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Curso de Graduação em Ciências Agrárias - Licenciatura a Distância Cadernos de Licenciatura em Ciências Agrárias, Vol. 7 Editora Universitária da UFPB - Bananeiras - PB, 2011 00 Curso de Graduação em Ciências Agrárias Licenciatura a Distância UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - UFPB CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS SOCIAIS E AGRÁRIAS SISTEMAS AGROFLORESTAIS Prof. Dr. Silvestre Fernandez Vásquez DEPARTAMENTO DE AGROPECUÁRIA - CCHSA Prof. José Roberto da Costa UFPB - Virtual

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Curso de Graduação em Ciências Agrárias Licenciatura a Distância

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBACOORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - UFPBCENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS SOCIAIS E AGRÁRIAS

SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Prof. Dr. Silvestre Fernandez VásquezDEPARTAMENTO DE AGROPECUÁRIA - CCHSAProf. José Roberto da CostaUFPB - Virtual

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APRESENTAÇÃO

OtextosobreSistemasAgroflorestaisproduzidoparaadisciplinaquelevaomes-monome,ministradanoCursodeLicenciaturaemCiênciasAgrárias,procuraapresentardeumamaneirasimples,umaabordagemsobreapráticadossistemasagroflorestais,comafinalidadedeaumentarprodutividadedosdiversossistemasdeproduçãoagro-pecuáriadeformasustentávelnasdiferentesregiõesdomundo. Ossistemasagroflorestaistêmapreocupaçãodeentenderacombinaçãodecul-turas agrícolas e áreas de pastagens, consorciados com árvores, ressaltando-se queestesistemaéumapráticamuitoantigadosagricultoresnasdiversasregiõesdoPlaneta.Nos últimos 18 anos tem aumentado o interesse de agrônomos, ecologistas, economis-tas,planejadoreseoutrosprofissionaisemciênciasagráriaspelodesenvolvimentoruralsustentável,pelofatodetersidodescobertoopotencialdossistemasagroflorestaiscomoalternativaparaaumentaraprodução,aviabilidadesocioeconômicaeadiminuiçãosig-nificativadadegradaçãoaceleradadosecossistemasnasdiferentesregiõesdoplanetaTerra. Ossistemasagroflorestais incluemmuitosconhecimentos tradicionaiseexperi-mentaise seuspromotoresencontramumapossibilidade realdeconciliarasnecessi-dadesdosagricultorescomosimperativosdaconservaçãodosrecursosnaturais,semnecessidadedeimportartecnologiasdealtocusto. Narealidade,existeumambientedegrandeentusiasmo,entretanto,surpreende,pelofatodeque,seporumlado,existeumaamplaliteraturatécnicaecientífica,poroutro,ostextosdedivulgaçãorelativosaossistemasagroflorestaissãoquaseinexistentes.Ostécnicosdecampoeospesquisadores,nãotêmacessoaomaterialbibliográficoagroflo-restal,paraquepossamfomentaramplamenteapráticadestessistemassustentáveisdeproduçãoemseuscentrosdepesquisa.

Estadisciplinaestádivididaem5capítulos:• OcapítuloIserefereaosconceitos,característicaseclassificaçãodossistemasagro-

florestais.• OcapítuloIIcompreendeoconceitoeadescriçãodesistemas.• OcapítuloIIItratadapráticadossistemasagroflorestais.• OcapítuloIVserefereàseleçãodasespéciesagrícolas,florestaisepecuáriaspara

ossistemasagroflorestais.• OcapítuloVcompreendeascercasvivaseacortinaquebra-ventos.

Espera-sequeestadisciplinavenhacontribuirpositivamentenaformaçãodospro-fissionaisquetrabalharãocomisso,espacialmenteosprofissionaisdasciênciasagrárias,visando o desenvolvimento rural sustentável.

CADERNOS DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS – Volume 7CadernoEspecial04

FICHA TÉCNICACRÉDITOS AUTORAIS LIVRO

© 2011 Editora Universitária da UFPBCidadeUniversitária-CampusIS/N°-CasteloBranco

JoãoPessoa-PB-58.059-900

1ªedição–1ªimpressão

ISBN:978-85-7745-336-8

EstelivroéparteintegrantedoCursodeGraduaçãoemCiênciasAgrárias–LicenciaturaaDistância do Centro de Ciências Humanas Sociais e Agrárias da Universidade Federal da Paraíba eestáintegradoaoSistemaUniversidadeAbertadoBrasilpormeiodaCoordenaçãoInstitucionaldeEducaçãoàDistânciaUFPBVirtualedisponibilizadoonlinenoambientevirtualdeaprendigememwww.ead.ufpb.br. Oteordecadacapítuloédeinteiraresponsabilidadedeseu(s)autor(es).

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOFernando Haddad - Ministro

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIACarlosEduardoBielschowsky–SecretáriodeEducaçãoaDistância

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR - CAPES

JorgeAlmeidaGuimarães–PresidentedaCapes

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASILJoão Carlos Teatini de Souza Clímaco – DEE- CAPES

FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FNDE

Daniel Balaban – Presidente do FNDE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBARômulo Soares Polari - Reitor

PRO-REITORIA DE GRADUAÇÃOValdir Barbosa Bezerra – Pró-Reitor de Graduação

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA DA UFPBRenataPatríciaLimaJerônymoMoreiraPinto–Coordenadora

Geral da UFPB VIRTUAL

CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS SOCIAIS E AGRÁRIASAntônio Eustáquio Resende Travassos - Diretor

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIASLICENCIATURA A DISTÂNCIA

COORDENADORMarcos Barros de Medeiros

VICE-COORDENADORJoséRibeirodeMoraesFilho

COORDENADORA DE EDIÇÃOGeralda Macedo

COORDENADOR DE TUTORIALuisFelipedeAraújo

SECRETÁRIO GERALJoséFernandesdeAraújoLeite

ORGANIZADORESMarcos Barros de Medeiros

Geralda MacedoLuisFelipedeAraújo

REVISORES DE ESTRUTURA E LINGUAGEMGeralda Macedo

Aiene Fernandes RebouçasElizandra Ribeiro de Lima Pereira

JoséRobertodaCosta-ApoioTécnico

C122CadernosdeLicenciaturaemCiênciasAgrárias/UniversidadeAbertadoBrasil/UniversidadeFederaldaParaíba;CentrodeCiênciasHumanasSociaiseAgrárias;Organizadores:MarcosBarrosdeMedeiros,GeraldaMacedo,LuisFelipedeAraújo-Autor: SilvestreFernandezVásquez.SistemasAgroflorestaisBananeiras:EditoraUniversitária/UFPB,2011.v.7.CadernoEspecial04:il.ISBN:978-85-7745-336-8 1.CiênciasAgrárias–EnsinoSuperior.2.FormaçãodeProfessores.3.AgropecuáriaeTecnologia.4.EducaçãoaDistância.I.Medeiros,MarcosBarrosde.II.Macedo,Geralda.III.Araújo,LuisFelipede.IV.Vásquez,Silvestre Fernandez. UFPB/BCCDU:63

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOOba! Multimídia

IMPRESSÃOGráficaAgenda

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Unidade 1

A1.1 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS.

