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Sociedade da Água Consultoria Ambiental Ltda. UHE Baixo Iguaçu Estudo de Impacto Ambiental - EIA Apresentação Curitiba, abril de 2008

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Sociedade da Água Consultoria Ambiental Ltda. UHE Baixo Iguaçu

Estudo de Impacto Ambiental - EIA

Apresentação

Curitiba, abril de 2008

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Sumário

Relação e assinaturas da equipe técnica responsável...............................................................3

Identificação da empresa consultora...........................................................................................8

Identificação do empreendedor....................................................................................................8

Cadastro Técnico Federal Ibama..................................................................................................9

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Equipe Técnica

Nome Classe/registro profissional

Cadastro Ibama

Função desempenhada no

EIA Assinatura

Coordenação dos estudos

Paulo Cezar Tosin Geógrafo/ 11534-Crea-PR 196756

Coordenação geral

Coordenação dos estudos socioeconômicos

Cassandra Gelsomino Molisani

Economista/ 19542-Corecon-RJ 36773 Coordenação geral

adjunta

Tarcisio L.C. Castro Eng. Civil/ 811216- Crea-RJ 310441

Coordenação dos estudos do meio físico

Márcio Luiz Bittencourt Biólogo/ 03157-CRBio-07 290212

Coordenação dos estudos do meio biótico

Frederico Araújo Ramos Biólogo/ 13130- CRBio-04 248521

Coordenação adjunta dos estudos do meio biótico

Carlos Eduardo Caldarelli Sociólogo 294332 Coordenação adjunta dos estudos do meio socioeconômico

Marli Carvalho de Araújo Geógrafa - licenciatura 558868

Coordenação do pré-cadastro socioeconômico

Mateus de Azevedo Barão Engenheiro Civil/ 70032- Crea-PR 275620 Coordenação

logística

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Equipe Técnica

Nome Classe/registro profissional

Cadastro Ibama

Função desempenhada

no EIA Assinatura

Estudos do Meio Físico

Eduardo Felga Gobbi Engenheiro Civil 042014- Crea-RJ 89685 Usos e qualidade da

água

Helder Rafael Nocko Engenheiro Ambiental/ 86285-Crea-PR

1563032 Geomorfologia e clima

Guilherme Brenner Kraemer

Geógrafo/ 80182-Crea-PR 2081148 Solos

Paulo Fernando Guimarães

Geólogo/ 1918-Crea-DF 561621 Geologia

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Equipe Técnica

Nome Classe/registro profissional

Cadastro Ibama

Função desempenhada

no EIA Assinatura

Estudos do Meio Biótico

Brasil V.D.A. Holsbach Eng. Florestal/ 71535- Crea-PR

217638 Vegetação e flora

Edgard Alfredo Bredow Eng. Florestal/ 71826- Crea-PR 2077332 Vegetação e flora

Luis Fernando Duboc Biólogo / 17163- CRBio-07 199493 Peixes

Márcio Luiz Bittencourt Biólogo/ 03157-CRBio-07 290212

Conservação da biodiversidade – Parque Nacional do Iguaçu

Renato Silveira Bérnils Biólogo / 44150- CRBio-04 511112 Répteis

Vinícius Abilhôa Biólogo / 9978- CRBio-07 57799 Peixes

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Equipe Técnica

Nome Classe/registro profissional

Cadastro Ibama

Função desempenhada

no EIA Assinatura

Estudos do Meio Socioeconômico

Carola Thamm Bióloga / 09263- CRBio- 07 1697689

Coordenação das Oficinas de planejamento participativas (2007)

Jefferson Luiz Tesseroli Silvério Turismólogo 2077993

Turismo / Estudos socioeconômicos / Oficinas de planejamento participativo (2007)

Márcio Policastro da Costa Sociólogo 561647 Pesquisador de campo

Solange Bezerra Caldarelli Arqueóloga 248948

Coordenadora Patrimônio histórico, cultural e arqueológico

Paula Tosin Geógrafa/ 92153- Crea-PR

2078432 Estudos socioeconômicos / Oficinas de planejamento participativo (2007)

Emerson Ravaglio Economista/ 7024- Corecon-PR

2077650 Estudos socioeconômicos

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Nome Classe/registro profissional

Cadastro Ibama

Função desempenhada

no EIA Assinatura

Apoio

Abraão José C. Neto Projetista 561598 Desenhos

Andrea Alcantara Martins Desenhista 561586 Desenhos

Carlos Eugênio Maia Mota Projetista 561617 Desenhos

Fernanda da Rocha Fagundes

Técnico em Geoprocessamento 465508

Geoprocessa-

mento

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IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA CONSULTORA

Elementos de identificação Informações

1. Empresa consultora Sociedade da Água Consultoria Ambiental Ltda.

2. Coordenador da equipe multidisciplinar

2.1 Nome Paulo Cezar Tosin

Fiscal: Rua Santa Rita de Cássia Centro - Quatro Barras/PR - CEP 82010-660

2.2. Endereços Administrativo: Rua Padre Anchieta, 2454, cj 1001 Bigorrilho – Curitiba/PR CEP 80730-000

2.3. e-mail [email protected]

2.4. Telefone/Fax 41 3079-2065

IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR

Elementos de identificação Informações

1. Nome Engevix Engenharia S/A

2. Número do registro legal Inscrição estadual: 115.994.815.116

3. Endereço completo Centro Empresarial Tamboré – 2º andar - Alameda Araguaia 3571, conjunto 2001 – Alphaville Industrial - Barueri/SP, CEP: 06455-000

4. Telefone 11 2106-0100

5. Fax 11 2106-0101

6. Representante legal

6.1 Nome José Antunes Sobrinho

6.2. CPF 157.512. 289- 87

6.3. Endereço R. Tenente Silveira, 94 - 8º andar – centro – Florianópolis/SC, CEP: 88010-300

6.4. e-mail [email protected]

6.5. Telefone/Fax 48 2107-0300 / 48 2107-0496

7. Pessoa de contato

7.1 Nome Santo Bertin Neto

7.2 CPF 392.508.498-34

7.3 Endereço Setor Com. Norte Quadra 4 Bl. B sala 1301 Pétala D - Brasília – DF

CEP: 70 714-000

7.4 e-mail [email protected]

7.5 Telefone/Fax 61 2109-0710 / 61 2109-0702

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Ministério do Meio Ambiente Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

CADASTRO TÉCNICO FEDERAL CERTIFICADO DE REGULARIDADE

Nº. de Cadastro:

338739

CPF/CNPJ:

03.681.983/0001-67

Emitido em:

26/11/2007

Válido até:

26/02/2008

Nome/Razão Social/Endereço Sociedade da Água Consultoria Ambiental Ltda Rua Santa Rita de Cássia Centro QUATRO BARRAS/PR 82010-660

Este certificado comprova a regularidade no

CADASTRO DE INSTRUMENTOS DE DEFESA AMBIENTAL

CONSULTORIA TÉCNICA AMBIENTAL - Classe 6.0

Gestão Ambiental

Observações: 1 - Este certificado não habilita o interessado ao exercício da(s) atividade(s) descrita(s), sendo necessário, conforme o caso de obtenção de licença, permissão ou autorização específica após análise técnica do IBAMA, do programa ou projeto correspondente: 2 - No caso de encerramento de qualquer atividade específicada neste certificado, o interessado deverá comunicar ao IBAMA,obrigatoriamente, no prazo de 30 (trinta) dias, a ocorrência para atualização do sistema. 3 - Este certificado não substitui a necessária licença ambiental emitida pelo órgão competente. 4 - Este certificado não habilita o transporte de produtos ou subprodutos florestais e faunísticos.

A inclusão de Pessoas Físicas e Jurídicas no Cadastro Técnico Federal não implicará por parte do IBAMA e perante terceiros, em certificação de qualidade, nem juízo de valor de qualquer espécie.

Autenticação

z6ze.1x2b.whxk.wumc

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Sociedade da Água Consultoria Ambiental Ltda. UHE Baixo Iguaçu

Estudo de Impacto Ambiental - EIA

Capítulo I – Introdução

Curitiba, abril de 2008

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Sumário p.

1 - O processo de licenciamento e a elaboração do EIA ............................................................3

2 - A composição do EIA...............................................................................................................6

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Capítulo - I – Introdução

1 - O processo de licenciamento e a elaboração do EIA

Este documento apresenta o EIA – Estudo de Impacto Ambiental do empreendimento Usina Hidrelétrica (UHE) Baixo Iguaçu, projetada para ser construída no rio Iguaçu, em território dos municípios paranaenses de Capanema, Capitão Leônidas Marques, Nova Prata do Iguaçu, Planalto e Realeza.

O EIA subsidia o órgão ambiental no processo de licenciamento ambiental, quando da fase de avaliação da concessão da Licença Prévia - LP. A figura 1.1 do capítulo 4 descreve as distintas fases que compõem este processo. Os estudos aqui apresentados seguem as diretrizes preconizadas na legislação ambiental brasileira, especialmente as Resoluções do Conama n° 01/86 e n° 237/97, bem como as especificações da legislação ambiental do Estado do Paraná contidas, sobretudo, na Resolução Sema n° 031/98.

Na seqüência são descritas as etapas dos estudos ambientais e de engenharia, bem como do processo de licenciamento ambiental da UHE Baixo Iguaçu.

1 - Inventário hidrelétrico: o empreendimento proposto é o resultado da revisão do inventário hidrelétrico do baixo rio Iguaçu, elaborado pela empresa Desenvix S/A, e aprovado pela Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica, em novembro de 2003. Ressalta-se que os estudos de inventário foram elaborados de acordo com o manual da Eletrobrás, de 1997, cuja ênfase maior é a inclusão das questões ambientais nas escolhas e propostas de empreendimentos em bacias hidrográficas inventariadas.

Assim sendo, uma das premissas básicas que balizaram a concepção da UHE Baixo Iguaçu no âmbito do processo de revisão do inventário hidrelétrico foi a de minimização dos efeitos ambientais adversos.

2 – Estudos de viabilidade ambiental: a Desenvix, como empreendedor autorizado pela Aneel, delegou à empresa de consultoria Engevix S/A a realização do EIA - Estudo de Impacto Ambiental, que orienta o órgão ambiental na avaliação da viabilidade ambiental do projeto. Com base nos diagnósticos dos meios físico, biótico e socioeconômico/cultural da região onde está previsto o empreendimento, a equipe técnica identificou com maior precisão, os impactos ambientais correlacionados ao planejamento, construção e funcionamento da UHE Baixo Iguaçu, e sugeriu os planos e programas para sua mitigação e compensação.

Cabe ressaltar que o EIA foi elaborado em duas fases, sendo que a primeira foi realizada em 2004, pela empresa Engevix S/A. Naquele momento, foi constituída uma equipe técnica multidisciplinar (listada no Anexo I deste EIA), a qual foi responsável por levantar e sistematizar as informações que, de acordo com o rito legal e a metodologia técnica especializada, compõe um EIA/Rima, a exemplo: diagnóstico socioambiental, alternativas locacionais e tecnológicas, prognóstico e análise integrada, rol dos impactos ambientais e relação dos planos e programas para mitigação e compensação destes impactos.

A seguir são relatados marcos importantes para o entendimento da seqüência cronológica relacionada ao processo de licenciamento ambiental da UHE Baixo Iguaçu:

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� Em 31 de maio de 2004 a Engevix S/A é comunicada através do Ofício Nº 453/2004-DILIC/IBAMA/DF do entendimento do IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis que a competência do licenciamento ambiental da UHE Baixo Iguaçu é do IAP – Instituto Ambiental do Paraná, cabendo ao IBAMA se pronunciar quanto às interferências com o Parque Nacional do Iguaçu.

� Em 23 de junho de 2004 a Engevix S/A encaminha ao IAP cópia do Ofício Nº

453/2004-DILIC/IBAMA/DF.

� Em 12 de novembro de 2004 o empreendedor Desenvix S/A requereu junto ao IAP o licenciamento ambiental Licença Prévia da UHE Baixo Iguaçu.

� Em 08 de novembro de 2005 o IAP emite o Relatório Técnico Nº

001/2005/IAP/DIRAM/DLE que trata da Análise Preliminar do EIA/Rima da UHE Baixo Iguaçu efetuada pela Comissão Técnica Multidisciplinar de Análise constituída pela Portaria 070/2005/IAP/GP.

� Em 25 de novembro de 2005 a Justiça Federal através da Vara Federal de

Francisco Beltrão (PR) com Juizado Especial Federal Cível e Criminal Adjunto, tendo em vista Medida Cautelar ajuizada pela ONG Terra de Direito, concede liminar determinando o cancelamento das Audiências Públicas que seriam realizadas nos dias 26 e 27 de novembro de 2005. O despacho judicial fundamenta-se no supracitado relatório técnico do IAP, bem como considera que a competência do licenciamento é do IBAMA, “já que o Parque Nacional do Iguaçu seria potencialmente afetado pelo empreendimento”.

� Em 06 de janeiro de 2006 o IBAMA-DF através da Diretoria de Ecossistemas emite

o relatório denominado Informação Técnica Nº 02 NCA/DIREC que tem como objetivo subsidiar tomada de decisão quanto à concessão de anuência ao empreendimento UHE Baixo Iguaçu tendo em vista sua influência sobre o Parque Nacional do Iguaçu (PNI).

� Em 12 de junho de 2006, o Despacho ANEEL n° 1.274 repassa a titularidade do

Processo n° 48500.004281/03-91 referente aos Estudos de Viabilidade da UHE Baixo Iguaçu, da Desenvix S/A para a Engevix Engenharia S/A, sendo que a partir da supracitada data, todos os atos referentes ao processo devem sair em nome da segunda empresa.

Considerando o mérito e a cronologia dos marcos apresentados, para que os procedimentos do licenciamento ambiental do empreendimento UHE Baixo Iguaçu fossem reiniciados, fez-se necessário o enfrentamento das seguintes questões:

� Definição da questão da competência para licenciar o empreendimento; � Adequação do EIA/Rima visando ao atendimento ao contido na Informação

Técnica Nº 02 NCA/DIREC e no Relatório Técnico Nº 001/2005/IAP/DIRAM/DLE.

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I - 5

Desta forma, em 2007, deu-se início a um novo processo de licenciamento ambiental, conduzido pela empresa Sociedade da Água Consultoria Ambiental Ltda. que, nesta segunda fase, assumiu os trabalhos de revisão, atualização e complementação dos documentos produzidos em 2004, adequando-os à atualidade. Para tanto, a Sociedade da Água constituiu uma equipe multidisciplinar própria, a qual mesclou tanto técnicos que integraram a fase de 2004, quanto outros que não estiveram envolvidos naquela fase, mas que possuem conhecimento e experiência reconhecidos (vide a relação da equipe técnica no Capítulo I – Apresentação deste EIA).

Este trabalho de atualização e complementação do EIA/RIMA, realizado pela Sociedade da Água, foi pautado pelo critério da disponibilidade e necessidade das informações. Ou seja, após rigorosa e criteriosa revisão de todo o conteúdo do EIA/RIMA elaborado em 2004 pela Engevix S/A, foram realizadas atualizações e/ou complementações atinentes ao período de três anos (2004 a 2007) decorridos entre a primeira e a segunda fase de elaboração deste documento.

Neste contexto, foram atualizados os dados regionais e locais referentes aos direitos garantidos pela Constituição - saúde, educação e segurança, assim como informações condizentes as infra-estruturas de energia elétrica, telecomunicações e viária. Por outro lado, alguns aspectos do documento permaneceram intocados em face de ausência da produção de novas informações técnicas no período. Neste caso, se enquadra todo o rol de estatísticas correlacionadas aos censos demográficos e o de saneamento básico, ambos os documentos elaborados pela FIBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no ano de 2000 e cuja atualização somente será realizada por este órgão em 2010.

Adicionalmente, algumas informações coletadas foram submetidas à análise para determinar se a produção e a apresentação de determinados dados mais atualizados seriam relevantes para subsidiar o órgão ambiental no processo de avaliação da viabilidade ambiental do empreendimento. É o caso, por exemplo, das informações referentes ao clima regional (precipitação, temperatura, umidade, etc.) e a atualização do número de concessões de outorgas do uso da água efetuadas no período, pela Suderhsa - Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, as quais não representam alterações estatísticas relevantes nas tabelas, quadros e gráficos apresentados no Capítulo VII deste EIA.

Os trabalhos desenvolvidos pela Sociedade da Água para a atualização e complementação do EIA tiveram por arcabouço básico a utilização das informações e documentos produzidos em 2004. A partir daí, a equipe técnica desta empresa efetuou, quando julgado necessário e pertinente, alterações, inserções e exclusões nos textos originais de forma a atualizá-los. Citam-se, como exemplo, a identificação e a inserção no respectivo capítulo do EIA de novos impactos ambientais a serem produzidos quando da implantação do empreendimento. Igualmente, foi reavaliada a redação de determinados impactos em função das significativas modificações que a Engevix efetuou no projeto de engenharia, em 2007, visando atender as orientações contidas na Informação Técnica Nº 02 NCA/DIREC e no Relatório Técnico Nº. 001/2005/IAP/DIRAM/DLE. No item abaixo, descreve-se não somente o conteúdo de cada capítulo do EIA, como também são citadas as principais atualizações e complementações realizadas pela equipe da Sociedade da Água em relação ao documento de 2004.

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2 - A composição do EIA

Este documento está organizado em IX volumes, sendo que os volumes I ao VIII contém os textos, tabelas e figuras e o volume IX apresenta os desenhos produzidos para ilustração e representação das informações.

O estudo é composto por uma Apresentação, onde são relacionados os integrantes da equipe multidisciplinar responsável pelos estudos, e 15 capítulos.

� Como já mencionado, a apresentação relaciona o nome e demais dados da equipe técnica multidisciplinar contratada pela Sociedade da Água para execução da fase II do EIA/Rima (2007), sendo que no Anexo I do Volume I são apresentados os dados similares referentes à fase I (2004).

Deste capítulo I até o capítulo IV, são apresentadas as características do empreendimento e seu responsável (abaixo as alterações produzidas pela Sociedade da Água).

� Capítulo II – Identificação do empreendedor: a Sociedade da Água atualizou os dados da tabela referentes ao novo empreendedor (Engevix).

� Capítulo III – Caracterização do empreendimento: inseridas as alterações no texto do capítulo visando descrever o novo arranjo para o projeto de engenharia elaborado pela Engevix, em 2007, para atender os pareceres do IBAMA e IAP quanto a minimizar os impactos das obras da construção da barragem sobre o Parque Nacional do Iguaçu (PNI). Inserida a nova Ficha Resumo do empreendimento.

� Efetuadas amplas atualizações nos textos, gráficos, tabelas e quadros referentes ao novo PDEE - Plano Decenal de Expansão de Energia (2006-2015), em substituição ao de 2003-2012.

� Capítulo IV – Alternativas Tecnológicas e Locacionais: no item 3.2.2 - Alternativas de arranjo para o eixo selecionado, foi incorporado comentários sobre a alternativa três de Arranjo Geral das Obras. Também inseridos comentários sobre a alternativa quatro (atual) e respectiva figura ilustrativa. Atualizadas algumas tabelas e figuras.

� No item alternativas tecnológicas foram efetuadas inserções sobre recentes estudos com previsão de novas crises de abastecimento de energia, bem como atualizações sobre o atual cenário para alternativas de produção de energia: setor nuclear, biocombustíveis, etc.

Os capítulos V a IX contêm a metodologia geral do estudo, os planos e programas co-localizados e legislação ambiental, e os diagnósticos dos meios físico, biótico e socioeconômico.

� No Capítulo V – Metodologia Geral, item 1.3 – oficinas participativas: foi mencionada a metodologia e os métodos adotados para a realização da II Oficina de Planejamento Participativo, em 2007. Cabe ressaltar que no anexo II do Capítulo IX é apresentado um relatório detalhado dos produtos e resultados desta nova oficina.

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� No Capítulo VI – Planos e programas co-localizados e legislação ambiental: foram atualizadas menções sobre o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

� Inserido novo item sobre o PAC - Plano de Aceleração do Crescimento e a menção de que este contempla, no Paraná, a construção da UHE Baixo Iguaçu.

� Menção ao Programa para Conservação da Biodiversidade nos Sítios do Patrimônio Mundial Natural do Brasil.

� Inserção de nota sobre a nova Política de Desenvolvimento Econômico do Estado – PDE.

� Detalhamento dos programas estaduais “Paraná 12 Meses”, “Programa Mata Ciliar” e “Paraná Biodiversidade”.

� Atualização dos dados que se referem aos planos e programas municipais co-localizados.

� Foi atualizado o quadro da legislação incidente correlata ao empreendimento. Mencionada a MP nº 366/2007 e a Lei nº 11.516/2007 que divide o IBAMA e cria o Instituto Chico Mendes de Conservação Ambiental.

� Capítulo VII – Diagnóstico do meio físico: nos itens 2.2.3 e 3.4 – Solos, foram atualizados os textos com as classes de solos, segundo a nova metodologia produzida por Embrapa (2005). No volume IX apresenta-se o respectivo mapa de solos.

� Atualizadas tabelas e gráficos, quando pertinentes, especialmente nos itens 2.3, 3.1 e 3.5.

� Atualizados em parte os itens 3.2.7 (Recursos minerais) e os quadros 3.30 a 3.32. � No item 3.5 – Recursos hídricos, qualidade e usos das águas, foram substituídas

as menções à antiga Resolução 020/86 do CONAMA pela atual Resolução 357/05. � Com relação ao Capítulo VIII – Diagnóstico do meio biótico: na parte do diagnóstico

da flora foi acrescido o anexo XIII, em que se apresenta a descrição dos resultados de nova incursão de campo efetuada por técnicos da Sociedade da Água. Tal ação decorre de atendimento ao parecer do IAP que apontou a necessidade de novos levantamentos florísticos na área de influência direta do futuro reservatório, de forma a verificar a existência de ecótono entre floresta estacional semidecidual e a floresta ombrófila mista.

� Ainda em relação ao Capítulo VIII – Diagnóstico do meio biótico, atualizadas as informações referentes à implantação de novas unidades de conservação na região do empreendimento, bem como atualização dos seus enquadramentos em categorias visando atender a legislação do SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

� Atualizadas as informações no item 6.1.2 – Pressões sobre o Parque Nacional do Iguaçu (PNI).

� Capítulo IX – Diagnóstico do meio socioeconômico/cultural: este foi um dos capítulos com o maior número de ações de atualização e complementação nos textos de 2004. Foram substituídas (atualizadas) ou complementadas várias figuras, tabelas e quadros.

� Realizadas atualizações quanto à Oficina de Planejamento Participativa de 2007. � Inserido, como complementação, o item 3.6.6 - Programa de Desenvolvimento do

Turismo Sustentável no Entorno do Parque Nacional do Iguaçu. � Produção do Anexo II do Capítulo IX, contendo o relatório com produtos e

resultados das Oficinas de Planejamento Participativo realizadas em 2007.

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No capítulo X é feita uma análise integrada dos elementos diagnosticados e suas várias interrelações.

� Realizada a atualização dos dados relacionados ao PDEE 2006-2015.

O Capítulo XI apresenta a identificação e a avaliação dos impactos ambientais da UHE Baixo Iguaçu.

� A equipe da Sociedade da Água efetuou uma revisão dos impactos ambientais constantes nesse capítulo.

� Inserção de quatro novos impactos, segundo critérios da equipe atual; bem como a descrição dos benefícios advindos da implantação da APP de 100 m ao redor do futuro reservatório.

� Adequação da Matriz de Impactos. � Atualização dos dados relacionados ao PDEE 2006-2015, mencionados no item

2.3.3 - Identificação das políticas, planos e programas – PPPs.

Em seguida, no capítulo XII são relacionados e descritos os programas ambientais propostos para a mitigação, compensação e monitoramento dos impactos identificados.

� De forma complementar aos programas relacionados neste capítulo, a Sociedade da Água elaborou outros três programas: Consolidação do corredor da biodiversidade Baixo Iguaçu, Apoio à elaboração das Agendas 21 Locais e Onça-pintada: consolidando ações de monitoramento e educação ambiental. Além disso, foram detalhados os seguintes programas já existentes: de recuperação de áreas degradadas, de estudos para conservação da flora, de desenvolvimento turístico, lazer e recreação, de Educação Ambiental, de saúde (monitoramento de insetos vetores), de gerenciamento ambiental.

No capítulo XIII é realizada a apresentação dos programas do Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu e sua correlação com os planos e programas deste EIA.

� Este é um novo capítulo, totalmente produzido por técnicos da Sociedade da Água.

Por sua vez, o capítulo XIV apresenta a análise do prognóstico ambiental, considerando todos os estudos efetuados e a avaliação da região com os cenários de implantação e não-implantação da UHE Baixo Iguaçu.

Por fim, é apresentado o capítulo XV – Glossário, com a relação dos termos usados neste documento que são de necessária compreensão para o contexto em que foram usados.

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Anexo 1 – Lista da equipe técnica participante do EIA/RIMA elaborado em 2004.

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Sociedade da Água Consultoria Ambiental Ltda. UHE Baixo Iguaçu

Estudo de Impacto Ambiental - EIA

Capítulo II – Identificação do empreendedor

Curitiba, abril de 2008

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II - 2

Sumário p.

1 - Identificação do empreendedor ..............................................................................................3

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II - 3

Capítulo - II – Identificação do empreendedor

1 - Identificação do empreendedor

A Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, de acordo com a legislação pertinente às concessões de serviços públicos (Lei nº 8987/95) será submetida à licitação pública que irá indicar a empresa ou grupo de empresas responsáveis por sua construção e exploração. A Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica autorizou a empresa Desenvix S/A a elaborar os estudos de viabilidade, sob o processo nº 48500.004281/03. Por sua vez, a empresa Engevix S/A elaborou, em 2004, o Estudo de Impacto Ambiental – EIA e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental – Rima.

O Despacho ANEEL n° 1.274 de 12 de junho de 2006 anui a alteração de titularidade do Processo n° 48500.004281/03-91 referente aos Estudos de Viabilidade da UHE Baixo Iguaçu, da Desenvix S/A para a Engevix Engenharia S/A, sendo que a partir da supracitada data, todos os atos referentes ao processo devam sair em nome da segunda empresa.

As informações para identificação da Engenvix S/A são apresentadas a seguir.

Quadro 1-1 Identificação da Engevix Engenharia S/A

Elementos de identificação Informações

1. Nome Engevix Engenharia S/A

2. Número do registro legal Inscrição estadual: 115.994.815.116

3. Endereço completo Centro Empresarial Tamboré – 2º andar - Alameda Araguaia 3571, conjunto 2001 – Alphaville Industrial - Barueri/SP, CEP: 06455-000

4. Telefone 11 2106-0100

5. Fax 11 2106-0101

6. Representante legal

6.1 Nome José Antunes Sobrinho

6.2. CPF 157.512.289-87

6.3. Endereço R. Tenente Silveira, 94 - 8º andar – centro – Florianópolis/SC, CEP: 88010-300

6.4. e-mail [email protected]

6.5. Telefone/Fax 48 2107-0300 / 48 2107-0496

7. Pessoa de contato

7.1 Nome Santo Bertin Neto

7.2 CPF 392.508.498.34

7.3 Endereço Setor Com. Norte Quadra 4 Bl. B sala 1301 Pétala D - Brasília – DF

CEP: 70714-000

7.4 e-mail [email protected]

7.5 Telefone/Fax 61 2109 0710 / 61 2109 0702

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Sociedade da Água Consultoria Ambiental Ltda. UHE Baixo Iguaçu

Estudo de Impacto Ambiental - EIA Capitulo III – Caracterização do empreendimento

Curitiba, abril de 2008

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III – 2

Sumário p.

1 - Localização e acesso...............................................................................................................3

2 - Objetivo.....................................................................................................................................3

3 - Dados técnicos.........................................................................................................................3

3.1 - Descrição geral do empreendimento..................................................................................4

3.2 - Ficha resumo .....................................................................................................................5

3.3 - Reservatório.......................................................................................................................8

3.4 - Seqüência construtiva ........................................................................................................9

3.4.1 - Primeira fase de construção..................................................................................10

3.4.2 - Segunda fase de construção.................................................................................10

3.4.3 - Marcos principais ..................................................................................................11

4 - Infra-estrutura de apoio à obra..............................................................................................13

5 - Empreendimentos associados e decorrentes......................................................................14

6 - Justificativas para o empreendimento .................................................................................14

6.1 - Considerações iniciais......................................................................................................14

6.2 - O mercado de energia elétrica - evolução do consumo....................................................16

6.3 - Necessidade de energia elétrica e características do parque gerador..............................27

6.4 - Principais opções para a expansão da oferta...................................................................29

6.4.1 - Potencial hidrelétrico regionalizado e por estágio de desenvolvimento dos estudos.............................................................................................................................29

6.4.2 - Bases para a expansão da oferta..........................................................................33

6.5 - Justificativa técnico-econômicas ......................................................................................43

6.6 - Justificativas socioambientais ..........................................................................................44

7 - Referências bibliográficas.....................................................................................................47

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III – 3

Capítulo - III - Caracterização do empreendimento

1 - Localização e acesso

A UHE Baixo Iguaçu é o último aproveitamento hidrelétrico em cascata previsto para o rio Iguaçu, afluente do rio Paraná, com localização a jusante da UHE Salto Caxias, nas coordenadas 25º 30’ de latitude sul e 53º 40’ de longitude oeste.

O eixo do barramento situa-se no Estado do Paraná, a 174 km da foz do rio Iguaçu, imediatamente a montante da confluência do rio Gonçalves Dias e do limite do Parque Nacional do Iguaçu, entre os municípios de Capanema, na margem esquerda, e Capitão Leônidas Marques, na margem direita.

O acesso rodoviário ao local do empreendimento, a partir de Foz do Iguaçu, é feito pela BR-277, por cerca de 120 km, até pouco antes de chegar em Cascavel, e então pela estrada PR-182/163, seguindo por 57 km até o município de Capitão Leônidas Marques. Outra opção é sair de Curitiba também pela BR-277 até Cascavel, porém este trecho corresponde a aproximadamente 500 km.

A localização do empreendimento e a malha rodoviária da região estão representadas no desenho UHEBI-GER-LOC-001.

O acesso aéreo à região é feito pelo Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu.

2 - Objetivo

O objetivo da UHE Baixo Iguaçu é a geração de energia elétrica, com uma potência instalada de 350 MW, para integração ao Sistema Interligado Nacional - SIN.

3 - Dados técnicos

A UHE Baixo Iguaçu é um empreendimento hidrelétrico com arranjo geral clássico, de derivação curta, e é composto das seguintes estruturas:

- Circuito de adução e geração (canal de adução, conjuntos tomada d´água/casa de força e canal de fuga) e área de montagem, na margem esquerda;

- Vertedouro, posicionado no leito do rio junto à margem esquerda;

- Barragem de enrocamento, na margem direita;

Trata-se de um empreendimento a fio d’água, com nível d’água normal do reservatório na elevação 259,00 m e queda de 17,4 m.

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III – 4

3.1 - Descrição geral do empreendimento

A crista da barragem de enrocamento está posicionada na elevação 263,00 m, com borda-livre de 4,0 m em relação ao nível d´água máximo normal. A seção da barragem de enrocamento é do tipo tradicional, com núcleo central impermeável de solo compactado.

O vertedouro é do tipo de superfície e foi posicionado no leito do rio. A estrutura, dimensionada para a vazão máxima provável de 53.585 m3/s, tem 20 comportas segmento, com 20,00 m de largura por 17,60 m de altura. A dissipação de energia, em ressalto hidráulico, será feita em uma bacia, com laje na elevação 241,60 m e comprimento de 72,0 m.

O canal de adução na margem esquerda está dimensionado para a vazão máxima a ser turbinada, da ordem de 2.355 m3/s. O canal, com 100 m de largura por cerca de 300 m de comprimento, é todo escavado em rocha.

O conjunto tomada d’água/casa de força, uma solução clássica, é formado por três blocos monolíticos de concreto, em seção tipo gravidade, cada um com largura de 35,00 m. A casa de força abriga três unidades hidrogeradoras do tipo Kaplan de eixo vertical, com potência unitária de 119,29 MW. A capacidade total instalada é de 350 MW. Cada bloco tem 35,00 m da largura por 77,62 m de comprimento. A altura máxima sobre a fundação é de 70 m.

O canal de fuga, com extensão de cerca de 300 m, é todo escavado em rocha, apresentando ainda um trecho com escavação no leito do rio de modo a garantir condições hidráulicas adequadas de restituição do fluxo ao canal natural.

A área de montagem, com 44 m de largura, está posicionada no bloco lateral da casa de força na elevação 251,40 m. A área de descarga dos equipamentos foi posicionada no mesmo bloco, na elevação 258,50 m.

A subestação da usina, de 230 kV, tem dimensões de 81 m x 114 m, e está posicionada ao lado do canal de fuga.

O desenho UHEBI-GER-ARR-003 mostra o arranjo geral do empreendimento.

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III – 5

3.2 - Ficha resumo

A seguir é apresentada um extrato da ficha resumo com as principais características técnicas da usina.

FICHA-RESUMO – ESTUDOS DE VIABILIDADE E PROJETO BÁSICO NOME DA USINA: BAIXO IGUAÇU DATA: Out./2004

ETAPA: ESTUDO DE VIABILIDADE Potência (MW): 350

NOME DO INTERESSADO: DESENVIX S. A .

