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Sport+4ALL Active & Included Português Manual de Práticas Inovadoras na Oferta de Serviços de Desporto para Pessoas com Deficiências e Incapacidades 2015 - 2017

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Sport+4ALLActive & Included

Português

Manual de Prát icas Inovadorasna Oferta de Serviços de Desporto para Pessoas com Deficiênciase Incapacidades

2015 - 2017

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Para a informação teórica contida neste manual, foram usados vários recursos científicos, teóricos, entre outros. Devido ao propósito do manual, o consórcio decidiu não incluir referências no corpo de texto, listando-as no final do documento.

Graphic design of the handbook byDeborah Xausa - Creative Designer | Vicenza - Italy

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Este projeto foi financiado com o apoio da Comissão Europeia.Esta publicação reflete somente as visões dos autores, não podendo a

Comissão Europeia ser responsabilizada por qualquer uso que possa ser feito da informação nela contida.

Manual de Prát icas Inovadorasna Oferta de Serviços de Desporto para

Pessoas com Deficiências e Incapacidades2015 - 2017

Sport+4ALLActive & Included

Contrato n.º2014-3140/015 (557136-EPP1-2014-IT-SPO-SC)

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CONTEÚDO

1. Introdução

2. Propósito do manual

3. Descrição dos parceiros

4. Elementos-chave de sucessoa. Comunicaçãob. Envolvimento de utilizadoresc. Parceriasd. Motivaçãoe. Envolvimento dos profissionais

5. Resultados a. Inclusãob. Benefícios para a saúdec. Vida ativa

6. Conclusões

7. Questões frequentes

8. Referências

9. Créditos

p. 6

p. 20

p. 21

p. 28p. 28p. 32 p. 46 p. 51 p. 58

p. 60 p. 60

p. 67 p. 71

p. 76

p. 78

p. 82

p. 84

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6 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

IntroduçãoContexto do projeto

Conforme declarado no livro branco sobre desporto, de 2007, e reiterado pela COM (2011) – Desenvolver a Dimensão Europeia do Desporto, “o Desporto é um fenómeno social e económico em crescimento e com um contributo importante para os objetivos estratégicos da União Europeia em termos de solidariedade e prosperidade”. O documento diz ainda que “o Desporto é uma área de atividade humana de grande interesse para os cidadãos europeus e com um grande potencial para chegar a todas as pessoas e as reunir, independentemente da sua idade ou origem social”. Além disso, o desporto é um instrumento fundamental para melhoria da saúde pública.

O projeto Phan (acordo de financiamento EU 2009-52-02) destaca que “na Europa, quase um milhão de mortes por ano se devem a insuficiente atividade física”.

No documento “Uma estratégia global para a dieta, atividade física e saúde”, da Organização Mundial de Saúde, é mostrada evidência que liga inatividade física a um maior risco de doenças crónicas, incluindo doença cardíaca coronária, acidente vascular cerebral isquémico, Diabetes tipo 2, cancro da mama e cancro colorretal.

Os efeitos nocivos para a saúde advindos de inatividade física são ainda agravados pela ligação a consequências económicas negativas: o custo anual de problemas de saúde diretamente imputáveis a inatividade estima-se que seja na ordem de milhares de milhões de euros; o custo por Ano de Vida Ajustado à Qualidade (QALY) mostra que a relação de custos entre atividade física e terapia podem ser ligadas num rácio de 1:100.

Por oposição aos dados do mais recente Euro-barómetro sobre desporto, que mostra que 41% dos cidadãos europeus fazem exercício ou praticam desporto pelo menos uma vez por semana, uma fatia preocupante constituída por 59% dos inquiridos diz não praticar de todo ou raramente.

Os cidadãos europeus praticam menos desporto que o desejado.As pessoas com deficiências e incapacidades (PCDI) praticam menos desporto.As pessoas com deficiências graves menos ainda.Os problemas parecem verificar-se tanto no lado da oferta como da procura.

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7Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Temas, desafios, e estatísticasrelacionadas com Desporto e Deficiência

O Fórum Europeu da Deficiência identifica que, na União Europeia, num universo de 50 milhões de pessoas, entre 10 e 15% têm deficiências e incapacidades. O Relatório Mundial de Deficiência (World Report on Disability – WRD) estima que as PCDI constituam 15% da população, i.e., entre 110 a 190 milhões de pessoas.A tabela abaixo sumaria os dados sobre prevalência disponíveis na literatura (Brown et al., 2005).

Pessoas com deficiências e incapacidades

Pessoas sem deficiências e incapacidades

Vida ativa Quase 70% não atingem o nível recomendado de combinação entre tempo de lazer, transporte e atividade física doméstica

60% de seniores sem deficiências não atingem o nível recomendado de combinação entre tempo de lazer, transporte e atividade física doméstica

Estima-se que seja mais elevado em pessoas com alterações nas funções intelectuais (variando entre 522 e 643min/dia)

Sem dados objetivosVida sedentária

27,9% 52,2%Participação em desporto / atividade física 17,8% 30 minutos uma vez por

semana39,2% 30 minutos uma vez por semana

20,1% masculino15,5% feminino

Sem diferenças

Relação positive entre limitações na mobilidade e prevalência de inatividade

Sem diferenças

Probabilidade 50% maior de uma ou mais doenças crónicas

Mortalidade adiada pelo envolvimento regular em atividade física

Pessoas entre 20 e 25 anos que praticam são muito menos que as pessoas sem deficiências e incapacidades. Com o aumento da idade, prevalência de PCDI é menor.

Pessoas entre os 20 e 0s 25 anos participam mais que pessoas mais velhas.

Prática de desporto

Pessoas com limitações nas funções visuais e auditivas apresentam o menor nível de participação (12% para pessoas com alterações nas funções visuais)

Sem distinções entre subgrupos

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8 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

... People with disability... People without disability

O DESENHODO PROJETO

Em 2014, estas problemáticas mobilizaram sete centros de reabilitação / organizações relacionadas com a deficiência, provenientes de sete países europeus para:

1. Acordarem um nome simpático para a sua parceria2. Criarem um logótipo original3. Iniciarem trabalho conjunto pela Europa fora

PORQUÊ?

DESPORTO: segundo o livro branco do desporto da Comissão das Comunidades Europeias, é “qualquer forma de atividade física que, através de participação organizada ou não, tem o objetivo de expressar ou melhorar a condição física e psíquica, desenvolvendo relações sociais ou obtendo resultados em competições a todos os níveis”.

Axioma do projeto: O que é o Desporto?

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9Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Preocupamo-nos com saúde, inclusão e bem-estar de PCDI e por isso nos sentimos diretamente envolvidos no tema do desporto.Há um problema de participação em desporto relacionado com a procura.Mas também com a qualidade da oferta desportiva.Estes são os nossos papéis e responsabilidades, portanto, consideremos em primeiro lugar a melhoria da qualidade da nossa própria oferta desportiva para PCDI.

Contexto do projeto

Através de uma parceria colaborativaUm método definido para avaliar e melhorar aspetos-chave na qualidade da nossa oferta

Como comunicar as nossas atividades?Como estruturar a nossa parceria?Como avaliar as competências e a motivação dos utilizadores?Como gerir as nossas atividades desportivas?Que habilidades e competências devem ter os nossos monitores?Como avaliar o impacto nos utilizadores e os benefícios das atividades desportivas?

Contexto do projeto: Abordagem colaborativa

Financiamento da União EuropeiaUma metodologia definida (benchmarking e benchlearning)Agenda de reuniões internacionais

COMO?

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10 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Manual

Recomendações para a gestão inclusiva de atividades em clubes

desportivos

Ferramenta de avaliação de capacidades para a

prática desportiva

Perfil de competências necessárias para

monitores de desporto para a provisão de

desporto para PCDI

Estudo Desporto para PCDI – HEPA para >50

A – Centros operando na área das deficiências, oferecendo atividades de alta qualidade (de treino ou reabilitação) para o apoio à atividade física e ao desporto

B – Produzir resultados a serem disseminados como contributos para outros centros e clubes desportivos de modo a facilitar o acesso e a melhorar a oferta desportiva a PCDI• ManualdePráticasInovadorasnaOfertadeServiçosdeDesportoparaPessoas com Deficiências e Incapacidades• Recomendaçõesparaagestãoinclusivadeatividadesemclubesdesportivos• Ferramentadeavaliaçãodecapacidadesparaapráticadesportiva• Perfildecompetênciasnecessáriasparamonitoresdedesportoparaaprovisão de desporto para PCDI• EstudoDesportoparaPCDI–HEPApara>50

C – Proporcionar uma experiência positiva para todos os utilizadores apoia a procura de desporto para todos, quer em termos quantitativos quer qualitativos

D – Expandir e participar noutras experiências desportivas, práticas e colaborações como parte de um tema comum.

Objetivos

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11Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Descrição dos perfis utilizadoresenvolvidos nas atividades do projeto

Adultos com deficiência neurológica ou degenerativa

Público-alvo

ODC

Adultos com alterações nas funções motoras, mentais e sensoriais com lombalgia, e dificuldades relacionadas com o coração e respiração.

VRC

Adultos com deficiência neurológica ou degenerativaCRPG

Jovens (16 – 19) com alterações nas funções mentaisBBW

PCDI em idade ativaASTANGU

Pessoas com problemas de saúde mentalINTRAS

Pessoas vivendo com deficiências, autismo e lesão encefálicaCEDAR

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12 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

“Atividade física”, “Exercício”, “Forma física” e “Função física” são termos que descrevem conceitos diferentes. Contudo, são por vezes confundidos e usados indistintamente. Há um maior consenso em torno dos termos “Atividade Física Adaptada” e “Desporto Adaptado”.

Qualquer movimento do corpo produzido por músculos esqueléticos que resultem em gasto de energia. O gasto de energia por ser medido em quilocalorias. A atividade física na vida diária pode ter diferentes categorias:- Ocupacional, desportiva, exercício condicional (e.g. reabilitação funcional), atividades domésticas ou outras atividades envolvendo o gasto de energia.

O termo tem sido usado indistintamente de “atividade física”, ambos tendo um conjunto de elementos em comum. O exercício é atividade física que é planeada, estruturada, repetitiva e com um propósito, no sentido em que tem por objetivo a melhoria ou manutenção de uma ou mais componentes da forma física.

É um conjunto de atributos relacionados quer com a saúde quer com competências e que são mensuráveis. Aqui se incluem a aptidão cardiorrespiratória, força muscular e resistência, composição corporal e flexibilidade, equilíbrio, agilidade, tempo de reação e potência.

Capacidade de um indivíduo para realizar as atividades físicas da vida diária. A função física inclui a funcionalidade motora e o controlo, a forma física e a atividade física diária, sendo um preditor independente de independência funcional, incapacidade, mobilidade e mortalidade.

A palavra provém do francês “desport” que, numa tradução livre, significa lazer. A palavra trazida para o inglês foi usada para descrever qualquer atividade física ou de lazer com um ou mais participantes.

O termo refere-se a desporto praticado especificamente por PCDI.

Houve numerosas definições e debate em torno do termo ao longo dos anos. A definição de incapacidade dada pela Organização Mundial de Saúde na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde é a seguinte: “é um termo genérico (“chapéu”) para deficiências, limitações da atividade e restrições na participação. Ele indica os aspetos negativos da interação entre um indivíduo (com uma condição de saúde) e seus fatores contextuais (ambientais e pessoais)”. As Nações Unidas definem pessoas com deficiências como pessoas com deficiências a longo prazo de carácter motor, mental, intelectual ou sensorial, que, na interação com várias barreiras, pode

Atividade física

Exercício

Forma física

Função física

Desporto

Desporto adaptadoDeficiência

Clarificaçãoda terminologia

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impedir a sua participação plena, efetiva e em igualdade na sociedade. A incapacidade pode ser experienciada por qualquer pessoa em qualquer momento da sua via.

Consiste numa ou mais intervenções desenhadas para facilitar o processo de recuperação de dano corporal, doença com o propósito de restaurar, em parte ou na totalidade, capacidades motoras, sensoriais e mentais. Inclui também assistência à compensação em casos onde não há reversão médica possível.

Atividade física regular e exercício estão associados à melhoria de capacidade funcional, independência e reduzem o risco de várias doenças.Um estilo de vida fisicamente ativo aumenta a sensação de “energia”, bem-estar, qualidade de vida e função cognitiva, estando também associado a um menor risco de declínio cognitivo e demência.

As incapacidades podem ter impactos negativos nos autocuidados e nos níveis de atividade. Segundo a Active People Survey de 2004, citado no website Disabled World (www.disabled-world.com/sports):- 72,1% de PCDI não praticam Desporto ou atividade física, por comparação com 47,8% das restantes pessoas.- 17,8% de PCDI praticam desporto uma vez por semana durante 30 minutos, comparados com 39,2% dos restantes.- Entre as PCDI, as pessoas do sexo masculino são mais propensas a praticar desperto que as do sexo feminino. - 20,1% dos homens com deficiências e incapacidades praticam desporto uma vez por semana durante 30 minutos, por comparação com 15,5% de mulheres com deficiências e incapacidades.- A participação de PCDI é transversalmente mais baixa comparada com pessoas sem deficiências e incapacidades, mas mais marcada entre o grupo 20-25 anos.- O menor nível de participação verifica-se entre pessoas com alterações nas funções auditivas e visuais.- Nem todas as PCDI podem atingir os níveis recomendados de atividade, mas é claramente possível para a maioria a realização de certos tipos de atividade física.

As pessoas com deficiências e incapacidades reportam níveis menores de atividade física e qualidade de vida relacionada com a saúde que pessoas sem deficiências e incapacidades, pelo que é importante identificar os fatores que motivam as pessoas a serem fisicamente ativas. Há estudos que indicam que os preditores da prática de atividade física entre PCDI são a atitude e o controlo comportamental percebido. Do modo a garantir a manutenção de um programa de exercícios, os terapeutas e monitores desportivos “devem primeiro enfatizar estratégias cognitivas e motivacionais, tal como a

Reabilitação

Benefícios da atividade física para adultos sem deficiências e incapacidades

Atividade física e deficiência

Atividade física e motivação/barreiras entre PCDI

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importância da atividade física, os pensamentos positivos acerca da participação no exercício, bem como os benefícios do exercício antes de implementar estratégias comportamentais como o suporte social, definição de objetivos e auto-recompensa” (Kosma et al., 2012).

Definições de “benchmarking” e “benchlearning”Benchmarking (avaliação comparativa) é um método para comparação de performance, atividade, função e/ou um processo de uma organização com “a melhor prática” de um conjunto de organizações. Com base nesta comparação, podem ser medidos parâmetros que facilitem a aprendizagem e melhorem a performance. Bechmarking é também o processo de determinar quem é o melhor, aquele que define o standard e que standard é esse. Benchmarking consiste simplesmente na realização de comparações com outros e na aprendizagem de lições a partir do que estas comparações revelam.Benchlearning (aprendizagem comparativa) é o processo de aprendizagem para melhoria de práticas através da partilha de conhecimento, informação e, por vezes, de recursos. O Bechlearning é um processo ativo e contínuo, considerado uma das formas mais produtivas de aprendizagem entre adultos e um modo eficiente de introdução de mudanças. O objetivo é o de aprender a partir das forças e boas práticas de outros, aprender o que os outros fazem melhor, procurar inspiração dentro do próprio trabalho e aprender, evitando, erros que outros tenham já cometido.

Elementos-chave em benchmarkingO processo envolve mais que uma atribuição de pontuação. Não raras vezes, é uma forma de comprar e medir a estratégia e a performance de uma organização por comparação com “o melhor aluno” entre os prestadores de serviços sociais no sector. O objetivo deste tipo de benchmarking é identificar boas práticas que possam ser adotadas e implementadas pela organização com o propósito de melhorar a sua performance. Este processo pode ser dividido em oito fases:1. Identificar as funções, atividades ou processos a incluir no benchmarking;2. Categorizar a importância de cada tópico;3. Determinar elemento de comparação;4. Reunir informação para benchmarking;5. Identificar lacunas ou variações na performance;6. Determinar como aprender a partir do “melhor aluno” (benchlearning)7. Implementar as mudanças (bench action) das áreas de benchlearning8. Garantir a melhoria contínua dos serviços.Esta não deve ser uma atividade pontual, mas antes uma melhoria contínua e um processo de gestão de mudança. Benchmarking faz por isso parte da gestão de qualidade de uma organização.

Benchmarking

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Benchmarking tem dois elementos-chave: comparar e melhorar. A comparação é feita de modo a identificar e a determinar a performance da organização (e as suas causas): Qual a performance da organização em determinadas áreas a partir de diferentes perspetivas (clientes, funcionários, financeira, etc.)? Quais são as causas desta performance? Que métodos foram aplicados pelo “melhor aluno” nesta matéria?Portanto, neste processo, a organização deve estar ciente dos seus clientes e da sua concorrência. Esta comparação é a fase anterior à fase de melhoria: as forças e fraquezas internas, os elementos-chave de sucesso e os fatores de insucesso devem ser determinados, identificando novos métodos e ideias.

Tipos de benchmarkingPodem ser aplicados dois tipos: operacional e estratégico.O benchmarking operacional foca-se numa atividade, com um ponto de partida focado no interior: o objetivo é aumentar a eficiência da atividade selecionada, diminuir custos ou melhorar um determinado aspeto.No benchmarking estratégico, os pontos de partida são o mercado e/ou os clientes: o prestador de serviços quer com este processo mudar a sua posição no mercado, responder eficientemente às necessidades dos clientes ou acrescentar valor aos seus serviços para benefício dos clientes.No projeto Sport+4ALL foi usado o benchmarking operacional.

Projeto Sport+4ALL: duas formas de medir performanceO benchmarking e a medição de performance são complementares. No último caso, a performance do processo é comparada com normas internas, objetivos, critérios e standards. No projeto Spot+4ALL, a organização trabalha com indicadores de performance para medir os resultados esperados no projeto e nas suas próprias iniciativas desportivas.

O desafio do benchmarking: indicadores efetivosUm indicador aponta para um aspeto ou condição. Tem como propósito evidenciar quão bem uma iniciativa desportiva, ou de melhoria, está a funcionar. Na eventualidade de um problema, um indicador pode ajudar a definir que direção tomar para o resolver. Os indicadores são tão variados quanto variadas forem as atividades e as medidas de melhoria que eles monitorizam. No entanto, há certas características que têm em comum:1. Indicadores efetivos são relevantes; revelam alguma coisa sobre a atividade que precisamos de conhecer.2. Indicadores efetivos são fáceis de perceber, mesmo para leigos;3. Indicadores efetivos são fiáveis; podemos confiar na informação que o indicador nos dá.4. Por último, os indicadores efetivos são baseados em dados acessíveis; a informação está disponível ou pode ser compilada enquanto ainda há tempo para agir.Os indicadores podem ser úteis como mediadores ou substitutos para

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medir condições que, pela sua complexidade, não permitem medições diretas. Por exemplo, é difícil medir a “qualidade de saúde e de vida” porque há uma miríade de elementos que a compõem e porque as pessoas podem ter diferentes opções sobre quais os elementos mais importantes. Um substituto muito simples seria “número de indivíduos que participam em atividades desportivas antes e depois da implementação da iniciativa/ação”. Além de serem quantificáveis, os indicadores têm as características listadas acima, que são:

1. RelevantesUm indicador deve cumprir o propósito de medir. Como indicadores, tanto um medidor de combustível como um boletim de notas medem factos que são relevantes. Se, em vez de medir a quantidade de combustível no depósito, o medidor de combustível mostrasse o índice de octanas na gasolina, não nos daria informação sobre quando encher o depósito. Do mesmo modo, um boletim de notas que indicasse o número de lápis usados pelo aluno seria um mau indicador de performance académica.

