sociedade se organiza para atuar contra a corrupção

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ANO 7 Nº 44 | GOIÂNIA, NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2014 WWW.MPGO.MP.BR JORNAL Mala Direta Básica 9912336351-DR/GO MP-GO COMBATE À CARNE CLANDESTINA INICIATIVAS RECONHECIDAS Projeto do CAO do Consumidor em parceria com outros órgãos pretende desenvolver ações para erradicar abate e comércio ilegal do produto no Estado. u 6 Três projetos do MP-GO foram finalistas em premiação nacional. Campanha na área da infância e juventude ficou em primeiro lugar na categoria Defesa dos Direitos Fundamentais. u 8 Sociedade se organiza para atuar contra a corrupção Com apoio do MP-GO, grupos de trabalho formados por cidadãos têm sido criados em alguns municípios do Estado com o propósito de reforçar as ações por maior transparência da administração pública. Fortalecimento dos conselhos de controle social também tem sido priorizada. u 4 e 5

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ANO 7 Nº 44 | GOIÂNIA, NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2014W W W . M P G O . M P. B R

J O R N A L

Mala DiretaBásica

9912336351-DR/GOMP-GO

Combate à Carne Clandestina iniCiativas reConheCidasProjeto do CAO do Consumidor em parceria com outros órgãos pretende desenvolver ações para erradicar abate e comércio ilegal do produto no Estado. u 6

Três projetos do MP-GO foram finalistas em

premiação nacional. Campanha na área da infância

e juventude ficou em primeiro lugar na categoria

Defesa dos Direitos Fundamentais. u 8

sociedade se organiza para atuar contra a corrupção

Com apoio do MP-GO, grupos de trabalho formados por

cidadãos têm sido criados em alguns municípios do Estado

com o propósito de reforçar as ações por maior transparência

da administração pública. Fortalecimento dos conselhos de

controle social também tem sido priorizada. u 4 e 5

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2 jornal mp goiás | Goiânia - novembro e dezembro de 2014 www.mpGo.mp.br

VEnTOs A FAVOr“O que vale na vida não é o ponto de partida e

sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.”

Cora Coralina

Um ano de boa colheita. Tomando como base as palavras da grande poetisa goiana, talvez seja essa a definição que traduza, com a devida abrangência, o que significou 2014 para o Ministério Público de Goiás. Mais uma caminhada concluída, semeando projetos e ideias para colher bons frutos no futuro.

Essas sementes podem ser percebidas na adesão positiva das comunidades de vários municípios do Estado ao convite feito pela instituição para uma maior mobilização e en-gajamento no combate à corrupção. Um dos desdobramentos do Plano Geral de Atuação

para o biênio 2014-2015, a linha preventiva de trabalho tem alcançado resultados e ren-dido “bons frutos”, como será possível avaliar na reportagem das páginas 4 e 5.

Já na página 3, o Jornal MP Goiás mostra a cooperação técnica interinstitucional que tem como objetivo delinear novas diretrizes para o regular parcelamento do solo urba-no, agilizando os procedimentos, mas sem negligenciar a necessidade de assegurar o cumprimento das exigências ambientais, urbanísticas e as normas de direito do con-sumidor.

na página 2, a coluna O Promotor res-ponde traz uma entrevista com a coorde-nadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e do Cidadão, Melissa sanchez Ita, sobre os desafios existentes para se garantir o devido cumprimento das deter-

minações da chamada Lei Antimanicomial. O projeto de combate à carne clandesti-

na idealizado pelo Centro de Apoio Opera-cional do Consumidor é o destaque da pá-gina 6. A iniciativa, que conta com a parceria de diversas entidades, busca erradicar do Es-tado o abate ilegal de carne, que representa um sério risco à saúde da população.

Como mais um exemplo de “bons frutos” produzidos pela atuação do MP-GO, a repor-tagem da página 8 ressalta a premiação re-cebida por três projetos institucionais, com destaque para a iniciativa que conquistou o primeiro lugar na categoria Defesa dos Direi-tos Fundamentais no Prêmio CnMP. As eta-pas de desenvolvimento do projeto Criança não É Brinquedo são detalhadas no texto, que aborda ainda as iniciativas finalistas em outras duas categorias.

InformatIvo ofIcIal do mInIstérIo PúblIco do Estado dE GoIásRua 23 esq. c/ Av. B, qd. A-6, lts. 15-24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100Site: www.mpgo.mp.brE-mail: [email protected]: www.twitter.com/mpdegoias

Procurador-GEral dE JustIçaLauro Machado Nogueira

assEssor dE comunIcação socIal Ricardo SantanaDRT-GO 776 JP

assEssora dE ImPrEnsaAna Cristina ArrudaDRT-GO 894 JP

coordEnação Mac Editora e Jornalismo Ltda.

EdItoraMirian ToméDRT-GO 629 JPrEPortaGEmAna Flávia MarinhoDRT-GO 3300Cejane PupulinDRT-GO 2056rEvIsãoLíria RezendefotoGrafIasJoão Sérgio AraújoGiselle DiasLorraine Carla(estagiárias)dIaGramaçãoFernando RafaelfotolIto E ImPrEssãoEllite GráficatIraGEm7000 unidades

falE conoscoPara falar com o mP em todo o Estado: 127telefone Geral (Goiânia)3243-8000ouvidoria 3243-8544

cEntros dE aPoIo oPEracIonall cao dos direitos Humanos e do cidadão3243-8200l cao da saúde 3243-8077l cao do meio ambiente3243-8026l cao da Educação3243-8073l cao de defesa do consumidor 3243-8038l cao do Patrimônio Público3243-8057l cao da Infância e Juventude3243-8030 l cao criminal e da segurança Pública3243-8050l centro de segurança Institucional e Inteligência3239-4800

Escola superior do ministério Público3243-8068assessoria de comunicação social3243-8525/ 8499/ 8307/8498denúncia de crime de corrupçãoPortal do MP - combateacorrupcao.mpgo.mp.br

expediente editorial

o promotor responde

A internação psiquiátrica é considerada um instrumento terapêutico legítimo e de fundamental importância em diversos contextos da prática clínica. Mas, com a reformulação dos serviços psiquiátricos e a entrada em vigor da Lei 10.216/01, conhecida como Lei Antimanicomial, acabou-se com o modelo de internação asilar em manicômios e privile-giou-se a reinserção do paciente ao ambiente familiar e social. As novidades trazidas pela legislação, contudo, ainda não foram totalmente assimiladas e os casos de dependência química tornaram sua aplicação ainda mais complexa. Nesta entrevista, a promotora Melissa Sanchez Ita, coordenadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e do Cidadão, procura esclarecer algumas das principais dúvidas sobre o tema.

