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AUDIÊNCIA PÚBLICA
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Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Boa noite Senhoras e Senhores, meu nome é Maurício Couto, eu sou
engenheiro civil e sanitarista da Secretaria do Estado do Ambiente, fui
designado pela Comissão Estadual de Controle Ambiental – CECA, através da
deliberação número 5.295 do dia 22 de fevereiro, publicada no Diário Oficial no
dia três de março deste ano para presidir esta Audiência Pública referente ao
licenciamento ambiental da Usina Termoelétrica da Baixada Fluminense.
Compondo a mesa, a minha esquerda está a Dr. Aline Peixoto, Coordenadora
do Grupo de Trabalho do INEA, responsável pela análise do Estudo de
Impacto. A minha direita, o Marco Antônio, vai secretariar os trabalhos, ele
também é da CECA. Ainda compondo a mesa, gostaria de convidar, por parte
da empresa, o Sr. Renato Costa que vai fazer a apresentação. Pela empresa
consultora, nós gostaríamos de chamar a Sra. Fernanda Trierveller.
Representando a Prefeitura Municipal, gostaríamos de convidar o Vice-Prefeito
Zealdo Amaral. Nós gostaríamos de convidar, se estiver presente, algum
representante do Ministério Público Estadual. Por favor, se estiver no Plenário.
Chamamos, também, se tiver algum representante do Ministério Público
Federal.
Gostaríamos de registrar a presença do Secretário de Governo aqui do
Município Luiz Guedes, obrigado pela participação. Secretário Municipal de
Ambiente e Agronegócio, Ademar Quintela. Secretária de Cultura e Turismo de
Seropédica, Nádia Alvarez. Obrigado pela participação. O Chefe do Gabinete –
Secretário do Governo, Edgar de Freitas. Subsecretária de Transporte, Luzemir
Ramalho. Milton Assunção de Lima, Diretoria de Produção Agrícola. Ricardo
Nogueira, Diretor de Ambiente da Secretaria de Meio Ambiente. Paulo Roberto,
Assessor da Câmara Municipal de Vereadores. Além da presença dos
Vereadores: Valter da Silva, Marco Antônio de Souza, Maria José Sales
Ferreira, Flávio Alves. Também, agradecer a presença do Reitor, Ricardo
Miranda. Muito obrigado pela participação. Do Capitão Geral da PM, Luiz de
Souza. Do Capitão do Corpo de Bombeiros, Zélio da Silva. Do Primeiro
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Sargento do Corpo de Bombeiros, Gessi de Souza Lobato. Leonardo de Souza
Lima, Assessor de Planejamento da Câmara de Vereadores, também,
Assessor Parlamentar. E Michele Fernanda dos Santos, Secretária Municipal
de Agricultura e Meio Ambiente da Prefeitura de Japeri.
Bom, antes de dar início aos trabalhos, eu gostaria de convidar a todos para
que ouçamos o Hino Nacional.
Execução do Hino Nacional
Bom, senhoras e senhores, a audiência pública não tem caráter decisório, nem
deliberativo, ou seja, hoje aqui nós não vamos decidir se o empreendimento vai
ou não ser instalado, ou se ele vai ou não obter, melhor dizendo, a Licença
Ambiental. Quem tem essa prerrogativa é a Comissão Estadual de Controle
Ambiental. A Audiência Pública é uma etapa do licenciamento prévio. Nós
estamos em fase de licença prévia, ainda, não está se discutindo a localização
e a viabilidade ambiental do empreendimento. Então, nessa fase, nós estamos
aqui para recolher o maior número possível de manifestações, tentar tirar as
dúvidas de vocês e nós ainda teremos dez dias seguidos a essa Audiência
Pública onde vocês poderão encaminhar, tanto ao INEA quanto à CECA,
manifestações, dúvidas, ou contribuições que vocês queiram dar para o
processo de licenciamento.
Essa Audiência Pública é dividida em duas fases: a primeira fase é destinada
às explanações, onde a empresa primeiro fazer a apresentação do projeto,
seguido da empresa consultora que apresentará de forma sucinta o Estudo de
Impacto Ambiental, ou seja, os impactos que foram identificados, as principais
medidas mitigadoras para esses impactos e os planos e programas que estão
sendo propostos. Depois a representante do INEA vai fazer um breve relato
sobre a atual situação do licenciamento, onde não existe um parecer final,
ainda. Justamente o que se espera nessa Audiência Pública é coletar o maior
número de manifestações.
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Ao longo dessa fase de explanação, vocês na entrada devem ter recebido um
folheto explicativo, além de um formulário de perguntas. Vocês vão
preenchendo esse formulário. Eu até sugiro que vocês façam as perguntas
após as duas apresentações iniciais, onde será apresentado o projeto e o
Estudo de Impacto Ambiental, porque automaticamente algumas perguntas já
serão respondidas na segunda apresentação.
E ao longo dessas apresentações, quem já tiver com a pergunta formulada, é
só levantar a mão que uma das atendentes vai buscar a pergunta - ela será
encaminhada à mesa. No final dessa primeira fase da Audiência Pública, nós
vamos, então, aguardar 15 minutos quando será dado um pequeno intervalo,
em que vocês podem lanchar aí no fundo, enquanto a mesa organiza essas
perguntas que forem encaminhadas, agrupando por temas, para que não
fiquem repetitivas todas as respostas. Depois, todas as perguntas
encaminhadas à mesa serão numeradas. As que forem por escrito serão,
preferencialmente, respondidas. E quem quiser fazer o uso da palavra,
também, encaminha o formulário de pergunta, se identificando e dizendo que
quer fazer o uso da palavra. Essas pessoas que encaminharem ficarão para
explanação final, ou seja, depois das perguntas por escrito terem sido
respondidas, nós vamos passar a palavra para as pessoas que estivem
inscritas que terão o período máximo para falar de três minutos.
Eu gostaria de registrar que o Presidente da Câmara de Vereadores, o José
Santos da Costa, está aqui presente. Por favor, Presidente da Câmara, se
quiser fazer companhia aqui na mesa. Bom, composta a mesa, nós vamos dar
início as apresentações. Eu convido, então, inicialmente, o Renato Costa, para
fazer a apresentação.
Sr. Renato Costa (representante da Petrobras):
Boa noite a todos! Inicialmente, eu queria dizer que é uma honra para
Petrobras que está desenvolvendo mais um novo projeto para sustentar o
crescimento do país. É um projeto essencial para o crescimento econômico,
porque o país demanda em torno de quatro mil megawatts por ano de energia
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nova e essa energia é contratada, na sua maior parte, através dos leilões. E
esse projeto que nós estamos desenvolvendo visa à participação no próximo
leilão de energia, que vai se realizar em julho de 2011. Então, eu vou iniciar a
descrição do projeto. É uma Usina Termoelétrica, localizada em Seropédica de
capacidade de 575 megawatts em ciclo combinado. Estamos em uma fase de
planejamento e visando a concorrência num leilão que é muito disputado. Tem
projetos localizados em todos os Estados do país no sistema interligado. E, é
muito importante que a gente obtenha todo o apoio da comunidade do local
para que a gente possa ser competitivo no leilão, além do que a gente já vem
realizando até agora para o desenvolvimento do projeto.
Bom, primeiro lugar, como eu falei, é uma Usina Termoelétrica a ciclo
combinado, que a tecnologia é a mais moderna e eficiente para a geração de
eletricidade utilizando gás natural. É uma geração, uma queima completa, é
uma energia que é sustentável e que propicia, com o mesmo volume de gás
natural, gerar mais energia do que o ciclo aberto, ou seja, o que a gente está
adotando aqui nesse projeto é o que há de mais moderno no mundo em termos
de geração com gás natural.
O início de operação do projeto é Janeiro de 2014 e a energia é para atender o
sistema interligado. Essa energia vai ser produzida na Usina Termoelétrica e
vai ser injetada na linha de transmissão que fica próximo ao terreno da
Termoelétrica.
Esse leilão vai ser promovido pela ANEEL, deve se realizar em Julho, a data
ainda não foi divulgada, mas para que a gente possa cadastrar o projeto nesse
leilão, e trazer mais crescimento para a região, é importante que a gente
obtenha a licença prévia que é exatamente o objeto dessa Audiência Pública
pra que a gente possa inscrever o projeto no leilão. Nós só vamos participar do
leilão e ganhar o projeto e assim construir a Usina Termoelétrica, se a gente
obtiver a licença prévia e tiver sucesso, também, no dia da concorrência, como
já falei, vão participar diversas outras empresas com diversos projetos,
inclusive, em outros Estados.
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A energia ela é confiável, segura e sustentável. A Petrobras, no Brasil, é a
empresa que detém o maior número de Termoelétricas a gás já em operação.
Nós temos 18 termoelétricas, nove delas funcionam em ciclo combinado, então
isso é mais uma razão para que a gente possa garantir ao país essa energia
segura e confiável, porque nós temos essa experiência acumulada ao longo
desses anos, suprindo o país com energia através do gás natural.
A localização. Primeiro, essa termoelétrica pra ser competitiva tem que ficar
próxima à linha de transmissão, próxima a um gasoduto e próxima também a
um rio para captação de água, porque a térmica com o ciclo combinado gera
energia a partir do gás natural e a partir do calor que é gerado nos gases
exaustos das turbinas a gás.
Então, a gente precisa da água para gerar esse vapor, aproveitando todo o gás
exausto dessas turbinas. Então, é uma localização boa para que a gente possa
competir. Ela fica próxima ao Rio Guandu, próxima também à Rodovia
Presidente Dutra que facilita a chegada dos equipamentos quando a gente tiver
na fase de montagem da Usina Termoelétrica.
Questões ambientais: A termoelétrica a gás, diferentemente, do óleo diesel, do
óleo combustível, a gás natural a queima é completa, ela reduz os impactos ao
meio ambiente, reduz as emissões e em termos técnicos, ela é uma geração
complementar à geração hidrelétrica, que é hoje a matriz energética nacional,
na sua maior parte é gerada através de hidrelétrica. Então, a termoelétrica a
gás ela dá segurança ao páis, exatamente naqueles períodos aonde a gente
não tem a as chuvas muito intensas, então o nível do reservatório das
hidrelétricas cai e aí, é necessário o gás natural para complementar a energia
produzida nas hidrelétricas.
A localização: Como eu mencionei, a UTE fica aqui nesse terreno, ao lado da
UTE Lima Barbosa Sobrinho. Ela ocupa uma área de 20 hectares. O Rio
Guandu está aqui, onde nós captamos a água. A captação é feita aqui e a
devolução da água é aqui. Ou seja, a gente devolve a água, depois capta aqui.
Ou seja, a gente garante que a qualidade da água ela é adequada em termos
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de utilização dessa água pelo rio à jusante. O ramal de gás que chega à UTE é
da CEG, são 14 quilômetros, ele vem do trecho Japeri-Reduc, que é um
gasoduto da Petrobras e tem um ramal que chega até a UTE. Então, vocês
podem ver a Rodovia Presidente Dutra passa ao lado, na frente da UTE. Isso
facilita a chegada dos principais equipamentos que vão ser montados e a a
linha de transmissão de 500KV – que é uma linha de alta tensão de Furnas –
fica a 800m da UTE. Isso, também, é importante porque se a linha de
transmissão ficasse muito distante da térmica, o tempo e o custo para fazer
essa linha, inviabilizariam o empreendimento.
Nós aqui colocamos um esquema, mostrando os bairros que ficam próximos da
UTE da Baixada Fluminense: Bairro de Coletivo, Bairro Jardim Marajoara e
Jardim Maracanã. Esses três bairros foram objetos de fóruns que nós
realizamos para nos aproximar da comunidade, explicar melhor o projeto pra
que hoje a gente tenha o maior número de participantes possível. Então, esses
fóruns que realizamos foi pra divulgar mais ainda o nosso projeto porque a
tradição da Petrobras é ter a transparência nas atividades que ela desenvolve e
demonstrar que o projeto é muito bom pro país e para todas as áreas aonde a
gente está implantando o empreendimento.
Uma térmica a ciclo combinado, os principais equipamentos estão aqui
descritos, são: os turbo geradores a gás natural, as caldeiras de recuperação
de calor que recebem o gás exausto da turbina para que haja o aproveitamento
mais eficiente possível da energia, o tubo gerador a vapor, torre de
resfriamento, subestação de energia que é a unidade que você eleva a tensão
na térmica para se conectar na linha de transmissão. E a linha de transmissão,
propriamente dita, que é um trecho curto, porque, como eu mostrei na
transparência anterior, a linha de transmissão fica próxima da termoelétrica.
Aqui, é um esquema já mostrando como esses equipamentos principais se
interligam, ou seja, o gás natural ele é suprido no turbo gerador, a turbina gera
através do gás, na câmara de combustão, gera energia mecânica acoplado ao
gerador, gera energia elétrica e os gases exaustos das turbinas vão para
caldeira um e caldeira dois. Nesse projeto que a gente tem está previsto duas
turbinas a gás, duas caldeiras e uma turbina a vapor. Então, os gases exaustos
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da turbina vão para a caldeira, essa caldeira produz vapor que gera energia
elétrica através da turbina a vapor acoplada ao gerador.
E depois, a tensão é elevada para a tensão compatível com a linha de
transmissão que é 500KV. Então, a tensão é elevada de 18 para 500KV e
transmitida no sistema interligado nacional que vai suprir a energia para o país
como todo.
As fases da obra, se nós obtivermos sucesso no leilão, a gente tem aqui
algumas fases importantes do empreendimento, que é a fase de terraplanagem
para preparar o terreno, depois a gente tem que montar o canteiro de obras, aí
ocorre a chegada dos equipamentos principais que eu mostrei: turbinas,
caldeira, gerador. Aí ocorre a montagem da usina, depois a instalação dos
trechos de linha de transmissão, aonde nós vamos injetar energia no sistema.
E após toda essa etapa até o item quatro, a gente vai fazer os testes da planta:
calibração dos equipamentos, que é a fase chamada de comissionamento, que
é a fase final da obra onde a gente faz os testes finais e depois, obtemos a
autorização da ANEEL que é a agência reguladora de energia elétrica que
autoriza o início da operação comercial, onde a gente começa a fornecer
energia elétrica, no contrato de vendas de energia que dura 20 anos.
A geração de empregos no pico da construção do empreendimento é de 1600
pessoas, mão de obra qualificada, e na fase de operação da usina, ela contará
com 78 funcionários, porque o principal fator de geração de grande quantidade
dessa mão de obra de 1.600 pessoas, é exatamente a obra civil, a montagem,
tanto dos equipamentos da geração da UTE quanto da linha de transmissão, e
depois quando a térmica faz o comissionamento e é aprovada nos testes com a
ANEEL você passa a ter a necessidade de um número menor de funcionários
porque todo o equipamento está instalado e você tem apenas que operá-los. E
aí, a gente precisa apenas de 78 funcionários.
