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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES IZABEL CRISTINA GONÇALVES DE SOUZA AMARAL METODOLOGIA PARA ESCOLHA DE ESTAÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DE DOT (DESENVOLVIMENTO ORIENTADO AO TRANSPORTE) Rio de Janeiro 2016

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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES

IZABEL CRISTINA GONÇALVES DE SOUZA AMARAL

METODOLOGIA PARA ESCOLHA DE ESTAÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO DE

PROJETOS DE DOT (DESENVOLVIMENTO ORIENTADO AO TRANSPORTE)

Rio de Janeiro

2016

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

IZABEL CRISTINA GONÇALVES DE SOUZA AMARAL

METODOLOGIA PARA ESCOLHA DE ESTAÇÕES PARA

IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DE DOT

(DESENVOLVIMENTO ORIENTADO AO TRANSPORTE)

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de

Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto

Militar de Engenharia, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre em Ciências em

Engenharia de Transportes.

Orientadores: Prof.ª Vânia Barcellos Gouvêa D.Sc.

Prof. Marcelo Prado Sucena D. Sc.

Rio de Janeiro

2016

2

c2016

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha.

Rio de Janeiro - RJ CEP: 22290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá

incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar

qualquer forma de arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre

bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que

esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações,

desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica

completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e

dos(s) orientadores(es).

629.04 Amaral, Izabel Cristina Gonçalves de Souza

A485m Metodologia para escolha de estações para implantação de projetos de DOT (Desenvolvimento Orientado ao Transporte) / Izabel Cristina Gonçalves de Souza Amaral; orientada por Vânia Barcellos Gouvêa, Marcelo Prado Sucena – Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2016.

214p.: il.

Dissertação (Mestrado) – Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, 2016. 1. Curso de Engenharia de Transportes – teses e dissertações. 2. Planejamento urbano. 3. Relação do uso e ocupação do solo e transportes. 4. Desenvolvimento Orientado ao Transporte. I. Gouvêa, Vânia Barcellos. II. Sucena, Marcelo Prado. III. Título. IV. Instituto Militar de Engenharia.

3

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

IZABEL CRISTINA GONÇALVES DE SOUZA AMARAL

METODOLOGIA PARA ESCOLHA DE ESTAÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO DE

PROJETOS DE DOT (DESENVOLVIMENTO ORIENTADO AO TRANSPORTE)

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de

Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes.

Orientadores: Prof.ª Vânia Barcellos Gouvêa Campos, D.Sc.

Prof. Marcelo Prado Sucena, D.Sc.

Aprovada em 10 de maio de 2016 pela seguinte Banca Examinadora:

______________________________________________________________

Prof.ª Vânia Barcellos Gouvêa Campos, D.Sc. – do IME - Presidente

______________________________________________________________

Prof. Marcelo Prado Sucena, D.Sc. – do IME

______________________________________________________________

Prof. Carlos David Nassi, D.Sc. – da UFRJ

______________________________________________________________

Prof. José Carlos Cesar Amorim, D.Sc. – do IME

Rio de Janeiro

2016

4

Dedico meu trabalho à minha Avó Ambrosina Ribeiro Gonçalves (in memoriam), com todo o meu amor, onde quer que esteja, pois sempre confiou e acreditou na minha capacidade.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e sabedoria para vencer

cada obstáculo encontrado na minha vida particular durante essa trajetória, e por me

guiar a cada passo dado em direção à conclusão de mais essa etapa.

À minha família e amigos, especialmente ao meu esposo Gabriel e meu filho

Rafael, que durante minha trajetória, compreenderam minha ausência.

Aos meus orientadores, Professora Vânia Barcellos Gouvêa Campos e

Professor Marcelo Prado Sucena pela paciência e apoio na elaboração deste

trabalho, não apenas como profissionais, mas como anjos me encorajando, quando

quase prostrei.

Ao Instituto Militar de Engenharia, pela oportunidade de estudar em um centro

de excelência e referência mundial.

Aos professores do Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes do IME,

pelos ensinamentos aprendidos, em especial ao Professor Paulo Afonso Lopes.

Aos professores José Carlos Cesar Amorim e Carlos David Nassi por aceitarem

prontamente o convite para compor a Banca Examinadora do meu trabalho.

Aos colegas de mestrado, Cynthia, Swellen, Jefferson, Priscila, Rossana, Diego,

Adriana, Fredy, Iran, Wagna, Virlene, Denny, Gabriela, Denise, Katia, Bill, Bianca,

Maria Helena, Pedro, Leonardo e todos os demais, que agora já são amigos e

poderão contar comigo durante a vida toda.

Aos colaboradores da PGT, especialmente ao Sgt. Oazem pela presteza

demonstrada, pois, por exemplo, mesmo estando em casa de férias, me ajudou por

e-mail.

À Secretaria de Estado de Transportes do Rio de Janeiro, por todo o apoio, dado

ao meu estudo e ao desenvolvimento deste trabalho, em especial aos meus chefes

Delmo Pinho, Waldir Peres e Sergio Marcolini; agradeço também aos Colegas

Sérgio Luiz Muros da Silveira, Newton Leão Duarte, Henrique Futuro, José Luiz

David e Ronaldo de Abreu Sertã. Todos muito me ensinaram sobre o mundo dos

transportes e sobre o funcionalismo público, ensinamentos que também usei de

base na elaboração deste trabalho.

6

À Concessionária SuperVia, pela colaboração fornecendo informações sobre a

operação dos trens na fase de coleta de dados, em especial à Sônia Antunes e

Pedro Souza.

7

“Quem tem luz exterior caminha sem tropeçar, quem tem luz interior caminha sem medo de viver.”

AUGUSTO CURY

8

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................ 14

LISTA DE TABELAS ......................................................................................... 17

LISTA DE SIGLAS ............................................................................................ 19

1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 22

1.1 Considerações Iniciais ..................................................................... 22

1.2 Objetivo ............................................................................................ 25

1.3 Justificativa........................................................................................ 25

1.4 Estrutura da Dissertação................................................................... 26

2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................ 28

2.1 Considerações Iniciais...................................................................... 28

2.2 Políticas Públicas de Transporte e o Ordenamento do Espaço

Urbano...............................................................................................

..........

31

2.3 Modelos de Desenvolvimento Urbano.............................................. 32

2.4 DOT Como Ferramenta de Planejamento e Desenvolvimento

Urbano...............................................................................................

.........

34

2.5 Conceitos Gerais sobre DOT............................................................

DOT......................................................................

37

2.5.1 Chisholm (2002)................................................................................ 38

2.5.2 Dragutescu (2006)............................................................................ 38

2.5.3 Renne (2009).................................................................................... 39

2.5.4 Macedo (2010).................................................................................. 40

2.5.5 Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbano (2010) 42

2.5.6 Reconnecting America (2011)........................................................... 43

2.5.7 Fernandes (2011).............................................................................. 44

2.5.8 Walter (2001)..................................................................................... 46

2.5.9 Marcolini (2012)................................................................................. 48

9

2.5.10 Embarq Brasil (2014) hoje WRI Brasil Cidades Sustentáveis........... 49

2.5.11 Institute for Transportation & Development Policy – ITDP (2014)…. 51

2.5.12 Singh, Lukman, He, Flacke, Zuidgeest e Maarseveen (2015)……... 53

2.5.13 Suzuki, Murakami, Hong e Tamayose (2015)................................... 54

2.6 Experiências em programas e Projetos DOT.................................... 56

2.6.1 Estados Unidos................................................................................. 56

2.6.1.1 New Haven – Connecticut ……………………………………............. 56

2.6.1.2 Arlington – Virgínia……………………………….……………………... 57

2.6.1.3 Estado da Califórnia …………………………………………............... 58

2.6.1.4 Estado de Nova Jersey …………………………………………........... 59

2.6.1.5 Boston – Massachusetts ………………………………………............ 61

2.6.1.6 Dallas – Texas ………………………………………………………….. 62

2.6.2 Europa …………………………………………………………………… 63

2.6.2.1 Estocolmo – Suécia …………………………………………………….. 63

2.6.3 Ásia………………………………………………………………..…….... 64

2.6.3.1 Singapura ……………………………………………………….……..... 64

2.6.3.2 Xangai – China ………………………………………………….…........ 65

2.6.3.3 Tóquio – Japão …………………………………………………………. 66

2.6.4 Oceania …………………………………………………………….……. 68

2.6.4.1 Austrália …………………………………………………………………. 68

2.6.5 América do Sul ………………………………………………………….. 70

2.6.6 Medidas DOT Identificadas nos Diferentes Países .......................... 71

2.6.7 Considerações sobre os Projetos de DOT Estudados...................... 72

2.7 Medidas, Fatores e Variáveis DOT .................................................. 74

2.8 Considerações sobre o Capítulo....................................................... 76

3 DEFINIÇÃO DO CONJUNTO DE INDICADORES PARATOMADA

DE DECISÃO...................................................................................... 78

3.1 Definição dos Indicadores................................................................. 78

3.1.1 Grupo de Atores .............................................................................. 78

10

3.1.2 Indicadores e Variáveis..................................................................... 80

3.1.2.1 Capacidade do Sistema de Transporte Coletivo .............................. 82

3.1.2.2 Capacidade da Estação.................................................................... 83

3.1.2.3 Demanda da Estação........................................................................ 84

3.1.2.4 Headway ou Frequência do Sistema de Transporte Coletivo no

Pico................................................................................................... 85

3.1.2.5 Integração Física .............................................................................. 86

3.1.2.6 Qualidade das Calçadas .................................................................. 86

3.1.2.7 Existência e Qualidade dos Estacionamentos, Ciclovias e

Ciclofaixas......................................................................................... 88

3.1.2.8 Densidade de Intersecções ou Tamanho dos Quarteirões............... 88

3.1.2.9 Segurança no Trânsito...................................................................... 89

3.1.2.10 Sensação de Segurança – Seguridade............................................ 90

3.1.2.11 Diversidade de Renda....................................................................... 90

3.1.2.12 Diversidade de Tamanhos das Famílias........................................... 91

3.1.2.13 Diversidade do uso do Solo.............................................................. 92

3.1.2.14 Densidade Populacional e Densidades de Empregos...................... 93

3.1.2.15 Vazios Urbanos................................................................................. 93

3.1.2.16 Empreendimentos Imobiliários Lançados......................................... 95

3.1.2.17 Zoneamento...................................................................................... 97

3.1.2.18 Possibilidade de Adensamento......................................................... 98

4 DEFINIÇÃO DAS TÉCNICAS DA METODOLOGIA........................ 101

4.1 Ferramentas de apoio à Tomada de Decisão.................................. 101

4.2 Análise Multicritério........................................................................... 102

4.3 Métodos e Técnicas Multicritérios.................................................... 106

4.4 Métodos e Técnicas de Decisão Difusos.......................................... 107

4.4.1 Fuzzy Topsis..................................................................................... 108

4.4.2 Fuzzy Saw – Fsaw............................................................................ 109

4.4.3 Redes Neuro-Fuzzy.......................................................................... 110

11

4.5 Definição das Técnicas..................................................................... 111

4.6 Complementação do Referencial Teórico sobre Redes

Neuro-Fuzzy e AHP.......................................................................... 112

4.6.1 Redes Artificiais Neuro-Fuzzy........................................................... 112

4.6.1.1 Redes Neurais Artificiais................................................................... 114

4.6.1.2 Teoria Fuzzy...................................................................................... 116

4.6.1.3 Variáveis Linguísticas....................................................................... 120

4.6.1.4 Fuzzyficação..................................................................................... 125

4.6.1.5 Inferência Fuzzy................................................................................ 127

4.6.1.6 Defuzzyficação.................................................................................. 128

4.6.2 AHP Analytic Hierarcly Process........................................................ 130

4.7 Considerações sobre o capítulo........................................................ 134

5 METODOLOGIA PARA ESCOLHA DE ESTAÇÕES ...................... 135

5.1 Estrutura da Metodologia.................................................................. 135

5.1.1 Etapa 1: Reconhecer as Necessidades e Definir o Corredor a ser

Estudado........................................................................................... 137

5.1.2 Etapa 2: Definir os Atores................................................................. 138

5.1.3 Etapa 3: Definir os Indicadores e as Respectivas Variáveis ............ 139

5.1.4 Etapa 4: Coletar os Dados das Variáveis......................................... 140

5.1.4.1 Capacidade do Sistema de Transporte Coletivo............................... 141

5.1.4.2 Capacidade da Estação.................................................................... 142

5.1.4.3 Demanda da Estação....................................................................... 142

5.1.4.4 Headway........................................................................................... 143

5.1.4.5 Integração Física.............................................................................. 143

5.1.4.6 Qualidade das Calçadas................................................................... 144

5.1.4.7 Existência e Qualidade dos Estacionamentos, Ciclovias e

Ciclofaixas......................................................................................... 145

5.1.4.8 Densidade de Intersecções ou Tamanho dos Quarteirões............... 146

5.1.4.9 Segurança no Trânsito...................................................................... 147

12

5.1.4.10 Sensação de Segurança – Seguridade............................................ 148

5.1.4.11 Diversidade do Uso do Solo, Renda Média e Tamanho das

Famílias............................................................................................. 149

5.1.4.12 Densidade Populacional e Densidade de Empregos........................ 150

5.1.4.13 Vazios Urbanos................................................................................. 151

5.1.4.14 Empreendimentos Imobiliários Lançados......................................... 152

5.1.4.15 Zoneamento...................................................................................... 153

5.1.4.16 Possibilidade de Adensamento......................................................... 154

5.1.5 Etapa 5: Definir os Valores dos Indicadores..................................... 155

5.1.5.1 Conversão das Variáveis DOT em Variáveis de Entrada Fuzzy....... 156

5.1.5.2 Definição da Rede Neuro-Fuzzy e das Variáveis de Saída.............. 158

5.1.6 Etapa 6: Definir os Pesos dos Indicadores a Partir das Análises

dos Atores......................................................................................... 162

5.1.7 Etapa 7: Hierarquização das Estações e Análise dos Resultados 163

6 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA.................................................. 165

6.1 Etapa 1: Reconhecer as Necessidades e Definir as Estações a

Serem Estudadas.............................................................................. 165

6.1.1 Justificativa........................................................................................ 166

6.2 Etapa 2: Definir os Atores que estão envolvidos no Processo

Decisório........................................................................................... 168

6.3 Etapa 3: Definir os Indicadores e as Respectivas Variáveis ............ 169

6.4 Etapa 4: Coletar os Dados das Variáveis......................................... 170

6.5 Etapa 5: Definir os Valores dos Indicadores..................................... 171

6.6 Etapa 6: Definir os Pesos dos Indicadores a partir das Análises

dos Atores......................................................................................... 177

6.7 Etapa 7: Hierarquização das Estações e Análise dos Resultados 179

6.8 Considerações sobre o Capítulo....................................................... 180

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................... 181

13

7.1 Conclusões........................................................................................ 181

7.2 Recomendações para a Continuidade dos Trabalhos nesta Área

de Estudo.......................................................................................... 183

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................ 185

9 APÊNDICES .................................................................................... 198

9.1 Apêndice 1........................................................................................ 199

9.2 Apêndice 2 ....................................................................................... 201

9.3 Apêndice 3........................................................................................ 204

9.4 Apêndice 4........................................................................................ 205

14

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG.1.1 Benefícios indiretos da aplicação da Metodologia.......................... 26

FIG 2.1 Relação Transporte e Uso do Solo................................................. 28

FIG 2.2 Principais Temas Relacionados à Mobilidade................................. 29

FIG 2.3 Cadastro Territorial de Conservação e Limpeza – TPCL................ 42

FIG 2.4 Configuração típica do Desenvolvimento Orientado ao Transporte 43

FIG 2.5 Síntese das vantagens e limitações da implementação do DOT.... 45

FIG 2.6 Síntese dos custos e benefícios da implementação do DOT.......... 45

FIG 2.7 Combinações de variáveis para simulações DOT para o Grande

Porto................................................................................................ 46

FIG 2.8 Elementos DOT............................................................................... 52

FIG 2.9 Medidas ligadas ao conceito de DOT, utilizadas em diferentes

países.............................................................................................. 71

FIG 2.10 Relação de Autores com as Medidas DOT..................................... 74

FIG 2.11 Relação de Autores com os Fatores DOT....................................... 75

FIG 2.12 Relação de Autores com as variáveis DOT..................................... 75

FIG 3.1 Agrupamento de Fatores................................................................. 79

FIG 3.2 Atores do Processo Decisório do DOT ........................................... 79

FIG 3.3 Agrupamento de Medidas............................................................... 81

FIG 3.4 Definição dos Indicadores e Respectivas Variáveis........................ 82

FIG 3.5 Definição de Vazios Urbanos.......................................................... 94

FIG 3.6 Categorização de Imóveis Subutilizados e Vazios Urbanos........... 95

FIG 3.7 Comparativo do Total de Unidades Lançadas no Rio de Janeiro

em 2008 e 2009............................................................................... 96

FIG 3.8 Unidades residenciais e comerciais dentro do universo da

Pesquisa ADEMI............................................................................. 96

FIG 3.9 Configurações de Aproveitamento do Terreno de acordo com a

IAT................................................................................................... 98

FIG 3.10 Índices de Aproveitamento do Terreno........................................... 99

FIG 3.11 Possibilidades de Aproveitamento do Terreno de acordo com o

15

Gabarito........................................................................................... 99

FIG 4.1 Exemplo de Sistema Híbrido Incorporado....................................... 113

FIG 4.2 Exemplo de Arquitetura de uma Rede Neuro-Fuzzy ...................... 113

FIG 4.3 Neurônio de McCulloch e Pitts........................................................ 115

FIG 4.4 Exemplos de Arquiteturas de RNAs................................................ 116

FIG 4.5 Comparação entre Teorias.............................................................. 118

FIG 4.6 Exemplo de Função de Pertinência – Variável Linguística “Nível

de Degradação”............................................................................... 119

FIG 4.7 Exemplo de Variável Linguística e Atribuições de Valores

Numéricos....................................................................................... 121

FIG 4.8 Funções de Pertinência para a Variável Temperatura.................... 121

FIG 4.9 Exemplo de Função de Pertinência Triangular............................... 122

FIG 4.10 Exemplo de Função de Pertinência Trapezoidal............................. 122

FIG 4.11 Exemplo de Função de Pertinência Gaussiana.............................. 123

FIG 4.12 Sistema Lógico Fuzzy..................................................................... 123

FIG 4.13 Modelo Resumido de Raciocínio Fuzzy I........................................ 124

FIG 4.14 Modelo Resumido de Raciocínio Fuzzy II....................................... 124

FIG 4.15 Funções de Pertinência................................................................... 126

FIG 4.16 Exemplo de Estrutura de Inferência Fuzzy...................................... 127

FIG 4.17 Modelo de Estrutura AHP................................................................ 130

FIG 4.18 Matriz Quadrada de Comparação Linha/Coluna............................. 131

FIG 4.19 Escala de Comparação de Critério.................................................. 132

FIG 5.1 Estrutura da Metodologia................................................................ 136

FIG 5.2 Sequência Lógica da Metodologia.................................................. 136

FIG 5.3 Atores do Processo Decisório do DOT............................................ 138

FIG 5.4 Exemplo de Coleta de Dados sobre as Condições das Calçadas.. 144

FIG 5.5 Exemplo de Análise por Mapas sobre o Número dos Quarteirões. 147

FIG 5.6 Mapa de Análise sobre Diversidade no Entorno da Estação X....... 150

FIG. 5.7 Exemplo de Vazio Urbano no Entorno da Estação X ..................... 152

FIG 5.8 Mapa de Análise sobre Vazios Urbanos no Entorno da Estação X 152

FIG 5.9 Zoneamento do Entorno da Estação X .......................................... 154

FIG 5.10 Características Gráficas das Variáveis de Entrada Fuzzy.............. 157

FIG 5.11 RNA para se obter os Indicadores.................................................. 159

16

FIG 5.12 Estrutura Hierárquica....................................................................... 162

FIG 5.13 Trecho Questionário Proposto......................................................... 163

FIG 6.1 Principais Áreas Olímpicas e Sistemas de Transporte................... 166

FIG 6.2 Mapa Esquemático do Sistema de Trens Urbanos da RMRJ......... 167

FIG 6.3 Mapa com a Localização das Estações.......................................... 168

FIG 6.4 Atores Definidos para Aplicação da Metodologia............................ 169

FIG 6.5 Opinião do Especialista – Mercado Imobiliário................................ 178

FIG 6.6 Opinião do Especialista – Sociedade Civil Organizada................... 178

FIG 6.7 Opinião do Especialista – Sistema de Transporte Coletivo............. 178

17

LISTA DE TABELAS

TAB 2.1 Indicadores de Ocupação Urbana................................................... 34

TAB 2.2 Tarefas que precederam a implementação do Network City......... 70

TAB 4.1 Escala de Comparação de Critérios proposta por Saaty.................. 131

TAB 4.2 Índice Randômico............................................................................. 134

TAB 4.3 Valores de RC para analisar a Consistência.................................... 134

TAB 5.1 Relação de Indicadores e Variáveis DOT......................................... 140

TAB 5.2 Relação entre as Variáveis DOT e respectivas formas de medi-las 140

TAB 5.3 Capacidade das Estações................................................................ 142

TAB 5.4 Headway por Trecho......................................................................... 143

TAB. 5.5 Forma de Classificação das Integrações Físicas.............................. 144

TAB 5.6 Forma de Classificação das Calçadas.............................................. 145

TAB 5.7 Forma de Classificação das Ciclovias, Ciclofaixas e

Estacionamentos............................................................................... 146

TAB 5.8 Forma de Classificação das Vias Paralelas às Saídas e Entradas

das Estações..................................................................................... 148

TAB 5.9 Forma de Classificação das Vias...................................................... 149

TAB 5.10 Classificação do Uso do Solo, Renda Média e Tamanho das

Famílias............................................................................................. 149

TAB 5.11 Índice de Entropia – Renda Estação X ............................................ 150

TAB 5.12 Classificação das Áreas para cálculo dos Vazios Urbanos.............. 154

TAB 5.13 Valores da Variável 1........................................................................ 157

TAB 5.14 Dados de Entrada do Neurônio 1...................................................... 158

TAB 5.15 Entrada dos Dados do Neurônio 1 – Indicador 1 por estação.......... 161

TAB 5.16 Inferência do Neurônio 1 – Estação X.............................................. 161

TAB 6.1 Relação das Estações da Aplicação................................................. 165

TAB 6.2 Variáveis Consideradas na Aplicação............................................... 170

TAB 6.3 Agrupamento dos Valores de Entrada – Crisp.................................. 171

TAB 6.4 Dados de Entrada do Neurônio 1 – Indicador 1................................ 172

TAB 6.5 Dados de Entrada do Neurônio 2 – Indicador 2................................ 173

TAB 6.6 Dados de Entrada do Neurônio 3 – Indicador 3................................ 174

18

TAB 6.7 Dados de Entrada do Neurônio 4 – Indicador 4................................ 175

TAB 6.8 Exemplo de Normalização dos Dados de Entrada........................... 175

TAB 6.9 Entradas Agregadas – Exemplo Estação Maracanã ....................... 176

TAB 6.10 Entradas Agregadas – Estação Maracanã II.................................... 176

TAB 6.11 Valores dos Indicadores para cada Estação..................................... 177

TAB 6.12 Valores dos Pesos dos Indicadores para cada Estação................... 179

TAB 6.13 Valores Finais das Estações............................................................. 179

TAB 6.14 Ordem Prioridade.............................................................................. 180

19

LISTA DE SIGLAS

ADEMI Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário.

AHP Analytic Hierarchy Process

BRT Bus Rapid Transit

DOT Desenvolvimento Orientado ao Transporte

DOTS Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável

ITDP Institute of Transportation & Development Policy

LVC Land Value Capture

MCDM Multicriteria Decision Making MCDM

MCDA Multicriteria Decision Aid

PO Pesquisa Operacional

RMRJ Região Metropolitana do Rio de Janeiro

RNA Redes Neurais Artificiais

TCQSM Transit Capacity and Quality of Service Manual

VMT Vehicle Miles Traveled

20

RESUMO

Nesta dissertação propõe-se uma metodologia para definição da ordem de prioridade de estações de média e alta capacidade onde poderão ser realizadas intervenções aplicando os conceitos do Desenvolvimento Orientado ao Transporte (DOT), uma vez que o uso de ferramentas de reestruturação urbana aplicada aos planos estratégicos dos sistemas de transporte e uso do solo tem aumentado cada vez mais e se tornado essencial para o crescimento ordenado das cidades e que a melhoria da mobilidade passa, necessariamente, pela recuperação do tecido urbano no entorno dos corredores de média e alta capacidade.

Para o desenvolvimento da metodologia foi realizada uma revisão de literatura sobre medidas e fatores relacionados ao DOT. A partir dessa revisão foram, então, definidos indicadores e suas respectivas variáveis, que foram utilizados na metodologia como base para definição da ordem de prioridade de estações para implantação de DOT.

A metodologia compreende o uso das técnicas de apoio à tomada de decisão como Redes Neuro-Fuzzy na quantificação dos indicadores e método de Análise Hierárquica para avaliação desses indicadores por especialistas.

Para melhor entendimento da metodologia e para sua consolidação, as estações olímpicas do sistema de transporte ferroviário da Rede Metropolitana do Rio de Janeiro foram consideradas como objetos da aplicação do presente estudo.

21

ABSTRACT

This thesis proposes a methodology for defining the priority order for average and high capacity stations where interventions can be carried out by applying the concepts of Transportation Oriented Development (TOD), since the use of urban restructuring tools applied to plans strategic transportation systems and land use has increased more and more and become essential to the orderly growth of cities and the improvement of mobility necessarily involves the recovery of the urban fabric around the corridors of medium and high capacity.

For the development of the methodology was carried out a literature review of measures and factors related to TOD. From this review, indicators and its respective variables were defined, that were utilized throughout the methodology as basis for setting the order of priority of stations and for the TOD implementation.

The methodology includes the use of techniques to support decision-making as Neuro-Fuzzy in the quantification of indicators and Analytic Hierarchy Process (AHP) for their evaluation made by specialists.

For a better understanding of the methodology and its consolidating, the Olympic Stations of the railway system in the metropolitan region of Rio de Janeiro were considered as objects of application of this study.

22

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O uso de ferramentas de reestruturação urbana aplicada aos planos estratégicos

dos sistemas de transporte e mobilidade tem aumentado cada vez mais e se tornado

essencial para o crescimento ordenado das cidades, não só no Brasil como no resto

do mundo. É demandado pelo ritmo crescente da ocupação dos espaços urbanos,

do adensamento populacional e, por consequência, dos grandes congestionamentos

causados, muitas vezes, por falta de planejamento, tanto dos planos de uso e

ocupação do solo, quanto dos de transporte. Também no caso do Brasil, tem-se uso

excessivo do modo de transporte individual motorizado, acentuado após a década

de 50, fechando o ano de 2015 com mais de 49,8 milhões de automóveis e 20,2

milhões de motos, de acordo com o Denatran (2015), que somados representam

aproximadamente 77,23% da frota total.

Em busca de tornar as cidades mais sustentáveis, em função do crescimento

evidenciado do modo de transporte individual motorizado e da migração da

população para os centros urbanos, são realizados vultosos investimentos em

construção civil e em infraestrutura viária. Entretanto, sabe-se que não importa o

número de vias construídas, elas sempre atingirão sua capacidade máxima, uma

vez que sua construção é um incentivo para a aquisição de novos veículos

individuais.

Todavia, existe a necessidade de que processos de planejamento de sistemas de

transporte mais sustentáveis, bem como de reestruturação do uso e ocupação do

solo, sejam considerados como apoio aos planos diretores, de modo a induzir o uso

dos sistemas de transporte público de média e alta capacidade, bem como facilitar o

uso dos modos de transporte ativos, como a pé e por bicicleta, amenizando os

problemas ligados à mobilidade nos grandes centros urbanos. A necessidade da

23

aplicação desses instrumentos é alicerçada pela Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de

2012, que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, que

orienta os municípios a elaborarem seus planos e estabelece como prioridade o

transporte coletivo, público e não motorizado.

De acordo com Ferraz e Torres (2004), nas grandes metrópoles é comum uma

grande parte das viagens por transporte público serem realizadas por metrô, pré-

metrô e ônibus articulados ou biarticulados, em faixas segregadas, características do

sistema Bus Rapid Transit - BRT, e extensa rede de vias expressas.

Segundo Lerner (2009), historicamente, a maioria das cidades cresceu de forma

desordenada, o transporte acompanhou essa característica e hoje temos um

intrincado de vias, que compromete a mobilidade urbana. O transporte público por

sua vez, opera nesse emaranhado de linhas, comprometendo os custos e o tempo

gasto nas viagens. Quem paga por isso são os cidadãos, que se locomovem

diariamente de suas casas até seus destinos como, trabalho, escola, hospitais, entre

outros. Sendo assim, fica evidente a importância de um bom planejamento do

sistema de transporte coletivo, de forma a minimizar os impactos desse cenário.

Logo, entende-se que a melhoria desse cenário passa, necessariamente, pela

recuperação do tecido urbano no entorno dos corredores de média e alta

capacidade, fazendo uso de aplicações de instrumento de planejamento, como por

exemplo, o chamado Desenvolvimento Orientado ao Transporte - DOT, do inglês

Transit-Oriented Development - TOD, de modo que a gestão da mobilidade, da

segurança e da acessibilidade concorra para a modelagem de projetos de

reestruturação urbana, norteando políticas públicas de transporte.

De acordo com Fernandes (2011) a literatura que aborda o DOT é bastante

recente, tendo surgido por volta dos anos 1990, mas os princípios desse conceito

são bem mais antigos. Com base na literatura disponível, a definição de DOT não se

apresenta consensual, assumindo diferentes contornos entre autores. Alguns

padrões de ocupação definidas no séc. XIX já apresentavam algumas características

de DOT tal como é entendido atualmente, isto é, a existência de usos mistos num

24

núcleo comercial próximo de uma estação ferroviária, rodeado de áreas residenciais

e espaços de utilização pública (Hopper, 2007 apud Fernandes 2011).

Ainda de acordo com Fernandes (2011), as interpretações atuais de DOT

remontam às considerações de Peter Calthorpe (1995), sobre um centro misto de

elevadas densidades residenciais, de comércio e de serviços, cujo núcleo,

verticalmente integrado e no qual existe uma estação, é facilmente acessível a partir

das áreas residenciais próximas (Nelson, 2001 apud Fernandes 2011).

No que tange aos modos de transporte, de acordo com os conceitos de DOT,

Cervero (2005), por exemplo, aponta a integração entre os modos de transporte

público e o uso e ocupação do solo por meio do planejamento de áreas urbanas no

entorno das estações, bem como dos terminais intermodais, provendo-os de

infraestrutura adequada como calçadas e ciclovias, uso misto do solo como

residências e centros comerciais, de modo a privilegiar o uso do transporte coletivo,

e não motorizado, reduzindo, assim, a utilização do automóvel individual, tornando

amigável a relação do pedestre com o sistema viário. Esse procedimento cria uma

cidade ambientalmente sustentável, com maior eficiência energética e menores

índices de poluição atmosférica.

Campos (2006) afirma que houve um significativo aumento dos níveis atuais de

sustentabilidade em algumas cidades europeias onde ferramentas de planejamento,

tal como DOT, foram desenvolvidas, contribuindo com o incremento da mobilidade

urbana sustentável e o desenvolvimento planejado da reestruturação do uso e

ocupação do solo.

Dessa forma, entende-se que a reestruturação das áreas no entorno das

estações é uma ação que pode aumentar a demanda pelo sistema de transporte

público e até mesmo aumentar a qualidade de vida da população que vive nos

arredores dessas estações. Para tanto, propõe-se neste estudo, a elaborar uma

metodologia de classificação de estações baseada em elementos do conceito de

DOT.

25

1.2 OBJETIVO

O objetivo desta dissertação é elaborar uma metodologia para definição da

ordem de prioridade de estações de média e alta capacidade onde poderão ser

realizadas intervenções aplicando os conceitos do Desenvolvimento Orientado ao

Transporte – DOT, do inglês Transit-Oriented Development - TOD, de modo a

contribuir com o planejamento de transporte e com o uso e a ocupação do solo

urbano.

1.3 JUSTIFICATIVA

O trabalho se justifica tanto pela relevância do tema, como pela necessidade de

se estabelecer prioridades em função dos recursos disponíveis no que se refere a

planejamento urbano para transporte sustentável. Destaca a importância da

elaboração de uma metodologia para definição da ordem de prioridade de estações

de média e alta capacidade onde poderão ser realizadas intervenções aplicando-se

os conceitos do Desenvolvimento Orientado ao Transporte – DOT. Esses conceitos

por sua vez, são essenciais para o planejamento urbano, além de servirem como

instrumento de apoio a entidades acadêmicas e órgãos do governo para a

elaboração de planos e programas de mitigação de problemas ligados à mobilidade

urbana.

Além disso, considerando-se os conceitos do DOT, de acordo com Cervero

(2004), o objetivo direto da sua aplicação é aumentar a taxa de viagens no sistema

de transporte público coletivo.

Na FIG. 1.1, estão resumidamente destacados alguns dos benefícios indiretos

da aplicação da metodologia a ser elaborada na presente dissertação.

26

Redução do consumo de combustíveis

Redução da Poluição Atmosférica e Sonora

Aumento da qualidade de vida dos Usuários dos Sistemas

Melhor Acessibilidade

Melhoria da Mobilidade Urbana

Redução de Acidentes de Trânsito

FIG 1.1. Benefícios indiretos da aplicação da Metodologia

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Para atingir o objetivo mencionado, a presente dissertação foi estruturada da

seguinte forma:

Capítulo 1 – Introdução: Neste capítulo são apresentadas as considerações

iniciais, seguidas do objetivo do estudo e sua justificativa, além da estrutura da

dissertação.

Capítulo 2 – Revisão da Literatura: Este capítulo apresenta uma revisão

bibliográfica sobre os principais assuntos que permeiam o tema da presente

dissertação, focando nos conceitos de Desenvolvimento Orientado ao Transporte

(DOT), bem como, por meio de referencial teórico, a identificação de elementos

comuns em projetos de DOT em países dos EUA, Europa, Ásia e América Latina.

