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SUBCOMISSÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR, DO ÁLCOOL E DO ETANOL RELATÓRIO RELATOR: DEPUTADO HEITOR SCHUCH Porto Alegre, 03 de agosto 2007.

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SUBCOMISSÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR, DO

ÁLCOOL E DO ETANOL

RELATÓRIO

RELATOR: DEPUTADO HEITOR SCHUCH

Porto Alegre, 03 de agosto 2007.

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Composição

Deputado RelatorHeitor Schuch - PSB

Deputados Membros

Aloísio Classmann –PTBEdson Brum - PMDBElvino Bohn Gass - PTJerônimo Goergen - PPZilá Breitenbach – PSDB

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MESA DIRETORA 2007

Presidente: Dep. FREDERICO ANTUNES (PP)

1º Vice-Presidente: Dep. PAULO BRUM (PSDB)

2º Vice-Presidente: Dep. ADÃO VILLAVERDE (PT)

1º Secretário: Dep. ALCEU MOREIRA (PMDB)

2º Secretário: Dep. KELLY MORAES (PTB)

3º Secretário: Dep. GERSON BURMANN (PDT)

4º Secretário: Dep. CARLOS GOMES (PPS)

1.° Suplente: Dep. Heitor Schuch (PSB)

2.° Suplente: Dep. Raul Carrion (PC do B)

3.° Suplente: Dep. Marquinho Lang (PFL)

4.°Suplente: Dep. Jerônimo Goergen (PP)

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Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo

Presidente:Deputado Adolfo Brito - PP

Vice-Presidente:Deputado Jerônimo Goergen - PP

Deputados Titulares:Dionilso Marcon - PTElvino Bohn Gass - PTAlceu Moreira - PMDBEdson Brum - PMDBGiovani Cherini - PDT

Rossano Gonçalves - PDTAloísio Classmann - PTB

Paulo Odone - PPSZilá Breitenbach - PSDB

Heitor Schuch - PSB

Deputados Suplentes:Ivar Pavan - PT

Marisa Formolo - PTFrancisco Appio - PPMano Changes - PP

Alberto Oliveira - PMDBÁlvaro Boessio - PMDBAdroaldo Loureiro - PDTGerson Burmann - PDT

Cassiá Carpes - PTBAdilson Troca - PSDBLuciano Azevedo - PPS

Miki Breier - PSB

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ÍNDICE ANALÍTICO

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos às entidades e autoridades que representam este setor, em nível federal, estadual e municipal e a todos que colaboraram com este trabalho, dentre as quais citamos:

Casa Civil da Presidência da República, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Petrobrás- Distribuidora S.A., FEPAGRO, EMBRAPA, FETAG-RS,

AFUBRA, SICREDI, OCERGS-RS, COOPERCANA, COOPERBIO, ALSOL, FIERGS, CAIXA-RS, BANRISUL, EMATER-ASCAR, FECOAGRO-RS,

FECOERGS, FAMURS, SEDAI, Centro Tecnológico URICCGL, TERMASA / TERGRASA, Porto de Rio Grande, GRANDESPE, BRASKEM,

Câmaras de Vereadores, Prefeituras Municipais e Agricultores.Agradecemos também, de maneira especial, à Presidência da Assembléia Legislativa, à

Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da ALRS, aos Palestrantes e

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participantes do Seminário, bem como aos técnicos e servidores das Bancadas e Gabinetes dos Deputados-Membros desta Subcomissão.

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Reator a fusão nuclear naturalJosé Bautista Vidal

“... A fonte primária de energia é o sol. O sol é um reator a fusão nuclear. Eu trabalhei em fusão nuclear, fiz minha pós graduação em energia nuclear, eu acredito que nunca nenhum país vai conseguir dominar o reator a fusão nuclear. O reator a fusão nuclear seria aquele que transforma a matéria em energia, pela relação de Einstein, Energia é igual

a massa vezes a velocidade da luz ao quadrado, a luz numa velocidade de 300 mil quilômetros por segundo ao quadrado, uma grama de matéria, por exemplo o sol, uma

grama de hidrogênio, produz energia equivalente de mil toneladas de petróleo. Veja o que está em jogo. Então que dominasse a fusão nuclear, domina o mundo, pois energia é poder, energia é crescimento econômico é prosperidade é tudo, quer dizer, quem dominar a fusão

nuclear, domina o mundo, é forças armadas etc...Acontece que nenhum país dominou a fusão nuclear até hoje e nunca vai

dominar na minha perspectiva, não estou fazendo futurologia, mas realmente não acredito que isso vá acontecer, porque a fusão nuclear ocorre a centenas de milhões de graus, e nessa temperatura não existe substância líquida e sólida, existe gás rarefeito, isto é, uma plasma, e

é impossível trabalhar, porque você não tem como materializar a coisa, como segurar a coisa, como amarrar, como retirar energia. Como eu estava dizendo, trabalhei com isso e foi uma experiência interessante, fiquei sabendo por dentro essas coisas. Então quem dominar a

fusão nuclear (nunca ninguém vai dominar), domina o mundo.Agora, existe um país que já tem um reator a fusão nuclear, mas não é um

reator feito pelo homem não, é um reator a fusão nuclear natural, que é o sol. E este país chama-se o continente tropical brasileiro e não tem outro continente tropical. E o Brasil que

é o dono do sol. Aquilo que levou a atenção da Petrobrás no passado, aquela grande

mobilização, “o petróleo é nosso”, agora temos que lançar “O sol é nosso”. Pois temos um reator a fusão nuclear gigantesco e eterno.

No núcleo do sol, ocorre a transformação de hidrogênio em hélio, e uma pequena parte em energia, e essa energia se espalha pelo espaço aberto, e ela sai do núcleo do sol num filete e a 150 milhões de quilômetros vai encontrar uma poeirinha insignificante, que é a nossa terra. Essa energia que vem nesse filete, e alcança o hemisfério da terra, por dia equivale a todas as reservas de petróleo descobertas em todos os tempos, incluindo as

ainda não descobertas. Então essa civilização do petróleo é uma civilização de um dia. E nós não temos consciência disso. Temos que ter consciência do papel que os representamos no

processo civilizatório da humanidade. Agora essa quantidade de energia não incide sobre a terra de maneira democrática, de maneira equânime, ela é concentrada nas regiões

tropicais. Se você chega em Viena as 3 horas da tarde, tem que se acender as luzes da rua para você não colidir, porque falta luz, falta energia, e aqui temos essa abundância de luz

fantástica. Agora começa o mundo a perceber que realmente o processo civilizatório,

depende de energia e só é possível nas regiões tropicais. É claro que o processo de dominação que se estabelece, os povos ricos em energia, dominando os pobres em energia, por falta de organização, postura política, e uma série de fatos que nós conhecemos muito

bem e vamos superar todos eles...”

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APRESENTAÇÃO

A Subcomissão foi criada na Assembléia Legislativa para promover um amplo debate sobre a produção de cana-de-açúcar, álcool e etanol no Rio Grande do Sul, as principais dificuldades e o potencial, visando a geração de energia alternativa, de forma sustentável, com o foco voltado para a inclusão social e o desenvolvimento regional, criando novas oportunidades e alternativas de renda para o setor rural. De acordo com o Regimento Interno da Assembléia Legislativa, Art.74, a Subcomissão

teve o prazo de 120 dias para a conclusão dos trabalhos, contados a partir da data de sua instalação, em 22 de março de 2007.

A Subcomissão se propôs a estudar os seguintes desafios: - Viabilidade técnica e econômica da implantação da cultura da cana-de-

açúcar no Rio Grande do Sul para utilização na produção de álcool e etanol;

- Possibilidade de implementação de uma nova matriz energética no RS;

- Possibilidade de tornar o Estado do Rio Grande do Sul auto-suficiente na produção de álcool e etanol;

- Identificação de oportunidades de geração de receitas tributárias para o RS e agregação de renda para os produtores, com ênfase para os agricultores familiares;

- Encaminhamento aos governos estadual e federal de propostas políticas para viabilizar a implantação desta nova matriz produtiva e energética;

- Sistema de produção centrado nas pequenas e médias propriedades.

O Rio Grande do Sul começa a estruturar-se para a produção de biocombustível. Várias iniciativas começam a aflorar no Estado. O mundo caminha para fontes renováveis e limpas de energia. A agricultura energética ganha espaço e importância nas decisões governamentais e da iniciativa privada.

Para o Brasil está se abrindo uma oportunidade para conquistar uma grande fatia do mercado internacional com a exportação de biocombustíveis. O país é um dos principais produtores do complexo sucroalcooleiro, exercendo a liderança em todos os segmentos.

Muitos empreendedores gaúchos já manifestaram interesse em fabricar álcool no Estado. Nosso desafio, tanto para o setor público como para o privado, é quanto a criação e desenvolvimento de uma nova matriz produtiva e econômica para o Rio Grande do Sul, que tenha sustentabilidade e principalmente que seja competitiva no mercado.

Outro cuidado, apesar de algumas experiências com cana-de-açúcar, com essa perspectiva, é a de não correr o risco de ver a cana-de-açúcar tornar-se uma monocultura,

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mas sim, uma nova alternativa de renda e contribuir na diversificação da matriz produtiva e dar nova dinâmica a economia gaúcha.

A expectativa, que se vislumbra, também, tanto para o poder público como para os empreendedores, é a possibilidade e a oportunidade para resolver a deficiência na produção de álcool no Rio Grande do Sul, onde o litro do produto chega a custos 42% acima do preço pago em São Paulo e 98% do volume consumido é importado de outras regiões do país.

É importante compreender se a implantação do programa no Estado vai ser viável economicamente e competitivo para atender os mercados regional e internacional. Para isso, é primordial que sejam avaliadas e verificadas as vantagens existentes, através de estudos aprofundados sobre EVTES (Estudos de Viabilidade Técnica e Econômica) levando em consideração aspectos ambientais, agronômicos, infra-estrutura, industrialização e regiões com aptidões para o cultivo da cana e outros.

Um projeto desta natureza poderá transformar-se em uma alternativa econômica e social, tecnicamente viável ao setor primário do Rio Grande do Sul e contribuir para a auto-suficiência de álcool no Estado, além da geração de emprego e renda. Barreiras de cunho técnico ou mercadológico podem ser derrubadas por questões políticas.

A produção de cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul poderá ser uma oportunidade e alternativa importante para os agricultores familiares. Outro aspecto a ser observado é quanto ao patamar de investimentos necessários e quais as características e tipos de usinas mais apropriadas para viabilizar projetos desta natureza no Estado.

Pelo acima exposto, justificou-se a instalação desta Subcomissão, que culminou com a realização de um Seminário, parte integrante deste relatório, a fim de reunir e debater os entraves e as perspectivas, tanto em relação aos aspectos tecnológicos, meio ambiente, geração de emprego e renda e porte de empreendimentos viáveis e possíveis, bem como colher sugestões de todos os setores envolvidos e interessados para que sejam encaminhados, posteriormente, aos poderes públicos estadual e federal, como forma de contribuir para o desenvolvimento da energia alternativa para o estado e para o país.

Deputado Heitor SchuchRelator da Subcomissão da Cana-de-açúcar, do Álcool e do Etanol

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INTRODUÇÃO

ORIGEM DA CANA –DE AÇÚCAR

Cana-de-açúcar é o nome comum de uma herbácea vivaz, planta da família das gramíneas, espécie Saccharum officinarum, originária da Ásia Meridional, é muito cultivada em países tropicais e subtropicais, onde se alternam as estações secas e úmidas, para obtenção do açúcar, do álcool e da aguardente, devido a sacarose contida em seu caule, formado por numerosos nós. Em geral, a colheita se dá no outono e durante um período de 3 a 6 meses.

Embora se tenha ensaiado com êxito o uso de várias máquinas para cortar cana, a maior parte da colheita ainda é feita manualmente, em todo o mundo. O instrumento usado para o corte costuma ser um grande machete de aço.

No Brasil, a indústria açucareira remonta a meados do século XVI. Quando surgiu o ciclo do açúcar e que durou 150 anos. Através de incentivos da Metrópole, com isenção do imposto de exportação e outras regalias, o Brasil tornou-se, em meados do século XVII, o maior produtor de açúcar de cana do mundo. Foi trazida em 1532, da Ilha da Madeira, por Martin Afonso de Souza, iniciando o plantio em São Vicente. Inicialmente, seu principal pólo de produção era a Zona da Mata nordestina, mais tarde expandiu-se para região Sudeste, fundamentalmente no Estado de São Paulo.

No Rio Grande do Sul, os primeiros cultivos foram por volta de 1725, introduzida por imigrantes vindos das Ilhas dos Açores, nos municípios de Torres e Santo Antônio da Patrulha.

Engenho antigo e o secular carro de boi

Dependendo do momento de plantio, a cana demora um ano ou ano e meio para ser colhida e processada pela primeira vez. O canavial, uma vez implementado, permite até cinco cortes, mas a cada ciclo devem ser feitos investimentos significativos para manter a produtividade.

Muito embora o Brasil tenha sido grande produtor de açúcar desde a época da Colônia, a cultura de cana-de-açúcar expandiu-se a partir do advento do Pro-Álcool, na década de 1970. Esse programa do Governo Federal, substituiu parte do consumo de gasolina por etanol e álcool. O Brasil foi pioneiro no uso, em larga escala, do álcool como combustível automotivo, quando voltou a ser o maior produtor mundial, seguido por Índia e Austrália.

O cultivo da cana-de-açúcar teve seu ponto forte no Estado do Rio Grande do Sul no período em que a Açúcar Gaúcho S/A- AGASA esteve em operação, hoje encontra-

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se em ruínas. Neste tempo, foram implementadas novas variedades de cana-de-açúcar com a finalidade de atender a produção de açúcar.

Atualmente, a área cultivada no Rio Grande do Sul é da ordem de 35 mil hectares, sendo que deste total, 10 mil são destinados para aproveitamento comercial e o restante para uso nas propriedades, podendo ser utilizada sob a forma de forragem, para alimentação animal ou como matéria-prima para a fabricação de açúcar e álcool, rapadura, açúcar mascavo, e cachaça. A industrialização no Estado não tem evoluído, o que existem são pequenas indústrias e voltadas para a produção de derivados acima listados. (Cabe destacar que o Estado possui uma única usina de álcool, localizada no município de Porto Xavier – Coopercana, que produz, em média, 10 milhões de litros de álcool por ano.)

Com o advento da energia renovável, no país e no mundo, a principal destinação da cana-de-açúcar cultivada no País é a fabricação de açúcar e álcool, sendo que somos destaque, para o mundo, como produtores destes. (vide item 7.7. deste relatório).

A cana-de-açúcar, entre os produtos possíveis de transformar em açúcar e álcool, é a matéria-prima com menor custo de produção, pelo fato da energia consumida no processo produtivo ser produzida a partir dos seus próprios resíduos, como é o caso do bagaço.

AS PESQUISAS

Desde 1984 a EMBRAPA, através de seus pesquisadores e, em parceria com várias instituições governamentais e não governamentais vêm monitorando por Satélite e trabalhando com a questão da avaliação e do monitoramento do impacto ambiental da cana-de-açúcar. Várias metodologias foram desenvolvidas e aplicadas no Nordeste e no Sudeste:

Segundo a EMBRAPA, os impactos ambientais das atividades agrícolas são em geral tênues, bastante dependentes de fatores pouco controláveis (chuvas, temperaturas, ventos etc.), atingem grandes áreas de forma pouco precisa, freqüentemente crônica, pouco evidente, intermitente e de difícil quantificação (perda de solos, produção de gases, erosão genética, contaminação de águas subterrâneas com fertilizantes ou pesticidas etc.). Em muitos casos os piores impactos ambientais da agricultura são invisíveis aos olhos da população, dos consumidores e dos próprios agricultores, ao contrário do que ocorre com uma fábrica ou uma mineradora.

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No tocante à AIA - Avaliações de Impacto Ambiental, das técnicas e tecnologias empregadas nos sistemas de produção de açúcar e álcool, onde se insere, por exemplo, o caso da queimada da palha da cana-de-açúcar, três subsistemas foram profundamente alterados, através da implantação do Programa Pró-Álcool, em São Paulo e devem ser simultaneamente considerados: o do cultivo da cana (subsistema agrícola), o da sua transformação em açúcar e álcool (subsistema industrial) e enfim o subsistema de transportes.

A Subcomissão visitou, em Pelotas-RS, a “EMBRAPA- Clima Temperado”, que informou estar desenvolvendo 600 atividades de pesquisa, entre elas a questão da agroenergia. A Instituição retomou com mais força a pesquisa no campo da agroenergia e mais especificamente em relação à cana-de-açúcar, após o protocolo assinado com a FIERGS e com a Casa Civil da Presidência da República. É um projeto ambicioso de pesquisa em parceria com o setor empresarial gaúcho e existem vários pedidos de experimentos em diferentes regiões do estado para ampliar as pesquisas em cana.

Uma das preocupações dos pesquisadores é com relação ao impacto social e ambiental num projeto desta natureza. O cuidado é não repetir o sistema de produção adotado em outros estados, como é o modelo de São Paulo, com grandes usinas. Nossa realidade é bem diferente em termos de clima, condições de solo, entre outras. Outra perspectiva é resguardar a inclusão social de agricultores familiares nesta nova alternativa, na geração de trabalho e renda. Neste contexto, o fator tecnologia entra como um vetor da inclusão social de agricultores em novos empreendimentos no campo.

O AQUECIMENTO GLOBAL

A partir da década de 80, tem-se intensificado o estudo e os debates sobre o fenômeno ambiental que atinge nosso planeta gerando implicações de ordem ambiental, econômicas, mexendo com a vida das pessoas em todo o mundo. Trata-se da denominação “Mudanças Climáticas Globais” ou ainda, “Aquecimento global” ou “Efeito Estufa” e que gera conseqüências, tais como o aumento da temperatura mundial, o degelo das calotas polares, os gases poluentes, ciclones, desertos, ou seja, uma mudança de comportamento climático. A principal causa do aquecimento global é a poluição atmosférica.

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Assistimos e acompanhamos, diariamente, nos noticiários nacionais e internacionais, catástrofes climáticas e as mudanças que estão ocorrendo no clima mundial. Nunca antes convivemos com mudanças tão rápidas e com efeitos tão devastadores como as que têm ocorrido nos últimos anos.

Diversas regiões do planeta estão sendo castigadas por ondas de calor de até 40 graus centígrados, ciclones, furacões e o número de desertos aumentando a cada dia, fatores que causam mortes e destruição de seres vivos da terra. A grande indagação é sobre o que pode estar provocando todo este fenômeno? Podemos afirmar que o aquecimento global está relacionado a todos esses acontecimentos. Cientistas afirmam que isso ocorre em função do aumento de poluentes, fundamentalmente de gases derivados da queima de combustíveis fósseis, da gasolina, do óleo diesel, dentre outros, como o desmatamento, as queimadas de florestas e matas, que também colaboram para este processo.

Há muito tempo, pesquisadores alertavam sobre o impacto do descuido do homem com o meio ambiente. Hoje, o desafio é vislumbrar soluções para amenizar o impacto deste fenômeno. Neste contexto, é preciso haver consenso internacional sobre o assunto. Diversos diagnósticos têm sido elaborados para identificar os possíveis caminhos que possam reverter pelo menos alguns pontos do quadro atual.

As conseqüências dessas mudanças sobre o meio ambiente e a sócio-economia das regiões atingidas direta ou indiretamente, apesar de sua magnitude e importância para o país, ainda são globalmente desconhecidos.

Com o surgimento da energia renovável estamos numa nova era. O Brasil vive um momento especial, talvez seja um momento de ruptura, portanto. O país precisa desenvolver massa crítica para, nos fóruns internos e externos, debater profundamente a visão agrícola também sob o conceito da agroenergia.

A agroenergia é uma opção real para o Brasil. Porém, temos o desafio de enfrentar as oportunidades e ameaças que se apresentam para a cadeia produtiva. Um tema sensível é com respeito ao meio ambiente e a questão social quanto ao uso de mão-de-obra. Por outro lado, a cadeia produtiva constitui um força econômica importante para o Brasil.

CANA-DE-AÇÚCAR, ÁLCOOL E ETANOL NO RSALTERNATIVAS PARA AMENIZAR A DEPENDÊNCIA

A vigilância e a preocupação da maioria dos países, embora alguns resistam ao risco sobre os efeitos do aquecimento global e a necessidade de se pensar a substituição dos combustíveis veiculares derivados do petróleo fez renascer a produção de álcool e de etanol. Nesse contexto, o Brasil larga na frente, em função da experiência de mais de trinta anos com o programa Pro-Álcool (biocombustíveis) por ser o maior produtor e exportador de etanol combustível do mundo, e também por dispor de grandes áreas agricultáveis, além de clima, solo e regiões favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar.

O Brasil é o país que mais utiliza fontes renováveis atingindo quase a metade da energia consumida, considerando os biocombustíveis e a energia hidrelétrica. O avanço na produção do etanol deve implicar novas fronteiras agrícolas para a maioria dos estados brasileiros.

Segundo o Relatório de Produção Agrícola do IBGE, em 2007, o cultivo da cana-de-açúcar cresceu 7% em comparação com o ano anterior. O Estado de São Paulo é responsável por 57% de toda a produção nacional. A estimativa é de que ocorra, em 2007, em

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São Paulo, um crescimento da ordem de 5,3% em relação ao obtido na safra 2006. O estado do Rio Grande do Sul responde por apenas 0,53% da produção nacional de cana-de-açúcar.

