simulado 06 de marÇo de 2016 anac - … notei que um bem-te-vi aparecia todos os dias de manhã...
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IGEPP – Instituto de Gestão, Economia e Políticas Públicas
Telefone:(61) 3443 0369 E-mail: [email protected]
SIMULADO 06-03-2016
SIMULADO 06 DE MARÇO DE 2016
ANAC - ANALISTA ADMINISTRATIVO – ÁREA 1
PROVA: CONHECIMENTOS BÁSICOS
1 - O CARTÃO DE RESPOSTAS tem, obrigatoriamente, de ser assinado. Esse CARTÃO DE RESPOSTAS
não poderá ser substituído, portanto, não o rasure nem o amasse;
2 - DURAÇÃO DAS PROVAS: 3 horas 30min, incluindo o tempo para o preenchimento do CARTÃO DE
RESPOSTAS;
3 - Em cada prova há 60 questões de múltipla escolha, com cinco opções: A, B, C, D e E;
4 - No CARTÃO DE RESPOSTAS, as questões estão representadas pelos seus respectivos números.
Preencha o campo da alternativa correta com caneta esferográfica preta;
5 - Será anulada a questão cuja resposta contiver emenda ou rasura, ou para a qual for assinalada mais de
uma opção. Evite deixar questão sem resposta;
6 - Ao receber a ordem do Fiscal de Sala, confira este CADERNO com muita atenção, pois nenhuma
reclamação sobre o total de questões e/ou falhas na impressão será aceita depois de iniciada as provas;
7 - Durante as provas não será admitida qualquer espécie de consulta ou comunicação entre os candidatos,
tampouco será permitido o uso de qualquer tipo de equipamento eletrônico como calculadora, telefone celular
e afins;
8 - A saída da sala só poderá ocorrer depois de decorrida uma hora do início das provas. A não observância
dessa exigência acarretará a sua exclusão do certame;
9 – Ao sair da sala, entregue o CARTÃO DE RESPOSTAS ao fiscal de sala.
BOA PROVA !
1
LÍNGUA PORTUGUESA
QUESTÃO 1
Assinale a opção que corresponde a erro gramatical,
com base no termo sublinhado no trecho abaixo,
considerando a norma-padrão da língua portuguesa.
O líder do governo na Câmara dos Deputados, o
deputado José Guimarães (PT-CE), disse que os
movimentos sociais e sindicais não serão prejudicados
com (1) a aprovação da proposta que tipifica (2) o crime
de terrorismo no país. “Esses movimentos sempre foram
e são necessários para sustentar (3) a evolução do
processo democrático no Brasil. A proposta preserva
isso, diferentemente do que fez o Senado. Preservar
esse legado é algo muito importante”, disse Guimarães,
em defesa do (4) texto aprovado pela Câmara em
agosto de 2015 e mantido na votação desta quarta-feira
(24). O Senado havia excluído o artigo que evita o
enquadramento como ato terrorista de violência
praticada a nível de (5) movimentos sociais.
Portal da Câmara dos Deputados (com adaptações.)
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
QUESTÃO 2
Assinale a opção em que há erro de natureza
gramatical, considerando-se a modalidade padrão da
língua portuguesa.
a) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, as normas decorrentes de tratados e
convenções internacionais sobre direitos humanos,
regularmente internalizadas no ordenamento jurídico
brasileiro, apresentam status supralegal, ainda que não
tenham sido aprovadas segundo o rito previsto para o
processo legislativo das emendas à Constituição.
b) As casas legislativas que compõem o Congresso
Nacional têm a competência privativa de, por ato
normativo próprio, criarem, transformarem ou
extinguirem os cargos de seus serviços.
c) A autonomia administrativa é garantida
constitucionalmente ao Ministério Público e à Defensoria
Pública, mas não à Advocacia Pública.
d) A cláusula de reserva de plenário determina que,
somente pelo voto da maioria absoluta dos membros do
tribunal ou do respectivo órgão especial pode ser
declarado a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
do poder público.
e) A acumulação lícita de um cargo efetivo com um
cargo comissionado é possível, desde que declarada a
compatibilidade de horário e local do exercício de ambos
os cargos.
Leia o texto abaixo.
A Advocacia-Geral da União (AGU) é a
instituição brasileira responsável pelo exercício
da advocacia pública em âmbito federal. Por
advocacia pública federal entende-se a defesa de todos
os poderes da União na esfera judicial ou extrajudicial,
bem como o exercício de atividades de consultoria e
assessoramento jurídico do Poder Executivo Federal.
Além disso, representa o Brasil perante a justiça de
outros países e jurisdições internacionais.
QUESTÃO 3
Assinale a opção correta.
a) A substituição de “perante a justiça” por perante à
justiça confere mais precisão ao texto original, tendo em
vista a inserção do artigo definido feminino singular
antes do termo “justiça”, associado ao emprego da
preposição “a”.
b) No segmento “todos os poderes da União”, a
supressão do artigo definido masculino plural, além de
correta gramaticalmente, tornaria mais sucinta a
passagem, assim: todos poderes da União.
c) A substituição do termo “em âmbito federal” por no
nível federal ou na esfera federal mantém a correção
gramatical do texto.
d) No segmento “bem como o exercício de atividades
de consultoria”, o termo “bem como”, que foi empregado
com caráter aditivo, cabe ser substituído, mantendo-se
a correção gramatical, por bem assim; e o termo “de
atividades de consultoria” foi empregado como uma
contingência gramatical.
e) Na sequência “a instituição brasileira responsável”, a
substituição do artigo definido feminino pelo artigo
indefinido uma mantém a correção gramatical e a
coerência do texto.
Leia o texto abaixo.
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O Poder Legislativo cumpre papel
imprescindível perante a sociedade do país, visto
que desempenha três funções primordiais para a
consolidação da democracia: representar o povo
brasileiro, legislar sobre os assuntos de interesse
nacional e fiscalizar a aplicação dos recursos
públicos.
Nesse contexto, a Câmara dos
Deputados, autêntica representante do povo
brasileiro, exerce atividades que viabilizam a
realização dos anseios da população, mediante
discussão e aprovação de propostas referentes
às áreas econômicas e sociais, como educação,
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20
saúde, transporte, habitação, entre outras, sem
descuidar do correto emprego, pelos Poderes da
União, dos recursos arrecadados da população
com o pagamento de tributos.
Assim, a Câmara dos Deputados
compõe-se de representantes de todos os
estados e do Distrito Federal, o que resulta em
um Parlamento com diversidade de ideias,
revelando-se uma Casa legislativa plural, a
serviço da sociedade brasileira.
Portal da Câmara dos Deputados
QUESTÃO 4
Assinale a opção incorreta, com base no texto acima.
a) A substituição do conector “visto que” (L.2-3), que
introduz no texto noção causal, por já que, uma vez que
ou visto como mantém a correção gramatical e a
coerência do texto.
b) Na linha 4, o sinal de dois-pontos introduz segmentos
oracionais reduzidos que funcionam como aposto em
relação a “três funções primordiais para a consolidação
da democracia” (L.3-4).
c) Na linha 10, a palavra “que” foi empregada como
pronome relativo e exerce a mesma função sintática que
o seu referente.
d) A substituição do termo “Assim” (L.18) por Dessa
forma mantém as relações de sentido e a correção
gramatical do texto.
e) A vírgula empregada após “Distrito Federal” (L.20)
isola aposto de oração.
QUESTÃO 5
Assinale a opção incorreta, com base no texto acima.
a) O termo “como” (L.13) introduz segmento empregado
com caráter apositivo explicativo.
b) A substituição da forma verbal “resulta” (L.20) por
implica mantém a correção gramatical do texto.
c) No objeto direto “a aplicação dos recursos públicos”
(L.6-7), o substantivo abstrato “aplicação” teve o seu
sentido expandido por complemento nominal, termo
integrante da oração.
d) É obrigatório o emprego do sinal indicativo de crase
presente em “às áreas econômicas e sociais” (L.13).
e) A substituição de “compõe-se” (L.19) por se compõe
mantém a correção gramatical do texto, mas produz
uma alteração de ordem sintática no período.
QUESTÃO 6
Assinale a opção em que há erro gramatical.
a) O Plenário da Câmara dos Deputados começou a
discutir, nesta quarta-feira, o texto da Proposta de
Emenda à Constituição n.º 1, de 2015, do Deputado
Vanderlei Macris (PSDB-SP), que aumenta o valor
mínimo aplicado anualmente pela União em ações e
serviços públicos de saúde.
b) Macris lembrou de que a proposta tem origem no
projeto de lei de iniciativa popular (PLP 321/13)
conhecido como Saúde+10, que reivindicava 10% do
Produto Interno Bruto brasileiro a ser destinado à área
de saúde.
c) O texto da PEC determina que a União deverá
investir, pelo menos, 19,4% de sua receita corrente
líquida em ações e serviços públicos de saúde ao final
de seis anos, o que equivale a 10% da receita corrente
bruta, como prevê o Saúde+10.
d) Atualmente, a Emenda Constitucional n.º 86 define
os gastos mínimos da União com saúde em 13,2% da
receita corrente líquida para 2016, subindo até 15% em
2020.
e) “A PEC reestabelece os investimentos na saúde
como foram concebidos quando se criou o Sistema
Único de Saúde (SUS). Esta emenda a nada mais visa
do que aglutinar a vontade dos mais de 2 milhões de
pessoas que se mobilizaram, ao longo de vários anos, e
promoveram o Saúde+10”, destacou Macris, lembrando
que a PEC conta com o apoio de várias entidades,
conselhos e federações da área da saúde.
QUESTÃO 7
Assinale a opção incorreta gramaticalmente, com base
na modalidade padrão da língua portuguesa.
a) As relações dos cidadãos com os dirigentes
pautaram-se, ao longo dos séculos, pelo
assistencialismo e pela subserviência.
b) Os indivíduos nunca participaram de nada, e isso faz
que nosso espírito de mobilização seja mínimo e o de
organização, caótico.
c) Conseguir ordenar e sistematizar a participação das
pessoas é mais difícil do que reuni-las.
d) A verborragia dissipa a capacidade de ação, e é
crítica a nossa capacidade crítica, já que não fomos
formados para a análise desapaixonada de fatos e de
situações.
e) Por isso mesmo, nossas opiniões são tão fluídas e
nossas posições, tão personalistas.
Leia o texto abaixo.
No momento em que a lavoura cafeeira alcança
o zênite da sua prosperidade — primeiro decênio do
século —, outra atividade vem quase emparelhar-se a
ela no balanço da produção brasileira: a extração da
borracha.
QUESTÃO 8
a) O vocábulo “zênite” foi empregado em sentido
translato.
3
b) A vírgula empregada após o segundo travessão, que
é obrigatória, decorre do deslocamento de estrutura
sintática empregada com caráter adverbial.
c) Os travessões, que poderiam ser substituídos por
parênteses, mantendo-se a correção gramatical do
texto, isolam aposto explicativo.
d) Houve erro de topologia pronominal no texto.
e) O termo “da borracha” exerce a função sintática de
complemento nominal, e “do século”, a de adjunto
adnominal.
Leia o texto que segue.
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15
20
25
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40
Mundo animal
No morro atrás de onde eu moro vivem
alguns urubus. Eles decolam juntos, cerca de
dez, e aproveitam as correntes ascendentes
para alcançar as nuvens sobre a Lagoa Rodrigo
de Freitas. Depois, planam de volta, dando
rasantes na varanda de casa. O grupo dorme na
copa das árvores e lembra o dos carcarás do
Mogli. Às vezes, eles costumam pegar sol no
terraço. Sempre que dou de cara com um, trato-
o com respeito. O urubu é um pássaro grande,
feio e mal-encarado, mas é da paz. Ele não
ataca e só vai embora se alguém o afugenta com
gritos.
Recentemente, notei que um bem-te-vi
aparecia todos os dias de manhã para roubar a
palha da palmeira do jardim. De vez em quando,
trazia a senhora para ajudar no ninho. Comecei
a colocar pão na mesa de fora, e eles se
habituaram a tomar o café conosco. Agora,
quando não encontram o repasto, cantam,
reclamando do atraso. Um outro casal descobriu
o banquete, não sei a que gênero esses dois
pertencem. A cor é um verde-escuro brilhante, o
tamanho é menor do que o do bem-te-vi e o
Pavarotti da dupla é o macho.
A ideia de prender um passarinho na
gaiola, por mais que ele se acostume com o
dono, é muito triste. Comprei um periquito, uma
vez, criado em cárcere privado, e o soltei na
sala. Achei que ele ia gostar de ter espaço. Saí
para trabalhar e, quando voltei, o pobre estava
morto atrás da poltrona. Ele tentou sair e morreu
dando cabeçadas no vidro. Carrego a culpa até
hoje. De boas intenções o inferno está cheio.
O Rio de Janeiro existe entre lá e cá,
entre o asfalto e a mata atlântica, mas a fauna
daqui é mais delicada do que a africana e a
indiana. Quem tem janela perto do verde
conhece bem o que é conviver com os micos.
