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- 223 - ARTIGO - PESQUISA OPERACIONAL SIMULAÇÃO DE CARREGAMENTO DE CAMINHÕES EM UMA INDÚSTRIA METALÚRGICA ANDREY SCHMIDT DOS SANTOS, PEDRO NASCIMENTO DE LIMA, GUILHERME WUNSCH, JOÃO EDUARDO SAMPAIO BRASIL Resumo: O carregamento de caminhões de produtos acabados em uma indústria metalúrgica é responsável pelo escoamento de sua produção. Entretanto, este carregamento possui uma série de restrições relacionadas à demanda de caminhões e a capacidade de carregamento. Além destas restrições, existe um novo fator a considerar, a Lei 13.103 de 2015. Esta lei introduziu uma multa a empresas nas quais o tempo de permanência de caminhões de carga e descarga for maior do que 5 horas. Diante deste contexto, o objetivo deste trabalho é formular um modelo de simulação computacional para avaliar o impacto de possíveis melhorias no carregamento de caminhões em relação ao tempo total de permanência do caminhão na empresa, e seus custos decorrentes. Tal objetivo foi alcançado por meio da modelagem e simulação por eventos discretos. O modelo foi validado e analisado em relação a 15 diferentes cenários. A avaliação dos resultados nos diferentes cenários levou à prescrição de uma solução para o caso específico. Além disso, a discussão dos resultados levou à análise de implicações práticas às demais empresas que enfrentarão o mesmo dilema relacionado ao tempo de permanência de caminhões em seu setor de logística. A busca pela redução total da multa recebida poderá levar a custos crescentes. Após a discussão destas implicações, as limitações do trabalho são explicitadas, bem como a proposta de trabalhos futuros para este tema. Palavras Chave: Simulação de Carregamento, Simulação em Logística, Simulação de Eventos Discretos. 1. Introdução No contexto das organizações, a operação de carregamento de produtos acabados é vital para a sustentação do negócio. Em uma indústria metalúrgica, esta operação é responsável pela liberação dos produtos aos clientes, o que impacta diretamente o prazo de entrega. Por mais que um dos principais objetivos da logística externa seja garantir o atendimento aos prazos de entrega, outra variável é relevante neste processo: O tempo total de permanência do caminhão na logística da empresa.

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ARTIGO - PESQUISA OPERACIONAL

SIMULAÇÃO DE CARREGAMENTO DE CAMINHÕES EM UMA INDÚSTRIA

METALÚRGICA

ANDREY SCHMIDT DOS SANTOS, PEDRO NASCIMENTO DE LIMA, GUILHERME

WUNSCH, JOÃO EDUARDO SAMPAIO BRASIL

Resumo: O carregamento de caminhões de produtos acabados em uma indústria metalúrgica

é responsável pelo escoamento de sua produção. Entretanto, este carregamento possui uma

série de restrições relacionadas à demanda de caminhões e a capacidade de carregamento.

Além destas restrições, existe um novo fator a considerar, a Lei 13.103 de 2015. Esta lei

introduziu uma multa a empresas nas quais o tempo de permanência de caminhões de carga e

descarga for maior do que 5 horas. Diante deste contexto, o objetivo deste trabalho é

formular um modelo de simulação computacional para avaliar o impacto de possíveis

melhorias no carregamento de caminhões em relação ao tempo total de permanência do

caminhão na empresa, e seus custos decorrentes. Tal objetivo foi alcançado por meio da

modelagem e simulação por eventos discretos. O modelo foi validado e analisado em relação

a 15 diferentes cenários. A avaliação dos resultados nos diferentes cenários levou à

prescrição de uma solução para o caso específico. Além disso, a discussão dos resultados

levou à análise de implicações práticas às demais empresas que enfrentarão o mesmo dilema

relacionado ao tempo de permanência de caminhões em seu setor de logística. A busca pela

redução total da multa recebida poderá levar a custos crescentes. Após a discussão destas

implicações, as limitações do trabalho são explicitadas, bem como a proposta de trabalhos

futuros para este tema.

Palavras Chave: Simulação de Carregamento, Simulação em Logística, Simulação de

Eventos Discretos.

