tatiana amaral - traições

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    2013. Tatiana Amaral

    CapaThaisa Amaral

    RevisãoMariza Miranda

    DiagramaçãoAmaral, Tatiana

    1. Literatura brasileira.2. Romance.

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     À Marla Costa e Adriana Gardênia, por me ensinarem todoias que quando o amor é verdadeiro, não existe tempo nem distân

    que nosimpeçam de abraçar a pessoa ama

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    “O amor tem dessas coisas, não precisa de palavras, sons o

    cheiros para se expressar, é apenas gestos e sensações. O suficien

    para que duas pessoas que se amam de verdade rompam todas a

    barreiras que os separam. Nenhuma história, diferença ou

    acontecimento seria capaz de impedi-lo. Quando existe amor 

    erdadeiro, nenhum tempo é o suficiente para vivê-lo, e cada segun faz toda a diferença”.

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    CapítComemorando a

    VISÃO DE CAAcordei sozinha deitada sobre pétalas de rosas vermelhas. Imediatamente sorri pa

    mbranças da noite anterior. Thomas havia feito uma linda surpresa para comemorarmos nmeiro ano juntos.

     No dia 18 de Junho de 2000, decidimos ficar juntos e ele finalmente descobriu que e

    gem. Ri comigo mesma relembrando todos os acontecimentos que fizeram com que eu romnhas barreiras e me entregasse ao amor. Foram circunstâncias difíceis, mas como dizem: há me vêm para o bem.

    Levantei me sentindo leve. Feliz! As lembranças da noite anterior eram as melhores possomas não estava na cama, e pelo visto, nem no quarto.

    Estávamos no apartamento do pai dele, onde um dia meu noivo tinha me levado monstrar o quanto eu era especial em sua vida. Lembrava muito bem da vontade que sentltar e compartilhar os seus momentos.

    Thomas havia organizado uma comemoração maravilhosa para o nosso aniversário,

    eito a jantar romântico, músicos, rosas, joias e algumas brincadeirinhas. Claro que o que maeressou foi o nosso momento íntimo, quando finalmente nos amamos e meu amante derramou

    meu corpo uma chuva de pétalas de rosas vermelhas.Foi fantástico!Despedíamos de nossa rotina agitada de divulgação e promoção de novo trabalho. Alguns

    es, estávamos em Cannes, exibindo o filme que lhe renderia mais notoriedade. Não concorríada, apenas seria exibido, o que já era uma grande honra.

    Depois a correria normal que a carreira de ator exigia. Principalmente um ator como Thoe estava no auge, aclamado pelos melhores diretores e amado por milhares de fãs.

    Meu trabalho ao lado dele só tinha aumentado, pois com a ausência da Helen, que prefestar de vez do grupo para passar mais tempo com sua filha, Sophia, passei a acumular as mefas e as dela. Dyo também estava com mais atribuições, pois o que antes era de responsabilLauren, tinha sido passado para ele. Meu amigo se deslocava com o aumento das localidade

    veria cobrir como agente.Por estes motivos estávamos todos implorando por alguns dias de paz e descanso.

    omas já tínhamos tudo planejado: Férias merecidas. Somente nós dois.Levantei da cama e puxando o lençol cinza de seda pura, que meu noivo havia providen

    ra a nossa grande noite, e cobri o meu corpo. Depois dei risada para mim mesma. Eu e

    zinha, para que me cobrir? Larguei o lençol e levantei de vez me deparando com minha imageenso espelho colocado em um lugar estratégico, proporcionando uma visão de um longo ânguma.

    Perguntei-me se aquilo teria sido uma ideia do pai de Thomas. Se foi, eu já me vergonhada só de pensar nos seus motivos. Ou talvez tenha sido mais uma grande ideia de Thra apimentar a nossa noite. Fiquei envergonhada da mesma forma ao imaginar como ele nseguido nos assistir durante a nossa longa sessão de amor.

    Fui até o banheiro e lavei o rosto.A minha missão era descobrir o que Thomas estava aprontando, já que tinha desaparecid

    arto sem me avisar. Coloquei um roupão e desci as escadas em direção à sala. Eu não prec

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    preocupar com a presença de algum desconhecido. O apartamento estava vazio. Passei fás imensos e convidativos, reconhecendo largada em um dos seus cantos, a camisa que ele noite anterior, quando começamos a nos empolgar.

    Encontrei meu noivo na varanda, observando o sol nascer. Vestindo apenas uma bermrde, descalço e sem camisa, ele era a encarnação da beleza. Havia um cigarro em uma deos, o que me desagradou um pouco.

    Ele sentiu a minha presença antes que eu conseguisse alcançá-lo e virou-se para me reseus braços. Suspirei ao ver o sorriso maravilhoso que exibia nos lábios.

    - O que faz aqui sozinho?- Desculpe! Não queria que sentisse a minha falta – beijou os meus lábios com carvolvendo-me em seus braços.

    - Posso te desculpar, mas depende do tempo que você vai demorar a voltar para a caantei meu rosto exigindo mais dos lábios dele nos meus.

    - Posso voltar agora mesmo. Já estou aqui há algum tempo.- Alguma decisão difícil? – Lembrava da primeira vez em que estive no apartamento, qu

    revelou que era para lá que ia quando precisava pensar tomar alguma decisão.- Na verdade, não. Estava aqui pensando... Ontem fizemos um ano juntos...

    - E?- Estamos noivos a mais ou menos o mesmo tempo...- Aonde quer chegar Thomas? Seja direto – estava frio e eu pretendia voltar logo para a

    ontinuar a nossa comemoração.- Nós ainda não marcamos a data do casamento.- Isso é tão importante para você?Fiquei intrigada com a colocação de Thomas. Realmente não havíamos marcado a

    ntudo nunca conversamos sobre esta prioridade em nossas vidas, pois praticamentepusemos de muito tempo nos últimos meses para organizar uma festa.

    - E para você não?- Claro que é! – Respondi imediatamente para certificá-lo de que tinha dúvidas a respei

    nha escolha. – Apenas não tivemos tempo livre, mas podemos fazer isso. É só você me dizer eferência – seria mais fácil saber por onde começar se Thomas simplificasse as coisadando em alguns detalhes.

    Comemorações nunca foi o meu forte. Eu nunca tive uma festa de aniversário, nunca ganizado nenhuma para ninguém e estava completamente por fora sobre como organizaamento. Graças a Deus eu tinha Melissa, Mia e Sam para assumirem esta parte por mim.

    - Não é tão simples assim. Precisamos saber primeiro qual tipo de festa queremos para d

    finir a melhor época do ano para realizá-la – “nossa!” pensei aflita.Começava a sentir que os papéis se invertiam: eu era o homem, sendo mais prática e Thom

    iva ansiosa, preocupada com os pequenos detalhes. Tive que rir dos meus pensamentos. Ao mmpo fiquei triste. Seria ótimo ter uma mãe que me apoiasse e ajudasse para que tornasse o mom

    lmente especial.Minha mãe não teve tempo de viver estas coisas comigo e o que tive depois dela estava m

    nge de ser uma mãe, até Sam entrar em minha vida. Infelizmente havia males que não poderiavertidos.

    - Não pensei nisso. Achei que o ideal seria escolhermos uma data que nos agrade para dcidirmos qual tipo de festa que seria mais adequado. Na verdade eu nem consigo pensar em

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    ta de verdade. Queria que fosse pequena, simples, sem chamar a atenção da mídia. O que gere?

    - Pensei em novembro.- Vou pensar em uma data.- Não demore – ah, sim! Ele era a noiva ansiosa. Tive que segurar uma gargalhada.- Para que tanta pressa? Não existe nada em um casamento que não já tenhamos vi

    oramos juntos, trabalhamos juntos, dormimos juntos... – enlacei sua cintura com meus binuando o meu real interesse no momento.

    - Claro que existe! Mas o que importa verdadeiramente não é isso. Eu quero oficialissa relação. Contar para o mundo que esta mulher maravilhosa já tem um dono.- Outra vez com esta história de dono?Ele riu alto e começou a me beijar de maneira mais ousada. Como sempre, meu corp

    regou sem nenhum empecilho. Fomos para o quarto e fizemos amor. Depois dormimos***Voltamos à realidade no final da tarde. Thomas queria ficar no apartamento por mais al

    s, porém eu queria voltar para nossa casa e organizar algumas coisas para os últmpromissos, além disso, logo teria que abandoná-lo por algumas horas. Iria encontrar com m

    igas: Mia, Anna, Daphne e Stella.Como havíamos retornado de uma longa viagem de divulgação do seu último filme, querí

    ssar algum tempo longe de tudo, antes de começarmos um novo trabalho. Algumas propham surgido, mas nada que precisávamos decidir com urgência.

    Iríamos dedicar alguns meses ao nosso amor e aos preparativos do casamento. Por este mestava ansiosa para rever as minhas amigas. Não tinha visto muito as garotas nos últimos m

    m exceção de Mia, e com as férias ao lado do Thomas, ficaria outro bom tempo sem vê-las.Optamos por um restaurante francês bastante aconchegante em uma rua próxima a casa

    via com meu noivo. Desde o atentado da Lauren, Thomas não se sentia confortável com o fato

    ar longe e sem o acompanhamento de seguranças, e como detestava sair seguida por somcidi marcar em um lugar seguro e próximo de casa.

    Como se isso fizesse alguma diferença, caso Lauren resolvesse fugir do manicômio ava encarcerada. Só em pensar minha pele se arrepiava de medo.

    Encontramo-nos no restaurante e a alegria nos dominou imediatamente. Eu sentia muitaas e a recíproca era verdadeira, constatei satisfeita. Conversamos animadamente por bas

    mpo. Contei sobre a viagem e os lugares por onde tínhamos passado. Falei sobre a vontadomas em marcar logo a data e a minha felicidade com o casamento.

    Mia nos contou sobre uma pessoa que conheceu. Um rapaz bastante interessante e dono de

    quena empresa de softwares que ganhava bastante notoriedade no mercado. Parecia quegatariam um romance a qualquer momento e ela estava bastante entusiasmada. Fiquei supera minha melhor amiga. Ela era uma pessoa incrível e merecia conhecer alguém que a mereces

    Stella estudava uma proposta de mestrado em Londres e estava às voltas com esta decisãportante para seu futuro. Empenhei-me em incentivá-la. Eu sabia o quanto significava para entinuidade aos estudos. Para ser bem sincera, eu também gostaria de poder me dedicar aos ms a minha vida com Thomas não me permitia tal objetivo, por hora.

    Daphne recebeu uma promoção na empresa de marketing em que trabalha e por isso pasjar bastante, o que fazia com que ela também se distanciasse do nosso grupo. Mas minha aava muito feliz e satisfeita com o seu desempenho profissional, o que contava bastante, faz

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    m que todas compreendêssemos a sua constante ausência, principalmente eu, que nos úlmpos fui mais ausente do que qualquer uma delas.

    Anna estava passando por um momento bastante difícil em sua carreira profissional távamos ajudá-la Ela foi demitida da empresa de publicidade em que trabalhava e desde entãnseguia encontrar outro emprego. Ninguém sabia ao certo o que ocorreu para que ela mitida, porém respeitávamos o fato dela não querer falar sobre o assunto. Quando fosse a ssa amiga com certeza nos contaria.