Dessa forma, são agrupadas as Medidas e Variáveis, consideradas em outros

projetos, bem como os Fatores considerados relevantes.

Capítulo 3 – Definição do conjunto dos indicadores para tomada de decisão

nos projetos DOT: Neste capítulo define-se o conjunto de indicadores e variáveis

para tomada de decisão quanto à aplicação do DOT. O conjunto de indicadores

deverá servir de base para a construção de um modelo. Para isso, agrupam-se os

conceitos identificados no Capítulo 2, bem como se apresenta uma proposta de

forma de coleta de dados.

27

Capítulo 4 – Definição das Técnicas: Neste capítulo buscam-se técnicas que

possam contribuir para a construção da metodologia proposta no tratamento dos

indicadores e que auxiliem os tomadores de decisão na escolha das estações.

Descrevem-se as técnicas de análise multicritérios para apoio à decisão, que

poderão ser utilizadas na determinação dos indicadores e na hierarquização das

estações. Definida a técnica, ela fará parte da metodologia.

Capítulo 5 – Metodologia para hierarquização das estações para

implantação de DOT: Este capítulo apresenta a proposta de metodologia que

poderá auxiliar os tomadores de decisão para a escolha da estação de transporte a

ser beneficiada com a implantação de projeto pautado nos conceitos definidos pelo

DOT.

Capítulo 6– Aplicação da Metodologia: Neste capítulo apresenta-se uma

aplicação da Metodologia proposta, visando a obter uma ordem hierárquica das

estações para a implantação de projetos de DOT, seguindo cada Etapa definida no

Capítulo 5.

Capítulo 7 - Conclusões e Recomendações: Neste capítulo são apresentadas

as conclusões do trabalho e as recomendações e sugestões para estudos futuros.

28

Impactos do uso do solo sobre o

transporte

Impactos do transporte sobre

o uso do solo

Demanda de viagens

Demanda de ocupação

2 REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo apresenta-se uma revisão sobre conceitos relacionados ao

desenvolvimento urbano e principalmente, sobre DOT- Desenvolvimento Orientado

ao Transporte, destacando-se as medidas, variáveis e fatores relacionados a esse

conceito, bem como a identificação de elementos comuns em projetos de DOT em

países dos EUA, Europa, Ásia e América Latina, que juntos poderão servir de base

para a elaboração da metodologia que tem por objetivo definir a ordem de prioridade

de estações de média e alta capacidade onde poderão ser realizadas intervenções

aplicando-se os conceitos DOT.

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Segundo Campos e Melo (2005), uma premissa básica do planejamento dos

transportes é a de que usos diferentes do solo geram padrões de viagens diferentes.

Se as viagens urbanas se fazem por meio do sistema viário urbano, então este

também deve ser vinculado ao tipo de ocupação que ele serve. Essa relação entre

Transporte e Uso do Solo pode ser exemplificada no diagrama da FIG.2.1.

FIG. 2.1: Relação Transporte e Uso do Solo Fonte: Adaptado de Campos e Melo, 2005.

29

O Ministério das Cidades (2015) aponta que existem desafios para a

implementação da Política de Mobilidade articulada com a Política de

Desenvolvimento Urbano. Na FIG. 2.2 são apresentados três dos principais temas

focados na mobilidade urbana, discutidos na Lei nº 12.587, de 03 de janeiro de

2012.

FIG. 2.2: Principais Temas Relacionados à Mobilidade Fonte: Adaptado do Ministério das Cidades, 2012.

Dessa forma, nota-se que existe uma preocupação com o planejamento urbano,

concomitantemente com os planos e políticas de transporte, bem como com a

sustentabilidade nas políticas urbanas. Os sistemas de transporte podem ser

considerados como indutores do desenvolvimento urbano, entretanto, de acordo

com Neto (2011), no que diz respeito à operação, muitas vezes o foco é exclusivo no

aumento de demanda, não convergindo para o planejamento urbano como um todo.

De acordo com Peñalosa (2013), em relação ao planejamento, a gestão dos

transportes difere de outros problemas de desenvolvimento que as cidades

enfrentam. Enquanto o acesso ao saneamento básico e o nível de educação,

melhoraram com o crescimento econômico e desenvolvimento social, o transporte,

por outro lado, é ainda mais demandado. Logo, a preocupação com o planejamento

adequado é maior também.

Do ponto de vista da operação, os sistemas de transportes precisam ter

equilíbrio financeiro, e dependem do aumento da demanda. Entretanto, o poder

público, como gestor do contrato das operadoras prestadoras de serviço de

transporte, nem sempre administram de forma eficaz de modo a fazer cumprir a

Mobilidade

Planejamento e Gestão

Desenvolvimento Urbano Sustentável

Transporte Público

30

operação e manter o equilíbrio econômico e financeiro do sistema como um todo

(SANTOS, 2012). Além do contexto da administração, esse equilíbrio é

comprometido pelo aumento do uso do transporte individual, que cresce

exponencialmente e que, por consequência, contribui para aumento do caos urbano,

com congestionamentos, emissão de gases e aumento de acidentes no trânsito

(KIEFER; SANCHEZ, 2011).

Em relação ao uso do solo, dentre as questões ligadas aos planos brasileiros de

habitação destaca-se, por exemplo, a localização dos empreendimentos, que muitas

vezes são construídos onde não há infraestrutura dos sistemas de transportes

públicos e do mercado de trabalho, de comércio e serviços, escolas e hospitais.

Dessa forma, agravam-se ainda mais os problemas urbanos e sociais

comprometendo a mobilidade urbana. Em relação aos Planos Diretores e à

Especulação Imobiliária, de acordo com Villaça (2005), são encontrados vários

dilemas durante a sua elaboração, pois nem sempre o setor imobiliário considera,

em suas decisões, as diretrizes do Plano Diretor, bem como os problemas urbanos a

serem solucionados.

Holtzclaw (1994) apud Campos e Melo (2005) observou, a partir de um estudo

em São Francisco-EUA, que quando as densidades residenciais, populacionais,

comerciais e de transportes público diminuem, a taxa de propriedades de veículos

aumenta, assim como o chamado Vehicle Miles Traveled per capita (VMT).

Dobrando a densidade residencial ou populacional, o VMT per capita reduziu de 20

a 30%, resultado da migração das viagens por automóvel para o não motorizado

como a caminhada, devido à adequação das vias de transporte aos pedestres, e às

pequenas distâncias de viagens.

Diante desse contexto, se faz necessário adotar instrumentos de planejamento

de uso e ocupação do solo e de transporte que possam fazer o papel de

integradores desses planos, tanto de transporte como de habitação, além de rever a

legislação de modo a aperfeiçoar o uso das áreas urbanas, diminuindo as distâncias

entre local de trabalho e residência das pessoas, sempre com foco na mobilidade,

31

revalorizando o solo no entorno de estações de transporte, reduzindo o número de

viagens por automóvel e aumentando a demanda por transporte público coletivo.

Diante dessa definição, novos instrumentos de planejamento de uso e ocupação

do solo e de transporte, ao exemplo do Modelo de Desenvolvimento Urbano

Orientado pelo Transporte, podem ser adotados com o objetivo de desenvolver

novas propostas de redesenho dos espaços urbanos a serem usados na elaboração

de novos Planos Diretores e de Políticas de Transporte Sustentável.

2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRANSPORTE E O ORDENAMENTO DO ESPAÇO

URBANO

Quando surgem perguntas a respeito de projetos de ordenamento do espaço

urbano, pensa-se, evidentemente, na elaboração de políticas públicas de transporte

e uso do solo que sejam compatíveis entre si, ou seja, que busquem atingir o

mesmo objetivo, ou que tenham projetos convergentes.

Para garantir essa convergência, faz-se necessária a comunicação entre as

instituições governamentais em diferentes setores. É preciso também considerar nos

planos diretores e na hierarquização dos projetos, a reestruturação de áreas

localizadas no entorno de estações de transportes, de modo a incrementar a

demanda por transporte público coletivo e evitar a desordem no processo de

adensamento urbano e degradação dos corredores.

De acordo com Souza e Hiwatashi (2011), os Planos Diretores e as Leis que os

referenciam, influenciam diretamente no comportamento macroeconômico das

cidades. Os sistemas de transportes urbanos impactam diretamente a sociedade,

pois promovem as relações econômicas e sociais por meio do deslocamento das

pessoas (SANTOS, 2012). Dessa forma, ferramentas de controle do uso e ocupação

do solo e infraestrutura sustentável e adequada para a instalação de comércio,

serviços e transporte público são produtos importantes de tais planos. Ainda, no que

tange aos sistemas de transportes, não há como garantir mobilidade sem

32

infraestrutura urbana adequada, ou seja, acessibilidade para pessoas de todas as

classes, com ruas asfaltadas, calçadas adequadas, sinalização, iluminação,

segurança, entre outros.

Relacionando os sistemas de transporte com o uso do solo, de acordo com

Cervero et al. (2009), em estudo realizado na cidade de Bogotá, cinco elementos

relativos ao ambiente urbano influenciam o comportamento das pessoas com

relação à escolha do modo de transporte. Esses elementos foram denominados pelo

autor como 5 D’s, e são eles: diversidade, desenho urbano, distância do transporte,

destinos acessíveis e densidade.

Ao longo das últimas décadas há um consenso sobre o paradigma do

desenvolvimento urbano sustentável que recomenda a densificação. Enfatiza-se as

vantagens da promoção de uma forma urbana mais densa como modo de induzir um

desenvolvimento mais sustentável. (PAÉZ et al, 2014). O adensamento urbano se

justifica, por exemplo, pelo ponto de vista socioeconômico e ambiental.

Os instrumentos de planejamento urbano como ferramentas para o

desenvolvimento organizado remontam ao século XX, sendo, portanto, uma

estratégia recente no cenário brasileiro. Outro tema relevante na elaboração das

políticas públicas, tratado pelo Ministério das Cidades, é que o planejamento urbano

se dê com a participação ativa da sociedade, alinhavando as reais situações e

necessidades dos habitantes e dos usuários dos serviços públicos às possibilidades

das políticas a serem implantadas. Uma coordenação afinada entre diversos órgãos

públicos também é substancial para a execução eficaz dos projetos e na elaboração

dos planos (WALTER, 2001).

2.3 MODELOS DE DESENVOLVIMENTO URBANO

Durante o século XX nos EUA, modelos de adensamento e instrumentos de

desenvolvimento e planejamento urbano foram criados de modo a mitigar o cenário

decadente do sistema ferroviário, potencializado pela ascensão do sistema

33

rodoviário após o período da Segunda Guerra e retratado mais tarde no cenário dos

países da América Latina e Central, características comuns às metrópoles e aos

centros urbanos em desenvolvimento (Suzuki, Cervero e Luchi, 2015).

O Brasil foi influenciado pela ascensão do setor rodoviário na década de 1950 e

pelos grandes investimentos em infraestrutura viária. Em relação ao espaço urbano,

de acordo com Grostein (2001) o padrão de urbanização brasileiro marcou as

metrópoles pela insustentabilidade vinculada aos processos de expansão e

transformação urbana, proporcionando baixa qualidade de vida a parcelas

significativas da população, criando um espaço dividido. De um lado a cidade formal,

que concentra a maioria dos investimentos públicos e, de outro, a cidade informal,

que cresce exponencialmente na ilegalidade urbana, sem atributos de urbanidade,

agravando as diferenças socioambientais.

Jacobs (2009) faz crítica aos planejadores modernistas dos anos 1950 e 1960,

em relação às políticas de renovação urbana, que consideraram a separação dos

usos do solo, por exemplo, áreas residenciais, industriais e comerciais,

comprometendo as comunidades e a economia por meio de criação e uso isolado do

espaço urbano. Essa crítica influenciou a discussão sobre o desenvolvimento

sustentável, a diversidade e o adensamento urbano, que fazem parte dos princípios

do Novo Urbanismo.

De acordo com Andrade Lucchese (2010) apud Domeneghini e Morando (2013),

pode-se afirmar que alguns dos princípios do Novo Urbanismo são: desenvolvimento

orientado ao pedestre, simplificando caminhos e acessos, incentivando o transporte

não motorizado; conectividade, integração entre as cidades e bairros por meio de

transporte público; uso misto do solo, de modo a otimizar os espaços, conectando a

moradia, o trabalho e a recreação, facilitando o deslocamento; diversificação das

moradias, inteirando pessoas de diferentes classes sociais e idades; qualidade do

projeto arquitetônico e urbanístico, que prevejam se a estrutura estará compatível

com a região ao longo do tempo; aumento da densidade, forma urbana compacta e

lotes menores, dado que é necessário pensar em mais pessoas em um espaço,

devido à grande demanda por habitações, espaço escasso e o aumento do custo de

34

descolamento; transporte público sustentável segregado; princípios sustentáveis,

como reutilização de águas pluviais, de resíduos e iluminação solar; qualidade de

vida, visando o bem-estar social.

Melo (2004) em seu trabalho sobre indicadores de ocupação urbana, identificou

um conjunto de itens relacionados à redução de viagens por automóvel,

caracterizada pela influência da ocupação urbana que o Novo Urbanismo defende.

Esses indicadores podem ser observados na TAB. 2.1, por autor estudado.

TAB. 2.1: Indicadores de Ocupação Urbana

Hanson Lutraq HoltzdawFrank e

Pivo

Cambridge

SystematicsCervero Levine e Torng Wadell Cubucku Kricek Rajamani METRO

(1982) (1993) (1994) (1994) (1994) (1994) (1998) (2000) (2001) (2001) (2002) (2003)

Intensidade do

uso do solo

Variedade do

uso do solo

Densidade

populacional

Número

total de

interseçõe

s locais

Densidade

residencial

Acessibilidade

Uso misto do

solo

Redes de rua

Renda

Índice de Lojas

na vizinhança

Densidade de

empregos no

serviço

Emprego

Uso do

solo

Densidade

residencial

Número de

empregos

na área

Uso Misto

do Solo

Densidade

de

empregos

bruta

Densidade

populacional

bruta

Índice de

acessibilidade

do pedestre

Índice de

acessibilidade

Acessibilidad

e de serviços

Lojas e

serviços de

conveniências

Uso Misto do

Solo

Prazer

estético

Percepção de

segurança

Nº de

diferentes

tipo de uso

do solo

dentro de

um raio

Nº de

estab.

Comerciais

dentro de

um raio

Nível de

serviço do

Transporte

Público

Índice de

acessibilida

de do

pedestre

Densidade

Residencial

Mistura Vertical

Densidade

de

interceções

População

Total

Relação

automóvel -

transporte

coletivo

Acessibilidade

do automóvel

número médio

de faixas

Velocidade

média

Densidade de

ruas

Número de

centros de

empregos

Total de

Residências

Total de

Residências

Vazias

Total de área não

residencial

Tipo de

desenvolvimento

Valor Residencial

Densidade de

interseções

% de

intersecções em

T

Densidade

residencial

líquida

Densidade

populacional

bruta

Pedestres e

ciclistas (faixas,

sinais, tamanho

da quadra)

Desenho

Populacional

Emprego

Int de uso do solo

para comercial e

residencial

Centros de

atividades

intensidade

Comercial

Prop de usos

comerciais

Ruas (padrões,

interceção,

comprimento)

Populacional

Emprego

Acesso ao

emprego

Ind

dissimilaridade

Entropia

Fonte: Melo, 2004.

2.4 DOT COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

URBANO

35

De acordo com Litman (2009) apud Marcolini (2012), devido às políticas públicas

e ao planejamento urbano de origem modernista nos últimos 50 anos, os padrões de

ocupação territorial nos subúrbios americanos eram caracterizados como de baixa

densidade, dependente do veículo individual, associado a aspirações positivas como

o sucesso econômico, liberdade, prestígio, segurança, limpeza, tranquilidade e

privacidade.

A dispersão urbana, favorecida pelo cenário supracitado, por meio de leis de

zoneamento ainda limita o adensamento e a diversidade do uso do solo, havendo

então a necessidade de investimentos em infraestrutura viária e em

estacionamentos, além da necessidade de grandes deslocamentos.

Nas últimas décadas do século XX, críticos desse modelo de desenvolvimento

urbano começaram a formular conceitos que se concentravam no adensamento e

não no então modelo espraiado, conhecido também como Sprawl1. Na década de

1990, estes conceitos começam a ser agrupados sob diferentes designações, que

apresentam pequenas variações de conteúdo ou ênfase, tais como Smart Growth e

TOD (Marcolini, 2012).

Calthorpe (1993) foi um dos defensores do Novo Urbanismo, em seu livro “The

Next American Metropolis” e crítico do modelo urbano espraiado das cidades

americanas do pós-guerra, particularmente em São Francisco-EUA. Definiu como

ideal, do ponto de vista arquitetônico, o modelo de cidades e bairros mais

agradáveis, com características de desenvolvimento urbano adensado, de uso

misto, a curta distância do centro comercial e uma parada de transporte que

pudesse ser um centro de atração regional de forma amigável ao pedestre.

De acordo com Cervero (2005), mesmo as cidades que passaram pelo novo

modernismo, com o decorrer dos anos e com o advento do DOT, assim como de

outros conceitos similares, também poderão ser resgatadas e reconstruídas.

1SPRAWL, conceito de desenho urbano caracterizado pela baixa densidade residencial, tipologia

construtiva horizontal (casas isoladas), uso exclusivamente residencial, desenho urbano de influência modernista e baixa acessibilidade ao sistema público de transportes (Marcolini, 2012).

36

A literatura que aborda o DOT é bastante recente, ou seja, meados dos anos

1990 (Marcolini, 2012), mas os princípios do conceito são mais antigos (Fernandes,

2011). Surgiu nos EUA (Cervero, 2005), onde alguns autores citam sua origem

associada ao desenvolvimento de bairros de Nova Iorque ao longo das linhas

férreas de superfície. Outros autores recuam ainda mais no tempo e admitem a

gênese do DOT associado ao transporte fluvial (Carlton, 2009 apud Fernandes

2011) e aos conceitos do Novo Urbanismo (Calthorpe, 1993).

É certo que os conceitos correlacionados ao Novo Urbanismo e ao DOT têm

muita semelhança às cidades da época anterior ao advento do automóvel e à

expansão urbana, onde os pedestres caminhavam livremente pelas calçadas e ruas

dos grandes centros urbanos.

Para Cervero (2005), os princípios do DOT são: organizar o crescimento em

nível regional, de maneira compacta e sustentável para a mobilidade; localizar os

usos comerciais, habitacionais, laborais, recreativos (parques) e cívicos, a distâncias

que se possa ir caminhando das estações do sistema de transporte (transit stops)

até eles; criar redes de vias “amistosas” para o pedestre, que conectem destinos

locais e atrativos; prover uma diversidade de moradias quanto à tipologia, densidade

e custo; preservar habitat ecologicamente frágeis e espaços abertos de grande

qualidade ambiental; fazer dos espaços públicos o foco de orientação de edifícios e

das atividades dos bairros; e promover a renovação urbana.

Segundo Cervero (2005) o DOT refere-se ao uso misto e ao adensamento

organizado de áreas em torno de uma estação de trânsito. Também prevê a

localização de instalações como serviços, emprego e habitação em torno de

estações de transporte, promovendo a utilização dos sistemas de transportes

públicos e não motorizados, de modo favorável aos pedestres.

De acordo com Jacobson (2010), o DOT é uma estratégia de planejamento que

integra o uso misto no zoneamento aliado aos investimentos de transporte público,

geralmente metropolitano de alta capacidade, em alguns casos o sistema por

37

ônibus, de modo a criar áreas tranquilas em bairros com diversidade de serviços e

moradia, em ambas as configurações, urbanas e suburbanas.

Para Suzuki, Murakami, Hong e Tamayose (2015) a definição de DOT é o uso

misto e compacto do solo, por meio de desenvolvimento organizado focado no

pedestre, com a concentração das localizações de instalações públicas, empregos,

lojas de varejo e habitações no entorno de uma estação de transporte, promovendo

o transporte não motorizado.

Campos et al. (2009) apud Mello (2015), associa o DOT a outras estratégias de

articulação do uso do solo e dos transportes, como por exemplo, incentivo a

deslocamentos de curta distância; restrições ao uso do automóvel; oferta adequada

de transporte público; tarifa adequada à demanda e à oferta do transporte público;

segurança para circulação de pedestres, ciclistas e pessoas de mobilidade reduzida;

e segurança no transporte público.

Entretanto, Fernandes (2011), em sua revisão bibliográfica afirma que, com base

na literatura disponível, a definição de DOT assume diferentes contornos entre

autores. Para o autor, o fato de não existir uma definição manifestamente

elucidativa, esse conceito surge como elemento capaz de permitir diversas

interpretações e, portanto, diversas adaptações. Neste sentido, o objetivo dos itens

2.5 e 2.6 é apresentar algumas das abordagens, consideradas por outros autores e

instituições, sobre esse tema.

2.5 CONCEITOS GERAIS SOBRE DOT

O objetivo deste item é apresentar algumas das abordagens consideradas por

outros autores e instituições, sobre os conceitos do DOT, de modo a reunir medidas

que possam ser aplicadas, bem como identificar fatores relevantes considerados em

projetos realizados.

38

2.5.1 CHISHOLM (2002)

Chisholm (2002) identificou que nos estudos de caso de Boston, Nova Jersey,

Região Metropolitana de Washington, Miami, Chicago, Dallas, Colorado, Portland, e

São Francisco, foram considerados cinco fatores importantes do DOT: fatores

políticos e institucionais; estratégias de planejamento e uso do solo; benefícios e

impactos; considerações fiscais e parcerias; e desafios de desenho urbano.

Para a elaboração dos estudos de caso, foram envolvidas organizações,

instituições e agências, por exemplo, do setor imobiliário, parceiros financeiros,

agências de planejamento e uso do solo e transporte, considerando que esses

representam grande influência nas tomadas de decisões, uma vez que decidem

sobre questões ligadas ao zoneamento urbano e a códigos de construção.

Chisholm (2002) cita ainda a afirmação de Cervero (1991) que, além da

relevância do envolvimento de setores políticos, o envolvimento da sociedade civil é

fundamental para o sucesso da implantação do DOT. Em muitos casos foram

realizadas oficinas, com variadas metodologias para discutir os projetos, entre as

quais se pode citar a Charrettes2, como também as chamadas Tasks Force.

Nos estudos de caso foram identificadas medidas como:

Densidade: 20 a 30 unidades habitacionais para cada acre residencial, ou

seja, considerando um raio de 500 a 800 metros da estação de transporte público;

Redução de estacionamentos para veículos individuais;

Aumento de estacionamentos para bicicletas.

2.5.2 DRAGUTESCU (2006)

Dragutescu (2006) realizou a revisão sobre DOT baseada em questões

relacionadas ao desenvolvimento do uso do solo e sistema de transportes com

2 Charrette é uma metodologia de oficina de planejamento intensivo e participação social por meio de

um fórum para ideias e atividades de brainstorming.

39

aplicação no sistema de transporte da Região do Porto. Destaca que ter uma visão

clara do que se quer alcançar é fundamental e ressalta que os critérios encontrados

nos estudos muitas vezes são comuns, entretanto, transformá-los em ferramentas

de planejamento é uma questão desafiadora. No estudo foram destacados os

seguintes fatores: Eficiência da Localização, Diversidade e Captura de Valor. Tais

fatores estão caracterizados adiante.

Em relação à Localização: Dragutescu destaca que por meio de ferramentas

de geoprocessamento os pesquisadores são capazes de analisar e estimar a

eficiência da localização dos projetos de DOT. Dessa forma, o autor considerou

possível a análise de variáveis como renda, tamanho das famílias, densidade

residencial, qualidade e frequência do transporte, qualidade dos ambientes para os

pedestres, características dos bairros, até mesmo o número de posses de

automóveis de acordo com a área de estudo.

Em relação à Diversidade: O autor cita que o aumento da diversidade como,

por exemplo, tipos de imóveis residenciais com valores diversificados, bem como a

diversidade do comércio e de serviços de acordo com as necessidades dos

moradores e a diversidade de escolha de transportes públicos, são fundamentais na

elaboração de estudos e projetos de DOT. Nesse âmbito destaca: o fornecimento

de opções de habitação; a expansão da mobilidade; a diversidade do comércio e

serviços.

Em relação à Captura de Valor: Segundo o autor, a Captura de Valor deve ser

um dos principais objetivos para o sucesso dos projetos de DOT. Focado nas

despesas com transporte público sobre o individual, cita que em regiões mais

densas, as pessoas gastam mais com o transporte público do que com o individual,

situação que difere das regiões mais espraiadas e dependentes do transporte

individual. Logo, o desafio não é só reduzir os gastos e a dependência do transporte

individual, mas também como capturar os valores gastos.

2.5.3 RENNE (2009)

40

De acordo com Renne (2009), o DOT se refere aos distritos residenciais e

comerciais localizados em torno de uma estação de transporte, com boas condições

de caminhada (walkability), boa gestão de estacionamento e outras características

de desenho urbano que facilitam o uso de transporte coletivo e o não motorizado,

maximizando a acessibilidade. O DOT típico tem como área central uma estação de

transporte rodeada por uma região de desenvolvimento de alta densidade, com

redução progressiva da densidade espalhando progressivamente de ¼ de milha a

meia milha, o que representa distâncias que podem ser vencidas por transporte não

motorizado, ou seja, por bicicletas e caminhada, incluindo as seguintes medidas:

Bairros projetados para favorecer o ciclista e a caminhada, com instalações e

condições adequadas;

Ruas com boa conectividade e com controle e redução das velocidades dos

veículos;

Desenvolvimento de uso misto, incluindo lojas, escolas, serviços públicos e

variedade de preços com relação à habitação dentro de cada bairro;

Gestão do Estacionamento, reduzindo o número de vagas quando

comparadas ao desenvolvimento convencional;

Transferência nas estações de forma prática confortável e segura, integrando-

a com o comércio.

Renne (2009) define que para a população reduzir o uso do automóvel e confiar

mais nos modos alternativos como caminhada, ciclismo, bem como no sistema de

transporte público, é necessário que haja um alto nível de acessibilidade local, ao

contrário do sistema atual que privilegia o automóvel e desfavorece os conceitos do

DOT, centralizados nas estações de transporte.

2.5.4 MACEDO (2010)

Macedo (2010) realizou uma análise sobre os impactos decorrentes da inserção

de estações metroviárias em áreas urbanas considerando a sistemática do DOT.

41

Conclui que, de acordo com o modelo de fluxo e estruturas de Zmitrowicz (1997), os

principais fluxos de pessoas, produtos e serviços, estão condicionados por medidas

físicas e não físicas.

As medidas físicas consistem na existência de estrutura de transporte como, por

exemplo, estações, paradas, estações intermodais, calçadas, além do próprio

espaço urbano, por meio de usos mistos, residencial e comercial, que por sua vez

geram viagens e intensificam o uso dessas estruturas, bem como intensificam o uso

e a remodelação das atividades e o adensamento, além de estimularem a

valorização do solo, entre outros benefícios. Quanto às medidas não físicas,

referem-se aos demais condicionantes não materiais que também interferem na

modelagem dos fluxos, como por exemplo, leis de zoneamento e diretrizes de uso e

ocupação do solo, que por sua vez, têm o papel de remodelar as leis e diretrizes que

atuam na área de impacto. A autora ressalta que uma estação de transporte

influencia um raio muito maior que seu entorno imediato, visto que faz parte de uma

rede maior de transporte com alcances, muitas vezes, metropolitanos.

Macedo (2010) também considerou, em seu estudo, o raio de influência imediata

de 600 e 1000 metros na demarcação geográfica utilizada na seleção das áreas de

estudo para diagnóstico das alterações urbanas. E quanto ao recorte temporal,

considerou um intervalo de cinco anos, tempo suficiente para identificar as

alterações do uso do solo, conforme sugerido por Cervero (2004), a contar da

inauguração da estação, ou então dez anos, caso trate-se do entorno de uma

estação existente.

Seguindo os conceitos do DOT, a autora considerou três principais variáveis

identificadas pelo modelo: o adensamento da área do entorno, a mistura das

atividades urbanas e o perfil dos empreendimentos imobiliários. No que se refere à

coleta de dados públicos para a análise, a autora utilizou dados dos

empreendimentos verticais em relação ao perfil de cada imóvel, ano de lançamento

no mercado e zoneamento da área onde foram implantados. Realizou também

análise da variação de áreas construídas no entorno das estações, com base no

42

cadastro TPCL (Territorial, Predial, de Conservação e Limpeza da Prefeitura de São

Paulo), conforme mostra a FIG. 2.3.

FIG. 2.3: Cadastro Territorial de Conservação e Limpeza - TPCL Fonte: Macedo, 2010.

2.5.5 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES URBANO

(2010).

Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbano (2011), a

necessidade física de deslocamento estimulou uma nova estruturação urbana

caracterizada pelo adensamento das atividades como comércio, serviços,

residências e escritórios de acordo com cada região, preparando para os cenários

futuros de forma sustentável. Essa Associação denomina esse tipo de planejamento

como DOT, caracterizando-o pelo agrupamento ou densidade de residências e

postos de trabalho, de modo compacto, com uso misto do solo, próximos ao

transporte coletivo de alta qualidade e favorecendo o pedestre e o ciclista, com

parques e ruas projetadas, conforme representado na FIG. 2.4.

43

FIG. 2.4: Configuração típica do Desenvolvimento Orientado ao Transporte

Fonte: Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano, 2011.

2.5.6 RECONNECTING AMERICA (2011)

O Reconnecting America é uma organização sem fins lucrativos que assessora

líderes cívicos e comunitários sobre problemas ligados à mobilidade e a políticas

públicas na tomada de decisão.

No trabalho chamado A National Performance Based Transit-Oriented

Development Typology, a organização apresenta tipologias do DOT como: Centro

Regional; Centro Urbano; Centro de Subúrbio; Bairro; Avenidas Principais e Centros

de Eventos Especiais, destacando as seguintes medidas: Uso Misto (comércio,

serviços, residências); Oferta de Residências Multifamiliar; Oferta de Variados Tipos

de Empregos; Escala de Conectividade de Transporte. As tipologias de DOT são

definidas de modo a nortear as estratégias de investimentos.

44

Em relação aos modos de transportes, o trabalho relaciona os raios de

abrangência da seguinte forma: meia milha para caminhada; uma milha para

bicicletas; três milhas para ônibus e veículos individuais; e cinco milhas ou mais para

sistemas de média alta capacidade. As tipologias e métricas são baseadas no

Vehicle Miles Traveled - VMT3.

Algumas das principais variáveis que influenciam o VTM são: renda familiar;

motivos de viagens (casa-trabalho); densidade (tamanho das quadras);

acessibilidade (acesso ao emprego), bem como dados do censo local; tipologia do

trânsito; e tamanho da região estudada.

2.5.7 FERNANDES (2011)

Segundo Nelson, Niles e Hibshoosh (2001) apud Fernandes (2011), o sucesso

do DOT oscila em função da dificuldade em prever as respostas dadas pelo

mercado, relativas às políticas de transporte e usos do solo implementados. Uma

das lacunas apontadas é que até o final do século XX os projetos eram realizados

de forma empírica com modelos preditivos, e não induzidos, que não eram capazes

de atestar a veracidade dos pressupostos, dos custos e dos benefícios almejados e

possíveis de serem alcançados. Nas FIGs. 2.5 e 2.6 são apresentadas,

respectivamente, as vantagens e limitações da implantação do DOT, bem como a

relação do seu custo benefício.

3O VMT é o número de milhas percorridas pelos veículos / per capita. Divide o número total de milhas

percorridas em estradas públicas por parte da população. Dentre os benefícios para redução do VTM pode-se citar: redução das emissões, formas mais ativas de transporte como o uso do transporte público e o não motorizado.

45

FIG 2.5: Síntese das vantagens e limitações da implementação do DOT

Fonte: Fernandes, 2011.

FIG. 2.6: Síntese dos custos e benefícios da implementação do DOT

Fonte: Nelson e Niles, 2006, apud Fernandes, 2011.

Em seu estudo, Fernandes faz a aplicação dos conceitos do DOT ao território do

Porto, levando em conta dois níveis de simulação. Isso resultou na obtenção de

diferentes cenários de localização DOT, que correspondeu a sucessivas integrações

46

de variáveis, como densidade populacional, estruturas de transportes e densidade

urbana, comércios e serviços e residências, conforme mostra a FIG. 2.7.

FIG. 2.7: Combinações de variáveis para simulações DOT para o Grande Porto Fonte: Fernandes, 2011.

2.5.8 WALTER (2001)

Walter (2001) em seu estudo sobre DOT na Região Metropolitana de Vancouver,

Canadá, define, com base em outros autores como Porter (1998), Bernick e Cervero

(1997), Calthorpe (1993) e o Victoria Transport Policy Institute, (2000), algumas

medidas do DOT como, por exemplo:

Transporte como Ponto Central da Comunidade, de modo a reduzir a

dependência do automóvel, organizar o ambiente urbano em escala regional e

formular políticas públicas para tal.

47

Uso Misto, incorporando vários tipos de uso como áreas residenciais,

comércio, serviços, cultura e emprego, concentrados no entorno da estação de

transporte, produzindo um ambiente agradável em área que incentive os moradores,

trabalhadores a caminhar, comprar e usar o sistema de transporte.

Adensamento, uma das principais medidas do DOT, uma vez que é uma

forma de aumentar a demanda e otimizar os sistemas de transporte público coletivo.

O autor considera como área do DOT 160 acres, situada em um raio de ¼ a milha

de raio adjacente à estação, com no mínimo 10 unidades habitacionais por acre para

projetos com tipologia bairro e 15 unidades por acre em projetos com tipologia

regiões urbanas; 25 postos de trabalho por acre; além disso, o local a ser escolhido

deve ser um onde haja chances de desenvolvimento.

Cidades desenhadas de modo favorecer o pedestre, dado que todas as

viagens começam e terminam com caminhada. O DOT é desenhado para favorecer

os pedestres construindo calçadas mais amigáveis, ruas conectadas, travessias

cobertas conectando uma estação aos centros comerciais, paisagismo, criando um

ambiente protegido contra chuva e sol.

Preservação de áreas verdes e lagos, resguardando-as em regiões próximas

das estações e dentro dos bairros, com o objetivo de proteger o meio ambiente.