CONTATO: José Antunes Sobrinho / [email protected] TEL.: (48) 2107-0304

1. LOCALIZAÇÃO

RIO: IGUAÇU BACIA: 6 SUB-BACIA: 65

DIST. DA FOZ: 174Km MUNICÍPIOS: ME: Capanema UF: PR

COORDENADAS GEOGRÁFICAS: (BARRAGEM) MD: Capitão Leônidas Marques UF: PR

BARRAGEM: LATITUDE: 25º 30' 12” LONGITUDE: 53º 40' 18” MUNICÍPIO

CASA DE FORÇA: LATITUDE: 25º 30' 29 LONGITUDE: 53º 40' 43” (C.DE FORÇA) Capanema UF: PR

2. CARTOGRAFIA / TOPOGRAFIA

PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA: ZONA: 22/23DATUM: SAD 69 DATUM LOCAL: -

CARTAS E PLANTAS TOPOGRÁFICAS: DATA: 1980ESCALA: 1:250.000 FONTE: DSG

ESCALA: 1:15.000 FONTE: AEROMAPA FOTOS AÉREAS: DATA: 28/04/2004

ESCALA: 1:8.000 FONTE: AEROMAPA

1:5.000 FONTE: AEROMAPA RESTITUIÇÃO AEROFOTOGRAMÉTRICA: ESCALA:

1:2.000 FONTE: AEROMAPA

3. HIDROMETEOROLOGIA

POSTOS FLUVIOMÉTRICOS DE REFERÊNCIA:

CÓD.: 65035000 NOME: Porto Amazonas RIO: Iguaçu AD: 3662 km²

CÓD.: 65060000 NOME: São Mateus do Sul RIO: Iguaçu AD: 6065 km²

CÓD.: 65310000 NOME: União da Vitória RIO: Iguaçu AD: 24211 km²

CÓD.: 65895002 NOME: Salto Osório Jusante UHE RIO: Iguaçu AD: 45824 km²

CÓD.: 65985000 NOME: Estreito do Iguaçu RIO: Iguaçu AD: 62236 km²

CÓD.: 65986000 NOME: Estreito do Iguaçu Novo RIO: Iguaçu AD: 63236 km²

CÓD.: 65993000 NOME: Salto Cataratas RIO: Iguaçu AD: 67317 km²

VAZÕES MÉDIAS MENSAIS (m3/s) – PERÍODO: JAN/1931 A DEZ/2001

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

1209 1385 1197 1096 1394 1677 1654 1344 1571 2059 1534 1205

EVAPOR. MÉDIA MENSAL (mm)

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

160 154 162 136 118 96 72 64 72 86 100 131

PREC. MÉDIA ANUAL: 1.850 mm VAZÃO MLT – PERÍODO: (JAN/1931 A DEZ/2001) 1.444 m³/s

EVAP. MÉDIA ANUAL: 1.348 mm VAZÃO PERÍODO CRÍTICO (JUN/1949 A NOV/1956) 1.199 m³/s

EVAP. MÉDIA MENSAL: 112 mm VAZÃO MÁX. REGISTRADA 29.969 m³/s

ÁREA DE DRENAGEM: 61.580 km² VAZÃO MÍN. REGISTRADA 143 m³/s

VAZÃO Q 7,10 177 m³/s

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III – 6

4. RESERVATÓRIO

CARACTERÍSTICAS GERAIS NA NORMAL de JUSANTE: 241,98 m

VIDA ÚTIL DO RESERVATÓRIO: > 1000 Anos NA MÁX. de JUSANTE: 255,76 m

PERÍMETRO: 225 Km CRISTA DA BARRAGEM: 263,00 m

PROFUNDIDADE MÉDIA: 13,60 M ALTURA DA BARRAGEM: 22,00 m

PROFUNDIDADE MÁXIMA: 26,00 M VOLUMES

TEMPO DE FORMAÇÃO: 4,0 Dias No NA MÁX. NORMAL: 211,92 x106 m³

TEMPO DE RESIDÊNCIA: 1,7 Dias No NA MÍN. NORMAL: 183,00 x106 m³

NÍVEIS ÁREA INUNDADA TOTAL

NA MÁX. NORMAL: 259,00 M NA MÁX. NORMAL: 31,63 km²

NA MÁX. MAXIMORUM: 260,60 M NA MÁX. MAXIMORUM: 35,36 km²

NA MÍN. NORMAL: 258,00 M NA MÍN. NORMAL: 31,63 km²

ÁREAS INUNDADAS POR MUNICÍPIO (em ha) - NA MÁX NORMAL

MUNICÍPIOS UF SEM A CALHA DO RIO

Capanema PR 452,4

Capitão Leônidas Marques PR 555,8

Planalto PR 6,18

Realeza PR 340,7

Nova Prata do Iguaçu PR 3,87

5. TURBINAS

TIPO: Kaplan QUEDA DE REFERÊNCIA: 16,58 m

NÚMERO DE UNIDADES: 3 - VAZÃO NOMINAL UNITÁRIA: 785,26 m³/s

POTÊNCIA UNITÁRIA NOMINAL: 119,29 MW RENDIMENTO MÁXIMO: 93,9 %

ROTAÇÃO SÍNCRONA: 69,23 r.p.m. PESO TOTAL POR UNIDADE: 1.900 kN

6. GERADORES

POTÊNCIA UNITÁRIA NOMINAL: 129,7 MVA RENDIMENTO MÁXIMO: 97,8 %

TENSÃO NOMINAL: 13,8 kV PESO DO ROTOR: 6.460 kN

FATOR DE POTÊNCIA: 0,90 -

7. INSTALAÇÕES DE TRANSMISSÃO DE INTERESSE RESTRITO À CENTRAL GERADORA

SUBESTAÇÃO ELEVATÓRIA - DADOS DO TRANSFORMADOR SUBESTAÇÃO DE INTERLIGAÇÃO

NÚMERO DE UNIDADES: 3 - A CONSTRUIR ? (sim ou não): Não

POTÊNCIA UNITÁRIA NOMINAL: 130 MVA NOME: Cascavel Oeste

TENSÃO ENR. PRIM.: 230 KV CONCESSIONÁRIA: -

TENSÃO ENR. SEC.: 13,8 KV NÚMERO DE UNIDADES: -

LINHA DE TRANSMISSÃO POTÊNCIA UNITÁRIA NOMINAL: - kVA

EXTENSÃO: 60 Km TENSÃO ENR. PRIM.: - kV

TENSÃO: 230 KV TENSÃO ENR. SEC.: - kV

CIRCUITO (Simples ou Duplo): Simples

8. ESTUDOS ENERGÉTICOS

QUEDA BRUTA: 17,40 M RENDIMENTO DO CONJ. TURBINA/GERADOR: 90 %

PERDA HIDRÁULICA: 2 % VAZÃO REMANESCENTE: - m³/s

FATOR DE INDISP. FORÇADA: 2,533 % ENERGIA GERADA: 189,48 MW médios

FATOR DE INDISP. PROGRAMADA: 8,091 % ENERGIA FIRME: 167,89 MW médios

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III – 7

9. IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS

POPULAÇÃO ATINGIDA (N° HABITANTES): FAMÍLIAS ATINGIDAS:

URBANA: 30URBANA: 12

RURAL: 1.292RURAL: 347

TOTAL: 1.322TOTAL: 359

QUANTIDADE DE NÚCLEOS URBANOS ATINGIDOS: 1 (Marmelândia)

INTERFERÊNCIA EM ÁREAS LEGALMENTE PROTEGIDAS ? (sim ou não) Não

INTERFERÊNCIA EM ÁREAS INDÍGENAS ? (sim ou não) não TRIBO (S): -

RELOCAÇÃO DE ESTRADAS ? (sim ou não) não EXTENSÃO: - Km

RELOCAÇÃO DE PONTES ? (sim ou não) sim EXTENSÃO: 0,1Km

EMPREGOS GERADOS DURANTE A CONSTRUÇÃO:

DIRETOS: 1.800 INDIRETOS: 3.600

10. CRONOGRAMA - PRINCIPAIS FASES

INÍCIO DAS OBRAS ATÉ O DESVIO: 15meses TOTAL: 44meses

DESVIO ATÉ O FECHAMENTO/ GERAÇÃO (1ª UNID.): 23meses MONTAGEM ELETROMECÂNICA (1° UNID.): 32meses

OPERAÇÃO PRIMEIRA UNIDADE: 38meses

DADOS DE ARRANJO

11. DESVIO

1ª. FASE ÓRGÃO DE DESCARGA: CANAL DO RIO ESTRANGULADO PELA

ENSECADEIRAESCAVAÇÃO COMUM: 0 m³

VAZÃO DE DESVIO: (TR = 25 ANOS) 20.497 m³/s ESCAVAÇÃO EM ROCHA A CÉU ABERTO: 0 m³

2ª. FASE ENSECADEIRA 1ª. FASE (ETAPA A): 350.000 m³ ÓRGÃO DE DESCARGA: VERTEDOURO ENSECADEIRA 1ª. FASE (ETAPA B): 455.000 m³

VAZÃO DE DESVIO: (TR = 50 ANOS) 23.873 m³/s ENSECADEIRA 2ª. FASE (VEDAÇÃO): 136.000 m³

12. BARRAGEM

TIPO DE ESTRUTURA / MATERIAL: Enrocamento FILTROS E TRANSIÇÕES: 67.0000 m³

COMPRIMENTO TOTAL DA CRISTA: 516 m NÚCLEO DE ARGILA: 128.000 m³

ESCAVAÇÃO COMUM: 235.000 m³ CONCRETO COMPACTADO A ROLO - CCR: m³

ENROCAMENTO 610.000 m³ VOLUME TOTAL: 805.000 m³

13. DIQUES

TIPO DE ESTRUTURA / MATERIAL: - ATERRO COMPACTADO: - m³

COMPRIMENTO TOTAL DA(S) CRISTA(S):

- m FILTROS E TRANSIÇÕES: - m³

ALTURA MÁXIMA: - m CONCRETO CONVENCIONAL: - m³

COTA DA CRISTA: - m CONCRETO COMPACTADO A ROLO - CCR: - m³

ENROCAMENTO: - m³ VOLUME TOTAL: - m³

14. VERTEDOURO

TIPO: CONCRETO (CONVENCIONAL): 255.000m³

VAZÃO DE PROJETO: VMP 53.585 M³/s COMPORTAS:

COTA DA SOLEIRA: 241,60 M TIPO: Segmento

COMPRIMENTO TOTAL: 480 M ACIONAMENTO: Hidráulico

NÚMERO DE VÃOS: 20 - LARGURA: 20,0 m

LARGURA DO VÃO: 20 M ALTURA: 17,6 m

ESCAVAÇÃO COMUM: 335.000 M³

ESCAVAÇÃO EM ROCHA A CÉU ABERTO: 795.000 M³

ESCAVAÇÃO EM ROCHA A SUBTERRÂNEA: - M³

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15. SISTEMA ADUTOR

CANAL DE ADUÇÃO: TOMADA D’ÁGUA:

COMPRIMENTO: 300 M TIPO: Gravidade

LARGURA / SEÇÃO: 100/1010 m / m2 COMPRIMENTO TOTAL: - m

ESCAVAÇÃO COMUM: 286.000 m³ NÚMERO DE VÃOS: 3 -

ESCAVAÇÃO EM ROCHA A CÉU ABERTO: 1.090.000 m³ ESCAVAÇÃO COMUM: - m³

ESCAVAÇÃO EM ROCHA SUBTERRÂNEA: - m³ ESCAVAÇÃO EM ROCHA A CÉU ABERTO: - m³

CONCRETO: - m³ ESCAVAÇÃO EM ROCHA A SUBTERRÂNEA: - m³

CONDUTO FORÇADO: CONCRETO: m³

NÚMERO DE UNIDADES: - - COMPORTAS:

DIÂMETRO INTERNO: - M TIPO: Vagão

COMPRIMENTO MÉDIO: - M ACIONAMENTO: Óleo Hidráulico

LARGURA: 8,0 m

ALTURA: 15,22 m

16. CASA DE FORÇA/CANAL DE FUGA

TIPO: Abrigada ESCAVAÇÃO COMUM: 427.000 m³

NÚMERO DE UNIDADES: 3 - ESCAVAÇÃO EM ROCHA A CÉU ABERTO: 2.100.000 m³

LARGURA DOS BLOCOS: 35 M ESCAVAÇÃO EM ROCHA A SUBTERRÂNEA: - m³

ALTURA DOS BLOCOS: 70 M CONCRETO: 151.250 m³

COMPRIMENTO DOS BLOCOS: 77,62 M

17. OBRAS ESPECIAIS

TIPO: - ESCAVAÇÃO EM ROCHA A SUBTERRÂNEA: - m³

ESCAVAÇÃO COMUM: - m³ CONCRETO CONVENCIONAL: - m³

ESCAVAÇÃO EM ROCHA A CÉU ABERTO: - m³ CONCRETO COMPACTADO A ROLO – CCR: - m³

18 . VOLUMES TOTAIS

ESCAVAÇÃO COMUM: 1.283.000 m³ ATERROS: 1.136.000 m³

ESCAVAÇÃO EM ROCHA A CÉU ABERTO: 3.985.000 m³ CONCRETO S/ CIMENTO: 340.500 m³

ESCAVAÇÃO EM ROCHA A SUBTERRÂNEA:

- m³ CONCRETO COMPACTADO A ROLO - CCR: - m³

ENROCAMENTO: 610.000 m³

3.3 - Reservatório

A UHE Baixo Iguaçu, devido às suas características, apresenta uma barragem de baixa altura e pequeno reservatório. O reservatório possui uma superfície total de 31,63 km2, dos quais mais de 18 km2 correspondem à calha do rio e cerca de 13 km² correspondem a áreas inundadas. A tabela 3.1 a seguir mostra a área e o percentual de área inundados nos municípios atingidos.

O reservatório deverá ser operado a fio d’água, ou seja, toda vazão afluente ao reservatório passará pelas turbinas ou pelo vertedouro. Sendo assim, a usina não altera a sazonalidade do rio Iguaçu em nível mensal, e, portanto, o seu reservatório não tem capacidade de regularizar vazões. No entanto, ao longo de um dia esse quadro pode se modificar, pois a usina tem a capacidade de operar para atender as demandas de ponta dos horários de maior necessidade de energia do setor interligado brasileiro, e nesse caso

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III – 9

gerar, variações diárias significativas de vazão, tais como as que são observadas na UHE Salto Caxias.

Quadro 3.1 Área inundada por município

Área inundada (cota 259 m) Área inundada (km²) (1)

Área total do município (km²) (2)

% Área inundada/total

Capanema 4,52 418,2 1,0808%

Capitão Leônidas Marques 5,56 220,4 2,5227%

Nova Prata do Iguaçu 0,04 343,9 0,0116%

Planalto 0,06 329,8 0,0182%

Realeza 3,41 354,3 0,9625%

Total 13,59 1.666,60 0,8154% (1) Restituição aerofotogramétrica. Cálculos efetuados pelo Engevix Engenharia S/A. (2) IBGE – Censo, 2000.

Para se atingir a cota 259,0 m, equivalente ao NA máximo normal, o volume total a ser preenchido corresponde a 211,9 x 106 m³, o que poderá ser feito em menos de quatro dias, tempo médio estimado para o enchimento do reservatório.

A vida útil do reservatório é muito elevada. Os cálculos considerando as condições hidrológicas históricas indicam mais de mil anos, muito em função da operação das usinas à montante, que já retém boa parte dos sedimentos carreados, dando a UHE Baixo Iguaçu excelentes condições de operação.

3.4 - Seqüência construtiva

Para implantação do empreendimento, estão previstas duas fases de construção. Na primeira fase, após a execução da ensecadeira de primeira fase adentrando parcialmente o rio, é construída a parte da estrutura do vertedouro no leito do rio. As estruturas do circuito de adução/geração podem ser construídas independentemente do desvio do rio, em função da proteção do septo natural da margem esquerda.

Ainda na primeira fase, após a conclusão das obras civis da primeira parte do vertedouro, é complementada a ensecadeira até a sua posição final de projeto, provocando um estreitamento mais acentuado do canal natural do rio. Esta ensecadeira na sua condição final garantirá proteção contra cheias de 1:25 anos de recorrência.

A execução da obra do vertedouro em duas etapas durante a primeira fase do desvio, faz com que o período efetivo de exposição às cheias seja minimizado, aumentando a segurança das ensecadeiras.

Na segunda fase, com o rio desviado pelo vertedouro, é construída a barragem de enrocamento na margem direita, bem como concluídas as obras do circuito de adução e geração.

O UHEBI-GER-ARR-003 apresenta a seqüência construtiva.

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3.4.1 - Primeira fase de construção

A primeira fase de construção apresentará obras somente na margem esquerda do rio Iguaçu. Esta fase se iniciará com a construção parcial da ensecadeira de primeira fase a partir da margem esquerda, em forma de “U”, adentrando cerca de 200 m dos 650 m de largura do rio no local.

Concomitantemente à construção desta ensecadeira, iniciar-se-á a implantação do circuito de adução e geração na margem esquerda. Esse circuito pode ser todo executado independentemente do desvio do rio, em função da proteção do septo natural da margem esquerda.

A ensecadeira de primeira fase foi concebida em seção de duplo cordão de enrocamento, com vedação central, de modo a permitir a sua execução no trecho paralelo ao rio.

Inicialmente serão implantados os cordões de enrocamento projetados para a vazão de 2.400 m3/s – máxima vazão defluente da UHE Salto Caxias a montante. As cotas da crista dos cordões de enrocamento foram fixadas nas elevações 244,00 m (jusante) e 245,00 m (montante), suficientes para vencerem o nível d´água do rio, na época da execução, correspondente à vazão de projeto. Concomitantemente com o lançamento dos cordões, porém mantendo-se uma defasagem entre eles, será lançada a vedação no espaço entre os aterros de enrocamento, compondo a pré-ensecadeira.

Após a implantação da pré-ensecadeira, a área ensecada será esgotada, a fundação será limpa e proceder-se-á ao alteamento do corpo da ensecadeira até uma elevação variável de 253,00/248,65 m de montante para jusante.

Após a conclusão da ensecadeira, serão executados os trabalhos de escavação e tratamentos da fundação, bem como a concretagem de nove blocos da estrutura do vertedouro e iniciados os trabalhos de montagem das comportas.

Em seguida, será complementada a ensecadeira de primeira fase avançando mais cerca de 260 m para dentro do rio, de modo a permitir a concretagem dos outros doze blocos da estrutura do vertedouro e a conclusão da montagem das comportas. Nessa condição, as alturas de projeto das ensecadeiras garantirão uma proteção contra cheias de 25 anos de recorrência.

Ainda durante a primeira fase do desvio, quando da complementação da ensecadeira de primeira fase, será lançada ensecadeira paralela ao fluxo, próximo à margem esquerda, com crista na elevação 244 m, que permitirá o ensecamento para escavação do trecho de jusante do canal de fuga. Esta elevação da ensecadeira confere proteção contra cheias da ordem de dois anos de recorrência, com uma permanência de mais de 99% com vazões inferiores à de projeto, o que é adequado para trabalhos apenas de escavação em rocha.

3.4.2 - Segunda fase de construção

Quando a estrutura de concreto do vertedouro estiver pronta para receber as águas do rio, serão abertos os tramos de montante e de jusante da ensecadeira de primeira fase.

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Concomitantemente, serão construídas as ensecadeiras de montante e jusante de segunda fase, transversais ao canal de desvio, para ensecar a área de implantação da barragem de enrocamento da margem direita. Esses dois tramos serão incorporados à barragem de enrocamento.

A pré-ensecadeira de segunda fase foi projetada segundo o mesmo critério adotado para a de primeira fase. Já a ensecadeira de segunda fase foi projetada para proteger a área da barragem de enrocamento contra a vazão com tempo de recorrência de 50 anos, da ordem de 23.873 m3/s. A crista da ensecadeira foi fixada na elevação 252,60 m (montante) e 249,50 m (jusante).

Concomitantemente à construção da ensecadeira, prosseguirão os serviços de construção da casa de força e de montagem dos equipamentos eletromecânicos.

Antes do início do enchimento do reservatório, deverão ser removidos os trechos remanescentes da ensecadeira de primeira fase.

3.4.3 - Marcos principais

O cronograma de obras prevê um período de construção total de 44 meses, desde o início da mobilização do empreiteiro civil e implantação do canteiro de obras até a geração comercial da terceira unidade geradora e desmobilização dos empreiteiros civis e de montagens eletromecânicas.

A entrada do empreiteiro das obras civis é suposta acontecer em janeiro do Ano I.

Paralelamente à construção dos acessos e das primeiras edificações do canteiro, serão iniciadas as obras de desvio do rio.

A ensecadeira de primeira fase deverá estar concluída em abril do Ano I, para permitir o desvio do rio pelo seu leito natural parcialmente restrito junto à margem direita.

O lançamento dos cordões de fechamento das ensecadeiras de segunda fase, bem como a abertura das ensecadeiras de primeira fase, que possibilitará a passagem do rio pelos vãos do vertedouro, acontecerão até abril do Ano III.

O início do enchimento do reservatório, bem como a entrada em funcionamento comercial da primeira unidade geradora, após os testes de recepção, são previstos respectivamente para janeiro e fevereiro do Ano IV. As demais unidades entrarão em operação comercial a cada dois meses.

A figura 3.1 mostra o cronograma físico simplificado de implantação do empreendimento.

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Figura 3.1 - UHE Baixo Iguaçu – Cronograma simplificado de implantação

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

BAIXO IGUAÇU - PRAZO TOTAL DA OBRA

CANTEIRO DE OBRAS - MARGEM ESQUERDA

Mobilização Acessos Instalação do Canteiro DesmobilizaçãoCANAL DE ADUÇÃO, TOMADA D'ÁGUAe CASA DE FORÇA Escavações / Tratamentos de Fundação Concretagem Montagens Diversas Montagem da Ponte Rolante Montagem Eletromecânica Unidade 1 Montagem Eletromecânica Unidade 2 Montagem Eletromecânica Unidade 3

DESVIO DO RIO

Escavação da Margem Esquerda Ensecadeira de 1ª Fase (complemento) Remoção da Ensecadeira de 1ª Fase Ensecadeiras de 2ª Fase

BARRAGEM DE ENROCAMENTO - MD

Ensecadeiras de 2ª Fase Incorporadas Limpeza e Tratamentos de Fundação Alteamento do Maciço da Barragem

VERTEDOURO NO LEITO DO RIO

Escavações / Tratamentos de Fundação Concretagem Montagem Guias e Comportas

SUBESTAÇÃO / LT

Escavações Concretagem das Bases Montagem

MARCOS PRINCIPAIS

Desvio do Rio - 1ª Fase Desvio do Rio - 2ª Fase Início do Enchimento do Reservatório Início da Geração Unidade 1 Início da Geração Unidade 2 Início da Geração Unidade 3

LEGENDA= ESCAVAÇÕES / ATERROS CONCRETO MONTAGEM ELETROMECÂNICA PRINCIPAIS MARCOS

ANO I ANO II ANO III ANO IV

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4 - Infra-estrutura de apoio à obra

Em função do arranjo geral previsto, o canteiro principal de obras será implantado na margem esquerda, onde se situam as estruturas de concreto. O acesso será feito a partir da estrada PR-182/163. Na margem direita considerou-se apenas a instalação de um posto de atendimento aos equipamentos de transporte que circularão nessa margem, onde se encontram as jazidas de solo e pedreira.

O acampamento, que deverá ser mínimo em face da infra-estrutura existente e da disponibilidade de serviços na região, também será implantado na margem esquerda em área próxima à do canteiro de obras.

As centrais de concreto, de armadura, de forma e de britagem, oficinas, almoxarifados, escritórios, alojamentos, refeitórios e centrais de utilidades, bem como as áreas de estocagem de materiais, ocuparão uma área de cerca de 70 ha, sendo mais de 54 ha na margem esquerda, como mostra o desenho UHEBI-GER-ARR-003.

Os volumes dos principais serviços de obras civis, à exceção do expressivo volume de escavações em rocha a céu aberto, da ordem de 4 x 106 m3, aproximadamente, são usuais em obras desse porte. O volume total de concreto é da ordem de 400.000 m3.

O concreto será transportado entre a central e o local de lançamento em caçambas colocadas em caminhões-plataforma ou em caminhões-betoneira. O lançamento deverá será feito por meio de guindaste-torre.

A concretagem da casa de força deverá ser planejada de tal maneira que seja possível montar a ponte rolante até julho do ano III, o que facilitará a montagem dos equipamentos eletromecânicos.

A construção da barragem de enrocamento será facilitada pelo acesso permanente pela margem esquerda, a partir de Capanema.

Os materiais terrosos para emprego na construção do barramento e ensecadeiras serão provenientes das escavações obrigatórias. Caso haja necessidade, em decorrência de questões construtivas, áreas para empréstimo de solos deverão situar-se a montante do barramento, em locais a serem inundados pelo futuro reservatório. Essas áreas não deverão ser exploradas em distâncias inferiores a 200 m dos limites do barramento, visando não alterar as condições de percolação pelas fundações.

A rocha necessária à construção do barramento (enrocamento, brita e eventual areia artificial) constitui-se principalmente de basalto denso e será proveniente das escavações obrigatórias. Porém, se em decorrência de questões construtivas houver necessidade de pedreira, a mesma deverá situar-se, preferencialmente, a montante do barramento, em local a ser inundado pelo futuro reservatório e, em qualquer caso, a mais de 500 m de distância das estruturas.

Na região do sítio do barramento os depósitos de areia são restritos, não favorecendo sua exploração para uso nas obras. Conseqüentemente, poderá ser necessário fabricar areia para concretos e filtros.

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As áreas destinadas ao bota-fora dos materiais de rejeito e/ou sobra encontram-se localizadas a montante do eixo do barramento, em locais a serem inundados. Tal procedimento visa minimizar efeitos ambientais indesejáveis.

5 - Empreendimentos associados e decorrentes

O empreendimento associado/decorrente é a Linha de Transmissão, com 60 km de extensão, na tensão de 230 kV, que interligará a UHE Baixo Iguaçu ao sistema elétrico na subestação de Cascavel Oeste, no município de Cascavel.

6 - Justificativas para o empreendimento

6.1 - Considerações iniciais

Dentre as características do setor elétrico brasileiro, a predominância da fonte hidráulica de energia, influenciou boa parte do seu desenvolvimento tecnológico e institucional. Por ser o consumo de energia um dos processos mais marcantes das intervenções humanas sobre o meio ambiente, cabe ao setor elétrico uma grande responsabilidade com as questões relacionadas à conservação ambiental.

A opção pela fonte hidráulica no Brasil encontra, entre outros aspectos, justificativas físicas de grande apelo estratégico. De fato, desde o período inicial do processo de industrialização e o crescimento das necessidades energéticas da sociedade, a principal fonte de energia constituía-se no carvão mineral, abundante na Europa, particularmente na Inglaterra, berço da chamada Revolução Industrial. No entanto, as reservas de carvão em território brasileiro limitam-se a região Sul do país, especialmente onde estão hoje instalados os municípios de Criciúma e Siderópolis, em Santa Catarina.

Observa-se que a partir da década de 1920, o desenvolvimento tecnológico facilitou o aproveitamento dos potenciais hidrelétricos nos países onde o mesmo mostrava-se preferencialmente mais adequado, face à abundância de recursos hídricos e/ou ausência de combustíveis fósseis.

Dada a falta de outras fontes energéticas e a disponibilidade de recursos hídricos em território nacional, diversos empreendimentos hidrelétricos passaram a ser construídos no Brasil, especialmente a partir da metade do século XX.

O aproveitamento mais eficiente das quedas hídricas é obtido, em geral, pelo planejamento de trechos amplos de um rio, ou de uma bacia hidrográfica, de forma a viabilizar o maior conjunto possível de aproveitamentos ou aqueles mais adequados energética e ambientalmente.

A geração hidrelétrica assume ainda outras particularidades técnicas, relacionadas ao capital necessário para investimento, o prazo para o início da remuneração e as condições para o estabelecimento de tarifas e de operação de um sistema baseado na disponibilidade hídrica e suas diferenças em um país de dimensões como o Brasil.

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Estes fatores impunham a necessidade de organização institucional do setor elétrico que fosse capaz de atender as necessidades de planejamento e financiamento das obras necessárias, que se somavam as demais características vivenciadas pela economia brasileira nas primeiras décadas do século XX.

Formou-se então um cenário propício para o estabelecimento de marcos regulatório mais abrangente, como foi a instituição, em 1934, do Código de Águas. Este é frequentemente citado como um dos diplomas legais mais representativos do processo de configuração do setor elétrico bem como em relação a gestão dos recursos hídricos e a aspectos ambientais de grande importância, por reger o uso das águas, um dos principais recursos naturais.

A gestão das atribuições definidas pelo Código das Águas estava subordinada ao DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral, que contava com um serviço de águas. Somente em 1965 foi criado o DNAEE - Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (extinto em 1997, com a implantação da Aneel - Agência Nacional de Energia Elétrica).

Paralelamente a instituição do DNAEE, já estava em tramitação a criação da Eletrobrás, através do projeto de Lei n° 4.277/54. Sua efetiva criação ocorreu em 1961, de acordo com a Lei n° 3.890-A, de 25 de abril de 1961, sete anos após a apresentação ao Congresso. Somente em 1964 a Eletrobrás começou a operar e dentre suas atribuições, citam-se a realização de estudos, projetos, construção e operação de usinas produtoras e linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica.

Com a constituição da Eletrobrás e a formação do monopólio estatal, todas as concessões de aproveitamentos hidrelétricos estavam destinadas a empresas regionais do governo. A estas empresas estipularam-se áreas de atuação, delimitadas geograficamente, cujo desenho aproximava-se da divisão regional do Brasil.

Este modelo apresentou sinais de esgotamento a partir dos anos oitenta do século XX, quando a economia mundial já havia passado por dois choques do petróleo (em 1975 e 1979) e pela conseqüente elevação dos juros internacionais. Por sua vez, tal elevação tornou o serviço da dívida externa brasileira sufocante para todas as iniciativas que não revertessem em geração de divisas e melhoria na balança de pagamentos.

As condições que então praticamente induziram à estatização haviam se alterado substancialmente. Assim, o Brasil realizou e vem realizando profundas modificações na estrutura do seu setor elétrico. O Estado que sempre foi um grande investidor em infra-estrutura, a partir da década de 1980, conforme salientado, reduziu drasticamente seus investimentos e teve de buscar novos caminhos, iniciando um vasto programa de privatizações, transferindo para o setor privado, já na década de 1990, várias empresas.

O setor elétrico foi bastante afetado, pois ocorreram mudanças sensíveis com a entrada de novos conceitos e novos cenários. Ocorreram a criação de organismos, tais como a Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel, já citada, e a Agência Nacional do Petróleo - ANP, e a maior possibilidade de participação do capital privado, embora com o setor ainda em reorganização. Com isto, novos investimentos foram sendo direcionados para a área de energia.

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A retomada do processo de planejamento de modo estruturado e coordenado, desde os estudos da matriz energética, passando pelo planejamento de longo prazo, que orienta o Plano Decenal, induz a integração dos aspectos socioambientais ao processo de planejamento e de tomada de decisão, simultaneamente aos aspectos econômicos e energéticos.

Ao Ministério de Minas e Energia – MME, através de seus órgãos e empresas, coube promover diversos estudos e análises com o objetivo de subsidiar a formulação de políticas energéticas, bem como orientar a definição dos planejamentos setoriais.

A Empresa de Pesquisa Energética – EPE, empresa pública, vinculada ao MME, instituída pela Lei n° 10.847, de 15 de março de 2004, tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, tais como energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral, fontes energéticas renováveis e eficiência energética, dentre outras.

Entre as atribuições da EPE, consta a responsabilidade de elaborar estudos necessários para o desenvolvimento dos planos de expansão da geração e transmissão de energia elétrica de curto, médio e longo prazos.

O Ministério de Minas e Energia – MME, responsável pela concepção e implementação de políticas para o Setor Energético, em consonância com as diretrizes do Conselho Nacional de Políticas Energéticas – CNPE, retoma, de fato, a prática efetiva do planejamento do setor elétrico, como função de governo, ao tornar público o Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica – PDEE 2006/2015.

Durante o ano de 2005, em conformidade com a estratégia de resgate do planejamento com visão de longo prazo, o MME priorizou a realização de vários estudos, destacando-se, além deste Plano Decenal, a elaboração do Plano Nacional de Energia e da Matriz Energética Nacional com horizonte de planejamento até o ano de 2030.

De acordo com o modelo vigente, que associa a participação de agentes públicos e privados, com papéis delimitados por um conjunto de normas, instrumentos governamentais, e regulamentados por contratos junto ao órgão regulador, as diretrizes e indicações para o horizonte decenal se afiguram também como instrumentos estratégicos para garantia do atendimento do mercado de energia elétrica, com qualidade e confiabilidade.

6.2 - O mercado de energia elétrica - evolução do consumo

Existe uma estreita relação entre as taxas de crescimento do Produto Interno Bruto e o consumo de energia elétrica, conforme se depreende da análise do gráfico, apresentado na Figura 6.1, a seguir:

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1970/1980 1980/1990 1990/1999 2000/2005

11,8%

8,6%

2,3%2,3%2,7%

4,3%

6,0%

1,6%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

Crescimento do Consumo % a.a.