1. Introdução

No contexto das organizações, a operação de carregamento de produtos acabados é vital para

a sustentação do negócio. Em uma indústria metalúrgica, esta operação é responsável pela

liberação dos produtos aos clientes, o que impacta diretamente o prazo de entrega. Por mais

que um dos principais objetivos da logística externa seja garantir o atendimento aos prazos de

entrega, outra variável é relevante neste processo: O tempo total de permanência do caminhão

na logística da empresa.

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Este tema torna-se ainda mais importante pela publicação da nova lei dos motoristas (Lei

13.103 de 2015). Esta lei dispõe que o prazo máximo para carga e descarga de veículos de

transporte rodoviários seja de 5 horas. Caso, este tempo seja ultrapassado, é necessário o

pagamento de uma taxa horária por veículo de R$ 1,38 por tonelada/hora.

Considerando este fato, diversas variáveis podem influenciar o tempo que o caminhão fica na

empresa, a saber: disponibilidade de recursos, tempos de carregamento incluindo sua

variabilidade, e chegadas dos caminhões. Diante desta problemática, surge a questão de

pesquisa que motivou a realização deste trabalho: Como avaliar o impacto destas variáveis de

modo a compreender como atender à Lei 13.103 no que tange ao prazo de carga e descarga de

veículos rodoviários?

Na literatura, é possível encontrar diversos trabalhos em diferentes contextos sobre o

carregamento de caminhões: formatação de carga (ALONSO et al., 2016; ÜMIT e ARIF,

2010), acidentes (CASTILLO, CASTRO e FAGEDA, 2016), otimização (CHAN, JHA e

TIWARI, 2016; KARSU e AZIZOGLU, 2014), ergonomia (SOARES et al., 2012), e

probabilidade (DEZHANG et al., 2015).

Contudo, não foram encontradas pesquisas referentes ao tempo total de carregamento de

caminhões, considerando as variáveis mencionadas anteriormente. Em especial, não foi

encontrado um trabalho que permita a avaliação desta lei, permitindo a contabilização das

multas horárias de acordo com o tempo total de permanência do caminhão na empresa.

Considerando este contexto, o objetivo deste trabalho é formular um modelo de simulação

computacional para avaliar o impacto de possíveis melhorias no carregamento de caminhões

em relação ao tempo total de permanência do caminhão na empresa. Um modelo de

Simulação Discreta por Eventos será utilizado visto que se deseja levar em consideração a

variabilidade inerente aos processos de carregamento.

A contribuição acadêmica deste trabalho é servir como referência futura a outros trabalhos

que tenham como objetivo se ajustar a lei dos motoristas, no que tange ao tempo total de

permanência de caminhões. Do ponto de vista empresarial, o trabalho contribui para a

empresa na qual o mesmo foi conduzido, no sentido de minimizar suas perdas econômicas

relacionadas a esta problemática. Uma estimativa inicial mostrou que a empresa poderia

perder, em multas, um montante de aproximadamente R$ 200.000,00 ao ano.

O restante do trabalho está dividido em 4 capítulos. O referencial teórico apresenta os

conceitos necessários para o entendimento da simulação. O método de pesquisa apresenta os

passos adotados para a realização do trabalho. Em seguida, é apresentado o desenvolvimento

do trabalho, composto dos seguintes itens: (i) formulação do problema, (ii) análise dos dados,

(iii) modelo de simulação construído, (iv) validação do modelo e (v) a experimentação dos

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cenários. Por fim, o último capítulo conclui o trabalho discutindo os resultados obtidos, e

sugerindo pesquisas futuras.

2. Referencial Teórico

Essa sessão apresenta os conceitos básicos utilizados no desenvolvimento deste artigo. No

primeiro momento, a simulação de eventos discretos será abordada. Na sequência, o foco

passa a ser a logística de carregamento de caminhões.

2.1. Simulação de Eventos Discretos

A popularidade da simulação de eventos discretos está aumentando entre o público acadêmico

e empresarial, devido ao grande poder de representar a realidade, em conjunto com a

flexibilidade de se adaptar a mudanças (HILLIER e LIEBERMAN, 2000).

