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  • CURSO EM PDF DIREITO ADMINISTRATIVO ANTT Prof. Armando Guedes

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    AULA DEMONSTRATIVA

    APRESENTAO

    Ol, amigos concurseiros !

    Mais uma vez com imenso prazer que recebo o convite do CANAL DOS CONCURSOS para ministrar o curso de TICA NO SERVIO PBLICO para ingresso nos cargos de ANALISTA, ESPECIALISTA e TCNICO da ANTT.

    Como voc, um dia tambm fui concurseiro. Tenho noo do rduo caminho a ser trilhado, mas posso lhe garantir que todo o esforo valer. Nesses anos de estudo, afirmo: S NO PASSA EM CONCURSO PBLICO QUEM DESISTE! Isso mesmo, tendo foco e determinao, a vaga sua, s no vale desistir.

    No interessa se voc novo, velho, tem famlia, filhos, trabalha. Tendo foco e NO desistindo, voc triunfar.

    Veja o meu caso. Trabalhando como Agente de Polcia Federal, cargo que exerci durante 14 anos, casado, pai de duas crianas lindas (que pai coruja!), passei para Defensor Pblico Federal. Foi fcil? bvio que no. Mas tomando posse no cargo, voc esquecer de todo sacrifcio, pode acreditar.

    No h frmula mgica. Como j mencionado, tenha foco, determinao e NUNCA desista. Acredite, a vaga ser sua!

    Bem, vamos ao curso.

    O Edital do seu concurso acabou de ser publicado, com prova prevista para o dia 11/08/2013. Assim, este curso ser composto de 03 (trs) aulas, incluindo esta aula demonstrativa, dividido da seguinte forma:

    AULA DEMONSTRATIVA: tica e moral. tica, princpios e valores. tica e democracia: exerccio da cidadania. tica e funo pblica. Lei n 8.429/1992: disposies gerais, atos de improbidade administrativa.

    AULA 01: Lei n 8.112/1990 e alteraes: regime disciplinar (deveres e proibies, acumulao, responsabilidades, penalidades).

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    AULA 02: tica no Setor Pblico. Decreto n 1.171/ 1994 (Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico Civil do Poder Executivo Federal). Cdigo de tica da ANTT (Deliberao ANTT 284/2009).

    Aps a parte terica, traremos exerccios, todas da banca CESPE, responsvel pela realizao do presente certame, devidamente comentados, pertinentes ao tema abordado na aula.

    Por fim, no final da aula, no tpico questes propostas, repetimos as questes sem o gabarito e sem comentrio, para que voc possa se testar. Caber a voc a escolha: tentar resolver primeiro as questes e depois ler os comentrios ou comear pelas questes comentadas e depois tentar faz-las sozinho.

    Bem, feita a apresentao, mos obra!

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    TICA NO SERVIO PBLICO

    INTRODUO.

    Para o ser humano, viver conviver, ou seja, o homem para poder sobreviver, necessita viver em sociedade. Assim, desde os tempos mais remotos, o homem se organiza em grupos sociais.

    Na medida em que o ser humano se organiza em sociedade, h necessidade de se estabelecer regras e normas aptas a regulamentar o convvio social. Nesse universo de normas e regras, destaca-se a tica.

    A tica tem sido um dos temas mais priorizados nos ltimos tempos, em razo dos constantes escndalos polticos e sociais expostos na mdia diariamente, fazendo com que a sociedade faa uma releitura de seus valores, visando resgatar valores morais abandonados.

    TICA E MORAL.

    A palavra tica deriva do grego ethos, significando comportamento. tica pode ser conceituada como sendo o estudo dos juzos de apreciao referentes conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal. um conjunto de normas e princpios que norteiam a boa conduta do ser humano.

    A tica a parte da filosofia que aborda o comportamento humano, seus anseios, desejos e vontades. a cincia da conduta humana perante o ser e os seus semelhantes, definindo o que virtude, o que bom ou mal, certo ou errado, permitido ou proibido.

    A tica pode ser dividida em duas partes: tica normativa e tica metatica. Aquela prope os princpios de conduta correta, enquanto esta investiga o uso de conceitos como o bem e o mal, o certo e o errado etc.

