taxa de desemprego versus criação de empreendimentos econômicos solidários no brasil

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Taxa De Desemprego Versus Criação De Empreendimentos Econômicos Solidários No Brasil Autoria: Raquel Lie Kishi, Vinícius Silva Flausino, Edileusa Godói-de-Sousa e José Eduardo Ferreira Lopes Resumo Indivíduos e sociedade civil têm buscado cada vez mais autonomia e participação diante dos desafios da construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Neste contexto, os Empreendimentos Econômicos Solidários (EES), integrantes da chamada Economia Solidária, têm desempenhado um importante papel. Conforme afirmam Godói-de-Sousa, Gandolfi e Gandolfi (2011), o principal fator motivador da criação dos EES é a alternativa ao desemprego. Desta forma, o presente estudo buscou analisar a influência das taxas de desemprego na criação dos EES. Analisou- se, também, a influência destas taxas em grupos informais, associações e cooperativas. A abordagem foi quantitativa, a partir de um grupo amostral composto de 21.859 EES, abrangendo todas as unidades da federação e 48% dos municípios brasileiros. Realizou-se a análise de frequência da criação dos EES nos anos de 1991 a 2007 em comparação com a taxa de desemprego aberto do IBGE, obtendo-se o total de empreendimentos criados ano a ano nesse período. Os resultados apontam que existe correlação significativa entre as taxas de desemprego e a criação de EES, indicando que os empreendedores sociais agem muito mais em razão de uma crise social do que em razão da possibilidade de um desenvolvimento social sustentável. Percebe-se, também, uma correlação ainda maior entre as taxas de desemprego e a criação dos grupos informais, o que sugere que tais ajuntamentos consistem em um momento inicial do trabalho destes empreendimentos (BRASIL, 2013f). Palavras-chave: Empreendedorismo social. Empreendimentos Econômicos Solidários (EES). Desemprego. 1 Introdução As crescentes demandas sociais e o atual contexto econômico têm contribuído para a busca de maior autonomia por parte dos indivíduos, grupos e sociedade no desenvolvimento de melhores condições de vida. Desta forma, soluções de problemas compartilhados são buscadas conjuntamente, gerando novos arranjos sociais com potencial transformador da realidade. Diante deste cenário destaca-se o Empreendedorismo Social, por meio do qual organizações sociais, objetivando atuar na satisfação das mais diversas necessidades apresentadas pela sociedade, utilizam ações inovadoras e pragmáticas na busca da solução de problemas. Tais empreendimentos possuem grande compromisso com os resultados e visão de futuro, além de alto potencial de mobilização e trabalho colaborativo (FISCHER, 2008; ASHOKA, 2013).

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Indivíduos e sociedade civil têm buscado cada vez mais autonomia e participaçãodiante dos desafios da construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Nestecontexto, os Empreendimentos Econômicos Solidários (EES), integrantes dachamada Economia Solidária, têm desempenhado um importante papel. Conformeafirmam Godói-de-Sousa, Gandolfi e Gandolfi (2011), o principal fator motivador dacriação dos EES é a alternativa ao desemprego. Desta forma, o presente estudobuscou analisar a influência das taxas de desemprego na criação dos EES. Analisouse,também, a influência destas taxas em grupos informais, associações ecooperativas. A abordagem foi quantitativa, a partir de um grupo amostral compostode 21.859 EES, abrangendo todas as unidades da federação e 48% dos municípiosbrasileiros. Realizou-se a análise de frequência da criação dos EES nos anos de 1991a 2007 em comparação com a taxa de desemprego aberto do IBGE, obtendo-se ototal de empreendimentos criados ano a ano nesse período. Os resultados apontamque existe correlação significativa entre as taxas de desemprego e a criação de EES,indicando que os empreendedores sociais agem muito mais em razão de uma crisesocial do que em razão da possibilidade de um desenvolvimento social sustentável.Percebe-se, também, uma correlação ainda maior entre as taxas de desemprego e acriação dos grupos informais, o que sugere que tais ajuntamentos consistem em ummomento inicial do trabalho destes empreendimentos (BRASIL, 2013f).

