superrevista abase - artigo sobre bloco k do sped fiscal

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ANO 22 Nº 231 OUTUBRO 2014 Em novembro, a Super Revista faz 20 anos. Participem desta edição histórica! Supermercados 360º é o tema da Convenção da Abras 2014 Sebrae-BA e Abase realizam Clínica Tecnológica

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Artigo excelente e cheio de conhecimento sobre o Bloco K do SPED fiscal, da autoria de Abel Miranda, na SuperRevista Abase (Edição de Outubro/2014).

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Page 1: SuperRevista Abase - Artigo sobre Bloco K do SPED Fiscal

ANO 22 Nº 231 OUTUBRO 2014

Em novembro, a Super Revista faz 20 anos. Participem desta edição histórica!

Supermercados 360º é o tema da Convenção da Abras 2014

Sebrae-BA e Abase realizam Clínica Tecnológica

Page 2: SuperRevista Abase - Artigo sobre Bloco K do SPED Fiscal

O bloco K do Sped, a rigor, não tem nada de novo. Todas as infor-mações solicitadas já constam no antigo, e impresso em papel, LCPE (Livro de Controle e Produção de Es-toques). Também conhecido como RCPE (Registro de Controle e Pro-dução de Estoques). Neles constam todas as movimentações internas de matérias-primas, produtos aca-bados, insumos, embalagens, com-pras, vendas, transferências e devo-luções.

A título de exemplo, acompa-nhando o processo fiscalizatório numa indústria em Salvador, pre-

senciei estes livros solicitados sen-do transportados pelo auditor numa caminhonete. Foram 60 livros de 500 páginas, capa dura, cada um. Hoje eles cabem folgadamente em qual-quer pen drive, preso no chaveiro do auditor, não ocupando nem 1 por cento da capacidade do mesmo.

Algumas secretarias estaduais manifestam a pretensão de estender a obrigatoriedade do bloco K para as empresas atacadistas e varejistas. Isto se prende ao fato destas empre-sas desmembrarem um só produto em variadas unidades de compra e venda. Compra-se em caixa e ven-de-se em quilos, litros, dúzias, gra-mas, metros, etc.

Desnecessário dizer quem fará todo o trabalho pesado: os compu-tadores e os softwares especialistas neles instalados. O auditor dará ape-nas o direcionamento fiscalizatório e acompanhará a empresa.

Outro ponto chave a ser con-siderado é que algumas indústrias temem ter seus segredos industriais devassados. Fato pouco justificável, uma vez que estas informações já eram fornecidas em seus pormeno-

res no LCPE, livro aberto da empresa a quem tenha acesso aos mesmos.

Arquimedes de Siracusa (287 a.C. – 212 a.C.), matemático grego afirmava das suas alavancas: “Dê- me um ponto de apoio, e moverei o mundo”. Hoje, contando, ouso afir-mar dos meus bits e bytes: “Dê-me um arquivo Sped consistente que ex-porei em pormenores íntimos a vida fiscal, administrativa e financeira de qualquer empresa”.

Vamos e convenhamos, de nada adianta reclamar do fisco nem do governo. Ele faz e legitima a legis-lação sob a nossa égide como elei-tores. A carga tributária de qualquer país é sempre maior que a capacida-de de endividamento das empresas. Isto torna o governo sócio-majoritário nos lucros das organizações. Dis-to deduzimos que a diferença entre “empresas grandes” e “grandes em-presas” está na administração e no planejamento tributário. Quem quiser sobreviver nestes novos tempos di-gitais terá que se adaptar e se orga-nizar. Quem não quiser será melhor deixar de ser empresário e se apo-sentar.

Indústrias devem terTRiBUTaçãO

TRiBUTaçãO

preocupação com Bloco K do Sped Fiscal

Segundo Benjamim Franklin: “Nada é mais certo neste mundo do

que a morte e os impostos”. Da morte, não teço comentários, pois ainda não fui apresentado a ela. Dos impostos, vou espinafrar à vontade, pois afeta diretamente os bolsos de todos, incluindo os meus, muito dantes já esvaziados.

A bulimia financeira do fisco é notória e não é de agora. Até Je-sus, inquirido maldosamente pelos judeus sobre esta temática, tangi-versou inteligentemente: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus...”. As taxações nasceram junto com a humanidade e existirão pelos próximos séculos. Na realidade ainda fico na dúvida entre pagar primeiro os impostos ou os dízimos.

No Brasil, imensa floresta de ci-poais tributários, a bola da vez agora são os Blocos H e K do Sistema Pú-blico de Escrituração Digital (Sped).

Antes de mais nada devo afir-mar não ser contra o Sped. Ao con-trário, vejo-o com bons olhos, pois sou consultor em arquivos digitais e estes estão obrigando as empre-sas a se organizarem. Quem não se organizar neste âmbito tenderá a ter enormes problemas fiscais nos pró-ximos anos. O fisco está tecnologi-camente à frente e são seus com-putadores e softwares especialistas quem farão a revolução fiscal nos próximos anos. Na realidade já es-tão fazendo. Quem sobreviver verá.

O tema ‘’death and taxes’’ cunhado pelo Benjamim se tornou

expressão aplicável nas mais varia-das situações da vida. Metáforas, apropriando estas ideias, são cria-das todos os dias em todas as par-tes do mundo.

