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Sumário

Apresentação .................................................................................................2

Abreviações ..................................................................................................4

Introdução .....................................................................................................5 Confiadas a uma promessa

Primeiro capítulo .....................................................................................................7 «Cremos, e por isso falamos» Com fé audaz e profética façamos a todos «a caridade da verdade»

Segundo capítulo ...................................................................................................13 Comunicar a fé Os contextos do anúncio

Terceiro capítulo ....................................................................................................17 Rumo ao futuro fixando o olhar em Jesus Mestre, caminho, verdade e vida O caminho a percorrer

Conclusão ....................................................................................................23 Fundadas sobre a fé

Moções capitulares .....................................................................................26

Proposta capitular ......................................................................................27

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ApreSentAção

Caríssimas irmãs,com profunda alegria e viva esperança confio a todas vocês o Do-

cumento capitular, que traçará o caminho da congregação no próximo sexênio.

Fruto da reflexão capitular, mas também do envolvimento de to-das vocês, este texto espelha a nossa situação concreta, com as suas luzes e suas sombras; sobretudo, exprime o intenso desejo de uma renovação vital na fé, para dar nova qualidade à nossa vida confor-me o “novo” que está emergindo, retomar com audácia os caminhos da nova evangelização, olhar o mundo em que vivemos a partir da prospectiva de Jesus. A humanidade de hoje ‒ com suas expectativas e esperanças, os seus sofrimentos e desilusões, os seus pecados e as suas infidelidades, sobretudo a sua sede de verdade e de vida ‒ foi, de fato, o horizonte sempre presente nos nossos trabalhos, na oração, na reflexão, na partilha...

O conteúdo do Documento capitular é, sem dúvida, rico e variado. A sua compreensão exige uma leitura atenta e uma assimilação cons-ciente para perceber o espírito que perpassa as palavras e individuar as modalidades mais adequadas para concretizar as propostas priori-tárias.

Nos trabalhos da assembleia capitular, olhando a nossa realidade e os possíveis cenários futuros, progressivamente individuamos, no tema do 10º Capítulo geral, Cremos, e por isso falamos, o mesmo objetivo a ser realizado no caminho que agora se abre. Desse objetivo brotaram duas linhas orientadoras para a ação, que nos impulsionam a reavivar o dom da fé e a percorrer os caminhos da nova evangelização, fazendo a todos «a caridade da verdade».

Isto comporta a urgência de:

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– crescer na fé como experiência autêntica de encontro e de relação com Cristo, aprofundando a riqueza bíblica, teológica e espiritual do batismo;

– deixar-se habitar pela Palavra para «fazer explodir» a sua energia transformante na vida e no anúncio apaixonado e criativo;

– redescobrir na mística apostólica, vivida por Paulo e interpretada pelo Fundador e por Mestra Tecla, a força unificadora da nossa espiritualidade e aquela profética da missão;

– renovar o estilo de vida, na harmonia das “quatro rodas” e na comu-nhão na diversidade;

– reavivar a natureza docente, elemento que caracteriza a identidade paulina, prosseguindo decididamente no empenho de estudo/es-tudiosidade, na redescoberta do valor do momento criativo-reda-cional, na solicitude pastoral que nos impulsiona ao relançamento da livraria como «lugar de pregação e centro de luz» e a procurar novas formas e canais para “sair” e atingir as “periferias”;

– potenciar o empenho de habitar a rede, em resposta às instâncias da nova evangelização e na fidelidade ao nosso ministério docente;

– intensificarapastoralvocacional para que possa desenvolver-se sem-pre mais o dinamismo profético do carisma paulino, encontrando novas modalidades para “sair” e ir ao encontro dos jovens.

Toca a todas nós recolher o fruto do 10° Capítulo geral e tornar vida as linhas e as propostas operativas que o Documento capitular in-dica. Sustente-nos a certeza da presença de Jesus Mestre que continua repetir-nos: «Não temam», e nos acompanhe a Rainha dos apóstolos, Tabernáculo vivente que carrega em si e comunica Jesus.

Com afeto,ir. Anna Maria Parenzan

superiora geral

Roma, 14 de setembro de 2013Exaltação da Santa Cruz

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AbreviAçõeS

Documentos eclesiaisChL João Paulo II, Exortação apostólica pós-sinodal Christifideleslaici,

30 de dezembro de 1988DA V Conferência geral de Aparecida, Documentofinal, 2007 EN Paulo VI, Exortação apostólica Evangelii nuntiandi, 8 de dezem-

bro de 1975GS Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição pastoral Gaudium

et spes, 7 de dezembro de 1965LF Papa Francisco, Encíclica Lumenfidei, 29 de junho 2013NMI João Paulo II, Carta apostólica Novo millennio ineunte, 6 de janeiro

de 2001PF Bento XVI, Motu proprio Portafidei, 11 outubro 2011RM João Paulo II, Carta encíclica Redemptoris missio, 7 de dezembro

de 1990TMA João Paulo II, Carta apostólica Tertio millennio adveniente, 10 de

novembro de 1994

Documentos da CongregaçãoAD Abundantes divitiae gratiae suae, 1998CISP Carissimi in san Paolo, 1971Cost. Constituições e Diretório, 1984CVV Considerata la vostra vocazione. Cartas circulares e diretivas às

FSP, 1990DC 2007 Documento Capitular, 2007DF Donec formetur Christus in vobis, 2001FSP40-45 Alle Figlie di San Paolo. Pregações de pe. Alberione, 1940-1945FSP46-49 Alle Figlie di San Paolo. Pregações de pe. Alberione, 1946-1949FSP54 Alle Figlie di San Paolo. Pregações de pe. Alberione, 1954FSP55 Alle Figlie di San Paolo. Pregações de pe. Alberione, 1955FSP56 Alle Figlie di San Paolo. Pregações de pe. Alberione, 1956FSP-SdC Alle Figlie di San Paolo. Explicação das Constituições, 1961PP La Primavera Paolina, artigos do boletim Unione Cooperatori Buona

Stampa, aos cuidados de R. F. Esposito, 1983UPS Ut perfectus sit homo Dei, 1998

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Introdução

ConFiADAS A umA promeSSA

«Quem beber da água que eu lhe der,nunca mais terá sede» (Jo 4,14).

