sig t sistema de informaÇÃo de gestÃo da fundaÇÃo …

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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO PROFISSIONAL ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI ROSE IRACEMA MARTIM G. MARTINS SIG – SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO CASA: um instrumento para tomada de decisões São Paulo, 2012

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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO

DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

MESTRADO PROFISSIONAL ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI

ROSE IRACEMA MARTIM G. MARTINS

SIG – SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO CASA:

um instrumento para tomada de decisões

São Paulo, 2012

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ROSE IRACEMA MARTIM G. MARTINS

SIG – SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO CASA:

um instrumento para tomada de decisões

Dissertação de Mestrado apresentada à banca examinadora como exigência parcial dos requisitos do curso de pós-graduação Mestrado Profissional Adolescente em Conflito com a Lei da Universidade Bandeirante de São Paulo – Uniban – para a obtenção do título de Mestre em Adolescente em Conflito, sob a orientação da Profa. Dra. Maria do Carmo Alves de Albuquerque.

São Paulo, 2012

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Martins, Rose Iracema M.G. SIG – Sistema de Informação de Gestão da Fundação CASA : um instrumento para tomada de decisões / Rose Iracema Martim G. Martins. – 2012 n. de f. 127 : 30 cm

Orientadora : Profª. Dra. Maria do Carmo Alves de Albuquerque.

Dissertação de Mestrado – Universidade Bandeirante de São Paulo, Adolescente em Conflito com a Lei, 2012

1. Política Socioeducativa. 2. Sistema de Informação. 3. Gestão de Política Pública. 4. Adolescente em conflito com a lei. 5. Fundação CASA. I. Albuquerque, Maria do Carmo Alves de. II. Universidade Bandeirante de São Paulo. Adolescente em Conflito com a Lei. III. Título.

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Banca Examinadora:

Prof. Dr.

____________________________________________________________

Instituição: _____________________________

Assinatura:____________________

Prof. Dr.

____________________________________________________________

Instituição: _____________________________

Assinatura:____________________

Prof. Dr.

____________________________________________________________

Instituição: _____________________________

Assinatura:____________________

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DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação à minha mãe que sempre

torce por mim que é grande incentivadora,

cooperadora e companheira no fluxo de minha vida.

Sempre devotada e envolvida em todos os

momentos, acompanhando-me e apoiando-me na

trajetória escolar e nas escolhas profissionais.

Ao meu querido marido que suportou calado a

ausência. Que acolheu e acalentou o meu cansaço

apoiando-me nas tomadas de decisão, sempre

disponível para ouvir e aconselhar minhas angústias

e consolar-me nas decepções.

Aos meus filhos que vibraram com a iniciativa de

assumir essa empreitada, que suportaram os

momentos de mau humor e irritação e que a cada

pedacinho e etapa concluída se entusiasmavam

junto comigo.

Aos meus companheiros de trabalho que

colaboraram dando suporte na coleta de material e

cobertura nas minhas ausências.

Aos adolescentes privados ou restritos de liberdade

que direta ou indiretamente colaboraram com esta

construção.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e a todas as energias do Universo que por conspirarem a

meu favor, me conferiram entusiasmo e o bom humor necessários para

suplantar os desafios e não desistir, chegando ao final desta Dissertação.

Meus sinceros agradecimentos a minha orientadora Prof. Dra. Maria do Carmo

Alves de Albuquerque, pelo olhar atento, seus encaminhamentos e pela

segurança que as suas sempre precisas palavras me trouxeram. Por ter me

ensinado, entre tantas coisas a organizar minhas coletas de dados, a preparar

o terreno para a escrita, a avaliar o que realmente era importante, a decidir com

sensatez. Por pacientemente ter respeitado os meus tempos que muitas vezes

atropelavam os dela. É certo que não internalizei tudo, mas guardarei sempre

na memória nossos momentos de orientação e seu exemplo, como ser

humano, mestre e pesquisadora.

Aos professores do Curso de Mestrado; aos que lá ainda estão e aos que hoje

se encontram em outras Academias por terem, com suas aulas, aguçado ainda

mais a minha curiosidade científica, pelas provocações, inspirações e

ensinamento, proporcionados no decorrer desta trajetória.

Um agradecimento especial ao Prof. Ms. Claudio Hortêncio Costa que com sua

postura incentivadora, animou-me a continuar produzindo. A crença na nossa

capacidade, o olhar realista e seu otimismo acrescentaram gás novo à minha

trajetória acadêmica.

Ao professor Prof. Ms. Flávio Américo Frasseto, que no início de minha

trajetória como profissional do Sistema Socioeducativo, com a sua atenção, em

uma discussão de caso no DEIJ sobre a situação de um adolescente que eu

atendia, me fez acreditar que havia sim direitos para o adolescente em conflito

com a Lei. Com grata surpresa voltei a me defrontar com sua sabedoria e o tive

como Mestre. Estou grata mais uma vez.

À Presidente da Fundação CASA/SP, Dra. Berenice Maria Gianella, que pelo

enfrentamento das dificuldades encontradas no início em sua gestão e pela

determinada vontade de transformar o atendimento socioeducativo na

FEBEM/SP, criou ambiente propício para o desenvolvimento deste projeto e

que me abriu as portas para que pudesse desenvolver minha pesquisa dentro

da Instituição.

Page 7: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

À Senhora Maria Eli Colloca Bruno, Diretora Técnica da Fundação CASA que

abriu as portas para que eu pudesse desenvolver meu trabalho e construir o

SIG. Com sua presença sempre atenta avaliava a funcionalidade das

ferramentas modeladas e dava o aval final para que continuássemos com as

construções.

À Senhora Penha Lúcia Valério Ramos, Assistente de Direção da Diretoria

Técnica da Fundação CASA, mentora deste SIG, que me levou para dar os

primeiros passos pelo universo da informação. E, mais do que isso me

contaminou com seu entusiasmo pela organização dos dados, pela produção

de informação, pela construção de um Sistema de Informação e pelas

diferentes possibilidades que ele coloca, para produzir conhecimento e apoiar a

tomada de decisão de qualquer gestor, não só o do sistema socioeducativo.

Aos entrevistados que contribuíram com suas memórias para o enriquecimento

do trabalho e colaboraram no desenvolvimento do projeto.

A Tereza Hatsue Shimomoto e Carmem Lucia de Castro ambas funcionárias da

Fundação CASA que me oportunizaram o acesso aos documentos necessários

para o desenvolvimento da pesquisa.

Ao Róbson Marques Granato e ao Ítalo Renan Martins, Assistentes de Direção

do Desenvolvimento da Tecnologia da Informação, da Diretoria Técnica,

colaboradores frequentes no desenvolvimento das ferramentas do SIG. Sem

eles a construção do Sistema não teria se efetivado.

Ao Sr. José Carlos Pereira da Silva Diretor da DTI que sempre me socorreu

quando necessitada de esclarecimentos sobre as ferramentas da Informação.

A Fabiana Ferreira que incentivou meu ingresso e ao Sr. Décio Perroni Ribeiro

Filho que fez importante interlocução para minha permanência no Mestrado.

Ao Senhor Antonio Carlos Ferreira, o “Toninho”, conhecido de todos na

Fundação CASA. Sempre atento e pronto para as necessidades de cada um,

desde a década de 90 colabora, dentro das suas possibilidades, com a

construção de ferramentas que facilitem o nosso trabalho e que nesta

dissertação contemplou-nos com o conhecimento sobre estas construções.

Ao Mauro Rubens da DTI, que discretamente sempre está a postos para ajudar

nos reparos e suporte às ferramentas de informática utilizadas nas rotinas de

trabalho.

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A Adriana de Souza Valério, Amélia Sales Rodrigues, Fábio Augusto Saraiva

de Assis, Maísa Cavalcante da Costa Santos, Rosimeire Muniz de Almeida,

Sandra Luzia Pinto Craveiro e Wladimir Marcelo Garcia da Silva parceiros e

parceiras que generosamente me permitiram compartilhar suas histórias de

alimentação e consolidação de dados da era FEBEM/SP.

Ao Valtemário de Oliveira Passos que me auxiliou na transcrição das

entrevistas e da vídeo conferência, utilizadas como leitura e suporte para o

trabalho. Aos mais novos agregados ao NUPRIE, Andréia, Bianca e Rogério

que nem bem chegaram e já me auxiliaram, com olhar menos contaminado, na

última revisão de meu trabalho.

Queridos amigos do NUPRIE, que bom poder ter vocês ao meu lado, obrigada

pela colaboração, pelo desdobramento, pelo empenho em fazer fluir o trabalho

nas minhas ausências. Sem o apoio de vocês muito deste trabalho não teria

sido possível.

A todos da minha família que compreenderam os motivos que me levaram por

estes últimos dois anos a não visitá-los nem participar dos congraçamentos

familiares como gostaria. Aguardem-me “estou voltando”.

À minha mãe Edith, pela parceria, pela pessoa em que me formei e pelo amor.

Ao meu marido Francisco, por todos os motivos que nos unem e que fazem de

nós uma família. Agora podemos voltar a sair nos finais de semana!

Ao Bruno e à Bárbara meus filhos amados que tiveram que dividir o

computador comigo, muito mais para mim do que para eles, que não me

tiveram tão presente nas suas rotinas e necessidades, mas que

compreenderam e apoiaram minha decisão.

E por fim a todos que contribuíram e tornaram possível a realização desta

empreitada. A todos e todas, minha imensa gratidão.

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1

Resumo Martins, Rose Iracema Martim G. SIG – SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO CASA: um instrumento para tomada de decisões. 2011. Dissertação. Mestrado Profissional Adolescente em Conflito com a Lei. Universidade Bandeirantes. UNIBAN Brasil, São Paulo – SP, 2011. Resumo. Essa dissertação analisa o processo de construção do SIG – Sistema de Informação de Gestão da Fundação CASA, em vista dos desafios colocados pelo ECA e SINASE. A partir de pesquisa bibliográfica e documental e de entrevista em profundidade com servidores que integraram este processo desde os anos 1990, ela revisita marcos importantes, da trajetória do Sistema Socioeducativo, no Brasil com ênfase maior no Estado de São Paulo, na FEBEM/SP e na Fundação CASA, instituições executoras das medidas socioeducativas no Estado. Resgata a trajetória histórica da informação nas duas Instituições a partir de documentos existentes e recuperados, revelando como eram coletados os dados de cadastro que formavam os bancos de dados e, por conseguinte permitiam a produção de Informação nos mesmos períodos. Analisa o Sistema de Informação atual da Fundação CASA e narra como ele foi construído. Elenca então algumas propostas para a implantação de um Sistema de Informação de Gestão – SIG ampliado e com acesso aos funcionários e instâncias que necessitarem. Que ele se constitua em um Sistema que alinhe e unifique a aplicação das Diretrizes da Fundação CASA/SP e, pela necessidade de alcance, esteja centrado no nível máximo de decisão e não mais em apenas parte da instituição. Por fim abre discussão para a importância da existência de um Sistema de Informação de Gestão capaz de aperfeiçoar a política de atendimento ao adolescente em conflito com a lei, não exclusivamente na citada instituição, mas que possa ser ampliado e articulado no nível nacional. Destaca a importância do investimento na construção de uma Política de Informação como proposta para servir ao Sistema Socioeducativo do Estado de São Paulo e do Brasil. Política que permita transformar o discurso em ação efetiva e que a ação se decomponha em conhecimento. Esta Política de Informação deverá gerar transparência, orientar ações, estratégias e prioridades. Palavras Chave: Política Socioeducativa, Sistema de Informação, Gestão de Política Pública, SINASE, Adolescente em conflito com a lei, FEBEM/SP, Fundação CASA.

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2

Abstract Martins, Rose Iracema Martim G. SIG – SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO CASA: um instrumento para tomada de decisões. 2011. Dissertação. Mestrado Profissional Adolescente em Conflito com a Lei. Universidade Bandeirantes. UNIBAN Brasil, São Paulo – SP, 2011. This thesis analyzes the process of building SIG – SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO CASA, given the challenges posed by the ECA and SINASE. From bibliographical and documentary research and in-depth interview with servers that have integrated this process since the 1990s, it revisits milestones, the trajectory of Socio System in Brazil with emphasis in the State of São Paulo, in FEBEM / SP and the Fundação Casa, executing agencies of the State educational measures. It traces the historical trajectory of the information in two institutions from existing documents and recovered, revealing how the data were collected from records that formed the databases and therefore allow the production of information for the same periods. Analyzes the current System Information Foundation House (Fundação CASA) and tells how it was built. Then lists some proposals for the implementation of a Management Information System - SIG and expanded access to officials and agencies that need. That it provides a system that aligns and unifies the implementation of the Guidelines Fundação Casa/ SP, and the need to reach, is centered on the highest level of decision and no longer just part of the institution. Finally open discussion for the importance of a Management Information System capable of improving care policy to adolescents in conflict with the law, not only in this institution, but can be expanded and articulated at the national level. Stresses the importance of investment in building an Information Policy as proposed to serve the Socio-Educational System of the State of São Paulo and Brazil. Policy that allows transforming the speech into effective action and that the action decomposes into knowledge. This policy should generate information transparency, guide actions, strategies and priorities.

Keywords – Socio-educational Policy, System of Information, Management of Public Policy, SINASE, Adolescents in Conflict with the Law, FEBEM/SP, Fundação Casa.

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SUMÁRIO

P página

Resumo 1

Abstract 2

Sumário 3

Lista de Siglas 4

Lista de Quadros 7

Lista de Tabelas 8

Lista de Gráficos 9

Lista de Figuras 10

Apresentação 11

Introdução 13

Capítulo I O Sistema Socioeducativo no Brasil e no Estado de São Paulo 24

1. Primeiros tempos

2. A FEBEM/SP até 1990

3. Novos paradigmas de política pública para o adolescente em conflito com a lei

4. A FEBEM/SP após o ECA

5. A Fundação CASA

Capítulo II Sistema de Informação de Gestão 45

1. Nomenclatura usada nos Sistemas e na Tecnologia da Informação

Capítulo III A informação no sistema socioeducativo de São Paulo 55

1. Antecedentes

2. A FEBEM/SP e seu Sistema de Informação

Capítulo IV O SIG - Sistemas de Informação de Gestão da Fundação CASA 71

1. Os marcos de construção e desenvolvimento do SIG

2. Os Núcleos de ancoragem das ferramentas

Capítulo V Aprendizados e desafios 110

Bibliografia 122

Anexos

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4

LISTA DE SIGLAS

APM Abrigo Provisório para Menores

BDL Boletim Diário de Lotação

CAD Comissão de Avaliação Disciplinar

CAI Centro de Atendimento Inicial

CASA Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente

CDC Convenção das Nações Unidas sobre Direitos da Criança e do

Adolescente

CEInfo Coordenação de Epidemiologia e Informação

CESE Coordenadoria dos Estabelecimentos Sociais do Estado

CG Corregedoria Geral

CID Classificação Internacional de Doenças

CNS Conselho Nacional de Saúde

CONANDA Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

CPF Cadastro de Pessoas Físicas

CRI Cadastro de Crianças Infratoras - Bando de Dados

CTMI Coordenadoria Técnica da Medida de Internação

CTPS Carteira de Trabalho e Previdência Social

DCA Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente

DEIC (1974) - Departamento Estadual de Investigações Criminais

DEIC (2012) - Departamento de Investigações sobre Crime

Organizado

DEIJ Departamento de Execução da Infância e Juventude

DO/SP Diário Oficial do Estado de São Paulo

DRH Divisão de Recursos Humanos

DRM Divisão Regional Metropolitana

DT Diretoria Técnica

DTI Divisão de Tecnologia da Informação

DTIL Divisão Técnica do Interior e Litoral

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

ETJ Equipe Técnica do Judiciário

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5

FAQ Frequently Asked Questions

FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FEBEM/SP Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor do Estado de São

Paulo

FUNABEM Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ID Identificação

IMESC Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo

IML Instituto Médico Legal

I Modelo Instituto Modelo

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

JPM Juízo Para Menores

LA Liberdade Assistida

NAC Núcleo de Atividades Complementares

NASCA Núcleo de Atendimento à Saúde da Criança e do Adolescente

NIDA Núcleo de Identificação e Documentação do Adolescente

NRSA Não Retorno de Saída Autorizada

NUDTI Núcleo de Desenvolvimento da Tecnologia da Informação

NUMOVA Núcleo de Movimentação de Adolescente

NUPRIE Núcleo de Produção de Informações Estratégicas

OMS Organização Mundial de Saúde

ONG Organização Não Governamental

ONU Organização das Nações Unidas

PIA Plano Individual de Atendimento

PNDH Programa Nacional de Direitos Humanos

PPA Plano Plurianual

PPP Plano Político Pedagógico

PRO-AIM Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade

PRODESP Companhia de Processamento de Dados do Estado de São

Paulo

PRÓ-MENOR Fundação Paulista de Promoção Social do Menor

PSC Prestação de Serviço à Comunidade

PT Prontuário

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RG Registro Geral

RI Regimento Interno

RIG Relatório de Informações Gerais

RPM Recolhimento Provisório de Menores

SAM Serviço de Assistência ao Menor

SDH Secretaria de Direitos Humanos

SEADE Sistema Estadual de Análise de Dados

SEADS Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social

SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos

SGD Sistema de Garantia de Direitos

SI Sistema de Informação

SIG Sistema de Informação de Gestão

SIMOVA Sistema de Movimentação de Vagas

SINASE Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo

SNA Saída Não Autorizada

SIPIA Sistema de Informação para Infância e Adolescência

SUPEDAG Superintendência Pedagógica

SUPSAUDE Superintendência de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TE Título de Eleitor

TI Tecnologia da Informação

UAI Unidade de Atendimento Inicial

UAP Unidade de Atendimento Provisório

UI Unidade de Internação

UIP Unidade de Atendimento Provisório

UNIBAN Universidade Bandeirante

UT Unidade de Triagem

UNIEMP Instituto Universidade Empresa

VEIJ Vara da Infância e Juventude

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Profissionais Entrevistados 21

Quadro 2 – Roteiro para entrevista semi estruturada 21

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8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Boletim Estatístico 43

Tabela 2 – Adolescentes por ato Infracional sem grave ameaça ou

violência à pessoa na Internação 44

Tabela 3 – Programa de Atendimento aos Adolescentes Privados de

Liberdade 62

Tabela 4 - Total de adolescentes 2006/2011 68

Tabela 5 - Dados estatísticos sobre saúde 2005 75

Tabela 6 – Causa da Morte 79

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Adolescentes por cor de pele – 2006 67

Gráfico 2 – Morte Violenta 79

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Tela Inicial UAP 65

Figura 2 – Tela de cadastro UAP 66

Figura 3 – Tela Inicial SIMOVA

86

Figura 4 – Tela Inicial NIDA 89

Figura 5 – Coletor digital 89

Figura 6 – Coletor de Sinais 90

Figura 7 – Pesquisa e Identifica Adolescente

90

Figura 8 – Tela inicial Portal Fundação CASA 92

Figura 9 – Módulo Adolescente 95

Figura 10 – Abertura CAD 106

Figura 11 – Abertura para agendamento 107

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11

APRESENTAÇÃO

A trajetória do Sistema Socioeducativo no Brasil é tema sobre o qual muito já

se discorreu com ênfase nos desmandos, nas violações de direitos humanos,

no caos a que chegaram muitas vezes instituições como as FEBEMs,

especialmente a FEBEM/SP e também sobre a necessidade de investimento

em Políticas Públicas para esse setor. Este debate apresenta como ator

principal o adolescente em conflito com a lei e pretende discutir elementos que

possibilitem melhores resultados no atendimento socioeducativo.

Essa dissertação abordará este tema. Agregará, porém alguns subsídios já

conhecidos, mas pouco discutidos nessa esfera. Iremos analisar as

ferramentas da tecnologia da informação, a construção de sistemas de

informação, a produção de informação e a construção do conhecimento que

devem ser facilitadores para o atendimento socioeducativo. Nossa perspectiva

é que um “Sistema de Informação de Gestão” possa organizar a desordem,

reduzindo graves problemas e propiciando a efetivação de um Sistema

Socioeducativo coerente com as novas diretrizes de direitos do adolescente

vigentes no Brasil, especialmente o Estatuto da Criança e do Adolescente –

ECA1 e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE2.

O interesse sobre esse assunto surgiu durante os quatro anos em que

desenvolvi atividades nas funções de Analista Técnica/Psicóloga. Como

Encarregada Técnica nos Programas de Internação e Semiliberdade, tive como

atribuição fazer a gestão das equipes técnicas que faziam o atendimento dos

adolescentes e produzia, ordenava e encaminhava toda a documentação legal

dos mesmos. Fui também Diretora de Unidade de Internação. Na atuação

direta com o adolescente experimentei as dificuldades causadas pela falta de

equipamentos e ferramentas de informática que nos faziam à época construir

1 O Estatuto da Criança e do Adolescente é a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dá

consequência ao artigo 227 da Constituição de 1988 e dispõe sobre a proteção integral da criança e do adolescente no Brasil. Crianças são aquelas com até 12 anos incompletos e adolescentes aqueles compreendidos na faixa etária de 12 a 18 incompletos podendo os maiores de 18 e até 21 incompletos, na excepcionalidade, serem também submetidos a aplicação da mesma Lei (Brasil, 1990). 2 O SINASE, proposto em 2006 pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do

Adolescente – CONANDA orienta e normatiza o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. Já após a conclusão desta dissertação o SINASE foi finalmente aprovado pelo Senado Federal como Lei nº 12594 em 18 de janeiro de 2012.

Page 20: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

12

instrumentais de coleta e pequenos bancos de dados particulares para melhor

encaminhar nossos trabalhos.

Em março de 2006 fui transferida para a Diretoria Técnica da Fundação, lotada

na Supervisão de Saúde. Nesse setor, diferente de tudo que havia feito até

então, ampliei o pouco que sabia da informática e dei meus primeiros passos

no universo da informação. Venho desde então participando da construção de

um sistema voltado a articular a informação relativa à Fundação com o objetivo

de subsidiar a sua gestão. Este “Sistema de Informação de Gestão” – SIG vem

sendo consolidado desde 2007 pelo Núcleo de Produção de Informações

Estratégicas – NUPRIE do qual sou integrante.

Antes de iniciarmos propriamente a discussão da temática proposta

retomaremos marcos da história, já como uma forma de resgate da informação

e chegaremos aos dias de hoje apresentando nesta trajetória as dificuldades

encontradas, os avanços obtidos e os desafios para que o tema discutido se

estabeleça.

Page 21: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

13

INTRODUÇÃO

Uma das discussões que povoam nossos jornais e os debates nossos de cada

dia versa sobre o aumento da população de adolescentes dentro das

instituições executoras das Medidas Socioeducativas. Esse aumento vem

provocando questionamentos que caminham por várias vertentes: o maior

tempo de permanência do adolescente durante o período de Internação

Provisória muitas vezes ultrapassando os 45 dias previstos no ECA. Outra

vertente discute o maior rigor na aplicação das Medidas Socioeducativas pelos

Juízes. Frasseto (2008: 24) em artigo que discute a aplicação e tempo de

permanência na Medida de Internação assevera que “atos infracionais de

naturezas substancialmente diversas (inclusive em relevância e gravidade)

praticados em circunstâncias distintas por jovens com perfis absolutamente

diferenciados acabam recebendo, na sentença que opte pela internação,

soluções idênticas”.

Outra questão relevante que está constantemente nos debates é o tempo em

que o jovem permanece Internado e mais uma vez Frasseto (2008: 23) afirma

“Um dos pontos do Estatuto mais vulneráveis à discricionariedade, vale dizer,

diante do qual o jovem detém menos instrumentos de controle, é a

determinação temporal da duração da medida privativa de liberdade”.

Prosseguindo na linha dos debates, outro problema na elevação da população

de adolescentes é a apreensão indiscriminada de adolescentes pelas

autoridades policiais e em consonância a determinação da Internação para

adolescentes que poderiam estar cumprindo medidas menos severas.

Parafraseando Frasseto (2008: 24) o Juiz ao aplicar a mesma medida para

infrações e perfis diferenciados é injusto e viola o direito do adolescente de

receber medida equitativa ao ato praticado.

Por último vamos falar daquela que também suscita discussão, o crescente

envolvimento de adolescentes com o crime organizado.

A crescente presença de adolescentes em atos criminosos vem atemorizando

cada vez mais o dia a dia das pessoas nas grandes cidades e, como vem

Page 22: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

14

sendo noticiado na mídia televisiva, até mesmo nos pequenos centros. Esta

questão desafia ainda mais as reflexões sobre como enfrentar essa realidade.

A associação do adolescente com a criminalidade adulta faz dele às vezes

objeto e em outras, sujeito da violência, desde situações menos ofensivas até

os casos que envolvem ”grave ameaça e violência à pessoa3” como roubos,

sequestros e assassinatos. Essa violência tem se tornado frequente e provoca

amiúde o chamamento da sociedade civil e Estado para colóquios que

conjeturam sobre intervenções que contenham esse crescimento. A relação

entre o adolescente, o mundo do crime e a violência vem, por outro lado,

provocando debates sobre a forma mais adequada e eficaz de tratar o

adolescente de forma a reinseri-lo no meio de onde foi apartado de maneira

mais saudável.

Após 20 anos de ditadura militar e como parte da construção da democracia, a

Constituição de 1988 possibilitou ao Brasil, vivenciar a edificação de diversas

políticas públicas com vistas à garantia dos direitos ali consolidados.

No mesmo trilho e a partir da aprovação do ECA em 1990, novas políticas

públicas foram pensadas procurando superar as antigas formas de tratar a

criança e o adolescente, buscando afirmá-los como sujeitos de direitos e

pessoas em processo de desenvolvimento, garantir a efetivação de seus

direitos, a sua educação e, no caso da prática de atos infracionais, a sua

ressocialização.

A construção dessas novas políticas públicas, focadas na garantia de direitos,

vem desde então exigindo a reformulação de antigos conceitos, modelos de

atenção, instrumentos, bem como a definição de metas e resultados a atingir.

Contudo esse investimento ainda não se revestiu de importância suficiente

para diminuir o volume de adolescentes dentro de instituições que executam os

programas socioeducativos e para abolir definitivamente os maus tratos.

Portanto somos levados a pensar que ainda existam atores dentro do Sistema

3 Esta expressão define segundo o ECA Art.122 uma das condição para que o adolescente

seja submetido a medidas socioeducativas com privação de liberdade. (Anexo 1 – Artigos do ECA)

Page 23: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

15

de Garantia de Direitos – SGD4 que, apesar dos avanços encontram

dificuldade para entender, adaptar-se e atender as normatizações do ECA.

A característica desse momento crucial da consolidação e modernização do

Estado brasileiro de direitos e de suas políticas públicas é assinalada pela

exigência fundante de eficácia e eficiência. Estes conceitos serão debatidos

mais adequadamente no decorrer do trabalho, mas destacamos que, para a

garantia de eficácia e como consequência a efetividade, no sentido de alcance

dos objetivos e metas definidos por uma dada política, os Sistemas de

Informação se tornam absolutamente necessários e indispensáveis.

Nesse contexto é que se destaca o papel da informação, como elemento

essencial para que se possa garantir a eficiência das políticas e avaliar o

alcance dos objetivos a que ela se propõe.

A Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente –

Fundação CASA/SP5 é a instituição executora do Sistema Socioeducativo no

Estado de São Paulo e atende hoje em todos os seus Centros de Atendimento

Inicial, Internação Provisória, Semiliberdade, Internação Sanção e Internação

uma população que já ultrapassou a casa dos 8.000 adolescentes/dia

(CASA/NUPRIE, 2011). Para assegurar a essa população o que lhe é garantido

no ECA e SINASE, é necessário que as ações desenvolvidas garantam seus

direitos humanos e estejam de acordo com as peculiaridades da fase de

desenvolvimento físico e emocional em que se encontram (Ver Anexo 2 –

Mapa Estratégico da Fundação CASA).

Conforme o Levantamento Nacional – Atendimento Socioeducativo ao

Adolescente em Conflito com Lei promovido pela Secretaria de Direitos

Humanos (BRASIL/SDH, 2011: 9), em novembro de 2010 havia 17.703

4 O Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente decorre do ECA e foi

definido pela Resolução 113 do Conselho Nacional de Direitos da Criança e Adolescente (Conanda) como a articulação e integração das instâncias públicas governamentais e da sociedade civil, na aplicação de instrumentos normativos e no funcionamento dos mecanismos de promoção, defesa e controle para a efetivação dos direitos da criança e do adolescente, nos níveis Federal, Estadual, Distrital e Municipal. Informação disponível em http://www.direitoshumanos.gov.br/spdca/sgd. 5 A Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação CASA),

instituição vinculada à Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania, tem a missão primordial de aplicar medidas socioeducativas de acordo com as diretrizes e normas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e no Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). Informação disponível em <http://www.fundacaocasa.sp.gov.br/index.php/a-fundacao>.