Essas medidas, citadas por Walter (2001), foram identificadas nas obras de Ian

McHarg e Calthorpe (1993), quando tratam da filosofia ecológica nos bairros, que

enfatiza a forma de desenvolvimento das comunidades que reconhece a importância

fundamental da diversidade e da interdependência de sistemas mais sustentáveis.

No estudo apresentado, do ponto de vista de área de intervenção, foram

consideradas as seguintes definições de DOT: raio de ¼ de milha, com 20% de área

residencial com 15 unidades habitacionais por acre e 10% de áreas comerciais e

escritórios.

De acordo com Puget Sound Regional Council, (1999), Calthorpe, (1993),

Boarnet e Crane (1998), Porter (1998) apud Walter (2001), como fatores

48

condicionantes para o sucesso de um projeto DOT pode-se citar: apoio político;

envolvimento da sociedade no processo de decisão; apoio integrado entre governo

local e regional, agências de transporte, sociedade civil, investidores, iniciativa

privada; planejamento pró-ativo; ambiente financeiro favorável; interesse imobiliário,

existência de vazios urbanos para desenvolvimento. Dentre as variáveis e

informações utilizadas, destacam-se mapas de uso do solo e zoneamento; planos

existentes; e pesquisas e entrevistas com os envolvidos com o tema, como

planejadores da região, com o objetivo de identificar as oportunidades e possíveis

barreiras de cada região.

2.5.9 MARCOLINI (2012)

Marcolini (2012), em seu estudo sobre a influência do ambiente urbano na

geração de viagens, considerou dois modelos de ocupação urbana, sendo um deles

o DOT. A metodologia utilizada foi baseada no ITE – Institute of Transportation

Engineers (2004), que por meio de pesquisa de campo realizou contagem de todas

as entradas e saídas de veículos de cada condomínio selecionado, em cada zona de

tráfego, bem como as entradas e saídas de pessoas a pé. Para obter taxas de

viagens por outros modais, realizou aplicação de questionário com perguntas sobre

a origem/destino, motivo, modo e duração das viagens produzidas ou atraídas. Na

pesquisa o autor utilizou as seguintes características de cada zona de tráfego:

renda, densidade, uso do solo, acessibilidade, tipologia, desenho urbano, além do

modelo pelo qual a zona se caracterizava.

Para o autor, as denominações dos modelos de adensamento variam de acordo com

o meio geográfico em que estes conceitos são aplicados. Caracterizou DOT como:

regiões com maiores densidades; com padrão de crescimento intraurbano; com

escala humana, quadras e ruas pequenas e medidas de traffic calming; com

diversidade de serviços públicos acessíveis aos pedestres; oferta de transporte

multimodal com conectividade e com um processo de planejamento coordenado por

uma autoridade governamental.

49

2.5.10 EMBARQ BRASIL (2014)4 HOJE WRI BRASIL CIDADES SUSTENTÁVEIS

A Embarq Brasil (2014) traduz e complementa o conceito de TOD com DOTS

(Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável) e cita sete elementos

considerados chave, que são descritos, resumidamente, a seguir:

Transporte público de qualidade: frequência e acesso ao transporte público

com distância máxima de 1.000 metros a pé, 15 minutos de caminhada ou 5

minutos de bicicleta e Infraestrutura para o transporte público com vias de

qualidade.

Mobilidade não motorizada: continuidade do traçado viário, da rede de

ciclovias e de calçadas conectados com a cidade; redes para pedestres e

ciclistas, rotas de passeios públicos e ciclovias entre bairros ligadas aos

centros de interesses; traçado viário de alta conectividade, com quadras de

no máximo 250 metros; ciclovias com tráfego segregado no nível da via;

estacionamentos para bicicletas nos prédios comerciais e unidades

habitacionais; calçadas adequadas de modo a garantir o fluxo de pedestres

pelo zoneamento do passeio.

Gestão do uso do automóvel: gerar ambientes seguros e agradáveis por meio

da racionalização do uso do automóvel; otimização dos percursos diários com

menores distâncias; gestão de estacionamento diminuindo a oferta gratuita de

estacionamento para reduzir a utilização do automóvel; vias seguras e

ordenadas dispostas em rede para velocidades de até 50 km/h, para distribuir

o volume de tráfego de forma equilibrada; segurança da via; cruzamentos e

4 A empresa Embarq Brasil, que atuou durante 10 anos no ramo de transportes e de mobilidade

urbana, tornou-se, em setembro de 2015, a WRI Brasil Cidades Sustentáveis, que faz parte do World

Resources Institute (WRI). Seus objetivos foram ampliados, visando a atingir resultados ainda mais

transformadores em áreas urbanas de todo o país, segundo informações disponíveis em

http://wricidades.org/noticia/wri-lan%C3%A7a-programa-de-cidades-sustent%C3%A1veis-no-

pa%C3%ADs, acessadas em 22 de maio de 2016.

50

interseções de vias sinalizadas de maneira clara, amigável e orientadas aos

pedestres e outros usuários; cruzamentos com distâncias menores e

conversões minimizadas.

Uso misto e edifícios eficientes: potencializar as atividades econômicas e

habitacionais para uso do solo de forma densa e diversificada em ambientes

com desenho urbano adequado, com instalações urbanas, escolas,

delegacias, supermercados, centros de saúde e espaços culturais;

equipamentos de bairro e comércios de modo a proporcionar acessibilidade

efetiva das instalações de comércios até as residências; edifícios eficientes

com instalações de equipamentos de tecnologias limpas e sistemas

sustentáveis para a redução de custos de energia e água; interação pedestre-

rua de modo a fomentar a economia local e a variedade de atividades nas

ruas; espaços públicos atrativos ao pedestre; sinalização adequada;

mobiliário urbano útil e serviços públicos.

Centros de bairros e plantas baixas ativas: promover a interação social por

meio dos usos que contribuem para a eficiência das relações entre o espaço

público e o ambiente construído; por meio da economia local, promover o

desenvolvimento econômico da comunidade pela geração de emprego aos

moradores locais, e incentivos à dinâmica local; centros reconhecíveis por

toda a comunidade urbana; plantas baixas ativas, com o uso térreo de

edifícios integrados com as ruas e os espaços públicos do entorno; considerar

o contexto arquitetônico, a escala do pedestre e a segurança pública da

comunidade nos espaços públicos e privados.

Espaços públicos e recursos naturais: gerar espaços públicos seguros e

ativos; por meio de áreas verdes, propor uma relação adequada entre

desenvolvimento urbano e meio ambiente através de áreas naturais;

eficiência energética, com o reuso da água e o uso eficiente dos recursos

refletindo no planejamento da comunidade urbana, desenho e operação do

ambiente construído; redes de espaços públicos com acesso a uma

variedade de tipos e tamanhos de espaços abertos consolidados; espaços

51

públicos ocupados, com tipos diferentes de atividades integradas, com

iluminação adequada e mobiliários urbanos, protegidos de intempéries.

Centros de bairro e pisos térreos ativos: esses espaços qualificam a relação

do espaço público com o ambiente construído, promovendo a interação social

entre as pessoas. Uma comunidade urbana sustentável deve prover uma

densidade e uma variedade de atividades não habitacionais que se

complementem com a moradia e o espaço público, ativado, por sua vez, por

redes de mobilidade não motorizada e conexões com a rede de transporte

coletivo.

Participação e identidade comunitária: criar vínculos entre os diferentes atores

da comunidade por meio da informação e consulta dos cidadãos; identidade

do lugar conservando os elementos locais particulares à comunidade,

conferindo identidade própria; administração comunitária manutenção

contínua e sustentável da comunidade pela formação de uma organização de

vizinhança; convivência nas ruas como lugares ativos, com diferentes

programas de convivência cidadã, transformados em espaços públicos de

participação, solidariedade, diversão, aprendizagem e não apenas circulação

de automóveis.

2.5.11 INSTITUTE FOR TRANSPORTATION & DEVELOPMENT POLICY - ITDP

(2014)

Para o Institute for Transportation & Development Policy – ITDP (2014), o DOT

estimula uma ocupação compacta com o uso misto do solo, com distâncias curtas a

pé e próxima a estações de transporte de alta capacidade. Implicam também em um

cenário urbano com calçadas e rua mais vibrantes, formas construídas que levam

em consideração os pedestres e características de uso do solo que tornem mais

convenientes e seguros o caminhar, o usar bicicletas e o transporte público. Com

base em pesquisa global acerca de planejamento urbano e transportes sustentáveis,

52

listados abaixo, o ITDP chegou a oito princípios essenciais para orientar o DOT nas

cidades.

Caminhar: Criar vizinhanças que estimulem os moradores a andar a pé;

Pedalar: Priorizar o uso da bicicleta;

Conectar: Criar redes densas de vias e caminhos;

Transporte público: Oferecer sistemas de transporte rápidos, frequentes,

confiáveis e de alta capacidade;

Misturar: Estimular maior diversidade de atividades pelo uso misto do solo;

Adensar: Aumentar a densidade no entorno das estações de transporte

público de alta capacidade;

Compactar: Reorganizar regiões para encurtar viagens casa-trabalho-casa;

Mudar: Promover mudanças para incentivar o uso de transporte público,

caminhar ou pedalar.

Na FIG. 2.8 é possível visualizar cada item dos oito elementos citados pelo ITDP

(2014).

Calçada - Porcentagem da frente da quadra que tem calçadas seguras e acessíveis a cadeirantes.

Travessias - Porcentagem de cruzamentos onde há travessias seguras e acessíveis a cadeiras de roda, em todas as direções.

Fachadas Visualmente Ativas - Porcentagem de segmentos de calçadas com conexão visual às atividades do interior do edifício.

Fachadas Visualmente Permeáveis - Número médio de lojas e entradas de edifícios por cada 100 metros de frente de quadra.

Sombras e Abrigos – Porcentagem de segmentos de calçadas que incorporam um elemento adequado de sombra ou abrigo.

Rede de Ciclovias – Porcentagem do total de segmentos de ruas com condições seguras para a circulação de ciclistas.

Estacionamento de Bicicletas em Estações de Transporte de Alta Capacidade - Instalações de estacionamento seguro de bicicletas, com múltiplas vagas, em todas as estações de transporte de alta capacidade.

Estacionamento de Bicicletas em Edifícios– Porcentagem dos edifícios que oferecem estacionamento seguro para bicicletas.

Acesso de Bicicletas em Edifícios - Os edifícios permitem o acesso de bicicletas ao interior e sua guarda em espaços controlados pelos moradores.

Quadras Pequenas - Comprimento da quadra mais longa (lado longo).

Conectividade Priorizada - Relação entre cruzamentos de pedestres e cruzamentos de veículos motorizados.

FIG. 2.8: Elementos DOT (continua) Fonte: Adaptado ITDP, 2014

53

Distância a Pé do Transporte de Alta Capacidade - A distância a pé (metros) até a estação de transporte de alta capacidade mais próxima.

Uso Misto - Usos residenciais e não residenciais combinados dentro da mesma quadra ou quadras adjacentes

Acessibilidade à Alimentação - Porcentagem de edifícios que estão num raio de 500 metros de uma fonte de alimentos frescos.

Habitação Social - Porcentagem de unidades residenciais oferecidas como Habitação Social.

Densidade do Uso do Solo - Densidade média em comparação com as condições locais.

Localização Urbana - Número de divisas do empreendimento adjacentes a lotes já construídos.

Opções de Transporte Público - Número de diferentes opções de transporte de alta capacidade acessíveis a pé.

Estacionamento fora da Via - Total de área (fora das ruas) dedicada ao estacionamento, como porcentagem da área total.

Densidade de Acessos de Veículos - Número médio de acessos de veículos por 100 metros de frente da quadra.

Áreas de Pista de Rolamento - Área total das vias usadas para os veículos motores circularem e estacionarem como porcentagem da área total do solo.

FIG. 2.8: Elementos DOT (conclusão) Fonte: Adaptado ITDP, 2014.

2.5.12 SINGH, LUKMAN, HE, FLACKE, ZUIDGEEST E MAARSEVEEN (2015)

Segundo os autores o DOT é uma abordagem sobre planejamento voltado para

o desenvolvimento sustentável que pode reduzir a necessidade de transporte

individual. Acredita-se, nessa abordagem, que o planejamento do DOT pode se

beneficiar utilizando um índice que avalia DOT existente, identificando as

características que precisam ser melhoradas. No estudo elaborado, foi utilizada a

avaliação multicritério e participação dos envolvidos no processo, como por

exemplo, os tomadores de decisão.

Na avaliação dos índices DOT propostos, foram consideradas as seguintes

variáveis de acordo com as medidas DOT: densidade, diversidade, ambiente

adequado para o transporte não motorizado, tipos de Estacionamentos e

acessibilidade:

Densidade populacional (número de pessoas / km²);

Densidade comercial (número de estabelecimentos / km²);

Densidade de emprego (número de empregados/ km²);

54

Comprimento total de calçadas adequadas e ciclovias (KMS);

Densidade de Intersecções (número de cruzamentos);

Mix de Habitação, Comércio e Serviços;

Desenvolvimento Econômico - Arrecadação de Impostos;

Capacidade do Sistema de Transporte Coletivo – Número de Passageiros

Transportados;

Segurança no Trânsito e nas Paradas;

Informações sobre frequência do serviço de transporte coletivo público

(número de carros/hora) e possibilidade de integração (modos e rotas);

Possibilidade de integração com caminhada (acesso ao trabalho);

Oferta de estacionamentos (carros/motocicletas e bicicletas).

2.5.13 SUZUKI, MURAKAMI, HONG E TAMAYOSE (2015)

Suzuki et. al. (2015) relacionam a evolução do DOT, desenvolvidos

primordialmente nos EUA, Europa e Ásia, a um misto de projetos de investimentos

em transporte metro-ferroviário com projetos de regeneração urbana, bem como

medidas para conter o uso dos automóveis. Acrescentam dizendo que são poucas

as cidades, mesmo no contexto mundial, que se mobilizaram de forma eficaz para

criar fundos por meio de captura de valor do solo para aumentar os investimentos,

tanto no desenvolvimento de seus sistemas de transporte, bem como no

desenvolvimento de um sistema urbano mais sustentável, explorando a sinergia

entre a captura de valor e o DOT.

Um dos instrumentos citados pelos autores como soluções que podem ser

aplicadas explorando essa sinergia é a Captura de Valor ou Mais-Valia do inglês

Land Value Capture (LVC), que também foi definido por Smolka e Amborski (2000)

como a captura de incrementos de valor da terra por meio de impostos

convencionais, contribuições fiscais e instrumentos regulatórios de política urbana.

LVC é definido por Suzuki e Murakami (2015) como um método pelo qual os

55

governos provocam um aumento no valor da terra por meio de decisões

regulamentares, por exemplo, mudança de uso do solo.

“A captura de mais-valias se refere ao processo pelo qual o todo ou uma parte dos incrementos de valor da terra, atribuídos ao “esforço da comunidade”, são recuperados pelo setor público, seja pela sua conversão em receitas públicas através de impostos, contribuições, exações e outros meios fiscais, ou mais diretamente em melhorias locais para o benefício da comunidade” (SMOLKA e AMBORSKI, 2000).

Os autores relacionam esses instrumentos à extrema relevância na continuidade

e viabilidade dos projetos DOT, uma vez que podem ser utilizadas na aplicação em

investimentos nos sistemas de transporte público de alta capacidade e em

infraestrutura urbana, além de conter a especulação imobiliária, promovendo a

equidade traduzida em habitações economicamente mais acessíveis, aliviando o

deslocamento e a gentrificação5. Esses instrumentos são traduzidos em impostos

convencionais, contribuições fiscais e instrumentos regulatórios de política urbana,

ou seja, instrumentos de desenvolvimento baseada na captura de valor, direitos de

desenvolvimento, solo criado, etc. Isso dá às agências de transporte o poder de

aumentar o valor do solo de forma sustentável e igualitária, convergindo os

investimentos para o sistema como um todo.

Dentre os benefícios pode-se citar maior potencial para financiar o transporte,

gerar receitas acessórias e indiretas como incentivo a atividade comercial, como

criação de lojas de varejo e aumentar a receita em longo prazo com o incremento de

demanda.

Em relação aos fatores críticos para o sucesso desses instrumentos em países

em desenvolvimento, citam-se decisões políticas, medidas de implantação, ou seja,

o planejamento inicial, e financiamento do DOT.

5 A palavra gentrificação, do inglês gentrification, pode ser entendida como o processo de mudança

imobiliária nos perfis residenciais de um bairro, região ou cidade. Esse processo envolve necessariamente a troca de uma classe social por outra com maior poder aquisitivo em um determinado espaço e que passa a ser vista como mais qualificada que a outra.

56

2.6 EXPERIÊNCIAS EM PROGRAMAS E PROJETOS DOT

O objetivo deste item é abordar estudos de caso de projetos e programas DOT

visando a identificar as medidas, fatores e variáveis similares entre os autores e as

regiões onde foram implantados.

2.6.1 ESTADOS UNIDOS

Neste subitem são relacionados os projetos realizados nos EUA.

2.6.1.1 NEW HAVEN – CONNECTICUT

Esse estudo de caso, denominado 360 State Street, fez parte de um trabalho

desenvolvido pelo U.S. Department of Housing and Urban Development Sustainable

Communities Regional Planning Grant chamado Making It Happen: Opportunities

and Strategies for Transit-Oriented Development in the Knowledge Corridor (2013).

Tem como característica o fato de ser implementado em áreas de vazios

urbanos, ou seja, em locais onde há atração do mercado imobiliário. A área

contemplada no projeto havia permanecido abandonada e sem uso apropriado por

cerca de 40 anos, sendo recuperada por meio desse projeto. Esse trabalho foi

considerado um exemplo de como um município, por meio de parcerias, pode

desenvolver uma região com alta densidade e caracterizada por diversidades de

oferta de serviços, em conjunto com melhorias no sistema de transporte ferroviário.

Realizado em 2006, compreendeu uma reestruturação com cerca de 7 km

quadrados de regiões degradadas, chamadas de “brownfields”.

57

Por meio de uma série de oficinas de participação social, neste caso utilizando a

metodologia charrettes, com os envolvidos no projeto e com a sociedade,

estabeleceu-se um programa considerando um mix de serviços, caráter

arquitetônico e elementos sustentáveis, com o apoio da comunidade. Esse processo

levou, entre outras conclusões, à seleção de uma cooperativa de alimentos como

âncora em uma comunidade carente.

Como resultado do projeto, foram definidas 500 unidades habitacionais,

mesclando esse número em unidades mais acessíveis e as com preço de mercado.

Essa medida é usada para que não ocorra o processo chamado de gentrificação.

Quase 2 km quadrados de centros comerciais e áreas verdes. Apesar da “pegada

verde”, neste projeto foram considerados os estacionamentos, 50 vagas com

recarga para veículos elétricos e um sistema de aluguel.

O projeto foi considerado um caso de sucesso, pois houve apoio público no qual

permitiu que fosse alavancado significativo capital privado. A cidade de New Haven

e o Governo do Estado contribuíram com financiamentos e com investimentos em

infraestrutura, melhoria da paisagem urbana, e financiamento da eficiência

energética.

Todo esse processo teve impacto significativo no sistema de transporte público

ferroviário. New Haven movimentou aproximadamente 741 mil passageiros, ficando

em 11º lugar no ranking das cidades em que operava a Amtrak em 20116.

2.6.1.2 ARLINGTON – VIRGÍNIA

Segundo Cervero (2009), os EUA, apesar de serem considerados como uma

sociedade mais dependente do automóvel, apresentam modelos de DOT de

sucesso. Um exemplo é o condado de Arlington, na Virgínia, que até então tratava-

se de uma região rural e que, com a criação de um plano conceito chamado Bull’s

6 Union Station Transportation Center Transit-Oriented Development Plan.

58

Eye, transformou a chamada Metro Rail Orange Line em um modelo de

desenvolvimento de transporte sustentável. O principal critério considerado foi o

adensamento, com a construção de prédios com característica de arranha-céus,

com uso misto. Com isso, atraiu para seu entorno um conglomerado de escritórios,

lojas de varejo, comércio, hotéis e unidades habitacionais.

Um dos objetivos da criação do plano foi a melhoria da infraestrutura, incentivo

de novos zoneamentos para aumentarem os investimentos privados no entorno das

estações. Os stakeholders envolvidos no desenvolvimento do DOT conseguiram

alavancar capital por meio de linhas de créditos.

Em relação ao aumento da demanda por transporte público, o impacto mais

significativo foi devido ao aumento do número de escritórios, comércios de varejo e

do desenvolvimento de unidade habitacionais. Por exemplo, a cada 100 unidades

habitacionais, quando combinada com 100 lugares ofertados, demandaram 50

viagens a mais por dia.

2.6.1.3 ESTADO DA CALIFÓRNIA

Segundo Renne (2008), assim como em outras regiões, os projetos de DOT no

Estado da Califórnia foram induzidos pelos problemas relacionados à moradia,

grandes congestionamentos e crescimento exponencial da população.

O Estado promoveu o planejamento do uso e ocupação do solo atrelado ao

transporte por meio de vários programas e políticas públicas. Os programas, bem

como os projetos derivados dos programas, foram desenvolvidos em parceria com a

comunidade, de forma participativa, a exemplo do chamado Community Based

Transportation Planning (CBTP). Incentivos foram dados pelo governo na promoção

do uso misto em áreas compactas, por meio de linhas de crédito especiais que

foram oferecidas para a construção de unidades habitacionais com valores

acessíveis e próximas das estações de transporte. Ações foram tomadas como:

59

investimento em áreas degradadas, redução do número de vagas de

estacionamento, além de investimentos em segurança viária, calçadas, faixas de

pedestres, ciclovias e traffic calming7 em áreas próximas às escolas.

É relevante destacar que por meio de linhas de crédito para aquisição de

unidades habitacionais, que por sua vez seguem os conceitos do DOT, as pessoas

puderam adquirir os imóveis, dado que as políticas eficientes permitiram que os

compradores morassem perto das estações de transporte e assumissem maiores

parcelas de financiamento, pois reduziram suas despesas com transporte individual.

Em meio às principais estratégias desenvolvidas pelo Governo do Estado

destacam-se a melhoria da coordenação do uso do solo e planejamento de

transporte em nível local e regional; estratégia de valorização e venda de áreas

seguindo os conceitos do DOT; melhoria dos processos de revisão e aprovação de

projetos locais; conciliação das Leis de Qualidade Ambiental em relação aos

projetos DOT; linhas de crédito especiais para financiamento de desenvolvimento e

implementação de projetos DOT próximos das estações de transporte.

Dentre os resultados observados com os programas e projetos DOT destacam-

se a redução do uso do automóvel, que por sua vez contribui para um custo de vida

mais baixo; e a redução da poluição e consumo de energia, promovendo o

desenvolvimento econômico.

2.6.1.4 ESTADO DE NOVA JERSEY

De acordo com Renne (2008), o DOT em Nova Jersey é um conceito antigo

resgatado sob novas circunstâncias, caracterizando-a como líder em políticas DOT,

7Traffic Calming é o termo que designa a aplicação, através da engenharia de tráfego, de

regulamentação e de medidas físicas desenvolvidas para controlar a velocidade e induzir os motoristas a um modo de dirigir mais apropriado à segurança e ao meio ambiente.

60

uma vez que vem desenvolvendo políticas de transporte desde 1934. Originalmente,

o sistema de transportes sobre trilhos dos subúrbios permitiu a primeira geração de

DOT, em que as pessoas optavam por morar nos bairros do subúrbio por terem

acesso aos empregos nos centros urbanos. Nova Jersey se tornou um dos estados

mais ricos, em termos de renda per capita, nos Estados Unidos. Sua localização

estratégica no Corredor Nordeste, entre Nova York e Philadelphia, produziu uma

forte base de trabalho para o Estado. Entretanto, Nova Jersey não é totalmente

dependente destas duas metrópoles. Muitos postos de trabalho têm surgido, no

entanto, essa oferta de trabalho nos subúrbios induziram muitos problemas ligados

ao congestionamento. Dessa forma a reestruturação de novos projetos de DOT foi

capaz de proporcionar alternativas ao uso do automóvel.

Criada em 1999, a New Jersey Transit Village Initiative, é um Programa Estadual

Interagências que promove os projetos DOT. De acordo com o autor, até a data da

publicação, existiam 19 regiões de DOT, em que cada município trabalhava

diretamente com o governo do estado para planejar o uso e ocupação do solo, com

unidades habitacionais compactas, bem como planejava o uso misto e o

desenvolvimento econômico em torno da estação de transporte. Os DOT locais

recebem assistência técnica gratuita do Governo do Estado. A cada ano, os

envolvidos nos projetos são convidados para um fórum onde os especialistas

ajudam os planejadores locais a superarem os desafios encontrados na implantação

dos projetos.

Tanto no nível estadual como local, destacam-se estratégias para as seguintes

áreas: uso e ocupação do solo, habitação, desenvolvimento econômico, aumento de

alternativas de transporte, preservação ambiental como recursos hídricos,

agricultura, áreas suburbanas, preservação histórica, comércio e serviços, bem

como a recuperação de regiões degradadas, os brownfields, e o uso de impostos

arrecadados para o investimento em áreas públicas. Os planos nos níveis estadual,

municipal e local devem ser convergentes e o zoneamento é revisto quando

necessário. Com o objetivo de coordenar os Planos, foi criada uma comissão com

membros do governo estadual e local. Todos os projetos de grande influência, com

61

mais de 150 hectares ou 500 unidades habitacionais, são apresentados à Comissão

de Planejamento.

2.6.1.5 BOSTON – MASSACHUSETTS

Boston foi uma cidade que cresceu em torno de transporte público (Cervero,

2004), por isso DOT não foi considerado algo novo. Boston, como uma das cidades

mais antigas dos Estados Unidos, possuía característica urbana tradicional, que foi

desenvolvida seguindo os princípios DOT antes mesmo de o conceito ser discutido,

entretanto, não se sustentou devido, dentre outros acontecimentos, às práticas de

renovação do espaço público da década de 1950, favoráveis ao uso do automóvel.

Segundo o autor, pensar o planejamento urbano em conjunto com o planejamento

de transportes ajudou Boston a se recuperar.

O poder público entendeu que a única forma de revitalizar bairros antigos era

modernizar e atualizar os sistemas de transporte público. Logo, a aplicação do DOT

em Boston, por meio de políticas públicas e criação de fundos para subsidiar a

revitalização e modernização do sistema sobre trilhos, foi uma das formas de

recuperar as antigas vocações sem sacrificar a modernidade e a mobilidade do

local. Em 1970, Massachusetts se tornou o primeiro Estado a permitir que o uso de

fundos destinados às rodovias federais fossem revertidos em melhorias na

infraestrutura dos sistemas de transporte público de alta capacidade.

Outras características importantes no processo do DOT foram, a reestruturação

dos serviços da chamada Massachusetts Bay Transportation Authority (MBTA), com

a reativação das linhas ferroviárias e aquisição de novas composições, bem como a

parceria com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA que limitou o espaço

destinados aos estacionamentos.

62

Dentre outras características citadas pelo autor pode-se destacar a criação de

novas estações de transporte público sem a integração com estacionamentos,

induzindo o uso de sistemas de transporte não motorizados.

Essas políticas públicas tiveram bons resultados. Um dos resultados foi a

resposta do mercado imobiliário residencial que foi incentivado por meio de

melhores condições para aquisição de linhas de crédito para construir obedecendo

aos critérios estabelecidos pelo DOT. Entretanto, os investidores sentiam mais

confiança no setor público, que por sua vez assumia os riscos estabelecidos pelas

condições de créditos e de grandes investimentos em infraestrutura.

2.6.1.6 DALLAS –TEXAS

O trabalho desenvolvido em Dallas, o chamado Dallas Area Rapid Transit

(DART), que gerencia o sistema de transporte que atende 13 cidades, foi

considerando um caso de sucesso como projeto modelo para outras cidades com as

mesmas características e que buscam um sistema de transporte adequado (Ohland,

2004). Além de alcançar os objetivos iniciais do adensamento, foram alcançados

outros objetivos ligados às questões econômicas geradas pelo sistema.

Os projetos de DOT ligados a esse sistema operado pelo DART apresentaram

como consequência uma grande valorização no entorno das estações. Uma das

características do projeto é que, em Dallas, o esforço foi, quase totalmente,

patrocinado pelo setor privado.

Sobre a estação de Mockinbird, foi priorizado o adensamento com a construção

de galerias de arte e cinema, cafés, restaurantes, unidades comerciais destinadas à

escritórios, bancos, hospitais, universidades, supermercados, hotéis, unidades

residenciais, bem como grandes empresas de telecomunicações e têxtil, que

favoreceu a geração de emprego. Também foram considerados o acesso ao ciclista

e pedestre, com distâncias possíveis de serem vencidas com a caminhada de 5 a 10

63

minutos da estação. Nesse projeto, foram integrados ao sistema de transporte

público estacionamentos subterrâneos, a exemplo das estações Addison Circle e

Mockinbird.

Em estações suburbanas o ambiente é caracterizado por alta densidade e um

mix de serviços localizados próximos a regiões de escritórios. Porém, tanto o grau

de densidade como o mix variam de acordo com a região. Em regiões suburbanas,

onde ainda há flexibilidade em relação ao uso do solo, podem ser instalados

estacionamentos de superfície. A demanda entre estações suburbanas também são

relativamente baixas, logo trata-se de oportunidade para a remodelação do espaço.

Segundo o autor, em projetos DOT dessa natureza, os investimentos devem ser

realizados em parceria, da iniciativa privada com instituições públicas, devido à

necessidade de investimento em infraestrutura, bem como a possíveis alterações

nas Leis de Uso e Ocupação do Solo, Zoneamento Urbano e no Plano Diretor.

Inicialmente foram investidos mais de 5,3 bilhões de dólares, em capital privado. Em

2003, Dallas ficou em décimo lugar entre as cidades norte-americanas com o maior

potencial de demanda por unidades habitacionais com característica DOT. Em 11

anos, a agência viabilizou mais de 66 km e 27 estações de transporte público do

modo VLT, gerando 7,4 bilhões de dólares em atividade econômica.

2.6.2 EUROPA

Neste subitem são relacionados os projetos realizados na Europa.

2.6.2.1 ESTOCOLMO – SUÉCIA

Por volta de 1980, de acordo com Cervero (2009), um dos exemplos de projetos

urbanos de sucesso que possuem características de DOT foi a cidade de Estocolmo,

64

que conseguiu reduzir a dependência de automóvel nos subúrbios de classe média.

Também alcançou o equilíbrio da distribuição da matriz de viagens entre casa e local

de trabalho, com 55% em um dos sentidos e 45% no sentido oposto, na hora pico.

Com isso foi-se regredindo, cada vez mais, a dependência do transporte individual

motorizado. Entre 1980 e 1990, dentre 37 regiões globais estudadas, Estocolmo foi

a única região que registrou queda no uso do automóvel, com redução de 229

km/ano/pessoa. Os projetos DOT de Estocolmo também são caracterizados pelos

parques com urbanismo verde.

Dentre os impactos provocados pelos novos projetos que consideraram as

medidas do DOT na sua concepção, as medidas alcançadas foram, por exemplo:

26,5% das pessoas que moram e trabalham nos novos centros e utilizam os

sistemas de trens; 23,4% usam automóveis; 51,1% usam bicicletas ou fazem

caminhada; 76,3% das pessoas que moram nos novos centros e trabalham no

centro antigo de Estocolmo usam o sistema de trens; 20,7% usam automóveis e 3%

usam bicicleta ou caminhada. Já entre as pessoas que moram no centro de

Estocolmo e trabalham nos novos centros, 61,1% usam o sistema de trens, 34,7%

usam o automóvel e 4,2% usam bicicleta ou caminhada. (CERVERO, 2002 apud

GONÇALVES; PORTUGAL; Nassi, 2007).

De acordo com o ITDP (2014) baseando-se nas medidas do DOT, Estocolmo

destaca-se como região de projetos com iniciativas de mobilidade urbana benéficas

à sociedade, à natureza e à evolução das cidades.

2.6.3 ÁSIA

Neste subitem são relacionados os projetos realizados na Ásia.

2.6.3.1 SINGAPURA

65

Singapura adotou os princípios de desenvolvimento da Escandinávia. Esses

princípios empregavam os corredores radiais que conectavam as regiões centrais às

novas cidades planejadas. Esse plano estrutural foi chamado de Constellation Plan,

pois tem a aparência de constelação, apresentando as novas cidades orbitando a

região central, intercaladas por cinturões verdes e entrelaçadas por um sistema

tronco alimentado sobre trilhos de alta capacidade (CERVERO, 2009). Outra

característica do DOT de Singapura foi a criação da interdependência entre regiões,

ou seja, cada uma com funções especializadas, que interagem e dependem uma

das outras.

Dentro do chamado Constellation Plan, foi introduzido um programa fiscal que

buscou chegar o mais perto possível da ideia de conseguir o preço justo pelas

viagens dentro do ambiente urbano. Esse programa consistia em cobranças

proporcionais ao registro dos automóveis, impostos de importação, taxa nos

combustíveis e taxas de estacionamento que cobriam os investimentos em

infraestrutura de transporte, bem como cobrança de pedágio urbano, variando o

valor do pedágio de acordo com os níveis de congestionamento, com a justificativa

de que o valor era cobrado de acordo com o impacto no atraso que o automóvel

impunha aos demais e na poluição atmosférica.

Segundo Huang (2014), em Singapura, além das políticas de priorização do

transporte público em relação ao automóvel, foram priorizadas as ligações físicas,

ou seja, passarelas cobertas até as entradas e saídas das estações.

2.6.3.2 XANGAI – CHINA

Segundo Cervero e Day (2008), a urbanização dos subúrbios das grandes

cidades chinesas deixou muitas pessoas que moram em locais menos acessíveis,

dependentes do uso do automóvel. Desde 1978, após mudanças econômicas no

governo da China, a população urbana cresceu de 80 milhões para mais de 560

milhões, com taxa de crescimento anual de 7,5% e a aquisição de veículos

66

aumentando mais de duas vezes essa taxa, sobrecarregando o sistema viário,

gerando grandes congestionamentos e reduzindo a qualidade do ar.

Os autores apontam que estudo realizado pelo Banco Mundial mostrou que, das

20 cidades do mundo com mais problemas de poluição, 16 estão localizados na

China. Afirmam também que a implantação de projetos DOT é bastante promissora

para direcionar rapidamente os subúrbios das cidades chinesas para um

planejamento mais sustentável.

