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1Super Saudável

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A Revista Super Saudável é umapublicação da Yakult SA Indústria

e Comércio dirigida a médicos,nutricionistas, técnicos e funcionários.

Coordenação geralIchiro Kono

EdiçãoCompanhia de Imprensa

Divisão Publicações

Editora responsávelAdenilde Bringel - MTB 16.649

[email protected]

Editoração eletrônicaMaicon Silva

ColaboraçãoTania Aquino e

Carlos Eduardo Pretti

FotografiaArquivo Yakult e Ilton Barbosa

Capadra_schwartz / Istockphoto.com

ImpressãoVox Editora - Telefone (11) 3871-7300

Cartas e contatosYakult SA Indústria e ComércioAlameda Santos, 771 – 9º andar

Cerqueira CésarSão Paulo – CEP 01419-001

Telefone (11) 3281-9900Fax (11) 3281-9829www.yakult.com.br

Cartas para a RedaçãoRua Álvares de Azevedo, 210 - Sala 61

Centro - Santo André - SP - CEP 09020-140Telefone (11) 4432-4000

Diagnósticos complicadosEmbora a Medicina tenha avançado rapidamente nas últimas décadas, algumas doenças ainda se con-

figuram como verdadeiros enigmas para muitos médicos, que têm dificuldades no momento de fazer diag-nósticos. Isso ocorre, principalmente, porque muitas enfermidades são assintomáticas no início, como al-guns tipos de leucemia, cujos sinais e sintomas são inespecíficos, ou as doenças linfáticas que, emboraimportantes, ainda recebem pouca atenção. Nesta edição, as duas doenças são destaques e os especialis-tas orientam seus colegas para que diagnostiquem e tratem essas enfermidades rapidamente. Só assim serápossível garantir aos pacientes a possibilidade de tratamento e de cura.

Os editores

EDITORIAL

Turismo 32

ÍNDICE

Especial 18

4Matéria de capaMédicos afirmam que as doençaslinfáticas são negligenciadas pelasautoridades de saúde, o que dificultao diagnóstico e o tratamento precoces

Síndrome do olho seco causaqueixas freqüentes e atinge10% da população do planeta

Leite fermentado Yakult faz40 anos de Brasil com produçãodiária de 2,1 milhões de frascos

Estudo científico aponta açãode L. casei Shirota em pacientescom rinite alérgica no Japão

Projeto REDS-II objetivapadronizar dados de doadoresde sangue em todo o País

Tofu surgiu na China hámais de 2 mil anos e é umaboa forma de consumir a soja

Japoneses relatam comocomeçou a história da Yakultdo Brasil e os caminhos futuros

Cosmecêutica se apresentacomo solução intermediáriapara a área de estética e beleza

Consciência corporal ajudapacientes a melhorar problemasposturais e eliminar a dor

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A oncologista pediátricaAna Lucia Cornacchioniexplica porque ainformação é fundamentalpara que os pacientespossam vencer a leucemia

A capital da China –Beijing – está prontapara receber os turistase mostrar a belezae a importância desua história milenar

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CAPA

SRosângela Rosendo

Segundo a Organização Pan-Ameri-cana de Saúde (Opas), o linfedema é asegunda causa que mais desabilita indi-víduos para o mercado de trabalho nomundo. O problema é caracterizado pe-lo inchaço de membros inferiores e su-periores, incluindo face, pescoço, ma-mas, escroto e outras partes do corpo,decorrente de distúrbio provocado nacirculação do sistema linfático, que podegerar dores, deformidades nos membrose dificuldade de locomoção. Os linfede-mas afetam mais de 5% da populaçãoapós os 60 anos de idade, mas tambémpodem acometer crianças, adultos e jo-

Sistema linfáticoEspecialistas advertem que há negligência das autoridades de saúdepara informar a população e treinar profissionais sobre doenças linfáticas

vens. A Organização Mundial da Saúde(OMS) calcula a existência de 140 mi-lhões de indivíduos com o problema nomundo. As causas podem ter relaçãocom diversas doenças, inclusive neo-plasias. Apesar da importância do pro-blema, especialistas lamentam que asdoenças linfáticas não recebam a devi-da importância das autoridades mundiaisde saúde, o que demonstra certa negli-gência com relação ao diagnóstico pre-coce e ao tratamento adequado para evi-tar complicações.

Situado na parte mais superficial doorganismo, o sistema linfático integra osistema imunológico e é o primeiro a tercontato com agentes externos nocivos. Pormeio de uma extensa rede de vasos linfá-ticos, o sistema trabalha lentamente paramanter a integridade celular, regular omeio ambiente das células e fazer a reco-locação de proteínas e macromoléculas noorganismo. A cadeia linfática também de-pende dos linfonodos, que parecem mi-núsculas estações de filtragem de líqui-dos distribuídas pelo pescoço, axilas, viri-lha, abdome, joelhos e mediastino. Os lin-fonodos participam do processamento dedados imunológicos do corpo, com des-taque para as interações entre linfócitos,macrófagos e antígenos. A atividade de-corre do transporte e filtragem da linfa,substância líquida que contém fragmen-

merece mais atenção

José Maria Pereira de Godoy

tos celulares e de proteínas, alémde outros compostos que devemser neutralizados e eliminados.

O angiologista e cirurgiãovascular José Maria Pereira deGodoy, pesquisador do Conse-lho Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecno-lógico (CNPq) e livre-do-cente de graduação e pós-graduação da Faculda-de de Medicina de SãoJosé do Rio Preto (Fa-merp), explica queos vasos linfáticospossuem válvulasque se contraemcomo se fossemum coração e quefacilitam o des-locamento da lin-fa. Mas, quandohá falha mecânicano sistema de drena-gem, como problemasnos vasos coletores enos linfonodos, ocorre oacúmulo anormal de líquidos en-tre os tecidos. “O processo dá origem aoslinfedemas e também está associado à in-suficiência de proteólise extralinfática dointerstício celular e mobilização das ma-cromoléculas”, descreve.

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INICIATIVA BEM-SUCEDIDA Para contribuir com as técnicas terapêuticas no País, ainda pouco difun-

didas, em 2005 o angiologista José Maria de Godoy realizou pesquisa em que asso-ciou a drenagem linfática adaptada para crianças – com estímulo cervical e na região inguinale compressão de abdome – a cuidados de higiene e prevenção de infecções. “O tratamentoé intensivo e ajuda a reduzir de 40% a 100% do edema, em cinco dias, em mais de 80% dospacientes. A técnica deve ser feita por profissional capacitado”, orienta o médico.

O estudo também deu margem para a adaptação de uma meia de gorgorão caneladapara ajudar na contenção dos edemas. Após alguns meses de uso contínuo, os pacientesapresentaram significativa redução clínica e perimétrica do membro afetado. “Infelizmen-te não há suporte para o tratamento de linfedemas no Sistema Único de Saúde (SUS) eisso dificulta a vida da população”, lamenta José Maria de Godoy. O angiologista MauroAndrade acrescenta que os médicos devem ter consciência de que o sistema linfáticoexiste e é importante em situações de saúde e de doença. Mauro Figueiredo Carvalho de Andrade

A Doença de Milroy é um exemplo de doença congênita hereditária dos membrosinferiores, causada pelo desenvolvimento incompleto do sistema linfático. Normalmen-te, o problema se manifesta ao nascimento, principalmente em meninas. Também maisfreqüentes entre o público feminino, os linfedemas congênitos primários tardios apa-recem após os 35 anos de idade e costumam ser menos agressivos que os demais. “Aspoucas estatísticas existentes estimam que, na Europa, 2 milhões de pessoas apresen-tem linfedemas do tipo primário”, enfatiza Mauro Figueiredo Carvalho de Andrade,angiologista e cirurgião vascular do Hospital Sírio Libanês, membro do Comitê Execu-tivo da Sociedade Internacional de Linfologia e da Sociedade Brasileira de Linfologia.

O especialista comenta que, no público infantil, o problema pode ser confundidocom edemas provocados por picadas de insetos e traumas. Mas, ao primeiro sinal deinchaço no braço, na face, nas pernas e no tórax, o pediatra deve investigar as causasdo edema. Sem cuidados, o distúrbio pode tornar-se crônico e aumentar as chances deinfecções. Além do emprego de medicamentos, o tratamento pode incluir fisioterapiae drenagem linfática, bandagens ou braçadeiras de compressão, atividades físicas, mo-vimento das articulações e apoio psicológico.

Problema congênito

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CAPACAPA

Davimar Miranda Borducchi

Dependendo da cadeia linfática afe-tada, os linfonodos aumentam de tama-nho para ampliar o volume das célulasde defesa, desencadeando a linfonodo-megalia. A hematologista da Faculdadede Medicina do ABC (FMABC) DavimarMiranda Borducchi explica que, emboranão existam parâmetros regulamentados,médicos de qualquer especialidade de-vem saber identificar um linfonodo detamanho anormal e desconfiar das causas

dessa alteração. A médica lembra que,usualmente, crianças e adolescentes têmmais gânglios palpáveis do que os adul-tos. Os linfonodos são órgãos de defesa econtêm, basicamente, linfócitos e macró-fagos, que são células essenciais dos fe-nômenos de imunidade celular e humo-ral. Portanto, infecções causadas por di-ferentes microrganismos, doenças auto-imunes, reações de hipersensibilidade edoenças hematológicas podem levar àadenomegalia.

No entanto, o envolvimento de linfo-nodos regionais por células tumorais ébastante freqüente. “Sintomas sistêmi-

Linfonodomegalia indica defesa do

O aumento dos edemas devido à mácirculação da linfa aumenta as chancesde aparecimento de fissuras na pele, por-ta de entrada para microrganismos. Aerisipela é uma das complicações do lin-fedema, causada por um tipo comum deestreptococo que causa febre alta, verme-

ELEFANTÍASE

cos como perda de peso, sudorese no-turna, febre vespertina e prurido em umpaciente com linfonodomegalia podemindicar diagnóstico de linfoma”, alertaa médica. O linfoma de Hodgkin, porexemplo, é um mal do sistema linfáticoque compromete as cadeias linfáticas. Acurva de incidência segue um padrãobimodal com primeiro pico por volta de25 anos de idade e um segundo apósapós os 50 anos.

Já o linfoma não-Hodgkin compro-mete não só o tecido linfático como tam-bém outros órgãos e o próprio linfócitofabricado na medula. Talvez pelo au-

lhidão e rubor na pele, inchaço e dor. Os mé-dicos alertam que a filariose, doença parasi-tária crônica causada por vermes nematóidesque têm predileção pelo sistema linfático,facilita o aparecimento da erisipela. Na faseaguda, a doença pode desencadear inflama-ção dos vasos linfáticos, seguidas de febre,

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As neoplasias malignas podem aco-meter os linfonodos, fazendo parte doestadiamento dos tumores e determi-nando o prognóstico e o tratamento dosmesmos. “No câncer de mama invasivopode ocorrer disseminação para os lin-fonodos axilares e, dependendo da ex-tensão do problema, pode se tornar umdos fatores preditivos de sobrevida glo-bal e livre de doença”, explica Maria doSocorro Maciel, mastologista e cirurgiãoncológica do Hospital do Câncer ACCamargo. No tratamento cirúrgico docâncer de mama, a avaliação dos linfo-nodos axilares era efetuada por meio daretirada cirúrgica de média de 25 oumais linfonodos, com acentuada morbi-dade (linfedema, redução de sensibili-dade, infecções, dificuldade de movi-mentação do braço). Atualmente, coma detecção de tumores menores (de 1cma 3cm) e a ausência clínica de compro-metimento linfonodal axilar, a análise

Doenças tumoraiscomprometem linfonodos

organismo Maria do Socorro Maciel

é feita por meio de uma técnica menosinvasiva e com menor morbidade – pes-quisa do linfonodo sentinela (o primei-ro gânglio que recebe a drenagem linfá-tica do tumor). “É bom salientar que aprevenção do câncer de mama e a detec-ção precoce de lesões levam à melhortaxa de sobrevida e a tratamentos me-nos invasivos”, comenta a médica.

