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Três tipos de câncer masculinoque merecem atenção especial

Alimentos funcionais sãodiscutidos por especialistas

Pesquisadores apresentamestudo com vírus Influenza

A alimentação pode interferir,inclusive, na saúde do cérebro

Pesquisa indica que mamografiapode detectar doença coronariana

Software pretende ajudar médicos no tratamento contra a Aids

Terapia que nasceu do Shiatsu

oferece conforto aos pacientes

Cosméticos da Yakult sãoutilizados em estudo clínico

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ expediente

A Revista Super Saudável é umapublicação da Yakult SA Indústria

e Comércio dirigida a médicos,nutricionistas, técnicos e funcionários.

Coordenação geralIchiro Kono

EdiçãoCompanhia de Imprensa

Divisão Publicações

Editora responsávelAdenilde Bringel - MTB 16.649

[email protected]

Editoração eletrônicaMaicon Silva

ColaboraçãoLeandro Giovede

FotografiaArquivo Yakult, Ilton Barbosa

CapaThinkstock

Impressão e fotolitosVox Editora - Telefone (11) 3871-7300

Cartas e contatosYakult SA Indústria e ComércioAlameda Santos, 771 – 9º andar

Cerqueira CésarSão Paulo – CEP 01419-001

Telefone (11) 3281-9900Fax (11) 3281-9829www.yakult.com.br

Cartas para a RedaçãoRua Álvares de Azevedo, 210 - Sala 61

Centro - Santo André - SP - CEP 09020-140

Telefone (11) 4432-4000

A professoraOhara Augusto,do IQ-USP, explicaporque os radicaislivres podem serresponsáveis porefeitos favoráveise desfavoráveisao organismohumano

Páginas 18 a 21

Especial

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ ÍndicePáginas 8 a 10

Páginas 11 a 13

Páginas 15 a 17

Páginas 22 e 23

Página 24

Páginas 26 e 27

Matéria de capaA esclerose múltipla é uma doença debilitanteque acomete principalmente mulheres jovens,mas o tratamento adequado pode garantiruma melhor qualidade de vida aos pacientes

Páginas 4 a 7

Página 25

A capital da Hungria, dividida pelo rio Danúbio entre Buda e Peste, oferece aosturistas a oportunidade de conhecer as belezas construídas pelo homem e pela natureza

Páginas 30 e 31

Turismo

Páginas 28 e 29

Mac

iej P

oplaw

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A reintegração à sociedade, o resgate e amanutenção da qualidade de vida são os maioresbenefícios para os pacientes que aderem e seadaptam ao tratamento da esclerose múltipla(EM), doença auto-imune desmielinizante queacomete o sistema nervoso central (cérebro,cerebelo, tronco encefálico e medula espinal) epode afetar várias funções do organismo. Adoença crônica se caracteriza pela ação infla-matória que destrói a bainha de mielina, querecobre os filamentos que fazem a conexão dosneurônios. A mielina inflamada é substituídapor um tecido cicatricial que é a placa esclerosede onde surgiu o nome da doença. A partirdesse processo, o paciente pode, esporadicamen-te, apresentar sinais súbitos, isolados ou asso-ciados, como dormência e debilidade nos mem-bros, alteração visual (visão-dupla), fraqueza,desequilíbrio e perda de coordenação motora.

Para garantir novas alternativas para o tra-tamento da EM para os 2 milhões de pacientesem todo o mundo e prevenir as eventuais ma-nifestações da doença, a Medicina tem se em-penhado no desenvolvimento de técnicas e dro-gas mais potentes, com menos efeito colateral,

Existe vida apesar d Tratamento

regular garantebem-estar

aos pacientescom a doença,

que atingeprincipalmenteadultos jovens

Por Rosângela Rosendo

contra o auto-ataque pelo sistema imunológico.Para evitar os surtos remitentes-recorrentes ea intensidade das crises provocadas pela doença– que atinge principalmente adultos jovens –e minimizar o risco de eventuais seqüelas, drogasimunomoduladoras e imunossupressoras in-tegram o tratamento de alto custo, hoje subsi-diado pelo governo no Brasil. A medida tera-pêutica também é adotada na tentativa de re-tardar a evolução da doença de modo a pro-mover o restabelecimento gradativo do pacientee a retomada das atividades do dia-a-dia.

Segundo a neurologista Maria FernandaMendes, membro titular da Academia Brasi-leira de Neurologia (ABN) e professora da Dis-ciplina de Neurologia da Faculdade de Ciên-cias Médicas e do Centro de Atendimento deEsclerose Múltipla (Catem) da Santa Casa deSão Paulo, embora a doença não tenha cura,há um esforço concentrado da Medicina emfazer diagnóstico precoce e informar ao pacientecomo a patologia evolui para recomendar a me-lhor terapia. Nesse caso, uma das chaves parao êxito do tratamento é a confiança entre neu-rologista e paciente. “Ambos têm condições deajustar a medicação e a dose mais adequada,com poucos efeitos colaterais e menor compro-metimento da qualidade de vida”, destaca. Asmedicações imunomoduladoras (InterferonBeta 1A, Interferon 1B e acetato de Glatiramer)e corticosteróides, aplicados em doses orais ouvenosas, são a primeira linha de tratamento daEM e têm o papel de modular a defesa do or-ganismo e interromper o ataque ao sistema ner-voso central. A médica explica que cada orga-nismo reage de uma forma e, por isso, o pacientepode migrar de uma medicação para outra con-forme o efeito colateral, que pode ser caracte-rizado por mancha e dor no local de aplicação,cansaço e fadiga.

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Maria Fernanda Mendes

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a esclerose múltiplaO professor titular e neurologista res-

ponsável pelo setor de Neuroimunologiado Hospital das Clínicas da Faculdadede Medicina de Ribeirão Preto da Univer-sidade de São Paulo (FMRP-USP) e tam-bém membro titular da ABN, AmiltonAntunes Barreira, complementa que, pos-teriormente, o uso de imunossupresso-res em altas doses, precedido pelo resga-te e seguido pela infusão de células-tron-co da medula óssea do próprio pacientepode ser necessário, embora exista ten-dência ao uso de imunossupressores emdoses convencionais associado ou não aimunomoduladores. De qualquer forma,o tratamento com imunossupressores, queage de modo agressivo contra a ativida-

de inflamatória da doença, exige alta es-pecialização do profissional neurologis-ta que acompanha o paciente. “É difícilafirmar que há tratamento de ponta paraEM, como a infusão de células-troncoautólogas hematopoiéticas, hoje ainda emcaráter experimental, porque não há co-nhecimento suficiente sobre o efeito doprocedimento em longo prazo”, destaca.

O neurologista acrescenta que, nos pró-ximos anos, deverão ser introduzidos, co-mo rotina para o tratamento da doença,anticorpos monoclonais dirigidos contraas subpopulações de linfócitos, células dedefesa do sangue, que atacamo sistema nervoso cen-tral. Melhorar a

qualidade de vida do paciente é o objeti-vo dos métodos terapêuticos existentesmas, em determinadas circunstâncias, oneurologista pode solicitar a participaçãode outros profissionais de saúde como fi-sioterapeuta, terapeuta ocupacional, psi-cólogo, nutricionista, fonoaudiólogo e mé-dicos especialistas de outras áreas, comourologista ou gastroenterologista. “Afir-mar que a doença é cruel é faltar com averdade. Nos dias de hoje, se o paciente éatendido por médicos competentes, aesclerose múltipla pode ser controlada ouestabilizada em boa parte dos casos”, ga-

rante o professor da USP deRibeirão Preto, Amilton

Barreira.

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A esclerose múltipla acomete com fre-qüência adultos jovens na faixa etária dos20 anos, mas pode se apresentar de modomais raro já na adolescência, por voltados 15 anos de idade. Homens e mulhe-res podem ser portadores da doença, maso sexo feminino aparece nas incidênciasmundiais como a principal vítima – aspesquisas indicam que, para cada homem,há duas mulheres com a doença no mundo.Embora as causas não sejam claramenteconhecidas, a EM parece ser mais comumem países do Hemisfério Norte, normal-mente de clima frio. O neurologistaDagoberto Callegaro, médico responsá-vel pelo Ambulatório de Doenças Des-mielinizantes do Hospital das Clínicas daFaculdade de Medicina da Universida-de de São Paulo (HC-FMUSP), comen-ta que, devido à falta de estudos epide-miológicos nos países tropicais, é difícildeterminar a incidência da doença comprecisão. “Mas o que se sabe é que a popu-lação caucasiana tem prevalência maiorda doença. Em áreas do Hemisfério Norte

a prevalência pode chegar a 200 pacientespara cada 100 mil habitantes. Já na cidadede São Paulo, é de 15 a 20 portadores deEM por 100 mil habitantes”, indica.

Apesar de a condição ambiental nãoestar comprovada, muitas pesquisas sus-tentam a hipótese de que uma das causasda enfermidade pode ser a predisposiçãogenética a doenças imunomediadas, nasquais a inflamação crônica é forma de pro-gressão das doenças – a esclerose múlti-pla é da mesma família da artrite reuma-tóide, psoríase e tireoidite de Hashimoto.Além da influência genética, os médicosafirmam que fatores externos tambémexercem papel importante no desenca-deamento da doença, como agentes virais.“Pode ser que certas partículas de micror-ganismos, devido a infecções de repetição,possam estimular o sistema imunológi-co, que se desequilibra e passa a não re-conhecer e destruir a bainha de mielina”,descreve Dagoberto Callegaro.

A bainha de mielina é uma substân-cia que envolve os neurônios e possibili-

ta a normal condução de impulsos ner-vosos para o cérebro e o corpo. Mas, quan-do uma pessoa é acometida pela doença,há inflamação e destruição da mielina,que se transforma em uma cicatriz semfunção de condução do estímulo elétricode um neurônio a outro, o que impede ocontrole de várias funções do organismo.“A doença se caracteriza pela distribui-

Mulher adulta jovem é a princ

A confusão que pode ocorrer no diagnósti-co foi um dos motivos para o atraso do começodo tratamento de Elaine Aparecida CardosoCuba, de 36 anos, que só teve a doença confir-mada após dois anos de passagem por váriosespecialistas. A paciente conta que os médicossuspeitaram de várias enfermidades, menos aesclerose múltipla. “Em 2001 comecei a sentirdormência nas pernas, mas não me importeiporque muitas pessoas na minha família tinhamproblema de varizes. Procurei um angiologista,que informou que era problema de circulaçãoe deveria tomar uma caixa de remédio por um

Convivência controladamês. Tomei duas e nada. A dormência seguiupara os braços, comecei a ter fraqueza e visão-dupla. Fui encaminhada ao ortopedista parasaber se a coluna era a causa de tudo. As radio-grafias mostraram que tinha escoliose e hér-nia de disco. Um neurologista me receitou vi-tamina B12, fisioterapia e repouso. Foram doisanos de luta. Nesse período fiz até ressonânciamagnética que sugeriu doença desmielinizante,com um ponto de interrogação. Até que, emdezembro de 2003, acordei com o lado direitodo corpo paralisado. Não tinha força nem paraerguer a perna. Fiquei internada para fazer

Dagoberto Callegaro

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ipal vítima

vários testes, inclusive a coleta do líquidocefalorraquidiano. O médico pediu a resso-nância e o exame acusou uma série de lesõesno cérebro em forma de bolas brancas. Nuncatinha ouvido falar da esclerose múltipla atéentão. Fiz sessões de fisioterapia e exercíciosde alongamento que me ajudaram bastante.Fui encaminhada, então, para o HC da USP,onde fiz novos exames para receber a medi-cação. Fiz pulsoterapia com corticóide por trêsmeses e, a cada mês, me internava por trêsdias para receber injeções. No primeiro pulsonão senti nada, no segundo piorei muito e só

no terceiro senti resultado. Há dois anos tomouma injeção diária à noite. E, a cada 4 ou 6meses, volto ao HC para fazer novos exames.Melhorei muito. Ao saber da doença fiqueirevoltada mas, quando vou ao hospital, souuma das poucas pacientes que entram andandoe sozinha. Penso que poderia estar pior. Achoque a vontade de ficar bem e a fé me deramforças para lidar com o problema. Procuronão correr ou fazer serviço pesado. Antes eraansiosa, mas agora tento cuidar melhor demim, dormir bem e fazer caminhada, por-que o estresse me atrapalha. Estou 99% bem.”

ção no tempo, porque pode se manifestar emmomentos diferentes da vida e se repetir perio-dicamente, e no espaço, porque pode causarmúltiplas lesões em vários locais do sistema ner-voso”, alerta o neurologista do HC.

O professor da FMRP, Amilton Barreira,explica que as manifestações, na forma clínicamais freqüente, ocorrem de maneira episódicade forma isolada, com cerca de 10% de evolu-ção benigna e outros 10% de evolução malig-na. O paciente pode apresentar múltiplos sin-tomas, dependendo dos focos de desmielini-zação, que podem comprometer o nervo óptico(neurite óptica) com perdas da visão; nervotrigêmeo (gânglio de Gasser) com dores inten-sas na face; desequilíbrios por comprometi-mento do sistema vestibular; incoordenação eparalisias transitórias ou permanentes (mono-plegias, paraplegias e tetraplegias).

Podem ocorrer, ainda, outros sintomas neu-rológicos ou associações entre os sintomas. Porisso, existem indivíduos que, mesmo tendo so-frido mais surtos, não apresentam distúrbiosneurológicos e, outros, com menos surtos, jápodem apresentar seqüelas. Os especialistas lem-

bram que a limitação da qualidade de vida de-pende do tipo e da intensidade dos danos. “Em-bora em certos casos existam indivíduos queficam restritos ao leito, há pacientes que, após10 a 15 anos do primeiro episódio da doença,não apresentam qualquer distúrbio neuroló-gico”, sinaliza o especialista de Ribeirão Preto.