Page 24: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

16

adolescentes cumprindo medidas com restrição e privação de liberdade, sendo

12.041 em internação; 3.934 em internação provisória e 1.728 em medida de

semiliberdade. São Paulo no mesmo período tinha 7.425 adolescentes nas

mesmas condições (42% do total), sendo o Estado detentor da maior

população com restrição e privação de liberdade no Sistema Socioeducativo do

país.

Assim sendo, para avaliar se o adolescente em restrição ou privação de

liberdade realmente é atendido dentro do esperado, urge a necessidade de

revisitar e aperfeiçoar o Sistema de Informação de Gestão – SIG existente hoje

na Fundação CASA, as ferramentas que o compõem e os bancos de dados

produzidos por elas (CASA/NUPRIE, 2011). Além de rever as ferramentas já

desenhadas e em funcionamento é necessário avaliar quais outras ferramentas

podem ser agregadas a esse Sistema para que produza informação organizada

e fidedigna e com fácil acesso para que todos aqueles que se utilizam dela

possam fazer a análise do atendimento prestado aos adolescentes.

O Sistema deverá abrigar em seu bojo as diversas ferramentas, interligadas em

rede intranet6 de forma dinâmica. Deverá permitir o arquivamento e o

cruzamento dos dados de toda a produção de serviços da Fundação CASA,

propiciando ao gestor buscar nele recursos para fazer a gestão do atendimento

socioeducativo no Estado, com a qualidade necessária.

O Sistema de Informação de Gestão deverá permitir a construção de relatórios

informativos que possibilitem ao gestor otimizar a política de atendimento ao

adolescente em conflito com a lei, contribuindo para o monitoramento das

condições em que o atendimento socioeducativo está se desenvolvendo e

avaliar se os Modelos de Atenção praticados estão sendo aplicados dentro dos

parâmetros definidos pela lei e de acordo com as Diretrizes emanadas pela

Fundação.

6 Uma intranet é uma rede de computadores que assenta sobre a suíte de protocolos da

internet. Consequentemente, todos os conceitos da última aplicam-se também numa intranet como, por exemplo, o paradigma de cliente-servidor. Resumidamente, o conceito de intranet pode ser interpretado como "uma versão privada da Internet", ou uma mini-Internet confinada a uma organização. (O termo foi utilizado pela primeira vez a 19 de Abril de 1995, num artigo da autoria técnica de Stephen Lawton, na Digital News & Reviews). Disponível em: http://www.oficinadanet.com.br/area/40/intranet e http://pt.wikipedia.org, acessados em maio de 2011.

Page 25: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

17

Este estudo pretende despertar a atenção para a necessidade e importância de

desenvolver e ter ancorado no Sistema Socioeducativo um Sistema de

Informação de Gestão eficiente e eficaz, que possa gerar conhecimento e

recursos para os gestores, para que programem e implantem políticas que

possam aprimorar e dar qualidade ao atendimento do adolescente em conflito

com a lei no Estado de São Paulo. O Sistema deverá permitir que o gestor,

com base nas Diretrizes norteadoras do atendimento definidas pelo ECA e

normatizadas pelo SINASE, analise o montante de dados produzidos,

avaliando se a oferta de serviços aos adolescentes nos Centros de

Atendimento atende às suas necessidades como sujeitos em desenvolvimento

e oportuniza desvendar e desenvolver suas competências e habilidades.

Como assevera Oliveira (1985: 41) “os melhores sistemas de informação são,

em princípio, uma vantagem competitiva porque, em um sentido mais amplo,

permitem decisões mais eficazes”. Pensamento que comungamos e que é

premissa da proposta de construção do Sistema que ora se fala.

No entanto, quando se lida com um volume grande de informações, como no

caso da Fundação CASA em São Paulo, a complexidade das operações

necessárias para armazená-las, mantê-las e tratá-las reforça e dá consciência

para a necessidade da construção de um Sistema.

Os dados coletados, quando não tratados, não geram informação e não

produzem conhecimento. Prestam-se apenas para subsidiar a curiosidade

pública acerca do volume de adolescentes envolvidos em atos infracionais e a

gravidade dos atos cometidos. Quando os dados prestam-se apenas para

rechear noticiários podem servir a propósitos contrários aos desejados quando

se pretende atender os direitos dos adolescentes.

Informação nem sempre significa conhecimento, mas é indispensável a ele. É o

que aponta Deborah Pimenta Ferreira (1999: 3), em sua tese sobre o Sistema

de Informações da FEBEM/SP, quando destaca que “a informação, além do

seu papel na organização da instituição, tem um importante papel no aumento

de seu capital intelectual, gerando mais conhecimento” e que “o grande desafio

e desejo de toda Organização era transformar os dados em informações, e

estas em conhecimento.”

Page 26: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

18

É indispensável que as estruturas criadas se vinculem e unifiquem na forma de

um sistema. Nesse sentido Rodrigues afirma que:

(…) para produzir informações estratégicas é preciso ter acesso a dados primários e secundários provenientes das fontes de dados. Os dados são agrupados e organizados conforme um modelo de relacionamento baseado em eventos ao longo do tempo. Os eventos são os momentos de execução da política dos quais obtemos uma informação relevante para acompanhamento. Com essa informação é possível realizar previsões e comparações no e entre territórios a partir de análises e simulações (RODRIGUES, 2009: 287).

No caso da política de socioeducação, adquirir conhecimento acerca do

atendimento prestado ao adolescente em conflito com a lei, que está sob a

responsabilidade do Estado, é estratégia primordial.

Para tanto a existência de um sistema de informação é indispensável para a

avaliação do atendimento prestado, para o acompanhamento da trajetória

institucional dos adolescentes, dos serviços oferecidos e intervenções

aplicadas, objetivando reverter sua trajetória infracional, proporcionar o resgate

de vínculos e o convívio em sociedade e, em decorrência, a redução das

probabilidades da reincidência em atos infracionais.

Entende-se que um Sistema de Informação de Gestão bem construído e

alimentado deve gerar informações estratégicas necessárias para que as

políticas de atendimento socioeducativo alcancem um planejamento eficaz e

eficiente na sua operacionalização.

No entanto o sistema tem que estar alimentado com os dados necessários para

tanto. Um dos grandes nós da ferramenta atual, está centrado no descuido na

hora da alimentação do sistema.

Para aperfeiçoar a ferramenta e reduzir as inconsistências, são indispensáveis

a capacitação continuada dos servidores que as manuseiam e a criação de

estruturas que se vinculem e unifiquem a forma de alimentação dos dados do

Sistema. Dessa forma serão evitadas as inclusões equivocadas.

O correto manuseio e alimentação do Sistema são fundamentais como base

para dar fidedignidade à informação. Se não houver essa fidedignidade o

conhecimento produzido também não será fidedigno.

Page 27: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

19

Competência e habilidade são características fundamentais para aqueles que

alimentam as ferramentas da Tecnologia da Informação que compõem o

Sistema de Informação e são premissas para atingir a fidedignidade da

informação.

Habilidade e competência são palavras que fazem muita diferença quando

queremos um resultado íntegro.

Competências são as modalidades estruturais da inteligência, ou melhor, ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer. Habilidades decorrem das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do “saber fazer”. Por meio das ações e operações, as habilidades aperfeiçoam-se e articulam-se, possibilitando nova reorganização das competências (INEP, 1999: 5).

Portanto as tomadas de decisão, com vistas a aperfeiçoar a política de

atendimento ao adolescente infrator, proporcionando melhores condições para

que essas políticas sejam desenvolvidas com eficácia, serão infrutíferas caso

ocorram enganos na hora da alimentação.

Para retratar com fidedignidade sua clientela é prioritário o planejamento e a

aplicação de estratégias que permitam ao gestor transitar pelas informações

evitando os “ruídos”, ou informações enviesadas, tendo a percepção da

singularidade de cada um dos diferentes espaços socioeducativos incluídos na

Fundação.

Vista esta premência, a presente dissertação objetivou analisar o momento

atual de construção do SIG da Fundação CASA, com as ferramentas que estão

em uso e em momento de estudo, para oferecer subsídios para a consolidação

de um Sistema que ultrapasse o estágio atual de modo que o adolescente

tenha garantidos com qualidade os direitos preconizados no ECA7, no SINASE

e no Regimento Interno da Fundação CASA.

A pesquisa envolveu um levantamento bibliográfico e documental e uma

pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica e documental voltou-se aos temas

do Sistema Socioeducativo e seu histórico, Sistemas de Informação em geral,

7 Ver artigos 108, 120, 121, 122, 123, 124 e 125 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

(Anexo 1).

Page 28: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

20

Sistemas de Informação em Políticas Públicas, Tecnologia da Informação,

Gestão de Tecnologia da Informação, Legislação e outros documentos que dão

as diretrizes para o atendimento socioeducativo e os serviços disponibilizados

para o adolescente em conflito com a Lei.

A pesquisa documental incluiu os arquivos digitais do Jornal Folha de São

Paulo, o “AcervoFOLHA”, disponível em http://acervo.folha.com.br, de onde

foram pinçadas notícias que falavam sobre a trajetória do Sistema

Socioeducativo no Estado de São Paulo e aquelas que, conforme análise da

pesquisadora, revelavam traços da existência ou não de Bancos de Dados ou

da Sistematização da Informação.

A pesquisa incluiu ainda a análise das ferramentas eletrônicas e documentos

relativos ao SIG, alguns dos quais disponíveis apenas aos funcionários da

Fundação CASA.

A metodologia de observação participante foi usada pela pesquisadora já que

ela é servidora da Fundação CASA e tem hoje a função de Chefe de Seção do

Núcleo de Produção de Informações Estratégicas (NUPRIE). Como

responsável por este Núcleo vem já há cinco anos produzindo parte das

informações geradas no atendimento ao adolescente. A observação

participante ocorreu nas reuniões com os gestores do Gabinete da Presidência

(Presidente, Chefe de gabinete e Assessores), da Diretoria Técnica (Diretora

Técnica, Assistentes de Direção, Superintendentes, Gerentes e outros

profissionais indicados por eles) assim como profissionais da Diretoria

Administrativa (Diretoria de Finanças, Divisão de Tecnologia da Informação)

responsáveis pela aprovação das propostas de construção e pela modelagem

final das ferramentas de cada módulo componente do Sistema.

Foi também realizada entrevista semi-estruturada coletiva com 14 profissionais

da Diretoria Técnica e Administrativa da Fundação CASA que já participaram e

participam dos setores de produção de informação e construção de

ferramentas da Fundação CASA atualmente e em épocas passadas conforme

quadro abaixo.

Page 29: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

21

Quadro 1 – Profissionais Entrevistados

A entrevista, conforme o acordo e aquiescência de todos, aconteceu na sala de

reunião da Diretoria Técnica no 8º andar do prédio Sede da Fundação CASA

situado a Rua Florêncio de Abreu, 848, Luz em São Paulo/SP. Os

entrevistados convidados, conhecedores do roteiro de entrevista, puderam

livremente explanar sobre as suas experiências, sobre o seu conhecimento,

manuseio e participação na construção das ferramentas usadas na FEBEM/SP

para o cadastro de dados, para a produção de informação e ainda das

ferramentas que hoje compõem o Sistema de Informação de Gestão da

Fundação CASA.

Quadro 2 – Roteiro para entrevista semi estruturada

Primeira Questão - Qual tem sido seu papel na produção de informações na Fundação CASA/SP ?

Segundo Questão - Você participou da construção e desenvolvimento de algumas ferramentas? O que você destaca neste (s) processo (s)?

Terceira Questão - Qual a sua compreensão sobre o SIG e seu papel?

As anotações que resultaram da entrevista coletiva foram digitadas para

consulta dos participantes, se assim o quiserem, e de acordo com a pertinência

Profissional Função Lotação Atual

Entrevistado A Administrativo Divisão Regional Litoral

Entrevistado B Administrativo Diretoria Técnica/NUPRIE

Entrevistado C Administrativo Diretoria Administrativa/DTI

Entrevistado D Superintendente de Saúde Diretoria Técnica/Superv. Saúde

Entrevistado E Especialista Técnico Diretoria Técnica/NUPRIE

Entrevistado F Assistente de Direção Diretoria Técnica/NUDTI

Entrevistado G Diretor Divisão de Tec. da Informação

Entrevistado H Assistente Administrativo Diretoria Técnica/NUMOVA

Entrevistado I Assistente de Direção e Coordenadora dos Núcleos

Diretoria Técnica

Entrevistado J Assistente de Direção Diretoria Técnica/NUDTI

Entrevistado K Chefe de Seção Diretoria Técnica/NUMOVA

Entrevistado L Assistente Administrativo Diretoria Técnica/NUPRIE

Entrevistado M Especialista Técnico Gabinete da Presidência

Entrevistado N Administrativo Diretoria Técnica/NUPRIE

Page 30: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

22

aos assuntos abordados compõem a argumentação dos conteúdos destes,

complementando e enriquecendo com o vigor da experiência vivida os temas

abordados.

Foi solicitada à Instituição onde se desenvolveu a pesquisa, a assinatura de um

termo de autorização das atividades que seriam realizadas pela pesquisadora.

As pessoas envolvidas nas reuniões tomaram conhecimento deste

procedimento. Todos os convidados assinaram termo de consentimento

(TCLE) conforme exigências da Resolução 196/96 CNS, de 10/out/1996.

O primeiro Capítulo desta dissertação apresenta a trajetória da construção do

Sistema Socioeducativo no Brasil, principalmente no Estado de São Paulo,

enfatizando o período da FEBEM/SP e da Fundação CASA. Abordamos a

transformação das Leis, a criação das Instituições, Fundações e Serviços de

Assistência para a criança e o adolescente com ênfase no adolescente em

conflito com a lei.

No segundo Capítulo trata-se da organização e processamento da informação.

No terceiro Capítulo há o resgate do histórico da construção dos bancos de

dados dos Serviços de Assistência ao adolescente no Estado de São Paulo e

da FEBEM, chegando às ferramentas que hoje são manuseadas na Fundação

CASA para a construção da informação.

O quarto Capítulo apresenta o processo de formatação do Sistema de

Informação de Gestão – SIG, faz um o balanço e a análise das ferramentas de

produção de informação atualmente em uso ou em construção na Fundação

CASA. Busca avaliar se o Sistema realmente é um bom instrumento onde o

gestor do Atendimento Socioeducativo de São Paulo possa ir buscar respostas

que subsidiem suas decisões.

A pesquisa traz propostas para a implantação de um Sistema de Informação de

Gestão – SIG ampliado e com acesso aos funcionários e instâncias que

necessitarem. Que ele se constitua em um Sistema que alinhe e unifique a

aplicação das Diretrizes da Fundação CASA/SP e, pela necessidade de

alcance, esteja centrado no nível máximo de decisão e não mais em apenas

parte da instituição. Por fim abre discussão para a importância da existência de

um Sistema de Informação de Gestão capaz de aperfeiçoar a política de

Page 31: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

23

atendimento ao adolescente em conflito com a lei, não exclusivamente na

citada instituição, mas que possa ser ampliado e articulado no nível nacional.

Destaca a importância do investimento na construção de uma Política de

Informação como proposta para servir ao Sistema Socioeducativo do Estado de

São Paulo e do Brasil. Política que permita transformar o discurso em ação

efetiva e que a ação se decomponha em conhecimento. Esta Política de

Informação deverá gerar transparência, orientar ações, estratégias e

prioridades.

Se este estudo conseguir provocar o interesse do gestor para as possibilidades

trazidas pela consolidação dos números, despertar nele o desejo de analisar o

que ela representa, permitir ao gestor se reconhecer dentro do Sistema de

Informação e enxergar através dele seu trabalho, já estará dado um passo

valioso em direção ao reconhecimento do Sistema e sua validação.

Page 32: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

24

CAPÍTULO I

O SISTEMA SOCIOEDUCATIVO NO BRASIL E NO ESTADO DE SÃO PAULO

Apresentamos inicialmente um breve histórico da evolução das Políticas de

Atenção ao Adolescente em conflito com a Lei no Brasil e em São Paulo,

Estado que é objeto do estudo, focalizando as mudanças político-institucionais

que tiveram lugar nas últimas décadas.

1. PRIMEIROS TEMPOS

No Brasil, o atendimento às crianças e adolescentes abandonados, carentes ou

infratores passou por diferentes fases, desde a colonização até hoje. Em

passagens do livro História das Crianças no Brasil, Mary Lucy Murray Del

Priore (1999) enfatiza que já na “colônia de Santa Cruz observa-se a tentativa

de adestramento físico e mental a que foram submetidas às crianças

indígenas, pelos jesuítas”. Relata também a história de abandono e descaso

para com as crianças e adolescentes quando, por volta de 1550 foram criadas

as “Casas dos Muchachos” custeadas pela Coroa Portuguesa, que tinham

como objetivo catequizar e instruir com algum ofício “os filhos da Terra”, e

aqueles que por força do “destino” aqui chegavam. Eram acolhidos ali os

chamados “curumins” que, levados pela colonização, findavam por se afastar

de seus familiares e costumes, atraídos pelos colonizadores. Os órfãos,

enjeitados e subtraídos de Portugal, crianças que, encontradas perambulando

nos portos e mercados tentando sobreviver, realizando pequenos furtos e

serviços eram arrebanhados para ajudar nas missões da catequese. Crianças

eram também recrutadas como aprendizes de marinheiro na falta de mão-de-

obra adulta por seu baixo custo (DEL PRIORE, 1999: 4-5).

A exploração da mão de obra infantil seguiu intensa na escravidão negra. A lei

do Ventre Livre, em 1871, regulamenta o trabalho de crianças e adolescentes,

nascidas livres, mas define que as crianças ficariam sob jugo dos senhores de

Page 33: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

25

suas mães até os oito anos completos. Poderiam então continuar trabalhando

com este senhor ou ser entregues ao Estado, sendo que neste caso, segundo

a lei, “o governo receberá o menor, e lhe dará destino”. O governo poderia

então entregar as crianças a “associações por ele autorizadas” as quais teriam

“direito aos serviços gratuitos dos menores até a idade de 21 anos completos”

e poderiam alugar esses serviços em troca de algumas obrigações de cuidado

com os mesmos, conforme os artigos 1º e 2º da chamada “Lei do Ventre Livre”,

ou Lei Rio Branco (Lei nº 2.040, de 28 de setembro de 1871). (DUARTE, 2009).

Esta Lei traz a utilização do termo “menor” e, como aponta Rebeca Oliveira

Duarte8, “nos dá o exato significado da palavra que hoje lutamos por derrubar”.

A autora aponta ainda a institucionalização das crianças e adolescentes negros

nas “associações”, entidades precursoras dos abrigos e educandários que

persistiram por mais de um século conservando algumas daquelas

características:

Destituídas de humanidade e da condição de sujeitos, as crianças e adolescentes negras foram então institucionalizadas, inaugurando o tempo em que “menor” será um refugo social sobre o qual as leis e os juízes deverão tutelar em “benefício” da sociedade. (DUARTE, 2009).

Em 1927 surge a primeira legislação voltada especificamente para a questão

da criança e do adolescente, o Código de Menores de Mello Mattos, que tinha

como objetivo de “estabelecer diretrizes claras para o trato da infância e

juventude excluídas, regulamentando questões como trabalho infantil, tutela e

pátrio poder, delinquência e liberdade vigiada” (LORENZI, 2007). O primeiro

Código de Menores trata o atendimento em meio aberto como liberdade vigiada

(BRITO, 2007).

Conforme aponta o professor Wilson Liberati, nesta legislação não havia

distinção entre menores abandonados e delinquentes:

Se o menor praticasse um ato que fosse considerado infração penal, receberia as medidas mais gravosas, como a internação;

8 Rebeca Duarte é pesquisadora e consultora em relações raciais, direitos humanos e

população negra pelo Observatório Negro. Ver seu artigo em http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=13489&cod_canal=71 e também http://observatorionegro.zip.net.

Page 34: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

26

se o menor fosse abandonado ou carente, também poderia ser internado em asilo ou orfanato, conforme a conveniência do juiz. (LIBERATI, 2006: 40)

Em 1941 foi criado o SAM – Serviço de Assistência ao Menor, subordinado ao

Ministério da Justiça que, em acordo com a afirmação de Antonio Gandini

Júnior (2007), iria funcionar “como o equivalente às penitenciárias dos adultos”.

Segundo Andreia Segalin e Clarete Trzcinski (2006: 5) o SAM tinha “a missão

de amparar socialmente os menores carentes, abandonados e infratores, na

execução de uma política de caráter corretivo-repressivo-assistencial em

âmbito nacional”. As finalidades citadas mostram a permanência do conceito de

menor e não distinção entre carentes, abandonados e infratores.

Com a criação da FUNABEM (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor), em

1964, cuja finalidade era formular e implantar a “Política Nacional do Bem Estar

do Menor” e coordenar as entidades estaduais que lidavam com crianças e

adolescentes, o SAM repassa para a Fundação os prédio e pessoal, e com

eles toda a sua cultura organizacional.

Sob a égide da FUNABEM, na década de 1970, os Estados reformam então

suas estruturas administrativas para o atendimento a infância, centralizando-as

sob a forma das Fundações Estaduais do Bem-Estar do Menor, as FEBEMs.

As reformas não evitaram que FUNABEM e suas FEBEMs, seguindo na

mesma linha das instituições antecessoras, continuassem a imprimir o mesmo

perfil de atuação e, não reconhecendo a premissa da proteção aos jovens,

também passaram a ser avaliadas como “escolas do crime”.

Em São Paulo, até 1973/1974, a assistência às crianças e adolescentes,

carentes e infratores, ainda era feita em unidades dispersas da Secretaria da

Justiça e, depois, pela Secretaria da Promoção Social, através da

Coordenadoria dos Estabelecimentos Sociais do Estado (CESE). A CESE

passa a acumular a administração de toda a área social do Estado, o que o que

acarretou sobrecarga na Coordenadoria levando à proposta de criação de uma

instituição para atender especialmente a crianças e adolescentes.

Na esteira da FUNABEM foi criada a Fundação Paulista de Promoção Social

do Menor - Pró-Menor que ocupa, autorizada pela Secretaria da Promoção

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27

Social, as instalações do Instituto Alfonsianum, na Rodovia Raposo Tavares,

km 19,5, origem do antigo Complexo Raposo Tavares, atual localização da

Divisão Regional Metropolitana Oeste - DRM IV da Fundação CASA (CASA,

2011).

2. A FEBEM/SP ATÉ O ECA

Para se adaptar à política federal para a área do menor, em 26 de abril de 1976

a Lei nº 985 altera a denominação da Fundação Paulista de Promoção Social

do Menor e os dispositivos da Lei nº 185, de 12.12.1973, que autorizou a sua

instituição, para Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor - FEBEM/SP. Seu

Estatuto foi aprovado pelo Decreto nº 8.777 de 13 de outubro do mesmo ano.

(CASA, 2006).

A ela foram agregadas todas as unidades que já faziam o atendimento de

jovens e crianças. Entre elas estavam a Chácara do Belém, Chácara Morgado

de Mateus, onde estava o Quadrilátero do Tatuapé, desativado pelo então

Governador José Serra em 16.10.2007. O espaço hoje está reservado para

receber escolas e uma área para lazer sob a denominação de Parque Belém.

Outros imóveis também foram agrupados como o já mencionado do Km 19,5

da Rodovia Raposo Tavares e alguns do interior e litoral como: Lins, Iaras,

Jacareí, São Vicente e Batatais. Em 1976 o organograma da Fundação Pró-

Menor tinha a seguinte composição: 20 Unidades Operacionais, sendo 01 de

recepção, 06 de triagem e 13 educacionais (CASA, 2006: 2).

Neste período muitas das crianças e adolescentes levadas às entidades de

internação no interior do sistema FEBEM/SP ainda eram “menores”

abandonados que não haviam cometido infrações, persistindo o tratamento

implantado desde o antigo SAM.

Nessa perspectiva está o episódio que, publicado em 21 de outubro de 1974

pelo jornal Folha de São Paulo, relata em “Ônibus para Camanducaia: viagem

do horror” o ocorrido na conhecida “Operação Camanducaia” quando policiais

do DEIC levaram quase uma centena de crianças e adolescentes durante a

noite para as proximidades da cidade de Camanducaia, onde depois de

espancados foram abandonados nus (AcervoFOLHA, 1974). De acordo com as

Page 36: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

28

publicações que se seguiram nos dias posteriores, as autoridades declararam

ao mesmo jornal que dos 41 adolescentes resgatados pelo menos 15 não

tinham envolvimento com infrações. No dia 24 do mesmo mês o Secretario dos

Negócios e da Justiça, em declaração ao mesmo jornal alega que, partindo

desse episódio foi criada uma comissão para debater o caso e propor “temas

relativos à problemática que envolve a criança e o adolescente”. A seguir a

questão seria tratada de forma mais ampla, com outros órgãos públicos.

(AcervoFOLHA, 1974)

Maria Paola de Salvo (2003: 1), em reportagem publicada no Portal Carta

Maior, destaca que o nascimento da FEBEM/SP se dá num período onde “o

governo da ditadura” colocou-se como “único agente político-econômico e

social” paralisando o exercício da cidadania, e tolhendo a liberdade de gestão

dos Estados e Municípios. Salvo avalia ainda que “Os militares pretendiam

conter a criminalidade por meio do controle da população marginalizada, dentro

do espírito da Doutrina de Segurança Nacional”.

O Código Mello Mattos vigorou até 1979 e foi revogado pela Lei nº 6.697, pelo

então Presidente João Batista Figueiredo. E, como aponta a reportagem da

Folha de São Paulo Publicada em 12 de outubro de 1979, o Novo Código de

Menores fixou a responsabilidade penal aos 18 anos, fato significativo para a

época, pois invalidou o artigo da Lei de Segurança Nacional que estabelecia

que todo adolescente maior de 16 anos que apresentasse maturidade psíquica

poderia responder penalmente por crimes políticos e militares, e dava amplos

poderes ao Juiz de Menores. (AcervoFOLHA, 1979)

O Código de Menores de 1979, conforme afirma Gisella W. Lorenzi (2007: 1),

“constituiu-se em uma revisão do Código de Menores de 27” mas não rompeu

“com sua linha principal de arbitrariedade, assistencialismo e repressão junto à

população infanto-juvenil”. Segundo Lamenza (2006), a preocupação centrava-

se ainda tão somente naquelas crianças e adolescentes que estavam à

margem da lei, vulneráveis a pequenos delitos, praticavam furtos,

perambulavam pelas ruas ou participavam de delitos de maior gravidade, em

muitos casos, acompanhados de adultos. Normalmente, a preocupação não se

estendia aos demais. Eram atendidos aqueles que estavam na chamada

“situação irregular”. Não poucas vezes, o atendimento e o abrigamento

Page 37: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

29

juntavam todos em um único local, não diferenciando os que cometiam algum

delito e aquele que era a vítima de abusos, maus tratos ou estava abandonado.

Os “menores” ficavam submetidos à “autoridade judiciária” que tinha poderes

ilimitados quanto ao tratamento e destino desta população. As crianças e

jovens eram tratados como “coisas”, relegadas a instituições onde eram

literalmente “empilhados”, sem um atendimento condigno com sua condição

peculiar de desenvolvimento. Como narra João Batista Costa Saraiva (2002: 9)

“não mais se concebem manchetes de jornal do tipo menor assalta criança, de

manifesto conteúdo discriminatório, onde a criança era o filho bem nascido, e o

menor o infrator. Tal noticiário se constituía em legítimo produto de uma cultura

excludente que norteava o anterior sistema, que distinguia crianças e

adolescentes de menores”.

É importante lembrar que a FEBEM/SP nasce em pleno regime ditatorial e os

veículos da informação estavam sob severa censura. A população da

FEBEM/SP em sua grande maioria era de carentes e abandonados. Quem

fazia o atendimento dessa população eram Institutos próprios e conveniados.

Os adolescentes em conflito com a lei representavam uma pequena parcela do

total. Estávamos no auge da era “trombadinha” 9.

No “AcervoFOLHA”, arquivos digitais do Jornal “Folha de São Paulo”, mesmo,

sabendo que as noticias já haviam passado pelo crivo da censura, observamos

que os assuntos carente, abandonado, infratores e FEBEM/SP estavam

rotineiramente nas páginas do jornais. Como personagens centrais deste

noticiário estavam as crianças e os adolescentes assim como os Gestores da

FEBEM, do Governo, da Segurança Pública e do Judiciário. Transcrevemos a

seguir algumas notícias que ilustram e caracterizam este período.

