subsÍdios para o monitoramento de pontos de travessia e ... · nesse contexto, o trabalho procurou...
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1 Especialista em Geoprocessamento; Especialista em Mudanças Climáticas. Fiscal Ambiental do Instituto de
Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul – Imasul - MS – Brasil. E- mail: [email protected] 2
Especialista em Geoprocessamento. Professor da FAMATEC – Faculdade do Meio Ambiente e Tecnologia de
Negócios - Brasília – DF - Brasil. E- mail: [email protected]
SUBSÍDIOS PARA O MONITORAMENTO DE PONTOS DE TRAVESSIA E PESQUEIROS EM TRECHO DO RIO APA, FRONTEIRA DO BRASIL E
PARAGUAI
Helena Maria de Amorim TOMCZAK1
Antonio Carlos MONTEIRO2 Resumo A ocupação da bacia transfronteiriça do rio Apa, vem ocorrendo de maneira desordenada, determinando sérios problemas ambientais. Ampliaram-se os processos erosivos que associados à atividades como a passagem de gado e mercadorias através do rio, de um país para o outro, podem estar causando a degradação das matas ciliares, o assoreamento do rio e a poluição das águas. Este trabalho apresenta o mapeamento de pontos de travessia – passagens a vau - de rebanhos bovinos, mercadorias e produtos de um país para outro; pesqueiros com infraestrutura nas matas ciliares; características de navegabilidade – corredeiras, velocidade, profundidade e largura. Os dados foram obtidos em trecho do rio Apa, com inicio na cidade de Bela Vista, município de Bela Vista até a foz do rio Perdido, município de Caracol, totalizando 214 km na linha de fronteira do Brasil com o Paraguai, Estado do Mato Grosso do Sul. Produziu-se uma base de dados no ArcGis 9.2, com a localização dos pontos, descrição de atributos e fotografias. Estas informações poderão ser visualizadas eletronicamente na imagem Landsat 7 TM+, gerada a partir da fusão R5G4B3 multiespectral, do ponto/órbita 226/75 e pancromática banda 8, com resolução final de catorze metros. Produziu-se mapa de caracterização do trecho em escala de 1:250.000 Palavras-chave: Rio Apa, pesqueiros, pontos de travessia, mapeamento. SUBSIDIES FOR MONITORING RIVERCROSSINGS AND FISHING BOAT POINTS
ON A SECTION OF THE APA RIVER, AT THE BRAZILIAN/PARAGUAYAN BORDER
Summary The occupation of the Apa River transborder basin occurred in an unorderly form, causing several environmental problems. The erosion processes increased and, associated to the livestock activities and products crossing the river, from one country to the other, are probably causing the degradation of riparian forests, the silting of the river and water pollution. This work presents the mapping of crossing the ford points of bovine cattle, market goods and products from country to country; professional fishing venues with infrastructure on the riparian forests; navigation characteristics - white waters, speed, depth and width. The data was acquired on a section of the Apa river, starting in the city of Bela Vista, municipality of Bela Vista, up to the mouth of the Perdido river, municipality of Caracol, totalling 214km along the Brazilian/Paraguayan border, Mato Grosso do Sul State. A database was produced on ArcGis 9.3, with the localization of the points, attribute description and photographs. This information can be electronically visualized on the Landsat 7 TM+ image, generated from the multispectral R5G4B3 band fusion, from point/orbit 226/75
and panchromatic band 8, with a final resolution of fourteen meters. A map with the characterization of this section was created at 1:250,000 scale. Key words: Apa river. Fishing. Cross points. Mapping.
Introdução
Em termos socioambientais, a ocupação da bacia do rio Apa, no estado do
Mato Grosso do Sul (MS), fronteira do Brasil com o Paraguai, vem ocorrendo de
maneira desordenada desde o início da colonização da região, e ainda hoje
determinando impactos significativos. A partir da década de 1950, expandiram-se as
atividades de pecuária e, nas décadas de 1970 e 1980, as lavouras mecanizadas de
soja e de arroz. Em decorrência, ampliaram-se os processos erosivos, provocando
taxas elevadas de perda de solo, com efeitos prejudiciais sobre os recursos hídricos
(ANA, 2003).