    O fato era que por causa das dificuldades que estava passando, Anna estava cada vez

    edia e agressiva, especialmente comigo.- Nem todo mundo consegue tirar na loteria, Cathy, Muito menos ganhar tantas vezes segumo você – ela buscava formas de rebater as nossas tentativas de ajudá-la, ou pecificamente, as minhas tentativas.

    - Não sei do que você está falando, Anna – tentei ser o mais natural possível evitandoior discussão entre nós duas. Anna era minha amiga e eu não via motivos para brigarncipalmente em um momento tão difícil.

    - Tá legal, Cathy! Você consegue o emprego perfeito, o namorado perfeito, a herança perfha que engana quem com esta conversa de que as coisas não são bem assim?

    - Desculpe, Anna, eu não sabia que a minha felicidade te incomoda tanto assim. Só goe se lembrasse que eu tive que vencer muitas batalhas para conseguir o emprego perfeito, rdi a minha vida para ficar com o namorado perfeito e para que eu recebesse a herança peru pai precisou morrer – minha paciência estava quase no fim.

    - Cuja existência você nunca se importou.Senti as lágrimas se formarem com as recordações difíceis. Anna estava sendo especialm

    uel e sem necessidade alguma. Resolvi que aquela era a minha deixa para ir embora.- Bom... Acho que chegou à hora – olhei para minhas outras amigas que estavam constran

    m a pequena discussão com Anna.

    - Ah não, Cathy! Ainda é cedo! – Stella estava realmente sentida com a minha saída.- Meia noite, Stella. Se não voltar para casa agora a mágica se desfaz e volto a ser a

    rralheira. Meu carro vai virar abóbora e o Arnold vai virar um ratinho – sorri já sentinargo da despedida. – Teremos tempo. Thomas tem alguns compromissos para cumprirjaremos em vinte dias.

    Assim que terminei de falar meu celular vibrou. Atendi certe de que era Thomas. Sorri paninas com a constatação.

    - Agora é à hora mesmo de ir – Mia afirmou um pouco desanimada.- Já estou voltando, amor – revirei os olhos.

    - Está bem tarde, Cathy, você sabe como eu fico...- Eu sei, Thomas. Estou só me despedindo das meninas.- Estarei esperando. Te amo!- Eu também.Desliguei o celular já me desculpando com as minhas amigas. Thomas tinha ficado

    otetor depois do incidente. Às vezes me sentia um pouco sufocada com o excesso de ateesar de saber que meu noivo tinha motivos reais.

    Abracei minhas amigas, inclusive Anna, e fui. Prometemos nos encontrar em alguns diasceção da Daphne, que estaria viajando a trabalho.

    Quando cheguei em casa, Thomas já me esperava na entrada. Suspirei pesadamente.

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    eria que ele soubesse que eu estava incomodada com os seus cuidados.- Voltei sem faltar nenhum pedaço.- Fico muito feliz por isso – sorriu de forma esplêndida e eu consegui me lembrar do po

    quando estávamos juntos não conseguia encontrar dentro de mim o incomodo pela atagerada. Joguei-me teatralmente em seus braços e levantei uma perna, como as divas do cinereci-lhe os lábios e fechei os olhos aguardando pelo beijo. Ele riu e me beijou.

    - Eu sentiria falta de qualquer pedacinho seu. Te amo todinha, sem tirar nada – beijouscoço causando arrepios pela minha pele. - Como foi o seu encontro?

    - Ótimo! Apesar da Anna. Eu estava com muita saudade das meninas.- Eu sei – pegou em minha mão e começou a andar em direção a sala. – Por que apesna?

    - Ela está com todos os problemas do mundo e resolveu me utilizar como sua válvucape – sentei no sofá e comecei a soltar as fivelas que prendiam minhas sandálias ao calcanha

    - Como assim?- Ela me disse algumas coisas sobre eu ter toda a sorte do mundo e ela nenhuma. Resolv

    rar no clima e vim embora.- Fez bem. Já está bem tarde. Não é hora de uma mulher comprometida estar na

    ncipalmente com amigas solteiras – falava com tom sério, eu sabia que ele brincava, tentanddeixar mais intrigada com a atitude da Anna comigo.

    - Mia não é mais solteira.- Ah não? Quem é o sortudo?- Não o conheço ainda, mas pensei em convidá-los para jantar, o que você acha?- Acho ótimo!- Vou fazer isso.- Sam ligou para seu celular?- Não. Por quê?

    - Ela ligou aqui para casa. Queria falar com você e eu disse que tinha saído para encom as garotas. Ela falou que te ligaria. Fiquei um pouco preocupado. Era bastante tarde erecia nervosa.

    Olhei para o relógio, era quase uma hora da madrugada.- Amanhã bem cedo ligo de volta para ela.***Pela manhã, assim que Thomas resolveu me deixar sair da cama, fui em busca do telefone

    tar falar com Samantha. Ela não estava em casa e também não atendia o celular. Tive que ra o telefone do escritório tentando obter alguma informação sobre o seu paradeiro e foi lá m

    e a encontrei.- Sam, o que aconteceu? Thomas disse que você estava querendo falar comigo?- Eu sempre quero falar com você, minha querida, isso não é nenhuma novidade.Respirei aliviada. Ela estava bastante tranquila, o que me permitia tirar qualquer prob

    io dos meus pensamentos.- Você me deixou preocupada. Achei que tivesse acontecido alguma coisa.- Na verdade aconteceu, mas já temos tudo sob controle.- Temos? Alguma coisa relacionada às empresas?- Sim. Peter sofreu um infarto ontem à noite, mas já está tudo bem com ele, apes

    rmanecer internado e de ainda precisar de cuidados. Os médicos disseram que ele teria q

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    star dos negócios por um tempo e ficamos um pouco perdidos. Não existe ninguém da famm de você, para substituí-lo.

    - Ai meu Deus, Sam! Você sabe que não entendo nada disso, com poderei fazer alguma cmbém tenho meus compromissos com Thomas, ainda não estamos liberados. Sinto muito, masso te ajudar – a angústia tentava me dominar. Eu não queria deixá-la na mão, mas não enhuma possibilidade de me tornar uma executiva a aquela altura do campeonato.

    - Imaginei que diria isso – sua voz estava bastante leve. Fiquei aliviada de imediato. – Asair de uma reunião com o conselho administrativo. Foi o que tentei te avisar ontem à noite

    cê não estava, então decidi que faríamos esta reunião mesmo sem a sua presença.- Tudo bem! O que vocês decidiram?- Tivemos que decidir um monte de coisas, inclusive a sua participação nesta história.

    ha diversas reuniões de negócios que seriam extremamente importantes e vantajosas papresas, então não podemos adiar ou deixar passar estas oportunidades. Elegemos uma pessoa

    bstituir Peter. Será quem comandará tudo, mas o trabalho será facilitado, porque dividimos o cdois. É neste ponto que precisaremos de você.

    - Não posso assumir o cargo, Sam...- Eu não te pediria isso, Cathy. Será feito da seguinte forma: uma sede será a de Nova Y

    i que não será fácil acompanhar os acontecimentos, mas vamos precisar de você em aomentos, principalmente porque a outra será a de em Los Angeles. Já temos a pessoa quordenar os cargos da presidência, só precisamos que você o acompanhe em algumas ocasia um pouco mais presente. Não é nada que vá te atrapalhar.

    - Em vinte dias estarei viajando com Thomas para a Suíça para iniciarmos nossas mereias. Não estarei aqui.

    - Cathy, precisamos de você. Nossas empresas são respeitadas e conhecidas por mantessa ética familiar a frente das decisões. Os investidores vão cobrar, os fornecedores tambémdemos correr este risco. Uma representante legítima da família apaziguará os ânimos. Em

    dará estarmos em meio a uma crise e os noticiários mostrando a dona de tudo curtindo fsculpe, mas terá que adiar as suas férias. Sinto muito! – Pensei duas vezes sobre o que deponder, mas optei em aceitar o que Sam me pedia, afinal, eu era a dona e precisava apoiando necessário.

    - Isso vai me render um problemão com Thomas, mas darei um jeito. Conte-me, quemupar o cargo?

    - É um jovem que está a algum tempo dirigindo umas de nossas empresas. Ele tem mento e como estava em constante contato com Peter, tem uma grande experiência com o qucontrar pela frente. O nome é Roger Turner.

    Parei um tempo tentando assimilar o que ela estava me dizendo. Roger Turner. Só podima brincadeira do destino. Este era o nome de meu ex-namorado. Será que era a mesma pessomples menção do seu nome, me fez, involuntariamente, reviver muitos anos da minha adolescêando podia contar apenas com Roger contar.

    Depois que nos separamos nunca mais nos vimos. Ele tinha entendido, mas não foi potar a mágoa que ficou com o nosso rompimento.

    - Cathy! Você esta aí?- Estou sim, Sam. Apenas fui pega de surpresa. Conheci um Roger Turner há algum tempo- Se for o mesmo será de muita utilidade. Ao menos vocês poderão pular a fase de adapta- Espero que sim.

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    Desliguei o telefone já pensando no tamanho do problema que teria com Thomas por causimas novidades. Primeiro a necessidade de adiarmos a nossa tão esperada viagem, mesmose por pouco tempo. Segundo pelo reaparecimento de mais aquele ponto do meu passado.

    Roger não era um fardo para mim, muito pelo contrário. Ele foi um grande companheirolhor amigo e também meu namorado. Este era o grande problema, eu nunca contei sobre stência e, sinceramente, não tinha nenhuma ideia de qual seria a reação do meu noivo. Teria

    nsar na melhor maneira de contar.

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    CapítExplic

    VISÃO DE CATrês dias depois, convidei Mia e seu novo namorado para jantar em nossa casa. Th

    nvidou Dyo, uma vez que ele e Mia eram grandes amigos também, e este perguntou se poar um amigo. Então seríamos um grupo bastante animado de seis pessoas.

    Henry Dahmer, o namorado de Mia, era um homem de 30 anos, muito elegante, que dava

    olhar. Alto, moreno, olhos azuis, pele bronzeada, um verdadeiro Deus grego, e era de miga. Mia estava fascinada com a atenção que ele lhe dava e com a facilidade de sua adaptaçupo.

    O amigo do Dyo, Maurício Lecter, era baixinho, possuía um corpo bastante definido, catanhos curtos, um corte moderno e olhos que acompanhavam a cor do cabelo. Tinha sobranc

    ossas que quase se tocavam o que dava ao seu rosto, levemente arredondado, a ideisculinidade. Aparentava ser mais velho do que Dyo e também mais maduro, centrado. Elonfundivelmente gay.

    Eu e Thomas achamos que existia algo entre eles, apesar de toda a descrição de ambos. F

    iz pelos meus amigos. Era como se mais um ciclo estivesse se fechando, com todos tão felizesmor.

    Depois do jantar ficamos todos na área da piscina conversando sobre nossas vidas. Domas se ocuparam em descrever para Henry e Maurício a minha história de amor, com Thomro.

