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Revista Tempo Amazônico - ISSN 2357-7274| V. 2 | N.1 | junho-dezembro de 2014 | p. 112-124 Revista História operária em “processo” : Tempo apontamentos sobre o uso de processos Amazônico criminais no estudo da história do trabalho César Augusto B. Queirós * Resumo: Este trabalho é o resultado de uma pesquisa destinada à minha tese de doutoramento na UFRGS, na qual analiso os agentes sociais envolvidos nos conflitos referentes ao mundo do trabalho durante a Primeira República. No presente trabalho, parto de um conjunto de processos-crime encontrados na documentação do APERS para analisar as relações entre carneiros e paredistas, relações estas marcadas por uma profunda divergência no que concerne às posturas de adesão ou não aos movimentos paredistas daquele período. Palavras-chave: trabalhadores, processos, movimentos paredistas Abstract: This paper is the result of a survey intended to my doctoral thesis at UFRGS , in which I analyze the social agents involved in conflicts concerning the world of work during the First Republic in Brazil. In this study, I analyze a number of criminal cases found in APERS documentation to understand the relationship between “carneiros” and strikers, one relationship marked by a profound disagreement about adhesion or not to strikes of that period. Key words: workers, processes, paredistas movements * César Augusto Bubolz Queirós, Doutor em História pelo PPGH/UFRGS, Professor da Universidade Federal do Amazonas UFAM.

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Revista Tempo Amazônico - ISSN 2357-7274| V. 2 | N.1 | junho-dezembro de 2014 | p. 112-124

Revista História operária em “processo” :

Tempo apontamentos sobre o uso de processos Amazônico criminais no estudo da história do trabalho

César Augusto B. Queirós*

Resumo: Este trabalho é o resultado de uma pesquisa

destinada à minha tese de doutoramento na UFRGS, na

qual analiso os agentes sociais envolvidos nos conflitos

referentes ao mundo do trabalho durante a Primeira

República. No presente trabalho, parto de um conjunto de

processos-crime encontrados na documentação do APERS

para analisar as relações entre carneiros e paredistas,

relações estas marcadas por uma profunda divergência no

que concerne às posturas de adesão ou não aos

movimentos paredistas daquele período.

Palavras-chave: trabalhadores, processos, movimentos

paredistas

Abstract: This paper is the result of a survey intended to

my doctoral thesis at UFRGS , in which I analyze the

social agents involved in conflicts concerning the world of

work during the First Republic in Brazil. In this study, I

analyze a number of criminal cases found in APERS

documentation to understand the relationship between

“carneiros” and strikers, one relationship marked by a

profound disagreement about adhesion or not to strikes of

that period.

Key words: workers, processes, paredistas movements

* César Augusto Bubolz Queirós, Doutor em História pelo PPGH/UFRGS, Professor da Universidade Federal

do Amazonas – UFAM.

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Um dos problemas enfrentados pelos estudiosos que se dispões a pesquisar as classes

populares é, justamente, a escassez de registros escritos deixados por estes agentes.

Geralmente, os registros escritos que nos chegam são produzidos pelas lideranças operárias,

envolvidos em uma atividade militante, que deixam-nos amplamente registradas suas opiniões

e angústias através dos jornais e panfletos que eram distribuídos pelas diversas associações

operárias. A grande maioria dos trabalhadores, portanto, não produzem (ou o fazem muito

raramente) registros escritos de modo que o historiador que busca se aproximar dos

trabalhadores que não participam dos sindicatos e associações precisa servir-se de fontes

produzidas pelos operários militantes e, mais do que isso, por suas lideranças. Para Ginzburg,

um dos motivos desta escassez é, possivelmente, o fato de que a cultura das classes

subalternas é profundamente marcada pela oralidade, de modo que os historiadores precisem

“servir-se de fontes escritas e, em geral, de autoria de indivíduos, uns mais outros menos,

abertamente ligados à cultura dominante. Isso significa que os pensamentos, crenças,

esperanças dos camponeses e artesãos [e operários, acrescento] do passado chegam até nós

através de filtros e intermediários que os deformam”.1 Thompson já salientara que “as

maiorias sem linguagem articulada, por definição, deixam pouco registro de seus

pensamentos”.2 A escassez de registros que possibilitem ao historiador o acesso direto ao

“trabalhador comum” torna a pesquisa muito árdua e desafiadora. Chegar até esse “operário

comum” é uma tarefa que se assemelha à do mineiro que adentra no subterrâneo das minas

em busca de materiais que não estão disponíveis na superfície.

