simpósio interfaces das representações urbanas em tempos de globalização

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Bauru, 23 de agosto de 2005 Jornalismo/FAAC - Unesp Textos: Adriana de Souza, Alan de Faria, Diego Barboza, Lígia Sotratti, Natalia Rocha, Talita Zanetti Diagramação: Alan de Faria, Diego Barboza Jornalista Responsável: Angelo Sottovia Aranha (Mtb 12.870) Organização: Edison Veiga, Giovana Franzolin, Paulo Araújo Começa o Simpósio no Sesc Marketing urbano é o tema da conferência de abertura do evento que ocorre durante toda a semana O Simpósio Interfaces das Represen- tações Urbanas em Tempos de Globa- lização, que comemora os 30 anos da FAAC, começou ontem no Sesc. Na solenidade de abertura estiveram presentes Marcos Macari, reitor da Unesp, Antônio Carlos de Jesus, diretor da FAAC e Lilia Márcia Barra, ge- rente do Sesc de Bauru. Para Macari, o Simpósio “é um evento de grande relevância porque traz para o mundo aca- dêmico vários aspectos importantes no campo da arquitetura, artes, geografia e tecnologia da informação”. Macari aproveitou para parabeni- zar a faculdade pelos seus 30 anos. O diretor da FAAC, Antonio Carlos, acredita que o evento dará aos participantes a oportunidade de discu- tir e apresentar sugestões para os desafios das interfaces urbanas. Em sua fala de abertura, a gerente do Sesc salientou a importância da união entre a FAAC, a AGB (Associação dos Geógrafos de Bauru) e o Sesc para a realização do Simpósio. Cerca de 550 participantes, em sua maioria estudantes, estiveram presentes na abertura do evento ontem à noite. Marcos Macari, Antônio Carlos de Jesus e Lilia Márcia Barr, na mesa deabertura do Simpósio Adriana de Souza / Extra! Conferência de abertura As sociedades e a globalização foi o nome da conferência que abriu o Simpósio. Realizada por Elian Alabi Lucci, diretor da AGB de Bauru e pós-graduado em História, Geografia e Turismo, a conferência teve como tema o desenvolvimento do marketing urbano nos tempos da globalização. Para Lucci, a sociedade pós-moderna possui uma forte característica mercantil. “Tudo é ven- dável e comprável”, diz. Por essa ra- zão, ele defende que a cidade se tor- na também um produto. Lucci ainda salienta que no mun- do globalizado a competição entre as cidades é evidente. Sendo assim, “as cidades precisam se adaptar a essa nova condição para atrair investimen- tos das grandes empresas”, afirma. Em entrevista ao Extra!, Lucci cita o con- ceito de marketing urbano como instrumen- to utilizado pelas cidades para a venda de suas imagens. Ele destaca Curitiba como a “prin- cipal city marketing da América Latina”, já que consegue reunir toda condição de ven- der sua imagem no exterior. Com relação a cidades como Rio de Janei- ro que têm sua imagem prejudicada pelos al- tos índices de violência, Lucci observa a ne- “Tudo é vendável e comprável” Adriana de Souza / Extra! Professor Elian Alabi Lucci cessidade de investimentos no marketing ur- bano como forma de atrair turistas internos e externos. Para o professor, “o Rio de Janeiro tem o equipamento virtual, turístico, mas não tem o equipamento urbano, como segurança e transporte bons, que complementam o pro- cesso para a venda de uma cidade”. Dessa forma, “deve investir no marketing jornalístico e televisivo”, conclui. Autor de uma série de livros didáticos de História e Geografia para es- tudantes do Ensino Funda- mental e Médio, Lucci afirma que é possível ensinar concei- tos tão complexos, como a globalização, para os jovens. Segundo ele, “a garotada já entende e considera o marketing urbano como mais um campo pro- fissional que se abre para eles, já que envolve áreas como comunicação, geografia e planeja- mento urbano”. Serviço Nos dias 25 e 26, Elian Alabi Lucci coor- dena o mini-curso Marketing Urbano: mito ou realidade, que ocorre das 8h às 12h e das 14h às 18h, na sala 1.

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Tabloide Extra Produzido por alunos de jornalismo da Unesp Bauru - Cobertura do Simpósio

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Page 1: Simpósio Interfaces das Representações Urbanas em Tempos de Globalização

Bauru, 23 de agosto de 2005 Jornalismo/FAAC - Unesp

Textos: Adriana de Souza, Alan de Faria, Diego Barboza,Lígia Sotratti, Natalia Rocha, Talita Zanetti

Diagramação: Alan de Faria, Diego BarbozaJornalista Responsável: Angelo Sottovia Aranha (Mtb 12.870)

Organização: Edison Veiga, Giovana Franzolin, Paulo Araújo

Começa o Simpósio no SescMarketing urbano é o temada conferência de abertura

do evento que ocorre durantetoda a semana

O Simpósio Interfaces das Represen-tações Urbanas em Tempos de Globa-lização, que comemora os 30 anos da FAAC,começou ontem no Sesc. Na solenidade deabertura estiveram presentes Marcos Macari,reitor da Unesp, Antônio Carlos de Jesus,diretor da FAAC e Lilia Márcia Barra, ge-rente do Sesc de Bauru.

Para Macari, o Simpósio “é um evento degrande relevância porque traz para o mundo aca-dêmico vários aspectos importantes no campoda arquitetura, artes, geografia e tecnologia dainformação”. Macari aproveitou para parabeni-zar a faculdade pelos seus 30 anos. O diretor daFAAC, Antonio Carlos, acredita que o eventodará aos participantes a oportunidade de discu-tir e apresentar sugestões para os desafios dasinterfaces urbanas.

Em sua fala de abertura, a gerente do Sescsalientou a importância da união entre a FAAC,a AGB (Associação dos Geógrafos de Bauru)e o Sesc para a realização do Simpósio.

Cerca de 550 participantes, em sua maioriaestudantes, estiveram presentes na abertura doevento ontem à noite.

