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Mercados Suécia Saúde e Serviços Conexos Junho 2010 informação sectorial

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Mercados

Suécia Saúde e Serviços Conexos

Junho 2010

informação sectorial

aicep Portugal Global

Suécia – Saúde (Junho 2010)

2

Introdução

A população sueca tem vindo a aumentar desde 1990, tanto devido ao saldo natural positivo

como aos fluxos migratórios. Contudo, este crescimento não significa que haja mais população jovem. A

população com mais idade tem aumentado na Suécia e, visto que a esperança de vida é elevada, prevê-

se que a tendência se mantenha. Isto traz cada vez mais atenção para aos cuidados médicos,

especialmente com os idosos.

Ao nível da saúde, as principais preocupações passam pelo tabagismo, álcool e perturbações

mentais. A política nacional de saúde sueca tem em atenção todos estes problemas, seguindo 11

domínios fundamentais, que têm por objectivo o melhoramento contínuo da vida dos cidadãos.

Todos os cidadãos devem ter dignidade nas várias fases da sua vida, de acordo com as

necessidades de cada um. O objectivo fundamental do sistema nacional de saúde é assegurar um

acesso igualitário aos cuidados de saúde para todos os residentes, independentemente do seu nível

social e financeiro. As despesas com o sector público são financiadas por fundos estatais, impostos,

contribuições para a segurança social e também por taxas moderadoras.

O conceito de Good Care guia a organização e estruturação do sistema nacional de saúde,

orientando-o para a excelência e a máxima qualidade.

A indústria farmacêutica tem tido desde sempre uma presença forte na Suécia e a venda de

produtos farmacêuticos tem vindo a aumentar sistematicamente desde os anos 80. O mercado divide-se

entre os produtos farmacêuticos de marca, os produtos genéricos e os produtos vindos do mercado

paralelo. No que respeita à balança comercial no sector farmacêutico, a Suécia é um país exportador.

Entre a indústria farmacêutica e o meio de pesquisa e desenvolvimento, muito concentrado no

meio académico, os intermediários principais são as empresas de biotecnologia, as quais têm vindo a

aumentar na Suécia. O desenvolvimento e disseminação da tecnologia e das inovações junto dos

consumidores são em grande parte assegurados por estas empresas que estabelecem a ponte entre a

teoria e a prática, no que respeita às life sciences.

aicep Portugal Global

Suécia – Saúde (Junho 2010)

3

Índice

1. – Análise Demográfica 1.1. – População 6 1.2. – Esperança de Vida 7 1.3. – Natalidade e Fertilidade 8 1.4. – Estrutura Familiar 8 1.5. – Migração 9 1.6. – Rendimento Disponível 10 1.7. – Principais Problemas de Saúde e Mortalidade 11 1.8. – Cenário Futuro 12

2. – Sector da Saúde

2.1. – Modelo de Welfare Sueco 12 2.2. – Modelo de Administração Sueco 13 2.3. – Cooperação Internacional 15 2.4. – Política Nacional eHealth 16 2.5. – Estratégia Nacional e Saúde 19 2.6. – Serviço Nacional de Saúde 23 2.7. – Financiamento do Sistema Nacional de Saúde 27 2.8. – Segurança Social: Sistema de Apoio ao Doente,

à Família e aos Idosos 28

3. – Sector Famacêutico

3.1. – Mercado Farmacêutico 31 3.2. – Canais de Distribuição 34 3.3. – Intervenientes no Mercado 35

4. – Investigação e Desenvolvimento

4.1. – Biotecnologia na Suécia 36 4.2. – Medicon Valley 38

5. – Sites Consultados 40

6. – Anexos

Anexo 1: Agências e outros organismos 41

Anexo 2: Áreas de acção eHealth 43

Anexo 3: Empresas Medicon Valley Directory 2009 48

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Suécia – Saúde (Junho 2010)

4

Índice de Gráficos

1. – Taxa de fertilidade nos países nórdicos (2008) 8

2. – Imigração para a Suécia (2008) 9

3. – Emigração da Suécia (2008) 10

4. – Rendimento disponível nos países nórdicos 11

5. – Mortes por suicídio nos países nórdicos 12

6. – Projecções populacionais (2008) 12

7. – Benefícios dos serviços nacionais eHealth (2008) 22

8. – Uso da Internet para contactos com o sector da saúde 23

9. – Espera por consulta superior a 90 dias (2008) 25

10. – Índice de eficiência dos sistemas de saúde (2008) 25

11. – Satisfação com os serviços de saúde (2008) 26

12. – Faltas por doença superiores a uma semana (2008) 28

13. – Produtos farmacêuticos aprovados na Suécia (2009) 32

14. – Evolução dos preços para o consumidor e para as farmácias (2008) 32

15. – Consumo de fármacos total e genéricos (2008) 32

16. – Balança comercial do sector farmacêutico (2008) 33

17. – Exportações do sector farmacêutico (2008) 34

18. – Importações do sector farmacêutico (2008) 34

19. – Maiores empresas farmacêuticas 36

Índice de Figuras

1. – Níveis de governo na Suécia 13

2. – Ministério da Saúde e Segurança Social 14

3. – eHealth nos municípios 20

4. – Áreas de acção eHealth 21

5. – Anos de adopção do National Patient Summary (2008) 22

6. – Good Care (2009) 24

7. – Acesso a médicos de família na UE 26

8. – Empresas de biotecnologia na Suécia (2007) 37

9. – Medicon Valley (2009) 39

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Suécia – Saúde (Junho 2010)

5

Índice de Tabelas

1. – População nos países nórdicos (1 Janeiro 2009) 6

2. – Variação da população nos países nórdicos (1 Janeiro 2009) 7

3. – Esperança de vida nos países nórdicos (2008) 7

4. – Taxa de fertilidade nos países nórdicos (2008) 9

5. – Casamentos e divórcios (2008) 9

6. – Pedidos de asilo nos países nórdicos (2008) 10

7. – Não fumadores e/ou fumadores ocasionais (2007) 11

8. – Percentagem de inquiridos em 1.000 pessoas que

consideraram o sistema muito bom (2007) 25

9. – Número de pessoas acima dos 65 anos a receber

apoio domiciliário (2008) 30

10. – Número de reformados 30

11. – Venda de fármacos, incluindo veterinários e produtos de

nicotina, milhões SEK (2008) 31

12. – Venda de fármacos pela Apoteket AB (2008) 31

13. – Mercado paralelo (2008) 33

14. – Estabelecimento do preço dos medicamentos (2007) 35

15. – AstraZeneca (2008) 36

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Suécia – Saúde (Junho 2010)

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1. Análise Demográfica

1.1. População

Desde 1990 que a população tem vindo a aumentar na Suécia e, de igual modo, nos restantes

países nórdicos. No início de 2009, a população total da Suécia era de 9.256.347 habitantes, sendo a

diferença entre homens e mulheres muito reduzida (Tabela 1 ). Em 1990, esse número era de 8.527.036

habitantes. Entre a população sueca, as etnias mais representativas são os Finlandeses e Sami

(Lapões).

O aumento, nos últimos anos, da população na Suécia deve-se, não só, ao saldo natural positivo

(nascimentos – óbitos), mas também ao saldo migratório positivo (imigração – emigração). Em 2008, o

saldo migratório registou maior impacto do que o crescimento natural na população: entraram no país

101.171 pessoas e saíram apenas 45.294, o que resulta num saldo migratório positivo de 55.877

pessoas. O crescimento natural foi de apenas 17.852 pessoas (Tabela 2 ). Este foi também o caso na

Dinamarca, Finlândia e Noruega.

No que respeita à densidade populacional, esta é relativamente baixa na Suécia: 20,6 hab./km2.

Cerca de 85% da população reside em áreas urbanas1.

A religião maioritária é o Cristianismo. 86% da população pertence à Igreja Evangélica Luterana

da Suécia, 2% é católica e 1% são Cristãos Evangélicos Pentecostais. Cerca de 11% da população tem

outras crenças religiosas (Islamismo, Judaísmo, Igreja Ortodoxa, etc.).

A idade média na Suécia é 41,5 anos2. O número de pessoas com 80 anos ou mais aumentou

desde 1990. Actualmente, cerca de 5% da população sueca tem 80 ou mais anos3, uma das

percentagens mais elevadas, quando comparada com os restantes países nórdicos. Este facto deve-se

1 CIA Factbook

2 CIA Factbook

3 Norden

Tabela 1 – População nos países nórdicos (1 Janeiro 2009) Fonte: Norden

aicep Portugal Global

Suécia – Saúde (Junho 2010)

7

tanto à queda da taxa de mortalidade, como ao decréscimo do número de nascimentos. Também a

esperança de vida aumentou desde 1990.

1.2. Esperança de Vida

A esperança de vida indica, baseando-se nos padrões correntes de mortalidade, quantos anos

se pressupõe que uma pessoa vai viver. Actualmente, a esperança de vida para os homens suecos é de

79,1 anos, enquanto para as mulheres é de 83,2 anos4. A esperança de vida tem vindo a crescer em

todos os países nórdicos (Tabela 3 ). Na Suécia, este aumento deveu-se essencialmente ao decréscimo

da mortalidade e também do risco de contrair doenças, através de estilos de vida mais activos e

saudáveis, como por exemplo a diminuição do tabagismo (a proibição de fumar em bares e restaurantes

foi instaurada em Maio de 2005). O risco de doenças cardiovasculares tem também vindo a diminuir,

como consequência da melhoria dos cuidados médicos.

De acordo com a World Health Organization (WHO), a esperança de vida e a esperança de vida

saudável na Suécia são das mais elevadas da União Europeia. A mortalidade infantil e neonatal são das

mais baixas. Além disso, três quartos dos adultos consideram a sua saúde como boa ou muito boa.

4 Norden

Tabela 2 – Variação da população nos países nórdicos (1 Janei ro 2009) Fonte: Norden

Tabela 3 – Esperança de vida nos países nórdicos (2008) Fonte: Norden

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Suécia – Saúde (Junho 2010)

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1.3. Natalidade e Fertilidade

Em 2008, houve 109.301 nascimentos na Suécia5. A taxa de natalidade ronda os 10,13 por

1.000 pessoas6.