Deste modo, o historiador tem que se servir das minorias com linguagem articulada,

dos intermediários dos quais fala Ginzburg, a fim de alcançar este universo representado por

estes trabalhadores e trabalhadoras. No caso da classe operária, tornam-se mais acessíveis ao

pesquisador as fontes produzidas pelos operários que – de uma forma ou de outra – tem

alguma ligação com os diferentes movimentos associativos. Tal recurso pode induzir ao

equívoco de identificar a história da classe operária “[...] com a história dos movimentos

operários, se não até com a história da ideologia desses movimentos.3 Todavia, deve-se

considerar que, se “o mundo dos militantes e dos líderes e ideólogos nacionais não era o

mesmo mundo da maioria”4, em grande medida, ambos compartilham de um mesmo universo

1 GINZBURG, Carlo. O Queijo e os Vermes. São Paulo: Cia das Letras, 1987. p.18.

2 THOMPSON, Edward P. A Formação da Classe Operária Inglesa. 2ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, v. III,

1987. p.57. 3 HOBSBAWM, Eric. Os Destruidores de Máquinas. In: Pessoas Extraordinárias: resistência, rebelião e jazz.

São Paulo: Paz e Terra, 1988. p.18. 4 Idem. p. 253.

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de representações e práticas cotidianas construído a partir de sua experiência no campo do

trabalho, ou seja, de sua vivência de classe. Obviamente, não se quer pressupor uma

homogeneidade entre todos os trabalhadores e sim compreender que a sua inserção no campo

social lhes possibilita uma série de experiências em comum. Assim, “as fontes produzidas

pelo movimento operário organizado, e qualquer estudo sobre a militância operária, trazem

informações sobre as classes trabalhadoras, ou seja, se a parte não pode ser tomada pelo todo,

há na parte elementos do todo”5.

Mas a penumbra persiste. Mesmo que o estudo da militância operária contribua para a

compreensão de diversos elementos que são compartilhados pelo conjunto da classe, alguns

aspectos permanecem escondidos, invisíveis. Ainda mais se considerarmos que, mesmo entre

as pessoas envolvidas no movimento operário e em suas instituições, não se pode pressupor

uma homogeneidade e sim buscar a diversidade e as particularidades uma vez que “pretender

que exista uma militância operária homogênea é um grave equívoco”6. Como chegar,

portanto, às vozes dos trabalhadores quer não se envolvem nos sindicatos, não aderem às

greves e não escrevem nos jornais? Estas vozes operárias, roucas e, por vezes emudecidas, se

mostram presentes em situações como a dos processos-crime, em que são chamadas a

testemunhar ou responder perante a justiça sobre determinado acontecimento. Nestas

ocasiões, estas vozes mostram-se audíveis a nós pesquisadores.

Este trabalho tem, portanto, o objetivo de indicar possibilidades de pesquisa sobre a

história operária a partir da utilização de documentação processual encontrada no Arquivo

Público do Estado do Rio Grande do Sul (APERS). Procurei apontar algumas possibilidades

de análise em processos-crime nos quais as greves extrapolaram os limites do diálogo e

levaram seus agentes ao conflito físico. Do ponto de vista metodológico, tendo em vista a já

mencionada escassez de registros que permitam que o pesquisador se aproxime do chamado

“trabalhador comum”, a possibilidade de utilizar processos criminais para alcançar, ao menos,

uma “ponta” da vida dessas pessoas surge como uma alternativa extremamente enriquecedora

e surpreendente, sobretudo se soubermos interpretar essas informações. Deve-se considerar

que, uma vez chamados pela justiça, esses testemunhos e depoimentos são produzidos de

modo intencional e em uma situação em que o depoente ou réu está coagido e oprimido pelos

ritos legais e formais da justiça, perdendo muito de sua naturalidade e espontaneidade.

5 BATALHA, Cláudio. Cultura Associativa no Rio de Janeiro da Primeira República. In: BATALHA, Cláudio;

SILVA, Fernando Teixeira da; FORTES, Alexandre (Orgs.). Culturas de Classe: identidade e diversidade na

formação do operariado. Campinas: Unicamp, 2004.p.94. 6 Idem.p.93.