exploraçãoflorestaleagrícolaouagrossilviculturaépraticadaemdiversascondiçõesecomdiferentesdenominações,porexemplo,naÁfricaOrien-taléconsideradacomosistema“Shamba”enoCongoBelga“Mayumbe”(PARRY,1957).Catinot(1966)denominademétodossilvoagrícolas,aquelastécnicascuja

metafinaléoreflorestamentoestabelecidosobrebasesecológicassólidas. Bene(1977)denominacomosistemaagroflorestal,aqueleemqueháumorde-namentodesolos,obedecendoaoprincípiodorendimentosustentado,permitindooau-mentodaproduçãototaleacombinaçãosimultâneaeescalonadadecultivosagrícolas,florestaise/oupecuáriosutilizandopráticascompatíveiscomaslimitaçõesculturaisdapopulaçãolocalrural. Hart(1979)defineagrossilvicultura,comosendotodocultivodeplantaseanimaisque fazempartedeumsó ciclo biológico, considerando cadaunidadedeexploraçãocomoumtodo.Entretanto,paraCombeeBudowski(1979),acomponenteflorestaldeveestarintegradoàagricultura,àpecuáriaeàhorticulturacomofimdeaumentarorendi-mentoeotimizaraconservaçãodeumadeterminadasuperfície. OtermoagrossilviculturaéutilizadoporKing(1968),paracaracterizaraproduçãodealimentosedeprodutosflorestaispermanentes,aomesmotempo,sobreumaáreacomum.Poroutrolado,estemesmoautoremoutrapublicaçãodefineagrossilviculturacomosendoumatécnicadereconstituiçãoflorestaldenominadasistemaTaungya. Letourneux(1957)reportaqueestesistemaéconhecidofreqüentementecomonomedeSistemaTaungya,esteéumdossistemasagrícolasmaispromissoresparare-generarasflorestastropicaiscomespéciesvaliosase,destamaneira,poderadministraradestruiçãodasmesmasanteoavançodaagriculturaeopastoreionômade. ParaBudowski(1977),aagrossilviculturaimplicanacombinaçãodeárvoresnotempoenoespaço,comculturasagrícolas,pecuáriaoucomambasaomesmotempo,afimdeobterumsistemadeproduçãoestávelquebeneficieapopulaçãorural.Weaver(1979),afirmaqueaagrossilviculturaéumsistemaqueproduzmadeira,produ-tosalimentíciose/ouprodutosdeorigemanimalemumaáreademanejo. AFAO(1976),informaqueossistemasestáveisdeproduçãoagroflorestais,po-demserdesignadostambémcomotécnicasagrosilvopastoris,agrossilviculturaecombi-naçõesagrosilvopastoris. Umadasprincipaiscaracterísticasdossistemasagroflorestaiséapresençade

UNIDADE I - SISTEMAS AGROFLORESTAISINTRODUÇÃO

Naatualidade,apopulaçãohumanaaumentaaumritmoacelerado,sendosuasnecessidadescadavezmaiores,principalmente,nasregiõesondepredominamossiste-masdeproduçãodesubsistência.Éurgente,portanto,melhorarograudetecnologianomanejodosrecursosnaturais renováveis,paraproduzirde formacontínua,nãosóasmatérias-primas necessárias ao funcionamento das indústriasmadeireiras,mas, tam-bém,alimentosbásicosparaoconsumohumano. Aefetivaçãodeumapolíticagovernamentalvisandocompatibilizarodesenvolvi-mentoeconômicocomasobrevivênciaourecuperaçãodosecossistemasdeveráapoiar-se,fundamentalmente,emalgumaspremissasbásicas,principalmentenoqueserefereàinstitucionalizaçãodozoneamentoecológicoparausomúltiploesustentado. Aeliminaçãogradualdasflorestastropicaisesubtropicaisparaaumentarasáreasdeproduçãoagrícolae/oupecuária,trazcomoconseqüência,umaalteraçãonofuncio-namentoharmônicodosfrágeisecossistemasnaturais,especialmentenoqueserefereàerosãodosoloeodesequilíbrio,tantonoregimedaságuascomodoclima. Umdossistemasdeprodução,paraminimizarosefeitosnocivos,anteriormentemencionados,éousodeespéciesflorestaisderápidocrescimentoconsorciadascomculturasagrícolas.Aestamodalidadedeproduçãosedáonomedeagrossilvicultura,embora existam outras denominações de acordo com os componentes do sistema eobjetivosquesedesejaestudar.Asvantagensqueofereceoconsórciodasespéciesarbóreascomculturasagrícolassão:

a) restabelecimentodacoberturaflorestalpermanente,emáreassemvocaçãoagropecuáriasustentada,permitindoainfiltraçãodaágua,protegendocontraerosãoemelhorandoacapacidadeprodutivadosolo; b)produçãodealimentosconcomitanteaoestabelecimentodeplantiosflorestais; c)minimizaçãodoscustosdeimplantaçãodepovoamentosflorestaispelacomer-cializaçãodasculturasagrícolas; d)aproveitamentoracionaldosolo,notempoenoespa¬ço,comaproduçãodeoutrosbenefíciosderivadosdaflorestaquepoderãoatenderàsnecessidadesime¬diatasdapopulação.

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árvores,comcaracterísticasquefavorecemaprodutividadeesustentabilidadedasuni-dadesdeproduçãonosseguintesaspectos: reciclagemdenutrientes,efeitossobreomicroclima,diminuiçãodaerosãodossolosedoataquedepragasedoenças,existindo,portanto,umequilíbriocomoacontecenosecossistemas. Existem várias espécies arbóreas fixadoras de nitrogênio tais como: Leucena,Mulumgú,Gliricidia,Sombreiro,Caliandra,Tamboril,Ingá,Cássia,quepodemcontribuircomasplantasconsorciadas. Asespéciesarbóreasconsorciadascomoutrasplantas,ademaisdecontribuirnareciclagemdenutrientes,atravésdadecomposiçãodamatériaorgânica,favorecemtam-bémnautilizaçãodaluz,formandoosestratosparaomelhorcrescimentoedesenvolvi-mentodosistemaagroflorestal,tantonotempocomonoespaço.Apresençadeárvoresfavoreceociclohidrológico, resistindoaos impactosdasprecipitaçõespluviométricas,sobreossistemasagroflorestais.

1.2 CLASSIFICAÇÃO

Aclassificaçãodossistemasagroflorestais foidesenvolvida,pelaprimeiravez,porCombeeBudowski(1979),osquaisdeterminaram20sistemasdiversos,tomandocomobaseosseguintescritérios:

1.Classificaçãodossistemasagroflorestaispelotipodeproduçãoagrícola;2.Classificaçãopelasfunçõesdoscomponentesflorestais;3.Classificaçãoapartirdadistribuição,notempoenoespaçodoscomponentesflores-tais.Estesautoresexplicamqueacomponenteflorestal fazpartedosistemaagroflo-restal,emumainteraçãodinâmicacomasculturasagrícolase/ouespéciesdeanimaisdomésticos(Figura1).

CombeeBudowski(1979),apósapresentaremaclassificaçãodossistemasagro-florestais,aindaapresentaramumapropostasobreaterminologiaemdiferentesidiomasparaquefossepossíveloentendimentodosdiversossistemasagroflorestais.Conformea Fotografía E. Somarriba em Bocas del Toro. Panamá.

Unidade 1 SistemasAgroflorestais Unidade 1 SistemasAgroflorestais

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Deacordocomessaclassificação,asterminologiaspraticadasnasdiversasregi-õesdomundo.ConferiraTabela1.

Copijn (1987) informa queWiersum (1980)modificou este sistema, usando osseguintescritérios:

1.Principalcombinaçãodoselementos(árvores,culturasagrícolas,animais); 2.Estruturaespacialdostanddeárvores; 3.Estruturanotempoenoespaçodasassociaçõesentreculturas.LevandoemconsideraçãoosestudosdeCombeeBudowski(1979),estemesmoautorapresentaumaclassificaçãodetalhadadospossíveissistemasagroflorestais,encontram-senatabela2e3.

Unidade 1 SistemasAgroflorestais Unidade 1 SistemasAgroflorestais

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Unidade 2

A2.1 CONCEITO E DESCRIÇÃO DE SISTEMAS

Oenfoquedesistemaséumametodologiadesenvolvidaparaenfrentarosproblemasdedesenhoetransferênciadetecnologiasparaagricultores,por-quefavoreceaimplantaçãoeanálisedossistemasagroflorestais.Apráticadossistemasagroflorestaisenfrentadificuldadescomosprodutoresflores-taisparaentenderomanejodocomponenteflorestaldentrodapropriedade,

porqueosesforçossobrea importânciadaflorestasocialouflorestacomunitária,nãotêmconseguidoexplicarasnecessidadeselimitaçõesparaapopulaçãointeressadaouenvolvidacomosetorflorestal. Considerandoaimportânciadaproduçãoflorestalemharmoniacomaproduçãoagrícola, é fundamental entender as necessidades dos agricultores, a tomada de deci-sõesquantoaocomponentearbóreoemsuaspropriedadeseosprodutoseserviçosquesepoderiaobterdapráticadestessistemasconsorciados.Estaspesquisasimplicamcompreenderasinterrelaçõesentreasárvoreseosoutroscomponentesdaproprieda-de,nãosomenteaproduçãodelenha,mastambém,aproduçãodepostes,forragens,madeiraparaconstrução,produtosmedicinais,etc.Considerandooutrosprodutoseser-viçosqueseobtémdossistemasagroflorestais,taiscomo,aconservaçãodosoloeaproteçãocontraosventos,constitui-separteimportantedamotivaçãodosagricultores.

