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51 ISSN 1517-1329 Novembro, 2003 Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro

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Page 1: Subsídios técnicos para a produção e comercialização de ... · femininas e livres de ataques de pragas e doenças. Para o coqueiro-gigante, recomenda-se ainda que as sementes

51ISSN 1517-1329

Novembro, 2003

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro

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República Federativa do BrasilLuiz Inácio Lula da SilvaPresidente

Ministério da Agricultura, Pecuária e AbastecimentoRoberto RodriguesMinistro

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaConselho de AdministraçãoJosé Amauri DimárzioPresidenteClayton CampanholaVice-Presidente

Alexandre Kalil PiresDietrich Gerhard QuastSérgio FaustoUrbano Campos RibeiralMembros

Diretoria-Executiva da Embrapa

Clayton CampanholaDiretor-PresidenteGustavo Jauark ChiancaHerbert Cavalcante de LimaMariza Marilena T. Luz BarbosaDiretores-Executivos

Embrapa Tabuleiros Costeiros

Lafayette Franco SobralChefe-geral

Maria de Fátima Silva DantasChefe Adjunto de Administração

Maria de Lourdes da Silva LealChefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento

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Wilson Menezes AragãoJosé Neumar FrancelinoHumberto Rollemberg FontesFrancisco Elias RibeiroEvandro A lmeida TupinambáCiro Scaranari

Aracaju, SE2003

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Ministério da Agricultura, Pecuária e AbastecimentoEmbrapa Tabuleiros Costeiros

ISSN 1517-1329

Novembro, 2003

51

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro

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© Embrapa 2003

Disponível em http://www.cpatc.embrapa.br

Embrapa Tabuleiros CosteirosAv. Beira Mar, 3250Caixa Postal 44Fone: **79-2261300Fax: **79-2261369www.cpatc.embrapa.brE-mail: [email protected]

Comitê Local de Publicações

Presidente: Maria de Lourdes da Silva LealSecretária-Executiva: Aparecida de Oliveira SantanaMembros: Emanuel Richard de Carvalho Donald Ederlon Ribeiro de Oliveira Marcondes Maurício de Albuquerque Denis Medeiros dos Santos Jéfferson Luis da Silva Costa Hélio Wilson Lemos de Carvalho

Supervisora editorial: Aparecida de Oliveira SantanaEditoração eletrônica: Wesleane Alves Pereira

1ª edição 2003

Todos os direitos reservados.A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

o constitui violação dos direitos autorais (Lei n 9.610).

ARAGÃO, W.M., FRANCELINO, J.N., FONTES, H.R., RIBEIRO, F.E.,

TUPINAMBÁ, E.A., SCARANARI, C. Subsídios técnicos para a

produção e comercilaização de sementes certificadas de coqueiro,

29 p, 2003. (Embrapa Tabuleiros Costeiros. Documentos, 51).

Disponível em http//www.cpatc.embrapa.br

CDD: 634.61

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Wilson Menezes AragãoD.Sc. Pesquisador da Embrapa Tabuleiros CosteirosTel: 226-1350 / 226-1365 E-mail: [email protected] Menezes Aragão

José Neumar FrancelinoCoordenador técnico do Serviço Nacional de Proteção de Cultivares do MAPA, Esplanada dos Ministérios, Bloco D, Anexo A, sala 01/12, CEP 70043-900, Brasília, DF, e-mail: [email protected]

Humberto Rollemberg FontesEng. Agr. M.Sc., Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira-Mar, 3.250, Cx. postal 44, CEP 49001-970, Aracaju-SE, e-mail: [email protected].

Francisco Elias RibeiroEng. Agr. M.Sc., Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira-Mar, 3.250, Cx. postal 44, CEP 49001-970, Aracaju-SE, e-mail: [email protected].

Evandro Almeida TupinambáEng. Agr. M.Sc., Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira-Mar, 3.250, Cx. postal 44, CEP 49001-970, Aracaju-SE, e-mail: [email protected] ScaranariEngº. Agrº., Msc., Fitotecnia, SNT-Campinas/SP, e-mail: [email protected]

Autores

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Introdução O gênero Cocos é constituído apenas pela espécie C. nucifera L. e por duas

variedades principais: var. Typica (coqueiro-gigante) e var. Nana (coqueiro-

anão). O coqueiro-gigante representa atualmente em torno de 70% da

exploração mundial de coco, cuja utilidade principal converge para a produção

de copra (albúmen sólido desidratado com 6% de umidade) e óleo. No Brasil, é

usado in natura na alimentação humana, além de amplo emprego nas

agroindústrias de alimentos como as de leite de coco, iogurte, sorvete etc., e

também nas fábricas de sabões e detergentes, entre outras. O coqueiro-anão é

empregado, na maioria dos países produtores, basicamente em programas de

melhoramento, principalmente na hibridação intervarietal com o gigante. Sua

produção de albúmen sólido é normalmente baixa e conseqüentemente os

frutos são rejeitados pelas agroindústrias de alimentos, apesar de a variedade

apresentar variabilidade genética para essa característica. Já no Brasil,

principalmente para o anão-verde, há ampla demanda para a produção de água-

de-coco. Atualmente estima-se em 57.000 ha a área plantada com essa

cultivar no país.

Os híbridos intervarietais anão x gigante apresentam aptidão tanto para a

produção de copra e óleo quanto para água-de-coco, representando uma grande

vantagem em relação a seus parentais. Nos principais países produtores de

coco do mundo, como os do Continente Asiático, é a principal cultivar de

coqueiro demandada para plantio.

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiroWilson Menezes AragãoJosé Neumar FrancelinoHumberto Rollemberg FontesFrancisco Elias RibeiroEvandro Almeida TupinambáCiro Scaranari

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06 Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro

No Brasil, historicamente, o coqueiro é cultivado predominantemente no

litoral da Região Nordeste, local de sua introdução pelos portugueses em 1553.