Para que nosso estado possa contribuir como alternativa, para substituição do uso de combustível fóssil é preciso avançar muito em termos de produção de cana. Esse é um desafio de nosso estado e do Brasil para os próximos anos. Desafio enquanto contribuição para reduzir os danos à natureza e, principalmente, na geração efetiva de alternativa energética que polui menos e também que gere oportunidades econômicas e sociais à sociedade gaúcha e brasileira.

O presente relatório constitui-se no produto final dos trabalhos desenvolvidos pela Subcomissão da Cana-de-açúcar, do Álcool e do Etanol e que procurou ouvir todos os entes da cadeia, a fim de apresentar alternativas para os desafios listados na apresentação deste relatório e que motivaram a instalação desta Subcomissão.

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HISTÓRICO DE INSTALAÇÃO DA SUBCOMISSÃO

A fim de promover um amplo debate sobre a produção da cana-de-açúcar, do álcool e do etanol, o Deputado Heitor Schuch solicitou a criação da Subcomissão para estudos relativos à cana-de-açúcar, do álcool e do etanol, que foi aprovada pela Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa, originando a RDI nº 36/2007 e o processo nº 20367.01.00/07.0, designando os membros titulares, Deputados: Aloísio Classmann, Jerônimo Goergen, Edson Brum, Elvino Bohn Gass, Zilá Breitenbach. Foi definido como Relator, o Deputado Heitor Schuch. A Subcomissão foi instalada em 22 de março de 2007, na Assembléia Legislativa.

Em 11 de abril de 2007 foi realizada a primeira reunião, a fim de tratar da operacionalização da Subcomissão. Nessa ocasião, o Deputado Heitor Schuch apresentou os objetivos e o cronograma dos trabalhos, conforme descritos abaixo:

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1. OBJETIVOS

1.1. OBJETIVO GERAL:

- Promover um amplo debate sobre o conjunto de ameaças e oportunidades que comprometem a produção de cana-de-açúcar, do álcool e do etanol no Rio Grande do Sul, que objetiva a implementação de forma sustentável, tanto técnica como econômica, da produção de energia renovável, com o foco voltado para a inclusão social e para o desenvolvimento regional, gerando novas oportunidades principalmente para as pequenas propriedades familiares.

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

- Promover audiências públicas com todos os setores envolvidos na cadeia: agricultores, empreendedores, agentes financiadores, pesquisadores, órgãos de assistência técnica, governos e iniciativa privada, entre outros;

- Identificar e apurar os principais gargalos de ordem tecnológica na produção da cana no Rio Grande do Sul;

- Avaliar a importância econômica e social da implantação de usinas de álcool e etanol para a economia gaúcha e para os agricultores;

- Verificar a viabilidade de implantação de um programa sustentável de álcool e etanol, que promova a inclusão social, respeito ao meio ambiente e a diversificação produtiva;

- Encaminhar aos governos estadual e federal propostas colhidas nos seminários e audiências públicas no que diz respeito ao programa de energia alternativa do RS e do Brasil.

1.3. DELIMITAÇÃO DO TEMA

- Tendo em vista a amplitude do tema, este estudo foi delimitado, exclusivamente, sobre a viabilidade técnica e econômica do programa de energia alternativa e renovável no Rio Grande do Sul através do cultivo da cana-de-açúcar.

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2. CRONOGRAMA DE TRABALHO

2.1. ASPECTOS LEGAIS:

De acordo com o Regimento Interno da Assembléia Legislativa, Art. 74, a Subcomissão terá prazo de 120 dias improrrogáveis para a conclusão de seus trabalhos, contados a partir da data de sua instalação, que ocorreu no dia 22 de março de 2007.

Atividades - Mês Abril Maio Junho Julho Agosto1- Instalação da Subcomissão *2 - Realização de Seminários *3 - Audiências com Entidades * * * *4 - Visitas dirigidas * * *5 - Elaboração do Relatório * *6 - Apresentação na Comissão Temática *7 - Divulgação dos resultados e encaminhamentos * *

2.2. REFERENCIAIS INICIAIS:

- Federações e Sindicatos de Trabalhadores Rurais- Agricultores e Produtores - FAMURS e Prefeituras- EMBRAPA- EMATER- FIERGS- Governos do Estado e Federal- Universidades- FEPAGRO- CIENTEC- OUTROS

2.3. METODOLOGIA

O Trabalho foi desenvolvido em etapas e, tendo em vista o programa nacional de biocombustível, esta Subcomissão buscou operar em sintonia com as iniciativas já existentes: a) A primeira etapa correspondeu à pesquisa, identificando-se as diferentes iniciativas e

estudos em andamento no estado; b) A segunda etapa consistiu num processo de interlocução com os diversos setores

envolvidos com o tema, destacando-se: sindicatos, federações, empreendedores, associações, governo do estado, governo federal, prefeituras, entidades de pesquisa, FAMURS, Cooperativas, EMATER, EMBRAPA, FIERGS, agentes financiadores, entre outros. Foram feitas reuniões, audiências públicas e visitas dirigidas.

c) A terceira etapa foi a realização do “Seminário Cana-de-açúcar, álcool e etanol. O RS como potência energética.”, que foi promovido com o apoio da Assembléia Legislativa do Estado e envolveu toda a cadeia produtiva do setor.

d) A quarta etapa consiste na elaboração deste relatório final, bem como na elaboração das propostas e considerações a serem apresentadas.

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3. O Pro-Álcool

O Programa Nacional do Álcool (Pro-Álcool) foi lançado em 14 de novembro de 1975 e deveria suprir o país de um combustível alternativo e menos poluente que os derivados do petróleo, tendo em vista a crise internacional do petróleo ocorrida nos anos de 1973 e 1979.

Segundo trabalho apresentado por Junico Antunes, da ALSOL, “os preços internacionais deste combustível subiram abruptamente no mercado. Uma aliança efetiva na Indústria de petróleo ocorreu entre os líderes das 7 irmãs (Esso, Texaco, Móbil, Schell, British Petroleum e Graxxo) e algumas lideranças árabes, chegando-se aí ao cume do acirramento da concorrência intercapitalista ...O Brasil importava 70% do consumo de petróleo e o Governo agiu em dois sentidos: estímulo para a que a PETROBRAS atuasse na prospecção do petróleo no mar e a criação do Programa Nacional do Álcool..”.

O Pro-Álcool foi desenvolvido com tecnologia genuinamente nacional, obteve sucesso no que tange aos aspectos tecnológicos envolvidos, não só pela produção do combustível, mas o desenvolvimento de motores para automóveis 100% movidos a álcool, mas acabou sendo desativado, devido às pressões pela competitividade oscilante dos preços internacionais do petróleo.

Também a opção pela produção da cana-de-açúcar exclusivamente através da utilização de grandes propriedades, trabalhando sob a ótica da monocultura, mostrou-se pouco robusta de um prisma político, social e ambiental.

Nesse contexto, a desaceleração do Pro-Álcool, nos anos 90, representou a significativa diminuição da frota de carros 100% a álcool e a desestabilização conjuntural do modelo, mas ainda assim, a produção de etanol se manteve, graças à mistura do álcool etílico anidro carburante na gasolina, cujo crescimento compensou a queda no consumo de álcool hidratado.

Os avanços tecnológicos continuaram e o Brasil detém a supremacia na geração e difusão de tecnologias da cadeia açúcar e álcool de cana. São crescentes os esforços em pesquisa e desenvolvimento tecnológico em todos os elos da cadeia (empresas privadas, universidades, institutos de pesquisa e Governo).

O processo de produção de cana, açúcar e álcool no Brasil tem diferença importante em relação ao de outros países: do plantio à comercialização do produto final - tudo acontece sem intervenção ou subsídios do Governo, o que é ainda mais significativo ao se considerar a complexidade da cadeia produtiva do setor.

A evolução da produção e uso dos combustíveis, em todo o mundo, veio seguindo a lógica da substituição das fontes então utilizadas por outras mais práticas e rentáveis (da lenha ao carvão; do carvão ao petróleo) até avançar na procura de caminhos onde o objetivo passou a ser a sustentabilidade do uso da energia. Essa síntese das fases, que ocorreu desde o século XVIII, explica o crescimento da produção e do uso do gás natural e, mais atualmente, a objetiva discussão e adoção das energias renováveis.

A associação entre o meio ambiente e o desenvolvimento, onde a produção e o uso de energia renovável tem importância fundamental, levou à valorização da biomassa para esse fim.

A experiência em larga escala da produção e uso do etanol no Brasil é um exemplo que vem sendo seguido e debatido em reuniões internacionais. A ação local, com impacto global em termos ambientais, faz do álcool um produto de extrema importância para a rápida resposta que o mundo deve dar às reduções de emissões dos gases do efeito estufa.

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Além do foco ambiental, o etanol provoca impactos econômico-sociais de primeira grandeza, como a melhoria da renda rural, a reconhecida capacidade de distribuição desses efeitos na cadeia produtiva sucroalcooleira; geração de empregos em larga escala; redução de dependência externa de petróleo e melhoria da balança comercial. A propagação da produção e do uso do etanol nos vários países é um caminho de desenvolvimento local e global.

4. Etanol: o RS como potência energéticaO etanol (CH3CH2OH) é um dos principais álcoois que existem, sendo ele

incolor, inflamável e de odor característico. Ele é miscível em água e em outros compostos orgânicos. Seu ponto de fusão é em -114,1°C e seu ponto de ebulição é em 78,5°C.

O etanol ou álcool etílico pode ser obtido através da fermentação dos açúcares. Este é o método mais comum no Brasil, que utiliza a cana-de-açúcar para obter os açúcares que darão origem ao etanol. Este álcool é o que se encontra em todas as bebidas alcoólicas, assim como no álcool combustível e na gasolina, como um aditivo.

O etanol pode ser obtido também, pela fermentação de cereais, tais como a cevada e o malte. A cerveja é obtida pela fermentação de cereais. A fermentação ocorre com a adição de fermento biológico a uma mistura de água e açúcares. O fermento por possuir enzimas de levedura que convertem açúcar em álcool, é o responsável pelas reações de transformação de glicose a etanol.

4.1. O etanol pode ser uma fonte de geração de renda como energia alternativa para o Rio Grande do Sul?

Na resposta desta pergunta podem estar investimentos de R$ 3 bilhões no Estado, entre a implantação de unidades industriais e a incorporação de área para a produção de cana-de-açúcar, cuja necessidade é superar 200 mil hectares. O RS importa anualmente R$ 10 bilhões em energias – gasolina, óleo diesel, álcool, GNV, GLP, etc.

O Estado se destaca na geração de diversos tipos de energia: biodiesel, biomassa, pequenas centrais hidroelétricas, energia solar, e o recém inaugurado parque eólico em Osório. São empreendimentos importantes, mas cuja geração de emprego ocorre de forma temporária, quando da instalação dos projetos. Precisamos de geração permanente de empregos!

O etanol, obtido a partir da cana-de-açúcar tem capacidade de envolver cerca de 40 mil famílias de agricultores gaúchos em seu processo de produção e a possibilidade de instalação de centenas de pequenas usinas, além de outras dezenas de grandes destilarias.

Além do que, com a descoberta recente feita pela empresa Braskem, que anunciou o "primeiro polímero verde certificado do mundo", feito a partir do álcool de cana-de-açúcar, é possível produzir plástico em escala industrial, sem uso de petróleo. O RS tem a oportunidade de disputar uma planta de alcoolquímica, abrindo um grande mercado consumidor.

As potencialidades são inúmeras, os questionamentos também! Em especial por parte do setor de produção, que tem potencial e capacidade para produzir, mas precisa de acesso à pesquisa, assistência técnica e mercado com preços compensadores.

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4.2. PERSPECTIVAS DE PRODUÇÃO DE ETANOL NO BRASIL E RS

Recentemente, assistimos o apagão energético na vizinha Argentina. No Brasil, o Ministro da Fazenda Guido Mantega alertou que o país tem limites de crescimento em patamares superiores a 5% diante do risco da oferta de energia ser insuficiente para atender a demanda.

Por outro lado, no mundo globalizado, há uma disputa pela liderança na produção de etanol. Na verdade, o Brasil está vivendo um momento de retomada do Pró-Álcool, sob pressupostos diferentes do passado, o que abrirá caminho para o setor sucroalcooleiro firmar-se, definitivamente, como setor industrial de peso na economia nacional.

Neste contexto, como vai se inserir nosso Estado? Vamos precisar de agilidade e pragmatismo na organização da cadeia gaúcha do álcool e do etanol. O Governo do Estado já sinaliza com o anúncio do Programa RS-Energia.

O que é o Programa? “É uma contribuição do RS para o desenvolvimento sustentável mundial, alinhado com a Agenda 2020, para:

1º) Tornar o RS destaque em inovação e tecnologia de energias renováveis e na geração e disponibilização de energia com o uso de “mix” de diversas fontes locais; 2º) Atrair empreendedores nacionais e internacionais para investir em geração de energia e combustíveis no RS, a partir de uma agenda diferenciada; 3º) Viabilizar a atração de outros empreendimentos industriais pela oferta de energia, segura e ambientalmente responsável.

A finalidade é gerar aproveitamento do potencial energético gaúcho das diversas fontes energéticas que vão desde o aproveitamento de quedas d’água, aproveitamento de resíduos agrícolas e florestais, energia eólica e fotovoltaica (solar), produção de combustíveis líquidos (biodiesel e álcool) gás (biogás), além da geração de energia elétrica em grande escala (hidroelétricas e termoelétricas, através do carvão mineral), entre outras.”

Nesta perspectiva, há o interesse demonstrado pelo poder público, na visão mercadológica, que leva a evidente alternativa de expandir a produção de cana, bem como a instalação de usinas em nosso estado com o propósito de atender primeiramente, a demanda interna de álcool para uso veicular, onde importamos, anualmente, mais de 98% do nosso consumo, gerando um dispêndio de mais de R$ 10 bilhões anuais.

Temos condições de chegar a auto-suficiência na produção de etanol num período de 8 a 10 anos, com uma produção de 60 milhões de litros por dia. Para isso, a área plantada com cana no estado precisará chegar a 200 mil hectares.

Este aumento de produção representará importante economia para o estado, gerando divisas que hoje fazem falta para o nosso estado, além de poder integrar um potencial de mais de 200 mil hectares ao processo produtivo gerando um contingente significativo de empregos para o estado, além de importante aumento de receitas tributárias. São nada menos que 200 mil unidades produtivas que poderão ser inseridas neste processo de produção.

Mas temos um longo caminho a percorrer. Começando pelo campo da pesquisa e tecnologia, pelos potenciais de investimentos, questões de mercado, modelo de

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projetos de usinas, assistência técnica para fomentar a implementação de projetos desta natureza no estado.

O Programa RS-ENERGIA prevê investimentos em projetos de Energia no Rio Grande do Sul, até 2020, de R$ 13,30 bilhões. O volume de recursos estimados para investimentos em etanol, até 2015, é de R$ 1,8 bilhões. Assim, pretende-se tornar o RS referência em inovação e tecnologia em energias renováveis, na geração e disponibilização de energia com o uso de um “mix” de diversas fontes locais.

Já no Brasil, o setor sucroalcooleiro vive hoje um novo período de expansão, com o “boom” do álcool no mundo. A previsão é de que sejam realizados investimentos da ordem de US$ 19 bilhões, até 2012, com 86 novas usinas. De 2002 a 2005, o setor investiu menos de um terço do valor previsto para os próximos anos - US$ 6,2 bilhões. Se os projetos forem implementados, vão gerar 400 mil empregos e um aumento de 114% na produção de álcool, até 2012, segundo a Única (União da Indústria de Cana-de-açúcar).

Esses números serão atingidos somente pela expansão do mercado interno, com o uso crescente do carro flex que hoje representa 83,6% das vendas de novos e 12% da frota brasileira. Vide tabela anexa nº 1.

A estratégia dos investidores, nacionais e internacionais, é entrar na cadeia petroquímica mundial do álcool. A gigante Dow terá complexo integrado de plástico de cana no Brasil, a Braskem terá duas fábricas. Os investimentos no complexo alcooquímico previsto pela Dow, no país, prevê a instalação de uma fábrica de plástico a partir do etanol – acima de US$ 1 bilhão, uma usina de álcool com o maior porte já feito no país - até US$ 1 bilhão, processo intermediário para a transformação do etanol, saído da usina, em etano e depois eteno, matéria-prima do plástico – até US$ 100 milhões – capacidade de moagem da usina – 8 milhões de toneladas de cana/ano - capacidade de produção de etanol de usina - 700 milhões de toneladas/ano e mais capacidade da fábrica de resinas de 350 mil toneladas/ano. Já a maior petroquímica do País, uma das maiores do mundo, a Braskem, pretende instalar duas fábricas de resinas feitas de cana no Brasil. A empresa não pretende ter um complexo integrado, um modelo distinto da concorrente Dow, aposta na oferta nacional de cana sem preocupação com o fornecimento da matéria-prima.

Abaixo, reproduzimos tabela do Ministério de Minas e Energia / Empresa de Pesquisa Energética, com dados do consumo brasileiro de álcool combustível:

PERÍODO ANIDRO(em milhões m3)

HIDRATADO(em milhões m3)

TOTAL(em milhões m3)

1990 1.278 11.112 12.3901991 1.647 10.939 12.5861992 2.226 10.085 12.3111993 2.550 10.445 12.9951994 3.251 10.685 13.9361995 3.491 11.021 14.5121996 4.205 10.760 14.9651997 5.149 9.196 14.3451998 5.572 8.661 14.2331999 6.272 7.968 12.2402000 5.933 6.453 12.3862001 6.139 5.444 11.5832002 7.336 5.179 12.5152003 7.392 4.520 11.9122004 7.591 5.700 13.2912005 7.775 6.214 13.989

Fonte: MME/EPE

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4.3. ÁREA POTENCIAL PARA ETANOL NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO SUL

O levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, através do acompanhamento da safra brasileira, no seu primeiro levantamento realizado em maio de 2007 estima a área e produção esperada para safra 2007/08.

No caso da cana-de-açúcar, a área ocupada com essa cultura na safra 2006/07 foi de 6,1 milhões de hectares. Para a próxima safra, os números indicam que serão plantados 6,6 milhões de hectares, superior em 7,4% (456,9 mil hectares ) à safra anterior. Cabe destacar que desse total, 82,49% (5,46 milhões de hectares) são cultivados na região Centro-Sul e o restante 17,51% (1,16 milhões de hectares) ficarão nas regiões Norte e Nordeste.

Segundo a CONAB, o crescimento da cana-de-açúcar vem ocupando, basicamente, áreas antes ocupadas com pastagem. A produtividade média prevista é de 79,7 toneladas por hectare, superior à safra anterior em 3,5% .

Já com relação à produção, a CONAB prevê para safra 2007/08 o volume de 527,98 milhões de toneladas, aumento de 11,20% superior à safra passada, com 53,18 milhões de toneladas a mais. Sendo que 87,43% são produzidos na região Centro-Sul e 12,57% nas regiões Norte e Nordeste.

Um dado importante a ressaltar, do total produzido de 88,67%, aproximadamente 468 milhões de toneladas destinam-se como matéria-prima para a indústria sucroalcooleira e o restante 11,33% para a fabricação de aguardente, alimentação animal, sementes, fabricação de rapadura, açúcar mascavo e outros usos.

Abrindo mais a pesquisa da CONAB, percebe-se que das 468 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, que estão sendo esmagadas pela indústria sucroalcooleira, 49,4% das 231,5 milhões de toneladas são fabricação de açúcar e 50,5%. aproximadamente 236 milhões de toneladas são para fabricação de álcool.

O levantamento indica ainda, que a produção nacional de álcool na temporada 2007/08 será da ordem de 20 bilhões de litros, superior em 14,5% em relação a temporada anterior. Desse volume, a região Centro-Sul participa com 91,2% e as demais regiões norte e nordeste ficam com 8,8%.

Dado que interessa avaliar é sobre a distribuição do total de esmagamento pelo setor sucroalcooleiro. O estado de São Paulo responde por 59,4%, seguido pelo Paraná com 8,9%, Minas Gerais com 7,8%, Alagoas com 5,16%, Goiás com 4,2% e Pernambuco com 3,5%; o restante fica distribuído em outros estados não citados.

No caso do Rio Grande do Sul, a área cultivada na safra 2006/07, foi de 34,2 mil hectares contra a previsão de 35,5 mil hectares estimados para safra 2007/08 - um crescimento de 3,8%, bem abaixo do crescimento nacional da ordem de 7,4%. Porém, cabe avaliar que em relação à produção esperada, nosso estado, sairá de uma produção de 1,2 milhão de toneladas para o patamar de 1,3 milhão de toneladas, evolução de 9,10% abaixo do previsto para o país de 11,2%. Já em relação à produtividade, os gaúchos desfrutaram de uma produtividade de 35.100 kg por hectare, em 2006/07, contra 36.900 esperados para safra 2008/09, ou seja, um crescimento de 5,1% acima da média nacional de 3,5%.

