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Sujeitos que lembram: História Oral e Histórias de Vida l Jorge Luiz da Cunha Alexsandro dos Santos Machado Desde 1994 estamos desenvolvendo diversos projetos no Núcleo de Pesquisas sobre Memória e Educação - CUO, no Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. Os resultados obtidos estão diretamente ligados ao uso da história oral e das histórias de vida. O objetivo deste texto é o de contemplar a possivel relação entre o rememorar, oportunizado pelas práticas da história oral e das histórias de vida, e a constituição das individualidades envolvidas nessas práticas, entendida como um processo de humanização necessário devido à alienação imposta pela modernidade e pelo contexto da respectiva crise. Para apresentar o tema proposto usaremos três idéias básicas, duas conclusões da história e uma conclusão (embora genérica!) de nossa prática de pesquisa com história oral e com histórias de vida. Primeiro: os seres humanos, no processo de criação da cultura, produzem-se a si próprios. O mesmo processo de criação da cultura foi responsável pela diferenciação dos seres humanos dos demais seres da criação. O conceito de Ser Humano engloba o conceito de Cultura, o que o distingue das primeiras espécies governadas exclusivamente por leis biológicas. Nessa ótica, o conceito de cultura está impregnado de sentido do humano. Toda a produção da cultura pelo ser humano é, ao mesmo tempo, a produção do ser humano pela cultura. Segundo: as atividades alienadas dos seres humanos produzem a cultura alienada. Por sua vez, a existência de uma cultura alienada produz seres humanos alienados e desumanizados. Terceiro: pela rememoração proporcionada, às pessoas envolvidas nas práticas de história oral e de histórias de vida, o passado é reconstituído como fragmentos de um mosaico composto de significados do próprio sujeito que rememora e daqueles que lhe são externamente atribuídos. Palavras-chave: memória; história oral; histórias de vida. Since 1994 we have been developing several projects in the Nucleus of Researches about Memory and Education - CUO, at Centro de Educação [College of Education] at Universidade I Texto produzido para o livro "A Aventura Autobiográfica - teoria e prática", no prelo, apresentado em primeira mão em Mesa Redonda "Memória e Pesquisa Autobiográfica", coordenada pela DI" Maria Helena Menna Barreto Abrahão, no IX Encontro Sul-Rio- Grandense de Pesquisadores em História da Educação, que teve como tema geral História da Educação, literatura e memória, realizado na Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS, dias 5 e 6 de junho de 2003, com promoção da Associação Sul-Rio- Grandense de Pesquisadores em História da Educação - ASPHE e da Linha de Pesquisa Fundamentos, Políticas e Práticas da Educação Brasileira do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCRS.

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Sujeitos que lembram:História Oral e Histórias de Vidal

Jorge Luiz da CunhaAlexsandro dos Santos Machado

Desde 1994 estamos desenvolvendo diversos projetos no Núcleo de Pesquisas sobre Memória eEducação - CUO, no Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Maria, RioGrande do Sul, Brasil. Os resultados obtidos estão diretamente ligados ao uso da história oral edas histórias de vida. O objetivo deste texto é o de contemplar a possivel relação entre orememorar, oportunizado pelas práticas da história oral e das histórias de vida, e a constituiçãodas individualidades envolvidas nessas práticas, entendida como um processo de humanizaçãonecessário devido à alienação imposta pela modernidade e pelo contexto da respectiva crise.Para apresentar o tema proposto usaremos três idéias básicas, duas conclusões da história euma conclusão (embora genérica!) de nossa prática de pesquisa com história oral e comhistórias de vida. Primeiro: os seres humanos, no processo de criação da cultura, produzem-sea si próprios. O mesmo processo de criação da cultura foi responsável pela diferenciação dosseres humanos dos demais seres da criação. O conceito de Ser Humano engloba o conceito deCultura, o que o distingue das primeiras espécies governadas exclusivamente por leisbiológicas. Nessa ótica, o conceito de cultura está impregnado de sentido do humano. Toda aprodução da cultura pelo ser humano é, ao mesmo tempo, a produção do ser humano pelacultura. Segundo: as atividades alienadas dos seres humanos produzem a cultura alienada. Porsua vez, a existência de uma cultura alienada produz seres humanos alienados edesumanizados. Terceiro: pela rememoração proporcionada, às pessoas envolvidas naspráticas de história oral e de histórias de vida, o passado é reconstituído como fragmentos deum mosaico composto de significados do próprio sujeito que rememora e daqueles que lhe sãoexternamente atribuídos.Palavras-chave: memória; história oral; histórias de vida.