1. O 10° Capítulo geral e os eventos mundias, eclesiais e de congre-gação que vivemos e para os quais estamos nos preparando1, são ocasiões favoráveis para reavivar o dom do carisma (2Tm 1,6), confiando-nos à promessa que o Senhor continuamente renova ao seu povo e que há cem anos a fez ao pe. Alberione: promessa de fidelidade, de graça, de fecundidade.

A semente do carisma paulino, lançada pelo Espírito no terreno al-bese, no longínquo 1914, ao longo dos anos germinou até se tornar uma grande árvore, que estendeu os seus ramos nos cinco conti-nentes. Fazer memória do dom recebido, na gratidão, na bênção e no louvor é preciosa oportunidade para vivificar o amor e a estima pela nossa vocação e olhar o futuro com fé e esperança, sentindo-nos sempre, e humildemente, no espírito do Pacto, a serviço do projeto de Deus para a humanidade.

2. A consciência de sermos escolhidas, amadas e enviadas, e a me-mória renovada do carisma nos conduzem a afrontar, com a ajuda de Deus e em comunhão entre nós, também os espaços escuros do momento presente, noite que já deixa entrever as luzes da manhã2. O desafio é crer até o fim: como Maria, porque o Senhor jamais deixa de cumprir sua promessa; como a mulher samaritana, que encontrou Jesus, deixou-se fascinar por ele e correu a anunciá-lo: acreditou, e por isso falou.

1  O Ano da fé (2012-2013), o Centenário de nascimento da Família Paulina (2014) e da nossa congregação (2015), o cinquentenário da morte de Mestra Tecla (5 de fevereiro de 2014).2 Cfr. LF 4.

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3. Nós cremos que o nosso carisma é água que continua a brotar, a correr, a dessedentar; é fogo que arde e difunde luz e calor entre as sombras das atuais crises de valores e de pontos de referência ideais. E é apelo a redescobrir aquilo que é essencial: uma fé que se torna testemunho de vida através da doação generosa e o anúncio audaz e profético no contexto comunicativo hodierno, em comu-nhão com a missão da Igreja e um atento discernimento dos sinais dos tempos.

4, Nesta etapa fundamental do nosso caminho, são Paulo, nosso «pai, mestre, exemplo, fundador»3, nos recorda que o tesouro do ministério apostólico é uma «extraordinária potência» dentro de «vasos de barro» que somos nós (cf. 2Cor 4,7).

Estamos certas de que a fragilidade não compromete a preciosida-de do dom4. É a experiência feita pelo jovem Alberione e testemu-nhada pelo “sonho” do qual ele mesmo narra: «Nos momentos de particulares dificuldades, reexaminando toda a sua conduta, para ver se havia impedimentos à ação da graça de sua parte, parecia que o Divino Mestre quisesse reconfirmar o Instituto iniciado ha-via poucos anos. No sonho, ocorrido sucessivamente, parecia-lhe ter uma resposta. Jesus Mestre, de fato, lhe dizia: “Não temais, eu estou convosco. Daqui quero iluminar. Arrependei-vos dos vossos pecados”»5.

Sobre as palavras do Mestre, que o Fundador quis que estivessem presentes em todas as nossas capelas, caminhamos com fé, susten-tadas pela confiança que ele sempre manifestou aos seus filhos e às suas filhas: «A congregação está em vossas mãos, que são boas mãos»6.

3  AD 2.4  Cf. LF 56.5  AD 151-152.6  CISP, p. 158.

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Primeiro capítulo

«CremoS, e por iSSo FALAmoS»

Com fé audaz e profética façamos a todos «a caridade da verdade»

«Se tu conhecesses o dom de Deus…» (Jo 4,10-17).

5. No tema do 10° Capítulo geral: «Cremos, e por isso falamos». Com fé audaz e profética façamos a todos «a caridade da verdade», está o cora-ção de nossa identidade de apóstolas, chamadas a viver e comuni-car Jesus Cristo, caminho, verdade e vida, a “recontar” a nossa fé, isto é, a nossa experiência Dele.

Nesta prospectiva, é iluminador o encontro de Jesus com a Samaritana no poço de Jacó (cf. Jo 4,5-42), ícone evangélico proposto pelo Sínodo dos Bispos sobre A nova evangelização para a transmissão da fé cristã7. Este ícone, à luz do qual podemos reler a nossa história, nos ajuda a redesenhar o nosso itinerário de fé e abre para inéditas modalidades de testemunho e anúncio.

6. Como para a mulher de Samaria, e assim para nós, a fé cristã não é aceitação de uma ideia, mas – através do batismo – o encontro com uma pessoa divina com rosto humano, Jesus Cristo8. Sem esta relação pessoal fundante com o Mestre, nada tem sentido na nossa experiência de crentes. A fé é expressão do encontro entre a fide-lidade de Deus, que se compromete nas vicissitudes humanas e a confiança da pessoa que adere à aliança feita no sangue de Cristo Jesus, com o dom do Espírito9.

7  7-28 de outubro de 2012.8  Cf. Bento XVI, Homilia na Festa do Batismo do Senhor, Capela Sixtina, 8 de janeiro de 2006.9  Cf. LF 4, 10, 37, 56.

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7. Dom a ser acolhido em liberdade e a ser partilhado, a fé é luz que não pode permanecer escondida, talento a ser frutificado; é força que envolve todo o ser, abre-o à potência transformadora do Vivente, fá-lo entrar no dinamismo da comunhão trinitária e, portanto, o habilita à relação com os outros10.

