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Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos 1 01 de outubro de 2020 Cenário Econômico Economia global deve mostrar acomodação daqui para frente o Os indícios de uma forte retomada da economia continuaram ao longo do terceiro trimestre. Após reação iniciada ainda em junho, as surpresas positivas persistem e os sinais de uma recuperação rápida, ao menos em alguns segmentos, começaram a se materializar de maneira mais evidente. Mantivemos nossa projeção de queda do PIB de 2020 em 4,5%, seguida de uma alta de 3,5% em 2021. o A retomada em duas velocidades vem gerando algumas pressões pontuais. A soma de pressões de custo resultantes de um câmbio mais depreciado e aumento de preços internacionais de commodities vem sendo sancionada por algum aumento de renda. Porém, a inflação de serviços – e mesmo as medidas de núcleos – seguem em patamares confortáveis. Para 2020, o recente choque de preços de alimentos nos fez revisar a projeção de 1,9% para 2,4% e, para 2021, mantivemos nossa expectativa de IPCA em 3,1%, reconhecendo os riscos altistas. o A sustentabilidade fiscal continua sendo, simultaneamente, um fator de risco relevante e um grande desafio para o cenário prospectivo. Nesse contexto, a manutenção efetiva do teto de gastos também permanece como condição necessária para a evolução do nosso cenário. o Os riscos fiscais vêm se sobrepondo aos fundamentos externos brasileiros, que justificariam um real mais apreciado. Ao longo do fim deste ano e do próximo, acreditamos que a retomada da atividade, juntamente com um ambiente favorável para os termos de troca do país, dará respaldo para a manutenção da taxa de câmbio em R$/US$ 5,20, mesmo em meio a um elevado nível de volatilidade, sobretudo no curto prazo. o Seguimos esperando que a Selic permaneça em 2,00% até meados de 2021 e que encerre o próximo ano em 3,00%. Aos olhos de hoje, os riscos são mais de alta do que de baixa para o cenário de juros de 2021. Sinais de retomada (e riscos) seguiram presentes no terceiro trimestre o Entendemos que desde setembro, a retomada entrou em uma fase mais difícil, caracterizada por uma recuperação em dois estágios. Isso porque estamos próximos: (i) ao nível máximo de abertura, dado que não temos uma vacina disponível, com restrições importantes sobre o setor de serviços e (ii) ao nível máximo de retomada, dado que os estímulos – fiscal e monetário – atingiram seu pico. o Nesse ambiente, os dados de mobilidade de alta frequência estabilizaram no último mês. Ao mesmo tempo, algumas preocupações cresceram nesse período. Aumentaram os casos de Covid-19, em especial na Europa, elevando os riscos de novos lockdowns, ainda que essa segunda onda aparente ter características bem distintas da primeira. Somado a isso, as incertezas recentes são amplificadas pela proximidade das eleições dos EUA, que tendem a ser mais disputadas do que esperávamos meses atrás. Adicionamos também as incertezas relacionadas ao Brexit e entre EUA e China. o Com mais ruídos e certa estabilidade da atividade econômica, optamos por manter inalteradas as expectativas para o PIB global, hoje apontando retração de 3,5% em 2020 e crescimento de 4,5% 2021.

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Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos1

01 de outubro de 2020

Cenário Econômico

Economia global deve mostrar acomodação daqui para frente

o Os indícios de uma forte retomada da economia continuaram ao longo do terceiro trimestre.Após reação iniciada ainda em junho, as surpresas positivas persistem e os sinais de umarecuperação rápida, ao menos em alguns segmentos, começaram a se materializar de maneira maisevidente. Mantivemos nossa projeção de queda do PIB de 2020 em 4,5%, seguida de uma alta de3,5% em 2021.

o A retomada em duas velocidades vem gerando algumas pressões pontuais. A soma depressões de custo resultantes de um câmbio mais depreciado e aumento de preços internacionaisde commodities vem sendo sancionada por algum aumento de renda. Porém, a inflação de serviços– e mesmo as medidas de núcleos – seguem em patamares confortáveis. Para 2020, o recentechoque de preços de alimentos nos fez revisar a projeção de 1,9% para 2,4% e, para 2021,mantivemos nossa expectativa de IPCA em 3,1%, reconhecendo os riscos altistas.

o A sustentabilidade fiscal continua sendo, simultaneamente, um fator de risco relevante eum grande desafio para o cenário prospectivo. Nesse contexto, a manutenção efetiva do tetode gastos também permanece como condição necessária para a evolução do nosso cenário.

o Os riscos fiscais vêm se sobrepondo aos fundamentos externos brasileiros, que justificariamum real mais apreciado. Ao longo do fim deste ano e do próximo, acreditamos que a retomada daatividade, juntamente com um ambiente favorável para os termos de troca do país, dará respaldopara a manutenção da taxa de câmbio em R$/US$ 5,20, mesmo em meio a um elevado nível devolatilidade, sobretudo no curto prazo.

o Seguimos esperando que a Selic permaneça em 2,00% até meados de 2021 e que encerre opróximo ano em 3,00%. Aos olhos de hoje, os riscos são mais de alta do que de baixa para ocenário de juros de 2021.

