sim sim não não 108

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Una ]ectora nos escribe:

O AMBGUO E FRAGIL "ACORDO" dos "BRASILEIROS" D~ CAMPOSO AMBGUO E FRGIL ACORDO DOS BRASILEIROS DE CAMPOS

Uma leitora nos escreve:

Estimadssimo diretor:Li o artigo que lhe envio anexo em fotocpia: Anulado o cisma dos brasileiros (Il Giornale, 15/1/2002).Podemos alimentar a esperana de que a anulao se estenda universalmente e no se reduza ao Brasil?Necessitamos desesperadamente recuperar a tradio, a dignidade da liturgia nas igrejas, a centralidade do Senhor e no do oficiante, as msicas respeitosas do lugar e do culto e no as gritarias desafinadas. Estamos carentes de uma recuperao em todos os sentidos, sem excluir o do conhecimento dos dez mandamentos. Podemos contar com ela?.Obrigada por sua ateno.Carta Assinada

No s podemos como devemos ter por absolutamente seguro que passar esta longa noite tempestuosa que a Igreja est atravessando. Duvid-lo seria duvidar da onipotncia e das promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual, ainda que parea adormecido, no deixa que soobre a barca de Pedro, que a sua Igreja.Nossa esperana, porm, jamais poder cumprir-se mediante este tipo de acordo, que no permite abjuraes doutrinais, mas de tipo prtico e pragmtico no-substancial (Il Giornale cit.). Por qu? Porque o que se ventila , antes de tudo, uma questo doutrinal, um assunto de f.Nosso Senhor Jesus Cristo cimentou a Igreja no em um acordo de tipo prtico e pragmtico, mas em um acordo de ordem essencialmente doutrinal, quer dizer, na unidade da f.Mas Aquele que instituiu nica a Igreja tambm a fez una, isto : de tal natureza que todos os que fizessem parte dela haviam de estar unidos pelos vnculos de uma sociedade estreitssima, a ponto de formar um s povo, um s reino, um s corpo [...]. E quis tambm que o vnculo da unidade entre seus discpulos fosse to ntimo e to perfeito, que imitasse de algum modo sua prpria unio com o Pai: peo-te... que sejam todos um, como tu, Pai, o s em mim, e eu em ti (Jo 17, 20-21).To grande e cabal concrdia entre os homens h de ter por fundamento necessrio a harmonia e a unio das inteligncias, qual se seguir naturalmente a das vontades e o concerto nas aes. Por isto, segundo seu plano divino, quis Jesus que a unidade da f existisse em sua Igreja; pois a f o primeiro dos vnculos que unem o homem a Deus, e a ela que devemos o nome de fiis.Um s Senhor, uma s f, um s batismo (Ef 4, 5), ou seja: do mesmo modo que no tm mais que um s Senhor e um s batismo, assim todos os cristos do mundo no devem ter seno uma s f (Leo XIII, Satis Cognitum).Assim, pois, unidade na f sobretudo, e depois, da, unidade na caridade, na comunho. Tal a vontade de Cristo; tal, o ensinamento constante da Igreja.A caridade sem f (So Pio X) e, por conseguinte, uma unio na caridade, uma comunho independente da unio na f so funestssimas invenes dos modernistas, os quais, em conseqncia de uma filosofia falsa, negam que a verdade (incluindo a revelada) seja nica e imutvel: cf. So Pio X, Pascendi: pervertem a noo eterna da verdade.Suposto isto, o problema se suscita e resolve de modo inteiramente diverso de como se suscitou e resolveu: suscita-se no plano doutrinal antes de tudo, e resolve-se luz nada ambgua da tradio divino-apostlica, qual se acha ligada, sob pena de condenao eterna (Mt 16, 17), a conscincia de todo e qualquer cristo, e em primeiro lugar a dos membros da hierarquia. Qualquer outro acordo de tipo prtico e pragmtico perfeitamente intil e de curta durao, se que no se trata de engano recproco.No caso dos brasileiros, a inconsistncia do acordo foi demonstrada pela entrevista que o dominicano Cottier, telogo da Casa Pontifcia, concedeu a Avvenire em 19/1/2002, isto , no dia seguinte ao do dito acordo. Cottier se alegrou de tal passo adiante para o Vaticano II, porque reconhece h muito mais [que o rito de So Pio V] na resistncia dos denominados lefebvrianos [em verdade, nada mais que catlicos fiis]: est a rejeio do Conclio, do ecumenismo, do princpio da liberdade religiosa. E com isto o telogo do Papa identifica bem o ponto nevrlgico de todo o assunto. Da que a condio primeira imposta a todos os lefebvrianos arrependidos at o momento, prossegue Cottier, tenha sido sempre a do pleno reconhecimento da autoridade do Conclio Vaticano II. E isto o que o grupo principal, o de Ecne, no aceitou nunca at agora. Ao passo que, pelo contrrio, foi o que aceitaram os padres brasileiros, segundo Cottier. Isso enche de esperanas o corao do telogo do Papa: aceitaram o Conclio, que muito mais que um rito, e ser de desejar que, pouco a pouco, dem outros passos, como, por exemplo, que participem em concelebraes do rito reformado. Mas no tenhamos pressa.Como se v, o tipo de acordo feito com os sacerdotes brasileiros de Campos prtico e pragmtico somente em aparncia. Para o Vaticano, pelo menos, um acordo essencialmente doutrinal, porque implica, com a aceitao plena do Conclio, a aceitao do ecumenismo (e, por conseguinte, a abjurao do dogma Extra Ecclesiam nulla salus, para poder abrigar todas as seitas herticas e cismticas, alm das religies falsas), bem como a aceitao da falsa liberdade religiosa, liberdade de religio em verdade (e, em conseqncia, a abjurao da doutrina constante da Igreja sobre a verdadeira liberdade religiosa). Mas h mais: esse acordo de tipo prtico e pragmtico prev concesses doutrinais ulteriores, que chegariam at aceitao do rito reformado, isto , protestantizado, de Paulo VI, passando pela admisso da concelebrao, a qual diminui o nmero das missas e rejeitada por toda a tradio da Igreja (v. Joseph de Sainte Marie, O. C. D., Eucharistie, salut du monde). S se faz uma ressalva: no h que ter pressa: as coisas amadurecero por si ss (Avvenire, cit.). Certo, Cottier sabe por experincia que assim ocorreu com todos os ex-lefebvrianos (ou melhor: com os companheiros na resistncia dos filhos de Monsenhor Lefebvre) que deixaram de lado as questes doutrinais e firmaram um acordo de tipo prtico e pragmtico, talvez animados a princpio pela esperana v de poder continuar, em melhores condies, o combate pela f. Seja vossa palavra: sim, sim, no, no, e tudo o que passa disto, de mal procede, ensinou-nos o Senhor. O triste retrocesso da abadia de Le Barroux, que defende hoje a