análise dos quadros competitivos dos escalões de sub-7, sub-8, sub-9 e sub-10 de portugal e de...

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Mestrado Treino Desportivo 1º Ano Análise da Competição Análise dos Quadros Competitivos aplicados em Portugal e Inglaterra Referentes aos Escalões de Formação Sub-7, Sub-8, Sub-9 e Sub-10 Docentes: Jorge Proença Discentes: Filipe Campos Rui Vieira

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Mestrado – Treino Desportivo

1º Ano

Análise da Competição

Análise dos Quadros Competitivos aplicados em Portugal

e Inglaterra Referentes aos Escalões de Formação Sub-7,

Sub-8, Sub-9 e Sub-10

Docentes: Jorge Proença

Discentes: Filipe Campos

Rui Vieira

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

1

Índice

Introdução ......................................................................................................................... 3

Revisão Bibliográfica ....................................................................................................... 4

Competições de Adultos vs Competição de Crianças................................................... 4

Long-Term Athlete Development ................................................................................. 5

Factores que Influenciam o LTAD............................................................................ 6

Stages of Long-Term Athlete Development ............................................................. 9

Abandono no Futebol .................................................................................................. 12

O que é feito em Inglaterra ......................................................................................... 13

Apresentação do “Mini-Soccer”.............................................................................. 13

O que levou à mudança? ......................................................................................... 15

A evolução do plano de mudança ........................................................................... 15

O que são os “Trophy Events”? .............................................................................. 16

Exemplos de competições “Trophy Events” - Champions League......................... 17

Leis de Jogo – “Mini-Soccer” ................................................................................. 17

O que é feito em Portugal ........................................................................................... 26

Regulamentação ...................................................................................................... 26

Discussão ........................................................................................................................ 31

Revisão Bibliográfica ..................................................................................................... 33

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

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Índice de Ilustrações

Figura 1 - Progressão Lógica das Competições Formativas no Futebol de Formação .......... 4

Figura 2- Fundamental Movement Skills that Underpin Physical Literacy .......................... 6

Figura 3- The Sensitive Periods of Accelerated Adaptation to Training .............................. 8

Figura 4- Training to Competition Ratios ............................................................................. 9

Figura 5- System Alignment and Integration Within Canadian Sport for Life ................... 10

Figura 6 - Campo para Escalões de Sub-7 e Sub-8 ............................................................. 21

Figura 7 - Campo dos Escalões de Sub-9 e Sub-10 ............................................................ 26

Figura 8 - Campo dos Escalões de Formação ..................................................................... 28

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

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Introdução

Em todos os países o desporto é regulamentado por um quadro competitivo por

onde os clubes se regem e inserem para poder estar no activo das suas modalidades.

Cada país tem o seu quadro competitivo para cada uma das suas modalidades. No caso

da modalidade de Futebol, o quadro competitivo é determinado pelas federações de

cada país, sendo depois adaptadas ou não para cada associação de futebol.

Qual será o melhor quadro competitivo para a formação de um jogador de

futebol que começa a dar os primeiros passos na modalidade?

Uma pergunta muito frequente mas ao mesmo tempo uma pergunta que ainda

não obteve uma resposta sólida sendo aplicados vários quadros competitivos diferentes

consoante o país e até mesmo a região onde esta modalidade é praticada.

O objectivo deste trabalho é analisar os dois quadros competitivos que estão

neste momento em vigor em Portugal e em Inglaterra e perceber que diferenças existem.

Ao mesmo tempo que será exposto as características dos diferentes quadros, irá ser feita

uma reflexão tentando perceber qual o modelo mais adequado e que proporcione o

melhor desenvolvimento para o jovem jogador.

Para uma melhor reflexão, procurar-se-á relacionar os quadros competitivos

identificados com as características e aspectos do desenvolvimento de um atleta, tais

como as suas motivações para praticar futebol, aspectos fisiológicos, psicológicos e

sociais.

Os quadros competitivos analisados serão dos escalões de sub-7,8, 9 e 10 ao qual

estão associadas respectivamente as idades de 6, 7, 8, 9 anos.

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Revisão Bibliográfica

Competições de Adultos vs Competição de Crianças

“Competiciones a la medida del niño como pilares del nuevo modelo de

ensenãnza-aprendizaje (Wein, 2004)”.

As competições nem sempre estão adequadas às necessidades dos nossos

praticantes o que proporciona um desenvolvimento inadequado do praticante a nível

futebolístico, físico e pessoal. Contudo continua-se a insistir numa competição sem a

ligação ideal com o modelo de ensino-aprendizagem onde a competição é mais um

momento de aprendizagem por parte do atleta e não algo diferenciado, onde o objectivo

é apenas a vitória.

“En un fútbol bien planificado el niño crece conjuntamente com su juego

competitivo. Su competición debe ser como sus zapatos: A su perfecta medida (Wein,

2004)”.

Segundo Johan Cruiff (cit. in Wein, 2004), o atleta só consegue render o seu

máximo de potencial quando este se diverte. Também Dante Panzeri (cit. in Wein,

2004) afirma que não se pode trabalhar quando existe a carência de alegria. A seriedade

das competições de futebol de hoje em dia sepultaram a alegria.

Wein (2004), sugere uma progressão lógica das competições formativas no

futebol de formação. Com vista o desenvolvimento do atleta este é acompanhado com

uma competição que permita ao atleta aumentar gradualmente as suas competências e

assim haver a ponte que liga as capacidades do atleta à competição.

Figura 1 - Progressão Lógica das Competições Formativas no Futebol de Formação

(Wein, 2004)

Wein (2004), propõe orgânicas diferenciadas consoante o escalão (idades) dos

atletas. A tabela 1 refere apenas a partir dos “Benjamín 8 años”, pois o autor é da

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

5

opinião que as crianças devem entrar para o futebol a partir dos 8 anos e até lá

praticarem actividade física. Relativamente às idades em estudo, o futebol praticado é

de 3x3, 4x4 e 7x7, levando a uma adaptação das dimensões do campo e quantidade de

jogadores criando uma progressão crescente consoante o aumento de maturidade e

desenvolvimento dos atletas. Como se pode analisar na tabela, o número de jogadores

suplentes é reduzido o que proporciona muito tempo de prática para todos os atletas da

equipa. Já o tempo de jogo, este é caracterizado por ter 3 partes, o que permite maior

tempo de jogo e intervalado com vista ao desenvolvimento dos atletas. O tamanho da

bola também é referenciado havendo uma adaptação da bola à capacidade fisiológica do

atleta. Por fim, Wein coloca os árbitros como parte de evolução dos mesmos, criando

uma lógica de idades permitindo assim haver um desenvolvimento das duas partes

envolventes do jogo (árbitros e jogadores), não levando a uma diferença de idades e

tamanhos desproporcionais como se tem visto ao longo destes anos.

Com esta progressão da competição, o atleta vai amadurecendo com a própria

competição, aumentando-se ao mesmo tempo a dificuldade e complexidade da

competição o que irá permitir um desenvolvimento planificado e gradual para um atleta

que pretenda atingir o futebol sénior.

“Crear un equilíbrio entre las exigências que pide la competición y las

capacidades que tiene el niño en una determinada etapa de su evolución, es la primera

clave para alcanzar el éxito a largo plazo. Hace falta adaptar el juego al niño y no

obligar al joven futebolista a adaptarse al juego de los adultos (Wein, 2004)”.

Long-Term Athlete Development

No desenvolvimento de um atleta, este tem que passar por determinadas etapas

na sua vida, e só depois de terminar uma é que pode passar para a próxima etapa de

modo que a anterior tenha sido completamente concluída, estando assim apto para

absorver o conhecimento que a próxima etapa poderá fornecer para o seu

desenvolvimento. Um modelo bastante utilizado é o modelo canadiano, Long-Term

Athlete Development (LTAD). Este modelo permite organizar de uma forma

hierárquica o desenvolvimento de um atleta no que se refere à sua actividade

física/desportiva. LTAD divide-se em várias etapas: Active Start, FUNdamentals, Learn

to Train, Train to Train, Train to Compete, Train to Win e por fim Active for Life

(Balyi, Way, Higgs, Norris, & Cardinal, 2014)

Sendo este trabalho uma análise dos escalões de sub-7, 8, 9 e 10, apenas serão

focadas as etapas Active Start (Masculino e Feminino: 0-6 anos), FUNdamentals

(Masculino: 6-9 anos Feminino: 6-8 anos) e Learn to Train (Masculino: 9-12 anos

Feminino: 8-11 anos).

