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Goiânia - GO, 27 a 30 de julho de 2014 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural SISTEMAS AGROFLORESTAIS EM ÁREA DE VÁRZEA: EXPERIÊNCIAS DOS RIBEIRINHOS CAMPONESES INOVADORES NO MUNICÍPIO DE IGARAPÉ - MIRI, TERRITÓRIO DO BAIXO TOCANTINS DO ESTADO PARÁ - AMAZÔNIA AGROFORESTRY SYSTEMS IN AREA VÁRZEA: EXPERIENCES COASTAL FARMERS IN THE CITY OF INNOVATIVE IGARAPÉ - MIRI, TERRITORY OF THE STATE BAIXO TOCANTINS PARÁ - AMAZÔNIA Acenet Andrade da Silva 1 ; Ligia Paula Cabral do Rosario¹; Roberta de Fátima Rodrigues Coelho 1 ; Adebaro Alves dos Reis 1 ; Oriana Trindade de Almeida 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará- Campus Castanhal/Núcleo de Pesquisa em Desenvolvimento Rural Sustentável, Cooperativismo e Economia Solidária 1 ; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará- Campus Castanhal/Núcleo de Estudos em Recursos Florestais 1 ; Universidade Federal do Pará/Núcleo de Altos Estudos Amazônicos 2 [email protected] 1 ; [email protected] 1 ; [email protected] 1 ; [email protected] 1 ; [email protected] 2 Grupo de Pesquisa: Agropecuária, Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Resumo Os sistemas Agroflorestais (SAFs) têm sido utilizados como alternativa de desenvolvimento rural sustentável na agricultura. Nessa perspectiva, o trabalho tem como objetivo de disseminar as experiências inovadoras desenvolvidas pelos ribeirinhos camponeses a partir da implantação de Sistemas Agroflorestais em áreas de várzea, do município de Igarapé- Miri, Território do Baixo Tocantins do Estado do Pará. O processo metodológico da pesquisa teve uma abordagem interdisciplinar, com enfoque aos procedimentos da pesquisa qualitativa e quantitativa com a utilização de métodos e técnicas que envolverão a realização de pesquisa de campo, observação participante, realização de entrevista, aplicação de questionário semiestruturado e análise de conteúdo. Os resultados mostraram que as Unidades Produtivas Familiares (UPF) possuem varias espécies vegetais, entre elas de culturas anuais, perenes, e essências florestais nativas da região de várzea. A produção do açaí (Euterpe oleraceae Mart.) é a principal atividade agrícola dos agricultores familiares na área de várzea de Igarapé Miri. A adoção de SAFs é uma inovação encontrada dentro das comunidades dos ribeirinhos camponeses, que priorizam essas práticas levando em conta importância da produção econômica do açaí. Mais também a conservação dos recursos naturais da Amazônia e modificando sua relação sociedade natureza, por isso necessita ser incentivado. Palavras-chave: Sistemas Agroflorestais, Agricultores Inovadores, Desenvolvimento Rural Sustentável, Ecossistema de Várzea, Igarapé Miri.

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SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

SISTEMAS AGROFLORESTAIS EM ÁREA DE VÁRZEA: EXPERIÊNCIAS DOS

RIBEIRINHOS CAMPONESES INOVADORES NO MUNICÍPIO DE IGARAPÉ -

MIRI, TERRITÓRIO DO BAIXO TOCANTINS DO ESTADO PARÁ - AMAZÔNIA

AGROFORESTRY SYSTEMS IN AREA VÁRZEA: EXPERIENCES

COASTAL FARMERS IN THE CITY OF INNOVATIVE IGARAPÉ - MIRI,

TERRITORY OF THE STATE BAIXO TOCANTINS PARÁ - AMAZÔNIA

Acenet Andrade da Silva1; Ligia Paula Cabral do Rosario¹; Roberta de Fátima Rodrigues

Coelho1; Adebaro Alves dos Reis

1; Oriana Trindade de Almeida

2

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará- Campus Castanhal/Núcleo de

Pesquisa em Desenvolvimento Rural Sustentável, Cooperativismo e Economia Solidária1;

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará- Campus Castanhal/Núcleo de

Estudos em Recursos Florestais1; Universidade Federal do Pará/Núcleo de Altos Estudos

Amazônicos2

[email protected]; [email protected]

1;

[email protected]; [email protected]

1; [email protected]

2

Grupo de Pesquisa: Agropecuária, Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

Resumo

Os sistemas Agroflorestais (SAFs) têm sido utilizados como alternativa de desenvolvimento

rural sustentável na agricultura. Nessa perspectiva, o trabalho tem como objetivo de

disseminar as experiências inovadoras desenvolvidas pelos ribeirinhos camponeses a partir da

implantação de Sistemas Agroflorestais em áreas de várzea, do município de Igarapé- Miri,

Território do Baixo Tocantins do Estado do Pará. O processo metodológico da pesquisa teve

uma abordagem interdisciplinar, com enfoque aos procedimentos da pesquisa qualitativa e

quantitativa com a utilização de métodos e técnicas que envolverão a realização de pesquisa

de campo, observação participante, realização de entrevista, aplicação de questionário

semiestruturado e análise de conteúdo. Os resultados mostraram que as Unidades Produtivas

Familiares (UPF) possuem varias espécies vegetais, entre elas de culturas anuais, perenes, e

essências florestais nativas da região de várzea. A produção do açaí (Euterpe oleraceae Mart.)