falsa liberdade religiosa que combatia ontem, e a da Fraternidade So Pedro, muitos de cujos membros se batem hoje pelo direito de poder celebrar segundo o rito de Paulo VI (apoiados pelo Vaticano, como natural), rito contra o qual lutavam ontem, so desgraas que demonstram que a unidade se funda na verdade, e que qualquer acordo que no se cimente nesta de mal procede.Os padres de Campos acreditaram talvez que se estavam protegendo ao declarar que aceitam o Vaticano II luz da sagrada tradio. Mas ignoram porventura que a Igreja conciliar tem tambm um conceito novo da tradio, qual seja, o de uma ambgua tradio viva que d direito de cidadania na Igreja at ao que se ope patentemente sua doutrina tradicional? (vide s s no no, 15 e 28 de fevereiro de 1989; edio italiana).Em virtude desse conceito ambguo de tradio, consideram-se desenvolvimentos doutrinais normalssimos, em continuidade perfeita com a sagrada tradio, ainda as teses que digam o contrrio do que figura em todos os documentos do magistrio eclesistico at o Vaticano II, e assim que se julgam todas e cada uma das heresias eclesiolgicas do ecumenismo quanto peste do indiferentismo, apresentada falazmente como liberdade religiosa. Por conseguinte, assiste-nos o direito de perguntar para que serve um acordo em que as duas partes do significado diverso aos termos mesmos deste, de modo que para uma delas se h de aceitar, luz da tradio, o que a outra, luz da tradio tambm, considera em conscincia que deve rejeitar. E, de fato, para Georges Cottier, o telogo da Casa Pontifcia, carece de qualquer valor a reserva feita pelos padres de Campos aceitao do Conclio: aceitaram o Conclio, e ponto final. E agora que se sobrepem a quaisquer outros os problemas doutrinais de fundo, quer dizer, os relativos s noes catlicas de tradio e de desenvolvimento doutrinal, outrora definidas nos conclios de Trento e Vaticano I. Sobre estas noes se impe a necessidade de acordo. Uma vez satisfeita esta, ser desnecessria qualquer composio de tipo prtico e pragmtico.Bem sabemos que a luta cansa, que a marginalizao humilha, ainda que seja imerecida, e, sobretudo, que penoso resistir (e talvez traumtico para alguns) a quem est investido de uma autoridade que se ama e a que se quereria obedecer. Contudo, se consideramos que no defendemos opinies pessoais, mas, contrariamente aos pareceres pessoais de outros, no fazemos seno defender tanto o dever nosso e alheio de permanecer fiis doutrina perene da Igreja como a obrigao que nos cabe de transmitir a f com a mesma integridade com que a recebemos, ento, elevando o olhar para o nosso chefe invisvel, Jesus Cristo, a quem seu Vigrio tem o dever de representar na terra, digamos com Santo Hilrio: Um soldado defende seu rei ainda que com risco de morte... um co ladra ao menor rudo, arroja-se menor suspeita. Vs, em contrapartida, ouvis dizer que Cristo, o verdadeiro Filho de Deus, no Deus. Vosso silncio uma adeso a esta blasfmia, e vos calais! Mas que digo? Protestais contra os que protestam, juntais vossa voz dos que querem sufocar a verdade! (1).Hoje no s ouvimos a neoteologia negar a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo (veja-se Jesus, o Cristo, de Kasper, hoje cardeal) mas tambm vemos o ecumenismo rejeitar, uma a uma, muitas outras verdades de f que estaramos obrigados a professar at ao martrio se fosse o caso: ouvimos dizer que h salvao tambm fora da Igreja (Kasper), que as seitas herticas e cismticas j no so herticas nem cismticas, mas autnticas igrejas particulares (Dominus Iesus), e que, em contrapartida, a Igreja Catlica j no a verdadeira Igreja de Cristo, mas to s subsiste nela (Unitatis Redintegratio; e cada um pode entender tal subsistit como melhor lhe parea, desde que exclua a identificao absoluta, que a de sempre, entre a Igreja de Cristo e a Igreja Catlica); que a unidade da f j no constitui o fundamento necessrio da unidade da Igreja, seno que, pelo contrrio, mister trabalhar no seio da unidade na diversidade (Ratzinger), entendendo por diversidade todas as heresias e cismas j condenados por nossa santa Madre, a Igreja; que h que revisar o modo de exercer o primado, e isso em companhia dos hereges e cismticos, inimigos tradicionais do primado mesmo, etc. etc.Pois bem, a Igreja Cristo mesmo, Cristo difundido e comunicado (rpandu et communiqu, Bossuet), Cristo que vive, ensina, governa e comunica a santidade em sua Igreja (Pio XII, Mystici Corporis). Sabemos, e a histria o confirma, que a mesma f em Jesus Cristo no permanecer pura e incontaminada se no a sustenta e defende a f na Igreja, coluna e fundamento da verdade (Pio XI, Mit brennender Sorge); da que no possamos aderir s herticas aberraes eclesiolgicas do ecumenismo, porque assim estaramos pondo em risco a f, e da tambm que tampouco possamos calar, porque assim poramos em perigo igualmente a f do prximo. O mero silncio seria uma adeso neste caso, donde se infere que, como sempre nos casos extremos, o nico caminho que resta ao fiel o de um generoso herosmo (Pio XI, idem).No nos perturbemos pelo fato de que se trate de homens de Igreja, de membros da hierarquia a que o prprio Cristo conferiu a autoridade na Igreja.Por desgraa, verdade: trata-se de homens de Igreja. Mas os homens de Igreja recebem a autoridade para edificar a Igreja, no para demoli-la; recebem toda a autoridade de que gozam em prol da verdade, mas no possuem nenhuma em detrimento dela: pois nada podemos contra a verdade, seno em favor da verdade (II Cor 13, 8). Por isso, quando eclesisticos assentam na Igreja uma ctedra de opinies pessoais em luta com a ctedra nica de onde se derivou por dois mil anos a doutrina do Mestre nico da Verdade, aos fiis compete resistir, porque Unus est magister vester, um s vosso Mestre, e porque h que obedecer a Deus antes que aos homens (So Pedro).Tampouco h que desanimar pelo injusto rtulo que s apresenta a ns como separados do Papa, do Vigrio de Jesus Cristo, com quem necessrio estar em comunho (ao passo que dessa referida obrigao de estar em comunho desobrigam hoje os autnticos cismticos). bem verdade que nos cabe estar em comunho com o Papa, mas ao Papa, por seu turno, cabe estar em comunho com Seus predecessores e, atravs da cadeia formada por estes, com Nosso Senhor Jesus Cristo e os Apstolos (comunho que se realiza