Nós fizemos questão de colocar aqui, até por questão de transparência e
didática, é mostrar o que é o sistema interligado nacional. Quando eu falo que
a térmica ela vai gerar energia elétrica, quando tiver autorização da ANEEL, ela
vai gerar para essa malha de linhas de transmissão. Nós vamos injetar energia
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aqui no Rio de janeiro, na linha de 500KV e essa linha ela vai fazer energia fluir
ao longo do sistema interligado da região sudeste e centro-oeste de acordo
com as cargas que existem no país nessa região, complementando a geração
hidrelétrica, ou seja, o país hoje tem 96% das suas cargas atendidas pelo
sistema interligado, apenas 4% é atendido pelo sistema isolado da região
norte. Então, essa UTE ela vai estar gerando para atender a maior parte das
cargas do país.
No mercado nacional nós temos dois ambientes de comercialização: o
ambiente de contratação regulada e o ambiente de contratação livre. 75% do
mercado é suprido através desses leilões de energia que ocorrem anualmente
e o cliente dessa geração são as distribuidoras de energia elétrica do país, ou
seja, Light, CPFL, Eletropaulo. Esse pool, esse conjunto de empresas
distribuidoras declaram a sua demanda para o governo, o governo organiza os
leilões e a energia é contratada para atender as distribuidoras. E as
distribuidoras, através de suas linhas de distribuição, fazem chegar a energia
nas casas, nas residências, nas indústrias e no comércio. Ou seja, a geração
que estamos falando aqui é uma geração no atacado para atender o mercado
de contratação regulada e a distribuidora de energia elétrica recebe essa
energia e através das suas linhas de transmissão, que nós chamamos de
distribuição que fica nas localidades onde existe o consumo, essa energia
chega às residências e nas unidades. O mercado de contratação livre é um
mercado menor que não é objeto dos leilões. É um mercado onde existe uma
negociação direta entre gerador e o consumidor.
Bom, esses leilões, eu já falei que são promovidos pelo governo através da
ANEEL, visa comprar energia das usinas novas, todos os geradores novos eles
comercializam sua energia nos leilões fazendo contratos com distribuidoras,
obviamente, a construção dessa usina depende do sucesso no leilão, mas
antes do sucesso no leilão, depende da gente obter a licença ambiental,
porque o Governo quando organiza os leilões, os empreendedores, como a
Petrobras e outros, tem que cadastrar o seu projeto no leilão. E o organizador
do leilão – a ANEEL – e a Empresa de Pesquisa Energética – a EPE- , eles
fazem uma série de exigências para cada empreendedor pra ele poder se
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habilitar a participar do leilão. Um dos requisitos para participação do leilão é a
licença prévia, ou seja, exatamente para garantir que todo empreendimento
está sustentável, ele tem um impacto ambiental controlado, ele foi discutido
com a comunidade e, obviamente, aquelas regiões em que os projetos vão ser
implantados, elas tem um crescimento maior porque tem, tanto o impacto
direto, como o impacto indireto na economia. Você tem uma geração maior de
empregos, você cresce a atividade daquela região e, também, a arrecadação
de mais impostos, o que faz com que as prefeituras possam, em contrapartida
com a arrecadação, incentivar, também, e implantar obras de melhoria, ou seja,
é uma parceira entre o empreendedor e os órgãos públicos.
Aqui, também, é para explicar como é a filosofia do leilão em relação a prazo
de implantação. Quando o leilão contrata a energia, o ano da compra, nesse
caso específico é 2011, nós vamos participar do leilão A – 3, significa que três
anos depois a usina tem que entrar em operação comercial. Então, a gente
está falando de um projeto - UTE Baixada Fluminense que tem que iniciar a
produção de energia elétrica em Janeiro de 2014. Na verdade, recentemente, o
prazo foi adiado para março de 2014. Ou seja, no primeiro trimestre de 2014 a
usina tem que iniciar a geração de energia com autorização da ANEEL, que é
necessária. E a duração do contrato, dependendo do leilão e da fonte, pode
variar de 15 a 30 anos a duração do contrato. No caso de hidrelétricas
normalmente são 30 anos a duração do contrato. No caso de termoelétrica,
que é o nosso aqui, são 20 anos. Fica entre os 15 e 30 anos.
Bom, como eu comentei, quando o gerador ganha o leilão, participa e tem
sucesso, esse gerador vai fazer um contrato com as distribuidoras que estão
precisando da energia para atender aos seus clientes, que são indústria,
comércio e residências.
Bom, era isso que eu tinha aqui para apresentar em relação ao nosso projeto.
Queria agradecer o apoio nos fóruns que toda a comunidade dos bairros
participaram bastante, a gente conheceu alguns líderes e houve uma
experiência boa pra gente e eu queria agora passar a palavra pra nossa
consultora que vai falar sobre o relatório do EIA-RIMA que é o Estudo de
Impacto Ambiental e o Estudo de Risco que vai ser feita apresentação depois,
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que é uma das exigências do Órgão Ambiental para aprovar a Licença
Ambiental, então é importante a apresentação dela. Depois a gente está aqui à
disposição para as perguntas. Obrigado!
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Obrigado Renato pela apresentação. Antes de passar a palavra para a Dra.
Fernanda, eu gostaria de registrar a presença da representante do ICM-BIO,
chefe da Floresta Nacional Mário Xavier, a Andréia Ribeiro. Andréia, obrigado
pela participação. E, também do nosso colega, Dacto Otonio do CREA,
Assessor de Meio Ambiente. Então, por favor, agora com a apresentação
sucinta do estudo de Impacto Ambiental e dos principais impactos identificados,
eu convido a Dra. Fernanda Trierveiller.
Sra. Fernanda Trierveiller (representante da consultora):
Obrigada! Boa noite a todos. Agradeço pela presença de vocês aqui. Nós
vamos ver agora, então, os principais resultados referentes ao Estudo de
Impacto Ambiental que foi realizado para Usina Termoelétrica Baixada
Fluminense.
Como nós já vimos aqui, o empreendedor desse projeto é a Petrobras e a
empresa consultora de projetos e estudos é a Bourcheid Engenharia e Meio
Ambiente e esse estudo de impacto e o relatório de impacto ambiental fazem
parte do processo de licenciamento desse empreendimento junto ao INEA e
nós vamos ver aqui, alguns principais tópicos referentes a esse estudo.
Aqui é a equipe técnica responsável pelo estudo. Meu nome é Fernanda, eu fiz
a Coordenação Técnica do EIA-RIMA. Aqui são os coordenadores dos
principais assuntos que compõem o EIA e as diversas especialidades da
equipe multidisciplinar que foi responsável pelo EIA.
Bem, o estudo partiu do princípio do estudo de alternativas para locação desse
projeto. A primeira alternativa considerada, do local para esse projeto, foi a
alternativa apresentada anteriormente, esse local vizinho à UTE Barbosa Lima
Sobrinho que é uma área desocupada existente, conforme já foi falado aqui,
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nas proximidades da Presidente Dutra, BR 116. Então, a gente chamou essa
alternativa de alternativa 1.
Bem, uma outra alternativa para localizar esse projeto foi considerado o Distrito
Industrial de Queimados que a gente chamou de alternativa 2, também,
próximo a Presidente Dutra. E uma terceira alternativa considerada foi no
Município de Japeri, próximo a essa Fazenda Americana, uma área, também,
desocupada, com acesso a partir de Japeri. Então, essas três alternativas elas
foram comparadas com base em diversos critérios técnicos e ambientais, e
elencadas conforme o resultado.
Considerando esses critérios que nós utilizamos, a alternativa um foi aquela
que foi considerada a mais adequada do ponto de vista técnico e ambiental,
por apresentar o menor impacto ambiental dentre as alternativas.
Por que isso? Esse menor impacto ambiental se deve, principalmente, ao fato
que esse terreno já se encontra preparado, já se encontra terraplenado, ele se
encontra com acesso próximo a Rodovia e, também, próximo, muito próximo, à
linha de transmissão aonde essa termoelétrica deverá se ligar.
Portanto, vai ser necessário construir uma linha de transmissão mais curta e o
menor número de intervenções no ambiente para poder implantar e operar o
projeto, comparado com as demais alternativas.
Bem, então considerando esta área proposta ao lado da UTE Barbosa Lima
Sobrinho foi determinada a área de influência desse projeto. Essa área de
influência considera, então, a área onde os possíveis impactos decorrentes
dessa usina podem ocorrer. A gente costuma executar os estudos nessa área
de provável influência. Então, a gente considerou uma área de influência
indireta, onde os impactos decorrentes do empreendimento deverão se
observar de forma indireta como uma área no envoltório de cinco quilômetros,
no entorno da área proposta para implantação da termoelétrica.
Como a área de influência direta, ou seja, a área em que potencialmente, os
impactos se verificam de uma forma direta foi considerada uma área envoltória
no raio de dois quilômetros no entorno dessa área proposta para implantação
da usina, considerando também, a linha de transmissão associada que deve
ser implantada.
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Ainda, como área diretamente afetada, é aquela área onde as intervenções de
fato ocorrerão – é essa área marcada em rosa – que seriam: o terreno
preparado para receber a própria usina, a área de implantação da linha de
transmissão e a área destinada a tubulação para descarte de efluentes e
captação de água. Então, essa seria a área diretamente afetada.
Bem, agora a gente vai ver alguns assuntos tratados no diagnóstico ambiental
executado para a UTE. Os assuntos estão separados em meio físico, biótico e
sócio-econômico. Então, para o meio físico foram realizados estudos para
caracterização de diversos assuntos, como clima e qualidade do ar, ruído,
geologia – questão de solos, qualidade do solo, recursos hídricos, tanto
superficiais como subterrâneos.
Em relação a recursos minerais e sismologia, eu vou apresentar alguns tópicos
principais aqui, até em função da restrição de tempo, depois qualquer dúvida a
gente pode, também, retomar alguns assuntos.
Com relação à qualidade do ar, então, foi caracterizada com base na estação
de qualidade do ar que existe em Seropédica. Aqui tem um gráfico mostrando o
percentual do tempo em que a qualidade do ar é considerada boa – que é o
verde – e regular – que é o amarelo, então, para Seropédica. Em Seropédica,
mais de 75% do tempo, a qualidade do ar é classificada como boa para o
material particulado e em 25% do tempo, ela é classificada como regular.
Também foram verificados outros estudos que já foram realizados aqui para a
região. Então, se considerou que a qualidade do ar não apresenta
comprometimento em relação a outros poluentes, como dióxido de enxofre,
óxido nítrico e monóxido de carbono.
Em relação a ruído, foi executado um estudo para avaliação do ruído atual aqui
na região. Esse estudo foi feito através de pontos de medição de ruído, esses
pontos se localizaram – aqui em verde são os pontos que se localizaram nos
limites do terreno da UTE Barbosa Lima Sobrinho, são esses verdes. E,
também, com pontos externos a essa área – que são esses em amarelo.
Então, foi feita a medição de ruído em 13 pontos que a gente chamou internos
e oito pontos externos. E foi verificada, então, uma grande influência da
presença da BR 116 como fonte de ruído para todos esses pontos.
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Com relação à geomorfologia, solos e geotecnia, aqui alguns destaques para
pontos das margens do Rio Guandu que se apresentam instáveis e com o
processo de erosão instalados.
Em relação ao próprio terreno proposto para implantação da UTE baixada
Fluminense, ele se encontra com uma superfície plana e uma vegetação
rasteira que estabiliza o solo da área do empreendimento. Essa área se
encontra acima do nível da água o que dificulta uma situação de inundação,
além do fato de que o Rio Guandu possui a sua vazão regularizada. Então,
como o nível da água é controlado pela Barragem das Vargens, essa questão
de inundação, também, é pouco provável.
Foi executado, também, um estudo com relação a água subterrânea e solos
para verificar a qualidade ambiental desses dois compartimentos. Então, esse
estudo foi realizado através de cinco poços de monitoramento já existentes –
que já são monitorados pela UTE Barbosa Lima Sobrinho - e foram instalados
mais sete novos poços de monitoramento, tanto para qualidade da água quanto
para a qualidade do solo, então a gente ficou com um total de 12 poços.
Em relação aos recursos hídricos, então, foi dado enfoque no Rio Guandu, é
um rio que recebeu transposições de águas a partir do Rio Paraíba do Sul para
o sistema de Lages, isso em 52, e ele está caracterizado pela presença de uma
serie de hidroelétricas que se convencionou chamar de Complexo Hidroelétrico
de Lages, com a presença de Hidroelétrica de Fontes, Nilo Peçanha e Pereira
Passos, então, esse complexo gerando cerca de 612 megawatts. Esse
complexo se localiza acima, à montante do empreendimento.
E um outro ponto de destaque é a presença da Estação de Tratamento de
Água do Guandu – que essa imagem aqui. Essa estação de tratamento de
água ela capta uma quantidade de 43m³ de água por segundo de água do Rio
Guandu para abastecimento público, então, esse volume abastece cerca de
80% da população da Região metropolitana do Rio de Janeiro.
Essa estação de tratamento fica então abaixo da área proposta pelo
empreendimento e, aqui, o enquadramento do Rio Guandu - enquadrado como
águas doces Classe II.
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Bem, também, foi realizado um estudo a cerca da água superficial do
sedimento, da qualidade da água do Rio Guandu. Esse estudo foi realizado
através de coleta em dois pontos de monitoramento. Aqui, a gente tem aquele
terreno proposto para implantação da UTE. Aqui, é onde ocorre o lançamento
do efluente. E aqui, é a captação da água. Então, foi instalado dois pontos –
uma à montante e um à jusante – dentro desses locais para coleta e a
qualidade da água e da qualidade do sedimento.
Nesses pontos, são os mesmos pontos onde já é feito o monitoramento da
água pela UTE Barbosa Lima Sobrinho, então, eles já fazem um programa de
monitoramento já á três anos com coletas mensais. Então, a gente aproveitou
toda essa informação, também, para análise da água e do sedimento. Os
resultados mostraram que não existe contaminação crônica, tanto na água
quanto no sedimento do Rio Guandu.
Bem, alguns aspectos referentes ao meio biótico, são aqueles aspectos
referentes a vegetação, a fauna, a parte da aquática e das áreas protegidas ou
das unidades de conservação.
Com relação ao uso do solo, foi feito um mapeamento das classes de usos e
cobertura do solo, tanto na área de influência indireta como na área de
influência direta. Então, aqui, são as classes, os tipos de uso que são feitos
dessa área de influência – a gente vê aqui que a classe predominante é o
campo antrópico. Aqui, 65% da área é coberta por esse tipo de uso.