Edição 19.04.76 - Reportagem: “Eles continuam abandonados ou delinquentes

– por trás dos otimistas comunicados oficiais, a realidade é outra” (Redator -

Rivaldo Chinem): “Pela lei são só considerados infratores os menores na idade

entre 14 a 18 anos. Mas isso não quer dizer que antes dessa faixa de idade,

eles não sejam considerados o que se convencionou chamar de favelados,

indigentes, olheiros, mãos-leves. Mas, antes de tudo, marginais”. O autor fala

9 Crianças e adolescentes que se aproveitando da distração das pessoas as empurravam para

praticar o roubo, costumavam ficar em grupos. Muitas vezes eram orientados por adultos.

Page 38: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

30

das discussões que estão ocorrendo desde outubro de 1975 sobre o novo

Código de Menores. Apresenta também um projeto pioneiro que está sendo

desenvolvido numa Unidade, na Rodovia Raposo Tavares, chamada de

Unidade Experimental, que introduzirá um atendimento semelhante à atual

Semiliberdade.

Edição 15.08.76 – Reportagem: “A violência juvenil na cidade: os menores

abandonados que usam armas aos 16 anos”. Segundo noticiava o jornal o total

de infratores não passava de 15% do total de “recolhidos”. Estatística de 1975

cita que eram recolhidas 2300 crianças e adolescentes por mês. Desses, 2000

eram carentes e apenas 300 infratores. A publicação ainda reforça que

“apesar de relativamente poucos, são os infratores que chamam mais a

atenção, talvez porque inspirem medo, enquanto que os abandonados –

quando muito – inspiram pena.”

Ainda na edição do dia 15.08:76, na Reportagem “Pelo menos a repressão,

acabou”, o presidente da FEBEM/SP em exercício naquele período, Promotor

João Benedito de Azevedo Marques, refere-se à Unidade Experimental, citando

a criação do “Sistema de Liberdade Vigiada10”. Segundo a reportagem, os

adolescentes dormiam em quartos individuais e trabalhavam nas imediações. A

reportagem comenta que o índice de evasão era mínimo e bem menor que no

RPM – Recolhimento Provisório de Menores11.

No antigo RPM viviam 600 adolescentes num espaço que tinha 120 vagas. Em

Mogi Mirim havia 140 vagas. As vagas nesses dois espaços foram ampliadas

para 200. Posteriormente foi criada ainda junto ao RPM uma Unidade de

Recepção que é a atual Casa Transitória de Menores com 60 vagas.

Edição 28.12.76 – Reportagem: “Que se volte a examinar o caráter e a eficácia

da política”. Relata que na madrugada de 25 de dezembro após um período de

aparente calmaria os adolescentes iniciaram uma rebelião no antigo RPM –

Unidade de Triagem 4 (UT4). De acordo com a notícia, um pavilhão ficou

10

Leila Maria Torraca de Brito aponta que o Código Mello Mattos, de 1927, trata o atendimento em meio aberto como liberdade vigiada. A partir de 1979, o novo Código de Menores define, no artigo 383, sobre a medida de liberdade assistida que poderia ser empregada tanto para os acusados da prática de delitos como para casos de desvio de conduta (Brito, 2007). 11

O RPM, criado pela Lei nº 2705, de 23/07/1954, bem como outros serviços do Poder Judiciário, relacionados com menores e subordinados à Vara de Menores da Capital passaram para o executivo em 1973. São Paulo. Assembléia Legislativa. Lei n° 97, de 09/01/1973.

Page 39: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

31

destruído e dois adolescentes e dois funcionários ficaram feridos. O jornal

comenta que as ações desenvolvidas eram apenas paliativas.

Edição 20.04.77 – Comunica que o Juiz de Menores da Capital e o Secretario

de Segurança Pública, Sr. Erasmo Dias determinam que o adolescente

apreendido não possa ficar no Distrito Policial por mais de 24 horas. Esta

decisão teve como evento propulsor a morte de três adolescentes nas

dependências do DEIC (Departamento de Investigações sobre Crime

Organizado), evento noticiado também no mesmo jornal. A medida também

suspende o direito do DEIC de reter adolescentes por até dez dias para

averiguações.

Daí decorre a criação da Casa Transitória de Menores, para acolher as

crianças e os adolescentes apreendidos. Esta Casa ficava anexa às Unidades

de Triagem do Complexo Tatuapé.

Edição 21.10.77 - Noticiada a tentativa de suicídio coletivo, cometido por oito

adolescentes do Posto Piloto de Diadema, Unidade criada para abrigar

meninas em tratamento aberto. Este Posto também atendia no dia 14 meninas

abandonadas e com distúrbios emocionais leves. A tentativa de suicídio e as

notícias de maus tratos levam a Comissão de Justiça e Paz a abrir denúncia

contra a Fundação.

Edição 08.12.77 – A FEBEM/SP de acordo com o noticiado pelo jornal fecha o

ano com duas rebeliões provocadas por internas da Comunidade Terapêutica

Santo Agostinho, no Jaçanã. De acordo com declaração do gestor da

Comunidade, as jovens ali estavam por homicídio, donde se pode deduzir que

a Comunidade era de privação de liberdade.

Edição 05.07.78 - Reportagem: “Inaugurada a Unidade Imigrantes”. Após três

anos e meio de exercício é exonerado o Presidente da FEBEM/SP Dr. João

Benedito de Azevedo Marques. Conforme afirma o jornal, a demissão foi

motivada por desentendimento entre ele e o Secretário da Promoção Social.

Muitas notícias mostram que, por vários anos o Sr. Benedito é opositor do

Secretário e do presidente que o substituiu.

O ano de 1978 continua com noticias de maus tratos, e de crianças e

adolescentes que permanecem mais do que o previsto nas Delegacias de

Page 40: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

32

Polícia onde são severamente agredidos. Em 1980 o Juiz de Menores define

que os apreendidos não poderão permanecer após as 18 horas na Delegacia

de Polícia e, se apreendidos após esse horário, deverão ser entregues

imediatamente à Unidade de Recepção da FEBEM/SP.

Edição 12.01.79 – Reportagem: “98 menores fogem da FEBEM. Dos 186

adolescentes internados na Unidade de Mogi Mirim fugiram 98”. A fuga

aconteceu porque outros adolescentes que já haviam fugido no início da

semana voltaram armados e renderam os funcionários abrindo as portas para

que os outros fugissem.

Em janeiro deste ano acontecem mais três tentativas de resgate, duas no

complexo Tatuapé e uma em Ribeirão Preto. Nos três primeiros meses deste

ano foram encontradas diferentes noticias sobre fugas e rebeliões envolvendo

Mogi Mirim, Ribeirão Preto e a Unidade de Triagem 3 no Tatuapé. No final de

março o Secretário da Promoção Social e o Presidente da FEBEM foram

substituídos.

No final de março é constituída uma Comissão Especial composta por

membros da Corregedoria de Menores do Estado e da FEBEM que pretendiam

elaborar um novo Plano de trabalho para a FEBEM. Conforme relatos do jornal

essa comissão se reuniu apenas uma vez e após alguns meses quem a

presidia pediu afastamento.

Edição 10.06.79 – Há uma denúncia sobre as pensões utilizadas para o regime

de Liberdade Vigiada. De acordo com o jornal haviam 600 adolescentes

inseridos nesse sistema mas apenas 11 profissionais para acompanhá-los, dos

quais sete efetivamente atuavam com os liberados e quatro faziam apenas

trabalhos burocráticos. O depoimento de um adolescente aponta que ele

acabou sendo detido pela polícia porque não pode comprovar que estava na

Liberdade Vigiada vez que a FEBEM não fornecia esse documento.

Prosseguem as noticias de espancamento fugas e rebeliões, inclusive na

Unidade de Atendimento feminino da Imigrantes.

Em 29.08.79 é criado em São Paulo o Centro de Defesa do Menor, presidido

por Lia Junqueira e que, em diversas reportagens de denúncias, questiona o

Page 41: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

33

governo quanto à forma de conduzir as políticas de atendimento às crianças e

adolescentes.

O ano de 1980 começa com a desativação da Unidade de Mogi Mirim após um

final de semana de destruição. Conforme noticia o jornal os adolescentes são

transferidos para um presídio de Sorocaba. O encaminhamento dos

adolescentes para um espaço incompatível com o principio da reeducação e

preservação da integridade e sanidade do adolescente, provocou grandes

discussões. Ainda em 1980 multiplicam-se as denúncias até mesmo dos

próprios servidores e gestores da FEBEM provocando afastamento de diretores

e demissões.

3. NOVOS PARADIGMAS DE POLÍTICA PÚBLICA PARA O ADOLESCENTE

EM CONFLITO COM A LEI

As lutas contra a ditadura militar iniciada em 1964 foram marcadas no Brasil

pelo ressurgimento de uma sociedade civil ativa, onde se destacaram

inicialmente os movimentos pelos Direitos Humanos. Disseminam-se então

inúmeros movimentos sociais que lutam por direitos civis, sociais e políticos e

que estão na origem de uma nova cultura e um novo arcabouço legal que

marca uma transição fundamental nas políticas públicas voltadas aos direitos.

A Constituição de 1988 é o principal marco das conquistas da sociedade na

busca de direitos mais amplos para o cidadão. Ela inaugurou novos direitos e

garantias fundamentais, e reafirma o direito à vida, igualdade, liberdade,

segurança, propriedade e respeito aos direitos humanos. Desta forma,

conforme sustenta Nicknich (2010: 2) “a adoção do princípio da Dignidade da

Pessoa Humana como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito

demonstra a tendência de abrigar o ser humano como o centro e o fim do

Direito”.

Os movimentos por direitos humanos lutam intensamente contra as

arbitrariedades perpetradas sob a égide da “doutrina da situação irregular” e do

Código de Menores. Ampla literatura12 retrata o surgimento de um vigoroso

movimento social que propõe a doutrina da “proteção integral” aos direitos da

Criança e do Adolescente, que se soma a um movimento internacional, 12

Ver Palheta, 2010; Pini, 2006; Pereira, 2006; Carvalho e Pereira, 1998.

Page 42: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

34

consolidado na Convenção Internacional dos Direitos da Criança (CDC), em

1989. Quatro anos antes, em 1985, a ONU já definira as Regras Mínimas das

Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude,

conhecidas como Regras de Beijing, que enfatizam a importância das medidas

em meio aberto.

Assim, a questão da criança e do adolescente encontra na Constituição um

novo olhar. A nova carta, se comparada aos textos anteriores, oferece respaldo

sem precedentes para o desenvolvimento de políticas públicas e de direitos

humanos referentes a estes grupos. Ao contrário do modelo assistencial

repressivo e discriminatório do antigo Código de Menores, o paradigma

proposto pela nova Constituição foi garantidor de direitos. É o que retrata o Art.

227: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao

adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,

ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-

los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,

crueldade e opressão”.

A mobilização pelos direitos da infância culmina, em 1990 com a promulgação

do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Assim sendo o ECA alicerçou

sua construção na doutrina da proteção integral e na compreensão da criança

e do adolescente como pessoas em momento específico de desenvolvimento e

sujeitos de direitos fundamentais com absoluta prioridade de proteção pelo

Estado, pela família e pela sociedade em geral. Com a consolidação do ECA o

papel da sociedade civil e principalmente do Estado foi sobrelevado.

O novo Estatuto redefine o tratamento à criança e adolescente que praticam

atos infracionais, desvinculando-o daqueles “abandonados” ou “carentes” e

diferenciando também o tratamento dados a crianças e a adolescentes. Para a

criança, com idade até 12 anos, são determinadas medidas protetivas. Quando

o adolescente, com idade compreendida entre 12 e 18 anos, comete ato

infracional, o Art. 112 do ECA ajuíza a aplicação das Medidas Socioeducativas.

Conforme enumeram Maraschin e Raniere (2011: 96): elas podem abranger

desde advertência, obrigação de reparar dano, prestação de serviços à

Page 43: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

35

comunidade, liberdade assistida, até a inserção em regime de semiliberdade ou

a internação em estabelecimento educacional.

As Medidas Socioeducativas somente podem ser instituídas pelo Juiz da

Infância e Juventude e, como pontuam Estevam, Coutinho e Araújo (2009: 65),

“a decisão deve se pautar em três princípios básicos: 1) brevidade: sem tempo

determinado, sua manutenção é reavaliada no máximo a cada seis meses e

jamais excederá a três anos; 2) excepcionalidade, admitida somente em três

hipóteses: ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à

pessoa, reiteração no cometimento de outras infrações graves e

descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta; 3)

respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento: ao Estado

compete zelar por sua integridade física e moral, para isso adotando medidas

apropriadas de contenção e segurança”.

Porém não basta apenas a regularização da lei, há a necessidade de orientar a

justa aplicação dela. A realidade dos adolescentes em conflito com a lei tornou

premente a necessidade da elaboração de políticas públicas com parâmetros e

diretrizes substancialmente capazes de promover mudanças que possibilitem a

inclusão social ao adolescente infrator.

Na urgência de avaliar o contexto dessa realidade e oferecer melhores

perspectivas de vida para o adolescente, e com a absoluta responsabilidade do

Estado de gerir um novo modelo institucional participativo, que trouxesse

efetivas soluções para a aplicabilidade do ECA no atendimento ao jovem em

conflito com a lei, surge, em 2006, a partir da Secretaria Especial de Direitos

Humanos da Presidência da República (SEDH) e Conselho Nacional de

Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), o SINASE - Sistema Nacional

de Atendimento Socioeducativo.

O SINASE surge portanto como a terceira face do triângulo que, com a

Constituição e o ECA, permite consignar um novo paradigma no atendimento

ao adolescente em conflito com a lei. Ele trouxe em seu âmago um orientador

para a execução do que já estava asseverado nos documentos legais já

mencionados. Articulado com os princípios da Constituição Federal e do

Estatuto da Criança e Adolescente, torna-se um complemento constitutivo

destes. Ele dá norte para a efetiva implementação das medidas

Page 44: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

36

socioeducativas e para as práticas cotidianas no sistema socioeducativo. É

componente do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e Adolescente

(SGD), que visa articular todos os sistemas e políticas setoriais que estão

envolvidos na articulando e efetivação da proteção integral da infância e

adolescência e a inclusão social dos adolescentes em conflito com a lei.

O SINASE se sustenta nas garantias de proteção integral conferidas pela

Constituição a todos os jovens brasileiros – sejam infratores ou não –, no

Estatuto da Criança e Adolescente e em todas as convenções internacionais

firmadas pelo Brasil que tratam dos direitos humanos das crianças e

adolescentes. De acordo com esse novo paradigma não mais se admite que se

executem as Medidas Socioeducativas sem os cuidados absolutos para

preservar a dignidade e saúde dos jovens que, por uma razão ou outra,foram

levados cumpri-las, tanto aquelas em meio aberto como na situação de

privação da liberdade.

4. A FEBEM/SP APÓS O ECA

1990 – 1999

Como vimos acima os primeiros anos da FEBEM/SP foram marcados por

denúncias de maus-tratos, fugas, rebeliões, tragédias.

O advento da nova Constituição e do ECA significou o desafio de uma profunda

mudança de rota, que viria mudar a própria essência do Sistema

Socioeducativo – superar a concepção de “menor”, construir a concepção de

crianças e adolescentes sujeitos de direitos e construir uma política de garantia

de direitos.

Os novos ventos provocam algumas mudanças, embora muito lentas. Já em

1987, antes da aprovação da nova Constituição, separam-se as

responsabilidades pelos carentes e abandonados, que ficam com a Secretaria

de Promoção Social, enquanto a FEBEM/SP vai para a Secretaria do Menor

(Provimento Conjunto nº 01/87 de 31/08/1987) e, em 1993, vai para a

Secretaria da Criança, Família e Bem Estar Social.

Conforme Gandini Jr.(2007) o governo do Estado definiu como uma de suas

metas a descentralização do atendimento de crianças e adolescentes de 0 a 18

Page 45: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

37

anos, com a transferência dos “carentes e abandonados” das grandes

unidades da FEBEM/SP para Casas de Convivência localizadas na

comunidade e que atenderiam no máximo 15 crianças ou adolescentes.

Por outro lado foram inaugurados 06 internatos no interior do estado para

atendimento dos adolescentes infratores. Iniciava-se ainda o apoio a formas

alternativas de atendimento a crianças e adolescentes em programas de

liberdade assistida e regime de semiliberdade.

Em dezembro de 1990 a Unidade de Recepção no Tatuapé foi fechada e os

adolescentes começaram a ser recepcionados pelo serviço SOS estabelecido

na Rua Piratininga no bairro do Brás. Conforme noticia da Folha de São Paulo,

na data eram atendidas uma média de 50 adolescentes/dia (AcervoFOLHA,

1990).

Para a desativação das Unidades de Recepção no Tatuapé que ocupavam

sete pavilhões foi necessária a transferência de 1.400 crianças e adolescentes

para as Unidades Educacionais. Ainda de acordo com a Folha, um plantão

jurídico seria implantado para que os apreendidos não ficassem mais de 24

horas na Instituição, caso contrário quando apreendidos a partir da sexta feira

no período noturno precisariam ficar até as 13 horas da segunda-feira para

serem liberados, se fosse o caso. Ainda na mesma reportagem está a

informação que se pretendia liberar 2.047 internos menores de 12 anos que

não haviam cometido atos infracionais. Reflexos do ECA.

Todavia, conforme descrito por Maria Helena Guimarães de Castro, durante o

processo de aprovação do ECA foram intensas as controvérsias entre os

setores envolvidos no Estado de São Paulo. O Poder Judiciário defendia a

manutenção de suas atribuições enquanto o Poder Executivo, e em específico

a Secretaria do Menor, concordava com os princípios e a filosofia presentes no

Estatuto, mas manifestava preocupação quanto às propostas de gestão e de

operacionalização. A FEBEM/SP por seu lado entendia que cabia a ela a

supervisão da Política do Menor (CASTRO, 1990).

Apesar das controvérsias prevaleceu a doutrina da proteção integral e o ECA

inaugura então uma nova maneira de ver e pensar a criança e o adolescente,

como sujeito de direitos e pessoa em processo de desenvolvimento.

Page 46: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

38

A FEBEM/SP herda da PRÓ-MENOR um organograma composto por uma

Unidade de Recepção, seis Unidades de Triagem e 13 Unidades Educacionais.

Em 1980, pretendendo fazer a diferença entre o atendimento de carentes

abandonados e infratores, faz uma reformulação nas Divisões que fazem a

Gestão das Unidades. Nessa época contava com: 01 unidade de recepção, 05

unidades de triagem, 20 Unidades Educacionais, 03 pensionatos, além de

pensões.

Não obstante os esforços, a mudança de denominação dos espaços de

atendimento e da estrutura organizacional para adaptação ao regulamentado

pelo ECA, mesmo com o processo de descentralização proposto e iniciado, os

grandes aglomerados de adolescentes continuam extremamente problemáticos

e a instituição continua vivendo inúmeras e desastrosas crises.

Em 1998 a Secretaria da Criança Família e Bem Estar Social passa a

denominar-se Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social –

SEADS. Conforme assevera Gandini Jr. (2006) esta Secretaria passou a ser

reformulada dentro das novas legislações e do novo paradigma de seguridade

social e passou a implementar uma nova política de assistência social no

estado.

Neste período, com o fechamento das Unidades de Recepção, que

recepcionavam todos aqueles que até 18 anos tivessem como caracterização a

“situação irregular”, independente de sua conduta, o processo de identificação

dos adolescentes carentes e dos abandonados começa a ser feito através de

educadores de rua, reorientando a ação de profissionais que já atuavam

anteriormente em outros projetos da Secretaria. Segundo Gandini Jr.(2006) sua

tarefa e responsabilidade voltam-se então para salvaguardar aqueles que na

rua se encontravam abandonados ou carenciados. O educador de rua surge

então como profissional voltado a essas questões.

Em 1999, um ciclo com intermitentes processos de tumultos, rebeliões e fugas

se fecha com um dos episódios mais traumáticas da FEBEM/SP. No Complexo

Imigrantes quatro adolescentes foram mortos com crueldade no momento em

que 1.216 internos do Complexo fizeram 16 funcionários e outros internos

como reféns e colocaram fogo em três prédios, impossibilitando seu reuso.

Page 47: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

39

2000 – 2006

Diante das rebeliões e da intensa mobilização da sociedade civil decorrente,

resultou um documento e um programa denominado "Diretrizes para uma

política de atendimento socioeducativo a adolescentes infratores" e "Programa

Novo Olhar". A proposta na época era ordenar e tornar a FEBEM/SP um órgão

público eficiente e eficaz. Foram disparadas ações para descentralizar,

interiorizar e regionalizar a Fundação.

Os adolescentes que estavam no Complexo Imigrantes foram distribuídos para

as Cadeias de Pinheiros, Santo André, Carandiru e duas Unidades no

Município de Franco da Rocha inauguradas para esse fim. Em decorrência das

transferências para espaços não voltados ao adolescente, houve nova onda de

fugas, rebeliões, tumultos e mortes.

A FEBEM/SP então vinculada à SEADS passa em 2001 para a Secretaria de

Juventude (CASA, 2006).

Até 2005, para que se efetivasse a desativação das Unidades de Parelheiros e

dos Complexos Franco da Rocha e Tatuapé, foram necessárias muitas outras

intercorrências de igual proporção que a do Imigrantes. O registro de mortes de

adolescentes e funcionários em rebeliões acelerou os processos decisórios. Os

fatos apenas realçam e comprovam as reengenharias resguardadas por trás

das trocas de endereços. Não basta fechar, demolir e reconstruir; a

manutenção das mesmas características ou o encaminhamento para

ambientes idênticos ou piores que os anteriores conduziram à repetição de

episódios semelhantes.

De 2000 a 2005 após idas e vindas, acertos e erros, denúncias e averiguações,

fugas, liminares, motins, transferências para presídios, tentativa de desafogar a

superlotação, controlar as rebeliões, frear o ímpeto dos adolescentes mais

violentos, reformar as unidades destruídas etc. chegamos a um saldo de

centenas de fugas, dezenas e dezenas de tumultos e incêndios. Adolescentes

e servidores morreram reféns daquele panorama que descortinava a

acumulada e continuada falta de Políticas Públicas voltadas para o problema

do “menor” carente, infrator, libertino, abandonado ou qual fosse a alcunha que

lhe fosse dada.

Page 48: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

40

Este era o panorama de um antigo Sistema Socioeducativo e sintoma da

precária construção de novas concepções, políticas e instituições. Retratava o

Estado com maior população de adolescentes com restrição e privação de

liberdade no país com imagens de uma instituição que só era conhecida pelos

adolescentes por sobre os telhados, quebrando-a e incendiando-a.

Essa fotografia só fazia pensar que remédio não havia, que só fazíamos

remendar o irremediável e que sim, continuávamos desde sempre,

perpetuando a escola do crime de décadas passadas.

Diante desse panorama muitas interrogações surgiram. Como estabelecer

novas bases, novos princípios, novas diretrizes, com alicerces tão corroídos?

Como vislumbrar um futuro se a realidade que se descortinava estava tão

anuviada? Como mudar hábitos? Os costumes e o modo de ser, ver, tratar, se

relacionar e atuar dos adolescentes e familiares, dos servidores e familiares, da

imprensa e demais atores do Sistema de Garantia de Direitos?

O norte maior já estava delineado há algum tempo: a Constituição Federal o

expressa em seu Art. 227, o ECA regulamenta. Enquanto todas essas

perguntas eram feitas, discutidas e processadas pelos gestores e demais

atores do SGD na busca de uma resposta para “solucionar” o caos, os meninos

e meninas estavam submersos no caos.

Berenice Maria Gianella, atual presidente da Fundação CASA/SP, empossada

em junho de 2005, em entrevista ao Portal do Governo do Estado relata que:

Eu assumi a presidência da atual Fundação CASA/SP no dia 7 de junho de 2005, ainda FEBEM/SP, em meio a rebeliões e tumultos. Entre janeiro e maio de 2005 foram registradas 65 rebeliões na Fundação, um número absurdo de fugas, tumultos e diversos funcionários machucados. Logo imaginei que a gente precisava pensar em algo que fosse emergencial. E eu tinha uma preocupação muito grande em tomar medidas de médio e longo prazo. Não poderíamos tomar medidas paliativas ou pirotécnicas. Era preciso pensar em uma reformulação da Fundação, em algo que pudesse ser de fato diferente. Quando assumi a presidência, já havia uma determinação do governador de que fosse feita uma descentralização das unidades. Para isso foi autorizada a construção de 41 novas unidades. (GIANELLA, 2009)

Em atendimento a essa determinação, em 2005 a FEBEM/SP, inicia um

processo de descentralização do atendimento aos adolescentes autores de

Page 49: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

41

atos infracionais do Estado de São Paulo. Conforme Gianella “a partir daí foi

iniciada a construção das unidades e havia também uma determinação do

governo para desativar o complexo do Tatuapé, que na época era o maior

complexo, onde existiam 17 unidades com aproximadamente 1.800 jovens”.

(GIANELLA, 2009)

Em 2006 houve a entrega já das primeiras Unidades Descentralizadas e os

adolescentes que cumpriam Medida de Internação foram transferidos para

próximo de suas regiões de moradia, atendendo a um cronograma de

construção e de finalização dos projetos construídos.

Em Campinas, para iniciar o projeto, foram erguidas duas unidades cada uma

com um espaço para 16 vagas no artigo 108 Internação Provisória e 40 vagas

no artigo 122 Internação. Do total de 64 (sessenta e quatro) construções

planejadas em 2011 60 estão acabadas e em funcionamento.

5. A FUNDAÇÃO CASA

Em 26 de dezembro de 2006 a Lei nº 12.469 altera a denominação da

FEBEM/SP para Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao

Adolescente – Fundação CASA/SP. Também se altera a denominação Unidade

para Centro de Atendimento e a elegibilidade do adolescente de Primário para

Primeira Internação e Reincidente para Mais de Uma Internação, todas as

alterações regulamentadas por Portarias Administrativas e Normativas da

Fundação CASA/SP. O objetivo era escrever uma nova história que lá em 2005

já propunha dar outro rumo para o Sistema Socioeducativo no Estado de São

Paulo.

A Fundação CASA/SP tem seu poder máximo de decisão exercido pelo

Conselho Estadual do Bem-Estar do Menor, órgão de natureza colegiada, com

mandato de três anos, constituindo-se em poder deliberativo e supervisor da

Fundação. Segue-se o Conselho Fiscal a quem compete dar parecer sobre as

contas da Fundação. (CASA, 2011). (Ver Anexo 3 – Organograma Fundação

CASA/SP 2011)

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42

A Fundação CASA/SP possui hoje 140 Centros de Atendimento distribuídos em

52 municípios do Estado incluindo a Capital contando com 191 espaços de

atendimento, para atender adolescentes distribuídos em:

97 espaços para o Programa de Internação. Este Programa atende o

Art. 122 do ECA;

um espaço para atender o Programa de Internação no seu inciso III,

Internação Sanção. Este Programa atende o Art. 122 III do ECA;

57 espaços para atender o programa de Internação Provisória.

Programa que atende o Art. 108 do ECA;

dez espaços para atender os adolescentes no Atendimento Inicial em

consonância com o Art. 175 do ECA;

um espaço que atende o Programa de Internação e o de Semiliberdade,

em conformidade com os Art. 122 e 120 do ECA13.

25 espaços para atender o Programa de Semiliberdade, conforme o

definido no Art. 120 do ECA.

Nesses espaços já estão computados os Centros que atendem unicamente

adolescentes do gênero feminino que hoje representam 5% da população da

Fundação. No seu inicio a Fundação CASA/SP executou também os

Programas de Restrição de Liberdade, (Liberdade Assistida – LA e Prestação

de Serviço a Comunidade – PSC) nos chamados Postos de LA e ONGs

conveniadas, nas diversas regiões do Estado.

A Tabela 1 apresenta o mapa dos espaços físicos e de atendimento com os

respectivos Programas Socioeducativos

13

Este espaço está situado no município de Franca e aplica um Modelo Pedagógico em cujo último estágio o adolescente fica alocado em uma casa com perfil de República. Embora ainda cumpra uma medida de privação de liberdade neste estágio, ele deve fazer todas as suas atividades escolares, esportivas, culturais e profissionais no meio aberto mantendo a responsabilidade de manutenção do espaço de convivência. Como a Medida de Semiliberdade tem características semelhantes, são reservadas cinco vagas neste espaço para esse Programa.

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43

Tabela 1 – Boletim Estatístico

Fonte: CASA/SP/DT/NUPRIE – Boletim Estatístico Semanal Posição:- 30.11.2011

Não obstante o novo olhar dado pelo ECA, que refuta a maneira com que o

sistema de justiça e o sistema socioeducativo conduziam as ações voltadas

para os adolescentes, estes dois sistemas foram e ainda são os que maiores

dificuldades encontraram e encontram para atender às novas determinações.

Legitimando esta afirmação, Andreia Segalin e Clarete Trzcinski (2006)

entendem que apenas a lei não garante o direito, ou seja, a existência da lei

não significa sua efetividade prática. É o que ocorre com a maioria dos

adolescentes autores de ato infracional, que não são tratados pelo sistema de

justiça como cidadãos de direito.