O comportamento dos recursos hídricos envolve a erosão, cujo processo
abrange o destacamento e o transporte de partículas de solos e/ou fragmentos de
rocha, sendo acionado e propagado através de mecanismos intrínsecos da natureza
no espaço em que ocorre, resultando em sedimentação onde os gradientes
topográficos e hidráulicos são menores (WALLING, 1983). A bacia hidrográfica do
rio Apa ocorre em áreas de relevo muito ondulado, drenando suas águas para o
Pantanal e a exploração dos recursos naturais nesta bacia, deve ser feita ainda com
maior cuidado de modo a causar a menor alteração possível na planície pantaneira.
Aproximadamente 50% das terras da bacia do rio Apa são formadas por
solo do tipo latossolo roxo que, embora seja de baixa erodibilidade dada a sua
textura, apresenta problemas de erosão por ocorrer em áreas de relevo muito
ondulado. O pisoteio de gado acelera o processo de erosão (ANA, 2003).
A pecuária de corte praticada em regime extensivo é responsável, em
termos de cargas poluidoras, pela geração de 82.39% da total de coliformes fecais
(CIDEMA, 2002).
O livre trânsito de gado na região da fronteira entre Brasil e Paraguai,
colocando em risco a saúde dos rebanhos de ambos os países é amplamente
divulgado na região e em todo Brasil (TOMAZELA, 2008). A Zona de Alta Vigilância
(ZAV) foi criada em 2008, a partir da ocorrência de casos de febre aftosa em uma
área de 750 quilômetros de fronteira com o Paraguai. A carne in natura produzida na
ZAV não pode ser exportada, o que causou impacto na economia de
vários municípios da região pantaneira (FAMASUL, 2010). Ainda há suspeita de que
o surto ocorrido em 2005, que resultou no abate sanitário de mais de seis mil
animais na região e em grandes prejuízos para as exportações brasileiras de carne,
tenha se originado de animais trazidos clandestinamente do Paraguai. Apesar disso,
segundo Tomazela (2008), não há nada que impeça o gado paraguaio de continuar
entrando no Brasil.
As áreas fronteiriças de maior intercâmbio entre Brasil com o Paraguai no
Mato Grosso do Sul, correspondem a Isla Marguerita (Departamento de Alto
Paraguai) com Porto Murtinho-MS, Bella Vista (Dep. de Amambay) com Bela Vista-
MS, Pedro Juan Caballero (Dep. de Amambay) e Ponta Porã-MS, Salto del Guairá
(Dep. Canindeyú) com Mundo Novo-MS (MENEGOTO, 2004).
Durante 10 meses, uma equipe do Sindireceita percorreu mais de 15 mil
quilômetros de rodovias federais e estaduais, estradas vicinais e rios que marcam a
fronteira do Brasil com o Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia,
Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Nesses pontos do país,
caminhões carregados com carvão, madeira, bebidas e produtos agrícolas entram
no Brasil diariamente sem passar por nenhuma fiscalização. Embarcações cruzam
rios que marcam as fronteiras brasileiras nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul sem
serem fiscalizadas. Rios fronteiriços servem de rota para traficantes e
contrabandistas que utilizam portos clandestinos para ingressar no Brasil sem serem
incomodados (SINDIRECEITA, 2010).
Há retiradas da mata ciliar para construir cercas de direcionamento de
gado e estradas para passagem de mercadorias, veículos, madeira e carvão no
trecho em estudo.
Nesse contexto, o trabalho procurou identificar e mapear os pontos de
passagem de rebanhos bovinos, mercadorias e produtos sem a devida autorização
ambiental e sanitária ou fiscalização, na fronteira entre o Brasil e Paraguai que
poderiam provocar riscos de degradação do leito e contaminação das águas do rio
Apa; as áreas de pesqueiros com infraestrutura construída nas Áreas de
Preservação Permanente; as características de navegabilidade do rio, que também
poderiam dificultar a travessia no rio em diversas épocas do ano. Foi produzido um
mapa de caracterização, com imagem de satélite de fundo, no trecho de Bela
Vista/Caracol/MS, contemplando os pontos originados do levantamento
em campo; uma base de dados em ambiente SIG que, além de colaborar com as
autoridades policiais e aduaneiras no controle e repressão aos ilícitos transnacionais
poderá informar aos órgãos gestores do estado, os pontos ambientalmente críticos e
disponibilizar informações ambientais, apontando os possíveis impactos provocados
pelo processo de ocupação dos pontos mapeados.
