sÍntese de derivados tiazolidinodiÔnicos e avaliaÇÃo …siaibib01.univali.br/pdf/elaine cristina...

228
ELAINE CRISTINA KORMANN SÍNTESE DE DERIVADOS TIAZOLIDINODIÔNICOS E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GASTROPROTETORA E EFEITO ANTITUMORAL NO CÂNCER DE MAMA TRIPLO-NEGATIVO Itajaí 2017

Upload: others

Post on 29-Jan-2021

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 1

    ELAINE CRISTINA KORMANN

    SÍNTESE DE DERIVADOS TIAZOLIDINODIÔNICOS E

    AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GASTROPROTETORA

    E EFEITO ANTITUMORAL NO CÂNCER DE MAMA

    TRIPLO-NEGATIVO

    Itajaí

    2017

  • 2

  • 3

    UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

    PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

    FARMACÊUTICAS

    ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

    SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

    ELAINE CRISTINA KORMANN

    SÍNTESE DE DERIVADOS TIAZOLIDINODIÔNICOS E

    AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GASTROPROTETORA

    E EFEITO ANTITUMORAL NO CÂNCER DE MAMA

    TRIPLO-NEGATIVO

    Tese submetida à Universidade do Vale

    do Itajaí como parte dos requisitos para a

    obtenção do grau de Doutor em Ciências

    Farmacêuticas.

    Orientadora: Profa. Dra. Fátima de

    Campos Buzzi.

    Co-orientador: Prof. Dr. Rogério Corrêa.

    Itajaí,

    Setembro/2017

  • 4

    Catalogação na fonte pela Bibliteca Universitária

  • 5

  • 6

  • 7

    Dedico este trabalho aos meus pais Edson Kormann

    e Lourdes Kormann, pelos ensinamentos, incentivos,

    apoio, dedicação e por me ensinarem a importância da

    família e o caminho da honestidade e persistência.

    Pelo amor verdadeiro que sempre foi e será muito

    importante para que eu continue minha caminhada.

  • 8

  • 9

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço primeiramente a Deus, pois sem ele eu não teria chego

    até aqui.

    Aos meus pais, Lourdes e Edson pelo amor incondicional, apoio e

    incentivo em todos os meus sonhos e decisões. Eu amo vocês!!!

    A minha querida orientadora, Fátima de Campos Buzzi, por estar

    ao meu lado desde o meu trabalho de graduação, acompanhando meu

    crescimento acadêmico e agora finalizando comigo este trabalho de

    Doutorado. Obrigada por tudo, quero que saibas que te admiro muito!!!

    Ao meu orientador de Salamanca (Espanha), Atanasio Pandiella

    Alonso, e toda sua equipe por terem me acolhido e orientado com tanto

    carinho no período em que estive fazendo intercâmbio. Já sinto saudades de

    todos!!!

    Ao meu co-orientador Rogério Corrêa, pelo convívio diário, apoio

    e observações prestadas neste trabalho. Estendo o agradecimento a

    professora Luisa Mota da Silva, por toda a orientação nos testes

    farmacológicos, e a sua equipe, Lincon, Luisa e Camile meus sinceros

    agradecimentos.

    Aos meus colegas de laboratório, Ana Carolina, Anelise, Bianca,

    Bruna, Camila, Camile, Daiane, Dorimar, Eduardo, Jonathan, Luciana,

    Marcel, Nayara, Thairinne, e Thaís, que fizeram os meus dias muito mais

    alegres.

    Ao professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação em

    Ciências Farmacêuticas, Clóvis, por permitir através do programa de pós

    graduação que eu realizasse um intercâmbio de doutorado sanduiche.

    Ao professor Valdir Cechinel Filho, obrigada por toda ajuda nos

    trâmites para que eu conseguisse a bolsa de doutorado sanduiche. Tivesse

    grande participação nessa minha trajetória.

    Aos demais professores, que de alguma forma ajudaram na

    realização deste trabalho, meu muito obrigada a todos!!!

    Por fim, a CAPES e ao programa Ciências sem Fronteiras pelo

    apoio financeiro.

  • 10

  • 11

    SÍNTESE DE DERIVADOS TIAZOLIDINODIÔNICOS E

    AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GASTROPROTETORA

    E EFEITO ANTITUMORAL NO CÂNCER DE MAMA

    TRIPLO-NEGATIVO

    Autor: Elaine Cristina Kormann

    Setembro/2017

    Orientador: Fátima de Campos Buzzi, Doutora.

    Co-orientador: Rogério Corrêa, Doutor.

    Número de Páginas: 297

    Os fragmentos biologicamente ativos como o heterocíclo 2,4-tiazolidinodiona e o

    grupo sulfonamida tem ganhado grande importância devido as suas diversas

    atividades terapêuticas. Este trabalho teve como objetivo unir os fragmentos 2,4-

    tiazolidinodiona e sulfonamida e avaliar o efeito antitumoral em células de câncer de

    mama triplo negativo e a atividade gastroprotetora. Foram síntetizadas 6 séries (A-F)

    de compostos, totalizando 37 derivados, sendo 28 inéditos. As séries de A a E foram

    feitas em três etapas: formação do núcleo benzilidenotiazolidinodiona,

    clorossufonação e substituições nucleofílicas. Já os derivados da série F, além das

    três etapas mencionadas anteriormente, foi realizada uma nova substituição

    nucleofílica apartir dos compostos A1, D1, D2, D3, e D4. Os compostos foram

    purificados e caracterizados por ponto de fusão e métodos espectroscópicos usuais.

    Os rendimentos foram satisfatórios, variando de 18% a 93,76%. A análise

    computacional foi avaliada através da “regra dos 5” estabelecida por Lipinski, a fim

    de avaliar a biodisponibilidade por via oral dos compostos sintetizados. Já as

    propriedades relativas às características de fármaco e toxicidade foram calculadas a

    partir do programa OSIRIS property Explorer. Os compostos demonstraram boa

    biodisponibilidade por via oral. Além disso, todos apresentaram características de

    fármacos e o teste de toxicidade mostrou que a maioria dos compostos não

    apresentou nenhum risco tóxico. Os testes farmacológicos “in vitro” foram

    realizados com células de câncer de mama triplo negativo (MDAMB-231). Para a

    avaliação do efeito antitumoral foram realizados ensaios de citotoxicidade celular

    através do método de MTT, efeito na apoptose e no ciclo celular e avaliação das

    proteinas envolvidas no ciclo celular por Western Blot. O composto F1 foi o que

    apresentou melhor atividade citotóxica, com valores de CI50 de 5,11μM, no peírodo

    de 72h de incubação. Os demais testes foram realizados somente com o composto

    F1, por ter sido o mais citotóxico. No entanto, não apresentou atividade relacionada

    com a apoptose e sim retardo nas fases G1/S e G2/M do ciclo celular. Para a

    atividade gastroprotetora foram realizados os testes em modelo de úlcera induzida

    por etanol, quantificação de muco aderido a mucosa gástrica, quantificação dos

    níveis de GSH através de ensaio bioquímico, avaliação da atividade da H+,

    K+ATPase in vitro e avaliação da participação do óxido nítrico, grupo sulfidrílicos

  • 12

    não proteicos, prostaglandinas e receptores PPARƴ no efeito gastroprotetor. Para

    esta análise os compostos testados foram o A1, C1, D1 e F1, sendo o A1 o mais

    ativo, apresentando atividade gastroprotetora na dose de 3 mg/Kg. Em suma, os

    compostos F1 e A1 apresentaram os resultados mais promissores, com efeito

    antitumoral e atividade gastroprotetora, respectivamente, sendo de grande relevância

    a continuidade de novos estudos para estes derivados a fim de se obter futuramente

    fármacos mais ativos com menos efeitos adversos.

    Palavras-chave: tiazolidinodiona. gastroproteção. câncer.

  • 13

    SYNTHESIS OF THIAZOLIDINEDIONIC

    DERIVATIVES AND EVALUATION OF

    GASTROPROTECTION ACTIVITY AND ANTITUMOR

    EFFECT IN TRIPLE-NEGATIVE BREAST CÂNCER

    Author: Elaine Cristina Kormann September /2017 Supervisor: Fátima de Campos Buzzi, Dra.

    Co-supervisor : Rogério Corrêa, Dr.

    Number of pages: 297

    Biologically active fragments such as the heterocycle 2,4-thiazolidinedione and the

    sulfonamide group have been increasing in importance due to their various

    therapeutic activities. This study aimed to connect the 2,4-thiazolidinedione and

    sulfonamide fragments, in order to evaluate antitumor effect in triple-negative breast

    cancer cells and gastroprotective activity. Six series (A-F) of compounds were

    synthesized, with a total of 37 compounds, of which 28 were new. Series A and E

    were performed in three stages: formation of the benzylidenethiazolidinodione,

    chlorossufonation and nucleophilic substitutions. In the derivatives of series F,

    besides the three steps mentioned above, a new nucleophilic substitution was

    performed from compounds A1, D1, D2, D3 and D4. The compounds were purified

    and characterized by melting point and the usual spectroscopic methods. The yields

    were satisfactory, ranging from 18% to 93.76%. The computational analysis was

    evaluated using the "rule of five" established by Lipinski, in order to evaluate the

    oral bioavailability of the compounds synthesized. The properties related to drug

    characteristics and toxicity were calculated from the OSIRIS property Explorer

    program. The compounds showed good oral bioavailability. In addition, all of them

    presented drug characteristics, and the toxicity test showed that most of the

    compounds did not present any toxic risk. Pharmacological tests "in vitro" were

    performed with triple-negative breast cancer cells (MDAMB-231). To evaluate the

    antitumor effect, cell cytotoxicity assays were performed using the MTT method,

    effect on apoptosis and cell cycle and evaluation of the proteins involved in the cell

    cycle by Western Blot. Compound F1 showed the best cytotoxic activity, with a IC50

    value of 5.11 µM at 72h of incubation. The other tests were performed only with

    compound F1, as this was the most cytotoxic one. However, it did not present

    apoptosis-related activity but delayed the G1/S and G2/M phases of the cell cycle.

