sistemas de custeio

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Sistemas de Custeio Yumara Vasconcelos 2010

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  • Sistemas de CusteioYumara Vasconcelos

    2010

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel Curitiba PR 0800 708 88 88 www.iesde.com.br

    Todos os direitos reservados.

    2010 IESDE Brasil S.A. proibida a reproduo, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorizao por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

    Capa: IESDE Brasil S.A.

    Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.

    V 331s Vasconcelos, Yumara. / Sistemas de Custeio. / Yumara Vasconcelos. Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2010.

    232 p.

    ISBN: 978-85-387-1250-3

    1. Gesto de Custos. 2. Contabilidade de Custos. 3. Planejamento. I. Ttulo.

    CDD 658.151

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  • Yumara VasconcelosDoutora em Administrao pela Universi-

    dade Federal da Bahia (UFBA). Mestre em Con-tabilidade pela Fundao Visconde de Cairu (FVC). Graduada em Cincias Contbeis pela Universidade Catlica de Salvador (UCSAL). Es-critora. Possui grande experincia na coordena-o acadmica de cursos a distncia, dirigindo projetos nessa modalidade.

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    Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos 13

    13 | Consideraes gerais

    17 | Contabilidade de Custos e Contabilidade industrial

    17 | Origem da Contabilidade de Custos

    18 | Terminologia bsica em Contabilidade de Custos

    Custos e sua classificao 33

    33 | Consideraes gerais

    35 | Classificao dos custos quanto naturezaou identificao no objeto de custos

    44 | Classificao dos custos quanto ao volume

    53 | Outros conceitos e classificaes

    Sistemas de custeio varivel e por absoro 67

    67 | Consideraes gerais

    78 | Custeio varivel

    Tcnica de rateio 89

    89 | Consideraes gerais

    91 | Funes do rateio

    91 | Rateio, subjetividade e o uso de recursos estatsticos

    92 | Contabilizao e aplicao da tcnica do rateio

    97 | Influncia dos custos fixos e variveis

    Custeio ABC 103

    103 | Consideraes gerais

    106 | Conceitos preliminares

    113 | Direcionadores de custos

    114 | Comentrios finais sobre o custeio ABC

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  • Custo padro 125

    125 | Consideraes gerais

    126 | Custo padro: conceito, modalidades e caractersticas

    130 | Anlise das variaes

    132 | Benefcios informativos do custo padro (gerenciais)

    136 | Custo padro e custo meta

    136 | Custeio padro

    Sistemas de acumulao de custos 145

    145 | Consideraes gerais

    149 | Sistema de acumulao por ordem

    153 | Sistema de acumulao por processo

    Custos para tomada de deciso: margem de contribuio

    161

    161 | Consideraes gerais

    163 | ndice de margem de contribuio

    166 | Aplicaes gerenciais do conceito

    167 | Margens de contribuio e limitao da capacidade produtiva

    169 | Margens de contribuio e gastos fixos identificados

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    Custos para tomada de deciso: ponto de equilbrio 177

    177 | Consideraes gerais

    178 | Ponto de equilbrio

    189 | Aplicaes do conceito de ponto de equilbrio

    193 | Restries da anlise do ponto de equilbrio

    194 | Medidas complementares anlise do ponto de equilbrio

    Custos: aplicao em decises tticas 205

    205 | Consideraes gerais

    206 | Anlise diferencial

    208 | Situaes gerenciais

    216 | Medidas importantes para anlises de curto prazo

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  • Sistem

    as de Custeio

    ApresentaoSistemas de Custeio um livro que trata de temas

    importantes relacionados gesto e Contabilidade de Custos. Corresponde a uma obra didtica, com linguagem objetiva, voltada para o suporte ao pro-cesso decisrio e implementao de sistemas de custeio.

    Ao longo dos captulos foram realizadas revi-ses de literatura (contedo tcnico) com vistas a apresentar o status dos assuntos abordados em cada um deles. Buscou-se no preparo destes, clare-za didtica, qualidade do referencial terico e profun-didade de abordagem

    A obra compe-se por dez captulos.O primeiro captulo apresenta os conceitos

    bsicos relacionados Contabilidade de Custos. Trata-se de um captulo-base; dito de outra forma, de referncia. Nele, inicialmente, conceitua-se Con-tabilidade de Custos, destacando-se a diferena entre ela e outras especialidades da Contabilida-de. O captulo mostra ainda o histrico da Conta-bilidade de Custos e a terminologia usualmente empregada.

    O segundo captulo traz as diferentes classifica-es usadas para categorizar os custos, enfatizan-do a importncia de cada uma para o processo de custeamento e de tomada de deciso. Trata-se de um captulo rico em exemplos de custos.

    O terceiro captulo destaca dois dos principais sistemas de custeio, por absoro e varivel, des-tacando as diferenas entre eles e os reflexos da adoo destes para a qualificao da informao gerencial e, consequentemente, para o processo decisrio. O destaque deste captulo a explicao detalhada sobre a prtica de contabilizao dos custos.

    O quarto captulo apresenta a tcnica de rateio (conceito, funes, orientao de clculo e restri-es). Explica aspectos de sua aplicao, detalhan-do as limitaes inerentes a ela. O diferencial deste

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    as de Custeio

    captulo o emprego de dilogos corporativos (tcnica facilitadora do processo ensino-aprendi-zagem, visto que aproxima o leitor da realidade de mercado dos discursos empresariais) para ilustrar os problemas ocasionados pelo uso do rateio.

    O quinto captulo apresenta o custeio por ativi-dade: conceito, diferenciais em relao aos demais, aplicao e implementao.

    O sexto captulo tem como nfase uma impor-tante funo da anlise de custos, o controle, posto que trata do custo padro.

    O stimo captulo apresenta de forma didtica e objetiva os sistemas de acumulao de custos (por ordem e por processo), ressaltando aspectos de sua operacionalizao e principais diferenas.

    O oitavo, nono e dcimo captulos so captulos de convergncia, pois todos os conceitos apresen-tados anteriormente so apontados e utilizados ao longo deles.

    O captulo oito traz o conceito de margem de contribuio e suas aplicaes gerenciais, medida amplamente utilizada no dia a dia da administra-o das entidades.

    O captulo nove apresenta o conceito de ponto de equilbrio e seus diferentes tipos, enfatizando a interpretao das medidas, benefcios informati-vos e restries de sua aplicao.

    O captulo dez se baseia na anlise de situaes gerenciais, onde os conceitos e medidas apresenta-dos neste livro so utilizados de modo muito natu-ral. Trata-se de um captulo prtico, direcionado vivncia gerencial e, por isso, de leitura instigante.

    Neste trabalho buscou-se dar nfase anlise de custos e seu suporte prtica gerencial, de pla-nejamento e controle, sem perder de vista a neces-sidade de compreender o processo de custeamen-to dos objetos de custos.

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  • Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

    Consideraes geraisA Contabilidade de Custos corresponde especialidade da Contabilidade

    que trata da gesto econmica de custos.

    Leone (2000, p. 19-20) define Contabilidade de Custos:

    A Contabilidade de Custos o ramo da Contabilidade que se destina a produzir informaes para os diversos nveis gerenciais de uma entidade, como o auxlio s funes de determinao de desempenho, de planejamento e controle das operaes e de tomada de decises.

    O autor enfatiza, nessa definio, a importncia da Contabilidade de Custos para o processo de planejamento das aes na organizao e respec-tivo controle, bem como o suporte ao processo decisrio.

    Maher (2001, p. 38) apresenta uma definio mais pragmtica da Conta-bilidade de Custos: Ramo da Contabilidade que mede, registra e relata infor-maes sobre custos.

    De fato, com o objetivo maior de adicionar valor a usurios de informa-es contbeis, a Contabilidade de Custos desenvolve as seguintes funes: coleta de dados, classificao, registro das operaes e gerao de informa-es por meio da organizao e tratamento dos dados coletados.

    Os propsitos da Contabilidade de Custos so determinados com base nas necessidades sinalizadas pelos diferentes nveis gerenciais, como por exemplo:

    obter o custo de cada produto, bem ou servio;

    contribuir para a determinao da rentabilidade e lucratividade do negcio;

    ensejar controles operacionais em nveis diversos;

    auxiliar programas de minimizao de custos;

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    Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

    facilitar a alocao eficiente de recursos;

    fornecer, por meio de suas informaes, elementos que fundamentem o processo decisrio e auxiliem na prtica do planejamento.

    So vrios os objetos da Contabilidade de Custos, inexistindo uma quan-tidade determinada. Essa caracterstica torna amplo o universo ou campo de atuao dessa especialidade. Leone (2000, p. 21) destaca:

    Os objetos mais conhecidos so os seguintes: a entidade, como um todo, seus compo-nentes organizacionais (administrativos e operacionais), os produtos e bens que fabrica para si prpria e para a venda e os servios, faturveis ou no, que realiza.

    O objeto de custo corresponde quilo para o qual se deseja mensurar os custos. Dessa forma, existem outros objetos: projetos, estudos, estoques, campanhas promocionais, canais e segmentos de distribuio, atividades etc.

    A Contabilidade de Custos empregada para concretizar os objetivos de custeio, alimentando com seus dados e informaes tanto a Contabilidade Geral ou Financeira como a Contabilidade Gerencial. A diferena que, ao fornecer dados para a Contabilidade Geral, estes devem obedecer rigorosa-mente aos princpios da Contabilidade. As informaes geradas para a Con-tabilidade Gerencial no obedecem necessariamente aos princpios. Existe liberdade na definio de critrios (figura 1).

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    Contabilidade de Custos

    Obedincia aos princpios

    da Contabilidade

    Liberdade no uso de critrios

    Contabilidade Geral Contabilidade Gerencial

    Dilogo entre os ramos

    Figura 1 Destinao dos dados e informaes da Contabilidade de Custos.

    A Contabilidade Gerencial engloba dados da Contabilidade de Custos ex-clusivamente para atender s demandas informativas da administrao da entidade, produzindo relatrios customizados (sob medida para o usurio).

