capital intelectual: reflexão da teoria e prática -...

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Organizadores: Caroline Rodrigues Vaz Danielly Oliveira Inomata Mauricio Uriona Maldonado Paulo Mauricio Selig Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática EGC UFSC FLORIANÓPOLIS 2014

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Organizadores: Caroline Rodrigues Vaz

Danielly Oliveira Inomata Mauricio Uriona Maldonado

Paulo Mauricio Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática

EGC

UFSC – FLORIANÓPOLIS

2014

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Organizadores:

Caroline Rodrigues Vaz

Danielly Oliveira Inomata

Mauricio Uriona Maldonado

Paulo Mauricio Selig

CAPITAL INTELECTUAL:

Reflexões da Teoria e Prática

EGC

UFSC – Florianópolis

2014

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Caroline Rodrigues Vaz

Danielly Oliveira Inomata

Mauricio Uriona Maldonado

Paulo Mauricio Selig

Organizadores

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada a fonte

Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária

da

Universidade Federal de Santa Catarina

Revisão ortográfica realizada por Claudia Viviane Viegas.

Conteúdo de autoria e responsabilidade dos autores de cada capitulo, conforme termo assinado.

ISBN: 978-85-61115-06-7

Editora EGC

2014

C244 Capital intelectual : reflexão da teoria e

prática / org. Caroline Rodrigues Vaz...

[et al.]. – Florianópolis : ECG/UFSC, 2014.

275 p. : il., tabs., gráfs.

Inclui bibliografia.

1. Capital Intelectual. 2. Ativos Intangíveis.

3. Gestão do Conhecimento. I. Vaz, Caroline

Rodrigues.

CDU: 658.3

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Visibilidade: “…capacidade de pôr em foco visões, de fazer brotar cores e formas de um alinhamento de caracteres alfabéticos pretos

sobre uma página branca…”

Italo Calvino

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SUMÁRIO

PREFACE ........................................................................................................ 13

APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 17

1. ANÁLISE DAS DIMENSÕES DO CAPITAL INTELECTUAL: UMA REVISÃO

DE LITERATURA ............................................................................................ 20

2. O CAPITAL INTELECTUAL E VALORAÇÃO DOS ATIVOS DO

CONHECIMENTO ........................................................................................... 51

3. CAPITAL HUMANO E MEMÓRIA ORGANIZACIONAL: OS ESTUDOS DA

LITERATURA CONTEMPORÂNEA ................................................................ 71

4. O CAPITAL INTELECTUAL SOB A PERSPECTIVA TEÓRICA DO

CAPITAL SOCIAL ............................................................................................ 89

5. O PAPEL DO CAPITAL SOCIAL NA FORMULAÇÃO DE INDICADORES

DE SUSTENTABILIDADE ............................................................................... 99

6. CAPITAL INTELECTUAL E FLUXOS DE INFORMAÇÃO: DA TEORIA À

PRÁTICA EM UMA ORGANIZAÇÃO ............................................................ 113

7. CAPITAL INTELECTUAL COMO CAPACIDADE DINÂMICA EM

ORGANIZAÇÕES .......................................................................................... 129

8. MODELO PARA ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO CAPITAL INTELECTUAL

SOBRE A PERFORMANCE DOS PROJETOS DE SOFTWARE ................. 155

9. CAPITAL INTELECTUAL EM CLUSTERS ................................................ 179

10. CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO PÚBLICA .................................... 201

11. RETENDO CAPITAL INTELECTUAL NAS EMPRESAS: EVITANDO A

PERDA DE CONHECIMENTO ...................................................................... 213

12. INDICATORS PERFORMANCE OF INTELLECTUAL CAPITAL FOR THE

REVERSE LOGISTICS POST-SALE PROCESS: CASE OF

REFRIGERATION APPLIANCES.................................................................. 233

SOBRE OS AUTORES .................................................................................. 261

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PREFACE

In increasingly knowledge based economies Intellectual Capital is becoming

the dominant factor of competitiveness at national, regional, cluster, and

organizational level. Intellectual Capital is on the hand a source of stability and on the

other hand a source of renewal. The latter is gaining importance in turbulent

economic and social environments. At all levels capabilities to sense new

opportunities, to seize such opportunities and turn them into business success as

well as to ensure continuous learning and transformation are vital to sustain

economic and social development. These capabilities are embodied largely in the

Human, Structural and Relational Capital of and beyond organizations.

The present book explores challenges and approaches to classify, value and

develop Intellectual Capital in different contexts

It is a contribution to the ongoing European-Latin American research project

“Dynamic SME”1 (www.dynamic-sme.org) exploring and supporting sustainable

competitiveness of SMEs in turbulent economic and social environments. As our

research shows Intellectual Capital plays an important role to dynamize SMEs.

I wish that this complied research furthers our understanding on managing

Intellectual Capital for the benefit of a sustainable economic and social development

Wiesbaden (Germany), June 2014

Prof. Dr. Klaus North

Wiesbaden Business School

Coordinator of project “Dynamic SME”

1 funded by the European Union Seventh Framework Programme under grant agreement n° PIRSES-GA-2010-268665

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APRESENTAÇÃO

O Capital Intelectual, também conhecido como “ativos intangíveis”, pode ser entendido como um conjunto de conhecimentos encontrados nas organizações que agregam valor aos produtos não monetários pela transformação e/ou maximização das atividades intensivas em conhecimento. O Capital Intelectual na prática é utilizado para mensurar as dimensões do capital humano, estrutural e relacional.

Dentre todas as abordagens sobre o Capital Intelectual, este exemplar pretende discutir e apresentar alguns tópicos relevantes para o crescimento deste tema na literatura cientifica. Sabe-se da existência de variados modelos que mensuram este ativo intangível, entre eles destaca-se o Modelo de Skandia, o Monitor de Ativos Intangíveis, o Balanced Scorecard, e o Intellectus. Embora estes modelos sejam proeminentes, o livro pretende contribuir com resultados de pesquisas empíricas e teóricas que tratam destes e de outros modelos em diversos cenários e contextos, como por exemplo: em universidades, em clusters, no setor eletroeletrônico, na abordagem de capacidades dinâmicas, no setor público, no setor de software, na gestão da sustentabilidade e no fluxo de informação.

Nesse enfoque, esta publicação busca revelar um pouco do esforço intelectual dos pesquisadores sob o foco de atuação do Grupo de Estudos de Capital Intelectual e Indicadores de Desempenho, do Núcleo de Gestão e Sustentabilidade, da Universidade Federal de Santa Catarina, que promove a interação e a construção do saber entre professores e estudantes de graduação, mestrado, doutorado e pós doutorado na pesquisa aplicada. Sendo essa a primeira coletânea de artigos científicos sobre o tema e do grupo.

Importante destacar que a produção cientifica deste livro solidifica as discussões empreitadas pelo grupo no seu primeiro biênio. A experiência vivenciada ao longo deste período conferiu tais conhecimentos que, em parte disseminada nesta publicação, apresentam aos leitores a oportunidade de refletir e colocar em prática a teoria sobre o Capital Intelectual.

Prof. Dr. Eduardo Gugliani

Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil Faculdade de Engenharia TECNOPUC – Parque Científico e Tecnológico da PUCRS Porto Alegre – RS, Brasil

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1 ANÁLISE DAS DIMENSÕES DO

CAPITAL INTELECTUAL:

uma revisão de literatura

Helio Aisenberg Ferenhof

Mariana Zaniboni Bialecki

Susanne Durst

Paulo Mauricio Selig

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 22

1. INTRODUÇÃO

Na nova era de empresas baseadas em conhecimento, o capital intelectual se

destaca como um fator determinante de vantagem competitiva (Bontis, 2001; Bontis

e Fitz-Enz, 2002; Bueno et al., 2003; Edvinsson e Malone, 1997; Edvinsson, 2000;

Kaplan e Norton, 1996; Roos e Roos, 1997; Stewart e Ruckdeschel, 1998; Sveiby,

1997). Sendo assim, tanto o universo acadêmico quanto o empresarial buscam

compreender o capital intelectual e suas diversas facetas. Do ponto de vista

empresarial, o objetivo da compreensão é poder gerir de forma efetiva o capital

intelectual. Por sua vez, o acadêmico objetiva compreendê-lo para prover:

ferramentas, técnicas, métodos que auxiliem à gestão do capital intelectual. Por

conseguinte, ambos buscam maneiras de manter e/ou atingir vantagem competitiva.

Com intuito de compreender melhor o capital intelectual algumas indagações

foram levantadas: O que é esse recurso intangível denominado capital intelectual?

Qual sua definição? Existem outros capitais que o compõem? Quais suas

dimensões? Para responder estas indagações, este estudo objetivou buscar junto a

literatura de forma exploratória as respostas. Na sessão dois se relata o método

utilizado nesta pesquisa. Por conseguinte, na sessão três é apresentada a indução

dos modelos. Já na sessão quarto são apresentados os resultados e discussões

relacionados a análise dos modelos. Finalmente na sessão cinco são apontadas as

considerações finais e recomendações de estudos futuros.

2. MÉTODO ADOTADO

Para o desenvolvimento deste estudo, optou-se pela pesquisa bibliográfica de

forma exploratória do tema. Adotando-se a abordagem qualitativa e o método

indutivo para interpretação dos dados conforme indicado por Merriam (1998) e Flick

(2009).

No entendimento de Flick (2009) a literatura pode ser utilizada para

confirmação da descoberta ou mesmo refutada pelo advento das descobertas da

pesquisa. Esse método ajuda a estabelecer uma forma de comparar os dados

coletados. Também visa dar suporte ao pesquisador a compreender melhor o tema

estudado, de forma a acentuar a sensibilidade do mesmo em relação às nuances

sutis dos dados. O conhecimento teórico e filosófico existente pode ser fonte

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 23

inspiradora ao pesquisador para lhe fornecer uma orientação no campo e quanto ao

material a ser utilizado.

Destaca-se que não houve julgamento de mérito ou valor assim seguindo

procedimentos indicados por Cauchick (2012).

O primeiro passo foi buscar, junto as bases de dados: Scopus, Web of

Science, Compendex e EBSCO, artigos, revisões e livros que trouxessem definições

de capital intelectual. Como segundo passo, a adoção do método indutivo

observando os modelos que representam o conceito de capital intelectual

comparando-os um com os outros. O terceiro passo se consistiu em elaborar uma

linha do tempo dos modelos encontrados, bem como destacar as influências de

modelos anteriores, ou seja, referências nos publicados posteriormente. Finalmente

o quarto e último passo deu-se com a elaboração de um relatório de análise dos

modelos.

3. INDUÇÃO DOS MODELOS

Cada um dos modelos encontrados foram observados, comparados afim de

descobrir as relações existentes entre eles conforme indicado por Gil (1999).

3.1 Edvinson & Sullivan (1996)

Definem capital intelectual como o conhecimento que pode ser transformado

em valor. Dividiram-no em dois outros capitais: 1) humano e 2) estrutural, conforme

pode ser observado na figura 1.

O capital humano (1) é dividido em dois subcomponentes. O primeiro é

chamado recursos humanos (1.1) e é definido como a capacidade de cada

funcionário em solucionar os problemas dos clientes, o que inclui experiência,

habilidades e conhecimentos. O segundo, denominado ativos intelectuais (1.2), é a

fonte de conhecimento que pode ser comercializado pela empresa, como

tecnologias, processos, programas de computadores e invenções.

O capital estrutural (2) é considerado o que a empresa absorve de cada

funcionário, mesmo quando o mesmo não está mais trabalhando na empresa, assim

como a estrutura que permite que o funcionário tenha um bom rendimento no

ambiente de trabalho.

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 24

Figura 1 - Capital Intelectual #1

.

Fonte: Edvinson & Sullivan (1996).

3.2 Kaplan & Norton (1996: 2004)

Os ativos intangíveis de uma empresa são a fonte definitiva de criação de

valor sustentável. Podem ser classificados em três categorias: capital humano,

capital da informação e capital organizacional, que devem estar integrados uns aos

outros e não podem ser medidos de maneira separada e independente.

O capital humano representa a capacidade dos empregados de executar os

processos internos críticos para o sucesso da organização. Abrange competências

estratégicas, tais como: talento, habilidades e conhecimentos necessários para

executar as atividades requeridas. O capital da informação fornece infraestrutura

vital e aplicações estratégicas de tecnologia da informação que contemplam o

capital humano para a promoção de desempenho notável dos temas estratégicos.

Finalmente, o capital organizacional é a capacidade da organização de mobilizar e

sustentar o processo de mudança necessário para executar a estratégia. É dividido

em cultura, liderança, trabalho em equipe e alinhamento. O modelo está indicado na

figura 2.

Figura 2 - Capital Intelectual #2

Fonte: Kaplan e Norton (1996; 2004)

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 25

3.3 Edivinson & Malone (1997)

Este modelo teve como base modelo de Edvinson & Sullivan (1996),

ampliando a dimensão de capital estrutural. O modelo trata o capital intelectual como

a soma dos ativos imateriais. Divide-o em capital humano e estrutural. O capital

humano é caracterizado pelas características individuais de cada funcionário:

capacidade, criatividade, conhecimento, experiência individuais. O capital estrutural

é a capacidade organizacional utilizada para transmitir e armazenar o capital

intelectual. Dentro do capital estrutural, estão incluídos o capital de clientes, que

trata do relacionamento da organização com os clientes, e o capital organizacional,

que trata dos investimentos em instrumentos que agilizam o fluxo do conhecimento

pela organização. O capital organizacional é subdivido em capital de processos,

definido como sendo o conjunto de processos e programas direcionados aos

empregados e; capital de inovação, sendo este a capacidade de inovar e renovar,

colocando novos produtos no mercado. Conforme pode ser melhor visualizado na

figura 3.

Figura 3 - Capital Intelectual #3

Fonte: Edivinsson & Malone (1997).

3.4 Roos & Roos (1997)

Estes autores, definem o capital intelectual como a soma dos recursos ocultos

da empresa, sendo este de suma importância para que a empresa crie vantagens

competitivas. Dividiram o capital Intelectual em três outros capitais: 1) humano, 2)

relacional e do cliente e 3) organizacional.

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 26

O capital humano, por sua vez, é subdividido em motivacional, de habilidades,

de tarefa e de conhecimento.

O capital relacional e do cliente é subdividido em capital de relacionamento

com cliente, de relacionamento com fornecedores, de relacionamento com canais de

parceria e de relacionamento com investidores.

O capital organizacional é separado em renovação de negócios e

desenvolvimento de capital e capital de processos de negócios. Estes, por sua vez,

também sofrem divisões. O primeiro é separado em especialização, processo de

produção, novos conceitos, marketing e venda e novas formas de cooperação. Já o

segundo, em fluxo de informação, fluxo de produtos e serviços, fluxo de caixa,

formas de cooperação e processos estratégicos.

As subdivisões podem ser melhores observadas na figura 4.

Figura 4 – Capital Intelectual #4

Fonte: Roos & Roos (1997).

3.5 Wiig (1997)

De acordo com Wiig (1997), o capital intelectual consiste nos ativos criados

por meio de atividades intelectuais que vão desde a aquisição de conhecimentos até

a criação de valiosos relacionamentos. E este é dividido em capital humano e

estrutural, como pode ser observado na figura 5.

O capital humano consiste na competência e capacidade de cada funcionário

e o estrutural consiste no resultado das atividades intelectuais em dados e bases de

conhecimento, documentos e etc. O capital estrutural é subdividido em capital do

cliente, caracterizado pelo relacionamento da empresa com o cliente, e capital

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 27

organizacional, ativos de conhecimento agregado às áreas de processo e inovação.

O capital organizacional é dividido em capital de inovação, que consiste em

conhecimento explícito e ativos intelectuais difíceis de identificar tal como uma

cultura positiva, e capital de processos, que consiste na criação de processos, tanto

na estrutura organizacional, quanto nas práticas de gestão, sistemas,

procedimentos. Finalmente, o capital de inovação é separado em propriedade

intelectual (inovações, patentes, tecnologia) e bens imateriais (cultura, imagem da

empresa).

Figura 5 - Capital Intelectual #5

Fonte: Wiig (1997).

3.6 Stewart (1997)

Este autor destaca que os talentos dos funcionários, a eficácia de seus

sistemas gerenciais e o caráter de seus relacionamentos com os clientes constituem

o capital intelectual, que é constituído pelo capital humano, estrutural e do cliente. O

capital humano é a capacidade necessária para que os indivíduos ofereçam

soluções aos clientes, sendo a fonte de inovação e renovação. O estrutural embala o

capital humano e permite seu uso na a criação de valor entre a empresa. Já o capital

do cliente é o valor dos relacionamentos de uma empresa com as pessoas com

quem faz negócio. Sendo assim, o capital intelectual não é criado a partir de partes

distintas de capital humano, estrutural e do cliente, mas do intercâmbio entre eles.

Conforme representado na figura 6.

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 28

Figura 6 - Capital Intelectual #6

Fonte: Stewart (1997).

3.7 Sveiby (1997)

Os ativos invisíveis constantes no balanço patrimonial de uma organização

constituem o capital intelectual e podem ser classificados como: competência do

funcionário, estrutura interna e estrutura externa. A competência do funcionário

consiste em agir em diversas situações para criar ativos tangíveis e intangíveis. A

estrutura interna é formada por patentes, conceitos, modelos e sistemas

administrativos. A estrutura externa é formada tanto pelas relações com clientes e

fornecedores quanto pelas marcas, reputação e imagem da empresa. Conforme

pode ser visto na figura 7.

Figura 7 - Capital Intelectual por #7

Fonte: Sveiby (1997).

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 29

3.8 Bontis (1999)

Este autor considera que o capital intelectual é o estoque de conhecimento de

uma empresa. É dividido em três subdomínios: capital relacional, estrutural e

humano. O capital humano é definido como a união da herança genética, da

educação, das experiências e das atitudes pessoais e profissionais em um nível

individual, sendo fonte de inovação e renovação estratégica. O capital relacional

representa a capacidade que uma empresa tem em se relacionar com seus clientes,

fornecedores e o conhecimento de mercado, dos impactos governamentais ou

industriais. O capital estrutural permite que o capital intelectual seja medido em um

nível organizacional e tem como essência o conhecimento incorporado dentro das

rotinas de organização. Vale ressaltar que, ao contrário da maioria dos autores,

Bontis (1999) não inclui patentes e outras propriedades intelectuais no capital

intelectual. Seu modelo pode ser visualizado na figura 8.

Figura 8 - Capital Intelectual #8

Fonte: Bontis (1999)

3.9 Bontis et al. (1999)

O capital intelectual é o conjunto de recursos intangíveis de uma organização.

É dividido em capital humano e estrutural, conforme pode ser visto na figura 9.

O capital humano combina os conhecimentos, habilidades e experiências do

indivíduo que dão um diferencial à organização. São os recursos intangíveis

embasados nos membros, que podem ser divididos em três recursos principais:

competência, agilidade intelectual e organização. O capital estrutural é a empresa

possui e adquire com cada funcionário - o conhecimento embasado nas rotinas da

organização. É dividido em relacionamentos (fornecedores, clientes), organização

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 30

(estrutura, cultura, rotinas) e renovação e desenvolvimento, onde constam os

projetos pro futuro.

Figura 9 - Capital Intelectual #9

Fonte: Bontis et al (1999).

3.10 Francini (2002)

O capital intelectual é o capital originário do conhecimento responsável pelo

sucesso da empresa, formado por ativos não financeiros, ocultos e invisíveis. É

resultado da soma do capital humano e do capital estrutural. Resultando na figura

10.

O capital humano é consequência direta do somatório das especialidades e

habilidades de seus empregados, e, portanto, não pertence à empresa. Engloba o

conhecimento, a experiência, o poder de inovação e a habilidade de cada

funcionário. Já o capital estrutural pertence à empresa, e é composto por todos os

processos internos e externos que existem dentro da companhia e entre ela e seus

parceiros, pelos relacionamentos com fornecedores, clientes e outros parceiros

envolvidos. É então dividido em capital de processos, de relações e de inovação,

que é uma consequência direta da cultura da empresa e sua capacidade de criar

conhecimento.

Figura 10 - Capital Intelectual #10

Fonte: Francini (2002).

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 31

3.11 Bueno (2002a; 2002b)

Bueno se baseia no “Modelo Intelect”, apresentado no Euroforum em 1998, e

define o capital intelectual como o conjunto de ativos de uma sociedade que geram

valor para a empresa no futuro. Afirma que o capital intelectual é dividido em capital

humano, estrutural e relacional. O humano refere-se ao conhecimento pertencente

aos membros da empresa que são úteis para a mesma. O estrutural é entendido

como o conjunto de conhecimentos estruturados, tratando dos sistemas de

informação e comunicação, da tecnologia disponível, das patentes. Já o relacional

refere-se ao conjunto de relações mantidas pela organização com os agentes a sua

volta.

Bueno (2002a), se restringe a falar apenas sobre capital relacional. É definido

como o conjunto de relações que uma instituição mantem com os agentes ao seu

redor. Tem como principais elementos intangíveis as relações da empresa com os

clientes. As alianças estratégicas, as relações com os demais agentes externos e as

análises dos competidores e provedores também são considerados pelo autor

elementos importantes do capital relacional.

Focando no capital humano, Bueno (2002b) afirma que o mesmo pode ser

dividido em cinco elementos: tipo de pessoa, suas competências, sua motivação, a

capacidade de aprender em equipe e a capacidade de integração de novas pessoas,

que coletam os aspectos essenciais do que se entende por capital humano. Pode

também ser avaliado por meio os seguintes indicadores: capacidade de trabalhar em

equipe, capacidade de liderança, flexibilidade para se adaptar às mudanças e às

novas tecnologias e, por fim, o nível de criatividade. Ambas as publicações deste

autor descrevem o mesmo modelo, como pode ser visualizado na figura 11.

Figura 11 - Capital Intelectual #11

Fonte: Bueno (2002a; 2002b)

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 32

3.12 Bueno et al. (2003)

Dando continuação às pesquisas e ainda com base no “Modelo Intelect”, os

autores fazem melhorias na classificação do capital intelectual e divide o capital

estrutural em capital organizacional e capital tecnológico e o capital relacional em

capital social e capital negócio.

Dentro do capital estrutural, o capital organizacional é o conjunto de

intangíveis que estruturam e desenvolvem a identidade e a atividade da

organização. É composto de quatro elementos básicos: cultura, estrutura,

aprendizagem organizacional e processos. Já o capital tecnológico se refere ao

conjunto de intangíveis relacionados ao desenvolvimento das atividades e funções

do sistema técnico da organização. Assim como o organizacional, pode ser dividido

em quatro elementos básicos: esforço em investigação + desenvolvimento +

inovação, dotação tecnológica, propriedade intelectual e industrial e resultados da

inovação.

Analisando as divisões do capital relacional, o capital negócio se refere ao

valor adquirido com as relações mantidas com os principais agentes vinculados aos

processos básicos. É composto de seis elementos básicos: relações com clientes,

com provedores, com acionistas e com aliados. O capital social, por sua vez, refere-

se ao valor obtido com as relações mantidas com os outros agentes sociais que

atuam em sua volta, social e territorial, expresso em termos do nível de integração,

compromisso, cooperação, coesão, conexão e responsabilidade social que se quer

estabelecer com a sociedade. É composto pelos seguintes elementos básicos:

relações sociais, corporativas, com as administrações públicas, com os meios de

comunicação e imagem corporativa e com a defesa do meio ambiente. Conforme

pode ser observado na figura 12.

Figura 12 - Capital Intelectual #12

Fonte: Bueno et al (2003)

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 33

3.13 Castro & Muiña (2003)

Para estes autores, o capital intelectual é constituído por um conjunto de

recursos intangíveis, com diferentes implicações estratégicas e que possibilitam a

criação de valor. Separam o capital intelectual em capital humano, organizacional,

tecnológico e relacional.

O capital humano inclui o conjunto de conhecimentos uteis possuídos pelos

membros da empresa que aumentam o valor de sua contribuição para a

organização. O capital relacional refere-se aos conhecimentos que se originam dos

relacionamentos com clientes, fornecedores e até concorrentes. O capital

tecnológico é definido como o volume de conhecimentos relativo ao modo como são

desenvolvidas certas funções na empresa. Já o capital organizacional facilita a

melhoria na transferência de conhecimento e traz como consequência um aumento

da eficiência ao integrar de maneira adequada o conjunto de funções da empresa. A

junção do capital tecnológico com o capital organizacional, resulta no que a maioria

dos outros autores define como capital estrutural, onde estão incluídas todas as

formas de conhecimento criadas e trabalhadas na empresa. Observado na figura

13.

Figura 13 - Capital Intelectual #13

Fonte: Castro e Muiña (2003).

3.14 Marr et al. (2004)

Marr et al. (2004) propõem o mapa de ativos de conhecimento, que é uma forma de

virtualização do CI para chegar a um melhor entendimento (Figura 14). Além disso,

ele permite que os gerentes classifiquem os ativos de conhecimento para ajudá-los a

ganhar uma compreensão da estrutura e hierarquia dos mesmos. O mapa de ativos

de conhecimento também pode ser usado como uma ferramenta para facilitar a

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 34

identificação dos ativos de conhecimento, que são críticos para a empresa. No

entanto, ele só pode fornecer uma visão estática da base de ativos de conhecimento

e não indica como esses ativos contribuem para a criação de valor. O modelo é

composto por seis categorias:

1. Relações das partes interessadas: relações que uma empresa tem

com os seus stakeholders.

2. Recursos Humanos: conhecimentos prestados pelos empregados,

como habilidades, competências, comprometimento, motivação,

lealdade, conselhos.

3. Infraestrutura física: ativos de infraestrutura, como o layout estrutural,

tecnologias de informação e comunicação, bancos de dados e redes

físicas.

4. Cultura: aspectos como cultura corporativa, valores organizacionais,

comportamento em rede de colaboradores e filosofias de gestão.

5. Rotinas e Práticas: práticas internas, redes virtuais e rotinas.

6. A propriedade intelectual: ativos de conhecimento, como patentes,

direitos autorais, segredos comerciais e processos cuja propriedade é

concedida à empresa por lei.

Figura 14 – Capital Intelectual #14

Fonte: Marr et al (2004).

3.15 Chen et al. (2004)

Os autores apresentam um método para calcular o CI destacando, assim, o

fato de que o mesmo não existe isoladamente. Segundo eles, o CI é classificado em

quatro elementos: capital humano, estrutural, de inovação e de cliente (Figura 15). O

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 35

capital humano é a base do CI, sendo primordial para que suas funções sejam

desempenhadas. Refere-se a conhecimento dos funcionários, habilidades,

capacidades e atitudes. O capital estrutural lida com mecanismos e estruturas da

empresa que podem ajudar os funcionários na busca por desempenho intelectual

ideal, que resulta na realização do desempenho global de negócios. É sujeito ao

capital humano, uma vez que o capital humano é um fator determinante da forma de

organização. Segundo o autor, o capital estrutural precisa ser separado da inovação.

Portanto, a inovação não está sujeito ao capital estrutural. Como uma questão de

fato, ele é o elo fundamental da CI . Por um lado, o capital de inovação não vem à

existência espontaneamente, porque sua origem e desenvolvimento são baseadas

nos efeitos conjuntos do capital humano e capital estrutural. Consequentemente, a

inovação é o resultado da combinação de excelentes colaboradores, regulação

sensata, cultura e técnicas. Por outro lado, a inovação pode dar um impulso para o

crescimento do capital do cliente, que atua como uma ponte e um catalisador para

as atividades do CI e é o requisito principal e determinante na conversão de CI em

valor de mercado e, consequentemente, no desempenho dos negócios.

Figura 15 – Capital Intelectual #15

Fonte: Chen et al (2004).

3.16 Subramaniam & Youndt (2005)

O estudo aponta o capital intelectual como a soma de todos os

conhecimentos da empresa utilizados para garantir uma vantagem competitiva.

Estes autores o subdividem em outros três capitais: humano, organizacional e social.

O capital humano é resultado do conhecimento, habilidades e competências que

pertencem e são utilizadas pelos indivíduos. O capital organizacional é o

conhecimento institucionalizado e experiência codificada utilizava por meio de

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 36

patentes, manuais, estruturas, sistemas e bancos de dados. Já capital social é

definido como o conhecimento embutido, disponível e utilizado por interações entre

indivíduos e sua rede de inter-relações. Conforme indicado na figura 16.

Figura 16 - Capital Intelectual #16

Fonte: Subramaniam & Youndt (2005)

3.17 Swart (2006)

A principal contribuição do trabalho de Swart está na desarticulação das

definições e medidas de CI e seus subcomponentes. Os subcomponentes mais

importantes identificados foram o capital humano, social e estrutural, referido como

capital organizacional e capital de cliente. O trabalho de Swart ilustra que cada

subcomponente é assolado por confusão sobre limites, níveis de análise e função do

subcomponentes. Como resultado de seu trabalho, ele propõe um framework de CI,

que consiste em capital humano, capital social, capital estrutural, capital

organizacional, capital de cliente e capital de rede. O capital humano (CH) refere-se

a seleção de um indivíduo de uma ocupação ou emprego que maximiza o valor

presente do CI, os benefícios económicos e psíquicos (satisfação) ao longo de sua

vida. O surgimento de capital social (CS) no que diz respeito à explicação do

desempenho da empresa se deve à aplicação da teoria econômica ao pensamento

sociológico. O capital estrutural (CST) assemelha-se know-how organizacional, que

é focada em conversão de CH em CI. Neste contexto CST é o elo crítico que permite

CI a ser medido a nível organizacional. Capital Organizacional (CO) refere-se a

processos e tecnologias que funcionam a nível organizacional. Cliente de capital

(CC) é uma parte do capital social, que é orientada para os clientes. Por fim, o

capital de rede (CN) é uma parte do capital social que lida com as relações com os

parceiros , funcionários e conselho, a fim de agregar valor à empresa (Figura 17) .

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 37

Figura 17 CI Framework por Swart

Fonte: Swart (2006)

3.18 Choong (2008)

Choong examinou as características de itens que podem ser considerados em

CI, a fim de fornecer um sistema de classificação CI formal que pode ser integrado

num sistema de comunicação. O principal objetivo do autor foi propor um modelo de

declaração formal, que pode ser usado para a análise de CI, proveniente de

processo de produção da empresa (Figura 18). De acordo com Choong, CI pode ser

dividido em capital humano, capital estrutural, capital de cliente e de capital de

propriedade intelectual. Este trabalho foi baseado nos modelos clássicos do CI (por

exemplo Bontis et al (1999);. Edvinson e Malone (1997); Lev (2001), Roos e Roos

(1997), Stewart (1997) e Sveiby (1997), consequentemente, as definições utilizada

para as dimensões são as mesmas que as clássicas.

CH

CI

CS

CST CC

CO

CN

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 38

Figura 18 – Capital Intelectual #18

Fonte: Choong (2008).

3.19 Massingham (2008)

Este autor, divide o capital intelectual em quatro outros capitais: humano,

social, relacional e estrutural, figura 19. O capital humano é o conhecimento

possuído pelos funcionários e é agregado aos níveis organizacionais em termos de

sua experiência e competência. O capital social cria valores por meio de

relacionamentos que oferecem a oportunidade de criar, compartilhar e combinar

recursos. O capital estrutural engloba o capital humano e possibilita que a

organização a utilize depois, aperfeiçoando indivíduos e a organização. O capital

relacional é o conhecimento obtido por meio de relacionamentos entre organizações

com as pessoas com que fazem negócios. Incorpora o capital humano opiniões e

conhecimentos à perspectiva do funcionário.

Figura 19 - Capital Intelectual #19

Fonte: Massingham (2008)

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 39

3.20 Rodrigues et al. (2009)

De maneira geral, todos os recursos intangíveis e suas interconexões são

considerados como capital intelectual, sendo então a combinação de todos os

fatores sob controle, direta ou indiretamente, da empresa e que contribuem para a

geração de valor. É composto por três elementos: capital humano, relacional e

estrutural, figura 20.

O capital humano refere-se às pessoas como fonte de riqueza das empresas.

Abrange as capacidades individuais, os conhecimentos, as habilidades e as

experiências, fontes de inovação e renovação estratégica. O capital relacional é

definido como a capacidade que a empresa tem de transmitir e armazenar material

intelectual. É o conhecimento inserido nas rotinas da empresa que podem apoiar os

empregados na busca do desempenho intelectual. É o único elemento que pertence

de fato à empresa. Por fim, o capital relacional trata das relações das pessoas com

os clientes e fornecedores e o conhecimento que é adquirido com essas relações.

Figura 20 - Capital Intelectual #20

Fonte: Rodrigues et al (2009).

3.21 Secundo et al. (2010)

Capital intelectual é a combinação de recursos intangíveis que permitem que

uma organização transforme seus recursos materiais, financeiros e humanos em um

sistema capaz de gerar valor. É dividido em capital relacional, organizacional e

humano.

O capital humano é separado em atração e eficiência. Atração é a capacidade

de uma organização em desenvolver e manter talentos por meio de uma estratégia

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 40

de alta qualidade. Eficiência é a relação entre o valor criado e os recursos humanos

usados para essa finalidade.

O capital organizacional é dividido em duas áreas. A codificação de

conhecimento e inovação refere-se à performance da instituição em termos de

publicações cientificas e pesquisas de projetos. Já o desenvolvimento de

infraestrutura refere-se ao aumento do sistema de tecnologia da informação para

ensinar, aprender e pesquisar.

O capital relacional é também dividido em dois componentes. A rede de P&D

é responsável pela transmissão dos resultados de educação e pesquisa ao meio

externo e pelo monitoramento das relações criadas com autores externos,

governamentais, industriais e outros centros de pesquisa. O segundo componente, o

escopo internacional, inclui os aspectos voltados para avaliar até que ponto a

instituição está aberta a mudanças com a comunidade científica e industrial

internacional. Conforme pode ser melhor visualizado na figura 21.

Figura 21 - Capital Intelectual #21

Fonte: Secundo et al (2010).

3.22 Malavski et al. (2010)

Estes autores apontam que o capital intelectual é definido como a diferença

entre o valor de mercado e o valor contábil das ações de uma empresa. É dividido

em capital humano, relacional e estrutural. O capital humano é representado pelo

know-how, capacitações, habilidades e especializações técnicas dos recursos

humanos de uma organização. O capital relacional é definido como a soma de todos

os recursos associados à s relações externas da empresa: consumidores,

fornecedores, parceiros e investidores. O capital estrutural é definido como o

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 41

conhecimento apropriado pela empresa. Engloba processos organizacionais,

softwares, procedimentos, sistemas, cultura, banco de dados etc. Melhor visualizado

na figura 22.

Figura 22 - Capital Intelectual #22

Fonte: Malavski et al (2010).

3.23 Bueno et al. (2011)

O capital intelectual é dividido em: capital estrutural, humano e relacional,

utilizando a mesma estrutura divulgada em 2003, mas com a adição de um novo

capital e de aceleradores.

O capital humano faz referência ao conhecimento que as pessoas ou grupos

possuem e à capacidade de aprender e compartilhar certos conhecimentos com

outros membros da empresa. Dentro do capital humano, estão inseridos valores e

atitudes; habilidades e capacidades.

O capital estrutural é o conjunto de conhecimentos e ativos intangíveis que

são propriedade da organização. É subdividido em capital organizacional e capital

tecnológico.

Por fim, o capital relacional trata do conhecimento que se incorpora à

organização como consequência do valor derivado do número e da qualidade das

relações com diferentes agentes de mercado e a sociedade em geral. É dividido em

capital social e de negócio

Após definir e classificar o capital intelectual, são adicionados alguns

aceleradores, ainda indefinidos pelo autor, para dinamizar o capital intelectual. É

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 42

adicionado também um novo capital chamado de capital de empreendimento e

inovação, que é composto pelos resultados de inovação, pelos esforços em

inovação e pela atitude e capacidade de empreendimento da organização. Os

autores indicam que precisam de novos estudos para aprimorá-lo, mas relacionam-

no aos outros capitais por meio dos aceleradores.

Figura 23 - Capital Intelectual #23

Fonte: Bueno et al (2011)

Após a identificação dos modelos junto literatura e, descrição dos mesmos, este estudo analisou-os comparativamente. Conforme sessão a seguir.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO – ANÁLISE DOS MODELOS

Ao utilizar o método de indução, durante a leitura e comparação dos

modelos, este estudo sintetizou suas considerações de análise resultando na tabela

3.

Ao analisar os modelos, este estudo se deparou com uma dúvida conceitual

em relação ao capital relacional e capital social. Estes dois tipos de capital são

sinônimos? Ou existe diferença entre eles? Com base nestas indagações, procurou-

se junto a literatura uma base científica para alicercear e dar suporte a análise.

Sendo assim, este trabalho entende que os conceitos de capital relacional e capital

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Ferenhof, Bialecki, Durst e Selig

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 43

social tem relação, mas não são os mesmos, apesar de muitas vezes serem

confundidos por diversos autores. Como lente de análise utilizaremos os conceitos

levantados por Still et al. (2013), que apontam que acadêmicos vêm usando o termo

capital social ao invés de capital relacional pois em alguns casos o capital relacional

vem sendo definido como a forma de capital social embutidas nas relações de

negócios.

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Figura 24- Linha do Tempo do Capital Intelectual

Fonte: Autores, dados de pesquisa.

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A figura 24, apresenta todos os modelos estudados em forma de linha do

tempo, ajudando no entendimento das fontes de inspiração dos modelos, evolução

de conceitos, descarte de conceitos prévios, dentre outros fatores, que foram

levados em conta no momento de análise.

Ao compreender melhor as dimensões do capital intelectual ao longo do

tempo (figura 24), este estudo pôde desenvolver um melhor entendimento propondo

a figura 25 como maneira de externalizar o conhecimento do que é o capital

intelectual e suas dimensões.

Entende-se que o capital intelectual é composto pelos seguintes constructos

de segunda ordem: capital estrutural, capital humano, capital relacional e capital

social.

O capital estrutural é responsável por manter a organização funcionando

composto de ativos tangíveis e intangíveis. Se estabelece por meio dos constructos

de terceira ordem: capital de inovação, capital de processos, capital tecnológico e

organizacional.

O capital humano é responsável por conduzir os demais capitais e se

estabelece pelos seguintes constructos de terceira ordem: motivação,

relacionamento interpessoal e, conhecimentos, habilidades e atitudes.

Por sua vez, o capital relacional é responsável pelas relações internas e

externas a organização. As externas se referem ao relacionamento com seus

clientes, fornecedores, parceiros comerciais. Tem base nos seguintes constructos de

terceira ordem: capital de clientes e capital de negócios.

O capital social também é responsável pelo relacionamento da empresa, mas

é com a sociedade como um todo. Se estabelece pelos seguintes constructos de

terceira ordem: ações sociais e interações sociais.

Com intuito de acelerar o desenvolvimento e crescimento do capital intelectual

este pode tomar bases no processo de gerar lições aprendidas, bem como na

gestão do conhecimento, gestão de projetos, gestão de processos, gestão da

inovação e, na gestão da tecnologia da informação e comunicação como meio de

alavancar e suportar o capital intelectual a atingir novos patamares e excelência.

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Figura 25- Modelo do capital intelectual por Ferenhof et al.

Fonte: Autores.

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 47

Na próxima seção, as considerações finais a partir deste estudo são

apresentadas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo objetivou buscar junto a literatura definir o constructo capital

intelectual, bem como suas dimensões. Ao analisar os dezenove modelos por

meio da indução se identificou que o capital intelectual é importante para que

as organizações existam. O capital intelectual é responsável por gerar ideias,

transformar em produtos, sejam bens ou serviços, produzir e mantê-los, se

relacionar com os clientes internos e externos, se relacionar com a sociedade

como um todo, dentre outros fatores.

Foi possível compreender melhor as dimensões do capital intelectual ao

longo do tempo, o que resultou em um modelo conceitual proposto como uma

maneira de externalizar o que é o capital intelectual e suas dimensões,

considerando-se uma visão holística sobre o tema. Além disso, o uso de

aceleradores é recomendado para o desenvolvimento e evolução do capital

intelectual.

Como pesquisas futuras este estudo indica que há necessidade de se

compreender melhor a forma de como o capital intelectual agrega valor as

organizações. Recomenda-se que estudos busquem maneiras de medir as

dimensões apontadas. Bem como estudos que explorem mais a fundo estas

dimensões e a relação com a performance da empresa.

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2

O CAPITAL INTELECTUAL E

VALORAÇÃO DOS ATIVOS DO

CONHECIMENTO

Juçara Salete Gubiani

Aran Morales

Paulo Mauricio Selig

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1. CAPITAL INTELECTUAL

O conhecimento é “mais valioso e poderoso do que os recursos naturais”. O que existe de comum entre as empresas bem-sucedidas é o “capital intelectual”. Formado pela soma do conhecimento de todos na empresa – é intangível – é o conhecimento da força do trabalho. “... constitui a matéria-prima intelectual... que pode ser utilizada para gerar riqueza” (STEWART, 1998, p. XIII).

O capital intelectual tem sido debatido nas últimas décadas e continua em evidência na atualidade. A crescente importância está associada ao advento da economia do conhecimento, juntamente com o reconhecimento pela comunidade científica e empresarial, do impacto político do conhecimento no desempenho de indivíduos, empresas e países. Ainda no início do século XX, Joseph Schumpeter afirmou ser o conhecimento a variável que alavanca a economia e não necessariamente o capital. Para ele, sem o domínio do conhecimento e da tecnologia, não existe crescimento econômico (SCHUMPETER, 1985).

O conhecimento, as experiências, a especialização e os diversos ativos intangíveis disponíveis formam o capital intelectual das empresas (KLEIN, 2002). Não somente a capacidade intelectual humana como também os produtos e marcas registradas, ativos contabilizados a custo histórico e que hoje possuem valor (EDVINSSON; MALONE, 1998). Todos os ativos – tangíveis e intangíveis – se originam no pessoal da organização (SVEIBY, 1998). É a força de trabalho que pode ser utilizada para gerar riqueza: o treinamento e a intuição de uma equipe, o know-how de trabalhadores que melhoram a eficácia da empresa, a tecnologia que favorece a comunicação, a cooperação, o aprendizado compartilhado interno e externo à empresa (STEWART, 1998).

As várias definições de capital intelectual encontradas na literatura permitem concluir sobre três capitais: capital humano (individual e coletivo); capital estrutural/organizativo (infraestrutura física e tecnológica da organização) e capital relacional (clientes, fornecedores e a rede interna e externa (PETRASH, 1996; KAPLAN; NORTON, 1997; 2004; STEWART, 1998; EDVINSSON; MALONE, 1998; SVEIBY, 1998; BONTIS, 1999; BONTIS et al., 2000; IADE, 2003, ROOS; ROOS, 1997; GONZÁLEZ; SALLERO, 2010).

Segundo Bontis et al. (1999), se dois recursos intangíveis requerem diferentes ações de gestão, então eles devem pertencer a categorias diferentes. Nesse entendimento, alguns autores criam subclassificações quando necessário. A falta de um consenso conceitual “reflete o estado embrionário da construção teórica do tema”. A sua importância para a economia exige o “desenvolvimento de estudos acadêmicos que tragam rigor a um assunto de relevância comprovada”. A autora salienta que a “solidez de um corpo teórico uniforme e o aceite pela academia será alcançada com a persistência dos investigadores, e com a continuação da pesquisa aplicada e da dedução teórica” (CURADO, 2006, p.26).

O tema tem sido objeto de estudo, considerado por muitos autores, definido por alguns, e compreendido por poucos (SVEIBY, 1998; STEWART,

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1998). Para Sveiby (1998), ele é formado pela interação entre três dimensões: competências, estrutura interna e estrutura externa. Próximo dessa visão, Stewart (1998, p. 70), afirma que o capital intelectual é encontrado nas pessoas, nas estruturas da organização e nos clientes. Ele “não é criado a partir de partes distintas do capital humano, estrutural e do cliente, mas do intercâmbio entre eles”.

Para Stewart (1998), a distinção entre capital humano e capital estrutural é fundamental para a gerência do conhecimento. Segundo ele, o capital humano é a fonte para a inovação e a renovação. Lembra que indivíduos inteligentes não determinam a inteligência da empresa. Pessoas brilhantes estão nas universidades, entretanto, o brilho não é coletivo. Compartilhar e transmitir conhecimento exige ativos intelectuais estruturais (sistemas, laboratórios, inteligência competitiva e de mercado, etc.), capazes de transformar o know-how individual em propriedade de um grupo. Assim, ele define capital intelectual como “a capacidade organizacional que uma organização possui de suprir as exigências do mercado” (STEWART, 69).

Uma quarta dimensão é apontada pela literatura: o capital social, este considera que o capital intelectual é gerado pela combinação e intercâmbio de conhecimentos das relações sociais da empresa (interações entre pessoas e infraestrutura: capital organizacional e capital de negócios). Dessas relações, juntamente com os demais capitais a vantagem competitiva é estabelecida (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998; POMEDA et al., 2002).

O entendimento atual é de que empresas intensivas em conhecimentos conseguem vantagens competitivas pela integração e aplicação do conhecimento no processo de produção. O conhecimento organizacional é um recurso para a criação de valor na empresa. Como tal, é fonte de vantagem competitiva e deriva da combinação de elementos físicos, humanos e organizativos únicos e insubstituíveis. O conhecimento organizacional é a base para a existência do capital intelectual que depende do estoque de conhecimento para poder criar valor (RODRIGUES et al., 2009).

Para Edvinsson e Malone (1998), o capital intelectual está ancorado em três componentes básicos: capital humano, capital estrutural e capital de clientes. A Figura 1 mostra graficamente a formação do capital intelectual segundo a visão de alguns autores.

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Figura 26 – A organização do conhecimento: capital intelectual

Fonte: Elaborado com base nos autores relacionados

O capital intelectual, considerado no passado como um fator subjetivo, que permeava as organizações, passa agora a ter valor contábil real na forma de conhecimento estocado, nas experiências aplicadas, na tecnologia organizacional disponível, no relacionamento com os consumidores e nas habilidades profissionais. Para Edvinsson e Malone (1998), o capital intelectual, como medida do conhecimento, precisa da intervenção do capital humano que influencia com as características atitude, conhecimento e a agilidade sobre o capital estrutural (parte que não pensa).

Com base na literatura, é possível concluir que o capital intelectual compõe-se de uma parte que pensa (capital humano) e outra que não pensa (capital estrutural). A Figura 2 mostra graficamente a arquitetura (GONZÁLEZ; SALLERO, 2010).

Para Castro e Muiña (2003), o capital intelectual é composto por um conjunto de recursos intangíveis e capacidades com diferentes implicações estratégicas. Assim, para compreender o efeito de cada um dos seus componentes é necessário identificar, caracterizar e agrupar de acordo com critérios de cada um.

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Figura 27 – O desenvolvimento do conhecimento: capital intelectual

Fonte: Adaptado de González e Sallero (2010)

A questão é: como avaliar o intangível: o capital intelectual das organizações? Para analisar e necessário “medir”, e para medir o conhecimento é necessário identificar as variáveis que o compõem e assim, pela aplicação de alguma técnica, é possível explicar o conhecimento.

1.1 Mensuração dos componentes do capital intelectual

Autores que estudam a valoração do conhecimento concluem que o capital intelectual consiste na criação e uso do conhecimento e estudam as relações entre o conhecimento e a criação de valor dentro da empresa.

Para sua análise é necessário medir o capital intelectual. Para medir é necessário identificar o que será medido. As organizações possuem materiais intelectuais (recursos tangíveis e intangíveis: perspectivas e capacidades tácitas e explícitas, dados, informações, conhecimento e talvez sabedoria). Como encontrar e onde procurar? Para Stewart (1998), a resposta está em um ou mais desses lugares: pessoas, estruturas e clientes. Para Davenport e Prusak (1998), “o conhecimento pode ser comparado a um sistema vivo, que cresce e se modifica na medida em que interage com o meio ambiente”. Os

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valores e as crenças integram o conhecimento determinando, em grande parte, o que o conhecedor vê, absorve e conclui com base nas suas observações.

Segundo Kaplan e Norton (1997), a gestão dos ativos intangíveis permite à empresa a fidelização de clientes, a inovação orientada ao mercado e pelo mercado, a produção de bens e serviços com qualidade, a mobilização das habilidades e a motivação dos funcionários. Aliado ao uso de ferramental tecnológico como suporte para criação de ideias, a empresa estabelece a melhoria contínua.

O Quadro 1 mostra a classificação de autores.

