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POLIANA AGUIAR FERNANDES A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO NA APRENDIZAGEM E NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE EDUCAÇÃO
2008
POLIANA AGUIAR FERNANDES A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO NA APRENDIZAGEM E NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Trabalho apresentado como requisito para conclusão da Habilitação Educação Infantil à Comissão de professores responsáveis pelo Curso: Profas. Dras. Maria Anita V. Martins, Marisa Del Cioppo Elias, Mônica F. V. Mendes; Neide de Aquino Noffs e Neide Barbosa Saisi, sob a orientação da Profa. Dra. Marisa Del Cioppo Elias.
PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE EDUCAÇÃO
2008
“Parece que tudo na escola infantil está sendo excessivamente pedagogizado, perdendo-se a idéia de prazer que está inerente a cada atividade da criança, o prazer do brincar e esquecemos que: olhar, curtir, tocar, experimentar faz parte do ser criança, faz parte da descoberta na infância e da construção de novos sujeitos-crianças”. (DORNELLES, 2001, p. 107)
DEDICATÓRIA
A Deus por tudo que me proporciona na vida. À minha mãe e meu pai, os quais amo muito, pelo apoio, carinho e compreensão. A minha madrasta por todo incentivo e por ter proporcionado a chance de tornar-me uma pedagoga. A memória de minha avó, meu anjo guardião.
AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus e a Nossa Senhora Aparecida por terem me
fortalecido durante está jornada, por terem me amparado em cada passo, em cada
sonho e em cada dificuldade enfrentada me dando a oportunidade de chegar a mais
uma importante etapa de minha vida.
Agradeço a minha mãe, minha melhor amiga e companheira, por me ajudar nos
momentos mais difíceis de minha vida, por todas as broncas nas horas certas e
incertas, por me aconselhar, me apoiar, me incentivar e me manter sempre no caminho
certo.
Agradeço ao meu pai, por desde pequena me incentivar nos estudos, sem ele eu
não teria o prazer de ler e escrever que hoje eu tenho, por sempre acreditar e confiar
acima de tudo em meu potencial, por toda força, palavras, gestos de carinho e puxões
de orelhas que fizeram com que eu me tornasse uma pessoa melhor.
Agradeço imensamente, então, aos meus pais, porque com toda certeza sem
eles eu não seria nem metade do que sou hoje e não teria chegado onde cheguei. O
amor, o carinho, a compreensão, a confiança que depositam em mim são
indispensáveis em minha vida, todo agradecimento que eu fizer será pouco perto de
tudo que me proporcionaram.
Agradeço a minha madrasta, ou melhor, a minha ‘boadrasta’, por ter contribuído
plenamente na minha formação acadêmica, me dando a oportunidade de estudar em
uma das melhores faculdades de São Paulo, por todos os conselhos e incentivos que
me ofereceu ao longo desses 4 anos, pois graças a eles estou alcançando uma carreira
tão desejada por mim.
Agradeço profundamente a minha avó ‘Cida’, que apesar de não estar presente
fisicamente entre nós tenho a mais absoluta certeza que olha por mim lá do céu, me
dando força e coragem para prosseguir, és o anjo da minha vida, a certeza disso é que
nos momentos de maior dificuldade e alegria as tuas palavras doces, o teu olhar
sereno, o seu sorriso alegre e tranqüilizador sempre vêm à tona, como se estivesse
aqui do meu lado fazendo com que eu me sinta tranqüila e feliz.
Não poderia deixar de agradecer também ao meu namorado, por ficar ao meu
lado nos momentos de alegria e tristeza, pela paciência em suportar todas as minhas
crises nervosas que não são poucas, pelo amor, carinho, amizade e companheirismo,
por ter me acompanhado durante todos os anos de faculdade fazendo parte desse
sonho e principalmente por me fazer feliz.
Em especial agradeço a minha orientadora, Profª Drª Marisa Del Cioppo Elias,
por ser uma profissional dedicada e acima de tudo ‘humana’, por também ter acredito
no meu potencial, pelo acolhimento, pela paciência, atenção e dedicação que me
concedeu, por ter tornando possível à conclusão deste trabalho de uma forma leve,
agradável e muito proveitosa.
Finalmente agradeço a todos os professores de Pedagogia, em especial aos da
Habilitação de Educação Infantil, por todo empenho e ensinamento durante o curso, por
todos terem sido grandes colaboradores deste trabalho e por absolutamente todos
terem me dado grandes lições de vida profissional e pessoal.
Agradeço sinceramente a todas pessoas citadas e também a todas as pessoas
que, mesmo sem terem contribuído diretamente para a realização e conclusão deste
trabalho, torceram verdadeiramente por mim.
RESUMO O presente trabalho visa mostrar o movimento como elemento fundamental no processo
de aprendizagem e desenvolvimento da criança, por ser um dos requisitos essenciais
para a formação integral da criança. O foco central é mostrar que ao se movimentar a
criança busca sentido para sua vida e que sua saúde física, emocional e intelectual
depende, em grande parte, do movimento lúdico, sendo então uma ferramenta
pedagógica que exerce uma função fundamental para o desenvolvimento da
coordenação motora, da criatividade, autonomia, raciocínio lógico, como também sua
sociabilidade se desenvolve, tornando-se mais alegre e saudável. Desenvolvido através
de uma pesquisa qualitativa a partir de reflexões sobre a prática, o trabalho procurou
conscientizar todos os educadores da necessidade de estarem atentos ao
desenvolvimento da criança e de oferecer opções para que ela se desenvolva em sua
totalidade, de maneira lúdica e agradável, através do movimento, o que, certamente,
proporcionará um bom desenvolvimento e uma infância feliz.
Palavra-chave: movimento – aprendizagem – desenvolvimento.
ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Formação/ Outros cursos..............................................43 Tabela 2: Rotina na sala de aula....................................................45 Tabela 3: Importância do componente curricular “Movimento”.46 Tabela 4: Como trabalhar o movimento........................................48
SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................... 10 JUSTIFICATIVA....................................................................................................11 1 A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO................................................................ 14 2 O MOVIMENTO NA CONSTRUÇÃO DA APRENDIZAGEM........................... 18 3 O ESPAÇO E O AMBIENTE ESCOLAR.......................................................... 27 4 REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA.................................................................. 31 5 COMO A ESCOLA TRABALHA O MOVIMENTO COM AS CRIANÇAS........ 44 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 51 REFERÊNCIAS................................................................................................... 54
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Introdução
O movimento é a linguagem do corpo, é a expressão dos nossos sentimentos e
vontades, o movimento é fundamental para o desenvolvimento e para aprendizagem
humana.
É por isso que desde os primeiros momentos de vida de um bebê devemos
estimulá-lo com brincadeiras, jogos e objetos, pois isso contribui para seu
desenvolvimento aumentando a coordenação motora, a concentração e motiva desde
cedo a linguagem.
Quanto mais a criança for estimulada, mais respostas ela dará para estas ações,
fazendo com que sua visão de mundo se amplie para receber ainda mais estímulos.
O movimento físico e a cognição estão inteiramente ligados a um ciclo continuo
de estímulos, pois para absorver informações o ser humano precisa ouvir, olhar, mover-
se, tocar e sentir os vários estímulos.
O biológico é herança dos nossos antepassados, são características registradas
nos genes de um indivíduo passadas de uma geração para outra, mas é na interação
com o social que faz ocorrer a aprendizagem e o desenvolvimento. A criança precisa
interagir com a outra, precisa brincar, correr, pular, explorar, pois permitindo que a
criança faça isso estamos ajudando a desenvolver a consciência do corpo e do mundo
a sua volta.
As crianças precisam de tempo e espaço para poder fazer novas descobertas
sobre elas próprias, sobre os outros e sobre os espaços que vivem, não podemos
deixá-las somente sentadas e quietas. È importante entender que o movimento é
fundamental para o desenvolvimento e aprendizagem da criança, mas não é o que
acontece, na maioria das escolas em geral o movimento é trabalhado de forma
fragmentada, somente na aula de educação física, com um tempo curto de duração.
Nas outras matérias o que importa para os professores é só o ensinar e o aprender com
as crianças estáticas em sua carteira.
A prática docente deve então ser repensada, porque as crianças são reflexos do
que aprendem em casa, na escola e na sociedade, portanto é fundamental ter
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consciência de que o brincar e as várias formas de se movimentar, são tão importantes
ao desenvolvimento que não podem faltar nem um dia nas escolas que é parte da vida.
Justificativa
A desvalorização do movimento natural e espontâneo da criança em favor do
conhecimento estruturado e formalizado ignora as dimensões educativas do movimento
lúdico como forma rica, poderosa e propiciadora do desenvolvimento integral da
criança.
O lúdico deveria ser sempre considerado como princípio norteador das
atividades pedagógicas, possibilitando que as manifestações corporais encontrem
significado pela ludicidade presente na relação que as crianças mantêm com o mundo.