    A Contabilidade Geral ou Financeira lida com o preparo e comunica-

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  • Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

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    o dos relatrios oficiais para o pblico externo, formado por investido-res, rgos governamentais, bancos, enfim, toda a sociedade, cenrio que requer informaes baseadas em critrios uniformes, ou seja, em formatos padronizados (figura 2).

    Como as necessidades de informaes desse grupo de usurios externos so muitas, e j que as informaes precisam ser altamente confiveis, o sistema de Contabilidade Financeira projetado de acordo com regras e formatos contbeis claramente definidos [...]. (HANSEN; MOWEN, 2001, p. 28)

    A Contabilidade Gerencial traduz ou converte os dados contbeis em informaes teis ao processo decisrio, atendendo aos usurios internos. Essa caracterstica impe uma sistemtica de trabalho mais flexvel. A conta-bilidade gerencial se preocupa especificamente com a forma como informa-es sobre custos e outras informaes financeiras e no financeiras devem ser usadas para o planejamento, controle e tomada de deciso (HANSEN; MOWEN, 2001, p. 28).

    O universo de dados com o qual a Contabilidade Gerencial lida variado, no se restringindo aos custos.

    O emprego das informaes geradas pela Contabilidade Gerencial for-talece tecnicamente a administrao, profissionalizando-a, visto que enseja um melhor aproveitamento das oportunidades de negcios.

    Instituies governamentais

    Usuriosexternos

    Pblico em geral

    Acionistas

    CredoresProprietrios

    Demonstraes contbeis

    padronizadas em relao ao formato.

    Comisses constitudas

    internamente

    Usuriosinternos

    Grupos de trabalho

    Gestores das reas

    Informaes de alcance variado.

    Reporte em diferentes formatos.

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    Figura 2 Relao das especialidades com seus usurios.

    As caractersticas da Contabilidade Gerencial podem variar entre as or-ganizaes, pois estas so fortemente influenciadas pelas necessidades da administrao.

    importante destacar que a Contabilidade de Custos integra um todo que a Contabilidade, no possuindo autonomia como rea de conhecimento.

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    Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

    Ratifica essa afirmao o fato de que, na medida em que a administra-o emprega as demonstraes contbeis divulgadas em anlises gerenciais para coordenar operaes no presente e no futuro, as duas reas sobrepe--se (WARREN et al., 2001). Deve ser enfatizado que o sistema de informaes da gesto de custos e o sistema de informaes da Contabilidade Financeira fazem parte do sistema total de informaes contbeis (HANSEN; MOWEN, 2001, p. 28).

    Os produtos gerados pelos sistemas contbeis de custos so direciona-dos tanto para a Contabilidade Geral ou Financeira como para a Contabili-dade Gerencial.

    O quadro 1 esquematiza as caractersticas e os respectivos elos entre a Contabilidade Geral, de Custos e Gerencial.

    Quadro 1 Contabilidade Geral, Gerencial, e Custos e seus elos

    Contabilidade Geral

    Ocupa-se da gerao das Demonstraes Contbeis para pblicos externos (acionistas, governo, credores e sociedade em geral).

    As divulgaes obedecem a critrios legais e aos princpios de Contabilidade.

    As comunicaes so restritas e pouco flexveis em razo das exigncias normativas.

    Toma por base dados passados (fatos j ocorridos).

    Contabilidade Gerencial

    Ocupa-se do direcionamento dos dados contbeis tomada de deciso.

    As divulgaes alcanam apenas o mbito interno da organizao, muitas vezes, restritas ad-ministrao.

    Produz relatrios especficos s necessidades decisrias.

    Utiliza tanto dados histricos como projetados, conforme as necessidades flexibilidade.

    O foco a preocupao com o futuro.

    Fornece medidas objetivas relativas a operaes passadas e estimativas de operaes futuras (WARREN et al.; 2001).

    Contabilidade de Custos

    Alimenta com seus produtos (dados e informaes) a Contabilidade Geral e Gerencial.

    Identifica, coleta, mensura, organiza e classifica dados relativos a custos e os reporta, amparando o planejamento, controle organizacional e o processo de tomada de deciso.

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    A segregao da Contabilidade em reas tem carter didtico e, ao mes- mo tempo, prtico, sendo essencial compreenso do todo.

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  • Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

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    Contabilidade de Custos e Contabilidade industrial

    A Contabilidade aplica-se tanto rea de servios como rea industrial.

    comum, todavia, a adoo do gnero no lugar da espcie. Como a Contabilidade de servios pouco estudada e aplicada em nosso pas, habitual o uso da expresso Contabilidade de Custos no sentido de gastos relativos atividade industrial somente. (FERREIRA, 2007, p.1)

    De fato, a abordagem usual da Contabilidade de Custos muito dirigida para a indstria.

    A Contabilidade de Custos aplicada rea de servios trata dos custos in-corridos no processo de prestao de servios; na indstria, trata dos custos vinculados produo. A diferena reside basicamente nas caractersticas do processo. Na rea de servio o processo diz respeito prestao de ser-vios (intangvel); na indstria o processo basicamente a produo de um bem (tangvel).

    Origem da Contabilidade de CustosAntes da Revoluo Industrial a Contabilidade era essencialmente finan-

    ceira. Com o crescimento do nmero de empresas industriais, os procedi-mentos contbeis tiveram que ser adaptados nova demanda informativa.

    Nas operaes comerciais, os bens eram apenas revendidos, partindo-se de um custo de aquisio claramente definido.

    Nas operaes industriais, para suporte adequado tornava-se necessrio levantar o custo unitrio desse produto, gerado internamente por meio do processo produtivo.

    Da adaptao e definio de procedimentos surgiu a Contabilidade de Custos. Viceconti e Neves (p. 6, 1998) destacam:

    A Contabilidade de Custos, nos seus primrdios, teve como principal funo a avaliao de estoques em empresas industriais, que um procedimento muito mais complexo do que nas comerciais, uma vez que envolve muito mais que a simples compra e revenda de mercadorias. So feitos pagamentos a fatores de produo tais como salrios, aquisies e utilizao de matrias-primas etc.

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    Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

    De fato, a Contabilidade de Custos, em um primeiro momento, limitava-se funo de avaliar os estoques dessas indstrias. Com a complexidade das operaes, algo prprio da evoluo natural dos sistemas organizacionais, a Contabilidade evoluiu, ganhando outras funes. Os negcios cresciam em tamanho e ganhavam novas necessidades gerenciais. At a Revoluo In-dustrial (sculo XVIII), quase s existia a Contabilidade Financeira (ou geral), que, desenvolvida na Era Mercantilista, estava bem estruturada para servir as empresas comerciais (MARTINS, 2001, p. 19).

    Antes da revoluo industrial, o procedimento de apurao do resultado (lucro ou prejuzo) de cada perodo era algo relativamente simples. Para faz--lo, bastava inventariar os estoques (operao de contagem fsica) e proce-der ao clculo abaixo:

    Estoque inicial

    (+) Compras

    (-) Estoques finais (obtido na contagem fsica)

    = Custo das Mercadorias vendidas (CMV)

    O custo das mercadorias vendidas obtido, para atingir o resultado, era confrontado com a receita auferida no perodo.

    Receita de Vendas

    (-) Custo das Mercadorias vendidas

    (-) Despesas diversas (comerciais, administrativas, financeiras)

    = Resultado (lucro ou prejuzo)

    Como se v, o surgimento da Contabilidade de Custos foi importante porque ampliou a abordagem da Contabilidade.

    O desenvolvimento da especialidade ensejou um melhor aproveitamen-to das informaes produzidas em outros campos, alm do industrial (MAR-TINS, 2001).

    Terminologia bsica em Contabilidade de Custos

    Os termos gastos, custo, despesa e perda so muito utilizados no dia a dia das organizaes e, algumas vezes, muito confundidos. Conhecer a dife-

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  • Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

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    rena entre esses termos constitui condio essencial ao entendimento das informaes gerenciais obtidas por meio da Contabilidade de Custos.

    Comecemos pelo conceito mais abrangente: o de gasto.

    O gasto representa um sacrifcio financeiro com o qual arca a entidade para obter um produto, bem ou servio. Esse sacrifcio representado pela entrega de ativos ou promessa de entrega destes (geralmente dinheiro). Sig-nifica que a contrapartida de um gasto pode ser vista ou a prazo, conforme a transao (figura 3).

    Aquisio / consumo /utilizao de recursos Gasto

    A prazo Aumento do Contas a pagar.

    vista Diminuio do saldo de caixa.

    Variaes patrimoniais qualitativas

    e quantitativas.

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    Figura 3 Gastos.

    Leone (2000, p. 53) conceitua gasto enfatizando o compromisso financei-ro que a entidade assume na transao (obteno de um bem ou servio) e a variao patrimonial resultante. Vamos entender por gasto o compromisso financeiro assumido por uma empresa na aquisio de bens ou servios, o que sempre resultar em uma variao patrimonial [...].

    O conceito amplo, aplicando-se a um universo de transaes:

    compra de mercadorias para revenda;

    aquisio de mquinas e equipamentos;

    contratao de servios diversos;

    compra de material de escritrio para uso imediato etc.

    Todas essas situaes representam gastos. De fato, os gastos dizem res-peito utilizao ou consumo genrico de recursos (bens ou servios).

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    Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

    Os gastos podem ser categorizados em:

    investimento;

    custo;

    despesa;

    perda.

    InvestimentosOs investimentos so gastos ativados em decorrncia de seu potencial

    prolongado de benefcios ou mesmo sua vida til. Esses gastos correspon-dem aos ativos de uma entidade.

    Investimentos correspondem ao conjunto de meios disposio da ad-ministrao da entidade para consecuo dos objetivos institucionais. Assim, so aqueles elementos patrimoniais que se traduzem em benefcios futuros esperados, direitos adquiridos.

    Exemplos:

    compra de matria-prima.

    A matria-prima adquirida inicialmente estocada para utilizao futura, portanto, enquanto permanecer em estoque ser um ativo denominado de estoque de matria-prima;

    aquisio de mquinas e equipamentos, mveis e utenslios.