2.2 O ENFOQUE DE SISTEMAS

Apesquisacomenfoquesistêmicooumultidisciplinarpermitereconheceracom-plexidadedomanejodaspropriedadesdosagricultores,adequandoaspesquisasbioló-gica,socialeeconômica,àsreaisnecessidadesdosagricultores,emumadeterminadaregião. Ametodologiatradicionaldepesquisaagrícolaserealizavanomanejodeparce-lasexperimentaisdentrodasestaçõesdepesquisa,ondesetentacontrolarasvariáveisquepoderiamafetaraproduçãoe,destamaneira,poderexplicaroefeitodeumaoupoucasvariáveis.Estaspesquisasforam,tecnicamente,realizadasdeformaadequada,porexemplo,comaaplicaçãodeadubos, inseticidas,cuidados intensivos, irrigaçãoeutilizaçãodealtassomasdedinheiro.Logicamente,queestesresultadosdepesquisanãofuncionaramaníveldepropriedaderural,porqueexistemcomponentes,agrícolas,florestaisepecuários,deformaintegradaouemumasóunidadedeprodução.Comestas informaçõespreliminarespretende-sefacilitaracompreensão,odiálogo,o

UNIDADE II - SISTEMAS

Unidade 1 SistemasAgroflorestais

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intercâmbiodeexperiênciasentrepesquisadores,agricultoreseresponsáveispelode-senvolvimento rural sustentável.

2.3 SISTEMA

VivalloeFuentes(1984)explicamdeformaobjetiva,quesistemaéumconjuntodeelementoseminteraçãodinâmica,organizadoemfunçãodeumobjetivo.Estesauto-resexplicamatravésdasfiguras2,3e4.

Limites:sãoasfronteirasfísicasdosistema,atéondeosistemaalcança.Componentes:elementosbásicosqueformamosistema.Interação:relaçãoentreoscomponentesquedãoacaracterísticadeestruturaedeuni-dade ao sistema.Entradas:fluxosqueentramnosistemaSaídas:fluxosquesaemdosistemaEstrutura:édadapelainteraçãoentrecomponentesdosistema.Função:processodereceberentradaseproduzirsaídas.Retroalimentação:segundoVivalloeFuentes(1984),Rosnay(1975)explicaquenare-troalimentaçãoas informaçõessobreos resultadosdeuma transformaçãooudeumaaçãodosistemasãoreenviadasaosistemaemformadedados.Essesdadospodemcontribuirparaaaceleraçãodasaçõesoudosprocessosdetransformaçãonomesmosentidodosresultados;nestecasoestamosfrenteaumaretroalimentaçãopositiva.Estaretroalimentaçãopode tenderao infinito (crescimento,explosãodemográfica, inflação)outenderazero(falênciadaempresa,depressão).Aretroalimentaçãopositivaconduzàdestruiçãodosistema(explosãoou,paradadasfunções).

Estesautoresaindaexplicamquearetroalimentaçãonegativaconduzaoequi-líbriodosistema(manutençãodeumnível,deumatemperatura,manutençãodeumapontedeequilíbrio).Nocasodeuma fazenda,a retroalimentaçãopositivaseriaoau-mentodaeconomiadaempresa(tendendoaoinfinito)ouafalência(tendendoazero),enquantoquearetroalimentaçãonegativaexigeummelhorcontroledassaídas(gastos),esobreasentradas(rendas).Tem-seconstatadoque,geralmente,oagricultorprecisaestarconstantementesereadaptandonasuapropriedade,reduzindoosgastos,usandomelhoroespaço,estocandoprodutosediminuindoascompras.

Unidade 2 SistemasAgroflorestais Unidade 2 SistemasAgroflorestais

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2.4 SISTEMAS RURAIS

SegundoBillaz(1974),osistemaruraléoresultadodoempreendimentodosiste-masócio-econômicosobreosistemaecológico(Figura5).

Billaz(1974)explicadeformadetalhadaosseguin-tesaspectosdossistemasdeprodução: a)Ecossistema-éumconjuntodeespéciesviven-tes, animais e vegetais e o meio físico em que se desenvol-vem.Entreoscomponentesfísicosebióticosseproduzumasériederelaçõeseinterações,clima-solo,planta-clima,ani-mais-plantas. b)Sistemasócio-econômico-éatotalidadesocialemummomentohistórico,determinadopelosistemaeconô-micoe ideológicodominante, eos sistemas jurídicosepo-líticosquedesempenhama funçãodedominação.Esta to-talidade social é uma teia de relações na qual as relaçõesdeproduçãoocupamum lugar predominante.A relaçãodeproduçãodominantevaideterminara formadeapropriaçãodo sistema sócio-econômico sobre o sistema ecológico que temcomoresultadoaformadeapropriaçãodoecossistema,dosprodutosedaprodução. c)Relaçõesdeprodução-sãoasrelaçõesdepro-priedade,ounão,queosagentesdaproduçãoestabelecemcomosmeiosdeprodução.

A interação entre o sistema ecológico e o sistema sócio-econômico dá caracterís-ticas sócio-econômicas e agroecológicas ao sistema rural. Osistemaruralcompreendeoespaçonãourbanoeincluiprocessosquenãosãoagropecuários(minas,construção,saúde,educaçãoesegurança(BILLAZ,1974). VivalloeFuentes(1984)argumentamqueosistemaagrárioabrangeespaçoeprocessosagropecuários,agro-indústria,extensão,créditoeoutros. Osistemaagrícolaabrangeosprocessosdaproduçãoagropecuáriaedetrans-formaçãoaníveldeunidadedeprodução(figura6).

2.5 A REGIÃO COMO UM SISTEMA

VivalloeFuentes(1984)informamqueparaHart(1979),aregiãoéumconjuntodecomponentes físicos,bióticosesócio-econômicos,com limitesdefinidosàbasedecritériosecológicos.Essescomponentesinteragemeformamumsistema(figura7).

Apesquisasócio-econômicapreocupa-secomosfenômenossócio-econômicos.Osprocessossócio-econômicosdividem-seemtrêsgrupos:primário(extrativo),secun-dário(transformação)eterciário(serviços)(figura8).

Unidade 2 SistemasAgroflorestais Unidade 2 SistemasAgroflorestais

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Aregiãodevesercompreendidacomoumsistema,comsubsistemascominte-raçõeshorizontaiseverticais.Asinteraçõesverticaisdeterminamahierarquiadossiste-mas. Aregião,comoumsistema,apresentaváriosníveis(HART,1979)Fig.9.

Apesquisasócio-econômicadivideosníveisdeestudoedeinteresseem:

a. nível regional b. nível da fazenda c. nível de subsistemas sócio-econômicos, agroecossistemas, sistemas artesa-naiseoutrossistemas(VIVALLO;FUENTES,1984),Fig.10.

2.6 SISTEMA DE EXPLORAÇÃO AGRÍCOLA

VivalloeFuentes (1984) reportamqueSebillote (1981)consideraaexploraçãocompostadedoissubsistemaseminteração:umquecomportariaaracionalidadedoagri-cultor(objetivos,decisões,organizações);ooutroquecomportariaascaracterísticasdosmeiosdeproduçãoeosfatoresexternosquecondicionamaprodução.Ainteraçãodariaorigemaosistemadeprodução(figura11).

SegundoHart(1979),propriedadeécomoumconjuntodecomponentesfísicosesócio-econômicos em interação. Portanto,apropriedadeestariaintegradapordoissistemaseminteração:osub-sistemasócio-econômicoeosagroecossistemasdapropriedade(figura12).