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Factores que Influenciam o LTAD

Physical Literacy

A capacidade de controlar/dominar o próprio corpo é fundamental para o

desenvolvimento do atleta, pois um atleta com uma disposição que abrange a

motivação, confiança, competência física e conhecimento permite estabelecer a

actividade física intencional como parte integrante do seu estilo de vida. As habilidades

que compõem a “Physical Literacy” variam conforme o local e a cultura da sociedade

onde este está inserido, sendo também influenciado pelo grau de importância que a

sociedade coloca na modalidade. No caso de o Futebol ter um grau de importância

maior, as habilidades estarão mais relacionadas com habilidades dos membros inferiores

(Balyi et al., 2014).

Figura 2- Fundamental Movement Skills that Underpin Physical Literacy

(Balyi et al., 2014)

As habilidades a serem desenvolvidas nas fases iniciais do jovem atleta são os

“Fundamental Movement Skills” e estão divididas em Locomotor Skills (correr, saltar,

galopar), Object Control Skills (lançar, receber, driblar) e Balance Movements

(equilíbrio, movimentos giratórios).

Sem as “Fundamental Movement Skills”, qualquer criança terá muitas

dificuldades em praticar qualquer desporto. As habilidades fundamentais deverão ser

inseridas através de jogos divertidos e curtos com vista a explorar o seu potencial de

movimentos em perfeita segurança (Balyi et al., 2014).

As habilidades motoras fundamentais e habilidades desportivas fundamentais

são a base para que uma pessoa se consiga mover com competência e confiança em

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

7

cada tipo de actividade, tanto em ambientes interiores e exteriores: no chão, dentro e

fora de água, na neve e gelo, e no ar (Balyi et al., 2014).

Specialization

Há certos desportos como a ginástica, patinagem artística como outros, onde a

especialização têm que ser feita em idades precoces, pois após a maturação pode haver

um bloqueio à aprendizagem de diversas habilidades complexas que só em idades

prematuras é possível desenvolver. Os outros desportos onde a sua especialização é

mais tardia, os atletas devem atingir a “Physical Literacy” antes da sua maturação,

permitindo assim atingir posteriormente o seu potencial chegando ao alto estrelato da

sua modalidade (Balyi et al., 2014).

Sensitive Periods

Segundo Gallahue and Donnelly, 2003 (cit. in Balyi et al., 2014) um período

sensível é uma janela de oportunidade onde uma dada habilidade/capacidade física é

mais propensa a evoluir. Sendo assim é fundamental ter a noção dos períodos sensíveis

com vista ao aproveitamento dessas mesmas janelas, permitindo assim um maior

desenvolvimento dos atletas.

Os sistemas fisiológicos têm a capacidade de serem treinados em qualquer altura

da vida do atleta, mas mesmo assim, existem alturas em que o seu desenvolvimento é

mais propenso, cabendo ao treinador trabalhar as capacidades físicas nas suas fazes

sensíveis.

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

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Figura 3- The Sensitive Periods of Accelerated Adaptation to Training

(Balyi and Way, 2005 cit. in Balyi et al., 2014)

Tal como referido no quadro anterior, o desenvolvimento acelerado da

velocidade e flexibilidade dá-se em períodos onde a velocidade de crescimento em

altura é maior, principalmente numa fase inicial do desenvolvimento do atleta (6,7, 8 e 9

anos) e no pico de velocidade em altura (PVA) que se situa entre os 13 e os 16 anos.

Relativamente ao desenvolvimento dos “Skills” estes devem ser trabalhados

entre os 8 e os 12 anos, sendo nestas idades onde se situam as fases sensíveis para o

desenvolvimento desta capacidade. Assim sendo é fundamental permitir aos atletas

desenvolver esta capacidade na competição e não bloquear o seu desenvolvimento com

vista a obtenção do resultado positivo (vitória).

Mental, Cognitive and Emotional Development

O stress criado pelos efeitos acumulados das tensões da vida diária, tais como a

escola, exames, família, relacionamentos românticos, volumes de treino, intensidades

altas de treino e até mesmo a competição, podem causar “Overstress”. Para evitar que o

stress atinja valores excessivos, é importante desenvolver a capacidade mental dos

atletas, ou seja, procurar incutir princípios de atitude positiva (foco positivo e

imaginação), dando valor ao esforço e divertimento. O atleta precisa de explorar o seu

próprio mundo e pensamentos sem a pressão dos pais e dos treinadores, pois essa

pressão pode levar à confusão do atleta (Balyi et al., 2014).

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Competition

Figura 4- Training to Competition Ratios

(Balyi et al., 2014)

Como se pode observar na tabela acima, os estágios de FUNdamentals e Learn

to Train estão orientados para uma intervenção maior no processo de treino. Consoante

a evolução do estágio, este ganha um caracter mais competitivo e menos de treino

dando assim uma evolução lógica e gradual ao desenvolvimento do atleta.

Excellence Takes Time

Segundo Ericsson, Charness, Feltovich e Hoffman, 2006, (cit. in Balyi et al.,

2014) um atleta para atingir a elite necessita de 10 anos de prática (aproximadamente

10.000 horas de prática). Assim sendo, um atleta necessita de ter as condições enquanto

criança para poder praticar de forma a desenvolver as suas capacidades ao longo da

competição que é exposta.

Stages of Long-Term Athlete Development

Os estágios mais importantes no desenvolvimento do atleta são os estágios que

estão relacionados com a “Physical Literacy”, pois sem umas bases sólidas e

apreendidas por completo se pode alcançar patamares de rendimento superiores. Sendo

assim estes estágios, são onde os atletas têm o seu primeiro contacto com a actividade

física procurando a sua consciência corporal.

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

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Figura 5- System Alignment and Integration Within Canadian Sport for Life

(Balyi et al., 2014)

Analisando as diferentes fases pertencentes à “Physical Literacy”, podemos

entender melhor o que se pretende com cada um dos estágios e posteriormente definir

estratégias para um melhor desenvolvimento em cada estágio.

Active Start

Este estágio procura promover um melhor desenvolvimento da função cerebral,

coordenação, habilidades sociais, habilidades motoras, desenvolvimento emocional,

liderança e imaginação. Ajuda as crianças a construir um estado de confiança e uma

auto-estima positiva. Além dos aspectos psicológicos e sociais, também ajuda a

construir ossos e músculos fortes, melhorando a flexibilidade acabando ao mesmo

tempo por desenvolver uma boa postura e capacidade de equilíbrio. O stress acaba por

ser diminuído pela actividade física melhorando também o sono. Este estágio permite

atingir níveis de peso saudáveis fazendo as crianças gostar da rotina de fazer actividade

física (Balyi et al., 2014).

“Active Start” caracteriza-se por ter uma actividade física divertida sendo uma

constante na vida da criança. A nível mental e cognitivo, este estágio é fundamental pois

o desenvolvimento do cérebro encontra-se num ponto critico. Sendo assim é importante

dar ênfase ao jogo activo, ou seja, actividade física não estruturada que permitem a

utilização da imaginação, compreensão, memorização e apresentação de movimento. A

repetição das actividades rítmicas permite um reforço das conexões entre o cérebro e os

músculos (Balyi et al., 2014).

Segundo Balyi et al. (2014) os treinadores devem focar-se em desenvolver as

habilidades de movimentos básicos, tais como, saltar, chutar, manejar e lançar pois estes

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

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são os blocos fundamentais para a construção de actividades mais complexas. Um

conselho dado é a realização de jogos não-competitivos com foco na participação.

