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São Paulo, Oct 2014 8 P or que escolheu a podologia como profissão? Fiz um estudo de mercado e a podologia aparecia como uma atividade totalmente por explorar, ou seja: 200 milhões de habitantes, 400 milhões de pés, 10% da população diabética – com tendência a aumentar – e uma mercado incrível para ser trabalhado. Depois, ao me envolver com a profissão, ainda durante a formação universitária, percebi que gostava mais daquilo do que eu imaginava. A podologia está passando por um processo incrível de especialização e conhecimento do grando público sobre o que somos capazes. Todo mundo tem algum tipo de dor nos pés que pode ser aliviada. A pessoa senta na cadeira do podólogo de um jeito e levanta-se de outro, curada de alguma coisa que estava lhe fazendo muito mal. Nenhuma especialidade médica e nenhuma esteticista faz isso. Nós estamos entre um e outro, entre o clínico/terapêutico e o estético. Aqui é o país do futebol, mas os pés são importantes para todos, não é? Nesse país do futebol, praticamente ninguém liga para os pés. Somente alguns clubes de primeira linha tem podólogos, como se o pé não fosse o maior capital dos jogadores. 9 em cada 10 pessoas que entram em nosso consultório sofrem de micose grave nas unhas, entre os dedos ou na planta dos pés – quando não em tudo ao mesmo tempo. O brasileiro em geral ignora quase por completo os pés enquanto parte integrante de uma importante cadeia de itens que espelham a saúde – ou a falta dela. E esse descaso tanto é das próprias pessoas, como do sistema de saúde. Veja que acontece mesmo nos hospitais, onde nunca são assinalados nos prontuários problemas que podem estar causando um agravamento da saúde do paciente, como é o caso das micoses e das rachaduras, que são autênticas portas escancaradas para a entrada de bactérias que podem causar a infeção generalizada (septicemia). Muitas pessoas com rachaduras e micoses tem adqurido a erisipela, por exemplo, lavando descalço o quintal de casa (que pode ter fezes de animais), ou andando de chinelos na rua em água de chuva contaminada, ou na praia. E erisipela se alastra e mata muito depressa. As pessoas imunodepressivas, como aidéticos ou diabéticos, podem vir a amputação e óbito por esses mesmos problemas. Por outro lado, não temos, como em outros países, o hábito de uso de bons sapatos ou de palmilhas desde a tenra idade para correção de problemas podoposturais. Vivemos em uma cultura quantitativa, e não qualitativa, onde as botas ortopédicas caíram em desuso. Ninguém convence mais uma criança a usar outra coisa que não seja o que todo mundo usa. E todo mundo usa rasteirinhas, sapatilhas e sapatos de péssima qualidade que só fazem danificar os pés e causar mal odor. Com isso, perdeu-se muito em questão de saúde, não só de biomecânica dos pés, mas de problemas com toda a arcada do corpo. Teremos muito mais idosos com problemas de saúde e mobilidade nas próximas gerações por conta de maus sapatos: problemas ósseos (pés chatos ou cavos desvios posturais, joanetes, esporão, inflamação e desgaste ósseo), articulares (artrites, artroses), musculares (fasceítes), neurológicos (neuromas) e por ai afora. O podólogo com formação trabalha multidisciplinarmente com endócrinos, fisioterapeutas, cardiologistas, dermatologistas, diabetologistas etc. e saberá aconselhar seu cliente sobre todos esses problemas e indicar-lhes uma terapia ou um especialista, e não apenas raspar calos, como se fazia no passado. Falando em termos gerais, a população está preocupada com a saúde, mas também pensa nos custos de tratamentos. Ja sentiu isso na sua área? Consegui resolver esse assunto lançando o meu próprio plano de saúde, destinado às pessoas que precisam tanto de um podólogo todos os meses como do ar para respirar todos os dias. No entanto, foi a solução que arranjei, mas que seria da competência dos serviços de saúde. Se a podologia fosse realmente vista como deve ser, o custo jamais seria um problema. Primeiro, por que o SUS teria essa especialidade com a supervisão do médico, que hoje não tem. Ou seja, em casos ambulatoriais, como uma unha encravada, o paciente poderia ser atendido no próprio posto de saúde e sairia de lá curado, medicado e poderia retomar sua vida normalmente no mesmo dia. Hoje uma simples unha encravada acaba indo parar em uma mesa de cirurgia, com toda a dinâmica que isso gera com plano de saúde, anestesista, médico, antiinflamatórios e antibióticos, coisa que um bom profissional da podologia resolve muito mais facilmente e a menor