Dagoberto Callegaro acrescenta que asmanifestações súbitas podem fazer com queum paciente de 20 ou 30 anos, que tenha coti-diano normal, seja pego de surpresa e fiqueinseguro. Mas, por causa do tratamento maisajustado, o médico assegura que existem pa-cientes que há 4, 5 anos estão livres de surtos,retomaram os planos e levam a vida com certatranqüilidade. “Embora seja natural que adoença se complique com a evolução da idade,tenho um paciente com 80 anos que temesclerose há 30 e está bem”, informa.

A apresentação individual ouassociada dos sintomas da es-clerose múltipla pode confundir odiagnóstico. Problemas como aci-dentes vasculares cerebrais (AVC),doenças inflamatórias, da família dolúpus eritematoso, e até a Aids po-dem simular os sintomas da EM. Se-gundo os médicos, a ocorrência iso-lada e pouco intensa das queixasleva o paciente a ignorar a impor-tância da manifestação e procuraroutros especialistas antes do neu-rologista. Na suspeita, o médico so-licita ressonância magnética do en-céfalo e da medula para identificarmúltiplas lesões, que apresentam‘idades’ diferentes em variadas re-giões do cérebro.

“Mas, parece que o exame ficoubanal e alguns profissionais solici-tam sem critério e sugerem a doen-ça sem ao menos o paciente ter apre-sentado qualquer sintoma”, lamentaa médica Maria Fernanda Mendes,ao acrescentar que a esclerosemúltipla deve ser diagnosticadaquando a primeira manifestação clí-nica for confirmada. Para evitareventuais enganos, a neurologistarecomenda interação total entre opaciente e o médico. O neurologistaDagoberto Callegaro reforça que apesquisa clínica é peça fundamentalpara fazer o diagnóstico correto eressalta que outro procedimento uti-lizado é a coleta do líquido cefa-lorraquidiano, com atenção à ban-da oligoclonal, que identifica o pro-cesso inflamatório no sistema ner-voso central. “A esclerose múltiplaé uma doença rara e os exameslaboratoriais fazem toda a diferençapara evitar que outras patologias fal-seiem o diagnóstico”, destaca.

Confusão

Amilton Barreira

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Medicina

Qualquer tipo de tumor maligno quepossa acometer órgãos genitais e repro-dutores normalmente está associado aosexo feminino. O homem, no entanto,também é vítima de tumores de mamaou provocados pelo Papiloma VírusHumano (HPV) e, muitas vezes, porpreconceito ou falta de informação, dei-xa de ficar alerta. Nas mamas, tal como

O câncer masculi Tumores de mama, pênis e próstata acometem os homens de fo crescente, mas podem ser tratados desde que o diagnóstico seja Por Marlene Valensuela

na mulher, se a doença não for diagnos-ticada a tempo pode levar à morte. OHPV, por sua vez, é uma importante cau-sa do tumor de pênis. Quando o órgãoem questão é a próstata o quadro é aindamais alarmante, uma vez que este tipode tumor é considerado o segundo alvode câncer mortal no homem, superadoapenas pela neoplasia de pulmão.

Dentre os três tipos de câncer, o demama é o de menor representatividadeno sexo masculino (1% em comparaçãoà mulher), porém, não de menos impor-tância. Segundo estudo realizado pela Uni-versidade do Texas, nos Estados Unidos,nas últimas duas décadas, o acometimento

de tumor maligno da glândula mamá-ria do homem cresceu 25%. No Bra-sil não há dados atualizados, mas háconsenso de que, apesar de rara, os

homens devem ser alertados paraa possibilidade de que a doençapode afetá-los e de que o re-tardo no diagnóstico contribuipara dificultar a cura.

O mastologista e pro-fessor do Departa-

mento de Ginecologia e Obstetrícia daFaculdade de Medicina de Ribeirão Pretoda Universidade de São Paulo (FMRP-USP), Paulo Meyer de Paula Philbert,informa que, em teoria, é mais fácil per-ceber tumores nas mamas masculinas(pelo menor tamanho), entretanto, namaioria dos casos, a detecção costuma sermais tardia do que na mulher – quandoa doença está em estágio adiantado – egeralmente em homens de idade maisavançada, entre 60 e 70 anos. “Aparen-temente, os homens interpretam de for-ma equivocada os primeiros sintomas,não acreditam que possam desenvolveruma malignidade na mama ou sentem-se constrangidos em expor problemas ma-mários”, ressalta.

Justamente pelo desconhecimentodo problema, é comum a doença se apre-sentar em estágio avançado, o que podecomprometer o sistema linfático. O mé-dico afirma que o tumor cresce atrás daauréola e, como homem não tem tecidomamário, se fixa mais freqüentemente àpele e pode invadir as estruturas profun-das do músculo. A causa da doença é des-

norma precoce

Inimigo íntimoTipicamente feminino, o Papiloma,

vírus de maior incidência nas estatísticasbrasileiras relacionado às DSTs (Doen-ças Sexualmente Transmissíveis) tambémpode ocasionar câncer de pênis e é repre-sentado por cerca de 2% entre os tipos detumores malignos que atingem os homens.Considerado um dos principais tipos detumor em algumas regiões do Brasil, ocâncer peniano é superado apenas pelasneoplasias da próstata e bexiga, no Nor-te e Nordeste, onde a prevalência é cincovezes maior se comparada ao Sul e Su-deste. A afirmação é do urologista CharlesRosenblatt, coordenador do Serviço deUrologia do Hospital e Maternidade SãoLuiz e médico do corpo clínico do Hos-pital Israelita Albert Einstein.

“O tumor peniano também pode serocasionado por freqüentes infecções re-sultantes da inadequada higiene, contu-do, a associação do HPV com a doençarepresenta índices altos, que variam de30% a 50%”, esclarece. Segundo o espe-cialista, que também é um dos autoresdo livro HPV na Prática Clínica, existemmais de 100 tipos de Papiloma Vírus. Al-guns podem provocar doenças benignase são responsáveis pelas clássicas verru-gas ou condiloma acuminado; outros,principalmente os tipos 16 e 18, estão as-sociados a um maior risco de desenvolvi-mento de tumores malignos. As lesõesprovocadas pelo HPVno homem apre-sentam diferentes aspectos e se localizamprincipalmente na glande, no frênulo, nocorona, no prepúcio e na raiz do pênis.

A infecção se apresenta de três for-mas clássicas. A clínica pode ser detecta-da a olho nu e geralmente é representadapelos condilomas acuminados. “Basica-mente parece uma lesão tipo couve-flor,de tamanho e extensão variada”, exem-plifica o médico. Na manifestação subclíni-

ca, as lesões, apresentadas sob formas geo-gráficas e esbranquiçadas, só são visíveispor meio de exames específicos, como apeniscopia. Já a forma latente da infec-ção, em que o portador não tem lesão,mas tem o vírus, é diagnosticada por meiode um exame de biologia molecular.Charles Rosenblatt informa que o maiscomum é o de captura híbrida, que de-termina se existe ou não o DNA de HPV,permite a determinação do tipo de vírusquanto aos riscos oncogênicos e fornecea carga viral.

Cuidados – O tratamento para removeras lesões visíveis é feito com procedimentosde cauterização ou medicamentos e, se-gundo o urologista, o mais avançado éum imunomodulador – o imiquimode –que atua como antiviral e antitumoral.O especialista ressalta que, mesmo apóso tratamento, as recidivas são freqüentese, por isso, recomenda retornos semes-trais ao médico, independentemente denovas verrugas. A grande esperança paraa erradicação do HPV está na vacina, emfase de testes no Brasil e no exterior. En-quanto a cura não vem, a Medicina atuacom prevenção, estimulando o uso depreservativo e o controle da troca de par-ceiros sexuais. Charles Rosenblatt enfatiza,ainda, a necessidade de os homens forta-lecerem o sistema imunológico com boashoras de sono, dieta balanceada, práticade exercícios físicos e ingestão de poucoálcool, além da eliminação do cigarro.

conhecida, porém, para os homens, ascondições que reconhecidamente au-mentam os riscos estão ligadas a fatoresquímicos e à radiação, utilização deestrógeno, função testicular diminuída,predisposição genética, obesidade e insu-ficiência hepática.

Assim como na mulher, os médicosdevem ficar atentos ao aparecimento denódulo duro, de superfície irregular, li-mites imprecisos e indolor. O mastologistaenfatiza que, em razão da pequena di-mensão da mama masculina, é muito maiscomum vislumbrar a fixação do tumorna pele, a retração do mamilo e, em me-nor freqüência, a saída de secreção pelosdutos, bem como manifestações inflama-tórias locais. O diagnóstico é feito a par-tir da constatação de nódulo, mamografiae ultra-som, e é confirmado pelo examemicroscópico de material obtido por pun-ções ou pela biópsia. O tratamento variade acordo com o estágio da doença e in-clui cirurgia, quimioterapia, radiotera-pia e hormonioterapia, de forma indivi-dualizada. Em casos mais complexos éindicada a mastectomia radical.

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Charles Rosenblatt

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■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Medicina

Quando diagnosticado em fase inicial,as chances de cura são grandes, porém, aevolução no número de homens acome-tidos pelo câncer de próstata é alarman-te. Pelas estimativas do Instituto Nacio-nal de Câncer (Inca), neste ano, 47 milbrasileiros devem desenvolver a doença.Segundo dados da Sociedade Brasileirade Urologia, nos últimos 10 anos a mo-léstia aumentou de maneira assustadoraentre os homens com mais de 50 anos de

idade no Brasil. Nos Estados Unidos, ondeestão previstos mais de 185 mil novos ca-sos, o câncer de próstata é a segunda maiorcausa de morte por neoplasia maligna.

O urologista José Cury, chefe do Gru-po de Urogeriatria do Hospital das Clí-nicas da Faculdade de Medicina da Uni-versidade de São Paulo (HC-FMUSP) ecoordenador da graduação médica da mes-ma faculdade, orienta que os sintomasde alerta da doença (tais como urgênciaem urinar, dificuldade, dor e queimaçãodurante a micção e, raramente, sanguena urina) só se manifestam quando o tu-mor está em estágio avançado. “É quan-do a uretra é invadida. Em fase inicial, ocâncer é assintomático e, por isso, a ne-cessidade de se fazer um rastreamento”,argumenta. O crescimento do tumor ge-ralmente é lento e leva mais de 10 anospara atingir 1cm3. “No entanto, já passaa representar importância quando atin-ge 0,5cm3 “, enfatiza o médico.

Os exames para diagnóstico precoce,que devem ser realizados a partir dos 40anos de idade, são os de dosagem do an-

Sinal de alerta na próstatatígeno prostático específico (PSA) e o detoque retal. Com base no resultado de am-bos é possível verificar a necessidade debiópsia prostática por ultra-sonografia.José Cury frisa que 20% dos homens comcâncer de próstata têm PSA normal e esseé um dos motivos pelo quais os examesdevem ser casados. Por sua vez, a biópsiadá positividade em até 35% dos casos emhomens com toque normal e PSA alte-rado. “Evidentemente, isso não é verda-de para quem tem nódulo duro e PSAalto. Para este indivíduo, a biópsia dá até80% de positividade”, acrescenta. A te-rapêutica recomendada para o câncer depróstata clinicamente localizado é a ci-rurgia, prostatectomia radical ou radio-terapia. “A radioterapia tem de ser aconformacional, pois só esta é curativa”,enfatiza o especialista. José Cury alerta,ainda, que devido às conseqüênciasadvindas de determinados tipos de tra-tamento, tanto de ordem física quantoemocional, é muito importante que mé-dico e paciente discutam qual a terapêu-tica mais adequada.

José Cury

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■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Probióticos

O mundo assiste com atenção o crescimento da ex-pectativa de vida da população. Com o avanço da idade,em torno dos 70 anos, e inadequado estilo de vida, o pla-neta também enfrenta o aumento de doenças típicas dessafaixa etária – problemas cardiovasculares, hipertensão, os-teoporose, câncer e outras –, geradoras de gastos altíssimospara a saúde pública. Com o objetivo de mudar esse qua-dro, a Medicina começa a estimular o consumo de ali-mentos funcionais, considerados seguros para o organis-mo humano e que auxiliam na prevenção de algumas en-fermidades. Cerca de US$ 60 bilhões foram os recursosmovimentados pelo mercado de alimentos funcionais naEuropa, Estados Unidos e Japão em 2005, segundo espe-cialistas do setor. No Brasil, os produtos funcionais, jun-tamente com os alimentos diet e light, responderam porpelo menos US$ 600 milhões. Tamanha movimentaçãoconfirma o pensamento de Hipócrates: deixe que a alimen-tação seja o seu remédio e o remédio a sua alimentação.

Criado na década de 1980, no Japão, o conceito ‘funcional’se refere a alimentos benéficos à saúde. Entretanto, sãoconsiderados funcionais apenas os alimentos com alega-ção comprovada cientificamente. O Brasil ainda caminhapara a padronização definitiva de critérios para regula-mentação desses produtos. Segundo estudiosos, essa re-

Que o alimentoseja o remédioEspecialistas incentivam projetos com basetecnológica e científica para produzir alimentosúteis na prevenção e tratamento de doençasPor Rosângela Rosendo

Fonte

: SES

I-SP

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■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Probióticos

Estudo da Organização Mundial deSaúde (OMS) de 2004 apontou que, de74 países analisados, 39 não possuem regu-lamentação para alimentos funcionais, 23permitem alegações de função nutrientee outras funções, e apenas 8 permitemalegações específicas de redução de riscode doença. “O acompanhamento da evo-lução da regulamentação internacionale, em particular, das diretrizes do CodexAlimentarius, programa da OMS que seencarrega de estabelecer normas alimen-tares, pode contribuir para identificaroportunidades de melhoria da regulamen-tação no País”, ressalta Anna Maria Bata-glia, representante do Comitê de Alimen-tos com Alegações Funcionais da Asso-ciação Brasileira das Indústrias de Ali-mentação (Abia). A profissional afirmaque, entre outras vantagens, o aperfeiçoa-mento contínuo da regulamentação pa-ra alegações deve contribuir com infor-mações mais eficazes ao consumidor, queo ajudem na escolha de alimentos parauma dieta saudável, além de estimular ainovação tecnológica à medida que evo-lui o conhecimento científico.

