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E-BOOK – NOVIDADES EM DIREITO CIVIL NOS ANOS DE 2014 A 2016 PROFESSOR CRISTIANO SOBRAL E-BOOK – NOVIDADES EM DIREITO CIVIL NOS ANOS DE 2014 A 2016 SIGA O PROFESSOR CRISTIANO SOBRAL NAS REDES SOCIAIS E FIQUE POR DENTRO DE TODAS AS NOVIDADES Facebook: Professor Cristiano Sobral Periscope: @profCrisSobral Instagram: @cristianosobral Site: www.professorcristianosobral.com.br Prezados leitores, Assistimos nos últimos três anos uma profunda mudança no Direito Civil e Processual Civil, o que nos obriga a sempre estar atentos e atualizados, tendo em vista à necessidade de nos adaptar rapidamente ao novo cenário que se apresenta. Realizando um breve panorama, no ano de 2014, merece destaque a modificação trazida em matéria de civil que diz respeito à instituição da guarda compartilhada, Lei n. 13.058, tornando-a regra geral. No que pertine ao ano de 2015, as mudanças foram bastante profundas, com alterações em matéria de capacidade civil, tutela e curatela, inovando com a introdução da tomada de decisão motivada,

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SIGA O PROFESSOR CRISTIANO SOBRAL NAS REDES SOCIAIS

E FIQUE POR DENTRO DE TODAS AS NOVIDADES

Facebook: Professor Cristiano Sobral Periscope: @profCrisSobral

Instagram: @cristianosobral Site: www.professorcristianosobral.com.br

Prezados leitores,

Assistimos nos últimos três anos uma profunda mudança no Direito Civil e

Processual Civil, o que nos obriga a sempre estar atentos e atualizados, tendo em vista

à necessidade de nos adaptar rapidamente ao novo cenário que se apresenta.

Realizando um breve panorama, no ano de 2014, merece destaque a

modificação trazida em matéria de civil que diz respeito à instituição da guarda

compartilhada, Lei n. 13.058, tornando-a regra geral. No que pertine ao ano de 2015, as

mudanças foram bastante profundas, com alterações em matéria de capacidade civil,

tutela e curatela, inovando com a introdução da tomada de decisão motivada,

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proporcionadas pela Lei n. 13.146 que instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência.

Além das modificações trazidas pelo Novo CPC, Lei n. 13.105.

Já o ano de 2016, em curso, é o período em que passam a vigorar tais alterações

legislativas realizadas no ano anterior e será iniciado o processo de consolidação destas

mudanças e todas as questões delas surgidas, tanto em matéria doutrinária quanto

jurisprudencial.

A partir de agora, passamos à análise das principais mudanças na esfera civil

ocorridas nos anos de 2014 a 2016.

2014

Em matéria de direito da criança e do adolescente foram editadas as seguintes

leis:

a) Lei 12.955: acrescentou o § 9º ao art. 47 do ECA, dispondo que, nos

processos de adoção, deverá ser dada prioridade de tramitação aos casos em

que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença

crônica.

b) Lei 12.962: alterou o ECA, prevê regras que tem por fim facilitar a

convivência da criança e do adolescente com seu pai ou mãe que estejam presos.

c) Lei 12.978: foi acrescido inciso ao art. 1º da Lei 8.072/90 considerando

como crime hediondo o favorecimento da prostituição ou de outra forma de

exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput,

e §§ 1º e 2º, CP).

d) Lei 13.010: altera o ECA, acrescendo os arts. 18-A, 18-B e 70-A para

estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados

sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante, também

conhecida com “Lei do Menino Bernardo” ou “Lei da Palmada”.

Considera para os fins da lei, considera-se: I - castigo físico - ação de natureza

disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o

adolescente que resulte em: a) sofrimento físico; ou b) lesão; II - tratamento

cruel ou degradante - conduta ou forma cruel de tratamento em relação à

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criança ou ao adolescente que: a) humilhe; ou b) ameace gravemente; ou c)

ridicularize. (art. 18-A, parágrafo único).

e) Lei 13.046: alterou o ECA para obrigar entidades a terem, em seus

quadros, funcionários capacitados para reconhecer e reportar maus-tratos de

crianças e adolescentes.