2. EntendíveisPrecisamos de saber o que o indicador nos está a dizer. Há muitos tipos de medidores de combustível: alguns têm um ponteiro que se move entre marcas de “cheio” e “vazio”; outros usam luzes para o mesmo efeito; alguns mostram a quantidade de litros de combustível disponíveis no depósito. Embora sejam diferentes, todos são entendíveis para o condutor. Da mesma forma, diferentes escolas têm formas diferentes de reportar performance dos alunos: algumas usam notas de A a F; outras usam números de 100 a 0; outras ainda usam comentários escritos. Todas expressam o progresso ou falta de progresso dos alunos de modo entendível para quem lê o boletim de notas. Um medidor de combustível que mostrasse o número de BTUs disponíveis no depósito não ajudaria a saber quando o encher e um boletim de notas que atribuísse notas em escrita grega antiga seria um mistério para a maioria. De modo a saber que ação é necessária, devemos ser capazes de perceber o que o indicador nos está a dizer.

3. FiáveisDevemos poder confiar no que o indicador mostra. Um bom monitor de combustível e um boletim preciso dão informação na qual podemos confiar. Um medidor de combustível que mostrasse um depósito vazio quando na realidade está a meia capacidade far-nos-ia parar para gasolina antes do tempo; se nos indicasse meia capacidade quando na realidade está quase vazio, far-nos-ia ficar sem gasolina num local inconveniente. Do mesmo modo, se as notas de um/a aluno/a fossem mal reportadas, um estudante de honra poderia ser enviado para aulas de compensação e o/a aluno/a que necessitava de apoio extra ficaria sem ele. Um indicador só é útil quando sabemos

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que podemos confiar naquilo que nos está a dizer. Fiabilidade não é o mesmo que precisão. Quando o medidor de combustível indica um depósito vazio, sabemos que ainda há combustível de reserva. O medidor reporta ligeiramente abaixo do valor de forma fiável. Um indicador não tem necessariamente que ser preciso, tem, sim, que dar uma imagem fiável do sistema que está a medir.

4. Dados acessíveisOs indicadores devem fornecer informação atempada, enquanto há tempo para agir. Por exemplo, se um medidor de combustível só nos fornecesse informação quando o motor fosse ligado, depois de várias horas de condução o indicador já não seria válido. Do mesmo modo, um boletim de notas entregue uma semana antes do término do curso chegaria demasiado tarde para providenciar suporte à/ao aluno/a.

O método de benchlearning no projeto Sport+4ALLO primeiro aspeto clarificado pelos parceiros foi a resposta à pergunta: “POR QUE RAZÃO querem os parceiros aplicar o método de benchmarking nas suas atividades desportivas”? A resposta teria impacto sobre COMO poderiam comprar as suas atividades desportivas e QUE informação seria comparada. É importante começar com o “porquê” antes de avançar para a identificação de indicadores.As respostas possíveis são:• Paramostrartransparêncianomodocomoasatividadessãooferecidas• Paramostrartransparêncianosresultados(impacto)dasatividades desportivas nos clientes• Paraposicionar(classificar)asatividadesdesportivaseidentificar o melhor prestador (identificar boas práticas)• Paraaprendercomoutrasatividadesdesportivaseparaimplementar melhorias/mudanças nas suas próprias atividades desportivasA variação nas respostas implica o uso de diferentes métodos e formas de trabalhar.No projeto Sort+4ALL, a resposta n.º 4 “Para aprender com outras atividades desportivas e para implementar melhorias/mudanças nas suas próprias atividades desportivas” foi enfatizada nas atividades de benchmarking. De modo a alcançar o objetivo n.º 4, foram dados os seguintes passos:

Passo 1Cada parceiro expressou o que gostaria de aprender (de mudar) nas atividades desportivas da sua organização (parte-se do princípio que todas as atividades desportivas estão baseadas nas necessidades e expectativas dos utilizadores). De modo a obter uma visão geral das necessidades e expectativas, o projeto levou a cabo um levantamento

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necessidades de aprendizagem entre os parceiros. Este levantamento foi feito de forma sistemática, tendo o subcontratado desenvolvido um questionário (tendo em conta os elementos-chave do projeto: comunicação, envolvimento de utilizadores, continuidade dos serviços, avaliação e planeamento, avaliação de resultados e competências dos profissionais) (ver candidatura do projeto Sport+4ALL).Os parceiros tiveram a oportunidade de ajustar o questionário de acordo com as suas necessidades e expectativas. O subcontratado compilou e analisou as respostas. Os resultados foram apresentados e todos os parceiros tiveram oportunidade de expressar as suas prioridades na lista de necessidades.

Passo 2Com base no passo anterior, identificaram-se as prioridades. Os resultados da análise mostraram dois tipos de prioridades: prioridades individuais de aprendizagem e prioridades comuns de aprendizagem de dois ou mais parceiros. Os parceiros decidiram então COMO usar estar prioridades para benchmarking. Para cada prioridade, foram definidos objetivos S.M.A.R.T., assim como indicadores para aprendizagem bem-sucedida. Cada parceiro definiu para si próprio um projeto específico acerca do qual gostaria de aprender e que gostaria de implementar: nome da iniciativa, descrição sumária da iniciativa, objetivo, público-alvo, atividades principais a implementar e modos de avaliação de sucesso.Depois do passo 2, todos os parceiros estavam cientes do PORQUÊ do benchmarking e do tipo de informação que seria necessária da parte de um ou mais parceiros.

Passo 3O benchmarking compara informação sobre o contexto (situacional e cultural), o propósito/objetivo das atividades desportivas (e.g. promoção da saúde, melhoria de performance individual, competências sociais, prazer e lazer, etc.), características das atividades desportivas (individuais, em equipa, competição), público-alvo (tipos de deficiências abrangidos), tipos de atividade desportiva (características motoras/intelectuais necessárias à participação) e informação sobre elementos-chave do projeto: comunicação, envolvimento de utilizadores, continuidade dos serviços, avaliação e planeamento, avaliação de resultados e competências dos profissionais.Este modelo de benchmarking foi desenvolvido e proposto pelo subcontratado enquanto este compreendia e analisava a oferta de atividades desportivas sob o benchmarking. Foram identificados indicadores/características no modelo de modo a que as atividades desportivas pudessem ser comparadas e relacionadas com as necessidades de aprendizagem dos parceiros. Os parceiros tomaram

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19Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

as decisões finais sobre a informação que gostariam de ver no benchmarking.

Passo 4Depois da visão geral, vários parceiros com contextos, atividades desportivas ou públicos-alvo similares decidiram aprender uns com os outros pela troca de práticas e processos de trabalho. Deste modo, a informação de comparação (benchmarking) foi ligada aos objetivos de aprendizagem dos parceiros. Estes objetivos foram avaliados e mostram o sucesso do projeto. O benchmarking foi posto em pratica de modo a que a informação pudesse ser comparada e que os objetivos de aprendizagem pudessem ser alcançados.Para cada passo, o subcontratado desenvolveu treino e ferramentas (em consulta com os parceiros) de modo a garantir que a informação compilada era exaustiva e útil para o passo seguinte.

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Propósito do manualA estrutura do manual apresenta informação sobre o design, os objetivos e o contexto do projeto Sport+4ALL. São descritos os conceitos fundamentais e contributos para a criação de um ambiente inclusivo para pessoas atualmente excluídas ou impedidas de participar em atividades desportivas para integração de âmbito terapêutico, de saúde e social. Os parceiros europeus refletem prestação de serviços médicos e de reabilitação social oriundos de sete países: Itália, Espanha, Portugal, Alemanha, Irlanda do Norte, Estónia e Lituânia.Os parceiros apresentam abordagens inovadoras para atividades desportivas e de lazer, assim como benefícios adicionais que os utilizadores identificaram ao descrever o seu envolvimento no projeto Sport+4ALL, como o envolvimento no desporto, o desenvolvimento pessoal, melhoria na autoimagem, melhoria da autoconfiança, vida saudável, melhor dieta, estar ativo/a, inclusão na comunidade e conscientização da sociedade para a capacidade e a incapacidade.

2

Público-alvo

Os grupos que poderão beneficiar das abordagens e experiências positivas relacionadas com a Vida Ativa, Benefícios para a Saúde e Inclusão na sociedade descritos pelos parceiros serão os seguintes:• Profissionaisdereabilitaçãomédica• Profissionaisdeserviçosdereabilitação• Profissionaisdecentrosdesportivosoudelazer• Clientesdereabilitaçãomédica• Clientesdeserviçosdereabilitação• Provedoresdereabilitaçãomédica• Provedoresdeserviçossociais• Centrosdedesportoelazer• Clubesdesportivos• Pessoasenvolvidasemcentrosdedesportoelazer• Pessoasinteressadaseminclusãoeemterumavidaativa,saudável• Decisorespolíticos

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21Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

3Descrição dos parceiros

O Centro Polifunzionale don Calabria (ODC) é uma de várias estruturas criadas pelo “Istituto don Calabria”, uma organização que opera a nível mundial com sede em Verona (Itália). As suas atividades tiveram início há mais de 50 anos, sempre como uma organização sem fins lucrativos.A ODC presta serviços reabilitação, formação profissional, integração no mercado laboral e promoção da integração social através de quatro áreas distintas que interagem dentro do mesmo sistema. Emprega cerca de 300 profissionais para a prestação de serviços a mais de 10.000 clientes por ano.O centro trabalha de acordo com percursos de serviços que tanto podem ser individualizados como integrados entre si, com vista ao desenvolvimento total de atitudes pessoais. A integração de especialistas em diferentes fases do processo (social, saúde, desporto) e a continuidade dos serviços motivaram-nos a estender e a inovar nos nossos serviços para PCDI neste projeto, especificamente nas atividades físicas e de desporto levadas a cabo pela nossa área de “Reabilitação para Adultos”.

A iniciativa “Rehafitness” deu aos clientes da ODC (pessoas com deficiências neurológicas graves) a oportunidade de se envolverem em desporto no contexto de reabilitação física através de um ciclo de quatro meses de atividades de grupo em diferentes desportos, com o objetivo de:• Fazerveraosclientesosbenefíciosdaatividadenasuasaúde• Motivarosclientesparacontinuaremapraticaratividadefísicaregularmentenoutras instalações desportivas depois de findo o período de reabilitação.

www.centrodoncalabria.it

ODC, Itália

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22 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

O Public Institution Valakupiai Rehabilitation Centre (VRC) é uma organização com sede em Vilnius (LT), estabelecida em 2000 pelo Governo da Lituânia (www.reabilitacija.lt).O VRC tem como missão prestar, melhorar continuamente e desenvolver serviços médicos, vocacionais e de reabilitação social, treino vocacional para PCDI e outros que experienciem exclusão social ou problemas de saúde crónicos, de modo a que atinjam participação total e equitativa, integração e melhor qualidade de vida.O VRC conta com 100 profissionais que prestam serviços de reabilitação profissional, treino vocacional, reabilitação médica e aulas de condução para pessoas com alterações moderadas e graves na funcionalidade. Todos os anos, mais de 700 clientes beneficiam dos serviços prestados em duas localizações, Vilnius e Kaunas, na Lituânia.A iniciativa “Let’s be Active” (Vamos ser Ativos) oferece aos clientes do VRC três atividades com o objetivo de ir ao encontro das suas necessidades e de promover a sua participação equitativa em desporto e em atividades físicas: caminhadas no exterior, seminários, informação sobre clubes desportivos acessíveis para PCDI.

www.reabilitacija.lt

VRC, Lituânia

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23Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

O CRPG – Centro de Reabilitação Profissional de Gaia é uma associação com sede em Vila Nova de Gaia (PT), de direito público, criada por um acordo de cooperação entre o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), a Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), e a Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Gaia (CERCIGAIA) (www.crpg.pt).Fundado em 1992, em 1999 tornou-se num centro de gestão participada, constituindo um centro de recursos especializado para as regiões do Norte e Centro para as agências do IEFP na área das deficiências e incapacidades, nomeadamente relacionadas com alterações nas funções neuromusculoesqueléticas e sensoriais.O CRPG presta serviços de reabilitação para pessoas com deficiências e incapacidades adquiridas na sequência de acidentes e/ou doenças, promovendo a sua reintegração a nível profissional, familiar e social. Presta ainda apoio a jovens com deficiências e incapacidades na transição da escola para a vida ativa.A iniciativa “Atividade Física Adaptada” dá aos clientes do CRPG informação sobre desportos que podem praticar e explica aos clubes desportivos como desenvolver atividades que incluam PCDI através de:- Um programa de Atividade Física Adaptada nos horários de formação dos clientes;- Uma rede constituída por clubes desportivos e outras organizações;- Convites a clubes desportivos para demonstrarem as suas modalidades aos clientes do CRPG;- Ligação a organizações que possam ceder equipamento que os clientes necessitam para a prática desportiva.

www.crpg.pt

CRPG, Portugal

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24 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Berufsbildungswerk gemeinnützige GmbH

BBW INCLUDED RUNNERS

BBW, Alemanha

Liebenau Berufsbildungswerk gemeinnützige GmbH (anteriormente BBW Adolf Aich) é uma organização com sede em Ravensburg (D) (www.bbw-rv-de) que presta serviços de reabilitação e educação a pessoas com necessidades adicionais, dificuldades de aprendizagem e problemas de saúde mentais.- Atualmente, cerca de 1.000 usam estes serviços.- O serviço inclui cerca de 50 oportunidades de formação, como carpintaria, serralharia, trabalho doméstico, alvenaria, entre outros, e a escola Josef-Wilhelm.- Programas: Formação pré-vocacional apoiam os nossos clientes na preparação para os nossos programas de treino vocacional ou para integração direta no mercado de trabalho.- O objetivo é apoiar os jovens durante o período de treino vocacional e integrá-los no mercado de trabalho.- A iniciativa “BBW INCLUDED RUNNERS” (Corredores incluídos da BBW) estabeleceu um grupo de utilizadores, incluindo refugiados, funcionários e parceiros com o objetivo de conscientização para a atividade física e a inclusão de pessoas com deficiências intelectuais.- Graças à formação e às atividades de grupo, os membros participam como um grupo em corridas pela cidade em atividades desportivas na comunidade.

www.bbw-rv.de

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25Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

O Centro de Reabilitação Astangu é um centro único na Estónia que presta vários serviços baseados nas necessidades dos utilizadores, desenvolvendo assim a área da reabilitação na Estónia e partilhando competências com outros prestadores de serviços. Os nossos serviços respondem às necessidades de PCDI de toda a Estónia e em idade ativa (16-64), que procuram oportunidades para se tornarem ativas na sua vida diária por via do estudo, do trabalho ou por outras vias. O Centro é gerido pelo Ministério dos Assuntos Sociais e foi fundado em 1996. Os serviços vão desde o treino de competências profissionais e treino pré-vocacional até ao treino vocacional. Todos os programas educacionais têm o apoio de serviços de reabilitação e emprego. Os programas de reabilitação são oferecidos a pessoas com lesão medular e com lesão encefálica. Há também oficinas onde as pessoas podem encontrar emprego protegido nas áreas da marcenaria, artesanato ou tarefas simples. Em 2016, o Astangu serviu cerca de 600 pessoas com um staff de 115.A iniciativa “Astangu Power” (Poder Astangu) oferece a PCDI 29 atividades desportivas semanais, tanto no centro Astangu como na comunidade, com uma variedade de estilos (caminhada nórdica, aeróbica aquática, treino cardiovascular, treino de pesos, treino de dança, corrida, desportos, etc.) e combinadas com seis seminários semanais sobre nutrição para a promoção de hábitos alimentares saudáveis, incluindo uma aula prática sobre a confeção de alimentos.

www.astangu.ee

Astangu, Estónia

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26 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

A Fundação INTRAS – Investigação e Tratamento em Saúde Mental e Serviços Sociais – é uma organização sem fins lucrativos com sede em Valladolid (ES) (www.intras.es), fundada em 1994 e orientada para investigação e intervenção de alta qualidade na área da saúde mental. Atualmente, a organização consiste em 12 centros em 7 províncias de Espanha contando com 150 profissionais em serviço social, saúde, educação e economia, levando a cabo investigação, educação e treino vocacional, prática clínica, reabilitação psicossocial e profissional, programas terapêuticos e organizando atividades de lazer.O principal público-alvo na Intras são pessoas com problemas de saúde mental, embora a organização também preste serviços a PCDI, seniores e pessoas em risco de exclusão social em geral.No “Duero Sports Club” (Clube Desportivo do Douro) mais de 66 membros com deficiências e incapacidades praticam diferentes modalidades desportivas como basquetebol, futebol, atletismo, natação, esgrima, ténis de mesa, paddle, badminton e trekking, embora as modalidades mais populares sejam o futebol e o atletismo.Através da iniciativa de futebol inclusivo, foi criado uma equipa constituída por pessoas com problemas de saúde mental e profissionais da Intras. A equipa participou durante duas épocas consecutivas na liga provincial de veteranos de Zamora, competindo num ambiente standard, dando assim a oportunidade aos membros da equipa de se sentirem como parte da comunidade envolvente e tornando as suas capacidades visíveis. Página do Facebook: @CDduero.

www.intras.es

INTRAS, Espanha

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27Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

A Fundação Cedar é uma organização de voluntários na Irlanda do Norte orientada para a inclusão de PCDI (www.cedar-foundation.org). A visão da Cedar é a de uma sociedade inclusiva para todos e a sua missão é a de suportar indivíduos e famílias convivendo com deficiências e incapacidades, autismo e lesão encefálica a viverem as vidas que escolherem viver. A Cedar tem como objetivo atingir a sua missão através dos seus valores:Colaboração; Igualdade; Dignidade; Realização; Resiliência.A Cedar presta um leque de serviços permitindo que PCDI obtenham o máximo da vida e sejam completamente incluídas nas suas comunidades. Os serviços giram em torno da pessoa e das suas necessidades e são prestados por toda a Irlanda do Norte.Através do seu envolvimento no Sport+4ALL, a Cedar criou um clube de ciclismo acessível chamado “On Yer Bike” (Na Tua Bicicleta), o que ajudou a tornar PCDI mais ativas, promovendo em simultâneo a sua saúde e o seu bem-estar. O projeto levou a que mais de 140 pessoas se envolvessem em atividades de ciclismo regulares numa série de locais em Belfast, com uma média de duas sessões por semana. O projeto teve um impacto positivo nos participantes individuais através de oportunidades de socialização com outras pessoas na comunidade e criação de amizades. Todas as atividades de ciclismo tiveram lugar na comunidade, e.g. parques, campos desportivos e centros de lazer, ajudando a desafiar atitudes e a promover uma imagem positiva de pessoas com deficiências e incapacidades na comunidade.

www.cedar-foundation.org

CEDAR, Irlanda do Norte

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28 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

4 Elementos-chave de sucessoCOMUNICAÇÃO

Definição de comunicação

A comunicação acontece quando um remetente expressa uma emoção ou sentimento, cria uma ideia, ou sente a necessidade de comunicar. O processo de comunicação é espoletado quando o remetente toma uma decisão consciente ou inconsciente de partilhar a mensagem com outra pessoa – o recetor.Todo o ato de comunicação se baseia em algo que transmite significado e essa transmissão é a mensagem. A mensagem pode ser verbal (falada ou escrita) ou não-verbal (expressão corporal, aparência física ou tom de voz). As mensagens podem também emergir do contexto – ou espaço e tempo – da comunicação.Toda a mensagem é enviada e recebida através de um dos cinco sentidos – é vista, ouvida, tocada, saboreada ou cheirada. Os meios sensoriais através dos quais as mensagens são enviadas e recebidas são canais de comunicação. Num ambiente de trabalho, as mensagens podem ser vistas através de expressões corporais, cartas, memorandos, notas de informação, quadros de avisos, sinais, e-mails, etc. As mensagens que são ouvidas chegam através de conversas, entrevistas, apresentações, telefones, rádios e outros meios sonoros. A visão e a audição são os dois canais mais frequentemente usados na nossa sociedade.Quando o recetor recebe a mensagem (através de um dos sentidos), irá normalmente dar feedback (mensagem de retorno) consciente ou inconscientemente, pelo que o processo de comunicação é contínuo.Mal-entendidos: há várias coisas que podem correr mal durante o processo de comunicação, pelo que devemos assumir que algo pode correr mal e tomar as medidas necessárias de prevenção. As barreiras à boa comunicação estão sempre presentes. Por exemplo, a linguagem em si pode ser uma barreira pela utilização de palavras menos claras, calão, jargão ou pelo tom. Uma outra barreira acontece quando o remetente não se apercebe que a sua expressão corporal pode contradizer a sua expressão verbal. Os canais usados para transmitir a mensagem podem também ser os errados e capacidades menos desenvolvidas para ouvir o outro podem configurar uma barreira.