Crescimento Econômico (PIB) % a.a.

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

Figura 6.1 PIB x Consumo de energia elétrica (1970-2005)

Conforme se observa, ao longo das últimas décadas, o consumo de energia elétrica apresentou índices de expansão superiores ao Produto Interno Bruto (PIB), fruto do crescimento populacional concentrado nas zonas urbanas e da modernização da economia, além de outros fatores com a progressiva mudança estrutural na dinâmica de evolução destes dois indicadores.

Essa trajetória do mercado mostrou-se compatível com a correspondente trajetória de crescimento da renda nacional (4,2% ao ano, em média), resultando em uma elasticidade-renda (relação entre o consumo e o PIB) do consumo total de energia elétrica de 1,23, no período 2005-2015. Além disso, a elasticidade, na projeção, é declinante ao longo do tempo, como resultado de um processo continuado de evolução tecnológica, de mudanças estruturais no perfil do consumo e aumento da produtividade, racionalização do uso da energia e tendência de saturação do consumo em alguns usos, sendo a elasticidade média no primeiro e no segundo qüinqüênios de, respectivamente, 1,32 e 1,14. De um lado a elasticidade-renda tem decrescido nos últimos anos, indicando alterações estruturais na economia, e de outro, uma componente inercial da dinâmica do mercado de eletricidade que explica seu maior crescimento relativo.

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Os valores para os anos de 2010 e 2015 são relativos à trajetória de referência. No período 1970/1980, com expressiva expansão de economia, houve aumento da renda e do consumo per capita. Ressalta-se que a intensidade elétrica, que apresentou um crescimento expressivo na década de 80 do século XX por conta da entrada em operação de grandes projetos industriais eletrointensivos, nomeadamente a expansão da indústria de alumínio na Região Norte, ainda manteve crescimento significativo na década de 90. No horizonte da projeção (2006-2015), este indicador deverá crescer, porém de forma mais moderada, como resultado de uma maior eficiência energética da economia.

A partir da abertura econômica iniciada no início da década passada, e aprofundada a partir da implantação do plano Real, o país passou por uma fase de ajustamento complexa, exigindo reformas institucionais profundas, modernização dos processos produtivos, busca por maior eficiência e produtividade e crescente terceirização da economia. Isso se refletiu no perfil de evolução do mercado de energia elétrica, que registrou baixo crescimento na classe industrial e elevado crescimento na classe comercial, em função da expansão e modernização do setor de comércio e serviços.

Entre 1990 e 1995, o mercado de energia elétrica, incluindo autoprodução, cresceu 4,0% ao ano, contra uma variação média anual do PIB de 3,1% no mesmo período. A elasticidade resultante, nesse período, foi de 1,3.

No período 1995-2000, a elasticidade foi superior, atingindo 2,0, função do crescimento de 4,7% ao ano do consumo total de energia elétrica e de 2,3% ao ano do PIB. Esse desempenho foi essencialmente devido aos efeitos do plano Real. De fato, além da estabilização da moeda e do controle do processo inflacionário, esse plano, em seus primeiros anos de vigência, contribuiu para uma melhoria do nível de renda da população e da distribuição da renda nacional. Os efeitos positivos do plano Real no mercado de energia elétrica fizeram-se sentir até o ano de 1998, com exceção da classe industrial que, nesse ano, já apresentava crescimento baixo.

Entre 2000 e 2005, o consumo total de energia elétrica apresentou crescimento médio abaixo do histórico, sendo que, em 2001, houve uma redução da ordem de 7,0%, por conta dos efeitos do racionamento. Da mesma forma, a economia nacional apresentou crescimento extremamente baixo, com média anual no período pouco acima de 2,0%. A redução do consumo por efeito do racionamento fez com que a elasticidade-renda, nesse período, fosse de apenas 1,02.

Essas estatísticas ratificam a existência de um componente inercial na dinâmica do mercado de energia elétrica que induz seu crescimento mesmo com a economia em crise. Da mesma forma, ajudam a explicar o comportamento da elasticidade-renda do consumo de energia elétrica, que tende a se aproximar da unidade nos ciclos econômicos mais dinâmicos e a apresentar valores mais elevados nos períodos de baixo crescimento da economia.

Na Tabela 6.1 são apresentados indicadores da economia e do mercado de energia elétrica para o período 1980-2005. Os dados referentes ao consumo de energia elétrica incluem a parcela de consumo atendida por autoprodução.

Destaca-se o forte incremento do “conteúdo elétrico do PIB” (ou intensidade elétrica), principalmente na década de 80, impulsionado pela maturação dos projetos industriais

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previstos no II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento), implantados a partir do final dos anos 70, e para o que também contribuiu a trajetória de queda do nível tarifário em termos reais.

Tabela 6.1 Brasil - Economia e Mercado de Energia Elétrica (1980-2005)

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

Desta forma espera-se um crescimento da demanda no horizonte de planejamento. Estes horizontes foram definidos através de cenários baseados em premissas básicas (referenciais para previsões de mercado).

As principais variáveis que referenciam o mercado de energia e foram os seus elementos de referências são as seguintes:

− crescimento populacional;

− evolução da economia;

− perspectivas de expansão e diversificação da produção dos setores industriais;

− evolução da autoprodução;

− evolução da conservação de energia.

Estas premissas permitiram construir os cenários do planejamento para definição das previsões de carga própria de energia e de demanda máxima para os sistemas interligados. Neste sentido, a EPE em 2005, considerou as projeções do mercado (consumo e carga) de energia elétrica, para o período 2006-2015, associadas a três

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trajetórias de crescimento da economia, denominadas de trajetória de referência, trajetória alta e trajetória baixa.

A demanda por energia elétrica é condicionada por uma ampla gama de fatores, macroeconômicos, sociais, institucionais, climáticos, ambientais, tecnológicos, e outros, que apresentam uma complexa relação de interdependência entre si, configurando uma extensa rede de influências mútuas.

Nesse contexto, a técnica de cenários constitui-se em importante ferramenta na prospecção da demanda futura por energia elétrica, pois lida com as incertezas e com as interrelações complexas que determinam as trajetórias das diversas variáveis.

Foram definidos quatro cenários para a evolução da economia nacional, denominados de Integração Competitiva, Orientação de Mercado, Modernização Seletiva e Crise Administrada. A partir desses cenários, fazendo uso da chamada investigação morfológica, que é uma técnica de construção de combinações lógicas e consistentes das hipóteses de evolução das incertezas críticas, foram geradas três trajetórias plausíveis para a evolução da economia brasileira, no período 2006-2015, trajetórias essas que percorrem elementos dos quatro cenários considerados inicialmente.

Dessa forma, com base nos cenários macroeconômicos, definiram-se três trajetórias plausíveis para a evolução da economia brasileira, denominadas: trajetória de referência, trajetória de crescimento alto e trajetória de crescimento baixo. A trajetória de referência é considerada a mais provável e foi adotada como base para os estudos do planejamento decenal da expansão do sistema elétrico. As trajetórias de crescimento alto e baixo têm por finalidade a realização de estudos de sensibilidade.

O horizonte decenal foi subdividido em três períodos, para efeito do estudo dos cenários, denominados de Cena de Partida ou Cena 1 (2005-2006), Cena 2 (2007-2010) e Cena 3 (2011-2015), já que o grau de incerteza das variáveis é distinto nos diferentes períodos.

Para efeito do planejamento da expansão da oferta, em atendimento às projeções da evolução do consumo de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional, foram considerados três cenários de mercado: Mercado Alto, definido por um crescimento anual médio de 5,8%; Mercado de Referência, com taxa anual média de 5,1% ao ano; e Mercado Baixo, com taxa anual média de 4,2%.

Em todos os casos, supõe-se que o PIB cresce 3% em 2005. Para o ano de 2006, admitiu-se que o PIB cresceria à taxa de 4,5% na Cena 1 e de 4,0% na Cena 2. Na Cena 3 considerou-se o PIB estacionário em 2005. Ao longo do horizonte decenal, os cenários formulados são sintetizados nas taxas de evolução do PIB apresentadas no Quadro 6.1, a seguir.

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Quadro 6.1 Cenários macroeconômicos

Cena 2007-2011 2012/2015

1 4,5% 6,0%

2 4,0% 4,5%

3 3,0% 3,5% Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

A Cena foi adotada como referência. As Cenas 1 e 3 compõem o pano de fundo para as projeções de mercado ditas “Mercado Alto” e “Mercado Baixo”.

No Quadro 6.2, a seguir, são apresentadas as perspectivas de crescimento da população.

Quadro 6.2 Cenário demográfico

Ano População (106 hab.)

2005 182,5

2010 193,0

2015 202,4 Fonte: Plano decenal de expansão 2006-2015.

As premissas de mercado relacionam os cenários macroeconômicos e demográfico com os cenários de evolução do consumo de energia. Referem-se a cada uma das classes de consumo em que pode ser decomposta a demanda por energia elétrica.

Para a evolução futura da população e dos domicílios foi considerada uma única projeção, dado que essas variáveis apresentam um grau de incerteza relativamente reduzido, quando comparado, por exemplo, com a evolução da economia. No segmento comercial, admite-se a manutenção de uma dinâmica de crescimento maior do que a do consumo residencial, como vem se verificando nos últimos anos. No setor industrial, importam os cenários formulados para os grandes consumidores (conjunto de dez setores que respondem por 45% do consumo de energia na indústria), indicadores como a intensidade energética e as perspectivas de autoprodução e de aumento da eficiência energética. A seguir são apresentados quadros que resumem as principais premissas adotadas na formulação do cenário de referência para a evolução do mercado.

A partir das cenas e premissas formulados, deduziram-se três projeções do mercado de energia elétrica associadas às três trajetórias da economia consideradas: referência, alta e baixa. As correspondentes projeções do consumo total de energia elétrica, incluindo autoprodução para efeito de comparação com a evolução do PIB, estão apresentadas na Tabela 6.2.

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Tabela 6.2 Brasil - Consumo Total de Energia Elétrica (TWh) e Elasticidade-Renda

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

Para a obtenção desses resultados, adotou-se uma metodologia de análise e projeção do mercado, desagregado por classe de consumo e subsistema elétrico, que, tomando por base os cenários macroeconômicos e as premissas formuladas em relação a parâmetros característicos de determinados segmentos do mercado, permite compor e consolidar as projeções do mercado de energia elétrica.

As elasticidades-renda resultantes são maiores do que a unidade, porém menores do que as verificadas historicamente, refletindo um mercado mais maduro, fazendo uso mais racional da energia elétrica. Como se pode observar, os valores da elasticidade no segundo período são significativamente inferiores aos do primeiro, como resultado do progressivo incremento da conservação de energia e da eficiência elétrica da economia.

Além disso, a elasticidade-renda é função decrescente da taxa de crescimento do PIB, fato este consistente com a comprovação experimental da existência de uma componente inercial que limita o crescimento da demanda por eletricidade no caso de taxas de expansão do PIB elevadas e, por outro lado, sustenta aquele crescimento mesmo em períodos de expansão econômica modesta.

As Tabelas 6.3 e 6.4 apresentam os resultados agregados das projeções do consumo de energia elétrica a ser atendido pelo Sistema Elétrico (isto é, excluída a autoprodução clássica), respectivamente por classe e por subsistema elétrico, correspondentes às três trajetórias da economia: referência, alta e baixa.

Importa ressaltar que, nas projeções aqui apresentadas, não se incorporaram, aos subsistemas interligados, as parcelas dos sistemas isolados cuja interligação está prevista ao longo do horizonte decenal. Os sistemas isolados de grande porte que deverão ser interligados são:

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• o sistema de Manaus e localidades da margem esquerda do rio Amazonas mais o estado do Amapá, interligados ao subsistema Norte;

• os sistemas isolados do Acre e Rondônia, interligados ao subsistema Sudeste/Centro-Oeste.

Em montante de consumo, esses sistemas correspondem atualmente a cerca de 85% do conjunto dos sistemas isolados. Ressalta-se que esses estados são hoje atendidos exclusivamente por sistemas elétricos isolados.

Além desses, ainda existem mais dois sistemas isolados de porte relativo, no Pará e no Mato Grosso, estados onde a maior parte do sistema já é interligada. Esses dois sistemas isolados deverão ser progressivamente incorporados aos sistemas interligados das concessionárias de distribuição que atendem à região.

Tabela 6.3 Brasil - Consumo de Energia Elétrica por Classe (GWh)

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

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Tabela 6.4 Brasil - Consumo de Energia Elétrica por Subsistema (GWh)

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

A Tabela 6.5 mostra a evolução dos principais indicadores e resultados referentes à evolução da economia, população e consumo de energia elétrica, no Brasil, entre 1980 e 2015. Os valores para os anos de 2010 e 2015 são relativos à trajetória de referência. Ressalta-se que a intensidade elétrica, que apresentou um crescimento expressivo na década de 80 do século XX por conta da entrada em operação de grandes projetos industriais eletrointensivos, nomeadamente a expansão da indústria de alumínio na Região Norte, ainda manteve crescimento significativo na década de 90. No horizonte da projeção (2006-2015), este indicador deverá crescer, porém de forma mais moderada, como resultado de uma maior eficiência energética da economia.

As classes residencial e comercial são as que apresentam maiores crescimentos médios anuais no período 2005-2015: 5,6% e 6,8% ao ano, respectivamente. Dessa forma, a classe comercial é a que mais ganha em termos de participação no consumo total, passando dos atuais 15,3% para cerca de 18,0% em 2015. A classe residencial evolui de uma participação de 23,8% para 25,1% no final do horizonte. Por sua vez, a classe industrial e outras perdem participação, sendo a industrial aquela que vê mais reduzida sua participação: de 46,5% em 2005 para 43,2% em 2015.

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No que se refere às projeções do consumo por subsistema elétrico, apresentadas na Tabela 6.6, observa-se que ele cresce a taxas mais elevadas nos sistemas isolados e no subsistema interligado Norte. No primeiro caso, em virtude do grande potencial da região, função das ainda precárias condições de atendimento, e, no caso do subsistema Norte, em virtude da entrada de grandes cargas industriais. Enquanto que o consumo no Brasil, para o período 2005-2015, cresce em média 5,1% ao ano, nos sistemas isolados cresce a 8,3% e no subsistema Norte a 6,8%. O subsistema Nordeste apresenta um crescimento, de 5,1% ao ano, ligeiramente superior à média nacional, e os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul crescem a taxas inferiores a essa média: 4,8% e 4,6% ao ano, respectivamente.

Assim, a participação do consumo dos Sistemas Isolados no consumo total do Brasil aumenta de 2,1% em 2005 para 2,8% em 2015 e a participação do subsistema Norte interligado evolui de 6,8% para 8,0%. O subsistema Nordeste aumenta ligeiramente a participação, o Sul diminui um pouco, e o subsistema Sudeste/Centro-Oeste apresenta uma perda significativa, passando de 60,4% do mercado para 59,1% em 2015.

Para o consumo residencial projeta-se um crescimento médio de 5,6% ao ano, no período 2005-2015, com o consumo médio por consumidor residencial crescendo a uma taxa média de 2,8% ao ano, passando de 142 kWh/mês em 2005 para 188 kWh/mês em 2015, o número de consumidores residenciais crescendo a uma taxa de 2,8% ao ano, correspondendo a um acréscimo médio de cerca de 1,5 milhões de novos consumidores anuais. Na Tabela 6.5 apresenta-se a projeção do consumo por consumidor residencial e do número de consumidores residenciais.

Tabela 6.5 Brasil - Economia e Mercado de Energia Elétrica (1980-2015)

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

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Utilizando-se os fatores de carga e os fatores de diversidade, chegou-se às projeções da carga de demanda (demanda máxima integralizada em uma hora) para o Sistema Interligado Nacional, conforme apresentado na Tabela 6.6.

Tabela 6.6 Sistema Interligado Nacional - Carga de Demanda (MWh/h)

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

Na elaboração das projeções do consumo de energia elétrica também foi considerado o potencial de conservação e as perspectivas de aumento de eficiência energética da economia, bem como as respectivas metas de conservação e eficiência e as políticas propostas para alcançá-las.

O Brasil, apesar da racionalização conseguida no racionamento de 2001-2002, ainda apresenta um bom potencial para redução no seu consumo de energia elétrica, que pode ser concretizado por meio de políticas e ações relativamente simples e muitas vezes economicamente atrativas. Novas tecnologias mais eficientes como refrigeradores de alta eficiência, ar condicionados, motores e lâmpadas já são produzidas e/ou comercializadas no país. A conservação de eletricidade reduz e/ou posterga a necessidade por investimentos em expansão da capacidade instalada, sem comprometer a qualidade dos serviços prestados aos usuários finais. A eficiência energética é, sem dúvida, a maneira mais efetiva de, ao mesmo tempo, reduzir os custos e os impactos ambientais, tanto na esfera nacional tanto global, diminuindo a necessidade de subsídios governamentais para promoção de tecnologias limpas.

O Brasil possui hoje três programas específicos para a promoção da conservação da energia e racionalização do seu uso:

• Programa Brasileiro de Etiquetagem: promove a eficiência energética por meio de etiquetas informativas do desempenho de equipamentos;

• Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica: atua nas áreas de educação, etiquetagem, gestão energética municipal, iluminação pública, indústria, edificações e saneamento ambiental;

• Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural: atua nas áreas de etiquetagem e transporte de cargas e passageiros.

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Ademais, na medida em que seguem diretrizes estabelecidas pelo Governo, acrescenta-se a estes os programas de eficiência energética das concessionárias distribuidoras.

6.3 - Necessidade de energia elétrica e características do parque gerador

A capacidade instalada do Brasil em 31/12/2005, considerando todo o parque gerador existente, as interligações internacionais já em operação e também a parcela de Itaipu importada do Paraguai, é da ordem de 100.000 MW, conforme detalhado na Tabela 6.7.

Tabela 6.7 Parque gerador existente em dezembro/2005 no Brasil (MW)

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

Conforme se observa na tabela anterior, o sistema elétrico nacional tem como particularidade uma base fortemente hidráulica (em razão dessa fonte primária ser abundante em nosso país), além de grandes extensões de linhas de transmissão.

O parque gerador brasileiro engloba 116 usinas hidrelétricas (UHEs) em operação com mais de 30 MW, que somam cerca de 70.00 MW de potência instalada e cerca de 47 usinas termelétricas, correspondendo a 19.770 MW de potência instalada.

As usinas hidrelétricas localizam-se nas diversas bacias hidrográficas do território nacional e sua interligação por meio de uma extensa rede de transmissão possibilita a otimização da produção de energia, em virtude da diversidade hidrológica existente entre essas bacias. A distribuição espacial das UHEs nas bacias hidrográficas brasileiras é detalhada na Tabela 6.8.

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Tabela 6.8

Distribuição por bacia hidrográfica das usinas hidrelétricas em operação

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

As usinas hidrelétricas em operação apresentam uma relação média área alagada por potência instalada de 0,52 km2/MW. A área ocupada pelos reservatórios das usinas em operação representa cerca de 0,4% do território nacional, sendo que 47% dessas áreas estão localizadas na bacia do Paraná. Esta bacia se destaca, tanto em termos de potência instalada quanto em número de usinas localizadas nos seus rios. Nesta bacia, encontra-se em operação 52 usinas, totalizando 40.222 MW, que correspondem a 47% da potência instalada total.

A região hidrográfica Atlântico Sudeste também se destaca pelo número de usinas implantadas, ou seja 23 UHEs em operação, entretanto, sendo usinas de menor porte, somam 2.401 MW (3,4% da potência total instalada) e ocupam 403 km2 (1% da área total dos reservatórios).

Considerando a potência instalada, ganham destaque, ainda, as bacias do Tocantins – Araguaia (10.780 MW) e do São Francisco (10.475 MW).

A maior concentração de projetos e o maior percentual de área inundada estão nos Biomas Mata Atlântica e Cerrado, seguidos da Amazônia. Deve ser ressaltado que, em que pese a presença de diversas Unidades de Conservação, verifica-se que, no bioma Mata Atlântica, são encontradas somente poucas áreas remanescentes da vegetação original. No Cerrado também, em grande parte, a vegetação original encontra-se degradada devido à forte presença da agropecuária.

O conjunto de hidrelétricas existentes proporcionou um aporte de recursos de cerca de R$ 400 milhões a 598 municípios brasileiros, durante o ano de 2005. Esses recursos são provenientes do pagamento da compensação financeira pela utilização dos recursos hídricos aos municípios com áreas alagadas pelos reservatórios desses empreendimentos. Os recursos também beneficiam 21 estados e o Distrito Federal. A compensação financeira corresponde a 6,75% dos recursos obtidos com a geração de

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energia, sendo que 6% são rateados entre os municípios, estados, os Ministérios de Minas e Energia (MME) e Meio Ambiente (MMA) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O restante (0,75%) é destinado à implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

A fonte hidrelétrica se constitui numa das maiores vantagens competitivas do país, por se tratar de um recurso renovável e com possibilidade de ser implementado pelo parque industrial brasileiro com mais de 90% (noventa por cento) de bens e serviços nacionais. Além do mais, ao possuir uma das mais exigentes legislações ambientais do mundo, é possível ao Brasil garantir que as hidrelétricas sejam construídas atendendo aos ditames do desenvolvimento sustentável. Neste sentido, destaque-se a realização de vários estudos de Avaliação Ambiental Integrada em diversas bacias, que têm como objetivo identificar e avaliar os efeitos sinérgicos e cumulativos resultantes dos impactos ambientais ocasionados pelo conjunto de aproveitamentos hidrelétricos em uma bacia hidrográfica.

A grande dificuldade no momento para se estabelecer cenários mais robustos para a expansão com usinas hidrelétricas é a falta de informações sobre o potencial ainda a explorar em termos de custos e desenvolvimento do aproveitamento ótimo dos recursos hídricos. De fato, os estudos existentes estão desatualizados, em especial no que diz respeito às novas exigências ambientais. Por outro lado, os estudos recém desenvolvidos nem sempre observaram a otimização do uso dos recursos naturais nacionais.

6.4 - Principais opções para a expansão da oferta

6.4.1 - Potencial hidrelétrico regionalizado e por estágio de desenvolvimento dos estudos

Os Quadros 6.3 e 6.4 mostram o potencial por região e por bacia, e a figura 6.2 ilustra a situação geral do potencial brasileiro.

Quadro 6.3 Potencial por região geográfica – MW

Estágio Norte Nordeste Sudeste Centro-oeste Sul Total

Remanescente 14.972 147 2.043 7.397 1.980 26.539

Individualizado 35.965 815 2.533 5.552 2.290 47.155

Estimado 50.938 957 4.577 12.950 4.272 73.694

Inventário 13.977 4.578 11.059 9.871 9.900 49.385

Viabilidade 19.532 9.674 3.975 1.002 4.673 38.856

Projeto básico 1.303 1407 1.537 2.520 1.671 8.438

Construção 2.658 37 1.253 642 2.907 7.497

Operação (¹) 7.682 10.812 22.160 8.977 18.632 68.263

Inventariado 47.776 24.065 38.802 23.012 38.784 172.439

Total 98.714 25.022 43.379 35.962 43.056 246.133 Fonte: Eletrobrás - Sipot -Jan./2007 Nota (1) Inclui apenas a parte brasileira de Itaipu.

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Quadro 6.4 Potencial por bacia hidrogáfica - Mw

Estágio Amazonas Tocantins Atl. Norte/ Nordeste

São Francisco

Atlant. Leste

Paraná Uruguai Atlant. Sudeste

Total

Remanescente 17.919 1.846 525 854 1.056 3.797 12 12 996 26.539

Individualizado 40.017 128 497 907 704 2.950 862 1.090 47.155

Estimado 57.937 1.974 1.022 1.667 1.489 6.647 874 2.086 73.694

Inventário 13.502 7.037 1.586 6.818 5.914 7.890 4.842 1.796 49.385

Viabilidade 19.024 4.825 6 6.222 1.408 3.090 2.062 2.219 38.856

Projeto Básico 1.558 618 28 124 1.259 3.178 1.190 485 8.438

Construção 69 2.654 0 0 770 1.835 1.599 569 7.497

Operação (¹) 699 8.926 233 10.390 2.956 39.467 2.981 2.605 68.263

Inventariado 34.852 24.059 1.853 23.558 12.307 55.461 12.674 7.675 172.439

Total 92.789 26.032 2.875 25.225 13.796 62.108 13.548 9.761 246.133

Fonte: Eletrobrás - Sipot -Jan./2007

Nota (1) Inclui apenas a parte brasileira de Itaipu

Figura 6.2 Distribuição regional do potencial hidrelétrico

Quadro 6.5 Potencial Hidrelétrico (MW)

Estimado 73.694

Inventariado 169.033

TOTAL 246.133 Fonte: Eletrobrás - Sipot -Jan./2007

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Os estudos de expansão da geração apontam a necessidade da entrada em operação de um conjunto de 83 empreendimentos hidrelétricos que totalizam cerca de 31.000 MW. As usinas termelétricas consideradas para a expansão totalizam cerca de 11.000 MW.

Quando da elaboração do PDEE 2006-20015 em relação aos empreendimentos hidrelétricos considerados, oito empreendimentos possuíam os estudos de viabilidades aprovados pela ANEEL e que representam o total de 1.466 MW de capacidade instalada que não haviam ainda sido licitados. Nesta mesma época, outros oito projetos estavam em análise pela referida entidade e que totalizam cerca de 20.130 MW de capacidade instalada, entre eles o da UHE Baixo Iguaçu. E ainda dezoito empreendimentos que estavam sendo estudados e para os quais se estava se desenvolvendo projetos de viabilidade que totalizariam cerca de 3.650 MW de capacidade instalada. Além destes, outros nove aproveitamentos hidrelétricos que estavam sendo estudados por diversos empreendedores e que juntos totalizam a capacidade instalada da ordem de 2.900 MW.

As Tabelas 6.9 e 6.10 mostram a distribuição do conjunto de usinas hidrelétricas em termos quantitativos e em potência instalada, pelos subsistemas e pelas bacias hidrográficas, respectivamente, enquanto que a Figura 5-6 ilustra sua distribuição pelos biomas nacionais.

Constata-se, como no sistema existente, uma grande concentração de novas usinas no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, seguido pelo subsistema Sul, acompanhando o constante crescimento de demanda nessas regiões.

Tabela 6.9 Distribuição dos empreendimentos hidrelétricos planejados pelos subsistemas

elétricos

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

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Tabela 6.10 Distribuição dos empreendimentos hidrelétricos planejados pelas bacias

hidrográficas

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

Destaca-se o avanço no sentido do aproveitamento dos potenciais hidrelétricos da bacia Amazônica, para onde estão indicados oito empreendimentos no horizonte decenal, totalizando 12.494 MW. Registra-se também um intenso aproveitamento na bacia do Tocantins, com quatorze UHEs planejadas, que somam 7.021 MW, sendo que duas já estão em construção e outras duas já têm concessão.

Para a bacia do Paraná, estão planejadas 29 UHEs, seis das quais em construção, que totalizam 4.848 MW. Outra bacia hidrográfica com a previsão de implantação de diversos projetos (3.476 MW) é a bacia do Uruguai (nove UHEs planejadas, sendo duas em construção).

Grande parte dos projetos planejados se concentra nos biomas Cerrado e Mata Atlântica, em decorrência do grande número de projetos planejados para as bacias do Paraná e do Tocantins, onde predominam esses biomas.

Considerou-se também a existência no Brasil de um potencial expressivo para geração de energia elétrica a partir de biomassa, de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e de energia eólica. A exploração deste potencial traz benefícios para a matriz energética brasileira ao lhe conferir robustez através da diversidade de fontes de geração. Estas fontes de geração complementares estão agrupadas no PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica.

Apesar das conhecidas vantagens do PROINFA, alguns desafios ainda estão por ser superados, destacando-se, dentre outros, a possibilidade de um aumento explosivo do número de novos Agentes. Sendo assim, foi efetuada a análise de sensibilidade em relação ao total do potencial disponibilizado nesse programa, avaliando-se o efeito de uma redução de 20% em relação ao previsto, ou seja, uma redução da capacidade instalada de 3.150 MW para um valor em torno de 2.500 MW.

Ao se analisarem os resultados dessa hipótese constata-se que o impacto dessa redução no PROINFA, isoladamente, não tem efeito significativo. Os subsistemas mantêm-se

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atendendo ao critério de garantia de suprimento, com riscos de qualquer déficit não superiores a 5%, e a variação do custo marginal de operação em relação ao caso de referência foi relativamente pequena.

6.4.2 - Bases para a expansão da oferta

A retomada do processo de planejamento de modo estruturado e coordenado, desde os estudos da matriz energética, passando pelo planejamento de longo prazo, que orienta o Plano Decenal, induz a integração dos aspectos socioambientais ao processo de planejamento e de tomada de decisão, simultaneamente aos aspectos econômicos e energéticos.

Neste sentido, o objetivo fundamental do Plano Decenal de Expansão é apresentar, de forma indicativa, um elenco de empreendimentos, bem como as datas estimadas para as respectivas implantações, de modo a orientar futuras ações governamentais e dos agentes do Setor Elétrico Brasileiro. Neste sentido, são elaborados cenários de mercado de energia elétrica, aos quais se busca ajustar os planos de expansão da oferta, conforme anteriormente apresentado.

É importante ressaltar que o Plano Decenal é integrado por projetos que se encontram em variadas etapas de desenvolvimento. Em muitos casos, principalmente para os projetos que se encontra nas fases iniciais de desenvolvimento, a base de informações é ainda incipiente, sendo as avaliações realizadas de modo a lidar com informações eventualmente pouco precisas e defasadas.

O PDEE cumpre o estabelecido pelo Conselho Nacional de Política Energética - CNPE, através da resolução nº 01 de 18/11/2004, que os estudos de planejamento de expansão da oferta de energia elétrica devem aplicar o critério de garantia assim definido: “o risco de insuficiência da oferta de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional não poderá exceder a 5% (cinco por cento) em cada um dos subsistemas que o compõem”. É importante observar que, neste contexto, entende-se por “risco de déficit” a probabilidade de que a disponibilidade de oferta de energia elétrica seja menor do que o mercado de energia correspondente, em pelo menos um mês do ano, não importando a magnitude do déficit.

Adicionalmente, adota-se como critério de elaboração das alternativas de expansão da geração a igualdade entre os custos marginais de operação e de expansão para cada ano no período 2009 a 2015. A metodologia consiste em agregar fontes de geração de energia, segundo um critério de ordenação dos índices custo/benefício dos projetos candidatos no período 2009/2015, de tal forma que o custo marginal de operação em cada subsistema seja igual ao custo marginal de expansão, pré-fixado em R$ 118/MWh.

Este valor foi estimado com base em uma média ponderada de preços finais relativos ao conjunto de novos empreendimentos hidrelétricos e termelétricos que venderam energia a ser entregue às distribuidoras do Sistema Integrado Nacional (SIN) a partir de janeiro de 2010, no leilão de compra de energia realizado em dezembro de 2005. Adotou-se como tolerância superior no processo de convergência o valor de R$130/MWh para o custo marginal de expansão, correspondente ao valor de preço máximo obtido na mesma amostra.

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As análises referentes ao sistema de geração foram realizadas considerando as projeções de carga de energia para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Norte e Nordeste no período 2006/2015, considerando um único patamar da curva de carga. As informações referentes às cargas de energia para os sistemas isolados de Manaus-Macapá e Acre-Rondônia, com previsão de se interligarem ao SIN, também foram consideradas.

A Tabela 6.11 apresenta as projeções de referência dos valores anuais de carga de energia para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Rondônia, Sul, Nordeste, Norte e Manaus.

Tabela 6.11 Projeção de carga de energia (MW médios) – Cenário de Mercado de Referência

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

A interligação elétrica entre os subsistemas possibilita intercâmbios de energia com característica sazonal, permitindo uma maior exploração da diversidade hidrológica entre as regiões a partir da operação integrada, proporcionando ganhos sinérgicos e aumentando a confiabilidade da operação do sistema.

A Figura 6.3 mostra a representação esquemática considerada para as interligações entre os subsistemas nacionais, mostrando a forma como estão sendo previstas no final do horizonte - 2015, para fins de simulação energética a subsistemas equivalentes. As interligações e subsistemas representados em traços pontilhados são previstas para se incorporarem ao SIN durante o período analisado (2006-2015).

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Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

Figura 6.3 Representação esquemática das interligações entre subsistemas

Foi considerada a integração de dois sistemas isolados ao SIN: o sistema Acre-Rondônia, interligado ao subsistema Sudeste/ Centro-Oeste em janeiro/2008 e o sistema Manaus-Macapá se integrando ao subsistema Norte a partir de janeiro/2012.

Os limites de intercâmbio entre os subsistemas considerados foram estabelecidos pelos estudos de transmissão utilizando o critério de contingência simples (n-1), considerando as necessidades dos fluxos de energia estabelecidos pelos estudos energéticos. A expansão ou antecipação de troncos de transmissão foi utilizada como recurso de ajuste nas simulações, entendendo-se que, os resultados servirão como sinalização de necessidade de estudos específicos, para viabilizar uma real expansão nos prazos e montantes demandados pelos estudos energéticos. As perdas de energia nas interligações foram consideradas como sendo de 3%.