Sobre a questão de informações e responsabilidade civil no uso informático,

citamos a Lei 12.965 que estabeleceu princípios, garantias, direitos e deveres para o uso

da Internet no Brasil, conhecida como “Marco Civil da Internet”.

Em matéria de direitos reais, citamos a Lei 13.043, que alterou as regras da

alienação fiduciária. No que tange aos bens móveis no âmbito do mercado financeiro de

capitais, alterou o DL 911/69, dispondo que o credor pode demonstrar a mora do

devedor, que decorre do simples vencimento do prazo, notificando-o através de carta

registrada com aviso de recebimento, dispensando ser feita através do Cartório de

Títulos e Documentos, conforme nova redação do § 2º do art. 2º do DL 911/69. Assim,

fica dispensado o protesto do título. Também não será exigida que a assinatura

constante do aviso de recebimento seja a do próprio destinatário. Esta alteração

confirma entendimento do STJ sobre a matéria (vide AgRg no AREsp 419.667/MS).

Outra modificação diz respeito concessão liminar de busca e apreensão podendo

esta ocorrer no plantão judiciário: “O proprietário fiduciário ou credor poderá, desde

que comprovada a mora ou o inadimplemento, requerer contra o devedor ou terceiro a

busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida

liminarmente, podendo ser apreciada em plantão judiciário”.(art. 3º, caput, do DL

911/69).

Destacamos ainda a alteração dos arts. 4º e 5º, do DL 911/69, passando a dispor

que na hipótese de o bem alienado fiduciariamente não ser encontrado ou não se achar

na posse do devedor, fica facultado ao credor requerer, nos mesmos autos, a conversão

do pedido de busca e apreensão em ação executiva. Se o credor preferir recorrer à ação

executiva, direta ou a convertida, ou, se for o caso ao executivo fiscal, serão penhorados,

a critério do autor da ação, bens do devedor quantos bastem para assegurar a execução.

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No que concerne à alienação fiduciária regida pela lei civil, a Lei n. 13.043, alterou

o caput do art. 1.367 e incluiu o art. 1.368-B, dispondo que alienação fiduciária confere

direito real de aquisição:

Art. 1.367. A propriedade fiduciária em garantia de bens móveis ou

imóveis sujeita-se às disposições do Capítulo I do Título X do Livro III

da Parte Especial deste Código e, no que for específico, à legislação

especial pertinente, não se equiparando, para quaisquer efeitos, à

propriedade plena de que trata o art. 1.231.

Art. 1.368-B. A alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou

imóvel confere direito real de aquisição ao fiduciante, seu cessionário

ou sucessor. Parágrafo único. O credor fiduciário que se tornar

proprietário pleno do bem, por efeito de realização da garantia,

mediante consolidação da propriedade, adjudicação, dação ou outra

forma pela qual lhe tenha sido transmitida a propriedade plena, passa

a responder pelo pagamento dos tributos sobre a propriedade e a

posse, taxas, despesas condominiais e quaisquer outros encargos,

tributários ou não, incidentes sobre o bem objeto da garantia, a partir

da data em que vier a ser imitido na posse direta do bem.

Ao tratar da alienação de bens imóveis disciplinada pela Lei 9.514/97, a norma

sob comento trouxe a alteração ao § 4º do art. 26, no sentido de que o prazo para

purgação da mora é contado da última publicação do edital.

Em direito de família, a Lei 13.058/2014, alterou os arts. 1.583 a 1.585 e 1.634

do Código Civil conceituando “guarda compartilhada” e dispondo acerca de sua

aplicação, estabelecendo que essa espécie de guarda deve ser a regra geral na hipótese

de inexistência de acordo. Vejamos:

Art. 1.583. [...]

§ 2o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve

ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre

tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos.

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§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia

dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos.

[...]

§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a

supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal

supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para

solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou

subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente

afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos.

Art. 1.584. [...]

§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda

do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder

familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos

genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.

§ 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de

convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a

requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação

técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à

divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe.

§ 4o A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de

cláusula de guarda unilateral ou compartilhada poderá implicar a

redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor.

§ 5o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda

do pai ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele

compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de

preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e

afetividade.

§ 6o Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar

informações a qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob pena

de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais)

por dia pelo não atendimento da solicitação.