Sinais de retomada (e riscos) seguiram presentes no terceiro trimestre

o Entendemos que desde setembro, a retomada entrou em uma fase mais difícil, caracterizadapor uma recuperação em dois estágios. Isso porque estamos próximos: (i) ao nível máximo deabertura, dado que não temos uma vacina disponível, com restrições importantes sobre o setor deserviços e (ii) ao nível máximo de retomada, dado que os estímulos – fiscal e monetário – atingiramseu pico.

o Nesse ambiente, os dados de mobilidade de alta frequência estabilizaram no último mês. Aomesmo tempo, algumas preocupações cresceram nesse período. Aumentaram os casos deCovid-19, em especial na Europa, elevando os riscos de novos lockdowns, ainda que essa segundaonda aparente ter características bem distintas da primeira. Somado a isso, as incertezas recentessão amplificadas pela proximidade das eleições dos EUA, que tendem a ser mais disputadas do queesperávamos meses atrás. Adicionamos também as incertezas relacionadas ao Brexit e entre EUA eChina.

o Com mais ruídos e certa estabilidade da atividade econômica, optamos por manterinalteradas as expectativas para o PIB global, hoje apontando retração de 3,5% em 2020 ecrescimento de 4,5% 2021.

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Os indícios de uma forte retomada da economia continuaram ao longo do terceiro trimestre. Apósreação iniciada ainda em junho, as surpresas positivas persistem e os sinais de uma recuperação rápida, aomenos em alguns segmentos, começaram a se materializar de maneira mais evidente. As diferençassetoriais permanecem, mas, por ora, as últimas divulgações vêm reforçando essa avaliação de forteaceleração do crescimento. Nesse contexto, mantivemos nossa projeção de queda do PIB de 2020 em 4,5%,seguida de uma alta de 3,5% em 2021.

Os principais setores mantiveram o ritmo de recuperação visto até então. Ainda que em velocidadesdistintas, indústria, varejo e serviços seguem avançando. Destacam-se as vendas do varejo restrito, queretornaram ao nível anterior à crise de 2015, bastante superior ao pré-pandemia, beneficiadas pelastransferências de renda, pelo e-commerce, pelo crédito e pela substituição do consumo de alguns serviçospor bens. No caso da indústria, as sondagens de setembro indicam que o nível de utilização da capacidadetambém retornou a patamares próximos ao período pré-crise de 2015.

Gráfico 1: Retomada forte das vendas no varejoVendas no varejo (índice restrito e ampliado), séries em nível e dessazonalizadas

Fonte: IBGE, Bradesco

O avanço dos serviços ainda é lento, porém consistente. O setor ainda está em um estágio anterior nociclo de recuperação, mas demonstrou sinais de uma retomada mais firme a partir de julho, quando algumasmedidas de distanciamento social começaram a ser flexibilizadas. É natural que o setor se recupere maisgradualmente, visto que, sem o advento de uma vacina amplamente distribuída, muitos segmentos aindatêm suas atividades restringidas, total ou parcialmente.

De toda forma, em linha com a economia global, esperamos acomodação da taxa de crescimentoneste último trimestre do ano. Boa parte do consumo de bens já ocorreu e o efeito marginal dosestímulos fiscais será decrescente. Mas antevemos crescimento do PIB no quarto trimestre e melhora naocupação formal, que segue surpreendendo, e mesmo na informal, com o esperado prosseguimento dareabertura da economia, fator ainda a ser monitorado pelo número total de casos e óbitos de Covid-19.

Sinais de retomada (e riscos) seguiram presentes no terceiro trimestre

Cenário Doméstico

65.0

70.0

75.0

80.0

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105.0

08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Restrita

Ampliada

Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos3

Olhando para 2021, a recuperação do mercado de trabalho seguirá sendo a principal condição parasuavização do consumo à medida em que parte dos estímulos forem retirados. Esta avaliação se darámais pela ocupação do que pela própria taxa de desemprego, que tende a subir para 15,8%, emcontrapartida ao recuo do desalento causado pela pandemia, mesmo que haja uma recuperação em curso.Enquanto o desalento permanece elevado, o aumento das horas trabalhadas em relação aos níveis pré-pandemia é um sinal de alguma retomada do mercado de trabalho. Acreditamos que a força de trabalhodeverá se normalizar gradualmente conforme aumente o grau de funcionamento das atividades, podendofazer com que emprego e a renda, principalmente no setor informal, se recuperem de forma mais rápida.