    Esta categoria de bens adquirida em carter permanente, para suporte s atividades empresariais. Tm vida til prolongada e um grande potencial de benefcios atribuveis a perodos futuros (ativo).

    CustoO custo representa o gasto relacionado ao uso de recursos empregados

    na produo de outros bens ou servios.

    Diz respeito ao consumo de bens ou utilizao de servios necessrios ao processo produtivo; dito de outra forma, recursos (bens ou servios) em-pregados no processo para gerar outro bem ou servio. Custo o somatrio

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  • Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

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    dos bens e servios consumidos ou utilizados na produo de novos bens ou servios, traduzidos em unidades monetrias (NASCIMENTO, 2001, p. 26).

    Exemplos de custos:

    matria-prima consumida no processo;

    consumo de materiais auxiliares;

    utilizao de mo de obra no processo de produo;

    uso de embalagens;

    aluguis das instalaes de fbrica;

    utilizao de servios de suporte administrao;

    consumo de energia eltrica no processo;

    contratao de seguro fabril;

    manuteno de mquinas e equipamentos de fbrica, controle de qualidade etc.

    Para que o gasto se configure como custo, preciso ocorrer o consumo do bem ou utilizao de servio.

    A classificao como custo requer o uso dos fatores de produo. Por exemplo, quando adquirida, a matria-prima estocada. medida que a rea de produo a requisita para uso em processo, e se d o consumo, o valor correspondente deve ser tratado como custo.

    DespesaA despesa um gasto relacionado ao consumo de bens ou utilizao de

    servios com a finalidade de gerar receita.

    Trata-se de um gasto intencional que contribui direta ou indiretamente para a obteno de receita.

    Exemplos:

    taxa cobrada pelas administradoras de cartes de crdito (despesa de vendas);

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    Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

    gastos de distribuio;

    gasto com salrios do pessoal da rea administrativa;

    gasto com promoo do produto;

    gasto com comisso de vendedores;

    juros passivos etc.

    As despesas so sempre gastos necessrios manuteno dos negcios da entidade. Caracterizam-se por no estarem associadas ao processo pro-dutivo (gasto de natureza no fabril). Esto sempre relacionadas a gastos ad-ministrativos, com vendas e incidncia de juros (operaes financeiras).

    Faamos uma analogia entre custos e despesas (quadro 2).

    Quadro 2 Analogia entre custos e despesas

    Custos Despesas

    Gastos necessrios obteno do pro-duto, bem ou servio.

    Gastos necessrios gesto geral financeira, comercial ou de vendas.

    Possuem natureza fabril. Dizem respeito ao consumo ou utilizao de bens e/ou servios.

    So reconhecidos quando os fatores de produo so utilizados.

    So necessrias disponibilidade do produto no mercado.

    So levados a resultado quando em-pregados no processo.

    So levadas integralmente ao resultado no pe-rodo em que forem registradas (temporais). So contabilizadas no perodo em que aconte-cem.

    Repercutem no resultado quando os produtos so vendidos.

    Repercutem no resultado no perodo em que ocorrem.

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    .Enquanto as despesas esto relacionadas ao perodo em que ocorrem, os

    custos se associam exclusivamente ao emprego dos recursos em processo, independente do fator tempo. O termo processo foi aplicado anteriormen-te em sentido amplo (compreendendo tanto a produo de bens como de servios).

    comum escutarmos a frase: Os custos vo para as prateleiras. De fato, enquanto os produtos esto estocados, os gastos relacionados so ativados (saldo presente no balano patrimonial). medida que so disponibilizados aos clientes e vendidos (analogia da prateleira), comporo o resultado (saldo presente na demonstrao do resultado do exerccio).

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  • Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

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    Estoque Balano patrimonial

    Custo dos produtos vendidos Demonstrao do resultado do exerccio

    PerdasExistem dois tipos de perdas: as normais e as extraordinrias.

    As perdas normais so sempre esperadas. Esto vinculadas ao processo. Na verdade, so inerentes a ele.

    Em razo dessa caracterstica, essa perda considerada custo (tratamen-to contbil destinado).

    As perdas extraordinrias ou anormais, como o prprio nome sugere, so eventuais, involuntrias, desnecessrias e contribuem para a ocorrncia de prejuzo.

    A perda um gasto que expira sem proporcionar qualquer benefcio (LINS; SILVA, 2005).

    Perez Jnior et al. (2001, p. 17) apresenta o seguinte conceito para as perdas extraordinrias: [...] gastos anormais ou involuntrios que no geram um novo bem ou servio e tampouco receita e so apropriadas diretamente no resultado do perodo em que ocorrem.

    As perdas dessa natureza no possuem relao alguma com o desenvol-vimento normal do processo (algo esperado). No so regulares. Decorrem de eventos no previstos, ou seja, de eventualidades prejudiciais vivenciadas pela organizao como um todo.

    So exemplos de eventos que provocam perdas:

    deteriorao de itens de estoque;

    ocorrncia de defeitos irreversveis em mquinas e equipamentos;

    materiais estragados em razo da ocorrncia de enchentes;

    destruio de bens por incndio;

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    Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

    obsoletismo em itens de estoque;

    material com prazo de validade expirado;

    greves;

    paradas no previstas;

    falta de material para reposio de peas das mquinas;

    vazamento em tubulaes industriais etc.

    As perdas so tambm gastos. Ocorre que, nesse caso, o consumo de re-cursos indesejado em razo das consequncias financeiras.

    A perda extraordinria sempre atpica, no se confundindo com o con-ceito de custos ou despesas.

    No se pode afirmar tratar-se de um sacrifcio porque esta modalidade de perda involuntria. No acontecem com o propsito de gerar receita; pelo contrrio, contribuem para a gerao de prejuzo.

    Despesa Gerao de receita

    Perda extraordinria Gerao de prejuzo

    As perdas involuntrias de pequeno valor (imateriais) na prtica so in-corporadas aos custos e despesas, conforme o caso. Esse procedimento permitido em razo da pouca representatividade do valor envolvido em relao ao custo total. Entretanto, tratando-se de valores materiais, ou seja, significativos, o procedimento correto tratar o gasto correspondente como perda, lanando-o diretamente contra o resultado do perodo.

    As perdas normais (aquelas inerentes ao processo) so tambm denomi-nadas de perdas produtivas ou tcnicas.

    As perdas extraordinrias so conhecidas como perdas improdutivas (figura 4).

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  • Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

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    Perdas

    Produtiva Improdutiva

    Decorre da atividade normal

    da empresa.

    Gasto no intencional. Decorre da influncia de fatores fortuitos.

    Lanar no custo de produo.

    Lanar contra resultado.

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    Figura 4 Tipos de perdas.

    A figura 5 ilustra o alcance do conceito de gasto.

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    Figura 5 Alcance do conceito de gasto.

    Gasto

    Consumo de bens ou utilizao de servios.

    Custo

    Investimentos (aplicaes)

    Diminuio doCaixa

    Aumento do passivo (Contas

    a Pagar)

    Despesa Perdas

    Variao patrimonial

    a destinao dos recursos e a sua natureza que fazem o conceito de cada elemento do gasto.

    Se a inteno do gestor adquirir bens de vida til prolongada, esse gasto ser tratado como ativo (natureza e destinao de recursos); se o gasto vincular-se ao processo ser um custo (natureza e destinao de recursos) e se for de natureza no fabril (natureza e destinao de recursos), uma despesa.

    O ciclo da transao simples: inicialmente assume-se o compromisso financeiro gasto. Posteriormente se d a entrega e utilizao dos recursos. O desembolso pode ocorrer antes, durante ou aps o processo, dependendo das condies de negociao. Nem todo gasto repercute no caixa.

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    Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

    DesembolsoO desembolso um evento financeiro. Corresponde ao pagamento de

    um bem ou servio, independente do momento do consumo. fundamen-tal destacar que os eventos so contabilizados pelo regime de competn-cia. Como consequncia, as despesas so registradas, independente do pagamento.

    Ampliando seus conhecimentos

    Importncia gerencial da Contabilidade de Custos

    (VASCONCELOS, 2009)

    O alcance gerencial da informao referente a custos amplo. Grande nmero de decises para serem implementadas requerem conhecimento dos conceitos bsicos de custos. As aplicaes variam. Algumas se vinculam ao planejamento, outras ao controle e gesto financeira. Acrescente ainda aque-las vinculadas ao desempenho.

    Enumeremos algumas das funes da Contabilidade de Custos:

    avaliao de estoque e do custo dos produtos vendidos : a avaliao dos estoques corresponde a um dos aspectos mais destacados na lite-ratura tcnica como funo da Contabilidade de Custos. Variaes nos estoques impactam no resultado e, consequentemente, no desempe-nho de uma empresa. Esse efeito, por exemplo, repercute no valor a ser recolhido dos impostos sobre lucro;

    avaliao de imobilizaes prprias : em algumas realidades, a pr-pria empresa produz seus bens, aqueles que sero integrados ao imo-bilizado (mveis, utenslios e at equipamentos);

    elaborao do oramento, plano de vendas e produo : a informa-o custo integra o oramento de resultado, servindo de base para a definio de metas, no somente de custos, mas igualmente de vendas e produo em curto prazo, uma vez que influencia esses valores;

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  • Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

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    preparo de estudos de viabilidade econmica : os estudos de viabili-dade econmica representam o nascedouro de muitos empreendimen-tos. Neles a informao custo fundamental, base de muitas anlises. Qual o custo desse projeto?

    formao do preo de venda : essa a aplicao mais conhecida da Contabilidade de Custos. Apesar do preo de venda no ser formado exclusivamente em funo do custo, o preo continua sendo uma im-portante referncia, embora devam ser considerados outros fatores de influncia. O custo, nesse universo de fatores, constitui um piso abaixo do qual o preo no poder ser praticado;

    medio do desempenho : a informao custo pode ser empregada gerencialmente para avaliar o desempenho. Quanto menor o nvel ou carga de custos, tanto melhor ser para a empresa, desde que a quali-dade dos produtos no seja comprometida.