Marcos Macari, Antônio Carlos de Jesus e Lilia Márcia Barr, na mesa deabertura do Simpósio

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Conferência de aberturaAs sociedades e a globalização foi o

nome da conferência que abriu o Simpósio.Realizada por Elian Alabi Lucci, diretor daAGB de Bauru e pós-graduado em História,Geografia e Turismo, a conferência tevecomo tema o desenvolvimento do marketingurbano nos tempos da globalização. ParaLucci, a sociedade pós-moderna possui umaforte característica mercantil. “Tudo é ven-dável e comprável”, diz. Por essa ra-zão, ele defende que a cidade se tor-na também um produto.

Lucci ainda salienta que no mun-do globalizado a competição entre ascidades é evidente. Sendo assim, “ascidades precisam se adaptar a essanova condição para atrair investimen-tos das grandes empresas”, afirma.

Em entrevista ao Extra!, Lucci cita o con-ceito de marketing urbano como instrumen-to utilizado pelas cidades para a venda de suasimagens. Ele destaca Curitiba como a “prin-cipal city marketing da América Latina”, jáque consegue reunir toda condição de ven-der sua imagem no exterior.

Com relação a cidades como Rio de Janei-ro que têm sua imagem prejudicada pelos al-tos índices de violência, Lucci observa a ne-

“Tudo évendável e

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Professor Elian Alabi Lucci

cessidade de investimentos no marketing ur-bano como forma de atrair turistas internos eexternos. Para o professor, “o Rio de Janeirotem o equipamento virtual, turístico, mas nãotem o equipamento urbano, como segurançae transporte bons, que complementam o pro-cesso para a venda de uma cidade”. Dessaforma, “deve investir no marketing jornalísticoe televisivo”, conclui.

Autor de uma série de livros didáticos deHistória e Geografia para es-tudantes do Ensino Funda-mental e Médio, Lucci afirmaque é possível ensinar concei-tos tão complexos, como aglobalização, para os jovens.Segundo ele, “a garotada jáentende e considera o

marketing urbano como mais um campo pro-fissional que se abre para eles, já que envolveáreas como comunicação, geografia e planeja-mento urbano”.

ServiçoNos dias 25 e 26, Elian Alabi Lucci coor-dena o mini-curso Marketing Urbano:mito ou realidade, que ocorre das 8hàs 12h e das 14h às 18h, na sala 1.

Page 2: Simpósio Interfaces das Representações Urbanas em Tempos de Globalização

Bauru, 23 de agosto de 2005 Jornalismo/FAAC - Unesp

Textos: Adriana de Souza, Alan de Faria, Diego Barboza,Lígia Sotratti, Natalia Rocha, Talita Zanetti

Diagramação: Alan de Faria, Diego BarbozaJornalista Responsável: Angelo Sottovia Aranha (Mtb 12.870)

Organização: Edison Veiga, Giovana Franzolin, Paulo AraújoE-mail: [email protected]

Explorando o espaço-arteInstalações artísticas atraem

o público do Simpósio

A programação artística do Simpósio con-tará com duas arte-instalações e duas exposi-ções fotográficas. Uma arte-instalação é3DemCIDADEdasCORES, coordenadapelo professor Luciano Guimarães, da Unespde Bauru. Ele apresenta a idéia do filósofotcheco Vilém Flusser sobre o mito do cubo.Segundo Guimarães, o intuito é aproveitar afilosofia da caixa preta para uma obra de arteque deve refletir o aspecto bidimensional daimagem, utilizando o princípio do 3D de umaforma lúdica. O objetivo do cubo é provocaruma sensação visual diferente.

Outra arte-instalação apresentada é Paisa-gens Sonoras, elaborada pelo artista plásticoWilson Sukorski. A idéia de relacionar as cida-des com as novas interfaces tecnológicas sur-giu a partir do tema do Simpósio. O públicopisará no mapa da cidade de Bauru e em cadaponto será transmitido um som captado dolocal. A proposta do artista é abstrair o visual,ressaltando os sons da cidade que muitas ve-zes passa despercebido.

A exposição fotográfica Sedução e con-

sumo de desejos descar-táveis: discurso fotográ-fico sobre as poéticas vi-suais urbanas contem-porâneas em flagrantesdinâmicas de hibrida-ções culturais traz fotosda rua 25 de Março da ci-dade de São Paulo, tiradaspelo arquiteto Sérgio Men-des Carneiro. Segundo ele,o lugar despertou sua aten-ção pela peculiaridade doambiente, uma área difícilde ser definida e com umadinâmica própria. As fotosretratam a pluralidade degostos e repertórios pre-sentes na região.

Outra exposição apresentada durante oSimpósio é Expo Digital – Revista BonsVentos.Com, da jornalista Mônica Delicato. Amostra traz a cobertura jornalística da revista di-gital portuguesa Bons Ventos, que abrange as áre-as de fotografia, artes, música, teatro, moda, lite-ratura e turismo. O principal objetivo da exposi-ção é provocar um intercâmbio cultural entreBrasil e Portugal.

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Público interage com arte-instalação

Um guitarrista na música eletrônica

O final do primeiro dia de Simpósio foimarcado pela apresentação do DJ Benzina –alcunha adotada pelo guitarrista da banda Ira!,Edgard Scandurra, em seu trabalho solo. Oshow começou às 22h e uniu instrumentostradicionais como guitarra, baixo e percus-são, aos sons eletrônicos do techno, electro etech-house.

A iniciativa de Scandurra de ter projetos para-lelos já vem de algum tempo. Mesmo nos anosoitenta, além do Ira!, ele tocou em algumas ban-das do underground paulista, como o grupo punkAs Mercenárias e o pós-punk Smack.

Apesar de Edgard Scandurra ser nome recor-rente quando se fala do rock brasileiro, sua rela-ção com a música eletrônica também vem dan-do certo. Ele conta que seu primeiro contatocom esse estilo musical se deu com os pioneirosKraftwerk e Technotronic, mas foi mais tarde

Edgard Scandurra misturaestilos em seu projeto solo

que ele incorporou essas influências. “Quandoeu voltei à noite paulistana na metade dos anosnoventa, eu descobri uma sonoridade totalmen-te nova, foi um desafio pra mim como guitarristacolocar alguma coisa que diferenciasse o eletrô-nico e o meu rock”, relembra.