Autores Classificações

Petrash (1996) Capital humano Capital organizacional

Capital cliente

Kaplan e Norton (1997, 2004)

Capital humano Capital informacional

Capital organizacional

Sveiby (1998) Competência dos empregados

Estrutura interna Estrutura externa

Roos e Roos (1997)

Capital humano Capital organizacional

Capital de cliente e de relacionamentos

Stewart (1998) Capital humano Capital estrutural Capital cliente

Edvinsson e Malone (1998)

Capital humano Capital estrutural (organizacional, de inovação e de processos)

Capital cliente

Bontis et al. (2000)

Capital humano Capital estrutural Capital Cliente

Llauger (2001) Capital humano Capital organizacional (processos, tecnologia e os conteúdos)

González e Sallero (2010)

Capital humano Capital estrutural (capital organizativo, capital tecnológico e capital relacional)

Quadro 1 – Classificação do capital intelectual

Fonte: Organizado com base nos autores

Edvinsson e Malone (1998) consideram o capital intelectual como uma forma de medir, visualizar e apresentar o valor real de seus negócios no Século XXI. A capacidade da empresa de transformar conhecimento e ativos intangíveis em riqueza criando recursos (EDVINSSON; MALONE, 1998). Sua gestão é o processo para extrair valor do conhecimento (RODRIGUES et al., 2009).

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1.1.1 Capital humano

O capital humano cresce de duas formas: quando a empresa utiliza o que as pessoas sabem e quando um número maior de pessoas sabe mais coisas úteis para a organização (SEWART, 1998, p.78).

A parte “que pensa” – o capital humano – trata aspectos relacionados à pessoa. São as competências e habilidades acumuladas, capacidades individuais e dos grupos, as experiências e os conhecimentos pessoais na organização, a educação, a agilidade intelectual, a capacidade criativa de inovação, os valores e a motivação/atitudes. São as medidas que facilitam a análise do conhecimento – tanto tácito quanto explicito – encontrado nos profissionais da empresa.

Ele se modifica e se adapta às necessidades da empresa. Por natureza, em virtude da capacidade de aprendizado das pessoas, esse conhecimento não é estático. O Quadro 2 mostra medidas consideradas na avaliação do capital humano na visão de autores.

O que considera para avaliação Autores

O conhecimento humano da empresa:

Competências e Conhecimentos.

Capacidade das pessoas e do grupo.

Talento e Know-How.

Atitude – conduta – motivação – valores – aptidões.

As práticas – a ética das pessoas.

Agilidade intelectual, destrezas e experiências dos empregados e diretores.

Capacidade criativa e inovação.

Satisfação e lealdade.

LLAUGER, 2001; NONAKA; TAKEUCHI, 1997, RODRIGUES; DORREGO; JARDÓM-FERNÁNDEZ, 2009, GONZÁLEZ; SALLERO, 2010, BONTIS; FITZ-ENZ, 2002; EDMONSON, 1999; EDVINSSON; MALONE, 1998; IADE, 2003; KAPLAN; NORTON, 1997; 2004; BONTIS, 2001; STEWART, 1998; SVEIBY, 1998; ROOS; ROOS, 1997; CURADO, 2006; MOURITSEN et al., 2001; OSTERLOH; FREY, 2000; RAVICHANDRAN, 2000; SUBRAMANIAM; YOUNDT, 2005; YOUNDT et al., 2004; BONTIS et al., 2000; GUBIANI 2011.

Quadro 2 – Capital humano

Fonte: Organizado com base nos autores

Ao considerar as competências individuais, reúne-se também a sabedoria da experiência, o saber fazer individual e a acumulação da prática profissional. Para (GONZÁLEZ; SALLERO, 2010), as variáveis para a análise são consideradas pelo conhecimento que os indivíduos possuem, e o cálculo é analisado sobre três critérios: competência, satisfação pessoal e agilidade intelectual.

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1.1.2 Capital estrutural

O capital estrutural serve a dois propósitos: acumular estoques de conhecimento que sustentam o trabalho que os clientes valorizam e acelerar o fluxo de informação dentro da empresa (STEWART, 1998, p.146).

A parte “que não pensa” – capital estrutural – trata dos aspectos internos da organização (GONZÁLEZ; SALLERO, 2010). Para Saint-Onge (1996), o capital humano constroi o capital estrutural e ainda segundo o autor, quanto melhor for o capital estrutural, melhores são as perspectivas do capital humano, ser melhor.

O capital estrutural são todos os ativos intangíveis capturados pela estrutura organizacional e responsáveis pelo desenvolvimento das atividades da empresa tais como conhecimento, habilidades, experiências, informações institucionalizada e codificada. São também os procedimentos e protocolos, rotinas, a tecnologia, a estrutura, as estratégias, os processos de trabalho, as técnicas e programas, canais de comunicação, os filtros de informação, estratégias de resolução de problemas entre os grupos, os sistemas de controle, sistema técnico de operações, cultura empresarial e valores culturais, a capacidade para renovação e o desempenho para inovação – direitos comerciais, propriedade intelectual – direito comerciais protegidos, propriedade intelectual (BONTIS, 1999; EDVINSSON; MALONE, 1998; IADE, 2003; STEWART, 1998; YOUNDT et al., 2004). O Quadro 3 detalha itens de avaliação do capital estrutural conforme autores.

O que considera para avaliação Autores

Habilidades – Experiências – Conhecimentos da empresa.

Informações institucionalizadas e codificadas (bases de dados, patentes, manuais, rotinas, fluxogramas, propriedade intelectual).

Protocolos e procedimentos da organização.

Cultura e valores empresariais.

Ambiente – estrutura da empresa tanto física quanto tecnológica.

Estratégicas para a criação de conhecimento voltado para a inovação

BONTIS, 1999; EDVINSSON; MALONE, 1998; IADE., 2003; STEWART, 1998; LLAUGER 2001; 2003; ROOS; ROOS, 1997; YOUNDT et al., 2004; RODRIGUES; DORREGO; FERNÁNDEZ, 2009; CURADO, 2006; SUBRAMANIAN; NILAKANTA, 1996; WAN et al., 2005; DAVILA et al., 2007; GUBIANI 2011.

Quadro 3 – Capital estrutural

Fonte: Organizado com base nos autores

Alguns autores classificam o capital estrutural em mais dimensões. Para González e Sallero (2010), o capital estrutural divide-se em: capital organizacional, capital relacional e capital tecnológico. Para Roos e Roos (1997), o capital estrutural é o único capital que é de propriedade da empresa. Para o cálculo é analisado sobre dois componentes: capital de processo e capital de desenvolvimento de negócios.

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Para Edvinsson e Malone (1998) o capital estrutural pode ser dividido em três dimensões: “capital organizacional” é uma medida de que permite integrar as funções da empresa, facilitando a transferência do conhecimento e sua eficácia por meio das ferramentas e filosofia da empresa. É o conhecimento da firma incorporado pela aprendizagem, captura tudo aquilo que ocorre na empresa. São os dados tramitados pelas rotinas do dia a dia da empresa. O “capital de inovação” é a capacidade de renovação e os resultados da inovação (direitos protegidos, propriedade intelectual) e o “capital de processos” que são as técnicas e programas que a empresa adota para melhorar sua eficácia.

Bontis (1999) separa capital estrutural em componente tecnológico e arquitetura de competências. O modelo de (IADE., 2003) divide capital estrutural em capital organizativo e capital tecnológico. Para Llauger (2001), o “capital tecnológico” é a medida de capital intelectual que se calcula combinando capital organizativo e o capital relacional. Fundamenta-se na teoria das capacidades dinâmicas e na teoria de criação do conhecimento com objetivo de inovar e gerar tecnologia.

No capital tecnológico, é possível distinguir dois componentes básicos: a) estoque de tecnologia – volume de conhecimentos que se desenvolve por determinados grupos de trabalho, sendo funções prioritárias da empresa o know-how para inovar de forma contínua, irreversível e acumulativa; b) fluxo ou inovação tecnológica – processo de acumulação de conhecimentos e capacidades tecnológicas, que permite a empresa competir melhor e aperfeiçoar o processo de criação de valor.

1.1.3 Capital relacional

Se os fatores intangíveis nos relacionamentos com os clientes não

fossem verdadeiramente valiosos eles continuariam sem

recompensa, pois o mercado não deixa uma empresa aumentar seu

preço se não o tiver merecido – pelo menos não por muito tempo

(STEWART, 1998, p.140).

O capital relacional é uma medida que diz respeito ao conjunto de ativos, normalmente de caráter intangível, que são resultado da interação da empresa com o seu meio (conhecimento incluído nas relações da organização, a inteligência competitiva e social).

As empresas, na sua maioria, estão organizadas conforme as recompensas e punições oferecidas pelo modelo tradicional de contabilidade financeira, algumas irão adotar modelos novos que consideram os ativos intangíveis e darão um salto na sua valoração. Entretanto, outras resistirão porque ao considerar uma nova sistemática contábil, as” fraquezas ocultas em suas operações que permaneciam mascaradas pelos bons resultados demostrados no balanço patrimonial”, tendem a ser reveladas e a valoração da empresa no mercado tende a ser comprometida (EDVINSSON; MALONE, 1998, p.34).

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É o capital próprio da empresa que integra todas as formas de conhecimento criadas e difundidas nela, assim como os conhecimentos exteriores à empresa, que implicam na necessidade de relacionar-se com o exterior, desenvolvendo capacidades dinâmicas que permitam assimilar conhecimentos externos (clientes, fornecedores, alianças, acionistas, parceiros externos ou sociais, associações não governamentais, associações industriais, stakeholders e demais grupos de interesse).

O Quadro 4 detalha o que é considerado na avaliação do capital relacional – relações internas e externas.

O que considera para avaliação

Autores

Clientes – Fornecedores – Acionistas

Parceiros – Alianças – convênios

Agentes externos – Sociedade – Governo – Indústria

Stakeholders e demais grupos de interesse

KAPLAN; NORTON, 2004; 1997; BONTIS, 1998; 1999; EDVINSSON; SULLIVAN, 1996; EDVINSSON; MALONE, 1998; IADE, 2003; STEWART, 1998; SVEIBY, 1998; SVEIBY; SIMONS, 2002; YOUNDT et al., 2004; LLAUGER 2001; HII; NEELY, 2000; DAVILA et al., 2007; IADE., 2003; GUBIANI 2011.

Quadro 4 – Capital relacional

Fonte: Organizado com base nos autores

1.2 Relação entre os componentes do capital intelectual

O capital humano constrói e alimenta o capital estrutural, é o elemento-chave em todas as interações sociais (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998; 2002). Para Edvinsson e Malone (1997), o capital humano é a base do capital estrutural – a infraestrutura – e esta, por sua vez incorpora, capacita e apóia o capital humano.

O capital intelectual não é criado com base em partes distintas de capital humano, capital estrutura e capital de cliente, mas do intercâmbio entre eles. “... de nada adianta ter alguém muito sábio isolado em uma sala” (STEWART, 1998).

O conhecimento dos indivíduos terá maior valor econômico, se usado e incorporado na empresa, ou seja, o capital individual é transformado em conhecimento organizacional para ser disseminado na empresa. O capital humano é o cerne da empresa, o agente capaz de assimilar, processar e disseminar conhecimento. Dada a sua capacidade intrínseca para retardar ou alavancar o processo de aprendizagem ou disseminação do conhecimento, a empresa deve encontrar formas de reter o conhecimento, transformando o capital humano em capital estrutural, em capital de propriedade da empresa.

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Somente ter pessoas treinadas não garante o sucesso do uso de seus conhecimentos. O ambiente deve fornecer condições que estimulam a difusão do conhecimento, retendo o conhecimento individual, mantendo e transformando o capital humano em capital estrutural. Em outras palavras, o conhecimento individual (capital humano), transforma-se em conhecimento global da empresa e é materializado sob a forma de documentos, rotinas, cultura, entre outros (RODRIGUES et al., 2009).

O capital humano e o capital estrutural estão intrinsecamente interligados e dependentes. Essa relação entre capital humano e capital estrutural foi testada no Canadá (BONTIS, 1998), Malásia (BONTIS et al., 2000.), Portugal (CURADO, 2006) e na Espanha e Portugal (RODRIGUES et al., 2009).

Uma vez que o capital relacional é baseado no relacionamento com pessoas de fora da empresa, este é mais individual do que organizacional. Assim, alguns autores acreditam que não é possível considerar o capital relacional sem prever a influência do capital humano (RODRIGUES et al., 2009).

1.3 Capital intelectual e a inovação

A relação entre o capital intelectual e a inovação tem sido objeto de estudo na abordagem da firma e, especialmente a inovação, na economia centrada no conhecimento, é um elemento-chave da competitividade e deve estar voltada para o mercado. Em geral, ela está relacionada com a tecnologia, uma tarefa facilitada nas grandes empresas pela capacidade de investimento e conhecimento acumulado (tangível e intangível).

O processo de inovação deve ser capaz de entender as necessidades dos usuários – conectado com o cliente – otimizando informações necessárias para desenvolver novos produtos e combinações de (RODRIGUES et al., 2009). Estudos mostram que o capital intelectual, ou a utilização eficiente dos recursos intangíveis do conhecimento estão intimamente ligados à capacidade inovadora das empresas. Entretanto, a literatura aponta poucos estudos que analisem a influência dos elementos do capital intelectual e a relação entre eles na capacidade inovativa das empresas (RODRIGUES et al., 2009).

Em geral, o capital intelectual é visto como o input para a inovação (capacidade de transformar conhecimento e ativos intangíveis na criação de riqueza). Assim, a inovação é tida como o resultado da aplicação do capital intelectual e o processo de inovação como um processo de gestão do conhecimento (NONAKA; TAKEUCHI, 1997; NAHAPIET; GHOSHAL, 1998, 2002; AHUJA, 2000; SUBRAMANIAM; YOUNDT, 2005).

O resultado inovador – a inovação – relaciona-se com o capital intelectual e a eficácia da gestão do conhecimento relaciona-se com a melhora do grau de inovação das empresas, com a capacidade de resposta, a geração de economia de escala e o melhoramento da produtividade e competitividade (GONZÁLEZ; SALLERO, 2010). Aliar essa vantagem competitiva com a

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estrategia de negócios, conduz a empresa a um inclemento de valor com base no capital intelectual (LLAUGER, 2001).

A inovação é essencialmente a combinação de sistemas e recursos. Quando a estratégia da empresa é a inovação (resultado inovador), ela deve buscar recursos – capacidades – que permitam obter vantagem competitiva de forma a potencializar a capacidade inovativa, que, por sua vez, é influenciada pelo capital intelectual da empresa (HII; NEELY, 2000).

1.3.1 Capacidade Inovativa

A capacidade de inovar de uma empresa é considerada como um recurso estratégico, e o conhecimento é o fator determinante da inovação e da competitividade. Para Nonaka e Takeuchi (1997), a capacidade inovativa da empresa relaciona-se diretamente com a cultura empreendedora, com os recursos, com a competência e a rede de relacionamentos.

O conceito de capacidade inovativa foi criado para explicar as diferenças no desempenho inovador das empresas. A empresa é dotada de um conjunto de recursos em virtude da história, mas para inovar, deve gerenciar corretamente a cultura da empresa, desenvolver os recursos e capacidades constantemente e estabelecer laços com o ambiente externo para novas ideias.

Hii e Neely (2000), ao realizarem estudos comparativos de inovação entre empresas, concluem que a capacidade inovativa é o potencial interno capaz de: identificar novas oportunidades de mercado, gerar novas ideias e implementar inovações comercializáveis pelo aproveitamento dos recursos e capacidades existentes.

A capacidade de inovação das empresas depende de muitos fatores e políticas apropriadas: esforço para criação de produtos, melhorias no processo de produção, habilidade em aprender, mão-de-obra e ambiente em que elas operam. Os sistemas de ensino são os responsáveis pela capacitação dos trabalhadores para responder às novas demandas do mercado: geração e difusão conhecimento e tecnologia (PAPACONSTANTINOU, 1997).

A capacidade de inovação também pressupõe assumir riscos e aceitar ideias não convencionais, permitir que a intuição e a criatividade das pessoas possam ser exploradas e até mesmo aceitar que mesmo diante do fracasso, é possível aprender (RODRIGUES et al., 2009).

A teoria das capacidades dinâmicas da firma proposta por Teece, Pisano e Shuen (1997) define que a capacidade da firma é sua habilidade (dinâmica) em recriar competências, a fim de responder às mudanças do ambiente. Consideram que a experiência e a aprendizagem podem ser fontes de vantagens competitivas. Entretanto, também é necessário um ambiente propício à criatividade para geração de soluções inovadoras. O resultado é traduzido em produtos intensivos em conhecimento, relacionados aos demais produtos.

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O capital intelectual depende de um conjunto de componentes e fatores que, juntos, criam um ambiente propício para adotar ou criar uma inovação. Entre eles estão os esforços para criar novos produtos e melhorar os processos de produção existentes. É a capacidade do trabalho especializado da empresa e sua capacidade de aprender.

Hii e Neey (2000), com base na literatura que aborda capital intelectual, definem os recursos da capacidade inovativa como recursos físicos, recursos humanos, recursos organizacionais e incluem novas ideias como uma quarta categoria. O portfólio de recursos e capacidades determina os produtos e serviços oferecidos por uma empresa. O conceito de capacidade inovativa analisa o desempenho de empresas e possibilita a comparação entre elas.

A inovação, portanto, está na essência de diferentes combinações de recursos existentes dento e fora das organizações. A capacidade para implementar inovações é uma função dos recursos dotados e do conjunto de capacidades disponíveis. A capacidade interna de gerentes de alavancar recursos é um pré-requisito para a criação de novos negócios e inovações.

O Quadro 5 detalha o que é considerado ao avaliar a capacidade de inovação.

O que considera para avaliação Autores

Inovação de produto e serviço.

Inovação de processos.

Inovação de gestão organizacional.

Inovação social.

Inovação de marketing.

HII; NEELY, 2000; IADE., 2003;

MOLINA-PALMA, 2004;

NAHAPIET; GHOSHAL, 1998;

SUBRAMANIAN, 1996;

SUBRAMANIAM; YOUNDT, 2005,

GUBIANI 2011.

Quadro 5 – Capacidade inovativa

Fonte: Organizado com base nos autores

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sugere que a tarefa da administração é constantemente desenvolver capacidades dentro da empresa e a verificação junto ao mercado no sentido de identificar oportunidades de negócios combinando estratégias inovadoras ou tecnológicas. É a gestão da empresa atenta aos movimentos do mercado (OECD/OSLO1992; 1997; 2005).

1.4 Resultado inovador da aplicação do conhecimento na produção

O resultado inovador é analisado pela performance organizacional da empresa. Qual a medida? Nesse sentido, um problema é considerado pela maioria dos autores: nenhuma medida é capaz, de forma completa, avaliar o quanto a empresa efetivamente inovou. Os novos produtos, serviços, processos e as melhorias incorporadas nos produtos, bem como os processos

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e métodos de gestão existentes (inovação de gestão organizacional) são considerados como resultado inovador da empresa. Esses são os parâmetros usados pela maioria dos autores que estudam o resultado inovador da firma (IADE, 2003; HII; NEELY, 2000).

O resultado inovador é o produto final, o qual pode ser o resultado da adoção ou da criação interna de algo novo para a empresa sob a forma de inovação de produto, serviço, processo ou gestão. É comum considerar que a organização inovadora é aquela que gera a inovação ou criação de novos produtos, processos e métodos de gestão, ou está adotando inovações de produtos, processos e sistemas de gestão (SUBRAMANIAN, 1996).

Para a OCDE, dados de patentes, tanto as solicitações quanto às concessões, funcionam como um resultado intermediário da atividade de inovação e também fornecem informações sobre a capacidade inovadora da empresa. As patentes servem para proteger o conhecimento que resultou da P&D. Os acordos confidenciais entre as empresas e outras organizações são também formulados para proteger o trabalho da P&D, enquanto permite que a empresa interaja com outras organizações durante o desenvolvimento do trabalho.

Um assunto particularmente interessante para países em desenvolvimento é “empresa potencialmente inovadora” X “empresa inovadora”. As empresas ativamente inovadoras são aquelas “que tiveram atividades de inovação durante o período de análise, incluindo-se as atividades em curso ou abandonadas”. As empresas potencialmente inovadoras são um subconjunto destas, as que realizaram esforços de inovação (isto é, conduziram atividades de inovação), mas não atingiram resultados (inovações) durante o período de análise.

Para permitir a comparabilidade com os resultados de pesquisas sobre inovação baseados na segunda edição do Manual de OSLO, todas as atividades de inovação exceto a P&D são divididas entre inovações de produto e de processo, de um lado, e de marketing e organizacionais, de outro (OSLO, 2005).

O resultado inovador é visto pela análise da implementação de inovações de produto, processo ou gestão organizacional. O Quadro 6 detalha o que é considerado na análise do resultado inovador.

O que considera para avaliação Autores

Atividades de adoção de inovações

Atividade de criação de inovações

Tipos de inovações adotadas

Tipos de inovação criada

AHUJA, 2000; WAN et al. 2005;

PAPACONSTANTINOU – OECD, 1997;

RAVICHANDRAN, 2000; HII; NEELY,

2000; IADE., 2003; MOLINA-PALMA,

2004; GUBIANI (2011)

Quadro 6 – Resultado inovador

Fonte: Organizado com base nos autores

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1.5 Modelos de mensuração

A avaliação, identificação e o estudo do conhecimento constituem uma tarefa importante e de difícil implementação dentro das empresas. O capital intelectual é considerado pela literatura como a medida mais exata do conhecimento pelo fato dele ser estudado pela criação e uso do conhecimento, bem como pela relação entre o conhecimento e a criação de valor na empresa. Para usar o capital intelectual como medida de conhecimento, é necessário estabelecer as variáveis que o compõem (Quadro 7) (KAPLAN; NORTON, 1997; 2004; GONZÁLEZ; SALLERO, 2010).

Autores, ferramentas e metodologias

Fundamentação e estrutura de análise

Kaplan e Norton (1997)

(Balanced Scorecard – BSC)

Analisar fenômenos envolvidos no desenvolvimento organizacional.

Indicador intangível: os clientes, os processos internos e de aprendizagem e o crescimento da empresa.

Indicador financeiro: razão em o valor de mercado e o patrimônio contábil.

Sveiby (1998)

(Monitorar de ativos intangíveis – Swedish Comunity of Practice)

Indicadores relevantes para a empresa. A interpretação é base para criar e desenvolver uma empresa do conhecimento.

Indicador interno: competência dos empregados (valor empregado por profissionais), estrutura interna, e estrutura externa.

Stewart (1998)

(Navegador do capital intelectual)

O capital intelectual cria riqueza e deve analisar o desempenho da empresa nas perspectivas do capital humano, capital estrutural e capital de clientes.

Edvinsson e Malone (1998)

(Sistema Navigator do grupo Skandia)

Mensuração do capital intelectual por intermédio dos elementos: Capital humano e o Capital estrutural (capital de clientes + capital organizativo (capital de inovação e capital de processos)).

Perspectiva do cliente: índices de satisfação do cliente. Novas dimensões de gestão. Gestão do capital intelectual, impacto na geração de valor econômico agregado.

Llauger (2001)

(PricewaterhouseCooper)

Criação de valor pelo capital intelectual formado por todos os ativos intangíveis e que são estratégios para o negócio.

Capital humano e capital organizacional

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(processos, tecnologia e os conteúdos)

Rodrigues et al. (2009) Influência do capital intelectual na capacidade inovativa e no resultado inovador.

González e Sallero (2010)

(Aquicultura da Espanha)

Propõe um modelo de conhecimento com base nos recursos intangíveis da empresa.

Capital humano e capital estrutural (organização, tecnologia e relacionamentos)

Quadro 7 – Sistemas de medição do capital intelectual

Fonte: Organizado com base nos autores

A relevância de identificar e mensurar os elementos intangíveis das organizações no atual modelo econômico, centrado nos recursos intangíveis, é confirmada nas afirmações de Kaplan e Norton (1997) ao definem o termo: não é possível gerir o que não pode ser medido e, em Roos e Roos (1997) quando afirmam que o resultado da mensuração do capital intelectual, muitas vezes, informa mais sobre a capacidade de ganhos futuros da empresa do que outras medidas convencionais de desempenho.

1.6 Considerações finais

No atual contexto, a relevância dos ativos intangíveis em relação aos ativos tangíveis é consenso. Entretanto, as organizações ainda não têm ferramentas capazes de contabilizar e valorar os ativos intangíveis. Em tese, as empresas que fazem a gestão do conhecimento, estão atentas ao capital intelectual, às competências organizacionais disponível na organização. Segundo Drucker (2002), uma economia centrada no conhecimento, a acumulação de capital, as riquezas e o emprego são frutos da habilidade da economia em gerar, armazenar, recuperar, processar e transmitir informações potencialmente aplicáveis a todas as atividades humanas.

A criação do conhecimento e estoque do conhecimento está relacionada à capacidade organizacional, com a atitude e postura individual e empresarial. Não é pontual e, sim, um processo contínuo que relaciona comprometimento, competências pessoais internas e externas. As empresas que fazem a gestão do conhecimento agregam valores aos bens e serviços diferenciando-se dos seus concorrentes.

Registrar o valor real de uma organização é o desafio atribuído ao novo modelo contábil, que passe a considerar o capital intelectual. Para conseguir isso, o relatório de capital intelectual deve ser um documento com vida, dinâmico e humano.

1.7 Referências

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3 CAPITAL HUMANO E MEMÓRIA

ORGANIZACIONAL:

os estudos da literatura contemporânea

Juarez Domingos Frasson Vidotto

Bruna Devens Fraga

Rogério Cid Bastos

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1. INTRODUÇÃO

A nova sociedade do conhecimento tem como característica uma economia global integrada cuja atividade central é a provisão de serviços de conhecimento com maior fusão entre produtor e consumidor (PONCHIROLLI, 2007). Essa nova premissa do mercado, na visão de Fialho et al. (2006), forçou as organizações a produzir bens e serviços com maior valor agregado e o trabalho passou a exigir habilidade cognitiva, aprendizagem e gestão efetiva do conhecimento das pessoas.

As organizações mais propensas a obter sucesso nessa nova realidade são aquelas que detêm mais conhecimento ou que o dominam com maior eficiência. Para tanto, como observam Fialho et al. (2006), é necessário que as organizações estimulem a passagem da informação em conhecimento, do conhecimento tácito em explícito, do trabalho e das experiências pessoais em coletivas, fortalecendo a inovação e a aprendizagem constante. Portanto, é fundamental para as organizações desenvolver tais habilidades, que poderão garantir a sua perpetuação.

Assim, as pessoas da organização têm um papel estratégico na nova era do conhecimento. Pois, como observa Stewart (1998), a gestão dos ativos intelectuais se tornou a tarefa mais importante dos negócios porque o conhecimento passou a ser o principal fator de produção. Entretanto, como adverte o autor, para serem considerados ativos intelectuais de fato é imprescindível que as pessoas possuam boa formação e qualificação, como pré-requisitos para a garantia de um desenvolvimento organizacional sustentável.

Desta forma, fica evidente que as pessoas precisam de um conjunto mínimo de competências para desenvolver suas atividades e de acordo com Dutra (2011), as organizações estão cada vez mais preocupadas em direcionar investimentos no desenvolvimento humano de modo que possam agregar valor às pessoas e às empresas.

Com maiores investimentos nas pessoas, as organizações visam melhorar o nível do seu capital humano e, consequentemente, ampliar o seu capital intelectual por meio da obtenção de novos conhecimentos, experiências, habilidades e, principalmente, novas atitudes. Desse modo, as pessoas são vistas como os ativos mais importantes e, portanto, estratégicos, pois os saberes coletivos, conhecimentos teóricos mais o know-how da empresa constituem a sua memória organizacional.

Uma definição clássica para memória organizacional pode ser encontrada no estudo de Arrow (1962), no qual o autor a entende como um sistema capaz de armazenar eventos que foram experimentados no passado e que serão recuperados no futuro. Mais recentemente, Papoutsakis (2009) refere-se à memória organizacional como uma expressão usada para descrever a preservação do conhecimento organizacional. Observa-se que as pessoas da organização, por um lado, desempenham papel importante na retenção de conhecimentos sobre as experiências vividas que constituem a memória organizacional e, por outro, esse conhecimento adquirido também faz parte do seu capital humano.

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Nesse contexto, com a finalidade de identificar as publicações e esclarecer o que a literatura contemporânea apresenta sobre a participação das pessoas em ambos os construtos Capital Humano e Memória Organizacional elaborou-se a seguinte questão de pesquisa: quantas são as publicações e que conteúdos são abordados na relação do capital humano com a memória organizacional?

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O objetivo do estudo é identificar na literatura contemporânea às publicações e os conteúdos abordados na relação do capital humano e a memória organizacional. Para a realização do trabalho e buscar resposta para a questão formulada foi realizada uma pesquisa bibliográfica, exploratória e qualitativa, utilizando como ferramenta a revisão sistemática da literatura nas duas principais bases de dados a Scopus - Social Sciences & Humanities e a ISI - WoS (Web of Knowledge) - Social Sciences Citation Index (SSCI).

As buscas de publicações nas bases de dados foram realizadas em 12/09/13 e obedeceram aos seguintes critérios: os tipos de publicações escolhidas foram artigos e revisões, no idioma inglês e que contivessem as expressões “Human Capital” e Memor*” no artigo, resumo, título ou palavras chave. As buscas resultaram num total de 26 publicações que foram direcionadas para o aplicativo endnote. Após uma análise preliminar foram excluídas as publicações repetidas tendo restado a soma de 17 publicações. O artigo Entitlement, obligation and gratitude in family work de autoria de Pyke, K., Coltrane (1996), S., não está disponível de forma gratuita para download e por esta razão foi subtraído do total. As 16 publicações selecionadas foram lidas na íntegra e analisadas quanto aos seus objetivos, métodos e resultados alcançados.

O presente artigo está constituído de uma introdução, na qual são apresentados o contexto, a justificativa e a questão de pesquisa. A seção dois relata os procedimentos metodológicos; a três traz o referencial teórico sobre os construtos capital humano e memória organizacional; na seção seguinte são apresentados os resultados da revisão sistemática da literatura nas bases de dados Scopus e Web of Science, e finaliza com as considerações finais e inferências decorrentes do estudo.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta seção do trabalho serão apresentados os construtos abordados na pesquisa, assim como a gama de relações estabelecidas pelos autores, sendo eles: capital humano e memória organizacional.

3.1. CAPITAL HUMANO – HISTÓRICO E ASPECTOS CONCEITUAIS

Theodore W. Schultz, um dos precursores do estudo do capital humano publicou em 1973, seu livro denominado O Capital Humano: investimentos em educação e pesquisa, com o objetivo de tornar literal o significado de capital humano no plano da educação evidenciando o seu caráter de investimento em capital. O autor defendeu a tese de que a capacidade produtiva dos seres

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humanos é, no momento, muito superior do que todas as formas de riqueza tomadas em conjunto.

Já na era do conhecimento, o capital humano foi definido por Edvinsson e Malone (1998) como o conjunto de competências, habilidades e experiências coletivas do pessoal de nível gerencial e operacional, assim como suas criatividades e capacidades de inovar. Para Hsu e Fang (2007), o capital humano é composto por todo o capital incorporado nos funcionários da empresa e não é propriedade da organização. Mais recentemente, em estudo de David e Brachet (2011), o capital humano é definido como o estoque total da experiência da produção passada.

Friedman, Hatch e Walker (2000) apresentam um entendimento no qual a noção de capital humano não considera as pessoas um recurso perecível a ser consumido, mas um bem valioso a ser desenvolvido. Os autores afirmam que para poder dar valor às pessoas, as empresas devem romper a noção de recursos humanos e avançar na direção de capital humano.

Avançando nessa linha de pensamento, Davenport (2001) assegura que os trabalhadores que eram vistos como custos a serem cortados para redução de despesas foram elevados ao status de ativos. Ativos estes, considerados os mais importantes e estratégicos, para os quais, as empresas aumentaram os orçamentos para treinamentos e capacitação. Para o autor, o investimento em capital humano abrange a combinação de quatro componentes: capacidade (conhecimento, habilidade e talento), comportamento, empenho e tempo.

O capital humano ganha um papel de destaque na nova era do conhecimento, é atribuído a ele a criação de novas ideias e processos, identificando, captando, distribuindo, compartilhando e alavancando o conhecimento. Isso implica, portanto, na adoção de práticas gerenciais compatíveis com os processos de criação e aprendizado individual e organizacional (PONCHIROLLI, 2007).

Na obra Criação do Conhecimento na Empresa, Nonaka e Takeuchi (1997), afirmam que os profissionais do conhecimento têm, como função básica, a incorporação do conhecimento. Eles acumulam, geram e atualizam tanto o conhecimento tácito quanto o explícito, agindo quase como “arquivos vivos” no dia-a-dia. Como muitos trabalham na linha de frente e, portanto, estão em contato direto com o mundo exterior, têm acesso às informações atualizadas sobre desenvolvimento do mercado, tecnologia e concorrência, ou seja, informações essenciais para entender o ambiente da organização.

No cenário de alta competitividade, como o atual, as organizações se defrontam com o desafio de manter em seus quadros os funcionários mais valiosos, em especial seus líderes que são as pessoas que os outros querem seguir. Mas, como adverte Stewart (1998), esses trabalhadores do conhecimento mais valiosos, são também os mais prováveis a deixar a empresa e, quando isso ocorre, eles levam consigo seu talento, seu trabalho e, enfim, seu capital humano. Porém, eles poderão permanecer comprometidos desde que as empresas lhes ofereçam os recursos necessários para trabalhar em projetos de seus interesses. Se isso não ocorrer, os trabalhadores do

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conhecimento costumam procurar espaços maiores para exercitar a criatividade.

Para enfrentar e superar esse desafio vários autores têm apresentado diferentes propostas. Davenport (2001) manifesta que as empresas podem cultivar e ampliar o conhecimento, as habilidades e o comportamento por meio de quatro abordagens: contratação de pessoas qualificadas, treinamento formal, aprendizagem informal e reforço do retorno do investimento em capital humano.

As pessoas da organização, ao adquirirem novos conhecimentos, enriquecem o valor do capital intelectual e agregam maior valor de mercado às empresas. Valor este que, geralmente, é superior ao valor dos ativos apurados segundo o valor contábil. O capital humano das organizações pode ser avaliado segundo os conhecimentos técnicos, experiência, estabilidade, liderança, trabalho em equipe e habilidade para se antecipar aos desafios (FIALHO et al., 2006).

Quando um funcionário qualificado deixa a empresa, além de representar a diminuição do capital humano e, consequentemente, do capital intelectual, tem reflexos negativos também em termos de memória organizacional. As pessoas funcionam como repositórios da memória das organizações e têm a função de disponibilizar informações e conhecimentos na medida certa e na hora certa e, se o detentor dessas informações e conhecimentos não estiver disponível ou inacessível, a organização poderá ter prejuízos em termos de eficiência operacional.

Por fim, ao entender que as pessoas que compõem a organização são as detentoras do seu conhecimento, o qual pode se apresentar de forma explícita ou tácita, qualquer perda de uma delas representará redução do conhecimento e da memória organizacional. Essa redução será proporcional ao grau de compartilhamento ou formalização do conhecimento que se tornou indisponível com a saída do funcionário.

3.2. MEMÓRIA ORGANIZACIONAL - DEFINIÇÕES E PROCESSO DE RETENÇÃO

A expressão memória organizacional é, de fato, uma metáfora através da qual se procura explicar e ajudar a entender como as organizações guardam conhecimentos sobre as suas experiências (SANTOS, URIONA-MALDONADO e SANTOS, 2011). As organizações são formadas por pessoas e, como estas, elas também aprendem com as experiências passadas que são retidas e armazenadas na memória organizacional para utilização em situações futuras.

Ao longo das últimas décadas a memória organizacional recebeu inúmeras definições, a seguir são apresentadas algumas delas: a memória organizacional é um sistema capaz de armazenar eventos que tem sido percebido ou experimentado além da duração do evento atual para ser recuperado mais tarde (ARROW, 1962). Para Hedberg (1981), a memória organizacional estabelece as estruturas cognitivas de processamento de informações e teoria da ação para a organização inteira. Walsh e Ungson (1991), afirmam que a memória organizacional é a informação armazenada do passado da organização.

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Ainda em relação à definição da memória organizacional, Stein (1995) entende tratar-se dos meios pelos quais se busca o conhecimento do passado para dar suporte às atividades presentes, resultando em altos ou baixos níveis de eficácia organizacional. Em estudos mais recentes, Papoutsakis (2009) refere-se a memória organizacional como uma expressão usada para descrever a preservação do conhecimento organizacional, já para Anderson e Sun (2010) a memória organizacional é o conjunto de informações armazenadas de estímulo à decisão (ex. problema encontrado) e respostas (ex. respostas da organização para o problema).

O estudo seminal de Walsh e Ungson (1991), denominado “Organizational Memory”, é o artigo mais citado e se constitui numa referência no tema. Os autores expõem o processo da memória organizacional compreendendo a aquisição, a retenção e a recuperação da informação no âmbito das organizações.

Com relação ao processo de retenção os autores apresentam um elenco de seis “caixas de retenção” da informação, sendo cinco delas internamente à organização e uma externa, conforme a seguir: indivíduos - só os indivíduos compreendem a relação causa efeito, o porquê de uma decisão, eles retêm informações baseado em suas próprias experiências e observações; cultura - modo aprendido de perceber, pensar e sentir sobre os problemas e que é transmitido para os membros da organização; transformação - há informação incorporada nas várias transformações que ocorrem na organização, exemplo matéria prima transformada em produto acabado; estrutura - reflete e armazena informação sobre a percepção do ambiente da organização; ecologia - experiências interpessoais de empregados são afetadas pelo leiaute físico da organização, exemplo local mal iluminado gera baixa produtividade e conflitos; e, finalmente, os arquivos externos - empregados antigos retêm grande quantidade de informações sobre a organização, especialmente sobre o tempo em que nela atuaram. Esta estrutura da memória organizacional pode ser visualizada na figura 1, a seguir:

Figura 1- Estrutura da Memória Organizacional – “Organizational Memory”

Fonte: Adaptado de Walsh e Ungson, 1991.

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Vidotto, Fraga e Bastos

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 78

Pode-se observar que as informações são armazenadas em repositórios humanos (indivíduos e arquivos externos que são os antigos funcionários) e repositórios não humanos (cultura, transformação, estrutura e ecologia). Entretanto, como afirma Oliveira (2000), apesar da sofisticação dos sistemas as pessoas continuam sendo o modo preferido para acessar a memória organizacional em função da condição natural da interação interpessoal e de características específicas que faltam em outros sistemas de memória.

O trabalho de Dunham e Burt (2011) reforça que empregados antigos, com longo tempo de trabalho, são reconhecidos como repositórios da memória organizacional e que eles podem antecipar resultados positivos em termos de poder psicológico, respeito e reconhecimento organizacional (através do compartilhamento de conhecimentos) e autoestima. A utilização dos trabalhadores antigos como mentores é benéfica para eles próprios e para a organização, apesar disso, como advertem os autores, somente o tempo de trabalho não é suficiente, o funcionário tem que ter potencial pela acumulação de informações e conhecimentos além de boa vontade para compartilhá-los. Na mesma linha de raciocínio Taylor et al. (2010) alertam que a manutenção de trabalhadores mais velhos nos postos de trabalho pode minar a agilidade da organização em função do envelhecimento do capital humano. Assim, em termos de longo prazo, os investimentos em capital humano são mais vantajosos quando direcionados a pessoas mais jovens.

Finalmente, através dos recursos da memória organizacional as organizações podem preservar os conhecimentos criados a partir das experiências passadas, mesmo quando os membros-chave deixam seus postos de trabalho por um período curto, longo ou de modo definitivo. Assim, a memória organizacional pode ajudar as organizações a evitar os erros cometidos, garantir a utilização de melhores práticas e aproveitar o conhecimento coletivo dos empregados do passado e do presente (LAI et al., 2011).

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA REVISÃO SISTEMÁTICA

Constata-se que em 2008 e 2012 ocorreu o maior número de publicações, três artigos em cada ano.

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Vidotto, Fraga e Bastos

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Gráfico 1 - Resultado da revisão sistemática por ano de publicação

Fonte: Bases de dados Scopus e Web of Science, 12/09/2013.

Após o levantamento da cronologia das publicações encontradas as atenções voltaram-se para a origem das produções. Verificou-se, conforme pode ser visualizado no gráfico 2, que os artigos são oriundos de 10 países, destacando os Estados Unidos com 23% das publicações, seguido de França com 17%, Austrália 12%, Reino Unido 12% e com 6% cada um estão Canadá, Grécia, México, Singapura, Suécia e Eritreia.

Gráfico 2 - Resultado da revisão sistemática por país de origem

Fonte: Bases de dados Scopus e Web of Science, 12/09/2013

Sobre as áreas de conhecimento que mais publicaram sobre a relação dos temas Capital humano e Memória observa-se, conforme demonstrado no gráfico 3, que a produção científica teve origem de oito áreas de conhecimento tendo destaque a área de ciências sociais com 29% das publicações, seguida das áreas de negócios, gestão e contabilidade 18%, área de economia,

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

2014

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Publicações por Ano

0

1

2

3

4

5

Publicação por País

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 80

econometria e finanças 18%, engenharia com 11% e com 6% cada área estão ciência da computação, ciências ambientais, artes e humanas, e estudos familiares.

Gráfico 3 - Resultado da revisão sistemática por áreas de estudo das publicações

Fonte: Bases de dados Scopus e Web of Science, 12/09/2013

Na sequência, as dezesseis publicações selecionadas na pesquisa foram analisadas e colocados em ranking de relevância. O critério utilizado para classificar as publicações foi o número de citações que cada documento recebeu. O total de citações que o conjunto dos 16 artigos recebeu até o final do ano de 2012 foi de 108. O quadro teórico abaixo apresenta os seis artigos mais relevantes que, no seu conjunto, já foram citados 101 vezes e representam 93% do total de citações.

Quadro 1 - Detalhamento dos artigos mais citados sobre “Human Capital” e “Memor*”

Ano Artigo Autores Conteúdo Citações %

2001

Knowledge management in the public

sector: Principles and

practices in police work

Luen, T.W., Al-

Hawamdeh, S.

Singapura é um país pequeno, sem recursos naturais, mas com muitas instituições

intensivas em conhecimento. O país tem que confiar no capital humano da sua população para se posicionar na nova economia. A má

gestão do conhecimento pode elevar custos e reduzir a memória organizacional. A polícia do país é dotada de TI desenvolvida e de policiais competentes, mas ainda precisa

melhorar o compartilhamento do conhecimento tácito da organização.

46 42%

2007

The role of gender in

opportunity identification

DeTiene, DR;

Chandler, GN

O estudo demonstra que homens e mulheres utilizam seus atributos de capital humano para identificar oportunidades. Homens e mulheres possuem diferentes tipos de CH

geral e CH específico. Não foram encontradas diferenças na capacidade de

inovação das oportunidades identificadas e não há evidências de que algum processo

seja superior a outros.

25 23%

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 81

1998

Organizational requirements definition for intellectual

capital management

Masoulas V.

Para gerir o Capital Intelectual e obter vantagem competitiva a tomada de decisão

tem que ser mais participativa, envolver pessoas com conhecimento e aqueles que

têm interesse em contribuir. Este processo de gestão do CI tem que definir requisitos, gerar

soluções e avaliar implicações. O modelo proposto pelo autor fornece mecanismos de desenvolvimento da memória organizacional, registrando experiência individual e coletiva

no momento em que são geradas.

10 9%

1995

Capital Mobility,

Fiscal-Policy, and Growth Under Self-Financing of

Human-Capital

Formation

Buiter, Wh; Kletzer, Km

O estudo analisa a formação do capital humano em famílias com restrições da

riqueza humana. Políticas que desencorajam a formação do capital físico podem incentivar

a formação do capital humano. Apesar da mobilidade do capital financeiro, a não comercialização do CH e a iliquidez de

riqueza humana fazem persistir as diferenças nas taxas de crescimento da produtividade

(versão endógena de crescimento) e em seus níveis (versão exógena).

8 8%

2008

Measuring the impact of

knowledge loss: More than ripples on a pond?

Massingham, P.

O artigo apresenta os resultados de um estudo de caso em uma organização

australiana que sugerem que a perda de capital humano pode produzir diminuição da produção e da produtividade e a perda do

capital social pode reduzir a memória organizacional.

7 7%

2008

Qualified ageing

workers in the knowledge

management process of high-tech

businesses

Ebrahimi, M., Saives, A. L., David, W.D.

A gestão do conhecimento social e relacional, dos trabalhadores mais idosos, parece ser

escasso eles são percebidos como superado pelo progresso tecnológico e científico. Esta

concepção priva a empresa de uma importante fonte de capitalização do

conhecimento. Um modelo de GC em relação ao conhecimento intergeracional deve

considerar seis dimensões básicas: filosofia de gestão; análise estratégica (conhecimento,

memória e estratégia de aprendizagem); análise organizacional; análise operacional; competências e envelhecimento pessoal.

5 4%

Citações dos

demais artigos

7 7%

Total

108 100%

Fonte: Bases de dados Scopus e Web of Science, 12/09/2013.

Ao analisar as publicações mais citadas, conforme se observa, no quadro 1, o artigo Knowledge management in the public setor: principles and practices in Police work, de autoria de Luen e Al-Hawamdeh (2001) , que se destaca com 42% das citações. Os autores discutem os princípios e práticas da

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 82

gestão do conhecimento no trabalho da polícia de Singapura. Os resultados do estudo apontam que o país tem que confiar no capital humano da sua população para se posicionar na nova economia, haja vista que se trata de um país pequeno que carece de recursos naturais.

Muitas organizações do setor público de Singapura são intensivas em conhecimento e a má gestão prática deste pode elevar custos e ter como consequência a redução da memória organizacional, lacunas de conhecimento e decisões erradas. A polícia do país é dotada de TI desenvolvida e de policiais competentes o que a deixa bem posicionada em relação à gestão do conhecimento para desempenhar suas funções, entretanto, o estudo adverte que ainda precisa melhorar o compartilhamento do conhecimento tácito da organização.

No segundo lugar no ranking aparece o estudo de DeTiene e Chandler (2007), The role of gender in opportunity identification, com 23% das citações. Os resultados demonstram que homens e mulheres utilizam seus atributos de capital humano para identificar oportunidades de empreendimento e que ambos usam diferentes processos de identificação. Mulheres e homens possuem diferentes tipos de capital humano geral e capital humano específico, no entanto, não foram encontradas diferenças na capacidade de inovação das oportunidades identificadas. Esta pesquisa contribui tanto para a literatura de identificação de oportunidades quanto às teorias do feminismo social, mostrando empiricamente que, embora homens e mulheres utilizem diferentes processos para identificar oportunidades, nenhum processo é inerentemente superior.

Ao abordar o capital intelectual, o trabalho de Masoulas (1998), denominado Organizational requirements definition for intellectual capital management, propõe um modelo para gerir o capital intelectual. Neste artigo, que recebeu 9% do total de citações, o autor define o capital intelectual como a combinação de ativos intangíveis que agregam valor para o esforço organizacional a fim de alcançar sua meta transcendental. Esses ativos intangíveis são compostos pelas experiências dos funcionários, atitudes e informações que lhes permitam fazer o seu trabalho agregando valor para si e para a organização.

Na opinião de Masoulas (1998), para gerir e obter vantagem do capital intelectual das organizações o processo de tomada de decisão tem que mudar, tornando-se mais participativo, envolvendo aqueles que possuem o conhecimento, que têm um interesse direto e podem contribuir nas decisões. Além de interativo e participativo, o processo de gerenciamento de capital intelectual deve ser um processo de definição de requisitos, de geração de soluções possíveis e de avaliação de suas implicações. O modelo para gerir o capital intelectual das organizações tem que fornecer mecanismos necessários para o desenvolvimento da memória organizacional, registrando experiência individual e coletiva no momento em que são geradas.

Outro trabalho importante, com 8% das citações, foi desenvolvido por Buiter e Kletzer (1995) denominado Capital Mobility, Fiscal-Policy, and Growth Under Self-Financing of Human-Capital Formation. Os autores admitem que o

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 83

capital humano é passado para a próxima geração e que existe uma externalidade doméstica na transmissão intergeracional.

O estudo considera os efeitos da política fiscal e financeira sobre o crescimento econômico, de economias abertas e fechadas, quando a formação de capital humano em famílias jovens é limitado pela falta de liquidez da riqueza humana. A análise de ambas as versões de crescimento endógeno e exógeno do modelo básico OLG demonstra que as políticas de redistribuição intergeracionais que desencorajam a formação de capital físico pode incentivar a formação de capital humano. Apesar da perfeita mobilidade internacional do capital financeiro, a não comercialização do capital humano e a falta de liquidez das riquezas humanas fazem persistir as diferenças nas taxas de crescimento da produtividade (na versão de crescimento endógeno do modelo) ou em seus níveis (versão do crescimento exógeno).