Comunicação não-verbalAs pessoas enviam as suas intenções e sentimentos quer estejam disso conscientes ou não, pelo que se podem tornar remetentes não intencionais. Por outras palavras, o que se passa no interior de cada um extravasa e as mensagens que transmitimos a outros vão muito para além das palavras que possamos dizer. Provavelmente, cerca de metade do significado que outros atribuem à nossa mensagem falada advém do tom de voz e da nossa expressão corporal. Este impacto não-verbal dá-se, particularmente, através da face, olhos, corpo, roupa, gestos e toque. Temos que ter cuidado para não assumir que interpretamos os sinais não-verbais corretamente. Devemos olhar para todos os sinais em conjunto para verificar se apoiam o nosso entendimento.Os olhos transmitem significado. O contacto visual – ou a falta dele – pode dizer-nos algo sobre o nível de confiança, simpatia, honestidade ou desejo de dominação da pessoa. As próprias pupilas podem significar interesse ou desinteresse, entre

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29Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

outras coisas. As pupilas dilatam quando uma pessoa está interessada ou excitada, contraem quando a pessoa está aborrecida ou desinteressada. O corpo é uma outra fonte de confirmação não-verbal ou negação da nossa mensagem verbal. Notamos como os remetentes de mensagens controlam os seus corpos. As pessoas que melhor leem mensagens não-verbais tendem a fazer o seguinte:• Consideramtodaainformação,emvezdeinformaçãoisolada;• Consideramocontexto(tempoeespaço)damensagem;• Tentamcompensarosseusprópriosviesesepreconceitos.

Comunicação oralOs comunicadores bem-sucedidos assumem responsabilidade total pelo sucesso do processo de comunicação, responsabilizam-se por garantir que o recetor percebe o que estão a dizer e reconhecem que existem barreiras à boa comunicação, pelo falam usando termos simples, com correção gramatical e entendíveis. Também dão exemplos, pedem feedback, reformulam o que disseram antes e fazem com que seja fácil para o recetor compreender a intenção da sua comunicação. No entanto, isto não isenta o recetor de responsabilidade no processo, já que sem boa capacidade de escutar, não há processo de comunicação. Capacidade de escutaA escuta efetiva é parte integrante numa conversação. É uma atividade que ajuda o remetente a ser percebido. O recetor deve ouvir e não assumir o que está a ser dito. Um ouvinte passivo está atento, mas não faz nada para ajudar o remetente. Os ouvintes ativos mantêm-se alerta, mantêm o contacto visual com o remetente, concentram-se nas palavras do remetente, produzem respostas verbais e resumem partes do que foi dito quando é necessária alguma clarificação.Devido à diferença entre a velocidade a que uma pessoa fala e a velocidade a que outras conseguem escutar, há um desfasamento na conversação. Os bons ouvintes não dispersam o pensamento durante este período, usando o tempo para organizar o que está a ser sito e para se relacionarem com a mensagem. O ouvinte deve precaver-se em relação a distrações relacionadas com o remetente, como maneirismos, sotaque, forma de vestir, estilo de linguagem.

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30 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Elementos-chave de sucesso | COMUNICAÇÃOExperiências dos parceiros: VRC, Lituânia

Até ao nosso envolvimento com o projeto Sport+4ALL, havia pouca conscientização no VRC acerca da introdução e inclusão de atividades desportivas ou desporto adaptado. Antes, isto era visto como atividade terapêutica. Com o apoio do Diretor, as atividades iniciaram-se com uma campanha de pósteres e website para criar interesse entre clientes e staff sobre os objetivos e atividades do projeto relacionadas com o desporto e os benefícios da atividade física.A estratégia de comunicação assentou no seguinte:• Campanhacompósteres• PáginanoFacebookparaoCentroepáginaparaclientes• Websiteatualizadocomfotografiasdosclientesnasatividades• Semináriosparaosclientes–Estilodevidasaudável,Nutrição,Atividadefísica, Adição (quatro em cada mês) • Informaçãoaosfuncionáriosereuniõesefuncionários

Feedback dos clientes:• “Nuncapenseiqueaatividadefísicapudessesertãosimples e divertida.”• “Passoodiasentadoemfrenteaocomputador,porisso as caminhadas no exterior são como uma lufada de ar fresco. Estou sempre à espera da próxima porque é uma ótima oportunidade de fazer amigos.”• “Noprincípiotinhamedodenãopoderparticiparnesta atividade porque não posso caminhar (uso uma cadeira de rodas). Mas quando me juntei ao grupo apercebi-me que toda a gente é muito prestável e agora alegro-me de fazer parte disto.”• “Nuncapenseiquesedeixassedeconsumirsalesecomeçasse a beber mais água me iria sentir melhor.”• “Ossemináriosajudaram-meaperceberqueserativofisicamente não é só levantar pesos num clube desportivo caro.”• “Todaagentediz“Paradefumar”,massódepoisdoseminário sobre Vida saudável é que eu percebi por que é que é tão importante.”• “Depoisdeeuterpartilhadoque,naminhaopinião,seria bom passar o meu tempo livre de forma mais ativa, apareceu um tabuleiro de xadrez. Obrigada, meninas!”• “Foiaprimeiravezqueexperimenteiacaminhadanórdica e notei que é bom para as minhas dores nas costas.”

Ponto de aprendizagem:A comunicação feita pelo VRC a vários níveis sobre os benefícios do desporto ou desporto adaptado desde o início do envolvimento com o projeto Sport+4ALL mudou a perceção da atividade física como sendo somente atividade terapêutica.

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31Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Dada a falta de informação geral sobre desporto adaptado, no CRPG, a comunicação no âmbito do projeto Sport+4ALL foi usada não só para envolver os clientes e potenciais parceiros, mas também com um intuito pedagógico. Ao passar esta informação aos clientes, queríamos sensibilizá-los para os benefícios da atividade física na vida diária, desmistificar os riscos da prática de atividade física por parte de pessoas com deficiências e incapacidades e dar informação às pessoas com deficiências e incapacidades sobre oportunidades para a prática desportiva na sua envolvente.A estratégia de comunicação adotada pelo CRPG envolveu cinco tipos atividades principais, todas com uma componente pedagógica forte:1. Uma página de Facebook própria para que os clientes pudessem estar a par de iniciativas e receber informação sobre desporto adaptado. Desenhámos um plano de sensibilização que consistiu num desporto por mês.2. Panfletos joviais com informação sobre o projeto, mas também com conselhos sobre hábitos saudáveis relacionados com atividade física e nutrição. Neste caso foi importante desenhar materiais que as pessoas pudessem carregar consigo e manter como um diário para monitorizar o seu próprio progresso.3. Um plano criado para as aulas existentes de atividade física de modo a proporcionar informação sobre sete modalidades (voleibol sentado, boccia, goalball, andebol, basquetebol, tiro ao alvo e badminton).4. Sessões com grupos de clientes e colaboradores para apresentar o projeto e os seus objetivos.5. Imersão dos clientes na realização de desporto adaptado.

A nossa experiência mostrou que houve três aspetos principais que contribuíram para o sucesso da comunicação: clubes desportivos como principais transmissores de mensagens importantes através de exemplos orais e práticos (i.e. demonstrações); a abordagem personalizada cara-a-cara para a transmissão de informação sobre atividade física adaptada, desporto e hábitos saudáveis feita através dos terapeutas e monitores desportivos; e um investimento em materiais impressos de alta qualidade gráfica, alegres e que foram capazes de chamar a atenção e potenciais participantes.

Experiências dos parceiros: CRPG, PortugalElementos-chave de sucesso | COMUNICAÇÃO

Ponto de aprendizagem: A sensibilização dos clientes para os benefícios da atividade física na vida diária, a desmistificação dos riscos na realização de atividade física por parte de pessoas com deficiências e incapacidades e a informação acerca de oportunidades para a prática desportiva foi um benefício-chave da iniciativa Sport+4ALL.

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32 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Elementos-chave de sucessoENVOLVIMENTO DE UTILIZADORES

Definição de envolvimento de utilizadores

O envolvimento de utilizadores de serviços é simplesmente “um processo através do qual é permitido às pessoas envolverem-se ativa e genuinamente na definição de aspetos que lhes dizem respeito, na tomada de decisões sobre fatores que afetam as suas vidas, na formulação de políticas, no planeamento, desenvolvimento e prestação de serviços e na tomada de ação para gerar mudança” (OMS, 2002).O utilizador deve ser uma peça central para o seu próprio cuidado e para o desenho e prestação de serviços sociais pessoais. Ao facilitar este processo criam-se invariavelmente serviços mais apropriados, de melhor qualidade e com um maior envolvimento e satisfação por parte dos utilizadores.Os princípios-chave para fechar o fosso entre a comunidade, e os serviços de que necessita, e a participação ativa dos membros da comunidade são os seguintes:• Respeitopelosvaloresdosutilizadores• Atençãoaoseuníveldeconhecimentoedesenhoapropriadodeoportunidades para desenvolvimento e construção de equipas• Supervisãoementoriaadequadas• Canaisdetrocadeinformaçãoclaramentedefinidos• Oportunidadesdeparticipaçãoemtodososníveisdaorganização.O envolvimento de utilizadores refere-se ao processo através do qual as pessoas que estão a usar ou usaram um serviço se tornam parte do planeamento, desenvolvimento e prestação deste serviço. Cada vez se torna mais evidente que, dadas as suas experiências diretas com os serviços, os utilizadores têm uma visão privilegiada acerca do que funciona, o que por sua vez pode ser usado para melhorar os serviços.O envolvimento em cuidados pessoais e tratamento pode aumentar a autoestima, aumentar a adesão quando as pessoas concordam com o propósito do tratamento e quando têm escolha e controlo sobre ele.

O utilizador de serviçosO termo “utilizador de serviços” é usado para abarcar:• Pessoasqueusamserviçossociaisedesaúdeenquantopacientes• Cuidadores,paiseguardiães• Organizaçõesecomunidadesquerepresentamosinteressesdepessoasqueusam os serviços sociais e de saúde• Membrosdopúblicoecomunidadesquesãoutilizadorespotenciaisdeserviços de saúde e intervenções de cuidado social.O termo tem também em consideração a grande diversidade de pessoas na nossa socialidade, caracterizadas por diferentes idades, cores, raças, etnias, nacionalidades, religiões, deficiências, géneros ou orientações sexuais e que podem ter necessidades e preocupações diferentes. Em geral, os termos “utilizador do serviço” ou “utilizador” são aqui mais usados, com substituições pontuais to termo “paciente” quando considerado mais apropriado.

Envolvimento• Oenvolvimentonacomunidadeporabriroportunidadeaoapoiopelospares

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33Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

e à mentoria• Oenvolvimentonosserviçospodelevaramelhoriasnaqualidadenoscuidados, na qualidade de vida, nas relações entre pessoal e utilizadores e a resultados para os utilizadores dos serviços; podendo originar também melhorias nos resultados por parte dos prestadores dos serviços.• Oenvolvimentonoplaneamento,adjudicaçãoegovernaçãopodemmelhoraros níveis de informação e acesso para os utilizadores, bem como efeitos positivos nos processos de tomada de decisão, atitudes e comportamento do pessoalO envolvimento dos utilizadores pode ser visto de várias perspetivas. Uma das mais conhecidas é a “Escada de Participação”, desenvolvida por Sherry Arnstein; o que não é livre de limitações, já que considera os diferentes níveis numa hierarquia, quando o nível certo de envolvimento pode depender de outros fatores, incluindo o utilizador, a tarefa e a janela temporal.O envolvimento pode também ser visto como um espectro, com uma grande variedade de atividades de envolvimento de utilizadores ao longo de um eixo.Mostra-se abaixo um espectro de envolvimento adaptado da escada de Arnstein.

É dito aos utilizadores o que está a acontecer, tendo eles nenhuma influência sobre a tomada de decisão.

Informação

Pergunta-se aos utilizadores qual a sua visão, que têm uma influência limitada na tomada de decisão.

Procuram-se e têm-se em consideração os pontos de vista dos utilizadores, que têm um impacto direto sobre a tomada de decisão.

ParticipaçãoConsulta

Trabalhando em pé de igualdade, os utilizadores partilham decisões e responsabilidade, influenciando os resultados.

Parceria / coprodução

Os utilizadores controlam a tomada de decisão.

Controlo

A promessa aos utilizadores de serviços

A informação que os utilizadores receberem será precisa, equilibrada e atual.

O feedback dado pelos utilizadores será levado a sério e mais tarde serão informados da influência que tiveram.

Os utilizadores terão a possibilidade de moldar um processo transparente e terão influência sobre as decisões.

Os prestadores de serviços e os utilizadores tomarão decisões em conjunto.

Os utilizadores terão recursos para apoiar a tomada de decisão e aquilo que decidirem será o que acontecerá.

•Pósteres•Panfletos•Newsletters•Exposições

•Questionários•Entrevistas•Gruposfocais

Que aspeto poderá ter na prática?

Grupos de referência de utilizadores, incluindo grupos de outros serviços

Workshops deliberativos

Envolvimento em processos de governação

Composição de painéis de recrutamento

Sistemas de apoio por pares liderados por utilizadores

Sistemas liderados por utilizadores

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34 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Atividades em que os utilizadores podem ser envolvidos

Comunicações Governação

Design de serviços

Envolvimento de utilizadores

Recrutamento e seleção

Monitorização e avaliação

Prestação de serviços

Treino na prestação

Participação da comunidadeA participação da comunidade é um elemento ao longo do espectro de envolvimento de utilizadores de serviços e empoderamento em saúde. Existe no âmbito de um contínuo de participação que passa por informação, consulta e parceria até à delegação e controlo totais. “O núcleo de iniciativas bem-sucedidas de participação comunitária é a participação ativa da população local através de processos de desenvolvimento comunitário, que resultam na capacitação das comunidades locais para abordar a saúde dentro de um quadro mais amplo dos determinantes sociais da saúde” (Pillinger, 2010).

Representante da comunidadeEstes elementos podem ser reconhecidos como:• Pessoasquerepresentam,sãorepresentativas,e/ouconsultorasdeumaoumais populações ou grupos de afinidade;• Partesinteressadas(stakeholders),líderesdeopinião,organizadoresedefensores (advocates)• Determinadas,apaixonadas,presentes,vociferantes,honestas,oferecendoperspetivas externas, e experienciadas em (ou guiadas por) prioridades e necessidades das comunidades• Aquelesqueservemcomoplataformaecanalparaainformaçãoevozesdacomunidade, que comunicam ideias e conceitos entre a comunidade e os serviços sociais e de saúde e que responsabilizam pessoas e processos.

Por que razão necessitamos do envolvimento de utilizadores de serviços?Para além da sua reiteração em várias políticas (inter)nacionais e documentos estratégicos, a literatura nesta área afirma claramente que a promoção de um maior envolvimento de utilizadores conduzirá a vantagens a três níveis: individual, comunidade e nacional.

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35Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

A Escada da Participação

Os utilizadores controlam o processo de decisão ao mais alto nível

Os utilizadores partilham decisões e responsabilidade, influenciando e determinando resultados

Os utilizadores podem fazer sugestões e influenciar resultados

Os utilizadores podem ser chamados a dize o que pensam, mas têm uma influência limitada

Os utilizadores recebem informação sobre o que acontece, mas não têm qualquer influência

Os utilizadores são consumidores passivos

CONTROLO TOTAL

PARTILHA DE PODER

PARTICIPAÇÃO

CONSULTA

INFORMAÇÃO

SEM CONTROLO

Nível individual• Melhoresresultadosemsaúdeetratamento.• Maiorsatisfaçãodospacientescomoscuidados.• Aumentodosentimentodedignidadeeautoestima.• Empoderamentodopaciente,levandoaumamaiorresponsabilidadepormelhoriasnas relações entre pessoal e pacientes, maior confiança, redução no nível de reclamações e cuidados mais seguros.

Nível da comunidade• Melhorespolíticascontradesigualdadenasaúde.• Abordagensconjuntasparatrabalhoconducenteamelhoriasnosserviçospúblicosde saúde que ofereçam melhor resposta às necessidades da comunidade.• Serviçosmaisequitativoseinclusivosqueajudemacombateraexclusãosocial.• Reduçãononúmerodereclamaçõeseaumentodeconfiança.