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mento da expectativa de vida e do diag-nóstico precoce, os idosos se destaquemcomo as principais vítimas da doença.“Uma boa avaliação clínica, exames deimagem e histológicos são fundamen-tais para decifrar o diagnóstico, desco-brir o estadiamento da doença e as ca-deias de linfonodos acometidas, e indi-car o melhor tratamento, que pode in-cluir quimioterapia, com ou sem radio-terapia”, sinaliza a especialista, ao enfa-tizar que, por agir somente nas célulasmodificadas, a imunoterapia tem apre-sentado resultados positivos no trata-mento dos linfomas.

dor de cabeça e mal-estar. Progressiva-mente, os pacientes também têm chancesde apresentar inchaço descontrolado dosmembros, como ocorre na elefantíase,quadro mais grave da filariose. “A doençacausa alteração funcional severa e incapa-citante”, explica o médico Mauro Andrade.

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MEDICINA

Rosângela Rosendo

Chorar faz muito bem para o ser hu-mano. Produzida continuamente, a lá-grima possui mais de 100 compostosimportantes – 90% de água, além de saisminerais e uma série de proteínas compropriedades antibactericidas e antifún-gicas. A substância dispõe também defatores de crescimento, que ajudam noprocesso de desenvolvimento e prolife-ração das células da superfície do olho,e mantém o revestimento ocular liso eregular, o que favorece a visão. Apesardesses benefícios, aproximadamente 18milhões de pessoas no Brasil sofrem coma Síndrome do Olho Seco, segundo esti-mativa da Associação dos Portadores doOlho Seco (Apos). Os especialistas aler-tam que os sintomas, muitas vezes, nãosão valorizados e podem ser confundi-dos com outras afecções oculares, como

a conjuntivite, fato que costuma prote-lar o diagnóstico. Sem o tratamento ade-quado, a síndrome pode ficar crônica e,em estágio avançado, comprometer se-veramente a visão.

A Síndrome do Olho Seco é definidacomo uma condição em que o pacientetem diminuída a produção da lágrimaou apresenta alteração da qualidade dasubstância, fatores que se refletem emsintomas oculares de intensidade variá-vel. O principal é o ressecamento ocu-lar, mas os pacientes também reclamamde sensação de areia nos olhos, verme-lhidão que costuma piorar no decorrerdo dia, irritação, baixa visual e dificulda-de para enxergar. Segundo o oftalmolo-gista José Álvaro Pereira Gomes, presiden-te científico da Apos e professor orien-tador de pós-graduação da Disciplina deOftalmologia da Universidade Federalde São Paulo (Unifesp), as causas do

A síndrome que

Sensação de areiae vermelhidão são

as principaisqueixas de quemtem o problema,

que afeta 10% dapopulação mundial

seca os olhos

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problema têm relação com a própria fi-siologia ocular em 90% dos casos.

“Com o avanço da idade é muito co-mum um indivíduo ter menos produçãode secreções pelas glândulas exócrinas.O quadro é mais evidente nas mulheres,principalmente quando entram na me-nopausa”, explica. Quando o organismoinicia esse processo, as glândulas lacri-mais também têm a produção de lágri-mas reduzida, fator que aumenta a pre-disposição a infecções. A diminuição daprodução de lágrima pode ficar maisacentuada devido a elementos externosassociados, como o uso contínuo de al-guns medicamentos, antidepressivos, an-

José Álvaro Pereira Gomes

Sérgio Felberg

ti-hipertensivos e anti-histamínicos, quepode provocar o ressecamento do olho.Fatores ambientais também têm íntimarelação com a síndrome. “Indivíduos quepermanecem muito tempo em ambientescom ar condicionado normalmente sequeixam mais do problema”, relata.

O médico da Apos acrescenta que apoluição, o acúmulo de poeira e a baixaumidade relativa do ar contribuem, demodo significativo, para a evaporaçãoda lágrima, facilitam a ação de agentesirritativos sobre o olho e pioram o pro-cesso inflamatório ocular. Sérgio Fel-berg, oftalmologista coordenador da Se-ção de Córnea e Doenças Externas e mé-dico responsável pelo Ambulatório deSuperfície Ocular e Lágrima da Facul-dade de Medicina da Santa Casa de Mi-sericórdia de São Paulo, ressalta quemuitas reclamações partem de indiví-duos que usam computador por váriashoras durante o dia. “O calor e a lumino-sidade do monitor tendem a ressecar ofilme ocular. E toda vez que uma pessoadesempenha alguma atividade com a mí-nima distância tende a piscar menos e re-duzir a lubrificação do olho”, adverte.

Medidas terapêuticas – Se a causaque desencadeou o distúrbio for cons-

tatada é possível amenizar os sintomascom medidas simples, como a reduçãodas horas em frente ao monitor e da per-manência em ambiente com ar condicio-nado. O tratamento mais comum paradiminuir o ressecamento inclui, ainda,o uso de colírios. O médico pode pres-crever, também, óculos especiais comsistema de vedação que evitam a eva-poração da lágrima em casos mais seve-ros. Outra técnica avançada é a intro-dução de plugs nos pontos lacrimais,que ajudam a aumentar o tempo de re-tenção da lágrima e, dessa forma, man-têm o olho lubrificado.

Dolores Rodriguez

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MEDICINA

Os especialistas comentam que de-terminadas doenças têm capacidade degerar olho seco, pois interferem na qua-lidade da lágrima produzida. A rosáceaocular é um exemplo de enfermidadeque faz com que a lágrima produzidaperca a capacidade de se distribuir nasuperfície do olho e desempenhar comeficiência a função protetiva. Outra doen-ça que provoca quadro sério de olho se-co é a Síndrome de Sjögren. Apesar deo mecanismo etiológico não ser comple-tamente definido pela Medicina, os mé-dicos comentam que a doença auto-imu-ne está associada à predisposição gené-tica somada a algum fator ambiental.“Pesquisas demonstram que a mulher,a partir dos 40 anos, é mais acometidaque o homem. A relação média é de novemulheres portadoras da doença para ca-da homem”, informa o oftalmologistaSérgio Felberg.

Devido aos diversos fatores que pro-vocam o ressecamento ocular, o diagnós-tico da Síndrome de Sjögren demora achegar ao reumatologista, especialista ha-bilitado a tratar o problema. Sônia MariaAlvarenga Anti, professora auxiliar deEnsino da Disciplina de Reumatologia da

Sônia Maria Alvarenga Anti

Causa patológica é mais sériaFaculdade de Medicina do ABC (FMABC)e médica preceptora do Serviço de Reu-matologia do Hospital do Servidor Públi-co Estadual, explica que a maior peculia-ridade da doença crônica é o ressecamen-to das mucosas que, de alguma forma,produzem secreções. “A doença provocasério processo inflamatório das glându-las exócrinas, lacrimais e salivares. Alémde olho seco, o paciente também se quei-xa de boca seca”, enfatiza.

Critérios – Em 2002 foi estabelecido umconsenso mundial sobre a Síndrome deSjögren. O protocolo contempla seis cri-térios, dos quais quatro positivos confir-mam a doença. Entre os parâmetros, opaciente tem de se queixar de olhos e bocasecos por três meses consecutivos. Alémdisso, é feito o teste de Schirmer, em queo paciente fica com uma tira milimetradana parte de baixo do olho por cinco minu-tos para verificar a quantidade de lágri-ma escoada. O teste com o colírio rosabengala também é aplicado para analisaráreas de ressecamento ocular.

Para constatar a boca seca são reali-zados a sialometria, que mede a quanti-dade de saliva do paciente; a sialografia

e a cintilografia, que consistem em exa-mes de imagem com contraste para oestudo da capacidade de produção eexcreção das glândulas salivares. A fimde caracterizar a doença auto-imune,exames laboratoriais de anticorpos ebiópsia da glândula salivar concluem odiagnóstico. “Além do controle do olhoseco, o tratamento da Síndrome de Sjö-gren deve incluir hidratação via oral euso de imunomoduladores, principal-mente se o paciente apresentar outrasdoenças auto-imunes, como artrite reu-matóide”, destaca Sônia Maria.

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LACTOBACILOS

Adenilde Bringel

Desde que foi criado no Japão, em1935, depois que o médico sanitaristaMinoru Shirota passou a pesquisar ca-minhos para controlar as infecções in-testinais que atingiam centenas de in-divíduos naquele país, o leite fermenta-do contendo Lactobacillus casei Shirotaganhou o mundo e passou a ser consu-midor por milhões de pessoas diaria-mente em todo o planeta. O alimento co-meçou a ser produzido no Brasil em1968 e, até hoje, aos 40 anos, ainda é oleite fermentado disponível no merca-do com a maior concentração de lacto-bacilos vivos por frasco. O leite fermen-tado Yakult tradicional possui 16 bi-lhões de Lactobacillus casei Shirota porfrasco e é indicado para crianças e jo-vens. Para atender ao público adulto foilançado, em 2001, o Yakult 40 com 40bilhões de lactobacilos por frasco.

As propriedades do leite fermenta-

do Yakult foram comprovadas em 2001,quando o produto foi considerado ‘ali-mento com alegações funcionais’ pelaComissão Técnica da Agência Nacionalde Vigilância Sanitária (Anvisa) do Mi-nistério da Saúde. Os alimentos são con-siderados funcionais quando demons-tram possuir potencialidades baseadasem informações científicas – que devemser comprovadas por meio de estudos epesquisas – de que podem ajudar a pre-venir doenças. A fábrica de Lorena, naregião do interior paulista conhecida co-mo Vale do Paraíba, para onde foi trans-ferida a linha de produção do leite fer-mentado em 1999, é a mais moderna daYakult em todo o mundo e produz, dia-riamente, média de 2,1 milhões de fras-cos do produto.

A maior preocupação do médico Mi-noru Shirota ao começar a pesquisar asbactérias intestinais no Japão, em 1930,era encontrar uma forma eficiente e efi-caz de repovoar a microbiota intestinal

saudávelAniversariante

Leite fermentado Yakult completa 40anos no Brasil e é o produto com maior

quantidade de lactobacilos vivos por frasco

por meio da ingestão de um alimentosaudável e acessível a todas as pessoas.Depois de se aprofundar nas pesquisassobre o lactobacilo – bactéria benéficapresente no intestino humano e quecompõe os cerca de 100 trilhões de mi-crorganismos que formam a microbiotaintestinal – o especialista percebeu quea cepa inibia a proliferação de bactériaspatogênicas nocivas à saúde. O cientis-ta criou, então, uma cepa bacterial paraprevenir que o lactobacilo morresse napassagem pelo estômago ou pelo duo-deno após ser ingerido. Para permitirque os Lactobacillus casei Shirota sobre-vivessem quando expostos ao suco gás-trico, o médico cultivou a cepa em sucogástrico artificial, em concentrações ele-vadas, até conseguir o resultado quebuscava.

Centenas de estudos, ao longo demais de 70 anos, confirmaram que acepa L. casei Shirota deixa a microbiotaintestinal mais saudável pela prolifera-

12Super Saudável

LACTOBACILOS

ção no intestino após a ingestão e pelaintensificação de bifidobactérias, que éuma cepa tipicamente benéfica. Os L.casei Shirota aumentam a resistência a in-fecções intestinais, inclusive carcinogê-nicas e mutagênicas, por meio da inten-sificação da função imunológica, porqueinibem a geração de substâncias nocivas.Além disso, por melhorar a digestão e aabsorção de nutrientes e regular os mo-vimentos intestinais, os Lactobacillus ca-sei Shirota suprimem problemas intesti-nais como diarréia e constipação.

Benefícios comprovados – Bactériasprobióticas, como os L. casei Shirota,quando são ingeridas por indivíduos coma microbiota intestinal desbalanceada,atingem o intestino grosso vivas e libe-ram ácido láctico e ácido acético. Ambostêm a propriedade de melhorar a ativi-dade intestinal, facilitar a digestão dosalimentos e a absorção de nutrientes.Além disso, inibem a produção de subs-tâncias nocivas, adsorvem (adsorção é apropriedade de uma substância sólidapara atrair e manter, em sua superfície,um gás, líquido ou uma substância em

solução ou suspensão) e eliminam subs-tâncias mutagênicas, o que previne doen-ças relacionadas ao estilo de vida. O coles-terol dietético é adsorvido pelos elemen-tos das paredes celulares dessas bactériase a adsorção é, dessa forma, inibida.