    For the gastroprotective activity, tests were performed using the ethanol-induced

    ulcer model, quantification of mucus adhered to gastric mucosa, quantification of

    GSH levels by biochemical assay, evaluation of H +, K + ATPase activity “in vitro”,

    and evaluation of the participation of nitric oxide, non-protein sulfhydryl groups,

  • 14

    prostaglandins and PPARƴ receptors in the gastroprotective effect. The compounds

    tested were A1, C1, D1 and F1, with A1 being the most active, presenting

    gastroprotective activity at the dose of 3 mg/kg. In summary, compounds F1 and A1

    presented the most promising results in relation to antitumor effect and gastro

    protective activity. Further studies on these derivatives are needed, to obtain more

    active new drugs with fewer side effects.

    Keywords: thiazolidinedione. Gastroprotection. Câncer.

  • 15

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1- Estrutura dos heterocíclos: (A) tiazolidina, (B)

    tiazolidinona e (C) tiazolidinodiona.................................... 39

    Figura 2- Diferentes mecanismos de aquecimento: convencional e

    por micro-ondas…………………………………………... 42

    Figura 3- Diferentes mecanismos de aquecimento: convencional e

    por micro-ondas…………………………………………... 44

    Figura 4- Comportamento das células cancerosas.............................. 45

    Figura 5- Receptores que caracterizam as células de câncer de

    mama. Receptores de estrogênio (A), receptores de

    progesterona (B) e receptores HER2 (C)............................. 50

    Figura 6- Quimioterápicos utilizados no tratamento do câncer de

    mama................................................................................... 52

    Figura 7- Fases do ciclo celular........................................................... 54

    Figura 8- Principais reguladores do ciclo celular................................ 55

    Figura 9- Principais “Checkpoints” responsáveis pela regulação do

    ciclo celular.......................................................................... 56

    Figura 10- Controle da progressão do ciclo celular da fase G1 para a

    fase S……………………………………………………… 57

    Figura 11- Mecanismo de ação das TZDs............................................. 61

    Figura 12- Esquema geral de reação de síntese dos derivados

    tiazolidinodiônicos............................................................... 63

    Figura 13- Esquema geral de reação de síntese dos derivados da série

    F........................................................................................... 76

    Figura 14- Estrutura geral dos compostos planejados como novos

    protótipos de fármacos gastroprotetores e antitumorais...... 97

    Figura 15- Mecanismo de condensação da tiazolidinodiona com

    benzaldeído seguido de eliminação..................................... 99

    Figura 16- Mecanismo de substituição eletrofílica aromática para a

    formação do cloreto de 4-[(Z)-(2,4-dioxo-1,3-tiazolidino-

    5-lideno)metil]benzenosulfo- nila (BTZDCl)..................... 100

    Figura 17- Proposta de mecanismo de substituição nucleofílica

    bimolecular para a formação dos derivados

    tiazolidinodiônicos............................................................... 102

  • 16

    Figura 18- Espectro de IV do composto B7 (KBr, cm-1

    )...................... 109

    Figura 19- Espectro de RMN 1H do composto B7 (CDCl3/ 300

    MHz).................................................................................... 110

    Figura 20- Espectro de RMN 13

    C do composto B7 (CDCl3/ 300

    MHz).................................................................................... 111

    Figura 21- Mecanismo de substituição nucleofílica bimolecular para

    os derivados da série F......................................................... 136

    Figura 22- Espectro de IV do composto F1 (KBr, cm-1

    )....................... 138

    Figura 23- Espectro de RMN 1H do composto F1 (CDCl3/ 300

    MHz).................................................................................... 139

    Figura 24- Espectro de RMN 13

    C do composto F1 (CDCl3/ 300

    MHz).................................................................................... 140

    Figura 25- Estrutura química do composto 2-[4-[(2,4-dioxotiazolidin-

    5-Ilideno)me- til]fenoxi]-N-[3-(triflurometil)fenil]aceta-

    mida..................................................................................... 167

    Figura 26- Estruturas dos compostos: (A) 5-[2-cloro-3-(4-nitrofenil)-

    2-propenilide- no]-2-(3-hidroxifenilamino)tiazol-4(5H)-

    ona e (B) 5-(4-clorobenzilideno)-2-(4-hidroxifenilamino)-

    tiazol-4- (5H)-ona................................................................ 167

    Figura 27- Estrutura química da (Z)-5-(4-((E)-3-oxo-3-(tiofen-2-il)-

    prop-1-enil)benzilideno)-1,3-tiazolidino-2,4-diona)........... 168

    Figura 28- Estruturas dos compostos: (A) 2-(2,4-dioxo-tiazolidin-5-

    il)-N-(4-sulfa-moil-fenil)-acetamida, (B) 2-[5-(4-dimetil-

    amino-benzilideno)-2,4-dioxo-tiazolidin-3-il]-N-(2-triflu-

    orometil-fenil)-acetamida e (C) 2-[5-(4-cloro-benzili-

    deno)-2,4-dioxo-imidazolin-3-il]-N-(2-trifluoro-metil-

    fenil)-acetamida................................................................... 169

    Figura 29- Estrutura química do composto OSU-CG5......................... 170

    Figura 30- Estruturas dos compostos: (A) 2-bromo-N-{3-[(Z)-{2,4-

    dioxo-3-[4-(trifluorometil)benzil]-1,3-tiazolidino-5-

    ilideno}metil]fenil}prop-2-enamida, (B) 2-bromo-N-(3-

    {(Z)-[3-(4-clorobenzil)-2,4-dioxo-1,3-tiazolidino-5-

    ilideno]-metil}fenil)prop-2-enamida e (C) 2-bromo-N-(3-

    {(Z)-[3-(4-fluorobenzil)-2,4-dioxo-1,3-tiazolidino-5-

    ilideno]metil}fenil)prop-2-enamida.................................... 170

    Figura 31- Estruturas dos compostos: (5Z)-5-[(1-metil-1H-benzimi-

    dazol-2-il)metilideno]-1,3-tiazolidino-2,4-diona-6,7- 171

  • 17

    dimetoxi-3,4-dihidroisoquinolona-2(1-H)-carbaldeído

    (A), (5Z)-5-[(1-etil-1H-benzimidazol-2-il)metilideno]-1,3-

    tiazolidino-2,4-diona-6,7-dimetoxi-3,4-dihidroiso-quino-

    lona-2(1-H)-carbaldeído, (B) (5Z)-5-[(1-metil-1H-benzi-

    midazol-2-il)metilideno]-1,3-tiazolidino-2,4-diona-N-[4-

    (1,3-tiazolidino-4-il)fenil]formamida (C) e (5Z)-5-[(1-

    metil-1H-benzimidazol-2-il)metilideno]-1,3-tiazolidino-

    2,4-diona-N-(5-tert-butilfurano-2-il)formamida (D)...........

    Figura 32- Efeito do composto F1 em apoptose na linhagem celular

    MDAMB-231, na concentração de 10µM durante 24h

    (A), 48h (B) e 72h (C), e posteriormente marcadas com

    Anxina V-FITC e IP para sua analise mediante FACS....... 173

    Figura 33- Efeito do composto F1 sobre o ciclo celular na linhagem

    celular MDAMB-231, na concentração de 10µM durante

    24h, 48h e 72h, e posteriormente marcadas com IP para

    sua analise mediante FACS (A). Representação em

    porcentagem das distintas fases do ciclo celular em

    função do seu conteúdo de DNA após o tratamento com o

    composto F1 a 10µM (B).................................................... 174

    Figura 34- Princípio do método colorimétrico de BrdU....................... 175

    Figura 35- Sincronização com nocodazol para analisar a transição da

    fase G1/S.............................................................................. 178

    Figura 36- Sincronização com timidina para analisar a transição da

    fase G2/M............................................................................ 186

