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SUPERINTENDÊNCIA DE PORTOS Gerência de Meio Ambiente - GMA Relatório de Vistoria nº 005/2011–GMA Brasília, 31 de janeiro de 2011. ASSUNTO: Avaliação da qualidade da gestão ambiental no Porto do Forno. DADOS GERAIS DO TRABALHO Com base no disposto nos Arts. 27 e 51-A da Lei nº 10.233/2001, durante o período de 15 à 16 de junho de 2009, procedeu-se, por esta GMA, a avaliação da gestão ambiental do Porto do Forno (Processo nº 50300.001273/2005-88), administrado pela Companhia Municipal de Administração Portuária – COMAP. Responsáveis pela aplicação do SIGA: Uirá Cavalcante Oliveira Monique Del Giudice de Andrada Contatos feitos durante os trabalhos: Nome Cargo Alexandre Pereira Coordenador de Gestão Ambiental Objetivo: As vistorias tiveram como objetivo a aplicação do formulário do Sistema Integrado de Gestão Ambiental (SIGA) no Porto do Forno para atualização das informações relacionadas às conformidades ambientais e ocupacionais. Os trabalhos compreenderam reuniões com representantes das áreas de meio ambiente e segurança do trabalho da COMAP e visitas às instalações portuárias. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ASPECTOS AMBIENTAIS VERIFICADOS 1. NÚCLEO AMBIENTAL A COMAP possui na sua estrutura organizacional a Coordenação de Gestão Ambiental - CGA, que está diretamente subordinada à presidência do porto. A CGA teria sido estabelecida através de uma resolução do Consad. Além da gestão ambiental, fazem parte das atribuições da CGA os assuntos relacionados à segurança do trabalho. O responsável pela CGA é o biólogo Alexandre Pereira, que ocupa o cargo de Coordenador de Gestão Ambiental. Os contatos são: (22) 7834- 9486 e [email protected] . Atualmente, o acesso terrestre ao porto 1 corta a cidade de Arraial do Cabo e a sua área de influência também é foco de interesses relacionados com a preservação ambiental e desenvolvimento social (Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, instituída em 1997), com a pesca artesanal, com o turismo/veraneio e com a pesquisa científica marinha, desenvolvida pelo o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira – IEAPM. 1 O início da implantação do porto data de 1924 (Decreto nº 16.861, de 26 de novembro de 1924), mas a inauguração do Porto Organizado ocorreu somente em 24 de agosto de 1972, com a conclusão do molhe de abrigo e da pavimentação do pátio de estocagem. 1

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SUPERINTENDÊNCIA DE PORTOSGerência de Meio Ambiente - GMA

Relatório de Vistoria nº 005/2011–GMA Brasília, 31 de janeiro de 2011.

ASSUNTO: Avaliação da qualidade da gestão ambiental no Porto do Forno.

DADOS GERAIS DO TRABALHO

Com base no disposto nos Arts. 27 e 51-A da Lei nº 10.233/2001, durante o período de 15 à 16 de junho de 2009, procedeu-se, por esta GMA, a avaliação da gestão ambiental do Porto do Forno (Processo nº 50300.001273/2005-88), administrado pela Companhia Municipal de Administração Portuária – COMAP.

Responsáveis pela aplicação do SIGA: Uirá Cavalcante OliveiraMonique Del Giudice de Andrada

Contatos feitos durante os trabalhos:Nome Cargo

Alexandre Pereira Coordenador de Gestão Ambiental

Objetivo:As vistorias tiveram como objetivo a aplicação do formulário do Sistema Integrado de Gestão Ambiental (SIGA) no Porto do Forno para atualização das informações relacionadas às conformidades ambientais e ocupacionais. Os trabalhos compreenderam reuniões com representantes das áreas de meio ambiente e segurança do trabalho da COMAP e visitas às instalações portuárias.

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ASPECTOS AMBIENTAIS VERIFICADOS

1. NÚCLEO AMBIENTAL

A COMAP possui na sua estrutura organizacional a Coordenação de Gestão Ambiental - CGA, que está diretamente subordinada à presidência do porto. A CGA teria sido estabelecida através de uma resolução do Consad. Além da gestão ambiental, fazem parte das atribuições da CGA os assuntos relacionados à segurança do trabalho. O responsável pela CGA é o biólogo Alexandre Pereira, que ocupa o cargo de Coordenador de Gestão Ambiental. Os contatos são: (22) 7834-9486 e [email protected].

Atualmente, o acesso terrestre ao porto1 corta a cidade de Arraial do Cabo e a sua área de influência também é foco de interesses relacionados com a preservação ambiental e desenvolvimento social (Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, instituída em 1997), com a pesca artesanal, com o turismo/veraneio e com a pesquisa científica marinha, desenvolvida pelo o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira – IEAPM.

1 O início da implantação do porto data de 1924 (Decreto nº 16.861, de 26 de novembro de 1924), mas a inauguração do Porto Organizado ocorreu somente em 24 de agosto de 1972, com a conclusão do molhe de abrigo e da pavimentação do pátio de estocagem.

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Localização de Arraial do Cabo, Porto do Forno e IEAPM. Fonte: Google Earth.

Área da Reserva Extrativista Marinha do Arraial do Cabo,2 conforme Decreto de Criação de 03 de janeiro de 1997. Fonte: Google Earth.