Uma simulação e a imitação, durante determinado período de tempo, da operação de um

sistema ou de um processo do mundo real. Feita a mão (raramente) ou em um computador

(frequentemente), a simulação envolve a geração de uma história artificial do sistema. A partir

desta história artificial é possível inferir como o sistema real funcionaria (DOS SANTOS,

1999).

Um sistema é um grupo de componentes que recebe entradas e proporciona saídas (CHUNG,

2003). Ele é definido como uma coleção de entidades, por exemplo, pessoas ou máquinas,

que agem e interagem juntos para a realização de um fim lógico (LAW e KELTON, 1991).

Um estado do sistema é uma coleção de variáveis que representam o sistema em um momento

particular (LAW e KELTON, 1991). O comportamento do sistema e estudado pela construção

de um modelo. Este modelo normalmente toma a forma de um conjunto de considerações

relacionadas à operação do sistema (DOS SANTOS, 1999).

Simulação de eventos discretos diz respeito à modelagem de um sistema à medida que ele

evolui ao longo do tempo por uma representação em que as variáveis de estado mudam

instantaneamente em pontos separados no tempo (LAW e KELTON, 1991). Em uma

simulação discreta, consideram-se somente os eventos onde ha alteração do sistema, ou seja, o

tempo decorrido entre alterações do estado do sistema não e relevante para a obtenção dos

resultados da simulação, embora o tempo nunca pare (DOS SANTOS, 1999).

2.2. Simulação de Carregamento de Caminhões

O carregamento de caminhões é uma etapa do processo de expedição. Na expedição, o ponto

mais importante é a verificação e conferência das mercadorias separadas para envio do

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pedido. Após a conferência, separam-se todos os produtos, preparam-se todas as embalagens e

documentação que devem acompanhar o pedido e aciona-se o devido meio de transporte para

coleta (RODRIGUES, 2003). O fluxo logístico de carregamento consiste desde a chegada do

caminhão na portaria até sua saída com os produtos e a entrega da nota fiscal (LIMA, 2007).

O problema de carregamento de caminhões nas empresas é dividido em duas diferentes fases:

na montagem da carga, onde todos os produtos devem ser formados para serem carregados, e

na fase de carregamento, onde os produtos são devidamente posicionados dentro dos

caminhões (ALONSO et al., 2016). Algumas limitações de segurança também são

introduzidas durante o processo de carregamento: Existe um limite máximo de peso que não

pode ser colocado dentro dos caminhões, também um limite de peso que cada eixo comporta.

Além disso, a carga precisa ser bem distribuída dentro do caminhão para impedir o

deslocamento durante a viagem. (ALONSO et al., 2016).

A simulação do carregamento ajuda a enxergar a necessidade dos investimentos e reduções de

custos no processo. Além de ter a oportunidade de testar vários cenários sem que tenha que

recorrer à realidade, podendo analisar os tempos de espera, tempos de carregamentos de

caminhões e de movimentação de notas fiscais (FRANCO, 2010).

3. Método de Pesquisa

O método de pesquisa utilizado neste trabalho é a modelagem. Pidd (1992) afirma que este

método busca a extração simplificada da realidade. Cauchick et al. (2012) propõe um

framework, disponível na Figura 1, para ilustrar o método de modelagem.

Figura 1 – Método de Modelagem

Fonte: Cauchick et al. (2012)

O método de modelagem é composto de 4 etapas. A primeira é a identificação de um sistema

ou problema real. Após esta identificação, um modelo matemático é construído para

representar este sistema. Este modelo é aplicado ao problema, e os resultados são gerados.

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Estes resultados são interpretados, e as conclusões extraídas. Após estas conclusões, é

possível julga-las, e se necessário, realizar o ciclo outra vez (CAUCHICK et al., 2012).

Para realizar o modelo matemático de simulação Law e Kelton (1991) propõe um framework,

disponível na Figura 2.

Figura 2 –Modelo para Simulação

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Fonte: Adaptado de Law e Kelton (1991)

Conforme ilustrado na Figura 2, a primeira etapa do modelo é o reconhecimento do problema.

Conforme detalhado na Introdução, o problema analisado são as alternativas de melhorias

para atender a lei do motorista no que tange ao tempo para carga e descarga de veículos no

processo de carregamento de caminhões em uma indústria metalúrgica.