    Figura 37- Estrutura química dos compostos A1, C1, D1 e F1………. 198

    Figura 38- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto A1………… 229

    Figura 39- Espectro de Infravermelho do composto A1 (KBr, cm-1

    )... 230

    Figura 40- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto A2………… 231

    Figura 41- Espectro de Infravermelho do composto A2 (KBr, cm-1

    )... 232

    Figura 42- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto A3………… 233

    Figura 43- Espectro de Infravermelho do composto A3 (KBr, cm-1

    )... 234

    Figura 44- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto A4………… 235

    Figura 45- Espectro de Infravermelho do composto A4 (KBr, cm-1

    )... 236

    Figura 46- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto A5………… 237

  • 18

    Figura 47- Espectro de Infravermelho do composto A5 (KBr, cm-1

    )... 238

    Figura 48- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto B1…………. 239

    Figura 49- Espectro de Infravermelho do composto B1 (KBr, cm-1

    )... 240

    Figura 50- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto B2…………. 241

    Figura 51- Espectro de Infravermelho do composto B2 (KBr, cm-1

    )... 242

    Figura 52- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto B3…………. 243

    Figura 53- Espectro de Infravermelho do composto B3 (KBr, cm-1

    )... 244

    Figura 54- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto B4…………. 245

    Figura 55- Espectro de Infravermelho do composto B4 (KBr, cm-1

    )... 246

    Figura 56- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto B5…………. 247

    Figura 57- Espectro de Infravermelho do composto B5 (KBr, cm-1

    )... 248

    Figura 58- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto B7…………. 249

    Figura 59- Espectro de Infravermelho do composto B7 (KBr, cm-1

    )... 250

    Figura 60- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto B8…………. 251

    Figura 61- Espectro de Infravermelho do composto B8 (KBr, cm-1

    )... 252

    Figura 62- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto B9………… 253

    Figura 63- Espectro de Infravermelho do composto B9 (KBr, cm-1

    )... 254

    Figura 64- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto B10………... 255

    Figura 65- Espectro de Infravermelho do composto B10

    (KBr, cm-1

    ).......................................................................... 256

    Figura 66- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto B12………. 257

    Figura 67- Espectro de Infravermelho do composto B12

    (KBr, cm-1

    )……………………………………………….. 258

    Figura 68- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto C1…………. 259

    Figura 69- Espectro de Infravermelho do composto C1 (KBr, cm-1

    )... 260

    Figura 70- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto C2…………. 261

    Figura 71- Espectro de Infravermelho do composto C2 (KBr, cm-1

    )... 262

    Figura 72- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto C3…………. 263

    Figura 73- Espectro de Infravermelho do composto C3 (KBr, cm-1

    )... 264

  • 19

    Figura 74- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto C4…………. 265

    Figura 75- Espectro de Infravermelho do composto C4 (KBr, cm-1

    )... 266

    Figura 76- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto C5…………. 267

    Figura 77- Espectro de Infravermelho do composto C5 (KBr, cm-1

    )... 268

    Figura 78- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto C6…………. 269

    Figura 79- Espectro de Infravermelho do composto C6 (KBr, cm-1

    )... 270

    Figura 80- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto D2………… 271

    Figura 81- Espectro de Infravermelho do composto D2 (KBr, cm-1

    )... 272

    Figura 82- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto D3………… 273

    Figura 83- Espectro de Infravermelho do composto D3 (KBr, cm-1

    )... 274

    Figura 84- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto D4……….... 275

    Figura 85- Espectro de Infravermelho do composto D4 (KBr, cm-1

    )... 276

    Figura 86- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto E1…………. 277

    Figura 87- Espectro de Infravermelho do composto E1

    (KBr, cm-1

    )………………….............................................. 278

    Figura 88- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto E2…………. 279

    Figura 89- Espectro de Infravermelho do composto E2

    (KBr, cm-1

    )……………………………………………….. 280

    Figura 90- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto E3…………. 281

    Figura 91- Espectro de Infravermelho do composto E3 (KBr, cm-1

    )... 282

    Figura 92- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto E4…………. 283

    Figura 93- Espectro de Infravermelho do composto E4

    (KBr, cm-1

    )…………………............................................... 284

    Figura 94- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto E5…………. 285

    Figura 95- Espectro de Infravermelho do composto E5

    (KBr, cm-1

    )……………………………….………………. 286

    Figura 96- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto E6…………. 287

    Figura 97- Espectro de Infravermelho do composto E6 (KBr, cm-1

    )... 288

    Figura 98- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto F1…………. 289

  • 20

    Figura 99- Espectro de Infravermelho do composto F1

    (KBr, cm-1

    )……………………………………………….. 290

    Figura100- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto F2…………. 291

    Figura101- Espectro de Infravermelho do composto F2 (KBr, cm-1

    )… 292

    Figura102- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto F3…………. 293

    Figura103- Espectro de Infravermelho do composto F3 (KBr, cm-1

    )… 294

    Figura104- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto F4…………. 295

    Figura105- Espectro de Infravermelho do composto F4 (KBr, cm-1

    )… 296

    Figura106- Espectros de RMN de 1H e

    13C do composto F5…………. 297

    Figura107- Espectro de Infravermelho do composto F5 (KBr, cm-1

    )… 298

  • 21

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1- Estimativas para o ano de 2016/2017 das taxas brutas de incidência por 100 mil

    habitantes e de número de casos novos de

    câncer, segundo sexo e localização

    primária.......................................................

    47

    Tabela 2 - Ordem de potência para diversos parâmetros físico-químicos proposta por

    Topliss......................................................... 79 Tabela 3 - Proposta de Topliss para a seleção de

    novos substituintes em função dos

    prováveis parâmetros mais ativos............... 80 Tabela 4 - Estrutura, tempo reacional, rendimento,

    índice de refração e ponto de fusão das

    substâncias BTZD, BTZDCl e da série A,

    realizadas sob agitação a temperatura

    ambiente...................................................... 104 Tabela 5 - Estrutura, tempo reacional, rendimento,

    índice de refração e ponto de fusão da série

    B contendo diferentes átomos ligados ao

    anel aromático em diferentes posições,

    realizado sob agitação a temperatura

    ambiente...................................................... 105 Tabela 6 - Estrutura, tempo reacional, rendimento,

    índice de refração e ponto de fusão da série

    C contendo diferentes heterocíclos,

    realizadas sob agitação a temperatura

    ambiente...................................................... 107 Tabela 7 - Estrutura, tempo reacional, rendimento,

    fator de retenção e ponto de fusão da série

    D contendo diferentes tamanhos de

    espaçadores realizadas sob agitação a

    temperatura ambiente.................................. 108

    Tabela 8 - Estrutura, tempo reacional, rendimento, 109

  • 22

    índice de refração e ponto de fusão da série

    E contendo diferentes fenilhidrazinas

    realizadas sob agitação a temperatura

    ambiente......................................................

    Tabela 9 - Estrutura, tempo reacional, rendimento,

    índice de refração e ponto de fusão das

    substâncias da série F, por irradiação em

    micro-ondas................................................. 137

    Tabela 10 - Parâmetros físico-químico dos derivados

    da série A..................................................... 145

    Tabela 11 - Parâmetros físico-químico dos derivados

    da série B..................................................... 146

    Tabela 12 - Parâmetros físico-químico dos derivados

    da série C..................................................... 147

    Tabela 13 - Parâmetros físico-químico dos derivados

    da série D..................................................... 148

    Tabela 14 - Parâmetros físico-químico dos derivados

    da série E..................................................... 149

    Tabela 15 - Parâmetros físico-químico dos derivados

    da série F..................................................... 150

    Tabela 16- Triagem de viabilidade celular

    determinada pelo método MTT após

    incubação por 72 horas com os derivados

    da serie A e o composto BTZDCl............... 158

    Tabela 17 - Triagem de viabilidade celular

    determinada pelo método MTT após

    incubação por 72 horas com os derivados

    da serie B..................................................... 159

    Tabela 18 - Triagem de viabilidade celular

    determinada pelo método MTT após

    incubação por 72 horas com os derivados

    da serie C..................................................... 161

    Tabela 19 - Triagem de viabilidade celular

    determinada pelo método MTT após

    incubação por 72 horas com os derivados

    da serie D..................................................... 162

    Tabela 20- Triagem de viabilidade celular 163

  • 23

    determinada pelo método MTT após

    incubação por 72 horas com os derivados

    da serie E.....................................................

    Tabela 21 - Triagem de viabilidade celular

    determinada pelo método de MTT após

    incubação por 72 horas com os derivados

    da série F..................................................... 164

    Tabela 22 - Viabilidade celular dos compostos F1 e F3

    em diferentes linhagens celulares................ 165

  • 24

    LISTA DE GRÁFICOS

    Gráfico 1- Proliferação celular na fase S por BrdU....................... 175

    Gráfico 2- Análise de expressão e quantificação densidométrica

    da proteína Fosfohistona-H3 implicada no

    mecanismo de retardo da fase G1/S induzida pelo

    composto F1 na concentração de 10 µM…………….. 179

    Grafico 3- Análise de expressão e quantificação densidométrica

    da Ciclina B (A) e CDK1 (B) implicadas no

    mecanismo de retardo da fase G1/S induzida pelo

    composto F1 na concentração de 10 µM…………….. 181

    Gráfico 4- Análise de expressão e quantificação densidométrica

    da proteína pRbSer780

    implicada no mecanismo de

    retardo da fase G1/S induzida pelo composto F1 na

    concentração de 10 µM................................................ 182

    Gráfico 5- Análise de expressão e quantificação densidométrica

    da Ciclina E (A) e do pRbSer807/811

    (B) implicados no

    mecanismo de retardo da fase G1/S induzido pelo

    composto F1 na concentração de 10 µM...................... 183

    Gráfico 6- Análise de expressão e quantificação densidométrica

    da Ciclina A implicada no mecanismo de retardo da

    fase G1/S induzido pelo composto F1 na

    concentração de 10 µM................................................ 184

    Gráfico 7- Análise de expressão e quantificação densidométrica

    das proteínas p27 (A) e p53 (B) implicadas no

    mecanismo de retardo da fase G1/S induzido pelo

    composto F1 na concentração de 10 µM...................... 185

    Gráfico 8- Análise de expressão e quantificação da Ciclina E

    implicada no mecanismo de retardo da fase G2/M

    induzida pelo composto F1 na concentração de 10

    µM................................................................................ 187

    Gráfico 9- Análise de expressão e quantificação da Ciclina A

    (A) e da CDK2 (B) implicadas no mecanismo de

    retardo da fase G2/M induzida pelo composto F1 na

    concentração de 10 µM................................................ 188

  • 25

    Gráfico 10- Análise de expressão e quantificação da Ciclina B

    (A) e da CDK1 (B) implicadas no mecanismo de

    retardo da fase G2/M induzida pelo composto F1 na

    concentração de 10 µM................................................ 188

    Gráfico 11- Análise de expressão e quantificação da proteína Wee

    1 implicada no mecanismo de retardo da fase G2/M

    induzida pelo composto F1 na concentração de 10

    µM…………………………………………………… 190

    Gráfico 12- Efeito do tratamento com os compostos A1, C1, D1 e

    F1 sobres as lesões gástricas induzidas pelo etanol..... 193

    Grafico 13- Avaliação do efeito do composto A1 em modelo de

    úlcera induzida por etanol............................................ 194

    Grafico 14- Avaliação do efeito do composto C1 em modelo de

    úlcera induzida por etanol............................................ 195

    Grafico 15- Avaliação do efeito do composto D1 em modelo de

    úlcera induzida por etanol............................................ 196

    Grafico 16- Avaliação do efeito do composto F1 em modelo de

    úlcera induzida por etanol............................................ 197

    Gráfico 17- Avaliação do efeito do composto A1 (3mg/Kg) nos

    níveis de muco aderido a mucosa gástrica de animais

    expostos ao etanol........................................................ 199

    Gráfico 18- Avaliação do efeito do composto A1 nos níveis de

    GSH após indução de úlcera aguda induzida por

    etanol............................................................................ 200

    Gráfico 19- Avaliação do efeito do composto A1 sobre a

    atividade da enzima H+K

    ± ATPase............................... 201

    Gráfico 20- Avaliação do efeito gastroprotetor do composto A1

    em animais pré-tratados com Ioimbina (10 mg/Kg,

    v.IP, painel A), GW9660 (10 mg/Kg, v.IP, painel

    B), NEM (10 mg/Kg, v.IP, painel C) e L-NAME (70

    mg/Kg, v.IP, painel D)................................................ 202

  • 26

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1- Anticorpos primários utilizados............................................ 82

    Quadro 2- Anticorpos secundários utilizados........................................ 82

    Quadro 3- Avaliação da toxicidade da BTZDCl e dos derivados da

    série A...................................................................................

