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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA (CCET) CENTRO DE TECNOLOGIA (CT) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS LIDIANE SILVA RAMOS Solidificação Direcional da Liga Eutética Sn-9%Zn: Inter-relações entre microestrutura, parâmetros térmicos e propriedades mecânicas Natal 2019

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Page 1: Solidificação Direcional da Liga Eutética Sn-9%Zn: …...Ligas Sn-Zn - Dissertação. I. Silva, Bismarck Luiz. II. Título. RN/UF/BCZM CDU 620.1(043.3) Elaborado por FERNANDA DE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA (CCET)

CENTRO DE TECNOLOGIA (CT)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA

E ENGENHARIA DE MATERIAIS

LIDIANE SILVA RAMOS

Solidificação Direcional da Liga Eutética Sn-9%Zn:

Inter-relações entre microestrutura, parâmetros térmicos

e propriedades mecânicas

Natal

2019

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LIDIANE SILVA RAMOS

Solidificação Direcional da Liga Eutética Sn-9%Zn:

Inter-relações entre microestrutura, parâmetros térmicos

e propriedades mecânicas

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais

como requisito parcial à obtenção do título de

MESTRE EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE

MATERIAIS.

Orientador: Dr. Bismarck Luiz Silva

Agência Financiadora: CAPES

Natal

2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Ramos, Lidiane Silva.

Solidificação direcional da liga eutética Sn-9%Zn: inter-

relações entre microestrutura, parâmetros térmicos e propriedades

mecânicas / Lidiane Silva Ramos. - 2019.

84 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-graduação em

Ciência e Engenharia de Materiais. Natal, RN, 2019.

Orientador: Prof. Dr. Bismarck Luiz Silva.

1. Engenharia de materiais - Dissertação. 2. Solidificação

direcional - Dissertação. 3. Variáveis térmicas - Dissertação. 4.

Ligas Sn-Zn - Dissertação. I. Silva, Bismarck Luiz. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 620.1(043.3)

Elaborado por FERNANDA DE MEDEIROS FERREIRA AQUINO - CRB-15/301

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, meu melhor amigo, por toda força e

coragem ao longo dessa caminhada.

À minha família, especialmente a minha mãe, Katia Maria Silva. Minha

irmã, Laiane Silva Ramos e ao meu sobrinho, Enzo Gabriel Silva Ferreira que,

com muito amor е compreensão, não mediram esforços para qυе еυ chegasse

até esta etapa da minha vida.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Bismarck Luiz Silva, pela dedicação na

orientação е pela ajuda, qυе tornaram possível а conclusão deste trabalho,

muito obrigada.

Ao Prof. Dr. José Eduardo Spinelli – DEMa/UFSCar, assim como, aos

seus orientandos Leonardo, Rodrigo e Marcella Xavier por toda ajuda nas

fusões da liga Sn-9%Zn.

À Igor Zumba e Gudson Nicolau pela paciência, empenho e dedicação

no auxílio da realização de algumas imagens presentes neste trabalho.

Aos amigos que a vida me deu.

Aos amigos do Departamento de Engenharia de Materiais da UFRN, que

tornaram essa caminhada mais prazerosa.

Agradeço a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES) pela bolsa cedida.

Por fim, agradeço a todos os professores que acompanharam minha

jornada enquanto universitária e foram essenciais à minha formação

profissional.

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RESUMO

A fabricação e uso de dispositivos eletrônicos tem crescido a cada ano nas

diversas aplicações, contudo o controle sustentável dos materiais utilizados

ainda precisa avançar. É neste momento que as ligas de soldagem livres de

chumbo entram como alternativas de materiais de engenharia na indústria

eletrônica. Neste contexto, a presente proposta visa estudar o crescimento

eutético na liga Sn-9%Zn solidificada em diferentes substratos (aço e cobre).

Aspectos microestruturais (fases, morfologias, distribuição e tamanho de escala

microestrutural como espaçamentos celulares e interfásicos), parâmetros

térmicos (velocidade de deslocamento da frente eutética-VE e a taxa de

resfriamento-ṪE), leis de crescimento experimental e propriedades mecânicas

de tração (limite de resistência à tração-σt, limite de escoamento-σe e

alongamento específico-δ) foram discutidas. Os lingotes Sn-Zn apresentaram

uma microestrutura com colônias eutéticas formadas por uma fase rica em

zinco, α-Zn, a qual exibiu duas morfologias, interfásico globular (λg) e/ou em

agulhas (λa) dispersas em uma fase rica em estanho, β-Sn. Considerando os

dois lingotes Sn-Zn, notou-se que para valores de VE>045 mm/s, as

morfologias globular e agulha da fase α-Zn predominavam na microestrutura,

enquanto que para VE<0,45 mm/s, uma morfologia tipo agulha prevaleceu.

Observou-se que maiores valores de resistência mecânica (σt e σe) e

ductilidade (δ) eram obtidos para estruturas mais refinadas em ambos os

lingotes Sn-Zn. As fractografias revelaram um modo de fratura dúctil para os

lingotes Sn-Zn analisados, com alta fração de dimples.

Palavras-Chave: Solidificação direcional; Variáveis Térmicas; ligas Sn-Zn;

crescimento eutético; Propriedades Mecânicas.

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ABSTRACT

Directional solidification of the eutectic Sn-9wt.%Zn alloy: Inter-relations

of microstructure, thermal parameters and mechanical properties

The manufacture and use of electronic devices have grown every year in the

various applications, however the sustainable control of the materials used still

needs to advance. It’s at this moment that lead-free solder alloys enter as

alternatives engineering materials in the electronics industry. In this context, the

present investigation aims to study the growth eutectic in the Sn-9wt%Zn alloy

solidified on different substrates (steel and copper). Microstructural features

(phases, morphologies, distribution and microstructural scale such as eutectic

and cellular spacings), thermal parameters (growth rate-VE and cooling rate-ṪE),

experimental growth laws and tensile mechanical properties (ultimate tensile

strength-σu, yield tensile strength-σY and elongation-to-fracture-δ) have been

discussed. Sn-Zn alloy castings displayed a microstructure with eutectic

colonies formed by Zn-rich phase, α-Zn, dispersed with two morphologies,

globular-λg and needles-λn, in the Sn-rich matrix. Considering two Sn-Zn ingots,

it can be seen that for VE>0,45 mm/s values, globular and needle morphologies

prevails in the microstructure, while for VE<0,45 mm/s values, α-Zn needles

predominate. Higher mechanical resistance (σu and σY) and ductility (δ) values

have been observed for refined structures in both Sn-Zn alloy castings. The

fractographs revealed a mode of ductile fracture for the Sn-Zn ingots analyzed,

with higher fraction of dimples.

Keywords: Directional Solidification; Thermal Parameters; Sn-Zn alloys; eutectic

growth; Mechanical properties.

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SUMÁRIO

SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES ........................................................................ 13

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

2. OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 3

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 4

3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................... 5

3.1 O PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO ....................................................... 5

3.2 TRANSFERÊNCIA DE CALOR NO PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO... 8

3.3 RELAÇÃO PARÂMETROS TÉRMICOS DE SOLIDIFICAÇÃO X

MICROESTRUTURA .................................................................................... 12

3.4 MICROESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO ......................................... 16

3.4.1 Considerações gerais ....................................................................... 16

3.4.2. Crescimento eutético ....................................................................... 18

3.5 LIGAS ALTERNATIVAS DE BRASAGEM LIVRES DE CHUMBO .......... 21

3.6 LIGAS SN-ZN .......................................................................................... 22

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................... 25

4.1 PREPARAÇÃO DAS LIGAS METÁLICAS, DA LINGOTEIRA E DAS

CHAPAS MOLDE .......................................................................................... 27

4.2 SOLIDIFICAÇÃO DIRECIONAL .............................................................. 28

4.3 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS TÉRMICOS DE

SOLIDIFICAÇÃO .......................................................................................... 31

4.4 CARACTERIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO ........... 32

4.4.1 Macroestruturas e Microestruturas de Solidificação ......................... 32

4.4.2 Medição dos espaçamentos celulares e eutéticos ............................ 33

4.5 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X (DRX) ............................................................. 35

4.6 ANÁLISE DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV-

FEG) ............................................................................................................. 35

4.7 ENSAIO DE TRAÇÃO ............................................................................. 35

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 37

5.1 PERFIS TÉRMICOS ............................................................................... 37

5.2 VARIÁVEIS TÉRMICAS DE SOLIDIFICAÇÃO ....................................... 40

5.3 MACROESTRUTURAS E MICROESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO 42

5.4 LEIS DE CRESCIMENTO MICROESTRUTURAL E ANÁLISE POR DRX

...................................................................................................................... 46

5.5 CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL POR ANÁLISES DE MEV. 51

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5.6 ANÁLISE DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE TRAÇÃO E

SUPERFÍCIES DE FRATURA ...................................................................... 55

6. CONCLUSÃO .............................................................................................. 64

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................. 66

7.REFERÊNCIAS ............................................................................................. 67

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Leis experimentais genéricas para descrever a evolução dos

espaçamentos eutéticos (λ) em função dos parâmetros térmicos de

solidificação (VE e ṪE) para ligas metálicas (JACKSON e HUNT, 1966). ......... 14

Tabela 2 - Mapeamento morfológico da fase α-Zn ao longo dos lingotes Sn-

9%Zn solidificados contra os substratos de aço e Cu. ..................................... 55

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do encadeamento de fatores e eventos durante a

solidificação de um metal. (Adaptado de GARCIA, 2007) .................................. 6

Figura 2 - Técnicas experimentais de solidificação unidirecional: (a) vertical

ascendente; (b) vertical descendente (BRITO, 2012). ....................................... 8

Figura 3 - Modos de transferência de calor atuantes no sistema metal/molde

durante o processo de solidificação (Adaptado de GARCIA, 2007). .................. 9

Figura 4 - Equipamento de solidificação unidirecional vertical ascendente

(refrigerado): 1. Aquisição de dados via computador; 2. Material refratário

isolante; 3. Resistências elétricas (sistema de aquecimento); 4. Lingoteira

bipartida em aço inoxidável AISI 310; 5. Termopares; 6. Registrador de dados

térmicos; 7. Chapa molde em carbono 1020/cobre; 8. Rotâmetro; 9.

Controlador de potência do forno; 10. Metal líquido (ROSA, 2008). ................ 11

Figura 5 - Esquema da atuação dos fatores de influência na formação das

estruturas de solidificação com Co sendo a concentração inicial de soluto; VL a

Velocidade da isoterma liquidus; SRC o Super-Resfriamento Constitucional; e

GL o Gradiente térmico (GARCIA, 2007) ......................................................... 17

Figura 6 - Representação esquemática das ramificações interdendríticas

primárias (λ1) secundárias (λ2) e terciárias (λ3) (ROCHA, 1995). ..................... 18

Figura 7 - (a) Diagrama binário de uma liga eutética; (b) esquematização da

morfologia da interface eutética (CALLISTER, 2012). ...................................... 19

Figura 8 - Representação das possíveis estruturas eutéticas (a) Regular

Lamelar, (b) Regular Fibrosa, (c) Regular Globular e (d) Irregular (GARCIA,

2007). ............................................................................................................... 20

Figura 9 - Diagrama de fases do sistema Sn-Zn (Adaptado de PADHY, 2015).

......................................................................................................................... 23

Figura 10 - Microestruturas da liga eutética Sn-9%Zn observadas ao longo de

seções longitudinais. A Região mais clara representa a fase rica em Sn,

enquanto que a região mais escura demonstra a fase rica em Zn. (GARCIA,

2008). ............................................................................................................... 23

Figura 11 - Imagens MEV da liga Sn-9%Zn (PADHY, 2015). .......................... 24

Figura 12 - Fluxograma geral das etapas experimentais envolvendo a

solidificação da liga eutética Sn-9%Zn contra chapas molde de aço carbono

1020 e cobre eletrolítico. .................................................................................. 27

Figura 13 - Lingoteira bipartida de aço inoxidável austenítico, termopares tipo J

e chapa molde de aço carbono. ....................................................................... 28

Figura 14 - Cadinho de carbeto de silício, metal fundido e termopar tipo J

utilizados para determinação da temperatura eutética da liga Sn-9%Zn.......... 29

Figura 15 - Aparato experimental do dispositivo de solidificação direcional

transitória (REYES, 2017). ............................................................................... 30

Figura 16 - Detalhe da parte interna do forno. ................................................. 30

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Figura 17 - Representação esquemática da obtenção das amostras para

análises macro e microestruturais. (a) lingote solidificado direcionalmente; (b)

corte para revelar a macroestrutura; (c) cortes para obtenção de amostras para

a metalografia; (d) cortes longitudinais; e (e) cortes transversais. (Adaptado de

ROSA, 2007). ................................................................................................... 32

Figura 18 - Representação esquemática do método (intercepto linear) utilizado

para medição dos espaçamentos (a) celulares-λC e (b) eutéticos (λg, λa) nos

lingotes Sn-9%Zn. ............................................................................................ 34

Figura 19 - (a) Esquema de retirada dos corpos de prova utilizados nos

ensaios de tração dos lingotes Sn-9%Zn e (b) dimensões (em mm) das

amostras analisadas......................................................................................... 37

Figura 20 - Perfis térmicos da liga Sn-9%Zn solidificada contra (a) aço e (b)

Cu; (c) e a curva de resfriamento experimental. ............................................... 39

Figura 21 - (a) Avanço da frente eutética ao longo das posições monitoradas, e

evoluções (b) da velocidade de deslocamento da frente eutética-VE, (c) da taxa

de resfriamento-ṪE e (d) do gradiente térmico (GE) em função da posição ao

longo dos lingotes Sn-9%Zn solidificados contra substrato de aço e de Cu. ... 42

Figura 22 - Macroestruturas de solidificação dos lingotes Sn-9%Zn

solidificados contra (a) aço e (b) Cu. ................................................................ 43

Figura 23 - Microestruturas transversais e longitudinais da liga Sn-9%Zn

solidificada direcionalmente contra chapa molde de aço. ................................ 44

Figura 24 - Microestruturas transversais e longitudinais da liga Sn-9%Zn

solidificada direcionalmente contra chapa molde de Cu. ................................. 45

Figura 25 – Variação do espaçamento celular em função da posição para a liga

Sn-9%Zn. ......................................................................................................... 46

Figura 26 - Evolução do espaçamento celular eutético em função (a) da taxa

de resfriamento (ṪE) e (b) da velocidade da frente eutética (VE). R2 é o

coeficiente de determinação. ............................................................................ 47