    Moral, por sua vez, deriva do latim mos, significando costumes. De forma sucinta, podemos dizer que a moral o instrumento de trabalho da tica. Em outras palavras, a tica a cincia da moral.

    No podemos falar de tica sem mencionar moral, pois ambas se entrelaam na vida do homem que vive em sociedade. Assim, muitos

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    utilizam as duas expresses sem fazer distino. Todavia, a doutrina mais abalizada diferencia tica de moral. Para essa doutrina, de forma correta, a moral um conjunto de normas, princpios, preceitos, costumes e valores que norteiam o comportamento do homem no seu seio social. Nesse sentido, a moral normativa. Noutro giro, a tica a teoria, o conhecimento ou a cincia do comportamento moral, que busca explicar, compreender, justificar e criticar a moral de uma sociedade. Nesse sentido, a tica filosfica, cientfica.

    Com base nessa diferenciao, alguns doutrinadores diferenciam tica de moral de diversos modos. Vejamos alguns:

    - tica princpio, moral so aspectos de condutas especficas;

    - tica permanente, moral temporal;

    - tica universal (tem como ltima referncia a dignidade da pessoa humana, a busca do bem comum), moral cultural (varia de uma sociedade para outra, de uma poca para outra);

    - tica regra, moral conduta de regra e

    - tica teoria, moral prtica.

    O ato moral tem em sua estrutura dois aspectos: o normativo e o factual. O aspecto normativo so as normas que anunciam um dever ser (ex: no roube, no trai seu amigo etc.). J o aspecto factual so os atos humanos que se concretizam no mundo real, ou seja, a aplicao da norma moral no dia a dia do convvio social.

    TICA, PRINCPIOS E VALORES.

    Os princpios so cdigos de condutas que servem de norte para que o indivduo pratique suas aes no meio social. Os princpios que regem a nossa conduta em sociedade so aqueles cdigos e regras que aprendemos por meio do convvio social, passados de pai para filho.

    Em realidade, a qualidade prpria dos princpios ticos nada mais que uma decorrncia lgica do fato de se fundarem na dignidade da pessoa humana, vista como componente essencial para a vida social.

    A doutrina elenca 05 (cinco) teorias sobre a formao dos princpios ticos. Vamos sintetiz-las:

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    1 Teoria Fundamentalista: prope que os princpios ticos sejam obtidos de uma fonte externa ao ser humano.

    2 Teoria Utilitarista: entende que os princpios ticos devem ser elaborados seguindo um critrio que traga um maior bem para a sociedade como um todo (critrio da maior utilidade para o todo).

    3 Teoria Kantiana: prope que os princpios ticos sejam extrados do fato de que cada um deve se comportar de acordo com os princpios universais.

    4 Teoria Contratualista: parte do pressuposto que o ser humano assumiu com os seus semelhantes a obrigao (contrato) de se comportar de acordo com regras morais, para poder conviver numa sociedade harmoniosa.

    5 Teoria Relativista: segundo a qual cada pessoa deveria decidir sobre o que ou no tico, com base nas suas prprias convices e na sua prpria concepo sobre o bem e o mal. Assim sendo, o que tico para um pode no o ser para outro (relativismo).

    J os valores, servem como termmetro para aferir carter de uma pessoa. Nesse sentido, o carter de uma pessoa determinado pelo valor de suas aes. Sua ao ser valorizada na medida em que for cobiada e copiada pelas demais pessoas do grupo social.

    TICA E DEMOCRACIA: EXERCCIO DA CIDADANIA.

    O Brasil passou por um recente perodo de ditadura militar, durante o qual os valores morais e sociais foram reprimidos pelo regime militar, prevalecendo os valores que o Estado autoritrio imps, de forma unilateral, ao povo brasileiro. Assim, durante o perodo militar, podemos afirmar que vivemos numa verdadeira apatia social.