Apoia a afirmação o fato de hoje 48% dos jovens cumprindo medida de

internação ali estarem por atos infracionais caracterizados como de gravidade

média, aqueles que não envolvem a grave ameaça ou violência à pessoa, o

que, como definido no Art. 122 do ECA deveria ser o único critério que justifica

essa medida. Se excluído o tráfico de drogas, esse percentual cai para 9%,

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portanto o tráfico de drogas representa o critério de 39% das internações.

Conforme Tabela 2 – (CASA/NUPRIE, 2011)

Tabela 2 – Adolescentes por ato Infracional sem grave ameaça ou violência a pessoa na Internação.

ATO INFRACIONAL POPULAÇÃO

TRÁFICO DE DROGAS 2429

DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA JUDICIAL 200

FURTO 191

FURTO QUALIFICADO 69

PORTE DE ARMA DE FOGO 38

OUTROS 30

RECEPTAÇÃO 19

PORTE OU USO DE DROGAS 14

FURTO QUALIFICADO TENTADO 13

DANO 4

FURTO SIMPLES TENTADO 4

USO DE DOCUMENTOS FALSOS 3

DIRIGIR SEM HABILITAÇÃO 3

DANO QUALIFICADO 3

DESACATO 2

Fonte: DT/NUPRIE

Posição: 30.11.2011

Fonte:- CASA/SP/DT/NUPRIE – Boletim Estatístico Semanal Posição:- 30.11.2011

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45

CAPÍTULO II

SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO

Para melhor compreender nosso objeto de estudo, faz-se necessária uma

introdução sobre os sistemas de informação construídos e da importância

desses para a construção do conhecimento.

Como declaram Molinaro e Ramos (2011: Prefácio) “Na sociedade da

informação, o verdadeiro ativo não é a informação em si, mas o conhecimento,

pois é ele quem gera valor para a organização. Por isso, é necessário que os

colaboradores e as empresas obtenham conhecimento no menor tempo

possível, contribuindo para uma boa tomada de decisão”. A mesma

necessidade se coloca para os gestores das políticas públicas e seus

programas de ação.

Já na era moderna, a invenção da imprensa foi considerada como a maior

revolução na comunicação humana, até que milhões de pessoas pudessem ao

mesmo tempo, ter acesso a milhões de informações através de redes

(Balducci, 2002: 4). No entanto, a disseminação de um excesso de informações

desencontradas pode trazer mais problemas do que soluções. Ackoff

(1967:114) observa que, embora os executivos necessitem crescentemente de

informação relevante as quais são foco básico dos sistemas de informações

gerenciais, eles são, ao mesmo tempo, vitimas de uma abundância de

informações irrelevantes. Rebouças de Oliveira (2008: 4) relata que Smith

(1968: 2) alertava para um irônico dilema dos executivos que se deparavam

com um grande volume de informação, mas que não eram suficientes para a

correta tomada de decisão.

Continuando com Djalma de Pinho Rebouças de Oliveira (2008: 4) temos a

observação de que, dentro das empresas é costume encontrar as seguintes

reclamações:

Há muitas informações de mercado inadequadas e poucas adequadas;

Page 54: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

46

As informações ficam tão dispersas dentro da empresa que exigem

grande esforço para localizá-las e integrá-las;

As informações importantes, às vezes, são retidas com exclusividade

por outros executivos

As informações importantes, geralmente, chegam tarde; e

As informações, muitas vezes, não são confiáveis.

Essas questões são reais e fazem parte tanto do universo das empresas

privadas como de instituições públicas como a Fundação CASA/SP.

São questões que se diagnosticadas devem servir para alavancar o

desenvolvimento de um sistema de informação que as solucione. É a

necessidade de selecionar e organizar informações que faz surgir a

necessidade dos sistemas de informação. Molinaro e Ramos (2011: 6) relatam

que o interesse pelo estudo dos sistemas surgiu a partir das pessoas

vinculadas às ciências da computação, à biologia e às ciências sociais.

A empreitada dos Sistemas de Informação é a de fornecer conceitos,

metodologias, técnicas e ferramentas para que os gestores públicos e os

executivos das organizações possam tomar decisões baseadas em

informações estratégicas que devem ser precisas, atualizadas e em tempo

hábil e sua utilização deve resultar em ações relevantes (CARMO, 1999: 49).

Os sistemas de informações gerenciais precisam ter mecanismos de avaliação

de desempenho, estabelecendo os processos de controle e infra-estrutura

necessários para informar o “alto escalão e aos gerentes da organização”, ou

seja, as pessoas que tomam decisões, que as atividades necessárias de

acordo com a estratégia adotada estão, de fato, acontecendo (CARMO, 1999:

57).

A fase de tomada de decisão envolve aspectos tangíveis e intangíveis na

transformação da informação em conhecimento (Molinaro e Ramos, 2011:25).

A ideia remete à importância da gestão para o conhecimento que as

informações geradas pelos sistemas podem produzir e é nesse ponto onde se

pretende chegar.

Page 55: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

47

NOMENCLATURA USADA NOS SISTEMAS E NA TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO

O processo de compreensão deste estudo deve partir das conceituações

básicas necessárias para o entendimento da Tecnologia da Informação (TI) e

dos Sistemas de Informação e Gestão (SIG).

a) Dado

Para Rebouças de Oliveira (2008: 22), dado é qualquer elemento identificado

em sua forma bruta que, por si só, não conduz a uma compreensão de

determinado fato ou situação. Ou ainda, conforme afirmam Strassburg, Bazzotti

e Fonseca (2007: 95), os dados são elementos ainda não interpretados ou

analisados. Pode-se dizer ainda, dados são elementos que devem ser

trabalhados e melhorados.

Portanto dados, em seu estado bruto, são agrupamentos de informações não

integradas e como tal, não traduzem análise por si só, antes de devidamente

trabalhados. Para atender às necessidades da informação é necessário dizer

que somente o cuidado na alimentação desses dados traz a fidedignidade da

informação vez que são esses dados que irão produzi-las.

b) Banco de Dados

Conforme identificam Molinaro e Ramos (2011: 54), bit é a menor unidade de

um dado que um computador pode tratar. Bytes é um grupo de bits (oito) que

representam um caractere. Pode ser uma letra, número ou outro símbolo.

Campo é o agrupamento de caracteres. Registro é o grupo de campos (que

pode ser uma pessoa ou evento). Arquivo é o grupo de registros do mesmo

tipo. Enfim um grupo de arquivos relacionados forma um banco de dados14.

Continuando com as definições de Molinaro e Ramos (2011: 54), “Banco de

Dados” é uma coleção de dados organizados para atender a muitas aplicações.

Um Banco de Dados “atende às necessidades de muitos sistemas, com um

14

Ver Wikipédia: http://pt.wikipedia.org. Acesso em 12.04.2011.

Page 56: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

48

mínimo de duplicação, e estabelece relações naturais entre dados e

informações” (REBOUÇAS DE OLIVEIRA, 2008: 46).

c) Informação

Segundo Rebouças (2008: 22), informação é o dado trabalhado que permite ao

executor tomar decisões. Informação é diferente de dado, porém ela só existe

tendo como ponto de partida um dado (STRASSBURG, BAZZOTTI e

FONSECA, 2007: 95).

Comparando as duas semânticas consideramos que os dados são registros,

porém só passarão a ser informação quando forem interpretados, analisados e

processados. Por exemplo, o número de adolescentes da Fundação CASA/SP

em uma listagem, é apenas dado; quando esses números são ligados a nome,

idade, cor de pele, ato infracional, compõem um Banco de Dados e se

transformam em informação.

Conforme afiança Galvão (2009: 65) “gestão estratégica é um processo que

deve ser desencadeado pela alta administração, mas que deve ser

compartilhado com todos os demais níveis de gerência, tendo em vista buscar

o envolvimento e o comprometimento de todos com o planejamento, a

organização, a execução, o acompanhamento e a correção de rumo (quando

necessário). É um processo “macro” e essencial na condução das

organizações marcadas pela turbulência e pela instabilidade”.

d) Sistema

Um sistema é um conjunto de elementos articulados entre si. Seu

funcionamento depende do modo como se dá a relação entre seus elementos,

sendo Que O Comportamento De Cada Um Deles Afeta Todo O Conjunto

(VAITSMAN, 2009: 163).

Page 57: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

49

e) Sistema de Informação

Muito se discute e se tem falado sobre Tecnologia da Informação (TI) e

Sistema de Informação (SI). Rezende (2000: 62) afirma que sistema de

informação é “o processo de transformação de dados em informações que são

utilizadas na estrutura decisória da empresa”. Esse entendimento pode ser

aplicado também para o processo decisório de uma política pública. Para que

aconteça esse processo de transformação é necessária uma arquitetura de

suporte para a Informação: a plataforma sobre a qual os gestores montam seus

sistemas. Portanto, tanto a TI quanto o SI são intrínsecos já que a análise da

informação produzida é o que permite a produção de conhecimento com vistas

à sustentação da gestão e da otimização dos resultados.

f) Sistema de Informações Gerenciais

É o processo de transformação de dados em informações. Quando esse

processo está voltado para a geração de informações necessárias e utilizadas

no processo decisório da empresa ou política pública, diz-se que esse é um

sistema de informações gerenciais (SIG).

g) Conhecimento

É o saber que a confluência de dados e informações, no bojo de um Sistema

de Informação, produz. A informação pode e deve ser usada para aperfeiçoar,

aprofundar e tornar possível uma decisão ou ação.

Conforme assevera Rebouças de Oliveira (2011: 24), a tomada de decisão

refere-se à conversão das informações em ação. Portanto, decisão é uma ação

tomada com base na análise de informações.

O conhecimento é quem agrega valia para a instituição, portanto é primordial

que a produção de conhecimento seja ágil e aconteça no prazo mínimo

necessário contribuindo para uma boa tomada de decisão.

Page 58: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

50

h) Meta

Em consonância com a afirmação de Galvão (2009: 74) “Metas são ações

concretas e objetivas” que devem ser quantificáveis e em sua definição devem

especificar o resultado mínimo desejável, suficiente para atender os objetivos

estratégicos traçados pela instituição.

As metas devem ser construídas de acordo com dados da realidade e

passíveis de serem alcançadas. O contrário disso resulta em desmotivação.

i) Indicador e Indicador de resultado ou desempenho

Um indicador consiste em um valor usado para medir e acompanhar a

evolução de algum fenômeno ou os resultados de processos sociais. O

aumento ou a diminuição desse valor permite verificar as mudanças na

condição desse fenômeno. A matéria-prima dos indicadores de programas

sociais são os dados que expressam características relevantes de fenômenos

que se quer acompanhar, como a renda, a escolaridade e a frequência à

escola. A construção de indicadores requer a organização de bases de dados

contendo as informações consideradas relevantes para medir mudanças ao

longo do tempo (VAITSMAN, 2009: 161).

Os Indicadores de resultado ou desempenho devem se prestar para medir

quanto de um objetivo e/ou meta foi alcançado e, conforme reforça Galvão

(2009: 74), devem ser expressos em unidade de medida que sejam

significativas e devem ter uma periodicidade compatível com a medição em

qualquer que sejam as condições, tanto para avaliação de ações como para

sustentar a tomada de decisões.

Quem determina o formato dos indicadores são as metas que se pretende

alcançar.

Por exemplo. Em consonância com o Art. 124 do ECA e com o SINASE, dentro

dos Indicadores de Resultado de Programas estabelecidos no Planejamento

Estratégico da Fundação CASA/SP encontramos a Inserção Pedagógica que

respeita as Diretrizes colocadas no Caderno da Superintendência Pedagógica

(CASA, 2010) e conta, entre outros, com os indicadores:

Page 59: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

51

Inserção no ensino formal, onde 100% dos adolescentes em idade

escolar e que não tenham concluído o ensino Fundamental e Médio

devem ser matriculados na série que estavam cursando antes do

ingresso na Fundação CASA/SP.

Inserção em curso de Educação Profissional, obedecendo ao critério de

um curso a cada três meses de internação.

Inserção em Atividades de Educação Física e Esportes, onde cada

adolescente deve receber 3h/aula por semana.

Esses Indicadores recebem uma fórmula de cálculo e obedecem a uma

periodicidade peculiar a cada um deles. “Adolescentes matriculados” é um

dado que pode ser coletado mensalmente, “horas aula de educação física e

esportes” pode ter coleta semanal, enquanto que “educação profissional” é um

dado que só pode ser coletado trimestralmente.

j) Eficiência

Eficiência é um conceito que se refere ao grau em que o produto ou serviço

está sendo produzido a um custo mínimo.

k) Efetividade

Efetividade é um conceito que se refere ao grau em que o produto ou serviço

produz o resultado ou o impacto desejado.

l) Eficácia

Eficácia é um conceito que se refere ao grau em que o produto ou serviço

atende aos padrões estabelecidos, consideradas as demandas de usuários e

clientes. Aqui se encontra o indicador que pode ser associado à garantia dos

direitos dos “clientes”: os adolescentes sujeitos da política pública em questão.

Sendo assim este capítulo se propôs a apresentar para maior clareza e

entendimento do Sistema de Informação conceituações e informações básicas

para o desenrolar do trabalho. Discorreu sobre as partes que compõe o

Page 60: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

52

Sistema de Informação e que dão sustentação às tomadas de decisão e

abordou algumas características de sua evolução e de sua nomenclatura.

Partindo da abordagem de cada um desses aspectos, o capítulo seguinte

discutirá o processo de construção do Sistema de informação de Gestão (SIG)

da Fundação CASA/SP aspirando que ele seja substancial e que seja eficaz

em sua aplicabilidade.

Em 2005 quando da mudança para a atual gestão e visando atender a

demanda já bastante aumentada a ainda FEBEM/SP/SP faz parceria com o

Instituto Universidade Empresa – UNIEMP que passa então a trabalhar junto

com os profissionais da Fundação na estruturação de um novo modelo de

Planejamento no desenvolvimento de novas ferramentas para o Sistema de

Informação.

Surge aí a ferramenta PORTAL que passa a compor a partir do final de 2010 o

SIG – Sistema de Informação de Gestão como a ferramenta que ancora o

Banco de dados da Fundação CASA/SP.

Com o inicio da construção das ferramentas para um Sistema de Informação

de Gestão, os dados do Sistema PRODESP migram o Portal Fundação

CASA/SP. A ferramenta “Portal”, uma das ferramentas do Sistema, foi

construída dentro de critérios que buscavam visualizar o adolescente

integralmente durante toda a sua trajetória Institucional. Outras ferramentas

estão sendo agrupadas no Sistema permitindo apurar cada vez mais a Gestão

do Sistema Socioeducativo do Estado em face da necessidade de mudar os

estigmas que permeavam o Sistema Socioeducativo no Estado de São Paulo.

Com o advento, em 2006, do SINASE não só a Fundação, mas toda a

Instituição que executava os programas do Sistema Socioeducativo tinha que,

umas mais, outras menos, outras ainda de forma incipiente, nortear suas ações

com vistas a atender os parâmetros estabelecidos no documento. Não tendo o

poder da Lei e ainda em discussão, as propostas nele colocadas traziam e

trazem questões norteadoras para o Sistema Socioeducativo bastante

significativas. O documento complementa e organiza a aplicação do expresso

no Art. 227, da Constituição e no ECA.

Page 61: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

53

Isto posto era premente dar início a construção de um Sistema de informação

capaz de dar conta de medir se os parâmetros de ordenação proposto no

SINASE para a o Sistema Socioeducativo estavam sendo atendidos. Os

capítulos seis e sete do SINASE deixam em evidência a necessidade de um

sistema de monitoramento das ações desenvolvidas com o adolescente e para

tanto a criação de ferramentas que atendessem a todos os quesitos é

primordial para a análise da implementação da atenção voltada para o

adolescente como sujeito de direito.

Hoje a Fundação CASA/SP não é apenas um novo nome, mas está

caminhando para estabelecer uma Política da Informação que dê transparência

ao mais populoso atendimento Socioeducativo do Brasil e possa produzir

relatórios compondo com os demais Estados o Sistema de Informação que,

conforme proposto no Sistema de Informação para a Infância e Adolescência –

SIPIA, traga recursos para que o governo possa tomar decisões e estabeleçam

políticas com vistas a garantia de direitos dos adolescentes em conflito com a

lei. É imperativo que a troca e multiplicação das experiências, das tecnologias

aplicadas nas ferramentas do SIG, atinjam e sejam desejo dos Estados o que

só trará benefícios para o atendimento do adolescente em conflito com a lei.

Para fazer valer as diretrizes traçadas no seu Mapa Estratégico em 2005 (Ver

Anexo 2 – Mapa Estratégico Fundação CASA), a Fundação assumiu a

necessidade de rever suas ferramentas da Tecnologia da Informação e suas

Bases de Dados vez que esses são os recursos fundamentais para analisar e

avaliar o alcance dos objetivos propostos no mesmo Mapa. O SIG deverá

permitir fazer valer a missão traçada de “executar, direta ou indiretamente, as

medidas socioeducativas, com eficiência, eficácia e efetividade, garantindo os

direitos previstos em lei e contribuindo para o retorno do adolescente ao

convívio social como protagonista de sua história” e de: “tornar-se referência no

atendimento ao adolescente autor de ato infracional, pautando-se na

humanização, personalização e descentralização na execução das medidas

socioeducativas, na uniformidade, controle e avaliação das ações e na

valorização do servidor”.

Page 62: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

54

É nessa perspectiva que iremos explanar sobre o desenvolvimento do SIG e o

seu estágio atual de construção, procurando mensurar quanto falta caminhar

para atingir sua visão de futuro.

Page 63: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

55

CAPÍTULO III

A INFORMAÇÃO NO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO DE SÃO PAULO

Para analisar a informação utilizada pelo Sistema Socioeducativo em São

Paulo com um nível básico de fidedignidade foi necessário muitas vezes

recolher papéis danificados, arquivos parcialmente destruídos pelo uso, pelo

tempo e também por terem sofrido maus tratos nas intercorrências como

rebeliões e incêndios. A metodologia de pesquisa documental aqui

desenvolvida se revelou uma das principais e mais significativas fontes de

informação para o trabalho. Um documento por mais insignificante que possa

parecer faz brotar a história da Instituição e de todos que por ela passaram.

Garimpar documentos, mesmo que fragmentados, nos leva à essência da

informação. A pesquisa agrega valor para a informação. A experiência vivida

que não foi registrada e multiplicada, é nada, perdeu a chance de se

transformar em história. A história contada é a informação produzida e o

conhecimento distribuído e multiplicado.

A pesquisa em documentos se articulou com a coleta das memórias dos

servidores que, em entrevistas, relembraram o cotidiano que viveram à época

da historia acima relatada. Funcionários que estavam no Educandário Sampaio

Viana, no Complexo Imigrantes, Tatuapé, Franco da Rocha, e também nos

Presídios para adultos como os do Carandiru, Santo André, Tupi Paulista a

Casa de Custodia de Taubaté e outros mais. Esta dissertação resgata a

memória daqueles profissionais que, nas rotinas da lida com os adolescentes,

não se dão conta do valor de qualquer que seja o resquício de anotação escrito

por nós ou por outros. O registro é o que imprime identidade ao trabalho

desenvolvido por todos.

Page 64: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

56

1. ANTECEDENTES

Dentro de nossa pesquisa documental encontramos o primeiro livro de registro

de crianças e adolescentes carentes e/ou infratores com data do período de

1935 a 1946. Neste livro estão registrados os primeiros números de Prontuário

atribuídos na Instituição, o número um, o nome da primeira criança ou

adolescente, que recebeu este registro na Fundação CASA (Ver Anexo 4 –

Livro de Cadastro “PT 01 à 12024 Ano 1935 à 1943” Página 1).

Embora o Livro tenha esse período registrado na Capa, observa-se um

primeiro registro datado de 1903 e outros em 1906, 1907, 1908, e dai em

diante até alguns de 1949. O que nos leva a entender que há registros da

primeira década do ano de 1900 é o fato de encontrarmos duas irmãs

registradas com a mesma data de entrada 23.12.9. (Ver Anexos 5 e 6 – Livro

de Cadastro “PT 01 à 12024 Ano 1935 à 1943” Dalva e Dirce de Oliveira).

Os registros também nos mostram que muitas vezes não se tinha muitas

notícias do interno registrando-o, por exemplo, como “Izabel de Tal”, (Anexo 4

– Livro de Cadastro “PT 01 à 12024 Ano 1935 à 1943” Página 1) outras vezes

não se sabia a data de entrada (Ver Anexos 7 e 8 – Livro de Cadastro “PT 01 à

12024 Ano 1935 à 1943” Sem Data), provavelmente de carentes e/ou infratores

que estavam no Instituto Disciplinar e Internatos da época como a Chácara

Belém. Inferindo sobre a leitura do livro não é possível definir em que data

foram feitos os registros, entretanto observa-se que a organização não

respeitou, em princípio, critério algum vez que a entrada mais antiga não

recebeu o Prontuário nº 1 nem tão pouco foi construído em ordem alfabética.

Podemos deduzir também na leitura que provavelmente os internos recebiam

um número, mas estes registros não estavam agrupados e sistematizados,

vista em vários lugares observarmos correção de números e nomes (Anexo 9 –

Livro de Cadastro “PT 01 à 12024 Ano 1935 à 1943” Correções).

Com a análise desse período pretendeu-se mostrar a falta de sistematização

da coleta de dados onde se registrava apenas número de Prontuário e não

havia a preocupação de compilar em Banco de Dados informações como idade

e motivo da internação, permitindo supor que incluíam não infratores vez que

os inúmeros registros de irmãos nos, anexos apresentados, confirmam esse

Page 65: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

57

pensamento. Como já mencionado acima se percebe o registro de crianças

sem nomes, possivelmente órfãos ou abandonados, como aquela identificada

na primeira página do livro como “Pequenita de Tal”. Permite ainda perceber

que as crianças ou adolescentes provinham de instituições como o Juízo para

Menores – JPM, o Comissariado, os Juízos das Comarcas do Interior de São

Paulo, do Instituto Modelo (I Modelo) e um possível Abrigo Provisório de

Menores (APM). Esta ferramenta de registro tem sua fidedignidade

comprometida pela ordem de datas não cronológica, que sugere a cópia

posterior a outro tipo de registros como eventualmente fichas de registro do

ingresso das crianças na instituição. (Ver Anexo 4 – Livro de Cadastro “PT 01 à

12024 Ano 1935 à 1943” Página 1).

Este livro de Registro de Prontuário refere-se ao tempo de vigência do Código

de Mello Mattos. Nosso estudo volta-se, porém ao período posterior a 1990.

2. A FEBEM/SP e seu Sistema de Informação

Até 1999

Os organogramas da FEBEM/SP nos anos de 1974 e 1980 já traziam,

subordinado à Diretoria Técnica – DT 3, a Seção de Documentação e Cadastro

de Menores. No entanto no início da década de 90 a FEBEM/SP continuava

com os procedimentos de cadastros de informação bastante simplificados e

reduzidos, em virtude disto temos poucas informações sobre a população

desse período. (Anexos 10 – Organograma da Diretoria Técnica – 1974 e 11 –

Organograma FEBEM/SP 1980).

Referência essencial é a tese de doutorado da Dra. Deborah Pimenta Ferreira

(1999) que propôs a construção de um Sistema de Informação para a

FEBEM/SP. A autora aponta 1996 como o início da criação de bancos que

agrupavam dados e onde eram feitos os cadastros das crianças e adolescentes

e de onde eram retirados os relatórios informativos. Ferreira destaca os

seguintes instrumentos:

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58

BDL - Boletim Diário de Lotação

O BDL era uma planilha onde, diariamente, se anotava o número de

adolescentes no momento de “fechamento” do dia anterior, a movimentação do

dia atual e o número de adolescentes no “fechamento” do dia atual.

Entendendo-se por “fechamento” o momento onde se fazia o último

levantamento do número de adolescentes nos Centro de Atendimentos.

Conforme a Entrevistada K não havia um padrão para essa coleta; algumas

Unidades usavam como critério para o “fechamento” o período compreendido

entre as 00h00 e 24h00 do dia anterior ao de encaminhamento do dado, outras

coletavam o dado usando o período compreendido entre as 07h00 do dia

anterior e as 07h00 do dia de encaminhamento do dado. O documento tinha

como foco fazer a leitura da taxa de ocupação e originava um relatório de

“Fechamento Mensal” que era o condensado dos dias do mês e permitia a

leitura da média mensal de lotação de cada Unidade e da FEBEM/SP. As

coletas e cálculos eram manuais e encaminhados via telefone ou fax.

CRI – Banco de dados

De acordo com as Entrevistadas A e B o CRI era conhecido como Cadastro de

Crianças Infratoras. Já Ferreira (1999) esclarece que o CRI foi um banco de

dados desenvolvido na linguagem de programação Clipper, em 1992. Essa é

uma linguagem de programação de alto nível, criada aproximadamente em

1985, com diversos recursos tanto para profissionais como para iniciantes, mas

hoje considerada obsoleta.

Os dados eram manualmente coletados nas Unidades de atendimento Inicial e

Provisória, onde se fazia a recepção do adolescente. Este banco continha os

seguintes campos: nº do prontuário (é uma numeração manual, sequencial,

fornecida pelo setor de identificação); o nome do adolescente; filiação; data de

nascimento; sexo; cidade do processo; cidade de residência; colocação

profissional (1-sim, com registro; 2-sim, sem registro; 3-não); retaguarda

familiar (1-não existe família; 2-família sem condições de apoio; 3-família com

condições de apoio); escolaridade; infração primária (motivo de entrada);

infração na sentença; artigo (medida aplicada); se era primário ou se havia

Page 67: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

59

outra passagem pela internação, reincidente; nº processo; data de entrada e de

saída da Unidade de Atendimento Provisório; DT-6 (S/N) e Observações. Neste

banco se poderia coletar informações sobre o uso de substâncias psicoativas,

mas dificilmente esses campos eram preenchidos.

RIG - Relatório de Informações Gerenciais

O RIG era um relatório mensal, instituído na Gestão 1995-1998, e alterado para

Relatório de Informações Técnicas em 1999. Continha dados sobre os

diferentes setores da FEBEM/SP e não só sobre adolescentes. De acordo com

Ferreira (1999) as fontes eram os diferentes bancos de dados próprios das

unidades e os registros manuais, das diferentes áreas da FEBEM/SP/SP.

O relatório trazia informações sobre a Divisão de Recursos Humanos e sobre

os adolescentes atendidos pela UAI (Unidade de Atendimento Inicial). Nesse

campo a informação era sobre os dados de Atendimento dos privados de

liberdade e dos que cumpriam Liberdade Assistida. De acordo com a autora o

relatório era enriquecido por gráficos e tabelas que cruzavam os dados

coletados pelo CRI e permitiam um acompanhamento temporal de poucas

variáveis.

Segundo Ferreira, o entendimento da Gestão da Fundação no período citado

apontava para a necessidade de reformulação do sistema de informações e o

desenvolvimento de um novo software. Como fruto de sua tese de doutorado,

em parceria com a FAPESP e o Governo do Estado, foi proposta em 1996, a

construção de um Sistema de Informação, com contrapartida da FEBEM/SP.

A construção de um sistema socioeducativo de acordo com o ECA tornava

premente a necessidade de planejamento, a definição de objetivos e metas.

Emergiu assim a questão do sistema de informações mas a proposta de 1996

não foi implementada.

É desse período, porém, a determinação do Governo para a implantação de

um Banco de Dados criado e ancorado na PRODESP (Companhia de

Processamento de Dados do Estado de São Paulo). Banco esse que desse ao

Governo a visibilidade das condições de lotação da FEBEM/SP. Este foi o

primeiro passo na tentativa trabalhar a informação utilizando a informática.

Page 68: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

60

Os dados agrupados nesse Banco eram retirados de instrumentais ainda não

padronizados e agrupavam questões referentes ao ato infracional, à Comarca

de encaminhamento, data de nascimento, data de entrada no Sistema,

movimentação interna e motivo da saída. Apurava-se a população, para ter

conhecimento do montante de adolescentes ocupando vagas e o montante de

vagas restantes ou em falta, era produzido em papel e manualmente.

Contado “cabeça por cabeça” no inicio e no fim do dia, ou após cada

movimento de indisciplina ou tentativa de fuga era constatada a presença do

adolescente na Unidade. Após as contagens, os dados, muitas vezes depois

de corrigidos durante o dia, frente às intercorrências, eram finalmente lançados

no Livro de Ocorrências das Unidades. Ao inicio e final de cada plantão era

encaminhado para o setor que produzia o Boletim BDL, planilhados e

posteriormente encaminhados via telefone, fax ou malote para a Diretoria à

qual a Unidade estava subordinada.