No âmbito do “death” não po-demos afirmar com certeza que o fisco vai quebrar todas as empre-sas. Muitas delas são organizadas e se adequam rapidamente às exi-gências legais. Estas vão sobreviver aos maremotos digitais. Quanto às outras esperemos para ver.

No âmbito da “taxes” já exis-tem graus de certezas maiores do fisco continuar exercendo suas (in)gerências tributárias sobre os con-tribuintes. Mesmo porque o cipoal de leis continua a crescer em tama-nho e complexidade e a aumentar a queda de braço velada entre o con-tribuinte, fugindo das taxações teo-ricamente indevidas e o fisco que, percebendo estas manobras, cria novas regras tributárias para arreca-dar mais e melhor.

Exemplo: o fisco criou o Su-persimples para facilitar a vida do pequeno empresário mas ampliou junto as regras de substituição tribu-tária, fazendo o contribuinte ser bitri-butado sem perceber. Ele compra o produto já com o imposto retido na fonte e o vende pagando o ICMS de forma imposta novamente. Aparen-temente recolhendo num só boleto 8 tributos estaduais, municipais e federais, quando já pagou vários impostos antecipadamente quando comprou para revender.

Outro exemplo recente pu-blicado na Folha de São Paulo em

29/09/2014, matéria assinada pela jornalista Sofia Fernandes, de Brasí-lia, o governo vetou o Supersimples para pessoa jurídica assalariada. Segundo a receita fazendária, por meio da manobra de contratação de pessoas jurídicas (do Supersimples) na forma de subordinação, pesso-alidade e habitualidade, em 2012 e 2013 foram sonegados da previdên-cia social algo em torno de R$ 30 bilhões.

Apesar de irregular (evasão fis-cal) e fiscalizada gerando autos de infração, a prática não era expres-samente proibida e o governo optou por explicitar a regra na legislação, tornando-a mais clara e precisa.

Diferenciando evasão fis-cal de elisão fiscal

Na evasão ocorre o fato gera-dor do imposto e o contribuinte não paga a obrigação legal. Isto configu-ra sonegação fiscal. Na elisão fiscal, através de planejamento, busca-se evitar o fato gerador. Se não ocorre o fato gerador, teoricamente o tribu-to não é devido. Este tipo de plane-jamento não caracteriza ilegalidade, no entanto o problema pode apare-cer na interpretação do fisco e isto pode gerar enormes transtornos ju-rídicos para as empresas. Portanto, todo cuidado é pouco. Planejar não pode deixar margem para interpre-tações dúbias.

O planejamento fiscal tem como objetivo minimizar os custos fiscais respeitando a lei de forma integral e sem dubiedades, sendo esta atividade totalmente lícita e devidamente tutelada na forma ju-

rídica. Qual a conexão disto com os

blocos H e K do Sped? Explico: o fisco quer ver digitalmente a tomo-grafia 3D do pulmão da sua empre-sa. Saber como ela respira financei-ra e fisicalmente em seus saldos de inventário iniciais, suas movimenta-ções de venda, matéria-prima, cus-

tos, produção e saldos finais. Neste meio de campo estão todas as no-tas fiscais (blocos C e D). Todas ca-racterizadas com seus respectivos produtos e respectivos NCMs com regras tributárias claras. De posse disto será moleza fazer um pente fino na organização em minutos.

Logo, sem o devido plane-

jamento e eficiência empresarial digital, a empresa constrói para si mesma, e entra sem perceber, numa verdadeira “arapuca tributária”. Com planejamento do Sped, além de au-mentar a eficiência empresarial, se torna apenas mais uma obrigação legal a ser cumprida e acaba facili-tando a vida de todo mundo.

30 OUTUBRO/2014 OUTUBRO/2014 31

Abel M. Costa - [email protected]@usesoft.com.br

Bloco K do Sped não tem nada de novo

Totais contábeis do Inventário em valores (H005).

Inventário discriminado por produto com quantidade x custo médio (H010).

Informação de estoques em poder de terceiros e estoques de terceiros em poder da empresa (H020).

No bloco K foram criadas as obrigações:Período de Apuração do ICMS/IPI (K100). Estoque Escriturado no final deste período

por produto x Custo (K200).Outras Movimentações Internas entre Mer-

cadorias (requisições) (K220). Itens Produzidos neste período (K230).Insumos e matéria-prima consumidos na

produção neste período (K235). Industrialização Efetuada por Terceiros +

Itens Produzidos (K250).Industrialização em Terceiros + Insumos e

matéria-prima Consumidos (K255).

No bloco H deve ser informado:

A partir de 1º de janeiro de 2015, como parte do programa do Sped Fiscal, as indústrias e atacadistas estarão obrigadas a enviar o livro Registro de Controle da

Produção e do Estoque por meio do Bloco K. Essa mudança terá grande impacto nessas empresas, pela sua complexidade. Pela nova norma as empresas atacadistas também

deverão registrar todas as entradas e saídas de produtos, bem como as perdas do processo. Para as empresas de varejo, até o momento, nada foi publicado que leve a acreditar que também serão obrigadas, contudo, muitas já se mostram preocupadas.

Leia no artigo abaixo o que pensa o consultor fiscal Abel Costa.