O número de nascimentos depende, entre outras coisas, do número de mulheres em idade fértil

– normalmente definida dos 15 aos 49 anos – e do padrão e frequência de gravidezes e partos nos

vários grupos etários. A taxa de fertilidade é uma medida que permite a comparação entre os vários

países através do cálculo do rácio entre os nascimentos por 1.000 mulheres em idade fértil. Em 2008 a

taxa de fertilidade foi de 1,91 filhos por mulher7.

Nos últimos anos, a taxa de fertilidade tem aumentado ligeiramente em todos os países nórdicos,

onde geralmente as mulheres têm um número elevado de filhos, comparativamente ao que acontece nos

restantes países europeus (Gráfico 1 ).

Desde meados da década de 70 que o aborto se encontra legalizado na maioria dos países nórdicos. Na

Suécia, cabe exclusivamente à mulher, em estádio inicial de gravidez, decidir se quer ou não dar à luz.

Na Suécia, há 340 abortos por cada 1.000 nascimentos. A maioria ocorre em mães que são

relativamente jovens, abaixo dos 25 anos.

1.4. Estrutura Familiar

Cerca de 23% das famílias nos países nórdicos têm crianças (Tabela 4 ). A maior parte destas

famílias (78%) consistem em casamentos ou uniões de facto.

O número de casamentos aumentou em todos os países nórdicos desde 1990. Em 2008, houve

50.332 casamentos na Suécia. Em relação ao número de casamentos, e de entre os nórdicos, a Suécia

e a Dinamarca foram os países onde a taxa de divórcios foi maior: 21.337 casamentos terminaram em

divórcio na Suécia em 2008 (Tabela 5 ). 5 SCB

6 CIA Factbook

7 Norden

Gráfico 1 – Taxa de fertilidade nos países nórdicos (2008) Fonte: Norden

aicep Portugal Global

Suécia – Saúde (Junho 2010)

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1.5. Migração

Como já foi referido, as migrações em muito têm contribuído para o crescimento da população

na Suécia. Em 2008, o saldo migratório foi positivo em 55.877 pessoas. Em relação à imigração,

entraram no país 101.171 pessoas. A maioria proveio da Europa, sendo que os valores mais

significativos dentro da Europa registam-se nos restantes países nórdicos (14%), Polónia (7%) e países

Bálticos (2%) (Gráfico 2 ). A Ásia surge em segundo lugar, sendo daí provenientes 31% da imigração

para a Suécia.

Tabela 4 – Famílias com e sem crianças (2008) Fonte: Norden

Tabela 5 – Casamentos e divórcios (2008) Fonte: Norden

Gráfico 2 – Imigração para a Suécia (2008) Fonte: Norden

aicep Portugal Global

Suécia – Saúde (Junho 2010)

10

No que respeita à emigração, saíram da Suécia 45.294 pessoas. A maioria, como o que

acontecia na imigração, rumou à Europa, sendo os números mais significativos os dos restantes países

nórdicos (35%) (Gráfico 3 ). Depois da Europa, os continentes que acolheram mais emigrantes suecos

foram a Ásia (12%) e a América (10%).

Em relação às migrações há ainda que considerar os pedidos de asilo, visto que estas pessoas,

apesar de estarem no país, não são contabilizadas como parte da população até que o pedido de asilo

seja aceite. O número de pedidos de asilo tem aumentado na generalidade dos países nórdicos desde

1990 (Tabela 6 ). Em relação à Suécia, houve um período mais forte entre 1990 e 1992, seguindo-se um

período mais calmo. De entre os países nórdicos, é o país que recebe mais pedidos de asilo, cerca de

56% do total de pedidos em 2008. O total de pedidos de asilo feitos à Suécia, em 2008, foi 24.353,

sendo que a maior parte dos pedidos vieram do Iraque (6.083)8.

1.6. Rendimento Disponível

Os países nórdicos distinguem-se dos outros por combinarem um nível de vida elevado com

uma distribuição relativamente equitativa dos rendimentos (Gráfico 4 ). Contudo, o financiamento do

Welfare nórdico implica elevados impostos sobre o rendimento. De uma maneira geral, os lares com os

rendimentos mais baixos são os que recebem a maior proporção dos benefícios sociais.

8 Norden

Tabela 6 – Pedidos de asilo nos países nórdicos (2008) Fonte: Norden

Gráfico 3 – Emigração da Suécia (2 008) Fonte: Norden

aicep Portugal Global

Suécia – Saúde (Junho 2010)

11

Em relação à distribuição de rendimentos por sexo, apesar de as mulheres terem acesso total à

educação, saúde, poder político e igualdade económica, denotam-se ainda ligeiras diferenças entre o

pagamento do mesmo tipo de trabalho executado por um homem e uma mulher9.

1.7. Principais Problemas da Saúde e Mortalidade

A taxa de mortalidade na Suécia é de 10,21 por 1.000 pessoas10. No ano de 2008 houve 91.449

mortes11. No que respeita à mortalidade infantil, registaram-se 2,75 óbitos por 1.000 pessoas, o que

representa uma das taxas mais baixas a nível europeu12.

Na Suécia, tal como na maioria dos países nórdicos, as causas de mortalidade mais frequentes

relacionam-se com doenças do sistema circulatório e cancro, em todos os grupos etários (excepto

crianças) e tanto para homens como para mulheres.

O consumo de álcool e tabaco são dois problemas que afectam a população sueca. Na Suécia

existe um monopólio estatal na venda de bebidas alcoólicas. A eliminação do monopólio na Suécia

levaria a um aumento de 14% do consumo de álcool, caso a venda fosse restringida a lojas licenciadas,

e a um aumento de 29%, caso a venda fosse permitida, por exemplo, em supermercados13.

Quanto ao tabaco, o número de fumadores tem decrescido nos últimos anos. Na Suécia o

tabagismo é maior nas mulheres do que nos homens (Tabela 7 ).

9 Norden 10

CIA Factbook 11

SCB 12

WHO 13

Swedish National Institute of Public Health, 2007

Gráfico 4 – Rendimento disponível nos países nórdicos (2008) Fonte: Norden, Nordic Statistical Yearbook 2009

Tabela 7 – Não fumadores e/ou f umadores ocasionais (2007) Fonte: Norden

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Suécia – Saúde (Junho 2010)

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A saúde mental é merecedora de atenção especial na Suécia. Anualmente, cerca de 30.000

pessoas estão ausentes do trabalho mais de duas semanas devido a esgotamentos14. Além disso, a taxa

de suicídios está acima da média europeia (Gráfico 5 ). Cerca de 1.400 pessoas cometem suicídio

anualmente.

1.8. Cenário Futuro

As projecções populacionais, que

naturalmente estão sujeitas a erros,

baseiam-se em deduções relativas à

fertilidade, mortalidade e migrações

futuras. A projecção mais certeira,

considerando a envolvente, é o

envelhecimento da população.

Considerando o total dos países nórdicos,

cerca de 12% da população terá 80 anos

ou mais em 2040, comparando com os

actuais 4 a 5%15.

Durante os próximos 25 anos

espera-se que a população sueca cresça

10% (Gráfico 6 ).

2. Sector da Saúde

2.1. Modelo de Welfare Sueco

O objectivo do welfare é o de reduzir as diferenças entre os vários grupos sociais, através de

uma redistribuição da riqueza e do rendimento disponível das famílias, para financiar, por exemplo, as

reformas e as famílias com crianças. Este propósito confere segurança, oportunidade de

14

WHO 15

Norden

Gráfico 5 – Mortes por suicídio nos países nórdic os (2007) Fonte: Norden

Gráfico 6 – Projecções populacionais (2008) Fonte: Norden

aicep Portugal Global

Suécia – Saúde (Junho 2010)

13

desenvolvimento e um status económico aceitável à população. Todos os cidadãos devem sentir-se

seguros e ter dignidade nas várias fases da sua vida, o que exige acesso a bons cuidados de saúde, de

acordo com as necessidades de cada um.

O sector público, incluindo o Estado, condados e municípios, fornece serviços que são vitais

para o bem-estar das suas populações, como cuidados médicos e de saúde, apoio aos idosos e

educação dos mais novos. Também a Swedish Social Insurance providencia segurança financeira em

caso de doença, deficiência, velhice, e para famílias com crianças (abono de família, subsídio de

alojamento, subsídio para cuidados, etc.). O suporte financeiro funciona como uma rede de segurança

que apoia aqueles que têm problemas financeiros de curto-prazo. O Governo dá prioridade a medidas

que reduzam a exclusão social.

2.2. Modelo de Admnistração Sueco

Em termos políticos, a Suécia é governada por uma monarquia parlamentar. O Rei é o Chefe de

Estado; contudo, a sua posição é meramente simbólica. Há três níveis independentes de governo

(Figura 1 ) – governo nacional (Riksdag), condados (Landsting) e os municípios (Kommuner) – e todos

eles estão envolvidos no sector da saúde. As eleições, nos três níveis, realizam-se de quatro em quatro

anos. Também as políticas europeias e a cooperação internacional com outros países, especialmente os

restantes países nórdicos, têm especial influência no sistema de saúde sueco. Além disso, há várias

agências governamentais envolvidas no sistema de saúde.

Ao nível de governo nacional, encontra-se o Riksdag, o Parlamento sueco, que tem poder

legislativo. As propostas de lei são apresentadas ao Parlamento pelo Governo, o qual tem também o

dever de implementar as decisões tomadas pelo Riksdag. O Governo realiza o seu trabalho através de

vários ministérios e de cerca de 300 agências governamentais.

O Ministério da Saúde e Segurança Social é responsável, a nível nacional, pelo sector da saúde

e segurança social (Figura 2 ), sendo constituído por cerca de 200 pessoas. Göran Hägglund é o Ministro

da Saúde e Segurança Social e também a figura principal do Ministério. Existem duas outras ministras:

Maria Larsson, Ministra da Terceira Idade e Saúde Pública, e Cristina Husmark Pehrsson, Ministra da

Segurança Social e também Ministra da Cooperação Nórdica. Em termos orçamentais, serão alocados

Figura 1 – Níveis de governo na Suécia Fonte: Regeringskansliet

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Suécia – Saúde (Junho 2010)

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103 milhões de SEK em 2010, 160 milhões em 2011 e 180 milhões de SEK em 2012 para apoiar o

Ministério e as agências governamentais a seu cargo no melhoramento da qualidade, acessibilidade e

eficiência dos serviços médicos.