Nível nacional• Garantiadequeosplanosdepolíticaedeserviçosnacionaissãobem-informados,relevantes, apropriados e direcionados.• Custo-benefíciopromovidopelaofertademelhoresresultadosnosserviços.• Melhoropiniãopúblicaeconfiançanosresultadosdosserviços.• Melhorentendimentodasligaçõesentresaúde,estilodevidaecircunstânciasdevida das pessoas.Há formas de envolver utilizadores que só estão em contacto com os serviços por um período curto de tempo e quando, normalmente, estão em período de crise:• Questionáriosouentrevistasdesaída.• Pedidosderegistodeinteresseempartilharassuasvisõesmaistarde.• Questãoadicionalnoformuláriodeconsentimentoinformadopararegistarinteresse no envolvimento futuro como utilizador do serviço.• Estabelecerligaçõescomasequipasparacriarsistemasdefeedbackdosutilizadores, uma vez que ultrapassada a fase de crise. Isto pode ser incluído em acordos escritos e memorandos de entendimento.

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36 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Profissionais de suporte, tempo e profissionais de reabilitação podem ser fundamentais para encorajar e apoiar o envolvimento dos utilizadores.

Incentivos para os utilizadores de serviços• Poderemusarassuasexperiênciasparamelhorarosserviçosparaoutros.Neste caso importa garantir que as pessoas são informadas acerca de como o seu envolvimento originou mudanças. • Despesas,incluindodeslocaçõesecuidadosacrianças,devemsercobertas.Aqui aconselha-se o pagamento a conselhos especializados.• Acessoaoportunidadedeformação/treino.• Acessoareferênciasparaempregooupessoais.

Garantir que os utilizadores de serviços são representados• Amenosquehajaumsistemaderepresentatividade(e.g.utilizadoresem representação de um grupo) criado no seio do processo de envolvimento de utilizadores, as pessoas participam como individuais e as suas opiniões serão baseadas nas suas próprias experiências. Se as pessoas estão em representação de um grupo, isto deve ser tido em conta.• Considerardequeformapodemserrecolhidasopiniõesvariadasusandodiferentes métodos de envolvimento.• Pensarsobrecomorecolheropiniõesdepessoascomcontextosdevidaeexperiências diferentes.• Pensaremestabelecerparceriascujofocoéaformaçãoeodesenvolvimentodos utilizadores.

EmpoderamentoPessoas com deficiências e incapacidade que queiram participar em atividades desportivas com vista a tornarem-se fisicamente ativas ou a melhorar a sua saúde devem ser motivadas e preparadas para tomarem controlo ativo da sua situação. A medida em que a pessoa é capaz de assumir esse papel de controlo depende do seu nível de empoderamento (empowerment). O mesmo se aplica a uma pessoa numa situação profissional em que, por qualquer razão, está em processo de mudança para outro posto ou trabalho, quer seja dentro ou fora da organização. A questão é a seguinte: “Deixará que a decisão seja tomada por outros ou dará o passo por si?”, “Deixará que a decisão seja feita por si ou tomará as rédeas?”.O empoderamento ajuda as pessoas a usarem os seus talentos e capacidades de forma efetiva e a interpretarem as suas ações com autoconfiança. Melhora a performance, a iniciativa e a criatividade das pessoas, ajudando-as a assumir responsabilidades. O empoderamento, também chamado “liderança interna”, conduz a relações efetivas com pessoas, abrindo espaço à criatividade e renovação.O empoderamento conduz a uma maior autonomia e encoraja as pessoas a tomarem as suas próprias decisões, de forma independente.Aumenta as hipóteses de encontrar e preservar o nosso lugar na sociedade ou no mercado de trabalho. Baseada nesta premissa, a importância de estabelecer definições concisas dos conceitos “empoderamento” (empowerment) e “capacitação” (empowering) torna-se clara.

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Fortalecimento do empoderamento O empoderamento é um processo dinâmico que muda ao longo do tempo através de desenvolvimento pessoal, experiência de vida ou formação. As pessoas começam por fazer um teste para descobrirem quão empoderadas se julgam e depois, individualmente ou em grupo, recebem formação específica para desenvolver as suas capacidades de “liderança interna”, que, por sua vez, as irá ajudar a assumir maior responsabilidade e controlo sobre todos os aspetos das suas vidas. Partindo do pressuposto de que o empoderamento de um indivíduo é uma condição importante para uma reabilitação bem-sucedida e sustentável, define-se a estimulação e a oferta de uma contribuição positiva para o empoderamento como um “ambiente de capacitação”.Este ambiente é particularmente visível na atitude, tratamento e abordagem pessoal ao cliente. O que significa na prática para os serviços, mentoria e apoio para a integração e mobilidade?As pessoas com uma incapacidade no trabalho encontram-se com profissionais de diversas organizações durante o seu processo de reintegração. O modo como são tratadas pelos monitores, treinadores, conselheiros ou outros profissionais nessas organizações afeta o seu empoderamento individual. Para apoiar os clientes neste processo, são necessários um “comportamento de capacitação” ou uma “abordagem de capacitação”, pelo que um profissional de apoio deverá ter competências específicas para tal.Ao mesmo tempo, é importante que as organizações permitam aos seus profissionais agir de modo a estimular o empoderamento, o que é feito, por exemplo, recorrendo a cursos de formação, funcionamento com base no empoderamento e pela promoção, avaliação ou recompensa de comportamentos de capacitação. Além disso, as competências de empoderamento podem figurar como requisitos de recrutamento. O sucesso da integração do empoderamento na missão, filosofia e política de uma organização e da operacionalização de uma abordagem de capacitação nos processos de negócio, serviço ou produção depende da qualidade de empoderamento dessa organização.A medida em que descrições concretas das componentes do empoderamento são aparentes naquilo que as pessoas dizem ou fazem é um bom indicador para a prática diária. Estas descrições podem ser usadas para criar uma imagem de um “candidato ou cliente empoderado”. Será então possível examinar a relação entre este candidato ou cliente com as capacidades de empoderamento de um profissional e da qualidade de empoderamento de uma organização.

Seis componentesAs seis componentes de empoderamento listadas abaixo foram identificadas com base na literatura e em entrevistas aprofundadas com profissionais de aconselhamento, orientação profissional, especialistas empíricos e pessoas que completaram com sucesso um processo de reintegração. Cada componente é representativa de um aspeto específico e a medida em que cada pessoa satisfaz os requisitos das componentes, define o seu perfil de empoderamento.

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esta componente significa que a pessoa é confiante e tem as habilidades necessárias para completar uma dada tarefa com sucesso. As pessoas com competência mais aguçada sabem o que podem ou não podem fazer, têm confiança nas suas capacidades e não têm medo de o demonstrar.

significa que a pessoa é capaz e não tem receio de tomar decisões sobre a sua vida, o que lhe dá um sentimento de controlo sobre o seu destino. Muitos dos candidatos num processo de reabilitação estão preparados para deixar tudo à consideração dos “especialistas” – afinal, eles é que sabem o melhor. Dizem: “Vou só esperar para ver o que acontece” ou “Diga-me só o que fazer” e, deste modo, passam a responsabilidade para os profissionais. A reação de uma organização que dá demasiado apoio seria “Bom, se não se consegue decidir, eu decido por si”.

esta componente dá à pessoa o sentimento de que as suas escolhas podem influenciar a forma como o seu processo progride e sente que está a influenciar a sua própria situação. As pessoas com um sentido de impacto apurado apercebem-se de que têm controlo, gerem e dão forma ao seu próprio desenvolvimento através das suas escolhas. São conscientes das consequências das suas escolhas e levam-nas a sério.

a componente significa que a pessoa sente que o seu trabalho tem significado, é significativo e compatível com os seus valores e comportamento. As escolhas que a pessoas faz no seu processo de reabilitação, no seu desenvolvimento pessoal ou na sua carreira são também revestidas de significado. As pessoa que estão num programa de formação ou curso obrigatório de que não gostem vão provavelmente desistir antes do final. Sem significado nada é alcançado ou alterado: neste aspeto, razões como “Que benefícios me traz todo aquele trabalho de reintegração?”, “Por que é que eu me havia de importar?” ou “Isso não é para mim” são sinais de significado.

esta é uma componente frequentemente subvalorizada. A pessoa sente-se positiva em relação a si própria. Aceita-se como é e sente que as suas limitações ou as fonteiras das suas possibilidades não dominam a sua vida, mas antes que há espaço para outras coisas.

a componente implica que a pessoa tenha consciência de que faz parte de uma comunidade e que, portanto, há sempre uma certa dependência de terceiros, pelo que é necessário trabalhar em conjunto com outras pessoas. Uma pessoa com um sentido

Impacto:

Significado:

Identidade positiva:

Orientação de grupo:

Competência:

Autodetermi-nação:

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Ambiente

Competências de comunicação

Clarificar expectativas

de orientação de grupo forte reconhece que funciona num contexto social e que o seu comportamento contribui e tem valor para outros. Esta pessoa pode estimar o valor do seu papel na sua envolvente e não assume que a envolvente se irá sempre adaptar à sua situação. Esta pessoa também percebe que pode pedir ajuda, se necessário, sem com isso perder a sua independência.

A qualidade da abordagem de um profissional a um cliente ou candidato reflete-se na forma como o cliente/candidato é tratado. Num processo de reabilitação ou mobilidade, a abordagem de capacitação depende de uma série de condições, critérios e princípios básicos; alguns dos quais de natureza prática, outros ao nível das relações, convicções pessoais, capacidades profissionais e qualidades.

O ambiente profissional é a condição básica para uma abordagem de capacitação, o que se relaciona com assuntos práticos, como o local onde o contacto se dá, a forma como os agendamentos são feitos e a qualidade da forma como a pessoa é recebida. No entanto, a compilação de dossiers, comunicações escritas, a passagem de informação e o nível de conhecimento do profissional formam também parte do ambiente profissional.

A qualidade de uma abordagem de capacitação expressa-se na comunicação verbal e não-verbal entre o profissional e o cliente. Está presente nos tipos de questões postas pelos profissionais, na forma como os profissionais comunicam boas ou más notícias e como o cliente reage a questões postas e informação dada. Aqui, as competências sociais e de aconselhamento do profissional são importantes. Em que medida o profissional é bem-sucedido em deixar o candidato à vontade? Consegue dissipar a ansiedade do cliente, está em sintonia com o cliente? Como aborda a entrevista e como reage ao comportamento da outra pessoa?

Aplicar uma abordagem de capacitação implica criar empatia com a perceção da pessoa sobre o seu ambiente. Um profissional de capacitação distingue entre o que ele/a próprio/a espera do procedimento e o que os outros esperam dele. Neste processo, está sempre consciente das suas convicções, atitudes e preconceitos. O que é importante para o/a profissional e para o/a cliente? Caso haja conflitos de interesses, é importante que ambas as partes preservem a sua identidade, autorrespeito e autoconfiança, mas também que respeitem todas estas qualidades na outra pessoa. A tarefa de um/a profissional de capacitação é a de preservar e encorajar este processo.

Critérios para uma abordagem de capacitação

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A base teórica é universal e pode levar a que pergunte a si próprio/a: que capacitação é esta? O que constitui uma contribuição positiva para o nível de empoderamento e o que constitui uma contribuição negativa conducente à falta de motivação? Podemos dizer que uma abordagem de capacitação só existe se o tratamento do/a candidato/a der atenção integral a todas as componentes do empoderamento.

Uma abordagem de capacitação é coesa quase por definição. Numa organização de hierarquia vincada é difícil para um profissional adotar um comportamento de capacitação. Mas mesmo debaixo de pressão de tempo ou de produtividade, o/a profissional pode questionar-se acerca do contributo do/a candidato/a, da sua experiência ou acerca dos resultados a longo prazo. A expectativa de um/a cliente aja de forma autónoma, assuma responsabilidade pelas suas ações e exerça controlo implica uma mudança radical para os profissionais, organizações, negócios e para o Estado.

Uma abordagem de capacitação pede um novo tipo de liderança. O empoderamento envolve uma certa mentalidade e atua como a força motriz para a distribuição criativa de poder baseada nos talentos das pessoas e nas suas capacidades. As organizações que geram empoderamento são mais flexíveis e capazes de inovar, distinguem-se das restantes pelos seus profissionais mais comprometidos e motivados, o que, por sua vez, contribui para a qualidade do produto final.

Coesão

Liderança

O/a profissional:

1. Ou supervisor/a dá feedback sobre as competências necessárias à realização de escolhas realistas. Encoraja a pessoa a confiar nas suas capacidades de decisão e a tomar as suas próprias decisões. Ajuda a outra pessoa a ultrapassar o medo de falhar, aceitando que as coisas podem correr mal, e a lidar com contratempos.

2. Dá feedback ou aconselhamento sobre o uso que a pessoa faz das suas capacidades nos seus processos ou no seu trabalho. O apoio é dado de modo a garantir que a outra pessoa tem uma noção realista das suas capacidades, daquilo que pode ou não fazer – por exemplo, usando instrumentos de avaliação.

3. Dá à pessoa a confiança e o espaço de que necessita para tomar as suas decisões, ainda que entrem em conflito com as visões do/a profissional ou supervisor/a.

16 aspetos do empoderamento de comportamento

Integração

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41Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

4. Dá feedback ou aconselhamento sobre as responsabilidades da pessoa. Deixa claro que somente a pessoa em questão é responsável pelas suas ações no seu trabalho.

5. Permite que a pessoa faça as suas escolhas dentro dos limites da sua capacidade (de acordo com a lei, regulamentação aplicável e a sua própria organização). Dá a oportunidade de tomar as suas próprias decisões dentro do que é aceitável na profissão, mesmo que pense que a pessoa em questão não consiga lidar com um processo de escolha.

6. Apoia a pessoa nas escolhas no âmbito to seu processo de trabalho. Dá a oportunidade de descobrir o que a pessoa quer. Dá informação suficiente para tomar decisões e reúne informação suficiente sobre as possibilidades, oportunidades e riscos.

7. É consciente dos limites dentro dos quais as escolhas são feitas. Informa a pessoa sobre os seus direitos e obrigações, comunica com ela de modo a que seja consciente do impacto das suas escolhas e dá-lhe a oportunidade de tomar as suas decisões e gerir os seus assuntos dentro das margens definidas.

8. Explica com clareza o efeito do comportamento sobre terceiros. Garante que a pessoa é consciente de que o seu comportamento pode ter um impacto negativo ou positivo nos outros e dá a oportunidade de o vivenciar. Encoraja a pessoa a ser consciente das consequências das suas ações.

9. Leva a pessoa a sério. Ouve com abertura o que a pessoa diz, mostra que a percebe e toma as suas limitações em consideração. Mantém-se em contacto com a pessoa e mostra que está a fazer o melhor por ela. Mostra, pelas suas ações concretas, que é consciente e respeitadora dos desejos da outra pessoa.

10. Mostra que a outra pessoa é importante para si. Em vez de enviar cartas impessoais, mostra à pessoa que está ali para ela em particular. Dá à pessoa a oportunidade de expressar críticas construtivas e protege a privacidade da pessoa.

11. Não toma decisões sobre a outra pessoa sem a consultar. Envolve a pessoa ao fazer agendamentos e dá-lhe a oportunidade de expressar a sua opinião caso discorde de uma decisão em particular.

12. Criar empatia com os valores e standards da pessoa através, por exemplo, do encorajamento à ação da pessoa de acordo com os seus princípios e da ajuda ao descobrimento dos seus valores e standards pessoais. Encoraja parcialmente escolhas e decisões que tenham significado para a outra pessoa, e.g. em relação ao processo ou ambiente de trabalho.

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42 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

13. Dá à pessoa espaço para testar informação e atividades em relação aos seus próprios valores e standards. Ajuda a pessoa a refletir sobre o seu comportamento. Dentro do possível, dá à pessoa a oportunidade para se acostumar a situações que são completamente novas e não dá mais informação que aquela que a pessoa consegue “digerir”.

14. Tem em consideração os valores e standards da pessoa. Não lhe pede que tome parte em processos ou atividades que sabe que colidem com esses valores. Deixa claro que está bem informado/a sobre o caso da outra pessoa e tenta o mais possível estar de acordo com a pessoa em termos dos objetivos que devem ser atingidos.

15. Apoia a pessoa aceitando as limitações de forma realista. Se necessário, cria oportunidades para que a outra pessoa aceite as limitações e explica o significado da limitação para a ação a empreender.

16. Estimula a pessoa a trabalhar em equipa e torna claro que a pessoa não tem que fazer tudo sozinha. Explica a importância de manter os canais de comunicação abertos com todas as pessoas envolvidas e torna claro que, caso haja problemas, a pessoa pode vir pedir apoio.

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Ponto de aprendizagem:A iniciativa de um clube de ciclismo acessível dentro do Sport+4ALL teve origem em feedback dos utilizadores que apontaram a necessidade de fazer ciclismo. O envolvimento dos utilizadores foi uma peça-chave no desenvolvimento do clube para a definição de atividades, locais e horários.

“Diz-me e eu esqueço, ensina-me e eu talvez me lembre, envolve-me e eu aprendo”Benjamin Franklin

A Cedar acredita que o envolvimento dos utilizadores é de importância crítica para uma implementação bem-sucedida de serviços e projetos. Trabalhamos em parceria com PCDI, capacitando-as para informar e influenciar os serviços que prestamos.A Cedar desenvolveu uma iniciativa e modelo de identificação e resposta às necessidades dos utilizadores através da criação de um Fórum de Utilizadores Regional, integrando-o na estrutura de liderança e governação da organização.A ideia de um clube de ciclismo no âmbito do Sport+4ALL teve origem em feedback direto dos utilizadores que expressavam o desejo de fazer ciclismo, pelo que era essencial dar a oportunidade aos utilizadores de expressarem as suas opiniões acerca de como este clube deveria ser configurado.No planeamento do projeto organizámos uma sessão de consulta para definir o que viria a ser este clube.O envolvimento dos utilizadores foi uma peça-chave no desenvolvimento do clube de ciclismo, já que ajudaram a definir as atividades, os locais e os horários.O envolvimento teve também benefícios ao nível do apoio da sustentabilidade do clube, ajudando a criar capacitação entre os utilizadores de modo a garantir que seriam capazes de assumir pepéis importantes na gestão do clube.Foi designado um comité de utilizadores, foi proporcionado treino de competências ao comité e um grupo de voluntários levou a cabo o treino. O projeto permitiu que muitas PCDI se envolvessem em ciclismo pela primeira vez, o que teve um impacto significativo nas suas vidas.

