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REVISES / REVIEWS

Frmacos utilizados no tratamento das afeces neurolgicas de ces e gatos Medical treatment of neurologic diseases of dogs and catsIsabelle Valente Neves1; Eduardo Alberto Tudury2; Ronaldo Casimiro da Costa3

ResumoEste trabalho compreende uma reviso da literatura, dos diferentes frmacos utilizados na teraputica das afeces neurolgicas de ces e gatos, assim como sua indicao, dosagens, e durao do tratamento. Nesse contexto incluram-se analgsicos, antibiticos, anticonvulsivantes, barbitricos, anticolinestersicos, antifngicos, antifibrinolticos, antiinflamatrios esterides e no esterides, antineoplsicos, antipsicticos, ansiolticos, antidepressivos, antioxidantes e varredores de radicais livres, diurticos, frmacos utilizados nos distrbios da mico, fitoterpicos, modificadores do metabolismo articular (nutracuticos), relaxantes musculares e vitaminas. Palavras-chave: Frmacos, doenas neurolgicas, neurologia, ces e gatos

AbstractA revision of the current literature regarding medical management of neurological diseases of dogs and cats is presented. The indications, doses, and duration of the recommended treatment of several medications are reviewed. The authors have reviewed analgesics, antibiotics, anticonvulsants, barbiturates, anticolinesterasics, antifungals, antifibrinolytics, steroidal and non-steroidal antiinflammatory, antineoplastics, antipsychotics, anxiolytics, antidepressants, free radical scavengers, diuretics, drugs used in the treatment of micturition disorders, phytotherapeutics, nutraceuticals, muscle relaxants and vitamins. Key words: Medical management, neurological diseases, neurology, dogs and cats

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Mdica Veterinria Autnoma. E-mail: [email protected] Professor Adjunto, Departamento de Medicina Veterinria, Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE. E-mail: [email protected] Professor de Neurologia e Neurocirurgia da The Ohio State University. ,E-mail: [email protected] para publicao 02/06/09 Aprovado em 22/09/09

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IntroduoNos ces e gatos com afeces do sistema nervoso o tratamento pode ser dividido em mdico e/ou cirrgico. O tratamento mdico baseado na administrao de frmacos que atuem diretamente no agente etiolgico e proporcionem a cura da doena (ex.: antibiticos), ajam na diminuio da progresso da doena (ex.: neoplasias) ou baseado no tratamento de suporte (ex.: cinomose). Quanto ao frmaco adequado a ser utilizado, necessita-se saber a dose a ser empregada, o intervalo entre doses e a durao do tratamento, sempre relacionando a etiologia da afeco. Devese tambm ter conhecimento das particularidades existentes no sistema nervoso, como a barreira hematoenceflica. Sendo assim, o objetivo deste trabalho relatar os diferentes frmacos utilizados atualmente na teraputica das afeces neurolgicas de ces e gatos, assim como sua indicao, dosagens, intervalo entre doses e durao do tratamento mdico.

a transmisso de sinais dolorosos da zona radicular dorsal para os centros superiores. O tlamo e o crtex cerebral parecem ter alta densidade de receptores opiides. Alm dos efeitos moduladores ao nvel da medula espinhal, a ativao de receptores centrais inibe a transmisso de sinais dolorosos para centros superiores e, conseqentemente, bloqueiam a percepo de estmulos dolorosos (BISTNER; FORD; RAFFE, 2002). A morfina em ces e em gatos (baixas doses) utilizada no tratamento da dor aguda e profunda e na medicao pr e ps-operatria. O efeito adverso da morfina em gatos a hiperexcitabilidade que pode ser minimizada com o uso de tranqilizantes ou baixas doses. J os efeitos adversos relacionados aos ces e gatos so: euforia, hipotenso, prurido, depresso respiratria, edema, hemorragia cerebral, dificuldade de urinar, e reduo da formao de urina. A dose recomendada para ces 0,5-1 mg/kg, via intramuscular (IM) ou subcutnea (SC); 0,050,4 mg/kg, q1-4h, IV; ou 0,2-1 mg/kg, q2-6h, IM ou SC; 0,3-3 mg/kg q4-8h, por via oral (VO) e em gatos 0,05- 0,2 mg/kg, IM, SC (com cautela) (ANDRADE, 2002). Administrada pela via epidural apresenta a vantagem de que a ao analgsica ter durao de, aproximadamente, 24 horas (INTELIZANO, et al. 2002) A hidromorfona indistinguvel da morfina em efeito e durao, embora no tenha sido relatada liberao de histamina em seu uso (CARROLL, 2005). A dosagem utilizada em pacientes com doena da medula espinhal de 0,05-0,2 mg/kg em ces e 0,01 mg/kg em gatos q6h, IM ou SC (BAGLEY, 2005). A oximorfona tambm no causa liberao de histamina e apropriada contra dor moderada a intensa. Embora a oximorfona em ces e gatos cause sedao, taquipnia e, s vezes, hipotermia parece que causa menos vmito do que a morfina ou a hidromorfona (CARROLL, 2005). O fentanil possui ao mais rpida e potente (75-125 vezes) do que a morfina, porm de curta durao (30-45 minutos) (CARROLL, 2005). Tem

Reviso de literaturaAnalgsicos A dor em pacientes neurolgicos traz conseqncias metablicas e fisiolgicas indesejveis. Frequentemente observa-se dor espinhal ou neuroptica como resultado do envolvimento das meninges, razes nervosas e os nervos perifricos (BAGLEY, 2005). Analgsicos opiides Os analgsicos opiides so os frmacos mais utilizados e mais efetivos no controle da dor em animais. Eles funcionam ativando o sistema antinociceptivo, inibindo a projeo da dor (BAGLEY, 2005). Os analgsicos opiides afetam o processamento e a transmisso dos impulsos em nveis mltiplos do encfalo e da medula espinhal interagindo com receptores especficos para inibir 746

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sido utilizado em anestesiologia, como parte de protocolo de induo anestsica, em infuso contnua controlada ou em patch (adesivo) para promoo de analgesia por at 72 h. O uso do adesivo de fentanil propicia excelente analgesia ps-operatria para pacientes que sofreram procedimentos neurocirrgicos da coluna vertebral. Tem como efeitos adversos em ces promoo de respirao ofegante, defecao e flatulncias, alm de atravs de estmulos sonoros poderem provocar respostas motoras (ANDRADE, 2002). No caso de infuso em velocidade constante uma dose inicial de 2g/ kg, IV em ces e 1-2 g/kg, em gatos seguida por infuso (1-6 g/kg/h em ces e 1-4 g/kg/h, sendo que a durao da analgesia corresponde durao da infuso mais 30 minutos (CARROLL, 2005). A codena vem sendo utilizada no controle da dor para animais com transtornos neurolgicos sendo segura e efetiva em dor severa (1 mg/kg, VO, q6h) (BAGLEY, 2005). Em ces saudveis Carroll (2005), recomenda 1-2 mg/kg de codena, VO, q8h, associado a acetaminofen (paracetamol), porm isso no deve ser utilizado em ces com hepatopatias ou propensos a anemia com corpsculo de Heinz e tambm estritamente contra-indicada essa associao em gatos. Pode-se administrar codena sem acetaminofen (1-4 mg/kg VO, q1-6h), conforme necessrio. O butorfanol tem a vantagem de oferecer analgesia com depresso ventilatria mnima e doses subseqentes no produzem depresso adicional. Em ces e gatos geralmente administrado em casos de dor leve a moderada, a dose recomendada 0,4 1 mg/kg, VO, q8h por 2-3 dias (CARROLL, 2005). Buprenorfina 30 vezes mais potente do que a morfina, sendo utilizado como potente analgsico, sendo a dose recomendada para ces 0,05-0,02 mg/kg, q4-8h, IM ou IV (ANDRADE, 2002). Segundo Carroll (2005), sua ao tem incio em aproximadamente 30 minutos com durao de 4-8h.

Foi constatado experimentalmente que a utilizao da naloxona tambm apresenta outros efeitos potencialmente importantes em Neurologia. Sendo demonstrado que em altas doses atuar melhorando o fluxo sanguneo aps o trauma medular e aumentando a recuperao da funo neurolgica, tambm podendo ser administrados logo aps o trauma com finalidade de proteger o paciente, durante o transporte (BRAUND, 2003).