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  • Taxa De Desemprego Versus Criao De Empreendimentos Econmicos Solidrios No Brasil

    Autoria: Raquel Lie Kishi, Vincius Silva Flausino, Edileusa Godi-de-Sousa e Jos Eduardo Ferreira Lopes

    Resumo

    Indivduos e sociedade civil tm buscado cada vez mais autonomia e participao diante dos desafios da construo de uma sociedade mais justa e igualitria. Neste contexto, os Empreendimentos Econmicos Solidrios (EES), integrantes da chamada Economia Solidria, tm desempenhado um importante papel. Conforme afirmam Godi-de-Sousa, Gandolfi e Gandolfi (2011), o principal fator motivador da criao dos EES a alternativa ao desemprego. Desta forma, o presente estudo buscou analisar a influncia das taxas de desemprego na criao dos EES. Analisou-se, tambm, a influncia destas taxas em grupos informais, associaes e cooperativas. A abordagem foi quantitativa, a partir de um grupo amostral composto de 21.859 EES, abrangendo todas as unidades da federao e 48% dos municpios brasileiros. Realizou-se a anlise de frequncia da criao dos EES nos anos de 1991 a 2007 em comparao com a taxa de desemprego aberto do IBGE, obtendo-se o total de empreendimentos criados ano a ano nesse perodo. Os resultados apontam que existe correlao significativa entre as taxas de desemprego e a criao de EES, indicando que os empreendedores sociais agem muito mais em razo de uma crise social do que em razo da possibilidade de um desenvolvimento social sustentvel. Percebe-se, tambm, uma correlao ainda maior entre as taxas de desemprego e a criao dos grupos informais, o que sugere que tais ajuntamentos consistem em um momento inicial do trabalho destes empreendimentos (BRASIL, 2013f).

    Palavras-chave: Empreendedorismo social. Empreendimentos Econmicos Solidrios (EES). Desemprego.

    1 Introduo

    As crescentes demandas sociais e o atual contexto econmico tm contribudo para a busca de maior autonomia por parte dos indivduos, grupos e sociedade no desenvolvimento de melhores condies de vida. Desta forma, solues de problemas compartilhados so buscadas conjuntamente, gerando novos arranjos sociais com potencial transformador da realidade.

    Diante deste cenrio destaca-se o Empreendedorismo Social, por meio do qual organizaes sociais, objetivando atuar na satisfao das mais diversas necessidades apresentadas pela sociedade, utilizam aes inovadoras e pragmticas na busca da soluo de problemas. Tais empreendimentos possuem grande compromisso com os resultados e viso de futuro, alm de alto potencial de mobilizao e trabalho colaborativo (FISCHER, 2008; ASHOKA, 2013).

  • No Brasil, h registro de empreendimentos sociais seculares. Contudo, eles ganham destaque a partir da dcada de 1990, em funo da orientao neoliberal adotada na economia, das sucessivas crises econmicas, e da consequente degradao das condies de trabalho e aumento do desemprego. Neste contexto, e aps a promulgao da Constituio Federal de 1988, que instituiu a participao social na definio das polticas pblicas, as organizaes sociais passam a desempenhar um papel central na promoo da qualidade de vida da populao, de modo geral, e no resgate de condies dignas de trabalho, em particular (SILVA, 2010; BOSE e GODI-DE-SOUSA, 2012).

    Godi-de-Sousa, Gandolfi e Gandolfi (2010), a partir da anlise da Base de Dados sobre os Empreendimentos Econmicos Solidrios no Brasil, apontam que a principal motivao para a criao destes empreendimentos seria a alternativa ao desemprego. A Base de Dados sobre os Empreendimentos Econmicos Solidrios (EES) no Brasil foi criada a partir do Primeiro Mapeamento Nacional, e disponibilizada pela Secretaria Nacional de Economia Solidria (SENAES/MTE). Sua construo se deu em duas etapas: na primeira, publicada em 2006, identificaram-se 14.954 Empreendimentos Econmicos Solidrios, em 2.274 municpios brasileiros; na segunda etapa, publicada em 2007, foram identificados 21.859 EES em 48% dos municpios do pas (BRASIL, 2013 d, 2013e).

    Buscando contribuir para o aprofundamento da discusso acerca dos fatores que influenciam a criao de EES, o presente artigo tem por objetivo analisar a influncia das taxas de desemprego observadas no perodo de 1991 a 2007 na criao destes empreendimentos. Acredita-se que, tanto pelas necessidades da sociedade quanto pelas necessidades prprias, os empreendedores sociais, na criao das organizaes, so influenciados pela questo do desemprego.

    O Banco de Dados sobre os EES no Brasil o primeiro mapeamento de informaes a respeito destas iniciativas, motivo pelo qual se optou por sua utilizao. Ainda, o Banco de Dados traz informaes detalhadas sobre as configuraes dos empreendimentos como seu ano de criao, principais motivos que levaram criao, forma de organizao, rea de atuao (rural ou urbana), nmero de scios e outros, o que auxiliou na identificao da influncia do fator desemprego neste processo.

    Acredita-se que a discusso proposta pelo presente artigo contribui com o aprofundamento do debate do Terceiro Setor no Brasil, particularmente quanto aos Empreendimentos Econmicos Solidrios. Alm de expandir o conhecimento, este estudo aprofunda a apreciao da questo do desemprego, das suas consequncias e das possibilidades para a diminuio de seus efeitos, contribuindo para o esclarecimento mais aprofundado sobre o papel das organizaes sociais nessa temtica.