Os dados do sensoriamento remoto fornecem uma visão global de uma
região desde uma perspectiva muito similar a dados de outras fontes, como mapas
ou Sistemas de Informações Geográficas – SIG. Isto abre a possibilidade de fazer
uso de maneira integrada de imagens de satélite e estas outras fontes de
informação espacial (CENTENO, 2004).
Segundo Folving & Denegre (1994), apud Centeno (2004), a informação
derivada do sensoriamento remoto que pode ser combinada com informação de
outras fontes pode ser encontrada também sob forma de uma imagem temática ou o
resultado de uma interpretação visual gerando produtos que podem ser classificados
em mapas topográficos, constituídos por uma imagem sem interpretação, como
fundo, onde a informação vetorial de outras fontes encontra-se superposta.
Os municípios que integram a bacia hidrográfica do rio Apa (BHRA) em
território brasileiro, no Estado do Mato Grosso do Sul, são: Ponta Porã, Antônio
João, Bela Vista, Caracol, Porto Murtinho, Bonito e Jardim. Em território paraguaio a
BHRA, inclui áreas dos Departamentos de Concepción, e Amambay, contemplado
os municípios de Bella Vista, Concepción, Pedro Juan Caballero, San Carlos e San
Lázaro.
A bacia hidrográfica do rio Apa está inserida ao sul do Pantanal brasileiro
na unidade geotectônica denominada Cinturão Metamórfico Paraguai-Araguaia,
sobre estruturas pré-cambrianas do conjunto mais antigo destas estruturas.
Localiza-se no fuso 21, cujo meridiano central é 57ºW.
O rio Apa nasce ao sul do município de Antônio João, seguindo no sentido
leste/oeste atravessando os municípios de Bela Vista, Caracol e Porto Murtinho,
demarcando a fronteira do Brasil com o Paraguai.
A figura 1 mostra o trecho do rio Apa estudado, com início na cidade de
Bela Vista até o rio Perdido, abrangendo os municípios de Bela Vista e Caracol no
Estado do Mato Grosso do Sul (Brasil) e Bella Vista, Concepción e San
Carlos (Paraguai).
Figura 1: Localização do trecho de estudo no rio Apa, municípios de Bela Vista e Caracol no Estado do Mato Grosso do Sul
Autor: Helena M. de A. Tomczak
No Estado do Mato Grosso do Sul predomina o clima tropical, com chuvas
de verão e inverno seco, com médias termométricas que variam entre 25°C na
baixada do Paraguai e 20°C no planalto. A pluviosidade é de aproximadamente
1.500mm anuais. No extremo meridional ocorre o clima subtropical, em virtude de
latitude um pouco mais elevada e do relevo de planalto. A vegetação predominante
é o cerrado.
Objetivos
-Identificar e caracterizar pontos que se relacionam com a travessia de gado e
mercadorias sem autorização de autoridades ambientais, sanitárias e aduaneiras;
entre Brasil e Paraguai.
-Identificar e caracterizar pontos que possam provocar degradação de matas ciliares
devido a construções de infrestruturas, nas margens de trecho do rio Apa,
-Produzir um mapa de caracterização e uma base de dados em ambiente SIG
(Sistema de Informações Geográficas) e disponibilizar para consulta eletrônica.
Material e Métodos
Descrição do levantamento dos alvos ambientais
As informações utilizadas no trabalho foram obtidas por uma patrulha
constituída por militares do Décimo Regimento de Cavalaria Mecanizado (10º
RCMec) de Bela Vista, com apoio da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do
Sul. A operação de reconhecimento foi realizada em três dias, iniciada em 21 de
junho de 2004 no rio Apa. Executou-se levantamento sobre navegabilidade,
vegetação ciliar, corredeiras, pesqueiros e passagens a vau, que poderiam servir ao
tráfico de drogas e ao fluxo ilegal de gado, madeira e outras mercadorias, na faixa
de fronteira.
