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E-BOOK – NOVIDADES EM DIREITO CIVIL NOS ANOS DE 2014 A 2016 PROFESSOR CRISTIANO SOBRAL
E-BOOK – NOVIDADES EM DIREITO CIVIL NOS ANOS DE 2014 A 2016
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Prezados leitores,
Assistimos nos últimos três anos uma profunda mudança no Direito Civil e
Processual Civil, o que nos obriga a sempre estar atentos e atualizados, tendo em vista
à necessidade de nos adaptar rapidamente ao novo cenário que se apresenta.
Realizando um breve panorama, no ano de 2014, merece destaque a
modificação trazida em matéria de civil que diz respeito à instituição da guarda
compartilhada, Lei n. 13.058, tornando-a regra geral. No que pertine ao ano de 2015, as
mudanças foram bastante profundas, com alterações em matéria de capacidade civil,
tutela e curatela, inovando com a introdução da tomada de decisão motivada,
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proporcionadas pela Lei n. 13.146 que instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Além das modificações trazidas pelo Novo CPC, Lei n. 13.105.
Já o ano de 2016, em curso, é o período em que passam a vigorar tais alterações
legislativas realizadas no ano anterior e será iniciado o processo de consolidação destas
mudanças e todas as questões delas surgidas, tanto em matéria doutrinária quanto
jurisprudencial.
A partir de agora, passamos à análise das principais mudanças na esfera civil
ocorridas nos anos de 2014 a 2016.
2014
Em matéria de direito da criança e do adolescente foram editadas as seguintes
leis:
a) Lei 12.955: acrescentou o § 9º ao art. 47 do ECA, dispondo que, nos
processos de adoção, deverá ser dada prioridade de tramitação aos casos em
que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença
crônica.
b) Lei 12.962: alterou o ECA, prevê regras que tem por fim facilitar a
convivência da criança e do adolescente com seu pai ou mãe que estejam presos.
c) Lei 12.978: foi acrescido inciso ao art. 1º da Lei 8.072/90 considerando
como crime hediondo o favorecimento da prostituição ou de outra forma de
exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput,
e §§ 1º e 2º, CP).
d) Lei 13.010: altera o ECA, acrescendo os arts. 18-A, 18-B e 70-A para
estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados
sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante, também
conhecida com “Lei do Menino Bernardo” ou “Lei da Palmada”.
Considera para os fins da lei, considera-se: I - castigo físico - ação de natureza
disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o
adolescente que resulte em: a) sofrimento físico; ou b) lesão; II - tratamento
cruel ou degradante - conduta ou forma cruel de tratamento em relação à
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criança ou ao adolescente que: a) humilhe; ou b) ameace gravemente; ou c)
ridicularize. (art. 18-A, parágrafo único).
e) Lei 13.046: alterou o ECA para obrigar entidades a terem, em seus
quadros, funcionários capacitados para reconhecer e reportar maus-tratos de
crianças e adolescentes.
Sobre a questão de informações e responsabilidade civil no uso informático,
citamos a Lei 12.965 que estabeleceu princípios, garantias, direitos e deveres para o uso
da Internet no Brasil, conhecida como “Marco Civil da Internet”.
Em matéria de direitos reais, citamos a Lei 13.043, que alterou as regras da
alienação fiduciária. No que tange aos bens móveis no âmbito do mercado financeiro de
capitais, alterou o DL 911/69, dispondo que o credor pode demonstrar a mora do
devedor, que decorre do simples vencimento do prazo, notificando-o através de carta
registrada com aviso de recebimento, dispensando ser feita através do Cartório de
Títulos e Documentos, conforme nova redação do § 2º do art. 2º do DL 911/69. Assim,
fica dispensado o protesto do título. Também não será exigida que a assinatura
constante do aviso de recebimento seja a do próprio destinatário. Esta alteração
confirma entendimento do STJ sobre a matéria (vide AgRg no AREsp 419.667/MS).