    Alm desta introduo, este artigo est dividido em quatro partes. Primeiramente, discutem-se os conceitos de empreendedorismo, empreendedorismo social, economia solidria, empreendimentos econmicos solidrios e desemprego. Na segunda parte, apresentada a metodologia. Em seguida, apresentam-se os resultados e as suas discusses; e por fim, apontam-se as principais consideraes.

  • 2 Referencial Terico

    Para se caracterizar o Empreendedorismo Social, primeiramente deve-se tornar claro o entendimento acerca do conceito Empreendedorismo. Dees (2001) apresenta o desenvolvimento do termo, surgido no sculo XIX, na Frana, a partir da delimitao proposta por Jean Baptiste Say, que definiu empreendedorismo como o processo de alocao de recursos em reas com maiores rendimentos e lucratividade. Outro pioneiro na caracterizao do empreendedorismo, conforme o mesmo autor, foi Joseph Schumpeter, que apontou a importncia da inovao como catalisadora da mudana, fundamental no processo empreendedor.

    Dees (2001), ainda, indica as contribuies de Peter Drucker (explorao da oportunidade na mudana) e Howard Stevesson (controle de custos) na delimitao do termo. Assim, a partir da perspectiva do autor, entende-se empreendedorismo como o processo no qual o indivduo busca alocar recursos de modo a potencializar a efetividade do investimento, buscando a inovao para a promoo da mudana, a explorao de oportunidades e considerando, sempre, os custos desse processo.

    Na mesma direo de Dees (2001), Quinto (2004, p. 3) aponta as trs ideias centrais do conceito de empreendedorismo: [...] a criao de valor, a inovao e a capacidade de aproveitamento de oportunidades de criao de atividade econmica. A autora diferencia a atuao do empreendedor, que mobiliza os recursos para a concretizao do empreendimento, e do empresrio, detentor dos meios de produo. Ela defende que, desta forma, o papel do empreendedor no se limita a empreendimentos focados na obteno do lucro.

    Diferente de Dees (2001), que foca sua anlise no comportamento individual do empreendedor, Ferreira (2006) analisa o desenvolvimento do conceito empreendedorismo ampliando o escopo de anlise para a esfera social. Ao identificar a tendncia individualizao na definio do empreendedorismo, a autora defende a importncia das relaes sociais no processo e prope a anlise da capacidade empreendedora individual em conjunto com o contexto social no qual o empreendedor se insere.

    Utilizando-se de caractersticas do empreendedorismo tradicional, em meados da dcada de 1990 emerge o Empreendedorismo Social, por meio da atuao de empreendedores que, norteados por uma misso social, ingressam em mercados tendo como finalidade a criao de valor para a sociedade e a promoo social (DEES, 2001; QUINTO, 2004; GODI-DE-SOUSA, GANDOLFI e GANDOLFI, 2011; BOSE e GODI-DE-SOUSA, 2012).

    O Empreendedorismo Social encontra-se compreendido em uma conjuntura mais ampla, denominada Economia Solidria. Singer (2008) aponta, resumidamente, que a economia solidria um modo de produo que se caracteriza pela igualdade e pela autogesto. Nela, os meios de produo so de posse coletiva e os empreendimentos so gerenciados coletivamente de forma democrtica pelos prprios trabalhadores, que so scios e tm direito a um voto (OLIVEIRA, 2008).

    No Brasil, a economia solidria composta por quatro categorias de atores ou instncias organizativas: os empreendimentos econmicos solidrios (EES), as

  • entidades de apoio e fomento (EAF), as formas de auto-organizao poltica e instituies pblicas de Estado; entre elas est a Secretria Nacional de Economia Solidria (SENAES/MTE) (FRANA FILHO, 2007).

    Frana Filho (2002) destaca, no bojo da Economia Solidria, as economias popular e informal. Segundo o autor, a economia popular consiste na "[...] produo e desenvolvimento de atividades econmicas calcadas numa base comunitria, o que implica uma articulao especfica entre necessidades e saberes no plano local" (FRANA FILHO, 2002, p. 16). J a economia informal se caracterizaria como "[...] uma espcie de simulacro precrio das prticas mercantis oficiais e no apresentando, desse modo, uma articulao com uma base social local precisa ou com um saber ancestral" (FRANA FILHO, 2002, p. 16). O autor pontua que existe uma sutil distino entre ambas, comumente percebidas como sinnimas.

