tamanho do desafio - quimica verde

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tamanho do desafio Tomando-se por base os dados do consumo doméstico (produção mais importações menos exportações) de produtos químicos, que alcançou US$ 145 bilhões em 2008, bem como as estimativas de crescimento do PIB (4% a.a.) e elasticidade de 1,25, as projeções indicam um consumo doméstico de produtos químicos da ordem de US$ 260 bilhões em 2020. Confirmadas tais projeções, haverá um consumo doméstico adicional da ordem de US$ 115 bilhões. Em 2008, a abertura do consumo doméstico foi a seguinte: produção local US$ 122 bilhões, importações US$ 35 bilhões e exportações US$ 12 bilhões. Analisando-se essas informações, há indicações de grandes oportunidades de investimento no setor químico associadas ao aumento do consumo doméstico e também à expansão das exportações. No gráfico, estão sintetizadas essas projeções, bem como uma indicação da possibilidade de crescimento da parcela relativa às exportações. As oportunidades de investimento As oportunidades de investimento na indústria química ao longo do período entre 2010 e 2020 foram projetadas com base em dados de 2008 e segmentadas em cinco blocos: • Crescimento econômico, que impulsiona a demanda de produtos químicos. • Recuperação do déficit comercial de produtos químicos. • Desenvolvimento de uma indústria química de base renovável. • Aproveitamento químico das oportunidades oferecidas pela exploração do pré- sal. • Pesquisa, desenvolvimento e inovação em linha com as melhores práticas. Nas subseções seguintes, estimam-se os investimentos em cada um dos blocos definidos. Em seguida, os dados são consolidados e apresenta-se o conjunto dos resultados obtidos.

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relatório base ABIQUIM

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tamanho do desafio

Tomando-se por base os dados do consumo domstico (produo mais importaes menos exportaes) de produtos qumicos, que alcanou US$ 145 bilhes em 2008, bem como as estimativas de crescimento do PIB (4% a.a.) e elasticidade de 1,25, as projees indicam um consumo domstico de produtos qumicos da ordem de US$ 260 bilhes em 2020. Confirmadas tais projees, haver um consumo domstico adicional da ordem de US$ 115 bilhes. Em 2008, a abertura do consumo domstico foi a seguinte: produo local US$ 122 bilhes, importaes US$ 35 bilhes e exportaes US$ 12 bilhes. Analisando-se essas informaes, h indicaes de grandes oportunidades de investimento no setor qumico associadas ao aumento do consumo domstico e tambm expanso das exportaes. No grfico, esto sintetizadas essas projees, bem como uma indicao da possibilidade de crescimento da parcela relativa s exportaes.

As oportunidades de investimentoAs oportunidades de investimento na indstria qumica ao longo do perodo entre 2010 e 2020 foram projetadas com base em dados de 2008 e segmentadas em cinco blocos: Crescimento econmico, que impulsiona a demanda de produtos qumicos. Recuperao do dficit comercial de produtos qumicos. Desenvolvimento de uma indstria qumica de base renovvel. Aproveitamento qumico das oportunidades oferecidas pela explorao do pr-sal. Pesquisa, desenvolvimento e inovao em linha com as melhores prticas.Nas subsees seguintes, estimam-se os investimentos em cada um dos blocos definidos. Em seguida, os dados so consolidados e apresenta-se o conjunto dos resultados obtidos.Crescimento econmicoOs investimentos decorrentes do crescimento econmico projetado para o perodo 2010-2020 envolvem tanto produtos qumicos de uso industrial como os demais segmentos qumicos (adubos e fertilizantes, defensivos agrcolas, fibras artificiais e sintticas, higiene pessoal, perfumaria e cosmticos, produtos de limpeza, produtos farmacuticos e tintas, esmaltes e vernizes).A estimativa desses investimentos apoia-se nas seguintes premissas:

A elasticidade-renda do consumo de produtos qumicos corresponde, em mdia, a 1,25. Isso significa que cada ponto porcentual de crescimento do PIB gera 1,25 ponto porcentual de crescimento no consumo de produtos qumicos.