Unidade 2 SistemasAgroflorestais Unidade 2 SistemasAgroflorestais

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Paraasfunçõesdesteestudoedopontodevistasócio-econômico,aexploraçãoéumsistemamaiscomplexoeestáconstituídopor:

a.subsistemasócio-econômico; b.osagroecossistemas; c.ossistemasdetransformação; d.osoutrossistemas; e.osistemadeprodução.

As relações internaseodesempenhodinâmicoda fazendasão reguladosporfatoressócio-econômicose.ecológicosexternos(figura13).

Apropriedadeéumsistemacaracterizadopor:

a.Limites:jurídicos,físicos,históricos,econômicos,espaciais; b.umconjuntodeelementos:forçadetrabalho,capitalerecursosnaturais; c. interações dinâmicas que dão origem aos subsistemas sócio-econômicos,agroecossistemas,outrossistemasesistemasdetransformação;

d. processos de informações,material e energia: referencial técnico, utilizandoenergiaanimal,mecânicaehumana,recursosdecapitalounaturais; e.relaçãodinâmicacomoexterior:atravésdocrédito,tensão,dapesquisaeou-tros; f.umadadaquantidadedetempo:oanoagrícola; g.produçãodemateriais,energia,informações,produtosagrícolas,vendadeser-viçoseoutros(HART,1979)

2.7 SISTEMA DE PRODUÇÃO DA PROPRIEDADE

SegundoVivalloeFuentes(1984),oaparelhodeproduçãodafazendaresultadainteração entre subsistema sócio-econômico e as bases produtivas (agroecossistema,sistemasdetransformaçãoeoutrossistemasdapropriedade)(figura14).

Tambémpodesercaracterizadocomoumasínteseproduzidapor:

a.racionalidadedoagricultor; b.meiosdeproduçãoeforçadetrabalho; c.fatoresnaturais; d.conhecimentosdoagricultor; e. fatores sócio-econômicos de demanda da sociedade global.

Todosossubsistemasdapropriedadesãoresultantesdaaçãodoagricultor.Elefixaa racionalidadedosistema (objetivos,estratégiaeosmeiosparaalcançá-los (VI-VALLO;FUENTES,1984)(Figura15).

Unidade 2 SistemasAgroflorestais Unidade 2 SistemasAgroflorestais

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2.8 AGROECOSSISTEMA

SegundoHart(1979),osagroecossistemassãoparcelasdeterraondesereali-zamasatividadesdeprodução.Compreendemoscultivos,osanimais,osolo,aservasdaninhas,asdoençaseaspragas(figura16).

Observemosalgumascaracterísticasnaimagemabaixo:

Naimagemobservamosasseguintescaracterísticas:produtividade,estabilidade,sustentabilidade,qualidadeeautonomia.Cadaumacomsuaimportâncianoquetangeaosistemaecologicamenteagrário.Aprodutividadedetermina-seporunidadedeáreaapartirdoprodutoobtido;quantoàmanutençãodareferidaprodutividadetemosaesta-bilidade,considerandoeventosnãocontroláveisquepoderiamocorreréaestabilidadequebuscamanteroequilíbrio.Quandohágrandesdistúrbiosambientaisbuscamosasustentabilidade,termoemaltaatualmente,queéacapacidadedeumagroecossistemamanter-seprodutivoapesardodistúrbio.Aprodutividaderequerequidade,característicareferenteàdistribuiçãodaprodutividade.Porúltimo,enãomenosimportante,aautono-miaéconsideradaacapacidadedosistemaagroecológicoemmanter-seaolongodosanos,independentementedasintempérieseoutrasoscilaçõesexternas.

2.9 ABORDAGENS SISTÊMICAS

DeacordocomPlatero(1981)citadoporVivalloeFuentes(1984),oenfoquedesistemasprocuraidentificartodosaquelesfatoresque,dealgumaforma,afetamocom-portamentodaunidadedeproduçãoemseuconjunto.Essemétododepesquisaagrope-cuáriatentaapreenderaglobalidadedossistemasrurais. AsetapasdeabordagemsistêmicasegundoHart(1979)são:

a.identificaçãodossistemaspresentes,deinteresseparaapes quisa; b.construçãodemodelosdossistemas; c.validaçãodosmodelos;d.modificaçãoerevalidaçãodosmodelos.

Unidade 2 SistemasAgroflorestais Unidade 2 SistemasAgroflorestais

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2.10 O PROJETO COMO UM SISTEMA

Nessapesquisa,osprojetossãoconsideradoscomoumconjuntodesubsistemasarticulados e em interação entre si.Oprojetoconstade:

a.umsubsistemadeobjetivos; b.umsubsistemadeoperações; c.umsubsistemademeioserecursos: d.umsubsistemadeavaliaçãoecontrole: e.umsubsistemaderetroalimentaçãoecapacitação.

Osprojetosdedesenvolvimentoruralregionalestãoarticuladoscomorganismosdefinanciamento,dedecisãopolítica,técnicos,nacionaise/ouestrangeiros(VIVALLO;FUENTES,1984).Figura17.

Unidade 3

O3.1 OS PLANTIOS FLORESTAIS E OS SISTEMAS AGRÍCOLAS CONSORCIADOS

objetivodosplantiosflorestaiséobterprodutosdealtorendimentonome-nortempopossível,paracomplementarousubstituiraregeneraçãonatu-ral,comotambém,paraenriquecerasflorestasexistenteseconseguirumamaiorproduçãoecom¬posiçãoflorística(OLAWOYE,1975).Segundo Duncan (1975), existe méto-

dosenormasecológicaspara im-plantar uma floresta, as quais sedividememdoisgrupos:naturaleartificial.Salienta, noentanto, quea regeneração natural com espé-ciesvaliosasnotrópicoúmidoain-da deve ser mais estudada, devido àsuacomplexidadeeaoaltocus-to, o que não ocorre com a rege-neraçãoartificial.citaque,quandojáexisteumacoberturaflorestal,épossível enriquecê-la a fim de si-mular uma transição natural, que favoreça ecologicamente o uso de diversas espécies valiosas para onovo aproveitamento; esta técni-ca foi desenvolvida com êxito no hemisfério oriental e comprovada,experimentalmente, emmuitas re-giões daAmérica, comoé o casode Cuba na imagem abaixo, com resultadospromissores. Dalrymple (1971)*, citadoporAguirre (1977), indica que naagricultura tradicional, para au-mentar a produção de alimentos,sempre se considerou o aumentodaáreacultivadaeaprodutividade

UNIDADE III - AS PRÁTICAS DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Unidade 2 SistemasAgroflorestais

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das culturas, ignorando uma

terceira possibilidade que se relaciona com o tempo, ou seja, manter váriascultu¬rasemummesmoterrenoeaomesmotempo,obtendocomisto,umaumentonaproduçãoporáreaano. ParaVerdzuco(1970),ascaracterísticasecológicasdotrópicosãomaisapropria-dasparaocultivoflorestaldoqueparaaproduçãoagropecuária,porém,seriapossívelaumentarapro¬dutividadedasculturasagrícolas,comotambémdaflorestade formacontínua,medianteacombinaçãodossistemasdeprodução,anteriormentemenciona-das. DeacordocomSoria(1975),aenergiasolaréumadasmaioresriquezasquesedispõenostrópicos,possibilitandováriasculturasconsorciadasaolongodoanoemumadadaárea.Damesmaforma,Laurie(1975)relataqueépossívelutilizarumaáreaaomesmotempocomduas,trêsoumaisculturas,ouseja,umaconsorciaçãodeculturasnotempoenoespaço.Enquantoqueparasolucionarosproblemascríticosdospaísesasiáticos,Faidley(1967)recomendaaintensificaçãodaagricultura,enfatizan¬doousodoscultivosmúltiplosparapequenosagricu1tores. Nesteenfoquedeprodução,Mas(1974)explicaquemuitosagroecossistemasnotrópicosecaracterizamporserempoliculturaisdeinterdependênciafuncionaleestrutu-ral,oquenãoacontececomosagroecossistemasdaregiãotemperada,quesãomaissimples,ouseja,quasemonoculturais. Paraseobterêxitonosistemadeprodução,especialmen¬tenasregiõestropi-cais,Holdridge(1978)consideracomopartedosis¬tema,avegetaçãonaturale,assim,copiaroequilíbrioquehánanaturezaparamanteraciclagemdenutrientes,evitandoouso excessivo de fertilizantes comerciais. OsoriaRodríguez(1981)informaqueasemeaduradefeijãoedemilhonamesmalinha,permiteummelhorusodosolo,tra¬zendocomoconseqüênciaummelhoraprovei-tamentodaágua,luzsolarenutrientes.Partindodasmesmasidéiasdousoecoló¬gicodosrecursosnaturaisrenováveisdoautorantesmencionado,Éden(1982)recomendaquenaAmazôniabrasileiradever-se-iade¬senvolversistemasagroflorestais,paraevitararápidadegra¬daçãodeecossistemascomplexosefrágeis,emconseqüênciadasprá-ticaspioneirasdeexploraçãoflorestal,agrícolaepecuáriadegrandeescala. ParaBudowski(1977),nasregiõestropicais,aagriculturaouopastoreionãosãoeconomicamentepossíveis,eumadasformasparaconseguiraumentaraprodutividadedosoloéacombinaçãodasplantaçõesflorestaiscomasculturasagrícolasnasfasesiniciais de desenvolvimento.