As áreas abrangidas por este ministério são: Saúde Pública, Saúde e Cuidados Médicos,

Tratamento Dentário, Serviços Sociais, Seguro de Doença, Política Financeira das Famílias, Políticas

para os Idosos, Reformas, Políticas para as Pessoas com Deficiência, Direitos das Crianças. Os

objectivos e políticas gerais de saúde são estabelecidos neste nível.

Dentro da área de responsabilidade do Ministério encontram-se dezasseis agências

governamentais, quatro empresas e um instituto (Anexo 1 ). De entre estes destaca-se a National Board

of Health and Welfare, uma agência pública semi-independente que tem por função supervisionar os

condados, assegurando a implementação das políticas de saúde e da legislação sobre os cuidados de

saúde e serviços sociais.

No nível regional, a Suécia está dividida em 21 condados (Landsting). Cada condado tem um

Conselho Regional, eleito pelos cidadãos do condado, e um Corpo Administrativo Regional, o qual

representa o Governo nacional no condado. Os condados elaboram planos de saúde pública, políticas e

programas em cooperação com outras organizações, nomeadamente os municípios, de acordo com as

necessidades dos seus residentes. Estas acções são desenvolvidas com o objectivo de contribuir para

as políticas de saúde pública, bem como de supervisionar o cumprimento das leis e regulamentos

nacionais pelas várias organizações.

Os condados estão encarregues do sistema de distribuição dos cuidados de saúde, desde os

primários até ao nível hospitalar, incluindo cuidados preventivos e serviços de saúde prestados por

entidades privadas. São igualmente responsáveis pelo desenvolvimento de esforços de cooperação

Figura 2 – Ministério da Saúde e Segurança Social Da esquerda para a direita: Maria Larsson, Ministra da Terceira Idade e Saúde Pública; Göran Hägglund, Ministro da Saúde e Segurança Social; Cristina Husmark Pehrsson, Minist ra da Segurança Social e da Cooperação Nórdica. Fonte: Regeringskansliet

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Suécia – Saúde (Junho 2010)

15

entre os vários condados, com o foco na saúde, cuidados médicos e dentários e desenvolvimento

regional.

Ao nível local, encontram-se os 290 municípios suecos. Cada município tem uma assembleia

eleita, o Conselho Municipal. Por sua vez, o Conselho Municipal nomeia um Corpo Executivo Municipal,

que lidera e coordena as acções a serem realizadas neste nível. Os municípios têm responsabilidade

pelos assuntos mais imediatos que afectam a vida dos cidadãos no dia-a-dia: escolas, serviços sociais,

apoio aos idosos, doentes psiquiátricos e pessoas com deficiência, cuidados de saúde domiciliários, etc.

Em comparação com outros países, a Suécia (e os países nórdicos) tem uma forma de governo bastante

descentralizada, que utiliza um grande número de representantes nos diversos níveis e divide as

responsabilidades de uma forma clara e igualitária. A responsabilidade pelo financiamento e

fornecimento dos serviços de saúde recai sobre os condados, sendo que os municípios têm a seu cargo

os cuidados de saúde de longo termo para idosos e doentes psiquiátricos. Isto não significa que os

municípios sejam subordinados aos condados. Os municípios e os condados são membros da Swedish

Association of Local Authorities and Regions (SALAR), que representa os seus interesses.

2.3. Cooperação Internacional

O Ministério da Saúde e Segurança Social tem uma voz activa na cooperação com a União

Europeia e com várias organizações internacionais que actuam no âmbito da saúde. No que respeita à

UE, a colaboração na área da saúde incide sobre a prevenção de doenças infecciosas e epidémicas, a

possibilidade de receber cuidados médicos em outros países pertencentes à UE, fármacos, álcool,

narcóticos e tabagismo. No âmbito social unem-se esforços para a erradicação da pobreza, a

coordenação dos sistemas de segurança social e o apoio aos idosos e às pessoas com deficiência.

As organizações internacionais nas quais o Ministério da Saúde e Segurança Social representa a

Suécia e é mais activo são a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial de Saúde

(OMS), o Conselho Europeu e o Nordic Council of Ministers. O Ministério também colabora com a OCDE

e a International Labour Organization (ILO), bem como com os países bálticos.

Na ONU, o Ministério é mais activo na Comissão para o Desenvolvimento Social, apesar de

também se envolver em questões como direitos humanos para as pessoas com deficiência, SIDA,

drogas, entre outros.

O Ministério da Saúde e Segurança Social tem total responsabilidade pelo envolvimento sueco

na Organização Mundial de Saúde. A OMS trabalha para melhorar a saúde de toda a população

mundial.

A tarefa principal do Conselho Europeu é a de salvaguardar a democracia, o respeito pelos

direitos humanos e o cumprimento das leis na Europa. Na esfera social, a cooperação envolve os

direitos das crianças, direitos das pessoas com deficiência, saúde, drogas, segurança social, entre

outros.

O Nordic Council of Ministers é uma organização intergovernamental dos países nórdicos. A

cooperação no campo social e da saúde é baseada nos valores comuns em que assenta o modelo de

Welfare nórdico. Assim, promove-se o tratamento igualitário de todos os cidadãos nórdicos e a

acessibilidade e qualidade dos serviços de saúde. De igual modo, o Nordic Council of Ministers pretende

facilitar a mobilidade dos cidadão nórdicos para trabalhar, estudar e viver no país da sua escolha.

aicep Portugal Global

Suécia – Saúde (Junho 2010)

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Os países nórdicos cooperam na recolha e tratamento de estatísticas sobre a saúde através do

Nordic Medico-Statistical Committee (NOMESKO), o qual publica anualmente um relatório e trabalha

para assegurar a comparabilidade das estatísticas entre os países nórdicos. Outro organismo relevante

na saúde pública nos países nórdicos é a Nordic School of Public Health (NHV), cujo objectivo é o de

disseminar o conhecimento multi-disciplinar que fomente a saúde para todos os cidadãos nórdicos. A

NVH desenvolve pesquisa e também fornece formação para o benefício da saúde pública, no presente e

futuro. Além disso, em 2007 foi criado uma página na Internet que pretende fomentar a cooperação dos

países nórdicos: www.norden.org .

2.4. Política Nacional de Saúde

Durante os anos 70 o foco das políticas de saúde incidia na igualdade de tratamento. Nos anos

80, a prioridade era a contenção de custos. Já nos anos 90 o fundamental era a eficiência, o que levou a

mudanças estruturais na organização e entrega dos serviços de saúde e a uma cada vez maior

descentralização das responsabilidades para o nível regional e local de governo. Actualmente, a política

nacional de saúde orienta-se numa combinação de todos estes objectivos, focando os utentes do serviço

em especial.

O Governo quer modelar o serviço de saúde e cuidados médicos em torno das necessidades

dos utentes. Melhorar a qualidade requer um melhor acompanhamento e a possibilidade de comparar

qualidade, custos e eficiência. O Governo instaurou o direito de escolha dos utentes em relação ao

prestador de serviços de saúde. Esta medida dá o direito ao utente de escolher se o prestador de

serviços de saúde será público ou privado, sendo o financiamento atribuído de acordo com a escolha do

utente.

O Patient Data Act, de 1 de Julho de 2008, permite uma melhor colaboração entre prestadores

de serviços de saúde, públicos e privados, ao permitir o acesso de todos aos mesmos registos de cada

utente, para que este tenha o melhor tratamento possível.

Em 2003 a Suécia adoptou uma Política Nacional de Saúde que define que os organismos

públicos no sector da saúde devem guiar-se por onze princípios que cobrem os mais importantes

elementos da saúde na Suécia. O principal benefício consiste na possibilidade de avaliar objectivamente

o progresso efectuado. Esta política foi actualizada em 2008, adicionando-se mais elementos de

responsabilidade e escolha individual.

Os onze princípios fundamentais para a saúde na Suécia são os seguintes:

1. Participação e influência na sociedade

As políticas do mercado de trabalho, dos media, de integração, de igualdade de géneros e

dirigidas às pessoas com deficiência estão entre os campos que são particularmente importantes, para

dar aos cidadãos a hipótese de participar no governo e desenvolvimento da sociedade. Os esforços para

fortalecer a democracia e defender os direitos humanos reforçam o sentimento de afinidade da

sociedade como um todo e aumenta a confiança entre as pessoas, dois factores que promovem a saúde.

Uma atenção especial é dedicada ao reforço da participação social e cultural de pessoas

financeira e socialmente desfavorecidas. Além disso, é dado apoio a iniciativas para fomentar a

participação na sociedade de crianças, jovens e idosos.

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2. Pré-requisitos económicos e sociais

Uma sociedade caracterizada por segurança financeira e social, igualdade nas condições de

vida, direitos iguais e justiça tem impacto positivo na saúde pública. Preocupações financeiras e

insegurança ao nível social prejudicam a saúde, nomeadamente ao nível mental, e leva a crescentes

desigualdades.

3. Condições durante a infância e a adolescência

Condições favoráveis durante a infância e a adolescência são cruciais para a saúde ao longo da

vida. São exemplos, o apoio a uma boa educação, ensino pré-escolar de elevada qualidade para todas

as crianças, escolas de qualidade e acesso a actividades de lazer que ajudem ao desenvolvimento

saudável.

Actualmente, apenas alguns municípios oferecem apoio aos pais para lidar com as crianças.

Nestes municípios há uma procura crescente deste tipo de apoio. O apoio atempado aos pais, desde

que as crianças são jovens, ajuda a prevenir problemas futuros, quer relacionados com a saúde ou com

a integração social.

4. Saúde na vida profissional

Ao nível da saúde na vida profissional, pode ser considerada a influência do tempo de trabalho

na rotina do indivíduo e o ambiente de trabalho. A vida profissional deve poder ser conjugada com a vida

familiar e com tempos de lazer, o que favorece a saúde individual.

O ambiente de trabalho tem de ser seguro – mental, física e socialmente – e na Suécia os

empregadores têm uma considerável responsabilidade, em consequência do Work Environment Act. De

entre as condições básicas incluem-se: ter participação, influência e controlo do seu próprio trabalho;

poder adaptar o ritmo e quantidade de trabalho às suas capacidades; ser reconhecido, ter oportunidades

de progressão na carreira; entre outros.

5. Meio envolvente e produtos

O meio envolvente do indivíduo e os produtos que utiliza não devem prejudicar a sua saúde. A

segurança a este nível é fomentada através de controlo do ambiente/qualidade do ar, ruído, trânsito,

ambiente escolar e profissional, habitações, etc.