A Europa é um dos continentes maisavançados nesse processo, a exemplo dacriação do projeto Fufose – UE Func-tional Food Science (Ciência dos Alimen-tos Funcionais na Europa), em 1999, paradar suporte às alegações para alimentosfuncionais com bases científicas sólidas.O documento sugere que qualquer ale-gação relacionada à ‘melhora de função’e à ‘redução do risco de doença’ deve sercientificamente justificada. A partir de2003 foi implementado o projeto Pass-claim – Process for the Assessment ofScientific Support for Claims on Foods(Processo para Avaliação da Base Cien-tífica para Alegações em Alimentos), ba-seado nos princípios do Fufose, que cita

Modelos int

Desafio – O diretor do Departamento deAlimentos e Nutrição Experimental evice-reitor da Universidade de São Pau-lo (USP), Franco Lajolo, explica que odesafio do setor é reforçar a importânciada pesquisa com apoio da ciência emer-gente e consolidada, por meio de ensaiosclínicos e biomarcadores essenciais parao estudo das relações dieta-saúde. “Issodeve melhorar a compreensão científicada ação dos componentes capazes demodular processos biológicos e a valida-ção das alegações”, enfatiza. O professorconta que alguns pesquisadores interna-cionais conseguiram descrever o impac-to de esteróis vegetais na saúde cardíaca.

Em um dos estudos, concluíram quea ingestão de 2g/dia de fitoesterol reduzem 10% o LDL-colesterol, resultado queajudaria a reduzir de 12% a 20% a inci-dência de doença cardíaca em cinco anos,além do risco, em longo prazo, em 20%.Presente no tomate, o licopeno é outrasubstância que, com comprovações cien-tíficas sobre mecanismo de combate aocâncer de próstata, conquistou a alega-ção de propriedade funcional e antioxi-dante. “No futuro, a biômica e a bioin-formática permitirão conhecimento ge-nético e metabólico integrado, que será abase para o desenvolvimento de alimen-tos (funcionais) de alta qualidade, dirigi-dos às necessidades nutricionais especí-ficas de cada indivíduo”, sinaliza.

gulamentação deve pautar as alegaçõesde propriedades funcionais e ou de saú-de, que deverão ser a evolução naturalda rotulagem nutricional. Semelhantesem aparência aos tradicionais, os alimentosfuncionais podem ajudar na redução dorisco de doenças crônico-degenerativase produzir comprovados efeitos metabó-licos ou fisiológicos para a manutençãoda saúde física e mental. Esses resulta-dos decorrem da ação de determinadaspropriedades bioativas existentes nos ali-mentos, com destaque para os oligos-sacarídeos (prebiótico), polissacarídeos (fi-bra solúvel e insolúvel), flavonóides, ca-rotenóides (licopeno, luteína, B-caroteno),fitoesteróis, ácidos graxos linoleico (n-6)e linolênico (n-3).

Entre os alimentos funcionais indus-trializados aprovados pela Anvisa se des-tacam os iogurtes e leites fermentados comcepas de bactérias benéficas que, entreoutras atribuições, ajudam a regular ofuncionamento do intestino e a estimu-lar o sistema imunológico. O leite fermen-tado Yakult, produzido com Lactobaci-llus casei Shirota, foi o primeiro produtoda categoria a receber a alegação de ali-mento funcional no País, em 2001. Pro-dutos à base de grãos integrais com altoteor de fibras, óleos de origem vegetal(canola), leites e sucos à base de soja, alémde pães e leite com ingredientes funcio-nais, margarinas com fitoesteróis, entre ou-tros, também entram na lista da agência.

Franco Lajolo

13Super Saudável

ernacionais são eficazescritérios para avaliação da base científica paraalegações funcionais.

Como critério, o Passclaim destaca que oalimento – ou os marcadores de componentealimentar aos quais é atribuído o efeito ale-gado – deve ser caracterizado e os marcadoresdevem ser biologicamente e metodologica-mente válidos. O diretor do Centre for Nu-trition and Health do National Institute forPublic Health and the Environment (RIVM),na Holanda, Hans Verhagen, informa que aabordagem do Passclaim é direcionada àspreocupações do consumidor com alegaçõesenganosas e não-comprovadas em alimentos.“Os consumidores ainda não distinguem cla-ramente os conceitos das alegações de alimen-tos e saúde. Embora os nutricionistas sejamconsumidores, os consumidores não são nutri-cionistas”, enfatiza.

Bioatividade – No Institut des Nutraceutiqueset des Aliments Fonctionnels (Inaf), da UnivesitéLaval, em Québec, no Canadá, os pesquisado-res têm atuado para identificar moléculasbioativas (antioxidantes, fitoestrógenos, ácidoslinoleicos conjugados, peptídeos derivados doleite e probióticos), provenientes de ampla va-riedade de fontes naturais, como animais, plan-tas, produtos lácteos, marinhos e fermentados.O Inaf também trabalha no desenvolvimentode métodos analíticos para medir e incrementar

os níveis de bioatividade das moléculas, iden-tificação de biomarcadores, estudo do proces-so da digestão – do estômago ao intestino –,realização e ensaios clínicos para medir os efeitosbenéficos de alimentos funcionais e de com-postos nutracêuticos na saúde, além de estudodo gene e da dieta.

Yves Desjardins, professor titular e diretorde Graduação do instituto, ressalta que fato-res sociológicos incentivariam o crescimentodesse mercado nas Américas, como o envelhe-cimento natural da população e menos verbadisponível para investir em saúde. “É grandea proporção de enfermidades que têm relaçãocom a qualidade da alimentação, como osteo-porose, diabetes, doenças intestinais e outras.Por isso, é preciso mudar o paradigma sobretratamento, fazendo da alimentação o próprioremédio”, orienta. Os especialistas em alimentosfuncionais estiveram reunidos, em abril, du-rante o 1o Congresso Internacional de AlimentosFuncionais – Ciência, Inovação e Regulamen-tação, promovido pelo Comitê da Cadeia Pro-dutiva da Alimentação da Federação das In-dústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

O leite fermentado comLactobacillus casei Shirota

produzido pela Yakult foi o pri-meiro alimento da categoriae um dos primeiros produtosno Brasil a receber alegaçãode alimento funcional pelaComissão Técnica da AgênciaNacional de Vigilância Sani-tária (Anvisa), em março de2001. O produto também éconsiderado, há muitas déca-das, alimento funcional peloMinistério da Saúde do Japão.O leite fermentado recebeu aclassificação de alimento comalegações de propriedadesfuncionais e/ou de saúde de-pois que os dois órgãos acei-taram todas as conclusõescientíficas que comprovamque o produto é benéfico pa-ra o organismo.

Entretanto, o mundo temconhecimento dos efeitosbenéficos dos Lactobacillus

casei Shirota para a saúde hámais de 70 anos. Em 1930,o médico e pesquisador Mi-noru Shirota, preocupadocom as infecções intestinaisque atingiam a população doJapão, isolou a cepa L. casei

Shirota e criou o leite fer-mentado Yakult, consideradoo primeiro alimento probióti-co de que se tem notícia noplaneta. Um dos critérios deseleção de um microrga-nismo probiótico é que sejade origem humana, e inúme-ros pesquisadores estudamquais cepas são seguras deacordo com critérios pre-estabelecidos.

Hans Verhagen

Yves Desjardins

Pioneirismo

14Super Saudável

L. casei Shirota e o víru ■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Lactobacillus

Os pesquisadores Tetsuji Hori, JunkoKiyoshima, Kan Shida e Hisako Yasui, do Ins-tituto Central de Pesquisas em Microbiologiada Yakult do Japão, desenvolveram o traba-lho ‘Aumento da imunidade celular e reduçãodo título do vírus Influenza em camundongosidosos alimentados com Lactobacillus caseiShirota’, publicado no Clinical and DiagnosticLaboratory Immunology, editado pela SociedadeAmericana de Microbiologia, em janeiro de 2002(páginas 105 a 108). Durante a pesquisa, os cien-tistas investigaram a possibilidade da adminis-tração de Lactobacillus casei Shirota para ativaro sistema imunológico celular e diminuir o tí-tulo do vírus Influenza (IFV) no sítio nasal du-rante a infecção, utilizando camundongos idosos.O objetivo do estudo foi investigar se a admi-nistração oral dos Lactobacillus casei Shirota ati-vava não somente o sistema imunológico sis-têmico, mas também o local, e se a infecçãocausada pelo IFV diminuía no trato respirató-rio superior. Os cientistas deram atenção es-pecial para a possibilidade de ocorrer uma ini-bição da infecção causada pelo vírus Influenzadevido à administração oral dos L. casei Shirota.

A atividade NK (natural killer) dos es-plenócitos e células do pulmão de camundon-gos alimentados com uma dieta contendo Lac-tobacillus casei Shirota foi estatisticamente sig-nificativa (P < 0,01 e P < 0,05) em comparaçãocom o grupo alimentado com a dieta controle(grupo controle), com aumento de 1,5 e 2,5 ve-zes, respectivamente. Em camundongos ido-sos alimentados com a dieta contendo Lacto-bacillus casei Shirota houve forte indução dogama-interferon (IFN-γ) e o fator de necrosetumoral alfa (TNF-α), que desempenha im-portante papel na exclusão do IFV, foi muitoevidente nos linfócitos nasais. As produções deIFN-γ e do TNF-α aumentaram 12 e 3,5 ve-zes respectivamente. Neste modelo de infec-ção do trato superior nasal por IFV, o título do

IFV nas lavagens nasais de camundongosalimentados com dieta contendo Lactobacilluscasei Shirota foi significativamente (P < 0,05)menor do que os animais com a dieta controle(10 1,6 +- 0,6 e 10 2,2 +- 0,5 , respectivamente). Essesresultados sugerem que a administração oraldo Lactobacillus casei Shirota ativa não somen-te a imunidade celular sistêmica, mas tambéma imunidade celular local e atenua a infecçãopelo vírus Influenza.

A influenza é uma infecção respiratóriaaguda que resulta em alta morbidade e signi-ficante mortalidade. Em particular, a infecçãopelo vírus causa a morte em adultos idosos. Ospesquisadores presumem que o declínio dasrespostas imunológicas, particularmente a imu-nidade celular, acarreta aumento da suscepti-bilidade à infecção pelo vírus Influenza nos ido-sos. Vários estudos têm demonstrado que ocorreuma diminuição das células natural killer e daatividade citotóxica dos linfócitos T nos camun-dongos idosos, em comparação com os níveisencontrados nos camundongos jovens. O au-mento da susceptibilidade à infecção por IFV,associado ao enfraquecimento da função imu-nológica das células T helper 1(Th1), tambémvem sendo relatado em camundongos com en-velhecimento acelerado.

As bactérias lácticas e seus derivados pos-suem efeitos benéficos na homeostase de seushospedeiros, incluindo a ativação do sistemaimune. O Lactobacillus casei Shirota é uma bac-téria láctica isolada originalmente do intesti-no humano e tem sido empregado comercial-mente por muitos anos na produção de leitesfermentados. Vários aspectos dos efeitos dosLactobacillus casei Shirota têm sido estudadosintensivamente. Os L. casei Shirota exibemmarcante atividade contra tumores transplan-tados e induzidos através do 3-metilcolantrenoe atividades contra várias bactérias patogênicascomo a Listeria monocytogenes e o vírus simplex

Estudo in vitrodesenvolvido

no Japãodemonstra

ação da cepapara ativar o

sistemaimunológico

celular

L. casei Shirota e o víru

15Super Saudável

s Influenzada herpes. “Temos relatado anterior-mente que a administração intranasaldos Lactobacillus casei Shirota aumentaa imunidade celular do trato respirató-rio e protege contra a infecção causadapelo IFV em camundongos”, afirmamos pesquisadores.

Materiais e métodos – Para o estudo, oscientistas utilizaram camundongos fêmeasBALB/c de 15 meses de idade, obtidosda Japan SLC Inc. O vírus Influenza A/PR/8/34 (H1N1) (PR8) foi cultivado por2 dias a 34ºC nos sacos alantóicos de em-briões de frango de 11 dias de idade, deacordo com o método de Yasui e col.. Ofluido alantóico foi extraído e armaze-nado a -80ºC. O título do vírus no fluidoalantóico foi expresso como dose infec-tante de 50% dos ovos (EID50). Uma di-luição seriada de 10 do fluido alantóicofoi inoculada nos ovos embrionados e apresença do vírus no fluido alantóico decada ovo foi determinada com base nacapacidade de hemoaglutinação de doisdias após a inoculação. O título do vírusfoi de 10 9,2 EID50/ml.

Isoladas originalmente dos intestinosde humanos pelo Instituto Central dePesquisas Microbiológicas da Yakult, emTóquio, no Japão, as colônias de L. caseiShirota foram incubadas durante 24 ho-ras a 37ºC em meio MRS (Difco Labo-ratórios, Detroit, Michigan, Estados Uni-dos), coletadas por centrifugação e lava-das diversas vezes com água destilada es-téril. A seguir, as colônias de L. caseiShirota foram inativadas por meio deaquecimento durante 30 minutos a 100ºCe, posteriormente, liofilizadas. Em segui-da, foi adicionada uma concentração de0,05% (p/p) de L. casei Shirota à dieta

MM-3 (Funabashi Farms, Funabashi-shi, Japão): dieta L. casei Shirota. A dietasem a adição de Lactobacillus casei Shirotafoi considerada controle.