3.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Copijn(1988)relaciona,deformaclara,arelaçãodasvantagensedesvantagensdossistemasagroflorestais:

1. Vantagens ecológicas: -Pelosváriosestratosdavegetaçãopermitemumamelhorutilizaçãodaradiaçãosolar; pelosdiferentessistemasradicularesemformasuperficialeprofunda,permitemumamelhorutilizaçãodasdiferentescapasdosolo,asárvoresfavorecemasculturasconsorciadaspeloacúmulodematériaorgânica,existênciadeanimaisprimáriosese-cundários, que equilibram ecologicamente o sistema. -proteçãodosolopelasraízes,diminuiçãodosimpactosdasprecipitaçõespluvio-métricasnosolo,diminuiçãodaevaporaçãodaágua,favorecedrenagemetc.

2. Vantagens econômicas:

-Aproduçãoindividualdasculturasémaiornossistemasmonoculturais,masasomatotaldosprodutosnossistemasagroflorestaisémuitomaior. -Osváriosprodutosdosistemapodemserutilizadoscomomatériaparaproduçãode outros. -Oconsórciodeespéciesarbóreascomculturasagrícolas,causamumaumentonaprodutividadedasespéciesflorestaiseumareduçãonoscustosdomanejodasplan-taçõesflorestais.

3. Vantagens socioeconômicas:

-Osprodutoseserviçosdasárvorespodemserobtidosdurantetodooano,dandooportunidadesdetrabalhoemformapermanente. -Podem-seconseguirprodutosduranteasentressafrasagrícolas. -Váriosprodutospodemserobtidossemmanejo,significando,portantoumare-serva. -Comadiversificaçãodaproduçãopodeocorrermenosriscos,jáquetodososprodutosdosistemanãopodemserafetadosigualmentepelascondiçõesadversas. -Aproduçãopodeserparafinsdeauto-suficiênciae/oucomercial.Porqueospro-dutosparaomercadopodemseradaptadoscomascondiçõesdoprodutor.

4. Vantagens políticas:

-Comoossistemasagroflorestaissãopermanentesnaspropriedades rurais,épermitidoaosagricultores“nômades”sefixarem,comoumaformadeproporcionar-lhesegurançasocial,dando-lhesmelhorescondiçõesdevida.

Desvantagensdossistemasagroflorestais

1.Desvantagensecológicas: -Ossistemasagroflorestaiséumaformadeusomais intensivoda terraqueasilviculturatradicional(reflorestamento)enaturalmenteexistiráumamaiorutilizaçãodenutrientes do sistema. -Nãoéfácilobterespéciesflorestaisadequadasparasolospobres,eistopodeser uma limitante. -Entreváriasespéciespodehaverumafortecompetiçãoporluz,águaenutrien-tes.

2.Desvantagenseconômicas: -Osnovossistemasagroflorestaispodemnecessitardeinvestimentosaltosparacomeçarem a funcionar. - Alguns sistemas agroflorestais podem começar a produzir depois de algunsanos,istopoderiacausarumtranstornofinanceiro. -Emalgunslocaisondeapopulaçãoénumerosaeossolossãopobres,poderiahaveralgunsproblemassobreapromoçãoepráticadossistemasagroflorestais. -Acriaçãodecooperativaseassociaçõespoderiacontribuirparasolucionarestetipodeproblemas

3.Desvantagenssociais: -Ossistemasagroflorestaiséumaformacomplexadeusodaterraeexigeummaiorconhecimento.Portanto,aeducaçãoeaextensãosãoessencialmentenecessá-rias.

Unidade 3 SistemasAgroflorestais Unidade 3 SistemasAgroflorestais

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-Aagrossilviculturageralmenteexigemão-de-obraintensaepermanente.

4.Desvantagenscientíficas: -Considerandoquejáexisteumentendimentogeralsobreosváriosprincípiosre-lativosaossistemasagroflorestais,aindaexisteumadeficiênciaconsideráveldeestudoseexperiênciassobreoestudo,desenho,instalação,manejo,aplicaçãoeavaliaçãodossistemasagroflorestais.

3.3 PRINCIPAIS SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Entreossistemasagroflorestaismaisimportantestemos,aagriculturamigratória,osistemaTaungyaeagriculturadeplantaçõesperenes.

3.3.1 Agricultura Migratória

Aagriculturamigratória,segundoEichler(1965)édenominada"Milpa",naAméri-caCentraleMéxico,"Chaco"naBolívia,"Roça"noBrasil,"RozaouMonte"naColombia,"Chacra"noEquadorePerú,"Conuco"naVenezuelaeRepúblicaDominicanae"Shiftingcultivation"nospaísesdelínguainglesa. ParaWatters(1971),aagriculturamigratóriaconsistenodesmatamentoequeimadeumaáreacomflorestanaturalparase¬mearculturasalimentícias,sendoabandonadaapósaperdadesuafertili¬dade.SegundoaFAO(1970),estetipodeagriculturaseprati-canostrópicoschuvosos,comexceçãodaquelasáreasondeosoloéfértilepermiteumuso contínuo. Estesistema,segundoWatters(1971)produzumrápidoesgota-mentodosoloedosrecursosflorestaisdevidoaofogointensivo,aerosãoqueseagravaàmedidaqueaumentaadensidadepopulacional.Poroutrolado,King(1978),estimouqueasuperfícietotaldaterraemquesepraticaestetipodeagricultura,erade60milhõesdeKm2,habi-tadospor250milhõesdepessoas. Noentanto,Peck(1977)afirmaqueaagriculturamigratóriaéumsistemaeficien-tequandoapopulaçãoencontra-sedispersa,masemáreascomdensidadesaltas,aero-sãoseaceleraquandoocultivoéprolongadoe,principalmente,emáreasdetopografiaacidentada. ForamobservadosatravésdepesquisasrealizadasnoBrasil,queaproximada-mente60toneladasdebiomassae12tone¬ladasdehúmus/anosãoperdidosaos12e14mesesdepoisdocorterasoequeimade1hadeflorestapelotradicionalagri¬cultormigratório(SILVICULTURA,1976).

3.3.2 Sistema Taungya

Letourneu(1957)explicaqueapalavra"Taungya"sederivadeduaspalavrasdovocabulárioBirmano:"Taung"quesignifica"colina"e"ya"quequerdizer"parcelacultiva-da",dema¬neiraqueseusignificadoé“parcelacultivadasobreacolina”.MasparaSa-mapudhi(1975),“Taung”=montee"ya"=campo,ouseja,queTaungyasignifica:culturasdecamponamontanha. Verduzco(1970)defineosistemaTaungyacomumsentidomaisamplo,ouseja,ocultivoeaproveitamentomúltiplodascolinas,oreferidoautor,informa,ainda,queestesistemaéaplicadonasIlhasdoCaribe,AméricadoSulemuitosoutrospaíses,paraso-lucionarseusproblemasdeflorestamentoereflorestamento. King(1978)umdoscientistasquemaistemestudadoofuncio-namentodométo-doTaungya,explicaqueestatécnicaéchamadatambémdeSistemaTaungyae,queoestabelecimentodasculturasagrícolaspoderásermantidoatéomomentonoqualnãoexis¬tacompetiçãosignificativaentreoscomponentesdosistema.