Quais os tipos de internação psiquiátrica que existem?

Há três tipos de internação psiquiátrica: a internação voluntária, a involuntária e a compulsória.

Quais as diferenças entre eles? A internação voluntária é aquela que se dá

com o consentimento do paciente. Já a invo-luntária, por sua vez, ocorre sem o seu consen-timento, a pedido de terceiros. E a internação compulsória é aquela determinada pela Justiça.

o que mudou com a lei antimanicomial?A Lei 10.216/01 passou a proibir a interna-

ção de pessoas com transtornos mentais em instituições com características asilares, como os antigos manicômios, isto é, estão vedadas internações prolongadas que impliquem se-gregação do paciente. Com a lei, o foco vai para o indivíduo e a política de saúde passa a priorizar os tratamentos do paciente no terri-tório, ou seja, junto à família e à comunidade em que ele está inserido. O tratamento se dará principalmente através dos Centros de Aten-ção Psicossocial (Caps) ou, onde não houver esses equipamentos, por meio da Estratégia da saúde da Família (EsF), que integra a atenção básica e existe em todos os municípios. A inter-nação passa a ser a exceção e somente será in-dicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. normalmente, a internação ocorrerá em casos de crise ou surto e por períodos bastante curtos.

Como o MP-Go age em relação ao cum-primento da lei?

O Ministério Público deve ser comunica-do, no prazo de 72 horas, de todas as inter-nações involuntárias – sem o consentimento da pessoa – para fiscalizar a regularidade da internação, ou seja, para verificar se há um laudo médico circunstanciado que ateste a necessidade daquele tratamento. nos casos de internações compulsórias, o Ministério Público sempre atuará nos processos zelando pela legalidade das internações.

a internação pode ser usada nos casos de vício em drogas? Como isso ocorre?

A internação psiquiátrica pode ser indicada no caso de pacientes com transtornos men-tais. Isso inclui os transtornos relacionados ou decorrentes do uso de álcool e outras drogas. É preciso lembrar, contudo, que o vício é uma condição crônica, ou seja, não há cura, apenas tratamento.

Qual a posição do MP-Go sobre a inter-nação compulsória?

normalmente, os familiares procuram o MP solicitando uma internação compulsória

porque acreditam que ela será a solução para o uso abusivo de drogas. no entanto, quando a internação acontece, ela se dá por períodos curtos, normalmente até que o paciente se estabilize e tenha condições de retornar para casa e receber o tratamento no seu ambien-te familiar e comunitário. Cabe ao promotor de Justiça orientar família com relação a essa expectativa, informando-a sobre as atuais di-retrizes da política de saúde, encaminhando a pessoa para tratamento pela rede e, apenas em casos extremos e se houver indicação mé-dica, ingressar com uma ação de internação compulsória.

Qual a visão dos direitos humanos sobre a internação compulsória?

A proteção da dignidade da pessoa hu-mana deve ser sempre a regra. Assim, se a pessoa é adulta e capaz e não quiser um tra-tamento, sua vontade deve ser respeitada. Ca-berá às equipes de saúde atuar no processo de convencimento dessa pessoa por meio de abordagens contínuas, que lhes permitam construir vínculos com o paciente.

no caso de crianças, adolescentes e inca-pazes adultos, a situação é diversa. Por se tratar de um público mais vulnerável, que conta com responsáveis legais que podem realizar algu-mas escolhas em nome da pessoa, a internação compulsória, sendo uma medida judicial, passa a ser um mecanismo que permite ao MP veri-ficar se os direitos dessas pessoas estão sendo resguardados. O procedimento judicial permite que crianças, adolescentes e adultos incapazes sejam ouvidos e tenham suas opiniões devida-mente consideradas.

InTErnAçãO PsIqUIáTrICA

A proteção da dignidade da

pessoa humana deve ser sempre a

regra. Assim, se a pessoa é adulta

e capaz e não quiser um

tratamento, sua vontade

deve ser respeitada

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3jornal mp goiás | Goiânia - novembro e dezembro de 2014www.mpGo.mp.br

racionalizando o parcelamento do solotituída a norma técnica para a liberação de Atestado de salubridade no ato do parcela-mento de solo urbano no Estado.

A instrução normativa no âmbito da sa-neago mudará o procedimento interno, com a elaboração e implantação de uma nova me-todologia de análise e liberação de projetos de modo a dar agilidade e celeridade ao proces-so. Também definirá padrões para processo de emissão do Atestado de Viabilidade Técnica e Operacional (AVTO), cuja nomenclatura será alterada para Consulta de Viabilidade Técnica Operacional (CVTO). As alterações indicadas pelas normativas ainda são avaliadas e prepa-radas em cada um dos órgãos.

segundo a promotora suelena Carneiro Jayme, coordenadora do CAO Meio Ambien-te, todas as minutas foram pensadas para atender ao fluxograma. “A concretização deste trabalho visa impedir o crescimento desorde-nado das cidades, com bairros sem infraestru-tura adequada”, pondera.

Os integrantes do grupo de trabalho, jun-tamente com os representantes do Fórum Goiano de Habitação e o representante da se-cretaria de Estado de Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (sicam), entende-ram que era necessária a regulamentação das normativas internas de cada secretaria para, posteriormente, se chegar à criação de um grupo específico de análise e aprovação de projetos, o que demandará, inclusive, aprova-ção de legislação própria para sua criação e regulamentação.