Devido ao crescimento populacional, regiões densas, problemas ligados à falta

de mobilidade, uso demasiado do automóvel e o agravamento das condições

climáticas, uma das medidas estratégicas tomadas pelo governo foi investir em

infraestrutura ferroviária em áreas urbanas, além de sistemas em Bus Rapid Transit,

o BRT. Esses sistemas estão atrelados ao conceito do DOT para integrar o uso do

solo aos sistemas de transportes de alta capacidade, com o propósito de reduzir a

dependência do uso do automóvel em áreas suburbanas da China.

Esse estudo de caso se debruçou sobre três regiões do subúrbio de Xangai –

Jiangqiao , Meilong e Xinzhuang, Sanin – em relação aos efeitos da migração

residencial para essas regiões, sob o aspecto da acessibilidade às regiões onde se

localizam os empregos, ou seja, as viagens pendulares e as proximidades desses

serviços aos sistemas troncoalimentados existentes.

Dentre as variáveis utilizadas para análise, pode-se citar características dos

municípios, tais como: número de residências, capacidade do sistema de transporte

de alta capacidade, posição geográfica das residências em relação aos raios

definidos pelo DOT, propriedade de automóvel, renda, escolaridade e idade. Quanto

aos fatores considerados, destacam-se o deslocamento para zonas periféricas,

acessibilidade ao trabalho, escolha modal e existência de viagens pendulares.

2.6.3.3 TÓQUIO – JAPÃO

67

No Japão, o cenário imobiliário atrelado aos sistemas de transportes de alta

capacidade é favorável ao Planejamento do Uso e Ocupação do Solo, dado que em

muitos casos, o mesmo operador do sistema de transporte também é o investidor do

mercado imobiliário, convergindo os objetivos previstos do DOT como, por exemplo,

o adensamento no entorno das estações de transporte. Mesmo quando não

caracterizado de forma clara, ou seja, como um conceito de DOT, os projetos nos

corredores de transporte apresentam a maioria das medidas características do

Desenvolvimento Orientado ao Transporte.

De acordo com Jacobson (2010), a área de estação de trem Futako Tamagawa

em Setagaya, localizada na região sudoeste do subúrbio de Tóquio, é um exemplo

de aplicação do modelo de DOT no Japão. Cerca de 110 mil passageiros utilizam as

duas linhas ferroviárias suburbanas que ligam o subúrbio até o centro de Tóquio em

menos de 30 minutos.

Trata-se de uma estação movimentada, com diversidades de instalações

comerciais como cafés, restaurantes, agência de viagens e bancas localizadas

próximas das catracas de acesso. O edifício da estação é caracterizado por sua

limpeza e pela segurança, tornando-a conveniente e agradável, operando de forma

eficiente no horário de pico. No entorno da estação, encontram-se restaurantes,

padarias e serviço gerais. A operação é otimizada pela integração física com o

sistema de ônibus alimentadores, que deixam os passageiros em frente à entrada da

estação.

A estação é parte dos investimentos da empresa que opera as duas linhas de

trem. O projeto foi desenvolvido em fases e contemplou um edifício comercial,

considerado como um projeto de uso misto, pois parte foi destinada a escritórios e

outra parte a lojas de varejo com mix de serviços como boutiques e lojas regionais,

localizados próximos da entrada da estação, no nível da rua, totalizando 107 mil

metros quadrados.

Existem outros projetos imobiliários da mesma incorporadora, também com

característica de uso misto, com hotéis, escritórios, comércio, consultórios médico,

dentistas, pequenas empresas, bem como torres residenciais inseridas em um

68

parque. Todos dentro de uma área que é possível ser vencida com caminhada de 5

minutos até a estação.

No estudo foram identificas duas das principais operadoras de transporte do

trecho. Uma delas ficou em primeiro lugar entre oito ferrovias privadas em Tóquio,

com receita total de 14,4 bilhões de dólares e com 1,05 bilhão de viagens de

passageiros/ano, além de ter participações imobiliárias na região de Shibuya, como

por exemplo, um complexo de escritórios de 48 andares.

A segunda operadora, que também investe no trecho estudado, opera várias

linhas nos subúrbios oeste e noroeste de Tóquio, possui ainda grandes

investimentos imobiliários de varejo centralizados no entorno de suas estações de

trem em todo o sistema. Por exemplo, em Tokorozawa, um subúrbio 30 km a oeste

do centro de Tóquio, Seibu, a empresa construiu dezenas de prédios residenciais e

loteamentos de casas unifamiliares. Além disso, Seibu opera lojas de departamento

e vários pontos comerciais no entorno da estação, bem como locais de

entretenimento, como um estádio de beisebol, colina de esqui e um parque de

diversões (HAST 1992; HAVENS 1994, apud JACOBSON 2010). Diferente do

cenário dos EUA que, na maioria dos casos, recorre a recursos do governo para

apoiar projetos DOT, no cenário japonês isso não se aplica. Dado que, como foi

apresentado, as incorporadoras atuam em vários setores, tanto no de transporte

como no imobiliário e comercial.

2.6.4 OCEANIA

Neste subitem são relacionados os projetos realizados na Oceania.

2.6.4.1 AUSTRÁLIA

69

Apesar de a Austrália, assim como o EUA, ser caracterizada por sua

dependência do uso do transporte individual, segundo Curtis (2009), em 1990

ocorreram grandes investimentos em sistemas de transportes públicos. Em 1997

foram inaugurados 72 km de ferrovia para servir a capital da Austrália Ocidental,

com o objetivo de integrar o uso do solo com sistemas de transporte, chamado Land

Use Transport Integration.

Por volta de 1999 novas políticas foram criadas para prover uma rede de

transporte equilibrada. Essas políticas tinham por objetivo conter o espraiamento

urbano, superar a dependência do automóvel e promover incentivos para o uso de

sistemas de transporte não motorizado, principalmente a caminhada. Essas políticas

firmaram que todos os projetos de uso do solo e construções no entorno das

estações patrocinassem os sistemas de alta capacidade, bem como as

infraestruturas (vias) em áreas residenciais de alta densidade.

Essa política de uso e ocupação do solo ligada aos transportes em projetos DOT

foi pioneira na Austrália. Entretanto a execução delas se tornou, segundo o autor,

lenta e limitada devido, especialmente, à resistência do setor privado.

Com o objetivo de otimizar as oportunidades dos projetos, apesar dos desafios

encontrados, por meio de parceria público-privada, foram implementados os projetos

de DOT utilizando o sistema ferroviário integrado com sistema de transporte por

ônibus. Na integração do sistema ferroviário e por ônibus nasceram os centros de

atividades, como por exemplo, centros comerciais e shoppings, logo, a oferta de

empregos. Também foram construídas unidades habitacionais localizadas a

distâncias que poderiam ser vencidas por caminhada. Em 2004, esses investimentos

foram chamados de “Network City”, conjunto nascido considerando-se a participação

da sociedade na discussão dos projetos. Na TAB. 2.2, podem-se observar as nove

tarefas que precederam a implementação do Network City.

70

TAB. 2.2: Tarefas que Precederam a Implementação do Network City

Fonte: Adaptado de Curtis, 2009.

De acordo com o Tourism e Transport Forum – TTF (2010) existe uma grande

aceitação de famílias de alta renda aos conceitos do DOT.

2.6.5 AMÉRICA DO SUL

Na América do Sul existem 2 sistemas que têm medidas comuns com os

objetivos do DOT. São eles os sistemas de BRT de Curitiba e Bogotá. Segundo

Bhupensinh e Padhya (2015), o sistema de Curitiba apresenta um planejamento

orientado pelo transporte e de comunidade sustentável, por integrar o sistema de

transporte público com o plano de desenvolvimento urbano desde 1970, estimulando

o mix de serviços e residências, o adensamento no entorno do sistema de

transporte, a integração modal, bem como desestimulando o uso do transporte

individual. De acordo com Cervero (2009), o sistema de BRT é um dos sistemas de

transporte público com investimento mais acessíveis e de alto desempenho.

Em ambos os casos notou-se o aumento da velocidade nos corredores, redução

da média dos tempos de viagem, diminuição dos acidentes e poluição atmosférica.

Isso veio a incrementar o transporte público, com aprovação de 98% dos usuários.

1 Detalhando a Estrutura Metropolitana.Explicação geral dos Centros de Atividades (negocios), das Atividades

dos Corredores e dos Corredores de Transporte.

2 População Moradia e Emprego.Aplicação e determinação de metodologia que unam os tres aspectos

de maneira coloborativa.

3 Administração do Crescimento. Localização, administração de infraestrutura e áreas verdes.

4 Desenvolvimento do Conceito de Centros de Atividades.Determinação das caracteristicas locações e administração dos

mesmos.

5 Desenvolvimento do Conceito do Corredor de Atividades.Determinação das caracteristicas locações e administração dos

mesmos.

6 Desenvolvimento do Conceito de Corredor de Transportes.Determinação das caracteristicas locações e administração dos

mesmos.

7 Melhoria das estruturas institucionais de decisão.Melhorar a maneira que todos os níveis governamentais e sociedade

civil de trabalharem juntos.

8 Relacionar Sustentabilidade ao Processo Decisório.Planejar e Adm o desenvolvimento seguindo os principios de

sustentabilidade.

9 Administrar o Tempo Recursos e Habilidades.

Assegurar que todos os investidores tenham acesso aos fundos

necessários para administrar o planejamento por meio de mecanismos

de participação de todos envolvidos.

71

Uma das diferenças entre Brasil e Bogotá é que no Brasil não se investiu tanto

em integração com o transporte não motorizado como Bogotá. De acordo com

Cervero (2009), mais de 50% dos usuários chegam às estações utilizando modos de

transportes não motorizados, tais como bicicleta e a caminhada.

2.6.6 MEDIDAS DOT IDENTIFICADAS NOS DIFERENTES PAÍSES

Para melhor visão das medidas utilizadas nos diferentes países citados na

revisão, foram organizadas informações que resultaram na FIG. 2.6. Nela estão

relacionadas as características de projetos dentro dos conceitos de DOT observadas

nos 13 (treze) países apresentados neste trabalho.

FIG. 2.9: Medidas ligadas ao conceito de DOT, utilizadas em diferentes países (continua).

72

FIG. 2.9: Medidas ligadas ao conceito de DOT, utilizadas em diferentes países (conclusão).

2.6.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROJETOS DE DOT ESTUDADOS

Nos trabalhos de Sistemas BRT, mesmo que não haja um projeto específico de

DOT, como coloca Cervero (2009), há grande aceitação dos usuários. A utilização

do modo não motorizado no acesso às estações, bem como outras medidas comuns

em projetos DOT, é necessária, segundo Fernandes (2011), para induzir a

diversidade de usos mistos, a densidade e a proximidade de estruturas de

transportes. É necessário atentar-se para corredores com características de viagens

pendulares. A falta de desenvolvimento do entorno e entre as estações, muitas

vezes pode tornar o sistema pendular.

Como menciona Cervero (2004), apesar de os EUA serem um berço da

aplicação da prática, trata-se de um país com alta dependência do uso do

automóvel. Entretanto, a cada década, as regiões sentem mais a necessidade da

implantação de projetos de DOT, considerando-o como ferramenta de planejamento.

Projeto o Programas que conderaram a caminhada como mobilidade não motorizada.

Projetos e Programas que estimularam a diversidade de atividades;

Projetos e Programas que consideraram a indução do uso de bicicletas como mobilidade não motorizada.

Projetos e Programas que consideraram o aumento da densidade no entorno das estações de transporte.

Projetos e Programas que consideram a reorganização das cidades e bairros, tornando-os agradáveis.

Projetos e Programas que consideraram ao menos um Sistema de Transporte Tronco Alimentar.

Projetos e Programas que visaram a criação de redes de transportes densas reduzindo o uso do automóvel.

Projetos e Programas que promoveram mudanças para incentivar a caminhada, pedalada, criação de Espaços Vibrantes e Humanizados.

Projetos e Programas que promoveram o Desenvolvimento Sustentável e a Qualidade Ambiental.

Projetos e Programas que promoveram o Ambiente Urbano Seguro.

Projetos e Programas que promoveram a Acessibilidade Universal.

Projetos e Programas que consideraram a Conectividade e a Localização.

Projetos e Programas que visaram a Captura de Valor.

73

Em alguns casos, como o da China, onde, devido ao crescimento populacional e

ao adensamento sem planejamento, também há regiões que procuram por

ferramentas como o DOT para resolver problemas ligados à falta de mobilidade e ao

uso demasiado do automóvel.

É relevante considerar as características de cada local de implantação no

desenvolvimento dos projetos, sejam elas sob aspecto institucional, como a criação

de um órgão geral e local de coordenação, sejam pelo aspecto da história, como por

exemplo, as regiões dos EUA com grande incidência dos chamados Brownfields,

que são consequência, por exemplo, da migração e desativação de grandes

fábricas, transformando grandes áreas, até mesmo cidades, em regiões sem

atividade. A característica social, bem como a vocação de cada região será também

peça fundamental para atingir os objetivos definidos. Dessa forma, é fundamental a

participação da sociedade, bem como de todos os envolvidos no processo de

elaboração do projeto.

Alguns projetos apontaram o investimento, em sua totalidade, pela iniciativa

privada. Como é evidenciado pelos autores, a exemplo de Connecticut, na cidade de

New Haven, o Governo contribuiu com financiamentos e com investimentos em

infraestrutura e melhoria da paisagem urbana. Logo, essa parceria da iniciativa

privada com a pública é relevante no processo.

Apesar de ser utilizado, em princípio, associado a estacionamentos (Cervero,

2005), o DOT vem ganhando espaço e difusão como ferramenta para corrigir certos

problemas urbanos, incluindo os ligados à escassa oferta de transporte público,

congestionamentos, uso e ocupação do solo, segurança, poluição, entre outros.

No contexto sul-americano, podem ser citados os projetos urbanos de Brasília e

da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, como exemplos de modelos caracterizados

pelo espraiamento e o uso do transporte individual. Já o DOT prevê o adensamento

das áreas urbanas, convergindo para as novas necessidades de mobilidade, a

exemplo dos projetos dos corredores de transportes de Curitiba e Bogotá.

74

2.7 MEDIDAS, FATORES E VARIÁVEIS DOT

As FIGs. 2.10, 2.11 e 2.12 apresentam os autores e as medidas DOT, os fatores

e as variáveis consideradas nos seus respectivos trabalhos, por terem se mostrado

relevantes para o sucesso dos projetos.

FIG. 2.10: Relação de Autores com as Medidas DOT

MEDIDAS

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unas

2

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ade

Des

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o

Ace

ssib

ilida

de U

nive

rsal

Cap

tura

de

Val

or

Red

ução

Vel

ocid

ade

AUTOR ANO

Calthorpe 1993 • • • • •

Zmitrowics 1997 • • • • •

Bernick e Cervero 1997 • • • • • •

Porter 1998 • • • • • •

Puget Sound Regional Council 1999 • • • • • •

Smolka e Amborski 2000 •

Victoria Transport Policy Institute 2000 • • • • • •

Walter 2001 • • • • • •

Chisholm 2002 • • •

Cervero 2005 • • • • • • • • •

Dragutescu 2006 • • • • • •

Renne 2009 • • • • • • • • • • •

Campos et al 2009 • • •

Jacobs 2009 • • •

Lucchese 2010 • • • • • • •

Jacobson 2010 • • •

Macedo 2010 • • • • •

Associação Nacional de Empresas de Transportes Urbanos 2010 • • • • • • • •

Fernandes 2011 • • •

Reconnecting America 2011 • • • • • •

Marcolini 2012 • • • • • • • •

Domeneghini e Morando 2013 • • • • • • •

Embarq 2014 • • • • • • • • • • • • •

ITDP 2014 • • • • • • • • •

Mello 2015 • • • • • •

Singh et al 2015 • • • • • • •

Suzuki, Murakami, Hong e Tamayose 2015 • • • • • • •

75

FIG.2.11: Relação de Autores com os Fatores DOT

FIG. 2.12: Relação de Autores com as Variáveis DOT

FATORES

Co

lun

as

2

Fato

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olíti

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In

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Estr

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Fin

an

ceir

o F

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rável

Inte

resse Im

ob

iliá

rio

Vazio

s U

rban

os

AUTOR ANO

Cervero 1991 •

Caltorpe 1993 • • • • • • •

Porter 1998 • • • • • • •

Boarnet e Crane 1998 • • • • • • •

Puget Sound Regional Council 1999 • • • • • • •

Walter 2001 • • • • • • •

Chisholm 2002 • • • • • • •

Embarq 2014 •

Suzuki, Murakami, Hong e Tamayose 2015 • •

VARIÁVEIS

Co

lun

as

2

Ren

da

Tam

an

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Den

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Arrecad

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po

sto

s

Zo

neam

en

to

- Q

uan

to

ao

Uso

AUTOR ANO

Walter 2001 •

Institute of Transportation Enginers 2004

Dragutescu 2006 • • • • • • • • • • •

Macedo 2010 • • • •

Reconnecting America 2010 • • • • • • • • • • • •

Fernandes 2011 • • • • •

Marcolini 2012 • •

ITDP 2014

Singh, Lukman, He, Flacke, Zuidgeest e Maarseveen 2015 • • • • • • • •

76

2.8 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO

De acordo com autores, o DOT é uma ferramenta difundida e presente nas

literaturas e em órgãos públicos e privados, usada mundialmente. Pode-se afirmar

que o DOT vislumbra um crescimento urbano mais sustentável, que possa ocorrer

de uma forma mais sociável, humanizada e economicamente eficiente.

De forma geral, o Desenvolvimento Orientado ao Transporte decorre da

integração entre o modo de transporte troncoalimentado e o uso e ocupação do solo

por meio do adensamento de áreas urbanas no entorno das estações, conectando-

as com os modos de transporte não motorizados, como o a pé e por bicicletas, e

provendo essas áreas de diversidade de comércio, serviços e residências com

preços acessíveis.

Baseia-se, o DOT, no desenho urbano que estabelece centros mais compactos

e de alta densidade, além de um ambiente agradável ao pedestre, que assim passa

a ter acesso facilitado aos sistemas de transporte, ao comércio, aos serviços e ao

emprego. Isso torna a interação com o ambiente urbano mais amigável, reduzindo o

uso do automóvel e transferindo a demanda para o sistema público de transporte.

Desta forma, o ambiente urbano se torna mais sustentável, reduzindo os índices de

poluição atmosférica e melhorando a qualidade de vida.

Dentre os principais objetivos do DOT identificados, pode-se destacar a melhoria

da mobilidade, a redução das viagens por transporte individual, a oferta de um

sistema de transporte público de fácil acesso e de operação eficaz e a integração do

ambiente urbano de forma sustentável e amigável ao pedestre.

Em relação às barreiras, pode-se citar a orçamentária, a organização

institucional e a integração da sociedade civil nos projetos. Esses são elementos que

devem ser considerados e observados.

77

Visando a atingir o objetivo desta dissertação, buscou-se no capítulo 3, a seguir,

relacionar as medidas, fatores e variáveis de DOT aos indicadores que possam vir a

ser utilizados como instrumentos de avaliação para a escolha de qual, ou quais

estações teriam prioridade para implantação de um projeto de reestruturação com

base nos conceitos de DOT.

78

3 DEFINIÇÃO DO CONJUNTO DE INDICADORES PARA TOMADA DE DECISÃO

Neste capítulo apresenta-se a proposta de um conjunto de indicadores e

variáveis para tomada de decisão quanto à implantação de medidas de

Desenvolvimento Orientado ao Transporte. A proposta se baseia na literatura

apresentada no Capítulo 2, que relaciona os conceitos sobre Medidas, Fatores e

Variáveis DOT.

3.1 DEFINIÇÃO DOS INDICADORES

Para se definir os indicadores procurou-se inicialmente identificar o conjunto de

atores que têm relação com os investimentos a serem feitos atendendo às medidas

de DOT. Assim, para identificação destes, os fatores foram agrupados de modo a

chegar a um conjunto de Atores, ou seja, tomadores de decisão. Da mesma forma,

as variáveis e medidas foram associadas de modo a facilitar a definição e o

agrupamento final. Essas informações são detalhadas, a seguir, nos itens 3.1.1 e

3.1.2.

3.1.1 GRUPO DE ATORES

Para se chegar aos atores potenciais foi realizada uma correlação de fatores,

definidos no Capítulo 2, item 2.7, apontados na FIG. 2.10, de modo a facilitar a

criação de tal conjunto. Na FIG. 3.1 são listados os fatores e na FIG. 3.2 são

relacionados os três grupos de atores identificados. Por exemplos, o Fator “a” –

Fatores Políticos e Institucionais Favoráveis - está relacionado com outros Fatores

observados na revisão, como, Benefícios e Impactos, Estratégia de Planejamento e

Uso do Solo, Condições Fiscais e Parceiras, etc.

79

Outro exemplo de correlações se dá com o fator “c” em que a participação e os

interesses da sociedade civil estão diretamente relacionados com os fatores “d”, “e”,

“i”, “j”, respectivamente, benefício do planejamento de uso e ocupação do solo de

forma ordenada, quais serão os benefícios e os impactos causados pelas mudanças

na vizinhança, os benefícios que um novo sistema, estrategicamente localizado,

pode trazer à sociedade local, os benefícios de um bairro diverso, com misto de

residências, comércio e serviços públicos. Essas correlações são mostradas na FIG.

3.1.

FIG 3.1: Agrupamento de Fatores

Em relação aos fatores agrupados, “a”, “b” e “c”, foram identificados três grandes

grupos no processo de decisão dos projetos DOT, conforme pode ser visualizado na

FIG. 3.2. Esses três grandes grupos são base para as possíveis fontes de coleta de

dados e informações necessárias para a aplicação da metodologia.

FIG. 3.2: Atores do Processo Decisório do DOT

80

Os órgãos governamentais são representados por: prefeituras, secretarias

estaduais de transportes, autarquias, agências de integração governamentais, entre

outros. Em sua maioria, esses órgãos são responsáveis por tomadas de decisões e

elaboração de políticas eficientes de transporte. Cabe, ainda, ao governo dar as

condições para que a demanda por transporte seja atendida.

As empresas privadas representadas por: Concessionários do Sistema de

Transporte, Mercado Imobiliário, Geradores de Viagens como Comércio e Indústria,

Operadores do sistema alimentador, entre outros, são potenciais parceiros para

investimento em infraestrutura de transportes em prol do desenvolvimento

econômico sustentável. Além disso, o cenário de restrições orçamentárias também

incentiva mudanças importantes na forma de financiamento da infraestrutura de

transporte, como por exemplo, as iniciativas de participação público privada,

chamadas PPP. No mais, o setor imobiliário deve ser considerado nesse processo,

uma vez que suas decisões induzem o crescimento urbano e impactam na demanda

por transporte.

A participação social, por meio dos representantes da Sociedade Civil, como por

exemplo, Organizações Não Governamentais Sem Fins Lucrativos, Universidades,

Comunidade Local, são peças fundamentais no processo de decisão, que de acordo

com o Ministério das Cidades (2014), se refere aos meios e processos de

informação e cooperação dos cidadãos no planejamento, na definição de

prioridades, na avaliação e na fiscalização da gestão pública e da execução das

políticas de governo. A participação da sociedade trata-se de um instrumento

democrático que estimula o exercício da cidadania participativa e tem como objetivo

aumentar a efetividade das políticas de governo e diminuir a ineficiência da

administração pública. Dessa forma é possível garantir que as políticas públicas

empregadas atendam, de fato, às demandas prioritárias da sociedade, adequando-

as às necessidades de interesse público.

3.1.2 INDICADORES E VARIÁVEIS

81

Para se chegar ao conjunto de indicadores foi realizada uma correlação entre as

medidas, definidas no Capítulo 2, item 2.7, FIG. 2.10, de modo a resumir e facilitar a

criação de tal conjunto. Na FIG.3.3 são listadas as medidas agrupadas.

FIG. 3.3: Agrupamento de Medidas

Uma das correlações se dá, por exemplo, com a medida “b”, na qual a

priorização do transporte não motorizado está diretamente relacionada com as

medidas “i”, “l”, “n”, “q” e “s”, respectivamente, regiões compactas, localização

urbana, redução do veículo individual e aumento de bicicletários, ambiente amigável

e cliclovias, calçadas adequadas, etc.

Para esse agrupamento de variáveis, verificou-se que havia quatro medidas, na

FIG. 3.3, relacionadas aos fatores e às medidas DOT que seriam: características

físicas e operacionais dos sistemas de transporte coletivo, das quais as estações

fazem parte; a acessibilidade por transporte não motorizado, de modo facilitar e

incrementar a caminhabilidade; o ambiente urbano quanto à ocupação e à qualidade

do entorno; e a possibilidade de desenvolvimento imobiliário, ou seja, da adesão

imobiliária da região no entorno.

Id. Medidas Relação entre Medidas

a Transportes Públicos de Qualidade k; m; u

b Priorização do Transporte Não Motorizado g; j; l; n; s

c Organização do Crescimento Regional e; f; i

d Ambiente Urbano e; f; h; i; o; p; q; r; t

e Diversidade / Uso Misto

f Densidade

g Sustentabilidade

h Preservação de áreas Verdes

i Regiões compactas e Adensadas

j Quadras Pequenas

k Gestão / Restrição do Automóvel

l Localização Urbana

m Administração de Estacionamentos

n redução veículo individual e aumento bicicletários

o Habitação Social

p Bairros Agradáveis

q Ambiente Amigável / Fachadas Abertas

r Espaços Públicos e Recursos Naturais

s Ciclovias / Calçadas adequadas / Desenho Urbano adequado / Incentivo à caminhada

t Conectividade/ Acessibilidade ao Trabalho Moradia e Alimentação / Travessias / Abrigos /

u Opções e Frequência de Transporte Público

Elementos Agrupados

82

Dessa forma, foram definidos um conjunto de 4 indicadores para tomada de

decisão quanto à aplicação do DOT. Esses indicadores são a base da metodologia

proposta. Os indicadores foram estruturados e relacionados com as variáveis

identificadas conforme itens da lista, e a FIG. 3.4, mostrados a seguir:

Indicador 1 – Sistema de Transporte Coletivo;

Indicador 2 – Sistema de Transporte não motorizado;

Indicador 3 – Ambiente Urbano;

Indicador 4 – Desenvolvimento Imobiliário na Região.

FIG.3.4: Definição dos Indicadores e Respectivas Variáveis

Nos itens seguintes, são caracterizadas cada uma das variáveis identificadas.

3.1.2.1 CAPACIDADE DO SISTEMA DE TRANSPORTE COLETIVO

Para Ferraz e Torres (2004), no dimensionamento da oferta horária, no caso de

linha de transportes, é necessário levar em consideração alguns parâmetros como

fluxos de viagens (frequência de atendimento), dado por (viagens/hora), intervalo

entre viagens (headway entre veículos) dado por minutos entre veículos. No caso de

comboio de transporte constituído por várias unidades agrupadas, como metrô e

Variáveis

Capacidade do Sistema de Transporte Coletivo

Capacidade da Estação

Demanda na Estação

Headway ou Frequência

Integração Física

Qualidade das Calçadas

Existência e Qualidade dos Estacionamentos, Ciclovia e Ciclofaixas

Densidade de Intersecções ou Tamanho dos Quarteirões

Segurança no Trânsito

Sensação de Segurança - Seguridade

Renda Média

Tamanho das Famílias

Densidade Populacional

Densidade de Empregos

Diversidade

Vazios Urbanos

Empreendimentos Imobiliários Lançados

Zoneamento

Possibilidade de Adensamento

I1 -Sistema de Transporte Coletivo

I2 - Sistema de Transporte Não Motorizado

I3 - Ambiente Urbano

I4 - Desenvolvimento Imobiliário na Região

83

trens, também deve ser considerada a capacidade de cada carro (passageiro/carro)

e o número de carros no comboio, portanto, a capacidade do comboio

(passageiro/comboio), conforme a EQ. 3.1.

EQ. 3.1.

Em que:

C = Capacidade do Sistema

n = Número de Composições

c = capacidade por composição

Considerando a frequência considera-se a capacidade do sistema como:

EQ.. 3.2

Em que:

C = Capacidade do Sistema

f = Frequência

N = Número de Carros

c = Capacidade por carro

3.1.2.2 CAPACIDADE DA ESTAÇÃO

O Transit Capacity and Quality of Service Manual- TCQSM aborda vários

elementos de projeto de estações, sejam elas de corredor ou terminais e métodos

para a determinação da capacidade de cada elemento. Dentre os elementos de

estações abordados, o conjunto que se aplica às estações de corredor inclui o

dimensionamento da área de espera, da área de circulação, de portas, rampas,

escadas, estações elevatórias e catracas de acesso.

84

Dessa forma, considerando a aplicação da metodologia e as condições citadas,

será considerado o gargalo dos elementos supracitados como forma de coleta de

dados.

3.1.2.3 DEMANDA DA ESTAÇÃO

De acordo com o TCQSM, caracteriza-se demanda por passageiros na hora pico

de um dia típico.

De acordo com Ferraz e Torres (2004), nos sistemas de transportes troncais em

canaletas, diferentemente dos ônibus convencionais, o embarque e desembarque

são realizados em instalações apropriadas, denominadas estações, com controle de

acesso sendo realizado fora dos veículos, à entrada das estações.

Uma das variáveis utilizadas pelos operadores de transporte coletivo na seleção

de estação para reformas é a média diária de passageiros que passa pelas catracas,

utilizando a MDU - Média Dia Útil. Contudo, também é considerada a variável Hora

Pico, que por sua vez apresenta-se mais adequada para a aplicação. O cálculo é

dado pela seguinte equação:

EQ. 3.3

D = Demanda

NP = Número de Passageiros

HP = Hora Pico

fa = Fator de Ajuste

O intervalo deverá respeitar o maior pico dentro de um intervalo, ou a média do

intervalo multiplicado por um fator de ajuste ou fator hora pico.

85

3.1.2.4 HEADWAY OU FREQUÊNCIA DO SISTEMA DE TRANSPORTE

COLETIVO NO PICO

A frequência do sistema de transporte coletivo afeta diretamente o tempo de

espera, principalmente para os usuários que não conhecem os horários e que

chegam aleatoriamente às estações. Ferraz e Torres (2004) afirmam que, além do

impacto citado anteriormente, a frequência também interfere na flexibilidade de

utilização do sistema para os usuários que conhecem os horários.

A avaliação da qualidade da frequência de atendimento pode ser realizada com

base no intervalo de tempo entre viagens consecutivas, ou em veículos por hora.

A frequência também está correlacionada à acessibilidade temporal e à

confiabilidade do sistema, que pode ser caracterizada pelo cumprimento da

programação estabelecida, além da manutenção dos itinerários prefixados, no caso

dos ônibus, e informações aos usuários.

Já o headway é definido como sendo o intervalo de tempo entre veículos

sucessivos quando eles passam por um ponto da via, da mesma forma medido de

para-choque a para-choque, ou seja, o intervalo entre viagens de uma mesma linha

de transporte. Considerando o cálculo do headway em minutos (H) de uma faixa

horária, a fórmula expressa na EQ. 3.4 é representada pela divisão do total de

minutos existentes na faixa, pela frequência de viagens estabelecida para ela.

EQ.. 3.4

Em que:

H = Headway (minutos)

F = Frequência (veículos/hora)

86

3.1.2.5 INTEGRAÇÃO FÍSICA

De acordo com Ferraz e Torres (2004) integração física se dá quando a

transferência de um veículo para outros é realizada em local apropriado, exigindo

pequenas distâncias de caminhada por parte do usuário. Pode ser intermodal,

quando a transferência ocorre entre veículo de diferentes modos, ou intramodal

quando do mesmo modo. Esses locais são chamados também de estação de

transferência ou de transbordo.

É relevante citar que, apesar de não ser a variável analisada neste trabalho,

existem outros tipos de integração, como por exemplo, a integração tarifária.

A integração física, na presente metodologia, será considerada quando houver

qualquer tipo de conexão física com outro sistema na estação. Sejam eles

alimentadores, como por exemplo, ônibus convencional com linhas radiais, sejam

sistemas troncoalimentados, como por exemplo, trem, metrô e BRT.

3.1.2.6 QUALIDADE DAS CALÇADAS

Conforme cita Monteiro (2011), em algum momento do dia e de alguma forma,

as pessoas se deslocam através do próprio esforço, isto é, sem o uso do sistema

motorizado e através do sistema viário disponível (passeios, calçadas, calçadões,

passarelas, ciclovias, entre outros).

Os espaços destinados ao tráfego de pedestres, sejam eles pessoas idosas,

gestantes ou pessoas com necessidades especiais, devem ser planejados e

projetados de modo a maximizar as suas condições de segurança e de conforto ao

longo do deslocamento (FRUIN,1971, apud MONTEIRO, 2011).

87

Em relação aos sistemas de transporte público, a caminhada será sempre parte

dos principais motivos de viagem – casa trabalho e casa estudo – já que toda

viagem por transporte coletivo começa e termina com, pelo menos, um

deslocamento a pé.

Na avaliação da variável calçadas, alguns critérios devem ser considerados

além do seu comprimento. No contexto histórico da maioria das cidades, do ponto

de vista do desenho urbano, vários desses critérios não tiveram a devida atenção,

mesmo sendo a principal via para o deslocamento a pé e começo de toda viagem

por transporte público. O cenário é que as calçadas ocupam apenas as áreas

remanescentes, em espaços, muitas vezes, inadequados, inseguros e com baixo

nível de conforto para seus usuários.

Para Grieco (2015), o espaço público de qualidade induz ao que se costuma

chamar de walkability, ou caminhabilidade, que traduz a atratividade para

caminhadas, que traduz, por sua vez, as condições urbanas para o ato de caminhar,

e engloba os quesitos de utilidade, conforto, segurança e atratividade.

Segundo Monteiro (2011), alguns critérios devem ser observados para a

caracterização da calçada ideal. São eles:

Acessibilidade – assegurar a completa mobilidade dos usuários;

Largura adequada – deve atender às dimensões mínimas na faixa livre;

Fluidez – os pedestres devem conseguir andar a uma velocidade constante;

Continuidade – piso liso e antiderrapante, mesmo quando molhado, quase

horizontal, com declividade transversal para escoamento de águas pluviais de

não mais de 3%. Não devem existir obstáculos dentro do espaço livre a ser

ocupado pelos pedestres;

Segurança – não oferecer aos pedestres nenhum perigo de queda ou de

tropeço;

Espaço de socialização – deve oferecer espaços de encontro entre as

pessoas para a interação social na área pública.