Assim, o ritmo de crescimento em 2021, em particular no primeiro semestre, dependerá de uma sériede fatores. Por um lado, esperamos que haja um choque positivo de oferta com a reabertura do setor deserviços – setor com maior potencial de retomada com a presença de uma vacina, inclusive melhorando aocupação no setor informal. Adicionalmente, foi formada uma poupança durante a pandemia que podecompensar parte da saída do auxílio emergencial, quando este ocorrer. Cabe lembrar também que se osestímulos do auxílio emergencial deixarão de existir, os estímulos vindos da política monetária – com suadefasagem a ser plenamente percebida em 2021 – do crédito e da demanda externa devem seguir presentesno próximo ano. Mas essa “compensação” de fatores pode não ser plena ou sincronizada com a reaberturada economia, existência de vacina e retorno da ocupação no mercado de trabalho.

Gráfico 2: Evidências de algum acúmulo de poupança na economiaProxy para poupança, agregado monetário M2 como % do PIB

Fonte: BCB

A despeito dessas dúvidas, essa retomada em duas velocidades vem gerando algumas pressõespontuais. A soma de pressões de custo resultantes de um câmbio mais depreciado e aumento de preçosinternacionais de commodities vem sendo sancionada por algum aumento de renda. Os números correntesde inflação ao consumidor passaram a refletir o choque de preços de alimentos no atacado, levando a umarápida revisão das projeções para o IPCA no curtíssimo prazo. Porém, a inflação de serviços – e mesmo asmedidas de núcleos – seguem em patamares confortáveis. Para 2020, o recente choque de preços dealimentos nos fez revisar a projeção de 1,9% para 2,4% e, para 2021, mantivemos nossa expectativa de IPCAem 3,1%, reconhecendo os riscos altistas, em especial da incerteza quanto à formação de preços no setorde serviços – quando a reabertura desse segmento se iniciar – e do potencial realinhamento de preçosadministrados. Ambos os fenômenos podem se dar em maior intensidade do que a antecipada em nossocenário e não serem plenamente compensados pela esperada desaceleração de preços de alimentos eestabilidade cambial.

51.4%

34.0%

36.0%

38.0%

40.0%

42.0%

44.0%

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54.0%

13 14 15 16 17 18 19 20

Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos4

Gráfico 3: Aceleração da inflação de alimentos compensada pela inflação de serviçosComponentes do IPCA, variação acumulada em 12 meses

Fonte: IBGE

A sustentabilidade fiscal continua sendo, simultaneamente, um fator de risco relevante e umgrande desafio para o cenário prospectivo. O Governo Central deverá apresentar déficit primário decerca de R$ 860 bilhões (12,4% do PIB) neste ano, como resultado tanto das próprias medidas emergenciais(cerca de 8% do PIB) quanto da queda da arrecadação. Tal deterioração do cenário fiscal de 2020 leva ànecessidade de maior esforço de gestão da dívida pública, tanto no curto quanto no médio prazo, quedeverá alcançar patamar próximo a 100% do PIB ao final de 2020.

Nesse contexto, a manutenção efetiva do teto de gastos também permanece como condiçãonecessária para a evolução do nosso cenário. Se o primeiro esboço do orçamento de 2021 apresentadopelo Executivo já trouxe uma série de desafios para compatibilizar as despesas do próximo ano, a restriçãoserá ainda maior para o orçamento dos anos seguintes. Como consequência, a continuidade das reformasfiscais, especialmente aquelas que miram as despesas, se torna essencial.

A elevada volatilidade do real resulta desta percepção em um contexto de taxa Selic na mínimahistórica. Ao longo do último mês, o comportamento do câmbio refletiu tanto essa incerteza em relaçãoaos próximos passos da política fiscal como também algum aumento de aversão ao risco no cenárioexterno. No último caso, aumentou a preocupação com o aumento de casos de Covid-19 na Europa eincertezas relacionadas aos desdobramentos da eleição americana vêm adicionando algum risco aoambiente global. Porém, vale registrar que quanto maiores os temores com as questões fiscais, maiorestambém são os impactos sobre a moeda brasileira causados pelos movimentos de aversão ao risco nocenário externo.