custo. Sem contar a dor, o pós-operatório, o desconforto e o risco de reeincidências agravadas. Portanto, ainda que em alguns casos a cirurgia seja necessária, na grande maioria ela pode ser evitada. Em segundo lugar, com relação a preços, existem muitos aproveitadores e oportunistas que fazem serviços de pedicure cobrando preço de podólogo, por que nem o consumidor (e talvez nem esse profissional desqualificado) saibam a diferença entre podologia e pedicuria – e a diferença é abismal, tanto em termos de formação profissional e técnicas de procedimento, quanto em relação à forma como o espaço de atendimento tem que estar equipado, segundo as próprias exigências da ANVISA. Qual é o diferencial da clínica? Nossos profissionais são todos graduados, obedecemos rigorosamente os padrões de biosegurança. Estamos também em fase final de inclusão em um plano de saúde que serve o funcionalismo público, temos convênios com grandes empresas e coletividades. Para outras categorias, lançamos o nosso próprio plano de saúde – o Plano Pedis -- que possibilita que inúmeras pessoas tenham acesso ao tratamento mensal sem que isso pese demais no seu bolso. Temos aínda nosso próprio projeto social -- PODOAÇAO -- ação Social da Podologia, com dez consultórios móveis e no minimo uma atuação por mês nas comunidades. O que faz nas horas de lazer? Faço esportes, tenho familia e amigos. Gosto de pesquisas sobre novidades na área da saúde, frequento palestras sobre empreendimento social e sustentabilidade, e também sou aficcionada por idiomas estrangeiros. Coloco meus papéis administrativos em dia e tenho ideias para expandir qualitativamente meu negócio. Você que ja viveu na Europa deve saber como muitas cidades na região cuidam muito bem das áreas centrais. O que pensa do Centro de São Paulo? Eu tenho uma relação de ódio e amor com o Centro de São Paulo. Ninguém gosta de circular em uma cidade com odor a fecália e urina onde quer que esteja, com prédios caindo aos pedaços, uma paisagem urbana detonada, pichada, suja. Porém, acabei por entender que São Paulo está caminhando para uma direção de progresso, querendo se alinhar a outras capitais. Vejo um movimento de investimento em novos empreendimentos imobiliários, respeito pelo ordenamento arquitetônico com integração de espaços verdes, ciclovias e acessibilidades com transporte público. Fiz uma pós-graduação em gestão de projetos sociais e entendi um pouco mais sobre essas questões. É preciso uma política social justa que interfira na integração dessa população desalojada que habita o Centro, qualquer que seja a razão para isso. Eles devolvem à cidade aquilo que recebem: Desprezo, maus-tratos e indiferença. Eles ocupam e sujam o patrimônio público, ameaçam e violentam os cidadãos que dividem a cidade com eles, que somos todos nós. Já fizemos muitos progressos socialmente no país, mas ainda há muito o que fazer por eles. Há não muitos anos atrás, a cidade de Zurique também tinha uma enorme área pública bem no centro da cidade, que era muito conhecida por ser suja e extremamente perigosa pela prostituição e venda de drogas. Hoje se tornou em um marco da cidade em asseio, lazer e segurança. Por que escolheu o Mirante para montar a clínica? As melhorias no prédio são muitas e já são notáveis. Mesmo assim, a administração está sempre disposta a receber sugestões. Tem algumas idéias? Resolvi aproveitar essa fase do Centro em que ainda encontramos boas oportunidades por precos mais acessíveis do que em outros bairros nobres. Acredito piamente que o Centro vai se tornar a pérola da cidade. Gostaria de ver o aspecto visual externo e interno do Mirante mais valorizado, elevadores funcionais, catracas de controle de acesso, placas sinaléticas que promovam os comerciantes e informem melhor o acesso às salas, pois para o visitante de primeira viagem, ainda é muito confuso chegar onde se quer. E também gostaria horários mais alargados. Vejo esse esforço da administração e acho que estamos no bom caminho. www.benditospes.com.br Tel: 11 4506-3120 Rua Brigadeiro Tobias, 118 – Sala 824 Centro - São Paulo - SP Podologia Clínica no Mirante do Vale Por Sebastião Farias com a colaboração de L. de Figueiredo A clínica de podologia Benditos Pés está instalada no Mirante há dez meses. Conta com uma equipe de profissionais e tem convênios com grandes empresas e coletividades. Além disso, oferece um plano de saúde próprio e até tem um projeto social. A seguir a entrevista que a Márcia Machado nos concedeu: Uma sala da clínica Pag8_Apresentação 1 06/10/2014 16:57 Página 1