Por isso, foram redigidas as minutas de instrução normativa no âmbito de cada um dos órgãos. na semarh, por exemplo, a norma técnica definirá os procedimentos de licencia-mento ambiental de parcelamento do solo ur-bano no Estado. A atualização, antes de entrar em vigor, deve ser aprovada pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente.

A suvisa já contava com resolução própria, que está em fase de revisão. Também será ins-

go e do Fórum Goiano de Habitação definiram ações para o aprimoramento do processo de aprovação do parcelamento do solo urbano.

O Grupo de Trabalho Interinstitucional, formado pelos três órgãos estaduais envol-vidos – saneago, semarh e superintendên-cia de Vigilância em saúde (suvisa) da sEs –, com apoio dos Centros de Apoio Operacional (CAO) do Meio Ambiente e do Consumidor do Ministério Público de Goiás, foi criado para tratar da melhoria do procedimento de ex-pedição do Atestado de Viabilidade Técnica Operacional (AVTO).

Mas, após os encontros, foi verificado que todo o processo e as rotinas dos órgãos deve-riam ser revisados. Assim, o grupo ampliou seu objetivo, com foco na uniformização do enten-dimento em relação à aprovação dos projetos de parcelamento do solo, de forma a definir melhor as atribuições. Por isso, foi desenvolvi-do um fluxograma comum, atendendo à legis-lação existente.

Articulado pelo MP-GO,

grupo de trabalho definiu

propostas de ações que têm

como finalidade aprimorar

o processo de aprovação de

loteamentos urbanos

as dificuldades para aprovação de pro-jetos de loteamento imobiliário, prin-cipalmente nas instâncias estaduais,

levaram os representantes deste segmento a procurar ajuda do Ministério Público de Goiás (MP-GO) para encontrar soluções que facili-tassem os procedimentos. Diante da deman-da, foi constituído um grupo de trabalho para cuidar da questão e, após 25 reuniões técnicas, realizadas desde o ano passado, integrantes do MP-GO, das secretarias Estaduais de saúde (sEs) e de Meio Ambiente (semarh), da sanea-

O fluxograma determinou o caminho de trabalho de cada órgão. Assim, o em-preendedor deverá, inicialmente, procurar a prefeitura do seu município e solicitar a Certidão de Uso do solo, que identifica os parâmetros urbanísticos da área – se é no perímetro urbano, se é área residencial ou industrial.

Após a aprovação, começa o trabalho junto à saneago para a expedição da CVTO. O documento indica se a empresa de sane-amento básico possui condições de aten-der e prestar os serviços de água e esgoto do novo loteamento.

O terceiro passo acontece na semarh, para obtenção da licença prévia. O empre-endedor deve apresentar a Certidão de Uso do solo e a CVTO. Essa licença aponta se o local é passível de ser loteado. são avaliadas as áreas de preservação permanente, as áre-as verdes, faixa de domínio de rodovias, fai-

Um passo a passo

xa de servidão de linha de alta tensão, dis-tâncias em relação à estação de tratamento de esgoto sanitário e abastecimento.

Paralelamente, deve ser verificado se há possibilidade de interligação na rede já exis-tente e se a mesma atende à demanda do novo empreendimento. Caso isso não ocor-ra, há uma série de medidas alternativas que devem ser planejadas pelo responsável pelo

empreendimento, como abertura de poços para abastecimento. Os mesmos passos de-vem ser seguidos para a vazão do esgoto.

Após a conclusão desses projetos, a semarh libera a Licença de Instalação das Unidades Operacionais. nesse período, o empreendedor deve procurar novamente a prefeitura e realizar a Caução de Garantia de Execução. Assim, a suvisa libera Atestado de

salubridade, que verifica se o loteamento tem as condições de receber a população. nessa fase, é averiguado se todas as solici-tações anteriores foram seguidas.

Em resumo, apenas após as aprovações nos três órgãos estaduais e na prefeitura, é possível dar início à comercialização do lo-teamento. Todo o processo do fluxograma tem validade de quatro anos.

Reunião no MP do Grupo de Trabalho Interinstitucional: encontros concluíram pela necessidade de nova regulamentação dos procedimentos internos dos órgãos envolvidos

meio ambiente

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4 jornal mp goiás | Goiânia - novembro e dezembro de 2014 www.mpGo.mp.br

Combate à Corrupção

Comunidades articuladas na cobrança por maior transparência

Propostas de atuação preventiva con-tra a corrupção com foco nas áreas de saúde, educação e assistência social

– estas vêm sendo as sugestões aprovadas pela maior parte dos Grupos de Trabalho (GTs) criados em alguns municípios goianos como desdobramento da semana do Fortalecimen-to do Controle social, realizada pelo Ministério Público de Goiás em mais de 50 comarcas do Estado entre 25 e 29 de agosto deste ano. A criação dos chamados GTs de Controle social, bem como o fortalecimento da atuação dos conselhos de controle social, consolidam a linha de trabalho preventiva, uma das delinea-das para execução do Plano Geral de Atuação do MP-GO 2014-2015, cujo objetivo principal é intensificar o combate à corrupção.

Os grupos surgiram do incentivo dado pelo MP, durante a semana, para a mobiliza-ção da sociedade na luta contra a corrupção. Depois de instituídos, os GTs, com o apoio do Ministério Público, deram prosseguimento às atividades, definindo prioridades e planejando as ações. O trabalho com os conselhos de con-trole social também foi intensificado, com a realização de capacitações e outras atividades.

nesta linha de atuação preventiva, a ideia é fortalecer os meios de fiscalização da administração pública já existentes e convocar os cidadãos a participar do controle das ações dos gestores públi-cos. Cada grupo tem escolhido atuar em áreas específicas, intensificando o con-trole social com relação às ferramentas de cada município participante.

Conforme explica Maria José Ferreira soares, que integra a equipe da Coordena-doria de Apoio à Ação Extrajudicial (Caej), que tem dado assessoramento às promoto-rias nestes projetos, os objetivos estão dire-tamente relacionados às metas do PGA do biênio. segundo salienta, o trabalho com os grupos já está avançando, com a delimitação das áreas de atuação e a realização das qua-lificações necessárias. Maria José considera que a ação “é uma costura quase que arte-sanal do trabalho. não é de impacto rápido, e sim um processo. Essa é uma experiência diferenciada para o MP-GO.”

