supervia concessionária de transportes ferroviários s/a

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Ação Civil Pública Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro Com a decisão, a Supervia Concessionária de Transportes Ferroviários não pode permitir a circulação de seus trens com as portas abertas e seus agentes deverão respeitar a integridade física e psicológica dos usuários. Na atual fase do processo, aguarda-se o resultado do estudo de engenharia ferroviária, solicitado pela 16ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, para a escolha de um sistema hábil que impeça a abertura indevida das portas. Supervia Concessionária de Transportes Ferroviários S/A

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Risco à segurança dos passageiros em razão do inadequado sistema de fechamento das portas dos trens, que possibilita a circulação das composições com as portas abertas. Ação truculenta dos agentes da empresa.

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Page 1: Supervia Concessionária de Transportes Ferroviários S/A

Ação Civil Pública

Ministério Públicodo Estado do Rio de Janeiro

Com a decisão, a Supervia Concessionária de Transportes Ferroviários não pode permitir a circulação de seus trens com as portas abertas e seus agentes deverão respeitar a integridade física e psicológica dos usuários.

Na atual fase do processo, aguarda-se o resultado do estudo de engenharia ferroviária, solicitado pela 16ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, para a escolha de um sistema hábil que impeça a abertura indevida das portas.

Supervia Concessionária de Transportes Ferroviários S/A

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Sumário

Na manhã do dia 15 de abril de 2009, agentes da supervia foram filmados agredindo os passageiros com socos e pontapés na estação de Madureira, Zona Norte do Rio. O intuito era fechar a porta do trem, que estava lotado, também por conta da greve de funcionários.

De acordo com a ação, o trem partiu com rapazes no teto da composição e as portas abertas, e, mesmo já em movimento, os agentes da supervia continuaram a agredir de maneira indiscriminada os passageiros que se encontravam nas portas e janelas.

Depois desse incidente, os trens, mesmo vazios, continuaram a circular com as portas abertas, colocando em risco os usuários do serviço. Verificou-se que a porta que equipa grande parte das composições é frágil, sujeita à ação de vândalos, e não apresenta pressão suficiente, o que faz com que os passageiros possam impedir o seu fechamento.

Diante dessas constatações, o Ministério Público, por intermédio da 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa do Consumidor da Capital, no dia 16 de abril de 2009, ajuizou ação civil pública em face da empresa Supervia (Processo nº 0094965-50.2009.8.19.0001).

Ainda no mês de abril de 2009, o juízo da 6ª Vara Empresarial, reconhecendo a ineficiência das portas dos trens, que colocam em risco a vida dos passageiros e contribuem para cenas de violência, decidiu:

“ (...) O transporte coletivo - serviço público essencial nas cidades - desenvolve papel social e econômico de grande importância, pois democratiza a mobilidade, na medida em que facilita a locomoção das pessoas. No caso em tela, o que se vê é um total desrespeito aos usuários do serviço público de transporte coletivo por parte da Ré. O problema não é novo e tem desafiado inúmeras ações individuais perante o Poder Judiciário, tanto na esfera civil quanto criminal. Como bem ressaltou o Ministério Público, o fumus boni iuris encontra-se configurado na medida em que consta dos autos do Inquérito Civil nº 618/2007 e é fato público e notório que a Ré mantém portas ineficientes em seus trens, colocando em risco a integridade física

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dos usuários porquanto as composições trafegam com as portas abertas. Ademais, foi amplamente noticiado pela imprensa cenas estarrecedoras de violência gratuita com total desrespeito aos usuários em flagrante violação dos direitos fundamentais. O periculum in mora é evidente. A demora na prestação jurisdicional torna iminente o risco à vida, integridade e segurança dos usuários dos trens, ocasionando danos irreparáveis e/ou de difícil reparação. Portanto, reputo que se encontram presentes os requisitos legais previstos nos artigos 11 e 12 da Lei nº 7.347/85. Há prova inequívoca das alegações, bem como fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, de modo que se impõe o deferimento da liminar. ANTE O EXPOSTO, DEFIRO A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. EM CONSEQUENCIA, DETERMINO QUE A RÉ SUPERVIA CONCESSIONÁRIA DE TRANSPORTES FERROVIÁRIOS S/A: (i) se abstenha de fazer seus trens circularem com as portas abertas, sob pena de multa no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), por evento; (ii) dote, no prazo de 60 dias, todos os seus trens de sistema hábil a impedir a abertura indevida das portas e respeite, na pessoa de seus prepostos, a integridade física e psicológica de seus usuários, sob pena de multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Expeça-se mandado de citação/ intimação que deverá ser cumprido imediatamente pelo Sr. Oficial de Justiça que couber por distribuição, intimando-se a ré para cumprimento desta decisão em 24 h, sob pena de multa acima especificada”.

Após recurso da empresa (Agravo de Instrumento nº 0021624-91.2009.8.19.0000), a 16ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, igualmente, reconheceu que a população merece um serviço de transporte adequado, eficiente e seguro, e que há deficiência no sistema de fechamento das portas dos trens da Supervia. Contudo, a Câmara também entendeu que há necessidade de um estudo por profissional de engenharia de transporte ferroviário para a escolha do sistema hábil que impeça a abertura indevida das portas, excluindo a obrigação de instalar o sistema em 60 dias, que havia sido imposta na decisão do juiz.

“(...) Desta forma, não obstante se extrair da decisão agravada o objetivo de garantir a segurança aos passageiros usuários do transporte ferroviário prestado pela Agravante, conforme dispõe a legislação

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pátria, a escolha do sistema hábil a impedir a abertura indevida das portas deve ser submetida à perícia técnica de engenharia de transporte ferroviário a ser realizada nos autos do processo principal, motivo pelo qual deve a decisão agravada ser reformada nesta parte. Por outro lado, mantêm-se os demais termos do decisum vergastado, eis que manter as portas fechadas do coletivo e respeitar a integridade física dos passageiros são obrigações inerentes ao contrato de transporte de pessoas, em obediência à segurança e aos direitos da personalidade. À conta de tais fundamentos, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso para fins de reformar a decisão agravada na parte em que determina à Agravante a dotação, em todos os seus trens, no prazo de 60 dias, de sistema hábil a impedir a abertura indevida das portas (item II, 1ª parte – fl. 25), devendo ser determinada a realização de perícia de engenharia ferroviária com entrega do laudo em 60 dias, a fim de subsidiar a decisão judicial antecipatória ou definitiva”.

Na atual fase processual, aguarda-se o resultado do estudo de engenharia ferroviária, que está sendo complementado, tendo sido solicitadas informações ao Metrô Rio sobre o sistema utilizado para controlar o fechamento e a abertura das portas dos vagões de metrô.

Os consumidores podem denunciar ao Ministério Público sempre que verificarem a circulação de trens com portas abertas e o desrespeito à integridade física e psicológica dos passageiros por ação dos agentes da Supervia. Basta acessar o site Consumidor Vencedor, no link abaixo, e clicar no botão “denuncie o descumprimento”, sendo possível também encaminhar ao Ministério Público imagens ou vídeos do descumprimento.

http://consumidorvencedor.mp.rj.gov.br/nome-da-empresa-supervia-2/

Todas as notícias recebidas serão diretamente encaminhadas ao promotor de Justiça responsável pelo caso.

Clique aqui para ler a ação