O artigo denominado Measuring the impact of knowledge loss: More than ripples on a pond? publicado em 2008 por Peter Massingham, apesar de conter apenas 7% das citações, apresenta muita coerência com os objetivos deste estudo ao analisar o impacto da perda de conhecimento sobre os construtos capital humano e memória organizacional.

Os impactos da perda de conhecimento por parte das organizações são enumerados por Massingham (2008), em cujo estudo são enfatizadas as consequências geradas pela diminuição do capital humano e do capital social em função do turnover na organização. De conformidade com o autor a perda de capital humano pode gerar decréscimos de produção e de produtividade.

Relativamente à diminuição da produção o autor cita três passos que podem predizer o nível de redução que pode ocorrer: primeiro, determine que tipo de trabalho o empregado que está saindo faz para identificar os riscos associados; segundo, verifique a probabilidade dos empregados remanescentes realizarem as atividades da pessoa que está de saída; e terceiro, identifique quanto tempo seria despendido se a carga de trabalho dos empregados remanescentes fosse reajustada para realizar o trabalho do empregado que está deixando a organização. O conjunto desses três passos identifica as consequências de redução da produção por atividade. A redução da produtividade ocorrerá, segundo o autor, se o trabalho que era realizado pela pessoa que deixou a organização não for bem feito. O autor lembra que o novo empregado pode não ter o mesmo nível de conhecimento da pessoa mais antiga, principalmente pela redução do capital humano.

A redução do capital social pode ser mensurada em termos de perda da memória organizacional. Massingham (2008) apresenta um método composto por três passos para predizer em que nível a redução da memória organizacional pode ocorrer: primeiro, determine a associação das redes sociais da pessoa que está deixando a organização para identificar quem pode ser afetado pela redução da memória organizacional; segundo, determine a força da associação entre essa pessoa e os membros das redes de trabalho para identificar suas associações mais fortes; e terceiro, determine a direção e o fluxo de conhecimento entre o empregado que está de saída e os membrosda rede de trabalho para identificar o grau de dependência dentro da rede. Portanto, como lembrado por Massingham (2008), a rotação de pessoal

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 84

representará, em algum determinado grau, prejuízos à organização em termos de redução de produção, produtividade e memória organizacional.

Os autores Ebrahimi, Saives e David publicaram em 2008 o artigo Qualified ageing workers in the knowledge management process of high-tech businesses, que representa 4% das citações das publicações selecionadas. O documento relata que a gestão do conhecimento social e relacional, dos trabalhadores mais idosos parece ser escassa, estes são percebidos como superados pelo progresso tecnológico e científico. Esta concepção priva a empresa de uma importante fonte de capitalização do conhecimento. Um modelo de GC em relação ao conhecimento intergeracional deve considerar seis dimensões básicas: filosofia de gestão; análise estratégica (conhecimento, memória e estratégia de aprendizagem); análise organizacional; análise operacional; competências e envelhecimento pessoal.

Outros trabalhos apresentam menos citações, mas trazem importantes contribuições para os objetivos deste estudo, como o artigo de Taylor et al. (2010) que sugere uma tendência potencial para valorizar os trabalhadores mais velhos como um ativo da memória corporativa, entretanto, adverte que a manutenção destes nos postos de trabalho pode minar a agilidade da organização. Por isso os investimentos em capital humano, em termos de longo prazo, são mais vantajosos quando direcionados a pessoas mais jovens.

Por fim, a pesquisa de Stijns (2009) conclui que a riqueza do subsolo dos países está sistematicamente associada a melhores resultados na acumulação de capital humano e que, essa riqueza, contribui para reduzir significativamente o analfabetismo dos países.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para alcançar o objetivo proposto neste estudo de identificar na literatura contemporânea às publicações e os conteúdos abordados na relação do capital humano com a memória organizacional, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, exploratória e qualitativa, utilizando como ferramenta a revisão sistemática da literatura nas duas principais bases de dados: a Scopus e Web of Science. As buscas resultaram num conjunto reduzido de apenas 17 artigos que, de alguma forma, tratam da relação entre os construtos objeto de estudo. Os artigos foram sistematicamente organizados e analisados quanto aos seus objetivos, métodos e resultados alcançados.

Para fundamentar a análise, recorreu-se à definição tanto de capital humano quanto da memória organizacional. O capital humano, entendido como o conjunto de conhecimentos, habilidades, criatividade e atitudes dos colaboradores da organização é o maior componente do capital intelectual e do qual derivam o capital estrutural e o relacional. A memória organizacional armazena as experiências vividas, conhecimentos e informações para serem usadas em oportunidades futuras. Ela tem o papel de manter o registro de uma organização e, para tanto, se utiliza de repositórios humanos e não humanos. O seu objetivo é estender e amplificar o conhecimento através da sua apreensão, organização, disseminação, partilha e reutilização.

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 85

Observa-se uma coincidência em ambos os casos, pois tanto o capital humano quanto a memória organizacional, são dependentes das pessoas que formam a organização. O capital humano representado por aquilo que as pessoas sabem e como se comportam e grande parte do conteúdo da memória organizacional está contido nessas pessoas.

A análise dos estudos demonstra que países e organizações dependem do nível do seu capital humano para se posicionar no mercado, mesmo as organizações públicas podem ser intensivas em conhecimento e que, a má gestão desse conhecimento pode elevar custos, reduzir a memória organizacional e conduzir a decisões erradas.

Para se obter vantagens a partir do capital intelectual o processo de tomada de decisão tem que ser interativo, participativo, deve definir requisitos, gerar soluções e avaliar implicações, além de fornecer mecanismos para desenvolver a memória organizacional.

A perda do conhecimento gerada pelo turnover leva a diminuição do capital humano e do capital social. A redução do capital humano gera decréscimo de produção e produtividade, enquanto que, a perda do capital social provoca a diminuição da memória organizacional.

Nesse sentido, fica evidente que as organizações precisam desenvolver seus colaboradores elevando seu capital humano e procurar mantê-los em seus quadros porque, como lembra Stein (1995), a rotação do pessoal conduz a perda do componente humano da memória organizacional que pode impactar, de forma negativa, no desempenho das atividades.

Há uma convergência dos autores em relação aos trabalhadores mais velhos, os quais devem ser considerados como ativos da memória organizacional e fonte de capitalização do conhecimento. Entretanto, adverte-se que o envelhecimento do capital humano, devido à desatualização das pessoas que são mantidas nos postos de trabalho, pode minar a agilidade da organização.

Finalmente, considera-se que ao identificar as publicações e analisar seus conteúdos sobre o tema, este estudo respondeu a questão de pesquisa e alcançou o objetivo proposto. Entretanto, sugere-se a realização de novas pesquisas para explorar de forma mais aprofundada as implicações do prolongamento da vida laboral para a relação dos construtos capital humano e memória organizacional.

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4 O CAPITAL INTELECTUAL SOB A

PERSPECTIVA TEÓRICA DO CAPITAL SOCIAL

Deborah Bernett

Rita de Cassia Clark Teodoroski

Neri dos Santos

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Bernett, Teodoroski e Santos

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 91

1. INTRODUÇÃO

Na atualidade, a economia do conhecimento requer dos indivíduos maior capacidade de inteligência acumulada para as organizações. Esse conhecimento se transforma em capital e em riqueza na medida que as organizações ganham vantagem competitiva, por meio de inovação e excelência operacional. Tal ativo requer um forte envolvimento das pessoas no que diz respeito a maximizar a motivação do aprendizado, do compartilhamento e da mudança. Pode-se dizer que esse capital extrapola o ambiente privado no momento em que as relações em redes de confiança, segurança e troca são parte integrante de negócios de sucesso em prol do desenvolvimento de determinada região, e assim, chega-se ao Capital Social na sociedade do conhecimento.

Para tratar o tema, há que se compreender melhor a conexão entre o Capital Intelectual e o Capital Social, a capacidade de inovação gerada por esta relação e até que ponto esse conjunto de fatores, na sua operação, direciona-se para resultantes de desenvolvimento dos pólos de inovação. Porém, cabe ressaltar que este estudo não tem a pretensão de trazer soluções para tal problemática, mas sim, refletir sobre temas emergentes e empíricos, na busca científica de relacionar aspectos da sociedade do conhecimento e do seu desenvolvimento. Neste sentido, tem como finalidade promover uma reflexão acerca do Capital Intelectual sob a perspectiva teórica do Capital Social.

Para garantir subsídios teóricos acerca da temática, neste estudo utilizou-se a pesquisa teórica cuja finalidade é fazer uma revisão da literatura sobre um tema específico com base na análise de diversos recursos disponíveis em meio físico e eletrônico, tais como: livros, revistas especializadas, documentos, base de dados, banco de teses e dissertações e dados estatísticos coligidos (ALEXANDRE, 2009).

Na introdução, inicialmente foi feita uma explanação da problemática em questão, seguida da descrição dos procedimentos metodológicos que sustentam esta pesquisa. Em seguida será apresentada a fundamentação teórica dos temas abordados e, para finalizar, serão feitas as considerações finais sobre o Capital Intelectual levando em conta os construtos teóricos do Capital Social.

2. CAPITAL INTELECTUAL, CAPITAL SOCIAL E INOVAÇÃO

Os elementos do Capital Intelectual são constituídos por contribuições de vários autores com diferentes teorias e práticas (EDVINSSON; MALONE, 1997; EDVINSSON et al., 1997; STEWART, 1998; SVEIBY, 1998; BONTIS, 1999). A identificação das diversas categorias de Capital Intelectual deve seguir a lógica de gestão: se dois recursos intangíveis requerem ações de gestão diferentes, então eles devem pertencer a diferentes categorias (BONTIS, 1999). Neste contexto, segundo classificação dos autores como Edvinsson e Malone (1997), Edvinsson et al. (1997) e Stewart (1998), o Capital Intelectual subdivide-se em três componentes: Capital Humano, Capital Estrutural e Capital Relacional. Vale ressaltar o estudo de Sveiby (1998) sobre os métodos de mensuração de ativos intangíveis e sua análoga reflexão sobre

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Bernett, Teodoroski e Santos

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diferentes métodos e medições de Capital Intelectual e sua conclusão com uma estrutura denominada: individual, estrutura interna e estrutura externa.

Quando se trata de atribuição de valor dos ativos de uma empresa, Stewart (1998, p. 51) enfatiza que “[...] os talentos de seus funcionários, a eficácia de seus sistemas grenciais, o caráter de seus relacionamentos com os clientes, juntos, constituem seu Capital Intelectual”. Neste sentido, reconhece-se o Capital Intelectual como um recurso intangível ligado ao conhecimento dos indivíduos e que produz riqueza e traduz-se numa capacidade de ação baseada em conhecimento e aprendizado. Na visão de Bontis (1999), as organizações de mais sucesso são as que usam seus ativos de conhecimento melhor e mais rápido. Nahapiet e Ghoshal (1998) reconhecem o conhecimento de duas diferentes formas: o conhecimento procedural (know-how), associado ao domínio de práticas tecnológicas e rotinas laborais, e o conhecimento declarativo (knowthat/know-what), que se refere à capacidade de desenvolvimento de conceitos e proposições. Tais ativos requerem um forte envolvimento das pessoas no que diz respeito a maximizar a motivação do aprendizado, do compartilhamento e da mudança.

Conceitualmente Sveiby (1997) refere-se ao Capital Intelectual sob uma perspectiva global e estratégica de ativos intelectuais e de conhecimento de ordem tácita e operacional nas organizações. Parte do pressuposto que a capacidade de transformar conhecimento e ativos intangíveis em riqueza é um diferencial competitivo significativo, especialmente no mundo globalizado, e a Inovação é o resultado desse processo. Sabe-se que os mercados, produtos, sociedade e tecnologia sofrem transformações em ritmos acelerados e neste contexto há um desafio metodológico para a gestão do conhecimento, no sentido de compreender o ciclo de conhecimento e seus resultados a partir do Capital Intelectual produzido pelas organizações. Por um lado, a gestão do conhecimento suporta teoricamente os preceitos da sociedade do conhecimento apontada por Drucker (1987) e por outro Sveiby (1997) trata do desafio que enfrentam os gestores das organizações em utilizar o vasto potencial de conhecimento para criar valor de forma sustentável (VON KROGH; ROOS; SLOCUM, 1994).

A definição de Capital Intelectual de Edvinsson e Malone (1997) atribui significado ao Capital Intelectual por meio de uma metáfora, comparando a empresa a uma árvore onde a parte visível constituída de tronco, galhos e folhas representariam seus ativos físicos. Portanto, se a árvore possui frutas saborosas e uma bela folhagem reflete a sua saúde no momento. Entretanto, compreender o que acontece no sistema de raízes oculto sob a terra irá fornecer uma ideia muito melhor sobre a sua saúde futura. Neste caso, o Capital Intelectual seria representado pelas raízes, ou seja, os ativos invisíveis da empresa. Os autores também apresentam uma equação que relaciona o valor dos ativos físicos e financeiros com o Capital Intelectual (CI) e o Valor de Mercado. Ainda denominam como Capital Financeiro a soma do Passivo com o Patrimônio Líquido da Empresa, ambos encontrados nos demonstrativos contábeis (EDVINSSON; MALONE, 1997). Tem-se, portanto, a seguinte equação: Valor de Mercado = Capital Financeiro + Capital Intelectual. O Capital Social tem seu foco sob a perspectiva da dimensão social e complementa a

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Bernett, Teodoroski e Santos

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equação no que diz respeito ao reforço dos indicadores em direção a catalisar o potencial de desenvolvimento.

O Capital Intelectual é a soma do conhecimento e da capacidade de aprendizado de uma coletividade social, como uma organização, comunidade intelectual ou associação profissional. Nahapiet e Goshal (1998) consideram que o Capital Intelectual é gerado por meio da combinação e troca de conhecimentos resultantes das relações sociais da empresa e que as inter-relações entre o Capital Social são ganho de vantagem competitiva possível para o Capital Intelectual, sendo esta visão corroborada com o Ciclo de Conhecimento desenvolvido por Narayan e Cassidy (2001), disponível na ilustração 1.

Ilustração 1: Ciclo de Conhecimento

Fonte: Narayan e Cassidy (2001)

Segundo Sveiby (1998), a estruturação de um painel onde são apresentados indicadores relacionados com os ativos intangíveis da empresa relaciona a habilidade de uma organização em relação ao crescimento, a eficiência e a estabilidade aplicadas as três formas de ativos intangíveis: competência, estrutura interna e estrutura externa, resultando um formato de medir o Capital Intelectual de uma organização. Mais além, a capacidade de transformar conhecimento e ativos intangíveis em riqueza, criando recursos (EDVINSSON et al, 1997) e ao mesmo tempo sistemas para extrair valor desse conhecimento (FRYER; FRYER, 1990) requer componentes teóricos conceituais para alicerçar ações executivas e sustentáveis de sucesso. Desse modo, observa-se que o Capital Social é um ativo intangível ligado a qualidade dos relacionamentos intra e inter-organizacionais e a capacidade de promover a cooperação necessária para sustentar os processos de inovação e de competência distinta nos novos cenários competitivos e, portanto, deverá ser sustentada por uma estratégia organizacional claramente definida, complexa e, sobretudo crítica para as organizações do século XXI. Na ilustração 2 fica visível o cenário da Sociedade do Conhecimento sob a perspectiva do Capital

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Bernett, Teodoroski e Santos

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Intelectual, onde o Governo, as Empresas e as Instituições de Ensino Superior estão diretamente relacionados com o Capital Humano, Capital Organizacional e Capital Social (SANTOS, 2013).

Ilustração 2: Sociedade do Conhecimento sob a perspectiva do Capital Intelectual

Fonte: SANTOS (2013), adaptado por BERNETT (2013)

Contrariamente à visão da econômica, que supõe uma racionalidade estritamente econômica e individual, este estudo destaca que os atores econômicos não são átomos isolados, mas encontram-se imersos em relações e estruturas sociais. Albagli e Maciel (2003) resumem esses propósitos no conceito de Capital Social sob a perspectiva do conhecimento, da Inovação e do desenvolvimento, explicitando o reconhecimento do conceito embutido nas estruturas sociais até antes da década de 90 não contabilizados como uma forma de capital.

Sob este ponto de vista, reúnem-se autores com significativa contribuição conceitual sobre o tema Capital Social, como Pierre Bourdieu (1980), James Coleman (1988) e Robert Putnam (1993), que destacam a perspectiva teórica de relacionar o conjunto de instituições formais e informais, normas sociais, hábitos e costumes que afetam os níveis de confiança, solidariedade e cooperação em um grupo ou sistema social (ALBAGLI; MACIEL, 2002) e pressupõe tal condição sob aspectos importantes da sustentabilidade, no âmbito do desenvolvimento dos pólos de inovação.

No contexto dos meios inovativos, o capital social é “... um fator de interação cooperativa para o desenvolvimento e, portanto, deve ser considerado uma peça importante – mas não a única – na mobilização de arranjos produtivos locais” (ALBAGLI; MACIEL, 2003, p. 432). Duas questões relevantes devem ser ainda explicitadas. Uma se refere à pertinência da intervenção governamental para estimular o Capital Social em determinado meio, outra trata do direcionamento dos rumos do desenvolvimento, se com o predomínio de uma base endógena estimulada à visão da sustentabilidade ou

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Bernett, Teodoroski e Santos

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de uma base exógena preparada para a sustentabilidade. Ambas refletem os aspectos das dimensões da sustentabilidade.

Nos estudos de Wul (2008), os resultados reforçam o papel mediador do Capital Intelectual e do Capital Social na Inovação. Especificamente, nas organizações que têm níveis mais elevados de Capital Social há uma tendência a amplificar os efeitos de Capital Intelectual na Inovação. Isto é, há relações contingentes e necessárias que necessitam ser aprofundadas.

Dentro deste cenário, parece haver duas principais escolas de pensamento contempladas pela Teoria do Capital Social. A primeira trata de uma perspectiva de caráter “egocêntrico”, na qual o Capital Social é circunscrito ao valor dos relacionamentos interpessoais que um indivíduo tem com outro, com o objetivo de realizar tarefas organizacionais. A outra escola apresenta um modelo “sociocêntrico”, no qual o Capital Social pertence aos indivíduos, mas seu valor agregado encontra-se relacionado à posição que o indivíduo detém na estrutura organizacional.

Contudo, e mais além, propõe-se um arcabouço teórico que perpassa as duas teorias apresentam um arcabouço literário que suporte a paradigmática interdisciplinar. Mas a estrutura de analise apoia-se no pressuposto da existência de uma terceira forma de Capital Social, o Capital Social para a Inovação (Social Innovation Capital - SIC), que se refere à maneira pela qual um sistema social - a organização - se estrutura e se organiza para integrar, criar e difundir novos conhecimentos (McELROY, 2001).

McElroy (2001) em seus estudos propõe uma taxonomia revisada dos modelos na perspectiva do Capital Intelectual de (EDVISSON; MALONE, 1997; STEWART, 1998), de forma a incluir os conceitos de Capital Social para a Inovação (Social Innovation Capital), conforme especificado na ilustração 3, a seguir.

Ilustração 3: Modelo de Capital Intelectual

Fonte: McElroy (2001).

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McElroy (2001) alega que o Capital Social é tão importante como o Capital Estrutural e Humano para alavancar a capacidade de Inovação e o crescimento da organização e, portanto, merece um lugar diferenciado na taxonomia tradicional do Capital Intelectual. O autor propõe uma taxonomia revisada dos modelos de Capital Intelectual de Edvisson e Malone (1997) e Stewart (1998), de forma a incluir os conceitos de Capital Social e de Capital Social para a Inovação (Social Innovation Capital). Dentro desta perspectiva analítica, é alegado que o Capital Social para a Inovação é uma das fontes mais importantes para o fortalecimento do Capital Intelectual e se torna uma ferramenta administrativa crítica.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos construtos teóricos apresentados, fica evidente a contribuição do Capital Social nos processos de Inovação e o fortalecimento do Capital Intelectual. Sveiby (1998) afirma que o conhecimento cresce a cada vez que há o compartilhamento ou conversão ocorre. Na afirmação do autor, as questões de formulação de estratégia para o compartilhamento deve se preocupar com a forma de utilizar a alavancagem das ações e como evitar os bloqueios que impedem o compartilhamento e a conversão. Nesse sentido, atividades que formam a espinha dorsal de uma estratégia baseada no conhecimento devem ser destinadas a melhorar a capacidade-para-agir, tanto dentro como fora da organização, e sob esta perspectiva há uma forte relação entre o Capital Intelectual e o Capital Social. A reflexão do autor contribui para afirmar a importância da conexão entre as partes, porém ressalta a preocupação sobre a maneira de gerir tal questão.

No decorrer do estudo identificou-se também que as questões relacionadas ao compartilhamento do conhecimento e o Capital Social fazem especialmente referência a estruturas em rede, e deveriam ser estudadas de modo mais profundo sob a perspectiva das análises deste trabalho que compreendem o Capital Intelectual. Por fim, particularmente observaram-se três dimensões da estrutura social aplicáveis a redes organizacionais que permeiam os conceitos do Capital Social diante do Capital Intelectual.

REFERÊNCIAS

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Bernett, Teodoroski e Santos

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5 O PAPEL DO CAPITAL SOCIAL NA

FORMULAÇÃO DE INDICADORES DE

SUSTENTABILIDADE

Cláudia V. Viegas

Júlio Graeff Erpen

Viviane D’Barsoles Werutsky

Àlvaro Guillermo Rojas Lezana

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1. INTRODUÇÃO

A economia baseada no conhecimento enfatiza a noção de capital intelectual como recurso e ao mesmo tempo competência para dinamizar a competitividade nas organizações (TEECE et al., 1997). Identificação, captura, armazenamento e disseminação do conhecimento são formas de gerenciar este tipo de capital, considerado ativo intangível, visando à promoção da melhoria não apenas do desempenho organizacional, mas das condições sociais que permitem o estabelecimento de metas de sustentabilidade. Esta implica a noção de perenidade, algo que não se esgota, na condição do que aquilo que atualmente existe para garantir se no futuro (FIALHO et al., 2008). A noção de sustentabilidade está tradicionalmente vinculada à de preservação e/ou conservação de recursos naturais para assegurar as condições de continuidade de existência e convivência entre indivíduos e grupos em uma sociedade crescentemente complexa. Concepções plurais de sustentabilidade (BOND et al., 2011), relativas a heranças culturais, crenças, valores, comportamentos e atitudes, permeiam aspectos ecológicos, econômicos e sociais em permanente correlação, análise e, frequentemente, conflito pela prevalência de um ou mais desses aspectos no planejamento e consecução de projetos de desenvolvimento. Essa pluralidade, que se configura como um amplo leque de ativos intangíveis, pode ser caracterizada como capital intelectual. Ela abre espaço aos chamados trade-offs, ou negociações em torno de metas de sustentabilidade que fazem com que se priorize ora os elementos ecológicos, ora os econômicos, ora os sociais, ou composições deles, muitas vezes de forma assimétrica. Tal assimetria reflete os valores embutidos nas decisões sobre o que e como sustentar - se os espaços ecológicos, se o bem-estar socioeconômico, se prioritariamente as riquezas de natureza monetária.

Muitos autores consideram que o nível do capital intelectual somente pode ser estabelecido de forma intuitiva porque ele está distribuído pelos relacionamentos, ou seja, o componente social (relacional) do capital intelectual é fortemente influenciador do tipo de crenças, atitudes e condutas que delineiam escolhas relacionadas a uma sociedade mais ou menos guiada pelos valores da sustentabilidade. Ferrol-Schulte et al. (2013), por exemplo, assinalam que existem sistemas em que as fronteiras entre o ecológico e o social são arduamente estabelecidas - é difícil uma alocação isolada de recursos, e neles os atores sociais podem ser sazonais. É preciso, então, perceber o valor do capital social como parte do capital intelectual para contextualizar seu planejamento e aplicação aos valores estabelecidos como sustentabilidade.

No presente capítulo, pretende-se discorrer sobre os conceitos de capital intelectual e, especificamente, de capital social, considerado parte integrante do primeiro. Pretende-se, em seguida, apresentar uma revisão sobre indicadores de sustentabilidade em uma perspectiva transcendente à do chamado “tripé” que considera analiticamente aspectos ecológicos, econômicos e sociais, buscando-se mostrar alguns avanços na pesquisa em indicadores de sustentabilidade que criticam a visão seccionada de sustentabilidade e problematizam o trabalho da formulação de indicadores que realmente expressem a complexidade subjacente aos valores humanos por detrás da elaboração de indicadores fidedignos da pluralidade e contradições

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inerentes ao desenvolvimento humano. Por fim, busca-se estabelecer as relações entre capital intelectual - especialmente capital social e capacidade social (MAUERHOFER, 2013) - e indicadores de sustentabilidade. Nesta associação, indicadores de sustentabilidade são vistos como elementos estratégicos para ir além da noção de métricas de estados ou tendências de aspectos ecológicos, econômicos e sociais. As ideias de avaliação sensitiva, baseada em valores relacionais e consenso entre indivíduos e grupos, e de gestão adaptativa, que busca trazer para os modelos de gestão social alguns princípios da organização ecológica, são exploradas como alternativas à perseguição de métricas que nem sempre expressam integralmente os progressos ou falhas relacionadas à sustentabilidade.

2. CAPITAL INTELECTUAL E SEUS REFERENTES À SUSTENTABILIDADE

O termo “capital intelectual” expressa a ideia de algo que possui ou gera valor intrínseco, ou de troca, e pode ser gerenciado - “capital” - e que, ao mesmo tempo, provém da capacidade transformadora, porém intangível, do pensamento ou razão - “intelectual”. Na chamada sociedade do conhecimento, “capital intelectual” passou a ser uma expressão consagrada para designar valores que são produto de saberes e habilidades, ou seja, que vão perpassam e vão além dos capitais referentes a bens materialmente produzidos. Capacidade de idealizar e executar negócios, realizar competências humanas e oferecer e utilizar estrutura organizacional são algumas das expressões do capital intelectual (GOVENDER e POTTAS, 2007). Conforme Santos (2011), competências - saber fazer - e relacionamentos - saber ser - integram o capital intelectual.

Edvinson e Malone (1997), considerados pioneiros no estudo do capital intelectual, o relacionam à posse de conhecimento, experiências aplicadas, tecnologias organizativas, relações com clientes e destreza profissional capazes de proporcionar vantagem competitiva no mercado. Para Sveiby (1997), capital intelectual é a combinação de ativos intangíveis que geram conhecimento, renovação eficiência e estabilidade na organização. Bontis (2001) expressa este conceito como a relação de casualidade entre o capital humano, relacional e organizacional. Bueno et al. (2008) consideram capital intelectual o resultado de acumulação, descobrimento, invenções, melhorias aperfeiçoamentos e esforços de todas a gerações ao longo do tempo, com potencial de gerar valor. Seria, portanto, como um continuum de memória de conhecimento que se renova, sendo expressa em descobertas e inovações radicais ou incrementais capazes de gerar mudanças em padrões de consumo e estilos de vida. Seidel (2011) afirma que capital intelectual refere-se a autonomia, motivação e expectativas.

Han e Han (2004) propõem que haja sempre uma decisão prévia sobre como conceituar capital intelectual, uma vez que não há consenso sobre uma ideia unívoca do que seja. Conforme tais autores, capital intelectual é ainda um problema quanto à sua definição e consiste principalmente em ativos de competências. Em resumo, pode-se conceituar capital intelectual como “[t]odos os recursos não monetários e não físicos que são totalmente ou parcialmente controlados pela organização e que contribuem para a criação de valor da organização” (ABDULLAH e SOFIAN, 2012:538). Conforme estes autores, o

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capital intelectual “inclui expertise, ideias criativas, habilidades tratadas como recursos de gestão do conhecimento que podem ser capturados, codificados e compartilhados” (ABDULLAH e SOFIAN, 2012:519). Ele pode ser classificado em humano, estrutural e relacional.

No sentido humano, o capital intelectual refere-se a conhecimentos, habilidades profissionais, experiências, expertise, nível educacional e criatividade - inerentes ao que está embutido em pessoas. Inclui motivação e liderança (HAN e HAN, 2004).

No sentido estrutural, trata-se de capital de inovação, bases de dados, softwares, redes de distribuição, planos organizacionais, cultura corporativa, estratégias e políticas - ou seja, tudo o que diz respeito ao que está associado a criação de pessoas ou grupos (HAN e HAN, 2004).

No sentido relacional, o capital intelectual é referido como canais de marketing, relações com consumidores e fornecedores, lealdade ao consumidor, redes governamentais e industriais, parceiros intermediários. Contudo, este entendimento de capital relacional pode ser visto como limitado se forem consideradas relações sociais em espectro mais amplo, envolvendo não apenas trocas de consumo, mas relações associativas entre pessoas e grupos que buscam cooperar para melhorar as condições de vida da sociedade.

Entre os capitais humano e relacional situa-se o capital social, uma espécie de estoque de recursos cujo direcionamento de uso depende do interesse dos participantes (TOWNLEY et al., 2009). O capital social, como intermediário entre o humano e o relacional, e o capital estrutural, como base de recursos físicos e dinâmicos à disposição da intenção e ações planejadas de grupos, possibilitam o planejamento e a tomada de decisão sobre o melhor curso a seguir em termos de uma sociedade determinada à sustentabilidade, mas com entendimento plural sobre o que, como, por que, para quem e por quanto tempo sustentar.

Assim, pode-se afirmar que o capital social, como parte do capital intelectual, é uma espécie de função central coletiva para a mobilização de recursos rumo à decisão sobre o tipo de desenvolvimento que se almeja. Gao et al. (2011), ao revisarem a literatura sobre capital social, concluem que ele expressa o valor de rede sociais, o engajamento cívico, bem como o conjunto de recursos adquiridos pela posse de uma rede durável de relacionamentos ou sentimento de pertença a um grupo. Pode ter direcionamento mais ou menos voltado aos interesses sociais, dependendo dos arranjos de poder que o sustentarem. Dhoulá et al. (2013), afirmam que o capital social está associado ao desejo de investir em relações sociais, fluxos de informação, estabelecimento de novas estruturas de negociação.

Lehtonen (2004) observa que a noção de capital social tem raízes muito antigas - já estava presente em obras de Aristóteles, Marx, Durkheim e, mais recentemente, de autores como Coleman (1988), Putnam (2000) e Bourdieu (2001). Capital social é geralmente definido como “as redes de relações sociais caracterizadas por normas de confiança e reciprocidade que podem aumentar a eficiência da sociedade pela facilitação de ações coordenadas” (LEHTONEN,

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2004: 204). Pode também ser entendido como redes e normas que afetam a produtividade de uma determinada sociedade a partir de relações nas quais valores, crenças e atitudes são elementos catalisadores de ações. O capital social realiza-se por meio de estruturas relacionais e, se direcionado à participação, cidadania e bem-estar, implica diferenciais de integração e distribuição de poder. É difícil prover uma aplicação prática para capital social e capacidades, mas a combinação de ambos leva à aprendizagem. Mauerhofer (2013:7) entende capital social como “um conjunto de valores capazes de gerar futuros benefícios para, pelo menos, alguns indivíduos”. Esta ideia de associar o uso do capital social à distribuição de poder implica trazer à tona a abordagem das capacidades sociais. Ou seja, não basta haver um potencial, ou capital social: é necessário um nível de maturidade significativo, em termos políticos, para que este capital se torne uma capacidade efetiva de benefício social.

Por ser baseado em atributos individuais e coletivos, como saúde, bem-estar, poder, reputação encaixada em redes sociais (MAUERHOFER, 2013), o capital social apresenta-se geralmente de forma volátil, e seus resultados se configuram como capacidades sociais, que são “o crescimento ou o desenvolvimento de cada nível hierárquico humano ou integração social dentro de uma certa faixa espacial delineada por processos multilaterais reflexivos e/ou independentes dentro e entre indivíduos ou grupos, em um certo período” (MAUERHOFER, 2013: 17). É na capacidade social que podem ser identificados elementos para a elaboração de indicadores de sustentabilidade. Mavridis e Vatalis (2012) destacam o caráter modulatório e demodulatório do capital social, o que significa a possibilidade de adaptá-lo a situações e escalas conforme as necessidades de grupos e indivíduos que traçam metas de sustentabilidade para suas regiões ou vizinhanças. McPhail (2009) desataca a relevância de inserção da ética na construção coletiva do conhecimento nesse contexto, resultando em capacidades que obedeçam critérios distributivos ou justos. E Nogueira (2009) alerta quanto à relevância da qualidade das relações horizontais (reciprocidade) e verticais (poder) para associar o capital e a capacidade social à qualidade de vida.

Características inerentes ao capital social - valores, crenças, atitudes, confiança, reciprocidade - podem ser tomadas como referentes para a elaboração de indicadores de sustentabilidade em qualquer uma de suas dimensões - ecológica, econômica, social. Embora a elaboração desses indicadores seja baseada em informações objetivas, é na subjetividade do capital e nas capacidades sociais que residem as negociações sobre quais dimensões (e aspectos dentro dessas dimensões) são mais importantes e definidores de decisões sobre o tipo de valor a ser sustentado.

3. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE: ALÉM DO TBL

Indicador é uma “medida, geralmente quantitativa, que pode ser usada para ilustrar e comunicar, de forma simples, fenômenos complexos, incluindo tendências e progresso ao longo do tempo” (EEA, 2005, apud SILVA et al., 2012: 76). Rodrigues et al. (2003) afirmam que a elaboração de indicadores envolve a consideração simultânea dos requerimentos dos usuários, da disponibilidade de informações, do esforço de coleta, e do estado de

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conhecimento disponível sobre o tema. No caso dos indicadores de sustentabilidade, a identificação e seleção de dados e informações para formulá-los é geralmente analisada sob os aspectos dos meios biofísico, econômico e social, que exigem intervenções muitas vezes contraditórias entre si para a realização de projetos de desenvolvimento humano. Isto significa que, em satisfazendo-se requisitos de um aspecto - por exemplo, o do meio biofísico - pode ser necessário sacrificar requisitos de aspectos econômicos, ou vice-versa. Assim, estabelecem-se os trade-offs ou negociações em torno de requisitos dos aspectos.

De acordo com Meadows (1996), indicadores de sustentabilidade são ferramentas relacionadas à possibilidade de alterações de comportamento, aprendizagem ou de disseminação de resultados, mas sua aplicação pode ou não afetar o comportamento das pessoas. Possibilitam mensurar, representar, descrever e transmitir noções e parâmetros de sustentabilidade. Indicadores de sustentabilidade, especialmente os quantitativos, são elaborados para acompanhar resultados ou impactos de intervenções relativas a projetos, planos ou políticas, ou para projetar tendências de desempenho. Seus principais atributos são clareza, precisão, relevância perante objetivos, cobertura do que se quer mensurar, adaptabilidade e utilidade como apoio à tomada de decisão (DONNELLY et al., 2006).

A European Commission (EC, 2006) classifica os indicadores de sustentabilidade em de impacto e de resultados, sendo os primeiros retrospectivos, mas para tomada de decisão estratégica, medindo consequências e efeitos, e os segundos prospectivos, para gestão de programas, referentes a resultados ou benefícios imediatos e diretos de uma ação. Indicadores de resultados são diretos, mas os de impacto são avaliados fora de contexto ou para além deste. A EC (2006) também classifica os indicadores em de base, de alvo, necessidades e contexto. Os indicadores de contexto referem-se à estrutura socioeconômica por detrás do que está em tela. Eles comportam uma análise do tipo forças-fraquezas-ameaças-oportunidades e são de âmbito regional.

É importante estar atento a valores de base no caso da mensuração de indicadores, estes podem ser estáticos ou dinâmicos, o que é relevante para efeito de monitoramento. Indicadores precisam de foco, ou seja, serem em número limitado que permita dar um direcionamento explícito a eles em termos de síntese da situação que se pretende avaliar. Para o monitoramento, é importante avaliar requisitos como: relevância - avaliar vínculos entre objetivos e problemas socioeconômicos significativos; efetividade - comparar o que foi feito com o que foi planejado; eficiência - avaliar resultados em relação a impactos e recursos financeiros; utilidade - comparar resultados com a sua utilidade para a sociedade; sustentabilidade temporal - comparar os resultados com sua possível projeção em longo prazo.

Cloquell-Ballester et al. (2006) ratificam a necessidade de coerência conceitual e operacional na seleção e uso de indicadores - os mesmos devem ser acessíveis, úteis rastreáveis e ter baixo custo. Também deve se considerar o nível de conhecimento que o indicador pretende avaliar, a capacidade

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prospectiva, a motivação dos atores para participar do processo e questões organizacionais de custo, proximidade e disponibilidade de tempo e recursos.

Na avaliação de impactos ambientais tradicionalmente prescrita - com escopo, enquadramento dos aspectos a serem considerados, definição de escala, identificação, análise e proposição de medidas de prevenção ou mitigação e monitoramento - é comum separar indicadores dos tipos biofísicos, econômicos e sociais e apresentar um parecer indicativo de relevância, magnitude, persistência e sinergia dos impactos previstos para cada indicador, tomando os resultados isoladamente, por tipos. Dificilmente se encontram avaliações de impacto em que os indicadores permitam o acompanhamento sincronizado entre os tipos, pois eles são planejados levando-se em conta basicamente elementos objetivos - tangíveis e, portanto, quantificáveis. Esta prática alinha-se a uma ideia de sustentabilidade conhecida como Triple Bottom Line (TBL), difundida pelo trabalho de Elkington (1988). Segundo tal concepção, sustentabilidade implica a busca de equilíbrio entre aspectos ecológicos (biofísicos), econômicos e sociais cuja avaliação permite a tomada de decisão sobre um determinado projeto de desenvolvimento humano.

O fato de o chamado “triângulo da sustentabilidade” (correspondente ao TBL) não ser equilátero no mundo real é compreensível pela impossibilidade de se satisfazerem igualmente os requisitos de todos os tipos de indicadores. A questão problemática também não está no elenco e na separação ou mesmo agregação de indicadores por meio dos chamados índices - composição de aspectos, como econômico-ecológico, socioeconômico ou socioecológico - mas nos processos de conhecimento, valoração dos tipos de conhecimento e pluralidade de concepções sobre sustentabilidade que precedem a formulação dos indicadores. Em resumo, o problema de uma visão literalmente “TBL” é que ela sugere a possibilidade de gerenciamento de um equilíbrio sustentável com bases instrumentais em que a expertise e as métricas são as formas predominantes de concepção, ao lado da negociação de trade-offs. Sugere-se a necessidade de repensar a formulação de indicadores de sustentabilidade a partir das contribuições do capital e da capacidade social adaptados aos problemas-chave com o devido dimensionamento das escalas e níveis de contribuição horizontal (entre pares de grupos e indivíduos) e vertical (entre instituições) que se podem atingir.

4. CAPITAL E CAPACIDADE SOCIAL: POSSÍVEL CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMULAÇÃO DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

Nesta seção conclusiva, apresentam-se alguns estudos e reflexões sobre a evolução das formas de elaboração de indicadores de sustentabilidade. Destaca-se a contribuição dos chamados ativos intangíveis - em especial o capital e a capacidade social - para superar algumas arestas impostas por modelos analíticos de formulação de indicadores desta natureza.

Maurenhofer (2013) lembra que o conceito de capital social surgiu no âmbito das ciências econômicas e sociais, mas no campo das ciências naturais não é consistentemente empregado, o que pode justificar a ausência de sua consideração nas formas tradicionais de elaboração de indicadores de

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sustentabilidade. Assim, uma noção interdisciplinar de capital social pode oferecer subsídios para planejar a sustentabilidade em todas as suas dimensões. Este autor destaca que há um paralelo entre capacidade ambiental de carga e capacidade social de carga. A primeira refere-se à resiliência ou potencial dos sistemas de se adaptarem e responderem afirmativamente a pressões, até um certo limite. Já a capacidade social de carga é muito mais difícil de se estimar porque está distribuída pelos conhecimentos, habilidades e recursos de associação entre as pessoas. Passa pela transformação de crenças em atitudes e comportamentos que, de forma sinérgica, podem multiplicar um esforço desencadeado ou, ao contrário, desmobilizá-lo por completo, caso não haja colaboração e maturidade ou aprendizagem. Maurenhofer (2013) propõe uma espécie de sustentabilidade 3D (tridimensional), que seria constituída por capital social, capacidade social e capacidade de carga social. Essas três dimensões seriam a motivação do capital intelectual para a formulação de indicadores com base de maior espectro de comprometimento social.

Assim como Maurenhofer (2013), Ferrol-Schulte et al. (2013) constatam, em diversos sistemas, grande dificuldade em identificar fronteiras entre o ecológico e o social. Isto reforça ainda mais a necessidade de percepção e mobilização do capital social para planejar indicadores. Pluralismo quanto a crenças, valores e heranças culturais, complexidade e incertezas na transição entre planos e realidade são elementos bem presentes mas nem sempre percebidos ou gerenciados quando se visualiza o TBL apenas instrumentalmente.

No guia de monitoramento estratégico do governo do Reino Unido (ODPM, 2005), o envolvimento de pessoas - estabelecimento de grupos de monitoramento e observatórios para o desenvolvimento de bases de dados - é considerado fundamental para a construção de indicadores, sendo recomendável atrelar os mesmos a políticas, planos e programas.

Alguns autores aprofundam a concepção de capital social no planejamento da sustentabilidade propondo classificações e frameworks. Wang et al. (2012), por exemplo, classificam os indicadores de sustentabilidade como substantivos, procedurais, contextuais e incrementais. Os substantivos ou de efetividade, referem-se a informações que levam a resultados de longo prazo. Podem ser considerados instrumentais e remontam mesmo à ideia de TBL. Os procedurais referem-se aos métodos adotados para obter e analisar dados e informações. Os contextuais dizem respeito a situações particulares do âmbito em que é aplicado o projeto. E os incrementais são os que adicionam a componente cultural ao sistema de indicadores. Nestas três últimas categorias está a capacidade social de mobilização, participação e negociação que representa o diferencial sobre os aspectos objetivos.

Ramos e Caiero (2010) sugerem um framework de avaliação dos indicadores de sustentabilidade (meta-avaliação), o qual está baseado em critérios de avaliação da sustentabilidade. Esta, por sua vez, inclui colaboração e aprendizagem, típicas do capital social. As capacidades de adaptação e aprendizagem são, sem dúvida, um ativo de percepção relativamente recente na literatura de indicadores de sustentabilidade e de gestão ambiental

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adaptativa. Segundo Dhoulá et al. (2013: 72), “[h]á um vínculo importante entre aprendizagem social e capital social que deve ser explorado em pesquisa subsequente”. Alguns autores, como Lehtonen (2004), consideram que o nível do capital intelectual - e, portanto, social - somente pode ser estabelecido de forma intuitiva porque ele está distribuído pelos relacionamentos, podendo ser encaixado e desencaixado de acordo com a vontade e a mobilização dos atores. Isto também faz diferença na projeção de indicadores. As capacidades sociais, tomadas lado a lado às funções ambientais, habilitam a construção de cenários, abrindo processos discursivos. Uma das características dessas capacidades é o trabalho “por camadas”, no qual os desafios vão sendo enquadrados de forma dinâmica num planejamento temporal (MASCARENHAS et al., 2010). Malheiros et al. (2012) recomendam identificar os subsistemas mais relevantes aos sistemas sociais, dos quais a sociedade depende, antes da formulação de indicadores de sustentabilidade. Em cada um desses sistemas há potenciais individuais - resultado da acumulação de tradição, cultura, condições sociais, políticas e econômicas -; sociais - habilidade de lidar com o processo social, revertê-lo em benefício do sistema; organizacionais - conhecimento e desempenho do governo, administração, uso eficaz dos recursos naturais; - ecológicos - recursos renováveis e não-renováveis, energia, biossistemas, capacidade de absorção de resíduos.

Uma abordagem paralela à das capacidades sociais e que também implica a consideração de intangíveis em indicadores de sustentabilidade diz respeito à desmaterialização. Bartelmus (2003), por exemplo, defende a redução de fluxos no uso de recursos naturais, da capacidade de carga, ao lado do aumento da produtividade e de políticas de regulação para a mobilização de esforços rumo a uma economia guiada pelo capital intelectual. Bebbington et al. (2007), com propósito semelhante, criticam a tendência excessiva à monetização das variáveis de sustentabilidade. Segundo estes autores, há complexidade tanto em monetizar quanto em não monetizar porque a distribuição dos ganhos e das perdas nunca fica bem resolvida. O conhecimento tácito, subjetivo, poderia ser um elemento de equilíbrio nesse dilema. Rodrigues (2005) e Brown (2009) também ratificam o risco da monetização excessiva e defendem a desmaterialização mediada pelo capital social. Este último autor defende o uso de métodos interpretativos de avaliação da sustentabilidade (o que implica estender esse raciocínio para o uso de indicadores), o pluralismo como forma de colaboração na ideia de capital social. Na base epistemológica socioconstrutivista de valorização ambiental, o conhecimento é visto e situado como aberto a críticas, o foco é no ser humano, as organizações são polivocais, as redes sociais e as relações ganham local de destaque, e há múltiplos meios de análise (BROWN, 2009).

Por fim, Dinnie et al. (2013) identificam diversos tipos de capital social capazes de interagir simultaneamente para promover a elaboração de indicadores de sustentabilidade com maior poder de representação dos interesses sociais. Além do capital social horizontal - laços entre indivíduos ou grupos de perfil similar, em escala local ou mais ampla - e do capital social vertical - conexões entre indivíduos e grupos e poder explícito e formal -, eles propõem considerar o capital de pontes ou gaps - relativo às desigualdades entre indivíduos e grupos. Este tipo de capital implica considerar aspectos que

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pode deteriorar o respeito mútuo e a confiança entre os atores e só pode ser respondido pela inclusão de valores como solidariedade e equidade.

Assim, a utilização do capital social para a elaboração de indicadores de sustentabilidade passa por uma série de vínculos e capacidades que refletem o nível de coesão social e política e de confiança nas instituições.

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6 CAPITAL INTELECTUAL E FLUXOS DE

INFORMAÇÃO:

da teoria à prática em uma organização

Danielly Oliveira Inomata

Caroline Rodrigues Vaz

Gregório Varvakis

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Inomata, Vaz e Varvakis

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1. INTRODUÇÃO

Na nova economia baseada em informação e conhecimento, o Capital Intelectual é um bem intangível difícil de ser gerido, ao mesmo tempo em que é um fator crítico para o sucesso das organizações e determinante para a vantagem competitiva.

Edvinsson e Malone (1998) entendem que a melhor forma de compreender este capital é por meio da metáfora de enxergar a organização como um organismo vivo, como uma arvore, havendo a necessidade de encontrar a raiz do valor de uma organização, este valor muitas vezes encontra-se oculto. Os fatores ocultos, segundo os autores, são o Capital Humano (conhecimento, inovação, habilidades dos colaboradores, valores, cultura, filosofia da empresa) e o Capital Estrutural (tecnologia, equipamentos de informática, bases de dados, patentes, capacidade organizacional), numa categoria separada estão o Capital Relacional (relações externas com os clientes e fornecedores) – a mais importante para a empresa.

Claramente, o capital intelectual é visto como um bem intangível que pode ser gerido para criar prosperidade, ou seja, gerar mais informação, conhecimento, propriedade intelectual e experiência. Este trabalho se debruça sobre a análise dos fluxos de informação, entendendo-o como um processo responsável pela transformação das atividades da organização, o qual precisa ser visto como um sistema, em que elementos interagem para alcançar resultados, e, principalmente, por considerar que existe uma separação de valores para a organização entre os fluxos de informação e os fluxos de produto, decorrente da substituição dos estoques por informação e colaboração (CHAUVIN; HIRSCHEY,2001; TEECE, 1998; STEWART, 1998).

Diante deste contexto, a informação passa a ser insumo para o desenvolvimento das pessoas e matéria-prima para as ações da organização. Portanto, questiona-se: o capital intelectual influência nos relacionamentos formais e informais que sustentam os fluxos de informação que fomentam a inovação de produtos na organização?

O objetivo desse estudo é apresentar alguns apontamentos que demonstram como o capital intelectual se apresenta nas relações formais e informais influenciam o fluxo de informação dentro da organização, para isso são demonstrados parte dos dados de uma pesquisa de mestrado realizada num Centro de Pesquisa e Tecnologia que desenvolve produtos biotecnológicos.