ChaudhryeSilim(1980)dizemquecomosistemaTaungya,po-de-seconseguirumde-senvolvimentoharmônicoentreasárvoreseasculturasagrícolas.Assimcomo,épossívelincorporargrandesextensõesdeterraederecursoshumanosaagrossilvicultura,paraobterbenefícioseprodutosemformapermanente,comoduplopropósitodeencontraramelhorformadeutilizarosterrenos,semdestruirosecossistemasnaturais.EstesistemafoiiniciadonaBirmânianofinaldoséculopassado,emplantiosrealizadosemterrenosacidentadosdoestado(AGUIRRE,1977). NoentantoparaBudowski(1977),osistemaTaungyaépraticadoparatransfor-margradualmenteaagriculturamigratória emumaeconomiabaseadaemplantaçõesdeespéciesflorestaisderápidocrescimentoe,pararecuperarasflorestasdeterioradas.Poroutrolado,Hart(1979)definecomoummétododeregeneraçãoflorestalartificialemterrenosocupadospelaagriculturamigratória.

3.3.3 Agricultura de Plantações Perenes

Soria(1975)consideraqueestesistemadeexploraçãocomespéciesarbóreasouarbustivas,comocacau,café,palmeiraoleaginosa,cana-de-açúcar,consorciadocomárvoresparamadeira,temaumentadosignificativamenteaprodutividadenasregiõestro-picais.Nestemesmoaspecto,Granados (1972) afirmaqueos sistemasagroflorestaisexecutadosemplantiosmuitodensospermitemoauto-sombreamentodosolo,manten-do,atécertoponto,oequilíbriobiológicodaárea,comotambémasdiferentestransforma-çõesbioquímicas. Hart(1979)consideraquenestessistemassilviculturaiscons-tantementesede-positamgrandesquantidadesdematériaorgânicacomaquedadasfolhas,floresera-mos,mantendoassim,emparte,ociclodenutrientesevidamicrobialdosolo.

Unidade 3 SistemasAgroflorestais Unidade 3 SistemasAgroflorestais

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Unidade 4

Q4.1 ESCOLHA DAS ESPÉCIES FLORESTAIS

uantoàseleçãodeespéciesflorestaisparaosistemasilvoagrícola,Aguirre(1977)eVerduzco(1970)consideramquesedeveterespecialcuidadocomascaracterísticasdasespéciesflorestais,comascondiçõesecológicasdaregiãoeacomapotencialidadedosmercados. Lamb(1968)ressaltaque,entreascaracterísticasmaisimportantes,de-

ve-seconsiderar:espéciesvaliosasderápidocrescimento,eficiêncianoaproveitamentodaluz,amplointervalodedistribuiçãonasregiõesclimáticaseedáficase,ainda,aaltacapacidadedecompetiçãocomespéciesinvasoras. SegundorelatóriodeBritishHondurasForestDepartment(1975)édefundamen-talimportânciaconsiderarasinteraçõeseascompatibilidadesnossistemasconsorcia-dossilvoagrícolasparacadaregiãocomafinalidadedeconseguiraltosvolumesdema-deiraparaindústriaeboascolheitasagrícolas.

4.2 ESCOLHA DAS ESPÉCIES AGRÍCOLAS

Greaves(1974)informaqueasculturasagrícolasdevemserselecionadascombaseemsuascaracterísticaseapartirdecadaespé¬cieflorestalquesedesejaconsor-ciar,alémdeconsiderarosfatoresedáficoseclimáticos. Verduzco(1970)consideraque,quandoseempreendeumprogra¬madereflo-restamentopelosistemaTaungya,énecessáriodedicarespecialcuidadoàseleçãodosfatoresecológicos,sócio-econômico,dasespéciesflorestais,agrícolas,frutíferaseforra-geirasquesepossamcultivaremconsorciação,comafinalidadedefazerumusomúlti-plodosolo,conservacionistaerentável.

4.3 ESCOLHA DAS ESPÉCIES ANIMAIS

Aseleçãodasespéciesanimaisadequadasparaintegrarossistemasflorestaisénecessáriaafimdedestacarascaracterísticasprópriasdecadaespécie,porqueosprincípiosdemanejosãosemelhantesaosqueregemomanejodosanimaisemoutrossistemas.Conferirimagemabaixo:

UNIDADE IV - SELEÇÃO DE ESPÉCIES AGRÍCOLAS, FLORESTAIS E PECUÁRIAS PARA OS SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Unidade 3 SistemasAgroflorestais

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Entretanto,éimportanteconsideraralgunsaspectos,taiscomo:observaracargaanimal,capacidadedesuportedapastagemesuavariaçãoduranteoano,variedadesdefontesalimentares,suplementaçãoalimentar,fornecimentodeágua,controledepatolo-giasedohabitat,incluindoascondiçõesmicroclimáticaseinstalações. Deumamaneirageral,osanimaisdomésticosquepodemintegrarossistemasagroflorestais são: bovinos, ovinos, caprinos, suínos, aves, peixes, abelhas, eqüinos,camarões,bichodasedaetc.

4.4 O REFLORESTAMENTO ATRAVÉS DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Muñoz(1975)reportaquenaMalásiaseconsorciamasespécieslocaisdeDipte-rocarpaceas,como:Dryobalannops aromatica, Shorea leprosula, Shorea ovalis, Shorea curtissi;assimcomotambémnaAméricatropicalutiliza-seSwietenia macrophylla ambas consorciadascombanana,mamãoehortaliças,Pinus caribaea com mandioca e bana-nas, Antocephalus chinensis, Gmelina arborea, Araucaria hunsteinii commilhoefeijão.Este mesmo autor relata que em Minas Gerais, utilizam Cunninghamia lanceolata em consórciocomfavaduranteoprimeiroanoecommilhoduranteosegundo.ConseguiramtambémbonsresultadosconsorciandonosdoisprimeirosanosmilhocomCordia alliodo-ra. O consórcio de culturas agrícolas com Populus sp,por3a4anoscombatatinhas,fumo,milho,beterrabaaçucareiracomosefaznaItáliaésugeridoporFlinta(1960). AcostaSolis(1954)recomendaconsorciarplantiosdeEucalyptus globulus com milho,ervilhasetremoço,assimcomo,seconseguemresultadospositivosconsorciandomilhoemplantiosdePinus radiataduranteostrêsprimeirosanos. Inoue (1979) informa que a agrossilvicultura praticada nas regiões pluviais daÁfrica, temoferecidobons resultados comespécies:Terminalia superba, T. ivorensis, Aucoumea klaineana, Khaya ivorensis, Cedrela mexicana, Gmelina arborea, Grevillea ro-busta, Tectona grandis, Eucalyptus grandis e Pinus caribaea. Enquanto que na Amazônia brasileira se tem feito agrossilvicultura com Virolasp.,Goupia glabra, Cordia alliodora,

Anacardium gigantum, Didymopanax morototoni. E na região Sul do Brasil se tem alcan-çadoêxitosconsorciandomilhoearrozcom Araucaria angustifolia e Pinus taeda(IBDF,1982). EstudandooconsórciodeeucaliptoscommilhoGurgelFilho(1962)chegouàsseguintesconclusões: a)omilhoprejudicaoeucaliptal,àmedidaqueaumentaadensidade; b)semeandoumalinhademilhoaocentrodeduasfileirasdeeucaliptosde3me-trosdelargura,consegue-seresultadospositivos,tantobiológicos,comoeconômicosnasculturasflorestaiseagrícolas.

Brienza(1983)relataquesetemconseguidocrescimentos iniciaissatisfatórios,consorciandoespéciesagrícolasdeciclocurto,médioeperenescomespéciesflorestaisna região Amazônica brasileira. NovaesePoggiani (1983)estudaramocomportamentodePinus caribaea var. hondurensis e Liquidambar styracifluacomesemconsórcio,edepoisdeumanodeob-servaçãochegaramàsseguintesconclusões:

a)existiumaiorquantidadedenutrientesnolitterdopovoamentodeLiquidambarstyracifluaquenopovoamentodePinus; b)nopovoamentomisto,aconcentraçãodemacronutrienteséintermediário; c)adeposiçãodomaterialnopovoamentodePinus,foimenorquenopovoamen-to de Liquidambar.