Experiências dos parceiros: CEDAR, Irlanda do Norte

Elementos-chave de sucesso| ENVOLVIMENTO DE UTILIZADORES

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No Centro de Reabilitção de Astangu, o objetivo principal foi ajudar os clientes a alcançarem os seus objetivos pessoais e de treino vocacional, pelo que os clientes foram incluídos nas várias atividades físicas e desportivas. Pretendemos motivar os clientes para que tomem iniciativa e queremos incluí-los no planeamento e execução das atividades. O foco principal do Astangu é sempre o cliente, os seus objetivos, sonhos e potencial. Nas atividades de treino vocacional e de reabilitação, os clientes têm que definir objetivos anuais, que têm que ser significativos, realistas e alcançáveis para os clientes, de modo a que possam ter impacto sobre as suas vidas, e sobretudo, melhorar a sua qualidade de vida.Os profissionais no Astangu, incluindo profissionais de reabilitação e professores, têm estilos de vida muito ativos e estão sempre dispostos a participar em eventos desportivos – uma atitude que proporciona aos clientes exemplos e motivação para se tornarem mais ativos.Todos os programas têm aulas de educação física obrigatórias nas quais os clientes têm a oportunidade de experimentar modalidades desportivas, serem ativos e de se envolverem em atividades extracurriculares que incluem natação, basquetebol, hóquei indoor, voleibol, dança criativa e o Astangu Power. A participação nas atividades extracurriculares é voluntária e os clientes podem participar com a frequência que quiserem. As atividades acontecem depois do período de aulas e a participação é gratuita. O envolvimento dos clientes por vontade própria conduz a que sejam responsáveis pela sua vida ativa, pela tomada de iniciativa e pela participação em desporto, que, por sua vez, origina experiências e emoções positivas durante as atividades e em relação aos colegas de equipa. Notámos que, quando os clientes são obrigados a participar em atividade física o impacto nem sempre é positivo e pode originar relutância em relação à atividade.Nas atividades do Astangu Power, os clientes foram incluídos desde o princípio e escolheram um nome para a atividade. Os clientes sugeriram RAMM (PODER) e

Experiências dos parceiros: Astangu, Estónia

Elementos-chave de sucesso| ENVOLVIMENTO DE UTILIZADORES

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criaram um logótipo, tendo em mente o caminho em direção a uma compleição física mais forte através do treino. Os vencedores do concurso para a escolha do nome receberam como prémio uma sessão de treino e aconselhamento dada por um treinador profissional voluntário.Os programas de atividades do Astangu Power começam sempre com um seminário de introdução durante o qual são apresentadas as atividades, locais planeados para o ano e treinadores que irão acompanhar as sessões. Os clientes têm a oportunidade de contribuir com ideias/desejos sobre as sessões e são encorajados a assumir papéis proeminentes na liderança de atividades para os restantes. Clientes e líderes de atividades em conjunto discutem também oportunidades de financiamento e definem as quantias que serão razoáveis por participante para visitar diferentes centros de treino, ginásios ou eventos fora do centro de reabilitação de Astangu. Um dos clientes que estava já a participar pela segunda época partilhou as suas experiências positivas, deu exemplos do que foi ganho com a atividade e motivou novos clientes a participar nas sessões Astangu RAMM.

Ponto de aprendizagem: Nas atividades do Astangu Power, os clientes foram envolvidos desde o princípio, escolhendo o nome da iniciativa. A escolha do nome e o desenho do logótipo espelham o caminho percorrido em direção a um corpo mais forte através do treino.

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46 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

PARCERIA

Definição de parceria

Há muitos benefícios e vantagens reconhecidos no desenvolvimento de parcerias, mas a razão pela qual procuramos estabelecê-las é relativamente simples. Há valor acrescentado no trabalho com outras organizações.Os benefícios de parcerias efetivas não aparecem da noite para o dia. A criação de parcerias efetivas e inclusivas leva tempo e é importante criar o quadro certo desde o início, revendo a estrutura e os processos da parceria de forma regular de modo a avaliar o seu sucesso ou insucesso.O propósito de entrar numa parceria é o de providenciar à organização valor acrescentado que não conseguiria atingir de outra forma. Os benefícios típicos incluem: inclusão de PCDI nas organizações em geral, redução de custos, melhorias na saúde ou utilização de recursos altamente competentes.Uma tentativa de definição de parceria é “uma relação colaborativa entre entidades para o trabalho em direção a objetivos comuns através de uma divisão de trabalho”.Embora não seja muito precisa, esta definição ajuda a distinguir parcerias de outras formas de relações de ajuda. As parcerias são veículos complexos para a oferta de soluções práticas quer no terreno quer a nível estratégico. Vários estudos sobre parcerias indicam que as pessoas gerem a complexidade através da adoção de uma abordagem flexível, de longo prazo e orgânica.Orgânica porquê? No curso destas parcerias, as organizações evoluem à medida que aprendem sobre gestão eficiente e construção de capacidade, ganhando experiências valiosas. Neste sentido, as parcerias funcionam como mecanismos de aprendizagem que nos ensinam a sermos melhores e nos permitem atingir os nossos objetivos. No projeto Sport+4ALL, definimos parceria como “uma relação em progresso entre duas ou mais partes com vista à criação de valor para os utilizadores e/ou prestadores do serviço”. A parceria pode ser formada, entre outros, com organizações de utilizadores, a sociedade, outros prestadores de serviços, organizações desportivas, órgãos de educação ou organizações não governamentais (ONGs).Ao considerar a possibilidade de uma parceria, devemos familiarizar-nos com várias componentes das abordagens às parcerias.

As parcerias implicam uma liderança conjunta entre indivíduos respeitados, reconhecidos e empoderados pelas suas próprias organizações e em quem os parceiros confiam para chegar a consensos e resolver conflitos.

É necessário um entendimento comum do quadro, cultura, valores e abordagem das organizações parceiras. É importante também um entendimento claro dos papéis individuais dos membros e responsabilidades acerca da divisão do trabalho.

É necessária também uma visão e um propósito que sejam partilhados, que criem confiança e que reconheça o valor

Aprendizagem

Entendimento comum

Propósito

Elementos-chave de sucesso

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Cultura e Valores

e contribuição de todos os membros. Adicionalmente, os processos de decisão partilhados e transparentes serão essenciais à parceria. Os objetivos partilhados, compreendidos e aceites como importantes para cada parceiro conduzem a uma melhor coordenação de políticas, programas, prestação de serviços e, em última análise, a melhores resultados.

A partilha de valores de proatividade, o entendimento e a aceitação de diferenças (e.g. valores, formas de trabalhar) são componentes importantes de uma parceria de sucesso. O respeito pelas contribuições de todos os parceiros, em conjunto com a eliminação de barreiras de status conduzirão ao envolvimento ativo de membros, que são identificados como sendo efetivos, representativos e capazes de desempenhar um papel valioso na parceria.

Uma parceria saudável promove um ambiente de aprendizagem, o que pode implicar a monitorização e avaliação com vista à melhoria da performance dos membros. O investimento em capacidades dos parceiros, conhecimento e competências deve ser altamente valorizado no âmbito da parceria. A mente aberta e o espírito de facilitação criam oportunidades para influência e aprendizagem recíprocas.

Para que tenha sucesso no que toca à comunicação, a parceria necessita de ciclos de feedback. É necessária uma comunicação efetiva a todos os níveis da parceria e dentro das organizações parceiras, partilhando todo o conhecimento e informação.

Para atingir e complementar os objetivos da parceria, são necessárias práticas de gestão e recursos. Em particular, os membros devem responsabilizar-se pelas suas ações e assumir objetivos e metas pelos quais são responsáveis.Igual atenção é necessária para as barreiras que possam surgir.

• Necessidade• Clareza• Entendimentoclaro• Diferentesculturas/práticas• Propósitoclaro• Altosníveisdecompromisso• Confiança• Formasdetrabalhoclaras• Sistemasdegestãodeperformance• Aprendizagemetrocadeboaspráticas

Aprendizageme Desenvolvi-mento

Comunicação

Gestão da performance

Princípios bási-cos do desen-volvimento de parcerias:

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48 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

No Sport+4ALL, os prestadores de serviços sociais gerem estas parcerias bem como os seus recursos internos de modo a apoiar a estratégia e as políticas para a ativação e promoção da saúde entre os utilizadores. A parceria contribui para uma operação efetiva de processos e para alcançar os objetivos do projeto: inclusão na prática alargada dos sistemas desportivos. As parcerias asseguram que gerem eficazmente o seu impacto social.Além disso, à medida que as relações evoluem, os parceiros têm que ultrapassar barreiras. Abaixo listam-se possíveis barreiras a parcerias de sucesso.

• Visãolimitada/Incapacidadedeinspiração• Umparceiromanipula,oudomina,ouosparceiroscompetem pela liderança• Faltadeumpropósitoclaroeníveisinconsistentesdeentendimento do propósito• Faltadeentendimentosobrepapéis/responsabilidades• Faltadeapoioporpartedasorganizaçõesparceirascompoder último de decisão• Diferençasentrefilosofiaseformasdetrabalho• Faltadecompromisso;participantesrelutantes• Equilíbrioinaceitáveloudesigualentrepoderecontrolo• Interesses-chavee/oupessoasemfaltanaparceria• Segundasintenções• Incapacidadeparacomunicar• Faltadesistemasdemonitorizaçãoouavaliação• Incapacidadedeaprendizagem• Compromissosfinanceirosoudetempoprevalecemsobre potenciais benefícios• Tempoinsuficienteparaconsultaefetiva

Barreiras às parcerias de sucesso:

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49Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Ponto de aprendizagem: No Sport+4ALL estabelecemos parcerias com diferentes profissionais de clubes e ginásios desportivos na cidade que revelaram ser boas experiências, uma vez que estes profissionais organizaram sessões de forma voluntária recebendo em troca somente novas experiências de trabalho com pessoas com deficiências e incapacidades.

No projeto Sport+4ALL estabelecemos parcerias com monitores e treinadores de clubes desportivos e ginásios genéricos na cidade de Tallinn. Estas colaborações constituíram uma boa experiência, já que muitos profissionais estiveram dispostos a liderar sessões com os clientes de forma voluntária recebendo em troca somente as novas experiências e conhecimento acerca do trabalho com PCDI.O centro de Astangu funciona como centro de estágio para a Universidade de Tallinn, pelo que temos a possibilidade de promover a importância de trabalhar com e de envolver PCDI em atividades desportivas e outras atividades de lazer e de estabelecer boas relações com atuais e futuros profissionais de desporto.

O Astangu tem parcerias antigas e positivas em diferentes áreas. Na área do desporto, algumas incluem: a União Estoniana de Desportos para as Pessoas com Deficiências e Incapacidades, o Comité Paralímpico da Estónia, as Olimpíadas Especiais da Estónia e a Federação de Ténis da Estónia. Trabalhamos também em conjunto com escolas e organizações relacionadas com a educação de jovens com necessidades especiais organizando seminários e competições.Os fisioterapeutas do Astangu ministram sessões terapêuticas em ambientes externos ao centro, que são parte da nossa abordagem de parceria com a comunidade, organizando sessões de terapia em parques públicos, ginásios ao ar livre, ginásios para todos e atividades desportivas.Embora tenhamos muitos e bons parceiros, também enfrentamos dificuldades quando se trata de criar novas parcerias relacionadas com o desporto. Persistem na sociedade medos e dúvidas sobre como trabalhar com PCDI e a sociedade só recentemente começou a prestar atenção, a apoiar e a integrar PCDI.Através da nossa participação no Sport+4ALL, acumulámos experiências e ideias valiosas dos restantes parceiros internacionais acerca de como implementar atividades no seio da comunidade e acerca de como alcançar organizações e indivíduos com o propósito de colaborações futuras. Isto deu-nos a coragem de pensar fora da nossa zona de conforto e agir para o benefício dos nossos clientes a partir da nossa oferta desportiva. Nos últimos anos os nossos estudantes, com o apoio dos profissionais, tornaram-se mais ativos em competições desportivas fora do centro, as competições em que participaram foram especificamente organizadas para PCDI e, de ano para ano, houve mais competições públicas nas quais os nossos estudantes participaram.

Experiências dos parceiros: Astangu, EstóniaElementos-chave de sucesso | PARCERIA

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50 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

O CRPG promoveu uma iniciativa interna chamada Atividade Física Adaptada (AFA) que foi incluída nos horários dos programas de reabilitação e pré-reabilitação. Os objetivos da AFA são dar aos clientes informação sobre hábitos de vida saudáveis, incluindo atividade física e nutrição, incluir PCDI no desporto pela exposição dos clientes a modalidades de desporto inclusivo e expor os clubes desportivos genéricos às capacidades de PCDI.Para alcançar estes objetivos de interação entre PCDI e clubes desportivos, convidámos um conjunto de clubes da nossa região para fazerem demonstrações das suas modalidades aos clientes do CRPG. Os clubes vinham com os seus treinadores e atletas, apresentavam a modalidade e depois os clientes e os atletas praticavam a modalidade em conjunto. Um dos clientes tornou-se atleta de voleibol sentado depois da demonstração da equipa.Conforme se nota na avaliação qualitativa do programa, as parcerias na AFA tiveram um contributo relevante para alcançar os objetivos de conscientização e motivação dos clientes para a prática desportiva. Um outro fator de sucesso foi o conhecimento e o equipamento que os parceiros podiam ceder ao projeto, de modo a que a prática se tornasse uma realidade para os clientes. Quando as parcerias amadurecem, os convites começam a chegar de ambos os lados, com os parceiros a convidar o CRPG para participação nas suas atividades.

Ponto de aprendizagem: Um dos fatores-chave para o sucesso foi o conhecimento e o equipamento trazido pelos parceiros desportivos, que permitiam aos clientes experimentar as modalidades. Depois de algum tempo de parceria, os convites para atividades conjuntas começam a surgir de ambas as partes da parceria.

Experiências dos parceiros: CRPG, PortugalElementos-chave de sucesso | PARCERIA

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51Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

De forma simples, parece óbvio que as pessoas fazem coisas como ir trabalhar para conseguirem ter o que que querem e evitar o que não querem. Exatamente por que razão querem o que querem e não querem o que não querem é ainda um mistério. É uma caixa negra que não foi ainda totalmente penetrada.De modo geral, uma visão básica sobre a motivação tem este aspeto: necessidades – comportamento – satisfação.Por outras palavras, temos certas necessidades que nos levam a realizar determinadas ações (comportamento) que, por sua vez, satisfazem as necessidades (satisfação) e isto pode depois alterar que necessidades se configuram como primárias (intensificando algumas ou permitindo que enderecemos as seguintes).A variação neste modelo, particularmente útil do ponto de vista de um investigador ou gestor, seria adicionar uma caixa intitulada “recompensa” entre “comportamento” e “satisfação”, de modo a que funcionários, que têm determinadas necessidades façam certas coisas (comportamento), que são recompensadas pelo gestor (e.g. aumentos ou bónus), satisfazendo as suas necessidades e assim em diante.Há várias teorias que defendem uma hierarquia de necessidades na qual as necessidades ao nível inferior são as mais urgentes, tendo que ser satisfeitas antes de que se possa prestar atenção aos níveis seguintes.

Uma das teorias de motivação mais conhecidas é a pirâmide de necessidades criada por Abraham Maslow. Maslow viu as necessidades humanas como uma pirâmide e concluiu que quando um conjunto de necessidades está satisfeito, este conjunto deixa de ser um motivador.À medida que cada uma destas necessidades é satisfeita, a necessidade seguinte torna-se dominante. Do ponto de vista da motivação, a teoria diria que apesar de não haver necessidades que sejam totalmente preenchidas, uma necessidade satisfeita substancialmente deixa de motivar. Portanto, se queremos motivar alguém, devemos compreender em que nível da hierarquia a pessoa está e focar-nos em satisfazer as necessidades a esse nível ou no nível seguinte.

Segundo a teoria, estes níveis de necessidades são os seguintes:

• Fisiológicas: são necessidades importantes para manter a vida humana. Comida, água, calor, abrigo, sono, medicina e educação fazem parte deste primeiro nível de satisfação. Segundo Maslow, enquanto estas necessidades não forem cobertas até um certo nível, não há mais fatores motivacionais em ação.

A teoria de Maslow sobre motivação

MOTIVAÇÃO

Definição de motivação

Elementos-chave de sucesso

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52 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Teoria dos dois fatores de Frederick Herzberg:

• Segurança: relacionadas com a libertação de perigo físico e do medo de perder o emprego, propriedade, comida ou abrigo, estas necessidades incluem também proteção contra danos emocionais.

• Sociais: uma vez que as pessoas são seres sociais, necessitam de pertencer e de ser aceites por outras. As pessoas tentam satisfazer as suas necessidades de afeto, aceitação e amizade.

• Estima: segundo Maslow, assim que as pessoas começam a satisfazer a sua necessidade de pertença, tendem a querer ser estimadas tanto por si próprias como por outros. Este tipo de necessidade produz satisfação por via de poder, estatuto de prestígio e autoconfiança. Inclui fatores de estima internos como autorrespeito, autonomia e façanhas, bem como fatores externos tais como status, reconhecimento e atenção.

• Atualização: Maslow encara este como o nível mais alto. Consiste na propensão para que uma pessoa se torne naquilo que se quer tornar e inclui crescimento, alcance do potencial individual e autorrealização. Relaciona-se com a maximização do potencial individual com vista à obtenção de algo.

Segundo Maslow, as necessidades inferiores têm prioridade sobre as restantes. Há algum princípio de senso comum aqui – não faz sentido preocuparmo-nos se uma cor de roupa nos fica bem se estivermos a passar fome ou sob perigo de vida. Há um conjunto de coisas que tem precedência sobre tudo o resto.

Segundo Herzberg, há dois fatores que afetam a motivação de formas diferentes:

• Fatoresdehigiene. Estes são fatores cuja ausência é motivadora, mas cuja presença não tem efeito percebido. São coisas que, quando retiradas às pessoas, lhes causam insatisfação e as levam a agir para as recuperar. Um bom exemplo é a heroína para uma pessoa nela viciada. Pessoas com adições de longo prazo não consomem pelo prazer, mas para deixarem de se sentir doentes – para atingirem um estado normal. Outros exemplos incluem condições decentes de trabalho, segurança, salário, subsídios, políticas de empresas ou relações interpessoais. De modo geral, são itens extrínsecos da base da pirâmide de Maslow.

• Motivadores. São fatores cuja presença ´motivadora. A sua ausência não causa dessatisfação, mas também não motiva.

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53Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Exemplos são todas as coisas que estão no topo da pirâmide de Maslow, bem como os motivadores intrínsecos.Os fatores higiénicos determinam a dessatisfação e os motivadores determinam a satisfação. As duas escalas são independentes.

•Segurança,status,relaçãocomsubordinados,vidapessoal,salário, condições de trabalho, relação com supervisor, políticas de empresa e administração.

•Perspetivasdecrescimentonotrabalho,responsabilidade,desafios, reconhecimento e alcances.