Para obtenção dos pontos, foram utilizados três parelhos receptores
Garmim, GPS 80 Mil. (militar), de posicionamento preciso, com o objetivo de
navegação e reconhecimento. O sistema adotado foi o UTM para levantamento e o
DATUM Sad 69.
Os alvos – pesqueiros e passagens a vau - contidos na área de estudo
foram escolhidos por apresentarem potenciais de degradação devido à instalação de
infraestrutura em Áreas de Preservação Permanente (APP) e à travessia de gado e
mercadorias sem controle sanitário ou autorização ambiental e, também, às
características que poderiam dificultar a travessia e navegação, como velocidade,
largura, profundidade e corredeiras.
Base de dados e software utilizados
A base de dados utilizada foi produzida em ambiente SIG, por meio de
uma imagem Landsat 7 do sensor ETM+ ou Enhanced Thematic Mapper,
órbita/ponto 226/76, de 08 de agosto de 2001, oriunda do Instituto de Pesquisas
Espaciais (INPE); de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e
da Agencia Nacional de Águas (ANA) e de dados obtidos em levantamento de
campo pelo 10° RCMec.
No processamento das imagens foi utilizado o software ENVI 4.2
(Environment for Visualizing Images) produzido por ITT Visual Information Solutions,
e, no Sistema de Informações Geográficas (SIG), o software ArcGis versão 9.2,
produzido por ESRI - Environmental Systems Research Institute.
Processamento de imagem de sensoriamento remoto
A imagem do satélite foi inserida no software ENVI 4.2. O primeiro
processamento realizado foi a escolha da composição a ser utilizada: R5G4B3.
Executou-se, então, a técnica IHS de fusão de imagens. Foi utilizada uma imagem
pancromática (banda 8) e uma multiespectral, para produzir outra, passando a ter
informações novas com uma resolução espacial mais alta, quinze metros, em cores
e com resolução espectral de três bandas. Após a fusão das imagens foi realizado o
recorte da área de estudo.
Processamento de dados espaciais
Os dados espaciais obtidos na ANA, base hidrorreferenciada,
representação gráfica da rede hidrográfica presente no mapeamento sistemático
brasileiro ao milionésimo, sob a forma de trechos de curso d´água, codificados pela
metodologia de Otto Pfasftetter e topônimos provenientes daquele mapeamento -
foram inseridos no SIG juntamente com outros dados obtidos no IBGE: Cidade_shp,
Mun_Brasil_shp, UF_Brasil.shp e o shapefile
IHS_R5G4B3_L7_225_076_08082001_rec, recorte da imagem (área de estudo).
No ArcGis foram criados os seguintes shapefiles:
-Rios municipais: os layers foram ajustados na mesma projeção; recortou-se a
hidrografia para o limite dos municípios, definindo os rios dentro dos municípios de
interesse.
-Municípios_MS, localizando os municípios do estado do MS.
-Sede de Município: para localizar as cidades de Bela Vista e Caracol
-Limite Municipal - limites dos municípios de Bela Vista e Caracol, Mato Grosso do
Sul – Brasil. Para corrigir distorção, os limites municipais foram editados, no
ArcCatalog, para coincidirem com o rio Apa sobre a imagem de satélite.
-Rio_Apa: Utilizou-se o ArcCatalog para criar um novo arquivo shape do tipo polyline
com o nome de Rio_Apa, devido a distorção muito grande entre o curso d`água
visualizado na imagem e o que está desenhado na base de hidrografia (HIntegrada).
Foi colocado em edição, redesenhando a hidrografia, para ajustá-la à imagem, no
ArcMap
Resultaram dos dados primários, os seguintes shapefiles: Corredeira,
Passagem a Vau, Pesqueiro.
Todos os layers foram ajustados e reprojetados para os mesmos parâmetros do
projeto. Cada camada (layer) foi colocada em edição para que fossem adicionados
campos para localizar e caracterizar os pontos e eixos levantados no
reconhecimento de campo. Todos os dados utilizados e/ou criados no ArcGis foram
digitalizados (CD), para consulta eletrônica.