Atualmente, estima-se a área plantada com coqueiro em 300 mil hectares, com

produção em 1997, segundo a FAO, de um bilhão de frutos. Desta produção,

cerca de 94% procede do Nordeste, região onde se concentram as principais

agroindústrias de coco do país. Entretanto o coqueiro está sendo introduzido

nas Regiões Centro-Oeste, Norte, Sudeste, parte da Região Sul e no Semi-Árido

do Nordeste, com sementes e mudas produzidas principalmente na Região

Nordeste. Esta região, no entanto, dispõe de poucos campos de matrizes

estabelecidos de acordo com padrões técnicos de produção para atender a

demanda nacional de sementes. Do anão-verde existem um campo em cada um

dos Estados da Bahia, Paraíba, Pernambuco e Sergipe e dois campos no Rio

Grande do Norte; para produção de sementes híbridas existe um campo em

cada um dos Estados da Bahia, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte,

registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Pelo fato de esses campos não serem fiscalizados sistematica e uniformemente

em todos os Estados da região, a comercialização ocorre de forma irregular.

Todos esses aspectos são negativos para a cultura, com grandes prejuízos para

os produtores de coco.

2. Objetivos

Este trabalho apresenta os seguintes objetivos:

1. Subsidiar o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA):

ü Na normatização do processo de produção de sementes certificadas de

coqueiro;

ü Nas fiscalizações regulares da produção e da comercialização de sementes;

ü No cadastramento dos produtores de sementes certificadas;

2. Auxiliar os produtores de coco na aquisição correta de sementes certificadas

e na instalação de viveiros de mudas;

3. Subsidiar os agentes de desenvolvimento na avaliação e aprovação de

projetos de implantação da cultura do coqueiro;

4. Orientar os técnicos, tanto de instituições particulares quanto de instituições

públicas de fomento, extensão e desenvolvimento, sobre as metodologias

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de produção de sementes certificadas de coqueiro.

3. Campo de matrizes para produção de sementes certificadas

3.1. Definições

Campo de matrizes ou matrizeiro - é uma área formada normalmente com a

mesma cultivar de coqueiro, destinada à produção de sementes de variedades

ou de sementes híbridas. Essa área é isolada de qualquer plantio de coqueiro e

a cultivar implantada é homogênea e estável.

Variedade – subdivisão de espécie botânica que se distingue de outra por

qualquer característica perfeitamente identificável, seja de ordem morfológica,

fisiológica, bioquímica ou de outras julgadas suficientes para sua identificação.

Cultivar – é uma variedade melhorada e cultivada. É um conjunto de genótipos

cultivados que se distinguem por características morfológicas, fisiológicas,

citológicas e bioquímicas e que, quando multiplicados por via sexual ou

assexual, mantêm suas características distintas.

Cultivar homogênea – é cultivar cujas plantas, quando plantadas, apresentam

variabilidade mínima em relação às características que as identificam.

Cultivar estável – é a cultivar cujas plantas, quando multiplicadas, mantém as

mesmas características que as identificam ao longo das gerações de

reprodução.

Sementes híbridas – sementes resultantes do cruzamento de dois indivíduos

geneticamente distintos.

Planta básica – planta cujas características genéticas são mantidas sob a

responsabilidade do melhorista.

Planta matriz registrada – planta proveniente da planta básica, que apresenta

as mesmas características desta e atenda aos requisitos estipulados pela

entidade certificadora.

3.2. Formação

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O campo de matrizes pode ser estabelecido tanto por cultivares de

coqueiro naturalizadas prospectadas no Brasil, quanto por plantas matrizes

melhoradas, ou, ainda, por cultivares procedentes de campo de matrizes

nacional ou estrangeiro. Independentemente do caso, é exigido o registro no

MAPA para controle, acompanhamento e certificação da produção e da origem

das sementes. O certificado de origem é o documento hábil comprovante de

que as sementes foram produzidas de acordo com as normas e padrões

estabelecidos oficialmente. É conveniente salientar que, apesar de o coqueiro

ainda não integrar a lista oficial de cultivares passíveis de proteção do MAPA, a

liberação de cultivares melhoradas pela EMBRAPA ou por outra instituição

pública ou privada, para implantação de campos de matrizes, requer

negociações e certamente o pagamento de royalties.

Para a formação de campo de matrizes com populações naturalizadas, é

necessário que as plantas sejam previamente prospectadas pela Embrapa ou

pelas instituições do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária – SNPA. A

prospecção consiste na determinação de legitimidade, homogeneidade e

isolamento das cultivares. Recomenda-se que a coleta das sementes deva ser

realizada em plantas que apresentem tronco ereto, cicatrizes foliares pouco

espaçadas, grande número de folhas (30 a 35 folhas), grande número de

cachos e frutos de tamanho pequeno a médio para o coqueiro-anão e de

tamanho médio para o coqueiro-gigante. As plantas devem apresentar cachos

bem apoiados sobre as folhas, pedúnculo curto, grande número de flores

femininas e livres de ataques de pragas e doenças. Para o coqueiro-gigante,

recomenda-se ainda que as sementes sejam colhidas em plantas que tenham

acima de 70 anos de idade para garantir a legitimidade da variedade.

Com o estabelecimento do Registro Nacional de Cultivares – RNC,

através das portarias n.º 527, de 31 de dezembro de 1997, e n.º 294, de 14 de

outubro de 1998, ficam proibidas no Brasil a produção, comercialização e

importação de cultivares de coqueiro e de outras espécies de plantas não

registradas no RNC. O pedido de inscrição deve ser feito no formulário para

inscrição de cultivares no RNC, e encaminhado ao Serviço Nacional de Proteção

de Cultivares – SNPC, no MAPA.

Se as sementes para formação do campo de matrizes forem procedentes

do exterior, as introduções devem seguir as normas de importações de

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sementes, submetendo-se ao regime de autorização prévia e aos controles

fitossanitários estabelecidos pelo MAPA, de modo a ser observada a Lei 6.507

de 19 de dezembro de 1977 e o Decreto 81.771 de 7 de junho de 1978 que

regulamenta essa Lei.