E a segunda classe mais expressiva é a área urbanizada com 24%. As outras
classes, então, mais expressivas são: a floresta nativa, solo exposto,
comunidades aluviais, reflorestamento misto e reflorestamento com as óticas,
todos com baixos percentuais de ocorrência.
Com relação ao mapeamento da vegetação, foi feito a análise do uso do solo
em relação, também, aos tipos de vegetação. Aqui, a gente tem um croqui
mostrando a área existente da UTE Barbosa Lima Sobrinho. Aqui, é a área
proposta para o empreendimento. Aqui, é o limite do terreno.
Essa classe em amarelo é a classe mais abundante que acampa o antrópico. E
essas áreas, aqui, as áreas de reflorestamento que são produto do programa
de reflorestamento que já é executado pela Barbosa Lima Sobrinho.
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Então, nessas áreas de reflorestamento foi feito, também, um estudo
quantitativo da vegetação. E eu destaco aqui a maior presença - nessas áreas
– das espécies de paineiras, sinamono, monjolo e maricá. Aqui nessas áreas,
também, foi mapeado a necessidade de supressão da vegetação para
instalação dessas linhas de transmissão, então, somando essa faixa que
deverá ser aberta de, cerca de três metros de largura para passagem dos fios
da linha de transmissão, mais essas áreas em laranja, que são as bases das
torres, a gente tem um quantitativo de 0, 328 hectares do total a ser suprimido.
Desse total, 0,250 são de vegetação lenhosa de reflorestamento e 0,07 são
campos antrópicos.
Aqui, com relação à fauna terrestre, mostrando algumas espécies de faunas
registradas na área de influência direta, Então, aqui algumas espécies de
anfíbios: sapo, perereca, lagartos, calangos. A gente teve seis espécies de
anfíbios, três espécies de répteis, 89 espécies de aves e 12 espécies de
mamíferos. Mamíferos, como: gato do mato pequeno, cachorro do mato, a
lebre e a capivara são bastante comuns. E aves, como a coruja buraqueira e o
pica-pau anão.
Com relação a biota aquática, os seres vivos aquáticos, eu destaco aqui, a
fauna de peixes composta por espécies, tanto nativas quanto exóticas.
Algumas espécies que foram introduzidas na bacia do Rio Guandu, na
verdade, não pertencem a essa bacia, mas foram introduzidos, como ou piaus
e o curimbatá – uma foto do curimbatá. E a única espécie registrada como
endêmica da bacia do Rio Guandu, ou seja, que só tem aqui, é o bagrinho.
Aqui, a listagem das unidades de conservação que foram localizadas a uma
distância de um raio de 10 quilômetros do empreendimento, então a gente fez
um mapeamento de todas as áreas protegidas que existem no entorno, nesse
raio de 10 quilômetros.
Aqui, a gente tem, então, seis unidades de conservação que estão a menos de
10 quilômetros do empreendimento, sendo que a Área de Proteção Ambiental
do Rio Guandu, a APA, que é uma Unidade de Conservação Estadual, ela é
interceptada pelo empreendimento. É uma unidade de conservação do Grupo
Uso Sustentável e ela abrange todos esses municípios aqui.
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A outra unidade mais próxima é a Floresta Nacional Mário Xavier, fica em
Seropédica, que é uma unidade de conservação Federal e se localiza a uma
distância aproximada de cinco quilômetros.
Bem, com relação ao meio antrópico, a gente fez uma caracterização sócio-
econômica e cultural, tanto da área de influência direta, como indireta.
Também, caracterização do Patrimônio Histórico, cultural, arqueológico e a
verificação da presença de populações tradicionais, como comunidades
indígenas, quilombolas e de pesca artesanal.
Alguns aspectos da área de influência indireta, com relação à demografia,
esses municípios de Seropédica, Japeri e Queimados apresentam taxas de
crescimento populacional altas, bastante superiores as da região metropolitana
do Rio de Janeiro e também, alta taxa de urbanização. Com base em dados de
2001, Japeri e Queimados teria 100% e Seropédica, 79% de área urbanizada.
Com relação à economia, teria como destaque em Japeri, o comércio – o setor
de comércio. Em Queimados, o setor de comércio e indústria e em Seropédica,
o setor de comércio e também, a presença expressiva relativa a Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, aqui, em Seropédica, que é considerado um
centro de referência e também, desenvolve alguns projetos em conjunto com a
UTE Barbosa Lima Sobrinho.
Bem, com relação à área de influência direta. Foram localizados, então, três
núcleos principais populacionais na área de influência direta, sendo Jardim
Maracanã e o bairro Coletivo do Município de Seropédica e o bairro Jardim
Marajoara, no Município de Queimados. Essa população da área de influência
direta ficou estimada em 9.000 a 9.500 pessoas. A renda levantada pelo nosso
estudo mostrou que cerca de 90% das famílias ganham de um a dois salários
mínimos. Que existe carência por falta de emprego e que essas localidades
apresentam uma forte tendência de expansão urbana. Também, foi relatado a
deficiência de alguns serviços públicos nas áreas de saúde, saneamento,
educação, cultura e lazer.
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Bem, agora vou comentar alguns impactos ambientais que foram
diagnosticados como de possível decorrência da implantação e operação deste
empreendimento.
Aqui, apenas um esquema mostrando como a gente identifica esses impactos.
Primeiro, se analisa as etapas que constituem o projeto, tanto a fase de
construção como de operação e como uma possível desativação. Essa análise
das etapas do projeto, ela possibilita a identificação dos impactos que essas
atividades vão poder causar. Esses impactos identificados são então,
classificados com relação a uma série de critérios. Os impactos, então, são
classificados com relação a sua significância: pequena, média ou grande. E
são propostas medidas mitigadoras para diminuir esses impactos quando
negativos e medidas potencializadoras quando dos impactos positivos.
Bem aqui, a gente está considerando alguns impactos relacionados a
qualidade do ar e ruídos. Esses impactos são decorrentes, principalmente, das
obras civis, das obras de implantação do empreendimento, mas também, da
operação da Usina Termoelétrica e, também, da movimentação de veículos e
de pessoal que gera, então, emissões e ruído.
Com relação à emissões, então, foi feito um estudo de dispersão atmosférica.
Esse estudo objetivava simular a qualidade do ar no município de Seropédica e
nas vizinhanças com relação às emissões atmosféricas durante a operação do
empreendimento.
Foram considerados dois cenários: num cenário a gente considerou somente
as emissões da UTE Baixada Fluminense e num segundo cenário, a operação
conjunta dela com outros empreendimentos aqui na região, como a própria
Barbosa Lima Sobrinho, a UTE Queimados e a Coquepar. Então, é feito uma
simulação da operação desses empreendimentos e qual o resultado que isso
vai apresentar na qualidade do ar, aqui da região.
O estudo mostrou que independentemente do cenário apresentado não haverá
a violação de padrão anual de qualidade do ar pra nenhum dos poluentes que
foram modelados.
Bem, esse estudo de modelagem e dispersão atmosférica também nos auxilia
na avaliação desse impacto, desses impactos na qualidade do ar. Pra esses
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impactos relativos, então, a qualidade do ar e ruídos, foram propostas algumas
medidas mitigadoras e alguns programas de monitoramento ambiental.
Uma medida seria o controle das emissões e dos ruídos na fonte e nos
veículos e equipamentos, que fossem priorizadas a utilização de equipamentos
mais eficientes, menos poluentes. E que fossem utilizados equipamentos pra
atenuar o ruído, então, em cada caso e em cada tipo de equipamento é
indicado um equipamento atenuador de ruído que deverá ser implantado.
Também, foi indicado que fosse implantado um programa de controle de obras
que deverá controlar essas emissões, tanto de poluentes como de ruídos. Um
programa de gerenciamento de emissões, efluentes e resíduos sólidos. Um
programa de monitoramento da qualidade do ar e de ruídos e, ainda, um
programa de reposição florestal.
Bem, com relação aos impactos avaliados no Rio Guandu e na sua biota, os
seres vivos que ali habitam. Então, a causa desse impacto seria o lançamento
do efluente tratado no rio, como a gente viu na apresentação anterior a UTE vai
utilizar a água do rio Guandu e devolvê-la após tratamento. Então, esse
efluente é lançado a temperatura ambiente no rio na mesma temperatura
ambiente daquele momento e como medida para controle desse impacto se
implantaria o gerenciamento desses efluentes, então esses efluentes tem que
ser tratados e monitorados antes de lançar.
Essas medidas, então, compõem o programa de gerenciamento de emissões,
efluentes e resíduos sólidos. E, adicionalmente, um programa de
monitoramento da qualidade da água, do sedimento e da biota aquática que
seria a continuidade desse programa que já é feito, porém, agora considerando
a instalação desse novo empreendimento.
Também, para nos ajudar nessa avaliação desse impacto na água do Rio
Guandu, foi feito um estudo de modelagem hidrodinâmica que, também, é uma
simulação do efeito e da captação de água e de tratamento de efluente no Rio
Guandu.
Essa simulação é feita, também, sobre a qualidade da água e sobre a
hidrodinâmica do curso da água, também. Foram considerados cenários para
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fase de implantação e operação. Foram considerados, também, cenários com a
vazão do Rio, média e alta, 121 e 178m³ por segundo. E também, cenários
considerando a estação do ano: seca e chuva.
Bem, como resultado dessa simulação no ponto de adução e no ponto de
captação, as variações ficaram limitadas a um raio de 10m deste ponto,
portanto, os resultados de todos os cenários indicaram que não vai ter risco de
alteração na qualidade da água do Rio Guandu e, também, no regime
hidrodinâmico deste rio.
Com relação ao uso da água, o impacto se traduz pela captação de água, pelo
uso dessa água mesmo para operação da Térmica. Então, como medidas
foram sugeridas, foi sugerido que se adotassem os critérios do plano
estratégico dos recursos hídricos da Bacia do Rio Guandu e também, a
aplicação de campanhas e de conscientização pra diminuição do uso da água,
além dos critérios considerados quando da outorga do uso da água.
Bem, aqui o assunto sobre potenciais impactos na água subterrânea e no solo
decorrentes desse empreendimento. Esses potenciais impactos dariam em
função da movimentação e armazenamento de materiais e uma infiltração
potencial de substâncias químicas no solo, tanto durante a operação quanto na
retirada das instalações.
Se sugeriu as medidas para controle dos efluentes, controlar o armazenamento
de produtos químicos e de resíduos e executar um plano de desativação.
Essas medidas, então, estariam coordenadas por um programa de
gerenciamento de emissões, efluentes e resíduos sólidos e um programa de
monitoramento na qualidade das águas subterrâneas que seria, novamente, a
continuidade do monitoramento através desses poços, então, já existentes que
foram utilizados pro diagnóstico também.
Bem, foi considerado um aumento no potencial erosivo decorrente da limpeza
de terreno e de obras que envolvem a escavação, terraplenagem ou a remoção
de estruturas. Então, se sugeriu a implantação do controle de máquinas e
equipamentos, a instalação de um sistema de drenagem, que a área de
desmatamento e limpeza fosse limitada, que o solo fosse controlado a sua
estocagem e que as valas sejam escoradas para evitar esse aumento potencial
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erosivo. Essas medidas, então, devem estar organizadas e coordenadas num
programa de controle de obras e, também, através de um programa de
recuperação de áreas degradadas que deverá recompor qualquer área que for
alterada com a implantação do empreendimento.
Bem, em relação aos resíduos e efluentes, haverá geração de diversos tipos de
resíduos: sólidos e efluentes, tanto de uso doméstico como resíduos de
construção, de saúde, efluentes sanitários, águas limpas, diversos tipos de
efluentes. Esses efluentes deverão ter sua coleta e destinação adequada,
deverá ser implantado um treinamento para minimizar a geração desses
resíduos e efluentes, eles deverão ser objeto de gerenciamento e controle e,
também, deverão ser considerados no plano de desativação. Então, essas
medidas elas deverão estar coordenadas por um programa de emissões,
efluentes e resíduos e, também, através de ações de um programa de
educação ambiental.
Com relação aos impactos sobre a vegetação e a fauna, eles seriam
decorrentes da supressão da vegetação - que seria esses pontos em laranja
que a gente já tinha ressaltado antes – e, também, decorrentes da
movimentação de equipamentos e pessoal nessa área causando uma
perturbação e o afugentamento da fauna. Como medidas, então, se sugeriu
realizar supressão da vegetação apenas onde for necessário. Nas áreas para
as linhas de transmissão que fosse realizado um corte seletivo, a implantação
de torres mais altas para as linhas de transmissão para possibilitar a reduzir
esse volume de supressão, que fosse realizado o afugentamento prévio da
fauna, quando possível a realocação de ninhos ou filhotes que atualmente
estejam na área, no momento da implantação, e a aplicação de um código de
conduta aos trabalhadores que focassem a repressão a caça, bem como o
controle do limite de velocidade dos veículos que transitarem na obra, com
vistas a reduzir a possibilidade de atropelamentos. Os programas indicados,
então, são os programas de conservação da fauna silvestre, de reposição
florestal, programa de educação ambiental, supressão da vegetação e
recuperação de áreas degradadas.
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Bem, aqui o impacto avaliado sobre as unidades de conservação e áreas de
preservação permanente, as APPs. Esse impacto seria decorrente da
implantação da unidade que vai se dar, então, dentro dessa unidade de
conservação que é a APA do Rio Guandu – que está marcada em cinza aqui.
Porém, o terreno da unidade situa-se dentro da APA do Rio Guandu, mas fora
da sua APP – Área de Preservação Permanente, apenas os dutos de captação
e descarte que atravessam a APP para chegar ao rio.
Então, como medidas se orienta a aplicação de compensação ambiental em
respeito ao limite do empreendimento através da aplicação de um programa de
compensação ambiental, medidas do programa do controle de obras e um
programa de reposição florestal.
Bem, em relação aos impactos sobre a população. As causas observadas
seriam: o próprio planejamento da usina, a mobilização da mão de obra, a
implantação da linha de transmissão e o transporte de pessoas que poderiam
causar uma tração de contingente populacional aqui para a área, bem como
transtornos relativos ao trânsito e um maior número de pessoas circulando aqui
na região.
Como medida mitigadora para esse impacto, então, deverá ser priorizada a
contratação da mão de obra local, que os trabalhadores sejam aqui da área de
influência e que também fosse fomentada a qualificação da mão de obra a ser
contratada.
Então, se sugere a implantação de um programa de comunicação e
responsabilidade social, um plano de transporte e um programa de
estabelecimento da faixa de servidão que é relativa a linha de transmissão.