Resultados e Discussão
O rio Apa se apresenta bastante assoreado em vários pontos em toda a
sua extensão. A quantidade de sedimentos varridos de suas margens se concentra
nos pontos onde o rio é mais raso, dificultando ainda mais a navegação. A enorme
quantidade de troncos presos ao fundo do rio se constitui em perigo para
embarcações pequenas, conforme pode ser visto na foto 1.
Foto 1: Galho submerso
Fonte:10º Regimento de Cavalaria Mecanizada/Bela Vista/MS
O trabalho foi realizado quando o rio Apa se apresentava em seu nível
médio de profundidade, de dois a três metros, chegando a trinta centímetros nas
passagens a vau e corredeiras e, cerca de oito metros em seus raros bolsões.
A largura média é de 12 (dez) metros e varia de acordo com a época do ano, não
ultrapassando 50 (cinqüenta) metros na época de cheia.
A velocidade média foi no mínimo 0,4 m/s (zero vírgula quatro metros por
segundo) e máximo de 1,8 m/s (um vírgula oito metros por segundo) em suas
corredeiras. Tal velocidade, considerada baixa, não dificulta a passagem de
qualquer tipo de mercadoria.
Foram mapeadas 62 (sessenta e duas) corredeiras ao longo do trecho em
estudo, fato que dificulta sua navegação durante, praticamente, todos os meses do
ano. Foram também mapeados 9 (nove) pesqueiros caracterizados na tabela 1, e
12 (doze) passagens a vau, tanto do lado brasileiro como paraguaio. Todos os
pontos mapeados estão representados nas figuras 2A, 2A1 e 2B, 2B1.
Figura 2A: Mapa de caracterização do rio Apa, no trecho partindo da cidade de Bela Vista, MS, até a longitude 57°0’0”W.
Figura 2A1: Mapa de caracterização do rio Apa, sem imagem orbital, no trecho partindo da cidade de Bela Vista, MS, até a longitude 57°0’0”W.
1 Especialista em Geoprocessamento; Especialista em Mudanças Climáticas. Fiscal Ambiental do Instituto de
Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul – Imasul - MS – Brasil. E- mail: [email protected] 2
Especialista em Geoprocessamento. Professor da FAMATEC – Faculdade do Meio Ambiente e Tecnologia de
Negócios - Brasília – DF - Brasil. E- mail: [email protected]
Figura 2B: Mapa de caracterização do rio Apa, no trecho partindo da longitude 57°0’0”W até o rio Perdido, município de Caracol, MS.
Figura 2B1: Mapa de caracterização do rio Apa, sem imagem orbital, no trecho partindo da longitude 57°0’0”W até o rio Perdido, município de Caracol, MS.
É necessário verificar a legalidade das instalações de todos os pesqueiros,
para que não continuem provocando degradação dos recursos naturais e que
autoridades responsáveis tomem providencias e faça cumprir a Lei nº 4771 de 15 de
setembro de 1965, conforme princípios e objetivos da Política Nacional de Meio
Ambiente (artigo 2º, incisos de I a X e artigo 4º, incisos de I a VIII, da Lei nº 6.938 de
31/08/1981); direcionando ações que possam resultar em projetos de recuperação
de áreas degradadas nas Áreas de Preservação Permanentes do rio Apa. Sabe-se
que qualquer alteração ou supressão nessas áreas configura crime tipificado nos
artigos 30 a 53 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de
1998)
Tabela 1: Pesqueiros no trecho estudado do rio Apa
Nome pesqueiro
Latitude Longitude Infraestrutura
Fazenda Primavera
22°14’33.59” S222°14’33.59” S 56°44’12.89”W Acostadouro
Pesqueiro do Paulão
22°14’21.20” S 56°57’40.55”W Vinte casas de alvenaria
Pesqueiro Belo Apa
22°14’5.35” S 56°59’26.83”W Dez a quinze casas de alvenaria.
Loteamento Zagaia
22°13’30.74” S 57°6’37.43”W Três construções madeira, duas de alvenaria.
Rancho dos Amigos.