Since 1994 we have been developing several projects in the Nucleus of Researches aboutMemory and Education - CUO, at Centro de Educação [College of Education] at Universidade

I Texto produzido para o livro "A Aventura Autobiográfica - teoria e prática", no prelo,apresentado em primeira mão em Mesa Redonda "Memória e Pesquisa Autobiográfica",coordenada pela DI" Maria Helena Menna Barreto Abrahão, no IX Encontro Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação, que teve como tema geral História daEducação, literatura e memória, realizado na Pontificia Universidade Católica do Rio Grandedo Sul - PUCRS, dias 5 e 6 de junho de 2003, com promoção da Associação Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação - ASPHE e da Linha de PesquisaFundamentos, Políticas e Práticas da Educação Brasileira do Programa de Pós-Graduação emEducação da PUCRS.

Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brazil. The achieved results are closely linked tothe uses of the oral story and of the life stories. The aim of this text is to contemplate thepossible relationship between the remembrance, provided by the practices ofthe oral story andlife stories and the constitution of the individuais involved in these practices, as a necessaryhumanization process due to the alienation imposed by the modemity and by the context of itscrisis. To dispose the proposed theme we will use three basic ideas, two conclusions ofhistory,and a conclusion (although generic!) of our research practice with oral story and life stories.The first: the human beings, in the process of creation of the culture self produce their own.The same process of creation of the culture was responsible for the human beingsdifferentiation from the other beings ofthe nature. The concept of Human Being takes the oneof eu/ture within it, which distinguishes it of the first species govemed exclusively bybiologicallaws. ln this way, the concept of culture carries the human sense. Ali the productionof the culture by the human being is, at the same time, a production of the human being by theculture. The second: the alienated activities ofthe human beings produce the alienated culture.For its time, the existence of an alienated culture produces alienated and inhumane humanbeings. The third: in the proportionate remembrance among the individuais involved' in thepractices of oral story and life story, the past is reconstituted as fragment that composes themosaic of the meanings that the individual who reminisces is self attributed and the ones thatare extemally attributed.Key-words: memory; oral history; life history.

Meu enleio vem de que um tapete é frito de tantos fios que nãoposso me resignar a seguir um fio só: meu enredamento vem de queuma história é frita de muitas histórias. E nem todas posso contar.(Clarice Lispector)

Desde 1994 desenvolvemos, no Núcleo de Pesquisas sobreMemória e Educação - CLIO, do Centro de Educação da UniversidadeFederal de Santa Maria, diversos projetos, cujos resultados estãoestreitamente vinculados aos usos da história oral e das histórias de vida.Este texto tem como objetivo refletir sobre a relação possível entre arememoração, proporcionada pelas práticas da história oral e histórias devida e a constituição dos sujeitos envolvidos nestas práticas, como umprocesso de humanização diante da alienação imposta pela modernidade epelo contexto de sua crise.

Para enquadrar o tema proposto usaremos três idéias básicas,duas conclusões da história e uma conclusão (ainda que genérica!) de nossaprática de pesquisa com história oral e histórias de vida.

- A primeira: os seres humanos, no processo de criação da culturase auto-produzem. O mesmo processo de criação da cultura foi responsávelpela diferenciação dos seres humanos dos demais seres da natureza. Oconceito Ser Humano leva implícito o de Cultura, que o distingue dasprimeiras espécies regidas exclusivamente por leis biológicas. Desta forma,o conceito de cultura leva incorporado o sentido humano. Toda a produçãoda cultura pelo ser humano é, ao mesmo tempo, uma produção do serhumano pela cultura.

- A segunda: a atividade alienada dos seres humanos produz acultura alienada. Por sua vez, a existência de uma cultura alienada produzseres humanos alienados e desumanizados.

- A terceira: na rememoração proporcionada entre os sujeitosenvolvidos nas práticas de história oral e histórias de vida, o passado éreconstituído como fragmento que compõe o mosaico dos significados queo sujeito que rememora se atribui e os que lhe são atribuídos externamente.Na mente e na boca de quem relembra "O passado é uma invenção dopresente. Por isso é tão bonito sempre, ainda quando foi uma lástima. Amemória tem uma bela caixa de lápis de cor" (Mário Quintana, 1997).