Observe-se que há no sistema restrições operativas de caráter estrutural, como as de vazões mínimas a jusante dos reservatórios para proteção da ictiofauna e da morfologia fluvial, ou para captação de água para as populações, ou ainda para manutenção da navegação, que têm que ser consideradas. Cita-se como exemplo, a vazão mínima de 1.300 m3/s a jusante da UHE Sobradinho, no rio São Francisco, e o volume máximo operativo do reservatório de Porto Primavera. Todas estas restrições foram consideradas no estudo. Foram também foram considerados os montantes de desvios de águas dos rios para usos consultivos, segundo recomendação da ANA (Agência Nacional de Águas).

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As simulações realizadas foram obtidas com o programa NEWAVE, versão 12.3. Para o cálculo da política de operação foram utilizadas 200 simulações forward e 20 aberturas para a simulação backward. Os resultados apresentados a seguir foram obtidos a partir e simulações da operação do sistema com 2000 cenários hidrológicos.

As simulações realizadas abrangeram o período de janeiro/2006 a dezembro/2015. Os armazenamentos iniciais dos reservatórios equivalentes verificados em 31/12/05, e considerados nas simulações, eram de 67,8% para Sudeste/Centro-Oeste, 78,8% para o Sul, 67,1% para o Nordeste e 48,1% para o Norte.

As energias naturais afluentes passadas não foram utilizadas e, portanto, as simulações não consideram o uso da tendência hidrológica para os subsistemas, já que se trata de informação conjuntural, podendo alterar-se de um mês para o outro.

Para fins de elaboração dos estudos de geração do PDEE 2006-2015, considerou-se como sistema existente do SIN o conjunto de aproveitamentos que formavam o parque gerador hidrelétrico e termelétrico em operação em 31/12/2005, conforme os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS.

Foram consideradas na alternativa de referência dos estudos de expansão da geração do PDEE 83 usinas hidrelétricas, destas 16 encontram-se na etapa de construção e as outras 67 usinas se encontram nas outras etapas (projeto básico, viabilidade e inventário).

O elenco de usinas hidrelétricas e termelétricas em construção, em motorização e com concessão outorgada foi considerado como oferta inicial com as datas indicadas pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE27. As usinas vencedoras do 1º Leilão de Energia Nova de 2005 também foram incluídas como oferta inicial, com o cronograma constante do Edital do Leilão nº. 002/2005-ANEEL – Adendo nº 06.

Os empreendimentos contratados no PROINFA (1ª Etapa) foram inseridos de acordo com cronograma do CMSE de janeiro/2006, totalizando um acréscimo de 3.150 MW de potência instalada até dezembro/2007, distribuído em 139 empreendimentos de PCHs, usinas termelétricas a biomassa e usinas eólicas. A Tabela 6.12 a seguir detalha o número de empreendimentos e o acréscimo de potência e energia por subsistema, por tipo de fonte e por ano deste Programa.

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Tabela 6.12 Dados do PROINFA (1ª Etapa)

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

Foi considerada no período até 2007 a restrição conjuntural da oferta de gás natural para as usinas termelétricas da região Nordeste, determinada pela Resolução Normativa ANEEL nº 40/2004. Também foi considerado, no horizonte até dezembro/2006, o cronograma de conversão e operação das usinas termelétricas em bi-combustível com óleo diesel, com base nas informações do CMSE, de dezembro/2005.

As reduções de disponibilidade da importação de energia da Argentina, através da conversora de Garabi, e da usina termelétrica de Uruguaiana, conforme estabelecido na Portaria MME nº 153/2005 e Resolução ANEEL nº 155/2005, foram mantidas até dezembro/2008, na medida em que um acordo entre o Brasil e a Argentina estabelece a suspensão das restrições de importação para o ano de 2009.

Outra diretriz para elaboração do cenário de referência da geração foi considerar a UTE (usina termelétrica) Araucária disponível para entrada em operação comercial a partir de 2009.

Considerando as condições iniciais do SIN, a projeção de mercado de referência, as premissas conjunturais estabelecidas pelo CMSE, a expansão da geração hidrotérmica e dos intercâmbios regionais, a configuração de referência de geração foi obtida tendo em conta os seguintes aspectos:

• A geração hidrotérmica incremental foi elaborada a partir de programas de obras decorrentes das licitações de concessões já realizadas, das autorizações para usinas termelétricas concedidas pela ANEEL, de informações do acompanhamento dos cronogramas de obras realizados no âmbito do CMSE, de informações sobre as próximas licitações previstas, e de usinas com projetos em estágio de viabilidade e de inventário;

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• As datas mínimas previstas na expansão dos projetos foram obtidas em consonância com a avaliação socioambiental e os prazos estimados de todas as etapas do projeto e de licenciamento até o início de operação da primeira unidade geradora;

• O desenvolvimento do parque térmico foi realizado com base nas premissas para oferta de energia descritas nos itens 3.2.3 e 3.2. do PDEE;

• A expansão da oferta considerou o desenvolvimento do potencial de PCHs na região Sudeste/Centro-Oeste/Rondônia;

• Os intercâmbios entre os subsistemas foram expandidos considerando os benefícios da expansão (obtidos pela equalização dos custos marginais) versus a análise de alternativa de expansão das fontes energéticas regionais. Restrições conjunturais nas trocas de energia entre os sistemas não foram consideradas.

A expansão de geração hidrelétrica resultante para o cenário de referência do mercado, ordenada por data de entrada em operação no período 2006-2015, é apresentada na Tabela 6.13.

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Tabela 6.13 Expansão hidrelétrica - Configuração de referência

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Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

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Os projetos hidrelétricos foram agrupados conforme a seguinte classificação: usinas hidrelétricas em construção, motorização ou ampliação; usinas com concessão outorgada até dezembro/2005; usinas novas vencedoras do 1º Leilão de Energia Nova (Leilão 2005); usinas candidatas para participar do 2º Leilão de Energia Nova (Leilão 2006) e as demais que tem projetos no mínimo de inventário.

Registre-se que a classificação “Leilão 2005” coube apenas para as usinas vencedoras do 1º Leilão de Energia Nova de 2005 que ofertaram energia nova e não contemplam aquelas usinas que atendem ao artigo 22 do Decreto nº 5.163 de julho de 2004.

Os percentuais de participação de cada subsistema na capacidade instalada hidrelétrica no início (jan/2006) e no final (dez/2015) do horizonte decenal são apresentados na Figura 6.4. Observe-se que para a referida análise foi considerada a importação de Itaipu proveniente da potência contratada ao Paraguai.

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

Figura 6.4 Participação da capacidade instalada hidrelétrica por subsistema - Configuração de

referência

Note-se que a capacidade instalada do SIN em janeiro/2006 inclui a potência dos empreendimentos que já se encontram em operação comercial nos sistemas isolados Acre-Rondônia e Manaus-Macapá.

A análise da participação da capacidade instalada hidrelétrica resultante permite identificar que os aproveitamentos Belo Monte, Santo Antônio e Jirau (rio Madeira) serão responsáveis por 10% da capacidade total instalada do SIN no final do horizonte decenal.

A Figura 6.5 apresenta a evolução da capacidade instalada hidrelétrica do SIN. Pode-se verificar que para a Configuração de Referência tem-se um acréscimo de 40% na oferta de geração hidrelétrica no período 2006-2015, totalizando 104 GW no final desse período.

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Fonte: Plano Decenal de Expansão 2006-2015.

Figura 6.5 Evolução da capacidade instalada hidrelétrica do SIN - Configuração de referência

Realizaram-se também no Plano Decenal de Expansão análises para verificação do atendimento à demanda máxima. Também se procederam ao PDEE as análises de sensibilidade, pelas quais se procurou avaliar o efeito de antecipações e/ou postergações de projetos componentes da configuração de referência da geração, definida na Trajetória do Mercado de Referência, em função de condicionantes estratégicos e socioambientais, visando sinalizar suas conseqüências sobre as condições de atendimento às projeções de consumo.

Neste sentido, procurou-se analisar o efeito da manutenção da redução do lastro da interligação com a Argentina e da UTE Uruguaiana, conjugado à postergação da operação comercial da UTE Araucária e da redução da disponibilidade do PROINFA em 20%. Os resultados dessa análise indicam que o problema de restrição da importação da Argentina e da geração da UTE Uruguaiana, cujo efeito isolado já se mostrou ser significativo, torna-se bastante severo quando combinado com os efeitos dos demais eventos citados, os quais, individualmente, são contornáveis.

Os riscos de déficit atingem valores da ordem de 5% no período 2010-2012, enquanto o custo marginal de operação fica no patamar de R$ 200/MWh no período 2011-2014. Nesse cenário pessimista, embora a operação do SIN possa se realizar a custos de operação elevados, os riscos de déficit de energia se manteriam dentro do critério de segurança (aceitando-se uma tolerância de riscos de 5,5% no Sul em 2010 e no Norte em 2012).

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III - 43

Tendo em vista a integração dos aspectos socioambientais ao processo de planejamento e tomada de decisão, simultaneamente aos aspectos econômicos e energéticos, se faz necessária a realização da análise ambiental dos empreendimentos do Plano Decenal, capaz de identificar os impactos socioambientais mais relevantes, as interações e os conflitos com o planejamento de outros setores da economia, contribuirá, certamente, para reduzir os riscos e incertezas na implantação desses empreendimentos, bem como para atender os compromissos com o desenvolvimento sustentável.

Objetiva-se, assim, com essa análise, conhecer, antecipadamente, os principais aspectos socioambientais relativos à estratégia adotada para a expansão da oferta de energia elétrica no país, de modo a indicar o nível de incerteza para o atendimento aos objetivos do Plano, qual seja, o de garantir a viabilização dos empreendimentos segundo os princípios da sustentabilidade ambiental, e, quando for o caso, sugerir ações para agilizar a viabilização dos empreendimentos no horizonte pretendido.

A avaliação socioambiental foi elaborada por projetos individuais e direcionada para captar o grau de impacto potencial de cada um deles, por meio de critérios previamente estabelecidos. Esses critérios foram consistidos por meio da sistematização de um conjunto de indicadores para as dimensões físico-biótica e socioeconômica, sendo-lhes atribuídos graus de impacto específicos.

O total de investimentos associados às novas usinas que compõem a configuração de referência de geração para o período 2009 a 2015 resultou da ordem de R$ 74 bilhões, sendo: R$ 59 bilhões referentes a usinas hidrelétricas e R$ 15 bilhões em usinas termelétricas.

6.5 - Justificativa técnico-econômicas

Dado o nível de incerteza que caracteriza a evolução de vários parâmetros fundamentais para o planejamento, a inserção de projetos de médio porte no Programa de Expansão, envolvendo menos esforço e risco financeiro e com mais elasticidade de cronograma de construção que um grande projeto, passa a ser uma solução altamente recomendável para o Setor.

Dentro desse contexto, UHE Baixo Iguaçu, na bacia do rio Iguaçu, constitui-se uma opção altamente atrativa, face à sua economicidade intrínseca, por sua localização estratégica face ao mercado consumidor e a proximidade de linhas de transmissão de grande porte.

A UHE Baixo Iguaçu apresentou índice de mérito (ICB), de US$ 35,26 (R$/MWh), inferior ao limite balizador de 36 US$/MWh, previsto para a operação de novas fontes de geração no período considerado no Estudo de Viabilidade (2000/2009), permitindo concluir que, do ponto de vista técnico-econômico, é plenamente justificável a implantação da mesma.

Além disso, o dimensionamento da usina considerou os critérios do Setor Elétrico Brasileiro e possibilitando, conforme motorização projetada, a geração de energia secundária e de ponta na negociação de contratos com o setor privado.

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III - 44

6.6 - Justificativas socioambientais

A bacia do rio Iguaçu é a maior bacia hidrográfica do Estado do Paraná com cerca de 57.329 km², inseridos nos limites deste estado. Sendo um dos principais afluentes do curso médio do rio Paraná, o rio Iguaçu corre em direção leste-oeste, desde suas nascentes, situadas à frente ocidental da Serra do Mar, cerca de 1.000 km. O referido rio vence um desnível de mais de 800 m para encontrar sua foz no rio Paraná. A sua vazão média, que inicia com menos de 10 m³/s termina em 1800 m³/s.

A partir de 1975 iniciou-se a alteração drástica do regime hídrico do rio Iguaçu, com a instalação da primeira UHE de grande porte, de uma série de cinco, cujos reservatórios viriam a ocupar cerca de 41% de toda a sua extensão. UHEs de Salto Osório (1975 – 1.050 MW), Salto Santiago (1980 – 1.332 MW), Foz do Areia (1980 – 1.676 MW), Segredo (1992 – 1.260 MW) e Salto Caxias (1998 – 1.240 MW) transformaram o trecho das grandes corredeiras do Iguaçu, em sucessão de grandes lagos que somam 655 km² de área alagada. Essas usinas são responsáveis por quase 80% da energia elétrica produzida no Paraná, excluída a produção de Itaipu (COPEL, 2002).

A importância do rio Iguaçu e a respectiva bacia hidrográfica como fonte de energia hidráulica para o Estado do Paraná e Região Sul é potencializada quando se releva que aproveitamento energético da bacia do rio Paraná, o maior potencial energético do território paranaense, se dá a partir da associação do Brasil com outros países.

Consolidou-se, portanto a vocação da bacia hidrográfica do Iguaçu à geração de energia elétrica para atender o desenvolvimento econômico e social em detrimento da conservação de sua natureza original.

Conforme mencionado anteriormente, as usinas hidrelétricas em operação no território brasileiro apresentam uma relação média área alagada por potência instalada de 0,52 km²/MW. Especificamente para os empreendimentos já instalados na bacia hidrográfica do Iguaçu, está relação é de 0,098 km/MW, conforme apresentado no Quadro 6.6 Para a UHE Baixo Iguaçu essa relação é de 0,090 km/MW, conforme exposto no Quadro 6.7.

Quadro 6.6 Usinas hidrelétricas do rio Iguaçu – Comparação de áreas inundadas e potência

gerada

Discriminação Un. Foz do Areia Segredo

Salto Santiago

Salto Osório

Salto Caxias

Total bacia hidrográfica

Área do Reservatório km² 167 83 225 56 141 672

Potência Nominal MW 1.676 1.260 1.420 1.078 1.240 6.674

Potência Firme / Energia Assegurada MW 576 603 723 522 605 3.029

Área Inundada por Potência Instalada km²/MW 0,100 0,066 0,158 0,052 0,114 0,098

Área Inundada por Potência Assegurada km²/MW 0,290 0,138 0,311 0,107 0,233 0,216

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Quadro 6.7 Usinas Hidrelétricas Baixo Iguaçu – Comparação de áreas inundadas e potência

gerada

Discriminação Un. Baixo Iguaçu

Área do Reservatório km² 32

Potência Nominal MW 350

Potência Firme / Energia Assegurada MW 168

Área Inundada por Potência Instalada km²/MW 0,090

Área Inundada por Potência Assegurada km²/MW 0,188

A relação média área alagada por potência instalada para as usinas planejadas para entrada em operação pelo PDEE 2006-2015, quando se considera somente as 46 usinas hidrelétricas para as quais foram obtidas informações para as avaliações socioambientais, é igual a 0,27 km2/MW, apontando uma tendência para um maior número de usinas a fio d’água. Desse conjunto de usinas, 31 têm a área de reservatório menor do que 100 km2 (65%) e somente duas apresentam reservatórios que ocupam áreas superiores a 500 km2.

Portanto ao se considerar a relação de área alagada por potência instalada, a UHE Baixo Iguaçu se configura como uma excelente alternativa, tanto em comparação com as usinas instaladas bem como com as previstas para ampliação do parque gerador.

Na bacia do Paraná, apesar de se verificar um acréscimo significativo no número de usinas a serem implantadas segundo o PDEE 2006-2015, cerca de 56%, o acréscimo do ponto de vista de potência instalada será de apenas 12%.

Em relação à proximidade da UHE Baixo Iguaçu ao Parque Nacional do Iguaçu, deve-se levar em conta que dos 46 empreendimentos hidrelétricos analisados nos estudos socioambientais do PDEE 2006-2015, doze deles interferem diretamente sobre Unidades de Conservação (25%). E ao se considerar que existe a interface entre diversos programas ambientais previstos pelo EIA e os programas do Plano de Manejo do Parque Nacional, com a viabilização do empreendimento, e conseqüentemente a implementação dos programas ambientais previstos, o empreendimento apresenta sinergia com diversos impactos positivos no que se refere ao Parque.

Uma vez que a UHE Baixo Iguaçu será interligada ao SIN, e que este tem previsão de integração dos sistemas atualmente isolados da região Norte, o empreendimento em questão contribui para a redução das emissões de CO2 do setor elétrico no país como um todo, por contribuir com a possibilidade de substituição de geração termelétrica a óleo combustível ou diesel, por energia hídrica.

Ademais, relativamente as justificativas socioambientais podem ainda ser destacadas:

− dinamização socioeconômica induzida pela presença do empreendimento;

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III - 46

− disponibilização de energia como incentivo a instalação de projetos e empreendimentos industriais, aumentando a oferta de empregos na região;

− implantação do projeto com foco nas questões socioambientais, minimizando as interferências e diminuindo os riscos ambientais ressaltando que o arranjo das obras não causaram impactos diretos a área do Parque Nacional do Iguaçu, nem mesmo alteração ao meio físico na calha do rio.

− participação positiva das comunidades afetadas durante a elaboração do Diagnóstico o que certamente facilitará a compreensão do mesmo e sua discussão nas fases de licenciamento (LP, LI e LO);

− inserção do empreendimento em ações de monitoramento e gestão ambiental da bacia do rio Iguaçu, possibilitando o único arranjo de engenharia que apresenta as menores interferências com o Parque Nacional do Iguaçu.

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7 - Referências bibliográficas

BARÃO, M. A. Avaliação crítica do licenciamento ambiental como ferramenta para o desenvolvimento sustentável do setor hidrelétrico. Dissertação de Mestrado - Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental – Área de Engenharia Ambiental, do Setor de Ciências

Tecnológicas da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, abril de 2007.

EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Plano decenal de expansão de energia elétrica 2006-2015. Brasília, março de 2006. Disponível em: <http://www.epe.gov.br> Acesso em 23/11/06 (a).

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Estudo de Impacto Ambiental - EIA

Capítulo – IV – Alternativas tecnológicas e locacionais

Curitiba, abril de 2008

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IV - 2

Sumário p.

1 - Considerações iniciais.............................................................................................................3

2 - Histórico dos Estudos .............................................................................................................6

3 - Alternativas de localização......................................................................................................8

3.1.1 - Alternativas de localização na fase de inventário ....................................................8

3.2 - Alternativas de localização e de arranjo na fase de viabilidade ........................................11

3.2.1 - Estudo de alternativas de eixos.............................................................................11

3.2.2 - Alternativas de arranjo para o eixo selecionado ....................................................14

4 - Alternativas tecnológicas ......................................................................................................17

4.1 - Características gerais das fontes de energia e seu consumo no Brasil ............................17

4.2 - Geração hidrelétrica.........................................................................................................19

4.3 - Geração termelétrica a carvão .........................................................................................19

4.4 - Geração termonuclear......................................................................................................20

4.5 - Geração térmica a gás natural .........................................................................................20

4.6 - Fontes alternativas...........................................................................................................21

5 - Referências bibliográficas.....................................................................................................22

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IV - 3

Capítulo - IV - Alternativas tecnológicas e locacionais

1 - Considerações iniciais

As alternativas de investimentos para geração de energia são influenciadas por diversos fatores, entre eles, decisões que envolvem critérios técnicos, econômicos, políticos e ambientais.

De acordo com os aspectos apresentados do item 6 do Capítulo III deste documento, a opção pela fonte hidráulica no Brasil foi o resultado, entre diversos fatores, como as condições econômicas, políticas e naturais que convergiam para a adoção de um sistema elétrico calcado no maior e mais abundante recurso, que são seus potenciais hidrelétricos presentes nos rios.

Ressalta-se novamente que o aproveitamento mais eficiente das quedas hídricas é obtido em geral, por um planejamento amplo de trechos de um rio ou de uma bacia hidrográfica.

Sendo assim, considerando a organização institucional do setor e as diversas etapas necessárias para a definição das melhores opções de investimentos em geração de energia, torna-se necessário compreender quais as etapas que um empreendimento hidrelétrico deve superar até a sua efetiva entrada em operação.

Essas etapas foram definidas pela Eletrobrás da seguinte forma:

- "Remanescente - resultado de estimativa realizada em escritório a partir de dados existentes, sem a execução de qualquer levantamento complementar, do potencial de um trecho de rio, normalmente situado na cabeceira, sem determinar o local de implantação do aproveitamento;

- Individualizado - resultado de estimativa realizada em escritório para um determinado local, a partir de dados existentes ou levantamentos expeditos, sem a execução de qualquer levantamento detalhado;

- Inventário - resultado de estudo da bacia hidrográfica, realizado para a determinação do seu potencial hidrelétrico e da melhor divisão de queda, mediante a identificação de um conjunto de aproveitamentos compatíveis entre si e com projetos desenvolvidos de forma a obter uma avaliação da energia disponível, dos impactos ambientais e do custo de implantação do empreendimento;

- Viabilidade - resultado da concepção global do aproveitamento, visando sua otimização técnico-econômica, compreendendo o dimensionamento das estruturas principais e das obras de infra-estrutura local, a definição da respectiva área de influência, do uso múltiplo da água e dos efeitos sobre o meio ambiente;

- Projeto Básico - aproveitamento com projeto detalhado e orçamento definido em profundidade que permita a elaboração dos documentos de licitação das obras civis e do fornecimento dos equipamentos eletromecânicos;

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IV - 4

- Construção - aproveitamento que teve suas obras iniciadas e que não apresenta ainda nenhuma unidade geradora em operação;

- Operação - aproveitamento que dispõe de pelo menos uma unidade geradora em operação." (Eletrobrás, 1999).

Nos estágios "remanescente" e "individualizado", objetiva-se a indicação de potenciais hidrelétricos, através de critérios que estabeleçam qual a capacidade de um rio ou região deste rio em gerar energia. A partir da etapa de Inventário, novas áreas do conhecimento são agregadas aos estudos, bem como são detalhados alguns aspectos, ainda que através de fontes secundárias. A localização de empreendimentos é proposta, definindo-se o melhor aproveitamento de uma bacia hidrelétrica, considerando-se critérios técnicos, econômicos e ambientais. É feito ainda, uma hierarquização dos aproveitamentos propostos, indicando aqueles que, por melhores condições energéticas e ambientais, poderiam receber investimentos primeiramente, ante aos demais.

Os estudos realizados na etapa de inventário são atualmente submetidos à Aneel. Uma vez aprovados, cada um dos empreendimentos eleitos no inventário torna-se passível de desenvolver-se, de acordo com as indicações do planejamento do Ministério das Minas e Energia.

A legislação atual prevê a permissão de realização de estudos concedida pela União, e a obtenção da autorização para exploração de um empreendimento hidrelétrico através de leilão público (Lei n° 8.987 de 13 de fevereiro de 1995).

Após a etapa de inventário, o empreendimento passa a estar submetido a um processo de licenciamento ambiental. Independentemente de estar submetido a processos de licenciamento ambiental, o inventário inclui importantes estudos ambientais fundamentais para a determinação das alternativas mais viáveis de aproveitamento hidrelétrico de um rio ou bacia hidrográfica.

Estes estudos passaram a ser elaborados com maiores detalhamentos a partir de 1986, com a institucionalização de diversos aspectos estabelecidos pela Lei de Política Ambiental, de 1981.

Mas foi em 1997 que a Eletrobrás editou o Manual de Inventário, que apresentou uma metodologia dedicada exclusivamente a abordagem da variável ambiental no processo de decisão quanto a melhor alternativa de aproveitamento de uma bacia hidrográfica, considerando-se não apenas os aspectos econômicos e energéticos, mas principalmente, as questões ambientais.

Desta forma, os estudos de inventário passaram a incluir, pela nova metodologia proposta pela Eletrobrás, questões ambientais detalhadas, sendo que critérios e indicadores ambientais passaram a fazer parte objetivamente das decisões sobre a viabilidade dos empreendimentos agora considerado em seu conceito amplo, de viabilidade econômica-energética e ambiental.

As etapas seguintes já contam com um processo de licenciamento institucionalizado, que tomou forma a partir de 1986 com a Resolução Conama n° 01/86 e mais recentemente com a Resolução Conama n° 237/97.

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IV - 5

Na Figura 1.1, ilustra-se as etapas do projeto e sua correspondente fase no processo de licenciamento ambiental. Verifica-se a importância da etapa do planejamento no escopo dos estudos e levantamentos necessários até a entrada em operação da usina.

Figura 1.1 Processos de implantação de empreendimentos de geração hidrelétrica e

licenciamento ambiental (adaptado de PIRES, 1994)

Após a individualização dos empreendimentos, os estudos evoluem para a etapa de viabilidade, quando é elaborado o Estudo de Impacto Ambiental. Nesta etapa, é solicitada a LP - Licença Prévia, conforme apresentado anteriormente e realizada a audiência pública.

Na fase seguinte, são detalhados os Programas Ambientais, que correspondem a projetos de monitoramento, controle e mitigação dos impactos identificados nos estudos anteriores. Solicita-se a LI - Licença de Instalação.

São também aprimorados os orçamentos previstos para o desenvolvimento dos programas, bem como inseridos eventuais exigências manifestadas na LP.

Após a construção da usina, para seu efetivo início de operação, é solicitada a LO - Licença de Operação, mediante a apresentação do cumprimento das exigências da LI e relatórios que demonstrem o desenvolvimento dos Programas Ambientais. A LO deve ser renovada continuamente, o que expressa a necessidade de acompanhamento das ações ambientais relacionadas ao empreendimento.

UHE Baixo Iguaçu

Etapas de Engenharia

InventárioEstudos de Viabilidade

Projeto Executivo/ Construção

Operação

Etapas de Meio Ambiente

Inventário (Manual 1997)

Estudo de Impacto Ambiental

Projeto Básico Ambiental - PBA

Execução do Projeto Básico Ambiental - PBA

Manejo, Monitoramento e Avaliação Ambiental

Planejamento

Licitação para Concessão ou autorização

Planejamento

LP LI LO

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Outras autorizações e estudos podem e são solicitados ao longo do processo, cabendo a sociedade atuar em todas as suas etapas, muitas vezes, pelas ações do Ministério Público Federal.

Isso indica que o processo de acompanhamento ambiental está presente em todas as fases do empreendimento, e que cada uma das etapas correspondentes do licenciamento não encerra a discussão ambiental do empreendimento e a necessidade de desenvolvimento de estudos e ações de cunho ambiental.

É importante destacar que a UHE Baixo Iguaçu encontra-se na sua etapa de viabilidade, sendo o resultado dos estudos de inventário, concluídos em 2003.

A realização dos estudos de inventário constitui-se, como se verá adiante, em uma nova proposição de alternativas para o aproveitamento energético daquele trecho do rio Iguaçu motivada essencialmente por critérios ambientais.

2 - Histórico dos Estudos

Os estudos para o aproveitamento do potencial hidroenergético do rio Iguaçu remontam à década de sessenta do século XX, com os estudos de inventário realizados pelo Comitê de Estudos Energéticos da Região Sul – Enersul, com a supervisão da Canambra, entre 1966 e 1969.

O desenvolvimento integrado deste potencial – da ordem de 10.000 MW, no que se refere à parte exclusivamente nacional, isto é, menos o trecho de cerca de 130 km de rio compartilhado com a República Argentina, foi planejado a partir do inventário realizado. Este planejamento previa a exploração de uma queda total de 529 metros – desde as cercanias da cidade de União da Vitória, no Alto Iguaçu, até próximo a cidade de Capanema, no baixo curso do rio e junto ao Parque Nacional do Iguaçu – através de oito aproveitamentos a saber: Salto Grande, Foz do Areia, Segredo, Salto Santiago, Salto Osório, Cruzeiro, Salto Caxias e Capanema.

Na década de 70, com o início efetivo da exploração do curso principal do rio para a geração de energia elétrica, a divisão da referida queda total disponível sofreu modificações em relação à solução proposta originalmente pela Enersul, devido principalmente às razões abaixo citadas:

− Melhor adaptação ao mercado;

− Ampliação dos estudos hidrológicos, resultando em um volume maior e mais consistente de dados;

− Dados geológicos e topográficos mais corretos e de maior detalhamento;

− Racionalização dos aproveitamentos, eliminando o de Salto Grande (afogado pelo reservatório de Foz do Areia) e o de Cruzeiro.

Passando, então a ser constituída por seis aproveitamentos (Foz do Areia, Segredo, Salto Santiago, Salto Osório e Salto Caxias, Capanema).

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Desses, atualmente cinco já se encontram implantados e em operação (Foz do Areia, Segredo, Salto Santiago, Salto Osório e Salto Caxias), aproveitando uma queda total de 485 metros, restando apenas o de Capanema, o último a jusante, correspondendo à queda residual de 44 metros.

A tabela abaixo apresenta as principais características dos cinco grandes aproveitamentos em operação no rio Iguaçu.

Tabela 2-1 Características dos aproveitamentos

em operação no rio Iguaçu

Discriminação Un. Foz do Areia Segredo Salto

Santiago Salto

Osório Salto

Caxias

Início Operação Ano- 1980 1992 1980 1975 1998

Área de Drenagem km² 29.900 34.100 43.900 45.800 57.000

Área do Reservatório km² 167 83 225 56 141

Cota Reservatório m 742 607 506 397 325

Cota Restituição m 607 506 397 325,7 259

Queda Bruta m 135 101 109 71,3 66

Volume (10³ Hm³)

5.779 2.943 6.753 1.270 3.573

Vazão Média Natural m³/s 632 729 946 996 1.242

Vazão de Proj. do Vertedouro m³/s 11.000 15.800 24.600 28.000 49.600

Potência Nominal MW 1.676 1.260 1.420 1.078 1.240

Potência Firme / Energia Assegurada MW

576 603 723 522 605

Área Inundada por Potência Instalada

km²/MW

0,100 0,066 0,158 0,052 0,114

Área Inundada por Potência Assegurada

km²/MW

0,290 0,138 0,311 0,107 0,233

Nº Máquinas - 4 4 4 6 4

Tipo Máquinas - Francis Francis Francis Francis Francis

Fonte: Sistema de informações do potencial hidrelétrico brasileiro (Sipot 2000); Plano diretor para o uso do reservatório da UHE Salto Caxias e seu entorno (Julho de 1998).

Em 1980 a Eletrosul, então empresa que detinha a concessão para os estudos e implantação de empreendimentos no sul do Brasil, desenvolveu os estudos de viabilidade para a UHE Capanema, previsto para uma potência instalada de 1200 MW, reservatório à cota 259,00 (nível do canal de fuga da UHE Salto Caxias) e restituição à cota 215,00 (nível natural do rio no local). O reservatório cobriria uma extensão de rio de 60 quilômetros, dos quais cerca de 36 quilômetros contíguos ao Parque Nacional do Iguaçu, com área total de inundação de 80 km² - dos quais 17 km² dentro dos limites do Parque.

Transcorridos vários anos após a elaboração dos estudos de viabilidade, com a consolidação da legislação ambiental, o aprimoramento e qualificação das pesquisas socioambientais, aliada a uma efetiva modificação de postura da sociedade frente à implantação de aproveitamentos hidrelétricos ocorridas nas últimas três décadas, não foi possível a implantação do aproveitamento de Capanema no local previsto. O fato do reservatório inundar cerca de 1% da área Parque Nacional do Iguaçu e da barragem ter

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sua ombreira direita localizada no interior do parque, assim como as posturas fortemente contrárias ao empreendimento por parte das comunidades locais, foi decisivo.

A crescente conscientização quanto à forma de se abordarem os aspectos ambientais impôs uma reavaliação. A prioridade passou a ser a prevenção de potenciais impactos ambientais negativos, ao invés de sua simples mitigação. Corroboraram para essa nova postura a evolução e a consolidação da legislação ambiental, sobretudo aquelas relativas a ecossistemas legalmente protegidos ou de restrição de uso, como é o caso do Parque Nacional do Iguaçu. Por ser uma unidade de proteção integral, na qual não se permite quaisquer usos à exceção dos destinados ao ecoturismo, à educação ambiental e ao incremento do conhecimento científico, demandava abordagens mais cuidadosas, com uma tendência clara de redução dos riscos de impactos. Acrescente-se a isso o relevante papel do Parque, visto que representa um dos últimos e mais conservados remanescentes de Mata Atlântica de interior no Estado.

O não aproveitamento do todo ou de parte da queda disponível era, no entanto, um ônus que a sociedade talvez não necessitasse pagar para preservar seus bens naturais mais relevantes. Alternativas técnicas seriam possíveis, bastando que se reavaliassem estudos objetivando a substituição da UHE Capanema por um aproveitamento em local que reduzisse as interferências com o Parque Nacional do Iguaçu, preservando-se, desta forma, o excelente potencial energético-econômico desse trecho do rio Iguaçu.

Em 2003 a Desenvix concluiu a Revisão do Inventário do Baixo Iguaçu, no trecho a jusante da UHE Salto Caxias, com o intuito de reavaliar a alternativa de aproveitamento da parcela de queda ainda disponível, considerando a mínima intervenção no Parque. Os estudos avaliaram as implicações econômicas, técnicas e ambientais do deslocamento do eixo do primeiro aproveitamento da partição de queda – UHE Capanema – para um local mais viável, não interveniente com o restante da cascata, já plenamente aproveitada a montante.

