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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................. 5
1. DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 4 DE SETEMBRO DE 1942 - Lei de Introdução aoCódigo Civil Brasileiro. .......................................................................................................... 6
2. DAS PESSOAS ................................................................................................................ 8 2.1 - Das pessoas naturais ................................................................................................ 9 2.1.1 - Dos Direitos da Personalidade............................................................................11 2.1.2 - Da Ausência ........................................................................................................11 2.2 - Das Pessoas Jurídicas ............................................................................................ 12 2.2.1 - Das associações e das sociedades ................................................................... 12 2.2.2 – Das Fundações ................................................................................................. 12 2.3 - O Domicílio .............................................................................................................. 13
3. DOS BENS ..................................................................................................................... 14 3.1 - Dos bens considerados em si mesmos .................................................................... 15 3.1.1 -Dos Bens Imóveis ............................................................................................... 15 3.1.2 - Dos Bens Móveis ............................................................................................... 15 3.1.3 - Dos Bens Fungíveis e Consumíveis .................................................................. 16 3.1.4 - Dos Bens Divisíveis ........................................................................................... 16 3.1.5 - Dos Bens Singulares e Coletivos ....................................................................... 16 3.2 - Dos Bens Reciprocamente Considerados ............................................................... 17 3.3 - Dos Bens Públicos ................................................................................................... 17
4. FATOS JURÍDICOS ........................................................................................................ 19 4.1 - Fatos, atos e negócios jurídicos. ............................................................................. 20 4.2 - Da Representação ................................................................................................... 21 4.3 - Da Condição, do Termo e do Encargo ..................................................................... 21 4.4 - Dos Defeitos do Negócio Jurídico ............................................................................ 23 4.4.1 - Do Erro ou Ignorância ........................................................................................ 23 4.4.2 - Do Dolo .............................................................................................................. 24 4.4.3 - Da Coação ......................................................................................................... 24 4.4.4 - Do Estado de Perigo .......................................................................................... 25 4.4.5 - Da Lesão ........................................................................................................... 25 4.4.6 - Da Fraude Contra Credores............................................................................... 25 4.5 - Da Invalidade do Negócio Jurídico .......................................................................... 25
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4.6 - Dos Atos Ilícitos ....................................................................................................... 27 4.7 - Da Prescrição e da Decadência ............................................................................... 27 4.7-1 - Da Prescrição .................................................................................................... 27 4.7.2 - Da Decadência .................................................................................................. 28
5. DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES .................................................................................. 29 5.1 - Das Modalidades das Obrigações ........................................................................... 30 5.1.1 - Das Obrigações de Dar ..................................................................................... 30 5.1.1.1 - Das Obrigações de Dar Coisa Certa ............................................................ 30 5.1.1.2 - Das Obrigações de Dar Coisa Incerta.......................................................... 31 5.1.2 - Das Obrigações de Fazer .................................................................................. 32 5.1.3 - Das Obrigações de Não Fazer ........................................................................... 32 5.1.4 - Das Obrigações Alternativas .............................................................................. 33 5.1.5 - Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis ............................................................ 34 5.1.6 - Das Obrigações Solidárias ................................................................................ 34 5.1.6.1 - Da Solidariedade Ativa ................................................................................. 34 5.1.6.2 - Da Solidariedade Passiva ............................................................................ 35 5.2 - Da Transmissão das Obrigações ............................................................................. 36 5.2.1 - Da Cessão de Crédito ........................................................................................ 36 5.2.2 - Da Assunção de Dívida ...................................................................................... 36 5.3 - Do Adimplemento e Extinção das Obrigações ......................................................... 37 5.3.1 - Do Pagamento ................................................................................................... 37 5.3.1.1 - De Quem Deve Pagar .................................................................................. 37 5.3.1.2 - Daqueles a Quem se Deve Pagar................................................................ 38 5.3.1.3 - Do Objeto do Pagamento e Sua Prova ........................................................ 38 5.3.1.4 - Do Lugar do Pagamento .............................................................................. 39 5.3.1.5 - Do Tempo do Pagamento ............................................................................ 39 5.3.2 - Pagamento em Consignação ............................................................................. 40 5.3.3 - Do Pagamento com Sub-Rogação ..................................................................... 41 5.3.4 - Da imputação do Pagamento ............................................................................. 41 5.3.5 - Da Dação em Pagamento .................................................................................. 41 5.3.6 - Da Novação ....................................................................................................... 42 5.3.7 - Da Compensação .............................................................................................. 43 5.3.8 - Da Confusão ...................................................................................................... 43 5.3.9 - Da Remissão das Dívidas .................................................................................. 43 5.4 - Do Inadimplemento das Obrigações ........................................................................ 44 5.4.1 - Da Mora ............................................................................................................. 45 5.4.2 - Das Perdas e Danos .......................................................................................... 46
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5.4.3 - Dos Juros Legais ............................................................................................... 46 5.4.4 - Da Cláusula Penal ............................................................................................. 47 5.4.5 - Das Arras ou Sinal ............................................................................................. 47 5.5 Dos Contratos em Geral ............................................................................................ 48 5.5.1 - Da Formação dos Contratos .............................................................................. 49 5.5.2 - Da Estipulação em Favor de Terceiro ................................................................ 50 5.5.3 - Da Promessa de Fato de Terceiro ..................................................................... 51 5.5.4 - Dos Vícios Redibitórios ...................................................................................... 51 5.5.5 - Da Evicção......................................................................................................... 52 5.5.6 - Dos Contratos Aleatórios ................................................................................... 53 5.5.7 - Do Contrato Preliminar ...................................................................................... 53 5.5.8 - Do Contrato com Pessoa a Declarar ................................................................. 54 5.5.9 - Da Extinção do Contrato .................................................................................... 54 5.5.9.1 - Do Distrato ................................................................................................... 54 5.5.9.2 - Da Cláusula Resolutiva ................................................................................ 55 5.5.9.3 - Da Exceção de Contrato não Cumprido ....................................................... 55 5.5.9.4 - Da Resolução por Onerosidade Excessiva .................................................. 56 5.6 - Das Várias Espécies de Contrato ............................................................................ 56 5.6.1 - Da Compra e Venda .......................................................................................... 56 5.6.1.1 - Da Retrovenda ............................................................................................. 59 5.6.1.2 - Da Venda a Contento e da Sujeita a Prova .................................................. 59 5.6.1.3 - Da Preempção ou Preferência ..................................................................... 59 5.6.1.4 - Da Venda com Reserva de Domínio ............................................................ 60 5.6.1.5 - Da Venda Sobre Documentos ...................................................................... 61 5.6.2 - Da Troca ou Permuta ......................................................................................... 61 5.6.3 -Do Contrato Estimatório ...................................................................................... 62 5.6.4 - Da Doação ......................................................................................................... 62 5.6.5 - Da Locação de Coisas ....................................................................................... 63 5.6.6 - Do Empréstimo .................................................................................................. 64 5.6.6.1 - Do Comodato ............................................................................................... 64 5.6.7.2 - Do Mútuo ..................................................................................................... 65 5.6.8 - Da Prestação de Serviço ................................................................................... 65 5.6.9 - Do Depósito ....................................................................................................... 66 5.6.9.1 - Do Depósito Voluntário ................................................................................ 66 5.6.9.2 - Do Depósito Necessário .............................................................................. 67 5.6.10 - Do Mandato .................................................................................................. 68 5.6.10.1 - Das Obrigações do Mandatário ................................................................. 69 5.6.10.2 - Das Obrigações do Mandante ................................................................... 69
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5.6.10.3 - Da Extinção do Mandato ............................................................................ 69 5.6.11 - Da Comissão ................................................................................................... 70 5.6.12- Da Corretagem ................................................................................................. 71 5.6.13 - Da Fiança ........................................................................................................ 72 5.6.14. - Da Transação ................................................................................................. 73 5.6.15 - Do Compromisso ou Arbitragem ...................................................................... 73 5.7 - Dos Atos Unilaterais ................................................................................................ 74 5.7.1 - Da Promessa de Recompensa .......................................................................... 74 5.7.2 - Do Pagamento Indevido .................................................................................... 74 5.7.3 - Do Enriquecimento Sem Causa ......................................................................... 75
6. DIREITO DAS COISAS ................................................................................................... 76 6.1 - Da posse ................................................................................................................. 77 6.1.1 - Da Posse e sua Classificação ............................................................................ 77 6.1.2 - Da Aquisição da Posse ...................................................................................... 78 6.1.3 - Dos Efeitos da Posse......................................................................................... 79 6.1.4 - Da Perda da Posse ............................................................................................ 79 6.2 - Dos Direitos Reais .................................................................................................. 80 6.3 - Da Propriedade ........................................................................................................ 80 6.3.1 - Da Aquisição da Propriedade Imóvel ................................................................. 81 6.3.1.1 - Da Usucapião .............................................................................................. 81 6.3.1.2 - Da Aquisição pelo Registro do Título ........................................................... 82 6.3.1.3 - Da Aquisição por Acessão ........................................................................... 83 6.3.1.3.1 - Das ilhas ................................................................................................... 83 6.3.1.3.2 - Da Aluvião ................................................................................................. 83 6.3.1.3.3 - Da Avulsão ................................................................................................ 84 6.3.1.3.4 - Do Álveo Abandonado .............................................................................. 84 6.3.1.3.5 - Das Construções e Plantações ................................................................. 84 6.3.2 - Da Perda da Propriedade .................................................................................. 85 6.3.3 - Dos Direitos de Vizinhança ................................................................................ 85 6.3.3.1 - Do Uso Anormal da Propriedade ................................................................. 85 6.3.3.2 - Das Árvores Limítrofes ................................................................................ 85 6.3.3.3 - Da Passagem Forçada ................................................................................ 86 6.3.3.4 - Da Passagem de Cabos e Tubulações ........................................................ 86 6.3.3.5 - Das Águas ................................................................................................... 86 6.3.3.6 - Dos Limites entre Prédios e do Direito de Tapagem .................................... 86 6.3.3.7 - Do Direito de Construir ................................................................................ 87 6.4 - Do Condomínio Geral .............................................................................................. 87
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6.4.1 - Do Condomínio Voluntário ................................................................................. 87 6.4.2 - Do Condomínio Necessário ............................................................................... 88 6.5 - Do Condomínio Edilício ........................................................................................... 88 6.6 - Da Propriedade Resolúvel ....................................................................................... 89 6.7 - Direitos Reais de Gozo ou Fruição sobre Coisas Alheias ........................................ 90 6.8 - Da Superfície ........................................................................................................... 90 6.9 - Das Servidões ......................................................................................................... 91 6.10 - Do Usufruto............................................................................................................ 91 6.11 - Do Uso ................................................................................................................... 92 6.12 - Da Habitação ......................................................................................................... 93 6.13 - Do Direito do Promitente Comprador ..................................................................... 93 6.14 - Direitos Reais de Garantia sobre Coisas Alheias ................................................... 93 6.14.1 - Disposições gerais sobre o penhor, hipoteca e a anticrese. ............................ 93 6.14.2 - Do Penhor ........................................................................................................ 95 6.14.3 - Da Hipoteca ..................................................................................................... 95 6.15 -Da Anticrese ........................................................................................................ 97
7. LEI Nº 4.591, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1964 .............................................................. 98 7.1 - Do Condomínio ........................................................................................................ 99 7.2 - Das Incorporações ................................................................................................... 99 7.2.1 - Da Construção de Edificação em Condomínio ................................................. 100 7.2.1.1 - Da Construção por Empreitada .................................................................. 101 7.2.1.2 - Da Construção por Administração ............................................................. 101 7.2.2 - Das Infrações ................................................................................................... 102
8.LEI No 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979 - Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras Providências .............................................................................. 103
9.1 LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990 - Dispõe sobre a proteção do consumidor ....................................................................................................................... 109 9.1 – Definições e Conceitos ..........................................................................................110 9.2 - Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço .......................................110 9.3 - Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço ........................................111 9.4 - Da Decadência e da Prescrição ..............................................................................112 9.5 - Das Práticas Comerciais .........................................................................................113 9.5.1 – Da Oferta .........................................................................................................113 9.5.2 - Da Publicidade ..................................................................................................113 9.5.3 - Das Práticas Abusivas ......................................................................................114
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9.5.4 - Da Cobrança de Dívidas ...................................................................................115 9.6 - Da Proteção Contratual ..........................................................................................115 9.6.1 - Das Cláusulas Abusivas ...................................................................................116 9.6.2 - Dos Contratos de Adesão .................................................................................116
10. LEI No 8.245, DE 18 DE OUTUBRO DE 1991 - Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. ...................................................118 10.1 - Da locação em geral .............................................................................................119 10.2 - Da locação residencial ......................................................................................... 121 10.3 - Da locação para temporada ................................................................................. 122 10.4 - Da locação não residencial .................................................................................. 122
11. LEI Nº 6.015, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1973 - Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras providências ........................................... 125 11.1 – Das atribuições ................................................................................................... 126 11.2 - Da Publicidade ..................................................................................................... 126 11.3 - Do Registro Civil das Pessoas Naturais ............................................................... 127 11.4 - Do Registro Civil de Pessoas Jurídicas................................................................ 127 11.5 - Do Registro de Títulos e Documentos .................................................................. 128 11.6 - Do Registro de Imóveis ........................................................................................ 129
12. LEI Nº 6.530, DE 12 DE MAIO DE 1978 E SEU INSTRUMENTO. REGULAMENTADOR,
13. O DECRETO Nº 81.871, DE 29 DE JUNHO DE 1978. ............................................... 131RESOLUÇÃO-COFECI Nº 146/82 - Aprova o Código de Processo Disciplinar. ................ 136 13.1 - Da jurisdição ........................................................................................................ 137 13.2 - Do Processo Disciplinar ....................................................................................... 137 13.2.1 - Do Auto de Infração ....................................................................................... 138 13.2.2 - Da Representação ......................................................................................... 139 13.3 – Dos Recursos ..................................................................................................... 139Resolução-COFECI n.º 326/92 - Institui o Código de Ética Profissional .......................... 141
QUESTÕES ...................................................................................................................... 144
GABARITO ....................................................................................................................... 171
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 172
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APRESENTAÇÃO
Destina-se, o presente trabalho, a introduzir aquele estudante ou o Técnico em
Transações Imobiliárias nos fundamentos dos atos e fatos jurídicos relacionados
exclusivamente com o exercício da profissão de Corretor de Imóveis. Justamente pelo
modesto objetivo, aqui não se aprofundou em discussões doutrinárias e teóricas que
sobram no mundo do direito.
Alguns temas da disciplina Direito de Legislação coincidem com os de outras
disciplinas. Nesse caso procurou-se conceituar e discorrer sobre as conseqüências sob o
ponto de vista estritamente jurídico, deixando o ensino da prática a essas outras disciplinas.
Dado ao foco, procurou-se incluir os tópicos diretamente relacionados à profissão de
Corretor de Imóveis, deixando de lado temas não menos importantes. Nesse sentido, certas
disposições, direitos e obrigações não foram sequer analisadas, ou o foram superficialmente,
considerando que o objeto profissional do Corretor é o imóvel. Deve-se, claro, recomendar
a continuação dos estudos jurídicos, mesmo como forma de aperfeiçoamento pessoal.
O autor.
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1DECRETO-LEI Nº 4.657,
DE 4 DE SETEMBRO DE
1942 - Lei de Introdução ao
Código Civil Brasileiro.
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O tema central da Lei de Introdução do Código Civil é a própria lei, na medida em que versa sobre a vigência dela, sua revogação, da impossibilidade de alegar-se o seu desconhecimento, da aplicação da lei e de suas lacunas, da interpretação da lei e sua eficácia no tempo e no espaço.
A publicação no Diário Oficial é a forma de tornar a lei pública e, portanto, de conhecimento geral. Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. A presunção de que todos conhecem a lei não corresponde à realidade, dada a quantidade de leis existentes e à sanha legiferante do executivo.
A lei, para ser imperativa, deve estar em vigor. A maioria delas costuma indicar a data da partir de quando entrará em vigor. Todavia, se uma lei nada dispuser a respeito, entrará ela em vigor 45 dias após a publicação oficial, no território nacional, e em 3 meses nos países estrangeiros onde se admite a legislação pátria.
O intervalo de tempo compreendido entre a data da publicação da lei e sua entrada em vigor denomina-se vacatio legis. O instituto da vacância da lei objetiva a concessão de prazo para que todos se adaptem à nova lei. O novo Código Civil passou a vigorar após um período de vacatio legis.
Via de regra a lei vigorará por tempo indeterminado, até que uma outra lei posterior a modifique ou revogue. Mas a lei nova deve ter hierarquia igual ou superior a da lei modificada ou revogada. Há casos em que a lei é de vigência temporária, principalmente para atender situações extremes, mas passageira.
A lei não é capaz de prever todas as situações jurídicas, e sendo omissa deve o juiz decidir o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. A aplicação da lei ao caso concreto deve sempre atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
Uma vez em vigor, a lei tem efeito imediato e geral, mas deve respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Ato jurídico perfeito é o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. Direito adquirido é aquele que o seu titular pode exercer, pessoalmente ou por terceiros, ou aquele cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
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2 DAS PESSOAS
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2.1 - Das pessoas naturais
Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na vida civil, ou seja, tem personalidade
que a autoriza a ser titular de deveres e direitos nas relações jurídicas entre os homens. A
personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida e termina com a morte. A
respiração é considerada como sendo a prova mais eficaz do nascimento com vida.
Todavia, desde a concepção a lei põe a salvo os direitos do nascituro, ser já concebido,
mas que está por nascer. Nesse sentido, o nascituro pode herdar, receber doações e
legados, ser adotado, figurar como sujeito ativo e passivo de diretos e obrigações.
A capacidade civil é a aptidão da pessoa para ser titular, ou seja, exercer direitos e
assumir obrigações na ordem civil. Apesar de toda pessoa ser titular de diretos e deveres,
necessariamente não significa que ela possa exercê-los plenamente. Há casos em que a lei
protege determinados grupos de pessoas, considerando a idade, saúde e o desenvolvimento
intelectual, impedindo-os de exercer pessoalmente seus direitos. A esse grupo de pessoas
dá-se a denominação de incapazes.
Assim, a incapacidade pode ser entendida como a vedação imposta pela lei para a
prática pessoal de direitos e obrigações, não obstante a pessoa ser titular desses direitos e
deveres. Ela pode ser absoluta ou relativa.
São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os
menores de dezesseis anos, os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o
necessário discernimento para a prática desses atos, e os que, mesmo por causa transitória,
não puderem exprimir sua vontade.
A determinação da capacidade da pessoa é de suma importância para a validade do
negócio jurídico, pois ele é nulo quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz. E
sendo nulo não gera nenhum efeito.
No exercício de diretos e deveres os absolutamente incapazes são representados
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pelo pai, tutor ou curador, que pratica ato jurídico em nome ou pelo absolutamente incapaz.
São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer, os maiores
de dezesseis e menores de dezoito anos, os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e
os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido, os excepcionais, sem
desenvolvimento mental completo, os pródigos. O negócio jurídico celebrado por pessoa
relativamente incapaz é anulável.
A lei permite aos relativamente incapazes a prática de atos jurídicos, mas condiciona
essa prática a assistência do pai, tutor ou curador, ou seja, de uma pessoa plenamente
capaz, que se posta ao lado do relativamente incapaz, auxiliando-o na prática do ato jurídico
e integrando-lhe a capacidade.
A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à
prática de todos os atos da vida civil. Todavia, cessará, para os menores, a incapacidade
pela emancipação concedida pelos pais, pelo casamento, pelo exercício de emprego público
efetivo, pela colação de grau em curso de ensino superior, pelo estabelecimento civil ou
comercial, ou pela existência de relação de emprego no qual, o menor, com dezesseis anos
completos tenha economia própria.
Uma vez ocorrida a emancipação ela se torna irrevogável e definitiva. Quem se
emancipou pelo exercício do comércio e depois faliu, quem se casou e depois ficou viúvo
ou se divorciou não retorna à condição de incapaz.
A existência da pessoa natural termina com a morte. Pode-se presumir a assim
declará-la, sem decretação de ausência, depois de esgotadas as buscas e averiguações,
nos casos em que é extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida, se
o desaparecido em campanha ou feito prisioneiro não for encontrado até dois anos após o
término da guerra.
A morte presumida tem como conseqüência a abertura da sucessão definitiva quanto
aos bens e a dissolução da sociedade conjugal.
Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar
se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
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2.1.1 - Dos Direitos da Personalidade
Os direitos da personalidade são a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, o nome e o pseudônimo. Eles são intransmissíveis e irrenunciáveis, não
podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Isto significa que o titular de direitos
de personalidade não pode, exceto em casos específicos previstos em lei, transmitir esses
diretos a outrem, não pode renunciar ou deles dispor voluntariamente.
Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar
perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. O
nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações
que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória, nem se
pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
2.1.2 - Da Ausência
A ausência ocorre quando uma pessoa desaparece do seu domicílio e dela não se tem
mais notícia ou não tenha deixado representante ou procurador. Ao ausente será nomeado
curador, que procederá a arrecadação dos bens.
Os interessados poderão requerer a declaração de ausência e a abertura as sucessão
provisória depois de decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou três anos
se ele deixou representante ou procurador. São considerados interessados na declaração
de ausência o cônjuge não separado judicialmente, os herdeiros presumidos, legítimos ou
testamentários, os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte,
e os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Dez anos depois da abertura da sucessão provisória poderão os interessados requerer
a sucessão definitiva. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o
ausente conta oitenta anos de idade e que as últimas notícias dele remontam a cinco anos.
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2.2 - Das Pessoas Jurídicas
Pessoa jurídica é a entidade constituída de homens ou bens com vida, direitos,
obrigações e patrimônio próprios. São de direito público, interno ou externo, e de direito
privado. A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição
do ato constitutivo no respectivo registro.
São pessoas jurídicas de direito público interno a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Territórios, os Municípios, as autarquias, e qualquer outra entidade de caráter público
criada por lei.
São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as
pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
São pessoas jurídicas de direito privado as associações, as sociedades, e as fundações.
Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
2.2.1 - Das associações e das sociedades
As associações são constituídas pela união de pessoas que se organizem para fins
não econômicos, exercendo via de regra, atividades culturais, religiosas ou beneficentes.
As sociedades são constituídas pela união de pessoas que se organizam visando fins
econômicos, ou seja, visando o lucro. São exemplos a sociedade civil, a sociedade limitada,
a sociedade anônima de economia mista.
2.2.2 – Das Fundações
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Fundação é a pessoa jurídica composta pela organização de um patrimônio, destacado
pelo seu instituidor para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. A fundação
possui apenas patrimônio gerido por curadores e não tem proprietário, nem titular, nem
sócios.
2.3 - O Domicílio
O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
definitivo. Todavia, se a pessoa tiver diversas residências, vivendo nelas alternadamente,
qualquer delas poderá ser considerada seu domicílio.
O domicílio também pode ser o local de trabalho ou o lugar onde a pessoa mantém o
centro de suas ocupações, ou, ainda, o lugar onde for encontrada, se não tiver residência
fixa ou centro de ocupações habituais.
O domicílio das pessoas jurídicas é o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias
e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles
será considerado domicílio para os atos nele praticados.
O domicílio pode ser classificado como voluntário, legal e de eleição. Voluntário
é aquele estabelecido por critério exclusivo do indivíduo, sem qualquer interferência
exceto sua manifestação de vontade. Legal ou necessário é aquele fixado por lei para
determinadas pessoas. Domicílio de eleição é aquele especificado por comum acordo das
partes contratantes.
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3 DOS BENS
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Bens são as coisas de quantidades limitadas com utilidade ao homem e que nele provoca
o desejo de possuí-las. Conforme as suas características têm diversas classificações, a
saber.
