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3Super Saudável

3Super Saudável

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ expediente

A Revista Super Saudável é uma

publicação da Yakult SA Indústria

e Comércio dirigida a médicos,

nutricionistas, técnicos e funcionários.

Coordenação geral

Ichiro Kono

Edição e produção

Companhia de Imprensa

Divisão Publicações

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Adenilde Bringel - MTB 16.649

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Reportagens

Adenilde Bringel, Françoise Terzian,

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Yannik D’Elboux e Dé Oliveira

Editoração eletrônica

Reginaldo Oliveira

Fotografia

Arquivo Yakult, Ilton Barbosa

Capa: Thinkstock

Impressão e fotolitos

Vox Editora - Telefone (11) 3611-6277

Cartas e contatosYakult SA Indústria e Comércio

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Telefone (11) 4432-4000

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ÍndiceÓleo de mamona ébase de próteses jáaprovadas pelo FDA

Páginas 11 e 12

Proteína da jaca virapomada para tratarcasos de queimadura

Páginas 12 e 13

Probióticos podemajudar a diminuir aobstipação intestinal

Páginas 14 e 15

Pediatra indica leitefermentado a partirde seis meses de vida

Páginas 16 e 17

Zumbido acometemédia de 15% dapopulação mundial

Páginas 22 e 23

Musculação tambémdeve ser praticadana terceira idade

Páginas 24 a 26

Cosmiatria ganhanovos procedimentospara preservar beleza

Páginas 30 a 32

EspecialO psiquiatra WimerBotura Júniorexplica que ahiperatividade éum transtorno quedeve ser tratadocorretamente paranão prejudicar avida de milharesde pessoas

Páginas 18 a 21

O Estado do Piauí guarda relíquias históricas dosprimeiros habitantes do planeta, além de beleza naturalonde predominam a fauna e a flora típicas da caatinga

Páginas 28 e 29

Turismo

MedicinaNeurologistas estão preocupados com a condutamédica no tratamento do Acidente VascularCerebral (AVC), que já é a principal causa demortes no Brasil e tem como grande fator derisco a silenciosa e assintomática hipertensão

Páginas 8 a 10

Matéria de capaApesar de não fazer parteda rotina, especialistasafirmam que a visãodas crianças precisa seravaliada a partir dosprimeiros meses de vidaPáginas 4 a 7

Foto

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■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Capa

Dados da Organização Mundialde Saúde (OMS) indicam que cercade 28 milhões de pessoas não conse-guem contar os dedos da mão do exa-minador a uma distância de três metros.O número de indivíduos que apresen-tam a incapacidade visual aumentapara 42 milhões se a distância for deseis metros, e a OMS estima que es-tes números podem duplicar até 2020com o crescimento demográfico e oenvelhecimento da população mun-dial. Mas o processo de envelheci-mento é apenas um dos fatores queatingem a visão dos indivíduos, e épreciso que pais e médicos tenhamatenção redobrada com a visão infantil,porque geralmente as crianças nãosabem avisar sobre o problema. Nú-meros da OMS indicam que cerca de7,5 milhões de crianças em idade es-colar são portadoras de algum tipode deficiência visual e, destes, apenas25% apresentam sintomas, enquantoo restante necessita de testesespecíficos para identi-ficar o problema. Paraevitar que esses nú-meros aumentem eque as doenças seagravem, pedia-

tras e neonatologistas devem fazerdiagnóstico precoce e preciso.

A coordenadora do Setor de Ca-tarata do Hospital das Clínicas da Facul-dade de Medicina da Universidadede São Paulo (HC-FMUSP), AmaryllisAvakian, defende que os primeirosexames preventivos nos olhos dascrianças devem ser feitos ainda noberçário. “Só de observarem o recém-nascido os especialistas podem iden-tificar se têm estrabismo ou, ao jogarum feixe de luz, diagnosticar se existemproblemas como descolamento de re-tina, catarata ou até retinoblastoma”,orienta. A tese também é defendidapor pesquisadores do Hospital Uni-versitário Evangélico de Curitiba, querecomendam o exame oftalmológi-co como rotina no atendimento ao re-cém-nascido nas primeiras 48 horasde vida. No trabalho realizado pelospesquisadores, que envolveu 667 crian-

ças, foi comprovado que3,75% apresentavam al-

guma alteração ocularao nascimento e 56%

dos problemas passavam desperce-bidos por pediatras, neonatologistase pais. As principais doenças detec-tadas durante o estudo foram opaci-dade corneana (diminuição total datransparência da córnea devido a le-sões em uma das camadas que a com-põem), ambliopatia (visão deficien-te em um dos olhos devido a proble-mas no desenvolvimento) e leucocoria(mancha branca no olho causada portumores, verminose ou catarata con-gênita), que podem provocar dimi-nuição da acuidade visual e, quandonão-tratadas, perda da visão.

“O pediatra, ao suspeitar de qual-quer problema visual, deve encami-nhar a criança diretamente para umoftalmologista para a realização deum exame ocular completo, indepen-dentemente da idade”, alerta o oftal-mologista Carlos Fernando Ferreira,membro do Conselho Diretor da So-ciedade Brasileira de Oftalmologia(SOB). Como nem sempre as crian-ças conseguem expressar que têm di-ficuldades de enxergar, especialmente

nos primeiros anos de vida,os oftalmologistas de-

vem lançar mão deletras, desenhos

e até de brin-cadeiras lú-

Por Martha Alves

Visão infantil merec

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dicas – como jogar uma bola para acriança buscar – com o objetivo deconfirmar se há problemas de visão.A chefe do Departamento de Oftal-mologia da Universidade Federal deSão Paulo-Escola Paulista de Medi-cina (Unifesp-EPM), Ana Luisa Hofingde Lima, alerta que os pediatras de-vem orientar os pais a observar o com-portamento visual dos filhos por meiode testes indiretos para verificar se acriança, já nos primeiros meses devida, responde a estímulos lumino-sos. Mais tarde, brincadeiras com ob-jetos coloridos e de encaixe, quandoutilizadas para observação das crianças,também podem ressaltar problemas,principalmente quando existe respostadiferente entre o desempenho visualde cada olho.

Escolares – Muitas crianças têm, ainda,o aprendizado escolar e o convíviosocial prejudicados por problemas devisão que poderiam ser solucionadoscom uma simples consulta. Pesquisado Ministério da Educação aponta que20% das crianças em idade escolar

apresentam algum tipo de problemaoftalmológico que, quando não cor-rigido, contribui para um déficit doaproveitamento escolar e da sociali-zação. Os principais sintomas indi-cativos de problemas são coceira, di-ficuldade de leitura, piscamento, olhotorto, sensibilidade exagerada à luz,olhos inflamados ou lacrimejantese terçol freqüente. Para AmaryllisAvakian, é fundamental que os pedia-tras orientem os pais a procuraremum oftalmologista para avaliação dacriança a partir dos 3 anos de idade,mesmo quando não notarem qualquerproblema. “A visão da criança quetem ambliopia, por exemplo, não vaidesenvolver 100% se ela não utilizaróculos antes dos 7 anos, porque adoença nada mais é do que o não-desenvolvimento completo da visão”,explica a médica.

Para Newton Kara José, profes-sor de Oftalmologia do Hospital dasClínicas da Faculdade de Medicinada Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), não existe idade fixa paralevar a criança ao oftalmologista e omelhor é que os pais que tiverem pro-blemas oculares, como estrabismo,grau alto de óculos ou baixa visão,levem os filhos para fazer exames nosprimeiros anos de vida. O médico aler-ta que o desinteresse das crianças pelaleitura ou por brincadeiras ao ar li-vre, dores de cabeça, lacrimejamentodurante ou após esforço visual, apertonos olhos para enxergar melhor e mu-danças de comportamento também sãoindicativos de problemas. Uma alter-nativa ao procedimento tradicional dediagnóstico é um método chamado

e atenção especial

Potencial Visual. O exame, que inde-pende da resposta do paciente, é idealpara bebês, crianças pré-verbais e adul-tos com deficiência neurológica ouproblemas de comunicação em geral.

Para a realização do exame, a crian-ça fica no colo da mãe, em frente aum computador, e são colocados quatroeletrodos na região occipital para captaro estímulo elétrico. Na tela são proje-tadas, por 10 segundos, listras largasem preto e branco que, depois, sãotrocadas por listras cada vez mais fi-nas, mais difíceis para o cérebro pro-cessar. À medida em que a larguravai caindo, a resposta cerebral, envia-da ao computador em forma de si-nais elétricos, vai diminuindo. Os re-sultados são registrados por cinco ouseis vezes e é tirada uma média paraavaliar a acuidade visual. “O examenão faz o diagnóstico da doença, maspermite saber se a pessoa tem algumimpedimento para enxergar e o quedeve ser investigado pelo especialista”,afirma Ana Luisa Hofing.

Newton Kara José

Ana Luisa Hofing de Lima

6Super Saudável6Super Saudável6Super Saudável

Longevidade não é sinônimo de perd Ao mesmo tempo em que o indi-

víduo envelhece, os olhos também pas-sam por um processo de desgaste quepode levar a problemas como catarata,degeneração da retina e do nervo ópticoe, conseqüentemente, à cegueira. Dasinúmeras doenças que afetam a vi-são, a catarata é a maior causa de ce-gueira reversível, responsável por 50%dos casos no mundo, de acordo comestudos como o que foi publicado noArchives of Ophtalmology. Em con-trapartida, o glaucoma – que afeta 1,5%da população adulta – preocupa osoftalmologistas por ser uma doençasilenciosa, que demora anos para semanifestar, tem componente genéti-co e causa danos irreversíveis. A preo-cupação com a visão dos idosos sejustifica pelos números. Estudo do Sis-tema Estadual de Análise de Dados(Seade) aponta que em 2025, no Estadode São Paulo, a população acima de50 anos chegará a 3,7 milhões – umaalta de 101,8% sobre o 1,8 milhãoatual –, e os maiores de 60 anos se-rão 2 milhões de pessoas, o que sig-nifica um aumento de 123,1%. Atual-

mente, 30 mil brasileiros já comple-taram 100 anos e, destes, 10 mil es-tão em São Paulo.

O oftalmologista Carlos FernandoFerreira confirma que o crescimentodas doenças que acometem a visão éuma característica do aumento da ex-pectativa de vida da população e nãoé possível evitar este quadro. Mas algu-mas doenças não apresentam sinto-mas específicos e o diagnóstico sópode ser feito através de um exameoftalmológico bem conduzido, compesquisa do histórico familiar e exa-mes como o de fundo de olho e con-trole da pressão ocular. “A pressãoocular deve ser medida a cada doisanos em pacientes a partir dos 30 anos,mas isso não impede que seja reali-zada anualmente e a partir dos 15 ou20 anos, especialmente nos indivíduosque têm histórico familiar. O glau-coma, por exemplo, evolui de formasilenciosa afetando o nervo ótico eas fibras nervosas vão sendo destruí-das. Quando a pessoa percebe que estáperdendo a visão, os danos já sãoirreversíveis”, alerta.

Doenças sistêmicas como diabe-tes, hipertensão e reumatismo tam-bém têm despertado atenção redobradados especialistas, porque podem pro-vocar alterações oculares importan-tes. Neste caso, os check ups devemser feitos anualmente ou sempre queos pacientes apresentarem algumaalteração. Entre essas doenças está aretinopatia, uma das que mais cau-sam cegueira – calcula-se que 260 milbrasileiros estejam cegos em conse-qüência da doença. Estudos recen-

Antonio Roberto Chacra

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Capa

7Super Saudável7Super Saudável7Super Saudável

a de visão

Alimentação que previnePesquisas têm demonstrado que

uma alimentação equilibrada e ricaem alimentos com carotenóides podeajudar a fortalecer o sistema imunoló-gico e reduzir doenças degenerativasda visão, entre elas a catarata e a de-generação macular. Recentemente, aengenheira de alimentos Patricia YuasaNiizu, mestre pela Faculdade de En-genharia de Alimentos da UniversidadeEstadual de Campinas (FEA-Unicamp),descobriu que a flor comestível de nomepopular Capuchinha ou Nastúrcio, uti-lizada para enfeitar saladas, é rica emluteína, um carotenóide relacionadoà prevenção da catarata e da degene-ração macular. “Se for consumida emníveis prudentes, a flor pode contri-buir para prevenir doenças graves davisão”, explica. Em 2001, pesquisa-dores do National Eye Institute, dosEstados Unidos, comprovaram, pormeio de estudo que durou seis anos,que pessoas com degeneração macularrelacionada à idade que utilizaram an-

tioxidantes e zinco reduziram signifi-cativamente o risco de desenvolvera doença na forma avançada, comple-mentando outros estudos que sugeriamuma dieta rica para proteger a visão.