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Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separação de corpos, em

sede de medida cautelar de guarda ou em outra sede de fixação

liminar de guarda, a decisão sobre guarda de filhos, mesmo que

provisória, será proferida preferencialmente após a oitiva de ambas as

partes perante o juiz, salvo se a proteção aos interesses dos filhos

exigir a concessão de liminar sem a oitiva da outra parte, aplicando-se

as disposições do art. 1.584.

Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação

conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto

aos filhos: I - dirigir-lhes a criação e a educação; II - exercer a guarda

unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; III - conceder-

lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; IV - conceder-lhes ou

negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; V - conceder-lhes

ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência

permanente para outro Município; VI - nomear-lhes tutor por

testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe

sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; VII -

representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos,

nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que

forem partes, suprindo-lhes o consentimento; VIII - reclamá-los de

quem ilegalmente os detenha; IX - exigir que lhes prestem obediência,

respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.

E por fim a última alteração inc. II ao art. 968, da lei civil pela LC 147, dispondo

que a inscrição do empresário será feita mediante requerimento que contenha: “II - a

firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura

autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua

autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do § 1o do art. 4o da LC 123, de 14 de

dezembro de 2006;”.

2015

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Como dito as mudanças mais profundas se deram nesse ano. O advento do Novo

CPC foi o mais importante evento legislativo. No que concerne ao Direito Civil, além das

alterações trazidas pelo diploma processual, temos o Estatuto da Pessoa com

Deficiência, que trouxe grandes alterações na norma. Passamos a pontuar essas e as

demais novidades:

O Novo CPC, Lei n. 13.105, fez algumas alterações no diploma civil, quais sejam:

a) Deu nova redação ao art. 274, passando a dispor que: “O julgamento

contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o

julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o

devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles.”

b) Deu nova redação ao art. 2.027, passando a dispor que: “A partilha é

anulável pelos vícios e defeitos que invalidam, em geral, os negócios

jurídicos.”

c) De acordo com o seu art. 1.072, II, revogou os seguintes dispositivos do

Código Civil: art. 227, caput, 229, 230, 456, 1.482, 1.483 e 1.768 a 1.773.

Sobre o art. 456, CC, mesmo revogado, a denunciação da lide continua sendo o

meio processual cabível, admissível a qualquer das partes ser promovida, ao alienante

imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim

de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam, conforme disposição do

art. 125, inc. I do NCPC. No entanto, findou a possibilidade jurídica, para aqueles que a

admitiam, da denunciação da lide per saltum. O NCPC, em seu art. 125, § 2º, admite a

denunciação da lide sucessiva, uma única vez, provida pelo denunciado contra o seu

antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo. Não

pode o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual

direito de regresso será exercido através de uma ação autônoma.

O NCPC confirma o teor do parágrafo único do art. 456, do CC revogado, em seu

art. 128, inc. II, dispondo que: “Art. 128. Feita a denunciação pelo réu: II – se o

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denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa,

eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação

regressiva”.

Sobre a revogação dos arts. 1.482 e 1.483, não é mais possível a remição pelos

familiares do executado, que têm apenas o direito de preferência na compra do bem. A

adjudicação com direito de preferência a favor dos parentes foi mantida pelo NCPC, de

acordo com o art. 876, § 5º. No que tange à remição realizada pelo próprio executado,

esta persiste, mas apenas na esfera processual.

Com os arts. 1.768 a 1.773 do CC revogados, a matéria referente à interdição

passou a ser tratada no NCPC, nos arts. 747 a 755.

Importante em matéria de direito civil, destacamos a edição da Lei 13.112 que

alterou os itens 1o e 2o do art. 52 da Lei 6.015/73 (LRP), para permitir à mulher, em

igualdade de condições, proceder ao registro de nascimento do filho.

Outra norma que mencionamos é a Lei 13.114 dispondo sobre a obrigatoriedade

de os serviços de registros civis de pessoas naturais comunicarem à Receita Federal e à

Secretaria de Segurança Pública os óbitos registrados.