“Movement is the first language of the child”. (Balyi et al., 2014)

FUNdamentals

Com o aumento da idade, este estágio surge com o propósito de quando um

adulto decide deixar mais tarde a vida competitiva possa ter desenvolvido habilidades

que lhe permitem melhorar a sua qualidade de vida e de saúde após competição. Assim

sendo, o desenvolvimento das habilidades neste estágio deve ser bem estruturado,

divertido e positivo. Numa perspectiva mental e cognitiva, a capacidade de raciocínio

têm sido limitada à criança, o que leva as crianças a serem orientadas para a acção e

repetição de actividades. A experiência é a melhor ferramenta para trabalhar neste

estágio, onde a capacidade para o pensamento abstracto está a crescer, melhorando por

si a imaginação. Mais numa perspectiva emocional, as crianças gostam de ser o centro

das atenções, desenvolvendo o seu autoconceito através da experiência e comentários de

outras pessoas. Neste estágio existe uma grande influência das pessoas à sua volta,

sendo nesta altura onde se cria as noções de regras e estrutura (Balyi et al., 2014).

Tal como refere Balyi et al. (2014) é importante desenvolver de forma global as

capacidades físicas da criança, as habilidades fundamentais da criança e o ABC do

atletismo (Agilidade, equilíbrio, coordenação e velocidade). Um dos maiores objectivos

deste estágio é incentivar a participação em uma grande variedade de desportos.

Learn to Train

A “Physical Literacy” é um dos principais objectivos deste estágio. A nível

mental e cognitivo a criança começa a compreender como o mundo funciona, estando

prontas para adquirir as habilidades gerais dos desportos que compõem os pilares desde

todo o desenvolvimento atlético. Emocionalmente a criança sente-se mais segura com a

rotina e a estrutura de treino. Uma fase de julgamento próprio e dos outros começam a

surgir, onde as crianças começam a reconhecer diferenças de habilidades entre elas, o

que poderá levar à desistência no caso de se julgarem inferiores aos outros. É

fundamental ajudar as crianças a desenvolver níveis de habilidades semelhantes entre

elas com vista a permanência destas no desporto (Balyi et al., 2014).

Segundo Balyi et al. (2014) é fundamental fornecer aos atletas competições

adequadas ao seu desenvolvimento. Uma estratégia para incentivar a criança a ter uma

vida activa é realizar actividades onde a criança possa ter sucesso, dando-lhe prazer e

satisfação. Neste estágio o foco para passa apenas para três desportos no máximo, onde

o jogo livre não estruturado é o mais adequado.

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Abandono no Futebol

É possível ver uma distribuição tendenciosa nos escalões de base da Federação

Francesa de Futebol relativa ao abandono, devido a diferenças no desenvolvimento

físico e cognitivo, como efeito da idade relativa. Porque são menos desenvolvidos

fisicamente, por não beneficiarem de muitas oportunidades para jogar, especialmente

perto da época da puberdade, os jogadores nascidos no final do ano competitivo

abandonam o futebol em maior número quando comparados com atletas nascidos no

início do ano competitivo. Tendo em conta esta suposição, é possível observar que os

jogadores nascidos no último trimestre têm uma maior taxa de abandono do que os

atletas que nasceram nos dois primeiros trimestres nos escalões de Sub-9 até Sub-18.

Contudo, no escalão de Sub-7 a distribuição de datas de nascimento é muito semelhante

entre todos os jogadores inscritos, indo contra os resultados dos escalões referidos

anteriormente. (Delorme, Boiché, & Raspaud, 2010)

No escalão de Sub-7 a ausência de um efeito da idade relativa pode ser

explicado por dois factores. Em primeiro lugar, as diferenças em termos de atributos

físicos são modestas (Delorme et al., 2010). Delorme e Raspaud (2009) (cit. in Delorme

et al., 2010) mostraram que entre os jovens jogadores de basquetebol de 7 anos, a

diferença média de altura foi de apenas 2.83 centímetros entres os jogadores nascidos no

primeiro e no último trimestre do ano. Os benefícios físicos associados à idade relativa

são, portanto, limitados para esta faixa etária. Em segundo lugar, a Federação Francesa

de Futebol não organiza qualquer competição oficial ou campeonato para este escalão,

sendo que estes jovens jogadores só participam em torneios de lazer (Delorme et al.,

2010). De acordo com Musch e Grondin (2001) (cit. In Delorme et al., 2010), a

competição é uma condição necessária para o efeito da idade relativa surgir. De facto, se

não é limitada a entrada numa equipa ou não existe concorrência entre os jogadores para

fazer parte da equipa, todos devem beneficiar das mesmas oportunidades de jogar, seja

qual for o seu desenvolvimento físico.

Em relação aos outros escalões de formação de Sub-9 até Sub-18 o efeito da

idade relativa foi confirmado. Embora não haja nenhum campeonato oficial para o

escalão de Sub-9, as diferenças físicas que surgem nesta idade entre os jovens do sexo

masculino são elevadas (Delorme et al., 2010). Delorme e Raspaud (2009) (cit. in

Delorme et al., 2010) relatam uma diferença média de altura de 9.75 centímetros entre

jogadores de basquetebol nascidos no primeiro trimestre e no quarto trimestre do ano.

Como consequência, pode implicar uma inferioridade física durante o jogo e

experiencias mais frequentes de fracasso para os nascidos no quarto trimestre do ano.

A taxa de abandono é quase o dobro da categoria de idade Sub-7

comparativamente com o escalão de Sub-9, como para as categorias de jovens mais

velhos, pois as diferenças nos atributos físicos e as oportunidades reduzidas para jogar,

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

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juntamente com baixa auto-estima e competência percebida, são susceptíveis de levar a

maiores taxas de abandono (Guillet et al., 2002; Ommundsen & Vaglum, 1991a, 1991b

cit. in Delorme et al., 2010).

Os escalões que apresentam os efeitos mais elevados são: o escalão de Sub-13 e

de Sub-15. É nesta altura que ocorre um maior processo de selecção feito pela

Federação Francesa de Futebol e as organizações orientam os melhores jogadores para

os grupos de elite (Jullien et al., 2008 cit. in Delorme et al., 2010).

Em cada escalão de idade, há um aumento da concorrência dentro da equipa, o

que é susceptível de reforçar o efeito da idade relativa e aumentar a taxa de abandono

para jogadores nascidos no final do ano (Musch & Grondin, 2001 cit. in Delorme et al.,

2010). É também durante este período que se pode observar as maiores disparidades

físicas, uma vez que o pico da puberdade ocorre por volta dos 14 anos para os homens

franceses (La Rochebrochard, 2000 cit. in Delorme et al., 2010).

A Associação de Futebol (FA) encontrou através de uma pesquisa que uma das

principais razões que levam ao abandono do futebol pela parte de crianças é o aumento

da pressão por parte dos adultos sobre as expectativas para ganhar a cada fim-de-

semana (Association, 2013c).

Segundo a Associação de Futebol (FA) actualmente a competição fornece às

crianças a mesma experiência de ano para ano e se perguntarmos por que muitos jovens

abandonam o futebol aos 14-18 anos, muitos apontam que passaram entre seis a dez

anos sempre a fazer a mesma coisa (Association, 2013c).

O que é feito em Inglaterra

Em Inglaterra os quadros competitivos para os escalões em análise sofreram

algumas mudanças. Assim sendo, a análise será feita através do modelo actual

juntamente com as mudanças futuras dos quadros competitivos, uma vez que já existe

documentação a fundamentar as futuras mudanças. Em resultado disso, são apresentadas

as razões que levaram a tal mudança dos quadros competitivos.

Apresentação do “Mini-Soccer”

“Mini-Soccer” foi a designação escolhida pela Associação de Futebol (FA) em

Inglaterra para uma nova visão do futebol de formação, oferecendo uma introdução ao

jogo de futebol a uma escala que as crianças praticantes precisam, com balizas mais

pequenas, campos mais pequenos e menos jogadores envolvidos (Association, 2013a).

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

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O objectivo é desenvolver “melhores jogadores” e a entidade reguladora acredita

que o “Mini-Soccer” é o formato mais apropriando para o conseguir. As alterações

foram suportadas por pesquisas académicas em todo o mundo que referem os jogos

reduzidos como muito importantes para melhorar a técnica e os skills das crianças. Tal

modelo, permite às crianças divertirem-se ao mesmo tempo que apreciam uma

introdução ao futebol num ambiente que lhes permite realizar mais contactos com a

bola, mais remates, mais dribles e também mais envolvimento com o jogo e prazer em

jogar. Os adultos envolvidos devem reconhecer que as crianças devem se divertir, fazer

novos amigos e aprender o jogo (Association, 2013a).