Sem fé, não se pode ser caminho de verdadeira humanização, isto é, não é possível atingir aquela plenitude de humanidade digna da vocação para a qual a pessoa é chamada. É essencial para o crescimento, de fato, crer em alguém e em alguma coisa. Mas o atual contexto socio-político, cultural, religioso e econô-mico não é sempre favorável à fé. Está em crise o crer no outro que vemos; e com maior razão está em crise o crer em Deus que não vemos (cf. 1Jo 4,20).

8. Também nós estamos envolvidas na crise de fé que a Igreja está vi-vendo e sentimos a necessidade de redescobrir e aprofundar o batis-mo, sacramento da fé, fundamento da existência cristã e raiz da nos-sa consagração (cf. Gl 3,27); de «deixar Jesus entrar em nossa vida, saindo dos egoísmos, das indiferenças e do fechamento em relação aos outros»11, através de um caminho de contínua conversão, para testemunhar a santidade do nosso ser na santidade do agir12.

O Senhor nos atrai a si («Vinde a mim todos»: Mt 11,28), nos conta-gia com sua sede de amor pela humanidade, nos ensina um estilo de nova evangelização que empenha, antes de tudo, a deixar-nos evangelizar pela Palavra; uma evangelização não preocupada em dar respostas, mas bem mais em suscitar questionamentos e ali-mentar o desejo da busca de Deus, para que a esperança do Evan-gelho se torne para muitos uma luz segura no caminho.

É a experiência da Samaritana que, iluminada pelo diálogo com Jesus, deixa o jarro, símbolo dos seus interesses, porque o Mestre se tornou, para ela, única fonte de vida. É a experiência de Paulo, a quem Cristo abriu horizontes novos e inesperados, que mudaram radicalmente os seus critérios de avaliação: «…estas coisas, que para mim eram lucro, eu as considerei uma perda por causa de

10  Cf. DC 2007, 7.11  Tweeter do Papa Francisco, 27 de agosto de 2013.12  Cf. ChL 16.

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Cristo. Mais que isso, julgo que tudo é prejuízo diante deste bem supremo que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele perdi tudo, e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo» (Fil 3,7-8).

9. Da fé vivida como relação íntima e profunda com o Senhor nasce a paixão pelo anúncio, para que possamos comunicar apenas «aqui-lo que ouvimos, aquilo que vimos com nossos próprios olhos, aquilo que contemplamos e que as nossas mãos tocaram do Verbo da vida» (1Jo 1,1).

A relação cresce e amadurece na Eucaristia celebrada e adorada, e na escuta obediente e assídua da Palavra. Por ela nos deixamos habitar, para que nos oriente a acolher o pensamento e a vida de Jesus Cristo e a ser “fermento”, com amor e participação, nos acon-tecimentos históricos do nosso tempo.

Neste itinerário de fé são nossos modelos e referências Maria, ícone perfeita da fé13, continuadora da missão do Filho e formadora dos discípulos e apóstolos14; Paulo, exemplo de caridade eclesial e pas-toral15; Alberione e Tecla, testemunhas de «fé audaz e profética».

10. A fé implica anúncio, em obediência ao mandato evangélico: «Ide ao mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura» (Mc 16,15); envolve por sua natureza a comunicação. Fé e comunicação tocam a essência da vocação paulina. O nosso “falar”, de fato, de-veria brotar da alegria de crer e da consciência de ser chamadas a testemunhar e anunciar o Reino de Deus na cultura da comunica-ção, de modo especial, hoje, com um decidido empenho no mundo digital.

11. Comunicador e evangelizador por vocação, Paulo se identifica com a mensagem que prega: «Não sou mais eu que vivo, mas Cristo que vive em mim» (Gl 2,20). Uma força interior, misteriosa, o investe e o obriga a evangelizar; uma força da qual não pode e não quer se desvencilhar: «Anunciar o Evangelho, para mim, não

13  Cf. LF 58.14  Cf. DA 269; Const. 10.15  Cf. Const. 9.

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é motivo de glória. É, antes, uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!» (1Cor 9,16).

Do Apóstolo aprendemos que o anúncio é partilha da experiência do crer, é ato de comunhão: dar a si mesmo, comunicar aos outros aquilo que se é e se tem de mais precioso.

12. No trecho do qual foram extraídas as palavras que orientaram o tema do 10° Capítulo geral, Paulo indica o pressuposto imprescin-dível do crer e do anunciar: a fecundidade do mistério pascal.

«Animadas, pois, daquele mesmo espírito de fé do qual está escrito: Acreditei, por isso, falei, também nós cremos e, por isso, fa-lamos» (2Cor 4,13). O Apóstolo, como o salmista, mesmo quando tudo conspira contra ele, não desiste de falar. No sinal da cruz e à luz da fé, ele lê as fadigas, os sofrimentos, enfim, o insucesso do apostolado como “canal” de vida16.

13. A fé é audaz, porque coopera com a onipotência de Deus, a quem nada é impossível (cf. Lc 1,27; Mc 9,23); e é profética porque se en-volve profundamente na história, se torna expressão de quem vive e testemunha, em nível pessoal, comunitário e eclesial, com sim-plicidade e coerência o Evangelho no cotidiano.

Audácia e profecia nos motivam a reencontrar aquela mística apostó-lica, componente fundamental do carisma, tão natural à nossa vo-cação de apóstolas, contemplativas na ação e ativas na contempla-ção: «A alma mais contemplativa se torna a mais apostólica… A vida interior e a vida apostólica se completam e se animam mutuamente»17.

Conscientes «do nosso dever profético e da nossa responsabili-dade histórica»18, sentimo-nos estimuladas a uma mais profunda vida interior e a uma atenção vigilante aos sinais dos tempos, ten-do sobre eles um discernimento evangélico.