AntibiticosO sistema nervoso central (SNC) deve ser considerado como compartimento parte em nosso organismo, isolado da circulao sistmica, cujo acesso altamente restrito, j que completamente envolvido por uma camada celular firmemente conectada entre si por junes oclusivas. Essa camada age como uma verdadeira membrana lipdica, formando duas barreiras: a barreira hematoenceflica (BHE) e a barreira hematoliqurica (BHL) responsveis pela manuteno da homeostasia do SNC (VRIES et al., 1997). O endotlio da BHE no fenestrado, mas possui junes oclusivas conectando os espaos intercelulares, restringindo a passagem de substncias maiores que 10-15 A e tem ausncia quase que total de vesculas pinocitticas intracitoplasmticas, impedindo o transporte transcelular (LIN; S, 2002). A atividade bactericida de um frmaco antimicrobiano no lquido cerebroespinhal (LCE) depende basicamente de sua concentrao local e de sua atividade intrnseca no fluido infectado. A penetrao dos agentes antimicrobianos no espao liqurico ocorre predominantemente via difuso passiva, atravs de um gradiente de concentrao (LEE et al., 2001). O transporte desses antibiticos atravs das barreiras que cercam o SNC depende de vrios fatores, dos quais se destacam caractersticas dos frmacos como: lipossolubilidade, peso molecular, ligao a protenas plasmticas, capacidade de ionizao e carga eltrica (LIN; S, 2002). 747

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importante ressaltar que, mesmo dentro do espao liqurico, no h uma distribuio homognea. Por exemplo, aps a administrao endovenosa de qualquer antibitico capaz de penetrar no SNC, podemos encontrar concentraes mximas no LCE da regio lombar, concentraes intermedirias na cisterna cerebelo medular, enquanto as concentraes ventriculares so provavelmente menores daquelas atingidas no LCE (NAU; SORGEL; PRANGE, 1998). Ao escolher um agente antibitico especfico, devemos selecionar o agente bactericida que seja isoladamente menos txico e mais efetivo. A terapia deve ser direcionada basicamente para o agente causal, caso este possa ser identificado. Esta terapia deve ser mais prolongada que o tratamento para infeco similar em qualquer outra parte do corpo (NAU; SORGEL; PRANGE, 1998). desejvel que o antibitico a ser utilizado atravesse a BHE em concentraes teraputicas para que essas concentraes medicamentosas possam ser mantidas depois que a fase aguda da inflamao foi encerrada (FENNER, 1997). Os antibiticos podem ser administrados aos animais sob suspeita de meningite bacteriana antes da obteno dos resultados da cultura e dos testes de sensibilidade (FENNER, 1997). Alguns autores sugerem que deve ser administrada uma nica injeo intravenosa de corticosterides, antes da antibioticoterapia nos casos de meningite bacteriana (FENNER, 1997; LECOUTEUR; CHILD, 1997). Segundo Lin e S (2002), no recomendvel utilizar concomitantemente frmacos bactericidas e bacteriostticos, uma vez que os ltimos podem antagonizar a ao dos primeiros. Alguns medicamentos so txicos quando introduzidos diretamente no SNC (ex. administrao intratecal), podendo causar convulses como o caso da penicilina, e os agentes podem no se difundir livremente atravs do LCE, especialmente se existe bloqueio ao fluxo deste lquido (FENNER, 1997). Os antibiticos que atravessam a barreira hematoenceflica com tima penetrao so o 748

trimetoprim, o metronidazol, o cloranfenicol e as sulfonamidas; com intermediria penetrao so as penicilinas, as ampicilinas, a oxacilina, a carbenecilina, o ceftriaxone, o moxalactam e as tetraciclinas, e os com baixa penetrao so as cefalosporinas de primeira gerao, os aminoglicosdeos e a clindamicina (CHRISMAN, 1991). Vrias cefalosporinas de terceira gerao atingem concentraes efetivas no SNC, sendo consideradas os agentes mais adequados para tratamento da meningite por bactrias grampositivas (LECOUTEUR; CHILD, 1997). Os antibiticos de eleio para as afeces neurolgicas bacterianas so: ampicilina, cefalosporinas de 3 gerao, metronidazol, cloranfenicol e sulfa com trimetoprim (DEWEY, 2003). Em geral, as tetraciclinas, agentes bacteriostticos de amplo espectro, atingem apenas concentraes efetivas no SNC quando as meninges esto inflamadas. Entretanto as tetraciclinas mais modernas (doxiciclina e minociclina) penetram no SNC melhor do que outras tetraciclinas, tendo melhor atividade contra microorganismos anaerbios e alguns aerbios. A minociclina apresenta tambm efeitos neuroprotetores antiapoptticos para o SNC descobertos recentemente (STIRLING; KOOCHESFAAHANI; TETZLAFF, 2005). Nos casos de meningoencefalite riquetsial os antimicrobianos a serem empregados so a doxiciclina, as tetraciclinas ou o cloranfenicol (animais jovens antes da erupo dos dentes permanentes) (LECOUTEUR; CHILD, 1997). Diversas afeces riquetsiais como febre maculosa das montanhas rochosas e erliquiose, podem produzir meningoencefalite em ces e que o tratamento com tetraciclinas parece ser efetivo, em termos da resoluo dos sinais sistmicos e neurolgicos (FENNER, 1997; DEWEY, 2003). O metronidazol tem utilidade no tratamento da maioria das infeces anaerbicas, bactericida, e difunde-se bem por todos os tecidos, inclusive o SNC. Este agente teraputico utilizado em combinao com doses elevadas de penicilina, quando esto

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Frmacos utilizados no tratamento das afeces neurolgicas de ces e gatos

presentes microorganismos aerbios. Quase todas as sulfonamidas penetram efetivamente no LCE. A sulfadiazina, ao se ligar menos s protenas, em comparao com as outras sulfonamidas penetra no LCE e tecidos nervosos melhor que sulfametoxazol, sendo eficaz quando administrado VO. No existem dados relacionados concentrao de trimetoprim no LCE de ces, porm geralmente a combinao de sulfadiazina com trimetoprim tem ao bactericida, e so efetivos no tratamento de algumas infeces bacterianas. O cloranfenicol atinge concentraes mais elevadas no LCE do que a maioria dos outros antibiticos; entretanto, este agente bacteriosttico, e foi demonstrado que muitos Staphylococcus so resistentes. O cloranfenicol pode ser administrado na dose de 40 mg/kg, IV, q6h, ou 50 mg/kg, VO, q8h em ces e 1-2 mg/kg, q12h em gatos, sendo seus efeitos adversos a gastrenterites em ces e gatos e a depresso da medula ssea em gatos (LEUCOTER; CHILD, 1997). O tratamento da discoespondilite em animais sem deficincia neurolgica, ou com deficincia neurolgica leve, consiste no uso de antibitico que seja efetivo contra o microorganismo, determinado por hemocultura, urocultura ou puno aspirativa. Os antibiticos que geralmente so efetivos para esta finalidade so as cefalosporinas, ou as penicilinas resistentes a beta-lactamase, como a oxacilina e a cloxacilina. A combinao de trimetoprim com sulfonamidas, ou cloranfenicol, meios menos efetivos, mas menos dispendiosos, e podem ser efetivos em certos casos (LEUCOTER; CHILD, 1997). A antibioticoterapia selecionada com base nos resultados de cultura e antibiograma. Se no houver resultados desses exames pode-se usar combinaes de trimetoprim com sulfadiazina (1530 mg/kg, q12h) ou cefalexina (30 mg/kg, q8h). Outros antibiticos que podem ser considerados em casos especficos so a enrofloxacina (5 mg/kg, VO, q12h) e ciprofloxacina (5,5-11 mg/kg, VO, q12h), devendo-se continuar a antibioticoterapia por 6-8 semanas (CHRISMAN et al., 2005).

Nos casos de penetrao do encfalo no trauma craniano deve-se instituir imediatamente a antibioticoterapia de amplo espectro com o cloranfenicol ou sulfadiazina em associao com trimetoprim (DEWEY, 2003). Os antibiticos so a base para o tratamento dos abscessos cerebrais (FENNER, 1997; LEUCOTER; CHILD, 1997). Nos casos de toxoplasmose pode-se usar a clindamicina (10 mg/kg, VO, q8h) ou sulfa associada ao trimetoprim (15 mg/kg, VO, q12h) com durao de 2-4 semanas, porm a associao de sulfonamidas (30 mg/kg, VO, q12h) e a pirimetamina (0,250,5 mg/kg, VO, q12h) durante 2 semanas mais efetivo do que o trimetoprim (DEWEY, 2003). Nos casos de polirradiculoneurite ou miosite causadas por infeces de Toxoplasma gondii e Neospora caninum, recomenda-se o tratamento precoce com sulfadiazina associado trimetoprim na dose de 15-30 mg/kg, VO, q12h ou ormetoprim associado sulfadiometoxina na dose de 15 mg/kg VO, q12h e clindamicina 5-0 mg/kg, VO, q12h. Tambm pode ser utilizada a pirimetamina 0,5-1 mg/kg, q24h por 3 dias e depois 0,25 mg/kg q24h, por mais 14 dias em ces e gatos, porm tem sido relatado supresso de medula ssea com o uso desse frmaco em pequenos animais (CHRISMAN et al., 2005). O tratamento descrito para neosporose consiste na combinao de trimetoprim, pirimetamina, sulfonamidas e clindamicina. Contudo o grau de sucesso desses tratamentos normalmente baixo, embora existam relatos de resoluo completa dos sinais de neosporose em co adulto com administrao combinada de 1 mg/kg, q24h de pirimetamina e 20 mg/kg de sulfadoxina durante 30 dias (PAIXO; SANTOS, 2004). A neosporose neonatal canina deve ser tratada com clindamicina (12,5-18,5 mg/kg, VO, q12h) ou com a associao de sulfadiazina (30 mg/kg) combinada com pirimetamina (0,25-0,5 mg/kg q24h ou q12h) por duas a quatro semanas, esta ltima sendo mais efetiva (GENNARI; SOUZA, 2002).