Outra modificação diz respeito concessão liminar de busca e apreensão podendo
esta ocorrer no plantão judiciário: “O proprietário fiduciário ou credor poderá, desde
que comprovada a mora ou o inadimplemento, requerer contra o devedor ou terceiro a
busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida
liminarmente, podendo ser apreciada em plantão judiciário”.(art. 3º, caput, do DL
911/69).
Destacamos ainda a alteração dos arts. 4º e 5º, do DL 911/69, passando a dispor
que na hipótese de o bem alienado fiduciariamente não ser encontrado ou não se achar
na posse do devedor, fica facultado ao credor requerer, nos mesmos autos, a conversão
do pedido de busca e apreensão em ação executiva. Se o credor preferir recorrer à ação
executiva, direta ou a convertida, ou, se for o caso ao executivo fiscal, serão penhorados,
a critério do autor da ação, bens do devedor quantos bastem para assegurar a execução.
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No que concerne à alienação fiduciária regida pela lei civil, a Lei n. 13.043, alterou
o caput do art. 1.367 e incluiu o art. 1.368-B, dispondo que alienação fiduciária confere
direito real de aquisição:
Art. 1.367. A propriedade fiduciária em garantia de bens móveis ou
imóveis sujeita-se às disposições do Capítulo I do Título X do Livro III
da Parte Especial deste Código e, no que for específico, à legislação
especial pertinente, não se equiparando, para quaisquer efeitos, à
propriedade plena de que trata o art. 1.231.
Art. 1.368-B. A alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou
imóvel confere direito real de aquisição ao fiduciante, seu cessionário
ou sucessor. Parágrafo único. O credor fiduciário que se tornar
proprietário pleno do bem, por efeito de realização da garantia,
mediante consolidação da propriedade, adjudicação, dação ou outra
forma pela qual lhe tenha sido transmitida a propriedade plena, passa
a responder pelo pagamento dos tributos sobre a propriedade e a
posse, taxas, despesas condominiais e quaisquer outros encargos,
tributários ou não, incidentes sobre o bem objeto da garantia, a partir
da data em que vier a ser imitido na posse direta do bem.
Ao tratar da alienação de bens imóveis disciplinada pela Lei 9.514/97, a norma
sob comento trouxe a alteração ao § 4º do art. 26, no sentido de que o prazo para
purgação da mora é contado da última publicação do edital.
Em direito de família, a Lei 13.058/2014, alterou os arts. 1.583 a 1.585 e 1.634
do Código Civil conceituando “guarda compartilhada” e dispondo acerca de sua
aplicação, estabelecendo que essa espécie de guarda deve ser a regra geral na hipótese
de inexistência de acordo. Vejamos:
Art. 1.583. [...]
§ 2o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve
ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre
tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos.
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§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia
dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos.
[...]
§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a
supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal
supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para
solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou
subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente
afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos.
Art. 1.584. [...]
§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda
do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder
familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos
genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.
§ 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de
convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação
técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à
divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe.
§ 4o A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de
cláusula de guarda unilateral ou compartilhada poderá implicar a
redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor.
§ 5o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda
do pai ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele
compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de
preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e
afetividade.
§ 6o Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar
informações a qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob pena
de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais)
por dia pelo não atendimento da solicitação.
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Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separação de corpos, em
sede de medida cautelar de guarda ou em outra sede de fixação
liminar de guarda, a decisão sobre guarda de filhos, mesmo que
provisória, será proferida preferencialmente após a oitiva de ambas as
partes perante o juiz, salvo se a proteção aos interesses dos filhos
exigir a concessão de liminar sem a oitiva da outra parte, aplicando-se
as disposições do art. 1.584.
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação
conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto
aos filhos: I - dirigir-lhes a criação e a educação; II - exercer a guarda
unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; III - conceder-
lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; IV - conceder-lhes ou
negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; V - conceder-lhes
ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência
permanente para outro Município; VI - nomear-lhes tutor por
testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe
sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; VII -
representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos,
nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que
forem partes, suprindo-lhes o consentimento; VIII - reclamá-los de
quem ilegalmente os detenha; IX - exigir que lhes prestem obediência,
respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
E por fim a última alteração inc. II ao art. 968, da lei civil pela LC 147, dispondo
que a inscrição do empresário será feita mediante requerimento que contenha: “II - a
firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura
autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua
autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do § 1o do art. 4o da LC 123, de 14 de
dezembro de 2006;”.