14. Como Paulo, somos chamadas ao ministério sagrado da pregação

16  Cf. Const. 33; LF 57.17  FSP40-45, p. 224.18  Const. 12.

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do Evangelho (cf. Rm 15,16), um ministério que, no pensamento do Fundador, se exprime em termos de luz: «Vós sois os raios dessa luz que é Jesus. “Eu sou a luz do mundo” e “Vós sois a luz do mundo”, para que recebendo dele a deis aos outros»19, e se realize no fazer «a mais sublime das caridades»20: a caridade da verdade.

Padre Alberione insiste sobre este alto ministério que o Mestre nos confiou. Enquanto Instituto docente, devemos «ser a luz; a ci-dade colocada sobre o monte, para a qual todos olham!»21. Para esta vocação, «a mais bela, a mais de acordo com os tempos!»22, é necessário sempre «ler, estudar, progredir, instruir-se»23, porque «devemos acompanhar o mundo atual que sempre se transforma; responder às objeções deste mundo e dar a este mundo o alimen-to certo, segundo a mentalidade hoje existente»24. O apostolado, todavia, «seja sempre acompanhado pela humildade. É preciso di-zer: “Nem aqueles que plantam, nem aqueles que regam levam a termo alguma coisa, mas quem a leva a bom termo é Deus”»25.

15. Com o nosso serviço apostólico somos chamadas a continuar, no tempo, a missão docente de Cristo, falando de tudo cristãmente. Iluminadas pelo seu ensinamento, fiéis ao magistério da Igreja, empenhamo-nos em irradiar a luz do Evangelho na comunicação medial e, sobretudo, no complexo mundo da comunicação digital. Sentimos, de fato, a urgência de habitar o mundo digital, conscien-tes de que, a esta altura, «a rede é parte integrante da vida huma-na»26. Somos chamadas a atualizar o anseio missionário de Paulo, fazer-se «tudo para todos» (1Cor 9,19) assumindo para a evange-lização «os meios mais céleres e eficazes que o progresso humano fornece, as necessidades e as condições que os tempos requerem»27.

Interpela-nos, ainda hoje, o convite de Paulo VI para sermos fiéis

19  FSP56, p. 73.20  FSP55, p. 420.21  FSP46-49, p. 157.22  Idem.23  Idem, p. 158.24  FSP54, p. 145.25  FSP46-49, p. 159.26  Bento XVI, Mensagem pelo 45º Dia mundial das comunicações sociais, 2011.27  Const. 3.

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ao mandado que nos foi confiado porque «os homens poderão sal-var-se também por outros meios, graças à misericórdia de Deus, mesmo que nós não lhes anunciamos o Evangelho; mas poderemos nós, salvar-nos, se por negligência, por medo ou por vergonha – aquilo que são Paulo chamava “envergonhar-se do Evangelho” – ou como consequência de ideias falsas, deixamos de anunciá-lo?»28.

16. O mandato apostólico é uma graça (cf. Rm 1,5), uma investitura que envolve toda a nossa vida e nos coloca nas mãos do Senhor para cumprir a obra para a qual nos chamou. Este dom suscita admiração diante da gratuidade do amor de Deus e solicita plena abertura ao Espírito para deixar que a sua potência aja em nós e através de nós.

Não somos nós a conduzir a obra da evangelização, mas Deus, como nos recordou o papa Bento XVI: «A primeira palavra, a ini-ciativa verdadeira vem de Deus e só inserindo-nos nesta iniciativa divina, só implorando esta iniciativa divina poderemos, também nós tornar-nos – com Ele e Nele – evangelizadores»29.

28  EN 80.29  Bento XVI, Meditação à primeira Congregação geral da XIII Assembleia geral ordinária do Sínodo dos bispos, Roma 8 de outubro de 2012.

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Segundo capítulo

ComuniCAr A FÉ

Os contextos do anúncio

«Levantai os vossos olhos e vede os campos, como estão dourados, prontos para a colheita » (Jo 4,35).

17. Diante da realidade do mundo de hoje, colocamo-nos a mesma in-terrogação de pe. Alberione: «Onde caminha, como caminha, para onde caminha esta humanidade que se renova continuamente so-bre a face da terra?»30. Segundo o seu ensinamento, situamo-nos com amor e participação nos contextos em que atuamos, interpre-tando cada evento à luz do projeto de Deus e do Evangelho, aten-tas ao “novo” que continuamente o Espírito faz germinar.

No trecho evangélico da Samaritana, Jesus convida os discípulos a levantarem os olhos: quem segue Cristo é chamado a perscrutar o horizonte, a cultivar uma atitude perseverante de vigilância e de escuta, para perceber na história os sinais da ação do Pai.

18. Todos os contextos particulares, nos quais vivemos e exercemos o nosso ministério apostólico, estão inseridos no contexto global, so-bretudo em um mundo interconectado como o nosso: um mundo que, graças às novas tecnologias, é mais aberto e comunicativo, mas também mais fragmentado e “líquido”, exposto à cultura do efê-mero, do imediato, da aparência, incapaz de memória e de futuro; um mundo que parece mais livre pelo desmoronamento epocal de antigas ideologias, mas também mais prisioneiro de novos medos.

19. O mundo, verdadeiramente, se tornou “uma aldeia global” com muitas faces, sem limites de tempo e de espaço, com uma profunda interdependência entre os povos, também por causa do crescente fenômeno migratório. Ao lado de muitas sombras (pobreza, anal-

30  FSP-SdC, p. 295.

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fabetismo, guerras, fundamentalismos, dramática crise econômica, perda dos valores e do sentido da vida, secularismo, desagregação familiar, injustiça social, condições de inferioridade da mulher, de-vastação ecológica, diversidade digital e manipulação dos mídia etc.), o protagonismo mundial se acende também de novas luzes: as potencialidades da comunicação como nova oportunidade para um dinamismo missionário; o empenho pela paz, o desenvolvi-mento e a libertação dos povos, melhor regularização internacional e interação dos governos nacionais; a busca de formas possíveis de escuta, convivência, diálogo e colaboração entre as diversas cultu-ras e religiões; a defesa dos direitos do homem e dos povos, sobre-tudo das minorias; a promoção dos mais indefesos, a salvaguarda do criado e o empenho pelo futuro do nosso planeta.