Eu, com 7 anos de idade fui para uma escola que apesar de pública era
considerada a melhor do Ipiranga. Nessa escola freqüentei da 1ª série do ensino
fundamental ao 3º ano do ensino médio. Era realmente uma escola muito boa em
relação aos conteúdos dados pelos professores e a forma como eles ensinavam apesar
que, depois da 5ª série, o ensino começou a ficar precário. Os professores faltavam
muito, alguns só passavam a matéria na lousa sem se importar em explicar ou
explicavam somente uma vez a matéria; além disso, as salas eram muito cheias,
principalmente no ensino médio, chegando a ter 65 alunos em sala, dificultando ainda
mais o aprendizado.
Esta escola onde estudei é extremamente tradicional, as salas de aulas são
formadas por carteiras enfileiradas, onde os alunos devem sentar e ficar quietos
prestando atenção no professor, como se ele fosse o dono do saber. Então, apesar da
parte didática pedagógica ser muito boa, pelo menos até o inicio do ensino
fundamental, o movimento da criança não era trabalhado nem respeitado pelos
professores. O aluno só podia se movimentar tranqüilamente e brincar sem censura na
hora do lanche e nas aulas de educação física.
E como sempre fui uma criança muito tímida e com pouquíssimos amigos, essa
atitude da escola só serviu para reforçar ainda mais minha timidez. O único lugar que
realmente me soltava era na casa de minha avó em Sorocaba, interior de São Paulo.
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Em Sorocaba era onde eu realmente me sentia criança, brincava na rua de
patins, esconde-esconde, pega-pega, entre diversas outras brincadeiras. Me divertia
muito numa casa que era bem grande. Já em São Paulo eu não brincava na rua,
somente na escola e mesmo assim apenas nas aulas de educação física ou então na
hora do recreio, brincava também na casa de uma vizinha e na minha própria casa com
essa amiga ou sozinha, onde eu brincava mais de casinha.
Sempre senti muita falta de me movimentar mais, de brincar mais, de ter uma
maior interação com as pessoas a minha volta e, quando comecei a fazer o curso de
Pedagogia, em 2005, pude começar a perceber o quanto realmente o movimento faz
diferença na vida do ser humano.
Hoje em dia estou estagiando como auxiliar de classe em um grande colégio de
Moema, em uma sala com crianças de 1 ano e meio e 2 anos. Foi lá que tive a
oportunidade de ter um contato maior com as crianças e aplicar o que aprendi sobre a
importância do movimento na aprendizagem e no desenvolvimento da criança.
Neste colégio a atenção dada ao movimento é muito grande, existe até uma sala
de movimento onde as crianças podem descobrir novas possibilidades corporais,
através dos vários tipos de brinquedos e materiais que existem nessa sala. Além disso,
as crianças passeiam sempre pelo colégio interagindo com outras pessoas, explorando
o entorno e fazendo novas descobertas.
A oportunidade de estudar sobre algum assunto no Trabalho de Conclusão de
Curso, levou-me a eleger essa temática, pois se trata de um conceito importante para o
professor da primeira infância e, como já explicitei, há espaços escolares em que essa
dimensão da criança, não é valorizada.
Portanto, a compreensão e organização de um teor sobre essa temática, podem
contribuir para despertar a reflexão de educadores sobre o movimento da criança como
parte integrante de sua aprendizagem e de seu desenvolvimento.
Dessa forma a temática fica assim explicitada: A importância do movimento na aprendizagem e no desenvolvimento da criança.
Este estudo tem como finalidade ampla: contribuir para a reflexão do educador a
respeito do processo de aprendizagem e do desenvolvimento da criança, tendo como
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foco sua dimensão motriz, vista de modo articulado com as dimensões cognitiva e
afetiva.
E como objetivos específicos elegemos:
- Compreender como o movimento é parte constitutiva da aprendizagem e do
desenvolvimento da criança.
- Compreender como se dá o processo de aprendizagem do movimento.
- Identificar como o movimento é compreendido e trabalhado pelos professores
da Educação Infantil de uma escola particular de São Paulo.
Para atender o último objetivo, o de identificar como o movimento é
compreendido e trabalhado pelos professores da Educação Infantil, desenvolvi uma
pesquisa qualitativa, sendo eu mesma a investigadora, pois trata-se de uma reflexão
sobre a minha prática pedagógica. Daí denominar minha pesquisa como pesquisa-
participante. Este tipo de pesquisa caracteriza-se justamente pelo envolvimento e
identificação do pesquisador com as pessoas pesquisadas. Assim, os informantes são
os professores da escola e os procedimentos, a observação do trabalho que
desenvolvem com os alunos durante o período de aula. O que quisemos foi averiguar
como trabalham o movimento com a criança. Ao mesmo tempo foi aplicado, a esses
mesmos professores, um questionário com a finalidade de identificar o cotidiano e a
compreensão destes sobre o tema. Entre os requisitos que utilizei na pesquisa, posso
destacar: minha inserção na realidade a que me propus estudar (eu mesma apliquei,
tabulei e analisei os questionários e fiz a observação); utilização de um marco teórico e
uso de coerência entre ele e a proposta metodológica. Logo, os dados foram
organizados e interpretados a luz dos fundamentos teóricos anteriormente elaborados.
O problema que originou o presente trabalho foi: Como a relevância do
movimento para aprendizagem e desenvolvimento da criança é compreendida e
trabalhada pelo professor? A hipótese inicial era de que os professores nem sempre
tem clareza da relevância do movimento para aprendizagem e desenvolvimento da
criança na Educação Infantil.
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1 A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO
Os movimentos são de grande importância biológica, psicológica e social, sendo
fundamentais para a aprendizagem e para o desenvolvimento humano.
Desde que nascem as crianças se movimentam e é através do movimento que
elas adquirem cada vez mais controle sobre seu próprio corpo e interagem com o
mundo que as cerca, já que com o movimento as crianças expressam sentimentos,
emoções, pensamentos, ampliam os gestos e as posturas corporais. Sendo assim, o
movimento vai além do que o simples fato de deslocarmos o corpo no espaço. O
movimento está ligado à expressão manifestando desejos, estados íntimos e
necessidades.
“A criança passa a criar uma situação ilusória e imaginária, como forma de satisfazer
seus desejos não realizáveis. Esta é, aliás, a característica que define o brinquedo de
um modo geral. A criança brinca pela necessidade de agir em relação ao mundo mais
amplo dos adultos e não apenas ao universo dos objetos a que ela tem acesso”.
(REGO, 1995, p. 82)
O corpo e os gestos são fundamentais para a formação humana. É através do
movimento que a criança vai explorar o mundo que a cerca e é pela exploração que a
criança vai construindo conhecimentos sobre os objetos que estão a sua volta, sobre os
locais que freqüenta e sobre as pessoas que têm contato, iniciando uma compreensão
de quais relações pode estabelecer com eles e aprende sobre seus limites e os limites
dos outros, dessa forma a motricidade possibilita que a criança conheça mais sobre si
mesma e sobre o outro, aprendendo a se relacionar.
Através de ações motoras a criança também interage com a cultura que faz
parte de diferentes maneiras, como, por exemplo, tendo contato com diversos objetos
que a espécie humana desenvolveu, participando de atividades lúdicas como jogos e
brincadeiras, participando de esportes, ginásticas, danças e artes marciais.
O movimento é fundamental para a construção da autonomia, já que contribui
para o domínio das habilidades motoras que a criança desenvolve ao longo da primeira
infância.
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Filgueiras (2002, mimeogr.) diz que Piaget ao estudar a formação do
pensamento humano, observou a criança e percebeu que, desde que nasce, ela já tem
um tipo de inteligência, que é anterior à linguagem. Constatou que existe uma
inteligência motora que é prática e que é a primeira que o ser humano desenvolve. A
criança tem uma bagagem genética que são os movimentos reflexos e a partir do
contato com o ambiente, ela vai construindo um movimento intencional.
Então, para Piaget (in Filgueiras) o movimento se relaciona com o
desenvolvimento cognitivo no sentido de que a integração das sensações vindas a
partir dos movimentos resulta em aprendizagens e toda aprendizagem posterior
depende da organização destas em forma de estruturas cognitivas, por isso defendia a
importância do movimento para o desenvolvimento de uma criança, reconhecendo que
as experiências motoras iniciadas na infância são de grande valia para o
desenvolvimento cognitivo, já que os movimentos são os principais meios que a criança
utiliza para explorar, relacionar e controlar o ambiente em que vive.
O movimento oferece inúmeras possibilidades de aprendizagens e, por
conseqüência, de desenvolvimento por desenvolver as habilidades corporais, estimular
a inteligência e contribuir com os relacionamentos humanos, permitindo que a criança
expresse suas necessidades e vontades, podendo ser manifestados através de gestos
e ate mesmo com jogos e brincadeiras.
Jean Chateau (1987) considera os jogos e as brincadeiras o centro da infância,
exatamente pelo fato de serem um dos meios que mais contribuem para a
aprendizagem e desenvolvimento da criança. Segundo esse autor, os jogos e as
brincadeiras são para a criança uma liberdade de expressão e uma possibilidade de
participarem do mundo adulto se imaginando em situações futuras, conquistando
autonomia diante de criações fictícias. Além disso, brincando a criança pode
desenvolver uma disciplina voluntária e desenvolver seu lado afetivo.
Muitas vezes é se movimentando e brincando que a criança satisfaz certos
desejos, envolvendo-se num mundo ilusório e imaginário.