    O Banco de Dados dos Empreendimentos Econmicos Solidrios da SENAES caracteriza os EES pertencentes s economias popular e informal como grupos informais ou grupos solidrios, que possuem uma estrutura e organizao simples (BRASIL, 2013f). Ainda de acordo com a SENAES, os grupos solidrios consistem na etapa inicial de um trabalho coletivo, com vistas ao conhecimento mtuo de seus integrantes e para a criao da coeso do objetivo a ser buscado. Os grupos solidrios geralmente se organizam para satisfazer as necessidades mais urgentes dos trabalhadores, desempenhando assim um importante papel no estmulo produo coletiva (BRASIL, 2013f). Com a construo de sua identidade, o grupo pode ou no evoluir para outras formas de organizao, tais como as cooperativas, j que para comercializar seus produtos a rgos pblicos, por exemplo, o grupo dever se adequar s exigncias jurdicas. (BRASIL, 2013f).

    Para Frana Filho (2007), as prticas de economia popular e solidria no Brasil tornaram-se mais complexas recentemente, como uma rea de alternativas econmicas e polticas inovadoras para a soluo de problemas cotidianos, decorrentes da excluso social. Santos (2008) acrescenta que a economia solidria tem sido muito disseminada como forma de trabalho e renda principalmente em setores populares. Este estmulo tem emergido das polticas pblicas de promoo e desenvolvimento social e de incentivo gerao de renda.

    Neste contexto, destaca-se o importante papel assumido pelo empreendedor social. Dees (2001) caracteriza-o como um agente de mudana e de transformao social, com viso de futuro, criatividade e inventividade na busca insistente e determinada da misso estabelecida. Segundo o autor, o empreendedor social busca novas oportunidades ao mesmo tempo em que mantm um controle austero dos recursos e concilia os interesses da sociedade e daqueles que contribuem com o processo produtivo do empreendimento.

    Godi-de-Sousa, Gandolfi e Gandolfi (2011) indicam que os componentes essenciais do empreendedorismo empresarial (oportunidade, inovao, valores, desenvolvimento), a partir de uma re-significncia, passam a promover uma condio mais justa e humana, norteando, assim, o Empreendedorismo Social. Os autores caracterizam o Empreendedorismo Social como [...] um fenmeno em desenvolvimento, com finalidade multidimensional (GODI-DE-SOUSA, GANDOLFI e GANDOLFI, 2011, p. 25). Ainda, destacam a importncia das dimenses econmica

  • e social, cultural, ecolgica e poltica do fenmeno, que contribuem para a promoo da qualidade de vida e do desenvolvimento humano. Frana Filho (2007) refora que o trao marcante dos EES o carter heterogneo. Para este autor, a heterogeneidade

    [...] est refletida na coexistncia de cooperativas populares ou cooperativas de trabalho e produo; organizaes de trabalhadores que recuperam a massa falimentar de empresas e tentam criar um sistema de autogesto; bancos comunitrios; clubes de troca; associaes de servios, etc. (FRANA FILHO, 2007, p. 164).

    Conforme aponta Ferreira (2006), o significado do Empreendedorismo Social varia de acordo com o papel desempenhado pelas atividades de mercado, pela natureza da mudana que se prope e o ambiente no qual se realiza a atividade empreendedora. A autora distingue quatro significados, sendo o primeiro derivado a perspectiva dos Estados Unidos, com uma natureza mercantil acentuada, e que prega a obteno de rendimentos a partir da atuao no mercado para a ao social. O segundo, originrio da tradio europia, busca a utilizao da inovao como forma de resoluo de problemas, a partir de novos arranjos organizacionais, nos quais os indivduos agem coletivamente em busca da auto-sustentao. Tem-se como exemplo as cooperativas populares, que surgiram como uma forma de incluso dos atores que foram excludos socialmente do mercado de trabalho. Elas consistem em um novo setor econmico, fundamentado na economia solidria, composto pelos ex-desempregados e pelos que vivem com trabalho incerto, que se associam em cooperativas de produo ou de consumo, e despontam como uma nova alternativa ao desemprego (GAIGER, 1999; SINGER, 1999). A terceira vertente apresenta um carter mais individualista, como o defendido por Dees (2001), por meio da qual o indivduo ser o promotor da mudana social. Por fim, a autora aponta a perspectiva social, caracterstica dos pases do hemisfrio sul, por meio da qual os problemas devem ser encarados e dirimidos a partir de perspectivas sistmicas.

    Bose e Godi-de-Sousa (2012) assinalam o Empreendedorismo Social como um contraponto ao sistema econmico capitalista dominante, com o papel de promover o enfrentamento da pobreza e de outras questes sociais. Sua emergncia, conforme Albagli e Maciel (2002), se d em um contexto de aumento nos ndices de desemprego, globalizao e competio acirrada, aprofundamento da ideologia neoliberal, do Estado mnimo e da piora das condies sociais; ao mesmo tempo, se organizam os diversos segmentos da sociedade civil na busca de melhores condies de vida.