indefectivelmente nos pronunciamentos ex cathedra e no magistrio pontifcio ordinrio e infalvel, mas no quando o Papa impe opinies ou utopias pessoais: vide Sim Sim No No, dezembro de 2000, edio portuguesa, pp. 6 e ss.: Igreja e homens da Igreja).A comunho na Igreja Catlica se fundou sempre na unio na f. Por isso vemos na histria da Igreja no s Papas mas tambm bispos, e at sacerdotes e simples fiis, negar-se a estar em comunho com quem perdera a f transmitida pelos Apstolos ou se suspeitava que j no a tinha.So Baslio era um simples leitor (2) quando rompeu publicamente a comunho com seu bispo, que se comprometera com os arianos (Epstola 51). So Jernimo era um mero monge-sacerdote quando se negou a estar em comunho com o bispo de Jerusalm, Joo, enquanto este no esclarecesse sua posio sobre o origenismo; os bispos africanos suspenderam sua comunho com o Papa Viglio quando este, ao aprovar a condenao dos trs captulos (3), pareceu renegar o conclio dogmtico de Calcednia. So Bernardo, campeo do primado romano (Quem resiste a este poder resiste ordem de Deus), no hesitou em escrever a Inocncio II: Agora cabe a ti, sucessor de Pedro, julgar se esse que ataca a f de Pedro tem direito a refugiar-se na ctedra deste. Recorda os deveres de teu cargo, [...] captura, enquanto ainda so pequenas, as raposas que semeiam a runa na vinha do Senhor (Epst. CLXXXIX). O Papa goza, sim, de pleno poder sobre todas as igrejas (Epstola CXXXI), mas para afirmar e defender a f de Pedro, no para alter-la ou favorecer quem a altera, e aqui radica o limite, dado pelo cu, ao poder dos sucessores de Pedro, que, de outro modo, seria capricho: Inocncio III, que foi um dos fautores da centralizao romana, considerava-se prisioneiro do direito divino.Estes exemplos, que poderiam multiplicar-se, provam que a comunho, ainda com o Papa, tem como pressuposto indispensvel a unio na f catlica transmitida pelos Apstolos, e que, quando h escndalo para a f, no s os sditos tm a obrigao de rejeitar o ensinamento errneo, mas tambm lhes compete resistir a seus superiores at em pblico, como So Paulo resistiu a So Pedro in facie Ecclesiae (Sto. Toms, Th. II-II, q. 33 ad 2).Em verdade, como recordou Pio XII, aos fiis assiste o direito, um verdadeiro direito, de receber incorrupta de seus pastores, sobretudo do sucessor de Pedro, a Verdade ensinada por Jesus Cristo e transmitida infalivelmente pela Igreja. Este direito se funda no dever de crer para salvar-se (Mt 16, 17). Da o dever e o direito de rejeitar os sofismas que hoje corrompem a f e que so sugeridos por uma filosofia e uma teologia falsas, contra as quais j ps em guarda Pio XII na Humani Generis.Por isso, se bem seja verdade que o Papa tem sobre si s a Deus (Prima Sedes a nemine iudicatur: a S Suprema por ningum julgada), igualmente verdade que, quando a conduta do Papa ameaa a f ou faz perigar gravemente o bem da Igreja, os sditos esto no direito e at na obrigao de manifestar-lhe sua desaprovao e resistir a suas diretrizes. Assim o fizeram, verbi gratia, os bispos, os cardeais, os canonistas e os polemistas que, sem negar o Prima Sedes a nemine iudicatur, expressaram sua repulsa a Pascoal II, o qual havia submetido outra vez a Santa S ao imperador da Alemanha, e com tal resistncia impediram que naufragasse a obra de reforma da Igreja posta em marcha por So Gregrio VII. Esta benemrita resistncia, aprovam-na todos os telogos aprovados pela Igreja: Deve-se resistir a um Papa que destri abertamente a Igreja (Caetano) (4). E pouco nos importa (porque nosso dever no muda por isso) que tal ao demolidora nasa da quimera ecumnica ou de outra causa.Pode algum objetar que somos poucos e estamos isolados. Poucos no somos, mas, ainda que o fssemos, que importaria? A verdade no depende do nmero, e ainda menos a f. O Papa Librio, antes que sua resistncia fraquejasse, respondeu ao imperador Constncio, fomentador da heresia ariana, e que o escarnecia dizendo-lhe que era apenas um homem contra todo o mundo: Conquanto eu no tenha seno esta vida, a f no sofrer quebrantamento por isso. Na antigidade, deu-se o caso de no se acharem mais de trs pessoas que resistissem (5).Quanto ao isolamento, criado artificialmente com rtulos injustos, mais aparente que real. Muitos esto conosco porque pensam igual, ainda que caream da coragem necessria para unir-se a ns abertamente. Em todo o caso, os catlicos que resistem publicamente na f de sempre so um ponto de referncia para todos, e isso tem importncia enorme. certo que necessitamos do retorno de todos tradio, sem a qual no h ortodoxia que valha; que necessitamos de dignidade na liturgia; que precisamos de uma recuperao em todos os sentidos, includo o campo da moral, que se est demolindo incoercivelmente junto com a f; mas no menos certo que tal recuperao se liga nossa resistncia na doutrina de sempre e no a imprudentes acordos de tipo prtico e pragmtico. Se todos se calassem (e o silncio em matria to grave j uma adeso gravssima); se no restasse ningum que recordasse aos inovadores da hierarquia que seus supostos desenvolvimentos dogmticos no so seno corrupes dogmticas por estar em contradio com a f constante da Igreja, ento, sim, haveria que temer pelo destino da Igreja. Mas isso no suceder: como recordava o prprio Paulo VI (Jean Guitton, Paul VI secret), sempre haver um pequeno resto que testemunhe a f perene da Igreja. Por isso que no baseamos nossa esperana em nosso nmero ou no nmero de assentimentos, e ainda menos em nossa diplomacia: fazemo-lo na bondade da causa pela qual resistimos, porque a causa de Nosso Senhor Jesus Cristo e de sua Igreja. Nosso dever se funda em permanecermos fiis, a despeito de rtulos, e em ajudar nossos irmos a s-lo. A Deus cabe depois fazer brilhar as primeiras luzes do renascimento da Igreja, e Imaculada, apressar esta hora de misericrdia.HirpinusNotas:(1) Fragm. Histor. X, 2-4, citado na Storia della Chiesa (A Histria da Igreja), de Fliche e Martin, ed. it. SAlE, vol. III / 2, p. 209.(2) O autor faz referncia ao leitorado, um dos graus do sacramento da ordem (N. do T.).(3) Podem ver-se os anatematismos sobre os trs captulos em Denzinger 213-228 (N. do T.).(4) De comparatae auctoritate Papae et Concilio.(5) Teodoreto, Hist. Eccl. II, XVI (v. Storia della Chiesa cit., vol. III / 1, p. 181).