O L. casei Shirota também demons-trou, em diferentes estudos, que tem efei-to anti-hipertensivo e reduz alergias pormeio da modulação da atividade imune.Quem tem problemas intestinais ao in-gerir leite, por causa da lactose, tambémdeve sentir melhoras ao ingerir o leitefermentado contendo Lactobacillus caseiShirota. Isso porque algumas cepas debactérias lácticas decompõem a lactoseem glucose e galactose, quando usadascomo fonte de energia. Dessa forma, oslactobacilos metabolizam a lactose emum ácido orgânico e o hospedeiro utili-za esse ácido orgânico como fonte deenergia. Os efeitos imunológicos dosLactobacillus casei Shirota continuamsendo intensivamente estudados paradescobrir outros benefícios que a cepadesempenha na manutenção do balan-ço imunológico, por meio da influênciadas respostas imunes intestinais.

PROLONGAMENTO DA VIDA A saúde da microbiota intestinal pode ser afetada por fatores diversos como

estresse, uso excessivo de antibióticos, infecções bacterianas, dieta pouco sau-dável, envelhecimento e mudanças ambientais. O sanitarista Minoru Shirota acre-ditava que mantendo a saúde intestinal era possível contribuir para o prolonga-mento da vida. “O intestino saudável conduz à longevidade”, afirmava. Em termossimples, o intestino é conectado com o mundo externo através da boca e, por isso,o corpo tem várias barreiras para defesa contra a invasão bacteriana externa. Oácido gástrico e a bile representam essas barreiras e, portanto, os lactobacilospresentes nos alimentos têm de ser resistentes para passar pelo ácido gástrico epela bile e chegar vivos e em grande quantidade ao intestino. Os L. casei Shirota,em comparação às demais cepas existentes em produtos à disposição dos consumi-dores, são mais resistentes a essas barreiras do organismo e conseguem chegarem maior número ao intestino, favorecendo a microbiota e permitindo uma vidaintestinal muito mais saudável.

No Instituto Central de Pesquisas emMicrobiologia da Yakult, fundado em 1955por Minoru Shirota no Japão, já foram de-senvolvidas centenas de experimentos pa-ra investigar a microbiota intestinal, comênfase nas bactérias do ácido láctico, epara avaliar o relacionamento entre a mi-crobiota e a fisiologia humana. Os estu-dos procuram avaliar a atividade dos Lac-tobacillus casei Shirota com relação a vá-rias doenças. Um desses estudos demons-trou, por exemplo, que o L. casei Shirotadesempenha papel importante na ma-nutenção do balanço imunológico, pormeio da influência às respostas imunesintestinais. Um outro experimento ava-liou o efeito protetor da cepa contra ainfecção pela bactéria E. coli 0157, quepode provocar a parada dos rins, entreoutros prejuízos ao organismo humano.Em ambos os estudos, realizados comanimais, houve indicação de que o L.casei Shirota pode proteger contra a to-

Estudos indi

13Super Saudável

xina de Vero e E. coli 0157, resposta com-provada pelo exame microscópico dosintestinos delgado e grosso após a admi-nistração oral da bactéria.

Para demonstrar a ação benéfica dosLactobacillus casei Shirota em fumantes,pesquisadores conduziram estudo duplo-cego com 99 voluntários no Japão. As ati-vidades das células NK foram determina-das antes e após a ingestão dos probióticosda Yakult, e foi elaborado um questioná-rio para saber a quantidade de cigarrosconsumidos antes e durante a realizaçãodo teste, para ajustar a influência do fumosobre a atividade das células NK. Os cien-tistas constataram que a atividade das cé-lulas NK foi maior nos fumantes que inge-riram o leite fermentado, significando queos Lactobacillus casei Shirota foram eficien-tes no estímulo das células imunológicas.A atividade das células NK foi fortementeassociada ao tabagismo, sugerindo que arecuperação da atividade dessas células

do sistema imune em fumantes habituaispoderia estar relacionada à diminuiçãodos riscos de ocorrência de câncer.

Um ensaio duplo-cego foi realizado,em 2001, por cientistas do Departamen-to de Urologia da Faculdade de Medicinada Universidade de Tóquio, do Institutode Medicina Clínica da Universidade deTsukuba, do Centro de Estudos para Doen-ças em Adultos da Faculdade Médica deSapporo, da Escola de Medicina da Uni-versidade Gunma e da Universidade deKyushu. O estudo foi feito com 138 pa-cientes com carcicoma celular transicio-nal superficial de bexiga seguido de res-secção transuretral. O objetivo foi avaliara profilaxia da reincidência por um prepa-rado à base de L. casei Shirota (BLP) admi-nistrado oralmente.

Os pacientes foram divididos em trêssubgrupos: com tumores múltiplos pri-mários, com tumores simples reinciden-tes e com tumores múltiplos reinciden-

cam resultados positivostes e, em cada grupo, foram alocadosaleatoriamente para receber BLP ou pla-cebo. O BLP mostrou efeito profiláticomelhor nos subgrupos A e B que o pla-cebo, embora nenhuma diferença tenhasido observada no subgrupo C. Com isso,os cientistas demonstraram que a admi-nistração oral de BLP é segura e eficazpara a prevenção da reincidência de cân-cer superficial de bexiga.

Outro estudo foi desenvolvido peloMinistério do Trabalho e Bem-Estar So-cial do Japão com o Centro de Doençasdo Adulto da província de Osaka. O ex-perimento envolveu 400 pacientes quemanifestaram mais de dois tumores dointestino grosso, acompanhados por no-ve anos. Os pesquisadores utilizaram L.casei Shirota com resultados muito sig-nificativos, já que os pacientes que inge-riram a cepa tiveram redução de 2/3 naevolução do estado pré-cancerígeno detumores de alta malignidade.

14Super Saudável

INTRODUÇÃORecentemente, temos observado um

aumento no número de pacientes comrinite alérgica no Japão, e estima-se quecerca de 10% a 15% da população sofrado problema causado pelo pólen da ár-vore do cedro. Essa tendência pode se tor-nar um sério problema sob o ponto de vis-ta socioeconômico, devido ao desconfor-to causado pelos sintomas da alergia que,freqüentemente, causa transtornos à po-pulação durante a primavera. Os gastoscom medicamentos para amenizar os sin-tomas da alergia não são nada desprezí-veis. O tratamento mais usual para a ri-nite alérgica se dá por meio da adminis-tração de anti-histamínicos, vaporizaçãoa laser, neurotectomia e imunoterapia.Esses procedimentos são eficientes, masapresentam alguns problemas. Os anti-histamínicos causam efeitos colateraiscomo sonolência, ânsia de vômito ou dis-túrbios gastrointestinais, e sua dosageme intervalos de administração devem serrigorosamente controlados. A vaporiza-ção a laser, neurotectomia e imunoterapiarequerem internação ou longos períodosde tratamento ambulatorial.

Resultados de pesquisas realizadascom a suplementação de leites fermen-

tados contendo probióticos dão suporteà teoria de que o equilíbrio da microbiotaintestinal pode interferir no desenvolvi-mento das rinites alérgicas. O Lactobaci-llus casei Shirota interrompe a produçãoda IgE dos esplenócitos pelo aumento dasecreção de interleucina 12 pelos macró-fagos in vitro, e a sua administração im-pede o aumento da concentração de IgEe a indução dos sintomas anafiláticos apóssensibilização com ovoalbumina em ani-mais de laboratório. Assim, será conve-niente examinarmos se os L. casei Shirotasão capazes de aliviar os sintomas da aler-gia em humanos.

Avaliamos os efeitos do consumo doleite fermentado com L. casei Shirota empacientes com rinite alérgica ao pólen docedro por meio de um estudo controla-do com placebo, randomizado, duplo-ce-go. Essa pesquisa tem por objetivo de-monstrar que a ingestão do leite fermen-tado não impede o surgimento dos sin-tomas clínicos ou dos parâmetros imuno-lógicos anormais em pacientes alérgicosao pólen da árvore do cedro, mas poderáretardar o aparecimento dos efeitos inde-sejáveis nos pacientes com sintomas na-sais moderados a severos.

Publicado no International Archives of Allergy andImmunology em 2007, n° 143, páginas 75 a 82.

Masanobu Nanno, Kan Shida e colaboradores.Instituto Central de Pesquisas em Microbiologia, Tóquio, Japão.

rinite alérgica indu Efeitos dos pr

ARTIGO CIENTÍFICOARTIGO CIENTÍFICO

15Super Saudável

sobre a

Solicitamos a colaboração de voluntá-rios selecionados segundo os critérios deexclusão: uso de anti-histamínicos ou demedicamentos antialérgicos no período derealização da pesquisa, qualquer históricorecente de rinite aguda, sinusite, pólipos na-sais, rinite hipertrófica, deformidade no sep-to nasal, asma, distúrbios no fígado, rins,coração, órgãos respiratórios, glândulasendócrinas ou de metabolismo, tratamen-to com desensibilizantes, consumo freqüen-te de produtos lácteos contendo lactoba-cilos e alergia ao leite de vaca. Esse estudofoi realizado seguindo a Declaração de Hel-sinque e foi aprovado pelo Comitê de Ética.

A randomização foi efetuada por médi-cos que não estavam envolvidos com o pro-jeto. Todos os voluntários foram randomi-camente divididos em dois grupos por meiode programa do computador, sem diferen-ças significativas entre eles. O grupo doLactobacillus casei Shirota ingeriu o leitefermentado contendo 4 x 1010 UFC/80 ml eo grupo placebo ingeriu leite não-fermen-tado idêntico no aspecto e no sabor, massem L. casei Shirota. A acidez do placebofoi ajustada com a adição do ácido lácticopara os mesmos níveis do leite fermenta-do. Os níveis de contagem dos lactobacilosvivos foram confirmados para assegurarque tivessem no mínimo 5 x 108 UFC/ml de

L. casei Shirota e para verificar que tantoo placebo como o leite fermentado nãoapresentassem nenhuma contaminaçãopor outra bactéria.

Para assegurar a viabilidade dos L. ca-sei Shirota, os leites fermentados forampreparados semanalmente durante a pes-quisa. Além disso, foram checados os ní-veis de acidez e de açúcar. Solicitamos aosvoluntários não alterarem o ritmo normalde vida durante o experimento. Os volun-tários ingeriram 80ml de placebo ou deleite fermentado com Lactobacillus caseiShirota durante oito semanas. Todos ano-taram em um diário os sintomas ocularese nasais e a medicação ingerida, além deserem avaliados cinco vezes por médicosotorrinolaringologistas durante a pesquisa.

Os pontos de avaliação dos sintomasseguiram os padrões da Sociedade Japo-nesa de Alergologia. Espirros, nariz escor-rendo, nariz obstruído, ardor nos olhos eolhos lacrimejantes receberam pontuaçõesde 0 a 4 pelos voluntários, de acordo coma intensidade, e a pontuação dos medica-mentos foi estimada baseando-se na suaeficácia. A pontuação dos medicamentostambém seguiu a tabela da Sociedade Ja-ponesa de Alergologia. A condição clínicada cavidade nasal (inchaço e coloração damucosa nasal, quantidade e natureza do

muco) foi pontuada entre 0 a 3 para cadaitem, de acordo com a severidade do sin-toma pelos otorrinolaringologistas. A con-tagem do sintoma – medicamento (SMS) –foi calculada pela soma dos pontos dossintomas e dos medicamentos.

As amostras de sangue foram coleta-das quatro vezes durante o experimento eforam medidos os níveis de IgE antiárvorede cedro, eosinófilos e proteínas eosinófi-las catiônicas (ECP). Além disso, determi-nou-se a relação de células Th1 e Th2 (Th1/Th2). As células mononucleares do sangueperiférico foram estimuladas com acetatode miristato forbol mais ionomicina porquatro horas na presença de brefeldina Ae descolorido com anticorpo anti-CD4.

Após a fixação e permeabilização, o in-terferon-gama acumulado e a interleucina4 nas células T CD4+ foram descoloridos emedidos por meio da citometria de fluxo. Arelação de interferon-gama e células T CD4+contra interleucina 4+ e células T CD4+ foiexpressa pela relação Th1/Th2. O SMS foimedido toda semana. Diferenças nos valo-res do SMS e a descrição da mucosa nasalentre os grupos foram avaliadas pelo testeU de Mann-Whitney. Diferenças nos parâme-tros imunológicos foram determinados peloteste t de Student. Os dados foram analisa-dos com o programa SPSS versão 11.5.