O produtor (pessoa física ou jurídica), estabelecido no Brasil,

responsável pela produção ou importação de sementes, tem de ser registrado

também no MAPA, além de ser obrigatoriamente assistido por responsável

técnico (engenheiro agrônomo, registrado e habilitado no CREA). que

responderá por todas as fases de produção das sementes e da emissão do

atestado de garantia, comprovando que as sementes foram produzidas

segundo as normas vigentes estabelecidas pelo MAPA.

As sementes importadas serão analisadas pelo MAPA, acompanhadas

desde o ponto de entrada no aeroporto, correio ou porto e submetidas às

medidas fitossanitárias preestabelecidas. Quando a documentação não

corresponde às exigências legais ou o material encontrar-se contaminado por

pragas, o MAPA procede à sua destruição ou à prescrição do processo

quarentenário de pós-entrada. A introdução de sementes deve ocorrer de

países onde não haja registro da existência de pragas ou doenças que possam

causar prejuízos econômicos aos produtores e, principalmente, que sejam

letais ao coqueiro, como por exemplo, o amarelecimento-letal, presente em

alguns países da América Central e no Caribe e o cadang-cadang nas Filipinas.

3.3. Composição

A composição do campo de matrizes varia de acordo com sua

finalidade, se para produção de sementes de variedades ou para produção de

sementes híbridas.

3.3.1. Produção de sementes de variedades

O campo de matrizes é isolado e formado apenas por uma cultivar de

coqueiro-anão (ex.: Anão-Amarelo ou Anão-Verde ou Anão-Vermelho) ou de

coqueiro-gigante (ex.: Gigante-do-Brasil ou Gigante-do-Oeste-Africano).

3.3.2. Produção de sementes híbridas

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No método de hibridação natural, o plantio é feito intercalando-se uma

única linha da variedade gigante em duas ou três linha de uma ou mais

cultivares de coqueiro da mesma variedade, normalmente a anã. A variedade

anã funcionará como parental feminino, portanto sua inflorescência deve ser

sistematicamente emasculada (retirada de todas as flores masculinas no

momento de sua abertura forçada) dois dias antes da sua abertura natural. A

variedade gigante servirá de parental masculino e, sob esta condição, liberará

naturalmente o pólen para os cruzamentos.

Esse campo deve ser isolado, no espaço, ou por barreiras mecânicas ou

ainda por barreiras de vegetação, de qualquer plantio comercial de coqueiro.

No método de hibridação controlada sem a proteção da inflorescência, o

campo de matrizes é obrigatoriamente isolado de qualquer plantio comercial de

coqueiro. No tocante à sua composição o ideal é que cada campo de matrizes

seja formado apenas por uma cultivar de coqueiro (ex.: Anão-Verde, ou

Gigante-do-Brasil ou híbrido simples etc). Entretanto, como o campo de

matrizes é supervisionado e fiscalizado com rigor técnico e as plantas são

acompanhadas e emasculadas sistematicamente, esse campo pode ser formado

por mais de uma cultivar da mesma variedade em áreas adjacentes (ex.: Anão-

Amarelo + Anão-Verde + Anão-Vermelho), desde que o polén a ser aplicado

seja proveniente de apenas um ecótipo de coqueiro-gigante (ex.: Gigante-do-

Brasil ou Gigante-do-Oeste-Africano). Os progenitores masculinos que serão as

fontes de pólen podem ser plantados isolados na mesma propriedade, ou o

pólen ser obtido de outra instituição, como a Embrapa Tabuleiros Costeiros, por

exemplo, através de parceria tecnológica. Independentemente da forma de

oobtenção, o pólen é colhido, tratado a vácuo e armazenado em freezer a -20C.

Imediatamente antes de sua aplicação sobre as flores femininas, o pólen é

misturado com talco neutro na proporção de 1:4.

O método de hibridação controlada com proteção da inflorescência é

praticamente igual ao método anterior, com a diferença de que o campo de

matriz pode ser implantado com vários parentais femininos e vizinho a qualquer

plantio comercial de coqueiro. No entanto, as inflorescências desses parentais

após a emasculação forçada têm de ser isoladas com sacos de lona para evitar

contaminação por pólen estranho. Este método, apesar de confiável, não é

indicado do ponto de vista comercial, pois no interior do saco cria-se um

microclima com umidade e temperatura elevadas, reduzindo assim a produção

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de sementes híbridas para em média dois frutos por cacho.

3.3.3. Aspectos importantes no processo de hibridação

3.3.3.1 Coleta e armazenamento do pólen

Para evitar contaminação ou coleta de pólen estranho, as plantas

fornecedoras de pólen têm de ser isoladas de no mínimo 500 m de qualquer

plantio de coqueiro. Outra providência é proteger com sacos de lona as

inflorescências nas quais serão coletadas as flores masculinas.

Nas inflorescências não protegidas, e mesmo nas inflorescências

protegidas na época chuvosa do ano, as flores masculinas só são colhidas em

torno de dez dias depois de sua abertura natural. Já nas inflorescências

protegidas e na época seca do ano, as flores masculinas são colhidas em torno

de cinco dias após a sua proteção.

No laboratório, o pólen é processado e armazenado da seguinte forma:

destacar as flores masculinas dos ramos florais e colocá-las em sacos de papel;

passar sobre o mesmo um rolo de madeira para quebrar as estruturas florais e

facilitar a liberação do pólen; colocar os sacos com flores na estufa a 40°C por

24 horas para secagem; efetuar a tamisação do pólen em caixas de alumínio

apropriadas; caso o uso do pólen seja imediato (em torno de 10 dias),

acondicioná-lo em sacos plásticos e conservá-lo a -20°C; se o uso do pólen

não for imediato, acondicioná-lo em frasco de vidro, tratar a vácuo e em

seguida armazená-lo (dentro dos vidros) no freezer a -20°C.

ara eliminar o pólen remanescente entre as tamisações sucessivas, ligar

o mecanismo interno de aquecimento do interior da caixa até a temperatura de

150ºC. Além disso, para reforçar, é conveniente passar, principalmente nos

cantos da caixa, algodão embebido em álcool.