    Esse cenrio foi alterado pela democracia implementada com Constituio de 1988. A partir desta, o povo volta a eleger e fiscalizar seus representantes (vereadores, deputados, prefeitos, governantes etc.). O controle do processo eleitoral passa a ser comandado pelo povo que, de forma peridica, escolhe seus representantes. Estes, cientes de que esto sendo observados e fiscalizados, devem pautar suas condutas sob o manto da tica, sob pena de serem extirpados do cenrio poltico nacional.

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    Cidadania, em sentido restrito, encontra-se atrelado ao exerccio dos direitos polticos, ou seja, cidado aquele que tem o direito de votar e de ser votado. Todavia, aqui, o emprego da expresso cidadania qualifica o cidado em sentido amplo, o possibilitando exercer direitos e assumir obrigaes. Neste sentido amplo, todos so cidados.

    Assim, alm de direitos, o cidado tem deveres. Trata-se de verdadeira via de mo dupla: os direitos do cidado aumentam na mesma proporo de seus deveres perante a sociedade. Portanto, ser cidado ter direitos e, tambm, ser chamado responsabilidade para lutar pela defesa da vida com qualidade e do bem-estar geral (deveres).

    Existem direitos que nem sempre se concretizam no mundo real (ex: direito sade, direito educao, direito moradia etc.). A cidadania nem sempre uma realidade efetiva e nem sempre para todos. A efetivao da cidadania e a conscincia coletiva dessa condio so indicadores do desenvolvimento tico e moral de uma sociedade.

    Para a tica, no basta que exista um elenco de direitos definidos numa Constituio. O desafio tico para uma sociedade o de concretizar no mundo ftico os direitos elencados nas leis, permitindo que todos alcancem a cidadania plena.

    Alm dos direitos, a cidadania traz uma gama de deveres. Assim, por exemplo, dever do cidado colaborar financeiramente com o custeio das despesas comuns atravs do pagamento de tributos. Outro dever do cidado, por exemplo, difundir o hbito de reciclar o lixo, poupar gua, usar fontes alternativas de energia e outras medidas, tudo para preservar o meio ambiente.

    TICA E FUNO PBLICA e TICA NO SETOR PBLICO.

    O exerccio da funo pblica deve ser feito sempre atrelado ao interesse pblico, buscando o bem comum. Nesse sentido, no exerccio das mais diversas funes publicas, o agente pblico deve respeitar os valores ticos e morais enraizados na sociedade.

    Ressalta-se que o agente pblico deve estar atento aos padres ticos e morais delineados pela sociedade no apenas no exerccio de suas funes pblicas, devendo incorporar tais padres sua vida privada.

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    A busca pela eticidade e pela moralidade to ferrenha que a Constituio de 1988 alou a moralidade ao patamar de princpio constitucional norteador de toda Administrao Pblica (art. 37, caput da CRFB/88).

    Infelizmente, mesmo ganhando status de princpio constitucional, a tica e a moral so institutos que, muitas vezes, se distanciam dos agentes pblicos. No toa que a sociedade brasileira, a muito, mostra-se insatisfeita com o setor pblico. De um modo geral, o nosso pas enfrenta descrdito da opinio pblica a respeito do comportamento dos administradores pblicos (Poder Executivo) e da classe poltica (Poder Legislativo).

    A atividade pblica deve ser conduzida com muita seriedade, pois desfazer a imagem negativa do padro tico do setor pblico tarefa das mais rduas. A tica no setor pblico pr-requisito fundamental para a confiana pblica, constituindo-se em marco fundamental para uma boa administrao.

    Nesse ponto, o Cdigo de tica tem importante funo, pois, ao trazer valores ticos e morais a serem observados pelo agente pblico, melhora a imagem do desgastado setor pblico.

    IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Lei n 8.429/92

    Antes de iniciarmos o estudo da improbidade administrativa, lembramos que ser, aqui, fundamental, a leitura da Lei n 8.429/92. Trata-se de uma lei com poucos artigos e de leitura fcil. Muitas questes das provas objetivas so cpias fiis da letra de lei. Ento, no deixe de ler a Lei n 8.429/92. Feita essa observao, vamos iniciar a matria.