    O desemprego uma questo recorrente na agenda dos Empreendimentos Econmicos Solidrios. Conforme aponta Reinert (2001, p. 46), vrias podem ser suas causas, sendo as mais comuns "[...] o desenvolvimento tecnolgico, a globalizao, a terceirizao, a desindustrializao, o excesso de concentrao da renda, os modernos mtodos de gesto, de um modo geral, como a reengenharia e o downsizing, alm de outras.

    O mesmo autor pontua a diferena entre trabalho e emprego, caracterizando o primeiro como inerente condio humana e o segundo como uma consequncia do modelo capitalista. A definio de desemprego, segundo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) consiste no percentual de pessoas desocupadas em

  • relao ao total de pessoas em idade economicamente ativa, ou seja, entre 10 e 65 anos de idade (BRASIL, 2013a). Reinert (2001) caracteriza o fenmeno como a impossibilidade do trabalho remunerado em qualquer organizao. Garraty (1978) citado por Reinert (2001) amplia o conceito incluindo a perspectiva do indivduo, que numa situao de desemprego, mesmo com boa vontade, impedido de satisfazer suas necessidades e contribuir com a satisfao das necessidades da sociedade.

    Reinert (2001) e Castelhano (2005) concordam ao apontar as devastadoras consequncias do desemprego. H o aumento da violncia e do crime, a tendncia radicalizao poltica e a desestruturao dos ncleos familiares de indivduos desempregados. Os efeitos so sentidos por toda a sociedade, que, direta ou indiretamente, arca com as despesas de seguro-desemprego, de segurana, mdico-hospitalares, entre outras (REINERT, 2001). Os autores indicam ainda que, para o indivduo, as implicaes so problemas relacionados sade fsica e mental. Castelhano (2005) assinala a angstia e o medo caractersticos do desemprego, que culminam na intensificao do trabalho, no aumento do sofrimento subjetivo, na des-sensibilizao da coletividade e no individualismo.

    Desta forma, torna-se fundamental a atuao dos EES no sentido de minimizar o desemprego e seus efeitos danosos na sociedade. A importncia destes empreendimentos reconhecida pelo Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), que os define como organizaes que podem ou no dispor de registro legal; que so permanentes ou em processo de implantao quando a atividade econmica j estiver sido constituda; que so singulares ou complexos; e que possuem atividades econmicas de produo de bens, de prestao de servios, de fundo de crdito, de comercializao e de consumo solidrio e so coletivos e suprafamiliares, cujos participantes so trabalhadores dos meios urbano e rural que exercem a autogesto das atividades e da alocao dos seus resultados (BRASIL, 2013g).

    Subordinada ao MTE, a Secretaria Nacional de Economia Solidria (SENAES/MTE), foi criada em 2003 pelo Governo Federal, com o objetivo de implementar o Programa Economia Solidria em Desenvolvimento, com a finalidade de promover o fortalecimento e a divulgao da economia solidria pela criao de polticas integradas que visam o desenvolvimento por meio da gerao de trabalho e renda com incluso social (BRASIL, 2013g).

    Na anlise do Banco de Dados dos Empreendimentos Econmicos Solidrios da SENAES, Godi-de-Sousa, Gandolfi e Gandolfi (2011) avaliam os fatores que motivaram a criao dos empreendimentos sociais. Os autores constatam que 30,9% dos responsveis pelos EES pesquisados apontaram a alternativa ao desemprego como fator motivador da criao dos mesmos. Desta forma, entende-se que a criao dos empreendimentos sociais relaciona-se muito mais a um contexto de crise social ocasionada pelo desemprego, e sugerem a necessidade de uma reorganizao da produo social em novas formas de organizao do trabalho e produo, do que oportunidade de desenvolvimento local sustentvel e integrado (GODI-DE-SOUSA, GANDOLFI e GANDOLFI, 2011; BOSE e GODI-DE-SOUSA, 2012). Neste sentido, Quinto (2004), Ferreira (2006) e Fischer (2008) do exemplos de empreendimentos sociais que obtiveram sucesso ao promoverem a organizao de indivduos na busca pela promoo econmica e social, autonomia e superao das condies sociais nefastas advindas do desemprego.

  • Assim, conforme aponta Quinto (2004), acredita-se que o empreendedorismo social

    [...] apresenta um elevado potencial de afirmao como instrumento de inovao em domnios tais como a luta contra a pobreza, a excluso social e o desemprego, criando solues para necessidades diversas que no obtm resposta por parte dos servios pblicos ou do mercado privado lucrativo (QUINTO, 2004, p. 1).