é a principal atividade agrícola dos agricultores familiares na área de várzea de Igarapé Miri.

A adoção de SAFs é uma inovação encontrada dentro das comunidades dos ribeirinhos

camponeses, que priorizam essas práticas levando em conta importância da produção

econômica do açaí. Mais também a conservação dos recursos naturais da Amazônia e

modificando sua relação sociedade natureza, por isso necessita ser incentivado.

Palavras-chave: Sistemas Agroflorestais, Agricultores Inovadores, Desenvolvimento Rural

Sustentável, Ecossistema de Várzea, Igarapé Miri.

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Abstract

The Agroforestry systems (AFS) have been used as an alternative for sustainable rural

development in agriculture. In this perspective, the study aims to disseminate the innovative

experiences developed by coastal farmers from the implementation of agroforestry systems in

lowland areas, the municipality of Igarapé Miri, Território Baixo Tocantins State of Pará The

methodological approach of the research had an interdisciplinary approach, focusing on

procedures of qualitative and quantitative research with the use of methods and techniques

that involve conducting field research, participant observation, conducting interviews,

administering semi-structured questionnaire and content analysis. The results showed that the

Productive Family Unit ( UPF ) have several plant species, including annual , perennial crops,

and native forest species of the lowland region. The production of açaí (Euterpe oleracea

Mart.) Is the main agricultural activity of farmers in the lowland area of Igarapé Miri. The

adoption of agroforestry systems is an innovation found within riverine communities of

peasants, who prioritize these practices taking into account the importance of the economic

output of the açaí berry. More also conserving natural resources of the Amazon and

modifying its relationship society nature, so needs to be encouraged.

Key words: Agroforestry systems, innovative farmers, sustainable rural development, meadow

ecosystem, Igarapé Miri.

1. Introdução

O processo de desenvolvimento na Amazônia tem sido à custa do uso indiscriminado

dos seus ecossistemas naturais. Porém a Amazônia está passando por uma fase de completa

transformação e necessita de alternativas ambientalmente corretas e socialmente justas para o

aproveitamento e ocupação do solo, em especial as áreas já abertas e exauridas pela ação

antrópica com reflexos na qualidade de vida, desenvolvimento econômico e recuperação do

meio ambiente (PORRO, 2009).

O município de Igarapé-Miri apresenta mais de 60% de seu território em área de

várzea e é responsável por mais da metade da produção de alimento consumido no município,

em especial o açaí (Euterpe oleraceae Mart.), por sua importância econômica e social no

território municipal.

Na última década, o fruto do açaizeiro foi transformado no principal produto para a

economia regional, e consequentemente vem ocasionando a transformação do ecossistema de

várzea em áreas de monocultivo de açaizais, devido o manejo intensivo. Segundo Nogueira

(1997) nas áreas de várzea destinadas a produção de frutos de açaí ocorre a retirada dos

estipes de açaizeiros em excesso das touceiras e de algumas plantas de espécies existentes na

área, com a finalidade de reduzir a grande concorrência entre elas. Oliveira; Neto (2005)

corroboram que o manejo do açaí sucede através de um conjunto de técnicas específicas, cujo

objetivo é aprimorar o cultivo do fruto, visando o aumento da produtividade para os

agricultores.

Porém o manejo nas áreas de várzea esconde riscos ambientais que podem ganhar

magnitude e que precisam ser considerados. A transformação do frágil ecossistema de várzeas

em bosque homogêneo de açaizeiros, com construção de canais, grande movimentação de

barcos a motor, ocasionará efeitos na flora e na fauna. E contínua extração de frutos precisa

ser avaliada com relação à reposição de nutrientes proporcionada pelas marés diárias, em

horizonte de médio e longo prazo. (HOMA et al. 2006).

Assim o cenário econômico, ambiental e social tem mostrado a necessidade de

fortalecer um novo paradigma agrícola, baseado em uma abordagem inovadora e criativa que

considere não só a produção, mas, também a preservação dos recursos naturais, a produção de

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alimentos. O novo paradigma deve surgir a partir de conhecimentos tradicionais e de práticas

agrícolas de caráter mais sustentáveis, a partir de tecnologias apropriadas aos pequenos

produtores rurais (BRANDÃO E BRANDÃO, 2009).

Neste contexto, alguns agricultores familiares de área de várzea, do município de

Igarapé Miri, que não tiveram êxito em acessar as políticas públicas governamentais (crédito,

assistência técnica, e comercialização) e logo com poucas perspectivas resolveram inovar as

unidades de produção familiar (UPF) com a introdução de SAFs. De tal modo, estes atores

sociais podem ser denominados como “agricultores inovadores”.