Figura 27 - Evolução dos espaçamentos interfásicos (a) globulares e (b) tipo

agulhas em função da velocidade da frente eutética (VE) para os lingotes Sn-Zn

solidificados contra aço e Cu. R2 é o coeficiente de determinação. ................. 49

Figura 28 - Difratogramas de raios-X de diferentes posições para os lingotes

Sn-9%Zn solidificados (a) contra aço e (b) contra Cu. As respectivas taxas de

resfriamento foram incluídas. P é a posição a partir da interface metal/molde. 51

Figura 29 - Imagens MEV da seção transversal do lingote Sn-9%Zn solidificada

contra substrato de aço, considerando três diferentes posições e seus

respectivos parâmetros térmicos (VE e ṪE) e espaçamentos interfásicos (λa e

λg). .................................................................................................................... 52

Figura 30 - Imagens MEV da seção transversal do lingote Sn-9%Zn solidificada

contra substrato de Cu, considerando três diferentes posições e seus

respectivos parâmetros térmicos (VE e ṪE) e espaçamentos interfásicos (λa e

λg). .................................................................................................................... 53

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Figura 31 - Curvas tensão x deformação para três posições distintas (6mm,

48mm e 90mm) dos lingotes Sn-9%Zn solidificados em (a) substrato de aço e

(b) em Cu. ........................................................................................................ 57

Figura 32 - Correlações experimentais entre o (a) limite de resistência à tração

(σt), (b) limite de escoamento (σe) e (c) alongamento específico (δ) e os

espaçamentos celulares eutéticos (λc) para os lingotes Sn-9%Zn solidificados

contra substratos aço e Cu. .............................................................................. 60

Figura 33 - Imagens MEV das superfícies de fratura das amostras submetidas

ao ensaio de tração do lingote Sn-9%Zn solidificado contra substrato de aço,

considerando as posições (a) 6mm, (b) 48mm e (c) 90mm a partir da interface

metal/molde. ..................................................................................................... 62

Figura 34 - Imagens MEV das superfícies de fratura das amostras submetidas

ao ensaio de tração do lingote Sn-9%Zn solidificado contra substrato de Cu,

considerando as posições (a) 6mm, (b) 48mm e (c) 90mm a partir da interface

metal/molde. ..................................................................................................... 63

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SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES

GE – Gradiente Térmico

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura

SRC – Super-resfriamento Constitucional

ṪE - Taxa de resfriamento

TS – Temperatura solidus

VE – Velocidade de deslocamento da frente eutética

λ1 – Espaçamento Dendrítico Primário

λ2 – Espaçamento Dendrítico Secundário

λ3 – Espaçamento Dendrítico Terciário

λg – Espaçamento Interfásico Globular

λa – Espaçamento Interfásico Agulhas

λC – Espaçamento Celular

Pb – Chumbo

Sn – Estanho

Zn – Zinco

Cu - Cobre

hi – Coeficiente de Transferência de Calor Interfacial Metal/Molde

hg - Coeficiente Global de Transferência de Calor entre a Superfície do Material

Solidificado e o Fluido de Refrigeração

VL e Vs - Velocidade de Evolução das Isotermas de Transformação liquidus e

solidus

Ks - Condutividade Térmica do Material do Substrato (ou molde)

hw - Coeficiente de Transferência de Calor do Molde Refrigerado

TV – Temperatura de Vazamento

σt - Limite de Resistência à Tração

σe - Limite de Escoamento

δ – Alongamento Específico

DRX – Difração de Raio-X

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1

1.INTRODUÇÃO

Com o avanço tecnológico nas diversas áreas das ciências humanas,

exatas e biológicas, iniciou-se uma maximização na produção de equipamentos

eletrônicos de modo a acompanhar a necessidade da sociedade. No entanto, à

medida que tornando-se inutilizáveis esses equipamentos ultrapassados são

descartados e, consequentemente, convertidos em lixo eletrônico

(RODRIGUES, 2013; NATUME, 2011). Com o aumento descontrolado da

produção e descarte de produtos eletrônicos, cresceu também a necessidade

de estudos voltados para definir a melhor forma de descartar esses materiais,

sem um prejuízo direto ao ambiente. Assim, órgãos ambientais buscaram

formas de minimizar ou abolir o uso de metais tóxicos presentes em

componentes eletrônicos. Dentre os metais pesados que possuem uma maior

preocupação em relação aos danos ambientais, destaca-se o chumbo (Pb)

(ABTEW, 2000).

Neste âmbito, ligas do sistema Sn-Pb (principalmente a eutética, Sn-

37%Pb) voltadas para utilização em processos brasagem são amplamente

utilizadas na manufatura de produtos eletrônicos para unir juntas soldadas. O

uso destas ligas ocorre por características como boa molhabilidade, baixo

custo e facilidade de fabricação. No entanto, questões ambientais e de saúde

humana impedem o uso de ligas contendo chumbo. Assim, foi necessária a

busca por novas ligas que pudessem ser utilizados em condições críticas na

indústria eletrônica, porém sem a presença de metais tóxicos como o Pb. Um

dos percussores na elaboração de medidas restritivas ao uso de desses metais

foi a União Europeia, que em 2006 publicou diretrizes quanto ao uso de

componentes contendo metais tóxicos. Japão (MA, 2009) e Estados Unidos da

América (FREAR, 2001) também seguiram a mesma direção.

Assim, como uma alternativa de substituição das ligas Sn-Pb, algumas

ligas binárias à base de estanho como Sn-Cu, Sn-Bi, Sn-Zn e Sn-Ag são

consideradas promissoras. Dentre estas, a liga eutética Sn-9%Zn é uma forte

candidata devido possuir temperatura de fusão (198°C) próxima da

temperatura eutética da liga Sn-37%Pb (183°C), desta forma, não são

necessárias mudanças significativas no setor industrial de interconexões

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2

(SHRESTHA, 2014). Além disso, apresenta menor custo, boa soldabilidade,

tenacidade (GILEADI, 1993). Porém, é muito suscetível à oxidação e tem baixa

molhabilidade em substratos metálicos (Cu e Ni, por exemplo).

A microestrutura da liga eutética Sn-9%Zn consiste em uma mistura

eutética composta de uma fase primária rica em Sn e uma fase rica em Zn

contendo menos de 1% de Sn em solução sólida (WU, 2002). Considerando

ligas do sistema Sn-Zn de composição eutética ou próxima da eutética, a

microestrutura é constituída por regiões de fase β-Sn com a fase rica em zinco

(α-Zn), que pode apresentar morfologia em agulhas ou esferiodial (ou

glóbulos). A mistura eutética é formada por um crescimento cooperativo de

ambas as fases (PADHY, 2015). Sugunama (SUGANUMA, 1998) defende que

as ligas binárias do sistema Sn-Zn apresentam uma estrutura em forma de

colônias eutéticas, ou seja, são células que tendem a crescer como lamelas

perpendicularmente à interface sólido/líquido (GARCIA, 2007). As células

eutéticas são compostas de uma fase rica em Sn e com o Zn (com morfologia

de placas) distribuído ao longo das regiões eutéticas. De acordo com Santos

(SANTOS, 2016), as microestruturas resultantes da solidificação unidirecional

de ligas para soldagem Zn-Sn consiste de células alongadas da fase rica em

Zn (α-Zn) na forma de placas, com uma mistura eutética nas regiões

intercelulares.

Segundo Leonardo (GARCIA, 2008), resultados experimentais de

ensaios de tração realizados na liga Sn-9%Zn indicaram que nas posições

próximas à base refrigerada apresentou maiores valores para o limite de

resistência à tração (σt), em função das maiores taxas de resfriamento e do

maior grau de refino microestrutural. Por outro lado, para microestruturas mais

grosseiras, observou-se maiores valores de ductilidade (alongamento

específico). Entretanto, com a liga Sn-40%Pb, ocorreu exatamente o contrário,

quanto menor a taxa de resfriamento maior o valor de σt. Associou-se esse fato

à ocorrência de uma macrossegregação inversa causada por efeito

gravitacional em ligas Sn-Pb. Dentre diversas ligas estudadas do sistema Sn-

Zn, considerando substratos de cobre, Leonardo (LEONARDO, 2008) mostrou

que a liga que mais se assemelha aos resultados de molhabilidade

apresentados pela liga eutética Sn-Pb é a liga Sn-9%Zn.

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3

As ligas de brasagem Sn-Zn são de natureza similar quando

comparadas às ligas de solda Sn-Pb. Oferecem melhores propriedades

metalúrgicas em relação às ligas Sn-Pb convencionais. Além disso, destacam-

se em relação a sua rentabilidade (SUGUNAMA, 2007). A eliminação do

chumbo em ligas utilizadas para soldagem através do desenvolvimento de

novas ligas comerciais deve levar em consideração a toxidez dos elementos

substituintes (LIN, 2003). Por exemplo, enquanto o chumbo (Pb) está em

segundo na classificação de toxidade, o zinco (Zn) está em septuagésimo

oitavo (78º) e o estanho (Sn) em trecentésimo sétimo (307º). Desta forma,

torna-se mais vantajoso o uso do sistema eutético Sn-Zn sendo este menos

agressivo ao meio ambiente quando comparado ao sistema Sn-Pb (ATSDR,

2017).

Outro ponto determinante na avaliação de ligas eutéticas Sn-Zn é a

formação de compostos intermetálicos na microestrutura final da junta brasada.

O conhecimento da solidificação destas regiões auxiliará na obtenção de

propriedades mecânicas otimizadas e, consequentemente, em conexões mais

confiáveis, tanto do ponto de vista metalúrgico quanto mecânico. Assim, existe

uma necessidade de se abordar os comportamentos de solidificação de ligas

Sn-Zn em diferentes substratos (aço, Cu) e seus respectivos efeitos nas

microestruturas finais, levando em consideração a capacidade de difusão e

reação dos elementos do substrato na liga eutética Sn-Zn.

2. OBJETIVO GERAL

Levando em consideração a necessidade de estudar ligas alternativas

de brasagem com potencial de substituição de ligas Sn-Pb, este trabalho foi

desenvolvido no intuito de investigar o crescimento eutético na liga Sn-9%Zn

solidificada direcionalmente em regime transitório de fluxo de calor contra

substratos de aço e cobre, destacando os aspectos macro e microestrutural e

suas relações com os parâmetros térmicos de solidificação, assim como, as

propriedades mecânicas.

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2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

(i) Analisar a literatura especializada no intuito de compreender o efeito dos

parâmetros térmicos de solidificação e do teor de Zn na microestrutura de ligas

de Sn-Zn;

(ii) Realizar um experimento de solidificação direcional em regime transitório de

fluxo de calor contra chapa molde de aço carbono e cobre para a liga Sn-

9%Zn;

(iii) Entender a relação experimental parâmetros térmicos com a

microestrutura ao longo do lingote Sn-9%Zn, levantando as suas respectivas

leis de crescimento eutético;

(iv) Avaliar o arranjo eutético quanto ao tamanho, distribuição e morfologia

das fases presentes;

(v) Realizar comparações das leis experimentais de crescimento eutético

(relações parâmetros térmicos/características microestruturais) com outras

ligas alternativas de brasagem livres de Pb.

(vi) Entender as leis experimentais tipo Hall-Petch para a liga eutética Sn-

9%Zn solidificada contra chapas molde de aço carbono e de cobre;

(vii) Identificar o tipo de fratura ao longo dos lingotes Sn-Zn submetidos a

ensaios de tração.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 O PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO

O processo de solidificação pode ser definido como um fenômeno de

transformações de fase, em que a fase líquida se transforma em uma fase

sólida que está relacionada com a produção de inúmeras peças e/ou

componentes de diferentes ramos industriais (GARCIA, 2007).

Do ponto de vista microscópico, a solidificação pode ser tratada como

um processo de dois estágios consecutivos: a nucleação e o crescimento que

acarretam na transformação da fase do material, de líquida para sólida

(CALLISTER, 2012). A solidificação inicia a partir do momento em que o

material no estado líquido alcança, durante o resfriamento, as condições

termodinâmicas necessárias para que ocorra a transformação de fase. Assim,

quando ocorre um gradiente de temperatura entre o material a ser solidificado e

o meio responsável pela absorção térmica, ocorre liberação de calor latente por

meio de um ou mais mecanismos de transferência de calor (GOULART, 2005).

O princípio do processo de solidificação é a temperatura inicial de vazamento

e, consequentemente, as diferentes formas de transporte e dissipação de

energia térmica a partir daquele momento. O molde utilizado dita a forma da

peça, assim como, auxilia na absorção e transferência de calor procedente do

metal para o meio, assegurando a mudança de estado (GOULART, 2005). O

modo em que ocorre a solidificação implica diretamente no desempenho do

produto final obtido. Dessa forma, destaca-se a importância de controlar os

diversos efeitos que podem ocorrer durante a produção da estrutura bruta

(GARCIA, 2007).

Em geral, o processo de solidificação envolve duas etapas

fundamentais: i) Nucleação que consiste na formação de núcleos estáveis no

líquido; e ii) Crescimento. Nesta etapa, os núcleos que foram formados

crescem gradativamente dando origem a cristais, que a medida que a energia

térmica é retirada ao longo do sistema metal/molde, formam uma rede de

unidades cristalinas denominadas de grãos. O interior desses grãos pode ser

caracterizado por fases morfológicas distintas que dependem de fatores de

composição química e a taxa de resfriamento a partir do líquido. Assim, de

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forma geral, aspectos microestruturais (tamanho de grão; morfologias das

fases caracterizadas por espaçamentos celulares, dendríticos ou interfásicos;

direção e forma de crescimento; heterogeneidades de composição química, de

forma, tamanho e distribuição das inclusões e porosidade) dependem das

condições impostas durante o processo de solidificação, desde a etapa inicial

onde o metal ainda encontra-se líquido, até o fim do processo com o material já

solidificado (GARCIA, 2007), conforme mostra a Figura 1.