MATERIAIS E MÉTODOS

zida pelo pólen de árvoresobióticos

16Super Saudável

ARESULTADOS

A Associação de Estudos do Clima do Japão relatou os seguintes dados: a concen-tração de pólen nos primeiros 10 dias de março variou de 10 a 30 pólens/cm2 (quecoincidiu com a quarta e quinta semanas após o início da ingestão), alcançando o picode 600 pólens/cm2 nos 10 últimos dias de março (sete semanas). Após esse período, asconcentrações voltaram aos níveis de 10 a 30 pólens/cm2 até o início de abril (novesemanas). Dos 120 voluntários selecionados, 11 desistiram por razões pessoais e 109(54 com placebo e 55 no grupo com os L. casei Shirota) conseguiram concluir o experi-mento. Não houve diferenças entre os dois grupos em relação à idade, níveis totais deIgE e de IgE antiárvore de cedro e gravidade dos sintomas alérgicos antes do estudo. OsSMS nasal e ocular começaram a surgir durante os primeiros 10 dias de março de 2005(quatro semanas após a ingestão) e pioraram acompanhando uma semana no grupoque ingeriu os L. casei Shirota comparada com o do grupo placebo, mas a diferença deSMS nasal não foi significativa entre os dois grupos. Entretanto, quando os pacientesforam divididos em duas categorias (suave e moderado a severo) baseadas na pontua-ção dos sintomas nasais antes do estudo, o SMS nasal de casos moderados a severos nogrupo com os L. casei Shirota foi menor na quarta e quinta semanas em comparaçãocom o grupo placebo (grupo L. casei Shirota n= 13, placebo n= 11).

As pontuações dadas pelos médicos que examinaram a cavidade nasal dos volun-tários, referentes ao inchaço e vermelhidão da mucosa nasal e na quantidade e natu-reza do muco, pioraram juntamente com o aumento da concentração de pólens noar. Entretanto, no geral não ocorreram diferenças significativas de pontos entre osdois grupos. Os resultados das análises de sangue mostraram que os parâmetrosimunológicos associados aos sintomas alérgicos aumentaram junto com a elevaçãodas concentrações de pólens. Os níveis de ECP subiram por quatro semanas e os deIgE antiárvores de cedro e de eosinófilos aumentaram por oito semanas, comparadoscom os dados coletados antes da ingestão. Não foram detectadas diferenças nosparâmetros imunológicos entre os dois grupos durante todo o período do estudo.Dividiu-se os voluntários em dois grupos de acordo com o grau de severidade dossintomas (suave e moderado a severo) conferindo pontos que, após análise estatísti-ca, não mostraram diferença significativa.

O estudo completo estará disponível no site da Yakult em breve: www.yakult.com.br

ARTIGO CIENTÍFICO

Deh Oliveira

A cada dois segundos algum pacien-te necessita de transfusão de sangue noBrasil. Esse dado revela a necessidade deassegurar volume suficiente do produto,bem como garantir o máximo de segu-rança ao procedimento. Para melhorarainda mais a qualidade do sangue doa-do, três hemocentros brasileiros partici-pam do projeto REDS-II (Retrovirus Epi-demiology Donor Study), cuja meta écriar um banco de dados informatizadopara identificar padrões de doadores, não-doadores e doadores eventuais. Com es-sas informações será possível estabelecerum histórico de quem costuma fornecer

Sangu com mais Projeto vai criar banco de doadores brasileiros para

Ester Sabino

17Super Saudável

sangue aos hemocentros e ajudar no con-trole de qualidade do produto, excluin-do antecipadamente quem já tenha apre-sentado restrições e, assim, evitando ris-cos de contaminação.

Os dados estão sendo armazenadosa partir de informações da Fundação Pró-Sangue de São Paulo, Fundação Centrode Hematologia e Hemoterapia de MinasGerais (Hemominas) e Fundação Hemo-pe, de Pernambuco, e tem a colaboraçãodo Grupo de Pesquisas em Bancos de Da-dos e de Reconhecimento de Padrões doInstituto de Matemática e Estatística daUniversidade de São Paulo (IME-USP).O REDS-II é o maior estudo realizado noPaís sobre segurança transfusional e tevepatrocínio do U.S. National Heart, Lungand Blood Institute of the National Insti-tutes of Health, que destinou verba deUS$ 3 milhões ao longo de quatro anos,com início em 2006 e término previstopara 2010.

A hemoterapeuta Ester Sabino, che-fe do Departamento de Biologia Mole-cular da Fundação Pró-Sangue e coorde-nadora geral do projeto no Brasil, contaque o programa foi desenvolvido inicial-mente nos Estados Unidos, na década de1980. A criação ocorreu logo após o sur-gimento da epidemia de AIDS e o regis-tro sistemático das informações se mos-trou eficiente para melhorar a qualida-de transfusional entre os norte-america-nos, cuja incidência de casos de conta-minação caiu acentuadamente a partirda implantação do sistema. A idéia dapesquisa realizada no Brasil é incluirposteriormente, no REDS, o trabalhodesenvolvido por outros bancos de san-gue do País. Atualmente, para ser doa-dor é preciso responder a um questio-nário, mas as informações não são ar-mazenadas e nem padronizadas, porisso não são totalmente confiáveis.

“Mesmo sabendo que não podem ser

doadoras, muitas pessoas ocultam asinformações, porque querem fazer exa-mes para descobrir se contraíram algu-ma doença. Isso torna o processo caro.O banco de sangue não é o local adequa-do para fazer essa investigação, mesmoporque, no período de janela imunoló-gica, muitas doenças não são detecta-das”, explica Ester Sabino. A incidênciade detecção de portadores de HIV, porexemplo, é de 4 para cada 10 mil exa-mes, enquanto o percentual de sanguedescartado por diversos problemas soro-lógicos chega a 20% em alguns hemo-centros. Além de reduzir o número dedoações que não serão aproveitadas, oarmazenamento dos dados e o cruza-mento das informações funcionarão co-mo instrumento eficaz para rastrearcom rapidez e investigar o surgimentode possíveis doenças, por meio da aná-lise constante dos padrões sangüíneoscoletados.

TECNOLOGIA

equalidade

dados com informações sobre aumentar segurança do procedimento

A criação do banco de dados pode ser benéfica não somente para quem necessita de transfusões, mas também para osdoadores habituais, pois a estratégia do programa é criar um vínculo de fidelização que permita se antecipar a um potencialproblema. “Ao estabelecer esses padrões será possível agir previamente, inclusive indicando a necessidade de ministrar medica-mentos caso se detecte qualquer alteração no sangue do doador, como um quadro de anemia, por exemplo”, observa João EduardoFerreira, professor do Departamento de Computação do IME, responsável pela criação do banco de dados.

Nancy Louie

FIDELIZAÇÃO

18Super Saudável

O

ENTREVISTA DO MÊS/ANA LUCIA CORNACCHIONI

18Super Saudável

Adenilde Bringel

Os diferentes tipos de leucemia es-tão entre as 10 mais graves neoplasiasno Brasil e devem atingir neste ano, se-gundo estimativas do Instituto Nacionalde Câncer (Inca), aproximadamente 10mil pessoas. Dos cânceres infantis, a leu-cemia também é o tipo mais freqüentena maioria dos países, com maior ocor-rência da leucemia linfóide aguda. Aoncologista pediátrica Ana Lucia Cor-nacchioni, do Instituto de Tratamentode Câncer Infantil do Departamento dePediatria da Faculdade de Medicina daUSP (Itaci-FMUSP) e do comitê cientí-fico da Abrale (Associação Brasileira deLinfoma e Leucemia), explica que a Me-dicina desconhece as causas da doençae afirma que a informação é fundamen-tal para o diagnóstico preciso e o suces-so do tratamento.

Como a leucemia se situa entre os

cânceres de forma geral?

Depende da idade. Por exemplo, nafaixa etária pediátrica a leucemia agudaé a primeira causa de doença. No adultoé a quinta ou sexta causa de doença.

Por que é tão incidente em crianças?

As causas não são bem definidas. Oque sabemos é que a célula, por algummotivo, sofre uma alteração genética. Aleucemia é um câncer de dentro da me-dula óssea, que é a ‘fábrica’ do sangue. Ea fábrica do sangue se renova. Nós rege-

neramos nossas células continuamente.Só para ter uma idéia, a cada 120 diastemos os glóbulos vermelhos renovados.Os glóbulos brancos se renovam a cada30 dias e as plaquetas, que fazem a coa-gulação do sangue, a cada 25 a 28 dias.É um processo de renovação contínua,assim como os cabelos, o trato gastro-intestinal, a pele... Esse processo de reno-vação ocorre em todo o nosso corpo con-tinuamente. Na leucemia, por algum mo-tivo – e existem vários motivos que a Me-dicina estuda – não temos uma causaversus um efeito. Diferentemente do cân-cer de pulmão, por exemplo, que tem umarelação direta com o fumo. Existem mui-tos estudos sobre leucemia com relação àexposição a pesticidas, às drogas e à ra-diação – não a radiação em dose altacomo as bombas ou explosões de radioa-tividade que são bem conhecidas e estu-dadas, mas a exposição contínua, no dia-a-dia – para saber qual o impacto dissono câncer. Mas não há nada conclusivo.

O que explica que a leucemia atinja

mais crianças, uma vez que não es-

tão expostas aos fatores de risco

mais conhecidos?

Não se explica. Na hora em que o fetoé formado no útero parte de duas célulaspara milhões de células. Existe uma ex-plicação lógica de que alguma célula maisimatura permanece e, a partir daí, se de-senvolve a doença. É uma doença congê-nita e não genética, ou seja, não passa depai para filho, excetuando-se alguns cân-

ceres em crianças que têm transmissão ge-nética, mas isso é muito mais raro. O tipode câncer na criança é completamentediferente do adulto e o que imaginamos éque alguma célula ficou quiescente, quie-tinha e, ao longo do desenvolvimento dacriança – que é muito rápido – essa célu-la também se desenvolve. O índice de in-cidência maior é entre 5 e 7 anos de ida-de. É muito precoce.

Como os pediatras podem desconfiar

da doença?

Como são doenças com sinais e sin-tomas inespecíficos, o que acho mais in-teressante é que os médicos fiquem aten-tos a certos sintomas. Por exemplo: fe-bre é igual à leucemia? Não, mas podeser. Dor nas pernas é igual à leucemia?Não, mas pode ser. Anemia é igual àleucemia? Não, não e não. E anemia pro-funda também não se transforma emleucemia. O que os médicos devem fazeré investigar sintomas persistentes, emcrianças e adultos. Se a mãe chegar noconsultório com uma dessas queixas, quedure mais de duas semanas, é precisoexaminar, rever essa criança com maisfreqüência e iniciar uma investigaçãodiagnóstica. Existem pediatras em todaa rede pública de saúde e não há dificul-dade em atender a todas as crianças. Opediatra deve estar atento, pois como éuma doença rara, o médico dificilmentepensa em câncer e, quando pensa, achaque é uma sentença de morte e tende aatrasar o diagnóstico.

Leucemia atingea ‘fábrica’ do sangue

19Super Saudável

Nos adultos jovens também ocorre?

As leucemias agudas têm certa inci-dência em adultos jovens, além dos lin-fomas de grau intermediário. Mas a in-cidência não é alta nessa população.

Como a leucemia se apresenta?