O trabalho de Elton Mayo é sobejamente conhecido como a “Experiência de Hawthorne”. Mayo realizou experiências de comportamento na Hawthorne Works da American Western Electric Company, em Chicago. Levou a cabo experiências de iluminação, introduziu intervalos no trabalho e introduziu alimentos nas pausas. Com base nisto, concluiu que a motivação era um tema muito complexo que não tinha somente que ver com o pagamento, condições de trabalho e moral, mas também com fatores psicológicos e sociais. Embora tenha sido alvo de várias críticas, as conclusões centrais da sua investigação foram as seguintes:• Aspessoassãomotivadaspormaisqueopagamentoeas condições de trabalho.• Anecessidadedereconhecimentoeosentimentodepertença são muito importantes• Asatitudesemrelaçãoaotrabalhosãoaltamenteinfluenciadas pelo grupo.

Suponhamos que o funcionário A recebe um aumento salarial de 20% e que o funcionário B recebe um aumento de 10%. O resultado será de motivação para ambos? O A será duas vezes mais motivado? Será o B motivado negativamente? A teoria da equidade postula que não é a recompensa em si que motiva, mas sim a perceção, que, por sua vez, não é baseada somente na recompensa, mas pela comparação desta com os esforços que foram investidos para a obter e as recompensas e respetivos esforços de outros. Se todos receberem um aumento de 5%, é provável que B se sinta satisfeita com o seu aumento, mesmo que tenha trabalhado tanto quanto os restantes. No entanto, se A receber um aumento ainda maior, e B percecionar que trabalhou tanto como A, então ficará insatisfeita.Por outras palavras, as motivações das pessoas resultam de um rácio de rácios: a pessoa compara o rácio de recompensa com o

Exemplos de fatores de higiene:

Exemplos de fatores motivacionais:

Experiência de Hawthorne

Teoria da equidade

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54 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Teoria do Reforço

esforço e deste com o rácio de recompensa e esforço que julga de outros.Obviamente, quando tentamos prever como uma pessoa reagirá a um determinado motivador, as coisas tornam-se complicadas:

1. As pessoas não têm informação completa sobre como os outros são recompensados. Portanto, baseiam-se em perceções, rumores e inferências.

2. Algumas pessoas são mais sensíveis e assuntos de equidade que outras.

3. Algumas pessoas estão dispostas a ignorar iniquidades de curto prazo se contarem com melhorias a longo prazo.

Condicionamento operante é o termo usado por Skinner para descrever os efeitos das consequências de um dado comportamento na futura ocorrência desse comportamento. Há quatro tipos de condicionamento operante: Reforço Positivo, Reforço Negativo, Punição e Extinção. Tanto o reforço positivo quanto o negativo reforçam o comportamento, ao passo que os restantes dois o enfraquecem.

• Reforçopositivo: consiste no processo de obter recompensa como consequência de um comportamento. Fazemos uma venda, recebemos uma comissão. Fazemos um bom trabalho, recebemos um bónus e uma promoção.

• Reforçonegativo: é o processo de remoção de um elemento stressante como consequência de um comportamento. As sanções a longo prazo são retiradas aos países cujos registos de direitos humanos melhoram. Um baixo status na Salomon Brothers é removido quando se faz a primeira grande venda.

• Extinção:consiste no processo de não-atribuição de recompensa por um dado comportamento. Portanto, se uma pessoa faz um esforço extra, mas não recebe recompensa por isso, deixará de o fazer.

• Punição:consiste no processo de receber uma punição como consequência de um comportamento. Exemplo: ter o salário cativo por falta de assiduidade.

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55Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Fisiologia

Segurança

Social

Estima

Realizaçãopessoal

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56 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

A estratégia para a motivação dos utilizadores na ODC passou por um grande investimento em relações diretas e pessoais com os utilizadores, significando contato contínuo, sem interrupções no processo, uma mistura personalizada de comunicação entre motivação para a saúde e motivação social.Na ODC criámos um processo de motivação centrado no utilizador que foi a chave para o sucesso em todas as atividades desportivas:1. Sentimento dos utilizadores de que eram apoiados/acompanhados e não abandonados sozinhos depois da reabilitação, sabendo que os profissionais os apoiam e se interessam por eles.2. Facilitação de uma autonomia e independência progressivas para cada utilizador, cada um trabalhando ao seu próprio ritmo dentro e fora dos serviços da ODC.

A ODC desenvolveu uma estratégia para gerir este processo de motivação na prática:1. Iniciou-se com o desenvolvimento de um programa educacional para os utilizadores sobre a importância da atividade física nas fases iniciais do processo de reabilitação e não somente no pós-reabilitação.2. Os terapeutas entrevistaram todos os utilizadores à saída do programa de modo a desenhar um programa personalizado de oferta desportiva que pudesse servir como guia para o seu futuro envolvimento em atividades desportivas.3. Dinamização de reuniões de grupo para fortalecer a participação através de interações do grupo dentro da ODC e depois da integração na comunidade.4. Apoio contínuo, encorajamento e relações de cuidado com os utilizadores por parte dos profissionais com vista à sua motivação para a reabilitação, incluindo atividades desportivas.5. Enfatizando, nas reuniões e interações pessoais, os benefícios do desporto para a saúde e os riscos associados a um estilo de vida sedentário.

Ponto de aprendizagem: A estratégia de motivação de utilizadores adotada na ODC consistiu num grande investimento em relações diretas e pessoais com os utilizadores, traduzida em contacto contínuo e uma combinação personalizada de comunicação entre motivação para a saúde e motivação social.

6. Destacando os benefícios sociais associados à participação em desportos coletivos e inclusão na sociedade.7. Realizando uma avaliação final e partilha de resultados das atividades com os utilizadores com vista à sua motivação por via do destaque das metas atingidas durante o programa desportivo.

Experiências dos parceiros: ODC, ItáliaElementos-chave de sucesso | MOTIVAÇÃO

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57Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Ponto de aprendizagem: A motivação da equipa teve impacto não só nos utilizadores, mas também nos familiares e amigos. Ao ouvirem os utilizadores falar sobre as suas experiências positivas, amigos e familiares tornam-se testemunhas do impacto da atividade desportiva no processo de reabilitação.

Através do projeto Sport+4ALL, a equipa de futebol da Intras acordou que iriam participar nas competições genéricas da liga de futebol, na qual outras equipas têm nível médio-alto de forma física e habilidades para o futebol, o que significaria que muitos dos resultados esperados pela equipa seriam negativos.Nestas condições, a motivação psicológica e a preparação para enfrentar resultados negativos em catadupa era algo que deveríamos trabalhar. Muitos dos resultados durante a época foram negativos, mas a pontuação aumentava de jogo para jogo. A equipa de psicologia e de gestão da Intras usou a pontuação e os níveis de participação em cada jogo para destacar a evolução da equipa, a sua progressão e a sua melhoria, o que se traduziu em motivação para os utilizadores.Além disso, as equipas adversárias com quem os utilizadores competiam também reconheciam as melhorias no desempenho da equipa, o que aumentou a autoestima dos utilizadores mesmo que os jogos terminassem com derrotas. Este aspeto é particularmente importante, porque mostra a importância da comunicação e das relações na motivação dos utilizadores e na melhoria da sua autoestima.Um outro aspeto fundamental foi que o ambiente envolvente e a confiança interna da equipa criaram um grupo motivado de jogadores que, apesar das derrotas, souberam sempre focar-se nos aspetos a melhorar, evidenciar evolução passo-a-passo, fazendo críticas construtivas e análise crítica entre si enquanto jogadores e equipa e aceitando os seus erros, aprendendo com cada jogo.Um impacto adicional nos utilizadores foi a criação de confiança e espírito de equipa, que agora tinham uma atividade em comum acerca da qual conversar, melhorando as suas relações e encorajando outros utilizadores a tornarem-se membros da equipa de futebol.A equipa de futebol da Intras fez uso de recursos e infraestrutura da comunidade para os treinos, o que deu aos utilizadores um sentimento de membros ativos na sua comunidade. O convívio com outras pessoas dos seus bairros e a partilha de uma atividade torna-se um motivador intrínseco e um desafio pessoal, o que, por sua vez, estimula o processo de reabilitação.A motivação não chegou apenas aos utilizadores, mas também a pessoas que lhes são próximas, como amigos e familiares. Os membros da equipa falam com familiares e amigos acerca desta experiência e os sentimentos positivos depois de cada jogo, tornando-se estas figuras testemunhas da sua melhoria e de como o seu envolvimento numa atividade desportiva teve impacto na sua reabilitação.

Experiências dos parceiros: Intras, EspanhaElementos-chave de sucesso | MOTIVAÇÃO

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58 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

ENVOLVIMENTO DOS PROFISSIONAIS

O envolvimento de profissionais é um processo de participação e empoderamento do staff com vista ao uso dos seus contributos para alcançar um objetivo. O envolvimento diz respeito à participação na tomada de decisões, resolução de problemas e maior autonomia nos processos de trabalho do dia-a-dia. Como resultado, espera-se que os profissionais se sintam mais motivados, mais comprometidos, mais produtivos e mais satisfeitos com o seu trabalho. As dimensões básicas de envolvimento são: participação (individualmente ou em equipas), empoderamento e equipas autogeridas. A participação é uma atividade de gestão e, como um conceito, significa que é dada oportunidade aos profissionais para discutirem e contribuírem com aspetos relacionados com o seu trabalho, influenciando decisões.O empoderamento é visto como um aspeto importante no envolvimento dos profissionais, na participação social e na integração social no sistema organizacional. O envolvimento dos profissionais permitirá que os funcionários tenham maior liberdade, autonomia e autocontrolo sobre o seu trabalho. Significa também responsabilidade pela tomada de decisões. A autonomia do trabalho pode referir-se a um profissional ou à equipa como um todo.O trabalho em equipa é considerado um meio efetivo de envolvimento de profissionais. Embora equipas de resolução de problemas permitam o envolvimento dos profissionais na tomada de decisões, em muitos casos só estão autorizados a fazer recomendações. Um exemplo de envolvimento de profissionais consiste nos chamados “círculos de qualidade”, nos quais grupos de funcionários trabalham em aspetos para melhoria. Algumas organizações vão além deste passo, dando responsabilidade às equipas para implementar as soluções e atingir os resultados propostos.

Definição de envolvimento de profissionais

Elementos-chave de sucesso

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59Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Learning Point: A Cedar reconhece que uma boa oferta de serviços relacionados com o desporto para pessoas com deficiências e incapacidades depende da interação entre profissionais e entre profissionais e utilizadores.

“Grandes feitos nos negócios nunca são gerados por uma única pessoa. São gerados por uma equipa de pessoas.”

Steve Jobs

A Cedar reconhece que uma boa prestação de serviços para PCDI depende da interação profissional com os utilizadores e apoio que lhes é prestado pelos profissionais. A equipa da Cedar constituída por profissionais qualificados, experienciados e motivados foi um fator de sucesso para a nossa iniciativa no projeto Sport+4ALL.Encontrávamo-nos na situação privilegiada de ter recrutado um diretor de desporto adaptado com um alto nível de competências diretamente relevantes para a nova atividade desportiva. Este recurso foi vital para assegurar que os restantes profissionais eram encorajados a apoiar e a participar no programa.No entanto, não é possível estabelecer e gerir um clube de ciclismo acessível sem o envolvimento ativo de uma equipa alargada de profissionais e voluntários.Assim, a nossa equipa de diretores de inclusão na comunidade, encarregues de facilitar e coordenar as oportunidades de networking social para PCDI deu um contributo importante no desenvolvimento e dinamização do projeto.

A Cedar concluiu que, através de benchmarking de atividades de outros parceiros no projeto, identificámos competências-chave necessárias aos profissionais:

• ExperiêncianoapoioaPCDIououtrosgruposvulneráveisnumambientedesportivo;• Conhecimentodeorganismospúblicoseorganizaçõesnacomunidadequepodemapoiar oportunidades de envolvimento em atividades desportivas;• Conhecimentodeecompromissocomomodelosocial de incapacidade;• Qualificaçãoprofissionalemdesporto;• Competênciasdeorganizaçãoecomunicação;• Capacidadeparaidentificareenviarcandidaturasparaoportunidades de financiamento que auxiliem as atividades desportivas.

Experiências dos parceiros: CEDAR, Irlanda do Norte

Elementos-chave de sucesso| ENVOLVIMENTO DOS PROFISSIONAIS

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60 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

INCLUSÃORESULTADOS5

Definição de Inclusão

O conceito de inclusão pode ser difícil de definir, uma vez que está relacionado com diferentes aspetos sociais e culturais. Reconhecemos que “a inclusão no desporto é um aspeto de inclusão na sociedade” (Booth & Ainscow, 2002), pelo que, para começar a definir inclusão no desporto, devemos ter uma visão geral sobre a inclusão na sociedade.A inclusão pode ser definida como o ato ou estado de formar parte de algo maior. Num contexto social, inclusão significa que todas as pessoas têm a possibilidade de participar completamente e em igualdade em todos os processos sociais – desde o princípio e independentemente de capacidades individuais, origem étnica ou social, sexo ou idade. “A inclusão é algo que não pode ser feito às pessoas, é alguma coisa na qual as pessoas estão ativamente envolvidas (Norwich, 1999). A valorização e o respeito da diversidade humana levarão a que a prática da inclusão crie um sentido de comunidade, permitindo que todas as pessoas participem em todos os aspetos da vida.

Legislação

A inclusão tem sido vista como um processo que é relevante para todos os indivíduos, mas tem-se focado particularmente em grupos que, historicamente, têm sido marginalizados ou em indivíduos com deficiências e incapacidades. Olhando ao segundo grupo, cabe aqui mencionar vários artigos da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiências (CRPD), das Nações Unidas.

Artigo 9.º (Acessibilidade)Para permitir às pessoas com deficiência viverem de modo independente eparticiparem plenamente em todos os aspetos da vida, os Estados Partes tomam as medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em condições de igualdade com os demais, ao ambiente físico, ao transporte, à informação e comunicações, incluindo as tecnologias e sistemas de informação e comunicação e a outras instalações e serviços abertos ou prestados ao público, tanto nas áreas urbanas como rurais.

Artigo 25.º (Saúde)Os Estados Partes reconhecem que as pessoas com deficiência têm direito ao gozo do melhor estado de saúde possível sem discriminação com base na deficiência. Os Estados Partes tomam todas as medidas apropriadas para garantir o acesso às pessoas com deficiência aos serviços de saúde que tenham em conta as especificidades do género, incluindo a reabilitação relacionada com a saúde.

Artigo 30.º (Participação na vida cultural, recreação, lazer e desporto)De modo a permitir às pessoas com deficiência participar, em condições deigualdade com as demais, em atividades recreativas, desportivas e de lazer, os

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61Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Estados Partes adotam as medidas apropriadas para:a) Incentivar e promover a participação, na máxima medida possível, das pessoas com deficiência nas atividades desportivas comuns a todos os níveis;b) Assegurar que as pessoas com deficiência têm a oportunidade de organizar,desenvolver e participar em atividades desportivas e recreativas específicas para a deficiência e, para esse fim, incentivar a prestação, em condições de igualdade com as demais, de instrução, formação e recursos apropriados;c) Assegurar o acesso das pessoas com deficiência aos recintos desportivos, recreativos e turísticos;d) Assegurar que as crianças com deficiência têm, em condições de igualdade com as outras crianças, a participar em atividades lúdicas, recreativas, desportivas e de lazer, incluindo as atividades inseridas no sistema escolar; e) Assegurar o acesso das pessoas com deficiência aos serviços de pessoas envolvidas na organização de atividades recreativas, turísticas, desportivas e de lazer.Vários países já ratificaram a Convenção e desenvolveram políticas e legislação para implementar a CRPD nos seus países.

Evolução de Integração para InclusãoOuvimos com frequência as palavras “integrado” ou “incluído” para descrever um contexto que é particular para PCDI (ou outras pessoas em atual desvantagem social). Em alguns casos, os termos são usados indefinidamente, embora haja diferenças significativas entre ambos.“O conceito de inclusão substituiu o termo anterior “integração”, que era usado nos anos 1980 para definir o processo de colocação de alunos com necessidades educativas especiais nas escolas genéricas [e adultos no mercado de trabalho aberto]. O problema desta definição associada à colocação está em que nos diz pouco sobre a qualidade da educação [e/ou emprego] recebidos nesse contexto. O movimento de integração teve por base um modelo conhecido como modelo de assimilação, cuja ênfase estava na prestação de apoio a alunos individuais de modo a permitir que se “encaixassem” no programa genérico [educação/emprego] sem que se fizessem alterações a esse programa. Em contraste, a inclusão tem que ver com o direito do aluno [das pessoas] de participação plena na vida escolar [laboral e noutras estruturas sociais], tendo as escolas [os empregadores, as organizações (desportivas) na sociedade] o dever de as acolher e aceitar.” (Winter & O’Raw, 2010, com as nossas edições entre parêntesis retos).A inclusão tem um propósito claro: combater situações de exclusão que tenham ocorrido em escolas, no emprego e em todas as outras estruturas na sociedade. Consequentemente, a inclusão foi postulada como “a forma mais eficaz de combater atitudes discriminatórias, construindo um sistema social útil para cada pessoa e, simultaneamente, com melhor relação custo-benefício” (UNESCO, 1994).

