatores (ativos intangíveis) que contribuem para a geração de lucros futuros, minimizando a quantidade de intangíveis não identificados e, consequentemente, o valor do Goodwill.

Conclui-se, portanto, que os idealizadores do modelo estão resolvendo parte dos componentes subjetivos do Goodwill e não o problema do Goodwill em sua totalidade, ou melhor, “explicando a diferença entre o valor contábil e o valor de mercado” como se referem.

Pode-se concluir, portanto, conforme demonstrado, que:

A preocupação em identificar e mensurar os valores intangíveis de uma empresa não é recente.

Os autores citados assumem a existência do Capital Intelectual já à séculos, tendo como origem o Goodwill;

Capital Intelectual é um conceito que identifica e agrupa elementos intangíveis (de acordo com as classificações) que antes pertenciam ao Goodwill, considerando-se o Goodwill como resultante da não-aceitação pela contabilidade Financeira de vários itens como componentes do ativo, em virtude, principalmente, do Princípios do Custo como Base de Valor e da Confrontação das Despesas com as Receitas mais as Convenções da Objetividade e do Conservadorismo.

6.3 - Contabilidade versus Capital Intelectual

Observa-se o Capital Intelectual como um dos principais e talvez o mais importante gerador de riqueza nas empresas. Diante disso, percebe-se claramente a necessidade da atenção que deve ser dada ao seu estudo, evidenciação e gestão. Visto a importância da gestão do Capital Intelectual, observa-se um fato relevante: o capital Intelectual não se enquadra nos modelos contábeis tradicionais. Edvinsson e Malone (1998) relatam que o modelo tradicional da contabilidade, que descreveu com tanto brilho as operações das empresas durante meio milênio, não tem conseguido acompanhar a revolução que está ocorrendo no mundo dos negócios. De maneira idêntica ao organograma, à brochura institucional, ao manual de pessoal, os demonstrativos financeiros das grandes empresas

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mostram-se cada vez mais estáticos e obsoletos para acompanhar a organização moderna, com sua estrutura fluida, parceria estratégica, trabalho em equipe, marketing em rede de multimídia e repositório vitais de recursos humanos intelectuais. Um dos principais desafios encontrados pela contabilidade consiste na mensuração do Capital Intelectual. Beuren e Beltrame apud Wernke (2002), retratam esta dificuldade dizendo que este é um desafio precisa ser vencido mediante pesquisas e experiências práticas e que, adicionalmente, é necessário evidenciar o retorno proporcionado pelo Capital Intelectual. Sua importância consiste basicamente no fato de que em muitas empresas, notadamente as que utilizam tecnologia de ponta, determinado executivo de grupo de pessoas (por exemplo, pesquisadores e cientistas) são responsáveis pela manutenção da parcela de mercado ou liderança em termos de práticas adotadas e inovações oriundas do conhecimento que estes detêm.

7 - Mensuração do Capital Intelectual

As entidades frequentemente despendem recursos ou contraem obrigações

com a aquisição, o desenvolvimento, a manutenção ou o aprimoramento de recursos intangíveis como conhecimento.

A partir da existência dessas novas tecnologias e serviços, as empresas necessitam adequar-se a uma nova realidade, onde o conhecimento torna se um recurso econômico.

Mesmo sendo considerado um ativo intangível, o capital intelectual pode ser mensurado. Esta mensuração irá complementar e enriquecer a contabilidade, fazendo com que alcance o seu papel de fornecer informações úteis da melhor maneira possível, já que a contabilidade necessita de demonstrações contábeis com informações atuais de natureza intelectual, humana, ecológica e social.

Não obstante, quando se observa e compara o valor constante das demonstrações contábeis de uma empresa com o seu valor econômico, constata-se uma diferença considerável. O valor de mercado de uma empresa varia normalmente entre duas e nove vezes o seu valor contábil. Ou seja, existe uma significativa diferença entre o valor contábil e o valor de mercado de uma empresa.

De posse desta constatação, pode-se afirmar que existem nas organizações outros ativos além dos físicos que justificam tal disparidade entre o valor de mercado e o valor contábil de uma organização. A esses ativos, que agregam um valor excedente às organizações, deu-se o nome de ativos intangíveis ou capital intelectual.