O trabalho se apresenta em seis seções, sendo a primeira composta pela introdução. A segunda apresenta os procedimentos metodológicos da pesquisa. A terceira mostra o processo de fluxo de informações e rede de relações. A quarta seção esta composta pelo capital intelectual. A quinta seção traz os resultados e discussões da pesquisa de campo. E por último, o artigo apresenta as conclusões finais para o seu encerramento.

2. METODOLOGIA

A pesquisa realizada pode ser classificada, quanto à natureza como uma pesquisa aplicada, afirmam Lakatos e Marconi (2006), “caracteriza-se por seu

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Inomata, Vaz e Varvakis

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interesse prático, isto é, que os resultados sejam aplicados ou utilizados, imediatamente, na solução de problemas que ocorrem na realidade”. Para Silva e Menezes (2005, p. 20), “objetiva gerar conhecimentos para a aplicação prática dirigida a solução de problemas específicos”. Em função de seus objetivos serem dirigidos a gerar conhecimentos com aplicabilidade prática, na busca da solução de problemas específicos, essa pesquisa terá objetivos exploratórios e descritivos.

É uma pesquisa descritiva, pois relata com exatidão os fenômenos da realidade estudada. Gil (1999), a pesquisa descritiva objetiva descrever as características de determinada população e o estabelecimento de relações entre as variáveis, procurando mostrar a frequência com que o fenômeno ocorre, ou a relação e conexão com outros, sua natureza e características.

A pesquisa também é exploratória que segundo Gil (1999) define que esta pesquisa usa proporcionar maior familiaridade com o problema com aspecto a torná-lo explicito ou a construir hipóteses.

Em relação ao quesito abordagem o presente trabalho enquadra-se como uma pesquisa predominantemente qualitativa, conforme Minayo, Delandes e Gomes (2007) que corresponde a questões muito particulares, onde não se consegue quantificar. Esta trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e atitudes.

O local da pesquisa foi o Centro de Biotecnologia da Amazônia – CBA, um centro tecnológico sediado em Manaus, capital do Estado do Amazonas, atuante no mercado desde 2003, voltado para a promoção da inovação tecnológica a partir de processos e produtos da biodiversidade amazônica, por meio de:

Ação integrada com universidades e centros de pesquisa do setor público e privado (Rede de Laboratórios Associados - RLA);

Agregação de valor a produtos e processos tecnológicos; Aumento da densidade tecnológica no setor industrial;

Promoção de ambiente favorável à Inovação (serviços tecnológicos).

O centro desenvolve e entrega para comercialização produtos como: fitoterápicos, fármacos, alimentos funcionais, nutraceuticos, sucos e bebidas não alcoólicas; Além de serviços tecnológicos, tais como ensaios farmacológicos, análise físico-químicas, análises bioquímicas, adaptação e desenvolvimento de processos bioindustriais, produção, padronização e certificação de extratos, insumos e produtos acabados, análise microbiológica e de contaminante de produtos, apoio de formação de empresa de base tecnológica, desenvolvimento de explantes por micropropagação e cultura de tecidos.

Em relação aos procedimentos técnicos esta pesquisa enquadra-se dentro da classificação de Gil (1999) como uma pesquisa bibliográfica, por ser elaborada a partir de material publicado anteriormente, principalmente de livros, artigos de periódicos e materiais disponibilizados na Internet. Lakatos e Marconi (2006), afirmam que a pesquisa é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados e disponibilizados de grande importância.

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Com relação aos procedimentos da pesquisa, utilizou-se como métodos para o levantamento dos dados da pesquisa: a) Checklist para a identificação do processo de desenvolvimento de produtos, dos setores e das pessoas envolvidas nesse processo; b) Entrevista com 8 coordenadores de equipe de desenvolvimento de produtos; e, c) Aplicação de questionário com os colaboradores de equipe, totalizando 33 respondentes.

3. FLUXOS DE INFORMAÇÃO E REDES DE RELACIONAMENTOS

Burt (1992) já enfatizava que as redes oferecem três grades benefícios: acesso, oportunidades e referências. No entanto, outros fatores são levantados por Smith-Doerr e Powell (2003), quando salientam que o desafio para a pesquisa sobre redes é explicar a sua emergência, ativação e durabilidade, e que se sabe muito mais sobre os efeitos das redes do que sobre os fatores que a geram, sustentam e a reproduzem. As redes não são uma estrutura estática, possuem fronteiras dinâmicas, necessitam estar de alguma forma coordenadas (BALESTRIN; VERSCHOORE; 2008).

Diante desses apontamentos, este estudo se concentra na análise do fluxo da informação tecnológica, utilizada como insumo para o desenvolvimento de produtos biotecnológicos, principalmente no projeto informacional e conceitual – onde ocorre o maior fluxo de informação (ROZENFELD et al., 2006), reconhecendo que ocorre um processo em rede.

Os fluxos de informação são aqui conceituados como a dinâmica do processo que envolve um ponto de partida, uma mensagem e um destino para a informação, cuja dinâmica é a força motriz para a organização. Ressalta-se que se trata de um processo complexo, uma vez que o número de relações é maior do que de suas variáveis (aqui chamadas de elementos2 e aspectos influentes3).

Por isso o fluxo de informação é tido como um fator crítico, pois a informação torna-se matéria-prima para a inovação, considerando a informação tecnológica um componente fundamental no processo de desenvolvimento de produtos, uma vez que é o tipo de informação que está relacionada a tal processo.

Analisar o fluxo de informação por meio de redes sociais vem se configurando como ferramenta de importante observação, ou seja, é um meio para realizar uma análise estrutural – e não constitui um fim em si mesmo –, e como tal, tem o objetivo de demonstrar que a interação entre duas pessoas (díade) só tem sentido em relação ao conjunto de outras díades da rede (MARTELETO, 2001).

2 Elementos, sugeridos, que compõem o fluxo de informação: fontes, canais, TIC e

atores (agentes e agencias) que intervém fortemente no processo.

3 Aspectos que influenciam fortemente o processo informacional: as barreiras de acesso

e uso da informação, as necessidades de informação particular de cada segmento do

mercado, e os critérios de seleção das fontes e canais de informação.

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Os estudos sobre as redes permitem conhecer a estrutura da rede, distinguir as posições e as ligações que os atores mantêm qual a influência dos atores nessa esfera que se forma, pois:

A disposição em compartilhar e o compartilhamento eficiente de informação entre os atores de uma rede, asseguram ganhos, porque cada participante melhora, valendo-se das informações às quais passa a ter acesso e que poderão reduzir as incertezas e promover o crescimento mútuo. (TOMAÉL; MARTELETO, 2006, p. 76).

Para Granovetter (2007), uma das questões clássicas da teoria social é como os comportamentos e as instituições são afetados pelas relações sociais. Já na visão de Balestrin e Verschoore (2008), a Teoria das Redes Sociais é o campo de estudo que discute a forma como os laços sociais entre os atores de uma determinada rede poderão afetar o desempenho da empresa. Outra possibilidade de análise é a lente do capital intelectual.

4. CAPITAL INTELECTUAL

Guthie (2001) destaca que os ativos intelectuais da era da informação são os elementos mais importantes para a competitividade das organizações. Pois é possível afirmar que são estes ativos intelectuais, como conhecimento, ideias, experiências e inovações dos indivíduos, que, quando identificados, agregam valores ao negócio.

Bukh et al. (2003) ressaltam que os ativos intangíveis componentes do capital intelectual de uma empresa frequentemente interagem com os ativos tangíveis ou financeiros para criar valor corporativo de crescimento econômico. Isto pode ser observado, por exemplo, no caso de uma marca (ativo intangível) que valoriza um determinado produto da empresa (ativo tangível).

É aceito na comunidade científica que o Capital intelectual possui três dimensões, o Capital Humano, o Capital Relacional e o Capital Estrutural (EDVINSSON; SULLIVAN, 1996; EDVISSON; MALONE, 1997; BONTIS, 1999; ROOS et al. 2001; BUENO, 2002; CASTRO; MUIÑIA, 2003; RODRIGUES et al., 2009; BUENO et al., 2011).

De acordo com Coser (2012) os três elementos do capital intelectual, podem ser denominados: a) Capital humano: “recursos humanos”, “competência dos empregados”, “pessoas”; b) Capital estrutural: “capital organizacional”, “ativos intelectuais”, “estrutura interna”; c) Capital relacional: “capital cliente”, “estrutura externa”.

O capital humano é a capacidade necessária para que os indivíduos ofereçam soluções aos clientes. No entanto, para compartilhar, transmitir e alavancar o conhecimento é necessário de ativos estruturais como laboratórios, sistemas de informações, conhecimento dos canais de distribuição que transformam o saber individual em benefícios de toda a empresa, ou seja, em capital estrutural. O capital de clientes ou capital relacional é o valor dos relacionamentos de uma entidade com as pessoas com as quais realiza operações (STEWART, 1998).

O capital estrutural é a espinha dorsal da própria empresa, que envolve sua capacidade organizacional, incluindo seu planejamento administrativo e

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sistemas de controles, processos, redes funcionais, políticas e até mesmo sua cultura, ou seja, tudo o que auxilia uma empresa a gerar valor. Compreender que sistemas internos, redes e cultura são ativos valiosos concentra a atenção da organização em se assegurar de que estes ativos se apreciem e adicionem valor, em vez de permitir que eles declinem ou fiquem estagnados em face de políticas inapropriadas e a esforços estratégicos insalubres (PACHECO, 2005).

O capital relacional é aquele responsável pelas relações internas e externas da organização, ou seja, todas as relações (de mercado, de poder e de cooperação) estabelecidas entre empresas, instituições e pessoas, originadas a partir de um forte sentimento de pertença e de uma capacidade altamente desenvolvida de cooperação, de pessoas e/ou de instituições semelhantes.

Bontis (1999) salienta que o capital intelectual é conceituado em várias disciplinas, criando um mosaico de perspectivas. Segundo este autor, o capital intelectual é um estoque de conhecimento da empresa, este bem intangível nem sempre pode ser compartilhado, devido a própria característica dos tipos de conhecimento. O conhecimento tácito é o mais importante dos conhecimentos, mas está na cabeça das pessoas e é de difícil externalização.

5. ANÁLISE DO CAPITAL INTELECTUAL NO FLUXO DEINFORMAÇÃO

Para Stewart (1998), o capital intelectual constitui a matéria intelectual (o conhecimento, a informação, a propriedade intelectual e experiências) que pode ser utilizada para gerar riqueza, ou seja, gerar conhecimento para as organizações. O que se verifica é que os efeitos da globalização e da competitividade, a alta produção e o acumulo de informações é um desafio para as organizações de qualquer setor.

Tornando-se esta forma um diferencial potencializar o uso da informação visando a criação de conhecimento e a agregação de valor aos seus produtos (bens ou serviços) e processos. Diante desse cenário é preciso gerenciar o conhecimento interno, ou seja, o capital intelectual.

Rezende (2002, p. 79) salienta que o “capital intelectual é, antes de mais nada, capital e, como todo capital, pode ser gerenciado em termos de estoques e fluxos que, neste caso, são os estoques e fluxos de conhecimento existentes na empresa”, ao passo que identificando os estoques e fluxos, o próximo passo é: “é integrá-los, organizando-os e divulgando-os, e esta tarefa pode, ela própria, tornar-se também capital intelectual, pois sistemas criados a partir do uso da tecnologia da informação também são ativos de estrutura”. Isso representa o seguinte para a organização: É a transformação da informação em conhecimento e do conhecimento em negócio.

De acordo com a lógica da economia baseada no conhecimento, também a sucesso de uma região depende essencialmente da capacidade dos seus agentes para empregar, circular e criar conhecimento. Em outras palavras, a capacidade de criação de capital intelectual é crucial determinante para a competitividade regional (PÖYHÖNEN; SMEDLUND, 2004).

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No contexto estudado, as relações que fomentam a pesquisa para o desenvolvimento de produtos biotecnológicos, são provenientes de relações internas e externas a organização. Foi relatado por um dos entrevistados que os parceiros são acionados quando precisam de informações:

[...] nós temos vários parceiros, procuramos acionar esses parceiros para facilitar [o acesso a informação]. Por exemplo, a EMBRAPA tem acesso a vários bancos de dados, então se a EMBRAPA tem acesso a um material que precisamos, nós acionamos eles, que compram a informação e isso ajuda demais a gente, na questão do tempo de obtenção também. (COORDENADOR 4).

Esta forma de relacionamento interno e externo da organização se encaixa com o Capital Intelectual e suas dimensões, neste caso é o Capital Humano que é representado como know-how, capacidades, habilidades e especializações dos recursos humanos de uma organização, trata-se de um dos ativos críticos no grupo de capital intelectual, já que o gerenciamento do capital humano frequentemente cria e sustenta a riqueza de uma organização; em outras palavras, o capital humano pode ser visto como o conjunto de habilidades e conhecimentos dos indivíduos dentro de uma organização, e isto pode ser mensurado e divulgado (LYN, 2000, p.2).

Ao final da fala do Coordenador 4, percebe-se a ocorrência da barreira Custo/Tempo para a obtenção da informação para a organização, a qual é solucionada com a parceria com outros atores da sua rede de contatos, externo à organização. Outro entrevistado relata que precisava de informações para dar andamento a pesquisa, porém tinham problemas sérios com a capacidade tecnológica do Centro de Pesquisa:

Na estruturação de um projeto informacional, na busca literária e de bibliografia, a gente não dispunha de velocidade na internet suficiente para fazer essa busca, porque tínhamos curto prazo, nós embarcamos imediatamente um membro da equipe para São Paulo e em uma semana ele fez lá o que aqui ele levaria 1 mês [...] se isso é uma barreira, nós conseguimos superar isso facilmente. (COORDENADOR 8).

Neste caso, a dimensão observada é o Capital Relacional, como o valor da franquia da empresa e dos relacionamentos contínuos entre pessoas e organizações. Porém, afirmam Edvinsson e Malone (1998) que os relacionamentos de uma empresa com seus clientes são distintos das relações com os trabalhadores e parceiros estratégicos.

Pacheco (2005) aborda que às conexões de uma organização com seus clientes e fornecedores agregam valor, ou seja, criar valor através da fidelidade, mercados melhorados, velocidade e qualidade.

Segundo Stewart (1998), o capital relacional e o capital estrutural aumentam quando a empresa e seus clientes aprendem uns com os outros, quando se empenham ativamente em tornar suas interações informais. Sendo assim, o capital relacional – relacionamento com pessoas externas da empresa – não é possível surgir sem a influência do capital humano (RODRIGUES et al., 2009; GUBIANI, 2012).

A colaboração é um fator relevante para as organizações, como visto nesse contexto foram fundamentais para dar andamento à pesquisa, e são

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capazes de acelerar a produção do conhecimento, e dinamizar o fluxo de informação internamente.

No que tange às relações internas (FIGURA 1), buscou-se verificar como ocorre o fluxo dentro da organização, visando conhecer o caminho por onde percorre a informação, bem como que atores se conectam na produção do conhecimento e desenvolvimento de produtos.

Figura 1 - Rede de interações interna de pessoas da organização que os colaboradores trocam informação

Fonte: Inomata (2012).

Os pontos mais acessados na rede são os coordenadores de área, representados pela inicial C (de Coordenador). São de fato as pessoas dentro da organização que distribuem a informação, e são pessoas-chave no fluxo da informação. Para melhor entendimento, no Quadro 1 são destacadas a quantidade de relações diretas dos autores centrais da rede.

Quadro 1 – Contatos diretos.

INDIVÍDUO SETOR N. DE ELOS

ADM Gerência 15

C1 Biologia Molecular 9

C2 Central Analítica 13

C3 Farmacologia e Toxicologia 6

C4 Microbiologia 6

C5 Núcleo de Geração de Negócios 11

C6 Núcleo de Informação Biotecnológica 14

C7 Núcleo de Plantas e Extratos e Núcleo de Processos Industriais

8

C8 Produtos Naturais 5

Fonte: Inomata (2012).

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Observa-se que os nós com maior grau de centralidade na rede são C5 e C6, representando os coordenadores responsáveis pelos negócios da organização. Também aparecem nesse grupo o administrador (ADM) com muitos nós conectados a ele, porém a maioria desses nós (R2, R28, R31, R32 e R33) estão alocados nas áreas de negócios.

Como salientam Tomaél e Marteleto (2006, p. 77), os “atores que têm mais ligações que outros atores podem estar em posição mais vantajosa. Por terem muitas ligações eles possuem formas alternativas para satisfazer necessidades e aproveitar os recursos da rede”.

Também é possível visualizar a troca de informação entre colaboradores, como visto C1 repassa (grau de saída) para C2, C4 e C6 e recebe (grau de entrada) de C5 e C8. Quanto às interações com grau de intermediação é possível visualizar entre C4 com C8, e C6 com R33 que é o subcoordenador de C6.

Os nós R22, R23, R24, R25 e R26 se limitam a troca de informação principalmente com o coordenador (C2) do setor onde estão alocados. Logo C2 atua como ponte entre os colaboradores de sua coordenação e os demais nós da rede. O mesmo acontece com R17 e R18 que troca informação com o seu coordenador (C1).

O interessante do nó C1, na rede de interações, é que R1, R20 e R2 trocam informação com C1, mas C1 não é seu coordenador, isso pode estar justificado ao fato das atividades desses colaboradores dependerem fortemente do setor da biologia molecular. O que não significa que estes colaboradores não se comunicam com seus coordenadores, mas que suas relações podem ter uma maturidade, e por isso tem certa autonomia de buscar e trocar informação diretamente com outros setores, sem necessariamente precisarem passar por suas coordenadorias.

Ficou evidente nessa interação de redes o funcionamento das dimensões do Capital Humano com o Capital Relacional, pois houve uma troca de informações e conhecimento dentro da organização. No qual, o capital humano e o capital relacional, segundo Stewart (1998) crescem quando os indivíduos se sentem responsáveis por suas partes na empresa, interagem diretamente com os clientes e sabem quais conhecimentos e habilidades os clientes esperam e valorizam. Um funcionário que não conhece ou não possui essas habilidades diminui o valor tanto do capital humano quanto do capital de cliente. Uma empresa preocupada com problemas internos também. É comum falar de “clientes internos” para estimular as pessoas a tratarem seu colega como se fossem tão importantes quanto aos clientes.

Destaca-se que os elementos do fluxo de informação que delineiam a capacidade e otimização do processo, tais como as fontes de informação que estão relacionadas ao ambiente de uso do usuário, aos seus hábitos de trabalho, às circunstâncias e aos recursos disponíveis (BARBOSA, 1997); os canais que possibilitam a veiculação da informação; as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) que modificam estruturalmente o fluxo de informação e conhecimento, como ferramentas relacionadas basicamente nos seguintes pontos: interação do receptor com a informação, tempo de

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informação, estrutura da mensagem, facilidade de ir e vir (BARRETO, 1998); os atores participantes do processo informacional.

Podendo desta forma, verificar neste processo o Capital Estrutural como a espinha dorsal da própria empresa, que envolve sua capacidade organizacional, incluindo seu planejamento administrativo e sistemas de controles, processos, redes funcionais, políticas e até mesmo sua cultura, ou seja, tudo o que auxilia uma empresa a gerar valor. Compreender que sistemas internos, redes e cultura são ativos valiosos que concentra a atenção da organização em se assegurar de que estes ativos se apreciem e adicionem valor, em vez de permitir que eles declinem ou fiquem estagnados em face de políticas inapropriadas e a esforços estratégicos insalubres (PACHECO, 2005).

Os equipamentos de informática, os softwares, os bancos de dados, as patentes e marcas registradas e todo o restante da capacidade organizacional que apoia a produtividade, além de representar o relacionamento com os clientes são o que incluem o capital estrutural, conforme abordam Edvinsson e Malone (1998).

O capital humano e o capital estrutural reforçam-se mutuamente quando a empresa tem um senso de propósito compartilhado, associado a um espirito empresarial, quando a gerencia valoriza muito a agilidade, quando a gerencia utiliza mais a recompensa do que o castigo. Por outro lado, os capitais, humano e estrutural se destroem quando muito do que acontece em uma organização não é valorizado pelos clientes ou quando o centro da empresa tenta controlar o comportamento em vez da estratégia (STEWART, 1998).

As TIC servem para apoiar o fluxo da informação e a comunicação, atuando na articulação de informação, influenciando na utilização de técnicas (organização, armazenamento, recuperação e disseminação), planejamento e controle nos canais de comunicação (SILVA, 2006; SIANES, 2006).

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Gráfico 1 – Tecnologias utilizadas pelos colaboradores

Fonte: Inomata (2012).

A Internet (97%) aparece como a TIC mais utilizada, seguida pelos Aplicativos (90,9%), a Intranet (72,7%). Esses dados são congruentes com a característica da organização:

O uso da internet, provavelmente pela sua capacidade de “aumentar a velocidade e eficácia do acesso à informação de qualquer empresa, assim como expandir suas habilidades de comunicação, constituindo assim uma poderosa ferramenta facilitadora da comunicação global entre pessoas e instituições” (ANDRADE, 2002, p. 55).

O uso dos aplicativos e intranet é prioritário pela de caráter sigiloso das informações, parece que são tratadas com a ajuda de aplicativos e repassadas por meio da intranet, tendo assim um controle de produção.

Esses dados parecem impactar quanto ao uso do computador, que na organização é uma ferramenta utilizada frequentemente pelos 100% (33) dos respondentes, quando se trata das suas atividades diárias.

As TIC tornam o fluxo mais dinâmico, sua relação com o fluxo de informação na organização pesquisada é efetivado pela capacidade de coletar, tratar, armazenar e disseminar informações.

Se traçarmos um paralelo com a pesquisa de Nadaes (2007), os gestores de empresas de biotecnologias, quando executam atividades de monitoramento da informação – atividade de fora para dentro da organização – utilizam a internet como o meio de obtenção de fontes de informação. E na perspectiva da atual pesquisa, quando os colaboradores buscam fontes de informação para as suas atividades voltadas ao desenvolvimento de produtos – atividade interna da organização – utilizam, também, a internet. O que parece acontecer no contexto da biotecnologia, considerando os resultados dessa pesquisa é que a internet é um meio utilizado tanto para monitorar o ambiente externo, quanto para conduzir atividades do ambiente interno.

Aplicativos Office

Data Warehouse

Extranet

Groupware

Internet

Intranet

30

3

3

3

32

24

Tecnologias

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6. CONCLUSÕES

Conclui-se com esta pesquisa que o capital intelectual influencia nos relacionamentos formais e informais que sustentam os fluxos de informação na organização, e consequentemente fomentam a inovação de produtos no Centro de Biotecnologia da Amazônia – CBA, respondendo desta maneira a pergunta de pesquisa deste trabalho.

Pode-se observar que há presença de todas as dimensões do Capital Intelectual no fluxo de informação, em momentos diferenciados as dimensões são mais evidentes que outras. Porém, o que foi possível perceber neste recorte de estudo que as dimensões mais importantes são o Capital Humano e o Capital Relacional.

O Capital Humano apresenta-se com os conhecimentos, as habilidades e as experiências dos executores do fluxo de informação. Que por sua vez, estão diretamente relacionadas com o Capital Relacional, que vêm para trocar essas competências entre os indivíduos, seja dentro do mesmo setor de trabalho, de outra parte da empresa ou ligadas com seus clientes e fornecedores de serviços. Tendo a estrutura e a capacidade física que traz o Capital Estrutural.

Portanto, ficando evidente a relação das três dimensões dentro de um fluxo de informação de uma organização, e podendo afirmar com base em outros trabalhos (como já citados anteriormente), que essas dimensões sempre estão atuando em conjunto e trazendo o melhor desempenho para a organização.

Desta maneira, esta pesquisa deixa como sugestão de investigação futura as seguintes indagações: i) como o capital intelectual influencia um fluxo de informação em uma organização de inovação; ii) quais os impactos que o capital intelectual pode trazer num fluxo de informação de uma organização fomentada em inovação; iii) como o capital intelectual pode se relacionar de forma adequada com o fluxo de informação dentro da organização; iv) aplicação do capital intelectual em outro contexto industrial ou empresarial, como distintos fluxos de informação para poder comprovar a existência e o grau de evidência do capital intelectual.

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TOMAÉL, M. I., MARTELETO, R. M. Redes Sociais: Posições dos atores no fluxo da informação. Enc bibli.R. eltr. Boblioteocn, Florianópolis n. esp., 2006.

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Inomata, Vaz e Varvakis

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 128

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7

CAPITAL INTELECTUAL COMO CAPACIDADE DINÂMICA EM

ORGANIZAÇÕES

Paula Regina Zarelli

Gregório Varvakis

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Zarelli e Varvakis

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 131

1 INTRODUÇÃO

O capital intelectual (CI) como conjunto de recursos capaz de transformar conhecimento em riqueza (Stewart, 1998; Bontis, 2001; Edvinsson, 1997; Ross & Ross, 1997, Subramanian & Youndt, 2005; Bueno, Salmador & Merino, 2008) propicia instrumentos de gestão para monitorar o desenvolvimento dos ativos intangíveis. Para Bontis (1999), capital intelectual trata-se de uma coleção de recursos intangíveis de uma organização e fluxo entre esses recursos. São fatores que contribuem para os processos geradores de valor em uma organização e sobre os quais ela tem alguma forma de controle ou influência.

A literatura recente tem acentuado o papel das capacidades dinâmicas (CD) como determinante da vantagem competitiva sustentável em organizações, e alguns estudos têm demonstrado as variáveis organizacionais que suportam e encorajam estas capacidades (NIEVES e HALLER, 2014).

Souza, Maldonado e Vieira (2012) entendem capacidades dinâmicas a partir dos estudos de Teece, Pisano e Shuen (1997), Eisenhardt e Martin (2000) como aquelas organizações que desenvolvem mecanismos de reconfiguração dos seus recursos e obtêm vantagens competitivas sustentáveis.

Em Helfat (2007) tem-se que o contexto dentro do qual as organizações utilizam as capacidades dinâmicas são relevantes, numa clara referência ao ajuste revolucionário, que significa o quanto a capacidade dinâmica possibilita uma organização criar, estender ou modificar sua base de recursos. Para este autor, há quatro influências importantes no ajuste evolucionário da capacidade dinâmica: qualidade, custo, demanda do mercado e competição. Zollo e Winter (2002, p. 340) consideram capacidades dinâmicas como “um modelo estável de aprendizagem da atividade coletiva através do qual a organização sistematicamente gera e modifica suas rotinas operacionais com vistas à obtenção de melhorias efetivas.”

A abordagem das Capacidades Dinâmicas tornou-se um influente arcabouço teórico para entender como o estoque de recursos da empresa evolui para que possa alcançar ou manter vantagens competitivas sustentáveis. Tenta explicar a maior capacidade da empresa de adaptação às exigências ambientais, alterando a sua base de recursos. Devido ao dinamismo ambiental, recursos de geração de valor e capacidades tendem a se tornar obsoletos (NIEVES; HALLER, 2014).

Tendo em vista tais recursos e capacidade de reconfiguração destes, o capital intelectual pode ser considerado um conjunto completo e adequado de recursos para dinamizar as organizações? Para responder a esta questão, este artigo objetiva analisar o capital intelectual como conjunto de recursos dinamizador em organizações. A partir de pesquisa bibliográfica, apresentam-se definições e perspectivas do capital intelectual como conjunto de recursos que possibilitam o alcance de vantagem competitiva para as organizações, assim como outros aspectos conceituais sobre seus elementos: capital humano, capital estrutural e capital relacional. Os conceitos de capacidades dinâmicas buscam evidenciá-las como principais responsáveis pelo processo

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Zarelli e Varvakis

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 132

de adaptação de uma organização ao seu ambiente, como resposta aos desafios impostos por este.

2 CAPITAL INTELECTUAL

A origem do capital intelectual está relacionada com a preocupação da comunidade científica sobre finanças e economia das organizações a respeito dos efeitos das atividades de natureza intangível e dos ativos intangíveis no valor destas entidades (AECA, 2012). De acordo com este mesmo documento, a primeira explicação para o conceito do capital intelectual menciona as publicações de Stewart (1998) “Capital Intelectual: a nova riqueza das organizações” e Edvinson (1994) “Skandia Report”. A segunda baseia-se no fundamento teórico para busca de uma explicação sobre as causas da relação elevada entre o valor de mercado e o valor contábil das empresas. Entretanto, a gênese do capital intelectual é relatada por Kendrich (1961) quando afirma que o conceito do capital intelectual foi introduzido pela primeira vez no século XIX pelo economista alemão F. List (1841) que define como aquele “que se refere às ações, ou à humanidade, por acumulação dos descobrimentos, invenções, esforços, etc., das gerações precedentes”.

Assim, o capital intelectual é reconhecido como acumulação de conhecimento que cria valor ou riqueza cognitiva possuída por uma organização, composta por um conjunto de ativos intangíveis (intelectuais) ou recursos e capacidades baseados em conhecimento, que quando se põem em ação, seguem determinada estratégia, em combinação com o capital físico ou tangível, é capaz de produzir bens e serviços e de gerar vantagens competitivas ou competências essenciais para a organização no mercado (BUENO, 2005).

A visão do capital intelectual como recurso está vinculada à definição de ativos intangíveis. Para Bueno, Salmador e Merino (2008), ativos intangíveis são um conjunto de recursos diferentes de inputs primários como capital e trabalho, elementos básicos de produção e venda de bens e serviços. Podem ser identificados genericamente com serviços fornecidos por humanos, tecnologia e capital comercial advindo deles.

Para estes autores, os ativos intangíveis formam o capital intelectual. Capital intelectual é a soma integrada do valor dos ativos intangíveis, é a accountability dos intangíveis da organização. Esta accountability reflete a criação de valor dos intangíveis existentes na companhia, e explica para terceiros o valor criado pelo conhecimento em ação. O capital intelectual é o valor criado pela gestão do conhecimento. Esta visão contábil tradicional é estática, e expressa a mensuração do valor criado do ponto de vista financeiro. Por um lado, esta perspectiva reflete o valor dos recursos intangíveis no balanço contábil, por outro lado, reflete o valor total dos ativos intangíveis em certo momento. Do ponto de vista organizacional, o capital intelectual explica a eficácia da aprendizagem organizacional e da gestão do conhecimento. O quadro 1 resume as definições de capital intelectual em ordem cronológica, baseado nos estudos de Bueno, Salmador e Merino (2008) e Hsu e Wang (2012).

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Zarelli e Varvakis

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 133

Quadro 8 – Definições de Capital Intelectual

Autores Definições

List (1841) O resultado da acumulação dos descobrimentos, invenções, melhorias e esforços de todas as gerações que nos precederam (capital intelectual da raça humana).

Kendrick (1961)

O resultado dos investimentos no descobrimento e difusão do conhecimento produtivo.

Bontis (1996) A relação da causalidade entre o capital humano, relacional e organizacional.

Brooking (1996)

A combinação de ativos intangíveis que permitem à empresa funcionar.

Edvinsson, Sullivan (1996)

Conhecimento que pode ser convertido em valor.

Bassi (1997) Todos os tipos de conhecimento relevante e os componentes básicos são capital humano, capital estrutural e capital de cliente.

Bradley (1997)

A habilidade de transformar o conhecimento e os ativos intangíveis em recursos criadores de riqueza para as empresas e os países.

Edvinson, Malone (1997)

A posse de conhecimentos, experiência aplicada, tecnologia organizacional, relações com os clientes e habilidades profissionais que proporcionam uma vantagem competitiva no mercado.

Stewart (1997)

O conhecimento, a informação, a propriedade intelectual e a experiência que podem ser utilizados para criar nova riqueza.

Sveiby (1997) A combinação de ativos intangíveis que geram crescimento, renovação, eficiência e estabilidade na organização.

Roos; Roos (1997)

A soma dos ativos ocultos de uma companhia que não totalmente capturado no balanço contábil, que inclui tanto o que está na cabeça da organização, quanto o que resta quando saem.

Booth (1998) A habilidade de traduzir novas ideias em produtos e serviços.

Brennan, Connell (2000)

Pode ser pensado como equidade baseada em conhecimento de uma companhia.

Harrison, Sullivan (2000)

Conhecimento que pode ser convertido em perfil.

Petty, Guthrie (2000)

Indicativo do valor econômico de duas categorias (organizacional e capital humano) dos ativos intelectuais de uma companhia.

Lev (2001) Representa as relações principais, geradoras de ativos intangíveis, entre inovação práticas organizacionais e recursos humanos.

Heisig, Vorbeck, Niebuhr (2001)

Capital intelectual é valioso, ainda invisível.

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Zarelli e Varvakis

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Autores Definições

Bueno (2002) Representa a perspectiva estratégica e a “conta razão” dos intangíveis na organização.

Pablos (2003) A diferença entre o valor de mercado da empresa e o valor do livro. Recursos baseados em conhecimento que contribui para vantagem competitiva da empresa a partir do capital intelectual.

Rastogi (2003)

A holística ou capacidade meta-nível de uma empresa de coordenar, orquestrar e posicionar os recursos do conhecimento rumo à criação de valor em busca de visão futura.

Mouritsen, Larsden, Bukh (2005)

Mobiliza coisas como empregados, clientes, tecnologia da informação, trabalho gerencial e conhecimento. Não pode manter algo por si mesmo, uma vez que fornece mecanismo que permite ativos variados ligarem-se em processos produtivos da empresa.

Subramaniam, Youndt (2005)

Capital intelectual é a soma do conhecimento empilhado da empresa utilizado para vantagem competitiva.

Molberg-Jorgensen (2006)

Desde uma perspectiva filosófica, entendido como conhecimento sobre o conhecimento, criação de conhecimento e influência do mesmo em valor social ou econômico.

Kristand; Bontis (2007)

Recursos estratégicos organizacionais que permitem à mesma criar valor sustentável, mas que não estão disponíveis em um grande número de empresas (escassez); que geram benefícios potenciais ou futuros; que não podem ser tomados por outros (apropriável); que não são imitáveis pelos competidores ou substituíveis por outros recursos e que não são facilmente transferidos devido seu caráter organizacional.

Chong (2008) Tem sido definido como despesas em anúncios (marketing), treinamento, start-up, atividades de P&D, gastos com recursos humanos, estrutura organizacional e valores advindos do nome da marca, copyrights, patentes, processos secretos, nomes comerciais.

Zerenler, Hasiloglu, Sezgin (2008)

Estoque total de todos os tipos de ativos intangíveis, conhecimentos, capacidades e relacionamentos, etc, em nível do empregado e a nível organizacional da empresa, e pode geralmente ser dividido em três tipos: capital humano, capital estrutural e capital relacional.

Kim, Kumar (2009)

É a mistura dos recursos humano, estrutural e relacional de uma organização.

Fonte: Bueno, Salmador e Merino (2008); Hsu e Wang (2012).

Adicionalmente às definições, Rodrigues et al. (2009) apontam pelo menos três atributos inerentes ao CI que estão presentes na maioria das definições: (i) é intangível; (ii) é resultado de uma prática coletiva, porque o conhecimento é social e contextualmente conhecimento; e, (iii) tem valor ou potencial para criar valor – é o material intelectual (conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência) que pode ser convertida em valor utilizado para criar riqueza (STEWART, 1998), ou seja, é o conhecimento que pode ser convertido em valor (EDVINSSON & SULLIVAN, 1996).

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Zarelli e Varvakis

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 135

Em decorrência de tais definições, pode-se caracterizar capital intelectual como conjunto de ativos intangíveis de uma organização capaz de agregar valor e gerar vantagem competitiva, justificado pela diferença entre o valor de mercado e o valor contábil da empresa. Pode ser reconhecido ainda como recurso baseado no conhecimento e composto pelos capitais humano, estrutural (organizacional e tecnológico) e relacional (de negócio e social).

2.1 Modelos e Componentes do Capital Intelectual

Embora o conceito de capital intelectual tenha recebido muita atenção nas últimas décadas, há uma carência de consenso quanto aos seus componentes (HUANG, LUTHER & TAYLES, 2007). A gestão do capital intelectual e a busca em estabelecer padrões para mensurá-lo vêm a oferecer alternativas, uma vez que tais modelos utilizam componentes de capital intelectual.

Como a gestão do capital intelectual também faz referência a todo tipo de atividades intelectuais da empresa desde a criação e divulgação do conhecimento, mas sob uma perspectiva estratégica com um enfoque de criação e extração de valor, há distintas barreiras estratégicas e operacionais na gestão do capital intelectual, especificamente, na difícil tarefa de identificar e medir estes ativos intangíveis e estabelecer objetivos e planos para eles. Destarte os ativos intangíveis possam representar vantagem competitiva, as organizações não compreendem a sua natureza e valor (BONTIS, 2001).

Assim, Bontis (2000) e Bueno et al. (2003) referenciam os modelos de capital intelectual proeminentes na literatura acadêmica. Estes modelos estalecem os componentes do CI, bem como definem uma estrutura conceitual e lógica para sua mensuração. Conceitual, porque esclarecem o conceito de CI, bem como seus componentes e alinhamento com a estratégica da empresa; lógica, porque sugere indicadores passíveis de mensuração.

Bontis (2000) elege os modelos: Skandia Navigator (EDVINSSON & MALONE,1997); IC-Index (ROOS, ROOS, DRAGONETTI, EDVINSSON, 1997); Techonology Broker (BROOKING, 1996); Intangible Asset Monitor (SVEIBY, 1997); MVA e EVA (STERN, STEWART, 1997); Citation-Weighted Patents (BONTIS, 1996).

Além da menção dos modelos, Bueno et al. (2003) os distingue como básicos e relacionados. Os modelos básicos são aqueles que têm como finalidade principal medir os ativos intangíveis de uma organização, com o fim de efetuar um diagnóstico e gerar informação do seu capital intelectual, permitindo adotar decisões de gestão. Por outro lado, os modelos relacionados não são estritamente modelos de mensuração e gestão do CI, senão instrumentos de direção estratégica da empresa que contemplam, em alguma medida, a dimensão intangível das organizações aos aspectos que caracterizam a criação de valor baseada no conhecimento em ação. Neste estudo, relatam-se os modelos básicos comuns nos estudos de Bontis (2000) e Bueno et al. (2003), considerando adicionalmente o Modelo Intellectus, conforme quadro 2.

Skandia Navigator (EDVINSSON, 1992)

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Zarelli e Varvakis

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O Navegador Skandia é o primeiro modelo dinâmico e holístico do capital intelectual. Aparece pela primeira vez na memória econômica e financeira da empresa em 1992. Este modelo estrutura-se em áreas de enfoque, naquelas que a empresa concentra sua atenção e para as quais se estabelecem indicadores de mensuração. Estas áreas são enfoque financeiro, enfoque clientes, enfoque processo, enfoque de renovação e desenvolvimento e enfoque humano (BUENO et al., 2003). Bontis (2000) descreve que a maioria dos pesquisadores concorda com os consideráveis esforços da Skandia para criar uma taxonomia para medir os ativos intangíveis da empresa, encorajando outras a olharem para além das hipóteses tradicionais de criação de valor para as organizações.

Technology Broker (BROOKING, 1996)

Neste modelo, a quantificação monetária dos ativos de mercado, humanos, de propriedade intelectual e de infraestrutura deve ser precedida de uma auditoria de capital intelectual baseado em uma lista de perguntas qualitativas. Uma vez realizada esta auditoria, procede a avaliar economicamente os ativos imateriais conforme o enfoque de custos, de mercado e de receitas. O tratamento específico da propriedade intelectual e a ênfase na necessidade de auditorias da informação sobre o capital intelectual são as principais características distintivas do Technology Brooker em relação aos outros modelos (BUENO et al., 2003). Em Bontis (2000), tem-se que o principal ponto fraco dos itens da auditoria é que há um salto considerável que deve ser feito a partir dos resultados qualitativos do questionário com os valores em dólares reais para esses ativos.

Model of University of Western Ontario (BONTIS, 1996)

Este modelo é definido como um sistema de blocos do capital intelectual, inter-relacionados, que determinam os resultados empresariais. Desta maneira, considera-se que o capital humano influencia de forma decisiva sobre o capital de clientes e o capital estrutural, existindo, por sua vez, uma mútua interdependência entre estes.

Canadian Imperial Bank of Commerce (SAINT-ONGE, 1996)

A característica mais relevante do modelo do Canadian Imperial Bank é a análise das funções do conhecimento tácito e explícito em cada um dos componentes do capital intelectual. Desde a perspectiva de Saint-Onge que estabelece uma vinculação estreita entre o capital intelectual e a aprendizagem organizacional, em que a criação do conhecimento tácito dá lugar a uma dinâmica interna de coesão que melhora o rendimento da organização.

Monitor de Ativos Intangíveis (SVEIBY, 1997)

O monitor de ativos intangíveis trata de medir o dinamismo das três categorias de intangíveis, através de indicadores de crescimento e inovação, indicadores de eficiência e indicadores de estabilidade. Os indicadores de crescimento e inovação pretendem refletir o potencial futuro da empresa. Os indicadores de eficiência fornecem informação sobre a produtividade dos ativos intangíveis. Por fim, os indicadores de estabilidade têm o objetivo de medir o grau de permanência destes ativos na empresa (Bueno et al., 2003). Neste

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Zarelli e Varvakis

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 137

modelo, Sveiby recomenda a substituição do quadro contabilístico tradicional para um novo quadro que contém a perspectiva do conhecimento. Argumenta que ambas as medidas, as não financeiras para medir os ativos intangíveis, e as financeiras para medir o patrimônio visível pode ser usado em conjunto para fornecer uma indicação completa do sucesso financeiro e valor para os acionistas (BONTIS, 2000).

Modelo Nova (CAMISÓN, PALACIOS, DEVECE, 1998)

O objetivo do Modelo Nova é representar o processo de transformação dos distintos componentes do CI refletindo o efeito de cada um deles nos restantes. Neste sentido, o modelo estabelece que os componentes básicos do capital intelectual são o capital humano, o capital organizacional, o capital social e o capital de inovação e aprendizagem.

Modelo Intellectus (BUENO, CIC – IADE, 2003)

O Modelo Intellectus parte de um desenvolvimento arborescente, que trata de esclarecer as interrelações entre os distintos ativos intangíveis da organização. A análise do modelo passa por uma primeira definição dos conceitos básicos utilizados no mesmo. Estes conceitos são os seguintes, conforme Bueno et al. (2003):

Componentes: agrupamento de ativos intangíveis em função desua natureza.

Elementos: grupos homogêneos de ativos intangíveis de cada umdos componentes do capital intelectual.

Variáveis: ativos intangíveis integrantes de um elemento docapital intelectual.

Indicadores: instrumentos de avaliação dos ativos intangíveis dasorganizações expressas em diferentes unidades de medida.

De forma concreta, as características do modelo são: sistêmico, aberto, dinâmico, flexível, adaptável e inovador. O modelo é sistêmico porque oferece uma estrutura inter-relacionada e completa dos cinco aspectos que vem a representar os componentes ou subsistemas principais que configuram os elementos e variáveis explicativas dos ativos intangíveis ou intelectuais. É aberto devido a apresentar uma estrutura relacionada com os agentes ou sujeitos do conhecimento, que integram o ambiente da organização e que se explica pelo conjunto de relações. É dinâmico porque pretende oferecer um conjunto de elementos, variáveis, indicadores e relações que devem permitir a observação de sua evolução temporal, com o objetivo de ir alcançando uma melhoria na gestão das atividades intangíveis e um maior valor dos componentes do capital intelectual da organização. Outra característica do modelo é a flexibilidade, devido aos elementos e variáveis propostas que podem ser ordenadas e aplicadas de forma diferenciada em torno das necessidades da organização, seja qual for a estratégia e o modelo de gestão de intangíveis da mesma. É um modelo adaptativo, que se relaciona com o princípio precedente, tendo em vista que a flexibilidade obrigada a que cada organização adapte a proposta atual a seus requisitos, tanto no que se refere aos seus elementos e variáveis como a seus indicadores, que poderão aparecer em uma outra forma conveniente. Por fim, o modelo é inovador

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Zarelli e Varvakis

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 138

quando comparado a outros modelos aplicados a âmbito internacional, assim como pela combinação virtuosa dos princípios precedentes.

Atualmente, aceita-se internacionalmente que os componentes principais do capital intelectual podem ser estruturados em três capitais, tal como aparecem no Modelo Intelect, distinguidos entre capital humano, capital estrutural e capital relacional. Estes três capitais pretendem explicitar o valor agregado dos ativos intelectuais ou baseados em conhecimento, que têm sido criados e que são identificados ou existem na organização por um conjunto de atividades intangíveis que criam valor do “conhecimento em ação” das pessoas, grupos e organização (BUENO et al., 2003).

Assim, o capital humano representa o valor dos conhecimentos e do talento que corporificam ou possuem as pessoas que compõem a organização e que, graças aos contratos de trabalho (formais e explícitos) e psicossociais (informais e implícitos ou de caráter moral) existentes entre ambas as partes serão dinamizados para criar determinados intangíveis, aos quais podem ser expressos pelos conceitos de valores, atitudes, habilidades e capacidades das referidas pessoas. Bontis (2001) e Wiig (1997) corroboram esta perspectiva no sentido de que o capital humano, em um nível individual, tem sido definido como a combinação de quatro fatores: herança genética; educação; experiência e atitudes sobre a vida e negócios. Esse tipo de recurso pode incorporar ativos intangíveis como configurações específicas de competências complementares, e conhecimento tácito, meticulosamente acumulado, do que o cliente quer e de processos internos.

O capital estrutural representa o valor dos conhecimentos existentes e propriedade da organização, que geram sua base de conhecimento. Estes conhecimentos concretizam-se em um conjunto de valores culturais compartilhados, bases de dados, procedimentos, protocolos, rotinas ou pautas organizacionais, esforços e desenvolvimentos tecnológicos que constituem o saber e o saber fazer de caráter coletivo e que permanecem na empresa, independente das pessoas a deixarem (BUENO et al., 2003). Bontis (2000) acrescenta que o capital estrutural é formado por ativos de infraestrutura como tecnologias, metodologias e processos que permitem que a organização funcione. Exemplos incluem metodologias de avaliação de risco, métodos de gerenciamento de uma força de vendas, bancos de dados de informações sobre o mercado ou clientes, sistemas de comunicação, tais como sistemas de teleconferência, e-mail e sistemas de teleconferência.

O capital relacional é representado pelo valor dos conhecimentos que se incorporam às pessoas e à organização pelas relações de caráter mais ou menos permanente que mantém com os agentes do mercado e da sociedade em geral. Estes conhecimentos manifestam-se em uma série de ativos intelectuais ou de intangíveis concretos de grande valor na economia atual e na sociedade em rede (BUENO et al., 2003). Seu escopo é externo à empresa. Pode ser mensurado (embora seja difícil) como uma função de longevidade (ou seja, o capital relacional torna-se mais valioso conforme o tempo passa). Devido à sua natureza externa, o conhecimento incorporado no capital relacional é o mais difícil de codificar (BONTIS, 2000). Para Wiig (1997), consiste no valor das relações da empresa com os clientes.

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Zarelli e Varvakis

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 139

Tendo em vista os componentes que formam a estrutura do capital intelectual, seguem os modelos de avaliação e respectivos componentes, a fim de demonstrar o consenso teórico sobre estes, conforme quadro 2.