Figura 1 - Fluxograma do encadeamento de fatores e eventos durante a solidificação

de um metal. (Adaptado de GARCIA, 2007)

Mistura de Soluto no

Sólido e no Líquido

Segregação

Metal

Solidificado

Estrutura Defeitos

Metal

Líquido

Nucleação

Crescimento

Velocidade de

Solidificação Gradientes

Térmicos

Taxa de

Resfriamento

Rejeição de

Soluto

Composição Química

Morfologia da

Interface S/L

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Tanto as características do material a ser solidificado quanto o processo

de solidificação, interferem diretamente na estrutura que será formada. Eles

ditam as propriedades do produto final. As peças finais obtidas apresentam

propriedades mecânicas que dependem de aspectos macro e microestruturais,

como espaçamento celular ou dendrítico, tamanho de grão e defeitos

(porosidade, heterogeneidade da composição química, tamanho e forma das

inclusões, por exemplo) (ROSA, 2007).

A solidificação direcional é uma das técnicas que possui uma ampla

utilização no estudo dos aspectos macroestruturais e microestruturais

relacionando com os parâmetros envolvidos no processo de solidificação. De

maneira geral, estes estudos podem ser desmembrados em dois grupos:

aqueles que abordam a solidificação em condições estacionária de calor e os

que tratam a solidificação em regime transitório. Em relação ao primeiro caso,

tem-se que tanto a velocidade de crescimento (VE) quanto o gradiente de

temperatura (GE) são condições controladas de maneira independente e

preservadas constantes durante todo o experimento. Em contrapartida, a

análise de solidificação em condições transitórias de fluxo de calor tem-se que

os parâmetros de velocidade de crescimento e o gradiente de temperatura

variam livremente com o tempo e com a posição dentro do metal fundido

(KURZ, 2005). Dessa forma, é esperado que a microestrutura, parâmetros

térmicos de solidificação e as propriedades finais obtidas no material

solidificado sejam funções do tempo e, consequentemente, da posição do

solidificado (BOUCHARD, 1997). A grande parte dos processos industriais que

englobam a solidificação de materiais metálicos e de ligas ocorre em condições

transitórias de fluxo de calor, tornando assim, essa uma área de grande

importância e que requer uma considerável atenção para o avanço da fundição

(SILVA, 2013).

O processo de obtenção de materiais solidificados pode ser explorado

de acordo com a direção do fluxo de calor e do sentido de avanço de frente da

solidificação. No regime transitório, a solidificação unidirecional vertical pode

ocorrer em dois sentidos (Figura 2): i) no sentido ascendente (quando o fluxo

de calor e o avanço da frente de solidificação ocorrem de baixo para cima), e ii)

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no sentido descendente (neste caso, ambos avançam de cima para baixo)

(SILVA, 2013). Neste trabalho, será abordado a solidificação no sentido

ascendente.

(a)

(b)

Figura 2 - Técnicas experimentais de solidificação unidirecional: (a) vertical

ascendente; (b) vertical descendente (BRITO, 2012).

3.2 TRANSFERÊNCIA DE CALOR NO PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO

A transformação da fase líquida em fase sólida é acompanhada através

da liberação de calor, onde existe uma fronteira móvel que separa ambas as

fases (GARCIA, 2007). De modo geral, a solidificação de metais e ligas pode

ser explicado pelo processo de transferência de calor, cujo calor sensível

(proveniente da temperatura de vazamento) e latente (liberado na frente de

solidificação) são transferidos através dos mecanismos de condução,

convecção, radiação e transferência newtoniana (SILVA, 2016).

De acordo com Garcia (GARCIA, 2007), a condução térmica (i) consiste

na transferência interna de calor devido ao gradiente de temperatura; a

convecção (ii) está relacionada ao contato com correntes de fluido em

circulação; a radiação (iii) associada à perda de calor para o meio externo,

enquanto que a transferência de calor newtoniana (iv) é resultado da

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resistência térmica metal/molde devido à afinidade físico-química entre este

sistema e a rugosidade interna do substrato. A Figura 3 apresenta o esquema

do processo de solidificação unidirecional vertical ascendente, evidenciando os

possíveis modos de transferência de calor que podem ocorrer durante o

processo (ROSA, 2007).

Figura 3 - Modos de transferência de calor atuantes no sistema metal/molde durante o

processo de solidificação (Adaptado de GARCIA, 2007).

Quando o metal líquido entra em contato com as paredes do molde

ocorre uma solidificação instantânea de uma fina camada metálica, isso ocorre

por causa da diferença de temperatura do conjunto (molde/metal líquido),

assim, acontece uma rápida absorção de calor do molde. À medida que

processo avança, ocorre a formação de um pequeno espaço físico (gap) entre

a lingoteira e o metal. Este fenômeno é observado em consequência de

mecanismos relacionados ao contato do metal com o molde, e por causa das

diferentes características físico-químicas que resulta na expansão do molde e

contração do metal. A transferência de calor existente durante esse processo

está relacionada diretamente com a taxa de resfriamento do material a ser

solidificado. Assim sendo, o molde apresenta uma grande importância na

solidificação. Este atua fornecendo o formato final ao componente, auxiliam na

transferência térmica e é responsável pela mudança de fase (GARCIA, 2007).

Nestas condições, a transferência de calor na interface metal/molde (h i)

é significativa e compreende a maior parcela da resistência térmica global

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(1/hg) envolvida no processo (GARCIA, 2007). Esta variável por sua vez pode

ser descrita conforme Equação 1:

1

ℎ𝑔 =

1

ℎ𝑡 +

𝑒

𝑘𝑠 +

1

𝑤ℎ (Eq. 1)

onde hg é o coeficiente global de transferência de calor entre a superfície do

material solidificado e o fluido de refrigeração; hi é o coeficiente de

transferência de calor entre a superfície do metal solidificado e a superfície do

molde; e é a espessura da camada de molde que separa o metal do fluido

refrigerado; Ks representa a condutividade térmica do material do substrato (ou

molde); e por fim o coeficiente de transferência de calor do molde refrigerado,

hw.

Uma das maneiras de determinação do coeficiente de transferência de

calor na interface metal/molde (hi) consiste em mapear experimentalmente os

pares de temperatura (molde e metal) ao longo da solidificação e com isso,

confrontar os perfis térmicos teórico-experimental. Os dados experimentais de

evolução da temperatura monitorados em alguns pontos do sistema

metal/molde são utilizados como dados de entrada em modelos numéricos, que

fornecerão as condições de contorno na interface metal/molde (GARCIA,

2007).

A Figura 4 demonstra esquematicamente o equipamento utilizado para a

preparação do lingote unidirecional ascendente. O material metálico já fundido

é vazado no interior da lingoteira e quando as condições térmicas desejadas

são alcançadas, o processo de solidificação é iniciado através do acionamento

de um jato de água na parte inferior do equipamento. Desta forma, o processo

de formação da estrutura bruta ocorre de baixo para cima. Para manter um

controle adequado da evolução térmica do avanço da solidificação, diversos

termopares são inseridos por meio de uma lingoteira em diferentes posições

(SILVA, 2013).

Os termopares utilizados agem coletando dados e esses são

armazenados em um computador, como demonstrado na Figura 4. Esses

dados são utilizados para determinar os parâmetros térmicos envolvidos no

processo, tais como: taxa de resfriamento (ṪE), gradiente térmico (GE) e a

velocidade das isotermas características (V ou VL) (temperaturas solidus e

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liquidus, para uma liga; temperatura de fusão, no caso de metais puros; e

temperatura de frente eutética, para uma liga eutética) (SILVA, 2013).

Figura 4 - Equipamento de solidificação unidirecional vertical ascendente (refrigerado):

1. Aquisição de dados via computador; 2. Material refratário isolante; 3. Resistências

elétricas (sistema de aquecimento); 4. Lingoteira bipartida em aço inoxidável AISI 310;

5. Termopares; 6. Registrador de dados térmicos; 7. Chapa molde em carbono

1020/cobre; 8. Rotâmetro; 9. Controlador de potência do forno; 10. Metal líquido

(ROSA, 2008).

A solidificação de metais, presente nos processos de fundição, pode ser

definida como um processo de extração de calor em regime transiente, com

mudança de fase, no qual determinada quantidade de energia térmica deve ser

transferida, por meio do molde, da fase líquida para o meio ambiente,

possibilitando a nucleação e o crescimento da fase sólida (MELO, 2005). A

eficiência da extração de calor durante o processo depende, basicamente, das

propriedades térmicas do metal, das características do molde (material,

geometria e espessura da parede), das condições da interface metal/molde

(contato térmico) e das características do meio que vai absorver o calor (água,

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ar etc). O assunto da transferência de calor interfacial metal/molde, devido a

sua grande influência na taxa de resfriamento ou velocidade de solidificação de

fundidos, tem sido alvo de estudo de inúmeros pesquisadores (HO, 1984;

SANTOS, 2001; LIMA, 2016; CRUZ, 2016; CURTULO 2017; XAVIER, 2018;

DIAS FILHO, 2016). Com a formação do “gap” de ar nesta interface, o

coeficiente de transferência de calor nessa região pode rapidamente decrescer,

dificultando a retirada de calor na mesma e desacelerando o processo de

solidificação do metal líquido.

Existe uma necessidade de se abordar os comportamentos de

solidificação de ligas Sn-Zn em diferentes substratos (aço e Cu) e seus

respectivos efeitos na microestrutura final das ligas (ou das juntas soldadas),

uma vez que na literatura especializada em ligas de brasagem livres de Pb é

escasso o estudo sistemático relacionando variáveis de processo como taxa de

resfriamento (ṪE), velocidade de solidificação (VE), coeficiente de transferência

de calor (hi) e com microestruturas finais, e suas respectivas propriedades

mecânicas. O uso destas ligas (à base de Sn) para aplicações na indústria

eletrônica dependerá da morfologia, distribuição e tamanho das fases

(primárias, intermetálicas e eutéticas) presentes na microestrutura (XAVIER,

2018).

Um dos principais fatores para obter uma junta soldada com

propriedades desejadas é entender o fenômeno da dissolução dos substratos.

Considerando o cobre, nota-se que sua presença nas ligas fundidas pode

induzir um comportamento não desejado durante as operações de brasagem

fraca. Isto é causado pelo acúmulo do intermetálico cobre-estanho (CuSn), o

qual é mais denso que a liga fundida. Outro ponto que merece destaque está

relacionado ao possível aumento da temperatura de fusão provocada pelo

aumento de teor de cobre na liga (XAVIER, 2018).

3.3 RELAÇÃO PARÂMETROS TÉRMICOS DE SOLIDIFICAÇÃO X

MICROESTRUTURA

As características do material e o processo de solidificação influenciam

de maneira significativa na formação da macroestrutura e na formação de

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defeitos. Assim, o processo de transformação líquido-sólido está diretamente

ligado às propriedades do material fundido. A termodinâmica envolvida no

processo irá ditar uma rejeição de soluto ou solvente, isto ocorre em razão de

massa associado à transferência de calor, que irá impor as condições que

determinaram a morfologia de crescimento e o arranjo microestrutural

(GARCIA, 2007). Assim, os parâmetros térmicos envolvidos no processo de

solidificação como: coeficiente de transferência de calor interfacial metal/molde

(hi), taxa de resfriamento (Ṫ), temperatura de vazamento (T), gradientes de

temperatura (G), velocidade de evolução das isotermas de transformação

liquidus e solidus (VL e VS, respectivamente) e o super-resfriamento

constitucional, possuem papéis importantes no processo, que estão

interligadas ao tipo de microestrutura obtidas por meio da modificação da

interface sólido/líquido (ROCHA, 2003). As estruturas resultantes do processo

de solidificação irão ditar as propriedades do produto final, não somente em

peças já fundidas, mas também naquelas que poderão ser trabalhadas para

produção de fios e chapas, por exemplo (GARCIA, 2007).

Com relação ao gradiente térmico (GE), tem-se que como o calor

existente flui de uma temperatura mais elevada para uma menos elevada, este

parâmetro tem sentido oposto ao fluxo de calor. O gradiente térmico de

solidificação pode ser definido como sendo a diferença de temperatura que

existe entre a interface já solidificada e o metal líquido logo à frente da

interface. O parâmetro térmico em questão, depende de fatores como: taxa de

resfriamento, características do material e outros fatores. Geralmente, valores

de GE, assim como a velocidade de solidificação tendem a ser reduzidas com o

avanço do processo, já que existe a tendência de homogeneização da

temperatura (equilíbrio) (GOMES, 2013).

A taxa de resfriamento no processo de solidificação está associada a

redução de temperatura em função do tempo. Trata-se de um parâmetro

importante, pois controla o quanto de calor será extraído durante o processo,

por meio do jato líquido e, consequentemente, pelas paredes do molde. Assim

sendo, é possível fazer uma estimativa das variáveis VE e GE, por serem

diretamente proporcionais.

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Dentro deste contexto, foram desenvolvidos modelos teóricos

fundamentados em sistemas de solidificação unidirecional com o objetivo de

analisar a influência dos parâmetros térmicos do processo sobre os

espaçamentos celulares, dendríticos e eutéticos. Hunt e Bouchard/Kirkaldy

(HUNT, 1996; KIRKALDY, 1997) descreveram modelos para o crescimento

dendrítico de ligas binárias em condições transitórias de extração de calor.

Esses estudos buscam estabelecer relações entre parâmetros estruturais e

parâmetros térmicos de solidificação na forma generalizada pela Equação 2 a

seguir:

(λC, λ1, λ2, λ3, λ) = a (V, G, Ṫ)-b (Eq. 2)

sendo λC, λ1, λ2, λ3, λ: espaçamentos celulares, espaçamentos dendríticos

primário, secundário, terciário e interfásico (ou eutético); GE: gradiente de

temperatura; VE: velocidade de solidificação e; ṪE: taxa de resfriamento. Já o

parâmetro “a” é uma constante que depende da composição química da liga e

“b” é um expoente que tem sido determinado experimentalmente na literatura

para as diversas ligas binárias. Neste contexto, existem leis experimentais

genéricas para descrever a evolução dos espaçamentos eutéticos (λ) em

função dos parâmetros térmicos de solidificação (V e Ṫ) para ligas metálicas. A

Tabela 1 apresenta um resumo das leis de crescimento eutético para diversos

sistemas de ligas metálicas.

Tabela 1 - Leis experimentais genéricas para descrever a evolução dos espaçamentos

eutéticos (λ) em função dos parâmetros térmicos de solidificação (VE e ṪE) para ligas

metálicas (JACKSON e HUNT, 1966).

Parâmetro térmico Relações λ

com V e Ṫ

Taxa de resfriamento - ṪE λ=a(Ṫ)x

Velocidade de

deslocamento da frente

eutética- VE

λ=b(V)y

*a e b são constantes.