Nos meus tempos de São Conrado, eu
45
costumava acordar com um monte deles
esperando a boia. Foi a primeira vez que
experimentei cativar espécies não
domesticadas.
Lanço aqui a campanha: crie vínculos
com um curió, uma paca ou um formigueiro que
seja. Eles são fiéis e conectam você com a mãe
natureza. Experimente, ponha um pãozinho no
parapeito e veja se alguém aparece.
Fernanda Torres. In: Veja Rio, 2/12/2012 (com
adaptações).
QUESTÃO 9
Assinale a opção correta, com base nas ideias e nas
estruturas linguísticas do texto acima.
a) A correção gramatical do texto seria preservada
caso o trecho “conectam você com a mãe natureza”
(L.47-48) fosse reescrito da seguinte maneira:
conectam você para com a mãe natureza.
b) A ideia central do texto consiste na necessidade de
criação de mecanismos para a separação entre
espaço urbano e natureza, a fim de se preservar a vida
de espécies animais.
c) Segundo o texto, a relação cotidiana com espécies
de animais é um importante recurso de combate à
depressão dos habitantes das zonas urbanas.
d) O texto tem como objetivo central lançar a
campanha de substituição dos animais domésticos
criados em cativeiro por espécies selvagens.
e) A vírgula empregada após o vocábulo “um” (L.9),
que é obrigatória, decorre da topologia e da natureza
circunstancial da oração “Sempre que dou de cara com
um”.
QUESTÃO 10
Assinale a opção incorreta, com base nas ideias e nas
estruturas linguísticas do texto acima.
a) No trecho “De vez em quando, trazia a senhora
para ajudar no ninho” (L.16-17), o substantivo
“senhora” pode ser substituído, sem prejuízo para as
informações veiculadas no texto, pelo termo fêmea.
b) Sem prejuízo da correção gramatical do texto, a
vírgula em “Experimente, ponha um pãozinho no
parapeito e veja se alguém aparece” (L.48-49) poderia
ser substituída pelo sinal de dois-pontos.
c) Os dois primeiros parágrafos do texto são
predominantemente narrativos.
d) A substituição de “se”, na oração “Ele não ataca e
só vai embora se alguém o afugenta com gritos” (11-
13), por caso mantém não apenas a correção
4
gramatical, mas também as ideias desenvolvidas
originalmente no texto.
e) O emprego da primeira pessoa do singular confere
ao texto um caráter testemunhal que possibilita a criação
de empatia entre o leitor e as experiências da autora.
QUESTÃO 11
Assinale a opção correta, com base nas ideias e nas
estruturas linguísticas do texto acima.
a) O emprego da terceira pessoa do plural em “vivem”
(L.1) decorre da concordância com a expressão “alguns
urubus” (L.2), que foi empregada como termo integrante
da oração em que está inserida.
b) No último parágrafo do texto, há índices gramaticais
que marcam a presença da função conativa da
linguagem.
c) A forma verbal “conhece” (L.39) teve o seu sentido
completado, sintática e semanticamente, por uma
oração subordinada substantiva objetiva direta.
d) A inserção de vírgula imediatamente após o termo
“bem-te-vi”, em “o tamanho é menor do que o do bem-
te-vi” (L.23-24), implicaria erro gramatical no período.
e) O termo composto “verde-escuro” (L.23) foi
empregado como substantivo e passou pelo processo
derivacional conhecido como derivação regressiva.
QUESTÃO 12
A expressão “por mais que”, empregada na oração “por
mais que ele se acostume com o dono” (L.27-28),
expressa ideia de:
a) escopo.
b) proporção.
c) concessão.
d) causa.
e) consequência.
QUESTÃO 13
O termo “De boas intenções”, na oração “De boas
intenções o inferno está cheio” (L.34), exerce função
sintática de:
a) complemento nominal.
b) objeto indireto.
c) objeto direto preposicionado.
d) predicativo do sujeito.
e) adjunto adnominal.
QUESTÃO 14
Assinale a opção em que a preposição sublinhada não
tenha sido empregada pela mesma razão que a
preposição destacada em “não sei a que gênero esses
dois pertencem” (L.22-23).
a) O livro a que o professor aludiu durante a aula era
complexo aos alunos.
b) A cidade a que, naquele momento, fizemos
referência estava completamente vazia.
c) De que problema tanto reclamas, Renata?
d) A vila em que os urubus e os passarinhos moravam
havia sido abandonada.
e) O filme a cujo enredo o cineasta se referiu não está
mais em cartaz.
QUESTÃO 15
Assinale a opção em que a reescrita de fragmento do
texto está incorreta.
a) Atrás do morro em que eu moro, vivem alguns urubus
que decolam juntos — cerca de dez — e aproveitam as
correntes ascendentes para alcançarem as nuvens
sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas.
b) Planam, depois, de volta e dão rasantes na varanda
de casa. O grupo, que dorme na copa das árvores,
lembra o grupo dos carcarás do Mogli.
c) Eles costumam, muita vez, pegar sol no terraço, e,
sempre que dou de cara com um, eu trato-o com
respeito.
d) Pássaro grande, o urubu é feio e mal-encarado, mas
da paz. Não ataca. Só vai embora se alguém o afugentar
com gritos.
e) Notei, recentemente, que um bem-te-vi ao aparecer
todos os dias de manhã roubava a palha da palmeira do
jardim. Ele trazia, de vez em quando, a senhora para
ajudá-lo no ninho.
QUESTÃO 16
Assinale a opção incorreta, com base nas ideias e nas
estruturas linguísticas do texto acima.
a) A ausência do sinal indicativo de crase no segmento
“Comecei a colocar pão na mesa de fora, e eles se
habituaram a tomar o café conosco” (L.17-19), em
ambas as ocorrências, decorre da ausência do artigo
definido feminino singular.
b) Acentua-se com base na mesma regra de “fiéis”
(L.47) o vocábulo heróis.
c) O plural de “bem-te-vi” é bem-te-vis e o de
“pãozinho” é pãozinhos.
d) Acentuam-se as palavras “árvores”, “pássaro” e
“gênero”, extraídas do texto, por se tratar de vocábulos
esdrúxulos.
e) No segmento “Um outro casal” (L.21), o vocábulo
“Um” foi empregado como uma contingência gramatical.
Pode, portanto, ser retirado do período, desde que se
substitua “outro” por Outro, sem prejuízo para a
correção gramatical do texto.
5
QUESTÃO 17
Assinale a opção correta, com base no segmento “A
ideia de prender um passarinho na gaiola, por mais que
ele se acostume com o dono, é muito triste” (L.26-28).
a) Nesse período composto, o predicado da oração
principal apresenta um verbo copulativo.
b) O emprego enclítico do pronome “se” (por mais que
ele acostume-se) mantém a correção gramatical do
segmento.
c) A forma verbal “prender” teve o seu sentido
completado, sintática e semanticamente, por um termo
essencial da oração.
d) A expressão “na gaiola” exerce a função sintática de
objeto indireto.
e) O vocábulo “muito” encontra-se no singular para
concordar com a palavra “triste”, também empregada no
singular, à qual aquele se liga semântica e
sintaticamente.
QUESTÃO 18
Assinale a opção cuja reescrita de fragmento do texto
desrespeita os princípios da modalidade padrão formal
da língua portuguesa.
a) Uma vez, eu comprei um periquito, que era criado em
cárcere privado, e soltei-o na sala.
b) O Rio de Janeiro existe entre lá e cá, entre o asfalto
e a mata atlântica. No entanto, a fauna daqui é mais
delicada que as faunas africana e indiana.
c) Eu costumava, nos meus tempos em São Conrado,
acordar com um monte de passarinhos que esperava a
boia.
d) Ao sair para trabalhar e quando voltei, o pobre
periquito estava morto atrás da poltrona.
e) Aqueles que têm janela nos arredores do verde
conhecem bem aquilo que significa conviver com micos.
QUESTÃO 19
Assinale a opção correta acerca do vocábulo “juntos”
(L.2).
a) Foi empregado como advérbio de modo e participa
de predicado verbal.
b) Foi empregado como adjetivo, na função sintática de
predicativo do sujeito, e participa de predicado verbo-
nominal.
c) Foi empregado como adjetivo adverbializado por
derivação imprópria.
d) Foi empregado como adjunto adverbial de modo.
e) Tem o mesmo valor sintático-semântico que em “As
crianças foram ao cinema junto do professor”.
QUESTÃO 20
O vocábulo “bem-te-vi” (L.24) grafa-se com hífen.
Assinale a opção em que houve erro na grafia da
expressão.
a) mão-de-obra.
b) mão-de-vaca.
c) pão de queijo.
d) pé de moleque.
e) salário-família.
LÍNGUA INGLESA
The Zika virus
To breed, or not to breed
A fearsome outbreak has triggered a debate about
birth control
Jan 30th 2016 | BOGOTÁ AND SÃO PAULO | From the
print edition
The mosquito-borne Zika virus, which has spread to 22
countries and territories in the Americas, is terrifying to
pregnant women and their partners. The virus may
cause birth defects in babies whose mothers were
infected during pregnancy. In Brazil more than 4,000
have been born with abnormally small heads since last
October, compared with fewer than 200 in a typical year.
The response of several governments has triggered a
debate about abortion, birth control and sex education
which may outlast the outbreak itself.
It started after a handful of governments advised women
to delay getting pregnant. Colombia, which has the
second-highest number of infections after Brazil, advised
women to wait six to eight months. Jamaica issued a
similar recommendation, even though no cases of Zika
have yet been reported there. El Salvador’s government
suggested that women should delay pregnancy until
2018. Panama warned women from indigenous
communities, in which infection rates are high, not to
conceive.
Some women find this advice rather bossy. Others say
that governments have done little to help women control
their fertility. Paula Avila-Guillen of the Centre for
Reproductive Rights, a lobby group in New York, notes
that rates of sexual violence and teenage pregnancy in
Latin America are among the world’s highest. The
Guttmacher Institute, a think-tank, found that 56% of
pregnancies in Latin America and the Caribbean are
unintended.
Rates of accidental pregnancy are high because sex
education is inadequate and birth control is hard to come
by. Health workers are reluctant to prescribe
contraceptives to teenagers or to women who have not
yet given birth. If women are to avoid pregnancy, say
women’s-rights activists, governments must inform them
better and provide more access to contraception for both
men and women.
Some argue that the Zika crisis should prompt countries
to liberalise policies that severely restrict abortion. In El
Salvador, which does not allow abortion even if a
6
woman’s life is at risk, activists are stepping up their
campaign for a change in the law. An editorial in Folha
de São Paulo, a Brazilian newspaper, argued that Brazil
should end its ban on most abortions.
Rather than calling on women to delay pregnancy, Brazil
is sensibly concentrating its efforts on the real culprit, the
Aedes aegypti mosquito, which also carries dengue and
yellow fever. The country had stamped out the menace
by 1958 but let down its guard and allowed it to return.
This month the health minister, Marcelo Castro,
announced that insect repellent will be distributed to
400,000 expectant mothers who qualify for Bolsa
Família, a cash-transfer scheme. Some 310,000 health
workers are raising awareness and teaching people how
to keep mosquitoes at bay; on February 13th 220,000
soldiers will join them. Following World Health
Organisation guidelines, Brazil advises women
contemplating pregnancy on how to avoid getting bitten
by mosquitoes. Women need facts, not fertility targets.
Source:
http://www.economist.com/news/americas/21689618-
fearsome-outbreak-has-triggered-debate-about-birth-
control-breed-or-not-breed (edited and adapted)
QUESTÃO 21
In the text, “A fearsome outbreak has triggered a debate
about birth control” means:
a) The debate concerning birth control was over before
the epidemic started
b) People are afraid of an epidemic that can cause birth
control debates
c) A large number of people are being infected by a
frightening disease related to a birth control method
d) Due to a frightening epidemic, people started
discussing the prevention of pregnancy
e) Debates all over the world restarted due to an
outbreak of a serious disease
A está incorreta porque o debate não terminou antes do
início da epidemia.