O pólen armazenado deve ser usado até no máximo entre seis meses a um ano.

3.3.3.2. Emasculação

Com o objetivo de evitar a introdução de pólen estranho no campo de

matriz, é necessário que, antes do acesso a esse campo para o trabalho de

emasculação, o emasculador tome banho (pode ocorrer que no percurso

residência–trabalho ou mesmo dentro do próprio trabalho o emasculador circule

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sob coqueiros e se contamine com pólen estranho) e lave as mãos e braços

com álcool, coloque bata, chapéu e utilize saco receptor das flores masculinas

lavado (não pode usar o mesmo material do dia anterior antes que seja lavado)

e verifique se os equipamentos (tesoura, faca etc.) estão limpos.

Cortar as espiguetas (ramos florais) até 5 cm da flor feminina mais

extrema.

Retirar as flores masculinas remanescentes com as mãos, inclusive as

duas flores masculinas companheiras que estão localizadas atrás de cada flor

feminina.

Evitar a queda de flores masculinas tanto nas axilas das folhas quanto

no chão para não ocorrer contaminação (autopolinização) do processo de

hibridação, principalmente por insetos (um dos principais agentes polinizadores

do coqueiro); quando ocorrer queda, obrigatoriamente as flores têm de ser

retiradas das axilas e junto com as do chão serem enterradas; colocar anteparo

de lona imediatamente abaixo da inflorescência a ser emasculada, com tiras da

própria lona presas nas extremidades, para ser amarradas nos pecíolos das

folhas adjacentes, vizinhas.

As flores masculinas retiradas das inflorescências devem ser

acondicionadas em sacolas de pano com alças e conduzidas pelo operário para

serem enterradas em valas entre as linhas de plantio ou até fora do campo de

matriz. Em seguida, contar o número de flores femininas da inflorescência

correspondente.

A inflorescência que se abriu naturalmente, deve ser imediatamente

coberta com saco plástico e em seguida extirpada da planta e enterrada.

Observar se flores masculinas desprendidas já se alojaram nas axilas das

folhas, para então se fazer os mesmos procedimentos do enterrio.

Registrar todas as atividades e eventos diários, desde o número de

plantas emasculadas e respectivas datas de emasculação até o número de

flores masculinas.

Entre as emasculações sucessivas é necessário que o emasculador

descontamine com álcool comum, as mãos, braços e as ferramentas de

trabalho.

Para limpeza de pólen, é necessário que no final de cada dia de

emasculação as ferramentas sejam lavadas com água e álcool; roupas, jalecos,

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chapéu e sacola, com água e só devem ser reutilizadas em dias alternados,

após lavagem.

Normalmente um emasculador se incumbe de 200 a 250 plantas de

coqueiro. É necessário que após a emasculação diária, o supervisor fiscalize as

plantas emasculadas para verificar se o processo ocorreu normalmente e se não

foram deixadas flores masculinas na própria inflorescência, na axila das folhas

ou sobre o solo. Caso isto ocorra, é imprescindível fazer os mesmos

procedimentos citados em itens anteriores.

Os emasculadores devem sempre ser notificados dos acertos e também

dos erros que possam cometer no processo.

Impedir a circulação de pessoas estranhas ao trabalho no campo de

matriz.

3.3.3.3 Aplicação de pólen

Antes do início do processo de hibridação as plantas matrizes estão

naturalmente emitindo inflorescências e liberando pólen, e a viabilidade natural

deste pólen oscila em torno de 8 dias. Já o intervalo de emissão de

inflorescência, a depender da variedade e da época do ano, perdura de 18 a 25

dias. Por conseguinte, para eliminar totalmente esse pólen estranho da área, é

necessário extirpar de cada planta matriz tanto a inflorescência mais

recentemente aberta quanto a próxima a se abrir.

O aplicador deve tomar as mesmas precauções preconizadas no item

sobre emasculação, de modo a impedir a entrada de pólen estranho no campo

de matrizes.

Pesar previamente o pólen e o talco (de preferência na tarde anterior ao

dia da aplicação), na quantidade correspondente ao número de plantas a serem

polvilhadas diariamente. Coloque-os na pisseta misturando bem.

O pólen é aplicado diária e diretamente sobre as todas as flores

femininas a partir do início até o final da fase feminina.

Após a última aplicação de pólen, etiquetar a inflorescência

correspondente (etiqueta de papelão colocada dentro de saco plástico),

identificando o cruzamento (nome dos parentais feminino e masculino) e a data

do início e final de aplicação de pólen.

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro 13

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Para que não ocorra qualquer falha de planejamento na hibridação, é

necessário registrar todas as atividades diárias, desde a quantidade de pólen e

talco utilizados, até o número das plantas polvilhadas, indicando para cada

planta se é a primeira ou a última aplicação de pólen. Essas informações são

repassadas para o computador, que por sua vez, fornece informações sobre as

atividades que serão desenvolvidas no dia seguinte.

Um aplicador pode visitar 1.500 plantas por dia.

3.4. Isolamento do Campo de Matrizes

Isolamento é a separação das plantas matrizes de coqueiro no espaço,

por meio de barreiras mecânicas ou por barreiras de vegetação nativa ou

introduzida, precavendo-se de fontes de contaminação por pólen estranho. Na

verdade, qualquer que seja a finalidade do campo de matrizes, se para

produção de sementes de variedades ou de sementes híbridas, o mesmo deve

ser de alguma forma isolado, visando-se obter realmente a semente certificada

do coqueiro pretendido.

O isolamento, no espaço, se o objetivo do campo de matriz é para

produção de sementes híbridas ou de sementes de coqueiro-gigante, exige a

não existência de qualquer plantio comercial de coqueiro ou mesmo outro

campo de matriz – independentemente de esse campo ser formado ou não com

a mesma variedade – na distância de 1.000 m do campo de matrizes.