Os sistemas Agroflorestais têm sido utilizados como alternativa de desenvolvimento

rural sustentável na agricultura. Nessa perspectiva, o trabalho tem como objetivo de

disseminar as experiências inovadoras desenvolvidas pelos ribeirinhos camponeses a partir da

implantação de Sistemas Agroflorestais em áreas de várzea, do município de Igarapé Miri,

Território do Baixo Tocantins do Estado do Pará.

2. Metodologia

2.1 A várzea do município de Igarapé-Miri/PA como Locus da Pesquisa

O presente trabalho foi realizado no município de Igarapé Miri, localizado no território

do Baixo Tocantins, estado do Pará, o território abrange uma área de 36.024,20 Km² e é

formada por 11 municípios: Abaetetuba, Acará, Baião, Barcarena, Cametá, Igarapé Miri,

Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Moju, Oeiras do Pará e Tailândia.

O Território do Baixo Tocantins é composto por áreas de várzea (ilhas) e terras firmes,

caracterizadas por uma extensa relação da população com o meio natural. Sua população

reside em área de várzea dependente da acessibilidade fluvial, da pesca, do extrativismo e da

agricultura familiar (Cardoso et al., 2007).

A várzea do Território do Baixo Tocantins é marcada por ilhas fluviais, banhadas

pelas águas do estuário do Rio Tocantins, entrecortadas por uma série de cursos d’água

conhecidos como furos e igarapés. O solo de várzea está localizado nas margens dos rios,

sendo adubados e drenados naturalmente pelas enchentes periódicas. São ricos em húmus

(matéria orgânica), que são depositados às margens dos rios (REIS, 2008; MDA, 2009).

O município de Igarapé Miri possui aspectos físicos e territoriais bastante

diversificados, resultante dos seus recursos naturais, das formas de ocupação do território, da

paisagem e de sua evolução histórica. Possui uma área territorial de 1.996,82 km² e uma

densidade demográfica de 30,87 hab/Km².

É formado por extensa área de várzeas úmidas, periodicamente inundadas, possui 10

ilhas: Ilha Mamangal, Ilha Sumauma , Ilha Buçu, Ilha Jarimbu, Ilha Panacauera-miri , Ilha

Mutirão, Ilha Mauba, Ilha Itaboca, Ilha Pindobal Grande, PAE Complexo Batuque, nessas

ilhas ( figura 1), estão localizados os núcleos comunitários. (REIS, 2008).

O cenário natural da área de várzea de Igarapé Miri é formado por uma vegetação de espécies

hidrófilas (que gostam de água), latifoliadas (de folhas largas), intercaladas com palmeiras,

dentre as quais se destaca o açaí, por ser de grande importância na alimentação da população

local. A vegetação terrestre é predominantemente de espécies frutíferas, como o açaí, o buruti

(Mauritis flexuosa), o cacau (Theobroma cacao), e outras espécies silvestres das florestas de

várzea (REIS, 2008; REIS; ALMEIDA, 2012).

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Figura 01 – Região de Várzea de Igarapé-Miri. Fonte: Reis, (2008).

As áreas de várzea são formadas por extensa área de úmidas, periodicamente

inundadas, que sofrem influencia diária da maré. Os rios da região são utilizados como vias

para transporte de cargas e pessoas. Dessa condição natural, a população se articula

diretamente com os rios, que são utilizados como via de transporte, constituindo um fator de

integração socioeconômica, reservatório de recursos naturais para o consumo doméstico, tais

como a pesca, além de possibilitar o escoamento da produção agrícola e extrativista, assim

como facilita a intercomunicação com a sede do município e entre municípios vizinhos

localizados no Baixo Tocantins e com a capital do Estado (COSTA, 2006; REIS, 2008; REIS;

ALMEIDA, 2012).

As várzeas possuem uma rica biodiversidade que são de grande importância tanto

ecologicamente quanto para as atividades econômicas das populações ribeirinhas no

município de Igarapé Miri. Os habitantes desse local são conhecidos como ribeirinhos que

vivem da extração e manejo dos recursos florestais e aquáticos, bem como da agricultura

familiar.

O estudo foi focado na população conhecida como ribeirinhos que residem nas

proximidades dos rios e têm a pesca artesanal e o extrativismo como principal atividade de

subsistência e cultivam pequenos roçados para consumo próprio. Para melhor compreensão

dos habitantes da várzea, iremos denomina-los de ribeirinhos camponeses.

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2.2 Material e Método

O processo metodológico da pesquisa teve uma abordagem interdisciplinar, com

enfoque aos procedimentos da pesquisa qualitativa e quantitativa com a utilização de métodos

e técnicas que envolverão a realização de pesquisa de campo, observação participante,

realização de entrevista, aplicação de questionário semiestruturado e análise de conteúdo.

A pesquisa de campo foi realizada no período de julho de 2013 à janeiro de 2014. A

coleta de dados foi através de visitas in locus nas áreas dos agricultores familiares ribeirinhos.