Por fim quando esse dado chegava ao seu destino final, a Divisão Técnica –

DT, eram alimentados os programas eletrônicos, na linguagem já mencionada

e que eram desenvolvidos pelos servidores, mais especificamente pelo

Entrevistado C, Encarregado de Setor na Assessoria de Informática da então

FEBEM/SP servidor que, com seu conhecimento, procurava construir

ferramentas que fossem facilitadoras na alimentação dos cadastros, que

tivessem recursos suficientes para permitir a coleta de dados para que seu

produto final desse a conhecer minimamente e com fidedignidade a lotação de

cada Unidade, permitindo deixar à mão as informações básicas sobre o

adolescente.

Segundo relato da entrevistada H que em 1998 exercia suas funções no

Complexo Imigrantes, toda a coleta iniciava-se no papel. A Unidade emitia seu

Boletim, enviava para a Divisão à qual era subordinada, via fax ou passava os

números por telefone. A Divisão por sua vez, após recebimento de suas

Unidades, lançava todos os dados em outra planilha, também manualmente e

após essa consolidação alimentavam outra planilha que era envida pelos

mesmos meios para a Diretoria onde iria compor o “Boletim de Lotação da

FEBEM/SP”. É certo que esse boletim dificilmente, da forma como era

Page 69: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

61

construído, traria os dados com precisão resultando, portanto em produção de

informação com inconsistente.

Pela escassez de dados encontrados nas análises documentais feitas no

período até 1999 pode-se avaliar que a alimentação dos dados acerca do

atendimento socioeducativo na FEBEM/SP, que viabilizasse a produção de

informação dando condições para produzir estudos, se dava de maneira

simples, rudimentar e caseira. Não se quer afirmar com isso que era fácil, muito

pelo contrário. Essa carência de informações e de dados até 1999 se dá

exatamente pela dificuldade da formação, arquivamento e guarda do Banco de

Dados. Os constantes episódios de tumultos que a Instituição vivia naquela

época, muitas vezes culminavam com a destruição dos locais onde eram

guardados os arquivos contendo os registros. A carência de informação dá

também a exata dificuldade que a falta de equipamentos e ferramentas da

Tecnologia da Informação adequadas para a construção da informação

provoca.

Conforme relatos da Entrevistada L, ela era a responsável pela coleta e registro

dos dados que compunham o cadastro dos adolescentes da Unidade onde ela

era lotada. Esses dados eram arquivados em disquetes que ela rotineiramente

ao final do dia levava para sua residência temerosa da destruição deles em

algum episódio após a sua saída do expediente.

Em relação à falta de equipamentos, a Entrevistada H, na época lotada no

Complexo Imigrantes, relata que, em virtude da grande demanda, certa vez,

indagou sobre o uso de um computador: “eu assim meio curiosa fui perguntar o

que se fazia naquele computador, que eu não via ninguém mexendo” e

recebeu como resposta: “de vez em quando a gente pega aqui umas pastas e

lança lá.” Nesta época houve uma grande transferência de adolescentes do

Complexo Tatuapé para o Complexo Imigrantes e este se tornou uma grande

porta de entrada para o Sistema Socioeducativo do Estado de São Paulo. Tal

relato aponta que não só a falta de equipamento mas o desconhecimento do

seu manuseio forçavam as coletas manuais.

A FEBEM/SP no período entre 1992 a 1999 teve 66 Unidades entre recepção,

internação e semiliberdade, e durante esse período conforme registros nos

Bancos de Dados eletrônicos foram cadastrados 50.628 adolescentes inseridos

Page 70: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

62

nos Programas definidos pelo ECA. De acordo com a Folha de São Paulo,

edição de 23 de dezembro de 1998, nesta data a FEBEM atendia 2.200

adolescentes (AcervoFOLHA, 1998).

Conforme registros da Fundação em novembro de 1998 havia 40 Unidades

atendendo um total de 4.191 adolescentes para uma capacidade de 2.309

vagas o que representava um déficit de 1.818 vagas conforme a Tabela 3.

Tabela 3 – Programa de Atendimento aos Adolescentes Privados de

Liberdade

Ref.: NOVEMBRO/98

PROGRAMA UNIDADE LOCALIZAÇÃOLOTAÇÃO

MÉDIA

CAPACIDA

DE

CAPAC.REAL(-)

LOTAÇÃO MÉDIA

Atendimento Inicial U.A.I. Brás 64 _ _

TOTAL 1 Unidade 64 _ _

UAP-1 Imigrantes 675 132 -543

UAP-2 Quadrilátero 18 10 -8

UAP-3 Brás 48 50 2

Internação UAP-4 Ribeirão Preto 68 70 2

Provisória UAP-5- M Campinas 40 32 -8

UAP-5 - F Campinas 2 12 10

UAP-6 Imigrantes 698 132 -566

TOTAL 1.549 438 -1.111

UE-1 Quadrilátero 141 80 -61

UE-2 Quadrilátero 99 74 -25

UE-3 Ribeirão Preto 107 90 -17

UE-4 Imigrantes 114 100 -14

UE-5 Quadrilátero 74 50 -24

UE-7 Quadrilátero 109 50 -59

UE-9 Quadrilátero 76 50 -26

UE-10 Quadrilátero 99 80 -19

UE-12 Quadrilátero 145 60 -85

UE-13 Quadrilátero 75 30 -45

UE-14 Quadrilátero 157 60 -97

Internação UE-15 Quadrilátero 128 50 -78

UE-16 Quadrilátero 99 80 -19

UE-17 Quadrilátero 72 50 -22

UE-18 Quadrilátero 106 100 -6

UE-19 Quadrilátero 119 83 -36

UE-20 Quadrilátero 168 178 10

UE-21 Franco da Rocha 118 120 2

UE-22 Raposo Tavares 106 90 -16

Internato 1 Encosta Norte 59 40 -19

Internato 2 Itaquaquecetuba 59 40 -19

Internato 3 Vila Conceição 59 40 -19

Internato 4 Franco da Rocha 54 40 -14

Internato 5 Parada de Taipas 48 40 -8

Internato 6 Fazenda do Carmo 59 40 -19

TOTAL 2.450 1.715 -735

UE-6 Oliviera Peixoto 10 16 6

UE-6 C.A. Marques 12 15 3

UE-8 Mandaqui 14 18 4

Semiliberdade UE-8 Zunkeler 17 12 -5

UE-11 Tatuapé 60 70 10

UE-11 Penha 9 10 1

UEP-8 Mogi Mirim 6 15 9

TOTAL 128 156 28

TOTAL GERAL 4.191 2.309 -1.818

7 Unidades

40 Unidades

UNIDADE / LOTAÇÃO MÉDIA / CAPACIDADE

7 Unidades

25 Unidades

Fonte:- CASA/SP/DT/NUPRIE Elaboração:- Divisão da Tecnologia da Informação Posição:- Novembro de 2008

Page 71: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

63

Esses dados mostram a variação numérica mês a mês e sugerem também

diferenças nos registros segundo as fontes pesquisadas.

A FEBEM/SP fecha o ano de 1999 com 3.441 adolescentes privados de

liberdade distribuídos pelas Unidades de Internação e Internação Provisória e

162 cumprindo a medida de Semiliberdade. Entre os 3.441 estão inclusos 104

adolescentes do Atendimento Inicial. Ainda na época a FEBEM/SP atendia

11.211 adolescentes nos programas de Liberdade Assistida e Prestação de

Serviço à Comunidade. Na administração indireta a FEBEM/SP ainda atendia

1.358 carentes.

2000 – 2005

Como já mencionado, as sucessivas rebeliões ocorridas em torno a 1999 e a

mobilização social que se seguiu, impeliram o Governo do Estado a discutir a

implantação de novos recursos técnicos necessários para fazer fluir, com

presteza, a transmissão para o Palácio do Governo da notícia em tempo real

da população diária das Unidades da FEBEM/SP.

Para que esses dados fossem coletados e encaminhados da forma desejada

foram contratados os serviços da PRODESP, que instalou na Fundação um

programa para atender a essa demanda. Em entrevista M, na época à frente

do setor responsável pela publicação de Portarias da Assessoria de

Planejamento da FEBEM/SP, informa que o instrumental Boletim Diário de

Lotação - BDL foi nesse período padronizado para toda a Fundação. Ela relata

que o modelo era constituído de campos de coleta de dados sobre a lotação e

movimentação que o Governo e a FEBEM/SP necessitavam.

Os dados foram padronizados em formulário particular à FEBEM/SP e comum

a todas as Unidades. Para que os dados fossem coletados e a consolidação

fosse efetivada de forma única e conforme o desejado, foi publicado no Diário

Oficial do Estado do dia 12 de novembro de 1999, não só o documento

padronizado, mas também a orientação para a coleta e o significado de cada

nomenclatura do formulário. (Ver Anexo 12 – Diário Oficial do Estado de São

Paulo)

Page 72: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

64

Ainda conforme relatos da Entrevistada M, esta nova ferramenta elaborada

pela PRODESP foi uma adaptação de ferramenta usada pelo Sistema Prisional

Adulto, adaptada para a realidade do Sistema Socioeducativo. Ela permitiu ao

Governo a leitura diária e prontamente da população da FEBEM/SP assim que

fosse consolidada, bem como as causas de entrada, de saída e a

movimentação dos adolescentes, produto de alterações de artigos e

transferências internas.

As tomadas de decisões em situações emergenciais poderiam assim ter maior

celeridade e fundamentação.

O estabelecimento da rotina de compilação das informações provenientes das

Polícias Civil e Militar já fora regulamentada no Decreto Nº 42.209 de 15 de

setembro de 1997, que instituía o Programa Estadual de Direitos Humanos do

Governo do Estado de São Paulo. Essa rotina fica mais clara no Parágrafo III -

Direitos Civis e Políticos, Item 2: Segurança do Cidadão e Medidas Contra a

Violência, que assevera no Subitem 2.3 a necessidade de integrar os sistemas

de informação e comunicação das Polícias Civil e Militar para assim poder

coordenar e integrar as ações de ambas. Em 1999 a FEBEM/SP passa a

integrar essa rotina (São Paulo, 1997).

A FEBEM/SP permanece na parceria com a PRODESP e utilizando o seu

software até 2005.

De acordo com nossa pesquisa documental observa-se que na época já havia

a preocupação com a orientação sobre as coletas dos dados, o cuidado para

colocá-los corretamente na ferramenta para que o resultado final produzisse a

informação desejada. Porém quando analisamos os documentos consolidados

observamos que a orientação em muitos casos não foi internalizada pelos

servidores que faziam a alimentação.

É importante também salientar que a ferramenta da PRODESP não

possibilitava a alimentação de todos os dados de cadastro necessários, nem a

produção de relatórios como desejado pelas Unidades. Foi então criada pelo

Entrevistado C uma ferramenta que atendia as necessidades das Unidades de

Atendimento Provisório – UAP, e usada por alguns Centros de Atendimento até

hoje.

Page 73: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

65

As figuras abaixo são máscaras da ferramenta “UAP” construída pelo

Entrevistado C; a tela inicial traz a informação de todos os recursos que a

ferramenta possui e quais são os cadastros que podem ser visitados e

alimentados na construção do Banco de Dados da Unidade. Os recursos da

ferramenta são restritos às necessidades das Unidades de Atendimento

Socioeducativo e as possibilidades de alimentação são específicas das

Unidades não permitindo uma consolidação Central que totalizasse a

população da FEBEM/SP e, por conseguinte, impossibilitando sua utilização

com maior abrangência.

Figura 1 – Tela Inicial UAP

A “ferramenta UAP” foi uma solução para gerar os relatórios que estas

Unidades necessitavam e que a ferramenta da PRODESP não conseguia

gerar. Ela possibilitava manter atualizado o atendimento do adolescente,

inserindo todos os dados necessários. Segundo a entrevista, a solicitação foi

de “um programa para acessar os dados e fazer relatórios, fazer consultas,

uma ferramenta que permitisse ao usuário fazer isso, sem depender de

ninguém”. A demanda se focava na atenção às datas de audiência dos

adolescentes, no controle das visitas familiares e dos alimentos trazidos para

Page 74: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

66

os jovens. Também se voltava a identificar os profissionais do setor

psicossocial responsáveis por cada um, demandas estas que não eram

respondidas pelos relatórios gerados pela ferramenta PRODESP. Segundo a

entrevista a solicitação desta nova ferramenta partiu provavelmente das

UAP(s), daí o seu nome. Os servidores das Secretarias Técnicas aprovaram a

ferramenta e a copiaram em disquete, multiplicando-a para as outras Unidades

e disseminando o seu uso. A entrevistada H, que nesta época trabalhava no

Complexo de Franco da Rocha, confirma estes fatos: “eu lembro que a gente

chegava com disquete e copiava. Lá em Franco não tinha UAP; quando

chegou foi uma maravilha!” (Ver Figura 2).

Figura 2 – Tela de cadastro UAP

Page 75: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

67

Os entrevistados associam a deficiência de informação na época à novidade da

ferramenta, ao desconhecimento do seu manuseio, à capacitação insuficiente,

além da falta de equipamentos. Em 2005, gradativamente a Fundação foi

adquirindo novos equipamentos.

A análise dos Bancos de dados até 2005 traz resultados pouco substanciais

para produção de informação consistente. Podemos citar como exemplo a

questão da etnia. Até praticamente o fim de 2006 não se dava o devido valor

para a coleta da informação sobre a cor de pele do adolescente. Somente após

a instalação do “Comitê Institucional Quesito Cor” em 2006 observou-se a falta

de conhecimento quanto à etnia da clientela atendida. Iniciou-se então um

processo de sensibilização e entendimento dos objetivos da coleta e análise do

e que atribuísse a devida significância para as questões peculiares da

população não branca já que ela em 2006 representava quase que 67% da

população da Fundação (Gráfico – 1)

Gráfico 1 – Adolescentes por cor de pele – 2006

Fonte:- CASA/SP/DT/NUPRIE Elaboração:- FEBEM/SP – Instituto UNIEMP Posição: 2006

Page 76: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

68

Promover ações no campo das políticas voltadas ao adolescente que cumpre

medida socioeducativa, garantindo que as diferenças sejam contempladas e

respeitadas, dentro do princípio de equidade, passa a ser então diretriz

acompanhada pelo Comitê do “Quesito Cor”. Percebeu-se então que não só

havia poucos dados cadastrais, mesmo no caso em que poderiam ser

alimentados.

Analisando a Tabela 4 observamos que no período houve um aumento

significativo da população de adolescentes privados de liberdade (os que

cumprem medidas de Internação Provisória, Internação Sanção e Internação),

e os com restrição de liberdade (aqueles que cumprem a Semiliberdade na

Fundação CASA/SP). Com uma população desta dimensão se evidencia a

necessidade da construção de um Sistema consistente.

Tabela 4 - Total de adolescentes 2006/2011

Fonte:- CASA/SP/DT/NUPRIE/Corte Portal Posição:- agosto dos meses de referência

O significado da Informação

A importância dos eventos históricos, especialmente os mais trágicos, para as

iniciativas de construção de processos de consolidação da informação mostra

que é nesses momentos que se articulam a vontade e força política para fazer

valer o que está garantido nos documentos legais. A informação revela lacunas

e indica aos gestores públicos a necessidade de superá-las pela adoção de

atividades socioeducativas adequadas e o empenho na melhoria das estruturas

físicas e equipamentos que permitam desenvolver as tarefas exigidas pela

população interna, de modo a garantir seus direitos e reintegração à sociedade.

Total de adolescentes em programas de atendimento nos centros de

atendimento na Fundação CASA

Mês / ano Total de adolescentes

Agosto/2006 6.046

Agosto/2007 5.659

Agosto/2008 5.857

Agosto/2009 6.627

Agosto/2010 7.059

Agosto/2011 8.137

Page 77: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

69

Voltando a avaliar o montante de adolescentes é simples concluir como

sustentação técnica que, os recursos encontrados em um Sistema de

Informação, fincado em uma plataforma tecnológica competente, são

ferramentas valiosas e prioridade para uma boa gestão da política pública.

Essa reflexão já aparece no SINASE, que dedica um capítulo todo para as

questões ligadas ao monitoramento, avaliação e informação. O Capitulo 9

“Monitoramento e Avaliação” (SINASE, 2006: 91) afiança: “O monitoramento e

avaliação do SINASE compõem um conjunto de ações de caráter político-

estratégico que visa introduzir parâmetros para as entidades e/ou programas

de atendimento socioeducativo que executam o atendimento inicial, a

internação provisória e as Medidas Socioeducativas, bem como produzir

informações para sua melhoria e a publicização dos dados em âmbito

nacional”.

Também o Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH-315, em seu Art.

2º, Eixo I, Diretriz 3 aponta a necessidade de implementação, integração e

ampliação dos sistemas de informações em Direitos Humanos e construção de

mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação.

Todas estas indicações que apontam para a necessidade dos atores do SGD,

particularmente aqueles envolvidos com a garantia de direitos do adolescente

em conflito com a lei, adquirirem conhecimento acerca do atendimento a eles

prestado. Para tal é indispensável o desenvolvimento de um sistema de

informação que permita a visibilidade indispensável para o acompanhamento

da trajetória institucional dos adolescentes, para a avaliação do atendimento

prestado, objetivando reverter essa trajetória.

Com vistas ainda a essa demanda, e citando novamente o SINASE podemos

observar que o item 6, Eixo 6.3.1. “Suporte institucional e pedagógico”, dispõe

que todas as entidades e/ou programas que executam a internação provisória e

15

O PNDH é o resultado de um compromisso assumido pelo Brasil no Tratado de Viena durante a Conferência Mundial Sobre Direitos Humanos de 1993. Trata-se de um programa plurianual elaborado por setores da Sociedade Civil movimentos sociais e entidades de classe que propõe diretrizes e metas a serem implementadas em políticas públicas voltadas para a consolidação dos direitos humanos. Os dois primeiros Programas, o PNDH-1 (1996) e o PNDH-2 (2002) foram elaborados no governo FHC. Não é um plano de governo, mas um programa de Estado. Disponível em http://www.conversadebar.net/2010/01/o-que-e-o-programa-nacional-de-direitos.html, 2010

Page 78: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

70

as medidas socioeducativas devem “consolidar mensalmente os dados

referentes a entradas e saídas dos adolescentes, perfil do adolescente (idade,

gênero, raça/etnia, procedência, situação com o sistema de justiça, tipificação

de ato infracional, renda familiar, escolarização antes e durante o cumprimento

da medida, atividades profissionalizantes antes e depois do cumprimento da

medida, uso indevido de drogas e registro da reincidência)” (SINASE, 2006:

55).

Page 79: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

71

CAPÍTULO IV

O SIG – SISTEMA DE INFORMAÇÃO E GESTÃO DA FUNDAÇÃO CASA

A Fundação CASA nasce no bojo dramático de rebeliões e denúncias que

mobilizaram amplamente atores governamentais e a sociedade civil nacional e

internacionalmente (Palheta, 2010). Seu nascimento representa um esforço

maior na adequação do Sistema Socioeducativo às novas diretrizes

constitucionais e ao ECA, e a descentralização é a política implementada no

sentido de extinguir os antigos complexos de atendimento a “menores”

associados a todo o caos que caracterizou a história da FEBEM/SP.

Com a descentralização e com novos Centros distribuídos por todo o Estado,

aumentaram as dificuldades para tratar os dados e produzir a informação.

Portanto já no início de 2006 inicia-se uma discussão sobre a necessidade de

criação de um setor que fosse responsável pelo acompanhamento do

Planejamento Estratégico da Fundação e, por consequência, que centralizasse

e coordenasse toda a produção de informação Institucional. Esse setor

começou dentro da Supervisão de Saúde e posteriormente foi alocado dentro

da Diretoria Técnica.

Como com constância assevera a Senhora Penha Lucia Valério Ramos, ex-

integrante da Supervisão de Saúde da FEBEM/SP, hoje Assistente de Direção

da Diretoria Técnica da Fundação CASA/SP, mentora da criação do Sistema

que estamos analisando: “Para existir, todo Sistema de Informação deve

obedecer a um modelo: seja de Gestão, da Política, seja Econômico, seja

Administrativo”. Na FEBEM/SP, em 2005 não existia essa concepção; na

gestão atual esse modelo começa a ser desenvolvido e, como relata a

entrevistada, o modelo não é unicamente administrativo, mas ao contrário, é

um modelo profundamente técnico, voltado para a qualidade do atendimento

prestado. O SIG, na Fundação CASA deve ser fortemente direcionado para o

desenvolvimento da política socioeducativa voltada para os adolescentes em

conflito com a lei e em privação e restrição da liberdade.

Page 80: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

72

1. OS MARCOS DE CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO SIG

Na perspectiva de analisar o ponto de partida para a construção desse modelo

e quais aspectos imprimiram personalidade na sua arquitetura vamos a seguir

observar o que consideramos os marcos históricos na construção do SIG.

1.1. Levantamento do atendimento em saúde.

O Sistema de Informação de Gestão da Fundação CASA/SP vê sua semente

germinar ainda na antiga FEBEM/SP, no ano de 2005. A Presidência que

assume neste mesmo ano traz em seu staff para a Divisão Técnica de Saúde,

atual Superintendência de Saúde, gestores que possuíam experiência em

tratamento estatístico de dados e implantação do Sistema de Informação no

Sistema de Saúde do Município de São Paulo.

A Fundação encontrava-se em momento crítico, pelas muitas rebeliões e fugas.

As avaliações que eram encaminhadas pela então Equipe Técnica da

FEBEM/SP, compostas por profissionais das áreas de Psicologia, Serviço

Social, Pedagogia e Segurança, e subsidiavam a decisão judicial, caíram em

descredito no Judiciário. Principalmente as daquelas Equipes que estavam

alocadas nos Complexos que apresentavam um maior número de rebeliões e

fugas.

Por conta de todas essas intercorrências e da instabilidade em que se

encontrava a FEBEM/SP, era comum receber determinação do Juízo para

submeter o adolescente a uma avaliação psiquiátrica. Ora o Juiz da Vara da

Infância e Juventude que fazia o acompanhamento da aplicação da Medida

Socioeducativa solicitava que a avaliação fosse elaborada pelos psiquiatras da

Fundação ora pedia que fossem avaliados pelos profissionais da área de

psiquiatria do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo –

IMESC.

Estas determinações normalmente eram respostas aos Relatórios Conclusivos

encaminhados pela Equipe FEBEM/SP para o Juízo da Vara da Infância e

Juventude, que acompanhava a execução da Medida ora imposta ao

Page 81: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

73

adolescente. Os Relatórios Conclusivos, que geravam estas determinações

serviam de subsídio para a decisão judicial. Normalmente continham a

avaliação final do adolescente e sugeriam a liberação do adolescente da

Medida de Internação que estava cumprindo.

Outras vezes não bastavam apenas essas avaliações, era ainda determinado o

encaminhamento do adolescente para a avaliação da Equipe Técnica do

Judiciário, que era composta por Psicólogos e Assistentes Sociais,

profissionais da mesma área de atuação de alguns dos servidores que

compunham a Equipe da FEBEM/SP. Todas essas avaliações eram

complementares ao Relatório Conclusivo encaminhado e subsidiava a decisão

de liberação ou não do adolescente. Comumente o resultado era a não

liberação.

Estas determinações costumavam acontecer, salvo algumas exceções, nos

casos onde o adolescente apresentava no momento do ato infracional perfil

agressivo ou quando o ato por si só já tinha um caráter mais gravoso ou ainda

quando o adolescente tinha episódios de envolvimento em rebeliões.

A demanda excessiva dessas solicitações emitidas pelo Departamento de

Execução da Infância e Juventude – DEIJ, setor do Judiciário responsável pela

execução das Medidas Socioeducativas na Capital, causava lentidão no

processo de liberação dos adolescentes. O encaminhamento do jovem para a

avaliação pleiteada acontecia de forma bastante vagarosa e muitas vezes,

depois do resultado, a liberação era negada. A demanda ficava represada pela

pouca mão de obra especializada na Fundação, pela dificuldade de acesso aos

parceiros do SGD e, quando do agendamento, pela morosidade nesse

atendimento. As solicitações que vinham endereçadas aos médicos IMESC

interferiam muito na agilidade do processo, vez que dificilmente existiam datas

para agendamento no momento solicitado, ficando a avaliação normalmente

agendada para o mês seguinte ou meses depois. Após a avaliação feita o

resultado era encaminhado ao Juízo da execução e esse trâmite também era

vagaroso. Todos estes fatos prolongavam ainda mais permanência do

adolescente na FEBEM/SP (Ver Anexo 13 – Relatórios Conclusivos

Aguardando Decisão Judicial).

Page 82: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

74

Com vistas a apurar o montante da demanda solicitada e avaliar o nível de

comprometimento psiquiátrico dos adolescentes privados de liberdade iniciou-

se, na antiga Supervisão de Saúde, um processo de apuração desses

comprometimentos com um levantamento dos atendimentos clínicos e dos

atendimentos psiquiátricos para detectar em que patamar estava o atendimento

prestado ao Adolescente nesta área. (ver Anexo 14 – CI 031/06)

Foi solicitado, pela então Divisão de Saúde, aos Centros de Atendimento que

fizessem as seguintes apurações para o ano de 2005

Número de procedimentos de enfermagem;

Número de coletas de exames laboratoriais;

Número de internações psiquiátricas;

Número de internações em outras especialidades;

Número de prescrições de medicamentos;

Número de prescrições de medicamentos Psiquiátricos;

Número de atendimentos de clínica médica;

Número de saídas para Pronto Socorro;

Número de queixas e

Número de óbitos.

Para que o levantamento se desse de forma organizada foi elaborada uma

planilha e esta encaminhada para os responsáveis dos NASCAs, Núcleos de

Atendimento à Saúde da Criança e do Adolescente de Franco da Rocha,

Tatuapé, Raposo Tavares, Vila Maria, Brás, para a Divisão do Interior e Litoral

– DTIL e para a Coordenadoria de Semiliberdade (Ver Anexo 15 – Estatística

de Enfermagem).

A consolidação deste levantamento no ano de 2005 pode se vista a seguir na

Tabela 5.

Page 83: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

75

Tabela 5: Dados estatísticos sobre saúde 2005

QUEIXA 186154

PROCEDIMENTO DE ENFERMAGEM 79434

SAÍDAS PARA PRONTO SOCORRO 3731

COLETA DE EXAMES LABORATORIAIS 2558

INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA 22

INTERNAÇÃO 47

PRESCRIÇÕES 121890

PRESCRIÇÕES PSIQUIÁTRICAS 21523

CONSULTAS EXTERNAS PERDIDAS 1030

ÓBITOS 5

CONSULTAS MÉDICAS 16362

ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO ADOLESCENTE

DADOS ESTATÍSTICOS 2005

Fonte: Arquivo SIS/Sistema de Informação de Saúde/NUPRIE Posição:- 2005

Há de se considerar que, na inexistência de procedimentos de rotina e

padronização na coleta de dados, esse levantamento ficou prejudicado, vez

que o Complexo Tatuapé, que mantinha o maior número de adolescentes, não

alimentou o levantamento e o Complexo Brás que também possuía na época

um elevado número de adolescentes contribuiu apenas com os dados de

Queixas e procedimentos de enfermagem. (Ver Anexo 16 – Banco de dados

Saúde Estatística de Enfermagem – 2005).

Esse foi o primeiro levantamento de dados feito na Gestão e tinha por objetivo

a produção de conhecimento para orientar a construção do Plano Operativo de

Saúde que nortearia o atendimento à saúde dos jovens inseridos nos

programas socioeducativos na Fundação CASA.

1.2. Levantamento dos Óbitos

No ano de 2006 foi iniciado um levantamento sobre os motivos dos óbitos no

sistema socioeducativo do Estado de São Paulo objetivando um estudo

comparativo entre as causas de mortalidade entre os jovens em conflito com a

lei na medida privativa de liberdade (internação) e os jovens cumprindo medida

restritiva de liberdade (semiliberdade) com a população de jovens na mesma

faixa etária.

Definiram-se como bases para o estudo:

a Certidão de Óbito,

Page 84: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

76

o período de coleta de dados de 2000 a 2005

o estudo seria dividido por

- 12 a 15 anos incompletos

- 15 a 17 anos incompletos

- 17 a 18 anos incompletos

- 19 a 21 anos incompletos

Cor de pele

Tempo no programa, nos casos da privação ou restrição de liberdade

Causa mortis com referência na CID16

O que levou a causa mortis:

- Homicídio briga entre grupos

- Homicídio causado pelos agentes da segurança pública

- Homicídio causado por briga de gang

- Homicídio desconhecido

- Morte natural

- Morte acidental

Na LA e Semiliberdade deveria ser acrescentado:

- Estava cumprindo

- Estava em descumprimento

Além da análise dos dados a Taxa de Mortalidade (M) anual usa na fórmula de

cálculo as saídas e as saídas por óbito onde:

M = Saída por óbitos

Saídas

A solicitação para os Centros de Atendimento e Postos de Liberdade Assistida

foi de que encaminhassem o nome dos adolescentes que morreram no período

e que estavam cumprindo qualquer uma das medidas. Os nomes apurados e

encaminhados pelos Postos de Atendimento da Liberdade Assistida e

Prestação de Serviço à Comunidade deveria vir acompanhado da informação

do motivo e data do óbito. Quando o motivo envolvesse violência deveria, caso

16

A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10) é publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde. Ver http://www.medicinanet.com.br/cid10.htm

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77

soubessem, esclarecer se havia sido em decorrência de confronto com a

polícia ou briga de gang.