    Eu e Mia ríamos dos comentários e fazíamos alguns acréscimos às histórias contadasdicava o seu tempo em dizer a Thomas que ele teve muita sorte em me encontrar, ressaltandostia uma longa fila aguardando uma oportunidade. Meu noivo disfarçava, mas estava visivelmomodado com as declarações de dela. Ele nunca escondeu o seu lado ciumento.

     Não sei como a conversa começou, porém de repente eu estava ouvindo Thomas se endo que foi o meu primeiro namorado, destacando a palavra “namorado”, para que não houvidas, além de falar do quanto eu lutei contra o que sentia por medo do sentimento desconheresposta saiu tanto de mim quanto de Mia, simultaneamente e sem pensar.

    - Não foi, não! – Me arrependi de imediato e, a julgar pelo olhar que Thomas me deu, eu e não poderia mais voltar atrás.

    - Isso é novidade para mim – ninguém percebeu, mas eu conhecia meu noivo muito bem e e ele estava furioso com a revelação. – Por que você nunca me falou? Eu imaginava que voou com outros caras, mas namorado mesmo... – riu sem graça. Pude ver o fogo por trás dos

    hos. Eu estava com problemas, isso era um fato.- Por que você nunca me perguntou. E eu nunca disse que não tive um namorado antes.Thomas ficou calado por um tempo, então continuou conversando como se nada ti

    ontecido. Estremeci com o que viria depois que todos fossem embora, quando ele finalmderia demonstrar o que estava sentindo.

    A reunião permaneceu até a madrugada. Mia, após entender que tinha colaborado com a mncada, fez de tudo para entreter Thomas, acreditando que assim amenizaria o meu problema

    o sabia que quando meu noivo implicava com uma coisa, ia até o fim.Após muito vinho e risadas, eles resolveram que já estava na hora de ir. Foi quando aum

    meu tormento. Depois das despedidas, usei a desculpa de que precisava recolher as coisas

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    ar à cozinha. Thomas não contestou e ficou na varanda fumando um cigarro.Demorei o máximo que pude evitando o confronto. Eu não queria que ele ficasse aborr

    migo, por isso preferia ter aquela conversa apenas quando já estivesse com todas as justificaeparadas.

    Quando saí da cozinha, todo o andar de baixo já estava com as luzes apagadas. Fui diretoscada esperando encontrar Thomas já dormindo no nosso quarto.

    - Cathy! – Estremeci com o som de sua voz vindo da varanda. – Esta fugindo de mim? – sua direção sem muita vontade e tentei organizar as minhas feições para não demonstrar o

    sespero. Com certeza não consegui.- Não tenho motivos para isso – sorri, falhando na tentativa de parecer tranquila. Eu pim parar e enruguei as sobrancelhas.

    - Você me deve uma explicação.- Sério? Sobre o que?Era ridículo fingir que não sabia, embora não conseguisse pensar em nada melhor para

    minha única vontade era correr e me trancar no quarto. Absurda e infantil era pouco para mie havia de errado com o fato de ter um ex-namorado? Mesmo nunca tendo tocado no assundo a entender que ele existiu algum dia, isso era apenas detalhe, não era? Ao menos eu esp

    nvencer Thomas com este argumento.- Sobre o seu ex-namorado. O que eu nunca soube da existência – Thomas estava ca

    ntudo já podia antever que não terminaríamos bem.- Thomas, isso é um problema para você? - Por algum motivo desconhecido eu estava ten

    ncar a idiota.- Claro! – Ele me encarou com severidade.- Pois não deveria. Você teve um monte de ex-namoradas, algumas com instinto assassino

    nca fiz disso um problema para nós dois – permaneci com o sorriso débil no rosto.- Não?

    Tudo bem. Eu tinha feito. Tinha inclusive me proibido de ficar com Thomas por causa dasenturas amorosas. E literalmente infernizei a sua vida devido ao seu romance com Lauren. Oase nos separou. Desisti de fugir do assunto e encarar a situação de frente.

    - Amor, eu nunca achei necessário te contar. Aliás, eu nem me lembrava mais desta hiso tem importância alguma, o mais importante eu vivi com você – Thomas avaliou a m

    udança súbita, porém não se contentou. Era ridículo dizer que nem me lembrava de ter tido ummorado?

    - Quando foi isso? Quando terminou? Quanto tempo vocês ficaram juntos?Respirei fundo. Não sabia como responder sem irritá-lo ainda mais. Ele percebeu a m

    utância.- Cathy, já deixamos a fase dos segredos para trás.- Seis anos – senti minhas mãos começarem a suar.- Seis anos? – Thomas gritou surpreso. – E você ainda diz que não teve importância?- Thomas, pare! – Sentei na poltrona e coloquei o rosto entre as mãos. Seria uma con

    fícil.- É inacreditável! Se eu tivesse te escondido alho assim você estaria furiosa comigo

    dava de um lado para o outro passando as mãos pelos cabelos.- Você está furioso comigo. E você me escondeu a sua história por bastante tempo.- Eu nem sei o que te dizer. Quem é esse cara? De onde vocês se conhecem? O que aconte

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    iste mais alguém que eu precise saber ou vou ser sempre surpreendido com as suas revelaçõe- Calma, Thomas! – Puxei o ar e levantei indo me sentar na poltrona próxima a ele. – O

    atamente você quer saber?- Exatamente tudo.- Eu conheci Roger quando tive que morar com minha tia, como te contei, depois da mor

    nha mãe. Na época eu tinha doze anos e ele dezessete. Nós nos tornamos amigos de imediatoa única pessoa que eu conhecia, por isso nos tornamos tão próximos. Estudávamos na m

    cola e íamos juntos todos os dias, até que ele foi para a faculdade. Quando fiz quinze anos e

    clarou. Achei que era o mais lógico a fazer.- O mais lógico?- Thomas, preciso mesmo explicar mais uma vez que antes de você, nunca amei outra pe

    stava do Roger. Ele era um grande companheiro, e para o momento em que eu estava passmuito reconfortante ter alguém que queria tanto me ter por perto. Sentia-me segura ao lado d

    enas isso.- E você realmente quer que eu acredite que ficou seis anos com uma pessoa que não amav- Quero sim! Você só tem duas opções: acreditar em mim ou não acreditar. E eu esto

    endo que a única coisa que sentia pelo Roger era amizade e gratidão. Achei que poderia se t

    o mais forte, afinal todo mundo sempre falou que a convivência pode trazer o amor, porém cmpo percebi que nunca aconteceria.

    - Depois de seis anos?- Não. Antes disso. Só não tinha coragem de terminar. Na verdade nem queria terminar. C

    se: Roger era um grande companheiro e eu estava feliz com ele.- E por que se separaram? Foi ele quem te deixou? – Thomas estava ansioso pela respos

    gar pelo seu comportamento, também com medo da minha resposta.- Você sabe que eu era virgem. Não era fácil manter um relacionamento com uma pessoa

    tos bloqueios como eu. Roger era carinhoso, atencioso, romântico, mas nada disso me fazia q

    minar os traumas que me impediam de ser realmente uma mulher. No início ele aceitou stante compreensivo, mas com o tempo passou a pressionar... E eu me dei conta que possível isso acontecer. Então terminei o relacionamento.

    Fiz uma pausa para observar a sua reação. Ele ficou mais tranquilo. Era a minha deixatar apaziguar o clima.

    - Thomas eu te amo! Nunca amei outra pessoa, só você – levantei e me ajoelhei diante scando por seus olhos. - Não existe motivos para que você fique cismado com esta história dossado. Nada do que te contei... Nada do que vivi com ele, foi mais importante do que tudo o qvi com você.

    Meu noivo sorriu ainda um pouco resistente, porém o fato de eu estar reafirmando o que r ele estava fazendo diminuir sua incerteza e insegurança.

    - E vocês nunca mais tiveram contato? Ele simplesmente sumiu de sua vida? – Por quedíamos parar por ali? Por que Thomas tinha que tentar descobrir até a última parte? Não poxar para outro dia? Senti minha cabeça doer com a iminência de mais problemas.

    - Sim.... Até agora...- Como assim até agora, Cathy? – A tensão voltou a nossa conversa.- Era isso o que eu tinha para conversar com você, só que queria que fosse em circunstâ

    erentes.- Manda logo a bomba! – Thomas passou os dedos com força pelos seus fios de cabelos.

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    - Então... Quando a Sam me ligou informando sobre os problemas da empresa... Ela fame da pessoa que assumiria a direção das empresas.

    - E? Não vá me dizer que é o mesmo cara! – Bingo! Podia sentir meu coração insistindcapar do peito.

    - Eu ainda não sei se é ele mesmo, apenas imaginei que seria muita coincidência. O mme e sobrenome e...

    - Vamos ver se entendi: você vai passar o tempo que nós teríamos para curtir jubalhando ao lado do seu ex-namorado? – Thomas estava totalmente transtornado com a situ

    a voz estava alterada e seus gestos eram impacientes.- Nós nem sabemos se é ele mesmo.- E se for? – Cruzou os braços no peito e me encarou desafiadoramente.- Não será um problema.- Como não? Você vai ter o seu ex-namorado em sua cola o tempo inteiro e...- Thomas, você teve uma ex-namorada em nossa cola durante um bom tempo. Eu con

    mpre com ex-namoradas suas. Como pode me cobrar agora?- Eu não tenho ex-namoradas.- Que seja!

    - Você viu no que deu permitir que uma pessoa do meu passado convivesse com a gente.ero que esta história se repita – um calafrio percorreu minha espinha. Thomas parecia profo.

    - Pelo amor de Deus! Quem disse que tudo vai se repetir? Roger aceitou o fim do acionamento de forma bastante digna. Nunca me procurou nesses anos todos. Com certezamo me encontrar, sabe que eu sou a dona da empresa em que trabalha e nem por isso resoarecer. Bem diferente do que aconteceu com a Lauren.

    - Tudo bem, Cathy. Faça como você quiser.Dizendo isso, Thomas me deu as costas e foi embora para o nosso quarto. Eu ainda fiqu

    randa por um tempo tentando esfriar a cabeça para que não recomeçássemos a briga. Quandra o quarto, ele já estava dormindo. A única coisa que podia fazer era dormir também. Sem o seu corpo e do nosso amor.

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    CapítR eenco

    VISÃO DE CADois dias depois aceitei encontrar com Samantha e Roger Turner no escritório da empres

    orld Trade Center. Thomas ainda não estava confortável com a existência de um ex-namoraorou ainda mais com o seu reaparecimento. Por este motivo quis abreviar as coisas e verific

    ma vez se o profissional com quem iria trabalhar era realmente a mesma pessoa com quem tinh

    acionado.Apesar da insistência do Thomas em ir junto à reunião eu não cedi. Primeiro por serunião de trabalho, que não estava relacionado a ele. Segundo porque não queria tê-lo por o acabasse reconhecendo meu ex-namorado no tal profissional. Mas concordei que

    ompanhasse até Nova York, afinal de contas, não gosto de dormir sem o meu noivo, nem quer apenas uma noite.

    Entrar no World Trade Center me trouxe uma sensação há muito esquecida: a de serssoa normal. Sem necessidade de seguranças, ou sem a possibilidade de fãs correndo e gritmo era a minha rotina ao lado do Thomas. Toda a amplitude do seu interior e a movimentaç

    ssoas apressadas rumo a algum objetivo, sem dar conta da minha presença, levou novos anha vida.