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“O velho adágio de que o brincar da criança é imaginação em ação dever ser invertido;
podemos dizer que a imaginação, nos adolescentes e crianças em idade pré-escolar,
é o brinquedo sem ação”. (VIGOTSKI, 1998, p. 123)
Movimentando-se e brincando a criança acaba se comportando além do seu
comportamento habitual, agindo até mesmo como se fosse mais do que ela é na
realidade.
Com jogos, brincadeiras, brinquedos e o faz-de-conta possuem grandes
significados para a criança, que se torna autora do que esta fazendo durante o
momento da atividade e por isso, consegue se expressar de maneira mais profunda do
que em outros momentos que não envolvem a ludicidade.
O jogo simbólico é a representação corporal do imaginário, onde a criança
transporta sua fantasia para o real, onde se projeta nas atividades adultas, imita ações
de outras pessoas para com ela, ensaia seus futuros papéis e valores.
“Através do faz-de-conta a criança pode, também, reviver situações que lhe causam
excitação, alegria, medo, tristeza, raiva ou ansiedade. Elas podem neste jogo mágico,
expressar e trabalhar as fortes emoções muitas vezes difíceis de suportar”.
(DORNELLES, 2001, p. 106)
As atividades ajudam a melhorar a capacidade motora, já que a criança anda,
pula, corre, enfim, mas também ajudam a desenvolver os aspectos cognitivos, pois
dessa forma a criança começa a adquirir motivação, habilidades, atitudes necessárias
para sua participação social e também começa a criar suas próprias ações.
A partir do momento que se desenvolve as habilidades motoras, a criança cria
mais possibilidade de aprendizagens, desenvolvendo assim os aspectos cognitivos. E o
desenvolvimento motor se dá através de novos desafios, de situações que geram a
necessidade de novas adaptações.
Para um bom desenvolvimento motor é preciso, então, garantir a diversificação
dos movimentos e o aumento da complexidade deles, levando em consideração o
desenvolvimento e a aprendizagem que a criança possui no momento.
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Sendo assim, o desenvolvimento motor não é um processo natural e progressivo
que acontece sem a necessidade de um ambiente e situações favoráveis para que sua
ocorrência.
“Somos herdeiros de uma evolução biológica que nos capacita para o andar ereto,
temos uma coluna vertebral e um aparelho locomotor para andar de um jeito que o
chimpanzé não é capaz. Mas crianças que não tem experiências, que ficam isoladas
do contato humano, não desenvolvem esse andar da melhor forma porque embora o
aparelho locomotor seja geneticamente constituído, o andar ereto é aprendido
socialmente. Isso acontece com todos os reflexos naturais, até o mais básico, que é
mamar, e pressupõe uma aprendizagem cultural: como sugar, como se acomodar nos
braços da mãe”. (FILGUEIRAS, 2002, mimeogr.)
São as experiências que a criança tem que fazem com que esse
desenvolvimento aconteça. O desenvolvimento de competências motoras ocorre pela
relação entre o biológico e o social, ocorrendo também o desenvolvimento cognitivo.
Por isso as experiências fornecidas à criança são tão importantes.
O movimento então, ao mesmo tempo em que é um fator de libertação para a
criança, é um fator de formação motora e cognitiva, porque é a forma onde encontra
artifícios lúdicos para se desenvolver de maneira saudável trabalhando os aspectos
psicomotores, cognitivos e sócio-afetivos.
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2 O MOVIMENTO NA CONSTRUÇÃO DA APRENDIZAGEM
Se voltarmos no tempo e pensarmos na nossa infância e na evolução das
brincadeiras, veremos que desde sempre o lúdico faz parte da vivência das crianças e
dos adultos, representando para ambos uma importante etapa da vida.
Tempos atrás, os jogos e as brincadeiras aconteciam nas ruas, em praças
públicas, sem a supervisão direta dos adultos, mas contando com a participação de
crianças de diferentes idades e sexos, o que trazia contribuições absolutamente
significativas no que se refere à construção de normas de conduta, valores morais e
atitudes relacionadas a si mesmo e a outras pessoas, contribuindo assim com o
aprimoramento das relações.
Antigamente existia muito mais espaço e tempo para a criança brincar
livremente. As crianças corriam, pulavam, cantavam, ouviam historias, entre outras
brincadeiras carregadas de atividades físicas, emoções, simbologia e uma significativa
relação com a realidade em que viviam e com as outras pessoas.
Vigotsky (1998), por exemplo, fala dessa relação enfatizando que o
desenvolvimento do indivíduo é resultado de um processo sócio-histórico, ou seja, a
aprendizagem ocorre através da interação do sujeito com o meio. Para ele, o sujeito é
interativo por adquirir conhecimentos a partir do relacionamento com as pessoas a sua
volta e com o meio em que vive.
Essa idéia é tão forte em sua teoria que ele acredita que tanto as características
quanto as atitudes individuais de uma pessoa foram construídas a partir da relação de
troca com outros indivíduos.
Então, para Vigotsky todo conhecimento é construído socialmente e a forma
mais significativa que a criança tem para fazer isso é brincando, ou seja, se
movimentando.
E o estilo de vida atual gerado pelas condições socioeconômicas, está levando
um grande número de pessoas ao sedentarismo. O crescente número de horas diante
da televisão, computador e jogos eletrônicos leva muitas crianças e adolescentes a
diminuírem suas atividades motoras, a abandonarem a cultura de jogos infantis e
abandonarem as atividades físicas e esportivas, passando apenas a assisti-las na
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televisão. Isso ocorre muitas vezes por falta de conhecimento e de convites para outros
tipos de brincadeiras, é claro que as “novidades” são importantes, mas elas devem
juntar-se com as brincadeiras tradicionais, carregando diferentes concepções que
possibilite a criança recriar o mundo que vê.
A escola por ser parte integrante da vida das crianças e adolescentes pode
encorajar os alunos a explorar suas potencialidades de movimento, já que a escola é
um dos grandes meios de se aprimorar os aspectos físicos e psíquicos do corpo e suas
inter-relações.
Por isso que principalmente o ambiente escolar da educação infantil deve
fornecer um espaço físico e social onde as crianças se sintam protegidas, amparadas e
seguras para arriscarem, explorarem e aprenderem mais sobre si mesmas, sobre os
outros e sobre o meio em que vivem. Todavia, nem sempre é isso o que acontece.
Muitas vezes os educadores ao visarem a ordem acabam suprindo o movimento
impondo rígidas restrições posturais fazendo com que as crianças fiquem longos
períodos sentadas ou em filas, quietas e sem se moverem, onde qualquer gesto pode
ser considerado indisciplina.
Podemos observar o controle do movimento das crianças mesmo nos primeiros
anos escolares, onde apesar de nos maternais e nas pré-escolas não serem obrigadas
a ficar sentadas o tempo inteiro acabam tendo seus passos reduzidos por serem
guiadas por caminhos considerados seguros por seus educadores.
O movimento é a essência da infância e o lúdico é parte integrante da vida social
dos seres humanos. Embora, muitas vezes seja difícil de acreditar, o lúdico para a
criança é tão importante e sério como trabalhar para o adulto, ou até mais, porque é
raro encontrarmos um adulto tão dedicado ao seu trabalho como a criança em sua
brincadeira. O trabalho é dirigido de fora, pelas necessidades e metas dos adultos ou
impostas pela sociedade, diferentemente do brincar, imaginar, explorar, pois são
atividades que brotam de dentro da criança e torna-se extremamente ligado a ela.
O mundo das crianças é repleto de fantasias e brincadeiras, sendo assim repleto
de movimentos, mas isso muitas vezes é ignorado pelas instituições de ensino e essa
capacidade das crianças não é aproveitada nos conteúdos escolares. Isso acontece
porque muitos educadores podem ter a idéia de que o movimento impede a
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concentração da criança, atrapalhando assim a aprendizagem, mas é o contrario que
acontece, é a impossibilidade de se mover que dificulta o pensamento e a atenção.
Movimentando-se a criança brinca, imita o trabalho, os gestos e comportamentos
dos adultos, descobrindo dessa forma o mundo, vivenciando suas leis, até mesmo sem
estabelecer conceitos lógicos sobre elas, mas em geral o corpo é visto como algo que
atrapalha a aprendizagem e que precisa ser contido e quanto mais quieto estiver
melhor será, por isso as crianças na maioria das vezes estão sentadas em fila, umas
atrás das outras, e não podem movimentar-se sem autorização.
Reconhecer a importância do movimento e do lúdico, significa entender o lugar
que isso ocupa no desenvolvimento infantil e na cultura da infância.
“Através de uma brincadeira de criança, podemos compreender como ela vê o mundo,
o que ela gostaria que ele fosse, quais são suas preocupações e que problemas a
estão assediando. Pela brincadeira, ela expressa o que teria dificuldade de colocar em
palavras. Nenhuma criança brinca só para passar o tempo, sua escolha é motivada
por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que esta acontecendo com
a mente da criança determina suas atividades lúdicas; brincar é sua linguagem
secreta”. (BETTELHEIM, 1984, p. 105)
O movimento lúdico apresenta aspectos muito positivos, pois permitem que as
crianças possam experimentar papéis fictícios, distrair-se por meios dos momentos de
faz-de-conta, nos quais pode criar, imaginar e assim reconstruir verbalmente ou
simbolicamente suas vivências.