A surpresa veio em 1996, quando Scandurralançou seu segundo disco solo, o Benzina, ál-bum que surpreendeu ao trazer elementos doeletrônico. O músico diz que uma boa partedos roqueiros ainda não aceita a música ele-trônica mas acha que, depois de dez anos pro-duzindo nesse estilo, isso está mudando. “Derepente o roqueiro gostou de uma menina quegosta de música eletrônica e teve que ir numarave, aí ouviu um som, viu uma cena feliz, ecomeçou ceder um pouco e quebrar esses pre-conceitos”, diz.

Scandurra parece não se abalar com críticasnegativas. Para ele, “quem gostar, gostou, sónão joga tomate”. O show de ontem, que du-rou cerca de 1h e meia, foi aplaudido pelo pú-blico presente, entusiasmado.

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Scandurra opera instrumentos eletrônicos

Saiba maisOuça entrevista com o artista plásticoWilson Sukorski, na Rádio Unesp FM(105.7 Mhz). Quarta-feira, dia 24, noJornal Opinião, às 11h40.

Page 3: Simpósio Interfaces das Representações Urbanas em Tempos de Globalização

OFICINAS e MINICURSOS

Um retrato da vida urbanaMesa-redonda discute a diversidade

cultural das cidades

Da esq. para a dir.: Edvaldo Pereira Lima, Ricardo Alexino e Sergio Carneiro

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spaços urbanos e as culturas dascidades são temas ricos, ligados àhistória do Jornalismo, e são te-

mas muito importantes também para a Arqui-tetura”. A frase do jornalista Edvaldo PereiraLima explica sua participação, junto com o ar-quiteto Sérgio Roberto Carneiro, na mesa-re-donda Culturas Urbanas Contemporâneas.

O debate aconteceu na tarde de ontem eabordou os aspectos que influenciam a repre-sentação da vida urbana. O professor SérgioCarneiro, da Universidade São Judas Tadeu,falou sobre a Rua 25 de Março, localizada nacidade de São Paulo. Seu interesse pela ruadecorre do confronto desse ambiente com suaformação racionalista, na qual se procura umarazão lógica para tudo. “Eu vejo naquela re-gião um comércio de mercadorias frívolas, eisso me gerou um choque, porque o homem,apesar de ser tão racional e lógico, desenvolvea necessidade de possuir bens meramente de-corativos e simbólicos”, disse.

Edvaldo Pereira Lima, professor da USP, afir-mou durante a mesa que “o Jornalismo é umprocesso de comunicação coletiva, que se voltapara as massas, e as massas se formam por cau-

sa do desenvolvi-mento e o surgi-mento das cida-des”. Lima chamoua atenção dos parti-cipantes do Simpó-sio para o JornalismoLiterário, uma dasmodalidades da nar-rativa jornalística.Segundo ele, “o Jor-nalismo Literáriotem se debruçadomelhor sobre os diversos subtemas que com-põem esse universo complexo das cidades, dosespaços urbanos e das culturas urbanas”.

As falas dos debatedores foram apoiadasem exemplos ilustrativos. Sérgio Carneiro exi-biu fotos, algumas delas retiradas de seu en-saio sobre a Rua 25 de Março. Edvaldo Pe-reira Lima leu trechos de reportagens queexemplificam o estilo do Jornalismo Literário.A mesa-redonda Culturas Urbanas Con-temporâneas foi mediada pelo professor dodepartamento de Comunicação Social daUnesp, Ricardo Alexino Ferreira.

Começaram na manhã de ontem as ofici-nas e minicursos que fazem parte da progra-mação do Simpósio. O minicurso TV e vídeona construção da cidadania foi coordena-do pelo professor da Unesp, José MisaelFerreira, que salientou a importância da TV edo vídeo para a cidadania e como instrumen-to para o educador em sala de aula. Misaeltambém destacou o impacto causado pela TVna sociedade. “A televisão marca uma ruptu-

ra no sistema de comunicação, porque ela éuma síntese da imagem que engloba o diálo-go, o texto, o movimento e a cor, portantonão é só entretenimento”, disse.

A professora da Unesp, Dalva Aleixo Dias,coordenou o minicurso Comunicação públi-ca: uma proposta de interação entre Esta-do, mercado e sociedade civil. Dalva discu-tiu com os participantes a interação desses trêssetores em benefício das questões de interes-se público. “Tanto podem fazer comunicaçãopública uma empresa, um governo quanto umaorganização qualquer da sociedade civil. Co-municação pública é algo que induz à cidada-nia”, afirmou. O minicurso foi dividido emvárias partes, que abordaram desde o sentidooriginal da comunicação até estratégias de co-municação pública.

Também começou ontem a oficina Anima-ção digital bidimensional, com a coordena-ção de César Casella, da Unesp. A oficina apre-

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Participantes criam animação durante oficina

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Exibição de vídeo durante minicurso

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sentou os princípios básicos para a utilizaçãodo software Flash Player, mostrando o funci-onamento de suas ferramentas. César passouaos participantes um histórico das técnicas deanimação. Hoje, a oficina continua com a pro-dução de uma pequena animação.

Bauru, 24 de agosto de 2005 Jornalismo/FAAC - Unesp

Textos: Adriana de Souza, Alan de Faria, Diego Barboza,Lígia Sotratti, Natalia Rocha, Talita Zanetti

Diagramação: Alan de Faria, Diego BarbozaJornalista Responsável: Angelo Sottovia Aranha (Mtb 12.870)

Organização: Edison Veiga, Giovana Franzolin, Paulo AraújoE-mail: [email protected]

ServiçoO ensaio fotográfico de Sérgio Carneiro,sobre a Rua 25 de Março, está exposto naentrada do Sesc, em frente à rampa, du-rante todos os dias do evento.