Em suma, há um movimento tanto pelos produtores bem como pelas instituições de pesquisa, no sentido da busca de variedades, que seja mais rentável e apropriada à demanda do mercado. Isso é positivo diante da perspectiva que se apresenta para nosso estado, dentro deste cenário da energia renovável.

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O estado ocupa uma posição insignificante frente à produção nacional, respondendo por apenas 0,25% equivalente a 1,3 milhão de toneladas contra a produção nacional prevista de 527 milhões de toneladas.

Diante das perspectivas, da busca da auto-suficiência na produção de álcool para nosso estado, temos muito a avançar tanto em área cultiva bem como no volume de produção. Caso se efetivarem os projetos previstos no estado, o crescimento em área terá que aumentar de 35 mil hectares para o patamar de 200 mil hectares, ou seja temos que multiplicar por 7 vezes a área atual plantada no pampa gaúcho. Caso a produtividade média de nosso estado fique no patamar atual, de 36 toneladas por hectare, teremos uma produção na faixa de 7,2 milhões de toneladas. Agora, se a pesquisa e os produtores investirem em variedades com potencial de produção maior, poderemos atingir um volume de produção da ordem de 20 milhões de toneladas. Esse é o desafio que o nosso estado terá que enfrentar para tornar-se auto-suficiente na produção de consumo de álcool veicular.

Em relação ao potencial do Brasil, a EMBRAPA estima haver cerca de 90 milhões de hectares disponíveis para expansão da agricultura no país, que desfruta de um território total de 852 milhões de hectares. Da área atual cultivada com cana-de-açúcar, superior a 6 milhões de hectares (safra 2006/07, ou seja menos de 1% do território nacional) .

Na visão dos técnicos, em curto e médio prazos, a agroenergia, no Brasil, não concorrerá com a produção de alimentos. Neste sentido, levamos vantagem estratégica em relação a outras regiões do mundo, como no Sudeste Asiático, Oceania, América do Norte e Europa, onde não existem mais novas fronteiras agrícolas e as demandas por alimentos e energia vêm crescendo. Apesar de que a produção de etanol pode ser feita por meio de outras culturas, como mandioca, milho, sorgo, trigo, beterraba e de outras matérias-primas. Porém, os estudos indicam que a cana-de-açúcar, no Brasil, é o que apresenta melhor produtividade agrícola e rendimento industrial entre as demais possíveis. Embora outros países como os Estados Unidos esteja produzindo etanol utilizando o milho como matéria-prima.

Dados da pesquisa demonstram que o rendimento médio, ou melhor, a extração em média, da cana é da ordem de 6.500 litros de etanol por hectare. Portanto para produzir 1 bilhão de litros de etanol, são necessários aproximadamente 200 mil hectares. O que o Rio Grande precisa para atender a demanda.

DISPONIBILIDADE DE TERRAS(Território Nacional: 8,51 milhões de Km3)

Em milhões de hectaresFLORESTA AMAZÔNICA 360

PASTAGENS 220

ÁREAS DE PROTEÇÃO 55

CULTURAS ANUAIS 47

CULTURAS PERMANENTES 15

CIDADES, LAGOS AUTOPISTAS E PÂNTANOS 20

FLORESTAS CULTIVADAS 5

OUTROS USOS 38

ÁREAS CULTIVÁVEIS E LIVRES DA FRONTEIRA AGRÍCOLA 91

TOTAL 851

Fonte: MAPA

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5. REUNIÕES E VISITAS REALIZADAS:

A seguir, relacionamos as reuniões, visitas e audiências que foram realizadas por esta Subcomissão:

11 de abril - 1º reunião com os Deputados integrantes da Subcomissão para apresentação e aprovação do plano de trabalho e proposta de folder da Subcomissão. Na reunião ficou acordado que o relator sempre informaria aos demais parlamentares reuniões, audiências e visitas da Subcomissão.

19 de abril – Reuniões com OCERGS, FIERGS e FETAG/RS.

25 de abril - reunião com Direção da FECOERGS

26 de abril - Audiência Pública em conjunto com Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa do Estado do RS: “A situação do Biocombustível – Viabilidade Técnica e Econômica”.

08 de maio - reunião com a Diretoria Técnica da EMATER/RS 14 de maio - reunião com FECOAGRO/RS. 16 de maio - reuniões na Caixa-RS e FEPAGRO

25 de maio - participação Dia de Campo em São Luiz Gonzaga. Visita e reunião na COOPERCANA (Porto Xavier)

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26 de maio – visita e reunião à COOPERBIO, em Redentora

28 de maio – Audiência pública na Câmara de Vereadores de Jacuizinho, com lideranças da Região e visita a GRANDESPE - indústria de cachaça em Salto do Jacuí.

29 de maio – Audiência pública com a Associação dos Municípios do Centro-Sul, em Sertão Santana.

21 de junho – 10h – Reunião na EMBRAPA – Pelotas - 14h - Rio Grande: Visita aos terminais da CCGL, TERMASA / TERGRASA - 16h - Rio Grande: Visita a superintendência do Porto (SUREG)

28 de junho – reunião com a FAMURS 10 de julho – BRASKEM – Triunfo 12 de julho – Audiência na SEDAI – Secretaria de Desenvolvimento e dos Assuntos

Internacionais, Secretário Nelson Proença. 13 de julho – Visita à COOPERFUMO de Santa Cruz do Sul

- Reunião ao CEDEJOR de Rio Pardo 18 de julho – reunião na Câmara de Vereadores de Itaqui

- 14h - Jaguari – visita ao Centro Integrado de Tecnologia da URI e à empresa LIMANA – Poliserviços

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5.1. Síntese das visitas e reuniões realizadas:

Estivemos em algumas regiões do Estado. Conversamos com agricultores, empresários e sindicalistas, que nos apontaram suas dificuldades e suas preocupações, bem como nos apresentaram suas sugestões.

Nos subitens a seguir, resumimos algumas destas reuniões.

5.1.1. FETAG / RS – Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do RS

Os agricultores familiares, representados pela FETAG/RS, defendem o modelo de usinas através de cooperativas com controle auto-gestionárias por parte dos agricultores associados. Citam a França, como exemplo no processo de biocombustível, que é gerado para uso na propriedade, sem interveniência de outros órgãos que dificultam o uso direto pelo agricultor nas suas atividades. Acreditam que o modelo a ser adotado no Estado, deva ser, necessariamente, com controle dos agricultores familiares, diferente do modelo paulista onde os agricultores são apenas fornecedores de matéria-prima para as indústrias.

Por outro lado, a FETAG/RS alerta que não se pode esquecer a produção de alimentos e principalmente da destinação e uso dos resíduos. Pois hoje temos exemplo da Coopercana, que tem limitação ambiental no que se refere ao tratamento dos resíduos. Esse desafio é constante.

Na visão da direção, o álcool e o etanol precisam ser vistos como mais uma alternativa de renda e não com sendo a salvação para os agricultores familiares – “isso não pode virar modismo e sim ser uma oportunidade a mais de agregação de renda”. Defendem a não concentração de investimentos.

Referente à pesquisa, que praticamente parou de realizar estudos técnicos em relação ao clima e variedades apropriadas, sugerem que seja contatado o professor Darci, ligado à URI de Erechim e que vem trabalhando no tema.

Ainda com relação à pesquisa, existem hoje grandes dificuldades, tais como: questão do zoneamento, variedades, mapeamento de regiões apropriadas ao cultivo da cana. Têm iniciativas andando como é o caso da Embrapa de Pelotas. Temos que evitar acontecer o que vem ocorrendo no caso da silvicultura.

Outro ponto importante colocado foi em relação a BR Distribuidora. Para isso a FETAG/RS fez um acordo de cooperação técnica no sentido de verificar a inversão do processo e do modo vigente de uso de combustíveis no país, onde a Petrobrás tem o monopólio da compra e distribuição dos combustíveis. A dúvida é se o álcool produzido por essas usinas será adquirido pela BR Distribuidora em função da padronização e exigências de qualidade?

A questão tributária também precisa de avaliação e ajustes. Enfim, qual o modelo que vamos adotar que seja competitivo em relação ao modelo paulista de grande grau de concentração industrial? Ou será um modelo com controle dos agricultores familiares e que os mesmos possam usar o combustível renovável para baratear os custos de produção das demais atividades na unidade produtiva?

O momento é de debate sobre o processo de produção, industrialização, distribuição, uso da energia renovável que todo mundo discute atualmente. Tudo passa pela opção de modelo a ser implementado, e também dependerá da questão do respeito ao meio ambiente, a questão tecnológica, clima, crédito, usinas, sistema integrado, licença ambiental,

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entre outros. A FETAG/RS entende que para cada região, em função das suas características poderão existir modelos distintos.

Por fim, a direção da FETAG-RS manifestou preocupação de que o projeto de energia renovável não seja uma ilusão aos agricultores familiares, mas sim, mais uma alternativa e não uma solução definitiva para o setor que enfrenta há anos falta de renda.

5.1.2. EMATER

Trata o tema como “promoção para desenvolver a produção de cana-de-açúcar, de forma sustentável, como alternativa agrícola para as regiões com aptidões de clima, solo, estrutura fundiária e mão-de-obra, visando à produção de álcool, assim como o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva e a geração de emprego e renda”.

O objetivo é reativar as atividades da Câmara Setorial da Cana-de-açúcar, no sentido de aprofundar o debate com toda a cadeia produtiva no Estado.

No intuito de fomentar a atividade no estado, a EMATER já capacitou 40 técnicos do quadro na Universidade Federal do Paraná, na oportunidade participaram também técnicos da FEPAGRO e da AFUBRA. São dez locais no Estado onde a EMATER vem acompanhando o desenvolvimento dos materiais, ou seja, dentro do propósito de resgatar e fomentar a atividade, dado que há uma forte demanda por parte dos produtores. Os interesses derivam parte para a produção de cachaça , açúcar mascavo, doces, álcool, entre outros usos.

Ainda há, no Rio Grande do Sul, um mito de que nosso estado não tem um clima favorável ao desenvolvimento da cana. Isso parece já estar superado pela grande maioria dos técnicos e faz parte do passado. Na visão da EMATER, os produtores estão transformando mais forte no açúcar mascavo, melado e cachaça.

Quanto à questão ambiental, o vinhoto, na opinião do diretor técnico da EMATER, pode ser transformado em fertilizante para uso na propriedade como fonte de potássio e fósforo.

MODELO DE PRODUÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO - Em termos de oportunidade, o modelo paulista não serve para o nosso estado, diante da estrutura fundiária existente ser diferente da nossa. O compromisso é manter, principalmente, a agricultura familiar na propriedade. Outro ponto colocado como preocupação e que necessita de estudos mais aprofundados é com relação a logística e o modelo de produção e de industrialização. Uma delas é com relação à forma de extração: se será feita na propriedade ou em unidade centralizada. Enfim, a pesquisa terá que indicar qual o método com mais eficiência e rendimento no processo de extração do caldo.

PRODUTIVIDADE - Em relação ao rendimento, a produtividade não passa de 28 mil toneladas por hectare, enquanto que em outros estados a média supera a cifra de 80 toneladas por hectare. Pior quando temos produtividade, ocorre uma perda de aproximadamente 30% no momento da extração. Portanto, o importante é ter uma tecnologia que resulte em menor perda, o que deve ser pesquisado e aprofundado enquanto modelo. Vamos transportar a matéria-prima ou vamos fazer a extração na propriedade? Esta é uma das interrogações. A produção do álcool é relativamente fácil de realizar, o problema aparece no momento da padronização e as exigências do mercado. Já com relação aos resíduos, é fundamental ficar na propriedade para ser usado em forma de adubo ou cogeração de energia para o auto-abastecimento. Também esse tema merece estudos e pesquisas quanto a sua viabilidade técnica e econômica . Ou seja, como ter um aproveitamento melhor dos resíduos para geração de energia renovável?

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MODELO DE EXTRAÇÃO PREVISTO - O modelo previsto é o decentralizado, com iniciativas através do associativismo que não seja um modelo excludente e que possibilite a auto-sustentabilidade energética na unidade produtiva. O produtor espera por isso como forma de reduzir o custo de produção na unidade produtiva. Atualmente isso é um problema em decorrência que a ANP impede que isso aconteça . Por outro lado, isso é uma oportunidade para os produtores e para o Governo, no sentido de agregar renda, de adotar uma alternativa energética renovável, também no aspecto tributário e no desenvolvimento da economia do estado, além da preservação do meio ambiente. No estado de Minas Gerais já existe uma legislação que permite o auto-abastecimento com utilização do produto gerado pela indústria local. Pensar numa legislação estadual para este fim em nosso estado, o excedente, pode ser destinado ao mercado internacional.

QUESTÃO TECNOLÓGICA - Hoje, a EMATER tem o domínio de aproximadamente 60% da tecnologia e tem plena segurança na orientação e repasse aos produtores inseridos no processo produtivo. Em relação ao quadro de técnicos e recursos humanos para atender essa nova demanda e fomento, na visão da diretoria técnica, basta apenas reestruturar e adequar técnicos para ter plenas condições de atender às necessidades da assistência técnica aos produtores de cana. O que falta ainda é uma ampliação de parcerias na área da pesquisa científica, com ajustes através de convênios e com ações integradas, visando atender as demandas do mercado. Atualmente no estado, existem 35 mil hectares de cana cultivados, desse total, 10 mil são para uso comercial, sendo que o restante é usado na propriedade. Para viabilidade técnica e econômica do empreendimento, são necessários no mínimo 250/300 mil hectares no estado, com produtividade média acima de 70 mil toneladas por hectare. Quanto às mudas e variedades apropriadas para cada tipo de solo, clima e para diversos usos, não haverá problema, pois é apenas uma questão de tempo. Todos os materiais introduzidos até agora se adaptaram à região, suportando a ocorrência de geadas, com temperaturas de até –4,2º C. Quanto às doenças e pragas, a cultura da cana não é diferente das demais e também enfrenta risco de ocorrência, o que pode causar dano econômico forte. Neste caso, é fundamental que seja respeitada a quarentena, quando são importadas mudas de outras regiões do país ou até mesmo dos países vizinhos como Argentina e Uruguai. È preciso respeitar os preceitos técnicos.

5.1.3. OCERGS - Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul

A direção da OCERGS comunicou que o Sistema Cooperativista Brasileiro está solicitando, ao Governo Federal, recursos da ordem de R$ 6 bilhões em forma de cotas de capital, via BNDES para implementação e desenvolvimento de Agroindústria no setor de combustível renovável. Assim, as cooperativas agropecuárias pretendem entrar no mercado. A OCERGS entende que não é necessário formar novas cooperativas para atuar neste setor e sim trabalhar com as existentes, basta realizar rodadas de entendimentos e estudos de viabilidade econômica e técnica. Entende também, que o modelo a ser desenvolvido é o cooperativado, onde o produtor não seja um mero fornecedor de matéria-prima e sim agente ativo da produção e da apropriação da renda gerada. Ou seja, o modelo centralizado não vai ajudar em nada aos produtores.

Outro ponto importante ressaltado, foi em relação ao crédito de carbono, onde a OCERGS já foi procurada para verificar quais cooperativas têm interesses em participar de investimentos nesta área. Na geração de energia, tem o ramo da infra estrutura, via FECOERGS que vem trabalhando no sistema.

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Foi salientado que o sistema cooperativo agropecuário gaúcho tem um passivo da ordem de R$ 3 bilhões junto aos agentes financeiros. Neste momento não têm recursos próprios para investir, com raras exceções. No estado, no máximo, 10 cooperativas têm fôlego financeiro para tal, mas não sabe se têm interesse em realizar investimentos neste setor, já que as mesmas estão investindo na fábrica de leite em Cruz Alta.

Na Região Sul, onde poderão ocorrer possíveis investimentos, existem poucas cooperativas que possam ser agente do desenvolvimento da cana, álcool e etanol.

Na visão da OCERGS, o princípio básico é a constituição de agroindústrias com controle dos produtores no processo e não ser um modelo repassador de matéria-prima e de mão de obra, mas sim de agregação e apropriação de renda a ser explorado. Sugere portanto, plantas descentralizadas por região, onde existe a matéria-prima, com modelo definido de processamento e industrialização da cana. Entende que tem que ser pequenas plantas, com isso teremos um ganho.

Descentralização do desenvolvimento e investimentos Fixação do agricultor no campo Evita favela em centros urbanos Distribuição tributária mais justa Potencializa ocupação de mão-de-obra local Potencializa aplicação dos recursos no local e região Fortalece o cooperativismo Importante definir o empreendimento como um modelo pedagógico com pequenas plantas

e apropriação de renda aos produtores. Hoje, principalmente os pequenos produtores, carecem de novas alternativas de renda com controle do processo e com modelo de formação de centrais regionais de cooperativas.

5.1.4. FIERGS – Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul

O consultor da FIERGS, Sr. André Cirne Lima afirma que o assunto etanol progrediu bastante no Brasil. O Combustível alternativo está pegando força. O Rio Grande do Sul está entrando no biodiesel. Há mais de um ano estão participando de um Fórum, na Secretaria de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais. Viu-se que não havia muita informação sobre o assunto. Discutia-se para definir o que produzir e quem produziria por aqui: cana, mandioca, mamona, etc. Não havia densidade na discussão. A FIERGS passou a pesquisar em sites de usinas e associações, impressionando-se com a lucratividade, o crescimento e o investimento na agroindústria. Procuraram outras instituições (FETAG, ABDI, etc). Era preciso aumentar o nível das exportações. Apresentavam as seguintes preocupações: 1º) Biocombustível é uma prosperidade, cresce de importância e nós não conseguimos situar nosso papel nesse momento, por falta de informações. 2º) Plantação de soja é de 3 a 4 milhões de hectares. Será que biodiesel vai dar certo? O que agrega? Continuamos a vender soja? O biodiesel vai mexer com o preço?

Conversaram com ÚNICA – União da Indústria da Cana-de-açúcar e com CTC - Centro de Tecnologia Canavieira, que mapeou as condições de cultivadas, com relação ao clima, ao solo e cultivo. Fizeram um projeto de pesquisa cujo alvo era o álcool, a cana de açúcar e as graminhas - que é uma segunda fase do etanol, a partir da celulose (relacionado a enzimas). Sobre óleos enzimáticos, os Estados Unidos têm pesquisado (Microsoft). No Brasil, Votorantim, Dedine e Pão de Açúcar.

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A EMBRAPA elaborou projeto de pesquisa. A UFRGS foi chamada para desenvolver estudo de viabilidade econômico-financeira para três regiões macro no Estado. Resposta favorável na parte agrícola. E outros dados, tais como logística, trancagem, Porto? Rio Grande pode ter uma bela oportunidade de exportação. Têm vários cenários que podem ser viáveis, pois a trancagem está pronta. A UFRGS faria um levantamento de estradas, ferrovias, portos, transporte fluvial, bem como a oferta de solo, área, características por produtos de cada região.

“A discussão está avançando. Precisamos estruturar uma rede de informações. O Rio Grande do Sul tem uma experiência de 50 ou 60 anos com cana-de-açúcar, mas não existe a informação”, disse o consultor.

O IOF ficou encarregado de fazer o Projeto Agrícola. A FIERGS teve acesso a um CD, elaborado pelo Núcleo de Assuntos

Estratégicos da Presidência da República, que é um dos melhores trabalhos sobre etanol. Conversaram com Ministra Dilma Roussef sobre este projeto e foram informados de que ela também vai acompanhar, dando prosseguimento ao processo.

A UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro fez um estudo econômico das oportunidades. O Rio Grande do Sul possui as demais informações. É necessário construir um sistema integrado de informações envolvendo todas as entidades interessadas no tema. É lamentável a dificuldade de pesquisa no Rio Grande do Sul.

A Ministra Dilma está dando prosseguimento ao processo. Politicamente, chama a atenção o modo como o Palácio do Planalto mantém informações estratégicas e de conteúdo. É uma ótima oportunidade para o Estado – “não podemos perder”.

Cirne Lima diz que existe a intenção de finalizar a construção de um fundo de investidores internacionais para virem para cá, mas precisamos construir uma base local para poder oferecer alguma coisa.

Em resumo:

• A Bionergia tem a ver com a agricultura. É preciso ter base de pesquisa agrícola forte para dar sustentação no presente e no futuro.

• Ter uma pauta estratégica (em contato com EMBRAPA e Casa Civil da Presidência da República). Necessário também fortalecer a EMPBRAPA, a FETAG, as Universidades, e outras entidades, criando uma rede forte, com vários centros interligados.

• Investir na formação de pessoas, além de ir a campo com experiências. É preciso qualificar o que temos.

• Precisamos de recursos financeiros.

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5.1.5. EMBRAPA:

EMBRAPA - Clima Temperado, em Pelotas- RS, vem desenvolvendo 600 atividades de pesquisa, entre elas a questão da agroenergia. A Instituição retomou com mais força a pesquisa no campo da agroenergia e mais especificamente em relação à cana de açúcar após protocolo assinado com a FIERGS e com a Casa Civil da Presidência da República, Ministra Dilma Rousseff. É um projeto ambicioso de pesquisa em parceria com o setor empresarial gaúcho. Uma das preocupações dos pesquisadores é com relação ao impacto social e ambiental dum projeto desta natureza. O cuidado é não repetir o sistema de produção adotado em outros estados, como é o modelo de São Paulo, com grande usinas. Nossa realidade é bem diferente em termos de realidade climática, condições de solo, entre outras. Outra perspectiva é resguardar a inclusão social de agricultores familiares nesta nova alternativa, na geração de trabalho e renda. Neste contexto, o fator tecnologia entra como um vetor da inclusão social de agricultores em novos empreendimentos no campo.