O movimento lúdico humaniza as crianças e possibilitam-lhes, ao seu modo e ao
seu tempo, compreender e realizar com sentido sua natureza humana.
As escolas em sua maioria não têm a visão de que o corpo pode e deve se
expressar, agir e interagir. As próprias regras da acabam agindo sobre o corpo e
inibindo um envolvimento do aluno com o conteúdo trabalhado.
Filgueiras (2002, mimeogr.) diz que as escolas insistem em, por exemplo, deixar
as crianças organizadas sempre em filas, mas que, no entanto, aprender a andar pela
escola sem ser dessa forma apresenta do ponto de vista cognitivo, da aprendizagem de
relacionamento e da autonomia, um desafio muito maior do que andar em fila.
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Ainda afirma que um projeto educativo que de fato considere o homem integral
não pensa em uma só aula que acontece uma vez por semana, ocasião em que a
criança terá a oportunidade de se movimentar. Ao contrário, dá espaço de movimento e
expressão, assegura a liberdade de trabalhar em grupo, circular pela sala, sair da sala
e todas as demais ações que permitem que as crianças se coloquem inteiras no
mundo.
É normal que durante as atividades escolares as crianças oscilem entre
momentos de imobilidade e de agitação, mas o fundamental é que as situações de
ensino sejam interessantes para as crianças.
A impossibilidade de se movimentar pode causar grandes danos à personalidade
da criança, porque impedida de sua movimentação a criança deixa de se expressar e
de interagir inteiramente com o mundo físico e social, permanecendo em uma atitude
de passividade que impossibilita as descobertas que ela poderia fazer e os desafios
que ela poderia enfrentar de uma forma mais natural. Tal aprisionamento dificulta o
desenvolvimento de habilidades necessárias para se tornarem mais autônomas.
É muito importante que as atividades escolares incorporem a expressividade e a
mobilidade das crianças. Os deslocamentos, as conversas, as risadas, as brincadeiras
não devem ser vistos como dispersão e indisciplina, mas sim como uma manifestação
natural das crianças. Compreendendo o caráter lúdico e a expressividade do
movimento infantil as atividades são organizadas de uma forma mais construtiva
levando em conta as necessidades das crianças.
Corpo e mente devem ser tratados como componentes interligados para que a
aprendizagem seja de fato positiva. Se o movimento fosse mais explorado nas escolas
o aproveitamento e o rendimento dos alunos seriam melhores.
Segundo o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (RCNEI), com as
atividades de movimento as crianças possuem a oportunidade de descobrir e começar
a conhecer cada vez mais sobre si mesmas e acabam se familiarizando com o seu
próprio corpo, descobrindo seus limites para cada momento do seu cotidiano. Também
podem passar a ter uma maior integração quanto às relações sociais, passam a não
serem tão inibidas facilitando a comunicação entre os próprios colegas e em atividades.
Utilizando-se do movimento tende- a favorecer a comunicação em diferentes situações,
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porque as crianças aprendem a se expressar não só no ambiente escolar como
também em outras situações de iteração, então as escolas devem dar oportunidades
para as crianças explorarem o espaço, manipularem objetos, realizarem atividades
diversificadas e desafiadoras para que aprendam e se desenvolvam de forma eficaz.
A Educação Infantil deve ter como ponto de partida a estimulação dos sentidos
das crianças e a preocupação com seu desenvolvimento corporal, porque a criança
organiza aos poucos o seu mundo a partir do seu próprio corpo, ou seja, conforme ela
vai se conhecendo, conforme ela vai descobrindo suas preferências e adquirindo
consciência do seu próprio corpo, vai ganhando uma maior facilidade de aprender
sobre suas semelhanças e diferenças, sobre as dificuldades e possibilidades do seu
corpo e aprende a respeitar o próximo, entre diversas outras coisas.
Podendo interagir e se movimentar durante as atividades a criança encontra
espaço para a sua própria expressão, ampliando assim as possibilidades de
comunicação que permitem transformações que resultam em uma maior flexibilidade na
relação consigo mesmo, com os amigos, os familiares e com os diversos grupos com os
quais ela se relaciona, conseguindo criar um maior desejo no ato de aprender já que as
atividades se tornam mais prazerosas.
Então, principalmente nos primeiros anos escolares devemos incentivar o uso do
próprio corpo, as explorações e os diversos tipos de movimentos das crianças como
forma de aprendizagem. Se o inicio da vida escolar for positivo deixará marcas fortes e
boas recordações em cada criança fazendo com que elas tenham cada vez mais
vontade de aprender.
A liberdade de se expressarem, de se comunicarem, de interagirem com o
próximo, de usarem o corpo de uma forma saudável fará com que os primeiros anos
escolares sejam verdadeiramente prazerosos e isso influenciará em toda a trajetória
escolar da criança, porque acabará associando o aprendizado a sensações gostosas.
Em momentos de descontração, de brincadeiras e conversas, as crianças podem
passar suas emoções, pensamentos, necessidades e vontades, com isso o educador
só tem a ganhar, pois pode compreender melhor o seu aluno e dessa forma trabalhar
com atividades e ter atitudes que tendem a ajudar no desenvolvimento cognitivo e
social da criança.
23
A partir desses momentos de descontração, que ao mesmo tempo acaba se
tornando uma aprendizagem e um meio muito importante para o desenvolvimento da
criança, pode-se também desenvolver a curiosidade, passando a observar e explorar
ambientes e assuntos que antes não lhe interessavam ou que nada representavam.
O movimento então é ao mesmo tempo um fator de libertação e de formação,
não podendo faltar de maneira alguma à criança.
“Seria interessante trabalhar com as crianças ora com atividades em que cada um
brincasse livremente, ora com atividades dirigidas, mas, em nenhum momento,
determinar padrões comportamentais ou julgá-las sobre seu desempenho”. (MALUF,
2003, p. 12)
Se movimentar ludicamente é tão importante quanto estudar, já que ajuda a
encontrar repostas a varias indagações, sanando dificuldades de aprendizagens,
podemos afirmar que movimentar faz com que momentos difíceis sejam esquecidos,
além de desenvolver a musculatura, a sociabilidade e a coordenação motora.
“Brincar é muito importante: enquanto estimula o desenvolvimento motor e intelectual
da criança, também ensina, sem que ela perceba, os hábitos necessários a esse
crescimento”. (BETTELHEIM, in MALUF, 2003, p. 19)
Através do movimento lúdico a criança aprende novos conceitos, adquire
informações, tem um crescimento saudável e feliz, tornando-se mais equilibrada física e
emocionalmente, e, conseqüentemente, conseguirá superar com mais facilidade
problemas que acabam surgindo no dia-a-dia.
O lúdico é amigo do professor e não seu inimigo. Brincando com a criança o
professor desenvolve a motricidade, a atenção e a imaginação, podendo assim
conseguir atingir todos os seus objetivos.
As atividades lúdicas precisam ter lugar na educação e o professor é essencial
para que isso ocorra, planejando atividades que tenham movimento, criando espaços,
oferecendo materiais diversificados e participando ativamente de momentos lúdicos
24
com as crianças. Dessa forma o professor ensina de uma forma criativa, prazerosa,
participativa e as crianças aprendem muito mais.
O professor tem que se abrir para o lúdico e reconhecer sua importância para o
desenvolvimento infantil.
“É necessário que, desde a pré-escola, as crianças tenham condições de participarem
de atividades que deixem florescer o lúdico. Quanto mais as crianças participarem de
atividades lúdicas, novas buscas de conhecimento se manifestam, seu aprender será
sempre mais prazeroso. É através do brincar que a criança vai diferenciando o seu
mundo interior (fantasias, desejos e imaginação) do seu exterior, que é a realidade por
todos compartilhada. Cada criança expressa os seus desejos, fantasias, vontades e
conflitos. Faz-se necessários que o professor estabeleça uma conexão entre o prazer,
o brincar e o aprender. Ocorrerá uma estimulação da imaginação e da fantasia da
criança, indo muito mais além de uma interação educativa”. (MALUF, 2003, p. 32 - 33)
O lúdico é essencial na vida de qualquer criança. É preciso tempo para brincar,
espaço seguro para a criança brincar com tranqüilidade, de modo que através da
brincadeira a criança possa compreender o mundo e as ações humanas que convive no
seu cotidiano.
É necessário que haja uma educação que considere importante o movimento dos
corpos para que as crianças aprendam e se transformem naturalmente, transformando
também o mundo a sua volta. A educação deve possibilitar o autoconhecimento, a
compreensão de si mesmo e de seu mundo, prazer, contato com o lúdico e
desenvolvimento de uma consciência crítica, incentivando o aluno a manifestar suas
idéias e a expressar sua corporeidade.
O movimento então é a maneira pela qual a criança busca artifícios lúdicos para
desenvolver-se. E o professor assume papel fundamental nesse processo de
desenvolvimento, pois é ele que planeja atividades para que esse desenvolvimento
ocorra.
Com atividades envolvendo o movimento o professor impede que a criança se
desenvolva de maneira fragmentada, pois estará oferecendo para criança todos os
aspectos que constituem um individuo verdadeiramente saudável.