O enfoque desse estudo foi o conhecimento sobre a adoção SAF, o uso e o manejo dos

agroecossistemas nas unidades produtivas de várzeas pelos agricultores familiares ribeirinhos.

As técnicas empregadas, neste estudo, foram: caminhada transversal, aplicação de

questionário, realização de entrevistas abertas, conversas informais, diário de campo e

observação participativa. Inicialmente, foram articuladas famílias de agricultores familiares

ribeirinhos inovadores indicados pelas lideranças da Associação Mutirão de Igarapé Miri.

Durante a pesquisa realizou-se caminhada transversal que para Souza (2009) consiste

em andar numa determinada área, a fim de compreender o meio biofísico em estudo, com

auxilio de informantes locais que conheçam bem a região. Nessa caminhada observa-se todo o

local por onde se passa, realizando as devidas anotações a respeito, para o qual deve se estar

atento e indagando ao proprietário sobre questões pertinentes àquele local, sobre situações no

passado, a situação social presente, perspectivas, potencialidades e limitações.

A técnica da observação participante abrangeu principalmente três importantes

categorias que foram pesquisadas: o meio envolvente, ou seja, o ecossistema (várzea), os

ribeirinhos camponeses a as propriedades familiares rurais. Essa técnica consistiu numa

observação real dos pesquisadores no cotidiano das famílias e das propriedades rurais nas

áreas de estudos em questão.

2.3 Bases conceituais e operativas sobre Sistemas Agroflorestais (SAFs)

A atividade agrícola, aliada a outras atividades econômicas, tem sido responsável pelo

surgimento de extensas áreas alteradas na região amazônica. Uma alternativa para

recuperação dessas áreas é a implementação de sistemas agroflorestais (SAFs), os quais

apresentam inúmeras vantagens do ponto de vista ecológico e socioeconômico, quando

comparados aos monocultivos, pois diversificam a produção, melhoram a conservação do

solo e, ao mesmo tempo, reduzem a pressão sobre os recursos naturais (VIEIRA et al. 2007).

Os Sistemas agroflorestais (SAFs) surgem como alternativas para o uso sustentável da

terra e dos recursos naturais, por meio de formas produtivas que traz benefícios econômicos,

ambientais e sociais, principalmente para pequena produção familiar. Os Sistemas

Agroflorestais (SAFs) são formas de uso e manejo dos recursos naturais nas quais espécies

lenhosas (árvores, arbustos, palmeiras) são utilizadas em associação deliberada com cultivos

agrícolas ou com animais no mesmo terreno, de maneira simultânea ou em sequencial

temporal (OTS; CATIE, 1986; NAIR, 1989; YOUNG, 1990; MONTAGNINI, 1992;

VIANA,et al., 1996; ABDO, 2008).

O Sistema Agroflorestal (SAF) é um sistema de uso da terra com a introdução ou

retenção deliberada de árvores em associação com outras culturas perenes ou anuais e/ou

animais, apresentando mútuo benefício ou alguma vantagem comparativa aos outros sistemas

de agricultura resultante das interações ecológicas e econômicas. Pode apresentar várias

disposições em espaço e tempo, e deve utilizar práticas de manejo compatíveis com o

produtor (NAIR, 1989; YOUNG, 1990, apud ABDO, 2008. P.53)

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MacDicken e Vergara (1990) apud Barros (2010) definiram sistema agroflorestal

como sendo um sistema de uso da terra que envolve deliberada retenção, introdução ou

mistura de árvores ou outras espécies perenes lenhosas na produção animal e culturas,

para benefício das interações ecológica e econômica resultantes.

Para ABDO (2008), os Sistemas Agroflorestais constituem sistemas de uso e ocupação

do solo em que plantas lenhosas perenes (árvores, arbustos, palmeiras) são manejadas em

associação com plantas herbáceas, culturas agrícolas e/ou forrageiras e/ou em integração com

animais, em uma mesma unidade de manejo, de acordo com um arranjo espacial e temporal,

com alta diversidade de espécies e interações ecológicas entre estes componentes.

Um sistema agroflorestal tem a finalidade de conservação ou recuperamos a natureza.

Isso é possível porque nessa forma de produção procura estimular a biodiversidade. Segundo

Nara (2010), os SAFs possuem uma grande semelhança com os ecossistemas naturais,

apresentando uma elevada biodiversidade, complexa estrutura e grande acúmulo de biomassa

gerada.

De acordo com Franco (2000), os Sistemas Agroflorestais (SAFs) constituem uma boa

opção para os produtores rurais, pois se pode conciliar a produção de alimentos, conservação

dos recursos naturais e a manutenção da biodiversidade. Representando uma forma

sustentável de interação entre o homem e o meio ambiente. Os sistemas agrofloretais surgem

como alternativa para a realidade da agricultura familiar em área de várzea visto que pode

promover autonomia, possibilitar a segurança alimentar, e incluir a biodiversidade local.

3. Resultados e Discussões

O desenvolvimento do estudo possibilitou conhecer a realidade dos ribeirinhos

camponeses da várzea do município de Igarapé Miri e suas diversidades e diferenciações de

sistemas de produções locais, o que tornam importantes os estudos dessas áreas específicas.