“A alimentação equilibrada é im-portante para tudo e a utilização dealimentos ricos em selênio, luteína ezinco auxiliam em determinados ca-sos como a degeneração macular, masainda não foi comprovado que o consu-mo de determinado alimento melho-ra ou previne certas doenças”, alertaDenise Fornazari. Já a médica AnaLuisa Hofing de Lima afirma que váriaspesquisas da Academia Americana deOftalmologia mostraram que uma die-ta rica em vegetais e folhas verdes esuplementação vitamínica com zincoreduzem o risco de desenvolvimentoda degeneração macular relacionada àidade. “O consumo de alimentos verde-escuros, ricos em carotenóides, temtrazido bons resultados na prevençãodo problema”, afirma.

tes identificam como um dos princi-pais fatores de risco para o desenvol-vimento da doença a duração do dia-betes e o grau de controle glicêmico.O endocrinologista Antonio RobertoChacra, professor da UniversidadeFederal de São Paulo-Escola Paulistade Medicina (Unifesp-EPM), alertaque um diabético há mais de 10 ou15 anos que não controla a doençapode ter distúrbios visuais e até per-der totalmente a visão. “É importan-te que o especialista indique ao pa-ciente o exame do fundo de olho pelomenos uma vez por ano, porque se,detectar precocemente a retinopatiadiabética, é possível impedir a suaevolução”, enfatiza.

A oftalmologista do Departamentode Oftalmologia da Universidade Es-tadual de Campinas (Unicamp), De-nise Fornazari de Oliveira, adverteque os olhos são órgãos de muita sen-sibilidade e o uso crônico de qual-quer tipo de medicamento, sem orien-tação e controle do médico, pode causarconseqüências desastrosas e até alte-rar a flora natural do olho. “Os olhossão órgãos perfeitos e a própria lá-grima funciona como um colírio na-tural”, ressalta. Por outro lado, os espe-cialistas afirmam que mitos comoassistir televisão de perto, ficar ho-ras em frente ao computador, ter res-secamento da visão por ficar muitotempo em um local com ar-condicio-nado e ler demais ou com pouca luznão enfraquecem a visão, mas podemcausar dores de cabeça ou irritaçãonos olhos. “Não existem cuidadosespeciais para prevenir problemas navisão, somente o bom senso. Os olhossão órgãos perfeitos, que se defendemsozinhos”, ressalta Fernando Ferreira.

Patricia Yuasa Niizu, com a flor Capuchinha

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Segundo a Organização Mundialde Saúde (OMS), são alarmantes osdados de mortalidade e morbidade re-ferentes ao Acidente Vascular Cere-bral (AVC). Popularmente conheci-do como derrame, o AVC é a terceiracausa de morte e a principal respon-sável pela invalidez e pela redução dequalidade de vida no mundo devidoàs graves seqüelas que pode provo-car. A OMS afirma que, em 1999, oAVC foi causa de 5,5 milhões de mortesno planeta, mas projeções para 2020indicam que o número de pessoas comdoenças cerebrovasculares vai aumen-tar mais a cada ano, em grande partenos países em desenvolvimento. NosEstados Unidos, ocorrem 700 mil no-vos casos de AVC ao ano e são gastosUS$ 40 bilhões no tratamento. Estevolume é quatro vezes maior que oorçamento da Saúde no Brasil, queapresenta a doença no topo do rankingdas patologias que mais matam no País.

Um dos grandes fatores de riscopara o AVC é a hipertensão arterialsistêmica. Estudos norte-americanosrelatam que os homens, principalmenteos da raça negra e os de origem lati-na, devido a fatores genéticos que au-mentam a predisposição à hiperten-são arterial sistêmica, seriam uma das principais vítimas do problema. En-

tretanto, os especialistas afirmam quea doença também está intimamente li-gada à idade e que, portanto, tanto amulher quanto o homem podem apre-sentar AVC a partir dos 65 anos. Osmédicos acrescentam que, na popu-lação de 30 a 40 anos, a incidência doproblema é de 3/100 mil habitantes,enquanto que a partir dos 80 anos estavantagem diminui para 3/100 habi-tantes no mundo. Conhecido mundial-mente como stroke (ataque), o AVCé todo e qualquer quadro agudo emque há interrupção ou deficiência dofluxo sangüíneo e da oxigenação docérebro. Os AVCs podem ser isquê-

Doença também é a principalresponsável pela invalidezpermanente em todo o mundoPor Rosângela Rosendo

Ayrton Massaro

AVC é a primeiracausa de morteno Brasil

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Medicina

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micos, responsáveis por 80% dos casos,e hemorrágicos.

“É como transportar para o cére-bro o infarto do coração. A diferençaé que um infarto no cérebro pode le-sar definitivamente células que têmfunções específicas”, enfatiza o neu-rologista Ayrton Massaro, coordenadordo Setor de Neurologia Vascular daDisciplina de Neurologia da Univer-sidade Federal de São Paulo-EscolaPaulista de Medicina (Unifesp-EPM)e consultor do Programa de Atendi-mento Integrado do Paciente com AVCdo Hospital Israelita Albert Einstein.Em um AVC isquêmico, o suprimentode sangue a uma parte do cérebro é

interrompido, geralmente por uma ate-rosclerose ou um coágulo que obstruium vaso sangüíneo. Os ateromas agri-dem as paredes das artérias formandoplacas que se rompem e formam umtrombo. Para compensar e melhorar ofluxo sangüíneo da região, a pressãodo cérebro sobe, o trombo se rompe eprovoca o evento vascular. “Por cau-sa disso, a área atingida pára de funcio-nar e morre”, explica Ayrton Massaro.

Gisela Tinone, neurologista daDivisão de Clínica Neurológica doHospital das Clínicas da Universida-de de São Paulo (HC-FMUSP), afir-ma que mais de 70% dos casos deAVC do tipo isquêmico estão relacio-nados a causas aterotrombóticas. Amédica explica que a aterosclerosese manifesta com mais freqüência empacientes com hipertensão arterialsistêmica, diabetes e dislipidemia, elembra que as apresentações antigasde contraceptivos orais, com maiorconcentração de hormônios, tambémrepresentavam fatores de risco paraAVC isquêmico em mulheres, prin-cipalmente as tabagistas e com en-xaqueca. “Mas isso mudou muito. Emalguns casos mais raros, o AVC podeocorrer em pessoas que fazem uso dapílula de baixa dosagem e apresentam

Gisela Tinone

alguma deficiência de fatores da coa-gulação, fumam e bebem. De qualquermaneira, quanto maior a associaçãodos fatores de risco maior a predispo-sição a ter um AVC”, enfatiza. A espe-cialista também alerta para a ocor-rência do problema relacionada a causascardioembólicas, devido a alteraçõescardíacas como arritmia, fibrilaçãoatrial, valvopatias e miocardiopatias.

Mirto Nelso Prandini, chefe da Dis-ciplina de Neurocirurgia e coordenadorde pós-graduação em Neurocirurgiada Unifesp-EPM, diz ainda que, alémdesses fatores, obesidade, sedentarismo,alimentação inadequada, tabagismoe álcool contribuem para o problema.“Claro que uma pessoa com coleste-rol alto por herança familiar tem deficar mais atenta. Mas há indivíduosnormais que abusam da sorte e desen-volvem doenças que, quando se ma-nifestam, podem até estacionar, masnunca reverter as seqüelas”, alerta.O especialista também chama a aten-ção para o grande índice de mortali-dade nos casos de AVC hemorrágico,de cerca de 40%. O quadro hemorrá-gico pode ser provocado devido à rup-tura de um aneurisma cerebral, queimpede o fluxo sangüíneo normal epermite a extravasão do sangue parauma área do cérebro que se destrói.O neurocirurgião explica que a rup-tura da parede arterial também podeocorrer devido a uma arteriopatia, queestá associada à pressão alta. Diantede uma crise aguda de hipertensão, aartéria doente não agüenta a pressão,se rompe e causa sangramento naparênquima cerebral. “A grande di-ficuldade de prevenir o AVC é quemuitas pessoas nem sabem que têmpressão alta e as que sabem não tra-tam. A hipertensão é uma doença si-lenciosa e traiçoeira e pode causar umahemorragia intracerebral, por isso deveser controlada”, alerta.

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Sinais neurológicos como para-lisia facial, dificuldade na expressãoda fala, perda da coordenação motora,sensação de desequilíbrio e tontura,que ocorrem por segundos e depoisvoltam ao normal, podem ser indí-cios de um AVC transitório. Se o AVCnão for transitório e for isquêmico,há um prazo de até três horas para opaciente ser atendido e as complica-ções não serem maiores. Isso é possíveldevido ao uso de um medicamentochamado trombolítico (ativador de plas-minogênio tecidual recombinante –rt-PA), aprovado pela Agência Na-cional de Vigilância Sanitária (Anvisa),que ajuda a dissolver algum coáguloque esteja obstruindo a artéria. “O AVCé uma doença muito perigosa que po-de flutuar e piorar rapidamente nestafase”, adverteAyrton Massaro.

Outra razão para o uso da droga éque, quando ocorre um AVC, algumaspartes morrem e outras só deixam defuncionar. “Ao redor da região lesadahá a zona de penumbra que contémsuplência de vasos colaterais que, em-

Médicos precisam saberreconhecer AVC transitório

bora não estejam funcionando, aindaestão vivos. Esta área deve ser tratadanas primeiras três horas do início dacrise, para que volte a funcionar”, orientaCesar Noronha Raffin, professor deNeurologia da Faculdade de Medici-na de Botucatu da Universidade Esta-dual Paulista Julio de Mesquita Filho(Unesp) e presidente da Sociedade Bra-sileira das Doenças Cerebrovascula-res/Departamento Científico (DCV)da Academia Brasileira de Neurologia.Mas nem todos os pacientes são candi-datos a receber o trombolítico, já quecada AVC pode ter um causa especí-fica. Por isso, os especialistas enfatizama importância de haver o suporte deuma equipe multidisciplinar nos ser-viços de emergência dos hospitais paraatendimento de vítimas de AVC, comcoordenação de um neurologista.

Para determinar diretrizes e pa-drões para o tratamento de AVC, neuro-logistas de todo o Brasil se reuniramem julho em encontro que discutiu oprotocolo Opinião Nacional. “O ob-jetivo de ter um consenso nacionalparte da necessidade de tratar correta-mente a doença em todo o País, dis-ponibilizando o tratamento ao maiornúmero de hospitais e pessoas”, des-taca Ayrton Massaro. O neurologis-ta Cesar Raffin acrescenta que outrodesafio é formar uma rede com cen-tros de referência em AVC. “Estamospreocupados em tornar o tratamentodo problema uma rotina dos centrosmédicos. Por isso, precisamos prepa-rar e equipar os hospitais, formandocentros regionais para atender a to-dos os pacientes”, afirma.

Mirto Nelso Prandini

O diagnóstico do AVC deve serconsiderado sempre que um pacienteapresenta um déficit neurológico deinstalação súbita, e a apresentaçãoclínica do déficit depende do tama-nho e da área cerebral acometida.O paciente pode apresentar perda daforça em um dos lados do corpo, de-pendendo do hemisfério cerebral le-sado, dificuldade para andar e, ainda,caso tenha uma lesão na região tron-co-cerebral, alteração da motricidadeocular e outras alterações de nervoscranianos. “O AVC é a primeira causade incapacidade física porque, de-pendendo da extensão e da locali-zação da lesão, estas seqüelas podemser definitivas”, reforça Gisela Tinone.Segundo a médica, dependendo dograu da incapacidade, o indivíduopode ficar restrito ao leito e apresen-tar trombose venosa profunda que,se não for tratada, aumenta o riscode morte por embolia pulmonar.

Além disso, devido à dificulda-de de deglutição, o paciente nãoconsegue engolir, tossir, eliminar se-creções da parte respiratória e podeter infecções pulmonares. Tambémé muito comum o AVC provocar le-sões como a dificuldade de fala.“Neste caso, as pessoas podem per-der os símbolos da linguagem, sejapara se expressar ou compreender.Muitos acidentes repetitivos tambémpodem levar à demência, que acabase tornando um quadro crônico”, des-taca Ayrton Massaro. O médico res-salta que a incapacidade funcionalpreocupa os neurologistas, pois, de-pendendo da seqüela, o paciente temdificuldade de retornar à sociedade erealizar suas atividades, inclusive asmais simples da vida diária, como man-ter hábitos de higiene e alimentação.

Diagnósticoconsolidado

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Quem viveu a infância na décadade 70 deve se lembrar das brincadei-ras com mamona, fruto verde que dáem cachos e é formado por grãos ar-redondados e cheios de espinhos moles.Mas o que era apenas brincadeira decriança está revolucionando a Medi-cina depois que o polímero produ-zido com o óleo da semente de ma-mona – feito a partir da manipulaçãoquímica – passou a ser usado comomatriz para a produção de próteses paravárias partes do corpo, e de cimentoósseo, que substituem as pesadas pró-teses convencionais feitas de platinae o cimento acrílico. As próteses nãoapresentam rejeição pelo organismoe já foram aprovadas pelo rigorosoFood and Drug Administration (FDA)– órgão regulador de alimentos e me-dicamentos dos Estados Unidos.