3.1 - Dos bens considerados em si mesmos
3.1.1 -Dos Bens Imóveis
São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
Também são considerados imóveis, para efeitos legais, os direitos reais sobre imóveis e as
ações que os asseguram e o direito à sucessão aberta.
Não perdem o caráter de imóveis as edificações que, separadas do solo, mas
conservando a sua unidade, forem removidas para outro local, e os materiais provisoriamente
separados de um prédio, para nele se reempregarem.
3.1.2 - Dos Bens Móveis
São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força
alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Também são
considerados móveis, para efeitos legais, as energias que tenham valor econômico, os
direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes, e os direitos pessoais de
caráter patrimonial e respectivas ações.
Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados,
conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da
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demolição de algum prédio.
3.1.3 - Dos Bens Fungíveis e Consumíveis
São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade. Infungíveis são os que não podem ser substituídos, valendo pela
sua individualidade.
São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria
substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação. Inconsumíveis,
são os bens móveis de natureza durável.
3.1.4 - Dos Bens Divisíveis
Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância,
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. É exemplo a gleba
de lote rural, a barra de ouro. Indivisíveis são os bens que não admitem divisão.
3.1.5 - Dos Bens Singulares e Coletivos
São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si,
independentemente dos demais. São coletivos os bens singulares que, pertinentes à
mesma pessoa, tenham destinação unitária.
21
3.2 - Dos Bens Reciprocamente Considerados
Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente. Acessório é aquele
cuja existência supõe a do principal.
São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças,
salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do
caso. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser
objeto de negócio jurídico.
As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. São voluptuárias as de
mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem
mais agradável ou sejam de elevado valor. São úteis as que aumentam ou facilitam o uso
do bem. São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem
a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
3.3 - Dos Bens Públicos
São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Também são bens públicos os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas,
ruas e praças, os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de
suas autarquias, e os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
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Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis,
enquanto conservarem a sua qualificação. Os bens públicos dominicais podem ser alienados
desde que observadas as exigências da lei. Em qualquer hipótese os bens públicos não
estão sujeitos a usucapião.
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4 FATOS JURÍDICOS
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4.1 - Fatos, atos e negócios jurídicos.
Fato jurídico é o acontecimento que produz conseqüências jurídicas. O fato jurídico
pode decorrer da natureza, como os efeitos de uma ventania, ou de uma ação humana,
criando, transferindo, modificando, ou extinguindo direitos e obrigações.
É importante diferenciar ato jurídico de negócio jurídico. O primeiro é o acontecimento
que tem seus limites estabelecidos pela lei, tanto na forma, nos termos quanto nos efeitos.
O segundo, o negócio jurídico, é o ato lícito que faculta às partes de estabelecerem a
fixação dos termos e dos efeitos, de acordo com seus interesses particulares.
A validade do negócio jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado
ou determinável, e forma prescrita ou não defesa em lei.
A realização de negócio jurídico tem como pressuposto uma declaração de vontade.
Aquele que a emite deve ter capacidade, ou seja, estar consciente da declaração de vontade
e das suas conseqüências. Havendo incapacidade absoluta ou relativa, deve o agente ser
representando ou suprido.
A liceidade do objeto visa garantir a obediência dos negócios ao ordenamento
jurídico na medida em que não permite negócios jurídicos que vão encontro à lei, a moral
ou aos bons costumes. Ressalta-se que a impossibilidade inicial do objeto não invalida o
negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver
subordinado.
Por fim, na realização do negócio jurídico é imprescindível a obediência à forma, ou
seja, o meio pelo qual se ele exterioriza. A regra geral é de que a validade da declaração de
vontade dependerá de forma especial somente quando a lei expressamente a exigir, sendo
livre a forma nos demais casos. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer
sem instrumento público, a sua ausência o invalida.
A manifestação de vontade, mesmo que o autor haja feito a reserva mental de não
querer o que manifestou, têm validade, exceto de o destinatário da manifestação tinha
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conhecimento do desejo do declarante.
Quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração
de vontade expressa, o silêncio importa anuência.
Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do
que ao sentido literal da linguagem. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme
a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
4.2 - Da Representação
Os poderes de representação são conferidos pela lei ou pelo interessado. A
manifestação de vontade do representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em
relação ao representado.
O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do
representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo,
responder pelos atos que a estes excederem.
É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o
representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.
Realizado o negócio, o prazo de decadência para pleitear sua anulação é de cento e oitenta
dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade.
4.3 - Da Condição, do Termo e do Encargo
Considera-se condição a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico a evento
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futuro e incerto. Deriva exclusivamente da vontade das partes.
São lícitas todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons
costumes. São proibidas as condições que privarem o negócio jurídico de todo efeito o
sujeitar ao puro arbítrio de uma das partes.
Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados as condições impossíveis
(quando suspensivas), as ilícitas, as de fazer coisa ilícita, e as condições incompreensíveis
ou contraditórias.
A condição impossível é aquele em que o acontecimento necessário para a eficácia
do ato jurídico é inatingível, inalcançável ou legalmente proibida.
Condições suspensivas são aquelas em que a aquisição do direito fica na dependência
de um evento futuro e incerto; enquanto este se não verificar, não se terá adquirido o direito.
Condições resolutivas são aquelas em que o direito adquirido se desfaz quando ocorrer
determinado evento; enquanto este não se realizar, vigorará o negócio jurídico.
Termo é a definição do momento, do dia em que começam ou terminam os efeitos do
negócio jurídico. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
Para estabelecimento do termo, salvo disposição legal ou convencional em contrário,
computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. Se o
dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte
dia útil. Meado é considerado, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. Os prazos de
meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata
correspondência. Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
Estabelecido um negócio jurídico entre vivos sem fixação de prazo, ele é exeqüível
desde logo, exceto se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.
O encargo é cláusula acessória que impõe um a obrigação ao beneficiário do ato
jurídico. Não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente
imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
O encargo ilícito ou impossível será considerado não escrito, liberando o ato negocial
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de qualquer restrição. Todavia, se constituir o motivo determinante da liberalidade será
invalidado o negócio jurídico.
4.4 - Dos Defeitos do Negócio Jurídico
O negócio jurídico tem como fundamento a livre e consciente manifestação de
vontade com vistas a atingir os fins pretendidos. Se ela não é consciente ou o querer não
se manifestou livremente, como nos casos de erro ou ignorância, dolo, coação, estado
de perigo e lesão, o negócio jurídico pode ser anulado porque defeituoso. Há, também,
manifestação de vontade que o agente quis e estava consciente, mas a fez em desacordo
com as disposições legais ou do boa-fé, como no caso da fraude contra credores.
4.4.1 - Do Erro ou Ignorância
Erro é a falsa noção sobre alguma coisa, enquanto a ignorância é o desconhecimento
acerca de algo. Ambos viciam o consentimento do declarante, que teria se manifestado de
outra maneira de conhecesse a realidade.
São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem
de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das
circunstâncias do negócio.
Erro substancial ou essencial é aquele que recai sobre a natureza do negócio, sobre
o objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais. Da mesma
forma, erro substancial é aquele que recai sobre a identidade ou à qualidade essencial
da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de
modo relevante. Ainda, erro substancial é aquele que ocorre quando for o motivo único ou
principal do negócio jurídico, sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei.
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O ato jurídico somente é anulado por erro substancial ou essencial. Não acarreta
nulidade o erro acidental ou secundário.
O erro de indicação da pessoa ou da coisa, denominado erro acidental, a que se
referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas
circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
4.4.2 - Do Dolo
Dolo é o artifício ou expediente usado para enganar alguém. Os negócios jurídicos
são anuláveis quando o dolo for a sua causa. Diferencia o dolo do erro porque a vontade
neste é enganada espontaneamente, enquanto que naquele ela é provocada.
O dolo é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por
outro modo. Ele só obriga à satisfação das perdas e danos.
Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito
de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se
que sem ela o negócio não se teria celebrado. Se ambas as partes procederem com dolo,
nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
4.4.3 - Da Coação
Coação é a violência física ou moral que impede alguém de dispor livremente de sua
vontade. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente
fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus
bens. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples
temor reverencial.
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4.4.4 - Do Estado de Perigo
Ocorre o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se,
ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação
excessivamente onerosa.
4.4.5 - Da Lesão
Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência,
se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
4.4.6 - Da Fraude Contra Credores
Pratica fraude contra credores o devedor insolvente, ou na iminência de o ser, que
onera ou aliena seus bens, desfalcando seu patrimônio em detrimento dos credores. Nesse
caso, os credores poderão anular os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão
de dívida. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando
a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
4.5 - Da Invalidade do Negócio Jurídico
A desobediência quanto a forma prescrita em lei acarreta uma sanção que impede
o negócio jurídico de produzir efeitos. Essa sanção é denominada nulidade, que pode ser
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absoluta ou relativa.
A nulidade absoluta caracteriza-se pela falta de algum elemento substancial do negócio
jurídico, como, por exemplo, quando for celebrado por pessoa absolutamente incapaz, for
ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto, quando o motivo determinante das partes
for ilícito. Da mesma forma, nulo é o negócio jurídico quando não se reveste da forma
prescrita em lei, tiver por objetivo fraudar lei imperativa, e quando a lei taxativamente o
declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Também é nulo negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se
válido for na substância e na forma. A simulação ocorre nos casos de declaração, confissão,
condição ou cláusula não verdadeira, ao se antedatar ou pós-datar escritos particulares, ou,
ainda, quando aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às
quais realmente se conferem, ou transmitem.
A nulidade absoluta, por ser matéria de ordem pública, pode ser levantada a qualquer
tempo, por qualquer pessoa; e não admite convalidação ou ratificação e não se sujeita a
prescrição.
A nulidade relativa caracteriza-se pela incapacidade relativa do agente ou por vício
resultante de manifestação de vontade. A nulidade relativa só levantada pelo interessado
direto. Pode ser convalidada com a ocorrência da prescrição, pela correção do vício, pela
revogação da exigência legal ou pela ratificação.
O prazo decadencial para anulação do negócio jurídico decorrente e vício de vontade
é de quatro anos, contados conforme o vício. Quando a lei dispuser que determinado ato
é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a
contar da data da conclusão do ato.
Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se
achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder
provar-se por outro meio. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um
negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da
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obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da
obrigação principal.
4.6 - Dos Atos Ilícitos
A distinção entre ato ilícito e negócio ilícito observa-se, sobretudo, quanto aos efeitos.
O primeiro é punido com a ineficácia, enquanto o segundo gera a obrigação de reparar o
dano.
Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Também
comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Não são considerados atos ilícitos aqueles praticados em legítima defesa ou no
exercício regular de direito ou a promoção da deterioração ou destruição da coisa alheia,
ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente, observados as circunstâncias e o
limites.
4.7 - Da Prescrição e da Decadência
O titular de direitos deve exercê-los no tempo e na forma estabelecida pela lei ou
estabelecida particularmente, sob pena de caducidade e, de conseqüência, o perecimento
do direito ou da possibilidade de cobrá-lo.
4.7-1 - Da Prescrição
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A prescrição é a extinção de uma ação ajuizável em decorrência da inércia do seu
titular, durante certo lapso de tempo. A prescrição extingue a pretensão e de conseqüência
a possibilidade de se exigir um direito.
A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Especificamente afeta ao direito imobiliário, prescrevem em três anos a pretensão relativa
a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos, a pretensão para receber prestações vencidas
de rendas temporárias ou vitalícias, a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer
prestações acessórias, a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa, a
pretensão de reparação civil, a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro
prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
Prescrevem em cinco anos a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de
instrumento público ou particular, a pretensão dos profissionais liberais, contado o prazo da
conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato, a pretensão
do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
4.7.2 - Da Decadência
Decadência e extinção do direito em decorrência da inércia do seu titular, que deixa
escoar o prazo legal ou convencionado, para o seu exercício. Enquanto a prescrição
extingue a pretensão, pois o inerte perde a possibilidade de ajuizar ação para fazer valer
um direito, na decadência ele perde o próprio direito e extingue-se não só a pretensão, mas
o próprio direito pelo não exercício.
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5DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
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“Obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e
credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa,
devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através do seu patrimônio”
(Washington de Barros Monteiro).
A prestação ou contraprestação deve ser possível, licita, determinada ou determinável,
e traduzível em dinheiro.
5.1 - Das Modalidades das Obrigações
As obrigações dividem-se em obrigações de dar ou restituir, obrigações de fazer, ou
de não fazer.
5.1.1 - Das Obrigações de Dar
Essas obrigações relacionam-se a obrigatoriedade de entregar alguma coisa, que
poderá ser certa, determinada e específica ou incerta, indeterminada ou genérica.
Via de regra as obrigações incertas tratam sobre coisas fungíveis, e as obrigações
certas sobre coisas infungíveis.
5.1.1.1 - Das Obrigações de Dar Coisa Certa
A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela mesmo que não
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. O credor
de coisa certa não está obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa.
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As obrigações de dar e de restituir se resolvem conforme averiguação da existência
de culpa do devedor.
Nas obrigações de dar coisa certa, se a coisa se perder por culpa do devedor,
responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. Se deteriorada, poderá o credor
exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar
indenização das perdas e danos.
Nas obrigações de dar coisa certa, se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes
da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as
partes. Se deteriorada a coisa, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa,
abatido de seu preço o valor que perdeu.
Apenas para ilustrar, tradição é a entrega da coisa feita pelo devedor ao credor, e
obrigação resolvida é a obrigação finda, extinta.
Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder
antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus
direitos até o dia da perda. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá, este,
pelo equivalente, mais perdas e danos.
Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual
se ache, sem direito a indenização; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá,
este, pelo equivalente e mais perdas e danos.
5.1.1.2 - Das Obrigações de Dar Coisa Incerta
A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. Nas coisas
determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário
não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a
prestar a melhor.
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Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda
que por força maior ou caso fortuito.
5.1.2 - Das Obrigações de Fazer
A obrigação de fazer relaciona-se com o encargo de prestar um serviço, um ato positivo,
material ou imaterial, em benefício do credor ou terceiro. Bem exemplifica a obrigação de
fazer o encargo aceito pelo pedreiro para construir um muro.
O devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível incorrerá
na obrigação de indenizar perdas e danos.
Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a
obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.
Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar as
custas do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar
ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
5.1.3 - Das Obrigações de Não Fazer
A obrigação de não fazer relaciona-se com o encargo de abster-se obrigatoriamente
de um fato que poderia praticar, de tolerar, consentir ou não impedir.
Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne
impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Se aquele que se obrigou a abster-se de praticar o ato o fizer, o credor pode exigir seu
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desfazimento, sob pena de o próprio credor o desfazer a custa do devedor, que responderá
também por perdas e danos. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar
desfazer, sem prejuízo do ressarcimento devido.
5.1.4 - Das Obrigações Alternativas
Obrigação alternativa é aquela que tem por objeto duas ou várias prestações que são
devidas de tal maneira que o devedor se libere inteiramente executando uma “só dentre
elas” (Planiol).
Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se
estipulou, mas ele não pode obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em
outra. Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser
exercida em cada período.
Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada
inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não
competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último
se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por
culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da
outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem
inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização
por perdas e danos.
Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á
a obrigação.
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5.1.5 - Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis
Obrigação divisível é aquela cuja prestação o devedor pode cumprir a obrigação
por partes. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível,
esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou
devedores.
A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não
suscetíveis de divisão. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível,
cada um será obrigado pela dívida toda. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no
direito do credor em relação aos outros coobrigados.
Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
5.1.6 - Das Obrigações Solidárias
Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais
de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. A solidariedade não se
presume, resulta da lei ou da vontade das partes.
A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-
devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
5.1.6.1 - Da Solidariedade Ativa
Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da
prestação por inteiro.
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Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a
qualquer daqueles poderá este pagar. O pagamento feito a um dos credores solidários
extingue a dívida até o montante do que foi pago.
Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a
solidariedade.
O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros
pela parte que lhes caiba.
5.1.6.2 - Da Solidariedade Passiva
O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcialmente
ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores
continuam obrigados solidariamente pelo resto.
O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não
aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.
A cláusula, condição ou obrigação adicional, qualquer que seja ela, estipulada entre
um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem
consentimento destes.
Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste
para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o
culpado.
Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido
proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os
devedores. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos
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demais.
5.2 - Da Transmissão das Obrigações
5.2.1 - Da Cessão de Crédito
Na cessão de crédito, o credor (cedente) pode transferir a terceiro (cessionário) o
direito que possui em relação ao devedor (cedido), se a isso não se opuser à natureza da
obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor. A cláusula proibitiva da cessão não poderá
ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.
A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este
notificada.
Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. O
cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do
que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da
cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.
O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver
conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica
exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.
5.2.2 - Da Assunção de Dívida
É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso
do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção,
era insolvente e o credor o ignorava. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor
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para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da
assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.
Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as
suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício
que inquinava a obrigação.
5.3 - Do Adimplemento e Extinção das Obrigações
O ato de cumprir a obrigação é denominado adimplemento. A obrigação pode ser
extinta com o pagamento, com a dação em pagamento, com a novação, a compensação, a
transação, confusão e a remissão de dívidas.
5.3.1 - Do Pagamento
O pagamento é o cumprimento dado a uma obrigação, em dinheiro ou coisa.
5.3.1.1 - De Quem Deve Pagar
Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se
opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Igual direito cabe ao terceiro não
interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.
Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito
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por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. Se se der em pagamento coisa
fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu,
ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.
5.3.1.2 - Daqueles a Quem se Deve Pagar
O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de
só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. O pagamento
feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.
Não tem validade o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o
devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.
5.3.1.3 - Do Objeto do Pagamento e Sua Prova
O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que
mais valiosa. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor
ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.
As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo
valor nominal. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor
da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da
parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem
como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados
os casos previstos na legislação especial.
43
O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto
não lhe seja dada. A quitação designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do
devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do
credor, ou do seu representante.
Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até
prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.
Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no silêncio
das partes, que aceitaram os do lugar da execução.
5.3.1.4 - Do Lugar do Pagamento
Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem
diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.
Dívida quérable é a pagável no domicílio do devedor. Dívida portable é a pagável
no domicílio do credor. Sendo o contrato omisso prevalecerá o domicílio do devedor como
lugar do pagamento.
Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a
imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.
Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado,
poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor. O pagamento reiteradamente
feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.
5.3.1.5 - Do Tempo do Pagamento
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Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento,
pode o credor exigi-lo imediatamente.
As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo
ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor.
Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado
no contrato ou definido no Código Civil, desde que no caso de falência do devedor, ou
de concurso de credores; se os bens hipotecados ou empenhados forem penhorados em
execução por outro credor; ou, ainda, se cessarem ou se tornarem insuficientes as garantias
do débito e o devedor se negar a reforçá-las.
5.3.2 - Pagamento em Consignação
Pode o devedor efetuar o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa
devida, sendo o ato considerado pagamento, extinguindo-se a obrigação. Pode ocorrer nos
casos em que o credor não puder ou recusar, sem justa causa, receber o pagamento dar
quitação na devida forma. Da mesma forma, cabe o pagamento em consignação caso o
não for ou não mandar receber a coisa no lugar, no tempo e condição devidos; se ele for
incapaz de receber; for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou
de acesso perigoso ou difícil; se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o
objeto do pagamento ou, ainda, se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Para que a consignação tenha força de pagamento é imprescindível a observância
dos requisitos do pagamento, ou seja, feita observando a identidade do credor, a prestação
deve ser integral e efetuada na época acordada, ou se feita com atraso, acompanhada dos
encargos da mora. Por fim, deve ocorrer no lugar estipulado para o pagamento.
Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá
o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a
obrigação para todas as conseqüências de direito.
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5.3.3 - Do Pagamento com Sub-Rogação
Sub-rogar tem o significado de trocar, substituir, colocar uma coisa ou pessoa no lugar
de outra.
A sub-rogação deve ser declarada expressamente no contrato, não se presumindo.
Ocorre quando o credor recebe o pagamento de terceiro e lhe transfere todos os seus
direitos. Ela transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do
primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.
Ela pode ser pessoal ou real. Na sub-rogação pessoal a dívida é paga por um co-
devedor ou terceiro interessado. Na sub-rogação real substitui-se a coisa devida. A sub-
rogação também pode ser legal ou convencional. No primeiro caso decorre de imposição
legal e se manifesta nos casos em que o credor paga a dívida do devedor comum; em que
terceiro efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel, em que terceiro
interessado paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. No
segundo caso, a sub-rogação convencional, decorre de estipulação de vontades entre o
credor e terceiro ou entre o devedor e terceiro.
5.3.4 - Da imputação do Pagamento
Imputar o pagamento significa indicar o que se está pagando. Ocorre quando a pessoa
obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, indica a qual deles
oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.
São requisitos a dualidade ou pluralidade de dívidas, a identidade do credor e devedor,
débitos de natureza igual e suficiência de pagamento para qualquer das dívidas.
5.3.5 - Da Dação em Pagamento
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O credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber outra coisa, ainda que mais
valiosa. Todavia, a coisa dada em pagamento, mesmo que diversa do estipulado, pode
extinguir a obrigação desde que o credor concorde com a substituição.
Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes
regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.
Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em
cessão.
Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação
primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvo os direitos de terceiros.
5.3.6 - Da Novação
A novação é a substituição de uma obrigação por outra. Ocorre a novação pela
substituição do sujeito ativo ou do sujeito passivo ou do objeto da obrigação, surgindo uma
nova relação jurídica, que extingue e substitui a anterior.
A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de
consentimento deste. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor direito de ação
regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição.
A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver
estipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca
ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que não foi parte na
novação.
A novação feita sem o consentimento fiador o exonera com o devedor principal.
Não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas, exceto as obrigações
simplesmente anuláveis,
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5.3.7 - Da Compensação
A compensação é uma modalidade de extinção de obrigação recíproca. Se duas
pessoas forem, ao mesmo tempo, credores e devedores uma da outra, as duas obrigações
extinguem-se, até onde se compensarem. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas,
vencidas e de coisas fungíveis.
A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto se provier de
esbulho, furto ou roubo, se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos, ou se uma
for de coisa não suscetível de penhora.
As partes podem, de comum acordo, estipular a exclusão da compensação, ou, ainda,
no caso de renúncia prévia de uma delas.
5.3.8 - Da Confusão
Se na mesma pessoa se confundir as qualidades de credor e devedor a obrigação
será extinta. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela.
Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação
anterior.
5.3.9 - Da Remissão das Dívidas
A remissão é o ato pelo qual o credor dispensa graciosamente o devedor de pagar
a dívida. É um ato de liberalidade do credor, e bilateral, pois depende da concordância do
devedor. A remissão pode ser total ou parcial, e pode produzir os mesmos efeitos que a
transação.
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A remissão da dívida extingue a obrigação, mas não pode prejudicar terceiro.
5.4 - Do Inadimplemento das Obrigações
Inadimplir significa descumprir uma obrigação assumida. Essa inexecução gera
uma série de conseqüências jurídicas, conforme a obrigação. Pelo inadimplemento das
obrigações respondem todos os bens do devedor.
O inadimplemento pode ser relativo ou absoluto. Relativo, também denominado mora,
ocorre quando a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar e formas estipuladas, mas
sua execução ainda pode ser aproveitada pelo credor. A inadimplência é considerada
absoluta quando a obrigação não foi cumprida e sua execução fora do tempo, lugar e
formas estipuladas não mais se aproveita ao credor. Nesse casso ocorre o inadimplemento.
Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários
de advogado.
Nas obrigações negativas, de não fazer, o devedor é havido por inadimplente desde o
dia em que executou o ato de que se devia abster.
Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato
aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada
uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.
O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior,
se expressamente não se houver por eles responsabilizado. O caso fortuito ou de força
maior se caracteriza pela inevitabilidade do acontecimento, do fato, e pela ausência de
culpa na produção do evento.