Entretanto, essa distância pode ser de 500 m, desde que existam barreiras

naturais (acidentes geográficos ou vegetação natural) ou mesmo plantios

intercalares de fruteiras ou de espécies florestais entre o campo de matrizes e

qualquer plantio comercial de coqueiro. Se o objetivo do campo de matrizes é

produzir sementes da variedade anã, o isolamento ideal é de 500 m, podendo,

no entanto, ser de 200 a 300 m, desde que se empreguem barreiras naturais

ou plantios intercalares de fruteiras.

São barreiras mecânicas a proteção das inflorescências do coqueiro com

sacos de lona e a emasculação das plantas matrizes. Com esse mesmo

objetivo, pode-se também emascular as inflorescências dos coqueiros (plantio

comercial) existentes na vizinhança do campo de matrizes. Entretanto, esses

procedimentos não são práticos, podem não ser sistemáticos e,

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro14

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conseqüentemente, tornarem-se uma fonte potencial de contaminação do

campo de matrizes por pólen estranho. Dessa forma, é preferível eliminar os

coqueiros indesejáveis próximos dos campos de matrizes.

3.5. Campos de Matrizes Existentes no País

Normalmente, a cultura do coqueiro vem sendo implantada no Brasil com

sementes e mudas procedentes principalmente da região Nordeste. Entretanto,

essa região apresenta poucos campos de matrizes estabelecidos de acordo com

as normas legais e os padrões técnicos discutidos anteriormente. Para atender

a demanda dos produtores de coco com sementes de qualidade genética

superior, é necessário que todas as delegacias federais do MAPA na região

participem ativamente não só nos registros dos campos de matrizes e das

pessoas físicas e jurídicas ligadas a essas atividades, mas também exerçam

uma fiscalização conjunta e rigorosa de todas as etapas dos processos de

produção e comercialização de sementes e mudas. Além disso, devem agir

também em estreita articulação com as delegacias das demais regiões do país

para dificultar ou impedir a circulação e comercialização de sementes e mudas

produzidas de forma irregular. No momento, as únicas delegacias do Nordeste

que iniciaram e continuam atuando efetivamente na fiscalização da produção e

comercialização de sementes de coco, são as da Paraíba, Rio Grande do Norte

e Bahia.

Existem na região Nordeste populações de coqueiro-gigante

prospectadas segundo os critérios técnicos citados anteriormente e campos de

matrizes fidedignos para produção de sementes certificadas. Diversas entidades

fizeram parcerias com a Embrapa Tabuleiros Costeiros para a instalação e

condução de campos e matrizes. Citam-se: Ceplac/BA; CNPq, Brasília/DF;

Delegacias Federais de Agricultura da Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte;

Emater-PB; Embrapa-Meio Norte; Embrapa-SNT de Campinas/SP,

Imperatriz/MA, Petrolina/PE e Uberlândia/MG; Emparn/RN; IAC, Campinas/SP,

IPA-PE; MAPA, Brasília/DF; Agropecuária da Fonte, João Pessoa/PB; Cohibri,

Amontada/CE; Faculdade de Agronomia e Zootecnia de Uberaba/MG;

Fundecitros, Bebedouro/SP; Furna Rica, Uberaba/MG e Univale, Souza/PB.

Relacionam-se a seguir as populações e campos de matrizes resultantes

da parcerias com a Embrapa Tabuleiros Costeiros: Coqueiro-Gigante-do-Brasil-

de-Una (BA), Coqueiro-Gigante-do-Brasil-da-Praia-do-Forte (BA), Coqueiro-

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro 15

Page 17: Subsídios técnicos para a produção e comercialização de ... · femininas e livres de ataques de pragas e doenças. Para o coqueiro-gigante, recomenda-se ainda que as sementes

Gigante-do-Brasil-de-Japoatã (SE), Coqueiro-Gigante-do-Brasil-de-Pacatuba (SE),

Coqueiro-Gigante-do-Brasil-de-Merepe (PE), Coqueiro-Gigante-do-Brasil-de-

Santa-Rita (PE), Coqueiro-Gigante-do-Brasil-de-Baía-Formosa (RN), Coqueiro-

Gigante-do-Brasil-de-São-José-de-Mipibu (RN), Coqueiro-Gigante-do-Brasil-do-

Piauí (PI), e Coqueiro-Gigante-do-Brasil-do-Maranhão (MA);

Campo de matriz para produção de sementes de anão-verde: um campo

existente em cada um dos Estados da Bahia, Paraíba, Pernambuco e Sergipe e

dois campos no Rio Grande do Norte; Além destes, a Univale, em Souza, PB,

em parceria com a DFA/PB, e a Embrapa Tabuleiros Costeiros estão em fase

final de organização dos campos de matrizes de anão-verde da região para

produção de sementes certificadas;

Campo de matriz para produção de sementes híbridas intervarietais: já

em fase de plantas safreiras, cruzando-se o Anão-Amarelo-do-Brasil com o

Gigante-do-Brasil, através do método de polinização controlada sem a proteção

da inflorescência — um campo no Ceará;

Campo de matriz para produção de sementes híbridas intervarietais,

também em fase produtiva, cruzando-se o Anão-Vermelho-do-Brasil com o

Gigante-do-Brasil, através do método de polinização controlada sem a proteção

da inflorescência — um campo no Ceará;

Campo de matriz para produção de sementes híbridas intervarietais:

cruzando-se o Anão-Verde-do-Brasil com o Gigante-do-Brasil, através do método

de polinizaçao controlada sem a proteção da inflorescência — um campo em

cada um dos Estados do Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo;

Campo de matriz para produção de sementes híbridas intervarietais:

cruzando-se o Anão-Verde-do-Brasil com o Gigante-do-Brasil, através do método

de polinização natural — um campo no Rio Grande do Norte;

Campo de matriz para produção de sementes híbridas intervarietais:

cruzando-se o Anão-Verde-do-Brasil com o Gigante-do-Oeste-Africano, através

do método de polinização controlada com proteção da inflorescência — um

campo na Bahia.