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Anticonvulsivantes e barbitricosOs anticonvulsivantes so medicamentos utilizados em pacientes que apresentam convulses ou epilepsia. So utilizados como medicamento nico em ces que apresentam epilepsia ou em associao com outros medicamentos quando a origem das convulses se deve a uma alterao metablica ou orgnica em progresso (MANNO, 2003; PELLEGRINO, 2003). A maioria dos anticonvulsivantes possuem efeito antiepileptognico ou neuroprotetor. Este consiste no aumento da resistncia a apoptose qual conduze s crises convulsivas por meio de diferentes mecanismos. Por estes motivos, embora o animal no esteja livre das crises convulsivas, o dano que elas provocam ser consideravelmente menor se o paciente for medicado, evitando a deteriorao neuronal progressiva (MANNO, 2003; PELLEGRINO, 2003). Um dos problemas mais comuns no tratamento da epilepsia canina o uso inadequado de anticonvulsivantes para esta espcie. Alguns frmacos utilizados em seres humanos so metabolizados to rapidamente pelos ces que a concentrao srica teraputica no pode ser alcanada. Poucas medicaes eficazes em seres humanos podem ser apropriadas em ces, sendo o fenobarbital o mais indicado (ARIAS; NETO, 1999). O fenobarbital uma medicao eficaz, segura, barata e com poucos efeitos colaterais alm da sedao, sendo o frmaco de primeira escolha em ces e gatos, controlando de 60 a 80% dos ces epilticos, caso a concentrao srica seja mantida dentro da faixa adequada (25-35 g/mL) (CHRISMAN, 1997; BOOTHE, 1998; ARIAS; NETO, 1999; GASKILL et al., 1999; MAGUIRE et al., 2000; SILVA et al., 2006). Na experincia dos autores a dose de 2,5 mg/ kg, VO, q12h suficiente para ces adultos. Em filhotes geralmente necessrio doses superiores a 4 mg/kg, VO, q12h, variando de 4-8 mg/kg q12h (PODELL, 2004). Outros autores sugerem que em filhotes o fenobarbital seja administrado a cada 8 horas, devido sua rpida metabolizao nesta faixa etria (ARIAS; NETO, 1999). Caso o 750

tratamento seja ineficaz e as convulses no estejam sendo controladas, a dose poder ser aumentada, objetivando o nvel srico de fenobarbital de 30 g/mL (CHRISMAN, 1997). Amaral e Larsson (2006), recomendam que a colheita, com propsito de monitorao, seja realizada quatro semanas aps o incio do tratamento, devido ampla variao na meia vida de eliminao. O nvel srico de referncia normal 20-40 g/mL, porm o nvel mais seguro de 15-30 g/mL e o timo est entre 20-25g/mL, sendo o nvel srico acima de 35 g/mL relacionado ao desenvolvimento de hepatotoxicidade (CHRISMAN, 1997; PODELL, 2004). Fenobarbital pode ser eficaz em casos de agresso relacionados convulso (HOUPT; REISNER, 1997), na terapia de suporte de animais com cinomose, neoplasias enceflicas e at mesmo em encefalopatia heptica, desde que o paciente apresente convulses (DEWEY, 2003). Os efeitos adversos mais comuns associados ao uso contnuo do fenobarbital incluem polidipsia, polifagia, letargia e sedao, alm da hepatotoxicidade (PODELL, 2004). Devido baixa solubilidade em lipdios, quando aplicado pela via intravenosa (IV) demora 15-20 minutos para ultrapassar a BHE, levando, portanto 20-30 minutos para controlar a crise convulsiva. Portanto nos casos de estado epilptico recomendase administrao de diazepam, que atua em 2-3 minutos, seguida pela administrao de fenobarbital em doses fracionadas de 2-4 mg/kg a cada 20 ou 30 minutos. Ao invs de doses fracionadas podese aplicar uma dose de ataque de 12-24 mg/kg, IV, para que a concentrao teraputica seja atingida rapidamente, se for a primeira vez que o paciente estiver recebendo fenobarbital. Em ambos os casos o paciente deve ser monitorado, devido possibilidade de ocorrncia de depresso cardiorespiratria. Aps o controle do estado epilptico a administrao deve ser mantida, na dose de 2-4 mg/kg, q12h, at que o paciente esteja apto a receber medicao pela via oral. A epilepsia considerada refratria ao fenobarbital quando o nvel srico teraputico atingido e o paciente continua a apresentar crises

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Frmacos utilizados no tratamento das afeces neurolgicas de ces e gatos

convulsivas em uma grande frequncia. No se pode considerar o paciente refratrio ao fenobarbital se o nvel srico da medicao no foi avaliado, pois no existe correlao entre a dose oral e a concentrao srica (FARNBACH, 1984). A avaliao srica do fenobarbital nos primeiros meses e depois, no mnimo, anualmente uma condio absoluta para o uso correto do fenobarbital. Em casos verdadeiramente refratrios, deve-se considerar a utilizao de um segundo anticonvulsivante. Se esta necessidade for comprovada, importante ressaltar que a terapia jamais deve ser cessada subitamente, devido ao risco do desenvolvimento de estado epilptico grave. Assim, o prximo passo a adio de um segundo anticonvulsivante, sendo o brometo de potssio o mais indicado (PEARCE, 1990; ARIAS; NETO, 1999). Os gatos so mais sensveis aos efeitos sedativos e eliminam mais lentamente o fenobarbital, sendo assim o seu nvel srico ideal de 10-20g/mL, e dose de 1-2 mg/kg, q24h, inicialmente noite e posteriormente a cada 12 horas. Os gatos podem receber 1-2 mg/kg de diazepam VO, q12h. Nos casos de epilepsia refratria recomendada a associao do diazepam com o fenobarbital na dose de 0,5-2 mg/kg, dividida q8-12h (PODELL, 2004). O diazepam oral anticonvulsivante efetivo em gatos, mas no em ces. O nvel srico de 200500mg/mL (CHRISMAN, 1997). O brometo de potssio (KBr) possui uma estrutura molecular nica comparada com os outros anticonvulsivantes. Ele no metabolizado pelo fgado, podendo ser administrado em ces hepatopatas e excretado pela urina (PEARCE, 1990). Devido a essas propriedades e a sua eficcia no tratamento das epilepsias em humanos se tornou uma opo no tratamento das epilepsias em ces. No recomendado em gatos, sendo relatados problemas respiratrios. Cristais de KBr dissolvidos em gua bidestilada (250mg/mL) e administrados na dose de 30 mg/kg, VO, q24h numa das refeies quando associada ao fenobarbital, ou 40 mg/kg, q24h quando usado isoladamente (PODELL, 2004).

Visto que KBr no est disponvel comercialmente, cristais com graduao qumica podem ser obtidos e misturados por um farmacutico em farmcias de manipulao. Os clientes devem ser instrudos para que usem luvas, porque o KBr pode ser absorvido atravs da pele e txico para seres humanos. Os nveis sricos efetivos de KBr variam de 5001500 g/mL (PEARCE, 1990). O nvel srico na monoterapia do brometo de 2000-3000mg/L e quando associado ao fenobarbital de 15002500mg/L (PODELL, 2004). O KBr pode ser utilizado sem estar associado ao fenobarbital, podendo-se seguir o protocolo para o controle de convulses em 24h onde se utiliza 100 mg/kg, VO, q6h atingindo em 24 h a dosagem de 400 mg/ kg que utilizado para pacientes que precisam de proteo imediata, contudo a sedao e os potenciais distrbios eletrolticos associados a esta terapia so importantes. Outra opo o protocolo para controle das convulses em 5 dias onde as doses so de 90 mg/kg, q24h durante 5 dias atingindo-se 450 mg/ kg. Estes protocolos s so necessrios caso haja urgncia no controle das crises convulsivas, pois os efeitos adversos so importantes. Aps atingir o nvel srico administra-se dose de manuteno (PEARCE, 1990; LORENZ; KORNEGAY, 2006). Outros frmacos pouco utilizados no tratamento da epilepsia so primidona, difenilhidantoina, clonazepam, cido valprico, carbamazepina, parametadiona, e clorazepato dipotssico (CHRISMAN, 1997), topiramato, lamotrigina, levetiracetam, zonisamida, gabapentina e felbamato (PODELL, 2004). Contudo a difenilhidantona, o cido valprico, a carbamazepina no apresentam farmacocintica apropriada para ces e gatos, sendo portanto contra-indicadas. Outras medicaes como no casos da zonisamida e do levetiracetam ainda no encontram-se disponveis no Brasil. O topiramato usado em combinao com o fenobarbital ou brometo de potssio, mostrou-se eficaz no controle de crises epilpticas de difcil controle em ces e , portanto uma opo teraputica para o tratamento de ces com epilepsia refratria (ADEODATO, 751

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2005). Alm de anticonvulsivante, a gabapentina pode ser usada para o tratamento da dor neuroptica (MOREIRA, 2005). Ainda no est bem comprovado o efeito protetor do tiopental e do pentobarbital sobre estruturas enceflicas envolvidas em estado convulsivos refratrios. O certo que ambos, em doses adequadas, quase sempre so eficazes no controle das manifestaes fsicas das convulses, ressalvando-se o efeito depressor sobre o miocrdio. Caso tenha sido administrado benzodiazepnocas ou fenobarbital a dose dos barbitricos de 3-15 mg/kg IV (SILVA et al., 2006). Barbitricos como: tiopental e pentobarbital tm demonstrado diminuir a presso intracraniana depois de injrias cerebrais devido reduo da demanda de oxignio e glicose dos tecidos nervosos, acompanhando com isto a reduo do fluxo sanguneo cerebral devido diminuio da presso arterial e aumento da resistncia vascular. Deve-se dar preferncia ao pentobarbital ao invs do tiopental, pois o ndice de mortalidade com o tiopental maior. O coma por pentobarbital deve ser induzido com a dose inicial de 3-5 mg/kg. O objetivo da terapia com barbitricos minimizar a atividade eltrica do encfalo com a manuteno de adequada presso sistmica sangunea (BULLOCK, 1995).