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5.4.1 - Da Mora
A mora consiste na inexecução total ou parcial de uma obrigação, mas sua execução,
ainda que tardia ou deficiente pode ser aproveitada pelo credor.
Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não
quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
O devedor responde pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização
dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários
de advogado. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-
la, e exigir a satisfação das perdas e danos.
Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora.
No prazo estipulado, o inadimplemento da obrigação positiva e líquida, constitui
de pleno direito em mora o devedor. Não havendo prazo estipulado, a mora se constitui
mediante interpelação judicial ou extrajudicial.
Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde
que o praticou. Nas obrigações negativas, considera-se o devedor em mora a partir do
dia em que se executou o ato, se dele havia a obrigação de se abster. Nos contratos que
versam sobre imóveis a interpelação cartorária ou judicial, constitui o devedor em mora.
O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, mesmo sendo essa
impossibilidade resultante de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o
atraso, salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação
fosse oportunamente desempenhada.
A mora do credor faz cessar para o devedor a responsabilidade de conservação da
coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o
a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia
estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.
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Purga-se a mora, por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância
dos prejuízos decorrentes do dia da oferta, e por parte do credor, oferecendo-se este a
receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data.
5.4.2 - Das Perdas e Danos
Aquele que causar prejuízo a alguém, pelo descumprimento culposo de um
contrato ou pela prática de ato ilícito deve reparar as perdas e danos. Salvo as exceções
expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do
que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
5.4.3 - Dos Juros Legais
No dizer de Sílvio Rodrigues, “juro é o preço do uso do capital”, ou seja, juro significa
rendimento de capital.
Distinguem-se os juros em compensatórios e moratórios, sendo este a remuneração
do capital empregado e aqueles a indenização pelo prejuízo resultante da mora culposa na
execução de uma obrigação.
Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa
estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que
estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que se
contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez
que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo
entre as partes.
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5.4.4 - Da Cláusula Penal
A cláusula penal, ou multa convencional, é uma convenção estipulada pelas partes
na qual estas se obrigam a pagar uma determinada multa no caso de violação de algum
dispositivo contratual. Trata-se de uma obrigação acessória, que tem por objetivo garantir
o cumprimento da obrigação principal e também fixar previamente o valor das perdas e
danos em caso de descumprimento do pactuado. Por ser obrigação acessória, sendo nula
ou anulada a obrigação principal, também o são as disposições contidas na cláusula penal.
Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe
de cumprir a obrigação ou se constitua em mora. A cláusula penal pode ser estipulada
conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior. Também pode referir-se à inexecução
completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.
O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação
principal, sendo a penalidade reduzida eqüitativamente se a obrigação principal tiver sido
cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-
se em vista a natureza e a finalidade do negócio.
Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.
Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir
indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale
como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.
5.4.5 - Das Arras ou Sinal
O contrato preliminar pode ser garantido pelas arras ou sinal, que torna presumido o
acordo final e obrigatório o contrato Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte
der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de
execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da
principal.
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Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito,
retendo-as. Se inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o
contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.
A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo,
valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do
contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.
Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as
arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á
em benefício da outra parte; e quem as recebeu terá devolve-as em dobro. Em ambos os
casos não haverá direito á indenização suplementar.
5.5 Dos Contratos em Geral
Contrato é a uma convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas, com o objetivo
de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir entre elas uma relação jurídica patrimonial.
A validade do contrato depende da capacidade jurídica das partes, do objeto lícito,
possível, determinado ou determinável, bem como de forma prescrita ou não proibida pela
lei.
São princípios básicos que informam os contratos a autonomia de vontades, a
supremacia da ordem pública, e a força vinculante do contrato.
A autonomia de vontades faculta às partes a liberdade para estipular ou não estipular
o que lhes convenha, ou de escolher com quem contratar.
A supremacia da ordem pública torna a autonomia da vontade relativa, uma vez que a
sujeita às normas legais imperativas e aos princípios da moral e dos bons costumes. Nesse
sentido, a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do
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contrato, além de que é obrigatório aos contratantes guardar, tanto na execução quanto a
conclusão do contrato, os princípios de probidade e boa-fé.
A força vinculante do contrato, também denominada pacta sunt servanda, significa
que o contrato faz lei entre as partes. Uma vez estipuladas as condições, observada a livre
e consciente manifestação de vontade e a supremacia da ordem pública, as disposições no
contrato expressas são de cumprimento obrigatório pelas partes.
As cláusulas ambíguas ou contraditórias eventualmente constante do contrato de
adesão devem ser interpretadas de modo mais favorável ao aderente. Da mesma forma,
nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
As partes podem estipular contratos atípicos, desde que observe as normas fixadas
pela lei. A lei veda a contratação de herança de pessoa viva.
5.5.1 - Da Formação dos Contratos
A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos
dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
Deixa de ser obrigatória a proposta feita para pessoa presente, sem estabelecimento
de prazo, e não aceita imediatamente. A pessoa que contrata por telefone ou por meio
de comunicação semelhante é considera presente. Também, deixa de ser obrigatória a
proposta feita para pessoa ausente, sem o estabelecimento de prazo, se tiver decorrido
tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente.
Da mesma forma, deixa de ser obrigatória a proposta feita para pessoa ausente, com
estabelecimento de prazo, se não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo estipulado.
Por fim, deixa de ser obrigatória a proposta se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao
conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
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A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao
contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Pode revogar-se a
oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta
realizada.
Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do
proponente, este deverá comunicar imediatamente ao aceitante, sob pena de responder
por perdas e danos. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações,
importará nova proposta.
Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o
proponente a tiver dispensado, o contrato será considerado concluído caso não chegue
à recusa. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao
proponente a retratação do aceitante.
Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida.
Todavia, são exceções a essa regra os casos em aceitação é considera inexistente, se o
proponente se houver comprometido a esperar resposta, ou se a aceitação não chegar no
prazo convencionado.
Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
5.5.2 - Da Estipulação em Favor de Terceiro
Estipular significa, contratar, estabelecer condições, cláusulas e obrigações recíprocas.
A estipulação pode ser feita em favor de terceiro, que não participa do estipulado.
O seguro de vida é um clássico exemplo de estipulação em favor de terceiro, na
medida em que o segurado estabelece com a seguradora algum benefício em favor de do
beneficiário, que não participa diretamente do contrato.
O beneficiário pode exigir o cumprimento do estipulado, observado as condições e
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normas do contrato, mas também pode ser substituído pelo estipulante independente de
anuência.
5.5.3 - Da Promessa de Fato de Terceiro
Pode alguém firmar compromisso para que terceiro pratique determinado ato. Aquele
que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não
executar.
5.5.4 - Dos Vícios Redibitórios
Vícios redibitórios são os defeitos ocultos presente na coisa, de tal modo grave que a
tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuam o valor.
Verificado o vício redibitório, pode o adquirente optar pelo abatimento no preço ou por
rejeitar a coisa.
Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas
e danos. Se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do
contrato. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder
do alienatário, desde que o perecimento se dê por vício oculto já existente ao tempo da
tradição.
O prazo de decadência do direito de obter a redibição ou abatimento no preço é
de trinta dias para móveis, contados da entrega efetiva, e de um ano para imóveis. Na
impossibilidade de ser o defeito oculto conhecido no prazo legal, a decadência correrá
a partir do momento em que dele tiver ciência até o máximo de cento e oitenta dias se
móveis, e um ano se imóveis.
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Os prazos não correm na constância de cláusula de garantia, mas o adquirente deve
denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena
de decadência.
5.5.5 - Da Evicção
A evicção é fato que causa ao adquirente a perda total ou parcial da coisa adquirida,
por decisão judicial, em favor de terceiro, este reconhecido como verdadeiro dono.
Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia
ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Contrato oneroso é aquele em
que ambas as partes têm obrigações patrimoniais, com vantagens recíprocas.
As partes podem, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção. Todavia, não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se
esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não
soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
O evicto, salvo estipulação em contrário, tem direito à restituição integral do preço
ou das quantias que pagou, à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; à
indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da
evicção, e às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do
contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for
considerável, caberá somente direito a indenização.
Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou
litigiosa.
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5.5.6 - Dos Contratos Aleatórios
O contrato aleatório é aquele em há dependência direta a eventos futuros ou incertos,
sendo que as partes assumem o risco de uma contra prestação desproporcional ou mesmo
de nada receber.
Quem vendeu coisa pendente de fato futuro sem se responsabilizar pelos resultados
recebe o preço integral, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa.
Quem prometeu a entrega de coisa futura de quantidade indeterminada, sem se
responsabilizar pelos resultados recebe o preço integral ainda que a coisa venha a existir
em quantidade inferior à esperada, desde que alguma quantidade venha a existir e que de
sua parte não tiver concorrido culpa. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não
haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
O mesmo entendimento é aplicado às coisas existentes, mas expostas a risco.
5.5.7 - Do Contrato Preliminar
O contrato preliminar é a declaração de vontade de ambas as partes, ou de uma
delas, no sentido de prometerem firmar posteriormente um contrato definitivo.
Esta modalidade de contrato, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos
essenciais ao contrato a ser celebrado. Deverá ser levado ao registro competente.
Uma vez concluído o contrato preliminar, e nele não constando cláusula de
arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo,
fixando prazo à outra para que o efetive. Esgotado o prazo ao contrato preliminar é conferido
caráter definitivo, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação.
Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte
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considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. Se a promessa de contrato for unilateral, o
credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto,
ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
5.5.8 - Do Contrato com Pessoa a Declarar
Ao concluir um contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar
a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. Essa
indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do
contrato, se outro prazo não tiver sido estipulado.
A pessoa adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir
do momento em que este foi celebrado.
5.5.9 - Da Extinção do Contrato
São modalidades de extinção do contrato o seu cumprimento e a rescisão, termo este
entendido em sentido amplo.
A rescisão pode ocorrer pelo distrato, pela denúncia unilateral, por força de cláusula
resolutiva expressa ou tácita, ou pelo inadimplemento.
5.5.9.1 - Do Distrato
O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
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A rescisão (ou em sentido estrito a resilição) unilateral pode ocorrer mediante denúncia
notificada à outra parte, desde que a lei expressa ou implicitamente o permita. Se, porém,
dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para
a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo
compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
5.5.9.2 - Da Cláusula Resolutiva
Cláusula resolutiva é a disposição expressa ou tácita que implica na revogação do
negócio jurídico pelo inadimplemento da obrigação por uma das partes.
A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação
judicial. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não
preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas
e danos.
5.5.9.3 - Da Exceção de Contrato não Cumprido
A exceção de contrato não cumprido, ou exceptio non adimpleti contractus, ocorre
nos contratos bilaterais e consiste proibição aos contratantes, antes de cumprida a sua
obrigação, exigir o implemento da do outro.
Da mesma forma, se sobrevier a uma das partes contratantes, diminuição em seu
patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou,
pode a outra se recusar à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe
compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
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5.5.9.4 - Da Resolução por Onerosidade Excessiva
Se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema
vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
poderá o devedor pedir a resolução do contrato de execução continuada ou diferida. A
resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições
do contrato.
Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear
que a sua prestação seja reduzida ou alterada no modo de executá-la, a fim de evitar a
onerosidade excessiva.
5.6 - Das Várias Espécies de Contrato
5.6.1 - Da Compra e Venda
É o contrato pelo qual um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa
coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
O contrato de compra e venda possui três elementos essenciais: acordo de vontades,
a coisa e o preço (consensus, res et pretium). A declaração de vontade vem a ser o
consentimento que vem a recair sobre a coisa e o preço. A coisa é o objeto da compra e
venda, podendo ser qualquer coisa comercializável. O preço deve ser em dinheiro ou em
coisas representativas de dinheiro.
A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem
efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir
contrato aleatório.
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Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que
o vendedor assegurará ter na coisa as qualidades que a elas correspondem. Prevalece a
amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela
qual se descreveu a coisa no contrato.
O preço pode ser fixado ao arbítrio de terceiro, à taxa do mercado ou bolsa, em certo
e determinado dia e lugar, ou em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis
de objetiva determinação.
Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua determinação,
se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente
nas vendas habituais do vendedor. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço,
prevalecerá o termo médio.
A fixação do preço não pode ser deixada ao arbítrio exclusivo de uma das partes
componentes do contrato de compra e venda, sob pena de tornar-se nulo o contrato.
Exceto estipulação das partes em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro
a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Exceto no caso de venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa
antes de receber o preço.
Tradição é o meio pelo qual se transfere a propriedade da coisa móvel ao adquirente,
em decorrência do cumprimento a um contrato. Via de regra a transferência do bem é
efetiva ou real, mas também poderá ser simbólica ou fictícia. Até o momento da tradição,
os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador.
A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar onde
ela se encontrava, ao tempo da venda. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento,
se antes da tradição o comprador cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na
entrega da coisa, até que o comprador lhe dê caução de pagar no tempo ajustado.
É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o
cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Em ambos os casos dispensa-
62
se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória. Os
cônjuges podem contratar a compra e venda com relação a bens excluídos da comunhão.
A lei veda em alguns casos, sob pena de nulidade, a realização do contrato de compra
e venda, mesmo que a venda se dê em hasta pública. Nesse sentido não podem ser
comprados pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados
à sua guarda ou administração; pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da
pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
pelos juízes e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos em litigância
no juízo onde servirem ou que se estender a sua autoridade; pelos leiloeiros e seus
prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se
determinar a respectiva área, ocorrerá a venda ad mensuram. Se a extensão não corresponder
às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não
sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao
preço. Decai do direito de propor as ações em relação a venda ad mensuram o vendedor
ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
A venda ad corpus é aquela em que o imóvel é vendido como coisa certa e discriminada,
tendo sido apenas enunciativa, a referência, às suas dimensões. Nesse caso não haverá
complemento de área, nem devolução de excesso, ainda que não conste, de modo expresso,
ter sido ter sido a venda ad corpus.
O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que gravem
a coisa até o momento da tradição. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de
uma não autoriza a rejeição de todas.
O condômino em coisa indivisível não pode vender a sua parte a estranhos, se outro
condômino a quiser. Nesse caso, o condômino não informado da poderá haver para si a
parte vendida a estranhos, desde que deposite o preço pago e requeira a coisa vendida no
prazo máximo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
Os Contratos de Compra e Venda podem ser gravados com cláusulas especiais,
estabelecendo direitos e deveres específicos, tais como cláusula de retrovenda, de venda
63
a contento e da sujeita à prova, da preempção ou preferência, da venda com reserva de
domínio, e da venda sobre documentos.
5.6.1.1 - Da Retrovenda
Cláusula através da qual o vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de
recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e
reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se
efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
5.6.1.2 - Da Venda a Contento e da Sujeita a Prova
A venda a contento é a cláusula que determina que a venda somente se aperfeiçoa após
o adquirente manifestar seu agrado. Assim, entende-se que a venda é feita sob condição
suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue. Da mesma forma, a venda sujeita
a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa tenha as qualidades
asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina. Em ambos os casos,
as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada,
são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.
Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá
direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.
5.6.1.3 - Da Preempção ou Preferência
É a cláusula que impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa
64
que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação
na compra. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.
O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta
dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel. Aquele que exerce a preferência está,
sob pena de a perder, obrigado a pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o
ajustado.
O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o comprador,
quando lhe constar que este vai vender a coisa.
Salvo estipulação das partes fixando prazo diverso, o direito de preempção caducará
em três dias se não exercida em relação à coisa móvel, e em sessenta dias subseqüentes
à data em que o comprador tiver notificado o vendedor, se imóvel.
Se o comprador alienar a coisa sem ter comunicado previamente ao vendedor o preço
e as vantagens que por ela lhe oferecem responderá por perdas e danos. O adquirente se
tiver procedido de má-fé, responderá solidariamente.
5.6.1.4 - Da Venda com Reserva de Domínio
É cláusula inserta no contrato de compra e venda de coisa móvel em que o vendedor
reserva para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago. A cláusula
de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro no domicílio do
comprador para valer contra terceiros.
Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa que não pode ser
caracterizada perfeitamente, de modo a diferenciá-la de outras congêneres. Na dúvida,
decide-se a favor do terceiro adquirente de boa-fé.
Segundo o entendimento doutrinário, é considerada cláusula suspensiva, na medida
em que suspende a transferência da propriedade da coisa alienada. A transferência de
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propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja integralmente pago.
O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após constituir
o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial. Verificada a
mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele a competente ação de cobrança
das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido; ou poderá recuperar a
posse da coisa vendida.
5.6.1.5 - Da Venda Sobre Documentos
Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do
seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio
deste, pelos usos. Estando a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o
pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o
defeito já houver sido comprovado.
Salvo estipulação em contrário, o pagamento deve ser efetuado na data e no lugar da
entrega dos documentos.
5.6.2 - Da Troca ou Permuta
“Troca é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra, que não
seja dinheiro” (Covis Beviláqua).
Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com exceção de que
cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da troca,
salvo se estipularem ao contrário. Da mesma forma, é anulável a troca de valores desiguais
entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do
cônjuge do alienante.
66
5.6.3 -Do Contrato Estimatório
Modalidade de contrato em que o proprietário, denominado consignante, entrega bens
móveis a outrem, denominado consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando
àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa
consignada.
Se o consignatário não puder restituir a coisa em sua integridade, ou a restituição
tornar-se impossível, ainda que por fato a ele não imputável, mesmo assim não se exonera
da obrigação de pagar o preço ao consignante.
A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou seqüestro pelos credores do
consignatário, enquanto não pago integralmente o preço. O consignante não pode dispor
da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição.
5.6.4 - Da Doação
A doação é uma modalidade de contrato em que uma pessoa, por liberalidade,
transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra, que os aceita. Aquele que
doa é denominado doador, e quem aceita donatário.
A manifestação da aceitação pelo donatário é condição indispensável ao aperfeiçoamento
do negócio. A manifestação é expressa quando efetuada de forma verbal, escrita ou com
gestos, desde que suficientes para demonstrar a vontade do donatário. Tácita quando o
donatário pratica atos incompatíveis com a recusa da doação. Presumida quando doador
de liberalidade não sujeita a encargo fixa prazo para o donatário para declarar se aceita ou
não, e este se mantém silente; ou, ainda, quando a doação é feita como contemplação a
casamento futuro com pessoas determinadas e o casamento se consuma.
A doação é pura quando traduz simples liberalidade, mero benefício movido pelo
altruísmo do doador. Remuneratória, quando objetiva retribuir serviços ou favores prestados
67
por qualquer motivo não cobrados pelo donatário. Com encargo, ou modal quando se impõe
ao donatário uma contraprestação que ele deve cumprir e que resulta em vantagem ao
doador ou a outrem. Condicional, quando sua eficácia depende de acontecimento futuro e
incerto.
A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa
adiantamento do que lhes cabe por herança.
O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver
ao donatário. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro
São restrições à liberdade de doar a disposição torna nula a doação de todos os
bens do doador, sem reserva ou renda suficiente para a sua subsistência, e o excesso da
doação que atingir o quinhão da legítima dos herdeiros. A doação do cônjuge adúltero ao
seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até
dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa entende-
se distribuída entre elas por igual. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher,
subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do
encargo. Pode, também, a revogação ser automática, no caso de doação resolúvel.
A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário
incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar
judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação
assumida.
5.6.5 - Da Locação de Coisas
Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado
68
ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição.
O locador é obrigado a entregar ao locatário a coisa alugada em condições de servir
ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusula
expressa em contrário. Da mesma forma, garantir ao locatário, durante o tempo do contrato,
o uso pacífico da coisa.
O locatário é obrigado a servir-se da coisa alugada conforme estipulado ou presumido;
dispensar a ela o mesmo cuidado como se sua fosse; a pagar pontualmente o aluguel nos
prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar; e restituir a coisa, finda
a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso regular.
Havendo prazo estipulado à duração do contrato, antes do vencimento não poderá
o locador reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos
resultantes, nem o locatário devolvê-la ao locador, senão pagando, proporcionalmente, a
multa prevista no contrato. O locatário gozará do direito de retenção, enquanto não for
ressarcido.
5.6.6 - Do Empréstimo
O empréstimo divide-se em comodato e mútuo.
5.6.6.1 - Do Comodato
O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição
do objeto.
O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa emprestada,
não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela, sob pena de
69
responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela
responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante.
O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o
uso e gozo da coisa emprestada.
5.6.7.2 - Do Mútuo
O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis em que há transferência do domínio da
coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição.
O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo
gênero, qualidade e quantidade. Pode ser oneroso ou gratuito. Usualmente refere-se a
empréstimo de dinheiro.
Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, observados
que, se eles não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando
provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para
a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional, permitida a capitalização
anual.
5.6.8 - Da Prestação de Serviço
Esta modalidade de prestação de serviço refere-se exclusivamente às empresas de
serviços e aos trabalhadores autônomos, não podendo haver a caracterização de relação
sujeita às leis trabalhistas. Da mesma forma, não se aplica às categorias profissionais com
regulamentação própria, como os corretores de imóveis.
Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada
mediante retribuição. O pagamento ocorrerá depois de prestado o serviço, salvo se por
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convenção, ou costume, não houver de ser adiantada.
A obrigação de fornecer os materiais não se presume, mas resulta da lei ou da vontade
das partes. O contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de executá-
lo, ou de fiscalizar-lhe a execução.
Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o
empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos,
pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. Decairá
desse direito o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e
oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
Sem anuência de seu autor, não pode o proprietário da obra introduzir modificações no
projeto por ele aprovado, ainda que a execução seja confiada a terceiros, a não ser que, por
motivos supervenientes ou razões de ordem técnica, fique comprovada a inconveniência ou
a excessiva onerosidade de execução do projeto em sua forma originária. Essa proibição
não abrange alterações de pouca monta, ressalvada sempre a unidade estética da obra
projetada.
Não se extingue o contrato de empreitada pela morte de qualquer das partes, salvo se
ajustado em consideração às qualidades pessoais do empreiteiro.
5.6.9 - Do Depósito
O depósito pode ser voluntário ou necessário. Qualquer que seja a modalidade, o
depositário que não o restituir quando exigido será compelido a fazê-lo mediante prisão não
excedente a um ano, e ressarcir os prejuízos.
5.6.9.1 - Do Depósito Voluntário
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Contrato em que uma parte, o depositário, recebe um objeto móvel, para guardar, até
que o depositante o reclame. O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção
em contrário, se resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão.
O depósito voluntário provar-se-á por escrito.
O depositário é obrigado a guardar e conservar a coisa depositada como se sua fosse,
bem como devolvê-la quando o exigir o depositante. Se o depósito se entregou fechado,
colado, selado, ou lacrado, nesse mesmo estado se manterá.
Salvo disposição em contrário, a restituição da coisa deve dar-se no lugar em que tiver
de ser guardada. As despesas de restituição correm por conta do depositante.
O depositário não poderá, sem licença expressa do depositante, servir-se da coisa
depositada, nem a dar em depósito a outrem, sob pena de responder por perdas e danos.
O depositante é obrigado a reembolsar as despesas feitas pelo depositário, na
guarda da coisa, a indenizar os prejuízos que do depósito provierem e pagar a gratificação
eventualmente estipulada no contrato.
5.6.9.2 - Do Depósito Necessário
Depósito necessário é aquele que independe da vontade das partes, mas por obrigação
legal ou por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o naufrágio ou
o saque.
As bagagens dos viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde estiverem são
equiparadas ao depósito necessário. Nesse caso, os hospedeiros responderão como
depositários, assim como pelos furtos e roubos que perpetrarem as pessoas empregadas
ou admitidas nos seus estabelecimentos.