    152

    Quadro 4- Avaliação da toxicidade dos derivados da série B................ 154

    Quadro 5- Avaliação da toxicidade dos derivados da série C................ 155

    Quadro 6- Avaliação da toxicidade dos derivados da série D............... 155

    Quadro 7- Avaliação da toxicidade dos derivados da série E................ 156

    Quadro 8- Avaliação da toxicidade dos derivados da série F................ 156

  • 27

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ADMET: Absorção, Distribuição, Metabolismo, Excreção e Toxicidade

    AMPK: Proteína quinase ativada por adenosina monofosfato

    Ar: Aromático

    ATC: Ácido tricloroacético

    ATP: Trifosfato de adenosina

    BrdU: 5-bromo-2-deoxiuridina

    BT474: Linhagem celular de câncer de mama

    BT549: Linhagem celular de câncer de mama

    BTZD: ((5-Z)-5-benzilideno-1,3-tiazolidino-2,4-diona)

    BTZDCl: Cloreto de 4-[(Z)-(2,4-dioxo-1,3-tiazolidino-5-

    lideno)metil]benzenosul- fonila

    CBX: Carbenoxolona

    CCD: Cromatografia em Camada Delgada

    CDKs: Quinases dependentes de ciclinas

    CHK1: Quinase 1

    CI50: Concentração inibitória de 50%

    CMTN: Câncer de mama triplo negativo

    CONCEA: Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal

    d: Dupleto

    dd: Duplo-dupleto

    DNA: Ácido desoxirribonucleico (deoxyribonucleic acid)

    DTIC: Dacarbazina

    DTNB: 5,5‟-ditiobis-2-ácido-nitrobenzóico

    DL: Drug Likeness

    DMEM: Meio de cultura Eagle modificado por Dulbecco

    DMF: Dimetilformamida

    DMSO: Dimetilsulfóxido

    DS: Drug Score

    EDTA: Ácido etilenodiamino tetra-acético (ethylenediamine tetraacetic

    acid)

    EROS: Espécies reativas de oxigênio

    Es: Parâmetro estéreo

    Et: Etano

    FACS: Separador celular ativado por fluorescência.

  • 28

    GHz: Gigahertz

    GSH: Glutationa reduzida

    GSSG: Glutationa na sua forma oxidada

    GURAV: Linhagem celular de câncer na cavidade oral

    HER2: Fator de crescimento epidérmico

    HPV: Virus do papiloma humano (Human papilomavirus)

    Hz: Hertz

    INCA: Instituto Nacional do Câncer

    IP: Via intraperitoneal

    IV: Infra Vermelho

    J: Constante de acoplamento

    K562: Linhagem celular de células leucêmicas

    KB: Linhagem celular de células nasofaríngeas

    L-Name: NG-Nitro-L-argininametilesterhidroclorida

    LogP: Logaritmo do coeficiente de partição

    LogS: Logarítmo de solubilidade aquosa

    m: Multipleto

    MCF7: Linhagens celulares de câncer de mama

    MDAMB-231: Linhagens celulares de câncer de mama triplo negativo

    MHz: Megahertz

    MM: Massa Molar

    MTT: brometo de 3-[4,5-dimetiazol-2-il]2,5-difeniltetrazólio

    nAT: Número de átomos

    NEM: N-etillmaleimida

    NHA: Número de aceptores de ligação hidrogênio

    NHD: Número de doadores de ligação hidrogênio

    nm: Nanometro

    nR: Número de ligações rotacionais

    OMS: Organização Mundial da Saúde

    PBS: Tampão fosfato salino (phosphate buffered saline)

    PC3: Linhagem celular de câncer de próstata

    PF: Ponto de fusão

    PF. R: Ponto de fusão do composto recristalizado

    PI: Iodeto de propídio

    Pi: Fósforo inorgânico

    PPARs: Receptores ativados do peroxisomo proliferador (peroxisome

    proliferator-activated receptors)

  • 29

    PS: Fosfatildiserina

    QV: Química verde

    Rb: Retinoblastoma

    RE: Receptores hormonais de estrogênio

    REND. R: Rendimento do composto recristalizado

    Rf: Fator de retenção

    RNA: Ácido ribonucleico (ribonucleic acid)

    RNAm: Ácido ribonucleico mensageiro

    RP: Receptores de progesterona

    s: Simpleto

    SFB: Soro fetal bovino

    SKBr3: Linhagem celular de cancer de mama

    t: Tripleto

    TPSA: Área de superfície polar topográfica

    TRH: Terapia de reposição hormonal

    TZD: 2,4-Tiazolidinodiona

    UV: Ultravioleta

    VHB: Vírus da hepatite B

    VIOL.: Violações

    VOL: Volume

    W: Watz

    : Estiramento

    σ: Constante sigma referente aos parâmetros eletrônicos

    π: Constante pi referente aos parâmetros hidrofóbicos

    α: Alfa

    ƴ: Gama

    Δ: Delta

  • 30

    SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO……………………………………………………..... 33 2. OBJETIVOS………………………………………………………….. 36 2.1 Objetivo geral……………………………………………………....... 36 2.2 Objetivos específicos…………………………………………………....... 36 3. REVISÃO DA LITERATURA……………………………………… 38 3.1 QUÍMICA...................................................................................... ...... 38 3.1.1 QUÍMICA MEDICINAL.................................................................. 38 3.1.2 O USO DO MICRO-ONDAS NA QUÍMICA VERDE………….... 41

    3.2 CÂNCER............................................................................................. 44

    3.2.1 CÂNCER DE MAMA……………………………………………... 48

    3.2.2 CICLO CELULAR………………………………………………… 52

    3.3 ÚLCERA GÁSTRICA……………………………………………... 58

    3.4 TIAZOLIDINODIONAS E SEU MECANISMO DE AÇAO……. 59

    4 MATERIAL E MÉTODOS………………………………………...... 62

    4.1 QUÍMICA............................................................................................ 62

    4.1.1 Rota sintética dos derivados tiazolidinodiônicos……………........... 62

    4.1.2 Susbtituição nucleofílica com aminas aromáticas contendo os

    substituintes propostos por Topliss............................................................. 64

    4.1.3 Susbtituição nucleofílica com diferentes aminas aromáticas…….... 66

    4.1.4 Susbtituição nucleofílica com diferentes aminas contendo

    heterocíclos…………………………….....................................................

    70

    4.1.5 Susbtituição nucleofílica com diferentes aminas alifáticas............... 72

    4.1.6 Susbtituição nucleofílica com diferentes fenil hidrazinas................. 74

    4.1.7 Substituição nucleofílica com cloreto de benzila sobre o núcleo

    TZD............................................................................................................. 76

    4.1.8 Purificação e caracterização estrutural…………………………….. 78

    4.1.9 Análise “In silico”: Cálculos teóricos computacionais...................... 79

    4.1.10 Relação Estrutura-Atividade - Método de Topliss……………...... 79

    4.2 ATIVIDADE BIOLÓGICA“IN VITRO”......................................... 81

    4.2.1 Reagentes e materiais………………………………………………. 81

    4.2.2 Anticorpos………………………………………………………….. 81

    4.2.3 Cultivo celular.................................................................................... 82

  • 31

    4.2.4 Preservação das linhagens celulares.................................................. 83

    4.2.5 Amostras…………………………………………………………… 83

    4.2.6 Ensaio da viabilidade celular………………………………………. 83

    4.2.7 Análise da apoptose........................................................................... 84

    4.2.8 Análise de proliferação de células através do método de BrdU........ 85

    4.2.9 Análise do ciclo celular...................................................................... 86

    4.2.10 Preparação de extratos celulares (extratos proteicos)…………….. 87

    4.2.11 Eletroforese e Western Blot............................................................. 88

    4.2.12 Sincronização com Nocodazol para a avaliação da fase G1/S....... 88

    4.2.13 Sincronização com Timidina para a avaliação da fase G2/M.......... 90

    4.3 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GASTROPROTETORA............ 90

    4.3.1 Animais.............................................................................................. 91

    4.3.2 Modelo de úlcera induzida por Etanol............................................... 91

    4.3.3 Quantificação de muco aderido na mucosa gástrica.......................... 92

    4.3.4 Preparação da fração subcelular gástrica........................................... 92

    4.3.5 Quantificação dos níveis de glutationa reduzida (GSH).................... 93

    4.3.6 Avaliação da atividadeda H+, K

    + ATPase in vitro............................. 93

    4.3.7 Avaliação da participação do óxido nítrico, grupo sulfidrilicos não

    proteicos, prostaglandinas e receptores PPAR-gamma no efeito

    gastroprotetor.............................................................................................. 95

    4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................................. 95

    5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 97

    5.1 QUÍMICA............................................................................................ 97

    5.1.1 Análise computacional……………………………………………... 145

    5.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTITUMORAL....................... 158

    5.2.1 Avaliação da Viabilidade Celular – MTT…….................................. 158

    5.2.2 Efeito na apoptose e no ciclo celular……………............................. 173

    5.2.3 Avaliação da proliferação celular por pelo método de BrdU…….... 176

    5.2.4 Sincronicação com nocodazol para avaliar o efeito do composto F1

    na transição da fase G1/S……………………………………………….... 178

    5.2.5 Sincronicação com timidina para avaliar o efeito do composto F1

    na transição da fase G2/M……………………………………….............. 186

    5.3 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GASTROPROTETORA............ 192

    5.3.1 Efeito gastroprotetor dos compostos A1, C1, D1 e F1 em modelo

    de úlcera induzida por etanol...................................................................... 192

    6. CONCLUSÕES..................................................................................... 206

    7. REFERÊNCIAS.................................................................................... 199

  • 32

    APÊNDICE I............................................................................................. 218

    APÊNDICE II........................................................................................... 220

  • 33

    1 INTRODUÇÃO

    Em vista da necessidade de novos medicamentos que sejam mais

    ativos e com menos efeitos adversos para as diversas doenças, um dos

    principais objetivos da química orgânica e medicinal é o desenvolvimento,

    síntese e produção de moléculas com atividades terapêuticas, destacando-se

    os heterocíclos tiazolidina, 4-tiazolidinona e a 2,4-tiazolidinodiona (TZD)

    (MALIK; UPADHYAYA; MIGLANI, 2011). Quimicamente, o núcleo

    TZD possui dois grupos carbonilas nas posições 2 e 4, além de um

    nitrogênio, um enxofre e um grupo metileno, podendo ser estruturamente

    modificado para o desenvolvimento de diversos análogos (CHADHA et al.,

    2015).

    Várias pesquisas revelam que a TZD é um importante sistema de

    anel heterocíclico terapeuticamente utilizado como antidiabético,

    antiinflamatório, antioxidante, antimicrobiano, anticonvulsivante,

    antitumoral e gastroprotetor (ASATI; MAHAPATRA; BHARTI, 2014).