88

Desenho da paisagem – propiciar clima agradável que contribuam para o

conforto.

Dessa forma, para a coleta de dados (in loco), deverão ser realizadas visitas de

campo, considerando os itens citados, para que seja possível classificar as calçadas

por meio de avaliação qualitativa.

3.1.2.7 EXISTÊNCIA E QUALIDADE DOS ESTACIONAMENTOS, CICLOVIA E

CLICLOFAIXAS

Monteiro (2011) contextualiza a relevância das ciclovias e ciclofaixas dentro do

contexto urbano quando cita que o uso de bicicletas, como meio de locomoção nas

cidades, pode ser considerado como uma forma que as pessoas encontraram de

fugir dos problemas de trânsito e das más condições do transporte público de

passageiros.

Entretanto, a extensão das ciclovias não deve ser o único critério de

classificação, de modo que sua qualidade, bem como a existência de bicicletários e

integração com outros modos de transporte deve ser considerada.

Desta forma, para medir essa variável deverão ser realizadas visitas de campo,

para que seja possível classificar os locais de acordo com a existência de ciclovias e

bicicletários.

3.1.2.8 DENSIDADE DE INTERSECÇÕES OU TAMANHO DOS QUARTEIRÕES

A densidade das intersecções ou tamanho dos quarteirões de acordo com

Singh, Lukman, He, Flacke, Zuidgeest e Maarseveen (2015), Calthorpe (1993),

assim como outras variáveis relacionadas ao modelo de desenho urbano, inspirado

89

no Novo Urbanismo e caracterizado no chamado 5D’s de Cervero (2011), são tidas

como fundamentais no processo da concepção de cidades mais vivas e mais

seguras.

Em seu trabalho sobre índices de mobilidade sustentável, Grieco (2015),

baseado nos conceitos de Smart Growth e TOD, detalha os indicadores conforme

suas fontes, dentre eles tamanho dos quarteirões.

Conforme Rodrigues (2013) apud Grieco (2015), o tamanho dos quarteirões ou

número de cruzamentos dentro do raio da área do entorno imediato são formas de

medir a densidade de intersecções. Outra forma de medir, considerando as formas

citadas, são o número de quarteirões dentro de um quilômetro quadrado.

Logo, para medir essa variável deverão ser realizadas análises de mapas para

que seja possível contabilizar o número de quarteirões dentro de um quilômetro

quadrado. Considerando que quanto maior o número de quarteirões, mais segura e

viva se torna a área analisada.

3.1.2.9 SEGURANÇA NO TRÂNSITO

A variável segurança pode se referir à possibilidade de conflitos entre pedestres

e veículos sobre a calçada, e classificada de acordo com o tipo de via, velocidade, e

pela existência de equipamentos de segurança, como sinalização.

Dentre os grupos que representam o desenho urbano, classificados por Gehl

(2010) apud Grieco (2015), como amenidades (áreas públicas, tamanho de parques,

arborização, iluminação, sinalização) e características de desenho (tamanho do lote,

densidade de ruas, quantidade de cruzamentos, tamanho do quarteirão, ciclovia),

uma das características em destaque é a segurança, que pode ser mensurada

também pelo número de acidentes.

90

O número de acidentes está diretamente relacionado à velocidade, e a

velocidade, por sua vez, está relacionada ao tipo de via. Logo, para elaboração da

metodologia, a tipologia da via que dá acesso à estação e um levantamento de

campo devem ser considerados na coleta de dados.

3.1.2.10 SENSAÇÃO DE SEGURANÇA – SEGURIDADE

O conceito de seguridade pode ser confundido com o de segurança, mas na

verdade trata das condições do ambiente urbano em relação à sensação do

pedestre sofrer assalto ou agressões. Pode ser medido e avaliado pela sensação de

vulnerabilidade a agressões, por exemplo, ruas completamente desertas, muros

contínuos, sem contato visual com lotes privados. Essa variável está relacionada às

questões de uso e ocupação do solo.

Assim como a variável relacionada às calçadas, a coleta de dado poderá ser

realizada in loco, por meio de visita de campo ou acesso remoto, como mapas, com

o objetivo de analisar configuração da paisagem urbana. Uma alternativa a esse

dado será o número de assaltos no entorno imediato, que também reflete as

questões relacionadas à seguridade.

3.1.2.11 DIVERSIDADE DE RENDA

Na análise da demanda por transporte são consideradas as características

físicas e socioeconômicas da região de estudo. Segundo Campos (2013), qualquer

modificação no uso e ocupação do solo tem efeito sobre a movimentação dos

indivíduos.

Como um dos objetivos do DOT, além das condições do entorno, é incrementar

a demanda da estação, deve-se considerar que a demanda compreende a

91

identificação das variáveis determinantes como, por exemplo, a renda

(R$/habitante).

Considerando a diversidade das classificações de renda, segundo dados do

IBGE, propõe-se aplicar o cálculo de Entropia, adaptado ao que foi proposto por

Ritsema van Eck e Koomen (2008), apud Singh (2015), conforme pode ser

observado na EQ. 3.5 e a variável classe de renda.

EQ.. 3.5

Em que:

= Índice de Entropia

= Total de Domicílios analisados

= Total de Domicílios com pertencentes de uma determinada Classe

n = Número Total de Classes de Renda

3.1.2.12 DIVERSIDADE DE TAMANHO DAS FAMÍLIAS

O tamanho das famílias (pessoas/residência), segundo o IBGE (2015), na

década de 80 foi de 4,5 pessoas em média e chega ao fim dos anos 90 com apenas

3,4 pessoas, o que revela uma adequação ao padrão de famílias menores, passíveis

de viverem em residências mais compactas próximas aos centros, entretanto, sem

excluir as famílias maiores, conforme sugerido nos projetos DOT.

Dessa forma, como essa variável trata, assim como uso do solo e renda, da

diversidade das características, buscando identificar áreas homogenias, propõe-se

que seja utilizado o cálculo de Entropia, de acordo com Ritsema van Eck e Koomen

92

(2008) apud Singh (2015), adaptando-o para a variável tamanho das famílias, uma

vez que se apresenta favorável para aplicação desse cálculo, conforme EQ. 3.6.

EQ.. 3.6

Em que:

= Índice de Entropia

= Total de Domicílios analisados

= Total de Domicílios de uma determinada Classe

n = Número Total de Classes de Famílias

3.1.2.13 DIVERSIDADE DO USO DO SOLO

Dentre as medidas importantes do DOT se destaca a diversidade de usos do

solo de modo incentivar a implantação de diferentes tipos de comércios e serviços,

em áreas residenciais no entorno da estação.

De acordo com Frank (2005) e Singh (2015), um dos métodos utilizados para o

cálculo de diversidade do uso do solo é o índice de entropia. Dessa forma deverá

ser utilizada a EQ. 3.7 proposta por Ritsema van Eck e Koomen (2008) apud Singh

(2015).

EQ.. 3.7

93

Em que:

= Grau de Entropia

= Total da área analisada i

= Total de área de um determinado Tipo de Uso de Solo dentro da área

analisada

n = Total de Tipos de Usos do Solo

3.1.2.14 DENSIDADE POPULACIONAL E DENSIDADE DE EMPREGOS

De acordo com Grieco (2015) o IBGE (2013) relaciona mobilidade com a

qualidade de vida, e destaca a importância econômica, social e ambiental que

envolve a mobilidade e que afeta diretamente a camada social mais frágil, uma vez

que pode promover a segregação espacial, concentrando os empregos nas áreas

centrais. De modo diferente dos subúrbios americanos, os trabalhadores mais

pobres são concentrados nas periferias, distantes dos recursos e das oportunidades

de emprego e gerando viagens pendulares.

Os indicadores que expressam a densidade variam em função da abordagem de

cada estudo. Os mais usuais são habitante/hectare ou residência/hectare. Já a

variável densidade de empregos deve ser medida por empregos/hectare. É

relevante destacar que a unidade de medida poderá variar, por exemplo, para km2.

3.1.2.15 VAZIOS URBANOS

De acordo com Clemente (2012), o universo conceitual do termo vazio urbano

engloba uma relação considerável de espaços e diversos significados ligados a ele,

permitindo a sua relação com espaços ociosos das áreas centrais, ou em estado de

desvalorização com potenciais de reutilização para outros fins.

94

Os vazios urbanos são definidos, segundo Veiga e Mata (2015), como espaços

não construídos e não qualificados como áreas livres no interior do perímetro urbano

da cidade, interferindo nas suas formas de crescimento. Caracteriza-se a partir da

existência de áreas loteadas, com ou sem infraestrutura, parcialmente ocupadas

depois de passado intervalo igual ou maior que dez anos. Resultando então, em

áreas vazias de propriedade e tamanhos variados, com situações urbanas e

ambientais problemáticas.

Desde o final dos anos 1970, a literatura sobre problemas urbanos e os

documentos de planejamento, começaram a insistir sobre os problemas que os

vazios urbanos trariam para a gestão da cidade (Chagas, 2012).

Em seu estudo, Clemente (2012) considerou como vazios urbanos os lotes não

ocupados e edificações não utilizadas, conforme FIG. 3.5

FIG. 3.5: Definição de Vazios Urbanos

Fonte: Chagas, 2012.

Clemente (2012) também elaborou uma estrutura para categorizar os imóveis

95

subutilizados e vazios urbanos, conforme FIG. 3.6.

FIG. 3.6: Categorização de Imóveis Subutilizados e Vazios Urbanos

Fonte: Chagas, 2012.

Em um caso específico, onde não há necessidade de se aprofundar imóvel a

imóvel, poderá ser considerado o espaço sem uso ou subutilizado, como por

exemplo, estacionamentos, pátios, terrenos públicos.

Um levantamento cartográfico em arquivos públicos e levantamento de campo

por meio de observação direta, no local ou por mapas, também pode ser uma das

fontes de dados. De forma objetiva, por meio de mapas deverão ser coletados e

quantificados o total de terrenos (áreas) sem construção ou terrenos públicos

subutilizados, dentro da área do entorno, em um raio de 500 metros, conforme

exemplo de cálculo na EQ. 3.8.

EQ. 3.8

3.1.2.16 EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LANÇADOS

O objetivo de coletar os dados dos empreendimentos imobiliários lançados é

realizar uma análise do futuro da região estudada, a curto/médio prazo. Isso garante

que quando forem coletados os dados dos vazios urbanos, não haja erro, ocorrendo,

assim, uma análise mais próxima da realidade dentro de um período de 3 a 5 anos.

Além disso, a análise do número de empreendimento permitirá concluir

previamente qual o desenvolvimento imobiliário da região do entorno, bem como a

aderência do mercado imobiliário daquele local.

96

Para isso, os dados dos empreendimentos lançados, conforme exemplo da FIG.

3.7, em um período de três anos, podem refletir nos cenários esperados. Além

desse dado, outros como os de Vendas Sobre Oferta (VSO), tais como as unidades

disponíveis para venda e as efetivamente escrituradas, podem ser um dos formatos

de dados a serem coletados.

FIG. 3.7: Comparativo do Total de Unidades Lançadas no Rio de Janeiro em 2008 e 2009 Fonte: ADEMI, 2015.

Ambos os dados poderão ser extraídos de relatórios ou fornecidos pelas

Associações Representativas do Mercado Imobiliário, como por exemplo, ADEMI –

Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário. Esses dados, em

sua maioria, são fornecidos de acordo com os segmentos por região, finalidade,

tipologia e preço/m² privativo, conforme FIG. 3.8.

FIG. 3.8: Unidades residenciais e comerciais dentro do universo da Pesquisa ADEMI Fonte: Sinduscon-rio, 2013.

97

Dessa forma, conclui-se que os dados do número de empreendimentos

lançados por ano devem ser solicitados às Associações e Prefeituras.

3.1.2.17 ZONEAMENTO

O zoneamento é de fundamental importância no planejamento de uma cidade,

garantindo o seu desenvolvimento ordenado. Nele, o território municipal é dividido

em partes chamadas zonas, e são definidas, para cada uma delas, normas de uso e

ocupação do solo. Isso nada mais é do que definir regras que determinem o que

pode ser feito na cidade, de que forma e onde.

O ordenamento territorial é realizado através de dois elementos principais: a

definição de usos e atividades e a determinação das características dos lotes e

edificações. Os usos são divididos em categorias, e se referem ao tipo de atividade,

como por exemplo, residencial, comercial, industrial, entre outros. Cada zona possui

normas quanto à possibilidade, ou não, de ter cada um desses usos, em diferentes

intensidades, não sendo permitidos aqueles que contrariem o que diz o zoneamento.

Assim, uma área da cidade pode abrigar usos residenciais e comerciais de pequeno

porte, e não permitir atividades industriais, por exemplo.

As zonas podem se caracterizar pela predominância, diversidade ou intensidade

dos diversos usos e se dividem em sete categorias principais: zona de conservação

ambiental, agrícola, residencial unifamiliar, residencial multifamiliar, comercial e de

serviços, de uso misto e industrial.

Seguindo as diretrizes do DOT, as zonas ótimas no entorno da estação, bem

como em sua área de influência devem ser do tipo zona mista, ou seja, zona de uso

misto, de densidade demográfica média-alta. Outras zonas como as zonas de uso

estritamente residencial, zona de uso estritamente comercial, bem como as demais,

também devem ser analisadas, entretanto, não deverão ser consideradas ótimas.

98

Esses dados estão, de modo geral, disponíveis em bancos de dados das

prefeituras, e fazem parte do Plano Diretor Municipal.

3.1.2.18 POSSIBILIDADE DE ADENSAMENTO

De acordo com Freitas (2005), a legislação de caráter mais abrangente não

consegue abarcar algumas particularidades dos princípios que regem o ambiente

urbano e seu equilíbrio natural. Entretanto, as legislações mais específicas, como

aquelas que regulamentam o uso e ocupação do solo, como por exemplo, o

coeficiente de utilização, consegue preservar o ambiente.

Os chamados índices e parâmetros urbanísticos definem um conjunto de regras

que devem ser aplicadas às construções com o objetivo de controlar o padrão de

ocupação do solo na cidade. São eles: índice de aproveitamento do terreno,

coeficiente de adensamento, índice de comércio e serviços, taxa de ocupação

máxima, taxa de permeabilidade mínima, área mínima útil da unidade, gabarito,

afastamentos mínimos das divisas e entre edificações, dimensões da projeção

horizontal, limite máximo de profundidade, galeria de pedestres e embasamento. As

FIGs. 3.9, 3.10 e 3.11 ilustram esses índices.

FIG. 3.9: Configurações de Aproveitamento do Terreno de acordo com a IAT Fonte: Secretaria Municipal de Urbanismo do Rio de Janeiro.

99

FIG. 3.10: Índices de Aproveitamento do Terreno Fonte: Secretaria Municipal de Urbanismo do Rio de Janeiro

FIG. 3.11: Possibilidades de Aproveitamento do Terreno de acordo com o Gabarito Fonte: Secretaria Municipal de Urbanismo do Rio de Janeiro

Essas medidas existem de modo a controlar a quantidade de pessoas, o total de

área construída e a forma das edificações em cada área da cidade. Por isso, os

índices e parâmetros urbanísticos são definidos de acordo com a zona em que se

encontram, e devem ser aplicados em cada lote.

O Índice de aproveitamento do terreno (IAT) também chamado de Coeficiente de

Aproveitamento (CA) pode ser definido como o número que, multiplicado pela área

do terreno, define o valor máximo de m² que podem ser construídos (área total

edificável – ATE), somadas as áreas de todos os pavimentos, flexibilizando as

possibilidades para a mesma área construída.

Pode ser calculado pelo coeficiente de aproveitamento (real/permitido),

conforme a Fórmula 3.1, a seguir:

100

EQ. 3.9

Esse índice pode ser definido pelo Plano Diretor, dentro do PEU – Projeto de

Estrutura Urbana local, que multiplicado pela área total do lote, estabelece a

quantidade máxima de metros quadrados permitidos para serem construídos,

somando-se a área de todos os pavimentos.

Essa será a forma de analisar a variável possibilidade de adensamento da

região do entorno da estação, de modo que no futuro, possa-se aumentar, ou não, o

coeficiente, como ferramenta que possibilitará o adensamento. Dessa forma, os

índices e parâmetros urbanísticos disponíveis devem ser considerados, passo que

são medidas que refletem os conceitos do DOT.

101

4 DEFINIÇÃO DAS TÉCNICAS DA METODOLOGIA

Diante da complexidade que envolve o processo de tomada de decisões sobre a

escolha das estações de transporte, buscam-se técnicas que possam contribuir

para:

1) A determinação dos valores dos indicadores oriundos das variáveis DOT,

definidos no Capítulo 3, e que farão parte da metodologia proposta;

2) Hierarquizar as estações de acordo com os valores dos indicadores obtidos

no item anterior, segundo pesos determinados por tomadores de decisão, e assim

identificar a estação prioritária.

Dessa forma, o objetivo deste capítulo é descrever as técnicas para apoio à

decisão que poderão ser utilizadas na determinação dos valores dos indicadores e

na hierarquização das estações. A técnica definida aqui fará parte da metodologia,

objetivo principal desse trabalho.

4.1 FERRAMENTAS DE APOIO À TOMADA DE DECISÃO

De acordo com Paiva (1998), um processo organizado de tomada de decisão é

essencial para o planejamento, uma vez que frequentemente os tomadores de

decisão optam por uma, entre várias alternativas. Importante lembrar que um grupo

de tomadores de decisão pode ser formado por segmentos heterogêneos, com

pontos de vista diferentes, dificultando a decisão. Além disso, devido à falta de

recursos e de planejamento adequados, o poder público e o setor privado, muitas

vezes não possuem capital suficiente para executar todos os investimentos

necessários, tanto do ponto de vista do setor de transportes, quanto de outras redes

básicas.

102

Embora metodologias de análise de tomada de decisão tenham evoluído muito

nos últimos anos, sendo vastamente utilizadas em planos governamentais e em

estudos acadêmicos, na prática, sua aplicação ainda é muito superficial em projetos

de uso do solo relacionados a transportes.

Os métodos de apoio à decisão também podem ser utilizados em casos mais

específicos, com o objetivo de auxiliar os tomadores de decisão, seja no setor

público ou privado, no processo de escolha, reforçando ainda mais a relevância da

inovação e aprimoramento de novas técnicas incorporadas às metodologias.

Em relação aos projetos de transporte, no processo de escolha das técnicas, de

acordo com Freitas (2012), os sistemas de apoio à tomada de decisão fornecem

ferramentas e modelos de análise de grande quantidade de dados, especificamente

o sistema de transporte. Isso se deve a suas características, pois envolvem grande

quantidade de variáveis necessárias para o planejamento, gestão e controle,

principalmente, devido a sua complexidade e enorme quantidade de dados

existentes. Daí a relevância de se investigar diferentes técnicas e encontrar a que

mais se adapte ao caso específico.

Para isso será realizada uma breve análise das ferramentas multicritério

relacionadas ao processamento de variáveis quantitativas e qualitativas, discretas e

contínuas, com universos de discursos diferentes, para hierarquização por critérios e

opiniões de especialistas, objetivando apoiar a escolha de estações para

implantação de projetos DOT.

4.2 ANÁLISE MULTICRITÉRIO

De acordo com Campos (2013), o processo de avaliação de projetos de

transporte pode ser considerado em duas formas de análise: econômica e analítica.

A análise econômica, mais usual, baseia-se na relação entre custos e benefícios e

utilizando critérios como Taxa Interna de Retorno - TIR e Payback. Entretanto,

103

quando se incluem variáveis qualitativas e/ou subjetivas durante a análise, utilizam-

se as metodologias de análise analítica, que têm como principal característica a

utilização de parâmetros não monetários, mas que interferem na decisão. O

resultado deste tipo de análise é a classificação entre as alternativas analisadas.

Para isso, a análise multicritério denota como ferramenta fundamental no processo

de tomada de decisão, utilizando-se dois ou mais critérios ou indicadores,

qualitativos e/ou quantitativos, combinados de modo a atingir um objetivo comum.

Surgidas juntamente com o desenvolvimento da Pesquisa Operacional – PO,

após a Segunda Guerra Mundial, as metodologias de apoio à decisão e a

modelagem matemática da PO permitem um único critério ou múltiplos critérios, que

devem representar perfeitamente as preferências do decisor. (BOUYSSOU,1989

apud NETO, 2001).

Os métodos multicritérios agregam critérios de natureza social e ambiental aos

critérios econômicos, permitindo que os decisores conheçam pontos conflitantes

entre eles. Segundo Gomes et al. (2004) apud Paiva (2008), o processo de análise

multicritério envolve quatro níveis, não necessariamente sequenciais, que são:

1º: Objetivo da decisão e Espírito de Recomendação;

2º: Análise das consequências e elaboração dos critérios;

3º: Modelagem das preferências globais e abordagem operacional;

4º: Análise dos resultados.

Para Soares (2003) apud Miranda (2008), a análise multicritério é desenvolvida

em etapas, da seguinte forma:

1º: Formulação do problema;

2º: Determinação de um conjunto de ações potenciais;

3º: Elaboração da uma família coerente de critérios;

4º: Avaliação dos critérios;

5º: Determinação de pesos dos critérios e limites de discriminação;

6º: Agregação dos critérios.

104

Segundo Neto (2001), com a evolução das metodologias multicritérios surgiram

diversas correntes de pensamento, sobressaindo-se duas escolas: a Escola

Americana e a Escola Europeia. Segundo Roy (1990) apud Lyrio (2008), dessas

correntes de pensamento surgem duas das principais correntes de pensamento

multicritério: Multicriteria Decision Making (MCDM) e Multicriteria Decision Aid

(MCDA).

A Escola Americana guarda uma forte ligação com a PO tradicional,

caracterizando-se, principalmente, pela extrema objetividade, pela busca de uma

solução ótima, dentro de um conjunto bem definido de opções, tratando-se de um

problema percebido por todos da mesma forma. Essa escola deu origem à

metodologia MCDM. De acordo com Paiva (2008), alguns exemplos de métodos da

Escola Americana são: AHP, EVAMIX, MACBETH, MAVT, MINORA, PREFCALC,

SMART, TODIM, TOPSIS, UTA e UTASTAR.

A Escola Europeia, por sua vez, não se limita à mesma objetividade da Escola

Americana. Essa escola considera que o conhecimento existente por parte dos

decisores pode ser organizado e desenvolvido, assim como as alternativas

existentes estão em um espaço que pode ser significativamente expandido. Para

Vilas Boas (2006) apud Paiva (2008), os métodos relacionados aceitam a

possibilidade de incomparabilidade entre os critérios que pode ocorrer devido à

incertezas e imprecisões dos dados utilizados, além das características próprias do

decisor. Na aplicação desses métodos os decisores, ao compararem duas

alternativas, encontram uma das seguintes situações:

● Uma alternativa é preferida à outra com preferência forte, também

denominada preferência sem hesitação;

● Uma alternativa é preferida à outra com preferência fraca, também

denominada preferência com hesitação;

● Uma alternativa é indiferente à outra;

● Uma alternativa é incomparável à outra.

105

Os autores fazem uma relação de exemplos de métodos de subordinação. São

eles: ELECTRE I; ELECTRE II; ELECTRE III; ELECTRE IV, MAPPAC, MELCHIOR,

MERCHIOR, ORESTE, PRAGMA, PROMETHEE, QUALIFLEX, REGIMA, TACTIC.

A diferença entre as duas correntes de pensamento mencionadas, a americana

e a europeia, está relacionada à diferença de posições: enquanto MCDM procura

desenvolver um modelo matemático, que permita descobrir uma solução ótima, que

se acredita preexistir independentemente dos indivíduos envolvidos, a segunda, a

MCDA, procura auxiliar a modelagem no contexto de decisão, a partir da

consideração das convicções e valores dos indivíduos envolvidos, de tal forma a

permitir a construção de um modelo no qual se baseiam as decisões em favor do

que se acredita ser o mais adequado. Em vista disso, pode-se dizer que, como seu

próprio nome indica, a metodologia MCDA é uma ferramenta de apoio à tomada de

decisão (ROY, 1990 apud LYRIO, 2008).

A MCDA é, então, um processo que visa integrar medidas objetivas e

julgamentos de valor bem como explicitar e gerenciar a subjetividade da situação

problema. Podem-se identificar algumas características gerais da metodologia

MCDA (BELTON et al., 2003 apud JUNIOR 2008). São elas:

● A metodologia MCDA considera, explicitamente, múltiplos e conflitantes

critérios no processo de auxílio à tomada de decisão;

● A metodologia MCDA auxilia na estruturação do problema;

● O principal objetivo colocado é auxiliar o tomador de decisão a entender a

situação problema, os valores e julgamentos dele próprio e dos demais

stakeholders, bem como organizar, agregar e apresentar as informações

necessárias adequadamente, permitindo a identificação de um curso de ação

preferencial;

● A análise complementa e desafia a intuição do tomador de decisão;

● São obtidas decisões mais ponderadas, justificáveis e explicáveis;

● As abordagens MCDA mais eficientes são conceitualmente simples e

transparentes; e

106

● Habilidades consideradas não triviais são necessárias para fazer um uso

efetivo das ferramentas em um ambiente potencialmente complexo.

4.3 MÉTODOS E TÉCNICAS MULTICRITÉRIOS

De acordo com Campos (2013), os métodos multicritérios, oriundos da escolha

do consumidor, auxiliam os tomadores de decisão nas estratégias a serem

implementadas com base no conhecimento de impacto, de modo a colaborar com

indivíduos ou grupos na abordagem de avaliações importantes e a encontrar

melhores soluções na tomada de decisão. Os métodos ou técnicas promovem

melhor organização para apresentar dados e informações apropriadas. Com base

nessa análise é possível obter decisões mais ponderadas.

Esses métodos, tratados sob a forma gráfica ou matemática, podem auxiliar os

tomadores de decisão na compreensão integral da situação sob análise, que

normalmente é simultânea e envolve grande número de variáveis em cada

alternativa, podendo ser determinístico, estocástico e de Inteligência Artificial – IA .

(MIRANDA, 2008). Lewe (2005) apud Miranda (2008) propõe o estabelecimento de

características básicas com os seguintes elementos:

● Alternativas;

● Atributos/Variáveis;

● Unidades múltiplas;

● Medidas híbridas;

● Matriz de decisão.

Considerando o objetivo do capítulo, que busca determinar as técnicas

adequadas ao processamento de variáveis quantitativas e qualitativas, discretas e

contínuas, com universos de discursos diferentes, será realizada uma breve análise

das técnicas de decisão difusas, de modo a incrementar a aplicação de técnicas

hibridas no processo decisório.

107

4.4 MÉTODOS E TÉCNICAS DE DECISÃO DIFUSOS

Devido à necessidade da tomada de decisões atenderem a particularidades, que

variam de acordo com os cenários e ambientes em que as decisões são tomadas,

novos modelos ou associação de dois métodos são desenvolvidos. Existem duas

fases na decisão multicritério difuso:

1º: A agregação do grau de satisfação para todos os critérios por alternativa

(rating);

2º: Ranking das alternativas com respeito ao grau de satisfação da agregação

global.

De acordo com Souza (2001), dentre uma infinidade de novas técnicas e

metodologias desenvolvidas, a Inteligência Artificial, por exemplo, se destaca por

procurar representar o comportar humano na resolução de problemas, fazendo uso

de programas e algoritmos. Acredita-se que em virtude das várias características

não quantificáveis apresentadas pelo sistema de transporte urbano, dá-se margem

para interpretações cognitivas logo, afirma Souza (2001), acredita-se que essas

técnicas possam ser utilizadas com sucesso na resolução de problemas sobre

transporte.

Dentre as técnicas podem-se citar as Redes Neurais Artificiais e os Sistemas

Especialistas, que apresentam como parte de seu conjunto a Teoria Fuzzy, que por

sua vez, acredita-se ser a técnica mais apropriada para problemas ligados ao

Sistema de Transporte Público Urbano (CURY, 2007).

Segundo Tafner et al. (1995) apud Souza (2001), encontra-se cada vez com

maior frequência as combinações de técnicas para solução de problemas. Essas

combinações são chamados de sistemas híbridos.

108

Segundo Vellasco (2000) apud Souza (2001), a Teoria Fuzzy é capaz de

capturar dados imprecisos e de opinião, e convertê-los em formato numérico,

fornecendo fundamentos para efetuar um raciocínio aproximado. Tem-se como

principais características:

Habilidade de modelar problemas complexos;

Modelagem cognitiva, habilidade de codificar o conhecimento de forma similar

ao modo como os especialistas expressam o processo de decisão;

Capacidade de modelar sistemas envolvendo múltiplos especialistas;

Complexidade reduzida, pois o sistema possui menos regras e é composto de

outras, similares às expressas pelos especialistas;

Método melhor, mais consistente e mais matemático de lidar com incertezas é

fornecido pela Teoria Fuzzy.

A seguir são apresentadas características de alguns dos principais métodos e

técnicas híbridos com a Teoria Fuzzy.

4.4.1 FUZZY TOPSIS

Para Chen (2000), o método TOPSIS é mais adequado como ferramenta de

tomada de decisão em cenários de incerteza. Em seu estudo propôs a primeira

combinação entre este método e a Teoria dos Conjuntos Fuzzy (Fuzzy Set Theory -

FST). No método Fuzzy-TOPSIS as pontuações das alternativas e o peso dos

critérios de decisão são definidos como variáveis linguísticas. Uma variável

linguística é aquela cujos valores são sentenças definidas em linguagem natural ou

artificial, permitindo distinguir qualificações por meio de faixas de gradações

(ZADEH, 1973 apud CHEN, 2000).

O uso de variáveis linguísticas requer a definição de um conjunto de termos

linguísticos para mensurar seus valores de forma adequada. Por exemplo, o valor da

109

variável linguística “qualidade do serviço” pode ser medido por meio dos termos

linguísticos “ruim”, “boa” e “ótima”.

Termos linguísticos são comumente representados por números Fuzzy

triangulares e trapezoidais. Números Fuzzy são constituídos por conjuntos Fuzzy

que obedecem a condições de normalidade e continuidade. A morfologia de um

número Fuzzy permite a quantificação da imprecisão associada a uma dada

informação, sendo definida por meio do comportamento de sua função de

pertinência µ(x). (JUNIOR; CARPINETT, 2015). Logo, o uso de Fuzzy TOPSIS em

relação ao TOPSIS se destaca, pois se trata de um uso mais adequado para

critérios qualitativos e pesos, passível também de modelar critérios quantitativos em

cenários de incerteza.

4.4.2 FUZZY SAW – FSAW

No SAW padrão, calcula-se a média ponderada com os pesos dos critérios e os

valores de cada critério. O FSAW trata-se do mesmo processo, mas com números

difusos (Fuzzy Numbers), determinando-se o máximo dos números difusos. Para

isso deve-se saber compará-los.

Deni et al. (2013) apud Abdullah e Adawiyah (2014) usaram em sua aplicação o

peso composto por cinco números Fuzzy de classificação “muito baixo”, “baixo”,

“médio”, “alto” e “muito “alto”. O resultado desta pesquisa mostra que o método

FSAW pode ser utilizado no processo utilizando cálculos de ponderação simples e

que se trata de um método capaz de chegar à melhor decisão.

Outras aplicações do método FSAW também apresentaram bom desempenho, a

exemplo de Sagar et al. (2013), que fez a seleção de uma estratégia de manutenção

preventiva apropriada considerando a opinião de cinco peritos que deram pesos aos

10 critérios qualitativos, considerando variáveis linguísticas, que por sua vez, foram

transformadas em números Fuzzy triangulares.

110

Isso mostra que o método FSAW apresenta-se mais adequado para o

tratamento de critérios qualitativos juntamente com quantitativos, considerando a

influência de especialistas e autoridades no processo de decisão, cada um com sua

experiência e visão do processo em discussão. Por exemplo, avaliar de modo

individual, de acordo com a percepção e experiência de cada especialista na

seleção do local e quanto ao grau de investimento em um determinado projeto.

4.4.3 REDES NEURO-FUZZY

Redes Neuro-Fuzzy se originam da combinação dos conceitos de Sistemas

Fuzzy e das Redes Neurais Artificiais - RNA. O objetivo desta integração é minimizar

as deficiências de ambos os modelos, tentando construir um novo modelo que busca

unir as qualidades dos dois sistemas. (RAMOS, 1999)

De acordo com Ramos (1999), uma rede Neuro-Fuzzy pode ser definida como

sendo um Sistema Fuzzy que é administrado por algum algoritmo derivado da Teoria

das RNA. Para Sucena, (2007), as Redes Neuro-Fuzzy são um sistema híbrido,

onde a principal vantagem é a possibilidade de tratar conceitos imprecisos (como

opiniões) e processamento em camadas. Com isso, tem-se a capacidade das RNA

em reconhecimento e classificação, sem deixar de considerar a robustez e a

habilidade de generalização.

A caracterização da tecnologia Neuro-Fuzzy é dada pela Teoria Fuzzy à

arquitetura das RNA, estruturando uma ferramenta adequada para o processamento

de dados que redundem em outros dados ou informações. A adequação da Teoria

Fuzzy à realidade humana é facilmente verificada, uma vez que, no ambiente

humano, o processo decisório ocorre em ambiente de incerteza. (CURY, 1999).

Com a Teoria Fuzzy, a vantagem é a possibilidade de trabalhar com dados

qualitativos, não lineares, com universos de discurso diferentes. Já com as RNA, os

111

processamentos ocorrem em paralelo, com possibilidade de obtenção de uma ou

várias saídas.

Souza (1999) complementa, citando que o primeiro aspecto que torna possível

essa integração é que as RNA e os sistemas Fuzzy são aproximadores universais.

Portanto, a rede Neuro-Fuzzy mantém essa característica fundamental para o

desenvolvimento das aplicações. Além de outros aspectos, ambos os sistemas

manipulam dados incompletos, imprecisos, complexos e não lineares, além de alto

grau de abstração de informação irrelevante para o sistema.