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5.6.10 - Do Mandato
Contrato por meio do qual alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome,
praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato. O
mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.
Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento
particular, que valerá desde indicado o lugar onde foi passada, a qualificação do outorgante
e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes
conferidos, bem como a assinatura do outorgante. O terceiro com quem o mandatário tratar
poderá exigir que a procuração traga a firma reconhecida.
Mesmo que o mandato seja outorgado através de mandato por instrumento público, o
substabelecimento pode ser feito mediante instrumento particular. Substabelecimento é o
ato pelo qual o mandatário transfere a outrem, o substabelecido, os poderes que lhe foram
conferidos pelo mandante.
Para os atos que exijam escritura pública, como a compra e venda de imóveis, o
mandato deve ser outorgado por intermédio de escritura pública. Portanto, a outorga do
mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não se admite
mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito.
A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de execução. O mandato
pode ser especial a um ou mais negócios determinadamente, ou geral a todos os do
mandante.
O mandato pode ser para negócios (ad negotia), ou com finalidade judicial (ad judicia).
Via de regra só confere poderes de administração. Para alienar, hipotecar, transigir, ou
praticar outros quaisquer atos que exorbitem da administração ordinária, depende a
procuração de poderes especiais e expressos. O poder de transigir não importa o de firmar
compromisso.
73
5.6.10.1 - Das Obrigações do Mandatário
O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato,
e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer,
sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente.
5.6.10.2 - Das Obrigações do Mandante
O mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas pelo mandatário,
na conformidade do mandato conferido, e adiantar a importância das despesas necessárias
à execução dele, quando o mandatário lho pedir.
É obrigado ao mandante a pagar ao mandatário a remuneração ajustada e as
despesas da execução do mandato, ainda que o negócio não surta o esperado sem culpa
do mandatário. Da mesma forma é obrigado o mandante a ressarcir ao mandatário as
perdas que este sofrer com a execução do mandato, sempre que não resultem de culpa sua
ou de excesso de poderes.
5.6.10.3 - Da Extinção do Mandato
São modalidades de extinção do mandato a revogação ou a renúncia; a morte ou
interdição de uma das partes; sobrevindo estado que inabilite o mandante a conferir os
poderes, ou o mandatário para os exercer; e pelo término do prazo ou pela conclusão do
negócio. Quando o mandato contiver a cláusula de irrevogabilidade e o mandante o revogar,
pagará perdas e danos. Se a cláusula de irrevogabilidade for condição de um negócio
bilateral, ou tiver sido estipulada no exclusivo interesse do mandatário, a revogação do
mandato será ineficaz.
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O mandato com a cláusula “em causa própria”, não poderá ser revogado e nem
se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatário dispensado de
prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto do mandato,
obedecidas as formalidades legais.
Para revogar o mandato deve o mandante notificar da revogação o mandatário ou
procurador e ainda comunicar o fato a todos os eventuais interessados, seja por meio de
notificações diretas ou publicação em jornal. Não tomadas essas providências continuarão
válidos os atos ajustados entre o procurador demitido e terceiros de boa-fé, que não sabiam
da revogação.
É irrevogável o mandato que contenha poderes de cumprimento ou confirmação de
negócios encetados, aos quais se ache vinculado.
A nomeação comunicada de um outro mandatário para o mesmo negócio revoga o
mandato anterior.
A renúncia do mandato será comunicada ao mandante, que, se for prejudicado pela
sua inoportunidade, ou pela falta de tempo, a fim de prover à substituição do procurador,
será indenizado pelo mandatário, salvo se este provar que não podia continuar no mandato
sem prejuízo considerável, e que não lhe era dado substabelecer.
5.6.11 - Da Comissão
Modalidade de contrato em que o comissário passa a comprar ou vender bens, em
seu próprio nome, mas por conta de um comitente, e de acordo com as instruções deste.
O comissário fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contratar, sem
que estas tenham ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se o comissário
ceder seus direitos a qualquer das partes. O leiloeiro é um exemplo típico de ocorrência de
comissão, desde que ausente o proprietário da coisa leiloada.
No desempenho das suas incumbências o comissário é obrigado a agir com cuidado e
75
diligência, não só para evitar qualquer prejuízo ao comitente, mas ainda para lhe proporcionar
o lucro que razoavelmente se podia esperar do negócio, respondendo por qualquer prejuízo
que, por ação ou omissão, ocasionar ao comitente, salvo motivo de força maior.
O comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar, exceto
em caso de culpa e se ele assumir o ônus através da cláusula del credere. Nesse caso
responderá o comissário solidariamente com as pessoas com que houver tratado em nome
do comitente.
Cláusula del credere é aquela em que “o comissário assume a responsabilidade pela
solvência daqueles com quem vier a contratar no interesse e por conta do comitente” (Maria
Helena Diniz).
5.6.12- Da Corretagem
Pelo contrato de corretagem, uma pessoa se obriga a obter para a segunda um ou
mais negócios, conforme as instruções recebidas. A atividade do corretor é voltada para o
público, não para pessoas determinadas.
Define-se o contrato de corretagem pelo liame obrigacional: não pode haver ligação
decorrente de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência.
O corretor é obrigado a executar a mediação com a diligência e prudência que o
negócio requer, prestando ao cliente, espontaneamente, todas as informações sobre o
andamento dos negócios. Deve, também, sob pena de responder por perdas e danos,
prestar ao cliente todos os esclarecimentos que estiverem ao seu alcance, acerca da
segurança ou risco do negócio, das alterações de valores e do mais que possa influir nos
resultados da incumbência.
A remuneração do corretor, se não estiver fixada em lei, nem ajustada entre as partes,
será arbitrada segundo a natureza do negócio e os usos locais.
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O contrato de corretagem tem como objetivo a disponibilização dos meios necessários
para realização do negócio. Nesse sentido, a remuneração é devida ao corretor uma vez
que tenha ele conseguido o resultado previsto no contrato de mediação, mesmo que este
não se efetive em virtude de arrependimento das partes.
Iniciado e concluído o negócio diretamente entre as partes, nenhuma remuneração
será devida ao corretor. Todavia, se for ajustada a corretagem com exclusividade, através
de documento escrito, terá o corretor direito à remuneração integral, ainda que realizado o
negócio sem a sua mediação, salvo se comprovada sua inércia ou ociosidade.
Se, por não haver prazo determinado, o dono do negócio dispensar o corretor, e o
negócio se realizar posteriormente, como fruto da sua mediação, a corretagem lhe será
devida. Da mesma forma se procederá se o negócio se realizar após a decorrência do
prazo contratual, mas por efeito dos trabalhos do corretor. Para resguardar seus direitos é
recomendável ao Corretor notificar o dono do negócio, discriminado as pessoas com quem
tratou com vistas à intermediação.
Se o negócio se concluir com a intermediação de mais de um corretor, a remuneração
será paga a todos em partes iguais, salvo ajuste em contrário.
5.6.13 - Da Fiança
A fiança é o contrato por meio do qual uma pessoa garante satisfazer ao credor uma
obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra. A fiança é uma modalidade de
contrato que só tem validade se escrito. Seu estabelecimento independe da vontade do
devedor e não vale além da obrigação afiançada
A fiança prestada pelo cônjuge sem o consentimento do outro tornará anulável o
ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de
terminada a sociedade conjugal.
O credor não pode ser obrigado a aceitar fiador indicado se este não for pessoa idônea,
77
domiciliada no município onde tenha de prestar a fiança, e não possua bens suficientes
para cumprir a obrigação. Sobrevindo a insolvência ou incapacidade do fiador poderá o
credor exigir que seja substituído.
O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor,
respondendo este também por todas as perdas e danos que o fiador pagar, e pelos que
sofrer em razão da fiança.
Na fiança por tempo indeterminado pode o fiador exonerar-se da fiança que tiver
assinado, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante
sessenta dias após a notificação do credor.
5.6.14. - Da Transação
É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões
mútuas. Podem ser objeto de transação os direitos patrimoniais de caráter privado.
Quando a lei exigir, ou quando recair sobre direitos contestados em juízo, a transação
deverá ser feita por escritura pública, permitido o instrumento particular nos demais casos.
A transação deve ser interpretada restritivamente e por ela não se transmitem, apenas
se declaram ou reconhecem direitos.
Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula será esta. Só se anula a transação
nos casos de dolo, coação, ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa controversa.
5.6.15 - Do Compromisso ou Arbitragem
É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios entre pessoas
78
que podem contratar, exceto para solução de questões de estado, de direito pessoal de
família e de outras que não tenham caráter estritamente patrimonial.
Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para resolver divergências
mediante juízo arbitral, na forma estabelecida na Lei 9.307/1996, que regula a arbitragem.
5.7 - Dos Atos Unilaterais
5.7.1 - Da Promessa de Recompensa
Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a
quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir
o prometido. Aquele que fizer o serviço, ou satisfizer a condição estabelecida poderá exigir
a recompensa estipulada.
A promessa de recompensa pode ser revogada utilizando-se da mesma publicidade,
desde que seja feita antes de prestado o serviço ou preenchida a condição.
5.7.2 - Do Pagamento Indevido
O pagamento indevido é aquele efetuado sem qualquer vínculo obrigacional que o
justifique. Aquele que recebeu o que lhe não era devido ou recebeu dívida condicional antes
de cumprida a condição fica obrigado a restituir.
Quem voluntariamente pagou o indevido incumbe a prova de tê-lo feito por erro.
79
5.7.3 - Do Enriquecimento Sem Causa
O enriquecimento sem causa é o acréscimo patrimonial de alguém, em prejuízo de
outrem, sem justa razão, ou de modo ilícito. É o locupletamento à custa alheia.
Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir
o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
80
6DIREITO DAS COISAS
81
O direito das coisas apresenta-se como um vínculo entre a pessoa e a coisa.
É um direito absoluto e oponível erga omnes (contra todos), ou seja, o titular do direito
real tem o poder de reivindicar a coisa onde quer que se encontre ou de quem quer a
detenha.
De acordo com entendimento teórico-doutrinário tradicional, os direitos reais são
aqueles estabelecidos em lei, não se admitindo interpretação extensiva. Nesse sentido são
diretos reais a propriedade, a superfície, as servidões, o usufruto, o uso, a habitação, o
direito do promitente comprador do imóvel, o penhor, a hipoteca e a anticrese. Não se deve
confundir direito real com direito sobre a coisa, pois este é bem mais amplo que o primeiro,
pois além de englobar os diretos reais, abrange a posse e as obrigações mistas ou propter
rem.
Enquanto no direito das coisas existe um vínculo direto entre uma pessoa e uma coisa
que deve ser respeitado por todos, no direito das obrigações o vínculo é estabelecido entre
pessoas determinadas, excluindo terceiros estranhos à relação.
6.1 - Da posse
Posse é o exercício de fato, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade, em nome próprio e com autonomia.
6.1.1 - Da Posse e sua Classificação
Interessa informar a classificação da posse quanto à extensão da garantia possessória,
quanto aos vícios objetivos, quanto à subjetividade, quanto aos efeitos, ou quanto à idade.
Quanto à extensão da garantia possessória a posse pode ser direta ou indireta. Direta
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quando exercida diretamente pelo possuidor sobre a coisa; indireta quando o proprietário a
conserva por ficção legal, mas o exercício da posse direta é conferido a outrem, em virtude
de contrato ou direito real limitado.
Quanto aos vícios objetivos a posse pode ser justa ou injusta. Justa é a posse que
não for violenta, clandestina ou precária, injusta a que for violenta, clandestina ou precária.
Posse violenta é aquela adquirida com o uso da força física ou violência moral. Posse
clandestina é aquela adquirida às escondidas daquele que tem interesse em conhecê-la.
Posse precária é aquela cedida em caráter provisório e adquirida com abuso de confiança
por parte de quem recebeu a coisa com o dever de restituí-la.
Quanto à subjetividade a posse pode ser de boa-fé ou de má-fé. De boa-fé é aquela
em que o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa; de má-
fé é aquela em que o. o possuidor conhece o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição
da coisa.
Quanto aos efeitos a posse pode ser ad interdicta ou ad usocapionem. Ad interdicta
é aquela que pode ser amparada pelos interditos possessória, nos casos de esbulho,
turbação ou ameaça; ad usocapionem é aquela capaz de dar origem à usucapião da coisa.
Quanto à idade a posse pode ser nova ou velha. Nova é aquela que data de menos
de ano e dia; velha a que data de mais de ano e dia. A posse nova admite a concessão de
liminar nas ações possessórias, a velha não.
A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as
circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. Salvo
prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
6.1.2 - Da Aquisição da Posse
Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome
próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. A posse pode ser adquirida
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pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante, por terceiro sem mandato,
dependendo neste caso de ratificação. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária,
a das coisas móveis que nele estiverem.
A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos
caracteres. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao
sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
São atos que não induzem e nem autorizam a aquisição da posse os de mera
permissão ou tolerância, os violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência
ou a clandestinidade.
6.1.3 - Dos Efeitos da Posse
A posse pode ser perturbada pela turbação, pelo esbulho ou pela ameaça de
agressão iminente. O esbulho é a perda da posse, injustamente, por emprego de violência,
clandestinidade ou abuso de confiança. A turbação é a tentativa de esbulho, embaraçando
a o exercício da posse, sem, contudo, acarretar sua perda.
O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa não podem ir além do indispensável à
manutenção, ou restituição da posse. Da mesma forma, o turbado pode utilizar-se da ação
de manutenção de posse, e o esbulhado a ação de reintegração de posse.
Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a
que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo
vicioso.
6.1.4 - Da Perda da Posse
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Perde-se a posse quando o possuidor deixa, embora contra a própria vontade, de
ter de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. São
exemplos o abandono, a tradição, a perda ou destruição da coisa etc.
6.2 - Dos Direitos Reais
São diretos reais a propriedade, a superfície, as servidões, o usufruto, o uso, a
habitação, o direito do promitente comprador do imóvel, o penhor, a hipoteca e a anticrese.
Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos
entre vivos, só se adquirem com a tradição. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou
transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de
Imóveis dos referidos títulos.
6.3 - Da Propriedade
O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la
do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. O direito de propriedade
deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de
modo que sejam preservados a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e
o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
São proibidos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou
utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. O proprietário pode ser
privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou
interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.
A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes,
em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a
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atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não
tenha ele interesse legítimo em impedi-las. As jazidas, minas e demais recursos minerais,
os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos
por leis especiais pertencem à União, constituindo propriedade distinta da do solo.
A propriedade presume-se plena e exclusiva até prova em contrário. Plena é a
propriedade em que todos os direitos elementares (usar, gozar, dispor e reaver) estão
reunidos no proprietário. Limitada quando um desses elementos é entregue a um outro
titular.
Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu
proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.
6.3.1 - Da Aquisição da Propriedade Imóvel
Adquire-se a propriedade imóvel pelo usucapião, pela transcrição do título de
transferência no registro de imóvel, pela acessão e pelo direito hereditário. A aquisição
pode ser originária ou derivada. Originária quando o indivíduo faz seu o bem sem que
alguém tenha lhe transmitido; derivada quando houver transmissão de domínio, por ato
causa mortis ou inter vivos.
6.3.1.1 - Da Usucapião
Usucapião é de aquisição da propriedade decorrente do exercício de da posse mansa
e pacífica, com ânimo de dono, por determinado tempo fixado pela lei. A usucapião é
declarada por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de
Imóveis.
Não podem ser usucapidos os bens públicos e as coisas fora do comércio.
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São várias as possibilidades de se adquirir a usucapião conforme as características
do imóvel e da posse.
Adquire a propriedade, independentemente de título e boa-fé, aquele que, sem
oposição ou interrupção, possuir como seu um imóvel por quinze anos. Se o morador
houver estabelecido no imóvel sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços
de caráter produtivo, o prazo é reduzido a dez anos.
Adquire a propriedade aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
possuir como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural
não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família
e fazendo dela sua moradia.
Adquire a propriedade aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
possuir como sua, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, área urbana de até
duzentos e cinqüenta metros quadrados, utilizando-a para sua moradia ou de sua família.
Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e sem contestação,
com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Reduz se o prazo a cinco anos se o
imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo
cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a
sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
O possuidor pode, para o fim de contagem de prazo, acrescentar à sua posse a dos
seus antecessores, desde que todas sejam contínuas, pacíficas. O justo título e a boa-fé
são exigidos nos casos de usucapião após dez anos da posse.
6.3.1.2 - Da Aquisição pelo Registro do Título
Somente se transfere a propriedade por ato entre vivos mediante o registro do título
translativo no Registro de Imóveis; enquanto não se registrar o título translativo, o alienante
continua a ser havido como dono do imóvel.
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Até a decretação da invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente
continua a ser havido como dono do imóvel.
O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do
registro, e este o prenotar no protocolo.
6.3.1.3 - Da Aquisição por Acessão
A acessão é o acréscimo a um imóvel, seja decorrente da atividade humana ou por
causas naturais. Ocorre de forma natural por formação de ilhas, por aluvião, por avulsão ou
por abandono de álveo; e por causas artificiais por plantações ou construções.
6.3.1.3.1 - Das ilhas
As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos
proprietários ribeirinhos fronteiros. A denominação rios particulares significa rios não
navegáveis. Sendo o rio navegável as ilhas formadas são da pessoa de direto público em
que tais correntes pertencem.
6.3.1.3.2 - Da Aluvião
Aluvião é a denominação dos acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente,
por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das
águas destas. A aluvião pertence aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
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6.3.1.3.3 - Da Avulsão
Avulsão e a denominação que se dá ao fato de uma porção de terra se destacar de
um prédio e se juntar a outro, por força natural violenta. Nesse caso, o dono do imóvel
acrescido adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem
indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
6.3.1.3.4 - Do Álveo Abandonado
Álveo é o leito do rio. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários
ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por
onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem
até o meio do álveo.
6.3.1.3.5 - Das Construções e Plantações
Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo
proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.
Ocorrendo plantação ou construção em terreno próprio, mas com sementes, plantas
ou materiais alheios, o dono do terreno adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a
pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
Ocorrendo plantação ou construção em terreno alheio, mas com sementes, plantas
e construções próprias, estas são perdidas em proveito do proprietário do térreo, mas se
o plantador ou construtor agiu de boa-fé terá direto à indenização. Se a construção ou a
plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou
ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada
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judicialmente, se não houver acordo.
6.3.2 - Da Perda da Propriedade
Perde-se a propriedade imóvel por alienação, pela renúncia, por abandono, por
perecimento da coisa, e pela desapropriação. Outras causas também consideradas pela lei
causam a perda da propriedade, tais como o usucapião, a acessão etc.
6.3.3 - Dos Direitos de Vizinhança
6.3.3.1 - Do Uso Anormal da Propriedade
O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências
prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela
utilização de propriedade vizinha, podendo exigir do dono do prédio vizinho a demolição,
ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano
iminente.
6.3.3.2 - Das Árvores Limítrofes
A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum
aos donos dos prédios confinantes. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a
estrema do prédio, poderão ser cortados, até a divisa, pelo proprietário do terreno invadido.
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Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se
este for de propriedade particular.
6.3.3.3 - Da Passagem Forçada
O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante
pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem.
6.3.3.4 - Da Passagem de Cabos e Tubulações
O proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos,
tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, desde que receba
indenização suficiente para atender, também, à desvalorização da área remanescente.
6.3.3..5 - Das Águas
O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm
naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo.
O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfeitas as
necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das águas
remanescentes pelos prédios inferiores.
6.3.3.6 - Dos Limites entre Prédios e do Direito de Tapagem
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O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar o seu prédio, urbano ou rural, e
pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios,
a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se
proporcionalmente as despesas.
6.3.3.7 - Do Direito de Construir
O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o
direito dos vizinhos e os regulamentos civis e administrativos.
O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente,
sobre o prédio vizinho e não poderá abrir janelas, ou fazer terraço ou varanda, a menos de
metro e meio do terreno vizinho.
São proibidas construções capazes de poluir ou inutilizar a água do poço ou nascente
alheia. Não é permitido fazer escavações ou quaisquer obras que tirem ao poço ou à
nascente de outrem a água indispensável às suas necessidades normais.
6.4 - Do Condomínio Geral
Há condomínio quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cada qual
com sua parte ideal. Via de regra o novo Código Civil revogou as disposições da Lei 4.591
em referência ao condomínio.
6.4.1 - Do Condomínio Voluntário
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Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer
todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua
posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la, mas nenhum condômino pode alterar a
destinação da coisa comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso
dos outros.
O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de
conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita.
A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum. Podem os
condôminos estipular que fique indivisa a coisa comum por prazo não maior de cinco anos,
suscetível de prorrogação ulterior.
6.4.2 - Do Condomínio Necessário
Ocorre essa modalidade de condomínio quando há meação de paredes, cercas,
muros e valas. O proprietário que tiver direito a estremar um imóvel com paredes, cercas,
muros, valas ou valados, tê-lo-á igualmente a adquirir meação na parede, muro, valado ou
cerca do vizinho, embolsando-lhe metade do que atualmente valer a obra e o terreno por
ela ocupado.
6.5 - Do Condomínio Edilício
O Condomínio edilício é instituído em edificações e tem como características partes
que são propriedade exclusiva, e partes que são propriedade comum dos condôminos. As
partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas,
lojas, sobrelojas ou abrigos para veículos, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo
ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários.
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São de utilização em comum pelos condôminos, e não podem ser alienados
separadamente, ou divididos, o solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de
distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as
demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público,
Os condôminos têm o direito de usar, fruir e livremente dispor das suas unidades,
usar das partes comuns, conforme a sua destinação, sem excluir a utilização pelos demais
compossuidores, e votar nas deliberações da assembléia e delas participar, estando quite.
São deveres do condômino contribuir para as despesas do condomínio, na proporção
de suas frações ideais, abster-se de realizar obras que comprometam a segurança da
edificação ou a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas, não utilizar a
sua parte de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou
aos bons costumes.
O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios
convencionados ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até dois
por cento sobre o débito.
O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao
condomínio, inclusive multas e juros moratórios.
A administração do condomínio cabe ao síndico, que poderá não ser condômino, eleito
em assembléia para mandato não superior a dois anos, o qual poderá renovar-se.
Compete ao síndico, dentre outros, representar, ativa e passivamente, o condomínio,
cumprir e fazer cumprir a convenção, o regimento interno e as determinações da assembléia,
zelar pela conservação e a guarda das partes comuns, cobrar dos condôminos as suas
contribuições, bem como impor e cobrar as multas devidas, prestar contas à assembléia,
anualmente e quando exigidas, realizar o seguro da edificação etc.
6.6 - Da Propriedade Resolúvel
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Propriedade resolúvel é aquela de caráter transitório, não permanente, que pode ser
cancelada sobrevindo determinada condição legal ou convencional, a condição resolutiva
ou termo final. Ocorrendo a condição ou advindo o termo diz que a propriedade foi resolvida.
Nesse caso, são também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o
proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de
quem a possua ou detenha. São exemplos o pacto de retrovenda, a venda a contento, a
propriedade fiduciária etc.
6.7 - Direitos Reais de Gozo ou Fruição sobre Coisas Alheias
Os direitos reais são previstos e limitados por lei, e não se admitem a criação de
novas espécies por ato de vontade das partes. Essa modalidade de direito transfere o
domínio do imóvel ao adquirente, para que este possa gozar e fruir do bem, conforme o
tipo de direito real pactuado. Os direitos reais sobre coisas alheias comentados serão os
que tratam da superfície, das servidões, do usufruto, do uso, da habitação, do direito do
promitente comprador, do penhor, da hipoteca e da anticrese.
6.8 - Da Superfície
O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu
terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no
Cartório de Registro de Imóveis. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo
se for inerente ao objeto da concessão.
O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos
seus herdeiros.