São vários os pedidos de experimentos em diferentes regiões do estado para ampliar pesquisa em cana. No final de 2006, a FIERGS solicitou a volta, com força, da pesquisa da cana através de parceria. A proposição é um projeto abrangente, avaliando todos os fatores sobre características tecnológicas e viabilidade econômica da cana-de-açúcar no RS.

Na visão dos pesquisadores, a cana produzida até agora, com raras exceções, tem por objetivo a produção de outros produtos que não o álcool, como é o caso do açúcar mascavo, a cachaça, entre outros. No atual momento, a produção de cana não tem tratos culturais adequados, a produtividade média não passa de 30 toneladas por hectare.

Temos grande potencial em determinadas regiões do estado. O material genético existente permite evoluir em áreas não tradicionais, voltado à produção de álcool. Estão envolvidos neste processo de pesquisa, o IEL – FIERGS, EMBRPA, UFRGS, e EMATER, vinculada a rede de universidades do país (RIDESA - REDE INTERUNIVERSITÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO)

Precisamos de um zoneamento abrangente, com novos materiais genéticos de cana para as diferentes regiões. Hoje uma das maiores preocupações é com relação ao manejo da cana. Outro cuidado é com a entrada de cepa de outros estados ou até mesmo de outros países. A pesquisa defende controle sem euforia, a exemplo do que ocorreu com outras culturas no estado. Para isso, estão realizando experimentos em Pelotas, em Viamão e também vão ampliar para outros centros de pesquisa da FEPAGRO no Estado. O zoneamento tem que considerar os três fatores fundamentais: solo, temperatura e água.

Na parceria com a FIERGS, o que está faltando é o encontro com a Ministra Dilma Rousseff para liberação dos recursos. A pesquisa diz que se trabalhar a partir dos materiais existentes, em 5 anos poderemos ter um nova performance em termos de pesquisa. Se iniciar de materiais novos, o tempo para termos novos materiais, adequados à produção de álcool, levará no mínimo 10 anos;

Para que o Rio Grande do Sul se torne auto-suficiente, teremos que destinar 25% da área de arroz, 30% do milho, 6% da soja, assim vamos ter um área entre 200 e 250 mil hectares sem concentração e sem monocultura. Neste cenário, possíveis exportações não estão sendo consideradas. Na concepção da pesquisa, o modelo paulista de usinas não serve para nosso estado. A pesquisa ainda não tem um modelo pronto, mas entende que, o mais apropriado para os gaúchos, são pequenas usinas. Isso facilitaria a questão da logística. Por outro lado, a dificuldade de projeto decentralizado é com relação à padronização do produto final destinado ao mercado.

A EMBRAPA está com um corpo técnico de aproximadamente 30 pesquisadores para o setor da agroenergia. A pesquisa está trabalhando com ensaios de outros produtos para a produção de biocombustíveis, a fim de aproveitar o período de entressafra e o potencial do

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processo da energia renovável em nosso estado. Por exemplo, o caso da colza, o sorgo sacarino, entre outros. Outro cuidado é com o risco da monocultura e os relacionados a doenças e pragas que aparecem quando ocorre a disseminação de determinada cultura, sem acompanhamento da pesquisa. Precisamos ter alternativas paralelas, nesta linha, para dar segurança ao projeto da agroenergia no RS.

Quanto ao zoneamento, os pesquisadores acreditam que antes de implantar qualquer lavoura de cana é necessário conhecer as características técnicas do solo, do material genético, do clima e que o Ministério da Agricultura contratou a “AGROCONSULTI” para fazer o zoneamento da cana no Rio Grande do Sul e que o mesmo deverá ser finalizado até julho de 2007.

O cenário atual aponta que poderemos ter pontos isolados de monocultura, substituindo outras culturas; porém, não podemos desconsiderar que hoje, o mercado é restrito para a cana. O produtor primeiro deve observar se existe mercado para a produção que vai gerar antes de realizar qualquer investimento.

Além dos aspectos da tecnologia e da pesquisa, outros fatores como incentivo tributário - será fundamental criar um programa de incentivo, principalmente para beneficiar os agricultores familiares. A indústria deverá ser parceria no quesito assistência técnica e na garantia de compra da produção. Outro fator preponderante, é a logística.

No modelo paulista, a matéria-prima produzida fica vinculada à grande indústria e o produtor fica com o risco, ficando o valor agregado com o grande empresário. Para tanto, é importante pensar no modelo de pequenas cooperativas regionais para criação de usinas, como estratégia de agregação de renda. Os grandes grupos apostam no fator “padronização” para bancar a centralização do mercado do álcool no Rio Grande do Sul e demais estados.

A recomendação da pesquisa, não tendo mercado garantido, é a não se plantar cana. É preciso prudência na recomendação, para evitar decepção no final do ciclo, se não existe mercado e renda para a produção gerada. Na visão da EMBRAPA, a cana surge como mais uma alternativa. O processo como um todo dependerá da gestão. No mercado não existem anjos, existe muita disputa e concorrência. Mas a hora é oportuna para o RS e o País estabelecerem políticas estratégicas de agroenergia. Nesta política, estratégica para o Brasil, em relação à agroenergia, será necessário um novo marco regulatório, a fim de atender as demandas do mercado interno e externo.

Na oportunidade, os pesquisadores apresentaram o plano de trabalho em relação a agroenergia, e foram convidados para fazerem nova apresentação durante o Seminário (capítulo 8 deste relatório).

5.1.6. FECOAGRO-RS:

Nos últimos anos, o setor cooperativo passa mais tempo resolvendo problemas de acerto de ordem financeira, decorrência das frustrações de safras e pelos baixos preços dos produtos agrícolas vigentes nas últimas safras. A idéia de produzir cana é interessante, porém, muitas cooperativas ainda não acordaram para as novas oportunidades de novos negócios, exigindo uma nova matriz produtiva no estado.

Apesar disso, o setor cooperativo agropecuário tem interesse em pelo menos debater os temas, avaliando possíveis investimentos. Neste sentido, estão programando para o mês de julho, um encontro, no qual o debate entre os dirigentes, será centrado na bioenergia.

Fator preponderante apontado, foi em relação a capilaridade que as cooperativas possuem em função da estrutura de técnicos e de pesquisa, bem como pela

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distribuição das cooperativas em praticamente todas as regiões do estado, o que facilita a atuação neste campo.

Diante da conjuntura em que estamos vivendo, onde a questão da energia renovável é um programa que veio para ficar, esse é um desafio constante para o futuro. A visão é de que nosso estado e o nosso país aproveitem a oportunidade para transformar numa estratégia de mercado que colabore com o desenvolvimento do estado.

Quando se trata de uma nova alternativa ou matriz produtiva, a questão tecnológica é estratégica para o sucesso. Neste particular, as cooperativas são o diferencial pela capilaridade na sua área de ação. Na visão da FECOAGRO/RS, o projeto passa pelo debate que vai desde a sucessão familiar, diversificação de atividades, planejamento da propriedade e retomada do desenvolvimento de nosso estado.

Outro desafio é desenvolver um sistema que proporcione o autoconsumo nas propriedades, que reduzirá o custo de produção. Atualmente, os gastos com combustíveis é significativo na composição final dos custos de produção.

É necessário ter cuidado sobre os limites dos empreendimentos para não virar uma monocultura, a exemplo do quem vem ocorrendo no Estado de São Paulo, que estão deixando de lado outras atividades e concentrando esforços na cana-de-açúcar. O movimento não pode se transformar numa onda, mas sim numa alternativa.

Os produtores precisam ser orientados sobre a composição dos custos de formação da lavoura, a expectativa de renda por hectare, bem como sobre as variedades que são adequadas a cada região.

Finalmente, lamentou que as cooperativas deveriam centrar mais esforço e prospectar oportunidades de novos negócios. Estão abertos para participar de futuras ações da Subcomissão.

5.1.7. CAIXA-RS

A Presidente da CAIXA-RS, Sra. Susana Kakuta, informou que o programa é uma contribuição do Rio Grande do Sul para o desenvolvimento sustentável, alinhado com a Agenda 2020, para “tornar o RS destaque em inovação e tecnologia em energias renováveis e na geração e disponibilização de energia com o uso de um ‘mix’ de diversas fontes locais; atrair investidores e empreendedores nacionais e internacionais para investirem no RS na geração de energia e combustíveis, a partir de uma agenda diferenciada; viabilizar a atração de outros empreendimentos industriais pela oferta de energia segura e ambientalmente responsável”.

O relator da Subcomissão da Cana-de-açúcar, álcool e etanol da Assembléia Legislativa informou à Presidente que, freqüentemente, há interesse e solicitações por parte de prefeituras, investidores privados e cooperativas em realizar investimentos neste setor, porém, um dos problemas relatados pela maioria é com relação ao acesso ao crédito.

Por sua vez, a Presidente da Caixa-RS informou que apesar da entidade não ter tradição, ainda, em financiar projetos desta natureza no estado, internamente, existe uma equipe preparada para atuar e realizar análise de viabilidade econômica de empreendimentos desta natureza no estado. Solicitou ao parlamentar que oriente os interessados para que entrem em contato com a Caixa-RS para ao menos fazer consulta se é possível enquadramento do crédito pretendido e que este é o propósito do Governo do Estado fomentar esta nova atividade.

Por fim, colocou-se à disposição da Assembléia Legislativa para prestar esclarecimentos ou para expor o programa RS-Energia, pois julga importante a divulgação do

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mesmos pára que os investidores e a comunidade possam conhecer os detalhes do Programa. (e que está descrito no item 8 deste Relatório).

5.1.8. COOPERBIO - Cooperativa Mista de Produção, Industrialização e

Comercialização de Biocombustíveis do Brasil Ltda.

A COOPERBIO está localizada em Palmeira das Missões- RS, é organizada e dirigida por camponeses e médios proprietários de terra da região noroeste do Estado do RS. Seu projeto prevê a produção de Biodiesel e Álcool.

O desafio da COOPERBIO é “Implantar um projeto energético auto-sustentável, considerando o preço, a qualidade e a garantia de suprimento, dos Biocombustíveis, propiciando geração de renda e inclusão social.”

Neste ano, foi inaugurada, em Redentora, uma microusina de álcool combustível e servirá de modelo para um novo sistema de produção de biocombustíveis, baseado na agricultura familiar. De acordo com Ildo Sauer, diretor de gás e energia da Petrobrás, a estatal espera aumentar a renda das famílias do campo e expandir a produção de biodiesel e álcool no Brasil.

A unidade produzirá 500 litros de álcool por dia, ou 180 mil litros por ano, volume pequeno comparado ao total - o Brasil fabrica hoje 16 bilhões de litros a cada ano. Inicialmente, 15 famílias serão beneficiadas com a microusina da Cooperativa. Foram investidos R$ 4 milhões.

Os produtores serão estimulados a plantar mais de uma cultura, sendo uma destinada à produção de biocombustíveis. Os restos provenientes da moagem da cana-de-açúcar e de outros alimentos que servem de matéria-prima para o álcool, como mandioca e batata-doce, servirão para alimentar animais, adubar a terra e poderão ser usados como combustível para geração de energia elétrica e térmica nas fazendas.

Hoje, a maior parte do álcool combustível é produzida por grandes propriedades do Sudeste. Se a experiência der resultado, diz Sauer, a PETROBRAS deve estender o projeto para todo o Brasil.

“Vamos produzir energia limpa, não só no cano de descarga, mas também nas relações sociais de produção. Os agricultores vão conduzir o processo, consorciando a produção de alimentos com a produção de energia”, explica Romário.

Trata-se da primeira microusina de um conjunto de nove, que serão construídas na região, através de parceria da COOPERBIO com a PETROBRAS, que disponibilizou R$ 2,3 milhões para o projeto. Todas as usinas entram em operação até o final do mês de junho. Pelo menos 30 mil pequenos e médios agricultores da região Noroeste do Estado serão beneficiados com o projeto da COOPERBIO.

A Cooperativa também possui parcerias com a Embrapa, Emater, Fundacep, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Regional Integrada (URI), além dos convênios firmados com Eletrosul e Petrobrás.

Já na primeira safra de cana, os agricultores tiveram uma produtividade de 60 toneladas por hectare. Cerca de 20% da área plantada foi consorciada com a produção de feijão, rendendo em média 20 sacas por hectare para os agricultores. Outra característica do projeto, que se diferencia das grandes indústrias, é utilizar os subprodutos da cana para a alimentação animal, como gado de corte e de leite.

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Segundo o Eng.º. Agrônomo Marcelo Leal, a proposta de agroindústrias de álcool pode se dar de várias formas. A que estão colocando em prática é que seja feita em microdestilarias de álcool comunitárias com capacidade de 600 a 1000 litros/dia, que produzirão álcool a até 94º Gl e este será levado a uma unidade retificadora de maior porte, de 5.000 até 15.000 litros/dia, que reúna condições técnicas para o atendimento das especificações da ANP – Agência Nacional de Petróleo. Estas micro-agroindústrias são projetadas para produzirem álcool, cachaça, melado, açúcar mascavo e doces.

5.1.9. COOPERCANA – COOPERATIVA DOS PRODUTORES DE CANA PORTO XAVIER

A COOPERCANA, localizada em Porto Xavier, planeja produzir 9 milhões de litros de álcool até 2008, aumentando a produção de cinco milhões de litros ao ano.

Construída em 1985 pela Alpox - usina de álcool que faliu no final da década de 1990. Em 1999 os funcionários da empresa se organizaram e formaram uma cooperativa que alugou a massa falida da companhia e começou a operar com o nome de Cooperativa dos Produtores de Cana Porto Xavier (Coopercana).

Em 2004, os cooperativados compraram a empresa. O secretário da Coopercana, Gildo Bratz, cita como um dos fatores que contribuíram para o insucesso inicial da atividade a resistência por parte dos agricultores de realizar o plantio da cana-de-açúcar. “O agricultor não estava envolvido de forma direta, ele não tinha muita vantagem e a produção da usina acabou ficando na faixa de 30% do máximo de sua capacidade”. Devido à esse cenário, os agricultores resolveram “encampar” a empresa através da cooperativa e adotaram um novo sistema de gestão, dos próprios funcionários e dos agricultores que ficaram envolvidos no processo produtivo.

Atuam de forma direta na indústria. Há, atualmente, cerca de cem trabalhadores. Em períodos de safra, no campo, trabalham de 800 a 900 pessoas. A cooperativa tinha traçado um plano estratégico para atingir a capacidade máxima de fabricação de álcool, que é de cerca de 9 milhões de litros de álcool. No entanto, a estiagem atrapalhou os planos da empresa e a meta só deve ser atingida em 2007 ou 2008. No ano passado, a Coopercana produziu em torno de 5 milhões de litros do combustível. Hoje a planta de Porto Xavier processa cerca de 80 mil toneladas de cana-de-açúcar. Operando com sua capacidade máxima a usina utilizaria em torno de 130 mil toneladas. A companhia produz cerca de 2% do álcool consumido no Rio Grande do Sul.

5.1.10. GRANDESPE

O relator da subcomissão foi recebido pelo Engenheiro Agrônomo Jair Batistella, responsável pela unidade industrial de aguardente da GRANDESPE, que inicialmente fez um breve histórico da filial Salto do Jacuí: “teve seu início na década de 80, com o Sr. Elio Starlick, diante de seu espírito empreendedor e visão de diversificação de suas atividades; após adquirir uma área de terras no município, interessou-se sobre a viabilidade de implantação de uma usina para produção de Álcool, visto que naquela Microrregião era possível o cultivo da cana-de-açúcar.”

A indústria está instalada às margens do lago artificial da Barragem Passo Real e durante o período de inverno forma-se um microclima favorável ao cultivo, pois não ocorrem geadas intensas. A partir desta observação e com o incentivo dado ao então Pró-

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Álcool, no ano 1981, iniciou a introdução da cultura da cana-de-açúcar. Inicialmente, pretendia-se produzir álcool combustível porém, surgiram entraves burocráticos e a alternativa foi a produção de cachaça. A empresa conta com uma usina de capacidade instalada para industrializar 600 toneladas de cana-de-açúcar por dia. A aguardente industrializada é fornecida para todo o Estado do Rio Grande do Sul.

Após várias idas e vindas junto aos agentes financeiros e ao governo federal, chegou-se à conclusão de que o mais viável era a implantação de uma Destilaria de Aguardente de cana-de-açúcar e foi o que aconteceu, em 1983, quando foi inaugurada uma moderna indústria de cachaça, com capacidade de produção de 3 milhões de litros por ano e com uma área de aproximadamente 430 hectares de cana implantada em terras próprias, que assegura o fornecimento da matéria-prima à indústria. A cachaça produzida é comercializada com indústrias engarrafadoras localizadas em todo o Rio Grande do Sul. Estão estudando a possibilidade de exportação do produto, na busca da melhoria da lucratividade sobre o produto.

A experiência pretendida, inicialmente, não prosperou com a produção de álcool, pelo fato de não ter conseguido alavancar recursos (acesso a financiamento) para adequar a usina, por ser considerada à época, uma área fora do zoneamento para cana e porque tratava-se de região não apta para tal, segundo os agentes financeiros.

Portanto, a empresa mantém-se há mais de 20 anos na atividade com a produção de aguardente e cultivo da cana. O agrônomo responsável fez questão de ressaltar que apesar da experiência da empresa, ainda carece de pesquisa sobre novos materiais que sejam resistentes a geadas e também em relação a pragas e doenças. Disse ainda, que o período de colheita dura entre 60 a 100 dias e tem início no mês de julho e vai até setembro; pior, apenas 50% dos dias podem ser trabalhados, em função do excesso de chuvas. Um período complicado visto ser no inverno e a ocorrência de muita chuva, o que prejudica a colheita: o solo fica compactado devido à umidade com a entrada das máquinas na lavoura o que danifica também a socas.

Outra grande dificuldade é com relação à colheita, cujo corte ainda é feito manualmente e, sem a queimada, fica muito complicado. Para a colheita ser mecanizada, exigem-se investimentos significativos em maquinário e a topografia do solo não pode ter inclinação superior a 12%, o que inviabiliza a colheita mecânica. Este é um problema para o desenvolvimento da cana em nosso estado.

Outro fator importante colocado pelo Agrônomo da empresa, é sobre a prática de antecipação do ciclo de plantio para evitar as geadas e, principalmente, para viabilizar o corte no inverno seguinte. O grau de extração em termos de rendimento fica na faixa entre 80 e 100 litros por toneladas o que dá um rendimento de aproximadamente 6.500 litros por hectare, a uma produtividade da ordem de 80 toneladas de colmo por hectare.

A empresa ainda tem um sistema de aproveitamento do bagaço na geração de energia para aquecimento da caldeira da indústria. O excedente é transformado em adubo assim como o vinhoto, que é aproveitado como adubo nas lavouras. O cultivo da cana, exige uma adubação adequada com 500 kg na base e mais uma adubação de manutenção, já que é possível realizar até 5 cortes com a mesma soca.

Além das dificuldades apontadas de ordem agronômicas, foi ressaltada dificuldade de outra ordem, como a questão tributária. Caso queiramos produzir álcool, será fundamental rever a alíquota de ICMS. No caso da cachaça o tributo é alto, elevando o custo. Há também, na visão da empresa, uma carência de pesquisa, falta de laboratórios especializados para medir o grau de rendimento e grau de sacarose e, principalmente, o padrão do produto final. No curto prazo, a empresa não pretende rever e adequar sua indústria para produzir álcool, como tinham o interesse no passado.

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5.1.11. AUDIÊNCIA PÚBLICA NO MUNCÍPIO DE JACUIZINHO

Presentes no encontro, o Prefeito Municipal de Jacuizinho, Sr. Antônio Gilson de Brum, EMATER e Secretários Municipais dos municípios de Campos Borges, Estrela Velha, Jacuizinho, Espumoso; Associação dos agricultores familiares de Jacuizinho e Espumoso, Presidente da Câmara de Vereadores de Jacuizinho, Sra. Lenilda G. Pinto

Inicialmente, o Prefeito Municipal de Jacuizinho fez saudação aos presentes, e disse da importância do trabalho da Subcomissão, “pois é fundamental que o estado esteja sensibilizado para novas alternativas de produção que gere renda. Para tanto, precisamos de uma nova matriz produtiva com novas alternativas.” Ressaltou a importância e a necessidade de investimentos em pesquisa sobre o zoneamento para a cana no estado, bem como sobre variedades aptas em cada região, bem como tecnologias. Outra preocupação do prefeito é sobre quem poderá financiar projetos no setor do álcool no estado, e que modelo será mais apropriado para os gaúchos? Deixou claro que a prefeitura tem o maior interesse em apoiar investimentos desta natureza, mas faltam estudos sobre modelos e, principalmente, sobre a viabilidade econômica do empreendimento.

Já para os Secretários de Agricultura presentes e para os técnicos da EMATER, a preocupação é quanto à disponibilidade de materiais que se adaptem às condições climáticas da região. Além de manifestarem-se sobre as perspectivas de mercado para a cana e o álcool.

