suplemento do jornal causa operária nº144

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SUPLEMENTO GRATUITO DO SEMANÁRIO NACIONAL OPERÁRIO E SOCIALISTA CAUSA OPERÁRIA ANO XI, Nº 144, 28 DE MAIO A 3 DE JUNHO DE 2016 UM REGIME DOMINADO PELOS GOLPISTAS GRAVAÇÃO DE ROMERO JUCÁ ABRE O JOGO “Tem que mudar o governo pra poder es- tancar essa sangria”. “É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional”. “Todo mundo na bandeja para ser comido”. “Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem ‘ó, só tem condi- ções de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquan- to ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra [Operação Lava Jato] não vai parar nunca’. Entendeu? Então… Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.” Esses são apenas alguns trechos do diálo- go entre Romero Jucá, do PMDB, e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. A conversa, realizada ainda em março, revela de maneira clara que o afastamento de Dilma Rousseff e a abertura do impeachment se tra- tou de um golpe de Estado. O que primeiro chama a atenção na conver- sa é a referência à Operação Lava Jato, como instrumento essencial ao golpe. A função da Operação era derrubar Dilma Rousseff. Todas as denúncias, delações, prisões e, finalmente, toda a arbitrariedade que permeia a operação tinham por objetivo derrubar o governo do PT. A corrupção era apenas um pretexto moral pa- ra a liquidação do governo petista. Não à toa o primeiro condenado pela Operação foi o ex- dirigente petista José Dirceu. Moro tentou com a Operação prender o próprio Lula, no que não foi bem sucedido, e contribuiu para preparar a privatização completa da Petrobras e de todo o setor energético brasileiro. A imprensa capitalista repercutia as in- vestigações para enfraquecer o governo e para, junto com a Polícia Federal e Moro, pressionar e intimidar os parlamentares, tan- to para que eles delatassem como para que, temerosos de serem pegos pela Operação, se unificassem em torno do impeachment, única maneira de “estancar” a “sangria”. Derrubar Dilma transformou-se assim em uma necessi- dade para os parlamentares, ameaçados pela Operação. Era notório que a Lava Jato che- garia, e só poderia chegar, ao fim quando a presidenta fosse derrubada. Jucá menciona Michel Temer e o plano para colocá-lo na presidência, como de fato ocorreu, para chegar a um acordo com a di- reita golpista. A conversa revela ainda o envolvimento de outros setores. O Judiciário, que teria coloca- do a saída de Dilma Rousseff como condição para resolver a situação dos envolvidos na La- va Jato e inclusive os militares, que estariam monitorando os movimentos sociais para ga- rantir que o golpe pudesse ser bem sucedido, sem resistência. Isso mostra, inclusive, o que este jornal vem denunciando há tempos, que não existe golpe sem militares. Por mais que ele tenha uma aparência institucional e civil ele necessita no mínimo da conivência dos militares, senão de seu apoio direto. A parti- cipação deles será definida em última instân- cia pela resistência da população ao golpe e pela necessidade de entrar em cena uma força bruta para garantir que ele seja bem sucedido. A conversa mostra assim uma conspiração envolvendo o Judiciário, da Polícia Federal e Moro através da Operação Lava Jato, da imprensa capitalista, e dos próprios militares com o objetivo de tirar Dilma do governo, ou seja, um golpe.

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Suplemento gratuito do Semanário nacional operário e SocialiStaCAUSA OPERÁRIA

ano Xi, nº 144, 28 de maio a 3 de junho de 2016

Um regime dominado pelos golpistas

gravação de romero jUcá abre o jogo

“tem que mudar o governo pra poder es-tancar essa sangria”. “É um acordo, botar o michel, num grande acordo nacional”. “todo mundo na bandeja para ser comido”.