    Era ótimo ser eu mesma outra vez. Constatei sem entender ao certo o porquê daquela senconfortar, afinal eu era feliz ao lado de Thomas. Peguei o elevador ainda tentando orden

    nsamentos.Assim que cheguei ao escritório fui encaminhada a uma sala por uma secretária, que s

    avelmente, a uma sala onde já me aguardavam. Ela era um pouco baixinha, mas compensavatura com saltos altíssimos. Seu corpo magro estava muito bem apresentável em suas r

    ofissionais: saia azul, justa ao corpo, que se estendia até quase os joelhos e uma camisa bran

    ngas compridas com um laçarote enfeitando o pescoço.Era morena, com cabelos negros de um liso quase natural e muito bem escovados. Seu

    ava impecavelmente maquiado. Ela indicou com a mão a porta da sala onde me aguardavam. decisa. Se fosse realmente o meu Roger, como seria? Respirei profundamente juntando corra abrir a porta.

    A sala era imensa e muito bem arrumada. Com móveis modernos e de alta qualidadredes eram brancas com exceção de uma, que tinha a cor verde musgo, bem clara, dando-lhpecto clean, equilibrando o ambiente agradável. Havia no seu interior alguns jarros de plantaâmicas bonitas e muito bem escolhidas, que não agredia em nenhum aspecto ao restancoração.

    Três quadros de molduras brancas estavam expostos na parede verde musgo. Nada de mor ou muito chamativos. Na mesa branca, com um computador preto e papéis devidam

    ganizados, estavam alguns livros. Na outra parede, algumas prateleiras em formato de cubo, naco, mais livros. A sala me agradou muito.

    Reconheci Samantha sentada em uma poltrona preta, próximo ao sofá de três lugares, nanca, que dava a sala um ar mais aconchegante. Ela Segurava uma xícara e me olhou sorrindo.

    - Cathy. Que felicidade em revê-la – Sam colocou a xícara de lado, levantando-se parraçar carinhosamente. – Linda como sempre! – Afastou-se, me olhando como uma mãe famo está Thomas?

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    Era muito fácil retribuir o carinho que Sam tinha por mim. Tornamo-nos muito próximas, e e filha, desde a morte do meu pai. Eu a amava de verdade e era muito grata por seu amor.

    - Ótimo como sempre! –Meus olhos buscavam pela figura que responderia aos meus conrém a sala estava vazia. Além de mim e Sam, é claro.

    - Boa tarde! Desculpem o atraso. A reunião durou um pouco mais do que deveria. Csência do Peter os investidores estão inquietos.

    Virei na direção da voz que me assegurava que aquele era o mesmo Roger da molescência. Eu não precisava olhar para reconhecê-lo. De uma maneira inexplicável meu co

    elerou. Não da forma como acontecia quando Thomas se aproximava, mas de maneira conforgura. Como me sentia quando éramos ainda adolescentes e ele a única pessoa com quem eu ntar em meio a tantos problemas. Antes mesmo de olhá-lo, já estava sorrindo.

    - Roger! – Afirmei o meu reconhecimento com uma alegria avassaladora e me questionnha reação não estava sendo exagerada demais.

    - Cathy! – Ele me encarava com brilho nos olhos. Não ficamos dois segundos nos olhando, mas foi como se o tempo tivesse parado. Roger

    o meu único e melhor amigo durante todos os anos em que estive cercada de problemas e trise, por muito tempo, foi a única alegria em minha vida. A única segurança. Existia uma re

    ida entre nós dois. Éramos mais do que amigos, éramos confidentes, cúmplices. A separaçãotão fácil. Eu senti falta dele, da sua amizade e do seu companheirismo. Mas deixara pa

    rque tinha a certeza de que não o amava, e que nunca o amaria, então precisava dar-lhe a changuir em frente.

     No entanto estávamos ali, refeitos e juntos outra vez. Não pelos laços afetivos, consmo sendo por laços profissionais eu me sentia feliz por reencontrá-lo.

    - Então vocês se conhecem realmente? – Samantha interrompeu meus pensamentos. – Imo! Ao menos a convivência será mais fácil – Roger sorria com os olhos.

    - Sim. Nós nos conhecemos há bastante tempo. Na verdade desde a infância.

    Sorri largamente lembrando-me da nossa amizade e ele retribuiu vindo em minha direçãomando em seus braços para um abraço carinhoso. Foi como se eu estivesse em casa. Confortágura. Não conseguia parar de pensar nestas palavras.

    - Não nos vemos há alguns anos. Você está muito bem, Cathy! Mais bonita do que nunca.Fiquei sem graça com a sua afirmação, porém Roger fez questão de desfazer a mal

    idamente.- Então está noiva? Que maravilha! Eu vi nos jornais quando acompanhei o problema que

    e com a garota. Fiquei muito preocupado, mas enfim... Você está aqui, recuperada e bem.iz!

    - É. Foram tempos difíceis, mas já passou.- Imagino que vocês vão possam conversar e recuperar o tempo perdido depois. A

    demos iniciar a nossa conversa sobre os problemas da empresa? Eu pretendo voltar pnsilvânia ainda hoje.

    Samantha não gostava de se ocupar muito com os assuntos da empresa, apesar de nstantemente envolvida neles depois da morte do meu pai.

    Ficamos em reunião por bastante tempo. Confesso que fiquei surpresa com a capacidager em administrar os negócios com tanta facilidade. Não que ele fosse incompetente antes, mnca pensei nele ocupando um cargo como aquele. Fiquei orgulhosa.

    Após cinco longas horas conversando sobre investimentos, contratos, negócios e outras c

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    estava acabada de cansaço. Antes de encerrarmos Samantha precisou ir embora aliviada por xando os problemas em nossas mãos.

    Eu e Roger ainda ficamos mais algum tempo juntos enquanto ele me mostrava aancetes e me explicava sobre a atual situação. Só quando meu celular tocou me dei conta da h

    Era Thomas.- Você ainda está em reunião? – Perguntou calmamente. Era exatamente esta reação qu

    ustava nele.- Sim, mas já estamos terminando. Logo estarei em casa.

    - Te espero para jantarmos juntos?- Sim, claro! Eu vou adorar!- Ficarei aguardando então. Te amo!- Eu também.Desliguei o telefone sob o olhar atento do Roger.- Desculpe! Ele tem sido muito protetor depois do incidente – sorri sem graça.- Eu entendo. Deve ter sido muito difícil para ele quase te perder – acompanhava tod

    us gestos com olhar investigativo.- Foi sim.

    - Não precisa ficar sem graça, Cathy - colocou sua mão sobre a minha. - Fico muito conr saber que você finalmente se rendeu a um amor, e ainda mais em perceber que é retribuída. uma pessoa incrível, merece ser feliz – meu coração aqueceu com suas palavras. Eu me spada pela nossa separação. Saber que ele se sentia feliz por mim, me fazia feliz também.

    - Obrigada, Roger! – Tirei minha mão da sua. – E você, casou?- Não. Na verdade eu fiquei noivo, mas o trabalho acabou atrapalhando tudo e resolvemo

    parar há algumas semanas. Ainda não tive tempo para avaliar se devo ou não sofrer por iriu calorosamente demonstrando a mesma alegria de quando éramos crianças.

    - É uma pena. Espero que você fique bem, se é que eu devo desejar isso mesmo, já que

    m mesmo sabe o que está sentindo – dei risada e ele me acompanhou. – Acho que devo ir agantei enquanto ele organizava alguns papéis em sua mesa.

    - Talvez devêssemos jantar qualquer dia desses. Você leva seu noivo, assim eu ponhecê-lo e nós poderemos colocar as novidades em dias.

    - Claro! Será ótimo. Vamos nos encontrar em três dias, não é?- Sim. Para a reunião com o pessoal da indústria de aço.- Ótimo. Podemos marcar alguma coisa depois.- Por mim tudo bem.Despedimo-nos e eu voltei para Thomas, que me aguardava em nosso apartamento. Ele

    mprado um em Nova York para evitar as longas permanências em hotéis.Cheguei em casa sem saber ao certo o que encontraria por lá. Thomas estava sendo difíc

    imos dias, após descobrir a existência do Roger. Eu estava cansada e não queria entrar emnga discussão com meu noivo. Porém assim que entrei fui recepcionada com um abraço calompanhado de um beijo apaixonado. Bem diferente do que esperava.

    - Seja bem vinda de volta ao lar, meu amor – me entregou uma taça de vinho tinto.- Obrigada!- Como foi a reunião? – Estremeci. Eu sabia exatamente o que ele queria saber e tive me

    ntar.- Cansativa. E você? Fez o que o dia todo? – Tentei ganhar algum tempo.

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    - Visitei alguns amigos. Você sabia que Dyo está na cidade?- Sério? Não sabia. O que ele está fazendo aqui?- Não sei, mas encontrei com ele e com o Maurício quando estava indo para a casa do Ad- Vou ligar para ele depois. Talvez eu queira fazer compras amanhã antes de voltarmos

    sa.- Vamos voltar amanhã mesmo? Achei que você teria mais coisas para resolver.- Não. Sam já voltou para casa e eu terei outra reunião em Los Angeles mesmo, daqui

    as.

    - Com quem? – Completou nossas taças com mais vinho.- Com um pessoal de uma indústria de aço e... Com o Roger.Thomas colocou uma mão no bolso e encostou-se à mesa onde os pratos estavam postos p

    sso jantar. Ele ansiava pela minha resposta e não sabia como me perguntar sem causar oblemas entre nós dois.

    - É a mesma pessoa, Thomas – respondi sem aguardar pela pergunta. Ele ficou em silêenas me olhando. Suas feições duras, o maxilar rígido. – Amor, não existe nenhum problema ne foi tão natural! Nós dois fomos.

    - Como você se sentiu? – Ele não quebrou o nosso contato visual.

    - O que?- Como você se sentiu em relação a ele? – Respirei profundamente antes de responder.- Como se estivesse reencontrando um velho amigo. Por quê? – Fiquei involuntariam

    rvosa. Eu não podia dizer ao meu noivo que eu estava me sentindo especialmente feliz pocontrado meu ex-namorado.

    - Meu Deus, Cathy! Eu estou tão confuso – falou por fim após uma breve avaliação da mposta. Passou as mãos em seus cabelos fechando os olhos com força.

    - Thomas, não fique. Por favor! – Eu estava cansada e sem nenhuma vontade de entrar emma longa discussão sobre a necessidade de ter Roger ao meu lado naquele momento.

    - Como posso não ficar? – Sua voz ainda era calma, o que me fez pensar que ele não em raiva e sim com medo. – Esse cara surgiu do nada e eu nunca tinha ouvido falar sobre ele. Ccê quer que eu me sinta? Ele é seu ex-namorado e agora também seu funcionário. Vocêsnviver mais tempo do que estou preparado para suportar e não sei como reagir a tudo isso –hos eram suplicantes.