    Podemos conceituar improbidade administrativa como a designao tcnica de corrupo administrativa, oriunda do desvirtuamento da funo administrativa e desrespeito ordem jurdica, caracterizado pelo favorecimento minoria em desfavor da maioria, trfico de influncia, enriquecimento sem causa e exerccio nocivo funo pblica.

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    Assim, a improbidade administrativa uma imoralidade qualificada por lei, que importa enriquecimento ilcito, prejuzo ao errio ou violao aos princpios administrativos, apta a ensejar um processo judicial promovido pela pessoa jurdica lesada ou pelo Ministrio Pblico e poder resultar em sanes civis, administrativas e polticas.

    A base constitucional direta para a responsabilizao pelos atos de improbidade administrativa encontra-se no 4 do art. 37 da CRFB/88, com a seguinte redao:

    4 - Os atos de improbidade administrativa importaro a suspenso dos direitos polticos, a perda da funo pblica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao errio, na forma e gradao previstas em lei, sem prejuzo da ao penal cabvel.

    Com o objetivo de dar concreo ao citado dispositivo constitucional, em 1992 foi editada a Lei n 8.429 (mais uma vez: leitura obrigatria!).

    Probidade administrativa e moralidade administrativa so princpios constitucionais que se identificam, tendo em vista que ambos se relacionam com a ideia de honestidade na Administrao Pblica. Todavia, quando se fala em improbidade como infrao sancionada pelo ordenamento jurdico, como ato ilcito, deixa de haver sinonmia entre as expresses improbidade e imoralidade, porque aquele tem um sentido muito mais amplo, que abrange no s atos desonestos ou imorais, mas tambm e principalmente atos ilegais. Assim, quando se fala em infraes/atos ilcitos, a improbidade mais ampla que a imoralidade.

    o ato de improbidade administrativa tem natureza de ilcito civil, mas pode implicar tambm na configurao de um ilcito penal e/ou um ilcito administrativo, caso haja previso legal. Assim, h possibilidade de ser instaurado, de uma s vez, uma ao penal (para apurar o ilcito penal), um processo administrativo disciplinar (para apurar o ilcito administrativo) e uma ao de improbidade (para apurar o ilcito civil), como corolrio da independncia das instncias (as responsabilidades civil, criminal e administrativa so, em regra, independentes).

    A Lei n 8.429/92, que regulamenta o 4 do art. 37 da CRFB/88, NO elenca nenhuma sano de natureza penal. Como

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    afirmado, ato de improbidade trata-se de ilcito civil, no podendo um ilcito civil ser penalizado com uma sano de natureza penal.

    A doutrina elenca quatro elementos definidores da improbidade administrativa, a saber: o sujeito passivo, o sujeito ativo, os atos de improbidade administrativa e o elemento subjetivo da improbidade. Vamos estud-los.

    O sujeito passivo da improbidade quem sofre com a prtica do ato de improbidade. O art. 1 da Lei n 8.429/92 elenca os sujeitos passivos da improbidade administrativa, podendo os mesmos serem resumidos da seguinte forma:

    - Administrao Pblica Direta e Indireta;

    - pessoa jurdica de direito privado em que o Estado concorra ou concorreu com mais de 50% do patrimnio ou receita;

    - pessoa jurdica de direito privado que receba subveno, benefcio ou incentivo, fiscal ou creditcio, de rgo pblico e

    - pessoa jurdica de direito privado em que o Estado concorra ou concorreu com menos de 50% do patrimnio ou receita.

    Nessas duas ltimas hipteses, a sano patrimonial se limita repercusso do ilcito sobre a contribuio dos cofres pblicos.

    Por seu turno, o sujeito ativo da improbidade quem pratica o ato de improbidade. A lei estudada prev como sujeito ativo:

    - o agente pblico, servidor ou no (art. 2);

    - o terceiro que, mesmo no sendo agente pblico, induza ou concorra para a prtica do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. (art. 3) e

    - o sucessor daquele que causar leso ao patrimnio pblico ou se enriquecer ilicitamente (art. 8).

    Quanto ao sujeito ativo, duas importantes observaes.

    Primeiro a distino feita pela doutrina entre ato de improbidade prprio, aquele praticado por agente pblico e ato de improbidade imprprio, aquela praticado por terceiro.