Se queremos que as crianças se divirtam e se sintam parte do jogo de futebol elas

precisam de fazer parte activa do jogo ao mesmo tempo que se formam relacionamentos

e se trabalha em conjunto. Os seus skills relacionados com o futebol serão

desenvolvidos podendo participar qualquer criança independendo da sua habilidade.

Habilidades como tácticas, técnicas, físicas e psicológicas são desenvolvidas em

situações de bom espirito desportivo, onde a criança terá que aprecia-lo e demonstra-lo

através da compreensão das leis de jogo. Através deste modelo, a criança poderá ser

ouvida e mais importante, poderá sentir o sucesso pessoal (Association, 2013a).

Segundo a Associação de Futebol (FA) o papel dos adultos é facilitar um

ambiente de aprendizagem que permite às crianças jogar futebol e se apaixonar pelo

jogo. Quando questionadas sobre as razões de praticarem futebol, as crianças

apresentam razões diferentes das apresentadas pelos adultos. A Associação de Futebol

realizou uma pesquisa com grupos de crianças em todo o país e as seis principais razões

porque as crianças jogam futebol são:

- “Tentar dar o meu máximo é mais importante que ganhar”

- “Adoro jogar futebol porque é divertido”

- “Ajuda-me a manter-me em forma e saudável”

- “Gosto de fazer novos amigos através do futebol”

- “É mesmo um bom jogo e eu amo-o”

- “Gosto de jogar com os meus amigos”

Pesquisas com crianças em idade escolar até aos 11/12 anos, mostram que até

essas idades as crianças não estão focados em ganhar o campeonato e afirmam que os

troféus e as medalhas não são muito importantes para eles. Os seis factores enumerados

atrás são muito mais importantes para eles no que diz respeito ao porquê de jogarem

futebol, o que nos leva a pensar sobre o que será realmente importante como objectivos

no final da temporada (Association, 2013a).

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

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O que levou à mudança?

Em 2010 a “The Football Association” avançou com a “The FA Youth

Development Review”, um documento com recomendações resultantes da pesquisa

realizada por todo o pais.

Na temporada de 2012/2013 foi previsto que o Futebol de 9 seria um formato

mais popular para os jovens jogadores do que a habitual versão do Futebol de 11. Este

formato é baseado numa vasta pesquisa académica, com evidências sobre o

desenvolvimento da criança e o desenvolvimento do jogador que foram recolhidas ao

longo de um extenso processo de investigação. Em resumo, as formas reduzidas de jogo

permitem aos jogadores:

- Ter mais contactos com a bola para desenvolver a técnica;

- Ter mais oportunidades de drible e situações de 1x1;

- Realizar mais remates e marcar mais golos;

- Ter um maior envolvimento com o jogo;

- Maior envolvimento significa mais paixão em jogar futebol.

O feedback das crianças é que elas querem jogar futebol para estarem envolvidas

no jogo e tocarem na bola. Colocá-las em campos de tamanho normal com a idade de 10

anos não é o que elas querem. Foi descoberto que era impossível defender uma baliza

do mesmo tamanho das utilizadas na Premier League. O seu desejo era também que o

tamanho do campo não significasse que para jogar era necessário resistência e

preparação física, mas sim, técnica e habilidade (Association, 2013c).

A evolução do plano de mudança

Como referido pela Associação de Futebol (FA) o plano no contexto inglês é de

implementar aos poucos as mudanças, até atingir o objectivo final desejado. Para a

época de 2013/2014 as tabelas classificativas são permitidas a partir do escalão de Sub-

10, mas a partir de 2015/2016 apenas a partir do escalão de Sub-12 serão permitidas as

tabelas classificativas.

Na época de 2013-2014 os escalões de Sub-7, 8 e 9 participaram em jogos sem

tabela classificativa. Não participaram em épocas longas de oito meses. Poderiam

participar em três “trophy events”. Os escalões de Sub-10, 11 e 12 para cima até

seniores participaram em ligas com tabela classificativa.

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

16

Na época de 2014-2015 os escalões de Sub-7, 8, 9 e 10 participarão em jogos

sem tabela classificativa. Não irão participar em épocas longas de oito meses. Poderão

participar em três “trophy events”. Os escalões de Sub-11 e 12 para cima até seniores

participaram em ligas com tabela classificativa.

Na época de 2015-2016 os escalões de Sub-7, 8, 9, 10 e 11 participarão em jogos

sem tabela classificativa. Não irão participar em épocas longas de oito meses. Podem

participar em três “trophy events”. Os escalões de Sub-12 para cima até seniores

participaram em ligas com tabela classificativa.(Association, 2013c).

O que são os “Trophy Events”?

As ligas terão flexibilidade durante os blocos de competição para organizar

eventos que promovam a importância de vencer e perder mas, estes eventos são

progressivos de acordo com a idade do praticante. As ligas não podem publicar tabelas

classificativas durante toda a temporada até ao escalão de Sub-11, como parte de uma

nova abordagem da competição para crianças. Esta medida permitirá que se jogue sem a

pressão dos três pontos e o score de golos marcados que cai sobre as crianças todos os

fins-de-semana durante 26 semanas. No final as ligas podem reconhecer quem foi o

vencedor, mas apenas no final da competição, sendo que podem escolher não o fazer

(Association, 2013c).

Ser criativo em relação à competição e desenvolver a criança é uma óptima

maneira de manter as crianças ligadas ao futebol mais tempo. Torna-se como um jogo

de computador viciante para as crianças, que as pode levar a pensar: “Completei este

nível! O que poderei encontrar no próximo nível?” (Association, 2013b).

Nos escalões de Sub-7 e 8 as crianças vão beneficiar de ter a oportunidade de

jogar uma competição pequena, duas ou três vezes por temporada. Com esta idade, as

crianças são muito egocêntricas e só conseguem ver o “aqui e agora” e, certamente não

o resultado de algo em oito meses. Esta competição pode ocorrer ao longo de um

período de duas semanas e, por exemplo, pode incluir um pequeno evento de

competição a eliminar. Isso significa que, ao longo de uma temporada típica de 26

semanas, seis semanas serão focadas para a competição. Em resumo serão possíveis de

realizar seis semanas de “Trophy events” numa época de 26 semanas.

Relativamente aos escalões de Sub-9 e 10 as crianças crescem em termos do seu

desenvolvimento e cognitivamente, os períodos de competição podem aumentar um

pouco como as suas visões do mundo começam a aumentar. Eles podem começar a

interpretar os resultados de uma forma mais significativa. Esta competição pode ocorrer

ao longo de um período de quatro semanas e, por exemplo, pode incluir fases de grupos

e uma final da Taça. Isso significa que, ao longo de uma temporada típica de 26

semanas, 12 semanas desta serão focadas na competição. Em resumo serão possíveis

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

17

realizar doze semanas de “Trophy Events” numa época de 26 semanas (Association,

2013b).

Exemplos de competições “Trophy Events” - Champions League

A geração de crianças de hoje tem uma infância diferente das gerações passadas.

O futebol está em múltiplos canais da televisão de todo o mundo reproduzindo ligas de

todo o mundo. As crianças sabem mais sobre o futebol europeu e os jogadores

internacionais só de verem na televisão e de jogarem vídeo jogos relacionados como

futebol.

Com trinta e duas equipas de uma determinada faixa etária, uma liga

decidiu distribuir as equipas em oito grupos de quatro equipas cada. Organizam-se uma

série de jogos de modo a obter os vencedores de cada grupo que entraram para a Liga

dos Campeões e todas as outras equipas foram para uma liga com o formato da Liga

Europa. As crianças e os treinadores adoraram. Esta experiência proporcionou às

crianças uma experiencia nova, variada e moderna (Association, 2013c).

Leis de Jogo – “Mini-Soccer”

Tendo em conta o plano de mudar o futebol de formação a Associação de

Futebol (FA) criou leis de jogo para os diferentes escalões etários, para adequar o tipo

de jogo à idade dos praticantes.

De seguida irão ser transcritas as leis de jogo referentes ao escalão de Sub-7 e

Sub-8 (Association, 2013a).

Lei 1

- Linha de meio campo

O campo de jogo é dividido em duas metades por uma linha de meio campo. O

ponto central é marcado no ponto médio da linha de meio campo. Esta também é usada

como a linha de retirada, quando o jogo reinicia com um pontapé de baliza.