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Page 1: São Paulo, Oct 2014 8 Podologia Clínica no Mirante do Valeserviços de pedicure cobrando preço de podólogo, por que nem o consumidor (e talvez nem esse profissional desqualificado)

São Paulo, Oct 2014 8

Por que escolheu a podologia como profissão?Fiz um estudo de mercado e a podologia aparecia

como uma atividade totalmente por explorar, ouseja: 200 milhões de habitantes, 400 milhões de pés,10% da população diabética – com tendência aaumentar – e uma mercado incrível para sertrabalhado. Depois, ao me envolver com aprofissão, ainda durante a formação universitária,percebi que gostava mais daquilo do que euimaginava.A podologia está passando por um processo

incrível de especialização e conhecimento dogrando público sobre o que somos capazes. Todomundo tem algum tipo de dor nos pés que pode seraliviada. A pessoa senta na cadeira do podólogo deum jeito e levanta-se de outro, curada de algumacoisa que estava lhe fazendo muito mal. Nenhumaespecialidade médica e nenhuma esteticista faz isso.Nós estamos entre um e outro, entre oclínico/terapêutico e o estético.Aqui é o país do futebol, mas os pés sãoimportantes para todos, não é? Nesse país do futebol, praticamente ninguém liga

para os pés. Somente alguns clubes de primeiralinha tem podólogos, como se o pé não fosse omaior capital dos jogadores. 9 em cada 10 pessoasque entram em nosso consultório sofrem de micosegrave nas unhas, entre os dedos ou na planta dospés – quando não em tudo ao mesmo tempo. Obrasileiro em geral ignora quase por completo ospés enquanto parte integrante de uma importantecadeia de itens que espelham a saúde – ou a faltadela.

E esse descaso tanto é das próprias pessoas,como do sistema de saúde. Veja que acontecemesmo nos hospitais, onde nunca são assinaladosnos prontuários problemas que podem estarcausando um agravamento da saúde do paciente,como é o caso das micoses e das rachaduras, quesão autênticas portas escancaradas para a entradade bactérias que podem causar a infeção

generalizada (septicemia). Muitas pessoas comrachaduras e micoses tem adqurido a erisipela, porexemplo, lavando descalço o quintal de casa (quepode ter fezes de animais), ou andando de chinelosna rua em água de chuva contaminada, ou na praia.E erisipela se alastra e mata muito depressa. Aspessoas imunodepressivas, como aidéticos oudiabéticos, podem vir a amputação e óbito por essesmesmos problemas. Por outro lado, não temos,como em outros países, o hábito de uso de bonssapatos ou de palmilhas desde a tenra idade paracorreção de problemas podoposturais.Vivemos em uma cultura quantitativa, e não

qualitativa, onde as botas ortopédicas caíram emdesuso. Ninguém convence mais uma criança a usaroutra coisa que não seja o que todo mundo usa. Etodo mundo usa rasteirinhas, sapatilhas e sapatosde péssima qualidade que só fazem danificar os pése causar mal odor. Com isso, perdeu-se muito emquestão de saúde, não só de biomecânica dos pés,mas de problemas com toda a arcada do corpo. Teremos muito mais idosos com problemas de

saúde e mobilidade nas próximas gerações porconta de maus sapatos: problemas ósseos (péschatos ou cavos desvios posturais, joanetes,esporão, inflamação e desgaste ósseo), articulares(artrites, artroses), musculares (fasceítes),neurológicos (neuromas) e por ai afora. O podólogocom formação trabalha multidisciplinarmente comendócrinos, fisioterapeutas, cardiologistas,dermatologistas, diabetologistas etc. e saberáaconselhar seu cliente sobre todos esses problemase indicar-lhes uma terapia ou um especialista, e nãoapenas raspar calos, como se fazia no passado. Falando em termos gerais, a população está

preocupada com a saúde, mas também pensanos custos de tratamentos. Ja sentiu isso na suaárea?Consegui resolver esse assunto lançando o meu

próprio plano de saúde, destinado às pessoas queprecisam tanto de um podólogo todos os meses

como do ar para respirar todos os dias. No entanto,foi a solução que arranjei, mas que seria dacompetência dos serviços de saúde. Se a podologiafosse realmente vista como deve ser, o custo jamaisseria um problema. Primeiro, por que o SUS teriaessa especialidade com a supervisão do médico, quehoje não tem. Ou seja, em casos ambulatoriais,como uma unha encravada, o paciente poderia seratendido no próprio posto de saúde e sairia de lácurado, medicado e poderia retomar sua vidanormalmente no mesmo dia.Hoje uma simples unha encravada acaba indo