Extinta a concessão, o proprietário passará a ter a propriedade plena sobre o terreno,
construção ou plantação, independentemente de indenização, se as partes não houverem
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estipulado o contrário.
6.9 - Das Servidões
A servidão é o proveito ou facilidade prestada por um prédio - o serviente - em favor
de outro – o dominante.
A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente,
que pertence a diverso dono. É constituída mediante declaração expressa dos proprietários,
ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis.
O exercício da servidão é restrito às necessidades do prédio dominante, de modo a
evitar agravar o encargo ao prédio serviente. Constituída para certo fim, a servidão não se
pode ampliar a outro.
6.10 - Do Usufruto
O usufruto é um direito conferido a uma pessoa que o autoriza a usar coisa alheia,
móvel ou imóvel, e auferir para si os frutos por ela produzidos. Cabe ao usufrutuário a
posse, o uso, a administração e os frutos da coisa; e ao proprietário (conhecido como nu-
proprietário) o direito abstrato à propriedade.
O usufruto pode recair em um ou mais bens, em um patrimônio inteiro, ou parte deste,
abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades. O usufruto de imóveis será
constituído mediante registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se
por título gratuito ou oneroso.
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O usufrutuário pode usufruir em pessoa, ou mediante arrendamento, o prédio, mas
não lhe mudar a destinação econômica, sem expressa autorização do proprietário.
O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens que
receber, determinando o estado em que se acham, e dará caução, fidejussória ou real, se
lha exigir o dono, de velar-lhes pela conservação, e entregá-los findo o usufruto. Todavia
o usufrutuário não é obrigado a pagar as deteriorações resultantes do exercício regular do
usufruto.
É atribuição do usufrutuário pagar as despesas ordinárias de conservação dos bens
no estado em que os recebeu, bem como as prestações e os tributos devidos pela posse
ou rendimento da coisa usufruída.
Extingue-se o usufruto pela morte do usufrutuário, pelo termo de sua duração, pela
cessação da causa que o originou, pela destruição da coisa, pela consolidação (quando a
mesma pessoa passa a ser o usufrutuário e o proprietário), pelo usucapião, por culpa do
usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, pela renúncia, pelo não
uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai etc. Os demais casos de extinção do
usufruto estão presentes no art. 1410 do Código Civil.
6.11 - Do Uso
O uso é uma espécie de usufruto restrito, que atribui ao seu titular apenas o uso de
coisa alheia, sem direito à administração e aos frutos, salvo daquilo que seja necessário ao
consumo pessoal e da família, compreendidas a de seu cônjuge, dos filhos solteiros e das
pessoas de seu serviço doméstico.
São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas
ao usufruto.
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6.12 - Da Habitação
O direito real temporário de habitar gratuitamente casa alheia. O titular deste direito
não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família.
São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, as disposições
relativas ao usufruto.
6.13 - Do Direito do Promitente Comprador
Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento,
celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de
Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor,
ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva
de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa,
requerer a adjudicação do imóvel.
6.14 - Direitos Reais de Garantia sobre Coisas Alheias
“Direito real de garantia é aquele confere ao seu titular a prerrogativa de obter o
pagamento de uma dívida com o valor ou a renda de um bem aplicado exclusivamente à
sua satisfação” (Sílvio Rodrigues). São eles o penhor, a hipoteca e a anticrese.
6.14.1 - Disposições gerais sobre o penhor, hipoteca e a anticrese.
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Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica
sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação. Só aquele que pode alienar poderá
empenhar, hipotecar ou dar em anticrese. Só os bens que se podem alienar poderão ser
dados em penhor, anticrese ou hipoteca.
A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na
sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em
garantia real a parte que tiver.
O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração
correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo disposição
expressa no título ou na quitação.
O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipotecada ou
empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipoteca, a
prioridade no registro. Excetuam-se dessa regra as dívidas trabalhistas, previdenciárias,
fiscais, que têm preferência.
O credor anticrético tem direito a reter em seu poder o bem, enquanto a dívida não for
paga; extingue-se esse direito decorridos quinze anos da data de sua constituição.
A dívida será considerada vencida se o bem dado em garantia se perecer, deteriorar
ou depreciar e o devedor, intimado, não o reforçar ou substituir, se o devedor cair em
insolvência ou falir, se as prestações não forem pontualmente pagas, se desapropriar o
bem dado em garantia.
É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar
com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento, mas vencida a dívida,
poderá o devedor dar a coisa em pagamento da dívida.
Quando, excutido o penhor, ou executada a hipoteca, o produto não bastar para
pagamento da dívida e despesas judiciais, continuará o devedor obrigado pessoalmente
pelo restante.
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6.14.2 - Do Penhor
Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito
ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel,
suscetível de alienação.
O credor pignoratício tem direito à posse da coisa empenhada; à retenção dela em
caso de indenização de despesas justificadas; ao ressarcimento do prejuízo que houver
sofrido por vício da coisa empenhada; a promover a execução judicial, ou a venda amigável,
se autorizado expressamente pelo contrato ou pelo devedor; a apropriar-se dos frutos da
coisa empenhada que se encontra em seu poder; a promover a venda antecipada sempre
que haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, mas o dono da
coisa empenhada pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, ou oferecendo outra
garantia real idônea.
O credor não pode ser constrangido a devolver a coisa empenhada, ou uma parte
dela, antes de ser integralmente pago.
O credor pignoratício é obrigado à custódia da coisa, na qualidade de depositário, a
ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for culpado, à defesa da posse da coisa
empenhada e a comunicação ao dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o
exercício de ação possessória, a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez
paga a dívida;
Extingue-se o penhor com a extinção da obrigação; com o perecimento da coisa;
renunciando o credor; confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e de dono
da coisa; dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a venda da coisa empenhada, feita
pelo credor ou por ele autorizada.
6.14.3 - Da Hipoteca
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“Hipoteca é o direto real que o devedor confere ao credor, sobre um bem imóvel de
sua propriedade ou a outrem, para que o mesmo responda, preferentemente ao credor,
pelo resgate da dívida” (Sílvio Rodrigues).
Podem ser objeto de hipoteca os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente
com eles, o domínio direto, o domínio útil, as estradas de ferro, os recursos naturais a
que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se acham, os navios, e as
aeronaves. Em nosso caso discorremos somente sobre a hipoteca que grava bens imóveis.
É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado, mas poderá
convencionar-se que vencerá o crédito hipotecário, se o imóvel for alienado.
O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra hipoteca sobre ele, mediante novo
título, em favor do mesmo ou de outro credor. Salvo o caso de insolvência do devedor,
o credor da segunda hipoteca, embora vencida, não poderá executar o imóvel antes de
vencida a primeira.
As hipotecas serão registradas no cartório do lugar do imóvel, ou no de cada um
deles, se o título se referir a mais de um. Compete aos interessados, exibido o título,
requerer o registro da hipoteca. Os registros e averbações seguirão a ordem em que forem
requeridas, sendo que o número de ordem determina a prioridade, e esta a preferência
entre as hipotecas.
Ambas as partes podem prorrogar a hipoteca, até perfazer vinte anos, da data do
contrato.
A lei confere hipoteca, chamada nesse caso de hipoteca legal, às pessoas de direito
público interno sobre os imóveis pertencentes aos encarregados da cobrança, sua guarda
ou administração; aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras
núpcias, antes de fazer o inventário do casal anterior; ao ofendido, ou aos seus herdeiros,
sobre os imóveis do delinqüente, para satisfação do dano causado pelo delito e pagamento
das despesas judiciais; ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha,
sobre o imóvel adjudicado ao herdeiro reponente; ao credor sobre o imóvel arrematado,
para garantia do pagamento do restante do preço da arrematação.
101
A hipoteca extingue-se pela extinção da obrigação principal, pelo perecimento da coisa,
pela resolução da propriedade, pela renúncia do credor, pela remição, e pela arrematação
ou adjudicação.
6.15 -Da Anticrese
Na anticrese o devedor entrega ao credor a posse do imóvel, cedendo-lhe o direito de
auferir os frutos e rendimentos desse imóvel, até o montante da dívida a ser paga.
O imóvel hipotecado pode ser dado em anticrese, sendo a recíproca verdadeira.
O credor anticrético pode administrar os bens dados em anticrese e fruir seus frutos e
utilidades, mas deverá apresentar anualmente balanço, exato e fiel, de sua administração.
O adquirente dos bens dados em anticrese poderá remi-los, antes do vencimento da
dívida, pagando a sua totalidade à data do pedido de remição e imitir-se-á, se for o caso,
na sua posse.
102
7LEI Nº 4.591, DE 16 DE
DEZEMBRO DE 1964
103
Dispõe sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias.
7.1 - Do Condomínio
As disposições relativas ao condomínio edilício constante nessa lei foram revogadas
pelo novo Código Civil, de forma que da Lei n.º 4.591/64 trataremos somente das
incorporações imobiliárias.
7.2 - Das Incorporações
Incorporação imobiliária é a atividade exercida com o intuito de promover e realizar
a construção, para alienação total ou parcial, de edificações ou conjunto de edificações
compostas de unidades autônomas.
Incorporador é a pessoa física ou jurídica, que embora não efetuando a construção,
compromisse ou efetive a venda de frações ideais de terreno objetivando a vinculação de
tais frações a unidades autônomas, ou que meramente aceite propostas para efetivação de
tais transações, coordenando e levando a termo a incorporação.
O incorporador somente poderá negociar sobre unidades autônomas após ter
arquivado, no cartório competente de Registro de Imóveis, os documentos comprovando
a propriedade do terreno; a inexistência de débitos de impostos, protesto de títulos; ações
cíveis e criminais e de ônus reais relativos ao imóvel, aos alienantes e ao incorporador; os
projetos de construção devidamente aprovados pelas autoridades competentes.
O número do registro da incorporação, bem como a indicação do cartório competente,
constará, obrigatoriamente, dos anúncios, impressos, publicações, propostas, contratos,
preliminares ou definitivos, referentes à incorporação, salvo dos anúncios “classificados”.
104
Quando o incorporador contratar a entrega da unidade a prazo e preços certos,
determinados ou determináveis, deverá informar obrigatoriamente aos adquirentes, por
escrito, no mínimo de seis em seis meses, o estado da obra.
O incorporador responde civilmente pela execução da incorporação, devendo indenizar
os adquirentes ou compromissários, dos prejuízos que a estes advierem do fato de não se
concluir a edificação ou de se retardar injustificadamente a conclusão das obras.
É vedado ao incorporador alterar o projeto, especialmente no que se refere à unidade
do adquirente e às partes comuns, modificar as especificações, ou desviar-se do plano da
construção, salvo autorização unânime dos interessados ou exigência legal;
Após a concessão do “habite-se” pela autoridade administrativa, o incorporador
deverá requerer a averbação da construção das edificações, para efeito de individualização
e discriminação das unidades, respondendo perante os adquirentes pelas perdas e danos
que resultem da demora no cumprimento dessa obrigação.
7.2.1 - Da Construção de Edificação em Condomínio
A construção de imóveis, objeto de incorporação, poderá ser contratada sob o regime
de empreitada ou de administração.
Poderá ser designada, no contrato de construção ou eleita em assembléia, uma
Comissão de Representantes, composta de no mínimo três membros escolhidos entre
os contratantes, para representá-los junto ao construtor ou ao incorporador, em tudo que
interessar ao bom andamento da obra.
Cada contratante da construção só será imitido na posse de sua unidade se estiver em
dia com as obrigações assumidas, exercendo o construtor, o incorporador ou o condomínio
o direito de retenção sobre a respectiva unidade.
105
7.2.1.1 - Da Construção por Empreitada
Nas incorporações em que a construção seja feita pelo regime de empreitada, esta
poderá ser a preço fixo, ou a preço reajustável por índices previamente determinados.
Na empreitada a preço fixo, o preço da construção será irreajustável, independentemente
das variações que sofrer o custo efetivo das obras e qualquer que sejam suas causas.
Na empreitada a preço reajustável, o preço fixado no contrato será reajustado na forma e
nas épocas nele expressamente previstas, em função da variação dos índices adotados,
também previstos obrigatoriamente no contrato.
Em toda a publicidade ou propaganda escrita, destinada a promover a venda de
incorporação com construção pelo regime de empreitada reajustável, em que conste
preço, serão discriminados explicitamente o preço da fração ideal do terreno e o preço da
construção, com indicação expressa da reajustabilidade, dispensada essa exigência nos
anúncios “classificados” dos jornais.
7.2.1.2 - Da Construção por Administração
Nas incorporações em que a construção for contratada pelo regime de administração,
também chamado “a preço de custo”, será de responsabilidade dos proprietários ou
adquirentes o pagamento do custo integral de obra.
No regime de construção por administração, será obrigatório constar do respectivo
contrato o montante do orçamento do custo da obra e a data em que se iniciará efetivamente
a obra.
Em toda publicidade ou propaganda escrita destinada a promover a venda de
incorporação com construção pelo regime de administração em que conste preço, serão
discriminados explicitamente o preço da fração ideal de terreno e o montante do orçamento
atualizado do custo da construção, com a indicação do mês a que se refere o dito orçamento,
dispensada essa exigência nos anúncios “classificados” dos jornais.
106
7.2.2 - Das Infrações
Pode-se estipular no contrato que a falta de pagamento, por parte do adquirente ou
contratante, de três prestações do preço da construção, depois de prévia notificação com o
prazo de dez dias para purgação da mora, implique na rescisão do contrato, e que, na falta
de pagamento, pelo débito respondem os direitos à respectiva fração ideal de terreno e à
parte construída adicionada.
Não purgada a mora o prazo de dez dias poderá ser promovida, em leilão público, a
venda da quota de terreno.
O contrato poderá dispor que o valor das prestações pagas com atraso seja corrigível
em função da variação do índice geral de preços que reflita as oscilações do poder aquisitivo
da moeda nacional.
É crime contra a economia popular promover incorporação, fazendo, em proposta,
contratos, prospectos ou comunicação ao público, afirmação falsa sobre a construção do
condomínio, alienação das frações ideais do terreno ou sobre a construção das edificações,
punível com pena de reclusão de um a quatro anos e multa.
Na mesma pena incorre também o corretor de imóveis, o incorporador, o construtor, os
diretores ou gerentes de empresa incorporadora, corretora ou construtora que, em contrato,
publicidade ou comunicação ao público fizerem afirmação falsa sobre a constituição do
condomínio, alienação das frações ideais ou sobre a construção das edificações, ou
que usar, ainda que a título de empréstimo, em proveito próprio ou de terceiros, bens ou
haveres destinados a incorporação contratada por administração, sem prévia autorização
dos interessados.
107
8 LEI No 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO
DE 1979 - Dispõe sobre o
Parcelamento do Solo Urbano
e dá outras Providências
108
O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante loteamento ou
desmembramento.
Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação,
com abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento,
modificação ou ampliação das vias existentes.
Considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em lotes destinados a
edificação, com aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique na
abertura de novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou
ampliação dos já existentes.
Considera-se lote o terreno servido de infra-estrutura básica cujas dimensões atendam
aos índices urbanísticos definidos pelo plano diretor ou lei municipal para a zona em que
se situe.
Consideram-se infra-estrutura básica os equipamentos urbanos de escoamento das
águas pluviais, iluminação pública, redes de esgoto sanitário e abastecimento de água
potável, e de energia elétrica pública e domiciliar e as vias de circulação pavimentadas ou
não.
Nas zonas habitacionais declaradas por lei como de interesse social (ZHIS), a infra-
estrutura básica dos parcelamentos situados consistirá, no mínimo, de vias de circulação,
escoamento das águas pluviais, rede para o abastecimento de água potável, e soluções
para o esgotamento sanitário e para a energia elétrica domiciliar.
Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas,
de expansão urbana ou de urbanização específica, assim definidas pelo plano diretor ou
aprovadas por lei municipal.
É proibido o parcelamento do solo urbano, enquanto não solucionados os problemas,
em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, que tenham sido aterrados com material
nocivo à saúde pública, com declividade igual ou superior a trinta por cento Também não
será permitido o parcelamento do solo em terrenos onde as condições geológicas não
aconselham a edificação ou em áreas de preservação ecológica.
109
A lei municipal definirá os prazos para que um projeto de parcelamento apresentado
seja aprovado ou rejeitado e para que as obras executadas sejam aceitas ou recusadas.
Transcorridos os prazos sem a manifestação do Poder Público, o projeto será considerado
rejeitado ou as obras recusadas, assegurada a indenização por eventuais danos derivados
da omissão. Nos Municípios cuja legislação for omissa, os prazos serão de noventa dias
para a aprovação ou rejeição e de sessenta dias para a aceitação ou recusa fundamentada
das obras de urbanização.
Aprovado o projeto de loteamento ou de desmembramento, o loteador deverá submetê-
lo ao Registro Imobiliário dentro de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de caducidade da
aprovação. Juntamente com o pedido deverá apresentar os documentos de comprovação
da propriedade do terreno; de inexistência de débitos de impostos, protesto de títulos,
ações cíveis e criminais e de ônus reais relativos ao imóvel e aos alienantes; cópia do
ato de aprovação do loteamento e comprovante do termo de verificação da execução das
obras exigidas; exemplar do contrato-padrão de promessa de venda, ou de cessão ou de
promessa de cessão.
No Registro de Imóveis far-se-á o registro do loteamento, com uma indicação para
cada lote, a averbação das alterações, a abertura de ruas e praças e as áreas destinadas
a espaços livres ou a equipamentos urbanos.
O processo de loteamento e os contratos depositados em cartório poderão ser
examinados por qualquer pessoa, a qualquer tempo, independentemente do pagamento
de custas ou emolumentos, ainda que a título de busca.
São irretratáveis os compromissos de compra e venda, cessões e promessas de
cessão, os que atribuam direito a adjudicação compulsória e, estando registrados, confiram
direito real oponível a terceiros.
Os compromissos de compra e venda, as cessões e as promessas de cessão valerão
como título para o registro da propriedade do lote adquirido, quando acompanhados da
respectiva prova de quitação.
Se aquele que se obrigou a concluir contrato de promessa de venda ou de cessão
110
não cumprir a obrigação, o credor poderá notificar o devedor para outorga do contrato
ou oferecimento de impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de proceder-se
ao registro do pré-contrato, passando as relações entre as partes a serem regidas pelo
contrato-padrão. Nesse caso, terão o mesmo valor de pré-contrato a promessa de cessão,
a proposta de compra, a reserva de lote ou qualquer outro instrumento, do qual conste a
manifestação da vontade das partes, a indicação do lote, o preço e modo de pagamento, e
a promessa de contratar.
Aquele que adquirir a propriedade loteada mediante ato inter vivos, ou por sucessão
causa mortis, sucederá o transmitente em todos os seus direitos e obrigações, ficando
obrigado a respeitar os compromissos de compra e venda ou as promessas de cessão, em
todas as suas cláusulas, sendo nula qualquer disposição em contrário, ressalvo o direito do
herdeiro ou legatário de renunciar à herança ou ao legado.
O contrato particular pode ser transferido por simples trespasse, lançado no verso
das vias em poder das partes, ou por instrumento em separado, declarando-se o número
do registro do loteamento, o valor da cessão e a qualificação do cessionário, para o devido
registro. A cessão independe da anuência do loteador, mas, em relação a este, seus efeitos
só se produzem depois de cientificado, por escrito, pelas partes ou quando registrada a
cessão.
Vencida e não paga a prestação, o contrato será considerado rescindido trinta dias
depois de constituído em mora o devedor. Nesse caso, a requerimento do credor, o devedor-
adquirente será intimado a satisfazer as prestações vencidas e as que se vencerem até a
data do pagamento, os juros convencionados e as custas de intimação. Purgada a mora,
convalescerá o contrato.
Permanecendo a inadimplência, de posse da certidão de não haver sido feito o
pagamento em cartório, o vendedor requererá ao oficial do registro o cancelamento da
averbação.
Em qualquer caso de rescisão por inadimplemento do adquirente, as benfeitorias
necessárias ou úteis por ele levadas a efeito no imóvel deverão ser indenizadas, sendo
de nenhum efeito qualquer disposição contratual em contrário. Não serão indenizadas as
benfeitorias feitas em desconformidade com o contrato ou com a lei.
111
Ocorrendo o cancelamento do registro por inadimplemento do contrato e tendo havido
o pagamento de mais de um terço do preço ajustado, o oficial do registro de imóveis
mencionará este fato no ato do cancelamento e a quantia paga; somente será efetuado
novo registro relativo ao mesmo lote, se for comprovada a restituição do valor pago pelo
vendedor ao titular do registro cancelado, ou mediante depósito em dinheiro à sua disposição
junto ao Registro de Imóveis.
É proibido vender ou prometer vender parcela de loteamento ou desmembramento não
registrado. Verificado que o loteamento ou desmembramento não está registrado, deverá
o adquirente do lote notificar o loteador para suprir a falta, suspendendo o pagamento,
ao loteador, das prestações restantes, mas efetuando o depósito delas junto ao Registro
de Imóveis competente. Regularizado o loteamento pelo loteador, este poderá levantar as
prestações depositadas em cartório.
Será nula de pleno direito a cláusula de rescisão de contrato por inadimplemento do
adquirente, quando o loteamento não estiver regularmente inscrito.
Constitui crime contra a Administração Pública dar início, ou efetuar loteamento ou
desmembramento do solo para fins urbanos sem autorização do órgão público competente,
em desacordo com as disposições legais ou sem a observância das determinações
constantes do ato administrativo de licença. Da mesma forma, constitui crime fazer, ou
veicular em proposta, contrato, prospecto ou comunicação ao público ou a interessados,
afirmação falsa sobre a legalidade de loteamento ou desmembramento do solo para fins
urbanos, ou ocultar fraudulentamente fato a ele relativo. Em ambos os casos a pena é de
reclusão, de um a quatro anos, e multa.
A pena será aumentada de um a cinco anos, e multa, se o crime é cometido por meio
de venda, promessa de venda ou reserva de lote não registrado no Registro de Imóveis
competente ou com inexistência de título legítimo de propriedade do imóvel loteado ou
desmembrado.
Quem, de qualquer modo, concorrer para a prática das condutas acima citadas
incidirá nas penas cominadas, considerados em especial os atos praticados na qualidade
de mandatário de loteador, diretor ou gerente de sociedade.
112
Aquele que registrar loteamento ou desmembramento não aprovado pelos órgãos
competentes, registrar o compromisso de compra e venda, a cessão ou promessa de cessão
de direitos, ou efetuar registro de contrato de venda de loteamento ou desmembramento
não registrado será apenado com detenção de um dois anos, e multa.
113
9LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO
DE 1990 - Dispõe sobre a
proteção do consumidor
114
9.1 – Definições e Conceitos
O Código do Consumidor estabelece normas visando a proteção e defesa do
consumidor, da ordem pública e do interesse social.
É de vital importância o conhecimento de alguns conceitos e regras que regem o direito
consumeirista, pois o Corretor de Imóveis é um fornecedor de serviços com características
bem particulares, haja vista que fornece seus serviços profissionais tanto ao vendedor
quanto ao comprador.
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final. Destinatário final é aquele que adquire um produto ou serviço
para utilizar em uso próprio, que não revende o produto para outrem, nem o aplica na
produção de outros produtos. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda
que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Esta última definição é
uma exação jurídica denominada consumidor por equiparação.
Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes
das relações de caráter trabalhista.
9.2 - Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço
Não raro ocorre de o produto ou serviço causar danos às pessoas. Neste caso o
fabricante, o produtor, o construtor, e o importador respondem de modo objetivo. A
115
responsabilidade objetiva independe da averiguação da culpa e só é excluída se provada
a inexistência do defeito, que não foi colocado o produto no mercado ou que a culpa é
exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Considera-se o produto defeituoso quando não oferece a segurança que dele
legitimamente se espera. Não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor
qualidade ter sido colocado no mercado.