No caso do óbito Institucional, ou seja, aqueles que ocorreram nos espaços

internos de atendimento, Centros de Internação, Internação Provisória,

Atendimento Inicial e Semiliberdade foram levantados ainda dados relativos à

trajetória do adolescente na Fundação desde sua primeira entrada até o

momento do óbito. Foi ainda apontado o que motivou o óbito da mesma forma

que os Postos de LA deveriam fazer. Acrescentando os campos: Morte Natural

ou Morte Violenta detalhando como na padronização.

O produto desse estudo deveria permitir o cruzamento dos dados obtidos no

atendimento socioeducativo com os dados do Programa de Aprimoramento das

Informações de Mortalidade - PRO-AIM. Programa da CEInfo - Coordenação

de Epidemiologia e Informação da Secretaria Municipal da Saúde de São

Paulo, para os casos de óbito de adolescentes residentes no município e os

dados do Estado seriam coletados na Fundação SEADE e IBGE.

As análises pretendidas não foram concluídas em decorrência das

inconsistências na informação dos dados encaminhados Pelos Postos de

Liberdade Assistida e Prestação de Serviço à Comunidade – LA/PSC.

Observou-se, no entanto que a data do óbito informada não era sempre real,

mas normalmente era aquela em que o Posto recebia a noticia da ocorrência.

Da mesma forma observava-se o descumprimento das padronizações e um

descuido na alimentação das causas podendo indicar que, muitas vezes, a

pessoa que alimentava os dados não reconhecia a importância dessa

alimentação, a necessidade da sua veracidade e o significado dos dados

inseridos, para a produção de uma informação que permitisse analisar os

indicadores de ocorrência de óbito nas faixas etárias pesquisadas e quais os

motivos mais frequentes com vista a propor ações e intervenções que

diminuíssem a incidência ao menos nos locais onde se tinha governabilidade.

Portanto a não sistematização da coleta a ausência de capacitação e

condições técnicas e de equipamento para essa mesma coleta, bem como a

falta de rotinas voltadas para essa temática prejudicaram o resultado final

invalidando o estudo.

Page 86: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

78

De qualquer forma a coleta deu uma breve noção de onde estavam as maiores

incidências de causas e de faixa etária que atingiam os adolescentes que,

estando em privação e em restrição de liberdade, vinham a óbito. Essa

defasagem nas rotinas de alimentação modificou ainda a fórmula de cálculo.

Na LA o denominador eram as entradas, ou seja, para se atingir a Taxa de

Mortalidade (M) o número das saídas por óbitos era divido pelo número de

entradas.

O levantamento e a análise sobre os óbitos na FEBEM/SP permitiu propor a

inclusão do Indicador de Mortalidade no Plano Plurianual do Governo

compondo o Programa Atenção Integral ao Adolescente e Integração das

Medidas Socioeducativas – AIAIMS. Esse indicador é um marco importante e

denota já ali o investimento em uma política de avaliação do Sistema

Socioeducativo no Estado de São Paulo. O Programa mencionado tem por

objetivo “dar efetividade aos direitos e garantias do adolescente autor de ato

infracional através da reconfiguração do cumprimento das medidas

socioeducativas, objetivando à sua reinserção ao convívio social”

(CASA/NUPRIE, 2011), nele além do Índice de Mortalidade estão os de

reincidência, fuga, atendimento pedagógico, atendimento a saúde e outros.

A meta prevista para o índice de mortalidade no período de 2008 a 2011 é a

redução dos óbitos em 1%. A posição de partida deste indicador em

01/07/2007 estava em 1,99% e em 2010 fechamos em 0,69%, considerados os

óbitos internos, aqueles que ocorrem sob a tutela da Fundação CASA/SP e que

acomete os adolescentes nos programas de Internação e Internação

Provisória, vez que a Fundação não tem governabilidade sobre os óbitos

externos, aqueles que acometem os adolescentes da Semiliberdade que estão

em atividades externas.

Ilustram o estudo dos óbitos a Tabela 6 e o Gráfico 2.

Page 87: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

79

Tabela 6 – Causa da Morte

Motivos das causas de morte conforme mencionado na Declaração de óbito Total

Sem a informação 6 Homicídio 5 Asfixia Mecânica por enforcamento 5 Hemorragia interna traumática aguda 2 Anemia aguda traumática 2 Traumatismo cranioencefálico 2 Broncopneumonia 1 Eletroplessão 1 HML 1 Hemorragia externa traumática 1 Hemorragia cerebral 1 Hipertensão do encéfalo 1 Indeterminada 1 Na. aguda/ferida pulmonar AB 1 Queimaduras 2º 3º graus 1 Septicemia broncopneumonia provocada por queimadura 1

Fonte:- CASA/SP/DT/NUPRIE Posição:- 2006

Gráfico 2 – Morte Violenta

Fonte:- CASA/SP/DT/NUPRIE Posição:- 2006

O produto final do levantamento deixa evidente a forma incipiente de

apontamento do atendimento. Podemos observar na Tabela 6 que, nos motivos

do óbito, prevalecem os “sem informação”. Observamos ainda de acordo com o

gráfico 2 que as mortes violentas estão em evidência e, comparando com a

tabela 6, podemos analisar os motivos de maior incidência.

Já em relação ao estudo sobre a oferta na área da saúde, (Ver Anexo 16 –

Banco de dados Saúde Estatística de Enfermagem – 2005), os documentos

não permitiam fazer leitura do que realmente era ofertado como atendimento

ao adolescente e qual era a sua frequência. Não havia rotina nos

apontamentos, cada Complexo fazia suas anotações conforme as rotinas locais

usando instrumentais que não compunham um sistema. Havia deficiência de

equipamentos de informática principalmente nos Complexos descentralizados:

Page 88: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

80

Franco da Rocha, Litoral e os do Interior. O Complexo Tatuapé e Franco da

Rocha, que vinham de um histórico de rebeliões intensas haviam perdido

muitos dos seus arquivos nos incêndios. O corpo funcional era defasado e os

servidores que apontavam os dados não tinham destreza no manuseio dos

poucos equipamentos existentes.

A partir destes dois marcos implementados em 2006 germinou a semente do

Sistema de Informação de Gestão. Inicialmente dentro da Superintendência de

Saúde, eles foram o divisor de águas para a sua construção.

Sendo assim naquele momento se iniciava o uso da Ferramenta Portal, mas

ainda não havia capacitação para o seu uso e os dados alimentados não eram

suficientes para permitir gerar relatórios adequados. Conforme a Portaria de

instalação da ferramenta na Fundação, os Módulos seriam colocados no ar

paulatinamente e ainda hoje não estão todos em funcionamento e ainda são

feitos ajuste conforme veremos a seguir.

Analisando estes dois marcos iniciais e fundadores na construção do SIG

apreendemos que, no ano de 2005 o que se tinha em termos de atendimento

ao adolescente no âmbito da Atenção a Saúde ainda nada tinha a ver com um

trabalho profilático, mas sim um tratamento curativo onde o grande volume de

atendimento se dava na ocasião de queixas e saídas emergenciais para o

Pronto Socorro. Esse conhecimento dispara uma reformulação geral na Divisão

de Saúde da FEBEM com foco na alteração do Modelo de Atenção até então

aplicado, com vistas a oferecer ao adolescente o atendimento que é comum à

sua idade, vez que a higidez é característica de sua faixa etária. Promover a

Saúde com ênfase na prevenção dos agravos, diagnóstico precoce, tratamento

e reabilitação, melhorando a qualidade de vida do adolescente já basta para

prover suas necessidades e prevenir as demandas de queixa e saídas

emergenciais.

Vemos acima o pioneirismo da Divisão de Saúde na construção de indicadores

que possibilitaram um repensar dos modelos de atenção ao adolescente. O

indicador chamado “Índice de Mortalidade” foi construído e testado. O

levantamento de dados necessário para seu cálculo precisou ser

cuidadosamente definido; a alimentação destes dados precisou ser discutida

com as diversas unidades, de modo a propiciar a sensibilização e capacitação

Page 89: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

81

de inúmeros servidores para esta nova tarefa e reduzir o descumprimento das

padronizações e os descuidos na alimentação dos dados. Além disso, o índice

“M” foi testado e redefinido para sua aplicação nos Programas socioeducativos

de privação de liberdade e nos Programas em Meio Aberto.

Por fim destacamos a utilização do novo indicador e da análise das causas de

morte dos adolescentes na relação com políticas públicas mais amplas,

vinculadas a outras Secretarias de Governo. É o caso do Programa de

Aprimoramento das Informações de Mortalidade - PRO-AIM, da Secretaria

Municipal da Saúde e o Programa Atenção Integral ao adolescente e

Integração das Medidas Socioeducativas da Secretaria da Justiça e Defesa da

Cidadania do Estado de São Paulo, que definiu metas de redução da

mortalidade. Dessa forma vemos que a informação sistematizada se vincula a

um planejamento mais sistemático da política pública e à construção de

parâmetros e políticas de avaliação do atendimento socioeducativo.

2. OS NÚCLEOS DE ANCORAGEM DAS FERRAMENTAS17

Entender o atendimento do adolescente já na sua recepção inicia o ciclo da

atenção com vistas a tratá-lo como sujeito de direito. Na FEBEM/SP há muito

existia o setor de movimentação e o de identificação do adolescente, sendo

que a “Seção de Documentação e Cadastro de Menores” já aparecia nos

organogramas encontrados desde 1980. O diferencial é que eles anteriormente

existiam tão somente como setores administrativos que desenvolviam

atividades burocráticas sem a preocupação com os programas de atendimento.

Tanto o setor de Identificação como o de Movimentação, mesmo fazendo parte

da engrenagem que viabiliza o fluxo de acesso do jovem ao ambiente

socioeducativo e que dá encaminhamento à sua documentação e identificação

não eram reconhecidos como garantidores da proteção integral e da

perspectiva de direitos.

17

A expressão ancoragem é usada para reforçar a imagem da ferramenta vinculada ao Sistema e ao Núcleo que faz sua gestão e dá suporte aos usuários tornando sua utilização mais segura e eficiente garantindo um resultado estável.

Page 90: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

82

Para fechar esse fluxo faltava então a parte da engrenagem que se incumbisse

da produção de informação, que desse a conhecer a todos se realmente a

proteção integral é real e se o sujeito de direito realmente está protagonizando

sua história.

Assim, em 2007 a Portaria Administrativa nº 791, subordina o Núcleo de

Atividades Complementares – NAC à Diretoria Técnica, nomeia como Núcleo

de Movimentação de Adolescente – NUMOVA a Central de Vagas que já fazia

a movimentação de adolescente e cria o Núcleo de Produção de Informações

Estratégicas – NUPRIE, última peça que faltava nesse fluxo.

Posteriormente, em 2008, a Portaria Administrativa nº 823 altera a

denominação do Núcleo de Atividades Complementares – NAC para Núcleo de

Identificação e Documentação do Adolescente – NIDA.

A Diretoria Técnica torna-se então o setor da Fundação CASA responsável

pela produção de informação do adolescente inserido em programas

socioeducativos privativos e restritivos de liberdade no Estado de São Paulo,

pela gestão da movimentação, identificação, recebimento, encaminhamento e

emissão de documentação. Para o pronto atendimento destas questões, em

2007 são criados os Núcleos que desenvolvem este processo em diferentes

tempos, etapas e procedimentos, desde a chegada do adolescente passando

por sua identificação e por seu encaminhamento ao Centro de Atendimento

onde permanecerá até sua liberação pelo Judiciário.

2. 1. NUMOVA – Núcleo de Movimentação do Adolescente

As funções do atual NUMOVA na FEBEM/SP eram realizadas pela “Central de

Vagas” alocada na Coordenadoria Técnica da Medida de Internação – CTMI.

Após a extinção das Coordenadorias ela fica na Diretoria Técnica e o NUMOVA

é criado oficialmente pela Portaria 791/2007.

Até 2007, conforme deliberação do Provimento 892/04, as solicitações de

vagas deveriam ser encaminhadas pelos Juízos da Infância e Juventude ao

M.M. Juiz Corregedor Permanente da Unidade onde se pretendia uma

internação ou colocação em Semiliberdade. A gestão das vagas da FEBEM/SP

era, portanto feita pelos Juízes. Como resultado havia morosidade na

Page 91: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

83

movimentação do adolescente vez que, também havia demora na tramitação

documental para a liberação e indicação da vaga pelo Juiz.

Até 2007 os adolescentes, principalmente das comarcas do interior,

aguardavam sua remoção acautelados nas cadeias públicas. A demora na

tramitação do processo de solicitação e liberação da vaga, na maioria das

vezes, provocava a vinda do adolescente para a Fundação já sentenciado pelo

Art. 122 (Internação) sendo que por vezes o adolescente ficava nas cadeias até

por três meses ou mais.

Quando um Juiz não dispunha de vaga no município de moradia do jovem,

tinha que solicitar essa vaga para o Juiz do município mais próximo, onde

houvesse Unidade da Fundação. Como os Juízes davam preferência para

atender os adolescentes de seu município, inevitavelmente o Juiz recusava a

vaga. O Juiz solicitante então, ao tomar conhecimento, retomava o processo e

o repetia com o Juiz de outro município e assim da mesma forma iam se

repetindo as recusas e refazendo-se o processo.

Só depois de esgotadas todas as possibilidades na região poderia ser

solicitada a transferência para São Paulo onde, em virtude de uma lista de

espera, também havia morosidade na apreciação da solicitação. Solicitação

aceita, esse adolescente era encaminhado para a Capital onde entrava na

FEBEM pela porta de entrada da Capital - a UAI – Unidade de Atendimento

Inicial. Após identificado era encaminhado para uma UIP – Unidade de

Atendimento Provisório onde ficava até liberação de vaga em uma UI –

Unidade de Internação. Esse adolescente, ao chegar à Unidade que

desenvolvia o programa adequado para sua Medida, já havia muitas vezes

passado muitos meses em espaços não condizentes com suas necessidades,

com prejuízos consideráveis para seu desenvolvimento psicossocial e

educativo.

Somente em dezembro de 2007, o Provimento do Conselho Superior da

Magistratura nº 1436/07 revoga o Provimento nº 892/2004 e em seu Art. 2º

determina que a requisição de remoção ou de transferência do adolescente

para ou entre Centros de Internação Provisória, de Internação e de

Semiliberdade da Fundação CASA deverá ser dirigida à Presidência da

Page 92: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

84

Fundação, que concederá a vaga no prazo máximo de 24 horas. A Fundação

CASA/SP, portanto passa a fazer a gestão de suas vagas.

Hoje os Juízes informam a Fundação da existência do adolescente apreendido,

aguardando decisão judicial, e ela tem no máximo 24 horas para indicar para

qual Centro de Atendimento o adolescente deve ser encaminhado, respeitando

nessa indicação, idade, gênero e se já houve inserção em internação

anteriormente etc.

Ao NUMOVA cabe gerenciar, cientificar e aprovar, em consonância com a

Presidência, Diretora Técnica e Diretores de Divisão Regional, toda a

movimentação de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativa

ou em situação de custódia antes da sentença, inseridos nos Centros de

Atendimento da Fundação. Cabe a ele também o controle e a fiscalização das

vagas e da movimentação, bem como atender a todas as solicitações das

Varas da Infância e Juventude no prazo estabelecido pelo Provimento, para

todos os adolescentes que estejam custodiados em cadeia pública, ou

congênere e que necessitem ser removidos para centros de atendimento.

O NUMOVA realiza ainda a gestão do sistema informatizado SIMOVA –

Sistema de Movimentação de Adolescente dá suporte no manuseio da

ferramenta e capacita os usuários e gestores no uso da Ferramenta.

Na produção de informação, o NUMOVA subsidia o SIG com os dados

referentes a entradas provenientes de remoção, incorporando o conjunto de

informações produzidas pelo SIMOVA, referentes à localização e

movimentação dos adolescentes no Sistema Socioeducativo de todo o Estado

Está ancorada no NUMOVA a ferramenta SIMOVA – Sistema de

Movimentação de Vaga, que agiliza o atendimento da demanda e dá celeridade

aos procedimentos fazendo escoar prontamente o fluxo de solicitações de

vagas.

O SIMOVA permite monitorar as vagas, analisar o perfil do Centro de

Atendimento adequa ao perfil do adolescente que hoje está inserido em

qualquer um dos programas de atendimento socioeducativo. Em consonância

com as diretrizes de proximidade familiar e faixa etária, a agilidade na

Page 93: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

85

indicação reduz a permanência do adolescente em ambientes insalubres e

inadequados para sua formação e para sua condição de sujeito de direitos.

A criação do SIMOVA trouxe um salto de qualidade na alimentação de dados

sobre a movimentação do adolescente e sobre a ocupação das vagas dos

Centros de Atendimento da Fundação. A qualidade da alimentação possibilita a

produção de relatórios de lotação e de população com bastante fidedignidade

para a produção de informação.

Anteriormente o controle das vagas da Capital era registrado em caderno, seu

resultado era então passado para a antiga Unidade de Atendimento Inicial –

UAI hoje Centro de Atendimento Inicial – CAI no Brás, porta de entrada da

FEBEM/SP que, baseada nesse resumo manual, atendia à demanda de

movimentação dos adolescentes da Capital e do Interior, encaminhando-os

para as outras Unidades, conforme autorização do Juiz Corregedor do DEIJ –

Departamento de Execução da Infância e Juventude.

Assim que o adolescente entrava na Unidade receptora era dada a baixa,

também manualmente, nessa vaga ocupada, retornando a informação

diariamente em planilhas de Excel, via fax ou telefone. Essa informação

encaminhada e depois consolidada pela Divisão da Tecnologia da Informação

compunha o Boletim Diário de Lotação, retrato da lotação da FEBEM/SP.

É inevitável reconhecer o avanço que a ferramenta eletrônica colocada em

funcionamento viabiliza para a movimentação dos adolescentes, a

disponibilização de vagas e visibilidade do perfil de lotação da Fundação

CASA/SP. (Ver Figura 3).

Page 94: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

86

Figura 3 – Tela Inicial SIMOVA

2.2. Núcleo de Identificação e Documentação do Adolescente – NIDA

O NIDA enquanto setor de “Documentação e cadastro de Menores” foi

encontrado nas pesquisas desde o Organograma de 1980. Com a formatação

que existe hoje ele foi instituído em 1998 com o nome de Setor de Atividades

Complementares – SAC. Em 2006 tem sua denominação alterada para Núcleo

de Atividades Complementares e finalmente em 2008 para Núcleo de

Identificação e Documentação do Adolescente – NIDA.

As atribuições do NIDA são, de acordo com a Portaria 823/2008:

I. Proceder à identificação dos adolescentes, pelo sistema de identificação

por biometria e foto, cadastrando no Portal a fórmula de identificação, a

foto do rosto e tatuagens dos adolescentes provenientes das Delegacias

de Polícia ou Poder Judiciário de todo o Estado, realizando ainda pesquisa

datiloscópica e/ou coleta das impressões digitais;

II. Receber as Fichas Datiloscópica e Onomástica, bem como a

documentação dos adolescentes que dão entrada na Fundação em

Centros da Grande São Paulo para fins de identificação;

Page 95: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

87

III. Registrar na Ficha de Cadastro do Adolescente os dados coletados do

Boletim de Ocorrência e do Ofício de Apresentação;

IV. Proceder à abertura de Pastas e Prontuários para todos os adolescentes

de primeira passagem na Fundação provenientes das Comarcas,

atribuindo um número de Prontuário (PT). Para os adolescentes de

primeira passagem provenientes de Distrito Policial da Capital, o

procedimento de abertura de Pasta e Prontuário será efetuado pela UAI;

V. Providenciar o resgate e a atualização de Pastas e Prontuários nos casos

de nova entrada, fazendo constar informações da passagem atual;

VI. Emitir 2ª via de Pastas extraviadas e/ou destruídas por qualquer motivo;

Receber, analisar, manter controle da movimentação e dar o devido

encaminhamento de peças processuais e expedientes que forem enviados

à Fundação CASA pelo Poder Judiciário, incluindo os enviados pelo DEIJ

da Capital;

VII. Receber do Poder Judiciário os mandados e contramandados de busca e

ofícios de conclusão de medida, procedendo ao seu cadastro no Portal da

Fundação CASA, providenciando seu posterior encaminhamento e

mantendo controle numérico dos movimentos;

VIII. Realizar a identificação para o IML, no caso de óbito de adolescente e/ou

maiores sem documentos que forneçam sua qualificação;

IX. Realizar a legitimação, no caso de adolescente apreendido pela Policia

sem documentos, informando sua qualificação, se tem passagem pela

Fundação e se possui mandado de busca;

X. Atender à demanda dos Centros de Atendimento do Estado, quanto a

fotografias dos adolescentes e providenciar a emissão de seus

documentos pessoais (RG, CTPS e CPF) junto aos órgãos responsáveis,

cadastrando no Portal o número do documento providenciado;

XI. Manter o arquivo intermediário das Pastas dos adolescentes que passaram

pela Fundação e não atingiram ainda a maioridade - pasta de adolescente

que se encontra em fuga, com extinção de medida, em não retorno de

saída autorizada (NRSA) ou em saída não autorizada (SNA);

XII. Realizar o controle e a movimentação de Pastas dos adolescentes entre os

Centros de Atendimento Socioeducativo.

Page 96: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

88

Está ancorada no NIDA a ferramenta que permite a Identificação do

adolescente. O NIDA recebe via ferramenta eletrônica a coleta digital on-line, e

segue as etapas:

1º) Pesquisa no Arquivo Onomástico (por nome).

2º) De posse das digitais, é realizada a Pesquisa Datiloscópica, no arquivo

rotativo, onde são arquivadas por classificações de fórmulas digitais. Somente

após esta consulta é possível afirmar que se trata de adolescente de primeiro

ingresso na Fundação.

3º) Diante do resultado, as informações obtidas serão preenchidas nos devidos

campos da Instrumental de Coletas de Dados.

4º) Finalizando com o envio da mesma, para o Centro de Atendimento

solicitante, constará o nome do Pesquisador responsável, o nome do

Administrador do Sistema, data e hora da resposta do Setor de Identificação.

Em caso de pesquisa negativa, ou seja, em se tratando de adolescente de

primeiro ingresso na Fundação, os adolescentes, além da coleta digital,

deverão ser fotografados. Quanto aos adolescentes que já estiveram na

Fundação deverão ter sua foto atualizada.

Os adolescentes que cumprem medida de Semiliberdade nos Centros do

Complexo Raposo Tavares, Franco da Rocha e Vila Maria são encaminhados

para o Setor de Identificação, situado na Rua do Hipódromo no Brás, para que

efetuem os devidos procedimentos no sistema biométrico e a pesquisa nos

arquivos de digitais. Somente após o procedimento de pesquisa datiloscópica a

documentação é regularizada pelo NIDA (Pastas e nº de Prontuário).

O Setor de Identificação possui arquivos de Fichas Onomásticas por ordem de

nome, arquivo de Documentação Pessoal por ordem de prontuário e arquivo de

Ficha Individual Datiloscópica por fórmula digital. As Figuras 4, 5, 6 e 7

mostram as ferramentas que dão inicio à alimentação do Banco de Dados e

garantem o direito do adolescente ser adequadamente identificado.

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Figura 4 – Tela Inicial NIDA

Figura 5 – Coletor digital

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Figura 6 – Coletor de Sinais

Figura 7 – Pesquisa e Identifica Adolescente

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91

2.3. Núcleo de Produção de Informação Estratégica – NUPRIE

O NUPRIE, embora em estado embrionário desde a primeira consolidação

estatística de enfermagem, em 2006, só foi instituído pela Portaria nº 791 em

13.09.2007 com a finalidade de “produzir informações e promover estudos para

subsidiar as tomadas de decisão e elaboração de diretrizes e planos operativos

da Diretoria Técnica e seus órgãos subordinados” (CASA, 2007).

Nesta Portaria foi atribuído ao NUPRIE:

Coletar, por meio de órgãos competentes, informações de caráter

estratégico;

Implementar meios de garantir o fluxo, a disponibilidade, a atualização e a

integridade de informações entre os órgãos subordinados;

Analisar e tratar informações para a produção de relatórios técnicos e

gerenciais e subsidiar as decisões dos gestores;

Avaliar programas e projetos, por meio de indicadores de resultados,

quantitativos e qualitativos e índices de desenvolvimento;

Manter atualizado, no que couber, o Portal da Fundação CASA.

Em 2010 as atribuições foram reformuladas pela Portaria nº 526 (CASA, 2010)

para:

Produzir dados e gerar informações para subsidiar o Sistema de

Informações Gerenciais da Fundação CASA/SP, e o processo de

Planejamento Estratégico;

Elaborar relatórios técnicos e gerenciais solicitados pelos diversos órgãos

da Fundação e externos, após autorização superior;

Acompanhar as metas estabelecidas anualmente no processo de

planejamento das Divisões Regionais;

Acompanhar a elaboração da Agenda Institucional;

Receber e analisar os relatórios das Comissões de Avaliação Disciplinar –

CAD criadas pelo Regimento Interno dos Centros de Atendimento da

Fundação.

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Estão ancoradas no NUPRIE as ferramentas:

A. Portal Fundação CASA/SP

A Portaria Normativa nº 121/2006 que instituiu o Portal FEBEM/SP, já trazia em

sua descrição o reconhecimento da necessidade de desenvolver um sistema

de informação e gerenciamento de dados tendo em vista ser importante a

interação e integração das informações em tempo real. Na época o Portal

FEBEM/SP foi projetado para conter 11(onze) módulos, que constituíram o

primeiro Portal CASA sendo eles representados na Figura 8.

Figura 8 – Tela inicial Portal Fundação CASA

Gestão e administração do sistema

Este módulo permite liberar um acesso às ferramentas do Portal, nele é

colocado o login18 de acesso à rede da Fundação CASA e está especificado

quais Módulos poderão ser acessados por aquele login. Informa-se ainda se

aquele perfil tem acesso somente para consulta, para inclusão ou exclusão de

dados e para a produção de relatório. O login e a senha de acesso são

providenciados para os usuários pela Divisão de Tecnologia da Informação –

18

Login é um conjunto de caracteres solicitado para os usuários que por algum motivo necessitam acessar algum sistema computacional. Geralmente os sistemas computacionais solicitam um login e uma senha para a liberação do acesso. Wikipédia

Page 101: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

93

DTI e a liberação do perfil é feita pelo NUPRIE para os módulos que ele

gestiona. A liberação de Perfil para os demais Módulos é feita pela DTI.

Adolescente

Neste módulo estão todas as informações cadastrais do adolescente, de sua

família, dos seus encaminhamentos processuais e de sua trajetória pela

Fundação. Nele está a base do Banco de Dados da Fundação e para ele foi

que migraram todos os dados cadastrais contidos no Banco da PRODESP

utilizado até 2005.

Este módulo é acessado pelos os servidores dos Centros de Atendimento

indicados pela Direção. Cada Centro de atendimento tem permissão e

visualização apenas dos adolescentes que estão no Centro. A Divisão Regional

visualiza todos os Centros sob sua subordinação. O fluxo de alimentação do

módulo inicia na Ferramenta SIMOVA, sob a gestão do NUMOVA, no momento

que é solicitada a vaga. Na recepção do adolescente pelo Centro de

Atendimento automaticamente e concomitante com a coleta biométrica das

digitais na ferramenta denominada no SIG, PRÉ-ID, sob a gestão do NIDA, a

Identificação é efetivada e às informações contidas na ferramenta SIMOVA

migram para o Portal, sob a gestão do NUPRIE. Após esse procedimento, o

responsável pela alimentação do Portal deve proceder à complementação dos

demais dados cadastrais que não constam da ferramenta SIMOVA, vez que

nessa estão alocados apenas dados básicos do adolescente como nome,

filiação, número de processo e Comarca solicitante. Alterações de cadastro de

adolescentes são feitas apenas pelo NUPRIE que também dá suporte ao

usuário na alimentação da ferramenta e capacita-o para o manuseio.

Esse módulo permite a produção de relatórios com série histórica sobre a

população da Fundação, a movimentação de entradas e saídas e seus

motivos; permite levantar o tempo de permanência do adolescente em qualquer

um dos programas. Dele é retirado diariamente o “Corte Portal”.

