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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ORDINÁRIO EM MS Nº 15.689 - RJ (2002/0165275-1)
RELATÓRIO
MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS: - Os recorrentes,
taxistas auxiliares, pediram Mandado de Segurança contra ato do Sr. Prefeito Municipal do
Rio de Janeiro, que suspendeu o procedimento de outorga de permissões, para que os taxistas
auxiliares funcionem autonomamente.
Dizem que, por efeito do Decreto n.º 18.693/2.000 adquiriram direito a
permissão para prestarem serviço de táxi. Tal direito, após sofrer suspensão, veio a ser
reconhecido, em Mandado de Segurança, pelo E. Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Em
2.001, o Prefeito baixou o Decreto 19.443, revogando aquele que outorgara a permissão aos
impetrantes. Esse último decreto não pode sobreviver, porque atinge direitos adquiridos, em
desrespeito ao Art. 5º, XXXVI da Constituição Federal.
As informações dizem que se operou decadência, porque entre a vigência do
decreto malsinado e a impetração de segurança passaram-se mais de cento e vinte dias.
Não fosse assim, seria impossível cogitar em direito adquirido, porque a
permissão administrativa é precária, não gerando qualquer direito.
Por outro lado, a Lei 3.123/2.000 não assegura aos impetrantes, direito às
permissões. É que este ato legislativo usurpou iniciativa privativa do Prefeito, maltratando os
artigos 2º e 30, V, da Constituição Federal.
Além disso, o pedido de Segurança ataca lei em tese.
Outra dificuldade reside na circunstância de que o serviço de transporte em táxi
não pode ser permitido a qualquer pessoa, indiscriminadamente. Sua outorga pressupõe o
adimplemento de vários requisitos. Com efeito, não se pode conceber que uma pessoa, sem
habilitação e não possuindo automóvel em condições de trabalho seguro, possa obter
permissão para transporte de passageiros. Os impetrantes, nestes autos, não comprovaram
que satisfazem tais requisitos.
A inicial foi indeferida, sob os argumentos de que a impetração visava lei em
tese.
É que a Lei estadual 3.123/00 não outorgou qualquer direito aos impetrantes.
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De seu lado, seu regulamento foi revogado pelo Dec. 19.693/01.
Em agravo regimental, a decisão foi confirmada, no acórdão ora recorrido.
O Ministério Público Federal, em manifestação da eminente
Subprocuradora-Geral da República Delza Curvello Rocha, indica o desprovimento.
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RECURSO ORDINÁRIO EM MS Nº 15.689 - RJ (2002/0165275-1)
ADMINISTRATIVO - TAXI - PERMISSÃO ADMINISTRATIVA - MOTORISTA - AUXILIAR DO RIO DE JANEIRO.A lei municipal 3.123/2.000 do Rio de Janeiro não transforma automaticamente os “motoristas auxiliares” em permissionários de serviço de táxi. Para obter tal metamorfose depende o pretendente deve adimplir um conjunto de requisitos arrolados no texto legal.Sem comprovar o atendimento desses requisitos, os motoristas auxiliares do Município do Rio de Janeiro, não adquirem direito ao status de permissionário.
VOTO
MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS (Relator): A lei
municipal 3.123/2.000, cujo regulamento teria outorgado o direito líquido e certo aos ora
recorrentes, transforma em permissionários do serviço de táxi, os “motoristas auxiliares” – vale
dizer: aqueles condutores de veículos que, a serviço de terceiros, efetuavam transporte
individual e remunerado de pessoas.
A transformação, contudo, não é automática. Ela somente alcança os motoristas
que já estavam cadastrados em 30 de abril, de 2.000. Por outro lado, a transformação não
opera automaticamente. Ela será efetuada por etapas, “num prazo de vinte meses”.
Terão prioridade, os motoristas “que tenham sofrido represália ou perseguições,
ou estejam expostos a retaliações por participarem das manifestações em favor da presente
Lei, desde que comprovem tal condição, através de testemunho dos líderes reconhecidos pela
Secretaria Municipal de Transportes Urbanos – SMTU ou por documentação e provas
baseadas em matérias dos jornais diários”. Depois desses, segue-se relação de privilégios em
favor dos:
a) qüinquagenários;
b) casados com prole alentada;
c) viúvas e dependentes de bombeiros e guardas municipais, contemplados por outra lei municipal;
d) “os de matrícula mais antiga”.
Por último, concede-se sub prioridade, nestes termos: “em cada uma dessas
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categorias, terá prioridade o que apresentar proposta de veículos mais novos.”
Como dá para perceber, a Lei não admite execução imediata. Sua eficácia
depende de minucioso e dificílimo regulamento e, principalmente, de tormentosa apuração de
prioridades. Com efeito, para dizer que merece o título de “permissionário autônomo de
veículo de aluguel a taxímetro”, o motorista deverá provar que:
a) é habilitado pelo DETRAN;
b) está colocado no cume das prioridades. Ou seja: não existe qualquer pretendente à sua frente, na linha de preferências;
c) irá operar veículo mais novo que qualquer outro de sua categoria.
Nestes autos não há demonstração de que tais requisitos foram adimplidos.
Nego provimento ao recurso.
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