CARTA ABERTA DO DR. ALLEN WHITE AOS SACERDOTES DA DIOCESE DE CAMPOS

Meus irmos em Cristo e meus amigos:Li hoje com grande dor que agora vos considerais perfeitamente insertos na Igreja, santa, catlica e apostlica. No sabia eu que a houvsseis deixado. Durante aqueles dias memorveis de 1991 em que vos visitei com o objetivo de fazer pesquisas para meu livro sobre Dom Antnio de Castro Mayer, este grande e honorvel bispo vosso, gozei do privilgio de ser testemunha da vida catlica de vossa diocese, a expresso mais perfeita da dita vida em um ambiente contemporneo a que eu jamais assistira, muito mais perfeita do que me teria sido possvel imaginar. Que bno vos foi concedida! Quantas graas extraordinrias recebestes, sem dvida merc das preces, sacrifcios e trabalho daquele bispo extraordinrio que guiou como pastor o redil de Campos durante tantas dcadas! Como que no reis catlicos ento? Como que no estveis perfeitamente insertos na Igreja?Vosso anncio de que o Santo Padre assinou uma carta de acolhimento que vos dava as boas-vindas comunho eclesial plena em companhia dos fiis catlicos a que assistis sugere que tinha havido uma espcie de separao de Roma, que, de fato, tnheis cado em uma espcie de cisma. Ser que a f catlica no se tinha transmitido intacta e perfeita desde Nosso Senhor Jesus Cristo atravs dos bispos de sua Igreja e, na diocese de Campos, at aquele bispo plenamente catlico que foi D. Antnio de Castro Mayer? O que vos convenceu de que no era catlico? Aonde vos conduziu para separar-vos de Roma de modo que necessitsseis voltar?No h dvida quanto ao fato aziago, conquanto os detalhes ainda no se tenham revelado de todo: assinastes um acordo com a Roma modernista e, por conseguinte, destes as costas magna herana de vosso grande e amado bispo, a quem Deus chamou ptria em abril de 1991, e que vos deixou seguros, catlicos e prevenidos. Sua herana se acha comprometida agora pelo compromisso que contrastes com os atuais detentores do poder na Roma modernista e progressista, ela mesma diversa e separada da Roma eterna. Para contrair um compromisso, h de abandonar-se uma posio e mover-se para um campo intermdio. A posio que abandonais a plenitude da f catlica; a nova posio que deveis alcanar est nos limites da nova Roma, a Roma da linguagem ambgua, do ecumenismo, da colegialidade e da liberdade religiosa, tentaes todas contra as quais vosso Pastor vos havia posto em guarda e instrudo com muita coragem e de maneira exaustiva.Soljenitsyn [...] afirmou que o que mais surpreende a um observador estrangeiro no Ocidente atual o ocaso da coragem. Durante muitos anos, o nome de Campos constituiu, para a alma dos catlicos que combatiam o erro e a decadncia em suas parquias, um chamamento bem claro a voltar coragem catlica. A alta estatura moral e espiritual do homem humanamente pequeno que era vosso bispo constitua o paradigma da coragem catlica. Rebaixareis seu nome e sua herana a uma medida meramente humana? O nome de Campos j no ressoar forte e valente, e se transformar num eco debilitado do compromisso?

(De Catholic, maro de 2002)

RELMPAGOS PRECURSORES DA TEMPESTADE (OU DA RENDIO)

Outras declaraes sobre a anulao do cisma dos brasileiros demonstram que este acordo se funda na ambigidade por ter eludido as questes doutrinais.No comunicado oficial dos brasileiros se incensa, por exemplo, a unidade na diversidade, mas, dado que para a atual hierarquia ecumnica tambm as heresias so diversidade, os brasileiros se apressaram a especificar: na mesma f. Mas esta preciso no prova seno que a parte reconciliada pretende dar um significado ortodoxo s palavras unidade na diversidade, ao passo que a outra parte lhe d um significado heterodoxo. Isto j um relmpago precursor da tempestade no cu desanuviado do acordo (se que no o da futura concesso total dos brasileiros).Outro exemplo: o bispo brasileiro reconciliado, Dom Rangel, disse no convite fraternal que viu reunidos o clero tradicionalista e o progressista: agora trabalharemos mais sem o rtulo de quem est fora da Igreja... trabalharemos em defesa da f, como nos convida a fazer o Papa, combatendo os erros (Diario, 18 de janeiro de 2002). Mas, perguntamos, porventura isso o que faz o Papa Wojtyla? Como forjar a iluso de poder trabalhar em defesa da f contra os erros e as heresias cujo sustentculo o falso ecumenismo quando este tem no Papa Wojtyla seu promotor mais apaixonado e acreditado? Certamente, a fantasia pode construir formosos castelos de cartas, mas luz dos fatos se descobre sua fragilidade, constituda no caso presente pela omisso de um acordo sobre as divergncias doutrinais. verdade que os padres de Campos se livraram do sambenito imerecido de estar fora da Igreja; mas, dada a situao atual, dois so os resultados possveis: ou esses padres trabalham verdadeiramente em defesa da f, combatendo os erros atuais, e ento tero de resignar-se a que lhes ponham outra vez o mencionado sambenito; ou renunciam a combater, e ento simplesmente desaparecero no silencioso lamaal dos alinhados com o modernismo, mas sem poder alegar a dirimente que tm os outros: a de ser vtimas do engano.Outra prova da ambigidade. Enquanto os brasileiros pretendem estar mais prontos e capacitados ainda para defender a f e combater os erros, seu bispo diocesano, Dom Roberto Guimares, assegura, por seu lado, que as divergncias versavam sobre aspectos secundrios (entrevista de Folha da Manh, 18 de janeiro de 2002). Se assim, nada h que combater, ou melhor, nunca houve razo sria para combater e, por conseguinte, o combate empreendido pelos brasileiros durante mais de 30 anos foi uma luta contra moinhos de vento.Ademais, Dom Guimares foi muito hbil em eludir perguntas embaraosas, relativas questo doutrinal. O entrevistador pergunta: A que se deve que a diviso tenha perdido fora? Boa pergunta! Tambm ns gostaramos de sab-lo. Mas Dom Roberto responde: No se trata de perder a prpria fora [sic!], mas de desviar da rota prefixada foras que deveriam somar-se em um trabalho de unio e de coeso maior. Dom Roberto claramente tergiversa, e ns ficamos sem satisfazer nossa curiosidade.A princpio, no havia muito radicalismo de ambas partes. Que impedia, pois, a unio?: volta carga o jornalista com uma pergunta diferente to-s em aparncia. Resposta de Dom Roberto: Por infelicidade, este o lado humano de todo o problema. Ento os espritos se achavam divididos [mas por qu?], e foi uma reao humana, uma atitude muito apaixonada em defesa dos pontos de vista prprios [sic!], o que favoreceu logo a radicalizao entre ambas as partes. Mas... o radicalismo desaparecer com esta unificao. Da que possamos consider-lo como coisa do passado, j superada. Oh, dor! O que diria Dom Antnio de Castro Mayer se soubesse que sua indmita e nobre resistncia na f imutvel da Igreja foi nada mais que uma reao humana ou, mais ainda, uma atitude muito apaixonada em defesa dos pontos de vista prprios?No sabemos se os brasileiros reconciliados conseguiro manter seus bons propsitos de combate contra os erros em defesa da f, mas a humilhao, a desautorizao pblica da resistncia na f de Dom Antnio de Castro Mayer no nos parece que lhes pressagie nada bom.Outro exemplo para terminar. pergunta de se cada uma das [duas] partes poder seguir seu rito, Dom Roberto responde: Celebrar a missa em latim ou em portugus coisa de pouqussima importncia. Mas, perguntamos, por acaso Dom Antnio de Castro Mayer lutou e enfrentou uma excomunho, seguido por seus brasileiros at hoje, s para poder celebrar a missa em latim? Salta aos olhos a dissimulao dos problemas doutrinais... Poderamos continuar, mas temos de parar por aqui.