Também está em fase final de implantação em Uberaba, MG, um campo

de matriz com os anões amarelo, verde e vermelho, todos naturalizados do

Brasil, para produção de sementes híbridas com o Gigante-do-Brasil.

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro16

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4.1. Relacionar as principais pragas atacando o coqueiro e o método de controle

ÄBroca-do-pecíolo ou broca-da-ráquis-foliar (Amerrhinus ynca Sahlberg, 1823)

ÄBroca-do-pedúnculo-floral (Homalinotus coriaceus Gyllenhal, 1856)

ÄBroca-do-estipe-do-coqueiro, broca-do-tronco-do-coqueiro ou “rhina”

(Rhinostomus barbirostris Fabricius, 1775)

ÄBroca-do-olho-do-coqueiro, ou broca-do-coqueiro, (Rhynchophorus palmarum

Linnaeus, 1776)

ÄBarata-do-coqueiro ou falsa-barata-do-coqueiro (Coraliomela brunnea

humberg, 1821)

Ä Lagarta-das-folhas ou Lagarta-das-palmeiras (Brassolis sophorae Linnaeus,

1758)

ÄÁcaro-da-necrose-do-fruto (Eriophyes guerreronis, Keifer, 1965)

ÄQueima-das-folhas (Botryosphareria cocogena)

ÄLixa-pequena (Phyllachora torrendiella)

ÄLixa-grande (Sphaerodothis acrocomiae)

ÄAnel-vermelho (Bursaphelenchus cocophilus)

ÄMurcha-de-phytomonas

ÄPodridão-seca

ÄHelmintosporiose (Dreschslera incurvata)

Método de Controle

ÄControle através de agrotóxico – tipo, princípio ativo, dosagem, freqüência de

aplicação

ÄControle biológico – discriminar

Controle integrado – discriminar

5. Outras informações sobre o campo de matrizes

É necessário identificar o campo de matrizes com placa indicativa da composição e

objetivo (se para produção de sementes de variedades ou de sementes híbridas),

idade do matrizeiro e nome do responsável técnico. Além de outras informações do

registro no MAPA, é importante constar no projeto técnico ainda os seguintes

dados:

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro 17

Page 19: Subsídios técnicos para a produção e comercialização de ... · femininas e livres de ataques de pragas e doenças. Para o coqueiro-gigante, recomenda-se ainda que as sementes

ÄÁrea total de plantio das matrizes, discriminado-as por meio de croqui.ÄSolo – classificação pedológica e caracterização físico-química.ÄClima - tipo, precipitação média anual, temperaturas absoluta e média anual;ÄAdubação – forma e intervalo de adubação (baseada na análise de solo ou análise foliar;ÄTratos culturais – coroamento, roçagem, gradagem, entre outros, e periodicidade, dos tratos;ÄManejo – consórcio com outras culturas, com leguminosa, pastejo com bovinos ou ovinos;ÄIrrigação – sistema e quantidade de água aplicada;ÄAplicação de herbicida – tipo, forma e freqüência de aplicação;ÄEstimativa da produção de frutos-sementes/ano – a contagem dos frutos do tamanho igual ou maior ao de um punho da mão fechada dá uma estimativa de produção da frutos-sementes/ano bem próxima da produção real.

6. Comercialização de sementes de coqueiro

Para a comercialização, as sementes devem ser agrupadas em lotes que

contenham certa quantidade específica de sementes, fisicamente identificáveis,

homogêneas, uniformes e de identidade genética definida. Cada lote constará no

máximo dez mil sementes, identificado com etiqueta fornecida pelo MAPA, com

indicações dos nomes e registros do produtor e do campo de matriz, local de

produção, nome da variedade ou do híbrido e a data da colheita. Essas

informações têm a vantagem de permitir o rastreamento das sementes.

Independentemente de serem oriundas de variedades ou de híbridos, as

sementes devem ser colhidas com 11 e 12 meses de idade, respectivamente e

apresentam maturação normal e som característico da presença de água quando

movimentadas. É ideal terem tamanho médio se forem de gigante e de híbridos

(peso em torno de 1.200 a 1.400 g) e tamanho pequeno ou médio no caso do anão

(peso em torno de 900 a 1.200 g). Recomenda-se o descarte de frutos

deformados pelo ataque de ácaros.

Depois de colhidas, as sementes devem ser colocadas em local sombreado

e arejado por período de 10, 15 e 20 dias para os coqueiros anão, híbrido e gigante,

respectivamente, para completar a maturação fisiológica. Após esse período,

efetuar uma amostragem de até 5% das sementes do lote para avaliação do poder

germinativo. Essas sementes devem apresentar no mínimo 80% de germinação.

Antes do processo de comercialização, as sementes obrigatoriamente

devem ser tratadas com produtos fitossanitários para evitar a disseminação de

pragas e doenças.

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro18

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As sementes destinadas à exportação devem ser submetidas também ao

processo de fumigação com fosfina (fosfeto de alumínio).

A porcentagem permitida de sementes ilegítimas no lote de sementes de

variedade é zero e de até 5% no lote de sementes híbridas. Mesmo ocorrendo

esta porcentagem, o vendedor responsabilizar-se-á pela reposição de igual

quantidade das sementes ilegítimas. Todavia, se a quantidade de sementes

ilegítimas for maior que a permitida, a empresa será notificada e interditada

pelo MAPA até cumprir as exigências legais.

No caso de exportação de sementes para o exterior, o processo deve ser

iniciado com bastante antecedência (no mínimo um mês), com tempo suficiente

para o preparo da documentação (guias de exportação e atestado fitossanitário)

exigida pelo MAPA e também para efetuar o tratamento fitossanitário das

sementes.

A comercialização de sementes no Brasil vem sendo feita apenas por meio

de faturas oficiais, com atestado fitossanitário e permissão de trânsito fornecidos

pelo MAPA.

7. Identificação da cultivar certificada

Após a aquisição da cultivar é necessário identificá-la por meio dos

seguintes métodos: a) coloração do coleto da plântula (marcador morfológico); b)

comprimento de dez cicatrizes foliares sucessivas do coqueiro (marcador

morfológico); e c) análise de DNA (marcador molecular).