- Tamanho da baliza

A distância entre os postes é de 3.6576m e a distância entre a aresta inferior da

barra transversal e o solo é 1.8288m.

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Lei 2

- A bola

A bola deve ser do tamanho três para Sub-7 e Sub-8. Deve ter segurança e feita

de couro ou de outros materiais apropriados.

Lei 3

- Número de jogadores

Nos escalões de Sub-7 e 8 o número máximo de jogadores são 5 incluindo o

guarda-redes. Um jogo no máximo terá de ser de 5x5. Se as equipas estiverem

interessadas em ter um número menor, por exemplo, 4x4, é permitido. Um jogo não

pode começar se uma das equipas dispuser de menos de quatro jogadores. O número

mínimo de jogadores de uma equipa necessário para um jogo continuar também é

quatro. Os jogos podem começar com 5x4 mas a importância e o caracter do “Mini-

Soccer” deve ser mantido sempre que possível, sendo que o objectivo do

desenvolvimento das crianças deve vir antes do resultado. Os jogadores devem jogar

com e contra jogadores só da sua própria faixa etária, com as regras da associação de

futebol e da competição. Não existe limite de substituições, que podem ser realizadas a

qualquer momento com a permissão do árbitro. Um jogador que tenha sido substituído

pode voltar ao campo de jogo. Todos os jogadores devem receber igual tempo de jogo

sempre que possível, com a recomendação de melhor prática de pelo menos 50% por

jogador para cada jogo.

Lei 4

- O equipamento

Todos os jogadores devem usar caneleiras e os guarda-redes devem usar uma

camisola de jogo distinto dos restantes elementos. As caneleiras devem ser inteiramente

cobertas pelas meias. Os jogadores devem usar a roupa apropriada dependente do

tempo. Deve ser usado calçado correcto para a superfície do campo, por exemplo sem

pitons de metal em campos de relva artificial.

Lei 5

- Os árbitros

O jogo deve ser controlado por um árbitro que tem a plena autoridade para fazer

cumprir as leis do “Mini-Soccer”. Além disso, os árbitros devem também reconhecer o

seu papel, e facilitar a aprendizagem dos jogadores, como por exemplo, permitindo que

as crianças possam ter uma segunda tentativa num lançamento de linha lateral, se o

primeiro não for executado de acordo com as leis.

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Lei 6

- Árbitro assistente

Não é necessário um árbitro assistente.

Lei 7

- Duração do jogo

Por dia, nenhum jogador deve jogar mais do que 40 minutos. É responsabilidade

dos pais/encarregados de educação ou organização assegurar que a criança não

ultrapassa tal limite. Cada liga/competição irá determinar o seu próprio tempo de jogo

dentro do tempo máximo permitido, no entanto, a duração máxima será de duas partes

de 20 minutos. É permitido durante o decorrer do jogo que os períodos sejam divididos

em quatro partes iguais. O intervalo não deve exceder os cinco minutos.

Lei 8

- Início e reinício do jogo

Procedimento - O pontapé de saída é realizado no centro da área de jogo para

começar o jogo e depois de um golo ter sido marcado. Os opositores devem estar a

cinco metros de distância da bola e na sua própria metade de campo. A bola deve ser

jogada para a frente. No Mini-Soccer um golo não pode ser marcado directamente de

um início ou reinício do jogo.

Circunstâncias Especiais - Bola ao solo para reiniciar o jogo. Após o jogo ter

sido interrompido temporariamente dentro da grande área, ocorre uma situação de bola

ao solo na linha da área de grande penalidade paralelamente à linha de golo, no ponto

mais próximo de onde a bola se encontrava quando o jogo parou. Nenhum golo pode ser

marcado directamente de uma bola ao solo.

Lei 9

- Bola dentro ou bola fora do campo

Aplicar as regras normais, conforme as Leis da Associação de Futebol.

Lei 10

- Método de pontuação (golo)

Aplicar as regras normais, conforme as Leis da Associação de Futebol.

Lei 11

- Fora de jogo

Não existe fora de jogo.

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Lei 12

- Faltas e má conduta

Aplicar as regras normais, conforme Leis da Associação de Futebol. No entanto,

no Mini-Soccer todos os livres são directos. Um livre é concedido à equipa adversária

se o guarda-redes:

- Demora mais de seis segundos para soltar a bola das suas mãos;

- Toca a bola novamente com as mãos depois da mesma ter sido libertada da sua

posse e não ter tocado em qualquer outro jogador;

- Tocar a bola com as mãos depois de ter sido deliberadamente passada para

ele/ela por um jogador da mesma equipa;

- Tocar a bola com as mãos após um lançamento de linha lateral efectuado por

um colega de equipa.

No caso destas infracções, o pontapé livre deve ser realizado a partir da linha da

área de grande penalidade, em paralelo com a linha de golo, no ponto mais próximo da

infracção.

Lei 13

- Livres

Em todos os pontapés livres os adversários devem encontrar-se a uma distância

de cinco metros.

Lei 14

- Grande penalidade

Aplicar as regras normais, conforme Leis da Associação de Futebol.

- Posição da bola e dos jogadores

Todos os jogadores, excepto o guarda-redes defensor e marcador da grande

penalidade devem estar fora da área e pelo menos a cinco metros da marca de grande

penalidade. A bola deve ser chutada para frente.

Lei 15

- Lançamento de linha lateral

Aplicar as regras normais, conforme Leis da Associação de Futebol. Nos

escalões de Sub-7 e Sub-8 as crianças podem lançar a bola com uma ou ambas as mãos

para o campo de jogo. O papel do árbitro é também de permitir que os jovens jogadores

aprendam o jogo. Isso pode envolver a deixar os jogadores repetirem lançamentos de

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

21

linha lateral novamente, se a técnica utilizada foi incorrecta. O árbitro deve assegurar

que o mesmo jogador tenta uma segunda vez, com a orientação e ajuda do próprio.

Lei 16

- Pontapé de baliza

Procedimento - Um jogador da equipa chuta a bola a partir de qualquer ponto

dentro da área de grande penalidade. Os adversários devem recuar para seu próprio

meio até que a bola esteja em jogo. A equipa não tem que esperar que os opositores

recuem, tendo a opção de reiniciar o jogo antes de o adversário recuar para o seu meio

campo defensivo. A bola está em jogo logo que seja pontapeada directamente para fora

da área.

Lei 17

- Pontapé de canto

Os jogadores adversários devem permanecer pelo menos a cinco metros de

distância da bola até que a mesma esta esteja em jogo. O executante não pode tocar a

bola novamente até que ela tenha tocado noutro jogador. Se ele/ela o fizer, é assinalado

um livre directo contra a sua equipa. A bola está em jogo imediatamente após entrar no

terreno de jogo.

A Associação de Futebol regulou também as dimensões e características dos

campos para cada escalão. Como podemos observar na imagem em baixo o campo para

o escalão de Sub-7 e Sub-8 tem uma dimensão de 30mx40m, dividido em duas metades

iguais, com uma grande área de 16mx7m sem a presença da pequena área. A marca da

grande penalidade está a 7m da linha de baliza.

Figura 6 - Campo para Escalões de Sub-7 e Sub-8

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

22

Na época de 2013/2014 as equipas do escalão de Sub-9 não foram autorizadas a

participar em ligas onde os resultados são recolhidos e publicados e são ganhos troféus.

Estas medidas são fundamentais para o desenvolvimento dos jogadores e do jogo. Este

escalão apenas pode participar em três “trophy events” com uma duração máxima de

quatro semanas. Estas pequenas experiências vão ajudar as crianças a aprender acerca

da vitória e da derrota em ambientes apropriados. Os vencedores destes eventos podem

ser premiados com troféus.

Para a época de 2014/2015 estes dois aspectos referidos anteriormente serão

aplicados também ao escalão de sub-10. As leis que devem ser aplicadas, são as Leis da

Associação de Futebol, que só não serão obrigatórias com uma permissão especial

concedida pela Associação de Futebol.

De seguida irão ser transcritas as leis de jogo referentes ao escalão de Sub-9 e

Sub-10 (Association, 2013b).

Lei 1

- Linha de meio campo.