A cultura tem sido a expressão da própria humanidade, tanto queatravés dela o ser humano sai das cavernas para construir a história. Porém,a cultura tem sido também, e ainda o é em algumas de suas expressões,simbolo de desumanização, quando se encontra a serviço de processos eagentes de promoção da morte em suas variadas expressões. E aí oparadoxo da cultura: por um lado a cultura liberta e, por outro lado, trai eescraviza. Diante desta contradição, se impõe sua re-humanização para

contemplar e desfrutar, com dignidade, os maravilhosos avanços da ciênciae da tecnologia, com os quais o ser humano transforma a natureza e constróio mundo.

A cultura não é somente o mundo material e espiritual criadopelo ser humano. É, também, o processo criador desse universo cultural.Não é unicamente o que já está feito. É o estar fazendo, a criação cotidianado Ser e do Mundo a partir da cultura produzida por todas as gerações. Emnenhum caso, o passado como uma objetividade morta, mas a influênciaviva da criação de ontem na atividade criativa de hoje.

Em conseqüência, numa primeira análise, entendemos por culturao mundo de vivências e experiências, o processo criador da história e auto-produtor do ser humano, seu produto essencial e o âmbito natural de suavida.

O conceito de humanismo é de caráter histórico-cultural, uma vezque o ser humano somente é o que é no mundo social criado pelo trabalhohumano. O momento pleno do humanismo é o da identidade do ser humanocom o mundo.

A alienação é a perda da identidade do ser humano com otrabalho, o mundo e os demais seres. A recuperação desta identidade é aconquista da liberdade e papel fundamental da história, de um modo geral, eda história oral e histórias de vida, de um modo particular.

Há um processo de contradições e superações entre o ser humanoe o conjunto de objetos e valores por ele criados, entre a natureza e ahistória, a liberdade e a necessidade.

Se faz necessário, pois, analisar de forma um pouco mais ampla -ainda que limitada pelas contingências impostas pelos limites deste texto -os conceitos de alienação e dialética para aproximarmos através deles, commaior propriedade, o tema aqui proposto.

A alienação é a conduta individual ou coletiva que resulta de umsistema social e modo de produção determinado, no qual o ser humano nãose percebe a si mesmo por si mesmo, em virtude da dependência queestabelece com os objetos de sua criação.

O conceito de alienação foi trabalhado por vários pensadores:Para Hegel (1770-1831), a alienação se dá quando o espírito se

materializa, na natureza, na cultura e na história. Alienar-se é transformar-seem outra coisa, que, ainda que conservando as caracteristicas essenciais doser originário, é alheia e é outra em relação a causa que a produziu. SegundoHegel, Deus, o Espírito Absoluto, se aliena na história. Além disso, Hegelpercebe a alienação do ser humano na sociedade, no momento em quetransforma sua energia e atividade criativa em objetos materiais, emprodutos suscetiveis de comércio, em mercadorias. Hegel chega a perceber

a alienação como objetivação, como processo de materialização da energiaem objeto. Não alcança, contudo, a idéia de submissão do ser humano aosprodutos de sua criação. A sociedade industrial não havia alcançado nestemomento concreto da história, começo do século XIX, o grau dedesenvolvimento necessário para evidenciar essa característica.

Hegel desenvolve, portanto, dois conceitos de alienação: areligiosa, em virtude da objetivação de Deus na história, e a sócio-econômica, através da qual o ser humano se aliena no objeto que produz.Esta última com a ressalva de seu alcance ainda parcial.

Para Feuerbach (1804-1872), a alienação é de caráter religioso eopera no sentido inverso de como a concebeu Hegel. O ser humanotransfere a Deus sua energia, capacidade e potência criativa. Este é o atoatravés do qual o ser humano cria Deus para submeter-se a ele.

Para Freud (1856-1939), a alienação é a transferência que o serhumano faz de sua independência e liberdade aos símbolos de autoridade epoder. Desta maneira coexistem nestas transferências as tendências infantisde submissão ao pai e a mãe, com as tendências da idade adulta. Daíderivam as neuroses como transição conciliadora entre as exigênciasinfantis e as adultas e as psicoses, quando os desejos e tendências dainf'ancia dominam o ego do adulto, impossibilitando a conciliação entre astendências infantis e as adultas. A interrupção do processo de maturidade oude amadurecimento produz a alienação e prolonga a dependência ao pai e àmãe, transferida aos símbolos de poder. A pessoa saudável é aquelaresponsável e consciente de seus atos e decisões e que alcançou o que Freuddenominou de nível genital.

Ainda que Freud se refira principalmente ao caso da patologiaindividual, produto do desequilíbrio entre os impulsos instintivos e arealidade, entre o princípio do prazer e a necessidade de sobrevivência e dedomínio do meio ambiente, considera que a sociedade em que vive o serhumano civilizado se acha sujeita a neurose social pela semelhança entreela e os indivíduos que a compõem.