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Sendo λ o espaçamento eutético; Ṫ a taxa de resfriamento; V a

velocidade de deslocamento da frente eutética. Já “x” e “y” são os expoentes -

1/4 e -1/2.

Para descrever a evolução de espaçamentos eutéticos em ligas

binárias com a velocidade de solidificação e taxa de resfriamento, Jackson e

Hunt propuseram o uso dos expoentes -1/2 e -1/4, respectivamente. Estes

expoentes foram adotados para ligas de soldagem branda livres de Pb como

Sn-Bi (SILVA, 2016) e Zn-Sn (morfologia alternada de células tipo placa de Zn)

(SANTOS, 2016, por exemplo. Estes expoentes foram derivados da relação

proposta por Jackson e Hunt para os espaçamentos interfásicos (λ) e a

velocidade de crescimento (VE), ou seja, uma solução clássica para

crescimento eutético (JACKSON e HUNT, 1966).

O modelo de Jackson-Hunt (Hunt e Jackson, 1966) apresenta a relação

entre a velocidade de crescimento e o espaçamento eutético. Assim, ao

considerar a clássica lei de crescimento de eutéticos de Jackson e Hunt, tem-

se que λ seria relacionado a V− ½

, de acordo com a Equação 3.

λ = aV-1/2 (Eq. 3)

Um modelo de fluxo de calor analítico desenvolvido para condições de

solidificação unidirecional transitória (Garcia, 1978; Garcia, 1979) mostrou que

Ṫ é dado por uma constante × V2, de acordo com a Equação 4.

Ṫ = cV2 (Eq. 4)

Assim sendo, ao substituir esta expressão na de Jackson e Hunt

(Equação 3), λ torna-se diretamente proporcional a – 1/4. Portanto, substituindo

(3) em (4), chega-se a Equação 5:

λ = a (Ṫ−1/2

𝑐)

−1/4

(Eq. 5)

Por fim, a Equação 6 expressa a variação do espaçamento eutético com

a taxa de resfriamento segundo um expoente de -1/4.

λ = 𝑑(Ṫ)−1/4 (Eq. 6)

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3.4 MICROESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO

3.4.1 Considerações gerais

Nos processos de solidificação de ligas metálicas, têm-se que a

microestrutura resultante está interligada com a forma da interface entre o

sólido e o líquido (S/L) (NASCIMENTO, 2011). A solidificação é regida por

duas condições: a de equilíbrio e a fora de equilíbrio. Em condições de

equilíbrio, o avanço da interface sólido/líquido é lento o suficiente para que o

soluto rejeitado seja homogeneizado ao volume do líquido por difusão e

movimentação do fluido, nessas condições, a interface permanece plana, para

metais puros. No entanto, alterações nos parâmetros térmicos e constitucionais

do sistema metal-molde que acontecem durante o processo de solidificação,

promovem a instabilidade da interface e, consequentemente, uma degeneração

gradativa da frente plana, assumindo morfologias mais complexas conhecidas

na literatura por celulares e dendríticas. Assim, em condições fora do equilíbrio,

a velocidade de deslocamento da interface (S/L) é elevada, provocando uma

distribuição não uniforme no líquido à frente da interface, iniciando assim a

instabilidade (GARCIA, 2011).

A rejeição do teor de soluto à frente da interface sólido/líquido durante a

solidificação dá início a um gradiente térmico à frente da interface, menor que o

gradiente térmico do perfil de temperatura liquidus, originando o Super-

resfriamento Constitucional (SRC) (GARCIA, 2001). À medida que ocorre

aumento do super-resfriamento constitucional, ocorre também a instabilidade

na interface (S/L), dando origem a distintas morfologias: planar, celular e

dendrítica.

A instabilidade de uma interface plana, celular ou dendrítica, dependem

das variáveis que compõem o SRC, de acordo com a Figura 5. Assim, na

Figura 5 é demonstrado esquematicamente a influência da concentração de

soluto (C), gradiente térmico (GE) e velocidade da isoterma liquidus (VE) para a

instabilidade da interface (S/L) e, consequentemente, para a formação das

possíveis morfologias (plana>celular>dendrítico).

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Figura 5 - Esquema da atuação dos fatores de influência na formação das estruturas

de solidificação com Co sendo a concentração inicial de soluto; VL a Velocidade da

isoterma liquidus; SRC o Super-Resfriamento Constitucional; e GL o Gradiente térmico

(GARCIA, 2007)

Com o acréscimo do super-resfriamento constitucional, verifica-se uma

instabilidade de ordem maior, e a estrutura celular passa para dendrítica, onde

esta apresenta uma forma de cruz malta com os ramos cristalográficos

primários em direções cristalográficas próximas à direção do fluxo de calor e

com a continuidade da rejeição de soluto, aparecem os braços secundários

perpendiculares aos ramos primários (GARCIA, 2007).

A morfologia apresenta uma escala microestrutural na qual é definida

pelas distâncias entre os centros das células e de ramificações de ou

espaçamentos dendríticos, conhecidos por espaçamentos intercelulares e/ou

interdendrítico. Estes, por sua vez, são usados para associar os efeitos dos

parâmetros térmicos sobre a microestrutura formada no produto final

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solidificado. A Figura 6 esquematiza os espaçamentos dendríticos primários,

secundários e terciários em uma liga metálica.

Figura 6 - Representação esquemática das ramificações interdendríticas primárias (λ1)

secundárias (λ2) e terciárias (λ3) (ROCHA, 1995).

3.4.2. Crescimento eutético

Ligas que possuem composição eutética possuem destaque por causa

das suas características básicas, tais como: i. possuir um ponto de fusão (T f)

menor que os seus constituintes; ii. o processo de solidificação destaca-se pela

formação de uma fase líquida homogênea em duas ou mais fases sólidas. Em

sistemas eutéticos binários, a fase líquida transforma-se em duas novas fases

sólidas (L ↔ α + β). Nesse caso, a microestrutura vai depender da forma do

crescimento de cada fase individual; iii. microestruturas diferentes de outras

ligas metálicas; iv. a temperatura de transformação líquido/sólido (TE =

Temperatura Eutética) é menor que que as temperaturas de fusão dos seus

constituintes da estrutura eutética; v. microestrutura diferente de outras ligas

metálicas, podendo possuir uma estrutura com elevado grau de anisotropia.

(KURZ e FISHER, 1992).

Um diagrama binário de fase eutética (Figura 7) possue aspectos

fundamentais que os caracterizam, tais como: solubilidade parcial no sólido e

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uma solubilidade completa no estado líquido, assim como, dois pares de linhas

liquidus e solidus. Ambas as linhas liquidus encontram-se no ponto eutético,

enquanto que uma linha traçada horizontalmente, na temperatura eutética, faz

a união entre as duas soluções sólidas (α + β). Ao observar o diagrama, nota-

se a presença de três diferentes regiões monofásicas α, β e líquida (L). A fase

α consiste em solução sólida rica em átomos do elemento A. Em contrapartida,

a fase β consiste em uma solução sólida rica em átomos do elemento B, que

por sua vez, possui átomos de A como o componente soluto na solução. O

diagrama também possui três regiões bifásicas que podem ser: α + Líquido, β

+ Líquido e α + β (CALLISTER, 2012).

Figura 7 - (a) Diagrama binário de uma liga eutética; (b) esquematização da morfologia

da interface eutética (CALLISTER, 2012).

O processo de obtenção de estrutura bruta de uma liga com composição

eutética corresponde à nucleação e crescimento das fases α e β, com o

crescimento cooperativo entre ambas. Dessa forma, fatores que possuem

influência sobre a nucleação e o crescimento ditam a morfologia da

microestrutura resultante. (KURZ e FISHER, 1992). A morfologia eutética

possui uma considerável dificuldade de se estabelecer critérios de

classificação, tendo em vista a grande variedade de diferentes arranjos

microestruturais das ligas eutéticas que são ditados pelas condições em que o

metal é solidificado. (HUNT e LU, 1996).

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As possíveis morfologias de uma microestrutura eutética podem ser

classificadas em três principais categorias de acordo com a relação entre o tipo

de microestrutura do eutético e a morfologia da interface sólido/líquido de cada

fase que compõe o eutético, são elas: estruturas regulares, estruturas

regulares complexas e estruturas irregulares (GARCIA, 2007), de acordo com a

Figura 8.

Figura 8 - Representação das possíveis estruturas eutéticas (a) Regular

Lamelar, (b) Regular Fibrosa, (c) Regular Globular e (d) Irregular (GARCIA,

2007).

As estruturas regulares possuem morfologias do tipo Difusa/Difusa e

apresentam praticamente dois tipos de microestruturas: a lamelar ou a fibrosa.

A microestrutura lamelar é caracterizada pela presença de placas paralelas

alternadas das fases sólidas existentes (α e β) que constituem o eutético

binário. Por outro lado, a microestrutura fibrosa é constituída por finas barras

de umas das fases presentes e envolvida pela outra fase, que, quando

observado transversalmente apresenta uma morfologia caracterizada por

glóbulos. As estruturas regulares complexas possuem uma morfologia do tipo

Difusa/Facetada com duas regiões de diferentes aspectos: uma com um

Regular

Lamelar

Regular

Fibrosa

Regular

Globular Irregular

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padrão repetitivo e regular, enquanto a outra morfologia está orientada ao

acaso. Por sua vez, as estruturas irregulares apresentam morfologia do tipo

Difusa/Facetada ou Facetada/Facetada com orientações ao acaso de ambas

as fases constituintes do eutético (GARCIA, 2007).

3.5 LIGAS ALTERNATIVAS DE BRASAGEM LIVRES DE CHUMBO

O processo de brasagem consiste na produção de juntas de soldagem

de elevada resistência à baixas temperaturas, sem que seja necessário a fusão

do metal de base, viabilizando a união de diferentes materiais. Este processo é

muito utilizado na indústria eletrônica com o objetivo de ligar

microcomponentes.

Fatores como: i. baixo ponto de fusão (aproximadamente 183°C); ii. boa

compatibilidade com inúmeros substratos; iii. disponibilidade e o iv. baixo custo

(ABTEW, 2000), faz com que as ligas à base de estanho com a adição de Pb

sejam opções válidas para o uso em brasagem de microcomponentes

eletrônicos. No entanto, a busca pela produção de produtos eletrônicos com a

adição de ligas metálicas sem a presença do chumbo está cada vez mais em

ascensão, visando no futuro o uso de materiais que agridem menos o meio

ambiente e o ser humano, visto que o Pb de elevada toxicidade tem alto

potencial para tais danos. Baseando-se nisso, medidas estão sendo tomadas

com o objetivo de reduzir ou eliminar a utilização de elementos tóxicos na

produção dos inúmeros componentes eletrônicos, assim, algumas ligas à base

de Sn sem adição de chumbo estão sendo estudadas e utilizadas como uma

maneira alternativa (SILVA, 2013).

Estudos mostram que ligas alternativas livres de Pb são, geralmente,

ligas binárias e ternárias. Em sua grande maioria, essas ligas possuem o Sn

principal elemento (ABTEW, 2000) e Ag, Cu, Bi, Ni, Sb e Zn, por exemplo,

como os elementos de ligas. O que vai ditar a escolha da liga alternativa é a

semelhança entre propriedades da liga convencional Sn-Pb (ZHANG, 2009). O

Sn tem um comportamento de difusibilidade e molhabilidade auxiliam o

tornando o principal elemento das ligas de brasagem para aplicação eletrônica.

Este trata-se de um elemento com ponto de fusão de aproximadamente 231°C

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e que quando se encontra no estado sólido pode obter uma forma cristalina

cúbica de face centrada para a fase estanho cinza (α-Sn), com estabilidade

abaixo de 13°C. O Sn pode assumir uma forma tetragonal de corpo centrado

para o estanho branco (β-Sn), que possui estabilidade em temperatura

ambiente, ou seja, acima de 13°C. A adição de elementos de liga melhora os

problemas relacionados a aplicações em baixas temperaturas (FIORUCCI,

2012). É necessário levar em consideração também fatores como: custo,

disponibilidade, temperatura de fusão, adequação ao meio ambiente de modo

que não o agrida e, principalmente, que possa ser reciclado (ABTEW, 2000).

3.6 LIGAS SN-ZN

A composição eutética do sistema Sn-Zn é de aproximadamente Sn-

9%Zn (em peso). Esta liga binária é adequada para soldagem e pode ser uma

excelente alternativa para substituir as ligas Sn-Pb, pois o ponto de fusão

(198°C) nesta composição eutética é bem próximo da composição da liga de

solda Sn-Pb. A liga Sn-Zn possui diversas vantagens como isenção de

chumbo, melhores propriedades metalúrgicas e rentabilidade, por exemplo. No

entanto, tanto sua resistência à oxidação quanto sua resistência à corrosão são

baixas e, consequentemente, a solda torna-se vulnerável à atmosfera e outros

meios. A alta reatividade do Zinco tende a promover a formação do óxido ZnO.

Contudo, a resistência à oxidação da liga eutética Sn-Zn pode ser melhorada

com a adição de um terceiro elemento como prata e cobre, por exemplo

(CHANG, 2006).

A Figura 9 mostra o diagrama de fases do sistema binário Sn-Zn. O

sistema mostra a composição eutética ocorrendo para 8,9%Zn (em peso) e a

temperatura eutética de 198°C. Portanto, Sn-9%Zn está próximo da

composição eutética. É claro, a partir do diagrama de fases do Sn-Zn, que não

são formadas fases intermetálicas, além das fases ricas em Sn e em Zn. Pode-

se notar que a solubilidade sólida máxima de Zn em Sn é bastante pequena

(máximo de 1,7% em massa) enquanto a solubilidade de Sn em Zn é quase

insignificante.

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Figura 9 - Diagrama de fases do sistema Sn-Zn (Adaptado de PADHY, 2015).

De acordo com GARCIA (GARCIA, 2009), a liga eutética Sn-9%Zn

possui uma microestrutura com uma fase de zinco que se encontra dispersa

homogeneamente em uma matriz rica em estanho, conforme mostra a Figura

10.

Sn-9%Zn

5mm 50mm 80mm

Figura 10 - Microestruturas da liga eutética Sn-9%Zn observadas ao longo de seções

longitudinais. A Região mais clara representa a fase rica em Sn, enquanto que a

região mais escura demonstra a fase rica em Zn. (GARCIA, 2008).