Os dados do sistema serão coletados no sistema de gestão da empresa. Este sistema possui

dados de todos os carregamentos de caminhões ocorridos ao longo do ano. As informações do

peso tara (peso sem carga) e bruto (peso com carga) do caminhão, data da entrada, tempo de

entrada, hora da pesagem da tara, hora da pesagem do bruto, tempo de carregamento, e tempo

de saída são armazenadas pelo sistema da organização. Serão coletadas 1000 amostras, de um

período de 6 meses, das variáveis utilizadas no modelo.

Após a coleta destes dados, o software Easyfit 5.6 Professional será utilizado para calcular e

demonstrar as distribuições de probabilidade de cada variável utilizada no modelo. O software

foi escolhido devido ao seu poder de análise de grande quantidade de dados, além da

variedade de distribuições de probabilidade disponíveis.

O modelo será formulado e desenvolvido no software de simulação por eventos discretos

Anylogic 7.3. Este software apresenta as funcionalidades necessárias para os objetivos do

estudo, como uma interface gráfica que favorece a visualização do modelo como se fosse o

sistema real.

Na validação do modelo será testada a hipótese de que os dados gerados pelo modelo são

iguais aos dados do sistema real. Para realizar este teste de hipóteses, o site

<http://www.lfdg.com.br/shiny/R_apps/DES_Tools_v1.0/> será utilizado. Este site foi

desenvolvido para análise de dados, e em especial para a verificação e validação de dados.

Após a validação dos dados, cenários serão simulados para resolver o problema estudado.

Estes cenários serão definidos ao longo dos resultados encontrados no modelo. Os cenários

escolhidos testaram alternativas de melhorias para resolver o problema da quantidade de

caminhões acima de 300 minutos.

O modelo desenvolvido se aplica ao caso estudado. No entanto, é possível replicar ele, com as

devidas alterações, para qualquer sistema de carregamento de caminhões de indústrias

metalúrgicas. É possível replicar ele para outros tipos de indústrias, no entanto é preciso

verificar se o processo de carregamento é similar a este caso.

4. Resultados

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Os resultados apresentam a formulação do problema, a análise dos dados, a criação do

modelo, a validação dos dados, e os cenários estudados.

4.1. Formulação do Problema

A metalúrgica analisada produz mais de 1000 SKUs (quantidade máxima de itens) de

produtos à base de aço. A área de logística da empresa é responsável pela armazenagem,

movimentação, expedição, e entrega de produtos prontos aos clientes.

O sistema analisado começa com a contratação do caminhão pelo técnico de transportes. Após

a contratação, o caminhão chega à expedição. A expedição trabalha com 2 colaboradores no

período da manhã (07:00 -12:00) e 3 colaboradores no período da tarde (12:00 – 23:59), e sua

função é registrar a entrada e saída do caminhão no sistema de gestão da empresa. Após a

entrada, o caminhão se desloca até a balança de entrada e realiza a pesagem da tara. Existe um

colaborador para ajudar na pesagem. Após a pesagem inicial, o caminhão se desloca até a

frente de carregamento. Se não houver fila, o caminhão é carregado pelos operadores da

logística. Se houver fila, o caminhão espera, até a doca estar liberada. A frente de

carregamento trabalha com 1 equipe de 3 pessoas no período da manhã, e 2 equipes de 3

pessoas no período da tarde. Após o carregamento, o caminhão se desloca até a balança de

saída para realizar a pesagem do bruto. Após esta pesagem, o caminhão passa na expedição

para dar saída no processo. Este processo está ilustrado na Figura 3.

Figura 3 – Processo de Carregamento

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Os fatores externos a este modelo são a disponibilidade de caminhões por parte das

transportadoras, e a disponibilidade de material em estoque na fábrica. Para este modelo, a

disponibilidade de caminhões será a média da disponibilidade ao longo do período de 6

meses. Por ser uma empresa MTS (Make to Stock) a falta de material em estoque pode

ocorrer, e impactar o carregamento. Para este modelo, a disponibilidade de caminhões será

desprezada, visto que o seu impacto no processo é inferior a 1%.