25
O francês Jean Le Boulch (1980) fala sobre a educação pelo movimento, ou seja,
também da importância para uma educação que busque o desenvolvimento total da
criança e que a prepare para a vida.
Le Boulch (id), acredita que “o objetivo central da educação pelo movimento é
contribuir ao desenvolvimento psicomotor da criança, de quem depende ao mesmo
tempo a evolução de sua personalidade e o sucesso escolar”.
O professor deve promover atividades que englobe o movimento, que englobe o
corpo, a mente, a afetividade e a sociabilidade, porque o desenvolvimento psicomotor é
de suma importância para se aprender e para prevenir problemas de aprendizagem.
O movimento e a ludicidade são sinônimos de aprendizagem, pois geram espaço
para pensar fazendo com que a criança avance no raciocínio e estabeleça contatos
sociais.
O lúdico, através de atividades afetivas e psicomotoras, constitui-se então num
fator de equilíbrio na vida das crianças, já que é a interação entre o espírito, o corpo, a
afetividade, a energia, o indivíduo e o grupo que promove a totalidade do ser humano.
Para manter o equilíbrio com o mundo, a criança precisa brincar, criar, inventar e se
movimentar, porque assim como alimentação, saúde, habitação e educação, também
são necessidades básicas, também são vitais para o desenvolvimento infantil.
“Uma criança que não sabe brincar, uma miniatura de velho, será um adulto que não
saberá pensar”. (CHATEAU, 1987, p. 14)
A sociedade de uma maneira geral, não reconhece a importância do movimento
e do lúdico na vida das crianças, considerando apenas formas de se passar o tempo,
não acreditam que dessa maneira ocorre o desenvolvendo da cognição e do caráter da
criança.
O brincar deve deixar de ser visto como uma atividade física, como um
passatempo sem importância e passar a ser privilegiado porque é de extrema
necessidade para a aprendizagem e para o desenvolvimento da criança.
Os educadores devem compreender que brincar não é apenas lazer e sim
condição essencial para o desenvolvimento.
26
Sendo assim, é fundamental que as escolas dêem condições e promovam
situações que estimulem o desenvolvimento integral da criança.
27
3 O ESPAÇO E O AMBIENTE ESCOLAR
O movimento lúdico, como já foi dito anteriormente, é fundamental para o
desenvolvimento integral da criança, porém o ambiente e o espaço também são
importantes nesse processo, pois são elementos que influenciam no envolvimento da
criança com o mundo.
O ambiente, o espaço e a organização dos materiais são elementos essenciais
para a aprendizagem das crianças.
“Espaço físico, materiais, brinquedos, instrumentos sonoros e mobiliários não devem
ser vistos como elementos passivos, mas como componentes ativos do processo
educacional que refletem a concepção de educação assumida pela instituição.
Constituem-se em poderosos auxiliares da aprendizagem”.(BRASIL, 1998, vol.1, p. 68)
Os professores precisam preparar o espaço e o ambiente de um jeito que a
criança aprenda ativamente na interação com outras crianças e com os adultos, porque
é através da ação e da experimentação a criança aprende. Por isso é necessário
proporcionar um ambiente estimulador, aconchegante e seguro, para que as crianças
consigam situar-se e agir autonomamente.
E, durante o período escolar se faz necessário “resgatar o espaço lúdico pelo
lúdico” (DORNELLES, 2001, p. 107), pois as crianças necessitam de um espaço onde
possam construir seus conhecimentos da forma mais espontânea possível, sem
estarem sendo cobradas ou recriminadas, ou seja, ver o movimento da criança como
algo positivo para o seu desenvolvimento integral. Se faz necessário, então, verificar a
questão do espaço e do ambiente para que a escola possa respeitar e propiciar a
ampliação da cultura lúdica como um fator muito significante do desenvolvimento e
aprendizagem da criança.
O espaço e o ambiente são extremamente influenciadores no processo de
desenvolvimento e aprendizagem da criança, porque freqüentar um lugar que respeita a
cultura lúdica proporciona maior facilidade de expressão, de movimento e brincadeiras
tornando o momento que as crianças estão na escola bem agradável.
28
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil -
RCNEI (BRASIL, 1998, vol.1, p. 63) o ambiente das escolas de educação infantil devem
estar organizadas de tal forma que as crianças possam desenvolver as seguintes
capacidades:
“• uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com
confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações;
• descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e
seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e
bem-estar;
• estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua
auto-estima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e
interação social;
• estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a
articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e
desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;
• observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez
mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e
valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;
• brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades;
• utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas
às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser
compreendido, expressar suas idéias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar
no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua
capacidade expressiva;
• conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse,
respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade”.
E a organização do espaço e do ambiente é de extrema importância para que
essas capacidades sejam de fato desenvolvidas.
Para Machado (1991), não é necessário luxo, requinte e um local enorme, mas é
imprescindível que os ambientes sejam espaçosos, arejados, com iluminação natural,
com chão de madeira ou borracha para que as crianças não corram risco de se
29
machucar com facilidade. Por outro lado, quando o assoalho é forrado, é mais quente e
dá possibilidade das crianças andarem descalças. Os espaços devem ser organizados
de forma criativa, devendo se manter o mais seguro e limpo possível e é muito
importante também que aja uma boa área ao ar livre, se possível com árvores, horta,
para que tenham contato com a natureza aprendendo a valorizá-la desde cedo.
Zabalza (1998) acrescenta que se deve ver o espaço como um espaço de vida,
rico em materiais, onde a criança possa se desenvolver, porque o espaço e a
disposição dos matérias são fundamentais para a realização da comunicação das
crianças com o mundo.
Segundo Zabalza (id, p. 232), por mais que ambiente e espaço estejam
relacionados existe uma distinção entre eles:
“O termo espaço refere-se ao espaço físico, ou seja, aos locais para a atividade
caracterizados pelos objetos, pelos materiais didáticos, pelo mobiliário e pela
decoração. Já o termo ambiente refere-se ao conjunto do espaço físico e às relações
que se estabelecem no mesmo (os afetos, as relações interpessoais entre as crianças
e os adultos, entre as crianças e a sociedade em seu conjunto”.
Dessa forma vemos que não só o espaço e o ambiente devem ser considerados,
mas, também, as interações que podem ocorrer neles. O ambiente propicia diversas
interações e experiências através do espaço e dos materiais que se encontram no local.
Dessa forma podemos dizer “que o ambiente ‘fala’, transmite-nos sensações, inova
recordações, passa-nos segurança ou inquietações, mas nunca nos deixa indiferentes”.
(ZABALZA, 1998, p.223)
Os móveis e prateleiras devem ser proporcionais à altura das crianças para que
tenham melhor acesso aos brinquedos e matérias de uso freqüente. As paredes devem
ser utilizadas para a exposição de trabalhos, desenhos e murais de maneira que as
crianças se sintam valorizadas pelo que fazem, mas o espaço de aprendizagem não
deve se restringir somente à escola. Deve-se propor passeios, excursões, visitações,
além de aproveitar os espaços externos para que, de uma forma diferente, realizar
atividades cotidianas, como contar histórias, fazer leituras, desenhos, entre outras
coisas.
30
È necessário usar o ambiente e o espaço como parceiros na construção das
relações humanas e como mediador da criança com o conhecimento.
Um ambiente que tenha cooperação, respeito e integração entre os familiares
das crianças é também fundamental para que a criança se sinta tranqüila, segura e feliz
na escola.
“Adultos amigáveis, que escutam as necessidades das crianças e, com afeto, atendem
a elas, constituem-se em um primeiro passo para criar um bom clima. As crianças
precisam ser respeitadas em suas diferenças individuais, ajudadas em seus conflitos
por adultos que sabem sobre seu comportamento, entendem suas frustrações,
possibilitando-lhes limites claros. Os adultos devem respeitar o desenvolvimento das
crianças e encorajá-las em sua curiosidade, valorizando seus esforços”. (BRASIL,
1998, vol1, p.67).
E conforme a criança for adquirindo maior segurança e autonomia, o espaço
deve ser reorganizado, para que continue sempre auxiliando no seu desenvolvimento.
A importância do espaço é de fato muito grande já que, um lugar bonito, arejado
e agradável pode aguçar a curiosidade da criança para explorar os diversos espaços
que a escola oferece. Por isso mesmo que “há que se criar espaços lúdicos que sejam
alternativos e permitam que as crianças corram, balancem, subam, desçam e escalem
ambientes diferenciados, pendurem-se, escorreguem, rolem, joguem bola, brinquem
com água e areia, escondam-se, etc.” (Id, p. 69). Espaços que proporcionem atividades
de movimento se tornam facilitadores do desenvolvimento da atitude da criança de
confiança nas suas próprias capacidades motoras, além de facilitar a compreensão do
espaço onde vivem e a interação das pessoas a sua volta.
O espaço e o ambiente devem ser organizados para que as crianças se sintam
convidadas a brincarem, explorarem, se movimentarem e aprenderem.
Sendo assim, o espaço e o ambiente estimulam o desenvolvimento integral da
criança que, por meio do lúdico, do movimento, da criatividade, conquistam sua
autonomia e desenvolve a curiosidade, o respeito, o afeto, entre muitos outros quesitos.