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Assim sendo, as microestruturas mostram a fase rica em Zn na forma de

glóbulos e/ou agulhas. Para velocidades de solidificação mais elevadas (acima

de 0,5 mm/s) predomina a presença de glóbulos. No entanto, a presença das

agulhas de zinco prevalece em velocidades mais baixas (menores que 0,3

mm/s). As imagens MEV (Figura 11) exibidas por Padhy (PADHY, 2015),

reafirmam a presença de agulhas típicas da microestrutura eutética. É notória a

existência de regiões mais claras e mais escuras. Na extensão mais clara,

destaca-se a matriz rica em Sn e, por sua vez, as fases mais escuras são as

agulhas ricas em Zn. Fases ricas em Zn também estão presentes na forma de

esferoidal.

Figura 11 - Imagens MEV da liga Sn-9%Zn (PADHY, 2015).

Segundo a literatura (SANTOS, 2016; WU, 2002; SUGANUMA, 1998),

as microestruturas brutas de solidificação para ligas binárias do sistema Zn-Sn

apresentam células alongadas da fase rica em Zn (α-Zn) na forma de placas

com uma mistura eutética localizada nas regiões intercelulares. Essa

morfologia de células tipo placa consistiram ao longo de todo o comprimento

dos lingotes examinados e para qualquer das ligas analisadas Zn-Sn (Zn-

10%Sn, Zn-20%Sn, Zn-30%Sn, Zn-40%Sn) experimentalmente, englobando

toda a faixa experimental de taxas de resfriamento, apesar das condições de

não-equilíbrio da solidificação, a fase α-Zn e o eutético parecem crescer de

forma acoplada. Microestruturas similares, ou seja, de células eutéticas,

também foram reportadas por Suganuma e Niihara (SUGUNUMA e NIIHARA,

1998) e Wu et al (WU et al ,2002). Tais autores descreveram colônias eutéticas

consistindo em uma fase primária, rica em Sn (uma região branca) e uma

Agulhas

ricas em

zinco

Matriz de

estanho

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região eutética, na qual o Zn apresenta-se na forma de plaquetas/agulhas

dispersas e precipitadas na matriz de Sn.

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

A metodologia experimental realizada neste trabalho foi baseada nas

seguintes etapas: i) Cálculo estequiométrico, corte e pesagem dos materiais; ii)

Montagem da lingoteira com termopares posicionados em pontos estratégicos

e com chapas molde de aço carbono 1020 e cobre eletrolítico; iii) Fusão e

homogeneização das ligas; iv) Vazamento da liga na lingoteira já posicionada

no dispositivo de solidificação direcional ascendente; v) Refusão e

estabilização do metal líquido; vi) Início da solidificação forçada, mediante o

acionamento da refrigeração na parte inferior da chapa molde; vii) Aquisição

dos perfis térmicos para determinação das variáveis térmicas de solidificação;

viii) Obtenção do lingote; ix) Cortes transversais e longitudinais no solidificado

para a obtenção de amostras; x) caracterização macro e microestrutural

(MO/MEV-FEG); xi) Medição dos espaçamentos celulares eutéticos; xii)

Identificação das fases através da Difração de Raios-X (DRX); xiii) Realização

de ensaios mecânicos de tração e caracterização das superfícies de fratura. As

etapas de i a viii foram realizadas com o auxílio do Grupo Microestrutura e

Propriedades em Processos de Solidificação (M2PS) no Departamento de

Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar na pessoa do Prof. José Eduardo

Spinelli.

A Figura 12 mostra o fluxograma experimental com todas as etapas da

metodologia adotada para obtenção e caracterização da liga eutética Sn-9%Zn

solidificada em diferentes substratos (aço carbono 1020 e cobre eletrolítico).

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Cálculo

estequiométrico,

corte e pesagem dos

metais

Fusão e vazamento

da liga; Solidificação

direcional e obtenção

dos lingotes Sn-Zn

(substratos de aço

carbono 1020 e

cobre)

DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS TÉRMICOS DE SOLIDIFICAÇÃO

Aquisição dos dados térmicos via software Ahlborn

Registro das curvas

Temperatura x Tempo

Obtenção dos perfis

térmicos e

determinação

experimental das

curvas P=f(t); VE=f(P) e

ṪE=f(P)

CARACTERIZAÇÃO MACRO E MICROESTRUTURAL

Corte dos

lingotes e

obtenção das

amostras

transversais e

longitudinais

Preparação

metalográfica: macro e

microestrutural

Aquisição de

imagens (MO/MEV-

FEG) e medição dos

espaçamentos

celulares e

interfásicos

Preparação e

montagem da

lingoteira e

acoplamento ao

dispositivo de

solidificação

PREPAÇÃO E FUSÃO DA LIGA METÁLICA

Identificação das fases-

DRX

PROPRIEDADES MECÂNICAS

Ensaio de tração (σt, σe, δ) Aquisição das superfícies de

fratura via MEV-FEG

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Figura 12 - Fluxograma geral das etapas experimentais envolvendo a solidificação da

liga eutética Sn-9%Zn contra chapas molde de aço carbono 1020 e cobre eletrolítico.

4.1 PREPARAÇÃO DAS LIGAS METÁLICAS, DA LINGOTEIRA E DAS

CHAPAS MOLDE

Inicialmente, foi realizado o cálculo estequiométrico para determinação

da quantidade necessária de material a ser utilizado. Para facilitar a etapa de

fundição e conseguir obter exatamente o balanço das massas na elaboração

da liga, os metais comercialmente puros, estanho (pureza de 99,95%) e zinco

(pureza de 99,94%), foram cortados com o auxílio de um arco serra. Em

seguida, os metais foram pesados em uma balança eletrônica de precisão.

Foram utilizadas 391,00 gramas de zinco e 3953,44 gramas de estanho para

formulação final da composição química desejada (Sn-9%Zn), considerando

ambas as chapas molde (aço e cobre).

Na realização do experimental, se fez uso de uma lingoteira de aço

inoxidável com um diâmetro interno de 60mm, 150mm de altura e 5mm de

espessura de parede. O molde bipartido possui 8 furos em suas laterais com

um diâmetro de 1,5mm para a passagem dos termopares que registraram a

evolução térmica durante o processo. Foram usados termopares do tipo J (par

metálico Ferro/Constantan), revestidos por uma bainha de aço inoxidável com

um diâmetro externo de 1,5mm. Os termopares tipo J foram estrategicamente

posicionados ao longo da lingoteira nas seguintes posições: 5mm, 10mm,

15mm, 20mm, 25mm, 45mm, 70mm e 90mm. As chapas molde de aço carbono

1020 e de cobre possuem aproximadamente 3mm de espessura e foram

usadas para vedar a seção inferior da lingoteira.

A lingoteira foi internamente revestida com uma camada de material

refratário (cimento silico-aluminoso) afim de: i) reduzir possíveis fluxo de calor;

ii) vedar o sistema; iii) unir o conjunto termopar/lingoteira/chapa-molde e iv)

auxiliar na desmoldagem. O processo de deposição do cimento silico-

aluminoso (aplicação com um pincel médio) foi repetido até a obtenção de uma

camada refratária adequada para vedar o sistema. A Figura 13 mostra a

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lingoteira com os termopares tipo J inseridos e devidamente recobertos e a

chapa molde de aço usada em um dos processos de solidificação direcional.

Figura 13 - Lingoteira bipartida de aço inoxidável austenítico, termopares tipo J e

chapa molde de aço carbono.

4.2 SOLIDIFICAÇÃO DIRECIONAL

Os metais puros devidamente cortados e pesados foram inseridos em

um forno de indução para a fusão e obtenção da liga Sn-9%Zn. Antes de

realizar a solidificação direcional, a curva de resfriamento da liga em questão e

sua respectiva temperatura eutética (TE) foram obtidas. Isso foi possível após a

vazamento de parte do metal líquido em um cadinho de SiC recoberto com

suspensão de alumina e um termopar tipo J (Figura 14).

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Figura 14 - Cadinho de carbeto de silício, metal fundido e termopar tipo J utilizados

para determinação da temperatura eutética da liga Sn-9%Zn.

O metal líquido foi vertido na lingoteira acoplada ao dispositivo de

solidificação (Figura 15 e 16). Visando refundir o material, foi acionado o

sistema de aquecimento por resistência elétrica. Com objetivo de obter total

fusão da liga foi aplicado um aquecimento até 280°C. A partir desta

temperatura, o sistema de aquecimento do dispositivo foi desligado, dando

início simultaneamente o resfriamento lento da liga. No momento que a

temperatura do metal alcança a temperatura de super-resfriamento

determinada (5% da temperatura eutética) é acionada a refrigeração forçada a

água na parte inferior da chapa molde. Esta condição de resfriamento é

mantida até a total solidificação do lingote. O monitoramento e os registros

térmicos são obtidos com o uso de termopares posicionados estrategicamente

no interior da lingoteira, conectados ao sistema de aquisição de dados e assim

registrava-se o comportamento da liga durante todo o processo através da

curva Temperatura x Tempo.

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Figura 15 - Aparato experimental do dispositivo de solidificação direcional transitória

(REYES, 2017).

.

Figura 16 - Detalhe da parte interna do forno.

Suporte

da

lingoteira

Saída

de água

Resistência

s elétricas

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4.3 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS TÉRMICOS DE SOLIDIFICAÇÃO

O progresso térmico durante a solidificação direcional foi registrado

através de um aparato de aquisição de dados de temperaturas e tempos ao

longo dos lingotes Sn-9%Zn. Assim, foi possível analisar o histórico térmico

experimental e, com isso, identificar os tempos correspondentes à passagem

da frente eutética nas posições analisadas. O sistema de aquisição de dados é

da marca ALMENO, modelo 2890-8 com uma resolução de leitura de um ponto

por segundo e permite a aquisição de temperatura de até nove canais de

entrada e dois de saída. O sistema citado possui um software do mesmo

fabricante que possibilita a realização de medições das temperaturas dos

termopares em tempo real e permite que os dados sejam armazenados e

manipulados no computador. Assim, os parâmetros térmicos de solidificação

(taxa de resfriamento-ṪE e velocidade da frente eutética-VE) foram

determinados experimentalmente a partir dos perfis térmicos obtidos na

solidificação direcional da liga eutética Sn-9%Zn de acordo com os

procedimentos descritos abaixo.

● A taxa de resfriamento (Ṫ) para cada posição no material solidificado foi

obtida de acordo com o resultado da leitura direta do quociente das

temperaturas imediatamente antes e depois da temperatura (TE) e dos

tempos correspondentes, isto é, ṪL = ∆T/∆t;

● As velocidades experimentais da frente eutética (V) para a liga

analisada, são determinadas por meio das derivadas das funções P=f(t),

isto é, V=dP/dt. As funções P=f(t) são obtidas experimentalmente

através de interpolações para os tempos de passagem da frente eutética

para cada posição monitorada pelos termopares. Com os pares

ordenados (P,t), é possível traçar um gráfico experimental da posição da

frente de eutética em função do tempo. A partir deste gráfico, extrai-se

uma lei de potência, cuja derivada fornece uma equação V=f(t). Com

isso, pode-se observar a variação de V em função da posição ao longo

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de todo o lingote (SILVA, 2016), (XAVIER, 2018), (DIAS, 2013), (BRITO,

2016) (CURTULO, 2017), (ROCHA, 2003), (ROSA, 2007).

4.4 CARACTERIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO

Os lingotes Sn-9%Zn (contra aço e cobre) passaram por sucessões de

cortes (transversais e longitudinais) para obtenção das amostras macro e

microestrutural, conforme mostra a Figura 17. Os cortes longitudinais foram

realizados utilizando uma serra fita modelo FM-500, enquanto que para os

cortes para análise microestrutural (transversais à direção de solidificação) um

arco serra foi utilizado.

Figura 17 - Representação esquemática da obtenção das amostras para análises

macro e microestruturais. (a) lingote solidificado direcionalmente; (b) corte para revelar

a macroestrutura; (c) cortes para obtenção de amostras para a metalografia; (d) cortes

longitudinais; e (e) cortes transversais. (Adaptado de ROSA, 2007).

4.4.1 Macroestruturas e Microestruturas de Solidificação

Após o corte dos lingotes ao longo da direção longitudinal, paralela à

direção de solidificação, uma das partes seccionadas foi lixada manualmente

com lixas de granulometrias 150, 240, 320, 400 e 600 mesh. A partir das

Dir

eção

de S

oli

dif

icação

Base

Topo

(a) (b) (c) (d) (e)

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macroestruturas consegue-se aferir a precisão dos experimentos de

solidificação em relação à direcionalidade do processo, a morfologia estrutural,

assim como a de estruturas. Com a superfície devidamente preparada, foi

realizado o ataque químico com uma solução de 92mL CH3OH, 5mL HNO3 e

3mL HCl. O ataque químico foi realizado por diversas vezes com a amostra

imersa na solução aquosa até que a macroestrutura fosse revelada

(aproximadamente 5 minutos). Posteriormente, a amostra foi lavada com água

corrente, seca e o resultado registrado através de uma multifuncional

(escaneada) ou de um celular ou câmera.

As microestruturas foram analisadas a partir dos cortes transversais e

longitudinais em relação à direção de crescimento, nas posições 5, 10, 15, 20,

30, 50, 70 e 90 mm em relação às bases dos lingotes solidificados

direcionalmente. Após o corte, as amostras foram identificadas de acordo com

suas posições com relação à interface metal/molde e embutidas a frio com

resina poliéster objetivando uma maior facilidade no manuseio das amostras

para a caracterização metalográfica. As amostras embutidas de ambos os

lingotes foram lixadas sequencialmente por lixas com granulometria de 150,

240, 320, 400, 600, 1200 e 2000 mesh. Em seguida, as amostras lixadas e

limpas foram polidas manualmente em uma politriz rotativa, usando uma pasta

de diamante de granulometria 1µm. Em seguida, foi feito um novo polimento

durante 1 hora para retirar os riscos mais finos. Desta vez, o polimento foi

realizado na Minimet e foi utilizada a sílica coloidal.

O registro das microestruturas foi executado com auxílio do microscópio

ótico da marca Nikon modelo Eclipse MA2000 do Laboratório de

Caracterização Estrutural dos Materiais (LCEM-DEMat-UFRN).