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Contudo, se o historiador souber filtrar essas declarações – cruzando-as com outras fontes –

perceberá que esses depoimentos são verdadeiros registros de um mundo que raramente se

deixa fotografar.

Mesmo que as versões constantes nos processos muitas vezes se contradigam, é

possível construir uma narrativa satisfatória a partir do cruzamento dessas versões conflitantes

com outros registros históricos, valorizando as repetições pois “o que temos num texto são

vozes contraditórias e não realidades contraditórias”7. Assim, cabe ao pesquisador buscar

inspiração em Carlo Ginzburg – que afirmava espreitar por sobre o ombro dos inquisidores na

esperança de que os réus confessassem suas crenças e assim abrissem uma janela em direção a

seu mundo.8 A despeito de não ser possível buscar nos processos criminais o que “realmente

se passou” – como não é possível encontrar em nenhuma outra fonte – a objeção ao uso deste

tipo de documentação não é aceitável pois tais registros podem nos dar uma noção bastante

rica das práticas e representações dos personagens envolvidos e da sociedade em que eles

vivem. Chalhoub ressalta que:

ler processos criminais não significa partir em busca ´do que realmente se passou` porque

esta seria uma expectativa inocente – da mesma forma como é pura inocência objetar à

utilização dos processos criminais porque eles ´mentem`. O importante é estar atento às

´coisas` que se repetem sistematicamente: versões que se reproduzem muita vezes, aspectos

que ficam mal escondidos, mentiras ou contradições que aparecem com frequência.9

A natureza peculiar deste tipo de documento e a necessidade que a justiça tem de

arrolar o maior número possível de provas e testemunhos para se chegar a uma sentença

definitiva tornam os processos criminais fontes ainda mais ricas e diversificadas uma vez que,

além dos testemunhos, depoimentos, interrogatórios e toda a parte formal que encontramos

em qualquer processo, podemos encontrar também em alguns deles uma ampla variedade de

anexos tais como exemplares de diversos jornais operários, folhetos impressos e distribuídos

por vários sindicatos e associações operárias de diversas cidades, conclamações às greves,

boletins informativos, cartões postais, manifestos anarquistas e sindicalistas, poesias, letras de

hinos, estatutos de partidos e sindicatos, programas de partidos políticos, enfim, uma grande

quantidade de registros que enriquecem muito este tipo de documentação. Deve-se salientar

que, entre os processos pesquisados durante esta pesquisa, encontra-se uma grande quantidade

de anexos, entre os quais os primeiros números do periódico O Syndicalista – órgão oficial da

7 GINZBURG, Carlo. O Inquisidor como Antropólogo: uma analogia e as suas implicações. In: A Micro-

História e outros ensaios. Lisboa/Rio de Janeiro: Difel/Bertrand Brasil, Coleção Memória e Sociedade, 1989.

p.210. 8 Idem.p.206.

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Federação Operária do Rio Grande do Sul (FORGS) – que até então eram inacessíveis aos

pesquisadores e que foram encontrados durante as pesquisas para a minha Dissertação de

Mestrado.

Assim, apontarei algumas fontes documentais que podem oferecer importantes

contribuições acerca da história do trabalho e, mais especificamente, sobre o movimento

operário. Em função dos limites deste artigo, não me proponho a fazer análises mais

pormenorizadas dos casos em tela, mas indicar alguns documentos que possam oferecer

subsídios a outros historiadores. Indicarei, ainda, trabalhos nos quais eu tenha aprofundado as

análises sempre que considerar conveniente.

No ano de 1917, durante uma greve na Viação Férrea, as rivalidades entre carneiros e

paredistas levaram à instauração de um conflito entre um grevista, um colega de trabalho e o

contramestre da empresa. O conflito iniciou quando o grevista Juvenal Vasquez encontrou

com seu colega, Honorato Souza, em um boteco próximo à estação férrea de Gravatahy. A

discussão iniciada em função da posição divergente de ambos em relação à greve levou a um

conflito físico que teve como consequência o assassinato de Vasquez pelo seu contramestre,