O consenso do encontro foi de que o estado, através da FEPAGRO, juntamente com a EMATER e EMBRAPA devem rever o zoneamento da cana no estado, bem como levantar as possibilidades e o potencial existente para o desenvolvimento da cana e do álcool. Querem saber a partir de que área é possível os pequenos agricultores agregarem renda à propriedade?

5.1.12. FAMURS – FEDERAÇÃO DOS MUNÍCIPIOS DO ESTADO DO RS

O presidente da FAMURS disse que estava assumindo a presidência há pouco tempo e que ainda não tinha uma posição definida sobre o tema. O Deputado Heitor Schuch fez uma breve explanação sobre os objetivos e os trabalho que a Subcomissão vem desenvolvendo no decorrer do período regimental previsto para o funcionamento da mesma, ressaltando o grande interesse de secretários de agricultura e de Prefeitos Municipais sobre o assunto.

O presidente da FAMURS disse ao Deputado que vai realizar uma coleta de dados junto às prefeituras e que, por enquanto, a entidade tem cautela sobre o tema, uma vez que muitas regiões, provavelmente não são aptas ao cultivo da cana. Mas salientou que a entidade defende os interesses dos municípios e, portanto, julga fundamental avaliar e debater sobre a questão de royalty para os municípios, além da geração de crédito de carbono quando se discute energia renovável.

Com certeza, a entidade fará debates com os prefeitos sobre esse tema, que hoje está na ordem do dia e encaminhará para a Assembléia Legislativa. Disse mais: “projetos dessa natureza exigirão um integração de propósitos entre prefeituras, governos estadual e federal, principalmente no que se refere à pesquisa, infra-estrutura, logística e questão tributária.”

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5.1.13. VISITA AO COMPLEXO TERMASA E TERGRASA

O foco da instituição está voltado, em primeiro lugar, a prestar um bom serviço de logística às cooperativas associadas, além de prestar serviços de logística aos demais clientes, tanto no que se refere à importação como exportação de produtos sólidos, como grãos e cavaco de madeira, entre outros.

O terminal TERGRASA S/A (terminal de trigo e soja) é o maior da América Latina para operações de granéis agrícolas. Conta com a capacidade de armazenagem estática de 152 mil toneladas e tem uma capacidade de recepção de 1.500 t/hora, via rodoviária; 750 t/hora, via ferroviária e 1.500 t/hora, via hidroviária. Possui um silo graneleiro vertical, com uma capacidade estática de 130 mil toneladas. A capacidade de carregamento de navios é de 3.000 t/hora, operando com dois carregadores. Possui uma característica única, pelo fato de existir cais coberto, permitindo a carga e descarga de barcaças graneleiras, com qualquer condição climática. Este terminal opera com grãos e farelos e exportação de cavacos de madeiras.

A CCGL também controla o terminal marítimo Luiz Fogliato S/A – TERMASA que conta com uma capacidade estática de armazenagem de 27,5 mil toneladas de granéis agrícolas. Tem uma capacidade de recepção de 500 t/hora, via hidroviária .

A novidade neste terminal (por isso a visita desta Subcomissão) é de que o mesmo conta com um depósito de cargas líquidas, possui dois tanques com capacidade total de 10.000 toneladas de óleo vegetal. A capacidade total de armazenagem do terminal é de 220 mil toneladas de granéis agrícolas, operando tanto na exportação quanto na importação. Na expedição, a capacidade do terminal é de 2 mil toneladas por hora. Esses dados foram apresentados pela Superintendência dos terminais administrados pela CCGL.

Concluída a apresentação, o relator da Subcomissão, Deputado Heitor Schuch, indagou “Já houve algum interesse ou solicitação para carregamento de álcool e se também há possibilidade de operar neste setor”. A resposta foi de que, até o momento, não houve nenhuma consulta, mas que a empresa tem interesse e tem plenas condições de usar os depósitos líquidos para operar com etanol, assim se espera otimizar uma estrutura que está disponível, caso o estado do Rio Grande do Sul, venha a ser um fornecedor mundial de etanol nos próximos anos.

Após assistir a apresentação sobre a estrutura dos terminais, foi realizada uma visita aos mesmos. Na ocasião, foram ponderadas, ao parlamentar, algumas dificuldades enfrentadas, tais como: manutenção anual do calado, por parte do governo do estado, que dificulta otimizar as cargas completas dos navios devido à profundidade no ponto de atraque suportar navios de grande porte com carga completa, isso encarece o frete devido à falta de dragagem.

Um ponto importante apontado é sobre a necessidade de planejamento anual de continuidade da dragagem e também estabelecer autonomia administrativa operacional e financeira. Outro gargalo que vinham enfrentando, a cada safra, eram as filas de caminhões para descarga. Recentemente implementaram um sistema inédito de agendamento, denominado de Sistema Pampa, disponível via internet (www.termasalogistica.com.br), onde os clientes podem agendar o envio de suas cargas destinadas aos dois terminais, seja através de modais rodoviários, ferroviário ou hidroviário, evitando aglomeração de caminhões e facilitando o controle e horários de descarga, o que facilita o fluxo de veículos.

Outro problema enfrentado pelos terminais diz respeito às normas ultrapassadas e referentes a determinadas operações que, hoje, não são mais necessárias mas

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que, em função da legislação ultrapassada, precisam que ser mantidas, encarecendo o custo operacional. 5.1.14. VISITA À SUPERINTENDÊNICA DO PORTO DE RIO GRANDE

A finalidade da visita da Subcomissão à Superintendência do Porto do Rio

Grande era ouvir da instituição se existem operações de cargas líquidas na orla portuária. O relator, acompanhado de assessores, foi recebido pelo Diretor Administrativo e Financeiro, Sr. Sinésio Cerqueira Neto, que fez uma breve explanação sobre a estrutura e características dos terminais portuários que compõem o complexo de carga e descarga dos mais variados tipos de produtos, sólidos, líquidos, cargas vivas, granéis, conteiner ente outros. Disse que o Porto gaúcho desfruta de uma privilegiada e moderna estrutura, possuindo quatro terminais especializados na movimentação de granéis agrícolas .

No tocante ao interesse de determinado setor, como é o caso da questão do álcool e etanol, informou que nenhum pedido ou consulta foi oficializado junto à Superintendência, mas caso haja interesse, eles têm a obrigação de averiguar as possibilidades de implementação.

As principais cargas embarcadas são: farelo de soja, soja em grão, fertilizantes, milho, óleo de soja, consumo de bordo, madeira serrada, arroz, trigo, tara de conteiner, produtos químicos, álcool etílico, sal, óleo de canola e mais recentemente, boi vivo. Já as principais cargas importadas são: fertilizantes, uréia, arroz, milho, ácido fosfórico, trigo, produtos químicos e conteiner vazio.

Além de verificar a possibilidade de carregamento de álcool ou etanol, via Porto de Rio Grande, outro objetivo da Subcomissão era o de conhecer a infra-estrutura portuária e a capacidade de armazenamento e estocagem, bem como, colher subsídios para o debate em torno do fomento à produção de cana no Rio Grande do Sul, destinada à produção de álcool.

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5.1.15. REUNIÃO CÂMARA DE VEREADORES DE ITAQUI

Por solicitação da presidente da Câmara de Vereadores de Itaqui, Vereadora Claudete Bruck, foi realizada reunião no município, para conhecimento das experiências e iniciativas existentes em relação ao cultivo da cana.

Participaram do evento o Prefeito em exercício, Mário Sander Bruck, represente da Emater, Secretário Municipal da Agricultura, Presidente do Sindicato Rural de Itaqui e produtores interessados.

Inicialmente, a presidente da Câmara, que coordenou o encontro, saudou os presentes e solicitou ao Prefeito em exercício para fazer uso da palavra. Este manifestou o interesse que está havendo por parte de produtores em relação ao cultivo da cana no município. Disse que “a grande indagação é com relação a viabilidade agronômica da cultura, bem como a viabilidade em realizar empreendimentos na comunidade e, como gestor municipal, tem a obrigação de esgotar o debate sobre as possibilidades reais ou não do cultivo comercial da cana-de-açúcar naquele município”.

O Secretario Municipal da Agricultura fez uso da palavra, dizendo que a Prefeitura Municipal de Itaqui, através da Secretaria Municipal da Agricultura tem procurando buscar alternativas de novas culturas para o município e região, uma delas é a cultura da cana, inclusive já existem ações realizadas no município sobre este tema.

Ressaltou que existe um estudo elaborado pela Universidade Federal do Pampa- Campus Itaqui, Centro de Ciências Agrárias, com parecer técnico sobre o zoneamento teórico da cultura da cana-de-açúcar no município – em uma versão preliminar, realizada em março de 2007, e que contou com a participação de colaboradores da Emater/Ascar, do Instituto Rio Grandense do Arroz, da Secretaria Municipal da Agricultura e dos Sindicato Rural de Itaqui e Massambará.

Após a abertura, o Deputado Heitor Schuch, fez uma apresentação sobre os objetivos da Subcomissão na Assembléia Legislativa, da qual é o relator, e falou sobre os entraves e as oportunidades que se apresentam para nosso estado em relação à produção de cana e de álcool. Após a exposição, ouviu sugestões sobre o tema, às quais são registradas a seguir:

1. Há um interesse de produzir no município uma área com 10.000 hectare de cana, sendo que necessitam de estudo mais apurado sobre a viabilidade do empreendimento no município ou região.

2. Há uma carência de pesquisa e assistência técnica em relação a cana-de-açúcar;3. A topografia das terras do município são favoráveis ao cultivo;4. Há necessidade de se rever o potencial de exploração da cana-de-açúcar no

município de Itaqui para fins de zoneamento da cultura, com o devido acompanhamento experimental in loco, já que pelos dados de literatura e algumas experiências de produtores e órgãos públicos, certas regiões do município teriam condições favoráveis para a cultura;

5. município quer fazer parte dessa revisão sobre zoneamento da cana.

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5.1.16. VISITA À UNIDADE DEMONSTRATIVA DE ÁLCOOL E AGUARDENTE DA URI NO MUNICÍPIO DE JAGUARI

O relator da Subcomissão da cana-de-açúcar, álcool e etanol da Assembléia Legislativa acompanhado do Presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Jaguari, foi recebido pelo Coordenador da Unidade Demonstrativa da URI no município, professor Ciro Brum.

O mesmo fez uma explanação sobre os objetivos da formação da unidade demonstrativa da URI, que é em parceria com a Prefeitura Municipal e a empresa LIMANA - Poliserviços, fabricante de pequenas usinas, com foco voltado para agricultura familiar. Disse ainda pela tradição do município, detém, em funcionamento, mais de 150 alambiques.

A finalidade é desenvolver estudos sobre a viabilidade de empreendimentos de pequeno porte em relação à oportunidade que se apresenta para o estado em relação ao álcool. Porém, ressaltou que “estamos apenas iniciando uma caminhada e que é preciso avançar muito, diante das dificuldades que enfrentam no dia-a-dia e que vão desde dificuldades financeiras, tecnológicas, matéria-prima apropriada ao marco regulatório, entre outras.”

O pesquisador fez questão de dizer que o modelo paulista, para o estado do Rio Grande do Sul, não será apropriado, dado as condições e características de topografia e também pelas condições climáticas.

Por sua vez, o relator da Subcomissão, disse ao pesquisador que o grande desafio é encontrar o modelo apropriado às condições do nosso estado e mais, desde que sejam viáveis para gerar mais renda, principalmente aos agricultores familiares.

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6. AUDIÊNCIA PUBLICA CONJUNTA COM A COMISSÃO DE AGRICULTURA DA ALRS

No dia 26 de abril de 2007, às 9h30min, esta Subcomissão realizou, em conjunto com a Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa, uma audiência Pública para tratar da “Situação do Biocombustível – Viabilidade Técnica e Econômica.”

Na ocasião estiveram presentes, este Relator, os Deputados: Adolfo Brito – Presidente da Comissão, Aloísio Classmann, Jerônimo Goergen, Dionilso Marcon, Elvino Bohn Gass e Rossano Gonçalves, além de vários representantes do setor, tais como: André Cirne Lima – FIERGS; Cláudio Roberto Tonol – GRANOL; Irineu Boff – OLEOPLAN S/A; Odacir Klein – INSTITUTO BIODIESEL NACIONAL; Romário Rossetto – COOPERBIO; Omar Inácio Benedetti Santos e Carlos Termignoni – UFRGS; Túlio Zanin – BSBIO; Elton Weber – FETAG/RS; Albino Gewer – FETRAF-SUL; João Luiz Bogorni – FAMURS; Ricardo Alonso e José Eduardo Folli – BRASIL ECODIESEL; Paulo Reckziegel e Nidio Born – FEPAGRO; Carlos Adilio Maia do Nascimento – IBPS – Instituto Brasileiro de Produção Sustentável e Direito Ambiental; Demétrio Luiz Guadagnin – UNISINOS; José Américo da Silva – FEDERASUL; Cézar Leo Nicola – CRGA; Renato das Chagas e Silva – Chefe da Divisão de Controle da Poluição Ambiental da SEMA; Alencar Paulo Rugeri – EMATER; David Chazan – CAIXA-RS.

Este relator iniciou a reunião dizendo: “ ...quando a sociedade vive o aquecimento global, a energia fóssil escasseando, e sabedores da energia de que necessitamos, perguntamos qual é a alternativa correta ecologicamente e o que é viável economicamente. A grande discussão que permeia a Subcomissão é sobre o modelo, se é o da agricultura familiar ou o paulista. Temos a teoria, mas queremos ouvir o segmento, que tem a prática.”

A palavra foi passada ao Sr. André Cirne Lima, representante da FIERGS, que informou que para inclusão do Rio Grande do Sul nesse setor com respaldo técnico e

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científico, de forma sistematizada, planejada e validada, vários parceiros foram procurados. O primeiro contato foi com a EMBRAPA, que aceitou o desafio para a pesquisa, orientando sobre a escolha de cultivos da cana-de-açúcar que poderiam ser introduzidas no Estado. Para contemplar a pequena propriedade, diferentemente do modelo de São Paulo, a FIERGS fez uma parceria com a UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com o objetivo de fazer uma avaliação econômica e financeira, de oportunidades tecnológicas para a produção da cana e do etanol, em diferentes escalas produtivas. Além das entidades já citadas, o projeto tem o apoio da SETA e do Instituto Fraunhofer, da Alemanha, a fim de discutir a tecnologia industrial. O projeto foi encaminhado à Brasília, onde obteve apoio da Ministra Dilma Rousseff.

Após, o Sr. Cláudio Roberto Tonol, Gerente de Projetos da GRANOL, de Passo Fundo, apresentou o “Programa Nacional de Biodiesel no Rio Grande do Sul”, o qual contém propostas, diante da preocupação com o crescente aquecimento global e a necessidade de buscar-se novas fontes de energia. Ele salientou que o Brasil tem condições especiais para tornar-se, além de celeiro mundial de alimentos, o maior fornecedor de energia renovável, ponderando que o biodiesel paga mais imposto do que o diesel, resultando em tratamento desigual.

O representante da OLEOPLAN S/A, Sr. Irineu Boff, disse que o tema da atualidade é o efeito estufa e para o biocombustível, consequentemente, o mercado é altamente favorável, pois o Governo criou um mercado, quando autorizou a adição de 2% ao diesel, com tendência a aumento. Também disse que a transformação do óleo vegetal para o biocombustível ainda não dinamiza a economia, para tanto é necessário aumentar o mercado, que passa pelo aumento da produção agrícola. Há programas de Governo, porém a execução basicamente é da iniciativa privada. Informou que a Alemanha e a França são os países da Europa que mais consomem o biodiesel, têm produção própria e recebem subsídios e proteção fiscal. No Brasil, não se recebe nenhum incentivo, há um sobrecarga fiscal. A Europa passou o recado sobre a necessidade de baixar os custos e a Argentina já pratica isenção fiscal de 20%. Corremos o risco de ficarmos limitados ao mercado interno.

O Sr. Odacir Klein, Presidente do INSTITUTO NACIONAL DO BIODIESEL esclareceu que o Instituto não tem vínculos com o etanol, apenas com o biodiesel e a sua finalidade é aglutinar e ter uma linguagem única. Há uma previsão de que a adição de 5% possa ser antecipada pelas ofertas que têm havido e pela capacidade de produção instalada. Também acenou com a possibilidade de antecipação da venda direta aos distribuidores, sem que haja a necessidade de leilão, pois nos leilões existe o requisito do selo regulado pelo MDA para estimular a agricultura familiar, garantido a conciliação entre a produção de alimentos e a produção direcionada para o biodiesel. Reiterou que a agricultura familiar necessita de uma atenção especial, maior do que a agricultura empresarial, abordando também as diversas possibilidades de isenção fiscal. Como empecilho ao aproveitamento de energias renováveis no Brasil, apontou entraves do cenário interno, tais como a concorrência com o diesel mineral, ações lentas do Governo e o desequilíbrio global (investimentos, tarifas, câmbios).

O Presidente da COPERBIO, Sr. Romário Rossetto, falou sobre a tarefa histórica do campesinato, que é a de produzir alimentos em regime familiar e para isso é preciso energia. Os combustíveis fósseis são finitos e toda nossa agricultura é preponderantemente: produção, transporte e circulação. Informou que, em parceria com a PETROBRÁS estão fazendo um Estudo de Viabilidade técnica, Econômica, Social e Ambiental.

O Sr. Omar Inácio Benedetti Santos, do CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM AGRONEGÓCIO DA UFRGS, destacou a abordagem multidisciplinar e se

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aliou às preocupações em buscar-se estabelecer uma discussão ampla sobre o que virá influenciar o biodiesel e o etanol.

Em nome da BIODIESEL, o Sr. Túlio Zamin disse que do ponto de vista agrário temos condições e culturas alternativas e que o debate sobre a carga tributária é permanente.

O Presidente da FETAG, Sr. Elton Weber, defendeu a inclusão da agricultura familiar na implantação dos novos projetos para a energia renovável e observou o modelo agrícola, alicerçado numa variedade de culturas, pois não podemos correr o risco de repetir o modelo paulista de produção. Sugeriu a isenção de tributação do combustível para o uso do pequeno produtor e microusinas e, ainda, a auto-sustentação da propriedade.

O Diretor de implantação da BRASIL ECODIESEL, Sr. Ricardo Alonso, acredita que a produção de biocombustíveis é uma prática que veio para ficar, recomendando que antes de pensar em mercado internacional, temos muito a crescer no Brasil.

O médico veterinário, pesquisador e professor, Sr. Carlos Termignoni, Diretor do CBIOT – Centro de Biotecnologia da UFRGS, enfatizou a importância de sermos auto-suficientes na criação de nossas plantas, julgando necessário na importação de tecnologia, senão acabará como na telefonia e em outros segmentos, onde a maior fatia vai embora do País.

O Presidente da FEPAGRO, Sr. Paulo Reckziegel, falou dos recursos disponíveis e na importância de determos a tecnologia de modo a não termos perdas a exemplo do que já ocorreu no passado, lamentando que o investimento em tecnologia esteja contigenciado.

Dr. Carlos Adílio Maia do Nascimento, Presidente do INSTITUTO BRASIELIRO DE PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL E DIREITO AMBIENTAL, disse que o mundo está vivendo um momento ímpar com a reconversão dos modos de produção para modelos sustentáveis. “É a tônica em qualquer lugar do mundo, sendo necessário elaborar uma política de reconversão da petroquímica para a agroquímica, pois nosso País é conhecido, mundialmente, como ponta em biotecnologia e ainda decodifica genoma.”

Representando a SEMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Sr. Renato das Chagas e Silva, recomendou conciliar o modo de produção com a preservação e recuperação do meio ambiente, seja na agricultura familiar ou extensiva, levando em conta a qualidade de vida.

O Dr. José Américo da Silva, do Instituto Universal de Marketing de Agrobusiness e Vice-Presidente da FEDERASUL e o Dr. César Léo Nicola, representante do CREA, manifestaram-se favoravelmente ao uso de fontes energéticas renováveis.

O Dr. Nídio Antônio Bardo, da FEPAGRO, informou que pesquisa agropecuária está sendo feita de forma integrada no Rio Grande do Sul, visando as variedades de cana-de-açúcar tolerantes ao frio, mandioca, mamona, girassol e frisando a importância dessa diversificação.

O biólogo Demétrio Guadagnin, representando a UNISINOS, referiu que em razão da mudança climática acelerada, são necessárias reformulações, usando-se todos os modelos agrícolas, de vez que a mudança climática e a escassez de petróleo nos impulsiona ao biocombustível.

Por fim, o Sr. Ricardo Alonso, Diretor da ECODIESEL, referiu que toda a matéria-prima usada pela sua empresa é brasileira, com tecnologia brasileira e enaltece que devemos confiar na agricultura familiar e na iniciativa privada.

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7. PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CANA, AÇÚCAR E ÁLCOOL

Etanol e álcool etílico são sinônimos. Ambos se referem a um tipo de álcool constituído por dois átomos de hidrogênio e um grupo hidroxila.

O etanol é uma substância pura, mas na sua produção é necessário diferenciar o etanol anidro (ou álcool etílico anidro) do etanol hidratado (ou álcool etílico hidratado). A diferença aparece apenas no teor de água contida no etanol: enquanto o etanol anidro tem o teor de água em torno de 0,5%, em volume, o etanol hidratado, vendido nos postos de combustíveis, possui cerca de 5% de água, em volume (embora a especificação brasileira defina essas características em massa, o comentário feito expressa os dados em volume, para harmonização da informação com a prática internacional.).