    - Desculpe! Eu também fui pega de surpresa por essa história. Você tem que entender.nejei isso. Muito pelo contrário, nunca imaginei que o reencontraria. Nós nunca mais fiz

    ntato depois que terminamos.- Eu sei. Acredito em você, mas isso não me deixa mais seguro – respirou fundo. – Você

    e ele ainda nutre alguma coisa por você?- Não! Ele foi bastante convincente em relação a isso. Disse até que estava feliz por mim

    staria de te conhecer.Thomas balançou a cabeça como se estivesse negando esta possibilidade.- Preciso que me prometa que se ele tentar qualquer coisa, ou se demonstrar qua

    ntimento em relação ao que vocês viveram, você vai me conta – pegou meu rosto em suas molhou nos olhos se certificando se eu estava entendendo o seu pedindo.

    - Eu prometo, mas...- Apenas prometa, Cathy!- Eu prometo.

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    Ele me beijou com tensão, tentando transmitir toda a minha certeza de que nadaapalharia. Eu o amava e nada, nem ninguém, mudaria aquela realidade. Tudo o que vivemosegar até aquele ponto era a maior prova de que o nosso amor era forte, sólido. Sobrevivemtos problemas, superamos as diferenças, as incertezas e principalmente todos os segredos qupediam de consolidar aquele amor.

    Como uma pessoa do meu passado, principalmente uma que nunca foi mais do que um ara mim, poderia modificar o que sentíamos e queríamos?

    Thomas retribuiu o meu abraço afagando minhas costas e beijando meu rosto com carinho

    - Eu amo tanto você, Cathy!Eu sabia que ele queria dizer mais do que isso. Afirmar o seu amor naquele momento erneira de me dizer que estava com medo, que não queria me perder. Por este motivo tomei

    cisão que poderia amenizar um pouco o que ele estava sentindo.- Estive pensando sobre o nosso casamento e consegui encontrar um mês que me agrada

    to. Os olhos de Thomas brilharam e ele logo se mostrou interessado pelo assunto.- Ah é? E quando seria? – Abriu seu lindo sorriso. Meu coração ficou satisfeito.- Setembro.- Setembro? Eu pensei que você queria mais tempo para organizar tudo. Só teremos

    ses.- Não acho que isso será problema para a minha “liga do casamento” – ri para mim m

    nsando no apelido que arranjei para a pressão da Sam, Mia e Melissa para a organizalização do casamento. Thomas entendeu a minha brincadeira e sorriu feliz.

    - Por que setembro? Algum um motivo especial para a escolha deste mês?- Não um motivo especial, mas eu pensei que não precisamos esperar tanto – p

    inhosamente a mão em seu peitoral e sorri largamente para ele. – Nós dois nos amamos e tteza disso – pisquei travessa. – E setembro é um mês bom, quente e agradável.

    - Eu gostei. Aprovo a sua decisão. – deu um beijo rápido em meus lábios.

    - Também já pensei em mais alguns detalhes a respeito da festa, mas antes gostaria de jatou faminta.

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    CapítO Início da Tempe

    VISÃO DE CA No dia seguinte consegui entrar em contato com Dyo e combinamos a nossa tarde de com

    eu amigo era perfeito para esta atividade. Ele tinha um excelente senso de moda, sem queasse as suas escolhas, então sempre conseguia combinar peças básicas com outras perfeitambíveis e tudo acabava na mais perfeita harmonia.

    Conversamos muito sobre o nosso meio e do Thomas, claro, afinal de contas, Dyo erente e cuidar da sua carreira era como cuidar da própria vida. Ele estava em uma ótima fadiava alegria. Eu tinha certeza de que este efeito era causado pela presença do Maurício emda.

    - Então está ficando sério? – Ri da sua expressão. Dyo não era muito aberto quando se trrelacionamentos, pelo menos dos que ele levava a sério.

    - Acho que sim. Ele me convidou para vir. Posso acreditar que estamos seguindo este rum- E o que vocês estão fazendo em Nova York? É um passeio romântico?- Na verdade era para ser um passeio a trabalho, mas não posso negar que tem sido m

    mântico – rimos juntos.- Engraçada a vida e o rumo que ela toma.- Como assim?- Eu e Thomas, você e Maurício. Você nunca pensou que eles não eram o que

    ocurávamos? Digo... Thomas era um mulherengo que queria apenas me levar para a cama. O tmem de quem eu fugi a vida toda, e agora estamos noivos. Maurício não é nada do que screvia como preferência, e mesmo assim você está aí, com os olhos brilhando ao falar dosmentos românticos.

    - Tem razão, mas eu acho que esta é a parte mais importante do amor. Você não sabe o

    perar dele. Acontece justamente da forma que menos espera, no entanto, quando aconteurpador – meu amigo olhou para mim com um sorriso sem graça. – Maurício é maduro, mntil, cuidadoso, carinhoso, tão preocupado comigo que às vezes fico sem jeito, pois não sei cribuir tanta atenção.

    - E você está apaixonado.- Como poderia não estar?Apenas concordei. Era assim que me sentia com Thomas, ou era como me sentia antes

    plicar tanto com a história do Roger. Tá certo, eu não deveria ter escondido dele este detalhenca tive motivos para contar, e na verdade, nem me lembrava deste ponto para dar a ele portância.

    Tive a oportunidade de desabafar com meu amigo sobre os problemas que estava enfrenm Thomas, por causa do aparecimento repentino do meu ex-namorado.

    - Em parte ele tem razão de ficar aborrecido com tudo isso. Você nunca disse a ele que ger existia e agora além dele existir, também trabalha para você e, para piorar ainda muação, vocês precisam estar juntos para enfrentar a barra que a empresa está passando. Eu enmo ele está se sentindo.

    - E o meu lado? Nunca me passou pela cabeça que isso fosse acontecer. Não foi só o The foi surpreendido e, quer saber? Thomas me deixou no escuro sobre a vida dele por muito t

    mbém. Acabou me dando este direito. E não se esqueça de que o segredo dele sobre a loucu

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    uren, permitindo que ela estivesse o tempo todo conosco, quase me tirou a vida.- Eu sei. Foi por isso que disse “em parte”. Você também tem razão. Agora, Cathy, tenh

    uco de paciência com Thomas, ele não está acostumado a competir. Desde o inicio ele sabiia único em sua vida e agora está tendo que conviver com mais alguém, mesmo que seja dssado.

    - Não existe competição. Roger está tranquilo com relação ao nosso passado. Ele até gsaber que eu estava noiva. Acredito que tudo ficou muito bem resolvido entre nós dois e nã

    vidas a respeito do meu amor pelo Thomas. Cada coisa está em seu devido lugar.

    - Bom... Só o tempo dirá se realmente está.***Caminhamos a tarde toda e no final estávamos entupidos de sacolas e exaustos. Meu

    íam tanto que a minha única vontade era sentar e arrancar os sapatos.- Vamos comer alguma coisa? – Dyo me propôs. – Tem um restaurante logo ali em frent

    adoro. Ele geralmente fica um pouco cheio neste horário, mas eu acredito que conseguiremossa.

    - Não sei não, Dyo. Combinei com Thomas que voltaria antes do jantar, você sabe comou paranoico depois do que Lauren aprontou.

    - Vamos fazer o seguinte: Você liga para o Thomas e eu para o Maurício e os convidamoss encontrar, assim todos ficarão satisfeitos.

    Adorei a ideia. Nova York era tão encantadora e surpreendente, tão cheia de ceressantes para fazer. E suas maravilhas não se acabavam com o pôr-do-sol, o que me fazis vontade ainda de aceitar a sugestão do Dyo e estender um pouco mais o nosso passeio.

    Peguei o telefone e combinei de Thomas nos encontrar. Ele chegaria mais tarde, esse ers grandes problemas da fama: não podia ir a qualquer lugar, em qualquer horário. Enquanto isDyo iríamos aguardar por Maurício e comer alguns petiscos até que meu noivo pudesseompanhar.

    Caminhamos até o restaurante, que por sinal era de muito bom gosto e discreto. As luzbiente davam a ilusão de privacidade, apesar das mesas serem expostas, sem nenhum tip

    rreiras, porém a ideia âmbar das luzes não impedia que as pessoas que dividiam a mesma sem umas às outras, pois havia lâmpadas embutidas e velas espalhadas em lugares estratégicma era muito apropriado para um encontro romântico.

    Como Dyo tinha dito, conseguimos uma das poucas mesas que ainda estavam vomodamo-nos e começamos a estudar o cardápio.

    - Cathy?Mal consegui sentar e ouvi a voz do Roger ainda distante chamar por mim. Levantei o

    presa com a coincidência. Apesar da pouca luz entre o espaço que nos separava, dava pare era ele. Não tive como evitar o sorriso que se formou em meus lábios.

    - Roger! – Ele se aproximou e beijou meu rosto demonstrando a existência de intimidade s dois. Confesso que não fiquei incomodada com sua proximidade, pelo contrário, fiquei felidermos nos comportar naturalmente sem que houvesse algum inconveniente. – O que faz aqui?

    - Vim encontrar alguns amigos. Tive um dia agitado e aceitei o convite deles para relaxauco – apontou para uma mesa logo à frente onde quatro pessoas estavam reunidas. - E vnsei que já tinha voltado para Los Angeles.

    - Eu desisti de voltar hoje. Vamos embora amanhã pela manhã. Este é Dyo, meu amega de trabalho. Ele é um dos agentes do Thomas – eles se cumprimentaram educadamente. –

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    ntar um pouco? Estamos escolhendo algo para comer enquanto os outros não chegam.Para minha surpresa ele aceitou, sentando-se ao meu lado. Na mesma hora fiquei t

    omas chegaria a qualquer momento e eu não sabia como ele reagiria à presença de Roger.- E então? Estaremos juntos outra vez em alguns dias? – Tentou puxar conversa.- Claro! Sam quer muito que eu me inteire mais dos negócios. Vou tentar ao máximo enqu

    ter não puder voltar as suas atividades, e espero ansiosamente que não demore a acontecer.- Mal me reencontrou e já quer se livrar de mim? – Riu deixando-me constrangida.- Não. Não é isso. É que já tenho uma carreira profissional que adoro. Não gostar

    odificar nada. Minha vida com Thomas já toma todo o meu tempo, não há como conseguir conis um emprego. E você não precisa sumir. Nossa relação não precisa ficar apenas no profissimos amigos.

    - Eu entendo, Cathy. E não se preocupe, eu não vou sumir – pegou carinhosamente em mo que estava sobre a mesa. Ficamos nos olhando por um espaço curto de tempo.

    - Cathy!Thomas surgiu do nada.Olhei para o meu noivo, ainda sem reação a sua chegada repentina. Vagarosamente seus

    xaram os meus para encarar a minha mão envolvida pela do meu ex-namorado. Senti meu sa

    ar. Retirei rapidamente a mão, olhando em seu rosto que se voltava para Roger. Thomaenas raiva.

    - Thomas! Amor, eu não vi você chegar... – Lutava contra a minha própria voz paraguejar ou falhar.

    - Percebi – continuava sério encarando Roger.- Thomas este é Roger Turner. Nós nos encontramos aqui por acaso, o que é ótimo,

    cês dois se conhecem logo de uma vez – atropelei minhas palavras o tempo todo devidrvosismo.