2015
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Como dito as mudanças mais profundas se deram nesse ano. O advento do Novo
CPC foi o mais importante evento legislativo. No que concerne ao Direito Civil, além das
alterações trazidas pelo diploma processual, temos o Estatuto da Pessoa com
Deficiência, que trouxe grandes alterações na norma. Passamos a pontuar essas e as
demais novidades:
O Novo CPC, Lei n. 13.105, fez algumas alterações no diploma civil, quais sejam:
a) Deu nova redação ao art. 274, passando a dispor que: “O julgamento
contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o
julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o
devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles.”
b) Deu nova redação ao art. 2.027, passando a dispor que: “A partilha é
anulável pelos vícios e defeitos que invalidam, em geral, os negócios
jurídicos.”
c) De acordo com o seu art. 1.072, II, revogou os seguintes dispositivos do
Código Civil: art. 227, caput, 229, 230, 456, 1.482, 1.483 e 1.768 a 1.773.
Sobre o art. 456, CC, mesmo revogado, a denunciação da lide continua sendo o
meio processual cabível, admissível a qualquer das partes ser promovida, ao alienante
imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim
de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam, conforme disposição do
art. 125, inc. I do NCPC. No entanto, findou a possibilidade jurídica, para aqueles que a
admitiam, da denunciação da lide per saltum. O NCPC, em seu art. 125, § 2º, admite a
denunciação da lide sucessiva, uma única vez, provida pelo denunciado contra o seu
antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo. Não
pode o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual
direito de regresso será exercido através de uma ação autônoma.
O NCPC confirma o teor do parágrafo único do art. 456, do CC revogado, em seu
art. 128, inc. II, dispondo que: “Art. 128. Feita a denunciação pelo réu: II – se o
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denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa,
eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação
regressiva”.
Sobre a revogação dos arts. 1.482 e 1.483, não é mais possível a remição pelos
familiares do executado, que têm apenas o direito de preferência na compra do bem. A
adjudicação com direito de preferência a favor dos parentes foi mantida pelo NCPC, de
acordo com o art. 876, § 5º. No que tange à remição realizada pelo próprio executado,
esta persiste, mas apenas na esfera processual.
Com os arts. 1.768 a 1.773 do CC revogados, a matéria referente à interdição
passou a ser tratada no NCPC, nos arts. 747 a 755.
Importante em matéria de direito civil, destacamos a edição da Lei 13.112 que
alterou os itens 1o e 2o do art. 52 da Lei 6.015/73 (LRP), para permitir à mulher, em
igualdade de condições, proceder ao registro de nascimento do filho.
Outra norma que mencionamos é a Lei 13.114 dispondo sobre a obrigatoriedade
de os serviços de registros civis de pessoas naturais comunicarem à Receita Federal e à
Secretaria de Segurança Pública os óbitos registrados.
Sobre os bens de família, observe:
a) LC 150 que revogou o inc. I do art. 3º da Lei 8.009/90 que tratava da
penhorabilidade do bem de família para dívidas da empregada doméstica. A
partir de então, o bem de família não pode mais ser penhorado para
pagamento de dívidas de trabalhadores da própria residência e das
respectivas contribuições previdenciárias. Caso o devedor possua mais de um
imóvel, apenas um deles será considerado bem de família e o outro poderá
ser objeto de penhora; bem como poderão ser penhorados bens móveis do
executado, da penhora on line.
b) Lei 13.144 que alterou o inc. III do art. 3º da Lei 8.009/90, dispondo que:
“pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem,
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do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal,
observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida;”
c) Súmula 549, STJ: “É válida a penhora de bem de família pertencente a
fiador de contrato de locação.” (Súmula 549, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
14/10/2015, DJe 19/10/2015)
Voltando às alterações do diploma civil, temos a Lei 13.146 que institui a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência),
vejamos:
a) Revogou os incisos do art. 3º, CC, que tratava da incapacidade absoluta,
passando a sê-lo somente o menor de 16 anos para exercício dos atos da vida
civil;
b) Alterou a redação do art. 4º, CC, que trata dos relativamente incapazes,
dispondo que: “São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de
os exercer: [...] II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles
que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade. Assim, retirou a segunda parte do inc. II que mencionava “, e os que,
por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;” e revogou o inc.