O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos. O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele
pode esperar. O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar que, tendo
prestado o serviço, o defeito inexiste ou que o defeito decorre de culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiro.
Os profissionais liberais são exceção à regra da responsabilidade objetiva, vez que
sua responsabilidade pessoal deve ser apurada mediante a verificação de culpa.
9.3 - Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço
Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem
publicitária.
Ocorrendo o vício e não sendo ele sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha a substituição do produto por outro da
mesma espécie, em perfeitas condições de uso; a restituição imediata da quantia paga,
116
monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; ou o abatimento
proporcional do preço. O prazo de trinta dias pode ser reduzido a sete dias ou dilatado até
180 dias, desde que as partes assim estipulem.
O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios
ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade
com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha a reexecução dos serviços, sem custo adicional e
quando cabível; a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos, ou o abatimento proporcional do preço. A reexecução
dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do
fornecedor.
A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos
e serviços não o exime de responsabilidade.
9.4 - Da Decadência e da Prescrição
O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em trinta
dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis, noventa dias,
tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
A reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor
de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, transmitida de forma
inequívoca, obsta a decadência do direto de reclamar dos vícios aparentes.
No caso de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar
evidenciado o defeito.
Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do
produto ou do serviço, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano
e de sua autoria.
117
9.5 - Das Práticas Comerciais
9.5.1 – Da Oferta
Toda informação ou publicidade oferecendo ou apresentando produtos ou serviços
obriga o fornecedor que a fizer ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser
celebrado. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações
corretas, claras, sobre as características, qualidades, quantidade, composição, preço,
garantia, prazos de validade e origem, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde
e segurança dos consumidores.
9.5.2 - Da Publicidade
A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente,
a identifique como tal, sendo proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter
publicitário, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características,
qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre
produtos e serviços.
É abusiva a publicidade discriminatória, a que incite à violência, explore o medo ou a
superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita
valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
A publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial
do produto ou serviço.
118
O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária
cabe a quem as patrocina.
9.5.3 - Das Práticas Abusivas
É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas consideradas
abusivas, praticar a venda casada, ou seja, condicionar o fornecimento de produto ou de
serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço. Da mesma forma não pode limitar
quantitativamente sem justa causa, ou recusar atendimento às demandas dos consumidores,
na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os
usos e costumes.
Não poderá enviar ou entregar ao consumidor qualquer produto serviço sem solicitação
prévia nem se prevalecer da fraqueza ou ignorância do consumidor para impingir-lhe seus
produtos ou serviços. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao
consumidor sem a sua solicitação, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação
de pagamento.
Não pode repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor
no exercício de seus direitos; colocar no mercado de consumo qualquer produto ou serviço
em desacordo com as normas técnicas convencionadas; recusar a venda de bens ou a
prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto
pagamento; elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços; deixar de estipular
prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu
exclusivo critério; aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente
estabelecido.
O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio
discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados,
as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços. Salvo
estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias, contado
de seu recebimento pelo consumidor. Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento
119
obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes.
O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação
de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.
9.5.4 - Da Cobrança de Dívidas
Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem
será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. O consumidor cobrado em
quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou
em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável.
9.6 - Da Proteção Contratual
O CDC protege o consumidor antes, quando e após a elaboração do contrato.
Os contratos não obrigarão o consumidor, se não lhe foi dada a oportunidade de
tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se forem redigidos de modo a dificultar
a compreensão de seu sentido e alcance. As cláusulas contratuais serão interpretadas de
maneira mais favorável ao consumidor.
As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos
relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor.
O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de sete dias a contar de sua assinatura
ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento
de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por
telefone ou a domicílio. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento, os valores
eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de
imediato, monetariamente atualizados.
120
A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.
9.6.1 - Das Cláusulas Abusivas
São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que impossibilitem, exonerem, atenuem ou transfiram
a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços;
subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga; estabeleçam inversão
do ônus da prova em prejuízo do consumidor; determinem a utilização compulsória de
arbitragem; deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando
o consumidor; autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade
do contrato, após sua celebração; possibilitem a renúncia do direito de indenização por
benfeitorias necessárias.
A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando
de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer
das partes.
As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo não
poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação. É assegurado ao consumidor
a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional
dos juros e demais acréscimos.
Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em
prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de
pleno direito às cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício
do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada
do produto alienado.
9.6.2 - Dos Contratos de Adesão
121
Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas foram unilateralmente colocadas pelo
fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar
substancialmente seu conteúdo. As cláusulas que implicarem limitação de direito
do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil
compreensão.
122
10LEI No 8.245, DE 18 DE OUTUBRO
DE 1991 - Dispõe sobre as
locações dos imóveis urbanos e os
procedimentos a elas pertinentes.
123
10.1 - Da locação em geral
A locação de imóvel urbano regula - se pelo disposto nesta lei. A locação pode ser
residencial e não residencial. São reguladas pelo Código Civil ou leis especiais os imóveis
públicos, as garagens autônomas, os espaços destinados à publicidade, os apart- hotéis,
hotéis.
As partes podem ajustar um contrato de locação por qualquer prazo, dependendo de
autorização conjugal, se igual ou superior a dez anos. Ausente a vênia conjugal, o cônjuge
não estará obrigado a observar o prazo excedente.
Durante o prazo estipulado para a duração do contrato, não poderá o locador reaver
o imóvel alugado, mas o locatário poderá devolvê-lo, pagando a multa pactuada ou
judicialmente estipulada.
A ação do locador para reaver o imóvel é a de despejo.
O locatário poderá denunciar a locação por prazo indeterminado mediante aviso por
escrito ao locador, com antecedência mínima de trinta dias.
Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato,
com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo
determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver
averbado junto à matrícula do imóvel. Idêntico direito terá o promissário comprador e o
promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título
registrado junto à matrícula do mesmo. A denúncia deverá ser exercitada no prazo de
noventa dias contados do registro da venda ou do compromisso, presumindo - se, após
esse prazo, a concordância na manutenção da locação.
A locação também poderá ser desfeita por mútuo acordo; em decorrência da prática
de infração legal ou contratual; em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais
encargos; ou para a realização de reparações urgentes determinadas pelo Poder Público.
É livre a convenção do aluguel, mas não pode ser estipulado em moeda estrangeira,
124
nem vinculado à variação cambial ou ao salário mínimo. Só pode ser cobrado adiantadamente
em caso de locação por temporada, ou se não foi dada garantia.
O aluguel está sujeito aos reajustes por vontade das partes, mas não havendo acordo
pode ocorrer reajuste judicial, a cada três anos.
O locador é obrigado a entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir
ao uso a que se destina, a garantir o uso pacífico do imóvel locado, responder pelos vícios
ou defeitos anteriores à locação, fornecer ao locatário descrição minuciosa do estado do
imóvel quando de sua entrega, fornecer ao locatário recibo discriminado dos pagamentos,
pagar as taxas de administração imobiliária e de intermediações, inclusiva as despesas
necessárias à aferição da idoneidade do pretendente ou de seu fiador, pagar os impostos,
taxas e o de seguro, salvo disposição expressa em contrário no contrato, e pagar as
despesas extraordinárias de condomínio, sendo estas as despesas que não se refiram aos
gastos rotineiros de manutenção do edifício.
O locatário é obrigado a pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação,
servir - se do imóvel para o uso convencionado ou presumido e tratá-lo com o mesmo
cuidado como se fosse seu, restituir o imóvel no estado em que o recebeu, salvo as
deteriorações decorrentes do seu uso normal, não modificar a forma interna ou externa do
imóvel sem o consentimento prévio e por escrito do locador, pagar as despesas de telefone
e de consumo de força, luz e gás, água e esgoto, permitir a vistoria do imóvel pelo locador,
cumprir integralmente a convenção de condomínio e os regulamentos internos, pagar o
prêmio do seguro de fiança, e pagar as despesas ordinárias de condomínio, sendo estas
as despesas necessárias à sua administração.
Convencionado que cabe ao locatário a responsabilidade pelo pagamento dos
tributos, encargos e despesas ordinárias de condomínio, o locador poderá cobrar tais
verbas juntamente com o aluguel do mês a que se refiram.
No caso de venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de direitos
ou dação em pagamento, o locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado, em
igualdade de condições com terceiros. Nesse caso deve o locador cientificar o locatário
através de notificação judicial, extrajudicial ou outro meio de ciência inequívoca. O direito
de preferência do locatário deverá ser exercido de maneira inequívoca no prazo de trinta
125
dias. Não se aplica o direito de preferência nos casos de perda da propriedade ou venda
por decisão judicial, permuta, doação, integralização de capital, cisão, fusão e incorporação.
O locatário preterido no seu direito de preferência poderá reclamar do alienante as
perdas e danos ou, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência, haver
para si o imóvel locado. O prazo para tal é de seis meses, a contar do registro do ato no
cartório de imóveis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos trinta dias
antes da alienação junto à matrícula do imóvel.
Havendo condomínio no imóvel, a preferência do condômino terá prioridade sobre a
do locatário.
O locador pode exigir do locatário, como garantia, a prestação de caução, fiança, ou
seguro de fiança locatícia, sendo vedada mais de uma modalidade de garantia num mesmo
contrato de locação. Salvo disposição contratual em contrário, qualquer das garantias da
locação se estende até a efetiva devolução do imóvel.
Não estando a locação garantida por qualquer das modalidades, o locador poderá
exigir do locatário o pagamento do aluguel e encargos até o sexto dia útil do mês vincendo.
Constitui contravenção penal exigir o pagamento de quantia ou valor além do aluguel
e encargos permitidos, exigir mais de uma modalidade de garantia num mesmo contrato de
locação, e cobrar antecipadamente o aluguel, salvo os casos de locação para temporada
ou locação sem garantia.
10.2 - Da locação residencial
Nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a trinta meses, a
resolução do contrato ocorrerá findo o prazo estipulado, independentemente de notificação
ou aviso. Findo o prazo ajustado, se o locatário continuar na posse do imóvel alugado por
mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir - se - á prorrogada a locação por
prazo indeterminado, mantidas as demais cláusulas e condições do contrato. Ocorrendo a
126
prorrogação, o locador poderá denunciar o contrato a qualquer tempo, concedido o prazo
de trinta dias para desocupação.
Quando ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo inferior a trinta meses, findo
o prazo estabelecido, a locação prorroga - se automaticamente, por prazo indeterminado.
Nesse caso, somente pode ser retomado o imóvel nos casos de mútuo acordo das partes;
decorrentes da prática de infração legal ou contratual, decorrentes da falta de pagamento
do aluguel e demais encargos; para a realização de reparações urgentes determinadas
pelo Poder Público; decorrentes de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do
imóvel pelo locatário relacionada com o seu emprego; se for pedido para uso próprio, de
seu cônjuge ou companheiro, ou para uso residencial de ascendente ou descendente que
não disponha, assim como seu cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio; ou
se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos.
10.3 - Da locação para temporada
Locação para temporada é aquela contratada por prazo não superior a noventa dias
destinada à residência temporária do locatário, para prática de lazer, realização de cursos,
tratamento de saúde, etc.
O locador poderá receber de uma só vez e antecipadamente os aluguéis e encargos,
bem como exigir do locatário, como garantia, a prestação de caução, fiança, ou seguro de
fiança locatícia, sendo vedada mais de uma modalidade de garantia num mesmo contrato
de locação.
Findo o prazo ajustado, se o locatário permanecer no imóvel sem oposição do locador
por mais de trinta dias, presumir - se - á prorrogada a locação por tempo indeterminado, não
mais sendo exigível o pagamento antecipado do aluguel e dos encargos.
10.4 - Da locação não residencial
127
Na locação comercial o locatário terá direito à renovação do contrato, caso tenha sido
ele celebrado por escrito e com prazo determinado. Nesse caso o prazo mínimo do contrato
a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos dever ser de cinco
anos, e esteja o locatário explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e
ininterrupto de três anos.
Ação renovatória é a modalidade da ação destinada a fazer valer o direto de renovação
do contrato locatício, e deve ser proposta no interregno de um ano, no máximo, até seis
meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor.
O locador não estará obrigado a renovar o contrato se, por determinação do Poder
Público, tiver que realizar no imóvel, obras que importarem na sua radical transformação;
o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de comércio
existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge,
ascendente ou descendente. Nesse caso o imóvel não poderá ser destinado ao uso do
mesmo ramo do locatário, salvo se a locação também envolvia o fundo de comércio, com
as instalações e pertences.
Nas locações de imóveis utilizados por hospitais, unidades sanitárias oficiais, asilos,
bem como de estabelecimento de saúde e de ensino autorizados, o contrato somente
poderá ser rescindido nos casos de mútuo acordo; em decorrência da prática de infração
legal ou contratual; em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos;
para a realização de reparações urgentes determinadas pelo Poder Público; o proprietário
pedir o imóvel para demolição, edificação, licenciada ou reforma que venha a resultar em
aumento mínimo de cinqüenta por cento da área útil.
Quando o locatário for pessoa jurídica e o imóvel se destinar ao uso de seus titulares,
diretores, sócios, gerentes, executivos ou empregados considerar-se-á a locação como
sendo não residencial, de forma que as disposições que serão aplicadas são da locação
comercial.
Nos demais casos de locação não residencial, o contrato por prazo determinado
cessa, de pleno direito, findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou
aviso. Findo o prazo estipulado, se o locatário permanecer no imóvel por mais de trinta dias
128
sem oposição do locador, presumir - se - á prorrogada a locação nas condições ajustadas,
mas sem prazo determinado.
O contrato de locação por prazo indeterminado pode ser denunciado por escrito, pelo
locador, concedidos ao locatário trinta dias para a desocupação.
129
11 LEI Nº 6.015, DE 31 DE DEZEMBRO
DE 1973 - Dispõe sobre os registros
públicos, e dá outras providências
130
11.1 – Das atribuições
Os registros públicos objetivam conferir autenticidade, segurança, publicidade e
eficácia aos atos jurídicos. São modalidades o registro civil de pessoas naturais, o registro
civil de pessoas jurídicas, o registro de títulos e documentos, e o registro de imóveis.
Com esse intuito existem os cartórios de registro de nascimentos, casamentos e
óbitos, a quem cabe registrar os atos relacionados às pessoas naturais; os cartórios de
registro de títulos e documentos, a quem cabe registrar os atos relacionados às pessoas
jurídicas e ao registro de títulos e documentos; os cartórios de registro de imóveis, a quem
cabe registrar os atos relacionados aos imóveis.
O serviço cartorial começará e terminará às mesmas horas em todos os dias úteis,
mas o de registro civil de pessoas naturais funcionará todos os dias, sem exceção.
É nulo o registro lavrado fora das horas regulamentares ou em dias em que não houver
expediente, sendo civil e criminalmente responsável o oficial que der causa à nulidade.
Os Oficiais do Registro terão direito, a título de remuneração, aos emolumentos fixados
nos Regimentos de Custas, os quais serão pagos, pelo interessado que os requerer, no ato
de requerimento ou no da apresentação do título.
Os oficiais são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que, pessoalmente, ou
pelos prepostos ou substitutos que indicarem, causarem, por culpa ou dolo, aos interessados
no registro.
11.2 - Da Publicidade
Os oficiais e os encarregados das repartições em que se façam os registros são
obrigados a lavrar certidão do que lhes for requerido e a fornecer às partes as informações
solicitadas. Qualquer pessoa pode requerer certidão do registro sem informar ao oficial
131
ou ao funcionário o motivo ou interesse do pedido. No caso de recusa ou retardamento
na expedição da certidão, o interessado poderá reclamar à autoridade competente, que
aplicará, se for o caso, a pena disciplinar cabível.
11.3 - Do Registro Civil das Pessoas Naturais
Serão registrados no registro civil de pessoas naturais, os nascimentos, os casamentos,
os óbitos, as emancipações, as interdições, as sentenças declaratórias de ausência, as
opções de nacionalidade, e as sentenças que deferirem a legitimação adotiva.
Serão averbados, à margem do registro as sentenças que decidirem a nulidade ou
anulação do casamento, a separação, divórcio ou o restabelecimento da sociedade conjugal,
os atos judiciais ou extrajudiciais de reconhecimento de filhos ilegítimos, as escrituras de
adoção e os atos que a dissolverem, e as alterações ou abreviaturas de nomes.
Não serão cobrados emolumentos pelo registro civil de nascimento e pelo assento
de óbito, bem como pela primeira certidão respectiva. Os reconhecidamente pobres estão
isentos de pagamento de emolumentos pelas demais certidões extraídas pelo cartório de
registro civil.
11.4 - Do Registro Civil de Pessoas Jurídicas
No registro civil de pessoas jurídicas serão inscritos os contratos, os atos constitutivos,
os estatutos ou compromissos das sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas ou
literárias, bem como o das fundações e das associações de utilidade pública, as sociedades
civis que revestirem as formas estabelecidas nas leis comerciais, salvo as anônimas, e os
atos constitutivos e os estatutos dos partidos políticos.
A existência legal das pessoas jurídicas só começa com o registro de seus atos
132
constitutivos.
11.5 - Do Registro de Títulos e Documentos
No Registro de Títulos e Documentos será feita a transcrição dos instrumentos
particulares, para a prova das obrigações convencionais de qualquer valor ou,
facultativamente, de quaisquer documentos, para sua conservação.
Para surtir efeitos em relação a terceiros estão sujeitos a registro no Registro de Títulos
e Documentos, entre outros, os contratos de locação de prédios os contratos de compra e
venda em prestações, com reserva de domínio ou não, os de alienação ou de promessas
de venda referentes a bens móveis e os de alienação fiduciária, as quitações, recibos e
contratos de compra e venda de automóveis, bem como o penhor destes, os instrumentos
de cessão de direitos e de créditos, de sub-rogação e de dação em pagamento.
O registro integral dos documentos consistirá na trasladação dos mesmos, com a
mesma ortografia e pontuação, com referência às entrelinhas ou quaisquer acréscimos,
alterações, defeitos ou vícios que tiver o original apresentado, e, bem assim, com menção
precisa aos seus característicos exteriores e às formalidades legais.
O oficial deverá recusar registro a título e a documento que não se revistam das
formalidades legais.
O oficial, salvo quando agir de má-fé, devidamente comprovada, não será responsável
pelos danos decorrentes da anulação do registro, ou da averbação, por vício intrínseco
ou extrínseco do documento, título ou papel, mas, tão-somente, pelos erros ou vícios no
processo de registro.
O oficial será obrigado, quando o apresentante o requerer, a notificar do registro
ou da averbação os demais interessados que figurarem no título, documento, o papel
apresentado, e a quaisquer terceiros que lhes sejam indicados, podendo requisitar dos
oficiais de registro em outros Municípios, as notificações necessárias. Por esse processo,
133
também, poderão ser feitos avisos, denúncias e notificações, quando não for exigida a
intervenção judicial. O serviço das notificações e demais diligências poderá ser realizado
por escreventes designados pelo oficial e autorizados pelo Juiz competente.
11.6 - Do Registro de Imóveis
No Registro de Imóveis serão feitos o registro e a averbação dos títulos ou atos
constitutivos, declaratórios, translativos e extintos de direitos reais sobre imóveis
reconhecidos em lei, inter vivos ou causa mortis, quer para sua constituição, transferência
e extinção, quer para sua validade em relação a terceiros, quer para a sua disponibilidade.
Nesse sentido serão feitos o registro da instituição de bem de família, das hipotecas,
dos contratos de locação de prédios, das penhoras, arrestos e seqüestros de imóveis, dos
contratos de compromisso de compra e venda de cessão, das incorporações, instituições
e convenções de condomínio; dos contratos de promessa de venda, cessão ou promessa
de cessão de unidades autônomas condominiais , dos loteamentos urbanos e rurais, da
compra e venda pura e da condicional, da alienação fiduciária em garantia de coisa imóvel
etc. Da mesma forma, serão feitas as averbações de extinção dos ônus e direitos reais, das
cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade impostas a imóveis,
do contrato de locação, para os fins de exercício de direito de preferência, da notificação
para parcelamento, edificação ou utilização compulsórios de imóvel urbano etc.
Via de regra todos os atos de registro ou averbação previstos no art. 167 da Lei de
Registros Públicos são obrigatórios e deverão ser efetuados no território da situação do
imóvel.
O registro e a averbação poderão ser provocados por qualquer pessoa, incumbindo-
lhe as despesas respectivas.
Em todas as escrituras e em todos os atos relativos a imóveis, bem como nas cartas
de sentença e formais de partilha, o tabelião ou escrivão deve fazer referência à matrícula
ou ao registro anterior, seu número e cartório.
134
Deverá constar obrigatoriamente nas escrituras e nos autos judiciais a indicação com
precisão, os característicos, as confrontações e as localizações dos imóveis, mencionando
os nomes dos confrontantes e, ainda, quando se tratar só de terreno, se esse fica do lado
par ou do lado ímpar do logradouro, em que quadra e a que distância métrica da edificação
ou da esquina mais próxima, exigindo dos interessados a certidão do registro imobiliário.
Nenhum registro poderá ser feito sem que o imóvel a que se referir esteja matriculado.
O registro, enquanto não cancelado, produz todos os efeitos legais ainda que, por
outra maneira, se prove que o título está desfeito, anulado, extinto ou rescindido.
A instituição do bem de família far-se-á por escritura pública, declarando o instituidor
que determinado prédio se destina a domicílio de sua família e ficará isento de execução
por dívida.
135
12 LEI Nº 6.530, DE 12 DE MAIO
DE 1978 E SEU INSTRUMENTO.
REGULAMENTADOR, O DECRETO Nº
81.871, DE 29 DE JUNHO DE 1978.
136
A Lei n.° 6530/78 e o seu instrumento regulamentador, o Decreto 81.871/78,
regulamentam a profissão de Corretor de Imóveis e disciplinam o funcionamento de seus
órgãos de fiscalização.
O exercício da profissão de Corretor de Imóveis será permitido ao possuidor de título
de Técnico em Transações Imobiliárias ou àquele inscrito nos termos da Lei nº 4.116/62,
desde que requeira a revalidação da sua inscrição.
Ao Corretor de Imóveis compete exclusivamente exercer a intermediação na compra,
venda, permuta e locação de imóveis. Pode, ainda, mas não de modo exclusivo, opinar
quanto à comercialização imobiliária.
As pessoas jurídicas também poderão exercer o que compete ao Corretor de Imóveis,
mas o atendimento ao público interessado na compra, venda, permuta ou locação de
imóvel, somente poderá ser feito por Corretor de Imóveis inscrito no Conselho Regional da
jurisdição. As pessoas jurídicas deverão ter como sócio gerente ou diretor um Corretor de
Imóveis individualmente inscrito
O exercício simultâneo, temporário ou definitivo da profissão em área de jurisdição
diversa da do Conselho Regional onde foi efetuada a inscrição originária do Corretor de
Imóveis ou da pessoa jurídica, fica condicionado à inscrição e averbação profissional nos
Conselhos Regionais que jurisdicionam as áreas em que exercerem as atividades.
Ao Corretor de Imóveis inscrito será fornecida Carteira de Identidade Profissional, à
pessoa jurídica será fornecido Certificado de Inscrição.
O pagamento da anuidade ao Conselho Regional constitui condição para o exercício
da profissão de Corretor de Imóveis e da pessoa jurídica. Deverá a anuidade ser paga até
o último dia útil do primeiro trimestre de cada ano, salvo a primeira, que será devida no ato
da inscrição do Corretor de Imóveis ou da pessoa jurídica.