Na produção industrial do etanol, o tipo hidratado é o que sai diretamente das colunas de destilação. Para produzir o etanol anidro é necessário utilizar um processo adicional que retira a maior parte da água presente. (Fonte: ÚNICA – União da Indústria de cana-de-açúcar)

SafrasÁlcool

Anidro (AA)(m3)

Álcool Hidratado (AH)

(m3)

Álcool Etanol (AA+ AH)

(m3)

Açúcar(ton.)

Cana-de-açúcar (ton.)

2000/01 5.584.730 4.932.805 10.517.535 16.020.340 254.921.721

2001/02 6.479.187 4.988.608 11.467.795 18.994.363 292.329.141

2002/03 7.009.063 5.476.363 12.485.426 22.381.336 316.121.750

2003/04 8.767.898 5.872.025 14.639.923 24.944.434 357.110.883

2004/05 8.172.488 7.035.421 15.207.909 26.632.074 381.447.102

2005/06 7.662.622 8.144.308 15.806.930 26.214.391 382.482.002

2006/07 (*) 8.081.661 9.828.161 17.909.822 30.629.827 427.520.294Fonte: DEPARTAMENTO DA CANA-DE-AÇÚCAR E AGROENERGIA – MAPA/SPAE(*) Posição em 01/07/2007.

7.1. RAIO-X DO SETOR DE AÇÚCAR E ÁLCOOL NO BRASIL

SAFRA 2006/07 ESTIMATIVA SAFRA 2012/2013

VARIAÇÃO EM %

Nº de usinas 325 412 26,80Área plantada em milhões de ha 6,3 10,3 63,5

Produção de cana-de-açúcar em milhões de toneladas

425,4 727,8 41,6

Produção de açúcar em milhões de toneladas 29,8 38,5 113,5Fonte: ÚNICA, BNDES e SECEX

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7.2. SITUAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL

Conforme trabalho da EMATER/RS – ASCAR, coordenado pelos técnicos Alencar Paulo Rugeri, Luis Roberto e Mauro Tubino, realizado em 2005, “o Rio Grande do Sul tem dificuldades em competir na fase produtiva e consequentemente industrial, pelas características climáticas, visto que a maturação pode ocorrer por fatores térmico e com isso o período de colheita se reduz, o que poderá ter um dispêndio econômico na instalação industrial, pois a indústria deverá ter uma capacidade instalada superior quando em comparação com locais onde a maturação da cana ocorre por fatores fisiológicos. As dificuldades são basicamente no que se refere ao clima, ou seja, as condições de frio, em virtude disso a utilização de variedades precoces têm prejuízos de rendimento. Isto posto, significa perda de competitividade industrial em comparação aos locais de produção convencional, pois a ociosidade industrial é fator fundamental para o sucesso da atividade dentro do agronegócio. Outro fator restritivo, a falta de tradição no cultivo da cana-de-açúcar.”

Abaixo reproduzimos duas tabelas extraídas do trabalho acima referido:

Tabela 1 - Síntese da situação atual da cana-de-açúcar no Rio Grande do SulATIVIDADE UNIDADE QUANTIDADE

Área total implantada Hectare 35.000

Área comercial implantada Hectare 10.000

Alambiques Unidade 2.500 (aprox.)

Indústria de álcool Unidade 1

Produção de aguardente Litros 15.000.000 (estimativa)

Produção de álcool Litros 9.000.000

Produção de outros derivados Tonelada/ano 2.500

Empregos gerados – cadeia álcool Unidade 300 (diretos)*

Empregos gerados – outras cadeias Unidade 1.700

Receita gerada pela cadeia álcool R$ 5.600.000,00

Receita gerada por outros derivados R$ 25.300.000,00Obs.: (*) somente empregos relacionados à indústria, não incluindo a mão-de-obra do produtor que soma 180.

Fonte: EMATER/RS – ASCAR

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Tabela 2 – Custo de implantação da lavoura de cana-de-açúcar (por hectare)ATIVIDADE UNIDADE VALOR (R$)

Preparo do solo – subsolagem 1 hora-máquina 40,00

Preparo do solo – abertura dos sulcos 1 hora-máquina 40,00

Mudas 18 toneladas 720,00

Distribuição das mudas 10 dia/homem 200,00

Adubação 400 Kg 450,00

Correção do solo 3 toneladas 100,00

Herbicidas (capina manual) 5 dia/homem 100,00

Adubação de cobertura 2 dia/homem 40,00

Total 1.690,00Fonte: EMATER/RS – ASCAR

7.3. CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL – PRODUÇÃO, ÁREA COLHIDA E RENDIMENTO MÉDIO

A cana-de-açúcar foi o principal destaque do Balanço Energético Nacional (BEN) divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Segundo o Balanço, a produção de etanol, no ano passado, de 17,8 bilhões de litros (crescimento de 10,8% na comparação com 2005) teve impacto direto na oferta de energia no País. Considerando todas as formas de energia (renovável e não renovável), os produtos de cana-de-açúcar quase se equipararam ao volume de energia hidráulica na matriz energética e responde por 14% da matriz energética.

Enquanto os derivados da cana-de-açúcar (álcool e bagaço) tiveram, juntos, crescimento de 9,7%, atingindo 33,1 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (TEP), a energia hidráulica cresceu 3,7%, atingindo 33,6 milhões de TEPs. Isso significa que os produtos da cana ocupam, hoje, a fatia de 14,4% da matriz energética a 14,6% da energia hidráulica.

Por essa fórmula, calcular a matriz energética, os derivados de petróleo lideram o bolo, com 38,8% (o mesmo que em 2005), seguido por lenha e carvão vegetal (12,4% ante 13% no ano anterior) e gás natural (9,5% mesmo percentual de 2005).

“A cana foi um destaque absoluto, devido principalmente à elevação demandada por etanol. Esse crescimento deve continuar nos próximos anos. Acho que esse será o ano da cana e a cana será a vedete da energia nos próximos anos”, avaliou o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim.

Ele destacou ainda, que a demanda crescente pelos produtos da cana puxou o crescimento da produção de 2006 em 12%, enquanto o PIB cresceu 3,7%. A elevação da oferta também contribuiu para o aumento nas exportações em 50%, passando de 2,26 bilhões de litros, em 2005 para 3,6 bilhões de litros, em 2007.

No caso específico da geração de energia elétrica, a cana-de-açúcar (que representa entre 70% a 80% da biomassa usada para essa finalidade no País) também teve

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crescimento acima do esperado. A energia gerada por biomassa cresceu 7,1%, passando de 18,3 Twh para 19,6 Twh.

Já com relação à geração termoelétrica no País, a biomassa superou o gás no ano que passou. A geração térmica, que cresceu 7,4% em 2006 sobre 2005, teve uma participação estável do gás, com uma fatia de 25,9% e a biomassa com 27,8%. Ainda na geração térmica, a energia nuclear participa com 19,6% derivados de petróleo com 16,2% e carvão vegetal. Fonte: Jornal do Comércio – página de economia, 30 e 31 de março e 1º de abril de 2007 – página 14.

“O balanço energético nacional (BEN) aponta que a oferta interna de energia total do Brasil, em 2006, de 44,4% correspondem à oferta de energia renovável, o que faz com que o Brasil seja o maior consumidor de energia limpa do mundo.”

“Essa participação relativa de energias renováveis tem se mantido praticamente estável entre 2005 e 2006. O Brasil é o país que mais se utiliza de fontes renováveis de energia; as chamadas energias limpas, em todo o mundo. Ainda de acordo do com dados do BEN, a média mundial de utilização de energia renovável é de apenas 13,2%, enquanto nos países da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômicos (OCDE) esta média é ainda menor: 6,1%.”

Abaixo reproduzimos tabela elaborada pela Secretaria de Política Agrícola do MAPA, que mostra a produção, a área colhida e o rendimento médio da cana-de-açúcar, no Brasil:

Mil toneladas e mil hectares

ANO PRODUÇÃO ÁREA COLHIDA RENDIMENTO MÉDIO (t/ha)

1990 262.674 4.273 61,51991 260.888 4.211 62,01992 271.475 4.203 64,61993 244.531 3.864 63,31994 292.102 4.345 67,21995 303.699 4.559 66,61996 317.106 4.750 66,81997 331.613 4.814 68,91998 345.255 4.986 69,21999 333.848 4.899 68,12000 326.121 4.805 67,92001 344.293 4.958 69,42002 364.389 5.100 71,42003 396.012 5.371 73,72004 415.206 5.632 73,7

2005 (*) 455.272 6.172 73,8(*) EstimativaFonte: Produção, área e rendimento médio – IBGE – Produção Agrícola Municipal (PAM – 1990 a 2004) e Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA – julho/2006)

7.4. EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE ÁLCOOL POR ANO-SAFRA

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Abaixo, reproduzimos tabela com os dados das exportações brasileiras, constantes do Balanço Nacional da cana-de-açúcar e agroenergia, elaborado pelo MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 2007, ressaltando que cabe observar que o volume de exportação, em milhões de litros, cresceram 2,5 vezes o ocorrido na safra 2003/2004, enquanto que em valor monetário, o crescimento foi apenas 1,5 vezes o praticado no mesmo período.

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7.5. COMPARATIVO REGIÕES DO BRASIL (área, produtividade e produção)

Abaixo, apresentamos tabela comparativa de área, produtividade e produção de cana-de-açúcar, elaborada pela CONAB e referentes às safras 2006/07 e 2007/08.

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7.6. PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE ÁLCOOL

Abaixo, reproduzimos tabela com os dados da produção mundial de etanol (em bilhões de litros), e foi retirado do Balanço Nacional da cana-de-açúcar e agroenergia, elaborado pelo MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 2007:

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8. Seminário Cana-de-açúcar, Álcool e Etanol: o Rio Grande do Sul como Potência Energética

A Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, determinada em trabalhar pelo desenvolvimento do Estado, promoveu o Seminário Cana-de-açúcar, Álcool e Etanol: o Rio Grande do Sul como Potência Energética, com o objetivo de oferecer conhecimento e promover a produção de cana-de-açúcar no Rio Grande.

Trata-se da oportunidade de inserir o Estado do Rio Grande do Sul no debate nacional que se faz pela expansão da produção da cana-de-açúcar e do álcool no Brasil, especialmente quando o mundo está com os olhos voltados para o País como o maior produtor de energia limpa.

É um momento onde o aquecimento global preocupa toda a população do nosso planeta, a necessidade por energias renováveis passou a ser uma questão de sobrevivência e esta

iniciativa visa gerar desenvolvimento, crescimento econômico e novas oportunidades para os produtores gaúchos.

É trabalhando mais perto da sociedade, junto dos diversos setores produtivos, que a Assembléia Legislativa cumpre seu papel para ajudar a construir um Rio Grande mais forte.

Este Seminário contou também, com o apoio das entidades: OCERGS – SESCOOP/RS, AFUBRA, FETAG-RS e SICREDI.

8.1. ABERTURA SEMINÁRIO

A mesa de abertura do Seminário foi composta pelas seguintes autoridades:

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FREDERICO ANTUNES – Deputado Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul;

NELSON PROENÇA - Secretário de Estado do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, neste ato representando a Exma. Senhora Governadora do Estado, Yeda Rorato Crusius;

ALEXANDRE STRAPASSON - do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento / Secretaria de Produção e Agroenergia / Departamento de Cana-de-açúcar e Agroenergia, que neste ato representou o Governo Federal;

NILTON PINHO DE BEM - Delegado Federal do MDA no Estado do Rio Grande do Sul, representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário;

Dr. ALEXANDRE SALTZ, representante do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul;

Embaixador CLAUDIO LYRA, Chefe do Escritório do Ministério das Relações Exteriores no RS;

ADOLFO BRITO; Deputado Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa;

HEITOR SCHUCH, Deputado Relator da Subcomissão da Cana-de-açúcar, Álcool e Etanol;

MÁRIO NASCIMENTO, Presidente da EMATER-RS, representando o Secretário de Agricultura do Estado;

Senhores Presidentes e Representantes das Entidades parceiras deste Seminário: ELTON WEBER - FETAG; VIRGÍLIO PÉRIUS - OCERGS; BENÍCIO ALBANO WERNER – AFUBRA e JOSÉ ANTÔNIO LAPOLLI - SICREDI.

O Seminário contou também, com a presença das seguintes autoridades:Senhores Parlamentares desta Casa: JERONIMO GOERGEN; EDSON

BRUM; MIKI BREIER; RAUL CARRION; ELVINO BOHN GASS; MARCO PEIXOTO; ZILA BREITENBACH; ADÃO VILLAVERDE; KELLY MORAES; ADROALDO LOUREIRO; ALOÍSIO CLASSMANN; RONALDO ZULKE.

MIGUEL ROSSETTO - Ex-Ministro do Desenvolvimento Agrário, PREFEITOS MUNICIPAIS, VICE-PREFEITOS, SECRETÁRIOS MUNICIPAIS VEREADORES, Eng. FULVIO PETRACCO, RUI POLIDORO PINTO – Presidente da FECOAGRO, Presidentes e representantes partidários.

E ainda, com representantes e técnicos das seguintes entidades: ABDI, AEROMÓVEL BRASIL S/A, AFUBRA, ALSOL, APAC, APRODECANA, ASSOCIAÇÃO SULINA DE CRÉDITO E ASSIST. RURAL, ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS, BARRINOX, BRASKEM, BRDE, CAIXA-RS, CEEE, CEFETRS, CIENTEC, COMACEL, CONAB, COOPERATIVA PRODUTORES DE MAMONA DO RS, COOPERBIO, COOPERCANA, COOPERE, COOTRAEL, CREA-RS, EMATER, EMBRAPA, ETA, FACCAT, FAMURS, FEDERASUL, FEE, FEPAGRO, FETAG-RS, FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA, FURG, GERALCOOP, IBPS, INCRA, IRGA, LIMANA-POLISERVIÇOS, METROPLAN, NBN – Projetos e Consultoria em Sistemas Eficientes, NOROBIUS, OCERGS-RS, OLEOPLAN S/A, ONG “AMIGOS DA TERRA”, PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA, PRODUTORES DE CANA, PUC, RGE, SAMA BIOTECNOLOGIA LTDA., SEMENTES SANTA TERESA, SESCOOP-RS, SICREDI, SINDICATOS RURAIS E DE TRABALHADORES RURAIS, SULPETRO, TECDUS – Tecnologia e Eng. Industrial, UERGS, UFRGS, ULBRA, UNIGRO, UNIJUÍ, UNISINOS, UNIVATES, UPF, URI, COOPERATIVAS, bem como de diversos ESTUDANTES.

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8.2. PALESTRAS:

O painel: “BIOCOMBUSTÍVEIS: UMA NOVA ESTRATÉGIA PARA O RIO GRANDE DO SUL - Desafios da Bioenergia - A Experiência da cana-de-açúcar e a produção de etanol no Brasil: Como inserir o RS na estratégia nacional” foi coordenado pelo Deputado Heitor Schuch, que fez uma apresentação da Subcomissão: com seus desafios, cenário, potencial do estado, entraves e sugestões. E que são itens que geraram a criação desta Subcomissão,

do Seminário e fazem parte deste Relatório.

8.2.1. “BIOCOMBUSTÍVEIS NO BRASIL”

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento:

A primeira apresentação foi feita pelo Sr. ALEXANDRE BETINARDI STRAPASSON - do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento / Secretaria de Produção e Agroenergia / Departamento de Cana-de-açúcar e Agroenergia. É Engenheiro Agrônomo, formado pela Universidade Federal do Paraná, com Especialização em Economia e Administração pelo Instituto Francês do Petróleo, em Paris, e Mestrado em Energia pela USP. Dentre suas experiências profissionais trabalhou no Ministério do Meio Ambiente, como consultor do Programa das

Nações Unidas para o Desenvolvimento e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, bem como no setor privado, em associações e ONGs, especialmente nas áreas de energia e meio ambiente. Atualmente é Coordenador-Geral de Açúcar e Álcool do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Falou sobre o grande potencial do Brasil para a produção de biocombustíveis. Apresentou dados sobre a matriz energética do Brasil, do Mundo e Plano Nacional de Agroenergia (Etanol e sua consolidação e evolução no Brasil; Biodiesel; Resíduos Agrícolas e Florestas Energéticas).

BRASIL: Participação da energia renovável no total de energia primária: 45%Participação da energia renovável na geração de eletricidade: 85%

Biomassa;

29,7%

Carvão; 6,4%

Gás natural;

9,3%Hidroelétrica;

15,0%

Petróleo ederivados;

38,4%

Urânio; 1,2%

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Performance Brasileira na produção de Cana-de-açúcar

Explanou sobre o crescimento da demanda internacional pelo etanol, o aumento das exportações brasileiras e o objetivo do Brasil, em conjunto com outros países, de transformar o etanol como grande commodity.

CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA:

O Sr. RODRIGO AUGUSTO RODRIGUES apresentou as “POLÍTICAS DO GOVERNO FEDERAL PARA OS BIOCOMBUSTÍVEIS”. Representou a Ministra

Dilma Rousseff, da Casa Civil da Presidência da República. É o Coordenador da Comissão Executiva Interministerial do Biodiesel e exerce o cargo de Subchefe Adjunto da Subchefia de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Casa Civil da Presidência da República.

Iniciou sua apresentação com as “Diretrizes do Governo Federal para os Biocombustíveis”:

Diversificar as fontes, provendo segurança no abastecimento de energia; Aproveitar as vantagens comparativas do Brasil na produção de energia

renovável (janela de oportunidade até o advento dos biocombustíveis de 2ª geração);

Ganhos ambientais (redução das emissões); Geração de emprego e renda no campo.

A POLÍTICA DO GOVERNO FEDERAL NA PERSPECTIVA INTERNACIONAL:

Fórum Internacional dos Biocombustíveis (Brasil, EUA, União Européia, África do Sul, China e Índia):

Quant %

Produção Total 427,5 475 47,48 11,1%

Destinada ao Açúcar 214,6 228 13,36 6,2%Destinada ao Álcool 212,9 247 34,13 16,0%Produção Total 30,63 32,86 2,23 7,3%

Consumo Doméstico 10,30 10,70 0,40 3,9%Exportação (ano-safra) 18,90 22,16 3,26 17,2%Estoque de passagem 3,17 3,17 0,00 0,0%Produção Total 17,90 20,68 2,78 15,5%

Consumo Doméstico 14,10 15,50 1,40 9,9%Exportação (ano-safra) 3,50 3,60 0,10 2,9%Estoque de passagem 0,21 1,79 1,58 752,4%

CANA DE AÇÚCAR (milhões de ton)

AÇÚCAR (milhões de ton)

ÀLCOOL (bilhões de litros)

PRODUÇÃO SAFRA 2006/07 SAFRA 2007/08*VARIAÇÃO ENTRES

SAFRAS

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- Padronização das normas técnicas para evitar barreiras;- Tratar biocombustíveis como commodities (mercados futuros).

Memorando de Entendimentos Brasil-EUA:- Cooperação tecnológica bilateral;- Cooperação em terceiros países (América Central e Caribe);- No plano multilateral tratar os biocombustíveis como commodities.

A POLÍTICA DO GOVERNO FEDERAL PARA O ÁLCOOL COMBUSTÍVEL:

Garantir o abastecimento do mercado interno, evitando sensíveis flutuações de preço na entressafra da cana.

- Crescimento da frota de veículos flex (90% dos veículos novos). - Equiparação do álcool combustível aos derivados de petróleo, para fins

de abastecimento do mercado interno (anteprojeto de lei).- Desenvolvimento tecnológico dos motores, elevando o rendimento (km

rodado/litro de álcool).- Estímulo a contratos de longo prazo para fornecimento de álcool

combustível.

Estímulo à pesquisa e desenvolvimento do etanol celulósico (R$ 430 milhões para 2007-2010).

Construção de um planejamento estratégico para o setor, com os produtores (cana, álcool e açúcar).

Construção do álcoolduto Sen. Canedo (GO) – São Sebastião (SP) - PAC

DIRETRIZES PARA O BIODIESEL:

Introduzir o biodiesel na matriz energética brasileira de forma SUSTENTÁVEL . Geração de emprego e renda, especialmente no campo INCLUSÃO SOCIAL. Atenuar disparidades regionais. Reduzir emissões de poluentes e gastos com importação de petróleo e derivados. Não privilegiar rotas tecnológicas, mas exigir e fiscalizar rigorosamente a

QUALIDADE. Uso de distintas oleaginosas: mamona, palma (dendê), girassol, algodão, soja,

pinhão-manso, amendoim, gordura animal e outras.

BIODIESEL E ETANOL: PERSPECTIVAS PARA O RIO GRANDE DO SUL

Tradição na produção agrícola e, em particular, oleaginosas; Experiência com o cooperativismo; Expressiva participação da agricultura familiar; Significativa participação nos leilões de biodiesel: 156,6 milhões de litros: 17,7%

do total.

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8.2.2. OPORTUNIDADES DE MERCADO

PETROBRÁS DISTRIBUIDORA S.A:

A Sra. MARIA CRISTINA FERREIRA, Engenheira Civil, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com especializações em Engenharia de Petróleo, Meio Ambiente, Gestão de Informações e Marketing, trabalha há 27 anos no Sistema Petrobrás, atualmente, é Gerente de Aquisição de Biocombustíveis da Empresa e veio representando a Presidente da Petrobrás Distribuidora S.A., Sra. Maria das Graças Silva Foster.