A proposta de atuação é que os promoto-res de Justiça interessados no projeto ouçam a comunidade e conheçam suas dificuldades e, então, formem grupos de trabalho para agir na solução desses problemas. quanto aos Conselhos de Controle social, que já existem nos municípios e são previstos na Constitui-ção Federal, o objetivo é fortalecê-los e atuar em conjunto em prol da cidadania.

Participantes da equipe que assessora as promotorias na linha de atuação preventiva do PGA, a promotora simone Disconsi de sá Campos observa que as iniciativas integram o conceito de democracia participativa, já que todo cidadão tem direito de obter informa-ções sobre os recursos públicos e participar na elaboração das políticas. “As medidas aproxi-mam o MP-GO da comunidade no combate à corrupção”, enfatiza, observando que tudo isso contribui para aumentar a transparência e a qualidade dos serviços realizados.

Os Conselhos não têm vagas destinadas ao MP, já que a instituição é responsável pela fisca-lização das atividades desenvolvidas. Por outro lado, o MP-GO busca auxiliar o funcionamento desses grupos, contribuindo para a concretiza-ção da democracia. Dentro das ações do PGA, as promotorias têm buscado verificar a existên-cia dos conselhos e seu funcionamento ade-quado, contribuindo ainda na capacitação para o melhor exercício da função.

Em Goianésia, por exemplo, o Conselho de Acompanhamento e Controle social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissio-nais de Educação (Fundeb), criado no ano de 2007, tem sido contemplado nas ações de des-dobramento da semana de Fortalecimento do Controle social. A promotora Tarsila Costa Gui-marães relembra que, como parte das ações de combate à corrupção, foram feitas reuniões de identificação dos principais problemas enfren-tados pelo Conselho, como registro de dados e falta de apoio aos conselheiros por parte dos município. “Levantamos as demandas e, a partir das reuniões, foi estabelecido o plano de atua-ção”, comenta.

O desafio seguinte foi traçar estratégias para as problemáticas levantadas. “Estabele-cemos algumas tarefas, como mandar ofício para que os membros pudessem participar do Conselho do Fundeb, levantamento da quan-tidade de crianças do município que estavam sendo privadas de frequentar creches por falta de vagas e avaliação de estruturas das escolas, por exemplo”, conta Tarsila Guimarães. Foram realizadas reuniões de capacitação e, nesta fase, a ideia é estabelecer prazos para término das tarefas delegadas.

A promotora avalia que os resultados já co-

meçam a ser observados. “notamos que vem aumentando o número de presentes nas reu-niões e também houve procura por parte dos vereadores da cidade. O trabalho do conselho é contínuo e os resultados maiores ainda serão vistos no decorrer dos próximos anos.”

Já em Hidrolândia, é o Conselho de saúde que tem recebido esse suporte do MP-GO. De acordo com a promotora sandra Monteiro de Oliveira, na primeira reunião realizada foi anun-ciado para a comunidade o desenvolvimento do trabalho na cidade e a importância do ór-gão de controle.

numa segunda oportunidade, os membros do conselho dividiram-se em grupos de traba-lho para que se pudesse verificar algumas de-mandas do município. Assim, surgiram como propostas de trabalho o controle de processos licitatórios; a realização de auditorias cívicas (vi-sitas a unidades); a atualização da legislação de criação do conselho, com a elaboração de um novo regimento interno; e a melhoria da con-tribuição do órgão na elaboração do plano de saúde do município, que estava sendo tardia.

“são subgrupos de trabalho. Ao invés de cada demanda reunir o grupo inteiro, criamos subgrupos e dividimos funções para agilizar as tarefas”, comenta sandra Monteiro. A auditoria cívica está agendada e já foram feitas contribui-ções para o plano de saúde.

A ideia é que mais pessoas da sociedade civil participem, cooperando para o fortaleci-mento do controle social. “Objetivamos acom-panhar a aplicação da verba de saúde e atua-lizar a legislação. O trabalho foi iniciado pela importância de se verificar preventivamente a utilização das verbas e a política pública na área da saúde. Com isso, prevenimos problemas fu-turos”, pondera a promotora.

Como desdobramento da Semana de Fortalecimento do Controle

Social, viés preventivo do Plano Geral de Atuação do MP vem sendo

trabalhado pelos Grupos de Trabalho e em conselhos, visando

definir ações que possam evitar a prática de atos de corrupção

Conselhos de Controle social

Novo Gama Águas Lindas de Goiás Paraúna

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5jornal mp goiás | Goiânia - novembro e dezembro de 2014www.mpGo.mp.br

À frente da iniciativa junto ao Con-selho Estadual da Mulher (Conem), a promotora rúbian Corrêa Couti-nho avalia que as reuniões têm sido proveitosas. Promovidas por meio de conversação de forma horizontal, em rodas de conversa, os integrantes discutem os aspectos que podem ser melhorados na atuação do órgão, as dificuldades e a efetividade das ações dentro do conselho.

“questionamos: onde precisamos melhorar? quais as dificuldades que o Conem deve superar para ter mais autonomia e efetividade nas ações?”, aponta a promotora. segundo ela, o próprio órgão deve repensar as ações e a parceria com o MP-GO faz com que o grupo se mostre mais engajado em seguir com as atividades, o que tem sido benéfico. sua previsão para o futuro é otimista.

Além do apoio aos conselhos, a linha de atuação preventiva englobou também a pos-sibilidade de criação de Grupos de Trabalho voltados a determinadas áreas. Apesar de se se escolher uma atuação prioritária, é possível avançar no trabalho em outro segmento. Foi o que aconteceu em novo Gama, conforme explica a promotora Vanessa Goulart Barbosa.