Deixemos este assunto neste ponto e passemos a analisar soboutro ângulo o problema da alienação.

Outro conceito de alienação é de Marx (1818-1883) e se encontranos Manuscritos Econômicos e Filosóficos de 1844. Esta alienação dotrabalhador se dá em relação aos produtos de seu trabalho, os quais não sólhe são estranhos e alheios, mas se voltam contra ele como símbolos dadominação que o escraviza. O trabalhador vai tomando-se mais pobre àmedida que produz mais riqueza e à medida que a sua produção cresce emintensidade e em extensão. A alienação do trabalhador ao produto de seutrabalho significa não somente que este trabalho se transforma em um

objeto que assume uma existência externa, mas que existeindependentemente, fora dele, e que se opõe a ele como um poderautônomo. A vida que o trabalhador dá ao objeto se volta contra ele comoforça alheia e hostil.

A alienação do trabalhador se dá, também, no processo deprodução, na atividade produtiva. É lógico supor que se o trabalhador estáalienado em relação ao produto de seu trabalho, está também em relação aopróprio processo produtivo, posto que a produção é alienação ativa.

Porém a conseqüência mais grave é a alienação que sofre o serhumano de si mesmo, de seus semelhantes e da (sua) vida.

Ao alienar-se de seu trabalho e do produto de seu trabalho, aatividade livre que é essencial a sua condição humana desaparece,reduzindo a vida a apenas um meio de vida uma forma de sobrevivência.Para Marx, explica Erich Fromm (1977), o ser humano é essencialmenteuma entidade social. Necessita de seus semelhantes, não como um meiopara satisfazer seus desejos, mas porque somente poderá ser ele, somenteestará completo como ser humano, se relacionar com seus semelhantes ecom a natureza de forma livre e plena.

O conceito de alienação, que Hegel pela primeira vez colocou àplena luz através de Marx chegou a ser chave, e verdadeiramente o é, paratoda a interpretação do ser humano moderno e sua relação com a vida.

Não há dúvida de que a alienação é um elemento medular nainterpretação da cultura, desde sua primeira expressão através do conceitode idolatria do Antigo Testamento: a essência do que os profetas chamamde idolatria, assinala Fromm (op.cit.), não é que os seres humanos adoremmuitos deuses em vez de um único. É que os ídolos são obras das mãoshumanas. São coisas diante das quais o ser humano se prostra e adora.Adora o que ele mesmo criou. Transformando o resultado de seu trabalho,de sua energia, de sua anima - não em emblema de sua força criativa eliberdade, mas, em grilhão de sua submissão.

Com o alto grau de desenvolvimento da tecnologia a alienaçãocresceu até constituir-se na característica patológica da sociedadecontemporânea. Tanto os proprietários dos meios de produção, como ostrabalhadores, possuidores somente da força de trabalho, encontram-sealienados, desde o momento em que, em ambos os casos, os objetosproduzidos exercem sua dominação e impõem seus valores: uma culturaimposta pelas mercadorias e pelo mercado. Contudo, além deste ponto departida em comum, há profundas diferenças entre a alienação que sofrem osque, sendo proprietários dos meios de produção, dirigem a economia e ostrabalhadores. Enquanto os proprietários se ligam aos objetivos do lucro eda acumulação que derivam do sistema, afastando-se de todo objetivo que

não está ligado ao incremento da riqueza e, por isto mesmo, afastando-se dosentido humano da vida; os trabalhadores, não proprietários dos meios deprodução, se desumanizam enquanto perdem sua liberdade através dotrabalho alienado. Neste ponto, é preciso ressaltar que estas característicasda alienação sobre os seres humanos em geral, obedecem a variações quecorrespondem às diferenças entre as sociedades desenvolvidas e associedades dependentes. Rá outro fator de alienação nas relações entre asociedade hegemônica e a sociedade periférica, em virtude da deformaçãoque se produz com a transferência tecnológica e a divisão internacional dotrabalho. A colocação de fundo, sem dúvida, se conserva válida, e consisteem que a alienação afeta tanto aos dominantes quanto aos dominados.

A corrente da psicanálise encabeçada por Erich Fromm (1979),destaca esta circunstância e, em conseqüência, assinala o sentido dalibertação como um processo que inclui os dominantes e os dominados.