B está incorreta porque o temor não ocorre pela
possibilidade de debates sobre controle de natalidade
C está incorreta porque não existe entre nenhum
método contraceptivo e a doença em questão
D está correta porque utiliza sinônimos para a frase
original “A fearsome outbreak has triggered a debate
about birth control”
E está incorreta porque a informação na opção é
generalizada e não especifica qual o assunto dos
debates e inclui todo o mundo
QUESTÃO 22
In the text, “a debate … which may outlast the outbreak
itself” means
a) It might not last as long as the outbreak
b) It may last as long as the outbreak
c) It might endure longer than the outbreak
d) It should not endure as long as the outbreak
e) It may be as strong as the outbreak
A está incorreta porque afirma que o debate pode não
durar tanto quanto a epidemia
B está incorreta porque afirma que o debate pode durar
tanto quanto a epidemia
C está correta porque utiliza sinônimos para afirmar que
o debate pode durar mais do que a epidemia
D está incorreta porque afirma que o debate pode não
deve durar tanto quanto a epidemia
E está incorreta porque afirma que o debate pode ser
tão forte quanto a epidemia
QUESTÃO 23
According to the text:
a) Governments from all over the world have suggested
women should not get pregnant for the time being
b) Some Latin American governments have urged
women not to get pregnant at least for the moment
c) Only countries where Zika has been reported are
concerned about the pregnancy of women during this
period
d) Women have been the most affected patients
according to health reports
e) Indigenous communities have the highest rates of
Zika virus
A está incorreta porque inclui governos de todo o mundo
B está correta porque utiliza sinônimos para a mesma
informação contida no texto de que governos de países
da américa latina pediram às mulheres que evitassem a
gravidez por enquanto
C está incorreta porque afirma que apenas os países
afetados pela Zika estão preocupados com a gravidez
das mulheres nesse período
D está incorreta porque o texto não informa que
mulheres são as mais afetadas pela doença
E está incorreta porque o texto não afirma que as
comunidades indígenas são as mais afetadas
QUESTÃO 24
Concerning the reasons for finding it difficult to follow the
advice from governments:
a) Women believe their bosses should not be worried
about their pregnancies
b) It is not easy to have proper access to birth control
methods in some countries
c) Accidental pregnancy is a high risk to teenagers in
Latin American countries
7
e) Sexual violence is being taken into consideration as it
should according to a lobby group
e) Pregnancies in Latin America are often planned
A está incorreta porque afirma que as mulheres
acreditam que seus chefes não deveriam se preocupar
com sua gravidez
B está correta porque afirma que não é fácil ter acesso
adequado a métodos contraceptivos em alguns países
C está incorreta porque afirma que a gravidez acidental
é um grande risco para adolescentes
D está incorreta porque afirma que a violência sexual
está sendo considerada (ao contrário do texto)
E está incorreta porque afirma que a gravidez na
américa latina é normalmente planejada
QUESTÃO 25
It is true to state that:
a) Brazil has been fighting the real responsible for the
disease since 1958
b) Brazil is taking all the necessary measures to prevent
women from getting pregnant
c) Brazil has provided insect repellent for pregnant
women enrolled in Bolsa Família
d) Brazil is not concerned about birth control measures
when it comes to preventing Zika infection
e) Brazil is fighting an old enemy again because this
enemy came back stronger than before
A está incorreta porque afirma que o Brasil tem
combatido o verdadeiro culpado desde 1958
B está incorreta porque afirma que o Brasil está tomando
as medidas necessárias para impedir que as mulheres
engravidem
C está incorreta porque afirma que o Brasil tem
fornecido repelentes (o texto informa que isso ainda irá
acontecer)
D está correta porque afirma que o Brasil não está
preocupado com medidas contraceptivas quando se
trata da infecção por Zika
E está incorreta porque afirma que o Brasil está
combatendo um velho inimigo porque esse inimigo
voltou mais forte
Grossly Deceptive Plans
China’s obsession with GDP targets threatens its
economy
Jan 30th 2016 | BEIJING | From the print edition
ON JANUARY 19th China declared that its gross
domestic product had grown by 6.9% in 2015,
accounting for inflation—the slowest rate in a quarter of
a century. It was neatly within the government’s target of
“around 7%”, but many economists wondered whether
the figure was accurate. Online chatter in China about
dodgy GDP numbers was fueled a week later by the
arrest of the man who had announced the data: Wang
Baoan, the head of the National Bureau of Statistics. The
country’s anti-graft agency accused him of “serious
disciplinary violations”, a euphemism for corruption. But
beyond all the (justifiable) doubts about the figures lies
another important question. That is: why does China
have a GDP target at all?
It is the only large industrial country that sets one.
Normally central banks declare specific goals for things
like inflation or unemployment. The idea that a
government should aim for a particular rate of output
expansion, and steer the economy to achieve that, is
unusual. In the case of China, which is trying to wean its
economy off excessive reliance on GDP-boosting (but
often wasteful and debt-fuelling) investment, it is risky. It
is inconsistent with the government’s own oft-repeated
mantra that it is the quality of growth that matters, not the
quantity.
In the past, setting a target may not have made much
difference. For all but three of the years between 1992
and 2015, China’s growth was above target, often by a
big margin. A rare period when targets seemed to affect
the way officials tried to manage the economy was from
2008 to 2009, when growth fell sharply (see chart). It
would be hard to argue that targets themselves have
been responsible for China’s overall (impressive) record
of growth in recent decades.
Now, however, the economy is slowing. This is
inevitable: double-digit growth is no longer achievable
except at dangerous cost (total debt was nearly 250% of
GDP in the third quarter of 2015). But the government is
worried that the economy may slow too fast, and that this
could cause a destabilising surge in unemployment. So
it has been ramping up investment again, and goading
local governments to do the same by setting a high
growth target.
For a while there were signs that the leadership itself had
doubts about the merits of GDP target-setting. In 2013
Xinhua, an official news agency, decried what it called
the country’s “GDP obsession”. By the next year, 70 or
so counties and cities had scrapped their targets. In 2015
Shanghai joined them, becoming the first big city to
break with orthodoxy (each level of government sets its
own GDP target, often higher than the national one). Liu
Qiao of the Guanghua School of Management at Peking
University says the central government ought to follow
suit.
A study in 2013 by Deng Yongheng of Singapore
National University and Wu Jing of Tsinghua University
in Beijing looked at the careers of officials who had
worked as mayors in 283 cities. It found that those who
presided over higher growth rates in their cities, relative
8
to the rates notched up by their predecessors, had got
better jobs afterwards. Since the study was conducted,
there has been little sign of any change in this pattern.
Source:
http://www.economist.com/news/china/21689628-
chinas-obsession-gdp-targets-threatens-its-economy-
grossly-deceptive-plans (edited and adapted)
QUESTÃO 26
The numbers related to GDP in China
a) Showed an impressive result when compared to other
countries around the world
b) Were strikingly lower than expected by the local
government
c) Were fueled by the head of the National Bureau of
Statistics
d) Are reliable since the government itself has
announced them
e) Have been challenged online by numerous people
A está incorreta porque compara o resultado do PIB da
China com outros países no mundo
B está incorreta porque afirma que os números foram
extremamente mais baixos do que o esperado
C está incorreta porque afirma que os números foram
fomentados pelo chefe do departamento
D está incorreta porque afirma que os números são
confiáveis porque o próprio governo os anunciou
E está correta porque afirma que os números foram
contestados online por inúmeras pessoas
QUESTÃO 27
Concerning GDP targets
a) There have been trustworthy reasons for keeping
GDP goals
b) China as well as other countries relies on GDP figures
to set new economic policies
c) China is attempting to progressively set its economy
free from the excessive dependence on GDP figures
d) China has always believed that the higher the GDP
gets the better the growth
e) China has reached its GDP targets for three years in
a row only three times from 1992 to 2015
A está incorreta porque afirma que existem razoes
confiáveis para se manter as metas de PIB
B está incorreta porque afirma que a China assim como
outros países se baseiam no PIB para o
estabelecimento de novas políticas econômicas
C está correta porque utiliza sinônimos para a mesma
informação do texto em “In the case of China, which is
trying to wean its economy off excessive reliance on
GDP-boosting (but often wasteful and debt-fuelling)
investment”
D está incorreta porque afirma que a China sempre
acreditou que quanto maior o PIB melhor o crescimento
E está incorreta porque afirma que China alcançou a
meta do PIB por três anos em sequência apenas três
vezes entre 1992 e 2015
QUESTÃO 28
Concerning China’s economy
a) It has slowed faster than expected by the government
b) Unemployment rates are increasing all over the
country
c) Investments have been intensified by the federal
government because local governments set high growth
targets.
d) Double-digit growth rates will no longer be achieved
by China
e) Fears of high unemployment rates have made the
federal government urge local ones to increase
investments
A está incorreta porque afirma que a economia da China
desacelerou mais rápido do que o esperado
B está incorreta porque afirma que os índices de
desemprego estão aumentando
C está incorreta porque afirma que investimentos foram
intensificados pelo governo nacional devido ao
estabelecimento de altas metas por governos locais
D está incorreta porque afirma que índices de dois
dígitos não serão mais alcançados pela China
E está correta porque utiliza sinônimos para a mesma
informação no texto em “But the government is
worried that the economy may slow too fast, and that
this could cause a destabilising surge in
unemployment. So it has been ramping up
investment again, and goading local governments to
do the same by setting a high growth target”
QUESTÃO 29
The word “decried” could be correctly replaced without
any change in meaning by:
a) Published
b) Denounce
c) Condemned
d) Criticize
e) Defended
A única alternativa possível além da letra C seria a letra
D, porém o tempo verbal está incorreto.
QUESTÃO 30
The phrasal verb “notched up” means
a) Set
b) Established
9
c) Promoted
d) Achieved
e) Acquired
A única opção possível é a letra D.
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO E
ESTATÍSTICA
QUESTÃO 31
Considere a proposição P: “Se está sorrindo, está feliz”,
e as afirmações a seguir.
Primeira afirmação: A proposição P é equivalente a “Se
está feliz, então está sorrindo”.
Segunda afirmação: A proposição P é equivalente a
“Não está sorrindo ou está feliz”.
Terceira afirmação: A proposição P é equivalente a “Se
não está sorrindo, não está feliz”.
Quarta afirmação: A proposição P é equivalente a “Se
não está feliz, não está sorrindo”.
Quinta afirmação: A negação da proposição P pode ser
expressa por “Está sorrindo ou não está feliz”.
Nessa situação, é correto afirmar que entre as
sentenças anteriores, o número de afirmações corretas
é:
a) 4
b) 3
c) 2
d) 1
e) 0
Gabarito: C
QUESTÃO 32
Considere duas caixas numeradas 1 e 2. A caixa 1
contêm 4 bolas brancas e 5 pretas. A caixa 2 contêm 6
bolas pretas e 8 bolas brancas. Uma caixa é escolhida
ao acaso e dela é retirada uma bola, também ao acaso.
Qual a probabilidade de observarmos caixa 1 e bola
preta?
a) 5
9
b) 5
18
c) 1
2
d) 11
23
e) 4
9
Gabarito: B
QUESTÃO 33
Sabe-se que Felipe não ir a Nova York é condição
necessária para Rodrigo não ir a Paris e condição
suficiente para Tatiana ir a Buenos Aires. Sabe-se,
também, que José ir a Milão é condição necessária e
suficiente para Tatiana não ir a Buenos Aires. José foi a
Milão. Portanto,
a) Felipe não foi a Nova York, Tatiana foi a Buenos Aires
e Rodrigo foi a Paris.
b) Felipe foi a Nova York, Tatiana não foi a Buenos Aires
e Rodrigo não foi a Paris.
c) Felipe não foi a Nova York, Tatiana foi a Buenos Aires
e Rodrigo não foi a Paris.
d) Felipe foi a Nova York, Tatiana não foi a Buenos Aires
e Rodrigo foi a Paris.
e) Felipe foi a Nova York, Tatiana foi a Buenos Aires e
Rodrigo não foi a Paris.
Gabarito: D
QUESTÃO 34
Em um estacionamento há 9 veículos brancos, 5 pretos,
7 vermelhos, 8 pratas, 12 cinzas e somente esses.
Serão escolhidos alguns veículos para serem
submetidos a uma vistoria. Qual o número mínimo de
veículos que deverão ser escolhidos para ter certeza de
que pelo menos dois veículos de cores diferentes farão
parte do conjunto?
a) 10
b) 6
c) 13
d) 30
e) 2
Gabarito: C
QUESTÃO 35
Uma formiga se desloca num plano, ao longo de uma
reta. Passa pelo ponto (1, -2) e percorre a MENOR
distância até interceptar a trajetória retilínea de outra
formiga, nesse mesmo plano, descrita pela equação y +
2x = 8. A equação da reta que representa a trajetória da
primeira formiga é:
a) 2y - x + 5 = 0
b) y - x + 3 = 0
c) y + x + 1 = 0
d) 2y + x + 2 = 0
e) 2y + x + 9 = 0
Gabarito: A
10
QUESTÃO 36
Uma variável aleatória apresenta distribuição
assimétrica negativa. Neste caso, tem-se que a:
a) média aritmética é maior do que a moda.
b) moda é igual a média aritmética.
c) média aritmética é maior do que a mediana.
d) mediana é maior do que a moda.
e) moda é maior do que a mediana.