Com relação a infraestrutura, então também, mobilização de mão de obra e o
transporte de materiais, pessoas e equipamentos podem ocasionar uma maior
pressão sobre a infraestrutura local, através da atração de um maior
contingente de pessoas pra região. Como medida, então, se sugeriu priorizar a
contratação da mão de obra local para, justamente, evitar a atração desse
contingente externo, através de um programa de comunicação e
responsabilidade social e de um plano de transporte que indique as medidas
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necessárias para minimizar os transtornos no trânsito durante, principalmente,
a fase de implantação.
Bem, o impacto positivo seria o impacto financeiro. Também, a mobilização da
mão de obra na implantação e a operação da unidade vão gerar uma
movimentação na economia local e uma maior dinamização nessa economia.
Então, para potencializar esses efeitos positivos, se sugere que seja feito o
cadastro prévio da mão de obra local e a priorização, priorizar a contratação da
mão de obra e dos serviços locais e fomentar a qualificação da mão de obra.
Então, essas ações iriam compor um programa de comunicação e
responsabilidade social. E, também, deverá ser inserida na diretriz de
contratação essas regras relativas a contratação da mão de obra local.
Bem, um outro impacto positivo decorrente do empreendimento seria o
incremento de energia elétrica, sendo que a produção de energia é atividade
fim do empreendimento, que é uma contribuição gerada no local para o
desenvolvimento nacional.
Eu não comentei todos os programas que estão sendo propostos, eles podem
ser discutidos melhor depois - eles constam no RIMA e no EIA, mas eles estão
organizados da seguinte forma: aqui tem um organograma mostrando a
organização desses programas, os programas são todos coordenados por um
Sistema de Gestão Ambiental – SGA.
Aqui, por exemplo, aquele programa de comunicação e responsabilidade
social, de educação ambiental, compensação. Aqui, os diversos programas que
são relativos a supervisão de obras, são aqueles programas relacionados a
fase de obras. E aqui, programas de gerenciamento e monitoramento, são
aqueles programas relacionados, tanto a fase de implantação quanto a fase de
operação do empreendimento.
Bem, eu vou comentar apenas alguns aspectos desse programa de
responsabilidade social, ele vai se compor de um mecanismo de atendimento a
população, por meio de telefone ou presença física, ele deverá preparar e
distribuir toda a informação relativa ao empreendimento. Realizar eventos,
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palestras, reuniões com a comunidade, com as diversas instituições e
Prefeituras.
E o programa de educação ambiental, que ele vai elaborar, por exemplo, um
manual de boas práticas para os trabalhadores, promover a capacitação dos
professores das escolas, como agentes multiplicadores da educação ambiental
e desenvolver ações de conscientização e disseminação de conhecimentos
sobre meio ambiente.
Outro programa que vou detalhar alguns aspectos, seria o de supervisão de
obras, que ele vai coordenar todas as ações que objetivam evitar e minimizar a
incidência os impactos ambientais em decorrência das obras. Então ele vai
conter os requisitos gerais para a construção, as diretrizes para o
gerenciamento dos resíduos e efluentes, o código de conduta para os
trabalhadores e educação, diretrizes de saúde e segurança, diretrizes gerais
pro canteiro de obras, plano de transportes e controle de processos erosivos,
por exemplo.
Aqui, alguns dos outros programas de gerenciamento e monitoramento que
terão interface com programas que já são executados pela Barbosa Lima
Sobrinho, como os de monitoramento da qualidade do ar, das águas
superficiais subterrâneas e os de ruídos. Esses programas já são realizados
pela Barbosa Lima Sobrinho e deverão, então, ser coordenados como um novo
empreendimento.
Bem, finalmente a conclusão do estudo. Com base nesse Estudo de Impacto
Ambiental, a empresa consultora e sua equipe técnica consideram que o
empreendimento é ambientalmente viável. A implantação e a operação da UTE
Baixada Fluminense, através do projeto indicado, não comprometerão a
qualidade ambiental futura da região. As ações preventivas e mitigadoras aqui
propostas gerenciam adequadamente os impactos identificados. Essa é a
conclusão do Estudo de Impacto Ambiental.
Agora, eu vou apresentar alguns resultados dos Estudos de Análise de Risco,
também realizado para esse empreendimento. Bem, qual é o objetivo do
Estudo de Análise de Risco? É estudar os riscos a que a população está
exposta devido a operação do empreendimento. Então, esse estudo foi
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realizado considerando as diretrizes de uma instrução técnica emitida pelo
INEA. Aqui, mostrando, então, a mesma figura com a localização da área
proposta para UTE da baixada Fluminense ao lado da Barbosa Lima Sobrinho
e alguns pontos de interesse, aqui, ao redor como restaurante, canteiro de
obra, Jardim Maracanã, captação de água, depósito de equipamentos, então, é
feito novamente uma simulação em relação ao risco.
Bem, os resultados desse estudo de risco demonstraram que todos os efeitos
decorrentes de um possível acidente no empreendimento proposto ficarão
limitados dentro deste raio azul – não é sede, é no limite do terreno – da
própria Barbosa Lima Sobrinho. Portanto, o estudo concluiu que considerando
os modelos matemáticos, as condições de processo característicos da região e
os limites avaliados não há indicação de efeito sobre áreas residenciais ou
outros pontos sensíveis nas mediações da UTE Baixada Fluminense para os
cenários acidentais estudados.
Agradeço a atenção de vocês. Muito obrigado!
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Obrigado, Fernanda. Vou passar a palavra agora para a Dra. Aline Peixoto,
Coordenadora do grupo de trabalho, responsável pela análise do estudo de
impacto ambiental, lembrando a vocês das perguntas. Quem já tiver formulado
a pergunta, por favor, é só levantar a mão que as atendentes vão
passar....buscando....isso!
Sra., Aline Peixoto (coordenadora dos grupo de trabalho, membro do
INEA):
Boa noite, senhoras e senhores! Meu nome é Aline Peixoto. Sou bióloga e
coordenadora do grupo de trabalho que está analisando o Estudo de Impacto
Ambiental e seu relativo RIMA, seu relatório.
Bom, como já foi dito aqui pela Fernanda e pelo Renato, essa audiência é para
nós avaliarmos o Estudo de Impacto Ambiental para implantação de uma Usina
Termoelétrica a gás natural.
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Como já dito pelo presidente da mesa, o objetivo da audiência pública é de
divulgar informações, recolher as opiniões que estamos fazendo aqui hoje,
críticas e sugestões da população interessada, no caso vocês, de modo a
vocês participarem da decisão quanto ao licenciamento ambiental pertinente a
essa audiência.
Então, o objetivo do grupo de trabalho foi avaliar a possibilidade de
implantação para uma Usina Termoelétrica a gás em Seropédica com uma
potência líquida total de 500 megawatts.
Agora eu vou falar sucintamente sobre o histórico do processo dentro do INEA,
dentro do Instituto Nacional do Meio Ambiente. O requerimento da licença
prévia... peço desculpas a mesa por estar de costas...O requerimento da
licença prévia foi feito em sete de junho de 2010 através do processo com esse
número 07504051/2010.
Bom, pelas características da atividade e a legislação ambiental vigente, que é
a Lei Estadual 1356 de 88, foi nomeado o grupo de trabalho através dessa
portaria INEA DILAM, que é a nossa diretoria de licenciamento ambiental,
número 60 de nove de junho de 2010 para os procedimentos, então, da
avaliação de impacto ambiental. A partir desta, foi emitida uma notificação da
nossa coordenação de Estudo de Impacto Ambiental em 26 de julho de 2010
para apresentação, então, do empreendedor de estudo de impacto ambiental e
seu respectivo relatório de impacto, conforme instrução técnica específica
número 17. Bom, após isso e após ter sido feito o estudo de impacto pelo
empreendedor e pela sua consultora, eles entregaram o EIA ao INEA e essa
publicação referente a entrega foi feitas nos jornais O Globo, o Extra e O Dia
em 27 de dezembro e no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro em cinco
de janeiro de 2011.
Após a nossa aprovação e as publicações, os órgãos que receberam cópia do
EIA foram: a Prefeitura Municipal de Seropédica, a Câmara Municipal de
Seropédica, o Comitê da Bacia do Rio Guandu, a Comissão de Controle
Ambiental e da Defesa Civil da ALERJ, a Comissão Estadual e de Controle
Ambiental – CECA, o Ministério Público Federal no Estado do Rio de Janeiro, o
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Ministério Público Estadual, o Instituto Chico Mendes, o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos recursos naturais renováveis, o Instituto de Patrimônio
Histórico Artístico Nacional, o IPHAN.
Bom, então, após todos esses trâmites, o grupo de trabalho encaminhou um
parecer preliminar a CECA em 21 de fevereiro de 2011. Após isso, as
publicações feitas pelo empreendedor referentes a presente audiência pública
foram feitas no Globo e no jornal Extra em três de março de 2011.
Agora eu vou fazer considerações preliminares, lembrando aos senhores que
estamos hoje aqui, eu como coordenadora do grupo de trabalho, esperando a
colaboração de todos e essas considerações, elas realmente são preliminares
e é até o onde o grupo de trabalho chegou, sendo que não temos nenhum
parecer final concluído.
Bom, então a licença prévia ela é concedida na fase preliminar do
planejamento do empreendimento, aprovando sua localização e concepção,
atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e
condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.
Então, no caso, se a CECA deliberar pela licença prévia, eles não vão
poder....a Petrobras não vai poder implantar nada ainda, somente, essa
licença, ela fala sobre a viabilidade, da localização e a concepção do
empreendimento.
Bom, então, foi realizada vistoria na área pretendida e no caso, nós fomos pela
alternativa 1, no caso, que é ao lado da Barbosa Lima Sobrinho, a nossa
análise foi perante a esta. Foram analisados todos os aspectos ambientais da
área de interferência do projeto. Foi verificado um alto grau de antropização da
área de interferência. Foi verificado que a vegetação da área encontra-se
bastante alterada. E que a área que sofrerá supressão de vegetação é um
reflorestamento misto e será compensado.
O empreendimento é considerado utilidade pública conforme lei 4771, de 15 de
setembro de 65 e que o estudo de análise de riscos indica que os riscos
encontram-se dentro dos padrões de aceitabilidade definidos pelo INEA. As
emissões da UTE Baixada Fluminense não afetam significativamente a
qualidade do ar na região pretendida para a instalação e a operação da UTE
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que será em condição de back up da matriz energética. Foi analisado Tb a
proximidade da linha de transmissão e do ramal de gás. O empreendimento
terá interferência direta no Rio Guandu, no qual deverá ser feita tanto a
captação de água quanto o descarte de efluentes tratados através dos
sistemas já existentes que sofrerão apenas adequações. Foi solicitado pelo
empreendedor também, para o INEA, através desses dois processos, a
demarcação de faixa marginal de proteção e outorga pelo uso da água.
Bom, estaremos aguardando as manifestações apresentadas agora na fase de
debates e estaremos aguardando também as manifestações nos próximos dez
dias, que deverão ser encaminhadas ao INEA e à CECA.
Esse é o nosso grupo de trabalho interdisciplinar, no caso, eu sou a
coordenadora. E esse é o nosso endereço no INEA que vocês também tem no
folheto recebido. O email que chega a mim diretamente é o
[email protected] e esse é o endereço da CECA, obrigada. Eu pediria só
que deixasse o slide anterior, se as pessoas quiserem anotar o email.
Obrigada, boa noite.
Bom, antes do intervalo eu vou passar a palavra ao vice-prefeito Zealdo, por
favor.
V. Exa Zealdo Amaral (vice-prefeito do município de Seropédica):
Aos representantes das entidades ambientais, ao representante da empresa,
aos vereadores, aos secretários e a nossa assistência, uma boa noite. Num
momento tão difícil que o mundo está passando, em relação à geração de
energia, sobre a energia atômica. Num momento também tão difícil na geração
de energia de carvão, nós em Seropédica somos privilegiados de receber em
nosso território mais uma geradora de energia a gás natural. E em nome do
nosso Prefeito Alcir Fernando Martinazzo, que não pôde estar presente, quero
das as boas-vindas à empresa e dizer que as nossas secretarias, a nossa
prefeitura estará de portas abertas para poder receber a empresa e que tudo
faremos, desde que estejamos de comum acordo com os órgãos ambientais
não só do estado do estado mas também aqui pelo nosso secretário de meio
ambiente, Ademar Quintella e dizer para todos vocês que estamos de braços
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abertos para receber a empresa. Muito obrigado e uma boa noite a todos
vocês.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Obrigado, Zealdo. Então, vamos fazer um pequeno intervalo de no máximo 15
minutos. Lembrando a todos das perguntas, que nesse momento nós vamos
começar a numerá-las aqui e agrupá-las por tema. Então, por favor, 15 minutos
de intervalo
Intervalo para coffee break
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Vamos retornar, por favor, aos seus lugares. Vamos dar início à segunda fase
da audiência pública, referente à fase de debate. Eu gostaria de saber se tem
mais alguém, formulando pergunta? Se tiver, nós aguardaremos. Tem mais
alguém formulando pergunta aí na platéia?
Bom, enquanto o companheiro está preenchendo sua última pergunta, nós
estamos aqui com cerca de 50 perguntas, agrupamos por temas e vamos
começar, então, com as perguntas referentes à mão de obra. Muito bem, as
perguntas referentes à mão de obra, peço que a empresa se prepare que nós
vamos fazê-las.
Primeiro a Marluce Santana fala: “a contratação de empregos vai ter benefícios
aos moradores locais? Há no local do Jardim Maracanã muitas pessoas sem
empregos. Vão ter melhorias os bairros, como o Jardim Maracanã em todos os
aspectos, com isso emprego? Vai ser construído tão próximo ao Jardim
Maracanã e o prefeito não vai olhar para a melhoria do nosso bairro”?
Mas você não fica só com a parte do emprego porque depois nós temos outro
sobre as melhorias e benfeitorias.
Maycon dos Santos, “quantos tempos. Quantos trabalhos, né, na BR assim que
forem chamados”? Acredito que quantos empregos, não é, serão gerados? E
qual tempo que serão chamados os trabalhadores?
Carla Chaves. Não, a Carla Chaves é sobre benfeitoria.
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A população....essa pergunta é do Anderson Pimenta. “A população será
priorizada para contratação de mão de obra? Realmente, há vagas que serão
priorizadas para a população de Seropédica”? Essa é a pergunta do Anderson.
Essa aqui é da Nataly, “não há perguntas e sim, aceitar o empreendimento no
bairro que só trará benefícios a população, porém, uma mão de obra
qualificada será pouca porque o nosso povo está muito no passado”.
A Neize Vieira: “Seropédica, principalmente, Jardim Maracanã é muito difícil
conseguir emprego pelas dificuldades de transporte, qualificação”. E ela
pergunta: “com a construção da usina haverá melhorias nas áreas de
empregos”?