22°14’32.09” S 57°6’21.45” W Acostadouro
Campina Verde
22°13’35.84” S 57°9’19.35” W Duas construções, casa de caseiro com telef. e luz elétrica.
Campina Verde
22°13’35.84” S 57°9’19.35” W Seis construções de alvenaria, telefone e luz elétrica
Pesqueiro do Califa
22°13’38.80” S 57°9’55.58” W Algumas construções e energia de gerador.
Fazenda Baia Negra
22°13’46.96” S 57°11’0.07” W Luz de gerador, pista pouso, telef. Frente a assentamento, Py
Autor: Helena M. de A. Tomczak
Algumas áreas, onde situam os pesqueiros, estão bastante danificadas
devido à construção de infra–estrutura nas Áreas de Preservação Permanente visto
na foto 2.
Foto 2: Pesqueiro Baia Negra, margem brasileira
Fonte: 10º Regimento de Cavalaria Mecanizada –MS
As passagens de vau existentes no rio Apa, com dados apresentados na
tabela 2, são os locais onde ocorrem as menores profundidades do rio no trecho em
estudo.
Tabela 2: Passagens a vau no trecho estudado do rio Apa
Nome GSC- SAD 69 (Lat/Long)
Larg. (m)
Prof. (m)
Vel. (m/s)
Tipo Leito
Tipo Margem
Passo do Macaco
22°15'13,3"S 56°31'10"W
10 1,0 0,5 Cascalho Preparada
Passo sem nome
22°7'17,61"S 56°35'54,55"W
10 1,0 0,3 Cascalho Preparada
Passo do Davi
22°7'11,8"S 56°31'21,55"W
11 0,1 0,5 Cascalho Preparada
Passo Getúlio Lima
22°8'18,83"S 56°31'8,81"W
11 0,1 0,7 Cascalho Lodoso
Taludada
Passo sem nome
22°8'47,3"S 56°32'20,47"W
15 1,3 0,4 Cascalho Taludada
Passo da Fumaça
22°8'52,26"S 56°32'26,07"W
10 0,5 0,6 Rochoso Taludada
Passo Fazenda Santa Cruz
22°15'13,3"S 56°39'1,76"W
15 1,2 0,4 Cascalho Taludada
Passo Faz. Piúva
22°14'9,6"S 56°42'8,33"W
12 1,0 0,4 Cascalho Taludada
Passo Faz. Barranco Parte
22°14'1,45"S 57°19'47,49"W
12 1,0 0,4 Cascalho Taludada
Passo Faz. Barranco Parte
22°13'44,7"S 57°20'1,21"W
12 3,0 0,4 Arenoso Taludada
Passo Faz. Barranco
22°13'35,29"S 57°21'26,21"W
10 1,5 0,3 Cascalho Levemente taludada
Passo sem nome
22°12'5,78"S 57°23'48,1"W
25 1,3 0,3 Arenoso Levemente taludada
Autor: Helena M. de A. Tomczak
Diante dos resultados verificou-se a necessidade de manter
monitoramento, fiscalização e controle constantes nos pontos de travessia -
passagens de vau – conforme foto 3, onde se verifica madeira da espécie aroeira,
empilhada na margem paraguaia e pronta para ser embarcada em bote, para
travessia até a margem brasileira; e pesqueiros, recompondo estas áreas conforme
a legislação vigente.
A travessia de gado nas passagens a vau, além de colocar em risco a saúde dos
rebanhos tanto do Paraguai como do Brasil, poderá estar contribuindo para o
assoreamento do seu leito, devido ao pisoteio do gado em suas margens conforme
visto na foto 4. A foto foi tirada na margem brasileira poucos momentos após a
travessia de rebanho bovino vindo do Paraguai. A margem brasileira estava
molhada, com marcas recentes de cascos dos animais.