    Percebe-se, desta forma, a importncia da anlise da influncia da taxa de desemprego na criao dos EES, potenciais promotores da mudana social. Em seguida, so apresentados os mtodos utilizados para a anlise pretendida.

    3 Mtodos

    Quanto abordagem, o presente estudo consiste em uma pesquisa quantitativa que, segundo Richardson et al (2007), caracterizada pela utilizao de instrumentos estatsticos e preocupa-se com a representatividade numrica, ou seja, com a mensurao objetiva e a quantificao dos resultados.

    A pesquisa utilizou dados secundrios que foram coletados do Banco de Dados sobre os Empreendimentos Solidrios no Brasil disponibilizado pela SENAES/MTE e dos indicadores da pesquisa mensal de emprego do IBGE para identificao da taxa mdia de desemprego aberto correspondente ao perodo estudado (BRASIL, 2013b; BRASIL, 2013c). Apesar do ltimo levantamento do SENAES/MTE corresponder ao de 2007, optou-se pela sua utilizao, pois alm da sua abrangncia, ele o nico mapeamento realizado desta extenso at o momento do estudo. A partir do banco de dados das SENAES/MTE, foram levantadas as quantidades de EES classificadas como grupos informais, associaes e cooperativas ano a ano no perodo estudado com a utilizao da anlise de frequncia. O perodo avaliado foi entre os anos de 1991 a 2007, em virtude da disponibilidade dos dados investigados.

    O grupo amostral foi de 19.207 EES, abrangendo todas as unidades da federao e 48 % dos municpios brasileiros, composta por 7.387 (38,46%) grupos informais, 9.619 (50,08%) associaes, 1.852 (9,64%) cooperativas e 348 (1,81%) outros tipos de organizao como sociedade mercantil por cotas de responsabilidade limitada, sociedade mercantil em nome coletivo, sociedade mercantil de capital e indstria e outros. Um dos EES no respondeu pergunta. Elegeu-se os grupos informais, as associaes e as cooperativas por suas representatividades.

    Optou-se pela utilizao da estatstica descritiva, que, conforme Fvero et al. (2009), permite ao pesquisador uma melhor compreenso dos dados por meio de tabelas, grficos e medidas-resumo, identificando tendncias, variabilidade e valores atpicos. As medidas mais utilizadas em estatstica descritiva tm por objetivo principal o estudo aprofundado do comportamento de uma determinada varivel de cada vez, em relao aos valores centrais, disperso ou s formas de distribuio de seus valores em torno da mdia (FVERO et al., 2009).

    Em seguida, aplicou-se a anlise de correlao de Pearson, de modo a identificar se as variveis (taxa de desemprego e criao de EES) se influenciam mutuamente. Coeficientes de correlao, por exemplo, a correlao produto-momentum de Pearson

  • (Bravais-Pearson), fornecem um resumo numrico dos dados sobre a direo e a fora do relacionamento linear entre duas variveis. O coeficiente de correlao de Pearson (r) pode variar entre -1 e +1. O sinal indica se a correlao positiva (o aumento ocorre nas duas variveis simultaneamente) ou negativa (uma varivel aumenta enquanto a outra diminui). O valor absoluto da correlao indica a fora do relacionamento. Uma correlao perfeita de 1 ou -1 indica que o valor de uma varivel pode ser exatamente determinado conhecendo-se o valor de outra. Uma correlao com valor igual zero indica que no existe relacionamento entre as duas variveis.

    Ser adotada a descrio do coeficiente de correlao conforme os autores Mandim (2005) e Stevenson (1997).

    4 Resultados e Discusses

    Os Grficos 1 a 4 indicam o nmero de EES totais, grupos informais, cooperativas e associaes criados ano a ano de 1991 a 2007 aps a utilizao da anlise de frequncia em comparao com a taxa de desemprego aberto.

    O pico da taxa de desemprego foi em 2003. Neste ano, houve tambm um aumento dos EES, entretanto no houve respectivamente a maior taxa de crescimento dos empreendimentos sociais. A influncia do desemprego pode ter se refletido nos anos seguintes de 2004 e 2005, em que se percebe contnuo crescimento das organizaes informais, que conforme a SENAES (BRASIL, 2013f), so as EES em estgio inicial.

    Grfico 1 - Frequncia de criao de EES x Taxa de Desemprego Fonte: elaborado pelos autores

    Percebe-se uma queda significativa no crescimento das criaes de todos os tipos de organizao de EES no ano de 2006 e 2007 enquanto que a taxa de desemprego tambm decresceu, mas em proporo bem menor. Pode ser indicativo de que seja

    260407 483 427

    947801

    1092 11931386

    1558 15461789 1860

    1962 2049

    1102

    345

    4,83

    5,815,31 5,03

    4,68

    5,42 5,67

    7,61 7,567,10

    6,27

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    12,3

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    10,1 109,4

    0,00

    2,00

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    6,00

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    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

    N EES Tx Desemprego

  • reflexo da queda da taxa de crescimento das organizao informais e associaes enquanto que a taxa de desemprego decrescia.