31
4 Reflexões sobre a prática
A partir do que foi abordado nos capítulos anteriores, notamos a importância de
se trabalhar com o movimento lúdico na educação infantil e estamos tendo a
oportunidade de estagiar em uma escola que fez com que nos encantássemos com a
forma como a ludicidade e o espaço são valorizados no cotidiano escolar.
A Escola do Futuro (nome fictício), busca inovar, recriar e ser referência de
acolhimento, respeitando a diversidade e mantendo uma aprendizagem sólida, fruto de
uma caminhada com desafios, relações e projeções, contribuindo na formação de
pessoas pensantes, reflexivas, fraternas, alegres e solidárias que identificam o
verdadeiro sentido da sabedoria e aspiram ao crescimento.
A escola procura priorizar uma aprendizagem como direito real do educando,
respeitando ritmos, bagagens, o erro como resposta provisória e as necessidades dos
alunos. A proposta pedagógica, então, se caracteriza pelo cuidado especial com o
estudante em cada uma das etapas do seu desenvolvimento e com o processo ensino-
aprendizagem, visando a formação do ser humano em sua totalidade.
O colégio atende da educação infantil, a partir dos 2 anos, até o ensino médio.
Possui 4 quadras, academia, piscina, midiateca, duas bibliotecas e (uma para educação
infantil e outra para o ensino fundamental e médio), salas de informática (sendo que
uma para as crianças da educação infantil, utilizada pelas crianças de 2 anos),
brinquedoteca, cozinha experimental, horta, praça de convivência tudo para auxiliar no
desenvolvimento infantil.
Em 2007 a Escola do Futuro inaugurou um prédio onde a interação com a
natureza, a arte e o movimento fazem parte do aprendizado. O espaço foi pensado
exclusivamente para alunos da Educação Infantil, sendo muitas vezes chamado de
“Escola Parque”. Com isso as crianças passaram a ter um ambiente próprio para
desenvolver seu aprendizado, numa área reservada e dotada de total segurança.
A construção possui uma estrutura arredondada, sem ‘quinas’ e os
equipamentos foram criados com base em pesquisa detalhada de materiais adequados.
As salas de aulas também possuem uma estrutura diferenciada, o piso é todo
emborrachado para que as crianças não se machuquem ao brincar e explorar o espaço.
32
Têm também um circulo amarelo no meio do chão para que as crianças sentem em
círculos e possam interagir entre si de uma melhor forma.
A escola também conta com espaços apropriados para atividades
especializadas. Existe uma sala de movimento que é toda espelhada, com diversos
materiais para as crianças explorarem. Nas aulas de movimento as crianças são
desafiadas a explorar varias possibilidades de gestos e ritmos corporais, descobrindo
cada vez mais movimentos. Essas aulas são dadas por um professor especializado na
área de educação física infantil.
Segue abaixo algumas fotos da sala de movimento:
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O movimento é considerado, neste colégio, como uma linguagem tão importante
quanto qualquer outra, pois além de auxiliar o desenvolvimento motor, favorece a
interação das crianças com o meio físico e social. Ao movimentarem-se os estudantes
fazem descobertas em relação ao seu próprio corpo, testam suas necessidades,
capacidades e limites, assim como foi dito nos outros capítulos. Pensando nisso,
freqüentemente são elaboradas atividades onde os alunos são desafiados a realizarem
diversos movimentos como: saltar, correr, engatinhar, rastejar, rolar, equilibrar-se e
muito mais, através de passeios pelos diversos espaços da escola e de circuitos
motores.
Circuitos Motores:
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Diariamente os estudantes realizam atividades com ou sem materiais na área
externa da escola, com os seguintes objetivos:
- Exercitar diferentes possibilidades corporais, descobrindo partes do corpo,
assim como sua disposição e posições.
- Desenvolver noções de estruturação temporal, ritmo e cadência.
- Conhecer partes do corpo;
- Orientar seu corpo com relação a objetos e pessoas;
- Desenvolver a coordenação viso-motora;
- Explorar e desenvolver relações de direção e posição.
Na parte externa do prédio, os alunos têm a oportunidade de conviver com a
natureza, pois o espaço é coberto de arvores frutíferas e possui também uma horta. Faz
parte do espaço externo também, uma réplica da ponte dos jardins de Monet que, de
maneira lúdica, mantém os estudantes em contato com a arte. O prédio é decorado
com painéis em cerâmica que utilizam elementos da natureza e cores vivas.
O playground, tão importante no desenvolvimento, foi feito de forma a estimular a
curiosidade, a atenção, a criatividade, a evolução psicomotora e a socialização das
crianças.
O parque possui piso de borracha reciclada de pneus para as crianças ficarem
mais seguras em suas brincadeiras; é bem arborizado para que o sol não incomode as
crianças, possui tanque de areia que sugere diversos tipos de brincadeiras imaginárias;
lava-pés para lavar, limpar e brincar com água; arcos que são brinquedos tradicionais
que auxiliam no desenvolvimento motor; túneis em fibra de vidro que sugerem a
brincadeira de sumir, aparecer, agachar e engatinhar; estruturas metálicas que recebem
tambores giratórios que desafiam a destreza, equilíbrio e força das crianças maiores;
balanços de várias formas, piscina de bolinha, gangorra, cama elástica, casinha de
madeira em formato de oca, casinha de concreto, casa na árvore com escorregador
caracol e moveis (mesa, bancos, geladeira, pia e fogão), diversos escorregadores, lugar
39
de escalada, enfim, o parque proporciona o contato com matérias, cores e texturas
diversas.
Fotos do Parque:
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A Escola do Futuro oferece, então, um espaço com atratividade e segurança, em
meio a um cenário natural e encantador, com grandes árvores e uma paisagem
exuberante, pois consideram importante organizar tempo e espaços para favorecer o
contato das crianças com a natureza juntamente com brincadeiras, possibilitando a
observação, o movimento lúdico, a experimentação e, assim, favorecendo a ampliação
de conhecimentos.
O colégio procura, dessa forma, garantir que os jogos, as brincadeiras e todo tipo
de movimento lúdico tenham um espaço privilegiado dentro da rotina diária. Tratam as
situações lúdicas como um conteúdo também importante a ser ensinado e que integra e
complementa todas as áreas pedagógicas. Planejam brincadeiras, configuram e
organizam os espaços, discutem e estabelecem regras sempre permitindo que as
crianças brinquem livremente e inventem variações para as mesmas brincadeiras
propostas, selecionam matérias, respeitam as preferências individuais e coletivas,
enfim, dão muito valor ao movimento porque acreditam que assim podem contribuir com
a formação integral das crianças.
Os educadores da Escola do Futuro entendem, como todos os educadores
deveriam entender, que se movimentando a criança não apenas se diverte, como cria,
recria, interpreta e reinterpreta o mundo em que vive, relaciona-se com ele e aprende
coisas que certamente levará por toda a sua vida e trajetória como ser humano.
44
5 COMO A ESCOLA TRABALHA O MOVIMENTO COM AS CRIANÇAS
A pesquisa de campo foi realizada numa instituição particular, a Escola do Futuro
tratada no capítulo anterior. Foi aplicado um questionário para cinco professores da
Educação Infantil, que atendem crianças da faixa etária de 2 a 5 anos de idade. O
questionário, com 4 questões foi direcionado à formação do professor, a rotina em sala
de aula e ao trabalho do professor em relação à atividade de movimento. A partir da
análise das respostas obtidas, pôde-se perceber que, no geral, todos têm uma visão
semelhante em relação às perguntas questionadas:
TABELA 1: FORMAÇÃO / OUTROS CURSOS
Sujeito A: Sujeito B: Sujeito C: Sujeito D: Sujeito E
FORMAÇÃO / OUTROS CURSOS
Formada em
Pedagogia, faz
pós-graduação
em
Psicopedagogia/
“Sempre que
possível faço
cursos sobre o
desenvolvimento
e a rotina de
crianças de 0 à 3
anos.”
Formada em
Artes Plásticas e
em Pedagogia,
com pós em
Educação
Especial /
Fez vários
cursos voltados
à Educação
Infantil.
Formada em
Pedagogia /
Á 3 anos
participa de um
grupo de
estudos voltado
a questões
ligadas a
alfabetização e
“Atualmente,
estou fazendo
um curso sobre
a Arte
Contemporânea
para
educadores”.
Iniciou a
formação com o
curso técnico-
magistério. “Em
seguida fiz
graduação em
Psicologia e pós-
graduação em
Psicopedagogia.
Desde o
magistério faço
cursos
relacionados à
Ed. Infantil /
Educação /
Desenv. em
geral.”
Formada no
curso de
licenciatura em
Educação
Física /
Fez curso
voltado a
Educação
Física Escolar
focando a
infância até a
adolescência.
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A maioria dos professores são formados em Pedagogia, mas possuem alguns
diferenciais: Um dos sujeitos faz um curso de especialização em Psicopedagogia e diz
que: “Sempre que possível faço cursos sobre o desenvolvimento e a rotina de crianças
de 0 à 3 anos”. Outra professora afirma que além de ser formada em Pedagogia é
formada também em Artes Plásticas, com pós-graduação em Educação Especial e em
Administração e Organização de Eventos. Fez vários cursos voltados à Educação
Infantil, nos últimos 3 anos fez: curso para “Educadores de Educação Infantil de 0 a 3
anos”, curso de “Formação para Educadores de crianças de 0 a 3 anos: desafios e
possibilidades para a pratica educativa”, curso de “Estimulação Infantil – Aprendizagem
e Desenvolvimento” e curso para educadores de “Introdução ao Ensino da arte
Contemporânea”.