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62 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Definição de desporto inclusivo

Não há uma definição única do conceito, diferindo dependendo das pessoas e contextos, no entanto, a seguinte definição de desporto inclusivo parece abarcar muitas das correntes atuais de pensamento:

“O processo através do qual todos aqueles que oferecem instalações desportivas proporcionam instalações desportivas e oportunidades - quer nas escolas, nos primeiros anos ou em ambientes diários - desenvolvem as suas culturas, políticas e práticas para incluir todos os indivíduos da sociedade. É uma parte crucial do planeamento estratégico para a melhoria. Isto não significa que todos os participantes sejam tratados da mesma forma, mas antes que se tenha em consideração as experiências de vida e necessidades variadas dos participantes. A inclusão no desporto tem que ver com igualdade de oportunidades para todos os indivíduos, qualquer que seja a sua idade, género, origem étnica, crença religiosa, estado de cuidados, deficiências, sexualidade, realização pessoal ou contexto social ou económico. O conceito dá especial atenção às disposições previstas e à realização pessoal de diferentes grupos de indivíduos. No entanto, também vai muito mais longe, tratando-se de combater o fracasso e a exclusão de grupos que foram marginalizados ou desfavorecidos no passado, através da adoção de ações positivas e da focalização de recursos para assegurar que os seus direitos são mantidos.” (OFSTED, 2000)

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A iniciativa da Intras no projeto Sport+4ALL, que consistiu na criação de uma equipa de futebol constituída por jogadores com doenças mentais, baseou-se na premissa de que a competição na liga geral em igualdade com as restantes equipas era uma façanha importante.A competição em igualdade significa que algumas equipas serão melhores e outras serão piores, mas não houve uma só equipa que adaptasse a sua forma de jogar ou jogasse com menor fervor por competirem com a nossa. Este é o conceito do nosso projeto com a equipa de futebol, é isto que os facilitadores do projeto pretendem atingir, este era o sentimento que procurávamos e esta é a mensagem que queremos difundir entre outras equipas e entre a sociedade. Tudo isto foi planeado e medido cuidadosamente na fase de desenho da iniciativa.O nosso principal desafio foi a abertura de portas e de mentalidades para este tipo de atividade desportiva. Depois do sucesso desta iniciativa num contexto local, houve duas outras iniciativas: uma em Valladolid num campeonato de Futebol de 7 organizado pela Fundação Eusebio Sacristán e uma outra em Madrid num torneio de futebol inclusivo.A disseminação partiu desde logo do sucesso alcançado pelos utilizadores que participaram na iniciativa e pelo uso de recursos geridos pela equipa Intras e que chegam a outros utilizadores, tais como a revista “veintemetros” onde foi publicado um artigo sobre a iniciativa.A Intras usou as redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram) para informar os utilizadores e o público em geral sobre a iniciativa e, pouco a pouco, criou novas oportunidades para as pessoas conhecerem, em primeiro lugar, tanto a Intras como os seus utilizadores e, em segundo lugar, para estabelecer novas colaborações e redes para a Intras e seus utilizadores. Isto permitiu apoiar a visão e missão da Intras de dar visibilidade às questões das doenças mentais, não só em relação à atividade física e desporto, mas também relacionadas com participação na comunidade, treino e emprego. Estabelecemos colaborações como o Dia do Desporto com a Decathlon, atividades com a Federação Regional de Esgrima ou com o Campeonato Espanhol de Canoagem.Todas estas ações foram empreendidas numa abordagem de participação em comunidade, usando recursos públicos e seguindo os passos listados no planeamento. A disseminação das atividades completou o ciclo de participação, tornando a iniciativa sustentável, como pode ser consultado no gráfico seguinte.Através deste modelo de projeto os serviços públicos sociais e os serviços de saúde mental passam a conhecer o nosso trabalho e podem encaminhar pessoas que, por sua vez, podem beneficiar da participação em atividades desportivas.Finalmente, estas atividades desportivas foram disseminadas entre os utilizadores através das suas redes sociais e do uso de novas tecnologias, pelo que alcançaram diferentes públicos. Adicionalmente, a disseminação de boas práticas

Experiências dos parceiros: Intras, EspanhaResultados | INCLUSÃO

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64 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

a nível regional, nacional e internacional permitiu que o conhecimento estivesse disponível para profissionais, administração pública, universidades e centros de treino, atingindo assim os objetivos em termos de visibilidade com vista à criação de uma sociedade inclusiva.

Ponto de aprendizagem:A Intras usou redes sociais virtuais para fomentar uma sociedade inclusiva através da informação passada aos utilizadores e à comunidade para que conheçam os serviços prestados pela organização. Esta disseminação facilita o processo de dar visibilidade às doenças mentais não só no contexto da atividade física e do desporto, mas a nível da participação na comunidade, formação e emprego.

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65Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

História de inclusão – O dia dos desportos inclusivos BBW Ravensburg

O Félix teve um acidente grave há três anos. O seu pulmão colapsou completamente, esteve em coma durante muito tempo, o seu corpo estava muito danificado com muitos ossos partidos e ele esteve parcialmente paralisado durante uns tempos. Depois de mais de um ano de reabilitação, o Félix conseguiu voltar a andar – incrível. O dano cerebral era enorme, mas ele teve uma recuperação substancial e agora funciona num nível diferente do anterior. A sua história é surpreendente mesmo com o seu discurso ainda arrastado e alguma descoordenação de movimentos. O Félix não pensou duas vezes; queria juntar-se a nós naquele dia. Não foi capaz de correr 3000m, mas completou 6 de 7 voltas e meia. E lutava. E andava. E ria. E desistiu… não dececionado, mas muito contente por ter conseguido fazer tanto!Disse-nos: “Tudo isto hoje é como uma vitória para mim. Não consegui chegar até ao que era preciso para o crachá, mas estou muito contente e muito cansado”. Todos os profissionais envolvidos na atividade desportiva estavam igualmente felizes.

Corredores Incluídos da BBW – Avaliação de performance e resultados

a)Taxadeabandono: 14 em 42Devido ao Ramadão, doença, mudança de profissão, treino prático, motivação.b) Percentagem de participação nos treinosHouve 42 corredores que participaram nos treinos, registados com controlo de presenças e modo a dar feedback aos corredores e dar-lhes controlo sobre a sua participação nos treinos.31 corredores tiveram uma taxa de participação igual ou superior a 50%23 tiveram uma taxa de participação igual ou superior a 60%15 tiveram uma taxa de participação igual ou superior a 70%8 alcançaram mais de 80%c) Composição do grupo: Profissionais e utilizadores de serviços nas corridasFoi um grande sucesso em termos de participação de ambos os grupos interessados em completar o desafio da corrida. No total foram 151 participantes em cinco corridas.

Resumo:O projeto do Sport+4ALL “BBW INCLUDED RUNNERS” (Corredores incluídos da BBW) foi um grande sucesso com muitos vencedores. Há aqueles que agora disfrutam de melhor forma física, outros que beneficiaram da maravilhosa atmosfera de grupo a nível emocional, outros com uma autoestima mais elevada agora (como a Jasmin), os que se tornaram mais próximos dos profissionais e os que gostaram que a composição das atividades incluísse profissionais e utilizadores dos serviços.Os professores e restantes profissionais envolvidos saíram

Experiências dos parceiros: BBW, AlemanhaResultados | INCLUSÃO

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66 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

também vencedores. A realização de atividades em conjunto é a base para a construção de confiança para a aprendizagem e a docência no futuro. O projeto tornou-se um assunto dos nossos corações.Fomos convidados para nos juntarmos a mais corridas em 2017; convites que iremos aceitar.Temos agora novos parceiros como a TSB Ravensburg. O resultado destas parcerias está em aberto, mas é uma abordagem completamente nova para os desportos na BBW.Os utilizadores da BBW participaram em cinco corridas, no dia dos desportos inclusivos BBW Ravensburg e nós sensibilizámos as pessoas para a inclusão. Todos os nossos corredores se sentem incluídos, aceites e honrados.

Ponto de aprendizagem: A iniciativa “Corredores incluídos da BBW” do Sport+4ALL teve muitos vencedores que ganharam melhor forma física, beneficiaram de um bom espírito de grupo, mais autoestima e proximidade com os profissionais. Compreendemos que a religião e as origens étnicas não desempenham um papel proeminente quando praticamos desporto em conjunto.

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67Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

BENEFÍCIOS PARA A SAÚDEDefinição de benefícios para a saúde

A atividade física é altamente recomendada na prevenção de deficiências, tendo já sido demonstrada uma alta correlação entre inatividade e potencial doença incapacitante. Estudos estimaram o impacto de atividade física regular ou do comportamento sedentário no risco de doença cardiovascular entre seniores. O tempo diário de sedentarismo está positivamente associado a 10 anos de alto risco de doença coronária entre seniores com alterações na mobilidade. Inversamente, a duração (e não a intensidade) da atividade física diária está associada com um menor risco para a mesma população. A maior duração está também associada a menor risco de baixa densidade mineral óssea nas ancas e menor risco de fraturas. Outros benefícios da atividade física incluem a função imunológica na saúde e na doença, prevenção de sintomas depressivos e ansiedade, prevenção de declínio de funções cognitivas, prevenção de demência, melhor qualidade de vida, bem-estar e sentimentos de energização. Em doenças progressivas, como é o caso da Esclerose Múltipla, a atividade física pode ter influência na altura de aparecimento da doença.Tanto para pessoas com deficiências resultantes de condições médicas progressivas como não progressivas os benefícios da atividade física mais frequentemente identificados são a manutenção da funcionalidade física, maior participação social e sentimentos de autogestão e controlo.O nível reportado de qualidade de vida de PCDI que praticam desporto é superior aos que não o praticam e a qualidade de vida reportada por pessoas com limitações na mobilidade que praticam desporto adaptado é semelhante à da população em geral.

As diretrizes para a atividade física recomendam que todos os adultos pratiquem no mínimo 150 minutos por semana de atividade física aeróbica de intensidade moderada ou um mínimo de 75 minutos por semana com alta-intensidade, ou combinação equivalente.Dados os conhecidos benefícios em termos de saúde, o estilo de vida ativo é altamente recomendado para pessoas com deficiências e incapacidades ou doença crónica, pelo que a promoção destes hábitos é da maior importância.Uma das possíveis estratégias é o aconselhamento personalizado, uma forma de comunicação personalizada. A comunicação personalizada pretende chegar a uma pessoa específica baseada nas suas características específicas, relacionada com os resultados de interesse e apoiada por uma avaliação individual.Sabendo que as pessoas enfrentam muitas vezes desafios na transferência do ambiente de reabilitação médica para o doméstico e sabendo das barreiras (físicas, sociais, de atitude e financeiras) à prática de atividade física ou desportiva, é importante iniciar esta preparação de transição no contexto de reabilitação e mantê-la no pós-reabilitação, como evidenciado por estudos existentes. Prevê-se que a prevenção de uma redução de atividade física em fase de pós-reabilitação possa também prevenir declínios de saúde.

Resultados

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68 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

A efetividade de um programa personalizado de aconselhamento pode variar de pessoa para pessoa (dependendo do diagnóstico, idade da pessoa e estado na fase de mudança) e pode depender do próprio programa (e.g. duração total das consultas, medida em que a Entrevista Motivacional é aplicada, forma de tratamento).

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69Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Recrutámos 97 participantes sabendo que iriam terminar o programa de reabilitação entre outubro de 2015 e setembro de 2017.

O aconselhamento personalizado foi aplicado a estes utilizadores do serviço, usando entrevistas motivacionais individuais e de grupo. Todos os utilizadores estiveram envolvidos num programa de atividade física duas vezes por semana durante quatro meses, tendo o tipo de atividade física sido escolhido com base nas preferências dos utilizadores, oferta do centro e (contra)indicações médicas.Consideramos que, a par da avaliação clínica, o uso de análise computacional da postura e movimento foi essencial. A quantificação objetiva das capacidades motoras permitiu-nos perceber quais as formas de atividade física mais úteis e mais seguras. A análise computorizada de postura e movimento foi útil na tomada de decisões sobre a customização dos programas para cada utilizador. Com a exceção de utilizadores com alterações nas funções intelectuais, todos os utilizadores passaram por esta avaliação antes do início da atividade física para confirmar indicações e contraindicações.Em janeiro de 2017 todos os utilizadores recrutados tinham terminado a atividade física sob controlo médico, 59 dos quais avaliados com recurso à análise computorizada. Nenhum utilizador apresentou declínios nas funções motoras e alguns mostraram melhorias (ver gráficos). Cinquenta e um utilizadores estão ainda em fase de atividade física ou reabilitação.

Experiências dos parceiros: ODC, ItáliaResultados | BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE

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70 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

De modo a medir objetivamente os benefícios da nossa iniciativa na saúde dos utilizadores, usámos o Teste de Cooper três vezes com intervalos de três meses entre aplicações. Este teste indica se houve ou não melhorias na forma física dos utilizadores pela medição da distância percorrida ao longo de 12 minutos.Em dezanove participantes, 17 mostraram-se capazes de cobrir longas distâncias. A sua forma física melhorou, bem como o seu bem-estar. “Correr é tão fácil agora”, disse o Muhammad depois da última corrida.Temos também resultados concretos em termos de taxa de participação nos treinos. Dentre 42 corredores registados, somente sete faltaram a mais de 50% das sessões. Oito corredores participaram em mais de 80%, sete em mais de 70% e a taxa de participação média rondou os 65%.O Sebastian disse-nos que deixou de fumar e o Yanniv anunciou orgulhosamente que agora fumava menos.O Samuel disse-nos que perdeu peso, o Ben deixou de beber tanta Coca-Cola e bebidas doces.

A Jasmin (“Eu queria provar que as meninas podem fazer 10km”) ganhou muita autoconfiança e estabilidade mental. Isto é difícil de provar, mas é visível.Portanto, no final, conseguimos ver efeitos positivos e o impacto do desporto em utilizadores individuais. Os nossos utilizadores beneficiaram de melhor saúde e nós podemos dizer: “Valeu a pena o esforço”.

Experiências dos parceiros: BBW, AlemanhaResultados | BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE

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71Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

VIDA ATIVADefinição de vida ativa

Sermos ativos em termos de atividade física ou desporto pode constituir uma contribuição substancial para um estilo de vida saudável e para o bem-estar físico e emocional. Os efeitos positivos e diretos do envolvimento numa atividade física regular, num exercício ou num desporto têm vindo a ser utilizados em reabilitação há muito tempo e constituem uma ferramenta forte na prevenção de doenças. Entre os jovens, os benefícios de uma vida ativa manifestam-se no desenvolvimento de estruturas ósseas saudáveis, bom funcionamento do coração e pulmões, bem como melhores capacidades motoras e cognitivas. A manutenção de um estilo de vida ativo pode melhorar a capacidade funcional entre seniores e pode ajudar a manter qualidade de vida e independência.

Resultados

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72 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Atividades do projeto VRC:Caminhadasperiódicasnoexterior:Objetivo: Empoderamento de clientes para que tornem mais ativos fisicamente.Passos na implementação:Criar um calendário de caminhadas e disseminá-lo, juntamente com informação sobre o projeto, pelo VRC.Agendamentos duas vezes por semana para caminhadas no exterior com fisioterapeuta/terapeuta ocupacional e staff.Antes de cada sessão de caminhada, eram informados todos os professores de treino vocacional para que encorajassem os clientes a participar.Foram desenvolvidos uma lista e um registo de presenças dos clientes na atividade física com vista à sua motivação para a participação.Os clientes tiveram a oportunidade de ter consultas sobre temas de interesse para si relacionados com a sua saúde ou bem-estar, como: estilo de vida saudável, problemas de saúde ou nutrição.De modo a motivar os clientes já envolvidos e a chamar novos, usámos o Facebook para disseminar fotografias dos clientes enquanto participavam na atividade física.Entre 5 de abril de 2016 e junho de 2017 organizámos 114 caminhadas no exterior, envolvendo 310 participantes.

Seminários periódicos sobre saúde e bem-estarObjetivo: Empoderamento de clientes para a prática de atividade física e a adoção de um estilo de vida saudávelPassos na implementação:Criação de apresentações em PowerPoint para os seminários (os tópicos foram definidos de início, mas poderiam ser alterados conforme as necessidades dos clientes).Criação de um horário (seminários mensais com a duração aproximada de uma hora).Disseminação dos seminários pelo VRC usando os quadros de notícias, o Facebook e o website. Durante o projeto organizámos 12 seminários nos quais participaram 102 clientes. Entre 8 e 26 clientes participaram em todos os seminários relacionados com “saúde e bem-estar”.

Informação para os clientes sobre clubes desportivos acessíveis e com preços razoáveis Objetivo: Proporcionar informação aos clientes sobre clubes

desportivos amigáveis e empoderamento dos clientes para que se mantivessem fisicamente ativos findo o programa de reabilitaçãoPassos na implementação:Entrámos em contacto com clubes de desporto adaptado e ginásios para, por um lado, os informar sobre o projeto Sport+4ALL e os seus objetivos principais, enfatizando a importância da inclusão de PCDI em iniciativas desportivas e de atividade física e, por outro lado, para lhes pedir informação sobre os seus clubes para integrar no nosso panfleto. Os clubes e ginásios mostraram-se muito interessados na ideia e enviaram a informação pedida, juntamente com os contactos. A informação foi reunida e os panfletos foram produzidos.A informação foi partilhada na página de Facebook dos clientes e no website.

Experiências dos parceiros: VRC, LituâniaResultados | VIDA ATIVA

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73Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Questionário do clube de ciclismo

Organizámos um total de 148 sessões de ciclismo entre setembro de 2015 e março de 2017, com uma média de 2 sessões por semana. Nestas sessões participaram 48 utilizadores que estiveram envolvidos desde o início.73% participaram em sessões uma ou mais vezes por semana.75% nunca tinha andado de bicicleta antes do projeto.A iniciativa da Cedar através do projeto Sport+4ALL permitiu que as pessoas com deficiências e incapacidades se tornassem mais ativas e melhorassem a sua saúde e bem-estar. Observam-se frequentemente taxas mais baixas de participação em atividade física entre PCDI por comparação com pares sem deficiências e incapacidades. Recentemente, a Unidade de Desenvolvimento de Saúde do Conselho municipal de Belfast revelou que somente 12% participam em atividade física semanal recomendada por comparação com uma média de 34% para os restantes cidadãos.O projeto permitiu também que muitas pessoas experimentassem o ciclismo pela primeira vez, o que teve um impacto significativo nas suas vidas.

Feedback de uma organização parceira (centro de dia): “Obrigada por prestarem este serviço único e valioso. Os utilizadores gostaram muito das sessões de ciclismo do “On Yer Bike”. O grupo reuniu-se com a Cedar todas as terças-feiras de manhã no centro de lazer e no verão foram para um parque nas redondezas. O “On Yer Bike” tem uma quantidade louvável de bicicletas disponíveis, o que permite que todos participem, independentemente das deficiências. É maravilhoso ver a alegria e diversão que trouxe aos utilizadores com limitações na mobilidade que se viam livres para se movimentarem de forma independente. A progressão do grupo foi surpreendente, bem como os benefícios das sessões semanais na sua saúde e bem-estar. Alguns utilizadores disseram que a participação no “On Yer Bike” foi uma das suas realizações de vida, já que nunca pensaram que poderiam fazer ciclismo por causa das suas dificuldades de mobilidade.

A Gina torna-se ativaParticipei em muitas das sessões de ciclismo. Foi uma alegria e um deleite e, ainda por cima, há muita diversão e risos à mistura. É uma ótima forma de estarmos em forma e de conhecer pessoas. Também me ajudou a ganhar mais confiança. As pessoas são prestáveis e pacientes comigo, já que eu perdi capacidade auditiva e sou cega também. Espero que muitas outras pessoas tenham a oportunidade de participar nestas maravilhosas sessões de ciclismo porque é um fator de bem-estar.”

Experiências dos parceiros: Cedar, Irlanda do NorteResultados | VIDA ATIVA

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74 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

No total, participaram na Atividade Física Adaptada (AFA) 295 clientes. A mediana de idades foi 37 (DP=11,378, Min=18, Max=65) (Figura 1) e cada cliente participou, em média, em 24 sessões. Estiveram envolvidos quatro fisioterapeutas e um monitor de desporto. A maior parte dos clientes estava desempregada (57,6%) ou à procura do 1.º emprego (32,9%). Havia clientes com deficiências adquiridas (62,4%) e congénitas (37,3%).