Como é uma doença multifatorial, asleucemias têm vários subtipos. Dois sãoos subtipos principais e, a partir daí, sónas leucemias agudas têm pelo menos 20subtipos diferentes. A explicação é a se-guinte: a célula da medula óssea vem deuma célula-mãe, que chamamos célula

progenitora hematopoética e é a que co-lhemos para fazer o transplante. A par-tir dessa célula única – mãe – todo o sis-tema hematopoético se diferencia. É comose a mesma mãe tivesse vários filhos comcarinhas diferentes. Normalmente, cadauma dessas células tem uma função dife-rente dentro da circulação sangüínea: ascélulas vermelhas vão carregar oxigênio;os glóbulos brancos, também com váriossubtipos, vão combater as infecções; asplaquetas vão permitir a coagulação dosangue para que, ao cortar o dedo, porexemplo, não fiquemos sangrando conti-

nuamente. Essas células tão diferentes ecom funções tão diversas vêm de umaúnica célula-mãe, de uma única célulaprogenitora. Para ela ficar madura pas-sa por vários passos dentro da medulaóssea. A cada um desses passos essa célu-la pode se transformar ou perder a capa-cidade de amadurecer e continuar com acapacidade de se proliferar. E, com isso,ela se prolifera uma célula doente, quenão tem nenhuma função no organismo,e essa é a explicação para os diversossubtipos. A cada passo dessa maturaçãoo seu DNA se modifica. Atualmente, con-seguimos caracterizar algumas das prin-cipais alterações do DNA dessas célulasdoentes e que tipo de transformação ocor-reu para sua transformação. Mas, por en-quanto, é só isso que a Medicina conse-gue detectar.

Que sintomas são mais comuns?

Nas leucemias agudas, sinais e sinto-mas se instalam em três meses, no máxi-mo. Nas leucemias crônicas pode haverhistória um pouco mais longa. Mas, habi-tualmente, o carro-chefe é uma febre per-sistente acompanhada de adinamia, quedeixa a pessoa sempre cansada, sem von-tade e é um dos sinais e sintomas da ane-mia. A doença ocupa um lugar na medu-la, que diminui a produção de glóbulos ver-melhos, de glóbulos brancos bons e saudá-veis e de plaquetas. A partir daí surgem ossintomas de anemia, como palidez, can-saço fácil e sono constante, e sintomas maiscomuns de deficiência de glóbulos brancos,que são as infecções. O paciente tambémtem mais dificuldade para fazer coagula-ção e surgem os sangramentos de váriostipos: nasal, nas gengivas ao escovar osdentes e os hematomas pelo corpo, em lo-cais onde geralmente não se costuma ba-ter, como costas e tórax. Gânglios linfáti-cos e linfonodos também são sinais da doen-ça. Esses sintomas são os mais comuns,mas a orientação é que os médicos reve-jam seu paciente, peçam exames, fiquempreocupados. Se palparem um baço e sen-

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20Super Saudável

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Todo pediatra podefazer diagnóstico de

leucemia sem grandesdificuldades, mas ele

precisa saber que existeo câncer em crianças.

tirem um gânglio, fiquem atentos. Todopediatra pode fazer um diagnóstico semgrandes dificuldades, mas ele precisa sa-ber que existe o câncer na criança. Éincomum, mas existe. Dos 10 mil casosde leucemia previstos neste ano, 1% seráem crianças. Mesmo assim a regra é des-confie e, na dúvida, encaminhe para umespecialista. No Brasil existe pelo menosum serviço de oncologia pediátrica emcada Estado. Serviços de hematologiapara diagnosticar leucemias em adultostambém não são incomuns. Se o médicotiver dúvida ou se o caso for muito gravedeve ligar para um colega para que essepaciente possa chegar mais rápido aosserviços especializados.

Os sintomas nos adultos são iguais?

Basicamente os mesmos nas leuce-mias agudas. Mas o adulto tem muitaleucemia linfóide crônica, que é mais in-cidente em idosos acima de 60 anos.Como ele vai ficando triste, cansado, comdificuldade para fazer as coisas, a famí-

lia acha que é depressão. Esse idoso ge-ralmente é encaminhado para o geriatrae o diagnóstico é feito pelo exame de san-gue. Como é uma doença de instalaçãomais lenta, a família não atenta para isso.A regra é: todo adulto deve visitar o mé-dico – clínico geral – pelo menos uma vezao ano. Essa conduta ajuda a evitar doen-ças ou detectar doenças com mais preco-cidade e vai garantir a qualidade de vida.

Diagnóstico precoce é fundamental?

Sem dúvida. Algumas leucemias crô-nicas, como a leucemia mielóide crônica,habitualmente não permitem diagnósti-co tão precoce porque os sintomas são maislentos. Mas, em qualquer doença com diag-nóstico precoce o planejamento do trata-mento é melhor, o paciente recebe me-nos quimioterapia e as chances de sobre-vida são maiores. Dependendo da faixaetária, na leucemia aguda as chances decura variam. Na criança entre 1 ano emeio até 10 anos, por exemplo, as chan-ces de cura costumam ser melhores doque nos adolescentes.

Por que é mais fatal para os jovens?

Existem várias situações. O tipo deleucemia é diferente, essas alterações ge-néticas de mau prognóstico são mais co-muns em adolescentes e adultos jovens ea resposta à quimioterapia é pior nessafaixa etária. Existem vários fatores que,

combinados, fazem do prognóstico me-lhor ou pior. Mas todos os pacientes sem-pre podem se curar do câncer, especial-mente tendo uma atitude positiva comrelação à doença.

O tratamento é quimioterápico?

Atualmente, com quimioterapia a so-brevida dos pacientes é excelente. Nasleucemias em crianças, 85% são curáveiscom o tratamento quimioterápico. É cla-ro que hoje se conhece combinações dequimioterapia que são mais efetivas paraessa ou aquela neoplasia, com boas chancesde sobrevida. Na década de 1960 câncerera igual à morte. Na década de 1970, ocâncer ainda era fatal, mas, hoje, depen-dendo do subtipo, os adultos com leuce-mia têm entre 50% e 60% de chance desobreviver; nos linfomas o índice é de 70%a 80%; em crianças é de 85%. Saímos deum diagnóstico fatalista para uma doen-ça que tem chance real de cura. Nas leu-cemias crônicas o controle da doença du-ra anos. Muitas vezes, o paciente falecede AVC, hipertensão ou diabetes e não daleucemia crônica. Mesmo que não cure,a Medicina prolonga a vida.

Dá para tratar a leucemia com tera-

pias-alvo?

Alguns subtipos de leucemia têm umtratamento com terapia-alvo, mas os ou-tros tipos não têm. A partir do momentoque começamos a entender essas quebrase alterações cromossômicas na célula doen-te estudamos, agora, medicações que vãoreparar esses genes de alguma forma.

Se for curada, a doença pode voltar?

Nas leucemias agudas, a doença podevoltar em vários momentos. Primeiro, opaciente pode não responder à quimiote-rapia inicial, o que é muito mais raro. Aolongo do tratamento existem alguns me-canismos de resistência ao quimioterápi-co e a doença volta, o que chamamos derecaída ou recidiva. Se esse evento ocor-re, planejamos um novo tratamento. A

ENTREVISTA DO MÊS/ANA LUCIA CORNACCHIONI

21Super Saudável

”“É preciso entenderque o transplante

exige umaidentidade genética.

chance maior de a doença recair ou re-cidivar é no primeiro ano de tratamento.Depois, a chance vai diminuindo cada vezmais. Existem recaídas ou recidivas com10 ou 15 anos, mas é muito raro. Por isso,nos ambulatórios de pacientes curadosvemos esses doentes continuamente. Elesdevem voltar pelo menos uma vez por ano.No caso das crianças acompanhamos to-do seu desenvolvimento após o términodo tratamento.

Os transplantes de medula dão chan-

ce de cura a todos os pacientes?

Na década de 1980 achávamos quesim. Afinal, era só destruir a medula doen-te e, em seguida, ‘trocar’ por uma medulasã – que poderia ser da família ou não –,transplantar no paciente e pronto, aca-bou a leucemia. Mas, começamos a per-ceber que a doença recidivava mesmo de-pois do transplante, em um tempo variá-vel. A partir daí começamos a definir qualera o paciente que tinha a mesma chancede sobreviver com quimioterapia conven-cional e transplante. Hoje, existem leu-cemias em que a indicação de transplan-te é formal a partir do controle da doen-ça, e outras em que com quimioterapiaconvencional vamos atingir os mesmosíndices de cura.

Qual a dificuldade para encontrar

um doador compatível?

É preciso entender que o transplanteexige uma identidade genética. Na horaque pegamos o pai, que vem de uma li-nhagem, e a mãe, que vem de outra, te-mos apenas 25% de chance de os filhosterem a mesma identidade genética, in-dependentemente do número de filhos. Achance de os pais serem doadores dimi-nui para 5%. Com parentes as possibili-dades são iguais à população em geral e,na população, a chance de encontrar umdoador é de 1 para 100 mil, segundo osdados do Redome (Registro Nacional deDoadores de Medula Óssea). Veja bem:atualmente temos 1,5 mil pacientes com

indicação para transplante que não têmdoador na família. Se a estatítisca é de 1para 100 mil precisaríamos ter 1,5 milhãode pessoas cadastradas, mas, no Redome,temos só 503 mil pessoas cadastradaspara doação voluntária de medula óssea.Esse é um dos grandes problemas.

Como é feito o transplante?

Existem duas formas. Primeiro vamosdireto na ‘fábrica’ do sangue do doador.Damos uma sedação leve – como a daendoscopia – e fazemos várias punções namedula para aspirar a medula do doa-dor. A partir daí separamos as células-mãe, guardamos e transplantamos para

o paciente na hora adequada. A segundaforma é por meio de uma máquina quechamamos de aférese. Alguns dias antes,o doador recebe uma medicação para quea célula-mãe ‘passeie’ pela circulação.Puncionamos uma veia calibrosa em ca-da braço, tiramos o sangue, separamos oque queremos e devolvemos ao doador oque não precisamos. Esse procedimentodura cerca de duas horas.

Há efeitos colaterais para o paciente?

Vários. Primeiro, destruir a medulasó é possível com quimioterapia em dosesmuitos altas e com muitos efeitos colate-rais imediatos. Os mais simples, comovômitos e mal-estar, são os mais fáceis decontrolar. Ao destruir a medula, o pacien-te fica sem produção de sangue, de gló-bulos brancos e plaquetas por cerca de 30a 40 dias. Com isso temos de dar sangueao paciente, o risco de infecção é muito

alto e por isso ele não pode comer nadacru e não pode receber visitas. Nesses 40dias ele tem risco de infecção e de rejei-ção, que pode ser maior ou menor depen-dendo da compatibilidade. Também exis-tem vários efeitos colaterais decorrentesda rejeição, que pode causar doenças depele – que é o mais comum –, alteraçõesde função de fígado, alterações de funçãode rim. Por isso temos de selecionar o pa-ciente que precisa do procedimento. Otransplante é um tratamento penoso,caro e que envolve enormes riscos. Alémdisso, só podemos fazer transplante coma doença controlada por meio de quimio-terapia. O transplante é o coroamento deum tratamento bem-sucedido.

E as células do cordão umbilical?

O bebê tem um grande número de cé-lulas-mãe circulando no cordão umbili-cal e na placenta, que geralmente são des-prezados quando ele nasce. O que faze-mos é colher esse cordão, separar a célu-la-mãe e guardar. A dificuldade do usodo sangue do cordão é que, se o pacientefor muito gordo ou muito grande, as cé-lulas-mãe colhidas podem ser insuficien-tes para ‘povoar’ a medula óssea. A orien-tação é utilizar o cordão somente paraadultos com menos de 50 quilos ou parauma criança. Outra limitação é que, sepor ventura essa medula não ‘pegar’ nopaciente, ele ficará sem produção de cé-lulas, precisaremos de um outro trans-plante e não teremos o cordão. Apesar dasdificuldades, o sangue do cordão é umaexcelente possibilidade e precisamos termais bancos de cordão no Brasil paraatender os pacientes.

Qual o papel da Abrale?

Nossa função é dar apoio e informaçõesaos pacientes, que precisam receber a infor-mação correta sobre a doença e sobre oscaminhos que a Medicina pode percorrerpara buscar sua cura. É preciso encarar ocâncer de frente e entender que a doençapode ser curada se tratada corretamente.

22Super Saudável

D

SAÚDE

Deh Oliveira

Desde a década de 1980, a gastronomiaoriental vem ganhando espaço no cardápio dobrasileiro. Apesar de saudável, o processo deconquista do paladar nacional foi lento, levan-do em consideração que, neste ano, se come-mora o centenário da imigração japonesa noPaís. A atual preocupação com a alimentaçãocontribuiu para aumentar o número de adep-tos da culinária típica dos países asiáticos,principalmente depois que estudos científicosatestaram os benefícios desses alimentos paraa saúde e a prevenção de doenças. Entreoutros alimentos, o tofu, uma dasiguarias mais populares da

gastronomia oriental, passou a ser ampla-mente consumido no País.