Poroutrolado,Timonietal(1983)executaramumexperimentosobreocompor-tamentode32espécies florestais consorciadas, e depois de23anosdeobservação,concluíramqueGrevillearobustaapresentoumaioracúmulodematériaorgânicaemaiorcrescimentoemalturaediâmetrojuntocomCaesalpinia leiostachya. O consórcio de Acacia albida e Leucaena leucocephalaparaproduçãodelenha,postes,adubaçãoverdeeforragem,foiumêxitoemMalawisugeridoporGasey(1983). PoroutroladoemGhanasegundoLahiri(1968)seconsorcianormalmentemilhoemplantaçõesdaTerminalia ivorensis, assim como Cocoyam (Colocasiasp.eXantho-somasp.), inhame(Discoreasp.),mandioca(Manihotsp.),pimentão(Capsicumsp.)ealgumasbananas(Musasp.).

Unidade 4 SistemasAgroflorestais Unidade 4 SistemasAgroflorestais

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Unidade 5

mmuitospaíses,ascercasvivasconstituemumsubsistemadossistemasagroflorestais, bastante comumnas áreas de pastagem.Ademais, estascercasconstituemumpotencialparagerardiversidadedeprodutosefun-ções,aumentando,destamaneira,aprodutividadedapropriedaderuralefavorecendo a geração de serviços ambientais. Tem-seconstatadoqueascercasvivasservemparademarcaroslimites

edarproteçãoàspropriedadesrurais.Existeumaamplagamadecercas,quetemsidoutilizadanasdiferentesregiões,deacordocomasfunções,materiaisdisponíveisere-cursosdoagricultor.Sãopoucososagricultoresquepercebemqueestecomponentenapropriedaderuraléfontedelenha,forragemefrutas,comotambéméingressodedinhei-ropelavendadeprodutos.Muitospraticamefazemusodestesbenefíciosadicionaisdascercas,masnãodãoadevidaimportância. Ascortinasquebra-ventosnãosãofreqüentesnaspropriedadesrurais.Sãoesta-belecidaspelanecessidadedecontrolaroefeitodosventosfortes.Portanto,seuusoestarestringidoaaquelasáreasqueregularmentesãoafetadasporventosfortesqueacusamproblemasnasculturas,napecuária,destroemosolooudificultamascondiçõesdevida.

5.1 CERCAS VIVAS

Éumaopçãodossistemassilvopastorismuitoutilizada,especialmentenaspro-priedadesdeproduçãopecuáriaemdiferentespaíses.Ascercasvivassãoarranjosli-nearesdeárvoresouarbustoscomafinalidadedesustentaroaramefarpadoouliso,comotambém,servemparaoutrasfunções,comolimitaçãodaspropriedades,divisãodediferentesusosnosolo(florestas,agricultura,pastagens),fontedemadeiraparadiversosusos,estacasparacervasvivas,estacasmortas,alimentoparaconsumohumanoeani-mal,fixamcarbono,servemcomocorredoresparaomovimentodeanimaisemelhoramabelezadapropriedade.

5.1.1 Características das Cercas Vivas

Salazar(1984)explicaque,deumamaneirageral,pode-sefalarquenasdiver-sasregiõespredominamtrês tiposdecerca:acercacomestacasvivas,comestacasmortas, estacas com ferro e concreto, sendo esta última em escala menor. Este mesmo autor informa que não existe um critério uniforme, inclusive dentro de uma mesma região entreosagricultoresquepraticamamesmacultura,então,quantoàscaracterísticasdeumacercaviva,quantoàespécie,àgrossuraealturadasestacas,freqüênciaetipode

UNIDADE V - CERCAS VIVAS E CORTINA QUEBRA VENTOS

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Unidade 4 SistemasAgroflorestais

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corte,distânciaentreestacasetc.,poder-se-iadizerquecadaumpraticaosistemaqueconsideremaisadequado,deacordocomacultura,experiência, recursoseconômico,disponibilidadedecapacidadedemão-de-obraematerial,tamanhodacopa,seaestacaencobreoarame,capacidadederebroteetc. Éinteressantesalientarque,seamaioriadosagricultoresnãovalorizaopoten-cialdascercasvivascomoumafonteadicionaldelenha,forragem,dinheiropelavendadeestacas,basicamente,concentramomanejodasmesmas,somentecomofunçãodeproteção,divisãooulimitesdaspropriedades.Portanto,comonãosedáodevidovalorcomplementaràscercasvivas,tambémnãosetemdesenvolvidotécnicasadequadasdemanejo,quepermitamaumentarorendimentodasmesmas. Geralmente, os agricultores realizam cortes quando consideram que o efeito da sombraestáprejudicandoodesenvolvimentodasculturasenãoprestamadevidaaten-çãoaosprodutosquepoderiamobterdamesma.Sãopoucososcasosquerealmentesetenhadadoimportânciaàscercasvivas,paraincluí-lasemumsistemaadequadodemanejo,comaproveitamentodosprodutoseserviços,considerando-secomoumcom-ponentedosistemaagroflorestaldapropriedade.

5.1.2 Estabelecimento das Cercas Vivas

Umdosmétodosmaissimplesparaoestabelecimentodascercasvivas,emalgu-masregiõestropicais,consistenoestabelecimentodeumacercanovaouatransforma-çãodeumacercamortajáinstalada.Nocasodacercanova,asestacasmortassãoins-taladasacada8measestacasvivasentre1.5a2m.Quandosetransformamascercasmortasjáinstaladas,asestacasvivassãoplantadasàmesmadistânciaquefoiutilizadaparaasestacasvivas.Asestacasvivasutilizadastêmumcomprimentode2.40meumdiâmetroentre5a8cm,eenterram-seaumaprofundidadenãomenorde30cm. Baggio(1982)informaquedeumacercaviva,comumespaçamentode2mdeGliricidiasepium,seobtémumproduçãode4.2tn/kmdematériasecaemintervalosdecincoanos.EstesresultadossãosemelhantesaosquereportaBelliard(1983),emumplantiocomestamesmaespécie,comumespaçamentodede1.5m. Budowskiet.al.(1984),registraramumaproduçãode3,2tn/kmdebiomassasecatotal,emumacercavivadeErythrinaberteroanainstaladaaumespaçamentode2m.

5.1.3 Manejo das Cercas Vivas

Oconhecimentodaespécie,ainstalaçãodasestacasvivas,ocomprimentoeodiâmetrodasestacas,aépocadoanoparaoplantio,afinalidadedosagricultoresemsuaspropriedades,tudoissoédefundamentalimportânciaparaconseguirosprodutoseserviçosqueumacercavivapotencialmenteproduzirianossistemasagroflorestais. Porexemplo,apodaéumapráticademanejocomumnascercasvivas.Estaintervençãosilviculturalconsistenaeliminaçãodosramosdascopasdasárvores.Apri-meirapodapodeserrealizadanosdoisprimeirosanosapósainstalaçãodasestacas(emespéciesquerebrotamtaiscomo:Gliricidiasepium,Erythrinaspp.,Spondiasspp.).Apodapodeserparcialoutotal.Diz-sequeapodaéparcialquandoseeliminamalgunsramos(doentesouparanovasestacas),diz-sequeétotal,quandotodacopadaárvoreé eliminada. Nascercasvivasondeasespéciesutilizadasrebrotam,seexecutapodasacada2anos.Paraestapráticamuitosprodutores levamemconsideraçãoas fasesda lua,sendobastantecomum,nestecaso,realizarapodaemquartominguante.Deumaformageralcomaexecuçãodapodaconseguem-seasseguintesfunções:

-reduziroexcessodasombranasáreasdepastagem;

-obter-seumaformadesejáveldascopasdasárvores; -evitarpossíveisdesabamentosdasárvoresporpossuircopasdensas; -conseguirqueasárvorestenhamfustesmadeiráveis; - coletar estacas.