Na área de várzea de Igarapé Miri, o açaí é uma planta nativa da região amazônica, e

componente essencial do sistema de produção, devido a sua importância cultural e econômica

para a região.

Segundo Homma et al (2006) relata que nas áreas de várzeas, o manejo excessivo de

açaizeiros transformado em matas homogêneas. Ocorrendo o aumento do “carrying capacity”

privilegiando os açaizeiros levando a formação de maciços homogêneos, como se fosse um

plantio domesticado. Porém alguns produtores familiares ribeirinhos inovadores do Município

de Igarapé Miri estão fazendo a diferença no seu modo de produção agrícola com a adoção de

SAFs.

Neste contexto as inovações sustentáveis também têm a oportunidade de gerar bons

resultados complementares em âmbitos econômico, ambiental e social. O tema inovação,

nesse cenário internacional, tem sido discutido fundamentalmente em relação às dimensões

econômicas, tais como competitividade e investimentos. Porém, cada vez mais existem

autores destacando a importância de trazer à baila as dimensões ambiental, social, entre outras

(ANDRADE, 2004). Portanto, a abordagem com foco na inovação tem a oportunidade de

contemplar amplamente a noção de desenvolvimento sustentável. Assim a denominação

“agricultores inovadores” estabelecido por Oliveira (2006) refere-se aqueles que não se

limitaram ao sistema de corte e queima e resolveram inovar estendendo os tradicionais

quintais para outras parcelas produtivas. São agricultores que resolveram mudar seus sistemas

de produção, visando não só o econômico, mais o ambiental e social.

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3.1 Experiências dos agricultores inovadores de Igarapé Miri

O trabalho destaca a experiência de duas UPF dos agricultores familiares ribeirinhos

do município de Igarapé Miri, que são referencia nas comunidades pesquisadas. A inovação

está na adoção de SAFs em suas áreas de produção como estratégia de manter a qualidade do

produto na hora da colheita, além de proporciona novos redesenhos adaptados para área de

várzea, assim construído estratégia para um desenvolvimento rural sustentável. Foi

identificada na Unidade Produtiva Familiar localizada na comunidade Mamangal a existência

de três parcelas de agroecossistemas distintos (Quadro 1).

Quadro 1- Agroecossistemas identificados na UPF do Sr. Mauro na área de várzea,

comunidade Mamangal, Município de Igarapé – Miri, PA.

Parcela 1 Monocultivo de

Açaí

Área que foi retirada a vegetação para a maior incidência

de luminosidade, com implantação de mudas de açaí.

Parcela 2

Açaí + frutíferas

+ espécies

florestais (SAF)

Área mais produtiva devida a diversificação das

frutíferas ao longo do ano, as essências florestais o uso

dos frutos de açaí gerando grande valores econômico

para a região.

Parcela 3 Mata Área de preservação, importante para a fauna e flora de

espécies nativas na propriedade. Fonte: (Pesquisa de Campo, 2014).

O quadro mostra que a parcela 1 , o agricultor familiar ribeirinho maneja a área de

forma intensiva, com a retirada de todas as espécies, com o objetivo de maior incidência de

luminosidade para a condução da cultura do açaí, e maior produtividade. (Figura 2). Contudo

o agricultor afirmar que a parcela de monocultivo produz na entressafra, porém não é a

melhor forma de produção da cultura do açaí na área de várzea, pois com a experiência do

mesmo, foi relatado que durante o forte verão, devido às mudanças climáticas, a incidência de

secas dos frutos, o que faz muito dos agricultores ter uma baixa produção. Além disso,

despertar para a transição do redesenhos do sistema de produção para SAF, como alternativa

de minimizar as consequências provocadas pela problemática ambiental na região.

Figura 2 - Parcela de produção de açaí em monocultivo, maior

incidência de luminosidade para a condução da cultura do açaí na área

de várzeas, comunidade Mamangal. Fonte: (INCUBITEC, 2014).

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Jardim e Vieira (2001) expõem que o adensamento excessivo dos açaizais também

pode provocar o aparecimento de pragas, prejudicar a qualidade de frutos devido ao excesso

de insolação, causado pela eliminação não criteriosa das outras árvores na área de várzea.

A Parcela 2 a Experiência com SAF realizada pelo agricultor apresenta os primeiros

resultados promissores, principalmente pela amortização de seus custos de implantação,

quando destinados à recuperação de áreas alteradas. O arranjo e SAF têm sido trabalhados na

área e integram, principalmente, os seguintes componentes: florestal e frutíferas. (Tabela 1).

O agricultor ribeirinho camponês Sr. Mauro é um dos agricultores inovadores, a partir do ano

de 2000 começou a implantação de SAFs em sua unidade de produção, demonstrando uma

conscientização ambiental (Figura 3).

Tabela 1- Espécies identificadas em uma unidade de produção familiar na área de várzea, na

comunidade Mamangal, Igarapé Miri, Pará, 2014. Tipos de usos: A= Alimentação; C=

comercialização; M= Madeira; S= sombra; O =outros usos.