4.4.2 Medição dos espaçamentos celulares e eutéticos

Os valores dos espaçamentos celulares (λC) e os espaçamentos

eutéticos (globular-λg ou agulhas-λa) da fase rica em Zn (α-Zn), foram

quantificados segundo o método proposto por McCartney e Hunt

(MCCARTNEY, 1981), conforme mostra a Figura 18. O método leva em conta

o número de interceptos (na fase α-Zn ou na célula rica em Sn) que uma dada

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linha com comprimento conhecido (L) faz em cada medida, segundo a Equação

6. No total foram executadas 40 medidas para cada posição selecionada,

considerando cada espaçamento analisado, sendo ao final, obtida uma média e

um intervalo de dispersão. O software Image J foi utilizado para medir os

espaçamentos.

Figura 18 - Representação esquemática do método (intercepto linear) utilizado para

medição dos espaçamentos (a) celulares-λC e (b) eutéticos (λg, λa) nos lingotes Sn-

9%Zn.

Assim, a equação abaixo foi utilizada para obter valores dos

espaçamentos eutéticos:

λ= 𝐿

(𝑛−1) (Eq. 7)

Onde λ representa os espaçamentos celulares (λC) e interfásico (λg -

glóbulos e λa - agulhas), L representa o comprimento pré-definido da linha de

referência e n o número de interseções na fase α-Zn ao longo da distância L.

(a) (b)

λC = L/(n-1)

λg=L/(n-1)

λa=L/(n-1)

L

L L

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4.5 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X (DRX)

A técnica de DRX foi empregada com o propósito de determinar as fases

presentes nas microestruturas ao longo de cada lingote Sn-Zn. Para isso,

foram investigadas as posições 5mm, 10mm, 15mm, 20mm, 30mm, 50mm,

70mm e 90mm a partir da base refrigerada. As análises foram realizadas

através de um difratômetro da marca Shimadzu XDR-700, com radiação Cu-Kα

e comprimento de onda (λ) de 0,15406 nm, com varredura de 20-80° e uma

velocidade de varredura de 1°/minuto.

4.6 ANÁLISE DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV-FEG)

Com a finalidade de investigar detalhadamente as microestruturas brutas

de solidificação da liga eutética Sn-9%Zn solidificada contra as chapas molde

de aço carbono 1020 e de cobre, foram realizadas análises via microscópio

eletrônico de varredura por campo magnético nas posições 5mm, 20mm e

50mm. Neste caso, as amostras foram polidas em duas etapas e sem ataque

químico: i) polimento em pasta de diamante 1μm e ii) polimento em suspensão

de sílica-coloidal por 1 hora. O MEV-FEG é da marca Zeiss modelo Auriga 40

disponível também no LCEM-DEMat-UFRN, utilizando o detector de elétrons

secundários (SE). Foram feitas análises químicas locais e mapeamentos

químicos por meio da técnica de espectroscopia de dispersão de energia (EDS)

tendo em vista a necessidade de um maior entendimento tanto da composição

química das fases presentes quanto do posicionamento dos elementos

presentes ao decorrer das posições do material solidificado. O MEV-FEG

também foi utilizado para as aquisições de imagens das superfícies de fratura

dos corpos de prova de tração fraturados das ligas Sn-Zn, com o intuito de

verificar os possíveis mecanismos de fratura presentes em cada

microestrutura.

4.7 ENSAIO DE TRAÇÃO

Para realização dos ensaios de tração, os corpos de prova foram

extraídos em diferentes posições ao longo nos lingotes estudados, como

mostra o esquema da Figura 19. Os corpos de prova foram preparados de

acordo com as especificações da norma ASTM/E8 e ensaiados utilizando um

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36

equipamento Instron 5500R com uma velocidade de deslocamento de 2,7

mm/min. Com o intuito de assegurar a confiabilidade dos resultados, cinco

corpos de provas foram retirados para cada posição com a finalidade de

determinar limite de resistência à tração (σt), limite de escoamento (σe) e

alongamento específico (δ). Para cada lingote analisado, foram obtidos um total

de 35 corpos de prova a partir de cortes transversais realizados a cada 12mm

em relação a base refrigerada (levando em conta perdas de 2mm oriundas dos

cortes). As posições de retirada das amostras foram entre: 0-12mm (6mm), 14-

26mm (20mm), 28-40mm (34mm), 42-54mm (48mm), 56-68mm (62mm), 70-

82mm (76mm), 84-96mm (90mm), de acordo com a Figura 19 (a). Assim, com

o resultado obtido, foi possível estabelecer relações entre microestrutura (λc, λg

e λa) e as propriedades mecânicas dos lingotes Sn-9%Zn. A Figura 19 (b)

apresenta as dimensões (em mm) dos corpos de prova usados para a

realização deste ensaio mecânico.

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37

Figura 19 - (a) Esquema de retirada dos corpos de prova utilizados nos ensaios de

tração dos lingotes Sn-9%Zn e (b) dimensões (em mm) das amostras analisadas.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 PERFIS TÉRMICOS

As Figuras 20a e 20b mostram os perfis térmicos da liga eutética Sn-

9%Zn obtidos durante a solidificação direcional em regime transitório contra os

(a)

(b)

6 mm

20

mm

34

mm

48

mm

48 mm

62

mm

76

mm

48 mm

90

mm

48 mm

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38

substratos de aço e cobre. A Figura 20c exibe a curva de resfriamento

adquirida a partir da solidificação de uma pequena porção da liga metálica em

um cadinho de SiC. As Figura 20a e 20b consideram um conjunto de

termopares posicionados em distâncias específicas a partir da chapa-molde

(base refrigerada do lingote) para aquisição dos perfis térmicos. Desta forma,

os perfis térmicos obtidos mostram o mapeamento térmico da extração de calor

a partir da base até o topo de cada lingote. A temperatura da liga na sua

concentração eutética (Sn-9%Zn) foi de 199,3°C, conforme mostra a Figura

20c. Esta temperatura é similar àquela encontrada no diagrama de fases do

sistema Sn-Zn, como reportou Padhy (PADHY, 2015), ou seja, 198°C.

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

25

50

75

100

125

150

175

200

225

250

Te

mp

era

tura

(°C

)

Tempo (s)

Posições dos termopares a partir da interface metal/molde:

5mm 10mm 15mm 20mm

25mm 45mm 70mm 90mm

Sn-9%Zn (aço)

(a)

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39

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

25

50

75

100

125

150

175

200

225

250

Te

mp

era

tura

(°C

)

Tempo (s)

Posições dos termopares a partir

da inteface metal/molde:

5mm 10mm 15mm 20mm

25mm 45mm 70mm 90mm

Sn-9%Zn (Cu)

(b)

0 2000 4000 6000 8000 10000

120

140

160

180

200

220

240

260

280

300

320

TL=206 °C

Te

mp

era

tura

(°C

)

Tempo (s)

Sn-9%Zn

TE=199,3 °C

(c)

Figura 20 - Perfis térmicos da liga Sn-9%Zn solidificada contra (a) aço e (b) Cu; (c) e a

curva de resfriamento experimental.

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40

5.2 VARIÁVEIS TÉRMICAS DE SOLIDIFICAÇÃO

A partir dos perfis térmicos obtidos durante a solidificação, é possível

determinar o tempo de passagem da frente eutética em cada posição

monitorada pelos termopares ao longo da lingoteira. A Figura 21a mostra o

desenvolvimento da frente eutética ao longo do comprimento dos lingotes em

estudo.

A velocidade da frente eutética (VE) é determinada através da derivada

da função P = f (t) obtida experimentalmente, isto é, V = dP/dt. Nota-se uma

mesma lei experimental para ambos os lingotes. O esperado era que o lingote

Sn-9%Zn solidificado contra substrato de Cu exibisse tempos menores de

passagem da frente eutética, uma vez que a eficiência térmica entre a liga Sn-

Zn e este substrato é considerada maior. No entanto, para uma conclusão

desta natureza é necessário que ambos experimentos tenham sido

cuidadosamente replicados, com alteração apenas no material do substrato.

Esse perfil de tempo de passagem da frente eutética refletiu na evolução da

velocidade de deslocamento da frente eutética (VE) ao longo dos lingotes

conforme mostra a Figura 21b.

As Figuras 21b, 21c e 21d mostram as evoluções de velocidade de

deslocamento da frente eutética (VE), da taxa de resfriamento (ṪE) e do

gradiente térmico (GE), respectivamente, em função da posição a partir da base

refrigerada dos lingotes. Em geral, os valores destes parâmetros térmicos

diminuem à medida que há o afastamento da interface metal/molde e esse

comportamento se dá devido às novas resistências térmicas que são

incorporadas ao longo do processo (camadas sólidas que se formam

continuamente durante a evolução da solidificação a partir da base do lingote)

de solidificação direcional.

Observou-se que os valores de VE (Figura 21b) estão muito próximos

para os dois substratos, podendo ser descritos por apenas uma função.

Contudo, esse comportamento não é estendido para ṪE (Figura 21c) e o GE

(Figura 21d). Notou-se que os valores de ṪE e GE em cada lingote diferem nas

posições iniciais e se tornam mais próximos para as posições mais afastadas

da base refrigerada, onde a extração de calor já é muito baixa. Vale ressaltar

que há uma redução mais brusca para a liga eutética solidificada em substrato

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41

de aço, enquanto que a liga solidificada em substrato de cobre mostrou uma

diminuição mais suave, apresentando maiores valores de taxas de resfriamento

e do gradiente térmico nas posições analisadas. Estes dados, possivelmente,

estão atribuídos à maior eficiência térmica do substrato de Cu.

0 100 200 300 400 500 600 700

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Po

siç

ão

(m

m)

Tempo (s)

Sn-9%Zn (aço)

Sn-9%Zn (Cu)

P = 3,93 (t) 0,533

(a)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

Sn-9%Zn (aço)

Sn-9%Zn (Cu)

VE = 6,58 (P)

-0,85

Velo

cid

ade d

e d

eslo

cam

ento

da fre

nte

euté

tica, V

E (

mm

/s)

Posição (mm) (b)

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42

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Sn-9%Zn (aço)

TE = 48,17 (P)

-1,44

Sn-9%Zn (Cu)

TE = 63,4 (P)

-1,37

Taxa d

e r

esfr

iam

ento

, T

E (°

C/s

)

Posição (mm) (c)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Sn-9%Zn (aço)

GE = 7,3 (P)

-0,6

Sn-9%Zn (Cu)

GE = 12,6 (P)

-0,58

Gra

die

nte

Térm

ico, G

E (

°C/m

m)

Posição (mm) (d)

Figura 21 - (a) Avanço da frente eutética ao longo das posições monitoradas, e

evoluções (b) da velocidade de deslocamento da frente eutética-VE, (c) da taxa de

resfriamento-ṪE e (d) do gradiente térmico (GE) em função da posição ao longo dos

lingotes Sn-9%Zn solidificados contra substrato de aço e de Cu.

5.3 MACROESTRUTURAS E MICROESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO

A Figura 22 apresenta as macroestruturas obtidas por meio do corte

longitudinal para os lingotes Sn-9%Zn solidificados contra chapa molde de aço

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43

e de cobre após a realização do ataque químico. Nota-se uma morfologia

predominantemente colunar e vertical dos grãos na direção da extração do

calor para ambos os lingotes, confirmando a direcionalidade dos processos de

solidificação. Visando obter informações em relação à microestrutura bruta de

solidificação, foram feitas análises microestruturais em amostras extraídas

transversal e longitudinalmente em diferentes posições dos lingotes Sn-9%Zn

solidificados contra chapas molde de aço e de cobre.

(a)

(b)

Figura 22 - Macroestruturas de solidificação dos lingotes Sn-9%Zn solidificados contra

(a) aço e (b) Cu.

As Figuras 23 e 24 apresentam microestruturas típicas transversais e

longitudinais para os lingotes Sn-9%Zn. Duas posições (5mm e 70mm) foram

escolhidas para representar cada lingote, considerando altos e baixos valores

de ṪE e VE. Além disso, foram inseridos os valores das variáveis térmicas (ṪE e

VE) e parâmetros microestruturais de solidificação associados a cada posição.

Dir

eçã

o d

e s

olid

ific

açã

o

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44

Todas as microestruturas foram obtidas por microscopia ótica. Nota-se uma

microestrutura com predominância de células eutéticas ao longo de toda a

extensão dos dois lingotes Sn-Zn. Para posições mais próximas da base

resfriada, observaram-se microestruturas mais refinadas, contudo para

posições mais afastadas as microestruturas se tornam mais grosseiras. Isto

está relacionado com os valores de taxas de resfriamento e velocidade de

solidificação, que diminuem à medida que se afastam da base refrigerada. É

possível observar que as microestruturas do lingote resfriado em Cu possuem

maior refino microestrutural quando comparado com o arranjo celular eutético

do lingote solidificado contra aço. Suganuma e Niihara (SUGUNAMA e

NIIHARA, 1998) e Wu et al (WU et al ,2002) também reportaram células

eutéticas para ligas Sn-Zn, com a fase rica em Zn na forma de agulhas.

Posições Transversais Longitudinais

5mm

λC = 15,10 μm

ṪE = 4,75 ºC/s

VE = 1,44 mm/s

(a)

(b)

70mm

λC= 69,60 μm

ṪE =0,12 ºC/s

VE =0,17 mm/s

(c)

(d)

Figura 23 - Microestruturas transversais e longitudinais da liga Sn-9%Zn solidificada

direcionalmente contra chapa molde de aço.

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45

Posições Transversais Longitudinais

5mm

λc= 10,20 μm

ṪE = 8,20 ºC/s

VE =1,38 mm/s

(a)

(b)

70mm

λc= 59,80 μm

ṪE = 0,24 ºC/s

VE =0,16 mm/s

(c)

(d)

Figura 24 - Microestruturas transversais e longitudinais da liga Sn-9%Zn solidificada

direcionalmente contra chapa molde de Cu.

O aumento gradativo do arranjo celular eutético em ambos os lingotes

Sn-Zn podem ser visualizados na Figura 25, que apresenta os gráficos λC

versus posição. As linhas representam as leis experimentais ajustadas por uma

função exponencial. Nota-se também que os espaçamentos celulares para o

lingote Sn-Zn solidificado contra Cu são ligeiramente menores que aqueles

apresentados para o lingote solidificado em aço. Essa pequena diferença está

associada a eficiência de extração de calor do substrato de Cu, que tende a

promover maiores valores de taxa de resfriamento nas posições iniciais do

lingote Sn-Zn.

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46

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

0

20

40

60

80

100

120

140E

spaçam

ento

celu

lar,

c (m

)

Posição (mm)

Sn-9%Zn (aço)

C = 9 P

0,51

Sn-9%Zn (Cu)

C = 9 P

0,51

Figura 25 – Variação do espaçamento celular em função da posição para a liga Sn-9%Zn.