Quem desenvolveu as próteses comóleo de mamona foi o professor doInstituto de Química de São Carlosda Universidade de São Paulo (IQSC-USP), Gilberto Orivaldo Chierice. A

Próteses de óleo de mamonarevolucionam a MedicinaPor Martha Alves

pesquisa com o fruto começou há qua-se 20 anos, com objetivo de desen-volver uma resina para vedar cabostelefônicos aéreos e subterrâneos. De-pois de desenvolver um novo polí-mero – espécie de plástico vegetal –o pesquisador continuou a estudar e,na década de 90, descobriu que o ma-terial poderia ser usado para a fabri-cação de próteses humanas. Os pri-meiros testes com pacientes foram fei-tos em 1992 no Hospital Amaral deCarvalho, em Jaú, interior de São Paulo.As próteses foram usadas para subs-tituir os testículos de homens que per-deram essa parte do corpo por causado câncer de próstata e nenhum dospacientes apresentou rejeição.

Segundo Gilberto Chierice, o re-sultado foi uma surpresa para médi-

cos e pesquisadores e mostrou que opolímero é biocompatível, não cau-sa infecção, é ostintegrável e ostio-condutor. “Depois de algum tempono organismo, o material metabolizana forma de ácido graxo e se trans-forma em osso, não havendo qualquerrejeição”, explica o professor. O ma-terial também pode ser até 40% maisbarato do que as próteses tradicionaise não exige manutenção. Os resulta-dos positivos com a utilização do po-límero levaram à ampliação do númerode próteses e, hoje, já existem peçaspara substituir mandíbula, laringe,fêmur, testículos, pedaços de crânioe de colunas vertebrais, além de pró-teses penianas. O hospital Amaral deCarvalho, referência no tratamento docâncer, já implantou 50 próteses de

Gilberto Orivaldo Chierice

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Fotos: Gilberto Orivaldo Chierice

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O tratamento de vítimas de queima-duras implica, além da regeneraçãoda região do corpo afetada, em con-trolar o risco de infecções – fator res-ponsável pela maior parte dos óbitosde pacientes com essas lesões –, por-que os doentes ficam vulneráveis devi-do à falta de proteção do tecido epi-telial. Mas uma pomada à base de pro-teína encontrada na semente da jaca,a lectina KM+, poderá, em breve, solu-cionar grande parte do problema, poistem a propriedade de atrair neutrófi-los – responsáveis pelo bloqueio deagentes infecciosos no organismo –e de auxiliar na formação de colágenoe de vasos sangüíneos, além de pro-porcionar uma cicatrização mais rá-pida da área afetada, evitando a ne-crose do tecido, que se regenera comcélulas sadias.

O estudo sobre as propriedades dalectina KM+ começou há cerca de 10anos na Faculdade de Medicina deRibeirão Preto da Universidade de SãoPaulo (FMRP-USP), em pesquisa coor-denada pela professora Maria CristinaRoque Barreira, do Departamento deBiologia Celular e Molecular. “Es-távamos procurando proteínas vege-tais que estimulassem o crescimentode linfócitos em cultura. Outras pro-teínas vegetais têm esse efeito, comode feijão e germe de trigo, e a de jacaproporcionou ótima resposta”, explica.Na época, a iniciativa de testar os efeitospráticos das proteínas descobertas na

Proteín a tratar Por Dé Oliveira

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Pesquisa■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Tecnologiatestículos pelo SUS (Sistema Únicode Saúde), além de 16 pênis e 12 man-díbulas. Outros hospitais de São Paulotambém usam as próteses feitas dopolímero e, de todos os transplantadosaté agora, só foi registrado um pro-blema de pele específico.

Os polímeros do óleo da sementede mamona também vêm apresentandobons resultados como cimento ósseo,em substituição ao derivado do meta-crilato, adesivo sintético de origempetroquímica que é agressivo ao serhumano. O cimento ósseo criado pelopesquisador é bem aceito pelo organis-mo, cola o osso 36 minutos depois daaplicação e é isento de toxinas queprovocam a queda da pressão arterialdo paciente durante a cirurgia. Alémdisso, a temperatura de polimeriza-ção do produto derivado da mamonaé 50% mais baixa do que a do cimentoconvencional, o que elimina o risco de

queimaduras. O material também é defácil manuseio na hora da cirurgia epode ser preparado em duas ampolascom poliol derivado de óleo de ma-mona e pré-polímero (substância queendurece o polímero) que, misturadasem um recipiente, formam o cimento.“É possível reduzir o tempo de umacirurgia de 12 a 14 horas para apenasduas horas”, enfatiza Gilberto Chierice.

Anvisa – Diversos países já demons-traram interesse em comprar as pró-teses derivadas da mamona, mas omaterial ainda não pôde ser exportadoporque falta o certificado nacional deboas práticas da Agência Nacional deVigilância Sanitária (Anvisa), que tra-mita há um ano. “É a primeira vez queum produto implantável desenvolvi-do no Brasil é aprovado pelo FDA,depois de anos de testes”, comemorao pesquisador.

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jaca, a jacalina e a KM+, no trata-mento de queimaduras partiu de umestudante de Medicina, mas o resul-tado com a primeira experiência foiinócuo. Já a segunda aplicação da KM+surpreendeu. Segundo a professoraMaria Cristina, os experimentos fei-tos com ratos em laboratório mostraramque, em um período de 24 horas, cé-lulas novas ocupavam o lugar da le-são sem deixar a pele ficar necrosada.Além disso, rapidamente a parte quei-mada era substituída por um tecidonormal e, em seguida, os pêlos na regiãocomeçavam a crescer.

Os testes sobre o uso medicamen-toso da proteína foram realizados emlaboratório com mais de 300 ratos comqueimaduras induzidas, para comparara resposta do organismo dos animaisem três situações diferentes: com apli-cação da pomada com a lectina KM+,com pomada composta de jacalina esem a presença de qualquer espéciede lectina. A pesquisadora conta que,nas cobaias tratadas com KM+, a re-generação se iniciou poucas horas apósa utilização da substância e a respostafoi benéfica até mesmo em queima-duras profundas, com comprometi-mento do tecido muscular, o que in-dica que o princípio ativo da poma-da poderá ser usado inclusive notratamento de queimaduras de terceirograu. A recuperação da lesão foi 80%mais acelerada do que com o uso deoutras substâncias.

A descoberta da proteína abre umagrande possibilidade para o tratamentoe recuperação mais rápida para os di-versos casos de queimaduras. Dadosdo Sistema Único de Saúde (SUS) in-dicam que, no Brasil, acontecem apro-ximadamente 26 mil notificações dessetipo por ano, e pelo menos metadedas ocorrências envolve crianças, masa pesquisadora acredita que o núme-ro de acidentados seja muito maior,devido à subnotificação das ocorrên-cias. Maria Cristina Barreira argumentaque em nações mais desenvolvidas,onde geralmente há um controle maiordas notificações, a incidência de pessoasqueimadas é muito superior à regis-trada no Brasil.

Produção industrial – Introduzidano Brasil no século XVIII, originá-ria do arquipélago malaio, a jaca nãoé o tipo de fruto com grandes planta-ções, o que dificulta a obtenção dalectina KM+, encontrada em peque-na quantidade na semente da fruta.Por causa disso, os pesquisadoresprecisavam desenvolver mecanismospara conseguir obter a proteína de outraforma, de modo a viabilizar a produ-ção da pomada em escala industrial.A solução surgiu de uma colabora-ção, iniciada em 2000, com a profes-sora Maria Helena Goldman, do La-boratório de Biologia Molecular dePlantas do Departamento de Biologiada Faculdade de Filosofia Ciências e

a da jaca ajudaqueimaduras

Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP). “Clonamos o gene que codifi-ca a lectina KM+ e introduzimos embactérias e leveduras, que são utili-zadas como fábricas de proteína”, contaa pesquisadora.

A tecnologia do DNA recombinantefoi utilizada para clonar o gene quecodifica a lectina KM+ da jaca e per-mitir sua expressão heteróloga em bac-térias e leveduras. Após experimen-tos de otimização da expressão, ospesquisadores conseguiram aumen-tar a produção, que já alcançou 4mgde KM+ pura por litro de cultura.Atualmente, o grupo da professoraMaria Cristina estuda outras aplica-ções dessa lectina. A patente da pro-dução e uso medicamentoso da KM+foi registrada no ano passado e per-tence à USP e à Fapesp (Fundaçãode Amparo à Pesquisa do Estado deSão Paulo), que financiou o projeto.Pelos cálculos de Maria Cristina Bar-reira, em cerca de cinco anos o pro-duto poderá ser encontrado nas far-mácias brasileiras, pois alguns labo-ratórios já demonstraram interesse emcomercializar a pomada.

Maria Cristina Roque Barreira

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lgaçã

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14Super Saudável

Obstipação intestinal de 20% da população Por Adenilde Bringel

A obstipação intestinal é relati-vamente comum na população do pla-neta, com freqüência estimada ao re-dor de 20% e maior prevalência en-tre as mulheres – de cada 10, seteapresentam o problema. Embora a fre-qüência e os sintomas variem indivi-dualmente, especialistas afirmam queo problema pode ser diagnosticadoquando o ato de evacuar passa a serum transtorno para o paciente. Forçaexcessiva para evacuar, fezes frag-mentadas ou endurecidas, sensaçãode evacuação incompleta e de obs-trução anorretal, necessidade de au-xílio manual para facilitar a defecaçãoe menos de três evacuações semanaissão os sintomas clássicos estabeleci-dos pelo consenso realizado em Romaem 1999 – conhecido como CritériosRoma II – para a identificação da obs-tipação, que devem ocorrer por pelomenos 12 semanas, consecutivas ounão, em conjunto de dois ou mais.

“Não há qualquer comprovaçãocientífica que explique porque as mu-lheres são as mais atingidas pelo pro-blema, mas essa é uma constataçãoclínica”, informa o gastroenterologistaFlávio Steinwurz, presidente da Asso-ciação Brasileira de Colite Ulcerati-va e Doença de Crohn. O especialis-ta explica que, apesar de a maioriados casos ser funcional – relaciona-dos aos hábitos de vida do paciente –é fundamental afastar a possibilida-de de doença orgânica antes de fe-

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Probióticos

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atinge cercamundial Uma das pesquisas realizadas no

Brasil com o uso de probióticos paracombater a obstipação intestinal foiconduzida pelos profissionais do Cen-tro Nipo-Brasileiro de Prevenção deDoenças, que avaliaram 111 pacien-tes – mulheres – com diagnósticoprévio do problema, com ou semsintomas relacionados à freqüênciade evacuações, tentativas fracassa-das, sensação de evacuação incom-pleta, dor abdominal, distensão e con-sistência das fezes. As mulheres erambrasileiras (79), japonesas (32) e por-tuguesa (1), com idade média de 42anos. Durante o estudo, as pacien-tes utilizaram 250mg de ReguladorIntestinal Yakult RI – compostoliofilizado de Lactobacillus caseiShirota – três vezes ao dia durantetrês meses, com reavaliações com10 dias do início, do primeiro ao sextomês e depois de completar um ano.

Das pacientes envolvidas, 31,5%apresentavam queixa de obstipaçãohá 10 anos e 45% faziam uso delaxativos regularmente por longo pe-ríodo. Com o uso constante do YakultRI, as mulheres apresentaram me-lhora significativa do problema. Aotérmino do estudo alguns sintomasvoltaram, como sensação de eva-cuação incompleta, dor abdominal,distensão e fezes endurecidas, em-bora nenhum tenha alcançado a mag-nitude do quadro inicial, e o uso delaxantes se manteve em níveis bai-xos. Desenvolvido em parceria coma Fundação Noguchi Medical Re-sourch Institute, com sede na Fila-délfia, o trabalho começou em 2001e foi concluído neste ano.

Estudo clínicotem resultado

positivo

char o diagnóstico. Para isso, podeser necessário solicitar exames comocolonoscopia com biópsia, enema-opaco, manometria anorretal e de-fecograma. “Se o problema não fororgânico, as possibilidades são inú-meras e cabe ao médico, juntamentecom o paciente, investigar os moti-vos da obstipação”, orienta.

A mais grave causa orgânica deobstipação intestinal é o megacólonchagásico, que acomete portadoresda doença de Chagas e causa lesõesnas inervações do intestino o que, emcertas situações, pode levar o pacien-te à mesa de cirurgia. A doença cos-tuma provocar obstipação grave, in-clusive com formação de fecaloma.Além disso, tumores, endometriose,cistos de ovário, miomas e doençasinflamatórias do intestino podem pro-vocar obstipação por estreitamentodo lúmen intestinal. “Qualquer mu-dança no hábito intestinal em pessoascom mais de 60 anos precisa ser muitobem investigada porque pode ser sin-toma de doença grave”, alerta. Umadas principais causas funcionais doproblema é a baixa ingestão de fibras,partes não-digeridas dos alimentos quepermanecem íntegras na luz intesti-nal e ajudam na formação do bolofecal. “Os africanos, por causa da dietarica em fibras, apresentam volume defezes cinco vezes superior ao dos ha-bitantes de países industrializados”,exemplifica Flávio Steinwurz.