    Apesar de ser um elemento importante na avaliao de desempenho, o custo representa somente uma face da performance, que um conceito plural. Desempenho em relao a qual base ou critrio?

    O custo no o nico alvo a ser monitorado pela administrao. Por exem-plo, no atual contexto de mercado cada vez mais expressiva a participao das despesas de distribuio, at mesmo pela evoluo e alcance do marke-ting. Esses gastos so, algumas vezes, maiores do que os prprios custos de produo. Todavia, mesmo assim, o custo deve receber ateno especial por parte do gestor.

    Atividades de aplicao1. Marque a alternativa falsa.

    a) A perda corresponde a um gasto que expira sem gerar receita ou qualquer outro benefcio.

    b) Os investimentos so gastos cujo benefcio alcana, geralmente, mais de um perodo (benefcio prolongado).

    c) A perda anormal no representa um sacrifcio voluntrio.

    d) Perda e despesa so sinnimos.

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    Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

    2. Sobre perdas correto afirmar:

    a) a perda normal representa um gasto no intencional, sempre rela-cionado a fatores fortuitos, alheios atividade normal da empresa.

    b) a perda extraordinria deve ser contabilizada como custo, indepen-dente da materialidade do valor envolvido.

    c) a perda normal regular, calculada, previsvel, por essa razo deve ser contabilizada como custo.

    d) as perdas extraordinrias enquadram-se como despesas ou custos, conforme a situao.

    3. Marque a alternativa verdadeira.

    a) Os gastos ocorrem sempre com desembolso.

    b) Os gastos podem se dar vista ou a prazo, conforme as bases de negociao (condies).

    c) Todo gasto um custo com desembolso.

    d) Todo gasto uma despesa, mas nem toda despesa um gasto (so-mente aquelas vista).

    4. Classifique as operaes em investimento quanto a: custo, despesa, perda e desembolso.

    a) Transferncia de matria-prima requisitada pela fbrica.

    b) Pagamento do prmio de seguro do parque fabril (instalaes).

    c) Transferncia de materiais secundrios para a rea fabril (utilizao imediata).

    d) Deteriorao de itens de estoque em razo de condies inadequa-das de armazenagem.

    e) Vazamento em uma das tubulaes da fbrica.

    f) Defeito irreparvel de mquinas e equipamentos, os quais esto fora de linha, sem qualquer chance de reposio.

    g) Gastos com divulgao do produto em seu mercado. Aquisio das instalaes da fbrica.

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  • Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

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    5. Atribua V s assertivas verdadeiras e F s falsas.

    O custo somente influenciar o resultado quando o produto for )(vendido.

    A despesa influenciar diretamente o resultado. )(

    As despesas so sempre voluntrias e necessrias, apresentando )(regularidade.

    O custo influencia o resultado independentemente da venda. )(

    6. Marque a alternativa verdadeira.

    a) As despesas compreendem gastos ps-produo, aqueles neces-srios colocao dos produtos no mercado (gesto, distribuio e venda).

    b) A Contabilidade de Custos aplica-se exclusivamente s indstrias.

    c) As despesas so gastos registrados independentemente do pero-do em que ocorrem.

    d) O custo incorporado ao produto pelo seu total independente da venda.

    Gabarito

    1. B

    2. C

    3. B

    4.

    a) Custo

    b) Desembolso

    c) Custo

    d) Perda

    e) Perda

    f) Perda

    g) Despesa

    h) Investimento

    5. V, V, V, F

    6. A

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    Contabilidade de custos e seus conceitos bsicos

    RefernciasFERREIRA, Ricardo. Contabilidade de Custos. Rio de Janeiro: Ferreira, 2007.

    HANSEN, Don R.; MOWEN, Maryanne. Gesto de Custos. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.

    LEONE, George Sebastio G. Curso de Contabilidade de Custos. So Paulo: Atlas. 2000.

    LINS, Luiz S.; SILVA, Raimundo Nonato Sousa. Gesto Empresarial com nfase em Custos. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

    MAHER, Michael. Contabilidade de Custos: criando valor para a administrao. So Paulo: Atlas, 2001.

    MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. So Paulo: Atlas, 2001.

    NASCIMENTO, Jonilton Mendes do. Custos: planejamento, controle e gesto na economia globalizada. So Paulo: Atlas, 2001.

    PEREZ JNIOR, Jos Hernandez et al. Gesto Estratgica de Custos. So Paulo: Atlas, 2001.

    VASCONCELOS, Yumara L. Importncia Gerencial da Contabilidade de Custos. Disponvel em: . Acesso em: 11 dez. 2009.

    VICECONTI, Paulo Eduardo V.; NEVES, Silvrio das. Contabilidade de Custos: um enfoque direto e objetivo. So Paulo: Frase, 1998.

    WARREN, Carl S. et al. Contabilidade Gerencial. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.

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  • Custos e sua classificao

    Consideraes geraisOs diferentes tipos de gastos em uma organizao apresentam natureza

    variada, o que requer uma classificao adequada.

    Esses gastos respondem a uma vasta gama de objetivos no processo pro-dutivo e decisrio.

    Para adequado suporte ao processo de tomada de deciso, fazem-se ne-cessrias informaes sobre custos, recursos empregados, caractersticas de processo e servios etc.

    A gesto de custos requer tratamento contbil distinto para os gastos.Padoveze (2003, p. 38) adverte: No se pode fazer uma gesto de custos tratando todos os gastos de uma forma nica, assim como muito difcil uma administrao com boa relao custo/benefcio tratando cada custo de forma individualizada.

    A classificao em custos tem a finalidade de agrupar custos com nature-za e propsitos similares em categorias para facilitar a gesto e a realizao das atividades, contribuindo para o processo decisrio.

    Existem diferentes critrios e classificaes, onde sero enfatizadas duas:

    classificao dos custos quanto natureza ou objeto a ser custeado: custos diretos e indiretos.

    classificao dos custos quanto quantidade de produo (volume): custos fixos, variveis e mistos.

    Para gerir os custos de uma entidade e proceder ao controle operacional, necessrio conhecer a terminologia de custos e suas classificaes. Essa fa-miliarizao crucial ao processo de atribuio de custos aos seus objetos e utilizao dos dados no processo decisrio. Um objeto de custo qual-quer item, como produtos, clientes, departamentos, processos, atividades, e

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    Custos e sua classificao

    assim por diante, para o qual os custos so medidos e atribudos (HANSEN; MOWEN, 2001, p. 61).

    O objeto de custos consiste no elemento que se almeja mensurar os custos, podendo ser: produtos (mais empregado ou requerido), servios, ati-vidades, processos, recursos e at mesmo o setor de uma empresa.

    A atribuio de custos uma tarefa essencial nessa especialidade cont-bil. Por exemplo, suponhamos que o gestor deseje saber qual o custo de cada departamento. O objeto de custos, no exemplo citado, o departamento.

    Uma atividade tambm pode ser um objeto de custos. Trata-se da unida-de bsica de trabalho realizada numa organizao. Corresponde a um con-junto de aes teis tomada de deciso, operacionalizao de objetivos e planejamento e controle.

    As atividades, no contexto atual de acirrada competitividade, represen-tam um objeto de custos muito importante, posto que evita a manuteno, pelos gestores, de atividades que no agregam valor.

    So exemplos de atividades:

    inspecionar processos;

    realizar pedidos;

    suprir estoques;

    faturar clientes etc.

    Uma atividade representada por um verbo: comprar, estimar, faturar, projetar etc.

    Os objetos de custos so alvos de medio em razo de interesse gerencial.

    Uma das funes da Contabilidade de Custos atribuir custos aos obje-tos com o maior grau de preciso possvel. Deve-se, nesse intento, buscar critrios lgicos, racionais de atribuio. O objetivo medir e atribuir, to acuradamente quanto possvel, os custos dos recursos consumidos por um objeto de custos (HANSEN; MOWEN, 2001, p. 62).

    Naturalmente, alguns critrios so mais acurados do que outros.

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  • Custos e sua classificao

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    Quando atribumos custos aos objetos de custos sem um critrio lgico, pode-se tomar decises equivocadas. Lembre-se: o gestor precisa primeiro avaliar para depois agir.

    Custos superestimados podem levar o gestor a interromper atividades proativas, economicamente interessantes.

    Custos subestimados podem iludir o gestor, levando-o a posturas otimis-tas, confiantes.

    importante estabelecer uma ligao entre o custo e seu objeto. Essa re-lao deve ser explorada para aumentar a preciso na atribuio de custos.

    O processo de atribuio requer domnio da classificao de custos.

    Classificao dos custos quanto natureza ou identificao no objeto de custos

    A classificao dos custos em diretos e indiretos a mais antiga.

    Os custos esto direta ou indiretamente relacionados aos seus objetos, o que fundamenta sua classificao em custos diretos e indiretos.

    Os custos so distribudos aos seus objetos mediante a identificao de um elo entre um e outro.

    Alguns profissionais denominam essa busca pela identificao de ras-treamento. Utilizam o termo rastreabilidade para definir essa capacidade de identificao.

    Os custos podem ser rastreados direta ou indiretamente.

    A rastreabilidade a capacidade de atribuio de um custo ao seu objeto, de modo vivel, por meio de uma relao causal.

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    Figura 1 Tcnica de rastreamento.

    Custos Objetos de custos

    Relao causal

    Rastreamento

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    Custos e sua classificao

    O rastreamento direto corresponde ao processo de identificar e atribuir custos aos objetos de modo objetivo. Custo e objetos esto nitidamente re-lacionados, especfica ou fisicamente. Essa identificao algumas vezes pode ser feita por meio da observao fsica (HANSEN; MOWEN, 2001).

    Esses custos so denominados de custos diretos.

    Martins (2001) faz uma gradao de conceitos tomando por base a facili-dade de atribuio de custos (preciso):

    alocao direta;

    rastreamento;

    rateio.