Edvaldo Pereira Lima é o entrevistado doUnesp Ciência que vai ao ar em 13 desetembro, às 18h15, na Rádio Unesp FM(105.7 Mhz). Oprograma é apre-sentado por Ri-cardo Alexino.

Page 4: Simpósio Interfaces das Representações Urbanas em Tempos de Globalização

OFICINAS e MINICURSOS

Cidades globais e tecnologia em debate

Mostrar as causas dos problemas do meioambiente e a importância do trabalho do edu-cador ambiental na sociedade. Foram essesalguns dos temas levantados na oficina Edu-cação e consciência ambiental, coordena-da por Maria da Graça Melo Magnoni e Lou-renço Magnoni Júnior, da AGB (Associaçãodos Geógrafos Brasileiros), que aconteceu on-

tem durante o Simpósio.Para Lourenço, “a educação ambien-

tal tem sido implementada pelo governode forma tímida e tendenciosa, pois nãohá a preocupação com a mudança so-cioambiental, mas sim com a susten-tabilidade”. Ele defende a construção deuma nova sociedade, na qual não estejaem primeiro plano “a cidadania do car-tão de crédito”.

No minicurso A produção jornalís-tica no contexto da cibernética e ci-bercultura, que teve início ontem e con-

tinua hoje na sala de uso múltiplo 2, o profes-sor Ricardo Nicola, da Unesp Bauru, concei-tuou o que é o jornalismo on-line, explicou qualé a estrutura da produção jornalística na internete mostrou como é possível produzir em cimadessa estrutura. Entre as características do jor-nalismo on-line, Nicola salienta “o excesso deinformações na rede, as variáveis dentro da co-

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Ricardo Nicola explica paradigmas da internet

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Oficina mostra importância da educação ambiental

municação midiática e a linguagem”.O minicurso Planos diretores populares

de bairro: metodologia e resultados na ci-dade de Bauru foi coordenado pelo profes-sor José Xaides de Sampaio Alves, do Depar-tamento de Arquitetura, Urbanismo ePaisagismo da Unesp. Ele mostrou como épossível criar planos urbanísticos earquitetônicos junto à comunidade.

Bauru, 24 de agosto de 2005 Jornalismo/FAAC - Unesp

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Organização: Edison Veiga, Giovana Franzolin, Paulo AraújoE-mail: [email protected]

noite de ontem do Simpósio termi-nou com a mesa-redonda Socieda-des em redes, cidades globais,

tecnologias informacionais e a construçãoda vivência urbana contemporânea. O temafoi debatido por Eugênio Rondini Trivinho,doutor em comunicação pela USP e professorda PUC, Arlete Moyses Rodrigues, geógrafa eprofessora livre-docente da Unicamp, eLucrecia D’ Aléssio Ferrara, professora da USP.O tema central da mesa-redonda foi a influ-ência das novas tecnologias informacionais,que compõem as sociedades em redes, naconstrução das cidades globalizadas.

Arlete abordou a organização dos movimen-

Mesa-redonda discute a nova configuração das cidades no mundo globalizado

tos populares urba-nos desde a décadade 90 no que se refe-re ao direito das ci-dades. Ela tambémdestacou a contradi-ção entre o desenvol-vimento das socieda-des em redes e a exis-tência do grande nú-mero de excluídos, jáque apenas um quin-to da população temacesso à tecnologia.

A cidade globaliza-da foi o destaque daexposição da profes-sora Lucrecia. Segundo ela, “o modo comoa cidade é representada é fundamental paraentender de que maneira a comunicação atra-vessa todos os estados da cidade e como elaressurge no contexto da globalização”.Lucrecia salientou que a cidade deve ser es-tudada em sua continuidade. “Através darede tecnológica, a megalópole permite acio-nar outros cotidianos que estimulam umanova interação, não só entre corpos, mas en-tre mentes”, disse.

A cidade na civilização midiática avança-

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Em destaque, Eugênio Rondini Trivinho

da foi o título da argumentação de Trivinho.Ele iniciou sua fala introduzindo os conceitosde glocal, transpolítica e dromocracia que en-volvem a cidade atualmente. Para ele, glocal éa formação, para além do global e do local, deum processo de vida em terceira via. Dro-mocracia diz respeito a um regime de articula-ção da vida social pela velocidade. Finalmen-te, transpolítica se refere a tudo que está alémdo processo político tido como moderno.

O debate foi mediado pela professora ElaineCaramella, da Unesp de Bauru.

A discussão da mesa-redonda atraiu um grande número de interessados

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A segregação dascidades em debate

Mesa-redonda reúne arquitetos e mostra soluçõespara a estrutura social das cidades

espaço urbanobrasileiro é segre-gado. É dessa

maneira que pode sersintetizada a discussão damesa-redonda O EspaçoUrbano Segregado: polí-ticas urbanas em contra-posição às cidades domercado, que aconteceuontem à tarde durante oSimpósio.

João Sette WhitakerFerreira, professor deArquitetura da Faculdadede Arquitetura e Urba-nismo da USP, explicou asrazões da estruturaçãodesigual das cidades bra-sileiras. Para isso, ele re-tomou um pouco dahistória do Brasil, retor-nando ao período de co-lonização. “Desde o inícioda história do Brasil, asociedade está divididaentre os proprietários deterra e os que não têmterra”, disse Whitaker.

OFICINAS e MINICURSOS

O minicurso Comunicação especializada ecientífica na cobertura jornalística de segmentosminorizados em um discurso globalizado, iniciadoontem, discutiu como o jornalista deve ser cuidadosoao retratar grupos minoritários dentro da sociedade.A coordenação é do professor Ricardo AlexinoFerreira, do departamento de Comunicação Socialda Unesp. Segundo ele, o conceito de gruposminorizados não é “em sentido de quantidade, masem relação à representação social e política que essegrupo tem”.

Durante o minicurso, que tem continuidade hoje,são apresentados e comentados diversos exemplos decoberturas jornalísticas publicadas na imprensa brasileira.Mas para Ricardo Alexino, o interesse pelo assunto podenão ser uma exclusividade do Jornalismo. “Um professorda rede pública, por exemplo, pode fazer o curso, mes-mo porque ele trabalha com a comunicação” diz.