Para investimentos inteiramente novos, os dados da Abiquim indicam uma relao entre os volumes de capital e produo (RKP) de 1,1 para o segmento de produtos qumicos de uso industrial e de 0,7 para os segmentos qumicos finais. Assumindo como referncia a composio atual da produo entre qumicos de uso industrial e qumicos finais, pode-se adotar uma relao capital/produo ligeiramente acima de 0,9.O quadro apresenta um resumo dos investimentos projetados para taxas de crescimento do PIB de 3,0%, 4,0% e 5,0%, elasticidades de 1,00 1,25 e 1,50 e coeficientes de relao entre capital e produo de 0,9, 1,0 e 1,1.

O primeiro valor destacado (US$ 87 bilhes) foi obtido a partir de hipteses razoavelmente conservadoras para o crescimento anual do PIB (4,0%), para a relao capital-produo (0,9) e para o valor mdio da elasticidade (1,25). Essas hipteses podem dar lugar a outras, que se apoiam em projees menos conservadoras: se o produto interno crescer a uma taxa anual de 5,0% e a relao entre capital e produo for de 1,1, com a mesma elasticidade, a necessidade de investimentos no perodo totalizaria US$ 144 bilhes (segundo valor destacado no quadro). O nmero mais realista talvez esteja situado entre esses dois montantes, dependendo, entre outros fatores, de um desejvel barateamento dos bens necessrios aos investimentos, seja pelo aumento da produtividade dos fabricantes, seja pelas imprescindveis desoneraes para os equipamentos e demais componentes.

Recuperao do dficit comercial

O segundo conjunto de investimentos potenciais associa-se substituio de importaes e ampliao das exportaes, de modo a reverter o dficit comercial observado na balana de produtos qumicos. Isso no significa propor a substituio das importaes de todos os produtos qumicos adquiridos pelo Brasil, mas de eliminar o dficit comercial do Pas nesse segmento, tanto por meio da substituio de importaes de alguns produtos quanto por incrementos nas exportaes realizadas.

Para diversos produtos, a reduo do dficit comercial requer investimento no desenvolvimento de reas onde o Brasil tem debilidades. Em outros casos, a eliminao pode ser impossvel ou indesejvel. Isso ocorre, por exemplo, nos casos de importaes associadas a matrias-primas cuja disponibilidade limitada ou inexistente no Brasil ou nas circunstncias em que os detentores de tecnologias protegidas optam por localizar-se em seus pases de origem ou em outras regies. Nessas situaes, exportaes de produtos fabricados localmente em que o Pas detenha vantagens competitivas podem compensar o dficit comercial. Alm disso, nos casos em que os requisitos de escala superam as dimenses do mercado brasileiro, os investimentos somente so viveis se a produo visar tambm o mercado externo. Assim, a substituio de importaes e a expanso das exportaes caminhariam lado a lado.

Proposies dessa natureza pressupem, naturalmente, que os fatores redutores da competitividade do sistema sejam removidos ou atenuados. De fato, s possvel implantar projetos robustos de substituio de importaes ou com vistas ao suprimento do mercado externo se as deficincias no forem de grande monta. Uma operao porturia deficiente, por exemplo, alm de encarecer substancialmente os produtos importados e a produo domstica, pode inviabilizar ou reduzir de maneira expressiva as exportaes.

As projees consideram que o dficit comercial vai, paulatinamente, sendo coberto pelos dois componentes substituio de importaes e ampliao das exportaes , sem especificar a sua proporo. razovel supor que, nos segmentos em que a escala mnima eficiente estiver mais prxima do tamanho efetivo do mercado brasileiro, a substituio de importaes ser o componente principal. Inversamente, nos casos em que o mercado brasileiro for apenas uma frao reduzida da escala competitiva, a magnitude relativa das exportaes tender a ser maior. De qualquer forma, nenhum dos dois casos dispensa investimentos voltados para dotar o Pas de um elevado padro de competitividade.

As contas dos investimentos necessrios para fazer face ao aumento da demanda previsto para o prximo decnio so resumidas a seguir. A principal diferena com relao ao exerccio anterior que, neste caso, foi adotado um coeficiente de relao capital-produo de 1,1, que reflete uma preponderncia de projetos novos (greenfield).