No mesmo sentido orientam-se as obras de Paulo Freire. Nelas secoloca que a desalienação é um processo que liberta tanto os oprimidoscomo os opressores. Sendo assim, para Freire (1992), a luta pela liberdadesomente tem sentido quando os oprimidos, ao buscar recuperar suahumanidade (que é uma forma de criá-Ia!), não se sentem motivados peloideal de se tornarem os opressores dos opressores e nem se tornam, de fato,opressores dos opressores, mas restauradores da humanidade de ambos -oprimidos e opressores. E aí está a grande tarefa humanitária dos oprimidos:libertar-se a si mesmo e a seus opressores, devolvendo a todos os sereshumanos a humanidade perdida ou ameaçada e, com isto, as condições deconstrução de uma vida plena num mundo pleno.

A mesma orientação se percebe na teologia da libertação. Aconcepção dialética da liberdade só é possível na medida em que se obtémpela libertação dos explorados, a libertação dos exploradores.

Daí tira Paulo Freire seu conceito de humanismo (1987). Estavocação de humanização é a vocação do ser humano. Negada na injustiça,na exploração, na opressão, na violência dos opressores. Afirmada noanseio de liberdade, de justiça, de luta dos oprimidos pela recuperação desua humanidade roubada.Estas correntes da psicanálise, da pedagogia e dateologia, vinculadas, todas, aos conceitos de dialética e alienação, pareceminfluenciadas pela Dialética do Amo e do Escravo, desenvolvida por Regel(1992) na Fenomenologia do Espírito. Regel assinala que a escravidão daconsciência vencida, a do escravo, impossibilita a reafirmação daconsciência vencedora, a do amo, cuja verdade só pode refletir-se ereafirmar-se em outra consciência livre. A consciência escravizadaescraviza por sua vez a consciência escravizante e o amo converte-setambém em escravo. Jamais pode ser livre aquele que tira a liberdade de

outro. A partir desta dialética do espírito subjetivo, Hegel (1995) formulasua teoria da cultura e sua interpretação da história da humanidade.

Além das tendências mencionadas, também se percebe suainfluência, com avanços essenciais, na dialética da luta de classes.

Um aporte significativo para a reflexão sobre a cultura é acolocação, feita por Marx, da alienação como a enfermidade coletiva dahumanidade e das condições históricas concretas nas quais ela se opera. Aalienação existe desde que existe a divisão do trabalho, acentua-se a medidaem que se aperfeiçoa a técnica e se tecnifica cada vez mais o processoprodutivo. A alienação na sociedade industrializada é muito maior queaquela das sociedades artesanais ou feudais.

A alienação tem não unicamente um significado econômico esocial, mas, principalmente, um significado humano. A liberdade só podeser alcançada com o trabalho livre. O âmbito da liberdade - coloca Marx -não começa senão ao transpor-se o ponto em que se precisa o trabalho a quesomos compelidos pelas necessidades e a utilidade externa deste mesmotrabalho, quando apropriado por outros.

O mundo - expressa Marcuse (1975) - é um mundo estranho efalso enquanto o ser humano não destrói sua objetividade morta e sereconhece a si mesmo e a sua própria vida além e sobre as formas fixas dascoisas e das leis. Quando alcança firmemente esta consciência de ser, ohomem está a caminho, não somente da verdade de si mesmo, mas tambémde seu mundo e do reconhecimento que desemboca em ação. Tratar decolocar em prática esta verdade e de fazer do mundo o que éessencialmente, isto é, a realização da consciência de si do ser humano. E,segundo Fromm (1979), liberdade e independência não são somenteindependência econômica e política no sentido do liberalismo, são arealização positiva da individualidade. Seu conceito de socialismo é,justamente, o de uma ordem social que serve para a realização dapersonalidade individual.

O conceito de alienação trata de explicar o problema da perda daliberdade, da infelicidade e da desumanização. Porém o problema dohumanismo está ligado não só ao fenômeno da alienação, mas, igualmente,ao do problema da formação da cultura.

Vimos com Hegel como o processo dialético no qual o espírito sealiena e se materializa, dá origem à natureza, à história e à cultura.

Esta alienação expressa na forma da religião cristã coloca paraHegel a questão da infelicidade necessária do homem, pois somente por estecaminho é possível alcançar a vida eterna que é o sofrimento superado. Estepapel da bem-aventurança como a superação da dor, é expressa por Hegelno que chama de morte de Deus. O testemunho da dor experimentado por

Deus feito homem, reafirma para o ser humano a necessidade da dor como ocaminho que leva à felicidade e à liberdade absoluta.