6. Serviços promotores de saúde

Uma perspectiva voltada para a promoção da saúde e a prevenção da doença deve orientar os

serviços de saúde e fazer parte do tratamento. No contacto com os utentes, os serviços de saúde devem

contribuir para reduzir as doenças e a dor, bem como para facilitar às pessoas com deficiência e aos

doentes crónicos a vida com a doença.

7. Protecção contra doenças transmissíveis

Em termos internacionais, a Suécia está numa posição favorável no que respeita a doenças

transmissíveis, especialmente em consequência de medidas preventivas eficientes (campanhas de

informação direccionadas, programas de vacinação, exames de rastreio, etc.).

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18

As tendências mais recentes mostram, contudo, um aumento do contágio por doenças

sexualmente transmissíveis, como a clamídia e a SIDA16. Além disso, a ameaça de doenças infecciosas

subiu consideravelmente com o aumento do número de viajantes nos últimos anos, o que pode levar à

rápida deterioração da situação actual.

O Governo sueco dá prioridade à prevenção da transmissão e a cooperação internacional está a

ser reforçada a este nível, nomeadamente na UE, OMS e ONU.

8. Sexualidade e saúde reprodutiva

Neste campo, as acções passam por desenvolver e divulgar informação no sentido de promover

uma sexualidade e saúde reprodutiva segura. A sociedade deve estar consciente e trabalhar áreas como

a educação sexual e relacional, o planeamento familiar e cuidados com a maternidade. A perspectiva da

sociedade sobre a sexualidade determina, por exemplo, se há discriminação ou preconceitos em relação

a homossexuais.

9. Actividade física

A actividade, ou inactividade, física tem um grande impacto na saúde individual e pública. A

actividade física é um factor protector na prevenção e tratamento de várias doenças, como as doenças

cardiovasculares, a obesidade, a diabetes tipo 2, a insanidade mental, o cancro, etc. Uma actividade

física contínua ao longo da vida ajuda a viver a vida de forma independente até idades avançadas.

Neste âmbito, são desenvolvidos esforços para estimular a actividade física em toda a

população: estímulo da actividade física na pré-escola, escola, vida profissional e momentos de lazer,

bem como estímulo da actividade física nos mais velhos e pessoas com deficiência, dentro das suas

capacidades.

10. Hábitos alimentares

Na Suécia, bem como a nível internacional, a malnutrição é um problema crescente de saúde.

Quase 10% dos adultos sofrem de obesidade17 e a percentagem de obesos está a aumentar

rapidamente nas crianças e jovens. O consumo de açúcares e gorduras, especialmente gorduras

saturadas, é demasiado grande, em comparação com o consumo de frutas e vegetais.

O objectivo do Governo sueco é o de promover a produção de alimentos ecológicos e

economicamente sustentáveis. Numa perspectiva de saúde pública, é importante também aumentar o

conhecimento sobre a relação entre a dieta alimentar e a saúde.

11. Álcool, tabaco, narcóticos, doping e jogo patológico

Neste âmbito, os objectivos são os de limitar os efeitos negativos do álcool, reduzir o tabagismo,

trabalhar para uma sociedade livre de narcóticos e lutar contra o jogo patológico, reduzindo os seus

danos. Estes objectivos vêm já sendo habituais na parte da política de saúde pública e de welfare.

16

FHI 17

FHI

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19

O Governo criou um organismo de aconselhamento (ANDT-rådet) para auxiliar na elaboração

das políticas contra o álcool, tabagismo, narcóticos e doping. São necessárias iniciativas para reduzir o

consumo de álcool, bem como os efeitos nefastos do seu consumo.

Em relação ao tabagismo, realizam-se iniciativas para reduzir o consumo de tabaco, encorajar as

pessoas a deixar de fumar e reforçar a legislação. De igual modo, há uma intensificação da supervisão

do cumprimento do Tobacco Act, especialmente no que respeita à autorização de venda e aos limites de

idade.

Para alcançar uma sociedade livre de narcóticos há três objectivos fundamentais a serem

cumpridos: reduzir o número de iniciados, auxiliar no combate do vício e reduzir o tráfico de drogas.

2.5. Estratégia eHealth

Hoje em dia as pessoas têm cada vez mais

mobilidade, não só a nível geográfico, mas também entre

os diferentes níveis dos cuidados de saúde. Para

assegurar cuidados médicos de elevada qualidade,

acessíveis e seguros, personalizados para cada paciente,

as informações sobre as necessidades e procedimentos

de cada um têm de estar disponíveis, qualquer que seja o

prestador de serviço. A estratégia nacional eHealth,

adoptada em 2006, procura concretizar esta visão através

da exploração máxima do potencial das tecnologias da

informação.

Os organismos que estão a desenvolver o

projecto são: o Ministério da Saúde e da Segurança

Social, o National Board of Health and Welfare, a

Swedish Association of Local Authorities and Regions

(SALAR), a National Corporation of Swedish Pharmacies

e a Association of Private Care Providers. Estes

colaboram com outros organismos para implementar a

estratégia. Nos últimos anos a Suécia tem tido um papel

activo na esfera do eHealth e tem havido vários esforços

para intensificar e concretizar a cooperação,

especialmente na UE (Projecto epSOS).

A implementação com sucesso da estratégia

nacional eHealth requer cooperação entre os vários

organismos a nível nacional, regional e local e os

prestadores de serviços de saúde, pois é necessário que

todas as partes tenham acesso seguro e partilhem as

informações sobre os utentes. Ao mesmo tempo, tem de

se assegurar que a informação apenas seja vista por

“Appropriate ICT-based tools will help ensure that all patients

receive adequate, safe, secure health care and good-quality

service. Care professionals will be able to devote more time to

patients and adapt care provision to individual needs. ICT will be use

as a strategic tool in all areas of the care sector, and care

resources as a hole utilized more efficiently and effectively. Citizens,

patients and relatives will enjoy trouble-free access to

comprehensive information on care services, health and their own

health status. They will enjoy good-quality service and be

actively involved in their care and treatment according to their

abilities and circumstances. Health and social care professionals will

have access to efficient, interoperable eHealth solutions

that guarantee patient safety and make it easier for the former to perform their day-to-day tasks. Authorities and other bodies

responsible for care provision will have appropriate ICT-based tools

to follow up patient safety and quality concerns, and to support

management functions and resource distribution.”

Comunicado do Governo Nº2005/06:139

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pessoal autorizado. Os utentes têm, igualmente, direito a aceder a todas as informações compiladas

sobre eles.

Nível Nacional: o Governo tem vindo a alocar fundos significativos para desenvolver os

projectos incluídos na estratégia nacional eHealth. O National Board of Health and Welfare irá assumir a

responsabilidade nacional de assegurar que a informação dos utentes seja clara, fácil de acompanhar e

mais acessível, através de dois projectos: a National Information Structure (2007-2009) e o National

Project for an Interdisciplinary Terminology (Julho 2007 – Março 2011). Estas actividades estão a ser

desenvolvidas em estreita cooperação com a SALAR, entre outros organismos do sector. Além disso, foi

estabelecido o National Commitee on ICT, no qual todas as partes interessadas estão representadas,

para coordenar os projectos em curso. Irá funcionar como um fórum para decidir os projectos a

desenvolver dentro da estratégia nacional eHealth.

Nível Regional: Todos os condados adoptaram formalmente a estratégia nacional eHealth e

elaboraram uma estratégia conjunta para a sua realização. A colaboração é feita através do National

Centre for Coordination of eHealth, a entidade executora da SALAR. A empresa Sjukvårdsrådgivningen

SVR AB, da qual uma parte é detida pela SALAR, gere e desenvolve soluções no âmbito da eHealth.

Depois da criação do National Centre for Coordination of eHealth, a Sjukvårdsrådgivningen SVR AB

passou a focar-se essencialmente no desenvolvimento. O serviço de Internet Sjukvårdsrådgivningen.se

mudou, no Outono de 2008, a sua designação para 1177.se.

Nível Local: No Outono de 2008 menos de metade dos municípios tinha adoptado ou aplicado a

estratégia nacional eHealth (Figura 3 ). Como consequência, a SALAR estruturou um plano de acção

para fomentar a colaboração entre os municípios.

Prestadores privados de cuidados de saúde: O número de prestadores privados de cuidados

de saúde tem aumentado nos últimos anos e essa tendência parece manter-se. Obviamente, estas

entidades necessitam também de partilhar informação com os outros organismos no sector da saúde,

razão pela qual foram convidadas pela SALAR para fazer parte do National Centre for Coordination of

eHealth.

Figura 3 – eHealth nos municípios (2008) Fonte: Regeringskansliet

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IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA eHEALTH NACIONAL

Na estratégia nacional eHealth são identificadas seis áreas de acção para facilitar um uso seguro

e eficiente das TIC nos cuidados médicos e assistência social (Figura 4 e Anexo 2 ). A legislação e os

regulamentos têm de ser revistos. É necessário definir uma estrutura de informação comum e

aperfeiçoar a infra-estrutura técnica. De igual modo, precisam de ser tomadas medidas para melhorar a

utilização do sistema, permitir o acesso à informação e assegurar que a informação está acessível ao

público.

Foram já concluídos vários projectos dentro da estratégia nacional eHealth, o que permite

avançar para outros. De entre os projectos concluídos destaca-se o Patient Data Act (entrou em vigor a 1

de Julho de 2008) que irá acelerar o processo de partilha de informação. Sumariamente, o Patient Data

Act permite aos prestadores de serviços de saúde, com o consentimento do utente, aceder digitalmente

ao seu historial clínico. Promove também o desenvolvimento de bases de dados comuns, reforça a

segurança do utente e abre portas para novas forma de pesquisa, acompanhamento e avaliação do

estado do utente.

Figura 4 – Áreas de acção eHealth (2008) Fonte: Regeringskansliet

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A materialização do Patient Data Act é o National Patient Summary. Este serviço permite que os

utilizadores autorizados para tal, e com o consentimento do utente, encontrem e acedam informações

registadas nos serviços de saúde públicos e privados, tais como resultados de exames, diagnósticos

anteriores, receitas médicas, entre outros, disponíveis através de uma plataforma Web. O condado e

município de Örebro foi o primeiro a adoptar este serviço, realizando testes em ambiente real. Até 2011

espera-se que os 21 condados estejam ligados por este serviço (Figura 5 ).