O tofu surgiu na China há mais de 2 milanos e foi introduzido no Japão pelos mon-ges budistas durante a Era Heian, por voltado ano 600, período que marca a ascensão dossamurais e seus principais clãs naquele país.Espécie de queijo produzido à base de leitede soja, o tofu é altamente proteico e nutriti-vo, funciona como uma importante fonte deácidos graxos poliinsaturados, aminoácidos,minerais (cálcio, fósforo e ferro) e vitaminas(B, D, E, F, K). O alimento possui baixa pro-

porção de gorduras saturadas e é in-dicado para a redução do coles-

terol, pois contém esteróis cuja

versátilTofu, um dos

principaisingredientesda culinária

oriental, possuibaixo teor

calórico e é ricoem nutrientes

Saudável e

Yin Yan

g /Istoc

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23Super Saudável23Super Saudável

Maria Rita Marques Oliveira

Maria Inés Genovese

Para ajudar na prevenção de umasérie de enfermidades, como câncer,osteoporose e doenças cardiovascula-res, a Organização Mundial da Saúde(OMS) recomenda o consumo diáriode pelo menos 30 gramas de proteínade soja, o equivalente à cerca de 100gramas de tofu. No caso das mulhe-res, a ingestão regular de soja e seusderivados também tem sido associa-da constantemente à redução dos ris-cos de câncer de mama e, principal-mente, dos efeitos do climatério. A di-minuição dos sintomas da menopau-sa é atribuído principalmente às iso-flavonas, fitoestrógeno cuja estrutu-ra é similar ao beta-estradiol. Por essacaracterística semelhante ao estrogê-nio endógeno, as isoflavonas podemajudar a evitar alguns dos sintomasmais comuns durante o climatério,principalmente os desconfortos cau-sados pelas ondas de calor no corpo.

A grande vantagem desse compo-nente da soja é que não apresenta osriscos já verificados em algumas pa-cientes que fizeram tratamentos dereposição hormonal, como aumentoda incidência de acidentes vascula-res, cardiopatias e câncer de mama.“A ação das isoflavonas tem sido com-provada em experimentos realizadosem laboratório e também pelo estu-do entre populações femininas cujadieta é composta de soja e seus deri-vados, como os povos orientais”, re-lata a professora de Bromatologia doDepartamento de Alimento e Nutri-ção Experimental da Faculdade de

Benefícios namenopausa

atividade antioxidante trabalha no me-tabolismo de lipoproteínas, prevenindoa oxidação da lipoproteína de baixa den-sidade (LDL).

Os compostos presentes nos deriva-dos de soja apresentam estrutura seme-lhante ao colesterol, competindo com asubstância pelas vias de absorção e me-tabolismo, o que contribui para a redu-ção do colesterol sérico. “O efeito hipo-colesterolêmico também tem sido rela-cionado aos aminoácidos e peptídeos dasoja presentes no tofu”, observa a pro-fessora de Nutrição da Universidade Es-tadual Paulista (Unesp) Maria Rita Mar-ques Oliveira. Além de auxiliar na redu-ção do colesterol, algumas pesquisastêm mostrado que a proteína vegetalatua positivamente no metabolismo dainsulina, reduzindo a deposição abdo-minal de gordura.

Ciências Farmacêuticas da Universi-dade de São Paulo (FCF-USP) MariaInés Genovese. Pesquisas revelam quesomente 15% das mulheres orientaisse queixam dos sintomas relaciona-dos ao climatério, enquanto nas oci-dentais o índice chega a 80%.

“A mulher oriental tem a presen-ça de soja na sua dieta desde crian-ça, sem a verificação de nenhum efei-to mutagênico, tóxico, teratogênicoou coisa similar”, destaca a professo-ra, ao acrescentar que a microbiotaintestinal tem uma participação mui-to importante na metabolização doscompostos da soja para que os efei-tos sejam ampliados. Um dado mui-to importante que surgiu há algunsanos é que essas isoflavonas podemser metabolizadas no intestino e for-mar um composto chamado equol,que tem atividade biológica altíssi-ma. “Então, os efeitos em um indiví-duo que tem essa flora bacteriana sãomais acentuados”, observa.

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24Super Saudável

DAdenilde Bringel

Desde que o navio Kasato Maruaportou em Santos, no dia 18 de junhode 1908, com os primeiros imigrantesjaponeses, a relação entre os dois paí-ses só se solidificou. Hoje, 100 anos de-pois da chegada das 165 primeiras famí-lias japonesas que buscavam uma vidamelhor no Brasil, a comunidade nipô-nica no País possui cerca de 1,5 milhãode nikkeis (descendentes que nasceramem outros paises) e é a maior do mundo

A constr Japoneses implantarama fábrica da Yakultno Brasil e fazem dafilial uma das maisimportantes para aempresa no mundo

SAÚDE

trato de soja adicionados de sucos defrutas no mercado brasileiro. O Tonyu,primeiro suco lançado em embalagemTetra Pak no Brasil, pode ser encontra-do nos sabores abacaxi, morango, ma-racujá, maçã e laranja com mamão.

Selo – A Sociedade Brasileira de Cardio-logia (SBC) certificou o Tonyu, em julhode 2001, com o Selo de Aferição da Qua-lidade do Fundo de Aperfeiçoamento ePesquisa em Cardiologia (Funcor), que re-conhece os produtos que facilitam a ma-nutenção da saúde e colaboram para aprevenção de doenças cardiovasculares.O comitê que aprova os alimentos é com-posto, entre outros, por cardiologistas epelo grupo de estudo de Nutrição da SBC,que avaliam os produtos baseados emanálises físico-químicas de laboratórioscredenciados pelo Ministério da Saúde.

Tonyu temextrato de soja

A bebida à base de extrato de sojaTonyu, criada em 1981 e lançada comexclusividade pela Yakult no Brasil comtecnologia 100% nacional, é totalmen-te natural e contém proteína vegetal, vi-taminas e sais minerais com um gosto-so sabor de frutas naturais. A bebida éideal para indivíduos que sofrem de in-tolerância à lactose, deficiência de lac-tase ou alergia à proteína do leite de va-ca, e para quem se preocupa em manteros níveis de colesterol dentro dos limi-tes normais.

Em estudos realizados com diversosprodutos à base de soja, pesquisadoresdo Departamento de Alimentos da Facul-dade de Ciências Farmacêuticas da Uni-versidade de São Paulo (FCF-USP) quan-tificaram cerca de 30mg a 40mg de iso-flavonas/1000ml de Tonyu, sendo o maisalto encontrado em alimentos com ex-

25Super Saudável

fora do Japão. A história da Yakult noBrasil começou 58 anos depois, com achegada de quatro jovens japoneses quevieram ao País com a incumbência demontar, aqui, a primeira filial da empre-sa fora da Ásia. Dois anos depois, outroscolaboradores da Yakult se juntaram aogrupo. Desses, muitos criaram raízes eescolheram o Brasil para viver.

“Quando chegamos não sabíamosfalar bem o português, embora tenha-mos estudado três anos o idioma no Ja-pão. Essa foi uma das maiores dificul-dades que encontramos”, conta Masa-hiko Sadakata, atual presidente da em-presa e um dos quatro japoneses quechegaram ao Brasil em 1966 com a res-ponsabilidade de encontrar uma áreapara implantar a fábrica. O executivo,que na época tinha 25 anos de idade eera recém-formado em Economia e Co-mércio Exterior, lembra que a colôniajaponesa no País era constituída deaproximadamente 150 mil pessoas, que

ajudaram muito para que os jovens re-cém-chegados se sentissem mais segu-ros. Com pouco mais de R$ 800 mil dis-poníveis para a empreitada, os quatrofuncionários da Yakult começaram aprocurar um terreno e encontraram, emSão Bernardo do Campo, no ABC pau-lista, as condições que procuravam paraa instalação da fábrica.

Depois da aquisição de terreno de405 mil m2 em área preservada de MataAtlântica – até hoje a fábrica ocupa ape-nas 3% do total da área, que continuaintocada – os representantes da Yakultbuscaram incentivo fiscal do governopara a importação das máquinas paraprodução do leite fermentado. “Muitaspessoas ajudaram na implantação daempresa no Brasil, como o Banco Améri-ca do Sul, que deu orientações de comodeveríamos trabalhar”, ressalta o presi-dente. Como a Yakult no Japão mantémsistema de venda porta-a-porta desde afundação da empresa, em 1935, a filial

ução de uma históriabrasileira também precisou selecionarmulheres que quisessem desenvolver aatividade. E essa foi mais uma das difi-culdades encontradas pelo grupo incum-bido de administrar os negócios no País.

“A maioria das mulheres brasileirasnão trabalhava naquela época e foi difí-cil encontrar senhoras que tivessem operfil que precisávamos”, afirma o exe-cutivo, que chegou a fazer vendas domi-ciliares para ensinar a técnica às novasrevendedoras. Masahiko Sadakata res-salta que era complicado explicar para asdonas-de-casa que naqueles frasquinhosde leite fermentado havia microrganis-mos vivos em quantidade suficiente paracolonizar a microbiota intestinal. Mesmoassim, no primeiro ano de fabricação doleite fermentado Yakult a empresa já ven-dia cerca de 10 mil frascos por dia do pro-duto. No ano seguinte – 1969 – a quanti-dade diária comercializada já era de qua-se 44 mil frascos. Atualmente, a produçãomédia é de 2,1 milhões de frascos por dia.

DESTAQUE

26Super Saudável

Uma vida d Além dos quatro primeiros funcioná-

rios que chegaram no Brasil em 1966, ou-tros foram enviados pela matriz para darsuporte e acompanhamento antes dainauguração da fábrica. Entre os que che-garam em 1968 estão Masahiro Kawabatae Sadao Iizaki, especialistas na área indus-trial. O engenheiro mecânico MasahiroKawabata, atual diretor superintendenteindustrial e responsável pela fábrica deLorena, tinha 24 anos na época. NaYakult Honsha desde 1959, quando ain-da estava no colegial, o colaborador tra-balhava na fábrica instalada na cidadede Sapporo. “Era para eu vir em 1966junto com os demais, mas fui destacado

Na Yakult desde 1965, quando atuavana área de Controle da Qualidade na fábri-ca de Fujisawa, o engenheiro agrônomo-veterinário Sadao Iizaki também acha o Bra-sil um bom lugar para viver. O atual diretoradministrativo da Divisão Cosmetics daYakult ficou assustado assim que chegouao Brasil, aos 26 anos de idade – em 1968o País vivia um dos piores momentos da di-tadura militar – ao ver policiais pelas ruas

OPÇÃO PELO BRASIL

Quatro anos depois da inauguraçãoda fábrica no Brasil, os consumidores doRio de Janeiro passaram a receber os pro-dutos da Yakult. Sete anos depois, o leitefermentado começou a ser comercializa-do, também, no varejo. “Era mais fácilestar próximo dos consumidores naque-la época, porque havia somente casas emSão Paulo. Com a chegada de condomí-nios residenciais, no entanto, começou aficar um pouco mais complicado conver-sar com nossos clientes e foi preciso le-var o produto para os supermercados”,diz o executivo, que começou a trabalharna Yakult há 50 anos, no setor de produ-ção, antes mesmo de terminar o colegial.

Família brasileira – A vinda do Ja-pão era para ser temporária, mas o Bra-sil acabou se transformando na segun-da pátria de Masahiko Sadakata, que secasou com uma brasileira, com quemtem duas filhas e três netas. Apesar detodas as diferenças e das dificuldadesencontradas no começo, o executivo afir-ma que a experiência de sair do Japãofoi valiosa, pessoal e profissionalmente.“Aprendi, aqui no Brasil, a separar o tra-balho do lazer e da família. O japonês émuito ligado à empresa. Aqui no Brasileu consegui parar de pensar só em ser-viço. A vida não é só trabalho”, destacao presidente.