UMA PERGUNTA SEM RESPOSTA

Em 21 de novembro de 1983, Dom Antnio de Castro Mayer assinou em companhia de Dom Lefebvre uma Carta ao Papa com um anexo que expunha as causas principais da dramtica situao eclesial.Reproduzimos o anexo para que se mea o valor do bom combate empreendido por estes dois bispos catlicos, e para demonstrar que tal dramtica situao no s perdura at hoje mas se agravou. Por isso no podemos deixar de nos fazer a mesma pergunta (que ficou sem resposta) de um jornalista brasileiro: Como se explica que j no tenha razo de ser a diviso entre o clero formado por Dom Antnio de Castro Mayer e a igreja conciliar?

ANEXO DOCUMENTAL

I. Concepo latitudinarista e ecumnica da Igreja.

A concepo da Igreja como povo de Deus se encontra j em numerosos documentos oficiais.Desta concepo emana um significado latitudinarista e um ecumenismo falso.Alguns fatos patenteiam tal concepo heterodoxa: as autorizaes para construir salas destinadas ao pluralismo religioso; a edio de Bblias ecumnicas, que j no so conformes exegese catlica; as cerimnias ecumnicas, como a de Canturia.Na Unitatis Redintegratio se ensina que a diviso dos cristos motivo de escndalo para o mundo e obstaculiza a pregao do Evangelho a todos os homens... que o Esprito Santo no despreza o servir-se das outras religies como instrumento de salvao. O mesmo erro se repete no documento Catechesi tradendae de Joo Paulo II. Na mesma linha, e com afirmaes contrrias f tradicional, Joo Paulo II declara na catedral de Canturia, em 25 de maio de 1982, que a promessa de Cristo nos leva a confiar em que o Esprito Santo deter as divises introduzidas na Igreja j depois de Pentecostes; como se nunca se tivesse dado na Igreja a unidade de credo.O conceito de povo de Deus induz a crer que o protestantismo no mais que uma forma particular da mesma religio crist.O conclio Vaticano II proclama uma autntica unio no Esprito Santo com as seitas herticas (Lumen Gentium, 14), certa comunho com elas, se bem que imperfeita ainda (Unitatis Redintegratio, 3).Esta unidade ecumnica contradiz a encclica Satis Cognitum de Leo XIII, que ensina que Jesus no fundou uma Igreja que abraa vrias comunidades que se assemelham genericamente, mas que so diferentes e no se acham ligadas por um vnculo que forme uma igreja nica. Tal unidade ecumnica contrria tambm encclica Humani Generis de Pio XII, que condena a idia de reduzir a mera frmula a necessidade de pertencer Igreja Catlica; contrria igualmente encclica Mystici Corporis do mesmo Papa, que condena a concepo de uma Igreja pneumtica, a qual constitui, segundo a dita concepo, o lao invisvel entre as comunidades separadas na f. Tal ecumenismo contrrio igualmente aos ensinamentos de Pio XI na encclica Mortalium animos: Sobre este ponto oportuno expor e rejeitar certa opinio falsa que est na raiz do problema supramencionado e desse movimento complexo com o que os acatlicos se esforam por realizar uma unio entre as igrejas crists. Os que aderem a tal opinio tm sempre na boca as palavras de Cristo: ... que todos sejam um...; ...e haver um s rebanho e um s pastor (Jo 17, 21; 10, 16); e pretendem que com tais palavras Cristo expressa um desejo ou uma prece que nunca se realizou. De fato, pretendem que a unidade de f ou de governo, que constitui uma das notas da verdadeira Igreja de Cristo, no existiu praticamente at o dia de hoje, e que ainda agora continua no existindo.Esse ecumenismo, condenado pela moral e pelo direito cannico, chega a permitir que os Sacramentos da Penitncia, da Eucaristia e da Extrema-Uno se recebam de ministros acatlicos (cnon 844 do cdigo novo), e favorece a hospitalidade ecumnica ao autorizar os ministros catlicos a administrar o sacramento da Eucaristia aos acatlicos.Tudo isso abertamente contrrio revelao divina, que prescreve a separao e rejeita a mistura entre a luz e as trevas, entre o fiel e o infiel, entre o templo de Deus e o das seitas (II Cor 6, 14-18).

II. Governo colegial-democrtico da Igreja

Depois de ter arruinado a unidade da f, os modernistas contemporneos se esforam para livrar-se tanto da unidade de governo como da estrutura hierrquica da Igreja.A doutrina, j sugerida pelo documento Lumen Gentium do conclio Vaticano II, ser recolhida explicitamente pelo novo cdigo de direito cannico ao ensinar que o colgio dos bispos unido ao Papa goza igualmente do poder supremo, e isso de modo habitual e constante (cnon 336).Esta doutrina do duplo poder supremo contrria ao ensinamento e prtica do Magistrio eclesistico, especialmente no conclio Vaticano I (Denz. 3055) e na encclica de Leo XIII Satis Cognitum: s o Papa goza de tal poder supremo, que comunica na medida em que o considera oportuno e em circunstncias extraordinrias.A este grave erro se liga a orientao democrtico-eclesial, que faz residir o poder no povo de Deus, como o ratifica o direito novo. Tal erro jansenista condenado pela bula Auctorem Fidei de Pio VI (Denz. 2602).A tendncia a fazer participar a base no exerccio do poder, se reconhece na instituio do snodo [permanente dos bispos] e das conferncias episcopais, dos conselhos presbiterais e pastorais, e na multiplicao das comisses romanas e nacionais, bem como das que h no seio das congregaes religiosas (veja-se a respeito o conclio Vaticano I, Denz. 3061 Novo Cdigo de Direito cannico, cnon 447).A degradao da autoridade na Igreja a fonte da anarquia e da desordem que reinam hoje por toda a parte.