Outro projecto já em funcionamento é o

UMO, uma página na Internet dirigida aos jovens

dos 13 aos 25 anos que permite localizar

informação relevante, fiável e actualizada sobre

relações sexuais, saúde, estilos de vida, entre

outros. A página de Internet www.UMO.se foi

desenvolvida com ajuda financeira do Governo e

lançada em Novembro de 2008. A partir de então

a responsabilidade pelo financiamento e

administração das suas operações recai sobre os

condados. Desde o seu lançamento que esta

página tem registado um grande número de

visitantes.

O ritmo de implementação da estratégia

nacional eHealth será determinado por dois

factores: o tempo necessário para preparar e

desenvolver as estruturas e serviços a nível

nacional; e a rapidez com que estes serviços são

implementados no sistema de saúde pelos

prestadores de serviços. Assim sendo, os

benefícios visíveis podem demorar mais ou menos

tempo (Gráfico 7 ).

Figura 5 – Anos de adopção do National Patient Summary (2008) Fonte: Regeringskansliet

Gráfico 7 – Benefícios dos serviços nacionais eHealth (2008) Fonte: Regeringskansliet

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Quando a estratégia nacional eHealth estiver

plenamente implementada, o principal benefício para os

utentes será um melhor acesso aos serviços sociais e de

saúde, através da coordenação dos serviços por meio

das TIC. Em algumas partes da Suécia já é possível

marcar consultas através da Internet (Gráfico 8 ).

Também para os profissionais do sector

proporcionará um melhor ambiente de trabalho e apoio ao

nível da disponibilização da informação, bem como a

possibilidade de um melhor acompanhamento dos

pacientes.

2.6. Serviço Nacional de Saúde

Após a Segunda Guerra Mundial, o sistema de saúde

sueco começou a moldar-se de uma forma mais coerente. O

objectivo era o de assegurar um acesso igualitário aos

cuidados de saúde para todos os residentes

independentemente do seu nível social e financeiro,

garantindo de igual forma o crescimento económico. Assim, a

ideia fundamental que baseou a construção do Sistema

Nacional de Saúde foi que todos deveriam financiar o sistema

com base no seu rendimento disponível. Desde então, e com

desenvolvimentos e reformas até à presente data, foi criado

um Sistema Nacional de Saúde baseado essencialmente nas

receitas dos impostos e acessível a todos. Em 1982 foi

promulgado o Health and Medical Services Act (1982:763),

especificando e regulamentando os cuidados de saúde na

Suécia.

O Health and Medical Services Act dá especial

importância à qualidade do serviço prestado aos utentes, e ao

seu desenvolvimento contínuo. De igual modo, define que os

cuidados de saúde devem ser prestados de acordo com os

princípios democráticos e permite aos utentes influenciar

decisões cruciais, por exemplo na escolha do tratamento, e

direitos reforçados no que respeita ao acesso à informação e

à procura de uma segunda opinião.

Gráfico 8 – Uso da internet para contactos com o sector da saúde (2008) Fonte: SALAR

“Health and medical services are aimed at assuring the entire population of good

health and of care on equal terms. Care shall be provided

with respect for the equal dignity of all human beings

and for the dignity of the individual. Priority for health and medical care shall be given to the person whose need of care is greatest.”

Health and Medical Services Act (1982:763)

“The quality of activities in health and medical services shall be systematically and continuously developed and

secured.”

Health and Medical Services Act (1982:763)

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24

É também estipulada no Health and Medical Services Act a responsabilidade dos condados e

municípios em organizar os cuidados de saúde de uma forma que assegure uma elevada qualidade e

segurança para os utentes. Além disso, os cuidados de saúde devem ser eficientes ao nível do controlo

de custos, de modo a que os recursos sejam suficientes para cobrir toda a população.

Assim, segundo o National Board of Health and Welfare, da análise do Health and Medical

Services Act pode-se concluir que o Sistema Nacional de Saúde se baseia em três princípios essenciais:

1. Princípio do valor humano: todas as pessoas têm o mesmo valor e merecem respeito e

cuidados independentemente da sua situação social e financeira;

2. Princípio da solidariedade e necessidade: os cuidados de saúde devem ser ministrados em

primeiro lugar aos que mais necessitam;

3. Princípio de eficiência no controlo de custos: ao escolher entre várias opções de tratamento,

devem medir-se os resultados que se irão conseguir em relação aos custos.

Em relação à manutenção e

desenvolvimento da qualidade dos serviços de

saúde, o conceito de Good Care guia a

organização e estruturação do Sistema Nacional

de Saúde. Tanto o Health and Medical Services

Act (1982:763) como o Dental Act (1985:125) têm

orientações sobre o que o Good Care deveria

significar para os indivíduos e prestadores de

serviços de saúde. Em 2006 o National Board of

Health and Welfare publicou o guia Good Care –

management systems for quality and patient safe

in health care, o qual descreve seis áreas que

constroem o conceito de Good Care: focalização

no paciente, cuidado atempado, cuidado seguro,

cuidado efectivo, cuidado eficiente, igualdade de

tratamento (Figura 6 ).

A focalização no paciente baseia-se no respeito pelo valor humano e pela dignidade individual.

Os cuidados de saúde devem ser administrados de acordo com as necessidades específicas,

expectativas e valores. É importante integrar o paciente no processo, dando-lhe poder para influenciar as

escolhas no seu tratamento e reforçar a sua independência.

Oferecer cuidados atempados significa que os tempos de espera não deverão ter efeitos físicos,

mentais ou sociais negativos para o utente. Em 2008, a percentagem de utentes dos serviços de saúde

que teve de esperar mais de 90 dias para obter uma consulta com o médico de família variou entre 25%

e 35%, sendo que a percentagem aumenta nos meses de Verão (Gráfico 9 ).

Um cuidado seguro é essencial para a qualidade dos serviços de saúde, pois implica que os

tratamentos conduzam aos resultados desejados sem envolver riscos ou danos para os pacientes. Para

que o tratamento seja seguro, os prestadores de serviços de saúde devem implementar sistemas de

prevenção activa de risco.

Figura 6 – Good Care (2009) Fonte: National Board of Health and Welfare

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No que respeita ao cuidado efectivo, os benefícios que o paciente tira do tratamento têm de ser

superiores aos inconvenientes que o tratamento acarreta. Um conhecimento aprofundado e uma

investigação e desenvolvimento contínuos, em conjunto com experiência médica, permitem tomar as

decisões mais correctas e que ajudarão, efectivamente, o paciente.

Para que os cuidados médicos sejam eficientes, os recursos disponíveis têm de ser usados da

melhor forma para atingir os melhores resultados possíveis para o paciente. De igual modo, o controlo de

custos tem de ser eficiente para que os recursos sejam suficientes para ajudar todos os que necessitam.

A Suécia encontra-se entre os países com um sistema de saúde mais eficiente (Gráfico 10 ).

Por fim, a igualdade de tratamento

que está directamente relacionada com os

objectivos do Sistema Nacional de Saúde já

descritos. Todos devem ser tratados de igual

forma, independentemente das suas

condições sociais e financeiras.

De entre os vários países da União

Europeia, e no que respeita à qualidade do

serviço, a Suécia surge posicionada em

segundo lugar na avaliação feita pelos utentes

(Tabela 8 ). De igual modo, mais doentes na

Suécia estão satisfeitos com vários aspectos

dos serviços de saúde do que no resto da Europa

e do mundo (Gráfico 11 ).

Gráfico 9 – Espera por consulta superior a 90 dias (2009) Fonte: National Board of Health and Welfare

Gráfic o 10 – Index de eficiência dos sistemas de saúde (2008) Fonte: SALAR

Tabela 8 – Percentagem de inquiridos em 1.000 pessoas que consideraram o sistema muito bom (2007) Fonte: Comissão Europeia

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Contudo, em relação à acessibilidade aos cuidados de saúde, a Suécia encontra-se a um nível

mais baixo que a generalidade dos países da UE, com apenas 60-69% dos utentes a referirem que têm

um bom acesso aos médicos de família (Figura 7 ).

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Encontram-se, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, a saúde pública e medidas de

prevenção; cuidados hospitalares para doentes internados e externos (não internados); cuidados de

saúde primários; prescrição de medicamentos; saúde mental; saúde dentária para crianças e jovens;

serviços de reabilitação; serviços de apoio a pessoas com deficiência; serviços de transporte para

doentes carenciados; e cuidados domiciliários. Todos estes serviços são assegurados pelos condados e

pelos municípios, os quais dividem as responsabilidades.

Os cuidados de saúde primários são o primeiro nível de cuidados médicos e têm como objectivo

tratar os utentes que não necessitam de hospitalização e também orientá-los para o nível correcto dentro

dos serviços de saúde. Apesar disso, os utentes não são obrigados a passar por este nível, na medida

em que podem dirigir-se directamente a um hospital ou prestador privado de serviços de saúde, se assim

pretenderem. Sobre as unidades de cuidados de saúde primários recai a responsabilidade de

diagnosticar doenças, serviços de prevenção e serviços de pediatria e vacinação das crianças.

Programas de educação especiais sobre tabaco, dietas alimentares, e álcool são aqui realizados. De

igual modo, o planeamento familiar é feito nestas unidades de saúde.

Neste nível situam-se médicos de medicina geral (nomeadamente os médicos de família),

enfermeiras, fisioterapeutas, ginecologistas e parteiras. Estes cuidados de saúde são assegurados pelos

condados, os quais têm liberdade de escolher como os irão organizar.

Figura 7 – Acesso a médicos de família na UE (2007) Fonte: Eurobarómetro

Gráfico 11 – Satis fação com os serviços de saúde (2008) Fonte: SALAR

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O nível seguinte, o tratamento hospitalar, é igualmente assegurado pelos condados. Não há zonas

privadas nos hospitais públicos. Os hospitais têm, geralmente, grandes gabinetes de atendimento a

utentes externos, o que espelha o baixo investimento nas unidades de cuidados primários. No ano de

2008, o número total de camas disponíveis na Suécia era de 25.89918, sendo que o período médio de

permanência no hospital foi de 6 dias. Ainda em 2008, o Serviço Nacional de Saúde contava com

175.400 profissionais entre médicos de clínica geral e especialidade, enfermeiros e terapeutas. Existem

3,14 médicos por cada 1.000 habitantes19, um valor abaixo da média da UE20. Por cada 1.000 habitantes

existem 7,71 enfermeiros.