Sobre os bens de família, observe:

a) LC 150 que revogou o inc. I do art. 3º da Lei 8.009/90 que tratava da

penhorabilidade do bem de família para dívidas da empregada doméstica. A

partir de então, o bem de família não pode mais ser penhorado para

pagamento de dívidas de trabalhadores da própria residência e das

respectivas contribuições previdenciárias. Caso o devedor possua mais de um

imóvel, apenas um deles será considerado bem de família e o outro poderá

ser objeto de penhora; bem como poderão ser penhorados bens móveis do

executado, da penhora on line.

b) Lei 13.144 que alterou o inc. III do art. 3º da Lei 8.009/90, dispondo que:

“pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem,

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do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal,

observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida;”

c) Súmula 549, STJ: “É válida a penhora de bem de família pertencente a

fiador de contrato de locação.” (Súmula 549, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em

14/10/2015, DJe 19/10/2015)

Voltando às alterações do diploma civil, temos a Lei 13.146 que institui a Lei

Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência),

vejamos:

a) Revogou os incisos do art. 3º, CC, que tratava da incapacidade absoluta,

passando a sê-lo somente o menor de 16 anos para exercício dos atos da vida

civil;

b) Alterou a redação do art. 4º, CC, que trata dos relativamente incapazes,

dispondo que: “São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de

os exercer: [...] II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles

que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua

vontade. Assim, retirou a segunda parte do inc. II que mencionava “, e os que,

por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;” e revogou o inc.

III que falava dos “os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;”.

E no parágrafo único alterou o termo “índios”para “indígenas”.

Essa alteração é de extrema importância, posto que de acordo com o Estatuto

da Pessoa com Deficiência, todos dos deficientes são capazes de exercer em igualdade

de condições os atos da vida civil, sendo medida excepcional a curatela. Assim, a partir

de então, todos são considerados capazes, podendo caso queiram, recorrer ao instituto

da tomada de decisão apoiada, tema também novo, que será objeto de comento

posteriormente.

Sobre o tema, convém mencionar alguns dispositivos do Estatuto:

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Art. 1o É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com

Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a

assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos

direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência,

visando à sua inclusão social e cidadania.

Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem

impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou

sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode

obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade

de condições com as demais pessoas.

Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa,

inclusive para:

I - casar-se e constituir união estável;

II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;

III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter

acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento

familiar;

IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização

compulsória;

V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e

VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como

adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais

pessoas.

Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício

de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais

pessoas.

§ 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à

curatela, conforme a lei.

§ 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de

tomada de decisão apoiada.

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§ 3o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui

medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às

circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível.

§ 4o Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua

administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano.

Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos

direitos de natureza patrimonial e negocial.

§ 1o A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à

sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao

trabalho e ao voto.

§ 2o A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da

sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os

interesses do curatelado.

§ 3o No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear

curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de

natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado.

c) Revogou os incs. II e III, do art. 228, CC, que tratavam “daqueles que, por

enfermidade ou retardamento mental, não tiverem discernimento para a

prática dos atos da vida civil” e “dos cegos e surdos, quando a ciência do fato

que se quer provar dependa dos sentidos que lhes faltam” e incluiu § 2º,

dispondo que: “A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igualdade

de condições com as demais pessoas, sendo-lhe assegurados todos os

recursos de tecnologia assistiva.”

d) Deu nova redação ao art. 1.518, CC, com o seguinte teor: “Até a

celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização.”

Retirando a figura dos curadores, tendo em vista que de acordo com o art.

85, caput e §1º do Estatuto, a curatela só alcança os atos relacionados aos

direitos de natureza patrimonial e negocial, estando excluído o matrimônio.

e) Revogou o inc. I, do art. 1.548 que considerava nulo o casamento

constituído “pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os

atos da vida civil;”

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f) No dispositivo que trata sobre a anulabilidade do casamento, art. 1.550,

incluiu o § 2º dispondo que: “A pessoa com deficiência mental ou intelectual

em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade

diretamente ou por meio de seu responsável ou curador.”

g) Alterou a redação do inc. III do art. 1.557, CC, passando a seguinte

redação: “a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável

que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por

contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou

de sua descendência”. E revogou o seu inc. IV, que dispunha que “a

ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua

natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.”