João Guimarães. O processo instaurado a fim de apurar o ocorrido – e que resultou na

absolvição do réu – oferece uma grande quantidade de depoimentos e testemunhos que

possibilitam ao pesquisador uma incursão a um importante espaço de sociabilidade operária: o

boteco. Além de dar visibilidade às disputas entre grevistas e não grevistas e mostrar que tais

rivalidades extrapolavam o ambiente laboral, podendo resultar em conflitos físicos, o processo

mostra que o boteco era um importante espaço de lazer e sociabilidade entre os operários

daquela estação, uma vez que muitos dos depoentes eram funcionários da mesma e estavam

presentes no bar de Pedro Zíngaro no momento do incidente.10 A análise dos depoimentos do

processo evidencia o antagonismo entre os trabalhadores que não aderiram àquela greve e os

operários grevistas, tornando visível a rivalidade que se estabelece a partir da decisão de

aderir ou não ao movimento.

Ainda em 1917, outro conflito envolvendo grevistas e não grevistas acabou resultando

na instauração de um processo contra diversos membros do sindicato dos calceteiros. O

conflito teria ocorrido após os membros do sindicato da categoria terem se reunido em

assembleia e, “fortemente trabalhados por correntes perniciosas de anarquismo, [...]

resolveram em sessão do predito sindicato que se evitasse por qualquer forma, e até mesmo

9 CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da Belle

Époque. São Paulo: Brasiliense, 1986.p.53. 10 ESTADO do Rio Grande do Sul. Arquivo Público do Estado. Processo-Crime n.º 833. Porto Alegre: 1917.

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por meios extremos, que os operários que não haviam prestado sua adesão ao movimento

continuassem na labuta diária”.11 Em sua dissertação de mestrado, Silva Jr. (1994) faz uma

análise deste processo.

Todavia, o processo mais rico em informações que tive a satisfação de encontrar

durante minhas pesquisas no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul foi no decorrer

da greve generalizada de 1919, em Porto Alegre. Esta greve assumiu as características de uma

greve eruptiva,12 na qual as categorias profissionais, uma após a outra, iam deflagrando seus

movimentos. E, justamente no dia em que se comemora a independência do Brasil, foi

marcado um meeting na praça Montevidéu. A polícia dispersou a manifestação com violência,

o que acabou resultando em uma troca de tiros entre os policiais e os operários. Nesta ocasião,

foi preso o operário da Companhia Força e Luz José Cândido da Silva, gerando um processo

fartamente documentado com os mais diversos folhetos, jornais operários e impressos com o

objetivo de comprovar os “fins tendenciosos” e o “caráter sedicioso e revolucionário” do

movimento grevista em questão.13

Além da grande quantidade de depoimentos e testemunhas de pessoas que

participavam da manifestação ou que, simplesmente, presenciaram o ocorrido, pude encontrar

anexos a este processo panfletos produzidos pela Federação Operária do Rio Grande do Sul –

FORGS (a Voz da Razão: aos soldados e operários; A Postos Operários), por sindicatos de

diversas categorias profissionais (Sindicato dos Operários da Força e Luz, Aos Pedreiros e

Ajudantes, Sindicato dos Metalúrgicos, Sindicato dos Canteiros, Sindicato dos Marceneiros,

Carpinteiros e Classes Anexas); pela recém fundada União Maximalista (Ao Povo Sedento de

Liberdade, Do Canhão à Peste, Boletim Protesto, ); panfletos produzidos por associações

operárias de outras cidades (Aos Trabalhadores, Ao Povo e A Sociedade produzidos pela

União Geral dos Trabalhadores, de Bagé), periódicos de outros países (La Barricada, de

Buenos Aires); uma moção de repúdio às intervenções na Rússia, Hungria e Tchecoslováquia,

aprovada por unanimidade em comício da FORGS; um cartão postal cuja importância

recolhida com sua venda seria destinada à União Maximalista e que apresentava a imagem da

revolução social em marcha sobre a Rússia e sobre a Hungria, tendo como inimigos o

capitalismo, as oligarquias, a diplomacia, e a Igreja; um panfleto produzido pela Aliança

Anarquista de Porto Alegre; panfletos contrários à intervenção na Rússia; com o hino da

11ESTADO do Rio Grande do Sul. Arquivo Público do Estado. Processo-Crime n.º 856, Porto Alegre: 1917

12 PERROT, Michelle. Os Excluídos da História: operários, mulheres e prisioneiros. 2ª ed., São Paulo: Paz &

Terra, 1992.p.95. 13 ESTADO do Rio Grande do Sul. Arquivo Público do Estado. Processo-Crime n.º 1.016. Porto Alegre: 1919