Gabarito: E
QUESTÃO 37
Um restaurante especializado em carnes recebe
somente 3 tipos de clientes, a saber: os que gostam de
carne de gado, os que gostam de carne de javali e os
que gostam de carne de jacaré. Desses clientes que
frequentam o restaurante, 50% deles gostam de carne
de gado, 40% gostam de carne de javali e 10% gostam
de carne de jacaré. Por outro lado, dos clientes que
gostam de carne de gado, 80% das vezes que vão ao
restaurante eles bebem cerveja; dos clientes que
gostam de carne de javali, 90% das vezes que vão ao
restaurante, eles bebem cerveja; dos clientes que
gostam de carne de jacaré, 95% das vezes que vão ao
restaurante, eles bebem cerveja. Um cliente, ao sair do
restaurante, informa que não bebeu cerveja. Assim, a
probabilidade de que ele goste de carne de javali é igual
a:
a) 1
5
b) 8
29
c) 45
47
d) 7
8
e) 25
32
Gabarito: B
QUESTÃO 38
Ana, Ena e Ina são três amigas. Uma delas é
engenheira, outra psicóloga, e a outra advogada. É
sabido que:
I- ou Ana é engenheira , ou Ina é engenheira;
II- ou Ana é psicóloga, ou Ina é advogada;
III- ou Ena é advogada, ou Ana é engenheira;
IV- ou Ina é psicóloga, ou Ena é psicóloga.
Assim, as profissões de Ina, Ana e Ena são,
respectivamente:
a) advogada, engenheira, psicóloga.
b) engenheira, advogada, psicóloga.
c) psicóloga, advogada, engenheira.
d) advogada, psicóloga, engenheira.
e) engenheira, psicóloga, advogada.
Gabarito: A
QUESTÃO 39
Para se ter acesso às suas movimentações financeiras
na internet, um banco exige de seus clientes o
cadastramento de uma senha alfanumérica de 7
caracteres, sendo os três primeiros letras (retiradas de
um alfabeto de 26 letras), seguidas de 4 algarismos
(escolhidos de 0 a 9). O banco exige nesse
cadastramento que não haja repetição de letras mas
poderá ocorrer a repetição de algarismos. Um cliente
deseja cadastrar uma senha cuja primeira letra seja a
mesma que inicia seu primeiro nome e que os dois
últimos algarismos sejam respectivamente iguais a sua
idade que é maior que 9 e menor que 100 anos. Assim,
o número de diferentes maneiras que sua senha poderá
ser escolhida é:
a) 28.000
b) 74.000
c) 46.000
d) 60.000
e) 126.800
Gabarito: D
QUESTÃO 40
Seja X uma variável aleatória com média aritmética x = 8
e desvio padrão S = 4. Considere as variáveis: y = 5x -
2 e z = 5x. A única afirmação errada é:
a) o desvio padrão de z é 20.
b) a média de y é 38.
c) as variáveis x e z têm o mesmo coeficiente de
variação.
d) as variáveis y e z têm o mesmo desvio padrão.
e) as variáveis y e z tem a mesma média aritmética.
Gabarito: E
11
DIREITO ADMINISTRATIVO
QUESTÃO 41
O princípio que instrumentaliza a Administração para a
revisão de seus próprios atos, consubstanciando um
meio adicional de controle da sua atuação e, no que toca
ao controle de legalidade, representando potencial
redução do congestionamento do Poder Judiciário,
denomina-se
a) Razoabilidade.
b) Proporcionalidade.
c) Autotutela.
d) Eficiência.
e) Controle judicial.
Gabarito: Letra C
QUESTÃO 42
Analise os casos concretos narrados a seguir e
classifique-os como sendo resultado de um dos
fenômenos listados de acordo com o seguinte código:
C = centralização
D = descentralização
DCON = desconcentração.
Após a análise, assinale a opção que contenha a
sequência correta.
1.1. Serviço de verificação da regularidade prestado por
órgão da Receita Estadual. ( )
1.2. Extinção de unidades de atendimento
descentralizadas de determinado órgão público federal
para que o atendimento passe a ser feito
exclusivamente na unidade central. ( )
1.3. Serviços ambientais, prestados em âmbito nacional
pelo Ibama. ( )
a) D / C / DCON
b) C / DCON / D
c) DCON / D / C
d) D / DCON / C
e) DCON / C / D
Gabarito – letra E.
QUESTÃO 43
Sabe-se que a regra geral é de não acumulação de
cargos e empregos públicos. As hipóteses em que isso,
a acumulação, é permitida, são de índole constitucional.
Sendo assim, a respeito do assunto, assinale o correto:
a) De acordo com recente entendimento do STJ, é
possível acumulação de cargo de professor com um
cargo de nível médio, desde que este seja considerado
de conhecimento técnico ou científico.
B) A jornada máxima de trabalho semanal para os
servidores que acumulem cargos públicos é de 60 horas,
limite máximo tolerável, na visão do STJ.
c) As regras de acumulação não alcançam aposentados,
já que estes não possuem mais vínculos com a
Administração.
d) No caso de servidor eleito vereador, necessariamente
haverá o afastamento do cargo, já que se pressupõe a
incompatibilidade do desempenho da atribuição do
cargo político com o Administrativo do servidor.
e) Ante o que diz o atual texto constitucional, não é
possível a acumulação de 3 cargos públicos, de
nenhuma maneira.
Gabarito: letra A
QUESTÃO 44
Segundo a Lei Federal 8666/93, concurso é a
modalidade de licitação entre quaisquer interessados
para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico,
mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos
vencedores. Suponha que o órgão público para o qual
você trabalha tenha organizado um concurso de projeto
arquitetônico para suas novas instalações. Após a
proclamação do resultado, o vencedor foi contratado
para desenvolver o detalhamento do projeto, e você foi
especialmente designado responsável pelo
acompanhamento e fiscalização do contrato.
Analise as afirmativas a seguir:
I. É seu dever anotar em registro próprio todas as
ocorrências relacionadas com a execução do contrato,
determinando o que for necessário à regularização dos
defeitos observados.
II. É sua obrigação tomar decisões e providências
relativas ao cumprimento do contrato, ainda que
ultrapassem a sua competência.
III. É de sua responsabilidade a aceitação provisória do
objeto do contrato, mediante termo circunstanciado,
bem como a aceitação definitiva desde que comprovada
a adequação do objeto aos termos contratuais.
Assinale:
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.
Gabarito: Letra A
QUESTÃO 45
Uma hipótese expressa na Lei no 8.666/93 de dispensa
de licitação é:
a) A contratação de profissional de setor artístico,
consagrado pela crítica especializada.
b) Alienação por investidura ao proprietário de imóvel
lindeiro de área remanescente de obra pública, por valor
não superior a R$ 150.000,00.
c) Quando tiver havido licitação anterior para o mesmo
objeto que tenha resultado deserta e desde que o valor
do objeto não ultrapasse R$ 150.000,00.
d) Aquisição de bens produzidos por empresa privada
que tenha vencido a última licitação com o mesmo
12
objeto.
e) Venda de um imóvel de uma autarquia estadual para
uma autarquia federal.
Gabarito: Letra E
QUESTÃO 46
Sobre a inexigibilidade de licitação, assinale a opção
correta.
a) Dar-se-á por inexigibilidade a contratação de
profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou
por meio de empresário exclusivo, desde que
consagrado pela crítica especializada ou pela opinião
pública.
b) As hipóteses de inexigibilidade de licitação previstas
na Lei 8.666, de 1993, são exaustivas.
c) Em tal hipótese de contratação direta, reputa-se
desnecessária a justificativa do preço praticado pelo
contratado.
d) O instrumento de contrato é obrigatório em todas as
hipóteses de contratação direta mediante inexigibilidade.
e) Na inexigibilidade, seria viável a competição, mas a
lei a reputou inconveniente, possibilitando, assim, a
contratação sem licitação.
Gabarito: Letra A
QUESTÃO 47
No direito brasileiro, os regulamentos são atos
essencialmente
a) normativos, que especificam ou complementam a lei
para sua fiel execução, sem contudo inovar no mundo
jurídico.
b) enunciativos, dotados de generalidade, abstração e
imutabilidade.
c) negociais, de efeitos concretos e uso específico no
campo do exercício do poder de polícia.
d) legislativos, de competência exclusiva do chefe do
Poder Executivo.
e) autônomos e de mesmo nível hierárquico que as leis,
dispondo sobre organização administrativa, criação ou
extinção de órgãos públicos.
Gabarito: Letra A
QUESTÃO 48
Rafael, servidor público estadual ocupante de cargo
efetivo, foi demitido. Inconformado, ajuizou ação judicial
e obteve a anulação de sua demissão, porque não foram
observados o contraditório e a ampla defesa no curso do
processo administrativo disciplinar. O retorno de Rafael
ao cargo efetivo de origem, por força de decisão judicial
transitada em julgado, é conhecido como:
a) aproveitamento;
b) reintegração;
c) recondução;
d) readaptação;
e) recolocação.
Gabarito: Letra B
QUESTÃO 49
A Administração pública, é sabido, está sujeita a
princípios expressos e implícitos no exercício de suas
funções. A observância desses princípios está sujeita a
controle, do que é exemplo o controle
a) exercido pela própria Administração, que se presta a
verificar a observância dos princípios expressos e
implícitos, vedada, no entanto, a revisão dos atos, que
deve ser feita judicialmente.
b) administrativo externo, que se presta à verificação da
observância dos princípios, desde que expressos, que
regem a Administração.
c) exercido pelo Legislativo, pelo Judiciário e pela
própria Administração, sem prejuízo da participação do
usuário no bom desempenho das funções
administrativas, o que lhes confere, inclusive, direito à
informações sobre a atuação do governo.
d) exercido pelo Judiciário, que se consubstancia em
verificação interna dos princípios expressos, tais como,
legalidade, impessoalidade e supremacia do interesse
público.
e) legislativo externo, que se presta somente à
verificação da observância dos princípios expressos e
da discricionariedade da Administração.
Gabarito: Letra C
QUESTÃO 50
Após regular processo licitatório, determinada
sociedade empresária firmou contrato de concessão
com o Município para prestação do serviço público de
transporte coletivo de passageiros. No curso do contrato,
durante o prazo da concessão, o poder concedente
retomou a prestação do serviço, por motivo de interesse
público, mediante lei autorizativa específica. No caso em
tela, com base na Lei nº 8.987/95, ocorreu a extinção da
concessão mediante:
a) encampação, após o prévio pagamento de
indenização;
b) caducidade, com o ulterior pagamento de indenização;
c) rescisão, com o ulterior pagamento de indenização;
d) revogação, após o prévio pagamento de indenização;
e) anulação, com o ulterior pagamento de indenização.
Gabarito: Letra A
13
DIREITO CONSTITUCIONAL
QUESTÃO 51
Sobre o princípio constitucional da dignidade da
pessoa humana, julgue os itens a seguir. Após,
assinale a opção correta.
I- É constitucional a lei que estabeleceu políticas
públicas para inserir os portadores de necessidades
especiais na sociedade, pois atende ao princípio da
dignidade da pessoa humana, definindo meios para
que eles sejam alcançados.
II- A cláusula da reserva do possível – que não pode
ser invocada, pelo Poder Público, com o propósito de
fraudar, de frustrar e de inviabilizar a implementação
de políticas públicas definidas na própria Constituição
– encontra insuperável limitação na garantia
constitucional do mínimo existencial, que representa,
no contexto de nosso ordenamento positivo,
emanação direta do postulado da essencial dignidade
da pessoa humana.
III- Só é lícito o uso de algemas em casos de
resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo
à integridade física própria ou alheia, por parte do
preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade
por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade
da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
IV- O direito ao nome insere-se no conceito de
dignidade da pessoa humana, princípio alçado a
fundamento da República Federativa do Brasil.
Estão corretos apenas:
a) os itens I e II.
b) os itens I, II e III.
c) os itens I e III.
d) os itens II, III e IV.
e) todos os itens estão corretos.
COMENTÁRIOS:
A dignidade da pessoa humana é um conceito extremamente amplo, daí porque se revela tarefa demasiadamente complexa a formulação de um conceito objetivo. Abrange diversas concepções e significados, sendo sua principal caraterística a ligação quase que umbilical com o homem. Em outras palavras, não se pode pensar no homem separado de sua
dignidade, porque esta é um atributo que a ele preexiste, ou seja, lhe é inato.
Na lição de Plácido e Silva, dignidade é a palavra derivada do latim dignitas (virtude, honra, consideração), em regra se entende a qualidade moral, que, possuída por uma pessoa serve de base ao próprio respeito em que é tida: compreende-se também como o próprio procedimento da pessoa pelo qual se faz merecedor do conceito público.
O reconhecimento e a proteção da dignidade da pessoa humana pelo Direito resulta da crescente evolução do pensamento humano, certo de que a própria Carta Política de 1988 a traz como um dos fundamentos da República e, por conseguinte, do Estado Democrático de Direito. Através dessa dogmática, aliás, é que se justifica a atuação constante no sentido de afirmar os direitos fundamentos como núcleo essencial da proteção da dignidade da pessoa humana e de que cabe à Constituição o papel primordial na defesa dessas pretensões.
Em suma, a dignidade da pessoa humana, como um dos fundamentos do Estado de Direito Democrático, é elemento vetor na interpretação e aplicação das normas jurídicas, o que torna todos os itens da questão corretos.
Veja-se que no item I, é evidente a constitucionalidade da lei que estabelece políticas públicas para inserir os portadores de necessidades especiais na sociedade, pois atende ao princípio da dignidade da pessoa humana. Trata-se de um típico caso de ação afirmativa, mecanismo de garantia da isonomia em seu sentido material.