Em sua apresentação “A PETROBRAS E O MERCADO DE ÁLCOOL” mostrou a Matriz Energética Veicular de 2006, conforme gráfico abaixo:

Informou que o PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO SISTEMA PETROBRAS é o de “liderar o mercado de petróleo, gás natural, derivados e biocombustíveis na América Latina, atuando como empresa integrada de energia, com expansão seletiva da petroquímica, da energia renovável e da atividade internacional.” Dentre as quais citou as seguintes ações:

- “Consolidar e ampliar as vantagens competitivas no mercado brasileiro e sul-americano de petróleo e derivados.

- Desenvolver e liderar o mercado brasileiro de gás natural e atuar de forma integrada nos mercados de gás e energia elétrica na América do Sul.

- Expandir seletivamente a atuação internacional de forma integrada com os negócios da companhia

- Expandir seletivamente a atuação no mercado petroquímico- Expandir a participação no mercado de biocombustíveis, liderando a

produção nacional de biodiesel e ampliando a participação no negócio de etanol.

- Plano de Negócios 2007-2011: Investimentos de US$ 87,1 bilhões.”Apresentou também, a LOGÍSTICA DA PETROBRAS DISTRIBUIDORA

S/A:

MATRIZ ENERGÉTICA VEICULAR 2006ÁLCOOL

13%

BIODIESEL0%

OUTROS7%

7%

GASOLINA A 26%

GNV3%

ÓLEO DIESEL51%

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OBRAS

Relatou o funcionamento da logística e apresentou o Corredor de Exportação de Álcool, a seguir descrito:

CAPACIDADE DE MOVIMENTAÇÃO DO SISTEMA PETROBRAS - ATUAL: 600 MIL M³/ANO - CURTO PRAZO : 1,2 a 2 MILHÕES DE M³/ ANO- A PARTIR DE 2009: 4 A 5 MILHÕES DE M³/ ANO- EXPANÇÕES FUTURAS: 8 a 12 MILHÕES DE M³/ ANO

INVESTIMENTO TOTAL: - R$ 4,1 BILHÕES

Dentre outros dados, informou que o álcool cresceu a uma taxa média de 9,3% a.a. de 2001 a 2006 (em milhões de m3 ) enquanto a gasolina teve uma taxa negativa de -0,1%a.a. Houve também um decréscimo nos índices de não conformidades dos combustíveis.

AQUISIÇÃO DE PRODUTOS ATRAVÉS DE:11 REFINARIAS DA PETROBRAS344 FORNECEDORES DE ÁLCOOL28 FORNECEDORES DE BIODIESEL

OPERAÇÕES COM:72 BASES DE DISTRIBUIÇÃO40 MILHÕES DE M³ MOVIMENTADOS POR ANO150 TRANSPORTADORAS CONTRATADAS10.000 CAMINHÕES CARREGADOS POR DIA

ATENDENDIMENTO A : 3.800 MUNICÍPIOS6.500 POSTOS REVENDEDORES5.397 POSTOS DE SERVIÇOS COM ÁLCOOL5.487 POSTOS DE SERVIÇOS COM BIODIESEL12.000 GRANDES CONSUMIDORES3.878 EMPRESAS CONSUMIDORAS COM BIODIESEL

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A PETROBRÁS, em parceria com a COOPERBIO (Redentora), deverá lançar em outubro, oito microdestilarias de álcool, que estão sendo instaladas pelo interior do Rio Grande do Sul (Caiçara, Cristal do Sul, Erval Seco, Iraí, Pinheirinho do Vale, Seberi, Taquaruçu do Sul e Vista Alegre), através de um projeto piloto de produção de etanol através da agricultura familiar no Estado, sendo que cada uma terá uma capacidade para produzir até 500 litros de etanol semi-acabado, diariamente. O álcool produzido por estas microdestilarias, será refinado na destilaria central (em Frederico Westphalen), podendo alcançar a produção de 5 mil litros ao dia. O produto será adquirido prioritariamente pela Petrobrás Distribuidora, para comercialização no varejo. O investimento da Companhia é estimado em cerca de R$ 2,3 milhões.

CAIXA-RS: A Presidente da Entidade, Sra. SUZANA KAKUTA, apresentou o

Programa “RS - Energia para Investidores – O RS cuidando do planeta” pensando na liderança brasileira na produção de energias limpas e na geração de inovação tecnológica para o setor, uma parceria com SEBRAE-RS e FIERGS e com os seguintes objetivos:

a) Atrair investidores para os diferentes elos das cadeias de produção de energias limpas;

b) Tornar o Estado um exportador de créditos de carbono alinhados a mecanismos de desenvolvimento limpos - MDL do protocolo de Kyoto.

E contém as seguintes estratégias:1) Formação de um portfólio de projetos novos ou de expansão;2) disponibilização de uma data-base de informações estratégicas para

suporte a negócios; 3) formação de pool investidores;4) disponibilização de incentivos governamentais específicos para atração

de empreendimentos; 5) formação de uma rede de pesquisa e desenvolvimento para suporte a

inovação e tecnologia no setor.Apresentou também a matriz energética do RS, a qual tem capacidade

instalada de 4.735 MW, sendo:- 63% em hidroelétricas, - 11% em termoelétricas com carvão fóssil,- 16,9% em termelétricas com gás natural,- 6,2% com fontes renováveis: biomassa e resíduos industriais e agrícolas

como resíduos florestais e casca de arroz, em pequenas centrais termoelétricas (PCTs), aproveitamento de quedas d’água em pequenas centrais hidroelétricas (PCHs) e energia eólica.

E apresentou também, o Potencial Energético do RS: Hidroelétricas, Eólico, Solar, Biodiesel, Biomassa. Por fim, a Presidente da Caixa-RS informou que a previsão de investimentos em projetos de energia no RS até 2015 é U$ 6,346 (bilhões de dólares) e com os seguintes incentivos para os investidores:

1) diferenciação na cobrança de tributos;2) redução de impostos na aquisição de máquinas e equipamentos gaúchos

para projetos no setor de energia;3) agilidade na concessão de licenciamentos ambientais;4) incentivos para inovação tecnológica na cadeia produtiva;

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5) linhas de fomento e financiamento nacionais e internacionais;6) banco de dados privilegiado disponível a potenciais investidores;7) rede entre os centros de pesquisa e universidades, disponibilizando

tecnologia e mão-de-obra altamente qualificada.

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8.2.3. MODELOS DE PRODUÇÃO, TECNOLOGIA E MERCADO PARA A CANA-DE-AÇÚCAR, ÁLCOOL E ETANOL.

“REQUISITOS PARA UM MODELO SUSTENTÁVEL”.

1º) DR. JOSÉ WALTER BAUTISTA VIDAL é doutor em física pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos e Engenheiro Civil pela Universidade Federal

da Bahia. Atualmente, é professor aposentado da UnB – Universidade de Brasília. Por três vezes assumiu a Secretaria de Tecnologia Industrial do Ministério da Indústria e do Comércio, nos governos de Ernesto Geisel e José Sarney. É considerado o “pai do Pró-Álcool”, um programa de substituição em larga escala dos derivados de petróleo, desenvolvido para evitar o aumento da dependência externa de divisas quando dos choques de preços de petróleo, implantado no Brasil na década de 70.Ocupou ainda, cargos de comando junto a organismos de pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico. Foi presidente da Coordenação do Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), da Coordenação de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (Conmetro), do Fundo Nacional de Tecnologia

(FUNAT), do Fundo Nacional de Metrologia (FUMET) e da Fundação de Tecnologia Industrial (FTI).

Em seu currículo, consta que fundou cerca de 30 instituições de pesquisa e desenvolvimento e criou o curso de especialização em geofísica da Universidade Federal da Bahia, ocupando ainda, o cargo de Consultor das Nações Unidas (UNESCO e UNIDO), OEA, BID, BNDES, de Governos Estaduais e de várias outras instituições.

Dr. Vidal explanou sobre a história do petróleo e da Petrobrás, com elogios ao Presidente Getúlio Vargas, pela sua visão estadista. Falou da escassez dos combustíveis fósseis, das guerras no mundo e os interesses econômicos existentes por causa disso, mostrando-se bastante preocupado com os rumos e futuro do Brasil. Falou sobre o Pró-Álcool e elogiou o esforço da agricultura familiar gaúcha no desenvolvimento do plantio de cana e criticou a falta de apoio do governo na aplicação de novas tecnologias capazes de incrementar a produção. Segundo ele, “falta para o País, uma instituição que gerencie o álcool, a exemplo do que a Petrobrás faz com o petróleo, uma vez que o petróleo será uma energia do passado.”

E ainda afirmou: “ ...o futuro do mundo está baseado nas energias renováveis e limpas das regiões tropicais. O Brasil tem uma vocação natural para produzir estes combustíveis renováveis e precisa tomar para si esta responsabilidade, cuidando desse patrimônio, sem deixar-se explorar pelas grandes potências....”.

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2º) A seguir, o Professor e Engenheiro JUNICO ANTUNES (Sr. José Antônio Valle Antunes Júnior), da ALSOL - Tecnologia, Engenharia e Comércio de Combustíveis Ltda. apresentou o “Programa para Produção de Etanol no Rio Grande do Sul” cujos objetivos são:

Produzir no Rio Grande do Sul: - 500 milhões de litros de etanol anidro

para adicionar à gasolina; - 300 milhões de litros de etanol

hidratado para eteno (“polietileno verde”);

- 100 milhões de litros de etanol anidro para adicionar ao biodiesel;

- 400 milhões de litros de etanol hidratado combustível

Compondo um Novo Cenário:

- 560 mil ha de lavouras- 130 mil famílias produzindo (5 ha / família)- 1.400 pequenas usinas em operação (400 ha)- Cadeia produtiva local

Apresentou a FETAG como exemplo de potencialidades e organização na área agrícola do RS, bem como as Diretrizes Básicas para a implementação do Programa no Estado:

- Auto-suficiência do RS- Sustentabilidade econômica- Sustentabilidade ambiental- Sustentabilidade social- Agricultura familiar- Produção diversificada- Aumento da renda familiar rural- Fixação do homem no campo- Produção da sua própria energia- Novos conhecimentos ao homem do campo

Segundo o Professor Junico Antunes, os primeiros passos possíveis são: - Integração dos atores econômicos com centros de P&D- Estruturação de Cooperativa(s) para a bioenergia- Arquitetura de contratos- Mecanização / motorização- Vinhoto- Biogás- Fertilizantes- Balanços de massa e energia- Logística e transportes- Fermentação de resíduos- Construção da unidade piloto (400 ha / 80 famílias)- Certificação

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E por fim, afirmou que o Estado precisa gerar um modelo de negócio que responda a sua realidade e destacou que o RS tem potencial para tornar-se auto-suficiente em etanol. “O jogo é substituir a torre de petróleo. A alcoolquímica vai substituir a petroquímica, mas precisamos apostar na inovação.”

“TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO – EVOLUÇÃO DO ETANOL ”.

EMBRAPA:

No segundo painel, os Senhores JOÃO CARLOS DA COSTA GOMES – representando o Presidente da EMBRAPA e VALDIR STUMPF, da EMBRAPA - Clima Tropical, de Pelotas mostraram dados da evolução energética da humanidade, a matriz energética mundial e brasileira, o esgotamento dos combustíveis fósseis, das mudanças climáticas, a emissão de gás carbônico. Mostraram também pesquisas quanto ao clima na região de Pelotas-RS e apresentaram como soluções a conservação de energia e a necessidade de aumentar a proporção de fontes renováveis na matriz energética.

Também apresentaram algumas Ações de Pesquisa e Desenvolvimento em Agroenergia que estão em andamento na Entidade e informaram que possuem ações de parceria com entidades como:

- FETAG – Unidades de avaliação de mamona e girassol - COOPERCANA – Proposta PROINCO/BNDES e Cooperação proposta

PETROBRAS- MPA – Propostas COOPERBIO E BIOPAMPA- COPERSUL – Projeto agroenergia

Com proposta da IEL/FIERGS - EMBRAPA - UFRGS – EMATER , tendo como concedente o Governo Federal, sob a coordenação Embrapa Clima Temperado e com o apoio da Casa Civil da Presidência da República, Ministério da Agricultura, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério das Minas e Energia, e ainda com diversas entidades parceiras, a EMBRAPA apresentou o Projeto de Desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar para o Rio Grande do Sul – foco na produção de álcool, cujo objetivo geral é “viabilizar a cultura da cana-de-açúcar para produção de álcool e derivados, contribuindo para a diversificação da matriz produtiva, geração de emprego e renda e para o desenvolvimento do segmento sucroalcooleiro no estado do Rio Grande do Sul.”

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FEPAGRO : A seguir, o Sr. BENAMI BACALTCHUK – Diretor Presidente da

FEPAGRO que apresentou as Perspectivas Agro (e) Energéticas para o Rio Grande do Sul - Cana de Açúcar para Álcool, a qual foi feita com complementos sobre a pesquisa de cana no RS baseada em informações produzidas por Dr. Nídio Antônio Barni, pesquisador da FEPAGRO, coordenador do projeto estruturante – Agroenergia, Dr. Wilson Caetano, pesquisador da FEPAGRO e sugestões de temas de Dr. Luis Ataides Jacobsen, Assistente Técnico Estadual da EMATER-RS.

As linhas de pesquisa de cana-de-açúcar no RS são: - Avaliação de cultivares crioulas;- Avaliação de Cultivares introduzidas: Argentina, Uruguai, Paraguai, São

Paulo, Paraná, Santa Catarina – Tolerantes ao frio;- Limpeza clonal e caracterização;- Produção de mudas limpas;- Manejo da cultura e Produtividade; - Produtividade - meta: 70 - 80 t/ha- Refinamento do zoneamento agrícola da cana-de-açúcar para o RS.

Dentre outros dados que apresentou, afirmou que é preciso consolidar as cadeias produtivas no RS, sendo necessário:

- Organização do produtor- Organização da produção- Organização da comercialização- Marcos regulatórios – Legislação- Abertura de Mercados- Empreendedorismo: Alguém tem que fazer

Mostrou algumas opções a serem consideradas simultânea ou separadamente:

- Outros estados estão substituindo alimentos por álcool e outros bioenergéticos;

- Oportunidade de ocupar espaço vazio, independente de investir na oportunidade bioenergética.

- Considerar a evasão da industria de laticínio de SP e MG como grande oportunidade de sermos o novo centro de produção.

- As industrias já perceberam, e o setor produtivo ?Por fim, ressaltou que o processo de diversificação produtiva deve ser lento

para não haja equívocos.

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8.2.4. APRESENTAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS NO RIO GRANDE DO SUL

Este painel foi coordenado pelo Deputado Elvino Bohn Gass, membro desta Subcomissão e fez a apresentação das entidades parceiras.

COOPERCANA :

O secretário da COOPERCANA, Sr. GILDO BRATZ, apresentou a experiência da Cooperativa de Produtores de Cana-de-açúcar citando como foi iniciado o processo de “encampação” da empresa pelos agricultores, que adotaram um novo sistema de gestão, onde todos ficaram envolvidos no processo produtivo.

Hoje, atuam de forma direta na indústria. E existem cerca de cem trabalhadores. Em períodos de safra, no campo, trabalham de 800 a 900 pessoas. A cooperativa tinha traçado um plano estratégico para atingir a capacidade máxima de fabricação de álcool, que é de cerca de 9 milhões de litros de álcool. No entanto, a estiagem atrapalhou os planos da empresa e a meta só deve ser atingida em 2007 ou 2008.

No ano passado, a COOPERCANA produziu em torno de 5 milhões de litros do combustível. A planta de Porto Xavier processa cerca de 80 mil toneladas de cana-de-açúcar. Operando com sua capacidade máxima a usina utilizaria em torno de 130 mil toneladas. A companhia produz cerca de 2% do álcool consumido no Rio Grande do Sul.

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FETAG-RS:

O Presidente da entidade, Sr. ELTON WEBER fez a apresentação “ÁLCOOL COMBUSTÍVEL e a AGRICULTURA FAMILIAR - OPORTUNIDADES E AMEAÇAS”, um trabalho realizado em conjunto com Eng. Agr. Valdecir J. Zonin - Assessor Departamento de Bioenergias da FETAG, informando que a Entidade está organizando o setor e discutindo os temas relacionados aos biocombustíveis há mais de 3 anos (Biodiesel e Álcool ).

Apresentou a situação atual mundial e nacional: Aumento da frota nacional de veículos leves biocombustíveis; Valorização do combustível brasileiro no cenário internacional; Etanol é destaque, pelas economias mundiais por:

- Poluir menos- Ser renovável- Reduzir a dependência de petróleo – cujo preço oscila rapidamente mediante

as ameaças de conflitos (Ex. Oriente Médio) Barril do petróleo em 1998 era comercializado a US$ 10, - ultrapassa a US$ 70, no

início de 2006 Pelo protocolo de Kyoto, até 2012 os países industrializados participantes, entre

eles União Européia, Japão e Rússia devem reduzir as emissões de gases do efeito estufa em atividades humanas a 95 % dos níveis de 1990.

Aumento do número de investidores externos Japão: Adição do álcool à gasolina = criará demanda de 1,8 bilhões de litros/ano EUA: principal comprador = tarifa de importação US$ 0,54 por galão (3,78 litros) Investimentos atuais e futuros no setor = R$ 21,5 bilhões até a safra 2010/2011,

para 73 novas usinasApresentou também qual o modelo que a Entidade defende:

Que respeite nossas condições:- Ambientais- Caracterização de mão-de-obra familiar- Não comprometa o grau de ocupação da força familiar – diversificação

Não comprometa a produção de alimentos Promova um desenvolvimento justo e solidário Desenvolva a organização produtiva de base cooperada

E por fim, apresentou o Grito da Terra Brasil (GTB/2007) – RS: Que o estado apoie, através de fomento, os projetos de produção e consumo de

álcool combustível, a partir de microdestilarias, para as condições da agricultura familiar gaúcha, respeitando nossas condições sócio-econômicas, ambientais, de solo e culturais

Apoiar e agilizar as pesquisas para a cana-de-açúcar, mandioca, Sorgo e demais matérias - primas com este potencial energético, com enfoque para a produção familiar, a partir da elaboração de zoneamento agroclimáticos de riscos para as culturas.

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Financiamento dos custeios agrícolas com seguro Redução do ICMS sobre o álcool produzido no RS, junto às distribuidoras, em 60

%. Criação do selo de combustível social para o álcool gaúcho produzido pela

agricultura familiar, Isenção da tributação para as microdestilarias de álcool combustível, das

associações e cooperativas familiares Facilitar o processo de comercialização do álcool produzido em pequenas escalas

Dentre os desafios enfrentados, citou: Renda Alternativa Tecnologia de produção industrial acessível, (custos das instalações) Tecnologias de produção de matérias-primas, mais tolerantes às geadas Pesquisa, Fomento, Crédito Gestão cooperativa do processo Decreto n.85.698, de 1981,estabelece que o álcool produzido por pequenas

unidades, com capacidade de até 5.000 litros/dia, deverá ser basicamente, destinado ao consumo próprio, o que:- Restringe a venda de álcool pelas pequenas microdestilarias- Centraliza a atividade- Desenha um padrão logístico questionável

Reduzir o passeio que o álcool (principalmente hidratado) faz Modificar a legislação ambiental, para que permita a agricultura familiar utilizar

suas áreas, inclusive superiores á 12 % de declividade; Adequação no código florestal estadual e nacional Rediscutir o modelo e padrão de motorização no campo (diesel – álcool) Gerar novas tecnologias e maquinários

A seguir, reproduzimos um dos mapas apresentados pela FETAG, que mostra o potencial de produção de cana no Rio Grande do Sul:

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Mapa de Potencial de Produção de Cana do RS CTC – Potencial de Produção de cana-de-açúcar do Brasil - 2005

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COOPERBIO:

Representando o Presidente da Cooperativa Mista de Produção, Industrialização e Comercialização de Biocombustíveis do Brasil Ltda. – COOPERBIO, Sr. Romário Rossetto, o Sr. MARCOS J. OLIVEIRA apresentou a experiência da Cooperativa no Estado, através do “PROJETO DE BIOCOMBUSTÍVEIS DA REGIÃO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL”.