O campo de jogo é dividido em duas metades por uma linha de meio campo. O

ponto central é marcado no ponto médio da linha de meio campo. Esta também é usada

como a linha de retirada, quando o jogo reinicia com um pontapé de baliza.

- Tamanho da baliza

A distância entre os postes é de 3.6576m e a distância entre a aresta inferior da

barra transversal e o solo é 1.8288m.

Lei 2

- A bola

A bola deve ser do tamanho três para Sub-9 e de tamanho quatro para Sub-10.

Deve ter segurança e feita de couro ou de outros materiais apropriados.

Lei 3

- Número de jogadores

Nos escalões de Sub-9 e 10 o número máximo de jogadores são 7 incluindo o

guarda-redes. Um jogo não pode começar se uma das equipas dispuser de menos de

cinco jogadores. O número mínimo de jogadores de uma equipa necessário para um

jogo continuar também é cinco. Os jogos podem começar com 7x6 mas a importância e

o caracter do Mini-Soccer deve ser mantido sempre que possível, sendo que o

desenvolvimento das crianças deve vir antes do resultado. Os jogadores devem jogar

com e contra jogadores só da sua própria faixa etária, com as regras da associação de

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

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futebol e da competição. Não existe limite de substituições, que podem ser realizadas a

qualquer momento com a permissão do árbitro. Um jogador que tenha sido substituído

pode voltar ao campo de jogo. Todos os jogadores devem receber igual tempo de jogo

sempre que possível, com a recomendação de melhor prática de pelo menos 50% por

jogador para cada jogo.

Lei 4

- O equipamento

Todos os jogadores devem usar caneleiras e os guarda-redes devem usar uma

camisola de jogo distinto dos restantes elementos. As caneleiras devem ser inteiramente

cobertas pelas meias. Os jogadores devem usar a roupa apropriada dependente do

tempo. Deve ser usado calçado correcto para a superfície do campo, por exemplo sem

pitons de metal em campos de relva artificial.

Lei 5

- Os árbitros

O jogo deve ser controlado por um árbitro que tem a plena autoridade para fazer

cumprir as leis do “Mini-Soccer”. Além disso, os árbitros devem também reconhecer o

seu papel, e facilitar a aprendizagem dos jogadores, como por exemplo, permitindo que

as crianças possam ter uma segunda tentativa num lançamento de linha lateral, se o

primeiro não for executado de acordo com as leis.

Lei 6

- Árbitro assistente

Não é necessário um árbitro assistente.

Lei 7

- Duração do jogo

Por dia, nenhum jogador deve jogar mais do que 60 minutos. É responsabilidade

dos pais/encarregados de educação ou organização assegurar que a criança não

ultrapassa tal limite. Cada liga/competição irá determinar o seu próprio tempo de jogo

dentro do tempo máximo permitido, no entanto, a duração máxima será de duas partes

de 25 minutos. É permitido durante o decorrer do jogo que os períodos sejam divididos

em quatro partes iguais. O intervalo não deve exceder os cinco minutos.

Lei 8

- Início e reinício do jogo

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

24

Procedimento - O pontapé de saída é realizado no centro da área de jogo para

começar o jogo e depois de um golo ter sido marcado. Os opositores devem estar a

cinco metros de distância da bola e na sua própria metade de campo. A bola deve ser

jogada para a frente. No Mini-Soccer um golo não pode ser marcado directamente de

um início ou reinício do jogo.

Circunstâncias Especiais - Bola ao solo para reiniciar o jogo. Após o jogo ter

sido interrompido temporariamente dentro da grande área, ocorre uma situação de bola

ao solo na linha da área de grande penalidade paralelamente à linha de golo, no ponto

mais próximo de onde a bola se encontrava quando o jogo parou. Nenhum golo pode ser

marcado directamente de uma bola ao solo.

Lei 9

- Bola dentro ou bola fora do campo

Aplicar as regras normais, conforme as Leis da Associação de Futebol.

Lei 10

- Método de pontuação (golo)

Aplicar as regras normais, conforme as Leis da Associação de Futebol.

Lei 11

- Fora de jogo

Não existe fora de jogo

Lei 12

- Faltas e má conduta

Aplicar as regras normais, conforme Leis da Associação de Futebol. No entanto,

no Mini-Soccer todos os livres são directos. Um livre é concedido à equipa adversária

se o guarda-redes:

- Demora mais de seis segundos para soltar a bola das suas mãos;

- Toca a bola novamente com as mãos depois da mesma ter sido libertada da sua

posse e não ter tocado em qualquer outro jogador;

- Tocar a bola com as mãos depois de ter sido deliberadamente passada para

ele/ela por um jogador da mesma equipa;

- Tocar a bola com as mãos após um lançamento de linha lateral efectuado por

um colega de equipa.

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

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No caso destas infracções, o pontapé livre deve ser realizado a partir da linha da

área de grande penalidade, em paralelo com a linha de golo, no ponto mais próximo da

infracção.

Lei 13

- Livres

Em todos os pontapés livres os adversários devem encontrar-se a uma distância

de cinco metros.

Lei 14

- Grande penalidade

Aplicar as regras normais, conforme Leis da Associação de Futebol.

- Posição da bola e dos jogadores

Todos os jogadores, excepto o guarda-redes defensor e marcador da grande

penalidade devem estar fora da área e pelo menos a cinco metros da marca de grande

penalidade. A bola deve ser chutada para frente.

Lei 15

- Lançamento de linha lateral

Aplicar as regras normais, conforme Leis da Associação de Futebol. O papel do

árbitro é também de permitir que os jovens jogadores aprendam o jogo. Isso pode

envolver a deixar os jogadores repetirem lançamentos de linha lateral novamente, se a

técnica utilizada foi incorrecta. O árbitro deve assegurar que o mesmo jogador tenta

uma segunda vez, com a orientação e ajuda do próprio.

Lei 16

- Pontapé de baliza

Procedimento - Um jogador da equipa chuta a bola a partir de qualquer ponto

dentro da área de grande penalidade. Os adversários devem recuar para seu próprio

meio até que a bola esteja em jogo. A equipa não tem que esperar que os opositores

recuem, tendo a opção de reiniciar o jogo antes de o adversário recuar para o seu meio

campo defensivo. A bola está em jogo logo que seja pontapeada directamente para fora

da área.

Lei 17

- Pontapé de canto

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

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Os jogadores adversários devem permanecer pelo menos a cinco metros de

distância da bola até que a mesma esta esteja em jogo. O executante não pode tocar a

bola novamente até que ela tenha tocado noutro jogador. Se ele/ela o fizer, é assinalado

um livre directo contra a sua equipa. A bola está em jogo imediatamente após entrar no

terreno de jogo.

Como podemos observar na imagem em baixo o campo para o escalão de Sub-9

e Sub-10 tem uma dimensão de 40mx60m, dividido em duas metades iguais, com uma

grande área de 18mx10m sem a presença da pequena área. A marca da grande

penalidade está a 8m da linha de baliza.

Figura 7 - Campo dos Escalões de Sub-9 e Sub-10

O que é feito em Portugal

Nesta fase do trabalho irá ser apresentado o que está exposto nos regulamentos

oficiais da Associação de Futebol de Lisboa acerca do futebol de formação, na mesma

faixa etária apresentada em cima.

No regulamento oficial da Associação de Futebol de Lisboa não existe referência

ao escalão de Sub-7 e de Sub-8, sendo que nestes escalões as equipas participam em

torneios organizados pelos clubes ou por associações. Não existe nenhuma proibição

destes atletas participarem no campeonato de Sub-9 ou de Sub-10, cabendo essa decisão

aos clubes. Tendo em conta este panorama as leis de jogo aplicadas aos Sub-7 e Sub-8

são as mesmas referidas nos escalões de Sub-9 e de Sub-10 (AFLisboa, 2012).

Regulamentação

- Duração dos jogos

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27

Os jogos de Juniores “E” (Sub-10), terão a duração de 50 minutos, divididos em

duas partes de 25 minutos cada, separadas por um intervalo que não pode exceder os 10

minutos.

- Campos de jogos

O terreno de jogo deve ser rectangular, com as seguintes dimensões:

-Comprimento: máximo 75 metros; mínimo 45 metros

-Largura: máximo 55 metros; mínimo 40 metros

A dimensão da largura deve ser inferior à do comprimento em mais de 5 metros.