O índice de câncer intestinal naÁfrica também é baixo, uma vez quea presença de fezes no intestino pormuito tempo permite que ocorra maiscontato de substâncias tóxicas com aparede intestinal – especialmente asnitrosaminas, presentes em alimen-tos com conservantes e corantes – oque é um fator importante para o desen-volvimento de câncer de intestino eoutras doenças intestinais. O médicoreforça que o uso de alimentos pre-bióticos – cujo principal elemento éo frutooligossacarídeo – pode ajudara manter a saúde do intestino porqueessas substâncias favorecem o cresci-mento de microrganismos benéficosna microbiota intestinal, e também des-taca a ação positiva dos lactobacilos,embora entenda que os estudos pre-cisam ser mais aprofundados. “Acre-dito que os lactobacilos têm futuropromissor na Medicina, mas ainda pre-cisamos entender se agem isoladamenteou como coadjuvante”, opina.

Flávio Steinwurz

16Super Saudável

Leite materno é probiótico naturalGeralmente crônica na infância,

a obstipação intestinal atinge milha-res de crianças e está relacionada, namaioria das vezes, a problemas coma alimentação, especialmente depoisdo sexto mês de vida, quando acon-tece o desmame. “O leite materno éo primeiro alimento probiótico de quese tem notícia porque ajuda o bebê acombater infecções”, resume o pediatraDrauzio Viegas, professor titular dePediatria da Faculdade de Medicinado ABC (FMABC). O médico lem-bra que enquanto a criança é alimen-tada ao seio as evacuações são maisfreqüentes e as fezes são mais líqui-das, o que muda quando são intro-duzidos outros alimentos na dieta. “Al-guns alimentos são obstipantes, comoarroz branco, batata, cenoura, man-

dioquinha, macarrão, peito de fran-go, maçã e banana-maçã, e acabamprovocando um problema crônico nascrianças, que chegam a ficar até 48horas sem evacuar e apresentam al-gum grau de sofrimento”, explica oespecialista.

Segundo o professor, um dos maio-res ‘inimigos’ da microbiota infantilé o leite de vaca, que tem grande in-cidência da bactéria E.coli e outrospatógenos e, por isso, pode provocarinfecções intestinais. “O leite de vacaé o principal motivo da obstipaçãoinfantil, principalmente quando ad-ministrado em pó”, ressalta. Para queo intestino das crianças funcione bem,o médico indica leites enriquecidoscom probióticos e leite fermentadocom lactobacilos vivos a partir de seis/

oito meses de idade. “Os probióticosprotegem a microbiota intestinal e ‘fa-bricam’ bactérias boas”, reforça. Opediatra lembra, ainda, que as crian-ças costumam ter muitas infecçõesintestinais causadas por Rotavírus, eos alimentos probióticos ajudam a re-gularizar o funcionamento do intes-tino. Outro efeito importante dos pro-bióticos é que diminuem a alergiaintestinal, impedem a ação da lactosee aumentam a presença de imunoglo-bulina (IgA) e de linfócitos T e B,que são parte do sistema imune. “Re-comendo probióticos há cerca de 15anos e os resultados são muito ex-pressivos. O leite fermentado tambémtem sido um recurso importante paraa regularização intestinal e as crian-ças aceitam muito bem”, assegura.

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Probióticos

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Pesquisas – Desde os tempos maisantigos, os pediatras já notavam quea taxa de mortalidade era menor embebês alimentados com leite mater-no. Em 1889, o professor Escherich,do Departamento de Pediatria daUniversidade de Viena, descobriu oBacillus coli nas fezes de bebês ali-mentados ao seio. Outro pediatra, denome Tissier, do Instituto Pasteur, iso-lou a Bifidobacterium das fezes dosbebês em 1899. Em 1900, o mesmopesquisador apresentou tese com otítulo ‘Estudo sobre a flora intestinalde bebês sob condições saudáveis epatológicas’ e, a partir daí, o concei-to de flora intestinal prevaleceu en-tre os pesquisadores no século XX.Entre os fatores de defesa presentesno leite humano estão as imuno-globulinas (IgA, IgM, IgG e IgE), querevestem a mucosa intestinal impe-dindo a ação de patógenos; os Lac-tobacillus bifidus, que colonizam ointestino e dificultam a proliferaçãode agentes patogênicos; a lisozima,enzima de grande importância no con-trole da flora gram-negativa com lo-cal de ação no trato gastrintestinal;neutrófilos, macrófagos e linfócitos,importantes para a defesa contra in-fecções. Além disso, há uma série deoutros elementos de defesa, comooligossacarídeos, ácidos graxos livres,glicoproteínas e mucinas.

Desde que foi isolada pelo cien-tista Minoru Shirota, em 1930, a cepaLactobacillus casei Shirota tem sidoamplamente investigada. O princi-pal objetivo dos pesquisadores doInstituto Central de Pesquisas Mi-crobiológicas da Yakult, no Japão,é comprovar a ação imunomodula-dora do microrganismo e, para isso,centenas de estudos clínicos e in vitrojá foram realizados, inclusive em par-ceria com a conceituada Universi-dade de Tóquio e outras instituiçõesde saúde japonesas. Como avanço das técnicas debiologia molecular, nadécada de 70 tambémforam iniciados estu-dos genéticos sobre avariante Shirota e osgenes do Lactobacilluscasei Shirota. Essas pes-quisas resultaram no isolamentode derivados do ØFSW pró-fago cu-rado e na inserção das seqüênciasdo ISLI e do plasmídeo para a lactosepLY101, cuja seqüência de DNA foideterminada em 1990.

Atualmente, estudos estão sendorealizados para esclarecer todo o po-tencial da variante Shirota. “A identifi-cação dos genes envolvidos nas ativi-dades específicas e a construção devariedades mutantes são essenciaispara fornecer informações preciosassobre os mecanismos de ação do mi-crorganismo”, explica a pesquisadoraMayumi Kiwaki, do Instituto Cen-tral de Pesquisas da Yakult, que de-senvolve o trabalho com MarikoShimizu Kadota, da UniversidadeMusashiro. As pesquisadoras desen-

volveram técnicas para manipulaçãodo sistema genético, construíram ve-tores de plasmídeos para o L. caseiShirota e introduziram o vetor do DNAnas células através da eletroporação.Depois, desenvolveram um sistemade excisão integrada para manter asseqüências desejadas de cromossomossob uma forma segura e estável.

Em trabalho intitulado ‘Estudoda cepa L. casei Shirota e outras bac-térias intestinais: experiência e suges-tões futuras’, Ryuichiro Tanaka, di-

retor do Centro de Pesquisas daYakult, afirma que a ecolo-gia molecular baseada naanálise de genes será aprincipal tendência dosestudos da microbiota in-

testinal, o que vai mudara bacteriologia baseada na

cultura tradicional originada porPasteur e Koch no século XIX. “Estápara ser estabelecida uma técnica deecologia molecular baseada na aná-lise da microbiota intestinal sem cul-tura, através do progresso rápido dastécnicas para classificação e identi-ficação de microrganismos, incluindoa homologia do DNA”, enfatiza. Opesquisador reforça, ainda, que a hi-bridização por fluorescência in vitrousando princípios e provas de espé-cies específicas fluorescentes – comtécnicas de análise de imagem e tem-po real de detecção dos microrga-nismos-alvo – utilizando princípiosespecíficos com técnicas de PCR, queemprega DNA extraído das fezes, sãotecnologias essenciais para a análi-se da microbiota intestinal sem o usode técnica da cultura tradicional.

Yakult investiga DNAdos lactobacilos

Drauzio Viegas

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Lactobacillus casei Shirota

18Super Saudável

Toda criança saudável é agitada,mas quando a hiperatividade começaa interferir na capacidade de concen-tração e de atenção pode ser um si-nal de TDAH. O Transtorno do Dé-ficit de Atenção e Hiperatividade(TDAH) – ou Distúrbio do Déficitde Atenção – atinge de 3% a 6% dapopulação infantil mundial e precisade diagnóstico e acompanhamento pre-cisos. O psiquiatra e psicoterapeutaWimer Botura Júnior, coordenadordo Núcleo de Relação Pais e Filhosda Associação Brasileira de Medici-na Psicossomática, coordenador doGrupo de Apoio a Familiares e Por-tadores de TDAH e vice-presidentedo Comitê da Adolescência da Asso-ciação Paulista de Medicina, afirma queo pediatra é o médico mais importantepara orientar sobre o TDAH, porqueé o primeiro a ter contato com a criançae tem autoridade sobre a família paraencaminhar os pacientes aos profis-sionais preparados para fazer diag-nóstico e tratamento corretos.

O que é exatamente o TDAH?O TDAH consiste em um conjun-

to de manifestações caracterizado pelahiperatividade e pela deficiência deatenção, de forma a fazer com que oseu portador se torne subprodutivo.É um transtorno que vem sendo pes-quisado há mais de 100 anos, já teveoutros nomes, mas nunca houve nadaconclusivo, até porque a metodolo-gia de pesquisa era um pouco impre-cisa, especificamente na psiquiatria.Não se encontra confirmação labora-torial, nem uma estrutura lesada paracomprovar o problema e, por isso,

se faz o diagnóstico a partir de ob-servação de comportamento e apli-cação de questionários. Esses crité-rios criam dúvidas e muitas pessoastêm resistência a aceitar o diagnós-tico, embora cada vez mais se tenhamevidências de que realmente se tratade um transtorno porque se as pes-soas tratarem mudam o resultado desuas vidas.

Já se sabe o que acontece nocérebro?

O lobo frontal tem algumas fun-ções ligadas ao pensamento e à orga-nização das idéias, e nele existem lu-gares em que é preciso que haja umarepressão dos impulsos. São substân-cias como dopamina e outros neurohor-mônios que ficam atuando ali e funcio-nam reprimindo impulsos. Quandohá uma falha nesse mecanismo de re-primir determinados impulsos, a pessoafica hiperativa. E o interessante é queaí existe um paradoxo, porque o tra-tamento é feito com psicoestimulante,exatamente porque isso vai estimu-lar essa parte do cérebro que estáhipofuncionante. Já existem fortes evi-dências sugestivas (mas não conclu-sivas) de que é assim que funciona ahiperatividade.

O transtorno atinge apenas ascrianças?

Não. Até pouco tempo se acreditavaque era uma doença de crianças, quedesaparecia na adolescência. Mas is-so não é verdade. Entre 50% e 70%das pessoas carregam esse transtor-no para o resto de suas vidas, e vãopassar como sendo irresponsáveis e

rotuladas das mais diversas formasnegativas. E como elas acabam aban-donando a escola precocemente outendo resultado escolar mais baixo,e fogem, na adolescência, dos com-promissos maiores e dos trabalhosmais exigentes, o transtorno se mas-cara. Isso é importante entender. Exis-tem trabalhos recentes demonstran-do que grande parte dos usuários dedrogas é portadora de TDAH. E es-tudos comparativos entre aqueles queforam tratados e os que não foramtratados mostra que os tratados têmmuito menor chance de aderir à droga.Por isso se está enfatizando muito issoem crianças.

A doença é desenvolvida nainfância?

Sim. Um dos critérios para diagnos-ticar o TDAH é que os sintomas te-nham surgido antes dos 6 anos de idade,porque, se surgiu em outro momento,pode ser um outro transtorno.

Qual a principal causa do TDAH?Já se falou de tudo, mas, hoje, o

componente genético é considerável,embora existam estatísticas indicandoque filhos adotivos têm TDAH em maiorpercentual. E possivelmente aquelefilho já é adotivo porque os pais deve-riam ser hiperativos e tinham trans-tornos a ponto de não levar sua re-lação à frente. O fator hereditarie-dade é forte, mas não explica tudo.Outro indício significativo e mais re-cente é de que mães fumantes aumen-tam as chances de os filhos seremhiperativos. Mas ainda há muito quese pesquisar.

Pediatras devem orientPor Adenilde Bringel

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Entrevista do mês / Wimer Botura Júnior

19Super Saudável

O que mais se discute sobre esseproblema no mundo?

Primeiro a configuração do diag-nóstico, porque muitas pessoas sãoresistentes e outras têm preconcei-tos. Hoje também se estuda desde aetiologia, passando pelo mecanismoe os tratamentos do TDAH. Porquese formos avaliar o significado doTDAH em uma sociedade – e é umadoença relativamente fácil de tratar –vamos perceber o quanto é impor-tante. De 3% a 6% da populaçãoescolar tem esse transtorno, mas, sepegarmos a população que abando-nou a escola e não é pesquisada, pos-sivelmente o índice seja maior. Issorepercute em menos anos na escola,menor grau de formação, há uma ten-dência a prejuízos de formação emprofissionais, dificuldade para mantervínculos afetivos e de trabalho, por-que a pessoa muda muito de empregoe de relacionamento. Isso gera umarepercussão nas gerações seguintes –porque os filhos vão ser mais com-plicados – e uma repercussão muitogrande na economia de um país. Por-tanto, não é um transtorno inocente.

Qual a diferença de uma criançaativa para uma criança hiperativa?

O TDAH vai desde o extremo hi-perativo, que sai destruindo tudo e qual-quer um identifica, até aquele que éfronteiriço e fica muito próximo danormalidade. A diferença é que o hi-perativo é assim em todos os lugares ea criança levada, ao contrário, em al-guns lugares funciona diferente. O hi-perativo não tem autocontrole. Essa éa diferença importante. Temos três gran-

tar sobre hiperatividadedes pesquisadores que estudam o as-sunto no Brasil e eles confirmam que onúmero de pessoas que procuram o diag-nóstico é elevado, mas os que têm odiagnóstico confirmado é muito menor.Portanto, é importante entender o con-ceito de co-morbidade, que são doen-ças que cursam o rumo do TDAH, massão diferentes. É muito comum a co-morbidade de TDAH com tendência àoposição de autoridade ou transtornobipolar, por exemplo. Nem tudo queparece TDAH é realmente, e nem tudoque parece é só TDAH.