“conversei ontem com alguns ministros do Supremo. os caras dizem ‘ó, só tem condi-ções de [inaudível] sem ela [dilma]. enquan-to ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra [operação lava jato] não vai parar nunca’. entendeu? então… estou conversando com os generais, comandantes militares. está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. estão monitorando o mSt, não sei o quê, para não perturbar.”

esses são apenas alguns trechos do diálo-go entre romero jucá, do pmdB, e Sérgio machado, ex-presidente da transpetro. a conversa, realizada ainda em março, revela de maneira clara que o afastamento de dilma rousseff e a abertura do impeachment se tra-tou de um golpe de estado.

o que primeiro chama a atenção na conver-sa é a referência à operação lava jato, como instrumento essencial ao golpe. a função da operação era derrubar dilma rousseff. todas as denúncias, delações, prisões e, finalmente, toda a arbitrariedade que permeia a operação tinham por objetivo derrubar o governo do pt. a corrupção era apenas um pretexto moral pa-ra a liquidação do governo petista. não à toa o primeiro condenado pela operação foi o ex-dirigente petista josé dirceu. moro tentou com a operação prender o próprio lula, no que não foi bem sucedido, e contribuiu para preparar a privatização completa da petrobras e de todo o setor energético brasileiro.

a imprensa capitalista repercutia as in-vestigações para enfraquecer o governo e

para, junto com a polícia Federal e moro, pressionar e intimidar os parlamentares, tan-to para que eles delatassem como para que, temerosos de serem pegos pela operação, se unificassem em torno do impeachment, única maneira de “estancar” a “sangria”. derrubar dilma transformou-se assim em uma necessi-dade para os parlamentares, ameaçados pela operação. era notório que a lava jato che-garia, e só poderia chegar, ao fim quando a presidenta fosse derrubada.

jucá menciona michel temer e o plano para colocá-lo na presidência, como de fato ocorreu, para chegar a um acordo com a di-reita golpista.

a conversa revela ainda o envolvimento de outros setores. o judiciário, que teria coloca-do a saída de dilma rousseff como condição para resolver a situação dos envolvidos na la-va jato e inclusive os militares, que estariam monitorando os movimentos sociais para ga-rantir que o golpe pudesse ser bem sucedido, sem resistência. isso mostra, inclusive, o que este jornal vem denunciando há tempos, que não existe golpe sem militares. por mais que ele tenha uma aparência institucional e civil ele necessita no mínimo da conivência dos militares, senão de seu apoio direto. a parti-cipação deles será definida em última instân-cia pela resistência da população ao golpe e pela necessidade de entrar em cena uma força bruta para garantir que ele seja bem sucedido.

a conversa mostra assim uma conspiração envolvendo o judiciário, da polícia Federal e moro através da operação lava jato, da imprensa capitalista, e dos próprios militares com o objetivo de tirar dilma do governo, ou seja, um golpe.

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Fascismo e frentes popularesa 38ª universidade de Férias forma a quar-

ta parte do curso “trótski, vida e obra” e dará continuidade aos temas já discutidos nas 35ª, 36ª e 37ª universidades, realizadas em janeiro e julho de 2015 e janeiro de 2016 : “a teoria da revolução permanente”, a “revolução russa de 1917” e “o que foi o stalinismo”.o que é o trotskismo

A definição mais concisa do que é o trot-skismo é a de que é o marxismo do nosso tempo. Esta definição resumida, no entanto, não esclarece suficientemente o conteúdo e a importância do que é o trotskismo.

para compreender adequadamente o que é o trotskismo é preciso compreender as impor-tantes modificações que ocorreram no capita-

lismo a partir do início do século com o ad-vento e o completo desenvolvimento do que chamamos de imperialismo. Estas modifica-ções impuseram uma evolução na teoria mar-xista que está associada ao nome de lênin. a culminação dessa evolução é, naturalmente, a revolução russa de 1917.

a trótski coube defender tanto a heran-ça de marx como a de lênin contra o mais poderoso e perverso movimento revisionista do marxismo até hoje: o stalinismo, ou seja, contra a burocracia que se apoderou do pri-meiro estado operário da história. ao mesmo tempo, foi trotski quem desenvolveu e sis-tematizou a política revolucionária de lênin diante da revolução russa de 1917.

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