(30-60mg, VO, q8h para ces e 2,5mg, q12h em gatos) e a neostigmina (0,5 mg/kg, VO, q8-12h em ces) podem resultar no controle clnico da miastenia grave. Podem tambm ser utilizados para o diagnstico da miastenia grave, contudo deve-se dar preferncia aos anticolinestersicos de curta ao para este fim. difcil acertar a dose diria adequada para cada paciente, visto que o efeito mdio desses frmacos varia de 1-8 h dependendo da margem de segurana juncional dos msculos afetados, a dose diverge de um animal para outro. Tambm o nmero de receptores musculares pode variar em diferentes msculos do mesmo animal doente, ou seja, uma certa dose considerada eficaz para alguns msculos pode ser exagerado ou insuficiente para outros. A piridostigmina pouco absorvida aps a administrao oral, tornando necessria administrao em doses muito maiores do que quando administrada por via parenteral, sendo usadas para gatos na dose de 0,25-2 mg/kg, q24h (MOREIRA; MARTINS; SALGADO, 2006). Os efeitos adversos associados so: constipao, reteno urinria e midrase (SACCO, 2006). Uma dose excessiva de anticolinestersicos pode promover crises colinrgicas e nicotnicas ou do SNC que podem ser minimizadas com o uso de sulfato de atropina cerca de 30 minutos antes de sua administrao (MOREIRA; MARTINS; SALGADO, 2006).

Anticolinestersicos de ao prolongadaOs anticolinestersicos bloqueiam a ao da enzima acetilcolinesterase (AchE), inibindo sua atividade cataltica sobre a acetilcolina (ACh) (ANDRADE, 2002; SACCO, 2006). Os agentes anticolinestersicos so a primeira opo para o tratamento da miastenia grave (MOREIRA; MARTINS; SALGADO, 2006). No havendo hidrlise da acetilcolina, esta se acumula nas sinapses colinrgicas, provocando estimulao desses receptores nos sistemas nervoso central e perifrico (ANDRADE, 2002; SACCO, 2006). Medicamentos aticolinestersicos de ao prolongada como brometo de piridostigmina 752Semina: Cincias Agrrias, Londrina, v. 31, n. 3, p. 745-766, jul./set. 2010

AntifngicosOcasionalmente meningoencefalites e discoespondilites fngicas so identificadas em pequenos animais e h poucos estudos documentando a eficcia do tratamento nessas infeces, porm a opo que se tem avaliar os resultados documentados na medicina humana (PAPICH, 2004). Os medicamentos disponveis so anfotericina B, flucitosina, cetoconazol, itraconazol e fluconazol. O tratamento dever ser realizado por pelo menos seis semanas aps remisso dos sinais clnicos (FENNER, 1997) e a eliminao da

Frmacos utilizados no tratamento das afeces neurolgicas de ces e gatos

infeco fngica do SNC em ces e gatos difcil (LEUCOTER; CHILD, 1997). A anfotericina B utilizada com freqncia no tratamento das infeces fngicas sistmicas, embora seja fracamente absorvida no tecido nervoso. Deve-se monitorar o paciente quanto a sua nefrotoxicidade, vmito, tremores e anorexia. A dose recomendada de 0,25 mg/kg nos primeiros dias de tratamento e posteriormente 0,5 mg/kg q24h at atingir uma dose acumulada de 4-8 mg/ kg, sendo esta a dose total limite para ocorrncia de nefrotoxicidade (PAPICH, 2004). Pode-se usar a administrao intratecal de anfotericina B, especialmente em animais com meningite por Coccidioides immitis, mas tal procedimento poder resultar numa aracnoidite e inflamao de nervos cranianos (LEUCOTER; CHILD, 1997). A administrao intratecal efetuada com soluo injetvel do frmaco 5mg/mL diluda com soluo de dextrose para 0,25 mg/mL, utilizando-se a dose de 0,01-0,1 mg/kg de q48-72h, sendo sua dose mxima de 0,25mg. Este procedimento arriscado devendo ser efetuado em ltimo caso (PAPICH, 2004). Combinaes de medicamentos tambm podem ser utilizadas. A anfotericina B, cetoconazol (m penetrao no SNC) e flucitosina (boa penetrao no SNC) so os principais agentes utilizados. A terapia com cetoconazol em dose elevada e por longo perodo foi considerada efetiva no tratamento de criptococose em gatos (LEUCOTER; CHILD, 1997). Os imidazis como fluconazol e itraconazol podem ser eficazes no tratamento de infeces fngicas do SNC (LEUCOTER; CHILD, 1997). O itraconazol altamente lipoflico e atinge altas concentraes nos tecidos. Sua concentrao especfica em ces e gatos ainda no foi avaliada. A dose recomendada para gatos de 10 mg/kg q24h e para ces de 2,5-5 mg/kg, q24h. J o fluconazol (2,5-5 mg/kg, VO, q24h em ces e 2,5-10 mg/kg, VO, q12h em gatos) tem sido mais comumente utilizado no tratamento de meningoencefalite fngica, por

ter se mostrado o frmaco de maior concentrao no LCE, sendo seu espectro de ao similar ao do itraconazol (PAPICH, 2004). Chrisman et al. (2005) recomenda que o tratamento antifngico tenha no mnimo 6 semanas de durao.

AntifibrinolticoNa mielopatia degenerativa tem sido relatada a utilizao do cido epsilon aminocaprico (EACA), devido a sua ao antifibrinoltica, levando a reduo da inflamao associada com a degenerao de fibrina para diminuir a progresso da doena. Contudo no h estudos comprovando sua eficincia. O EACA pode causar irritao gstrica devendo ser administrado por via oral, na dose de 500mg q8h junto com o alimento (CHRISMAN et al., 2005).

AntihistamnicosNa chamada sndrome vestibular idioptica ocasionalmente ocorrem vmitos. Nestas situaes podem ser usados a difenidramina, 2-4mg/kg SC, q8h, ou frmacos vestibulo-sedativos como a meclisina 1-2 mg/kg VO, q24h para alvio da mese associada cinetose (TAYLOR, 2006). Meclisina pode ser usada tambm em casos de nusea. Nas primeiras 24-48 horas pode-se administrar cloridrato de meclizina oral 6,25mg, q24h para gatos e 12-25mg, q24h para ces para reduzir a tontura e o desconforto do paciente. O diazepam 0,10,25mg/kg, VO, q8h, pode ser usado para reduzir o desconforto se a meclisina no estiver disponvel, mas pode causar alguma sedao (CHRISMAN et al., 2005).

AntiinflamatriosOs efeitos da inflamao no sistema nervoso so edema, necrose, vasculite, hipxia e efeitos txicos diretos dos neutrfilos sobre SNC (FENNER, 1997). Durante a hipxia, os radicais livres de oxignio so gerados a partir da sntese de prostaglandinas onde 753

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a reintroduo de oxignio nos tecidos isqumicos, resulta na produo em massa de radicais livres, configurando a chamada leso da reperfuso, causando morte neuronal (SACCO, 2006). Antiinflamatrios no-esterides (AINES) Os AINES so apropriados para o tratamento da inflamao associada a certas enfermidades, quando a terapia por corticosterides tiver o potencial de causar demasiada quantidade de efeitos colaterais (MCDONALD; LANGSTON, 1997). A associao de AINES a corticosterides um risco, uma vez que pode acarretar em lceras gastrintestinais e hemorragias e absolutamente contra-indicada (PAPICH, 2004). No apenas os corticosterides prejudicam o sistema imune do paciente, mas tambm normaliza a BHE, o que diminui a capacidade de penetrao dos antibiticos no SNC. Nestes casos, medicamentos antiinflamatrios noesterides podem ser benficos (FENNER, 1997). As principais aes farmacolgicas dos AINES so antiinflamatrias e analgsicas. As aes antiinflamatria e analgsica ocorrem pela inibio da COX-1 e COX-2, em propores geralmente diferentes, inibindo a liberao de prostaglandinas e tromboxanos, importantes mediadores da inflamao e da dor. A ao antipirtica por causa da inibio da PGE2 liberada aps a ao fagocitria dos leuccitos sobre partculas estranhas, liberando pirgenos endgenos. Possui tambm ao anticoagulante, por inibio da sntese de tromboxanos, que aumenta a agregao plaquetria, e ao antiespasmdica por diminuio da liberao de prostaglandinas ao nvel do endomtrio (ANDRADE, 2002). A aspirina administrada oralmente a todas as espcies e pode controlar a febre, a dor somtica leve a moderada e alguns estados antiinflamatrios. Doses de 10 mg/kg, q12h, VO so geralmente suficientes para a maioria dos ces, para o controle da febre e da dor, enquanto 20-30 mg/kg, VO, q12h seriam necessrio para o tratamento da inflamao (MCDONALD; LANGSTON, 1997). Estudos 754