20. Imersa na complexidade cultural própria de uma mudança de época e de civilização, a humanidade vive um tempo de grandes transformações, muitas das quais permitiram o desenvolvimento da cultura e o crescimento do homem em muitos campos do saber.

É difícil prever que tipo de novo mundo surgirá. Intui-se a necessidade de uma mudança de “paradigma” social, cultural, re-ligioso, político, econômico, que não é possível ainda imaginar, mas que será, sem dúvida, traçado pela comunicação, o paradigma predominante dos nossos dias.

21. A própria Igreja atravessa um tempo de incerteza e de crises, que a envolve nas mudanças sociais e culturais que acompanharam a transição do mundo moderno para o mundo pós-moderno. É difusa a sensação de que ela esteja vivendo, hoje, uma daquelas passagens epocais nas quais o Espírito Santo, que a guia, a purifica «dos erros, das infidelidades, incoerências, atrasos»31 para entrar na «luz criativa de cada momento novo da história»32. O trabalho presente, portanto, não parece ser o da agonia, mas do parto (cf. Rm 8,22) de uma nova etapa cristã.

22. De grande consistência foi, na recente fase da história humana e eclesial, o magistério de Bento XVI, que apontou com coragem,

31  TMA 33.32  LF 55.

para a Igreja, o caminho da dimensão transcendente, do empenho pela caridade fundada na verdade, do diálogo entre as religiões e com as culturas. E luminosa se apresenta a estrada que está traçan-do o Papa Francisco que para a Igreja, Esposa e Serva, fala de Cris-to crucificado como referência fundamental de pobreza evangélica e de sobriedade, de misericórdia e de paz, promovendo uma cul-tura de encontro e de diálogo.

Hoje, a Igreja tem consciência de que é minoria em um mundo indiferente. Mas ser minoria não quer dizer insignificante: o que conta é viver segundo o Evangelho e testemunhá-lo, ensinar o mistério de Cristo, isto é, ser-lhe “sinal”. Fundamental, agora, é a escolha de repartir da Palavra de Deus, de colocá-la sempre mais ao centro da vida litúrgica e sacramental, da atividade vocacional e formativa, para encontrar a coragem de levá-la também às perife-rias do mundo.

23. Entre os “lugares” de anúncio do Evangelho, a Igreja está de-cisamente apostando no areópago da comunicação33, expressão do mundo globalizado e constantemente em rede.

Rosto da era contemporânea, a comunicação digital é de tal forma conectada a cada âmbito da vida pessoal e social a ponto de trans-formar o modo de pensar e estar no mundo, as culturas, as práxis políticas, as instituições religiosas, as produções do saber, dese-nhando uma nova antropologia, uma inédita imagem do humano, uma percepção diferente da realidade.

Como disse o Papa Francisco no primeiro encontro com os comu-nicadores34, é necessário «oferecer os elementos para uma leitura da realidade e isso comporta uma atenção particular nos confron-tos da verdade, da bondade e da beleza». E, na realidade, «a Igreja existe para comunicar justamente isto: a Verdade, a Bondade e a Beleza “em pessoa”».

24. A comunicação, desde sempre, é elemento constitutivo do nosso carisma: «…comunicar é o estilo de vida que relata a nossa fé em Cristo Jesus, que somos chamadas a anunciar com coragem e cria-

33  Cf. RM 37c.34  Papa Francisco, Discurso aos representantes das mídia, 16 de março de 2013.

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tividade na cultura da comunicação, para que a Palavra de vida envolva e transforme todas as pessoas e o amor “se torne, verda-deiramente, a expressão dominante do mundo”»35.

Este desafio continua a interpelar cada âmbito da nossa vida – as “quatro rodas do carro paulino” – e a qualidade da nossa presença e testemunho.

25. Persistem, todavia, alguns elementos de criticidade que nos esti-mulam a um itinerário pessoal e comunitário de “contínua conver-são”: a debilidade da fé, a fadiga para adquirir uma mentalidade de mudança, o pouco empenho na estudiosidade e autoformação, o esfriamento da paixão apostólica, a dificuldade nas relações, o pouco interesse em colaborar e a lentidão no caminho de partilha do carisma com os leigos.

Outros fatores desafiam o nosso caminho: o exíguo número de no-vas vocações e o crescimento da idade média das irmãs em mui-tas circunscrições, com as consequências que isso comporta para a gestão das atividades apostólicas e comunitárias; as exigências da organização e o espírito de competição que corre o risco de pre-valecer sobre as motivações carismáticas; a visão limitada; a dimi-nuição dos recursos humanos e econômicos; a diversidade digital presente também dentro de nossas comunidades...

26. Esta situação sociocultural, eclesial e congregacional é, para nós, preciosa oportunidade para discernir o caminho a ser empreendi-do; é verdadeiro kairos, um tempo de graça, porque, animadas pelo espírito de fé, também nós «cremos, e por isso falamos».

Em tal contexto se situa o chamado à nova evangelização, que ressoa com força na Igreja, hoje, e para o qual nos exortava pe. Alberione no longínquo 1926: «O mundo tem necessidade de uma nova, lon-ga e profunda evangelização... São necessários meios adequados e almas ardentes de fé»36. A palavra recebida se faz, de fato, respos-ta, confissão e ressoa para os outros, convidando-os a acreditar37.

35  DC 2007, 9.36  PP, p. 680.37  Cf. LF 37.

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Terceiro capítulo

rumo Ao Futuro, FiXAnDo o oLHAr em JeSuS meStre,

CAminHo, verDADe e viDA

A direção a ser tomada

Respondeu-lhe a mulher: «Sei que deve vir o Messias,chamado Cristo: quando ele vier,

nos anunciará todas as coisas».Disse-lhe Jesus: «Sou eu, que falo contigo» (Jo 4,25-26).