Existeminformaçõessobreosserviçosambientaisqueproporcionamascercasvivas,taiscomo:fixaçãodecarbono,conservaçãodabiodiversidadeeservedeabrigoparaumamaiorvariedadeequantidadedeespéciesdepássaros.Istoépossívelporqueascercasvivasoferecemambientesfavoráveisparaaninhar,mobilizare,ainda,disponi-biliza alimento durante todo o ano. Portanto,ascercasvivasproporcionamfunçõesimportantes,comolimitesoudivi-sãodaspropriedades,demarcaçãoparausodeáreas,produçãodemadeiraparaváriosusos,fontedealimentosparaconsumohumanoeanimal,servemcomocorredoresparamovimentaçãodosanimais,alémdefixarocarbonoatmosféricoemelhorarapaisagemdaspropriedadesrurais. Aspropriedadesquepossuemcercasvivascontribuemparadiminuirapressãosobreaspequenasflorestas,jáqueousodomaterialparacercasmortasestámuitoes-casso ou até inexistentes.

5.2 CORTINA QUEBRA-VENTOS

Ascortinasquebra-ventosrepresentamumatécnicadeplantiodeárvoresquetemcrescidoesedesenvolvidoemdiversospaíses,especialmentenasregiõesdeAméricadoNorteeNortedaEuropa,ouseja,emregiõesqueemdeterminadoperíododoanosãoafeadasporventosfortes.

A idéia básica da cortina é estabelecer uma barreira que reduza a velocidade do vento,atéumpontoquenãocause influênciassignificativasna temperaturadoar,naumidaderelativa,umidadedosoloe,evaporaçãoetranspiraçãodasplantas.Ocontroledestesfatoresproduzmudançasquemelhoramascondiçõesdevidaereduzemosda-noscausadosàagriculturaeàpecuária Portanto,pode-seconfirmarquebenefíciossignificativossãoalcançadosemre-giõesondesazonalmentesãoafetadasporventossecosequentes,quedificultamascondiçõesdevidaemanejonosdiversossistemasdeproduçãoagropecuária.

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5.2.1 Benefícios

Ralph(1964)citadoporSalazar(1984)relacionaosseguintesbenefíciosquesepodemobterdascortinasquebra-ventos:

-Dopontodevistadasmoradias:melhoraascondiçõesdevida,reduzamanu-tençãodascasaseinstalaçõese,permitemanterasáreasverdes. - Diminui a erosão do solo. -Épossívelmanterummelhorcontroledaumidadeetemperaturadoaredosolo. -Reduzoueliminaosdanoscausadospelaevaporaçãoetranspiração. -Facilitaapráticadairrigaçãoporaspersão. -Protegeassementesrecémsemeadas,odesenvolvimentodaculturaeacolhei-ta -Reduzamortalidadegadoemelhoraaproduçãodapastagem. - Protege o gado contra a ação do vento e do sol. -Melhoraapaisagem. -Produzalimentoeproporcionarefúgioparaafauna. -Éumafontedemadeira,estacas,cercaselenha.

5.2.2 Instalação

Nãoesquecerqueasárvoressãoplantadasparaproduzirumabarreiracontraoventoenãoparaconseguirumdesenvolvimentoindividual.Paraconseguirosbenéficosdascortinasénecessárioconsiderarasseguintesnormasnomomentodainstalação:

-acortinadeveserinstaladanosentidoperpendicularàdireçãodovento. -ascortinasnãodevemapresentarbrechasporondeoventopossasercanaliza-do.

Alémdasnormasprescritas,Leal(1986)informaqueémuitoimportantenoesta-belecimentodascortinasconsideraremosseguintesfatores:-altura,comprimento,espessura,densidade,composiçãoeestrutura.

5.2.2.1 Altura

Aalturaéumavariávelmuitoimportanteparareduziravelocidadedoventoatéumdeterminadolimite,porqueapartirdeste,deixadetersignificadoparaestebenefício.Salazar(1984)reportaqueexistemexperiênciasdeváriostiposdecortinascomalturasconstantesde1,40m,permitindoconcluirqueolocalondeoventoretomaovalorlivreéde5a10vezesaalturaparaobarlaventoede20a25vezesparaosotavento.Aindaestemesmoautorenfatizaquesepodemmanterestesefeitospositivosaténãoexcederumaalturade15m. Portanto,paraconseguirosbenefíciosdacortinaénecessárioselecionarases-péciesarbóreasadequadas,umacortinade10mdealtura,protegedoventoatéumadistânciade200m.Aindaestemesmoautoresclarecequeosefeitospositivosparaosotaventosuperamos15a20mdealturaeparaobarlaventonãopassade2a5vezesa altura.

5.2.2.2 Comprimento

Quandoumabarreiraécurta,oventopenetrapelosladoscommaiorvelocidade.

Arelaçãodocomprimentocomaaltura,permiteavaliaraeficiênciadainstalaçãodacor-tina.Salazar(1984)aindainformaquearazãodocomprimento/alturadeveserde20:1,comafinalidadedeobterosefeitosbenéficosesperadosdeumacortinabeminstalada.

5.2.2.3 Largura/Espessura

Quantoaestavariável,muitosautoresdeváriospaísestêmdiscutidoqueacorti-nanãodevesermaislargaquedoqueonecessário,paraconseguiroobjetivoespecíficopretendido.Emmuitospaíses,váriosautorespreconizamqueonúmerodefilaspoderiaserde5a10.Éimportantenãoesquecer,queaseleçãodasespécieséfundamentalparaconseguir os benefícios da cortina.

5.2.2.4 Densidade

Leal(1986)reportaqueparaconseguirosefeitosesperadosdacortinaéneces-sárioterumaporosidadeemtornode40%. Algunsautoresclassificamascortinas,quantoasuadensidade: Ralas-com65%deespaçosvazios; Médias-com50a65%deespaçosvazios Densas-commenosde50%deespaçosvazios. Váriosautoresinformamquede30a50%deespaçosvazios,édesejávelumacortinanaspropriedadesagroflorestais.

5.2.2.5 Composição e Estrutura

Estascaracterísticassereferemàespécieouàsespéciesqueformamumacorti-na.Narealidade,oefeitoprotetorédiferente,casoacaso,deacordocomasespéciesdefolhascaducasoupersistentes,comotambémdotipodefolhagem. Oplantiodeárvoresdeportealtonaslinhascentraisdacortina,flanqueadasnosdois ladospor árvoresmenoresearbustos, paradar uma forma transversal deumVinvertido,temsidoconsideradocommuitafreqüênciacomoaformaadequadaparacon-seguirumamaioreficiênciadacortina. Acaracterísticamais importantedacortinaéaalturaepodesedividirem trêsníveisdeproteção:alto,médioebaixo.Paracadaumdestesníveisdevemserseleciona-dasasespéciesmaisadequadas. Osespaçamentosparaplantiodasárvorespodemvariarconsideravelmente,semafetaradensidade,alturaecontinuidadedacortina.Poroutrolado,variaçõesde3a6mentrelinhastêmpoucoefeitonareduçãodavelocidadedovento.Asvantagensedes-vantagensdaseparaçãodaslinhas,devemestaremfunçãodoefeitodocrescimentodasárvoresemanutençãodacortina(LEAL,1986). Omanejoadequadodascortinasdeveiniciar-sequandoascortinasestãocom-pletamente instaladas,ouseja,antesqueascopas iniciemacompetiçãoporespaço,modificandoaestrutura.Ummanejoadequadodeveanteciparestasmudançasnegativasparamanteremelhoraraestruturadabarreira. Antesqueseinicieomanejoénecessárioobservaroestadodedesenvolvimentodacortina,ouseja,éprecisoverificarseuvigor,comotambémavaliarocrescimentodasárvoresearbustos,verificarseestasjáestãosedanificandoe,seseránecessárioosdes-bastes.Quandoacortinaestámuitolargaépossíveleliminaralgumaslinhasineficazes,principalmenteseexistemmaisde10linhas.Seexistemárvoresdominadascomcopamalformada,doentesetc.,estasdevemsercortadasparaquesejaestimuladoocresci-mentodasquepermanecerem.

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Unidade 5 SistemasAgroflorestais