Quadro 2 – Modelos de Avaliação do Capital Intelectual – Componentes

Modelo Estrutura (Componentes)

Modelos Básicos

Skandia Navigator (Edvinsson, 1992-1997)

Enfoque cliente

Enfoque financeiro

Enfoque humano

Enfoque processos

Enfoque renovação

Technology Broker (Brooking, 1996) Ativos de mercado

Ativos humanos

Ativos de propriedade intelectual

Ativos de infraestrutura

University of Western Ontario (Bontis, 1996)

Capital humano

Capital relacional

Capital organizacional

Canadian Imperial Bank of Commerce (Saint-Onge, 1996)

Aprendizagem organizacional

Capital de conhecimento

Monitor de Ativos Intangíveis (Sveiby, 1997)

Estrutura interna

Estrutura externa

Competências

NOVA Model (Camisón, Palacios, Devece, 1998)

Capital humano

Capital organizacional

Capital social

Capital de inovação e aprendizagem

Intelect Model (I.U. Euroforum, 1997-1998)

Bloco Capital humano

Bloco Capital estrutural

Bloco Capital relacional

Intellectus Model (IADE, 2003) Capital humano

Capital organizacional

Capital tecnológico

Capital de negócio

Capital social

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 140

Modelos Relacionados

Balanced Scorecard (Norton, Kaplan, 1992 – 1996)

Perspectiva financeira

Perspectiva de clientes

Perspectiva de processos internos

Perspectiva de aprendizagem e crescimento

Modelo Dow Chemical (1998) Capital humano

Capital organizacional

Capital de clientes

Modelo de Aprendizagem Organizacional

(KPMG, 1996)

Interação da cultura, liderança, mecanismos de aprendizagem, atitudes das pessoas,

trabalho em equipe, etc

Modelo de Roos, Roos, Edvinsson, Dragonetti (1997)

Capital humano

Capital organizacional

Capital de desenvolvimento e renovação

Modelo de Stewart (1998) Capital humano

Capital tecnológico

Capital estrutural

Capital de cliente

Teoria dos Agentes Interessados

(Atkinson, Waterhouse, Wells, 1998)

Empregados

Clientes

Fornecedores

Comunidade

Diretrizes Meritum (1998 – 2002) Objetivos estratégicos

Recursos intangíveis

Atividades intangíveis

Modelo de Direção Estratégica de Competências (Bueno, 1998)

Capital humano

Capital organizacional

Capital tecnológico

Capital relacional

Modelo de Gestão do Conhecimento

(Arthur Andersen, 1999)

Perspectiva individual

Perspectiva organizacional

Modelo de Criação, Mensuração e Gestão de Intangíveis (Bueno, 2001)

Capital humano

Capital organizacional

Capital tecnológico

Capital relacional

ICBS (Viedma, 2001) Modelo de excelência

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 141

Benchmarking competitivo

Competências de benchmarking

Fonte: (IADE – CIC, 2003)

Em Subramaniam e Youndt (2005), tem-se que em nível básico, a separação conceitual dos três componentes do CI é evidente em como cada aspecto acumula e distribui conhecimentos de forma diferente, seja através de (i) pessoas singulares, (ii) estruturas organizacionais, processos e sistemas, ou (iii) relações e redes. Ainda para os autores, um resultado natural dessas diferenças é que cada um dos aspectos do CI requer espécies únicas de investimentos (YOUNDT et al., 2004), como por exemplo capital humano requer contratação, treinamento e retenção de funcionários; capital organizacional exige a criação de dispositivos de conhecimento recorrentes de armazenamento estruturado e práticas; equidade social requer o desenvolvimento de normas para facilitar as interações, relacionamentos e colaboração. E, apesar das diferenças, diversos aspectos do CI nem sempre são encontrados em pacotes separados. Então, esses diferentes aspectos, tanto individualmente, como em conjunto posicionam o conhecimento organizacional.

Em uma perspectiva ampla, Edvinson (2013, p. 170) atribui ao capital intelectual um “estudo interdisciplinar sistemático, chamado ciência de sistemas de capital intelectual, em que os recursos intelectuais podem ser identificados, consolidados, compartilhados e utilizados para um bem maior, a níveis individual, organizacional e social.”

3 CAPACIDADES DINÂMICAS

3.1 Teoria dos Recursos

A origem das capacidades dinâmicas (CD) está vinculada à Teoria dos Recursos ou Visão Baseada em Recursos (RBV). A perspectiva dos recursos define a empresa como um conjunto de recursos heterogêneos distribuídos através da organização. A chave da vantagem competitiva reside na posse de um conjunto de recursos próprios que são difíceis de copiar. O modo como se empregam os recursos significa que há especial ênfase nas capacidades e habilidades que devem criar as organizações para extrair um maior benefício de seus recursos (AMIT & SCHOEMAKER, 1993; GRANT 1991, 1997; PRAHALAD & HAMEL, 1990; WERNELFELT, 1984, 1995).

Baseado em seus precursores - quadro 3 antecedentes - a teoria dos recursos vem a confirmar a importância e validade da análise baseada na força competitiva dos fatores endógenos da empresa. A empresa, como qualquer organização, cresce porque tem a possibilidade de usar recursos ociosos e buscar novas aplicações. Esta busca de novas oportunidades conduzirá a empresa a adquirir recursos complementares aos seus, ao qual incrementará seu estoque de recursos e, por conseguinte, seu poder de expansão (BUENO, MORCILLO & SALMADOR, 2005).

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Quadro 3 – Antecedentes da Teoria dos Recursos: Alguns Marcos

Autor Ano Marco

Ricardo 1817 Rendas “ricardianas”

Chamberlin Robinson

1933 Competência monopolística.

Classificação da teoria do monopólio.

Coase 1937 A competência imperfeita implica novas fórmulas de regulação para obter custos mais baixos.

Stigler 1951 Através da regulação pública que afeta a livre competência, os empresários tentam obter umas vantagens e benefícios a seu favor.

Selznick 1957 Introduz a expressão “competências distintivas”.

Penrose 1958 O crescimento da empresa depende da existência e adequação de uns serviços gerais próprios à companhia.

Ansoff 1965 As competências especificam as habilidades e recursos que diferenciam o êxito ou fracasso nas distintas classes de negócios.

Andrews 1971 As competências corporativas distintivas constituem o desenvolvimento de recursos e capacidades que favorecem a consecução de objetivos.

Richardson 1972 As atividades da organização devem adequar as capacidades, ou seja, aos conhecimentos, experiências e habilidades requeridas.

Rubin 1972 A empresa é uma coleção de atividades ou recursos.

Wernerfelt 1984 A eficiência da empresa depende dos recursos e capacidades distintivas que esta domina, e estes últimos são fonte de energia e de vantagem competitiva.

Fonte: Bueno, Morcillo e Salmador (2005).

Grant (1991) afirma que os recursos são inputs do processo de produção e os classifica em três categorias básicas: tangíveis (físicos e financeiros); intangíveis (tecnologia, reputação e cultura); e, humanos (conhecimentos, habilidades e capacidades de comunicação, relação e motivação). Em Barney (1991), tem-se que os recursos da empresa incluem todos os ativos, capacidades, processos organizacionais, atributos da empresa, informação, conhecimento, etc., controlados pela empresa, que permitem conceber e implantar estratégias que melhoram sua eficiência e eficácia.

Para Moreno (2004), a tipologia de recursos e capacidades está centrada na obtenção de sinergias derivadas do bom uso e da combinação dos tangíveis imobilizados (instalações, bens de capital, etc.) que se unem com as capacidades organizacionais e de direção, também destrezas e habilidades pessoais. Neste sentido, os recursos estratégicos tangíveis e intangíveis transformam-se em competências essenciais que por sua vez são dinamizadas pelas capacidades e tornam-se vantagens competitivas sustentáveis (BUENO & MORCILLO, 1993).

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A VRB pode ser posicionada de forma natural na hierarquia da empresa, pois se conecta a estratégia desta e contribui para o desempenho corporativo sustentável e vantagens competitivas. Isso pode não ocorrer diretamente, mas dentro de interações entre ativos e capacidades, onde estas transformam resultados (outputs) em valor agregado (KRISTANDL & BONTIS, 2007).

2.2 Teoria das Capacidades Dinâmicas

O pensamento sobre capacidades dinâmicas foi desenvolvido na literatura e estendido nos estudos de Teece, Pisano & Shuen (1997) em seu artigo seminal considerado a fonte mais influente sobre capacidades dinâmicas, juntamente com o seu framework recente sobre estas (TEECE, 2007).

Capacidades dinâmicas emergem como um complemento à VRB em uma tentativa de explicar a vantagem competitiva em ambientes de rápidas mudanças. Há uma grande preocupação com o dinamismo, que procura discursar como as competências são renovadas todo o tempo para fornecer respostas inovadoras às mudanças do mercado (HSU & WANG, 2012). A análise das capacidades tem levado à concepção e desenvolvimento de uma teoria das capacidades dinâmicas que reside em uma permanente regeneração daqueles elementos que permitem identificar as bases sobre as quais se criam, mantém e reforçam as vantagens competitivas. A aproximação tradicional da VRB encarrega-se do conteúdo dos recursos, enquanto que a aproximação dinâmica ocupa-se da utilização destes (BUENO, MORCILLO & SALMADOR, 2005).

Com base nos estudos de Eisenhardt & Martin (2000); Helfat (1997; 2000); Teece, Pisano & Shuen (1997), considerados como mais relevantes no panorama das capacidades dinâmicas (ROSSATO, SOUZA & VARVAKIS, 2012), vários autores têm convergido sobre as definições de capacidades dinâmicas, conforme quadro 4.

Quadro 4 - Definições sobre Capacidades Dinâmicas em Ordem Cronológica

Autor/Ano Definição

Collins (1994) A capacidade de desenvolver a capacidade de inovar mais rápido ou melhor e assim por diante.

Teece; Pisano (1994)

Subconjunto de competências ou capacidades que permitem a empresa criar novos produtos e processos, respondendo, assim, às circunstâncias de mudança do mercado.

Pisano (1994) Argumenta que a capacidade de alterar os recursos organizacionais é uma história de rotinas estratégicas através da qual os gestores alteram a base dos recursos da empresa (adquirem e se desfazem de recursos, integram todos conjuntamente e os combinam) para gerar novas estratégias para a criação de valor.

Henderson; Cockburn (1994)

Apresentam as "Competências Arquitetônicas" como os arquitetos que estão atrás da criação, evolução e recombinação dos recursos em busca de novas origens de vantagem competitiva.

Teece; Pisano; Habilidade da empresa de integrar, construir e reconfigurar competências internas e externas para tratar mudanças

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Autor/Ano Definição

Schuen (1997) ambientais rápidas.

Helfat (1997) O subconjunto das competências/capacidades que permitem à empresa criar novos produtos, processos e repostas às circunstâncias de mudanças do mercado.

Zahra (1999) Capacidades que podem ser utilizadas como plataformas, desde as que oferecem novos produtos, bens e serviços, quando a mudança é a norma.

Eisenhardt; Martin (2000)

As rotinas e estratégias organizacionais pelo qual empresas alcançam novas configurações de recursos em mercados que emergem, colidem, evoluem e morrem.

Helfat; Raubitschek (2000)

Habilidade das empresas para inovar e adaptar-se às mudanças em tecnologias e mercados, incluindo a habilidade de aprender com os erros.

Cockburn; Henderson; Stern (2000)

A vantagem competitiva de uma empresa é derivada da resposta estratégica da empresa aos ambientes de mudança ou a nova informação sobre oportunidades de benefício.

Zajac; Kraatz; Besser (2000)

Capacidade da organização de realizar as mudanças necessárias quando se enfrenta a necessidade de mudar (definida por contingências ambientais e organizacionais), cujo resultado é um maior benefício.

Griffith; Harvey (2001)

A criação da dificuldade de imitar a combinação de recursos, incluindo coordenação efetiva dos relacionamentos interorganizacionais, em uma base global que fornece à empresa vantagem competitiva.

Makadok (2001) Mostra a "importância de um mecanismo alternativo de geração de renda (schumpeteriana), denominado construção de capacidades, diferente da seleção de recursos" (obtenção de rendas ricardianas).

Rindova; Kotha (2001)

Utilizam o termo "Metamorfose Contínua" para se referir a profundas transformações que tem lugar dentro da empresa para mudar o ajuste dinâmico entre os recursos da empresa e os fatores externos associados a um ambiente de mudanças.

Zollo; Winter (2002) Um aprendizado e padrão estável de atividade coletiva que a organização sistematicamente gera e modifica suas rotinas operacionais em busca de melhoria da eficácia.

Zahra; George (2002)

Permitem a empresa reconfigurar suas bases de recursos e adaptar-se às condições do mercado com o objetivo de alcançar uma vantagem competitiva.

Lee; Lee; Rho (2002)

Uma fonte de vantagem competitiva em regimes Schumpeterianos de rápidas mudanças.

Aragón-Correa; Sharma (2003)

Trata-se de capacidades que surgem a partir da implantação de "estratégias proativas" que permitem a organização se alinhar com as mudanças no ambiente empresarial global.

Helfat; Peteraf Por definição, as Capacidades Dinâmicas implicam adaptação e mudança, porque constroem, integram e reconfiguram

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 145

Autor/Ano Definição

(2003) outros recursos ou capacidades.

Winter (2003) Descreve as Capacidades Dinâmicas como capacidades organizativas (rotinas de alto nível ou conjunto de rotinas) afetadas pela mudança e que podem mudar o produto, o processo de produção, a escala, ou os clientes (mercados) atendidos.

Macpherson; Jones; Zhang (2004)

A habilidade dos gestores para criar respostas inovativas às mudanças do ambiente de negócios.

Zahra; Sapienza; Davidsson (2006)

O processo de reconfigurar os recursos da empresa e rotinas operacionais em um modo visionário e considerado apropriado pelos tomadores de decisões.

Nielsen (2006) Uma extensão da RBV, onde a empresa é considerada uma coleção de recursos, ex. tecnologias, habilidades e recursos baseados no conhecimento.

Zahra et. al. (2006) Capacidade para reconfigurar os recursos e rotinas de uma empresa na forma prevista e considerada como a mais apropriada por seu principal decisor... "Presença de problemas que alteram rapidamente" para os quais a empresa conta com "a habilidade de mudar a forma em que soluciona seus problemas (uma capacidade dinâmica de ordem superior de alterar capacidades)"... mediante a "habilidade dinâmica de mudar, reconfigurar suas capacidades organizativas existentes".

Wang; Ahmed (2007)

Um comportamento da empresa orientado constantemente para integrar, reconfigurar, renovar e recriar seus recursos e capacidades, e atualizar e reconstruir capacidades essenciais em resposta.

Teece (2007) Dificuldade de replicar capacidades da empresa requeridas para adaptar as mudanças dos clientes e oportunidades tecnológicas.

Helfat et al. (2007) A capacidade de uma organização de, propositalmente, criar, estender ou modificar sua base de recursos.

Augier; Teece (2007)

Capacidade (inimitável) com a qual a empresa conta para formar, reformar, configurar e reconfigurar sua base de ativos para poder responder às mudanças em mercados e tecnologias.

Oliver; Holzinger (2008)

Refere-se à habilidade das empresas de manter ou criar valor mediante o desenvolvimento e implantação de competências internas que maximizem a congruência com os requisitos de um ambiente de mudança.

Ambrosini; Bowman; Collier (2009)

Há três níveis de capacidades dinâmicas relacionados à percepção dos gestores no dinamismo ambiental. No primeiro nível encontram-se capacidades dinâmicas incrementais..., no segundo nível as capacidades dinâmicas são renovadas..., no terceiro nível as capacidades dinâmicas são regeneradas.

Fonte: Hsu e Wang (2012); Rossato, Souza e Varvakis (2012).

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Em decorrência às definições, pode-se entender capacidades dinâmicas como um processo para obter resposta ao mercado e vantagem competitiva, mediante a reconfiguração de recursos valiosos, raros, inimitáveis e não substituíveis, com variação da sua natureza de acordo com o tempo e contexto.

3 COMPONENTES DO CAPITAL INTELECTUAL E CAPACIDADES DINÂMICAS

A análise do capital intelectual como conjunto de recursos dinamizador é apresentada a partir do consenso teórico sobre os componentes do capital intelectual sendo o capital humano, o capital estrutural e o capital relacional, e suas respectivas variáveis. Desta forma, busca-se relacionar conceitualmente tais componentes com a abordagem das capacidades dinâmicas, uma vez que se argumenta que tais capacidades possuem um efeito dinamizador no capital intelectual nas organizações.

No que tange ao capital humano e suas variáveis, Hsu e Wang (2012) argumentam que as capacidades dinâmicas mediam os efeitos do capital humano na performance da empresa. Para estes autores, capacidade dinâmica é um framework que sugere como uma organização pode alcançar vantagem competitiva e melhorar sua performance. Neste sentido, com base na visão das capacidades dinâmicas, uma organização precisa garantir que o capital humano que leva à vantagem competitiva, seja constantemente atualizado de forma que outros concorrentes sejam incapazes de imitá-lo, assim, o capital humano é de natureza dinâmica. Para Nieves e Haller (2014) um alto nível de capital humano encoraja o desenvolvimento das capacidades dinâmicas, de forma que são os recursos que incorporam a organização do conhecimento estrategicamente relevante e habilidades pertinentes que estão ligados a alcançar os objetivos organizacionais através das pessoas. Estudos que explicitam variáveis de capital humano como o conhecimento são expostos por Anderson e McAdam (2007). Neste sentido, os ativos com base no conhecimento e na criação de estratégias tornam-se importantes capacidades em ambientes dinâmicos. Andreou, Green e Stankosky (2007) demonstram que o valor econômico de uma empresa resulta das suas capacidades coletivas expressas por conhecimento, habilidade, competência e know-how dos funcionários (capital humano). Nesta visão, Bakhru (2004) argumenta que o valor do conhecimento dos indivíduos é reconhecido a partir da perspectiva baseada nas capacidades.

Sobre o capital relacional, as capacidades dinâmicas tendem a ser a chave de relacionamento que formam coletivamente e são inevitavelmente influenciadas pelo capital relacional em redes de relacionamentos. Como exemplo, as Empresas do Vale do Silício, que efetivamente redistribuem e reconfiguram seus recursos através do desenvolvimento de parcerias de longo prazo com os fornecedores. Esses estudos indicam que capacidades dinâmicas são geradas por meio de investimentos em capital relacional (HSU e WANG, 2012). Para Jardon e Martos (2012), o capital relacional tem um efeito maior do que os recursos tangíveis sobre as capacidades da organização. Já na visão de Marti (2004), o capital social é a soma dos recursos e capacidades que pertencem à rede de organizações que a empresa inteligente constrói a fim de competir com sucesso.

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Zarelli e Varvakis

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Em relação ao capital estrutural, Jansen et al. (2009) o reconhece como o conhecimento captado pela empresa e incorporado nas rotinas, práticas eprocessos organizacionais. Se uma organização é vista como um conjunto de recursos, as capacidades dinâmicas constituem a base das funções de transformação dos recursos organizacionais para o desempenho em forma de processos e sistemas da organização que entregam valor superior ao dos concorrentes; tal transformação é implementada de forma rápida e criativa, de acordo com as mudanças ambientais (HSU e WANG, 2012). Em Sher e Lee (2004), as capacidades dinâmicas referem-se às formas da organização de responder rapidamente ao ambiente. Devem ser estabelecidas no núcleo dos processos de gestão estratégica, em que são um conjunto específico e identificável de processos, tais como desenvolvimento de produtos, tomada de decisões estratégicas e alianças. Jardon e Martos (2012) afirmam que diferentes autores consideram capacidades organizacionais dentro do capital estrutural. Nesta visão, quando a capacidade organizacional é formalizada como parte da operação da empresa, torna-se então recurso e pode pertencer ao capital estrutural. Bakar e Ahmad (2010) consideram a reputação do produto da empresa um forte indicador do ponto de vista da Visão baseada em Recursos, pela dificuldade em adquirir e replicar, sendo considerado um capital estrutural.

Além das constatações sobre o papel dos capitais humano, estrutural e relacional como capacidades dinâmicas, é importante inserir o capital de inovação como capacidade para apresentar oportunidade de crescimento, bem como permitir vantagem competitiva (BAKHRU, 2004).

De forma geral, Jardon e Martos (2012) apontam que um conjunto de recursos constitui uma capacidade organizacional, que é a capacidade de empresa de implantar recursos para um resultado final desejado. Os autores também mencionam que os recursos são inter-relacionados, “fatores externos, recursos e capacidades separadamente não conferem vantagem competitiva, porque devem trabalhar juntos para construir competências essenciais” (JARDON e MATOS, 2012, p.476). A combinação das capacidades dinâmicas e do capital intelectual abre um novo domínio teórico sobre estratégia dinâmica (HSU e WANG, 2012).

4 CONCLUSÕES

Este estudo buscou analisar o capital intelectual como conjunto de recursos dinamizador em organizações. No que tange ao capital intelectual identificou-se que a literatura reconhece os componentes capital humano, capital estrutural e capital relacional, como conjunto de recursos intangíveis capaz de propiciar à organização vantagem competitiva.

Quanto às capacidades dinâmicas, verificou-se como um processo para obter resposta ao mercado e vantagem competitiva, mediante a reconfiguração de recursos valiosos, raros, inimitáveis e não substituíveis, com variação da sua natureza de acordo com o tempo e contexto.

Assim como apontado na análise dos componentes, o capital intelectual e as capacidades dinâmicas raramente são estudados juntos, principalmente no contexto nacional e na língua portuguesa. Este estudo buscou apresentar a

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natureza do conjunto de recursos intangíveis expostos nos componentes do capital intelectual, levantando indícios do seu papel dinamizador em organizações a partir das relações conceituais.

Algumas variáveis dos elementos do capital intelectual foram evidenciadas na relação conceitual entre os construtos. Estudos que identifiquem outras variáveis são recomendadas. Além disso, pesquisas empíricas nos diversos contextos organizacionais (PMEs – Pequenas e Médias Empresas; Organizações em Redes; Start-ups; Processos Organizacionais; Universidades, dentre outros) são importantes para validar o objetivo proposto.

As limitações derivadas da natureza teórica do construto e a quantidade de variáveis do capital intelectual e das capacidades dinâmicas também apresentam-se como ponto de partida para novos estudos sobre o tema, bem como análises quantitativas das relações estabelecidas, visando corroborar o argumento principal, do capital intelectual como capacidade dinâmica em organizações.

Conclusivamente, este artigo apresentou um arcabouço teórico sobre os construtos discutidos, no sentido de contribuir para possíveis lacunas e oportunidades futuras de pesquisas.

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8 MODELO PARA ANÁLISE DA INFLUÊNCIA

DO CAPITAL INTELECTUAL SOBRE A PERFORMANCE DOS PROJETOS DE

SOFTWARE

Adriano Coser

Aran Bey Tcholakian Morales

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1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento deste trabalho está centrado na ideia de que a geração e a aplicação eficazes do capital intelectual são fatores essenciais para o enfrentamento dos problemas da engenharia de software contemporânea, e visa contribuir para a análise dos efeitos da utilização desse capital na atividade de desenvolvimento de software ou, mais especificamente, na performance dos projetos de software.

As organizações que desenvolvem e mantêm produtos de software, as chamadas organizações de software, enfrentam constantes desafios associados à demanda por aplicações cada vez mais complexas e entregues em prazos menores, à introdução frequente de novas tecnologias e aos critérios de qualidade sempre mais exigentes (ALTHOFF, BOMARIUS, & TAUTZ, 2000; SHARIF, ZAKARIA, ALI, & ROZAN, 2005). Essas organizações seguem relatando problemas associados aos custos elevados, aos prazos de entrega não cumpridos e às deficiências de qualidade dos produtos gerados (CAMPBELL & SOBEL, 2008).

A maior parte do software desenvolvido profissionalmente é concebida pela execução de projetos de desenvolvimento de software, ou simplesmente, projetos de software (SOMMERVILLE, 2007), organizações temporárias que visam à produção de novo um software ou à evolução de um software existente, atendendo às especificações fornecidas pelo cliente (CHEMUTURI & CAGLEY JR., 2010; PMI, 2008). Cada projeto realiza o seu ciclo de vida no contexto de uma organização de software, que fornece os recursos necessários à sua execução.

Na medida em que as organizações de software orientam as suas atividades pela realização de projetos, os seus índices de sucesso passam a ser condicionados, em grande parte, pelos resultados produzidos por esses projetos (SHENHAR, 2001). Torna-se imprescindível, então, o conhecimento acerca dos fatores que influenciam ou determinam a performance dos mesmos (BANNERMAN, 2008). Esse conhecimento habilita os gestores a reforçar os elementos tidos como propulsores da performance e a enfraquecer os elementos considerados inibidores da mesma (BANNERMAN, 2008).

Entre os possíveis fatores influentes da performance, este estudo foca nos insumos baseados em conhecimento empregados na execução dos projetos. O desenvolvimento de software é uma atividade intensiva em conhecimento (AJILA e SUN, 2004; DINGSOYR et al., 2005; Z. LIU e WANG, 2011), fazendo com que os insumos aplicados à execução de um projeto de software sejam, predominantemente, de natureza intelectual. Segundo Ajila e Sun (2004), o sucesso do desenvolvimento de um produto de software depende fortemente de como os desenvolvedores utilizam o conhecimento presente na organização. O reconhecimento da estrutura e do conteúdo desse material intelectual é um fator importante para melhorar os resultados produzidos (AURUM et al., 2008).

Para representar os insumos baseados em conhecimento, este trabalho recorre ao arcabouço teórico do Capital Intelectual, que apoia a elaboração dos construtos teóricos do capital humano, do capital estrutural e do capital

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relacional no contexto dos projetos de software. Esses construtos são estudados como influentes do construto teórico da performance do projeto, elaborado a partir da combinação das conceitualizações publicadas por outros autores. Um questionário destinado à mensuração dos construtos é aplicado no levantamento de dados sobre projetos executados por empresas de software da Grande Florianópolis, um polo tecnológico com importância reconhecida nacional e internacionalmente.

Os dados coletados são analisados pela modelagem de equações estruturais, uma extensão de métodos da estatística multivariada, mais precisamente da regressão múltipla e da análise fatorial (HAIR et al., 2005). Dentre as abordagens disponíveis, emprega-se a dos mínimos quadrados parciais (PLS-SEM), adequada à verificação de modelos teóricos ainda não consolidados, por se tratar de uma técnica mais exploratória do que confirmatória (VINZI et al., 2010).

A próxima seção apresenta os fundamentos teóricos que sustentam o desenvolvimento deste trabalho, representados por duas áreas de estudo: a performance do projeto de software e o capital intelectual. Na terceira seção são descritos os procedimentos metodológicos empregados, com especial atenção aos métodos estatísticos necessários à validação do modelo. A quarta seção traz o desenvolvimento do modelo teórico, que envolve a definição dos construtos e o estabelecimento de hipóteses sobre as relações entre os elementos do fenômeno estudado. A quinta seção apresenta os resultados da análise estatística do modelo a partir dos dados coletados. A sexta seção traz as considerações finais do trabalho.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Performance do Projeto de Software

O projeto é um importante veículo para o desenvolvimento de produtos e para a aplicação de mudanças nas organizações. Desta forma, o projeto torna-se um elemento crítico para impulsionar ou inibir o crescimento de uma organização, dependendo da performance alcançada na sua execução. (BANNERMAN, 2008).

Apesar das décadas de experiência no gerenciamento de projetos de software, problemas associados ao não cumprimento de prazos e orçamentos, à falta de qualidade do produto e à insatisfação dos usuários, que caracterizaram a chamada “crise do software” nos anos 60, continuam a prejudicar as organizações (NIDUMOLU, 1996; J. JIANG, 2004). Torna-se imprescindível, portanto, o incremento das práticas de gerenciamento de projetos de software e a evolução dos métodos para avaliar a sua performance (BARCLAY, 2008).

Mas o que caracteriza um projeto bem sucedido? Em uma era onde os projetos são cada vez mais comuns nas organizações, essa questão é mais relevante que nunca. No entanto, não existe um modelo conceitual universalmente aceito para definir o que é uma performance de sucesso em um projeto (SHENHAR, 2001). Há um consenso emergente entre os pesquisadores de que é muito limitada a avaliação da performance com base somente nas medidas de tempo, custo e escopo entregue (BARCLAY & OSEI-

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BRYSON, 2010). Embora essa abordagem seja correta e apropriada em muitos casos, especialmente quando o tempo para o lançamento do produto é crítico, ela não é suficiente para a maioria dos projetos (SHENHAR, 2001).

Como a performance do projeto é vista de diferentes modos por cada parte interessada – contratantes, patrocinadores, gestores do projeto, membros da equipe e clientes – é desejável que o seu conceito incorpore uma ampla gama de aspectos. É razoável assumir, então, que este fenômeno complexo deve envolver vários construtos inter-relacionados, cobrindo diferentes dimensões e perspectivas. (JIANG, 2004; BARCLAY, 2008). Assim, a performance do projeto tem sido tratada frequentemente como a combinação de eficiência, efetividade e aspectos organizacionais. Os aspectos organizacionais incluem o conhecimento adquirido pela organização, as relações interpessoais estabelecidas, e a habilidade de controlar os recursos aplicados pelo projeto (JIANG, 2004). Na sua definição, JONES (1996) considera tais fatores, tratando a performance como “a extensão em que o grupo atinge ou supera seus padrões, as saídas produzidas, o comprometimento organizacional, e a satisfação dos seus membros”.

As definições acima fundamentam o modelo conceitual proposto neste trabalho, que trata a performance como a combinação de três dimensões: eficiência, efetividade e contribuição para o futuro.

2.1 Capital Intelectual

O conceito de capital intelectual está intimamente ligado às organizações intensivas em conhecimento ou, simplesmente, organizações do conhecimento, que usam o conhecimento como fonte de vantagem competitiva (EDVINSSON & SULLIVAN, 1996) e entre as quais estão incluídas as organizações de software (Z. LIU & WANG, 2011). Em essência, as organizações do conhecimento são aquelas que geram resultados pela comercialização do conhecimento criado pelos seus recursos humanos; e o capital intelectual, para essas firmas, “é o conhecimento que pode ser convertido em valor” (EDVINSSON & SULLIVAN, 1996). Segundo RODRIGUES et al (2009), o aumento da importância atribuída ao capital intelectual está associado à emergência da economia do conhecimento e ao reconhecimento, por parte das comunidades científica, empresarial e política, do impacto desse intangível no desempenho de pessoas, empresas e países.

O termo capital intelectual foi primeiramente publicado em 1969 por John Kenneth Galbraith, cujo conceito incorporava um grau de “ação intelectual”, ao invés de considerar simplesmente o intelecto (EDVINSSON e SULLIVAN, 1996). Stam (2005) define o capital intelectual como um conceito que trata da identificação, mensuração e gerenciamento de intangíveis. Segundo Bontis (1999), o capital intelectual pode ser definido como a coleção dos recursos intangíveis de uma organização e dos fluxos entre esses recursos (BONTIS, 1999b).

Para Stewart (1998), o capital intelectual pode ser considerado como a soma de todos os conhecimentos e capacidades que podem ser utilizadas para fornecer vantagem competitiva a uma organização. Esse conjunto de conhecimentos e capacidades está distribuído: (i) nas pessoas que compõem a

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organização; (ii) nas bases de dados, processos de negócio, sistemas e outras estruturas da organização; e (iii) nas relações que permeiam a organização (YOUNDT, SUBRAMANIAM e SNELL, 2004). Essas diferentes formas de manifestação do capital intelectual são convencionalmente denominadas de capital humano, capital estrutural e capital relacional, respectivamente (CABRITA e BONTIS, 2008; CLEARY, 2009; SHARABATI et al., 2010; YOUNDT et al., 2004).

2.2.1 Capital Humano

O capital humano é inerente às pessoas que formam a organização. É resultado da combinação de atributos como conhecimentos, habilidades, atitudes e relacionamentos e é encontrado nas mentes, corpos e ações dos indivíduos (YUSOFF et al., 2004). É a coleção dos recursos intangíveis carregados pelos membros da organização (BONTIS, 1999b).

O capital humano é muito importante para as organizações porque é a partir dele nasce a inovação e a renovação estratégica. Algumas máquinas podem automatizar muitas atividades, mas não pensam e não inventam. O ser humano é naturalmente inventivo e essa habilidade pode se manifestar a qualquer momento e revolucionar desde pequenos processos, até as macroestratégias da organização. (BONTIS, 1998; STEWART, 1998).

2.2.2 Capital Estrutural

Segundo Stewart (1998), este é o componente do capital intelectual que “pertence à empresa como um todo, podendo ser reproduzido e divido”. Também chamado de capital organizacional, representa o conhecimento institucionalizado e a experiência codificada, armazenados em bases de dados, rotinas, patentes, manuais, estruturas organizacionais e outros (YOUNDT, SUBRAMANIAM e SNELL, 2004), que permanecem na organização independente da volatilidade do capital humano. A essência do capital estrutural é o conhecimento embutido nas rotinas de uma organização, residindo seu escopo no interior da organização, mas externamente ao capital humano (BONTIS, 1998, 1999a).

De acordo com Pablos (2004), para se manterem competitivas, as organizações precisam converter os conhecimentos chave dos seus colaboradores, bem como as consequências das suas relações com outros agentes (acionistas, clientes, fornecedores, etc.) em um conhecimento próprio da organização – o capital estrutural. Esse conhecimento, institucionalizado e codificado, pode ser utilizado em qualquer ponto da organização, mesmo após a perda de colaboradores importantes ou a quebra de algum contrato de fornecimento.

2.2.3 Capital Relacional

O capital relacional pode ser definido como o conhecimento derivado das relações com quaisquer entidades que influenciam a vida de uma organização (CABRITA e BONTIS, 2008; CHI, CHAN e LEE, 1998) e com o ambiente em que ela está inserida (MARTÍNEZ-TORRES, 2006). Além de considerar as relações externas, Youndt, Subramaniam e Snell (2004) atribuem também ao capital relacional o conhecimento derivado das redes de

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relacionamento internas à organização, ou seja, das relações entre os seus empregados.

3. METODOLOGIA

3.1 Elaboração do Modelo Teórico

Devido à sua complexidade e abrangência, tanto os elementos do capital intelectual quanto a performance do projeto de software têm sido descritos como construtos multidimensionais (GUBIANI, 2011; MARTÍNEZ-TORRES, 2006; REN, 2009; RODRIGUES et al., 2009; SECUNDO et al., 2010; NIDUMOLU, 1996; SHENHAR, 2001). A mesma abordagem foi adotada na elaboração dos construtos elaborados neste trabalho, caracterizando um modelo de segunda ordem.

3.2 Coleta de Dados

O questionário que operacionaliza o modelo teórico é destinado à mensuração de aspectos inerentes à execução de um projeto de software. O projeto caracteriza, então, o elemento amostral do estudo. Foi escolhida como população de interesse o polo de empresas de base tecnológica da Grande de Florianópolis, em Santa Catarina. Foram consideradas nesta pesquisa as empresas filiadas à Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (ACATE), a mais antiga e importante instituição de coordenação do setor de tecnologia (LINS, 2005; XAVIER, 2010). De um total de 281 empresas listadas na página da associação na Internet (ACATE, 2012), foram selecionadas as 180 empresas da referida região cuja atuação inclui a atividade de desenvolvimento de software.

Uma carta-convite foi enviada por correio eletrônico para as empresas selecionadas, solicitando que fossem escolhidos até dois projetos de desenvolvimento de software encerrados há menos de um ano. Para cada projeto, a empresa foi solicitada a selecionar um respondente que conhecesse bem a organização, a equipe do projeto, a forma como se deu o desenvolvimento e os resultados produzidos. O questionário, composto por 49 questões subjetivas avaliadas por uma escala somatória de 10 pontos, ficou disponível durante os meses de setembro a novembro de 2011.

3.3 Análise Estatística

A validação do modelo teórico foi realizada por meio da técnica de Modelagem de Equações Estruturais (SEM), uma extensão de métodos da estatística multivariada que permite a representação e a estimação das variáveis latentes e das relações de hierarquia e dependência entre as mesmas (HAIR et al., 2005). Tais características permitem que teorias e conceitos completos sejam testados em um modelo único, o que tem difundido o uso de SEM em diversas áreas (HAIR, RINGLE e SARSTEDT, 2011; J. HENSELER e RINGLE, 2009).

A análise dos modelos de equações estruturais pode ser conduzida por duas famílias de técnicas: (i) a análise baseada em covariância (CB-SEM); e (ii) a análise baseada na variância, sendo a técnica dos Mínimos Quadrados Parciais (PLS-SEM) a mais representativa desta família (HENSELER e RINGLE, 2009). O método PLS-SEM é um algoritmo iterativo que resolve

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isoladamente os blocos do modelo de mensuração – sendo cada bloco constituído por uma variável latente e por seus indicadores – e, num segundo passo, estima os coeficientes de caminho do modelo estrutural (VINZI et al., 2010). A técnica PLS-SEM foi selecionada neste trabalho pela sua adequação ao tamanho da amostra disponível e pela sua característica exploratória, ideal para a verificação de teorias em desenvolvimento (HAIR, RINGLE, et al., 2011). Os principais passos do processo da análise baseada em PSL-SEM são descritos a seguir:

Criação do diagrama de caminhos: O software SmartPLS versão 2.0 (RINGLE et al., 2005) foi utilizado na criação do modelo de caminhos e nos passos subsequentes da análise. Após a importação dos dados de entrada, software foi utilizado para desenhar variáveis latentes, indicadores e caminhos de predição do modelo.

Avaliação do modelo de mensuração: O modelo de mensuração foi avaliado em termos de confiabilidade e validade. A confiabilidade foi verificada pelas cargas individuais dos indicadores e pela confiabilidade composta dos construtos (ρc), cujos valores mínimos devem ser 0,70. A validade foi verificada em termos de habilidade convergente e discriminante do modelo (HAIR, RINGLE, et al., 2011; HAIR, SARSTEDT, et al., 2011). Facilitado pelo software SmartPLS, o ajuste do modelo de mensuração se deu por um processo iterativo, com a reestimação do modelo a cada indicador eliminado. A cada iteração, as medidas de confiabilidade e validade foram reavaliadas, até que todos os critérios fossem satisfeitos.

Avaliação do modelo estrutural: Foram adotados os dois critérios de avaliação que, segundo (HAIR, RINGLE, et al., 2011), têm predominado nos estudos com PLS-SEM: a variância explicada dos construtos endógenos (R2) e o nível de significância dos coeficientes de caminho, avaliado pelo procedimento de amostragem bootstrapping. Além disso, o modelo teórico estabelece hipóteses sobre as correlações entre os elementos do capital intelectual, o que implica na necessidade de verificação da significância das correlações fornecidas pelos dados amostrais.

Interpretação do modelo: No último passo da análise estatística, as hipóteses levantadas no modelo teórico são avaliadas frente aos resultados fornecidos pelo modelo estatístico PLS-SEM. Para verificação das hipóteses sobre relações causais, são analisados os coeficientes de caminho do modelo. As hipóteses sobre as correlações entre construtos são verificadas pelos resultados do teste de significância das correlações de Pearson entre as variáveis latentes.

4. MODELO TEÓRICO

4.1 Arquitetura do Modelo

Seguindo a proposta de estudos anteriores (GUBIANI, 2011; MARTÍNEZ-TORRES, 2006; RODRIGUES et al., 2009), as dimensões do capital intelectual – capital humano, capital estrutural e capital relacional – são analisadas separadamente. Esses elementos são vistos como condicionantes da performance dos projetos de software. Desta forma, as três dimensões do

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capital intelectual, juntamente com a performance do projeto, são os construtos que constituem a arquitetura geral do modelo, como mostra a Figura 28.

Figura 28 - Arquitetura geral do modelo teórico.

A arquitetura do modelo é complementada pelas hipóteses acerca das relações entre os mesmos. Na fase de pesquisa bibliográfica não foram verificados estudos associando diretamente os conceitos do capital intelectual e da performance dos projetos de software. Existem, no entanto, diversos trabalhos que evidenciam o capital intelectual como fator influente da performance das organizações: SELEIM, ASHOUR e BONTIS (2004) verificaram relações positivas entre o capital intelectual a performance das organizações de software do Egito; o estudo de SHARABATI et al. (2010) revela uma forte correlação positiva entre o capital intelectual e a performance de empresas do setor farmacêutico; TSENG e GOO (2005) correlacionam positivamente o capital intelectual e o valor corporativo das empresas em uma economia emergente; e o estudo de CHEN et al. (2004) aponta forte correlação positiva entre o capital intelectual e a performance de empresas chinesas.

Sendo o projeto de software uma organização temporária que demanda recursos da organização de desenvolvimento de software, considera-se válida a seguinte ideia: se o capital intelectual influencia positivamente a performance das organizações em diferentes contextos, é provável que influencie também a performance de uma organização temporária, representada aqui pelo projeto de software. São formuladas, então, as seguintes hipóteses:

H1: O capital humano influencia positivamente a performance do projeto de software.

H2: O capital estrutural influencia positivamente a performance do projeto de software.

H3: O capital relacional influencia positivamente a performance do projeto de software.

Na literatura estudada, verifica-se um consenso em torno da ideia de que os capitais humano, estrutural e relacional estão interligados e de que a interação entre os mesmos é necessária para que ocorra o aumento do capital intelectual, como um todo, e a geração de valor para as organizações. Neste sentido, STEWART (1998) afirma que “o capital intelectual não é criado a partir de partes distintas de capital humano, estrutural e do cliente, mas do intercâmbio entre eles”. Para atingir as suas metas dentro da organização, o

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capital humano deve ser capaz de interagir com o capital estrutural e relacional (CABRITA e BONTIS, 2008; YUSOFF et al., 2004).

Na visão deste trabalho, o capital intelectual aplicado a um projeto de software representa uma porção do capital intelectual da organização em que o projeto é executado. Quando a organização temporária do projeto é iniciada, parte do seu capital intelectual já está constituída, porque foi desenvolvida previamente na organização principal e, então, alocada ao projeto. A partir da sua composição inicial, o capital intelectual associado ao projeto deve continuar a se desenvolver pela interação dos seus três componentes durante a execução do projeto. São formuladas, então, as seguintes hipóteses:

H4: O capital humano e o capital estrutural são positiva e significativamente correlacionados na execução de um projeto de software.

H5: O capital humano e o capital relacional são positiva e significativamente correlacionados na execução de um projeto de software.

H6: O capital estrutural e o capital relacional são positiva e significativamente correlacionados na execução de um projeto de software.

4.2 Definição dos Construtos

Nesta seção são apresentadas as definições constitutivas dos construtos de segunda ordem e dos construtos de primeira ordem que os constituem. Ao lado do nome dos construtos aparece, entre parêntesis, a variável latente associada ao modelo estatístico. Os indicadores, que definem operacionalmente os construtos de primeira ordem, são listados no Apêndice do artigo.

4.2.1 Capital Humano (CH)

É a combinação das competências e atitudes inerentes aos membros da equipe do projeto, incluindo também a estabilidade da composição da mesma.

Competência para o Projeto (COMP): É o potencial humano, na forma de conhecimentos, habilidades, experiências e formação, que é transportado pelos membros da equipe e que pode ser aplicado para alavancar a performance do projeto.

Atitude (ATIT): Representa os comportamentos demonstrados pela equipe durante a execução do projeto, incluindo capacidade de aprendizado, criatividade, inovação e satisfação pela participação no projeto.

Estabilidade da Equipe (ESTAB): Compreende aspectos relacionados à retenção de recursos humanos pela organização, avaliando os efeitos tanto da manutenção quanto da rotatividade de membros da equipe sobre a performance do projeto.

4.2.2 Capital Estrutural (CE)

Representa o conhecimento embutido na estrutura da organização de software e aplicado na execução dos projetos, incluindo a cultura, os processos, as bases de conhecimento e os sistemas de informação, que se mantêm na organização independente da permanência do capital humano.

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Cultura para o Projeto (CULT): Representa os aspectos da culturada organização de software relacionados à sua vocação para arealização de projetos e para a busca da melhor performance dasequipes.

Processos (PROC): Avalia os processos operacionais quepromovem a realização das atividades dos projetos por meio demétodos de trabalho considerados mais efetivos ao longo da históriada organização de software.

Codificação do Conhecimento (CONH): Representa osconhecimentos explícitos, que são gerados, armazenados ecompartilhados por meio dos processos de aprendizagemorganizacional e que podem ser aplicados em favor da performancedos projetos.

Sistemas de Informação (SI): Representam as ferramentas deinformática que suportam a geração, o armazenamento e atransmissão de informações no interior da organização e que podemser aplicadas a favor da performance dos projetos.

4.2.3 Capital Relacional (CR)

Representa as relações que permeiam a organização de software e influenciam a execução do projeto, estabelecidas dentro quanto além das fronteiras da organização.

Relação com o Cliente (CLIEN): Descreve aspectos dorelacionamento entre o cliente e a equipe do projeto, bem como entreo cliente e a organização de software, que podem influenciar aperformance do projeto.

Redes de Colaboração (COLAB): Trata dos relacionamentos decooperação que podem favorecer a performance do projeto desoftware, incluindo parcerias com organizações externas,colaborações com outros grupos da mesma organização e orelacionamento entre os membros da equipe do projeto.

4.2.4 Performance do Projeto (PERF)

Avalia a execução projeto, a qualidade dos produtos gerados e os benefícios trazidos para a organização de software e para outras partes interessadas.

Eficiência (EFIC): Avalia a forma como o projeto foi executado,considerando a produtividade da equipe e a aderência do projeto aosrecursos alocados.

Efetividade (EFET): Avalia a qualidade dos produtos gerados peloprojeto, o atendimento dos requisitos estabelecidos e a satisfação docliente com os resultados produzidos.

Contribuição para o Futuro (CONTR): Avalia os benefícios trazidospelo projeto na forma de preparação para os desafios futuros daorganização.

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5. VALIDAÇÃO DO MODELO

5.1 Características da Amostra

Foram coletados dados sobre 56 projetos, executados por 43 diferentes empresas. O número médio de funcionários das empresas pesquisadas é 124, dos quais 37, em média, atuam diretamente no desenvolvimento de software. A maioria das empresas é de pequeno porte, com até 50 funcionários. O tempo médio de atuação das empresas é de 12 anos e a maior parte tem entre cinco e 15 anos de experiência na construção de software. Quinze empresas contam com algum tipo de certificação do processo de desenvolvimento, com predominância dos modelos MPS/BR (seis empresas), ISO (seis empresas) e CMMI (quatro empresas). Em média, os respondentes trabalham na empresa atual há seis anos. Seu tempo médio de experiência em gestão de projetos, considerando também empregos anteriores, é de cinco anos.

O tamanho médio das equipes dos projetos avaliados é de oito pessoas, predominando as equipes entre seis e 15 pessoas. Mais da metade dos projetos da amostra tiveram duração de seis a 18 meses, com duração média de 15 meses. Quando ao modelo do processo de desenvolvimento, a maioria dos projetos (44,6%) segue uma abordagem ágil, enquanto 32% dos projetos empregam o modelo iterativo e incremental e apenas 12% empregam o modelo em cascata. Quanto ao tipo de produto desenvolvido, predomina o software personalizado, em que as funcionalidades e características são encomendadas por um cliente específico, o que ocorre em 64,3% dos projetos. Os outros 35,7% dos projetos desenvolveram produtos de prateleira (COTS).

5.2 Validação do Modelo de Mensuração

Tabela 1 – ρc, AVE e cargas padronizadas dos indicadores para as variáveis latentes.

Variável latente

No de

indicadores ρc AVE Indicadores

Cargas padronizadas (outter loadings)

CH 3 0,714 0,463 COMP ATIT ESTAB

0,760 0,744 0,505

COMP 5 0,805 0,463 CH1 CH2 CH3 CH4 CH5

0,845 0,670 0,709 0,407 0,695

ATIT 4 0,865 0,618 CH6 CH7 CH8 CH9

0,790 0,892 0,763 0,685

ESTAB 4 0,833 0,561 CH10 CH11 CH12 CH13

0,640 0,867 0,829 0,628

CE 4 0,877 0,708 CULT PROC CONH SI

0,901 0,818 0,679 0,793

CULT 3 0,835 0,631 CE1 CE2 CE3

0,679 0,866 0,826

PROC 4 0,882 0,654 CE7 CE8 CE9 CE10

0,820 0,834 0,882 0,684

CONH 3 0,927 0,810 CE11 CE12 CE13

0,940 0,931 0,825

SI 3 0,919 0,792 CE14 CE15 CE16

0,938 0,917 0,810

CR 2 0,854 0,745 CLIEN COLAB

0,950 0,769

CLIEN 4 0,870 0,638 CR1 CR2 CR3 CR4

0,915 0,841 0,887 0,470

COLAB 3 0,680 0,494 CR5 CR6 CR7

0,080 0,841 0,876

PERF 3 0,873 0,698 EFIC EFET CONTR

0,766 0,975 0,748

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EFIC 4 0,865 0,618 PF1 PF2 PF3 PF4

0,735 0,893 0,757 0,748

EFET 7 0,939 0,690 PF5 PF6 PF7 PF8 PF9 PF10 PF11

0,755 0,902 0,933 0,903 0,837 0,792 0,654

CONTR 6 0,815 0,427 PF12 PF13 PF14 PF15 PF16 PF17

0,589 0,741 0,727 0,692 0,551 0,593

A Tabela 1 apresenta os resultados da estimação inicial do modelo de mensuração. Para cada variável latente são mostrados o número de indicadores associados, a confiabilidade composta (ρc) e a variância extraída média (AVE). São apresentados também os valores das cargas padronizadas de cada indicador em relação à sua variável latente, sendo que as variáveis latentes de primeira ordem fazem também o papel de indicadores para as variáveis de segunda ordem.