    Além das TZDs, estruturas sulfonamídicas também têm demonstrado amplo

    espectro de atividades biológicas, não estando somente relacionada a

    atividade antimicrobiana, mas também como a atividade oncostática e

    gastrica (MACHADO et al., 2011).

    Câncer é o nome dado a um conjunto de doenças que têm em

    comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e

    órgãos (INCA, 2017), tornando-se um desafio neste presente cenário e

    levando a morbidade e mortalidade em todo o mundo (POLKAM et al.,

    2016), sendo o câncer de mama o mais frequente entre as mulheres

    (ZHANG et al., 2016).

    Ao longo dos últimos anos a taxa de sobrevivência do câncer de

    mama em países desenvolvidos tem melhorado em pelo menos 30%, devido

    à detecção precoce e melhores tratamentos (ZDENKOWSKI et al., 2016).

    Já as úlceras gástricas constituem um dos principais transtornos

    gástricos atraindo atenção global em cuidados de saúde. Cerca de 4 milhões

    de pessoas são afetadas pela úlcera gástrica em todo o mundo. Além disso,

    cerca de 10% a 20% desenvolvem complicações sérias devido a essa doença

    (STEVEN et al., 2016).

  • 34

    Devido a isto, este trabalho propôs desenhar e sintetizar novas

    moléculas a partir do núcleo TZD e da sulfonamida, unindo fragmentos

    biologicamente ativos, na busca de substâncias com potencial atividade

    gastroprotetora e antitumoral.

  • 35

  • 36

    2 OBJETIVOS

    2.1 Objetivo Geral:

    Sintetizar derivados tiazolidinodiônicos e avaliar indícios de

    relação estrutura-atividade e efeitos gastroprotetor e antitumoral no câncer

    de mama triplo-negativo.

    2.2 Objetivos Específicos:

    Sintetizar diferentes séries de moléculas contendo o núcleo TZD;

    Avaliar a biodisponibilidade por via oral e a permeabilidade dos

    compostos sintetizados de acordo com os parâmetros estipulados na regra

    dos 5 de Lipinski “in silico”;

    Avaliar as possíveis características á fármacos e os efeitos de

    toxicidade dos compostos “in silico”;

    Avaliar a citotoxicidade dos compostos sintetizados em células de

    câncer de mama triplo negativo (MDAMB-231).

    Avaliar o efeito do composto mais ativo na apoptose e no ciclo

    celular através de citometria de fluxo;

    Avaliar a expressão de proteínas envolvidas nas fases do ciclo

    celular; Avaliar o potencial gastroprotetor dos compostos no modelo de

    úlcera induzida por etanol e quantificar os níveis de GSH e muco aderido à

    mucosa gástrica;

    Avaliar o efeito in vitro de alguns compostos sintetizados na

    atividade da enzima H+, K

    +- ATPase.

  • 37

  • 38

    3 REVISÃO DA LITERATURA

    3.1 QUÍMICA

    3.1.1 QUÍMICA MEDICINAL

    A química medicinal engloba a invenção, descoberta,

    planejamento, identificação e preparação de substâncias biologicamente

    ativas (CAMPOS-BUZZI; CECHINEL-FILHO; CORRÊA, 2010),

    centrando-se nas propriedades moleculares físico-químicas para o

    desenvolvimento de fármacos com características mais favoráveis, como

    por exemplo a área topológica superficial polar (TPSA), massa molécular e

    LogP (MUNSON et al., 2015).

    Neste contexto, os heterocíclos ocupam uma posição central na

    química medicinal por estarem envolvidos no desenvolvimento de novas

    moleculas farmacologicamente ativas para a indústria farmacêutica

    (SHAMSUZZAMAN, 2015), através de modificações estruturais

    (SHAIKH; HONG, 2016), principalmente os que contém átomos de

    oxigênio e nitrogênio (DONGAMANTI et al., 2015).

    Para a síntese de heterociclos as reações de Knoevenagel e de

    Perkin são as mais conhecidas e utilizadas. A reação de Knoevenagel é uma

    condensação, realizada através de ligações carbono-carbono, sendo muito

    utilizada entre carbonilas, aldeídos, cetonas e compostos metileno ativo, na

    presença de diferentes catalizadores como os ácidos de Lewis, tais como

    piperidina (CASILDA et al., 2016). Já a reação de Perkin é uma

    condensação catalisada por base de um aldeído aromático com um anidrido

    de ácido carboxílico, formando um ácido carboxílico α,β- insaturado

    (MAYO; PIKE; FORBES, 2010).

    Segundo Shamsuzzaman (2015), os heterociclos estão prevalentes

    em 60% dos principais fármacos de varejo, os quais apresentam pelo menos

    um núcleo heterocíclico como parte da topografia global do composto.

    Além disso, compostos que contém porções heterocíclicas frequentemente

  • 39

    apresentam melhor solubilidade e podem facilitar a produção na sua forma

    de sal, propriedades conhecidas por serem importantes para a absorção oral

    e biodisponibilidade (SHAMSUZZAMAN, 2015).

    Entre estes heterocíclos incluem a tiazolidina (A), que apresenta

    um anel de cinco membros, contendo dois heteroátomos, um átomo de

    enxofre e um átomo de nitrogênio nas posições 1 e 3 do anel. Na presença

    de uma carbonila na posição 4 do anel tem-se a 4-tiazolidinona (B) e na

    presença de duas carbonilas na posição 2 e 4 a 2,4-tiazolidinodiona (TZD)

    (C) (Figura 1) (MALIK; UPADHYAYA; MIGLANI, 2011).

    Figura 1 - Estrutura dos heterocíclos: (A) tiazolidina, (B) tiazolidinona e (C)

    tiazolidinodiona.

    5

    4

    S1

    NH3

    2

    5

    4

    S1

    NH3

    2

    O

    2

    S1

    NH35

    4

    O

    O

    (A) (B) (C)

    A TZD é um fragmento muito importante devido a muitos

    fármacos conterem na sua estrutura este núcleo, apresentando diversas

    atividades farmacológicas tais como cardiotônica, anticonvulsivante,

    neuroprotetora, gastroprotetora, antifúngica, anti-hipertensiva (SWATHI et

    al., 2013), antiviral, antiproliferativa, antiinflamatória (SWATHI et al.,

    2013; SHARMA et al., 2015), hipoglicêmica, antibacteriana, antiarrítmica e

    antitumoral (CHADHA et al., 2015).

    Para a síntese orgânica a TZD é considerada um bom substrato

    para reações de Knoevenagel (SWATHI et al., 2013). Além disso, a

    introdução de fragmentos biologicamente ativos neste núcleo, tal como as

    sulfonamidas, que têm demonstrado além da atividade antibacteriana

    também atividade antitumoral e gastroprotetora (LAL et al., 2013), torna de

    grande interesse as sínteses de novas moléculas.

  • 40

    Como estratégia para o direcionamento da síntese de novas

    moléculas utiliza-se o método manual de Topliss, o qual é fundamentado

    para a obtenção de 5 derivados contendo os seguintes substituintes: H, 4-Cl,

    3,4-Cl2, 4-CH3, 4-OCH3, escolhidos devido à acessível obtenção sintética e

    utilizados como ponto de partida. Em seguida avalia-se a ordem de potência

    destes substituintes em relação aos parâmetros π (hidrofóbicos), Es

    (estéreos) e σ (eletrônicos) (CAMPOS-BUZZI; CECHINEL-FILHO;

    CORRÊA, 2010). A partir da análise do comportamento destes compostos

    pode-se propor novos substituintes a fim de otimizar a atividade biológica

    dos compostos em estudo (YUNES et al., 2002).

    No entanto, nem todos os compostos sintetizados apresentam

    características a futuros fármacos. Devido a isto, estratégias de screening

    pré-clínicos, como por exemplo, ADMET (absorção, distribuição,

    metabolismo, excreção e toxicidade) são consideradas uma importante

    ferramenta para a identificação precoce de moléculas candidatas a futuros

    fármacos no processo de desenvolvimento de medicamentos (BASANT;

    GUPTA; SINGH., 2016).

    Uma das características físico-químicas mais importantes a serem

    avaliadas no desenvolvimento de novos fármacos é a lipofilia, por que

    permite prever a permeabilidade e biodisponibilidade do fármaco no meio

    aquoso extracelular ou nos tecidos celulares (NOGUEIRA et al, 2008).

    Neste contexto, a “regra dos 5” de Lipinski atua como um filtro,

    pois é utilizada para avaliar as propriedades moleculares, a fim de obter

    compostos que sejam potentes e ativos por via oral. Neste caso a Massa

    Molecular (MM) (não deve exceder a 500 g/mol), LogP (valor limite é 5),

    grupos doadores de hidrogênio (valor limite é 5) e grupos aceptores de

    hidrogênio (valor limite é 10) (POLKAM et al., 2016).

    Além da “regra dos 5” de Lipinski, calcula-se a porcentagem de

    absorção das moléculas, sendo analisados também outros parâmetros

    moleculares como a solubilidade, Drug likeness, Drug score e toxicidade

    para avaliar a biodisponibilidade das moléculas candidatas a fármacos.

    Estes parâmetros são calculados através de software específicos

    (Molinspiration e OSIRIS) (HASSAN et al., 2015).

  • 41

    3.1.2 O USO DO MICRO-ONDAS NA QUÍMICA VERDE

    A química tem uma grande participação em inúmeros produtos

    fundamentais à humanidade. A sua presença pode ser destacada desde

    diversos combustíveis aos mais complexos medicamentos. Porém, a

    produção química também gera inúmeros inconvenientes, como a formação

    de subprodutos tóxicos e a contaminação do ambiente e do próprio homem

    exposto a estes xenobióticos (PRADO, 2003).

    Com a crescente conscientização das questões ambientais a

    necessidade de reduzir o uso de substâncias químicas nocivas aos produtos

    químicos vem aumentando, considerando seus efeitos e consequentemente o

    risco para a saúde humana. Devido a isto, nos últimos anos a química verde

    (QV) têm sido uma fascinante área de pesquisa química (KHANDELWAL;

    TAILOR; KUMAR, 2016).

    A escolha de solventes, reagentes e catalisadores são necessários

    para o âmbito econômico, para uma química mais verde e para um ambiente

    sustentável, reduzindo os resíduos químicos nocivos á saúde humana e ao

    meio ambiente (RATHI et al., 2015).