Aconteceu ontem, durante todo o dia, o mini-curso Estatuto da cidade: instrumentos e possi-bilidades. O mi-nicurso foi coor-denado por An-tônio Carlos deOliveira, pro-fessor do depar-tamento de Ar-quitetura, Urba-nismo e Paisa-gismo da Unesp.Antônio Carlosrelacionou os ins-trumentos pre-sentes no Esta-tuto da Cidade ao processo histórico de formaçãoda sociedade brasileira.

As aplicações do Estatuto possibilitam umamelhoria na cidade, tanto no espaço urbano quantono rural. Por conta disso, Antônio Carlos pensa queo expectador do minicurso não deve ser apenas umdetentor do conhecimento. Ele diz que osparticipantes “se tornam multiplicadores desseconhecimento e possibilitam o maior número possívelde pessoas nesse processo de exercício da cidadania”.

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Alexino fala sobre o tratamento dado a minorias

Minicurso trata do Estatuto da Cidade

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Para ele, “no Brasil, apropriedade privada éintocável. Nos centros dascidades, há espaços vazios,enquanto os mais pobresse localizam nas periferias,em conjuntos habita-cionais”. Ele conclui que ascidades médias têm repro-duzido o padrão urbanís-tico das grandes cidades.

José Luis Bizelli, o outrodebatedor da mesa, pro-fessor de Arquitetura daUnesp de Araraquara,complementou a expo-sição de Whitaker, apre-sentando algumas soluções.“Em países como o Brasil,o Estado tem que incluir aspessoas por meio de po-líticas públicas, caso con-trário não haverá maneirasde manter a convivênciasocial entre as mais dife-rentes classes sociais”, disseo professor.

Bizelli apresentou algu-mas propostas que podem

servir para diminuir asegregação urbana. Entreelas, ele destacou o pro-grama de governança mu-nicipal, projeto para amelhoria do trabalho dasprefeituras de cidades combaixo IDH (Índice deDesenvolvimento Huma-no), como as que se locali-zam no Vale do Paraíba, doRibeira e do Paranapa-nema. Para Whitaker, mu-danças socioespaciais nacidade podem ser execu-tadas pelos movimentospopulares, mesmo que deforma lenta.

O deputado InácioArruda, um dos responsá-veis pelo Estatuto dasCidades, era um dos deba-tedores convidados, masnão pôde comparecer pormotivos pessoais.

José Xaides Alves, pro-fessor de Arquitetura daUnesp, foi o mediador damesa-redonda.

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João Whitaker, José Xaides e José Bizelli durante a mesa-redonda

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Organização: Edison Veiga, Giovana Franzolin, Paulo AraújoE-mail: [email protected]

O objetivo da oficina de ontem, O jornal comorecurso para o estímulo à leitura crítica, foidesenvolver a capacidade de um olhar crítico naimprensa e, conseqüentemente, na vida, na questãosocial e na política. A atividade foi pelo professorAngelo Sottovia Aranha, do departamento deComunicação Social da Unesp.

Segundo o professor, um dos caminhos paraalcançar tal objetivo seria coordenar a confecçãode jornais em escolas públicas, igrejas ou clubes. “Noprocesso de edição do jornal, a gente conseguetrabalhar conceitos básicos necessários para que aspessoas envolvidas na produção passem a ter umoutro olhar so-bre a impren-sa”, afirmou.Angelo contouque já trabalhoucom 120 profes-sores da redepública, em Jaú,para desenvol-ver a prática daleitura crítica, econstatou que95% dos educa-dores não pos-suíam noção dar ea l i d ade ex-pressa no jornal.

O oficina foibastante procu-rada, princi-palmente por estudantes de Comunicação Social.A estudante do terceiro ano de Jornalismo, MayraFerreira, afirmou ter escolhido a oficina por fazeruma pesquisa de Iniciação Cientifica voltada paraum jornal impresso infantil, relacionada com aconstrução da visão de mundo das crianças. “Escolhia oficina porque estudo essa formação do leitorcrítico infantil. Além disso, o professor Angelo é derenome nessa área do Jornalismo Impresso”,afirmou a estudante Mayra.

OFICINAS e MINICURSOS

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O professor tem experiência na área

Corrente do rapGrupos se unem para uma apresentação exclusiva

andas diferentesque se reuniramem uma apresen-

tação de rap marcada peloimproviso e pela espon-taneidade, seguindo apenaso sentimento e a situaçãoencontrada. Assim foi oshow de ontem à noite dogrupo Mamelo SoundSystem, formado por Ro-drigo Audiolandro, Lour-dez da Luz e Munhoz, e abanca Quinto Andar,formada por dez integran-tes dos quais se apresen-taram Lumbriga Tremosae Gato Congelado.

Essa foi a primeira vezque os grupos misturaramo repertório e se apresen-taram em Bauru. Audio-landro disse que todos sãoamigos e já haviam feitoapresentações juntas, mascada grupo tocando o seupróprio set list. “De repen-

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Angelo: estimulando um novo olhar sobre a imprensa

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Os Grupos de Trabalho tiveram início na terça-feira e vão até sexta na sala 3.Os trabalhos inscritos abrangem cinco áreas: Comunicação, Educação,Arquitetura e Urbanismo, Artes e Representação Gráfica/ Desenho Industriale Geografia. Professores e alunos de vários estados do país fizeram inscriçõespara apresentar trabalhos de graduação e pós-gradução. Os grupos acontecemde manhã a partir das nove horas e à tarde a partir das três horas.

GRUPOS DE TRABALHO

te, a gente se ligou que seriamais legal, mais energéticocantar algumas músicas detodo mundo”.

Questionado sobre ocoletivo Quinto Andar,Tremosa o definiu como aunião de várias pessoas quetêm a mesma identidademusical e fazem um somjuntos quando podem.Segundo ele, rap é feitocom jazz, com funk, comcoisas experimentais. “Eugosto muito de João Do-nato, Chico Buarque, sam-ba. A música brasileira emsi é a minha maior influên-cia”, contou.

