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Sociedade Civil Organizada GlobalSociedade Civil Organizada Global
Prof. Diego Araujo Azzi
BRI/CECS
2018.3
Aula 18 (14/11)
Elites empresariais, sociedade civil e o sistema internacional
Leitura base:OLIVEIRA, Amancio; PFEIFER, Alberto. O empresariado e política exterior doBrasil. Relações Internacionais do Brasil – temas e agenda. Cap. 13. Altemani-Lessa (orgs). Ed. Saraiva, 2006.FERNANDES, José Augusto. B20 e G20: a interação e a agenda do setor privadocom o G20. Rev. Política Externa. Vol. 20, n. 3, 2011-2012.
Leitura complementar:GLECKMAN, Harris. Multi-Stakeholder governance: a corporate push for a newform of global governance. State of Power 2016. Transnational Institute (TNI),Amsterdam, 2016.SCHOLTE, Jan Aart; SCHNABEL, Albrecht (eds). Civil society and global finance. Routledge Warwick Studies in Globalisation, Routledge, 2002. pp. 9-32.
Elites empresariais, sociedade civil e o sistema internacional
Contexto: final do anos 1980
Fim da guerra fria e globalização (de fora para dentro)
Redemocratização e liberalização econômica (internamente)
Transformações na conformação do processo decisório empolítica externa
Participação social (empresarial) tende a ser maior em temas denegociações politicamente sensíveis (ex. ALCA) do que emnegociações mais específicas
Imagem tradicional da atuação empresarial: fragmentada eindividualizada; desarticulada e reativa
Mudança de patamar a partir de 1996, com a criação da CoalizãoEmpresarial Brasileira, a CEB
A condução da política externa brasileira no pós-guerra friacontinuou centralizada no Itamaraty, sem uma maiorparticipação de outros setores governamentais e dasociedade civil, inclusive no debate sobre temaseconômicos
Algum aumento de permeabilidade do Itamaraty à sociedadecivil se produz quando este tem a necessidade de:
1- angariar legitimidade às suas iniciativas
2 – viabilizar posicionamentos negociadores
3 – reunir informações de subsídio às negociações
De 1990 a 2005, apesar do aumento do fluxo econômico-comercial, não se desenvolveu uma forma de parceria ativaentre setor privado e Estado
Que permitisse moldar e implementar uma política externaque contemple os interesses e necessidades empresariais
Criação nos anos 1970 da Divisão de Promoção Comerical(DPR) seria exemplo positivo na identificação deoportunidades de negócios, organização de missõesempresariais, busca de parceiros, promoção e publicidadedo Brasil no exterior
Contexto de negociações do GATT: defesa de umsegmentação das responsabilidades negociadoras dentrodo governo, seguindo o exemplo dos EUA, com seu USTRcriado em 1979 e reforçado em 1988
A separação da política comercial em um mecanismonegociador à parte da diplomacia geral do Estadopossibilitaria uma maior participação da sociedade civil, emparticular o setor empresarial
Contexto da OMC e negociações da ALCA: criação da CEBpossibilitou uma maior atuação do setor empresarialinternamente e com o poder público
– Fóruns Empresariais das Américas
– Liderança da CNI
Resultados melhores do que iniciativas governamentaisanteriores:
Fórum Empresarial Permanente;
Fórum Consultivo Econômico Social (FCES);
Seções Nacionais de consulta sobre a ALCA e
negociações coma UE
3 períodos de análise:
1990-1998: abertura comercial e Mercosul
1998-2002: regionalizacao ampliada
2003-2005: ativismo nacionalista
Refletindo sobre os três períodos, os autores consideram quede forma geral, quanto maior é o ativismo governamental,menor é a participação empresarial e vice-versa
Três grandes áreas de interesse empresarial:
1 – finanças
2 – comércio
3 – internacionalização das empresas brasileiras
Ao contrário do caso do USTR, no Brasil os temas de carátercomercial frequentemente são tratados por autoridadesvinculadas à política externa em geral (ex. ALCA), sãopolitizados
O período de 1990 a 1998 marca certa continuidade entre osgovernos Collor e Itamar Franco no que diz respeito à baixaparticipação da sociedade civil
Desde a chegada de Fernando Henrique Cardoso ao MRE(1992-1993) e depois, durante sua presidência, observa-semaior permeabilidade da PEB à sociedade civil
1992: criação do Comitê Empresarial Permanente (CEP) peloentão chanceler FHC, em reposta às críticas que oItamaraty recebia ao seu relativo fechamento aosempresários durante a Rodada Uruguai do GATT (1986-1994)
O Mercosul surge como iniciativa governamental buscandofornecer ao setor privado um campo de internacionalizaçãoe um mercado estratégico de competição controlada
Ainda que tenha sua eficácia questionada, o FCES constituiuo principal espaço de participação da sociedade civil noMercosul, reportando suas atividades diretamente ao Grupodo Mercado Comum (GMC)
Críticos apontam a falta de transparência na tomada dedecisões e o deficiente fluxo de informações como aspectosnegativos do funcionamento do FCES em 15 anos deexistência