Após a administração da dieta con-tendo os L. casei Shirota por quatro me-ses, os animais foram anestesiados comDietil éter e sacrificados. O baço foi re-movido e uma suspensão de células iso-ladas foi obtida pressionando suavementeo tecido. Após a remoção dos fragmen-tos, os eritrócitos foram lisados em solu-ção hipotônica. As células foram lavadascom o meio RPMI 1640 (Sigma), suple-mentadas com 100U de penicilina/ml e 100mcg de estreptomicina/ml e ressuspensasem meio enriquecido com 10% de soro

fetal de novilho termicamente inativado(FCS). Os pulmões foram removidos,finamente cortados e incubados por 90minutos com 150 U de colagenase (YakultHonsha Co., Tóquio, Japão) em 15 mlde meio. Para separar o tecido em célulasisoladas, os pulmões tratados com cola-genase foram suavemente drenados emrecipientes plásticos. Após a remoção dosfragmentos, os eritrócitos foram subme-tidos à lise em soluções hipotônicas. Ascélulas foram lavadas em meio de culturae ressuspensas em meio enriquecido com10% de FCS. As células foram quantifi-cadas por meio da exclusão de azul de trypane microscopia e, posteriormente, ressus-pensas em concentrações adequadas.

s Influenza

16Super Saudável

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Lactobacillus

A atividade das células NK no grupocontrole e no grupo com L. casei Shirotaem uma relação efetor para célula-alvo(E/T) de 25:1 foi de 4,3 ± 1,2 e 5,3 ± 1,4respectivamente, sem diferença signifi-cativa entre os grupos (P = 0,189). Entre-tanto, a atividade da célula NK no gru-po controle e no grupo com L. casei Shirotaem uma relação E/T de 50:1 foi de 4,9 ±1,0 e 7,4 ± 1,3 respectivamente, com umadiferença significativa entre os grupos(P < 0,01). A atividade da célula NK nogrupo com L. casei Shirota foi 1,5 vezesmaior do que no grupo controle. Resul-tados similares foram obtidos em três ex-perimentos independentes conduzidos damesma maneira.

“Investigamos os efeitos da adminis-tração oral de L. casei Shirota sobre a ati-vidade das células NK dos pulmões. Aatividade das células NK no grupo con-trole e no grupo com L. casei Shirota quepossuem uma relação E/T de 12,5:1 alcan-çou 1,7 ± 1,0 e 4,0 ± 2,0, respectivamente,sem uma diferença estatística significati-va entre os grupos (P = 0,053)”, relatam oscientistas. Entretanto, a atividade das cé-lulas NK no grupo controle e no grupocom L. casei Shirota, em uma relação E/Tde 6,25:1, foi de 1,0 ± 0,4 e 2,5 ± 0,9, res-pectivamente, com diferença significati-va entre os grupos (P < 0,05). A atividadedas células NK no grupo com L. caseiShirota foi 2,5 vezes maior do que no grupocontrole. Resultados semelhantes foramobtidos em dois experimentos indepen-dentes conduzidos da mesma maneira.

Os pesquisadores também medirama produção de várias citoquinas dos lin-fócitos nasais estimulados com ConA, umacélula T mitógena, para confirmar a ati-vação das células T pela administraçãooral de L. casei Shirota. “A concentração

de IFN-γ no grupo com L. casei Shirotafoi significantemente diferente (P < 0,01)do grupo controle. A concentração nogrupo com L. casei Shirota foi cerca de 12vezes maior do que no grupo controle”,explicam. A concentração de TNF-α nogrupo com L. casei Shirota foi tambémsignificativamente (P < 0,05) diferentedaquela do grupo controle. A concentra-ção de TNF-α no grupo com L. caseiShirota foi cerca de 3,5 vezes maior doque no grupo controle. A IL-4 não foidetectável em ambos os grupos. Resulta-dos similares foram obtidos em dois ex-perimentos conduzidos independente-mente da mesma maneira.

“Nesse estudo percebemos, também,que os Lactobacillus casei Shirota admi-nistrados oralmente estimularam a pro-dução do IFN-γ e do TNF-α dos linfócitosnasais. É muito interessante o fato de oslinfócitos nasais serem ativados pela ad-ministração oral dos L. casei Shirota”, res-saltam. Tamura e col. e Asanuma e col.relataram que o NALT possuía uma im-portância muito grande na proteção contraviroses originárias do ar e outros agentesinfecciosos. Segundo eles, as citoquinassão importantes no desenvolvimento devárias células imunológicas e alteraçõesno perfil das citoquinas poderão afetaras respostas imunes contra a infecção porIFV. Os IFN-γ produzidos pelos Th1 ecélulas NK liberam efeitos antivirais eregulam os vários aspectos da respostaimune, incluindo a estimulação dosmacrófagos e a atividade das células NK.O TNF-α é produzido por diferentes cé-lulas imunológicas, incluindo os monó-citos, células NK, B e T, e os neutrófilos.No tratamento in vitro com o TNF-α,os pesquisadores observaram diminuiçãona produção dos vírus infecciosos, inibi-

ção na síntese da proteína viral e reduçãono efeito citopático sobre o vírus.

“Observamos, ainda, uma significa-tiva diminuição no título do IFV no tra-to respiratório dos camundongos alimen-tados com L. casei Shirota. É um fenô-meno muito importante”, relatam. Oscientistas demonstraram anteriormenteque o título do vírus das lavagens nasaisdos camundongos inoculados intrana-salmente com L. casei Shirota era signifi-cativamente menor do que o dos animaisque não foram inoculados com a cepa.Além disso, demonstraram que a taxa desobrevivência dos camundongos dentrodo grupo alimentado com os L. casei Shi-rota foi expressivamente maior do queos camundongos do grupo controle, uti-lizando modelos murinos de infecção porIFV no qual o vírus migra do trato res-piratório superior para o trato respirató-rio inferior.

Segundo os autores do estudo, exis-tem dois prováveis mecanismos pelos quaisa administração oral de L. casei Shirotaatenua a infecção por IFV. Uma possibi-lidade se baseia no aumento da atividadeNK das células respiratórias, e a outraem uma forte indução do IFN-γ e doTNF-α no sítio nasal. Além disso, rela-taram que a infecção por IFV reduziu aatividade das células NK. “Embora o me-canismo pelo qual o IFV induz a imu-nossupressão não esteja completamentecompreendido, existem evidências de queo estado imunossuprimido induzido de-sempenha um papel importante na pato-gênese da doença”, afirmam. Além dis-so, é possível especular que a adminis-tração oral de L. casei Shirota manteve aimunidade das células após a infecção porIFV. “Em relação a isso serão necessá-rios mais estudos”, admitem.

Resultados foram positivos

17Super Saudável

O mecanismo que desencadeiao aumento da imunidade celularlocal sobre a administração oral dosL. casei Shirota não está clara-mente elucidado, mas existem es-tudos que determinam a rota peloqual os L. casei Shirota são reco-nhecidos pelo sistema imunológico.Os L. casei Shirota administradosoralmente são capturados pelas cé-lulas M nas Placas de Peyer e sãoincorporados às células epiteliais dalâmina própria dos intestinos. Con-seqüentemente, presume-se queos L. casei Shirota sejam captura-dos pelas células M das Placas dePeyer e estimulam os macrófagos,as células T, as células NK e outrascélulas que, ativadas, migram paraos linfonodos mesentéricos (MLN).De fato, a produção de IFN-γ pelascélulas do MLN por camundongosidosos alimentados durante ummês com L. casei Shirota teve umaumento significativo (dados aindanão publicados).

“Pensamos que esses linfóci-tos, tais como as células Th1 e cé-lulas NK no MLN, tenham migradoatravés do duto torácico e da cor-rente sangüínea para o baço, pul-mões e o NALT”, dizem os cientis-tas. Foi publicado trabalho relatandoque o Lactobacillus rhamnosus GG

(ATCC 53103) reduzia as infecçõesrespiratórias e sua gravidade emcrianças. “Os L. casei Shirota, lac-tobacilos reconhecidamente segu-ros que estão presentes nos leitesfermentados consumidos por mi-lhões de pessoas no mundo inteiro,poderão ser úteis para indivíduos ido-sos com baixa função imune parase protegerem contra as infecçõesrespiratórias”, argumentam.

Discussão – Os pesquisadores sugerem que tantoa imunidade humoral como a celular são im-portantes na proteção contra a infecção pelovírus Influenza. Para isso, foram estudadas duasespécies de bactérias lácticas que modulam di-ferentes sistemas imunes, cada uma com o seupróprio mecanismo. Uma das espécies foi oBifidobacterium breve YIT 4064, que aumentaa imunidade humoral. Os cientistas verifica-ram que a administração oral dessa espécie au-mentava a produção da imunoglobulina G nosoro e protegia os camundongos contra a infecçãocausada pelo IFV. A outra espécie foi o L. caseiShirota, que aumenta a imunidade celular. “Nes-se estudo, observamos que a administração oralde L. casei Shirota ativava não somente o siste-ma imune sistêmico, mas também o sistemaimune local, e atenuava a infecção causada peloIFV em camundongos idosos”, resumem.

Os cientistas observaram, ainda, que o L.casei Shirota administrado oralmente elevou a

atividade das células NK nos esplenócitos eaumentou a imunidade celular sistêmica noscamundongos mais velhos. Takagi e col. rela-taram, também, o aumento da atividade dascélulas NK nos esplenócitos pela administra-ção oral dos L. casei Shirota em animais porta-dores de tumor. Nos estudos em humanos,Nagao e col. observaram que a administraçãooral de L. casei Shirota estimulou a atividadeNK das células mononucleares periféricas dosangue nos indivíduos com baixa atividade dascélulas NK. “Esses resultados sugerem que osL. casei Shirota normalizam a queda da imuni-dade celular causada pela idade ou aparecimentode tumores em camundongos. Além disso, fi-cou muito claro que os L. casei Shirota adminis-trados oralmente aumentaram a atividade NKdas células pulmonares em camundongosidosos”, enfatizam. Esse é o primeiro relato deque os L. casei Shirota administrados oralmenteinfluenciaram o sistema imune local.

Reconhecimento

18Super Saudável

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Entrevista do mês / Ohara Augusto

18Super Saudável

Qual a importância dos radicais livrespara o organismo que justifique uminvestimento de R$ 4 milhões e a mo-vimentação de tantos profissionais?

Primeiro que não é um investimentoalto quando se considera pesquisa bioquí-mica e biológica, que envolve uma instru-mentação sofisticada. Além disso, são 22grupos e, se dividirmos essa quantia por22, dá uma soma bem reduzida, princi-palmente pelos gastos que se tem fazendopesquisa na área biomédica. O que justificaé que o grupo tem uma qualidade interna-cional bem estabelecida e o objetivo do pro-grama Institutos do Milênio do CNPq –esse é um deles – é fortalecer grupos quetenham certa expressividade. Ciência é umacoisa difícil e é preciso ter patamar, espíri-to crítico. É difícil um pesquisador sozi-nho fazer uma grande descoberta. No Brasilexistem vários grupos que atingiram altograu de qualidade, e essa área tem certatradição no País – por isso nosso projetofoi competitivo. Nós competimos com 700projetos e apenas 20 foram aprovados. Onosso é um deles.

Por que seu grupo escolheu estudar osradicais livres?

Essa área é muito importante. É com-plexa, mas tem grandes perspectivas de pro-piciar o entendimento de problemas mé-dicos fundamentais, embora ainda esteja-mos distantes de compreendê-los. Existemimplicações em todos os ramos da biome-dicina. Produzimos constantemente radi-cais livres em nosso organismo. Alguns têmbons papéis, outros têm papéis deletérios,mas são produzidos constantemente e exer-

Por Adenilde Bringel

Como agem os racem uma série de funções, muitas das quaisainda não conhecemos. É uma área comgrandes perspectivas – existem centros depesquisa no Japão e nos Estados Unidos sósobre radicais livres – e acho que isso jus-tifica o investimento.

Em que consiste o Redoxoma?Redoxoma é nosso apelido, porque o

projeto tem nome mais comprido: Proces-sos Redox, Bases Moleculares e Implica-ções Terapêuticas. O apelido é Redoxoma,Processo Redox com uma abordagem maisampla, integrada, que entra nessa onda degenoma, proteoma, no qual se tem umaabordagem mais integrada de alguns pro-blemas biológicos, para entender determi-nados processos.

De que maneira o grupo estudará osradicais livres?

Nosso projeto é de pesquisa básica, nãotemos uma proposta de, depois de três anos,termos um produto, até porque não é as-sim fácil. É um projeto de pesquisa queestá se desenvolvendo adequadamente. Nósrecebemos uma pequena porcentagem dodinheiro, e boa parte dessa verba inicialfoi dirigida para os grupos emergentes, maisjovens, do resto do Brasil.

Quantos profissionais estão envolvidoscom o Redoxoma?

São 22 pesquisadores, mas, se conside-rarmos os estudantes, dá cerca de 200 pessoas.

Qual o principal objetivo do projeto?Muito resta a aprender sobre os papéis

que os radicais livres desempenham no or-

Para estudar os processosde oxidação e redução emsistemas biológicos, o queinclui a formação de radicaislivres, pesquisadoresbrasileiros – cerca de 200entre químicos, bioquímicos,farmacêuticos, médicos,biólogos e estudantes – de22 instituições de pesquisade todo o Brasil, formaram umarede que recebeu o nome deRedoxoma. O projeto, que fazparte do programa Institutosdo Milênio, receberá R$ 4milhões do CNPq (ConselhoNacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico) e écoordenado pela professoratitular do Departamento deBioquímica do Instituto deQuímica da Universidade deSão Paulo (IQ-USP), OharaAugusto. A pesquisadoraconcedeu uma entrevistaexclusiva para a revista Super

Saudável em que explicasobre os conhecimentos quea Ciência já possui a respeitodos efeitos positivos enegativos dos radicais livres.