    - Thomas. É realmente um prazer conhecer o homem que conseguiu desbravar o coração

    rota.Roger falou cheio de charme, sendo o mais agradável possível e lhe estendeu a mão. Th

    da ficou alguns segundos encarando-o até que finalmente ergueu sua mão e apertou cordialmeendida.

    Respirei aliviada.- Bem, eu já vou indo. Cathy foi um enorme prazer te encontrar aqui. Dyo e Thomas, praz

    nhecer vocês – Roger rapidamente se afastou da mesa dando espaço para que Thomas sentasu lado.

    Ele sentou, mas permaneceu calado. Os olhos estavam fechados e suas mãos co

    rcialmente seu rosto. Eu e Dyo trocamos um olhar e ficamos aguardando até que Thomuperasse. Meu noivo estava visivelmente transtornado. Eu, apesar de não ter culpa do ocorrnem ver problema no fato de encontrar um amigo por acaso, mesmo sendo este um ex-namoava me sentindo péssima.

    O silêncio prolongado alimentava ainda mais a minha necessidade de me explicar e justif- Boa noite! Desculpe a demora. Tive algumas coisas para resolver antes de ser libera

    aurício chegou e sem perceber o clima pesado na mesa foi falando e sentando. Eu tentei sorriredito que meu sorriso foi quase inexistente. – Vocês já pediram alguma coisa? Estou mesmo

    me.- Não. Na verdade ainda estamos estudando o cardápio – Dyo se adiantou a responder. – V

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    m alguma sugestão? Alguma preferência?- Apenas faço questão de carne. A carne daqui é maravilhosa! – Maurício respondeu a

    esso a nossa situação.- E você, Cathy? – Dyo tentou quebrar o silêncio constrangedor. Olhei para Thoma

    perança de encontrar nele algum sinal de que tudo já tinha passado, mas ele permanecia imóado.

    - Posso experimentar a carne. O que Maurício pedir, para mim está bom – eu comeria quasa desde que Thomas superasse o problema que estávamos vivendo.

    - Thomas?Dyo seguiu tentando amenizar o clima entre nós. Meu noivo levantou a cabeça e seu ava completamente perdido. Consumido pela incerteza, insegurança e também pelo ciúme qvorava.

    - Perdi o apetite. Desculpem-me! – Levantou e foi embora do restaurante tão rápido qrou. Em momento algum olhou para trás ou sinalizou para que eu o seguisse. Era como se eustisse. Fiquei sentada em minha cadeira sem para reagir. Era estranho demais para ser assimi

    - Meu Deus! Foi alguma coisa que eu falei? – Maurício ficou preocupado, assustado cção exagerada do meu noivo.

    - Não, Maurício. Desculpe por isso. Dyo vai te explicar. Desculpe, eu vou atrás dele.Recolhi minhas sacolas e corri em direção à rua. Não havia nenhum vestígio do Tho

    amei um taxi e voltei para casa. A incerteza e insegurança que estavam com Thomasompanhavam em todos os gestos.

    ***Cheguei em casa procurando por Thomas. Não tinha noção do que iria encontrar. E

    rvosa e insegura. Ele tinha motivos para estar aborrecido, mas não para tanto. Roger não tando nada comigo, apenas foi gentil, assim como havia sido com o próprio Thomas.

    Parei na sala e respirei profundamente buscando a calma necessária para ter aquela conv

    ecisava reunir todos os argumentos possíveis para tentar convencê-lo de que não havia mra tanta insegurança, já que não precisava dar-lhe mais garantias o meu amor, ele já tinha tteza necessária.

    A sala estava escura e as portas que davam acesso à varanda abertas, fazendo com qrtinas esvoaçassem para dentro da sala, compondo um cenário fantasmagórico.

    Senti o cheiro do cigarro, o que me fez deduzir que meu noivo estava na varanda. Caminha direção. Sabia que ele já tinha percebido a minha presença, porém não virou para me recrei ao seu lado e aguardei que ele falasse. Como não se manifestou, apenas encarava o nada nte, resolvi iniciar a nossa conversa.

    - O que aconteceu?- Preciso mesmo responder? – Falou com voz firme. – Por que você me chamou para a

    ntar? Por que não me contou que seu amiguinho estaria lá?- Por que não era para ele estar lá. Foi apenas uma coincidência – riu sarcasticamen

    omas, o que está pensando? O que acha que eu faria?- Não sei. Não sei mais o que pensar.Apagou o cigarro no cinzeiro próximo, depois colocou as mãos no bolso, voltando o seu

    ra o horizonte. Para mim foi como um tapa no rosto. Ouvir dele que era impossível ter uma finida a meu respeito era no mínimo constrangedor.

    Thomas não precisava daquilo. Nós não precisávamos. Mas ao que parece ele estava dis

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    r até o fundo em sua mágoa injustificada. Só que eu não iria.- Você é mesmo inacreditável, Thomas! – As lágrimas se formaram e senti raiva por ch

    a injusto!Decidi que não conversaria mais. Iria tomar um banho e dormir. Era só o que poderia f

    cidida, virei em direção à sala, porém Thomas me segurou pelo braço me fazendo etamente em seus olhos que faiscavam raiva e ao mesmo tempo buscavam algum indício do qssava pela minha cabeça.

    - Ele ainda ama você, Cathy – suas mãos apertavam meu braço com força.

    - Não seja ridículo. Ele está apenas...- Eu sei quando um homem olha uma mulher com desejo, com amor ou com amizade. ma como ele estava te olhando. Ele ama você.

    Olhei nos olhos de Thomas e só conseguia enxergar medo. A raiva anterior cedeu para otentou o tempo todo esconder de mim.

    Medo.Senti culpa por criar aquela situação entre nós dois. No mesmo instante seus

    nseguiram mais uma vez ocultar seus reais sentimentos e a raiva voltou a faiscar. Ele falou coaticamente cuspindo as palavras acusatórias.

    - E você está permitindo que ele se sinta assim – fiquei perplexa. Sua mão abandonou oaço.

    - O que? – O que ele estava pensando? Onde ele queria chegar com todo aquele absurdo?Thomas fechou os olhos com força, passando uma mão pelos cabelos. Sua respiração e

    egular e pesada, assim como todo o ar disponível no momento para nós dois. Pesado e difícabsorvido

    - Você está permitindo que isso aconteça. Eu só queria entender por que, Cathy? Não queria acreditar que Thomas deixaria as coisas chegarem àquele ponto. E o pior, qu

    esse tanta questão de dividir a sua dor comigo daquela forma tão infantil e irresponsável.

    ivo queria me ferir. Certamente porque acreditava que eu o havia ferido. Era tudo inconcera mim.

    - Você está me ofendendo – deixei as lágrimas caírem. – Fico muito admirada em saber a ideia que faz de mim. Você tem dúvidas, Thomas? Então vou te dar mais algumas. Tem cee é com essa mulher que você quer casar? Uma mulher que senti prazer em ter um admirador?sta de permitir que outro homem nutra amor por ela? Pois eu vou te dizer o que eu acho: euero me casar com um homem que controla os meus passos. Não quero me casar com um hoe não vê nunca o meu lado da situação, que não consegue me enxergar como realmente sou. Qunhece tão pouco ao ponto de fazer esta ideia de mim. Não sei se lembra, mas eu nunca me pe

    ar ninguém até conhecer você, e que também nunca fui de outro homem, mesmo tendacionamento de seis anos com outra pessoa. Foi você quem eu escolhi. Foi você quem eu acre merecia o meu amor. Mas pelo visto eu estava enganada.

    Cada palavra foi dita com raiva, mágoa e tristeza. Thomas, surpreendido pela minha explo conseguiu reagir. Aproveitei para me afastar e, assim que acabei de falar, segui em direçãu quarto. Desta vez ele não tentou me impedir.

    Entrei no quarto e tranquei a porta, como quando ainda não éramos namorados. Era rids naquela noite eu não o queria ao meu lado, nem que para isso tivesse que dormir em um hote

    Sem querer pensar em mais nada, me joguei na cama e chorei copiosamente. “Quandomeçou a dar tão errado?” Meus pensamentos passavam e repassavam a nossa briga, fazend

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    ocurar justificativas para sua reação exagerada.Ouvi os passos de Thomas e depois suas mãos forçando a maçaneta. Ele parou hesitante d

    porta trancada, depois seus passos se afastaram na direção do quarto ao lado do nosso. Eueria ouvir as suas desculpas, queria apenas dormir e deixar a noite acabar. No outro dia aqsadelo eixaria de existir. Assim eu esperava.

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    CapítO Inexpli

    VISÃO DE THODormi muito tarde e acordei muito cedo. Era estranho dormir sem Cathy ao meu la

    arentemente aquela não seria a última vez. Fiquei pensando em suas palavras. Confesso quuito medo de que fosse verdade. Por outro lado eu sabia que nos amávamos... Todos os cssam por momentos difíceis.

    - Nosso problema é que sempre estamos passando por momentos ruins – falei parasmo lembrando-me de tudo que já tínhamos vivido em apenas um ano de namoro.Definitivamente aquela não era a minha ideia de amor, não que eu não soubesse que terí

    sentendimentos, mas porque sempre atraíamos problemas e mais problemas. Tudo bemonheço que boa parte deles foram causados por mim e pela minha total incapacidade de t

    xergar o lado dela. Sinceramente? Aquilo tudo estava destruindo a minha capacidade de pee homem admitiria uma situação como aquela?

    Levantei da cama ansioso. Precisava saber se Cathy continuava lá, ou se tinha ido emboma vez. Esta dúvida me fez acelerar o passo para poder ter certeza de que tudo não passava d

    sadelo. Era lógico que eu não queria que ela fosse embora, ou que terminássemos, apenas goe ela fosse menos cabeça dura e fizesse, ao menos uma vez, as coisas do meu jeito.

    Realmente tudo parecia um pesadelo.- Um inesperado e assustador pesadelo chamado Roger Turner – falei sozinho mais uma

    mo se procurasse apoio para os meus aborrecimentos.Estava certo em me incomodar com a situação. Cathy deveria tentar compreender o meu

    mesmo tempo eu estava errado com todas as atitudes absurdas que vinha tomando. Ela eta neste ponto. Eu não podia ver somente o meu lado, esquecendo-me que agia por obriga

    o por vontade própria.

    - Deus, por que não consigo pensar de maneira racional quando estou com raiva? – Troquupa e fui em direção ao nosso quarto. – Parece uma eternidade – suspirei em frente à porta.

    Tentei abrir, porém vi que ainda estava trancada. Fiquei aliviado, ao menos ela ainda eLevantei a mão para bater e chamar por minha noiva, porém desisti. Se Cathy estava tranca

    ntro eu teria que aguardar o seu momento. Forcei-me a aceitar isso, apesar meu lado egoísta usado a sair de lá.

    - Ok então! Vou ficar aqui aguardando. Como um cão de guarda – cruzei os braços, apoiaa parede.