Estratégia negociadora governamental no Mercosul-UE e naALCA era a de máximo denominador comum
Setores sensíveis eram protegidos com a máxima tarifa queum país-membro entendia necessária, implicando emcontradições de interesses empresariais regionais esetoriais
Interesses ofensivos do Brasil na liberalização da agriculturados EUA e da UE sempre esbarraram na resistência dosprimeiros em fazer concessões por fora da OMC e dossegundos em liberalizar seu modo de produção ruralconsolidado na PAC
Governo Lula: investimento diplomático em parcerias Sul-Sule regionais que nem sempre tiveram resultados comerciaiscomo objetivo principal
Afastamento do Itamaraty com relação à formulação deposições elaborada pela CEB. Criação do Conselho deDesenvolvimento Econômico e Social (CDES)
Aproximação estratégica com a China
Em 2004 cria-se o Conselho Empresarial Brasil-China(CEBC), com o objetivo de combater resistências emsetores empresariais contrários à aproximação com a China(brinquedos, têxteis, pneus) e promover oportunidades denegócios
Governo Lula inova no que diz respeito à por em prática umapolítica ativa de internacionalização das empresasbrasileiras, elemento ausente da PEB nos governos Collor,Itamar e FHC
No período 1990-1995 os temas financeiros e a estabilidademonetária ocuparam as prioridades da PEB. Osinterlocutores principais eram o FMI, o Banco Mundial e oClube de Paris
Houve pouca participação do empresariado brasileiro nadefinição das posições negociadoras do Brasil quanto àDívida Externa, planos econômicos e abertura das contasde capital
1995-2002: grandes negociações comerciais levam o setorprivado a ter uma maior participação na formulação deposições negociadoras brasileiras
1998: criação da CAMEX como órgão específicamentededicado à discussão e deliberação sobre negociaiscomerciais externas (inspiração do USTR realizada deforma incompleta)
2003-2005: a PEB passa a enxergar a internacionalizaçãodas empresas brasileiras (grandes primeiro, depois médias)como um instrumento de fortalecimento da inserçãointernacional do país, contribuindo com as contas externasatravés da repatriação de lucros e difundindo positivamentea imagem do Brasil no exterior
Papel da CEB
- Representação e coordenação dos interesses empresariais
- Formulação de posicionamentos do setor privado
- Influência perante o governo
Consultas setoriais realizadas pela CEB estimulavam aelaboração de position papers para integrar um documento-síntese
Dinâmica da CEB é pautada pela dinâmica e cronograma dosFóruns Empresariais das Américas
Papel da CEB
- Representação e coordenação dos interesses empresariais
Consultas setoriais realizadas pela CEB estimulavam aelaboração de position papers para integrar um documento-síntese
- CNI; CNA; CNT; CNIF; CNC; FIESP; AEB; CEAL, etc.
Dinâmica da CEB é pautada pela dinâmica e cronograma dosFóruns Empresariais das Américas
Papel da CEB
- Formulação de posicionamentos do setor privado
A CEB adequa a sua estrutura burocrática interna sob a formade GTs que seguem as mesmas temáticas dos gruposnegociadores da ALCA (acesso a mercados; solução decontrovérsias, etc)
Papel ativo dos técnicos assessores das associaçõesempresariais, e não apenas de empresários
Abrangência e coordenação inter-setorial num grau semprecedentes no empresariado brasileiro
Papel da CEB
- Influência perante o governo
CEB conseugiu combinar representação verticalizada(Confederações, Federações, etc) com legitimidadehorizontal (discussões amplas e abertas)
Interlocução positiva junto ao governo federal
Deficiências da CEB
Posicionamentos genéricos e demasiadamente amplos
Cultura empresarial ainda vinculada ao modelo desubstituição de importações dos anos 1970-80
Tendência à formação de coalizões defensivas: a defesa dosmercados adquiridos sobrepujou a busca de novasoportunidades
Assimetria de poder e capacidades entre grandes (indústria eagricultura) e pequenos empresários
A e x p e r i ê n c i a d a C E B s o b r e m e t o d o l o g i a d eacompanhamento das negociações da ALCA serviu demodelo para a atuação empresarial em outros fóruns,sobretudo na OMC e Mercosul-UE
A coordenação tripartite de posições, o chamado diálogosocial, se mostrou difícil e um dos pontos de menor avançoda CEB
Informalidade e imprevisibilidade marcam as relaçõesgoverno-sociedade civil sobre comercio internacional
Empresariado como parceiro e interlocutor na estratégia eimplementação da política externa ou coadjuvante dapolítica comercial em negociações específicas?
As negociações da ALCA propiciaram a estrutura deoportunidades que o setor privado necessitava paraconstituir um mecanismo aglutinador da sua diversidade deinteresses, como a CEB
Com o colapso das negociações da ALCA em 2005, adesmobilização se deu de forma parcial
Outros âmbitos internacionais como OMC e Mercosul-UEainda mobilizavam os empresários, mas sem a mesmaintensidade dos anos de negociação da ALCA