Foto 3: Ponto de travessia, com aroeira empilhada na margem paraguaia
Fonte: 10º Regimento de Cavalaria Mecanizada -MS
Foto 4: Ponto de travessia com marca recente de passagem de gado, margem brasileira
Fonte: 10º Regimento de Cavalaria Mecanizada -MS
Conclusões e sugestões
Os resultados e produtos obtidos no trabalho poderão ser utilizados como
instrumento para subsidiar a Administração Pública no monitoramento, controle e
fiscalização dos recursos naturais na área de fronteira, no trecho do rio Apa; na
travessia de gado, mercadorias e produtos ilícitos de um país para outro. Nos pontos
mapeados foram observados inúmeros indícios de travessia de gado e outras
mercadorias e produtos ilícitos (sem autorização de órgãos competentes) como
madeiras e veículos.
O rio Apa é um rio de planalto, com corredeiras em vários pontos,
sessenta e duas foram mapeadas no trecho em estudo, o que dificulta a navegação
durante todos os meses do ano. No entanto, a velocidade das mesmas é
considerada baixa, fato que não dificulta a passagem de qualquer tipo de mercadoria
de um lado para outro entre Brasil e Paraguai.
A travessia de gado nas passagens a vau é fator que poderá estar
causando assoreamento no leito do rio, - menores profundidades medidas no trecho
em estudo - devido ao pisoteio de gado. As matas ciliares também estão sendo
destruídas devido à construção de cercas de direcionamento para os rebanhos
bovinos. Foi observada a retirada da vegetação ciliar nestes pontos para passagem
de outras mercadorias, como madeiras e veículos.
As Áreas de Preservação Permanente dos pesqueiros mapeados e
fotografados estão bastante danificadas, devido, principalmente, à construção de
infraestrutura, como casas de alvenarias, geradores de energia, acostadouros.
Alguns possuem campo de pouso para pequenos aviões e localizado bem próximo a
assentamento humano rural, em território paraguaio, o que facilita a travessia entre
os dois países.
Na apresentação cartográfica eletrônica o usuário poderá obter, por
exemplo, apontando com o mouse, qual a localização de cada ponto de travessia –
passagem a vau – de cada pesqueiro e de cada corredeira com suas características
e atributos. O mapa desempenha a função de visualização e facilita indiretamente o
processo de análise dos dados. A análise real, entretanto, é desempenhada pelo
próprio computador, que busca as informações diretamente na base de dados,
usada para elaborar o mapa, incluindo as camadas criadas a partir dos dados
obtidos em campo, considerados pontos ambientalmente críticos.
Referências
ANA - Agencia Nacional de Águas; Subprojeto Avaliação dos Recursos Hídricos da Bacia Transfronteiriça do Rio Apa. Projeto GEF Pantanal/Alto Paraguai. ANA/GEF/PNUMA/OEA. Relatório Final. 2003
CENTENO, J. A. S., Sensoriamento Remoto e Processamento de Imagens Digitais. Universidade Federal do Paraná, Curso de Pós Graduação em Ciências Geodésicas, Curitiba, 2004. 208p.
CIDEMA – Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento das Bacias do rio Miranda e Apa - Encontro para a Gestão Transfronteiriça da Bacia do Rio Apa. (Brochura). Campo Grande, Brasil, 1999. 30p.
FAMASUL. Só Notícias: Zona de Alta Vigilância está perto do fim. 09/08/2010. Disponível em: http://www.acrimat.com.br/noticias/200. Acesso em 18/11/2010.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-Diretoria de Geociências: Noções Básicas de Cartografia, Rio de Janeiro, 1998.
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Catálogo de imagens, disponível em http://www.dgi.inpe.br/CDSR/. Acesso em abril de 2008.
MENEGOTTO, Ricardo. Migrações e fronteiras: os imigrantes brasileiros no Paraguai e a redefinição da fronteira. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2004. 104p.
TOMAZELA, J. M. Fronteira com Paraguai mantém porta aberta a novos focos de aftosa. O Estado de São Paulo, 21 de janeiro de 2008. Disponível em: http://www.agrolink.com.br/aftosa/NoticiaDetalhe.aspx?codNoticia=62656. Acesso em 18/11/2010
SINDIRECEITA, Estudo do (Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil): Fragilidade em 31 pontos de fronteira. Disponível em: http://www.sindireceita.org.br/?ID_MATERIA=17493. Acesso em 18/11/2010
WALLING, D.E., 1983, The sediment delivery problem: Journal of Hydrology, v.65, p.209-237.