Para cuidados médicos que exijam um elevado nível de especialização, os condados organizam-

se em seis grandes regiões, as quais possuem um ou dois hospitais regionais e pelo menos um hospital

universitário por região. Cada região serve uma população de 1 a 2 milhões de habitantes.

Em relação aos municípios, estes têm a responsabilidade de assegurar os serviços de cuidado

social, como cuidados escolares, cuidados com os idosos e as pessoas com deficiência e doentes

psiquiátricos de longo prazo.

No que respeita aos custos para os utentes, uma consulta num médico de clínica geral numa

unidade de cuidados de saúde primários custa entre 100 a 150 SEK, enquanto uma consulta de

especialidade ou de emergência entre 200 a 300 SEK21. As taxas moderadoras para os pacientes

internados nos hospitais podem ir até 80 SEK por dia.

Quanto aos cuidados dentários, estes são gratuitos até aos 20 anos. A partir daí, cada indivíduo

entre os 20 e 29 anos ou com idade superior a 75 anos recebe um voucher de 600 SEK e cada indivíduo

entre os 30 e 74 anos recebe anualmente um voucher de 300 SEK para cobrir total ou parcialmente os

custos das consultas dentárias. De igual modo, para aqueles que precisarem de tratamento adicional

(apesar de nem todos os tratamentos estarem abrangidos) foi instaurado o High Cost Protection

Scheme: as despesas até 3.000 SEK por ano são cobertas pelo indivíduo; as despesas entre 3.001 e

15.000 SEK por ano são subsidiadas em 50%; as despesas acima de 15.000 SEK por ano são

subsidiadas em 85%.

Em relação aos medicamentos, o Drug Benefit Scheme abrange os medicamentos que são

comparticipados. Os doentes pagam a totalidade dos medicamentos listados neste documento até ao

total de 900 SEK. A partir daí, inicia-se uma escala de subsídios cujo valor de custo máximo para os

medicamentos é 1.800 SEK num período de 12 meses. Os medicamentos que não estão listados no

Drug Benefit Scheme são totalmente pagos pelos utentes.

2.7. Financiamento do Serviço Nacional de Saúde

O Serviço Nacional de Saúde é maioritariamente financiado pelas receitas fiscais que os

condados e municípios aplicam, consoante a população aí residente. Cerca de 70% do orçamento dos

condados e municípios provém dos impostos22. Além dos impostos, as despesas são financiadas por

fundos estatais, contribuições para a segurança social e também taxas moderadoras.

18

SCB 19

SCB 20

WHO 21

European Observatory on Health Care Systems – Eurohealth Vol.14 No.1 2008 22

European Observatory on Health Care Systems – Eurohealth Vol.14 No.1 2008

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Suécia – Saúde (Junho 2010)

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O Governo, a nível nacional, garante o financiamento para problemas específicos, como por

exemplo desigualdades geográficas no acesso aos cuidados de saúde. Por norma, cerca de 9% do PIB

é destinado pelo Governo ao sector da saúde23. Os condados, nível regional, financiam cuidados com a

saúde mental, cuidados primários de saúde e hospitais. Os municípios, nível local, financiam

essencialmente os cuidados domiciliários e os cuidados com os idosos e pessoas com deficiência.

Cerca de 2,5% da população possui seguros de saúde complementares ao Serviço Nacional de

Saúde, que proporcionam acesso mais rápido aos cuidados de saúde24.

2.8. Segurança Social: Sistema de Apoio ao Doente, à Família e aos Idosos

A segurança social foi fundada com o objectivo de os indivíduos se apoiarem mutuamente

através de uma espécie de rede de segurança que funciona desde o início até ao final da vida. O papel

do Försäkringskassan (Segurança Social) é o administrar essa rede de segurança, garantindo que todos

os cidadãos recebem os benefícios e subsídios a que têm direito quando deles necessitam e pagam em

contrapartida as contribuições e taxas devidas. Todos os que vivem e trabalham na Suécia estão

cobertos pelo Försäkringskassan.

A maior parte dos benefícios e subsídios do Försäkringskassan são dedutíveis nos impostos e

muitos contam para a reforma. No caso de um indivíduo receber subsídios superiores aos que lhe eram

devidos, é obrigado a reembolsá-los, mesmo que não tenha sido por sua culpa que os tenha recebido.

Se o cidadão fornecer, deliberadamente, informação incorrecta ao Försäkringskassan está a incorrer na

prática de um crime.

Apoio ao doente

Estando empregado há pelo menos um mês ou trabalhando 14 dias consecutivos, o indivíduo

tem direito a baixa médica no caso de ficar doente. O empregador paga os primeiros 14 dias de baixa

médica, excepto o primeiro dia que é considerado “período de espera”. Após esse período, o

empregador notifica o Försäkringskassan o qual assegura a baixa médica no caso de o empregador não

o fazer. Se a doença for prolongada por mais de um ano o cidadão poderá candidatar-se a uma

extensão da baixa médica. No caso de uma doença muito grave, poderá ter direito a baixa médica

continuada, sem limite temporal.

Gráfico 12 – Faltas por doença superiores a uma sem ana (2008) Fonte: Norden

23

WHO e Norden 24

European Observatory on Health Care Systems – Eurohealth Vol.14 No.1 2008

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Suécia – Saúde (Junho 2010)

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No caso de o empregador ou o Försäkringskassan considerarem que o cidadão está apto, mas

que não consegue deslocar-se para o local trabalho da forma habitual, pode ser-lhe atribuído um

subsídio de deslocação para as despesas adicionais de transporte.

Se o indivíduo sofrer um acidente de trabalho ou no caminho para/do trabalho, o empregador

deve reportar o caso ao Försäkringskassan, tendo este direito a uma compensação. No caso de não

poder trabalhar mais ou ter prejuízos salariais em consequência do acidente de trabalho, poderá ter

direito a uma anuidade que compensa a redução de rendimento resultante do acidente de trabalho. Na

eventualidade de o indivíduo falecer devido ao acidente de trabalho, o seu cônjuge ou filhos menores de

18 anos terão direito a uma anuidade, a qual depende do rendimento do falecido.

Apoio às pessoas com deficiência

O subsídio por invalidez pode ser obtido a partir de Julho do ano em que o indivíduo completa 19

anos. Para obter o subsídio de invalidez o indivíduo tem de necessitar de assistência, que ocupe

relativamente o tempo de outrém, para o seu dia-a-dia, trabalho ou estudos.

Também poderá ter direito a um subsídio de assistência se a deficiência for de tal modo grave

que impossibilite de todo a vivência diária. Este subsídio não tem limite inferior de idade para ser

atribuído, mas não poderá ter mais de 65 anos para se candidatar ao subsídio.

Ainda o indivíduo poderá ter direito a um subsídio para a aquisição de veículo, se tiver

considerável dificuldade em se movimentar utilizando transportes públicos. Os pais com crianças com

deficiências podem igualmente receber subsídio para o veículo, desde que tenham de viajar com a

criança utilizando o carro.

Apoio à família

No caso de gravidez, a mulher tem direito, se o seu trabalho for muito exigente a nível físico, a

ser transferida para outras funções que sejam menos exigentes. No caso de o empregador não a poder

transferir ou de a sua capacidade estar reduzida mais de um quarto devido à gravidez, terá direito a um

subsídio de gravidez.

Se os pais necessitarem de tomar conta de uma criança doente ou com deficiência podem

receber um subsídio de cuidados infantis se a situação se prolongar por mais de 6 meses, ou se houver

custos adicionais em consequência da deficiência da criança.

As famílias com crianças e os jovens entre os 18 e 29 anos podem receber subsídio de

habitação, dependendo do tamanho do agregado familiar, do rendimento disponível, dos custos com a

habitação e do tamanho da habitação.

Apoio aos idosos

O objectivo do apoio aos idosos é fazer com que possam viver as suas vidas activamente e

terem influência na sociedade e nas suas rotinas diárias, mantendo a sua dignidade e, sobretudo,

tenham acesso aos cuidados de saúde necessários.

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30

As reformas são compostas por quatro

pensões diferentes: income pension/

inkomstpension, supplementary pension/

tilläggspension, premium pension/

premiepension e guarantee pension/

garantipension. As reformas são

administradas pelo Försäkringskassan e a

Premium Pension Authority

(Premiepensionsmyndigheten). Do rendimento

que o indivíduo recebe, 18,5% destina-se ao

sistema de reformas, 16% à income pension e

2,5% à premium pension. A guarantee

pension destina-se àqueles que não tiveram

rendimentos suficientes para atingir uma

reforma que assegure a sua dignidade.

Nos últimos anos tem-se assistido a uma redução, tanto no número de camas disponíveis nos

hospitais (uma redução de 75% entre 1992 e 2008) para a população acima dos 80 anos, bem como no

número de dias de internamento (uma queda de 21,5 dias em 1992 para 12 dias em 2008). Isto significa

que grande parte dos cuidados e do apoio aos idosos é domiciliado (Tabela 9 ). Este apoio consiste em

integração em casas especializadas para idosos, lares, etc., mas também em auxílio nas próprias casas

dos idosos, se estes assim o pretenderem, com as actividades de rotina diária (compras, limpeza,

alimentação, etc.) e com as actividades de higiene e cuidados pessoais.

Para além do apoio domiciliário, há vários serviços no âmbito dos municípios como transporte,

refeições, adaptação das casas para uma melhor qualidade de vida, entre outros.

Tabela 10 – Número de reformados (2008) Fonte: Norden

Tabela 9 – Número de pessoas acima dos 65 anos a receber apoio domiciliário (2008) Fonte: National Board of Health and Welfare

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3. Sector Farmacêutico

3.1. Mercado Farmacêutico

A venda de produtos farmacêuticos na Suécia tem vindo a aumentar sistematicamente desde os

anos 80 (Tabela 11 ). Em 2008, foram vendidos 29.672 milhões de SEK em produtos farmacêuticos,

incluindo veterinários (cerca de 1,8% do total vendido) e produtos de nicotina. Os produtos com receita

médica destinados ao público são os mais vendidos (Tabela 12 ).