“É interessante definir uma área para que o grupo faça ações concretas, sem se desviar do objetivo final”, sugere. no município, antes de definir a atuação na área da educação, os membros do grupo se engajaram na realiza-ção de auditoria cívica na saúde, com a ela-boração de questionários para levantar o fun-cionamento de 11 postos de saúde, nos quais foram detectadas algumas irregularidades. O relatório final foi concluído e entregue ao pre-feito e ao secretário de saúde do município no final de novembro. nele, são previstos os prazos de correção dos problemas. “Espera-mos que as autoridades os cumpram volun-tariamente, resolvendo os problemas.”

As mesmas ações devem ser realizadas

Alguns grupos estão na fase inicial de implantação e escolha das áreas de atu-ação nos municípios. Um desses é o de Mozarlândia, que já realizou as primeiras reuniões, tendo traçado a área de atuação do Grupo de Trabalho na últimas delas, no final de novembro. A equipe escolheu trabalhar na análise de licitações e contra-tos do município. “O grupo está motivado, mesmo com as dificuldades iniciais”, come-mora o promotor Paulo Vinícius Parizotto. De acordo com ele, esse período deve ser encarado como um momento para co-nhecer as possibilidades de atuação para, depois, haver um desenvolvimento mais autônomo.

A fiscalização do Poder Legislativo, por

sua vez, foi a ação eleita pelo Grupo de Trabalho de Morrinhos. “O grupo está em fase de implantação. Vamos concentrar a atuação em uma área para não perder o foco”, comenta o promotor rubens rosa Júnior. O grupo deve se reunir com o se-cretário da Câmara Legislativa local, que irá explicar o funcionamento do órgão.

O Grupo de Trabalho de Paraúna, que decidiu atuar na área da saúde, realizou reuniões nas quais a equipe se inteirou melhor sobre suas incumbências e formas de ação. O promotor Murilo da silva Frazão comenta que será realizada auditoria cívi-ca nas undiades de saúde do município, quando será possível verificar para onde são destinados os gastos da região.

Da mesma maneira, o Conselho de saúde de nerópolis recebe o apoio do MP-GO, por meio da promotora Elaini Cris-tina Alves Pires Trevisan. Após a audiência pública, ficou estabelecido que seria feita uma vistoria nos postos de saúde a fim de relacionar o que estava faltando para o bom funcionamento dos serviços. Um acordo deve ser feito com orientações e recomendações pertinentes à saúde do município. A próxima reunião para alinhar as novas atividades deve ser promovi-da em janeiro – esse prazo foi dado para que tanto o conselho quanto o secretário de saúde fossem capazes de organizar as pendências levantadas.

O Conselho do Fundeb de orizona deve

ser apoiado pelo grupo do município, que escolheu a educação como área a ser traba-lhada. O grupo está em fase de planejamen-to e deve verificar a aplicação das verbas da educação vindas do fundo, esclarece o pro-motor Paulo Eduardo Penna Prado. O tema foi escolhido após a percepção de que os índices de educação do município estavam aquém da média estadual e da nacional.

“nos próximos dias, os integrantes devem fazer pesquisas em fontes abertas referentes às verbas, enquanto o MP-GO irá solicitar dados referentes aos investi-mentos delas”, antecipa Paulo Eduardo. Haverá, ainda, uma capacitação para que a equipe conheça melhor o funciona-mento do Fundeb.

Políticas para a mulher

Em fase inicial

Grupos de Trabalho

Morrinhos Mozarlândia Orizona

Acredito que vamos

alcançar muitos resultados

positivos.

Tânia D’ablE roCHa DE TorrEs banDEira,

promotora em Águas lindas

para melhoria da infraestrutura física das es-colas da cidade. Além disso, a criação de con-selhos escolares, que são responsáveis por administrar e dar destinação adequada aos recursos repassados pelo Ministério da Edu-cação (MEC), também é uma das metas do Grupo de Trabalho de novo Gama. “nas esco-las estaduais, esses conselhos já estão implan-tados há alguns anos, enquanto nas munici-pais não. Vamos apoiar a implantação e tentar mobilizar e conscientizar os pais de alunos com relação a isso”, destaca a promotora.

Em ambos os casos, após a finalização das vistorias, as causas das irregularidades serão levantadas e o grupo, juntamente com as

autoridades, tentarão saná-las. “nesse ponto, teremos que analisar a utilização de recursos. Em último caso, cabe ao MP tomar as medidas judicias cabíveis”, antecipa Vanessa Goulart.

Em Águas lindas de Goiás, a opção foi por atuar em um Grupo de Trabalho direcionado para a saúde. Com apoio da promotora Tânia D’Able rocha de Torres Bandeira, os membros deverão fiscalizar as verbas destinadas ao setor no município. Eles receberão capacitação para que apresentem a qualificação necessária no momento de efetivação do controle social.

“nosso principal objetivo é conseguir as-segurar maior efetividade nos investimentos do município na área da saúde. Precisamos detectar onde há necessidade de maior in-vestimento e analisar quais as deficiências dos hospitais e laboratórios, por exemplo”, aponta a promotora. Em suma, o grupo deve marcar as deficiências para que o serviço seja aprimorado. “Acredito que vamos alcançar muitos resultados positivos. Vamos detectar onde está o problema e trazer um serviço de melhor qualidade”, finaliza, otimista.

Page 6: sociedade se organiza para atuar contra a corrupção

6 jornal mp goiás | Goiânia - novembro e dezembro de 2014 www.mpGo.mp.br

ação integrada contra a carne clandestina

o Brasil tem o maior rebanho comer-cial de gado do planeta e é o prin-cipal exportador mundial de carne,

ocupando o terceiro lugar no ranking de consumo per capita – com 38,5 quilos por habitante consumidos em 2012, atrás ape-nas dos vizinhos Argentina e Uruguai. O que preocupa no País, ainda, é a comercialização de carne sem fiscalização, a chamada carne clandestina.

nesses casos, as condições de abate do gado são precárias, sem higiene e, portanto, com grande possibilidade de contaminação por vermes e bactérias. Um risco à saúde dos consumidores, já que existem, atualmente, mais de 205 doenças transmissíveis por meio do consumo de carne contaminada. Entre as principais zoonoses encontram-se a tuber-culose, cisticercose, brucelose, botulismo, aftosa e raiva.