parar em uma mesa de cirurgia, com toda adinâmica que isso gera com plano de saúde,anestesista, médico, antiinflamatórios eantibióticos, coisa que um bom profissional dapodologia resolve muito mais facilmente e a menorcusto. Sem contar a dor, o pós-operatório, odesconforto e o risco de reeincidências agravadas.Portanto, ainda que em alguns casos a cirurgia sejanecessária, na grande maioria ela pode ser evitada. Em segundo lugar, com relação a preços, existem

muitos aproveitadores e oportunistas que fazemserviços de pedicure cobrando preço de podólogo,por que nem o consumidor (e talvez nem esseprofissional desqualificado) saibam a diferençaentre podologia e pedicuria – e a diferença éabismal, tanto em termos de formação profissionale técnicas de procedimento, quanto em relação àforma como o espaço de atendimento tem que estarequipado, segundo as próprias exigências daANVISA. Qual é o diferencial da clínica?Nossos profissionais são todos graduados,

obedecemos rigorosamente os padrões debiosegurança. Estamos também em fase final deinclusão em um plano de saúde que serve ofuncionalismo público, temos convênios comgrandes empresas e coletividades. Para outrascategorias, lançamos o nosso próprio plano desaúde – o Plano Pedis -- que possibilita queinúmeras pessoas tenham acesso ao tratamentomensal sem que isso pese demais no seu bolso.Temos aínda nosso próprio projeto social --PODOAÇAO -- ação Social da Podologia, comdez consultórios móveis e no minimo uma atuaçãopor mês nas comunidades. O que faz nas horas de lazer?Faço esportes, tenho familia e amigos. Gosto de

pesquisas sobre novidades na área da saúde,frequento palestras sobre empreendimento social esustentabilidade, e também sou aficcionada poridiomas estrangeiros. Coloco meus papéisadministrativos em dia e tenho ideias para expandirqualitativamente meu negócio. Você que ja viveu na Europa deve saber como

muitas cidades na região cuidam muito bem dasáreas centrais. O que pensa do Centro de SãoPaulo?

Eu tenho uma relação de ódio e amor com oCentro de São Paulo. Ninguém gosta de circular emuma cidade com odor a fecália e urina onde querque esteja, com prédios caindo aos pedaços, umapaisagem urbana detonada, pichada, suja. Porém,acabei por entender que São Paulo está caminhandopara uma direção de progresso, querendo se alinhara outras capitais. Vejo um movimento deinvestimento em novos empreendimentosimobiliários, respeito pelo ordenamentoarquitetônico com integração de espaços verdes,ciclovias e acessibilidades com transporte público.Fiz uma pós-graduação em gestão de projetos

sociais e entendi um pouco mais sobre essasquestões. É preciso uma política social justa queinterfira na integração dessa população desalojadaque habita o Centro, qualquer que seja a razão paraisso. Eles devolvem à cidade aquilo que recebem:Desprezo, maus-tratos e indiferença. Eles ocupame sujam o patrimônio público, ameaçam eviolentam os cidadãos que dividem a cidade comeles, que somos todos nós. Já fizemos muitosprogressos socialmente no país, mas ainda há muitoo que fazer por eles. Há não muitos anos atrás, acidade de Zurique também tinha uma enorme áreapública bem no centro da cidade, que era muitoconhecida por ser suja e extremamente perigosapela prostituição e venda de drogas. Hoje se tornouem um marco da cidade em asseio, lazer esegurança. Por que escolheu o Mirante para montar aclínica? As melhorias no prédio são muitas e jásão notáveis. Mesmo assim, a administração estásempre disposta a receber sugestões. Temalgumas idéias?Resolvi aproveitar essa fase do Centro em que

ainda encontramos boas oportunidades por precosmais acessíveis do que em outros bairros nobres.Acredito piamente que o Centro vai se tornar apérola da cidade. Gostaria de ver o aspecto visualexterno e interno do Mirante mais valorizado,elevadores funcionais, catracas de controle deacesso, placas sinaléticas que promovam oscomerciantes e informem melhor o acesso às salas,pois para o visitante de primeira viagem, ainda émuito confuso chegar onde se quer. E tambémgostaria horários mais alargados. Vejo esse esforçoda administração e acho que estamos no bomcaminho.

www.ben d itospes.com.brTel: 11 4506-3120Rua Brigadeiro Tobias, 118 – Sala 824Centro - São Paulo - SP

PodologiaClínica no

Mirante do ValePor Sebastião Farias com a

colaboração de L. de FigueiredoA clínica de podologia BenditosPés está instalada no Mirante hádez meses. Conta com umaequipe de profissionais e temconvênios com grandes empresase coletividades. Além disso,oferece um plano de saúdepróprio e até tem um projetosocial. A seguir a entrevista quea Márcia Machado nosconcedeu:

Uma sala da clínica

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