E os médicos estão preparadospara diagnosticar a hiperatividade?

Essa é uma questão importante.A classe médica ainda conhece mui-to pouco a hiperatividade. É precisoproduzir material para os pediatras,porque o pediatra é o médico maisimportante, no aspecto psicológico,nos aspectos relacionais entre paise filhos, nos conflitos. É o médico queainda tem autoridade sobre a famíliapara orientar. Por isso, precisamossubsidiar o pediatra de conhecimen-to – não digo para diagnosticar e tra-tar, porque podem existir muitas suti-lezas – mas sim para que possa enca-minhar e, mais do que isso, para orientara família. Nada contra o trabalho dasespecialidades, mas o pediatra é oprofissional mais importante porquepode atuar na vida da família e dascrianças enquanto a cabeça está sendoformada. Ele precisa ser muito sub-sidiado de informação.

Quando se agrava o TDAH?Hoje se fala muito em impor li-

mites e os pais se perdem um poucosobre o que é impor limites e saemdizendo ‘não’ para tudo. E isso podeagravar o TDAH porque o pai vaifalar coisas que não deve para a crian-ça, vai ofender, xingar, maltratar eexpor a criança a situações que po-dem causar mais danos do que o pró-prio TDAH. Os danos causados à auto-estima, à confiança e à auto-imagemda criança possivelmente vão levara outros danos e a outros problemas.Se o pediatra trabalhar ao lado dospais e orientar para que falem da formacorreta com a criança poderá evitarproblemas futuros.

20Super Saudável20Super Saudável

Existe preconceito em relaçãoao transtorno?

Infelizmente existe, e isso é um fa-tor que atrapalha muito. Muitas pes-soas têm prejuízos enormes em suasvidas porque deixam de procurar tra-tamento em tempo hábil, o que po-deria evitar muitas complicações.

Esse tempo hábil significa exa-tamente quando?

Antes que as seqüelas se instalem.Quando os pais percebem que a criançaapresenta dificuldades em seus re-lacionamentos, deixa de ser convi-dada para as festinhas, recebe ape-lidos do tipo ‘azougue’ e ‘diabinho’ oué convidada a mudar de escola, é horade falar com o médico. É importanteorientar os pais para tomarem cuidadocom o que vão falar para os filhos.Descrevo paralelamente ao TDAH,esse que tratamos com medicamen-to, com orientação pedagógica e psi-cológica, um outro tipo de TDAH, queé o ‘transtorno do déficit de atençãoe hiperatividade dos pais’, que nãosabem prestar atenção aos filhos. Acriança educada sem atenção dos paisserá agitada, hiperativa, inquieta, vaiter déficit de atenção e outros sinto-mas, não por ter a doença matriz, massim porque tem uma doença respos-ta ao comportamento dos pais.

O TDAH pode ter alguma rela-ção com a marginalidade?

Não tem dúvida. Se a pessoa de-senvolve uma auto-estima baixa, umaauto-imagem ruim, não tem autocon-fiança, tem pouca escolaridade, é im-pulsiva e agressiva, explode facilmentee vai encontrar relações complica-das, esses fatores favorecem muito ocaminho para a marginalidade. Hápesquisas que mostram que, além daaderência ao uso de drogas, há ummaior caminho para a marginalidade,

porque ele desenvolve, paralelamente,um transtorno de oposição à autori-dade. Um jovem impulsivo, irrequie-to, que mexe em tudo, geralmente écensurado pelos pais, pelos irmãos,pela família. Com a auto-estima baixa,esse jovem vai pegar um caminhoalternativo para conseguir se sentirimportante. Existem comprovações eestatísticas da prevalência dessa si-tuação. Precisamos mostrar aos paise pediatras que a vida é como umanovela, e os primeiros capítulos é quedeterminam como a novela vai an-dar. Se os primeiros capítulos foremmuito ruins, a criança não vai que-rer seguir sua novela, mas se foremcapítulos interessantes, com curio-sidades, desejo, interesse e importância,ela vai ficar mais interessada. Nosprimeiros cinco anos, a criança re-cebe as informações que vão criarseu processo de vida. Nessa novela,cada filho assume um papel e a ten-dência é se relacionar com pessoasque vão confirmando esse ‘enredo’.E se as pessoas não confirmam esse‘enredo’ a criança faz uma provo-cação para que ele seja confirmado,porque ela não sabe viver fora do ‘ro-teiro’. Ninguém sabe. Tratar o TDAHno momento oportuno é uma grandemudança de ‘enredo’.

Como deve ser o comportamentodos pais?

Quando a criança vai para a escola,aos 2, 3 ou 4 anos, os pais já fizeramquase todo o ‘desserviço’ que poderiampara a educação. Porque a criançanasce ‘em branco’ e, nos primeiros 2anos de vida, tem um desenvolvimen-to brutal. E é nesse momento que opai precisa ser orientado sobre comooferecer informações consistentes paraa criança, que vão dar sentido à suavida, para que ela saiba que o ‘enre-do’ será bom de viver. Os pais devem

ser orientados para instalar na criançauma boa auto-imagem, uma boa auto-confiança e uma boa auto-estima. Paraque ela não viva ‘enredos’ apertados.

Porque o senhor está falando es-pecificamente do pai?

Porque a função do pai é fundamen-tal. A mãe geralmente cumpre suafunção e quem costuma estar ausen-te e chega em casa cansado é o ho-mem. Hoje, a função paterna é o grandeproblema e precisamos orientar aspessoas a melhorar essa função. Essaé a questão fundamental. Os pedia-tras são importantes também para mos-trar a importância da função do pai.Muitas vezes, o pai também é hipe-rativo e, neste caso, temos de trataro pai primeiro que a criança. Chegadeste negócio do homem ficar recla-mando e acusando a mãe pelos pro-blemas dos filhos.

Como impor limites para umacriança com TDAH?

Alguns pais não têm noção quan-do resolvem impor limites. Impor li-mites é mais do que dizer não, é pre-ciso criar vínculo com a criança. Antesde dizer não é preciso ter dito simmuitas vezes para construir o víncu-lo com os filhos. Quando os pais cons-troem vínculo com seus filhos, o li-mite é quase automático. Se o víncu-lo é bem construído não é necessáriodizer não a qualquer hora. Mesmopara uma criança hiperativa.

O TDAH pode ser tratado semmedicamentos?

Não. A medicação é fundamen-tal. Mesmo que haja abordagem psi-cológica e psicopedagógica, que aju-dam efetivamente, o medicamento en-curta muito o tempo do tratamento.Se o médico der o medicamento cor-retamente e funcionar como o espe-

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Entrevista do mês / Wimer Botura Júnior

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rado, isso vai dar um ganho de tem-po na resolução do problema. É pre-ciso dar o medicamento, favorecer ovínculo com os pais e fazer o traba-lho psicopedagógico. Em termos deeficácia, o medicamento reduz mui-to o custo e o tempo para que o tra-tamento mostre resultados.

Que medicamento é indicado?O medicamento mais usado cha-

ma-se metilfenidato, um derivado daanfetamina. Por ser derivado de an-fetamina, um psicoestimulante, exis-te muito preconceito sobre ele por-que a anfetamina é um sal que já geroumuitos danos, uma vez que as pesso-as usavam como droga e causava de-pendência. Existem anfetaminas usadaspara emagrecimento que são terrí-veis e causam danos brutais. Por causadesses ‘primos’ da família anfetaminae devido à pouca informação, mui-tas pessoas são contra o medicamento.Mas o metilfenidato é um sal usadoem muitos países e dá um resultadomuito bom. A criança com TDAH tra-tada com anfetamina terá um resul-tado de vida muito melhor do que anão-tratada.

Isso não leva ao uso de droga?Não. As crianças não-tratadas têm

mais adesão às drogas do que as tra-tadas. O que vai levar à droga é ofato de a família dar o medicamentoe não cuidar da relação com a criança.

Esse tratamento não causa ou-tros problemas na criança?

Como o tratamento pode come-çar por volta dos 6 anos de idade, háalguma preocupação com a possibi-lidade de uma redução de crescimentoda criança, mas estudos comparati-vos mostram que, depois de um cer-to tempo, não há diferença no cres-cimento. O importante é frisar queexistem pessoas tomando remédio paraTDAH que não são TDAH, portan-to, sem necessidade. Por isso o diag-nóstico deve ser muito bem feito e otratamento acompanhado com regu-laridade pelo médico. Não pode sersó prescrever o medicamento e dei-xar ‘pra’ lá. É preciso manter umtratamento interdisciplinar.

Qual o tempo de tratamento?O TDAH não tem cura, mas se a

pessoa tem uma hiperatividade quese desenvolve com boa auto-estima,boa autoconfiança e boa auto-ima-gem, chega uma hora que a hipera-tividade pode ser apenas uma carac-terística. Daí, a pessoa não vai pre-cisar mais tomar remédio. O hiperativotambém pode ser sensível, inteligen-te, criativo e produtivo, desde que bemorientado. A hiperatividade por si sónão evolui para uma deterioração;as relações do ‘enredo’ é que podemevoluir para uma deterioração. Se apessoa não evolui para um ‘enredo’destrutivo ela vai viver bem, e a maio-

ria ou não vai precisar de medica-mento ou vai precisar de doses maismoderadas.

O portador de TDAH pode serconsiderado um doente?

Sim e não, porque existem mui-tas co-morbidades. No grupo da As-sociação Paulista de Medicina têmcrianças com outras doenças maisgraves que acontecem junto com oTDAH, como a esquizofrenia e o trans-torno bipolar. Essas sim precisam detratamento para o resto da vida.

Qual a orientação para os pedia-tras em relação ao TDAH?

Os pediatras precisam conhecermelhor o TDAH, porque são os pro-fissionais de frente junto à família.Na Associação Brasileira do Trans-torno do Déficit de Atenção existemmuitas informações sobre isso; na As-sociação Paulista de Medicina tam-bém; na internet há muitos trabalhos,há um grande movimento em tornodisso. O pediatra precisa ter consciên-cia da importância que tem na vidade uma pessoa porque é o profissio-nal com maior acesso e maior auto-ridade sobre os pais. Por isso, precisaestar subsidiado e ter conhecimentopara interferir na criação do ‘enre-do’ da criança. Considero o profissio-nal mais importante para esse aspecto,principalmente nos lugares mais dis-tantes e carentes de especialistas.

22Super Saudável

A percepção de um som no ouvi-do sem origem no meio ambiente aco-mete de 15% a 17% da população mun-dial. Desse total, aproximadamente80% dos indivíduos atingidos pelo pro-blema não se incomodam com o ruí-do e, muitas vezes, nem procuram ajudamédica. Mas, para os 20% restantes,o problema pode se transformar emum pesadelo contínuo e, até poucotempo, – aproximadamente 10 anos –sem solução. O zumbido é gerado porum aumento dos estímulos elétricosno ouvido e, na maior parte das ve-zes – 90% dos casos –, acontece emdecorrência de algum grau de perdaauditiva. Quando é possível recupe-rar a função auditiva com o uso depróteses ou procedimentos cirúrgicos,o zumbido costuma melhorar ou desa-parecer. Mas, às vezes, devido a umalesão permanente ou outras causas des-conhecidas do problema, o ruído per-siste e para esses pacientes, atualmente,existem opções de tratamento que vãoalém do ouvido, já que o zumbido

Por Yannik D’Elboux

da do paciente, solicitar exames otor-rinolaringológicos, como a audiometria,exames de sangue e outros mais es-pecíficos de acordo com os sintomas.

Se a causa for determinada e tra-tável, a solução para o zumbido é maissimples, porém, quando não é possí-vel atuar na origem do problema exis-tem outros caminhos para amenizaro ruído. “O primeiro passo é desmis-tificar o problema, esclarecer e pro-var para o paciente que o zumbidonão significa nada grave e que nãotem tendência de progredir. A orien-tação médica correta é fundamentalpara ajudar a diminuir a percepçãodo zumbido”, ressalta Oswaldo Laér-cio Cruz. A responsável pelo Grupode Zumbido do Hospital das Clíni-cas da Faculdade de Medicina da Uni-versidade de São Paulo (HC-FMUSP)e coordenadora do Grupo de Apoioa Pessoas com Zumbido (GAPZ), TanitGanz Sanchez, explica que a percep-ção do zumbido está relacionada aoperigo que o paciente associa ao pro-blema, como possibilidade de doen-ça grave, surdez e medo de piora como decorrer do tempo.

“Quando o paciente faz associa-ções negativas, o sistema límbico e osistema nervoso autônomo tambémsão ativados, provocando uma per-cepção contínua do zumbido. Por isso,o aconselhamento terapêutico é tãoimportante”, destaca. Tanit Sanchezdiz que os estudos atuais apontam paraduas frentes de tratamento eficazes

Orientação é ponto-chavepara controlar zumbido

também depende da maneira como osom é percebido pelo cérebro.