Page 102: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

94

Este corte é uma posição nominal de todos os adolescentes que estão naquele

dia na Fundação. Ele é usado para a elaboração de diversos estudos e pode

produzir estudo sobre cada campo elencado no relatório. Os campos são:

nome do adolescente;

número de Prontuário;

número do identificador no Sistema – ID;

data de nascimento;

idade;

gênero;

cor de pele;

estado civil;

escolaridade;

em qual Centro de Atendimento ele está;

qual a capacidade do Centro;

a qual Divisão o Centro está subordinado;

se o Centro é de Gestão Plena ou Compartilhada19;

endereço do Centro;

data de entrada;

motivo da entrada;

Medida em que o adolescente está inserido;

tempo de permanência na Medida;

tempo de permanência no Centro;

procedência;

19

Na Gestão Plena o Centro de Atendimento é conduzido em sua totalidade pela Fundação. Na Gestão Compartilhada, a condução do Centro é dividida com Organizações não Governamentais – ONGs conveniadas. Neste tipo de gestão o Diretor, a Encarregada Técnica, os Coordenadores de Equipe e os agentes socioeducativos são contratados pela Fundação, o Gerente Administrativo, o Coordenador Pedagógico, o Psicólogo, o Assistente Social, os Educadores, os Administrativos e os Operacionais são contratados pela ONG conveniada.

Page 103: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

95

número de processo;

Vara da Infância que encaminha;

comarca da Vara que encaminha;

ato infracional, grau infracional;

gravidade do ato;

endereço;

nome do pai e da mãe;

documentos apresentados. (Ver Figura 9)

Figura 9 – Módulo Adolescente

Page 104: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

96

Servidores

Este módulo traz todas as informações de cadastro pessoal e profissional dos

servidores da Fundação. É acessado pela Diretoria Administrativa, Divisão de

Recursos Humanos.

Unidades

No Módulo Unidades são cadastrados todos os Centros de Atendimento. Em

cada centro é alimentado: Nome, seus gestores e demais servidores, número

da Portaria de criação, endereço, data do inicio de funcionamento,

caracterização do Centro: capacidade, faixa etária atendida, gênero e

programas socioeducativos desenvolvidos. Este módulo tem restrição de

acesso na sua alimentação, atualizações e alterações são feitas

exclusivamente pelo NUPRIE.

Corregedoria

Este módulo é de uso exclusivo da Corregedoria e do Gabinete da Presidência,

nele são colocadas informações referentes aos processos de apuração de

ocorrências na Fundação envolvendo servidores e adolescentes e que

necessitem da abertura de sindicância para averiguação legal.

Ouvidoria

A ouvidoria é um canal de escuta da Fundação e neste módulo estão

registradas todas as informações endereçadas a ela. Essas informações

quando caracterizadas denúncias contra a Fundação e/ou servidores dela são

apuradas e encaminhadas aqueles a quem couberem os encaminhamentos.

Este módulo é de uso exclusivo do Gabinete da Presidência e da Ouvidoria.

Saúde

O módulo saúde contém as informações de atendimento à saúde do

adolescente, são colocados os agendamentos externos e as saídas

Page 105: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

97

emergenciais. Este módulo é alimentado pelo setor médico, odontológico e de

enfermagem dos Centros de Atendimento.

Atendimento interdisciplinar

O módulo ainda está em avaliação. A proposta é fazer adequações para

receber todas as informações do adolescente colocadas nos outros módulos.

Esse módulo deverá trazer o Plano Individual de Atendimento, plano que deve

ser elaborado em conjunto pela Equipe Multiprofissional do Centro de

Atendimento, Adolescente e Família e que deve conter o desenvolvimento do

adolescente na Medida Socioeducativa, alinhado às metas que se pretende

atingir. Este módulo será de acesso dos profissionais que atuam diretamente

com o adolescente e Gestores da Diretoria Técnica.

Conveniadas

Tem os dados dos convênios firmados com a Fundação e as Organizações não

Governamentais que executam a medida na modalidade de Gestão

Compartilhada, bem como aquelas entidades que prestam serviço nas

diferentes áreas de atendimento como exemplo a pedagógica.

Área pedagógica

Assim como o módulo Saúde, esse módulo contém todo as informações e

frequências dos adolescentes nas áreas: escolar, arte e cultura, educação

profissional, educação física e esportes e é acessado pelos profissionais da

área que atuam diretamente com o adolescente, da Superintendência

Pedagógica e gestores da Diretoria Técnica.

Visitantes

Esse módulo ainda não entrou em funcionamento. Este módulo foi modelado

com as mesmas características da ferramenta da identificação. Ele deveria

coletar biometricamente as digitais dos familiares para identificação. A

Page 106: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

98

inviabilidade do uso desta ferramenta está ligada a dois fatores principais o

primeiro é o local de instalação. Como o equipamento deveria ser utilizado na

entrada do Centro de Atendimento ficaria exposto a condições inadequadas de

segurança a outra questão diz respeito ao custo elevado que inviabilizou a

aquisição.

O Portal é uma ferramenta eletrônica, com acessos definidos por perfis. Estão

em funcionamento os módulos Adolescente, Saúde, Pedagógico, Corregedoria,

Ouvidoria, Unidades e Recursos Humanos. Além dos módulos citados e

embora não pensados em 2006, já estão construídos os Módulos Psicólogo,

Assistente Social, Segurança e Disciplina e Nutrição. Os dois primeiros já

prontos para entrar em funcionamento em Janeiro de 2012, o terceiro ainda em

fase de teste e o último ainda em fase de finalização da formatação.

Os novos módulos Psicólogo, Assistente Social e Segurança e Disciplina,

assim como os já existentes, permitirão alimentar dados referentes às ações

desenvolvidas com os adolescentes, complementando os do Pedagógico e

Saúde e refletindo o atendimento da equipe multiprofissional. O módulo de

Nutrição além da informação do atendimento ao adolescente trará ainda a

consolidação do número das refeições servidas diariamente.

No ano de 2010, já reconhecido o valor da contribuição da ferramenta Portal na

Fundação CASA e tendo ela se constituído em importante e principal

ferramenta de gestão da informação, é publicada a Portaria nº 178/2010, que

define os gestores responsáveis por cada Módulo vez que até então a gestão

do Portal estava centrada na Divisão da Tecnologia da Informação – DTI.

Já há tempos discutia-se a necessidade de dar ao Portal um caráter mais

técnico, votado à qualificação dos Programas de Atendimento, e a publicação

da Portaria alavancou as discussões. O Portal passa então a ter a maioria de

seus módulos gerenciados pela Diretoria Técnica, mais especificamente pelo

Núcleo de Produção Estratégica – NUPRIE e por cada área dentro de sua

especificidade, portanto os módulos ficam assim organizados:

Gestão e Administração do Sistema - Divisão de Tecnologia da Informação –

DTI;

Adolescentes – Diretoria Técnica - DT;

Page 107: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

99

Servidores – Divisão de Recursos Humanos - DRH;

Unidades – Diretoria Técnica - DT;

Corregedoria - Corregedoria Geral - CG;

Ouvidoria – Ouvidoria - CG;

Saúde – Superintendência de Saúde - SUPSAUDE;

Atendimento interdisciplinar – Diretoria Técnica - DT;

Conveniadas – Diretoria Técnica - DT;

Área pedagógica – Superintendência Pedagógica - SUPEDAG;

Visitantes – Diretoria Técnica - DT.

Até então as mudanças no Portal estavam apenas nas suas estruturas de

alimentação. A ideia hoje é efetivá-lo como base principal do SIG vez que nele

estão alocadas todas as informações do atendimento socioeducativo prestado

ao adolescente em conflito com a lei no Estado de São Paulo.

A ferramenta que até então era restrita a um banco de cadastro do

adolescente, passa então a receber outros módulos que retratam toda a

produção de serviço dos profissionais que atuam diretamente com o

adolescente. Os relatórios com cruzamento dos dados inseridos em todos os

módulos de atendimento ao adolescente comporão um retrato do

desenvolvimento do sistema socioeducativo e permitirão produzir com

consistência as informações necessárias para o gestor tomar decisões com

segurança e prontamente. Hoje já se discute a passagem definitiva da gestão

de todos os Módulos para os gestores do SIG.

B. Supervisão.

A ferramenta de Supervisão entrou em funcionamento em setembro de 2011 e

possibilita ao supervisor gerar relatórios situacionais dos Centros de

atendimento sob sua supervisão. Na mesma ferramenta o Supervisor faz as

anotações de suas impressões sobre o as rotinas dos Centros e do

desenvolvimento dos adolescentes. Anota suas sugestões e providências e dá

Page 108: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

100

conhecimento ao Gestor do Centro e ao Diretor Regional sobre os seus

encaminhamentos.

A ferramenta dialoga com todas as instâncias de tomada de decisões, dos

Centros de Atendimento passando pelas Divisões Regionais, Diretoria Técnica

e Gabinete da Presidência, o que dá celeridade aos encaminhamentos das

providências solicitadas e ao conhecimento da posição em que o Centro se

encontra, como está o atendimento ao adolescente, como estão suas

condições físicas entre outras peculiares a um Centro que Executa Medida

Socioeducativa. A avaliação do desenvolvimento dos trabalhos nos Centros

por ele supervisionado é imediata e pode ser feita por todos em hierarquia

ascendente.

C. CAD - Regimento Interno

CAD (Figura 10 – Abertura CAD) é o nome dado para a ferramenta eletrônica

que permite a alimentação das ocorrências disciplinares envolvendo

adolescentes e funcionários e os andamentos dados pela Comissão de

Avaliação Disciplinar – CAD. Nela são colocados todos os procedimentos de

apuração e aplicação de Sanção Disciplinar ou Intervenção Socioeducativa

dependendo da gravidade do ato que o adolescente comete, e é

regulamentada pelo Regimento Interno da Fundação. (CASA/2011)

O Regimento Interno da Fundação define todas as normatizações em relação à

avaliação das ações de indisciplina do adolescente e em que momento ele

deve ser sancionado. Discorreremos brevemente sobre alguns pontos

relevantes para a instalação da CAD e os avanços no novo Regimento de 2011

em relação a essa questão.

Conforme Portaria Normativa Nº 136/2007 datada de 27/09/2007 e publicada

no Diário Oficial do Estado de São Paulo em 28/09/2007 foi instituído, no

âmbito da Fundação, o Regimento Interno dos Centros de Atendimento de

Internação e de Semiliberdade. Esse regimento traz a regulamentação das

rotinas dos Centros bem como da movimentação, direitos e deveres do

adolescente.

Page 109: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

101

A ferramenta CAD passa a existir eletronicamente a partir do novo regimento,

pela necessidade de possibilitar melhor avaliação, dar clareza e visibilidade à

avaliação disciplinar.

Entendemos que a disciplina é instrumento e condição de viabilização do Plano

Político Pedagógico – PPP e do Plano Individual de Atendimento – PIA,

possibilitando alcançar o conteúdo pedagógico da Medida Socioeducativa.

Segundo o Regimento, a disciplina promove a manutenção da ordem, por meio

de ações colaborativas, na obediência às determinações das autoridades e de

seus agentes, na participação nas atividades pedagógicas e no cumprimento

da Medida imposta. Portanto, buscou-se estabelecer no Regimento a quais

sanções seriam submetidos os adolescentes que porventura não se

comprometessem com a conduta estabelecida para a boa convivência entre

todos.

Considerando as modificações introduzidas nos últimos anos no atendimento

ao adolescente na Fundação CASA/SP, bem como as alterações na

movimentação e no aumento da descentralização, avaliou-se a necessidade de

adequações do antigo Regimento. A Portaria Normativa nº 217/2011 revoga

então a anterior e aprova o novo Regimento Interno dos Centros de

Atendimento de Internação e de Semiliberdade da Fundação CASA/SP.

Como pontos relevantes estão as alterações que normatizam a apuração e

aplicação da Sanção Disciplinar. Num breve paralelo mostramos o que

permanece e quais são as novidades do novo Regimento. Para esse paralelo

faremos uso da videoconferência proferida pela Presidente da Fundação Dra.

Berenice Maria Gianella nos dias 6 e 7 de outubro de 2011, aberta para todos

os servidores em razão da publicação do novo Regimento (CASA, 2011).

No novo Regimento foram incorporados alguns conceitos que estão contidos

no SINASE. À época do Regimento de 2007, o SINASE era muito novo ainda;

ainda se discutia conceitos. Hoje esses conceitos já estão consolidados e o

novo Regimento traz um olhar e uma abordagem mais voltada para o aspecto

socioeducativo enquanto o outro focava mais as questões de segurança e

disciplina.

Page 110: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

102

Conforme a Dra. Berenice, foram retiradas do Regimento as normativas para a

Liberdade Assistida – LA e da Prestação de Serviço a Comunidade – PSC vez

que estas duas medidas hoje estão sendo acompanhadas pelas Prefeituras e

sua condução não precisa mais ser normatizada pela Fundação.

Outros pontos importantes do Regimento são o que define o PIA do

adolescente e da família e o Diagnóstico Polidimensional. Em relação aos

Centros de Atendimento destaca-se a construção do Plano Político Pedagógico

– PPP, norteando o funcionamento e definindo o modelo de atenção

estabelecido para o atendimento. O PPP, de acordo com o modelo de atenção

definido pode agora, facultado pelo Regimento, definir a utilização ou não de

uniformes pelos adolescentes nas atividades de rotina.

A presidente esclarece ainda que o Regimento consolida a alteração dos

termos Centros de Atendimento, Internato e Centro para Centro, uniformizando

a linguagem relativa aos diversos padrões arquitetônicos que tínhamos na

Fundação.

O conceito de Primariedade e Reincidência, herdado em 2001/2002 do Direito

Penal foi alterado, pela inadequação da utilização para o adolescente, para

Primeira Internação e Múltiplas Internações. Essa nova nomenclatura já fazia

parte das Portarias de Criação dos Centros de Atendimento e caracteriza o

adolescente agrupando-os de acordo com o seu perfil.

O antigo Regimento, quando se referia à entrada do adolescente, falava em

inclusão. Alinhando-nos ao ECA e ao SINASE vamos alterar no novo

Regimento essa nomenclatura para recepção e acolhimento, trazendo não só a

descrição do que cada uma representa mas também o sentido que deve ser

dado para esse momento, quem irá acolher e como deve atuar.

Transcreveremos agora parte da videoconferência que trata diretamente da

questão da aplicação da Sanção Disciplinar com algumas considerações sobre

os antigos procedimentos que existiam na FEBEM/SP em relação as sanções.

Discorrendo sobre esse assunto a presidente assevera que:

Mantivemos algumas definições que já existem no atual Regimento Interno, prevendo que não pode haver uma falta ou uma sanção disciplinar sem uma expressa e anterior previsão legal, quer dizer só entende-se que há falta, se essa falta está prevista no Regimento Interno e o mesmo ocorrendo com a

Page 111: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

103

aplicação da Sanção. As únicas Sanções que podem ser aplicadas são as sanções previstas no Regimento Interno. Quer dizer, não dá pra inventar nem falta nem Sanção. A gente tem que se ater ao que está no Regimento Interno. Reforçando sempre a questão que trata do respeito aos direitos fundamentais dos adolescentes, a individualização das suas condutas, enfim, não se admite sanções que sejam desrespeitosas. (Gianella, 2011).

É certo, todavia que ainda temos registro da manutenção de práticas herdadas

do “modelo FEBEM”, como práticas punitivas contrárias às diretrizes

estabelecidas pela instituição.

Mesmo com a descentralização, em alguns momentos sazonais, nos

deparamos com a elevação da população acima da capacidade definida em

Portaria pelo número de vagas. Encontramos também alguns Centros que

dada a sua arquitetura, e desmazelo funcional têm dificuldade para manter

seus espaços ventilados e conservados, provocando condições insalubres de

habitação.

No entanto a Dra. Berenice insiste na mudança dos paradigmas estampados

nas velhas práticas da FEBEM/SP, apontando que eles precisam

definitivamente acabar: “acho que a gente precisa de uma vez por todas

terminar com elas”, e reforça a importância da individualização da conduta de

cada um dos adolescentes que participou de um evento de indisciplina. Adverte

que quando a intercorrência é coletiva “não é para trancar o Centro inteiro”,

mas é preciso analisar em todos os aspectos a conduta de cada um. E

prossegue apontando que só assim será possível definir quem se envolveu,

para receber ou não a devida sanção.

Outro ponto importante do novo Regimento é a incorporação do conceito de

Equipe de Referência, a definição de qual deve ser a sua atuação e em quais

momentos serão feitas intervenções por essa Equipe, integrada por um

psicólogo, assistente social, educador, agente de apoio socioeducativo e

alguém da saúde. A equipe de referência permeia todo o Regimento vez que

ela atua diretamente com o adolescente, cada integrante na sua especificidade

e todas no desenvolvimento do PIA do adolescente e família.

Em relação às questões do “recolhimento” por segurança do jovem ou por ser

esta a sanção aplicada, existe um avanço em relação ao anterior, na garantia

Page 112: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

104

da visita familiar. Esta visita é descrita no ECA como um direito e condição

primária para um bom desenvolvimento da Medida imposta ao adolescente. O

Regimento anterior definia que o “recolhimento” seria efetivado no dormitório e

devia ser acompanhado pela diminuição do tempo de visita. No Regimento

atual está colocado que o recolhimento no dormitório “pode ser acompanhado”

pela diminuição do tempo de visita. Isso significa que a Equipe de referência do

adolescente deverá fazer uma análise levando em consideração a postura do

adolescente, da família e o estágio de desenvolvimento do PIA. Somente após

analisadas essas condições e após fundamentação haverá a definição da

diminuição ou não do tempo de visita.

Essa questão tem a sensibilidade de considerar os desvios que os

envolvimentos infracionais dos filhos provocam nas relações familiares, muitas

vezes desestabilizadas e fragilizadas. O procedimento que deve ser adotado

atenta também para a importância do resgate das relações parentais,

importante para a recondução do adolescente para casa. O incentivo à visita

familiar deve ser valorizado e não diminuído, independentemente das

intercorrências em que o adolescente se envolva. Salvo decisões pautadas

com base na permissividade, negligência e conivência dos pais em relação às

práticas dos filhos.

Outra alteração de peso é a classificação das ocorrências disciplinares em

“atos de indisciplina” e “falta disciplinar”. No primeiro caso será feita uma

intervenção socioeducativa pela equipe multiprofissional de referência do

adolescente. As intervenções podem ser uma prática restaurativa ou atividades

educativas. Nos casos de falta disciplinar deve-se instalar a CAD que decidirá

de acordo com o estabelecido pelo Regimento qual sanção será aplicada ao

adolescente. Como assevera Gianella (2011) assim se prevê “uma resposta

disciplinar diferenciada”.

As sanções que podem ser aplicadas são

Advertência verbal,

Suspensão dos estímulos,

Suspensão de atividades esportivas não obrigatórias,

Suspensão de atividades recreativas e de lazer internas ou externas,

recolhimento ao dormitório por cinco dias e, na reincidência, por até 30 dias.

Page 113: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

105

Mesmo nas reiteradas faltas, o tempo máximo de recolhimento é de trinta

dias, sempre sem prejuízo das atividades obrigatórias.

Para os adolescentes inseridos em semiliberdade:

A suspensão da saída autorizada para a visita familiar no final de semana

A suspensão da saída autorizada para as atividades esportivas recreativas e

de lazer não obrigatória

Quanto à medida cautelar, por cinco dias, durante o período de averiguação, o

adolescente pode ser apartado do convívio com os demais para preservação

de sua integridade ou a de outros, ela continua acontecendo, mas somente

com vistas a preservação do jovem. No entanto ela somente será decidida pelo

Diretor do Centro, pode ser revogada a qualquer momento pela Diretora

Técnica e pelo Diretor da Divisão Regional e somente será aplicada em caso

de falta disciplinar não cabendo em caso atos de indisciplina. Também consta

no Regimento a obrigatoriedade de informar em 24 horas para o Juiz da

Execução a aplicação da medida cautelar.

Por ocasião desta videoconferência (Gianella, 2011) a presidente da Fundação

CASA valoriza o SIG e suas ferramentas, informa da existência da CAD

eletrônica e de uma vídeo-aula que orienta seu preenchimento, orienta como

acessar o SIG acrescentando que nele estão alocados outros módulos, dando

como exemplo o da Supervisão. Fala que o Regimento Interno também está no

SIG e de um sistema para tirar dúvidas Frequently Asked Questions – FAQ que

é um documento anexado ao SIG e que contém perguntas e respostas mais

comuns sobre o assunto tratados nele. Pretendeu-se com a FAQ reunir

informação básica sobre os assuntos pertinentes a cada ferramenta para que

cada novo usuário não necessite repetir a perguntas já respondidas

anteriormente, podendo se orientar no manuseio destas. Finaliza asseverando

que todos os procedimentos serão acompanhados pela Diretoria Técnica em

tempo real e que eles só não serão feitos on-line quando houver algum

impedimento técnico (Figura 10).

Page 114: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

106

Figura 10 – Abertura CAD

D. Agenda

A ferramenta Agenda (ver figura 11) foi produzida em 2010 e entrou em

funcionamento no ano de 2011, em substituição a um acompanhamento e

controle que era feito pelo NUPRIE, em planilha de Excel, de todos os eventos

da Fundação CASA. A rotina obedecia a uma solicitação para as Divisões

Regionais, no início do ano, de todas as atividades programadas para aquele

ano. Assim que as informações chegavam, eram colocadas na planilha e então

compatibilizadas as datas para evitar conflitos na programação. A programação

passa pelo crivo da Assistência de Direção da Diretoria Técnica antes de

compor definitivamente a grade de atividades da Fundação.

Esta ferramenta eletrônica é acessada e alimentada pelas Divisões Regionais e

seus Centros de Atendimento e pelos demais setores da Diretoria Técnica.

Page 115: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

107

Figura 11 – Abertura para agendamento

E. Banco de Telefones

Ferramenta eletrônica, ainda em construção, que agrupará todos os endereços,

telefones e ramais da Fundação, será acessado pelos Centros de Atendimento

e pelos servidores da Sede conforme liberação de perfil.

F. Acompanhamento de Metas.

Ferramenta ainda em construção, hoje composta por um Planilhamento de 28

lâminas em Programa Excel, que agrega os dados do atendimento ao

adolescente e acompanha a produção de serviços20 dos Centros de

20

Todas as ações voltadas para o adolescente e desenvolvidas com ele e para ele.

Page 116: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

108

Atendimento e o alcance das Metas definidas no Planejamento Anual, será

acessado pelos Gestores da Diretoria Técnica e pelo NUPRIE.

Analisando o desenho, a estrutura e o funcionamento dos Núcleos de

ancoragem das ferramentas de informação somos levados a avaliar que a

construção do SIG se vincula à nova concepção que entende o adolescente em

conflito com a lei como um sujeito de direitos.

A correta documentação legal do adolescente é definida pelo SINASE como

seu direito e a ação destes Núcleos a garante na medida em que elaboram e

fazem os encaminhamentos necessários dos documentos que comprovam e

acompanham o atendimento socioeducativo como: Pastas, Número de

Prontuário e documentos do Judiciário. Eles ainda providenciam a emissão dos

documentos que trazem direito ao exercício de cidadania, como RG, Carteira

de Trabalho, CPF e Título de Eleitor.

Os Núcleos referenciais para a atenção ao adolescente no âmbito da Fundação

foram instituídos em épocas diferentes e com diferentes propostas. Com a

instalação do NUPRIE – Núcleo de Produção de Informações Estratégicas (em

2007) e do NUMOVA – Núcleo de Movimentação de Adolescente em 2006, é

possível vislumbrar a implementação das diretrizes do SINASE – Sistema

Nacional de Atendimento Socioeducativo, focadas na prerrogativa do direito do

adolescente à atenção as suas necessidades de pessoa em desenvolvimento,

na aproximação de sua família e comunidade, bem como na perspectiva de

desenvolvimentos de ações que reconheçam neste adolescente, sob a

custódia do Estado, sua condição de cidadão de direitos e deveres. O SINASE,

como política pública que direciona e organiza o atendimento socioeducativo foi

o instrumento para a concepção dos Núcleos atrelados à Diretoria Técnica da

Fundação CASA.

A atuação e as atribuições dos três Núcleos desenham um fluxo, onde é

possível ver e acompanhar o adolescente que cometeu ato infracional nos

vários momentos de estada dentro da Fundação, isto é, desde sua entrada até

o momento de desligamento. Nesta perspectiva desenvolveu-se o “Fluxo de

Movimentação, Identificação e Informação do Adolescente da Fundação CASA”

com o objetivo de fazer transparecer o caráter organizacional da Fundação,

com foco no direito do adolescente à identificação cidadã, movimentação

Page 117: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

109

inclusiva e informação fidedigna. (Ver Anexo 17 – Fluxo do Processo de

Movimentação, Identificação e Informação do Adolescente na Fundação

CASA).

O Fluxo mostra as atividades desenvolvidas pelos Núcleos como indicadores

do atendimento ao adolescente que cumpre medida socioeducativa. É na

atuação dos Núcleos que se garante o encaminhamento adequado do

adolescente aos Centros de Atendimento, bem como é através do trabalho dos

Núcleos que a Fundação CASA persegue as metas colocadas em relação ao

atendimento socioeducativo que desenham o Mapa Estratégico da Fundação.

(Ver Anexo 2 – Mapa Estratégico da Fundação CASA)

Hoje para atender o adolescente em seus direitos os Núcleos, dentro da

especificidade de cada um, lubrificam sua parte da engrenagem para não

interromper os procedimentos. Com isso garantem, da inserção ao

desligamento do adolescente na Fundação CASA, o instituído no Fluxo do

Processo de Recepção, Movimentação, Informação e Arquivamento da

Documentação do Adolescente da Fundação CASA.

A Instituição e o desenho deste Fluxo, bem como o desenho da estrutura dos

Núcleos, com a definição de suas funções em relação aos Programas de

medidas socioeducativas a que estão submetidos os adolescentes são passos

na construção de uma política de informação da Fundação CASA.

Embora ainda incompletos e em fase de avaliação e definição, estes desenhos

implicam decisões políticas essenciais na construção desta política. Essa

construção, no entanto, não é isenta de fortes tensões entre diferentes visões e

concepções, que serão explicitadas e resolvidas, de uma forma ou de outra, na

medida em que avança esta construção.

Page 118: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

110

CAPÍTULO V

APRENDIZADOS E DESAFIOS

Essa dissertação revisita marcos importantes da trajetória do Sistema

Socioeducativo com ênfase no Estado de São Paulo, na FEBEM/SP e na

Fundação CASA, instituições executoras das medidas socioeducativas no

Estado. Resgata a trajetória histórica da informação nas duas Instituições a

partir de documentos existentes e recuperados, revelando como eram

coletados os dados de cadastro que formavam os bancos de dados e, por

conseguinte permitiam a produção de informação nos mesmos períodos.

Analisa o Sistema de Informação atual da Fundação CASA e narra como ele foi

construído.

A recuperação histórica e análise do processo de construção de um Sistema de

Informações voltado para a gestão da política socioeducativa executada pela

Fundação CASA permite a identificação de avanços ou aprendizados, de

inúmeras dificuldades e desafios. Estes avanços, dificuldades e desafios nos

parecem centrados em torno de três grandes aspectos: a construção de uma

cultura da informação e da avaliação; a construção de instrumentos e

ferramentas de produção da informação e a construção de uma estrutura de

gestão e política da informação na Fundação CASA/SP.

1. APRENDIZADOS

A cultura da informação e da avaliação

Analisando os marcos que destacamos como dispararadores da construção do

SIG identificamos neles os primeiros passos da criação de uma política de

informação associada a uma política de avaliação. Vemos a superação de um

atendimento de perfil “curativo”, voltado ao emergencial e os primeiros passos

de uma política profilática, que se liga a objetivos e metas a atingir no

atendimento ao adolescente.

Podemos assim identificar um primeiro movimento de superação de uma

cultura que vê a informação como o mero registro burocrático de “lotação” e

Page 119: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

111

“vagas”, “entradas e saídas”, causadas ou não por mortes, e o início das

perguntas pelas causas das situações e a preocupação com evitar mortes e

agravos de doenças, e com a qualidade de vida do adolescente atendido.

Vemos a informação passando deste lugar meramente burocrático para um

lugar mais “técnico”, onde é subsídio para a definição de novos modelos de

atenção e programas voltados à redução das mortes e à garantia dos direitos

dos adolescentes. Ao contrário, a informação meramente voltada à definição de

“lotação” e atribuição de “vagas” se liga à antiga concepção que vê o sistema

socioeducativo como depósito de menores em “situação irregular”.