    Algum tempo depois comecei a ouvir barulhos vindos do quarto. Mais um tempo aguardanfinalmente abriu a porta dando de cara comigo. Nossos olhos se encontraram. Cathy pa

    presa com a minha presença.- Bom dia! – tentei ser o mais natural possível.- Bom dia, Thomas! – Ela fechou a porta atrás de si e começou a andar pelo corredor ind

    eção à escada. Fui atrás dela.- Não vai falar comigo? – Senti o pânico tentando tomar espaço em meus pensamentos. D

    estava sendo tão adolescente. Por que não conseguia encontra algo mais apropriado para diz- Acabei de falar – nem olhou para trás. Tive que ser rápido ou então perderia a chan

    verter nossa situação.- Amor, me perdoe por ontem – deu certo. Ela parou antes de descer as escadas. – Você

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    ta. Eu tenho que confiar em você. Perdão, eu tenho sido difícil e você não merece passar poro – vi seu semblante suavizar. Aproveitei para me aproximar mais. – Eu amo você, Cathy! Errendo de medo de te perder.

    - Por que você acredita que pode me perder? – Ela se aproximou ainda mais de mim.- Não sei. Já estive tantas vezes a ponto de te perder que estou meio paranoico – ela s

    uecendo o meu coração.- Thomas, nunca, em toda a minha vida, tive tanta certeza do que eu quero. Mesmo que R

    ta amor por mim, como você disse, mesmo que meu envolvimento com ele tivesse sido dife

    da assim, o que eu sinto por você não mudaria. Ser sua é a única certeza que tenho nesta vda nem ninguém tem o poder de mudar isso.Abracei seu corpo puxando-o para mim. Como ela não resistiu, imediatamente a beijei

    jo longo e intenso e no mesmo instante meu corpo reagiu à falta do dela. Parecia que estávparados há uma eternidade.

    - Nunca mais tranque a porta do quarto – eu disse entre nossos beijos. – Minha noitrrível! Você não faz ideia do quanto estou dependente de você ao meu lado – passei as mãoa cintura, apertando meu corpo ao dela. Cathy deixou escapar um gemido de prazer.

    - Thomas... Assim vamos perder o voo.

    - Não importa. Podemos ir à noite – continuei com as carícias enquanto nos conduzia de quarto. – Agora eu só quero passar um tempo com a minha futura esposa.

    ***Passamos boa parte do dia fazendo amor e foi maravilhoso, como sempre. Era incrível c

    conseguia reagir ao seu toque, seus gemidos, seus sussurros, sempre querendo mais um ao outCathy era linda, esplêndida, única e eu a endeusava sem pudor. Era assim que gostava de

    m ela, demonstrando o quanto a admirava e não me importava em ser apenas um súdito a seusde que ela fosse apenas minha.

     No final da tarde estávamos em nossa imensa cama, transpassados e envoltos em um l

    e cobria parcialmente a nossa nudez. Eu brincava com sua pele, fazendo carícias com as ps dedos e assoprando levemente para me deslumbrar vendo-a ficar arrepiada.

    - Caramba, Thomas! Esqueci de ligar o celular.Cathy levantou para pegar o aparelho que estava na cabeceira da cama. Admirei mais um

    u corpo nu. Eu nunca cansaria de observá-la, era como encarar a perfeição. Uma vez, minha disse que existiam muitas formas de enxergar Deus. Pode até ser uma heresia, mas vê-la nu

    va a certeza de que Deus realmente existia. Do contrário como ela poderia ser tão perfeita?- Está com a cabeça nas nuvens, Cathy? – Levantei para beijar suas costas. Na verda

    ecisava tocá-la constantemente para me certificar de que ela não era um sonho ou uma ilusão.

    - Passei o dia inteiro nas nuvens – sorriu carinhosamente enquanto ligava o celular. –Deações perdidas! –Olhou-me preocupada. No mesmo instante o celular tocou.

     – Roger – tentei não demonstrar o meu aborrecimento, mas o fato é que achei o sujeuito abusado. Cathy ao perceber que não haveria problema atendeu a ligação.

    - Oi, Roger! –Não demonstrou muita empolgação. Fiquei observando suas atitudes enqcutava o que ele dizia. Seu rosto ficou sério e ela respirou profundamente. – Ah é? É, eupada o dia todo, meu celular ficou desligado. Não vamos embora hoje... Não, acho queverá problema em encontrar com você e Sam... Tá certo, em meia hora estarei aí – e desligou r?

    - Sim. Parece que teremos uma reunião do conselho administrativo. Eles tentaram me a

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    rante o dia todo, mas não conseguiram. Alguns investidores querem retirar o capital e o coná se reunindo para tomar as decisões necessárias.

    - Bem, então eu acho que terei que arranjar o que fazer. Você vai sair e, pelo horáavidade do problema, não acredito que voltará tão cedo.

    - É verdade. Você deveria ligar para o Dyo e marcar alguma coisa e aproveita parsculpar com ele e com o Maurício. Foi horrível o que fez ontem com eles.

    - Vou providenciar isso. Pode ficar tranquila.- Não tem mesmo problema eu ter que sair agora? – Por nada neste mundo eu estraga

    sso momento.- Não, amor. Vá. Estarei aguardando.Observei Cathy se arrumar para depois sair ao encontro do ex-namorado. Sinceram

    testei a ideia, mas eu tinha que dar apoio a ela e não sufocá-la com a minha insegurança.Assim que minha noiva saiu, peguei o telefone e liguei para Dyo. Precisava mesm

    sculpar com eles pelo meu comportamento. Marcamos para nos encontrarmos em um bar prómeu apartamento. Costumava ir nele com Kendel, Raffaello e Dyo, quando ainda era solte

    s nos encontrávamos para falar besteiras sobre as mulheres, ou até para encontrarmos algmbém.

    Quando cheguei Dyo e Maurício já me aguardavam. Não precisei me esforçar muito parsculpar, eles foram bastante receptivos e meu agente, como sempre, muito sensato.

    - Tenho certeza de que ele ainda gosta da Cathy. Sabe quando você percebe que algoado? Foi este o meu sentimento quando o vi segurando a mão dela.

    - Talvez você esteja exagerando no ciúme.- Não é apenas ciúme, Dyo. É que... Foi estranho. Não sei como explicar. Ele a olhava de

    ma diferente... Havia algo estranho naquele olhar. Eu tenho certeza disso.- Cathy está realmente irritada com sua atitude. Você precisa pegar mais leve.- Eu sei. Estou tentando. Juro que estou – olhei atentamente para o fundo do meu copo com

    houvesse alguma resposta.- Você precisa ser mais compreensivo, Thomas – Maurício me observava atentamente. – C

    ma ótima pessoa. Não acredito que ela permita que alguém estrague o que vocês têm.- Eu sei. Vou esquecer essa história e deixar Cathy resolver as coisas da maneira dela.Exatamente como eu sempre fazia no final das contas, pensei amargurado.Passamos o final da tarde e uma boa parte da noite conversando sobre diversos assu

    esmo me sentindo bem com meus amigos e feliz por a dedicar um tempo a mim, ainda confeu celular de vez em quando para verificar as horas e me certificar se se havia alguma ligaçthy para dizer que estava em casa.

     Nada.As horas avançavam e nem uma mensagem dela. Resolvi voltar para casa.Entrei no apartamento vazio e fui direto para o nosso quarto. A cama ainda e

    sarrumada como tínhamos deixado. Tirei as roupas, tomei uma chuveirada, liguei a TVuardar e acabei pegando no sono.

    Acordei não sei quanto tempo depois com o barulho do chuveiro. Olhei para o relógio editei na hora. Eram duas e quinze da madrugada e Cathy tinha chegado àquela hora? Sent

    ma, aguardado por minha namorada. Assim que saiu ela viu que eu estava acordado.- Desculpe. Eu te acordei? – Subiu na cama.- O que aconteceu? – Tentei não demonstrar irritação, foi quase impossível. – Sabe que

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    o?- Sei. Eu estava presa em uma reunião interminável. Quando terminou, para piorar as c

    ger sugeriu que fossemos todos jantar. Eu não tive como fugir. Estou exausta! Não sei por queRoger insistem em me envolver neste meio, eu não entendo quase nada e, sinceramente, não ssas reuniões, são chatas e maçantes – riu baixinho enquanto conversava relaxadamente como se nada tivesse acontecido.

    - Cathy, por que você não ligou? Por que não mandou uma mensagem?- Porque eu estava em reunião. Acabou bem tarde. Imaginei que você já estivesse dorm

    o queria te acordar só para dizer que ia demorar.Olhei para a minha noiva sem acreditar. Aquilo estava se tornando um problemão. Eubia mais como controlar a situação. Pensei no que tinha acontecido no dia anterior e preferer mais nada, ou correria o risco de passar mais uma noite no quarto ao lado. Deitei fechan

    hos para tentar dormir. Era uma missão impossível, porém eu iria tentar. Cathy deitou ao meume abraçou pelas costas.

    - Não fique irritado comigo. Foi impossível fazer de outra maneira.- Boa noite, Cathy! – Minha única vontade era de encerrar a conversa.- Thomas, tem mais uma coisa que eu gostaria de conversar com você.

    - São duas horas da madrugada – protestei.- Marquei um jantar aqui amanhã. Queria acabar com esse mal estar entre você e o R

    mo você se mostrou arrependido eu o convidei. A Sam também virá e estou pensando em cono e Maurício. Posso contar com sua boa vontade para resolvermos isso?

    Apertei bem os olhos impedindo que minha raiva explodisse. No fundo eu tinha conscie ela estava certa. Novamente. Era melhor acabarmos de uma vez por todas com os problerém, só de imaginar aquele cara na minha casa, conversando e brincando com a minha Catva inundava minha consciência. Eu tinha concordado em ser mais compreensivo com atória e não poderia negar a ela o direito de convidar quem quisesse para a nossa casa.

    - Tudo bem, Cathy. Faça como quiser.- Sério? Nossa! Pensei que seria muito complicado resolvermos isso. Então tá. Boa

    or!Achei que ela tinha ficado animada demais, ou então eu estava irritado demais para ima

    sas. Mas o fato é que não me sentia confortável.***Cathy passou o dia todo organizando o “tal” jantar. Ela me fez prometer várias vezes q

    ia agradável com o Roger. Devo confessar que cada vez que ela me fazia jurar, menos vontadha de ser. Reconheço que parte da minha irritação era por implicância.

     Nem o conhecia direito e estava deixando com que meu ciúme me impedisse de darance ao cara de me provar o contrário do que eu imaginava. Mesmo ciente disso, aindanseguia me sentir bem com a situação. Eu pressentia que havia algo errado, mesmo sabendo o poderia estar em mim e não nele.

     Não sabia explicar, mas para mim Roger Turner seria um grande e incomodo calo em meuPeguei o controle da TV e procurei algo que pudesse me distrair. Achei um filme antigo

    m ator que eu adorava. Serviu muito para que eu parasse de prestar atenção em tudo o que Cava e fazia pela casa. Só voltei a pensar nela quando ouvi a sua voz me chamando do segdar.

    - Thomas, você vai se atrasar. Os convidados vão chegar e vão encontrá-lo de short e cam

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    Suspirei. Estava de volta ao pesadelo e em breve estaria em meu calvário. Subi sem mntade e me deparei com um conjunto de calça e camisa em cima da cama.

    - Eu escolhi. Espero que não se incomode, mas estava demorando muito para subir ocurei adiantar o máximo o seu lado.