Outro, ainda, afirma que se formou em 2005 em Pedagogia, mas continua
estudando. Há 3 anos participa de um grupo de estudos voltado a questões ligadas a
alfabetização e, como ele mesmo afirma: “Atualmente, estou fazendo um curso sobre a
Arte Contemporânea para educadores”.
Os outros dois professores não são formados em Pedagogia. O primeiro iniciou
a formação com o curso técnico-magistério,e, como diz: “Em seguida fiz graduação em
Psicologia e pós-graduação em Psicopedagogia em Terapia Sistemática de Casal e
Família. Desde o magistério faço cursos relacionados à Ed. Infantil / Educação /
Desenvolvimento em geral. Creio ser fundamental na profissão se manter atualizada,
atuante e em constante reflexão e formação”. O segundo, por ter concluido o curso de
licenciatura em Educação Física atua na área dando aulas de movimento na Escola do
Futuro. Fez curso voltado a Educação Física Escolar focando a infância até a
adolescência. Afirma que “atuo na área profissional desde 2004, inicialmente na
primeira infância e posteriormente no ensino fundamental”.
Pela análise feita percebe-se que mesmo com alguns diferencias entre os
sujeitos, há um interesse e, mesmo necessidade do professor continuar se
aperfeiçoando. Não basta a graduação inicial. Daí a importância de uma Formação
Continuada.
46
TABELA 2: ROTINA NA SALA DE AULA
Sujeito A: Sujeito B: Sujeito C: Sujeito D: Sujeito E
ROTINA
EM SALA
“Todas as
áreas são
privilegiadas
de uma forma
interdisciplinar
e lúdica”.
Trabalha as
áreas que
compõe a grade
curricular.
Contempla os
componentes que
fazem parte da
grade curricular,
mas “as áreas de
linguagem Oral e
Escrita e
Matemática são
privilegiadas
devido aos
objetivos da serie”.
Trabalha com as
áreas presentes na
grade curricular,
privilegiando a
Linguagem Oral e
Escrita E
Matemática, mas
respeita as
necessidades
motoras das
crianças dando
mais valor ao
movimento do que
o estipulado na
grade.
Procura
contemplar o
desenvolvimento
das crianças das
mais diversas
formas de
expressão
corporal.
Nesta questão, quando perguntado sobre a rotina em sala de aula, um dos
sujeitos diz que todas as áreas são privilegiadas de forma interdisciplinar e lúdica.
“Trabalho com roda de conversa para o desenvolvimento da linguagem oral, temos
artes, musica, movimento nos espaços externos da sala de aula. Busco trabalhar de
forma afetiva, garantindo um espaço tranqüilo, estimulador e afetivo”. Os outros três
professores afirmam trabalhar as áreas que estão na grade curricular, com o
diferencial de que dois deles privilegiam as áreas ligadas à Linguagem Oral e Escrita e
Matemática devido aos objetivos da série. Um desses professores diferencia-se,
ainda, ao dizer que respeita as necessidades motoras das crianças dando mais valor
ao movimento do que o estipulado na grade. “Constantemente nos questionamos a
respeito da contemplação das necessidades das nossas crianças em relação ao
aspecto motor e apesar de darmos mais oportunidade do que o estipulado, nem
sempre conseguimos alcançar o que sabe ser adequado e ideal”.
47
Já o último sujeito afirma que procura contemplar no seu planejamento com a
educação física infantil o desenvolvimento das crianças das mais diversas formas de
expressão corporal, “que vão desde habilidades motoras básicas (cores, saltar,
rolar...), as mais elaboradas como uma coreografia ou percussão corporal. Porém,
durante a pratica do planejamento, muitas coisas são modificadas e desenvolvidas de
acordo com o que o grupo precisa ou deseja naquele momento, até que o objetivo
seja alcançado”.
Observa-se que na visão da maioria dos professores, mesmo seguindo os
componentes da grade curricular, o movimento deve estar interligado ao processo
pedagógico por ser de grande valia para a criança, já que os jogos, as brincadeiras, os
brinquedos educativos, as atividades físicas da escola, a dança e brincadeiras livres,
são importantes por ajudarem a criança a descobrir seu corpo e o mundo a sua volta,
fazendo com que o desenvolvimento e a aprendizagem ocorra em perfeita harmonia.
TABELA 3: IMPORTÂNCIA DO COMPONENTE CURRICULAR “MOVIMENTO”
Sujeito A: Sujeito B: Sujeito C: Sujeito D: Sujeito E
IMPORTÂN-CIA DO COMPO-NENTE CURRICU-LAR “MOVIMEN-TO”
Considera o
movimento muito
importante para
o desenv. motor
e cognitivo das
crianças, tanto
que afirma que
atividades de
movimento
devem
acontecer todos
os dias.
Percebe que o
movimento
“obtém um
espaço no meio
escolar apenas
voltado para fins
recreacionais e
de lazer” e diz
que “para que
seja assumido e
caracterizado no
contexto escolar
como
importante, é
necessário que
cada profissional
da área comece
a desenvolver
um trabalho que
o justifique”.
Acredita que
através de
atividades de
movimento
“promovemos aos
alunos a percepção
das sensações,
limites,
potencialidades,
sinais vitais e
integridade do
próprio corpo”.
Diz que é
fundamental,
porque crê “que
educação infantil
é sinônimo de
movimento” e
que ajuda no
sucesso escolar,
no desenv.
social e
emocional.
“O movimento é
a essência da
infância, através
dele a criança é
capaz de
desenvolver
suas
potencialidades
biológicas,
psicológicas,
sociais, culturais
e evolutivas”.
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Em relação a esta questão todos os professores foram unânimes em
concordarem que o componente curricular “movimento” é muito importante para o
desenvolvimento e aprendizagem da criança.
Um dos sujeitos diz que considera o movimento muito importante para o
desenvolvimento motor e cognitivo das crianças. Afirma que, “nas atividades de
movimento as crianças se desenvolvem de forma integral e aprendem a lidar com
conflitos e dificuldades. Essas atividades são importantes desde bem pequenas e
penso que elas devem acontecer todos os dias”.
Outro percebe que o movimento “obtém um espaço no meio escolar apenas
voltado para fins recreacionais e de lazer” e diz que “para que seja assumido e
caracterizado no contexto escolar como importante, é necessário que cada profissional
da área comece a desenvolver um trabalho que o justifique. O papel do professor é ‘dar
conta’ de todos os aspectos que se relacionam com a criança e que estão envolvidos
direta ou indiretamente no processo ensino-aprendizagem”.
O terceiro professor acredita que através de atividades de movimento
“promovemos aos alunos a percepção das sensações, limites, potencialidades, sinais
vitais e integridade do próprio corpo”.
O professor seguinte diz, ainda, que é fundamental, porque crê “que educação
infantil é sinônimo de movimento” e que “ao darmos ênfase neste componente curricular
estaremos sem duvida alguma, trabalhando de modo preventivo para o sucesso da vida
escolar de nossas crianças. Além de possibilitar o desenvolvimento social e emocional.
A criança respeitada em seu anseio filogenético está melhor preparada para qualquer
área do conhecimento. O movimento é ao meu ver, uma necessidade tão vital para a
criança da educação infantil, quanto a necessidade de comer, dormir, receber atenção
e carinho”. Outro ainda complementa essa idéia ao dizer que “o movimento é a
essência da infância, através dele a criança é capaz de desenvolver suas
potencialidades biológicas, psicológicas, sociais, culturais e evolutivas, tornando-as
saudavelmente felizes”.
Nota-se então que todos os professores estão cientes de que, através do
movimento, e com amor, carinho, respeito e paciência, a criança se desenvolve e
49
aprende de forma mais saudável, percebendo o quão essencial é o movimento na vida
de todas as crianças.
TABELA 4: COMO TRABALHAR O MOVIMENTO
Sujeito A: Sujeito B: Sujeito C: Sujeito D: Sujeito E
COMO TRABALHA O MOVIMENTO
Trabalha
usando
matérias
como bolas,
pneus, arcos,
cavalinhos de
madeira,
circuitos
motores e
passeios nos
espaços da
escola.
Visa as
brincadeiras e os
brinquedos,
acreditando que
dessa forma
pode
desenvolver
diversos
conteúdos
atingindo seus
objetivos.
Trabalha o
movimento através
de brincadeiras e
circuitos motores,
investindo também
na sofisticação dos
movimentos e
possibilidades
corporais, visando
a postura, o modo
como escrevem,
cortam, entre
outras coisas.
Trabalha a partir
de circuitos
motores com
diversos
desafios
específicos, mas
também
trabalhando
ludicamente sem
nenhum desafio
extra, “pois a
própria
brincadeira
possui objetivos
motores
implícitos”, além
de também fazer
a integração do
movimento com
outras áreas em
diversos
momentos.