19Super Saudável

adicais livres?ganismo. O que estamos tentando fazer éestudar alguns desses papéis. Um proble-ma muito grande da área é justamentemostrar que os radicais livres estão nos nossosorganismos. Não é trivial, porque a maioriados radicais livres que geram interesse nabiomedicina sobrevive por muito poucotempo nos nossos organismos. O grande pro-blema é identificá-los, caracterizá-los, mos-trar que eles estão participando dos pro-cessos. Isso é um grande ponto de estran-gulamento da área. Uma das coisas que ogrupo está tentando fazer é encontrar bio-marcadores que possam revelar, de fato, aparticipação dos radicais livres em algunsprocessos. Quando é um processo em quese tem destruição de tecidos não é difícildemonstrar que eles estão envolvidos; masem alguns processos mais sutis não se con-segue essa demonstração. Portanto, um dosobjetivos do grupo é ver se a gente conse-gue estabelecer alguns biomarcadores im-portantes. Também estamos tentando en-contrar algum antioxidante diferente dosclássicos, já conhecidos, ou mesmo dos pre-sentes na dieta, que possa ser usado em al-guns modelos de doenças humanas. Estamostentando desenhar um antioxidante par-tindo de dados anteriores dos nossos gru-pos. Esses são os principais objetivos.

O que são radicais livres?Radical livre é uma definição quími-

ca. É uma molécula que tem elétrons de-semparelhados. Existem vários tipos de ra-dicais livres. E isso é uma coisa importan-te. Quando se simplifica muito, em longoprazo as pessoas podem começar a descon-fiar da Ciência. Porque parece tudo fácil

e, se é tão fácil, porque a gente não resol-ve? Mas não é tão fácil assim. Os radicaislivres não são iguais, alguns são mais reativosque outros, e alguns têm efeitos diversos comrelação aos outros. Todas essas proprieda-des precisam ser mais bem compreendidas.

Há quanto tempo são estudados?Os estudos químicos começaram por

volta de 1900, nos Estados Unidos, e fo-ram muito importantes depois da Segun-da Guerra, porque os radicais livres tam-bém foram muito utilizados pela indús-tria de polímeros, plásticos. Tudo come-çou quando os japoneses tomaram um pe-daço da Ásia, na Segunda Guerra Mun-dial, e cortaram o suprimento de borra-cha natural para os Estados Unidos. En-tão, os químicos tiveram de começar a es-tudar reações de polimerização, que sãoprocessos radicalares. Na Segunda Guer-ra também tivemos a bomba e, quandoeles viram os estragos, principalmente osnorte-americanos, começaram a financiarmuitas pesquisas sobre os efeitos da radia-ção nos organismos vivos. Radiação, raiosgama, raios-X produzem radicais livres.Até a década de 1950, 1960, todos acre-ditavam que os radicais livres vinhamde fora. Por isso, havia grande preocu-pação com a exposição a radiações.

Quando perceberam que o orga-nismo produzia radicais livres?

Conseguiram demonstrar mesmo,como evidência de que eram forma-dos in vivo, por volta de 1970. Umadescoberta abriu toda a perspectiva deque os radicais livres não eram produ-

zidos apenas pela radiação ou pela exposi-ção a raios solares. O envelhecimento dapele tem a ver com radical livre, sim, eexistem várias comprovações. Pessoas quetomam muito sol e não usam protetor so-lar aumentam o risco de envelhecimento

20Super Saudável20Super Saudável

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Entrevista do mês / Ohara Augusto

A Medicina já sabe até que ponto osradicais livres são bons ou ruins, ou,quando são bons ou ruins?

Como tudo na vida, pode ser bom ouruim. Depende da hora, do local e da quan-tidade certa. É importante lembrar que aárea começou na década de 1970 – volta-da para a Medicina – e não há, ainda, ne-nhum prêmio Nobel. O único PrêmioNobel que saiu foi o da descoberta da açãodo óxido nítrico no sistema vascular, em1998. Aí se conseguiu um detalhe do me-canismo. Por estar bem estabelecido, deuNobel. Tem uma curiosidade interessan-te: o Prêmio Nobel foi lançado com o di-nheiro que o Nobel recebeu por ter inven-tado a dinamite, que é nitroglicerina. E,no fim da vida, ele começou a tomar ni-troglicerina para combater a angina, por-que é um desses nitrocompostos que co-meçaram a ser usados para tratamento daangina. Há uma carta de próprio punhodo Nobel dizendo que ele não sabia que,no fim da vida, tomaria TNT para tratara angina. Porque a TNT funcionava, nin-guém sabia. Aliás, muitas coisas na Medi-cina são assim: ensaio e erro. Mas o meca-nismo molecular só foi conhecido depoisda descoberta do óxido nítrico, na décadade 1970.

Também se busca entender a ação dosradicais livres para regeneração dosneurônios?

Eu diria, com quase total certeza, queos radicais livres e os oxidantes, provavel-mente, estão envolvidos em todos os pro-cessos em que se tem injúria de tecidos, deneurônios, de miocárdio... Se eles são acausa ou a conseqüência é que fica difícilestabelecer. Quando se estuda um tecidoenfartado, por exemplo, algumas molé-culas de proteínas estão oxidadas, o que éuma evidência da presença de radicais li-vres. Agora, se eles causaram o problemaainda é difícil definir. Eu diria a você que,de fato, todo processo degenerativo envolveradicais livres. Agora, se eles iniciaram a

da pele. Mas, a partir da década de 1970,começaram as primeiras evidências de queo ato de respirar forma radicais livres. Issoabriu toda uma área de pesquisa sobre oassunto.

E como são produzidos?Consumimos uma quantidade enor-

me de oxigênio por dia. Se acumulado,dá cerca de um quilo e meio por ano, sóde um tipo de radical livre. Mas não é sóisso. O óxido nítrico (NO) também é umradical livre. Elucidar os efeitos do óxidonítrico no organismo, pelo menos paracontrole da pressão arterial, deu o prêmioNobel a três pesquisadores. O Viagra, porexemplo, é um subproduto da compreen-são dos papéis do óxido nítrico. O NO éum radical livre gasoso e pequeno e antessó se pensava nos seus efeitos poluidores.Mas, se descobriu que temos uma famíliade enzimas que o produz constantementee ele ajuda a controlar a pressão arterial.Se o indivíduo tem algum problema naprodução do óxido nítrico, terá problemascardiovasculares. Tanto que existem mui-tos nitratos e nitritos orgânicos que sãousados pela Medicina e funcionam por-que ajudam o organismo a produzir óxi-do nítrico.

Como é a ação nesse caso?O óxido nítrico dilata os vasos e con-

trola o fluxo sangüíneo. Se o indivíduo nãotem uma boa síntese de NO pode ter umahipertensão. É um dos fatores bem claros.

Esse é o lado bom do óxido nítrico. E oruim?

Por exemplo, um choque séptico. Seuma infecção fica sistêmica, o sistema imunecomeça a responder e sintetizar tanto óxi-do nítrico que relaxa excessivamente os vasose, conseqüentemente, não chega sangue nosórgãos. E dá falência múltipla de órgãos.Portanto, é bom, mas, em excesso, podelevar à morte. E não há tratamento parachoque séptico. Existe muito investimen-

to das indústrias farmacêuticas tentandoencontrar um inibidor específico para evitaressa produção excessiva de NO. Esses sãoexemplos extremos que a Medicina conhe-ce. O que fica entre eles é que estamos ten-tando entender melhor.

Quanto as pesquisas evoluíram nesses30 anos?

Pouco, embora tenhamos aprendidomuito com o que podem fazer ao orga-nismo. Alguns biomarcadores de situa-ções mais drásticas também foram deter-minados. Já sabemos que os radicais li-vres têm efeitos essenciais; o sistema imu-ne usa essas espécies para matar pató-genos. Se o indivíduo tem deficiência emalgumas enzimas, de algumas células dosistema imune, começa a ter infecções derepetição porque o organismo não conse-gue combater. Existem provas muito cla-ras de que eles têm esses papéis importan-tes, mas o que falta é saber controlar. Porexemplo, com relação à infecção. Eviden-temente que um sistema imune deficien-te provoca várias infecções e, em uma de-terminada hora, isso pode ficar crônico egerar problemas mais graves. Por outrolado, essa resposta que o organismo tem,em longo prazo, pode estar acumulandodanos. Tanto que, hoje, muitos pesquisa-dores concordam que a maioria das doen-ças tem um componente inflamatório.Talvez uma resposta inflamatória poten-te seja boa na fase reprodutiva do ser hu-mano, porque combate os microrganis-mos patógenos. Mas, à medida que o indi-víduo envelhece, talvez essa resposta infla-matória possa ocasionar muitas das doen-ças que prevalecem atualmente, comoAlzheimer e outras que acometem ido-sos. Isso ainda é uma hipótese, mas hámuitos pesquisadores trabalhando comessa possibilidade. E os radicais livres sãoapenas um dos componentes da respostainflamatória, que é bastante complexa eque ainda estamos aprendendo. Por issoesses avanços são lentos.

21Super Saudável21Super Saudável

que começouno século passado, temmuito do que se aprendeusobre a produção de radi-cais livres, porque se come-çou a conhecer melhorquais são os antioxi-dantes existentes nadieta. Nós também te-mos antioxidantes endógenos, enzimas cujafunção é combater radicais livres, várias.Aliás, a área começou quando conseguiramdescobrir uma enzima, uma proteína noorganismo que combatia os radicais livres.Aí todo mundo pensou: se produzimos umaenzima para isso é porque os radicais es-tão sendo formados no organismo, senão,em termos evolutivos, não teria nenhumsentido o organismo produzir uma enzimaà toa, porque precisa de energia para isso.Na medida em que se começou a conhe-cer os antioxidantes endógenos, se passoua conhecer também alguns antioxidantesda dieta: vitamina C, vitamina E, beta-caroteno, mais recentemente as isoflavonas,os catecóis e os fenóis, como o resveratroldo vinho tinto. Essas moléculas, de fato,são antioxidantes, e podemos demonstrarisso em laboratório. Muito do que se pre-coniza dessa alimentação saudável partiudessas descobertas – e a recomendação éde cinco a sete porções por dia de frutas evegetais, porque eles são ricos em antio-xidantes. Nosso grupo também vai estu-dar a dieta mediterrânea, baseada no azeitede oliva, frutos oleaginosos, carboidratosmais complexos e fibras.

Há estudos que já demonstram essasevidências?

Na verdade, se considerarmos tudo quejá foi feito em vários estudos clínicos rela-cionados aos antioxidantes clássicos, parapessoas com doenças cardiovasculares eoutras, os resultados são um pouco pífios.Mas, se olharmos os dados epidemiológicos

degeneração ou se foram formados por-que as células se desestruturam – e ficoumuito mais fácil ocorrerem processos le-sivos –, não sabemos. São essas dúvidasque colocam os desafios para tentarmosentender os radicais livres e descobrir no-vos tratamentos.

Qual a diferença de oxidantes e radi-cais livres?

Não são a mesma coisa no sentido quí-mico, mas, no sentido mais genérico, se-riam similares. Existem oxidantes que sãoradicais livres e outros que não são. Mas,de qualquer forma, antioxidantes comba-tem oxidantes e, no geral, também radi-cais livres. De alguma forma acabam comos radicais livres. A forma como acaba tam-bém varia com o tipo de antioxidante.

Os oxidantes também são produzidospelo organismo e por fatores externos?

Sim. O oxigênio é um exemplo, por-que é oxidante. Aliás, o termo oxidantevem de oxigênio. Assim como na combus-tão nos veículos, as pessoas também quei-mam os nutrientes. É assim que obtemosenergia para andar, falar, nos movimen-tar. Queimamos os nutrientes, que viramCO

2 e água, como a gasolina no carro. Só

que, evidentemente, fazemos isso de ma-neira controlada, do contrário explodiría-mos. Se você ingerir uma colher de açú-car, a glicose vai virar CO

2 e água no seu

organismo, e isso é uma combustão. Cla-ro que é uma combustão feita em passos eessa energia em passos a célula sabe utili-zar. Mas é uma combustão e, por isso, tam-bém pode ser fatal.

Qual o papel da alimentação no com-bate ou na ação dos radicais livres?

Se você não estiver bem alimentadonão vai produzir energia, não vai ter asenzimas funcionando. A alimentação éfundamental para que os processos bioló-gicos ocorram. Essa onda sobre alimenta-ção saudável, muito variada em vegetais,

com dieta, os resultados são muito impres-sionantes. No ano passado foi divulgado oresultado de um estudo europeu realizadocom idosos de 70 a 90 anos acompanhadospor 10 anos. O estudo deu pontos em que-sitos como a dieta do tipo mediterrânea, seo indivíduo não fumava ou havia paradohá mais de 15 anos, se fazia atividade físi-ca (cerca de meia hora por dia) e se toma-va álcool com moderação. O grupo quefazia dieta mediterrânea, ingeria um poucode álcool e fazia exercício físico teve a mor-talidade diminuída em 10% a 20%. NoRedoxoma vamos utilizar a dieta mediter-rânea, mais ao gosto do padrão brasileiro,para ver como isso afeta a população comrelação às doenças cardiovasculares. Os re-sultados dos estudos epidemiológicos emoutros países são muito impressionantes.

Então, exercícios físicos também sãofundamentais?

Sim, tanto que o National HealthInstitute, nos Estados Unidos, divulgou noano passado, uma nova pirâmide alimen-tar com uma escada ao lado, sugerindo queexercício físico também é fundamental,desde que seja moderado, porque o exces-so também pode provocar a produção deradicais livres.