III. Os falsos direitos naturais do homem

A declarao Dignitatis humanae do conclio Vaticano II afirma a existncia de um falso direito natural do homem em matria religiosa, contrariamente aos ensinamentos pontifcios que negam formalmente tamanha blasfmia.Assim, Pio IX na encclica Quanta cura e no Syllabus, Leo XIII nas encclicas Libertas Praestantissimum e Immortale Dei, Pio XII no discurso Ci riesce aos juristas italianos negam que a razo ou a revelao fundamentem semelhante direito.O Vaticano II cr e professa de maneira absoluta que a verdade no pode impor-se seno com a fora prpria da verdade, o que se ope formalmente aos ensinamentos de Pio VI contra os jansenistas do conclio de Pistia (Denz. 2604). O conclio Vaticano II chega ao absurdo de afirmar o direito a no aderir verdade nem segui-la: o direito a obrigar os governos civis a j no fazer discriminaes por motivos religiosos, estabelecendo a igualdade jurdica entre a religio verdadeira e as falsas.Tais doutrinas se fundam em um conceito falso da dignidade humana, que deriva dos pseudofilsofos da Revoluo Francesa, agnsticos e materialistas, os quais foram condenados no passado por So Pio X no documento pontifcio Notre Charge Apostolique.O Vaticano II prognostica que da liberdade religiosa nascer uma era de estabilidade para a Igreja. Gregrio XVI, em contrapartida, reputa por desfaatez suma afirmar que a liberdade imoderada de opinio seria benfica para a Igreja.O Conclio expressa um princpio falso na Gaudium et Spes ao considerar que a dignidade humana e crist deriva do fato da Encarnao, a qual restaurou essa dignidade em beneficio de todos os homens. O mesmo erro se afirma na encclica Redemptor hominis de Joo Paulo II.As conseqncias do reconhecimento, por parte do Conclio, deste falso direito do homem destroem os fundamentos do reinado social de Nosso Senhor, arrunam a autoridade e o poder da Igreja em sua misso de fazer reinar Nosso Senhor nos espritos e nos coraes combatendo as foras satnicas que subjugam as almas. Ao esprito missionrio, por conseguinte, acus-lo-o de proselitismo exagerado.A neutralidade dos Estados em matria religiosa injuriosa para Nosso Senhor e para sua Igreja quando se trate de Estados de maioria catlica.

IV. Uma concepo errnea do poder do Papa

Certamente, o poder do Papa na Igreja um poder supremo, mas no pode ser absoluto nem ilimitado, dado que est subordinado ao poder divino, que se expressa na Tradio, na Escritura Sagrada e nas definies promulgadas pelo Magistrio eclesistico (Denz. 3116).O poder do Papa est subordinado ao fim para o qual lhe foi conferido, e limitado por este. Tal fim definido claramente pelo Papa Pio IX na constituio Pastor Aeternus do conclio Vaticano I (Denz. 3070). Seria um abuso de poder intolervel modificar a estrutura da Igreja e pretender apelar para o direito humano contra o direito divino, como se faz na liberdade religiosa, na hospitalidade eucarstica autorizada pelo direito novo, na afirmao de dois poderes supremos na Igreja.Salta aos olhos que, nestes casos e em outros semelhantes, um dever para todo e qualquer sacerdote e para todo e qualquer fiel catlico resistir e negar obedincia. A obedincia cega uma absurdidade, pois ningum est isento de responsabilidade por ter obedecido aos homens antes que a Deus (Denz. 3115), ao passo que a resistncia em questo deve ser pblica se o mal pblico e constitui motivo de escndalo para as almas (Suma Teolgica II-II, q. 33, a. 4).So princpios elementares de moral que regulam as relaes dos sditos com todas as autoridades legtimas.Por outro lado, esta resistncia acha uma confirmao no fato de que h tempo s so penalizados os que se atm firmemente Tradio e f catlica, ao passo que no so molestados os que professam doutrinas heterodoxas ou cometem autnticos sacrilgios: a lgica do abuso de poder.

V. Concepo protestante da missa

A nova concepo da Igreja, a julgar pela definio que deu dela o Papa Joo Paulo II na constituio preliminar do Novo Cdigo de Direito Cannico, comporta uma mudana no ato principal da Igreja, integrado pelo sacrifcio da missa. A definio da nova eclesiologia define com exatido a nova missa: um servio e uma comunho colegial ou ecumnica. No se pode definir melhor a nova missa, a qual, como a nova igreja conciliar, rompe abertamente com a Tradio e o Magistrio da Igreja.Trata-se de uma concepo mais protestante que catlica, e que explica tanto tudo o que se exaltou indevidamente quanto o que se diminuiu. Contrariamente aos ensinamentos do conclio de Trento na sesso XXII, contrariamente encclica Mediator Dei de Pio XII, exagerou-se o papel dos fiis na hora de participar da missa e rebaixou-se o do presbtero, reduzido a mero presidente; exagerou-se o papel da liturgia da palavra e diminuiu-se a importncia do sacrifcio propiciatrio; exaltou-se a ceia comunitria, secularizando-a tudo isso custa da f na presena real operada pela transubstanciao e do respeito devido a ela, ao passo que com a supresso da lngua sagrada se pluralizaram os ritos at ao infinito, profanando-os com acrscimos mundanos ou pagos, e difundiram-se tradues falsas, em detrimento da f verdadeira e da piedade autntica dos fiis.E, no entanto, os conclios de Florena e de Trento haviam anatematizado todas essas mudanas e afirmado que o cnon da missa remontava aos tempos apostlicos. Os Papas So Pio V e Clemente VIII insistiram na necessidade de evitar alteraes e mudanas, conservando perpetuamente este rito romano consagrado pela tradio.A dessacralizao da missa, sua secularizao preparam a secularizao do sacerdcio ao modo protestante.A reforma litrgica de corte protestante um dos maiores erros da igreja conciliar, e uma das mais daninhas para a f e a moral.A situao da Igreja, posta em estado de busca, introduz na prtica o livre exame protestante, resultado da pluralidade de credos no seio da Igreja.A supresso do Santo Ofcio, do ndex, do juramento antimodernista suscitaram nos telogos modernos uma necessidade de novas teorias, que desorientam os fiis e os empurram para o movimento carismtico, o pentecostalismo, as comunidades de base... uma autntica revoluo, dirigida francamente contra a autoridade de Deus e da Igreja.Os graves erros modernos, condenados constantemente pelos Papas, desenvolvem-se agora sem travas no seio da Igreja:1. As filosofias modernas, antiescolsticas, existencialistas, antiintelectualistas, so ensinadas nas universidades catlicas e nos seminrios maiores.2. O humanismo favorecido pela necessidade das autoridades eclesisticas de fazer eco ao mundo moderno e considerar ao homem o fim de todas as coisas.3. O naturalismo a exaltao do homem e dos valores humanos faz esquecer os valores sobrenaturais da redeno e da graa.4. O modernismo evolucionista causa a rejeio da Tradio, da Revelao, do Magistrio de vinte sculos. J no existem verdades imutveis nem dogmas.5. O socialismo e o comunismo: a negativa por parte do conclio a condenar estes erros foi escandalosa e induziu a crer com toda a razo do mundo que hoje o Vaticano favorvel a um socialismo ou a um comunismo mais ou menos cristo. A atitude da Santa S durante estes ltimos quinze anos, tanto alm como aqum da cortina de ferro, confirma esta crena.Por fim, os acordos com a maonaria, com o conselho ecumnico das igrejas e com Moscou reduzem a Igreja ao estado de prisioneira, fazem-na de todo incapaz de cumprir livremente sua misso. Trata-se de autnticas traies que clamam vingana ao cu, como os elogios tributados nestes dias ao heresiarca mais escandaloso e mais nocivo para a Igreja: Lutero. hora de a Igreja recuperar a liberdade de realizar o reino de Nosso Senhor Jesus Cristo e o reino de Maria sem se preocupar com seus inimigos.