Entre as causas conhecidas do pro-blema estão a presbiacusia – 33% dosidosos apresentam zumbido –, perdaauditiva induzida por ruído, otites,doenças do labirinto, uso de medi-camentos tóxicos, doenças degenera-tivas, trauma craniano, hipertensão,diabetes, desordens metabólicas en-volvendo carboidratos, triglicérides,colesterol e hormônios tireoideanos,disfunção da articulação têmporo-mandibular, tumores e até uma sim-ples rolha de cera. Segundo o vice-presidente da Sociedade de Otorri-nolaringologia e professor da Univer-sidade Federal de São Paulo-EscolaPaulista de Medicina (Unifesp-EPM),Oswaldo Laércio Mendonça Cruz, paradeterminar o diagnóstico correto é im-portante fazer uma anamnese detalha-

Oswaldo Laércio Mendonça Cruz

Tanit Ganz Sanchez

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Saúde

23Super Saudável

contra o zumbido sem causas defini-das ou reversíveis: uso de medica-mentos sintomáticos, como vasodi-latadores, bloqueadores de canais decálcio, anticonvulsivantes, estabiliza-dores de membrana, antidepressivose ansiolíticos, que visam diminuir oritmo acelerado da via auditiva e cos-tumam funcionar em 50% dos casos,e a TRT (Tinnitus Retraining Therapy)ou terapia da habituação, que estimu-

la melhora em 81% dos pacientes quecompletam o tratamento.

Como o cérebro é capaz de real-çar sons prioritários e ignorar os me-nos importantes, também é possíveleliminar a percepção do zumbido daconsciência, apesar de permanecer navia auditiva. A TRT consiste na uti-lização de outro tipo de som para com-petir com o zumbido – que pode serdesde uma música suave, um venti-

Crianças também podem ser vítimas Apesar de serem raras as queixas

espontâneas, o zumbido também podeacometer crianças. Um estudo feito com570 estudantes entre 5 e 12 anos deidade da cidade de Lajeado, no RioGrande do Sul, revelou a predominân-cia do problema em 14% dos entrevis-tados (60,6% meninas e 39,4% meni-nos). “Crianças com zumbido podemapresentar dificuldades escolares e so-ciais, problemas com sono e concentra-ção”, afirma Cláudia Coelho, otorri-nolaringologista e doutoranda da pós-graduação do Departamento de Otor-rinolaringologia da FMUSP, autorada tese que está em fase de conclusãoe é o primeiro estudo no Brasil sobrezumbido e hiperacusia na infância.

lador ligado ou um chiado produzi-do por um gerador de som – para ajudara enfraquecer as alças de ativação dosistema límbico e do sistema nervo-so autônomo, até que o paciente nãoperceba mais o sinal do zumbido. Aotorrinolaringologista Tanit Sanchezreforça que é fundamental que o somusado na TRT seja baixo – de menorvolume do que o zumbido para nãomascará-lo e produzir apenas um alívioimediato –, neutro e contínuo. A TRTé um tratamento lento e gradativo,que dura em média de 12 a 18 meses.O professor Oswaldo Cruz lembra que,antes da indicação da TRT, é impor-tante que o médico faça um diagnósticominucioso do zumbido para afastartodas as possibilidades de doenças maisgraves e que algumas medidas sim-ples também podem ajudar a reduzir oincômodo. “É preciso evitar cafeína,álcool e cigarro, que contribuem parao aumento da atividade elétrica dosistema nervoso central”, descreve.

Segundo Cláudia Coelho, as cau-sas mais comuns do problema na in-fância estão relacionadas a fatores con-gênitos, doenças da orelha média,sistema neurossensorial, ototoxicidade,traumatismos, desordens metabólicase perda auditiva induzida por ruído.Estimativas da literatura médica mos-tram uma prevalência do zumbido entre76% das crianças com perda auditi-va e 3% com otite média. O trata-mento é o mesmo disponível para osadultos e a médica ressalta a impor-tância de desenvolver um trabalho pre-ventivo e educativo sobre o uso demedicações ototóxicas, proteção daaudição e estratégias para evitar ex-posição sonora.

Cláudia Coelho

24Super Saudável

EspecimuscuPor Françoise Terzian

Envelhecer traz experiência evivência ao homem, mas acarretamudanças no corpo que, se não fo-rem bem administradas, podem tra-zer uma série de problemas de curto,médio e longo prazos à saúde físicae mental. Entre as mudanças estão oaumento da quantidade de gordura noorganismo, a diminuição da massa e,conseqüentemente, da força muscu-lar, problemas como osteoporose, li-gamentos e tendões mais fracos, di-minuição dos reflexos de ação e rea-ção e redução da coordenação. Masa chamada ‘terceira idade’ pode servivida com muita qualidade desde queacompanhada de um programa cor-reto de atividade física. Ao contráriodos muitos tabus que circulam pelasociedade moderna, as pessoas maisvelhas devem se exercitar, sim, alémda prática conservadora de ginásti-ca. Sem querer decretar o fim dascaminhadas curtas e leves e das ses-sões muitas vezes pacatas de hidro-ginástica, especialistas recomendamatividades mais pesadas, como mus-culação, desde que adequadamentesupervisionadas e somente após ava-liação médica detalhada.

O objetivo desta atividade é, naverdade, ganhar músculos, equilíbrio,bom condicionamento físico, disposi-ção e, principalmente, bem-estar físicoe mental. Depois de um período de

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25Super Saudável

alistas indicamlação para idosos

Evelin Diana Goldemberg

preconceito e pouca informação, amusculação tem sido vista como a gran-de amiga dos que buscam a preven-ção de doenças e uma melhora na qua-lidade de vida. Afinal, a perda de massamuscular dos idosos é um dos maissérios problemas do aparelho locomotordo envelhecimento, segundo EvelinDiana Goldenberg, doutora em Reu-matologia pela Universidade Fede-ral de São Paulo-Escola Paulista deMedicina (Unifesp-EPM). Entre 25e 50 anos de idade, um indivíduo perdeem média 10% da massa muscular e,dos 50 aos 80 anos, 30%. Com isso,diminui a taxa metabólica do organis-mo, o que favorece várias doenças etambém diminui a proteção das arti-culações e a capacidade de trabalho.

Mulheres idosas conseguem au-mentar em 10% a massa muscular eem até 200% a força, em poucos me-ses de treinamento com pesos. Recentetrabalho documentou que idosos queenvelheceram correndo ou nadandoapresentaram o mesmo nível de hi-potrofia muscular de idosos seden-tários, enquanto os idosos que en-velheceram treinando com pesos apre-sentaram níveis de massa muscularcompatível com os de pessoas muitomais jovens. “Isso significa que a mus-culação é o melhor meio para obtermúsculos mais fortes”, argumenta amédica. E músculos saudáveis aju-

dam os idosos a realizar as ativida-des do dia-a-dia como subir escadas,levantar de cadeiras, caminhar e se-gurar peso mínimo.

A atividade física, de forma ge-ral, reduz a depressão, melhora o con-trole da pressão arterial, do diabetes,do colesterol e da performance car-diovascular, e ajuda na estabilidadedas articulações. Um dos problemasnessa fase da vida é a osteoartrose,que pode levar o indivíduo a perdermuitos movimentos e até a se tornarincapaz. Não por acaso, a artrose éuma doença comum em 70% daspessoas acima de 70 anos. Além detratamentos específicos, medicaçõese terapias, o exercício orientado parareforçar a musculatura é obrigatório.

“A musculação, nesse caso, ajuda noganho de massa muscular, além demelhorar a estabilidade e diminuir ador”, explica Evelin Goldenberg. Amédica recomenda a prática de mus-culação pelo menos dois dias na se-mana (uma hora por vez), e lembraque pessoas mais velhas, com pro-blemas de artrose e osteoporose, pre-cisam de exercícios que atuem con-tra a gravidade.

Benefícios – Se para um indivíduode qualquer idade um programa re-gular de exercícios já traz uma sériede benefícios, no caso dos idosos asvantagens se multiplicam. Exercíciosaeróbicos alinhados aos anaeróbicoscolaboram para combater a obesida-de (o que evita e retarda o surgimen-to de diabetes), melhoram a capaci-dade aeróbica e ajudam a reduzir, e,em alguns casos, a recuperar, a per-da da massa óssea. “Além do fato demúsculos e ossos fortes diminuíremos riscos de quedas e de fraturas defêmur e de quadril, tão temidas apósos 60 anos, o que poucos sabem éque o fortalecimento muscular reduzdores já existentes provenientes dedoenças como artrite, tendinite, bursite,artrose e problemas de coluna”, in-forma a especialista. Outra vantagemimportante é a elevação da auto-esti-ma e a melhora da depressão, pro-

Evelin Diana Goldenberg

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Disposibons n

Maria Candida Soares Del-Masso

A persistência, o bom-humor, asimpatia e o otimismo são as carac-terísticas mais marcantes da perso-nalidade da Comerciante Autônoma(CA) Augusta Alves da Costa, quesai de casa de segunda-feira a sába-do sempre antes das 10h e não tempressa para voltar. Essa rotina, bas-tante conhecida por todos da filialGuarani, em São Paulo, é um dos fa-tores que mais contribuem para o su-cesso nos negócios da CA. Augustadesenvolve a atividade há 15 anos evisita regularmente os cerca de 300clientes, três vezes por semana. Façachuva, calor ou frio, nada abala a dis-posição dessa mineira de 50 anos, quetrocou Governador Valadares por SãoPaulo em busca de melhores condi-ções de vida.

A CA comercializa entre 7 e 8 milfrascos de leite fermentado por mês,mas lembra com orgulho de temposem que a economia do País andavamais próspera e chegou à marca de17 mil unidades – há aproximadamentequatro anos. “Já cheguei a comercia-lizar 2 mil frascos de Yakult em umsó dia. Agora, o que atrapalha é o de-semprego, porque as pessoas conhe-cem o produto e querem comprar, masrealmente não têm condições”, ana-

Para manter os cliente Alves da Costa faz visita

blemas freqüentes nesta idade. EvelinGoldenberg afirma que os idosos quepraticam esportes se sentem maisbonitos, capazes e independentes. Doponto de vista psicológico, a ativida-de física pode atuar como um catalisa-dor de relacionamento interpessoal,produzindo agradável sensação de bem-estar e estimulando a auto-estima pelasuperação de pequenos desafios. Aespecialista diz, ainda, que a ativida-de física completa pode trazer res-posta muscular eficiente.

A médica lembra que centros es-pecializados em Reumatologia come-çam a investir em espaços destina-dos ao condicionamento físico naterceira idade, com a elaboração deprogramas sob medida para cada ne-cessidade e orientação adequada deprofissionais da área. “Não se podeesquecer que idosos geralmente têmproblemas na coluna, joelho e outrasarticulações, além de pressão alta ediabetes, entre outras doenças. Por isso,é imprescindível que a atividade sejarecomendada e controlada por um pro-fissional especializado, que irá defi-nir um programa de ginástica sob me-dida e supervisionar todos os momen-tos do treino, desde o início da aula,com alongamento, até a parte de cor-

reção de postura, da escolha do pesoe recomendação de caminhada paracuidar do sistema cardiovascular. Casocontrário, levantar peso indiscrimi-nadamente pode causar lesões sériase até acentuar problemas já existen-tes”, orienta.

Maria Candida Soares Del-Masso,coordenadora da Universidade Abertaà 3ª Idade da Universidade EstadualPaulista Julio de Mesquita Filho(Unesp) de Marília, lembra que o úl-timo censo realizado pelo InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) aponta para um aumento sig-nificativo da população que envelhece.Esse aumento populacional pode seratribuído aos avanços da Medicina eà melhoria da qualidade de vida, re-sultando no aumento da longevidade,que entre as mulheres já ultrapassou71 anos de idade e entre os homensainda não chegou aos 65 anos. Paraevitar que o corpo humano sofra tan-to com as modificações causadas peloenvelhecimento, Maria Candida re-comenda a atividade física como formade manter o equilíbrio funcional.

“Como a atividade cerebral e asdemais atividades orgânicas dos se-res vivos sofrem perdas à medida queos anos passam, a atividade física de-veria ser priorizada em programas eprojetos desenvolvidos junto à terceiraidade, com o intuito de prevenir pos-síveis males do cotidiano dos indiví-duos”, sugere Maria Candida. Para aespecialista, o mito de que ao enve-lhecer as pessoas deixam – ou deve-riam deixar – de realizar atividadesfísicas deve ser revisto e analisadosob outra perspectiva. “Hoje, o ido-so consegue atrelar atividades físicasa outras de seu cotidiano com o ob-jetivo de manter a qualidade de vida.Cada vez mais novas alternativas sãoapresentadas para oferecer dinamis-mo aos indivíduos idosos”, argumenta.