Os estudos concluíram pela atratividade de um aproveitamento localizado a montante do Parque Nacional do Iguaçu. O aproveitamento neste novo local foi denominado UHE Baixo Iguaçu, previsto para uma potência instalada de 350 MW, aproveitando 16,58 m de queda bruta de referência e com potência firme de 167,88 MW. O reservatório está previsto para a cota 259,00 m, foi então estimado em uma extensão de 31 quilômetros e uma área de inundação de 31,63 km², dos quais mais de 18 km2 correspondem à calha do rio e cerca de 13 km² correspondem as áreas inundadas.

3 - Alternativas de localização

3.1.1 - Alternativas de localização na fase de inventário

a) Alternativa A – UHE Capanema

O local estudado nesta alternativa explora a queda disponível do trecho nacional do rio Iguaçu, a partir da cota de restituição da UHE Salto Caxias até cerca de 15 km da fronteira com a República da Argentina. O local escolhido aproveita os 45,5 metros de

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queda disponível, mas inunda a área do Parque Nacional do Iguaçu em aproximadamente 1% de sua área total (17 km2).

Geograficamente o aproveitamento de Capanema está situado no município homônimo, atingindo também os municípios de Realeza e Salto do Lontra, ao sul do rio, tendo ao norte do mesmo os municípios de Medianeira, Matelândia, Céu Azul e Cap Leônidas Marques. O município de Capanema faz divisa com a República Argentina no rio Santo Antônio, afluente do rio Iguaçu que desemboca a jusante do local de implantação da UHE Capanema.

Na hipótese de implantação da UHE Capanema, haverá a formação de um reservatório estendendo-se por 60 km até a região de Salto Caxias. Algumas localidades como a cidade de Capitão Leônidas Marques seria atingida pelas águas. Além disso, haveria necessidade de serem relocados alguns trechos de estrada e linhas de transmissão bem como algumas pontes. Devem-se considerar, também, as áreas de inundação que envolveria os rios e ribeirões afluentes, principalmente os rios Gonçalves Dias, Monteiro e Andradas pela margem direita, e Capanema e Cotegipe, pela margem esquerda, com influência sobre alguns povoados, partes de solo agricultável e matas marginais de alguns municípios.

Figura 3-1 UHE Capanema

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b) Alternativa B – UHE Baixo Iguaçu

O novo aproveitamento, a fio d’água, localizado a montante da foz do rio Gonçalves Dias – afluente do Iguaçu pela margem direita e que se constitui no limite leste do Parque Nacional do Iguaçu - tem seu reservatório previsto na cota 259,00 m, mas preserva integralmente os atuais limites do Parque. Este novo aproveitamento foi denominado UHE Baixo Iguaçu.

Os critérios básicos para a identificação do novo local levaram em consideração a topografia favorável, tanto sob o ponto de vista da queda a aproveitar quanto da condição de existência de ombreiras com afastamento compatível com o porte das obras. Evidentemente, o critério principal foi o de que o mesmo se situasse a montante do limite do Parque Nacional do Iguaçu, de forma a eliminar integralmente as interferências que existiam no antigo local.

A nova alternativa preserva as maiores extensões de remanescentes florestais, do pouco que restou da Mata Atlântica de interior no Paraná. Conforme estudos da Fundação SOS Mata Atlântica, datado de 2005, as maiores concentrações encontram-se nos extremos do estado, ao leste em áreas de relevo acidentado na Serra do Mar, e a oeste, numa extensão contínua extremamente importante e significativa, na qual se insere o Parque Nacional do Iguaçu, que é indubitavelmente, o único remanescente significativo de Floresta Estacional Semidecidual no Estado do Paraná e, ainda, o mais importante remanescente no País.

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Figura 3-2 UHE Baixo Iguaçu

Tabela 3.1 Dados comparativos

Empreendimento/impactos UHE Capanema UHE Baixo Iguaçu

Área inundada 80 km2 13 km2

Estimativa de população atingida 950 famílias 359 famílias

Interferência com o Parque Nacional do Iguaçu Inundação de 17 km2 Proximidade da barragem Fonte: Estimativas feitas pela Engevix, com base nos estudos de inventário da UHE Capanema (1980) e da

UHE Baixo Iguaçu (2003).

3.2 - Alternativas de localização e de arranjo na fase de viabilidade

3.2.1 - Estudo de alternativas de eixos

A alternativa de se utilizar arranjo de derivação convencional para aproveitar os 8,5 m de queda existente ao longo da alça do rio Iguaçu, englobando os Saltos Sampaio e Faraday

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(ilustrado nas Figuras 3.3 e 3.4), e que resultaria em potência adicional de 150 MW, foi analisada e descartada pela Engevix em função dos impactos ambientais decorrentes.

Esta derivação deixaria um trecho de aproximadamente 8 km do rio Iguaçu na região do Parque com vazão reduzida com elevada permanência para cerca de 200 m³/s, atualmente a vazão de restrição de operação da UHE Salto Caxias e, como conseqüência, significativos impactos ambientais, que levaram ao descarte desta alternativa. Os mais significativos desses impactos são os seguintes:

− Redução do nível do lençol freático no trecho, o que afetaria a vegetação marginal do parque;

− Afloramento de pedregais e grandes áreas do leito do rio, o que permitiria a sua travessia a vau e conseqüentemente facilitaria tanto o acesso de pessoas e animais domésticos ao Parque quanto a fuga de animais silvestres deste; e

− Eliminação do ecossistema presente nas corredeiras Sampaio e Faraday, que inclui espécies endêmicas da bacia do rio Iguaçu.

Figura 3.3 Alternativa de derivação – Planta

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Figura 3.4 Alternativa de derivação – Perfil

Uma outra possibilidade de derivação Figura 3.5 seria o aproveitamento de 0,50 m distribuídos ao longo da curva do rio logo a jusante do eixo previsto na revisão do inventário, conforme figuras a seguir.

Figura 3.5 Alternativa de derivação curta – Planta

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Nesta alternativa não seria criado trecho de vazão reduzida, tampouco se afetaria o Parque, pois a restituição dar-se-ia ainda a montante do mesmo. Desta maneira, optou-se por incluí-la nos estudos de viabilidade, comparando-a com as demais, visando o aproveitamento ótimo do potencial hidráulico local.

3.2.2 - Alternativas de arranjo para o eixo selecionado

Para o eixo selecionado foram estudadas três alternativas de Arranjo Geral das obras, como descrito a seguir.

Na Alternativa um as estruturas do empreendimento foram posicionadas alinhadas segundo um eixo retilíneo, a saber: barragem de enrocamento na margem direita, vertedouro no leito do rio e estruturas de geração na margem esquerda. A estrutura da tomada d´água é incorporada à da casa de força, constituindo um bloco monolítico de concreto - solução convencional para máquinas Kaplan.

Figura 3.6 Alternativa 1

Na Alternativa dois manteve-se o conceito de estruturas alinhadas segundo um eixo retilíneo, porém inverteu-se a posição das mesmas, a saber: barragem de enrocamento na margem esquerda, vertedouro em parte no leito do rio e parte na margem direita e estruturas de geração, tomada d´água/casa de força e canal de fuga, na margem direita.

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Figura 3.7 Alternativa 2

A Alternativa três foi concebida como uma usina de derivação a partir da Alternativa 1. As posições da barragem de enrocamento, na margem direita, e do vertedouro, no leito do rio, foram mantidas exatamente nos mesmos locais definidos para a Alternativa 1. O circuito de adução/geração, no entanto, passou a ser do tipo derivação visando-se aproveitar o desnível existente ao longo da curva do rio, da ordem de 0,50 m, e, conseqüentemente, ganhar-se energia. Esta alteração foi feita através da inserção de um canal de adução a partir do eixo da barragem na margem esquerda e do deslocamento da casa de força para jusante. Cabe ressaltar que a derivação não cria alça seca, devido à proximidade do canal de fuga ao barramento.

Porém ao submeter ao IBAMA esta alternativa, este órgão levantou a preocupação de que para a instalação da casa de força da usina na margem esquerda do rio Iguaçu, haveria a necessidade da abertura de um corte profundo de solo e material rochoso, com o emprego de máquinas e movimentação de material no limite imediato do PNI. Além disso, houve a preocupação de que a construção do canal de fuga, que da mesma forma exigirá a remoção de material e o emprego de maquinário, estará localizada dentro dos limites do Parque.

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Figura 3.8 Alternativa 3

Portanto o projeto foi revisto e foi proposta a Alternativa quatro, em que o vertedouro foi posicionado alinhado segundo um eixo retilíneo, contemplando a barragem de enrocamento na margem direita e o vertedouro no leito do rio. As estruturas de geração foram locadas com uma pequena curvatura na margem esquerda. O conjunto tomada d’água/casa de força, uma solução clássica, é formado por três blocos monolíticos de concreto, em seção tipo gravidade, que abrigam três unidades hidrogeradoras do tipo Kaplan de eixo. Esta alternativa, além de distanciar as obras dos limites do Parque Nacional do Iguaçu, propicia a execução das obras integralmente a partir da margem esquerda do rio Iguaçu, onde se localizará o canteiro de obras, evitando a construção de acessos na margem direita (próximo ao Parque Nacional), bem como a permanência de trabalhadores nesta margem. Outro dispositivo projetado nesta alternativa é a construção de um canal de equilíbrio, que direciona parte das águas do canal de fuga, para junto da base da barragem de enrocamento. Desta maneira, não existirão condições de formação de poços a jusante do empreendimento mesmo nos períodos de estiagem.

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Figura 3.9 Alternativa 4

4 - Alternativas tecnológicas

4.1 - Características gerais das fontes de energia e seu consumo no Brasil

Com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial, o sistema de produção de energia elétrica do Brasil é um sistema hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de usinas hidrelétricas, com a geração de fonte térmica exercendo a função de complementaridade nos momentos de pico do sistema. A maior parte da capacidade instalada é composta por usinas hidrelétricas, que se distribuem em 12 diferentes bacias hidrográficas nas diferentes regiões.

A tabela abaixo apresenta o montante de energia elétrica produzida por tipo de usina.

Tabela 4.1 Energia produzida por tipo de usina

Tipo Quantidade Potência (kW) %

Central geradora hidrelétrica 207 111.011 0,11

Central geradora eolielétrica 15 239.250 0,24

Pequena central hidrelétrica 283 1.713.444 1,69

Central geradora solar fotovoltaica 1 20 0

Usina hidrelétrica de energia 158 74.438.695 75,3

Usina termelétrica de energia 971 23.550.438 20,65

Usina termonuclear 2 2.007.000 2,02

Total 1.637 102.059.858 100

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Fonte: Aneel – banco de informações de geração, disponível em http://www.aneel.gov.br, acesso em julho 2007.

No entanto, mesmo possuindo tal capacidade instalada, em 2001, o setor enfrentou uma crise de oferta que impôs, a todo o país, racionamento com corte compulsório de 20% na demanda total de eletricidade. O setor elétrico foi o fator determinante para uma crise econômica que provocou redução de 2% no PIB daquele ano.

O racionamento atingiu diretamente as regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste e, indiretamente, também as demais regiões, afetando o consumo residencial em todo o País.

Uma estimativa de evolução do mercado de energia elétrica, considerada modesta, mostra a necessidade de acréscimo de capacidade de produção de aproximadamente 27.000 MW médios de 2005 a 2015. Os quadros abaixo apresentam o consumo por classe até 2006 e a distribuição deste consumo, por região.

76

.16

2

78

.47

0

82

.65

0

85

.84

8

47

.53

1

49

.68

6

52

.93

9

55

.31

1

13

6.2

21

14

6.0

65

14

9.0

40

15

4.3

98

47

.07

3

46

.55

1

49

.93

4

51

.81

4

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

90.000

100.000

110.000

120.000

130.000

140.000

150.000

160.000

170.000

180.000

(GW

h)

Residencial Comercial Industrial Outros

CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA

2003 2004 2005 2006

Fonte: O Anuário Estatístico da Secretaria de Desenvolvimento da Produção, disponível em http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/publicacoes/desProducao/anu_Estatistico.php, acesso em julho de 2007.

Figura 4.1 Distribuição regional do consumo (2003 - 2006)

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A área de maior concentração de consumo e, conseqüentemente, de risco de déficit no fornecimento de energia, é a região Sul/Sudeste/Centro Oeste, devendo portanto, ser aquela, onde serão concentrados os maiores investimentos para crescimento do mercado supridor

O problema é grave considerando que investimentos em energia demandam muito tempo. No dia 09 de julho de 2007, a Agência Internacional de Energia, que presta assessoria às 26 nações mais ricas, divulgou um novo estudo que aponta a tendência de, entre 2010 e 2012, o mundo enfrentar uma grave crise de abastecimento de fontes energéticas, sobretudo petróleo e gás. No Brasil, o risco de estrangulamento no abastecimento de energia poderá ocorrer entre 2009 e 2012. Para afastar o risco de novos apagões, como o ocorrido em 2001, é necessário que as obras para a construção de novas hidrelétricas se iniciem sem demora.

As alternativas para aumento da produção são: a construção de usinas hidrelétricas, a instalação de usinas termelétricas movidas a combustível fóssil (principalmente o gás natural), a co-geração, a utilização de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e fontes alternativas e a construção de usinas nucleares. Em 2007 tomaram corpo os estudos de viabilidade para utilização em larga escala dos biocombustíveis, citado inclusive na terceira parte do 4º Relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) da ONU – lançado em maio de 2007, como combustível alternativo para mitigação ao aquecimento global.

A seguir é apresentada uma avaliação sucinta sobre as principais opções para a Expansão da Oferta.

4.2 - Geração hidrelétrica

O potencial hidrelétrico baseia-se em dois fenômenos naturais: a água das chuvas nos rios e a força da gravidade. Uma das principais características deste potencial, no Brasil, é o fato de estar concentrado em bacias hidrográficas distantes entre si e localizadas em regiões com diferente regime de chuvas, e de ter seu aproveitamento operado através de uma coordenação centralizada. A operação é planejada para que se possa tirar o máximo proveito da diversidade pluviométrica. A interligação de bacias localizadas em diferentes regiões geográficas assegura, ao sistema brasileiro um importante ganho na utilização desse potencial. O sistema brasileiro acumula nos reservatórios das usinas em operação, água suficiente para cinco anos de operação, chova ou não chova. Nenhum país do mundo tem tanta energia estocada, o que torna extremamente atraente esta opção de aproveitamento.

Em recente avaliação do potencial hidrelétrico no País indica um valor aproximado de 130 GW/ano de energia firme, equivalente a uma potência instalável de 260 GW, sendo importante lembrar que, atualmente, apenas 20% dessa disponibilidade encontram-se aproveitadas.

4.3 - Geração termelétrica a carvão

Além do potencial hidráulico, o país dispõe de reservas de carvão na Região Sul, que

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embora não significativas em nível mundial, totalizam 32.446 bilhões de toneladas, correspondendo a uma potência instalável de 100 GW. A utilização deste combustível, entretanto, esbarra em custos ainda não competitivos com o da geração de origem hidráulica, e nos problemas ambientais que as usinas termelétricas a carvão apresentam, destacando-se àqueles ligados à emissão de gases de efeito estufa (CO2) e de óxidos de Nitrogênio e Enxofre na atmosfera, responsáveis pela chuva ácida. A minimização de tais emissões, demanda a instalação de onerosos equipamentos para lavagem e tratamento dos gases de exaustão, diminuindo ainda mais sua competitividade econômica e ambiental.

4.4 - Geração termonuclear

Usinas Nucleares constituem-se em outra opção de aproveitamento, em especial pela existência de duas usinas nucleares em operação, Angra I e Angra II e uma, em fase de negociação financeira e política para a construção, a usina Angra III (cuja construção foi aprovada em junho de 2007 pelo Conselho Nacional de Política Energética - CNPE), o que pressupõe uma capacitação tecnológica já solidificada. Outro fator determinante é a disponibilização, no Brasil, de uma reserva recuperável de óxido de urânio da ordem de 120.000 ton, equivalente a uma capacidade instalada de 26GW.

Atualmente, fatos como o atraso nas datas previstas para o comissionamento de Angra II e III; oposição pública à disseminação de reatores no país; desenvolvimento de tecnologias nacionais relativas ao ciclo do combustível e a construção de reatores de menor porte, contribuíram para modificar a estratégia anterior de implantação de novas usinas nucleares, e de reavaliação do programa nuclear. No entanto, a supracitada terceira parte do 4º Relatório do IPCC também recomendou as usinas nucleares como tecnologia alternativa para mitigação ao aquecimento global.

4.5 - Geração térmica a gás natural

As perspectivas do programa termelétrico baseado nessa fonte energética sofreram mudanças significativas, em função das recentes descobertas de reservas de gás natural no país. A instalação de centrais termelétricas a gás natural passou a ser mais fortemente considerada como complementação da geração hidráulica. Por razões de estratégia geopolítica e econômica, a possibilidade de aproveitamento deste combustível mais promissora, a curto prazo, é a compatibilização do uso do gás nacional com o uso do gás importado da Bolívia, disponibilizado através do Gasbol e do importado da Argentina e do Peru.

Entre as fontes de recursos para produção de energia primária que compõem a matriz energética brasileira, o gás natural foi a de maior crescimento percentual, passando de 5,5% em 1989 para 8,9% em 2004.

No período de 2000 a 2003 foram incentivados diversos projetos de usinas a gás, devido à crise de energia do país. Porém os elevados custos do gás, cotado em dólares, entre outros aspectos geopolíticos, desestimularam os investimentos antes anunciados, sendo concretizados uma pequena parcela das usinas planejadas.

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4.6 - Fontes alternativas

O custo unitário maior e a percepção de risco mais elevada têm inibido os investimentos na geração elétrica através de fontes renováveis – Biomassa, Pequenas Centrais Hidroelétricas (PCHs) e, notadamente, Eólica e Solar. Nessas condições, o reduzido crescimento do mercado para o uso dessas tecnologias também não promove ganhos de escala na fabricação dos equipamentos, de modo a minimizar e otimizar os custos dessas alternativas e torná-las mais competitivas com as fontes tradicionais.

Porém, diversas iniciativas de âmbito público e privado têm contribuído para diversificar as fontes de energia. Muitas pesquisas encontram-se em andamento, com destaque aquelas relacionadas ao biodiesel. É importante lembrar que o Brasil foi o responsável pelo maior projeto de energia alternativa em escala mundial, o Pró-alcool, desativado com o fim das pressões no mercado de petróleo bem como o elevado desenvolvimento de tecnologias e da capacidade de extração do petróleo nas águas territoriais do Brasil pela Petrobrás.

Para as gerações em escala, visando o abastecimento de cidades e indústrias, de modo seguro, as pesquisas ainda precisam de maior desenvolvimento.

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5 - Referências bibliográficas

BARÃO, M. A. Avaliação crítica do licenciamento ambiental como ferramenta para o desenvolvimento sustentável do setor hidrelétrico. Dissertação de Mestrado - Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental – Área de Engenharia Ambiental, do Setor de Ciências Tecnológicas da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, abril de 2007.

COPEL. UHE Salto Caxias – Plano diretor para o uso do solo do reservatório e seu entorno – Uso do reservatório e seu entorno. Julho de 1998. s.l.

DESENVIX/Engevix – Estudos de inventário hidrelétrico do baixo Iguaçu. Brasília, 2003.

ELETROBRÁS/Grupo Coordenador Do Planejamento Dos Sistemas Elétricos - GCPS/Grupo de Trabalho de Informações Básicas para o Planejamento da Expansão da Geração. Relatório Anual do GTIB - março de 1999. Disponível em <http://www.mme.gov.br> Acesso em: 6 jul. 1999.

EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Plano decenal de expansão de energia elétrica 2006-2015. Brasília, março de 2006. Disponível em: <http://www.epe.gov.br> Acesso em 23/11/06 (a).

MME – MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Plano de Aceleração do Crescimento - PAC. 2006. Apresentação em Power Point. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/> Acesso em: 17 de janeiro de 2007.

PIRES, Silvia Helena - A incorporação da avaliação de impactos ambientais ao processo de planejamento de sistemas de transmissão de energia elétrica. 1994. 194 p. Dissertação (Mestrado) - COPPE/UFRJ, Programa de Engenharia Nuclear e Planejamento Energético. 1994.

Revista Época nº. 478, de 16 de julho de 2007, pág. 94: O Planeta sem luz?

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Sociedade da Água Consultoria Ambiental Ltda. UHE Baixo Iguaçu

Estudo de Impacto Ambiental - EIA

Capítulo V – Metodologia geral

Curitiba, abril de 2008

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Sumário p.

1 - Metodologia geral.....................................................................................................................3

1.1 - Diretrizes e etapas do estudo.............................................................................................3

1.2 - Definição das áreas de influência.......................................................................................6

1.2.1 - Considerações iniciais.............................................................................................6

1.2.2 - Definição das áreas de influência............................................................................8

1.3 - Oficinas participativas ......................................................................................................14

1.3.1 - Apresentação........................................................................................................14

1.3.2 - Desenvolvimento do diagnóstico e planejamento ambiental participativo..............14

1.3.3 - Estratégias de mobilização social..........................................................................16

1.3.4 - Reuniões de apresentação do projeto...................................................................17

1.3.5 - Reuniões preparatórias para as oficinas participativas..........................................18

1.3.6 - Realização das oficinas participativas ...................................................................21

1.3.7 - Considerações finais .............................................................................................25

2 - Referências bibliográficas.....................................................................................................26

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Capítulo - V – Metodologia geral

1 - Metodologia geral

1.1 - Diretrizes e etapas do estudo

Neste capítulo são apresentadas as diretrizes gerais que orientaram a elaboração dos estudos. Ressalta-se que a elaboração de um EIA deve contemplar uma série de exigências expressas em leis e resoluções conjugando ainda, as técnicas e metodologias consagradas nas mais diversas disciplinas que o documento reúne.

Em relação às leis e resoluções, destacam-se, conforme já mencionado no capítulo VI, a Lei da Política Ambiental (Lei nº 6.938, de 1981), as resoluções do Conama, em especial a 01/86, e a Resolução Sema nº 31/1998. Elas definem o conteúdo fundamental do EIA, especificando que devem ser apresentados, entre outros aspectos, os seguintes:

- As alternativas tecnológicas do projeto;

- A definição da área a ser direta e indiretamente afetada pelos impactos do projeto;

- A consideração dos planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de influência do projeto e sua compatibilidade;

- A elaboração de um diagnóstico ambiental, contemplando os aspectos físicos, bióticos e socioeconômicos;

- A identificação e avaliação dos impactos ambientais do projeto, em suas fases de implantação e operação;

- A proposição de medidas mitigadoras e compensatórias e programas ambientais de monitoramento dos impactos ambientais;

- A obrigatoriedade de promover ampla difusão do estudo ambiental, em linguagem apropriada ao conhecimento da população; além da realização de audiência(s) pública(s) para apresentação do empreendimento e seu EIA/RIMA.

Cada um desses aspectos exigidos pela legislação possui metodologias próprias para sua elaboração. O presente documento apresenta estas metodologias nos seus respectivos capítulos, conforme indicado na apresentação do estudo.

Tendo em vista tais exigências, o desenvolvimento dos estudos foi realizado considerando treze etapas, conforme ilustra a Figura 1.1 a seguir.

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Figura 1.1 Etapas de desenvolvimento do EIA

A etapa um consistiu na leitura do projeto, desde os estudos de inventário, que precederam os estudos de viabilidade (conforme descrito no capítulo III - Caracterização do empreendimento). Esta etapa consiste no conhecimento das questões principais do empreendimento, sua concepção básica, localização, áreas necessárias para sua implantação e operação, entre outros, de acordo com a disponibilidade de informações pertinente a etapa do projeto e sua compatibilidade com a respectiva etapa de licenciamento ambiental, também como apresentado no capítulo III.

Na etapa dois foram ampliadas as leituras das resoluções que norteiam os estudos, sendo elaborados as especificações técnicas de cada disciplina que deveria compor o EIA, de forma que sejam atendidos os critérios técnicos e as exigências legais. A compreensão do projeto e a leitura dos estudos anteriores, confrontando-se com as exigências legais, tornam possível estabelecer o perfil da equipe necessária para o EIA. Uma vez definida, são especificados e discutidos os detalhes dos serviços necessários, sendo feita uma primeira programação de levantamentos de campo e o cronograma geral dos estudos.

Na etapa três foi definida a área de influência, considerando-se, para tanto, uma primeira aproximação dos possíveis impactos ambientais que o projeto poderá gerar. Elabora-se uma listagem preliminar, sendo efetuadas reuniões ad hoc para indicação preliminar das áreas de influência. Considerando-se os trabalhos para a UHE Baixo Iguaçu, a existência dos estudos de inventário, elaborados em 2003, foi possível dispor de um extenso diagnóstico e avaliação dos impactos ambientais da alternativa proposta no inventário, facilitando sobremaneira esta etapa.

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Em função da definição das áreas de influência, as especificações técnicas para os estudos são revistas e, quando necessário, ampliadas ou melhor direcionadas. Do mesmo modo, a composição da equipe é revalidada, verificando-se suficiência e a cobertura aos temas necessários ao estudo e as áreas de influência, então definidas.

A etapa quatro foi marcada pela pesquisa dos planos e programas governamentais para a área de influência, para que seja verificado se o projeto é compatível com os mesmos. Esta tarefa foi dificultada, em grande medida, pela falta de informações dos projetos planejados e em andamento, de forma desagregada o suficiente para sua constatação na área de influência. Por outro lado, as facilidades da internet ampliaram muito as fontes de informações. Foram efetuadas ainda, entrevistas e levantamentos nos órgãos de planejamento governamental, com destaque ao Ipardes e as prefeituras municipais.

A etapa cinco consistiu na proposição de metodologias participativas para as etapas subseqüentes, em especial, de diagnóstico, avaliação de impactos e proposição de medidas e programas ambientais. Para os estudos da UHE Baixo Iguaçu, as metodologias participativa foram propostas e executadas tendo culminado nas oficinas participativas (2004 e 2007), que contaram com a presença das lideranças municipais e membros da comunidade local. Todos os detalhes deste processo são apresentados nos Anexos I e II do Capítulo IX. No item 1.3, a seguir, são resumidos os principais procedimentos e resultados obtidos com as oficinas participativas.

Na etapa seis desenvolveu-se o diagnóstico ambiental da área de influência, para os meios físico, biótico e socioeconômico. É uma etapa fundamental, onde foi estabelecido o conhecimento sobre a área, conhecimento este que é a base para a análise dos impactos ambientais do projeto. Os aspectos metodológicos de cada disciplina que compõem o diagnóstico são descritos em cada capítulo correspondente, de forma a facilitar a compreensão e a leitura dos mesmos.

A etapa sete, de avaliação de impactos ambientais, embora se coloque na seqüência do diagnóstico ambiental, permeia todo o estudo, em várias fases, desde o início dos mesmos, para permitir uma série de definições básicas, quando é feito uma lista preliminar dos impactos mais prováveis, até as etapas finais, quando diversos aspectos são melhores definidos bem como são reavaliados todos os estudos e feita uma checagem final. Nesta seqüência, como etapa sete, a avaliação de impactos ambientais segue uma metodologia específica, também apresentada no capítulo correspondente (Capítulo XI).

Uma análise integrada foi elaborada na etapa oito, representando a conjugação dos aspectos diagnosticados na etapa seis. Esta análise representa a integração de diversos componentes da realidade da área de influência, efetuada com apoio de indicadores e de análises dos mapeamentos temáticos e sobreposição dos mesmos com técnicas de geoprocessamento. Diversas relações de causa e efeito podem ser evidenciadas, permitindo reavaliar alguns impactos ambientais e melhor vislumbrar que medidas seriam mais eficazes na área, bem como são facilitados o estabelecimento de prognósticos sobre como será a região, com e sem a implantação do projeto.

Na etapa nove se desenvolveram as medidas e programas ambientais propostas para mitigar, compensar e monitorar os efeitos ambientais derivados do projeto. Uma gama de programas ambientais já são tradicionalmente propostos e recomendados para usinas

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hidrelétricas, e muitos estudos feitos pelo próprio setor têm ampliado e melhorado as metodologias para a elaboração dos programas ambientais, como ressaltam Muller (1995) e Eletrobrás (1991 e 1995). Soma-se a isso, exigências legais como a aplicação de recursos em unidades de conservação, desenvolvimento de ações de comunicação social e educação ambiental, normas e procedimentos relacionados a saúde, especificações e leis relacionadas a implantação e desenvolvimento de obras civis, em especial barragens entre outros aspectos. Esses e outros elementos devem nortear a proposição das medidas e programas, sempre confrontadas com os impactos ambientais previstos e a realidade da área de influência.

As etapas 10 e 11 correspondem a elaboração de prognósticos da região considerando a implantação e a não-implantação do projeto. Foram conjugadas as metodologias de todas as etapas anteriores, e, com ajuda das análises da equipe multidisciplinar, elaborados painéis sobre a área de influência, apoiados nos diagnósticos, dados, indicadores, mapeamentos e análises dos impactos ambientais.

Por sua vez, a etapa 12 representa uma situação peculiar ao presente EIA, em que sua elaboração se deu em duas etapas cronologicamente distintas (2004 e 2007). Esta etapa, realizada em 2007, é representada pela revisão, atualização e complementação dos estudos efetuados em 2004.

A última etapa consiste na edição do EIA, quando são efetuadas as revisões finais e preparado o documento para ser entregue aos órgãos ambientais. A partir do EIA foi possível então, elaborar o Rima, considerando a análise dos órgãos ambientais e suas recomendações para divulgação dos estudos.

Conforme mencionado no início deste item, cada uma das etapas propostas para o desenvolvimento do EIA apresenta seus critérios metodológicos nos capítulos respectivos que compõe o estudo.

A seguir são apresentados os aspectos metodológicos que fundamentaram a definição da área de influência e ressaltados os pontos principais da metodologia participativa, apresentada em maiores detalhes nos anexos I e II do capítulo IX como já informado.

1.2 - Definição das áreas de influência

1.2.1 - Considerações iniciais

A Resolução Conama n° 01/86 delega ao EIA a definição da área de influência do projeto, estabelecendo que deva ser considerada, em todos os casos, a bacia hidrográfica em que se localiza.

De certa forma, estabelecer uma área de influência é também efetuar um processo de regionalização de um espaço no qual estará inserido um empreendimento. A regionalização, neste caso, além de contribuir para o entendimento da região, através do diagnóstico ambiental, deve ser capaz de enxergar os espaços afetados pelo projeto. Admite-se então, um processo de interação contínua, onde, na medida em que se

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desenvolvem os estudos são revelados novos desdobramentos, cuja correlação com o espaço na qual se fazem perceber, pode vir a redefini-lo como área de influência.

Na etapa de elaboração do EIA, a definição da área de influência, mesmo considerando sua complexidade, dever permitir, de acordo com o estabelecido pela referida resolução, bem como em função das expectativas dos órgãos ambientais e da sociedade, que seja compreendida a dinâmica ambiental da área onde estará inserido o empreendimento. Devem ser também incluídos os processos e efeitos inerentes a sua implantação e operação. Entretanto, ainda que a especulação sobre a multiplicidade de espaços passíveis de inclusão possa ser considerada, a objetividade dos estudos pressupõe a responsabilidade de se estabelecer um limite para este espaço.

Ao estabelecer este espaço não se objetiva esgotar as discussões sobre sua própria definição, mas sim, estabelecer o horizonte dos levantamentos que vão permitir a avaliação da viabilidade ambiental do empreendimento. Segundo GOMES (1995), há uma compreensão do senso comum do que seja uma noção de região que encara "dois princípios fundamentais: o de localização e o de extensão". Seria como uma unidade de expressão para fenômenos, características, conhecimentos, que encontrariam um limite espacial e/ou simbólico para sua determinação.

No centro deste debate, encontra-se, na noção de região, uma espécie de ponto de partida para as formulações sobre qual o elemento ou característica deveria estar baseada a compreensão do espaço em suas diversas dimensões. Mas esta parece ser uma conclusão proposta por Hartshorne (1999), ao entender a região como uma "construção mental", onde são escolhidas certas características que acabam por particularizar ou diferenciar uma dada área, escolha esta feita em função dos objetivos que motivam um estudo regional.

Este aspecto mostra-se interessante para os estudos ambientais, pois, de fato, define-se uma área de acordo com seus propósitos e objetivos, embora possam ser considerados os processos regionais, as funcionalidades e polarizações entre cidades, por exemplo, sem necessariamente, incluí-las enquanto área de influência. Entendem-se os processos regionais que promovem sua dinâmica, independentemente do projeto afeta-los ou não, permitindo maior flexibilidade na própria definição de área de influência.

A organização do espaço em territórios, com fronteiras definidas, não apenas implica em uma delimitação espacial, mas também em uma disponibilização de dados orientada para cada espaço politicamente determinado. Os esforços para superação de tais limites produzem seus resultados, mas para produzi-los, via de regra, são necessários muitos recursos físicos, humanos e de tempo, sendo ainda passíveis de toda a ordem de questionamentos quanto a metodologias, desenvolvimento e sobre os próprios resultados obtidos e seu respaldo técnico.

Assim, superar a forma de obtenção de dados confiáveis e respaldados, fora de sistemáticas tradicionais onde as regiões não sejam delimitadas segundo os territórios politicamente definidos, torna-se uma tarefa de difícil execução. Este aspecto é ainda mais crítico quando considerada a necessidade das análises de cunho ambiental, cujo enfoque espacial nem sempre é coincidente com os recortes político-administrativos.