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Internacional dos Trabalhadores; cartas-manifesto assinadas por um “Delegado da República

dos Soviets Russos junto aos trabalhadores da República Burguesa dos Estados Unidos do

Brasil”; as Bases de Acordo do Partido Comunista do Brasil; uma circular, datada de março

de 1919, na qual os libertários do Rio de Janeiro conclamavam à formação de núcleos

estaduais para a criação do Partido Comunista do Brasil; o Programa do Partido Comunista

do Brasil e o programa maximalista russo de 1904. No entanto, a descoberta dos sete

primeiros números do jornal O Syndicalista, órgão da Federação Operária do Rio Grande do

Sul (FORGS), em excelente estado, preservados no interior deste processo ma surpresa

notável. De abril a setembro, pode-se observar todo o processo de organização das greves no

estado e no país e um panorama do cenário político e social internacional, com notícias e

editoriais sobre a situação da Rússia, da Hungria, sobre as greves na Argentina e sobre o

movimento dos sindicatos de diversas categorias profissionais. A Federação Operária do Rio

Grande do Sul – a FORGS – foi, sem dúvida alguma, a associação que mais influência

exerceu sobre o movimento operário gaúcho nas primeiras décadas do século XX.

Fundada em 1906, no decorrer da primeira greve geral do Rio Grande do Sul – a

“greve dos braços cruzados” ou “dos 21 dias” –, esta associação se manteve durante os quinze

anos subsequentes, pelo menos, como a mais relevante organização operária do estado. Criada

sob a égide dos socialistas – entre os quais destacamos Francisco Xavier da Costa –, após uma

série de disputas, passou a ter uma orientação predominantemente sindicalista, sobretudo após

1918, quando um grupo de militantes anarquistas conseguiu ocupar os cargos de liderança da

associação. Segundo Schmidt, seus criadores tinham o intuito de “aproveitar o momento de

efervescência dos trabalhadores a fim de organizar uma instituição unificadora de suas lutas e

interesses”.14 É importante observar que, tanto esses jornais quanto os demais panfletos e

materiais inclusos no processo estariam perdidos se não fosse esta acidental preservação e,

hoje, estão disponíveis para serem incorporados às pesquisas.

Em maio de 1919, durante uma greve dos padeiros, um incidente entre um trabalhador

que continuava a desempenhar a sua função e um grevista que havia sido designado para

vigiar os trabalhadores que não tinham aderido à greve, acabou resultando na instauração de

um processo-crime no qual o padeiro Leopoldo Silva era acusado do assassinato de Antônio

Rodriguez Lopes. Em diversas ocasiões, para impedir a continuidade do trabalho, os padeiros

em greve fizeram uso das mais variadas estratégias, algumas delas caracterizadas por uma

violência extremada, sendo esses trabalhadores “famosos por ataques a fura-greves,

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espancamentos de homens e animais, tiroteios, incêndios de carroça, explosões de fornos,

envenenamento de farinha etc.”15. Enfim, os padeiros pertenciam a um grupo de categorias

profissionais no qual “as violências grupais tinham o seu papel claramente discriminado nos

conflitos”16. Neste processo, Silva foi denunciado por “ter assassinado bárbara e friamente o

mísero operário padeiro Antônio Rodriguez Lopes” (Processo-Crime n.º 1016. Porto Alegre:

1917). Consta no processo que

O denunciado tomara parte ativa da greve dos padeiros, declarada nesta capital e foi esse

míster de grevista destacado para vigiar os companheiros que não haviam aderido à parada

que ele foi postar-se, às primeiras horas da manhã do dia 16 do corrente [maio de 124

1919], à esquina das ruas Voluntários da Pátria com a Vigário José Ignácio, nas

proximidades da padaria “Piccini”. Antônio Rodriguez Lopes, que trabalha nessa padaria,

não tendo aderido à greve, ao passar pelo local em que se achava Leopoldo Silva foi por

este interpelado sobre a greve. De súbito, sem mais nem menos, Leopoldo Silva arrancou o

revólver e detonou-o duas vezes, de surpresa, contra sua infeliz vítima, prostrando-a sem

vida.