A ORIGEM PROTESTANTE DO SUBSISTIT IN DO ARTIGO 8 DA LUMEN GENTIUMEm uma conferncia acontecida em Kansas City (Missouri, EUA), em 22 de fevereiro de 2001, o Padre Franz Schmidberger revelou a origem do famoso subsistit in da Lumen Gentium 8. Traduzimos do texto que figura no nmero de abril de 2001 de The Angelus, peridico mensal da Fraternidade So Pio X nos Estados Unidos da Amrica.O Padre Schmidberger recorda que a sentena tradicional a Igreja de Cristo a Igreja Catlica figurava ainda na primeira redao da constituio dogmtica Lumen Gentium do Vaticano II, conquanto a combatessem os espritos liberais, porque, entre outras coisas, fazia perigar as aberturas ecumnicas. Mas aqui est, ipsis litteris, a passagem que nos interessa:Se tivssemos de identificar claramente a Igreja Catlica simpliciter (em si e por si, sem matizes) com a Igreja de Cristo, todo o movimento ecumnico sofreria um abalo. Os protestantes se sentiriam ofendidos pelo fato de que a Igreja Catlica teria sentenciado que as suas igrejas no so igrejas de Cristo. Tal foi o raciocnio dos espritos liberais, que queriam encontrar outra noo e outra palavra para definir a Igreja. Um protestante alemo, o pastor Schmidt, observador no Vaticano II a convite do cardeal Bea, acorreu em sua ajuda. Props por escrito substituir a palavra da definio a Igreja de Cristo a Igreja Catlica pelas palavras subsistit in. Enviou sua proposta a Joseph Ratzinger, por ento especialista conciliar (peritus) do cardeal de Colnia, Frings. Ratzinger transmitiu-a ao cardeal, o qual por sua vez a apresentou no Conclio. Assim se incorporaram Lumen Gentium, 8, as palavras subsistit in, apesar de esta expresso vir dos protestantes.Devemos a informao a um sacerdote originrio do Tirol meridional, o qual nos escreveu confirmando-nos que conhecia o referido pastor protestante, que ainda vivia. Pedimos-lhe o seu endereo. Aps obt-lo, escrevemos-lhe, e ele nos corroborou numa carta de 3 de agosto de 2000 que, com efeito, foi ele quem transmitiu a Ratzinger a proposta citada. H de admitir-se, por isso, que Ratzinger desempenhou papel muito ativo na insero do subsistit in e na reformulao da definio fundamental da Igreja Catlica.

RECEBEMOS E PUBLICAMOS

Estimadssimo Padre:

Mando-lhe um artigo sobre Giordano Bruno, tirado da revista dos Camilianos Missione Salute (n. 6/2000). Assinalei os severssimos juzos emitidos pelo Cardeal Sodano, assim como pelo articulista, sobre o tribunal da Inquisio e a pena de morte. Nos nossos tempos, a pena de morte considerada pela IgrejaCatlica como contrria nossa Santa Religio (um cardeal italiano promoveu um abaixo-assinado para aboli-la no mundo inteiro). No obstante, na Bblia a pena de morte considerada como causa de diminuio dos delitos. Eis como se expressa o Deuteronmio (cap. 21, v. 21) referindo-se ao castigo de um filho rebelde: Que seja lapidado por todos os homens da cidade at que morra; assim apagareis do meio de vs o seu pecado, e Israel todo, quando o souber, ser sacudido pelo temor. Encontro-me quase ao final do livro de Drmann A teologia de Joo Paulo II, segundo volume, nos comentrios da encclica Redemptor Hominis. No tenho palavras para descrever meu estado de esprito contra esta doutrina, to contrria ao Evangelho e a toda a Tradio. Sem vergonha alguma cita-se o Santo Evangelho e as demais Escrituras, mutilando-os ou acomodando-os para faz-los dizer o que no dizem, para deste modo apoiar suas prprias afirmaes. Estou espantado! E pensar, que salvo um pequeno grupo, todos se calam, quando no aclamam e divulgam triunfalmente tais erros! Ser que j nada valem os Papas e os Santos Doutores de outrora? Com dor me voltam mente aquelas misteriosas palavras de Jesus referidas por So Lucas: Quando voltar Terra, nela ainda encontrarei f?Recentemente, num programa de televiso, um jovem sacerdote florentino afirmava, numa tentativa de combater o Cardeal Biffi e abrir as portas aos maometanos: Ningum possui a verdade! E aquele sacerdote aclamado por todos. Quo necessrio que oremos, nos mortifiquemos, nos tornemos santos para que Jesus apresse o fim de tantos males!

Carta assinada

SEMPER INFIDELES

Toscana oggi 24 de junho de 2001, p. 15: O novo Bispo de Sena ilustra sua [sic] idia de Igreja.../ Buoncristiani se apresenta.