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Mesmo com a recente organização de instituições que apresentam uma abordagem supra-territorial, como os comitês de bacias hidrográficas, a dimensão política-administrativa ainda é marcante e muitas vezes decisiva. Isto porque se disputam espaços e recursos, e a abordagem territorial define processos importantes, especialmente a escolha de representantes através do voto, que é organizado por uma lógica territorial, e processos de arrecadação e incidência de impostos e a conseqüente geração de recursos, que são norteadores importantes das ações de planejamento das comunidades humanas, cujas ações revertem-se sobre a qualidade ambiental de forma ampla.

Em complemento a necessidade de inclusão da bacia hidrográfica onde o empreendimento se localiza, o Manual dos Efeitos Sobre o Meio Ambiente da Eletrobrás, de 1986, definiu como área de influência, para os estudos relativos aos aspectos socioeconômicos, a área territorial dos municípios que tiverem parte de seus territórios atingidos pelos empreendimentos do setor.

Para os estudos ambientais o recorte espacial na qual se dará todo o enfoque dos mesmos, deve estar baseado em um modelo de sistema que necessariamente elaborado a priori, se converte, na verdade, em uma hipótese de trabalho, a qual é posta a prova durante as fases seguintes dos estudos. Se a região não é meramente uma construção intelectual, sendo também efetivamente construída (Haesbaert, 1999), a responsabilidade dos estudos ambientais em determinar sua dimensão espacial é ainda maior e deve ser continuada ao longo de outras fases dos estudos, quando cabível.

Diante dessas considerações, é proposta a seguir, a definição da área de influência da UHE Baixo Iguaçu.

1.2.2 - Definição das áreas de influência

Considerando a abrangência diversa dos efeitos ambientais do projeto, foram definidas três escalas de análise:

- Uma, denominada área de influência macrorregional, que consiste na bacia hidrográfica do rio Iguaçu, considerando todos as usinas hidrelétricas existentes e aquelas constantes no planejamento governamental;

- A segunda, denominada área de influência indireta - AII: consiste na bacia incremental para o futuro reservatório (jusante da UHE Salto Caxias) para os estudos do meio físico e biótico e o território global dos municípios que terão parte de suas terras atingidas, para os estudos socioeconômicos;

- A terceira, denominada área de influência direta - AID: consiste nas áreas atingidas pelo reservatório, faixa de proteção marginal, canteiro, acessos, bota-fora e demais intervenções, bem como aquelas comunidades que, pela proximidade do canteiro de obras, possam vir a sentir os efeitos da maior pressão demográfica. Considerou-se ainda uma área de jusante, definida, basicamente, com uma faixa de 10 km acrescida de sua área de preservação permanente. Para os estudos do meio biótico considerou-se ainda um raio aproximado de 1(um) km da foz do rio Gonçalves Dias, que sofrerá impacto direto das obras.

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A Resolução Conama n° 1/86 e a Resolução Sema n° 31/1998, conforme já apresentado, indicam ser a área de influência direta a "área sujeita aos impactos diretos da implantação e operação do empreendimento", e a área indireta, "aquela real ou potencialmente ameaçada pelos impactos indiretos da implantação e operação do empreendimento".

Sendo a configuração destas áreas determinadas fundamentalmente pela abrangência - local ou regional - dos efeitos ambientais decorrentes do empreendimento, mostrou-se necessário proceder-se um check-list preliminar dos impactos ambientais previstos. Para tanto, foram considerados os resultados dos estudos de inventário, as características do empreendimento e a indicação dos impactos mais comuns, já apresentados e discutidos em estudos semelhantes e enriquecidos pela experiência que o setor elétrico e de análise ambiental tem acumulado ao longo de suas histórias.

Assim sendo, foram considerados os seguintes aspectos:

- A implantação e operação do canteiro de obras: o crescimento da oferta de empregos engendra um conjunto de conseqüências socioeconômicas e ambientais, dentre elas a geração de expectativas, que interfere na organização social das comunidades e em suas perspectivas de futuro, o surgimento de movimentos migratórios, que se reflete no aumento populacional, que, por sua vez, pode resultar em pressões sobre os serviços de saúde, educação, habitação e segurança. A implantação do canteiro e a abertura e melhora dos acesso ao local das obras, passam a exercer pressões sobre a cobertura vegetal local, e sobre a fauna associada. Processos erosivos podem ser iniciados ou acelerados.

- Desenvolvimento das obras principais, abertura de áreas de empréstimo e bota-fora: a intensificação do ritmo das obras promove mudanças no uso dos solos, supressão de vegetação, pressões sobre a fauna local, incremento de processos erosivos. A qualidade das águas nas proximidades dos sítios das obras tende a sofrer alterações, especialmente devido ao aumento da turbidez. Ocorrem os deslocamentos iniciais da população, podendo acarretar em perdas culturais e econômicas. É incrementada a circulação de materiais, equipamentos e de trabalhadores, pressionando ainda mais os serviços sociais e os equipamentos urbanos das cidades próximas. O maior fluxo de investimentos reverte-se na economia local e nos principais núcleos de apoio, com o crescimento da demanda por bens e serviços. Pode ocorrer um processo inflacionário localizado, derivado do crescimento da demanda e também pela maior circulação monetária, devido aos fluxos de renda proporcionados pela massa salarial decorrente dos empregos gerados;

- Enchimento do reservatório: possibilidades de acidentes, quer seja pelo afluxo de curiosos ao local, como por animais peçonhentos deslocados de seu habitat. Nesta fase, alguns animais com pequena capacidade de locomoção podem ser mortos por afogamento. É iniciado o processo de fuga e adaptação / competição com outros animais localizados em habitats próximos ao lago.

- Formação do reservatório: a formação do reservatório e a conseqüente mudança de regime hídrico, de lótico para lêntico, é o ponto de partida para uma série de alterações ambientais, a serem sentidas tanto nos meios físico e biótico quanto socioeconômico. No caso deste reservatório a alteração de regime restringe-se, basicamente, a área a montante, pois o mesmo opera a fio d'água sem alterar a

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sazonalidade a jusante. No entanto, as oscilações diárias de vazão oriundas da operação das usinas à montante foram consideradas;

Diante destes aspectos, se delimitou áreas de influência que representasse os principais efeitos observados, e que pudessem estabelecer uma relação entre o contexto no qual estão inseridas e as alterações ambientais propriamente ditas. Estas áreas são indicadas a seguir.

Assim, a área de influência indireta adotada para os estudos físicos bióticos consistiu em recorte que permitisse a compreensão de processos e atributos atuantes na estruturação dos sistemas ecológicos da região. Neste sentido, áreas que possam atuar como fonte de sedimentos, processos regionais de transporte, áreas de deslocamento faunístico, macrounidades ecológicas, dentre outros elementos que somente podem ser devidamente diagnosticados e compreendidos se analisados dentro de uma área relativamente ampla.

Desta forma, considerou-se, como recorte de análise e mapeamento para a área de influência indireta, a bacia de drenagem situada entre a UHE Salto Caxias e a foz do rio Iguaçu, no rio Paraná, em sua porção nacional, de forma a incluir, assim todo o Parque Nacional do Iguaçu.

A Área de Influência Direta (AID), inclui as áreas que sofrerão interferências diretas, como o reservatório, acrescido de uma faixa de preservação permanente de 100 m; o local das obras, tais como canteiros, áreas de empréstimo e bota-fora; um trecho de 10 km do rio Iguaçu, acrescido de sua área de preservação permanente, a jusante da barragem; e uma porção do Parque Nacional do Iguaçu, em um raio aproximado de 1(um) km da foz do rio Gonçalves Dias, que sofrerá impacto direto das obras.

Para os estudos socioeconômicos, a área de influência indireta, conforme já apresentado, é composta pelos municípios que terão parte de suas terras inundadas pela formação do reservatório e que serão objeto de intervenções decorrentes das obras.

Entre os diversos fatores que atuam sobre a dinâmica sociocultural, limitando-se aqui a perspectiva deste debate aos objetivos deste estudo, destacam-se aqueles mais diretamente vinculados a organização política-territorial. A esfera da organização política brasileira, onde a República é formada pela união de estados e municípios, determina, em grande medida, o estabelecimento de um conjunto de inter-relações sociais, políticas e econômicas, nas quais a sociedade se fundamenta, conduzindo assim, a uma hierarquia funcional e administrativa onde o município representa seu núcleo básico.

Sobre os limites territoriais de um município, são incidentes as práticas e rotinas da vida social que, embora inter-relacionadas a aspectos que não se resumem unicamente em limites, assim se organizam, e, enquanto objeto de análise, assumem coerência a partir da reunião de dados, estatísticas e informações dispostas segundo esta organização geo-política.

Os impactos ambientais decorrentes da perda de território, perdas de áreas de produção e redução conseqüente na geração de divisas e impostos, as mudança no padrão de uso do solo, crescimento do mercado e da economia, e ainda, as pressões sociais e sobre os equipamentos de saúde, educação, habitação e segurança, serão sentidos pelas

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administrações municipais, cujo gerenciamento remete, em grande medida aos seus limites espaciais.

Ainda no âmbito dos estudos socioeconômicos, dados e informações são apresentados para uma organização espacial determinada segundo os limites político-territoriais, definido um escopo próprio de análises que são permitidas em função desta disponibilidade. Portanto, a referência fundamental para os estudos socioeconômicos, enquanto unidade de pesquisa e análise, constituiu-se nos municípios e seus distritos, definindo-se a área de influência indireta à região delimitada pela área total daqueles em que parte de suas terras estivessem diretamente atingidas pelo empreendimento.

Para determinação dos municípios que terão parte das terras atingidas, foram preparadas bases cartográficas a partir dos dados da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Estado do Paraná. De acordo com os estudos de inventário, que foram a base para o estabelecimento das áreas de influência, os municípios que teriam parte de suas terras atingidas seriam Capanema, Realeza, Nova Prata do Iguaçu e Capitão Leônidas Marques.

Com a conclusão dos levantamentos aerofotogramétricos foi possível identificar uma pequena área do município de Planalto atingida, pela formação do reservatório no rio Capanema, afluente do Iguaçu. Assim, a área de influência para os estudos socioeconômicos foi revista para a inclusão do município de Planalto.

Na figura a seguir, ilustram-se as áreas de influência para os estudos do meio físico e biótico e socioeconômico.

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Figura 1.2 Área de influência dos estudos do meio físico, biótico e socioeconômico

Por fim, para que fossem analisados os efeitos cumulativos e sinérgicos da UHE Baixo Iguaçu, foi necessário estabelecer uma nova área de influência, de complexidade e extensão suficientes para que esses efeitos pudessem ser evidenciados. Assim foi considerado como área de incidência desses efeitos, a maior escala provável, ou seja, a bacia do rio Iguaçu.

Essa definição vai de encontro às orientações atuais de se estudar o contexto total da bacia hidrográfica no qual um novo empreendimento hidrelétrico se instale, ainda que a presença de outros empreendimentos já tenha imprimido fortes condicionantes e dinâmicas nessa bacia. Os estudos da bacia, para a socioeconomia foram orientados por procedimentos de polarização e regionalização, conforme apresentado nos itens específicos de metodologia relativisando assim, as dinâmicas sociais no espaço físico da

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bacia. De modo a promover a integração total dos dados, as áreas de todos os municípios no interior da bacia foram considerados.

No desenho UHEBI-GER-AIS-002 ilustra-se as áreas de influência, considerando-se também, a área de influência macrorregional.

Nas tabelas a seguir são apresentados os valores das áreas de influência definidas.

Tabela 1.1 Áreas de influência dos estudos ambientais

Áreas de Influência km2 hectares

Área de influência indireta –AII - meio físico e biótico (1) 8.629,15 862.915,00

Área de influência indireta – AII - meio socioeconômico (2) 1.666,60 166.660,00

Área de influência direta (3)

Área inundada (cota 259 m)

Área inundada territorial 13,59 1.358,99

Calha do rio 18,04 1.803,90

Área do reservatório 31,63 3.162,89

Área de canteiro de obras 0,7 70

Área de preservação permanente do reservatório (100 m) (3) 25,58 2.558,25

(1) Bacia de contribuição, adicionada o trecho de jusante até a confluência com o rio Paraná (ao norte) e até a fronteira internacional com a Argentina (ao sul). Fonte: Cálculos efetuados pelo Engevix Engenharia S/A.

(2) AII do meio socioeconômico corresponde ao somatório das áreas totais dos municípios de Capanema, Capitão Leônidas Marques, Nova Prata do Iguaçu, Planalto e Realeza, de acordo com os dados do Censo IBGE – 2000.

(3) Fonte: Restituição aerofotogramétrica. Cálculos efetuados pelo Engevix Engenharia S/A.

A área destinada a formação do reservatório, em cada um dos municípios é apresentada no quadro a seguir.

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Tabela 1.2 Área inundada por município

Área Inundada (cota 259 m)

Área inundada (km2) (1)

Área total do município (km2)

(2)

% área atingida/total

Capanema 4,52 418,2 1,0808

Capitão Leônidas Marques 5,56 220,4 2,5227

Nova Prata do Iguaçu 0,04 343,9 0,0116 Planalto 0,06 329,8 0,0182 Realeza 3,41 354,3 0,9625

Total 13,59 1.666,60 0,8154 (1) Fonte: Restituição aerofotogramétrica.

Cálculos efetuados pelo Engevix Engenharia S/A. (2) AII do meio socioeconômico corresponde ao somatório das áreas totais dos

municípios de Capanema, Capitão Leônidas Marques, Nova Prata do Iguaçu, Planalto e Realeza, de acordo com os dados do Censo IBGE – 2000.

1.3 - Oficinas participativas

1.3.1 - Apresentação

Para a elaboração dos estudos ambientais da UHE Baixo Iguaçu, adotou-se metodologias participativas de diagnóstico, planejamento e avaliação ambiental. Considerou-se como diagnóstico participativo o processo de construção de um diagnóstico e planejamento ambiental da área de influência da UHE Baixo Iguaçu que contou com a participação, não apenas da equipe responsável pela elaboração dos estudos, mas das instituições, lideranças e pessoas presentes na área de influência e que estavam interessadas no projeto e que puderam contribuir com informações para a elaboração do diagnóstico da região, respeitando-se as diversas opiniões, favoráveis ou não, ao projeto.

Todo o processo de desenvolvimento das metodologias participativas culminou com as oficinas do diagnóstico e planejamento ambiental participativas. Estas oficinas foram realizadas em dois momentos temporais distintos, sendo a primeira em 2004, e a segunda em 2007. No entanto, ambas adotaram a mesma metodologia.

Nos itens a seguir, são apresentados os principais conceitos adotados e as etapas executadas para o desenvolvimento do diagnóstico e planejamento participativo.

1.3.2 - Desenvolvimento do diagnóstico e planejamento ambiental participativo

a) Considerações gerais

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Para a concepção da metodologia proposta, foram estudados os métodos mais utilizados de planejamento e participação, consagrados pelas metodologias ZOOP, Metaplan e de DRP – Diagnóstico Rápido/Rural Participativo.

O foco principal da proposta de diagnóstico e planejamento participativo volta-se para a construção do “(...) conhecimento sobre a área de abrangência do empreendimento junto àqueles que serão impactados. Isso já é mitigador por si só” (Brose - org., 2001, p.66).

A conjugação das metodologias ZOOP, Metaplan e DRP buscou eleger em cada uma das técnicas os elementos que melhor se adaptassem a proposta de um EIA/Rima, centrando os objetivos nos elementos a serem diagnosticados com ajuda da comunidade e que guardassem relação com o escopo dos estudos ambientais.

A proposta adotada buscou ampliar em diversas frentes a participação e o conhecimento da comunidade, ainda na etapa de elaboração dos estudos, buscando incorporar o conhecimento que ela mesma possui sobre a região.

O elemento central do diagnóstico participativo constituiu-se na realização de oficinas de diagnóstico e planejamento ambiental, que consistiram no momento de auge do processo, materializando todas as etapas antecedentes, e resultando na obtenção, organização, sistematização e avaliação das informações de diagnóstico da região.

Foram objetivos do diagnóstico e planejamento participativo:

- O esclarecimento da comunidade sobre o que é a UHE Baixo Iguaçu;

- O esclarecimento da comunidade sobre o processo de licenciamento ambiental e as características de um EIA/RIMA;

- A obtenção de informações junto à comunidade, necessárias para caracterização ambiental da área de influência;

- Receber da comunidade as impressões sobre sua região, seus aspectos negativos, positivos e potenciais;

- Ouvir da comunidade sua impressão e opinião sobre o empreendimento;

- A incorporação de informações e sugestões, sempre que possível e de forma coerente com os estudos ambientais.

A área de abrangência do diagnóstico participativo correspondeu aos municípios que terão parte de suas terras atingidas pelo empreendimento, que são: Capanema, Capitão Leônidas Marques, Realeza e Nova Prata do Iguaçu. Em 2004, não foi realizado oficina participativa em Planalto, uma vez que até a data de realização das mesmas os estudos topográficos não haviam concluído pela afetação de terras em Planalto. No entanto, a prefeitura foi contatada e visitada. Na etapa de 2007, realizou-se a oficina do município de Planalto juntamente com o município de Realeza.

Dentre os temas que foram abordados pelo diagnóstico participativo e, destacam-se:

- Aspectos econômicos;

- Aspectos sociais;

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- Infra-estrutura;

- Cultura, lazer e turismo;

- Questões ambientais e dos recursos naturais do município.

1.3.3 - Estratégias de mobilização social

Para o desenvolvimento do diagnóstico participativo foi essencial a mobilização das comunidades para sua efetiva presença e participação. Além da comunidade local, buscou-se também o engajamento dos órgãos ambientais de interesse, em especial o IAP – Instituto Ambiental do Paraná e o Ibama, através do Parque Nacional do Iguaçu.

A estratégia adotada consistiu em mobilizações sucessivas, caracterizada pela construção de uma matriz institucional composta pela prefeitura municipal e pelas instituições e representantes da comunidade.

Partiu-se de uma primeira aproximação com a entidade de representação máxima da municipalidade, que é a prefeitura. A partir dela, foram iniciados os procedimentos de construção da matriz institucional, que foi acrescida e complementada através dos diversos contatos mantidos na região. Os contatos foram mantidos por telefone e e-mail, bem como através de reuniões em cada município.

Assim, procedeu-se da seguinte forma:

- Foi agendada uma reunião com o IAP – Instituto Ambiental do Paraná e com a chefia do Parque Nacional do Iguaçu (Brasil), unidades de conservação próximas ao empreendimento, onde foram apresentados os dados do projeto, e as diretrizes a serem adotadas para elaboração dos estudos ambientais;

- Foram feitos contatos telefônicos com os prefeitos municipais e/ou seus assessores, quando foi apresentada a empresa, os estudos a serem realizados, os dados do empreendimento. Deste contato, foram agendadas reuniões em cada um dos municípios;

- Foram realizadas reuniões com os prefeitos municipais para a apresentação do projeto, e dos estudos ambientais já efetuados e a efetuar, bem como o estágio do processo de licenciamento ambiental e os desdobramentos prováveis;

- Foram realizadas reuniões com as lideranças municipais para apresentação do projeto e dos objetivos do diagnóstico participativo, indicando a necessidade de informações sobre o município para a composição dos estudos ambientais;

- Em 2007 realizaram-se novas oficinas participativas, com o objetivo de atualizar e complementar os dados coligidos em 2004. Foram efetuadas então, inicialmente, reuniões com os prefeitos e lideranças municipais para esclarecimentos sobre a nova fase do empreendimento e para mobilizá-los para as novas oficinas.

Nos itens a seguir, são descritos os principais encontros de mobilização para a realização das oficinas participativas.

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1.3.4 - Reuniões de apresentação do projeto

Conforme descrito, em 2004, foram feitos contatos com as prefeituras municipais, o IAP e o Parque Nacional do Iguaçu, primeiramente por telefone, quando foram apresentados os dados principais da empresa responsável pelos estudos, as características do empreendimento e os objetivos dos estudos ambientais. Neste contato, seguiram-se os esforços para agendamento da reunião com os prefeitos. A agenda estabelecida é apresentada no quadro a seguir. Todas as reuniões foram registradas por fotos e atas de reunião devidamente assinadas. Nessas reuniões foram definidos os locais, data e hora das oficinas participativas.

Quadro 1.1 Reuniões de apresentação do projeto em 2004

Data Instituição/Município Contato

29/jun/2004 IAP – Instituto Ambiental do Paraná

Sr. José Augusto T. F. Picherh

Sra. Noemi Moreira de Oliveira

Sr. Ademar Cabeças Filho

30/jun/2004 Parque Nacional do Iguaçu Sr. Jorge Luiz Pegoraro

Sr. Apolônio Rodrigues

1/jul/2004 Prefeitura de Capanema Sr. Prefeito Valter José Steffen

1/jul/2004 Prefeitura de Realeza Sr. Prefeito Neivo Tomasini

2/jul/2004 Prefeitura de Capitão Leônidas Marques Sr. Prefeito Décio Dallabrida

2/jul/2004 Prefeitura de Nova Prata do Iguaçu Sr. Prefeito Jair Antônio Morgam

12/ago/2004 Prefeitura de Planalto Sr. Prefeito Nelson Lauro Luersen

Durante as reuniões foram apresentados os dados do empreendimento então disponíveis, sendo relatadas as principais conclusões dos estudos de inventário. Foram enfatizadas as diferenças entre o projeto proposto na década de 80 do século XX e as reformulações efetuadas em 2003/2004, destacando-se as diversas interferências ambientais evitadas, como a mudança da localização do eixo do empreendimento – fora da área do Parque Nacional do Iguaçu e a grande redução de áreas inundadas.

Do mesmo modo, foram discutidas as etapas de licenciamento ambiental, destacando-se a etapa atual, de solicitação de EIA/Rima. A proposta de desenvolvimento de metodologias participativas foi também apresentada e aceita pelas instituições contatadas, que se mostraram bastante receptivas.

A partir deste contato inicial, diversos outros em caráter informal foram efetuados, de forma a compor os estudos ambientais bem como promover a organização das oficinas participativas.

No início de 2007, foram realizadas reuniões com a presença da coordenação geral do EIA, dos atuais prefeitos dos cinco municípios supracitados, da diretoria e chefia do setor de licenciamento ambiental dos órgãos ambientais do Paraná, a SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e o IAP – Instituto Ambiental do Paraná; bem como com o gerente e técnicos do Parque Nacional do Iguaçu, objetivando apresentar e explicar as

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recentes alterações e complementações no EIA/RIMA e no projeto de engenharia da UHE Baixo Iguaçu.

1.3.5 - Reuniões preparatórias para as oficinas participativas

Após os contatos para apresentação do empreendimento e da metodologia para as oficinas participativas, novas reuniões foram agendadas e realizadas para a definição dos detalhes para a realização das oficinas.

Conforme o quadro 1.2, as reuniões, tanto as realizadas em 2004 ou 2007, contaram com a participação dos secretários municipais, lideranças locais e membros da comunidade. Na ocasião toda a metodologia foi detalhadamente apresentada, e foi repassado aos participantes uma lista e orientações das informações que seriam necessárias para o diagnóstico ambiental. Receberam-se ainda as sugestões dos participantes quanto aos temas a serem tratados.

Quadro 1.2 Reuniões preparatórias

para as oficinas participativas, em 2004 e 2007

Instituição Participantes / cargo Data

Zulmiro Luiz Gai – Assessor do Prefeito

Janete Felippe – SEBRAE

Neury A. Bedin – ACICAP – Associação Comercial e Industrial do município

Nilo Deitos – Secretário de Saúde

Marilda Dal Pozzo - Núcleo de escolas estaduais

Maria Glória Debona - Secretária de Educação

Carlos Costaldi - COOPAVEL

José Lino Bergamin – Secretário de Desenvolvimento Econômico

Irineu Vojssczak - EMATER

José Odair Campigotto - Presidente da Câmara de Vereadores

PREFEITURA MUNICIPAL

DE CAPITÃO LEÔNIDAS MARQUES

Olinto Yope – Sindicato dos Trabalhadores Rurais

09/07/2004

Neivo Tomazinii – Prefeito Municipal

Carlos Roberto Franciscon – Presidente Fórum de Desenvolv. Social

Lori Sabadin Argenta – Assessora de Promoção Social

Renato Álvaro Neys – Assistente de Promoção Social

Paulo Giacomelli – Sindicato dos Trabalhadores Rurais

João Carlos Liberotto – Secretaria de Urbanismo

PREFEITURA MUNICIPAL DE REALEZA

César Roberto S. Paz- Eng. Agron. EMATER

10/07/2004

Silveste May – Secretário Indústria e Comércio

Eduardo José Grahl – Vice-Presidente da ACEMPI – Associação Comercial, Industrial e Agropecuária do município

Sérgio Faust – Secret. Agricultura

Romias Davi Rover- Pres. Rotary Clube

Milto B. Ruhnke

Adelir Bressan – Presidente ACEMP

Moacir Antônio Perão – Advogado e Assistente Jurídico do município

PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA PRATA DO IGUAÇU

Ademir Zanata – Professor municipal

10/07/2004

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Heraldo Langer – Farmacêutico

Assis Pereira Viana – Presidente do Sindicato dos Trab. Rurais

Vilson José Borowski – ACEC

Carlos Carboni – Vice-Prefeito

Paulo Orso – Secretário da Agricultura e Meio Ambiente

PREFEITURA MUNICIPAL DE CAPANEMA

João Valdir da Silva – Presidente da Câmara de Vereadores

10/07/2004

IBAMA

PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU

Apolônio Rodrigues – Biólogo e Chefe Substituto 12/07/2004

Nerei Alberto Bernardi - ADHABI

Dejenésio Joly - Agricultor

Atalício N. Sertori - ADHABI

Plínio Pedro Primo - ADHABI

Dalton Schimidt – Setor Rodoviário

Laire A. Dal-Prá - Prefeitura

Jair Costa – Prefeitura

Ademar Mantovani - Prefeitura

Perique P. Borella - Prefeitura

Gilber L. Fernandes – Igreja Assembléia de Deus

Marcio Luiz Kunrath – Banco do Brasil

Aroldo Santos – Prefeitura

Sérgio Paulo Jurviewicz - Prefeitura

Volcir Lucietto – Câmara de Vereadores

Elvio Bender – Igreja Evangélica Luterana do Brasil

PREFEITURA MUNICIPAL

DE CAPITÃO LEÔNIDAS MARQUES

Fortunato L. Orben – IAP

18/05/2007

Adir Basso - EMATER-PR

José C. Viana - Câmara de Vereadores

Marcos Antonio Musical - Prefeitura

Tânia Lotici Rodoy - Prefeitura

Milton Andreolli - Prefeitura

Márcia R. Voltolim - Prefeitura

Jayme Rogério Taube – Vereador/Emater

Altairo Zultion – Presidente Sindicato Rural

Paulo Giacomelli – Sindicato dos Trabalhadores Rurais

Carlos A. Zuchi - Prefeitura

Lilliane Demonie - Prefeitura

PREFEITURA MUNICIPAL DE REALEZA

Maria A. Miranda - Prefeitura

17/05/2007

Luiz Zanella – Vereador

Elvis Luiz Cambruzzi - Prefeitura

Osnir Veronese - PROCAXIAS

Wilson Cardoso - ACENPI

Aurelino A. Fagundes – Assessor de Imprensa

Mônica Gomes Dutra Minozzo - EMATER

Terezinha Miola Belle - Prefeitura

Gerson Zatta - Prefeitura

Andréia Hoffilder- Prefeitura

Janaína Rascopp - Prefeitura

PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA PRATA DO IGUAÇU

Silvana A. Bertoglio Vedana - Prefeitura

17/05/2007

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Ademir Zanata – Sindicato Servidores

Deonete Borges da Silva – Secretaria Municipal de Educação

Zilma Terezinha Alberton – Ação Social

Ivonete C. Bernardi - Prefeitura

Antonio Maziero - Prefeitura

Sergio Faust – Secretaria Municipal de Agricultura

Altair Anjilhero – Secretaria Municipal de Agricultura

Adão Felício Poncio - Prefeitura

Ireni B. Felício Poncio

Dejair Fascina – Rádio Tropical

Mateus E. Modari

Jivago Toscan

Franciely Gasparin Scheer

Marcos Lima – Rádio Capanema

Luiz Ornélio Weissheimer - Prefeitura

Celso Prediger - COOPAFI

Luiz Vicente Hanemann - Prefeitura

Vilson José Borowski - ACEC

Marcelino Ampessas – Câmara de Vereadores

Clésio Wowielli – Câmara de Vereadores

Altair Palm – Casa Familiar Rural

Nalva A. da Rosa - Prefeitura

Arielly Mergen - Prefeitura

Thaismara Machado - Prefeitura

Ivone dos Santos - Prefeitura

Milton Kafer - Prefeito

Ari Follmann - Prefeitura

Adriano Winck - Prefeitura

Claudia Ferronato - Prefeitura

Dalmir Rubens Rahmeier - Prefeitura

Milton José Ferrari - Prefeitura

Ademar Szimanski - Vereador

João Szimanski - Prefeitura

Evaldo Denardin – Vice-Prefeito

PREFEITURA MUNICIPAL DE CAPANEMA

Leonesio A. Feltrin - Advogado

16/05/2007

Gian F. Schiaro - Prefeitura

Libanor Viesseli – EMATER-PR

Lara Kamphorst – Secretaria Municipal de Educação

Luis Bigres – Presidente da Câmara

Pedro Monhol - Vereador

Ademar Ceconi – Câmara de Vereadores

Marlan Fernando Kuhn- Prefeitura

Amilton Bucco Cataneo – Câmara de Vereadores

Idair Furlaneto – Rotary

Paulo Sérgio Budtinguer - Prefeitura

PREFEITURA MUNICIPAL DE PLANALTO

Valdemar Baratto dos Santos – Secretaria do Meio Ambiente

16/05/2007

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1.3.6 - Realização das oficinas participativas

a) Datas e locais estabelecidos

As datas estabelecidas das oficinas e os locais onde as mesmas foram realizadas são indicados a seguir:

Quadro 1.3 Agenda das oficinas participativas em 2004 e 2007

Município Data e horário Local

Realeza 10/08/2004, as 14:00 Casa da Amizade – Rua Padre Fernando Zanker, 2.589

Capanema 11/08/2004, as 14:00 Câmara dos Vereadores: Rua Padre Cirilo, 273

Nova Prata do Iguaçu 12/08/2004, as 18:00 Associação Comercial e Empresarial de Nova Prata do Iguaçu – Rua Armelindo Dalbosco, 31

Capitão Leônidas Marques 13/08/2004, as 14:00 ACIAP – Associação Comercial e Industrial de Capitão Leônidas Marques – Av. Iguaçu, 314

Capanema e Planalto 11/06/2007, as 13:30 Centro de Exposições de Capanema Realeza e Nova Prata do Iguaçu 12/06/2007, as 13:00 Associação de Desenvolvimento Comunitário

de Flor da Serra

Capitão Leônidas Marques 13/06/2007, as 13:00 Centro de Tradições Gaúchas - CTG

Foram convidadas para participar destas oficinas, por intermédio de cartas, contatos telefônicos, e-mails, fac-símiles, inserções em jornais e rádios locais, as seguintes instâncias:

- Prefeitos municipais;

- Presidente da câmara dos vereadores;

- Secretários municipais;

- Presidentes de conselhos municipais;

- Representante do poder judiciário no município;

- Presidentes de associações de empresários e de produtores rurais;

- Presidentes de associações comunitárias/lideranças das regiões próximas ao empreendimento;

- Presidentes de cooperativas ligadas a produção;

- Presidentes de sindicatos dos trabalhadores;

- Representante da Sanepar no município;

- Representante da Emater no município;

- IAP – Instituto Ambiental do Paraná;

- Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis;

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- Parque Nacional do Iguaçu;

- ANA – Agência Nacional de Águas;

- Crabi – Comissão Regional dos Atingidos por Barragens no rio Iguaçu;

- ONG Terra de Direitos;

- Escritório da Unesco, em São Paulo;

- Unioeste (Cascavel, Francisco Beltrão e Pato Branco);

- Representante da Copel no município.

b) Estrutura principal

As oficinas participativas estiveram organizadas com a estrutura ilustrada pela figura a seguir:

Figura 1.3 Estrutura das oficinas participativas

c) Desenvolvimento das oficinas participativas

c.1) Recepção

Foi organizada uma recepção na entrada dos locais das oficinas, sendo fornecidos aos participantes uma pasta contendo material informativo sobre o empreendimento e a

Recepção

Apresentação

Da equipe Dos objetivos Dos participantes

Diagnóstico

Avaliação Ambiental

Fechamento

Do empreendimento

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oficina e de consumo para a oficina. Os participantes assinaram lista de presença e receberam ainda um crachá de identificação.

c.2) Apresentação

Foi feita uma apresentação para marcar o início da reunião com o objetivo de promover a maior interação social entre os participantes e capacitá-los com informações básicas sobre o empreendimento e os objetivos da reunião.