    Segundo Khandelwal e colaboradores (2016), a QV tem como

    objetivo conceber ambientalmente processos químicos benignos e

    metodologias sintéticas visando à eliminação ou redução de produtos

    químicos perigosos e tóxicos em qualquer fase da produção industrial ou

    laboratorial.

    Em 1998 foram formulados os 12 principios da QV, a fim de

    atender as necessidades da química sintética sendo eles: prevenção,

    economia de átomos, síntese de compostos de menor toxicidade,

    desenvolvimento de compostos seguros, diminuição de solventes e

    auxiliares, eficiência energética, uso de substâncias recicladas, redução de

    derivativos, catálise, desenvolvimento de compostos para degradação,

    análise em tempo real para a prevenção da poluição e química segura para a

    prevenção de acidentes (GALUSZKA; MIGASZEWSKI; NAMIESNIK,

    2013).

    Segundo Silva e colaboradores (2005), uma área importante da QV

    está na investigação do meio reacional. Um dos principais problemas da

    indústria química está relacionado com a utilização de solventes orgânicos

  • 42

    (voláteis ou não) em seus processos, já que, dependendo do solvente

    utilizado, sua manufatura, transporte, estoque, manuseio e descarte

    representam aspectos que demandam cuidados e custos.

    A química orgânica assistida por micro-ondas tem sido bem

    reconhecida como uma das ferramentas mais eficazes e sustentáveis na

    síntese de compostos químicos e tem atraído muita atenção devido as suas

    características específicas, como regulação da temperatura, homogeneidade

    da reação, e possível modificação de seus parâmetros como potência e

    tempo (RATHI et al., 2015).

    As micro-ondas são ondas eletromagnéticas não ionizantes, com

    frequências que se encontram entre 300 MHz e 30 GHz, as quais

    correspondem a comprimentos de onda de 1mm a 1m. A região de micro-

    ondas situa-se entre a região de infra-vermelho (IV) e ondas de rádio no

    espectro eletromagnético conforme ilustrado na Figura 2 (BRAGA;

    SIMÕES; GAMA, 2012).

    Figura 2 - Localização da região de micro-ondas no espectro eletromagnético.

    Fonte: Eletromagnetismo. Disponível em: http://imanesmedea.weebly.com/a-

    teoria.html

    http://imanesmedea.weebly.com/a-teoria.htmlhttp://imanesmedea.weebly.com/a-teoria.html

  • 43

    A tecnologia de irradiação por micro-ondas começou a ser

    desenvolvida na década de 40, possuindo um campo de aplicação bastante

    restrito, sendo utilizada principalmente na indústria de alimentos e

    polímeros. A sua utilização como ferramenta pelos químicos orgânicos só

    aconteceu em meados da década de 80, sendo utilizado o micro-ondas

    doméstico. Já no meio da década de 90, a entrada no mercado de aparelhos

    de micro-ondas desenvolvidos especificamente para a síntese orgânica

    permitiu ao químico orgânico sintético controle de todos os parâmetros

    reacionais (temperatura, pressão, potência) e com isso, maior

    reprodutibilidade e segurança nos experimentos realizados (SOUZA;

    MIRANDA, 2011).

    Entre uma variedade de abordagens, a utilização deste método tem

    sido amplamente analisada ao longo de muitos anos, e agora está

    posicionada como uma das mais poderosas ferramentas na área da síntese

    orgânica. Na última década seu uso atraiu muita atenção devido ao baixo

    custo e simplicidade de reação. Além disso, o rendimento dos compostos

    produzidos é mais elevado, ao mesmo tempo o solvente utilizado

    desempenha um papel importante na reação, podendo muitas vezes estar

    ausente (VIJILA et al., 2016).

    Segundo Rathi e colaboradores (2015), as sínteses por micro-ondas

    não são somente aplicadas para a criação ou transformação de uma

    molécula simples, mas também é relevante para o desenvolvimento de

    moléculas bioativas desejadas e cada vez mais se torna uma ferramenta

    fundamental de escolha para a otimização de passos chaves na síntese de

    compostos para a descoberta de novos medicamentos.

    As sínteses realizadas através de aquecimento por micro-ondas

    apresentam maior vantagem devido as micro-ondas atuarem diretamente em

    moléculas dipolos ou iônicas presentes na mistura reacional, ocorrendo

    transferência de energia em menos de um nanosegundo (10-9

    S), culminando

    em rápida ascenção da temperatura. Em contraste, os reagentes utilizados

    nas reações por aquecimento convencional são ativados lentamente por

    condução, o que explica o método ser relativamente lento e ineficiente para

    a transferência de energia para o sistema de reação (Figura 3). Além disso,

    os tempos de reação através de aquecimento por micro-ondas são mais

    curtos, os produtos formados são mais puros e apresentam maiores

    rendimentos (RATHI et al., 2015).

  • 44

    Figura 3 - Diferentes mecanismos de aquecimento: convencional e por micro-

    ondas.

    Fonte: RATHI et al., 2015.

    Devido os heterocíclos possuírem grande destaque na área de

    química medicinal, o conhecimento de metodologias de síntese para a

    obtenção destes compostos é de grande interesse e a irradiação por micro-

    ondas é uma ferramenta que tem crescente destaque neste campo

    (DUARTE; SANGI; CORRÊA, 2010). Além disso, o uso da irradiação por

    micro-ondas permite sínteses mais rápidas e eficientes de compostos

    heterocíclos. Nesse contexto, várias abordagens sintéticas já conhecidas

    para heterocíclos contendo enxofre, oxigênio e nitrogênio vêm sendo

    desenvolvidas (RATHI et al., 2015).

    3.2 CÂNCER

    A palavra câncer é de origem latina, significando “caranguejo”,

    empregada em analogia ao modo de crescimento infiltrante comparado as

    pernas do crustáceo, que as introduz na areia ou lama para fixar e dificultar

    sua remoção. Infelizmente, espera-se que para as próximas duas décadas

    mais de 8 milhões de casos de câncer sejam diagnosticados (OATLEY;

    FRY; MULLEN, 2016).

  • 45

    Os tumores são diferenciados em sólidos e não sólidos. As células

    neoplásicas sólidas multiplicam-se de maneira descontrolada, possuem a

    capacidade de formar novos vasos sanguíneos que as nutrirão e são

    geralmente menos especializadas, fazendo com que os órgãos invadidos por

    elas percam suas funções. Porém, nem todos os tumores geram metástase,

    sendo os metastáticos originados por células tumorais que invadem tecidos

    vizinhos, podendo chegar ao interior de um vaso sanguíneo ou linfático e

    através desses disseminarem-se, chegando a órgãos distantes do local onde

    o tumor iniciou. Já as células neoplásicas não sólidas dão origem aos

    cânceres de sangue, também conhecidos como hematopoiéticos, ou

    chamados de leucemia (Figura 4) (INCA, 2017).

    A leucemia se caracteriza pela produção anormal dos leucócitos

    que ocorre na medula óssea, representando um grupo heterogêneo de

    células malignas, sendo classificadas em mielóide ou linfóide, dependendo

    de quais leucócitos foram afetados (RABATI et al., 2017).

    Figura 4: Comportamento das células cancerosas.

    Fonte: INCA. Como se comportam as células cancerosas. Disponível em:

    http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=318

    http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=318

  • 46

    A metástase é vista como uma cascata sequencial de eventos,

    partindo de um tumor primário e levando a formação de novos tumores em

    locais distintos. (BOUYSSOU et al., 2014). Para que ocorra metástase e

    invasão as células tumorais requerem alteração da sua capacidade de adesão

    para aderirem às células vizinhas e a matriz extracelular (LUO, GUAN,

    2010).

    Geralmente, considera-se que a disseminação metastática ocorra

    tardiamente durante a progressão do tumor, no momento em que o tumor

    primário já se encontra em um tamanho considerável, de fato, para a

    maioria dos tipos de câncer o volume do tumor primário representa um fator

    de risco para a progressão de uma metástase: quanto maior for o volume,

    maior é o risco (LORUSSO; RUEGG, 2012). Segundo Steichen e

    colaboradores (2012), durante as fases iniciais do crescimento do tumor as

    células dependem unicamente da difusão para obter nutrientes, limitando

    seu tamanho em aproximadamente 2 mm3.

    No Brasil, as estimativas para o ano de 2016/2017 apontam para a

    ocorrência de aproximadamente 596.070 casos novos de câncer, incluindo

    os casos de pele não melanoma, reforçando a magnitude do problema do

    câncer no país (Tabela 1). É esperado um total de 295.200 casos novos para

    o sexo masculino e 300.870 para o sexo feminino (INCA, 2017).

  • 47

    Tabela 1 - Estimativas para o ano de 2016/2017 das taxas brutas de incidência por

    100 mil habitantes e de número de casos novos de câncer, segundo sexo e

    localização primária.

    Homens Mulheres

    Localização Primária Casos

    novos

    Localização Primária Casos

    novos

    Próstata 61.200 Mama feminina 7.960

    Traqueia,pulmão,brônquio

    Cólon e Reto

    Estômago

    17.330

    16.660

    12.920

    Cólon e Reto

    Colo de Útero

    Traqueia,pulmão,brônquio

    17.620

    16.340

    10.890

    Cavidade oral

    Esôfago

    Bexiga

    Laringe

    11.140

    7.950

    7.200

    6.360

    Estômago

    Corpo do útero

    Ovário

    Glândula Tireoide

    7.600

    6.950

    6.150

    5.870

    Leucemias

    SNC

    Linfoma não Hodgkin

    Pele melanoma

    Linfoma de Hodgkin

    Glândula Tireoide

    Neoplasias sem pele

    Todas as neoplasias

    5.540

    5.440

    5.210

    3.000

    1.460

    1.90

    214.350

    295.200

    Linfoma não Hodgkin

    SNC

    Leucemias

    Cavidade oral

    Esôfago

    Pele melanoma

    Bexiga

    Linfoma de Hodgkin

    Laringe

    Neoplasias sem pele

    Todas as neoplasia

    5.030

    4.830

    4.530

    4.350

    2.860

    2.670

    2.470

    1.010

    990

    205.960

    300.870

    Fonte: INCA. 27 de Novembro – Dia Nacional do Combate ao Câncer. Estimativas

    2016/2017. Disponível em: http://www.inca.gov.br/wcm/dncc/2015/por-sexo.asp

    De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde

    (OMS), 8,2 milhões de mortes por câncer foram registradas em 2012 e esse

    número deverá aumentar para 13,1 milhões até 2030 (POLKAM et al.,

    2016).