7.1 Coloração do coleto da plântula

Este processo é empregado para identificar a cultivar, imediatamente após

a germinação das sementes, por meio da coloração do coleto (estrutura pré-

caulinar do coqueiro) da plântula.

As cores do coqueiro são governadas por dois lócus gênicos

independentes. Conseqüentemente, a herança dessas cores ocorre da seguinte

forma (Bourdeix, 1988): o fenótipo amarelo é recessivo e de genótipo ggrr; o

fenótipo verde é dominante sobre o amarelo e de genótipos GGrr ou Ggrr; o

fenótipo vermelho, da mesma forma que o verde, é dominante sobre o fenótipo

amarelo e de genótipos ggRR ou ggRr; o fenótipo marrom é dominante sobre os

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro 19

Page 21: Subsídios técnicos para a produção e comercialização de ... · femininas e livres de ataques de pragas e doenças. Para o coqueiro-gigante, recomenda-se ainda que as sementes

fenótipos amarelo, verde e vermelho e de genótipos GGRR, GgRR, GGRr e GgRr.

Considerando que o campo de matriz original é isolado, homogêneo e

estável e o objetivo é a produção de sementes de anão, então pode ocorrer os

seguintes casos:

7.1.1 Campo de matriz de anão amarelo- como o fenótipo amarelo é recessivo,

então esse campo só origina anão de cor amarela;

7.1.2. Campo de matriz de anão-verde — o genótipo GGrr só origina o anão de cor

verde, enquanto o Ggrr além de originar normalmente o anão de cor verde pode

originar raramente o de cor amarela. Neste caso, como as são muito poucas,

recomenda-se não plantar as mudas de cor amarela, não só para uniformizar o

plantio com apenas o anão verde, mas também para evitar avaliações erradas do

campo no futuro;

7.1.3. Campo de matriz de anão-vermelho — o genótipo ggRR só origina o anão de

cor vermelha, enquanto o ggRr, além de produzir normalmente o anão de cor

vermelha, pode originar raramente o de cor amarela. Neste caso, como são muito

poucas as ocorrências, é recomendável não plantar as mudas de cor amarela. Essa

providência uniformiza o plantio com apenas o anão vermelho e também evita

avaliações erradas do campo no futuro;

No caso dos campos de hibridações, tanto intravarietais (anão x anão ou

gigante x gigante) como intervarietais (anão x gigante), podem ocorrer também

diversas situações:

7.1.4. Hibridações com parentais da mesma cor – neste caso é difícil reconhecer

que o processo de hibridação ocorreu, independentemente de a cor das plântulas

ser igual ou diferente da cor dos dois parentais que as originaram. Isto porque: a) o

lócus para a cor amarela só origina plântulas amarelas; e b) dependendo dos lócus

para coloração dos dois parentais, as hibridações entre plantas de coqueiros

verde, vermelho ou marrom podem produzir plântulas de cores iguais ou

diferentes das dos dois parentais. Entretanto, essa mesma situação pode ocorrer

se o lócus do parental feminino para qualquer uma das cores acima for

heterozigoto e ocorrer autofecundação.

Conseqüentemente, quando a coloração do coleto dificultar ou impedir o

reconhecimento de que o processo de hibridação ocorreu, é necessário recorrer a

outros marcadores morfológicos no germinadouro ou viveiro (velocidade de

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro20

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germinação das sementes, crescimento da muda, porte da muda, tamanho da

folha, circunferência do coleto etc.) e até ao processo de marcadores moleculares.

7.1.5. Hibridações com parentais de colorações distintas

7.1.5.1 Hibridações com emprego do coqueiro-amarelo como parental feminino

Como o fenótipo amarelo é recessivo, nos seus cruzamentos com os

coqueiros de fenótipos verde, vermelho ou marrom como parental masculino,

ocorre o seguinte comportamento: se a coloração do coleto da plântula resultante

for igual à desses parentais masculinos ou diferente da dos dois parentais, é

porque a hibridação ocorreu.

Mesmo que a cor do coleto seja amarela (cor igual à do parental feminino),

existe a possibilidade de ocorrência da hibridação, independentemente de o

cruzamento ter sido feito com os coqueiros verde, vermelho ou marrom. Nesses

casos, recorre-se a outros marcadores morfológicos ou moleculares para não

permitir dúvidas sobre a ocorrência ou não da hibridação.

7.1.5.2 Hibridações com o coqueiro-verde como parental feminino

Nos cruzamentos com o coqueiro-amarelo como parental masculino, se o

coleto da plântula resultante for da cor verde (coloração do parental feminino) ou

amarela (coloração do parental masculino), não é acreditável de todo que os

cruzamentos de fato ocorreram (independentemente de os cruzamentos terem ou

não ocorrido). Nesse caso, recorre-se a outros marcadores para determinar se a

hibridação ocorreu.

Nos cruzamentos com coqueiro de cor vermelha ou marrom, como parental

masculino, se a coloração do coleto da plântula resultante for marrom (mais

comum), ou vermelha (mais raro), é porque os cruzamentos ocorreram. Se no

entanto a cor do coleto for verde (coloração do parental feminino), ou amarela, isso

não basta para se ter certeza da ocorrência da hibridação (independentemente de

que tenha ou não ocorrido). Como conseqüência, é necessário confirmar o

cruzamento por meio de outros marcadores.

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro 21

Page 23: Subsídios técnicos para a produção e comercialização de ... · femininas e livres de ataques de pragas e doenças. Para o coqueiro-gigante, recomenda-se ainda que as sementes

7.1.5.3 Hibridações com coqueiro-vermelho como parental feminino

Nos cruzamentos com o coqueiro-amarelo como parental masculino, se

a coloração do coleto da plântula resultante for vermelha (coloração do

parental feminino), ou amarela (coloração do parental masculino), não implica

certeza de que os cruzamentos ocorreram (independentemente de que os

cruzamentos tenham ou não ocorrido). Neste caso, deve-se recorrer a outros

marcadores para determinar se a hibridação ocorreu.