Diante desse quadro, o Centro de Apoio Operacional do Consumidor (CAO Consu-midor) do Ministério Público decidiu desen-volver um projeto de combate à carne clan-destina. segundo explica a coordenadora do órgão, promotora Alessandra de Melo silva, o trabalho tem o objetivo de tornar “Goiás Livre da Carne Clandestina”, slogan da iniciativa. “O plano de trabalho não foi totalmente for-malizado, mas queremos assegurar que seja ofertada à população carne inspecionada e de qualidade garantida, conscientizando a sociedade da importância do consumo de carne advinda do matadouro ou do frigorí-fico inspecionado”, salienta. Para oficializar e dar a largada no projeto, foi realizado no dia 24 de novembro, no auditório do MP-GO, o Workshop de Combate à Carne Clandestina.

A meta da iniciativa é desenvolver ações de caráter educativo em escolas, com os pro-dutores rurais, e no trato direto com o consu-midor, por meio de campanhas em veículos de comunicação, realização de reuniões com associações de bairros e produção de carti-

da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) e da Empresa Goiana de As-sistência Técnica, Extensão rural e Pesquisa Agropecuária (Emater).

ConsórCiosUma constatação feita pelo MP-GO é a ine-

xistência, em alguns municípios goianos, es-pecialmente no norte e nordeste do Estado, de matadouro ou frigorífico. Assim, no plano de trabalho, pretende-se articular a criação de consórcios públicos municipais para implan-tação de frigoríficos ou matadouros regionais. “Verificamos que há 12 territórios já designa-dos em Goiás, nomeados como Territórios da Cidadania, que possuem disponibilidade de solicitação de verba federal para este fim. será realizado, junto aos coordenadores dos terri-tórios, um trabalho de esclarecimento sobre o projeto e solicitação de auxílio para cria-ção dos matadouros consorciados”, esclarece Alessandra Melo.

Para execução do projeto, o MP-GO conta com o apoio do Conselho regional de Medici-na Veterinária do Estado de Goiás (CrMV-GO), da superintendência Federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Goiás (Mapa), da secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Irrigação (seagro), da Agrodefesa, da secretaria Estadual da saúde

(sEs-GO), da superintendência de Vigilância em saúde de Goiás (suvisa-GO), da secreta-ria Municipal de saúde de Goiânia, do De-partamento de Vigilância sanitária do Mu-nicípio de Goiânia, da Emater, do Conselho regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), do sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados no Estado de Goiás (sin-dicarne), da Associação Goiana de supermer-cados (Agos), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do Ministério de De-senvolvimento Agrário em Goiás (MDA) e do Ministério Público Federal (MPF).

CaPaCiTaçãoDonos de supermercado, açougues e ou-

tros estabelecimentos comerciais que ven-dem carne em Jussara, na região noroeste do Estado, participaram de uma palestra sobre as regras sanitárias aplicáveis a esses estabe-lecimentos. Foi resultado de um inquérito civil público aberto no ano 2003. “Firmamos um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com mais de 50 estabelecimentos que co-mercializam carne no município, inclusive os não regulamentados com a prefeitura local. Os próprios comerciantes nos informaram que desconheciam a legislação”, explica o promotor rômulo Corrêa de Paula, da 2ª Pro-motoria de Justiça de Jussara.

Por isso, foi sugerida a realização de uma palestra, a fim de orientar os comerciantes e permitir a obtenção de mais informações so-bre as providências necessárias para adequar os estabelecimentos às normas sanitárias vi-gentes, como o uso de uniforme do manipu-lador todo branco, a temperatura, a necessi-dade de material para corte em aço ou inox, a ausência de contato do consumidor com o produto e outras exigências.

A capacitação foi ministrada pelo técnico da superintendência de Vigilância em saú-de de Goiás (suvisa), Enes Moreira Alves, e esclareceu as regras sanitárias aplicáveis aos estabelecimentos que comercializam carne, a estrutura mínima de um revendedor, o aba-te clandestino, os riscos da realização deste abate e os prejuízos à saúde do consumidor decorrentes do consumo de carne contami-nada. “não havia profissionalismo por falta de conhecimento. Muitos mercados locais colo-cavam apenas um balcão e vendiam a carne”, observa o promotor, que espera que a situa-ção agora seja revertida.

lhas contendo orientações de consumo. “Para disseminação do material, buscaremos parce-ria com as secretarias municipais e a Estadual de Educação e sindicatos de escolas particu-lares”, detalha a promotora.

Ao lado da ação educacional, será feita a fiscalização dos açougues e supermercados, com apoio das vigilâncias sanitárias muni-cipais. Os pequenos produtores rurais serão um dos principais alvos. Eles receberão acom-panhamento e orientação de profissionais

Projeto do CAO Consumidor

pretende intensificar

fiscalização e trabalho

educativo, com o objetivo

de erradicar este tipo de

produto no Estado

Workshop realizado no final de novembro buscou definir estratégias de trabalho

Alessandra Melo: preocupação com o produto que chega ao consumidor

Consumidor

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7jornal mp goiás | Goiânia - novembro e dezembro de 2014www.mpGo.mp.br

Decisão liminar proferida em ação civil pública proposta pelo MP proibiu a empresa de telefonia Vivo de co-mercializar e habilitar novas linhas no município de Posse. A operadora não poderá também proceder à portabili-dade de códigos de acessos de outras operadoras no âmbito do DDD 62. A medida judicial vigorará até que a em-presa regularize os serviços de telefonia prestados no local. segundo aponta o MP, os moradores da cidade reclamam de falhas e ausência de sinal; congestio-namento de linhas, o que impossibilita a realização de chamadas; quedas de ligações; ruídos e interferências na co-municação e ausência de conexão com internet móvel.

na ação, os promotores Diego Bra-ga, Paulo Brondi e Douglas Chegury destacam que o serviço prestado pela empresa não se encontra dentro das normas estabelecidas pela Agência na-cional de Telecomunicações (Anatel) e está em desconformidade com a Lei n° 7.783/89. na decisão, o juiz fixou prazo de 60 dias para que a Vivo apresente projeto de ampliação da rede, apro-vado pela Anatel. Pela decisão, a em-presa também deverá prestar serviço eficiente, adequado e ininterrupto, aos seus clientes no município, dentro dos padrões técnicos estabelecidos pelo ór-gão normatizador, no prazo de 120 dias, sob pena de multa diária de r$ 50 mil. Caso a prestadora habilite novas linhas sem que tenha cumprido as medidas determinadas, estará sujeita à multa de r$ 10 mil a cada nova habilitação.