O critério de validade diz respeito ao valor de ρc, que deve ser maior ou igual a 0,70 para todos os construtos. A validade convergente do modelo é indicada pelos valores de AVE, que deve ser sempre maior ou igual a 0,50. Os valores que indicam problemas de confiabilidade estão destacados em itálico e negrito na tabela. Somente a variável COLAB (Redes de Colaboração) apresentou ρc e AVE abaixo dos limites. A causa certamente é o indicador CR5, que possui uma carga padronizada quase nula e, portanto, é de baixíssima confiabilidade. A variável COMP (Competência para o Projeto) apresenta AVE abaixo do limite, causada pela baixa confiabilidade do indicador CH4.

Entre as variáveis de segunda ordem, apenas a variável CH apresenta AVE abaixo do limite, em função da carga pequena associada à variável latente ESTAB (Estabilidade da Equipe). Embora o bloco dessa variável seja consistente – a variável ESTAB apresenta valores altos para ρc e AVE, e seus indicadores têm cargas próximas ou superiores a 0.70 – sua contribuição para o bloco de segunda ordem não é coerente com as demais variáveis.

Tabela 2 - Valores finais para ρc, AVE e cargas dos indicadores para as variáveis latentes.

Variável latente

No de

indicadores ρc AVE Indicadores

Cargas padronizadas (outter loadings)

CH 2 0,774 0,632 COMP ATIT

0,766 0,823

COMP 4 0,815 0,530 CH1 CH2 CH3 CH4 CH5

0,874 0,582 0,671 0,754

ATIT 4 0,816 0,616 CH6 CH7 CH8 CH9

0,847 0,898 0,805 0,539

CE 4 0,867 0,692 CULT PROC CONH SI

0,855 0,793 0,701 0,797

CULT 3 0,858 0,669 CE1 CE2 CE3

0,727 0,879 0,841

PROC 4 0,887 0,663 CE7 CE8 CE9 CE10

0,829 0,840 0,867 0,712

CONH 3 0,922 0,798 CE11 CE12 CE13

0,939 0,929 0,806

SI 3 0,923 0,801 CE14 CE15 CE16

0,943 0,913 0,825

CR 2 0,846 0,737 CLIEN COLAB

0,955 0,749

CLIEN 4 0,866 0,630 CR1 CR2 CR3 CR4

0,910 0,850 0,870 0,462

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COLAB 2 0,811 0,684 CR6 CR7

0,761 0,887

PERF 3 0,873 0,696 EFIC EFET CONTR

0,798 0,969 0,721

EFIC 4 0,868 0,622 PF1 PF2 PF3 PF4

0,757 0,881 0,739 0,769

EFET 7 0,943 0,674 PF5 PF6 PF7 PF8 PF9 PF10 PF11

0,733 0,905 0,937 0,896 0,840 0,750 0,641

CONTR 4 0,806 0,513 PF13 PF14 PF15 PF16

0,695 0,826 0,730 0,596

A solução adotada para os problemas apontados é a eliminação dos indicadores com baixa confiabilidade. A restrição mais importante foi a eliminação do construto Estabilidade da Equipe, representado pela variável latente ESTAB e por seus quatro indicadores – CH10, CH11, CH12 e CH13. Foram eliminados também os seguintes indicadores: CH4 – pertencente à Competência para o Projeto; CR5 – pertencente às Redes de Colaboração; PF12 e PF17 – ambos pertencentes à Contribuição para o Futuro. Assim, a validação do modelo teórico segue com a ressalva da perda de parte da expressividade, mas com um modelo de mensuração confiável.

Após os ajustes descritos acima, o modelo de mensuração foi submetido aos testes de validade discriminante. A primeira verificação segue o critério das cargas cruzadas (cross loadings), que estabelece que a carga de um indicador para o seu construto deve ser maior que a sua carga para qualquer outro construto do modelo. O critério foi atendido para todos os indicadores do modelo.

O segundo teste da validade discriminante segue o critério de Fornell–Larcker, em que a AVE de cada construto deve ser maior que o quadrado da sua correlação com qualquer outro construto do modelo. O critério também foi atendido para todos os construtos do modelo.

5.2 Validação do Modelo Estrutural

Na Figura 29 são apresentados, no interior das elipses, os valores de variância explicada (R2) para todas as variáveis endógenas do modelo, o que exclui as variáveis CH, CE e CR, que não são causadas por outras variáveis do modelo. São consideradas também as variáveis de 1ª ordem, já que nos modelos reflexivos estas refletem as variáveis de 2ª ordem, gerando caminhos no modelo estrutural (WETZELS, 2009). Verifica-se que todas as variáveis latentes possuem valores de moderados a altos para R2, conforme graduação sugerida em (HAIR, RINGLE, ET AL., 2011), e bem acima do limite mínimo de 0,20, adotado em (MARTÍNEZ-TORRES, 2006).

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 169

Figura 29- R2 das variáveis endógenas e coeficientes de caminho β do modelo estrutural.

Merece atenção a variável PERF, sobre a qual recaem os principais efeitos do modelo estrutural, visto que ela representa a Performance do Projeto e é influenciada pelos três elementos do capital intelectual, representados nas variáveis CH, CE e CR. Constata-se que as relações de causa-efeito estabelecidas no modelo teórico explicam 57,7% da variância da variável PERF, o que confere ao modelo bom um poder explicativo (HAIR, RINGLE, et al., 2011).

Para as variáveis de primeira ordem, os valores de R2 indicam o quanto elas refletem os construtos principais. Destaca-se que, no Capital Estrutural, a subdimensão que melhor reflete o construto é a Cultura para o Projeto (CULT), enquanto a Codificação do Conhecimento (CONH) tem menor representatividade. O Capital Humano é refletido com intensidade semelhante nos construtos da Competência para o Projeto (COMP) e da Atitude (ATIT). O Capital Relacional é refletido mais intensamente pela Relação com o Cliente (CLIEN) e apenas moderadamente pelas Redes de Colaboração (COLAB). Finalmente, a Performance do Projeto é refletida mais pela Efetividade (EFET) do que pelos construtos Eficiência (EFIC) e Contribuição para o Futuro (CONTR).

A Figura 29 mostra também os coeficientes de caminho (β) para as relações causais do modelo, com as respectivas significâncias estatísticas.

5.3 Análise dos Resultados

O modelo estatístico PLS-SEM mostrou um bom poder explicativo sobre o construto da Performance do Projeto, com 57,7% da variância da variávellatente PERF explicada pela influência dos construtos do capital intelectual, representados nas variáveis CH, CE e CR. A capacidade explicativa do modelo tem magnitude semelhante a outros modelos que tratam da influência do capital intelectual sobre a performance organizacional em diferentes contextos: o modelo de Sharabati et al. (2010) explica 51,7% da performance deempresas do setor farmacêutico; Cabrita & Bontis (2008) explicam 44,5% da performance de empresas do setor bancário; o modelo de Bontis (1998) obtém

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 170

56% da variância explicada para a performance, considerando diversos setores industriais; e Cleary (2009) explica 24,9% da performance no setor de TIC. O poder explicativo do modelo sustenta que o capital intelectual é um fator determinante para a elevação dos níveis de performance dos projetos de software.

O capital humano apresentou uma influência positiva e significativa sobre a performance do projeto, confirmando a hipótese H1 do modelo teórico. O coeficiente β = 0,352 é de magnitude moderada e indica que o incremento de uma unidade no volume de capital humano provoca o aumento de 0,352 unidades na performance do projeto de software.

A relação de causalidade do capital estrutural para a performance do projeto também é positiva e significativa, confirmando a hipótese H2 do modelo teórico. A influência do capital estrutural sobre a performance tem a mesma magnitude daquela exercida pelo capital humano, o que demonstra a importância dos processos de institucionalização e reutilização do conhecimento nas organizações de software. Na realização de um projeto de software, o conhecimento necessário é diverso e de grandes proporções (RUS e LINDVALL, 2002), de modo que o conhecimento transportado pelas pessoas e compartilhado nos contatos entre as mesmas pode ser insuficiente. O desenvolvimento do capital estrutural permite, então, que as equipes de projeto tenham acesso ao conhecimento adquirido ao longo da vida da organização.

Sobre o efeito do capital relacional na performance do projeto, o coeficiente β = 0,303 confirma a hipótese H3 do modelo teórico. Entre os três componentes do capital intelectual, este teve o menor impacto sobre a performance dos projetos avaliados. Embora a magnitude desta influência ainda seja relevante, a sua confiabilidade estatística (≥ 95%) é bastante inferior àquela apurada nas relações de influência do capital humano e do capital estrutural (≥ 99%).

5.4 Correlações entre os Elementos do Capital Intelectual

A Figura 30 mostra as correlações fornecidas pela amostra entre os elementos do capital intelectual. O valor de correlação de 0,424 (p < 0,01) confirma a hipótese H4, que estabelece que o capital humano e o capital estrutural estão positiva e significativamente correlacionados na execução de um projeto de software. Essa relação, que já foi confirmada em outros contextos (BONTIS, 1998; CURADO, 2006; GUBIANI, 2011; RODRIGUES et al., 2009), se mostra válida também para o capital intelectual empregado na execução de um projeto de software. Esse capital é fornecido pela organização de desenvolvimento, onde o capital humano e o capital estrutural de desenvolvem: o capital humano constrói o capital estrutural e, ao mesmo tempo, tem o seu desempenho impulsionado pelos elementos deste último (CABRITA e BONTIS, 2008; EDVINSSON e MALONE, 1998).

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 171

Figura 30 - Correlações entre os componentes do capital intelectual.

A hipótese H5 do modelo é confirmada pelo coeficiente de 0,433 (p < 0,01) para a correlação entre o capital humano e o capital relacional, em linha com os resultados obtidos em estudos sobre outros ambientes (BONTIS, 1998; GUBIANI, 2011; RODRIGUES et al., 2009). Segundo (RODRIGUES et al., 2009), a sustentabilidade de qualquer negócio depende, em grande parte, da longevidade e da força das relações que permeiam a organização; e as mesmas são muito suscetíveis às capacidades e competências das pessoas envolvidas.

O coeficiente de correlação entre o capital estrutural e o capital relacional, embora seja positivo, é de pouca magnitude (0,165) e não atinge a significância estatística p = 0,05. Assim, os dados amostrais não confirmam a hipótese H6 do modelo teórico. Uma correlação igualmente fraca entre esses dois componentes é verificada em (BONTIS, 1998). Embora se considere que o capital relacional seja mais individual do que organizacional, uma vez que se baseia nas relações entre as pessoas (RODRIGUES et al., 2009), ainda assim esperava-se uma coincidência mais relevante entre as medidas dos recursos organizacionais e dos relacionamentos presentes na realização dos projetos de software, já que o modelo formulado para capital estrutural contempla o apoio à comunicação e ao compartilhamento do conhecimento entre as pessoas.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O modelo de análise elaborado foi aplicado no ambiente real das empresas de software, produzindo resultados quantitativos que permitem analisar o grau em que os elementos do capital intelectual estão correlacionados durante a execução dos projetos de software e a intensidade com que eles influenciam e explicam a performance atingida. Considera-se, portanto, que o objetivo geral do trabalho foi atingido.

Considera-se também que o trabalho produziu resultados inovadores, representados nos seguintes aspectos: (i) a utilização do arcabouço teórico do capital intelectual para descrever os recursos baseados em conhecimento aplicados na execução dos projetos de software; (ii) a consideração dos recursos baseados em conhecimento, descritos de forma abrangente pelo capital intelectual, como fatores influentes da performance dos projetos de software.

As hipóteses H1, H2 e H3, que tratam da influência dos elementos do capital intelectual sobre a performance dos projetos foram sustentadas pelo

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 172

modelo estatístico. Os coeficientes obtidos apontam que o capital humano e o capital estrutural influenciam a performance do projeto na mesma intensidade e com significância semelhante. O capital relacional, por sua vez, também exerce influência positiva sobre a performance, mas a sua magnitude é um pouco menor e o nível de confiabilidade, embora ainda aceito, é bastante inferior àquela verifica nas influências dos outros elementos.

O modelo estatístico sustentou também as hipóteses H4 e H5, que estabelecem correlações positivas entre o capital humano e o estrutural, e entre o capital humano e o relacional, respectivamente. A hipótese H6, que trata da correlação entre os capitais estrutural e relacional, não foi confirmada pelos dados amostrais.

APÊNDICE A seguir são listados os indicadores, que são as medidas subjetivas para os construtos de 1ª ordem do modelo teórico.

Capital Intelectual

Competência para o projeto

CH1 - A equipe detinha os conhecimentos e habilidades necessários à execução do projeto.

CH2 - Os membros da equipe foram alocados em papéis e atividades de acordo com as suas especialidades e interesses.

CH3 - A equipe tinha experiência nas tecnologias empregadas no projeto.

CH4 - A equipe tinha experiência na área de aplicação do sistema desenvolvido.

CH5 - A equipe contava com profissionais com formação nas áreas do conhecimento de interesse do projeto.

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 173

Atitude

CH6 - A equipe demonstrou capacidade de aprendizagem.

CH7 - A equipe do projeto demonstrou criatividade.

CH8 - A equipe do projeto demonstrou atitude para inovação.

CH9 - Os membros da equipe se mostraram satisfeitos por participarem do projeto.

Estabilidade da equipe

CH10 - Os membros da equipe alocada para o projeto já tinham um bom tempo de casa.

CH11 - Foi frequente a entrada e saída de membros da equipe durante o projeto.

CH12 - A equipe perdeu competências importantes com a saída de integrantes durante o projeto.

CH13 - Foi frequente a entrada na equipe de funcionários recém-chegados à empresa durante a execução do projeto.

Capital Estrutural

Cultura para o Projeto

CE1 - A organização entende que o projeto é a forma adequada de organizar o trabalho de desenvolvimento de software.

CE2 - A organização entende a importância do sucesso dos projetos de desenvolvimento de software para a sua prosperidade.

CE3 - Os colaboradores da organização sentem-se valorizados pela sua atuação em projetos.

Processos

CE4 - A organização adota um processo padrão a ser seguido na realização dos projetos de software.

CE5 - A organização conta com processos que orientam as relações da equipe de projeto com entidades externas.

CE6 - O projeto adotou o processo de desenvolvimento de software da organização.

CE7 - O processo de desenvolvimento da organização foi adaptado para a execução do projeto.

Codificação do Conhecimento

CE8 - A organização conta com repositórios de conhecimento acessíveis às equipes de projeto.

CE9 - Na execução do projeto foram aplicados conhecimentos disponíveis nos repositórios da organização.

CE10 - Na execução do projeto foram reutilizadas soluções de software desenvolvidas em projetos anteriores.

Sistemas de Informação

CE11 - Os sistemas de informação forneceram o suporte adequado à execução do projeto.

CE12 - Os sistemas de informação facilitaram a comunicação e a colaboração entre os envolvidos no projeto.

CE13 - Os sistemas de informação facilitaram a geração e a reutilização do conhecimento organizacional.

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 174

Capital Relacional

Relação com o Cliente

CR1 - Foi estabelecida uma relação de parceria com o cliente durante o projeto.

CR2 - O canal de comunicação com o cliente manteve-se constantemente aberto durante o projeto.

CR3 - Foram realizadas reuniões com o cliente em diversos pontos da execução do projeto.

CR4 - O cliente do projeto já tinha um bom relacionamento com a organização.

Redes de Colaboração

CR5 - A realização do projeto foi apoiada por parcerias com outras organizações.

CR6 - Os membros da equipe interagiram com outras equipes ou setores da própria organização na busca de soluções para o projeto.

CR7 - Os membros da equipe colaboraram entre si na busca de soluções para o projeto.

Performance do Projeto

Eficiência

PF1 - A produtividade atingida pela equipe superou as expectativas.

PF2 - Os prazos do projeto foram bem controlados.

PF3 - Os custos do projeto foram bem controlados.

PF4 - A quantidade de trabalho produzida pela equipe superou as expectativas.

Efetividade

PF5 - A qualidade do trabalho produzido pela equipe superou as expectativas.

PF6 - Os requisitos estabelecidos pelo cliente foram atendidos.

PF7 - O cliente está satisfeito com os resultados do projeto.

PF8 - A confiabilidade é uma qualidade marcante do software desenvolvido.

PF9 - O desempenho é uma qualidade marcante do software desenvolvido.

PF10 - A usabilidade é uma qualidade marcante do software desenvolvido.

PF11 - A flexibilidade é uma qualidade marcante do software desenvolvido.

Contribuição para o Futuro

PF12 - O projeto contribuiu para o aumento do conhecimento tecnológico da organização.

PF13 - O projeto contribuiu para o aumento do conhecimento da organização sobre a área de aplicação do software produzido.

PF14 - A realização do projeto contribuiu para a fidelização do cliente.

PF15 - Durante o projeto foram documentados conhecimentos e experiências que podem ser reutilizados em projetos futuros.

PF16 - Durante o projeto foram gerados artefatos de software que podem ser reutilizados em projetos futuros.

REFERÊNCIAS

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AJILA, S. A., & SUN, Z. Knowledge management: impact of knowledge delivery factors on software product development efficiency. Proceedings of the IEEE International Conference on Information Reuse and Integration, p. 320-325, 2004.

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9 CAPITAL INTELECTUAL EM CLUSTERS

Elizandra Machado

Danielly Oliveira Inomata

Neimar Follmann

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 181

1. INTRODUÇÃO

As empresas estão cada vez mais unindo esforços e cooperando para competir, resultando na formação de redes de empresas, ou cluster, cujo termo é mais utilizado pela academia. Cluster é uma reunião de empresas e organizações que interagem numa determinada região geográfica (HUI YANG, 2008). Essa formação de redes possibilita a geração de capital intelectual, principalmente em uma de suas dimensões, o capital relacional. Para gerar um relacionamento é preciso do capital humano, ou seja, as pessoas, mas essas pessoas precisam de tecnologias para criação, armazenamento e o compartilhamento, e nesse aspecto que se insere o capital estrutural.

Existe uma crítica encontrada na literatura com relação à dinâmica e recursos internos das empresas, e os estudiosos chamam a atenção para a cooperação global e transferências de conhecimento entre os diferentes tipos de redes e cadeias de valor (FULYA; EREN; DENIZ, 2011).

A investigação do tema capital intelectual tem ganhado maior repercussão em empresas individuais, por outro lado ainda são incipientes os trabalhos preocupados com capital intelectual em clusters. Este trabalho tem como objetivo fazer um levantamento da produção científica sobre Capital Intelectual em Clusters e destacar os indicadores de capital intelectual mais utilizados.

Os estudos sobre Capital Intelectual têm avançado em diversas frentes. Entende-se que diante do objetivo de um cluster concentrar conhecimento, estruturas e outras formas de cooperação, o Capital Intelectual deve ser também aprofundado como tema de estudo.

2. O PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

O procedimento metodológico adotado no trabalho foi desenvolvido a partir de uma pesquisa de Portfólio Bibliográfico. O processo de revisão bibliográfica baseou-se no instrumento proposto por Ensslin et al. (2010), o ProKnow-C (Knowledge Development Process – Constructivist). Esse instrumento tem como objetivo selecionar um portfólio bibliográfico, o qual, de acordo com Vaz, Selig e Bornia (2011, p. 05), está dividido em quatro fases:

i) seleção do banco de artigos brutos: composto pela definição daspalavras-chave, definição bancos de dados, busca de artigos nos bancos de dados com as palavras-chave e o teste da aderência das palavras-chave; ii) filtragem: composta pela filtragem do banco de artigos brutos quanto a redundância e filtragem do banco de artigos brutos não repetidos quanto ao alinhamento do título; iii) filtragem do banco de artigos: composto pela determinação do reconhecimento científico dos artigos, identificação de autores; iv) filtragem quanto ao alinhamento do artigo integral: composto pela leitura integral dos

artigos.

Após esse procedimento, a partir do ProKnow-C, realizou-se a seleção do portfólio bibliográfico, composto por artigos indexados nas Bases de Dados ISI Web of Science (ISI-WoS) e Scopus, o conjunto de artigos foram analisados conforme a análise bibliométrica, verificando o grau de relevância dos

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 182

periódicos, grau de reconhecimento científico dos artigos, grau de relevância dos autores e as palavras-chave mais utilizadas, ou seja, um conjunto de informações que permitem planejar, executar e realizar a análise dos dados de uma forma eficiente e eficaz. A pesquisa foi realizada no mês de agosto de 2013.

Justifica-se a escolha e identificação das bases de dados Web of Science e Scopus da seguinte maneira: a base de dados da Scopus é a maior base de resumos e referências bibliográficas de literatura científica, revisada por pares, permitindo uma visão multidisciplinar e integrada de fontes relevantes para a pesquisa bibliográfica sistemática. Os resumos são a forma recomendada para iniciar uma pesquisa bibliográfica sistemática, de ampla cobertura e metodologicamente correta (FREIRE, 2010). A Web of Science é produto do ISI que contempla as áreas de ciências naturais, sociais e artes/humanidades (Science Citation Index, Social Science Citation Index and Arts and Humanities), e é considerada a mais importante fonte de dados para a análise bibliométrica em ciências (VAN LEEUWEN, 2006) e também uma base de dados com maior abrangência de áreas científicas e a mais antiga das ciências sociais (HURTADO et al., 2012).

Na análise e discussão dos artigos levantados com a revisão de literatura serão apresentadas e melhor discutidas as informações pertinentes à pesquisa, bem como os critérios de seleção dos artigos.

3. CLUSTER

De acordo com Lastres e Cassiolato (2003) o termo cluster associa-se à tradição anglo-americana e, genericamente, refere-se a aglomerados territoriais de empresas, desenvolvendo atividades similares. Esse termo vem ganhando várias interpretações, sendo uma delas a de Michael Porter, que utilizou o conceito de cluster para destacar a importância da proximidade geográfica, não apenas de fornecedores, mas também de empresas rivais e clientes para o desenvolvimento empresarial dinâmico, argumentando que as vantagens competitivas na economia global derivam de uma constelação de fatores locais que sustentam o dinamismo das empresas líderes. O autor colocou mais ênfase no aspecto de rivalidade (concorrência) entre empresas, como estimulador da competitividade, do que na ideia de cooperação. Para Porter (1998, p. 80):

Clusters podem afetar a concorrência de três maneiras amplas: primeiro, pelo aumento da produtividade das empresas sediadas na área, segundo, por conduzir a direção e o ritmo da inovação, que sustenta o crescimento futuro da produtividade, e terceiro, estimulando a formação de novos negócios, que se expande e fortalece o próprio cluster. Um cluster permite que cada membro beneficiar como se tivesse maior escala ou como se eu tivesse juntado com outros formalmente - sem a necessidade de sacrificar a sua flexibilidade.

Segundo Lastres e Cassiolato (2003), Hubert Schmitz define cluster como concentrações geográficas e setoriais de empresas e introduziu a noção de eficiência coletiva que descreve os ganhos competitivos associados à

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 183

interação entre empresas em nível local, além de outras vantagens derivadas da aglomeração.

As empresas do cluster fazem um papel importante no território, elas criam e disseminam o conhecimento para o cluster. No entanto, a importância das empresas não está só na sua existência, mas na conectividade e na interação com outras partes do cluster para contribuir na melhora do estoque de conhecimento no cluster (JARDOM; MARTOS, 2012). Ou seja, os benefícios mútuos das empresas em um cluster lhes forçam a desenvolver e intensificar a colaboração uns com os outros, que resulta na obtenção de um melhor controle sobre o capital humano, estrutural e relacional em suas respectivas empresas.

CAPITAL INTELECTUAL

O tema capital intelectual tem ganhado destaque desde o final da década de 90, tendo como principais autores/obras Edvinsson (1996), Roos e Roos (1997), Bontis (1998), Sveiby (1998) e Stewart (1998). Para esses autores o tema capital intelectual é composto por dimensões, sendo as principais: (i) capital humano, composto por pessoas que pensam, possuem conhecimento, agem, realizam tarefas, decidem, se relacionam etc.; (ii) capital estrutural, o qual pode ser divido em estrutura física e tecnológica, computadores, equipamentos etc. e tecnológica (softwares), normas, rotinas, conhecimento institucionalizado na empresa; (iii) capital relacional, que é toda a interação e relação das empresas com os clientes, fornecedores, bancos, governos, associações comerciais e indústrias, órgão de fomento etc..

Jardon e Martos (2012) destacam que o desenvolvimento de capital intelectual é fonte de vantagem competitiva, uma vez que se cria valor para o negócio e, provavelmente, deve melhorar o desempenho da empresa. De forma geral, entende-se que os ativos intangíveis criam valor para o negócio.

CAPITAL INTELECTUAL EM CLUSTER

Tratando-se de cluster, o capital humano envolve habilidades,

capacidade tecnológica e atributos pessoais, tais como perseverança, liderança, trabalho em equipe, habilidades de comunicação, etc. Segundo Charoensiriwath (2009), que investigou o capital intelectual do Cluster de Hard Disk Drive – HDD, na Tailandia que é o maior exportador mundial de unidade de disco rígido, e criou um conjunto de indicadores de capital intelectual, conjunto este que pode ser visto de forma genérica para qualquer tipo de clusters.

O capital humano reflete na disponibilidade e a possibilidade do cluster avançar e sustentar o desenvolvimento no futuro, o mais importante é o capital intelectual do cluster (CHAROENSIRIWATH, 2009).

O capital relacional em clusters inclui as interações entre organizações no grupo, projetos de pesquisa colaborativa, a atividade de transferência do conhecimento, colaborações verticais entre parceiros comerciais etc. Em alguns casos, também podem incluir interações informais entre pessoas do cluster, como eventos sociais e torneios esportivos, por exemplo. Às vezes, os

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 184

contatos individuais podem contribuir significativamente para o sucesso ou desenvolvimento do capital intelectual (CHAROENSIRIWATH, 2009).

A definição de capital estrutural em cluster é composta por armazéns não humanos de conhecimentos que estão embutidos em tecnológica, informação e os sistemas de comunicações representadas pelo hardware, software, banco de dados, laboratórios e estrutura organizacional que sustentam e exteriorizam a saída do capital humano (CHAROENSIRIWATH, 2009).

Oliver e Porta (2005) descrevem diferentes elementos do cluster que atuam como fontes de capital intelectual territorial por meio de uma ferramenta para avaliar cadeia de valor.

A descrição e diagnóstico da cadeia de valor territorial é necessária, porque são destacados detalhes específicos e nuances sobre como o conhecimento é dirigido, criado, disseminado e acumulado ao longo de diferentes partes da cadeia de valor territorial. Isso implica também na indicação de indústrias, principais e auxiliares, instituições, vínculos, atividades e em outras características básicas (OLIVER; PORTA, 2005, p. 360).

O capital intelectual tradicionalmente é focado em empresas individuais e não no coletivo e, por isso, precisa estendido em nível maior, no inter-organizacional, a fim de ganhar uma compreensão abrangente e ampla do fenômeno do capital intelectual através da introdução de ativos intangíveis, avaliação em grupos e territórios (OLIVER; PORTA, 2005).

Como consequência, o capital intelectual e o conhecimento nos territórios precisam ser monitorados, e as iniciativas estratégicas compreendidas para garantir a estabilidade do cluster e direção estratégica adequada precisa ser ajustada (OLIVER; PORTA, 2005).

INDICADORES DE CAPITAL INTELECTUAL EM CLUSTER

Charoensiriwath (2009) fornece indicadores para medir o capital intelectual em clusters de acordo com as categorias do capital intelectual definidas na literatura como humano, relacional e estrutural.

O capital humano pode ser medido por meio de indicadores, tais como:

Nível de escolaridade dos envolvidos;

Qualidade do sistema educativo;

Qualidade da força de trabalho;

Número de pessoas formandos a cada ano por trabalhadores ativos nos cluster;

Disponibilidade de habilidade de trabalho tanto para a indústria de clusters como para as indústrias relacionadas;

Número de publicações científicas, protótipos, patentes aplicações e patentes concedidas.

O capital relacional essa categoria de capital intelectual pode ser medido por:

Número de projetos de pesquisa colaborativa entre instituições de pesquisa e empresas nos clusters;

Nível de cooperação vertical entre parceiros comerciais para reduzir custos ou aumentar a eficiência da produção;

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 185

Programas de transferência de conhecimento entre empresas docluster ou entre empresas e universidades;

Número de eventos em nível de cluster, tais como conferências,seminários, e eventos sociais, tais como torneios de golfe oujantares;

Número de engenheiros transferidos da indústria do disco rígidopara outras indústrias relacionadas.

O capital estrutural indica a estrutura organizacional que pode sustentar o desenvolvimento do conjunto, o que pode ser medido pelos seguintesindicadores:

Percentual de gastos em P & D por parte das instituições de P &D cada ano;

Programas universitários ou de cursos focados no cluster detecnologia;

Total de pessoal de P & D nas instituições de P & D portrabalhadores ativos no cluster;

Volume de despesas do setor com contratos de pesquisa cominstitutos de P & D e universidades.

Além dos três elementos tradicionais do Capital Intelectual, Charoensiriwath (2009) ainda trata do capital de cadeia se suprimento. Esta categoria de capital intelectual reflete a capacidade do o cluster para nutrir empreendedores da região para tornarem-se fornecedores de componentes do cluster ou desenvolver relacionados com a indústria do cluster. Isso é importante porque as empresas locais podem contribuir para o desenvolvimento econômico de longo prazo, mesmo após o investimento inicial feito pelas multinacionais. Os indicadores desta categoria são:

Valor das novas encomendas de empresas do cluster parafornecedores locais;

Número de novas empresas criadas na indústria relacionada aocluster;

Volume de novos investimentos na indústria do cluster porempresas já instaladas na região;

Volume de novos investimentos no cluster por empresas recém-instaladas na região;

Número de empresas no programa de modernização dofornecedor.

Estes indicadores são criados para monitorar o capital intelectual, com implicações para o desenvolvimento em cluster e o seu sucesso deve ser monitorado a fim de manter-se com a dinâmica do setor (CHAROENSIRIWATH, 2009).

5. ANÁLISES E RESULTADOS DA REVISÃO DE LITERATURASOBRE CLUSTERS E CAPITAL INTELECTUAL

Neste trabalho foi considerado como escopo de análise para a revisão de literatura, as bases de dados Scopus e Web of Science, conforme justificativa apresentada nos procedimentos metodológicos.

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 186

Buscou-se a combinação das palavras-chave, após algumas prévias para testar a relevância dos descritores. Elegeu-se como estratégia de busca a combinação “intellectual capital” AND cluster.

Tabela 1 – Estratégia de busca, por bases de dados.

Base de dados Descritor Filtro* Resultado

Scopus “intellectual capital” AND cluster

Tit.Abs.Key 45

WoS Topic 39

Total de artigos selecionados para o portfólio 84

* é característico de cada base, essa combinação se mostrou mais adequada quando se testou alguns descritores de busca

Do total de 84 artigos selecionados para o portfólio, foi realizada a leitura

de todos os resumos, e em seguida as pesquisas mais relevantes sobre o assunto conforme será demonstrado ao longo do trabalho.

5.1. CONSTRUÇÃO DO PORTFÓLIO BIBLIOGRÁFICO

Com base na metodologia Proknow-C a construção do portfólio segue três passos sequenciais (Figura 2). Após essas etapas é necessária a verificação do reconhecimento científico dos artigos, verificando-se o número de vezes que o artigo foi citado, o que é feito por meio do Google Acadêmico (ENSSLIN, 2010). Diante desse critério de avaliação, optou- por fazer um comparativo entre os índices de citações nas respectivas bases de dados e no Google Acadêmico.

Figura 2 – Etapas da construção do portfólio.

Fonte: Adaptado de Inomata e Pintro (2012).

Seguindo essa sistemática, chegou-se a um conjunto de 23 artigos, que compõem o portfólio da pesquisa (Quadro 1). A construção do portfólio não descarta os artigos que não são citados, e sim é composta pela seleção descrita na Etapa 2, da Figura 1, considerando aqueles artigos que estavam alinhados com esta pesquisa quanto ao título e resumo, e posteriormente passam pela análise sistêmica (INOMATA; PINTRO, 2012).

• Definição das palavras-chave

• Definição das bases de dados

Etapa 1

• Filtragem do bloco de artigos brutos

• Leitura dos títulos

• Leitura dos resumos

Etapa 2 • Filtragem quanto ao alinhamento do artigo integral conforme a lente de verificação

Etapa 3

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 187

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12- CHAROENSIRIWATH, C. Analyzing intellectual capital cluster index in Thailand's hard disk drive cluster. PICMET: Portland International Center for Management of Engineering and Technology, Proceedings, art. no. 5262228, pp. 200-204. 2009.

13- TSENG, K. et al. The contingency of value creation: Financial capital, intellectual capital, and strategic groups. In: Business Innovation and Technology Management (APBITM), 2011 IEEE International Summer Conference of Asia Pacific. IEEE, 2011. p. 59-61.

14- ZHURAVLYOVA, I. V. Empirical analysis of the intellectual capital functioning processes and their impact on enterprise performance. Actual Problems of Economics, v. 142, n. 4, pp. 119-127, 2013.

15- SARVAN, F. et al. Network based determinants of innovation performance in yacht building clusters. Procedia Social and Behavioral Sciences, v. 24, p. 1671–1685, 2011.

16- JUCEVICIUS, R. Sourcing Knowledge for the Cluster or Business System. Proceedings of the European Conference on Knowledge Management, ECKM, pp. 284-291. 2011.

17- SAVESCU, D.; SIMA, M.; BARSAN, S. The Importance of Knowledge in Regional Development, Proceedings of the European Conference on Knowledge Management, ECKM, pp. 240-249. 2011.

18- LOPEZ RUIZ, V. R.; ALFARO NAVARRO, J. L.; NEVADO PENA, D. Economic development and intellectual capital: an international study. Revista de Economía Mundial, v. 29, p. 211-236, 2011.

19- YASIR, M.; MAJID, A.; AHMAD, I. Structuring Intellectual Capital as an Element of Virtual Organization in the SME Clusters. 3rd International Conference on Advanced Management Science, IPEDR, v. 19, p. 175-181, 2011.

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 188

20- STEINFIELD, C.; SCUPOLA, A.; LOPEZ-NICOLAS, C. Social capital, ICT use and company performance: Findings from the Medicon Valley Biotech Cluster. Technological Forecasting & Social Change, v. 77, p.1156–1166, 2010.

21- CHANG, Y.; CHEN, M.; LIN, F. Measuring Regional Innovation and Entrepreneurship: The Case of Taiwan Science Parks. Technology Management for Global Economic Growth (PICMET), Proceedings of PICMET` 10, p. 1-9, 2010.

22- MERTINS, K.; WILL, M.; MEYER, C. Analysing and Enhancing IC in Business Networks: results from a recent study. Electronic Journal of Knowledge Management, v. 8, n. 2, p. 245-252, 2010.

23- FREEMAN, C. Technological infrastructure and international competitiveness. Industrial and Corporate Change, v. 13, n. 3, p. 541-569, 2004.

Fonte: Dados pesquisa (2013).

5.2. ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA

Conforme o método ProKnow-C, a análise bibliométrica do portfólio de artigos selecionados segue baseada em três etapas: (1) análise bibliométrica dos artigos selecionados; (2) análise bibliométrica das referências dos artigos selecionados; e (3) classificação dos artigos conforme relevância na amostra. Neste trabalho foram detalhadas apenas as etapas 1 e 3, por julgar que a análise sistêmica consegue filtrar os artigos de fato relevantes para a pesquisa.

No que tange à utilização do método para construir o portfólio, são considerados os seguintes aspectos: a) reconhecimento científico pelo número de citações; b) número de artigos por periódicos; c) número de artigos por autor; e d) número das instituições, países e idioma de origem das produções científicas. Esses aspectos foram considerados os mais pertinentes para análise da pesquisa, e são detalhados a seguir.

a) reconhecimento científico pelo número de citações – por estratégia de apresentação, optou-se por comparar o índice de citações da WoS e Scopus com relação ao Google Acadêmico.

Gráfico 1 – Reconhecimento científico.

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 189

Pinto, Igami e Bressani (2010, p. 204) lembram da importância do índice de citações que há mais de três décadas ganhou uma nova dimensão na vida dos cientistas, e salientam que:

A citação é o meio mais comum de atribuir créditos e reconhecimento para aqueles cujos trabalhos têm contribuído para o desenvolvimento das ideias em diferentes campos. O artigo de periódico com a sua lista de referências citadas é provavelmente, e assim permanecerá, o meio universalmente aceito pelo qual a instituição científica registra e divulga os resultados de suas investigações.

O Google Acadêmico tem se mostrado uma excelente ferramenta também para a verificação de citação da produção científica (INOMATA; PINTRO, 2012), embora as bases de dados ofertem a função de análise por índice de citação.

Conforme leitura do Gráfico 1, se somados, os artigos com maior índice de citação são os títulos: “Technological infrastructure and international competitiveness” (238), “How to measure IC in clusters: empirical evidence” (75), “Social capital, ICT use and company performance: Findings from the Medicon Valley Biotech Cluster” (12), “Analysing and Enhancing IC in Business Networks: results from a recent study” (7), “Building and exploiting intellectual capital: The firm as a connected, temporary coalition” (3), “Network management as a way to manage intellectual capital” (2).

Além dos descritores utilizados na busca, ao localizar as publicações nas bases de dados foram encontradas outras palavras-chave que se relacionam com o tema, como pode ser observado no gráfico a seguir.

Gráfico 2 – Palavras-chave encontradas na base de dados (Scopus).

Fonte: Dados da pesquisa 2013.

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 190

Ao analisar a figura acima, pode-se identificar que ‘Capital intelectual’ (36) e ‘Knowledge Managment’ (27) foram os termos que mais se destacaram. Em seguida ‘indústria’ (9) e ‘Análise de Cluster’ (8). Além dos outros, como: ‘conhecimento baseado em sistemas’, ‘capital social’, ‘pesquisa’ ambos com 5 referências, e ‘colaboração’, ‘gestão industrial’, ‘inovação’, ‘gestão da ciência’, ‘planejamento regional’ e ‘sociedades e instituições’ com 4 referências.

b) Número de artigos por periódico – optou-se por mostrar inicialmente a linha do tempo com relação ao crescimento de artigos publicados por ano. A seguir será apresentado a crescimento das publicações sobre os temas ‘capital intelectual’ e ‘cluster’, que demonstra o ápice do número de publicações em 2011 (19).

Gráfico 3 – Publicações por ano.

A primeira publicação sobre o tema aqui pesquisado foi em 2002. A partir de 2005 pode-se observar um crescimento significativo com maior destaque em 2011.Esse crescimento pode ser justificado com a crescente importância dada ao setor em diversos locais do mundo.

Quanto à publicação, há alguns periódicos que se destacam, conforme pode ser observado no Gráfico 4.

Embora o periódico com maior número de artigos seja o ‘Proceedings of the European Conference on Knowledge Management Eckm’ (12), a revista com maior número de artigos é o ‘Journal of Intellectual Capital’ (5) o que demonstra a relevância dos artigos publicados nos principais periódicos da área de Capital Intelectual.

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 191

Gráfico 4 – Relação de Periódicos (acima de 2 artigos).

Vale ressaltar que com a ajuda dos metadados da pesquisa foi possível, também identificar as principais subáreas, entre elas as mais citadas são: ‘Economia empresarial’ (33), ‘Negócio, gestão e contabilidade’ (16) e ‘Tomada de decisão’ (14), ‘Ciência da Informação e Biblioteconomia’ (10), ‘Ciência da Computação’ (10) e ‘Ciências Sociais’ (9) estão entre as subáreas que mais se destacam.

E no que tange aos tipos de pesquisas, são: Artigos de conferência (22%), Revisão (2%), Artigos de pesquisa (38%) e Artigos (38%).

c) Número de artigos por autor – verificação do número de autores quesão descritos nos artigos. Com relação aos autores que tem se dedicado a pesquisas são apresentados no gráfico a seguir a partir de 2 referências, devido à extensão do número de autores.

Gráfico 5 – Autores mais relevantes

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EuropeanConference on

IntellectualCapital

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Journal ofCommercial

Biotechnology

Journal ofKnowledge

Management

IFKAD KCWS2012 7th

InternationalForum on

KnowledgeAsset Dynamics5th Knowledge

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 192

d) Número das instituições, países e idioma de origem das produções científicas. Como pode ser observado, a universidade que mais tem se destacado é a Universidade Politécnica de Catalunya com mais de 14% e com mesma porcentagem das publicações a Islamic Azad University (IAU), no Irã; em seguida com 10% a Polytechnic University of Valencia, na Espanha; Daneshgahe Azad Eslami, no Irã; e, Aalto University, na Finlandia.

Gráfico 6 – Instituições pesquisando sobre o tema.

As origens das publicações são de diversos países espalhados pelo mundo. O que mais tem publicado sobre o assunto é Espanha com 14 publicações, em seguida China e o Irã com 7, e os demais países Reino Unido, Inglaterra, Estados Unidos, Romênia e Itália com 5. Taiwan com 4 e os países Brasil, Turquia e Ucrânia com 2 publicações cada.

Tendo como resultado congruente, a maioria dos artigos são publicados no idioma Inglês (62), considerado o idioma da comunidade cientifica, e em Português e Espanhol apenas um artigo cada idioma.

5.3. ANÁLISE SISTÊMICA

A análise sistêmica, segundo Ensslin (2010), segue seis itens principais: 1) tipo de artigo (teórico ou prático); 2) conceitos (acerca do tema deste trabalho); 3) metodologia (qual o método utilizado, quais os instrumentos); 4) unidade de análise; 5) resultados relevantes (os principais); 6) recomendações futuras. Nesta pesquisa serão evidenciados os itens 1, 4, 5 e 6 e será incluído o objetivo do artigo.

Como estratégia para eficiência e eficácia elegeu-se como lentes de verificação: (i) quais dimensões do CI estão sendo consideradas; (ii) destacar os principais indicadores capital intelectual em cluster; (iii) colaboração em cluster. Isso significa que os artigos selecionados serão analisados a partir

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Universitat Politécnica de Catalunya

Islâmica Azad Univ

Universidad Politecnica de Valencia

Daneshgahe Azad Eslami

Aalto University

Florida State University

National Chung Hsing University

National Tsing Hua University

Bucareste Academia de EstudosEconômicosTech Univ Catalunha

Universidade de Reading

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 193

dessa ótica de pesquisa. Assim, no Quadro 2, são mostrados os resultados da análise sistêmica.

Vale ressaltar que foi feita a análise sistêmica somente dos artigos mais relevantes para esta pesquisa.

Quadro 2 – Análise sistêmica dos artigos.

Análise dos Artigos Scopus

Artigo 12

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Ano 2009

Autor CHAROENSIRIWATH, Chayakrit

Título Analyzing Intellectual Capital Cluster Index in Thailand’s Hard Disk Drive Cluster

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Tipo de artigo Empírico

Objetivo geral Objetivo que está no artigo: identificar indicadores-chave para monitorar o processo de transferência de tecnologia no cluster de HDD (discorígido) na Tailândia

Unidade de análise

Cluster de HDD na Tailândia

Resultados relevantes

A criação de indicadores para monitorar o intelectual capital, com implicações para o desenvolvimento do cluster de HDD na Tailândia

Recomendações futuras

Trabalhos futuros incluem maiores observações empíricos para analisar o estado do capital intelectual no cluster HDD na Tailândia e compará-locom outros países e / ou indústrias

Artigo – 6

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Ano 2005

Autor OLIVER, Jose Luis Hervas; PORTA, Juan Ignacio Dalmau

Título How to measure IC in clusters: empirical evidence

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Tipo de artigo Teórico

Objetivo geral É fornecer um quadro estratégico e ferramenta para medir e valor do capital intelectual em clusters regionais

Unidade de análise

Capital intelectual em clusters regionais

Resultados relevantes

Novas ideias sobre Medição capital intelectual em clusters são fornecidos para academia

Recomendações futuras

É necessária mais investigações de aplicações práticas em vários clusters para garantir a consistência do modelo, robustez e relevância. Além disso, é necessário uma investigação mais empírica sobre a transferência de conhecimento dentro do território

Artigo 5

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Ano 2012

Autor JARDON, Carlos M.; MARTOS, Maria Susana

Título Intellectual capital as competitive advantage in emerging clusters in Latin America

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a r ti g oTipo de artigo Empírico

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 194

Objetivo geral É analisar as relações entre os componentes do capital intelectual dentro de um modelo de vantagens competitivas em clusters emergentes na região da América Latina

Unidade de análise

Em um cluster de madeira na Argentina

Resultados relevantes

Resultados mostram que o capital humano é o principal componente do capital intelectual e qualquer melhoria no capital humano certamente terá um efeito na melhoria do capital estrutural. A pesquisa sugere que as empresas provavelmente devem promover atividades que melhorem a atitude dos funcionários da empresa a ser mais competitiva. Da mesma forma, as PME, talvez, devem incentivar a formação de gestores e trabalhadores necessários para se adaptar à concorrência internacional

Recomendações futuras

Os resultados poderiam ser melhorados através do alargamento a outras atividades ou outros grupos emergentes de países em desenvolvimento

Análise do Artigos da Web of Science

Artigo 15

Art

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Ano 2011

Autor SARVAN, Fulya; DURMUS, Eren; KOKSAL, Can Deniz

Título Network based determinants of innovation performance in yacht building clusters

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Tipo de artigo Teórico e Empírico

Objetivo geral Analisar a rede de empresas, baseada em determinantes de desempenho da inovação em clusters

Unidade de análise

Redes de empresas de construção de iates, em algumas regiões da Turquia. (16 empresas)

Resultados relevantes

- existe uma crítica encontrada na literatura com relação na dinâmica e recursos internos das empresas, e os estudiosos chamam a atenção para a cooperação global e transferências de conhecimento entre os diferentes tipos de redes e cadeias de valor, a conclusão geral é a necessidade de se considerar o nível de múltiplos laços (fortes e fracos) da rede ao analisar a capacidade de inovação, o capital relacional e inserção das empresas do cluster.

- mostrou-se bastante elevado em capital intelectual (4.04) e inovação (4,45), e um pouco modesta no capital relacional (3,32) e satisfação total com rendimento (3,08), sendo o nível de desempenho da inovação (2,13) o mais baixo.

- Estes resultados estão em conformidade com os pressupostos da abordagem de sistemas institucional, sugerindo que o desempenho da inovação depende de uma série de fatores relacionados com o contexto institucional, excluindo recursos internos e capacidades das empresas.

- O desempenho relativamente baixo inovação pode estar relacionada com o nível modesto de capital relacional e nível modesto no ambiente institucional de apoio.

- com relação à análise da rede, mostrou-se fortemente em redes nacionais e globais como fontes de informação e alianças estratégicas.

Recomendações Aplicar o estudo em outras regiões.

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 195

futuras

Artigo – 18

Art

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Ano 2011

Autor LOPEZ RUIZ, Victor Raul; ALFARO NAVARRO, Jose Luis; NEVADO PENA, Domingo

Título Economic development and intellectual capital: an international study

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Tipo de artigo Empírico

Objetivo geral Estudar as relações entre o desenvolvimento econômico e o nível de capital intelectual nos países

Unidade de análise

82 países, agrupados em três grupos de acordo com o nível de eficiência em relação ao capital intelectual. Quando ao modelo, foi adaptado de modelos considerados pelo PIB, variáveis (ativos intangíveis) como: desenvolvimento humano, estrutura econômica, comercio internacional, imagem externa do país e inovação

Resultados relevantes

- Os resultados mostram a importância do capital estrutural na riqueza de um país, enquanto que o capital humano não contribui de forma significativa para o desenvolvimento econômico.

- Os resultados mostram que existem diferenças no nível econômico alcançado por diferentes grupos de países, dependendo do desenvolvimento do capital intelectual.

- Analisando a relação entre ativos intangíveis e diferentes variáveis econômicas consideradas, descobriu-se que os fatores estruturais (como uma imagem, processos, tecnologia e social e ambiental) são mais estreitamente relacionados com a riqueza de um país. No entanto, o capital humano não contribui de forma significativa para odesenvolvimento econômico. Além disso, o capital humano, por vezes, parece ser mais importante nos países pobres.

- Confirmou-se que fatores do conhecimento humano são importantes, mas o fluxo de países menos desenvolvidos em relação aos países mais desenvolvidos se coloca muito ao contrário dos fatores estruturais.

- Os países que mais produzem valor em termos de bens e serviços também produzem alto valor intangível. No entanto, esta relação é divergente em termos de desenvolvimento, termos de PIB, termos de capital intelectual e como gerenciam o conhecimento, como um ativo intangível.