Nome Popular Nome Científico Uso

Acerola Malpighia glabra A

Andiroba Carapa guianensis Aubl. S,O

Buriti Mauritia flexuosa L. A,S

Banana Musa SP A

Bacuri miri Platonia insignis Mart A,O

Cacau Theobroma cacao L. A,C

Cupuaçu Theobroma grandiflorum Schum A

Cedro Cedrela odorata L. M,S, O

Imbaúba Cecropia palmata Mart O

Jutaí Hymenaea oblongifolia Hubber O

Limão Citrus SP A

Manga Magifera indica L. A

Murumuru Astrocaryum murumuru Mart O

Pracauúba Mora paraensis Ducke M, S,O

Bussu Manicaria saccifera O

Seringueira Hevea brasiliensis Muell. S,O

Ucuúba Virola surinamensis M,S,O

Taperebá Spondias mobim A,S

Jenipapo Genipa americana L. S,O

Açai Euterpe oleracea Mart C,A,O

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

Na unidade a cultura principal é o açaí, porém outras culturas que se destaca nos

redesenhos da propriedade, como cacau, cupuaçu, e outras. A finalidade dessas culturas é a

alimentação e complementação da renda familiar. Na qual são associados a outras espécies

florestais nativas da área de várzea como Andiroba, Ucuúba, Cedro, Bacuri miri, Jutaí, com a

principal finalidade de sombreamento, madeira e adubação.

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Figura 3 - Parcela com SAF, com arranjo constituído por açaí e

espécies florestais nativas da área de várzea, Ilha Mamangal,

Igarapé Miri, PA. Fonte: INCUBITEC, (2014).

Nessa parcela o produtor realiza técnicas para aumento da produção dos frutos de

açaí, como a realização da incorporação de restos vegetais (folhas e estipes), oriundas dos

manejos dos seus açaizais, e das outras espécies arbórea no SAF. Essa prática é importante

para a ciclagem de nutrientes no solo e enriquecimento do solo através da adubação orgânica.

Segundo Altieri (2012), em sistemas agrícolas diversificados, a biodiversidade

proporciona serviços ecológicos que vão além da produção de alimentos, fibras, energia e

renda. Exemplos incluem a reciclagem de nutrientes, controle de microbiologia local,

regulação dos processos hídricos locais, regulação da abundância de organismos indesejáveis,

entre outros.

Referente a isso, Dubois et al., (1996) relata que no contexto do agroecossitesmas

Amazônico a prática SAF envolve uma variedade de combinações de arranjos e plantas. Esse

sistema de produção tem como característica a mobilização sustentável da biodiversidade a

uma menor dependência de insumos, resultando em níveis de produção em longo prazo,

gestão da fertilidade, proteção e conservação do solo, aumento de matéria orgânica,

conservação da biodiversidade, contribuindo para a segurança alimentar e diversificação das

atividades produtivas.

Foi identificado que alguns agricultor ribeirinho estão manejando seus açaizais de

acordo com as seguintes práticas: enriquecimento com espécies nativas, roçagem, desbaste

dos estipes e raleamento de espécies arbóreas. Em todas as fases do manejo é utilizada mão de

obra familiar, com a utilização de maquinários (roçadeiras) ou maneira tradicional com uso de

teçado para a roçagem. O desbaste dos estipes é realizado pelo agricultor familiar ribeirinho

entrevistado, deixando uma média de 3 a 4 estipes produtivos por touceira. São deixados dois

estipes adultos, dois jovens e um perfilho por touceira, os estipes jovens tem a função de

substituir os estipes adultos. Além disso, complementando a renda na entre safra do açaí com

a venda do palmito.

Segundo Anderson e Ioris (2001) relatam o aumento da renda familiar, a partir do

fruto do açaí, onde os produtores ribeirinhos estão desenvolvendo práticas que permitem o

aumento na produção, como o desbaste do número de estipes de açaizeiro por touceira.

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Através dessa prática obtendo-se o palmito que auxiliar os produtores ribeirinhos com a renda

extra no período de entressafra.

Já a Parcela 3 é de fundamental importância, pois corresponde a área de preservação

na UPF. Segundo o produtor á considera essencial para manter a fauna e flora de espécies

nativas na área propriedade, que estão ameaças de desaparece. Em relação à comparação das

três parcelas analisadas, a segunda parcela e a que mais corresponde em termos de produção

pelo fato da diversificação de espécies na área e da intensa deposição de matéria seca no solo

servindo como adubo, garantindo uma boa produtividade na safra do açaí. Vale ressaltar ainda

que, o manejo dos açaizais realizados pelos agricultores tem contribuído significativamente

para a economia do Estado do Pará, pois responde pela boa produtividade nas áreas das

populações ribeirinhas, gerando renda e sustentabilidade ambiental, nos períodos de safra e

entre safra para as famílias ribeirinhas da ilha do Mamangal.