As RNA, com sua capacidade de aprendizagem e adaptação, minimizam a

deficiência dos sistemas Fuzzy em aprender novas regras, ou até mesmo em

remover as desnecessárias. Em um ambiente impreciso e ambíguo, definir regras e

funções de pertinência para um sistema Fuzzy não é uma atividade trivial. Muitos

erros, durante a fase de Fuzzyficação, podem ser cometidos, comprometendo o

pleno funcionamento desses sistemas. As RNA podem oferecer a um sistema Fuzzy

a habilidade de obter novas regras automaticamente, sem a presença do

especialista, e em alguns casos, remover aquelas com grau de importância ou peso

muito pequeno (RAMOS, 1999).

4.5 DEFINIÇÃO DAS TÉCNICAS

Reitera-se que duas técnicas devem ser definidas, considerando-se que:

1) Há necessidade de se determinar os valores dos indicadores DOT oriundos

das variáveis DOT;

2) Objetiva-se hierarquizar as estações de acordo com os valores dos

indicadores DOT obtidos segundo pesos determinados por tomadores de decisão,

que identificarão a estação prioritária.

112

Diante desse cenário, da complexidade que envolve o processo de tomada de

decisões sobre a escolha das estações de transportes e da definição de técnicas de

análise multicritérios mais adequadas, foram definidas as seguintes ponderações:

1) Considerando que as variáveis DOT tratadas neste trabalho podem ser de

caráter tanto quantitativo como qualitativo, com universos de discursos diferentes,

além de se necessitar obter uma saída (Indicador DOT) originada de várias entradas

DOT, entende-se que a técnica mais adequada é a Rede Neuro-Fuzzy. Cabe

ressaltar que não será necessário o uso de algoritmos para treinamento da Rede,

pois os dados de entrada são definidos de forma precisa.

2) Para hierarquização existirão pesos indicados pelos tomadores de decisão

para os indicadores, focados nas suas percepções, denotando-se que a técnica AHP

mostra-se como a mais ajustada, por ser uma ferramenta simples e amplamente

utilizada.

Entendendo-se que as técnicas foram definidas segundo as análises das

características de cada uma para aplicação na metodologia, objetivo principal dessa

dissertação, faz-se necessária a complementação teórica que subsidiará os cálculos

para obtenção dos indicadores e, consequentemente, determinação da hierarquia

das estações.

4.6 COMPLEMENTAÇÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO SOBRE REDES NEURO-

FUZZY E AHP

4.6.1 REDES ARTIFICIAIS NEURO-FUZZY

Para Ramos (1999), o advento das Redes Neuro-Fuzzy quebrou o conceito de

caixa preta das RNA, porque o comportamento deste modelo pode ser entendido

pela observação das variáveis linguísticas, das funções de pertinência, dos

113

relacionamentos entrada-saída e das próprias inferências Fuzzy, as quais podem

explicar facilmente o funcionamento do sistema, devido à simplicidade e proximidade

com a linguagem humana.

Cada neurônio artificial da Rede Neuro-Fuzzy processa os dados de entrada

seguindo-se os preceitos da Teoria Fuzzy, permitindo-se obter variáveis de saída

que refletem certo conhecimento. Dessa forma a Rede Neuro-Fuzzy é tratada como

um sistema hibrido incorporado, conforme mostra a FIG. 4.1.

FIG. 4.1: Exemplo de Sistema Híbrido Incorporado.

Fonte: Contreras,2007.

Nas Redes Neuro-Fuzzy, especificamente nos seus neurônios artificiais, podem

ser observadas três camadas (Multilayer Feedforward), conforme apresentado em

Fullér (1995), Kartalopoulos (1996), Medeiros (1996), Nauck (1997) apud Ramos

(1999), e apresentado resumidamente na FIG. 4.2. Tais camadas serão detalhadas

no item 4.6.1.2.

FIG. 4.2: Exemplo de Arquitetura de uma Rede Neuro-Fuzzy

Fonte: Adaptado de Tanscheit, 2015 e Ramos, 1999.

114

4.6.1.1 REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

As RNA são representadas em diversas disciplinas, tais como: neurociência,

matemática, estatística, física, ciência da computação e engenharia. (FERNANDES,

MOREIRA E SILVA, 2010)

Suas aplicações podem ser utilizadas em diferentes campos, como modelagem,

análise de séries temporais, reconhecimento de padrões, processamento de sinais e

controle, graças a uma importante característica dessa técnica que é a capacidade

de aprender por meio dos dados de entrada com ou sem supervisão (HAYKIN,

2001).

De acordo com Fernandes (2003), um neurônio representa a unidade

computacional básica da rede; a arquitetura é a estrutura de conexão entre os

neurônios, e a aprendizagem é um processo de adaptação da rede em computar

uma determinada função ou em realizar uma dada tarefa.

A definição para Haykin (2001) de uma rede neural artificial é como uma

máquina projetada para modelar, similar ao cérebro, que realiza uma determinada

tarefa ou função de interesse. Esse domínio é implementado por meio de

componentes eletrônicos ou é simulada em um programa computacional.

Braga, Carvalho e Ludermir (2000) consideram sistemas paralelos distribuídos

compostos pelos neurônios (unidades de processamento) que realizam o cálculo de

funções matemáticas, lineares ou não. As camadas dispostas são interligadas

através de um elevado número de conexões, unidirecionais (normalmente), com

pesos associados, sendo armazenado nessas unidades de processamento o

conhecimento representado no modelo, ponderando as entradas.

Cabe ressaltar que, apesar de Redes Neurais Artificiais permitirem aprendizado

pela inserção de pesos nas variáveis de entrada, nesta dissertação, os referidos

115

serão anexados aos indicadores, resultados do processamento das Redes Neurais

Artificiais.

Para Carvalho et. al. (2000), parte da discussão em RNA gira em torno dos

métodos de aprendizado para que os nós possam ser capazes de executar uma

determinada função. O trabalho de McCulloch e Pitts se concentra em descrever um

modelo artificial de um neurônio e apresentar suas capacidades computacionais. Em

poucas palavras, o modelo de neurônio proposto por McCulloch e Pitts, de acordo

com o artigo “A Logical Calculus of the Ideas Immanent in Nevrous Activity” (1943), é

uma simplificação do que se sabia até então a respeito do neurônio biológico,

conforme mostra a FIG. 4.3.

FIG. 4.3: Neurônio de McCulloch e Pitts

Fonte: Popoff, 2009.

De acordo com Bastos (2010), um neurônio biológico dispara quando a soma

dos impulsos que ele recebe ultrapassa o seu limiar de excitação. O corpo do

neurônio é emulado por um mecanismo que calcula a soma dos valores xi (terminais

de entrada) e wi (pesos acoplados), onde a soma de xiwi é o efeito de uma sinapse i

no neurônio pós-sináptico, recebidos pelo neurônio (soma ponderada) e decide se o

mesmo deve ou não disparar (saída igual a 1 ou a 0), comparando a soma obtida ao

seu limiar. Para o modelo MCP a ativação do neurônio é obtida através da

aplicação de uma "função de ativação" que ativa ou não a saída de acordo com a

EQ. 4.1, enquanto o modelo MCP terá então sua saída ativa, conforme EQ. 4.2.

EQ. 4.1

116

EQ. 4.2

Um parâmetro importante na concepção de uma RNA é sua arquitetura, uma

vez que ela restringe o tipo de problema que pode ser tratado pela rede. Para

definição da arquitetura da rede, os seguintes parâmetros são considerados: número

de camadas da rede; número de nós (neurônios) em cada camada; tipo de conexão

entre os nós e topologia da rede. Na FIG. 4.4 são apresentados alguns tipos de

arquiteturas RNA.

FIG. 4.4: Exemplos de Arquiteturas de RNAs Fonte: Adaptado de Braga, Carvalho, Ludemir, 2000, apud Bastos, 2010.

4.6.1.2 TEORIA FUZZY

Segundo Chenci, Lucas e Rignel (2011), os princípios de Teoria de Conjuntos

Fuzzy foram primeiramente desenvolvidos por Jan Lukasiewicz (1878-1956), em

1920 que introduziu conjuntos com graus de pertinência sendo 0 , ½ e 1 e, mais

tarde, expandiu para um número infinito de valores entre 0 e 1.

Lofti Asker Zadeh, professor de Ciências da Computação da Universidade da

Califórnia, foi o primeiro autor de uma publicação sobre Teoria de Conjuntos Fuzzy,

na qual observou que muitas regras presentes no cotidiano da população não

podiam ser explicadas pelas pessoas que as usavam. Ele acreditava que, por

exemplo, era possível olhar para uma pessoa e imaginar que ela tinha 50 anos; de

fato não se sabe como explicar isso. Zadeh foi criticado por vários cientistas e

117

estudiosos da área da computação, porém, logo sua ideia foi aceita no meio, com

publicações que abordavam aplicações dos Sistemas Fuzzy.

Assim, como se apresenta hoje, a Teoria Fuzzy foi proposta por Zadeh (1965) e

vem sendo usada na modelagem de sistemas com categorias de elementos cujas

fronteiras são consideradas incertas, sendo definidas por meio de propriedades

subjetivas ou atributos imprecisos. Tal incerteza é definida pelo grau de inclusão dos

elementos em conjuntos Fuzzy.

Um conjunto Fuzzy é representado por meio de uma função de pertinência

mA(x): X → [0.0, 1.0], para permitir níveis parciais de inclusão. Ao contrário da

Teoria Tradicional de Conjuntos, que é definida usando uma função característica

mA(x): X → {0.0, 1.0}, na Teoria dos Conjuntos Fuzzy e na Lógica Fuzzy, como

mA(x) toma valores no intervalo contínuo [0.0, 1.0], admite-se a existência de níveis

intermediários entre os valores de pertinência “falso” (0.0) e “verdadeiro” (1.0)

(PEDRYCZ; GOMIDE, 2007; ZAREH, 1965 apud CHEN, 2000).

Em situações de incertezas em que se admitem valores lógicos intermediários

entre o falso (0) e o verdadeiro (1), (CAMPOS, 2011), ou seja, que não admite

apenas valores booleanos, verdadeiro ou falso, a Teoria de Conjuntos Fuzzy, trata

de valores que variam entre 0 e 1. Assim, uma pertinência de 0.5 pode representar

meio verdade, logo 0.9 e 0.1, representam quase verdade e quase falso,

respectivamente (SILVA, 2005 apud, CHENCI, LUCAS e RIGNEL, 2011).

Como se trata de um método que trabalha com incertezas, Costa (2007),

Mukaidono (2001) apud Chenci, Lucas e Rignel (2011), apresentam um exemplo

ilustrativo em relação à forma do método trabalhar com incertezas, conforme FIG.

4.5. Nesse exemplo é possível compreender que, enquanto o lado esquerdo da FIG.

4.5 (conjuntos convencionais) representa uma situação em que se pode responder

simplesmente "Sim" ou "Não", no gráfico do lado direito da mesma figura (conjuntos

Fuzzy) é possível responder algo como "aproximadamente".

118

FIG. 4.5: Comparação entre Teorias Fonte: Adaptado de Costa, 2007, apud Chenci et al., 2011.

Logo, esse método é capaz de capturar informações vagas, descritas em

linguagem natural e convertê-las para um formato numérico, de fácil manipulação.

Segundo Belchior (1996) e Turk (1991), apud Sucena (2007), qualquer

representação adequada de um conjunto Fuzzy, para modelagem da lógica Fuzzy,

envolve o entendimento básico de cinco diferentes símbolos conceituais,

relacionados entre si:

Conjunto de elementos: como, por exemplo, um "homem" em "homens" ou

um "item" em "estoque";

Variável linguística: é um rótulo para um atributo dos elementos, como "altura

de homem" ou o "nível de estoque" de uma empresa;

Termo linguístico de uma variável linguística: corresponde a um adjetivo ou a

um advérbio, em um conjunto de termos linguísticos, como "homem alto" associado

com a "altura do homem" ou "estoque baixo", relacionado com possíveis "níveis de

estoque" de uma empresa;

Intervalo numérico mensurável: conhecido também como “conjunto

referencial” ou “universo de discursos” para um atributo particular, de um conjunto de

elementos, como, por exemplo, "[0,3] metros" para "altura de homem", ou "[250,750]

unidades" para "nível de estoque";

119

Atribuição numérica subjetiva ou valor de pertinência: é o grau com que um

elemento pertence ao conjunto de elementos, rotulados por uma variável linguística,

e identificados pelo termo linguístico. Por exemplo, o valor de pertinência dado a um

"homem" em um grupo de homens por um observador, que usa o termo linguístico

"alto", segundo sua visão de "altura" para homens, ou o valor de pertinência

atribuído por um gerente para "estoque", através do adjetivo "baixo", englobando

todos os níveis de estoque sob o seu gerenciamento.

A principal função de uma variável linguística é fornecer uma maneira

sistemática para a caracterização aproximada ou mal definida de fenômenos

complexos. Em essência, a utilização do tipo de descrição linguística empregada por

seres humanos, e não de variáveis quantificadas, permite o tratamento de sistemas

que são muito complexos para serem analisados através de termos matemáticos

convencionais (TANSCHEIT, 2002, apud SUCENA 2007).

Com base nos conceitos estabelecidos é possível chegar na formação das

funções de pertinência Fuzzy que é definida por Shaw et al. (1999) apud Sucena

(2007) como função numérica, gráfica ou tabulada, que atribui valores de pertinência

Fuzzy para valores discretos de uma variável em seu universo de discurso,

conforme exemplo da FIG. 4.6.

FIG. 4.6: Exemplo de Função de Pertinência – Variável Linguística “Nível de Degradação”

Fonte: Sucena, 2007.

120

Quanto ao Modelo Fuzzy implementado, as regras Fuzzy formam a parte

fundamental da estrutura de conhecimento em um sistema de inferência Fuzzy. Os

formatos das regras Fuzzy podem ser divididos em quatro grupos principais:

• Mamdani;

• Takagi-Sugeno;

• Tsukamoto;

• Classificação.

Quanto ao formato das Funções de Pertinência, os formatos mais comuns de

funções de pertinência são:

• Triangular;

• Trapezoidal;

• Gaussiana;

• Sino;

• Sigmoidal;

• Singleton.

4.6.1.3 VARIÁVEIS LINGUÍSTICAS

As variáveis linguísticas podem conter modificadores (ou hedges), linguísticos

ou matemáticos, que alteram seu valor intrínseco. Eles antecedem a uma variável

linguística originando outra variável linguística. Os modificadores mais utilizados são:

muito, pouco, não muito, mais ou menos.

Uma variável linguística pode conter conectivos “e” e “ou” que podem ser

aplicados para formar outra variável de sentido linguístico diferente. Exemplificando,

uma variável linguística “comprimento” pode ser expressa por “não muito alto” e “não

muito baixo”.

Observando a FIG. 4.7 é possível fazer as seguintes afirmações:

121

● O Copo A está muito vazio;

● O Copo B está muito cheio;

● O Copo B está razoavelmente cheio.

Na mesma FIG 4.7, ao lado dos copos, é possível observar a representação das

três situações pelas funções de pertinência trapezoidal e os respectivos termos

linguísticos.

FIG. 4.7: Exemplo de Variável Linguística e Atribuições de Valores Numéricos

Fonte: Adaptado de Aguado e Cantanhede, 2010.

De acordo com Tanscheit (2004), uma variável linguística é uma variável cujos

valores são nomes (termos linguísticos) de Conjuntos Fuzzy. Estes valores são

descritos por intermédio de Conjuntos Fuzzy, representados por funções de

pertinência (triangulares e trapezoidais, por exemplo) que mapeiam o universo de

discurso (abscissa) com os graus de pertinência (ordenada), conforme mostrado na

FIG. 4.8:

FIG. 4.8: Funções de Pertinência para a Variável Temperatura

Fonte: Tanscheit, 2004.

Para Souza (1999) apud Sucena (2007), uma das formas das funções de

pertinência mais utilizadas é a linear triangular, que facilita a implementação de

aplicativos computacionais, conforme exemplificada na FIG. 4.9. É descrita pelas

variáveis SL, C e SR (Spread Left, Center e Spread Right), sendo:

122

FIG. 4.9: Exemplo de Função de Pertinência Triangular Fonte: Souza, 1999, apud Sucena, 2007.

Existem outros exemplos de funções de pertinência, tais como:

Linear Trapezoidal: também é de fácil implementação em aplicativos

computacionais. É descrita pelas variáveis a, b, c e d, que regulam a inclinação das

bordas, mostradas na FIG. 4.10:

FIG. 4.10: Exemplo de Função de Pertinência Trapezoidal Fonte: Souza, 1999, apud Sucena, 2007.

123

Gaussiana: esta forma é descrita pela expressão a seguir, sendo m a média e

v o desvio padrão, conforme FIG. 4.11.

FIG. 4.11: Exemplo de Função de Pertinência Gaussiana Fonte: Souza, 1999, apud Sucena, 2007.

Barbalho (2001) apud Sucena (2007) ressalta que, em princípio, qualquer função

que mapeie um universo no intervalo [0,1] pode ser utilizada como função de

pertinência, mas ele destaca que ainda há muita controvérsia sobre qual forma de

função de pertinência é mais adequada para cada tipo de problema.

Para Cantanhede e Aguado (2010), um Sistema Lógico Fuzzy consiste em três

operações básicas, conforme a FIG. 4.12:

FIG. 4.12. Sistema Lógico Fuzzy

Fonte: Cox, 1994, apud Cantanhede e Aguado, 2010.

124

Vanderlei et al (2007) em sua revisão apresenta um modelo resumido de

raciocínio Fuzzy, conforme FIG. 4.13. Dessa forma, mais clara, é possível identificar

cada passo do processo desde a entrada e saída da variável no sistema.

FIG. 4.13: Modelo Resumido de Raciocínio Fuzzy I Fonte: Vanderlei et. al., 2002, apud Sucena, 2007.

Na FIG. 4.14 Oliveira et al (2007) apresenta um modelo resumido do raciocínio Fuzzy.

FIG. 4.14: Modelo Resumido de Raciocínio Fuzzy II

Fonte: Oliveira et. al. (sd) apud Sucena, 2007.

125

Para Figueiredo (1998), o projeto Fuzzy consiste em:

1. Definir os universos de discurso das variáveis linguísticas do sistema, erro,

variação do erro e variação da saída do controlador (discretização ou níveis

de quantização);

2. Definição do número de termos primários e graus de pertinência dos

conjuntos difusos que representam cada termo;

3. Determinação da forma de inferência, como por exemplo, as regras que

formam o algoritmo de controle; e

4. Definição de parâmetros de projeto, como método de inferência, lógica a ser

empregada, forma de defuzzyficação e atuação do controlador.

Para Contreras (2007), o processo é composto por cinco fases ou camadas, a

saber:

1. Entradas (input);

2. Fuzzyficação das entradas (pesos Fuzzy = parâmetros funções de

pertinência);

3. Inferência - Regras Consequentes das regras (pesos Fuzzy= parâmetros

funções de pertinência);

4. Defuzzyficação (output).

Para se iniciar um processo de análise Fuzzy deve-se primeiramente converter

os valores do universo de discurso em valores Fuzzy. Esse processo está detalhado

adiante.

4.6.1.4. FUZZYFICAÇÃO

O grau de participação de uma determinada grandeza de entrada é dado em

função dos termos linguísticos primários definidos para o universo de discurso da

entrada. A quantidade de termos primários a serem utilizados e suas formas

126

dependem de: precisão requerida, tipo de resposta e estabilidade do sistema,

facilidade de implementação, manuseio e manutenção, entre outros (VIOT, 1993,

apud FIGUEIREDO, 1998).

De acordo com Souza (2001), Fuzzyficação é um mapeamento do domínio de

números reais (universo de discurso), em sua maioria discretos, para o domínio

Fuzzy. Fuzzyficação também representa que há atribuição de valor linguístico,

descrições vagas ou qualitativas, definidas por funções de pertinência às variáveis

de entrada. Trata-se da conversão dos valores de entrada, ou seja, números crisp,

em números Fuzzy que irão fazer parte do processo de inferência. Um exemplo de

processo de Fuzzyficação são as funções de pertinência de temperatura, onde o

valor discreto é de 20ºC, conforme FIG. 4.15:

FIG. 4.15: Funções de Pertinência

Fonte: Souza, 2011.

Souza (2001) destaca no exemplo da FIG. 4.15 que se deve observar a linha

vertical com origem em 20ºC, originada no universo de discurso (abscissa), que

corta as funções de pertinência “baixa” e “média” nos valores de grau de pertinência

0,66 e 0,33, respectivamente, não interceptando a função de pertinência “alta”. Logo,

o resultado da Fuzzyficação é o vetor Fuzzy correspondente ao número discreto

20ºC {baixa/0,66; média/0,33; alta/0}.

127

4.6.1.5 INFERÊNCIA FUZZY

Considerando que na etapa anterior os dados de entrada já foram transformados

em variáveis linguísticas, gerando-se vetores Fuzzy, nesta segunda etapa é o

momento em que serão criadas proposições que associam tais vetores. As

proposições são geradas do relacionamento entre as variáveis do modelo e a região

Fuzzy.

Segundo Cox (1994), um modelo Fuzzy tem como base as proposições também

conhecidas como regras. Estas proposições são afirmações que relacionam

variáveis a uma ou mais regiões Fuzzy. Uma série de associações Fuzzy

condicionadas e incondicionadas são avaliadas em função dos graus de pertinência.

É importante destacar que todas têm alguma contribuição para o resultado final do

conjunto de variáveis.

Esta fase do Sistema Lógico Fuzzy pode ser dividida em dois componentes:

agregação e composição, conforme mostra a FIG. 4.16.

FIG. 4.16: Exemplo de Estrutura de Inferência Fuzzy

Fonte: Jané, 2004, apud Aguado e Cantanhede, 2010.

As regras Fuzzy são regras normais utilizadas para operar, da maneira correta,

conjuntos Fuzzy, com o intuito de obter consequentes.

128

De acordo com Tanscheit (2015), as regras são referentes às opções de

inferência Fuzzy e podem ser utilizadas para traduzir, em termos matemáticos, a

informação imprecisa expressa, por exemplo, por um conjunto de regras linguísticas.

Podem ser fornecidas por especialistas, em forma de sentenças linguísticas, e se

constituem em um aspecto fundamental no desempenho de um sistema de

inferência Fuzzy. Por exemplo, uma proposição condicional é qualificada pelo termo

SE. A proposição tem a seguinte forma geral: SE W é Z, ENTÃO X é Y, onde W e X

são valores escalares e Z e Y são variáveis linguísticas.

Considerando como exemplo de aplicação a definição do projeto de transporte

“A”, existem duas afirmações: i. O projeto A é muito longo; ii. O custo do projeto A

tem risco alto. Nesse caso, parte-se da experiência do especialista em transportes,

o qual registra que, quanto maior a duração do projeto, a tendência é que maior seja

o risco. Considerando ainda esse exemplo, o “tempo de execução do projeto” e o

“risco do projeto”, são duas variáveis linguísticas com valores “Muito Longo” e “Alto”,

respectivamente (AGUADO; CANTANHEDE, 2010).

4.6.1.6 DEFUZZYFICAÇÃO

Após a etapa anterior, de inferência, inicia-se a Defuzzyficação ou também

chamada de decomposição, que é realizada para converter a variável Fuzzy em um

valor numérico (crisp). Segundo Souza (2001), esse valor numérico é bastante útil

quando se deseja comparar resultados entre várias alternativas ou simplesmente

ordená-las.

Como propõe Mandani (1977) apud Figueiredo (1993), o sistema de

Defuzzyficação, quando bem assimilada, é uma arma poderosa de simplificação,

aumento da velocidade de processamento e robustez do controlador, possibilitando

decisões rápidas e coerentes num ambiente de incertezas. Segundo Cox (1994) a

Defuzzyficação é a etapa em que os valores Fuzzy são convertidos em números

reais, tendo assim um conjunto de saída matematicamente definido.

129

Considerando outra abordagem, Aguado e Cantanhede (2010) e Sucena (2007)

destacam diferentes técnicas de Defuzzyficação presentes na literatura, sendo que

para Cox (1994) e Figueiredo (1998), no estágio do Defuzzyficador, a variável difusa

produzida pela fase de inferência é transformada em variável numérica,

determinística, que atua no processo de forma a regulá-lo. Dessa forma, os métodos

mais utilizados são:

● Método do critério máximo: esse método produz como ação de controle, o

valor numérico de saída correspondente ao índice da variável linguística, de saída,

produzida pela máquina de inferência de maior grau de pertinência;

● Método do centro dos máximos: nele se produz um valor de saída

correspondente à média ponderada entre os valores máximos, expostos na abscissa

da função de pertinência, da variável linguística de saída produzida pela inferência

Fuzzy, com os pesos (graus de pertinência);

● Método da média dos máximos: o valor numérico da saída corresponde ao

índice referente à medida dos máximos locais da variável linguística de saída

produzida pela máquina de inferência;

● Método do centro de gravidade: é o método mais utilizado e se baseia no

cálculo do centro de gravidade da função de associação. No método do centro de

gravidade, calcula-se a área da curva da variável linguística de saída, produzida pela

máquina de inferência, e acha-se o índice correspondente que divide essa área pela

metade. Esse método implica maior processamento computacional;

● Método do Singleton: Esse método é usado em alguns casos para simplificar

o processo de Defuzzyficação. Um Singleton é uma função de saída com um grau

de participação representada por uma única linha vertical. Essa linha passa pelo

centro de gravidade do termo linguístico para a participação máxima. Uma vez que

um Singleton intercepta o eixo “x” em um único ponto, o cálculo do centro de

gravidade se reduz apenas ao cálculo da média ponderada dos valores de x para

cada Singleton e de seu grau de participação.

130

4.6.2 AHP – ANALYTIC HIERARCHY PROCESS

Por volta de 1980 surgiu o trabalho de Saaty com a criação do Analytic

Hierarchy Process - AHP, que apresentou novos conceitos de avaliação envolvendo

a extração de conhecimentos e experiências dos especialistas convidados a se

manifestarem por meio de notas de avaliação para determinadas situações, baseado

em conceitos de matemática e psicologia.

De modo geral, o AHP foi desenvolvido de modo entender a forma como cada

especialista pensa, identificando suas ideias e prioridades, com o objetivo de

decompor a complexidade encontrada e atingir um objetivo comum por meio de uma

estruturação hierárquica.

As etapas para utilização da técnica AHP se dão da seguinte forma:

1) Realiza-se a decomposição do problema em níveis hierárquicos de modo a

facilitar a compreensão da avaliação, conforme exemplo exposto na FIG. 4.17.

Nesse exemplo divide-se o objetivo em critérios que serão avaliados segundo n

opções.

FIG. 4.17 - Modelo de Estrutura AHP Fonte: Carvalho e Mingote, 2005, apud Campos, 2013.

Para Campos (2013), os critérios são características referentes às opções a

serem analisadas, como adensamento, capacidade da estação de transporte, custo

de transferência, segurança no sistema, entre outros.

131

2) Na segunda etapa os elementos de cada nível hierárquico são comparados

dois a dois (par a par), por especialistas avaliadores, utilizando-se escala numérica

proposta por SAATY, conforme ilustrado na TAB.4.1.

TAB.4.1 - Escala de Comparação de Critérios proposta por Saaty

Fonte: Carvalho e Mingote, 2005, apud Campos, 2013.

3) Após a análise de cada avaliador utiliza-se um procedimento que têm como

resultado o peso de cada critério. Logo, a comparação dos critérios resulta em uma

matriz n x n, conforme FIG. 4.18, em que n representa o número de critérios

considerados e os valores dessa matriz representam a importância e preferência de

um critério em relação ao outro para o tomador de decisão.

FIG. 4.18 Matriz Quadrada de Comparação Linha/Coluna

Fonte: Campos, 2013.

132

De acordo com Campos (2013), nesta matriz cada elemento é então definido como:

EQ. 4.3

Onde: Aij é a estimativa do peso relativo do critério da linha i em relação ao

critério da coluna j.

Explica Campos (2013) que se o critério estiver na linha i for mais importante

que o critério ou indicador da coluna j, o valor a ser atribuído (Aij) é inteiro. Logo,

caso ele tenha menor importância, o valor a ser atribuído é fracionado, conforme

exemplificado na FIG. 4.19.

FIG.4.19: Escala de Comparação de Critérios

4) Dentro desse processo, para a obtenção dos pesos de cada critério, após a

avaliação e obtenção da matriz de comparação, se faz necessário normaliza-la

devido as diferenças de valores das variáveis. Para que se tenha uma escala única

de valores cada elemento da matriz é dividido pela soma dos elementos da coluna

em que ele pertence, conforme EQ. 4.4

EQ. 4.4

n = quantidade de critérios a serem comparados.

5) Após essa fase identifica-se o vetor de prioridade, representado pela letra w,

que fornece a ordem de prioridade dos critérios, de acordo com a EQ. 4.5.

EQ. 4.5

133

6) De modo a analisar a consistência dos valores, é necessário identificar a

razão de consistência da matriz (RC). Para isso é calculado também o autovalor,

λmáx, conforme EQ. 4.6.

EQ. 4.6

A consistência pode ser determinada ao identificar o autovalor, λmáx, uma vez

que quanto mais próximo ele estiver de n, menor será sua inconsistência. O valor do

indicador de inconsistência é dado pela diferença entre λmáx e o n. Logo, quando a

quantidade de critérios for maior que 2 é necessário realizar a o teste de

consistência por meio da EQ. 4.7.

EQ. 4.7

Em que:

● IC = Índice de Consistência;

Dado por:

EQ. 4.8

n = Número de Critérios;

● IR = Índice Randômico;

O Índice Randômico (IR) varia em função do número de critérios considerados,

conforme TAB. 4.2.

134

TAB. 4.2: Índice Randômico

Fonte: Saaty (1991) apud Campos (2013)

.

● RC = Razão de Consistência;

7) Por fim, de acordo com Gomes apud Campos (2013), para que a matriz seja

considerada consistente é necessário que o RC seja compatível com os graus

estabelecidos na TAB. 4.3 Caso contrário, é necessário que o avaliador faça a

revisão na comparação até que esteja dentro do padrão estabelecido, ou seja,

consistência desejável, determinando novamente o vetor de prioridade.

TAB. 4.3: Valores de RC para analisar a Consistência

Fonte: Gomes, 2004, apud Campos, 2013.

Entretanto, Saaty (2001) recomenda que para valores de RC acima de 0,2, os

julgamentos deverão ser revistos.

4.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO

Este capítulo foi estruturado para se balizar a escolha de duas técnicas que

comporão a metodologia desenvolvida nessa dissertação no Capítulo 5. Além disso,

desenvolveram-se os quesitos teóricos necessários para a aplicação de cada uma,

subsidiando o entendimento dos cálculos necessários.

Considerando que a definição das técnicas é parte da metodologia proposta, é

relevante destacar que tal revisão não é exaustiva e que outras técnicas podem ser

consideradas em futuras aplicações.

135

5 METODOLOGIA PARA ESCOLHA DE ESTAÇÕES

Este capítulo apresenta a proposta de metodologia para o auxílio aos tomadores

de decisão para a escolha da estação de transporte para a implantação de projeto,

seguindo os conceitos definidos pelo DOT.

5.1 ESTRUTURA DA METODOLOGIA

A metodologia foi estruturada em sete etapas tendo como base os conceitos

sobre DOT e a utilização de ferramentas de apoio à tomada de decisão. Os

próximos itens exporão tais etapas, detalhando-as e vinculando-as aos itens que as

sustentarão teoricamente, como segue:

ETAPA 1: Reconhecer as necessidades e definir as estações, que serão

objeto de análise, dentro de um corredor de média ou alta capacidade, de um

sistema de transporte previamente escolhido;

ETAPA 2: Definir os atores que estarão envolvidos no processo decisório

para avaliação dos indicadores.

ETAPA 3: Definir os Indicadores e as respectivas variáveis, que serão

utilizados na tomada de decisão e avaliação dos atores;

ETAPA 4: Coletar os dados das variáveis DOT referentes às estações do

corredor escolhido;

ETAPA 5: Definir os valores dos indicadores;

136

ETAPA 6: Definir os pesos dos indicadores com base nas análises realizadas

pelos atores;

ETAPA 7: Hierarquização das Estações, com base no processo de avaliação

para obtenção dos pesos dos indicadores a partir da opinião dos atores, e

avaliação dos resultados.

A FIG. 5.1 apresenta a relação entre as etapas e os itens nas quais serão

detalhadas.

FIG. 5.1: Estrutura da Metodologia

Uma estrutura simplificada da sequência lógica das Etapas pode ser visualizada

na FIG. 5.2.

ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 7ETAPA 6ETAPA 5ETAPA 3 ETAPA 4

Item 5.2.1 Item 5.2.2 Item 5.2.7Item 5.2.6Item 5.2.5Item 5.2.4Item 5.2.3

FIG. 5.2: Sequência Lógica da Metodologia

137

A seguir, nos itens 5.1.1 a 5.1.7, estão detalhadas cada Etapa da

Metodologia.

5.1.1 ETAPA 1: RECONHECER NECESSIDADES E DEFINIR O CORREDOR A

SER ESTUDADO

Dentre os pontos que devem ser observados é possível destacar, a

possibilidade de desenvolvimento de projeto DOT a partir de um sistema de média e

alta capacidade existente; o trecho, ramal, sistema escolhido para estudo deverá ser

caracterizado como região já adensada de forma irregular ou com características de

espraiamento com vazios urbanos; o trecho, ramal, sistema escolhido para estudo

deverá ser caracterizado como região em processo de degradação ligados à

problemas sociais e de segurança; o trecho, ramal, sistema escolhido para estudo

deverá ser caracterizado como região de esvaziamento urbano devido aos processo

histórico natural.

Dessa forma, propõe-se que a aplicação da Metodologia se dê em todas as

estações de transporte de média e alta capacidade de um determinado sistema ou

região de estudo. Entretanto, é relevante reforçar que nem sempre é possível

implementar projetos de DOT ao longo de todo corredor, dada a limitação de

recursos do poder público e do interesse imobiliário, parte fundamental da parceria

na implantação.

Assim, propõe-se que a pré-seleção do corredor ou estações seja realizada pela

utilização de um critério geral, como:

Ociosidade (demanda abaixo da oferta) da Estação e do Corredor

(passageiros/por hora de pico), uma vez que o objetivo é incrementar a

demanda; ou

Estações que já possuem recursos financeiros destinados para reformas.