Nos cruzamentos com coqueiro de cor verde ou marrom, como parental

masculino, se a coloração do coleto da plântula resultante for marrom (mais

comum), ou verde (mais raro), é porque os cruzamentos de fato ocorreram. Se,

no entanto, a cor do coleto for verde (coloração do parental feminino) ou

amarela, não se tem certeza da ocorrência da hibridação (independentemente

que tenha ou não ocorrido). Por isso, é necessário confirmar ou não a

hibridação por meio de outros marcadores.

7.1.5.4 Hibridações com o coqueiro de cor marrom como parental feminino

Nos cruzamentos com coqueiro amarelo, verde ou vermelho como

parental masculino, se o coleto da plântula resultante for de qualquer das cores

marrom (coloração do parental feminino), amarela, verde ou vermelha

(coloração dos parentais masculinos), não haverá certeza de que os

cruzamentos de fato ocorreram (independentemente de os cruzamentos terem

ou não ocorrido). Neste caso, recorre-se a outros marcadores para determinar

se a hibridação ocorreu.

7.2 Comprimento de onze cicatrizes foliares sucessivas

Esse método é empregado basicamente para identificação das cultivares

de coqueiro em plantas adultas. É bastante útil, principalmente para se

determinar a homogeneidade das plantas do campo de matrizes original, antes

da aquisição das sementes. Apesar de simples, é um processo bastante

trabalhoso, porquanto é necessário avaliar planta por planta no campo de

matriz, conforme descrito a seguir:

1) Mede-se 1,5 m do estipe a partir do solo;

2) Imediatamente após essa metragem, contam-se 11 cicatrizes foliares, que

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro22

Page 24: Subsídios técnicos para a produção e comercialização de ... · femininas e livres de ataques de pragas e doenças. Para o coqueiro-gigante, recomenda-se ainda que as sementes

correspondem a duas voltas das folhas em torno do estipe;

3) Mede-se o comprimento das 11 cicatrizes foliares;

4) Se o comprimento dessas 11 cicatrizes for entre 20 e 30 cm, a planta é de

coqueiro-anão; de 31 a 60 cm, é de coqueiro híbrido; e acima de 61 cm, trata-

se de coqueiro-gigante.

7.3. Análise de DNA

É a maneira mais rápida e precisa para identificar a cultivar, pois analisa

diretamente a mólecula do DNA através de um dos métodos de RFLP, RAPD,

microssatélites, entre outros, sem interferência do ambiente. Além disso, a

cultivar será identificada logo no início da germinação das sementes, portanto

muito antes do plantio definitivo. Atualmente já existem protocolos definidos

para a análise de tecido foliar do coqueiro por meio de RAPD e microssatélites

desenvolvidos pela Embrapa Cenargen e por instituições nacionais e

estrangeiras.

O emprego desse método em coqueiro é muito recente, sendo usado no

Brasil, principalmente, na caracterização dos acessos naturalizados e exóticos

existentes no Banco Ativo de Germoplasma de Coco.

Ao invés da análise direta do DNA, poder-se-ia se efetuar a identificação

da cultivar através da eletroforese de proteína (primeiro produto do DNA) em

um gel de amido ou de acrilamida. Este pode se tornar um método de uso

contínuo, econômico e rápido, entretanto carece de pesquisas para se ajustar o

órgão da plântula ou da planta ao sistema enzimático, e assim possibilitar a

obtenção de uma maior resolução do método.

8. Fiscalização

A fiscalização é uma ação sistemática pertinente ao MAPA, efetuada de

acordo com as normas e procedimentos vigentes sobre os produtores e

comerciantes, pessoa física ou jurídica, e realizada por meio de inspeções

técnicas comuns ao campo de matrizes e ao processo de comercialização. A

fiscalização dar-se-á a intervalos próximos e constantes na colheita de

sementes, no campo de matrizes e viveiros de mudas e nas atividades de

hibridação. É necessário que no ato do registro e anualmente a pessoa física ou

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro 23

Page 25: Subsídios técnicos para a produção e comercialização de ... · femininas e livres de ataques de pragas e doenças. Para o coqueiro-gigante, recomenda-se ainda que as sementes

jurídica apresente ao MAPA um cronograma que discrimine tanto as atividades

de produção e comercialização de sementes como o projeto de produção de

mudas. A não-apresentação desse cronograma implicará o descredenciamento

campos matrizeiros e do registro dos viveiros de mudas.

A inspeção de certificação de produção e a fiscalização ocorrerão:

1) Por ocasião da implantação do campo de matrizes;

2) Entre seis meses a um ano no campo de matrizes para produção de

sementes de variedades;

3) No campo de matrizes para produção de sementes híbridas a cada seis

meses;

4) A cada seis meses no laboratório de pólen e sobra as atividades de

hibridação;

5) Na colheita de sementes verificadas no intervalo de dois ou três meses;

6) No processo de comercialização no intervalo de dois ou três meses;

7) Além dos períodos acima, fiscalizações extras poderão ser necessárias em

qualquer atividade técnica e de comercialização, a critério do MAPA.

Após cada fiscalização os produtores serão notificados por meio dos

termos de fiscalização, indicando-se a situação das atividades técnicas e de

comercialização. Nesta fase, poderá ocorrer o cancelamento de qualquer

atividade técnica ou processo em desacordo com as normas. Nos casos graves

apena-se até com a cassação do registro.

BOURDEIX, R. Ètude du determinisme genetique de la courleur de germe chez

de cocotier naim. Olèagineux, v.43, n.10, p.371-373, 1988.

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(Brasília, DF). Legislação Federal de Sementes e Mudas. Brasília:

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FERREIRA, J.M.S.; WARWICK, D.R.N. SIQUEIRA, L.A. A cultura do coqueiro

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Referências Bibliográficas

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Documentos, 22).

Subsídios técnicos para a produção e comercialização de sementes certificadas de coqueiro 25

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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

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