Em Feuerbach (1962), o fenômeno aparece invertido, pois o serhumano se aliena criando a Deus para submeter-se a ele. Neste ato o serhumano sacrifica sua liberdade, se desumaniza. A infelicidade do homem,para Feuerbach, é conseqüência do mito do castigo e da sujeição a Deuscriado. A cultura do ser humano se manifesta neste caso na criação de Deuse da religião.

Os fatores culturais da infància determinam para Freud (1978) aalienação do ser humano. O ser humano alienado é aquele que se encontrapreso entre suas tendências infantis e adultas.

Para Marx (op.cit), a cultura é produzida pelo trabalho. Porém otrabalho quando não é livre, isto é, quando alienado, escraviza edesumaniza.

A alienação é o fenômeno individual ou coletivo quedesumaniza. O ser humano tem sofrido historicamente diferentes formas dealienação. Desde aquela ocasionada pelo processo de readaptação da vidapsicológica às diferentes condições materiais, até a alienação produzida notrabalho em virtude da qual o ser humano encontra-se escravizado pelosobjetos de sua própria criação, isto é, pela cultura que produz. Esta idolatriacaracteriza com mais ênfase a sociedade industrializada e se manifestacomo um fato patológico na sociedade tecnocrática e de consumo, e, emconseqüência, as sociedades periféricas e dependentes, regi das por padrõese valores do sistema capitalista globalizado.

Neste ponto, talvez seja providencial ilustrar metaforicamente opapel da cultura entre os seres humanos. A cultura se constitui num mundohumano de formas que expressam a experiência e a atividade do serhumano. Este mundo se superpõe à natureza desnuda. A aranha secaracteriza pela sua habilidade em produzir a teia, um fio elástico eresistente, que consiste em proteína (fibroína) que se polimeriza, se tomaduro em contato com o ar. Daí que a aranha tenha que intercalar entre seuorganismo e os objetos sólidos uma tela na qual transita e repousa numsuave trançado de sedas. O ser humano segrega cultura como a aranhasegrega a interminável substância com a qual constrói sua morada. Acultura é a morada do ser humano. É a teia em que habita suspenso sobre oabismo da barbárie e amparado do contato destruidor de ser um organismoindefeso exposto à crua natureza. Sem cultura e sem aprendizagem dacultura o ser humano sucumbe. Então, todos concordamos com anecessidade da cultura. Nos entregamos confiantes à teia cultural. Aimagem é clara: ou se é construtor da cultura, ou se é presa dela. A teia daaranha tem uma dupla função: protetora e também predatória. E a aranha

em cada entardecer destrói sua teia para voltar novamente a tecê-Ia nasúltimas horas da noite, próximo da nova alvorada. Assim também o serhumano destrói e constrói sua cultura em certas noites profundas, tensas, dahistória. Este, faz e desfaz a teia de sua cultura, só que em cada novaconfecção deste tecido histórico, em cada novo amanhecer, sua vida, nãoparte do nada como no caso da aranha, mas contém superadas, todas asformas culturais anteriores. Esta é a diferença entre a biologia e a história.Por outro lado, mais que uma alternativa entre ser construtor de cultura ouser presa dela, o problema é que, em determinadas estruturas, tanto quemconstrói cultura, quanto quem somente se adapta à cultura construída pelosoutros, termina sendo presa ao sucumbir preso na teia.

Este processo que vai desde a atitude criativa à situaçãopredatória e, desta, a uma nova criação, é a dialética da cultura e do serhumano. O desafio, então, se coloca nestes termos: como ao construir acultura e o desenvolvimento material, que são uma necessidade histórica, seevita o desgarramento, a angústia e a escravização que o desenvolvimentomaterial traz? Como se pode superar a contradição dialética entre anecessidade e a liberdade?

A angústia do ser humano nasce do tecido de relações queformam a história e a medida que aquele se separa da natureza e constróisua própria natureza na cultura como um segregado natural da vida. Pareceinexorável esta contradição. A alma desgraçada que suplanta a alma bela,para usar o termo de Goethe, está presa nas redes de sua própria teia, nacultura que segrega o ser humano.

É, sem dúvida, uma condição necessária a renúncia da felicidadeem troca da conquista do progresso? Tem-se a impressão que o caminhopelo qual transita o ser humano criando a história, e, nesse contexto,criando-se a si mesmo, exige o desgarramento do ser humano.

O trânsito do ser humano da zoologia à história, do instinto àconsciência, da natureza à cultura, é, por sua vez, o testemunho dodesgarramento de sua felicidade primitiva e do desequilíbrio entre o queFreud (op.cit.) chamou de princípio do prazer e do princípio da realidade.