A Joana Lima: “o jardim Maracanã está muito difícil de empregos. Vocês com
esse projeto abrirão as portas de emprego para os que tiverem várias idades?
Tenho 16 anos e está muito difícil.
Essa aqui é de capacitação profissional, eu acho que é Vagner. Vagner dos
Santos. “Existe algum projeto de capacitação profissional a ser implantado nas
regiões vizinhas, visto que irá precisar de mão de obra qualificada? Isso caso a
UTE ganhe o leilão. O povo precisa de qualificação para a demanda da mão de
obra”.
Tem uma outra que está sem nome, mas é a mesma coisa: “haverá
qualificação da mão de obra local através de algum curso técnico ou
profissionalizante”?
Renato, por favor, e Fernanda.
Sr. Renato Costa (representante da Petrobras)
Em primeiro lugar queria agradecer essas perguntas. A gente já esperava em
função dos fóruns que a gente realizou. Foi uma preocupação procedente da
comunidade, em relação a emprego, mão de obra. O que a gente discutiu
internamente nesta fase de planejamento do empreendimento, qual seria a
melhor forma de encaminhar esse assunto e de acordo com as discussões
internas a gente concluiu que a melhor alternativa é orientar a empresa
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contratada a utilizar o cadastro de mão de obra do município, ou seja, a gente
incentiva que as pessoas interessadas se cadastrem junto ao município.
Conversei aqui com o Vice-prefeito, ele pode confirmar, mas ele colocou que
isso ai é uma ideia que já foi utiliza e é boa. Então, o pessoal se cadastra no
sistema SINE e nós vamos – a nossa parte também – nós vamos orientar a
empresa contratada que ela priorize a utilização desse cadastro do município,
quer dizer, o que vocês tem que entender é que a Petrobras, ela tem uma
tradição de dar oportunidades de emprego para as pessoas. Agora, as pessoas
têm que se cadastrar no município, tem que ter um treinamento. Então, as
oportunidades estão em condições de serem aproveitadas quando você vai por
livre e espontânea vontade junto ao município, se cadastra e tem as
qualificações do emprego, de diferentes níveis, que vai depender de cada
pessoa. Agora, tudo se começa do início e ninguém pode querer aspirar uma
função de alta complexidade sem antes galgar as etapas iniciais, ou seja,
primeiro passo é se cadastrar.
Nesse empreendimento, a gente vai priorizar junto à empresa contratada que
ela utilize esse cadastro e as pessoas vão trabalhando, vão ganhando
experiência e vão conseguindo outros empregos nos futuros empreendimentos.
Agora, para que o projeto saia do papel e a gente vá, realmente, implantar, a
gente vai precisar ganhar o leilão e obter a licença prévia, objeto aqui da
Audiência.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
O José Azevedo, também, já tinha feito essa preocupação: o que nos garante
que a mão de obra seria dos bairros próximos? Diz que não ficou claro, ainda,
os benefícios. Nós vamos entrar agora, nos benefícios. Então, segundo o que o
Renato falou vai ser priorizado então o cadastramento junto à Prefeitura, onde
a partir daí, por favor, Renato.
Sr. Renato Costa (representante da Petrobras):
Então, no nosso programa, que nós estamos desenvolvendo - um programa
social - a gente vai estabelecer um procedimento, vamos orientar a contratada
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que utilize o cadastro da prefeitura. O nome do cadastro é SINE. Então, nós
vamos orientar a contratada que priorize a utilização desse cadastro. Ok? É
interesse da Petrobras fazer isto, atendendo, inclusive, um pleito da
comunidade.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
O Zealdo, nosso Vice Prefeito, já tinha conversado aqui com o Renato sobre
esse assunto. Então, vocês sabem que tem que procurar a Prefeitura e esse
cadastro. Em relação às benfeitorias, Renato, a Maria de Nazaré pergunta se
existe possibilidade de uma passarela para o uso da população do Jardim
Maracanã?
Qual a vantagem que a Petrobras pode trazer ou fazer de bom para a
população do bairro? Essa é do Manuel Augusto de Souza.
Angélica Mendes, “a usina fala muito em melhorias para a comunidade, mas só
oferece cursos. Quero saber se a usina vai oferecer melhorias a nossa
comunidade, como asfalto, mais ônibus”?
Outra sobre benefício, mas está sem nome aqui, “quando será feito algum
benefício para nossa comunidade, Jardim Maracanã”?
Essa aqui é sobre cursos gratuitos, Leonardo Madureira diz que nós últimos
anos a UTE Barbosa Lima Sobrinho trouxe para nossa comunidade alguns
cursos gratuitos, como textura, pintura, computação e etc. “Qual a possibilidade
da nova usina trazer outros cursos para nosso bairro, ou melhor, ainda, fazer o
mesmo que seja para o Centro de Seropédica, algumas escolas de curso
técnico”?
A Mariana Mendes, “eu como a maioria que se encontra presente aqui hoje,
tenho como intuito saber se a vinda dessa nova usina para cá, ela irá oferecer
alguns cursos ou empregos”? E diz, também, fica preocupada com a parte do
impacto, do desmatamento. Depois, a gente vê isso. Então, a Mariana por
enquanto, está preocupada se vão trazer benefícios, cursos e, também, os
próprios empregos.
Eu acho que é Raimunda, do Sindicato Rural: “se irá trazer benefício ao
agricultor. “Pergunto se irá trazer problemas para nossa área rural e solicito
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uma reunião com os diretores do Sindicato Rural do município do Jardim
Marcanã.”
Outra do Sindicato Rural, agora é Simone Lima, “se irá trazer saneamento
básico e saúde para o Sindicato Rural ajudar ao agricultor rural”.
A Iracema Cristina também pergunta: “quais são os benefícios que trará para
os bairros próximos”?
Roberto Nascimento: “quais os benefícios para as comunidades próximas”?
Eu aqui é...Martins Carvalho. O primeiro nome...Ocir, pode ser? Bom, Martins
Carvalho: “qual o benefício para a comunidade próxima”?
O Paulo Roberto: “com a instalação da UTE virá, também, alguns projetos
sociais em parcerias com ONGs e Secretarias do município”?
Edilaine Barbosa: “quais os benefícios que a UTE Baixada Fluminense trará
para o bairro coletivo”? Acho que é isso, não é? “Já que o empreendimento
será instalado no mesmo. Uma vez que já temos uma usina da Petrobras
instalada no bairro e no momento, nenhum benefício foi feito como asfalto,
iluminação e saneamento”.
“Qual o beneficiamento direto irá receber a população de Seropédica”? Quem
pergunta é a Carla Chavez. Quando a termoelétrica estiver em operação, visto
que apenas 78 pessoas farão parte do quadro funcional da empresa?
E a Marluce Santana, que já tinha falado sobre emprego, ela diz que no Jardim
Maracanã muitas pessoas estão sem emprego e pergunta sobre as melhorias
nos bairros como o Jardim Maracanã em todos os aspectos. “Como essa
empresa poderá ajudar estando localizada tão próxima ao Jardim Maracanã? A
Prefeitura não olha como merece para a melhoria do nosso bairro”.
Então, todas essas perguntas são sobre melhorias que poderão vir, quais as
condições que a empresa pretende trazer essas melhorias, ou de forma isolada
ou em conjunto com a Prefeitura.
Sr. Renato Costa (representante da Petrobras):
Bom, quando...vamos colocar um cenário aqui: que a gente consiga obter a
licença ambiental e a gente implante o empreendimento. Obviamente, a
atividade das obras vai fazer com que, tanto aja um impacto positivo direto
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como indireto, através dos prestadores de serviços, na contratação de mão de
obra, na venda de insumos. Isso aí, vai gerar, também, arrecadação de
impostos. E o poder público – com a arrecadação desses impostos – vai poder
investir em infraestrutura.
Tem coisas, tem atividades que não dizem respeito à implantação da térmica.
Dizem respeito ao poder público de propiciar infraestrutura, saneamento básico
para a população. É óbvio que a Prefeitura, com a chegada de um
empreendimento da Petrobras - que é uma empresa confiável, uma das
maiores empresas do mundo -, ela vai fazer o projeto, realmente, vai trazer
tecnologia, vai trazer recursos. A Prefeitura vai arrecadar impostos e com esse
imposto ela vai investir na infraestrutura, é assim que funciona a economia em
qualquer lugar do mundo, não vai ser diferente, nem no Brasil e nem em outro
lugar.
Ou seja, o que a população tem que estar consciente é que essa térmica, ela é
fundamental para melhorar as condições de vida da população. É através da
atividade econômica, do crescimento. É uma questão de educação, as pessoas
estudam e vão ver. A atividade econômica gera arrecadação de impostos e os
impostos, através do poder público, propiciam a melhoria da qualidade de vida
das pessoas. Então, na hora de votar nos vereadores e nos prefeitos, eu
entendo que a população escolhe bem para que eles peguem os recursos e
apliquem adequadamente na infraestrutura.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Bom, em relação à saúde. Nós temos a mesma preocupação, aqui, de diversos
moradores do bairro da Marajoara, que é a preocupação da Maria de Lurdes,
da Ângela Maria Torres, da Maria Teresa de Sousa... da Maria Lúcia de Sousa,
da Fernanda da Silva, elas dizem: “gostaríamos de saber se pode causar
alguma doença para os moradores do bairro da Marajoara? Estamos com
muita preocupação se isso pode prejudicar o Rio Guandu, porque têm muitas
pessoas e crianças que se banham no Rio Guandu”. Todas elas têm a mesma
dúvida em relação à saúde e problemas de contaminação e poluição das águas
do Rio Guandu.
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Sr. Renato Costa (representante da Petrobras):
Fernanda pode explicar melhor esse...
Sra. Fernanda Trierveiller (representante da consultora):
Bem, com relação à qualidade da água do Rio Guandu. Então, os estudos que
foram realizados pelo EIA demonstraram que não existe nenhum potencial de
alteração da qualidade da água do Rio Guandu. Quer dizer, ele não vai alterar,
a operação do empreendimento não vai alterar a situação que hoje se
encontra. Em relação a alguma doença, também, a gente descarta essa
possibilidade de causar alguma doença em função desse empreendimento, a
partir das suas emissões ou de seus efluentes.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Bom, em relação a prazos e metas. Prazos e metas. Após todas as licenças,
qual o prazo estimado de duração da obra? Já existe processo licitatório para a
obra? Quais são as metas para o início da operação? Quem pergunta é o
Jones Berg.
Sr. Renato Costa (representante da Petrobras):
A concorrência para contratação da empresa que vai implantar o projeto já foi
liberado – o edital – no mercado. As empresas estão preparando suas
propostas e após a declaração do vencedor, que vai ter o menor preço,
atendendo as condicionantes, as especificações do projeto. O projeto ele tem
que entrar em operação comercial em março de 2014, obviamente, ele tem que
iniciar o comissionamento dois, três meses antes para fazer os testes. E o
início da operação comercial é previsto para março de 2014.
Ahhh! O prazo da obra, cerca de, três anos.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Tem uma pergunta aqui sobre convênio e educação ambiental do Ricardo
Nogueira: “em qual fase do projeto será efetuado parcerias com a Secretaria de
Ambiente e Agronegócio e Educação da Prefeitura Municipal de Seropédica
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para alavancar e contemplar os projetos elencados no programa de educação
ambiental? Solicito, também, apresentar cronograma físico e financeiro das
propostas”.
E tem uma, também, manifestação do Renato Cosme de Aragão: “a exemplo
do excelente estudo realizado sobre o Impacto Ambiental para a UTE da
Baixada Fluminense, se seria possível estender a todo município de
Seropédica um estudo semelhante, tendo em vista, principalmente, a extração
de areia”?
Bem, essa aí quem vai responder não é a Petrobras, mas Renato está ai? Em
relação a essa sua pergunta, Renato, do Estudo de Impacto Ambiental para
todo o município, realmente, não existe essa figura. Existe uma figura de
Avaliação Ambiental estratégica que é feita para uma região. No caso, o que
nós estamos tratando aqui é um estudo de impacto ambiental específico de um
determinado empreendimento. Hoje, no Estado do Rio de Janeiro, a legislação
assim diz: se o empreendimento que está listado na legislação – na Lei 1.356,
de 88, se enquadra dentro daqueles que obrigatoriamente tem que apresentar
o estudo de impacto ambiental, aí o INEA solicita apresentação do estudo e a
CECA determina todos os procedimentos que vão ser realizados. Agora, para a
realização de um estudo macro, que eu acho que essa é sua ideia,
principalmente, a parte de extração mineral, acho que você pode procurar
nossa Secretaria do Estado do Ambiente, o nosso Subsecretário. Dr. Luis
Firmino, onde eles estão, exatamente, tratando esse tipo de projeto na Câmara
de compensação, que seja aproveitado o recurso da Câmara de compensação
para que sejam feitos estudos específicos em determinadas regiões. Aí, eu
acho que seria bastante interessante essa proposta, aqui, no Município de
Seropédica, para que se desenvolvesse um estudo nesse sentido.
Uma vez que nós – Estado do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado –
estamos com uma verba bastante significativa dentro da Câmara de
compensação, o que está faltando hoje, por incrível que pareça, são os
projetos. E apresentação de projetos na Câmara de Compensação que possam
ser destinados esses recursos e que esses estudos possam ser feitos
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Agora, em relação à pergunta do Ricardo Nogueira sobre os convênios,
inclusive com as secretarias de Educação e Meio Ambiente.
Sr. Renato Costa (representante da Petrobras):
Passo a palavra para Fernanda.
Sra. Fernanda Trierveiller (representante da consultora):
Bem, o que está sendo proposto no âmbito do EIA é que esses programas de
Educação Ambiental e de Comunicação e Responsabilidade Social tenham sua
atuação iniciada desde a fase de planejamento da obra. Anteriormente ao início
das obras, os programas já deverão ser detalhados e esse detalhamento inclui
as parcerias com os organismos, as Secretarias e as demais Instituições afins.
Sr. Renato Costa (representante da Petrobras):
Ela quis dizer, também, o seguinte: desde o início das obras, mas após a vitória
no leilão. Quer dizer, a gente vai participar do leilão, se a gente tiver sucesso
no leilão, a gente vai implantar os programas que foram apresentados.
Presidente da mesa – Tem uma pergunta aqui pra Ceca do Milton Assunção. O
Milton pergunta: na hipótese de mudança de combustível de gás natural para
óleo diesel, isso poderá ser feito sem que haja nova audiência pública, bem
como novo procedimento de avaliação de impacto ambiental? Não, Milton.