Apresentou os dados (em números) do território gaúcho:

MUNICÍPIOS: 63 Nº. DE PROPRIEDADES: - 58. 353 ÁREA EM ha PARA PRODUÇÃO: 1.217.824 ESTABELECIMENTOS:

- até 50 há: 57.149- entre 10 e 50 ha: 31.405

COOPERATIVAS: 72 ASSOCIAÇÕES: 278 EMPRESAS: 1.279 RENDA MENSAL:

- Até 1 salário mínimo – 28.220 – 58%- De um a dois SM – 15.569

– 32%- acima de 03 SM – 4.876 – 10%

4.139.369 de Propriedades, Somando 85,2% dos Estabelecimentos, Ocupando 30,5% da Área Agricultável Recebem 25,3% do Financiamento É Responsável Por 37,9% do Valor Bruto da Produção Agropecuária Nacional Gera 86,6% dos Postos de Trabalho no Campo Produz em Média 70% da Comida

E apresentou os números da COOPERBIO para o Álcool, que é um Projeto Piloto em parceria com a PETROBRAS e prevê a instalação de 10 microdestilarias:

• Uma (1) com capacidade nominal de 5.000l/dia de álcool (unidade retificadora),

• 9 microdestilarias com capacidade nominal de 500l/dia de álcool,• Investimentos de 2,3 milhões de reais,• 300 famílias envolvidas diretamente,• 9 municípios atingidos diretamente,

Apresentou também, o eixo da COOPERBIO, qual seja: a “Produção de álcool + Alimentos e a Produção de Biodiesel + Alimentos = Desenvolvimento Sustentável”, bem como as bases deste processo:

• Não queimar a cobertura restante da lavoura

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• Praticar o menor número possível de atividades de movimentação do solo

• Reestruturação do solo a partir da atividade biológica e da incorporação de Matéria Orgânica (MO), através do bagaço, ponta e palha da cana-de-açúcar

• Consórcios/rotações de culturas - consumo humano e animal, assim com plantas de cobertura capazes de reciclar nutrientes do solo

Por fim, falou sobre as inovações tecnológicas e a integração de produção de energia e alimentos. Mostrou fotos da primeira usina da Cooperativa e da produção de matéria-prima, bem como de produção em outro modelo agrícola, como reproduzimos abaixo:

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8.3. CONCLUSÕES DO SEMINÁRIO:

O Seminário cumpriu os seus objetivos que foi o de promover um grande

debate sobre o modelo energético para o Rio Grande do Sul, bem como a inserção do Estado em políticas de energias renováveis, que estão sendo discutidas em nível mundial, e aqui reuniu o Governo Federal, o Governo Estadual, agricultores, empresas e entidades de diversas linhas de atuação (sindicatos, cooperativas, financeiras, universidades, estudantes, etc).

A Assembléia Legislativa do RS, que promoveu o Seminário, a pedido desta Subcomissão e através de seu Presidente, Deputado Frederico Antunes, na abertura do evento, lembrou a tradição da Casa em acolher mobilizações para dotar o Estado de infra-estrutura e para buscar investimentos indispensáveis à vida social e econômica.

Pelo Governo Estadual, representando a Governadora do Estado, falou o Secretário Nelson Proença, da Secretaria de Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais e destacou o Programa RS-Energia, lançado internacionalmente há três meses pelo Governo, com o objetivo de atrair investidores na área de energia limpa. Disse que o grande desafio deste Seminário será descobrir maneiras de fazer com o que o surto de novos empreendimentos beneficie também os pequenos e médios produtores.

Tivemos a presença de representante da Casa Civil da Presidência da República e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que apresentaram as “Políticas do Governo Federal para os Biocombustíveis” e os “Biocombustíveis no Brasil”. Também contamos com a presença da Petrobrás Distribuidora, que diz estar pronta para comprar o álcool produzido no Estado.

Os palestrantes tiraram dúvidas dos presentes ao evento e o debate foi extremamente importante, pois trata-se do momento em que o mundo está com os olhos voltados para o Brasil como o maior produtor de energia limpa.

O Seminário nos fez refletir sobre o longo caminho que temos a percorrer, na busca de melhoria nos processos de produção, industrialização, estratégia energética, pesquisa para atingir a sustentabilidade na energia renovável em nosso Estado. Ficou evidenciado que será preciso unir esforços entre produtores, poder público e investidores a fim de implantação de uma nova matriz energética, a partir da cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul.

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9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Estado do Rio Grande do Sul produz apenas 2% do álcool combustível que consome, importando de outras unidades da federação, os restantes 98%, com elevado custo do frete diante da distância das Usinas que estão concentradas na Região Centro-Sul do País, gerando um preço alto ao consumidor final.

As experiências do Rio Grande do Sul em produção de cana-de-açúcar, em escala comercial, surgiram com a criação da Açúcar Gaúcho S.A. – AGASA, localizada no município de Santo Antônio da Patrulha no início dos anos 60. Mais tarde, em 1985 foi constituída a Alpox, usina de álcool de Porto Xavier, falindo no ano de 1999, onde foi alugada e assumida pelos funcionários que fundaram uma cooperativa denominada de Produtores de Cana Porto Xavier (COOPERACANA), mantendo na produção, até os dias atuais, um volume de produção anual de aproximadamente 9 milhões de litros, sendo a única usina de álcool em funcionamento até o mês de junho de 2007, quando foi inaugurada a microusina, localizada no município de Redentora, ligada à COOPERBIO.

Outra iniciativa foi da GRANDESPE, instalada no inicio da década de 1980 no município de Salto do Jacuí, no centro do Estado, que não avançou com a produção de álcool pelo fato de não ter conseguido alavancar recursos (acesso a financiamento) para concluir a usina, por ser considerada área fora do zoneamento para cana, segundo os agentes financeiros da época, partindo então, para produção em larga escala de cachaça, onde mantém em funcionamento, até hoje, uma produção própria de cana, com uma área superior a 400 hectares e com produtividade superior a 80 toneladas por hectare.

Mais uma iniciativa ocorreu no município de Butiá, através da Alfa Álcool Farroupilha, em 1985, que chegou a plantar 2.500 hectares de cana-de-açúcar mas não entrou em funcionamento pela não conclusão da usina.

Outras iniciativas ocorreram, inclusive com outra matéria-prima, como foi o caso de Carazinho, com o uso da mandioca, mas que também não decolou.

Todas as usinas implantadas no Estado são consideradas de pequeno porte, sendo que mais recentemente, surgiu o modelo da microusina, em parceria com a PETROBRAS e agricultores familiares.

Vários fatores vêm contribuindo para gerar dúvidas com relação aos investimentos na produção de álcool:

- zoneamento agroclimático da cana-de-açúcar; - linhas de financiamento – crédito para investimento em usinas, crédito

de custeio e manutenção da produção na lavoura; - demanda potencial do mercado local; - viabilidade econômica do empreendimento; - marco regulatório; - competitividade do álcool gaúcho frente à produção do Centro-Sul; - tecnologia e pesquisa disponível; bem como tecnologia para modelos de

industrialização diferente do existente na região Centro-Sul ; - disponibilidade de variedades adequadas para produção de álcool; - falta de experiência e de tradição;

No decorrer dos trabalhos e ações da Subcomissão de cana-de-açúcar, Álcool e Etanol, da Assembléia Legislativa, durante o período regimental de vigência, colhemos junto às entidades representativas do setor envolvido com a produção da matéria-

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prima “cana-de-açúcar”, da indústria, dos poderes públicos, da Assistência Técnica, da Pesquisa, as seguintes considerações, sobre a perspectiva de produção de cana-de-açúcar, álcool e etanol no Estado do Rio Grande do Sul:

I. Necessidade de realização de estudos e pesquisas sobre as condições agronômicas e agroclimáticas no território gaúcho; pois nem todas as regiões do nosso estado são apropriadas para o cultivo da cana, em função da incidência de geadas, mas esse problema poderá ser resolvido em pesquisa com variedades mais resistentes e adequação das épocas de plantio, bem como a definição do zoneamento, que servirá como parâmetro para planejar ou restringir o plantio e investimentos no estado;

II. Desafio de revitalizar o mercado doméstico de álcool combustível, dimensionando o mercado potencial de consumo interno no Estado e tornar-se auto-suficiente;

III. Desenvolver, no Estado do Rio Grande do Sul, um Programa ou Plano de expansão da indústria de álcool e promover a expansão da oferta da matéria-prima “cana-de-açúcar”, necessitando incorporar mais de 200 mil hectares em área de plantio, saindo do patamar atual de 35 mil hectares para a faixa entre 200/300 mil hectares - volume estimado para atender a produção anual da ordem de 1 bilhão de litros de álcool;

IV. Adequação e adaptação da legislação para o mercado do álcool; V. Realização de estudos sobre modelos de industrialização - centralizado ou

descentralizado, indústria de pequeno, médio e grande porte, o que é mais adequado ao Rio Grande do Sul?;

VI. O Rio Grande do Sul poderá se tornar um gerador de energia renovável a partir de resíduos ou co-produtos com a criação de projetos de co-geração a partir do bagaço da cana, que vão gerar ainda crédito de carbono e renda aos produtores, juntamente com demais fontes de energia renovável;

VII. Hoje, o Brasil tem aproximadamente 45 mil fornecedores de cana-de-açúcar, sendo que os pequenos agricultores representam apenas 22% da cana processada no país. Nosso estado tem condições de aglutinar um grande número de agricultores familiares pelas características das propriedades existentes, gerando nova oportunidade de renda;

VIII. A cana é uma cultura que permite a colheita anual, a partir do primeiro ano, sendo tolerável até 5 cortes com a mesma soca, desde que tenha um bom manejo e manutenção adequada, alinhada a condições climáticas favoráveis; todo o corte é realizado manualmente, com isso há uma grande dificuldade operacional, devido às características da cultura no momento do corte, sem a queimada. O desafio é implementar colheita mecanizada, primeiro pelas condições de topografia do solo. A recomendação técnica indica que em áreas com inclinação superior a 12% não possível de realizar colheita mecanizada - em determinadas regiões do estado terá que ser feita manualmente e, outro desafio é o alto custo das máquinas;

IX. As condições climáticas do Estado é outro fator que influencia muito na colheita, devido ao excesso de chuvas no inverno, causando compactação no solo e devido à umidade com a entrada das máquinas na lavoura prejudicando a soca. O período de colheita no estado dura aproximadamente 100 dias, sendo que nesse período, apenas 50% dos dias podem ser trabalhados, em função da chuvas e porque a colheita tem seu início nos meses de junho e julho;

X. Quanto a época de plantio, cujo ciclo poderá ser adiantado, para fugir do efeito geada e possibilitar o corte no inverno seguinte. O problema da geada, na maioria das regiões, pode comprometer as mudas para o plantio, bem como expansão e área; e

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outro fator preponderante é quanto à concentração da colheita. Para evitar essa condição, é necessário um bom planejamento na definição do plantio das lavouras;

XI. As médias de produtividade e rendimentos no estado ainda são muito baixas, no caso do rendimento de lavoura, estamos 50% aquém da média da região Centro-Sul, mas temos áreas, no estado, superiores a 400 hectares com produtividade idêntica às alcançadas no Estado de São Paulo. Já quanto ao rendimento de extração, variam dependendo do equipamento utilizado;

XII. Caso avance a expansão da produção do álcool no Rio Grande do Sul, será fundamental planejar o uso dos subprodutos, como é o caso do vinhoto, que poderá ser perfeitamente usado como fertilizante, reduzindo os custos das lavouras, bem como o uso do bagaço na geração de energia e o excedente pode ser transformado em adubo ou ser usado na pecuária, como complemento alimentar na produção de gado de corte ou leite, integrando e otimizando custos, bem como aumentando renda;

XIII. Outro fator de competitividade na produção da cana no estado do Rio Grande do Sul é quanto à tributação, enquanto a alíquota do ICMS no RS é 25%, no estado de São Paulo é apenas 12%. Será necessária uma revisão tributária para dar competitividade ao álcool gaúcho. O estado tem um dispêndio anual superior a R$ 1 bilhão de reais, deixando de entrar no caixa do Estado, aproximadamente R$ 200 milhões pela não produção do álcool; Lutar junto ao CONFAZ, para reestruturar e uniformizar as legislações a respeito do ICMS interestadual, bem como a cobrança do PIS/COFINS, que hoje é de 3,65%.

XIV. Praticamente, não temos, no estado, laboratório especializado para realização de análises, tanto no que se refere à avaliação de rendimento e grau de extração, bem como no processo de análise de padronização do produto final. Estas análises têm custos consideráveis para o setor;

XV. Não existem no Estado, estudos finais de modelos de usinas que podem servir de base para orientação aos interessados em realizar investimentos, principalmente aqueles ligados à agricultura familiar. O que está em andamento é o projeto da COOPERBIO em parceria com a PETROBRÁS, que é o Projeto de microusinas municipais descentralizadas e com uma unidade Central regional, dentro de uma visão integrada de produção de cana-de-açúcar, álcool, leite e carne, com o objetivo de aproveitamento dos resíduos como adubo e geração de energia.

A sugestão é crescer com responsabilidade, dentro dos limites possíveis no Rio Grande do Sul, com o objetivo de não se transformar numa monocultura em determinadas regiões e nem reduzir a produção de alimentos.

E diante destas considerações, podemos citar como vantagens da questão fundiária, os seguintes aspectos:

- Mão de obra familiar (versus trabalho escravo)- Pequena propriedade e sua vocação (versus grande propriedade)- Diversificação de produtos (versus monocultura)- Cuidado ambiental, colheita em pequena escala (versus mecanização e

queimadas)

Esse é o resumo das considerações ouvidas e colhidas por ocasião das visitas feitas, das audiências públicas efetivadas, das reuniões com lideranças do setor e realizadas durante a vigência das atividades e conforme planejamento definido no início dos trabalhos e alinhado com os objetivos propostos pela Subcomissão, com o intuito de verificar as potencialidades e ameaças que nosso estado defronta em relação às condições atuais, tanto no que se refere ao cultivo da cana, bem como no processo de industrialização do álcool.

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PROPOSIÇÕES

Diante das ponderações, julgamos conveniente que o Rio Grande do Sul institua uma POLÍTICA ESTADUAL DE INCENTIVO ÀS MICRO E PEQUENAS DESTILARIAS DE ÁLCOOL E BENEFICIAMENTO DE PRODUTOS DERIVADOS DA CANA DE AÇÚCAR, através da Criação de uma Comissão Especial de Bioenergia para o Estado do Rio Grande do Sul, a qual seria vinculada ao Gabinete da Governadora Yeda Crusius, para tratar especificamente do tema, reunindo representantes de todos as secretarias e órgãos estaduais envolvidos com o assunto, visando o planejamento das ações de governo necessárias ao fomento da bioenergia, através de:

1. Criação e Desenvolvimento de Programas Estaduais:

- de expansão e desenvolvimento de forma sustentável, tendo como referência o investimento em pesquisas e tecnologias, respeitando o zoneamento, o meio ambiente e, principalmente, as pessoas e as comunidades;

- que garantam disponibilidade e continuidade de oferta da matéria-prima ‘cana-de-açúcar’ e ‘álcool’, bem como, no curto prazo, gerar melhoria da produtividade e de variedades resistentes a geadas, pragas e doenças e integrados com produtores e usinas;

- de capacitação e qualificação de produtores e trabalhadores, através da criação de um centro de estudos integrados junto à Fepagro, Fiergs, Secretarias da Agricultura, do Desenvolvimento e Assuntos Internacionais, do Meio Ambiente e da Fazenda, envolvendo a Emater, Universidades, Sindicatos e Cooperativas, a fim de debater os custos de produção e logística, bem como a viabilidade econômica e tributária para a produção de cana no estado, avaliando o comportamento das safras e disponibilizando as informações sobre os resultados obtidos pela pesquisa;

2. Marco Regulatório - gestionar junto ao Governo Federal, para alteração do marco regulatório, com criação de mecanismos de regulação que permitam ampliar a venda direta do produto ao consumidor final;

3. Criação de certificação e selo social de qualidade da cana e do álcool gaúcho, tornando nosso estado referência em geração de energia renovável produzida pelos agricultores familiares, a exemplo do selo social do Biodiesel;

4. Criação de regime tributário especial - com diferenciação, por categoria de produção, especialmente para o álcool fabricado a partir da cana-de-açúcar que seja produzida pela agricultura familiar; bem como equalizar o ICMS entre os estados;

5. Desenvolvimento Tecnológico – Partindo das experiências na produção de cana e álcool, articular os diversos atores envolvidos na pesquisa, no desenvolvimento e na produção (UNIVERSIDADES, EMBRAPA, FEPAGRO, EMATER, COOPERATIVAS, usinas, produtores, distribuidores, etc.) para otimização do investimento em pesquisa e geração do conhecimento; bem como a criação de Laboratórios de Avaliação;

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6. Linhas de crédito - criação de um programa de crédito especial (custeio e investimento) para o setor, através da participação da Caixa/RS, Banrisul, BNDES, Banco do Brasil, BRDE, entre outros agentes financeiros do mercado;

7. Monocultura e Integração de propósitos - Que a cana seja vista não apenas para produção de álcool, mas também para fomentar programas integrados de desenvolvimento e crescimento de outras atividades nas unidades produtivas, como é o caso do setor leiteiro, em expansão no estado, além do setor das carnes, na geração de adubo para a lavoura, bem como na geração de uma série de outros produtos de valor agregado já consagrados no estado, tais como o açúcar mascavo, a cachaça, a rapadura, entre outros;

8. Mercado e Competitividade Externa – constituir um modelo gaúcho de produção do álcool que seja eficiente e que tenha o apoio do Governo do Estado, dos Municípios e do Governo Federal para viabilizar, fundamentalmente, as micros e pequenas destilarias, dando-lhes eficiência para concorrer com a produção em escala. Este estudo pode ser feito pelas Secretarias de Estado em parceria com a Caixa-RS, FINEP e Universidades e deve avaliar também, a viabilidade microrregional, de acordo com o potencial produtivo e a demanda local;

9. Cooperativismo Regional - Criação e desenvolvimento de projetos compactos, auto-sustentáveis, com baixo nível de investimentos e, principalmente, com eficiência elevada, tendo como modelo o cooperativismo. Incentivar a pequena produção de álcool de forma cooperativada;

10. Programa RS-Energia - que o Governo do Estado potencialize e viabilize a busca de investimentos externos disponíveis nos fundos internacionais, bem como participe nas negociações com crédito de carbono (Protocolo de Kyoto);

11. Articular, junto aos empreendedores, investidores e demais interessados, a implementação de uma Planta Alcooquímica no Estado do Rio Grande do Sul;

12. Que o Governo do Estado, através da CEEE, desenvolva projetos e estudos de viabilidade de implantação de usinas de pequeno porte, em parceria com as demais empresas de energia (sob concessão no estado), com o sistema cooperativo e entidades representativas de produtores no estado;

13. Motivação e Sensibilização para o plantio e consumo - A partir dos resultados da pesquisa e do zoneamento sobre as regiões aptas ao cultivo de cana no estado, bem como da redução de custos e tributos, sensibilizar e motivar o produtor ao plantio e o consumidor sobre a importância do uso do álcool combustível para o meio ambiente e para a sociedade gaúcha (que se dará através de preços reduzidos).

Essas proposições também fazem parte das informações colhidas durante o decorrer dos trabalhos da Subcomissão, diante de uma grande oportunidade estratégica para uma nova matriz produtiva, com base na energia renovável que poderá ser implementada no Estado.

As proposições poderão ser incorporadas como programas de Governo, que têm barreiras técnicas e de ordem econômica a serem transpostas. O álcool tem potencial, apesar de ter restrições em determinadas regiões do estado, especialmente quando se trata de substituição de fonte energética. Outro fator preponderante neste processo, e positivo, são os

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benefícios sociais que serão gerados com a implementação e desenvolvimento de programas desta natureza e o álcool de ter seu aproveitamento na substituição da petroquímica, bem como é necessário haver preços remuneratórios para cana e etanol.

No nosso entendimento, estamos diante de um grande desafio estratégico, ou melhor, um “choque estratégico” na matriz energética de nosso estado. Isso dependerá da inovação, da criatividade, de alianças, acordo de propósitos específicos entre o setor produtivo, indústria e, principalmente, incorporação pelos Governos do Estado e Federal, como ação de governo, a fim de vencer as dificuldades e barreiras, tanto no campo técnico, como de ordem financeiras, tributárias, entre outras.

Este era o propósito da Subcomissão: tratar a questão!São sugestões simples, mas que valorizamos por saber da origem das

mesmas e que poderão servir de base nas avaliações de empreendimentos neste setor no estado.

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10. BIBLIOGRAFIA

1. Revista de Política Agrícola – Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

2. Plano Nacional de Agroenergia – 2006/2011 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

3. Sites Governamentais 4. http://www.unica.com.br5. http://www.agrobyte.com.br 6. http://br.geocities.com 7. http://ecen.com/eee34/limites_alcool.htm 8. http://ecen.com/eee47/eee47p/ecen_47p.htm 9. http://pt.wikipedia.org 10. http://www.biodieselbr.com 11. http://www.canaweb.com.br 12. http://www.consultorcanadeacucar.hpg.ig.com.br/ 13. http://www.embrapa.br/ 14. http://www.tecbio.com.br

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Ficha técnica

Assessoria técnica:

Tarcísio Minetto – Economista - Chefe de Gabinete da Liderança da Bancada do PSB

Luís Alberto da Silva Bairros – Advogado - Assessor Técnico da Bancada do PSB

Anselmo Piovesan – Economista Chefe de Gabinete Dep. Heitor Schuch

Assessoria Administrativa:

Marlow Granato Velasquez – Assessora da Bancada do PSB - Secretária da Subcomissão da Cana-de-açúcar, do Álcool e do Etanol

Silvana Dalmás – Gabinete Dep. Heitor Schuch

Colaboração:

Lisiana Santos – Assessora de Imprensa do Gabinete Dep. Heitor SchuchServidores da Bancada do PSB na ALRS

Servidores dos Gabinetes e Bancadas dos Deputados Membros da SubcomissãoServidores do Gabinete do Deputado Heitor Schuch