Tem-se que concordar com Rousseau (1978) que a felicidade só épossível no estado primitivo e perguntar-se com ele se, em tempo algum, seouviu falar de que um selvagem em liberdade tenha sequer tentado livrar-seda vida e dar-se à morte?

Tem-se que provocar o genebrino e perguntar de que lado está averdadeira miséria? Ou, pelo contrário: tem-se que buscar as causas pelasquais o ser humano cada vez que constrói seu progresso cultural destrói ossímbolos de sua humanidade?

Cada mudança nas relações humanas, individuais ou coletivas, éresultante de mudanças nas relações de produção, do avanço técnico-científico e da incorporação do pensamento teórico nas formas da vidasocial. Todo novo tipo de vida no plano material influencia uma novaordem na vida e no âmbito dos valores.

A estrutura social, segundo sua constituição e valores, pode serespaço da escravidão ou da liberdade do homem. Por isso, qualquermudança de estruturas, só tem sentido histórico, na medida em que sejacentrada no ser humano. Nenhuma mudança pode constituir-se em um fimem si mesma, mas em um meio. A busca da sociedade livre não é mais doque a busca do espaço necessário para que surja o ser humano livre. Semliberdade e sem um profundo conceito de humanidade, nenhuma mudançaestrutural ou conjuntural tem sentido.

A natureza humana é dada pela historicidade do ser humano. Ahistória é a manifestação da natureza do ser humano com tudo o que dizrespeito à vida social e cultural. O ser humano, ao alienar-se no trabalho, noprocesso produtivo e no produto produzido, se aliena de sua próprianatureza e de sua condição humana. Isto é, se desumaniza.

A paleontologia explica a transformação do animal em serhumano, na medida em que as leis biológicas vão cedendo ante as leishistórico-sociais e o ser humano vai criando-se a si mesmo, ao mesmotempo em que cria a história e a cultura. O homem, ao criar a história, acultura e a vida social, por meio do trabalho, cria seu próprio mundo parahabitá-lo e transformá-lo, ao mesmo tempo que se transforma a si mesmo.

Através dos resultados das pesquisas que realizamos com o usoda História Oral e Histórias de Vida entre 1994 e 2002, e mais do que isso,através dos relatos das experiências vivenciadas pelos bolsistas de iniciaçãocientífica, bolsistas de aperfeiçoamento, mestrandos em educação, oupesquisadores seniores, envolvidos com estas práticas, concluímos que aooferecermos ao ser humano um espaço adequado de conversa erememoração de sua história oral e das suas histórias de vida, possibilitamosum re-conhecimento de sua humanidade e a reapropriação de sua história,potencializando sua existência. Nessa mesma linha, podemos citar obraorganizada por Abrahão (2001).

Para Maturana (1998), o humano surge na história evolutiva dalinguagem humana à qual pertencemos, ao surgir da linguagem: ou seja, ohumano se (re)conhece enquanto humano à medida em que ele entrelaça oemocional e o racional em conversa. Trata-se da Ontologia do Conversar:ao nos movimentarmos na linguagem em interações com outros, mudamnossas emoções segundo um emocionar que é funçdo da história deinterações que tenhamos vivido, e no qual surgiu nosso emocionar como um

aspecto de nossa convivência com os outros, fora e dentro do linguajar. Aomesmo tempo, ao fluir nosso emocionar em um curso que tem resultado denossa história de convivência dentro e fora da linguagem, mudamos odomínio de ações e, portanto, mudamos o curso de nosso linguajar e denosso raciocínio. A este fluir entrelaçado de linguajar e emocionardenomino "conversar", e chamo conversação ao fluir no conversar em umarede particular de linguajar e emocionar (op.cit.l998: p. 85).

Na Teogonia: a origem dos deuses, de Hesíodo (2001), podemosperceber de maneira mais viva a visão de linguagem do discurso nesteparadigma .arcaico. Não há, a rigor, na Teogonia uma relação entrelinguagem e ser, mas uma imanência recíproca entre eles. Tal imanência éconcebida e experimentada por Hesíodo como uma força múltipla e divinaque ele nomeia com o nome de Musas - filhas de Zeus com Mnemosine, adeusa Memória. Elas possuem o divino poder de trazer à experiência o não-presente, coisas passadas e futuras. O Ser se dá, portanto, na linguagem dodiscurso das Musas, que é numinosamentteforça-de-nomear. Ou seja, nestecaso, a linguagem, enfim, o discurso não diz, ele é.