DESTAQUEFo

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O presidente da Yakult do Japão, Hisami Matsuzono (ao centro) inauguraa fábrica brasileira ao lado do médico Minoru Shirota (à esquerda)

Sadao Iizaki

27Super Saudável

CAMINHO SEGUROEmbora tenham sido represen-

tantes de gerações passadas que co-meçaram e ainda dão seqüência àhistória da Yakult no Brasil, são osmais jovens que colaboram para acontinuidade dessa história e fazema empresa cada vez mais sólida. Umdos representantes dessa nova ge-ração é Eishin Shimada. Diretor su-perintendente comercial da Yakult doBrasil há cinco anos, o executivo afir-ma que, ao chegar ao País vindo dafilial mexicana, a primeira impressãoera de um lugar mais estável e se-guro, mas sem tanto fervor quantoo México. Seis meses depois, no en-tanto, a percepção mudou comple-tamente. “Depois de analisar o mer-cado e a população brasileira pudeperceber que minha impressão es-tava errada. O Brasil, além de gran-de extensão territorial e recursos na-turais, tem um potencial humano mui-to grande”, enfatiza.

O executivo diz que os brasileirosmostram excelente desempenho quan-do compreendem a finalidade do tra-balho. “Brasileiros e japoneses real-mente se entendem muito bem. Es-tamos comemorando o centenário daimigração porque os dois povos res-peitam suas características e diferen-ças”, acredita. Com objetivo de au-mentar as vendas e transformar a fi-lial brasileira em uma das melhoresdo mundo, Eishin Shimada é otimistacom relação ao futuro. “Nossa metaé transformar a Yakult do Brasil naprimeira no mundo depois do Japão,por meio da unificação do pensamen-to e dedicação com máximo esforço.Em cinco ou seis anos esse objetivoserá atingido”, assegura.

e dedicaçãopara ficar no Japão e desenvolver as má-quinas injetoras de frascos que viriampara o Brasil”, relembra. O leite fermen-tado no Japão tinha frascos de vidro e afábrica brasileira foi a primeira a implan-tar a tecnologia do plástico.

Masahiro Kawabata chegou no Paísantes das máquinas e, enquanto aguar-dava para orientar a montagem, ajudouno término da construção da fábrica.“Ajudei a fazer calçamento, sistema detratamento de água potável e outros ser-viços”, diz. Quando as máquinas chega-ram no Porto de Santos, o engenheiroveio acompanhando o comboio até a fá-brica. A partir daí começaram a monta-

de arma em punho. Mesmo assim, nuncamais foi embora. “O contrato era de quatroanos e estou aqui há 40”, brinca. No come-ço, Sadao Iizaki teve dificuldades por cau-sa do idioma – embora tenha estudado por-tuguês no Japão – e também teve de usar amímica para se fazer entender.

Apesar disso, se adaptou logo e gos-tou das pessoas e do clima. “Em Hokkaido,minha província natal, faz muito frio. Aqui,

o céu é azul e o sol está sempre brilhan-do”, compara. O engenheiro fez apresen-tações técnicas sobre lactobacilos, minis-trou treinamentos para funcionários brasi-leiros e foi diretor industrial da fábrica deSão Bernardo do Campo. Ao mesmo tem-po, administrou a fazenda da Yakult emBragança Paulista e passou a dividir asatenções entre o leite e o gado Wagyu, tra-zido pela empresa ao País em 1992.

gem para, em setembro de 1968, dareminício à operação brasileira da Yakult.

Masahiro Kawabata ressalta que, pa-ra quebrar a barreira da língua, ensina-vam palavras em japonês para os ope-rários da obra – muitos aproveitados pos-teriormente para trabalhar na fábrica.“Na hora de montar tubulações e cone-xões, no entanto, entravam em ação asmímicas”, informa. Com isso, até hojealgumas palavras são ditas em japonêsna fábrica, como kin-eki (leite fermen-tado) e baiyô (fermentação). O diretorressalta que o que mais gosta nos brasi-leiros é a gentileza e amabilidade. “Esseé o melhor lugar do mundo”, enfatiza.

Masahiro Kawabata

28Super Saudável

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BELEZA

intermediá SoluçãoProdutos cosmecêuticosse propõem a oferecertratamento para apele na dose certa

Karina Candido

A busca da fórmula para manter a pele jo-vem, saudável, sem manchas ou vincos, princi-palmente após os 40 anos de idade, movimentaum mercado bilionário em todo o planeta. Alémdos cosméticos, que têm a função de limpar, pro-teger e hidratar a pele sem afetar a estrutura oufunção do organismo, e dos medicamentos, uti-lizados para prevenção e tratamento de doen-ças, os cosmecêuticos se apresentam como ca-tegoria intermediária porque podem agir ati-vamente na prevenção e tratamento de algu-mas condições da pele, com resultados signifi-cativos. Conhecidos como ‘cosméticos ativos’, oscosmecêuticos são indicados para casos comofotodano, acne, celulite, problemas de pigmen-tação, ressecamento e asperezas da pele, entreoutros. Além disso, têm a capacidade de modi-

ficar a aparência e a função das células cutâ-neas sem comprometer o organismo.

Segundo a especialista em Dermatologiapela Sociedade Brasileira de Dermatologia eAssociação Médica Brasileira, Doris Hexsel, asprincipais ações dos cosmecêuticos são a me-lhora da textura da pele, atenuação de rugas fi-nas e clareamento das manchas, e a maioria éusada na prevenção e no combate ao envelhe-cimento. “Os cosmecêuticos protegem as célu-las cutâneas contra danos causados pelos raiosUV-A, propiciam a redução das células pigmen-tadas que provocam as manchas, agem naregulação de estruturas celulares como glicosa-minoglicanos, matriz celular, DNA, fibroblastose mitocôndrias e, conseqüentemente, ajudama manter a pele saudável”, enumera. A dermato-logista destaca que os cosmecêuticos precisamser de fácil aplicação e absorção, e devem aten-der às características de cada tipo de pele.

É importante, ainda, estarem isentos decomponentes alergênicos e associarem uma oumais finalidades, como clareador com filtrosolar, por exemplo. “Para que tenham a açãoesperada, os princípios ativos dos cosmecêu-ticos precisam atingir as camadas mais inter-nas da pele, sendo o estrato córneo a principalbarreira a ser atravessada”, destaca. Doris Hex-sel acrescenta que os princípios ativos cosme-cêuticos podem ser ‘carregados’ através da pelepor meio dos veículos contidos nesses produ-tos, além de outros componentes que objeti-vam facilitar a passagem de tais ativos pela der-me, levando-os às camadas onde deverão agir.Segundo a médica, os princípios ativos maisfreqüentes nos cosmecêuticos são vitaminas Ce E, retinóides, alfahidroxiácidos, polifenóis,flavonóides, cumarinas e extratos diversos(chá verde, uva, maçã, arroz e soja, entre ou-tros), além de peptídeos, tensores e idebenona,que apresentam efeito antioxidante, de clarea-mento e rejuvenescimento.Doris Hexsel

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REGULAMENTAÇÃOPor definição, os cosmecêuticos contêm

ingredientes com efeito farmacológico, entre-tanto, não são submetidos aos mesmos órgãosde controle que os medicamentos. O médicoMário Cabral, coordenador do curso de pós-gra-duação em Medicina Estética da Associação In-ternacional de Medicina Estética, explica que acosmecêutica não está sujeita à revisão pelaFood and Drug Administration (FDA) e o termonão é reconhecido pelo Decreto Federal Food,Drug and Cosmetic, apesar de cosméticos ecosmecêuticos serem testados quanto à segu-rança. “Em geral, vitaminas, ervas, óleos varia-dos e extratos botânicos podem ser usados nacosmecêutica, mas o fabricante não pode ale-gar que esses produtos penetram além dascamadas superficiais da pele ou que tenhamefeitos semelhantes aos de medicamentos outerapêuticos”, reforça. Doris Hexsel destaca queos cosmecêuticos também precisam ter regis-tro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) e a diferença é que os medicamentosprecisam passar por diversas fases de pesqui-sa clínica, que envolvem pacientes e voluntá-rios saudáveis. “Nós almejamos que os produ-tos sejam estudados e testados no Brasil an-tes de receberem comprovação científica, poisa grande maioria dos cosmecêuticos entra noPaís e recebe registro da Anvisa com base emdados de estudos feitos no exterior”, enfatiza.Mônica Azulay

Comprovação – Geralmente produzidos porfarmacêuticos, químicos e médicos que traba-lhem em indústrias ou empresas de pesquisae desenvolvimento, os cosmecêuticos tambémpodem propiciar o aumento ou espessamentodas fibras de colágeno e elastina, responsáveispor manter a firmeza da pele. A afirmação éda professora responsável pelo setor de Der-matologia Cosmética da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (UFRJ), Mônica Azulay,e foi confirmada em estudo realizado na ins-tituição, sob sua coordenação, entre 2001 e2002. A pesquisa avaliou os efeitos clínicos ehistológicos resultantes da aplicação de vita-mina C tópica no tratamento do fotoenvelhe-cimento em 20 pacientes com idade entre 40e 50 anos. Durante seis meses foi aplicada vita-mina C em forma de ácido ascórbico no rostodas pacientes e, por meio de técnicas como amorfometria, os pesquisadores conseguirammensurar a quantidade de colágeno presenteno tecido antes e após as aplicações. “O au-mento da produção de colágeno foi altamen-te significativo e, em apenas um mês, a quali-dade clínica já era muito melhor”, revela. Otrabalho foi premiado no Congresso Brasilei-ro de Cirurgia Dermatológica em 2004.

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30Super Saudável

VIDA SAUDÁVEL

AKarina Candido

A cada dia se acentua a necessidade de obser-vação e conhecimento do próprio corpo. Por meioda sensibilidade, da vivência e da conscientiza-ção de cada parte do corpo é possível enten-der a linguagem do movimento e do equilíbriofísico, o que contribui para a educação e ree-ducação ou aprimoramento das habilidades bá-sicas do ser humano, para o desenvolvimentodas potencialidades e do autoconhecimento,além de ampliar a expressão corporal. Capazde ajudar pacientes com dores e problemas pos-turais, e auxiliar no alívio do estresse do dia-a-dia, essa percepção, denominada consciênciacorporal, também ajuda no bom desempenhode atletas, evita torções, quedas e artrose pre-coce, e garante um organismo mais saudável.

Célia Aparecida Stellutti Pachioni, profes-sora doutora e coordenadora do setor de Or-

topedia e Traumatologia da Faculdade de Ciên-cias e Tecnologia da Universidade EstadualPaulista (FCT-Unesp), explica que o exercíciode consciência corporal trabalha, inicialmen-te, os receptores sensitivos mais superficiais –da pele –, como o toque e o tato. A consciên-cia corporal também trabalha o sistema mus-cular, o equilíbrio e, ainda, a respiração, basede todas as ações do corpo. “O exercício deconsciência corporal pode ser realizado empé, sentado, deitado, individualmente ou emgrupo. As atividades desenvolvidas ensinamo paciente a pensar de forma mais atenta, li-berar as preocupações, detectar o que sente,interpretar as tensões e verbalizar, e é umaboa maneira de lidar com o estresse”, infor-ma a especialista, que coordenou uma pesqui-sa sobre consciência corporal em atletas velo-cistas. Desenvolvido entre 1998 e 2001, o es-tudo concluiu que, após as vivências, a cons-

ciência corporal dos participantes, que

do corpoConhecimento

do próprio corpoajuda pacientescom problemas

posturais

CONSCIÊNCIA CORPOR

Linguagem

A partir dos anos 1940, o desenho dafigura humana foi padronizado nos Esta-dos Unidos para analisar o nível intelec-tual das crianças. Mas, atualmente, mui-tos estudos passaram a utilizar esse mé-todo para averiguar o conhecimento cor-poral. O psicólogo especialista em Neu-roanatomia Humana e em Desenvolvimen-to Humano com ênfase na infância, Ade-mir De Marco, do Departamento de Edu-cação Motora da Universidade Estadualde Campinas (Unicamp), coordena diver-sas pesquisas de educação corporal quecontribuem para o aumento da atençãoao corpo. Com previsão para ser implan-tado no segundo semestre deste ano, um

31Super Saudável

AL NA INFÂNCIA

antes era pouco perceptível, foi desper-tada e, em vez de sobrecarregarem osmúsculos com a repetição de movimen-tos feitos de forma mecanicista, os atle-tas realizaram movimentos mais harmo-niosos durante o treinamento.