Desta forma, a apresentação contou com:

- abertura;

- apresentação da equipe presente responsável pelos estudos ambientais;

- apresentação da comunidade presente, promovida por meio de técnicas de dinâmica de grupo;

- apresentação do empreendimento, contendo: histórico dos estudos, modificações ocorridas no projeto, localização, características técnicas principais (NA, potência, altura da barragem), realizada pela coordenação dos estudos ambientais;

- apresentação sobre licenciamento ambiental e a fase em que se insere o empreendimento, a ser realizada pela coordenação dos estudos ambientais;

- apresentação sobre as características do EIA, e os objetivos do diagnóstico participativo, a ser realizada pela coordenação dos estudos ambientais.

- Informações sobre o funcionamento da oficina.

c.3) Processo participativo – diagnóstico

O processo participativo foi aberto com a retomada da exposição sobre as características do EIA e das informações que serão trabalhadas na oficina.

Foram formados grupos temáticos para debates e apresentação das informações trazidas pelos participantes e interação com os técnicos do EIA. Cada grupo contou com um relator das discussões definido por seus participantes e com um técnico da equipe do EIA.

Os grupos formados foram:

- Aspectos econômicos;

- Educação e saúde;

- Infra-estrutura: saneamento, abastecimento de água, habitação, segurança, rede viária, comunicações (telefonia, televisão, internet e rádio), distritos e povoados;

- Cultura, história, lazer, turismo e comunicações (jornais locais, rádios locais);

- Recursos naturais.

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Após a formação dos grupos, foram distribuídas as perguntas para a problematização das questões de cada grupo. Nesta oportunidade foram estimulados os debates sobre a realidade do município, repassados os dados aos técnicos do EIA e discutidas as principais características do município relacionadas a cada grupo temático.

Os principais temas diagnosticados foram escritos em tarjetas retangulares e fixados em painel, tendo ocorrido uma apresentação desses painéis por cada representante de grupo. Esta etapa mostrou-se de grande importância, onde as lideranças municipais puderam confrontar-se com os dados que trouxeram, efetuando reflexões críticas sobre a própria realidade municipal, salientando os problemas existentes e as potencialidades e qualidades locais.

c.4) Processo participativo – avaliação ambiental

Após a conclusão da etapa de diagnóstico, foi iniciada a etapa de avaliação/planejamento ambiental. Esta etapa consistiu no levantamento das idéias e percepções dos participantes quanto aos efeitos que o empreendimento poderá gerar na região.

Tais idéias coletadas por técnicas de “Brainstorming”, variando em cada município, seja por grupo ou em plenária aberta. Em todas as reuniões os participantes puderam opinar livremente sobre os efeitos esperados do empreendimento, em seus aspectos positivos e negativos.

Após a avaliação, indagadou-se quais as medidas que poderiam ser tomadas para eliminação e controle dos efeitos ambientais identificados de acordo com os objetivos e pertinências cabíveis ao estudo e ao empreendimento proposto. As sugestões foram escritas em tarjetas em cores diferentes e fixadas em painel.

A conclusão desta etapa consistiu na hierarquização das principais medidas sugeridas. Ao final, foi montado um painel com os registros da oficina.

c.5) Fechamento

As oficinas foram finalizadas com um resumo dos acontecimentos de maior importância e com a abertura para manifestações de cada participante sobre suas impressões sobre o evento.

Após o fechamento, foram feitos os agradecimentos e ressaltado que os resultados serão analisados e contribuirão para a elaboração do Rima, documento que será entregue a prefeitura em momento oportuno. Ao final, todos os participantes foram convidados para um lanche.

c.6) Retorno a comunidade: o EIA/Rima

O retorno proposto às comunidades será a divulgação do próprio estudo ambiental, o EIA e principalmente o Rima. Por ser um documento oficial e de caráter público, deverá ser valorizada sua apresentação como instrumento que incorporou, dentre outros dados os resultados das oficinas participativas.

c.7) Principais informações obtidas nas oficinas participativas

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Durante as oficinas participativas foram obtidos dados para a caracterização ambiental de cada município, destacando informações relativas a economia municipal, aspectos do setor de educação e saúde, áreas de melhor conservação ambiental, potencial turístico, entre outros. Os dados foram incluídos nos estudos ambientais.

Foram ainda debatidos com as comunidades, os possíveis impactos associados ao empreendimento que as mesmas supunham passíveis de ocorrência. Dentre estes impactos foram citados aspectos relacionados ao aumento da população e as pressões sobre a infra-estrutura existente, as perdas de áreas e propriedades, a supressão de caminhos e acessos. Como aspectos positivos foram destacados o crescimento do emprego, o aumento do potencial turístico, a melhoria na infra-estrutura, entre outros.

As principais recomendações da comunidade estiveram voltadas para a capacitação da mão-de-obra local e o emprego nas obras, o desenvolvimento de projetos alternativos para o desenvolvimento do turismo e a manutenção de maior clareza e informações sobre os processos de negociação a serem estabelecidos.

Cabe esclarecer que no Capítulo IX (Socioeconomia) deste EIA, respectivamente nos Anexos I e II, são apresentados documentos detalhados referentes às Oficinas Participativas de 2004 e 2007, contendo menção aos objetivos, metodologia, programação, equipe executora, lista de presenças, resultados e considerações finais.

1.3.7 - Considerações finais

As propostas de diagnóstico e planejamento participativo para estudos ambientais encontram diversos desdobramentos positivos. Uma vez que a participação das comunidades é sempre recomendada e cada vez mais necessária, integrá-la desde o momento da avaliação da viabilidade ambiental de um empreendimento pode constituir-se em procedimentos de educação ambiental e de mitigação dos possíveis efeitos adversos do empreendimento, ouvindo-se, desde o momento do planejamento das ações, os anseios da comunidade.

Imbuídos desses objetivos, as oficinas participativas realizadas para os estudos da UHE Baixo Iguaçu foram saldadas pelos participantes como um evento de grande importância e de respeito às comunidades locais, sendo alcançados os seguintes resultados:

- A conscientização da comunidade em relação as informações verdadeiras do empreendimento e do processo de licenciamento ambiental;

- A obtenção de informações úteis para o diagnóstico ambiental;

- A avaliação da percepção das comunidades quanto aos efeitos esperados em função do empreendimento;

- Indicações relevantes para a proposição das medidas ambientais, permitindo que se volte para a realidade da região;

- exercício da interatividade social do planejamento do empreendimento, em suas esferas cabíveis dentro do processo de licenciamento ambiental.

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V - 26

2 - Referências bibliográficas

BROSE, Markus (org.) - Metodologia participativa: uma introdução a 29 instrumentos. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2001. 312 p.

ELETROBRÁS - Referencial para Orçamentação dos Programas Sócio-Ambientais - COMASE - Comitê Coordenador das Atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico. Rio de Janeiro, ELETROBRÁS, 1995.

ELETROBRÁS. Plano Diretor de Meio Ambiente do Setor Elétrico - 1991/1993. Rio de Janeiro: ELETROBRÁS, 1991, 2v.

EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Plano decenal de expansão de energia elétrica 2006-2015. Brasília, março de 2006. Disponível em: <http://www.epe.gov.br> Acesso em 23/11/06 (a).

GOMES, Paulo César da Costa - Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil. 1995.

HAESBAERT, Rogério - Região, Diversidade Territorial e Globalização. Geographia - Ano I, N. 1 - 1999. MORAES, Antonio Carlos Robert - Geografia Pequena história Crítica. São Paulo, Editora HUCITEC. 1999

MME - Ministério de Minas e Energia/ELETROBRÁS/ DNAEE - Diretrizes para projeto Básico de Sistemas de Transmissão - Linhas e Subestações, novembro de 1997.

MME- Ministério de Minas e Energia; ELETROBRÁS-Centrais Elétricas Brasileiras. Plano Decenal de Expansão 2000/2009. Rio de Janeiro, 2000. Disponível em <http://www.mme.gov.br>. Acesso em: 10 nov. 2000.

MULLER, A C. Hidrelétricas, Meio Ambiente e Desenvolvimento. São Paulo: Makron Books, 1995. 412 p.

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Sociedade da Água Consultoria Ambiental Ltda. UHE Baixo Iguaçu

Estudo de Impacto Ambiental - EIA

Capítulo VI – Planos e programas co-localizados e legislação ambiental

Curitiba, abril de 2008

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Sumário p.

1 - Planos e programas co-localizados........................................................................................3

1.1 - Introdução..........................................................................................................................3

1.2 - Programas na esfera federal ..............................................................................................4

1.2.1 - O Plano Purianual (PPA) 2004-2007 do Governo Federal.......................................4

1.2.2 - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar...............................................5

1.2.3 - Programa de Aceleração do Crescimento – PAC....................................................6

1.3 - Programas na esfera estadual ...........................................................................................8

1.3.1 - O Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 do Governo Estadual ....................................8

1.3.2 - Projeto Paraná 12 Meses......................................................................................10

1.3.3 - Programa Mata Ciliar ............................................................................................10

1.3.4 Paraná Biodiversidade .........................................................................................11

1.3.4 - Política de Desenvolvimento Econômico do Estado - PDE....................................14

1.4 - Outros programas ............................................................................................................15

1.5 - Considerações finais........................................................................................................18

2 - Legislação ambiental .............................................................................................................19

2.1 - Principais diplomas legais ................................................................................................19

2.2 - Algumas considerações sobre o licenciamento ambiental................................................23

2.2.1 - A Política Nacional de Meio Ambiente...................................................................23

2.2.2 - Processo de licenciamento ambiental ...................................................................24

3 - Referências bibliográficas.....................................................................................................27

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VI - 3

Capítulo - VI - Planos e programas co-localizados e legislação ambiental

1 - Planos e programas co-localizados

1.1 - Introdução

O objetivo desse item é apresentar os principais programas governamentais (Federais, Estaduais e Municipais), que podem gerar impactos positivos sobre o desenvolvimento dos municípios da AII - área de influência indireta e sobre a conservação ambiental. Serão apresentados neste trabalho os principais planos e programas que estão relacionados à região onde será implementada a UHE Baixo Iguaçu. Dentre eles o Projeto Mata Ciliar, o Programa Paraná Biodiversidade, o Programa Paraná 12 Meses e o Projeto Escola Parque. Esse último tem como finalidade conscientizar a sociedade através de seminários, aulas de educação ambiental, legislação ambiental entre outros que estão sendo desenvolvidos no entorno do PNI.

Esses programas estão relacionados de forma direta com a região, e serão de grande importância durante e após a implantação do empreendimento. Eles podem trazer benefícios aos municípios na medida em que proporcionarão um apoio para adequação da região em relação às mudanças advindas com esse projeto.

As Oficinas Participativas proporcionam um maior conhecimento sobre as particularidades dos municípios da região, permitindo uma avaliação mais precisa do alcance desses programas governamentais sobre a comunidade local. Durante a realização dessas oficinas nos municípios da AII – Área de Influência Indireta, os programas mencionados como sendo os mais importantes para a região foram o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf e o Programa Paraná 12 Meses, que visam apoiar o desenvolvimento da agricultura familiar, fornecendo crédito e apoio técnico aos agricultores, com o objetivo de gerar emprego e renda. Além destes, na Oficina de Planejamento realizada em 2007, também foi muito citado o Programa de Desenvolvimento do Turismo Sustentável no entorno do Parque Nacional do Iguaçu, que está sendo desenvolvido nos municípios de Capanema e Capitão Leônidas Marques.

Outros programas do Governo estão previstos no Plano Plurianual – PPA, que define os objetivos e metas da administração pública para um período de quatro anos, sendo a base a partir da qual são realizadas as Leis Orçamentárias Anuais da União e dos Estados. Em função de que os PPAs do governo federal e o do Paraná, para 2008-2011, ainda não foram aprovados pelos respectivos Poderes Legislativos, neste EIA/RIMA somente serão abordados aqueles referentes ao período 2004-2007, mesmo porque em ambos os casos, ocorreram a reeleição dos mandatários para o Poder Executivo.

O PPA do governo do Estado do Paraná possui uma série de programas e ações que podem beneficiar os municípios da AII, nas áreas de transportes, meio ambiente, energia, desenvolvimento da agropecuária, da produção e do turismo, geração de trabalho e renda e de saneamento. Esses programas, entretanto, não se apresentam detalhados por municípios no PPA, sendo direcionados para o estado de forma genérica ou para uma

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das seis Regiões Governamentais de Planejamento - RGP (Curitiba, Ponta Grossa, Londrina, Guarapuava, Maringá e Cascavel).

O Estado do Paraná possui um grande potencial para exploração da agricultura familiar, não somente em função de fatores como a grande extensão de terras agricultáveis, mas também em virtude de fatores culturais, derivados da herança dos povos que colonizaram a região. O estado também possui uma das maiores unidades de conservação da Mata Atlântica do país, com grande potencial de exploração para o turismo rural. Ao mesmo tempo vem se destacando devido ao seu modelo de apoio ao desenvolvimento tecnológico direcionado para a agroindústria. Nesse contexto, o apoio dos programas governamentais potencializa o desenvolvimento local, direcionando os investimentos para os setores que possuem maior alcance no sentido da geração de emprego e renda.

Serão descritos nos próximos itens os principais programas governamentais que poderão trazer algum benefício para os municípios da AII. Ao final apresenta-se uma conclusão relacionando o empreendimento aos programas.

Este trabalho foi desenvolvido através da busca por informações pelos programas co-localizados que podem influenciar nos desenvolvimentos dos municípios da AII. As fontes utilizadas foram as seguintes:

- Documentos produzidos a partir das Oficinas Participativas (Anexos I e II do capítulo IX);

- PPA – Plano Plurianual 2004-2007 dos governos federal e estaduais;

- Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu – PNI, Ibama (1999);

- Sites pesquisados: www.parana.gov.br; www.seab.pr.gov.br; www.planejamento.gov.br, www.pronaf.gov.br

1.2 - Programas na esfera federal

1.2.1 - O Plano Purianual (PPA) 2004-2007 do Governo Federal

Os programas que estão inseridos no PPA 2004/2007, têm como objetivo promover o desenvolvimento sustentável, promover a interação da população com o meio ambiente de forma sustentável. Entre os programas propostos, aqueles que apresentam possíveis inserções na região de estudo são os seguintes:

- Universalização dos serviços de energia elétrica (inclui eletrificação rural);

- Linha de Transmissão (LT) Salto Santiago – Ivaiporã – Cascavel oeste – 500 KV;

- LT Cascavel – Foz do Iguaçu – 230 KV;

- Aeroporto Afonso Pena, na região metropolitana de Curitiba:

- Construção da 3ª Pista;

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VI - 5

- Adequação do novo layout – 1ª fase;

- Execução do edifício Garagem;

- Obras Complementares.

1.2.2 - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar

O Pronaf começou a ser implantado em 1996, tendo por objetivo financiar atividades agropecuárias e de apoio à produção, através do trabalho do produtor rural e sua família, visando à geração de trabalho e renda. O programa é operacionalizado através da Secretaria de Agricultura Familiar, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, e promove i) o financiamento de infra-estrutura e serviços públicos nos municípios, ii) o financiamento da produção da agricultura familiar, através do crédito rural, e iii) programas de profissionalização de agricultores familiares. O objetivo é estimular o desenvolvimento através da geração de emprego e renda por meio do fortalecimento da agricultura familiar, criando-se perspectivas e proporcionando melhor qualidade de vida para a população rural, além de potencializar o desenvolvimento autônomo local.

O crédito rural se destina aos produtores rurais que tenham no mínimo 60% da renda familiar proveniente da exploração do estabelecimento, sendo os juros subsidiados, variando entre 4,00% e 7,25% ao ano.

A agricultura familiar tem grande capacidade de absorção de mão-de-obra e geração de renda, e seu fortalecimento tem como objetivo incentivar as famílias que vivem da agricultura através da melhoria de sua renda, reduzindo migração rural–urbana e, conseqüentemente, reduzindo a demanda por mais empregos nas cidades. O investimento governamental em políticas de fortalecimento da agricultura familiar é, portanto, de grande relevância no contexto das políticas de emprego e renda.

Em âmbito nacional, o Pronaf é coordenado pela Secretaria da Agricultura Familiar, do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Integram, ainda, o Pronaf, entre outros, o Governo Estadual, o Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável, a Secretaria Executiva Estadual do Pronaf e as Superintendências Regionais do Incra, em nível estadual. Nos municípios, a Prefeitura, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, os agricultores familiares independentes e as organizações de agricultores familiares.

A partir do ano de 2003, o Ministério de Desenvolvimento Agrário – MDA vem trabalhando em políticas de desenvolvimento do turismo rural, como uma alternativa de renda para o agricultor, através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Turismo Rural na Agricultura Familiar (TRAF).

No Paraná, a Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural) e a Ecoparaná vem participando das discussões e ações sobre o turismo rural no estado. Em 2005 a Ecoparaná captou, via convênio, um recurso com o MDA para trabalhar a capacitação continuada de técnicos e agricultores nas regiões do estado. Foram realizados cursos, reuniões, encontros e caravanas técnicas. O convênio que finalizou em dezembro de 2006, capacitou aproximadamente 3000 pessoas de 148 municípios.

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VI - 6

Em 2007, a Ecoparaná, juntamente com a Fundação Terra, está capacitando agricultores e produzindo material para que os técnicos possam trabalhar juntamente com os agricultores a temática do turismo rural.

1.2.3 - Programa de Aceleração do Crescimento – PAC

Em janeiro de 2007 o Governo Federal lançou o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento 2007-2010, que consiste em um amplo programa de desenvolvimento que objetiva promover a aceleração do crescimento econômico; a geração de empregos e a melhoria das condições de vida da população brasileira.

A implantação do PAC depende da participação do Executivo, Legislativo, dos trabalhadores e dos empresários, e consiste em um conjunto de medidas destinadas a:

• Incentivar o investimento privado;

• Aumentar o investimento público em infra-estrutura; e

• Remover obstáculos (burocráticos, administrativos, normativos, jurídicos e legislativos) ao crescimento.

Conforme referenciado na Figura 4-1, a seguir, entre os investimentos previstos no PAC para a geração de energia, no Estado do Paraná, está previsto a construção da UHE Baixo Iguaçu.

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VI - 7

Figura 1-1 Empreendimentos Hidrelétricos (UHEs) previstos no PAC, com menção a UHE

Baixo Iguaçu.

1.2.4 Programa para Conservação da Biodiversidade nos Sítios do Patrimônio Mundial Natural do Brasil

O Brasil, como país signatário da Convenção do Patrimônio Mundial (UNESCO, 1972), assume a responsabilidade de identificar, proteger, conservar, valorizar e transmitir às gerações futuras o patrimônio cultural e natural situado em seu território. Sítios do patrimônio natural são formações físicas, biológicas e geológicas excepcionais, habitats de espécies animais e vegetais ameaçadas e áreas que tenham valor científico, de conservação ou estético.

Até o presente momento, o Brasil obteve reconhecimento de sete Sítios Naturais junto à UNESCO, sendo um deles o Parque Nacional do Iguaçu (1986).

Buscando estabelecer as condições diferenciadas para a gestão do patrimônio natural da humanidade reconhecido em território brasileiro, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) estabeleceu uma parceria técnico-financeira com a UNESCO, o IBAMA e as ONGs WWF-Brasil, Conservação Internacional e The Nature Conservancy (TNC-Brasil) para o

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estabelecimento de um projeto para Conservação da Biodiversidade nos Sítios do Patrimônio Mundial Natural do Brasil.

A operacionalização dos fundos para execução das atividades técnicas previstas é exercida pela UNESCO-Brasil. O Ministério do Meio Ambiente, por sua vez, é o responsável pela operacionalização dos recursos financeiros destinados às atividades de coordenação do Projeto.

O projeto possui uma Coordenação Nacional interinstitucional composta pelo Ministério do Meio Ambiente, a UNESCO, o IBAMA, o WWF-Brasil, a Conservação Internacional, a The Nature Conservancy (Brasil) e um representante de cada Sítio abrangido pela fase I do projeto. A Coordenação Técnica Nacional é exercida pela Diretoria de Áreas Protegidas da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente.

O projeto terá duração mínima de dez anos, contados a partir de 2004. A primeira fase foi implantada nos primeiros quatro anos por meio de um projeto direcionado para os sítios reconhecidos até 2000 (os demais deverão ser incluídos na 2a fase do projeto) e que terá por objetivo geral consolidar os Sítios do Patrimônio e estabelecer uma gestão coordenada integrando responsabilidade e ações nos níveis federal, estadual, municipal e privado contribuindo para os seguintes objetivos específicos:

• reforçar as ações de conservação da biodiversidade;

• usar a rede de sítios como centros de formação, educação ambiental e geração de conhecimento;

• facilitar o desenvolvimento dos Sítios como centro de excelência em treinamento e capacitação para a conservação da biodiversidade, o manejo de áreas protegidas e o desenvolvimento de práticas sustentáveis;

• reforçar atividades econômicas para a comunidade local e profissionalização de jovens e grupos específicos do entorno das UCs, contribuindo para a sustentabilidade dos Sítios e o desenvolvimento sustentável das comunidades. Essas atividades deverão ser planejadas considerando-se o conceito de DTBC – Planejamento do Desenvolvimento Territorial com Base Conservacionaista, que consiste em estabelecer formas de associação entre desenvolvimento e conservação da natureza num determinado território composto por UCs, outras áreas legalmente protegidas e as zonas de interstícios entre elas.

1.3 - Programas na esfera estadual

1.3.1 - O Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 do Governo Estadual

O Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 do Governo do Estado do Paraná agrega uma série de programas voltados para o desenvolvimento dos municípios, beneficiando direta ou indiretamente aqueles que fazem parte da AII da UHE Baixo Iguaçu, dentre os quais podemos destacar os seguintes:

- Programa 4 – Bons Caminhos: Inclui uma série de ações relacionadas à ampliação e recuperação da infra-estrutura da rede de transportes, buscando reduzir os custos logísticos e melhorar as condições de escoamento da produção. Esse programa se

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propõe a ser um apoio do Governo do Estado no sentido de suprir a carência de interligações rodoviárias permitindo a inclusão econômica e social das áreas mais carentes do estado, interiorizando o desenvolvimento.

- Programa 7 – Meio Ambiente: Tem com objetivo conservar a biodiversidade através da conservação e recuperação dos recursos naturais. O programa prevê ações voltadas para conservação e proteção da biodiversidade, o zoneamento ecológico e econômico, recuperação ambiental, ações agrárias, entre outras.

- Programa 9 - Energia: Esse programa tem como finalidades promover a geração, transmissão e distribuição e energia e universalizar o acesso à energia elétrica aos consumidores da área urbana e rural, principalmente de baixa renda, de todos os municípios paranaenses.

- Programa 10 – Desenvolvimento da Agropecuária: Esse programa busca a redução da pobreza rural, a geração de novos empregos, a proteção do meio ambiente, a melhoria das condições de habitação e saneamento básico no meio rural, entre outras ações que visam à melhoria do nível socioeconômico dos agricultores. Os estudos e os treinamentos da gerência do Projeto Paraná 12 Meses é uma das ações desse programa.

- Programa 11 – Desenvolvimento da Produção: Tem como objetivo promover o desenvolvimento econômico do estado, com prioridade para as pequenas e microempresas, visando à geração de emprego e renda, a desconcentração econômica regional e a preservação do meio ambiente.

- Programa 12 – Desenvolvimento do Turismo: Este programa tem como objetivo desenvolver o turismo de forma sustentável, visando aumentar o fluxo turístico e o período de permanência dos turistas de forma a gerar emprego e renda e reduzir a desigualdades regionais. A maior parte das ações está direcionada para a RGP VI de Cascavel, entretanto, poucas estão direcionadas para um município específico, não sendo possível determinar se os investimentos serão realizados nos municípios da AII.

- Programa 13 – Trabalho e Renda: Este programa busca promover a entrada de trabalhadores desempregados no mercado de trabalho e apoiar a geração de emprego e renda de trabalhadores por conta própria e micro empreendedores.

- Programa 18 – Saneamento: O programa de saneamento tem como objetivo atender a população no Paraná com cobertura de água e coleta de esgoto e resíduos sólidos, buscando manter a cobertura de água tratada em 100% da população urbana, apoiar a extensão da cobertura de água no meio rural e aumentar a cobertura dos serviços de esgoto sanitário. Como os municípios AII apresentam cobertura de água e esgoto abaixo da média do estado, espera-se que parte desses investimentos seja direcionada para essa região.

O PPA 2004-2007 do Estado do Paraná define os programas e as ações do governo de uma forma ampla, na maioria das vezes sem especificar a região beneficiada; em alguns casos, os recursos são alocados por Região de Gestão e Planejamento – RGP (I – Curitiba; II – Ponta Grossa; III – Londrina; IV – Guarapuava; V – Maringá e VI – Cascavel), sem especificar o município beneficiado.

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1.3.2 - Projeto Paraná 12 Meses

O Projeto Paraná 12 Meses foi desenvolvido pelo Governo do Estado do Paraná, em parceria com o Banco Mundial, entre 2003 e final de 2006. Teve como objetivo a melhoria das condições sociais dos pequenos agricultores, reduzindo a situação de pobreza no meio rural através de investimentos em habitação, saneamento básico, recuperação e preservação do solo, fomentando o manejo e conservação dos recursos naturais. Mais especificamente, o projeto foi executado com vistas à geração de postos de trabalho no meio rural, aumentando a renda familiar e mantendo a regularidade dos ganhos durante os 12 meses do ano.

Embora tenha sido recentemente finalizado, cabe fazer menção ao projeto em face dos benefícios que este propiciou para a região do empreendimento (e o Paraná como um todo), os quais devem se estender pelos próximos anos. O projeto estimulou o desenvolvimento do estado, através da geração de emprego e renda através do fortalecimento da agricultura familiar, estimulando a melhoria da qualidade de vida para a população rural e o desenvolvimento autônomo local. Também foi uma das bases para execução conjunta do Projeto Paraná Biodiversidade, contribuindo com recursos financeiros, humanos e de infra-estrutura.

O relatório de encerramento do projeto, elaborado pelo Banco Mundial e entregue aos secretários estaduais do Planejamento e da Agricultura, em 21 de novembro de 2006, relaciona os avanços, os valores investidos e os benefícios propiciados ao homem do campo. As ações de habitação, saneamento, ligação viária e modernização agrícola absorveram um total de US$ 256,5 milhões – desse montante, US$ 91,5 milhões configuram o investimento estadual, e US$ 165 milhões o empréstimo externo.

O relatório do Banco Mundial traz números expressivos: o projeto atendeu mais de 37 mil famílias na área habitacional (construção e reforma de moradias), registrou 56 mil beneficiários com ações de manejo e conservação de solo, atendeu 26 mil pequenos produtores nos setores de fruticultura, olericultura (legumes), produção animal e, ainda, propiciou a adequação de 2.169 quilômetros de estradas rurais, e a recuperação de 700 quilômetros de rodovias pavimentadas.

1.3.3 - Programa Mata Ciliar

O Programa Mata Ciliar teve início em 2003 com uma meta de plantar 90 milhões de árvores para recomposição da vegetação que protege às margens dos principais rios, bacias hidrográficas, mananciais de abastecimento público, Unidades de Conservação, reservatórios de usinas hidrelétricas e bacias dos rios do estado que integram os corredores de biodiversidade.

O Governo do Paraná já investiu R$15 milhões no Programa Mata Ciliar na reestruturação de 22 viveiros estaduais, compra de viveiros – doados a 303 municípios, Colégios Agrícolas, Sanepar, APAES, Centros de Menores Infratores, penitenciárias, instituições públicas e privadas. Todos os 399 municípios paranaenses aderiram ao Programa.

O programa Mata Ciliar, coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, trabalha em duas vertentes: recompondo a mata ciliar através do

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plantio de mudas de espécies nativas e disponibilizando recursos através do programa Paraná Biodiversidade para que pequenos agricultores que possuem criações façam o isolamento da área próxima às margens dos rios.

As cercas servem para evitar que o gado paste nas áreas protegidas também financiadas. O programa prevê ainda recursos para a instalação de bombas (elevadores) que irão tirar a água dos rios para dar de beber os rebanhos e irrigar as plantações.

O abandono das áreas, deixando que a vegetação se recomponha naturalmente é outra forma de recomposição da mata ciliar onde existe vegetação nativa que possa servir como banco de sementes.

Segundo dados divulgados em 26 de junho de 2007, o esforço da equipe do governo já permite a constatação do plantio de 61.522.741 mudas de espécies florestais nativas em todo o estado - beneficiando 57.750 pessoas em áreas rurais e urbanas de todos os 399 municípios paranaenses. Em 2007, já está garantida a produção de outros 20 milhões de mudas.

Análises de imagens de satélite do território paranaense dos anos de 2000 e 2005 já permitem a visualização dos primeiros resultados da recuperação das matas ciliares no Estado. Nestes cinco anos, o programa contribuiu para o aumento de 133 mil hectares em áreas de floresta.

Nos próximos quatro anos, estão previstos investimentos de R$ 20 milhões. Estes recursos serão utilizados para produção de mudas e isolamento das matas ciliares com cercas, além do acompanhamento das mudas no campo após o plantio - ou seja, o monitoramento da recuperação florestal do estado.

Em junho de 2007 o programa Mata Ciliar foi incluído como parceiro oficial do programa da UNEP Plant for the Planet: Billion Tree Campaign onde se destaca como um dos principais parceiros.

Quanto ao plantio de mudas no programa – a partir de viveiros municipais, temos que o município de Capanema já plantou 189.715 mudas; Capitão Leônidas Marques 61.226; Nova Prata do Iguaçu 15.650, Planalto 82.075 e Realeza 83.952. Comparativamente, a cidade paranaense que mais plantou foi Santa Helena, com 393.553 mudas.

1.3.4 Paraná Biodiversidade

É um projeto do Estado do Paraná, com o apoio financeiro do GEF - Fundo Mundial para o Meio Ambiente, através do Banco Mundial. O projeto tem vigência entre 2003 e janeiro de 2009, cujo objetivo principal é recuperar a biodiversidade nos corredores Araucária, Iguaçu - Paraná e Caiuá - Ilha Grande, escolhidos pela importância estratégica de remanescentes de ecossistemas originais do Paraná, altamente ameaçados, localizados principalmente em Unidades de Conservação.

O projeto abrange três regiões distintas ao longo dos rios Iguaçu e Paraná. Estendendo-se por uma área de 2.151.175 ha, envolve 63 municípios paranaenses onde se encontram seis unidades de conservação estaduais e três federais.

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Figura 1-2

Corredores da biodiversidade

A estratégia de ação prevê a estruturação de um processo educativo de toda a sociedade e de um sistema de fiscalização e controle mais eficiente, de um processo de extensão rural voltado à recuperação da biodiversidade e ao desenvolvimento de uma agricultura de menor impacto sobre o ambiente, e o desenvolvimento de uma série de estudos visando a uma melhor gestão dos recursos naturais.

Como resultante desta estratégia, fragmentos de vegetação passarão a ser conectados por corredores, promovendo a integração de remanescentes florestais, a viabilização do fluxo dos animais, a disseminação de espécies vegetais, a melhoria qualidade de água e o controle da erosão.

Na região do empreendimento UHE Baixo Iguaçu, conforme apresentado na Figura 1.3, os municípios de Capanema, Capitão Leônidas Marques, Realeza e Nova Prata do Iguaçu, estão inseridos no Corredor Iguaçu-Paraná.

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Figura 1-3

UHE Corredor Iguaçu-Paraná

A situação da área abrangida por este corredor é caracterizada pela baixa cobertura vegetal, inclusive matas ciliares, ausência de práticas de conservação do solo e água, uso e destino incorreto de embalagens de agrotóxicos, queimadas, contaminação de mananciais através de dejetos de animais e a exploração indevida pelo turismo dos recursos naturais.

Neste sentido, para minimizar os problemas gerados pela perda da biodiversidade, estão sendo investidos recursos para a implantação de módulos agroecológicos, que servirão de modelo de produção sustentável, adoção de medidas de conservação do solo e água, implementação de um centro de manejo de vida silvestre, divulgação de incentivos legais (ICMS Ecológico), orientação aos produtores na implementação do SISLEG (Sistema Estadual de Manutenção, Recuperação e Proteção de Reserva Florestal Legal e Áreas de Preservação Permanente), além da mobilização e capacitação de 600 professores em questões relativas a Educação Ambiental, e 19.600 produtores, sobre as práticas produtivas sustentáveis.

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1.3.4 - Política de Desenvolvimento Econômico do Estado - PDE

O governo do Paraná anunciou no dia 24 de julho de 2007 um pacote de investimentos de R$ 18,2 bilhões, denominado Política de Desenvolvimento Econômico do Paraná (PDE). O pacote de investimentos contempla as áreas de apoio à indústria, infra-estrutura, educação, saúde e segurança. Os recursos serão desembolsados ao longo dos próximos três anos e meio.

Somados aos R$ 10 bilhões anunciados, no início de 2007, pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o total de investimentos no Paraná chegará próximo dos R$ 30 bilhões, até 2011.