138

Propõe-se que a seleção seja justificada pelos Atores envolvidos.

É relevante destacar que projetos de DOT podem ser desenvolvidos em

corredores em implantação, bem como, em corredores consolidados.

5.1.2 ETAPA 2: DEFINIR OS ATORES

Essa Etapa consiste na identificação dos grupos de interesse, aqui denominados

atores, que podem interferir na escolha das estações mais adequadas. Embarq

(2014).

Na FIG. 5.3, são apresentados os três principais grupos de atores propostos.

Como por exemplo:

Grupo Órgãos Governamentais: Secretarias Estaduais e Municipais de

Transporte, bem como de Urbanismo e Obras; Agências Metropolitanas e

Municipais e Agências Reguladoras.

Grupo Empresas Privadas: Mercado Imobiliário, Associações de

Empresas do Mercado Imobiliário, Associações Comerciais,

Concessionários, Permissionários, etc. e

Grupo Sociedade Civil: Sociedade Civil Organizada, Organizações sem

fins lucrativos, Associações de Moradores, entre outros.

FIG. 5.3: Atores do Processo Decisório do DOT

139

De modo geral, propõe-se que os atores sejam envolvidos no processo de

tomada de decisão, e que pelo menos um ator de cada grupo responda o

questionário, acerca dos pesos dos indicadores.

É relevante destacar que não se limita a quantidade de atores envolvidos, desde

que se mantenha o mesmo número entre os três grupos.

5.1.3 ETAPA 3: DEFINIR OS INDICADORES E AS RESPECTIVAS VARIÁVEIS

Nesta Etapa, já com a definição do corredor e/ou estações que serão

analisadas, bem como os atores envolvidos, contempla-se a definição dos

indicadores e das variáveis DOT.

Como parte desta metodologia foram identificadas e propostas 19 variáveis

DOT, no Capítulo 3, item 3.1.

As 19 variáveis propostas foram agrupadas em 4 Indicadores. A definição dos

Indicadores foi produto dos princípios do conceito de DOT. Na TAB. 5.1 são

relacionados os 4 Indicadores propostos e as, respectivas variáveis:

140

TAB. 5.1: Relação de Indicadores e Variáveis DOT

5.1.4 ETAPA 4: COLETAR OS DADOS DAS VARIÁVEIS

Esta Etapa compreende em obter os dados das variáveis DOT, utilizando como

base as formas de medi-las sugeridas na TAB.5.2.

TAB.5.2: Relação entre as Variáveis DOT e respectivas formas de medi-las

Variáveis

Capacidade do Sistema de Transporte Coletivo

Capacidade da Estação

Demanda na Estação

Headway ou Frequência

Integração Física

Qualidade das Calçadas

Existência e Qualidade dos Estacionamentos, Ciclovia e Ciclofaixas

Densidade de Intersecções ou Tamanho dos Quarteirões

Segurança no Trânsito

Sensação de Segurança - Seguridade

Renda Média

Tamanho das Famílias

Densidade Populacional

Densidade de Empregos

Diversidade

Vazios Urbanos

Empreendimentos Imobiliários Lançados

Zoneamento

Possibilidade de Adensamento

I1 -Sistema de Transporte Coletivo

I2 - Sistema de Transporte Não Motorizado

I3 - Ambiente Urbano

I4 - Desenvolvimento Imobiliário na Região

Indicador Variáveis Formas de Medir

Capacidade do Sistema de Transporte Coletivo Número de passageiros / hora de maior pico

Capacidade da Estação Gargalo da área de espera, acessos, catracas e plataforma

Demanda na Estação Número de passageiros / hora de maior pico

Headway ou Frequência Intervalo entre carros/composições/hora pico

Integração Física Número de integrações

Qualidade das Calçadas Avaliação Qualitativa In Loco

Existência e Qualidade dos Estacionamentos, Ciclovia e Ciclofaixas Avaliação Qualitativa In Loco

Densidade de Intersecções ou Tamanho dos Quarteirões Número de cruzamentos ou Tamanho dos Quarteirões

Segurança no Trânsito De acordo com a Hierarquia Viária e Avaliação In Loco

Sensação de Segurança - Seguridade Configuração Urbana - Avaliação Qualitativa In Loco

Renda Média R$ / habitante - Índice de Entropia

Tamanho das Famílias Pessoas / residência - Índice de Entropia

Densidade Populacional Habitantes / Hectare

Densidade de Empregos Empregos / Hectare

Diversidade Uso do Solo - raio de 500 metros - Índice de Entropia

Vazios Urbanos % área sem construção e de domínio público - raio de 500 metros

Empreendimentos Imobiliários Lançados Empreendimentos/Ano no Bairros da Estação - raio 1000 metros

Zoneamento Tipo de Zonas (Residencial/Comercial) raio 500 metros

Possibilidade de Adensamento Coeficiente de Aproveitamento

I1

I2

I3

I4

Legenda

I1= Sistema de Transporte Coletivo

I2 - Sistema de Transporte Não Motorizado

I3 - Ambiente Urbano

I4 - Desenvolvimento Imobiliário na Região

141

Para esta Etapa, assim como em outros estudos de planejamento de

transportes, a exemplo dos Planos Diretores, o tempo e os recursos, financeiros e

humanos, determinarão o grau de aprofundamento e detalhe dos dados. Uma vez

que, por exemplo, os dados qualitativos requerem pesquisa de campo e avaliação

de especialistas.

Nos itens seguintes, são detalhadas as formas de coleta e medida das 19

variáveis.

5.1.4.1 CAPACIDADE DO SISTEMA DE TRANSPORTE COLETIVO

Propõe-se que o início da coleta das informações sobre o sistema de transporte

se dê por meio das agências reguladoras ou pelo concessionário operador do

sistema, como por exemplo, Tipo e Tamanho das Composições e Intervalos em

minutos. Abaixo é relacionado um exemplo de exposição de dados que podem ser

utilizados.

Série 1000

2 x TUE (3 carros) ou 3 x TUE (3 carros), com 900 lugares por TUE, operando

com duas ou três TUEs.

Intervalo entre Trens (minutos): 5 minutos.

Logo, Capacidade do Ramal:

ê çã

EQ. 5.1

142

5.1.4.2 CAPACIDADE DA ESTAÇÃO

Para definição da Capacidade da Estação, propõe-se considerar os seguintes

elementos: área da plataforma, capacidade dos acessos, capacidade das escadas

(fixas e rolantes) considerando o fluxo máximo e número/tipos de catracas, definindo

assim o gargalo entre esses elementos. Um exemplo da coleta de dados é

demonstrado na TAB.5.3 em que o valor de capacidade é dado pelo gargalo

representando o mínimo dos máximos dos elementos analisados.

TAB. 5.3: Capacidade das Estações

Fonte: Adaptado SuperVia, 2015

5.1.4.3 DEMANDA DA ESTAÇÃO

Propõe-se que a demanda considerada seja o número de passageiros na hora

pico. Entretanto, é relevante destacar que existem alguns cálculos para a definição

da hora pico. Logo, propõe-se que, dentro do pico de 3 horas, seja considerada a

hora mais carregadas de cada estação, ou seja, respeitando o maior pico dentro de

um intervalo, coletando o maior valor considerando nos picos da manhã e da tarde.A

forma de coleta é apresentada na EQ. 5.2, considerando o Fator de Ajuste de 1,2,

utilizado no PDTU RMRJ (2013).

Fluxo Máximo

Entrada (pph)

Fluxo Máximo

Saída (pph)

Descida

(pph)

Subida

(pph)

Descida

(pph)

Subida

(pph)F/CF (%) Desc>Sub Sub>Desc

Deodoro 24.003 25.083 14.400 36.000 33.696 22.464 0 27.000 0,9 35.273 47.887 5.936 10 35.614 14.400

Magalhães Bastos 14.850 14.850 3.600 9.000 3.330 2.220 0 0 0,9 3.219 2.331 1.993 10 11.959 2.331

Ricardo de Albuquerque 28.620 29.700 10.800 27.000 3.600 2.400 0 0 0,9 3.480 2.520 1.153 10 6.917 2.520

Maracanã 34.110 36.990 18.000 45.000 19.440 12.960 0 13.500 0,9 20.142 25.758 5.570 10 33.422 18.000

Vila Militar 13.200 14.400 4.500 11.250 3.600 2.400 0 0 0,9 3.480 2.520 2.010 10 12.058 2.520

Engenho de Dentro 48.300 49.500 37.800 94.500 23.400 15.600 0 27.000 0,9 25.320 40.680 5.630 10 33.779 25.320

São Cristovão 32.190 36.270 18.000 45.000 24.300 16.200 0 13.500 0,9 24.840 29.160 4.861 10 29.165 18.000

Capacidade

CríticaEstação Máximo Hora Pico (Fluxo+CFluxo)

Fluxo Interno - Acesso às plataformasAcesso - Entrada na Estação

Fluxo Máximo

Entrada (pph)

Fluxo Máximo

Saída (pph)

Acesso - Catracas Capacidade das Plataformas

Capacidade

Estática

HDW Médio

Pico

Capacidade

(pph)

Capacidade Projeto Escadas Fixas Escadas Rolantes

EQ.5.2

143

Por exemplo, a demanda da Estação Deodoro:

5.1.4.4 HEADWAY

De modo a facilitar a entrada dos dados, propõe-se considerar o Headway em

minutos no Pico, em dias úteis, de acordo com cada trecho analisado, conforme

demonstrado na TAB. 5.4.

TAB. 5.4: Headway por Trecho

Pode ser utilizada a frequência, considerando que esta é o inverso do Headway.

5.1.4.5 INTEGRAÇÃO FÍSICA

Para aplicação, propõe-se considerar as integrações físicas, intra e intermodal,

com os seguintes modos de transporte: Metrô, BRT e Ônibus Convencional.

Respeitando a seguinte regra, quanto maior o número de integrações, melhor será

classificada a referida estação. Com classificação em 0, quando não houver

integração; 0,5, quando houver integração com modo não motorizado, exceto a pé;

Sábados Domingos

Pico Vale Dia todo Dia todo

Belford Roxo - Central 15 min 30 min 40 min 90 min

Gramacho - Central 10 min 15 min 30 min 60 min

Deodoro - Central 05 min 8 min 20 min 20 min

Campo Grande - Central 07 min 12 min 20 min 40 min

Nova Iguaçu - Central 07 min 12 min 22 min 40 min

TrechoDias úteis

144

1, quando houver integração com um modo alimentador; 2 com 2 modos e 3, com 3

modos ou mais, conforme TAB. 5.5.

TAB. 5.5: Forma de Classificação das Integrações Físicas

5.1.4.6 QUALIDADE DAS CALÇADAS

Para coleta dessa variável propõe-se a realização de visita de campo, avaliando

os principais acessos, entradas e saídas, das estações. Propõe-se analisar os

trechos de acordo com, no mínimo, três critérios: Largura Efetiva (largura mínima de

1,5 metros); continuidade do piso; segurança (principalmente nas travessias, como

faixas de pedestres demarcadas), conforme exemplos na FIG. 5.4.

FIG. 5.4: Exemplo de Coleta de Dados sobre as Condições das Calçadas Fonte: Adaptado Plano de Mobilidade Urbana Sustentável – RJ (2015)

Dessa forma, se torna possível classificar as calçadas de acordo com os critérios

da TAB. 5.6, ou seja, quanto melhor as condições do trecho melhor serão

classificadas, da seguinte forma:

Trecho sem condições de circulação – largura inferior a 1,5 metros,

ausência de pavimento e de sinalização nas travessias;

Trecho com dificuldades parciais de circulação – largura adequada,

entretanto parcialmente sem pavimento e sem sinalização das travessias;

Variável

Sem Int1 Modo (não

motorizado)

1 Modo

(alimentador)2 Modos 3 ou mais

0 0,5 1 2 3

Classificação

Integração Física

145

Trecho com condições de circulação – largura superior a 1,5 metros, com

pavimento em todo trecho e com sinalização nas travessias;

Trecho com condições de circulação adequadas, circulação noturna –

largura superior a 1,5 metros, com pavimento em todo trecho, com

sinalização nas travessias, com iluminação adequada para a circulação

em período noturno;

Trecho com condições de circulação adequadas, circulação noturna e

arborizada– largura superior a 1,5 metros, com pavimento em todo trecho,

com sinalização nas travessias, com iluminação adequada para a

circulação em período noturno e com trecho do passeio público

arborizado.

TAB 5.6: Forma de Classificação das Calçadas

5.1.4.7 EXISTÊNCIA E QUALIDADE DOS ESTACIONAMENTOS, CICLOVIAS E

CICLOFAIXAS

Para esta variável, também se propõe a realização de coleta de dados in loco,

de modo ser possível classificar os locais de análise de acordo com a existência de

ciclovias, ciclofaixas e bicicletários, bem como sua integração com outros modos de

transporte. Na TAB. 5.7 são exemplificados os locais de visita no entorno das

estações. Quanto melhor as condições do entorno melhor serão classificadas, da

seguinte forma:

Um, para quando não houver ciclovia ou ciclofaixa;

Dois, quando houver trecho com ciclovia ou ciclofaixas;

Três, quando atender os itens anteriores e houver bicicletários nas ruas;

Variável

Sem condições

de Circulação

Dificuldades

parciais de

Circulação

Com

condições

Padrão de

Circulação

Padrão

Iluminada

Padrão

Iluminada +

Arborizada

1 2 3 4 5

Classificação

Qualidade das

Calçadas

146

Quatro, quando atender os itens da classificação 2 e houver bicicletário

dentro da estação; e

Cinco, quando atender os itens da classificação 2 e houver sistema de

bicicleta pública junto da estação.

TAB. 5.7: Forma de Classificação das Ciclovias, Ciclofaixas e Estacionamentos

5.1.4.8 DENSIDADE DE INTERSECÇÕES OU TAMANHO DOS QUARTEIRÕES

Para a coleta de dados acerca do tamanho dos quarteirões, propõe-se a

realização de análise em mapas, como por exemplo, pelo software Google Earth

Pro, analisando o número de quarteirões dentro de 1 (um) km². Isso se dá pela

razão entre a área analisada, e tamanho ideal dos quarteirões, que serão definidos

adiante. Considerando que, quanto maior o número de quarteirões, mais segura e

viva se torna a área analisada.

É relevante destacar que para a análise, dados dos setores censitários, salvos

em formato kmz, representados em polígonos amarelos na FIG. 5.5, podem auxiliar

a contagem.

Variável

Sem Ciclovia Ciclovia Ciclovia e

Bicicletário

Rede de

Ciclovia e

Bicicletário

na Estação

Bicicleta

Pública na

Estação

1 2 3 4 5

Classificação

Ciclovia e

Cliclofaixas /

Estacionamentos

para Bicicleta e

Bicicletário

147

FIG. 5.5: Exemplo de Análise por Mapas sobre o Número dos Quarteirões

5.1.4.9 SEGURANÇA NO TRÂNSITO

Para a coleta de dados sobre a segurança no trânsito, propõe-se que sejam

levantados dados, por meio de consulta e realização de visita in loco, sobre a

tipologia da via paralela às saídas e entradas das estações, existência de

equipamentos de segurança (radares eletrônicos, lombadas eletrônicas, placas de

sinalização de regulamentação, advertência e indicativas) na entrada e saída das

estações. O formato proposto para classificação pode ser observado na TAB. 5.8,

definida da seguinte forma, quanto mais sinalizada e menor a tipologia da via

paralela às saídas e entradas das estações, melhor sua classificação, uma vez que

representa maior segurança para os pedestres e ciclistas. É relevante destacar que

a classificação 2, mal sinalizada, refere-se a uma saída ou entrada em via arterial

com equipamentos de segurança não representativos, por exemplo, uma lombada

eletrônica localizada depois da saída da estação.

148

TAB. 5.8: Forma de Classificação das Vias Paralelas às Saídas e Entradas das Estações

5.1.4.10 SENSAÇÃO DE SEGURANÇA – SEGURIDADE

Conforme detalhado no Capítulo 3, seguridade refere-se às condições do

ambiente urbano e pode ser medido pela sensação de vulnerabilidade a agressões.

Como exemplo, ruas completamente desertas, muros contínuos, sem contato visual

com lotes privados. Para isso, propõe-se que sejam coletados os dados in loco, nos

principais acessos das estações, classificando assim as condições do entorno,

conforme TAB. 5.9, da seguinte forma, classificação:

Péssima configuração da paisagem urbana: Ruas com muros contínuos,

sem iluminação pública, e inexistência de atividades comerciais;

Configuração da paisagem urbana inadequada: Ruas com muros

contínuos, sem iluminação pública, e existência de áreas, apenas, de

atividades comerciais ou residenciais;

Configuração da paisagem urbana adequada: Ruas predominantemente

ativas, com apenas alguns trechos com muros contínuos, com iluminação

pública;

Boa configuração urbana: Ruas ativas, com inexistência de trechos com muros

contínuos, com iluminação pública, e existência de atividades

Comerciais e residenciais.

Ótima configuração urbana: Ruas completamente ativas, com iluminação

pública, áreas comerciais e residências, com atividades noturnas.

Variável

Saída e Entrada

da Estação

Paralela à Via

Arterial e Sem

Sinalização

Saída e Entrada

da Estação

Paralela à Via

Arterial e Mal

Sinalizada

Saída e

Entrada da

Estação

Paralela em

Via Arterial,

Sinaliza

Saída e

Entrada da

Estação

Paralela em

Via Não

Arterial

Saída e Entrada

da Estação

Paralela em Via

Não Arterial

Sinalizada

1 2 3 4 5

Classificação

Segurança no

Trânsito

149

TAB. 5.9: Forma de Classificação das Vias

5.1.4.11 DIVERSIDADE DO USO DO SOLO, RENDA MÉDIA E TAMANHO DAS

FAMÍLIAS

Para estas variáveis, diversidade do uso do solo, diversidade de renda e de

tamanho das famílias, propõe-se o cálculo do índice de entropia, definido no item

3.1.2.11, conforme exemplo da TAB. 5.10, respeitando as seguintes classificações

definidas na TAB. 5.11.

TAB. 5.10: Classificação do Uso do Solo, Renda Média e Tamanho das Famílias

Fonte: IBGE (2010)

Variável

Sensação de

Segurança -

Seguridade

Péssima

configuração

da paisagem

urbana

Configuração

inadequada

da paisagem

urbana

Configuração

da paisagem

urbana

adequada

Boa

configuração

da paisagem

urbana

Ótima

configuração da

paisagem

urbana

1 2 3 4 5

Classificação

Área Residencial A 1 Pessoa

Área de Comércio e Serviço B 2 Pessoas

Área de educação e Saúde C 3 Pessoas

Área Institucional e de Infraestrutura Pública D 4 ou mais pessoas

Áreas de Favelas E

Área não Edificada e Subutilizada

Área de Lazer

Área destinada ao Sistemas de Transporte

Área Industrial

Área Agrícola

Corpos Hídricos

Cobertura Gramínea Lenhosa

Cobertura Arbórea e Arbustiva

* Podendo variar de acordo com o número de uso de cada área analisada.

Classes de Diversidade do Uso do Solo *Classes de

Renda

Classes de Tamanho

das Famílias

Classes Propostas

150

TAB. 5.11: Índice de Entropia – Renda Estação X

Para a base de dados, propõe-se a utilização de mapas de uso do solo. É

relevante destacar a importância de essa base ser a mais atualizada possível, uma

vez que o uso do solo se altera com o tempo, em relação ao zoneamento urbano.

Um exemplo do mapa é apresentado na FIG. 5.6, no qual foram encontradas as

seguintes proporções: 70% Área Institucional e de Infraestrutura Pública, em laranja;

17% Área de Lazer, em rosa; 8% Área de Transporte, em cinza e 5% Área

Subutilizada, em amarelo, apresentando um Índice de Entropia de 0,59.

FIG. 5.6: Mapa de Análise sobre Diversidade no Entorno da Estação X

Fonte: Adaptado Mapa Uso do Solo PortalGeo Rio, 2015.

5.1.4.12 DENSIDADE POPULACIONAL E DENSIDADE DE EMPREGOS

151

Dentre os indicadores pesquisados e abordados no Capítulo 3, propõe-se a

utilização dos seguintes dados: habitantes/hectare e empregos/hectare, dentro de

um raio de 1000 metros da estação, considerando um transbordo para viagem

motivo casa/trabalho, utilizando um sistema de baixa capacidade complementar. Em

relação à agregação dos dados, a mesma pode ser construída com base nos dados

do IBGE ou até mesmo a utilização das Zonas de Tráfego dos Planos Diretores de

Transportes.

É relevante destacar que podem ser utilizados também formato de dados como

habitantes/km2 e empregos/km2.

5.1.4.13 VAZIOS URBANOS

Na análise desta variável, recomenda-se a utilização de mapas de uso do solo,

considerando na classificação o total de áreas privadas e públicas sem edificações e

subutilizadas.

Para o cálculo propõe-se sua quantificação, em percentuais (%), da seguinte

forma: total de terrenos (áreas) sem construção ou terrenos públicos subutilizados,

dentro da área do entorno, em um raio de 500 metros, conforme exemplo da FIG.

5.8

Na FIG. 5.7, pode ser observado e comparado com a FIG. 5.8, as áreas

subutilizadas e áreas institucionais no entorno da Estação X, ocupando

aproximadamente 70% da área.

152

FIG. 5.7: Exemplo de Vazio Urbano no Entorno da Estação X

Fonte: SuperVia, 2015.

FIG. 5.8: Mapa de Análise sobre Vazios Urbanos no Entorno da Estação X

Fonte: Adaptado Mapa Uso do Solo PortalGeo Rio, 2015.

5.1.4.14 EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LANÇADOS

Na coleta dos dados sobre empreendimentos lançados, propõe-se que a coleta

de dados seja realizada junto ao Grupo de Atores do Setor Imobiliário. Os dados que

153

devem ser coletados são os lançamentos, ou seja, total de unidades. No agrupado,

os empreendimentos devem estar dentro de um raio de 500 metros da estação.

Recomenda-se que seja considerado um intervalo de três anos, uma vez é o tempo

médio necessário para a construção e entrega de um empreendimento imobiliário.

5.1.4.15 ZONEAMENTO

Seguindo as orientações do DOT, onde as zonas ótimas devem ser do tipo zona

mista, de densidade demográfica média-alta, recomenda-se considerar como ideais

as áreas dentro de Zonas Urbanas do Tipo Uso Misto-ZUM, bem como Áreas Não

Edificadas/subutilizadas, conforme as seguintes classificações, representadas,

também na TAB. 5.12.

Incompatível – Áreas predominantemente incompatíveis, como por exemplo,

Zonas de Conservação Ambiental, Zona de Indústria e Comércio;

Parcialmente compatível – Áreas predominantemente Residenciais

Unifamiliar;

Padrão Compatível – Áreas predominantemente Residenciais Multifamiliar;

Acima do Padrão – Áreas predominantemente de Zona de Uso Misto;

Muito Acima do Padrão – Áreas predominantemente de Zona de Uso Misto

com Áreas Não edificadas ou subutilizadas.

Propõe-se a classificação de acordo com a TAB. 5.12.

154

TAB. 5.12: Classificação das Áreas para cálculo dos Vazios Urbanos

Para análise, propõe-se que o levantamento de dados seja baseado em Zonas

definidas pelo regulamento de zoneamento do município, definindo assim as

delimitações físicas de cada zona e os seus usos adequados e tolerados.

Conforme exemplo da FIG. 5.9 em que o entorno da Estação X, com Zonas

Residenciais, de edificação unifamiliar, em amarelo e de edificação multifamiliar, em

bege.

FIG. 5.9: Zoneamento do Entorno da Estação X

Fonte: Adaptado PortalGeo Rio, 2015.

5.1.4.16 POSSIBILIDADE DE ADENSAMENTO

Variável

IncompatívelParcialmente

Compatível

Padrão

Compatível

Acima do

Padrão

Muito Acima do

Padrão

1 2 3 4 5

Classificação

Tipo de Zona

Urbana

155

Sobre a análise da possibilidade de adensamento, propõe-se a utilização do

Índice de aproveitamento do terreno (IAT), também chamado de Coeficiente de

Aproveitamento (CA), considerando o índice definido pelos Planos Diretores dos

Municípios, dentro do PEU – Projeto de Estrutura Urbana local, bem como as

Regiões Administrativas (RA) e Áreas de Planejamento (AP). Com o objetivo de

analisar a possibilidade de adensamento da região, de modo que no futuro, possa-

se aumentar ou não o coeficiente, como ferramenta que possibilitará o

adensamento.

É relevante destacar que em alguns casos, em áreas limítrofes às vias

ferroviárias e metroviárias é considerado o Coeficiente Aproveitamento Máximo,

respeitando a outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso, dando

ao Poder Executivo, a autonomia para outorgar o exercício do direito de construir

acima do Índice de Aproveitamento do Terreno até o limite do coeficiente de

aproveitamento máximo estabelecido no Plano Diretor, mediante contrapartida a ser

prestada pelo beneficiário nos termos dos artigos 28 a 31 do Estatuto da Cidade, Lei

10257/01.

5.1.5 ETAPA 5: DEFINIR OS VALORES DOS INDICADORES

Para esta Etapa propõe-se a utilização de técnicas capazes de processar os

dados das Variáveis e assim obter os valores dos Indicadores DOT para cada

estação. Dessa forma, propõe-se a utilização de Redes Neuro-Fuzzy,por meio de

um modelo matemático. Para tanto se sugere seguir as seguintes fases para obter

os valores dos Indicadores:

Conversão das Variáveis DOT em Variáveis de Entrada Fuzzy;

Definição da Rede Neuro-Fuzzy;

Definição das Variáveis de Saída Fuzzy (Valores dos Indicadores DOT).

Tais fases são detalhadas em subitens adiante.

156

É relevante destacar que tal modelo deve ser capaz de processar variáveis

qualitativas e quantitativas de forma simples e eficiente computacionalmente, para

cada Estação.

5.1.5.1 CONVERSÃO DAS VARIÁVEIS DOT EM VARIÁVEIS DE ENTRADA

FUZZY

Nessa fase são convertidas as variáveis DOT em variáveis de entrada Fuzzy.

Para tanto é necessário determinar os universos de discurso, termos linguísticos e

as funções de pertinência.

Para todas as variáveis DOT serão utilizadas três funções de pertinência

triangulares e duas trapezoidais, em alguns casos também são utilizadas funções

Singleton, isso devido à simplicidade de implementação computacional e pela não

influência negativa na precisão em processos para obtenção de indicadores.

Os termos linguísticos utilizados para qualificar as referidas funções de

pertinência serão:

1 - Totalmente fora do Padrão;

2 - Muito Abaixo do Padrão,

3 - Padrão;

4 - Acima do Padrão; e

5 - Muito Acima do Padrão.

O universo de discurso deve ser formado por valores diferentes para cada

Variável DOT, seguindo valores notáveis para cada triângulo/trapézio Fuzzy como

os valores de x1 (esquerdo), x2 (centro), x3 (centro), x4 (direita) para um trapézio

genérico.

157

Os valores dos triângulos Fuzzy devem ser convertidos para os valores notáveis

do trapézio padrão pelo uso do valor central representado, igualmente, por dois

valores (x2 = x3).

É relevante destacar que, para esta Etapa, os especialistas consultados poderão

não ser os mesmos que responderão o questionário da Etapa 5.

Essas características gráficas das variáveis de entrada Fuzzy podem ser

visualizadas na FIG. 5.10, com os valores de x1; x2; x3 e x4, bem como a TAB. 5.12a

com os valores da variável 1 – Capacidade do Sistema de Transporte Coletivo,

como exemplo.

FIG. 5.10: Características Gráficas das Variáveis de Entrada Fuzzy

TAB. 5.13: Valores da Variável 1

Capacidade do Sistema de Transporte Coletivo VE 1 X1 X2 X3 X4

0 0 4.000 8.000

4.000 8.000 8.000 10.000

8.000 10.000 10.000 15.000

10.000 15.000 15.000 20.000

15.000 20.000 20.000 40.000

Totalmente fora do Padrão - TFP

Muito Abaixo do Padrão - ABP

Padrão - PA

Acima do Padrão - ACP

Muito Acima do Padrão - MAP

158

Para definir as faixas, ou seja, os valores discretos para a formação do universo

de discurso, utilizadas como entrada para a definição das funções de pertinência,

propõe-se que seja entrevistado pelo menos um especialista de cada Grupo de

Atores ou então um Especialista em Planejamento de Transportes e Urbanismo.

Sugere-se também que seja realizada uma busca por meio de revisão bibliográfica

como apoio na definição das faixas. Isso porque, se propõe que sejam utilizadas as

seguintes formas para a determinação das faixas: (i) Avaliação e Extração Subjetiva

da Informação, onde se definem os valores e funções baseando-se nas experiências

dos especialistas; e a (ii) Formas ad-hoc, nos casos onde as variações possíveis

possam ser inviáveis para uma determinação coerente, então serão utilizados o

valor central e os valores das extremidades.

Um exemplo de disposição de dados de acordo com as cinco faixas é

apresentado na TAB. 5.13.

TAB. 5.14: Dados de Entrada do Neurônio 1

É relevante destacar que os dados precisam ser normalizados antes da entrada

no modelo.

5.1.5.2 DEFINIÇÃO DA REDE NEURO-FUZZY E DAS VARIÁVEIS DE SAÍDA

Com as variáveis de entrada definidas no ambiente Fuzzy e agrupadas podem-

se desenvolver os neurônios que processarão as entradas para se obter as variáveis

de saída Fuzzy. Essas variáveis de saída são os Indicadores DOT. (FIG. 5.11).

Trapézio Fuzzy V1 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0 0 4.000 8.000

Muito Abaixo do Padrão - ABP 4.000 8.000 8.000 10.000

Padrão - PA 8.000 10.000 10.000 15.000

Acima do Padrão - ACP 10.000 15.000 15.000 20.000

Muito Acima do Padrão - MAP 15.000 20.000 20.000 40.000

Centro

Dados Brutos

Neurônio 1

159

Cabe destacar que os dados de entrada serão processados para cada estação

avaliada, obtendo-se, dessa forma, as variáveis de saída, isto é, os indicadores DOT

que serão utilizados para hierarquização e determinação da estação mais adequada

para intervenção DOT.

FIG. 5.11: RNA para se obter os Indicadores

O modelo matemático que representa os neurônios, foi implementado em

formato xls em software Microsoft Excel.

Na TAB. 5.14 é apresentado um exemplo de entrada de dados do Neurônio 1,

Capacidade da Estação. As entradas são processadas por Integrais-Fuzzy,

conforme exemplo da EQ.5.3, referente à Variável 1 - Capacidade do Sistema de

Transporte Coletivo, baseadas nos dados da Tabela 5.13, ou seja, após a entrada

dos dados, é processado e gerado o grau de pertinência de cada variável linguística.

As demais funções são mostradas no Apêndice 4. Por exemplo, a Variável 3 –

Demanda da Estação, da Estação X foi classificada com grau de pertinência 0,31

em “Totalmente Fora do Padrão” e 0,69 em “Muito Abaixo do Padrão”.

160

EQ.5.3

161

TAB. 5.15: Entrada dos Dados do Neurônio 1 – Indicador 1 por estação

TAB. 5.16: Inferência do Neurônio 1 – Estação X

Para o processo de Defuzzyficação propõe-se o método do Centro dos Máximos

conforme se apresenta na TAB. 5.15, mostrada anteriormente. Onde, o valor do

Indicador 1da Estação X igual a 25, foram calculados o maior valor das variáveis

Valor Máximo

0,38 0,69 0,69 1,00 1,00 25 500

VE 3 VE 4

Inferência (OU) - Máximo - Maior PossibilidadeDeFuzzyf.

(Centro dos

Máximos)

Saída Crisp

Variáveis de Entrada

VE 5VE 1 VE 2

162

pelos seus respectivos valores de entrada, dividido pelo somatório dos maiores

graus de pertinência. Já o Valor Máximo 500, representa o maior valor que uma

estação pode atingir, logo, uma avaliação parcial mostra que a Estações X bem

como seu entorno representam 25 de 500 pontos possíveis de serem obtidos

segundo o Neurônio 1.

5.1.6 ETAPA 6: DEFINIR OS PESOS DOS INDICADORES A PARTIR DAS

ANÁLISES DOS ATORES

Para obter a os pesos dos Indicadores bem como a hierarquização das estações

propõe-se a utilização da técnica AHP.

De acordo com os estágios definidos por Saaty no método AHP, na primeira

fase, deve-se criar a estrutura hierárquica de decisão. Por exemplo, cinco Estações

analisadas e relacionadas com cada critério estabelecido, numeradas de 1 a 5,

conforme FIG. 5.12 da estrutura proposta.

FIG. 5.12: Estrutura Hierárquica

Após a definição da Estrutura Hierárquica, deverão ser aplicados questionários

em cada um dos grupos de atores, conforme exemplo apontado no Apêndice 2.

DEFINIR ESTAÇÃO

I 2 I 3I 1 I 4

Estação 1 Estação 2 Estação 3 Estação 5Estação 4

163

Assim se obterá os pesos dos indicadores que representarão, numericamente, a

importância relativa de cada um. Dessa forma, será possível atingir um objetivo

comum equacionando as opiniões e considerações sobre os futuros projetos.

Para esta fase, se propõe que pelo menos um especialista de cada grupo de

Atores sejam entrevistados acerca dos critérios definidos. Na FIG. 5.13 é

apresentada parte do questionário modelo, mencionado como Apêndice 2,

anteriormente.

O questionário proposto está dividido em duas etapas de modo a orientar o

especialista de forma subjetiva, reduzindo as inconsistências.

FIG. 5.13: Trecho Questionário Proposto

Propõe-se que para o agrupamento dos julgamentos seja considerada a técnica

de agregação Aip (Aggregation of Individual Priorities), utilizando a média geométrica.

5.1.7 ETAPA 7: HIERARQUIZAÇÃO DAS ESTAÇÕES E ANALISE DOS

RESULTADOS

Nesta etapa são hierarquizadas as estações e comparados os resultados

obtidos, considerando os resultados obtidos na Etapa 6.

164

Os valores finais de cada estação devem ser a soma dos pesos dos indicadores

vezes os valores dos mesmos, da seguinte forma:

Em que:

= Valor Final da Estação k (k= 1... m);

= Peso do Indicador i (i = 1... n);

= Valor do Indicador i para a Estação k;

n = número de indicadores;

m = número de estações.