O item II trata do postulado da reserva do possível e sua barreira antagônica, o mínimo existencial. Atualmente é bastante comum vermos decisões do Judiciário intervindo no controle de políticas públicas, principalmente quando se está diante da inércia injustificada dos responsáveis ou
14
do abuso governamental. Nestas hipóteses, permite-se a intervenção como forma de garantir, em favor dos indivíduos, a integridade do núcleo consubstanciador do mínimo existencial. Como defesa pelo descumprimento das prestações positivas a que se obriga o Estado pela Constituição Federal, é comum a invocação da chamada cláusula da reserva do possível, que nada mais é do que a obediência aos limites da razoabilidade quando o indivíduo exigir do Estado as prestações de que é constitucionalmente credor. Ou seja, os direitos sociais que exigem uma prestação de fazer estariam sujeitos à reserva do possível no sentido daquilo que o indivíduo, de maneira racional, pode esperar da sociedade.
Esse item II é a reprodução exata do voto proferido pelo ilustre Ministro Celso de Melo, quando do julgamento do ARE 639.337-Agr, pela qual se ressaltou a necessidade de garantir aos indivíduos a plena fruição de direitos sociais básicos, como o direito à educação, à saúde e à moradia. Daí a necessidade de ler com regularidade os informativos do Supremo Tribunal Federal.
O item III reproduz o teor da Súmula Vinculante nº 11, que trata do uso de algemas: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
Por fim, o item IV insere corretamente o nome ao conceito de dignidade da pessoa humana. De se ter em conta que o nome é a expressão mais característica da personalidade humana, porquanto não se concebe, na vida social,
um ser humano que dele seja desprovido. A parte final, na qual se afirma ser a dignidade da pessoa humana um dos fundamentos da república também está absolutamente correta, a teor do artigo 1º, inciso III, da CF/88.
QUESTÃO 52
Sobre a nova interpretação constitucional, que lida
com um conjunto de novas categorias, julgue os itens
a seguir, classificando-os como certos ou errados. A
seguir escolha a opção correta.
I- O emprego da técnica legislativa das cláusulas
abertas ou conceitos jurídicos indeterminados, como
ordem pública, interesse social e boa-fé.
II- A normatividade dos princípios, normas que não
são descritivas de condutas específicas, mas que
consagram determinados valores ou indicam fins
públicos a serem realizados por diferentes meios,
como dignidade da pessoa humana, justiça,
solidariedade, eficiência.
III- O reconhecimento da existência de colisões de
normas constitucionais, de princípios ou de direitos
fundamentais como fenômenos inerentes e
inevitáveis dentro de um Estado democrático de
direito, baseado no pluralismo político.
IV- Legitimação das decisões de acordo com os
fundamentos da teoria da argumentação, voltada à
demonstração racional de que a solução produzida
foi a mais adequada do ponto de vista constitucional.
Estão corretos apenas os itens:
a) I, II e IV.
b) II e IV.
c) II, III e IV.
d) III e IV.
e) todos os itens estão corretos.
COMENTÁRIOS: Todos os itens estão corretos. Antes de analisarmos as assertivas, individualmente, vamos fazer um estudo sucinto da interpretação das normas. Positivismo jurídico = as normas derivam apenas da produção do Estado; direito é aquilo produzido pelo Estado. O positivismo tende a não valorizar de forma adequada os princípios, sob a afirmação de que princípios não têm cogência sobre a conduta humana. Outro pressuposto do
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positivismo é a neutralidade do intérprete, do operador do direito, que entende que o juiz vive numa bolha e não tem participação social. Há ainda a pouca preocupação que se dá a consequência social da aplicação do direito (“faça-se justiça e pereça o mundo”). Por fim, o último pressuposto do positivismo é a visão da perfeição do ordenamento jurídico. Em relação a essa perfeição, Kelsen conceitua o ordenamento jurídico como sendo um sistema único e completo de normas jurídicas. A completude deriva da soberania do Estado, enquanto a perfeição do sistema está na ideia de que não existe nenhum fato que fuja à apreciação do direito. Ainda dentro desse tópico da perfeição, é dele que se extrai a existência de um conflito apenas aparente de normas. Isso porque a perfeição do ordenamento jurídico não permite que haja entre normas um conflito concreto, mas apenas aparente. E quando isso ocorre, essa desordem se resolve por três critérios: o hierárquico, o da especialidade e o temporal. O critério hierárquico, quando aplicado, gera uma consequência normativa na validade da norma, já que, em tese, se há um conflito entre uma norma superior e outra inferior, ele ocorrerá em todas as hipóteses. O critério da especialidade, por sua vez, não gera consequência normativa alguma, pois ora o fato pode ser geral, ora pode ser especial. E, por fim, quando aplicado o critério temporal (ou da novidade), a consequência normativa se dará no plano da vigência, também, em tese, para todos os casos. Pós-positivismo ou neoconstitucionalismo = o grande problema do positivismo é que ele abstrai em demasia o conteúdo da norma, e foi por isso que a Alemanha nazista logrou construir todo o seu ordenamento jurídico “injusto”, mas ainda assim, legal. E é justamente daí que nasceu a necessidade de se ter uma visão mais valorativa do
conteúdo da norma, surgindo, então, o pós-positivismo. Segundo Dworkin, as normas podem ser princípios, regras ou diretrizes. Essa teoria foi trazida para o Brasil principalmente através das obras do Professor Luís Roberto Barroso, que afastou as chamadas diretrizes, caracterizando as normas por princípios ou regras. Pois bem, enquanto no positivismo jurídico os princípios e as regras se diferenciavam basicamente pela quantidade de abstração, na nova visão, passa-se a afirmar que os princípios são como as regras, possuem cogência, status normativo, ou seja, são capazes de criar obrigações, certo de que, o que diferencia os princípios das regras é a qualidade, ou seja, o valor moral protegido, pois enquanto os princípios são inspirados pelo valor da justiça, isto é, possuem uma carga ontológica de justiça, as regras têm natureza deontológica, ou seja, se preocupam com a segurança jurídica. Outra distinção é que as regras têm natureza binária, ou seja, sim ou não, pode ou não pode, enquanto os princípios têm a chamada dimensão de peso ou de volume, isto é, são aplicadas mais em determinados casos e menos em outros, que é o que possibilita a ponderação. Por isso Barroso chega a defender que não existe ponderação para regras, mas apenas para princípios, já que regras, como dito, possuem natureza binária, e que, por isso, não comportam valoração para mais ou para menos (posição seguida também por Ana Paula de Barcellos). Por fim, para o neoconstitucionalismo, os princípios são os vetores pelos quais a moral ingressa no direito. Humberto Ávila diz que nada é só regra ou só princípio, ou seja, toda regra possui mediatamente uma função principiológica, enquanto todo princípio possui mediatamente uma cogência social. Essa visão, embora minoritária, é bastante útil na distinção que se faz entre dispositivo e norma, certo de
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que aquele é o que está efetivamente escrito, enquanto esta é o que se obtém após o trabalho hermenêutico. Assim, segue dizendo que existem dispositivos que não geram norma, enquanto há outros que geram norma-princípio, ou norma-regra, ou norma-princípio e norma-regra (ex: previsão de anterioridade tributária – regra de imposição ao Estado e ao mesmo tempo princípio da não surpresa). No pós-positivismo, e em decorrência dessa modificação na forma de pensar e aplicar socialmente o direito, alterou-se outro parâmetro, o da neutralidade. Agora, não mais se exigia a neutralidade de operador do direito (conceito de viver na bolha, fora da realidade social), mas sim sua imparcialidade, a uma porque a neutralidade é, a toda evidência, uma utopia jurídica, e a duas porque esse conceito de um intérprete imparcial, mas que conhece a realidade social é muito mais benéfico na aplicação do direito, pois se trata de alguém inserido na sociedade, conhecedor de suas mazelas e problemas, mas que igualmente se compromete a se manter afastado das partes, proferindo decisões justas e conscientes. Isso leva em conta o fato de que o Direito é uma relação social. Em decorrência disso, os parâmetros de interpretação clássica (literal, sistemática, lógica, histórica, teleológica) também sofreram alteração. Não que tenham sido descartados. Continuam a ter sua utilidade na interpretação das normas, muito embora tenha se deixado um pouco de lado o método de interpretação linear, que parte da NORMA para o FATO, ou seja, primeiro se pensa, se conhece a norma, para só depois aplica-la ao fato. É o método de subsunção clássico. Hoje, com as novas técnicas de interpretação, não existe para o aplicador do direito uma ordem NORMA – FATO. Na verdade, defende-se que o processo hermenêutico é como um círculo – donde inclusive surgiu a expressão espiral hermenêutica – pelo qual interpretar é
aplicar e aplicar é interpretar, em um processo cíclico que caminha para frente, evidente. E a partir daí passa-se do FATO para NORMA e da NORMA para o FATO diversas vezes, sem que necessariamente se conheça um antes do outro. Novos métodos de interpretação 1) Método tópico-problemático: é aquele que dá maior relevo ao fato, ou seja, a interpretação vai do FATO para a NORMA. Assim, o conteúdo da norma só é encontrado após o enfrentamento do problema. 2) Método hermenêutico-concretizador: também dá muito valor ao FATO, por isso mesmo é chamado de concretizador, já que se fundamenta no caso concreto, muito embora a técnica de interpretação parta da NORMA para o FATO. 3) Método científico-espiritual: interpretar é ir ao cerne do valor da sociedade em relação àquele dispositivo. Se a Constituição é o produto da vontade do Poder Constituinte, interpretar o dispositivo constitucional é compreender como pensa a sociedade. Em outras palavras: é compreender cientificamente o espírito daquilo que a sociedade deseja. 4) Método normativo-estruturante: interpretar a norma é sempre analisá-la de acordo com a estrutura institucional sobre a qual ela está posta. 5) Método comparado: essa comparação pode ter um viés de interpretação histórica (previsões anteriores) ou com o direito que é aplicado em outros países (direito comparado). Feitas tais incursões, vamos analisar os itens que, conforme já dito, estão corretos: I – As denominadas cláusulas gerais ou conceitos jurídicos indeterminados contêm
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termos ou expressões de textura aberta, dotados de plasticidade que fornecem um início de significação a ser complementado pelo intérprete, levando em conta as circunstâncias do caso concreto. Ao lidar com locuções como ordem pública, interesse social e boa fé, dentre outras, o intérprete precisa fazer a valoração de fatores objetivos e subjetivos presentes na realidade fática, de modo a definir o sentido e o alcance da norma. Como a solução não se encontra integralmente no enunciado normativo, sua função não poderá limitar-se à revelação do que lá se contém; ele terá de ir além, integrando o comando normativo com a sua própria avaliação. II – Como visto acima, o reconhecimento de normatividade aos princípios e sua distinção qualitativa em relação às regras é um dos símbolos do pós-positivismo. A definição do conteúdo de cláusulas gerais como dignidade da pessoa humana, razoabilidade e eficiência também transfere para o intérprete o trabalho de aplicar a lei de forma mais justa e adequada ao caso levado à apreciação judicial. III- A identificação e o equacionamento das colisões de normas constitucionais são relativamente recentes no Direito contemporâneo, certo de que a complexidade e o pluralismo das sociedades modernas levaram ao abrigo da Constituição Federal variados valores e interesses, que eventualmente podem se chocar. Por exemplo, levando-se em conta o texto constitucional, é possível o conflito entre o direito à intimidade e o direito à liberdade de expressão; ou mesmo entre o direito à vida e o direito à dignidade da pessoa humana (aborto em caso de estupro); a promoção do desenvolvimento e o princípio da proteção integral do meio ambiente. Em resumo: em um Estado Democrático de Direito, o pluralismo social leva,
inevitavelmente, a um conflito entre normas e princípios constitucionais. IV – A argumentação é controle da racionalidade das decisões proferidas, através da ponderação, em casos complexos, que são aqueles que permitem mais de uma solução possível e razoável. As decisões que envolvem a atividade criativa do juiz potencializam o dever de fundamentação, por não estarem inteiramente legitimadas pela lógica da separação de Poderes.
QUESTÃO 53
Sobre as normas constitucionais que estabeleçam
direitos fundamentais sociais que consistem numa
prestação estatal, é incorreto afirmar que:
a) vinculam permanentemente o legislador positivo, que,
em sua atividade legislativa, não pode se afastar dos
parâmetros prescritos por tais normas constitucionais.
b) revogam os atos normativos anteriores contrários ao
seu conteúdo. No entanto, a desaplicação desses atos
fica condicionada à declaração de inconstitucionalidade.
c) constituem parâmetro para a interpretação,
integração e aplicação das normas jurídicas, por
conterem diretrizes, princípios e fins que condicionam a
atividade dos órgãos estatais.
d) geram algum tipo de posição jurídico-subjetiva em
sentido amplo, de exigir que o Estado se abstenha de
atuar em sentido contrário ao disposto na norma de
direito fundamental prestacional.
e) geram a proibição de retrocesso por parte do
legislador de, retrocedendo em suas próprias ações,
extinguir posições jurídicas por ele próprio criadas.