O réu confessou ter disparado contra Lopes, tendo justificado sua atitude afirmando

que, ao interpelar seu colega a fim de saber por que ele continuava trabalhando e por que não

aderia à greve, este alterou-se com ele e, como era maior e mais forte, disparou sua arma

contra o mesmo. O jornal O Independente, porém, dá outra versão ao fato, afirmando que, ao

regressar para casa às 8 horas da manhã após uma noite de serviço, o fornecedor Antônio

Rodrigues Lopes foi “alvejado pelas costas pelo padeiro Leopoldo Silva” tendo morte

imediata (09/09/1919). Neste sentido, ressaltamos a importância do entrecruzamento das

fontes a fim de poder comparar e discutir essas vozes contraditórias que emergem nos

diferentes discursos sobre o real. Chama a atenção neste processo o número de depoimentos

de imigrantes espanhóis e portugueses – o próprio Antônio Rodrigues Lopes, de 42 anos, era

português – e a relação de alguns padeiros grevistas com as meretrizes Maria Madalena

Rodrigues, Alice e Edelmira. Em outro texto,17 analisei as práticas e estratégias do Sindicato

Padeiral de Porto Alegre durante essas greves, como as sabotagens e as agressões aos fura-

greves, bem como a força deste sindicato e a legitimidade que ele conquistara junto ao

governo do estado. Embora Silva tenha recebido auxílio do Syndicato Padeiral, que criou uma

Comissão Pró-Presos para providenciar que nada lhe faltasse,18 acabou recebendo uma

14 SCHMIDT, Benito Bisso. De Mármore e de Flores: a primeira greve geral do Rio Grande do Sul. Porto

Alegre: Editora da UFRGS, 2005. Coleção Síntese Rio-Grandense.p.49. 15 SILVA Jr., Adhemar Lourenço da. Os sindicatos na idade da pedra. Acervo, Rio de Janeiro, v. 15, nº 1,

jan./jun. 2002.p.95. 16 SILVA Jr., Adhemar Lourenço da. “Povo! Trabalhadores!”: tumultos e movimento operário. Porto Alegre:

Dissertação de Mestrado em História/UFRGS, 1994.p.305. 17 QUEIRÓS, César Augusto Bubolz. “Não há pão, não há padeiro: não se abriu a padaria”: greves e

manifestações do sindicato padeiral em Porto Alegre. In: História, imagens e narrativas. Nº. 17, outubro/2013. 18 O Syndicalista, 01/05/1919, p. 2

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condenação de dez anos e seis meses de prisão celular, tendo cumprido pena até o dia 20 de

dezembro de 1927.

Em setembro de 1895, um conflito envolvendo italianos membros da Sociedade

Beneficente Vitório Emanuelle II e um grupo de alemães ligados ao Centro Cathólico resultou

na abertura de outro processo-crime em virtude do empastelamento de uma tipografia

responsável pela impressão do jornal Deutsche Wolksblatt. Tal incidente teria ocorrido em

virtude de um artigo publicado no referido jornal, na edição do dia 20 de setembro, “[...]

protestando sobre o fato histórico da Tomada de Roma e que teria sido considerado ofensivo

pelos italianos. [...]” 19. Os italianos, então, formaram uma comissão e dirigiram-se ao redator

do jornal, Hugo Metzler, a fim de exigir do mesmo uma retratação a respeito do artigo que

julgavam insultuoso. No entanto, o redator do jornal negou-se a atender o exigido pelos

italianos, “alegando que seu feitio não fora injuriar os a nacionalidades, pois que o que para os

italianos parecia injúria, para ele eram verdades”. Desta feita, alguns italianos redigiram uma

mensagem em italiano direcionada aos seus compatriotas e levaram-na à Agência Literária,

onde “imprimiram-se algumas centenas de cópias do dito original que foram entregues” com

o intuito de convocar seus compatriotas para uma reunião na Sociedade Vitório Emanuelle II

a ser realizada no dia 29 de setembro às 8 horas da manhã a fim de “tomar as necessárias

deliberações a respeito”. Este panfleto, intitulado ITALIANI, encontra-se anexo ao referido

processo.

É interessante perceber que, antes disto, o cônsul da Itália no Brasil procurara o então

chefe de polícia, Borges de Medeiros a fim de obter uma retratação do referido editor. Borges

de Medeiros, por sua vez, entrou em contato com o mesmo, “obtendo do redator da folha

alemã compromisso de dar explicação satisfatória ao melindre da colônia italiana; e que

seguro do critério do cônsul esperava tão somente o uso de meios legais para a desafronta que

reclamavam os italianos”20.