22Super Saudável

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Saúde

O cérebro é uma máquina complexa e, embora represen-te aproximadamente 2% do peso total do corpo, utiliza 25%das necessidades metabólicas de um ser humano. Para traba-lhar bem, o órgão precisa de princípios nutritivos que obede-cem a um tipo de cadeia formada por oxigênio, água, protídeos,lipídios, glicídios, vitaminas, sais minerais, fibras solúveis einsolúveis. Exemplo prático desse combustível fundamentalé a glicose, obtida normalmente por meio da ingestão e ab-sorção dos carboidratos, e vital para o funcionamento das cé-lulas cerebrais. Entre as vitaminas, a B1 e a PP são considera-das as mais importantes para a utilização da glicose ingeridapelas células cerebrais. Além disso, os ácidos graxos do tipoômega-6 têm papel de destaque para o funcionamento ade-quado do cérebro, pois influenciam na liberação deneurotransmissores.

“A popular dieta do brasileiro, composta de arroz, fei-jão, salada, legumes, um pedaço de carne e uma fruta, éideal para manter o organismo bem abastecido e longe dedeficiências. Mas, infelizmente, o que ocorre nos dias dehoje é um fenômeno que podemos chamar de ‘deseducaçãoalimentar’, pois pesquisas demonstram que o povo brasilei-ro, especialmente a população de baixa renda, está trocandoo arroz com feijão pelos sanduíches, biscoitos e guloseimas”,informa o diretor geral da Associação Brasileira de Nutrologia(Abran), Paulo Giorelli. O especialista complementa que asdietas formadas por um único grupo de alimentos podemcausar sérios distúrbios ao organismo e, em pouco tempo,provocar até depressão, entre outros problemas.

O nutrólogo explica que certos nutrientes, chamados es-senciais, se não forem absorvidos por meio de alimentaçãoequilibrada não serão formados no organismo. Alguns dessesnutrientes servem como matéria-prima para os neurotrans-missores e a falta pode levar o organismo a um estado decarência nutricional que só poderá ser corrigida com a ingestãode alimentos com esses nutrientes essenciais. “A persistên-cia da carência desses nutrientes acabará causando sérios dis-túrbios orgânicos”, alerta. Paulo Giorelli ressalta que, porvezes, na persistência do déficit de certos nutrientes essen-ciais, o cérebro pode não produzir as moléculas que levam oimpulso nervoso. Um dos aminoácidos essenciais mais im-

Cérebro deve est Por Claudia Monteiro

Keys

tone

23Super Saudável

ar bem nutridoportantes é o ácido aspártico, que está en-volvido no processo de conversão docarboidrato em energia muscular. A defi-ciência desse aminoácido provoca um blo-queio na produção da hemoglobina e dosanticorpos do sistema imunológico orgâ-nico. O ácido aspártico ajuda a expulsar aamônia, nociva ao organismo quando en-tra no sistema circulatório, protegendo osistema nervoso central. Pesquisas recentesindicam que esse ácido talvez se consti-tua importante fator para o aumento daresistência à fadiga. “Atletas que recebe-ram mais ácido aspártico demonstraramcrescimento de vigor e resistência”, con-ta o especialista.

A fenilalanina é outro aminoácido es-sencial e é o precursor de neurotrans-missores. No sistema nervoso central, asubstância se transforma em dopanina e,após ação enzimática, em norepinefrina.Esses neurotransmissores promovem aacuidade e a vitalidade das funções cere-brais, estimulam a memória, o sentido dealerta e o aprendizado. O aminoácido aju-da, ainda, no controle da fome e no au-mento do interesse sexual, além de aliviara depressão. “A fenilalanina é encontradana beterraba, soja, ovos, amêndoas, car-

nes e cereais”, completa o nutrólogo. Otriptofano é mais um aminoácido essen-cial usado pelo cérebro. Junto com a vita-mina B6, a niacina e o magnésio, produza serotonina. “O triptofano ajuda a indu-zir ao sono natural e a reduzir a ansieda-de e tensão, reduz a sensibilidade à dor,age como antidepressivo e alivia pertur-bações dos processos químicos do orga-nismo relacionados ao álcool”, elenca. Onutriente é encontrado na carne, leite, ovos,banana, iogurte e queijo.

Já a serina é importante para a pro-dução da energia celular e da formaçãode acetilcolina. O aminoácido é um mode-rador químico predominante no cére-bro que auxilia na memorização e nasfunções do sistema nervoso. O vice-presidente da Associação Brasileira deNutrologia (Abran) e membro da Câ-mara Técnica de Nutrologia do Conse-lho Regional de Medicina do Rio de Ja-neiro, professor doutor Osman Gioia,lembra que outros distúrbios mais ra-ros, como a Doença de Wilson, que causa,por exemplo, parkinsonismo, resultamda intoxicação pelo cobre, que gera difi-culdades de articulação das palavras,deglutição e coordenação motora. “Por

Paulo Giorelli

Milena Rodrigues

isso é preciso, ainda, estar atento à quali-dade do que é ingerido”, orienta.

Caminhada – Até chegar ao cérebro, osnutrientes passam por uma série de eta-pas. Uma vez no estômago, têm de so-breviver aos ácidos que quebram os ali-mentos em componentes menores. Já notrato digestório, são absorvidos pelas cé-lulas do intestino que os transportam paraa corrente sangüínea e, em seguida, pre-cisam atravessar a barreira hemato-encefálica para chegar ao tecido cerebral.A nutricionista especialista em NutriçãoClínica, Fisiologia do Exercício, Nutri-ção Esportiva e Funcional, Milena Rodri-gues, diz que manter uma alimentaçãodesequilibrada durante anos, com excessode gorduras e açúcares, pode contribuirpara o desenvolvimento de doenças oudistúrbios em todo o organismo. “É pre-ciso variar os vegetais, legumes e fontesde proteína para consumir alimentos quepossam suprir as necessidades diárias denutrientes”, alerta.

Osman Gioia

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■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Pesquisa

Popular por ser um instrumento de verifica-ção de tumores benignos e malignos nas ma-mas, a mamografia também pode ser utiliza-da para averiguar a presença de calcificaçãoarterial intramamária. A afirmação é resulta-do de pesquisa apresentada pela médica radio-logista Eliane Fiúza, como tese de doutoradodesenvolvida na Universidade Federal de SãoPaulo (Unifesp), sob orientação de JacobSzejnfeld, chefe do Departamento de Diag-nóstico por Imagem da instituição. Para com-preender a relação entre a calcificação arterialintramamária e a doença arterial coronariana,foram avaliados os resultados de mamografiase cineangiocoronariografias de 131 mulheres,com idades entre 42 e 81 anos.

Os fatores de risco para a doença arterialcoronariana – hipertensão arterial sistêmica,diabetes, dislipidemia, hábito de fumar e obesi-dade – foram levantados nos prontuários mé-dicos das pacientes para identificar possíveisvariáveis de confusão estatística para a incidênciada doença cardíaca e a presença das calcificações.Os resultados encontrados no estudo, que du-rou cerca de dois anos, apontaram que 85 mu-lheres apresentaram doença arterial coronariana,sendo 41 com calcificação arterial intramamáriae, entre as 46 que tiveram cineangiocoronario-grafias normais, 35 não tinham calcificação.

“Sem causa conhecida, os depósitos de cál-cio nessas artérias eram, até a conclusão da pes-quisa, ignorados no laudo do exame por nãoserem considerados maléficos à saúde e nemestarem ligados ao câncer de mama”, explica apesquisadora. A médica complementa que, comesses números, ficou evidenciada forte associaçãoentre calcificação arterial intramamária e doençaarterial coronariana. Eliane Fiúza assegura,ainda, que os fatores de risco estudados nãoconstituíram variáveis de confusão da associa-ção. A especialista explica que a população demulheres estudadas tinha risco muito baixo dedesenvolver coronariopatia, pois apresentavade zero a dois desses fatores, com prevalênciada hipertensão arterial sistêmica.

Laudos – O professor Jacob Szejnfeld argu-menta que é importante que médicos e radio-logistas fiquem atentos e incluam a informa-ção sobre a presença de calcificação arterialintramamária nos laudos das mamografias.“Também é fundamental que ginecologistase mastologistas enviem suas pacientes para aavaliação de um cardiologista, pois esses acha-dos podem representar indício de doença car-diovascular de portes variados, dependendoda quantidade de calcificações encontradas”,alerta.

Estudo indicaque exame

pode ajudarna detecção

de doençaarterial

coronariana

Mamografiaganha novasatribuiçõesPor Claudia Monteiro

Jacob Szejnfeld

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Um programa computacional quequantifica os inconvenientes dos efeitoscolaterais e terapêuticos causados pelo co-quetel anti-Aids e, conseqüentemente,auxilia a Medicina a otimizar o tratamento.Este é o objetivo do software desenvolvi-do por Marco Antonio Leonel Caetano,matemático e professor do Ibmec São Pau-lo, em parceria com o médico e engenheiroTakashi Yoneyama, do Instituto Tec-nológico de Aeronáutica (ITA), de SãoJosé dos Campos. O trabalho tem comobase de validação científica a coleta dedados de 45 prontuários médicos (de in-divíduos de 18 a 60 anos) do Centro deReferência e Treinamento em DoençasSexualmente Transmissíveis e Aids daVila Mariana, em São Paulo, com a de-vida aprovação do Comitê de Ética emPesquisa Médica para Aids. Fizeram parteda pesquisa pacientes em tratamento háuma década, bem como indivíduos emtratamento nos últimos dois anos, consi-derando-se que, a cada dia, novas drogassão incorporadas como parte do coque-tel de fármacos.

Os pesquisadores levaram oito anospara desenvolver o software, para o qualusaram a técnica de simulação compu-tacional. O programa é pequeno, automa-tiza todos os cálculos e exige apenas queo médico clínico inclua a quantidade emmiligramas do medicamento ministra-do ao paciente, os valores dos exames paraCD4 e a carga viral. A partir daí é gera-do um gráfico histórico dos valores dosíndices de efeitos colaterais passados e osmais recentes. “Assim, é possível obser-var se existem implicações nocivas daquímica dos fármacos utilizados e, combase nos resultados, o médico pode optar

Software contra AidsPor Marlene Valensuela

pela alteração da estratégia de tratamen-to”, alega Marco Antonio Caetano. Omatemático informa que o software é defácil compreensão e, para torná-lo sim-ples para uso médico, foi desenvolvidoem linguagem Delphi, própria para clí-nicos da área.

Na prática – O índice parece anteciparpossíveis complicações sobre efeitos colate-rais ou terapêuticos relativos ao tratamentocontra a Aids. Marco Antonio Caetanoexplica que a indicação de excesso de me-dicamento é observada quando o gráfi-co de efeitos apresenta valores altos. Mes-mo que a carga viral seja baixa, é sinal deque algum tipo de anomalia grave se apro-xima. Segundo o matemático, nos estu-dos há alguns casos de pacientes em queas taxas de carga viral estavam dentro dopadrão e o gráfico de efeitos com valoresaltos. “No exame seguinte, foi detectadatuberculose”, exemplifica. Entre outraspossibilidades, o programa permite que,após vários exames, aliado aos relatos do

paciente, o médico obtenha um históricoquantitativo que aponta se os efeitoscolaterais são passageiros por excesso demedicamento ou por descontrole do tra-tamento. “Existem casos em que o pacienterelata estar bem, mas a carga viral é alta.Há, ainda, aqueles que dizem não estarbem, mas o clínico considera que as variá-veis estão sob controle”, afirma.

Os pesquisadores procuraram encon-trar uma forma de medição que não en-trasse em conflito com a experiência clí-nica. O matemático ressalta, ainda, queo médico deve observar as limitações im-postas pela Organização Mundial de Saú-de (OMS), uma vez que não tem auto-nomia para alterar a estratégia de trata-mento. “O especialistadeve relatar o casoem uma comissão para avaliação e pres-crever o novo tratamento proposto, quepode ter as drogas mais antigas e as demenor efeito colateral”, orienta. Caso acarga viral não diminua, gradativamenteo clínico deve trocar alguns medicamen-tos do coquetel por outros mais potentes.

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Tecnologia

Marco Antonio Leonel Caetano eduas telas do programa (à esq.)

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■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Vida Saudável

Uma das grandes vantagens da água é pro-porcionar maior liberdade corporal durantequalquer atividade física. A fim de tirar pro-veito dessa facilidade, o norte-americano HaroldDull, mestre de Zen Shiatsu, resolveu trans-portar as manobras da técnica oriental paradentro de piscinas aquecidas e criou o Watsu®

(water+shiatsu). O terapeuta teve a idéia as-sim que voltou do Japão, em meados de 1970,quando fez curso de Zen Shiatsu – terapia de-rivada do Shiatsu que utiliza toques em deter-minadas partes do corpo para equilibrar a ener-gia ao longo dos meridianos (pontos da acu-puntura). Dull percebeu que os movimentosdo Shiatsu eram eficazes na água quente por-que contribuíam para a proteção da musculatura,normalização do tônus, redução de tensão, au-mento da circulação periférica, maior ampli-tude do movimento e melhora da respiração eda postura. A técnica foi empregada pela pri-meira vez em pacientes que utilizavam as águasquentes das piscinas do Centro de Terapias Cor-porais da Califórnia, nos Estados Unidos. Atual-mente, Harold Dull dá continuidade a esse tra-balho e se empenha em difundir a técnica pelomundo, com a criação de centros regionais eformação de instrutores.

Além de alguns spas na Califórnia, a técni-ca é utilizada em hospitais na Alemanha e, noJapão, é associada à hidroginástica e utilizadacomo relaxamento após treinamento físico.Países como Itália, França e México tambémfazem uso do Watsu. No Brasil, apenas o WatsuCenter Brasil detém a marca registrada do tra-balho no País e forma profissionais com avalda World Aquatic Bodywork Association(Waba). Durante a sessão, que dura de 40 mi-nutos a uma hora, o paciente permanece empiscina de água quente – com temperatura até35ºC –, sem encostar os pés no fundo graças aoauxílio de bóias flutuadoras nos tornozelos,

enquanto o terapeuta executa uma série de mo-vimentos lentos, rítmicos, ora livres ora se-qüenciais, nos pontos de tensão do corpo.