    Grfico 2 - Frequncia dos Grupos Informais x Taxa de Desemprego Fonte: elaborado pelos autores

    Grfico 3 - Frequncia de criao das Associaes x Taxa de Desemprego Fonte: elaborado pelos autores

    74 125146 145

    373273

    427481

    555

    782 735857

    941

    11121185

    588

    194

    4,83

    5,815,31 5,03

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    5,42 5,67

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    7,15

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    10,00

    12,00

    14,00

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

    Grupos Informais Tx Desemprego

    188280

    351 325

    654 609756 815

    874782 840 826 765

    628 610

    263

    53

    4,83

    5,815,31 5,03

    4,685,42 5,67

    7,61 7,567,10

    6,27

    7,15

    12,311,5

    10,1 109,4

    0,00

    2,00

    4,00

    6,00

    8,00

    10,00

    12,00

    14,00

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

    Associaes Tx Desemprego

  • Grfico 4 - Frequncia das Cooperativas x Taxa de Desemprego Fonte: elaborado pelos autores

    Ao proceder o clculo dos coeficientes de correlao entre as variveis taxa de desemprego e total de EES criados ano a ano, identifica-se um coeficiente de 0,647, significante a 0,01 ( = 0,01), conforme apresentado no Quadro 1. Desta forma, verifica-se que a taxa de desemprego e a criao de EES possuem uma correlao positiva substancial, conforme a classificao de Mandim (2005) e Stevenson (1997).

    Quadro 1 - Correlao entre Taxa de Desemprego e criao de EES Fonte: elaborado pelos autores

    Correlaes Taxa de

    Desemprego Total de EES

    Taxa de Desemprego Correlao de Pearson 1 ,627**Sig. (2 extremidades) ,007N 17 17

    Total de EES Correlao de Pearson ,627** 1Sig. (2 extremidades) ,007N 17 17

    ** A correlao significativa no nvel 0,01 (2 extremidades).

    O Quadro 2 apresenta clculo dos coeficientes de correlao entre as variveis taxa de desemprego e total de grupos informais criados ano a ano, detectando um coeficiente de 0,823, significante a 0,01 ( = 0,01). Assim, verifica-se que a correlao entre a taxa de desemprego e a criao de EES positiva muito forte e superior ao grau de correlao da taxa de desemprego x total de EES criadas.

    21 27 45 23 62 66106 121

    170 204 208 196 202 167 15367 14

    4,83

    5,815,31 5,03

    4,685,42 5,67

    7,61 7,567,10

    6,27

    7,15

    12,311,5

    10,1 109,4

    0,00

    2,00

    4,00

    6,00

    8,00

    10,00

    12,00

    14,00

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

    Cooperativas Tx Desemprego

  • Quadro 2 - Correlao entre Taxa de Desemprego e criao de grupos informais na Economia Solidria Fonte: elaborado pelos autores

    Correlaes Taxa de

    Desemprego Grupos

    informais

    Taxa de Desemprego

    Correlao de Pearson 1 ,823** Sig. (2-extremidades) ,000 N 17 17

    Grupos Informais

    Correlao de Pearson ,823** 1 Sig. (2-extremidades) ,000 N 17 17

    **. A correlao significativa no nvel 0,01 (2 extremidades).

    A correlao entre as variveis taxa de desemprego e total de cooperativas criadas ano a ano, resultou em um coeficiente de 0,452, indicando uma correlao positiva moderada, conforme apresentado no Quadro 3.

    Quadro 3 - Correlao entre Taxa de Desemprego e criao de cooperativas na Economia Solidria Fonte: elaborado pelos autores

    Correlaes Taxa de

    Desemprego Cooperativas

    Taxa de Desemprego

    Correlao de Pearson 1 ,452 Sig. (2 extremidades) ,069 N 17 17

    Cooperativas Correlao de Pearson ,452 1 Sig. (2 extremidades) ,069 N 17 17

    As variveis taxa de desemprego e total de associaes criadas ano a ano apresentaram uma correlao baixa, com um coeficiente de 0,10, conforme apontado no Quadro 4. Estas foram as variveis que apresentaram o grau de correlao mais baixo de todas as analisadas. Talvez porque, apesar de a vocao maior destas prticas organizativas ser a produo de renda aos seus associados, especificamente para as associaes existem, tambm, aes empreendidas visando o enfrentamento de problemticas especficas, numa perspectiva de institucionalizao de direitos (BOSE e GODI-DE-SOUSA, 2012).