A mensuração do Capital Intelectual gera informações úteis para os gestores, possibilitando uma detalhada verificação da competência dos profissionais geradores de receitas da organização, proporcionando auxílio para a tomada de decisões a respeito de clientes, pessoal e investimentos.

Alguns modelos têm sido utilizados para mensurar o capital intelectual. Estes serão demonstrados com suas características, vantagens e limitações. A mensuração é um dos processos mais difíceis em se tratando do tema

capital Intelectual, pois consiste na mensuração de ativos intangíveis como:potencial humano, marcas, patentes, entre outros.

Góis (2000) diz que o Capital Intelectual pode afetar e ser afetado pela cultura particular de cada organização, bem como pelos distintos processos e relacionamentos a ela associados. Essa complexa relação cria a necessidade de

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realizar uma análise rigorosa de modo a mensurar, relatar e gerir o Capital Intelectual de uma empresa. Sendo o Capital Intelectual um fator importante em qualquer empresa, uma das maiores dificuldades encontradas a cerca do tema é a mensuração.

Padoveze (2000) sensibilizado por esta dificuldade fala que a nomenclatura Capital Intelectual é usada para diferenciar esse ativo intangível dos demais ativos da empresa. Dessa maneira, o valor da empresa é o somatório do Capital Intelectual mais o Capital Físico, representados pelos ativos tradicionais da empresa. Um dos principais desafios atuais da contabilidade é a mensuração do Capital Intelectual.

7.1 - Modelos de Mensuração

7.2 - Diferença entre Valor de Mercado e o Valor de Contábil

A existência de uma diferença entre o valor de mercado e o valor contábil de

uma organização é um fato inquestionável. Assim, visando iluminar e clarear esta lacuna entre estes valores (mercado e contábil). Será apresentada a forma de mensuração para o responsável por tal diferença, ou seja, para o capital intelectual. Não obstante, devido à natureza do assunto capital intelectual, a mensuração do mesmo é uma tarefa complexa, pois envolve muitas variáveis.

Não é raro, atualmente, encontrar casos em que o valor de mercado de uma empresa supere em muito o valor contábil da mesma. Parte desse fato se deve, em particular no setor de serviços, a importância da gestão do capital intelectual em relação à gestão dos ativos físicos. Neste cenário, a economia caracterizada no conhecimento, tem surgido marcas que geram retornos substanciais à medida que se desvinculam de um produto específico ou de um meio físico. Segundo Terra (2000, p.21), existem vários exemplos de marcas que tem gerado retornos elevadíssimos aos seus proprietários por sua associação a vários tipos distintos de produtos físicos. Como outros produtos do conhecimento, as marcas seguem regras semelhantes: é possível aumentar seu valor à medida que se amplia seu uso e difusão. É o caso da Nike, da Microsoft e Star Wars, cujos valores de mercado superam os respectivos valores contábeis, dado o nível de agregação de valor da marca ao produto ou serviço. Essas empresas se preocupam muito com marketing, a marca e na manutenção da dependência dos seus clientes à sua marca. Para ilustrar melhor a relação valor contábil x valor de mercado, podemos citar o caso da IBM e da Microsft que, segundo Stewart (1998, p.30), ao fazermos uma análise dos livros contábeis das duas empresas mostra diferenças significativas. Apesar do volume de vendas da IBM ser muito maior, a Microsoft é a empresa mais valiosa: em novembro de 1996, a capitalização total de mercado da IBM era de US$70,7 bilhões; o da Microsoft era de US$85,5 bilhões. Mas os ativos subjacentes a esse capital eram inteiramente diferentes. No início de 1996, a IBM possuía livre de depreciação, US$16,6 bilhões em bens móveis, fábricas e equipamentos; os ativos fixos líquidos da Microsoft totalizavam US$930 milhões.

Utilizando a segunda abordagem do FAS nº333, do FASB (Financial Accounting Standards Board), onde o capital intelectual é a diferença entre o valor real de mercado e o valor real de mercado dos ativos tangíveis, menos os passivos da companhia, podem-se fazer uma estimativa do valor do capital intelectual de uma empresa.