O número da inscrição do Corretor de Imóveis ou da pessoa jurídica constará
obrigatoriamente de toda propaganda, bem como de qualquer impresso relativo à atividade
profissional. Somente poderá anunciar publicamente o Corretor de Imóveis, pessoa física
ou jurídica, que tiver contrato escrito de mediação ou autorização escrita para alienação do
137
imóvel anunciado.
O Conselho Federal (COFECI) e os Conselhos Regionais (CRECI) são autarquias,
dotadas de personalidade jurídica de direito público, com autonomia administrativa,
operacional e financeira. Tem por objetivo a disciplina e a fiscalização do exercício da
profissão de Corretor de Imóveis, bem como representar, em juízo ou fora dele, os legítimos
interesses da categoria profissional. O COFECI tem como sede e foro a Capital da República
e jurisdição em todo o território nacional, e cada CRECI tem sede e foro na Capital do
Estado da sua jurisdição.
O COFECI é composto por dois representantes, efetivos e suplentes, de cada Conselho
Regional, eleitos dentre os seus membros. O CRECI é composto por vinte e sete membros
efetivos e igual número de suplentes. O mandato dos membros do COFECI e do CRECI
é de 3 (três) anos, permitida a recondução. Somente poderão ser membros do Conselho
Regional os Corretores de Imóveis com inscrição principal na jurisdição há mais de dois
anos e que não tenham sido condenados por infração disciplinar.
Os Conselhos Federal e Regionais serão administrados por uma diretoria, eleita dentre
os seus membros, composta de um presidente, dois vice-presidentes, dois secretários e
dois tesoureiros. Junto aos Conselhos Federal e Regionais funcionará um Conselho Fiscal,
composto de três membros, efetivos e suplentes, eleitos dentre os seus membros.
A extinção ou perda de mandato de membro do COFECI e dos CRECI ocorrerá por
renúncia, por superveniência de causa de que resulte o cancelamento da inscrição, por
condenação a pena superior a dois anos, em virtude de sentença transitada em julgado,
por destituição de cargo, função ou emprego, mencionada à prática de ato de improbidade
na administração pública ou privada, em virtude de sentença transitada em julgado, e por
ausência, sem motivo justificado, a três sessões consecutivas ou seis intercaladas em cada
ano.
Compete ao Conselho Federal eleger sua diretoria; elaborar e alterar seu regimento;
elaborar o regimento padrão dos Conselhos Regionais e homologá-lo; aprovar o relatório
anual, o balanço e as contas de sua diretoria, bem como a previsão orçamentária para o
exercício seguinte; criar e extinguir Conselhos Regionais e Sub-regiões; baixar normas de
ética profissional; elaborar contrato padrão para os serviços de corretagem de imóveis;
138
fixar as multas, anuidades e emolumentos devidos aos Conselhos Regionais; decidir
as dúvidas suscitadas pelos Conselhos Regionais; julgar os recursos das decisões dos
Conselhos; aprovar o relatório anual, o balanço e as contas dos Conselhos Regionais;
fiscalizar irregularidades e intervir temporariamente nos Conselhos Regionais; destituir
diretor de Conselho Regional, por ato de improbidade no exercício de suas funções; e
baixar resoluções e deliberar sobre os casos omissos.
Compete aos Conselhos Regionais eleger sua diretoria; aprovar o relatório anual, o
balanço e as contas de sua diretoria, bem como a previsão orçamentária para o exercício
seguinte; propor a criação de sub-regiões; homologar tabelas de preços de serviços de
corretagem; decidir sobre os pedidos de inscrição de Corretor de Imóveis e de pessoas
jurídicas; organizar e manter o registro profissional das pessoas físicas e jurídicas inscritas;
expedir carteiras profissionais e certificados de inscrição; impor as sanções às infrações
ético-disciplinares previstas em lei; baixar resoluções, no âmbito de sua competência.
São receitas de cada CRECI as anuidades, emolumentos e multas, a renda patrimonial,
as contribuições voluntárias, e as subvenções e dotações orçamentárias. São receitas do
COFECI 25% das anuidades e emolumentos arrecadados pelos Conselhos Regionais,
além da a renda patrimonial, as contribuições voluntárias, e as subvenções e dotações
orçamentárias.
Ao Corretor de Imóveis e à pessoa jurídica é vedado transgredir normas de ética
profissional fixadas no Código de Ética; prejudicar, por dolo ou culpa, os interesses que
lhe forem confiados; exercer a profissão quando impedido de fazê-lo ou por qualquer
meio auxiliar ou facilitar o exercício da profissão aos não inscritos ou impedidos; anunciar
publicamente proposta de transação a que não esteja autorizado através de documento
escrito; fazer anúncio ou impresso relativo à atividade de profissional sem mencionar
o número de inscrição; anunciar imóvel loteado ou em condomínio sem mencionar o
número de registro do loteamento ou da incorporação no Registro de Imóveis; violar o
sigilo profissional; negar aos interessados a prestação de contas ou recibo de quantias
ou documentos; violar obrigação legal concernente ao exercício da profissão; praticar, no
exercício da atividade profissional, ato que a lei defina como crime ou contravenção; deixar
de pagar contribuição ao CRECI; promover, ou facilitar, a terceiros transações ilícitas ou
que por qualquer forma prejudiquem interesses de terceiros; recusar a apresentação de
Carteira de Identidade Profissional, quando couber
139
.
As sanções disciplinares aplicáveis aos Corretores de Imóveis e pessoas jurídicas
são advertência verbal; censura; multa; suspensão da inscrição, até noventa dias; e
cancelamento da inscrição, com apreensão da carteira profissional.
Na determinação da sanção aplicável, orientar-se-á o Conselho pelas circunstâncias
de cada caso, de modo a considerar leve ou grave a falta. A reincidência na mesma falta
determinará a agravação da penalidade.
A multa poderá ser acumulada com outra penalidade e, na hipótese de reincidência,
aplicar-se-á em dobro. A pena de suspensão será anotada na Carteira de Identidade
Profissional do Corretor de Imóveis ou responsável pela pessoa jurídica e se este não a
apresentar para que seja consignada a penalidade, o Conselho Regional poderá convertê-
la em cancelamento da inscrição.
As penas de advertência, censura ou multa serão comunicadas pelo Conselho
Regional em ofício reservado, não se fazendo constar dos assentamentos do profissional
punido, senão em caso de reincidência.
Da imposição de qualquer penalidade caberá recurso, com efeito suspensivo, ao
COFECI. O recurso apresentado pelo apenado é denominado voluntário e deverá ser
interposto no prazo de trinta dias a contar da ciência da decisão. Ex officio é o recurso
interposto obrigatoriamente pelo Presidente do CRECI nos casos de penalidade de
suspensão da inscrição, até 90 (noventa) dias, ou cancelamento da inscrição, com
apreensão da carteira profissional.
As instâncias recorridas poderão reconsiderar suas próprias decisões, mas será o
COFECI a última e definitiva instância nos assuntos relacionados com a profissão e seu
exercício.
A suspensão por falta de pagamento de anuidades, emolumentos ou multas só cessará
com a satisfação da dívida, podendo ser cancelada a inscrição.
140
13 RESOLUÇÃO-COFECI Nº
146/82 - Aprova o Código de
Processo Disciplinar.
141
13.1 - Da jurisdição
Os Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis (CRECI), nos limites territoriais da
respectiva região, têm jurisdição administrativa visando a apuração e punição de infração
às leis, regulamentos e normas disciplinadoras do exercício da profissão de Corretores de
Imóveis. Se em primeira instância a jurisdição é exercida pelo CRECI, em grau de recurso
o é pelo Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI).
13.2 - Do Processo Disciplinar
O processo disciplinar decorrente da prática de infração à Lei n° 6.530/78, ao Decreto
n° 81.871/78 e às Resoluções baixadas pelo COFECI, pode ser originado pela lavratura
do Auto de Infração ou pelo recebimento do Termo de Representação. Na persecução
administrativo disciplinar deve-se assegurar as garantias constitucionais da ampla defesa
e do contraditório, levando em conta os princípios da reconsideração de decisões e da
dualidade de instâncias.
A punibilidade decorrente de ilícito apurado em processo disciplinar prescreve em cinco
anos contados da data de verificação de sua ocorrência. A lavratura do auto de infração ou
do termo de representação interrompe o prazo prescricional.
Será arquivado, ex officio ou a requerimento do autuado ou do representado, todo
processo disciplinar paralisado há mais de 03 (três) anos, pendente de despacho ou
julgamento, com responsabilização do membro ou servidor do CRECI que der causa ao
arquivamento.
Os prazos previstos no Código de Processo Disciplinar serão computados excluindo-
se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento, serão contínuos e não se interromperão
em domingos, sábados, feriados e dias de ponto facultativo, mas não começarão nem
terminarão nesses dias e, nesta última hipótese, serão prorrogados até o primeiro dia
útil subseqüente. Excetua-se dessa regra o prazo para apresentação do instrumento de
142
intermediação imobiliária, que é imediato.
13.2.1 - Do Auto de Infração
O auto de infração será lavrado pelo CRECI contra pessoas físicas ou jurídicas que
transgridam normas disciplinares. O agente de fiscalização lavrará o auto de infração
contendo a qualificação completa do autuado, a data, hora e local da lavratura, o local da
ocorrência da infração, dispositivo legal infringido e a descrição circunstanciada dos fatos e
elementos caracterizadores da infração.
O Auto de Infração será lavrado sempre no estabelecimento do infrator, ainda que
a infração tenha sido cometida em outro local. Estabelecimento do infrator é o escritório
do Corretor de Imóveis ou a sede da matriz ou da filial da pessoa jurídica. Excluem-se
do conceito de estabelecimento o stand ou posto de venda em locais de construção, de
incorporação ou de loteamento.
A apresentação do contrato de intermediação imobiliária deve ser imediata à solicitação
pelo agente fiscal, mas qualquer outro documento pode ser apresentado obrigatoriamente
no prazo de cinco dias na sede do CRECI. Os instrumentos de contrato de intermediação
imobiliária deverão ser arquivados no escritório do Corretor de Imóveis contratado, durante
um ano, contado do vencimento do prazo de vigência, à disposição da Fiscalização.
Lavrado o auto de infração e cientificado o infrator, terá este o prazo improrrogável de
15 dias para a apresentação de defesa escrita, acompanhada ou não de documentos.
Esgotado o prazo de quinze dias e sendo considerado procedente o auto de infração
será o processo administrativo à Comissão de Ética e Fiscalização Profissional (CEFISP)
que o instruirá e o julgará aplicando, conforme as circunstâncias particulares do caso, uma
penalidade.
143
13.2.2 - Da Representação
O processo administrativo de representação iniciar-se-á pelo recebimento de denúncia,
comunicação de membro ou servidor do COFECI ou do CRECI, ou ofício de autoridade
pública, da ocorrência de infrações ético-disciplinares perpetrada por Corretor de Imóveis.
A peça preliminar poderá ser apresentada por qualquer pessoa e deverá conter a
qualificação e assinatura do denunciante, além de narrar, fundamentadamente, os fatos
e circunstâncias tidas como caracterizadores da infração. Nesse caso será transformada
em representação, a qual se iniciará mediante a lavratura de termo próprio. Se a peça
preliminar descrever fato caracterizador de infração cometida por pessoa não inscrita no
CRECI, não será instaurada a representação, mas a referida peça preliminar será remetida
à autoridade policial.
Lavrado o termo de representação e cientificado o representado, terá este o prazo
improrrogável de 15 dias para a apresentação de defesa escrita, acompanhada ou não de
documentos, requerimentos de diligência e quaisquer provas admitidas em direito.
Esgotado o prazo de quinze dias será o processo administrativo remetido Comissão de
Ética e Fiscalização Profissional (CEFISP), que o instruirá e o julgará indicando, conforme
as circunstâncias particulares do caso, uma penalidade.
Após o processo administrativo será relatado e proferido voto em Sessão Plenária.
A sistemática da apuração de infração em caso de representação difere do auto de
infração. Neste a CEFISP instrui e julga o processo administrativo, naquele a Comissão
instrui e indica a penalidade, que pode ser aceita ou não pelos Conselheiros reunidos em
Sessão Plenária.
13.3 – Dos Recursos
144
Independente de a penalidade ter sido decorrente e auto de infração ou de
representação, os recursos disponíveis, seus prazos e a forma de seu processamento são
idênticos.
O autuado poderá, no prazo de trinta dias, contados da data de cientificação da decisão
tomada pela CEFISP ou pela Sessão Plenária, interpor recurso cujo efeito será suspensivo.
Interposto o recurso, poderá ser-lhe atribuído efeito de pedido de reconsideração ou
encaminhado ao COFECI. No primeiro caso o processo administrativo será submetido à
revisão da Sessão Plenária do CRECI e se julgado improcedente deverá ser encaminhado
ao COFECI para apreciação do recurso.
Interposto ou não o recurso voluntário, o Presidente do CRECI recorrerá ex officio
ao COFECI, no caso de imposição das penalidades de suspensão ou cancelamento da
inscrição.
145
14Resolução-COFECI n.º
326/92 - Institui o Código
de Ética Profissional
146
O Código de Ética Profissional contém regras que obrigam a todos os Corretores
de Imóveis e tem por objetivo fixar a forma pela qual devem eles se conduzir quando no
exercício profissional. Nesse sentido, o Código anuncia que os deveres do Corretor de
Imóveis compreendem, além da defesa do interesse que lhe é confiado, o zelo do prestígio
de sua classe e o aperfeiçoamento da técnica das transações imobiliárias.
Em relação ao exercício da profissão, à classe profissional, cabe ao Corretor de
Imóveis não praticar nem permitir a prática de atos que comprometam a dignidade
profissional; defender os direitos e prerrogativas profissionais e a reputação da classe;
zelar pela existência, fins e prestígio dos Conselhos Federal e Regionais, contribuindo
sempre que solicitado; auxiliar a fiscalização do exercício profissional, comunicando, com
discrição e fundamentadamente, aos órgãos competentes, as infrações de que tiver ciência;
relacionar-se com os colegas dentro dos princípios de consideração, respeito e solidariedade
visando a harmonia da classe; colocar-se a par da legislação vigente e procurar difundi-la.
Em relação aos clientes, cabe ao Corretor de Imóveis inteirar-se de todas as
circunstâncias do negócio, antes de oferecê-lo e ao fazê-lo apresentar dados rigorosamente
certos, nunca omitindo detalhes que o depreciem, informando o cliente dos riscos e demais
circunstâncias que possam comprometer o negócio. Cabe também recusar transação que
saiba ilegal, injusta ou imoral; comunicar, imediatamente, ao cliente o recebimento de valores
ou documentos a ele destinado; prestar contas pormenorizadas ao cliente, quando este as
solicite ou logo que concluído o negócio; orientar tecnicamente o negócio, reservando ao
cliente a decisão do que lhe interessar pessoalmente. Deve o Corretor de Imóveis restituir
ao cliente os papéis de que não mais necessite; dar recibo das quantias que o cliente lhe
pague ou entregue a qualquer título; contratar, por escrito e previamente, a prestação dos
serviços profissionais; receber comissões ou compensações pelo mesmo serviço prestado
somente de uma única parte, exceto se houver consentimento de todos os interessados, ou
for praxe usual na jurisdição.
Ao Corretor de Imóveis é terminantemente proibido aceitar tarefas para as quais
não esteja preparado ou que não se ajustem às disposições legais; manter sociedade
profissional fora das normas e preceitos estabelecidos em lei; promover a intermediação com
cobrança de “over-price” (sobrepreço); e locupletar-se a custa do cliente. Também é vedado
receber comissões em desacordo com a Tabela de honorários vigente; angariar serviços
com prejuízo moral ou material, ou desprestígio para outro profissional ou para a classe;
147
desviar cliente de outro Corretor de Imóveis, deixar de atender ou cumprir às notificações
ou determinações regulares emanados do Conselho Profissional; acumpliciar-se com os
que exercem ilegalmente atividades de transações imobiliárias. Da mesma forma, é defesa
a promoção de transações imobiliárias contra disposição literal da lei; o abandono dos
negócios confiados a seus cuidados, sem motivo justo e prévia ciência do cliente; aceitar
incumbência de transação que esteja entregue a outro Corretor de Imóveis, sem dar-lhe
prévio conhecimento, por escrito ou, ainda, sem com ele contratar; anunciar capciosamente;
reter negócio quando não tiver probabilidade de realizá-lo; utilizar sua posição para obtenção
de vantagens pessoais; e receber sinal nos negócios que lhe forem confiados caso não
esteja expressamente autorizado para tanto.
O Corretor de Imóveis responde civil e penalmente por atos profissionais danosos ao
cliente, a que tenha dado causa por imperícia, imprudência, negligência ou infrações éticas.
A apuração das faltas cometidas contra o Código de Ética, bem como a aplicação da
correspondente penalidade é de competência do CRECI, em cuja jurisdição se encontrar
inscrito o Corretor de Imóveis.
148
QUESTÕES
1) O intervalo de tempo compreendido entre a data da publicação da lei e sua entrada
em vigor denomina-se:
a) termo strictu.
b) termo lato.
c) período jacente.
d) vacatio legis.
e) prazo legis.
2) A personalidade civil do homem, começa:
a) do nascimento com vida.
b) aos 14 anos.
c) aos 16 anos.
d) aos 18 anos.
e) aos 21 anos
3) - Considere os seguintes enunciados
I – O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com
ânimo definitivo.
II – Capacidade civil é a aptidão da pessoa para exercer direitos e assumir obrigações.
III – Pródigo é aquele que esbanja a sua fortuna.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente os enunciados I e II estão corretos.
b) somente os enunciados I e III estão corretos.
c) somente os enunciados II e III estão corretos.
d) todos estão incorretos
e) todos estão corretos.
4) São considerados absolutamente incapazes de exercer pessoalmente atos da vida
civil os menores de:
a) 14 anos.
149
b) 16 anos.
c) 18 anos.
d) 21 anos.
e) não há incapacidade absoluta no código civil em vigor.
5) Assinale a alternativa que complete a frase: _____________são considerados
relativamente incapazes de exercer pessoalmente atos da vida civil:
a) os maiores de dezoito anos e menores de 21 anos.
b)os menores de 16 anos.
c) os maiores de 14 anos.
d) os deficientes mentais.
e) os maiores dezesseis anos e menores de dezoito anos.
6) Considere os seguintes enunciados
I – Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial, enquanto conservarem
sua qualificação, são alienáveis.
II – Os bens públicos estão sujeitos a usucapião.
III – São públicos os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direto privado.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente os enunciados I e II estão corretos.
b) somente os enunciados I e III estão corretos.
c) somente os enunciados II e III estão corretos.
d) todos estão corretos.
e) todos estão incorretos.
7) - Assinale a alternativa correta:
I - Consideram-se bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente.
II - São bens imóveis os direitos de obrigações e as ações respectivas.
III – São bens móveis tudo o que o proprietário mantiver intencionalmente empregado
em sua exploração industrial, aformoseamento ou comodidade.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) somente os enunciados I e II estão corretos.
c) somente os enunciados I e III estão corretos.
150
d) somente os enunciados II e III estão corretos.
e) nenhum enunciado está correto.
8 - Considere os seguintes enunciados
I – Fato jurídico é o acontecimento apto a produzir conseqüências jurídicas.
II – A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão
quando a lei expressamente a exigir.
III – A validade do negócio jurídico requer somente a capacidade do agente.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente os enunciados I e II estão corretos.
b) somente os enunciados I e III estão corretos.
c) somente os enunciados II e III estão corretos.
d) todos estão corretos.
e) todos estão incorretos.
9) Considere os seguintes enunciados:
I - A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva
mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
II - Quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a
declaração de vontade expressa, o silêncio importa anuência.
III - Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de
direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente
no País.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos nos enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
10) Considere os seguintes enunciados:
I – É anulável os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem
de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face
das circunstâncias do negócio. O erro é substancial quando concerne à identidade ou à
151
qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha
influído nesta de modo relevante.
II - É o negócio jurídico anulável por dolo, quando este for a sua causa.
III - A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente
fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus
bens.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos nos enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
11) Considere os seguintes enunciados:
I – É anulável o negócio jurídico por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de
perigo, lesão ou fraude contra credores.
II - O negócio anulável não pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.
III - É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contado no caso de coação, do dia em que ela cessar.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos nos enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
12) Considere os seguintes enunciados:
I - A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
II – Prescreve em três anos a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou
rústicos.
III – Prescreve em cinco anos a pretensão do recebimento de honorários profissionais
de corretor de imóveis, contado o prazo da conclusão dos serviços.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
152
c) estão corretos nos enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
13) Considere os seguintes enunciados:
I - Obrigação é o vínculo pessoal de direito existente entre pessoas, tendo por objeto
uma prestação ou contraprestação de conteúdo econômico.
II – Essa ou contraprestação deve ser possível, licita, determinada ou determinável, e
ainda traduzível em dinheiro.
III – Na obrigação de dar ou restituir, a coisa a ser entregue deverá sempre ser certa,
determinada ou especifica.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos os enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
14) Considere os seguintes enunciados:
I – A obrigação de fazer está relacionada à obrigação de prestar um serviço, como, por
exemplo, fazer uma pintura em um apartamento.
II – A obrigação de não fazer está relacionada a uma abstenção obrigatória, ou a uma
obrigação de consentir ou não impedir.
III – O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante
do que foi pago.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão incorretos.
c) somente o enunciado I está correto.
d) somente o enunciado II está correto.
e) somente o enunciado III está correto.
15) Considere os seguintes enunciados:
I - O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação
da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor, desde que nomeie bens do
153
devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para solver
o débito.
II - O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor.
III - O devedor não responde perante o fiador por todas as perdas e danos que este
pagar.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos os enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
16) Que paga tem direito à quitação regular. Escolha dentre as alternativas abaixo as
melhor que define “quitação regular”:
a) a quitação regular deve designar a espécie da dívida quitada, o nome do devedor,
ou quem por este pagou, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
b) a quitação regular deve designar o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do
devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do
credor, ou do seu representante.
c) a quitação regular deve designar tão somente a espécie da dívida quitada, o tempo
e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante com a
expressão “recebida”.
d) a quitação regular consiste tão somente em devolver o título ao devedor.
e) a quitação regular deve indicar apenas o objeto da dívida e o valor pago.
17) Considere as seguintes proposições:
I – Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas
obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
II - O usucapião é modalidade de aquisição do domínio do bem imóvel ou móvel,
nunca da servidão, do uso.
III - Em dação em pagamento o credor não pode consentir em receber prestação
diverso do que lhe é devida.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) somente o enunciado I está correto.
154
c) somente o enunciado II está correto.
d) somente o enunciado III está correto.
e) nenhum enunciado está correto.
18) São direitos reais, exceto:
a) a propriedade.
b) a novação.
c) a superfície.
d) o direito do promitente comprador do imóvel.
e) a hipoteca.
19) Considere as seguintes proposições:
I - A compensação é um modo de extinção de obrigação, até onde se equivalerem,
entre pessoas que são, ao mesmo tempo, devedora e credora uma da outra, por dívidas
líquidas, vencidas.
II - Em relação à responsabilidade pelos acidentes de consumo, o produtor responde
pelos danos causados aos consumidores independentemente de culpa, salvo caso fortuito
e força maior.
III – O Contrato de locação residencial se desfaz, dentro outro motivos, por mútuo
acordo, por infração legal ou contratual, por não pagamento do aluguel.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) somente o enunciado I está correto.
c) somente o enunciado II está correto.
d) somente o enunciado III está correto.
e) nenhum enunciado está correto.
20) Considere os seguintes enunciados:
I - Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar
o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão
ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
II - Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando
a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
III - Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito
do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
155
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos nos enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
21) Considere os seguintes enunciados:
I – Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não
quiser recebe-lo no tempo, lugar ou forma que a lei ou a convenção estabelecer.
II - A cláusula penal é um pacto secundário, razão pela qual a nulidade da obrigação
importa a da cláusula penal.