27. «Não temais, eu estou convosco. Daqui quero iluminar. Arrepen-dei-vos dos vossos pecados». A promessa, feita pelo Mestre Divi-no ao pe. Alberione em um momento particular de sua vida38, é a palavra da fé, que sempre o fez voltar-se para o sentido profundo da aliança que Deus selou com a nascente Família Paulina.

Nesse “sonho”, o Fundador vislumbrou uma direção a ser toma-da, não apenas para si, mas para toda a sua Família39.

28. Fazer da promessa o nosso programa de vida significa redescobrir e viver a mística apostólica paulina, isto é, a força unificante da nossa espiritualidade e aquela profética da missão.

Na fidelidade criativa, nos projetamos para o futuro, lá onde o Se-nhor nos conduz, renovando o empenho de assumir o princípio de integralidade tão caro ao Primeiro Mestre: «Todo o homem em Jesus Cristo, para um total amor a Deus: inteligência, vontade, coração, forças físicas. Tudo: natureza, graça, vocação, para o apostolado. Carro que corre apoiado sobre quatro rodas: santidade, estudo, apostolado pobreza»40.

As várias dimensões da nossa existência, de fato, são unidas e in-divisíveis, exigem-se constantemente, configuram o verdadeiro

38  AD 151.39  Cf. AD 154.40  AD 100.

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rosto da Filha de São Paulo, chamada a viver no Mestre e a di-fundir a sua luz: «Eu sou a vossa luz e me servirei de vós para iluminar: dou-vos esta missão e quero que a cumprais…»41. É o que aconteceu à Samaritana no encontro com Aquele que lhe anun-ciou todas as coisas, dirigindo-lhe palavras de libertação e de vida, e a constituiu testemunha e missionária, para que através de seu testemunho muitos pudessem acreditar Nele (cf. Jo 4,39).

29. Olhando a nossa realidade e os possíveis caminhos de futuro, in-dividuamos no tema do Capítulo o objetivo do próximo sexênio:

«CreMOS, E POR ISSO FALAMOS»Deste tema-objetivo emergem duas linhas orientadoras para a ação.

30. Primeira linha orientadora

Reavivar o dom da fédeixando-nos habitar pela Palavra

para que gere em nós uma mentalidade paulina,relações mais evangélicas, audácia e profecia no anúncio.

A fé é a força que sustenta a nossa consagração, alicerçada sobre a graça do batismo, e apelo a viver em contínua conversão, no espírito do Pacto42. Ela nos introduz no caminho da humanização, para tornar-nos pessoas unificadas, com um estilo de vida sim-ples, pobre, aberto ao acolhimento e à reconciliação, aceitando a própria história como o lugar em que se manifesta a misericórdia do Pai; e ao caminho da comunhão, no serviço recíproco, na con-fissão e partilha da fé, no anúncio de Jesus Cristo no pluralismo cultural e religioso do nosso tempo, lugar da novidade de Deus: «Eis, faço uma coisa nova: está surgindo agora e vós não perce-beis?» (Is 43,19).

Sintamo-nos, portanto, interpeladas a assumir as seguintes Pro-postas prioritárias:

41  AD 157.42  Cf. Const. 77.

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1) A fé vivida num horizonte eclesial e na dimensão relacional.a. Elaborar itinerários de reflexão e de estudos orientados

a redescobrir e a aprofundar a riqueza bíblica, teológica, espiritual do batismo e a viver a fé como “vida de relação” com a Trindade43, a ser testemunhada nos relacionamen-tos comunitários e no exercício da missão.

b. Dar centralidade à Palavra de Deus, guia que «interpela, orien-ta e plasma»44 o nosso caminho pessoal e comunitário, e anun-ciá-la com paixão e criatividade.

2) A mística apostólica,vividacomoumchamadoa“deixar-noscristifi-car” na vida e na misssão45.a. Dar continuidade ao aprofundamento dos escritos e dos ensina-

mentos de São Paulo, do bem-aventurado Alberione e de Mestra Tecla para favorecer em nós e naqueles com quem partilhamos o carisma uma profunda experiência de fé, alimento daquela mís-tica apostólica, fonte do fecundo impulso missionário, que nos torna profecia do Reino no contexto histórico de hoje.

3) O estilo de vida fundado sobre o espírito do Pacto, na harmonia das «quatro rodas» e na comunhão na diversidade.a. Verificar o estilo de vida, os ritmos e as estruturas das nos-

sas comunidades; discernir e individuar caminhos que fa-cilitem uma vida mais simples e sóbria, a integração e o equilíbrio entre as várias dimensões do viver; promovam a comunicação, a partilha da fé, a corresponsabilidade, a solidariedade e a obediência orgânica46.

b. Favorecer um clima comunitário e apostólico de confiança e de alegria, onde cada irmã possa exprimir a riqueza da própria di-versidade cultural e viver com fecundidade a vocação paulina em cada etapa da vida.

43  Cf. LF 42.44  NMI 39.45  Cf. DF 64.46  Cf. Const. 54.

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c. Fazer crescer dentro das nossas comunidades uma verdadeira “cultura vocacional” paulina que cuida dos valores da vocação, favorece a formação inicial e contínua, promove animação, dis-cernimento, acompanhamento vocacional e empenho de auto-formação.

31. Segunda linha orientadora

Percorrer os caminhos da nova evangelização e redescobrir a natureza docente do nosso Instituto,

para fazer a todos «a caridade da verdade» no mundo da comunicação.

Impulsionadas pelo anseio de Jesus pela humanidade, iluminadas pela Palavra, na fidelidade ao magistério da Igreja, irradiamos a luz do Evangelho47. Nisto consiste a nossa específica missão de ensinar: «O vosso Instituto é eminentemente docente... Mas, para que o Ins-tituto ensine bem, é preciso que os membros progridam no saber»48.