O Ministério Público Estadual de-flagrou, em novembro, a Operação Coringa, com o objetivo de verificar a existência de servidores contratados e comissionados em desvio de função nos quadros da prefeitura de Campos Belos. As investigações tiveram início há mais de um ano. Os promotores Paulo Brondi, Douglas Chegury e Die-

go Braga coordenaram as ações, que incluíram visitas aos órgãos públicos para checagem da situação dos fun-cionários públicos. segundo explica-ram, a Lei Municipal nº 1.136, editada em 2013, criou vários cargos em co-missão, como os de chefe da seção de Limpeza, da seção de Esquadrias, da Divisão de Protocolos e vários outros.

A norma em questão, contudo, sequer descreve as funções de cada cargo. Além disso, vários servidores estariam exercendo tarefas que não guardam relação com o cargo que efetivamen-te ocupam. Depoimentos também foram colhidos e as ações judiciais de-correntes do que foi apurado devem ser propostas em breve.

giro mp

Idosos e pessoas com deficiência terão vagas de estacionamento garantidas em Itumbiara

Empresa de telefonia é proibida de comercializar e habilitar novas linhas em Posse

Desvio de função de servidores municipais em Campos Belos é apurado em operação

A prefeitura de Itumbiara e o Comando da Polícia Militar (PM) no município firmaram termo de ajuste de conduta com o Ministério Público de Goiás para resolver o problema de insuficiência de vagas de estacio-namento para idosos e pessoas com deficiência. Inquérito civil público instaurado pela 5ª Promotoria da co-marca constatou que, na cidade, não é feita a reserva de vagas de estacio-

namento e que as vagas já existentes não estão sendo respeitadas.

A superintendência de Trânsito comprometeu-se a, no prazo de 60 dias, a partir do dia 24 de novembro, fazer o levantamento da carência de demarcação das vagas existentes nas proximidades de hospitais, postos de saúde e prestadores de serviços públi-cos em geral, como supermercados e bancos, implantando a devida sinaliza-

CAO Educação divulga levantamento do número de matrículas da educação infantil no Estado

Visando subsidiar a atuação dos pro-motores, em cumprimento à Emenda Constitucional nº 59/2009, que torna obrigatória a frequência escolar a par-tir dos 4 anos, medida que deverá ser concretizada até o ano de 2016 pelos respectivos sistemas de ensino, o Cen-tro de Apoio Operacional (CAO) da Edu-cação do MP-GO enviou ofício circular aos promotores de Justiça com atuação na área apresentando estudo feito pela superintendência de Planejamento e

Gestão do MP, a pedido do CAO, com le-vantamento dos dados sobre o número de crianças, por município, que se en-contram nas faixas etárias de 0-3 anos (creche) e 4-5 anos (pré-escola).

segundo destaca o CAO, a normati-va potencializou a necessidade de atu-ação do Ministério Público no acompa-nhamento da efetivação deste dever dos municípios em ofertar, universal-mente, a etapa da educação infantil sem prejuízo de se prosseguir no estí-

mulo à inclusão da faixa etária de 0 a 3 anos. O estudo detalha o número de matrículas por faixa etária e permitiu verificar que algumas cidades apresen-tam número de matrículas acima de 100% da população da respectiva faixa etária. Além disso, existem municípios goianos com 0% de matrículas em cre-che, o que demonstra que as crianças de 0-3 anos estão sendo totalmente negligenciadas no direito de acesso à educação infantil.

ção vertical e horizontal, obedecendo à reserva de 5% das vagas para idosos e, no mínimo, 2% do total das vagas para pessoas com deficiência. O órgão também deverá, de imediato, fazer o credenciamento das pessoas idosas e com deficiência a serem beneficia-das. A fiscalização será feita tanto pela secretaria, quanto pela Polícia Militar, uma vez que já existe um convênio entre os órgãos.

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8 jornal mp goiás | Goiânia - novembro e dezembro de 2014 www.mpGo.mp.br

CNMP

Três projetos concebidos e desenvolvi-dos pelo Ministério Público de Goiás foram reconhecidos pelo Conselho na-

cional do MP como práticas bem-sucedidas e acabaram como finalistas da premiação ins-tituída pela entidade com essa finalidade. O Prêmio CnMP 2014 foi entregue no final de outubro, em Brasília, durante o 5º Congresso Brasileiro de Gestão do Ministério Público.

na solenidade, uma dessas iniciativas, o projeto “Criança não é Brinquedo – Violên-cia sexual contra Crianças e Adolescentes não é Brincadeira!”, conquistou o primei-ro lugar na categoria “Defesa dos Direitos Fundamentais”. Idealizado pelo Centro de Apoio Operacional (CAO) da Infância e Ju-ventude do MP-GO, o projeto foi desenvol-vido em parceria com a Assessoria de Co-municação social da instituição.

na categoria “Transformação social”, o projeto Bem Educar Cavalcante classificou-se em quarto lugar. realizada em conjunto pela Promotoria de Cavalcante, o Centro de Apoio Operacional da Educação e a Coordenadoria de Apoio à Atuação Extrajudicial (Caej), a ini-ciativa promoveu a aproximação do MP com a comunidade calunga do Vão das Almas e os poderes públicos para discussão das principais demandas, o que resultou numa reivindicação específica na área da educação. A prioridade

foi a construção da unidade escolar na comunidade, que conta agora

com quatro salas de aula, infra-estrutura completa e veículo para transporte dos alunos. As ações serão ampliadas na segunda fase.