h) Alterou o Título IV do Livro IV da Parte Especial do Código Civil, passa a

vigorar com a seguinte redação: “Da Tutela, da Curatela e da Tomada de

Decisão Apoiada”;

i) No art. 1.767, CC que trata dos sujeitos à curatela, deu nova redação aos

incs. I e III, passando à seguinte redação: “I - aqueles que, por causa

transitória ou permanente[antes fazia menção à “causa duradoura”], não

puderem exprimir sua vontade; [...]III - os ébrios habituais e os viciados em

tóxico.” Retirando a menção feita aos enfermos ou deficientes mental, que

não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil, os

deficientes mentais e os excepcionais sem completo desenvolvimento

mental.

j) Incluiu na lei civil o art. 1.775-A, que prevê que “Na nomeação de curador

para a pessoa com deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela

compartilhada a mais de uma pessoa.”

k) Alterou a redação do art. 1.777, dispondo que: “As pessoas referidas

no inciso I do art. 1.767 receberão todo o apoio necessário para ter

preservado o direito à convivência familiar e comunitária, sendo evitado o

seu recolhimento em estabelecimento que os afaste desse convívio.”

l) Revogou o art. 1.780, CC que dispunha que: “A requerimento do enfermo

ou portador de deficiência física, ou, na impossibilidade de fazê-lo, de

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qualquer das pessoas a que se refere o art. 1.768, dar-se-lhe-á curador para

cuidar de todos ou alguns de seus negócios ou bens.”

m) E finalmente incluiu no Título IV do Livro IV da Parte Especial do Código

Civil, o Capítulo III Da Tomada da Decisão Apoiada, disciplinado no art. 1.783-

A, trazendo em seu caput a definição do instituto: “A tomada de decisão

apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2

(duas) pessoas idoneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua

confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida

civil, fornecendo-lhes os elementos e informaçoes necessários para que

possa exercer sua capacidade.”

Outra lei que alterou o estatuto civil foi a 13.151 que trata das fundações

privadas. Observe:

a) Deu nova redação ao parágrafo único do art. 62, dispondo que:

“Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: I –

assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e

artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI –

defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do

desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de

tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e

divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos VIII –

promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX –

atividades religiosas; e X – (VETADO).”

b) Alterou a redação do art. 66 em seu § 1º, com o seguinte teor: “Se

funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério

Público do Distrito Federal e Territórios.”

c) Alterou a redação do inc. III do art. 67: “Para que se possa alterar o

estatuto da fundação é mister que a reforma: III - seja aprovada pelo órgão do

Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual

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ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a

requerimento do interessado. “

Destacamos ainda as seguintes normas:

• A Lei 13.176 que acrescentou inc. IX ao art. 964 do Código Civil, para

outorgar privilégio especial, sobre os produtos do abate, ao credor por animais.

• A Lei 13.178 que dispõe sobre a ratificação dos registros imobiliários

decorrentes de alienações e concessões de terras públicas situadas nas faixas de

fronteira.

• A Lei 13.185/2015 que instituiu o Programa de Combate ao Bullying e a

Lei 13.277/2016 que instituiu o dia 7 de abril como o Dia Nacional de Combate

ao Bullying e à Violência na Escola. O § 1º do art. 1º da Lei 13.185 traz a definição

de bullying:

Art. 1o Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação

Sistemática (Bullying) em todo o território nacional.

§ 1o No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação

sistemática (bullying) todo ato de violência física ou psicológica,

intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado

por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo

de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma

relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.

• A Lei 13.188 que regulamenta o direito de resposta ou retificação do

ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de

comunicação social.

Merece destaque ainda as seguintes Súmulas do STJ em matéria de direito civil:

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• CONSÓRCIO - Súmula 538: “As administradoras de consórcio têm

liberdade para estabelecer a respectiva taxa de administração, ainda que fixada

em percentual superior a dez por cento.” (Súmula 538, SEGUNDA SEÇÃO, julgado

em 10/06/2015, DJe 15/06/2015)

• PRESCRIÇÃO - Súmula 547: “Nas ações em que se pleiteia o ressarcimento

dos valores pagos a título de participação financeira do consumidor no custeio

de construção de rede elétrica, o prazo prescricional é de vinte anos na vigência

do Código Civil de 1916. Na vigência do Código Civil de 2002, o prazo é de cinco

anos se houver revisão contratual de ressarcimento e de três anos na ausência

de cláusula nesse sentido, observada a regra de transição disciplinada em seu

art. 2.028.”(Súmula 547, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/10/2015, DJe