No empenho da nova evangelização, assumimos a atitude do Fun-dador, o seu olhar contemplativo sobre a história para «discernir os novos caminhos que o Espírito vai abrindo à Palavra»49. Esta-mos certas de que o Espírito reaviva em nós aquele fogo que pode acender outras chamas e preparar caminhos inéditos à missão.

Podem nos ajudar a responder a este desafio as seguintes Propos-tas prioritárias:

1) A natureza docente própria do nosso Instituto, para focalizar o especí-ficodaidentidadepaulina.a. Cultivar a estudiosidade como atitude habitual da apóstola

paulina. Investir sistematicamente em estudos superiores e especializações – em nível bíblico, teológico, comunicacional e outros – para preparar irmãs que possam responder às necessi-dades da Congregação, do apostolado e difundir “pensamento paulino”.

47  Cf. FSP54, p. 144.48  FSP46-49, p. 528.49  Const. 8.

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b. Redescobrir o valor do momento criativo e potenciar a redação, «essência do apostolado»50, fruto de oração, estudo, reflexão e colaboração. Investir novas forças paulinas nas várias formas de redação, tendo cuidado na escolha dos conteúdos e dos au-tores e requalificando os nossos setores editorias para que res-pondam sempre melhor às novas exigências pastorais.

c. Reavivar a solicitude pastoral da missão paulina na Igreja com renovada atenção aos interlocutores e às atuais formas de po-breza, dando novo impulso ao momento difusivo, através: – o relançamento das livrarias como “lugar de pregação, cen-

tro de luz”51, de orientação, de animação cultural, de diálogo;– a procura, também, de novas formas e canais de difusão,

para “sair” dos nossos habituais lugares e atingir a humani-dade de hoje.

2) As instâncias da nova evangelização, no cenário comunicativo ho-dierno.a. Qualificar os conteúdos e concretizar projetos apostólicos tam-

bém em nível internacional, promovendo a interculturalidade, o diálogo ecumênico e inter-religioso, a defesa do criado, a aten-ção aos pobres, aos marginalizados, às mulheres, às pessoas de outra fé, as não crentes e aos indiferentes e, de modo particular, a formação humana e cristã das famílias e dos jovens.

b. Potenciar o empenho para habitar a rede, extensão do mundo e espaço relacional:– favorecendo caminhos formativos para as nossas irmãs, a

fim de que compreendam a lógica da era digital e adquiram novas competências;

– promovendo iniciativas de formação para a comunicação, de modo particular para os «líderes apostólicos de opinião»52, para os formadores nos diversos níveis, também em cola-boração com a Família Paulina, com organismos e agentes, sejam eclesiais ou leigos.

50  CVV 179, pp. 388-389.51  Cf. UPS, p. 162.52  Cf. Const. 25.

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– criando conteúdos digitais que exprimam a experiência de fé e “as razões da própria esperança” e promovam itinerá-rios de crescimento na fé.

32. Além disso, garantir continuidade:

– ao processo de redesenho Para onde nos conduz o Senhor; ve-rificando estruturas e obras apostólicas, a fim de adequá-las às novas realidades;

– ao processo de elaboração do Projeto apostólico global à luz do carisma, para unir-nos no discernimento das priorida-des, encontrar sinergias para uma melhor gestão dos recur-sos humanos e econômicos com particular atenção aos pro-jetos de editoria multimedial;

– aos projetos de pastoral vocacional, de formação inicial e contínua, para uma formação paulina integral, que respon-da às exigências de hoje, atualizando, também, O Ordina-mento generale Formazione e Studi à luz das linhas surgidas nos encontros formativos internacionais;

– ao projeto Meus colaboradores para o Evangelho, para a partilha do carisma com os leigos e sua participação na missão.

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Conclusão

FunDADAS Sobre A FÉ

Muitos outros ainda acreditaram por causa da palavra dele e até disseram à mulher:

«Já não é por causa daquilo que contaste que cremos, pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é,

verdadeiramente, o Salvador do mundo» (Jo 4,41-42).

33. Partimos da fé em Jesus, «fundamento daquilo que se espera e prova daquilo que não se vê» (Hb 11,1), com renovada consciência de que sem Deus não podemos fazer nada53.

Reavivamos o nosso empenho de consagradas para a missão, sustentadas e encorajadas pelo testemunho de fé que nos vem do povo de Deus, da Igreja, em particular de pe. Alberione, da Mes-tra Tecla, de tantos irmãos e irmãs da Família Paulina.

34. Pela fé, pe. Alberione respondeu à inspiração de «fazer alguma coi-sa por Deus e pelos homens do seu tempo» e, confiando na pre-sença do Senhor e na providência, iniciou uma inédita modalida-de de evangelização, com os meios mais céleres e eficazes que o progresso oferece.

Pela fé, fundou a Família Paulina com o único objetivo de tornar Jesus Mestre, caminho, verdade e vida conhecido e vivido e, na va-riedade dos ministérios, colocou à disposição da Igreja e do mun-do as abundantes riquezas da graça divina.

Pela fé, guiado pelo Espírito, indicou na Palavra de Deus e na Eu-caristia as fontes vivas de onde haurir luz e força.

Pela fé, acolheu e nos deu o apóstolo Paulo como modelo e inspi-rador do nosso estilo de vida e de serviço no anúncio da Palavra, e Maria, Rainha dos apóstolos, como «mestra que nos guia à escola de Jesus e nos forma ao apostolado»54.

53  Cf. LF 1.54  Const. 10.

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35. Pela fé, Mestra Tecla aceitou o convite de pe. Alberione para asso-ciar-se à sua intuição carismática e guiou com sabedoria e fideli-dade as Filhas de São Paulo a darem os primeiros passos em um apostolado totalmente novo, que envolvia a mulher.

Pela fé, testemunhou-nos os valores da vida comunitária, o espíri-to de oração e de contemplação na ação, a fé humilde e confiante na promessa de Deus, a coragem apostólica e a abertura a todos os povos.