EQ. 5.4

165

6 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA

Neste capítulo apresenta-se uma aplicação da Metodologia proposta para

avaliação de um conjunto de estações de média e alta capacidade candidatas a

receberem intervenções a partir dos conceitos do Desenvolvimento Orientado ao

Transporte - DOT. Conforme a Metodologia proposta, essa aplicação visa a obter

uma ordem hierárquica das estações para a implantação de projetos de DOT,

seguindo cada Etapa definida no Capítulo 5. Apresenta também as conclusões finais

sobre o desenvolvimento da aplicação.

6.1 ETAPA 1: RECONHECER AS NECESSIDADES E DEFINIR AS ESTAÇÕES A

SEREM ESTUDADAS.

Para a aplicação, foram definidos os corredores do Sistema de Transportes

Ferroviário da Região Metropolitana do Rio de Janeiro como modo de transporte a

ser analisado. Foi utilizado o critério de pré-seleção: as Estações que já possuíam

recursos financeiros para reformas, destinadas aos Jogos Olímpicos Rio 2016. As

Estações estão relacionadas na TAB. 6.1.

TAB. 6.1: Relação das Estações da Aplicação

A seguir são apresentadas de forma breve as justificativas da relação dos

corredores pré-selecionados.

166

6.1.1 JUSTIFICATIVA

Abaixo estão relacionados os aspectos considerados para a aplicação da Etapa

1 da metodologia:

Os investimentos realizados pelo governo do estado do Rio de Janeiro, na

renovação da frota de trens;

Projetos básicos de integração modal, PDTU (2013), e reformas das 6

estações de interesse olímpico, SETRANS (2015), que serão utilizadas nos

Jogos Olímpicos de 2016; e

Reforma da estação utilizada na Copa do Mundo de 2014, SETRANS (2015).

Possível adesão imobiliária devido aos investimentos realizados para os

Jogos, incluindo os parques e melhorias no sistema de transporte público

coletivo.

Legado dos jogos, como oportunidade de desenvolver e melhorar as regiões

onde o sistema ferroviário segrega e secciona o tecido urbano. Como por

exemplo, a Região dos Parques Olímpicos de Deodoro, Engenhão e

Maracanã, conforme a FIG. 6.1.

FIG. 6.1: Principais Áreas Olímpicas e Sistemas de Transporte

Fonte: Adaptado de Setrans, 2013.

167

O mapa do Sistema de Trens Urbanos da Região Metropolitana do Rio de

Janeiro pode ser visto na FIG. 6.2.

FIG. 6.2: Mapa Esquemático do Sistema de Trens Urbanos da RMRJ

Fonte: Supervia, 2016.

A definição do Sistema de Trens Urbanos da RMRJ se deu por suas

características similares aos conceitos do DOT, citados por CERVERO (2005), sobre

a importância da recuperação de sistemas ferroviários de transporte de passageiros,

tanto do ponto de vista da infraestrutura das estações e do tecido urbano do entorno,

quanto por suas vocações.

Na FIG. 6.3 é apresentada a localização das estações. Os detalhes da visita de

campo a cada estação estão consolidados no Apêndice 3, disponível em mídia

digital. O raio de circunferência em azul representa a distância de 500 metros a partir

do centro das estações; o raio em amarelo representa a distância de 1000 metros,

distâncias que os usuários do sistema vencem com caminhada e bicicleta; já os

polígonos em vermelho representam as zonas de tráfego utilizadas no Plano Diretor

de Transporte Urbano da RMRJ (2015), e o traçado em azul, os ramais.

168

FIG. 6.3: Mapa com a Localização das Estações

Fonte: Adaptado de Google Earth, 2016.

6.2 ETAPA 2: DEFINIR OS ATORES QUE ESTÃO ENVOLVIDOS NO PROCESSO

DECISÓRIO

Para essa aplicação foram considerados os seguintes aspectos na definição dos

Atores:

O sistema de transporte é operado por iniciativa privada;

Existem obrigações contratuais por parte do Governo do Estado, bem como

da concessionária em relação às reformas das estações;

Possível adesão imobiliária nas Regiões Olímpicas;

Legado desse conjunto de fatores para a Sociedade Civil.

Dessa forma foram definidos, de acordo com a FIG. 6.4, três Atores para a

avaliação dos Indicadores de acordo com seus respectivos Grupos:

169

Órgãos Governamentais: Secretaria de Estado de Transportes do Rio de

Janeiro;

Empresas Privadas: Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado

Imobiliário – ADEMI;

Sociedade Civil: Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento –

ITDP, que se relaciona com organizações da sociedade civil organizada.

FIG. 6.4: Atores Definidos para Aplicação da Metodologia

Para a aplicação da metodologia na presente dissertação, foi definido um ator de

cada grupo. Entretanto, é relevante destacar que não se limita a quantidade de

atores envolvidos, desde que se mantenha o mesmo número entre os três grupos.

6.3 ETAPA 3: DEFINIR OS INDICADORES E AS RESPECTIVAS VARIÁVEIS

Nesta Etapa foram consideradas todas as 19 variáveis propostas na

Metodologia, conforme TAB. 6.2.

Secretaria de Estado de Transportes do Rio de

Janeiro

Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário – ADEMI

Instituto de Políticas de Transporte e

Desenvolvimento – ITDP

170

TAB. 6.2: Variáveis Consideradas na Aplicação

6.4 ETAPA 4: COLETAR OS DADOS DAS VARIÁVEIS

Esta Etapa contemplou a coleta dos dados referentes às Variáveis DOT para as

estações objeto da aplicação. É relevante destacar que os dados, apresentados na

TAB. 6.3, são dados Crisp, ou seja, antes da normalização.

Indicador Variável Variáveis Formas de Medir

V1 Capacidade do Sistema de Transporte Coletivo Número de passageiros / hora de maior pico

V2 Capacidade da Estação Gargalo da área de espera, acessos, catracas e plataforma

V3 Demanda na Estação Número de passageiros / hora de maior pico

V4 Headway Intervalo entre carros/composições (minutos)

V5 Integração Física Número de integrações

V6 Qualidade das Calçadas Avaliação Qualitativa In Loco

V7 Existência e Qualidade de Ciclovia e Ciclofaixas Avaliação Qualitativa In Loco

V8 Quantidade de Quarteirões Número de Quarteirões dentro de um raio de 1 km ²

V9 Segurança no Trânsito De acordo com a Hierarquia Viária e Avaliação In Loco

V10 Sensação de Segurança - Seguridade Configuração Urbana - Avaliação Qualitativa In Loco

V11 Renda Média R$ / habitante - Índice de Entropia

V12 Tamanho das Famílias Pessoas / residência - Índice de Entropia

V13 Densidade Populacional Habitantes / Hectare

V14 Densidade de Empregos Empregos / Hectare

V15 Diversidade Uso do Solo - raio de 500 metros - Índice de Entropia

V16 Vazios Urbanos % área sem construção e de domínio público - raio de 500 metros

V17 Empreendimentos Imobiliários Lançados Empreendimentos/Ano no Bairros da Estação - raio 1000 metros

V18 Zoneamento Tipo de Zonas (Residencial/Comercial) raio 500 metros

V19 Possibilidade de Adensamento Coeficiente de Aproveitamento

I1

I2

I3

I4

Legenda

I1= Sistema de Transporte Coletivo

I2 - Sistema de Transporte Não Motorizado

I3 - Ambiente Urbano

I4 - Desenvolvimento Imobiliário na Região

Legenda

I1= Sistema de Transporte Coletivo

I2 - Sistema de Transporte Não Motorizado

I3 - Ambiente Urbano

I4 - Desenvolvimento Imobiliário na Região

171

TAB. 6.3: Agrupamento dos Valores de Entrada – Crisp

6.5 ETAPA 5: DEFINIR OS VALORES DOS INDICADORES

Nesta Etapa são definidos os valores dos Indicadores DOT para cada estação,

utilizando Redes Neuro-Fuzzy, por meio do software Microsoft Excel, seguindo as

fases propostas na Metodologia.

Para a fase de conversão das Variáveis DOT em Variáveis de Entrada Fuzzy, as

faixas, da função de pertinência, no universo de discurso, foram definidas com base

em especialistas da área de Transporte e Urbanismo, estruturada também pela

revisão bibliográfica acerca do que os autores sugerem. Foram utilizadas Função de

Pertinência dos tipos triangulares, trapezoidais e singleton.

As TABs. 6.4 a 6.7 expõem os valores notáveis do universo de discurso para

cada Variável de entrada Fuzzy. E na TAB. 6.8 é apresentado um exemplo de

normalização dos dados, utilizando escala de [0-100].

172

TAB. 6.4: Dados de Entrada do Neurônio 1 – Indicador 1

Trapézio Fuzzy V1 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0 0 4.000 8.000

Muito Abaixo do Padrão - ABP 4.000 8.000 8.000 10.000

Padrão - PA 8.000 10.000 10.000 15.000

Acima do Padrão - ACP 10.000 15.000 15.000 20.000

Muito Acima do Padrão - MAP 15.000 20.000 20.000 40.000

Trapézio Fuzzy V2 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0 0 4.000 8.000

Muito Abaixo do Padrão - ABP 4.000 8.000 8.000 10.000

Padrão - PA 8.000 10.000 10.000 15.000

Acima do Padrão - ACP 10.000 15.000 15.000 20.000

Muito Acima do Padrão - MAP 15.000 20.000 20.000 40.000

Trapézio Fuzzy V3 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0 0 500 2.000

Muito Abaixo do Padrão - ABP 500 2.000 2.000 4.000

Padrão - PA 2.000 4.000 4.000 8.000

Acima do Padrão - ACP 4.000 8.000 8.000 12.000

Muito Acima do Padrão - MAP 8.000 12.000 12.000 12.000

Trapézio Fuzzy V4 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 200 200 20 20

Muito Abaixo do Padrão - ABP 20 10 10 5

Padrão - PA 10 5 5 3

Acima do Padrão - ACP 5 3 3 1,5

Muito Acima do Padrão - MAP 3 1,5 1,5 1,5

Trapézio Fuzzy V5 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0,0 0,0 0,0 0,5

Muito Abaixo do Padrão - ABP 0,0 0,5 0,5 1,0

Padrão - PA 0,5 1,0 1,0 2,0

Acima do Padrão - ACP 1,0 2,0 2,0 3,0

Muito Acima do Padrão - MAP 2,0 3,0 3,0 3,0

Centro

Centro

Centro

Centro

Centro

Dados Brutos

Neurônio 1

173

TAB. 6.5: Dados de Entrada do Neurônio 2 – Indicador 2

Trapézio Fuzzy V6 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 1 1 1 1

Muito Abaixo do Padrão - ABP 2 2 2 2

Padrão - PA 3 3 3 3

Acima do Padrão - ACP 4 4 4 4

Muito Acima do Padrão - MAP 5 5 5 5

Trapézio Fuzzy V7 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 1 1 1 1

Muito Abaixo do Padrão - ABP 2 2 2 2

Padrão - PA 3 3 3 3

Acima do Padrão - ACP 4 4 4 4

Muito Acima do Padrão - MAP 5 5 5 5

Trapézio Fuzzy V8 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0 0 23 27

Muito Abaixo do Padrão - ABP 23 27 27 32

Padrão - PA 27 32 32 42

Acima do Padrão - ACP 32 42 42 55

Muito Acima do Padrão - MAP 42 55 55 55

Trapézio Fuzzy V9 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 1 1 1 1

Muito Abaixo do Padrão - ABP 2 2 2 2

Padrão - PA 3 3 3 3

Acima do Padrão - ACP 4 4 4 4

Muito Acima do Padrão - MAP 5 5 5 5

Centro

Centro

Centro

Centro

Dados Brutos

Neurônio 2

174

TAB. 6.6: Dados de Entrada do Neurônio 3 – Indicador 3

Trapézio Fuzzy V10 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 1 1 1 1

Muito Abaixo do Padrão - ABP 2 2 2 2

Padrão - PA 3 3 3 3

Acima do Padrão - ACP 4 4 4 4

Muito Acima do Padrão - MAP 5 5 5 5

Trapézio Fuzzy V11 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0,00 0,00 0,65 0,70

Muito Abaixo do Padrão - ABP 0,65 0,70 0,70 0,80

Padrão - PA 0,70 0,80 0,80 0,90

Acima do Padrão - ACP 0,80 0,90 0,90 1,00

Muito Acima do Padrão - MAP 0,90 1,00 1,00 1,00

Trapézio Fuzzy V12 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0,00 0,00 0,65 0,70

Muito Abaixo do Padrão - ABP 0,65 0,70 0,70 0,80

Padrão - PA 0,70 0,80 0,80 0,90

Acima do Padrão - ACP 0,80 0,90 0,90 1,00

Muito Acima do Padrão - MAP 0,90 1,00 1,00 1,00

Trapézio Fuzzy V13 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0 0 25 50

Muito Abaixo do Padrão - ABP 25 50 50 100

Padrão - PA 50 100 100 150

Acima do Padrão - ACP 100 150 150 200

Muito Acima do Padrão - MAP 150 200 200 200

Trapézio Fuzzy V14 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0 0 25 50

Muito Abaixo do Padrão - ABP 25 50 50 100

Padrão - PA 50 100 100 150

Acima do Padrão - ACP 100 150 150 200

Muito Acima do Padrão - MAP 150 200 200 200

Trapézio Fuzzy V15 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0 0 0,3 0,5

Muito Abaixo do Padrão - ABP 0,3 0,5 0,5 0,7

Padrão - PA 0,5 0,7 0,7 0,8

Acima do Padrão - ACP 0,7 0,8 0,8 0,9

Muito Acima do Padrão - MAP 0,8 0,9 0,9 0,9

Trapézio Fuzzy V16 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0 0 5 10

Muito Abaixo do Padrão - ABP 5 10 10 20

Padrão - PA 10 20 20 30

Acima do Padrão - ACP 20 30 30 40

Muito Acima do Padrão - MAP 30 40 40 40

Neurônio 3

Centro

Centro

Centro

Centro

Centro

Centro

Centro

Dados Brutos

175

TAB. 6.7: Dados de Entrada do Neurônio 4 – Indicador 4

TAB. 6.8: Exemplo de Normalização dos Dados de Entrada

Conforme proposto na Metodologia foi realizada os inputs dos valores das

variáveis normalizadas em cada um dos quatro neurônios, ou seja, indicadores,

processados por Integrais-Fuzzy, gerando o grau de pertinência de cada variável

linguística obtendo-se, assim, os dados de saída, ou seja, os valores dos

Indicadores DOT, para cada uma das sete Estações. Foram utilizados os valores de

maior possibilidade de interferência na variável de saída, ou seja, o maior valor de

possibilidade de cada uma das variáveis. Como exemplo, as TABs. 6.9 a 6.11, nas

páginas seguintes, apresentam as entradas, inferências e saída dos valores da

Estação Maracanã.

Trapézio Fuzzy V17 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0 0 50 100

Muito Abaixo do Padrão - ABP 50 100 100 200

Padrão - PA 100 200 200 400

Acima do Padrão - ACP 200 400 400 500

Muito Acima do Padrão - MAP 400 500 500 500

Trapézio Fuzzy V18 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 1 1 1 1

Muito Abaixo do Padrão - ABP 2 2 2 2

Padrão - PA 3 3 3 3

Acima do Padrão - ACP 4 4 4 4

Muito Acima do Padrão - MAP 5 5 5 5

Trapézio Fuzzy V19 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0 0 0,8 1,6

Muito Abaixo do Padrão - ABP 0,8 1,6 1,6 2,4

Padrão - PA 1,6 2,4 2,4 3,2

Acima do Padrão - ACP 2,4 3,2 3,2 4

Muito Acima do Padrão - MAP 3,2 4 4 4

Neurônio 4

Centro

Centro

Centro

Dados Brutos

Trapézio Fuzzy V1 Esq Dir

Totalmente fora do Padrão - TFP 0 0 10 20

Muito Abaixo do Padrão - ABP 10 20 20 25

Padrão - PA 20 25 25 38

Acima do Padrão - ACP 25 38 38 50

Muito Acima do Padrão - MAP 38 50 50 100

Centro

Dados de Entrada Normalizados

176

TAB. 6.9 – Entradas Agregadas – Exemplo Estação Maracanã

TAB. 6.10: Entradas Agregadas – Estação Maracanã II

V1 V2 V3 V4 V5

0,38 0,60 0,84 1,00 1,00

V6 V7 V8 V9

1,00 1,00 0,85 1,00

V10 V11 V12 V13 V14 V15 V16

1,00 0,98 0,86 0,74 0,64 0,65 0,18

V17 V18 V19

0,55 1,00 1,00

DeFuzzyf. (Centro dos Máximos)Saída Crisp Indicador 4

115,00

I3

DeFuzzyf. (Centro dos Máximos)Saída Crisp Indicador 3

77,00

Inferência (OU) - Máximo - Maior Possibilidade

I4

Inferência (OU) - Máximo - Maior Possibilidade

I2

DeFuzzyf. (Centro dos Máximos)Saída Crisp Indicador 2

75,00

Inferência (OU) - Máximo - Maior Possibilidade

Estação Maracanã

Inferência (OU) - Máximo - Maior Possibilidade

I1

DeFuzzyf. (Centro dos Máximos)Saída Crisp Indicador 1

47,00

TFP ABF PA ACP MAP

V1 81 0,00 0,00 0,00 0,38 0,00

V2 82 0,00 0,00 0,40 0,60 0,00

V3 19 0,00 0,84 0,16 0,00 0,00

V4 10 0,66 0,33 0,00 0,00 0,00

V5 67 0,00 0,00 0,00 1,00 0,00

V6 80 0,00 0,00 0,00 1,00 0,00

V7 80 0,00 0,00 0,00 1,00 0,00

V8 80 0,00 0,00 0,00 0,85 0,15

V9 60 0,00 0,00 1,00 0,00 0,00

V10 80 0,00 0,00 0,00 1,00 0,00

V11 100 0,00 0,00 0,00 0,02 0,98

V12 99 0,00 0,00 0,00 0,14 0,86

V13 57 0,00 0,00 0,74 0,26 0,00

V14 41 0,00 0,36 0,64 0,00 0,00

V15 85 0,00 0,00 0,35 0,65 0,00

V16 15 0,00 0,18 0,00 0,00 0,00

V17 29 0,00 0,55 0,45 0,00 0,00

V18 60 0,00 0,00 1,00 0,00 0,00

V19 100 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00

Entradas CRISP Agregadas

Estação Maracanã

Grau de Pertinência

Variáveis de Entrada

177

TAB. 6.11: Valores dos Indicadores para cada Estação

6.6 ETAPA 6: DEFINIR OS PESOS DOS INDICADORES A PARTIR DAS

ANÁLISES DOS ATORES

Para realização desta Etapa foram consultados três especialistas, um de cada

grupo de Atores relacionados na FIG. 6.4, a saber: especialista em transportes

urbanos da Secretaria de Estado de Transportes do Rio de Janeiro (SETRANS);

especialista do Mercado Imobiliário da Região do Rio de Janeiro (ADEMI);

especialista do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), que

se relaciona com organizações da sociedade civil organizada.

Para análise dos indicadores por especialistas segundo o método AHP, foi

aplicado um questionário, conforme Apêndice 2. O questionário aplicado foi

adaptado ao utilizado na elaboração do Plano Diretor Metroviário da RMRJ (PDM,

2015).

Nas FIGs. 6.5 a 6.7 são apresentados os resultados, onde se observam os

pesos normalizados de cada indicador pelo especialista do mercado imobiliário,

sociedade civil organizada e sistema de transporte coletivo, respectivamente e na

FIG. 6.5o agrupamento dos julgamentos. Para o processamento foi utilizado o

software Microsoft Excel.

Estações I1 I2 I3 I4

Estação 1 - Deodoro 25 35 51 90

Estação 2 - Eng de Dentro 44 51 59 150

Estação 3 - Mag Bastos 32 25 55 90

Estação 4 - R. Albuquerque 27 59 54 91

Estação 5 - São Cristovão 47 40 63 93

Estação 6 - Vila Militar 24 31 41 110

Estação 7 - Maracanã 45 75 77 115

Valor Máximo Possível 500 400 700 300

178

FIG. 6.5: Opinião do Especialista – Mercado Imobiliário

FIG. 6.6: Opinião do Especialista – Sociedade Civil Organizada

FIG. 6.7: Opinião do Especialista – Sistema de Transporte Coletivo

I1 I2 I3 I4 AutoVetor Normalização

I1 1 3,00 1,00 2,00 1,565085 0,35

I2 0,33 1 0,75 1,00 0,707107 0,16

I3 1,00 1,33 1 1,00 1,07457 0,24

I4 1,00 1,33 1,00 1 1,07457 0,24

3,33 6,67 3,75 5,00 4,42 1,00

Lamb Max λ Máx 4,372774

IC 0,124258

IR 0,14 Conclusão

RC 0,12 Coerente

I1 I2 I3 I4 AutoVetor Normalização

I1 1 0,75 0,50 0,50 0,658037 0,15

I2 1,33 1 2,00 3,00 1,681793 0,38

I3 2,00 0,50 1 2,00 1,189207 0,27

I4 2,00 0,50 0,50 1 0,840896 0,19

6,33 2,75 4,00 6,50 4,37 1,00

Lamb Max λ Máx 4,35136

IC 0,11712

IR 0,13 Conclusão

RC 0,12 Coerente

I1 I2 I3 I4 AutoVetor Normalização

I1 1 3,00 1,00 2,00 1,565085 0,35

I2 0,33 1 0,50 0,50 0,537285 0,12

I3 1,00 2,00 1 1,00 1,189207 0,27

I4 1,00 2,00 1,00 1 1,189207 0,27

3,33 8,00 3,50 4,50 4,48 1,00

Lamb Max λ Máx 4,246776

IC 0,082259

IR 0,09 Conclusão

RC 0,08 Coerente

179

A TAB. 6.12 apresenta o peso final dos indicadores a partir da análise dos 3

especialistas.

TAB. 6.12: Valores dos Pesos dos Indicadores para cada Estação

6.7 ETAPA 7: HIERARQUIZAÇÃO DAS ESTAÇÕES E ANALISE DOS

RESULTADOS

A partir das análises realizadas nas Etapas anteriores, foi possível obter os

valores finais dos indicadores por estação e, consequentemente, a definição da

ordem de prioridade de estações nas quais poderão ser realizadas intervenções

aplicando-se os conceitos DOT, conforme é apresentado nas TABs. 6.13 e 6.14.

TAB. 6.13: Valores Finais das Estações

I1 I2 I3 I4

0,27 0,19 0,26 0,23

Deodoro 6,63 6,81 13,25 20,84 47,5

Eng de Dentro 11,66 9,93 15,33 34,73 71,7

Mag Bastos 8,48 4,87 14,29 20,84 48,5

R Albuquerque 7,16 11,49 14,03 21,07 53,7

São Cristóvão 12,46 7,79 16,37 21,53 58,2

Vila Militar 6,36 6,04 10,66 25,47 48,5

Maracanã 11,93 14,60 20,01 26,63 73,2

Indicadores

Peso do Indicador

Valor do

Indicador

para cada

Estação

IndicadoresMédia

Geométrica

I1 0,27

I2 0,19

I3 0,26

I4 0,23

Agrupamento

dos Julgamentos

180

TAB. 6.14: Ordem Prioridade

6.8 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO

É necessário que se adapte a metodologia ao caso e local específico, ou seja,

considerando-se as medidas DOT comuns em todos os projetos, conforme essa

revisão e também adaptando as medidas específicas para cada cenário estudado.

A forma de medir as variáveis não foi exaustiva, cabendo, diante de cada

situação, como limitações de tempo e de recursos, as possíveis mudanças; até

mesmo o fato de não serem utilizadas todas as variáveis por Indicador.

Em relação à seleção reduzida do número de estações para análise, é relevante

lembrar que esta metodologia não está limitada a um número reduzido de estações.

A redução do número de estações antes da aplicação pode ser justificada, por

exemplo: pela limitação de dados e informações disponíveis, pelo recurso disponível

para investimentos em pesquisa de campo ou até mesmo, por limitações em relação

ao tempo disponível para a aplicação da metodologia.

Maracanã 73,2

Eng de Dentro 71,7

São Cristóvão 58,2

R Albuquerque 53,7

Vila Militar 48,5

Mag Bastos 48,5

Deodoro 47,5

Hierarquia das Estações

181

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

7.1 CONCLUSÕES

Considera-se que o desenvolvimento deste trabalho resultou em dois tipos de

contribuição. São elas: o fato de poderem auxiliar em propostas e projetos que

tragam uma melhor qualidade de vida ao entorno de estações, como também

possibilitar que atraiam usuários para o transporte público.

Para tanto, foi inicialmente realizada uma revisão de diferentes estudos que

apresentavam conceitos e medidas relacionada a DOT. Essa revisão gerou a

primeira contribuição, um conjunto de medidas que podem, em algum momento, se

tornar a base para implementação de DOT em diferentes áreas da cidade, na

proximidade de Estações de Transporte público. A segunda contribuição gerada a

partir deste estudo é a proposta da Metodologia de Análise para hierarquização,

principal objetivo desta dissertação, que auxilia no processo de tomada de decisão

quanto à escolha da estação a ser beneficiada, quando os recursos são escassos

para atender a um conjunto delas.

Na elaboração de metodologia considerou-se que nos processos de integração

dos sistemas de transporte com o uso e ocupação do solo existem n variáveis a

serem consideradas e diferentes atores que devem ser envolvidos. Citam-se, como

exemplos: prefeituras, o estado, representantes das associações comerciais,

operadores dos sistemas de transportes, setor industrial, que é fundamental na

geração de empregos que, por sua vez leva à necessidade de

deslocamento/viagens, além do mercado imobiliário.

182

A respeito do desenvolvimento e aplicação da Metodologia, destacam-se,

dentre as principais barreiras e desafios encontrados, alguns pontos relevantes

como:

Definição do corredor e estações: dentre os pontos mais relevantes, ao definir

o corredor e número de estações deve-se considerar como relevante: tempo

hábil para a pesquisa, bem como recursos destinados para uma determinada

região.

Dificuldade sobre a disponibilidade dos dados: para facilitar a coleta de

dados, por exemplo, socioeconômicos, deve-se usar uma base de dados

existente como, por exemplo, zonas de tráfego, que por sua vez utiliza a base

dos setores censitários, facilitando a compilação dos dados. Entretanto como

as zonas de tráfego são baseadas em setores censitários, dificilmente uma

estação de transporte será um centroide, dificultando o planejamento

integrado do uso do solo com as estações de transporte coletivo.

Definição dos Atores: devem-se envolver todos os atores necessários para

maior precisão das opiniões e definição da hierarquia.

Definição das Técnicas: deve-se buscar que o tomador de decisão ou

especialista tenha entendimento sobre a técnica e disponibilidade para

participar.

Definição das Variáveis: ao definir as variáveis que serão utilizadas na

metodologia, é relevante escolher aquelas comuns ao local analisado

Distância Mínima: o Raio utilizado também pode variar de acordo com o que

foi explicitado no trabalho. Apesar da utilização do raio de 500 metros,

existem outros projetos em que o raio chegou a 1 km. Dessa forma, é

necessário que se avalie o entorno antes de definir o raio, que poderá variar

entre 500 a 1000 metros, podendo ser definido como 10 minutos de

caminhada e 10 minutos de bicicleta.

183

Sobre a estrutura e técnicas utilizadas na Metodologia, todas se mostraram

satisfatórias e convergentes.

É relevante destacar algumas características das Estações ao longo do cálculo

do valor final dos Indicadores. Dentre as variáveis analisadas, apurou-se que

Engenho de Dentro possui uma adesão imobiliária superior às outras estações. O

entorno da Estação Ricardo de Albuquerque apresentou características de tipo de

renda homogêneas. Sobre a opinião dos especialistas, pela média, o sistema de

transporte público é considerado o indicador com maior relevância.

7.2 RECOMENDAÇÕES PARA A CONTINUIDADE DOS TRABALHOS NESTA

ÁREA DE ESTUDO

Para trabalhos futuros, recomenda-se a aplicação da metodologia em corredores

de BRT, em ascensão em países em desenvolvimento, como Colômbia e Brasil,

bem como em projetos com curto cronograma, como o caso de Tóquio, que

precisará preparar a cidade para receber os Jogos Olímpicos de 2020, ou seja,

possuem apenas quatro anos para desenvolver e implantar novos projetos de

transporte.

Também é relevante destacar que para futuros trabalhos, a forma de medir as

variáveis adotadas poderá se diversificar, bem como o seu uso parcial, de modo a

facilitar a aplicação e definição da hierarquia.

Em relação aos indicadores, sugere-se como trabalho futuro, a atribuições de

pesos aos indicadores de forma comparativa, de modo a realizar inferências acerca

dos atores. Sugere-se que seja entrevistado um grupo maior de atores.

184

Sobre a terminologia, uso do termo sugerido pela Embarq (2014) como

Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável - DOTS, é abrangente em

relação às medidas consideradas, bem como é um documento produzido com foco

nas condições da América Latina. É relevante destacar que, para este trabalho foi

mantido o termo tradicional DOT, do inglês Transit-Oriented Development – TOD,

uma vez que um dos focos deste estudo foi manter o termo original.

185

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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9 APÊNDICES

199

9.1 APÊNDICE 1: No item 5.1.5.2. Definição da Rede Neuro-Fuzzy e das Variáveis

de Saída, é apresentada a Figura 5.11, a qual mostra a estrutura lógica das entradas

das variáveis e saídas dos indicadores. O cálculo é apresentado a seguir.

200

Estação MaracanãIndicador 1 - Sistema de Transporte Coletivo

Capacidade do Sistema de Transporte Coletivo Capacidade da Estação

Demanda na Estação Frequência do Sistema de Transporte Coletivo no pico

Variáveis

Estação MaracanãIndicador 2 - Sistema de Transporte Não Motorizado

Qualidade das Calçadas

Ciclovia e Cliclofaixas / BicicletárioDensidade de Intersecções / Tamanho dos Quarteirões

Segurança no Trânsito

Variáveis

Estação MaracanãIndicador 3 - Ambiente Urbano

SeguridadeRenda média

Tamanho das Famílias Densidade populacional

Variáveis

Estação MaracanãIndicador 4 - Desenvolvimento Imobiliário na Região

Empreendimentos Imobiliários Lançados

Zoneamento

Possibilidade de Adensamento

Variáveis

Integração Física

Densidade de emprego Diversidade

Vazios Urbanos

Indicador Geral Estação Maracanã1ª Posição

Indicador 1 - Sistema de Transporte ColetivoIndicador 2 - Sistema de Transporte Não Motorizado

Indicador 3 - Ambiente Urbano Indicador 4 - Desenvolvimento Imobiliário na Região

201

9.2 APÊNDICE 2: Modelo do questionário utilizado neste trabalho, adaptado do

modelo inicialmente utilizado no Plano Diretor Metroviário PDM (2015) pelo Estado

do Rio de Janeiro.

QUESTIONÁRIO DE ANÁLISE COMPARATIVA

ASSUNTO: IMPORTÂNCIA DOS CRITÉRIOS SELECIONADOS PARA A

DEFINIÇÃO DA ORDEM DE PRIORIDADE DE ESTAÇÕES DE MÉDIA E ALTA

CAPACIDADE ONDE SERÃO REALIZADAS INTERVENÇÕES APLICANDO OS

CONCEITOS DO TRANSIT ORIENTED DEVELOPMENT (TOD) PELO MÉTODO

FUZZY AHP.

Identificação

Área de Atuação: ________________________________________________

1. Instruções

Apresenta-se adiante o questionário a ser aplicado aos especialistas. As perguntas serão feitas pelo moderador, em termos comparativos, isto é, par a par, com o foco no objetivo definido que é a definição da ordem de prioridade das estações que sofrerão intervenções.

Seguem na tabela abaixo, os critérios, com seus respectivos aspectos pertinentes.

202

Inicialmente cada critério será comparado com os demais. Essa comparação ocorre por meio da marcação em um gráfico tal como exposto a seguir. Deve-se marcar um e apenas um dos retângulos, quanto mais perto do lado do critério, mais importante esse critério será considerado em relação ao outro. A marcação no retângulo central significa que o entrevistado considera que os dois critérios têm igual importância.

Critério A Critério B

É importante que se mantenha coerência entre as comparações. Se o Critério A for considerado mais importante que o Critério B e este for apontado como mais importante que o Critério C, o Critério A tem que, necessariamente, ser considerado mais importante que o Critério C.

2. Avaliação

Pede-se que antes da comparação dos Critérios preencha-se a tabela abaixo, dando notas de 1 a 5 aos

Critérios. Quanto maior a nota, mais importante o será o Critério. A mesma nota pode ser dada a dois Critérios.

203

Ao fazer as comparações a seguir, verifique se você está mantendo a coerência com a sua avaliação preliminar.

204

9.3 APÊNDICE 3: Disponível em mídia digital encontra-se o banco de imagens das

visitas de campo realizadas nas estações, referente ao item 6.1.1 da aplicação.

205

9.4 APÊNDICE 4: No apêndice 4 são apresentadas as Integrais-Fuzzy utilizadas no

modelo, de acordo com cada uma das 19 variáveis e seus termos linguísticos.

As Integrais-Fuzzy utilizadas no modelo são apresentadas a seguir de acordo

com cada variável.

Variável 1 - Capacidade do Sistema de Transporte Coletivo

Variável 2 - Capacidade da Estação

206

Variável 3 - Demanda na Estação

Variável 4 - Headway

207

Variável 5 - Integração Física

Variável 6 - Qualidade das Calçadas

208

Variável 7 - Ciclovia e Cliclofaixas / Estacionamentos para Bicicleta e Bicicletário

Variável 8 - Número de quarteirões dentro de 1 (um) km²

209

Variável 9 - Segurança no Trânsito

Variável 10 – Seguridade

210

Variável 11- Renda média

Variável 12 - Tamanho das Famílias

211

Variável 13 - Densidade populacional

Variável 14 - Densidade de emprego

212

Variável 15 - Diversidade

Variável 16 - Vazios Urbanos

213

Variável 17 - Empreendimentos Imobiliários Lançados

Variável 18 – Zoneamento

214

Variável 19 - Possibilidade de Adensamento