19/10/2015)

• RESPONSABILIDADE CIVIL:

- Súmula 529: “No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento

de ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do

apontado causador do dano.” (Súmula 529, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/05/2015,

DJe 18/05/2015)

- Súmula 532: “Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem

prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e

sujeito à aplicação de multa administrativa.” (Súmula 532, CORTE ESPECIAL, julgado em

03/06/2015, DJe 08/06/2015)

- Súmula 537: “Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a

denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e

solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima,

nos limites contratados na apólice.” (Súmula 537, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em

10/06/2015, DJe 15/06/2015)

- Súmula 544: “É válida a utilização de tabela do Conselho Nacional de Seguros Privados

para estabelecer a proporcionalidade da indenização do seguro DPVAT ao grau de

invalidez também na hipótese de sinistro anterior a 16/12/2008, data da entrada em

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vigor da Medida Provisória n. 451/2008.” (Súmula 544, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em

26/08/2015, DJe 31/08/2015)

2016

O presente ano é aquele em que as legislações que tiveram maior importância

na esfera civil, quais sejam o NCPC e o Estatuto da Pessoa com Deficiência passam a

vigorar, trazendo à tona questões controvertidas e apaziguando outras. Resta a nós,

aguardar como esse novo cenário se configurará diante da doutrina e da incipiente

formação de uma jurisprudência. Neste ano, todavia, até a presente data, algumas leis

editadas se mostram muito pertinentes, das quais passamos a tratar.

Recentemente foi publicada a Lei n. 13.257, de 08 de março de 2016, que dispõe

sobre as políticas públicas para a primeira infância. Convém citar alguns de seus

dispositivos:

Art. 3° A prioridade absoluta em assegurar os direitos da criança, do

adolescente e do jovem, nos termos do art. 227 da Constituição

Federal e do art. 4o da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, implica o

dever do Estado de estabelecer políticas, planos, programas e serviços

para a primeira infância que atendam às especificidades dessa faixa

etária, visando a garantir seu desenvolvimento integral.

Art. 4° As políticas públicas voltadas ao atendimento dos direitos da

criança na primeira infância serão elaboradas e executadas de forma

a:

I - atender ao interesse superior da criança e à sua condição de sujeito

de direitos e de cidadã;

II - incluir a participação da criança na definição das ações que lhe

digam respeito, em conformidade com suas características etárias e de

desenvolvimento;

III - respeitar a individualidade e os ritmos de desenvolvimento das

crianças e valorizar a diversidade da infância brasileira, assim como as

diferenças entre as crianças em seus contextos sociais e culturais;

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IV - reduzir as desigualdades no acesso aos bens e serviços que

atendam aos direitos da criança na primeira infância, priorizando o

investimento público na promoção da justiça social, da equidade e da

inclusão sem discriminação da criança;

V - articular as dimensões ética, humanista e política da criança cidadã

com as evidências científicas e a prática profissional no atendimento

da primeira infância;

VI - adotar abordagem participativa, envolvendo a sociedade, por

meio de suas organizações representativas, os profissionais, os pais e

as crianças, no aprimoramento da qualidade das ações e na garantia

da oferta dos serviços;

VII - articular as ações setoriais com vistas ao atendimento integral e

integrado;

VIII - descentralizar as ações entre os entes da Federação;

IX - promover a formação da cultura de proteção e promoção da

criança, com apoio dos meios de comunicação social.

Parágrafo único. A participação da criança na formulação das políticas

e das ações que lhe dizem respeito tem o objetivo de promover sua

inclusão social como cidadã e dar-se-á de acordo com a especificidade

de sua idade, devendo ser realizada por profissionais qualificados em

processos de escuta adequados às diferentes formas de expressão

infantil.

Art. 5º Constituem áreas prioritárias para as políticas públicas para a

primeira infância a saúde, a alimentação e a nutrição, a educação

infantil, a convivência familiar e comunitária, a assistência social à

família da criança, a cultura, o brincar e o lazer, o espaço e o meio

ambiente, bem como a proteção contra toda forma de violência e de

pressão consumista, a prevenção de acidentes e a adoção de medidas

que evitem a exposição precoce à comunicação mercadológica.