Pela fé, verdadeira discípula do Reino, com a sua tensão ao Paraíso, indicou-nos a meta e o caminho para cumprir a nossa vocação, na fidelidade às Constituições, e doou sua própria vida pela santificação de cada Filha de São Paulo.

36. Pela fé, as Paulinas da primeira hora acolheram o mandato de co-municar a boa notícia do Evangelho até os extremos confins da terra e, na pobreza e simplicidade de Belém, com o zelo de são Paulo, sentiram-se devedoras do Evangelho a todos.

Pela fé, segundo o mandato do Fundador: «Dar em primeiro lugar a doutrina que salva»55, em comunhão com a Igreja, valorizaram as formas e linguagens da comunicação para anunciar «a força e a beleza da fé»56 e promover os mais autênticos valores humanos, fazendo obra de evangelização das culturas.

37. Pela fé, também nós, Paulinas do século XXI somos chamadas a crescer no seguimento de Cristo, para melhorar a qualidade do nosso testemunho e do compromisso de evangelização; a entrar na lógica de uma nova cultura das relações e a deixar-nos, por nossa vez, evangelizar.

Pela fé, estamos conscientes de que temos necessidade, juntamente com toda a Igreja, de um perene Pentecostes, «de fogo no coração, de palavra sobre os lábios e de profecia no olhar»57, para entrar em empatia com a humanidade e com o humano58 e redescobrir o

55  AD 87.56  PF 4.57  Paulo VI, Audiência geral, 29 de novembro de 1972.58  Cf. GS 1.

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mandato de habitar a nossa história e anunciar, com toda a comu-nicação, a boa notícia do Reino.

Pela fé, vivemos a nossa ação apostólica como responsabilidade individual e comunitária, porque toda missão é expressão da per-tença ao Corpo de Cristo, na fidelidade ao carisma.

Pela fé, continuamos a fazer a todos «a caridade da verdade», com renovada paixão e estima pela nossa vocação, confiando no Se-nhor que prometeu: «Tudo aquilo que pedirdes ao Pai em meu nome, eu vos darei».

38. Pela fé, vivemos e comunicamos a beleza da vocação paulina, rea-vivada no encontro cotidiano com o Mestre, para que a nossa fide-lidade contagie as novas gerações e também nós possamos fazer a experiência da qual fala o profeta: «Naqueles dias, dez homens de qualquer língua ou nação hão de pegar um judeu pela barra do manto dizendo: “Queremos convosco caminhar, pois ouvimos dizer que Deus está convosco”» (Zc 8,23).

39. O Espírito Santo nos ilumine e nos guie, para que, fiéis ao carisma do Fundador, possamos atingir metas inéditas, lá onde ainda uma vez «o Senhor faz novas todas as coisas» (Ap 21,5) e nos mostra um futuro pleno de fecunda esperança.

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Moções capitulares

Acompanhamento das circunscrições

O Governo geral intensifique, com particular solicitude, o acompa-nhamento das circunscrições, envolvendo adequadamente as superio-ras, para discernir como dar continuidade aos processos de redesenho iniciados, redimensionar e/ou consolidar as presenças, numa visão de conjunto que leve em consideração as exigências locais e globais.

Contributo das circunscrições para o Economato geral

O Governo geral estabeleça em 2% o contributo que as circunscri-ções devem ao Economato geral, como sinal de pertença à Congrega-ção e de solidariedade às suas necessidades.

Constituições, Diretório e outras Normas complementares

O Governo geral constitua uma Comissão para:– rever a linguagem dos artigos das Constituições que citam for-

mas e instrumentos de comunicação ultrapassados para assu-mir uma formulação aberta a todas «as invenções que o pro-gresso humano fornece e as necessidades e as condições dos tempos requerem» (cf. Const. 1953, art. 2);

– atualizar o Diretório e iniciar a atualização de outrras Normas complementares, sobretudo o Ordinamento generale della Forma-zione e Studi e Il Libro delle Superiore;

– iniciar um estudo em vista da elaboração de um Diretório sobre a comunicação.

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Proposta capitular

Pastoral juvenil e vocacional

Em consonância com o apelo do Papa Francisco, encontrar novas modalidades para “sair” (uscire) e ir ao encontro dos jovens.

Propõe-se, portanto, às circunscrições, dar aos grupos juvenis que se acompanha ou que se desenvolverão no futuro, um “rosto” mais paulino através:

– de uma formação à espiritualidade e à missão paulina;– através de percursos de sensibilização, acompanhamento e dis-

cernimento vocacional;– de possibilidades para um envolvimento direto nas várias for-

mas que a nossa missão oferece.

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A samaritana ocupa o centro da cena; sua atitude revela a urgência

de correr, a necessidade de testemunhar. A corda para puxar a água jaz por terra, abandonada. Agora a água viva brota do seio da mulher e a impele à missão.

Cristo tem os pés sobre a rocha: é ele a água viva que brotou um tempo no deserto, para satisfazer à sede do povo. O seu corpo é vibrante de luz, de uma luz que se reflete na samaritana. As roupas da samaritana

são, de fato, luminosas, as mais luminosas de toda a cena: ela está investida da luz de Cristo e revestida da santidade dele.

A cena abrange os discípulos de Jesus, que retornam a Sicar carregando alimento. Eles interrogam-se admirados, ao ver Cristo a conversar com uma mulher samaritana, e pluris casada.

É surpreendente o contraste entre a lentidão dos discípulos para entender e a rapidez com que Ele entende a samaritana. A mulher corre, enquanto os discípulos chegam a passos lentos. Em primeiro plano está João, que traz no manto a provisão de alimento, em que sobressai o pão. Atrás surge Pedro e, talvez, André, seguido pelos demais.

Os discípulos permanecem presos à realidade material, o pão que aparece no manto do apóstolo. Jesus, ao contrário, que falava à samaritana de outra água, fala também a eles de outro pão. E os convida a erguer os olhos, e reconhecer os sinais dos tempos.