III que falava dos “os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;”.
E no parágrafo único alterou o termo “índios”para “indígenas”.
Essa alteração é de extrema importância, posto que de acordo com o Estatuto
da Pessoa com Deficiência, todos dos deficientes são capazes de exercer em igualdade
de condições os atos da vida civil, sendo medida excepcional a curatela. Assim, a partir
de então, todos são considerados capazes, podendo caso queiram, recorrer ao instituto
da tomada de decisão apoiada, tema também novo, que será objeto de comento
posteriormente.
Sobre o tema, convém mencionar alguns dispositivos do Estatuto:
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Art. 1o É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a
assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos
direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência,
visando à sua inclusão social e cidadania.
Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem
impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade
de condições com as demais pessoas.
Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa,
inclusive para:
I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter
acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento
familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização
compulsória;
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como
adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais
pessoas.
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício
de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais
pessoas.
§ 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à
curatela, conforme a lei.
§ 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de
tomada de decisão apoiada.
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§ 3o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui
medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às
circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível.
§ 4o Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua
administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano.
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos
direitos de natureza patrimonial e negocial.
§ 1o A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à
sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao
trabalho e ao voto.
§ 2o A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da
sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os
interesses do curatelado.
§ 3o No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear
curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de
natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado.
c) Revogou os incs. II e III, do art. 228, CC, que tratavam “daqueles que, por
enfermidade ou retardamento mental, não tiverem discernimento para a
prática dos atos da vida civil” e “dos cegos e surdos, quando a ciência do fato
que se quer provar dependa dos sentidos que lhes faltam” e incluiu § 2º,
dispondo que: “A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igualdade
de condições com as demais pessoas, sendo-lhe assegurados todos os
recursos de tecnologia assistiva.”
d) Deu nova redação ao art. 1.518, CC, com o seguinte teor: “Até a
celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização.”
Retirando a figura dos curadores, tendo em vista que de acordo com o art.
85, caput e §1º do Estatuto, a curatela só alcança os atos relacionados aos
direitos de natureza patrimonial e negocial, estando excluído o matrimônio.
e) Revogou o inc. I, do art. 1.548 que considerava nulo o casamento
constituído “pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os
atos da vida civil;”
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f) No dispositivo que trata sobre a anulabilidade do casamento, art. 1.550,
incluiu o § 2º dispondo que: “A pessoa com deficiência mental ou intelectual
em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade
diretamente ou por meio de seu responsável ou curador.”
g) Alterou a redação do inc. III do art. 1.557, CC, passando a seguinte
redação: “a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável
que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por
contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou
de sua descendência”. E revogou o seu inc. IV, que dispunha que “a
ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua
natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.”
h) Alterou o Título IV do Livro IV da Parte Especial do Código Civil, passa a
vigorar com a seguinte redação: “Da Tutela, da Curatela e da Tomada de
Decisão Apoiada”;
i) No art. 1.767, CC que trata dos sujeitos à curatela, deu nova redação aos
incs. I e III, passando à seguinte redação: “I - aqueles que, por causa
transitória ou permanente[antes fazia menção à “causa duradoura”], não
puderem exprimir sua vontade; [...]III - os ébrios habituais e os viciados em
tóxico.” Retirando a menção feita aos enfermos ou deficientes mental, que
não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil, os
deficientes mentais e os excepcionais sem completo desenvolvimento
mental.