COMENTÁRIOS: Nos termos do artigo 6º da CF/88, são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados. A Constituição 1988, assim, manteve o desdobramento da perspectiva de um Estado Social de Direito, que teve como marco fundamental a Constituição Mexicana de 1917 e a de Weimar, na Alemanha, em 1919, que, aliás, serviu de paradigma para a Constituição brasileira de 1934.
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Na lição de José Afonso da Silva, os direitos sociais disciplinam situações subjetivas pessoais ou grupais de caráter concreto, sendo os direitos econômicos pressupostos da existência dos direitos sociais. Assim, os direitos sociais, como direito de segunda dimensão que são, caracterizam-se por serem prestações positivas a serem implementadas pelo Estado Social de Direito, com o objetivo de garantir a isonomia material entre os indivíduos, e preservar melhores condições de vida. Como são direitos fundamentais, os direitos sociais têm aplicação imediata, podendo a omissão legislativa ou administrativa ser objeto de controle judicial através do mandado de injunção ou da ação direita de inconstitucionalidade por omissão. Disso se depreende que o item a está correto, pois ser as omissões podem ser objeto de controle judicial, com fundamento nos vetores indicados na Carta Política, é verdadeira a afirmação de que os direitos sociais vinculam permanentemente o legislador positivo, que, em sua atividade legislativa, não pode se afastar dos parâmetros prescritos por tais normas constitucionais. O item c é uma continuação da lógica do item a acima mencionado, pois na medida em que os direitos sociais previstos no artigo 6º da CF foram estimados pelo legislador constituinte como essenciais à busca da felicidade, eles devem constituir parâmetro para a interpretação, integração e aplicação das normas jurídicas. O item d descreve justamente a natureza jurídica dos direitos sociais, consubstanciada no direito de crédito, ou seja, o direito subjetivo que possui o indivíduo de exigir do Estado a realização das prestações positivas que a este são impostas pela Constituição da República, o que, a contrario sensu, conduz à conclusão de que podem esses mesmos indivíduos credores exigir que o Estado se abstenha
de atuar em sentido contrário ao disposto na norma de direito fundamental prestacional. O item e traz o princípio do não retrocesso social ou da proibição da evolução reacionária, que significa que o legislador, ao regulamentar direitos, deve respeitar o núcleo essencial, não podendo diminuí-lo ou esvaziá-lo, consagrando aquilo que a doutrina francesa convencionou chamar de effet cliquet. Em resumo: os direitos sociais, assim como os direitos econômicos, uma vez alcançados, passam a constituir uma garantia institucional e um direito subjetivo.
Por fim, quanto ao item b, realmente os atos normativos contrários ao seu conteúdo ficam revogados, mas a sua desaplicação independe da declaração de inconstitucionalidade.
QUESTÃO 54
No tocante à organização do Estado Brasileiro,
é incorreto afirmar que:
a) o Brasil adota princípio de separação de Poderes que
pode ser caracterizado como flexível.
b) a Constituição Federal criou mecanismos de freios e
contrapesos, que permitem a materialização da
harmonia entre os Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, como, por exemplo, a possibilidade do veto
às leis pelo chefe do Poder Executivo.
c) diferentemente do Parlamentarismo, no
Presidencialismo o chefe do Poder Executivo acumula
as funções de Chefe de Estado e de Chefe de Governo,
além de cumprir mandato fixo, sem precisar depender
da confiança do Poder Legislativo para sua investidura
ou para o exercício de seu cargo.
d) no modelo de Estado federativo previsto na
Constituição Federal, os Estados-Membros possuem
soberania e autonomia financeira, administrativa e
política.
e) a eletividade e a temporalidade do mandato do chefe
do Poder Executivo, bem como seu dever de prestar
contas de seus atos, são características da forma de
governo republicana adotada no Brasil.
COMENTÁRIOS:
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a) A Constituição Federal adota um modelo de separação flexível de poderes. Isso porque, além de a própria Constituição Federal atribuir a cada Poder funções típicas, desempenhadas com preponderância, e funções atípicas, desempenhadas de modo acessório, é comum as ingerências legais de um Poder sobre o outro. Prova dessa inquestionável flexibilidade é, por exemplo, é o julgamento do Chefe do Poder Executivo pelo Poder Legislativo; o fato de o Executivo escolher a composição do Judiciário; o controle que faz o Legislativo sobre as contas do Executivo e do Judiciário, dentre tantos outros. b) Correta. A teoria dos freios e contrapesos consubstancia-se em um mecanismo de controle recíproco, constitucionalmente previsto, que permite que um Poder controle e fiscalize o outro. c) Correta. Não confundir sistemas de governo com tipos de governo. Os tipos de governo são a monarquia e a república. E os sistemas de governo são o parlamentarismo, o presidencialismo, o diretorial e o semipresidencialismo.
Parlamentarismo (POVO
LEGISLATIVO EXECUTIVO)
Presidencialismo Diretorial Semipresidencialismo
d) ERRADO. O Estado é uma pessoa jurídica de direito internacional constituída por um povo, sediada em um determinado território, que observa uma determinada ordem jurídica. Seus elementos, então, são: POVO, TERRITÓRIO, SOBERANIA E ORDENAMENTO JURÍDICO. Povo é o chamado elemento subjetivo do Estado. É um conjunto dos nacionais (conceito mais abrangente, pois o conceito menos abrangente é o de conjunto de eleitores). A nacionalidade é uma relação jurídica especial que liga um indivíduo a um determinado Estado. Essa relação gera direitos e obrigações. Território é o elemento espacial do Estado. É formado pelas terras nas quais o Estado exerce sua soberania, também espaço aéreo e mar territorial (12 milhas). Ordenamento jurídico é o conjunto de normas que se aplica no interior do território (elemento normativo do Estado). Soberania é a capacidade que um Estado tem de não se submeter a uma ordem internacional com a qual ele não concorde. Os entes federativos NÃO TÊM soberania, mas sim autonomia política. Só a União possui soberania. A autonomia, por sua vez, é a conjugação de quatro capacidades:
Auto-organização: capacidade do governo de adotar decisões políticas fundamentais;
Autogoverno: capacidade de adotar decisões políticas corriqueiras;
Autolegislação; e Autoadministração.
e) Correta. As principais caraterísticas de um governo republicano são a temporariedade, a eletividade e a responsabilidade do chefe de governo. Tipos de Governo:
Monarquia (1) República (2)
(1) A transmissão do poder é hereditária, e ele é vitalício. Um dos princípios é a
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irresponsabilidade política do rei. Admite a estratificação social, do que resulta na concessão de privilégios para a nobreza. (2) O poder é adquirido por mérito, assim como a sua transmissão. A forma mais comum é a eleição. Não há estratificação social, sendo vedada a existência de privilégios, incompatíveis que são com a república. O que se admite é a prerrogativa funcional em casos específicos e de relevância para o funcionamento das instituições do Estado. O princípio republicano é invocado em várias decisões do STF para justificar a inconstitucionalidade de algumas normas, que claramente criam privilégios.
QUESTÃO 55
Nos termos da Constituição Federal, acerca da
distribuição de competências entre as esferas de
governo, é correto afirmar que:
a) aos municípios, só é permitido legislar
concorrentemente com os Estados e o Distrito Federal,
nunca com a União.
b) assim como os Estados, o Distrito Federal também é
regido por Lei Orgânica.
c) lei complementar pode autorizar estados e municípios
a legislar sobre questões específicas relacionadas à
competência privativa da União.
d) os municípios de até 50 mil habitantes regem-se por
Lei Orgânica. Acima disso, regem-se pela Constituição
do Estado ao qual pertencem.
e) legislar sobre seguridade social é competência
exclusiva da União.
COMENTÁRIOS: Para a criação do Estado federal são necessárias três características:
Descentralização política = não é desconcentração (transferência de poder a órgãos), mas sim transferência de poder para outras pessoas jurídicas;
Participação dos Estados na formação da vontade geral do Estado federal (no Brasil isso é feito através do Senado Federal);
Autogoverno. Para a manutenção do Estado federal são necessários dois mecanismos:
Sistema de controle de invasão de competências (no Brasil esse controle é feito judicialmente);
Rigidez constitucional – para que haja supremacia da Constituição em relação aos demais atos normativos, já que é aquela quem define o Estado federal.
Existem duas maneiras de se formar uma federação: por agregação (países soberanos abrem mão de sua soberania para se juntarem a outros, formando um só, onde terão apenas autonomia – ex: as 13 colônias americanas que formaram os EUA) e por desagregação (quando um Estado unitário se divide em novas unidades que formam uma federação – O Brasil quando se tornou uma república). Sistema Brasileiro de Repartição de Competências
Para efeitos de Direito Constitucional, não há qualquer diferença entre os termos atribuição e competência (são sinônimos). A competência pode ser expressa ou enumerada e residual (atribuída no silêncio da CF). Pode ser ainda exclusiva (é definida e não admite delegação), privativa (é definida mas admite delegação) e concorrente, que pode ser horizontal ou comum (todos os entes sem hierarquia) ou vertical (cabe à União editar normas gerais e aos estados e municípios as normas suplementares ou específicas).
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Norma supletiva = não se confunde com norma suplementar. Aquela ocorre quando a norma geral é editada de forma precária pelos estados, em decorrência da ausência de lei geral pela União. Quando a União edita a lei, os atos normativos estaduais ficam com a eficácia suspensa (não há revogação, pois a União não pode revogar norma estadual). Exemplo de norma supletiva é a lei estadual de IPVA, pois não existe norma geral da União regulando este tributo. A competência pode ser de caráter administrativo, legislativo ou tributário:
ATENÇÃO: EM RELAÇÃO À COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA, EXCEPCIONALMENTE É A UNIÃO QUE POSSUI ATRIBUIÇÃO RESIDUAL (PARA IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS), SENDO A DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS ESPECÍFICA. Artigo 22, parágrafo único, da CF: Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. ATENÇÃO: REQUISITOS PARA A DELEGAÇÃO:
Lei complementar; Questões específicas; Impossibilidade de agravamento
da desigualdade social entre os estados.
Estados: são entidades federativas triorgânicas que se auto organizam através de Constituições próprias (concretização do poder constituinte derivado decorrente), observados os princípios da Constituição da República, manifestando interesses em questões regionais. Existem quatro ordens de princípios que limitam as constituições estaduais:
1. Cláusulas pétreas; 2. Princípios sensíveis; 3. Princípios indicativos (aqueles que
expressamente mencionam os estados);
4. Princípios extensíveis (aqueles que se aplicam por simetria).
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Municípios: são entidades federativas biorgânicas (porque não possuem Poder Judiciário), criadas pela CF/88, dotadas de autonomia, com capacidade de se auto-organizarem através de suas leis orgânicas, com a observância dos princípios da Constituição Federal e da Constituição Estadual. A Lei Orgânica dos Municípios não é uma constituição, por isso não é a concretização do poder constituinte derivado decorrente. Distrito Federal: é uma entidade federativa triorgânica, que se auto organiza através de Lei Orgânica, observados os princípios da Constituição da República. Essa lei orgânica não possui natureza de constituição, mas serve de paradigma de controle de constitucionalidade. O DF acumula atribuições estaduais e municipais (não pode ser dividido em municípios). Territórios: não são entidades políticas, e possuem natureza de autarquia (a diferença com a autarquia é a dimensão espacial, ausente naquela pessoa jurídica). Os territórios não possuem todos os atributos da autonomia, mas apenas a autonomia administrativa, ou seja, não têm capacidade de auto governo, de auto organização e de auto legislação. O governador é escolhido pelo Presidente da República. Existe a previsão de formação de uma Câmara Territorial, que possui competência meramente deliberativa, não podendo editar leis. Ela apenas auxilia o Governador. Desde a CF/88 não há mais territórios no Brasil. Após esta breve análise do sistema de repartição de competências, vamos corrigir as assertivas: a) aos municípios, só é permitido legislar concorrentemente com os Estados e o Distrito Federal, nunca com a União.
Os municípios, via de regra, não possuem competência legislativa concorrente, mas apenas SUPLEMENTAR, ou seja, a ele cabe suplementar a legislação federal e estadual no que couber. Entretanto, a EC nº 85/15 trouxe uma inovação, com o artigo 219-B: O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) será organizado em regime de colaboração entre entes, tanto públicos quanto privados, com vistas a promover o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação. § 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do SNCTI. § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios legislarão concorrentemente sobre suas peculiaridades. b) assim como os Estados (Municípios), o Distrito Federal também é regido por Lei Orgânica. c) lei complementar pode autorizar estados e municípios a legislar sobre questões específicas relacionadas à competência privativa da União. d) os municípios de até 50 mil habitantes regem-se por Lei Orgânica. Acima disso, regem-se pela Constituição do Estado ao qual pertencem. e) legislar sobre seguridade social é competência exclusiva (privativa) da União. (Artigo 22, inciso XXIII, da CF).