Desde os primeiros contatos com a gramática, enquantoformalização da língua, fomos aprendendo que o verbo indica a ação nafrase. Se a frase é o dizer de alguém, a palavra, então é ação, é fazer. Fazerdo dito e dizer do feito. A reflexão, um certo dizer para si mesmo, também éação, também é fazer de quem, pensando, reflete. O fazer expressa tambémuma certa reflexão e o feito volta a quem o faz como nova reflexão. A issoPaulo Freire (1987) chama de práxis. A práxis é reflexão e ação dos sereshumanos sobre o mundo para transformá-Io enquanto se transformam a simesmos nesta ação. É reflexão e ação intencionalmente transformadora.Palavra e verbo são sinônimos. Palavra é ação, dição. Aquilo que alguémdiz. Neste caso quem age no verbo é o sujeito. O sujeito é o que diz a ação,o que verbaliza. Essa capacidade criadora da linguagem (que é capacidadecriadora de cultura!), materializada na relação estabelecida pelos sujeitos,humaniza o ser humano. Fato que só é possível pela relação dos sujeitosentre si, estes, em dizendo, se dizem e dizem o mundo. É por isso que nasnarrativas, que decorrem e que caracterizam os usos da história oral ehistórias de vida, narrador e entrevistador/pesquisador se envolvem em umaprática transformadora e humanizadora.

A linguagem constitui-se como uma forma de interação eatividade especificamente humana, mediadora e produto das relações que seinstauram no interior e nos limites de um determinado contexto sócio-cultural. Dada a natureza histórica e social da linguagem, os sujeitos passama compreender-se no contexto de uma mediação lingüística como relação

constitutiva, ação que se modifica e se transforma, como afirma Orlandi(1987).

A narrativa, como rememoração histórica do sujeito, é umveículo natural para o que Bruner (1997) chama de psicologia popular.Segundo ele, a narrativa intermedeia o mundo canônico da cultura e omundo mais idiossincrático dos desejos, crenças e esperanças. Ela toma,pelo rememorar, o excepcional compreensível e mantém afastado o que éestranho, salvo quando o estranho é necessário como um tropo. Ela reiteraas normas da sociedade sem ser didática e provê a base para uma retóricasem confronto, ensinando, conservando a memória ou alterando o passado.

No entanto, é preciso ressaltar que o passado aqui não écompreendido como o presente que se foi, nem tão pouco uma coleção deacontecimentos isolados, ou um reservatório estático de memórias,influências passadas ou impressões. O passado, ao contrário é, como dizMay (1991), o domínio da contingência, do qual aceitamos e selecionamosaqueles que podem alimentar nossas potencialidades e nos proporcionarsatisfações e segurança no futuro imediato.

Em seu livro O ser e o tempo, Heidegger (1997) faz uma reflexãosobre o tempo na existência humana. Seu tema principal é a justificação dotempo para existir. Ele domina os três modos do tempo - passado, presentee futuro - como os três êxtases do tempo, usando a palavra êxtase em seusentido etimológico, que significa permanecer do lado de fora e além. Poisa característica essencial do humano, segundo ele, é a capacidade detranscender um determinado modo de tempo.

Além disso, como diz Bruner (op.cit), uma história é sempre ahistória de alguém. Ou seja, as histórias, inevitavelmente, têm uma voznarrativa, sendo que os eventos são vistos através de um conjunto específicode prismas pessoais. O papel da psicologia popular narrativizada é chamadopor Bruner (idem) de organização da experiência, ou uma justificação dotempo, em termos heideggerianos. Tal organização caracteriza-se por duasdimensões que se complementam: a esquematização da experiência(memória) e a regulação do afeto.

Portanto, há uma psicologia popular contida na narrativa oral,imanente às práticas de história oral e histórias de vida a ser melhorpesquisada, possibilitando consciência e conseqüente emancipação, fluxo deafetos e re-apropriação da história pelos sujeitos nela envolvidos. Umapostura importante, e por que não, urgente diante do contexto de ameaçasobre a humanidade que não podemos alienar, sob pena de ameaçar oudestruir o singular projeto humano neste planeta e neste universo.

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Jorge Luiz da Cunha é Doutor em História Medieval eModerna/Contemporânea pela Universidade de Hamburgo, RepúblicaFederal da Alemanha. Professor titular do Departamento de Fundamentosda Educação, do Centro de Educação da Universidade Federal de SantaMaria.E-mail: [email protected]

Alexsandro dos Santos Machado é Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSM.E-mail: [email protected]