mostram que aspirina 25 mg/kg VO q3dias durante toda a vida do paciente medicao profiltica em neuromiopatia isqumica em gatos (MCDONALD; LANGSTON, 1997). Deve-se tomar cuidado com os seus efeitos gastrintestinais e renais adversos, no devendo ser combinados com corticosterides (BAGLEY, 2005). No tratamento da neuromiopatia isqumica tem sido associada aspirina, warfarina e heparina, objetivando a reduo das chances de recidiva do tromboembolismo (CHRISMAN et al., 2005). Nas afeces espinhais utiliza-se principalmente o carprofeno (2,2 mg/kg, VO, q12h ou 4,4 mg/ kg, VO, q24h) e o endolac (10-15mg/kg, q24h) (BAGLEY, 2005). Na espondilose deformante e estenose lombossacra indicado o uso de AINES como carprofeno (2,2 mg/kg, q12h), meloxicam (0,1mg/kg, q24h) ou cetoprofeno (1-2 mg/kg, q24h) (PELLEGRINO, 2003). Corticosterides As doenas neurolgicas freqentemente requerem terapia com corticosterides (PLATT, 2002), sendo estes comumente prescritos em animais com doena espinhal devido a sua ao antiinflamatria e reduo do edema. So mais efetivos em doenas neoplsicas ou inflamatrias do que infecciosas. O uso de corticosterides no tratamento do trauma espinhal comum, porm no aceito mundialmente e o seu uso em doenas do disco intervertebral polmico. Os efeitos adversos do uso de corticosterides, principalmente quando usados em altas doses e em tratamentos de longa durao so os efeitos gastrintestinais (lceras) e imunossupressivos, tambm podendo aumentar a incidncia de pancreatite (BAGLEY, 2005). Alm destes, a terapia com corticosterides em longo prazo pode causar tambm hepatopatias e miopatias (CHRISMAN et al., 2005). A dexametasona pode causar complicaes gastrintestinais mais severas quando comparada a prednisona e metilprednisona (THOMAS, 2002).

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Frmacos utilizados no tratamento das afeces neurolgicas de ces e gatos

Pode-se fazer uso dos corticosterides de duas formas distintas: em doses antiinflamatrias podese utilizar a dexametasona na dose de 0,15 mg/kg ou a prednisona na dose de 1 mg/kg ou em doses imunossupressivas no tratamento de afeces imunomediadas que ocorrem no SNC e sistema nervoso perifrico (SNP), incluindo a meningite responsiva ao corticide, miastenia grave, miosite mastigatria, polimiosite e meningoencefalomielite granulomatosa (MEG). A dose imunossupressiva de prednisona 2-4 mg/kg q24h. Para teraputica imunossupressiva pode-se usar a azatioprina na dose de 2mg/kg, q24h (PAPICH, 2004). Os efeitos benficos da terapia com corticosterides referem em particular a doenas do encfalo e da medula espinhal, incluindo a proteo contra radicais livres, reduzindo a presso intracraniana ao diminuir a produo do LCE e mantendo a integridade vascular (PLATT; ABRAMSON; CAROSI, 2005). Visto que muitos sinais clnicos nos casos de encefalite esto relacionados inflamao, e no a algum microrganismo, mesmo pacientes com infeces podem ser inicialmente tratados com corticosterides (FENNER, 1997). Os efeitos dos corticosterides no SNC esto bem documentados. Indiretamente eles mantm a concentrao plasmtica de glicose, responsvel pela funo cerebral, manuteno do fluxo cerebral e influencia no balano eletroltico do SNC (PLATT; ABRAMSON; GAROSI, 2005). Reduzem o edema estabilizando as membranas celulares a BHE, evitando o desenvolvimento de mais edema. Dentre as trs formas de edema cerebral, os corticosterides so bastante eficientes para dois, o edema vasognico, causado por inflamaes e tumores, e o intersticial, causado por hidrocefalia na regio periventricular. Os corticosterides tambm modulam a resposta inflamatria que resulta em necrose tecidual, diminuindo a desmielinizao secundria ocorrente de 1-5 dias aps o trauma craniocerebral (FENNER, 1997; PLATT; ABRAMSON; GAROSI, 2005). Os corticosterides tambm podem aliviar o edema subseqente a traumas no SNC, desde que

sejam administrados em alta dosagem e dentro das primeiras 8h do traumatismo (FENNER, 1997). Existem evidncias de melhora aps administrao de succinato de metilprednisolona em pacientes veterinrios com severo trauma craniano, porm rotineiramente a administrao de corticosterides no recomendada. A administrao de corticosterides em pacientes com trauma craniano controversa (DEWEY; BUDSBERG; OLIVER, 1993). No passado foram utilizados protocolos para pacientes aps 1 hora do trauma crnio-enceflico onde era administrado metilprednisolona (30 mg/ kg) em injeo intravenosa rpida concentrada; em seguida, repetia-se esta injeo em 2-6 h (FENNER, 1997), contudo a literatura atual, principalmente sobre o traumatismo crnio-enceflico em humanos, no recomenda o uso rotineiro de corticosterides (GHAJAR; HESDORFFER, 2004) Em pacientes com injrias parciais da medula com menos de 8h de evoluo tem sido demonstrado bom resultado com a administrao de succinato de metilprednisolona. A dose inicial de 30 mg/kg, IV com doses adicionais de 15 mg/kg de 2-6h depois da dose inicial e depois q8h at completar 48h de tratamento depois do trauma (PLATT; ABRAMSON; GAROSI, 2005). Contudo este protocolo tambm tem sido questionado recentemente. A dexametasona e a prednisona tm sido freqentemente utilizadas com doses antiinflamatrias em resposta a extruso de disco reduzindo o edema e melhorando o fluxo da medula espinhal. Deve-se tomar cuidado com o uso dos corticosterides, pois eles podem diminuir o desconforto dos pacientes com doenas espinhais, encorajando-os atividade excessiva (PLATT; ABRAMSON; GAROSI, 2005). O protocolo utilizado na discopatia intervertebral degenerativa de 0,25-1 mg/kg de prednisona, VO, q12h, com doses reduzidas por 30 dias. Nos casos de espondilomielopatia cervical ou sndrome de wobbler, ces levemente afetados podem melhorar com 0,25mg/kg de prednisona, VO, q12h (CHRISMAN et al., 2005) 755

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Os corticosterides so recomendados tambm nos casos de meningite imuno-mediada em doses imunossupressivas, e podem ser usados nos casos de meningoencefalites bacterianas por curto perodo. Os corticosterides podem diminuir a inflamao, e assim diminuir as leses resultantes medula espinhal; todavia, este tratamento tambm poder deprimir os mecanismos de defesa do hospedeiro, e s vezes poder resultar numa deteriorao dos sinais clnicos, e numa incidncia mais elevada de recidivas (LEUCOTER; CHILD, 1997). Nas doenas bacterianas utiliza-se 0,15 mg/kg de dexametasona 15-20 minutos antes do incio da terapia antimicrobiana (PLATT; ABRAMSON; CAROSI, 2005). O protocolo para o tratamento de meningite imunomediada em longo prazo com prednisona 2 mg/kg, VO, q12h por dois dias, posteriormente reduo para 1 mg/kg, q12h, por mais duas semanas e depois 0,5 mg/kg, q12h por um ms. Finalmente terapia por dias alternados durante 4-20 meses (CHRISMAN et al., 2005). Nos casos de cinomose, erliquia, toxoplasmose e neosporose utiliza-se a dose de 1-2 mg/kg, IV de dexametasona. Nos casos de encefalomielite por peritonite infecciosa felina utiliza-se doses imunossupressivas e doses antiinflamatrias incluindo prednisona (2-4 mg/kg, VO, q24h) (BRAUND, 1997). Os corticosterides podem ser eficazes na meningite imunomediada associada erliquiose, e tratamentos curtos de 2-7 dias podem ser benficos em caso de erliquiose com trombocitopenia concomitante (PLATT, 2002). No tratamento de rotina da MEG utiliza-se tambm medicamentos imunossupressivos. O medicamento usado com maior freqncia a prednisona 1-2 mg/ kg, q24h, entretanto, tambm esto sob considerao outros medicamentos como a azatioprina (FENNER, 1997). Em casos de MEG deve-se utilizar 1-2 mg/ kg de prednisona VO, q12h, porm o prognstico ruim e a resposta varivel (PLATT, 2002). No h dados que relatem a sobrevivncia de ces e gatos com neoplasias cerebrais utilizando apenas corticosterides, sendo considerado como 756

tratamento paliativo, tambm h poucos relatos sobre avaliao do uso corticosterides em pacientes com tumores espinhais, porm claramente indicado o seu uso em compresses de razes nervosas (PLATT; ABRAMSON; CAROSI, 2005). Em alguns casos de neoplasias cerebrais, a prednisona (0,25-0,5 mg/kg, VO, q12h) pode reduzir o edema cerebral secundrio e aliviar os sinais clnicos por vrios meses (CHRISMAN et al., 2005). Pode-se lanar mo de corticosterides, tanto na hidrocefalia primria, quanto na secundria, (FENNER, 1997). Na hidrocefalia o uso de corticosterides pode diminuir o liquido cerebroespinhal, presso intracraniana e diminuir injrias neurolgicas. Recomenda-se a utilizao de prednisona 0,25-0,5 mg/kg, VO, q6h. A dose pode ser reduzida depois de 2-4 meses (BRAUND, 1997). sugerido por alguns autores o uso de prednisona 0,25-0,5 mg/kg, VO, q12h, nos casos de hidrocefalia (DEWEY, 2003). Alternativamente pode-se utilizar a dexametasona 0,25 mg/kg, VO, q 6-8h sendo a dose reduzida 2-4 semanas (PLATT, 2002). Nos casos de neurite ptica o animal poder ser tratado sintomaticamente, por meio de corticosterides retrobulbares (ex. betametasona 2,5mg), juntamente com a administrao de prednisona 1 mg/kg, VO, q12h durante 10-14 dias. Seguida por metade da dose por mais duas semanas e com reduo gradual at terapia de manuteno em dias alternados durante um ano (BRAUND, 1997). Na neurite ptica idioptica sugerido o uso de 2 mg/kg, q12h durante 14 dias e reduo gradual aps esse perodo (TILLEY; SMITH JUNIOR, 2003). No acidente vascular cerebral a administrao de corticosterides no tem um efeito positivo, podendo alterar o tamanho do infarto ou hemorragia, mas provavelmente no reduzindo a presso intracraniana, sendo o benefcio da utilizao nessa afeco questionvel (PLATT, 2002). O tratamento para distrbios cerebrovasculares deve ser ajustado para tratar a doena subjacente, se houver uma, como por exemplo, em animais que apresentam