O outro projeto finalista foi o de digitalização da mas-sa documental do MP-GO, classificado em 4º lugar na categoria “Profissionalização da

Gestão”. seu objetivo é o de garantir que a informação institucional esteja disponí-

vel aos integrantes do órgão e aos cidadãos de forma mais

fácil. O objetivo é atender às ne-cessidades de armazenamento

de material, diminuição dos custos

Três projetos desenvolvidos pela

instituição foram finalistas em

premiação do Conselho Nacional

do MP. Campanha de combate à

violência sexual contra crianças

e adolescentes ficou em primeiro

lugar de sua categoria

ProjETo O “Criança não é

Brinquedo” teve início como uma campanha, ainda em 2011, coordenada, então, pela promotora Liana Antu-nes Vieira Tormin. Mais tarde, tornou--se um projeto desenvolvido em três fases. A princípio, a divulgação se deu por meio de flyers, camisetas, cartilhas, sacolinhas para lixo, outdoors, spot para rádios e um video-teipe de 30 segundos, que foi transmitido por várias emissoras de TV durante seis meses. O foco era conscientizar o público adulto para a importância dos cuidados com as crianças e a denúncia dos casos de violência às autorida-des competentes.

Como consequência da repercussão da iniciativa, os promotores de Justiça do Estado abraçaram a causa e se mobilizaram a fim de le-var o projeto adiante também em suas regiões. Aderiram ao projeto as comarcas de Anicuns, Itauçu, são Domingos, Caçu, Montes Claros de Goiás, Jataí, senador Canedo, Cavalcante, Mo-zarlândia, Cidade Ocidental, nerópolis, Anápolis, Corumbá de Goiás, Petrolina de Goiás, Goiânia, Crixás, rio Verde, santa Terezinha de Goiás, Fa-zenda nova, rubiataba e Alexânia. Os MPs do rio Grande do sul, Acre, rondônia e Amapá também solicitaram a campanha para reprodu-ção e desdobramento em suas localidades.

na fase seguinte, houve o lançamento da campanha “Perigos da Internet”, também des-tinada a adultos, alertando para os meios di-gitais de interação. As mídias utilizadas foram sacos de pão – mais de 100 mil distribuídos em Goiânia e nas comarcas do interior –, conten-do orientações sobre segurança de crianças e adolescentes na internet.

“Com as duas iniciativas, houve um au-mento do número de denúncias, o que con-firmava nossa ideia de que a diminuição delas não se dava graças à redução dos casos de violência, mas sim pelo fato de as pessoas não darem a devida importância a isso”, comenta Karina D’Abruzzo.

Em novembro de 2013, ocorreu a etapa mais recente do projeto, quando foi lançado o jogo digital educativo (social Game) “Perigos da net”, voltado para o público infantojuvenil – de 6 a 16 anos. De maneira lúdica, o jogo online gratuito orienta sobre quais os compor-

tamentos corretos que devem ser assumi-dos diante da tela do computador, a fim

de alertar sobre violação de direitos, principalmente em relação ao abu-so sexual.

no primeiro ano de funcio-namento do game, já foram re-gistrados mais de 15 mil acessos, não só do Estado de Goiás, mas

de todo o País.

iniciativas do mP-Go são premiadasinstituCional

operacionais e agilidade no atendimento aos usuários, com a rápida recuperação da infor-mação e a preservação do conteúdo do acer-vo documental do MP. O projeto é coordenado pelo Departamento de Gestão de Documen-tos da superintendência de Administração, vinculada à subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Administrativos.

Criança não é brinQuEDoO chefe do núcleo de Marketing da Asses-

soria de Comunicação do MP-GO, Wesley Cé-sar, revela que, na época de criação da primeira etapa do projeto, o número de ligações para denúncias de violência infantil havia diminuí-do, decréscimo causado até mesmo pela falta de informação da sociedade quanto aos canais de comunicação. “Lançamos a primeira etapa e o número de denúncias começou a crescer”, relata, ressaltando que a mobilização de outras comarcas foi importante para o sucesso da iniciativa. De acordo com Wesley César, para

o próximo ano já estão sendo pensadas novi-dades para o projeto, que devem ser lançadas ainda no primeiro semestre.

A coordenadora do CAO Infância, Karina D’Abruzzo, que assumiu a gestão do projeto durante sua terceira fase, avalia que o Prêmio do CnMP foi conquistado em virtude do cum-primento de todas as etapas previstas. “A inicia-tiva serve para mostrar à sociedade a impor-tância de sua participação, principalmente nas denúncias de casos de abusos. A preocupação dos pais não é só em saber com quem o filho está saindo, mas com quem está conversando”, pondera.

A promotora antecipa que a perspectiva é dar continuidade ao trabalho, não só com atu-alização do jogo online, mas também com o lançamento de cartilha voltada ao público in-fantojuvenil para ser trabalha-da nas escolas, por exemplo.

O Prêmio CnMP é anual, e a Comissão Julgadora tem seus integrantes escolhi-dos pelo Conselho Gestor. Ela é composta por membros do Conselho nacional do Ministério Público e representantes da Associação nacional dos Membros do Mi-nistério Público, Associação nacional dos Procuradores da república, Associação nacional dos Procuradores do Trabalho, Associação nacional do Ministério Público Militar, Associação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Colégio de Diretores de Escolas dos Ministérios Públi-cos, Escola do Ministério Público da União, Associação Brasileira de Imprensa, secre-taria da reforma do Judiciário, Ordem dos

Advogados do Brasil, senado Federal, Câ-mara dos Deputados, Conselho nacional de Justiça, comunidade acadêmica, além de outros órgãos, instituições e segmen-tos da sociedade eventualmente indica-dos pelo Conselho Gestor.

As boas práticas avaliadas neste ano foram enquadradas em oito categorias: Defesa dos Direitos Fundamentais; Trans-formação social; Indução de Políticas Públicas; Diminuição da Criminalidade e da Corrupção; Unidade e Eficiência da Atuação Institucional e Operacional; Comunicação e relacionamento; Profis-sionalização da Gestão e Tecnologia da Informação.

Boas práticas

Simone Disconsi e Lauro Nogueira (ao centro) receberam troféu e diploma em Brasília