Sobre os direitos da personalidade, houve um grande avanço na legislação no

que tange ao uso do nome social, com o Decreto 8.727, de 28 de abril que dispõe sobre

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o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis

e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e

fundacional. Destacamos alguns de seus dispositivos, veja:

Art. 1º Este Decreto dispõe sobre o uso do nome social e o

reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis ou

transexuais no âmbito da administração pública federal direta,

autárquica e fundacional.

Parágrafo único. Para os fins deste Decreto, considera-se:

I - nome social - designação pela qual a pessoa travesti ou transexual

se identifica e é socialmente reconhecida; e

II - identidade de gênero - dimensão da identidade de uma pessoa que

diz respeito à forma como se relaciona com as representações de

masculinidade e feminilidade e como isso se traduz em sua prática

social, sem guardar relação necessária com o sexo atribuído no

nascimento.

Art. 2 º Os órgãos e as entidades da administração pública federal

direta, autárquica e fundacional, em seus atos e procedimentos,

deverão adotar o nome social da pessoa travesti ou transexual, de

acordo com seu requerimento e com o disposto neste Decreto.

Parágrafo único. É vedado o uso de expressões pejorativas e

discriminatórias para referir-se a pessoas travestis ou transexuais. [...]

Art. 4 Constará nos documentos oficiais o nome social da pessoa

travesti ou transexual, se requerido expressamente pelo interessado,

acompanhado do nome civil.

Art. 5o O órgão ou a entidade da administração pública federal direta,

autárquica e fundacional poderá empregar o nome civil da pessoa

travesti ou transexual, acompanhado do nome social, apenas quando

estritamente necessário ao atendimento do interesse público e à

salvaguarda de direitos de terceiros.

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Art. 6o A pessoa travesti ou transexual poderá requerer, a qualquer

tempo, a inclusão de seu nome social em documentos oficiais e nos

registros dos sistemas de informação, de cadastros, de programas, de

serviços, de fichas, de formulários, de prontuários e congêneres dos

órgãos e das entidades da administração pública federal direta,

autárquica e fundacional.

Resta mencionar Lei 13.286, de 10 de maio que alterou a redação do art. 22 da

Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, para dispor sobre a responsabilidade de

tabeliães e registradores que passa a vigorar com a seguinte redação:

Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis

por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo,

pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que

autorizarem, assegurado o direito de regresso. Parágrafo único.

Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, contado o prazo

da data de lavratura do ato registral ou notarial.

E, finalmente, algumas Súmulas do STJ editadas recentemente sobre os

seguintes temas:

• PRESCRIÇÃO - Súmula 573: “Nas ações de indenização decorrente de

seguro DPVAT, a ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez, para

fins de contagem do prazo prescricional, depende de laudo médico, exceto nos

casos de invalidez permanente notória ou naqueles em que o conhecimento

anterior resulte comprovado na fase de instrução.” (Súmula 573, SEGUNDA

SEÇÃO, julgado em 22/06/2016, DJe 27/06/2016)

• RESPONSABILIDADE CIVIL:

- Súmula 572: O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadastro de Emitentes de

Cheques sem Fundos (CCF), não tem a responsabilidade de notificar previamente o

devedor acerca da sua inscrição no aludido cadastro, tampouco legitimidade passiva

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para as ações de reparação de danos fundadas na ausência de prévia comunicação.”

(Súmula 572, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 11/05/2016, DJe 16/05/2016)

- Súmula n. 575: "Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção

de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer

das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão

ou de perigo de dano concreto na condução do veículo." (Súmula 575, TERCEIRA SEÇÃO,

julgado em 22/06/2016, DJe 27/06/2016).

Esperamos que essa breve explanação seja útil para nortear os seus estudos.

Claro está que trata-se de uma análise bastante célere acerca dos principais temas

relacionados ao Direito Civil em relação às modificações e novidades atinentes aos anos

de 2014 a agosto de 2016. Devido a serem matérias muito recentes, convém buscar

parâmetros doutrinários e esperar a consolidação jurisprudencial para que possam

fundamentar os entendimentos.

Bons estudos!

Para o estudo completo do Direito Civil, conheça as obras do Professor Cristiano Sobral:

- Direito Civil Sistematizado

7ª. Edição

Editora JusPodium

- Código Civil Anotado

Editora JusPodium

As obras podem ser adquiridas no site da Editora:

www.editorajuspodium.com.br