Sobre a proposta damúsica, Audiolandro con-sidera que a letra é a expres-são daquilo que você estásentindo no momento.“No geral, todo mundoaqui quer fazer som deverdade, música sincera, de

qualidade e que não seja deforma alguma elitizante”.Para ele, a música tem queser uma coisa pura, “maispor aquilo que você acre-dita do que pelo retornofinanceiro imediato”.

A mesma opinião écompartilhada por Tremo-sa. “Uma música não temque ser comercial pra gentepoder viver”. Ele contouque o Quinto Andar estágravando um novo discototalmente independente epretende disponibilizar asmúsicas na internet.

Durante o show, osrappers empolgaram o pú-blico presente, com umaapresentação calorosa. “Ohip hop não precisa devários tecladistas ou muitosmúsicos no palco. O maisimportante é a troca deenergia e calor humano”,manifestou Audiolandro.

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Grupos de rap embalam a noite de quarta no Sesc

Page 7: Simpósio Interfaces das Representações Urbanas em Tempos de Globalização

Bauru, 26 de agosto de 2005 Jornalismo/FAAC - Unesp

Textos: Adriana de Souza, Alan de Faria, Diego Barboza,Lígia Sotratti, Natalia Rocha, Talita Zanetti

Diagramação: Alan de Faria, Diego BarbozaJornalista Responsável: Angelo Sottovia Aranha (Mtb 12.870)

Organização: Edison Veiga, Giovana Franzolin, Paulo AraújoE-mail: [email protected]

As vanguardas e o cinemaexperimental da década de 20foi o tema do minicurso de on-tem, coordenado pelo professorJosé Marcos Romão da Silva, daUnesp. No curso, Romão mostroucomo o cinema experimental foiinfluenciado pelos movimentos ar-

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Sala cheia durante oficina

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Participantes de oficina criam rádio na internet

tísticos de vanguarda do começodo século passado, como o cu-bismo, o dadaísmo e o surrealismo.O professor exibiu fragmentos dofilme Outubro, de 1926, do cine-asta russo Eisenstein, e o curta ex-perimental Ballet Mecânico, de1923, do artista plástico Ferdinand

Léger, dentre outros. Romãoexplicou que “hoje o cinema éuma arte essencialmente nar-rativa, porém isso foi questio-nado durante a década de 20”.

Sobre como a relação entrecinema experimental e as van-guardas influenciou o cinemaatual, ele disse que muitos ele-mentos do cinema experimen-tal foram apropriados pelo ci-nema tradicional. Romão citou

o documentário sueco Surplus, de2003, do diretor Érik Gandini. Se-gundo o professor, o docu-mentário apresenta, em toda a suanarrativa, elementos de experimen-tação da década de 20, como a re-

petição de imagens, acolagem e a fragmentação.

Na oficina Como fazeruma rádio virtual, Thi-ago Fraccarolli, um dosidealizadores da Rádio Vir-tual Mundo Perdido(radiomundoperdido.tk),da Unesp, apresentou umhistórico do veículo rádio.“A gente passou pelosurgimento da digitali-zação do sinal de áudio, damp3, da internet, depois

fomos para a instalação da rádiovirtual nos computadores”, expli-ca Fraccarolli. Durante a tarde, osparticipantes discutiram a progra-mação da rádio virtual e transmiti-ram um programa ao vivo.

MINICURSOS e OFICINAS

éconferênciadetema

cidade-campoRelação

Ruy Moreira na conferência Campo e cidade no Brasil contemporâneo

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“Para mudar o Brasil temos que mudar o perfil da cidade”, disse Ruy Moreira

a conferência Campo ecidade no Brasil con-temporâneo, Ruy Mo-

reira, professor da UniversidadeFederal Fluminense, relacionou omomento conjuntural brasileirocom a relação cidade-campo, afim de promover a reflexão críti-

ca nos participantes do Simpósio.Moreira iniciou sua exposiçãoapresentando um histórico daorigem do conceito de cidade e,posteriormente, explicou sua fun-ção. Segundo ele, a cidade cum-priu o papel histórico de orientaras revoluções burguesas. “A cida-de passa a ser a residência das clas-ses que desejam uma mudança, éa cidade subversiva”, disse.

A relação cidade-campo no Bra-sil também foi abordada porMoreira, que salientou a ineficiên-cia dos modelos teóricos habituaispara explicar as particularidadesbrasileiras. “Não podemos falar derealidade do campo ou da cidade.No Brasil, a cidade não cumpriu opapel que a história lhe reservou”,falou. Para Moreira, o Brasil é umtípico país capitalista marcado pelodesenvolvimento desigual e com-binado, o que se verifica em váriosmomentos de sua história. Comoexemplo, o palestrante citou a abo-lição da escravatura, comandadapelas elites rurais e não acompa-nhada de uma reforma agrária.Moreira destacou ainda a impor-tância da literatura para o entendi-mento de nosso país. “Não sepode entender Minas Gerais semler Guimarães Rosa”, exemplificou.Finalizando sua fala, fez uma aná-

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lise da situação atual brasileira, cri-ticando o Estado patrimonialistae enfatizando que “para mudar o

“Não se pode entenderMinas Gerais sem ler Gui-

marães Rosa”

Brasil temos que mudar o perfil dacidade. O Estado se organiza a par-tir dela”.

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Organização: Edison Veiga, Giovana Franzolin, Paulo AraújoE-mail: [email protected]

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Nereide Saviane durante sua fala

Mostrar novaspossibilidades deleitura foi o focodo minicurso Aimagem, os sonse outras mensa-gens não-verbaisna composiçãodo repertório co-tidiano, coorde-nado pelo profes-sor Adenil AlfeuDomingos, da Unesp de Bauru. Segundo ele, a leituraalém do verbal ainda está precária na grande massa. “Amaioria das pessoas ainda é muito ligada ao verbal enão percebe que o verbal funciona como uma imagemna nossa cabeça”, exemplificou.