Segundo a professora, o trabalho deconsciência corporal é composto de exer-cícios comuns. A diferença está na manei-ra de executar os movimentos, que devemser feitos lentamente, com poucas repeti-ções e sempre com o uso da respiração pa-ra ajudar a soltar o corpo. A utilização de

materiais intermediários, como bolas ebastões, auxiliam o contato entre a pele eo chão, tocam regiões doloridas e onde hápouco movimento. “Atividades voltadasao próprio indivíduo, como Ioga e Pilates,já estão muito atentas a esses conceitos eajudam os pacientes, que passam até a fa-lar mais de si mesmos no dia-a-dia”, res-salta. Procedimentos que seguem essa li-nha também auxiliam no tratamento deproblemas de imagem corporal e distúr-bios de consciência corporal e propriocep-ção, como anorexia e bulimia, nos quais opaciente possui uma imagem distorcidado próprio corpo.

Propriocepção – Os exercícios de cons-ciência corporal despertam a sensibilida-de do corpo por meio dos órgãos proprio-ceptores, estruturas localizadas nos mús-culos, tendões e ligamentos que garantemuma transmissão neural eficaz. Respon-sáveis pelo mapeamento das partes docorpo no córtex cerebral, os propriocep-tores agem no corpo humano desde o nas-cimento do indivíduo e, se bem estimula-dos, respondem às informações com maiseficiência. “Além de estimular tendões e

dos projetos mais atuais consiste na apli-cação do Método Pilates em crianças, pa-ra avaliar a influência da atividade no ní-vel de consciência corporal.

Cerca de 25 alunos da Escola Munici-pal de Educação Infantil Maria Célia Perei-ra (Emei-Unicamp) serão avaliados por umano. Com adaptações feitas para atendero público infantil, o projeto enfatizará a cons-ciência de todos os movimentos feitos pelocorpo sem desprezar o princípio básico doPilates – a contrologia – que visa concen-tração, fluidez, centralização e respiração.“Exercícios de consciência corporal contri-buem para o desenvolvimento dos valorespessoais, morais e éticos da criança e, bio- Ademir De Marco

logicamente, trazem benefícios para os sis-temas imunológico e cardiovascular, ajudamna expansão dos pulmões e das fibras mus-culares, na divisão e multiplicação celular,fortalecem os ossos que estão em cresci-mento e melhoram a oxigenação dos teci-dos”, enumera. Outro estudo coordenadopelo especialista comprovou que a aplica-ção do Método Pilates diminuiu o númerode lesões nas atletas de uma equipe juve-nil de voleibol feminino de Piracicaba, bemcomo o tempo de recuperação nos casosde contusões. Como um dos princípios doPilates é desenvolver a flexibilidade, o in-divíduo fica menos propenso à ruptura eestiramento de fibras musculares.

Maria Rita Masselli

ligamentos, e prevenir quedas e entor-ses, é devido aos proprioceptores quequem pratica Ioga, por exemplo, conse-gue se equilibrar em apenas uma pernadurante vários minutos”, destaca MariaRita Masselli, professora de Cinesio-terapia e Fisioterapia em Reumatologiada FCT-Unesp.

A especialista acrescenta que a gi-nástica laboral é uma boa saída paraquem não tem condições socioeconô-micas, nem tempo livre, para outras ati-vidades. Alberto Bailoni Neto, professorde ginástica laboral especializado emFisiologia do Exercício pela Universida-de Federal de São Paulo (Unifesp) com-plementa que, nesses casos, quem erasedentário passa a adquirir consciênciacorporal suficiente para se observar me-lhor e procurar posturas mais ergonô-micas no trabalho e no dia-a-dia, até quea ação se torna automática. “Indivíduosativos têm mais consciência dos limitesdo corpo e, assim, conseguem se posicio-nar melhor em tudo o que fazem, inclu-sive ao sentar para trabalhar. Com isso,evitam dores nos joelhos, nas costas etendinite nos ombros”, afirma.

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32Super Saudável

TURISMO

A capital daChina esperaque os Jogos

Olímpicos sejamo trampolim

para despertaro interesse

de turistas detodo o mundo

Beijing! E

Rumo aJuliana Fernandes

Especial para Super Saudável

Entre 8 e 24 de agosto, durante a 29a edi-ção dos Jogos Olímpicos, milhões de olharesse voltarão para a capital da grandiosa China,país de maior crescimento econômico no mun-do (mais de 9% ao ano) e que detém a impres-sionante marca de 1,3 bilhão de habitantes –sete vezes a população do Brasil. Desses, cercade 17 milhões vivem em Beijing (Pequim), quedeseja aproveitar a visibilidade olímpica parase consolidar como um dos principais destinosturísticos do mundo. Com cerca de oito séculosde existência e muita história para contar, nãofaltam atrativos para que os chineses atinjamseu objetivo.

Embora shoppings suntuosos e edifícios mo-dernos sejam cada vez mais comuns na capitalchinesa, o passado de Beijing ainda está preser-vado e atrai milhares de turistas em atraçõescomo a Cidade Proibida, complexo de 800 edi-

fícios construído entre 1406 e 1420. A área foiresidência de 24 imperadores e seus respecti-vos criados, esposas e concubinas. Depois de umperíodo de 500 anos em que cidadãos comunseram proibidos de adentrar o local sob risco detortura e morte, em 1949 o acesso de visitantesfoi liberado e, desde então, o local virou até ce-nário de filme, como o Último Imperador, ven-cedor do Oscar de melhor filme em 1987.

Em uma das entradas da Cidade Proibidaestá a Praça da Paz Celestial (Tiananmen),onde se encontra o mausoléu do ex-presiden-te e fundador da República Popular da China,Mao Tse-tung. Apesar do nome, a maior praçado mundo – com 396 mil m2 – é lembrada porum episódio nada pacífico. Uma série de pro-testos liderados por estudantes, entre abril ejunho de 1989, contra o governo do PartidoComunista, foi reprimida pelo exército e resul-tou na morte de um número de civis até hojeindefinido. Recordações à parte, a visita à pra-ça é uma oportunidade de conferir aspectos

Cidade Proibidafoi construídaentre 1406 e 1420

33Super Saudável33Super Saudável33Super Saudável

PEQUIM OU BEIJING?Pipa, fogos de artifício, porcelana, acupuntura, tai chi

chuan... Seja na diversão, nas artes ou na medicina, as in-venções atribuídas aos chineses são tantas que fica difícilenumerar. Descrita com admiração pelo italiano MarcoPolo em visita à China no século 13, a sabedoria orientalestá presente também na culinária. O macarrão e o sorve-te, famosos na Itália – foi justamente Marco Polo quem te-ria exportado as receitas –, são originalmente chineses.

A culinária de Beijing, no entanto, é comentada peloexotismo presente em mercados tradicionais como o deWangfujing, onde são encontrados espetinhos dos maisinimagináveis ingredientes como escorpião, bicho-da-sedae estrela-do-mar. Uma sugestão menos estranha é o famo-so pato laqueado. Servida em pequenos pedaços e com mo-lho adocicado, a ave é assada depois de besuntada com mel.O mais tradicional é o do restaurante Quanjude, que pre-para a iguaria desde 1864.

EXOTISMOS À MESA

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Obra gigantescaUma das novas sete maravilhas do mundo eleitas em

2007 e mais um dos patrimônios chineses da humanida-de, a Grande Muralha impressiona pelos ziguezagues queacompanham serras e rios por milhares de quilômetros.A maior obra do mundo é resultado de um conjuntode antigas fortificações que foram unidas por meiode muros construídos e reconstruídos ao longo de 2mil anos para proteger o país de invasões. Dos 50mil quilômetros de leste a oeste que a muralhaatingiu um dia, restam pouco mais de 6 mil,divididos em partes como as de Badaling,Mutianyu e Simatai. Nos arredores da ca-pital chinesa, esses trechos são toma-dos por milhares de turistas inte-ressados em ver de perto omaior símbolo chinês.

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históricos e culturais de uma das civilizaçõesmais antigas do mundo, guardados no MuseuNacional da China, inaugurado em 2003 paraintegrar os museus da História da China e daRevolução Chinesa.

No país em que crenças em simbologiasmilenares definem até assuntos de interessemundial – a data de início dos Jogos Olímpicos,por exemplo, em 08/08/08, está relacionado àsemelhança da pronúncia do número oito como ideograma fa da prosperidade –, a visita a tem-plos budistas ou taoístas é uma experiênciaenriquecedora. Um deles é o Templo do Céu,ao sul de Pequim, no parque Tiantan Gongyuan.O conjunto de templos taoístas, erguido a par-tir de 1420, era utilizado pelos imperadores emorações por colheitas bem-sucedidas e nas cele-brações pelas graças alcançadas. Por sua impor-tância histórica, o templo é considerado Patri-mônio da Humanidade pela Organização dasNações Unidas para a Educação, a Ciência e aCultura (Unesco) desde 1998.

Dúvida de muitos, a diferença ortográfica se deve ao sistemachinês criado para unificar a grafia dos símbolos da língua chinesano alfabeto latino. No século 19, o sistema em vigor era o Wade-Giles em que a capital era grafada como Pequim. A palavra chegouaté o Brasil com os portugueses e enraizou-se no vocabulário. Aforma Beijing, oficializada no sistema fonético Pinyin que substituiuo Wade-Giles em 1979, ainda soa estranha aos ouvidos dos brasileiros,embora tenha sido adotada em grande parte do mundo. No Brasil,contudo, não há impedimentos à continuidade de uso dos nomesantigos. Outros exemplos são Xangai e Shanghai, Mao Tse-tung eMao Zedong, Hong-Kong e Xianggang.

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34Super Saudável

Em virtude do espaço, não é possível publicar todas as cartas ee-mails recebidos. Mas a coordenação da revista Super Saudável

agradece a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação.

CARTAS PARA A REDAÇÃO� A resolução nº 1.701/2003 doConselho Federal de Medicinaestabelece que as publicaçõeseditoriais não devem conter os

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CARTAS

“Ao contrário do que os médicos LenitaZajdenverg e José Eduardo Dutra orientam namatéria ‘Desnutrição sem classe social’, ediçãojaneiro a março de 2008, a mistura arroz +feijão constitui, sim, um bom aporte proteico,sendo a única combinação entre cereais +leguminosas que fornece todos os aminoácidosnecessários na alimentação. É um erro graveafirmar que a combinação em questão épobre em proteínas, vitaminas e minerais.”Luiza Zanatta BaggiottoBrasília – DF.

“Tomei conhecimento da revista SuperSaudável em um consultório odontológico.Achei muito interessantes os artigos e asreportagens publicadas.”José Esteves JunqueiraPresidente Prudente – SP.

“Amei a revista e, como tenho uma clínicade estética, acho tudo de bom colocá-la narecepção para as pessoas lerem.”Amelina NunesTimóteo – MG.

“Achei muito interessantes as matériasque a revista Super Saudável traz, porisso gostaria de receber essa revista.”Julia M. Akiyama OdaTupi Paulista – SP.

“Sou nutricionista, tive acesso aum artigo da revista Super Saudávele achei-a muito boa.”Cassia RetoriTrês Corações – MG.

“Sou especialista em dermato-funcionale gostaria de parabenizá-los pela matériaa respeito da celulite. Realmente, todo oconjunto de procedimentos comentados sãofundamentais no tratamento dessa patologia.”Elisangela TramontinaSão José dos Campos – SP.

“Aproveito para parabenizar todaa equipe da revista Super Saudável,que a cada edição vem se superando.”Theda Manetta da Cunha SuterOurinhos – SP.

“Sou aposentada e voluntária em clínicade dependência química. Voltei a estudar eestou no 5º ano da Faculdade de Psicologia.Vi a revista no consultório médico e acheimuito interessante.”Helena Matsuco TanigawaVila Mariana – SP.

“Achei a revista por acaso em uma sala deespera e, como sou nutricionista, comeceia folheá-la e amei!”Rosangela PereiraPorto Alegre – RS.

“Tenho recebido a revista Super Saudável jáhá algum tempo e tem me auxiliado muito,visto que atendo várias pessoas com problemasdiversos e, muitas vezes, até forneço artigosda revista para as mesmas. Pretendo, embreve, escrever a respeito de casos de pessoasque conheço que melhoraram após o usodiário de Yakult e que conheceram seusbenefícios após lerem reportagens da revista.”Vilma Marangoni Junqueirópolis – SP.