III - Havendo inexecução de uma obrigação, o devedor responde por ela, mas só
responderá pelas perdas e danos se a tanto tiver se obrigado.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente os enunciados I e II estão corretos.
b) somente os enunciados I e III estão corretos.
c) somente os enunciados II e III estão corretos.
d) todos estão corretos.
e) todos estão incorretos.
22) Em se tratando de efeitos das obrigações, considere os seguintes enunciados:
I – A mora do credor pode resultar obrigação deste em ressarcir as despesas com a
conservação da coisa.
II – Se a mora do devedor resultar em inocuidade ao credor, este pode recusar a
prestação e exigir a satisfação por perdas e danos.
III – Não havendo prazo assinalado, a mora se constitui a partir da notificação,
interpelação ou protesto.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente os enunciados I e II estão corretos.
b) somente os enunciados I e III estão corretos.
c) somente os enunciados II e III estão corretos.
d) todos estão corretos.
e) todos estão incorretos
156
23) Considere os seguintes enunciados:
I – Aquele que causar prejuízo a alguém responde por perdas e danos.
II - A reparação, ou indenização abrange, além do prejuízo imediato, o que o prejudicado
deixou de lucrar.
III – Sobre a reparação incidem atualização monetária, juros oficiais e honorários
advocatícios.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos os enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
24 - Considere os seguintes enunciados:
I - Arras vêm a ser a entrega de dinheiro ou outra coisa infungível, dada por um dos
contratantes ao outro, para não concluir o contrato ou eximir-se da evicção;
II - Na obrigação de fazer, o credor é obrigado a aceitar de terceiro a prestação,
mesmo que tenha sido convencionado que o devedor a faça pessoalmente;
III - As hipotecas valem contra terceiros, independentemente, de estarem inscritas no
cartório de registro de imóveis.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente os enunciados I e II estão corretos.
b) somente os enunciados I e III estão corretos.
c) somente os enunciados II e III estão corretos.
d) todos estão corretos.
e) todos estão incorretos.
25) Considere os seguintes enunciados:
I – O solo é bem imóvel.
II - Contrato bilateral é aquele em que há constituição de obrigações recíprocas.
III - Hipoteca é direito real sobre imóvel, em virtude do qual este, continuando na
posse do devedor, assegura, ao credor, o pagamento da dívida, pela preferência alcançada
da execução.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
157
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos nos enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
26) Contrato preliminar devidamente assinado em que as partes não comparecem na
data agenda para assinatura do contrato definitivo resulta em:
a) anulação da relação jurídica.
b) suspensão dos efeitos do contrato.
c) rescisão do contrato.
d) conversão em contrato definitivo.
e) alteração de cláusulas contratuais.
27) Considere os seguintes enunciados:
I - A locação pode ter por objeto tanto coisas moveis quanto imóveis
II - A locação predial é contrato bilateral, enquanto que o mutuo é contrato unilateral.
III - No contrato de honorários para intermediação imobiliária, o Corretor de Imóveis é
o locador, ao passo que o cliente é o locatário.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente os enunciados I e II estão corretos.
b) somente os enunciados I e III estão corretos.
c) somente os enunciados II e III estão corretos.
d) todos estão corretos.
e) todos estão incorretos.
28) O defeito oculto da coisa, que a torne imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe
diminua o valor, é chamado:
a) preliminar.
b) adesivo.
c) evicto.
d) distrato.
e) vício redibitório.
29) Considere os seguintes enunciados:
I - O prazo de decadência do direito redibitório é de trinta dias para móveis, e de um
158
ano para imóveis, contados da entrega efetiva.
II – Evicção é a estipulação em favor de terceiro no qual se convenciona certa vantagem
patrimonial a favor de terceiro alheio à formação do vínculo contratual.
III - Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo
contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de 180 dias, se
bens móveis, e de um ano, para os bens imóveis.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos os enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
30) Considere os seguintes enunciados:
I – O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
II – A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito.
III - Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua
obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão incorretos.
c) somente o enunciado I está correto.
d) somente o enunciado II está correto.
e) somente o enunciado III está correto.
31) Júlio César firmou contrato se obrigando a transferir o domínio de imóvel
residencial para Marco Antônio, e este a lhe pagar R$ 100.000,00. Essa modalidade de
contrato denomina-se:
a) permuta.
b) compra e venda.
c) arrendamento mercantil.
d) locação imobiliária.
e) evicção.
32) Considere as seguintes proposições:
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I - O contrato de compra e venda não é passível de nulidade mesmo quando deixa a
taxação do preço ao arbítrio exclusivo de uma das partes.
II - Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma autoriza a rejeição de
todas as outras.
III - Na compra e venda, as despesas da escritura ficarão a cargo do comprador, e as
da tradição a cargo do vendedor, salvo cláusula em contrário.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) somente o enunciado I está correto.
c) somente o enunciado II está correto.
d) somente o enunciado III está correto.
e) nenhum enunciado está correto.
33) Considere os seguintes enunciados:
I - A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar
onde ela se encontrava, ao tempo da venda.
II - Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes
de receber o preço.
III - Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os
do preço por conta do comprador.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão incorretos.
c) somente o enunciado I está correto.
d) somente o enunciado II está correto.
e) somente o enunciado III está correto.
34) Considere os seguintes enunciados:
I – Na venda ad mensuram, se o comprador constatar que o imóvel não corresponde
às dimensões da escritura pode exigir o complemento da área.
II - A preempção ou preferência é o pacto adjeto à compra e venda em que o comprador
de coisa, no caso de pretender vendê-la ou dá-la em pagamento, fica com a obrigação de
oferecê-la a quem lha vendeu, para que este use do seu direito de prelação em igualdade
de condições.
III – Retrovenda é o pacto adjeto à compra e venda em que o vendedor de coisa
160
imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de dez
anos, restituindo o preço recebido e reembolsado as despesas do comprador.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente os enunciados I e II estão corretos.
b) somente os enunciados I e III estão corretos.
c) somente os enunciados II e III estão corretos.
d) todos estão corretos.
e) todos estão incorretos.
35) A cláusula inserida no contrato de venda de coisa móvel que permite ao vendedor
reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago, designa-se:
a) retrovenda.
b) perempção.
c) reserva de domínio
d)pacto comissório.
e) consignação
36) Considere os seguintes enunciados:
I – Na permuta, salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por
metade as despesas com o instrumento da troca;
II - É anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem
consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.
III - A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro
no domicílio do comprador para valer contra terceiros.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão incorretos.
c) somente o enunciado I está correto.
d) somente o enunciado II está correto.
e) somente o enunciado III está correto.
37) Considere os seguintes enunciados:
I - Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do
seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
II - O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade.
161
Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á
que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
III - A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão incorretos.
c) somente o enunciado I está correto.
d) somente o enunciado II está correto.
e) somente o enunciado III está correto.
38) A modalidade de contrato em que uma das partes se obriga a ceder à outra, por
tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição,
é denominada:
a) preempção.
b) permuta.
c) locação de coisas.
d) cláusula resolutória.
e) retrovenda.
39) Considere os seguintes enunciados:
I - O comodato é uma modalidade de empréstimo gratuito de coisas não fungíveis que
se perfaz com a tradição do objeto.
II - Se o comodato não tiver prazo convencional pode o comodante, quando desejar,
suspender o uso e gozo da coisa emprestada.
III - O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com
o uso e gozo da coisa emprestada.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos os enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
40) Considere os seguintes enunciados:
I O mútuo é uma modalidade de empréstimo de coisas fungíveis na qual o mutuário é
162
obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade
e quantidade.
II O mútuo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm
todos os riscos dela desde a tradição.
III - Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será de mínimo
trinta dias, se for de dinheiro;
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos os enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
41) Considere os seguintes enunciados:
I - Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada
mediante retribuição.
II - A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, ou
costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações.
III - A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro anos,
embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine
à execução de certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por
findo o contrato, ainda que não concluída a obra.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos os enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
42) Considere os seguintes enunciados:
I - Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até
que o depositante o reclame.
II - O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se
resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão.
III - O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da coisa depositada o
163
cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem como a restituí-la, com
todos os frutos e acrescidos, quando o exija o depositante.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão incorretos.
c) somente o enunciado I está correto.
d) somente o enunciado II está correto.
e) somente o enunciado III está correto.
43) Considere os seguintes enunciados:
I - Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento
particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.
II - O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a
qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação
e a extensão dos poderes conferidos.
III - O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a
firma reconhecida.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão incorretos.
c) somente o enunciado I está correto.
d) somente o enunciado II está correto.
e) somente o enunciado III está correto.
44) A modalidade de contrato pelo qual uma pessoa passa a comprar ou vender bens,
em seu próprio nome, mas por conta de outrem, e de acordo com as instruções deste é
denominada:
a) evicção.
b) comissão.
c) novação.
d) empreitada
e) corretagem.
45) A modalidade de contrato em que uma pessoa não ligada a outra em virtude
de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga-
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se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas, é
denominada:
a) evicção.
b) comissão.
c) novação.
d) empreitada
e) corretagem.
46) Considere os seguintes enunciados:
I - Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra em virtude de mandato,
de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga-se a obter para
a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas.
II - O corretor é obrigado a executar a mediação com a diligência e prudência que
o negócio requer, prestando ao cliente, espontaneamente, todas as informações sobre o
andamento dos negócios.
III - Sob pena de responder por perdas e danos, deve o corretor prestar ao cliente todos
os esclarecimentos que estiverem ao seu alcance, acerca da segurança ou risco do negócio,
das alterações de valores e do mais que possa influir nos resultados da incumbência.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos os enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
47) A modalidade de contrato no qual uma pessoa garante satisfazer ao credor uma
obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra, é denominada:
a) novação
b) fiança.
c) retrovenda.
d) transação.
e) corretagem.
48) Marco Antônio tem um litígio com Júlio César acerca de uma dívida. Aquele
entende que a dívida é de R$ 10.000,00, ao passo que o devedor entende que é só de R$
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5.000,00. Após discussão entre eles, firmaram acordo colocando fim à questão mediante o
pagamento ao credor do valor de R$ 7.500,00. Esta modalidade de contrato é conhecida
como:
a) novação.
b) corretagem.
c) transação.
d) fiança
e) retrovenda.
49) Aquele que defende pessoalmente a sua posse, diante de ato de turbação ou
esbulho, está utilizando:
a) da manutenção da posse.
b) do interdito possessório.
c) do esforço imediato.
d) da reintegração de posse.
e) da imissão de posse.
50) Forma de aquisição de propriedade imóvel que o ocorre quando alguém detém a
posse de uma coisa com ânimo de dono, por determinado tempo, ininterruptamente, e sem
oposição:
a)acessão.
b) usucapião.
c) herança jacente.
d) registro de título.
e) comoriência.
51) Adquire-se a propriedade imóvel:
a) pela transcrição do título de transferência no Registro de Imóvel, pela acessão, pelo
usucapião e pelo direito hereditário.
b) somente pela transcrição do título de transferência no Cartório de Registro de
Imóvel e pelo direito hereditário.
c) pela transcrição do título de transferência no Cartório de Registro de Imóvel, pela
tradição, pelo usucapião e pelo direito hereditário;
d) pela transcrição do título de transferência no Cartório de Registro de Imóvel, pela
confusão, pelo usucapião e pelo direito hereditário.
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e) pela transcrição do título de transferência no Cartório de Registro de Imóvel, pela
evicção e pela compensação.
52) Considere as seguintes proposições:
I – O proprietário tem o direito de usar, gozar e dispor da coisa, mas não tem o direito
de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
II – Avulsão é o arrancamento de um bloco considerável de terra por força das águas,
e o seu conseqüente arremesso de encontro a terras de outrem.
III - O álveo ou leito abandonado do rio, público ou particular, pertence ao aos
proprietários ribeirinhos das duas margens, com divisa no meio.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) somente os enunciados I e II estão corretos.
c) somente os enunciados I e III estão corretos.
d) somente os enunciados II e III estão corretos.
e) nenhum enunciado está correto.
53) Considere as seguintes proposições, em relação ao condomínio:
I - Cada unidade autônoma corresponde a uma fração ideal no condomínio sobre o
terreno e as partes comuns do edifício.
II – As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos,
escritórios, podem ser alienadas livremente por seus proprietários.
III – O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas
de conservação da coisa.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) somente o enunciado I está correto.
c) somente o enunciado II está correto.
d) somente o enunciado III está correto.
e) nenhum enunciado está correto.
54) Propriedade resolúvel é a de caráter não permanente, que pode ser cancelada
pelo advento de determinada condição legal ou convencional. São cláusulas ou condições
que tornam a propriedade resolúvel, exceto:
a) o pacto de retrovenda.
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b) a doação de cláusula de reversão.
c) a propriedade fiduciária.
d) o usucapião.
e) a venda a contento.
55) Considere os seguintes enunciados:
I – Usufruto ocorre quando o proprietário Júlio César concede, mediante ato inter vivos,
a posse, uso, administração e percepção de frutos de um imóvel a Cleópatra, conservando
a sua propriedade.
II - O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
III O usufrutuário que não quiser ou não puder dar caução suficiente perderá o direito
de administrar o usufruto, se assim exigir o dono do imóvel.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente os enunciados I e II estão corretos.
b) somente os enunciados I e III estão corretos.
c) somente os enunciados II e III estão corretos.
d) todos estão corretos.
e) todos estão incorretos.
56) Considere os seguintes enunciados:
I - Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento,
celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de
Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
II - O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor,
ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de
compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar.
III – Se houver recusa da outorga da escritura definitiva de compra e venda, o promitente
comprador pode requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos nos enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
168
57) Considere os seguintes enunciados:
I - Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia
fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação.
II - Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os
bens que se podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca.
III - É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a
ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos nos enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
58) Considere os seguintes enunciados:
I - Podem ser objeto de hipoteca os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente
com eles.
II - É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado, mas pode
convencionar-se que vencerá o crédito hipotecário, se o imóvel for alienado.
III - O dono do imóvel hipotecado não pode constituir outra hipoteca sobre ele.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos nos enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
59) A convenção, mediante a qual o credor, possuindo um imóvel do devedor, percebe
os seus frutos para conseguir a soma de dinheiro emprestada, imputando na dívida e até o
seu resgate, as importâncias que for recebendo, denomina-se:
a) sub-hipoteca.
b) penhor de direitos.
c) caução de título de crédito.
d) servidão predial.
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e) anticrese.
60) Marco Antônio, devedor, entregou ao credor Júlio César, como garantia do
cumprimento da obrigação assumida, um bem móvel. Houve entre as partes um negócio
jurídico chamado:
a) garantia fiduciária.
b) penhor.
c) hipoteca.
d) anticrese.
e) novação.
61) Considere os seguintes enunciados:
I - Nenhuma incorporação poderá ser proposta à venda sem a indicação expressa do
incorporador, devendo também seu nome permanecer indicado ostensivamente no local da
construção.
II - Em toda a publicidade ou propaganda escrita, destinada a promover a venda
de incorporação com construção pelo regime de empreitada reajustável, em que conste
preço, serão discriminados explicitamente o preço da fração ideal do terreno e o preço da
construção, com indicação expressa da reajustabilidade. Esta exigência será dispensada
nos anúncios “classificados” dos jornais.
III – O corretor ou o gerente de empresa corretora que usar, ainda que a título de
empréstimo, em proveito próprio ou de terceiros, bens ou haveres destinados a incorporação
contratada por administração, sem prévia autorização dos interessados, cometerá crime
contra a economia popular.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos os enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
62) São modalidades de parcelamento do solo urbano:
a) loteamento e usucapião.
b) loteamento de desmembramento.
c) loteamento e incorporação.
170
d) incorporação e desmembramento.
e) incorporação e evicção.
63) Considere os seguintes enunciados:
I -. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos ou serviços, que transfiram responsabilidade a terceiros.
II -Em caso de vício do serviço prestado pelo Corretor de Imóveis, a reexecução dos
serviços poderá ser confiada a terceiros.
III - Vendi meu terreno declarando na escritura que o imóvel estava sendo pleiteado
por terceiro, que me notificara dizendo ser dono e ter melhor direito que o meu. Nesse caso
a confissão do vício em escritura pública é motivo de nulidade do contrato.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente os enunciados I e II estão corretos.
b) somente os enunciados I e III estão corretos.
c) somente os enunciados II e III estão corretos.
d) todos estão corretos.
e) todos estão incorretos.
64) Considere os seguintes enunciados:
I - O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito ao dobro do que pagou em
excesso, a titulo de repetição de indébito.
II - O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de sete dias a contar de sua
assinatura, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer por
telefone.
III - O fornecedor de produtos e serviços pode em contrato inserir cláusula estabelecendo
a inversão do ônus da prova em seu prejuízo.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente o enunciados I está correto.
b) somente o enunciado II está correto.
c) somente o enunciados III está correto.
d) todos estão corretos.
e) todos estão incorretos
65) Considere as seguintes proposições acerca da locação:
I - O locatário somente poderá exercer direito de retenção por benfeitorias se estas
171
houverem sido autorizadas pelo locador.
II – Caso não haja acordo a respeito, caberá ação revisional de aluguel após três anos
de vigência do contrato.
III - No caso de venda do imóvel, o locatário terá preferência para adquiri-lo, desde
que conste expressamente do contrato cláusula específica nesse sentido.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) somente o enunciado I está correto.
c) somente o enunciado II está correto.
d) somente o enunciado III está correto.
e) nenhum enunciado está correto.
66) Considere os seguintes enunciados, acerca da Lei de Locações:
I – Pode o contrato de locação ser desfeito por mútuo acordo, por infração legal ou
contratual, pela inadimplência do aluguel e encargos.
II – Também pode o contrato de locação ser desfeito em caso de reparações urgentes
determinadas pelo poder público.
III – Despejo é o nome da ação do locador para reaver, podendo ser cumulada com a
cobrança de aluguéis.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos os enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
67) Considere os seguintes enunciados:
I - O sistema comum de registro de imóveis produz o efeito de presunção juris et
de jure da existência da propriedade e dos direitos reais sobre o imóvel, ressalvados os
direitos de terceiro, que adquire o bem de raiz por confiar na veracidade do registro.
II - O registro imobiliário terá eficácia conservatória de documento.
III - A hipoteca, o penhor e a alienação fiduciária são garantias reais que podem ser
transcritas ou averbadas no registro de imóveis,
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente os enunciados I e II estão corretos.
172
b) somente os enunciados I e III estão corretos.
c) somente os enunciados II e III estão corretos.
d) todos estão corretos.
e) todos estão incorretos.
68) Considere os seguintes enunciados:
I - Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no
Registro de Imóveis.
II - Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido
como dono do imóvel.
III - O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do
registro, e este o prenotar no protocolo.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos os enunciados estão corretos.
b) todos os enunciados estão errados.
c) estão corretos nos enunciados I e II.
d) estão corretos os enunciados I e III.
e) estão corretos os enunciados II e III.
69) A Lei n° 6530/78 criou o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Corretores
de Imóveis e lhes atribuiu, em relação ao exercício da profissão de Corretor de Imóveis, a
função de:
a) avaliar a disciplinar.
b) fiscalizar e penalizar.
c) regulamentar e penalizar.
d) disciplinar e orientar.
e) disciplinar e fiscalizar.
70) De acordo com a Lei n.° 6530/78 são atribuições exclusivas do Corretor de Imóveis:
a) exercer a intermediação imobiliária.
b) vender consórcios imobiliários.
c) emitir laudo de avaliação judicial.
d) nenhuma das anteriores.
e) todas as respostas anteriores.
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71) Considere os seguintes enunciados:
I – O Corretor de Imóveis não pode negar a prestação de contas ou recibo de quantia
ou documento que lhe tenham sido entregues a qualquer título.
II – Deixar de pagar contribuição ao Conselho Regional é uma infração disciplinar que
pode ser aplicada àquele corretor de imóveis que não paga o tributo chamado anuidade.
III – A multa, a censura, a suspensão da inscrição por até noventa dias e o cancelamento
da inscrição são modalidades de sanções disciplinares aplicáveis pelos Conselhos
Regionais.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) todos estão corretos.
b) somente os enunciados I e II estão corretos.
c) somente os enunciados I e III estão corretos.
d) somente os enunciados II e III estão corretos.
e) todos estão incorretos.
72) O exercício da profissão de Corretor de Imóveis, em todo território nacional,
somente será permitida:
a) ao possuidor de título de Técnico em Transações Imobiliárias.
b) a qualquer pessoa no gozo de seus direitos civis.
c) ao possuidor de diploma de conclusão do 2° Grau.
d) ao possuidor de título de Técnico em Transações Imobiliárias, inscrito no Conselho
Regional da jurisdição.
e) ao possuidor de diploma ma conclusão do 3° grau.
73) O Corretor de Imóveis foi julgado pelo Conselho Regional e imposta a condenação
de suspensão por noventa dias. A condenação foi mantida pelo Conselho Federal. Em
relação aos efeitos da condenação não se pode afirmar:
a) que no período de noventa dias o Corretor de Imóveis não poderá exercer as
atividades típicas da profissão.
b) se o Corretor de Imóveis exercer a profissão no período de suspensão está
cometendo outra infração disciplinar e poderá ser novamente condenado.
c) pena de suspensão deverá ser anotada na Carteira de Identidade do Corretor de
Imóveis.
d) se o Corretor de Imóveis reincidir na mesma infração não será primário e a penalidade
poderá ser agravada, observadas as circunstâncias do caso.
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e) no período de noventa dias o corretor de imóveis poderá somente anunciar
proposta de transação imobiliária, mas para finalizar o negócio dependerá de autorização
do Conselho Regional.
74) Considere os seguintes enunciados:
I – O auto de infração será lavrado pelo Agente de Fiscalização do Conselho Regional
de Corretores de Imóveis contra pessoa física ou jurídica que transgridam normas ético-
disciplinares.
II - A contar da data de recebimento da segunda via do auto de infração, o infrator terá
o prazo improrrogável de quinze dias para apresentar defesa escrita, acompanhada ou não
de documentação.
III – Em qualquer fase do processo administrativo disciplinar deve ser observado a
ampla defesa e o contraditório.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente os enunciados I e II estão corretos.
b) somente os enunciados I e III estão corretos.
c) somente os enunciados II e III estão corretos.
d) todos estão incorretos.
e) todos estão corretos.
75) Considere os seguintes enunciados, em relação ao Código de Ética Profissional:
I – O Código de Ética Profissional tem por objetivo fixar a forma pelo qual deve ser
conduzir o Corretor de Imóveis, quando no exercício da profissão.
II – O Corretor de Imóveis deve ser relacionar com seus colegas de profissão dentro
dos princípios da consideração respeito e solidariedade.
III – Não é obrigatória a observância das regras de conduta presentes no Código de
Ética, mas apenas um indicativo de como deve ser o profissional ideal.
Em análise aos enunciados pode-se afirmar que:
a) somente os enunciados I e II estão corretos.
b) somente os enunciados I e III estão corretos.
c) somente os enunciados II e III estão corretos.
d) todos estão incorretos.
e) todos estão corretos.
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GABARITO
01 D 26 D 51 A02 A 27 D 52 D03 E 28 E 53 A04 B 29 D 54 D05 E 30 A 55 D06 E 31 B 56 A07 E 32 D 57 A08 A 33 A 58 C09 A 34 A 59 E10 A 35 C 60 B11 C 36 A 61 A12 A 37 A 62 B13 C 38 C 63 A14 A 39 D 64 D15 C 40 A 65 C16 B 41 A 66 A17 B 42 A 67 B18 B 43 A 68 A19 A 44 B 69 E20 A 45 E 70 A21 A 46 A 71 A22 A 47 B 72 D23 A 48 C 73 E24 E 49 C 74 E25 A 50 B 75 A
176
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