Na visita na UPF localizado na ilha mutirão, foi identificada outra experiência com

SAFs. (Figura 4). Observaram-se dois arranjos distintos, constituído por espécies frutíferas

anuais; perenes e espécies florestais nativas. (ver Tabela 2)

Figura 4 - Visita a UPF do agricultor familiar ribeirinho do Sr. Bartolomeu na

área de várzea, Ilha Mutirão, Igarapé – Miri, PA. Fonte: INCUBITEC, (2014).

O produtor familiar é também uma referência na comunidade Mutirão, e se destacando

como agricultor inovador iniciou suas experiências a partir do ano de 1999 com a implantação

de SAFs em sua unidade de produção. Além disso, mostra interesse em aumenta a sua área

produção, porém esbarra na falta se assistência técnica apropriada a sua realidade ribeirinha.

Principalmente no que se refere a espaçamento adequado, tratos culturais (podas) para a

condução das culturas e espécies adaptadas à área de várzea. Vale resaltar que o regime de

marés determina a composição florística das áreas de várzea, pois interferem na formação do

solo, nas características físicas e químicas das áreas inundáveis por rios de água barrenta

(JUNK et al., 2008).

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Tabela 2- Espécies identificadas em uma unidade de produção familiar na área de várzea, na

comunidade Mutirão, Município de Igarapé Miri, Pará, 2014. Tipos de usos: A= Alimentação;

C= comercialização; M= Madeira; S= sombra; O =outros usos.

Nome Popular Nome Científico Uso

Andiroba Carapa guianensis Aubl. O, S

Buriti Mauritia flexuosa L. A, S

Bacuri miri Platonia insignis Mart A, O

Cacau Theobroma cacao L. A, C

Cupuaçu Theobroma grandiflorum Schum A

Cedro Cedrela odorata L. M,S, O

Jutaí Hymenaea oblongifolia Hubber O

Limão Citrus SP A

Manga Magifera indica L. A

Murumuru Astrocaryum murumuru Mart O

Bussu Manicaria saccifera O

Seringueira Hevea brasiliensis Muell. S,O

Ucuúba Virola surinamensis M, S,O

Taperebá Spondias mobim A, S

Jenipapo Genipa americana L. S, O

Açai Euterpe oleracea Mart C, A

Abacaxi Ananas comosus L. C

Paliteira Critoria fairchildiana S, O

Coco Cocos nucifera L. A

Urucum Bixa orellana L. A

Fonte: Pesquisa de campo, (2013)

Foram diagnosticado dois arranjos de SAFs nos agroecossistema da UPF, o primeiro

constituído por espécies frutíferas anuais e perenes em linhas, com espaçamento de 4m x 4m

entre plantas. (Figura 5).

Figura 5 - Arranjo de SAF (abacaxi x cupuaçu x cacau x açaí x andiroba x

urucum) na área de várzea Ilha Mutirão, Igarapé – Miri, PA. Fonte: INCUBITEC, (2014).

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Segundo Barbosa (2012) afirma que as práticas de manejo sustentável são introduzidas

por esses sujeitos, visando garantir proteção ambiental e conservação da floresta. Para atenuar

o desequilíbrio tem-se consorciado o açaí com outras culturas, a fim de diversificar a

produção e combater os danos e criar condições para o equilíbrio ambiental, além da geração

de trabalho e renda. A particularidade da agricultura familiar na região Amazônica é

historicamente marcada por características físico-geográficas e ambientais que vêm ganhando

proporções econômicas-políticas e ambiental-culturais em face aos ganhos que se pode ter ao

associá-las a processos de controle do desmatamento e da conservação ambiental, com base

na economia de várzea, e é uma decisão fundamental para a Amazônia( REIS, 2008).

Constatou-se que no segundo arranjo de SAF na UPF unidade do agricultor ribeirinho

Sr Bartolomeu é constituído pelo açaí principal cultura e essências florestais. Foi relatado pelo

o mesmo que o manejo nessa área é realizado o plantio de enriquecimento com palheteira e na

andiroba, as sementes são levadas para as áreas de açaizais, onde são disseminadas,

geralmente, por meio do lanço. Geralmente as sementes são lançadas em áreas de açaizeiro

abertas com alta incidência de luz, onde não há ocorrência de outras espécies de plantas. E as

andirobeira por semeio direto ou transplante de mudas. O plantio das espécies é geralmente

feito no período do inicio de ocorrência de chuvas (janeiro a março). Quanto ao manejo com a

cultura do açaí não se difere do agricultor familiar da ilha Mamangal.

Dubois et al. (1996) e Almeida (2010) expõem que em locais em que coleta de frutos

de açaizeiro é a atividade principal, as limpezas realizadas nos açaizais para o adensamento

populacional tem causado a diminuição da riqueza florística nas áreas de várzea do estuário.

Assim podemos constata que a adoção de sistemas agroflorestais vem sendo uma estratégia

para o desenvolvimento rural sustentável dos agricultores familiares no município de Igarapé-

Miri. Tal prática surge como uma alternativa de diminuir o avanço do desmatamento em área

de inundação temporária. É possível conciliar os conhecimentos do extrativismo tradicional

com o manejo do consórcio de espécies agrícolas e florestais (HERRAIZ; RIBEIRO, 2013).