Para que um medicamento seja vendido na Suécia tem de ser aprovado e estar registado na

Medical Products Agency. A aprovação demora, em média, 10 meses. Nos últimos anos tem havido um

aumento significativo do número de produtos farmacêuticos aprovados para venda (Gráfico 13 ).

Em relação aos preços, no ano de 2008 houve um aumento de 4% em relação ao ano anterior.

Os aumentos dos preços no sector farmacêutico são uma tendência que se mantém, ainda que a ritmos

diferentes (Gráfico 14 ).

Precisamente por esse motivo, o Governo sueco introduziu uma nova política de preços no

mercado farmacêutico em 2002 que afecta essencialmente a comparticipação do Estado no preço dos

medicamentos, atendendo ao binómio custo/benefício. Torna-se obrigatório analisar este binómio para

determinar a eventual comparticipação do medicamento (a Dental and Pharmaceutical Benefits Agency

determina quais os produtos a serem comparticipados), sendo que deve ser substituído pelo alternativo

genérico mais barato. Esta política de substituição permitiu aos medicamentos genéricos uma

penetração rápida no mercado, essencialmente em termos de volume (41% em 2006, segundo dados da

OCDE), mas com uma quota relativamente reduzida em valor (14% em 2008) (Gráfico 15 ).

Tabela 11 – Venda de fármacos, incluindo veterinários e produtos de nicotina, milhões SEK (2008) Tabela 12 – Venda de fármacos pela Apoteket AB (2008)

* excl. IVA ** incl. requisições *** excl. produtos de nicotina Fonte: LIF

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Gráfico 13 – Produtos farmacêuticos aprovados na Suécia (2009) Fonte: LIF

Gráfico 14 – Evolução dos preços para o consumidor (NPI) e para as farmácias (AIP) (2008) Fonte: LIF

Index 1980=100

NPI

AIP

Gráfico 15 – Consumo de fármacos total e genéricos (2008) Fonte: LIF

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Em relação ao mercado paralelo de medicamentos na

Suécia, este tem crescido rapidamente desde a sua

implementação. O mercado paralelo realiza-se através de um

processo muito simples, especialmente na União Europeia, onde

as dosagens são relativamente iguais. Trata-se da importação

legal de medicamentos que são mais baratos noutros países,

trocando os rótulos e bulas para a linguagem do país de destino.

Estes medicamentos chegam ao país de destino com preços

significativamente reduzidos em relação aos preços de mercado

que são praticados. Para as marcas, o mercado paralelo é uma

faca de dois gumes, visto ser uma arma contra a ameaça dos

produtos genéricos, mas também contra a posição das próprias

marcas no mercado.

Antes da entrada na União Europeia, o mercado paralelo

era proibido. Contudo, teve de ser autorizado para respeitar as

regras europeias. Desde então, o Governo sueco reconheceu o

potencial daquele mercado para ajudar a regular os preços dos

medicamentos no consumidor, nomeadamente através da

permissão deste tipo de medicamentos na política de substituição.

A Suécia encontra-se já entre os países europeus em que o mercado paralelo é maior. A quota de

mercado em valor atingiu os 11% em 2008 (Tabela 13 ).

No que respeita à balança comercial no sector farmacêutico, a Suécia é um país exportador.

Estas têm vindo a crescer continuadamente desde os anos 80, quando a balança comercial estava perto

do zero (Gráfico 16 ). Em 2008, a balança comercial foi positiva em 32.167 milhões de SEK. As

importações totalizaram 27.614 milhões de SEK, enquanto as exportações atingiram 59.781 milhões de

SEK.

Os maiores mercados de

exportação (Gráfico 17 ) são os

Estados Unidos da América (15,6%),

seguindo-se a Alemanha (12,3%),

França (10,1%) e Bélgica (7,1%). Em

relação à importação, a Suécia

importa quase na totalidade

medicamentos originários de países

europeus. Os maiores fornecedores

da Suécia (Gráfico 18 ) são a

Dinamarca (16,6%), Alemanha

(13,5%), Bélgica (10,7%) e Reino

Unido (10,5%). Em quinto lugar

surgem os Estados Unidos da

América, com 8,1% das importações

em 2008.

Tabela 13 – Mercado paralelo (2008) Fonte: LIF

Gráfico 16 – Balança comercial do sector farmacêutico (2008) Fonte: LIF

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3.2. Canais de Distribuição

Os produtores distribuem os produtos farmacêuticos através de dois distribuidores: Tamro

Distribution (TD) e Kronans Droghandel (KD). Juntas, estas duas empresas dividem o mercado

praticamente 50/5025, na medida em que distribuem todos os produtos farmacêuticos (excluindo o

mercado paralelo). Em consequência do monopólio da venda de produtos farmacêuticos pela cadeia

estatal Apoteket (apenas abolido no início de 2010, como se aborda adiante), estes distribuidores não

compram aos produtores para vender às farmácias, mas têm meras funções logísticas de distribuição,

uma vez que os produtores vendem directamente à Apoteket. Deste modo, as suas margens de lucro

estão entre as mais baixas da Europa. Em termos de mercado paralelo, destaca-se a Paranova

Läkemedel AB.

No que respeita à venda ao consumidor, até 17 de Janeiro de 2010 a cadeia Apoteket, detida

pelo Estado, era o único vendedor de produtos farmacêuticos. Este monopólio estatal iniciou-se em 1970

e, na altura, tinha o objectivo de proporcionar o acesso igualitário e a preços uniformes aos produtos

farmacêuticos por toda a Suécia. Contudo, as cerca de 900 farmácias operadas pela Apoteket, com

horários de abertura e fecho rígidos acabaram por não conseguir concretizar essa visão.

Em Dezembro de 2008 foi aprovada no Riksdag a reforma do mercado farmacêutico, sendo

autorizada a privatização do sector. Em Novembro de 2009, o Estado sueco vendeu 465 das suas cerca

de 900 Apoteket a quatro empresas suecas, estabelecidas com o propósito único de actuar no mercado

farmacêutico. A primeira farmácia com administração privada desde os anos 70 foi inaugurada por Göran

Hägglund em Estocolmo a 17 de Janeiro de 2010. É detida pela Medstop, empresa que detém também

outras 61 farmácias na Suécia. Também foi autorizado à cadeia Åhlens abrir farmácias nos seus grandes

armazéns em Norrköping e Skanstull, Estocolmo.

25

OCDE

Gráfico 17 – Exportações do sector farmacêutico (2008) Fonte: LIF

Gráfico 18 – Importaç ões do sector farmacêutico (2008) Fonte: LIF

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“O nosso objectivo é aumentar a acessibilidade e pensamos que isso será possível através da

competição no mercado farmacêutico”, afirmou Hägglund. Espera-se que o fim do monopólio estatal

melhore a disponibilidade de medicamentos para os consumidores, sob a forma de mais farmácias e

horários mais alargados e crie pressão nos preços, à medida que mais fornecedores entram no mercado.

Em relação ao preço dos medicamentos com receita médica comparticipados, estes são

determinados pelo Pharmaceutical Benefits Board (LFN). As margens são calculadas usando uma

fórmula que depende do preço que o produtor pratica, ou seja, do preço a que a farmácia compra o

produto. A fórmula inclui uma margem variável e uma margem fixa, contendo já os preços de distribuição

(Tabela 14 ). Para os produtos sem receita médica são as farmácias que determinam os seus preços.

Apesar da liberalização do mercado, o sector farmacêutico continuará a ser alvo de uma

regulamentação rígida. Todas as farmácias terão, evidentemente, de ter uma licença adequada da

Medical Products Agency e todos os funcionários terão de ter formação específica. De igual modo, todas

as farmácias terão de disponibilizar informação neutra, independente dos produtores, aos seus clientes.

De modo a criar condições para a entrada de mais intervenientes no mercado, mas também

manter a pressão nos preços, o Governo definiu que as farmácias são autorizadas a negociar os preços

junto dos laboratórios farmacêuticos e que a posição dos genéricos se mantém. Em relação aos

produtos sem receita médica, as farmácias têm liberdade para estipular os seus preços e o Governo

quer tornar possível a venda destes medicamentos em outros locais que não farmácias. A Medical

Products Agency está a proceder à avaliação de quais os produtos que poderão ser vendidos desta

forma.

3.3. Intervenientes no Mercado

Tradicionalmente, a indústria farmacêutica tem tido uma presença forte na Suécia. Emprega

cerca de 40.000 trabalhadores e é responsável por quase 3% do PIB sueco26. Algumas das maiores

empresas farmacêuticas mundiais têm origem sueca. Destacam-se a AstraZeneca e a Pharmacia. A

AstraZeneca era inicialmente designada por Astra AB, mas em 1999 fundiu-se com o britânico Zeneca

Group. A sua sede empresarial localiza-se em Londres mas o centro de investigação e desenvolvimento

é em Södertälje, Suécia. É a maior empresa farmacêutica sueca, atingindo 2.929 milhões de SEK de

vendas em 2008 (Tabela 15 ).

A Pharmacia, que já se tinha fundido com a Upjohn e a Monsanto, passou a integrar, em 2003, a

americana Pfizer, a segunda maior empresa farmacêutica no mercado sueco, com um total de 2.243

milhões de SEK de vendas em 2008.

No Gráfico 19 encontram-se as maiores empresas farmacêuticas na Suécia em 2008.

26

OCDE

Tabela 14 – Estabelecimento do preço dos medicamentos (2007) Fonte: OCDE

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4. Investigação e Desenvolvimento

4.1. Biotecnologia na Suécia

As empresas de biotecnologia são importantes intermediários entre o meio e a pesquisa

académica e a indústria, especialmente no que respeita ao desenvolvimento e disseminação da

tecnologia e das inovações. De igual modo, as empresas de biotecnologia fazem a ponte entre a

Tabela 15 – AstraZeneca (2008) Fonte: LIF

Gráfico 19 – Maiores empresas farmacêuticas (2008) Fonte: LIF

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Suécia – Saúde (Junho 2010)

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indústria e a comercialização. O número de empresas de

biotecnologia na Suécia tem vindo a aumentar27.

A maior parte das empresas de biotecnologia estão

sediadas em áreas urbanas e cidades com forte vocação

académica, especialmente em termos de investigação e

desenvolvimento na área da medicina (Figura 8 ). A zona de

Estocolmo/Uppsala (incluindo Södertälje e Strängnäs) tem a

maior concentração, seguindo-se Gotemburgo e Malmö/Lund.