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vulga

ção

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ção garanteegócios

s fiéis, a CA Augusta s três vezes por semana

lisa. Apesar da situação, Augusta nãodesanima e persiste na atividade con-tínua de conquistar os clientes e fa-zer todo o possível para atender bem.“Invisto muito na relação de amiza-de e algumas pessoas ficam até meesperando para poder conversar umpouco. É preciso cativar os clientes”,aconselha. A dedicação de Augustasupera inclusive os problemas pes-soais e, mesmo em momentos compli-cados, a comerciante não interrom-pe a atividade.

A CA também desenvolve um tra-balho exemplar com relação ao sis-

“Posso dizer que sou uma CA rea-lizada”, declara Augusta Alves da Costa.O motivo dessa satisfação é que a co-merciante alcançou o reconhecimentoprofissional e o prêmio máximo ofe-recido pela Yakult – uma viagem aoJapão – que aconteceu em novembrode 2003. Para participar do sorteioda viagem foram selecionadas as me-lhores comerciantes de todas as re-giões de atuação da empresa. “Meusonho era viajar de avião e até hoje não

acredito que isso aconteceu, foi muitobom”, comenta. Augusta lembra comsaudades dos passeios que fez, das di-vertidas colegas de viagem e da paisa-gem encantadora de um país tão dis-tante. “Não imaginava que o Japão fossetão bonito; foram 10 dias maravilho-sos”, relembra, ao garantir que não pou-pará esforços para participar do sorteioda próxima viagem ao Japão, em 2005.

Além do sonho que se transformouem realidade, a atividade tem propor-

cionado outras conquistas à CA. A rendada comercialização dos produtos daYakult ajuda Augusta a dividir as des-pesas com o marido, já aposentado, e aeconomizar para atingir objetivos maio-res, como a compra da primeira casada família, em 2003. “Também mu-dei muito. Antes era muito nervosa,me preocupava demais com qualquerbobeira de casa, e hoje tenho meushorários, meus compromissos, sou maisrelaxada. A atividade faz bem”, afirma.

tema de cobrança, e procura fechar ascontas sempre até o fim de cada mês.Para isso, Augusta geralmente esti-pula duas datas de pagamento paraos clientes – por volta do dia 7 e 21 –e, assim, ainda sobra praticamente umasemana para finalizar o acerto dos pro-dutos. Para não se perder nos negócios,a CA deposita os valores que recebe

durante o mês, sem jamais misturar àprópria renda. “Não podemos gastarum dinheiro que não nos pertence; épreciso saber separar as coisas”, afir-ma. Para facilitar a vida dos clientes,Augusta combina o horário mais conve-niente para receber o pagamento. “Vouà casa do cliente quantas vezes foremnecessárias, inclusive à noite”, conta.

Conhecer o Japão era o maior sonho

28Super Saudável

Considerado o berço da civiliza-ção do homem americano, o Estadorevela escavações milenares no Par-que Nacional Serra da Capivara, nomunicípio de São Raimundo Nonato,a 530km da capital. Criado em 1979,o parque abrange área de 129.140 hec-tares e 214 quilômetros de períme-tro, na qual já foram descobertos maisde 500 sítios arqueológicos e pesqui-sas atestaram a presença do homemhá cerca de 50 mil anos. Atualmen-te, o parque é um dos mais importan-tes sítios arqueológicos do País e doContinente Americano e preserva maisde 30 mil inscrições, pinturas e gra-vuras pré-históricas incrustadas emparedões de rochas, que refletem ce-nas cotidianas dos primeiros habitantesdas Américas. Pesquisadores tambémdescobriram a existência de ferramen-tas, restos de utensílios de cerâmica,peças de pedra lascada e sepultamentos,que demonstram a capacidade técnicado homem pré-histórico para se ade-quar às necessidades do meio ambiente.Na região, as pinturas paleontológicasconfirmam que na Pré-História exis-tiram diversas espécies de animais,como o mastodonte, o tatu-gigante,a preguiça-gigante e o tigre-dente-de-sabre. Graças a esse tesouro histórico,em 1991 o parque foi declarado patri-mônio cultural da humanidade pelaOrganização das Nações Unidas paraa Educação, a Ciência e a Cultura(Unesco). A Serra da Capivara é ad-

Aventura e belas paisagens podemser encontradas no Estado do Piauíque, apesar de a capital Teresina nãoestar às margens do Oceano Atlânti-co, não fica devendo em nada ao tu-rista que procura espetáculos natu-rais, ecoturísticos e históricos. O Piauítem muito que contar por meio de for-mações geológicas únicas e curiosasencontradas no Parque Nacional Serrada Capivara e no Parque Nacional SeteCidades, localizados na região sudestee norte do Estado, respectivamente.Os parques retratam o processo deformação da região por meio de ar-cos rochosos, torres, cavernas comlagos subterrâneos, espeleotemas (for-mações minerais em cavernas cau-sadas pela ação da água), olhos d’água,reservas naturais em depressões derochas e paisagens de serra e de planí-cie. Além da beleza oferecida pelanatureza, onde predominam a faunae a flora típicas da caatinga, o solopiauiense é rico em achados pré-his-tóricos e inscrições rupestres.

ministrada pela Fundação Museu doHomem Americano (Fundham), emparceria com o Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos Recursos Natu-rais Renováveis (Ibama), e ofereceinfra-estrutura para o visitante conhecermais de 100 sítios arqueológicos.

Trilhas – O parque tem mais de 140quilômetros de trilhas conduzidas porguias especializados, que podem serfeitas a pé ou com veículos próprios.Na Serra Vermelha, no Circuito doPerna, existem grafismos de figuras hu-manas antigas praticando sexo. Idealpara quem gosta de aventuras em gran-des altitudes, a trilha da Chapada, quepossui percursos estreitos e próximosàs beiras das serras, tem parada certana Toca da Serrinha, onde há pintu-ras antigas de caça, e na Toca da Bar-riguda, que abriga notáveis paisagensnaturais. Inúmeras inscrições de pe-ríodos pré-históricos também podemser vistas na Toca do Boqueirão daPedra Furada. Este monumento é umachado da humanidade e causou ver-dadeira revolução na arqueologia ame-ricana. O sítio se formou em uma áreaarenítica e apresenta uma parte cen-tral e duas laterais que se convergemem um ângulo de 130 graus. A be-leza maior é a grande fenda no cen-tro da parede, resultado da erosão, hojesímbolo do lugar. Outro sítio que nãodeve deixar de ser visitado é o do Meio,rodeado de caatinga arbustiva, onde

Boqueirão da Pedra Furada

29Super Saudável

Nos municípios de Piripiri e Pira-curuca, no norte do Piauí, está o Par-que Nacional de Sete Cidades, áreaonde se encontram conjuntos ruini-formes, picos e escarpas que insinuama existência de antigas civilizações.A 190km de Teresina e com climaárido e vegetação rasteira, o parqueabrange área de 6.221 hectares ondeestão encravadas sete curiosas forma-ções rochosas em arenito. O local fi-cou conhecido como ‘As Setes Ci-dades de Pedra’ e suas formações geo-lógicas são monumentos com cercade 190 milhões de anos. Na primeiracidade, em meio à caatinga, está acachoeira do Riachão, com quedad’água de 17m. Nas demais, que abri-gam nascentes perenes que formamriachos e cachoeiras, algumas forma-ções lembram o mapa do Brasil, umelefante e o Arco do Triunfo. Mas asruínas mais curiosas são ‘A Biblio-teca’, ‘A Pedra da Tartaruga’, ‘Os TrêsReis Magos’ e ‘Os Canhões’. O lo-cal também guarda inscrições rupestres

com desenhos em tons de vermelho,amarelo e preto que, provavelmente,foram deixadas por povos primitivoshá cerca de 10 mil anos.

O parque atrai, ainda, pela vege-tação local, que agrega uma misturade cerrado e caatinga. A flora é for-mada por numerosas plantas que re-presentam importantes fontes alimen-tares para a fauna selvagem, algumasaté indispensáveis à existência e à per-manência de certos animais, como amangabeira, a guabiroba, o pequizeiroe o bacurizeiro. A fauna abriga espé-cies ameaçadas de extinção como asuçuarana ou onça-parda, gatos-do-mato, cachorro-do-mato e paca. Oamanhecer acontece com uma ver-dadeira cantoria de papagaios-verda-deiros e outros pássaros.

já foram encontrados alguns objetosde pedra lascada e fragmentos de ce-râmica, além de pinturas rupestres.No Desfiladeiro da Capivara, o visi-tante tem oportunidade de constataro caminho que era utilizado pelas an-tigas populações e apreciar inscriçõespré-históricas localizadas nos abrigosao lado do vale.

A região também abriga beleza rarada caatinga brasileira. Na época deseca, sob um céu de azul profundo, avegetação adquire uma coloração ver-melha e amarela do outono e as fo-lhas secas das plantas caem, acumu-lando uma cor cinza-esbranquiçadapelo chão. Em tempos de chuva, océu se enche de nuvens escuras, maseste fenômeno prenuncia uma verda-deira metamorfose na paisagem como despertar de gramíneas, arbustos eárvores. O parque abriga muitos exem-plares de palmas, mandacarus e angicosque formam um cenário perfeito paraa moradia de inúmeros insetos, maisde 200 espécies de aves, macacos, roe-dores, onça-preta, caitetus, veados,jacus, cotias, iguanas, lagartos e ou-tros animais.

Fotos: Fundação Museu do Homem Americano (Fundham)

Boqueirão da Pedra Furada

Toca da Gameleirinha ou Pedra Pintada

Toca da Passagem

Pedra Furada

30Super Saudável

Cosmiatria avançacom procedimentosmenos agressivos

Por Yannik D´Elboux

A preocupação com a aparêncianão é um comportamento típico domundo moderno. A última rainha doEgito, Cleópatra, já utilizava leite decabra para descamar e renovar a peleda face – por causa dos efeitos doácido lático – e o procedimento é umdos primeiros peelings de que se têmnotícia. Mas, com o aumento da expec-tativa de vida e, conseqüentemente,

a necessidade de conviver com os efei-tos do envelhecimento por mais tempo,cresceram os recursos para retardar,amenizar ou apagar os sinais do reló-gio biológico. Além das cirurgias plás-ticas – que colocam o Brasil na posi-ção de vice-campeão do planeta –, apopulação do século 21 tem opçõesmenos invasivas para combater o en-velhecimento ou corrigir imperfeiçõesestéticas, também de maneira eficaz,desenvolvidas e aperfeiçoadas pordermatologistas que se dedicam àCosmiatria.

O termo Cosmiatria vem sendo uti-lizado desde 1993 e a área já é reco-nhecida pelo Conselho Federal de Me-dicina (CFM) como um dos camposde atuação da especialidade de Der-matologia. Os profissionais especia-lizados nesse segmento trabalham emprol da beleza por meio, na maioriadas vezes, de procedimentos realiza-dos em consultório e pelo uso dos cha-mados cosmecêuticos, produtos que

combinam substâncias ativas à pro-priedade cosmética, agregando tex-tura, cheiro e aspecto agradáveis aomedicamento. A Cosmiatria tem avan-çado rapidamente, sobretudo na bus-ca por substâncias menos agressivasao corpo e técnicas que permitam aopaciente se afastar o mínimo possí-vel das atividades diárias.

Para Sergio Talarico, coordena-dor da Unidade de Cosmiatria, Ci-rurgia e Oncologia do Departamentode Dermatologia da Universidade Fede-ral de São Paulo-Escola Paulista deMedicina (Unifesp-EPM) – que exis-te desde novembro de 2002 e atendepacientes do Hospital São Paulo peloSistema Único de Saúde (SUS) –, umadas maiores conquistas da Cosmia-tria foi a descoberta dos efeitos da toxi-na botulínica – da qual o Brasil é o se-gundo maior consumidor do mundo –no combate às rugas e marcas de ex-pressão. “É um procedimento poucoinvasivo e não-agressivo, que demons-

Para auxiliar os pacientes na escolha das melhoressoluções para preservar a beleza do rosto, os especialistasdevem conhecer profundamente a anatomia da face

Sergio Talarico

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Beleza

31Super Saudável

trou ser seguro, apresenta resultadosgratificantes e agora tem evoluído comaplicações para atuar em rugas dinâ-micas, formas e contornos”, ressalta.

O emprego do ácido retinóico con-tra o fotoenvelhecimento e da isotre-tinoína oral para interromper o pro-cesso evolutivo do quadro de acnesão outros grandes avanços da Cos-miatria. Os peelings e lasers tambémtêm sido aprimorados para atingir aderme – onde se localizam as rugasmais profundas –, a flacidez da pele,cicatrizes de acne e melasmas mis-tos, sem a utilização de procedimen-tos abrasivos. A coordenadora do De-partamento de Cosmiatria da Socie-dade Brasileira de Dermatologia (SBD),Dóris Hexsel, destaca entre as novida-des da área a radiofreqüência, técni-ca em ascensão que foi desenvolvidanos Estados Unidos e já existe no Bra-

sil por meio de um aparelho chama-do ThermaCool. A técnica alterna ondasintensas de frio e calor e provoca rea-ções químicas que estimulam a pro-dução de colágeno, indicado para re-juvenescimento da pele do rosto e pes-coço. “Esse procedimento promovea retração da pele sem nenhum efei-to abrasivo”, explica a médica.