Assim, os riscos fiscais vêm se sobrepondo aos fundamentos externos brasileiros, que justificariamum real mais apreciado. Afastados os riscos fiscais, entendemos que outros vetores estruturais, comopassivo externo líquido e o saldo em conta corrente seriam condizentes com um nível bem mais apreciadoda moeda, a julgar pelo comportamento da mediana de pares emergentes. Porém, não apenas o hiato emrelação a estas moedas como também o excesso de volatilidade sugere predominância dos fundamentosfiscais, em um contexto de juros baixos, sobre os fundamentos externos na determinação do câmbio. Aolongo do fim deste ano e do próximo, acreditamos que a retomada da atividade, juntamente com umambiente favorável para os termos de troca do país, dará respaldo para a manutenção da taxa de câmbioem R$/US$ 5,20, mesmo em meio a um elevado nível de volatilidade, sobretudo no curto prazo.

-10.0%

-5.0%

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Alimentação domicílio Serviços

Bens Industriais Administrados

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Gráfico 4: Moeda brasileira não apenas mais volátil mas mantendo gap em relação aos paresComportamento Real vs mediana dos emergentes, desde jan/19

Fonte: BCB, Bradesco

Considerando todas essas perspectivas, o Banco Central mantém a percepção de uma economia queainda demandará estímulos por muito tempo. Mesmo reconhecendo estas pressões pontuais, o comitêde política monetária entende que o nível de ociosidade pode permanecer elevado se os riscos aquilevantados se materializarem. Ao reconhecer a existência de questões prudenciais e regulatórias, o BCintroduziu formalmente a prescrição futura de manutenção de juros baixos como um instrumento adicionalde política monetária. Porém, além de obviamente depender de expectativas de inflação ancoradas, talprescrição é condicional à manutenção do regime fiscal.

Diante deste quadro, seguimos esperando que a Selic permaneça em 2,00% até meados de 2021 eque encerre o próximo ano em 3,00%. Se houve alguma alteração do balanço de riscos de inflação aolongo do último mês, este foi no sentido de demandar ainda mais cautela do Banco Central que, ao menospor ora, optou por interromper o processo de queda de juros. Indo além, entendemos que o processo podeter chegado ao fim, uma vez que o atual nível de estímulo é suficiente para equilibrar os riscos de i)entregar inflação abaixo do centro da meta no horizonte relevante da política monetária com ii) os riscosprudenciais e de estabilidade financeira; e iii) de uma rápida convergência da inflação de volta à meta. Aolongo da segunda metade de 2021, o cenário prospectivo do BC (já mirando 2022) deve levar ao início doprocesso de normalização da Selic, encerrando o ano em 3,00%. Aos olhos de hoje, os riscos são mais dealta do que de baixa para o cenário de juros de 2021.

Como visto, uma série de qualificações acerca da heterogeneidade, sustentabilidade e legado destarecuperação ainda se fazem necessários para determinar o cenário. Porém, a heterogeneidade vem (eseguirá) gradualmente diminuindo e as dúvidas acerca da sustentabilidade da recuperação vêm sendopostergadas, embora ainda careçam de mais evidências para serem sanadas. Assim, é o legado, sob a formade um elevado nível de endividamento público, que mais nos preocupa neste momento, olhando à frente. Aprópria sustentabilidade da retomada depende, em maior ou menor grau, deste legado.

Com isso, chegamos ao último trimestre do ano com a percepção de uma recuperação importanteem curso, apesar das limitações ainda impostas pela pandemia. A plena retomada aindanecessariamente passará pela contenção da Covid-19, mas cada vez mais dependerá também da orientaçãofiscal adotada frente aos desafios impostos pelas perspectivas da dívida pública brasileira.

4.34

5.61

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

jan/2019 abr/2019 jul/2019 out/2019 jan/2020 abr/2020 jul/2020 out/2020

75%

25%

mediana

BRL

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Desde o início da pandemia tivemos dois movimentos expressivos e surpreendentes no desempenhoda economia mundial. De forma geral, a queda em abril/maio foi muito mais intensa e a retomada emjunho/julho foi bem mais forte do que imaginávamos. É o que chamamos a retomada em “V”. Entendemosque desde setembro, a retomada entrou em uma fase mais difícil, caracterizada por uma recuperação emdois estágios. Isso porque estamos próximos: (i) ao nível máximo de abertura, dado que não temos umavacina disponível, com restrições importantes sobre o setor de serviços e (ii) ao nível máximo de retomada,dado que os estímulos – fiscal e monetário – atingiram seu pico.