2 Caracterizada por um cinturão pesqueiro entre a praia de Massambaba, na localidade de Pernambuca e a praia do Pontal, na divisa com Cabo Frio, incluindo a faixa de 3 milhas da costa de Arraial do Cabo, definindo uma área de 56.769 ha de lâmina d’água, conforme a seguinte descrição baseada em coordenadas geográficas aproximadas: 22°56"21" Sul / 42° 18"02" Oeste; 22°56"00" Sul / 41° 55"30" Oeste; 23° 04"00" Sul / 41°55"30"Oeste; 23°04"00" Sul / 42° 18"02" Oeste.

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À época da realização da visita ao porto para aplicação do SIGA, a CGA contava apenas com dois membros, um biólogo (o próprio coordenador) e um técnico em segurança do trabalho. Mesmo considerando que não se trata de um porto de grandes dimensões e que não há movimentação de cargas consideradas perigosas, a composição do núcleo ambiental foi considerada insuficiente frente aos desafios relacionados ao cenário descrito acima para a região onde está inserido o porto.

Os recursos orçamentários são destinados ao núcleo ambiental de acordo com as demandas do setor, sendo necessária a abertura de procedimento administrativo específico. Com relação à qualidade da estrutura logística da CGA, ela dispõe de um pequeno escritório para o coordenador além de outros equipamentos como computador, máquina fotográfica, filmadora e embarcação (disponibilizada pela Alpina quando necessário).

2. TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO

O Porto do Forno, em parceria com a Alpina Briggs, já realizou dois treinamentos para a formação de “Agentes Ambientais Voluntários” na comunidade de Arraial do Cabo (em junho/2009 e abril/2010). O desenvolvimento das atividades do curso conta ainda com a participação e apoio de demais autoridades públicas municipais de meio ambiente, defesa civil e outros órgãos interessados, como a Fundação de Meio Ambiente, Pesquisa, Ciência e Tecnologia de Arraial do Cabo.

O treinamento contempla a definição do papel dos Agentes Ambientais Voluntários, noções de meio ambiente, conhecimento dos equipamentos utilizados em emergências ambientais (tipos de barreiras, recolhedores, etc), técnicas de contenção, limpeza de áreas contaminadas, exemplos de cenários onde os Agentes Ambientais podem atuar, manipulação de resíduos, armazenamento, transporte, segurança na resposta, uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Coletiva (EPC), realização de simulado de lançamento de barreiras e recolhimento de óleo e educação ambiental. Os voluntários são recrutados junto as associações de moradores e entidades ligadas a área ambiental e recebem um certificado de conclusão de curso e um crachá, integrando o cadastro nacional, sob gestão da Alpina Briggs.

Treinamento promovido pelo Porto do Forno e Alpina Briggs para a formação de Agentes Ambientais Voluntários. Fonte: Porto do Forno (http://www.portodoforno.com.br/).

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A COMAP já realizou também, entre março e junho de 2009, o Curso de Brigadistas de Incêndio para a capacitação profissional de membros da comunidade de Arraial do Cabo, do OGMO e da guarda portuária. O curso foi feito de forma gratuita.

Curso de Brigadistas de Incêndio promovido pelo Porto do Forno. Fonte: Porto do Forno (http://www.portodoforno.com.br/).

3. COMUNICAÇÃO AMBIENTAL

A Autoridade Portuária do Porto do Forno utiliza o seu website (http://www.portodoforno.com.br) como fonte de acesso à informações e documentos que relacionam-se com a sua gestão ambiental, são eles:

• Programa de adequação do tráfego rodoviário de acesso ao porto;• Plano de Emergência Individual – PEI;• Plano de Desenvolvimento e Zoneamento – PDZ;• Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos;• Ações de Responsabilidade Social e Ambiental;• Segurança Portuária;• Brigada de Combate a Incêndio e Pânico;• Brigada Ambiental;• Licenciamento Ambiental;• Licença de Operação nº 892/2009.

Em função da regularização ambiental, o porto deverá implementar um Programa de Comunicação Social, cujo objetivo seria manter a população da comunidade do entorno informada sobre as atividades portuárias, seus riscos e consequências sociais, econômicas e ambientais.

4. LICENCIAMENTO AMBIENTAL

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4.1 – Regularização

Entre 2000 e 2001 houve um impasse sobre qual órgão teria a competência para conduzir o licenciamento devido ao porto estar localizado na Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, que é uma unidade de conservação federal. Em 2003 o IBAMA foi definido como o órgão competente, dando prosseguimento ao processo de licenciamento (Processo IBAMA nº 02001.006538/99-93).

Em 2009 o porto concluiu o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA. O estudo foi elaborado pelo IEAPM conforme termo de referência emitido pelo IBAMA. Após a realização de audiência pública, o IBAMA emitiu a Licença de Operação - LO nº 892/2009 em 11/11/2009, que foi retificada em 02/06/2010. A LO encontra-se disponível tanto no website do porto quanto na página do Sistema Informatizado de Licenciamento Ambiental Federal (http://www.ibama.gov.br/licenciamento/).

Conforme exposto no Parecer Técnico nº 182/2009 - COTRA/CGTMO/DILIC/IBAMA, a regularização do porto representa um “licenciamento ambiental corretivo” e, neste caso, a LO não atesta uma situação atual de conformidade ambiental das operações portuárias. Na verdade, com a posse da LO, o Porto do Forno assume formalmente o compromisso de corrigir os danos ambientais causados até agora pelo seu funcionamento, bem como de adotar todas as medidas necessárias para o efetivo controle ambiental das suas operações. Esse controle deve ser promovido através do cumprimento das condicionantes da LO, seguindo os prazos e as diretrizes definidas pelo órgão ambiental.