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Neste modelo, o valor do capital intelectual é obtido através da diferença entre o valor contábil e o valor de mercado (valor de cotação em bolsa) de uma empresa. Este é calculado utilizando-se a equação:

CI = VM – VC

Onde CI = Capital Intelectual; VM = Valor de Mercado (preço por ação multiplicado pelo número total de

ações do capital da empresa) VC = Valor Contábil (valor registrado no Patrimônio Líquido da entidade). Caracterizado por sua simplicidade, já que, se o valor de mercado é maior do

que seu valor contábil, a diferença será o capital intelectual da empresa.

7.3 - Modelo Skandia

Nos últimos anos, o Grupo Skandia vem despertando o interesse dos meios

acadêmicos e empresariais e da mídia por ter sido o primeiro grupo a divulgar um relatório contendo dados sobre a avaliação do Capital Intelectual de suas empresas. Esse relatório foi distribuído aos acionistas em 1995, como suplemento das Demonstrações Financeiras referentes a 1994.

Considerando que não é objetivo deste artigo apresentar o modelo de mensuração do Capital Intelectual desenvolvido pelo grupo, optou-se por abordar de forma bem simplificada a sua essência, dando-se maior ênfase à Fórmula de Mensuração do Capital Intelectual.

O grupo identificou certos valores de sucesso que deveriam ser maximizados e incorporados à estratégia organizacional. Esses fatores, por sua vez, foram agrupados em cinco áreas distintas de foco:

1. Foco Financeiro. 2. Foco Clientes. 3. Foco Processo. 4. Foco Renovação e Desenvolvimento. 5. Foco Humano.

Para cada um desses focos foram estabelecidos indicadores que permitem

medir o seu desempenho.

A fim de estabelecer uma equação que traduzisse em um número o valor do Capital Intelectual, a Skandia estabeleceu os seguintes passos:

1. Identificar um conjunto básico de índices, que possa ser aplicado a toda a sociedade com mínimas adaptações.

2. Reconhecer que cada organização possa ter um Capital Intelectual adicional que necessite ser avaliado por outros índices.

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3. Estabelecer uma variável que capte a não tão-perfeita previsibilidade do futuro, bem como a dos equipamentos, das organizações e das pessoas que nela trabalham.

Capital Intelectual Organizacional = iC

Onde: C = Valor monetário do Capital Intelectual

i = Coeficiente de Eficiência

O valor de C é obtido a partir de uma relação que contém os indicadores mais representativos de cada área de foco, avaliados monetariamente, excluindo os que pertencem mais propriamente ao Balanço Patrimonial. Esses indicadores referem-se ao exercício social:

1. Receitas resultantes da atuação em novos negócios.

2. Investimento no desenvolvimento de novos mercados.

3. Investimento no desenvolvimento do setor industrial.

4. Investimento no desenvolvimento de novos canais.

5. Investimento em Tecnologia da Informação (TI) aplicada a vendas, serviço e suporte.

6. Investimento em TI, aplicada à administração.

7. Novos equipamentos de TI.

8. Investimento no suporte aos clientes.

9. Investimento no serviço aos clientes.

10.Investimento no treinamento de clientes.

11.Despesas com clientes não-relacionadas ao produto.

12.Investimento no desenvolvimento da competência dos empregados.

13.Investimento em suporte e treinamento relativo a novos produtos para os empregados

14.Treinamento especialmente direcionado aos empregados que não trabalham nas instalações da empresa.

15.Investimento em treinamento, comunicação e suporte direcionados aos empregados permanentes em período integral.

16.Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos empregados temporários de período integral.

17.Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos empregados temporários de tempo parcial.

18.Investimento no desenvolvimento de parcerias.

19.Investimentos na identificação da marca (logotipo/nome).

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20.Investimento em novas patentes e direitos autorais.

O Índice de Coeficiente de Eficiência do Capital Intelectual é obtido por meio dos indicadores mais representativos de cada área de foco expressos em porcentagens, quocientes e índices, cuja média aritmética dos índices permite colocá-los em uma porcentagem única. Esses parâmetros referem-se ao presente:

1. Participação de Mercado (%).

2. Índice de Satisfação dos Clientes (%).

3. Índice de Liderança (%).

4. Índice de Motivação (%).

5. Índice de Investimento em Pesquisa & Desenvolvimento / Investimento Total (%).

6. Índice de Horas de Treinamento (%).