Assume-se que o crescimento do dficit deve, pelo menos, acompanhar a expanso da demanda (4% ao ano, acrescidos da elasticidade de 1,25, resultando em 5% anuais). A supresso desse dficit, portanto, pode ser desdobrada em dois componentes: os US$ 23,2 bilhes do dficit de 2008 (que correspondem a um dficit projetado de US$ 25,6 bilhes em 2010) e o seu futuro crescimento (caso nada seja feito).

A eliminao do dficit atual de maneira regular, em fraes constantes do dficit de produo atual, e a eliminao do dficit progressivo projetado a partir do crescimento vegetativo mostram que essa frente de investimentos poder representar, se preenchidas as condies necessrias, um volume de investimentos de US$ 45,2 bilhes.

Desenvolvimento de uma indstria de base renovvel

O terceiro componente dos investimentos est relacionado com a qumica verde e com o papel de liderana que o Brasil poder desempenhar nessa rea. O objetivo estratgico posicionar a indstria qumica brasileira entre as cinco maiores do mundo, tornando o pas superavitrio em produtos qumicos e lder em qumica verde.

Estima-se que, em 2020, haver uma participao da chamada qumica verde de pelo menos 10% no conjunto da oferta de produtos petroqumicos (que poder alcanar, no caso especfico das resinas termoplsticas, 240 milhes de toneladas). O Brasil poder deter, se forem viabilizados os investimentos necessrios, uma fatia relevante da oferta total. Complementar idia de investir em pesquisa e desenvolvimento em reas em que o Brasil tem debilidades, a proposta deste tpico de investir para potencializar a contribuio de setores em que o Pas tem uma vocao natural. Existem, ademais, inmeros produtos qumicos que podem ser produzidos (e alguns, de fato, j o so) a partir de fontes renovveis.Na projeo, assumida a hiptese de aumento da produo de biomassa de dois milhes de hectares em dez anos, ou 200 mil hectares anuais. Isso representa 30% dos sete milhes de hectares de rea plantada atualmente. Enquanto no for viabilizada a converso do bagao da cana-de-acar em etanol, o destino dessa biomassa duplo: sacarose para processamento qumico e energia eltrica. Para os US$ 20 bilhes projetados de investimentos nas usinas e na produo de qumicos (correspondentes etapa da usina e seus desdobramentos qumicos), dever haver investimentos adicionais na etapa agrcola (30%) e de produo energtica (30%). O avano da qumica de renovveis faz-se, pari passu, ampliao das oportunidades nas demais etapas do processo, alimentando, com a demanda adicional, a produo de equipamentos e a oferta de energia.

Dessa forma, prevem-se, neste bloco, investimentos que podero totalizar, apenas no segmento qumico, US$ 20 bilhes.

Aproveitamento do potencial petroqumico do pr-salO quarto componente dos investimentos projetados est ligado ao possvel aproveitamento das oportunidades oferecidas pela explorao do chamado pr-sal por meio da agregao de valor e contedo industrial s matrias-primas extradas da nova fronteira petrolfera. Os investimentos realizados no pr-sal resultaro em petrleo bruto e em gs associado, que demandaro outros investimentos nas etapas subsequentes para serem aproveitados de modo mais efetivo e contriburem de maneira mais vigorosa para o crescimento econmico e o desenvolvimento do Brasil.

Existem muitas incgnitas sobre o petrleo e o gs do pr-sal, de modo que as projees devem ser utilizadas com cautela, como, alis, quaisquer outras que se faam sobre o tema. Por essa razo, alguns parmetros da projeo foram construdos a partir do conhecimento proveniente de outros campos. Supondo-se uma produo adicional de petrleo de dois milhes de barris dirios, o aproveitamento das correntes petroqumicas associadas demandar investimentos de US$ 15 bilhes, distribudos da seguinte forma: aproximadamente 1/3 nas centrais e 2/3 na segunda gerao. Evidentemente, a disponibilidade de matria-prima competitiva para a terceira gerao (por exemplo, transformadores plsticos) pode ensejar investimentos adicionais que, embora alm dos limites da qumica, tm grande relevncia para a indstria brasileira e para o seu desenvolvimento. Tais investimentos, contudo, no fazem parte do escopo desta projeo.

O aproveitamento, pelo setor qumico, das oportunidades oferecidas pela explorao do pr-sal dever motivar investimentos que alcanam o patamar de US$ 15 bilhes.