j) Incluiu na lei civil o art. 1.775-A, que prevê que “Na nomeação de curador
para a pessoa com deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela
compartilhada a mais de uma pessoa.”
k) Alterou a redação do art. 1.777, dispondo que: “As pessoas referidas
no inciso I do art. 1.767 receberão todo o apoio necessário para ter
preservado o direito à convivência familiar e comunitária, sendo evitado o
seu recolhimento em estabelecimento que os afaste desse convívio.”
l) Revogou o art. 1.780, CC que dispunha que: “A requerimento do enfermo
ou portador de deficiência física, ou, na impossibilidade de fazê-lo, de
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qualquer das pessoas a que se refere o art. 1.768, dar-se-lhe-á curador para
cuidar de todos ou alguns de seus negócios ou bens.”
m) E finalmente incluiu no Título IV do Livro IV da Parte Especial do Código
Civil, o Capítulo III Da Tomada da Decisão Apoiada, disciplinado no art. 1.783-
A, trazendo em seu caput a definição do instituto: “A tomada de decisão
apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2
(duas) pessoas idoneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua
confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida
civil, fornecendo-lhes os elementos e informaçoes necessários para que
possa exercer sua capacidade.”
Outra lei que alterou o estatuto civil foi a 13.151 que trata das fundações
privadas. Observe:
a) Deu nova redação ao parágrafo único do art. 62, dispondo que:
“Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: I –
assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e
artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI –
defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de
tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e
divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos VIII –
promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX –
atividades religiosas; e X – (VETADO).”
b) Alterou a redação do art. 66 em seu § 1º, com o seguinte teor: “Se
funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério
Público do Distrito Federal e Territórios.”
c) Alterou a redação do inc. III do art. 67: “Para que se possa alterar o
estatuto da fundação é mister que a reforma: III - seja aprovada pelo órgão do
Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual
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ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a
requerimento do interessado. “
Destacamos ainda as seguintes normas:
• A Lei 13.176 que acrescentou inc. IX ao art. 964 do Código Civil, para
outorgar privilégio especial, sobre os produtos do abate, ao credor por animais.
• A Lei 13.178 que dispõe sobre a ratificação dos registros imobiliários
decorrentes de alienações e concessões de terras públicas situadas nas faixas de
fronteira.
• A Lei 13.185/2015 que instituiu o Programa de Combate ao Bullying e a
Lei 13.277/2016 que instituiu o dia 7 de abril como o Dia Nacional de Combate
ao Bullying e à Violência na Escola. O § 1º do art. 1º da Lei 13.185 traz a definição
de bullying:
Art. 1o Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação
Sistemática (Bullying) em todo o território nacional.
§ 1o No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação
sistemática (bullying) todo ato de violência física ou psicológica,
intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado
por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo
de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma
relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
• A Lei 13.188 que regulamenta o direito de resposta ou retificação do
ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de
comunicação social.