QUESTÃO 56
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) exerce
importante papel no ordenamento jurídico brasileiro. A
ela a vigente Constituição Federal outorgou poderes que
são próprios àqueles historicamente outorgados ao
Poder Judiciário. Sobre a CPI, é correto afirmar que:
a) possui todas as prerrogativas outorgadas ao
Judiciário, não se admitindo, por força do princípio da
Separação dos Poderes, controle judicial dos seus atos.
b) segundo entendimento do STF, é ilegítima a rejeição
de criação de CPI pelo plenário da Câmara dos
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Deputados, ainda que por expressa votação majoritária,
porquanto a Constituição protege a prerrogativa
institucional de investigar, especialmente a dos grupos
minoritários que atuam no âmbito dos corpos
legislativos.
c) a criação de CPIs depende da assinatura de 1/3 dos
membros da Câmara dos Deputados, ou do Senado, ou
da Câmara dos Deputados e do Senado, na hipótese de
CPI mista, ou, alternativamente, de ato do Presidente da
Câmara ou do Senado.
d) compete à Justiça Federal no Distrito Federal julgar
as ações ajuizadas contra ato de Presidente de CPI, a
exemplo de convocação para depor como investigado
ou testemunha.
e) a apuração de fato determinado, tal qual estabelece o
art. 58, § 3.º, da CF/88, pode ser objeto de especificação
após a criação da CPI, vale dizer, ele não
necessariamente deve preexistir à criação da Comissão.
COMENTÁRIOS: a) Errada. As CPI’s têm poderes de investigação, alguns deles próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos no Regimento Interno das Casas (inquérito parlamentar). Nelas é possível determinar a quebra de sigilo fiscal, a quebra de sigilo bancário e a quebra de sigilo de dados, inclusive telefônicos. Por outro lado, AS CPI’S NÃO PODEM DETERMINAR DILIGÊNCIAS DE BUSCA DOMICILIAR, INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E ORDEM DE PRISÃO, SALVO EM FLAGRANTE DELITO (cláusula de reserva de juridição). b) Correta. A CPI é um direito das minorias!! Segundo o STF, é inconstitucional que se submeta o requerimento de instauração de CPI ao Plenário: “A maioria legislativa não pode frustrar o exercício, pelos grupos minoritários que atuam no Congresso Nacional, do direito público subjetivo que lhes é assegurado pelo art. 58, § 3.º, da Constituição e que lhes confere a prerrogativa de ver efetivamente instaurada a investigação parlamentar, por período certo, sobre fato determinado. Precedentes: MS 24.847/DF, Rei. Min. CELSO DE MELLO, v.g. – A ofensa ao direito das minorias
parlamentares constitui, em essência, um desrespeito ao direito do próprio povo, que também é representado pelos grupos minoritários que atuam nas Casas do Congresso Nacional ( ... ). A rejeição de ato de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito, pelo Plenário da Câmara dos Deputados, ainda que por expressiva votação majoritária, proferida em sede de recurso interposto por líder de partido político que compõe a maioria congressual, não tem o condão de justificar a frustração do direito de investigar que a própria Constituição da República outorga às minorias que atuam nas Casas do Congresso Nacional” (MS 26.441, Rel. Min. Celso de Mello, j. 25.04.2007, Plenário, DJE de 18.12.2009). c) Errada. A criação de CPIs depende da assinatura de 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados, ou do Senado, ou da Câmara dos Deputados e do Senado, na hipótese de CPI mista, ou, alternativamente, de ato do Presidente da Câmara ou do Senado. As CPI’s não podem ser criadas por mero ato do Presidente da Câmara ou do Senado. Elas podem ser criadas pelo Senado ou pela Câmara, em conjunto (CPMI) ou separadamente, desde que haja a requisição de 1/3 de seus membros. Não se admite, contudo, a CPI sobre matérias relativas à Câmara dos Deputados, às atribuições do Poder Judiciário e aos estados. O Regimento Interno da Câmara limita a cinco o número de CPI’s simultaneamente instauradas. d): Errada. Compete à Justiça Federal no Distrito Federal (STF) julgar as ações ajuizadas contra ato de Presidente de CPI, a exemplo de convocação para depor como investigado ou testemunha. e) Errada. As CPI’s são comissões temporárias destinadas a investigar, com prazo determinado, fato certo e
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determinado. Assim, não é possível a criação de CPI genérica.
QUESTÃO 57
Sobre o controle de constitucionalidade de leis no
Brasil, assinale a opção INCORRETA.
a) Respeitadas as regras processuais de distribuição e
competência, a qualquer juiz ou tribunal do país é
reconhecido o poder de controlar a conformidade dos
atos normativos à Constituição, desde que a decisão do
litígio reclame, como premissa lógica, o exame do tema
da inconstitucionalidade, configurando, portanto, como
uma questão prejudicial.
b) No controle difuso de constitucionalidade, a matéria
da constitucionalidade é pedido deduzido na ação e não
na sua causa de pedir.
c) O sistema brasileiro adota o controle misto de
constitucionalidade, convivendo com o controle
concentrado e o controle difuso de constitucionalidade,
sendo o primeiro relacionado com o controle principal e
abstrato e o segundo com o modelo incidental e
concreto.
d) No sistema brasileiro há o controle de
constitucionalidade político e o jurisdicional.
e) No sistema brasileiro admite-se o controle judicial
preventivo, nos casos de mandado de segurança
impetrado por parlamentar com objetivo de impedir a
tramitação de projeto de emenda constitucional lesiva às
cláusulas pétreas.
COMENTÁRIOS:
O controle de constitucionalidade é uma verificação de validade de atos do Poder Público utilizando como paradigma a norma constitucional. É uma espécie de controle de validade dos atos normativos. Vale ressaltar que, para o STF, é possível que esse controle de validade se dê também tendo como paradigma tratado de direitos humanos não aprovado na forma do § 3º do artigo 5º da CF. Isso porque, em se tratando de norma supralegal, é possível que sirva de parâmetro de controle para normas infraconstitucionais. É o que alguns doutrinadores chamam de Controle de Convencionalidade.
A regra é de que as leis se presumem constitucionais, e qualquer dúvida que sobre elas exista deve ser sempre resolvida a favor da Constituição e não contra. De todo modo, sendo inconstitucional o ato normativo, para que exista o controle de constitucionalidade são necessários dois pressupostos, em regra: a existência de uma Constituição escrita e rígida; e a aceitação do princípio da supremacia da Constituição. Modelos que tratam da justiça constitucional
Modelo inglês: como a Constituição do Reino Unido não é escrita, até pouco tempo atrás não se fazia controle de constitucionalidade. Desde 2008, passou-se a fazer esse controle, mas com base na Carta da União Europeia, e não nos seus dispositivos constitucionais.
Modelo francês: como a França adota um modelo de separação de poderes muito rígido, lá não se admitia o controle de constitucionalidade judicial, mas apenas político. Isso porque se juízes não são eleitos pelo povo, mas sim concursados, eles não teriam legitimidade para representar esse mesmo povo em um controle de validade das leis, pois assim se estaria diante de um controle
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aristocrático, e não democrático. No entanto, desde 2012 tem-se admitido o controle de constitucionalidade judicial.
Modelo norte-americano: idealizado por John Marshall (Marbury x Madison), é o conhecido modelo difuso, mas com a presença de precedentes vinculantes. Essa força vinculante de precedentes se assemelha ao modelo austríaco de controle, com a diferença de que, aqui, o controle sempre ocorre no caso concreto, mediante julgamento incidental. É também chamado de via de defesa ou via de exceção, pois as partes invocam a inconstitucionalidade do ato normativo em favor do seu próprio interesse. E é justamente essa a principal crítica que se faz a esse modelo, pois para Kelsen o sistema incidental deixa à míngua as situações de inconstitucionalidade abstratas. No Brasil, esse tipo de controle existe desde a CF de 1891, mas sem o efeito vinculante dos precedentes.
Modelo austríaco (alemão): idealizado por Hans Kelsen, surgiu de forma acadêmica, ao contrário do modelo americano, que veio de um caso concreto. É o que se conhece como modelo concentrado, também chamado de via principal ou via de ação, ou controle abstrato; nestes casos, o controle se dá diretamente no dispositivo, sem a necessidade de que tenha sido ele aplicado a determinado caso concreto. No Brasil, surgiu a partir de 1965 (EC 16 que alterou a CF de 1946), através da representação interventiva, cujo único legitimado era o PGR. Esse rol de legitimados só foi ampliado pela CF de 1988, assim como o rol de ações para controle abstrato.
O Brasil adota o modelo híbrido (misto) de controle de constitucionalidade, ou seja, tanto o difuso quanto o concentrado, mas com uma prevalência do sistema norte-americano, sobretudo porque foi este o primeiro modelo a ingressar no nosso ordenamento jurídico. Aqui, quanto ao órgão fiscalizador, o controle pode ser político (legislativo ou executivo) ou judicial (concentrado pelo STF ou difuso pelos juízes e Tribunais dentro de suas respectivas competências). Quanto ao momento, ele pode ser repressivo ou preventivo. Exemplo de controle preventivo feito pelo Legislativo é aquele realizado pela Comissão de Constituição de Justiça; e pelo Executivo é o veto jurídico no processo legislativo. Em regra, ao Judiciário cabe o controle repressivo da constitucionalidade dos atos normativos, mas é possível que seja feito também um controle prévio, quando existe uma vedação na própria Constituição ao trâmite da espécie normativa. Ou seja, esse controle prévio pelo Judiciário está vinculado a correção do processo legislativo, sendo estritamente formal. Modelo da jurisdição constitucional Brasileira 1) Controle difuso: tem esse nome porque é um modelo difundido por todos os órgãos do Poder Judiciário. É um controle concreto, de natureza subjetiva, chamado, por isso, de controle por via de exceção ou de defesa. Pode ser declarado mesmo que nenhuma das partes venha a suscitar a inconstitucionalidade, já que por ter a causa de pedir natureza fática, o juiz pode conhecer de ofício (iura novit curia). A questão relativa à inconstitucionalidade é uma questão incidental, não principal, por isso deve ser resolvida antes e, em regra, na fundamentação da decisão. Quando essa declaração se dá em
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segundo grau de jurisdição (órgãos colegiados), existe um limite mínimo de votos para que seja reconhecida a inconstitucionalidade (maioria absoluta dos votos do Pleno ou do OE). A isso de dá o nome de cláusula de reserva de plenário. Assim, no TJ, o órgão fracionário, caso entenda pela inconstitucionalidade do ato normativo, deve remeter a questão ao Plenário, que após se manifestar sobre o tema, devolve os autos ao órgão fracionário competente para julgamento da questão principal. Aqui, vale a observação de que recentemente o STF afastou a reserva de plenário porque já havia entendimento daquela Corte pela inconstitucionalidade da lei (aplicou-se, portanto, o artigo 491 do CPC). O objeto do controle incidental pode ser qualquer ato normativo, seja ele federal, estadual ou municipal, até mesmo anterior à CF vigente. Essa amplitude vale também para o paradigma, que pode ser inclusive a CF já revogada. Todas essas questões podem ser discutidas incidentalmente no processo concreto, porque nesse modelo o controle é bem amplo, já que se trata de questão prejudicial do mérito. A declaração de inconstitucionalidade não faz coisa julgada, não podendo o réu requerer que essa declaração se dê através de ação declaratória incidental. O efeito é ex tunc, ou seja, sempre retroage, mas é possível a modulação de efeitos também no controle difuso. Os efeitos são inter partes, podendo ser dado efeito erga omnes, no caso do STF, se o Senado Federal, por meio de Resolução, assim dispuser. Por fim, sempre se questionou a possibilidade de controle difuso em sede de ação civil pública, pois a decisão, que naturalmente teria efeito erga omnes, prejudicaria a competência do STF para o controle abstrato daquela mesma norma. Até 2006 o STF negava esse controle, mas a partir desse ano passou a permitir desde que não estivesse patente a tentativa do
juiz ou do TJ de usurpar a competência do STF para controle abstrato. 2) Controle concentrado: recebe essa denominação pelo fato de concentra-se em um único tribunal. Pode ser verifica em cinco situações: ADI (ação direta de inconstitucionalidade), ADC (ação direta de constitucionalidade), ADO (ação direta de inconstitucionalidade por omissão), ADI Interventiva e ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental). Vejamos as espécies.