Nesse ambiente, os dados de mobilidade de alta frequência estabilizaram no último mês. Ao mesmotempo, algumas preocupações cresceram nesse período. Aumentaram os casos de Covid-19, emespecial na Europa, elevando os riscos de novos lockdowns, ainda que essa segunda onda aparente tercaracterísticas bem distintas da primeira. Somado a isso, as incertezas recentes são amplificadas pelaproximidade das eleições dos EUA, que tendem a ser mais disputadas do que esperávamos meses atrás.Adicionamos também as incertezas relacionadas ao Brexit e entre EUA e China.

Gráfico 5: Nível de fechamento – países selecionadosQuanto mais elevado, mais fechado

Fonte: Oxford Stringency Index, CEIC

Com mais ruídos e certa estabilidade da atividade econômica, optamos por manter inalteradas asexpectativas para o PIB global, hoje apontando retração de 3,5% em 2020 e crescimento de 4,5%2021. Para tanto, também consideramos que os estímulos monetários continuarão acomodatícios por umperíodo bastante prolongado. Os impulsos fiscais, contudo, começam a ser retirados – especialmenteaqueles voltados à transferência direta de renda para as famílias. Com isso, poderemos observar algumadesaceleração na passagem de 2020 para 2021 no crescimento trimestral. Essa combinação de elementostambém deve trazer alguma volatilidade aos preços de ativos nos próximos meses e a tendência dedesvalorização do dólar pode ser temporariamente interrompida.

Economia global deve mostrar acomodação daqui para frente

Cenário Internacional

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jan-20 fev-20 mar-20 abr-20 mai-20 jun-20 jul-20 ago-20 set-20 out-20 nov-20 dez-20

Alemanha México EspanhaEUA Brasil Coreia do Sul

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Gráfico 6: Índice DXY

Fonte: Bloomberg, Bradesco

Em relação à pandemia, o aumento no número de casos tem levado a medidas preventivas emalguns países. Ainda assim, destacamos que, por ora, o maior número de pessoas infectadas pelocoronavírus não se converteu em elevação de óbitos na mesma proporção da primeira onda. Entendemosque parte desses casos se explica pelo aumento de testagem, além do fato de o perfil etário das pessoascom Covid-19 ser bem distinto: agora são pessoas mais jovens, que tendem a apresentar um quadro maisameno da doença. Há também que se destacar a evolução dos tratamentos quando comparamos com aprimeira onda no início do ano. De toda forma, não parece prudente descartarmos possíveis fechamentos,mesmo que parciais, que levariam a uma redução do nível de atividade. E, além disso, algum recuo daatividade pode acontecer por decisão individual, dado o aumento de casos. De fato, enquanto não tivermosuma vacina disponível, esse risco não pode ser descartado em diversas regiões do mundo.

Gráfico 7: Número de casos de Covid-19 Gráfico 8: Número óbitos por Covid-19Média móvel 7 dias Média móvel 7 dias

Fonte: Bloomberg, Bradesco

Tabela 1: Perfil etário Casos Covid-19 na Alemanha

Fonte: JP Morgan, Bradesco

% população % taxa contaminação Contatos diários (pessoas) % taxa contaminação Contatos diários (pessoas)

0-19 19 6 9,1 21 11,8

20-59 53 60 8 72 9,6

60+ 28 34 5,8 8 1,4

Abril Setembro

94,6

79

84

89

94

99

104

14 15 16 17 18 19 20

11.839

1.8661.731

6.096

9.428

6.222

0

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França Alemanha Itália Reino Unido Espanha Israel

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França Alemanha Itália Reino Unido Espanha Israel

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Nos Estados Unidos, as atenções estão voltadas para a eleição. A votação por correio já começouem alguns estados. Além da incerteza em relação aos rumos da política econômica, os investidorestemem o risco de que o resultado da eleição demore para sair por problemas na contagem dos votos(em especial, dos votos por correio), que os candidatos demorem para reconhecer uma eventual derrotae que a eleição acabe sendo decidida na justiça.

Os indicadores econômicos ainda mostram uma economia em duas velocidades, com os setoresde bens em patamar superior ao pré-pandemia, mas em aparente processo de acomodação,enquanto o setor de serviços segue em lenta recuperação. A menor contribuição dos setores debens deve fazer com que o crescimento do PIB desacelere no quarto trimestre (estimamos expansãoanualizada ao redor de 20% e de 5%, respectivamente, no 3º e 4º trimestres). A persistência dapandemia segue sendo uma fonte de incerteza, ainda que a proporção de casos que terminem em óbitospareça ter diminuído. A perspectiva econômica no médio prazo – em especial do setor de serviços –depende também do progresso no desenvolvimento e distribuição de uma vacina para o Covid-19.