A aplicação sistemática na água quente neu-traliza o peso e aumenta a sensibilidade aosmovimentos. Temperaturas mais baixas cau-sam desconforto, principalmente porque pro-movem a contração do músculo, e o objetivo étrabalhar com a musculatura e propiciar esta-do de relaxamento profundo a quem recebe aterapia. Para que a técnica alcance a eficiênciadesejada, deve ser aplicada individualmente empiscina com profundidade entre o umbigo e opeito do terapeuta. Além da temperatura, luze música adequadas integram a ambientaçãodo espaço onde o método é aplicado. A medi-da é necessária para que o recebedor experi-mente várias sensações de bem-estar, que pro-piciam o autoconhecimento e um estado cons-ciente de integração física, mental, emocionale energética.

“O Watsu é usado para melhorar dores crô-nicas (agudas e intensas) na coluna, perturba-ções neuromusculares, enxaqueca, insônia edisfunções musculares periféricas”, informa

Terapia corporal Por Rosângela Rosendo

Watsuproporcionaproteção da

musculatura,redução

de tensão,elevação da

circulaçãoperiférica,

amplitude demovimentos

e melhora darespiração e

da postura

Ursula Garthoff

Caio Roberto Fabbri

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Ursula Garthoff, alemã radicada no Brasil há30 anos, responsável pela introdução do méto-do no País em 1994 e pela marca registrada.Segundo a terapeuta, o método também ajudaa amenizar desordens relacionadas ao estresse,à ansiedade e depressão, e melhora a disposi-ção de indivíduos que abusaram da capacidademental e física. Para receber o Watsu não é ne-cessário saber nadar e é possível atender, inclu-sive, indivíduos com deficiência visual, física emental, e com dependência química.

Durante o Watsu são usados alongamen-tos passivos e mobilização de articulações dorecebedor para equilibrar fluxos de energia dosmeridianos. Caio Roberto Fabbri, fisioterapeutae educador físico, professor de Hidroterapia eCinesioterapia da Universidade de Santo Amaro(Unisa), explica que os movimentos rotacionaisliberam a energia bloqueada nas articulações eo paciente permanece completamente passivoe evolui para o relaxamento profundo. “Mas éimportante que haja integração entre o profis-sional e o recebedor, para que o método não setorne uma atividade simplesmente mecânica”,adverte. Em geral, as pessoas têm procurado oWatsu como saída para o alívio e adiminuição da intensidade dos pi-cos de dores. Mas, Caio Fabbri enfa-tiza que, além de focar as grandesarticulações, como quadril,joelho, coluna lombar evertebral, o método pre-coniza o trabalho glo-bal corporal. “Com odesbloqueio da rigi-

dez, o paciente tem um sono mais tranqüilo emelhora a qualidade muscular e emocional”,ressalta. O especialista comenta que o Watsutem gerado possibilidade para a realização detrabalhos científicos com relação a patologiasneuromusculares e músculo-esqueléticas, comolombalgia, cervicalgia, hérnia de disco, distrofias,encefalopatias e problemas ortopédicos.

Equilíbrio interno – Segundo o educador físi-co Wilson Roberto da Costa, terapeuta de Watsudesde 2000, a técnica promove a paz interior ea auto-estima do recebedor, diminuindo oestresse e a ansiedade. O educador físico refor-ça que o Watsu trabalha a carcaça (lado físico)e o motor (lado emocional) do ser humano. “Noinício de cada sessão, o indivíduo, lentamente,acompanha a respiração do terapeuta e perdea noção de lateralidade dentro da piscinaaquecida”, comenta. Em alguns casos, a entre-ga à técnica é tão grande que muitas pessoasdormem, outras choram e até se encolhem,involuntariamente, em posição fetal como sevoltassem para o útero. O terapeuta lembra queainda há poucos especialistas que conhecem ométodo e percebem a diferença e a rápida me-lhora dos pacientes e, por isso, estuda a possi-bilidade de realizar pesquisa científica em hos-pital sobre o efeito benéfico da técnica em pa-cientes com distúrbios de sono.

dentro da águaEmbora seja uma técnica

aparentemente sem contra-indi-cação, os terapeutas recomen-dam que o paciente seja subme-tido à avaliação médica e físicaantes de receber o Watsu. Entreas restrições, o método não éaplicado em pacientes com fe-bre superior a 38oC, extremos depressão arterial, sério comprome-timento do sistema cardiovas-cular, capacidade vital respirató-ria limitada, incontinência intes-tinal e de bexiga, feridas abertas,epilepsia descontrolada, doençacontagiosa pela água e pelo ar,tímpanos perfurados, problemasno sistema regulador da tempe-ratura corporal e traumas recen-tes em músculos e ligamentos.“Além disso, somente com o avalmédico o Watsu é aplicado emgestantes de risco e em indiví-duos com osteoporose em grauelevado”, alerta Ursula Garthoff.

Wilson Roberto da Costa

Contra-indicação

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■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Beleza

A indústria da beleza investe pesadamenteem tecnologia para oferecer cosméticos quemelhorem o aspecto da pele, eliminem as man-chas e atenuem as indesejáveis marcas deixa-das pela passagem do tempo. Entre as princi-pais vilãs da beleza está a hipercromia facial,causada principalmente pela exposição exces-siva aos raios ultravioleta (UV), que agem demaneira marcante sobre as estruturas do orga-nismo humano, especialmente a pele. Para ate-nuar essas manchas, profissionais da área de es-tética têm utilizado despigmentantes sintéticoscomo a hidroquinona, retinóides e ácidos de altaconcentração. Entretanto, se utilizadas de for-ma indiscriminada, essas substâncias podem pro-vocar a morte dos melanócitos e, conseqüente-mente, provocar despigmentações excessivas.

Para avaliar a capacidade de clareamentodo Serum VC Essence, cosmético produzidocom o exclusivo Complexo SE® e Vitamina Cpela Yakult Cosmetics no Japão e que, a partir

Estudos demonstrameficácia de cosméticosProdutos com

ComplexoSE da Yakult

Cosmeticsofereceramresultados

positivos empeles com

manchas eflacidez

Por Adenilde Bringel

deste ano, será nacionalizado, a fisioterapeutae docente Vilma Natividade, mestre em Ciên-cias na disciplina de Cirurgia Plástica Repara-dora pela Universidade Federal de São Paulo(Unifesp) e pós-graduada em Fisiologia Hu-mana pela Faculdade de Medicina do ABC(FMABC), desenvolveu estudo científico iné-dito com 20 mulheres portadoras de hipercromiafacial, com idade média de 40 anos, e obteveresultados expressivos com relação à despig-mentação. O trabalho foi realizado de julho aoutubro de 2005 e envolveu mulheres das ra-ças negra, branca e oriental, portadoras de mela-noses solares expressivas na face. “As melanosessão o primeiro sinal de envelhecimento preco-ce e a prevenção deve ser feita com filtro solare antioxidantes”, explica a fisioterapeuta.

Para desenvolver o estudo, as mulheres fo-ram separadas em dois grupos. No Grupo Ca-bine ficaram 15 voluntárias, submetidas ao tra-tamento desenvolvido no Laboratório de Es-

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tética da Yakult Cosmetics por oito se-manas. O procedimento incluiu uso dedemaquilante, sabonete cremoso e bru-shing para refinamento, alta freqüência,tonificação com loção hidratante e mas-sagem de três minutos, vapor de ozôniopor cinco minutos, ionização com SerumVC Essence durante 10 minutos (comequipamento de corrente galvânica napolaridade negativa), máscara tensorafacial por 20 minutos e aplicação de lo-ção hidratante cremosa. As outras cincomulheres que participaram do estudoreceberam todos os produtos e foramorientadas ao uso tópico e diário em casa.

“O resultado foi bom nos dois gru-pos, mas, nas mulheres submetidas aotratamento na cabine, obtivemos resul-tado mais expressivo”, explica VilmaNatividade. O grupo que realizou otratamento em casa obteve melhora nahidratação da pele e na tonicidade, masnão houve clareamento das manchas. Emcontrapartida, no Grupo Cabine, além dosdemais benefícios, houve clareamento em80% e melhora na flacidez em 50% doscasos. A fisioterapeuta enfatiza que, comos resultados obtidos, fica clara a necessi-

Outro sintoma típico da passagem dotempo é a flacidez facial. O problema sur-ge a partir dos 40 anos de idade e, se nãofor tratado, provoca queda da pálpebrae da boca, além de sulcos ao longo daface. Para esse estudo, desenvolvido nomesmo período, a fisioterapeuta VilmaNatividade utilizou o Gold, outro cos-mético da Yakult nacionalizado a par-tir deste ano, composto de ácido hialu-rônico, Complexo SE e tocoferol (vita-mina E). O trabalho também envolveu20 mulheres, todas com pele madura,com uso da mesma metodologia. Nessecaso, 62% das voluntárias submetidas ao

Os cosméticos da Yakult são produzidospor meio de processos biotecnológicos e têmcomo base o exclusivo Complexo SE, ativo mul-tifuncional que possibilita hidratação prolon-gada, evita a formação dos radicais livres,favorece o equilíbrio da melanina e age naimunidade da pele, equilibrando a acidez eevitando a proliferação de microrganismos.Essa proteção proporciona barreira que evitao cronoenvelhecimento e o fotoenvelheci-mento precoce, assim como as lesões cu-tâneas, sem promover morte de melanócitos.

Resultados incluem melhora na flacidez e hidratação

dade de tratamento com especialistas naárea e equipamentos adequados, além deser fundamental o uso constante de pro-tetor solar para a prevenção da hiper-cromia facial.

Ácidos – Vilma Natividade lembra queo Serum VC Essence não age tão rápidono clareamento como os ácidos, mas ad-verte que as manchas também não vol-tam com a mesma rapidez. Além disso,o cosmético pode ser aplicado freqüen-temente, atua como barreira contra a ra-diação UVA/B, hidrata e tem ação an-tioxidante. “Existem ácidos que só po-dem ser usados até três meses durante oano e, quando a paciente pára de aplicaro produto, a mancha volta”, compara. Afisioterapeuta conta que os pesquisado-res têm demonstrado preocupação como uso indiscriminado de ácido, pois, alémde clarear deixando manchas inestéticas,faz com que a pele perca a proteção natu-ral contra radiação e, com isso, aumenta aprobabilidade de lesões. “É preciso quemédicos e consumidores lembrem queexistem cosméticos de excelência que ini-bem a formação de manchas”, reforça.

Vilma Natividade

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tratamento na cabine obtiveram dimi-nuição da flacidez cutânea. “O tratamen-to também é indicado antes de cirurgiasplásticas faciais, porque o tecido ganhamais elasticidade, e no pós-operatório doprocedimento”, indica.

A terceira parte do estudo, com mais20 voluntárias, avaliou a hidratação facialcom utilização do Bellefin, antes produ-zido na Yakult Cosmetics no Japão e,agora, também em processo de naciona-lização. O produto, formulado com Com-plexo SE, ácido hialurônico, tocoferol evitamina C em menor concentração, pro-porcionou resposta semelhante nos dois

grupos avaliados: 54% no Grupo Cabinee 46% no controle. “O Grupo Cabine tam-bém obteve grande redução de acne. Issoporque a vitamina C, com penetraçãomais aprofundada, normaliza o trabalhodas glândulas sebáceas”, explica VilmaNatividade. O próximo objetivo da pes-quisadora é avaliar a ação do ComplexoSE da Yakult Cosmetics em queimados eem peles com estrias. Os trabalhos já con-cluídos serão apresentados no Congres-so Internacional de Estética, em agosto;no Congresso Brasileiro de Dermato-Funcional, em outubro, e no CongressoNacional de Estética, em novembro.

Complexo SE

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■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Turismo

Considerada uma das mais belas cidadesdo velho continente, Budapeste, capital daHungria, mantém o estilo clássico e antigo emgrande harmonia. O rio Danúbio, que atra-vessa todo o país e corta a cidade ao meio, éresponsável por separar o histórico e culturallado de Buda do comercial e agitado Peste. Pon-tes unem os dois lados da cidade e contam umpouco mais da história da majestosa Budapeste,chamada pelos húngaros de ‘Pérola do Danúbio’.A primeira ligação permanente sobre o rio foicom a Ponte das Correntes (Lánchíd), inau-

gurada em 1849. Já as pontes Eli-sabete (Erzsébet Híd) e Liberda-

de (Szabadság Híd) tiveram de serreconstruídas após a Segunda Guerra.

Buda está localizada no alto dasmontanhas. De lá é impossível nãoficar impressionado com a vistamaravilhosa que se tem de toda

a capital. Desse lado do Danúbio,o turista não pode deixar de ir ao

Fisherman’s Bastion, monumentoneo-romântico construído em 1905.

O local ganhou esse nome por ter sidoconstruído em cima de uma velha vila

de pescadores e de um mercado de pei-xes. Por ali mesmo, bem pertinho, fica

a famosa Igreja Mátyás, construída en-tre os séculos 13 e 15. A igreja já passou

por várias reformas e chegou até a ser umamesquita durante a ocupação turca, em 1541.

Ainda nos arredores tem a Igreja MariaMadalena, com seus 24 sinos que tocam acada meia hora.

Nada melhor do que conhecer e enten-der a história de um povo pormeio da arte. E a Galeria Na-

cional é um excelente lugarpara descobrir um pouco mais

sobre os húngaros. Diferentes

Um paraíso sobre o D Budapesteé a capitaldas águastermais na

Europa

Por Simone Pereira, de LondresEspecial para Super Saudável

estilos de obras de arte, desde o século 10, estãoem exposição na galeria. O país também é umirresistível convite aos amantes da ópera, comseus cerca de 40 teatros, mais da metade locali-zada na capital. O mais famoso é a Casa daÓpera, de arquitetura neo-renascentista data-da de 1884, decorado com obras de artistas hún-garos e onde acontece o Festival de Ópera, umdos mais importantes eventos no país e que re-cebe renomados artistas de ópera húngaros eoutros nomes internacionais.