Também se salientam Linköping e Umeå. O Karolinska

Institute, na área de Estocolmo, é o maior produtor de

publicações científicas de biotecnologia na Suécia,

contribuindo com 25%28 do total de publicações suecas. As

universidades de Uppsala, Gotemburgo e Lund contribuíram

com cerca de 8 a 14% do total de publicações suecas.

A Suécia tem grandes vantagens no que respeita aos

vários campos da biotecnologia e à qualidade dos resultados,

em grande parte devido aos investimentos públicos e

privados que têm vindo a ser feitos. A indústria farmacêutica

investe anualmente cerca de 25%29 das suas receitas em

investigação e desenvolvimento. De igual forma, a

qualificação dos trabalhadores na área da biotecnologia

contribuiu para o melhoramento contínuo. A ligação entre a

pesquisa académica, as indústrias e o sector público de

saúde foi também determinante na evolução da biotecnologia

na Suécia.

As empresas, institutos, universidades e outras entidades ligadas à biotecnologia estão

geralmente ligadas a redes internacionais. Há também investimentos estrangeiros na Suécia, como é o

caso da empresa japonesa Dainippon Sumitomo que estabeleceu uma parceria com o Karolinska

Institute. A Suécia contribui com 1,4%30 das publicações de biotecnologia a nível internacional.

O crescimento da biotecnologia na Suécia e a sua ligação quer com o mundo académico, quer

com a indústria farmacêutica, tanto a nível nacional como internacional, permite que muitos dos produtos

saídos do meio académico sueco sejam comercializados fora do país.

Nos vários ramos da biotecnologia, a Swedish Industry indicas várias empresas dominantes

(foco biotecnologia orientada para a saúde):

1. Produtos farmacêuticos/Medicamentos

A AstraZeneca e a Pfizer são as duas empresas dominantes neste ramo. A Biovitrum dedica-se

a doenças do metabolismo, doenças oncológicas, obesidade e diabetes tipo 2. Outras empresas

27

Swedish Industry 28

Swedish Industry 29

Swedish Industry 30

Swedish Industry

Figura 8 – Empresas de biotecnologia na Suécia (2007) Fonte: Swedish Industry

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Suécia – Saúde (Junho 2010)

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importantes são a ActiveBiotech AB (imunologia, vacinas, medicamentos), SBL Vaccin AB (vacinas),

KaroBio AB, a Carlsson Research AB e Medivir AB.

2. Diagnósticos e tecnologias médicas

Empresas relevantes neste sector são a Phadia AB (diagnósticos de alergias), Karocell AB

(medicina regenerativa), Q-med AB (implantes) e CMA/Microdialysis AB (microdiálise).

3. Ferramentas biotecnológicas

A Suécia é especialmente bem sucedida neste sector e é o berço de uma das maiores empresas

fornecedoras de ferramentas biotecnológicas, a GE Healthcare AB (produtos e serviços para pesquisa

genética e proteica para o desenvolvimento de medicamentos). A GE Healthcare AB comprou em 2006

uma das maiores empresas no sector, a Biacore (ferramentas para análise da interacção biomolecular),

aumentando ainda mais o seu domínio. Outras empresas de menor dimensão mas que também actuam

nesta área são a Biotage (microwave aided synthesis e instrumentos de sequenciação do ADN) e Gyros

(microlaboratoty em compact discs).

4. Produção biológica (Bioproduction)

Neste ramo encontram-se empresas que produzem moléculas, microrganismos ou células.

Salienta-se a DSM Antiinfectives (fermentação) e a Polypeptide Laboratories (síntese).

4.2. Medicon Valley

Medicon Valley é o life science cluster mais forte

da Europa, com um grande número de empresas ligadas

às life sciences localizadas num espaço relativamente

pequeno, que une a Dinamarca e a Suécia (Figura 9 ).

Na Medicon Valley existe uma rede única entre

empresas, universidades, hospitais e instituições

públicas de pesquisa (Anexo 3 ). Com base nesta rede, é

possível a interacção entre várias entidades públicas e

privadas do sector das life sciences, resultando num

ambiente dinâmico e propício à inovação e partilha de

conhecimentos, formação de novas empresas e

crescimento das existentes. Estas condições permitiram

também à Medicon Valley focar-se em áreas que são

especialmente atractivas no mercado da saúde como

seja diabetes, neurologia, inflamações, doenças infecto-

contagiosas e cancro.

A Medicon Valley Alliance é a organização que

representa o Medicon Valley. É uma organização sem

fins lucrativos, suportada por quotas pagas pelos seus

membros, com o objectivo de criar sinergias, facilitar o

Cluster: • Área total de 21.000km2, com uma

população de cerca de 3,5 milhões; • Aprox. 100 empresas de

biotecnologia, 25 empresas farmacêuticas e 100 empresas medtech;

• Mais de 200 empresas farmacêuticas e 170 empresas medtech têm afiliados na Medicon Valley;

• Aprox. 40.000 trabalhadores no sector privado das life sciences;

• Aprox. 10.000 investigadores no sector público e privado das life sciences;

• 12 universidades, das quais 5 oferecem formação na área das life sciences;

• 150.000 estudantes, dos quais 45.000 pertencem à área das life sciences;

• 32 hospitais, dos quais 11 são universidades.

Medicon Valley Directory 2009

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crescimento económico, fomentar a competitividade e o emprego na Medicon Valley. Estes objectivos

são concretizados através da construção de networking, formação e seminários, branding da Medicon

Valley, comunicação e documentação acessível a todos os membros e benchmarking do progresso e

desenvolvimento quer na Medicon Valley como em outros life science clusters.

Os membros da Medicon Valley Alliance incluem universidades, empresas de biotecnologia,

farmacêuticas e medtech, investidores, parques científicos, empresas, entre outros. Outras organizações

fora da Medicon Valley podem tornar-se membros externos.

Além disso, a Medicon Valley Alliance estabeleceu parcerias com outras organizações,

instituições e clusters, a nível mundial. Destas, salienta,-se a ScanBalt, Nordic-Baltic Expats Forum,

Øresund Science Region e Life Science Ambassador Programme.

Figura 9 – Medicon Valley (2009) Fonte: Medicon Valley

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5. Sites Consultados

- http://ec.europa.eu/dgs/health_consumer/index_en.htm - http://nomesco-eng.nom-nos.dk/ - www.efpia.org - www.fhi.se - www.forsakringskassan.se - www.h2.scb.se/grs/Default.aspx - www.ihe.se - www.lakemedelsverket.se - www.mediconvalley.com - www.mva.org - www.norden.org - www.nordically.org - www.prospects.ac.uk - www.socialstyrelsen.se - www.sweden.gov.se - www.sweden.se - www.tlv.se - www.who.int

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6. Anexos

Anexo 1: Agências e outros organismos

AGÊNCIAS Alcoholic Product Range Board www.kammarkollegiet.se Assegura que o monopólio estatal de venda de bebidas alcoólicas funciona sem discriminação.

Swedish Council for Working Life and Social Research www.fas.forskning.se Apoia e desenvolve pesquisa sobre o mercado de trabalho, organização do trabalho, ambiente de trabalho, saúde pública, serviços de saúde e serviços sociais.

Dental and Pharmaceutical Benefits Agency www.tlv.se Decide que produtos serão subsidiados e determina o preço desses produtos. Determina ainda que produtos e tratamentos dentários entram no esquema de subsídios estatais, bem como os preços de referência para os diferentes tratamentos dentários.

Swedish Council on Technology Assessment in Health Care www.sbu.se Inspecciona os métodos usados nos cuidados de saúde e fornece avaliações objectivas dos seus custos, riscos e benefícios.

Medical Products Agency www.lakemedelsverket.se Inspecciona os produtos médicos e providencia informações objectivas (independentes dos produtores) e recomendações de tratamento.

Swedish Institute for Infectious Disease Control www.smittskyddsinstitutet.se Monitoriza a situação epidemiológica do país.

Medical Responsability Board www.hsan.se Examina e decide casos relativos a más práticas e negligência nos cuidados de saúde.

Swedish Intercountry Adoptions Authority www.mia.eu Responsável por adopções de crianças de outros países.

National Board of Health and Welfare www.socialstyrelsen.se Supervisiona, desenvolve e coordena informação e formação no serviço de saúde, cuidados de saúde e serviços sociais.

Swedish National Institute of Public Health www.fhi.se Acompanha, avalia e dissemina conhecimento sobre métodos na esfera da saúde pública, álcool, tabagismo e narcóticos.

National Board of Institutional Care www.stat-inst.se Responsável pelo cuidado obrigatório de jovens e adultos em instituições especiais.

Swedish Pensions Agency www.pensionsmyndigheten.se Responsável por todas as reformas a nível nacional.

Office of the Children’s Ombudsman www.barnombudsmannen.se Monitoriza os direitos e interesses das crianças e jovens.

Swedish Social Insurance Inspectorate www.inspsf.se Supervisiona a administração da Segurança Social.

Swedish Agency for Disability Policy Coordination (Handisam) www.handisam.se Monitoriza a política para as pessoas com deficiência.

Swedish Social Insurance Agency www.forsakringskassan.se Providencia segurança financeira em caso de doença, deficiência e velhice, bem como para famílias com crianças.

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INSTITUTOS Swedish Institute of Assistive Technology www.hi.se/en/Swedish-Institute-of-Assistive-Technol ogy-/ Centro de conhecimento a nível nacional no âmbito dos aparelhos de apoio e acessibilidade para pessoas com deficiência.

EMPRESAS Apoteket Omstrukturering AB (OAB) www.omstruktureringsbolaget.se Gere a reestruturação da Apoteket AB (National Corporation of Swedish Pharmacies), planeando, preparando e implementando o processo de venda de farmácias.

Apotekens Service AB www.apotekensservice.se Empresa estatal que oferece serviços estruturais ao sector farmacêutico, no novo mercado farmacêutico (após a abolição do monopólio).

Apoteket AB (National Corporation of Swedish Pharmacies) www.apoteket.se Empresa estatal que vende medicamentos aos consumidores.

Swedish Alcohol Retailing Monopoly www.systembolaget.se Empresa detentora única do direito de vender bebidas alcoólicas na Suécia.

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Anexo 2: Áreas de Acção eHealth

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Anexo 3: Empresas Medicon Valley Directory 2009

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