Desenvolve
atividades que
exploram as
diversas
habilidades
motoras e que
desenvolvem a
coordenação
motora, a
agilidade,
flexibilidade,
controle do
corpo, entre
outros fatores.
Novamente uma unanimidade. Todas as respostas se referem às brincadeiras,
brinquedos, circuitos motores, entre outras atividades que auxiliam no desenvolvimento
e na aprendizagem da criança.
Três dos professores afirmam trabalhar com circuitos motores, mas com alguns
diferenciais. Um deles, além de trabalhar com os circuitos usa matérias como bolas,
pneus, arcos, cavalinhos de madeira e passeios nos espaços da escola. Outro trabalha
o movimento através de brincadeiras e circuitos motores, investindo também na
sofisticação dos movimentos e possibilidades corporais, visando a postura, o modo
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como escrevem, cortam, entre outras coisas. O sujeito seguinte trabalha a partir de
circuitos motores com diversos desafios específicos, mas também trabalhando
ludicamente sem nenhum desafio extra, pois, como ele mesmo afirma: “a própria
brincadeira possui objetivos motores implícitos”, além de também fazer a integração do
movimento com outras áreas em diversos momentos e sempre verificamos que quando
contemplamos o movimento e o brincar a sala de aula flui mais harmonicamente e os
conhecimentos ‘cobrados’ para a Educação Infantil são mais alcançados”.
Já um outro professor trabalha com brincadeiras e brinquedos, acreditando que
dessa forma pode desenvolver diversos conteúdos atingindo seus objetivos. “Através
do brinquedo a criança começa a relacionar-se com outras, começa a trabalhar com
regras, com situações em grupos. Assim, o professor pode desenvolver seus conteúdos
utilizando-se da situação da brincadeira para atingir seus objetivos”.
O professor especializado em educação física, por sua vez, afirma: “desenvolvo
atividades que possam exploram as diversas habilidades motoras no seu maior
repertório, por meio de brincadeiras, shows, teatro e que desenvolvam a coordenação
motora, a agilidade, flexibilidade, lateralidade, controle do corpo, entre outros fatores”.
Todos esses professores acham o movimento muito importante, ou melhor,
essencial e que todas as crianças devem ter oportunidade de se movimentarem
ludicamente nas escolas, pois essas atividades vividas e experimentadas servirão como
base de um bom desenvolvimento e de uma boa aprendizagem.
Esta pesquisa mostra que, seja por parte das brincadeiras, dos jogos, dos
brinquedos, circuitos motores, ou outra forma de movimento, a criança tem a
necessidade e o direito de se movimentar livremente sem cobranças, para que assim
obtenha um desenvolvimento integral e, por conseqüência, uma boa aprendizagem,
porque o desenvolver e o aprender estão relacionados, ou seja, um acaba influenciando
e transformando o outro.
51
CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho começou por uma questão pessoal. Por eu sempre ter estudado
em escolas tradicionais, onde o movimento só era permitido nas aulas de educação
física ou então nos recreios, cresci sentindo muita falta de poder me movimentar mais,
de brincar com maior liberdade e de poder interagir mais com as outras pessoas. Foi só
depois de entrar na faculdade, e de trabalhar com crianças que realmente comecei a
ver como o movimento é essencial para a vida dos seres humanos, e que a falta dele
pode causar mais danos do que eu imaginava, por isso resolvi elaborar uma pesquisa
empírica onde procurei entender melhor a questão do movimento e buscar:
compreender se o movimento era parte constitutiva da aprendizagem e do
desenvolvimento da criança; como se dá o processo de aprendizagem pelo movimento
e identificar como o movimento é compreendido e trabalhado pelos professores da
Educação Infantil.
Assim, a partir das premissas levantadas neste estudo, constatei que realmente
os movimentos são fundamentais para a vida das crianças biologicamente,
psicologicamente e socialmente, pois o movimento faz parte da vida do ser humano e o
corpo representa para a criança a sua maior via de comunicação e expressão; é a partir
dele que a criança expressa o que pensa, sente e deseja.
Como diz Mukhina (1996, p. 88) “todos esses movimentos e ações são degraus
que conduzem às formas de comportamento que caracterizam o homem”. Logo, através
do movimento a criança vai aprendendo a ter autonomia, confiança em si própria,
interage com o mundo e vai construindo sua personalidade. Hoje posso afirmar que o
movimento deve ser explorado e vivenciado pela criança, porque eles são a base para
o desenvolvimento e para a sua aprendizagem.
Aquilo que a criança vivencia durante os seus primeiros anos tem uma
repercussão muito importante na sua vida, e é por isso que nós, educadores, temos
que dar muita importância a esse período para poder proporcionar um desenvolvimento
saudável e um aprendizado realmente valioso para a criança. São as primeiras
experimentações, explorações, relações de confiança, contato, comunicação que vão
ser de máxima importância para criança.
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As escolas devem trabalhar com atividades de movimento possibilitando um rico
repertório motor, principalmente nos dias atuais, em que as crianças sofrem tanta
privação de espaço e tempo para brincar.
Em cima desta idéia foi que partimos da hipótese de que: Os professores nem
sempre tem clareza da relevância do movimento para aprendizagem e desenvolvimento
da criança na Educação Infantil.
Aplicamos um questionário a cinco professores e as respostas mostraram que,
de fato, muitos professores realmente não possuem clareza quanto a importância do
movimento e acabam desvalorizando-o, embora existam professores, como os da
Escola do Futuro, que não só sabem de sua importância como valorizam-no,
estimulando as crianças através do movimento e da ludicidade.
Como pudemos ver nos capítulos deste trabalho, com o movimento lúdico
desenvolvem-se os aspectos cognitivo, afetivo-social e motor conjuntamente, sendo
uma forma mais saudável e motivadora de garantir um desenvolvimento global da
criança, ou seja, um desenvolvimento onde inclua todos os aspectos importantes do ser
humano de uma forma harmônica. É um modo de motivar, socializar, refletir e construir
conhecimento. É preciso, então, compreender todas as necessidades da criança,
estimulá-la e, principalmente, deve contribuir para que ela se desenvolva
harmoniosamente, levando para a vida adulta uma imagem positiva da sua infância, de
si própria, de seu corpo e do mundo em que vive.
O movimento precisa ser trabalhado para que desenvolva o individuo
integralmente, porque “o foco é sempre a criança por inteiro, com emoções, com
sentimentos, com expressões, com dificuldades, com facilidades, com expectativas,
ávida em dar sua opinião, com sugestões e vontades, com medos, com limites, com
timidez, com agressividade, etc” (MELLO, 2001, p. 98).
Através desta pesquisa também foi constatado que o movimento não pode ser
visto somente como algo relacionado ao aspecto físico, isto é, não pode ser visto
separadamente dos aspectos emocionais, cognitivos e sociais, já que através dele a
criança se desenvolve e aprende de todas as maneiras. Educar deve, portanto estar
sempre dentro de uma totalidade; deve-se educar pessoas inteiras fazendo interagir
todas as dimensões da vida do ser humano.
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A valorização pelo educador do movimento, do lúdico, dos jogos e brincadeiras
torna o espaço de sala de aula adequado ao desenvolvimento da criança, assim como
a aprendizagem dos conhecimentos escolares. E, levando-se em consideração que
esses aspectos são inerentes à criança, as escolas deveriam utilizá-los como ponto
estratégico no desenvolvimento físico e intelectual do aluno.
Se o professor tiver consciência de que enquanto se movimentam ludicamente
as crianças também adquirem conhecimentos úteis e interessantes, desabrochando
assim para a vida e ficando mais fácil aprender outros conteúdos dados em sala de
aula, já terá dado um grande salto qualitativo. O professor precisa confiar nele mesmo e
acreditar no que esta fazendo, porque “se não tiver clareza do sentido das atividades
que desenvolve com as crianças e, ainda, se não identificar nas suas ações qual a
intencionalidade que esta imprimindo a essa atividade, pode adotar como concepção de
trabalho aquela que lhe é mais cômoda em relação ao contexto em que exerce sua
função” (MELLO, 2001, p. 64).
Precisa compreender o que as crianças necessitam para que seja o mediador da
criança com os objetos de conhecimento, “organizando e propiciando espaços e
situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas,
emocionais e cognitivas” (Brasil, 1998, p. 30).
O espaço, o ambiente e a organização das matérias também são fundamentais
para o desenvolvimento integral da criança. A criança interage com o meio, então deve
se sentir protegida, amparada e segura para arriscar, explorar e aprender mais sobre si
mesma, sobre os outros e sobre o mundo à sua volta. O educador deve também usar a
seu favor o ambiente e o espaço na construção das relações afetivas e, ser o mediador
entre a criança e o conhecimento.
Em suma, devo trabalhar com a criança, tomando como ponto suas
características individuais e aquilo que ela precisa em forma de estímulos para o seu
crescimento e desenvolvimento, de forma a poder possibilitar-lhe fatores fundamentais
como a criatividade, a autonomia e a segurança. Isso significa redimensionar as
atividades pedagógicas na aprendizagem infantil, onde o movimento lúdico representa
a oportunidade da criança se desenvolver, aprender e viver de uma forma mais
gostosa, participativa, alegre e saudável.
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