    Assim, para o autor, em vez de falar em rastreamento direto, deve-se dizer alocao direta. Dessa forma, segundo sua orientao, podemos dizer que custos diretos so aqueles que podem ser alocados diretamente ao objeto, sem o uso de artifcios; dito de outra forma, so aqueles que podem ser atri-budos ao objeto de custos de modo inequvoco (figura 2).

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    Figura 2 Escala de atribuio.

    Alocao direta Rateio

    Identificao clara, objetiva, inequvoca do custo ao objeto.

    Busca uma relao

    causal entre custo e objeto.

    Empregado quando as outras alternativas de atribuio no so

    possveis.

    + fcil - fcil

    Rastreamento

    Facilidade de atribuio

    A diferena de abordagem no tem consequncias prticas para a classificao.

    Em resumo, Hansen e Mowen (2001) apresentam o conceito de rastrea-mento direto ao invs de alocao direta. Ao contrrio, Martins (2001) prope essa escala de preciso na atribuio de custos, critrio mais utilizado na pr-tica (figura 2).

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  • Custos e sua classificao

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    Note que a tcnica de rateio a ltima opo mais empregada, em face das dificuldades de atribuio dos custos indiretos aos produtos. No rateio os custos so atribudos aos objetos por meio de critrios ou parmetros. importante ressaltar que no existem critrios de rateio que sejam vlidos para todas as situaes e empresas. A definio dos critrios de distribuio requer uma anlise do processo, do produto; de modo mais amplo, requer anlise do objeto de custos e da relevncia do valor em questo, por isso mais complexa. A qualidade do rateio depende muito do bom senso do pro-fissional da rea de custos. Mesmo assim, os critrios so subjetivos e, muitas vezes, arbitrrios.

    De qualquer forma, sabe-se que quanto maior o nmero de custos ras-treveis (direta ou indiretamente aos objetos de custos) tanto maior ser a preciso na atribuio de custos (figura 3).

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    Figura 3 Rastreabilidade e atribuio de custos.

    Rastreabilidade Facilidade de atribuio usando uma relao causal

    O ideal seria que todos os custos fossem facilmente rastreveis ao seu objeto, o que nem sempre possvel. Isso obriga a administrao a tomar critrios muitas vezes arbitrrios de atribuio.

    Apresentaremos algumas definies de custos diretos:

    So os custos que podem ser quantificados e identificados no produto ou servio e valorizados com relativa facilidade (PEREZ JNIOR, 2001, p. 23).

    [...] so os custos diretamente relacionados a esse objeto, isto , que podem ser fcil e economicamente identificados ao objeto de custeio, sem qualquer rateio entende-se por rateio a distribuio dos custos que no so diretamente identificados e apropriados aos objetos de custeio. (CARDOSO et al.; 2007, p. 44)

    [...] so aqueles identificados, algumas vezes at associados fisicamente ao objeto de custos (VASCONCELOS, 2009).

    Uma caracterstica distintiva dos custos diretos a sua identificao com o objeto. Alguns deles integram a composio (estrutura) dos produtos, ainda que nem sempre seja visvel essa participao em sua estrutura. o caso do conhecido custo de matria-prima.

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    Custos e sua classificao

    Esse carter torna os custos diretos especficos ao objeto.

    Com base na anlise das definies apresentadas, so exemplos de custos diretos:

    matria-prima consumida e demais materiais diretos;

    mo de obra direta etc.

    Os materiais diretos so exemplos clssicos de custos diretos.

    De fato, nem todo custo direto compe a estrutura do produto. Nem todo material direto pode ser visualizado no produto.

    A indstria alimentcia utiliza em seu processo leveduras e outros insu-mos, os quais apesar de compor sua estrutura, no so visveis nos produtos gerados.

    A indstria de fundio traz um exemplo interessante: os materiais (resi-nas) so consumidos no processo sem que sua visualizao seja possvel.

    Quadro 1 Exemplos de materiais diretos

    Atividades Exemplos de materiais diretos

    Fabricao de mveis Madeiras diversas, compensados, estofamento, couro etc.

    Atividades grficas Papis de diferentes tipos, tintas etc.

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    Quando os materiais diretos so requisitados, o objeto de utilizao fica explcito em razo da indicao da destinao no documento de requisio.

    Em outras palavras, via de regra, ao emitir a requisio do material para o almoxarifado, o responsvel pela produo j indica, na requisio, o destino do material, ou seja, para qual produto acabado ser utilizado, o que facilita sobremaneira a posterior apropriao do custo produo especfica. (PEREZ JNIOR, 2001, p. 24)

    Existem custos cujo consumo ou em-prego de recursos vincula-se s necessi-

    dades de gerao de produto (figura 4). Exemplos: energia eltrica consu-mida na fabricao de um nico produto, locao de equipamentos usados na produo de determinado bem, servios de engenharia especficos a um produto, consultoria de processo.

    Os materiais diretos so relacionados de forma

    clara e objetiva aos produtos, compondo sua

    estrutura

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  • Custos e sua classificao

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    Os materiais diretos compem-se de:

    matri a-prima;

    embalagem;

    materiais a uxiliares etc.

    De fato, so materiais diretos as matrias-primas; materiais secundrios as embalagens, componentes e outros materiais utilizados na produo (do acabamento apresentao final do produto ao pblico-alvo).

    A mo de obra direta compe-se dos seguintes elementos: salrios e en-cargos dos profissionais que trabalham no processo produtivo daquele pro-duto, manipulando direta ou indiretamente o produto final ou seus interme-dirios. O que caracteriza a mo de obra direta a possibilidade de aferir os esforos de cada trabalhador em um processo. Em geral essa aferio toma por base o tempo demandado por estes profissionais em cada processo.

    Um custo pode ser classificado como direto se for:

    possvel estabelecer uma relao direta com o produto final (consumo ou utilizao dos recursos vinculado ao produto);

    economicamente identificvel;

    visvel no produto ou se o recurso compor a especificao, a estrutura do produto;

    especfico do produto final;

    mensurvel sua participao no produto.

    Para que um custo seja direto, as condies no precisam ser obedecidas simultaneamente.

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    Figura 4 Custos diretos.

    Materiais diretos

    Recursos consumidos

    Estrutura do produto

    Consumo vinculado gerao do

    produto

    Relao direta e especfica

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    Custos e sua classificao

    Os custos de difcil atribuio aos objetos so distribudos com base em direcionadores, baseando-se na relao de causa e efeito. Direcionadores so fatores que causam mudanas no consumo de atividade, nos custos e nas receitas (HANSEN; MOWEN, 2001, p. 63).

    Os custos indiretos so aqueles no identificveis ao objeto, no sendo apropriveis a estes de modo direto, objetivo, claro. Dessa forma, esses custos no so fceis de serem distribudos, rastreados, identificados ao objeto de custos.

    Vejamos algumas definies de custos indiretos:

    So aqueles que, para serem apropriados ao produto, dependem de cl-culos e estimativas por meio de critrios de rateio (FERREIRA, 2007, p. 48).

    So os gastos que no podem ser alocados de forma direta e objetiva aos produtos ou a outro segmento ou atividade operacional e, caso sejam atribudos aos produtos, servios ou departamentos, esses gastos o sero por meio de critrios de distribuio (rateio, alocao, apropriao so outros termos utilizados. (PADOVEZE, 2003, p. 42)

    Os custos indiretos so aqueles cujo consumo (ou utilizao) relacionado compartilhado entre diferentes objetos de custos, tendo, portanto, carter genrico, comum (VASCONCELOS, 2009).

    Todo e qualquer gasto que a empresa tenha para a fabricao do pro-duto, que no esteja conceitualmente enquadrado como custo direto, so custos indiretos de fabricao. Esses custos recebem outras denominaes, como custos gerais de fabricao e custos gerais de produo.

    Apesar da denominao custos gerais ser muito empregada para fazer re-ferncia aos custos indiretos, alguns custos considerados gerais so diretos. Suponha, por exemplo, uma indstria que possua medidores que permitam a mensurao do consumo de energia de cada produto. Esse custo consi-derado por muitos como geral, mas direto (quando o controle assim per-mite). Por isso a expresso custo geral deve ser empregada com cuidado, sem generalizaes.

    A grande maioria dos custos gerais, todavia, de difcil atribuio aos produtos.

    Custos Indiretos de Fabricao (CIF) uma expresso consagrada no meio contbil-gerencial, mais apropriada para definir a natureza desses custos.

    Com base na anlise da definio apresentada, so exemplos de custos indiretos:

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  • Custos e sua classificao

    41

    materiais indiretos;

    mo de obra indireta:

    remunerao da gerncia/diretoria da fbrica;

    remunerao da equipe de supervisores etc.

    seguro fabril;

    energia eltrica (considerando a no separao do consumo por pro- duto);

    depreciao (considerando o uso compartilhado das instalaes):

    depreciao do imvel da fbrica;

    depreciao das instalaes de uso comum;

    depreciao de mveis e utenslios, mquinas e equipamentos.

    aluguel da fbrica etc.

    Comentaremos alguns exemplos de custos indiretos.

    Depreciao: comum encontrarmos referncias bi-bliogrficas que classifiquem a depreciao, amortizao e exausto como custos indire-tos. Todavia, se deve analisar as caractersticas do proces-so, a forma como os bens so alocados entre outros aspec-tos. Se os bens depreciados forem utilizados no processa-mento de um nico produto, a depreciao ser um custo direto. A classificao da de-preciao como custo direto ou indireto depende das ca-ractersticas de uso, condies de medio, tecnologia etc. Grande parte das depreciaes so custos indiretos.

    Os custos indiretos se caracterizaram por serem comuns, compartilhados

    (nenhum objeto exclusivamente responsvel

    por eles), genricos, desprovidos de especificidade em relao a qualquer objeto

    de custo. A sua relao com o produto, por exemplo,

    simplesmente indireta

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  • 42

    Custos e sua classificao

    Materiais indiretos: so aqueles consumidos, empregados em ativida-des indiretas, de suporte apenas. So exemplos de materiais indiretos:

    materiais consumidos/utilizados na manuteno de todas as mqui- nas e equipamento fabris e em imveis:

    material de limpeza;

    material destinado conservao;

    peas de reposio;

    lubrificantes etc.

    materiais consumidos para apoiar as operaes:

    moldes e modelos;

    ferramentas;

    materiais higinicos;

    material de expediente;

    material de segurana do trabalho.