A proposta foi mostrar como a cidade é um grandepainel a ser lido. Segundo ele, grafites, pichações,outdoors, placas, todos os elementos que a compõemestão repletos de significações. Adenil defende que todoobjeto é composto por uma montagem, portanto é re-pleto de significados que devem ser decodificados. As-sim, propõe olhar para o cotidiano com uma visão maisampla. “A comunicação se expande muito além daquelenúcleo restrito da linguagem verbal. Temos que com-preender o não-verbal, os discursos imagéticos”, acre-dita. Para realizar essas diferentes interpretações, o pro-fessor faz análises utilizando a semiótica.

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Elian analisou o impacto da globalização na urbanidade

p r o c e s s ode educa-ção depen-

de da comunicação”. É oque afirma a professoraNereide Saviane, uma dasdebatedoras da mesa-re-donda Os desafios atu-ais na interação entre co-municação e educação,que ocorreu na tarde deontem no Simpósio. Oenfoque da discussão foia importância da comuni-cação para a transmissãodo conhecimento. Partici-param também da mesaValter Vicente Sales Filho,do Sesc de São Paulo, eCelestino Alves da SilvaJúnior, professor da Unespde Marília.

A professora da Univer-sidade Católica de Santos(Unisantos), Nereide Sa-viane, apresentou quais osmaiores desafios da edu-cação para a formação da

Adenil Alfeu, em seu minicurso

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MINICURSOS e OFICINASEducação eForam os temas discutidos na mesa de ontem

O minicurso Marketing urbano: mito ou realida-de, coordenado pelo professor Elian Alabi Lucci, abor-dou o impacto da globalização sobre a estrutura urba-na. Foram discutidas tendências da urbanização e daarquitetura devido às implicações de ordem econômicae também como fazer planejamento urbano em paísesde grandes desigualdades. Alabi analisou o peso e a pres-são que a população excluída exerce em uma cidade.Outro ponto debatido foi o marketing urbano, a formaque se faz para vender a imagem de uma cidade, quehoje, constitui-se como uma marca, um produto paravenda. Para trazer uma visão prática dos assuntos trata-dos, foram realizadas leituras de textos, exibição de vídeose debates durante o curso.

Comunicação

personalidade do ser hu-mano. Ela também enfa-tizou o papel da comuni-cação dentro da escola.

Celestino Alves concen-trou a discussão nos desa-fios teóricos, da confronta-ção prática e da esferaçãopolítica. “A idéia é distinguiros conceitos da visão daeducação, da comunicaçãoe da informação”, con-ceituou. Alves explicou ain-

da que, atualmente, a ativi-dade habitual das escolasestá ameaçada pela visãoda indústria cultural e pelaproliferação dos cursos deeducação à distância.

“No caso do Brasil, atelevisão é a principal fon-te de informação, culturae entrenimento para mi-lhões de brasileiros, o quepode influenciar a educa-ção brasileira”, afirmouValter Vicente Sales. Du-rante a mesa-redonda, elelevantou a influência damídia como uma grandeagência educadora emtodo o mundo. Para ele, atelevisão ocupa esse papelde destaque porque háaparelhos transmissoresem quase todos os laresbrasileiros, fenômeno quenão ocorre com livros, re-vistas ou jornais.

A mesa-redonda foimediada pelo professor dodepartamento de Educa-ção da Unesp de Bauru, Jo-sé Misael Ferreira do Vale.

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Da esquerda para a direita: Nereide, Misael, Valter e Celestino

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MINICURSOS e OFICINAS

Conferência internacionalencerra o Simpósio

A programa-ção do Simpósioterminou comdois minicursos euma oficina. Ominicurso Textoe imagem, coor-denado pelas pro-fessoras GuiomarJosefina Biondo e Maria LuizaCalim de Carvalho, da Unesp, tevecomo proposta a leitura daimagem, tanto em obras de arte,como a presente nos livros, princi-palmente nos infantis. O cursoabordou aspectos teóricos, foca-dos na questão do leitor, “comoo leitor pode ser melhorado, quaissão as etapas para a interpretaçãodo texto”, explicou Guiomar. Ominicurso também abordou a

busca do reper-tório como neces-sidade à leitura in-tertextual.

No minicursoARTGEO: inte-grando arte, geo-metria e tecno-logia a partir da

razão áurea, os professores MariaAntonia Benutti Giunta, RobertoAlcarria do Nascimento e SolangeMaria Leão Gonçalves, todos daUnesp, discutiram as relações entrea geometria e a arte. O curso foicentrado na questão da razão áureaque, de acordo com explicações daprofessora Maria Antonia, é umarazão matemática relacionada comproporção. “Essa razão determinaum ponto, chamado ponto de

ouro, que Leonardo da Vinci de-nominou de divina proporção”,explica. Além da teoria, o mini-curso aplicou esses princípios natecnologia. O curso atraiu um pú-blico diverso, como estudantes de

desenho indus-trial, engenheirose até mesmouma estudantede jornalismo.

Massinha, bo-necos e brinque-dos viram perso-nagens de vídeo,produzido du-rante a oficinaAnimação stop-motion paraprodução de ví-deo. A oficina,

coordenada por César Casella, daUnesp de Bauru, foi dividida emduas partes. Na primeira, foramapresentados os principais temasda história da animação e na se-gunda os participantes produziramtrês pequenos vídeos aplicando astécnicas do stop-motion.

Minicurso Texto e imagem

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Prof. Roberto,durante aARTGEO

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Boneco utilizado na oficina destop-motion. Ao fundo,o coordenador César Casella

conferência O materiale o simbólico na cul-tura contemporânea:

o audiovisual, as artes digitaise os meios tecnológicos, mi-nistrada pelo professor esociólogo Michel Maffesoli, daUniversidade de Sorbonne, deParis, encerrou a programação doSimpósio no Sesc.