A LO apresenta 4 condições gerais e 15 específicas, uma das quais contempla a elaboração e implementação de 21 programas (listados mais adiante no item sobre monitoramento ambiental). De acordo com um dos técnicos do IBAMA responsáveis pelo processo,3 atualmente as propostas técnicas dos programas exigidos na LO estão sendo analisados.

4.2 – Projetos de Ampliação

PDZ:

De acordo com o Relatório Final da atualização do PDZ do Porto do Forno, aprovado pelo CAP em 27/02/2008, considerando as perspectivas apontadas nas projeções dos fluxos de carga e o resultado da avaliação das necessidades físicas e operacionais do porto, existe a necessidade da implantação de novas frentes de acostagem. Neste sentido, o PDZ aponta como únicas alternativas o prolongamento do Cais Comercial para ambos os lados e a criação de um cais envolvendo os Duques D’Alba.

3 Da Coordenação de Transporte (COTRA) da Diretoria de Licenciamento Ambiental (DILIC) do IBAMA. Endereço: SCEN Trecho 2, Ed. Sede do Ibama, 70.818-900 - Brasília – DF. Telefones: (61) 3316-1348 – 3316-1071.

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Os condicionantes físicos permitiriam prolongar o Cais Comercial no sentido oeste em cerca de 130m e, no sentido leste, em cerca de 30m, de modo a compor com o trecho existente, uma extensão total de 360m. Por sua vez, o cais envolvendo os Duques D'Alba, ao longo de toda a parte interna do molhe de abrigo, permitiria uma extensão acostável de aproximadamente 200 metros. Fonte: PDZ do Porto do Forno.

O espaço físico do porto seria dividido em 5 áreas distintas: (A) destinada a malte e outros granéis agrícolas; (B) destinada à armazenagem alfandegada; (C) para atividades de apoio “off-shore”; (D) para uso múltiplo (cargas diversas); e (E) para as edificações administrativas. Fonte: PDZ do Porto do Forno.

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Ainda conforme o PDZ, o desenvolvimento acima proposto apresenta soluções para atender às expectativas de demanda dentro do horizonte até 2012. Entretanto, considerando possíveis modificações futuras no perfil do mercado, o PDZ concluiu que a ampliação deveria contemplar também a criação de um píer na extremidade oeste do Cais Comercial.

Desenho esquemático da proposta de novo pier. Fonte: Atualização do PDZ do Porto do Forno, de 27/02/2008.

Licenciamento:

O IBAMA também é o órgão responsável pela condução do licenciamento ambiental de obras para ampliação do Porto do forno. De acordo com o Parecer Técnico nº 182/2009 – COTRA/CGTMO/DILIC/IBAMA, o EIA-RIMA foi elaborado com vistas à regularização e também para a ampliação do porto. O estudo teria exposto que em face da sua localização, uma expansão física do porto só seria viável com a promoção da:

eliminação das indentações existentes nas extremidades do cais comercial com aumento da área útil de atracação para cerca de 360 m, a construção de um píer paralelo ao molhe de proteção, e uma “retificação” da face interna do molhe com preenchimento do espaço entre os duques d’Alba e o quebra-mar, aumentando a área acostável para cerca de 200m.

O EIA-RIMA teria indicado ainda a possibilidade de se estudar a construção de píer paralelo à “retificação” do molhe desde que posicionado junto à Marina dos Pescadores e destinado à descarga de granéis de modo ainda permitir a atracação de navios, plataformas, etc. no cais comercial sem as atuais indentações.

Entretanto, a equipe do IBAMA responsável pela análise do EIA-RIMA considerou que as informações apresentadas sobre a ampliação não passavam de hipóteses, para as quais não teriam sido estudadas as necessárias alternativas técnicas e locacionais, além de que também não teriam sido suficientemente detalhadas para tornar possível a análise da viabilidade ambiental da proposta. O IBAMA também concluiu que os impactos ambientais apresentados no EIA-RIMA teriam sido restringidos àqueles associados à operação do porto e que a hipótese de ampliação

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não teria sido analisada adequadamente, impossibilitando a análise dos seus impactos específicos.

Desta forma, segundo o IBAMA, o EIA-RIMA não apresentou subsídios suficientes para que a viabilidade ambiental do projeto de ampliação fosse avaliada. Dessa forma, o IBAMA decidiu que o empreendedor deve formalizar o requerimento de licenciamento específico para a ampliação do porto com clara delimitação do escopo. A partir daí, o IBAMA deverá emitir TR no qual será exigida avaliação de alternativas técnicas e locacionais. Segundo informação fornecida por um dos técnicos do IBAMA, até o momento o referido requerimento não foi feito.

4.3 – Licenciamento de Terminais

Assim como para a regularização e projetos de ampliação, os terminais localizados no Porto do Forno devem ser licenciados pelo IBAMA. Além disso, conforme a condição específica no 2.2 da LO nº 892/2009, a instalação de quaisquer atividades ou empreendimentos potencialmente poluidores no Porto do Forno devem ser previamente licenciadas e autorizadas pelo órgão gestor da RESEX de Arraial do Cabo, em conformidade com a decisão judicial proferida pela Vara Federal de São Pedro da Aldeia – RJ no âmbito do Processo no 2008.51.08.000395-0.