Trata-se daquele Buoncristiani que, nomeado delegado apostlico [isto , visitador] da Santa S para as Edies Paulinas e para o semanrio Famiglia Cristiana, pensamos que faria dos Paulinos, se no bons religiosos, pelo menos... bons cristos (vide S s no no, abril de 1997, p.7). Mas, ao contrrio, nas Edies Paulinas mudou algo na orquestra, mas a msica, ou melhor, a cacofonia sempre a mesma.Pois bem, Buoncristiani (como prmio por tanta habilidade?) obteve a Diocese de Sena e ilustrou sua idia de Igreja: Creio que necessrio desclericalizar [sic] a Igreja. Em minha opinio ainda h demasiado clericalismo presente. A crise das vocaes sacerdotais, por exemplo, pode depender tambm disto [certo! uma vez desclericalizada a Igreja, que necessidade haveria de vocaes sacerdotais?]. O Senhor talvez nos queira fazer entender que devemos empenhar-nos para que a Igreja seja sempre mais uma comunidade de fiis, de batizados, do povo de Deus [uma Igreja democrtica, horizontal, em suma, ao modo das seitas protestantes]. Sucede, porm, que o mesmo Senhor que, segundo Buoncristiani, hoje nos quer fazer entender que devemos desclericalizar a Igreja, democratizando-a, o mesmo Senhor que a clericalizou, quer dizer, que a fundou sobre o clero e a quis vertical e monrquica, confiando hierarquia, e no aos simples fiis, aos simples batizados, a custdia do depositum fidei e do depositum gratiae (v. Pio XII Vous nous avez), e conferindo hierarquia, com Pedro testa, o poder de governar a multido dos fiis. E esta constituio clerical da Igreja, por ser de instituio divina, no suscetvel de mudanas, razo por que a ningum, nem um Bispo, nem sequer o Papa, lcito desclericalizar a Igreja. Tampouco se pode pensar que Deus, semper idem, possa hoje ter mudado de idia.O bispo Buoncristiani, em contrapartida, ilustrando sua idia da Igreja, em oposio Sagrada Escritura, Tradio e a dois mil anos de interpretao infalvel do Magistrio, vem-nos dizer o contrrio.Se o bom cristo... perdo! se Buoncristiani j se mostra assim no comeo, pobre Diocese de Sena!.

A Conferencia Episcopal Italiana (CEI), no documento intitulado Orientaes pastorais para o primeiro decnio de 2000, escreve que Jesus anunciou que os pobres que reinaro e se distinguiro no Reino dos Cus. Gostaramos de saber onde ensinou N. S. Jesus Cristo tal coisa, dado que os pobres que Ele proclamava bem-aventurados no Evangelho e de quem o Reino dos Cus so aqueles que tm o corao desapegado dos bens terrenos, so os pobres de esprito (Mt. 5,3). Note-se: pode perfeitamente dar-se o caso de um rico pobre de esprito caso antes raro e o de um pobre rico de esprito caso freqentssimo por desejar bens terrenos, ainda que no os possua materialmente.Parecem contudo ser estes ltimos os pobres cuja causa abraou a hierarquia catlica, a reboque do marxismo. Por exemplo, o Arcebispo de Gnova, Cardeal Tettamanzi, em sua interveno sobre a globalizao, escreve: Na fachada da catedral de So Dionsio em Paris, por ocasio de uma viagem do Papa, apareceu esta pichao: um jovem trabalhador vale mais que todo o universo. E no s no tem nada que objetar a isso, seno que pretende que tal constitui o eco de quanto em sculos passados escreveu um grande e insupervel telogo, Santo Toms de Aquino, isto , que a pessoa o que de mais perfeito existe no universo. O Cardeal Tettamanzi esquece que Santo Toms no subscreveria jamais a identificao da pessoa com um jovem trabalhador. Isto o fariam Marx e Engels (e s no que respeita ao trabalhador, no necessariamente jovem), mas no o Doutor Anglico.De fato, pessoa tanto o jovem como o velho, tanto o trabalhador como o capitalista, tanto o pobre como o rico.Quem autoriza o Arcebispo de Gnova a por Santo Toms ao servio da Revoluo Social, que incita luta de classes e deseja a ditadura da classe operria?Cr ele poder apelar para uma frase enrgica da Centesimus Annus de Joo Paulo II, que convida a abandonar a mentalidade que considera os pobres como uma carga e como fastidiosos importunos, que pretendem consumir o que outros produziram. Mas ns lhe recordamos, com So Pio X (carta sobre Le Sillon), que a questo social e a cincia social no nasceram ontem, e que a Igreja tem uma doutrina social prpria que deveria guiar os catlicos em sua atividade e da que no pode separar-se a hierarquia, porque doutrina fundada em Dogma.Os pontos principais dessa doutrina, j expostos por Leo XIII em Quod Apostolici Muneris, em Rerum Novarum e em Graves De Communi, foram compendiados por So Pio X no Motu proprio de 18 de dezembro de 1908, razo por que gostaramos de saber como pode o Cardenal Tettamanzi casar a classista frase citada com os seguintes princpios:I. A sociedade humana, como Deus a estabeleceu, consta de elementos desiguais, como desiguais so os membros do corpo humano; faz-los a todos iguais impossvel e suporia a runa da mesma sociedade (Quod Apotolici Muneris).II. A igualdade dos vrios membros sociais consiste unicamente em ter todos os homens origem e semelhana em Deus Criador; foram redimidos por Cristo, devem ser julgados, premiados ou castigados por Deus, segundo a exata medida de seus mritos ou demritos. (Quod Apotolici Muneris).III. Por conseguinte, e conforme ordem estabelecida por Deus, isto , que na sociedade haja quem manda e quem obedece, proprietrios e proletrios, ricos e pobres, sbios e ignorantes, nobres e plebeus, os quais, unidos todos entre si pelos vnculos do amor, se ajudem reciprocamente a conseguir nos cus seu fim ltimo e aqui na terra seu bem-estar material e moral. (Quod Apotolici Muneris).IV. E por fim, quanto frase enrgica da Centesimus Annus: [n.19] os escritores catlicos que sustentam a causa do proletariado e dos pobres evitem usar uma linguagem que induza o povo ao dio s classes superiores da sociedade. No faleis de reivindicaes nem de justia quando se trata de mera caridade. Lembrai-vos de que Cristo veio para unir todos os homens com o vnculo mtuo de um amor que a perfeio da justia e que implica o dever de trabalhar pelo bem recproco. (Instruo da Sagrada Congregao para os Assuntos Eclesisticos Extraordinrios, 27 de janeiro de 1902).Em verdade, se certo que os ricos no devem considerar os pobres como uma carga nem como fastidiosos importunos, mas sim como irmos necessitados que preciso socorrer por amor de Deus, igualmente certo que os pobres no devem pretender nenhum direito a consumir o produzido por outros, como se se tratasse de uma relao de justia e no de mera caridade. Apoi-los nessa pretenso no pr-se do lado dos pobres, mas sim sublev-los contra o Direito divino natural e positivo.