Merece destaque ainda as seguintes Súmulas do STJ em matéria de direito civil:
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• CONSÓRCIO - Súmula 538: “As administradoras de consórcio têm
liberdade para estabelecer a respectiva taxa de administração, ainda que fixada
em percentual superior a dez por cento.” (Súmula 538, SEGUNDA SEÇÃO, julgado
em 10/06/2015, DJe 15/06/2015)
• PRESCRIÇÃO - Súmula 547: “Nas ações em que se pleiteia o ressarcimento
dos valores pagos a título de participação financeira do consumidor no custeio
de construção de rede elétrica, o prazo prescricional é de vinte anos na vigência
do Código Civil de 1916. Na vigência do Código Civil de 2002, o prazo é de cinco
anos se houver revisão contratual de ressarcimento e de três anos na ausência
de cláusula nesse sentido, observada a regra de transição disciplinada em seu
art. 2.028.”(Súmula 547, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/10/2015, DJe
19/10/2015)
• RESPONSABILIDADE CIVIL:
- Súmula 529: “No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento
de ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do
apontado causador do dano.” (Súmula 529, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/05/2015,
DJe 18/05/2015)
- Súmula 532: “Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem
prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e
sujeito à aplicação de multa administrativa.” (Súmula 532, CORTE ESPECIAL, julgado em
03/06/2015, DJe 08/06/2015)
- Súmula 537: “Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a
denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e
solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima,
nos limites contratados na apólice.” (Súmula 537, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
10/06/2015, DJe 15/06/2015)
- Súmula 544: “É válida a utilização de tabela do Conselho Nacional de Seguros Privados
para estabelecer a proporcionalidade da indenização do seguro DPVAT ao grau de
invalidez também na hipótese de sinistro anterior a 16/12/2008, data da entrada em
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vigor da Medida Provisória n. 451/2008.” (Súmula 544, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
26/08/2015, DJe 31/08/2015)
2016
O presente ano é aquele em que as legislações que tiveram maior importância
na esfera civil, quais sejam o NCPC e o Estatuto da Pessoa com Deficiência passam a
vigorar, trazendo à tona questões controvertidas e apaziguando outras. Resta a nós,
aguardar como esse novo cenário se configurará diante da doutrina e da incipiente
formação de uma jurisprudência. Neste ano, todavia, até a presente data, algumas leis
editadas se mostram muito pertinentes, das quais passamos a tratar.
Recentemente foi publicada a Lei n. 13.257, de 08 de março de 2016, que dispõe
sobre as políticas públicas para a primeira infância. Convém citar alguns de seus
dispositivos:
Art. 3° A prioridade absoluta em assegurar os direitos da criança, do
adolescente e do jovem, nos termos do art. 227 da Constituição
Federal e do art. 4o da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, implica o
dever do Estado de estabelecer políticas, planos, programas e serviços
para a primeira infância que atendam às especificidades dessa faixa
etária, visando a garantir seu desenvolvimento integral.
Art. 4° As políticas públicas voltadas ao atendimento dos direitos da
criança na primeira infância serão elaboradas e executadas de forma
a:
I - atender ao interesse superior da criança e à sua condição de sujeito
de direitos e de cidadã;
II - incluir a participação da criança na definição das ações que lhe
digam respeito, em conformidade com suas características etárias e de
desenvolvimento;
III - respeitar a individualidade e os ritmos de desenvolvimento das
crianças e valorizar a diversidade da infância brasileira, assim como as
diferenças entre as crianças em seus contextos sociais e culturais;
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IV - reduzir as desigualdades no acesso aos bens e serviços que
atendam aos direitos da criança na primeira infância, priorizando o
investimento público na promoção da justiça social, da equidade e da
inclusão sem discriminação da criança;
V - articular as dimensões ética, humanista e política da criança cidadã
com as evidências científicas e a prática profissional no atendimento
da primeira infância;
VI - adotar abordagem participativa, envolvendo a sociedade, por
meio de suas organizações representativas, os profissionais, os pais e
as crianças, no aprimoramento da qualidade das ações e na garantia
da oferta dos serviços;
VII - articular as ações setoriais com vistas ao atendimento integral e
integrado;
VIII - descentralizar as ações entre os entes da Federação;
IX - promover a formação da cultura de proteção e promoção da
criança, com apoio dos meios de comunicação social.
Parágrafo único. A participação da criança na formulação das políticas
e das ações que lhe dizem respeito tem o objetivo de promover sua
inclusão social como cidadã e dar-se-á de acordo com a especificidade
de sua idade, devendo ser realizada por profissionais qualificados em
processos de escuta adequados às diferentes formas de expressão
infantil.
Art. 5º Constituem áreas prioritárias para as políticas públicas para a
primeira infância a saúde, a alimentação e a nutrição, a educação
infantil, a convivência familiar e comunitária, a assistência social à
família da criança, a cultura, o brincar e o lazer, o espaço e o meio
ambiente, bem como a proteção contra toda forma de violência e de
pressão consumista, a prevenção de acidentes e a adoção de medidas
que evitem a exposição precoce à comunicação mercadológica.