Do volume total de recursos da PDE, 55,3% - ou R$ 10 bilhões – serão destinados a investimentos nos setores de infra-estrutura urbana, energia e logística de transporte. Em seguida vêm ciência e tecnologia, educação, saúde e meio ambiente, que dividem 19% do total de recursos – R$ 3,5 bilhões. Investimentos em agricultura (10,8%), indústria (10,4%) e justiça, segurança pública e modernização do Estado (4,6%) completam o quadro. Os R$ 18,2 bilhões virão dos orçamentos da administração direta e indireta, autarquias e empresas estaduais. Deste valor, 44,7% - o equivalente a R$ 8,1 bilhões - são considerados investimentos "transversais", ou seja, têm grande repercussão na economia de todo o Paraná. É o caso dos investimentos nos portos de Paranaguá e Antonina, que receberão R$ 940 milhões, e da construção da Hidrelétrica de Mauá, que receberá R$ 1,78 bilhão. Conforme diagnóstico elaborado pelos técnicos do governo estadual, os recursos serão destinados, prioritariamente, às regiões consideradas "deprimidas", ou seja, que concentram a população mais pobre do Paraná. Os programas da PDE visam a incentivar as produções agrícola e industrial, com ações para melhorar a infra-estrutura urbana, de logística, transporte e energia. Também estão previstos programas para garantir à população o acesso à justiça, segurança, saúde, educação, ciência e tecnologia. Para traçar o perfil do desenvolvimento econômico do estado, os técnicos fizeram um levantamento da situação dos 399 municípios do Paraná. O território foi dividido em 29 regiões, levando em conta o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de cada uma delas. Também foram apontados o grau de dinamismo econômico e as regiões que podem ter o desenvolvimento estimulado. Segundo os dados apontados pelas pesquisas realizadas, a área Leste do Paraná, que inclui a Região Metropolitana de Curitiba e o Litoral do estado, ficará com 21,72% dos R$ 18,2 bilhões da PDE. A região mais pobre do estado, a do Centro Expandido — que inclui o Vale do Ribeira e o Norte Pioneiro — receberá 10,81% de todos os recursos, seguida pelas regiões Norte (8,45%), Noroeste (5,85%), Oeste (5,33%) e Sudoeste (2,96%). Para as ações de conservação e manejo do meio ambiente nos próximos três anos e meio, a PDE prevê investimentos de R$ 434 milhões. Serão priorizadas a regularização fundiária, obras de drenagem, construção de aterros sanitários, conservação do solo,

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água e recuperação de áreas degradadas, investimentos em fiscalização e Unidades de Conservação.

1.4 - Outros programas

No âmbito do programa de trabalho da Secretaria de Transportes do Paraná, encontram-se menção a dois projetos ferroviários de grande importância para os municípios da AII, ambos ligados ao Governo do Estado do Paraná: o Projeto Produção nos Trilhos, cujo objetivo é oferecer transporte ferroviário, principalmente para a exportação das regiões oeste e sudoeste do Estado, via Porto de Paranaguá, reduzindo, ainda, o custo dos insumos importados.

O outro projeto ferroviário de importância é a extensão da primeira fase da Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A. – Ferroeste, criada em 15 de março de 1988, e correspondente ao trecho Guarapuava – Cascavel. Com a planejada ampliação até Guaíra e Foz do Iguaçu, pretende-se integrar toda a região sudoeste do estado ao centro-oeste do País e ao Mercosul, por via ferroviária. Pretende-se criar um sistema multimodal integrando a ferrovia à malha ferroviária estadual, ao sistema hidroviário e à malha ferroviária já existente, o que permitirá a integração com as regiões industriais do Paraná e com o porto de Paranaguá.

A ligação Cascavel – Guaíra, já possui o projeto final de engenharia finalizado e aguardando oportunidade para implantação. O prosseguimento da linha até Guaíra, às margens do rio Paraná, na divisa com o estado do Mato Grosso do Sul, permitirá o escoamento das grandes safras da região e o fornecimento de insumos em condições mais vantajosas de custo.

A ligação Cascavel – Foz do Iguaçu possibilitará a conjugação dos modais hidroviário e ferroviário, tornando competitiva, em termos de custo de transporte, a utilização desta alternativa. A implantação desta ferrovia servirá para integrar a região da AII aos eixos econômicos mais importantes do estado.

Figura 1-4 Localização e traçados da Ferroeste – existente e projetado

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Conforme já mencionado nos itens acima, existem três programas do governo estadual que atuam de forma conjunta e integrada, visando à conservação, preservação e o manejo do meio ambiente, que são: o Projeto Paraná Biodiversidade, o Programa Mata Ciliar e o Projeto Paraná 12 Meses, cuja execução inclui atividades desenvolvidas nos municípios da AII da UHE Baixo Iguaçu.

Os diversos projetos municipais, em andamento nos municípios da AII são, em geral, menos estruturados do que os federais e estaduais. Por isso, são apresentados abaixo, de um modo um tanto fragmentário, o que não diminui a sua importância. Ao contrário, o que se pretende é consignar a sua existência, mesmo que apenas pelo nome do projeto, justamente para fazer justiça ao seu significado, no âmbito municipal, ainda que estejam, atualmente, em fase de conclusão, embrionária ou carente de recursos.

A prefeitura de Capanema desenvolve o Projeto Escola Parque, em colaboração com o Parque Nacional do Iguaçu. O projeto tem como objetivo mostrar às comunidades o valor da conservação e manejo da biodiversidade do parque, um dos maiores remanescentes da Mata Atlântica do Brasil.

Em parceria com a administração do PNI, o Governo do Estado do Paraná (através do Serviço Autônomo Ecoparaná) e a prefeitura de Capanema, iniciaram em 2004 o Programa de Desenvolvimento do Turismo Sustentável no Entorno do Parque Nacional do Iguaçu, incentivando a prática de alternativas econômicas menos impactantes no entorno da unidade. Como resultado do programa, em Capanema foi lançado no ano de 2006 o Roteiro de Turismo Doce Iguassu.

O município de Capanema destaca-se na produção de derivados de cana-de-açúcar (principalmente o açúcar mascavo e melado). Graças à parceria firmada entre o município (secretarias de Agricultura e de Indústria, Comércio e Turismo), com a Emater - Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural e o Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, houve um avanço na busca pela qualidade dos produtos comercializados. Sendo assim, os produtos passaram a ter identidade gráfica unificada e foi denominada “Natural do Campo”.

No município de Realeza, desenvolvem-se os seguintes projetos: Mata Ciliar, Reflorestamento de Nativas e Exóticas, com produção de 110 mil mudas anualmente, pelo viveiro municipal, Cidade Limpa, que prevê a coleta seletiva de resíduos recicláveis e orgânicos, Paraná Biodiversidade, Fontes Protegidas, destinado à proteção das nascentes.

O município ainda executa o programa Agricultura Orgânica, que presta auxilio ao agricultor e estimula a produção orgânica, o programa Sudoeste Preservado de coleta de embalagens de agrotóxicos e resíduos sólidos, programa Leite Real, desenvolvido em conjunto pela prefeitura municipal, Emater e entidades ligadas à bovinocultura de leite. O programa atende a todos os produtores de leite do município com inseminação artificial, vacinações e assistência em bovinocultura de leite e manejo de pastagens e o programa de Readequação de estradas rurais.

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Em Capitão Leônidas Marques, um viveiro de mudas com vistas ao reflorestamento da faixa ciliar do rio Iguaçu é mantido em parceria entre o município e IAP. O viveiro atende a todos os produtores do município e região. O município, assim como Capanema, faz parte do entorno do Parque Nacional do Iguaçu, podendo ser beneficiado com um maior fluxo de visitantes em virtude do Programa de Desenvolvimento do Turismo Sustentável no Entorno do Parque Nacional do Iguaçu, participando também do Projeto Escola Parque.

Com relação ao Paraná 12 meses, os produtores receberam recursos desde o ano de 1998. Foram contempladas 221 famílias nas práticas de fomento agrícola, reforma de moradias, bovinocultura de leite, avicultura, sericultura e rede de distribuição de água potável.

O município desenvolve também projetos de coleta seletiva de materiais recicláveis e educação ambiental.

No município de Planalto a prefeitura municipal vem realizando projetos voltados ao desenvolvimento sustentável do município, procurando reduzir gradativamente os problemas socioambientais através da sensibilização da comunidade. Destacam-se nesta temática os projetos de educação ambiental nas escolas municipais e estaduais, educação de adultos, entidades, associações de agricultores e clubes organizados, dando ênfase, às ações de reposição de matas ciliares. O município oferece também cursos, como, o de olho na qualidade rural, jovem agricultor aprendiz, produção orgânica e reflorestamento comercial.

No setor rural, destaca-se o programa Bacia Leiteira Sustentável, que oferece treinamentos e orientação técnica para a produção leiteira. Ocorrem também ações de planejamento das propriedades, prevendo a conservação dos recursos hídricos e da mata ciliar. Outras duas ações importantes, no que tange a conservação dos recursos hídricos, é o cerceamento do rio Siemens, manancial de abastecimento público e o projeto Fontes Protegidas.

Com relação aos resíduos, o município participa do projeto Sudoeste Preservado, em parceria com a associação ARIAS (Associação de Revendas de Insumos do Sudoeste do Paraná) para coleta de embalagens de agrotóxicos. O município mantém em parceria com a Associação de Apoio aos Agentes de Coleta do Município, um programa coleta, triagem, separação e comercialização do lixo reciclável.

No que tange a atividade turística, o município vem desenvolvendo roteiros, a legalização de lotes turísticos e o planejamento de trilhas ecológicas.

O município ainda executa o projeto Hortas Comunitárias e Horta da Família, vinculados aos programas sociais do governo federal, os projetos Escola Ambiental e Escola da Arte e o programa para erradicação do analfabetismo, Educação de Jovens e Adultos, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação.

Em Nova Prata do Iguaçu várias ações foram iniciadas em anos anteriores pelo PróCaxias – cujo objetivo é o de propiciar o desenvolvimento sustentável aos municípios situados no entorno do reservatório da UHE Salto Caxias - mas algumas delas estão parcialmente paralisadas, entre eles o projeto de coleta seletiva do lixo domiciliar e o da

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agricultura orgânica. Também foram desenvolvidas novas ações de geração de renda, a exemplo de projeto de piscicultura. O viveiro de produção de mudas nativas do município participa do Programa Mata Ciliar, fornecendo mudas para a reconstituição da mata ciliar no entorno do lago formado pela UHE Salto Caxias, com o apoio dos moradores lindeiros. Também tem sido trabalhada a questão das matas ciliares em todo o território do município. Os loteamentos com finalidades turísticas do município localizados em áreas que margeiam com o reservatório de Salto Caxias estão em fase de regularização. Os projetos de aplicação de recursos através do PRONAF têm sido ampliado e intensificado no município de Nova Prata do Iguaçu, criando alternativas econômicas e ofertando capacitação técnica para o produtor rural.

O programa de coleta de embalagens vazias de agrotóxicos é realizado no município, durante o mês de março de cada ano, em algumas comunidades centralizadoras do interior. O serviço de coleta de resíduos sólidos urbano foi terceirizado e a disposição é realizada em outro município (Nova Esperança do Sudoeste) por empresa contratada através do processo de licitação. O município desenvolve através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, em parceria com as escolas, ações de Educação Ambiental.

1.5 - Considerações finais

Os programas governamentais servirão de apoio à adaptação que se fará necessária a partir da implantação da UHE Baixo Iguaçu. Alguns desses programas, como o Paraná 12 Meses e o Pronaf, foram implementados nos municípios com bastante êxito, apoiando e financiamento a produção agrícola familiar. Outros programas locais, desenvolvidos pelos municípios, na maioria das vezes com o apoio do governo estadual, visam o desenvolvimento do turismo e de políticas locais de conservação e recuperação do meio ambiente.

A oficina participativa é um instrumento que permite a elaboração de um diagnóstico mais preciso sobre as necessidades de cada município e as expectativas dessas comunidades em relação aos impactos positivos e negativos gerados pelo empreendimento. Com seus resultados é possível ter uma visão ampla sobre a importância e o papel dos programas governamentais para o desenvolvimento desses municípios. A construção da usina, por exemplo, demandará um investimento no desenvolvimento do setor turístico nos municípios que a margeiam de forma a se explorar esse potencial turístico, direcionando esses investimentos para setores com maior potencial de geração de trabalho e renda para a população local.

As lideranças municipais manifestaram seu interesse em potencializar seus projetos em função da implantação da UHE Baixo Iguaçu. Já tendo a experiência com a UHE Salto Caxias, vislumbram mais precisamente como os projetos previstos para a usina podem beneficiar os município.

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2 - Legislação ambiental

2.1 - Principais diplomas legais

Os estudos ambientais estiveram orientados de forma a observar a legislação ambiental pertinente a região e as características do empreendimento. O quadro abaixo resume os principais diplomas legais que nortearam os estudos.

Quadro 2.1 Dispositivos legais

e normativos correlatos e incidentes

Documento Ano Conteúdo

Setor elétrico

Lei n° 8.987 1995 Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previstos no art. 175 da Constituição Federal.

Resolução Aneel n° 5

1998 Estabelece normas sobre estudos de viabilidade e Projeto Básico de empreendimentos hidrelétricos.

Política ambiental e licenciamento e assemelhadas

Constituição Federal 1988 Artigo 225 e seus parágrafos; artigos 22 e 24.

Lei n° 3.824 1960 Torna obrigatória a destaca a conseqüente limpeza das bacias hidráulicas, dos açudes, represas ou lagos artificiais.

Lei n° 6.938 1981 Alterada pelas Leis nos 7.804/89, 8.028/90, 9.649/98, 9.985/00, 10.165/00, regulamentada pelos Decretos nos 97.632/89 e 99.274/90. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.

Decreto n° 88.351 1983

Regulamenta a Lei n° 6.938/81 e a Lei n° 6.902/81. Por esta norma, alterada pelo Decreto n° 99.274/90 e pela Lei n° 8.028/90, é instituído o Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama, cuja finalidade, prevista no artigo 7° do Decreto n° 99.274/90 é, dentre outras, a de estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente.

Decreto n° 99.274 Regulamenta a Lei n° 6.938/81 - Elenca os princípios norteadores da política ambiental e estrutura o Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.

Resolução Conama n° 01/86

1986 Define critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.

Resolução Conama n° 02/96 1986

Dispõe sobre a implantação de uma unidade de conservação vinculada ao licenciamento de atividades de relevante impacto ambiental, a fim de reparar os danos ambientais causados pela afetação de florestas ou ecossistemas.

Decreto n° 2.519 1998 Promulga a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB).

Decreto n° 4.339 2002 Institui a Política Nacional da Biodiversidade.

Lei n° 9.985 2000 Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que regulamenta a criação e a gestão das unidades de conservação em território nacional.

Decreto n° 4.340 2002 Regulamenta o SNUC.

Decreto n° 4.703 2003 Dispõe sobre o Programa Nacional de Diversidade Biológica (Pronabio).

Resolução Conama n° 13 1990 Estabelece no entorno das Unidades de Conservação um anel de 10 km de

raio para sua proteção especial.

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Documento Ano Conteúdo

Resolução Conama n° 09 1987 Dispõe sobre as audiências públicas.

Resolução Conama n° 237

1997

Normatiza o licenciamento ambiental, exigindo prévio licenciamento pelo órgão ambiental competente para a localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes de causar degradação ambiental.

Lei 9.795 1999 Dispõe sobre a Lei da Política de Educação Ambiental.

Resolução Conama n° 302 2002 Institui a necessidade de elaboração de um Plano Ambiental de Uso e

Conservação do Entorno de Reservatórios Artificiais.

Resolução n° Conama 303 2002 Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação

Permanente (APPs).

Resolução Conama nº 371

2006

Estabelece diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos advindos de compensação ambiental, conforme a Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC e dá outras providências.

Resolução Conjunta SEMA/IAP nº 022, de 19 de junho

2007

Aprova a metodologia para a gradação de impacto ambiental visando estabelecer critérios de valoração da compensação referente a unidades de proteção integral em licenciamentos ambientais e os procedimentos para a sua aplicação.

População afetada

Decreto n° 24.643 1934

Estabelece o Código de Águas.

Alterado pelos Decretos-Lei n° 3.128/41, 3.763/41 e 3.796/41 e regulamentado pelo Decreto 35.851/54. Estabelece que as águas possam ser desapropriadas por necessidade ou por utilidade pública, entre outros, para geração hidráulica (art. 32), e que as indenizações devidas aos ribeirinhos quanto. ao uso das águas, serão feitas entre os mesmos e os concessionários, em espécie ou em dinheiro, conforme os ribeirinhos ou proprietários preferirem (art. 152). E ainda que o concessionário (art. 151) poderá utilizar os terrenos de domínio público e estabelecer as servidões nos mesmos e através das estradas, caminhos e vias públicas, com sujeição aos regulamentos administrativos; desapropriar os prédios particulares e nas autorizações preexistentes os bens, inclusive as águas particulares que verse a concessão e os direitos que forem necessários, de acordo com a lei que regula a desapropriação por utilidade pública, ficando a seu cargo a liquidação e pagamento das indenizações; e estabelecer as servidões permanentes ou temporárias exigidas para as obras hidráulicas e para o transporte em distribuição da energia elétrica.

Decreto-Lei n° 3.365 1941

Dispõe sobre desapropriações por utilidade pública. Alterado pelas Leis 2.786/56, 4.686/65, 6.071/74, 6.306/75, 6.602/78 e 9.785/99, pelo Decreto-Lei n° 856/69 e pela Medida Provisória 1.997-37/00. Apresenta as normas disciplinadoras sobre a matéria de desapropriação, permitindo que haja a ocupação temporária de terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.

Lei n° 9.074 1995

Estabelece normas relativas à outorga de concessões. Foi alterada por meio da Lei n° 9.648/98, no que compete à Aneel declarar a utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão administrativa das áreas necessárias à implantação de instalações de concessionários, permissionários e autorizados de energia elétrica.

Medida Provisória nº 336

2007 Estabelece a nova estrutura do MMA e do Ibama e cria o Instituto Chico Mendes de Conservação Ambiental.

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Lei nº 11.516 2007 Converte em Lei o conteúdo da Medida Provisória nº 336, que cria o Instituto Chico Mendes de Conservação Ambiental.

Recursos hídricos/Águas

Constituição Federal 1988

No que se refere às normas específicas que regulam o artigo 20, inciso III e VIII, artigo 21, inciso XII, alínea b, e XIX e o artigo 22, inciso IV, todos da Constituição, referentes aos recursos hídricos e seus potenciais energéticos, cabe mencionar que o Decreto n° 24.643, de 10 de julho de 1934 - Código de Águas - regulamentado pelo Decreto n° 35.851/54, bem como o Decreto n° 41.019/57, que regulamentou os serviços de energia elétrica, continuam em vigor, com as devidas alterações sofridas posteriormente.

Constituição Estadual 1989

Art. 160. No caso de aquisição, pelo Estado, de áreas destinadas à implantação de usinas hidrelétricas, é facultada ao proprietário a opção pelo pagamento em terras, compensando-se a qualidade pela quantidade. Parágrafo único. O pagamento na forma prevista neste artigo dependerá de prévia autorização da Assembléia Legislativa.

Art. 163. O Estado fomentará a implantação, em seu território, de usinas hidrelétricas de pequeno porte, para o atendimento ao consumo local, respeitada a capacidade de suporte do meio ambiente.

Art. 209. Observada a legislação federal pertinente, a construção de centrais termoelétricas e hidrelétricas dependerá de projeto técnico de impacto ambiental e aprovação da Assembléia Legislativa; a de centrais termonucleares, desse projeto, dessa aprovação e de consulta plebiscitária.

Lei nº 7990 1989

Instituiu, para os Estados, Distrito Federal e Municípios, compensação financeira pelo resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica, de recursos minerais em seus territórios.

Lei n° 9.433 1997 Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e altera o artigo 1o da Lei n° 8.001/90, que modificou a Lei n° 7.990/89.

Lei Estadual no

12.726 1999 Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos, cria o Sistema Estadual de

gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências.

Resolução Conama

no 357 2005 Define os padrões e limites da classificação das águas interiores (em

substituição a Resolução nº 20/83).

Resolução CNRH n° 16 2001 Estabelece as regras para a outorga de direito de uso de recursos hídricos.

Vegetação

Lei n° 4.771/65

Estabelece o Código Florestal. Foi alterada pelas Leis n° 5.106/66, n° 5.868/72, n° 5.870/73, n° 7.803/89, n° 7.875/89 e n° 9.985/00 e pela Medida Provisória n° 2.166-67/00, regulamentada pelos Decretos n° 1.282/94 e n° 2.661/98, tendo revogado o Decreto n° 23.793/34, que estabelece como áreas especialmente protegidas: a vegetação ripária, em faixas que variam segundo a largura do corpo d’água; a vegetação situada no topo dos morros, montes, montanhas e serras e a vegetação de encostas com declividade superior a 45°. Estabelece a obrigatoriedade do empreendedor desapropriar os imóveis situados no entorno de reservatórios artificiais, estabelecendo uma APP de 100 m (área rural) ou 30 m (área urbana).

Lei n° 11.428 2006 Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências.

Resolução Conjunta SEMA/IAP nº 21, de

2007 Estabelece procedimentos para o licenciamento ambiental de intervenções de baixo impacto ambiental em Área de Preservação Permanente - APP

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18 de junho

localizadas nas margens e no espelho d’água das águas interiores do Estado do Paraná destinadas ao acesso de pessoas e embarcações de pesca para prática de esporte, lazer, turismo e atividades econômicas.

Fauna e ictiofauna

Lei n° 5.197 1967 Dispõe sobre a proteção da fauna e dá outras providências.

Decreto n° 9.733 1989 Dispõe sobre o Conselho Nacional de Proteção à Fauna.

Decreto n° 3.179 1999 Especifica as sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

Instruções Normativas MMA n° 03 de 2003 e n° 05 de 2004

2003 e

2004

Dispõem sobre as espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, atualizando a Portaria Ibama nº 1.522 de 1989.

Decreto Estadual n° 3.148

2004 Estabelece a Política e o Sistema Estadual de Proteção à Fauna Nativa e atualiza a Lista Estadual das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção.

Patrimônio espeleológico e arqueológico

Lei n° 3.924 1961 Determina que os monumentos arqueológicos ou pré-históricos de qualquer natureza, existentes no Brasil, ficam sob a guarda e proteção do Poder Público.

Decreto-Lei n° 25 1937 Trata da organização da proteção do patrimônio histórico e artístico.

Portaria Iphan n° 7 1988 Estabelece os procedimentos necessários à comunicação prévia, às permissões e às autorizações para pesquisas e escavações arqueológicas.

Resolução Conama nº 04

1987

Determina que os órgãos encarregados de executar e administrar explorações de recursos naturais e construções civis de grande porte devem informar aos órgãos competentes sobre a existência de cavernas nas áreas de implantação de seus projetos.

Áreas degradadas

Decreto-Lei n° 1985 1940

Código de Minas, que com as alterações do Decreto-Lei n° 227/67, disciplina a exploração de jazidas e empréstimo, classificando, em seu artigo 5o, as jazidas de substâncias minerais de emprego imediato na construção civil como de Classe II.

Decreto n° 97.632 1989 Regulamenta o artigo 2o, inciso VIII, da Lei n° 6.938/81 no que se refere à recuperação de áreas degradadas.

Diversas

Resolução Sema n° 31-PR

1998 Institui as diretrizes e normas para licenciamento ambiental no Paraná.

Lei n° 11.054 1995 Institui a Lei Florestal no Paraná.

Decreto Estadual n° 387

1999

Institui o Sistema de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas de Preservação Permanente – SISLEG. Foi alterado pelo Decreto Estadual n° 3.320/2004 e regulamentado pela Portaria IAP n° 233/2004.

Lei Complementar Estadual n° 59 1991

Estabelece o ICMS Ecológico como forma de compensação aos municípios que possuem unidades de conservação e mananciais de abastecimento em seus territórios. É regulamentado pelo Decreto Estadual nº 2.791/96.

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2.2 - Algumas considerações sobre o licenciamento ambiental

2.2.1 - A Política Nacional de Meio Ambiente

Entre as diversas e abrangentes leis, decretos, normas, resoluções e demais diplomas da legislação brasileira, buscou-se destacar aquelas principais, relacionadas ao licenciamento ambiental, face aos objetivos deste documento, integrante do processo de licenciamento ambiental da UHE Baixo Iguaçu.

Instituída pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, a Política Nacional de Meio Ambiente sofreu alterações por diversas leis, em especial a Lei nº 7.804, de 18 de julho de 1989, e pela Lei nº 8.028, de 12 de abril de 1990.

São criados então, o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e o Cadastro de Defesa Ambiental. Dentre os aspectos pragmáticos mais importantes destaca-se o estabelecimento do licenciamento ambiental, que de fato representou o avanço em direção ao desenvolvimento da prática do exercício das instituições públicas em processos de planejamento, acompanhamento, emissão de pareceres técnicos, encaminhamento de processos e aplicação de sanções, desenvolvimento de laboratórios e de séries estatísticas de dados sobre o meio ambiente, estabelecimento de normas, diretrizes e resoluções, e de atuações junto à sociedade civil e a troca de experiências entre instituições do governo bem como entre organismos internacionais.

Conceitos como o de meio ambiente, degradação da qualidade ambiental, poluição e poluidor, presentes nesta lei, assumiram um papel fundamental no processo de formação de uma cultura legislativa ambiental. Ainda que alguns termos indiquem uma noção vaga de seu significado, a lei permitiu o enquadramento das situações em que há perdas em função da ações prejudiciais ao meio ambiente, imputando ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados ao meio ambiente.

Outro importante aspecto introduzido pela Política Nacional de Meio Ambiente do Brasil, consiste na incorporação das preocupações ambientais no âmbito das políticas mais gerais de promoção do desenvolvimento econômico e social, salientando-se a necessidade da preservação dos recursos naturais para sua disponibilidade permanente. Tais objetivos assemelham-se ao que mais tarde, em 1987, com a publicação do relatório “Nosso Futuro Comum” foi conceituado como Desenvolvimento Sustentável.

Foram criados ainda, os chamados “custos para poluir” ao associar o SLAP – Sistema de Licenciamento de Atividades poluidoras – e diretrizes para a cobrança de multas e instituição de penalidades para aqueles que causarem danos ambientais.

Ao Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, cabe a execução da Política Nacional de Meio Ambiente. Como órgão do Sisnama, executa processos de licenciamento ambiental, de competência federal, conforme estabelecido na Resolução Conama nº 237/97. O IBAMA também realiza a fiscalização do cumprimento das normas e leis do meio ambiente, e até abril de 2007, era o responsável

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pela administração das Unidades de Conservação (UCs) no âmbito federal. Esta situação se alterou com a MP n° 366 – aprovado pela Câmara dos Deputados em 12 de junho e pelo Senado Federal em 07 de agosto de 2007 e convertida na Lei nº 11.516, de 28.08.2007 – que criou o Instituto Chico Mendes de Conservação Ambiental. Esta nova autarquia federal ficará responsável por executar ações da política nacional de unidades de conservação da natureza. Ela será responsável também pelas políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais, apoio ao extrativismo e às populações tradicionais, além de incentivar programas de pesquisa e proteção da biodiversidade.

Por fim, os órgãos estaduais de meio ambiente tem assumido cada vez mais importância no funcionamento do Sisnama, uma vez que o envolvimento das esferas descentralizadas e localizadas permite ações mais rápidas e mais facilmente fiscalizáveis. Quanto aos órgãos municipais, estes ainda necessitam de maiores estímulos para seu funcionamento, muitas vezes comprometido pela falta de recursos das prefeituras ou de alcance das políticas de meio ambiente.

2.2.2 - Processo de licenciamento ambiental

No Brasil, o licenciamento das atividades potencialmente poluidoras foi instituído enquanto um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente. Subordinou-se ao processo de licenciamento, a construção e operação de empreendimentos enquadrados como passíveis de geração de poluição.

Então, a partir do Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, o Conama, objetivando a implementação dos procedimentos indicados pelos diplomas legais, resolve organizar e estabelecer os conceitos, etapas, resultados e atos administrativos próprios à efetivação dos licenciamentos ambientais. Foi publicada assim, a Resolução Conama 01/86, marco significativo da política nacional de meio ambiente.

Esta resolução reafirma a necessidade de elaboração de Estudo de Impacto Ambiental – EIA e do Relatório de Impacto Ambiental – Rima (documento a ser disponibilizado ao público, através de sua permanência nas bibliotecas ou centros de documentação do IBAMA ou órgãos estaduais), como documentos básicos no processo de licenciamento, indicando quais as atividades a ela sujeitas. Foram definidos também, o escopo dos estudos ambientais, os critérios para definição da área de influência e para a Avaliação de Impactos Ambientais, esclarecendo ainda, a possibilidade de solicitação de realização de audiências públicas.

A Resolução n° 09/87 indicou os critérios para realização de audiências públicas, estabelecendo o período de 45 dias como tempo hábil para a efetuação de solicitação de esclarecimentos. Cabe mencionar que a Resolução SEMA nº 31/98 dedica os artigos 66 a 75 para o detalhamento da realização de Audiências Públicas no Estado do Paraná.

Com a Resolução Conama n° 06/87, estabelecem-se procedimentos para o licenciamento de obras de grande porte, especialmente as obras do setor elétrico, associando os atos administrativos (as licenças) a etapas de um projeto de engenharia. São então, evidenciadas três licenças ambientais, a Licença Prévia (LP), a Licença de Instalação (LI) e a Licença de Operação (LO).

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Esta resolução prevê, em seu 4º parágrafo do Artigo 11, a necessidade de procedimentos para empreendimentos já em operação em data anterior a institucionalização do licenciamento. Assim, "para o empreendimento que entrou em operação a partir de 1º de fevereiro de 1986, sua regularização se dará pela obtenção da LO, para a qual será necessária a apresentação de RIMA contendo, no mínimo, as seguintes informações: descrição do empreendimento; impactos ambientais positivos e negativos provocados em sua área de influência; descrição das medidas de proteção ambiental e mitigadoras dos impactos ambientais negativos adotados ou em vias de adoção, além de outros estudos ambientais já realizados pela concessionária" (Resolução Conama n° 06/87 Artigo 11, parágrafo 4º).

Pode-se dizer, portanto, que os empreendimentos que não buscarem seu enquadramento no processo de licenciamento se encontrariam em descumprimento desta Resolução, configurando-se um passivo administrativo no âmbito da legislação ambiental brasileira.

No mesmo ano, a Resolução Conama n° 10/87 estabelece a compensação pela perda de ecossistemas em 0,5% do valor total do empreendimento, a ser aplicado na criação de uma Estação Ecológica. Posteriormente, a Resolução n° 02/96 manteve a necessidade da compensação dos empreendimentos de relevante impacto ambiental e os critérios para sua determinação, mas alterou o destino dos recursos que, poderiam convergir para a criação de uma Unidade de Conservação de domínio público e uso indireto (que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais) ou a consolidação de uma Unidade já existente, sendo possível também o direcionamento de 15% do valor correspondente à compensação, para a implantação de sistemas de fiscalização, controle e monitoramento da qualidade ambiental no entorno onde serão implantadas as unidades de conservação.

Com a edição da chamada Lei do SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000) e seu decreto de regulamentação (nº 4.340/2002), foi estabelecido no Artigo 36, definitivamente um percentual para compensação por perda de ecossistemas, mantendo-se o mínimo de 0,5% do valor do empreendimento.

A Resolução CONAMA nº 371, de 05 de abril de 2006, estabeleceu diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos advindos de compensação ambiental, causados pela implantação de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em Estudos de Impacto Ambiental - EIA e Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, conforme o art. 36 da Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, e no art. 31 do Decreto n° 4.340, de 22 de agosto de 2002.

Com a efetuação dos processos de licenciamento, verificou-se o exercício da aplicação da legislação, surgindo assim, uma série de questionamentos a respeito de critérios e conceitos adotados pelos órgãos ambientais. Dos desdobramentos destas discussões, o Conama instituiu a Resolução n° 237/97, apresentando uma importante lista de conceitos e modificando itens em acompanhamento as mudanças institucionais e da sociedade civil de um modo geral. Entre as diversas determinações desta resolução, estabelecem-se critérios para determinação da competência do licenciamento.

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No âmbito do Paraná, decorrente do processo de regulamentação desta norma federal, foi aprovada a Resolução Conjunta SEMA/IAP nº 022, de 19 de junho, que aprova a metodologia para a gradação de impacto ambiental visando estabelecer critérios de valoração da compensação referente a unidades de proteção integral em licenciamentos ambientais e os procedimentos para a sua aplicação.

Ressalta-se que o licenciamento se dará em único nível de competência, ou seja, será determinado por um único interlocutor integrante do Sisnama, como estabeleceu o artigo 7º da Resolução Conama nº 237/97.

De acordo com o Sisnama, existem três níveis de competência, descritos pela Resolução Conama nº 237/97 em função do âmbito, nacional, regional ou local dos impactos do empreendimento sujeito ao licenciamento. Em todos os casos, o órgão de maior competência, em cada caso, fará o licenciamento após o exame técnico procedido pelos órgãos de competência complementar, que tenham atuação ou interesse no processo.

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3 - Referências bibliográficas

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ – Secretaria do Planejamento. “Mesorregião Geográfica Sudoeste Paranaense”. In: Leituras Regionais, Ipardes, disponível na Internet

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ – Plano Plurianual 2004-2007. Disponível em www.parana.gov.br. Acessado em 26 de maio de 2007.

IBAMA, Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu, 1999 . disponível em

www2.ibama.gov.br/ unidades/parques/ planos_de_manejo/17/html/index.htm. Acesso em 5 de setembro de 2004.

BRASIL – Programa Brasil de Todos. PPA 2004-2007. Disponível em www.planejamento gov.br; acesso em 11 de outubro de 2004.

BRASIL – Programa de fortalecimento da agricultura familiar. Disponível em www.pronaf gov.br; acesso em 11 de outubro de 2004.