sqm 0438 - poluentes químicos e ecotoxicologia 2...
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Universidade de São PauloInstituto de Química de São Carlos
SQM 0438 - Poluentes Químicos e Ecotoxicologia
2 - Toxicocinética
Profa. Dra. Janete Harumi Yariwake
EXPOSIÇÃO ao agente tóxico
TOXICOCINÉTICA
TOXICODINÂMICA
FASE CLÍNICA
absorção, distribuição, excreção, etc.
efeito nocivo
manifestações da intoxicação (‘sintomas’)
Variações na resposta a agentes tóxicos
VARIAÇÕES INDIVIDUAIS Numa mesma espécie pode haver grande diferença na
resposta a um mesmo agente tóxico:• diferenças genéticas• sexo• idade• peso corporal• estágio de desenvolvimento (infância/maturidade/senilidade)• fatores ambientais (ex.: exposição a outros agentes tóxicos)etc.
Variações na resposta a agentes tóxicos
TOXICIDADE SELETIVA Efeitos adversos de um agente tóxico a uma espécie específica, mesmo na presença de outras.
Ex.: pesticidas (plantas x pragas)antibióticos (mamíferos x bactérias)
DIFERENÇAS INTRA-ESPECÍFICASOs efeitos adversos de um mesmo agente tóxico podem ser diferentes mesmo entre espécies próximas.
Ex.: ratos, camundongos, cobaias, hamsters.
Toxicocinética: fundamentos
TOXICOCINÉTICA - abrangência�Estudo da absorção, distribuição, excreção de um agente tóxico em um organismo vivo.�Depende da:
• via de administração do agente tóxico• biodisponibilidade
�membrana celular�propriedades fisico-químicas (lipossolubilidade, grau de ionização, carga elétrica, etc.)
MEMBRANA CELULARPrincipal barreira p/o transporte de substâncias químicas através do organismo
Tipos de transporte de substâncias químicasatravés do organismo
MEMBRANA CELULARPrincipal barreira p/o transporte de substâncias químicas através do organismo
Transporte passivo– difusão simples– filtração
Transporte especial– difusão facilitada– difusão ativa– outros (pinocitose, fagocitose) - menor importância
Tipos de transporte de substâncias químicasatravés do organismo
Tipos de transporte de substâncias químicas
Difusão simples• transporte passivo através da membrana celular• depende da espessura da membrana, vascularização,
características do agente tóxico:
( ).. io CCx
AD −= τ
τ = fluxoD = coef. difusão do ATA = áreax = espessura da membrana
(Co-Ci) = gradiente do [AT] no interior e exterior da memb. cel.
Tipos de transporte de substâncias químicas
Filtração• transporte através dos poros da membrana celular
– células glomerulares (rins): 40 A– células ‘normais’: 4 – 8 A
• moléculas hidrossolúveis, pequenas (MM ~100 – 400)• ocorre a favor de um gradiente (hidrostático ou osmótico)
( )η
τ 1..
. 2
io CCx
rA −=τ = fluxoA, r = área e raio do porox = espessura da membrana(Co-Ci) = gradiente do [AT]η = viscosidade do AT
glomérulo (repr. esquemática)
vaso sanguíneo
rim
Tipos de transporte de substâncias químicas
Difusão facilitada• formação de um complexo substância/transportador
lipossolúvel, facilitando o transporte através da membrana celular
• processo unidirecional; segue cinética de Michaelis-Menten (1ª ordem)
• pode ocorrer competição de substâncias úteis e de agentes tóxicos.Ex.: trato gastrointestinal: Pb2+ x Ca2+
Difusão facilitada
Tipos de transporte de substâncias químicasatravés do organismo
Difusão ativa• processo (+) importante para eliminação de xenobióticos• envolve gasto de energia; pode ocorrer contra um
gradiente de concentração• algumas semelhanças c/a difusão facilitada:
transportador; unidirecional; competição – rins e SNC : 2 sistemas de transporte ativo (subst.