    O desenvolvimento do câncer está relacionado a causas externas

    e/ou internas ao organismo, estando ambas inter-relacionadas. As causas

    internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, estão

    ligadas à capacidade do organismo se defender das agressões externas. As

    http://www.inca.gov.br/wcm/dncc/2015/por-sexo.asp

  • 48

    causas externas referem-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes

    próprios de um ambiente social e cultural. Estes fatores causais podem

    interagir de várias formas, aumentando a probabilidade de transformações

    malignas nas células normais. De todos os casos, 80% a 90% dos cânceres

    estão associados a fatores ambientais, que são tabagismo, hábitos

    alimentares, alcoolismo, hábitos sexuais (HPV), medicamentos, fatores

    ocupacionais e radiação solar (INCA, 2017).

    Cerca de 1/3 das mortes por câncer são devido aos cinco principais

    riscos comportamentais e alimentares, que são: índice de massa corporal

    elevado; baixo consumo de frutas, legumes e verduras; falta de atividade

    física; tabagismo e uso de álcool, sendo que o tabagismo é o fator de risco

    mais importante, causando 20% das mortes por câncer e 70% das mortes

    por câncer de pulmão no mundo. Além disso, em muitos países de baixa

    renda, até 20% das mortes por câncer são devido á infecção pelo vírus da

    hepatite B (VHB) e HPV (WHO, 2017).

    Para a prevenção do câncer deve-se evitar contato com os fatores

    de riscos, vacinar-se contra o HPV e VHB, controlar os riscos ocupacionais,

    reduzir a exposição à luz solar e reduzir a exposição á radiação ionizante

    (WHO, 2017).

    As principais formas de tratamento do câncer são cirurgia,

    radioterapia, quimioterapia ou transplante de medula óssea. Em muitos

    casos é necessário combinar mais do que uma terapêutica (INCA, 2017).

    Segundo Polkam e colaboradores (2016), existem quimioterápicos

    que não são eficazes contra o câncer devido à resistência desenvolvida para

    eles, existindo a necessidade de identificação e geração de novos agentes

    para vencer os obstáculos no seu tratamento.

    3.2.1 CÂNCER DE MAMA

    O câncer de mama é o diagnóstico mais comum entre os tipos de

    câncer na mulher e a principal causa de morte por câncer em mulheres em

    todo o mundo (FABRY, LOMBAERT, LISON, 2016). Antes dos 35 anos é

  • 49

    considerado relativamente raro, porém acima desta idade sua incidência

    cresce progressivamente, especialmente após os 50 anos (INCA, 2017).

    Segundo Puglisi e colaboradores (2015), a OMS revelou que mais

    de 508 mil mulheres morreram de câncer de mama no ano de 2011. Cerca

    de 5% - 10% apresentam câncer de mama metastático (CMM) no momento

    do diagnóstico, enquanto que 20% – 40% com câncer de mama vão

    desenvolver CMM, sendo este uma doença incurável com uma sobrevida

    média de 2 a 3 anos.

    Os fatores de risco para a doença são exposição a estrogênio, idade

    precoce para inicio do ciclo menstrual, idade tardia na primeira gravidez,

    curto período de amamentação, menopausa tardia, uso de terapia de

    reposição hormonal, IMC (Indice de massa corporal) elevado, baixa

    atividade física e histórico familiar de câncer de mama. O consumo de

    álcool e exposição á radiação estão também entre os fatores relatados

    (FABRY, LOMBAERT, LISON, 2016).

    Segundo o Instituto Nacional do Câncer (2017), a prevenção do

    câncer de mama não é totalmente possível em função da multiplicidade de

    fatores relacionados ao surgimento da doença e ao fato de vários deles não

    serem modificáveis. Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e

    atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de a mulher

    desenvolver câncer de mama. Controlar o peso corporal e evitar a

    obesidade, por meio da alimentação saudável e da prática regular de

    exercícios físicos, e evitar o consumo de bebidas alcoólicas são

    recomendações básicas para prevenir o câncer de mama. A amamentação

    também é considerada um fator protetor. Além disso, a terapia de reposição

    hormonal (TRH), quando estritamente indicada, deve ser feita sob rigoroso

    controle médico e pelo mínimo de tempo necessário.

    O câncer de mama é classificado de acordo com sua expressão de

    receptores de estrogênio, progesterona e fator de crescimento epidérmico

    (HER2) (Figura 5) (ZORDOKY et al., 2014), sendo que os agentes

    quimioterápicos utilizados vem sendo desenvolvidos com base nas

    características moleculares do tumor (PARK et al., 2016).

  • 50

    Figura 5: Receptores que caracterizam as células de câncer de mama. Receptores de

    estrogênio (A), receptores de progesterona (B) e receptores HER2 (C).

    Fonte: Para as figuras 5A e 5B adaptado em:

    http://portaldocorticoide.blogspot.com.br/2010 /12/estrogenios.html. Para a figura

    5C adaptado de LEITÃO, 2012.

    Os receptores hormonais de estrogênio (RE) estão presentes em

    aproximadamente 75% dos cânceres de mama. A presença destes receptores

    torna-se um fator muito importante para o prognóstico (FRASOR et al.,

    2015). Tumores RE-positivo tendem a ter melhor prognóstico (CHEN et al.,

    2015), além disso, são dependentes de hormônio e propensos a responder a

    terapias hormonais com inibidores da aromatase e tamoxifeno (FRASOR et

    al., 2015), reduzindo a taxa de mortalidade em pacientes com RE-positivo

    em mais de 30% (HAN, 2014).

    A expressão de receptores de progesterona (RP) esta associada

    com a expressão de RE, estando presentes em mais da metade dos tumores

    RE-positivos. Tumores que apresentam RE e RP possuem parâmetros

    patológico, prognóstico e resposta aos tratamentos hormonais mais

    favoráveis. Além disso, pacientes com RE-positivo que possuem alto nível

    de RP e que são tratados com tamoxifeno tendem a ter um resultado melhor

    que os pacientes que possuem baixa expressão de RP. No entanto, pacientes

    RE-positivo com RP-negativo ou com baixa expessão de RP estão mais

    propensos a tumores agressivos e com taxas de proliferação mais altas,

    resultando em pior prognóstico. O prognóstico de câncer de mama que

    apresenta apenas RP não é bem claro (HAN, 2014).

    O HER2 é um receptor de tirosina kinase transmembrana e um

    alvo terapêutico bem estabelecido no câncer de mama (PARK et al., 2016).

    Está envolvido em muitos efeitos oncogênicos como aumento da

    http://portaldocorticoide.blogspot.com.br/2010%20/12/estrogenios.html

  • 51

    proliferação celular, redução da apoptose, aumento da motilidade da célula

    tumoral e propensão para a disseminação metastática (ZARDAVAS,

    FOUAD, PICCART., 2015). É sobre expresso em aproximadamente 20% a

    25% dos tumores de câncer de mama, estando relacionado com o aumento

    da agressividade do tumor e menor sobrevida dos pacientes em relação aos

    pacientes com HER2 negativo (WAN et al., 2015).

    Já o câncer de mama triplo negativo (CMTN) é definido como um

    nível imunohistoquímico por não apresentar receptores hormonais (RE e

    RP) e fator de crescimento epidérmico (HER2), e representa 15% dos casos

    de câncer de mama (MONTERO et al., 2014).

    Histologicamente, mais de 70% dos tumores triplonegativos

    apresentam-se com grau elevado na sua fase inicial, não podendo ser

    tratados com terapias anti-HER2 ou hormonais. Por conta do mau

    prognóstico e falta de opções no tratamento o CMTN apresenta alta taxa de

    mortalidade (CHANG et al., 2016). Além disso, é mais susseptivel a

    metástase, o que torna seu prognóstico pior (ZORDOKY et al., 2014),

    sendo que menos de 30% dos pacientes com metástase sobrevivem até 5

    anos (CHANG et al., 2016).

    As terapias utilizadas são baseadas em quimioterápicos como as

    classes dos taxanos, vinerolbina e platina, eficazes neste tipo de tumor

    devido a sua taxa de proliferação rápida e distúrbios frequentes no

    mecanismo de reparação do DNA (Figura 6). Infelizmente, na fase inicial

    do tratamento as resistências aos quimioterápicos são frequentes, sendo

    estas, vistas no contexto metastático (MONTERO et al., 2014).

  • 52

    Figura 6 - Quimioterápicos utilizados no tratamento do câncer de mama.

    Apesar dos avanços globais nas áreas da biologia e oncologia, o

    tratamento do CMTN tem permanecido um desafio, e o prognóstico para

    pacientes com metástase é ruim, o que justifica as pesquisas com

    substâncias farmacologicamente ativas (CHANG et al., 2016), tais como os

    derivados tiazolidinodiônicos, com potencial atividade antitumoral.

    3.2.2 CICLO CELULAR

    O clico celular é dividido em duas fases distintas, chamadas de

    intérfase e mitose (fase M). A intérfase combina a fase inicial de

    crescimento (G1), síntese de DNA (fase S) e uma segunda fase de

    crescimento (G2) que serve para expandir o volume da célula e assegurar

    uma quantidade suficiente de organelas para serem partilhadas entre as

    células filhas durante a divisão celular. Já as células que não se dividem

  • 53

    estão em uma fase de repouso pós-mitótico chamada de G0 (Figura 7)

    (JONGSMA; BERLIN; NEEFJES, 2015).

    A fase G1, também chamada de fase de crescimento, inicia-se logo

    após o processo mitótico, a qual é caracterizada pela síntese de proteínas e

    RNAm, levando a um aumento do citoplasma e consequentemente um

    aumento do tamanho celular. Além disso pode ser dividida em G1-precoce e

    G1-tardia, sendo que as células que estão na fase G1-tardia possuem maior

    quantidade de RNA e proteínas quando comparadas a fase G1-precoce pós

    mitóticas, podendo diretamente passar para a fase S, enquanto que as

    células presentes na fase G1-precoce necessitam aumentar sua quantidade

    de RNA para serem capazes de iniciar a replicação de DNA (BEDOLLA et

    al, 2014).

    Na seguinte fase, chamada de S, a célula é responsável pela

    replicação do DNA, assim, ao término desta fase o dobro de DNA e de

    cromossomos é produzido (BEDOLLA et al, 2014).