Mesmo para as intervenções maissérias, como o peeling de fenol, queage na camada mais profunda da pelee precisa ser realizado em ambientehospitalar, estão sendo utilizadas novassubstâncias, mais suaves, como o fenolatenuado. O procedimento é indica-do para pessoas de pele clara e queapresentam muitas rugas profundas,adquiridas principalmente devido aofotoenvelhecimento, e cicatrizes cau-sadas pela acne. O dermatologista norte-americano Peter Rullan, especialista

na técnica e que participou em julhode uma demonstração durante o I Cursode Cosmiatria da SBD, em São Pau-lo, afirma que o peeling de fenol ate-nuado é mais seguro para o pacienteem relação aos anteriores e apresen-ta excelentes resultados. “Esse peelingelimina 90% das rugas do rosto, de40% a 50% das rugas do pescoço e80% das cicatrizes de acne”, garante.Peter Rullan, que possui um centrocirúrgico no próprio consultório, ex-plica que, apesar da seriedade do pro-cedimento, o paciente pode ir paracasa logo após a intervenção e voltarnos dois dias seguintes apenas para aaplicação de medicação intravenosa.A técnica, bastante difundida nos Es-tados Unidos, ainda é pouco utiliza-da no Brasil.

Conhecimento – Os especialistas daárea de Cosmiatria concordam que atendência atual é a busca da belezacom naturalidade, por meio de pro-cedimentos rápidos e seguros, em queo paciente precise se afastar uma tar-de ou, no máximo, um fim de sema-na do trabalho, e que visem mais oaspecto preventivo do que corretivo.“As pessoas não querem mais passarpor cirurgias radicais ou mudar a apa-rência”, afirma Peter Rullan. O der-

Dóris Hexsel

32Super Saudável

matologista destaca, ainda, que paraajudar os pacientes na escolha dasmelhores soluções para preservar abeleza do rosto é fundamental que osmédicos cosmiatras tenham um co-nhecimento aprofundado da anatomiada face. “O especialista precisa enten-der o papel dos músculos, da gordu-ra e dos ossos para analisar preen-

chimento, proporções e flacidez dotecido. Os dermatologistas têm deaprender a avaliar a face como umcirurgião plástico”, argumenta, aoacrescentar que somente depois des-sa compreensão é possível dimensio-nar o que pode ser feito e quais re-sultados serão alcançados.

Além de oferecer conhecimentotécnico, o professor da Unifesp-EPM,Sergio Talarico, afirma que os derma-tologistas devem ajudar os pacientesna determinação de limites, para queuma pessoa de 60 anos não utilizetodos os recursos disponíveis para ten-tar parecer um indivíduo de 20. “Estánas mãos do profissional mostrar asexpectativas reais de tratamento, comética e respeito ao bom senso estéti-co”, enfatiza. Dóris Hexsel reforçaque, atualmente, os médicos possuemum maior conhecimento dos proces-sos que envolvem o envelhecimen-

Peter Rullan

to, que se caracteriza por perdas ós-seas, de gordura e de colágeno, quepromovem um afilamento das formasdo rosto e aprofundamento das ru-gas. E isso faz com que possam agirmais precocemente.

“Conhecer as causas do envelhe-cimento ajuda a retardá-lo e aplicarmais cedo procedimentos efetivos eminimamente invasivos”, acrescen-ta. Apesar dos avanços nos estudoscientíficos e na utilização de novastecnologias em Cosmiatria, os espe-cialistas reforçam a necessidade deinformar o paciente sobre medidas sim-ples de prevenção, como manter umaalimentação saudável e usar protetorsolar que, além de evitar o câncer depele, é uma das práticas mais efica-zes contra o fotoenvelhecimento. “Émelhor usar filtro solar do que apli-car botox”, lembra o dermatologistaPeter Rullan.

A preocupação com a saúde se re-flete na pele e na beleza do corpo e,por isso, a Yakult desenvolve maté-rias-primas cosméticas biotecnológi-cas há muito tempo, que são utiliza-das para a produção da linha YakultCosmetics. O primeiro ativo exclu-sivo a ser criado foi o Complexo S.E.,multifuncional obtido da fermenta-ção do leite e que tem ação altamen-te hidratante e antioxidante, além deequilibrar o pH da pele imediatamenteapós a aplicação. A composição quí-mica do Complexo S.E. é semelhan-te ao NMF (Fator de Hidratação Na-tural) inerente da pele e tem fácilabsorção. Outro ativo biotecnológicodesenvolvido com microrganismospela empresa é o ácido hialurônico ma-

cromolecular, capaz de reter 60 li-tros de água por grama. O ácidohialurônico é uma substância natu-ral do organismo humano encontra-da na derme, no globo ocular e nasarticulações, que diminui em quanti-dade com o passar dos anos.

Os pesquisadores da empresa tam-bém conseguiram obter a proporçãoideal de dois alfahidroxiácidos – oácido lático e o ácido glicólico – com-ponentes naturais da pele que ajudama equilibrar o ritmo de renovação ce-lular, além de desenvolver nanosferasmultilamelares, camadas concêntricashidrófilas e lipófilas onde é possíveldissolver ativos, como vitaminas eoutras substâncias que têm a capaci-dade de chegar às camadas mais pro-

fundas da pele. Graças à biotecnologia,a empresa obteve, ainda, isoflavonasativas que ajudam a pele a obter emanter os elementos de sustentaçãoe, desta forma, evitar a flacidez e re-cuperar o tônus. Pesquisas feitas noJapão indicam que as substâncias aju-dam a produzir ácido hialurônico, quepreenche os espaços onde estão oscolágenos e elastinas no nível da derme,ajudando a diminuir rugas e fazendoum efeito de lifting.

Biotecnologia aliada à beleza

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33Super Saudável

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Artigo

“Desde a invenção da radiogra-fia, as imagens têm se transformadoem aliadas cada vez mais constantesda Medicina. Hoje em dia, os diag-nósticos com esse tipo de recurso sesofisticaram, fornecendo mais riquezade detalhes, como no caso dos tomó-grafos de última geração e nos exa-mes de ultra-sonografia, em que asmães grávidas podem enxergar o fi-lho que estão gerando e saber comantecedência as condições de saúdee o sexo da criança. Na minha vida,o interesse pela imagem e a Medici-na surgiram praticamente ao mesmotempo. Comecei a fotografar aos 15anos de idade, depois de ganhar umamáquina fotográfica do meu avô. Noinício, usava uma pequena máquinada Kodak e fazia fotos em festas, reu-niões de família e durante as viagens.Aliás, sempre que viajo levo meu equi-pamento e enriqueço sempre os pas-seios com as recordações que tragoarmazenadas na película do filme.

Desde a primeira máquina que tive,fui tomando cada vez mais gosto pelafotografia e cheguei a fazer um cur-so básico para conhecer um poucomais sobre as técnicas. Durante anosassisti a documentários sobre o as-sunto. Com um pouco mais de conhe-cimento, resolvi que era hora de conse-

guir uma máquina mais sofisticada.Foi quando adquiri uma Laika, du-rante uma viagem à Alemanha, em1955. Algum tempo mais tarde com-prei uma Zeis, com lentes teleobjeti-vas intercambiáveis. O interesse pelaMedicina também surgiu nesse pe-ríodo, quando tive de escolher qualcarreira seguir. Naquela época, as op-ções eram três: Engenharia, Direito ouMedicina. Optei pela última e foi umaescolha feliz, pois gosto do que façoao longo desses 50 anos de profissão.

Como médico patologista, com otempo juntei duas coisas que gostava,quando surgiram equipamentos capa-zes de fazer fotos microscópicas. Sem-pre trabalhei na Santa Casa de Mise-ricórdia de São Paulo, e nela tenhoexercitado meu fascínio pela fotografia.Procuro documentar a natureza, prin-cipalmente flores, e os jardins da SantaCasa me propiciaram uma paisagemideal. Durante os últimos 15 anos re-gistrei as florações de árvores do hos-pital em épocas diferentes. Além deter uma grande variedade de árvores,

Olho clínicopara captarimagens

a arquitetura do prédio do hospital,em estilo gótico, dão um ar europeuao lugar, compondo paisagens belís-simas que podem ser exploradas dediversos ângulos. Na prática da Me-dicina ou na arte da fotografia há umaquestão que as aproxima profunda-mente: o poder de observação. As-sim como para um bom diagnóstico,o profissional necessita prestar aten-ção aos mínimos detalhes. Para con-seguir uma boa foto, não basta co-nhecer a técnica e registrar o que estáà frente das lentes, em um gesto mera-mente mecânico. Nas duas ativida-des existe a necessidade de sensibi-lidade e é preciso ter um poder deobservação apurado, e é onde procu-ro exercitar meu olho clínico.”

Luiz Gonzaga Saraiva formou-seem 1950 pela Escola Paulista

de Medicina (hoje UniversidadeFederal de São Paulo), é especialista

em Patologia Clínica, CitologiaGeral e Hematologia e trabalha

desde 1951 na Santa Casa deMisericórdia de São Paulo.

Olho clínicopara captarimagens

“Somos uma família preocupadaem ser ‘supersaudável’ e arevista, de grande conteúdoinstrutivo e muito bemapresentada, nos conquistou.”João Henrique Rosselli BiroliSão José do Rio Preto – SP.

“Todo conhecimento é bem-vindo, mas quando se trata dealimentação saudável e um bomcondicionamento físico, me sintoeufórica, vibrante. E foi o queaconteceu comigo quando li estarevista ‘dádiva de Deus’. É ótima.Estão todos de parabéns.”Maria Bernadete HalpersCuritiba – PR.

“Sou nutricionista,estoucomeçando a entrar na áreada pesquisa e a revistaestá me deixando muitoatualizada. Parabéns poresse belo trabalho.” – TatianaFeijó Barra Mansa – RJ.

“Conheci a revista SuperSaudável num consultóriomédico e, como estou fazendocurso de terapia floral, osassuntos sobre saúde sãode muito interesse para mim,

Rua Álvares de Azevedo, 210 - Sala 61 - Centro - Santo André - SPCEP 09020-140 - Telefone: (11) 4432-4000 - Fax: (11) 4990-8308e-mail: [email protected]

Em função do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mails recebidos. Mas a coordenação da revista Super Saudável agradece

a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação.

principalmente pela forma comoestão sendo abordados por vocês.Parabéns!.” – Edi ZivianiD´Angelo – Santana deParnaíba – SP.

“Sou farmacêutica e tive acessoà revista por uma amiga. Acheiótima.” – Lucila MartinoRibeiro – Atibaia – SP.

“Gostei muito das matériase gostaria de parabenizara todos, que por meio destapublicação trazem informaçõesde grande valor aos leitores.”Karina Alessandra da SilvaPiumhi – MG.

“Fiquei muito interessada peloconteúdo da revista SuperSaudável, uma publicação deótima qualidade e utilidade naminha experiência profissional.”Ana Paula KummerNutricionista – Curitiba – PR.

“Sou brasileira, educadora/pedagoga e vivo nos EstadosUnidos há 5 anos. Estoudesenvolvendo um projeto sobresaúde e qualidade de vida juntoa outros profissionais com o

objetivo de conscientizar apopulação latino-americanaque vive no exterior e seriamuito grata se pudesse obterexemplares da revista SuperSaudável para complementarnosso trabalho de pesquisa edivulgação.” – Roseli LimaSalt Lake City – USA.

“Achei superinteressante arevista, cujas matérias instrueme orientam. Sou consumidora deYakult há muitos anos e a revistavem reforçar o quanto o produtose faz importante para a nossasaúde. Parabéns pela ótimarevista e artigos, qualidadetotal em artigos e gráfica.”Valéria Cristina N. da SilvaNuporanga – SP.

“Sou enfermeira formada há 7anos e conheci a revista SuperSaudável no consultório do meuginecologista. Gostei muitodos artigos nela contidos.”Luciana Ribeiro MartinsNunes – Jundiaí – SP.

“Estou escrevendo porquerecentemente tive acesso àrevista Super Saudável e achei

muito interessante o conteúdoda mesma. Vocês estão deparabéns. Sou engenheira dealimentos e pesquisadora naárea de produtos lácteos, ondeestudo probióticos e soja, egostaria de passar a receberesta revista devido à importânciado seu conteúdo, pois me ajudariaem muito nos assuntos queestudo.” – Raquel GuttierresTupã – SP.

“Sou comerciante do ramo depanificação e meu fornecedorme presenteou com um exemplarda Super Saudável. A revista trazinformações importantíssimaspara a saúde da minha famíliae também um conteúdo muitorico para as pesquisas escolaresdo meu filho de 7 anos.”Marines Rodrigues Salatielde Siqueira – Tatuapé – SP.

“Em primeiro lugar queroparabenizá-los pela revista,que contém sempre assuntosatuais e interessantes. Estoucursando o 3º ano de Engenhariade Alimentos e gostaria de recebera revista.” – Andréia AnschauNova Petrópolis – RS.

�Cartas para a Redação A resolução nº 1.701/2003 doConselho Federal de Medicinaestabelece que as publicações

editoriais não devem conteros telefones e endereços dosprofissionais entrevistados.Os interessados em obter

esses telefones e endereçosdevem entrar em contato pelo

telefone 0800 13 12 60.

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