Recomendações futuras

Estudar as relações entre crescimento e intangíveis com um numero menor de países

Artigo – 19

Art

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Ano 2011

Autor YASIR, Muhammd; MAJID, Abdul; AHMAD, Iftikhar

Título Structuring Intellectual Capital as an Element of Virtual Organization in the SME Clusters

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Tipo de artigo Conceitual e teórico

Objetivo geral Explorar o capital intelectual como um elemento da organização virtual nos clusters de PME

Unidade de análise

Revisão de literatura nas bases de dados, análise de 310 artigos, que abordam os temas: Capital Intelectual, cluster industrial e PME

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 196

Resultados relevantes

- As TIC, a coordenação, a confiança e a localização geográfica são os elementos-chave da organização virtual. Por outro lado, o capital intelectual foi subdividido em três componentes: capital humano, capital estrutural e capital relacional. E os componentes do capital intelectual e a organização virtual afetam e são fortemente afetados pela natureza e o caráter de cada um.

- O capital humano está relacionado com a coordenação, a localização geográfica, e confiança.

- O capital estrutural está ligado às TIC, coordenação e localização geográfica.

- O capital relacional está relacionado com todos os quatro elementos de organização virtual.

- A revisão da literatura e a discussão dos artigos levam à conclusão de que existe uma forte associação entre os componentes humanos, estruturais e relacionais de capital intelectual e os elementos da organização virtual, com base na qual o capital intelectual pode ser um elemento estruturador de organizações virtuais.

- Destaca-se que o desenvolvimento do relacionamento virtual entre as PME em clusters aumenta ainda mais o impacto do capital intelectual sobre os elementos da organização virtual.

Recomendações futuras

Mais pesquisas visando estabelecer a relação entre os dois conceitos (Capital intelectual e cluster de PME), e apresentar o seu impacto sobre o desempenho organizacional em termos empíricos e quantificáveis.

Artigo – 21

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Ano 2010

Autor CHANG, Yuan-Chieh; CHEN, Ming-Huei; LIN, Frank

Título Measuring Regional Innovation and Entrepreneurship: The Case of Taiwan Science Parks.

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Tipo de artigo Teórico

Objetivo geral

Examinar quatro blocos teóricos e responder a questão de como sustentar uma inovação regional e como o empreendedorismo tornou-se uma questão importante da ciência no planejamento estratégico de parques

Unidade de análise

Parques tecnológicos de Taiwan, aplicação de questionários a 100 especialistas com retorno de 46

Resultados relevantes

- Examinou quatro blocos teóricos: (1) a teoria criativa classe, (2) o capital intelectual, (3) o sistema de inovação regional, e (4) clusters industriais; e !5 indicadores.

- A dimensão do cluster industrial é a principal preocupação para a medida regional de inovação e empreendedorismo.

- Cluster industrial em Taiwan Science Park é certamente um indicador de competitividade muito importante.

- A integridade das indústrias é o mais importante fator de desenvolvimento de um cluster industrial.

- O estudo fornece os principais fatores para avaliar regional de inovação e empreendedorismo em cada dimensão: a dimensão de financiamento regional, a dimensão do cluster industrial, a dimensão do empreendedorismo regional e a dimensão da cultura regional, além disso, o modelo fornece uma visão para medir não só a inovação, mas

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 197

também o empreendedorismo em regiões, ou seja, concentra-se tanto na inovação quanto na questão do empreendedorismo. Além disso, o modelo é provido com a prioridade de todos os fatores em cada dimensão.

Recomendações futuras

O modelo de medição da inovação e do empreendedorismo nas regiões deve ser replicado nos outros países, a fim de testemunhar o modelo proposto

Artigo – 22

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Ano 2010

Autor MERTINS, Kai; WILL, Markus; MEYER, Cornelia

Título Analysing and Enhancing IC in Business Networks: Results From a Recent Study

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Tipo de artigo Empírico

Objetivo geral

Avaliar redes e cluster de PME baseada em capital intelectual como suporte a tais empresas. Visando mostrar a configuração do capital intelectual de todo um grupo de empresas (setores, regiões ou estratégia). A fim de gerar dados empíricos válidos para tais comparações em larga escala

Unidade de análise

Analise do capital intelectual em 600 empresas alemãs

Resultados relevantes

- Os primeiros resultados são apresentados para dois subgrupos e distinguem-se entre: capital intelectual na indústria e capital intelectual no setor de serviços.

- Os fatores intangíveis mais decisivos são "fatores de capital humano" (competência profissional, motivação dos funcionários, competência social, capacidade de liderança); Relacionamento com o cliente ocupa a segunda posição de fatores de capital intelectual (capital relacional); Com relação ao capital estrutural, os fatores (instrumento de gestão, cultura corporativa, tecnologia da informação e conhecimento explicito, cooperação e transferência de conhecimento interno) receberam colocações medianas no ranking.

- Ao fazer o questionamento “Quão bom é os fatores de capital intelectual hoje?”, os principais fatores foram: cultura corporativa, cooperação interna e transferência de conhecimento, instrumentos de gestão, capacidade de liderança, motivação dos funcionários, TI e conhecimento explicito, competência social, relacionamento com o cliente e competência profissional. Um resultado aproximado com a ordem dos fatores de capital intelectual.

- Os fatores são ainda muito mais importantes para a indústria, ao ser avaliado relativamente baixo pelo setor de serviços. No entanto, os resultados também mostram que, em termos de ativos intangíveis, os dois setores apresentam resultados em comum quanto aos problemas com capital intelectual, na sequencia: fatores como capital humano, capital relacional e capital estrutural, que para ambos os sectores são classificados muito altos.

- Apenas o fator "competência social" é avaliado de forma significativa maior por empresas que trabalham no setor dos serviços.

Recomendações futuras

Não se aplica

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 198

Dos oitos artigos da revisão sistêmica, três artigos deles são pesquisas empíricas, duas pesquisas são mistas com teóricas e empíricas e três totalmente teóricas.

Observou-se que os artigos selecionados e apresentados no portfólio foram publicados a partir de 2005 (1), com intervalo nesse tempo e em 2009 (1), 2010 (2), 2011 (4), 2012 (1).

Em relação às lentes de verificação, observa-se que as dimensões do capital intelectual em clusters estão sendo consideradas como capital humano, estrutural e relacional como vem sendo considerados pelos autores clássicos de CI, mas o que muda é o contexto voltado a clusters.

No que se refere a destacar os principais indicadores de capital intelectual em cluster, o autor Charoensiriwath (2009) fornece indicadores para medir o capital intelectual no cluster comtemplando as três dimensões do capital humano, estrutural e relacional. Ele fornece também um relatório preliminar sobre a aplicação do conceito de capital intelectual em Cluster para a indústria de HDD na Tailândia e fornece uma estrutura para analisar a inovação e sustentabilidade do cluster.

Sobre a colaboração em cluster as pesquisas chamam a atenção para a cooperação global e transferências de conhecimento entre os diferentes tipos de redes e cadeias de valor, e a necessidade de se considerar o nível de múltiplos laços (fortes e fracos) da rede ao analisar a capacidade de inovação, o capital relacional e inserção das empresas do cluster (FULYA; EREN; DENIZ, 2011).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo buscou fazer um levantamento da produção científica sobre Capital Intelectual em Cluster e destacar os indicadores de capital intelectual utilizados. Para isso foi utilizado o método o ProKnow-C (Knowledge Development Process – Constructivist), com o qual foi selecionado o portfólio bibliográfico. A partir dessa seleção foram identificados 23 artigos relacionados ao tema, sendo que destes apenas 8 foram considerados relevantes. Isto, por si só, demonstra que há necessidade de se aprofundar o conhecimento na área.

Na revisão sistêmica, foram observadas três lentes de verificação. Na primeira analisaram-se quais dimensões do CI estão sendo consideradas nas pesquisas em cluster, concluindo-se que são as clássicas, isto é, capital humano, estrutural e relacional. Somente um autor inclui uma visão de cadeia de suprimentos, o que merece ser aprofundado.

Quanto aos indicadores utilizados para avaliar o CI em clusters (segunda lente), observa-se a existência de dois estudos relevantes: Charoensiriwath (2009); e Mertins, Will; Meyer (2010). Entretanto, há de se considerar que são necessários mais estudos a respeito, já que no primeiro o foco foi em um segmento específico da Tailândia e no segundo, empresas alemãs. Para uma generalização dos indicadores são necessários estudos em um maior número de clusters.

Entretanto, os estudos permitem observar algumas tendências, tais como: os fatores intangíveis mais decisivos são "fatores de capital humano"

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Machado, Inomata e Follmann

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 199

(competência profissional, motivação dos funcionários, competência social, capacidade de liderança); relacionamento com o cliente ocupa a segunda posição de fatores de capital intelectual (capital relacional); Com relação ao capital estrutural, os fatores (instrumento de gestão, cultura corporativa, tecnologia da informação e conhecimento explicito, cooperação e transferência de conhecimento interno) receberam colocações medianas no ranking.

Em relação à terceira lente da pesquisa, que trata sobre a colaboração em cluster, pode-se observar que a maioria dos artigos trata sobre o assunto. Observa-se, no entanto, a necessidade de se considerar o nível de múltiplos laços (relação entre diferentes cadeias de valor) da rede ao analisar a capacidade de inovação. Ressalta-se nesse caso a necessidade de aprofundar o conhecimento acerca da dimensão capital relacional das empresas em clusters.

Por fim, o artigo permitiu retratar a situação do CI em clusters, observando-se avanços, mas principalmente oportunidades de pesquisa. Além do que já foi apresentado, pode-se buscar também um entendimento sobre a influencia do CI no sucesso de empresas em clusters (e do próprio cluster) observando, por exemplo, quais as dimensões que exercem maior impacto.

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10 CAPITAL INTELECTUAL E GESTÃO

PÚBLICA

Marco Antonio Harms Dias

Alexandre de Avila Lerípio

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Dias e Lerípio

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 203

1. INTRODUÇÃO

Assim como em todas as organizações, a gestão pública, com o advento da crise do Estado-nação e a emergência da sociedade do conhecimento (DRUCKER, 2002) frente à sucessão do modelo industrial (BUENO et al, 2004), defronta-se com a necessidade de respostas a questionamentos sobre como gerir programas públicos intensivos em conhecimento estruturados sobre recursos intangíveis e em contextos adversos às regras de mercado.

Nomeadamente, no setor público há o conceito de valor público (MOORE, 2007) e o objetivo das ações de gestão pública reside na sua entrega aos cidadãos de forma superior, com semelhanças às iniciativas de gestão reguladas por práticas de mercado (BOYNE, 2002; PARK, 2007; WIIG, 2002).

Por outro lado, sabe-se que as implantações de técnicas de gerencialismo no setor público foram iniciadas nas últimas décadas e se depararam com dificuldades sui generis do ambiente público, principalmente frente às diferenças entre as formas de gestão, relações com stakeholders e suas finalidades (BUENO et al, 2004; DENHARDT, 2008; MATIAS-PEREIRA, 2010; RAMIREZ, 2010).

Frente às limitações e o conceito de uma administração pública emergente, conforme Denhardt (2008) e Bueno et al (2004), propõe-se nesse trabalho o desenvolvimento de um roteiro para adaptação de um modelo de gestão do capital intelectual para programas públicos.

Esse texto se estrutura a partir dessa introdução, de um levantamento teórico que fundamenta as reflexões necessárias para se atingir o objetivo proposto, a apresentação do roteiro, os procedimentos metodológicos, uma análise dos resultados obtidos com a coleta dos dados e, encerra com as considerações finais.

2. REVISÃO TEÓRICA

Para uma melhor compreensão dos aspectos teóricos, serão discutidos os entendimentos sobre gestão pública e capital intelectual.

2.1 GESTÃO PÚBLICA

A gestão pública passa por um momento de transição entre o modelo burocrático para um modelo devidamente adaptado a um mundo interdependente e em constante mudança (MATIAS-PEREIRA, 2010). As tentativas originadas principalmente na década dos anos 1980 de inserção de práticas oriundas do mundo empresarial para o âmbito da gestão pública demonstrou ineficiência devido a diversos fatores (DENHARDT, 2008; BUENO et al, 2004), principalmente na simples conversão e adaptação dos modelos e nas buscas de similaridade entre os conceitos de cidadãos e clientes (BUENO et al, 2004; BOYNE, 2002).

Neste sentido, o movimento denominado “new public management” foi instituído visando uma modernização da administração pública e, dentre as críticas e limitações, autores apontam a deficiência nos paralelos entre os conceitos de cliente e cidadão. A partir desse movimento novos conceitos

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Dias e Lerípio

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 204

surgiram “especialmente os relacionados com eficiência, eficácia e contribuição positiva na elaboração de uma visão mais gerencial da gestão governamental” (RAMIREZ, 2010, p. 250).

Esses conceitos trazem consigo aspectos de gestão ligados à competitividade e, apesar de “não usualmente buscar vantagens competitivas” (SERVIN, 2005, p.9), a gestão pública busca amparo e aplicação de conceitos como recursos valiosos, como por exemplo a importância do serviço público (DENHARDT, 2008) entregar valor público (MOORE, 2007).

Por exemplo, nas obras da OECD (2001 e 2008) há clara tendência na incorporação de tecnologias da informação e comunicação na gestão pública, e autores como Abma e Noordegraaf (2003) defendem que há necessidade de especificidade à gestão pública ao afirmarem que não há como fazer uma simples correlação na aplicação de medidas de desempenho entre os modelos de gestão privados e públicos.

Nesse sentido conclui-se que para se propor um instrumento de gestão para o capital intelectual, há necessidade de se buscar adaptações às especificidades de uma gestão complexa como é a que envolve as questões públicas.

2.2 CAPITAL INTELECTUAL

Principalmente a partir da década de 1990, o tema capital intelectual surge na literatura e práticas empresariais, devido ao entendimento de que “na presente economia, mais e mais negócios estão ligados a valores não vinculados aos recursos tangíveis, mas aos seus recursos intangíveis” (BONTIS, 1999, p. 435).

Com foco na estratégia voltada ao recurso (DUMAY, 2013), o capital intelectual demonstra uma forma de gerir o conhecimento como o recurso valioso de uma organização, porém ao contrário de ativos físicos, ativos de conhecimento, também conhecidos como capital intelectual, são muito mais difíceis de quantificar.

Diversos autores apresentam formas de se analisar e avaliar o capital intelectual a partir de estudos iniciais e, hoje, com o assunto de certo modo consolidado (EDVINSON, 2013), há consenso da estruturação desse recurso nas organizações a partir de três dimensões: humana, estrutural e social (BUENO et al, 2011).

Em síntese, conforme Sveiby (1998) e Bueno et al (2011), pode-se descrever a dimensão humana como a representação do saber fazer, a dimensão estrutural como os conhecimentos que ficam na organização na ausência dos funcionários e a dimensão social como as relações da organização com os seus diversos stakeholders.

Dentre diversos modelos de gestão de capital intelectual, elege-se neste estudo o Modelo Intellectus por ser caracterizado como sistêmico, aberto, flexível, adaptativo e dinâmico (BUENO et al, 2011).

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Dias e Lerípio

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 205

2.3 MODELO INTELLECTUS

Devidamente consolidado após diversos estudos e aplicações o Modelo Intellectus se estrutura em forma hierárquica, de quatro níveis a partir de três capitais, porém apresenta-se com seis capitais: além do Humano, o capital organizativo e tecnológico foram desmembrados a partir do capital estrutural e os capitais de negócio e relacional a partir do capital social. O sexto capital, o de empreendimento e inovação, foi concebido para demonstrar comoatuam os aceleradores dos processos de geração de valor. Os quatro níveis hierárquicos do modelo Intellectus são: os capitais, os elementos, variáveis e indicadores, conforme demonstrado na figura 1.

Figura 1. Modelo Intellectus de Capital Intelectual

Fonte: adaptado a partir de Bueno et al (2011, p. 14).

O modelo Intellectus foi aplicado em gestão pública conforme as experiências de Bueno et al (2004), e os pressupostos desses autores, a partir da aplicação no Ministério de fiscalização de tributos espanhol, são apresentadas em Bueno et al (2006). Como se caracteriza por um modelo dinâmico, com novas experiências, principalmente em empresas mercantis, foram agregadas, culminando em um modelo estruturado conforme detalhado em Bueno et al (2011). Uma síntese das diferenças nestes dois períodos, encontra-se na figura 2.

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Dias e Lerípio

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 206

Figura 2. Modelo Intellectus – diferenças entre Bueno et al (2006) e Bueno et al (2011)

Fonte: elaborado pelos autores

Percebe-se que há necessidade de complementação e atualização da proposta do modelo Intellectus para a gestão pública apresentado em Bueno et al (2006), com a localização e contextualização dos elementos e variáveis à luz de Bueno et al (2011) e a percepção dos gestores públicos.

3. METODOLOGIA

Caracterizado como um estudo de caso, visando à generalização das reflexões para novos contextos a partir de uma realidade subjetiva pretende-se com essa pesquisa qualitativa (DENZIN e LINCOLN, 2006) caracterizada como básica ou genérica (MERIAN, 1998), descobrir ou desvelar questões inerentes ao capital intelectual em gestão de programas públicos a partir da adequação do modelo Intellectus ao contexto vivido por gestores públicos.

3.1. MÉTODOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS

O levantamento dos dados ocorreu por meio de entrevista por questionário elaborado conforme os elementos e variáveis do modelo Intellectus (BUENO et al, 2011), composto por questões com escalas qualitativas, predominantemente por escalas de importância – do “extremamente importante” ao “nada importante” e likert – do “discordo totalmente” ao “concordo totalmente” (FAVERO et al, 2009).

As 97 variáveis apresentadas em Bueno et al (2011) foram avaliadas à luz dos princípios da gestão pública, conforme Denhardt (2008), resultando conforme a percepção dos autores, em 71 questões que são aderentes à

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Dias e Lerípio

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 207

complexidade da gestão pública. Além das respostas nas escalas, foi solicitado aos sujeitos suas impressões e dúvidas, por meio de espaço ao lado de cada resposta.

O instrumento de coleta de dados foi entregue com uma carta de apresentação, descrevendo os objetivos da pesquisa, explicando o critério de sua seleção para a entrevista e orientações de preenchimento. As variáveis foram divididas em grupos, conforme o elemento que as compunha, com uma breve explicação do que representava esse conjunto.

3.2. SUJEITOS DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada com 10 gestores públicos matriculados em um curso de mestrado em gestão de políticas públicas, ocorrendo a intervenção no início de uma atividade letiva regular. Todos atribuíram valores a todas as 71 variáveis apresentadas e apenas quatro sujeitos demonstraram dúvidas nos questionamentos, com a explicitação no campo de comentários ao lado do questionamento.

Os comentários foram de dúvida para a variável “homogeneidade cultural”, que compõe o elemento “cultura” dentro do Capital Organizativo, um dos comentários afirmava a dificuldade de ocorrer e de se mensurar essa variável numa gestão pública.

4. INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

A médias das respostas, possíveis numa escala compreendida entre 1 e 5, ficou em 4,2. Após o cálculo das médias de todas as 71 variáveis, se compôs as médias de cada elemento e, em sequência, o valor médio do capital pela média dos valores dos elementos. Tendo as médias dos valores, chegou-se aos pesos das variáveis, dos elementos e dos capitais. Conforme sintetizado na Figura 1.

Figura 3. Peso dos capitais

Capitais Capital

Acelerador

Ca

pital

Em

pre

endim

ento

e Inovação

(17,1

%)

Capital Intelectual

Humano

(16, 3%)

Organizativo

(16%)

Tecnológico

(17,1%)

Negócio

(16,2%)

Social

(17,3%)

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Dias e Lerípio

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 208

A distribuição das médias e pesos dos elementos, para cada capital, está representada no Quadro 1.

Quadro 1: Distribuição das médias e pesos dos elementos, por capital.

Capital Elemento Média dos valores

Pesos (em %)

Humano Valores e atitudes 4,2 34

Humano Habilidades 4,1 33,2

Humano Capacidades 4,1 32,8

Organizativo Cultura 4,0 48,6

Organizativo Aprendizagem Organizacional 4,2 51,4

Tecnológico Esforço de P&D 4,3 49,4

Tecnológico Tecnologia 4,4 50,6

Negócio Relações com stakeholders – usuários

4,0 16

Negócio Relações com fornecedores 3,7 15

Negócio Relações com stakeholders - patrocinadores

4,4 17,5

Negócio Relações com aliados 4,2 16,9

Negócio Relações com instituições – qualidade

4,5 17,9

Negócio Relações com empregados 4,2 16,5

Social Relações com diversas esferas 4,3 49,2

Social Reputação corporativa 4,5 50,8

Emprendimento e Inovação

Resultados da inovação 4,3 32,9

Empreendimento e Inovação

Esforço em inovação 4,4 33,4

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Dias e Lerípio

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 209

Capital Elemento Média dos valores

Pesos (em %)

Empreendimento e Inovação

Atitudes e Capacidade de empreendimento

4,4 33,7

A partir dessas médias de valores e pesos poder-se-á compor a estrutura do capital intelectual de um programa público, com o desenvolvimento dos indicadores abaixo de cada uma das variáveis.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o estudo realizado percebe-se que é possível adequar e contextualizar o modelo Intellectus à gestão pública a partir das percepções dos gestores. Nesta pesquisa se levantou informações com um grupo seleto de gestores públicos, devidamente inseridos em ambiente acadêmico, porém há indícios pelos resultados que há aderência do modelo estudado com a prática da gestão pública.

Os entrevistados tiveram poucas dúvidas e conseguiram fixar suas percepções em escala qualitativa. A opção por uma análise a partir de média aritmética deu-se pela facilidade de compreensão de quem for aplicar o modelo e utilizar as informações resultantes para as tomadas de decisão e acompanhamento das ações de gestão.

Destaca-se que enquanto a reputação corporativa, no Capital Social, e as relações com instituições de qualidade, no Capital do Negócio apresentam as maiores médias dos valores com 4,5, o elemento “relações com fornecedores”, no Capital negócio, apresentou a menor média, com 3,7. A cultura, no Capital Organizativo, e as relações com stakeholders – usuários tiveram médias de 4,0.

Também é relevante a média superior do Capital Social na composição do Capital Intelectual pela percepção dos sujeitos da pesquisa, em um programa público.

A partir desse estudo que apresenta as médias e ponderações das variáveis, elementos e capitais para a composição do capital intelectual de um programa público, é possível a aplicação de um modelo de análise do capital intelectual com o desenvolvimento de novas etapas, nomeadamente a proposição de indicadores que alimentarão a base dos dados para, com os pesos, apresentar números que representam os capitais componentes do capital intelectual do programa público estudado.

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Dias e Lerípio

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 212

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11 RETENDO CAPITAL INTELECTUAL NAS

EMPRESAS:

evitando a perda de conhecimento

Isabela Regina Fornari Müller

Denilson Sell

Pierry Teza

João Artur de Souza

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Müller, Sell, Teza e Souza

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 215

1. INTRODUÇÃO

Considerando as organizações como um sistema aberto, é possível visualizar o conhecimento como um elemento importante de entrada, sendo assim, as mudanças constantes e rápidas no ambiente exigem a aquisição contínua destes novos conhecimentos.

De acordo com Drucker (1995), na “sociedade do conhecimento” os tradicionais fatores de produção como o trabalho, capital e terra tornam-se secundários, e o conhecimento passou a ser o recurso mais importante. O sucesso competitivo decorrerá da capacidade da organização de criar novo conhecimento.

A velocidade de mudança do ambiente em que as organizações estão inseridas aumenta rapidamente, fazendo com que elas necessitem obter novas vantagens competitivas sustentáveis, renovando-se constantemente. E uma das maneiras de se garantir a vantagem competitiva de uma empresa é investir em seu Capital Intelectual. Bontis (1999) considera que o capital intelectual é o estoque de conhecimento de uma empresa. É dividido em três subdomínios: capital relacional, estrutural e humano. Para Francini (2002) o capital intelectual é o capital originário do conhecimento responsável pelo sucesso da empresa, formado por ativos não financeiros, ocultos e invisíveis. Para Bueno et al. (2011) o capital humano faz referência ao conhecimento que as pessoas ou grupos possuem nas organizações,

Por outro lado, entende-se que a perda de conhecimento é um fator crítico, uma vez que pode tornar as organizações vulneráveis diante de muitos contextos, sejam crises econômicas, períodos de instabilidades ou até em períodos de prosperidade. Todas as organizações enfrentam o risco de perder o conhecimento, por meio de: demissões, aposentadorias, rotatividade depessoal, fusões e aquisições, o que pode afetar sua capacidade de adquirir e sustentar vantagem competitiva. Neste contexto, é necessário entender as consequências da perda de conhecimento e da importância de reter conhecimento nas organizações.

Temas como criação e compartilhamento de conhecimento têm sido desenvolvidos sob várias perspectivas. Porém, identificou-se que poucos esforços foram empreendidos em relação ao tema perda de conhecimento. Inclusive, verificou-se que existe uma pluralidade de conceitos e termos utilizados para perda de conhecimento, o que dificulta a utilização de uma linguagem comum e consequentemente a evolução das pesquisas sobre o tema. Nesse sentido, o presente trabalho, por meio de um levantamento sistemático da literatura, identificou e analisou os trabalhos relativos a perda de conhecimento, contribuindo para a clarificação dos termos e conceitos apresentados e propondo perspectivas de pesquisas sobre o tema.

O presente trabalho segue a seguinte estrutura: na seção 2 é apresentado o método utilizado; na seção 3 é apresentada a análise bibliométrica realizada a partir dos artigos levantados; na seção 4 apresentam-se e discutem-se os resultados da análise dos artigos sobre perda de conhecimento; e finalmente, na seção 5 são apresentadas as considerações finais, bem como perspectivas para futuras pesquisas.

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Müller, Sell, Teza e Souza

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 216

2. MÉTODO

O presente estudo foi realizado em quatro etapas distintas: identificação das palavras-chave; buscas nas bases de dados; filtragem das publicações; análise bibliométrica; análise dos artigos.

Identificação das palavras-chave: identificaram-se, por meio de leitura exploratória, quinze termos associados a perda de conhecimento: absent, absorbed, abstracted, bereavement, confusion, damage, deep, deprivation, disappeared, ecstatic, forfeiture, forget, gone, leakage, lost; loss, misbirth, miscarriage, misguided, miss, missing, missing, offscourings, perdition, perdu, prejudice, privation, ruination, seepage, strayed, undoing, undone, unlearning, vanished, wastage, waste, wreck. Para as buscas optou-se pela combinação de cada um dos termos identificados com o termo “knowledge management”, de forma a obter um portfólio de artigos para focados no contexto do conhecimento organizacional.

Buscas na base de dados: com relação a escolha da base, selecionou-se a base de dados Web of Science. A escolha dessa base deu-se por ela ser, na área de gestão de negócios, reconhecida pela qualidade das publicações armazenadas. Optou-se pela utilização apenas de publicações em periódicos, uma vez que já estão avaliados pelos pares, e assim constituem fonte mais confiável. Para obter estudos focados no tema de estudo, pesquisaram-se os termos nos títulos, resumos e palavras-chave. Foram obtidos 455 artigos.

Filtragem das publicações: após a busca, as referências dos 455 artigos foram importadas para o software EndNote®. Após, foram identificados aqueles artigos que não eram relevantes para a pesquisa. Esse processo foi realizado por dois dos autores com base na leitura dos títulos e resumos de cada publicação e eventualmente por meio do artigo completo – essa última opção foi utilizada nos casos em que o resumo não estava disponível ou suficientemente claro. Foram eliminados todos os artigos que receberam duas indicações de eliminação, resultando em um portfólio de 77 artigos, dos quais se obteve acesso ao texto completo de 39. Esses 77 artigos contituem o protfólio de análise.

Análise Bibliométrica: realizou-se uma análise bibliométrica dos artigos levantados, de forma a identificar a quantidade de publicações ao longo dos anos, palavras-chave mais utilizadas, os principais autores e os periódicos que mais publicam sobre o tema.

Análise dos artigos: essa análise foi realizada com dois focos: o primeiro com vistas a descrever resumidamente o trabalho em relação ao objetivo, método e resultado, e o segundo com vistas a identificar termos e conceitos utilizados nos estudos analisados, bem como perspectivas para estudos futuros.

3. ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA

Constatou-se inicialmente que os 77 artigos do portfólio, foram escritos por 182 autores em 61 periódicos, utilizando 398 palavras-chave diferentes. Na Figura 1 é apresentado o gráfico com as palavras- chave com cinco ou mais repetições nos trabalhos do portfólio de análise.

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Müller, Sell, Teza e Souza

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 217

Figura 1 – Gráfico de frequência das palavras-chave (n = 398)

Nota: n = 398 e corte em 5 repetições

Observa-se que o termo “knowledge management” aparece na pesquisa como o mais recorrente (49 repetições), isso demonstra uma tendência de relacionamento entre os termos e os estudos de perda de conhecimento e gestão de conhecimento. Chama atenção, no entanto, o fato de que nenhum artigo possui como palavras-chave os termos “perda” ou “perda de conhecimento”.

Figura 2 – Gráfico da quantidade de publicações por ano

Nota: n = 77

Com relação ao número de publicações ao longo dos anos, percebe-se uma irregularidade nas quantidades de publicações, conforme Figura 2. Buscaram-se explicações para o pico de publicações encontrado em 2006 e a

0 10 20 30 40 50

knowledge management

knowledge

system

information

organizations

firm

competitive advantage

organizational learning

product development

trust

Frequência

pa

lav

ras-

cha

ve

0

2

4

6

8

10

12

199

8

199

9

200

0

200

1

200

2

200

3

200

4

200

5

200

6

200

7

200

8

200

9

201

0

201

1

201

2

201

3

Qu

an

tid

ad

e d

e p

ub

lica

ções

Anos

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Müller, Sell, Teza e Souza

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 218

queda nos dois anos seguintes. Não foram encontradas explicações para tal comportamento, mas acredita-se que se trata de um comportamento normal relativo a temas emergentes, como perda de conhecimento.

Os autores que mais publicaram sobre perda de conhecimento foram N. J. Davies, P. M. de Holan e J. Liebowitz. Esses autores possuem duas publicações no portfólio, número máximo de publicações por um único autor. Todos os demais autores apresentam uma publicação sobre.

Levantando os periódicos que mais publicaram sobre o tema, conforme pode ser observado na Figura 4, verificou-se que dos 61 periódicos encontrados, em oito deles (17,4 %), estão publicados mais de um artigo sobre o tema, correspondendo o montante desses artigos a 32 % das publicações levantadas.

Figura 3 – Gráfico da quantidade de publicações por periódico

Nota: n = 61 e corte em duas publicações

O próximo item apresenta o mapeamento dos artigos do portfólio de análise.

4. DESCRIÇÃO DOS ARTIGOS ANALISADOS

A seguir são analisados os artigos relacionadas a perda de conhecimento. Inicialmente é realizada uma apresentação descritiva dos artigos, apresenta-se os autores relacionando-se a nomenclatura relacionada à perda de conhecimento utilizada. Em seguida buscou-se sumarizar os resultados utilizando-se dos autores que mais produziram sobre este tema. Os trabalhos analisados são apresentados na Figura 4.

0 1 2 3 4 5

Journal of Knowledge Management

Journal of Organizational Change…

Expert Systems with Applications

Journal of Universal Computer Science

Bt Technology Journal

Business Horizons

Information Systems Research

Knowledge Management Research…

Management Decision

Organization Studies

Quantidade de Publicações

Per

iód

icos

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 219

Figura 4 – Artigos relacionados a perda de conhecimento e suas diversas nomenclaturas.

Termos e

quantidade de artigos

por termo

Artigos

ab

so

rbed

ab

str

acte

d

co

nfu

sio

n

dam

ag

e

deep

d

isap

pea

re

d

forg

et

leak

ag

e

loss

lost

mis

s

mis

sin

g

seep

ag

e

un

learn

ing

waste

2 7 6 5 1 1 10 2 35 17 4 3 1 1 2

Agrawal, Cockburn and McHale (2006)

X

Anquetil et al. (2007)

X X

Becker (2007) X

Beraha, Erven e Puhr-Westerbeide (2006)

X

Brivot (2011) X

Buckley e Carter (2004)

X

Cavusoglu, Cavusoglu e Raghunathan (2007)

X

Cesar (2011) X

Chia (2003) X

Chiang e Huang (2012)

X

Christopher e Gaudenzi (2009)

X

Coetzee, van Beek e Buys (2012)

X X

Cui et al. (2012) X

d'Alos-Moner (2006)

X

Davies (2000) X

de Holan (2011) X X

de Holan e Phillips (2004)

X

de Long e X

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 220

Seemann (2000)

de Vasconcelos, Kimble e Rocha (2003)

X

Durst e Wilhelm (2012)

X X X

Elsner (2002) X X

Fernandez e Sune (2009)

X X

Ferrada e Serpell (2009)

X

Gaimon, Oezkan e Napoleon (2011)

X

Goodall e Roberts (2003)

X

Grigg (2006) X

Grote, Rose e Peter (2002)

X X

Hafeez e Abdelmeguid (2003)

X

Huang e Wang (2013)

X

Huber (2001) X

Ingenhoff (2006) X

Jackson (2010) X

Jafari et al. (2011) X

Jarvenpaa e Majchrzak (2010)

X

Kankanhalli, Tan e Wei (2005)

X

Karlsen, Olsen e Donnelly (2010)

X

Lambert et al. (2003)

X X

Landry, Mahesh e Hartman (2005)

X

Levy (2011) X

Liebowitz (2008) X

Lin et al. (2012) X

Liu, Ray e Whinston (2010)

X X

Liyanage (2002) X

Lowe e McIntosh X

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 221

(2007)

Martinkenaite (2012)

X

Martins e Meyer (2012)

X

Matta, Ducellier e Djaiz (2013)

X

McInerney, Davenport e Bekar (2002)

X

Meyer e Marion (2013)

X X

Naaranoja e Uden (2007)

X

O'Leary (1998) X X

Oliveira et al. (2005)

X

Parker (2012) X X

Pasman (2009) X

Paton (2009) X

Peleg e Tu (2006) X

Petter e Vaishnavi (2008)

X

Rao e Argote (2006)

X

Reich, Gemino e Sauer (2008)

X X

Reinhardt e Stattkus (2002)

X X

Roge, Hughes e Simpson (2011)

X X

Rubenstein-Montano, Buchwalter e Liebowitz (2001)

X X

Sanders, Steward e Bridges (2009)

X

Schlogl (2005) X

Schmitt, Borzillo e Probst (2012)

X

Sedziuviene e Vveinhardt (2010)

X

Seneviratne, Baldry e Pathirage (2010)

X

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 222

Shumate, Ibrahim e Levitt (2010)

X

Sivakumar e Roy (2004)

X

Tai e Chen (2009) X X

Thompson e Walsham (2004)

X

Treleaven e Sykes (2005)

X X

Vasconcelos e Jamil (2008)

X X

Verma, Tiwari e Mishra (2011)

X

Wang et al. (2009) X

Warren e Davies (2007)

X

Yilmaz (2012) X

Dos artigos analisados verifica-se que a maioria deles trata da perda de conhecimento com a nomenclatura de loss (35), lost (17), forget (10), abstracted (7), confusion (6) e damage (5).

O levantamento dos artigos mais citados revelou que 15 dos artigos receberam 10 ou mais citações, sendo apresentados na Figura 5.

Figura 5 – Artigos mais citados

Artigo Citações Título Periódico Termos

utilizados

Kankanhalli, Tan and Wei (2005)

306

Contributing knowledge to electronic knowledge

repositories: an empirical investigation.

Mis Quarterly loss

Huber (2001) 81

Transfer of knowledge in knowledge management

systems: unexplored issues and suggested studies.

European Journal of Information

Systems loss

Agrawal, Cockburn e McHale (2006)

69

Gone but not forgotten: knowledge flows, labor mobility,

and enduring social relationships

Journal of Economic Geography

forget

de Holan e Phillips (2004)

67 Remembrance of things past? The dynamics of organizational

forgetting

Management Science

forget

O'Leary (1998) 59 Enterprise knowledge

management Computer

loss

lost

Buckley e Carter (2004)

48 A formal analysis of knowledge

combination in multinational enterprises

Journal of International

Business Studies loss

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 223

Thompson e Walsham (2004)

41 Placing knowledge

management in context

Journal of Management

Studies confusion

Goodall e Roberts (2003)

26 Repairing managerial

knowledge-ability over distance Organization

Studies damage

Chia (2003) 24

From knowledge-creation to the perfecting of action: Tao,

Basho and pure experience as the ultimate ground of knowing

Human Relations abstracted

Tai e Chen (2009) 20

A new evaluation model for intellectual capital based on

computing with linguistic variable

Expert Systems with Applications

abstracted

Hafeez e Abdelmeguid (2003)

19 Dynamics of human resource and knowledge management

Journal of the Operational

Research Society loss

Rao e Argote (2006)

16 Organizational learning and

forgetting: the effects of turnover and structure

European Management Review

forget

Petter e Vaishnavi (2008)

14 Facilitating experience reuse

among software project managers

Information Sciences

lost

de Long e Seemann (2000)

13 Confronting conceptual confusion and conflict in knowledge management

Organizational Dynamics

confusion

Peleg e Tu (2006) 12 Decision support, knowledge

representation and management in medicine

Methods of Information in

Medicine lost

Nota: corte em 10 citações.

Em relação aos termos utilizados pelos artigos mais citados, observa-se que “loss” e “forget” são aqueles mais utilizados para fazer referência a perda de conhecimento.

N. J. Davies, P. M. de Holan e J. Liebowitz, os autores que mais publicaram, tem seus trabalhos sobre esta temática resumidos na Figura 6, de forma a identificar as temáticas trabalhadas por esses autores.

Figura 6 – Artigos relacionados perda de conhecimentos (autores que mais publicaram).

Quem fez, o que fez e como fez Resultado no contexto da perda de

conhecimento

Davies, N.J (2000)

Apresentaram que sucesso de uma organização é mais dependente de seus ativos intelectuais do que o valor de seus recursos físicos.

Utilizando de uma análise temporal do índice Dow Jones Industrial ao longo dos últimos 25 anos.

A gestão do conhecimento tem como objetivo enfrentar este desafio e pode ser amplamente definida como as ferramentas, técnicas e processos para a gestão mais eficaz e eficiente dos ativos intelectuais de uma organização.

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 224

Warren, P.W.; Davies, N.J. (2007)

Descreveram a abordagem semântica à gestão da informação e como ela pode reduzir os riscos decorrentes de informações.

Por meio de uma pesquisa exploratória.

Ele descreve um projeto SEKT investigação, liderada por BT, que está ampliando a capacidade desta abordagem semântica.

De Holan, P.M.; Phillps, N. (2004)

Estudaram o processo de aprendizagem em alianças estratégicas internacionais para explorar como e por que as organizações esquecem.

Por meio de um estudo exploratório, de casos múltiplos.

Reconheceram a importância de desenvolver uma teoria da organização esquecendo, discutindo o papel do esquecimento na dinâmica do conhecimento organizacional;

Poder apresentar uma tipologia dos tipos de organização esquecimento.

De Holan, P.M. (2011)

Estudaram o diferente mecanismo utilizado nas organizações para decretar um voluntário esquecimento organizacional

Com base em uma revisão de literatura, pesquisa anterior e original.

Foram identificados quatro mecanismos principais: ativos e tecnologias, rotinas e procedimentos, estrutura e entendimentos. Cada mecanismo é discutido e as implicações são atraídos para futuras pesquisas.

Liebowitz, J. (2008)

Verificar como os organizações estão encontrando a melhor forma de desenvolver e implementar uma estratégia de KM.

Com base em uma revisão da literatura de gestão do conhecimento.

Enquanto tentam tecer KM em sua estrutura organizacional, alguns itens importantes são frequentemente ignorados. Estes incluem: a comunicação KM e plano de educação, e uma revisão pós-ação (AAR)

Rubenstein-Montano, B.; Buchwalter,J.; Liebowitz, J. (2001)

Este artigo apresenta um estudo de caso da gestão do conhecimento na Administração de Segurança Social dos EUA.

Fornece recomendações sobre como a gestão do conhecimento pode proteger melhor os recursos valiosos conhecimentos.

O estudo sugere que a partilha de conhecimento, formação e desenvolvimento global de um ambiente de trabalho propício à promessa de gestão do conhecimento para melhorar o desempenho de uma operação.

Após a leitura dos artigos citados acima, observa-se que os estudos realizados pelos autores acima apresentam contextos diferentes sobre a perda de conhecimento, referindo-se esta perda a: esquecimento, envelhecimento, desperdício, saída, perda por rotatividade, não utilização, falta de memória, entre outros. Porém, todos estudam e abordam a importância de se buscar estratégias que possam minimizar a perda de conhecimentos nas organizações.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho identificou e analisou os artigos relativos a perda de conhecimento, contribuindo para a clarificação dos termos e conceitos apresentados e propondo perspectivas de pesquisas sobre o tema. Para isso,

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 225

realizou-se um levantamento sistemático dos artigos relacionados a perda de conhecimento na base de dados Web of Science.

Dos 77 artigos encontrados, que foram analisados bibliometricamente, verificou-se que os existem diversas nomenclaturas sobre perda de conhecimento e que apresentam diferentes tipos de perda de conhecimento nas organizações. Verificou-se que a maioria dos 77 artigos tem como foco a perda de conhecimento, porém apresentam contextos diferentes sobre a de perda de conhecimento nas organizações, enfocando a perda por: envelhecimento, saída, desperdício, confusão, dano, vazamento, falta de memória, rotatividade funcional, aposentadoria, entre outros.

Porém, verificou-se pela análise dos artigos que estudar e mensurar a perda de conhecimento é um processo fundamental para a diminuição dos fatores críticos e o aumento da capacidade de uma organização. No entanto, observou-se que existe ainda uma lacuna muito grande em pesquisas sobre este tema, principalmente no que tange como as organizações podem mensurar a perda de seu conhecimento.

O fato que chama atenção é de que os artigos encontrados na base e que tratam de perda de conhecimento não relacionam perda de conhecimento em nenhuma das 398 palavras-chave apresentadas.

Porém observa-se que o processo de gestão do conhecimento é indicado pelos autores, como uma ferramenta poderosa e pode ser utilizada para evitar a perda de conhecimento organizacional, levantou-se em conta que o conhecimento hoje se tornou o fator mais importante da organização. O conhecimento reconhecido como um ativo intelectual sempre teve a sua importância, porém nunca tanto como agora.

Dado o contexto apresentado neste artigo, enfatiza-se a importância de outros estudos sobre Perda de Conhecimento Organizacional. Salienta-se que além de um aprofundamento conceitual, trabalhos podem abordar a mensuração de perda de conhecimento, bem como avaliar suas causas e estratégias para mitigação de riscos.

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12 INDICATORS PERFORMANCE OF

INTELLECTUAL CAPITAL FOR THE REVERSE LOGISTICS POST- SALE

PROCESS:

case of refregeration appliances

Caroline Rodrigues Vaz

Bernard Grabot

Mauricio Uriona Maldonado

Carlos Manoel Taboada Rodriguez

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1. OVERVIEW

Intangible assets are highlighted since the middle of the 80’s, with two economic forces related one to another: first, the business competition driven by trade globalization and deregulation in key sectors; second, the arrival of information technologies (PACHECO, 2005).

Due to the relevance of intangible assets and their incidence in business, this research pays special attention to the assets which form the intellectual capital of firms (innovation, brands, firm’s image, among others).

Following Peter Drucker’s view on intellectual capital, we sought to analyze elements involved in value generation of organizations (GRACIOLI, 2005).

For Stewart (1998), the intellectual capital corresponds to the set of knowledge and information found in organizations, which adds value to products and/or services under intelligence applying rather than monetary capital to the enterprise.

Therefore, we can consider the Intellectual Capital as a set of hidden assets that aggregate value to the organizations, allowing their continuity. Considering such concepts, we can say that Intellectual Capital is the set of values - capital, asset or hidden resource - that tends to aggregate real values to organizations.

The ability of a company to manage its intellectual capital tends to be increasingly important in the quest for competitiveness and better organizational performance. It is this asset, which enables companies to develop new products and services to meet ever-changing needs. Due to the rapid development of technology and the accelerating obsolescence of products, some specific items, especially electronics, have shorter and shorter life cycle, thus generating a huge amount of disposable wastes, causing major environmental problems.

The electronics product’s industry has established throughout the years a competition pattern based on releasing new products by focusing on technology, design and added features by shortening the average life cycle of their products. For example, it is common for a consumer to purchase a new cell phone even when the old one is still in full operation. Such behavior results in the creation of a growing used electronics market, where the equipment is still functioning, informally sold or donated for reuse. This creates what we call a "second life" for electrical and electronic equipment which sometimes extends to a third, fourth or fifth life (INVENTTA, 2012).

Refrigeration appliances are among the equipment that represent the largest share in residential electric energy consumption in Brazil. Increasing the efficiency of energy consumption while providing the same service has both environmental and economic advantages: saving natural resources, reducing the potential for environmental degradation and the need for investments in the expansion of the electric energy generation (MELO and JANUZZI, 2008).

At the end of their life, these products become electrical and electronic equipment wastes (EEEW). Ideally, they only reach this point once all possibilities of repair, upgrade or reuse have been exausted. Some of them,

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notably telecommunications equipment, have a shorter obsolescence cycle. In other words, due to the introduction of new technologies or the unavailability of spare parts, they are replaced - discarded - faster (INVENTTA, 2012).

Nevertheless, this global trend has generated a new profile of consumers that are more aware and concerned with environmental issues, opening an opportunity to add esteemed value to ecologically friendly products and therefore making the environment an influencing factor of competitiveness among firms.

The concept of Corporate Logistics or Business Logistics has gained room in the corporate world by taking into account the management of material, services and information flows. Also, the globalization of the economy has generated a dynamics in companies as never seen before, producing changes in processes and in consumer service (GUARNIERI et al., 2006).

The interest on Reverse Logistics began in the 90’s, together with the interest on materials resource planning, when logistics professionals recognized the significant amount of costs involved in raw materials, parts, components and supplies and the need to manage them in a proper way.

The environmental impact caused by materials handling, project and product packaging is remarkable, and products and materials recycling are of vital concern to all organizations.

Therefore, Reverse Logistics can be understood as the management of material flow, from the consumption to the reuse point, that needs to be managed. This inverted flow is growing due to the activities of recycling and reuse of products and packaging that have considerably increased in the last years.

Reverse Logistic comprises all of the logistic processes previously described, but in a backward flow. According to Rogers and Tibben-Lembke (1999) Reverse Logistics is the process of planning, implementation and control of the efficient and low cost of raw materials, stock in process, finished product and related information, from the consumption to the origin point, aimed at value recuperation or proper discard for trash collection and treatment.

Lacerda (2002) states that the initiatives related to reverse logistics have brought remarkable returns for organizations, justifying investments and fueling new initiatives; however, more or less efficiency in the reverse logistic process will depend on how it is planned and controlled.

“After sale” or “Post-sale” reverse logistics can be identified when there is reuse, resale as a second-line product or recycling. If well managed, it can offer firms a source of competitive advantages by means of differentiation in customer service, adding value to customers and very significant for e-commerce (OLIVEIRA, 2011).

Herrero (2005) believes that the enterprise value is formed by the financial capital (tangible asset) and intellectual capital (intangible asset). The latter is understood as the intellectual stuff (knowledge, information, intellectual property, experience) that can be used to wealth generation.

According to Pacheco (2005), intangible assets have a prevailing role in

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 237

wealth generation under business scope because they are key competences and driving forces for evaluating the tangible assets themselves, to reach targets and to integrate administrative endeavors.

Therefore, after Kaplan and Norton (1997), one started to realize that the ability of a firm in managing their intellectual capital (intangible asset) was going to be more relevant in the search for competitiveness and best organizational performance. These assets are what enable firms to develop new products and services that fit to changing needs.

Actually, Norton and Kaplan (2000) mention a study carried out with different firms stating that the book value of intangibles was not greater than 15% of their market value. The remainder value was attributed to intangibles, linked with knowledge, intellectual and human capital.

Therefore, reverse logistics policies require trained human resources aligned with activity and new technologies development. The demand for technological innovation in order to follow legal requirements and reverse channel structuring, as an activity in which the experience is still inceptive, needs investment for human and intellectual capital grounding in order to increase economic, social and environmental sustainability, states Pacheco (2005).

Regarding this aspect, a problem arises: How to analyze the influence of intellectual capital in the process of post-sales reverse logistics in refrigeration appliances?

Thus the aim of this article is: To develop a theoretical model that describe the intellectual capital influence and the post-sale reverse logistics in refrigeration appliances companies.