Terminal de Malte/Cevada: De acordo com o Parecer Técnico nº 182/2009 – COTRA/CGTMO/DILIC/IBAMA, em 03/07/2009 o porto recebeu multa e embargo/interdição em função da construção dos silos de granéis sólidos (malte/cevada) e estruturas complementares nas suas dependências sem o devido licenciamento prévio.

Segundo o parecer do IBAMA, em 01/10/2009 a COMAP protocolou no órgão ambiental a cópia da decisão proferida pelo Juízo Federal de São Pedro da Aldeia, nos autos do Processo nº 2004.51.08.000698-2, que julgou procedente a Ação para determinar o cancelamento do Auto de Infração nº 351312-série D-PA 02022009044/02 RJ. Com o cancelamento do embargo, o Porto do Forno voltou a operar sem licença ambiental até que houvesse manifestação do IBAMA no âmbito do processo de regularização.

A estrutura objeto do embargo vinha sendo operacionalizada pela empresa Praiamar Indústria, Comércio & Distribuição através de um “contrato operacional) firmado entre ela e a COMAP para construção e exploração de silos para cereais e sistema de recebimento, movimentação, expedição e pesagem, pelo prazo de cinco anos a partir de 19/03/2007. Seguindo orientação de parecer jurídico da ANTAQ, a COMAP iniciou Processo Administrativo Contencioso com vistas ao cancelamento do contrato operacional da empresa Praiamar e a desocupação da área (Processo ANTAQ no 50300.001792/2008-99 para apuração de supostas irregularidades).

Estaleiro: Em 02/10/2008 foi aberto no IBAMA o Processo nº 02001.006393/2008-46, com vistas ao licenciamento do “Estaleiro Cassinú Ltda” (CNPJ 04.642.650/0002-7) para fabricação e reparos de embarcações e estruturas flutuantes. De acordo com a página do sistema de licenciamento do Ibama, o processo ainda está em fase inicial. Entretanto, segundo informações do website do estaleiro (http://www.estaleirocassinu.com.br), ele já possui uma base de apoio logístico instalada no Porto do Forno onde “oferece toda infra-estrutura para manutenção e reparos em Plataformas e Embarcações de grande calado.”

Cabe ressaltar que, de acordo com a condição específica no 2.3 da LO nº 892/2009, é proibida a entrada, fundeio, atracação, reparos, manutenção de plataformas de petróleo, unidades de perfuração, e correspondentes embarcações de apoio (tais como rebocadores, balsas e lifters) nos limites da RESEX de Arraial do Cabo, sem o prévio licenciamento ambiental e autorização do órgão gestor da unidade, atualmente o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, em conformidade com a decisão judicial proferida pela Vara Federal de São Pedro da Aldeia – RJ no âmbito do Processo no 2008.51.08.000395-0.

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5. MONITORAMENTO AMBIENTAL

Com a obtenção da LO nº 892/2009, a COMAP deverá dar prosseguimento à regularização ambiental do porto com a elaboração e implementação dos seguintes programas ambientais (condição 2.15 da LO):

- Programa de gestão ambiental; - Programa de gerenciamento de efluentes líquidos;

- Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos - PGRS; - Programa de monitoramento da avifauna;

- Programa de monitoramento da qualidade da água; - Programa de gerenciamento de riscos;

- Programa de recuperação de áreas degradadas; - Programa de saúde e segurança do trabalhador;

- Programa de auditoria ambiental; - Programa de educação ambiental;

- Programa de comunicação social; - Programa de monitoramento da qualidade dos sedimentos;

- Programa de controle e monitoramento da qualidade do ar;

- Programa de controle de bioinvasão por espécies exóticas;

- Programa de adequação do trafego rodoviário de acesso ao porto;

- Programa de recuperação de processos erosivos na Praia dos Anjos;

- Programa de monitoramento da biota aquática, bioindicadores e ecotoxicologia;

- Programa de prospecção e resgate do patrimônio arqueológico, pré-histórico e histórico cultural;

- Programa de compatibilização da atividade portuária com os usos múltiplos existentes e previstos para a área de influência direta do porto do Forno.

- Programa de minimização da interferência das atividades portuárias sobre a atividade pesqueira artesanal na Resex de Arraial do Cabo;

- Programa de levantamento e recuperação de passivos ambientais;

6. DRAGAGENS PORTUÁRIAS

De acordo com descrição do website do Porto do Forno, o seu canal de acesso possui extensão de 1,6 km, largura mínima de 70 m e profundidade de 12 m. Conforme informação do coordenador de Gestão Ambiental, por ocasião da visita para aplicação do SIGA, as profundidades dos berços variam em torno de 10 m.

De acordo com a última atualização do PDZ, de fevereiro de 2008, os índices anuais de assoreamento seriam baixos, praticamente desprezíveis. Entretanto, com o passar de inúmeros anos sem a realização de dragagens, atualmente seria necessária a realização de dragagem junto ao Cais Comercial.

Não nos foi apresentado um plano de dragagem e não foi feito pedido de licenciamento de dragagem no Porto do Forno junto ao IBAMA.

7. PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO – PDZ

O Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto do Forno está disponibilizado no seu website. Não foram abordados no PDZ os aspectos ambientais da atividade portuária ou da área onde o porto está inserido. Entretanto, o PDZ foi avaliado no processo de licenciamento ambiental para regularização do porto. De acordo com a condição específica no 2.1 da LO no 892/2009, com base na Decisão Judicial proferida pela Vara Federal de São Pedro da Aldeia (autos do Processo no 2008.51.08.000395-0), quaisquer atualizações no PDZ do Porto do Forno devem ser enviadas ao IBAMA para composição do processo de licenciamento.

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8. AUDITORIAS AMBIENTAIS COMPULSÓRIAS

Com base na Lei no 9.966/2000 (Art. 9o) e na Resolução CONAMA nº 306/2002, todas as entidades exploradoras de portos devem promover auditorias ambientais bienais com o objetivo de avaliar os sistemas de gestão e controle ambiental em suas unidades. Verificou-se que o Porto do Forno não promoveu, até o momento, nenhuma auditoria ambiental. De acordo com as condições específicas no 2.15.1 e no 2.15.6 da LO no 892/2009, o porto deve elaborar e implementar, respectivamente, Programas de Gestão Ambiental e de Auditoria Ambiental.

9. PLANO DE EMERGÊNCIA INDIVIDUAL – PEI

O Plano de Emergência Individual – PEI do Porto do Forno é um dos documentos disponibilizados no seu website. O PEI foi elaborado pela empresa Alpina Briggs e sua última atualização é de 23/07/2010. De acordo com a condição específica no 2.15.15 da LO no 892/2009, o PEI do porto deve fazer parte de um Programa de Gerenciamento de Riscos.

O Relatório de Avaliação de Risco do Porto do Forno está apresentado no Anexo G do PEI. A avaliação foi feita com base nas atividades desenvolvidas no porto, através da identificação dos cenários com potencial para gerar situações de emergência provocadas por derrame de óleo no mar, dos riscos decorrentes de cada cenário e das medidas de controle necessárias para manter os riscos residuais em níveis aceitáveis.

Operacionalmente, o PEI foi dividido em quatro fases básicas:

• Fase da Prevenção e Preparação;• Fase do Combate;• Fase de Recuperação dos Ecossistemas Atingido;• Fase da Desmobilização.

A COMAP possui convênio com Alpina Briggs, que é a empresa especializada responsável por pelas operações de combate a derrames de óleo. O PEI está sendo analisado pelo IBAMA quanto à sua compatibilização com as diretrizes da Resolução CONAMA no 398/2008.

9.1 – Serviços de Abastecimento de Navios

Não é realizado.

9.2 – Plano de Área

Não existe plano de área conforme dispõe o § 2o do Art. 7o da Lei 9.966/2000.

10. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

10.1 – Resíduos de navios

O porto ainda não dispõe de instalações próprias para o recebimento e tratamento dos diversos tipos de resíduos das embarcações. Segundo o seu PGRS, o Porto do Forno possuirá unidade de central para armazenamento temporário dos resíduos gerados pela Autoridade Portuária, pelos terminais e embarcações, a ser implantada em projeto futuro.

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Segundo informação do Coordenador de Gestão Ambiental, atualmente, os resíduos são removidos dos navios dentro de contêiner fechado e o porto não tem conhecimento sobre o tipo de resíduo. Conforme descrito no PGRS, os resíduos gerados nos navios que aportam no Porto do Forno são retirados pelo guindaste, colocados sob um caminhão e posteriormente enviados para destinação. Estes resíduos seriam constituídos em sua maioria de lixo comum, águas servidas, resíduos sépticos, resíduos oleosos de porão e sucatas, entre outros.

Segundo a administração do porto, a geração média mensal de lixo dos navios, considerando 46 navios/mês, seria algo em torno de 60 toneladas. O resíduo oleoso de porão é estimado em 10 toneladas anual por navio. Já a geração de águas servidas é estimada em 3 m3/mês por navio.

O transporte da área portuária até a destinação final é feito por empresas privadas contratadas pelos agentes marítimos e o porto faz o controle da destinação através do recebimento dos manifestos de resíduos. O porto possui um cadastro das empresas de coleta e transporte, que para operarem na área do porto devem possuir licença ambiental, mas o porto não verifica se elas também possuem a Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE), expedida pela ANVISA, cujo escritório responsável pela região fica localizado no município de Macaé.

Na tabela abaixo são indicadas as empresas que prestam serviços de retirada, transporte e destinação final de resíduos:

Empresa Atividades e Resíduos Atendidos

Cabista Lixo de escritório

Macaense Environmental Offshore Reciclagem Ltda Armazenamento temporário de resíduos I, II e III.

Transforma Consciência Ecológica em Reciclagem Ltda Coleta e transporte de resíduos perigosos e NP IIA e IIB.

Tecnosol Comércio e Serviços LtdaArmazenamento temporário, tratamento, beneficiamento e preparo de blenas de resíduos I e II para reciclagem, recuperação, co-processamento, incineração e aterro.

Vitória Ambiental Engenharia e Tecnologia S.A. Coleta e transporte, armazenamento temporário de resíduos I e II.

A.M. Consulting Transporte e armezenamento temporário de resíduos I, IIA e IIB.

10.2 – Resíduos do porto

O resíduo do porto (escritório, varrição) é coletado por uma empresa local, chamada Icatu, cuja destinação é desconhecida pelo porto. Os resíduos gerados durante operações de embarque e desembarque de cargas devem ser removidos pelos operadores portuários. O porto realiza fiscalização dessas áreas.