    A segunda observao foi que em 2007, o Supremo Tribunal Federal decidiu que os agentes polticos que respondem por crime

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    de responsabilidade esto excludos da ao de improbidade, pois se respondessem pelos dois haveria bis in idem. Assim, por exemplo, se o Presidente da Repblica praticar ato que atente contra a probidade administrativa (art. 85, inciso V da CRFB/88), somente responder por crime de responsabilidade, no cabendo ao de improbidade.

    A Lei n 8.429/92 elenca 03 (trs) modalidades de atos de improbidade administrativa:

    que importam ENRIQUECIMENTO ILCITO (art. 9)

    ATOS DE

    IMPROBIDADE que causam PREJUZO AO ERRIO (art. 10)

    que atentam contra os PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA (art. 11).

    O ato de improbidade administrativa nasce de uma ao ou omisso, no sendo, necessariamente, um ato administrativo (ex: servidor pblico recebe dinheiro a ttulo de comisso, haver ato de improbidade, mas no estamos diante de um ato administrativo).

    A improbidade administrativa resta configurada independentemente da ocorrncia de dano ao patrimnio (ex: um ato que viole um princpio da Administrao, sem causar prejuzo econmico ao errio) ou de controle de contas pelo Tribunal de Contas. Nesse sentido o art. 21 da lei em estudo.

    Art. 21. A aplicao das sanes previstas nesta lei independe:

    I - da efetiva ocorrncia de dano ao patrimnio pblico, salvo quanto pena de ressarcimento;

    II - da aprovao ou rejeio das contas pelo rgo de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.

    A doutrina ensina que o art. 11 da lei estudada, que elenca os atos de improbidade que atentam contra os princpios da Administrao, trata-se de um tipo subsidirio ou um tipo de reserva, no sentido de que somente deve ser usado quando no for possvel enquadrar a conduta do agente s hipteses estabelecidas nos art. 9 e 10. Noutro giro, se a conduta do agente puder ser enquadrada, simultaneamente, nos art. 9, 10 e 11, dever-se- ser aplicado somente o art. 9, que trata dos atos que importam enriquecimento ilcito, por estabelecer as sanes mais graves.

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    O ltimo elemento definidor da improbidade administrativa se refere ao elemento subjetivo.

    A doutrina, de forma quase unnime, entende que para a configurao dos atos de improbidade que causam prejuzo ao errio basta CULPA OU DOLO do agente. Leiamos o art. 10: Constitui ato de improbidade administrativa que causa leso ao errio qualquer ao ou omisso, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriao, malbaratamento ou dilapidao dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1 desta lei, e notadamente...

    J para configurao dos atos que importem enriquecimento ilcito ou que atentem contra os princpios da Administrao Pblica exigi-se DOLO do agente, no havendo, aqui, espao para culpa.

    Assim, para a maioria da doutrina s haver enriquecimento ilcito (art. 9) e violao de princpios administrativos (art. 11) mediante DOLO, ao passo que poder haver prejuzo ao errio (art. 10) mediante DOLO ou CULPA.

    Estudados os elementos definidores da improbidade administrativa, vamos analisar as sanes aplicveis aos atos de improbidade administrativa.

    O 4 do art. 37 da CRFB/88 elenca somente quatro sanes, a saber:

    - suspenso dos direitos polticos;

    - a perda da funo pblica;

    - a indisponibilidade dos bens e

    - o ressarcimento ao errio.

    A Lei n 8.429/92 possui um rol mais extenso de sanes, prevendo, por exemplo: multa civil e proibio de contratar com o Poder Pblico. Assim:

    - para a prtica de atos que importem enriquecimento ilcito (art. 9), as sanes esto previstas no art. 12, inciso I, da Lei n 8.429/93;

    - para a prtica de atos que causam prejuzo ao errio (art. 10), as sanes esto previstas no art. 12, inciso II da citada lei e

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    - para a prtica de atos que atentem contra os princpios da Administrao Pblica (art. 11), as sanes esto previstas no art. 12, inciso III da citada lei.