Ainda no campo da construção de uma cultura da informação constatamos a

importância dos momentos de tragédias como sinalizadores da necessidade de

superar a pouca sistematização na coleta de dados. Os momentos de crise e

as grandes rebeliões e motins possivelmente também colaboraram para apagar

os rastros de muitos jovens que passaram pela instituição impossibilitando

leituras precisas da realidade do atendimento nestes períodos. Eles revelam a

necessidade de criar condições favoráveis para a manutenção e salvaguarda

dos registros. É nestes momentos que se dá a devida importância para o

incremento de programas e de ferramentas que, mesmo diante de condições

desfavoráveis permitam manter os dados guardados sem que se perca a

informação. Nota-se assim que é nos momentos de colapso que a instituição

percebe o valor das informações, a necessidade de manter as rotinas de coleta

de dados e produção das informações e a necessidade de estruturá-las em

sistemas. No entanto, de nada adianta pensar na informação apenas em

momentos pontuais. Manter as rotinas de informação em dia pode permitir

antever e prevenir a ocorrência de eventos intempestivos.

A informação se bem analisada, produz conhecimento e este pode permitir a

prevenção de episódios indesejados, organizando a desordem, reduzindo

graves problemas e propiciando a efetivação de um Sistema Socioeducativo

coerente com as novas diretrizes de direitos do adolescente vigentes no Brasil,

especialmente o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema

Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).

Page 120: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

112

Estrutura e política da informação

A análise dos marcos históricos da construção da informação no campo da

saúde mostra ainda o lugar da informação na construção de políticas públicas

mais amplas, com a definição de metas de melhorias a alcançar. Iniciou-se a

construção de programas e Políticas que se vinculam a outras Secretarias de

Governo municipais e estaduais (como o Programa de Aprimoramento das

Informações de Mortalidade da Secretaria Municipal da Saúde e o Programa

Atenção Integral ao adolescente e Integração das Medidas Socioeducativas da

Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo). Nota-se

dessa forma que a informação sistematizada se vincula também à construção

de políticas de avaliação do atendimento socioeducativo.

Os dois marcos iniciais de coleta e produção de informação foram essenciais

para a analise e conhecimento do atendimento voltado para o jovem com

restrição e privação de liberdade. Serviram de base para promover discussões

sobre a necessidade da construção de um Sistema de Informação de Gestão

na Fundação CASA capaz de aproximar o gestor do conhecimento das

estratégias de enfrentamento de problemas e de modificar o atendimento

socioeducativo no Estado de São Paulo.

Hoje se percebe o início de um processo de estruturação do SIG, de

articulação de ferramentas antes desarticuladas como a transformação de uma

“Central de Vagas” meramente burocrática em um núcleo que pensa a

movimentação do adolescente – o NUMOVA. Ou ainda o registro burocrático

de prontuários que se transformam num Núcleo que pensa amplamente a

identificação do adolescente, o NIDA. E por fim a criação de um Núcleo que

deve pensar estrategicamente a produção e a articulação de Informações

Estratégicas, o NUPRIE. Outro passo essencial foi o desenho do Fluxo do

Processo de Recepção, Movimentação, Informação e Arquivamento da

Documentação do Adolescente da Fundação CASA.

Recuperando a ideia presente neste texto, de que a pesquisa agrega valor à

informação, nota-se que os marcos analisados agregaram conhecimento e

promoveram transformações. Os estudos catapultados por aquelas iniciativas

trouxeram uma nova compreensão global sobre o significado da informação

Page 121: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

113

para uma instituição complexa como o Sistema Socioeducativo do Estado de

São Paulo e especificamente para a Fundação CASA. As estruturas

construídas – a definição dos Núcleos e das relações entre eles bem como o

desenho do Fluxo do Processo de Recepção, Movimentação, Informação e

Arquivamento da Documentação do Adolescente da Fundação CASA - são a

base, ainda que inicial, da consolidação do SIG o qual, por sua vez, é a base

de uma Política da Informação para o Sistema Socioeducativo do Estado de

São Paulo.

A construção de instrumentos e ferramentas de produção da informação

Aparentemente este pode ser entendido como o menos importante dos três

aprendizados apontados. É, no entanto essencial no campo da informação

como apontou o Capítulo III e como vemos na história recuperada no Capítulo

IV.

O resgate histórico mostrou uma trajetória que vai desde a utilização de

instrumentos primitivos, como um mero livro de Registro de Prontuário, datado

dos anos 30, até o SIG atual, com ferramentas informatizadas, capazes de

produzir relatórios a partir do cruzamento dos dados disponíveis e a

transparência on line de grande parte da situação de toda a instituição.

Primeira ferramenta identificada, este livro, com registro manual, recolhe

apenas informações sobre a data de registro, o nome e a procedência da

criança, e tem sua fidedignidade comprometida pela falta de ordem

cronológica, que sugere a cópia posterior de outro instrumento como

eventualmente fichas de ingresso das crianças na instituição.

O presente trabalho apresenta momentos importantes na construção,

testagem, avaliação e redefinição de ferramentas que, a partir da tecnologia da

informação (TI) vão-se tornando progressivamente mais capazes de incorporar

novas preocupações como dados de saúde, família e etnia e produzir relatórios

mais abrangentes.

Embora ainda permanentemente em avaliação e reconstrução, chegamos à

concepção de um sistema, que articula ferramentas, produz informações on

Page 122: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

114

line e se ancora na alimentação de dados produzidos em todos os Centros de

Atendimento.

Para alcançar este patamar hoje, na Fundação CASA, cada Centro de

Atendimento tem uma célula representativa dos Núcleos existentes na Diretoria

Técnica. Existe também um equipamento de informática completo para as

atividades peculiares a cada um deles, um equipamento para a identificação e

movimentação do adolescente e um equipamento para alimentação do Portal.

A sensibilização e capacitação dos servidores para o trabalho de alimentação

dos dados incluem equipes de trabalho constituídas e manual de alimentação.

O sistema está conceituado e tem ferramentas suficientes para concretizar-se

como Sistema.

2. DIFICULDADES

As Instituições Socioeducativas e entre elas a Fundação CASA/SP ainda são

marcadas pela precariedade, pela persistente permanência de problemas

antigos e característicos das políticas voltadas ao adolescente infrator, pela

dificuldade em renovar a instituição na perspectiva dos direitos, conforme

desejado e expresso pela nação brasileira no ECA e no SINASE. É o que

demonstra o relatório das visitas do Programa Justiça ao Jovem do Conselho

Nacional de Justiça – CNJ, projeto responsável por analisar unidades de

internação de jovens em conflito com a Lei em todo o Brasil. Nos Relatórios já

liberados para leitura pública21 foram pontuadas as dificuldades para atender o

jovem em todas as prerrogativas definidas pelo ECA e SINASE em todo o

Brasil, incluindo a Fundação que é objeto deste estudo.

Estas precariedades e dificuldades na construção de Instituições

Socioeducativas ancoradas nos direitos, embora ligadas a diversos outros

fatores, sinalizam que ainda há desafios muito importantes no campo da

21

Até a última consulta no Site do Conselho Nacional de Justiça – CNJ já estavam liberados

para leitura os relatórios dos estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará,

Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Maranhão, Minas Gerais, Pará,

Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul,

Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe, Tocantins. <http://www.cnj.jus.br/programas-de-

a-a-z/infancia-e-juventude/pj-medida-justa> Acesso em 07.02.2012.

Page 123: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

115

Informação, na articulação de estratégias e ferramentas que configurem

realmente um Sistema capaz de subsidiar a gestão de uma política conforme

as diretrizes e objetivos pretendidos. Analisamos aqui as mesmas dimensões

elencadas como aprendizados, que apresentam também entraves difíceis de

serem transpostos.

Ferramentas, equipamentos, capacitação

Os marcos que dispararam o pensar sobre a necessidade de se estabelecer

instrumentais padronizados e rotinas de coletas de dados inicialmente na

Divisão de Saúde da Fundação CASA e que foi a semente do SIG permitiram

ver que, em 2005 ainda se fazia apontamentos em livros e papéis que ficavam

arquivados em pastas de A-Z, elementos frágeis se expostos aos motins e

rebeliões que eram, neste período, eventos constantes principalmente nos

Complexos Tatuapé e Franco da Rocha.

Como resultado das prementes necessidades de informação provocadas por

esse momento crítico, obteve-se a construção de novos instrumentais,

padronização e rotinas que propiciaram uma visão parcial do atendimento e

não toda a FEBEM.

As dimensões do Sistema Socioeducativo no Estado de São Paulo, com os

numerosos Centros de Atendimento e as dimensões da população atendida é

uma dificuldade em si e este fato também torna extensa e complexa a rede de

informática da Fundação CASA.

Manter esta rede funcionando ininterruptamente é outra dificuldade que se liga

à necessidade de renovação e aquisição de novos e caros equipamentos. Os

softwares ficam rapidamente obsoletos, envolvem compras e licitações

sucessivas e demoradas para a sua aquisição. Essa dinâmica que envolve

todo setor da tecnologia da informação exige contínuas adaptações e novos

aprendizados. No entanto mesmo com o equipamento atualizado a simples

falta de energia interrompe o acesso levando os servidores a retomarem

práticas antigas de alimentação em instrumental impresso em papel, para

posteriormente passar para o meio eletrônico. Inevitavelmente essa prática

acaba por adiar o preenchimento dos dados na ferramenta adequada.

Page 124: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

116

Outra questão importante é a rotatividade do corpo funcional dos Centros de

Atendimento. Quando ocorrem desligamentos e transferências se vão muitos

dos responsáveis pela alimentação das ferramentas e perde-se muito do

conhecimento adquirido para sua alimentação e manuseio. Atrela-se a essa

problemática a falta de pessoal disponível para capacitar em serviço e

continuadamente, nos setores que fazem a gestão das ferramentas. A falta de

capacitação influi também no comprometimento da qualidade do trabalho. O

trabalho mal executado resulta na ineficiência da produção de serviço que,

consequentemente, não pode adquirir o caráter preventivo desejado.

É importante perceber também que muitos dos problemas encontrados na

construção do sistema estudado são comuns a toda uma época – ela coincide

com um período de muita inovação na informática, criação de novas

linguagens, aprendizado do uso dos equipamentos, descoberta do uso que

pode ter a informação, aprendizado de uma nova cultura.

Cultura da avaliação e da informação

Outra questão que prejudica a produção da informação é a resistência aos

sistemas de informação. Eles produzem a sensação de que os servidores vão

ser vigiados e aparece mais a face negativa da avaliação do que sua

contribuição para o aperfeiçoamento dos programas e até a simplificação do

trabalho a ser desenvolvido. A resistência que as pessoas apresentam diante

da possibilidade da avaliação interfere na sua sensibilidade e disposição para o

trabalho com a informação. O receio de estar sendo avaliado individualmente,

enquanto profissional, de ter avaliado o trabalho executado faz com que as

pessoas muitas vezes mascarem a alimentação das ferramentas.

Como já mencionamos, a informação produzida carece de um ponto de partida

que está na coleta correta e responsável do dado que alimenta a ferramenta.

Todas as discussões que vem sendo desenvolvidas sobre a alimentação das

ferramentas do SIG provocam sempre uma indignação dos gestores frente à

falta de comprometimento dos profissionais com a alimentação e manuseio das

ferramentas e a sua falta de interesse para a importância do dado registrado

com fidedignidade. A consolidação de um Sistema de Informação fica assim

Page 125: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

117

prejudicada pela pouca compreensão sobre a importância da Informação para

a gestão e avaliação de uma política pública, e se liga à fragilidade da cultura

do registro e processamento da informação.

Estrutura e política da informação

Conforme vimos acima, hoje se percebe o início de um processo de

estruturação do SIG, primeiros passos para a construção de uma política da

informação. Podemos no entanto identificar muitas limitações na construção de

uma estrutura que corresponda a uma política de informação adequada à

Fundação CASA/SP. Entre elas apontamos a falta de integração entre a

estrutura construída na Diretoria Técnica e as informações alocadas na

Diretoria Administrativa, que também são pertinentes ao atendimento

socioeducativo incluindo os recursos estruturantes como os financeiros, os

recursos humanos (RH), a manutenção e as construções.

No entanto a estruturação deste sistema é alvo de distintas compreensões e

visões e é necessário analisar com que intensidade este Sistema ainda é

carente da validação e oficialização dele pelos gestores usuários.

Destaca-se entre os entraves, a não adesão do Estado ao Sistema de

Informação para a Infância e Adolescência – SIPIA, sistema nacional de

registro e tratamento de informação criado para subsidiar a adoção de decisões

governamentais sobre políticas para crianças e adolescentes (SDH, 2011).

Esta integração é necessária para que São Paulo componha com os outros

Estados a Política Nacional de Informação, conforme preconizado pelo

SINASE.

As tensões ligadas ao desenho político de uma estrutura de informação são

dificuldades a ser enfrentadas na construção de uma estrutura que

corresponda a uma ampla e clara política da informação.

Page 126: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

118

3. DESAFIOS

Cultura de avaliação e informação

Um primeiro desafio que se apresenta é a introdução de uma cultura de

avaliação que dê sentido ao Sistema. É necessário analisar a avaliação como

consequência da produção de conhecimento através da informação e como

uma possibilidade de avanço, pois toda avaliação mostra onde é preciso

melhorar ou avançar.

A avaliação pode ser um recurso que viabiliza distinguir os entraves e as

probabilidades, os avanços e retrocessos de um processo. Oportuniza as

ponderações para a tomada de decisão com objetivo de um aperfeiçoamento

das nossas ações. A avaliação não é fim, é início, é um instrumento para as

tomadas de decisões visando alinhar ações, adequar metas e alcançar fins.

Esse movimento presume um exercício constante de análise das ações em

curso para averiguar as relações de causa e efeito. Se garantido que todos os

fatores foram analisados, é possível definir as semelhanças. Sendo assim a

análise a investiga, procurando a causa principal dos problemas e com base

em experiências anteriormente aplicadas e que deram bons resultados

solucioná-los usando os mesmos procedimentos ou criando novos. Esse

movimento se em exercício contínuo pode contribuir com a consolidação da

cultura de avaliação com vistas ao constante aperfeiçoamento do Sistema

como um todo.

Portanto para monitorar e sopesar se todas as ações propostas nos

documentos legais estão sendo atendidas e se resultam em proveito para a

clientela atendida é fundamental que o gestor tenha recursos suficientes que o

subsidiem nessa avaliação. A informação deve caminhar lado a lado com uma

política de avaliação, superando nos servidores a sensação de estar sendo

vigiados e avaliados individualmente.

A introdução de uma cultura da avaliação, como fundamento para a política de

informação poderá então levar à sensibilização do corpo profissional -

psicólogos, assistentes sociais, educadores, agente de apoio socioeducativo,

agentes da saúde, enfermeiros médicos, dentistas e auxiliares, professores e

os demais responsáveis pela condução do trabalho com o adolescente - para

Page 127: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

119

importância do seu papel na informação. Poderá estimulá-los a usarem as

ferramentas e as alimentarem além das atribuições específicas de sua área; e

para a adesão ao exercício de análise e avaliação. Este representa um desafio

considerável e está além da simples oferta de capacitação no manuseio das

ferramentas, pois está também na necessidade de estimulo para o

enfrentamento do desafio desta aprendizagem.

Consolidar a prática da análise e a cultura da avaliação, como base e banco de

soluções para o alcance de metas, pode permitir obter-se saídas para os

problemas com o uso de experiências e estratégias passadas e que resultaram

em finalizações positivas. Essas práticas se aplicadas de forma apropriada

podem promover discussões que estimem se há a necessidade de modificação

nas estruturas da Instituição objetivando a melhoria do atendimento.

Ferramentas, equipamentos, capacitação e acesso

São óbvios os desafios de manutenção e ampliação do parque tecnológico

necessário a um Sistema e política de informação, especialmente tão amplo

como o de São Paulo. Este é um desafio tecnicamente complexo e

economicamente dispendioso, e está subordinado à capacidade orçamentária

do Estado e ao grau de prioridade alcançado por esta política.

Política de Informação e Avaliação

A consolidação do Sistema e a ampliação do investimento na construção de

uma Política de Informação como proposta para servir ao Sistema

Socioeducativo do Estado de São Paulo e do Brasil são necessárias e devem

enfrentar e transpor diversas barreiras. A definição de exigências e critérios de

avaliação das políticas socioeducativas pelo SINASE, aprovado como Lei

Federal 12.594, em 12 de janeiro de 2012, vem contribuir sobremaneira para a

definição de políticas de avaliação e, consequentemente, dar maior sentido à

construção do SIG e da política estadual de informação socioeducativa no qual

ele deverá inserir-se.

Page 128: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

120

Conforme apontamos acima, o desenho de uma estrutura para o SIG e de uma

política de informação para o Sistema Socioeducativo em São Paulo são

desafios difíceis, cercados das mais diversas tensões. Nossa avaliação aponta

porém como importantes a centralização do Sistema e do Núcleo onde estão

ancoradas as ferramentas, seu desenvolvimento, acompanhamento e suporte

subordinando-o ao nível máximo de decisão da Fundação CASA/SP, o

Gabinete da Presidência.

Como mencionado anteriormente, o Sistema de Informação de Gestão – SIG

iniciou sua construção e consolidação dentro da Diretoria Técnica da Fundação

CASA/SP. Para efetivamente constituir-se em um Sistema que alinhe e unifique

a aplicação das Diretrizes da Fundação, precisa estar acessível a todos os

setores, integrando com a mesma importância as questões administrativas, que

também são pertinentes ao atendimento socioeducativo e que estão centrados

na Diretoria Administrativa.

Somente alocado no nível máximo de gestão o SIG será um Sistema de

Informação de Gestão que, integrando Gabinete, Diretorias, Divisões Regionais

e Centros de Atendimento irá consolidar a Política de Informação dentro da

Instituição. Permitirá assim integrar todas as experiências e todos os Centros

de Atendimento da Fundação aproximando-os do edifício sede e das diretrizes

emanadas pelos gestores ali alocados. Nossa avaliação indica que, para a

expansão da informação e da transparência, o SIG deve ter amplitude de

acesso para todos os funcionários, naquilo que necessitarem e couber a eles,

para que se beneficiem da presteza das respostas dadas pelo sistema.

Outro desafio se coloca no nível nacional. A implantação e implementação de

Sistemas de Informação integrados a outros Estados são fundamentais,

especialmente para o Estado de São Paulo. A não adesão do Estado ao

Sistema de Informação para a Infância e Adolescência – SIPIA dificulta a

produção de informação e relatórios que alimentem o Sistema Nacional

compondo assim com os outros Estados a Política Nacional de Informação.

A disseminação pelo Brasil das informações pode oportunizar aos gestores o

retrato do Sistema Socioeducativo em âmbito Nacional, fazendo ver onde estão

os acertos e onde estão os erros, quais experiências que deram certo e quais

foram infrutíferas, contribuindo para implementação de políticas que

Page 129: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

121

contemplem as necessidades de cada um. Política que permita transformar o

discurso em ação efetiva e que a ação se decomponha em conhecimento.

Sendo acessível a todos ela, a Política de Informação, deverá orientar ações,

estratégias e prioridades.

A análise em conjunto, voltada para o atendimento ao adolescente em conflito

com a lei pode representar avanço importante e de peso para a efetivação de

propostas que possam servir a todos resultando em benefício do adolescente.

Para isso e antes disso é necessário quebrar as resistências que deixam os

gestores refratários à adesão a qualquer política que possa expor e mensurar

sua gestão.

Por fim o trabalho quis trazer à luz a necessária existência de um Sistema de

Informação de Gestão capaz de aperfeiçoar a política de atendimento ao

adolescente em conflito com a lei, não exclusivamente na citada instituição,

mas que possa ser ampliado e visitado, naquilo que couber, por outras esferas

da sociedade. O uso do conhecimento produzido por ele poderá contribuir para

a evolução do atendimento socioeducativo.

Que estas discussões possam estimular tendências e vinculações de

iniciativas, esforços e recursos de todos os parceiros do Sistema de Garantia

de Direitos – SGD na construção do futuro desejado e preconizado no ECA e

no SINASE.

Page 130: SIG t SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE GESTÃO DA FUNDAÇÃO …

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SITES VISITADOS:

AcervoFOLHA: http://acervo.folha.com.br.

Conselho Nacional de Justiça (CNJ): http://www.cnj.jus.br/programas-de-a-a-z/infancia-e-juventude/pj-medida-justa>

Fundação CASA/SP: http://www.fundacaocasa.sp.gov.br.

Instituto Latino Americano das Nações Unidas (Ilanud): http://www.ilanud.org.br

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP): http://www.inep.gov.br

Pedagogia em Foco: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br

Portal Pró-Menino: http://www.promenino.org.br

Oficina da NET: http://www.oficinadanet.com.br

Wikipédia: http://pt.wikipedia.org.

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ANEXOS

ANEXO 1 – Artigos do ECA

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. Ministério da Justiça/Secretaria de Estado dos

Direitos Humanos/Departamento da Criança e do Adolescente (CONANDA). Brasília: 2002.

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de

quarenta e cinco dias.

Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de

autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.

Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de

transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas,

independentemente de autorização judicial.

§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser

utilizados os recursos existentes na comunidade.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições

relativas à internação.

Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de

brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da

entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada,

mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.

§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.

§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado,

colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.

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§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.

§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o

Ministério Público.

Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:

I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;

II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;

III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.

§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a três

meses.

§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada.

Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local

distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade,

compleição física e gravidade da infração.

Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias

atividades pedagógicas.

Art. 124 - São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:

I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;

II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;

III - avistar-se reservadamente com seu defensor;

IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;

V - ser tratado com respeito e dignidade;

VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus

pais ou responsável;

VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;

VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;

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IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;

X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;

XI - receber escolarização e profissionalização;

XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:

XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;

XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;

XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los,

recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade;

XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em

sociedade.

§ 1º - Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.

§ 2º - A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou

responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do

adolescente.

Art. 125 - É dever do Estado, zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe

adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.

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ANEXO 2 – Mapa Estratégico da Fundação CASA

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ANEXO 3 – Organograma Fundação CASA 2011

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ANEXO 4 – Livro de Cadastro “PT 01 a 12024 Anos 1935 a 1943” Página 1

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ANEXO 5 – Livro de Cadastro “PT 01 a 12024 Anos 1935 a 1943” Dalva e Dirce de Oliveira.

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ANEXO 6 – Livro de Cadastro “PT 01 a 12024 Anos 1935 a 1943” Dalva e Dirce de Oliveira.

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ANEXO 7 – Livro de Cadastro “PT 01 a 12024 Anos 1935 a 1943” Sem Data

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ANEXO 8 – Livro de Cadastro “PT 01 a 12024 Anos 1935 a 1943” Sem Data

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ANEXO – 9 Livro de Cadastro “PT 01 a 12024 Anos 1935 a 1943” Correções

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ANEXO 10 – Organograma da Diretoria Técnica – 1974

ANEXO 11 – Organograma FEBEM/SP 1980

Organograma da Diretoria Técnica – 1974

DT-1 Divisão de Recepção e Triagem:

Unidade de Recepção – UR Unidade de Triagem 1 – Sampaio Viana Unidade de Triagem 2 – CRT (Centro de Recepção e Triagem) Unidade de Triagem 3 – COF (Centro de Observação Feminino) Unidade de Triagem 4 – RPM (Recolhimento Provisório de Menores) Unidade de Triagem 5 – DAM (Divisão de Atendimento ao Menor) Unidade de Triagem 6 – Jupuruchita 120 F 07 a 13 DT-2 – Divisão de Instituto de Ensino

Unidade Educacional Modelo – São Paulo Unidade Educacional Paulina de Souza Queiroz – São Paulo Unidade Educacional Maria Auxiliadora – São Paulo Vila Maria Unidade Educacional de Batatais Unidade Educacional Santa Emília – Guarujá Unidade Educacional Anita Costa – Lins Unidade Educacional Margarida Galvão – Jacareí Unidade Educacional de Jacareí (Chácara Boa Vista) Unidade Educacional de Itapetininga Unidade Educacional 9 de Mogi Mirim Unidade Educacional de Iaras Colônia de Férias Álvaro Guião – São Vicente Casa do Aprendizado Doméstico DT-3 – Divisão de Planejamento e Normas Técnicas – tinha sob sua subordinação as Seções de

Planejamento, Profissionalização, Bio-Psico-Social, Estudo e Pesquisa, Documentação e Cadastro de

Menores,

DT-4 – Divisão de Prevenção e Integração Social – tinha sob sua subordinação as Seções de

Programação Preventiva, Planejamento e Avaliações de Contratos e Convênios, Estudo e

Acompanhamento Familiar, Integração Social (Colocação Profissional e Liberdade Vigiada).

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ANEXO 11 – Organograma FEBEM/SP 1980

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Continuação ANEXO 11

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Continuação ANEXO 11

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Continuação ANEXO 11

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Continuação ANEXO 11

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ANEXO 12 – Diário Oficial do Estado de São Paulo

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ANEXO 13 – Relatórios Conclusivos Aguardando Decisão Judicial

DIVISÃO REGIONAL METROPOLITANA II LESTE I PERÍODO DE xx/0x/06 a xx/0x/06

Protocolo Relatório

Conclusivo

Nº Em Juízo

01 15 Adolescente 1 xx.xxx C 0000.000/03 28/05/88 xx/xx/2006 LA

xx/05 Avaliação pela ETJ 13:00 h Sugestão ETJ: Manutenção da

internação xx/05 Autos com o MP xx/05 Autos com a PAJ xx/06

Autos com o Chefe do Final xx/06 Autos com o MP xx/06 Autos

com a PAJ xx/06 Aguardando Laudo do NAISA p/ xx/07 xx/07

Expedid

02 15 Adolescente 2 xx.xxx C 00.000/01 27/07/88Enviado pela UI-13

xx/xx/05LA

xx/05 oitiva com o técnico do Juizo as 14:10h xx/0x/06 aguard

resposta de of obs o Juiz manteve a internação do adol e encam ao

NUFOR p av e indicação do tratamento xx/05 xx/07 aguardando

laudo do NAISA 20/06 Autos com o MP xx/06 Autos com o Juiz

03 15 Adolescente 3 xx.xxx C 00.000/04 17/12/88 08/03/2006 LA

xx/04 autos c/ o MP xx/04 autos c/ a PAJ xx/05 autos c/ o MP

xx/05 avaliação pela ETJ xx/05 autos c/ MP xx/05 autos c/ o Juiz

xx/06 Autos c/ o MP xx/06 Autos c/ a PAJ xx/06 Autos c/ o MP

xx/06 Autos c/ o Juiz para Informar Habeas Corpus xx

04 15 Adolescente 4 xx.xxx C 000.000/01 20/06/88 xx/xx/2006 LA

xx/05 Autos com o Ministério Público, xx/06 aguardando

agendamento pela Equipe Técnica do Judiciário, xx/07 Aguardando

Equipe Técnica do Judiciário para xx/07, xx/07 Expedido Ofício,

xx/07 Aguardando Avaliação pela Equipe Técnica do Judiciário.

05 15 Adolescente 5 xx.xxx C 0000.000/01 11/11/87Remessa

xx/xx/06 pela

Vila Mª

LA

xx/06 Aguardando Agendamento de Equipe Técnica do Judiciário,

xx/07 Expedir Ofício, xx/07 Autos com o Ministério Público, xx/07

Aguardando Equipe Técnica do Judiciário para xx/08.

06 15 Adolescente 6 xx.xxx C 00.000/02 04/04/89 xx/xx/2006 LA

xx/06 Autos com a Procuradoria de Assistência Judiciária - PAJ,

xx/06 Aguardando Agendamento de Equipe Técnica do Judiciário,

xx/07 Expedido Ofício, xx/07 Autos com o Ministério Público, xx/07/

Aguardando Equipe Técnica do Judiciário para xx/08.

07 15 Adolescente 7 xx.xxx C 00.000/01 24/11/87Remessa

xx/xx/06LA xx/07 Autos com o Ministério Público

08 15 Adolescente 8 xx.xxx C 005000/03 11/09/89Remessa

xx/xx/06LA

xx/07 Juntando o Relatório Técnico Conclusivo - RTC, Ministério

Público sugere Equipe Técnica do Judiciário, xx/07 Autos com a

Procuradoria de Assistência Judiciária - PAJ.

RELATÓRIOS CONCLUSIVOS AGUARDANDO DECISÃO JUDICIAL

UISugestão

Técnica

Nome do

AdolescenteNASC.PT Processo

SEM DATA DE

PROTOCOLO ANDAMENTO/OBSERVAÇÕES

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ANEXO 14 – CI 031/06

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Verso ANEXO 14

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ANEXO 15 – Estatística de Enfermagem

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ANEXO 16 – Banco de Dados Saúde Estatística de Enfermagem - 2005

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ANEXO 17 – Fluxo de Processo de Movimentação, Identificação e Informação do Adolescente na Fundação CASA.

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Continuação do ANEXO 17

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Continuação do Anexo 17

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São Paulo – Dezembro de 2011