Junto ao início do molhe do porto, na área molhada, estão depositadas antigas monobóias que podem ser consideradas sucata.

10.3 – Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS

O PGRS do Porto do Forno corresponde à condição específica no 2.15.7 da LO no 892/2009. O PGRS também está disponibilizado no website do porto e foi desenvolvido pelo engenheiro químico Zied Abdala Warrak (CREA/RJ 2009123799). O seu objetivo é garantir a manutenção da qualidade ambiental nas áreas administradas pelo porto, levando em conta os procedimentos de coleta, acondicionamento, armazenamento, transporte e destinação dos resíduos. A Resolução RDC 56/2008 foi considerada na elaboração do PGRS.

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10.4 – Coleta Seletiva

De acordo com o PGRS, é feita a coleta seletiva de sucata ferrosa, resíduos de borracha, resíduos de papel e papelão, madeiras, resíduos de plásticos, águas residuárias contendo óleos e graxas. Parte desses resíduos são comercializados e outra parte e encaminhada para a usina de reciclagem do município.

11. NORMAS E PROCEDIMENTOS INTERNOS

A COMAP não possui “manual de procedimento interno para o gerenciamento dos riscos de poluição, bem como para a gestão dos diversos resíduos gerados ou provenientes das atividades de movimentação e armazenamento de óleo e substâncias nocivas ou perigosas,” conforme especificamente previsto no Art. 6o da Lei 9966/2000.

Também não existem outras normas ou regulamentos internos, estabelecidos pela Autoridade Portuária, para disciplinar atividades ou procedimentos operacionais de forma a reduzir os riscos ambientais associados.

12. CONTROLE AMBIENTAL DE SERVIÇOS PORTUÁRIOS

Conforme já apresentado no item sobre licenciamento de terminais na área do porto, de acordo com a condição específica no 2.3 da LO nº 892/2009, é proibida a entrada, fundeio, atracação, reparos, manutenção de plataformas de petróleo, unidades de perfuração, e correspondentes embarcações de apoio (tais como rebocadores, balsas e lifters) nos limites da RESEX de Arraial do Cabo, sem o prévio licenciamento ambiental e autorização do órgão gestor da unidade, atualmente o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, em conformidade com a decisão judicial proferida pela Vara Federal de São Pedro da Aldeia – RJ no âmbito do Processo no 2008.51.08.000395-0.

Além disso, de acordo com a condição específica no 2.8 da LO nº 892/2009, estão proibidas atividades de raspagem e pintura de cascos de embarcações, balsas, boias ou quaisquer estruturas flutuantes no interior ou na zona de amortecimento da RESEX de Arraial do Cabo.

13. POLUIÇÃO SONORA

A COMAP não realiza monitoramento dos ruídos gerados em suas instalações.

14. EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E POEIRA

As principais fontes de emissões atmosféricas observadas no porto foram: caminhões, outros veículos e equipamentos para transporte e manipulação de cargas (empilhadeiras, tratores, etc), navios atracados e outras embarcações (rebocadores, lanchas, etc).

Atualmente o porto não realiza monitoramento das emissões e não existem procedimentos para redução das mesmas. Entretanto, conforme a condição específica no 2.15.9 da LO no 892/2009, a COMAP deverá elaborar e implementar um programa de controle e monitoramento da qualidade do ar.

Com relação à geração de poeira, o porto não apresenta problemas desse tipo associados com a movimentação de cargas.

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15. CARGAS PERIGOSAS

Não existe movimentação de cargas perigosas no Porto do Forno. Conforme a condição específica no 2.9 da LO no 892/2009, caso haja previsão de transporte de cargas perigosas no porto, a COMAP deverá consultar previamente o IBAMA.

16. PASSIVOS AMBIENTAIS

O EIA-RIMA apresentado no processo de regularização ambiental do porto identificou como passivo ambiental decorrente da instalação do porto a interferência do quebra-mar sobre a propagação das ondas no interior da Enseada dos Anjos. Conforme o estudo, a presença do quebra-mar induz a uma concentração de energia de ondas na parte sul da Praia dos Anjos, que tem provocado erosão no local. Os processos erosivos teriam sido evidenciados com a comparação entre fotografias de 1976 e 1995 do local apresentadas no EIA. No processo de regularização ambiental do porto, o IBAMA solicitou à COMAP a elaboração de um programa de recuperação dos processos erosivos na Praia dos Anjos (condição específica no 2.15.13 da LO no

892/2009).

De acordo com as condições específicas no 2.15.5 e no 2.15.10 da LO no 892/2009, a COMAP também deverá elaborar e implementar, respectivamente, programas de recuperação de áreas degradadas e de recuperação de passivos ambientais.

17. PLANO DE CONTROLE DE EMERGÊNCIA - PCE / PLANO DE AJUDA MÚTUA - PAM

O porto não possui PCE.

Foram constituídas brigadas de combate a incêndio e ambiental. Como visto no item sobre capacitação, a COMAP realizou entre março e junho de 2009 o Curso de Brigadistas de Incêndio para a capacitação profissional de membros da comunidade de Arraial do Cabo, do OGMO e da guarda portuária. Além das brigadas, o porto é atendido pelo corpo de bombeiros no caso de incêndios.

18. PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS

Existe um PPRA que abrange o prédio da administração e a área operacional. De acordo com o Coordenador de Gestão Ambiental, o PPRA estava em processo de atualização na época da visita para aplicação do formulário SIGA.

19. SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO PORTUÁRIO

O responsável da COMAP pela área de segurança do trabalho é o Sr. Adelino Ferreira Júnior, contatos (22) 2622-1185 e [email protected]. A COMAP não possui SESMT próprio e não participa do SESSTP do OGMO. De acordo com o responsável, o porto possui cerca de 70 funcionários e dispõe de 4 técnicos em segurança. Em 2010 seria preparada uma Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho - SIPAT em função do número atual de funcionários.

De acordo com a condição específica no 2.15.19 da LO no 892/2009, a COMAP deverá elaborar e implementar um programa de saúde e segurança do trabalhador, em conformidade com a Portaria Conjunta MMA/IBAMA no 259/2009.

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20. POLÍTICA AMBIENTAL E AGENDA AMBIENTAL PORTUÁRIA LOCAL

A COMAP não possui uma Política Ambiental Institucional e também não possui agenda ambiental baseada nas diretrizes da Portaria CIRM nº 005/1998.

21. RELAÇÃO PORTO-CIDADE

Conforme exposto acima, o Porto do Forno está inserido em uma região que compõe um cenário de interesses diversos quanto ao uso de recursos e espaços naturais, o que pode resultar em conflitos e prejuízos indesejáveis. Tais conflitos podem ser evitados através da implementação de um modelo integrado de governança oceânica e costeira para a região, onde interações entre setores públicos e privado são desenvolvidas para que os desafios sejam enfrentados e para que oportunidades sejam criadas dentro da sociedade.4

Para que isso seja possível, é importante que as instituições interessadas, dentre elas a Autoridade Portuária, estejam bem representadas durante os trabalhos e discussões com os demais atores envolvidos e que tenham a capacidade de responder às demandas da sociedade quanto ao seu papel no processo compartilhado de governança. Desde 1999, o Porto do Forno passou a ser administrado pelo município de Arraial do Cabo através da COMAP. Esse vínculo com a administração municipal pode e deve facilitar o processo de integração do porto com a cidade.

Algumas questões relacionadas à relação porto-cidade também foram observadas no processo de regularização ambiental do porto. Por exemplo, foi elaborado um programa de adequação do tráfego rodoviário de acesso ao porto (condição específica no 2.15.16 da LO no 892/2009). Este programa contempla a análise, diagnóstico e apresentação de medidas mitigadoras relacionados à melhoria da segurança viária nas vias de acesso, visando minimizar os impactos da circulação de veículos de carga em direção ou oriundos do Porto.

Considerando aspectos da relação porto-cidade, a LO no 892/2009 também exige da COMAP os seguintes programas:

• Programa de minimização da interferência das atividades portuárias sobre a atividade pesqueira artesanal na RESEX de Arraial do Cabo;

• Programa de Prospecção e resgate do patrimônio arqueológico pré-histórico e histórico cultural;

• Programa de compatibilização da atividade portuária com os usos múltiplos existentes e previstos para a área de influência direta do Porto do Forno.

4 Armitage et al. Adaptive co-management for social–ecological complexity. Frontiers in Ecology and Environment, Vol. 6, 2008.

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EVOLUÇÃO NO ATENDIMENTO DOS ASPECTOS AMBIENTAIS

O quadro abaixo ilustra a evolução do desempenho ambiental do Porto do Forno, administrado pela COMAP, com base no atendimento dos aspectos ambientais levantados pela aplicação do formulário do SIGA em 2007, 2008 e 2010. Em seguida são comentados os aspectos que apresentaram alguma evolução de desempenho ou variação na classificação de atendimento.

QUADRO DE AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS AMBIENTAIS

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2008 - - - - - - - -

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Atende Parcialmente

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- Não Avaliado Anteriormente

* Não Aplicável ao Porto

Distribuição Geral do Atendimento em 2010Atende Atende Parcialmente Não atende

05 (25%) 07 (35%) 08 (40%)

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Considerando o exposto acima, verificou-se que a grande evolução da COMAP em termos da gestão ambiental do Porto do Forno foi a obtenção da Licença de Operação no 892/2009. Apesar de alguns dos aspectos ambientais descritos acima terem sido avaliados como “não atendidos” ou “atendidos parcialmente,” em função de corresponderem à condições específicas da LO, o compromisso da Autoridade Portuária pela busca da conformidade dos mesmos passou a seguir um cronograma para atendimento, cujos prazos foram estabelecidos pelo IBAMA no âmbito da regularização do porto. Esse é o caso, por exemplo, do PEI, PGRS, gestão e auditoria ambientais, emissões e monitoramento ambiental. Com isso, espera-se que na próxima avaliação do SIGA o desempenho ambiental geral do porto seja melhor.