Outro mergulho ao passado pode ser dadoao conhecer o Castelo de Buda, palácio medie-val destruído pelos turcos e reconstruído emvários estilos, inclusive barroco, no século 19.Mas não é só Buda que abriga as preciosidadesda capital da Hungria. Em Peste, a aula de his-tória antiga continua no Museu Nacional. Emestilo neoclássico, a frente do museu imita ascolunas gregas de Atenas e se responsabilizapor contar boa parte da história do país. Ainda

Igreja Mátyás

Parlamento

Fotos

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ski

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anúbio

Budapeste é rica em águas medicinais e termais. Em toda a Hungria jáforam descobertas 1,3 mil fontes e 80 se encontram na capital. As piscinas,com temperaturas acima de 30 ou 40 graus, são heranças dos colonizadoresromanos que estiveram na região há mais de 2 mil anos. Indicados para doen-ças reumáticas, dermatoses e problemas no sistema digestivo, entre outros, osbanhos medicinais proporcionam vários benefícios para o corpo e são popula-res durante todo o ano.

Entre os inúmeros lugares – cobertos e ao ar livre – disponíveis na cidade,o Gellert Hotel and Bath (1912-1918), em Buda, é o mais famoso. O hotel éuma belíssima arquitetura em art nouveau que possui um complexo de pisci-nas de águas quentes. O local lembra os filmes históricos romanos e o turistasente como se voltasse no tempo. Além disso, o banho é completamente relaxantee ideal para aliviar um pouco do estresse do dia-a-dia. O Gellert tambémpossui banhos exclusivos para homens ou mulheres, onde é permitido entrarna água completamente nu.

Spa natural

Melhor época – O clima de Budapeste é continental tem-perado. Janeiro é o mês mais frio (-1ºC) e, agosto, o maisquente (21,3ºC). O verão é bom para quem pretende ir aosbanhos ao ar-livre, porém, o inverno dá um especial charmeeuropeu à Hungria, com direito a neve.

Inglês ajuda – Como falar húngaro não é uma tarefa nadafácil, o jeito é se comunicar em inglês, idioma dominadopelos jovens e pelas pessoas que trabalham nos pontos tu-rísticos. Outra saída é o alemão, usado por uma parcela dapopulação.

Culinária – A páprica está presente em praticamente todoo cardápio húngaro. Dos inúmeros pratos oferecidos pelaculinária típica do país, o mais tradicional é o Goulash, en-sopado de bife preparado com cebola e, claro, páprica. Em1938, o Prêmio Nobel Albert Szent Gyorgy descobriu que apáprica é rica em vitamina C, o que tornou o condimentoainda mais popular.

no lado de Peste, outro símbolo da cidade é oParlamento húngaro, construído entre 1885 e1902, um dos maiores do mundo, com 691 sa-las e 27 entradas.

Um novo país – Com área de 93,030km2 e 10,2milhões de habitantes, a Hungria está entre os10 novos países que integraram a Comunida-de Européia em maio de 2004, com a finalida-de de contribuir para o fortalecimento econô-mico do continente europeu. Embora tenha ins-talado o regime nazista ao se aliar à Alemanhade Hitler na Segunda Guerra Mundial, a Hungriafoi uma das primeiras nações a indenizar os ju-deus que sobreviveram ao holocausto. Após aguerra, o país sofreu com as ocupações russas eoficializou o regime socialista em 1949. Com aquebra do socialismo soviético e do leste-euro-peu, em 23 de outubro de 1989 o país se tornouuma república independente e retirou as tropassoviéticas de seu território.

Fisherman’s Bastion

Vista da cidade

Ponte Elisabete

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■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ ResenhaAtenção à voz

Doença traiçoeira

Os cuidados com a saúde incluem a prevenção de doenças do aparelho vocal, principal-mente o câncer de laringe. Como os problemas vocais nem sempre provocam dor ou despertama atenção imediatamente, é importante ficar atento a sintomas como rouquidão, perda de voz,pigarro, dores constantes na garganta, sensação de incômodo ao engolir e ardência na gargan-ta. Segundo o médico otorrinolaringologista Luciano Neves, da Universidade Federal de SãoPaulo (Unifesp), o cigarro ainda é o principal responsável pelos casos de câncer de laringe nomundo, e o Brasil é um dos países com maior incidência da doença – com cerca de 15 milnovos casos diagnosticados anualmente. “Laringites, pequenos nódulos ou cistos também sãoalguns dos problemas comuns que podem causar distúrbios vocais”, orienta.

Pesquisa do New England Journal of Medicine, realizada com umgrupo composto de 50 mulheres durante sete anos, demonstrou que ouso de cálcio e de vitamina D, como suplementação alimentar, não pre-vine a osteoporose. Segundo a reumatologista Evelin Goldenberg, mestree doutora em Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo(Unifesp), e coordenadora do curso de pós-graduação em Reumatologia,com ênfase ocupacional, do Hospital Israelita Albert Einstein, para umaboa prevenção é fundamental conhecer o grupo de risco, composto pormulheres com média de 50 anos de idade, que apresentam menopausa

Leite protetorPesquisas científicas têm demonstrado que a obesidade e o diabetes tipo I e II estão entre as

doenças que podem ser prevenidas com a amamentação. O grupo do pesquisador Jill Norris, daUniversidade do Colorado, em Denver, nos Estados Unidos, provou que o efeito protetor do leitematerno contra as duas patologias aumenta de acordo com o tempo em que a criança é amamenta-da. O estudo aponta que, para cada mês de aleitamento materno, há um decréscimo de 4% no riscode a criança desenvolver obesidade. “Isso significa que as crianças que receberam leite materno exclu-sivo nos seis primeiros meses de vida têm um risco quatro vezes menor quando comparadas comaquelas que receberam fórmula infantil como primeiro alimento”, explica o médico Nataniel Viuniski.

A pesquisa sobre a proteção contra o diabetes foi desenvolvida com índios Pima, que formamum grupo populacional de alta prevalência da doença. Divididos em dois grupos, os índios quereceberam leite materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida tiveram 95% menos casos dediabetes em comparação com os que foram alimentados com fórmula infantil. Entre as razõesconhecidas para esse efeito protetor está a composição do leite materno, que possui quantidadee qualidade de proteínas e gorduras que as crianças precisam, além de densidade calórica, relaçãoentre cálcio e fósforo e disponibilidade de ferro. “Outra razão é o gasto energético com o ato desugar no seio, o que protege contra o exagerado ganho de peso, melhora a oclusão dentária,fortalece a musculatura da mímica e protege contra problemas de fala”, resume o especialista.

precoce, além das orientais, com pele clara ou de baixa estatura. “Baixoconsumo de cálcio, aumento da ingestão de sal e de café, sedentarismo,uso prolongado ou excessivo de certos medicamentos, como a cortisona,abuso do álcool, tabagismo, uso de hormônios tireoidianos e hereditarie-dade também contribuem para aumentar os riscos de desenvolver a doen-ça”, explica. A osteoporose é uma doença silenciosa, que não provocador e tem sintomas discretos. Entre os sinais de avanço da enfermidadeestão perda de altura – com visual corcunda –, diminuição da caixa torácica,prisão de ventre pela curvatura do corpo sobre o abdome e dor.

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Em um período muito difícil da vida,quando estava com dificuldades financei-ras e repleta de problemas para adminis-trar, Maria Marques Leão, baiana da cida-de de Igaporã, começou a atuar como Co-merciante Autônoma (CA) do departa-mento Nações Unidas da Yakult, em SãoPaulo. Essa decisão foi tomada há 10 anos,depois que a comerciante já havia traba-lhado na área administrativa por longoperíodo, de ter tido um mercadinho e atua-do como vendedora de roupas de portaem porta. Na época, com uma filha pe-quena para criar, o rendimento não garantiao sustento básico do dia-a-dia e Maria seinteressou por entrar nesse novo segmen-to. De posse de todos os dados para conta-to foi à luta e, na mesma tarde, conseguiuconversar com o responsável do departa-mento. No dia seguinte já estava a postos

com o carrinho repleto de produtos.A adaptação foi bastante tran-

qüila, pois, segundo Maria, asorientações fornecidas pela Ya-

kult são simples e esclarece-doras. “Foi um sucesso. Nos

primeiros meses comer-cializei mais de 13 mil

frascos de leite fermen-tado”, conta, ao enfati-zar que, na época, a si-tuação econômica dopaís era outra. Agora,no entanto, a CA res-salta que é fundamen-tal saber negociar osprazos de pagamentocom a clientela, umavez que as mudan-

ças na economiainterferem

muito nos

Caminho de sucessoPersistência,

iniciativa edisposição como

receita para atingirmetas e traçarplanos futuros

negócios. Para assegurar os pedidos, Mariapassa na casa dos clientes três vezes porsemana e, mesmo aos 63 anos de idade,nem nos dias de chuva deixa de sair como carrinho para entregar os produtos fres-quinhos aos consumidores.

Números expressivos – O sucesso nos ne-gócios é reflexo da persistência e do óti-mo relacionamento que a CA mantémcom os cerca de 200 clientes que possui.Sempre atenciosa, costuma levar os con-sumidores em reuniões abertas, duranteas quais aproveita para falar dos benefí-cios dos produtos da Yakult e mostrar arevista Super Saudável. Todo esse fôlegogarante à comerciante um fornecimentomédio mensal de 9 mil frascos de leitefermentado – tradicional e Yakult 40 –,210 unidades da sobremesa Sofyl e 845produtos da linha seca, como Taffman E,Hiline, suco de maçã, Tonyu e Yodel.

Em casa, Maria administra os rendi-mentos com bastante cautela e conseguecuidar da mãe, de uma irmã com deficiên-cia visual e auditiva e, ainda, custear osestudos da filha Bárbara, de 20 anos, quefaz faculdade de Turismo. Ao longo dessesanos, a CA soube economizar e juntar osuficiente para a compra de máquina delavar e televisão de 29 polegadas, entreoutros utensílios que garantem maiorconforto para a família. O esforço cons-tante e a participação nas campanhas pro-movidas pela empresa já propiciaram,também, vários prêmios. “Minha últimagrande conquista foi uma viagem de qua-tro dias ao Rio de Janeiro, em novembrodo ano passado, acompanhada pela mi-nha filha. Agora, quero ir para o Japão e,com o fruto do meu esforço, comprar umcarro novo”, confidencia.

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Destaque

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Rua Álvares de Azevedo, 210 – Sala 61 – Centro – Santo André – SPCEP 09020-140 – Telefone: (11) 4432-4000 – Fax: (11) 4990-8308e-mail: [email protected]

Em função do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mailsrecebidos. Mas a coordenação da revista Super Saudável agradece

a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação.

�Cartas para a RedaçãoA resolução nº 1.701/2003

do Conselho Federalde Medicina estabelece

que as publicações editoriaisnão devem conter os

telefones e endereços dosprofissionais entrevistados.Os interessados em obter

esses telefones e endereçosdevem entrar em contato

pelo telefone 0800 13 12 60.

■■■■■ ■■■■■ ■■■■■ Cartas“Gostaria de ressaltar o caráter científicoda revista Super Saudável, e que só vocêstêm esse conteúdo de forma técnica,específica e de fácil compreensão. Ostemas são tratados de maneira simples,interessante, descontraída e de fácilentendimento, mesmo se tratando dematérias tão importantes e especializadas,resultado do trabalho de pesquisa quea Yakult faz, através da revista. Meuobrigado pela oportunidade que tivede acrescer meus conhecimentos.”Eneas Jorge de OliveiraSão Paulo.

“Gostaria de parabenizar a equipe pelaqualidade do periódico Super Saudável.Os elogios feitos pelos pacientes que lêemem sala de espera são freqüentes.”Luis Gabriel Fernández TurkowskiLondrina – PR.

“Agradeço a todos da Yakult pela atençãoe pelo material enviado, e parabenizopela excelente revista Super Saudável epelos produtos disponíveis no mercado.Sou estudante de Enfermagem na Unifil,em Londrina, e utilizo a revista para maisinformações e atualidade. Acredito,

também, que poderá servir de suportepara meus trabalhos e, conseqüentemente,para o meu conhecimento na área.”Keli Aparecida Alves de CastroLondrina – PR.

“Sou técnico em Enfermagem e gostariade parabenizá-los pela revista SuperSaudável, que é maravilhosa.”Antonio da SilvaPorto Ferreira – SP.

“Adoro esta revista. Quando chega voulendo um pouquinho por dia e tenhoaprendido muito. Sou agente comunitáriade saúde e, por isso, a revista é de grandeutilidade para minha vida. Trabalho emuma Unidade de Saúde da Família quecuida da promoção e prevenção da saúdede 3 mil pessoas. A revista é de grandeutilidade para nossa equipe.”Lucas RochaPiracicaba – SP.

“Gostaria de parabenizá-los pela edição darevista Super Saudável, com relação aosartigos médicos publicados e pela formaque os mesmos estão sendo abordados.Sou pesquisador da área de Medicina e

trabalho com cefaléias. Inclusive, fiqueimuito feliz ao receber um exemplar naqual um amigo de infância, o Dr. JoséOsmar Medina, presidente da ABTO, falasobre transplante de órgãos no Brasil.” Prof. Dr. Erasmo J. C. Simões Chavantes – SP.

“Lendo a revista Super Saudável, meidentifiquei muito, pois aborda assuntosdiversos, principalmente sobre a nossasaúde e sobre como melhorá-la tendouma vida saudável.”Célia BarbosaSão Paulo.

“Tomei conhecimento da revista SuperSaudável em uma feira de livros de minhacidade. São excelentes e produtivas asinformações contidas nela, ricas emconteúdo científico, de grande valiapara o nosso cotidiano.”Roberto N. AokiRegente Feijó – SP.

“Sou nutricionista e consideroa revista de vocês ótima.”Marta da Cunha PereiraBragança Paulista – SP.