Fase de avaliação 1 – Descobrir necessidades não cobertasPedimos aos clientes para responder a um questionário online para avaliar necessidades não cobertas. Trinta e oito clientes (Sexo feminino=10) responderam. Setenta por cento dos clientes declarou ter sido praticante regular de desporto no passado (natação foi a modalidade mais mencionada). Os motivos elencados para quem nunca fez desporto foram o tempo, a motivação, os problemas de saúde ou razões económicas.

Fase de avaliação 2 – Avaliar mudanças de hábitosPara esta fase, no final do programa AFA, pedimos a 53 clientes que respondessem a questões acerca do impacto do que tinham aprendido em AFA, relativamente a alterações de hábitos de saúde e atividade física, os nossos dois indicadores de sucesso. A média de idades foi 36,72 (DP=10,53), 28 pessoas do sexo masculino e 62,3% com deficiências adquiridas. Mais de 80% tinha 4 ou mais anos de escolaridade e 70% usava um produto de apoio.Em relação a hábitos saudáveis, 75,5% reportaram mudanças. Os novos hábitos com mais entradas foram o “controlo da dieta”, “ingestão de mais líquidos” e “ingestão de mais vegetais” (Figura 2). Em relação à atividade física e/ou desportiva, 73,6% reportaram um aumento. Muitos apontaram a “caminhada” como a sua nova atividade.A AFA teve, portanto, um impacto positivo tanto no estímulo aos hábitos saudáveis, especialmente em relação à nutrição, como na prática de atividade física.

Fase de avaliação 3 – Avaliação qualitativaPara melhor compreender o significado da AFA para os clientes, realizámos dois grupos focais no final de dois módulos de AFA, com um total de 20 participantes.Para um dos grupos, a visita do clube desportivo foi um aspeto dominante da sua experiência com AFA. Os clientes também mencionaram espontaneamente colaboradores do CRPG que conhecem como sendo também atletas.Para o segundo grupo, o aspeto dominante foi o facto de a AFA fazer parte do seu horário de atividades de reabilitação, tendo sido unânime a intenção de ter mais horas de AFA e duas vezes por semana, em vez de uma só vez. Os clientes destacaram o impacto que a AFA teve nas suas mentes e vice-versa.

Experiências dos parceiros: CRPG, PortugalResultados | VIDA ATIVA

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75Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Tabela 1 Número de clientes no programa AFA do CRPG

Figura 1 Distribuição de idades dos 295 clientes em AFA.

Tabela 2 Origem das deficiências dos clientes em AFA

colaboradores 4

clientes

2015

2016

2017

295

110

104

81

Número de participantes

n %

Adquirida

Congénita

Acidente de trabalho

Acidente de viação

Doença

Outros acidentes

184 62,4%

110 37,3%

12 4,1%

27 9,2%

128 43,4%17 5,8%

Origem da deficiência

Mudança de hábitos através de AFA

Aumento de atividade física através da iniciativa “Atividade Física Adaptada”

Caminhada

Pesca

Abdominais

Natação

Exercício

Corrida

Andebol

Futebol

Ciclismo

Figura 2 Mudança de hábitos reportada depois do programa AFA

Figura 3 Aumento de atividade física reportada depois do programa AFA

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76 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

O projeto Sport4+ALL teve início em 2014-2015 quando era evidente que, apesar dos seus benefícios reconhecidos universalmente e dos seus impactos positivos nas vidas das pessoas, a participação em atividades físicas e/ou desportivas constituía ainda um problema sério para os cidadãos Europeus e, em particular para os que, entre estes, viviam com deficiências e incapacidades e para quem há ainda barreiras de acesso e falta de oportunidades de participação.

Considerando estes elementos, o projeto Sport+4ALL destacou o trabalho e as iniciativas de sete organizações relacionadas com deficiências ou reabilitação, estando particularmente representadas pessoas com alterações neurológicas. Estas organizações atuaram no sentido de proporcionar respostas à necessidades e expectativas sobre o desperto para pessoas com deficiências e incapacidades que atualmente não estão totalmente incluídas no desporto. As respostas foram no sentido não só de responder a estas necessidades, mas de combinar as atividades de resposta com a oferta de serviços existentes. Ao longo de três anos de seminários, eventos de treino, investigação, comparações e experimentação de instrumentos e processos com vista ao aumento da participação plena do desporto, destacámos aqui alguns dos elementos importantes.

Dentre as partilhas de experiências feitas pelos parceiros, destacamos as palavras: motivação,ambiente,participaçãoeflexibilidade.

CONCLUSÃO6

1

2

Cabe aqui destacar que o Desporto foi considerado neste projeto segundo as recomendações do Conselho Europeu: “Desporto significa qualquer forma de atividade física que, através de participação casual ou organizada, tem como objetivo expressar ou melhorar a forma física e bem-estar mental, formando relações sociais ou obtendo resultados em competições a todos os níveis”.

Uma segunda nota fundamental é que na cultura geral, o desporto para pessoas com deficiências e incapacidades é entendido como “Desporto Paralímpico” e orientado para as admiráveis e positivas experiências dos atletas destas competições. No entanto, este é um recurso para quem está motivado ou para quem ultrapassou a primeira barreira no aceso ao desporto. Para PCDI estas barreiras são altas e, como a literatura e os projetos dos parceiros no projeto demonstram – entram em linha de conta para a prática desportiva de PCDI um complexo conjunto de fatores objetivos e subjetivos.

A questão importante para todos os que se preocupam com o “desporto para todos” é a motivação, pelo que para ultrapassar a barreira de acesso ao desporto é necessário considerar fatores objetivos, subjetivos e limites. As experiências vencedoras – aqui as que envolvem mais pessoas no desporto e por mais tempo – dão respostas a estes limites. Por exemplo: a demonstração e resultados clínicos em paralelo com uma cuidadosa gestão das atividades, como a relação de grupo, medo ou desejo de reconhecimento pessoal, socialização. Atividades para abordar a dimensão subjetiva que demonstrem falta de estrutura correm o risco de não criar motivação. As atividades baseadas

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77Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

Este manual faz parte de um conjunto de outros resultados do projeto que seguem os mesmos critérios de flexibilidade e possibilidade de transferência:a. Recomendações para a gestão inclusiva de atividades em centros desportivosb. Perfil de competências desejado para monitores desportivos na oferta de modalidades desportivas a pessoas com deficiências e incapacidadesc. Estudo de referência cruzada sobre desporto para pessoas com deficiências e incapacidades – HEPA para >50d. Instrumento de avaliação de capacidades para a prática desportivaTambém estes resultados emergiram da estrutura do projeto, desde o benchmarking estruturado entre parceiros até às conclusões das suas atividades para promover a participação de pessoas com deficiências e incapacidades no desporto pela Europa fora.

somente em relações sociais correm o risco de produzir efeitos nefastos a nível clínico. O objetivo é, por isso, criar um círculo virtuoso, demonstrando resultados para o bem-estar físico e apoio à superação de barreiras e limitações.

A participação continuada no desporto é útil somente se as ações forem tomadas não só em relação ao desporto em si, mas também ao contexto pessoal – pelas parcerias, mas também por fatores de acesso à participação como a logística. Os melhores resultados emergem de atenção a todos os detalhes.

Um outro assunto que surgiu foi a necessidade de aumentar a participação das pessoas nas atividades. Os projetos de sucesso são aqueles em que os utilizadores podem participar ativamente, expressando as suas necessidades e preferências, tomando parte no planeamento e eventualmente na gestão das atividades. Participação significa também que os utilizadores assumem responsabilidade pela sua futura participação.

Um elemento que parecia inicialmente um fator limitador era a variabilidade dos públicos-alvo entre os parceiros e a variabilidade da oferta em termos de atividade física e desporto. No entanto, este aspeto tornou-se numa oportunidade para a procura flexível de resultados e a aplicação flexível de instrumentos gerados pelo projeto. Com efeito, um trabalho comparado permitiu que os públicos-alvo e os objetivos não fossem demasiado restritos e permitiu desenvolver um conjunto de atividades que não consideradas prescritivas, mas somente experiências abertas à apropriação por parte de outras organizações.

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78 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

7SOBRE A PROMOÇÃO DE DESPORTO JUNTO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS E INCAPACIDADES

QUESTÕES FREQUENTES

1. Qual a forma mais fácil de nos envolvermos em desporto?A caminhada ativa é uma forma fácil de envolvimento com o desporto, é ótima para ajudar a perder peso e a relaxar. Treinos intensos não são a única forma de estar em forma e de melhorar a saúde. As caminhadas diárias podem ajudar a trabalhar glúteos, quadríceps, isquiotibiais, gémeos, canelas e músculos dos pés. Pode também ajudar a aliviar a dor lombar, a diminuir o stress e prevenir demência e depressão, enquanto contribui para a longevidade e nível de independência.

2. Ser fisicamente ativo e praticar desporto são a mesma coisa?Segundo a Organização Mundial de Saúde, a atividade física consiste em qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que usam energia, o que inclui desporto, exercício e outras atividades, como jogar jogos, caminhar, fazer atividades domésticas e jardinagem.

3. O que pode uma organização aprender com a introdução de um projeto desportivo?Aprendemos o que é preciso fazer para criar um projeto novo e inovador. Percebemos como o integrar nos programas existentes e nas atividades da organização. Agora somos capazes de mudar atitudes em relação aos benefícios das atividades desportivas e de levar a bom termo um projeto desta natureza.Compreendemos como o benchmarking e a troca de ideias com outros prestadores de serviços de outros países podem apoiar a inovação nos projetos: a) comunicamos de novas formas através de um grupo no WhatsApp; b) teremos um ecrã de televisão na receção para dar informação a utilizadores e visitantes sobre as atividades desportivas; c) usamos pósteres em locais centrais para informar os nossos utilizadores acerca de horários e eventos desportivos planeados; d) envolvemo-nos em parcerias novas e importantes. Tudo isto ajuda a nossa organização a desenvolver novos programas desportivos e aprendemos quão importantes podem ser as parcerias para benefício direto dos utilizadores da BBW. Colecionámos muitas e boas ideias que pretendemos incluir na nossa oferta num futuro próximo, tais como: um diário de treino, seminários de nutrição e questionários sobre a satisfação dos utilizadores.

4. Quais foram os benefícios/resultados da nova atividade desportiva?A organização identificou a necessidade de ter um novo membro no staff para desenvolver e implementar o desporto como um elemento integral. A adição de um gestor de desporto daria um novo impulso às atividades desportivas. O desporto ganhou assim reconhecimento no seio da organização e os colaboradores existentes, entre gestão e técnicos, aperceberam-se de quão importante é o desporto para o bem-estar dos nossos utilizadores e até para o staff. Criámos duas novas parcerias que abrirão portas e encontrámos patrocinadores para o nosso programa de corridas.No seguimento desta aprendizagem, a organização está a considerar implementar uma avaliação desportiva como parte da avaliação inicial de potenciais utilizadores de modo a completar a visão holística das suas necessidades.

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79Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

A organização aprendeu quão importante é a comunicação entre staff e utilizadores, pelo que criámos uma nova plataforma para o efeito, e compreendemos que os nossos utilizadores devem estar mais envolvidos nas decisões que têm impacto sobre as suas vidas dentro da organização. A interação da iniciativa “Corredores Incluídos da BBW” com a cidade e com eventos locais e a sua cobertura mediática ao longo de cinco corridas deu visibilidade à organização, aos nossos utilizadores, ao nosso trabalho e à inclusão dos nossos utilizadores a sociedade.

5. O que é Atividade Física Adaptada?A Federação Internacional de Atividade Física Adaptada define o termo hoje como “diferenças individuais em atividade física que requerem atenção especial”.

6. Quais são as principais barreiras à prática desportiva para os adultos?As pessoas podem enfrentar várias barreiras no acesso ao desporto e à atividade física, incluindo:• Barreirasfísicas(equipamentoe/ouinfraestruturainacessíveis);• Barreiraspsicológicas(faltadeconfiança,faltadeinformaçãosobreoportunidades e atitudes de outras pessoas)• Barreiraslogísticas(custosdedeslocação,faltadeapoioparacomparênciaecomunicação).As pessoas com alterações nas funções neuromusculoesqueléticas reportam barreiras complexas comuns, facilitadores, desmotivadores e motivadores para a prática de atividade física (ver Tabela). A forma como estes fatores influenciam a participação é única para cada indivíduo, pelo que o desenho da intervenção deve também ser único.

Condições de saúde não progressivas

Condições de saúde progressivas

Falta de equilíbrio na marcha, fraqueza muscular, dor, rigidez, problemas de bexiga e de respiração, depressão, receio de dano corporal.

Flutuação de sintomas e fadiga

Manutenção de independência, funcionalidade e peso. Prevenção de condições médicas secundárias.

Autoconceito e embaraço público, fata de vontade, ansiedade, frustração e raiva.

Definição e alcance de objetivos, sentir-se bem, sentir-se “normal”, otimismo, redefinição de si próprio e escape de limites impostos no dia-a-dia.

Acessibilidade, custo, transporte e falta de informação e conhecimento por parte de profissionais de saúde.

Motivadores mais comuns

Desmotivadores pessoais mais comuns

Motivadores pessoais mais comuns

Barreiras no ambiente mais comuns

Desmotivadores mais comuns

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80 Projeto Erasmus Sport+4ALL | 2015 - 2017 | Manual

7. Qual foi o impacto da atividade desportiva em clientes com problemas de saúde mental?A possibilidade de participação em competição regular é um passo importante contra o estigma associado à doença mental e permitiu que a Intras estabelecesse novas colaborações com entidades desportivas que não trabalham com PCDI. Há um número significativo de pessoas com problemas de saúde mental que não se sente confortável em participar em competições de desporto adaptado ou competições específicas para pessoas com deficiências intelectuais, pelo que esta iniciativa significou mais oportunidades, mais inclusão, e deu-nos a oportunidade de desenhar um projeto para o nosso grupo revestido de significado e individualizado.

8. De que é que a sua organização necessitaria para garantir a sustentabilidade deste tipo de atividades?O primeiro passo, e o mais importante, é o estabelecimento de parcerias com entidades desportivas, quer públicas quer privadas, e com financiadores que possam contribuir com conhecimento, recursos, contactos e possível financiamento direto.O financiamento é importante de modo a permitir que a organização cubra os custos associados à prática desportiva, em particular os custos associados a seguros. Para chegar até estas organizações, será necessário desenhar e implementar uma boa estratégia de disseminação de modo a chegar ao público em geral e desconstruir preconceitos.

9. Por que é que o ciclismo é uma atividade importante para pessoas com deficiências e incapacidades?O ciclismo pode ser uma atividade fantástica não só porque é cada vez mais popular, mas também porque é um meio de transporte sustentável e porque permite manter a forma e a saúde de modo simples. O equipamento acessível permite que algumas pessoas disfrutem do ciclismo e participem nas atividades com confiança, o que ajuda a que as pessoas com menor confiança experimentem sentar-se numa bicicleta. Os participantes envolvidos no clube de ciclismo acessível destacaram os benefícios da possibilidade de se moverem de forma independente, a prática regular de exercício físico e a diversão que sentiam com outras pessoas.

10. Quais são os principais obstáculos que as pessoas com deficiências eincapacidadesexperienciamquandotentamparticiparematividadesdesportivas?Nem sempre as pessoas têm conhecimentos suficientes que as permitam treinar sozinhas e uma saúde instável pode dificultar o processo de envolvimento regular em treinos, o que pode diminuir a motivação e a eficiência do treino. Além disso, os custos de participação em certas atividades desportivas (e.g. uso dos espaços, inscrição, aluguer de equipamento) podem representar uma fatia significativa do orçamento mensal das pessoas.No entanto, as maiores barreiras à participação são a acessibilidade dos locais (ginásios, pavilhões, courts, etc.) e o equipamento. É ainda muito comum que

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as pessoas necessitem de ajuda de outros para aceder aos espaços que não são acessíveis e muitas pessoas necessitam de equipamento específico que nem sempre está disponível.

11. O que é que o staff precisa de saber para poder liderar atividades desportivas com pessoas com deficiências e incapacidades?O staff em geral deve, em primeiro lugar, ter interesse no trabalho com deficiências e incapacidades. Se o staff estiver interessado e motivado, poderá sempre usar diferentes fontes de informação para se autoeducar, pelo que não necessitam de ser profissionais de desporto. Por outro lado, convém ter uma pessoa com conhecimentos mais específicos que possa prestar esclarecimentos sobre limitações, restrições e aconselhar os colegas relativamente a cada cliente em particular.

12. Quais são os principais facilitadores para a prática desportiva ou de atividade física para pessoas com deficiências e incapacidades?A literatura científica mostra que os principais facilitadores são a preocupação com a saúde, a diversão, o aumento da força muscular, o conselho de profissionais de reabilitação e o contacto social.

13.Existemdiretrizesourecomendaçõessobreatividadefísicaehábitos de saúde?Sim, existem diretrizes para diferentes públicos e disponíveis em vários idiomas. Uma fonte de informação possível é a Organização Mundial de Saúde. O National Centre on Health, Physical Activity and Disability (Centro Nacional de Saúde, Atividade Física e Incapacidade, nos E.U.A.) também tem conteúdos com diretrizes relativas a deficiências e incapacidades, que podem ser encontradas no seu website (http://www.nchpad.org).

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CRÉDITOS9Este documento foi produzido por um grupo de trabalho composto por todos os parceiros do projeto, com o apoio dos especialistas mencionados, graças ao trabalho e experiência de 30 meses de projeto (janeiro de 2015 – junho de 2017) de:

Barbara Montagnana Silvia Galeazzi Deborah Peretti

Jurgita VeliulyteBrigita DaknyteMarija Markina

Ana Correia de BarrosCristina CrisóstomoTiago Marques

Mike DolezalJohann Stroh

Kadri JoostAgne LaansaluMinna SildPiret Tiits

Gustavo Martín VillarejoAdrian Pérez ÁlvarezSara Marcos Ispierto

Kieran Molloy Sergio DominguezRhona McAuley

Project Quality Control: Stefania Marzocchi

Project Research & Development: Guus van Beek

Project Research & Development and Scientific Committee Editor: Michael Crowley

Maurizio Chiappa

Project Staff members

ExternalContributors

Project coordinator

cqc

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Este projeto foi financiado com o apoio da Comissão Europeia.Esta publicação reflete somente as visões dos autores, não podendo a

Comissão Europeia ser responsabilizada por qualquer uso que possa ser feito da informação nela contida.

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Todos os direitos reservados aos textos originais, logótipo original e imagens contidas neste documento estão sujeitas a leis de direitos autorais. As fotografias são originais e cedidas pelos parceiros do projeto de acordo com políticas de respeito de privacidade dos utilizadores. Não é permitido o uso comercial desta publicação. A reprodução e circulação em formato impresso ou digital são permitidas somente para fins científicos, educacionais ou documentais, conquanto que os documentos não sejam modificados e que mantenham a referência à autoria e à fonte: “Sport+4ALL - Active &

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