Entretanto, no que refere-se ao núcleo ambiental e à Portaria SEP no 104/2009, que dispõe sobre a criação e estruturação do Setor de Gestão Ambiental e de Segurança e Saúde no Trabalho nos portos, verificou-se que a estrutura atual deve ser melhorada. Além do núcleo ambiental, os demais aspectos listados abaixo foram classificados como parcialmente atendidos ou não atendidos, devendo a COMAP desprender esforços para buscar suas conformidades:

• Núcleo Ambiental – Como qualquer outro setor dentro da estrutura organizacional de um porto, o núcleo ambiental (NA) deve ser formado por profissionais com conhecimentos e experiências específicas da sua área de atuação. No caso do NA, tais requisitos são direcionados à gestão ambiental dos espaços portuários. Sendo assim, é imprescindível que os gestores e técnicos responsáveis pelo NA estejam bem familiarizados com os aspectos legais e ambientais relacionados ao seu universo de atuação, de forma que possam desenvolver ações integradas com as demais áreas administrativas e operacionais do porto. Esse aspecto foi considerado insatisfatório para o Porto do Forno devido ao dimensionamento bastante reduzido da equipe do NA. A COMAP deve buscar atender as disposições da à Portaria SEP no 104/2009;

• Gerenciamento de Resíduos Sólidos – A COMAP deve implementar o seu PGRS e buscar junto ao IBAMA e ANVISA a verificação de que seus procedimentos atendem às disposições da CONAMA no 05/1993 e RDC no 56/2008. Considerando os riscos ambientais, operacionais e de saúde envolvidos, além do aspecto visual negativo, recomenda-se que a Administração evite a disposição de resíduos ou sucatas fora de espaços ou instalações adequadas, mesmo que temporariamente. Com relação ao projeto da central de resíduos, recomenda-se que a Administração busque a sua aprovação prévia pelos órgãos ambiental e sanitário competentes;

• Plano de Emergência Individual - A Administração deve buscar a aprovação do seu PEI junto ao IBAMA, atestando a sua capacidade operacional de resposta à emergências envolvendo vazamentos de óleo no Porto do Forno;

• Plano de Controle de Emergência - A Administração deve elaborar e implementar o seu PCE e preparar, em conjunto com os terminais e operadores, o Plano de Ajuda Mútua – PAM do Porto do Forno, em conformidade com a NR29 (itens 29.1.6.1 e 29.6.3.4).

Considerando a versão mais recente do SIGA, verificou-se que a administração do porto deve dar atenção também aos seguintes aspectos ambientais:

• Plano de Área – A COMAP deve verificar, junto ao IBAMA, a necessidade do estabelecimento de um Plano de Área para a região do Porto do Forno. O Plano de Área consiste na consolidação dos PEI de todos os terminais e instalações portuárias na forma de um único plano de emergência para toda a área sujeita ao risco de poluição, sobretudo para os incidentes de poluição por óleo, originados de navios, ocorridos nas áreas de fundeio, canal de acesso e canal de aproximação ao porto previstos nas cartas náuticas,

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em conformidade com o Art. 7o da Lei no 9.966/2000, Decreto nº 4.871/2003 e Resolução CONAMA no 398/2008;

• PDZ Ambiental – Por se tratar de um instrumento de planejamento e ordenamento, ao qual devem ser compatibilizados os projetos e atividades do porto, o PDZ deve ser capaz de integrar os aspectos ambientais e sociais às demais diretrizes que norteiam o desenvolvimento portuário, sejam elas econômicas, operacionais ou políticas. Portanto, recomenda-se que a COMAP busque a integração do seu planejamento com os planos e políticas públicas que também tratam de zoneamento e desenvolvimento territorial das regiões onde estão inseridos os seus portos, como por exemplo o plano de gerenciamento costeiro, o plano diretor municipal e o zoneamento ecológico econômico. Deve-se tentar promover esta integração através de ações interinstitucionais;

• Agenda Ambiental – Considerando as diretrizes da Portaria CIRM no 005/1998, recomenda-se que a comap promova, juntamente com as demais empresas e instituições intervenientes no Porto do Forno, a sua Agenda Ambiental Portuária Local;

• Poluição Sonora – A COMAP deve promover o monitoramento de ruídos no Porto do Forno, de forma a verificar o atendimento aos padrões de ruídos estabelecidos na legislação pertinente, sobretudo a Resolução CONAMA no 001/1990 e a NR15-MTE.

Por fim, recomenda-se ainda que a COMAP, em conformidade com as disposições da Lei 8.630/1993 e das normas da ANTAQ, promova a efetiva fiscalização e controle das empresas e terminais que operam na área do Porto do Forno quanto ao cumprimento das exigências ambientais legais.

____________________________________Uirá Cavalcante Oliveira

Especialista em Regulação

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RELATÓRIO FOTOGRÁFICO

Navio atracado no Porto do Forno com barreiras de contenção dispostas ao redor.

Navio atracado no Porto do Forno com barreiras de contenção dispostas ao redor.

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Desembarque de sal no Porto do Forno.

Limpeza após término da operação de desembarque de sal no Porto do Forno.

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Colocação da lona de cobertura na caçamba do caminhão após o desembarque de sal no Porto do Forno.

Galpão da oficina do Porto do Forno.

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Instalações para armazenamento de malte e cevada no Porto do Forno.

Lancha, barreiras de contenção e outros equipamentos utilizados para emergências de vazamentos de óleo no Porto do Forno.

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Bomba utilizada para combate à incêndios no Porto do Forno.

Sucata de monobóias dispostas junto ao molhe do Porto do Forno.

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Sucata de monobóias dispostas junto ao molhe do Porto do Forno.

Disposição inadequada de sucata no Porto do Forno.

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Contêiner para disposição de resíduos na área do Porto do Forno.

Tonéis para disposição de resíduos na área do Porto do Forno.

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