Para realizar a modelagem e a simulação em relação ao tempo para carga e descarga de

veículos, as variáveis necessárias são: chegada de caminhões por hora; tempo de entrada do

caminhão; tempo de pesagem da tara; tempo de carregamento do caminhão; tempo de

pesagem do bruto; e tempo de saída do caminhão.

A variável de contratação do caminhão foi excluída da análise, pois esta operação não impacta

o tempo de carregamento dos caminhões.

4.2. Análise dos Dados

1000 amostras das variáveis de chegada de caminhões por hora, tempo de entrada do

caminhão, tempo de carregamento do caminhão, e tempo de saída do caminhão foram

coletadas no sistema de gestão da empresa.

As médias da chegada de caminhões por hora estão ilustradas na Figura 4.

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Figura 4 – Chegada dos Caminhões

A distribuição encontrada para o tempo de entrada dos caminhões foi a Lognormal, conforme

ilustrado na Figura 5.

Figura 5 – Tempo de Entrada

A distribuição encontrada para o tempo de carregamento dos caminhões foi a Normal,

conforme ilustrado na Figura 6.

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Figura 6 – Tempo de Carregamento

A distribuição encontrada para o tempo de saída dos caminhões foi a Lognormal, conforme

ilustrado na Figura 7.

Figura 7 – Tempo de Saída

Normal (5,32)

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Como as operações de tempo de pesagem da tara e tempo de pesagem do bruto são operações

automáticas e rápidas, não foram coletados 1000 dados. Nestes casos, considerou-se que o

tempo poderia ser representado pela distribuição triangular (10,20,30).

4.3. Modelo

Considerando a análise dos dados anterior e a formulação do problema, foi construído um

modelo computacional por eventos discretos, utilizando-se o Software Anylogic 7.3. A

interface do modelo pode ser observada na Figura 8.

Figura 8 – Modelo

A parte superior apresenta uma representação do layout físico da área de carregamento de

caminhões da empresa.

Cada um dos processos do modelo (entrada, pesagem de entrada e saída, carregamento, e

saída) utiliza um pool de recursos de mão de obra. Tanto a entrada quanto a saída dos

caminhões utilizam o pool de recursos “MdoExpedição”, visto que a mão de obra é

compartilhada entre estes dois processos. O mesmo acontece para a balança de entrada e

saída, que utiliza o recurso “MdoBalanca”.

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Para cada caminhão 𝑖, é contabilizado o tempo 𝑥𝑖, em minutos, que o mesmo passa no

sistema. Visto que há um limite máximo de tempo 𝑥𝑚𝑎𝑥 que o caminhão deve passar na

empresa, define-se o valor da multa a ser paga conforme a Equação 1.

𝑚 = ∑ 𝑚ℎ ∗ 𝑡𝑖 ∗ ⌈ 𝑥𝑖 − 𝑥𝑚𝑎𝑥

60⌉

𝑛

𝑖=1

(1)

O valor da multa 𝑚 a ser paga é o somatório da multa a ser paga em função do caminhão 𝑖. A

multa paga por cada caminhão corresponde à multiplicação da multa horária por tonelada 𝑚ℎ,

do peso bruto do caminhão em toneladas 𝑡𝑖 e da quantidade de horas excedentes ao tempo

máximo. Para fins de simplificação, 𝑡𝑖 foi substituído por 𝑡, uma média da tonelagem dos

caminhões utilizados pela empresa. Caso o caminhão ultrapasse o tempo máximo estipulado

em um minuto (𝑥𝑖 − 𝑥𝑚𝑎𝑥), a diferença entre estas variáveis é utilizada para definir o tempo

excedido em minutos, que é convertido para horas, arredondando-se para cima.

Para que tais estatísticas fossem ser calculadas, foram implementadas no modelo uma série de

variáveis e cálculos. A Figura 9 apresenta o código fonte em Java executado no momento da

saída de cada caminhão do sistema, que calcula o seu tempo total e a multa aplicada à

empresa.