Uma novidade importante foi o anúncio pelo Fed do novo arcabouço de política monetária. Obanco central americano passará a perseguir uma meta de inflação média, buscando compensarperíodos de inflação abaixo da meta com períodos de inflação um pouco acima da meta. O novo regimeserá implementado com grande discricionariedade, mas as declarações dos diretores do Fed sugeremuma mudança importante na função-reação, com a adoção de uma postura mais reativa, sem responderdiretamente a quedas do desemprego, a menos que essas sejam acompanhadas de outras evidencias depressão inflacionária. Na prática, o anúncio sinaliza que os juros permanecerão baixos por mais temponos Estados Unidos.

Na Área do Euro, o fluxo de notícias e dados mostrou alguma reversão em relação aos mesesanteriores. O aumento de casos de Covid-19 explica o recuo do segmento de serviços apontado peloíndice PMI em agosto e setembro. A indústria, por outro lado, segue em expansão, favorecida pelosegmento de bens e, em alguma medida, pelo retorno da economia mundial, que puxa as exportações. Aretomada, a partir de agora, deve ser mais lenta, levando em conta que as vendas do varejo járetornaram ao nível pré-pandemia e não podemos descartar fechamentos pontuais e localizados, diantedo aumento de casos de Covid-19. A dinâmica do mercado de trabalho será bem importante. Por ora,muitos programas de suporte ao emprego – prorrogados – garantem a manutenção da ocupação. OBanco Central Europeu continua sinalizando a disposição de manter estímulos elevados, masreconheceu que a recente e expressiva apreciação do Euro é um risco para a recuperação dasexportações e acentua o cenário deflacionário na região.

Gráfico 9: Índices PMI (resultado prévio)

Fonte: Bloomberg

54,455,7

45,5

50,1

10

20

30

40

50

60

70

15 16 17 18 19 20 21

EUAReino UnidoJapãoÁrea do Euro

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Na China, diferentemente do restante do mundo, a melhora se deu principalmente do lado daoferta, com destaque para a indústria, mas a demanda acelerou nos últimos meses. A retomadasegue forte, superando inclusive as expectativas: a trajetória de recomposição do consumo das famílias,gradualmente, não foi interrompida e os investimentos – em infraestrutura e no setor imobiliário – têmmostrado forte expansão. Com isso, a produção industrial já voltou a crescer na mesma velocidade damédia do ano passado. As exportações também têm mostrado importante resiliência, graças, em grandemedida, às vendas de produtos medicinais. O governo chinês continua cauteloso nos estímulos e parteimportante da retomada tem se dado pelo próprio controle da pandemia, que permitiu a normalizaçãodas atividades. Entendemos que a política econômica seguirá expansionista, mas de forma prudente,sem estímulos adicionais. Esses estarão focados nos investimentos em infraestrutura, suportados pelaemissão de títulos de governos locais e na manutenção da liquidez, com ampliação do crédito.Finalmente, vale dizer que o governo deve anunciar mais um Plano quinquenal, que priorizará ocrescimento do mercado doméstico, com potencial anúncio de reformas ligadas ao consumo e o avançode tecnologia e inovação.

Na América Latina, as diferentes respostas fiscais explicam, ao menos parcialmente, odesempenho heterogêneo da região. Depois de um forte estímulo fiscal, países como Chile e Brasildevem registrar contrações menores neste ano – entre 4,5% a 5%. No caso dos demais, uma combinaçãode resposta fiscal mais contida, incertezas mais gerais acerca da política econômica e intensidade inicialdo choque da pandemia explica níveis de contração mais elevados em 2020, próximos a 10%. Vale notarque, embora o patamar ainda seja elevado, à exceção de Argentina, todos os países passaram a registraralguma redução no número de novos casos e novas mortes.

De modo geral, a retomada da atividade econômica na região ainda vem acontecendo. Como odesenvolvimento da doença na região ocorreu com defasagens em relação às economias desenvolvidas,ainda há espaço para que o processo de reabertura produza alguma recuperação no fim do 3º trimestre.Porém, a cautela com a evolução da doença permanece e os bancos centrais sugerem que a ociosidadeno mercado de trabalho e no setor de serviços demandará política monetária acomodatícia por umlongo período de tempo. Com menor espaço nas contas públicas, uma eventual necessidade deextensão de estímulos fiscais por conta da pandemia certamente colocaria maior pressão sobre ospreços dos ativos locais, em especial na Colômbia e no Brasil, onde o nível de endividamento é maiselevado.