5.4 LEIS DE CRESCIMENTO MICROESTRUTURAL E ANÁLISE POR DRX

A Figura 26 mostra a evolução dos espaçamentos celulares eutéticos

(λC) como uma função da taxa de resfriamento (ṪE) e da velocidade de avanço

da frente eutética (VE) para os lingotes Sn-9%Zn solidificados contra os

substratos de aço e de cobre. Cada ponto nos gráficos representa a média de

λC e as barras de erro são seus respectivos desvios padrões para cada posição

monitorada ao longo dos lingotes Sn-Zn. As relações lineares foram utilizadas

para ajustar os pontos, visando representar as leis experimentais de potência

referentes ao crescimento de células eutéticas. O coeficiente de determinação

(R2) foi inserido nos gráficos com o objetivo de indicar o ajuste das relações

lineares com os dados de espaçamento microestrutural.

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47

10-2

10-1

100

101

100

101

102

103

Sn-9%Zn (aço)

Sn-9%Zn (Cu)

C = 29 (T

E)

-0,5 - R

2=0,80

Espa

ça

me

nto

ce

lula

r,

C (m

)

Taxa de resfriamento, TE (°C/s) (a)

10-1

100

100

101

102

103

Sn-9%Zn (aço)

Sn-9%Zn (Cu)

C = 15 (V

E)

-1 - R

2=0,75

Esp

aça

me

nto

ce

lula

r,

C (m

)

Velocidade da frente eutética, VE (mm/s) (b)

Figura 26 - Evolução do espaçamento celular eutético em função (a) da taxa de

resfriamento (ṪE) e (b) da velocidade da frente eutética (VE). R2 é o coeficiente de

determinação.

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48

As variações dos espaçamentos celulares em função da taxa de

resfriamento (ṪE) e da velocidade de avanço da frente eutética (VE), para

ambos os lingotes Sn-Zn, foram caracterizadas pelos expoentes -0,5 e -1,0,

respectivamente. Uma única lei experimental foi suficiente para caracterizar a

evolução dos λC, conforme mostra a Figura 26. Apesar dos espaçamentos

celulares para o lingote Sn-9%Zn contra Cu serem ligeiramente menores que

aqueles do lingote solidificado em aço, quando correlacionados com os

parâmetros térmicos ṪE e VE, a lei experimental que caracteriza o crescimento

de células eutéticas para ambos os lingotes é a mesma. Isso também está

relacionado com os valores que de ṪE e VE ao longo dos lingotes, que também

são muito similares, diferindo de forma significativa, apenas para ṪE e nas

posições iniciais (até 30mm). Os mesmos expoentes foram usados em leis de

crescimento para outras ligas livres de Pb como Zn-Sn (SANTOS, 2015), Sn-

Cu (SILVA, 2013), Sn-Cu-Ni (SILVA, 2015) e Sn-Ni (XAVIER, 2018).

A Figura 27 mostra a evolução dos espaçamentos interfásicos

globulares (α-Zn: λg) e tipo agulhas (α-Zn: λa) referentes a parte interna das

células como uma função da velocidade de avanço da frente eutética (VE) para

os lingotes Sn-9%Zn solidificados contra substrato de aço e de Cu.

Observando a Figura 27, verifica-se que o expoente -1,2 caracterizou a

variação do espaçamento interfásico λg e λa com VE, para a liga eutética Sn-

9%Zn solidificada em ambos os substratos examinados. Isso está de acordo

com a clássica lei de crescimento eutético proposta por Jackson e Hunt

(JACKSON e HUNT, 1966). Ainda de acordo com a Figura 27, nota-se que

tanto os espaçamentos interfásicos globulares quanto tipo agulha são maiores

para a liga solidificada em substrato de aço. Isso indica que o uso do substrato

de Cu promoveu um refino microestrutural, possivelmente devido sua maior

eficiência térmica de extração de calor. Comportamento similar foi observado

para o arranjo celular eutético descrito anteriormente. Este expoente foi

adotado para ligas de soldagem branda livres de Pb como Sn-Bi, Sn-Bi-Cu, Sn-

Bi-Ag (eutético lamelar tipo irregular ou regular complexo) (SILVA, 2016;

SILVA, GARCIA, SPINELLI, 2016; SILVA, GARCIA, SPINELLI, 2017) , Sn-Zn-

Cu (eutético tipo fibroso e/ou globular) (SILVA, 2017) e Zn-Sn (morfologia

alternada de células tipo placa de Zn) (SANTOS, 2016).

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49

10-1

100

10-1

100

101 Sn-9%Zn (aço)

g = 0,9 (V)

-1/2 - R

2=0,97

Sn-9%Zn (Cu)

g = 0,6 (V)

-1/2 - R

2=0,97

Espa

çam

en

to inte

rfásic

o g

lobu

lar,

g (m

)

Velocidade da frente eutética, V (mm/s)(a)

10-1

100

10-1

100

101 Sn-9%Zn (aço)

a = 1 (V)

-1/2 - R

2=0,94

Sn-9%Zn (Cu)

a = 0,7 (V)

-1/2 - R

2=0,98

Espa

çam

en

to inte

rfásic

o tip

o a

gulh

a,

a (m

)

Velocidade da frente eutética, V (mm/s)(b)

Figura 27 - Evolução dos espaçamentos interfásicos (a) globulares e (b) tipo agulhas

em função da velocidade da frente eutética (VE) para os lingotes Sn-Zn solidificados

contra aço e Cu. R2 é o coeficiente de determinação.

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50

De acordo com a Figura 27, as faixas de valores dos espaçamentos

interfásicos tipo glóbulos e tipo agulhas durante a solidificação transitória de

ligas Sn-9%Zn são: de 0,81 a 1,88 µm (tipo glóbulos) e de 0,97 a 1,95 µm (tipo

agulhas) para o substrato de aço; e de 0,51 a 1,09 µm (tipo glóbulos) e de 0,62

a 1,30 µm (tipo agulhas) para o substrato de Cu.

A análise por Difração de Raio X foi utilizada com o objetivo de identificar

as fases formadas nos lingotes Sn-Zn solidificados contra chapas molde de aço

e de Cu, conforme a Figura 28. Os difratogramas abaixo correspondem a

quatro diferentes posições ao longo dos lingotes em relação à base refrigerada.

Ao analisar, é possível notar a presença de picos associados a três fases

cristalinas: β-Sn, α-Zn e um composto intermetálico Cu5Zn8. Os padrões de

difração de raios-x apresentados na Figura 28 confirmam que a fase β-Sn é

predominante ao longo dos comprimentos dos dois lingotes Sn-Zn. A liga

solidificada sobre o substrato de cobre exibiu a fase intermetálica Cu5Zn8. A

formação do intermetálico pode ser explicada pela reação do zinco, existente

na composição da liga, com o cobre presente na chapa molde que se difundiu

na direção oposta. Em ambos os casos e de forma geral, notou-se uma

redução da intensidade dos picos da fase rica em Zn, à medida que ocorre

diminuição da taxa de resfriamento.

30 40 50 60 70 80

0

500

1000

1500

2000

2500

Sn

Zn

Inte

nsid

ad

e (

a.u

.)

Āngulo de difração, 2

Sn-9%Zn (aço)

P=5mm

T= 4,75°C/s

P=50mm

T= 0,17°C/s

P=90mm

T= 0,07°C/s

P=20mm

T= 0,60°C/s

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51

(a)

30 40 50 60 70 80

0

500

1000

1500

2000

2500 Sn

Zn

Cu5Zn

8

Inte

nsid

ad

e (

a.u

.)

Āngulo de difração, 2

Sn-9%Zn (Cu)

P=5mm

T= 8,20°C/s

P=50mm

T= 0,30°C/s

P=90mm

T= 0,10°C/s

P=20mm

T= 1,20°C/s

(b)

Figura 28 - Difratogramas de raios-X de diferentes posições para os lingotes Sn-9%Zn

solidificados (a) contra aço e (b) contra Cu. As respectivas taxas de resfriamento foram

incluídas. P é a posição a partir da interface metal/molde.

5.5 CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL POR ANÁLISES DE MEV

Amostras dos lingotes Sn-Zn solidificados foram caracterizadas por

MEV-FEG, visando identificar as morfologias da fase rica em zinco, α-Zn,

presente na mistura eutética, além da aquisição imagens para quantificação

dos espaçamentos eutéticos. As Figuras 29 e 30 apresentam imagens das

secções transversais dos lingotes Sn-9%Zn solidificados contra aço e cobre,

juntamente com os valores de espaçamentos celulares (λc) e interfásicos tipos

globular (λg) e agulhas (λa), taxa de resfriamento (ṪE) e velocidade de avanço

da frente eutética (VE), respectivamente.

De acordo com as Figuras 29 e 30, observa-se que as ambas as

estruturas, no interior das células eutéticas, são similares ao longo dos lingotes

analisados. Observa-se uma mistura eutética formada por uma região mais clara

(β-Sn) e outra mais escura (α-Zn). Esta última trata-se de uma fase rica em

zinco, α-Zn, a qual possui duas morfologias: glóbulos (λg) e/ou agulhas (λa).

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52

P=5mm: λC=15,08 μm; ṪE=4,75 °C/s; VE= 1,44 mm/s; λa=0,97 μm; λg=0,81μm

P=20mm: λC=57,24 μm; ṪE=0,60 °C/s; VE=0,52 mm/s; λa=1,52 μm; λg=1,31 μm

P=50mm: λC=59,90 μm; ṪE =0,17 °C/s; VE=0,25 mm/s; λa= 1,95 μm; λg= 1,88 μm

Figura 29 - Imagens MEV da seção transversal do lingote Sn-9%Zn solidificada contra

substrato de aço, considerando três diferentes posições e seus respectivos

parâmetros térmicos (VE e ṪE) e espaçamentos interfásicos (λa e λg).

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53

P=5mm: λC=10,20 μm; ṪE =8,20 °C/s; VE=1,38 mm/s; λa= 0,62 μm; λg= 0,51 μm

P=20mm: λC=36,82 μm; ṪE=1,20 °C/s; VE=0,45 mm/s; λa= 1,01 μm; λg= 0,87 μm

P=50mm: λC= 51,45 μm; ṪE= 0,30°C/s; VE= 0,25mm/s; λa=1,30 μm; λg=1,09 μm

Figura 30 - Imagens MEV da seção transversal do lingote Sn-9%Zn solidificada contra

substrato de Cu, considerando três diferentes posições e seus respectivos parâmetros

térmicos (VE e ṪE) e espaçamentos interfásicos (λa e λg).

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54

Verificou-se que ambas as morfologias estão presentes ao longo dos

lingotes analisados, contudo, uma delas predomina sobre a outra, dependendo

dos valores ṪE e VE. Maiores valores favorecem a morfologia tipo globular,

enquanto que menores valores de ṪE e VE privilegiam uma morfologia de

agulhas de α-Zn. Garcia et al. (GARCIA, R. 2010) estudando a liga eutética Sn-

9%Zn e Silva e colaboradores (SILVA et al, 2017) investigando a liga ternária

Sn-9%Zn-2%Cu também reportaram que a morfologia tipo globular prevaleceu

para maiores taxas de resfriamento, ao passo que agulhas são predominantes

para menores taxas. Segundo Garcia (GARCIA, R. 2010), a taxa de resfriamento

e a velocidade da frente eutética afetam diretamente a microestrutura da liga

eutética Sn-9%Zn. O autor relatou que para maiores ṪE e VE, uma microestrutura

muito refinada e mais uniforme com uma dispersão de “agulhas” de zinco na

matriz rica em estanho foi obtida.

A Tabela 2 mostra o mapeamento para cada posição analisada e suas

respectivas morfologias predominantes da fase α-Zn. Valores de taxa de

resfriamento e velocidade da frente eutética também foram inseridos. De acordo

com as Figuras 29 e 30, observou-se que glóbulos e agulhas predominam nas

posições mais próximas da interface metal/molde, 5mm e 20mm, enquanto que

as agulhas de α-Zn prevalecem para as posições mais distantes, como em

50mm. Esses resultados são similares ao reportado por Silva et al (SILVA et al,

2017) para uma liga ternária Sn-9%Zn-2%Cu e Garcia e colaboradores

(GARCIA et al, 2010) para uma liga eutética Sn-9%Zn. Ambos os estudos

citaram que glóbulos prevaleceram para VE>0,5 mm/s e agulhas dominaram

para VE<0,3 mm/s. No caso deste trabalho, para ambos os lingotes Sn-Zn,

notou-se que as morfologias globular e tipo agulhas prevaleceram para valores

de VE>0,45 mm/s e que a morfologia tipo agulhas dominou para valores de

VE<0,45 mm/s.

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55

Tabela 2 - Mapeamento morfológico da fase α-Zn ao longo dos lingotes Sn-9%Zn

solidificados contra os substratos de aço e Cu.

5.6 ANÁLISE DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE TRAÇÃO E

SUPERFÍCIES DE FRATURA

A Figura 31 mostra as curvas tensão x deformação típicas geradas por

meio dos ensaios de tração de corpos-de-prova retirados dos lingotes Sn-9%Zn

solidificados contra substrato de aço (Figura 31a) e substrato de cobre (Figura

31b). Cada curva representa uma posição distinta (6mm, 48mm e 90mm) em

relação à superfície refrigerada de cada lingote solidificado direcionalmente, ou

seja, cada posição está associada a uma escala microestrutural (λC) e suas

respectivas variáveis térmicas (ṪE e VE) de solidificação.

Observou-se, para os lingotes Sn-Zn, que maiores valores de resistência

mecânica foram obtidos para as posições mais próximas da interface

metal/molde, ocorrendo uma redução gradual à medida que a distância para

esta interface aumentava. Essa maior resistência mecânica no início dos

lingotes Sn-Zn está associada aos arranjos celular e eutético mais refinados,

que promovem um maior efeito de bloqueio ao deslizamento de discordâncias,

conforme o mecanismo de endurecimento por refino de grão citado por Meyers

e Chawla (MEYERS e CHAWLA, 1982) e Dieter (DIETER, 1981). Portanto,

uma maior fração de interfaces de contornos de células eutéticas e interfaces

Aço Cu

Posição a

partir da

interface

metal/molde

Estrutura

predominante

da fase α-Zn

Velocidade

da frente

eutética-VE

(mm/s)

Taxa de

resfriamento-

ṪE (°C/s)

Velocidade

da frente

eutética-VE

(mm/s)

Taxa de

resfriamento-

ṪE (°C/s)

5mm Glóbulos e

Agulhas

1,44 4,75 1,38 8,20

20mm Glóbulos e

Agulhas

0,52 0,60 0,45 1,20

50mm Agulhas 0,25 0,17 0,20 0,30

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56

de fase (α-Zn) nos lingotes Sn-Zn promovem maiores barreiras ao movimento

de discordâncias na estrutura cristalina destas ligas, encruando-as.