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Frmacos utilizados no tratamento das afeces neurolgicas de ces e gatos

migrao parasitria usa-se prednisona 0,250,5mg/kg, VO, q12h por 3 a 5 dias, com reduo subseqente (CHRISMAN et al., 2005). Atualmente tem sido demonstrado que o uso de corticosterides na presena de isquemia perigoso, sendo relatado o fato de que com os corticosterides os animais so mais vulnerveis a isquemia-hipxia cerebral (PLATT; ABRAMSON; CAROSI, 2005). Dentre as doenas imunomediadas neuromusculares a miastenia gravis pode ser tratada com doses imunossupressivas de prednisona 2-4 mg/ kg durante duas semanas, reduzindo gradativamente a dose. Pode-se tambm iniciar com uma dose menor de prednisona (0,25 mg/kg q12-24h) e depois ir gradativamente aumentando ao longo de algumas semanas para impedir a deteriorao clnica (SHELTON, 2002). J nos casos de polimiosite idioptica e na miosite dos msculos mastigatrios deve-se administrar de 1-2 mg/kg, VO, q12h durante 2 e 3 semanas respectivamente com reduo gradativa por alguns meses at fazer a retirada total do medicamento (PLATT, 2002).

plaquetas estiverem na variao normal, ento se deve aumentar a dose de lomustina para 80mg/m2 (CHRISMAN et al., 2005). Nos casos de MEG confirmada pelo exame histolgico de bipsia cerebral, pode-se administrar o frmaco antineoplsico procarbazina, 2-4 mg/ kg, VO, q24h, por 1 semana e depois aumentar para 4-6 mg/kg, q24h, devendo-se monitorar o nmero de plaquetas e leuccitos, j que a durao do tratamento de 6 12 meses para controle dos sinais clnicos (CHRISMAN et al., 2005). Segundo Coates, Barone e Dewey (2007) o tratamento com procarbazina pode resultar em aumento da sobrevida do paciente e pode ser complementado com outras terapias imunossupressoras. Pode-se fazer uso de citosina arabinosdeo em casos de MEG, como agente isolado ou em combinao com a prednisona, na dose de 50mg/m2, SC, q12h por 2 dias consecutivos, repetindo o esquema a cada trs semanas (LORENZ; KORNEGAY, 2006), sendo relatado que o uso de prednisona e citosina arabinosdeo pode ser um tratamento emprico seguro em pacientes com meningoencefalite de etiologia desconhecida, podendo prolongar o tempo de vida desses animais (ZARFOSS et al., 2006). J Taylor (2006) relata que raras s vezes a terapia com citosina arabinosdeo (50mg/m2, SC ou IV, q24h durante 2 dias, seguido por 100mg/m2 1 vez por semana) eficaz. Segundo Gnirs (2006) o uso da ciclosporina 10mg/kg, VO, q24h durante seis semanas, posteriormente reduzindo para 5mg/kg, VO, q24h, teve melhoria satisfatria nos sinais clnicos, onde seis semanas aps o incio do tratamento com ciclosporina os resultados clnicos foram similares aos obtidos com o uso da prednisona.

AntineoplsicosA quimioterapia antineoplsica tem sido tradicionalmente inefetiva nos casos de tumores cerebrais em ces e gatos, pois os frmacos tm pobre penetrao na barreira hematoenceflica, porm a carmustina (BCNU) e a lomustina (CCNU) vm sendo utilizados nos casos de gliomas em ces (DEWEY, 2003). Embora existam casos selecionados em que a quimioterapia foi benfica, este procedimento no se mostrou to promissor quanto radiao ou a cirurgia. Concomitantemente com o tratamento do tumor, procede-se ao tratamento dos efeitos secundrios, como o edema (FENNER, 1997). A lomustina oral retarda o crescimento tumoral e pode ser uma opo para alguns animais. Administra-se 60mg/m2, VO, e se realiza hemograma e contagem plaquetria toda semana por 5 semanas. Se a contagem plaquetria for de 50.000 clulas por L ou acima disso e as

AntipsicticosOs antipsicticos tambm chamados de neurolpticos ou tranqilizantes maiores, so classificados em alta potncia e baixa potncia, os primeiros so isentos de efeitos colaterais, como xerostomia e hipotenso postural e menos sedativos 757

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que os segundo, como a clorpromazina. As maioria dos antipsicticos so bem absorvidos no trato gastrintestinal, mas a disponibilidade sistmica baixa porque sofrem intenso metabolismo e extrao heptica de primeira passagem. De modo geral alcanam concentraes mximas 2-3 h aps dose oral nica (MORAIS; OLIVEIRA, 2006). Os efeitos sedao, colinrgicos e bloqueio alfaadrenrgico (hipotenso) dos antipsicticos nos animais domsticos so eventualmente utilizadas no tratamento de certos casos de ansiedade (ANDRADE, 2002). Esse procedimento deve, no entanto ser evitado, uma vez que os ansiolticos benzodiazepnicos so mais seguros a esse propsito (PLATT; ABRAMSON; CAROSI, 2005). Pode-se fazer uso da clorpromazina no tratamento de distrbios como: ansiedade, no comportamento dimrfico masculino (monta e marcao de territrio), agresso pelo temor, comportamento tmido, obsessivo, compulsivo e/ou automultilao (LIS, 2003). As doses sugeridas para a clorpromazina nos casos de distrbio de comportamento em ces e gatos de 0,5-3,3 mg/kg, VO, q6-24h como sedativo utiliza-se dose de 0,5 mg/kg, IM ou IV; e para a acepromazina em ces 0,1-0,25 mg/kg, IM ou VO e em gatos 1,1-2,2 mg, VO ou 0,11-0,22mg/kg, IM ou SC (ANDRADE, 2002).

de intoxicaes especificamente causadas pelos benzodiazepnicos (SILVEIRA, 2006). A dose para ces de diazepam para distrbios de ansiedade de 0,55- 2,2 mg/kg, VO, q12h e para gatos 1-2 mg total, VO, q12h (ANDRADE, 2002; LIS, 2003). Aps o reconhecimento do que o cido gamaaminobutrico (GABA) um dos mediadores centrais mais importantes relacionados ao efeito depressor e ao mecanismo de ao dos benzodiazepnicos, alguns pases o introduziram na teraputica como ansiolticos. Tem baixa lipofilicidade e, portanto, dificuldade de atravessar a barreira hematoenceflica (SILVEIRA, 2006). Geralmente, os efeitos ansiolticos da buspirona levam dias ou semanas para manifestar-se e os efeitos colaterais so menos incmodos do que aqueles observados com o uso dos benzodiazepnicos. As indicaes nos distrbios de comportamento so iguais aos indicados para os benzodiazepnicos, com a vantagem de serem mais seguros e mais bem tolerados, com a desvantagem de necessitarem de doses dirias mais freqentes. A dose da buspirona utiliza-se 1-2,1 mg/kg, VO, q8h e em gatos 0,5-1 mg/kg, VO, q8h para distrbios de comportamento e 2,5-5mg total, VO, q8h para marcao excessiva urinria com durao de tratamento de 6-8 semanas (ANDRADE, 2002, LIS, 2003).

AnsiolticosOs ansiolticos utilizados no combate aos sinais causados pela ansiedade so os benzodiazepnicos (diazepam, alprazolam e clorazepato) e as azapironas (buspirona) (SILVEIRA, 2006). Os benzodiazepnicos causam reduo da ansiedade e da agressividade, sedao, relaxamento muscular e supresso das convulses, sendo indicado no tratamento de distrbios de ansiedade, na sndrome da ansiedade da separao (medicar pelo menos uma hora antes de o proprietrio sair de casa), distrbios compulsivos e marcao excessiva urinria pelos gatos (ANDRADE, 2002). O flumazenil o frmaco empregado, como antagonista eficaz, no tratamento 758

AntidepressivosOs antidepressivos tricclicos esto inclusos entre os frmacos mais eficazes no controle da dor cnica, incluindo a neuroptica. Eles exercem ao sedativa, ansioltica, miorrelaxante e antiinflamatria, alm de regularizar o sono e melhorar o apetite (MOREIRA, 2005). O cloridrato de selegilina, 0,5-1mg/kg, VO, q24h pela manh, pode melhorar a atividade mental sendo utilizado nos casos de sndrome de disfuno cognitiva em ces. A dose no deve exceder 2 mg/kg, q24h e no deve ser usada intercorrentemente com antidepressivos tricclicos (como clomipramina, amitriptilina e imipramina) ou bloqueadores de recaptao de serotonina como fluoxetina, pois