São permitidos campos com a largura mínima de 34 metros. Também são permitidos

campos cobertos, em que, qualquer objecto tem de estar acima de cinco metros do

campo. O terreno de jogo deve ser marcado com linhas, com uma largura máxima de

0,12 metros, com pó de pedra, cal morta ou com fita amovível, através de uma linha de

cor bem visível. O ponto central é marcado ao meio da linha de meio campo, devendo

ser traçado à volta desse ponto um círculo com 7,5 metros de raio. A linha do meio

campo e o círculo são facultativos. Em cada topo do terreno é marcada uma área de

baliza, correspondendo às especificações seguintes:

-Duas linhas são traçadas perpendicularmente à linha de baliza, a 4,5 metros do

interior de cada poste de baliza. Essas duas linhas prolongam-se para dentro do terreno

de jogo numa distância de 4,5 metros e são unidas por uma linha traçada paralelamente

à linha de baliza. O espaço delimitado por essas duas linhas e pela linha de baliza

chama-se área de baliza, que poderá ser marcada na totalidade, a tracejado ou só com os

pontos de referência nas intercepções.

Em cada topo do terreno é marcada uma área de grande penalidade

correspondendo às especificações seguintes:

-Duas linhas são traçadas perpendicularmente à linha de baliza a 13.5 metros do

interior de cada poste. Estas duas linhas prolongam-se para dentro do terreno de jogo

numa distância de 13,5 e são unidas por uma linha traçada paralelamente à linha de

baliza. O espaço delimitado por essas linhas e pela linha de baliza chama-se área de

grande penalidade. A marca para o pontapé de grande penalidade é feita a 9 metros do

meio da linha que une os dois postes de baliza e a igual distância desses postes. No

exterior de cada área de grande penalidade é traçado um arco de círculo de 7,5 metros

de raio tendo por centro a marca de grande penalidade. Este arco de círculo é

facultativo.

Em cada canto do terreno deve ser colocada uma bandeira com uma altura – não

pontiaguda – elevando-se pelo menos a 1,50 metros do solo ou, na sua falta, com cones

de sinalização. De cada bandeira de campo é traçado um quarto de círculo com um raio

de 0,75 metros, no interior do terreno de jogo. Este quarto de círculo é facultativo. As

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

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balizas são colocadas no centro de cada linha de baliza, sendo constituídas por dois

postes verticais, colocados a igual distancia das bandeiras de canto e unidas ao alto por

uma barra transversal. A distância que separa os dois postes é de 6 metros e o bordo

inferior da barra transversal situa-se a 2 metros do solo. Os dois postes e a barra

transversal devem ter a mesma largura e espessura, as quais não devem exceder 12cm.,

devendo ser pintados de cor branca. Deverão ser aplicadas redes presas às balizas e ao

solo por trás da baliza. As balizas devem ser fixadas ao solo de maneira segura. As

balizas móveis não poderão ser utilizadas se não satisfazerem estas exigências.

A Figura apresentada em baixo é relativa às dimensões e marcações do campo

segundo a Associação de Futebol de Lisboa.

Figura 8 - Campo dos Escalões de Formação

- Substituições e mínimo de jogadores

Nos jogos das Provas Oficiais de Futebol de Sete, o número de substituições é

ilimitado, podendo os jogadores substituídos voltar ao terreno de jogo. Antes do início

de cada jogo, (30 minutos) os delegados entregarão ao árbitro a relação (ficha técnica)

dos jogadores com os cartões – licença, não podendo ser mencionado nessa relação um

número de jogadores superior ao que a mesma comporta. (máximo de 12 elementos). As

relações (fichas técnicas) são adquiridas na AFL. Um jogo de Futebol de Sete só poderá

ter início ou decorrer com o número mínimo de cinco jogadores por equipa.

- Os treinadores

Os Clubes participantes em competições oficiais de Futebol de Sete, organizados

pela AFL, devem ter obrigatoriamente ao seu serviço um quadro técnico composto, pelo

menos, por um Treinador por cada equipa inscrita, com o mínimo de I Nível de

habilitação.

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- Os equipamentos

Nos jogos das Provas Oficiais de Futebol de Sete a numeração das camisolas é

obrigatória, nas costas, facultando-se no entanto a sua aplicação nos calções com as

normas seguintes:

a) Os números devem ser em cor que contraste com as cores próprias das

camisolas e calções;

b) Nas camisolas os números devem ter pelo menos 25 centímetros nas

camisolas, e pelo menos 10 centímetros nos calções;

c) A numeração inicial é livre e deve estar de acordo com a ordenação dada aos

cartões de licenças dos jogadores que cada Delegado tem de apresentar ao árbitro, antes

do jogo, a começar pelo guarda-redes;

d) A sequência completa dos números é facultativa, bastando para tal que não se

repitam nem excedam dois algarismos (de 1 a 99);

e) As camisolas, poderão ainda exibir o nome do jogador, acima do número;

f) A falta, troca ou arrancamento dos números, constituem actos de conduta

incorrecta, devendo ser punidos como tal.

Quando dois Clubes usarem equipamentos semelhantes ou de difícil destrinça,

mudará de equipamento o Clube considerado visitado. Se o jogo for realizado em

campo neutro, mudará o Clube mais novo, contando para o efeito a data de filiação na

AFL. Excepcionalmente poder-se-á recorrer à utilização de coletes que permitam a

identificação dos jogadores.

- A arbitragem

Compete ao Conselho de Arbitragem da AFL, a resolução de tudo o que se

relacione com matérias de índole técnica dos Árbitros. Todos os jogos serão dirigidos

por equipas de arbitragem nomeadas pelo Conselho de Arbitragem da Associação de

Futebol de Lisboa. Na categoria de Juniores “D” e “E”, a equipa de Arbitragem será

constituída apenas por 1 Árbitro Oficial. Esta regra funciona nos Campeonatos

Distritais de Futebol de Sete Masculino e Feminino. No caso de não comparecer um

Árbitro nomeado, deve cumprir-se em conformidade com as regras mencionadas nos

pontos seguintes, sendo a equipa de arbitragem constituída por 1 elemento. Os jogos

terão obrigatoriamente de realizar-se, independentemente de comparecerem ou não os

árbitros nomeados, pelo Conselho de Arbitragem. Nenhum Clube poderá recusar-se a

jogar alegando falta de árbitro. No caso da falta de comparência do árbitro, deverão os

delegados oficiais dos dois Clubes pôr-se de acordo e procurar entre a assistência, um

árbitro oficial que substitua o nomeado:

a) O árbitro escolhido não pode ser recusado por nenhuma das equipas;

[UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TÉCNOLOGIAS] Análise da Competição

30

b) Nenhum árbitro oficial, em actividade, pode negar a sua cooperação nos casos

referidos;

c) Se não houver na assistência nenhum árbitro oficial, devem os Delegados dos

dois Clubes pôr-se de acordo quanto ao elemento a escolher. Na falta de acordo, os

Delegados sortearão entre si, aquele que o deve designar. Se um dos Delegados

prescindir do sorteio a favor de outro deverá formalizá-lo por escrito em ambas as

Relações de Técnicos e Jogadores em “Observações do Delegado”.

Aquele a quem competir esse encargo:

- Recrutará, na assistência, um elemento da sua confiança, ou

- Confiará a arbitragem a um jogador da sua equipa, ou

- Em última instância, entregará a direcção do encontro ao capitão da sua equipa.

Qualquer uma das últimas hipóteses previstas não implica redução numérica dos

elementos das equipas em jogo. O árbitro escolhido deverá relacionar os nomes dos

jogadores presentes e os números das respectivas licenças, competindo-lhe enviar a

referida relação à Associação, no prazo de 24 horas. Os Clubes não poderão recusar-se a

jogar alegando falta de árbitros. Sempre que um encontro se não efectuar,

independentemente da vontade do árbitro ou do seu substituto, o Clube ou Clubes que a

tal tenham dado motivo, serão punidos de acordo com o estabelecido no Regulamento

Disciplinar. No caso de o árbitro ter interrompido a partida em consequência de decisão

sua, tomada ao abrigo das Leis de Jogo, a partida é imediatamente interrompida. Nos

casos de ausência da totalidade dos elementos nomeados, o jogo só terá o seu início 15

minutos após a hora prevista.