7. Desempenho / Meta de Qualidade (%).

8. Retenção dos Empregados (%).

9. Eficiência Administrativa / Receitas (%).

Verifica-se que a fórmula apresentada pela Skandia mede o Capital Intelectual em função da quantidade de investimentos, medidos em termos monetários, realizados nos elementos que podem ser mensurados objetivamente. Por exemplo: investimentos no suporte aos clientes e investimentos em TI, aplicada a vendas, serviço e suporte. Estes investimentos poderão impactar a satisfação do cliente ou não.

Entretanto, não consideram como Capital Intelectual o valor total do investimento (valor de custo) realizado, mas, apenas, à proporção que reverterá para a empresa, a médio ou longo prazos, medida em função do índice percentual de satisfação dos clientes (indicador não-financeiro). Assim sendo, pode-se concluir que a medida de Capital Intelectual apresenta-se, à primeira vista, como um número, portanto, uma mensuração aparentemente objetiva, mas dada a própria natureza de alguns índices, é composta por um certo grau de subjetividade.

7.4 - Razão entre Valor de Mercado e o Valor Contábil

Uma medida simples é a divisão entre o valor de mercado e o patrimônio

contábil; mas esta medida revela problemas como, mudanças bruscas no comportamento do mercado de ações, por exemplo, se houver mudança no comportamento do mercado financeiro, do tipo como aumento da taxa de juros e o se valor de mercado da empresa cair. Então o capital intelectual também caiu?

Ou se a empresa for negociada abaixo do valor contábil, então a empresa não possui Capital Intelectual. Outro problema é quando da adoção de critérios e procedimentos contábeis diferentes por parte das empresas, não havendo assim possibilidade de comparação entre os dados obtidos.

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7.5 - Modelo “Q” de Tobin

Desenvolvida pelo economista James Tobin, ganhador do prêmio Nobel;

este método é a comparação entre o valor de mercado e o seu custo de reposição dos ativos. Foi desenvolvida para prever decisões de investimentos, independente de influências macroeconômicas. STEWART (1998:202) explica que “se o Q for menor que 1 – ou seja, se um ativo vale menos que seu custo de reposição – é improvável que uma empresa compre novos ativos do mesmo tipo; por outro lado, as empresas tendem a investir quando o valor de ativos semelhantes é maior do que seu custo de reposição.”

Não se trata de uma medida desenvolvida para medir o capital intelectual, mas é um bom referencial. É possível calcular o “Q” de Tobin para ativos específicos – veículos, máquinas, edificações – ou para uma empresa como um todo. Com base neste indicador, é observado que em companhias como a indústria de software, onde o Capital Intelectual é abundante, o “Q " de Tobin tende para um indicador de 7,00 ou mais. ; e que nas companhias de capital físico intensivo, o "Q " de Tobin tende para valores perto de 1,00. (LOPO MARTINEZ ,1999).

Segundo STEWART (1998:203), o uso do “Q” de Tobin em lugar dos razões entre valor de mercado e o valor contábil elimina os efeitos de diferentes formas de avaliação do ativo. Sendo uma medida mais viável de comparação entre empresa em um período de vários anos. Porém, LOPO MARTINEZ (1999) alerta que o “Q " de Tobin está sujeito às mesmas variáveis externas que influenciam no valor de mercado, como também, distorções devido aos critérios da contabilidade adotados que influenciam nos valores contábeis.

Porém, não concordamos com a segunda afirmação, pois a representação do ativo com base em valores de mercado, elimina distorções na avaliação dos ativos tangíveis entre as empresas.

Q = Valor de Mercado / Custo de Reposição Desenvolvido pelo economista James Tobin, ganhador do prêmio Nobel.

Não se trata de uma medida desenvolvida para medir especificamente o capital intelectual, entretanto é um bom referencial. Este método prevê a comparação entre o valor de mercado e o seu custo de reposição dos ativos.

Fórmula de Mensuração: Desenvolvido pelo economista James Tobin, ganhador do prêmio Nobel.

Não se trata de uma medida desenvolvida para medir especificamente o capital intelectual, entretanto é um bom referencial. Este método prevê a comparação entre o valor de mercado e o seu custo de reposição dos ativos.

Se Q<1 (ou seja, um ativo valendo menos do que seu custo de reposição) é improvável que uma empresa compre novos ativos daquele tipo.