A despeito de o cônsul italiano conhecer as intenções do redator do periódico alemão

de retratar-se publicamente com os italianos, após a reunião do dia 29 de setembro, “um grupo

numeroso de italianos dirigiu-se ao palácio às 9 horas da manhã desse dia e destacou uma

comissão para falar ao Presidente do Estado”.21 Júlio de Castilhos, no entanto não pôde

19 ESTADO do Rio Grande do Sul. Arquivo Público do Estado. Processo-Crime nº1834. Juri-Sumários. Porto

Alegre. Maço 75. Estante 33. 1895. p. 68

20 A Federação. Porto Alegre, 30/09/1895.

21 A Federação. Porto Alegre, 30/09/1895.

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recebê-los naquele momento, marcando uma reunião com os italianos insatisfeitos às duas

horas da tarde. Os italianos, porém, dirigiram-se à referida tipografia efetuando o

empastelamento, que as autoridades afirmam que não poderiam prever pois “sua causa já

estava dirimida conforme desde a véspera sabia o Sr. cônsul d’Itália”. No entanto, apesar das

autoridades afirmarem que “jamais puderam prever que se consumasse o atentado”, Hugo

Metzler, o redator do Volksblatt, narrou o episódio no número seguinte de seu jornal,

afirmando que a polícia era uma “polícia de gatos” que nada pudera fazer. Justificando esta

sua afirmação, disse, em seu depoimento, que, “quando usou no seu jornal a expressão polícia

de gatos, usou de uma locução alemã que tem a sua correspondência em português e que

queria dizer que a polícia era para inglês ver pois a cidade inteira já sabia de véspera que o

atentado podia dar-se e que entretanto não foi evitado”. O processo relata o ocorrido da

seguinte forma:

“A atitude assumida por esse grupo de italianos prende-se diretamente ao fato de ter o

jornal alemão ‘Wolksblatt’ no dia 20 de setembro, aniversário de um dos mais gloriosos

cometimentos políticos da Itália, publicado um artigo ofensivo aos brios dos cidadãos desse

país, e no qual se procurava desvirtuar o elevado alcance do grandioso acontecimento quer

figura brilhantemente nas páginas da bela história italiana”.

Conforme a mesma fonte, o fato ocorrera no dia 29 de setembro, pela manhã, quando

“um numeroso grupo de italianos, saíram [sic] do prédio 199 à rua dos Andradas onde

funciona a Sociedade Vitório Emanuelle II e percorreram as ruas desta cidade em atitude de

amotinadores, notando-se o fato de estarem muitos deles armados de alavancas que traziam

habilmente disfarçadas”. Este numeroso grupo dirigiu-se, pelas ruas da cidade “dando vivas à

sua nação e morras aos jesuítas, assaltando e empastelando, depois, a tipografia do Centro

Cathólico, onde se imprimia o jornal Deutsche Volksblatt”.

Através deste processo, podemos dispor de uma variedade muito grande de

informações sobre a Sociedade Beneficente Vitório Emanuelle II e seus membros bem como

sobre os alemães do Centro Cathólico: dados como idade, profissão, naturalidade, estado

civil, residência podem ser encontrados em quase todos os depoimentos e interrogatórios.

Ademais, encontramos diversos depoimentos caracterizando o grupo de italianos como

composto de trabalhadores e gente pobre. No depoimento de Amélia Augusta Machado, ela

afirma que “na frente [do grupo de italianos] vinham uns oito ou dez italianos bem vestidos,

mas que o resto do grupo era constituído de trabalhadores, o que se via pelas mãos e trajar”.

Do mesmo modo, outro depoente, Manoel Joaquim Esteves relata que“[...] na frente [vinham]

uns indivíduos mais bem vestidos [...] e o restante do grupo [era] gente do trabalho mal

vestidos”. Em outro depoimento, afirma-se que “parecia um grupo revolucionário pois era uns

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descalços, outros maltrapilhos, era gente de toda a laia” e que o grupo se compunha de “[...]

meia dúzia de homens limpos e que o mais eram operários e trabalhadores”.