Figura 9 – Código Fonte

4.4. Validação

Para a validação do modelo, 810 replicações foram feitas, com os resultados ilustrados na

Figura 10.

agent.saiuDoSistema = time();

agent.tempoNoSistema = agent.saiuDoSistema - agent.entrouNoSistema;

tempoNoSistema.add(agent.tempoNoSistema);

if (agent.tempoNoSistema > tempoMaximoNoSistema)

{

agent.horasMulta =

Math.ceil((agent.tempoNoSistema-tempoMaximoNoSistema)/60);

horasMultaTotal = horasMultaTotal + agent.horasMulta;

NMultas = NMultas + 1;

}

CustoTotalMulta = CustoTotalMulta + agent.horasMulta * nToneladasMedio * CustoMulta;

tempoMedioNoSistema = tempoNoSistema.mean();

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Figura 10 – Replicações do Modelo

Além destes resultados, o desvio padrão foi calculado com ajuda do software estatístico

Excel. O resultado encontrado foi de 122,3 minutos. Com ajuda do site:

<http://www.lfdg.com.br/shiny/R_apps/DES_Tools_v1.0/>, o modelo foi validado, conforme

ilustrado na Figura 11.

Figura 11 – Validação do Modelo

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Verifica-se que com a média observada real de 214,23 minutos, o teste de hipóteses aceita a

hipótese nula. Significa que os resultados encontrados no modelo estão validados em relação

aos resultados reais do sistema.

4.5. Experimentos

15 cenários foram estudados. Estes cenários verificam o resultado do modelo a alterações da

capacidade da equipe de carregamento e da equipe da expedição. O Quadro 1 ilustra os

cenários.

Quadro 1 – Cenários

Cenários Impacto no Tempo Médio Impacto no Valor Médio da Multa

a)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {1; 2}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {2; 3}

�� = 221,37

�� = 760,36

b)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {1; 3}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {2; 3}

�� = 164,57

�� = 423,84

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Cenários Impacto no Tempo Médio Impacto no Valor Médio da Multa

c)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {1; 2}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {2; 4}

�� = 207,04

�� = 578,96

d)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {1; 2}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {3; 3}

�� = 220,61

�� = 795,71

e)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {1; 2}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {3; 4}

�� = 199,77

�� = 525,93

f)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {1; 2}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {4; 4}

�� = 196,67

�� = 504,21

g)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {1; 3}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {4; 4}

�� = 132,43

�� = 153,08

h)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {2; 3}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {4; 4}

�� = 104,33

�� = 147,45

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Cenários Impacto no Tempo Médio Impacto no Valor Médio da Multa

i)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {2; 4}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {4; 4}

�� = 92,72

�� = 141,49

j)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {3; 4}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {4; 4}

�� = 85,76

�� = 136,29

k)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {4; 4}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {4; 4}

�� = 83,50

�� = 141,32

l)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {4; 4}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {3; 4}

𝑥 = 63,48

𝑚 = 112,19

m)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {4; 4}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {2; 4}

𝑥 = 71,78

𝑚 = 122,67

n)

𝑁𝑓𝑟𝑒 = {4; 4}

𝑁𝑒𝑥𝑝 = {2; 3}

�� = 120,54

�� = 294,14

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Cenários Impacto no Tempo Médio Impacto no Valor Médio da Multa

o)

Cenário base com

redução de 10

min no tempo de

carregamento

𝑥 = 109,50

𝑚 = 317,91

No Quadro 1 é possível verificar as distribuições do impacto no tempo médio e as

distribuições do impacto no valor médio da multa para cada um dos 15 cenários estudados. Os

cenários a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, e n, simularam os resultados em relação a alterações

de capacidade na mão de obra da expedição e da frente de carregamento. O cenário o, simulou

os resultados em relação à alteração de capacidade no equipamento que a frente de

carregamento utiliza. A fim de facilitar a comparação entre os 15 cenários, elaborou-se o

Quadro 2.