ADI: é uma ação da competência concentrada do STF em que se analisa a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual (ou do DF em sua competência estadual) tendo por paradigma uma norma da Constituição Federal. A finalidade é abstrata, ou seja, o controle é feito em tese. Está regulamentada nos artigos 102 e 103 da CF/88, e na Lei 9.868/99. A competência é do STF, exigindo-se para julgamento da ação a presença de no mínimo 8 ministros e o voto de 6. Seu paradigma pode ser a norma constitucional originária ou derivada, o ADCT ou qualquer tratado que verse sobre direitos humanos ratificado na forma do § 3º do artigo 5º, da CF. Seu objeto, como dito, é a lei ou ato normativo federal ou estadual, valendo também, desde 2009, a lei de efeito concreto (ex: lei orçamentária), desde que esteja em vigor, sob pena de perda do objeto, e seja posterior à CF de 1988. O rol de requerentes legitimados está previsto no artigo 103 da CF (PR, PGR, mesa do Senado e da Câmara, Conselho Federal da OAB, Governador, Assembleia Legislativa, partido político com representação no CN e confederação sindical ou associação nacional de
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representantes de classe (classe aqui, leia-se, com força de trabalho, ou seja, classe produtiva; não pode ser a UNE, por exemplo). Esse rol se divide em legitimação universal e legitimação restrita, certo de que, para este último grupo de legitimados, exige-se a demonstração de pertinência temática (especial interesse de agir; é o vínculo entre a matéria arguida e quem a argui).
Representação de Inconstitucionalidade Estadual: está previsto no artigo 125, § 2º, da CF. É o que alguns autores chamam de “ADI estadual”. Implicitamente, a competência para julgamento é do TJ e o rol de legitimados varia de Estado para Estado, já que ele é fixado pela Constituição Estadual. Não é preciso que haja simetria com o rol de legitimados para a ADI na CF, certo de que a única exigência que a CF faz é de que a legitimidade não pode ser dada a um único órgão. O objeto dessa ação é a lei ou ato normativo estadual ou municipal, não podendo ter como objeto lei federal. O paradigma é a Constituição do Estado, não podendo ser utilizada a CF, já que essa competência é do STF.
ADC: é uma ação no controle concentrado que tem por objetivo a declaração em tese da constitucionalidade de lei ou ato normativo federal (estadual não), utilizando como paradigma a CF. É uma ação direta, proposta na via principal, com finalidade objetiva e análise em tese. Está regulamentada nos artigos 102 e 103 da CF (alterados pelas EC 3 e 45) e na Lei 9.868/99, é da competência do STF. O rol de legitimados é o mesmo da ADI. Não possui polo
passivo, cabendo ao requerente, por isso, demonstrar a existência de controvérsia jurisprudencial relevante (controvérsia só doutrinária não basta).
ADI ADC
Lei ou ato normativo federal ou estadual
Lei ou ato normativo federal
Requerente x Requerido
Só Requerente com demonstração de
existência de controvérsia
jurisprudencial relevante.
ADI por omissão: é uma ação típica de países que adotam constituições dirigentes, como Portugal e Brasil. Constituição dirigente é aquela que adota um modelo de proteção social não tão interventiva quanto à constituição socialista, mas mais interventiva que aquelas que adotam um modelo liberal; ou seja, a Constituição permite a intervenção do Estado na ordem econômica e social para proteção do indivíduo. Pois bem, postas as coisas dessa forma, define-se ADI por omissão como sendo uma ação da competência concentrada do STF cuja finalidade é a de solucionar, em tese, a ocorrência da denominada omissão inconstitucional, que pode ser total ou parcial (falta de regulamentação de uma norma constitucional de eficácia limitada ou a sua regulamentação insuficiente) por uma lei ou ato normativo federal ou estadual. É feita, assim como a ADI e ADC, em tese, ou seja, de forma objetiva. Vale ressaltar que, no modelo difuso, o controle da omissão é feito através de Mandado de Injunção. Seu
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fundamento de validade se encontra nos artigos 102 e 103 da CF e na Lei 9.868/99. A omissão se dá em face de norma constitucional de eficácia limitada, pois esta é que depende de regulamentação. Produz efeito erga omnes e o modelo de decisão é a declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade. Isso porque o que há é um “vazio normativo”, assim, não se pode declarar nulo aquilo que não existe. A declaração vem acompanhada do chamado “apelo ao legislador”, para que supra a omissão inconstitucional. Se a omissão for de órgão da Administração, a ele é dado prazo de 30 dias para supri-la. Os legitimados são os mesmos da ADI e no polo passivo figura apenas o órgão que se encontra em mora.
ADPF: está prevista na CF (artigo 102, § 1º) desde o seu nascedouro, muito embora sem regulamentação, que veio com a edição da Lei 9.882/99. É uma ação que visa a evitar ou reparar lesão a preceito fundamental da CF que possa ter sido causado por ato do poder público, não necessariamente abstrato, mas também ato concreto, federal, estadual ou municipal, até mesmo anterior à CF/88. Não é, via de regra, uma ação para controle de constitucionalidade, muito embora até possa ser feito através dela, mas ela não guarda esse compromisso de controle, certo de que seu objeto é resguardar preceitos fundamentais da Constituição da República. A ADPF tem uma natureza subsidiária, ou seja, ela cabe toda vez que não houver outro meio eficaz de sanar a lesividade causada pelo poder público. A doutrina classifica a ADPF ainda em
direta ou indireta. A ADPF direta é aquela que ataca diretamente um ato que seria lesivo à preceito fundamental. E a indireta é aquela subsidiária, ou seja, aquela que está ocorrendo no curso de um processo entre A x B e, surgindo uma questão de violação a preceito fundamental, um dos legitimados do artigo 103 da CF leva a controvérsia ao STF para solução, que após decidir devolve ao juízo natural para julgamento do mérito. Produz efeitos erga omnes e vinculante.
Vamos analisar os itens individualmente então: a) Correto. Trata-se do chamado controle difuso, visto acima, que permite que qualquer juiz ou tribunal do país aprecie a constitucionalidade de lei. Esse exame se limita a uma questão prejudicial, ou seja, um antecedente lógico para a solução do caso concreto. b) No controle difuso (ABSTRATO) de constitucionalidade, a matéria da constitucionalidade é pedido deduzido na ação e não na sua causa de pedir. (No controle difuso, a matéria da constitucionalidade é uma questão incidental). c) Correto. No Brasil vigora o controle misto/híbrido de constitucionalidade, convivendo com o controle concentrado e o controle difuso de constitucionalidade, sendo o primeiro relacionado com o controle principal e abstrato (concentrado) e o segundo com o modelo incidental e concreto (difuso). d) Correto, pois como visto acima, no Brasil existe tanto o controle de constitucionalidade político (por exemplo, quando o Poder Executivo veta projeto de lei em razão de sua inconstitucionalidade) quanto o jurisdicional.
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e) Correto. No sistema brasileiro admite-se o controle judicial preventivo, nos casos de mandado de segurança impetrado por parlamentar com objetivo de impedir a tramitação de projeto de emenda constitucional lesiva às cláusulas pétreas. Nesse caso, considera-se que está sendo violado o direito ao devido processo legislativo, que é um direito líquido e certo que tem o parlamentar como detentor, daí porque se admite o controle estritamente formal do ato normativo.
QUESTÃO 58
Sobre “competência”, é correto afirmar que compete:
a) à União emitir moeda, manter o serviço postal e o
correio aéreo nacional; e aos Estados compete explorar,
diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão, os serviços de transporte rodoviário
interestadual de passageiros.
b) privativamente à União legislar sobre registros
públicos e compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre populações
indígenas.
c) à União planejar e promover a defesa permanente
contra as calamidades públicas, especialmente as secas
e as inundações e compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre
educação, cultura, ensino e desporto.
d) privativamente à União legislar sobre propaganda
comercial, e aos Estados legislar sobre emigração e
imigração.
e) à União e aos Estados autorizar e fiscalizar a
produção e o comércio de material bélico.
COMENTÁRIOS: a) Errado. À União emitir moeda, manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; e aos Estados compete explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de transporte rodoviário interestadual de passageiros (Artigo 21, XII, e, CF). b) Errado. Privativamente à União legislar sobre registros públicos e compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre
populações indígenas. (Artigo 21, XIV e XXV, CF). c) Certo. À União planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações (Artigo 21, XVIII, da CF) e compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre educação, cultura, ensino e desporto (Artigo 24, IX, da CF – lembrando que este incido foi alterado pela EC/85, passando a dispor assim: educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação). d) Errado. Privativamente à União legislar sobre propaganda comercial, e aos Estados legislar sobre emigração e imigração. (Artigo 22, XV e XXIX, da CF). e) Errado. À União e aos Estados autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico. (Artigo 21, VI, da CF).
QUESTÃO 59
Sobre os servidores públicos, assinale a
opção incorreta.
a) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
pelo Poder Executivo.
b) O direito de greve será exercido nos termos e nos
limites definidos em lei complementar.
c) É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração
de pessoal do serviço público.
d) A administração fazendária e seus servidores fiscais
terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
precedência sobre os demais setores administrativos,
na forma da lei.
e) A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público.
COMENTÁRIOS: a) Artigo 37, inciso XII, da CF: Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não
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poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo. b) O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei complementar (específica). Artigo 37, inciso VII, da CF. c) Artigo 37, inciso XIII da CF: É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público. d) Artigo 37, inciso XVIII da CF: A administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei. e) Artigo 37, inciso IX, da CF: A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.
QUESTÃO 60
Assinale a opção correta.
a) O mandado de segurança impetrado com vistas a
anular ato lesivo ao patrimônio público isenta o autor de
custas judiciais e do ônus da sucumbência.
b) O habeas corpus protege o direito constitucional de ir
e vir, o habeas data o direito líquido e certo não
amparado por habeas corpus e pelo mandado de
injunção.
c) A ação popular e a ação civil pública são idênticas em
propósito, finalidade e alcance, a diferença é que a
última se insere na competência privativa dos tribunais.
d) Por sua natureza de norma definidora de direitos e
garantias, o habeas data não sofre qualquer tipo de
restrição ou limitação constitucional.
e) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar
mandado de segurança contra ato do Tribunal de
Contas da União e do próprio Supremo Tribunal Federal.
COMENTÁRIOS: a) A questão troca a ação popular pelo mandado de segurança. Art. 5º, LXXIII, da CF: qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. b) O item troca o mandado de segurança pelo habeas data. Artigo 5º, LXIX: conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. c) Nos termos do artigo 129, inciso III, da CF, cabe ao Ministério Público promover a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. A ação popular, por sua vez, tem por escopo anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Disso se depreende que embora sejam semelhantes, a ação civil pública possui objeto mais amplo do que a ação popular, daí porque equivocada a afirmação de que sua finalidade e alcance são idênticos. Além disso, a ACP não se insere na competência privativa dos Tribunais. d) A garantia constitucional do habeas data, regulamentada pela Lei 9.507/97, destina-se a disciplinar o direito de acesso a informações, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais de caráter público, para conhecimento ou retificação, todas referentes a dados pessoais, concernentes à pessoa do impetrante. A solução da questão passa mais pelo conhecimento da eficácia das normas constitucionais do que pela análise da garantia propriamente dita, daí porque importante fazer um estudo mais aprofundado sobre o tema.
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Segundo a lição de José Afonso da Silva, todas as normas constitucionais têm eficácia-meio, mas nem todas as normas têm eficácia-fim, o que justifica a classificação que até os dias atuais é adotada pela doutrina no que concerne à eficácia das normas constitucionais. São duas as escolas que tratam da eficácia das normas: a Escola Americana (hoje já em desuso) e a Escola Italiana. Para a primeira Escola, as normas são subdividas em autoaplicáveis e não autoaplicáveis, de acordo com a sua incidência ou não sobre os fatos. Rui Barbosa foi quem a trouxe para o ordenamento jurídico brasileiro, donde surgiu o conceito das normas programáticas. De acordo com essa corrente, as normas não autoaplicáveis não poderiam servir de parâmetro para controle de constitucionalidade de leis, daí porque o Nazismo fez grande uso desse pensamento. Depois da 2ª GM, veio a Escola Italiana, capitaneada por Vezzo Crisafuli, que afastava a ideia da existência de normas não autoaplicáveis, já que uma norma não aplicável seria o mesmo que uma não-norma. Assim, para os adeptos desta Escola, TODA NORMA TEM EFICÁCIA. Esse é o paradigma a ser seguido. E o grande idealizador deste pensamento no Brasil foi JAS, que dividia a eficácia em eficácia-meio e eficácia-fim.
Eficácia-meio Eficácia-fim
Apresenta três características:
Eficácia negativa: capacidade de negar outra norma inferior;
Eficácia interpretativa: capacidade de servir de vetor para outras normas, mesmo que sem
Capacidade que tem a norma de exaurir, por si só, seu poder sobre a conduta humana, sem a necessidade de intermediação de lei.
regulamentação;
Eficácia de vedação do retrocesso: capacidade de impedir o efeito retroativo da proteção daquele bem.
As normas podem ser se eficácia plena, contida ou limitada.
Para o Professor José Afonso, todas as normas do artigo 5º da CF são de eficácia contida ou contível, já que não existem direitos fundamentais de natureza absoluta. Isso quer dizer que podem sofrer limitações pelo legislador infraconstitucional, desde que respeitado o núcleo essencial. e) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar mandado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da União e do próprio Supremo Tribunal Federal. CORRETA. ARTIGO 102, INCISO I, D, DA CF.