    Sobre as sanes aplicveis aos atos de improbidade administrativa, duas importantes consideraes.

    Durante muito tempo se discutiu se as sanes previstas nos incisos do art. 12 deveriam ser aplicadas todas em conjunto de forma cumulativa, o que a doutrina denominava de aplicao das sanes em bloco, ou o juiz poderia aplicar apenas as sanes mais pertinentes ao caso concreto. A corrente que defendia a aplicao das sanes em bloco nunca prevaleceu, restando, totalmente, sucumbida em 2009, com a edio da Lei n 12.120 que alterou o caput do art. 12 da Lei n 8.429/92. Leiamos o artigo com a nova redao.

    Art. 12. Independentemente das sanes penais, civis e administrativas previstas na legislao especfica, est o responsvel pelo ato de improbidade sujeito s seguintes cominaes, QUE PODEM SER APLICADAS ISOLADA OU CUMULATIVAMENTE, de acordo com a gravidade do fato: (Redao dada pela Lei n 12.120, de 2009).

    Portanto, hoje, no pairam mais dvidas, restando totalmente afastada a corrente que defendia a aplicao das sanes em bloco, em virtude da alterao legislativa acima mencionada.

    A segunda observao a ser feita que as sanes referentes perda da funo pblica e suspenso dos direitos polticos somente se efetivaro com o trnsito em julgado da sentena condenatria, conforme estabelece o art. 20 da lei em comento.

    Passaremos, agora, a tecer comentrios sobre o procedimento da ao de improbidade administrativa.

    A maioria da doutrina entende que a ao judicial de improbidade administrativa tem natureza jurdica de ao civil publica, sendo denominada de ao civil pblica por ato de improbidade.

    Qualquer pessoa poder representar autoridade administrativa competente ou ao Ministrio Pblico para que seja instaurada investigao destinada a apurar a prtica de ato de improbidade (art. 14 da lei estudada). Todavia, a legitimidade ativa para a propositura da ao judicial de improbidade administrativa

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    somente do Ministrio Pblico ou da pessoa jurdica interessada (art. 17). Se o Ministrio Pblico no atuar como autor, dever, obrigatoriamente, atuar como fiscal da lei (4 do art. 17).

    Na ao de improbidade administrativa vedado acordo, transao ou conciliao (1 do art. 17), sendo que o dinheiro arrecadado ter como destino a pessoa jurdica prejudicada pelo ilcito (art. 18).

    A Lei de Improbidade Administrativa prev quatro medidas cautelares, a saber: indisponibilidade dos bens do indiciado (art. 7); sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimnio pblico (art. 16 caput); bloqueio de bens, contas bancrias e aplicaes financeiras no exterior (2 do art. 17) e afastamento do agente pblico do exerccio do cargo, emprego ou funo, sem prejuzo da remunerao (pargrafo nico do art. 20).

    Quanto prescrio, ela encontra-se prevista no art. 23 da lei estudada. Leiamos o dispositivo.

    Art. 23. As aes destinadas a levar a efeitos as sanes previstas nesta lei podem ser propostas:

    I - at cinco anos aps o trmino do exerccio de mandato, de cargo em comisso ou de funo de confiana;

    II - dentro do prazo prescricional previsto em lei especfica para faltas disciplinares punveis com demisso do servio pblico, nos casos de exerccio de cargo efetivo ou emprego.

    Aqui deve ser lembrado que o que prescreve o ato de improbidade, vez que o dano imprescritvel com fulcro no art. 37, 5 da CRFB/88. Assim, mesmo que o agente no possa ser condenado pela prtica de um ato de improbidade administrativa, em virtude da consumao da prescrio prevista no citado art. 23, caber a propositura da ao civil de ressarcimento ao errio, vez que, esta, com base na Constituio, imprescritvel.

    Para encerrarmos nossa aula, devemos diferenciar ao de improbidade administrativa da ao popular. A ao popular visa anular o ato lesivo e ressarcir o errio. J a ao de improbidade visa anular o ato lesivo, ressarcir o errio e aplicar sanes ao agente (ou ao terceiro) que praticou os atos lesivos.