    O nvel e o processo de consumo dos materiais indiretos podem variar entre as organizaes, posto que os processos so diferentes. Parte desses insumos so imediatamente utilizados, e de modo constante; outros no.

    Alguns desses materiais possuem durabilidade superior a 12 meses, outros duram bem menos. o caso de algumas ferramentas, moldes e mo-delos. comum nesses casos surgir a

    dvida: se tm durabilidade superior a um ano, no seria melhor ativar o gasto em lugar de contabiliz-lo como custo? Quando o valor dos itens for imaterial e seu uso, contnuo, ainda que tenham durabilidade mdia de um ano, podemos classific-lo como custo, sem prejuzo da informao.

    Todos os materiais utilizados na conduo das atividades indiretas sero classificados, automaticamente, como indiretos.

    A mo de obra indireta , geralmente, o inverso

    da mo de obra cujos profissionais tm contato

    direto com mquinas, equipamentos e produtos

    finais especficos de um processo particular

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  • Custos e sua classificao

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    So exemplos de atividades indiretas:

    atividades de suporte fbrica;

    atividades gerenciais e comerciais.

    Mo de obra indireta: a mo de obra indireta diz respeito ao pessoal de chefia/coordenao da mo de obra direta, ou ainda funcionrios usados em diferentes processos. Geralmente essa mo de obra formada por pes-soas que no trabalham diretamente com esse ou aquele produto, ou outro objeto de custos; que no manipulam materiais, equipamentos ou proces-sos. Compe-se de salrios e encargos.

    A mo de obra indireta atua como apoio ou suporte aos processos como um todo. Padoveze (2003, p. 50) salienta que:

    Algumas especializaes como modeladores, ferramenteiros, modelistas, apesar de trabalharem muito prximos dos produtos finais e com atividades muito semelhantes s desenvolvidas pela mo de obra direta, participam apenas de atividades antecedentes produo.

    Essa mo de obra, apesar da proximidade dos processos, tratada como indireta em razo da natureza de sua relao com estes e os respectivos pro-dutos finais.

    Lembre-se: as atividades diretas so repetitivas; as indiretas, na maioria das vezes, no.

    Em geral, a maior parte dos custos em uma indstria tem natureza indire-ta. Cada vez mais os recursos tendem a ser compartilhados, at mesmo em razo da necessidade de economicidade no uso dos recursos.

    A classificao quanto natureza tambm pode alcanar as despesas.

    As despesas diretas so aquelas facilmente associveis s receitas. Ana-logamente aos custos diretos, as despesas diretas so as que podem ser fa-cilmente quantificadas e apropriadas em relao s receitas de vendas e de prestao de servios (PEREZ JNIOR, 2001, p. 25).

    So exemplos de despesas diretas:

    impostos incidentes sobre faturamento;

    despesas de fretes;

    despesa de seguro de transporte etc.

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    Custos e sua classificao

    As despesas indiretas so aquelas difceis de serem associadas a esse ou aquele produto. A atribuio dessas despesas aos produtos imprecisa. Ge-ralmente, so consideradas como despesas do perodo e que no so distri-budas por tipo de receita (PEREZ JNIOR, 2001, p. 26).

    So exemplos de despesas indiretas:

    impostos sobre lucro;

    encargos financeiros;

    despesas administrativas em geral.

    Classificao dos custos quanto ao volumeOs custos (diretos e indiretos) quanto ao volume podem ser classificados

    em fixos, variveis ou mistos.

    A referncia dessa classificao o comportamento dos custos em rela-o quantidade produzida.

    Os custos fixos so aqueles mantidos estveis dentro de uma determi-nada faixa de produo. Acima dessa faixa, os custos ascendem a um novo patamar e voltam estabilidade. Essa transio de faixa de produo tem relao com a saturao ou esgotamento da capacidade instalada.

    Suponhamos que voc proprietrio de uma instituio de ensino supe-rior (IES) com capacidade instalada plenamente utilizada pelos cursos auto-rizados pelo MEC.

    Considerando que a capacidade est saturada, o que ocorrer se a admi-nistrao dessa IES resolver ofertar novos cursos?

    Certamente ter que realizar novos investimentos estruturais, pois segun-do informaes, a capacidade est saturada. Novos investimentos sero ne-cessrios. Essas aes elevaro o custo fixo total a um novo nvel, em razo, por exemplo, do(a):

    aluguel de novo espao fsico ( campus).

    compra de mquinas e equipamentos, mveis e utenslios (investi- mento que elevar o saldo de depreciao).

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  • Custos e sua classificao

    45

    contratao de seguro fabril para as novas instalaes.

    contratao de coordenadores e de equipe de apoio (biblioteca, secre- taria) para os novos cursos.

    Essa relao de aes e custos relacionados a Investimentos no exaustiva.

    Como se nota, os custos fixos no so indefinidamente fixos. So, na ver-dade, escalonados. Crescem ou decrescem em degraus. Talvez fosse mais apropriado usar o termo estvel no lugar de fixo para no dar essa falsa co-notao de estaticidade.

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    Figura 5 Custos fixos e capacidade.

    Nveis de gastos fixosdiferentes capacidades

    Volume

    Gastos fixos

    Gastos fixosDesinvestimento

    Volume

    Quando investimentos estruturais so realizados, os custos fixos se elevam.

    Suponhamos que o gestor de determinada empresa resolva expandir sua capacidade produtiva para abraar uma fatia maior de mercado. Para tanto, ter que adquirir novas mquinas, equipamentos, mais um imvel, alugar um galpo, contratar supervisores de produo etc.

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    Custos e sua classificao

    Ao comprarmos mquinas e equipamentos geramos um custo fixo deno-minado de depreciao.

    Ao adquirirmos mais um imvel (ou qualquer outro componente do ativo imobilizado) cresce o valor destinado ao imposto territorial urbano, que um custo fixo.

    O aluguel do galpo e a remunerao de supervisores tambm so custos fixos.

    Ao desinvestir, ou seja, desfazer-se de bens, o nvel de custos fixos tende a cair pelas mesmas razes.

    Os custos fixos no variam em determinado intervalo de tempo, nem a capacidade instalada, qualquer que seja a quantidade produzida.

    Os custos fixos permanecem estveis apenas dentro de uma faixa ou in-tervalo relevante de volume.

    Faixa relevante corresponde ao limite de volume dentro da qual um rela-cionamento especfico pode ser considerado vlido. Intervalo relevante a faixa de atividade dentro da qual so vlidas as hipteses sobre custos vari-veis e fixos (GARRINSON; NOREEN, 2001, p. 38).

    Eles existiro ainda que o volume de produo seja igual a zero.

    Alguns profissionais categorizam os custos fixos em:

    de capacidade;

    operacionais;

    programados.

    Essa classificao dos custos fixos alcana a sua diversidade.

    Os custos fixos de capacidade compreendem aqueles relacionados ao uso das instalaes, dos recursos que representam a capacidade de produ-o de uma fbrica.

    Exemplos: depreciao, amortizao, aluguel da fbrica, de equipamen-tos etc.

    Os custos fixos operacionais so aqueles essenciais operao das ins-talaes fabris.

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  • Custos e sua classificao

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    Exemplos: seguro fabril, imposto predial, gasto com superviso de fbri-ca, remunerao da diretoria de produo etc.

    Os custos fixos programados so aqueles no diretamente associados s operaes em curso, ou mesmo capacidade da fbrica, com os quais a administrao se comprometeu.

    Exemplos: gastos com pesquisa para o estudo de modificaes no pro-cesso, gasto com modernizao de processo etc.

    Os custos fixos tm as seguintes principais caractersticas:

    a) o valor total permanece constante dentro de determinada faixa da produo;

    b) o valor por unidade varia medida que ocorre variao no volume de produo, por tratar de um valor fixo diludo por uma quantidade maior;

    c) sua alocao para os departamentos ou centros de custo necessita, na maioria das vezes, de critrios de rateios determinados pela administrao;

    d) a variao dos valores totais pode ocorrer em funo de desvalorizao da moeda ou por aumento ou reduo significativa no volume de produo. (PEREZ JNIOR, 2001, p. 20)

    De fato, o custo fixo unitrio, razo entre o custo total e a quantidade pro-duzida, decresce medida que a produo aumenta, o que lgico j que as unidades adicionais produzidas diluem os custos fixos totais (quadro 2).

    Os custos fixos tambm podem ser categorizados em custos fixos com-prometidos e custos fixos discricionrios.

    Os custos fixos comprometidos representam um nvel mnimo de recur-sos. Esto relacionados estrutura mnima da entidade.

    Os custos fixos comprometidos geralmente surgem da posse de instalaes, equipamentos e de uma organizao bsica. Eles constituem grandes parcelas indivisveis do custo que a organizao est obrigada a incorrer, em geral, no consideraria eliminar. (HORNGREN et al.; 2004, p. 75)

    Somente mudanas na filosofia de processo e escopo de operaes tendem a modificar tais custos, mas no imediatamente.

    Os custos fixos discricionrios esto relacionados a objetivos especfi-cos, no guardando relao com a capacidade produtiva. Esses custos so geralmente oriundos do planejamento.

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    Custos e sua classificao

    Alguns custos so fixos em certos nveis porque a gesto decidiu que esses nveis de custos seriam incorridos para satisfazer objetivos da organizao. Esses custos fixos discricionrios no tm um relacionamento bvio com os nveis de capacidade ou de atividade de produo, mas so determinados como parte de um processo de planejamento peridico. (HORNGREN et al., 2004, p.75)

    Esses custos podero ser alterados mais facilmente ainda que o pero-do oramentrio esteja em curso, o que no ocorre com os custos fixos comprometidos.