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Frmacos utilizados no tratamento das afeces neurolgicas de ces e gatos

podem ocorrer efeitos txicos e morte (DEWEY, 2003; CHRISMAN et al., 2005). Pode-se utilizar antidepressivos nos casos de agresso por domnio, ansiedade por separao, comportamento dimrfico masculino, comportamento tmido ou agresso pelo temor e distrbios obsessivo-compulsivos, sendo as medicaes mais utilizadas a amitriptilina 0,5 mg/ kg, VO, q8-12h e a fluoxetina 0,5 mg/kg, VO, q812h nos gatos e 1 mg/kg, VO, q24h nos ces com durao do tratamento de 6-8 semanas para ambos (MORAIS; OLIVEIRA, 2006). No tratamento da narcolepsia so utilizados principalmente os antidepressivos tricclicos como imipramina 0,4-1 mg/kg, VO q8-12h, protripilina 5-10 mg, VO, q24h, amitriptilina 1-2 mg/kg, VO, q12h e fluxetina 1mg/kg, VO, q24h nos casos de catalepsia. Quando o animal apresenta alm de catalepsia o sono excessivo utilizam-se os simpatomimticos metilfenidato 0,25 mg/kg, VO, q8-12h ou dextroanfetamina 5-10mg, VO, 8-12h e em apenas sono excessivo utiliza-se a selegilina 1 mg/kg, VO, q24h (THOMAS, 2003).

ativam os receptores corticosterides, alm de ter efeitos antioxidantes (DEWEY, 2003). So 100 vezes mais potentes do que o succinato sdico de metilprednisolona na inibio da peroxidase lipdica. O tirilazade um 21-aminoesteride desenvolvido para uso clinico (BERGMAN; LANZ; SHELL, 2000). Porm em pesquisa, onde o aminocorticosteride U74389G foi usado na dosagem de 30, 15, 10, 5 e 1,5 mg/kg IV, no foi observado melhora na recuperao neurolgica dos animais, quando comparados ao grupo controle (COATES et al., 1995). Isto sustenta a idia de que os benefcios obtidos com o uso do tirilazade no so comparados com os observados com a administrao de succinato sdico de metilprednisolona (SILVEIRA, 2006). Alopurinol, mesilato de deferoxamina e DMSO podem ser usados no tratamento dos traumas craniano e medular agudos (DEWEY, 2003). A N-acetilcistena (NAC) um antioxidante potente que impede a destruio tecidual induzida por radicais livres, sendo utilizado na mielopatia degenerativa na dose de 25 mg/kg, q8h por duas semanas e posteriormente em dias alternados por mais duas semanas, tendo como objetivo a reduo da progresso da doena (CHRISMAN et al., 2005). O DMSO tem o potencial de reduzir a magnitude da necrose tecidual aps leso medular, protegendo a medula espinhal contra efeitos deletrios dos radicais livres induzidos pela peroxidao (EWAN, 1996). Estudos de microscopia eletrnica indicam que o DMSO, administrado uma hora aps a leso contusiva em ces, protegeu a bainha de mielina e axnios, reduzindo o edema e acelerando o retorno funo motora (BERGMAN; LANZ; SHELL, 2000). No entanto, em outro estudo realizado com gatos submetidos a trauma medular agudo, no se observou diferena significativa da eficcia do DMSO entre os grupos de animais tratados e no tratados (COATES et al., 1995). A dose recomendada no tratamento do edema ou traumatismo do SNC de 0,5-1g/kg, IV, q24h, lentamente com soluo a 10% (MCDONALD; LANGSTON, 1997). 759

Antioxidantes e varredores de radicais livresOs antioxidantes atuam fornecendo hidrognio para o radical livre e o estabilizando. O antioxidante torna-se um radical livre, mas tem a propriedade de poder reajustar-se em um composto estvel e dessa maneira interromper a reao de propagao em cadeia (LIS, 2003). H grandes evidncias de que a produo de radicais livres afeta o sistema nervoso aps o trauma craniano, contribuindo para a autlise e o edema cerebral. O radical superxido tem sido demonstrado aps 1h da injria cerebral experimental em gatos. O mesilato de deferoxamina importante antioxidante tendo dose recomendada de 25-50 mg/kg, IM ou IV (lentamente) (THOMAS, 2003). Os lazarides ou 21-aminocorticosterides so anlogos metilprednisolona, porm no

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O DMSO tem sido efetivo na reduo da presso intracraniana no trauma craniano, pois tem efeito neuroprotetor, reduzindo a oxigenao e requerimento de glicose pelo tecido cerebral, alm da diminuio do edema devido a suas propriedades antiinflamatrias e diurticas (BULLOCK, 1995).

DiurticosOs diurticos reduzem a presso intracraniana (PIC), tanto pela remoo do edema, quanto pela reduo do volume intracraniano. O manitol um diurtico osmtico comumente utilizado na reduo da PIC elevada e exclusivamente administrado pela via intravenosa. Ele totalmente excretado atravs da filtrao glomerular, no sofre metabolizao, nem mesmo reabsoro tubular e eliminado atravs da urina. Sua principal indicao diminuio do edema cerebral principalmente no sentido de manter um gradiente osmtico, alm de apresentar capacidade de reperfuso e mobilizao de radicais livres (BULLOCK, 1995; FRANKLIN, 1995). A dose de 1g/kg, IV, q6-8h (SPINOSA; GORNIAK; BERNARD, 1999). A dose recomendada nos casos de trauma craniano de 0,25-2 g/kg IV, lentamente (durao entre 20 e 30 minutos), administrado IV como soluo a 20%, sendo aplicado na velocidade de 2 mL/kg/minuto (BULLOCK, 1995; FRANKLIN, 1995). A colheita de fluido cerebroespinhal espinhal arriscada quando associada elevao da presso intracraniana, pois pode ocorrer herniao cerebral. Nestas situaes pode-se fazer uso do manitol na dose em bolos de 0,25-2 g/kg, IV durante 10-15 minutos, seguido em 15 minutos por furosemida (0,7 mg/kg) antes da coleta de fluido cerebroespinhal (CHRISMAN et al., 2005). A furosemida aparentemente diminui a produo do LCE e facilita a reabsoro do edema cerebral, diminuindo o volume intracraniano, podendo ser utilizada na dose de 0,7 mg/kg, administrada em forma de injeo intravenosa concentrada, que dever ser repetida em 4h. Se a furosemida 760

administrada juntamente com manitol, os efeitos destes dois medicamentos ficaro potencializados, ficando reduzidos os edemas de rebote, sugerindose a administrao da furosemida juntamente ao manitol no trauma craniano, pois a furosemida previne a expanso rpida de volume, diminui o risco de edema pulmonar e promove rpida excreo do manitol pelos rins (FRANKLIN, 1995; FENNER, 1997; THOMAS, 2003). Acetozolamida pode ser usado para diminuir a produo de lquido cerebroespinhal utilizando-se na dose de 10 mg/kg, VO, q 6-8h, assim como a metazolamida nos casos de hidrocefalia (DEWEY; BUDSBERG; OLIVER, 1993).

Frmacos que atuam na funo da micoA disfuno no armazenamento da urina pela bexiga se d pela hiperreflexia do msculo detrusor que ocorre devido a distrbios cerebelares e doenas da medula espinhal crnicas. Os frmacos utilizados nestes casos so: brometo de propantelina 0,25-0,5 mg/kg, VO, q8h ou cloridrato de oxibutinina 2-5mg, VO, q8-12h (COATES, 2004). A incontinncia uretral est associada a leses na regio medular sacral e tem como tratamentos: a administrao do fenilpropanolamina 1,5 mg/kg, VO, q8-12h que tem como efeitos adversos a reteno urinria e a taquicardia, ou a imipramina 5-15mg, VO, q12h tendo como efeitos adversos convulses, tremores e hiperexcitabilidade (COATES, 2004). A incapacidade de urinar se d pela ausncia ou incompleta contrao da bexiga ou obstruo uretral (anatmica ou funcional). A ausncia ou incompleta contrao da bexiga est associada s leses craniais L7 (neurnio motor superior) sendo uma seqela comum nos casos de mielopatia entre T3-L3, onde as vias motoras e sensitivas do reflexo detrusor esto afetadas. Tambm pode ocorrer nos casos de leses medulares, sacrais, razes nervosas e/ou plexo plvico (COATES, 2004). A atonia da bexiga se d quando esta se distende alm de