Pode ficar tranquilo. Se houver a troca de combustível, no caso de gás pra óleo
diesel, vai ter que ser apresentado estudo de impacto complementar. Esse
estudo de impacto ambiental vai ser distribuído, no mesmo rito que está sendo
feito agora e terá nova audiência pública para se discutir. Mas eu acredito que
isso não passa na cabeça da Petrobras, que está exatamente na mão inversa
desse procedimento, e foi o que aconteceu na Usina vizinha, na Barbosa Lima
Sobrinho.
Temos algumas perguntas aqui sobre os impactos. Andréa de Nóbrega do
ICMBIO: Sendo a segunda UTE instalada no local, está sendo considerado o
somatório de impactos? É a primeira pergunta. E a segunda: Quais as
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substâncias químicas e contaminantes envolvidas no processo, e qual o
impacto na saúde?
A pergunta aqui do Armando Brás: A fumaça branca que sai da Petrobras vai
prejudicar os moradores do bairro local, Jardim Maracanã e Coletivo?
Outra sobre impacto, da Lucimar Mendonça: As águas do Rio Guandu estão
sendo prejudicadas pela UTE? Ela pergunta... O nosso ambiente, o ar, está
poluído? E o emprego... Aí entra no emprego, que eu acho que você já
respondeu. As poucas pessoas, a geração de poucos empregos que esta usina
trará.
A pergunta da Josiane: Com a vinda dessa usina, não será afetada a vida dos
animais das fazendas ao redor da usina? E pergunta que melhorias serão
feitas na vida dos fazendeiros, e como as pessoas que vivem ao redor da usina
serão prejudicadas?
Outra sobre qualidade do ar, do Ademar Quintela: na questão de modelagem
da qualidade do ar o estudo de sinergia trabalhou com a hipótese de vir a
utilizar o diesel também como gerador de energia? E segundo: Onde será
implantado o programa de recomposição florestal?
A pergunta do Gilberto Alves: Se o gás é tão limpo para a população e o meio
ambiente, por que foi feita uma obra na UTE para a usina ficar bicombustível?
Será que o diesel é seguro como o gás? Ele deve estar se referindo à Usina
Barbosa Lima Sobrinho. Foram instalados dois imensos tanques para
armazenar esse óleo. Que garantia o nosso bairro tem que a UTE estará
funcionando com o combustível a diesel? Esta é uma preocupação do Gilberto,
então, sobre o mesmo tema de óleo diesel.
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A Maria do Socorro: A minha preocupação é a respeito do gás. Se esse gás faz
mal à saúde, principalmente quem tem alergia respiratória, pois tem crianças ali
perto que tem essa alergia? Por favor, Renato.
Sr. Renato Costa (representante da Petrobras)
Bom, a Fernanda, no Estudo de Impacto Ambiental, ela apresentou um cenário
da UTE gerando energia sozinha, e a UTE gerando junto com a Barbosa Lima
Sobrinho e outras usinas em Queimados, que nem estão contratadas também
ainda, no Leilão. Ou seja, a nossa análise foi bem completa considerando
aspectos de cenários diferentes e conservadores. No estudo de emissões do
Impacto Ambiental, a gente considerou um cenário que as UTEs estão todas
operando, o que pode não ocorrer. Pode ser que no leilão ou ganhe uma usina
nossa ou a de Queimados, mas podem ganhar todas as que estão localizadas
aqui. Mesmo ganhando todas que estão localizadas aqui, foi feito esse estudo,
e o estudo deu que a qualidade está adequada pra população. Agora, a
Fernanda pode complementar porque teve uma pergunta indagando sobre
substâncias químicas e eu acho que ela deve ter informações mais precisas.
Sra. Fernanda Trierveiller (representante da consultora):
Bem, só complementando a resposta, a questão do somatório de impactos, se
eles estariam sendo considerados em conjunto... Então, como o Renato
comentou, sim, estão sendo considerados. E com relação à qualidade da água,
outros aspectos, também esses impactos sinérgicos, também são
considerados em conjunto. Com relação às substâncias químicas
contaminantes, algumas substâncias são armazenadas sim dentro da planta e,
realmente, todas as medidas de segurança devem ser tomadas. Mas essas
substâncias químicas não são liberadas no ambiente, elas são utilizadas no
processo. Com relação, foi feita uma pergunta sobre a fumaça branca... Essa
fumaça branca originária do vapor que é produzido na UTE Barbosa Lima
Sobrinho. E sobre a qualidade do ar, então, com relação aos dados que a
gente tem, a qualidade do ar, através da estação que existe aqui em
Seropédica, ela é considerada boa pra material particulado, conforme a gente
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viu naquele eslaide onde mostrava que, em 75% do tempo ela é considerada
boa com relação ao material particulado. Sobre o programa de recomposição
vegetal, ele seria implantado como complemento ao programa de reposição
florestal. Seria executado em conjunto com o programa que já é feito pela
Barbosa Sobrinho, então, seria um complemento destas áreas de
reflorestamento, que se destinaria a compensar também a supressão que está
sendo prevista. Essa supressão, ela é realmente muito pequena, ela se daria
numa área, nessa área de reflorestamento, a abertura de uma faixa de cerca
de três metros de largura pra passagem dos cabos que se destinam a
transportar a energia gerada, então, a linha de transmissão. Então, esse
montante que é 0,3 hectar, ele é considerado muito pouco mesmo, e ele seria
então compensado através desse programa de revegetação.
Dra. Aline Peixoto:
Só complementando, na verdade, se ultrapassarmos a fase agora da Licença
Prévia para a fase de Licença de Instalação é pedida toda uma avaliação da
vegetação que vai ser suprimida. E nós temos uma gerência específica, que
determina exatamente onde vai ser essa recomposição florestal e em quantos
hectares eles vão ter que fazer essa recomposição. Sendo que nunca é feito de
um pra um. No mínimo, de um pra três indivíduos. E, no caso, isso é feito
somente após - da Licença Prévia para a Licença de Instalação.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Bom, tem uma pergunta aqui do Jediel Formiga. São três perguntas, a primeira
é se haverá uma nova audiência pública. A princípio nós estamos aqui
discutindo, eles estão apresentando o projeto, nós estamos aqui recebendo
todas as manifestações. De qualquer forma, fica registrada aqui a sua
manifestação. A segunda: quais os malefícios da instalação de mais uma
usina, somada à usina já existente e se há riscos sobre a implantação dessa
usina.
Sr. Renato Costa (representante da Petrobras):
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Essa pergunta a Fernanda respondeu... Disse que foram feitos estudos de
cenários, incluindo a usina existente e adicionando ao parque instalado na
região a Usina Baixada Fluminense e a Usina de Queimados, ambas na fase
de planejamento. E dentro do simulador que existe pra fazer essa análise, foi
verificado que não compromete a qualidade do ar, pelo estudo da empresa
contratada independente.
Sra. Fernanda Trierveiller (representante da consultora):
Vou chamar uma colega que pode falar também um pouco melhor sobre essa
pergunta que foi feita em relação ao risco.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Aproveitando, enquanto a colega está vindo aqui pra fazer o esclarecimento
sobre o risco, a Clévia Cordeiro também demonstra a mesma preocupação:
Porque nós o povo de Jardim Maracanã (eu acredito) precisamos saber da
influência, o perigo que corre a população e que poderá ocorrer. Ela diz que o
pessoal aqui é leigo e precisa de respostas e explicação sobre tudo,
principalmente, se poderá acontecer algum risco para a população. Ela solicita
que a população seja respeitada quanto a isso.
Sra. Ana (representante da consultora):
Primeiramente, boa noite, meu nome é Ana, eu sou coordenadora do estudo de
riscos de processo referente à parte de incêndios e explosões. Bom, nesse
estudo foi considerada a UTE ao lado da UTE Baixada Fluminense, e nesse
estudo a gente tem em bibliografias que, pra acontecer um acidente na UTE
Baixada Fluminense e atingir a UTE vizinha existe uma energia que esse
acidente tem que liberar para que esse acidente ocorra. Foi analisada essa
possibilidade nesse estudo e concluiu-se que, do pior cenário que foi
identificado na Baixada Fluminense, não haveria a possibilidade de acontecer o
chamado efeito dominó na segunda UTE instalada ao lado.
Dra. Aline Peixoto:
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Em complementação também, faz parte do nosso grupo de trabalho a gerência
de riscos específica que temos no Inea. E dentro do parecer deles, chegou-se
a conclusão de que não há riscos para a população do entorno. Então, o nosso
parecer é favorável quanto a não se terem riscos quanto à população vizinha à
UTE.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
O Ademar Quintela pergunta primeiro: Quanto da porcentagem do valor de
implantação do empreendimento irá ser direcionado para ficar dentro da área
direta de impacto do empreendimento? Não sei se o Ademar ainda está aqui.
Ademar, deixa eu te explicar como é que funciona em termos de medida
compensatória. Não sei se você já conhece, mas a medida compensatória é
firmada através da lei federal 9985 de 2000 e o valor é de meio por cento. Aqui
no Estado do Rio a gente tem uma norma específica que é a Deliberação Ceca
4.888, cujo cálculo nos permite elevar valores superiores do meio por cento. A
gente pode ir até 1,1% desse valor. Só que esse valor, conforme diz a
legislação, ele só pode ser destinado para implantação em unidades de
proteção integral. Isso, em relação às medidas compensatórias e esse valor é
recolhido para a câmara de compensação ambiental da secretaria de estado do
Ambiente, e nela fica disponível para apresentação de projetos, mas todos
ligados a esse valor. Todos ligados à implantação nesse tipo de unidade de
conservação de proteção integral. É assim que diz a lei. A segunda pergunta
do Ademar é: A possibilidade de participar do Leilão de Energia ocorre logo
após da LP. Isso quer dizer que o empreendimento já está nesta fase, já estará
aprovado? Não, pelo que nós estamos vendo aqui nós estamos na audiência
pública, eles estão apresentando o projeto, nós estamos vendo todas as
manifestações. Após estas manifestações que estão sendo feitas aqui e ao
longo dos dez dias subsequentes serão encaminhadas manifestações tanto ao
Inea quanto à Ceca e o grupo de trabalho irá elaborar um parecer técnico final
que será submetido à Ceca. Por favor, dá o microfone ali para o Ademar. E
após esta apresentação, na reunião do conselho da Ceca, eles vão decidir pela
deliberação de expedição ou não da licença.
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Sr. Ademar Quintella:
Não, você não entendeu a pergunta. Depois da LP, já está comprometido o
empreendimento, porque ele vai pro Leilão, então, já está aprovado depois da
LP?
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Não, depois da LP, não. Pra ele participar do Leilão, sim. Mas a Licença Prévia,
conforme dito pela coordenadora do grupo, é na fase de concepção do projeto
e da sua localização. Em relação a isto, sim, estaria desenvolvido. Só que têm
condicionantes que ele terá que atender para obtenção da Licença de
Instalação, que não necessariamente, apesar dele ter obtido a LP, participado
do Leilão e ganho o Leilão, que ele... Se ele não conseguir cumprir as
condicionantes da Licença Prévia, que culminaria com a emissão da Licença
de Instalação, ele não vai poder construir. Depende do outro.
Sr. Ademar Quintella:
Nesta questão anterior aí, da legislação, a gente conhece a legislação do
Estado e da Ceca, e vai aqui um desagravo. Infelizmente, é uma legislação,
mas ela é pra comprometer e minimizar os impactos ambientais e a CECA vai
e passa isso para outro município. Como normalmente é todos os
empreendimentos quem vêm pra Seropédica vai pra APA do município de
Italva, plano de manejo de algum município, que não aqui no local. Então, a
gente fica como todos colocaram aqui, com o problema não minimizado no
local. Não adianta só ter cursos de capacitação para essas 1.600 mãos-de-
obra que vão vir pra cá. Depois a gente vai ficar com 78 e com o impacto
gerado, mesmo minimizado com todo o estudo que o Inea faz, eu acho que
essa característica dessa compensação ambiental, que antes não era assim, a
partir de um determinado passou a ser, realmente, não traz benefícios para o
município.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
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Ta ok. Fica registrada aqui sua manifestação, mas só pra lembrar, que essa
verba que fica disponibilizada na Câmara de Compensação Ambiental, ela está
sujeita a apresentação de projetos. O conselho que constitui a Câmara de
Compensação Ambiental tá priorizando sempre a implantação dos projetos e a
destinação desses recursos na mesma bacia hidrográfica. Fica a sugestão pra
prefeitura, Zealdo, de qualquer apresentação de criação de uma unidade de
conservação vai ser prontamente atendida pela Câmara de Compensação.
Posso garantir isso pra vocês. Vocês podiam se juntar, as secretarias, a
prefeitura, a sociedade civil organizada, encaminhar essa proposta de criação
de uma unidade de conservação, aí tem que ser de proteção integral, pra poder
receber esse dinheiro da Câmara de Compensação, porque assim diz a
legislação, e a Câmara de Compensação, com certeza, irá destinar os recursos
para implantação desta unidade. Mas fica registrada aqui, de qualquer forma, a
sua manifestação.
Bom, tem uma pessoa aqui que está inscrita pra fazer uso da palavra... Mas
tem aqui Volmey Martins Carvalho: Não tenho nada a perguntar, que a Usina
seja bem-vinda. Tem a, acho que é Júlia Cavalhares, ou Zélia, desculpa, não
estou entendendo aqui a letra: Não tenho nada a perguntar, pois tudo o que foi
falado deu pra entender como vai ser o desempenho, se caso a Termo virá
para Jardim Maracanã, e vamos torcer para dar tudo certo. Outra, é do Almir
Brás, também só quer registrar a sua participação aqui, que não há nada a
declarar. E tem o Ângelo da Silva, se não me engano: Apenas um protesto
sobre a leviandade da autorização do lixão, fica registrado apesar de não ser o
fórum aqui da discussão. Tem uma pergunta aqui também do Marcos Vinícius
Câmara de Oliveira, da OAB, é sobre licenciamento: Considerando os recentes
paradigmas acerca das últimas licenças concedidas pelo Inea, pergunto: Quais
as garantias o órgão ambiental estadual poderá assegurar à população
impactada em face de possíveis riscos ligados ao empreendimento, seus
desdobramentos e conseqüências?
Dra. Aline:
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Se nós deliberarmos, nós não, mas a CECA deliberar pela concessão da
Licença Prévia é porque se chegou à conclusão que não há nenhum tipo de
risco que possa ser gerado à população. Nós temos também nas nossas
licenças todas as condicionantes que o empreendedor deve cumprir. E dentro
desses, nós ouvimos a Fernanda falar dos programas, de toda aquela fase que
se teria num plano básico ambiental que são os planos e programas. Só que
esses planos e programas são sugeridos por eles, mas nós é que pedimos nas
nossas condicionantes esses planos e esses programas. Sendo que nós temos
a nossa fiscalização, e contando também com a população, que se tiver
alguma dúvida, ou enfim, alguma denúncia a fazer, nós temos o nosso disque
denúncia, estamos abertos lá, temos a nossa ouvidoria, e estaremos sempre
abertos à população pra que vocês possam participar também ativamente
dessa fiscalização.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Presidente da mesa – Bom, eu tenho a última pergunta aqui, que também está
pedindo para fazer o uso da palavra, é a Maria José Sales. Maria José, por
favor. Você tinha feito uma pergunta antes aqui, se você quiser aproveitar, se
quiser a cola aqui.