Por fim, mesmo reconhecendo riscos e uma acomodação no ritmo de crescimento da economiaglobal, há heterogeneidades importantes que devem se manter no curto prazo. O segmento debens tende a apresentar dinâmica mais favorável, o que impulsiona o comércio e a indústria. Serviços,em função da própria pandemia, estão e continuarão mais defasados. A evolução da vacina, por sua vez,impactará as decisões de investimentos – que hoje já mostram sinais de retomada.

Em paralelo, notamos comportamentos distintos entre os países desenvolvidos e emergentes.Parte dessa diferença se deu pela evolução da pandemia: quem entrou primeiro em crise, acabou saindoantes. Somado a isso, o grau de estímulos também divergiu entre os países. Assim, de formasimplificada, daqui para frente podemos observar velocidades e intensidades de retomada dadas pelapandemia, pelos estímulos e pelo desempenho da economia. Por ora, entre emergentes, os asiáticosestão à frente do ciclo e os países da América Latina estão mais defasados.

Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos10

Projeções Macroeconômicas (2016 – 2021)

2016 2017 2018 2019 2020* 2021*

ATIVIDADE, INFLAÇÃO E JUROS

PIB (%) -3,3 1,3 1,3 1,1 -4,5 3,5

Agropecuária (%) -5,2 14,2 1,4 1,3 3,0 3,5

Indústria (%) -4,6 -0,5 0,5 0,5 -4,5 3,0

Serviços (%) -2,3 0,8 1,5 1,3 -5,0 3,5

Consumo Privado (%) -3,9 2,1 2,1 1,8 -5,7 3,4

Consumo da Adm. Pública (%) 0,2 -0,7 0,4 -0,4 0,6 2,0

Investimento (FBKF) (%) -12,1 -2,6 3,9 2,2 -7,1 6,0

Exportações Bens e Serviços Não Fatores (%) 0,9 4,9 4,0 -2,5 -4,0 5,0

Importações Bens e Serviços Não Fatores (%) -10,3 6,7 8,3 1,1 -4,5 6,0

PIB (R$) - bilhões (Preços Correntes) 6.267 6.554 6.828 7.285 7.209 7.782

PIB (US$) - bilhões 1.796 2.053 1.868 1.847 1.404 1.496

População - milhões 206,1 207,7 209,2 210,7 212,1 213,4

PIB per capita - US$ 8.714 9.888 8.930 8.768 6.619 7.011

Produção Industrial - IBGE (%) -6,4 2,5 1,1 -1,1 -4,5 4,0

Taxa Média de Desemprego - IBGE 11,5 12,7 12,3 12,1 13,9 14,6

Vendas do Comércio Varejista - Restrita (%) -6,2 2,0 2,3 1,8 -4,5 5,3

IPCA - IBGE (%) 6,29 2,95 3,75 4,31 2,41 3,10

IGP-M - FGV (%) 7,17 -0,50 7,54 7,32 17,03 4,20

Taxa Selic (final de período) % 13,75 7,00 6,50 4,50 2,00 3,00

Taxa Selic nominal (acumulado 12 meses) % 14,0 10,0 6,42 5,9 2,8 2,1

Taxa Selic real / IPCA (acumulado 12 meses) % 7,3 6,8 2,6 1,6 0,3 -0,9

EXTERNO E CÂMBIO

Balança Comercial - BCB (US$ bilhões) 44,6 64,0 53,0 40,5 62,8 67,6

Exportações (US$ bilhões) 184 218 240 226 220 246

Importações (US$ bilhões) 140 154 186 185 157 178

Corrente de Comércio (% PIB) 18,0 18,1 22,8 22,3 26,9 28,3

Saldo em conta-corrente (US$ bilhões) -24 -15 -42 -51 -2 -12

Saldo em conta-corrente (% PIB) -1,3 -0,7 -2,2 -2,8 -0,2 -0,8

Investimento Direto no País (US$ bilhões) 74 69 78 74 59 81

Taxa de câmbio (final de período) R$ / US$ 3,26 3,31 3,87 4,03 5,20 5,20

Taxa de câmbio (média anual) R$ / US$ 3,49 3,19 3,65 3,94 5,14 5,20

Rating Soberano Moody's Ba2 Ba2 Ba2 Ba2 - -

Rating Soberano S&P BB BB BB- BB- - -

FISCAL

Resultado primário do setor público (R$ bilhões) -156 -111 -108 -62 -890 -225

Resultado primário do setor público (% PIB) -2,5 -1,7 -1,6 -0,8 -12,4 -2,9

Dívida Bruta do Setor Público (% PIB) 69,9 74,1 76,7 75,8 96,9 97,7

Dívida Líquida do Setor Público (% PIB) 46,2 51,6 54,1 55,5 69,4 72,4

CRÉDITO

Crédito Geral (Cresc. em % aa.) -3,5 -0,4 5,1 6,5 7,5 7,6

Crédito Livres total (Cresc. em % aa.) -4,9 1,9 10,9 14,1 9,7 10,4

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Indicadores internacionais (2016 – 2021)