Comparando a resistência mecânica dos lingotes Sn-Zn, verificou-se que os

valores em cada posição analisada praticamente não variam. Esse

comportamento pode estar relacionado aos valores similares de λC.

Analisando os níveis de deformação, notou-se que o lingote solidificado

contra substrato de Cu apresentou valores de deformação ligeiramente

maiores, com exceção da posição 90mm, onde o valor de deformação foi

menor. Como é conhecido, o mecanismo de endurecimento por refino de grão,

é o único mecanismo que aumenta resistência sem perdas significativas no

nível de ductilidade do material (MEYERS e CHAWLA, 1982; DIETER, 1981).

Parece que é esse o comportamento que acontece para o lingote Sn-9%Zn

solidificado contra Cu, principalmente para a escala da mistura eutética, que é

menor quando comparada com a escala do lingote solidificado contra aço.

Outro ponto observado foi a maior ductilidade para a posição 48mm (linha azul)

em ambos os lingotes Sn-Zn. Parece que espaçamentos celulares eutéticos

entre 53 e 65 μm e a combinação das duas morfologias, globular e tipo agulha,

favorecem o deslizamento de discordâncias nos planos cristalinos da mistura

eutética Sn+α-Zn. Níveis de deformação similares aos obtidos neste presente

trabalho como 48%, 47-49% e 62% foram reportados por Shafik e coautores

(SHAFIK et al 2012), Garcia e colaboradores (GARCIA et al 2010), Osório et al

(OSÓRIO et al 2013), e Das et al (DAS et al 2009), respectivamente, para uma

mistura eutética Sn+α-Zn (com morfologia em agulhas). Exemplares dos

corpos de prova de tração fraturados foram inseridos na Figura 31. Verifica-se

todas as posições, para ambas as ligas Sn-Zn, apresentaram macrofraturas

com caráter dúctil, com evidência do fenômeno de estricção, o que pode levar

a um micromecanismo de fratura com presença de dimples. A partir das

macrofraturas nota-se também a maior ductilidade das amostras do lingote Sn-

Zn solidificado contra Cu.

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57

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Sn-9%Zn-aço

Te

nsã

o,

(M

Pa

)

Deformação, (%)

- Posições a partir da interface metal/molde:

6mm 48mm 90mm

(a)

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Sn-9%Zn (Cu)

Te

nsã

o,

(M

Pa

)

Deformação, (%)

- Posições a partir da interface metal/molde:

6mm 48mm 90mm

(b)

Figura 31 - Curvas tensão x deformação para três posições distintas (6mm, 48mm e

90mm) dos lingotes Sn-9%Zn solidificados em (a) substrato de aço e (b) em Cu.

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58

A Figura 32 descreve as correlações experimentais entre o limite de

resistência à tração (σt), limite de escoamento (σe) e alongamento específico

(δ) e os espaçamentos celulares (λc) para os lingotes Sn-9%Zn solidificados

contra substratos de aço e de cobre. Os dados experimentais foram ajustados

por correlações tipo Hall-Petch. Cada ponto equivale a uma média de valores

de cinco corpos de prova e as barras de erro, são os desvios médios.

Observou-se que σt, σe e δ aumentam com a diminuição de λC. O

aumento pode ser explicado pelas microestruturas mais refinadas (arranjo

celular e eutético) nas posições iniciais dos lingotes Sn-Zn, como indica a

Figura 32.

O desenvolvimento de σt e σe em função do λc foi caracterizado por única

equação experimental tipo Hall-Petch, indicando assim que, a mudança do

substrato durante o processo de solidificação não afetou de forma significativa

as resistências mecânicas (σt, σe). Osório e coautores (OSÓRIO et al 2013)

reportaram comportamento similar para o limite de resistência à tração e

escoamento para uma liga eutética Sn-9%Zn, ou seja, com a diminuição do

espaçamento interfásico, σt e σe aumentaram. Contudo, notaram que essa

diminuição promoveu uma redução na ductilidade.

Com relação os níveis de alongamento específico (δ), notou-se que o

lingote solidificado contra Cu apresentou maiores valores que o lingote

solidificado contra aço. O refino microestrutural ligeiramente maior no lingote

Sn-9%Zn solidificado em substrato de Cu, principalmente no arranjo eutético,

pode ter induzido os maiores valores de δ, quando comparado com a liga Sn-

9%Zn solidificada contra aço (DIETER, 1967). Assim, a obtenção de regiões

eutéticas Sn-Zn refinadas, independente da morfologia da fase α-Zn (globular

ou agulha) auxilia diminuindo a energia necessária para o deslizamento de

discordâncias e o consequente aumento de ductilidade.

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59

0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20 0.22

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

t, L

imite

de

Re

sis

tên

cia

à T

raçã

o (

MP

a)

1/(C)

0,5 ( µm )

- 0,5

Sn-9%Zn (Aço)

Sn-9%Zn (Cu)

t = 150 (

C

0,5) + 30

(a)

0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20 0.22

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

e

, L

imite

de

Esco

am

en

to (

MP

a)

1/(C)

0,5 ( µm )

- 0,5

Sn-9%Zn (aço)

Sn-9%Zn (Cu)

e = 150 (

C

0,5) + 20

(b)

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60

0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20 0.22

0

10

20

30

40

50

60

70

80

, A

lon

ga

me

nto

esp

ecífic

o (

%)

1/(C)

0,5 ( µm )

- 0,5

Sn-9%Zn (aço)

= 200 (C

0,5) + 19,5

Sn-9%Zn (Cu)

= 200 (C

0,5) + 26

(c)

Figura 32 - Correlações experimentais entre o (a) limite de resistência à tração (σt), (b)

limite de escoamento (σe) e (c) alongamento específico (δ) e os espaçamentos

celulares eutéticos (λc) para os lingotes Sn-9%Zn solidificados contra substratos aço e

Cu.

As Figuras 33 e 34 mostram imagens MEV associadas às superfícies de

fratura dos lingotes Sn-9%Zn solidificados contra os substratos de aço e Cu,

respectivamente, para três diferentes posições a partir da interface

metal/molde. As superfícies de fratura para os lingotes Sn-Zn foram

caracterizadas por regiões de fratura dúctil (dimples), vinculadas a mistura

eutética Sn+α-Zn. Uma extensa fração de alvéolos pode ser observada nas

fractografias, resultando em altos níveis de deformação plástica, conforme

descritos na Figura 31 (curvas tensão x deformação). Outro indicativo da

fratura dúctil em ambos os lingotes Sn-Zn é a morfologia de cada corpo de

prova após o ensaio de tração, ou seja, a região da macrofratura que sofreu o

processo de nucleação e coalescimento de microvazios, deformação plásticas

localizada ao longo destes microvazios e fratura final ocorrendo sob tensões

cisalhantes máximas à 45° da direção de aplicação de carga (MEYERS e

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61

CHAWLA, 1982) e Dieter (DIETER, 1981).

(a) P=6mm: σt = 61,1 MPa / σe = 51,8 MPa / δ = 41,9%

(b) P=48mm: σt = 49,6 MPa / σe = 39,4 MPa / δ = 45,5%

(c) P=90mm: σt = 46,1 MPa / σe = 36,0 MPa / δ = 43,2%

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62

Figura 33 - Imagens MEV das superfícies de fratura das amostras submetidas ao

ensaio de tração do lingote Sn-9%Zn solidificado contra substrato de aço,

considerando as posições (a) 6mm, (b) 48mm e (c) 90mm a partir da interface

metal/molde.

(a) P=6mm: σt = 61,0 MPa / σe = 51,7 MPa / δ = 48,1%

(b) P=48mm: σt = 50,0 MPa / σe = 39,4 MPa / δ = 55,9%

(c) P=90mm: σt = 46,6 MPa / σe = 36,4 MPa / δ = 40,0%

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Figura 34 - Imagens MEV das superfícies de fratura das amostras submetidas ao

ensaio de tração do lingote Sn-9%Zn solidificado contra substrato de Cu, considerando

as posições (a) 6mm, (b) 48mm e (c) 90mm a partir da interface metal/molde.

Silva e coautores (SILVA et al, 2017) relataram um modo de fratura

também dúctil para ligas ternárias Sn-9%Zn-2%Cu, porém com algumas

regiões de modo de fratura frágil, associados aos intermetálicos Cu5Zn8. Tais

aspectos de fratura dúctil também foram citados por Shafik e coautores

(SHAFIK et al, 2012), Das et al (DAS et al, 2009), El-Daly e Hammad (El-Daly e

HAMMAD, 2010), Xing et al (XING et al, 2017), Alam (ALAM, 2015) e Mishra

(MISHRA, 2014), considerando uma liga eutética Sn-9%Zn com partículas de

α-Zn na morfologia de agulhas.

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64

6. CONCLUSÃO

Com base nos experimentos de solidificação direcional da liga Sn-9%Zn

para ambos os substratos utilizados, aço e cobre (Cu), conclui-se que as

condições de solidificação para o substrato de Cu apresentaram maiores taxas

de resfriamento (principalmente no início do lingote), e consequentemente

menores espaçamentos celulares e interfásicos, pelo menos ligeiramente,

quando comparado com o lingote solidificado contra aço. A diferença de

condutividade térmica entre os substratos de aço e Cu também não interferiu

na morfologia de crescimento microestrutural, que foi um crescimento de

células eutéticas composta de uma fase rica em Sn (β-Sn) e uma fase rica em

Zn (α-Zn), seja em forma de agulhas ou de glóbulos. O que mudou a

microestrutura do lingote solidificado contra Cu, foi a presença do intermetálico

Cu5Zn8. Com relação ao comportamento mecânico, a diferença mais

significativa foi nos níveis de alongamento especifico (δ), onde a liga Sn-9%Zn

solidificada contra Cu mostrou maiores valores. Dentro deste contexto,

destacam-se os seguintes pontos:

1. As macroestruturas resultantes da liga eutética Sn-9%Zn solidificada

unidirecionalmente contra aço e contra Cu em condições transitórias de

fluxo de calor apresentaram a predominância de crescimento de grãos

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65

colunares entre as posições de 5 e 90mm englobando valores de taxa

de resfriamento entre 0,07°C/s e 8,20°C/s;

2. Os parâmetros térmicos de solidificação como velocidade de

deslocamento da frente eutética (VE) e taxa de resfriamento (ṪE)

diminuíram à medida que se afasta da interface metal/molde. Essa

variação de VE e ṪE pode ser explicado pelo aumento das resistências

térmicas (camadas sólidas) que são criadas durante a solidificação

unidirecional;

3. A caracterização microestrutural mostrou que um crescimento celular

prevaleceu ao longo dos lingotes Sn-9%Zn. As células eutéticas são

constituídas das fases β-Sn e α-Zn. Esta última pode se apresentar em

duas morfologias: globular e agulha. Verificou-se que ambas as

morfologias estão presentes ao longo dos lingotes analisados,

dependendo dos valores ṪE e VE. Para VE>0,45 mm/s, há um

predomínio de α-Zn nas morfologias globular e agulha, enquanto que

para VE<0,45mm/s prevalecem agulhas;

4. A variação dos espaçamentos celulares (λC) em função da taxa de

resfriamento e da velocidade da frente eutética para as ligas Sn-9%Zn

foi caracterizada por expoentes experimentais de -0,5 e -1,0,

respectivamente. Com relação aos espaçamentos interfásicos (λg e λa),

um expoente de -1/2, proposto por Jackson e Hunt para o crescimento

eutético, descreveu a variação dos espaçamentos interfásicos λg e λa

com VE. Uma diminuição progressiva tanto de λC quanto dos λg e λa

pode ser observada com o distanciamento da interface metal/molde;

5. Com base nos difratogramas para os lingotes Sn-9%Zn notou-se a

presença das fases β-Sn, α-Zn, e para a liga solidificada contra Cu, o

intermetálico Cu5Zn8. Estas partículas estão distribuídas de forma

heterogênea na microestrutura final ao longo das posições analisadas;

6. A análise das propriedades mecânicas de tração mostrou que, para

ambos os lingotes, maiores valores de resistência mecânica foram

obtidos para as posições mais próximas da interface metal/molde. Essa

maior resistência mecânica no início dos lingotes Sn-Zn está associada

aos arranjos celular e eutético (este principalmente) mais refinados, que

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66

promovem um maior efeito de bloqueio ao deslizamento de

discordâncias, conforme o mecanismo de endurecimento por refino de

grão;

7. Observou-se que limite de resistência à tração (σt), limite de escoamento

(σe) e alongamento específico (δ) aumentam com a diminuição de λC. O

desenvolvimento de σt e σe em função do λc foi caracterizado por única

equação experimental tipo Hall-Petch, indicando assim que, a mudança

do substrato não afetou de forma significativa na resistência mecânica

da liga eutética Sn-9%Zn. Contudo, maiores valores de δ foram

observados para o lingote solidificado contra Cu, sendo associado ao

refino microestrutural celular e, principalmente do eutético,

independemente da morfologia da fase α-Zn;

8. As superfícies de fratura para os lingotes Sn-Zn foram caracterizadas

por regiões de fratura dúctil (dimples). Uma extensa fração de alvéolos

pode ser observada nas fractografias, resultando em altos níveis de

deformação plástica.

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

- Realizar experimentos de solidificação direcional em regime transitório

de fluxo de calor contras chapas-molde de Ni para a liga Sn-9%Zn com o intuito

de investigar a microestrutura, a evolução das variáveis térmicas de

solidificação, as propriedades mecânicas e modos de fratura;

- Estudar o efeito da adição de elementos ternários na liga eutética Sn-

9%Zn, analisando suas influências na microestrutura e propriedades

mecânicas (tração e dureza);

- Realizar experimentos de molhamento da liga Sn-9%Zn contra

substrato de aço carbono 1020 e cobre eletrolítico a fim de verificar de

relacionar fatores como coeficiente de transferência de calor, taxa de

resfriamento e camada de reação formada entre liga/substrato.

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67

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