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sua capacidade mxima. As obstrues urinrias podem ser devido a causas neurognicas ou no neurognicas. Na neurognica indicado o uso de frmacos que diminuem a resistncia do esfncter interno que composto por fibras musculares lisas que mantm o tnus muscular atravs de impulsos simpticos do nervo hipogstrico. Leses na cauda eqina podem ser associadas incoordenao do esfncter e conseqentemente reteno urinria (FISCHER; LANE., 2003). O objetivo do tratamento diminuir a resistncia da musculatura lisa com a administrao de frmacos que promovam o relaxamento da uretra. Os frmacos empregados so: a fenoxibenzamina 0,25-0,5 mg/kg, VO, q1224h (COATES, 2004), cujos efeitos adversos so hipotenso e taquicardia e o prazosin 1 mg/15kg, VO, q12-24h em ces e 0,25-0,5 mg, VO, q1224h em gatos, cujos efeitos adversos relatados so: hipotenso, taquicardia, sedao e ptialismo (FISCHER; LANE, 2003; COATES, 2004). O diazepam comumente adicionado ao tratamento com o propsito de relaxamento na musculatura esqueltica na dose de 1-25mg, VO, q8h em gatos e 2-10mg, VO, q6h em ces, outros benzodiazepnicos como o alprazolan podem ser uma alternativa, quando o diazepam tiver que ser utilizado por longos perodos, porm seu efeito na musculatura uretral ainda no foi estudada (FISCHER; LANE, 2003). Outros relaxante muscular esquelticos utilizados adicionalmente para promover o relaxamento uretral so dantrolene (0,5-2mg/kg, VO, q8h) e metocarbamol (inicialmente 66mg/kg, VO, q12g e posteriormente 33mg/kg, VO, q12h). Nos casos de atonia ou hipotonia do detrusor o tratamento preconizado o uso de betanecol 1,255mg, VO, q8h em gatos e 2,5-25mg, VO, q8h em ces ou 2,5-10mg, SC, q8h em ces sendo seus efeitos adversos vmito, diarria, hipersalivao, hipotenso, dispnia e bradicardia. A cisaprida (0,5mg/kg, VO, q8h,) e o propanolol (2,5mg, VO, q8-12h) tambm podem ser utilizados (FISCHER; LANE, 2003). Na disautonomia a administrao de frmacos

parassimpatomimticas como cloridrato de betanecol 5-25 mg, VO, q8h em ces e 2,5-5mg, VO, q8-12h em gatos pode aliviar alguns sintomas. Uma ou duas gotas de preparaes oftlmicas de fisostigmina a 0,5% ou pilocarpina a 1% em ambos os olhos pode ter alguns efeitos sistmicos (CHRISMAN et al., 2005).

FitoterpicosO extrato padronizado de Ginkgo biloba, 2-4 mg/ kg, VO, q8-12h, constitui uma preparao de ervas que aumenta o fluxo sangneo cerebral, podendo tambm ser til na sndrome da disfuno cognitiva (CHRISMAN et al., 2005).

Modificadores do metabolismo articular (nutracuticos)Glicosamina e sulfato de condroitina podem ser usados na espondilose deformante e estenose lombossacra (DEWEY, 2003; PELLEGRINO, 2003).

Relaxantes muscularesO aumento do tnus muscular a principal caracterstica de muitas doenas que atingem o SNC. O tnus muscular aumentado provoca incapacitao e dor. Os relaxantes musculares so divididos em relaxantes musculares de ao central (miorrelaxantes) e relaxantes musculares de ao perifrica (bloqueadores neuromusculares). Os de ao central so frmacos utilizados no tratamento de episdios agudos de espasticidade, associadas a vrios distrbios msculo-esquelticos e neurolgicos (ANDRADE, 2002). A ao miorrelaxante dos benzodiazepnicos resultado de sua capacidade em promover inibio pr-sinptica mediada pelo GABA no SNC e em deprimir neurnios no sistema reticular lateral descendente (SACCO, 2006). Os mais utilizados deste grupo so: o diazepam na dose de 0,5-1 mg/ 761

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kg e em gatos 2-5 mg, VO, q8h e o midazolam na dosagem de 0,06-0,22 mg/kg, IM, IV ou 0,1 mg/kg, IV para ces e gatos (ANDRADE, 2002). Na doena espinhal pode-se utilizar os benzodiazepnicos para o alvio dos espasmos musculares, sendo considerado um tratamento adjuvante no tratamento da dor nesses pacientes (PAPICH, 2004). Chrisman et al. (2005), cita o uso do diazepam 0,5-2 mg/ kg, VO, q6-8h na doena do disco intervetebral e na espondilomielopatia cervical (sndrome de wobbler). Nos casos de ttano quando necessrio a manuteno da respirao artificial, pode-se promover um relaxamento da musculatura respiratria base de bloqueadores neuromuscularesdo tipo curare (CANAL; LOPES; CANAL, 2006), j os espasmos musculares so controlados atravs do uso de diazepam (0,5-2 mg/kg IV) ou clorpromazina (0,5 mg/kg, IV) q8h (TAYLOR, 2006). Nos casos das cimbras musculares que so vistas com maior freqncia em ces, principalmente naqueles das raas Greyhound e Scottish Terrier, podem ser usados tambm a levomepromazina ou o diazepam (SILVA et al., 2006)

neurolgicas. Nos casos de deficincia, estas vitaminas tm indicao precisa, porm pouco se sabe sobre seus efeitos nas doenas neurolgicas decorrentes de outras etiologias. Algumas doenas nutricionais ocasionadas pela deficincia seletiva ou pelo excesso de ingredientes podem ter implicaes neurolgicas. Entretanto, ainda existem dvidas quanto necessidade ou benefcio das vitaminas em muitas doenas (NISHIOKA; ARIAS., 2005). Vitamina B Em caninos e felinos, os sinais clnicos da deficincia de tiamina so anorexia, ataxia proprioceptiva, ventroflexo do pescoo, coprofagia, conscincia diminuda, postura em base ampla, cifose, mese, paraparesia espstica progressiva, andar em crculos, convulses generalizadas, opisttono, coma e morte (BRAUND, 1993; NISHIOKA & ARIAS, 2005). A deficincia natural de tiamina pouco freqente em ces e gatos e costuma ser decorrente da presena de fatores antitiamina nos alimentos, ao invs de uma deficincia vitamnica absoluta (NISHIOKA; ARIAS, 2005). A deficincia de tiamina canina e felina bloqueia as vias metablicas aerbicas do SNC. O primeiro passo consiste na reverso da afeco imediata com cloridrato de tiamina injetvel, na dose de 10 mg/ kg. Muitos pacientes afetados so mantidos com suplementao vitamnica durante 1-2 semanas aps a alta hospitalar, sendo a terapia iniciada logo, os pacientes recuperar-se-o completamente (FENNER, 1997). A administrao intramuscular de cloridrato de tiamina por alguns dias na dose de 25-50 mg/dia em ces e de 10-20 mg/dia em gatos, mesmo em animais severamente afetados, resulta na remisso completa do quadro (BRAUND, 1993). Vitaminas C e E A vitamina C e E so essenciais e agem como antioxidantes, varredores de radicais livre e nutrientes para as clulas, protegendo a membrana

VitaminasAs vitaminas so substncias necessrias em pequenas quantidades no organismo. Em geral, funcionam como catalisadoras ou reguladoras do metabolismo. Podem ser classificadas com hidrossolveis e lipossolveis. As vitaminas hidrossolveis so cido ascrbico (vitamina C) e as vitaminas do complexo B; as vitaminas lipossolveis so as vitaminas A, D, E e K. Tradicionalmente, as vitaminas utilizadas na teraputica do sistema nervoso so: tiamina (B1), piridoxina (B6), cobalamina (B12), vitamina E e vitamina C (NISHIOKA; ARIAS, 2005). As vitaminas B, C e E so freqentemente utilizadas no tratamento de algumas doenas 762

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e os componentes citoplasmticos das alteraes produzidas pelos radicais livres (ARANHA et al., 2000). A mielopatia degenerativa e disfuno cognitiva so exemplos de afeces em que tem sido proposta a suplementao vitamnica de vitaminas C e E, contudo no existe clara evidncia do benefcio destas medicaes at o presente momento. Tambm na cinomose a vitamina C e E podem ser utilizadas (NISHIOKA & ARIAS, 2005). Animais com cinomose nervosa tratados com corticosterides e com as vitaminas C e E apresentaram melhora clnica (TUDURY; BAHR ARIAS; BOSELLI, 1997). Na sndrome da disfuno cognitiva a vitamina E, 30 UI/kg/dia (no excedendo 400 UI, q12h), constitui um antioxidante com efeitos neuroprotetores potente e facilmente disponvel, podendo apresentar benefcios (CHRISMAN et al., 2005). Com objetivo de reduzir a progresso da doena nos casos de mielopatia degenerativa, pode-se utilizar a vitamina E, reduzindo assim os danos teciduais decorrentes dos radicais livres, porm altas doses de vitamina E pode inibir a coagulao e devem ser evitadas em animais com coagulopatias (NISHIOKA & ARIAS, 2005). Administrao de vitamina E 52 UI/dia podem reduzir ou eliminar as cibras musculares (CHRISMAN et al., 2005). Em animais como o co e o gato, o cido ascrbico (vitamina C) sintetizado no fgado, a partir da glicose. A vitamina C reduz a susceptibilidade a infeces (HOUPT; REISNER, 1997). Foi demonstrado que o cido ascrbico pode suprimir o crescimento viral em clulas que apresentam infeces crnicas e agudas por diferentes vrus. Tambm estimulam a atividade fagoctica, a produo e a funo das clulas T (NISHIOKA & ARIAS, 2005). Altas doses de vitamina C podem ser utilizadas objetivando a reduo da progresso da doena nos casos de mielopatia degenerativa. Porm altas doses podem induzir a diarria, podendo-se iniciar o tratamento com baixas doses e posteriormente

aumentando-se dose, caso tolerado utiliza-se dose de 250-500mg, VO, q8-24h (CHRISMAN et al., 2005).

ConclusesDiversos so os frmacos atualmente indicados para o tratamento das diferentes afeces neurolgicas que acometem ces e gatos, cada um com suas indicaes e peculiaridades especficas. Para que o uso seja feito de forma correta e adequado, o diagnstico preciso da condio clnica do paciente, bem como das caractersticas especficas dos frmacos so essenciais para o sucesso no tratamento das afeces neurolgicas de ces e gatos.

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