Maffesoli discutiu a globali-zação que, na sua definição, é umtermo imposto pelo imperialismosimbólico cultural, assim comotoda a cultura dos países maisricos. Ele contou que achavachocante a terminologia de“terceiro mundo” que é ampla-mente utilizada no Brasil. “Esseé o tipo de designação que vemdo exterior e é imposta peloprimeiro mundo”, esclareceu.Segundo ele, um dos cuidadosque se deve ter no trabalhointelectual, é com as palavras.

Professor da Universidade de Sorbonne, Michel Maffesoli,explicou fenômenos da pós-modernidade

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Maffesoli falou sobre a cultura contemporânea

Para ele, o desafio teórico do novomilênio não é encontrar as palavrascorretas, mas as menos falsas.

Maffesoli completa que oficial-

mente há uma“globalização”, mas oque realmente existe éuma policulturalização.“É certo que há gostose maneiras de ser queuniformizam, mas aomesmo tempo existeuma reafirmação dacultura. Existe uma‘Mcdonaldização’, masao mesmo tempo umareafirmação da feijoa-da”, explicou.

Sobre o tema do Sim-pósio, o sociólogo defi-niu o conceito de inter-face, “aquilo que une, aopasso que a tradiçãomoderna e ocidentalpostulava que, antes de

mais nada, havia indivíduos quefariam o contrato social”. A par-tir disso, Maffesoli explicou anecessidade da comunicação,

“não podemos existir por nósmesmos, necessitamos de relaçõese do sentimento de pertencer quevai se opor àquilo que é de fato ocontrato social”.

Michel Maffesoli afirmou que amodernidade nasceu com o cristia-nismo e a partir daí houve umaocidentalização do mundo. “Todaa tradição ocidental é iconoclasta,ou seja, desvaloriza a imagem e éela que faz a relação entre o indiví-duo e o macrocosmo social”, ex-plicou. Pra finalizar, o professor daSorbonne concluiu que há umreencantamento do mundo atravésdos meios tecnológicos, como porexemplo o audiovisual.

O Simpósio ocorrido estasemana foi uma parceria do Sesc,da Unesp e da AGB (Associaçãodos Geógrafos Brasileiros). Forammais de 700 inscritos no evento,que teve cerca de 415 participantesnas oficinas e minicursos.

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O mundo conectadoMesa reúne

estudiosos dacibercultura

Sonoplastia em tempo real

om a tentativa de esclare-cer diversos conceitos domundo virtual, aconteceu

ontem a última mesa-redonda doSimpósio. Intitulada Ciberarte,cibercultura, o debate foi media-do por Olympio Pinheiro, profes-sor da Unesp de Bauru, e contoucom a participação das professorasChristine Mello, do Senac SãoPaulo, Diana Domingues, daUniversidade Caxias do Sul, e doassistente da gerência de estudose desenvolvimento do Sesc SãoPaulo, Vinícius Demarchi Terra.

Vinícius utilizou algumasdefinições do filósofo Pierre Lévypara explicar o que é ciberarte:“uma rede de informação ou dememória conectada em tec-

nologias de informação, compu-tadores, constituindo um espaçocibernético que, ao ser acessadopelos seres humanos, se torna umacibercultura”. Durante a mesa, eleapresentou a síntese do Game

Cultura, evento que acontece noinício de todo ano no Sesc Pom-péia, em São Paulo. A proposta émostrar o que é a ciberarte e a ci-bercultura, conceitos que utilizamelementos da tecnologia para

produzir arte.Segundo Christine Mello, a arte

tecnológica brasileira é altamentedesenvolvida e diferente em relaçãoao que é produzido ao redor domundo. Para ela, ciberarte “é umespaço virtual habitado por textos,imagens, links, que são compar-tilhados em rede”. “O que maisinteressa é o fluxo de informaçõese a interação”, afirmou. Ela aindadiz que o mundo virtual, no caso, ainternet, possibilita as mesmas ex-periências da vida cotidiana.

A professora Diana Dominguesencerrou o debate da mesa-re-donda. De acordo com ela, a ciber-cultura mudou as relações sociais epromove atitudes que não execu-távamos anteriormente, devido,sobretudo, à expansão do espaçopromovido pela internet. “A redepossibilita que o organismohumano esteja conectado com omundo todo”, finalizou.

Christine Mello, Diana Domingues, Vinícius Demarchi e Olympio Pinheiro

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Grupo mineiro encerra semana do Simpósio com experimentalismo sonoro

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Experimentações marcam o trabalho de O Grivo

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De instrumentos não-convencionaisnasce o som de O Grivo

alhos, papel,pedaços de la-ta, taças. Foi

com esses objetos que ogrupo O Grivo se apre-sentou ontem à noite,no último dia do Sim-pósio. A proposta deNelson Soares e MarcosMoreira, a dupla mineiraque compõe O Grivo, écriar um som rústico apartir de instrumentos diferentes.“A gente trabalha com umasonoridade muito pouco usual,então beira essa coisa daprecariedade”, contou Nelson.

Na primeira apresentação dogrupo em Bauru, os músicos exibi-ram o projeto Música Precária,lançado em 2003. Aliás, a dupla

também trabalha com sonorizaçãode vídeos e outras peças artísticas.Durante o concerto, por exemplo,foram projetados filmes em Super-8 e um vídeo, de Cao Guimarães,produzidos especialmente para oMúsica Precária.

Marcos e Nelson acabaram dechegar da Europa, onde partici-

param do Ano do Brasil naFrança, representando o estadode Minas Gerais. Comentando aaceitação de sua música no Brasile no exterior, os músicosdisseram que o público francês émais atento que o brasileiro. “Háuma dispersão na-tural do Brasil paracoisas que não sãomuito comuns, masmesmo assim a gen-te encontra umareceptividade”, ava-liou Marcos.

Surgido na décadade noventa, O Grivofoi batizado assim poracaso. “A gente foiobrigado a escolherum nome quando ia

fazer uma outra apresentação naFrança, aí achamos O Grivo”,explica Nelson. Ele contou que sómais tarde foi saber do significado– o Grivo, originalmente, é umpersonagem do conto O Cara deBronze, do escritor mineiro

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