O número de pessoas que participou do empastelamento varia de acordo com os

depoimentos de várias testemunhas: no depoimento de Clemente Wallan ele afirma que “um

grupo de duzentos italianos dirigiram pela rua dos Andradas e que ali chegando começaram a

quebrar as portas de vidro da casa onde se acha a tipografia, tratando depois de arrombar as

portas”. Já no depoimento de Carlos Walmer (ou Walbrumer) ele afirma que “viu um grupo

de seiscentas pessoas virem pela rua dos Andradas”. O grupo era composto, em quase sua

totalidade, por trabalhadores, pois se observa nos depoimentos constantes no processo que “na

frente vinham uns oito ou dez italianos bem vestidos, mas que o resto do grupo era constituído

de trabalhadores, o que se via pelas mãos e pelo trajar”. Esta caracterização pode ser

encontrada em vários outros depoimentos, como o de Manoel Joaquim Esteves que salienta

haver visto “um grupo em altos gritos e algazarra infernal pois alguns estavam embriagados

com as bandeiras nacional e italiana na frente desfraldada, e na frente deles uns indivíduos

mais bem vestidos e o restante do grupo gente do trabalho mal vestidos”, destacando ainda

que “parecia um grupo revolucionário tal era a sanha com que estavam”. No depoimento de

Lucas José da Veiga, ele observa também que parecia um grupo de “revolucionários” pois

“era [sic] uns descalços, outros maltrapilhos, era gente de toda a laia”, sendo que o grupo se

compunha de “meia dúzia de homens limpos e que o mais eram operários e trabalhadores”.

Análises deste conflito podem ser encontradas em Queirós22 e em Silva Jr.23

Neste artigo, procurei indicar algumas possibilidades no que se refere à utilização de

processos criminais nos estudos sobre história do trabalho, levantando algumas questões a fim

de suscitar um debate em torno desta rica documentação. Neste sentido, apontei que as

possibilidades de abordagens oferecidas por esta documentação são praticamente inesgotáveis

uma vez que nos oferece informações sobre sexo, profissão, idade, estado civil, grau de

instrução, cor e residência dos depoentes e réus; em seus testemunhos podemos nos aproximar

de aspectos da vida cotidiana que, em outras fontes, são praticamente invisíveis; observar os

conflitos que ocorrem fora do âmbito laboral, como aqueles que envolveram carneiros e

grevistas; analisar elementos relacionados à etnicidade; alguns processos nos permitem,

22 QUEIRÓS, César Augusto Bubolz. O Governo do Partido Republicano Rio-Grandense e a Questão Social

(1895-1919). Porto Alegre: UFRGS, 2000 (dissertação de mestrado).

QUEIRÓS, César Augusto Bubolz. O Posivismo e a Questão Social na Primeira República (1895-1919).

Guarapari: Ex Libris, 2007. 23 SILVA Jr., Adhemar Lourenço. Definindo e indicando. In: Métis: história & cultura. Vol. 6. Nº. 11, p. 121-

140, jan./jul. 2007.

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inclusive, observar descrições dos hábitos e vestuário dos envolvidos; sem contar com a

grande variedade de anexos que são preservados nesses processos e que, muitas vezes, são os

únicos exemplares disponíveis. Enfim, com a qualificação dos acervos e das instituições de

pesquisa, esta documentação torna-se cada vez mais acessível ao pesquisador disposto a

realizar aquele trabalho de exploração dos arquivos, garimpando processos é possível que

encontremos, ainda, valiosa documentação.

Referências:

Periódicos:

O INDEPENDENTE

A FEDERAÇÃO

O SYNDICALISTA

Processos:

ESTADO do Rio Grande do Sul. Arquivo Público do Estado. Processo-Crime n.º 833. Porto

Alegre: 1917.

ESTADO do Rio Grande do Sul. Arquivo Público do Estado. Processo-Crime n.º 1.016. Porto

Alegre: 1919

ESTADO do Rio Grande do Sul. Arquivo Público do Estado. Processo-Crime n.º 856, Porto

Alegre: 1917.

ESTADO do Rio Grande do Sul. Arquivo Público do Estado. Processo-Crime nº1834. Juri-

Sumários. Porto Alegre. Maço 75. Estante 33. 1895.

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GINZBURG, Carlo. O Queijo e os Vermes. São Paulo: Cia das Letras, 1987.

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Recebido em: 27/02/2015

Aprovado em:04/07/2015