Se Q>1 (ou seja, um ativo valendo mais do que seu custo de reposição) a empresa tende a investir mais naquele tipo de ativo. Foi desenvolvido para

prever decisões de investimentos independentes de influências macroeconômicas. Aplica-se para ativos específicos, por exemplo, veículos, máquinas, etc.

Nas indústrias de software, observa-se que o "Q de Tobin" tende para um número igual ou superior a sete (7,00). Enquanto que nas companhias onde predomina o capital físico, esse indicador tende para valores próximos a um (1,00).

A vantagem desse indicador em relação à razão entre o valor de mercado e o valor contábil (VM/VC) é que elimina os efeitos de diferentes formas de avaliação do ativo.

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Enquanto a desvantagem é que está sujeito às mesmas variáveis externas que influenciam o valor de mercado.

7.6 – Navegador do Capital Intelectual

Stewart (1998) entende que o capital intelectual deve analisar o

desempenho da empresa sob várias perspectivas. Para tanto, sugere um gráfico circular, cortado por várias linhas, em forma de uma tela de radar. Esse gráfico tem a vantagem de poder agrupar várias medidas diferentes (por exemplo: razão, %, valores absolutos etc.) num mesmo quadro.

O autor utiliza uma medida geral (razão valor de mercado/valor contábil) e indicadores para cada um dos elementos que compõem o capital intelectual: humano, estrutural e cliente.

Exemplificando o Navegador do Capital Intelectual, temos a seguinte figura, onde a área do interior do polígono representa a situação atual enquanto a área externa indica a situação desejada. Em outras palavras, alcançar a extremidade do círculo seria o ideal.

Com base no gráfico acima, podemos concluir que a empresa em termos de

"satisfação de clientes" está quase atingindo as metas pretendidas. Entretanto, o índice de "participação de novos produtos na receita total" está longe do objetivado pela empresa.

Podemos concluir, neste exemplo, que a empresa tem um desempenho satisfatório em Medidas de Capital do Cliente, entretanto um péssimo desempenho nos índices de Medidas de Capital Estrutural.

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O Navegador do capital intelectual tem a vantagem da fácil visualização e do acompanhamento da evolução do desempenho da empresa. Deve-se ter cuidado especial na escolha dos índices de desempenho, para que sejam adequados à estratégia da empresa.

7.7 - Base legal de reconhecimento e mensuração do Capital Intelectual

A definição de ativo intangível requer que ele seja identificável, e separável,

ou seja, ser separado da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, individualmente ou junto com um contrato; ativo ou passivo relacionado, independente da intenção de uso pela entidade.

A entidade controla um ativo quando detém o poder de obter benefícios econômicos futuros gerados pelo recurso subjacente e de restringir o acesso de terceiros a esses benefícios. Normalmente, a capacidade da entidade de controlar os benefícios econômicos futuros de ativo intangível advém de direitos legais.

Os benefícios econômicos futuros gerados por ativo intangível podem incluir a receita da venda de produtos ou serviços, redução de custos ou outros benefícios resultantes do uso do ativo pela entidade. Por exemplo, o uso da propriedade intelectual em um processo de produção pode reduzir os custos de produção futuros em vez de aumentar as receitas futuras.

A entidade deve avaliar a probabilidade de geração dos benefícios econômicos futuros utilizando premissas razoáveis e comprováveis que representem a melhor estimativa da administração em relação ao conjunto de condições econômicas que existirão durante a vida útil do ativo.

A entidade utiliza seu julgamento, para avaliar o grau de certeza relacionado ao fluxo de benefícios econômicos futuros atribuíveis ao uso do ativo, com base nas evidências disponíveis no momento do reconhecimento inicial, dando maior peso às evidências externas.

Um ativo intangível deve ser reconhecido inicialmente ao custo, o sistema de custeio de uma entidade podem muitas vezes mensurar com segurança o custo da geração interna de ativo intangível e outros gastos incorridos.

O custo de ativo intangível gerado internamente que se qualifica para o reconhecimento contábil se restringe à soma dos gastos incorridos a partir da data em que o ativo intangível atende os critérios de reconhecimento não permitindo a reintegração de gastos anteriormente reconhecidos como despesa.