    - Está ótimo para mim – dei um beijo leve em seu rosto e fui tomar um banho.Somente quando saí do banheiro prestei atenção ao que Cathy usava. Era um vestido de

    rto e bastante justo ao corpo, revelando o quanto era bem feito e também suas pernas maravilhe por sinal ela tentava disfarçar com meias pretas, o que na minha opinião a deixava ainda

    ovocante.- Você precisa realmente se vestir assim?- O que tem de errado com a minha roupa? – Virou-se para verificar no espelho se existia

    errado.- Pra começar é curta demais e justa demais, provocante e tudo o que tem de mais – finali

    strado.- O vestido não é justo, Thomas. Eu uso roupas bem mais coladas quando te acompanh

    emières. Está levemente ajustado ao corpo, e não revela nada demais. Já me vesti assim vzes.

    - Não quando o seu ex-namorado vem jantar em nossa casa – ela parou me encarandosaprovação. – Tá bom, Cathy! Vista o que você quiser.

    Aquela era uma batalha perdida. Cathy nunca me escutava quando falávamos das roupasguei as minhas e me vesti rapidamente enquanto minha noiva calçava seus sapatos de saltos e acentuavam ainda mais seus tornozelos bem torneados. Ao mesmo tempo ela colocava atrelha, uma mecha do cabelo que caía insistentemente para seu rosto. Era uma cena perfeita pamirar. Como eu podia ser tão vulnerável a ela? Pequenos gestos eram o suficiente para me duco de desejo. Em segundos toda a minha raiva e frustração evaporaram.

    - Quanto tempo ainda temos? – Senti meu corpo reagir aos meus pensamentos luxurioso

    ação a minha noiva.- Acho que uns vinte minutos, caso alguém resolva chegar no horário – Cathy respondeu

    uito interesse em minha pergunta. Fui até ela e abracei sua cintura puxando-a para mim. – Denhum, Thomas! Já estamos prontos e eu estou usando meias finas. Não vou deixar você estda a minha produção.

    Mas eu já estava com as mãos correndo o seu corpo e com os lábios em seu pescoço a mvido ao penteado. Percebi que sua pele estava arrepiada e investi um pouco mais, forçando mo no decote, de encontro aos seus seios. Cathy gemeu manhosamente.

    - Você ficou o dia todo distante de mim. Estou sentindo a sua falta – mordi seu ombro com

    ve pressão.- Isso lá é hora de sentir a minha falta?- E tem hora certa? – Ouvi a campainha e logo entendi que teríamos que parar por ali. -

    to tem.Mais uma vez a raiva se instalou em minha cabeça de forma generalizada, passei a de

    do o evento e as pessoas que chegavam para arrancar a minha Cathy dos meus braços. Por surdo que possa parecer, era como eu me sentia.

    - Os convidados começaram a chegar – Cathy se adiantou para arrumar o vestido enquanstava de mim. Segurei-a pelo pulso, puxando-a de volta para beijar seus lábios.

    - Espero que passe bem rápido. Não vejo à hora de ter você em meus braços – ela s

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    isfeita e saiu do quarto para recepcionar quem quer que tenha chegado para nos atrapalhar.Quando desci, Dyo e Maurício já estavam na sala com seus respectivos copos de uísque.- Cheguei mais cedo para te dar apoio moral – Dyo brincou com a minha pouca vonta

    rticipar do evento.- Obrigado! Tenho certeza de que vou precisar – me servi de um pouco de uísque também- Não seja tão pessimista – Mauricio acrescentou e eu apenas sorri para ele.Começamos uma conversa sobre a “imensa boa vontade” da Cathy em promover a

    ento. Dyo e Maurício tentavam a todo custo me animar, mas seu esforço era inútil. Eu sab

    plicante quando queria. Ao menos era o que ela sempre me dizia e naquele momento eu comecreditar.Quando Samantha chegou acompanhada do Roger, o clima ficou um pouco mais tenso. T

    taram de tentar desfazer o clima ruim entre mim e o ex-namorado da minha noiva. Cmadamente segurou no braço do rapaz, muito sorridente para o meu gosto, conduzindo-o até dia jurar que os olhos dele brilharam quando ela o segurou.

    - Thomas! Como vai? – Apertamos as mãos. Aquele sorriso que ele exibia, todo simpo me ajudava em nada a romper a barreira entre nó dois. Principalmente com Cathy tão atencio

    - Bem, obrigado! Seja bem vindo e sinta-se a vontade.

    Forcei a minha elegância. Aquele era um papel difícil de interpretar, porém o faria por Cger logo atraiu a atenção de todos se apresentando de maneira muito agradável e simpática, fez aumentar a minha antipatia por ele.

    Enquanto ele falava, explicando para meus amigos o porquê da fuga de investimentopresas da Cathy, eu observava a forma como ela olhava para o seu ex. Com admiração. Alg

    zes eu vi Cathy sorrir como uma namorada orgulhosa.Senti meu estômago embrulhar com a cena, mas tentei me convencer de que tudo acon

    enas aos meus olhos, que naquele momento estavam possuídos pelo ciúme e que distorcirdade.

    Cathy... A minha Cathy, nunca faria aquilo. Ela podia até se orgulhar de um amigo, eraico dela, mas nunca com devoção, isso ela reservava apenas para mim. Esta afirmação me d

    m pouco abalado, pois percebi que eu estava sendo possessivo, prepotente e orgulhoso, ouava sendo eu mesmo.

    Ela podia perfeitamente se interessar por alguém. Por qualquer outra pessoa menos arroque eu, ou que sufocasse menos, como ela mesma havia dito quando brigamos. Roger podere homem. Mais uma vez senti meu estômago dar voltas.

    - Como aconteceu de você rapidamente chegar tão longe em uma empresa como essaagino que as pessoas levam anos se desenvolvendo em cada área para só então adqu

    periência necessária – Maurício parecia tão admirado quanto os demais convidados, dispenscarinha toda a atenção da noite. Estava sendo difícil de continuar.

    Dei a desculpa do cigarro e fui para varanda, me distanciando de todos. Não apenas fs aproveitei o máximo a desculpa para ficar o mais distante possível daquela cena absurda,dar vazão a meus pensamentos conflitantes.

    Será que aquilo poderia realmente acontecer? Cathy estava mais madura, mais decidida.erente da mulher insegura e inexperiente que eu conheci há um ano. E se ela percebesse que cseu patrimônio era mais importante do que cuidar da minha carreira?

    E se ela entendesse que para isso precisaria mais ainda do apoio de Roger e talvez percebe ele era o mais adequado em vários outros pontos?

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    Meu Deus, eu vou enlouquecer com tantos “e se”.Acendi mais um cigarro, consciente de que estava extrapolando com a minha saúde. Qu

    dos saíssem, daria um jeito de convencer Cathy de que precisávamos realmente dos nossos discanso. Iria me esconder com minha noiva na Suíça até que Roger esquecesse que ela existque ele voltasse para o lugar de onde nunca deveria ter saído: o passado.

    - Posso te acompanhar?Olhei para o lado sem acreditar no que estava vendo. O cara de pau do Roger estava na m

    randa, ocupando o meu espaço e meu tempo, pedindo para dividir meu momento com ele? Re

    ndo tentando colocar a máscara do bom anfitrião, depois de tantos pensamentos e dúvidas eunseguiria me segurar por mais tempo. Deus sabia o quanto estava tentando.- Claro! – Engoli as palavras que lutavam para sair da minha boca e estirei a cartei

    arros para ele.- Não, obrigado, eu tenho meus.Enfiou a mão no bolso do paletó e tirou uma cigarreira. Eu não conseguia acreditar que C

    m dia gostou de um “almofadinha” como aquele. Sorri sarcasticamente balançando a cabeça. Rendeu um cigarro e ficou em silêncio ao meu lado. Talvez essa atitude tenha sido o que maiomodou na presença dele.

    - Coincidência, não é? Você e Cathy se reencontrarem assim? – Tentei encontrar algum mra comprovar que eu estava certo.

    - Ah! Sim. Nem tanta coincidência. Eu trabalho na empresa que pertencia ao pai dela eora pertence a ela. Em algum momento acabaríamos nos encontrando.

    - É – fiquei pensativo por um curto espaço de tempo. – Com certeza vocês iriam – aquelarte mais infeliz da história. Cathy uma hora ou outra iria dar de cara com ele. – Ela me disscês não se viam há muito tempo.

    - Verdade. Desde que terminamos – tive o cuidado de não destruir os cigarros em minhavido à raiva que senti por ele falar sobre o namoro deles na minha frente. – Confesso que f

    preso quando a vi. Ela está muito diferente. Mais madura, mais bonita... Mais... – Procurouavra certa. - Mulher – abriu um sorriso cheio de significados e seus olhos pareciam viaja

    nsamentos provavelmente impróprios para serem ditos em voz alta.- Deve ser porque ela agora é realmente uma mulher – imaginei se ele tinha entendido o

    ado.- Pode ser – riu baixo. – Porém quando estamos juntos eu consigo enxergar nela a m

    thy de antes. Principalmente quando ela sorri com os olhos brilhando. Ela é inacreditável! – ma vez olhou para o horizonte, pensativo.

    - Essa Cathy não existe mais e aquela Cathy... – apontei para a direção em que minha n

    nversava com nossos amigos, alheia a nossa conversa particular. - Será minha esposa – erama de repreendê-lo, ou de alertá-lo.

    - Sim, eu sei.- Não me parece que você esteja muito a favor disso – busquei em sua atitude algo

    desse utilizar como justificativa. Eu realmente estava certo. Ele ainda a amava, e pelo que pnas entrelinhas, não estava disposto a aceitar assim tão fácil nosso relacionamento.

    - Eu não posso mandar nas escolhas dela. Nunca pude. E não acredito que alguém possa. Cenas parece ser frágil, mas é forte e decidida, sem contar que é muito teimosa também. Pompre respeitei as suas decisões, mesmo quando não me faziam feliz. Para a Cathy, o respeias vontades, ou aos seus objetivos, sempre estará acima de qualquer sentimento. Não que el

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    orize o amor, não é isso o que eu estou dizendo. Cathy é uma sonhadora, romântica, no entantera quando alguém não a compreende ou não respeita as suas decisões, mesmo quando adas, o que quase nunca acontece. Ela é muito sensata e racional e isso a ajuda bastante na hor.

    Meu equilíbrio estava por um fio. Aquele sujeito estava em minha casa, falando da mthy com tamanha intimidade... Com tanta familiaridade, que estava me tirando o que restavucação e sanidade. Para piorar, ele estava falando a verdade. Cathy era exatamente cscrevia, o que me irritava ainda mais. Eu não queria que ele conseguisse enxergar nela o

    morei tanto tempo para perceber e entender.- Se ela é feliz, ou se acha que é feliz assim... – deu de ombros e se calou.- O que você quer dizer? – Minha paciência chegou ao fim e toda a acidez dos

    nsamentos foi transportada para a minha voz que passou a não possuir nem uma gota da poe eu tentava bravamente manter.

    - Sinceramente, Thomas? Não acho que você seja realmente a pessoa certa para Cathy ada. Era demais