2. RESEARCH PROCEDURES

First, we perform a bibliometric and systemic analysis related to the main studies, authors, journals and key words of the subject under investigation - reverse logistic chain versus intellectual capital - in the journal portal of CAPES, as well as in the scientific data bases Web of science, SCOPUS, Science Direct and Scielo (Brazil); in order to identify the research gaps, literature review and subject detailing, using as keywords: “reverse logistic” and “intellectual capital”.

Then, we develop a theoretical model from this set of constructs, each one representing an essential element of the phenomenon under investigation: human capital, structural capital, relational capital and reverse logistics. These constructs were connected through hypotheses around the relationships in between.

After this procedure, the semantic appropriation of the proposed indicators regarding to the constructs that are aimed to be measured were verified. Then, the semantic appropriation to the constructs to be measured were investigated. So, the theoretical model will undergo to judges (doctors, professor, experts in this field – nationally and internationally) for analysis in electronic sheets.

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3. RESULTS AND DISCUSSIONS

3.1 Review of literature The method of intervention ProKnow-C proposed by Ensslin et al. (2010)

for the selection of a portfolio literature is embodied in a process divided into four phases:

i) Selection of the database of initial articles: by defining keywords, definition databases, searching for articles in databases keywords and test the adherence of keywords;

ii) ii) filtering: by filtering the database items as raw redundancy and filtering the raw database of articles not repeated as the alignment of the title;

iii) iii) filtering of the database: consists of determining the scientific recognition of the articles, identify authors;

iv) iv) filtering for alignment of full article: composition by reading the full articles.

The literature review was performed in 2012. In the first search, only eight (8) articles were found, linking Intellectual Capital and Reverse Logistics, out of which only four (4) were available through Library Subscription. In this sense, we opted for performing a second search, using both keywords separately, but using the same parameters for both (subject focused on industrial engineering, knowledge management and logistics). Figure 1 shows the quantity of articles found and their respective filtering.

Figure 2 – Analysis and Filtering of literature review

Finally, after the detailed reading of the articles, it was found that out of the 73, only 51 articles really approached the subject of the search: 22 articles

• Articles bruts

- 1488 Reverse Logistic

- 2260 Intellectual Capital

• Articles sans double

- 1216 Reverse Logistic

- 1935 Intellectual Capital

• Articles aligned with the subject

- 417 Reverse Logistic

- 674 Intellectual Capital

• Quantity citation

- 308 Reverse Logistic - 471 Intellectual Capital

• Available for research

- 270 Reverse Logistic - 190 Intellectual Capital

• Systemic Analysis

- 43 Reverse Logistic

- 30 Intellectual Capital

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 239

were therefore excluded from the analysis. Yet, 27 articles were theoretical and 24 presented a case study in several companies from the metal industry, universities information technology.

The methodologies employed by the authors of these articles are bibliometric analysis, modeling, statistical analysis, case studies, surveys, using likert scales, analysis of variance, multiple regression and content analysis. All articles bring satisfactory results of research proposals, noting that the intellectual capital provides the added value in the process and increases the competitive advantage of companies. In relation to the constructs, all items have definitions of research topics, which were used for the construction of the theoretical model.

3.2 Construction of the theoretical model 3.2.1 Intellectual Capital

Definition: Intellectual capital is the set of knowledge or information found in organizations, which adds value to the product and / or services through the application of knowledge and non-monetary capital.

Intellectual capital is often called "intangible assets" or even "invisible assets" because it is an abstract concept, difficult to define, measure and manage. It is a form of capital dynamic and not static (Bontis, 1998), which largely depends on the social and economic value of a company (O'REGAN et al., 2000).

Expertise, training, know-how of employees are examples of intellectual capital. More specifically, intellectual capital can be defined as "the accumulation of knowledge and skills of individuals, skill, competence and knowledge embodied in the human brain" (Stewart, 1994), "the intellectual material that has been formalized, obtained and put into action to produce a most valuable asset "(Klein and Prusak, 1994) and "all recorded information that has a business and intellectual property, such as information, knowledge, intellectual property and experience that can be used to create wealth" (STEWART, 2000).

3.2.1.1 Human Capital

Definition: Human capital is considered to be the thinking being of the organization including their tacit knowledge and their skills abilities and attitudes.

Human capital is all the capacity, knowledge, skill and experience of individual workers, such as creativity, capacity for teamwork and interpersonal skills, leadership, proactive, competence, among others (EDVINSSON and MALONE, 1998).

Besides being a source of innovation and renewal in businesses (STEWART, 1998), it seeks to incorporate in this category not only the training and knowledge that employees have in the present, but also the intensity of the search for improvement to its increase (SVEIBY, 1998).

To analyze the extent of human capital, it is necessary to define the sub-dimensions applied to the process of reverse logistics aftermarket, which is constituted by the construct: competence (knowledge, know-how, attitude).

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- Competence

Definition: all knowledge, skills, experience and training of an individual transported to the process and that can be applied to leverage the process of reverse logistics aftermarket.

The concept of competence includes the knowledge, skills and talents of employees of the organization. These characteristics are developed at the individual level, both through formal education and by practice in the workplace (COSER, 2012; CHEN et al., 2004).

The MEDEF (1998) gives the following definition of competence: "Professional competence is a combination of knowledge, experience and behavior involved in a specific context".

Montmollin (1994) considered the jurisdiction of mental structures around which revolve all the data that the operator performs its task knowledge learned, but knowledge derived from experience and practical implementation strategies and applying knowledge to solve a problem.

Finally, for Leplat (1997), "Competence is a knowledge system that generates the activity and meets the requirements of the tasks of a given class." This definition highlights the possible confusion in the use of "competence" and the concepts of "knowledge."

The notion of competence includes the knowledge and skills of employees in the organization. These features are developed individually, either through formal education or practice in the workplace (COSER, 2012; CHEN et al., 2004).

Gubiani (2011) related competencies and skills, talent and know-how to solve problems. It is the expertise and training of human resources. The know-how is based on talent and range of expertise that individuals possess. The construct assesses the skills, know-how and innovation training and practice of entrepreneurship.

The most widely accepted definition in the field of Industrial Engineering in France is that competence is the result of the combined application of three basic components (BOUCHER et al., 1999) and (VERNADAT, 1999):

- Knowledge (savoir), also called "academic skills", corresponding to the knowledge acquired through training and information media;

- Know-how (savoir-faire), called "life skills" and based on the operational capacity and expertise;

- Attitude (savoir-etre), which are individual characteristics that allow to adopt a certain behavior in a certain situation. They are mainly divided into "social skills" (representing interpersonal skills, a willingness to engage collectively, etc..) and "cognitive skills" (mainly related to the ability to solve problems). The indicators for the construct are shown in Table 1.

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 241

Table 1 - Indicators of competence

INDICATOR DESCRIPTION CH1 The team has the knowledge and skills necessary for performing

the process CH2 Individuals were assigned to process roles and activities

according to their specialties and interests CH3 Individuals have experience in technologies used to process CH4 Individuals have experience in the area of application of

information system developed in the process CH5 The process of reverse logistics aftermarket has professionals

trained in the knowledge of the process of interest CH6 The individual’s ability to demonstrate learning through the

process of reverse logistics CH7 Individuals to participate in the show pleased reverse logistics

process Source: Adapted from Coser (2012), Rodrigues et al. et al. (2009) e Gubiani (2011).

3.2.1.2 Structural Capital

Definition: Structural capital is understood as the organizational structure of both tangible physical form, as intangible assets consists of the skills, experience, knowledge of the company institutionalized, i.e., explicit knowledge by means of information technology (IT), patents, manuals, routines, flow charts, protocols and procedures of the organization, culture and business values.

The structural capital and organizational capital is the sketch, empowerment, and infrastructure that support human capital (EDVINSSON and MALONE, 1998), which involves organizational capacity, including its administrative planning and control systems, processes, functional networks, policies and even their culture, i.e., everything that helps a company to generate value (PACHECO, 2005).

According to Bontis (1998), individuals in the organization can have a high level of intellect, but if they have to conduct their actions through poor systems and procedures, intellectual capital as a whole can not reach its potential. All organizations have structural capital, which provides the infrastructure for the performance of its intellectual capital, but for knowledge organizations, structural capital is the most valuable asset propellant (EDVINSSON and SULLIVAN, 1996).

Structural capital is analyzed by the knowledge and know-how (structured), intangible and non-human organization. Considered by some authors as the part that does not think, it serves as a framework that provides support for human capital. In the company, their analysis consider the part related to the infrastructure available to improve the efficiency of human capital (GUBIANI, 2011).

To analyze the extent of structural capital, it is necessary to define the sub-dimensions applied to the process of reverse logistics aftermarket, which will consist of the constructs: organizational culture, business processes and information systems.

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 242

- Organizational Culture

Definition: Represents aspects of organizational culture that held reverse logistics post-sales his vocation for the realization of the process and the search for the best performance.

According to Coser (2012) and Bontis (1999), definition of culture includes beliefs, values and attitudes that permeate the organization and lead generation languages, symbols and habits of behavior and thought.

However, Gubiani (2011) points out that organizational culture assesses whether the institution favors the availability of knowledge in the organizational environment. Still, the literature considers the availability of internal and external knowledge as a differentiator in the practice of innovation. The skills and knowledge embodied in physical systems and management form the culture of the company. Culture is seen as a key to the development of resources and skills for innovation. The indicators for the construct are shown in Table 2.

Table 2 - Indicators of organizational culture

INDICATOR DESCRIPTION CE1 The company understands that the process of post-sale is the

proper way to organize the development of reverse logistics CE2 The company understands the importance of the success of the

reverse logistics aftermarket for its prosperity (organizational image)

CE3 The company individuals feel valued for their role in the process of reverse logistics aftermarket

Source: Adapted from Coser (2012) and Gubiani (2011).

- Operational Processes

Definition: Evaluates operational processes that promote the proper conduct of activities in the process of post-sale reverse logistics.

A process can be defined as an organized set of tasks. Capital Process is the organizational structure of a company, it is not recognizable as such and is the result of a combination of different factors, such as organizational goals and resources involved. The process must meet customer expectations, capitalizing effectively a form of organization of production and management of adequate quality (ESCAFRE, 2002).

Mévellec and Lebas (1999) define activities as "a set of tasks performed by a group of individuals mobilizing expertise and resources to provide a material or immaterial benefit to a client". According Escafre (2002), the process performance is evaluated by identifying favorable contribution of each activity to customer satisfaction. The harmonization of these contributions makes use of tools and skills mastery are funded by a company.

Capital process effectively contributes to the operation of the logistics business, when it is made and used in accordance with a specific goal set by the strategic entity within the company. This goal is customer satisfaction, which is achieved when the company ensures that the capital process is supported by

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 243

activities to validate and support the quality of production of goods or services (ESCAFRE, 2002). The indicators for the construct are shown in Table 3.

Table 3 - Indicators of operational processes

INDICATOR DESCRIPTION CE4 The company uses only a standard process to be followed in

conducting all returns of raw materials CE5 The company has processes that govern the relations of

individuals with external entities CE6 The process of reverse logistics aftermarket was adapted to the

organization Source: Adapted from Coser (2012).

- Information Systems

Definition: These represent the informatics tools that support the generation, storage and transmission of information within the company and can be applied in favor of the reverse logistics performance aftermarket.

In order to support the reverse logistics process, the information system must take measures to manage information relevant to each of the activities necessary for the management of returns, inventory management, production planning and product development (RIOPEL et al. 2011).

Riopel et al. (2011), claim that the first role of the information system of reverse logistics is to ensure adequate traceability for monitoring the return of all phases of the process of reverse logistics.

According to Coser (2012), a framework of appropriate systems can bring enormous benefits to the organization, facilitating the flow of information, increasing operational efficiency and accelerating the learning process. The indicators for the construct are shown in Table 4.

Table 4 - Indicators of information systems

INDICATOR DESCRIPTION CE7 Information systems provide adequate support to the execution

of the process of reverse logistics aftermarket CE8 Information systems facilitate communication and collaboration

among individuals in the process of logistics CE9 Information systems facilitate the generation and reuse of

organizational knowledge Source: Adapted from Coser (2012). 3.2.1.3 Relational Capital

Definition: The relational capital is represented by the links with customers, suppliers, shareholders, partners, alliances, partnerships, external agents, society, government, stakeholders and other interest groups to organizations that must work collaboratively.

The relational capital, or customer capital, refers to the ongoing relationships with people and organizations to which companies sell their products and services (STEWART, 1998).

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 244

Coser (2012) defines relational capital as the knowledge derived from the organization's social networks, which are not limited to relations among employees, but is also extended to entities outside the organization, such as customers, suppliers, partners, among others.

According to Gubiani (2011), relational capital summarizes the value of all relationships of the organization. Learning occurs in different ways, the experience gained over time, sources internal and external to the organization.

For analysis of the size of relational capital it is necessary to define the sub-dimensions applied to the process of reverse logistics aftermarket, which will be constituted by the constructs: customer relations and market assets.

- Relationship with the client

Definition: Describes aspects of the relationship between the client and the individuals of the process, as well as between the client company reverse logistics, which can influence the process performance aftermarket.

Rodrigues et al. (2009) explain that the customer is seen as a source of new ideas and innovation, especially when directly involved in the development of solutions. For clients who are starting cash flow, thereby justifying the importance of measuring this strength and loyalty.

Consequently, Gubiani (2011) states that the company, together with a network strong and well-managed, create an environment of trust and improves the internal dynamics of creativity and value capture. External partners are a potential source of endless ideas and new knowledge for innovation, although this does not necessarily guarantee innovation.

Still, there is no consensus on the composition of the relational capital. The model "Intellectus" considers the value of the knowledge of the people and organization that result from interaction with market players and society in general (RODRIGUES et al., 2009).

Stewart (1998) states that the connection between the organization and its environment is the element that makes it unique and how firms innovate. Customer feedback promotes the renewal of knowledge involving the company and makes it more efficient and innovative. The indicators for the construct are shown in Table 5.

Table 5 - Indicators of customer relationship

INDICATOR DESCRIPTION CR1 Established a partnership relationship with the client throughout

the process CR2 The communication channel with the client remained constantly

open during CR3 Meetings were held with the client in several points of process

execution CR4 The product has a customer relationship with the company

Source: Adapted from Coser (2012) and Gubinai (2011).

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 245

- Market Assests Definition: Represents the company's relationship with other partner

companies to exchange knowledge and competitive advantage. This dimension is mainly composed by the value generated by the

company's relationships with its customers (EDVINSSON and SULLIVAN, 1996).

Brooking (1996) considers this dimension of market assets as "resources that grant the company competitive because of the potential that derives the relationship with the market".

However, Gubiani (2011) stresses that the company is the organization's relationship with its surroundings (market), which makes that their creation are unique, and their products can hardly be copied.

The network of external partners, when strong and well managed, creates a shield against over-confidence in the internal perspective which can disrupt the dynamics of creativity and value capture. Thus, external partners are a potential endless source of ideas and of new knowledge, enabling yet not guaranteeing the company to innovate (RODRIGUES et al., 2009). The indicators for the construct are shown in Table 6. Table 6 - Indicators of market assets

INDICATOR DESCRIPTION CR5 The realization of the process is supported by partnerships with

other organizations CR6 Individuals process interact with other individuals from other

companies or different sectors of the company in search of solutions to problems in the process of post-sale

Source: Adapted from Coser (2012). 3.2.2 Post-Sales Reverse Logistics

Definition: Process of managing and controlling the flow of materials from their point of consumption to its point of origin for the purpose of recovering value, disposal, collection and proper treatment of the products.

Thierry et al. (1995), present the approach of reverse logistics under the name of "product recovery management" as: "the management of products, components and materials used or disposed that fall on the responsibility of the manufacturer. The goal of recovery management products is to remove the maximum economic and environmental value, reasonably possible product".

For Fleischmann (2001), reverse logistics is the process of planning, implementing and monitoring the efficient and effective flow of inputs and storage of secondary goods and information direct positioning relationship with classical supply chain in order to retrieve the value or treatment of the product.

However, Riopel et al. (2011) define reverse logistics as the process of planning, implementation, monitoring aimed at creating maximum value it self reverse flow of products, efficient management of materials, the outputs of products.

The returns of products are usually associated with the after-sales service offered to retailers in order to allow the exchange or refund goods that do not meet customer expectations (RIOPEL et al., 2011).

To analyze the size of reverse logistics aftermarket, it is necessary to define the sub-dimensions applied to the process, which will consist of the constructs: process efficiency, quality of the process and laws.

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 246

- Efficiency of the process

Definition: Evaluates how the process was performed, considering the productivity of the process and adherence to the allocated resources.

According to Coser (2012), efficiency is linked to the quality of the process, thus characterizing subjective perception of how the process of reverse logistics after sale was executed.

According to Rodriguez and Moreira (2013), agility and service quality and cost to the consumer are the main values related logistics efficiency.

In this context, this agility to react quickly to changes increases (demand / supply) in the short term. The flexibility and adaptability, the changes regarding the structures, technologies, processes, products and market strategies. The speed in delivery of products to customers.

Balou (2007) defines the level of service (efficacy) and a reasonable cost (efficiency). The concept of logistics is directly associated with the two goals of any process, efficiency and effectiveness. Achieve stated objectives and use the resources used in the process so that there is a maximization of process outputs.The indicators for the construct are shown in Table 7. Table 7 - Indicators of process efficiency

INDICATOR DESCRIPTION LRE1 The productivity of the reverse logistics process achieved

exceeded expectations LRE2 The processing times were well controlled and affected LRE3 Process costs were within the expected LRE4 The amount of product produced exceeded expectations

Source: Adapted from Coser (2012). - Quality of the process

Definition: Evaluates the quality as the process and the products were run, the fulfillment of requirements and customer satisfaction with the results produced.

According to Escafre (2002), there are two levels of quality assessment. The first deals with the internal quality, which is measured by the producer of goods or supplier of services and the second, the external quality that makes a subjective judgment of the client.

Still the same author says that "the quality of a product is defined as the ability to satisfy user needs," and also noted that the quality mainly consists of two tools that significantly contribute to the capitalization of intellectual quality:

1st. A computer application for the identification of effective elements not qualities;

2nd. The adoption of a quality applicable throughout the process. Therefore, the quality approach is based on the relationship between the

different activities for the production of a product or a service. The indicators for the construct are shown in Table 8. Table 8 - Indicators of process quality

INDICATOR DESCRIPTION LRQ1 The quality of processed products exceeded expectations LRQ2 The requirements were met by the customer LRQ3 The customer is satisfied with the results of the process LRQ4 Reliability is a remarkable quality of the reverse logistics process

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 247

developed since worked flawlessly, without generating waste LRQ5 The performance is a remarkable quality of the reverse logistics

process developed because the response time to commands and speed of operations

LRQ6 Flexibility is a quality evident in the reverse logistics process, it must have a facility to process change in relation to our client's needs and technological changes

Source: Adapted from Coser (2012). - Legislation

Definition: The reverse logistics process must complain with the laws and regulations set for the recycling, reuse and remanufacturing post-sales products.

There is a clear trend in environmental legislation towards making companies more responsible for the entire lifecycle of their products. This means being legally responsible for their destination after the delivery of products to customers and the impact they have on the environment. A second aspect concerns the increased environmental awareness of consumers that expect companies to reduce the negative impacts of their activities on the environment. This has generated actions by some companies seeking to communicate to the public an institutional image "ecologically friendly" (Lacerda, 2002). The indicators for the construct are shown in Table 9. Table 9 - Indicators legislation

INDICATOR DESCRIPTION LRL1 The recycling process meets the established laws LRL2 The reuse process meets the established laws LRL3 The treatment process meets the established laws LRL4 The screening process meets the established laws LRL5 The entry process of the product the company meets the

established laws LRL6 The shipping process meets the established laws

Source: Authors own. 3.3 Semantic Analysis of the Model

After a literature review and structured systems analysis, we began the construction of the theoretical model, following the rule of Pasquali (1999). This step has as a reference in addition to the items created from the literature, the instruments previously validated by Coser (2012), Gubiani (2011) and Rodrigues et al. (2009), containing items that assess aspects of intellectual capital and the studies of Riopel et al. (2011), Fleischmann (2001) and Hernandez (2010), for reverse logistics.

Coser (2012) and Pasquali (1999) state that for the effectiveness of the survey instrument developed from the theoretical model, the quality of the definitions and the validation of the items, it is necessary to perform a semantic analysis of the theoretical model. In this research, the semantic analysis, i.e., the theoretical analysis of the items was done through the analysis of expert judges.

Analysis of judges, also called construct analysis, has as objective to verify if the instruments are understandable to members of the intended population and to settle any doubts that the items would have raised (ROZZETT and DEMO, 2010).

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 248

Construct validity or concept is considered by Pasquali (2001) as the primary step of validating a psychometric instrument, since it allows the empirical verification of the legitimacy of behavioral representation of latent traits. And yet, through this procedure it is possible according to Cronbach (1996) to check that people with certain characteristics behave as the theory assumes that they behave and what items or factors are more relevant to the construct.

Thus, Pasquali (1999) suggests that an agreement minimum of 80% among judges can serve as a criterion for deciding on the relevance of the item to factor that in theory we refer.

The survey instrument was sent via google docs to 30 experts (national and international) in the area of Intellectual Capital and Reverse Logistics, professors, experts, business managers, managers and consultants. The sample was composed of employees from various organizations such as BNDS, University of Toulouse, Université Paris Sud, Federal University of Santa Catarina. They evaluated whether the proposed items referred or not the construct in question. However, we obtained only 18 responses from the judges. The following will present the detailed analysis of judges. Human Capital

For the construct of Human Capital, eight measurable indicators were related to the variable Competence: savoir (knowledge), savoir-faire (skill) and savoir être (attitude) according to the division and definition used in France for this item. Table 10 of the previous section shows the measurable indicators for each variable. Figure 2 shows the responses of experts established relations issues.

Figure 2 - Analysis of the judges in the variable Human Capital

Source: Research data.

According to Pasquali (1999), the responses of the judges must have 80% agreement between them. All the questions are below that number. Thus, there was a need to reformulate these measurable indicators for the variable Competence, as shown in Table 10.

0

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40

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1 2 3 4 5 6 7 8

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44

11

33 33 39 39

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28 22

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0

11

89

Nu

mb

er o

f re

spo

nse

s

Measurable indicators

Human Capital

Knowledge Know-how Attitude

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 249

Following the judges' evaluation of question 2, it was suggested that it should be divided in two, the first questioning knowledge and the second the ability of the individual in the process of reverse logistics, since in its current form it is misleading.

In the re-assessment of these indicators, it was showed that question 1 was similar to questions 4 and 6, therefore they were removed from the instrument.

In question 7, there was a tie between the responses on knowledge and skill for the judges, which can be interpreted as a poor formulation of the question. It was then reformulated.

Another questioning that judges had was whether individuals are self motivated to participate in the reverse logistics process or if it was the organization that motivates them. We choose to use the first perspective since the Human Capital construct analyses the individual and not the organization.

Finally, we realized the need to formulate two additional questions regarding: whether individuals present their own knowledge to improve the reverse logistics process, and if these individuals have the ability to solve problems that arise in the process.

Therefore, eight measurable indicators of human capital in the variable Competence were selected, two were eliminated and three added, totalling nine items for this construct. Structural Capital

For the construct of Structural Capital, the variables were Organizational Structure, Process and Operational Information Systems were established nine measurable indicators to be related. Table 2, Table 3 and Table 4 of the previous section show the measurable indicators for each variable.

Figure 3 shows the responses of experts established relations issues. In this case, issues that have not reached the 80% agreement were 1, 3, 4, 5, 7 and 8, regarding whether it is operational process or organizational structure.

Figure 3 - Analysis of the judges in the variable Structural Capital

Source: Research data.

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20

40

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80

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9

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6

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6

78

17

6

78

Nu

mb

er o

f re

spo

nse

s

Measurable indicators

Structural Capital

Organizational culture Business Process Information Systems

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 250

In this construct of Structural Capital, it can be observed that the major problem was the formulation of indicators to measure, since a closing argument was missing on the issues.

The judges questioned whether the process of Reverse Logistics is important or suitable for company. It would be almost the same, but would establish a standardization for "important" because it is believed that if the process is important, the same benefits and satisfaction both for company and for the customers and suppliers of raw materials for carrying out the process.

Question 3 was grouped with Question 1, because they complement each other. Questions 5, 7 and 8 were just reformulated according to their definitions in the literature.

Therefore, nine measurable indicators of Structural Capital on variables Organizational Structure, Operational Processes and Information Systems were defined, one was eliminated, thus totaling eight items for this construct. Relational Capital

For the construct of Relational Capital, the variables were relationship with the client and active market. Six measurable indicators were related to these variables. Table 5 and Table 6 of the previous section show the measurable indicators for each variable. Figure 4 shows the responses of experts establishing relations issues. Figure 4 - Analysis of the judges in the variable Relational Capital

Clearly, for this construct there were no major differences in responses between the judges and we may say that matters are satisfactory to the survey instrument.

However, questions 5 and 6 had a rate below 80% of responses with concordances, requiring a reformulation. Questions 5 and 3 were eliminated since presenting similarities with questions 1 and 2. On the other hand, question 6 was reformulated based on the established literature.

Therefore, six indicators measurable variables in Relational Capital Relationship with client assets and market were suggested, two were eliminated, thus totaling four items for this construct.

Reverse Logistics

0

20

40

60

80

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1 2 3 4 5 6

89

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39

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83

33

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Nu

mb

er o

f re

spo

nse

s

Measurable indicators

Relational Capital

Customer Relations Market Assets

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 251

For the construct of Reverse Logistics, the variables were operational process efficiency, Quality Process and Legislation, were set 14 measurable indicators to be related. Table 7, table 8 and table 9 of the previous section show the measurable indicators for each variable. Figure 5 shows the responses of experts. Figure 5 - Analysis of the judges in the variable Reverse Logistics

Source: Research data.

For this construct Reverse Logistics, there were differences in the responses of the judges in questions 2, 8, 9, 11, 12 and 13, thus not reaching the 80% agreement, requiring reevaluation and reformulation. Like the construct of Human Capital, Reverse Logistics presents problems in the formulation of indicators to measure, since there is a lack in closing the argument in each of the questions.

Question 2 was eliminated from the instrument, for presenting too much doubt and disagreement with the analysis of the judges. Other questions were reformulated and supplemented, following the recommendation of the judges, always based on the established literature.

In this construct, a variable is dependent on the other. Once the company has efficient operational process, hence no quality in this process and this in accordance with the laws established for solid waste. However, it is necessary to analyze each separately to examine whether they meet these requirements and verify whether the complement.

Therefore, 14 measurable indicators of Reverse Logistics in the variables of the operational process efficiency, product quality and Legislation were suggested, one was eliminated, thus totaling 13 items for this construct.

4. FINAL CONSIDERATIONS

In search of the literature and systemic analysis of the selected articles, no study directly linking the concepts of intellectual capital and reverse logistics aftermarket was identified. Thus, with Coser (2011) and Gracioli (2005), it was

0

20

40

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80

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

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0 6

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6

33

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0

Nu

mb

er o

f re

spo

nse

s

Measurable indicators

Reverse Logistic

Legislation Efficiency of the Process Quality of the Process

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Vaz, Bernard, Uriona e Taboada

Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 252

found that there are several studies that demonstrate the intellectual capital as an important factor of the performance of the organization.

After the theoretical validation, in addition to modifications of items with dubious sense or lack of clarity, a total of six items were excluded from the instrument because of disagreements and lack of understanding in the majority of judges. Two items were added to complement the construct of human capital.

Thus the research instrument consists of 35 items, 22 for Intellectual Capital and 13 for Reverse Logistics. Table 10 presents the following measurable indicators and their variables for each construct.

Tableau 5 – Indicateurs mensurables

INTELLECTUAL CAPITAL

Human Capital

Variables Code Measurable indicators

Knowledge

CH1 Individuals hold knowledge required for the implementation of reverse logistics process

CH2 Individuals were allocated to activities according to their specialties and interests and training

CH3 Individuals present their skills training to improve the reverse logistics process

Ability

CH4 Individuals have experience in the information system of reverse logistics process

CH5 Individuals hold skills necessary for implementing reverse logistics process

CH6 Individuals demonstrate learning ability with the reverse logistics process

CH7 Individuals have the ability to solve problems that arise in the process of reverse logistics

Relationship

CH8 Individuals are motivated to participate in training on the process of reverse logistics

CH9 The individuals show satisfied with the work in the reverse logistics process

Structural Capital

Variables Code Measurable indicators

Organizational Structure

CE1 The company is aware that the reverse logistics process is important for the organization to its prosperity (organizational image)

CE2 Individuals feel valued for their role in the process of reverse logistics company

Operational Process

CE3 The company adopts just a standard operating procedure to be followed in the return of the products to be recycled

CE4 The company has the operational process that guides the relations of individuals with external entities

CE5 The reverse logistics of products was adapted to the

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 253

business process

Information System

CE6 The information system of reverse logistics process facilitates the generation and reuse of knowledge of individuals

CE7 The information system of the company provides adequate support for the implementation of reverse logistics process

CE8 The information system facilitates communication and collaboration among individuals of the company's reverse logistics process

Relational Capital

Variables Code Measurable indicators

Customer relationship

CR1 The company has established a partnership with the client throughout the process of reverse logistics

CR2 The communication channel with the client remained continuously open throughout the reverse logistics process

Market assets

CR3 The ratio of the reverse logistics process is supported by partnerships with other companies or organizations

CR4 Individuals in the reverse logistics process of the company interact with other individuals from different sectors or companies outside

REVERSE LOGISTICS

Variables Code Measurable indicators

Efficiency in the operational process

LRE1 The productivity of the reverse logistics process exceeded expectations of the organization

LRE2 The costs of reverse logistics process were within the expected

LRE3 The amount of product produced exceeded the company's expectations

Product Quality

LRQ1 The requirements for the final product to customers were served by the company

LRQ2 The reverse logistics process worked flawlessly and without generating waste

LRQ3 The reverse logistics process served time and speed the process

LQ4 The reverse logistics process aims at changing the process in relation to changes in technology and customer needs

Legislation

LRL1 The entry process of recycled products meet the company laws

LRL2 The process of reuse of recycled products cater company laws

LRL3 The screening process of recycled products of the company conforms to the laws

LRL4 The treatment process of the recycled products of this company in accordance with the laws

LRL5 The recycling process of the company's products meet the laws

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Vaz, Bernard, Uriona e Taboada

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LRL6 The processes of final shipment of recycled products of the company are in accordance with the laws

The conclusion is that the judges analysis was important and necessary to validate the theoretical model created from the literature, because it enables the understanding and vision of professionals in the area, giving greater effectiveness in the variables stipulated and creating measurable indicators to later turn into questionnaire for companies.

Therefore, the general architecture of the theoretical model relating the influence of intellectual capital in the reverse logistics process is presented in Figure 6. The process begins by the conventional logistic process from the factory to the end-consumer. In the refrigerator reverse logistics process, there are three stages or phases: return to the factory (recycling), reuse and remanufacture.

Figure 6 – Reverse Logistics General Model

In this general model, we opted to study the process of “return to factory”, which is subdivided in entrance of the product to the factory, gathering and classification, treatment and the final dispatch. In all these processes, there are inputs from the competencies of the firm’s intellectual capital (human capital, relational capital, structural capital) and outputs (performance indicators of

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Vaz, Bernard, Uriona e Taboada

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reverse logistics in issues of efficiency, quality and compliance to legal requirements).

The model enables to identify the intellectual capital elements in the firm dimension through the analysis of the reverse logistics “after sale” or “post-sales” process, to raise conclusions of the potential of knowledge creation and of the competitive advantages of the process.

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SOBRE OS AUTORES

Adriano Coser

Concluiu o bacharelado em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 1994. Obteve os títulos de Mestre em Engenharia de Produção (1999) e Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento (2012), ambos pela UFSC. É analista de desenvolvimento de sistemas no SERPRO - Serviço Federal de Processamento de Dados, onde atua como líder de projetos e gerente de equipe.

Alexandre de Avila Lerípio

Docente pesquisador universitário (desde 1997) e empresário (desde 2003) reconhecido por sua atuação voltada ao desenvolvimento de estratégias e metodologias voltadas à Gestão da Sustentabilidade e da Responsabilidade Social de organizações públicas e privadas. Professor e pesquisador da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), desde 2000 atualmente vinculado ao Programa de Mestrado em Gestão de Políticas Públicas (PMGPP) e ao Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA).

Alvaro Guillermo Rojas Lezana

Possui graduação em Ingeniero Civil Químico - Universidad Catolica de Valparaiso Chile (1979), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1982) e doutorado em Ingeniería Industrial - Universidad Politécnica de Madrid (1995). Atualmente é professor Associado 3 da Universidade Federal de Santa Catarina. Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Emprendedorismo, atuando principalmente nos seguintes temas: empreendedorismo, educação a

distância via internet, empreededores, educação continuada e mestrado a distância. Líder do Grupo de Pesquisa em Empreendedorismo e Inovação da UFSC.

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Aran Morales

Possui graduação em Ingenieria de Sistemas en Computación - Universidad de la República Oriental del Uruguay (1989), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1992) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1997). Atualmente é professor visitante da Universidade Federal de Santa Catarina, pesquisador do Instituto Stela e professor da Universidade do Sul de Santa Catarina. Tem experiência na área de Ciência da Computação e Sistemas de Informação, com ênfase em Modelos e Sistemas, atuando principalmente nos seguintes temas: data warehouse, banco de dados, sistemas de informação, avaliação de ciência & tecnologia e ciência & tecnologia.

Bernard Grabot

Professor na Escola Nacional de Engenharia de Tarbes, França (ENIT). Suas atividades de pesquisa são orientados sobre sistemas de gestão da cadeia de suprimentos, programação, gerenciamento de competência e de apoio à decisão baseados em ferramentas de inteligência artificial.

Grabot é membro dos grupos de trabalho da IFAC 3.2 "Inteligência Computacional em Controle" e 5.1 "Manufacturing controle da planta", e do grupo de trabalho IFIP 5.7 "Avanços em sistemas de gestão de produção." Participou de vários projetos europeus

(CRAFT, INTERREG, NOE etc) e é o editor-chefe da revista IFAC "Aplicações de Engenharia de Inteligência Artificial". Ele também pertence ao conselho editorial de "Revista Internacional de Pesquisa de Produção" e "International Journal of Computational Intelligence Research".

Bruna Devens Fraga

Bacharel em Administração Pública pelo Centro de Ciências de Administração e Gerência (ESAG – UDESC), aluna de mestrado em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC. Atua como pesquisadora do Núcleo de Gestão para Sustentabilidade (NGS/UFSC) com foco em capital intelectual, gestão por processos e mapeamento do conhecimento.

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 263

Carlos Manoel Taboada Rodriguez

Possui graduação em Ingenieria Industrial pela Universidad de La Habana (1970), especialização em Organización de La Producción pelo Instituto Superior Politecnico Jose A Echevarria (1978), doutorado em Ökonom Engenieur pela Technische Universität Dresden (1985) e pós-doutorado pela Universidad Politécnica de Madrid (1994). Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina e Membro de corpo editorial da Revista Administrare.

Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Logística. Atuando principalmente nos seguintes temas: PLANEJAMENTO, CONTROLE, PRODUCAO, LOGISTICA.

Caroline Rodrigues Vaz

Atualmente Doutoranda em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com bolsa do CNPq e doutorado sanduíche na Ecolé Nationale d Engenieurs de Tarbes (ENIT) França com bolsa CAPES. Possui graduação em Tecnologia em Alimentos (2007), Especialização em Educação Científica e Tecnológica (2008), Especialização em Gestão Industrial: Produção e Manutenção (2009) e Mestre em Engenharia de Produção (2010) pela

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, e participou como bolsista do Programa de Assistência ao Ensino (PAE) pela CAPES. A experiência na área de Tecnologia em Alimentos, com ênfase em Nutrição, e na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Sistemas de Produção. Os termos mais frequentes em sua produção científica são: Gestão Ambiental Organizacional, Produção mais Limpa, Indicadores de Desempenho, ISO 14001, Análise do Ciclo de Vida e Sustentabilidade de processos produtivos. Além, de Capital Intelectual, Ativos Intangíveis e Logística Reversa.

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Claudia Viviane Viegas

Doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com tese direcionada à análise dos processos de conhecimento na elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (2009). Realizou estágio de pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da UFRGS (2011) e realiza pós-doutorado em Avaliação da Sustentabilidade no Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do

Conhecimento da UFSC. Mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com ênfase em Gestão da Produção/Gestão Ambiental. Jornalista profissional diplomada (Unisinos/RS), registro profissional MTE RS 7322. Especializada em Jornalismo Ambiental pela Internationale Weiterbildung und Entwicklung (InWent) em Berlim/Alemanha. Integrante da Rede Nacional de Pesquisa em Avaliação de Impactos à Saúde do Ministério da Saúde. Atua em parceria com pesquisadores da University of East Anglia (Norwich, UK) e The National Institutes of Health Impact Assessment (Washington, USA).

Danielly Oliveira Inomata

Mestre e doutoranda em Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina (PGCIN/UFSC). Atua como pesquisadora do Núcleo de Gestão para Sustentabilidade (NGS/UFSC), do Grupo de Capital Intelectual (UFSC) e do Grupo de Pesquisa Informação, Tecnologia e Sociedade (GRITS/UFSC), com foco em fluxos de informação, processos de comunicação, incubadoras de empresas, redes de informação. Bolsista

da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas. E-mail: [email protected]

Debora Bernett

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (PPEGC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (PPEGC) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); possui especialização em Gestão de Projetos de Inovação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em parceria com a École de Mines de St. Ettienne FR. Graduada em Administração com bacharelado em

Comércio Exterior; também cursou Sociologia na PUC/PR. Pesquisadora na área de Ciência Tecnologia e Inovação envolvendo as temáticas: ciência, tecnologia e inovação, política e desenvolvimento.

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 265

Denilson Sell

Doutor (2006) em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é professor no Departamento de Administração Pública da Universidade do Estado de Santa Catarina/ESAG e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do vConhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina Santa Catarina. Diretor e pesquisador do Instituto Stela.

Elizandra Machado

Possui graduação em Administração com Hab. em Gestão da Informação pela Faculdade de Pato Branco (2006) e mestrado em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (2012). Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção UFSC. Bolsista Orientadora Projeto Agentes Locais de Inovação/SC SEBRAE - CNPq. Possui experiência na área Hospitalar e Varejo, é professora de Marketing, Vendas, Gestão do Conhecimento, Empreendedorismo e Inovação.

Gregório Varvakis

PhD in Manufacturing Engineering, professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGC/UFSC) e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PGCIN/UFSC). Foi Professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e consultor da McKinsey&Co. Atualmente atua nas áreas de Gestão do Conhecimento, serviços e inovação.

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Helio Aisemberg Ferenhof

Doutorando em Engenharia de Produção do PPGEP - UFSC. Especialista em Didática da Educação Superiror pelo SENAC/SC (2012). Mestre em Gestão do Conhecimento do PPGEGC - UFSC (2011). MBA E-Bussiness pela FGV-RJ (2001). Bacharel em Ciência da Computação pela Universidade Estácio de Sá - RJ (1999). Tem experiência na área de Gerenciamento de Projetos, Gestão do

Conhecimento, Gestão de Serviços, Desenvolvimento de Sistemas, com ênfase em Ciência da Computação e Gestão de Projetos. Atuando principalmente nos seguintes temas: Desperdício de Conhecimento, Gestão de Serviços, Gestão de Stakeholders, Gerenciamento de Projetos, PMBOK, PMI, Gestão do Conhecimento, Gestão da Inovação, Governança de TI. Profissional capacitado a desenvolver e acompanhar projetos de informática, desde a criação do modelo de negócio até a implantação. Apresenta mais de 18 anos de experiência adquirida em empresas multinacionais e consultorias de renome.

Isabela Regina Fornari Muller

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação de Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC. Professora do curso de Graduação em Administração de Empresas da ESAG da Universidade do Estado de Santa Catarina. Membro do Grupo de Pesquisa (CNPq): Administração da Educação e Aprendizagem Organizacional.

João Artur de Souza

Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1999) e Pós-Doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000)Professor Associado da Universidade Federal de Santa Catarina do Departamento de Engenharia do Conhecimento. Na graduação tem trabalhado com disciplinas das áreas de Estatística, Inteligência Artificial e Lógica Matemática. Na pós-graduação é professor do Programa de Pós Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC na

área Engenharia do Conhecimento.

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Juarez D. F. Vidotto

Juarez Domingos Frasson Vidotto possui graduação e mestrado em Administração de Empresas pela Universidade do Estado de Santa Catarina, especialização em Gestão Estratégica de Empresas pela Universidade Federal de Santa Catarina e MBA em Formação Geral e Desenvolvimento de Executivos pela Universidade de São Paulo. Foi administrador de agências do Banco do Brasil por vários anos e, atualmente, é consultor de previdência privada e aluno de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da

Universidade Federal de Santa Catarina. [email protected]

Julio Graeff Erpen

Possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de Passo Fundo (1992) e mestrado em Agroecossistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2004. É professor no Centro de Ciências Agrárias da UFSC para os cursos de Agronomia, Zootecnia e Ciência e Tecnologia de alimentos (2004-2006; 2008-2010; 2013-) e no Centro de Educação Superior do Oeste da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) para o curso de Zootecnia (2010-2011). Doutorando no programa de pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC. Tem experiência na área de Agricultura Sustentável, com ênfase nos temas: produção animal, forragicultura, Pastoreio Racional Voisin, implantação e gestão de projetos de intensificação agropecuários. Faz parte dos grupos de pesquisa Núcleo de Gestão da Sustentabilidade (Capital Intelectual e Indicadores de Desempenho) e Núcleo de Pastoreio Racional Voisin.

Juçara Salete Gubiani

Possui graduação em Economia pela Universidade Federal de Santa Maria (1988), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Maria (2005) e doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina (2011). Atualmente é professora da Universidade Federal de Santa Maria. Tem experiência na área de Engenharia e Gestão do Conhecimento e Ciência da Computação, com ênfase em disciplinas de Gestão do Conhecimento, Inteligência de Negócios, Banco de Dados e Sistemas de Informação.

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Marco Antonio Harms Dias

Doutorando em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina, possui graduação em Administração de Empresas pela Universidade do Vale do Itajaí (1995) e mestrado em Relações Econômicas e Sociais Internacionais pela Universidade do Minho (1998), validado UnB (2006). Atualmente é professor titular da Universidade do Vale do Itajaí, lecionando na graduação e pós-graduação. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Teorias Organizacionais, atuando em pesquisas e práticas gerenciais em gestão do conhecimento, administração pública e gestão de serviços do ensino.

Mauricio Uriona Maldonado

Engenheiro Industrial com Mestrado e Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC. Realizou estudos de intercambio na Europa (Espanha e Finlândia) e teve co-tutela da Duke University (Estados Unidos) no Doutorado. Possui mais de 7 anos de experiência internacional no desenvolvimento de pesquisas e consultoria em projetos de inovação, gestão do conhecimento e simulação empresarial. Como pesquisador, é membro sênior do Núcleo de Gestão para Sustentabilidade (NGS) da UFSC, e pesquisador afiliado

em processos de inovação na Duke University. É participante ativo e autor de publicações nas suas áreas de expertise e têm apresentado trabalhos em conferências especializadas ao redor do mundo. Como consultor, Mauricio trabalhou com empresas pequenas, médias e grandes dos setores de Energia, Software e Telecom. Atualmente é Professor Permanente do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da UFSC, onde atua nos cursos de Graduação, Mestrado e Doutorado.

Neri dos Santos

Possui Graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1976), Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Federal de Santa Catarina (1977), Mestrado em Ergonomia pela Université de Paris XIII (1982) França, Doutorado em Ergonomia da Engenharia pelo Conservatoire National des Arts et Metiers (1985) França e Pós-Doutorado em Engenharia Cognitiva pela École Polytechnique de Montreal Canadá. Atualmente é Diretor da Knowtec - Inteligência para a Inovação,

professor honorário do Departamento de Engenharia do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina e professor visitante da UNINTER. Faz parte do Conselho Editorial das seguintes revistas: Ação Ergonômica

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Capital Intelectual: Reflexão da Teoria e Prática 269

(1519-7859), Gestão Industrial (1808-0448), INGEPRO - Inovação, Gestão e Produção (1964-6193) e Revista de Ciência & Tecnologia (0103-8575). Tem experiência na área de Engenharia & Gestão do Conhecimento, atuando principalmente nos seguintes temas: Cognição, Inteligência Competitiva, Gestão do Conhecimento e Inovação.

Neimar Follmann

Doutor e mestre em Logística e Transporte pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina. É especialista em Métodos de Melhoria da Produtividade e Bacharel em Administração pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Há mais de 10 anos atua em atividades da logística, à qual se dedica atualmente com pesquisas e soluções, como o uso de técnicas relacionadas à Teoria das Restrições e ao desenvolvimento de métodos para avaliação do desempenho e benchmarking de processos

logísticos.

Paula Regina Zarelli

Mestre e Doutoranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC. Administradora. Especialista em Gestão Empresarial com Ênfase em Marketing e Recursos Humanos. Atua como professora e consultora nos temas Gestão de Pessoas, Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual. Atualmente é Pesquisadora no Núcleo de Gestão para Sustentabilidade – NGS/UFSC.

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Paulo Mauricio Selig

Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1979), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1982), doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1993) e pós-doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007). Atualmente é professor da Universidade Federal de Santa Catarina, membro da Associação Brasileira de Engenharia e Análise do

Valor e membro da Associação Brasileira de Engenharia de Produção. Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Gestão do Conhecimento, atuando principalmente nos seguintes temas: indicadores de desempenho, balanced scorecard, custos, análise do valor, gerenciamento de processos e gestão ambiental. E coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Rogério Cid Bastos

Possui graduações em Estatística pela Universidade Federal do Paraná (1978), Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1979), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1983); especialização em, Engenharia de Sistemas pela Universidade Técnica de Lisboa (1988) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1994). É professor titular

da Universidade Federal de Santa Catarina, atuando o Departamento de Engenharia do Conhecimento. Além de ampla experiência administrativa na gestão do Ensino Superior, tem experiência acadêmica em Sistemas de Conhecimento, atuando nos temas: tratamento de incerteza; empreendedorismo; análise estatística; análise e tratamento de informação e empreendedorismo. Publicou mais de 25 artigos completos em periódicos e revistas e apresentou mais de 90 trabalhos em congressos e eventos científicos.

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Pierry Teza

Doutorando do Programa de Pós-Graduação de Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professor Assistente da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Experiência docente nas disciplinas de Gestão da Inovação, Estratégia de Negócios, os aspectos de mercado, sistemas de informação e de vendas e promoção Composite.

Rita de Cassia Clark Teodoroski

Doutoranda na área de Gestão do Conhecimento do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (PPGEGC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Ciências do Movimento Humano. Especialista em Docência para o Ensino Superior. Bacharel em Fisioterapia. Possui experiência de 8 anos como Coordenadora de Curso de Graduação em Fisioterapia e 15 anos como Docente no Ensino Superior. Bolsista da CAPES-DS. E-mail: [email protected]

Sussane Durst

Dr. Susanne Durst is Assistant Professor at University of Skövde, also the Chair in International Management, Institute for Entrepreneurship, at the University of Liechtenstein and Researcher at the Center for Knowledge and Innovation Research (CKIR) at Aalto University School of Business. Before joining academia she worked in different positions with private enterprises of different industries and size. She has been conducting several national and international research projects

on intellectual capital (IC) management, company succession and corporate governance in small and medium-sized enterprises. Her research interests include small business management, SME succession/transfer, IC management, knowledge management, innovation and corporate governance. Her work has been awarded with different awards, including the Transeo Academic Award in 2012. Susanne Durst received a PhD from Université Paris-Sud (France) and holds a Master in Finance from Skövde University (Sweden).

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Viviane D’ Barsoles Oliveira Werutski

Doutoranda do PPGEP/UFSC Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, área de concentração Inteligência Organizacional, doutorado sanduíche na Ecolé Nationale Supérieure des Mines de Nancy - França, pesquisadora convidada do ERPI - Équipe de Recherche sur les Processus Innovatifs d' Université de Lorraine, com bolsa CAPES. Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento - PPGEGC / UFSC Programa de Pós Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento; Especialista em Gestão de Projetos Sociais e Culturais/

IFCH/UFRGS - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Possui graduação em Comunicação Social pela UFRGS- Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1994), habilitação em Relações Públicas. Pesquisadora do NGS Núcleo de Gestão da Sustentabilidade da UFSC. Área de Pesquisa: Comunicação Organizacional. Gestão da Inovação. Gestão do Conhecimento. Gestão Organizacional. Cultura Organizacional. Capital Intelectual.

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