    A fase G2 é a segunda fase de crescimento do ciclo celular,

    estando situada entre o final da síntese de DNA e início da fase M

    (ZHANG; CHENG; LIEW., 2014). Ela dura até que a célula entra em

    mitose e é caracterizada por um conteúdo de DNA não afetado e por uma

    intensa atividade biosintética (BEDOLLA et al, 2014). Essa transição da

    fase G2 para a fase M é muito importante na regulação da divisão celular,

    pois se ocorre algum dano ao DNA a progressão celular é interrompida para

    que este seja reparado antes de ser transmitido a outras células (ZHANG;

    CHENG; LIEW., 2014).

    Por fim, a mitose é um processo de divisão celular (LIU et al,

    2014), possuindo quatro fases consecutivas (prófase, metafase, anáfase e

    telofase) onde a membrana nuclear se desintegra, o DNA condensa e os

    cromossomos são divididos em duas porções iguais (BEDOLLA et al,

    2014), formando dois núcleos, os quais se separam resultando na produção

    de duas células filhas, sendo estas idênticas a célula de origem (LIU et al,

    2014).

  • 54

    Figura 7– Fases do ciclo celular.

    Fonte: O controle do ciclo celular e a origem do câncer. Disponível em:

    http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Citologia2/nucleo11.php

    A progressão do ciclo celular é mediada por ciclinas e por cinases

    dependentes de ciclinas (CDKs) que atuam em conjunto para induzir a

    transição da fase G1 para a fase S e da fase G2 para a mitose (LIU et al.,

    2015). Diferentes complexos ciclina-CDK fosforilam varios substratos,

    como por exemplo a proteína retinoblastoma (Rb), desencadeando varios

    eventos (RENZO et al., 2016). No entanto, este complexo ciclina-CDK é

    negativamente regulado por inibidores do ciclo celular, tais como as

    proteínas p21, p27 e p57 (LIU et al., 2015).

    Existem 21 genes que codificam as CDKs e 29 que codificam as

    ciclinas no genoma humano, sendo que as CDKs 1, 2, 4 e 6 e as ciclinas A,

    B, D, e E são identificadas como as maiores reguladores do ciclo celular

    (BRETONES et al, 2015) e as CDKs 7 e 9 são responsáveis pela regulação

    da transcrição de genes (SCHMITZ; KRACHT, 2015).

    Dois aspectos cruciais que estão envolvidos na regulação do ciclo

    celular é a existência de pontos de verificação e de restrição (BERTOLI;

    SKOTHEIM; BRUIN, 2013). Os pontos de verificação funcionam como um

    http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Citologia2/nucleo11.php

  • 55

    bloqueio quando há um processamento anormal da replicação do DNA, a

    fim de reparar este dano. Caso os danos ao DNA sejam reparados o ciclo

    celular será reiniciado, caso contrário a célula entrará em apoptose (WANG

    et al, 2015). Já o ponto de restrição está presente no final da fase G1, para

    garantir que o DNA esteja intacto e que a célula esteja funcionando

    normalmente e possa progredir para a fase S (figura 8) (BERTOLI;

    SKOTHEIM; BRUIN, 2013).

    Figura 8 – Principais reguladores do ciclo celular.

    Fonte: Principais reguladores do ciclo celular. Disponível em:

    https://www.studyblue.com/notes/note/n/neoplasia-vii-cancer-critical-genes-and-

    familial-cancer-syndromes/deck/12635734

    Os dois “checkpoints” mais estudados que inibem o ciclo celular

    são a quinase 1 (CHK1) e a quinase Wee-1. Tanto a CHK1 quanto a Wee-1

    medeiam a entrada do ciclo nas fases S e G2. A CHK1 fosforila e inibe a

    CDC25, a qual inibe as CDK1/2, causando parada no ciclo celular,

    https://www.studyblue.com/notes/note/n/neoplasia-vii-cancer-critical-genes-and-familial-cancer-syndromes/deck/12635734https://www.studyblue.com/notes/note/n/neoplasia-vii-cancer-critical-genes-and-familial-cancer-syndromes/deck/12635734

  • 56

    enquanto que a Wee-1 quando ativada fosforila e inibe diretamente as

    CDK1 e CDK2 (WAHL; LAWRENCE., 2015).

    Outra maneira de regular a progressão do ciclo celular se dá

    através do gene p53, o qual atua como um protetor do DNA e também como

    um indutor de apoptose. Ele bloqueia o ciclo celular na fase G1, através da

    ativação do gene p21 o qual inibe os complexos ciclina D - CDK4/6 e

    ciclina E – CDK2, quando iniciado um proceso de reparação ao DNA,

    determinando assim o destino da célula (Figura 9) (ALAIZARI et al., 2015).

    Figura 9 – Principais “Checkpoints” responsáveis pela regulação do ciclo celular.

    Fonte: WAHL; LAWRENCE, 2015.

    Na fase G1-precoce sinais mitogênicos são detectados primeiro e

    integrados pela expressão das ciclinas D que se ligam preferencialmente as

    CDK4 e CDK6 ativando-as e fosforilando a proteína retinoblastoma (Rb)

  • 57

    permitindo a acumulação do fator de transcrição E2F. Já na fase G1-tardia a

    CDK2 é ativada pela ciclina E, formando outro complexo muito importante,

    o qual hiperfosforila o Rb, permitindo que as células passem pelo ponto de

    restrição liberando por completo o fator E2F, o qual codifica proteínas

    necessárias para a progressão da fase G1 para a fase S. (Figura 10)

    (BRETONES; DELGADO; LEÒN, 2015).

    Figura 10 - Controle da progressão do ciclo celular da fase G1 para a fase S.

    Fonte: WEINBERG, 2014.

    Na fase S, existe um complexo entre a CDK2 e a ciclina A, que

    permite que a célula progrida para a fase G2. Além disso a ciclina A é

    importante na fase S por ser necessária para a replicação do DNA, sendo

    expressa também na fase G2 (BRETONES; DELGADO; LEÒN, 2015).

    Durante a fase G2, antes de entrar em mitose, a CDK1 fosforila

    centenas de substratos que juntos dirigem-se para entrar na fase M, que é

    uma fase condicionada pela ativação do compelxo entre a ciclina B e a

    CDK1 (TAVERNIER; LABBÉ; PINTARD, 2015).

    Segundo Tavernier e colaboradores (2015), antes de iniciar a fase

    M a CDK1 é mantida inativada pela quinase Wee-1, porém quando a Cdc25

    é desfosforilada esta ativa a CDK1 e inibe a quinase Wee-1, dando inicício

  • 58

    a mitose. Outra proteína específica no final da fase G2 e início da fase M é a

    fosfohistona-H3, a qual está associada com a condensação da cromatina

    (GINTER et al., 2016).

    3.3 ÚLCERA GÁSTRICA

    A mucosa gástrica é exposta continuamente á múltiplos fatores e

    substâncias nocivas que podem vir dos alimentos, ou ainda da presença de

    ácido gástrico, ácidos biliares, pepsina, produtos bacterianos e

    medicamentos, podendo desencadear o aparecimento de úlceras gástricas

    (STEVEN et al., 2016)

    A úlcera gástrica constitui uma importante classe de desordens

    gástricas, atraindo atenção global em cuidados á saúde (STEVEN et al.,

    2016). São erosões que geralmente iniciam no revestimento da mucosa do

    estômago, podendo penetrar nas camadas mais profundas do tecido de

    revestimento do epitélio gástrico. Este processo ocorre quando a barreira da

    mucosa gástrica é rompida, fazendo com que a pepsina e o HCl atuem no

    epitélio gástrico (MARIANO, 2016).

    Por muitas décadas foi identificada como uma lesão da parede da

    mucosa gástrica, sendo a causa mais frequente de cirurgia, com alta taxa de

    morbidade e mortalidade (BARKA et al., 2017). Cerca de 4 milhões de

    pessoas são afetadas por esta doença em todo o mundo, sendo que destas,

    aproximadamente 10% a 20% desenvolvem complicações (STEVEN et al.,

    2016). Os sinais e sintomas podem apresentar um ou mais dos seguintes

    itens: dor abdominal, inchaço, perda de apetite, perda de peso, náuseas ou

    vômitos (LI et al., 2016).

    Os principais fatores predisponentes incluem stress, infecção por

    Helicobacter pylori, consumo de álcool, anti-inflamatórios não esteroidais

    (BARKA et al., 2017) e tabagismo (LI et al., 2016), sendo identificados

    como fatores importantes para o seu desenvolvimento, pois aumentam a

    quantidade de pepsina e a secreção do ácido gástrico, suprimem a produção

    das prostaglandinas, inibem a proliferação e crescimento das células da

    mucosa e alteram a mobilidade gástrica. Estudos também sugerem que a

  • 59

    formação de espécies reativas de oxigênio (EROS), redução do fluxo

    sanguíneo, infiltração de neutrófilos, secreção de citocinas pró-inflamatórias

    desempenham papel significativo para a formação da ulcera gástrica (HUI;

    FANGYU, 2017).

    A fisiopatologia da úcera gástrica não é totalmente elucidada,

    porém acredita-se que se deve ao desequilibrio de agentes agressivos (ácido

    clorídrico (HCl), pepsina e estress oxidativo) e defensivos (secreção de

    muco e bicarbonato, renovação celular, fluxo sanguíneo e antioxidantes)

    resultando em lesões ulcerativas (ASHMAWY et al., 2016; BARKA et al.,

    2017).

    As principais estratégias terapêuticas propostas para a prevenção e

    tratamento da doença é a redução da produção de ácido gástrico

    (CHOUDHARY et al., 2016). Antagonistas dos receptores histaminérgicos

    do tipo 2 e inibidores da bomba de prótons são habitualmente utilizados

    como tratamento antiúlcera. No entanto, apesar da eficácia das terapias

    atuais, alguns pacientes sofrem de recorrência da úlcera e/ou efeitos

    adversos (RIBEIRO et al., 2016).

    3.4 TIAZOLIDINODIONAS E SEU MECANISMO DE AÇÃO

    As TZDs tornaram-se uma importante classe de compostos

    heterocíclicos com atividade biológica desde a sua introdução na forma de

    glitazonas (KUMAR et al, 2011), sendo conhecidas comercialmente como

    Rosiglitazona (Avandia®), Pioglitazona (Actos®), Muraglitazona

    (Pargluva®) (que não chegou a ser comer