O custo de ativo intangível gerado internamente inclui todos os gastos diretamente atribuíveis, necessários à criação, produção e preparação do ativo para ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração.IV

O PA 7.8 - Vantagens na mensuração

Num mercado cada vez mais competitivo, o sucesso nos negócios, depende basicamente da qualidade do conhecimento que cada organização aplica nos seus processos coorporativos / empresariais. Nesse contexto, o desafio de se utilizar do conhecimento residente na empresa, com o objetivo de criar vantagens competitivas, torna-se mais crucial.

Em relação às vantagens na mensuração do capital intelectual, aponta as vantagens da mensuração do capital intelectual, entre elas destaca-se: aumento no potencial informativo da Contabilidade; redimensionamento patrimonial da entidade

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(clareza e adequação); canalização correta dos recursos para investimentos em capital humano e capital estrutural; facilitar a escolha do investidor; determinar de que maneira uma melhor gestão do conhecimento ajudará à empresa a ganhar ou a economizar dinheiro e ainda, evitar danos e injustiças que uma avaliação patrimonial incorreta traz, gerando lucros ou prejuízos indevidos.

Também identificam as razões pelas quais as organizações estão buscando mensurar o seu capital intelectual, entre elas, a avaliações do capital intelectual permite as empresas a formularem suas estratégias, pois a mensuração do capital intelectual ajuda a organização identificar suas competências corporativas e os melhores recursos para aproveitar as oportunidades; a avaliação dos indicadores de desempenho do capital intelectual contribui para as empresas avaliarem suas estratégias, ao mesmo tempo em que as executam; os indicadores do capital intelectual ajudam as organizações nas decisões de desenvolver, diversificar e expandir seus recursos, como no caso de alianças estratégicas, aquisições; possibilita o uso de medidas financeiras juntamente com as medidas não financeiras e permite a comunicação aos acionistas sobre os maiores concorrentes, crescimento do mercado, volatilidade e perigos inerentes nas avaliações incorretas das empresas e aumento do custo de capital.

7.9 - Contabilização do Capital Intelectual

O efeito do Capital Intelectual já é apurado na conta de resultados no final do exercício e consubstanciado no Balanço Patrimonial, no Patrimônio Líquido em conta de Lucros e Reservas e registrado em Conta do Ativo, assim como, as Marcas e Patentes que antigamente eram vistas como despesas, pelos custos de suas origens e atualmente está sendo tratada pelas empresas como se fosse investimentos.

Sendo assim, a conta credora seria Capital Intelectual e a conta devedora seriam gastos incorridos para a aquisição.

VO PASSI

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Conclusão

A complexidade do ambiente empresarial atual exige a aplicação de instrumentos de intervenção cada vez mais sofisticados e inovadores. O modelo de gestão do Capital Intelectual surge como uma forte alternativa para todas as organizações, independentemente de tamanho, atividade ou nacionalidade.

Na Sociedade do Conhecimento, as organizações em geral precisam aprender a administrar sua capacidade intelectual, que corresponde ao seu ativo mais importante. Não se pode mais subestimar a importância do Capital Intelectual, usando-o de forma ineficiente e sem nenhum controle contábil, diante da sua grande repercussão no patrimônio das organizações.

Caminhamos para dias nos quais será difícil conceber demonstrações contábeis sem informações de natureza intelectual, humana, ecológica e social. Na verdade, a mensuração do Capital Intelectual vem a complementar o atual sistema de mensuração patrimonial, atribuindo-lhe uma visão mais sistêmica, enriquecendo-o com novas informações, tornando-o mais coerente com as exigências do atual contexto econômico, político e social.

As Demonstrações de Posições Financeiras (antigo Balanço Patrimonial) devem também atender, neste particular, as necessidades dos seus usuários. As informações imprescindíveis para decisões rápidas e seguras, no mundo atual, necessitam ser adequadamente expostas.

Toda essa mudança provocada pelo Capital Intelectual, se, por um lado, pode gerar frustração aos profissionais da Contabilidade, por outro lado, é uma oportunidade para fortalecer ainda mais a relevância dessa categoria profissional para a sociedade. Esse parece-nos o caminho a ser trilhado pela Contabilidade para manter-se atual, moderna e na vanguarda dos acontecimentos da nova era.

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