- Outras disposições

Ao Clube visitado competirá sempre fornecer as bolas necessárias para o jogo,

mas permite-se que cada um dos Clubes apresente uma bola para cada metade do

encontro. Nos jogos em campo neutro, esta última regra deverá ser observada. Caso

uma das bolas não se encontre nas devidas condições, deverá ser recusada pelo árbitro.

Aos Clubes que pela primeira vez requeiram a sua participação em provas

oficiais será exigido o pagamento de uma caução cujo montante será definido pela

Direcção, no início de época. A disposição anterior aplicar-se-á também aos Clubes que

na época anterior tenham desistido de qualquer prova oficial.

A caução só será devolvida a requerimento do interessado nos casos de:

- Extinção, eliminação de filiado e/ou desistência das provas por mais de dois

anos e desde que não seja devedor de quaisquer importâncias à Associação.

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31

Nas provas de Futebol de Sete, após iniciado qualquer jogo se existir uma

interrupção, o mesmo jogo deverá sempre ser concluído desde que a referida

interrupção não ultrapasse 30 minutos. Se a interrupção exceder os 30 minutos, cabe à

AFL designar nova data para se completar o tempo de duração regulamentar com o que

faltava jogar no momento da interrupção.

- Organização Técnica

O Campeonato de Juniores “E”, sem tabela classificativa é segmentado em dois

escalões etário, de acordo com o ano de nascimento dos jogadores.

- Juniores “E2”, jogadores nascidos no segundo ano.

- Juniores “E1”, jogadores nascidos no primeiro ano.

Um clube apenas com uma equipa participará no campeonato do escalão dos

seus jogadores mais velhos. Os jogos são efectuados aos Sábados de manhã. O sistema

deste Campeonato será disputado em função do número de inscrições.

Discussão

Ao analisarmos o trabalho desenvolvido nos dois países podemos verificar que

existem diferenças no trabalho desenvolvido no âmbito da formação dos escalões de

base de Sub-7 até ao escalão de Sub-10. O novo modelo Inglês do “Mini-Soccer” tenta

oferecer aos jovens praticantes novas experiencias, diferenciadas da típica competição

de longo prazo que se realiza durante oito meses. Tendo em conta o conhecimento

retirado da revisão de literatura apresentada, o modelo desenvolvido pela Associação de

Futebol (FA) vai de encontro a um modelo formativo de acordo com as necessidades de

formação e desenvolvimento das crianças, que aprendem a jogar futebol, sem a pressão

da conquista dos três pontos todos os fins-de-semana, evitando o fenómeno de

“overstress” causado pela competição e, com regras adaptadas à idade e capacidades

inerentes à mesma, proporcionando mais situações de sucesso às crianças, com

momentos diferentes onde podem participar em eventos com vencedores anunciados,

mas em formatos diferentes para que as crianças não percam a motivação e o prazer de

praticar futebol, com limitações temporais para a realização das mesmas. Em Portugal

não são apresentados regulamentos para os escalões de Sub-7 e Sub-8, sendo que estas

crianças devem participar em torneios informais, mas não existe nenhuma legislação

que proíba estes atletas de participar no campeonato de Sub-9 ou Sub-10.

Segundo Horst Wein a competição faz parte do processo ensino-aprendizagem,

logo tem de ser vista como mais uma sessão de treino. Tendo em conta o LTDP nestes

escalões etários, as crianças necessitam de desenvolver as suas habilidades motoras

fundamentais, dotando-se de habilidades diversificadas, como: equilíbrio,

manuseamento de corpos externos e coordenação, de modo a que a criança possa atingir

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a “physical literacy” antes de atingir a maturação. Para que seja possível desenvolver

estas habilidades, num processo de ensino-aprendizagem em treino e competição, as

crianças necessitam de quadros competitivos que lhes permitam ter liberdade na

realização das tarefas durante o jogo de futebol, sem a pressão de ter de conquistar os

três pontos todos os fins-de-semana, dando mais importância ao desenvolvimento da

criança, do que ao resultado que pode inibir o desenvolvimento através da proibição de

certos comportamentos que podem aumentar a probabilidade de um mau resultado

desportivo. Olhando para os quadros competitivos em estudo, o “Mini-Soccer”

apresenta-se como o modelo mais próximo da perspectiva apresentada pelos autores,

onde as crianças realizam uma época desportiva sem preocupações de resultado.

Como mostra o modelo “Long Term Development Athlete” existem períodos

sensíveis de aprendizagem motora, onde a velocidade, a flexibilidade e os skills devem

ser trabalhados. Os períodos sensíveis para estas capacidades coincidem com a faixa

etária dos praticantes entre os 8 e os 12 anos. Tendo em conta este factor, o jogo de

futebol deve proporcionar por exemplo o maior número de contactos possíveis com a

bola de futebol, o que implica que para atingirmos esse objectivo, o jogo deve ter um

número reduzido de jogadores e com as dimensões do campo adequadas, tal como um

tamanho de bola apropriado como referido por Horst Wein. No caso do futebol de

formação em Portugal, as crianças de 8 anos realizam um jogo de 7x7 num campo com

dimensões entre os 40 metros de largura mínima e 55 máximo, e 75 metros de

comprimento máximo e 45 mínimo, com uma bola número quatro, enquanto que no

modelo do “Mini-Soccer” as crianças com 8 anos realizam um jogo de 5x5, num campo

com dimensões de 40 metros de comprimento e 30 de largura, com uma bola tamanho

número três. O modelo do “Mini-Soccer” parece ser o modelo mais aproximado ao

recomendado pela literatura para o desenvolvimento da criança relativamente a estas

capacidades.

O modelo apresentado pela Associação de Futebol relativo ao “Mini-Soccer” foi

criado de forma a que o praticante ao longo da sua formação aumente o seu número de

jogos competitivos ao longo do seu processo formativo, começando com um limite de

seis semanas por época nos escalão de Sub-7 e de Sub-8, e aumenta progressivamente

ao longo da sua formação, passando para doze semanas nos escalões de Sub-9 e de Sub-

10 e por fim para 18 semanas no escalão de Sub-11 (para épocas de 26 semanas). O

modelo competitivo português não sofre alterações na quantidade de competição, sendo

que esta se realiza todas as semanas em todo o processo de formação até ao patamar

sénior. O LTDA afirma que consoante a evolução do estágio de desenvolvimento da

criança, esta ganha um caracter mais competitivo, e menos de treino, dando uma

evolução logica e gradual ao seu desenvolvimento. Até ao estágio “Train to Train” o

caracter da competição permanece inferior ao do treino, invertendo-se no estágio

seguinte.

De acordo com as leis de jogo do “Mini-Soccer”, o praticante dos escalões de

Sub-7 e Sub-8 só pode jogar 40 minutos por dia, mas cada atleta deve dispor do mesmo

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tempo de prática por jogo, tendo o treinador de procurar dar a possibilidade de todos os

elementos jogarem 50% do jogo, jogando todos o mesmo tempo por jogo. Tendo em

conta o valor das 10000 horas para atingir a elite, esta medida permite que todos os

elementos possam ter o mesmo número de prática, dando assim a possibilidade a mais

jogadores de poder chegar ao nível da elite.

A idade relativa é um dos factores que influencia a permanência do atleta na

modalidade onde está inserido. Através deste modo de selecção, os atletas menos

desenvolvidos acabam por não obter tantas oportunidades de jogar como as que deviam

e isso acaba por prejudicar o seu desenvolvimento motor como também a sua

motivação. Nos quadros competitivos ingleses, existe a preocupação de proporcionar o

mesmo tempo de prática a todos os atletas não importando o nível de habilidade que

tem mais sim com o objectivo de um desenvolvimento de todos jogando apenas os da

mesma idade de nascimento, indo de encontro com o LTDA, que afirma que os

treinadores devem ajudar os atletas a desenvolverem-se de modo que fiquem com graus

semelhantes de habilidade, com vista a permanência na modalidade. Sendo este factor

importante para a sua permanência na modalidade, muitos atletas quando percebem que

são inferiores em relação aos seus colegas e que o treinador apenas dá tempo de

competição aos mais habilidosos, estes acabam por desistir. A desvalorização do

resultado leva a que o abandono não aconteça.

Revisão Bibliográfica

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