O estudo mostra que esses agricultores inovadores fizeram o que Levi-Strauss (1997)

chama de Bricolage. Isto é, um artista que faz acontecer com que o possui em mãos criando e

aperfeiçoando para a inovação, por exemplo, com fertilizantes naturais, arranjos ou

consórcios arbóreos diferenciados, manejos entre outros.

Conforme Miller (2009) Os sistemas complexos fogem á capacidade da ciência

agronômica e da extensão convencional e tradicional. Deste modo, o agricultor é componente

fundamental do processo de geração de tecnologias, pois somente ele é capaz de observar e

maneja um SAF complexos na sua propriedade, fazendo a intervenção na hora certa. Ele é o

melhor indicado para transmitir as observações e resultados acumulados para outros

agricultores.

Sabemos que no Estado do Pará existem muitas experiências de SAFs em terra firme,

no entanto, poucos são os trabalhos de referência de sistemas agroflorestais implantados em

região de várzea. Sendo assim é necessário identificar e estudar alternativas sustentáveis de

produção, no qual garanta renda ao longo do ano para o agricultor familiar de várzea.

Para Nogueira e Homma (1998), o cultivo de açaizeiro em várzeas, por meio de

plantios em áreas desflorestadas, e o manejo e de enriquecimento florestal, em associação

com outras espécies frutíferas e florestas adaptadas a essas condições, deve ser incentivado e

visto como uma das opções para tornar essas áreas ribeirinhas mais produtivas e

ecologicamente melhor protegidas.

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3. Conclusão

Nas áreas de várzea do município de Igarapé-Miri, os agricultores familiares vêm

vivendo e cultivando a terra, em especial, com a plantação e extração do açaí, a partir de

sistemas de cultivos adaptados às condições locais. Estes sistemas apresentam importantes

elementos de sustentabilidade, ou seja, estão bem adaptados ao ambiente, à medida que

dependem de recursos locais. A produção em pequena escala, de forma descentralizada, é

uma das condições para conservar os recursos naturais por meio do uso de tecnologias de

manejo ecologicamente adequadas. Além disso, é preciso considerar não apenas a produção

econômica, mas também a questão vital da estabilidade ecológica e da sustentabilidade

ambiental e social.

Quanto à aos agroecossistemas nas comunidades envolvidas no estudo, foram

observadas a presença da adoção de Sistemas Agroflorestais em propriedades de produtores

familiares da área de várzea. O trabalho traz uma reflexão de inovação de tecnologias de

produção, na qual deve-se levar em consideração a diversidade de práticas de manejo

existentes nas áreas desses agricultores familiares, observando quais os objetivos e estratégias

de reprodução econômica e social dos ribeirinhos em relação as suas áreas de manejo.

Mostra a iniciativa de agricultores inovadores que adotam o SAF como sistema de

produção, o que aperfeiçoa o agroecossistema de várzea, com o aumento da biodiversidade,

sem uso de fertilizantes químicos e defensivos. Assim, os SAFs proporcionam a reconstrução

do agroecossistema, com recuperações de áreas desmatadas e degradadas.

Percebeu-se que os redesenhos dos agroecossistemas SAFs adotados pelos agricultores

familiares ribeirinhos de Igarapé- Miri envolve os rios, que é o fator que diferencia os SAFs

de outras regiões do País. Isso porque os componentes (espécies) devem possui características

de melhor adaptação e desenvolvimento em áreas de alagamento. Nesse contexto, a inovação

no sistema de produção de açaí pelos produtores ribeirinhos se dá pela criação de um novo

papel para o desenvolvimento sustentável local, através da adoção de sistemas agrofloretais

voltado para a realidade dos produtores familiares.

Nota-se a importância de incentiva a introdução dos SAFs na área várzea, pois os

agroecossistemas de produção identificados são uma referência nas comunidades das ilhas da

região de Igarapé- Miri. Um exemplo de sucesso da adoção de práticas agroecológicas com a

adoção de SAF para da biodiversidade vegetal, a diversificação de culturas alimentares e a

ampliação da renda familiar para as comunidades ribeirinhas. E também como efeito positivo

e paralelo, se obtém a recuperação e conservação de recursos naturais do bioma amazônico.

4. Agradecimento

Agradecemos o apoio do Instituto Federal do Pará – IFPA Campus Castanhal, Incubadora

Tecnológica de Desenvolvimento e Inovação de Cooperativas e Empreendimentos Solidários

– INCUBITEC, Programa de Extensão Universitária - PROEXT - MEC/SESu, Conselho

Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico – CNPQ, International Development

Research Centre – IDRC e Fundação Amazônia Paraense de Amparo à Pesquisa – FAPESPA.

Um agradecimento especial aos ribeirinhos camponeses das áreas de várzea de Igarapé-Miri e

suas organizações sociais: Associação Mutirão, CODEMI, CAEPIM e ASMIM.

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