    Apesar de ter sido usada a expresso custos fixos comprometidos e discri-cionrios, raciocnio anlogo se aplica s despesas.

    Exemplos:

    despesa de propaganda e de promoo;

    despesa de relaes pblicas;

    despesa de pesquisa operacional;

    doaes com finalidades filantrpicas;

    despesas de capacitao;

    despesa de servios (consultoria) etc.

    Os custos variveis (totais) so aqueles que variam na mesma proporo do volume de produo. Os custos variveis e a produo caminham em har-monia. Quanto maior for o volume produzido, maiores sero esses custos. O custo varivel unitrio constante (quadro 2).

    Os custos variveis tm as seguintes caractersticas:

    a) seu valor total varia na proporo direta do volume de produo;

    b) o valor constante por unidade, independentemente da quantidade produzida;

    c) a alocao aos produtos ou centros de custos , normalmente, feita de forma direta, sem a necessidade de utilizao de critrios de rateio. (PEREZ JNIOR, 2001, p. 22)

    Os custos mistos so aqueles que apresentam os dois tipos de compor-tamento, sendo composto por uma parcela fixa e outra varivel.

    Analisemos o exemplo da conta telefnica, que tem uma parcela fixa e outra varivel. A parcela fixa corresponde assinatura e minutos de franquia. A parcela varivel depende da utilizao do servio.

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  • Custos e sua classificao

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    Alguns autores denominam os custos mistos de semivariveis ou semifi-xos, atribuindo conceito particular a estes.

    Um exemplo de custo misto usualmente citado na literatura tcnica o custo de energia eltrica.

    comum as empresas contratarem a aquisio de energia eltrica sob duas modalidades: demanda e consumo. A aquisio por demanda implica na compra de uma determinada quantidade de quilowatts-hora (KW/h) por ms, de forma que a fbrica paga concessionria distribuidora de energia eltrica um determinado valor (fixo) por ms, mesmo que o consumo efetivo seja inferior ao contratado. Quando o consumo efetivo ultrapassa a quantidade de KW/h comprada por demanda, a fbrica paga o excedente em funo do consumo efetivo (varivel), de forma semelhante ao consumidor residencial. (CARDOSO et al., 2007, p. 53)

    A figura 6 ilustra o comportamento dos custos mistos.

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    Volume

    $

    Parcela fixa

    Ponto da virada

    Parcela varivel

    Custo misto total = parcela fixa + parcela varivel

    Figura 6 Composio dos custos mistos.

    Os custos mistos podem ter suas parcelas separadas.

    Suponhamos que voc alugue um equipamento industrial e que esse alu-guel tenha um componente fixo e outro varivel. At determinado nvel de produo o custo fixo e acima dele ser varivel.

    Nas anlises gerenciais desejvel que os custos mistos sejam segrega-dos em suas parcelas.

    O mtodo alto-baixo aplicado para atingir esse objetivo. Vejamos o passo a passo:

    1.: obtenha a quantidade produzida considerando um determinado pe-rodo. Organize esses dados em uma tabela.

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    Custos e sua classificao

    2.: indique o custo total correspondente a cada nvel de produo.

    Perodo Produo (unidades) Custo total (R$)

    O mtodo trabalha os nveis de atividade mais alto e mais baixo e os custos correspondentes para estimar as parcelas.

    Custo Misto Total = Parcela Fixa + Parcela Varivel

    Parcela Fixa = Custo Total Parcela Varivel

    3.: indique o nvel de atividade mais alto e mais baixo.

    Vejamos um exemplo:

    Perodo (meses) Produo (unidades) Custo total (R$)

    1 2 000 20.000

    2 1 500 15.000

    3 1 000 10.000

    4 4 500 50.000

    5 2 000 20.000

    6 500 15.000

    Nvel mais alto: 4 500 unidades

    Nvel mais baixo: 500 unidades

    Diferena de volume: 4 000 unidades

    Custo total mais alto: R$50.000,00

    Custo total mais baixo: R$15.000,00

    Diferena de custo total: R$35.000,00

    Como o custo unitrio varivel constante, temos que:

    Custo varivel unitrio = Diferena de custo total/ Diferena de volume = R$35.000,00/4 000 unidades = R$8,75

    Como os custos fixos no variam dentro de determinado intervalo de volume, a diferena entre o custo total e a parcela varivel ser o custo fixo.

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  • Custos e sua classificao

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    Custo misto total = Parcela fixa + Custo varivel unitrio . Volume

    Nvel mais alto:

    Custo misto total = Parcela fixa + Parcela varivel

    Sendo: parcela varivel = Custo varivel unitrio . volume

    R$50.000,00 = Parcela fixa + R$8,75 . 4 500 unidades

    Parcela fixa = R$10.625,00

    Nvel mais baixo:

    Custo misto total = Parcela fixa + Parcela varivel

    R$15.000,00 = Parcela fixa + R$8,75 . 500 unidades

    Parcela fixa = R$10.625,00

    Observe que a parcela fixa a mesma para o nvel mais alto e mais baixo.

    Existem outros caminhos para separao. A escolha cabe ao profissional de Contabilidade, o que tambm depende dos recursos sua disposio.

    A anlise dos custos fixos, variveis e mistos essencial em estudos prospectivos.

    At esse ponto fez-se referncia apenas aos custos fixos, variveis e mistos. Mas essa classificao tambm alcana as despesas.

    As despesas fixas so aquelas que no se alteram dentro de determina-da faixa de atividades geradoras de resultado. Essas despesas no guardam relao com o volume de vendas ou de servios prestados. Uma modifica-o no resultado no provoca qualquer modificao no valor total dessas despesas.

    So exemplos de despesas fixas: despesas financeiras, salrio do pessoal da administrao, despesa de aluguel da rea administrativa, seguro patri-monial dos escritrios etc.

    As despesas variveis so aquelas que se alteram de modo proporcional s vendas (receita gerada).

    So exemplos de despesas variveis: comisses pagas a vendedores, im-postos sobre faturamento (PIS, COFINS) etc.

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  • 52

    Custos e sua classificao

    As despesas mistas so aquelas que, analogamente aos custos mistos, possuem duas parcelas: uma fixa e outra varivel.

    Enquanto o direcionador dos custos fixos, variveis e mistos o volume, no caso das despesas a receita gerada.

    Um direcionador de custos ou receita corresponde ao fator causador da atividade responsvel pelo custo ou receita.

    Quadro 2 Tipos de gastos

    Categoria de gasto Gasto total Gasto unitrio (por unida-de de volume)

    Gastos fixos No se altera Diminui ou aumenta

    Gastos variveis Diminui ou aumenta No se altera

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    Talvez fosse mais apropriado usar o termo gasto em lugar de custo ou despesa para essa classificao.

    Os gastos (especificamente custos e despesas) podem ser classificados em fixos, variveis e mistos. O critrio a mudana no direcionador.

    Custo: volume, quantidade produzida.

    Despesa: vendas, atividades geradoras de receitas.

    Reescrevendo as definies de modo abrangente, enquanto o gasto va-rivel aquele que muda segundo as variaes do direcionador, o gasto fixo mantm-se estvel, no se influenciando por variaes no nvel do direcionador.

    Lembre-se: um direcionador o fator que causa o consumo de recursos.

    Uma entidade possui diversos direcionadores.

    A estabilidade dos custos fixos, por exemplo, depende de mudanas na estrutura produtiva (variao de capacidade).

    Como se pode verificar, a classificao dos gastos em variveis, fixos e mistos difcil porque, muitas vezes, estes no se comportam de modo linear, uma vez que so influenciados por outros direcionadores.

    Classificar custos como fixos ou variveis depende da situao de deciso. Mais custos so fixos e menos so variveis quando as decises envolvem extenses de tempo muito curtas e pouqussimas mudanas no nvel de atividade. (HORNGREN et al., 2004, p. 39)

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  • Custos e sua classificao

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    Nessa classificao consideramos um nico direcionador, que o volume.

    como se isolssemos os demais direcionadores, mas eles existem.

    Os custos fixos, por exemplo, permanecero estveis em relao ao volume, a menos que seja influenciado por outro direcionador ou fator exter-no (GARRINSON; NOREEN, 2001).

    Outros conceitos e classificaesOs gastos podem ser classificados, segundo a elaborao das demons-

    traes contbeis para fins externos em: gastos do produto e gastos do perodo.

    Os gastos do perodo so aqueles levados diretamente a resultado.

    Os gastos do produto, especificamente os custos, so aqueles inventari-veis, ou seja, so inicialmente acumulados em uma conta de estoque inter-mediria denominada de estoque de produtos em elaborao, para que, medida que as unidades do produto forem concludas, serem transferidas para a conta de estoque de produtos acabados. Quando vendidas, o custo correspondente ser transferido conta CPV (Custo dos Produtos Vendidos).

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    Figura 7 Gasto do produto e gasto do perodo.

    Gastos(custos)

    Estoque de produtos em elaborao

    Estoque de produtos acabados

    CPVApurao

    do resultado

    Apurao do

    resultado

    Gastos (despesas e custos em

    situaes especiais)

    Segundo a tomada de deciso, os custos podem ser classificados em:

    custo diferencial;

    custo irrecupervel;

    custo de oportunidade.

    As decises, de modo geral, envolvem escolhas de alternativas (anlise de opes). Cada uma delas possui vantagens e desvantagens, as quais devem ser cuidadosamente analisadas. Essa anlise requer comparao. Como ava-liar algo sem comparar?

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  • 54

    Custos e sua classificao

    O custo diferencial, tambm conhecido como custo incremental, repre-senta a diferena entre duas alternativas em estudo.

    Ao calcularmos a diferena entre duas receitas relacionadas a duas opes decisrias, obtemos a receita diferencial. Custo diferencial um termo geral, que engloba tanto os aumentos (custos incrementais) quanto as redues (custos decrementais) dos custos das alternativas (GARRINSON; NOREEN, 2001, p. 39).

    O conceito de custo diferencial aplicado muito naturalmente pelo gestor. Ao avaliar decises possveis, inevitavelmente os profissionais calculam o custo de cada uma e apuram diferenas, simulando situaes diversas.