Sra. Maria José:
Obrigado. Cumprimentando o presidente da mesa, eu cumprimento os
representantes da Ceca, o empreendedor representante da Petrobras, a
técnica que orientou os trabalhos, o nosso vice-prefeito, Zealdo Amaral, as
autoridades aqui presentes, os representantes da sociedade civil, senhores e
senhoras. Eu presido a Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal de
Seropédica e ao vir a uma Audiência Pública, objetivando o licenciamento de
mais um empreendimento, como já foi lembrado pelo vice-prefeito, diante dos
últimos acontecimentos que o mundo presenciou diante de um
empreendimento tão seguro. Mesmo porque partindo de um país que é
pioneiro na questão da tecnologia, que é o Japão, e nós pudemos assistir um
desastre daquela dimensão; estamos assistindo, né, e arrepiados até. E não só
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por isso, mas também porque presenciamos também acidentes ambientais no
nosso país; uns de grande monta, outros menos. E diante desses acidentes,
nós podemos perceber e aumenta a nossa preocupação quando diante de
novos empreendimentos. Queremos ressaltar aqui o nosso respeito à
Petrobras, essa empresa brasileira, e reconhecemos que a energia é
fundamental para o desenvolvimento do nosso país, mas não podemos
esquecer também que o nosso município aqui no Rio de Janeiro, ele já é
portador de um grande passivo ambiental. E como lembrava, os acidentes que
nós já presenciamos... Em Niterói o Morro do Bumba, os acidentes das
enchentes e chuvas em Teresópolis e Petrópolis, também Seropédica, talvez
não com tanta gravidade, mas presenciamos acidentes, enchentes que
prejudicaram muito a população do quilômetro quarenta. Hoje, nós
presenciamos também, já resultado de insegurança com as empresas
instaladas no Porto de Sepetiba, a CSA, que já vem prejudicando a população
do entorno. Então, nós percebemos que ao serem licenciadas essas empresas
apresentam uma segurança muito grande, mas logo depois a gente começa a
perceber os impactos e que essa segurança não é tão grande. Por isso, acho
que devemos ter muita preocupação com qualquer novo licenciamento e
empreendimento. E Seropédica, como dizia, nós já suportamos um grande
passivo ambiental. Passivo ambiental representado pela exploração de
minerais, areia, pedra, também pela ameaça da operação de um aterro
sanitário de grandes dimensões. Aliás, essa chuva aí nos causa muita
preocupação porque o jornal da semana passada já noticiava que o
empreendedor daquele aterro sanitário teve que correr, fazer um contrato de
emergência, porque as chuvinhas, porque na semana passada houve uma
chuvinha, já causaram transtorno naquele empreendimento antes mesmo dele
começar a operar, com as obras. Então, nós hoje em Seropédica temos muitas
preocupações e foi muito bem lembrado, embora o presidente da audiência
bem disse que esse não é o fórum para se discutir aterro, mas estamos aqui
para discutir impactos ambientais e não podemos esquecer daqueles que já
existem, e de que somos ameaçados. O aterro sanitário proposto para aquele
local em Seropédica e causa muitas preocupações, existem muitos
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questionamentos e eu acho que é um momento muito sério, um momento de
avaliação e de revisão desse projeto, para que não venhamos nos arrepender
num período muito curto. Então, diante dessas colocações o faço porque
entendo que não dá pra analisarmos um empreendimento que também trará
impacto ambiental, talvez não tão importante como os que nós já assistimos,
mas não podemos deixar de avaliar esses impactos para considerarmos o
empreendimento presente. E com relação a isso, é importante a preocupação
demonstrada por essa comunidade. Afinal de contas, um empreendimento que
está tão próximo, um empreendimento que gera um bem tão importante para o
desenvolvimento, que benefício ele trará para essa população? Bem foi dito,
temos que reconhecer a responsabilidade de cada ente, do poder público
municipal na prestação dos serviços à comunidade, mas não podemos ignorar
a expectativa dessa comunidade que sempre sonha com melhorias e, como foi
dito, existem as compensações. Além da compensação ambiental, que vai para
as câmaras de compensação do Inea, da secretaria do Ambiente do estado,
mas temos as questões relacionadas à Responsabilidade Social do
empreendimento. Então, acredito que nesse aspecto poderia haver um
compromisso maior do novo empreendedor para atender alguns anseios dessa
comunidade. E bem foi colocada aqui a preocupação com a questão do
emprego. Entendemos que a comunidade necessita muito de cursos de
capacitação para aprimorar a sua possibilidade de ter acesso ao emprego. O
desemprego realmente é grande no nosso município e nessa comunidade.
Também há uma aspiração já demonstrada por essa comunidade aqui e,
acredito, até pequena que é a construção de uma passarela para atravessar
desse bairro para o outro lado, para o Coletivo. Então, eu só trago essa
questão. E a pergunta que eu tinha feito, senhor presidente, no início: Até que
ponto o Inea, a Ceca, está considerando estas questões de impactos já
existentes na região, no município, para licenciar novos empreendimentos?
Muito obrigada a todos.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
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Obrigado, Maria José. Muito bem colocado. Essa ideia de que você está
falando sobre a implantação de melhorias, né, em relação às áreas que vão
sofrer diretamente a implantação do empreendimento, eu acredito que você,
como presidente da Comissão de Meio Ambiente, poderia nesse período de
dez dias, encaminhar um ofício ou para a Ceca ou para o Inea, pedindo para
que sejam considerados, além da discussão que a gente teve da medida
compensatória, que, como foi registrado aqui, existe por lei uma determinação
de que o valor dessa medida que é de meio por cento a 1,1, obrigatoriamente,
a Câmara tem que destiná-lo pra unidade de proteção integral. Mas nada
impede que a Câmara de Vereadores, a comunidade, solicite à Ceca e à
própria Inea, para que seja incluída na própria licença algum tipo de
investimento na área social, na área de asfalto. Até a Edilene tem uma
pergunta aqui, que ela fala exatamente sobre isso. Depois eu vou passar a
palavra pra ela, que ela quer fazer uso também, sobre essa situação que a
posição da Petrobras aqui foi bem clara, que ela está se implantando, recolhe
todos os impostos, vai gerar enormes recursos e receitas e aumento de
arrecadação, mas que algumas atividades realmente seriam pertinentes a
serem cobradas do poder municipal, mas nada impede que vocês, tanto da
Câmara Municipal, quanto da própria prefeitura, solicitem à Ceca e ao Inea,
alguma condicionante nesse sentido, de que se não fizer diretamente que,
através de algum incentivo, através de um convênio, de consórcio, com o
próprio município. Isso tem acontecido em outros empreendimentos nos
diversos municípios do Rio de Janeiro, e vou dizer para vocês que nós temos
conseguido com sucesso a aplicação de alguns investimentos na área de
sócioeconomia não incluídos na medida compensatória, conforme rege a
legislação federal. Então, você colocou perfeitamente. Agora, em relação ao
passivo ambiental, com foi dito aqui, realmente é levado em consideração nas
apresentações, o Estudo de Impacto Ambiental. Quando a equipe, o grupo de
trabalho solicita, faz o termo de referência, ele já diz que na implantação tem
que ser avaliado o impacto sinérgico dessa atividade com todas as outras que
já existem e dos passivos ambientais existentes.
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Eu acredito que vocês tenham recebido lá na Câmara de Vereadores uma
cópia do Estudo deImpacto Ambiental, deve ter um capítulo específico sobre
isso, mas qualquer dúvida também que você tenha, você pode fazer contato
direto com Inea, com a Ceca ou então com a própria empresa pra esclarecer
melhor sobre esse ponto. Mas fica a sugestão do encaminhamento do ofício
por parte da Câmara Municipal. A Edilene queria fazer o uso da palavra. Por
favor, ali, a Edilene.
Sra. Edilene:
Boa noite, o senhor pode repetir a minha pergunta?
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
A Edilene pergunta: Quais os benefícios que a UTE Baixada Fluminense trará
para o bairro Coletivo, já que o empreendimento será instalado no mesmo.
Observação: uma vez que já temos uma usina da Petrobras instalada no bairro
e, até o momento, nenhum benefício foi feito tais como: asfalto, iluminação e
saneamento.
Sra. Edilene:
Pois é. A minha preocupação como moradora do bairro, eu faço parte da
associação de moradores, nós entendemos que a Petrobras não tem e não
pode asfaltar, iluminar, mas ela pode trabalhar junto à prefeitura para que isso
seja feito. A Usina UTE Barbosa Lima Sobrinho e, futuramente, sabemos, a
Fluminense, será instalada dentro do bairro Coletivo. Quando se fala Jardim
Maracanã, ela está de frente para Jardim Maracanã, mas as turbinas dela
ficam a poucos metros da minha casa, e quando a fumaça sai, antes que
chegue no Maracanã, chega no meu nariz. Então, a minha preocupação e o
meu pedido é que prefeitura e Petrobras façam alguma coisa, porque não se
pode entrar no bairro, as mulheres que andam, nós não temos condução, as
crianças têm que sair quatro e meia da manhã para pegar um ônibus lá fora pra
ir pra escola. Aí estuda, anda três quilômetros a pé, crianças que andam até
mais pra chegarem em sua residência. E quando chega o turno da noite, chega
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onze horas, meia noite. As mulheres são violentadas no Coletivo, vocês da
Petrobras, da prefeitura, devem ter esposas. Nossa, e se as esposas de vocês
tivessem que passar por ali? Eu, graças a Deus, tenho o meu carro. Muitos ali
têm carro. Porque ladrão passa e vai levando os outros, mas quem não tem,
fica à mercê de Deus. E quando a gente passa, nós não temos iluminação, nós
não temos asfalto, nós não temos saneamento, buracos, lamas. O pessoal que
trabalha com vocês esteve lá dentro, estava parado sem saber se podia
passar. Eu passei com o meu carro, saí e disse: pode passar, vai costurando
que dá para sair da lama. Então, eu gostaria de saber, representante da
Petrobras, o presidente do Inea e o nosso representante aqui da prefeitura,
porque se o senhor está aqui, o senhor tem a sua responsabilidade. E pro
Coletivo? O que é que sobra? Né? Um empreendimento como é a Petrobras, já
temos uma usina lá dentro. Nossa, nós somos a favor do progresso, nós
queremos o progresso na nossa comunidade, no nosso município, mas a gente
quer dignidade. Não dá mais pra você entrar numa comunidade onde não tem
uma lâmpada pra passar. E eu olho pro lado e a UTE Barbosa Sobrinho
iluminando o céu. Então, eu peço da minha parte fica registrado aqui que eu
sou a favor que o empreendimento venha, agora eu acho que não pode
acontecer mais é a Petrobras diz: é prefeitura; a prefeitura: não temos dinheiro.
Poxa, se a Petrobras é a dona do petróleo, ela faz o asfalto, ela tem a ação
dela, ela pode muito bem fornecer um acordo com a prefeitura e fornecer uma
matéria-prima mais barata, porque é muito triste, vocês moram lá embaixo,
vocês chegam aqui pra trabalhar, vocês não tem noção do que é morar aqui
em cima. Então, se a gente não tem vocês pra nos ajudar, quem é que vai nos
ajudar. Eu quero dizer que sejam bem-vindos da minha parte, da parte do meu
bairro, mas a gente espera de vocês dignidade para conosco. Ok?
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Ta ok, Edilene. Muito obrigado. Muito bem colocado. Eu acho que o que você
falou vai exatamente ao encontro do que a vereadora Maria José falou. Vem só
somar. De qualquer forma, eu acredito que além do ofício que a Maria José vai
encaminhar, como a Audiência Pública ela está sendo gravada, depois ela vai
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ser transcrita e fará parte dos autos do processo. Então, todas as
manifestações que forem feitas aqui estão sendo registradas e serão avaliadas
também. O Azevedo que é o último que quer fazer o uso da palavra e depois o
professor Adacto, pra encerrar. Por favor, aqui, Azevedo, né? Não espera aí,
desculpa. É, ah, Gidiel, é ta bom, desculpa. Ele estava do teu lado aí. Dá o
microfone ali pro Gidiel, por favor. Eu só peço que seja breve, tá, Gidiel, na sua
colocação.
Sr. Jediel:
Boa noite à mesa num todo e quero expressar, eu não posso expressar tão
bem quanto a Maria José, mas é o mesmo sentimento que eu tenho a respeito
de tudo o que vem acontecendo ao longo desses anos. É porque eu vejo
aquela UTE ali como um elefante que eu não sei a cor. Que foi comprado pelos
EUA e não trouxe nenhum benefício para o bairro. Eu creio que, a parte de
economia, temos que crescer. O crescimento econômico é muito importante,
mas pra mim, o que vale, é viver bem, respirar bem, porque quando nos
falaram que esta instalação não vai acontecer nenhum impacto ambiental, vai
sim. Todos nós sabemos e nós não temos que ouvir a voz do prefeito, respeito
muito bem, o vice, o prefeito Zé Anabal, nós temos que ter palavra, nós temos
que ser responsável por nós mesmos, porque nós que moramos aqui. Não é o
Zealdo que mora aqui. Não são os prefeitos que moram aqui, é a população
que mora aqui. E nós temos que pensar muito bem. É um processo, nós
estamos num processo. Temos que abrir os nossos olhos e estar atento. E
esse ofício que a Maria José vai fazer, espero que o faça, pra nos abençoar,
porque não tem ninguém por nós mesmo. Jardim Maracanã não existe. Nem
estrada pra levar meus filhos para estudar no município pode. Eu levo lá em
Queimados e pago uma van porque não temos estrada. As pessoas me
chamam de gari porque eu cuido da minha frente. Hoje mesmo, “oi, gari!”.
Pastor Gidiel é gari. Eu, hoje, estava cuidando do meu espaço senão as
demais manilhas vão furar. Já tem um boneco lá, eu vou botar mais um em
frente a minha casa, porque o Poder Público de Seropédica é uma vergonha.
Eu espero que esse novo governo que entrou e diz que vai fazer, faça, porque
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nós estamos à mercê de Deus e da misericórdia de alguns que cooperam com
o nosso bairro. Então, tem muita coisa pra falar, ele pediu pra que eu fosse
sucinto. Eu espero que, então, que as palavras da Maria José sejam pra todos
nós do bairro Maracanã.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Muito obrigado Jediel. Agora, para finalizar, o Professor Adacto, está ali à
esquerda.