Sobre os direitos da personalidade, houve um grande avanço na legislação no
que tange ao uso do nome social, com o Decreto 8.727, de 28 de abril que dispõe sobre
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o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis
e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e
fundacional. Destacamos alguns de seus dispositivos, veja:
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre o uso do nome social e o
reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis ou
transexuais no âmbito da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional.
Parágrafo único. Para os fins deste Decreto, considera-se:
I - nome social - designação pela qual a pessoa travesti ou transexual
se identifica e é socialmente reconhecida; e
II - identidade de gênero - dimensão da identidade de uma pessoa que
diz respeito à forma como se relaciona com as representações de
masculinidade e feminilidade e como isso se traduz em sua prática
social, sem guardar relação necessária com o sexo atribuído no
nascimento.
Art. 2 º Os órgãos e as entidades da administração pública federal
direta, autárquica e fundacional, em seus atos e procedimentos,
deverão adotar o nome social da pessoa travesti ou transexual, de
acordo com seu requerimento e com o disposto neste Decreto.
Parágrafo único. É vedado o uso de expressões pejorativas e
discriminatórias para referir-se a pessoas travestis ou transexuais. [...]
Art. 4 Constará nos documentos oficiais o nome social da pessoa
travesti ou transexual, se requerido expressamente pelo interessado,
acompanhado do nome civil.
Art. 5o O órgão ou a entidade da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional poderá empregar o nome civil da pessoa
travesti ou transexual, acompanhado do nome social, apenas quando
estritamente necessário ao atendimento do interesse público e à
salvaguarda de direitos de terceiros.
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Art. 6o A pessoa travesti ou transexual poderá requerer, a qualquer
tempo, a inclusão de seu nome social em documentos oficiais e nos
registros dos sistemas de informação, de cadastros, de programas, de
serviços, de fichas, de formulários, de prontuários e congêneres dos
órgãos e das entidades da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional.
Resta mencionar Lei 13.286, de 10 de maio que alterou a redação do art. 22 da
Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, para dispor sobre a responsabilidade de
tabeliães e registradores que passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis
por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo,
pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que
autorizarem, assegurado o direito de regresso. Parágrafo único.
Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, contado o prazo
da data de lavratura do ato registral ou notarial.
E, finalmente, algumas Súmulas do STJ editadas recentemente sobre os
seguintes temas:
• PRESCRIÇÃO - Súmula 573: “Nas ações de indenização decorrente de
seguro DPVAT, a ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez, para
fins de contagem do prazo prescricional, depende de laudo médico, exceto nos
casos de invalidez permanente notória ou naqueles em que o conhecimento
anterior resulte comprovado na fase de instrução.” (Súmula 573, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 22/06/2016, DJe 27/06/2016)
• RESPONSABILIDADE CIVIL:
- Súmula 572: O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadastro de Emitentes de
Cheques sem Fundos (CCF), não tem a responsabilidade de notificar previamente o
devedor acerca da sua inscrição no aludido cadastro, tampouco legitimidade passiva
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para as ações de reparação de danos fundadas na ausência de prévia comunicação.”
(Súmula 572, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 11/05/2016, DJe 16/05/2016)
- Súmula n. 575: "Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção
de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer
das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão
ou de perigo de dano concreto na condução do veículo." (Súmula 575, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 22/06/2016, DJe 27/06/2016).
Esperamos que essa breve explanação seja útil para nortear os seus estudos.
Claro está que trata-se de uma análise bastante célere acerca dos principais temas
relacionados ao Direito Civil em relação às modificações e novidades atinentes aos anos
de 2014 a agosto de 2016. Devido a serem matérias muito recentes, convém buscar
parâmetros doutrinários e esperar a consolidação jurisprudencial para que possam
fundamentar os entendimentos.
Bons estudos!
Para o estudo completo do Direito Civil, conheça as obras do Professor Cristiano Sobral:
- Direito Civil Sistematizado
7ª. Edição
Editora JusPodium
- Código Civil Anotado
Editora JusPodium
As obras podem ser adquiridas no site da Editora:
www.editorajuspodium.com.br