    Os custos irrecuperveis, tambm denominados de sunk costs, ou ainda, de custos empatados, so aqueles que j foram incorridos, no sendo poss-vel alter-los em razo de qualquer deciso, atual ou futura.

    Esses custos no podero ser modificados por qualquer escolha, deven-do ser ignorados ao se tomar decises.

    Vejamos um exemplo: a empresa Modelo alguns anos atrs adquiriu um equipamento de produo, atualmente completamente obsoleto, sem mer-cado ou condies de uso.

    Em razo da sua desatualizao, no poder mais ser vendido, embora se lamente o investimento ou se tenha chegado concluso que a melhor alternativa decisria naquele momento era arrend-lo, e no compr-lo. Essa reflexo no importa mais porque no se poder retroagir deciso.

    Esse gasto, portanto, um custo irrecupervel, irrelevante para decises futuras. Por essa razo que ele tambm conhecido como custo perdido, afundado ou enterrado.

    Custos perdidos so valores j gastos no passado e que, mesmo que ainda no contabilizados totalmente como custos, o sero no futuro, por isso so irrelevantes para uma srie de decises, a no ser no que diz respeito a seus efeitos sobre o fluxo de caixa, principalmente por sua influncia na distribuio do imposto de renda ao longo dos exerccios. (MARTINS, 2003, p. 243)

    No exemplo citado, os custos irrecuperveis correspondem aos recursos empregados na compra (poderia ter sido na formao de ativos) que no

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  • Custos e sua classificao

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    possuem mais, em razo de fatores especficos, utilidade, ou seja, potencial de servio. No so mais fonte de benefcios futuros.

    Vejamos mais um exemplo: Eva adquiriu considervel volume de um determinado produto, a fim de ganhar condies para atender a pedidos potenciais. A medida no precedeu qualquer estudo de mercado. Com essa ao, manteve temporariamente estoques acima da quantidade usual. A previso otimista da gestora no se concretizou. A receita no era gerada, mas os custos continuavam ali.

    Para diminuir os custos de manuteno dos estoques, a nica alternativa era promover cada vez mais o produto para que o mesmo girasse e o exce-dente de estoque fosse desovado.

    Ocorreu que o produto tornou-se obsoleto e saiu de linha. Com isso as vendas, que j no estavam l grande coisa, caram significativamente.

    Os gastos incorridos na compra do produto, na manuteno do estoque do produto e na promoo do mesmo so exemplos de sunk costs. Essas par-celas de gastos no podero ser recuperadas.

    O custo de oportunidade consequncia da existncia de vantagem vinculada a uma alternativa decisria abandonada. Trata-se de um custo im-plcito, imputado.

    Um custo imputado aquele que, embora relevante para fins decisrios, no registrado contabilmente.

    Esses custos no so reportados pela Contabilidade (sistema de informa-es), no figurando, portanto, nos registros. Apesar disso, empregado nas decises com habitualidade, ainda que, intuitivamente, toda escolha decis-ria tenha um custo de oportunidade. Custo de oportunidade a vantagem potencial de que se abre mo quando uma alternativa escolhida em vez de outra (GARRINSON; NOREEN, 2001, p. 39).

    Como se v, um conceito de natureza econmica.

    Para Martins (2003, p. 234): Representa o custo de oportunidade o quan-to a empresa sacrificou em termos de remunerao por ter aplicado seus recursos numa alternativa ao invs de outra.

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    Custos e sua classificao

    a traduo literal do nus da renncia (o que se deixa de ganhar) em razo da escolha decisria.

    Os custos de oportunidade referem-se a quanto se deixa de ganhar, em prol do investimento, se, em vez de aplicados no projeto, os recursos fossem aplicados em alternativas de risco similar (SAMANEZ, 2007, p. 77).

    Na verdade, importante esclarecer que esse custo corresponde ao que a entidade deixa de ganhar por no ter escolhido a melhor opo entre aque-las disponveis e economicamente viveis (restries que devem ser consi-deradas na definio). No adianta listar opes que, naquele momento e contexto, no esto disponveis, muito menos que no so economicamente viveis.

    A anlise do custo de oportunidade depende do potencial de utilizao ou emprego dos recursos, da disponibilidade efetiva das opes decisrias e respectivas viabilidades. funo, ainda, do tempo em que estas alternativas estaro concretamente disponveis.

    Martins (2003, p. 234) enfatiza a dificuldade da anlise comparativa das alternativas: Normalmente, esse tipo de comparao tende a ser um pouco difcil, em funo principalmente do problema do risco.

    Cada alternativa possui um nvel de risco, o que gera necessariamente retornos diferentes.

    A anlise do custo de oportunidade importante porque ajuda o gestor a avaliar suas prprias decises.

    O conceito muito til e empregado no estudo de viabilidade de pro-jetos, decises. Apesar dos benefcios informativos, deve-se ressaltar que a anlise impe dificuldades, todas de ordem prtica.

    Os custos, segundo os propsitos da deciso, podem ser relevantes ou irrelevantes

    Os custos relevantes so aqueles cuja anlise importante para que de-terminada deciso seja tomada.

    Os custos irrelevantes so aqueles cuja anlise no importa determi-nada deciso.

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  • Custos e sua classificao

    57

    O critrio de relevncia no esttico, e sim, dinmico. Um custo no ser indefinidamente relevante ou irrelevante, posto que sua importncia rela-tiva, ou seja, depende da deciso.

    Assim, um custo poder ser relevante para uma deciso e no s-lo para outras. A referncia da relevncia a natureza da deciso.

    A empresa Modelo est estudando a possibilidade de terceirizar seu pro-cesso produtivo. Quais seriam os custos relevantes? So exemplos de custos relevantes para essa deciso em particular: custo de materiais diretos e demais insumos produtivos, de mo de obra direta etc.

    Segundo a facilidade de eliminao, os custos podem ser categorizados em eliminveis e no eliminveis.

    Os custos eliminveis so aqueles que podem ser eliminados em um curto prazo em decorrncia da deciso da administrao. So custos flex-veis. Assim, caso a administrao da entidade opte por encerrar temporaria-mente as atividades, esses custos podero ser eliminados.

    Os custos no eliminveis so aqueles que no podero ser eliminados, mesmo com a total suspenso das atividades.

    Essa classificao ganha maior importncia quando se avalia a possibili-dade de suspenso temporria de atividades.

    Os custos podem ser desembolsveis e no desembolsveis.

    Os custos desembolsveis so aqueles que obrigam ao desembolso, no presente ou no futuro.

    Os custos no desembolsveis so aqueles que no geram desembolso, ou seja, sada de caixa.

    Segundo o parmetro controle, os custos podem ser classificados em controlveis e no controlveis.

    Os custos controlveis so aqueles que podem ter seu comportamento influenciado pelas decises da administrao.

    Os custos no controlveis so aqueles que a administrao no conse-gue influenciar o comportamento, no tendo qualquer controle sobre ele.

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  • 58

    Custos e sua classificao

    Quanto ocorrncia, os custos podem ser categorizados em:

    custos primrios ou bsicos;

    custos de transformao ou converso;

    custo fabril;

    custo dos produtos fabricados;

    custo dos produtos vendidos.

    O custo primrio, tambm denominado de custo bsico, relaciona-se ao consumo de materiais diretos e utilizao da mo de obra. Esses itens so considerados custos primrios (condio sine qua non de produo).

    Alguns autores consideram como custos primrios apenas a matria- -prima consumida e mo de obra utilizada.

    Materiais diretos consumidos = Materiais diretos consumidos + Mo de obra empregada no processo.

    Muitas vezes, os conceitos de custos primrios e diretos so confun-didos.

    O custo primrio parte do custo direto. Existem outros custos diretos alm de materiais e mo de obra.

    O custo de transformao, tambm denominado de custo de converso, relaciona-se ao esforo efetivo de fabricao. Compreende todos os custos, exceto custo de matria-prima e outros insumos comprados e usados sem qualquer transformao.

    Custo de transformao = Mo de obra direta + Gastos gerais de fabricao

    O custo fabril ou de produo do perodo compreende a soma dos custos incorridos em determinado perodo.

    O custo dos produtos fabricados ou custo da produo acabada equi-vale ao custo fabril ajustado pelo saldo de estoque de perodos anteriores.

    O custo dos produtos vendidos (CPV) corresponde aos custos das uni-dades efetivamente comercializadas no perodo.Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,

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  • Custos e sua classificao

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    Quadro 3 Custos segundo sua ocorrnciaComposio do custo e fluxo de produo

    (+) Estoque inicial de materiais diretos

    (+) Aquisies de materiais diretos

    () Estoque final de materiais diretos

    (=) MATERIAL CONSUMIDO

    (+) Mo de obra direta

    (=) CUSTO PRIMRIO

    (+) Outros insumos diretos

    (=) CUSTO DIRETO

    (+) Gastos gerais de fabricao (mo de obra indireta, depreciao, aluguel, energia, combustvel etc.)

    (=) CUSTO DA PRODUO

    (+) Estoque inicial de produtos em elaborao

    () Estoque final de produtos em elaborao

    (=) Custo dos produtos fabricados

    (+) Estoque inicial de produtos acabados

    () Estoque final de produtos acabados

    (=) CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS (CPV)

    Yum

    ara

    Vasc

    once

    los.

    O quadro 3 mostra como os custos so calculados ao longo do processo produtivo.

    Yum

    ara

    Vasc

    once

    los.

    Figura 8 Ciclo contbil.

    Estoque de materiais diretos

    Estoque inicial+ Compras Materiais requisitados

    Por meio de requisies

    Estoque de produtos em elaborao

    Estoque inicialMateriais consu-

    midos Mo de obra

    Outros custos

    Produtos concludos

    Estoque de produtos acabados

    Estoque inicial+ Produtos concludos

    Produtos vendidos

    Custo dos produtos vendidos

    Estoque inicial

    + Produtos vendidos

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  • 60

    Custos e sua classificao

    A figur