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Quadro 2 – Comparação dos Cenários

Manhã Tarde Manhã TardeTempo Médio

(min)

Custo Multa

Dia

Custo Multa

MêsCusto Operação Custo Total Mês Custo Total Ano

a 2 3 1 2 221,4 R$ 760,36 R$ 15.967,56 R$ - R$ 15.967,56 R$ 191.610,72

b 2 3 1 3 164,6 R$ 423,84 R$ 8.900,64 R$ 6.000,00 R$ 14.900,64 R$ 178.807,68

c 2 4 1 2 207,0 R$ 578,96 R$ 12.158,16 R$ 2.000,00 R$ 14.158,16 R$ 169.897,92

d 3 3 1 2 220,6 R$ 795,71 R$ 16.709,91 R$ 2.000,00 R$ 18.709,91 R$ 224.518,92

e 3 4 1 2 199,8 R$ 525,93 R$ 11.044,53 R$ 4.000,00 R$ 15.044,53 R$ 180.534,36

f 4 4 1 2 196,7 R$ 504,21 R$ 10.588,41 R$ 6.000,00 R$ 16.588,41 R$ 199.060,92

g 4 4 1 3 132,4 R$ 153,08 R$ 3.214,68 R$ 12.000,00 R$ 15.214,68 R$ 182.576,16

h 4 4 2 3 104,3 R$ 147,45 R$ 3.096,45 R$ 18.000,00 R$ 21.096,45 R$ 253.157,40

i 4 4 2 4 92,7 R$ 141,49 R$ 2.971,29 R$ 24.000,00 R$ 26.971,29 R$ 323.655,48

j 4 4 3 4 85,8 R$ 136,29 R$ 2.862,09 R$ 30.000,00 R$ 32.862,09 R$ 394.345,08

k 4 4 4 4 83,5 R$ 141,32 R$ 2.967,72 R$ 36.000,00 R$ 38.967,72 R$ 467.612,64

l 3 4 4 4 63,5 R$ 112,19 R$ 2.355,97 R$ 34.000,00 R$ 36.355,97 R$ 436.271,63

m 2 4 4 4 71,7 R$ 122,67 R$ 2.576,01 R$ 32.000,00 R$ 34.576,01 R$ 414.912,08

n 2 3 4 4 120,5 R$ 294,14 R$ 6.176,94 R$ 30.000,00 R$ 36.176,94 R$ 434.123,28

o 2 3 1 2 109,5 R$ 317,91 R$ 6.676,11 R$ 16.666,67 R$ 23.342,78 R$ 280.113,36

Expedição

(Pessoas)

Carregamento

(Equipes)Cenários

Indicadores

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241

O Quadro 2 ilustra a comparação entre 15 cenários estudados. O cenário base, a, apresenta um

custo total anual, devido as multas, de R$ 191.610,72.

O cenário b testa a utilização de 3 equipes de carregamento no período da tarde (12:00 às

23:59). Para tanto, o custo (R$ 6.000,00) de 1 equipe (3 pessoas) de carregamento é

acrescentado ao modelo. Este cenário apresenta uma redução no custo total ano da empresa,

fechando em R$ 178.807,86. Uma redução de R$ 12.803,04 em relação ao cenário base.

O terceiro cenário, c, mantém a equipe de carregamento do cenário base, mas coloca uma

pessoa a mais na expedição no período da tarde. O custo de R$ 2.000,00 é acrescentado ao

modelo. Este cenário é o que possui o menor custo total (R$ 169.897,92) entre os 15

analisados. Comparando ao cenário a, apresenta uma redução de R$ 21.712,80.

Os cenários d, e, e f testam o impacto do aumento da capacidade da expedição, sem alterar a

capacidade de carregamento. No cenário d, o custo total ano sobe para R$ 224.518,92. No

cenário e o custo total ano é de R$ 180.534,36. O cenário finaliza o ano com um custo de R$

199.060,92.

A proposta dos cenários g, h, i, e j é manter a expedição com a capacidade máxima, e alterar a

quantidade de equipes no carregamento. R$ 182.576,16 é o custo total ano do cenário g. O

cenário h totaliza o ano com R$ 253.157,40. O cenário i totaliza R$ 323.655,48 no ano. R$

394.345,08 é o custo total ano do cenário j.

A capacidade máxima do modelo é testada no cenário k, 4 pessoas no período da manhã e da

tarde na expedição, e 4 equipes de carregamento no período da manhã e da tarde no

carregamento. Mesmo com a capacidade máxima do modelo, o custo da multa não é zerado.

Este custo é reduzido em R$ 12.999,84 mês quando comprado ao cenário a. Por outro lado, o

custo da operação é de R$ 36.000,00 mês. Este é o cenário mais caro para empresa, fechando

um custo anual de R$ 467.612,64.