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    Bem, com essas ponderaes, encerramos nossa parte terica. Vamos s questes.

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    QUESTES COMENTADAS

    QUESTO 01

    CESPE - 2010 - TCE-BA - Procurador

    Julgue o item subsecutivo.

    Atos de improbidade administrativa so os que geram enriquecimento ilcito ao agente pblico ou causam prejuzo material administrao pblica. Quem pratica esses atos pode ser punido com sanes de natureza civil e poltica - mas no penal - como o ressarcimento ao errio, a indisponibilidade dos bens e a perda da funo pblica.

    Resposta: ERRADA.

    Comentrio: A Lei n 8.429/92, que regulamenta o 4 do art. 37 da CRFB/88, NO elenca nenhuma sano de natureza penal. Como explicado, ato de improbidade trata-se de ilcito civil, no podendo um ilcito civil ser penalizado com uma sano de natureza penal. Assim, a segunda parte do enunciado da questo est correta.

    A questo est errada, pois na sua primeira parte afirma que Atos de improbidade administrativa so os que geram enriquecimento ilcito ao agente pblico ou causam prejuzo material administrao pblica, esquecendo-se de fazer meno aos atos que atentam contra os princpios da administrao pblica.

    QUESTO 02

    CESPE - 2009 - DPF - Agente da Polcia Federal

    Julgue o item a seguir.

    Frustrar a licitude de processo licitatrio ou dispens-lo indevidamente constitui ato de improbidade administrativa e, por consequncia, impe a aplicao da lei de improbidade e a sujeio do responsvel unicamente s sanes nela previstas.

    Resposta: ERRADA

    Comentrio: Como j explicado na parte terica, em razo da independncia das instncias, o ato de improbidade administrativa pode tambm configurar um ilcito penal, dando ensejo instaurao de uma

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    ao penal e/ou um ilcito administrativo, dando ensejo instaurao de um processo administrativo disciplinar. Para no deixar margem de dvida, o art. 12 da Lei n 8.429/93 prev de forma expressa que: Independentemente das sanes penais, civis e administrativas, previstas na legislao especfica, est o responsvel pelo ato de improbidade s seguintes cominaes... .

    Portanto, a questo est errada, pois afirma que o responsvel pelo ato se sujeitar UNICAMENTE s sanes previstas na lei de improbidade.

    QUESTO 03

    CESPE - 2010 - INSS

    Acerca das sanes aplicveis aos agentes pblicos nos casos de enriquecimento ilcito no exerccio de cargo, emprego ou funo da administrao pblica, julgue o prximo item.

    As punies constantes da Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/1992) so aplicveis a qualquer agente pblico, servidor ou no.

    Resposta: CERTA

    Comentrio: A questo se limita a copiar o incio do art. 1 da Lei n 8.429/93: Os atos de improbidade praticados por qualquer agente pblico, servidor ou no....

    Por isso, voltamos a insistir, sabendo do risco de nos tornarmos cansativos, LEIA A LEI! Muitas questes so praticamente cpias da letra fria da lei.

    QUESTO 04

    CESPE - 2010 - EMBASA - Analista de Saneamento - Advogado

    Acerca da Lei de Improbidade Administrativa, considerando a jurisprudncia do STF, julgue o item a seguir.

    A aplicao das sanes previstas na Lei de Improbidade Administrativa independe da efetiva ocorrncia de dano ao patrimnio pblico, mas fica suspensa at a aprovao ou rejeio das contas pelo rgo de controle interno ou pelo tribunal ou conselho de contas.

    Resposta: ERRADA

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    Comentrio: A questo est errada, pois a sua segunda parte se distancia do estabelecido no art. 21 da Lei n 8.429/92. Novamente, pela importncia do tema, leiamos o dispositivo.

    Art. 21. A aplicao das sanes previstas nesta lei independe:

    I - da efetiva ocorrncia de dano ao patrimnio pblico, salvo quanto pena de ressarcimento;

    II - da aprovao ou rejeio das contas pelo rgo de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.