Sr. Adacto Ottoni:
Boa noite, eu vim aqui para perto, pra chegar mais rápido. Olha só, eu tinha
quatro questionamentos dessa Audiência Pública, aspectos que eu considero
relevantes em um estudo ambiental, e que eu não vi serem apresentados aqui,
então eu estou levando esses questionamentos como contribuição para o
INEA, para que seja rigoroso nesse detalhamento e que lamento, que eu pelo
menos sai daqui sem esses esclarecimento desses quatro aspectos. Primeiro
um plano de contingências, se houver algum acidente, como foi dito uma
explosão, qual é o plano de contingência? Ah, não vai afetar a área, mas o que
que vai ser feito? Então isso não foi apresentado nem sequer foi citado um
plano de contingência pro empreendimento casa haja algum acidente
ambiental. Primeiro questionamento. Segundo questionamento, foi apresentado
aqui no EIA RIMA um plano de monitoramento da água subterrânea, dos
corpos hídricos superficiais, mas não foi dito qual é a freqüência do
monitoramento, estou me baseando no que foi apresentado na Audiência
Pública. Se for uma freqüência trimestral eu vou ficar preocupado. Porque se
houver algum vazamento vamos esperar três meses pra você resolver o dano,
então, é muito importante, por que você pode implantar algum dispositivo de
um monitoramento parcialmente sensorizado, fazer de forma mais rápida,
deixar o monitoramento maior, mas isso é algo que tem que ser avaliado e não
foi dito qual é a freqüência do monitoramento em relação ao lençol freático, em
relação às águas superficiais que estão no entorno do empreendimento.
Terceiro questionamento, que no meu entender é o mais relevante sobre o
aspecto ambiental, e eu não vi uma palavra nesse aspecto. Se citou
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efetivamente que um dos impactos do empreendimento são resíduos sólidos,
líquidos e gasosos, foi dito aqui. No entanto, eu saí com um branco. Qual é o
processo de tratamento? Eu não sei. Não foi colocado na Audiência Pública.
Como é que vai ser feito o tratamento do resíduo gasoso? Qual é o
equipamento? O resíduo sólido, como que vai se fazer esse manejo? Vai ter
resíduo líquido? Vão ter óleos? Qual é o processo de tratamento? A gente vai
vir para uma Audiência Pública o aspecto ambiental mais importante, o que que
foi feito? Nada. Não foi falado nada. Eu saio daqui sem saber do aspecto
ambiental mais importante, qual é o tratamento, quais são os processos? Eu
gostaria que numa Audiência Pública que fosse apresentado com detalhes isso
que é a angústia da população. Se houver algum acidente ambiental qual é o
processo de tratamento que está sendo feito, para ter tranqüilidade que esses
resíduos que são elementos impactantes, eles vão ser atacados de forma
adequada e qual é o processo, até mesmo para suscitar a dúvida de alguém
aqui, que ninguém teve dúvida porque não foi apresentado. E o último impacto,
o último questionamento, que eu acho que é importante, com relação ao
monitoramento ambiental, se vai se tratar o resíduo, você tem que monitorar o
resíduo bruto e gasoso. Por que não adianta você ter tratamento, se a estação
de tratamento não funciona bem você vai danificar o meio ambiente. Então nós
temos que tratar não só o meio ambiente no entorno mas tem que ter o
tratamento do resíduo antes e depois do tratamento. Qual é? Como é que vai
ser feito esse monitoramento e qual é essa freqüência?
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Está ok. Obrigado Professor Adacto. Só para registrar o Professor Adacto
procurou a mesa no intervalo e disse que queria registrar uns questionamentos,
estão aqui os questionamentos, ele pediu um recebimento, e pediu que o INEA
atentasse para esses quatro tópicos que ele levantou aqui quando da
elaboração do parecer final. Em momento algum você falou que gostaria da
resposta no memento, mas eu não vejo o menor problema, até porque você
mesmo falou que não teve acesso ao EIA RIMA, você só em cima das
apresentações. Mas isso eu acho que a empresa até pode falar sobre o
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sistema de tratamento é esse o objetivo da Audiência Pública. Ninguém está
aqui para esconder nada. Vou passar o microfone para eles, mas sempre te
lembrando e lembrando a platéia que o detalhamento dos planos de
monitoramento e os programas, eles são feitos, no caso da expedição da
licença prévia, quando do requerimento da licença de instalação, através do
plano básico ambiental. Mas eu acredito que o pessoal da empresa possa fazer
alguns esclarecimentos sobre esses quatro tópicos que, sem dúvida nenhuma,
são importantes.
Sra. Fernanda Trierveiller (representante da consultora):
Primeiramente, realmente aqui na Audiência a gente não tem tempo para
aprofundar todos os assuntos e aqui a gente apresenta realmente alguns
tópicos. O próprio EIA ele está muito mais completo e detalhado com relação a
esses quatro assuntos que estão tratados lá. O plano de contingência, na
verdade a gente chama de um plano de gerenciamento de riscos, ele é
elaborado em função dos resultados dos Estudos de Análises de Risco que foi
elaborado e apresentado aqui. Então, existe um plano de gerenciamento de
riscos só que esse plano ele será coordenado junto com o plano já existente da
própria Barbosa Lima Sobrinho e ele é detalhado, como foi falado aqui na fase
do projeto básico ambiental. Na próxima fase. Então, o projeto básico coordena
todos os programas ambientais de forma detalhada. Aqui a gente faz uma
indicação do programa que tem que ser elaborado e aí, caso obtenha a licença,
então esse programa é detalhado. Então, com relação ao monitoramento da
qualidade da água, você comentou, ele já é feito no âmbito da Barbosa Lima
Sobrinho e ele vai ser continuando a ser feito com a mesma periodicidade que
é mensal. A qualidade da água. Porém agora considerando a entrada desse
novo elemento que seria a Baixada Fluminense, a nova UTE. Com relação aos
resíduos sólidos, você comentou, a gente fez uma estimativa do volume desses
resíduos sólidos, que seriam gerados, tanto durante a fase de implantação
quanto de operação. Esses resíduos, como eu comentei na apresentação, eles
são de variados tipos: domésticos, industriais, de construção, químicos
contaminados ou não. Então, para cada característica desse resíduo ele tem,
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conforme a legislação, um acondicionamento, um tratamento e um destino
específico. Então para cada tipo de resíduo tem uma tabela, você pode
consultar no EIA, indicando qual é a destinação adequada para cada um deles.
Seja oleoso, químico, doméstico ou de construção. Então a própria legislação
já orienta e o empreendimento tem que obedecer e isso durante todas suas
fases. O mesmo se dá para os efluentes. Você comentou com relação ao
tratamento dos efluentes, então, o projeto previu a construção de uma estação
de tratamento de efluentes, então todo o efluente gerado dentro da planta ele
será destinado a essa estação de tratamento. São também diversas
características desses efluentes, tem efluentes sanitários, tem efluente
industrial, têm efluentes de refeitórios, cada um tem sua característica variada.
Cada um desse tipo de efluente é sujeito a um tipo de tratamento, para que
quando seja lançado, após o tratamento, ele fique sempre enquadrado dentro
da legislação. O processo depende, aí é que está, se ele é do tipo oleoso ele
pode passar por uma separação de óleo e água. Cada um vai ter uma
característica. Pode ser a decantação, pode ser a própria dessalinização. Cada
tipo de efluente tem que aplicar o método para que ele saia enquadrado, em
condições de ser lançado nesse corpo hídrico. Então é um processo bastante
complicado, bastante complexo, não é um só tipo de efluente. O sanitário tem
um tratamento, o doméstico..., o pluvial tem outro, o das chuvas, e o industrial
tem outro.
Sr. Renato Costa (representante da Petrobras):
Deixa eu colocar aqui, complementando. A gente pode disponibilizar o EIA
RIMA para você e lá vai ter todo esse detalhamento que você corretamente
indagou e como a Fernanda falou, não teria tempo para a gente detalhar tudo
aqui nessa audiência.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Bom, então será encaminhado lá para o CREA, pode ser para o CREA mesmo
Adacto? O problema é o tempo, nós estamos com uma limitação da
apresentação do estudo de 45 minutos, mas de qualquer forma vai ser
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encaminhado então, ouviu Renato? Para o CREA uma cópia do EIA RIMA para
o Professor Adacto analisar. Agora para finalizar o senhor vai fazer o uso da
palavra, se identifique por favor. Acho que o senhor fez uma pergunta aqui, não
é?
Sr. Manoel Augusto de Souza:
Boa Noite, meu nome é Manoel Augusto de Souza, eu sou conhecido como
Augusto. Eu sou aqui da comissão gestora da Associação Rural dos Pequenos
Produtores dos Filhos do Sol. Eu participei do fórum anterior junto com a
Petrobras e levantamos diversos pontos e a equipe técnica que fez a
consultoria ela apresentou tudo, apresentou as respostas. Nós não podemos
condenar a Prefeitura hoje, é... Por quê? Porque o governo assumiu o governo
agora e eles estão aqui presentes aqui. E por incrível que pareça também o
povo do Jardim Maracanã também Coletivo, também estão presentes aqui.
Então isso parece, isso demonstra que a sociedade está se organizando, ela
está começando a exigir respostas. O povo está perguntando, está exigindo
por que a Petrobras ela é do governo. Quando ele exige asfalto a maioria
pertence ao governo e o governo é o povo. Então ele tem que dá resposta. O
secretário de Agricultura ele foi muito, quando ele fez o desagravo, ele foi muito
importante no ponto que ele colocou. O que adianta as empresas pagarem
valores fazerem depósitos e esse dinheiro ser migrado para outros municípios,
quando aqui nós ficamos ilhados aqui semana passada, por que não tinha
estrada. Criança deixou de ir para escola. Você olha aí onze horas da noite,
entre onze horas e duas da manhã, quem mora do lado de lá não dorme
porque a fumaça branca ela toma conta daquela área toda, porque do lado de
cá a fumaça não vem não o vento joga pra lá. Ela está correta, então se você
for verificar do lado de lá todas as crianças tem problemas respiratórios. Todas.
Então no fórum anterior eu falei com o povo de química, o povo que tava
responsável por essa parte, eu falei aumenta o cinturão verde. Vocês fizeram
um nível de plantação vocês têm que colocar do lado um outro cinturão verde
mais alto porque o eco vai fazer, vai fazer um movimento eólico e vai levar para
o outro lado, vai suspender. Então o povo ele não está agüentando mais não,
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ele está sofrendo com isso tudo. O povo ele está querendo participar da
construção quer participar da empresa, não é assim que funciona. Não é
assim. A prefeitura é que dá concessão para colocar linha de ônibus aqui
dentro mas não tem um bairro que infelizmente ele não rende. Não rende
receita pra prefeitura ter condições de jogar para cá. Porque quem é o maior,
quem é que paga mais receita aqui? A universidade é o comércio? Então
politicamente eles são obrigados a investir mais lá. A Petrobras recolhe IUM,
imposto único sobre minerais, isso vai pra Brasília. O que fica aqui? O ISS que
as empresas recolhem que fica aqui dentro. Que é mínimo. Então o governo
fica de mãos atadas, o povo, como não tem conhecimento dessa parte fica
revoltado, xingando a todos e a Petrobras é esperança sim, é a CECA sim, é
para a gente tentar prender o dinheiro que a vereadora Maria José, que coloca
aqui, o problema lá da lixeira. Porque você tenta pegar o carro de vocês e vai a
Seropédica por dentro agora com essa chuvinha fina, vocês não passam. Não
passam. Então o que que eu quero de vocês, outra coisa, o povo aqui está
querendo trabalhar. Olha gente é engano quem pensa que vai trabalhar e está
incluído nos 78 funcionários que vai trabalhar dentro da Petrobras, culpa deles,
não. Por que a Petrobras por ser uma empresa pública de capital mista tem
que ter concurso público e tem que ter pessoal gabaritado para participar lá
dentro. Sabe o que eles vão fazer? Eles vão pegar o pessoal lá de Paulineia, lá
em São Paulo, vão pegar lá da Bahia, vão pegar da própria Reduc e vai trazer
para operar aqui. Vai fazer concurso público, vai botar você lá dentro pra
aprender pra um dia chegarem aqui é assim que funciona, não adianta. Nós
temos o problema aqui de mão de obra para construção civil, todo mundo quer
trabalhar. Qual é a mão de obra que nos temos aqui gente? Você encontra
homem de 40 anos, 45 anos, 60 anos, ajudante de obras. A empresa
contratada, que se fizer a obra, se sair essa obra, que com certeza vai sair ela
não pode, ela tem a escolha, ela tem que dar a prioridade ao morador local.
Mas ela não pode inchar a folha de pagamento dela ela tem um custo. Se ela
alterar o custo dela ela vai arrumar um problemão e não vai sair obra nenhuma.
Ela tem que vender qualidade por que a Petrobras é uma empresa que mais
exige qualidade no País. Nós sabemos disso. Então o que eu quero fazer, eu
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quero que o vice-prefeito, que é a nossa maior autoridade aqui, que ele
autorize a usar o espaço aqui que eu tenho certeza que temos profissionais
competentes aqui que podemos preparar profissionais capacitá-los,
mandarmos lá para prefeitura, para prefeitura chegar e mandar para o CINE lá
e mandar para a Petrobras. Capacitar isso eu preciso de uma autorização, do
endosso do vice-prefeito, do secretário de agricultura, da vereadora Maria
José, da sociedade toda. Outra coisa também que eu quero, já que está com a
CECA, com a Petrobras e a prefeitura, nós montarmos uma comissão de
acompanhamento de obras, com todos os bairros que vão estar envolvidos que
eles possam participar disso podemos exigir como nosso amigo ali falou, como
a nossa amiga ali falou também, exigir e a Petrobras dê ouvido, porque a
Petrobras é empresa do governo, se é do governo é nossa.
Sr. Maurício Couto (presidente da mesa):
Foram registradas todas as suas colocações, muito bem colocado. Eu gostaria
de lembrar a todos que ainda temos dez dias para que sejam encaminhados à
CECA – Comissão Estadual de Controle Ambiental, na Avenida Venezuela,
110, 5º andar e também ao INEA, na Rua Fonseca Telles, 121, 8º andar todas
as manifestações que vocês quiserem, que acharam que ficou faltando, reflitam
sobre as apresentações todas. Lembrando que tudo que foi dito foi gravado,
será transcrito, essas sugestões que o Augusto colocou principalmente essa
em relação ao cinturão, foi muito bem colocado. Eu gostaria de agradecer a
presença de todos e decreto encerrada a Audiência Pública. Muito obrigado e
boa noite.