O melhor cenário no que se refere ao tempo médio de carregamento, e ao custo da multa é o

cenário l. Este cenário replica a capacidade máxima do cenário k, e reduz uma pessoa no

período da manhã na expedição. O custo da multa é R$ 13.611,60 inferior ao cenário base.

Este cenário finaliza o ano com um custo de R$ 436.271,63, R$ 244.660,90 mais caro que o

cenário base.

Os cenários m e n mantém o carregamento com a capacidade máxima, e testam reduções de

pessoas na expedição. Os custos anuais são de R$ 414.912,08 e R$ 434.123,28,

respectivamente.

O último cenário, o, testa a compra de um novo equipamento no carregamento, que possibilita

reduzir o tempo de carregamento de 32 minutos, para 22 minutos. O custo do equipamento é

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242

de R$ 16.666,67 mês. Este cenário é muitas vezes o preferido por gestores, mas ele aumenta o

custo anual para R$ 280.113,36/ano.

Toda a análise dos cenários pode ser resumida graficamente pela Figura 12.

Figura 12 – Curva dos Cenários

Analisando a Figura 12, nota-se que à medida que o custo da multa diminui, o custo da

operação aumenta. Isto ocorre, pois é preciso colocar mais pessoas na expedição e no

carregamento. O custo da operação torna-se muito mais caro que o custo da multa.

Se a empresa possuir indicadores locais que meçam apenas o custo da multa, o melhor cenário

será o l. A empresa pagará R$ 244.660,90 a mais por ano, para poder dizer que reduziu a

multa em R$ 163.339,092.

Por outro lado, se a empresa medir apenas o custo com operação, o melhor cenário é o atual.

Contudo, ela perde a oportunidade de reduzir R$ 45.712,80 de multa no ano, acrescentando

uma pessoa na expedição, que custará R$ 24.000,00 no ano.

5. Conclusão

O objetivo deste trabalho foi à formulação de um modelo de simulação para a avaliação de

melhorias no carregamento de caminhões em relação ao tempo total de permanência do

R$ -

R$ 5.000,00

R$ 10.000,00

R$ 15.000,00

R$ 20.000,00

R$ 25.000,00

R$ 30.000,00

R$ 35.000,00

R$ 40.000,00

a c d e b f g h i j n m l k

Cu

sto

Cenários

Curva do Custo Total

Custo Multa Custo Operação Custo Total

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caminhão na empresa. Para tanto, o sistema em análise foi modelado e simulado em 15

cenários. Como demonstrado no capítulo anterior, uma série de decisões podem ser tomadas

de modo ineficaz caso a empresa não considere os custos globais.

A principal implicação prática propiciada pelo modelo de simulação é que a empresa não

deve ter como objetivo minimizar a probabilidade de ser multada. Ao contrário disto, deve-se

entender que o valor aplicado em multa é uma variável aleatória, dependente de variáveis

como o tempo de carregamento e as esperas do sistema. A empresa deve avaliar o tradeoff

entre a adição de custos para minimizar tais multas em comparação ao valor de tais multas.

Uma segunda implicação prática reside no fato de que a alocação de funcionários em pontos e

horários deve ser realizada de maneira a reduzir o tempo de permanência como um todo e

seus custos. Conforme foi observado na análise dos cenários, a alocação de mais funcionários

na frente de carregamento ou na expedição muda os custos totais no sistema de modo

significativo. Ao contrário do que apontaria o senso comum, o melhor resultado obtido foi

realizado com a adição de um colaborador na expedição no turno da tarde, e não na área de

carregamento.

As conclusões deste trabalho devem ser analisadas considerando-se algumas limitações. Em

primeiro lugar, a análise realizada não avaliou o comportamento do sistema em relação a

diferentes níveis de demanda. Em segundo lugar, o período de simulação do sistema

considerado foi de um dia. Desta maneira, os dados foram extrapolados para meses e anos

como forma de simplificação da análise.

Trabalhos futuros poderão auxiliar a superar as limitações do presente trabalho, realizando

uma análise que considere as flutuações de demanda e suas implicações quanto ao tempo total

de permanência do caminhão na empresa.

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