ácidas e básicas)– fígado : 3 sistemas (subst. ácidas, básicas e neutras)
difusão passiva
(através dos canais da membrana celular)
transporte ativo
(envolve gasto de energia)
Vias de exposição de agentes tóxicos
RELEVÂNCIAPode haver grande diferença na velocidade de absorção
de um determinado agente tóxico (Consequência: diferente velocidade de manifestação da intoxicação)TIPOS• via cutânea (dérmica): + lenta• oral e gastro-intestinal• respiratória • parenteral: absorção imediata
PROPRIEDADES FISICO-QUÍMICAS DO AT
– podem afetar a absorção do AT pelo organismo
• ABSORÇÃO PELA VIA RESPIRATÓRIA– material sólido
• partículas (poeira)• fumos• fumaça
– gases e vapores – partículas líquidas
• neblina• névoas
Propriedades fisico-quimicas do AT e sua absorção
ABSORÇÃO PELA VIA RESPIRATÓRIA
– material sólido:• partículas (poeira): material obtido por desagregação
mecânica; tamanho pq, (< 30 µ) possibilitando sua permanência no ar
• fumos: partículas diferentes do material de partida, obtidas por condensação, sublimação, etc.; < 0,1 µ.Ex.: metais (óxidos)
• fumaça: partículas sólidas, obtidas por combustão de material orgânico; < 0,5 µ.
Propriedades fisico-quimicas do AT e sua absorção
ABSORÇÃO PELA VIA RESPIRATÓRIA
pulmões
traquéia
ABSORÇÃO PELA VIA RESPIRATÓRIA
alvéolos pulmonares
ABSORÇÃO PELA VIA RESPIRATÓRIA
– gases e vapores• solubilidade do AT:
– subst. lipofílicas: são mais absorvidas.Ex.: solventes orgânicos voláteis.
– subst. hidrossolúveis : ficam retidas nas vias aéreas superiores (ricas em muco - secreções aquosas). Ex.: NH3
– gases : chegam facilmente nos alvéolos pulmonares, não são retidas pelo muco. Ex.: CO, NO2
Propriedades fisico-quimicas do AT e sua absorção
Propriedades fisico-quimicas do AT e sua absorção
ABSORÇÃO PELA VIA RESPIRATÓRIA
– gases e vapores• concentração do AT: >[AT] , > a penetração Na região alveolar ocorrem os seguintes eventos:
1º: dissolução do AT – etapa regida pela p vaporAT
2º: absorção do AT – ocorre quando (p vaporAT)alveolar > (p vaporAT)sangue
3º: situação de equilíbrio; [AT]sangue cte; temos:
sangue ][
alveolarar ][
AT
ATK = K = coef. partição
– estômago (pH ~2) -absorção de ácidos fracos
– mucosa bucal: absorção de substâncias lipossolúveis
– intestino (pH ~ 6): gde
superfície de contacto; absorção de bases fracas
Propriedades fisico-quimicas do AT e sua absorção
ABSORÇÃO POR VIA ORAL E TRATO GASTROINTESTINAL
• EQUAÇÃO DE HENDERSON-HASSELBACH– permite estimar se a absorção de um AT é favorecida (ou
não) em uma determinada região do trato GIFração não-ionizada : mais lipofílica – absorção por difusão simples .