    Assim, o ato de improbidade independe da ocorrncia de dano ao patrimnio (ex: um ato que viole um princpio da Administrao, sem causar prejuzo econmico ao errio) e, tambm, independe de controle de contas pelo Tribunal de Contas.

    QUESTO 05

    CESPE - 2012 - IBAMA - Tcnico Administrativo

    A respeito de tica no servio pblico, julgue o item a seguir.

    A tica, enquanto filosofia da moral, constata o relativismo cultural e o adota como pressuposto de anlise da conduta humana no contexto pblico.

    Resposta: ERRADA.

    Comentrio: ao contrrio, a tica despreza o relativismo cultural, orientando-se pela universalidade, cujo carter, vale frisar, independe da cultura, momento, espao, etc.

    QUESTO 06

    CESPE - 2010 - ANEEL - Tcnico Administrativo

    Julgue o item seguinte, acerca da tica e da moral.

    Importante caracterstica da moral, o que a torna similar lei, o fato de ser absoluta e constituir um padro para julgamento dos atos.

    Resposta: ERRADA.

    Comentrio: ao contrrio, a moral temporal, cultural, ou seja, varia de uma sociedade para outra, de uma poca para outra, no sendo, em hiptese alguma absoluta. A tica, sim, absoluta.

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    QUESTO 07

    CESPE - 2010 - MPS - Agente Administrativo

    Com relao tica, julgue o item que se segue.

    A noo de tica est diretamente relacionada com os costumes de um grupo social.

    Resposta: ERRADA.

    Comentrio: a noo de moral que se encontra relacionada com os costumes. Ento, lembre-se: associe costumes moral e associe conduta/comportamento tica.

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    QUESTES PROPOSTAS

    QUESTO 01

    CESPE - 2010 - TCE-BA - Procurador

    Julgue o item subsecutivo.

    Atos de improbidade administrativa so os que geram enriquecimento ilcito ao agente pblico ou causam prejuzo material administrao pblica. Quem pratica esses atos pode ser punido com sanes de natureza civil e poltica - mas no penal - como o ressarcimento ao errio, a indisponibilidade dos bens e a perda da funo pblica.

    QUESTO 02

    CESPE - 2009 - DPF - Agente da Polcia Federal

    Julgue o item a seguir.

    Frustrar a licitude de processo licitatrio ou dispens-lo indevidamente constitui ato de improbidade administrativa e, por consequncia, impe a aplicao da lei de improbidade e a sujeio do responsvel unicamente s sanes nela previstas.

    QUESTO 03

    CESPE - 2010 - INSS

    Acerca das sanes aplicveis aos agentes pblicos nos casos de enriquecimento ilcito no exerccio de cargo, emprego ou funo da administrao pblica, julgue o prximo item.

    As punies constantes da Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/1992) so aplicveis a qualquer agente pblico, servidor ou no.

    QUESTO 04

    CESPE - 2010 - EMBASA - Analista de Saneamento - Advogado

    Acerca da Lei de Improbidade Administrativa, considerando a jurisprudncia do STF, julgue o item a seguir.

    A aplicao das sanes previstas na Lei de Improbidade Administrativa independe da efetiva ocorrncia de dano ao patrimnio pblico, mas fica suspensa at a aprovao ou

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    rejeio das contas pelo rgo de controle interno ou pelo tribunal ou conselho de contas.

    QUESTO 05

    CESPE - 2012 - IBAMA - Tcnico Administrativo

    A respeito de tica no servio pblico, julgue o item a seguir.

    A tica, enquanto filosofia da moral, constata o relativismo cultural e o adota como pressuposto de anlise da conduta humana no contexto pblico.

    QUESTO 06

    CESPE - 2010 - ANEEL - Tcnico Administrativo

    Julgue o item seguinte, acerca da tica e da moral.

    Importante caracterstica da moral, o que a torna similar lei, o fato de ser absoluta e constituir um padro para julgamento dos atos.

    QUESTO 07

    CESPE - 2010 - MPS - Agente Administrativo

    Com relao tica, julgue o item que se segue.

    A noo de tica est diretamente relacionada com os costumes de um grupo social.

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    GABARITO

    1 E 2 E 3 C 4 E 5 E

    6 E 7 E