    Quadro 4 - Correlao entre Taxa de Desemprego e criao de Associaes na Economia Solidria Fonte: elaborado pelos autores

    Correlaes Taxa de

    Desemprego Associaes

    Taxa de Desemprego

    Correlao de Pearson 1 ,097 Sig. (2 extremidades) ,712 N 17 17

    Associaes Correlao de Pearson ,097 1 Sig. (2 extremidades) ,712 N 17 17

  • Em geral, os resultados detectados mostram que existe correlao significativa entre a taxa de desemprego e a criao de EES, corroborando o entendimento de Godi-de-Sousa, Gandolfi e Gandolfi (2011) sobre a motivao da criao dos empreendimentos. Entende-se assim que, conforme apontado por Godi-de-Sousa, Gandolfi e Gandolfi (2011) e por Bose e Godi-de-Sousa (2012), o contexto de crise social gerada pelo desemprego um fator determinante para a criao de EES. Confirmando o entendimento de Dees (2001) e Quinto (2004), os indivduos, mediante suas prprias necessidades pessoais, identificam as necessidades sociais, nas quais passam a atuar. Contudo, ao promoverem a reorganizao da produo social em novas formas de organizao do trabalho e produo (GODI-DE-SOUSA, GANDOLFI e GANDOLFI, 2011; BOSE e GODI-DE-SOUSA, 2012), tais empreendedores estabelecem perspectivas sistmicas e comunitrias para a soluo dos problemas (FRANA FILHO, 2002, 2007; FERREIRA, 2006; BRASIL, 2013f).

    Ao detalhar os EES pela sua forma de organizao, encontra-se graus de correlaes todas positivas, mas em diferentes graus, sendo que a criao dos grupos informais apresentou maior grau de correlao com a taxa de desemprego. Esta ocorrncia pode ter ser devido ao fato dos grupos informais serem uma primeira etapa, na qual ocorre a aglutinao dos indivduos para uma posterior formalizao do grupo em associaes ou cooperativas. Desta forma, e no encontro da perspectiva da economia informal e economia popular apontadas por Frana Filho (2002, 2007), percebe-se a importncia destes grupos informais na ampliao dos resultados da ao do Terceiro Setor.

    O grau de correlao mais baixo entre a taxa de desemprego as formas de organizao dos EES foi com a criao das associaes, que mostrou uma correlao 0,10, indicando uma correlao positiva muito baixa.

    5 Consideraes Finais

    Os resultados encontrados levam ao entendimento que o desemprego um dos fatores motivadores para a criao dos EES, j que quanto maior a taxa de desemprego, maior o nmero de empreendimentos criados. Percebe-se, tambm, que a influncia da taxa do desemprego ainda maior na criao de grupos informais da economia solidria, que, aparentemente, iniciam as atividades objetivando a autonomia e sustento de seus integrantes e, com o tempo, tendem a se institucionalizar e formalizar em associaes ou cooperativas.

    Apesar de reveladores, os resultados devem ser considerados diante das limitaes do presente estudo. A principal delas a utilizao de taxas de desemprego calculadas a partir de metodologias distintas, j que, at o ano de 2002 o IBGE utilizou determinados procedimentos para coleta e anlise do desemprego, e a partir de 2003, tais procedimentos foram alterados. Mesmo assim, entende-se que o uso da taxa de desemprego aferida pelo IBGE o mais adequado, j que o Instituto o rgo de informaes estatsticas oficial do Estado.

    A segunda limitao a ser considerada o perodo de anlise (entre 1991 e 2007 - datas determinadas pela disponibilidade dos dados investigados). A ocorrncia das correlaes nos perodos analisados no garante, necessariamente, que elas

  • continuem a existir no futuro. Desta forma, o presente estudo no apresenta um carter preditivo quanto a criao de EES.

    Tais limitaes podem ser minoradas em novos estudos, que analisem a correlao entre a taxa de desemprego e a criao de EES e grupos informais de economia solidria em perodos mais longos, no caso da atualizao e complementao do Banco de Dados de Empreendimentos Econmicos Solidrios pela SENAES.

    As contribuies dos EES para a promoo da qualidade de vida da populao, de modo geral, e para o resgate de condies dignas de trabalho, em particular (SILVA, 2010; BOSE e GODI-DE-SOUSA, 2012) devem continuar a ser investigadas, para que se tenha clareza acerca das possibilidades desses empreendimentos na mudana social. Mais do que meros coadjuvantes, a consolidao dos EES tende consolid-los figuras principais na construo de sociedades mais justas e igualitrias.

    Estudos futuros para identificar outras causas e motivaes so essenciais para melhor compreenso da criao dos EES. Estas pesquisas podem tambm ser conduzidas para aprofundar as discusses e entendimentos das correlaes aqui apresentadas.

    Referncias

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