Indicadores internacionais – América Latina (2016 – 2021)

(*): (projeção)Fonte: FMI, Bradesco

2016 2017 2018 2019 2020* 2021*

PIB Global

Mundo 3,4 3,8 3,6 2,9 -3,5 4,5

Países Desenvolvidos 1,7 2,3 2,2 1,6 -5,8 4,1

Estados Unidos 1,6 2,2 2,9 2,3 -4,8 4,1

Área do Euro 1,8 2,3 1,8 1,1 -7,0 5,5

Reino Unido 1,8 1,8 1,4 1,0 -7,0 4,0

Japão 0,6 1,9 0,8 0,9 -6,2 2,0

Países Emergentes 4,6 4,8 4,5 3,9 -1,9 4,9

China 6,7 6,8 6,5 6,1 1,5 7,5

América Latina -0,6 1,2 1,0 0,3 -7,5 3,8

2016 2017 2018 2019 2020* 2021*

Argentina

PIB (%) -2,1 2,7 -2,5 -2,2 -12,4 2,1

Inflação ao consumidor (%) 41,0 24,8 47,7 54,5 50,0 45,0

Taxa básica de juros (%) 24,75 28,75 59,25 55,00 40,00 37,00

Taxa de câmbio (final do ano) 15,85 18,59 37,65 59,87 87,00 110,00

Brasil

PIB (%) -3,3 1,3 1,3 1,1 -4,5 3,5

Inflação ao consumidor (%) 6,3 2,9 3,7 4,3 2,4 3,1

Taxa básica de juros (%) 13,75 7,00 6,50 4,50 2,00 3,00

Taxa de câmbio (final do ano) 3,26 3,31 3,87 4,03 5,20 5,20

Chile

PIB (%) 1,7 1,2 3,9 1,1 -5,6 4,3

Inflação ao consumidor (%) 2,7 2,3 2,9 3,0 2,5 2,5

Taxa básica de juros (%) 3,50 2,50 2,75 1,75 0,50 0,75

Taxa de câmbio (final do ano) 671,00 615,00 694,00 752,87 790,00 770,00

Colômbia

PIB (%) 2,1 1,4 2,5 3,3 -7,5 4,5

Inflação ao consumidor (%) 5,8 4,1 3,1 3,8 2,8 2,8

Taxa básica de juros (%) 7,50 4,75 4,25 4,25 2,00 2,50

Taxa de câmbio (final do ano) 3.001,00 2.984,00 3.248,00 3.287,00 3.750,00 3.475,00

México

PIB (%) 2,9 2,1 2,1 -0,1 -9,7 4,5

Inflação ao consumidor (%) 3,2 6,8 4,3 2,8 2,9 3,0

Taxa básica de juros (%) 5,75 7,25 8,25 7,25 3,75 4,50

Taxa de câmbio (final do ano) 20,7 19,70 19,65 18,93 22,20 21,60

Peru

PIB (%) 4,1 2,5 4,0 2,2 -12,3 8,0

Inflação ao consumidor (%) 3,2 1,4 2,4 1,9 2,8 2,1

Taxa básica de juros (%) 4,25 3,25 2,75 2,00 0,25 0,50

Taxa de câmbio (final do ano) 3,36 3,26 3,27 3,31 3,48 3,40

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Equipe Técnica

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Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Fernando Honorato Barbosa

Economistas Ariana Stephanie Zerbinatti / Constantin Jancsó / Fabiana D’Atri / Felipe Wajskop França /Luis Fernando Pereira Azevedo/ Myriã Tatiany Neves Bast / Priscila Pacheco Trigo / RobsonRodrigues Pereira / Thiago Coraucci de Angelis / Thomas Henrique Schreurs Pires

Assistentes de Pesquisa: Ana Beatriz Moreira dos Santos / Renan Bassoli Diniz

Estagiários Gustavo Rostelato de Miranda / Henrique Monteiro de Souza Rangel / Lucas Daniel Duarte /Lucas Oliveira Costa da Silva