Absorção do AT pelo trato gastrointestinal
ionizada]-não forma[
ionizada] forma[log+= pKapH
ionizada]-não forma[
ionizada] forma[log+= pKbpOH
• ABSORÇÃO PELA VIA DÉRMICAEx.: intoxicação por pesticidas - trabalhadores agrícolas;
intoxicação por solventes orgânicos– absorção regida principalmente pela lipofilicidade
(difusão através das camadas cutâneas)– AT polares: a difusão pelas camadas cutâneas é
inversamente relacionada ao peso molecular– absorção: também relacionada à permeabilidade
cutânea (depende do estado da pele, diferenças entre espécies)
Propriedades fisico-quimicas do AT e sua absorção
camadas da peleser humano
Oriá et al., Anais Bras. Dermatol. 78 (4) 2003
http://ipram-es.blogspot.com.br/2010/07/pinguim-um-velho-visitante.html
Coeficiente de partição Kow
wA
oAKow
][
][=octanol
> Kow , > lipofilicidade
Kow: parâmetro muito utilizado para avaliação da bioacumulação de pesticidas
> Kow , > acumulação em materiais orgânicos (tecidos animais, alimentos gordurosos, sedimentos e solos)
água
Distribuição e armazenamento
• distribuição através do organismo: rápida• depende da afinidade do AT pelos tecidos
• hidrofilicidade x lipofilicidade• tamanho molecular
• armazenamento – principais sítios:• proteínas plasmáticas• fígado, rins• tecidos adiposos• ossos
Excreção de AT do organismo
Rotas de eliminação:• rins� órgão + importante� biotransformação do AT – forma solúvel
• excreção biliar via fecal • via pulmonar (xenobióticos voláteis)• secreções corporais: suor, saliva, lágrimas, leite
Poluentes Orgânicos: dioxinas
Itália 2008 (Campania)Contaminação da mozzarella di bufala por dioxinas
(limite EU: 3 pg/g leite)
Origem provável� plásticos (PVC): contaminação do lençol freático pelos “lixões” da região de Napolis (Crise do lixo 2007-2008: a região de Napolis não consegue coletar, aterrar ou incinerar todo o lixo urbano e industrial)
Excreção de AT do organismo
BiotransformaçãoObjetivo: transformação do AT em uma forma mais facilmente excretada (geralmente + hidrossolúvel )
� xenobióticos: sofrem biotransformação por sistemas inespecíficos. Principal sistema: citocromo P450 (células hepáticas); Outros sistemas: enzimas plasmáticas, dos tecidos renais e do trato GI.
Exemplos: biotransformação do benzeno
PAHs
Biotransformação do benzeno
Biotransformação de AT
Problema: pode haver alterações na toxicidade
• subst. tóxica não tóxica
• subst. tóxica tóxica (< toxicidade)• subst. não tóxica tóxica• subst. tóxica tóxica (> toxicidade)
Ex.: PAHs
Excreção de AT do organismo
Excreção renal� biotransformação do AT – forma solúvel
ionizada]-não forma[
ionizada] forma[log+= pKapH
ionizada]-não forma[
ionizada] forma[log+= pKbpOH
Fração ionizada : mais hidrofílica – mais facilmente excretada pela urina.
EXPOSIÇÃO ao agente tóxico
TOXICOCINÉTICA
TOXICODINÂMICA
FASE CLÍNICA
absorção, distribuição, excreção, etc.
efeito nocivo
manifestações da intoxicação (‘sintomas’)
Princípios da Toxicologia: Definições
DL50 = dosagem de uma substância necessária para causar a morte de 50% dos animais tratados
(DL50: expresso em mg/Kg peso corporal)
Princípios da Toxicologia: Definições
tratamento estatístico (% resposta em probitos)
curva dose/resposta
Toxicodinâmica: curva dose-resposta
curva dose/resposta
Os efeitos de um agente tóxico (AT) sobre um organismo dependem da quantidade absorvida do AT.
Porém, é importante lembrar que a toxicidade de um AT qualquer pode ser influenciada se houver outras substâncias químicas presentes.
Toxicodinâmica: curva dose-resposta
curva dose/resposta
Os efeitos de um agente tóxico (AT) sobre um organismo dependem da quantidade absorvida do AT.
Porém, é importante lembrar que a toxicidade de um AT qualquer pode ser influenciada se houver outras substâncias químicas presentes.
SINERGIA = QUANDO O EFEITO DE DUAS SUBSTÂNCIAS EM CONJUNTO É MAIOR DO QUE O EFEITO DAS SUBSTÂNCIAS EM SEPARADO.
Toxicodinâmica: sinergia
A toxicidade de um AT qualquer pode ser influenciada se houver outras substâncias químicas presentes.
SINERGIA = QUANDO O EFEITO DE DUAS SUBSTÂNCIAS EM CONJUNTO É MAIOR DO QUE O EFEITO DAS SUBSTÂNCIAS EM SEPARADO.
Ex. 1: álcool e depressivos do SNC (sedativos, opióides, anestésicos gerais).
O álcool exacerba (= aumenta) o efeito destas substâncias depressivas.
Ex. 2: toxicidade de pesticidas. Há suspeitas de que a mistura de
algumas classes de pesticidas (piretróides, organofosforados) é mais tóxica do que o uso isolado destas substâncias.
Ex. 3: antioxidantes naturais A capacidade antioxidante de
substâncias polifenólicas em alimentos é maior do que das substâncias isoladas .